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 As Lutas Feministas do Século 21
por Ana Prestes

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 As Lutas Feministas do Século 21

Me foi dada a tarefa de falar das Lutas

Feministas do Século XXI e é ótimo que esse seja
o nome, pois nós temos vários feminismos e
suas pautas são múltiplas. O feminismo é um
fenômeno diverso como somos nós as mulheres
e as condições/circunstâncias nas quais nos
encontramos.

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Essa aula é muito mais um guia de estudos, para

que nos aprofundemos nos temas candentes e
formulemos respostas em conjunto, do que
qualquer pretensão de ensinamentos fixos.

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É mais confortável falar de épocas que já passaram, pois

há como se ter uma visão mais global, referências,
registros. Falar da época em que nos encontramos é mais
complexo. Pois as lutas feministas do século 21 são as
nossas lutas atuais. As lutas que nós estamos criando e
executando. Certamente essa aula poderia se chamar as
lutas feministas das primeiras décadas do século 21. Pois
ao final desse século já serão outras, com certeza. Assim
como serão outros os olhares sobre esse início de século.

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Notemos uma diferença interessante, nos anos 20 do século
passado, há exatos 100 anos, nossas sufragistas como a
Bertha Lutz ou a Almerinda Gama, recebiam informações
sobre as lutas feministas nos Estados Unidos e na Europa. A
Bertha era amiga pessoal da Carrie Chapman Catt que
liderou o final da campanha sufragista nos EUA e elas
trocavam cartas. Hoje, um século depois, a Manu se quiser
falar agora por vídeo com a Ada Colau, prefeita de Barcelona
ou a Anne Hidalgo prefeita de Paris e troca informações.
Podem, se quiserem, coordenar uma ação conjunta para a
mesma semana. Então não podemos desprezar que nossas
Lutas Feministas do século XXI são profundamente
impactadas pelo fenômeno da globalização e do
desenvolvimento das tecnologias de comunicação.
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Hoje, uma
pessoa fala
uma coisa
de manhã e
de noite
está
cancelada
ou
idolatrada,
dependendo
de como
viraliza uma
Assim como as FakeNews, a Cultura do Cancelamento é uma
característica do Século 21
opinião via
redes.
Ver livro da Manu
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Mas o contrário
também
acontece e uma
pessoa pode
virar uma
celebridade do
dia para noite
por conteúdos
considerados
positivos.

São características de um mudo novo pós revolução tecnológica

nos meios de informação e comunicação.
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Também podemos dizer que no século 21 as

lutas feministas se popularizaram. Saíram das
elites urbanas e intelectualizadas. Lutas que são
hoje reconhecidas como populares.

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Vejamos alguns eventos que são marcadores

mundiais do século XXI e nos ajudam a desenhar
o contexto destas primeiras décadas do século.

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11 de setembro 2001
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Nesse mesmo ano de 2001 nasce em Porto Alegre o

Fórum Social Mundial. No ano 2000 havia nascido
Marcha Mundial das Mulheres (com a adesão de 6
mil grupos de 159 países) como fruto das lutas dos
anos 90 – contra o neoliberalismo. Com o 11 de
setembro veio uma onda de criminalização dos
movimentos sociais em geral e o das mulheres
sempre é um alvo certo, como foi na segunda
metade do século XX.

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Crise econômica mundial 2008

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Pandemia novo coronavírus 2020

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Efeitos

2001 Criminalização dos movimento sociais

2008 Desemprego e Violência Doméstica
2020 Sobrecarga de trabalho para as mulheres

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Feminismo – nasce no século XIX, ganha feições

e se consolida no século XX e no século XXI
ganha novos contornos e desafios

Podemos dizer que o feminismo está no divã?

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Agora, vejam que interessante, as lutas que

travamos hoje, e isso vou tentar demonstrar
nessa aula, são reflexos também do final do
século 20 e comecinho do século 21. Pois nossas
reflexões e elaborações, tanto teóricas como
práticas, são como ondas que começam em um
ponto e vão reverberando.

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O Feminismo Negro, por exemplo, nasce nos

anos 70, mas podemos dizer que seu impacto
mais forte tem se dado nos dias de hoje. No
século 21. Lélia Gonzales é uma referência no
Brasil e Angela Davis nos EUA.

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O mesmo se dá com relação às lutas contra a

violência doméstica e contra o feminicídio. O
termo feminicídio nasce também nos anos 70 do
ano passado. Mas somente no século 21 ele
ganha consequência. Vejamos o caso Ângela
Diniz.

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As lutas feministas do século 21 se dão nas ruas

e nas redes e após a pandemia, muito nas redes.
Mas ainda há muita rua. Vejam a votação do
aborto na Argentina no dia 30 de dezembro do
ano passado. Milhares de mulheres nas ruas.

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 Protestos na Argentina 2020

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 Protestos na Polônia 2020

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 Milhões contra a posse de Trump em
2016

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 Protestos contra Judith Butler em 2017

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 Protestos contra Judith Butler em 2017

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 O #MeToo nos EUA e mundo em 2017

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 O #EleNão no Brasil em 2018

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 Liderança feminina no #BLM em 2020

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O que se pode verificar com essas lutas é que as
Lutas Feministas do Século 21 estão centradas:
*na defesa da vida das mulheres
*pela soberania do corpo feminino e contra
qualquer tipo de violação
*pelo direito ao aborto e à saúde reprodutiva
*contra o fascismo
*pela interseccionalidade das lutas
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• As lutas contra as desigualdades sociais e em

especial no mercado de trabalho continuam
intensas também no século 21.
• A pandemia do novo coronavírus é um bom
exemplo disso.

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Questões conceituais (vamos explorar em outras aulas)

• Feminismo decolonial (se opõe às categorias eurocentricas)

• Feminismo radical (estruturalista)
• Feminismo liberal (foco nos direitos individuais)
• Feminismo emancipacionista (marxista)
• Feminismo negro (acredita que mulheres negras não estão
representadas no feminismo)
• Feminismo interseccional (entrelaçamento das lutas)
• Transfeminismo (mulheres trans que não são aceitas dentro de alguns
movimentos feministas)
• Eco-feminismo (associa as lutas feministas às ambientais)
• Movimento Queer (pós-identitário, anti-normatização)

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Questões conceituais (vamos explorar em outras aulas)

• Gênero como categoria de análise começa a ser questionado

• Categoria de sexo também questionada
• Categoria de mulheres também questionada
• Interseccionalidade
• Já se fala inclusive de um pós feminismo
• Surge com muita força na esquerda a crítica ao identitarismo
• Direita conservadora diz lutar contra a “Ideologia de gênero”

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Vejam quantas “primeiras mulheres” nós
tivemos no Brasil no século XXI, nos três
poderes:
• 2000 - Primeira mulher a ser ministra do Supremo Tribunal
Federal – Ellen Gracie
• 2003 - Primeira Ministra da Mulher do Brasil – Emília
Fernandes
• 2010 – Primeira Presidenta do Brasil – Dilma Rousseff
• 2011 - Primeira mulher eleita para a mesa diretora da Câmara
– Rose de Freitas
• 2018 - Primeira Deputada Federal Indígena – Joênia
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Wapichana
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Lutas Feministas do Século 21 no Brasil. Pautas

principais hoje:

• A luta contra o feminicídio

• A luta contra a pobreza, a fome e a desigualdade,
por igualdade no mundo do trabalho
• A luta contra a violência política de gênero

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Eleições municipais de 2020

13% de prefeitas
16% de vereadoras

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No século XX lutávamos por vagas nas listas

partidárias, agora lutamos por reserva de cadeiras
no parlamento. Até porque o formato partido está
mudando (Partida, etc... eleição para constituinte
no Chile está mostrando isso).
Projeto de Lei n° 763, de 2021. Devemos
acompanhar. Estabelece 30% de reserva das
cadeiras.

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• O Brasil ocupa hoje o 140º lugar no ranking em número de mulheres no
Parlamento. Na América Latina, o país está à frente apenas de Belize
(169º) e Haiti (186º).

• Na Câmara dos Deputados houve um aumento no número de deputadas

nas eleições de 2018, de 51 para 77 mulheres, entretanto, representam
apenas 15% da composição da Casa. No Senado houve diminuição no
número de senadoras, há apenas 12 parlamentares mulheres, uma a
menos do que na legislatura anterior.

• Para as Câmaras Municipais, em 2020, 9 mil candidatas foram

eleitas vereadoras, um aumento em relação a legislatura anterior, que era
de 7,8 mil mulheres. Corresponde a somente 16% do total dos vereadores
eleitos. Já nas assembleias legislativas, a representação das mulheres não
passa de 15%.

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