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Minha intenção ao escrever este artigo é traçar alguns paralelos entre costumes e relatos do

Livro de Mórmon e a civilização inca. Não tem qualquer pretensão de provar a veracidade do livro ou de
fazer uma análise profunda desta rica civilização, mas uma vez que ambos os povos se desenvolveram
nas Américas, penso ser proveitosa uma breve análise entre eles, que talvez leve o leitor a buscar
conhecimento adicional sobre o assunto.

O Livro de Mórmon é um registro de três povos distintos (Jareditas, Nefitas e os descendentes


de Zedequias, conhecidos como Mulequitas) que vieram do oriente médio, atravessando oceanos e
chegando nas Américas desde a época da torre de Babel até aproximadamente 600 a.C. O principal
objetivo do livro é ser um outro testamento de Jesus Cristo, juntamente com a Bíblia Sagrada.

Os incas (filhos do sol – ou imperador) são apenas uma parte das civilizações andinas, pré
colombianas, que se desenvolveram ao redor da Cordilheira dos Andes, na América do Sul. Eles
alcançam seu apogeu no século XV sob o comando do imperador Pachacuti. É interessante notar que as
civilizações pré colombianas eram muito diversificadas. Apenas o império inca abrangia diversas nações
e mais de 700 idiomas diferentes, sendo o mais falado o quéchua. Assim com a chegada dos espanhóis,
portugueses e ingleses, as américas tornam-se um terreno fértil para o evangelho restaurado. (Em
basicamente 3 línguas)

Uma profecia do Livro de Mórmon, feita por Leí aproximadamente em 570 a.C. declara,
referindo-se às Américas que “ninguém virá a esta terra a menos que seja trazido pela mão do Senhor”
(2 Néfi 1:6). Não está claro na profecia se isto se refere a povos ou a indivíduos, mas coloco esta profecia
como base para entendermos que o continente americano é um local separado e preservado para se
tornar uma herança dos filhos de Deus (ver 2 Néfi 1:7).

Após este brevíssimo panorama histórico, passo agora a alguns paralelos entre as culturas dos
povos do Livro de Mórmon e os Incas.

1 -Construção de Templos no Livro de Mórmon : temos o templo construído por Néfi, baseado
no templo de Salomão (2 Néfi 5:16), o templo de Zaraenla, de onde o Rei Benjamim fez seu famoso
discurso (Mosias 2:5), o templo da Terra de Abundância, onde Jesus Cristo apareceu ao povo ( 3 Néfi
11:1), citando apenas alguns dos principais templos.

Paralelo Inca sobre Construção de Templos:


Em Machupichu temos este templo do sol, a única construção circular em todo o complexo com
as janelas alinhadas para receber os raios solares do solstício de verão e de inverno.

Detalhe da parte inferior do templo do sol, onde foram encontradas tumbas. Em muitas
construções vemos três degraus, inclusive neste templo. Os degraus representam os três níveis de
existência do universo inca: o mundo das trevas, representado pela cobra, o mundo atual,
representado pelo puma e o mundo celestial, representado pelo condor. Um paralelo interessante com
a doutrina SUD dos três graus de glória.

2 - Preocupação com a segurança das cidades no Livro de Mórmon: Morôni, um chefe militar
nefita estava constantemente construindo cidades e fortificações para proteção contra seus inimigos.
(Ver Alma 50:2-6; 53:4-5)

Paralelo Inca sobre a segurança das cidades:

Praticamente todas as cidades incas são verdadeiras fortalezas de pedra, construídas em lugares
estratégicos para sua proteção.
3 - Língua escrita pouco desenvolvida – O Livro de Mórmon em Ômni 1:14-17 relata sobre o
“povo de Zaraenla”, que saíram de Jerusalém na época do rei Zedequias, viajaram pelo oceano e foram
guiados pela mão do Senhor até as Américas. Este povo teve seu idioma corrompido e “nenhum registro
tinham trazido consigo”. Eles não tinham linguagem escrita.

Em Éter 12:24 Morôni afirma: “Eis que tu não nos fizeste poderosos na escrita”.

Paralelo Inca sobre escrita pouco desenvolvida: Semelhantemente os incas não possuíam
linguagem escrita, mas comunicavam-se por uma espécie de ábaco chamado “quipu” e também foram
encontradas placas com desenhos incas, sugerindo outra espécie de comunicação escrita, como a foto
abaixo. O guia nos informou que o original era em ouro e foi levado pelos espanhóis.
4 – Agricultura -No Livro de Mórmon em Mosias 9:9 lemos: “ E começamos a cultivar o solo,
sim, com toda espécie de sementes: com sementes de milho e de trigo e de cevada e com neas e com
seum e com sementes de toda espécie de frutas; e começamos a multiplicar-nos e a prosperar na terra”

Em Helamã 6:12 também fala sobre a agricultura do Livro de Mórmon.

Paralelo Inca sobre a agricultura – Calcula-se que os incas cultivavam mais de 700 espécies de
alimentos. Seus campos nas montanhas em degraus são verdadeiras maravilhas, com um eficiente
sistema de irrigação, como podemos ver nas fotos abaixo:
5 – armazenamento de alimentos: Temos um relato em 3 Néfi 4:4 onde os nefitas fazem um
armazenamento de alimentos para todo o povo que deveria durar 7 anos.

Paralelo Inca sobre armazenamento de alimentos: Os incas praticavam o armazenamento de


seus alimentos construindo armazéns em locais estratégicos que permitiam a entrada do vento que
resfriava e conservava os alimentos por até 12 anos. Vejam as fotos:
Na foto acima, minha filha Rebecca dentro de um silo de armazenamento Inca. A janela era a
entrada do vento para resfriar e conservar os alimentos. Estes silos existem em quase todas as ruínas,
inclusive Machupichu.

6 – Sacrifícios de animais e humanos:

Os sacrifícios da antiguidade visavam tornar alguma coisa ou alguém santo e eram praticados
por todos que viviam a Lei de Moisés, em lembrança do sacrifício que o Salvador faria por toda a
humanidade quando viesse à Terra.

No início do Livro de Mórmon em 1 Néfi 2:7 vemos Leí, um descendente de Manassés


construindo um altar de pedras e fazendo uma oferta ao Senhor. Em 1 Néfi 5:9 – lemos sobre a oferenda
de sacrifícios e holocaustos ao Senhor como forma de agradecimento do retorno dos filhos de Leí em
segurança à sua família.

Mórmon 4:14-15, 21 – existe o relato do sacríicio de mulheres e crianças nefitas a ídolos


lamanitas, numa época registrada no Livro de Mórmon (366 dC) onde “nunca houve tão grande
iniquidade entre todos os filhos de Leí”. No versículo 21 cita a vitória lamanita sobre os nefitas e
novamente o sacrifício de mulheres e crianças.

Paralelo Inca sobre sacrifícios

Diversas evidências arqueológicas em toda mesoamérica foram encontradas sobre sacrifícios de


animais e humanos, principalmentes entre os Astecas.

Entre os Incas, tais sacrifícios eram realizados em ocasiões específicas como forma de aplacar a
fúria de seus deuses quando as forças da natureza atrapalhavam a agricultura ou em vitória de guerras,
semelhantemente ao evento citado sobre os lamanitas.
Eram sacrificadas virgens e crianças, por serem consideradas as mais puras criaturas, e dignas do
sacrifício.

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