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Ansiedade e transtornos alimentares afetam mais de 40% dos brasileiros na pandemia

Prática regular de atividade física, que para muitos diminuiu neste período, pode ser uma
importante aliada no combate a estes sintomas

Um estudo realizado pelo Instituto Ipsos apontou que a ansiedade e transtornos alimentares
estão entre as principais preocupações dos brasileiros nestes tempos de pandemia. De acordo
com os dados coletados, 41% dos brasileiros lutam contra os sintomas de ansiedade e 47%
alegaram estar comendo demais (39%) ou de menos (8%) como consequência das mudanças
provocadas pela disseminação do novo coronavírus. Em ambos os casos, o Brasil foi o país que
registrou o maior índice entre os 16 pesquisados.

Realizada entre os dias 7 e 10 de maio, a pesquisa pedia que os respondentes marcassem, em


uma lista de 11 transtornos de saúde, quais sintomas os afetavam no atual cenário da
pandemia. Cerca de 1000 pesoas foram entrevistadas em cada país e apontaram a ansiedade e
a baixa na prática de exercícios como as principais consequências da Covid-19 a nível global. O
Brasil foi o terceiro país com mais relatos de diminuição da atividade física (35%), atrás apenas
de Japão (38%) e Coreia do Sul (37%). Além disso, apenas 22% dos brasileiros alegaram não
sofrer com nenhum deles, o menor índice do estudo, empatado com o México.

Estas situações podem estar diretamente relacionadas. De acordo com a psiquiatra Tula
Chaves, os estímulos causados pela atividade física podem ajudar no combate da ansiedade e,
consequentemente, evitar consequências como o transtorno alimentar e outros maus hábitos.

– Ficar isolado traz uma sensação de angústia e de ansiedade. Em situações de ansiedade e


medo, o ser humano tem mais dificuldade de controlar os impulsos. Isso é natural. Você come
um chocolate não porque quer comer o chocolate, mas porque está com dificuldade de
controlar o impulso. A gente precisa estabelecer recursos para manter estes descontroles em
um nível funcional. Uma rotina de atividade física produz um estímulo prazeroso que impede
uma procura de prazer e de conforto não-saudáveis em outras áreas. Para quem já tem uma
história de transtorno alimentar, a gente sugere também que procure ajuda profissional
específica com psicólogos ou psiquiatras que possam estar juntos neste momento difícil –
explica Tula.

A pesquisa ainda aponta que mulheres estão mais suscetíveis a sofrer com estes sintomas,
assim como insônia, enxaqueca e depressão. Entre as mulheres, as mais jovens (abaixo dos 34
anos) são as mais afetadas. Homens, por outro lado, são mais propensos a apresentar
consumo excessivo de álcool ou fumo.

Além do combate aos sintomas causados pelo isolamento social, Tula ressalta que manter-se
ativo é importante para que o corpo se encontre em melhores condições quando a situação
for normalizada:

– A gente tem que olhar para onde a gente pode mudar ou fazer alguma coisa. Eu posso cuidar
da minha alimentação, do meu corpo, por exemplo. Temos que cuidar disso olhando para o
que podemos fazer no presente. Cuidar do corpo para que ele se mantenha funcional e forte
para quando tudo isto terminar a gente esteja se sentindo inteiro. É uma das nossas potências
em uma situação de tantas impotências.

Confira os dados completos da pesquisa abaixo:

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