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13 de março de 2023

Reserva de emergência:
o primeiro passo para alcançar a tão
desejada liberdade financeira

No relatório de hoje, você encontrará:


๏ A importância de contar com uma reserva para imprevistos ou, como também gosto de chamar, uma
reserva de liberdade, aquela que nos permite ter controle sobre a nossa própria vida e autonomia para
fazer escolhas;
๏ Um guia para montar a sua reserva, em que vai aprender a calcular o tamanho desse bolsão e escolher
o melhor ativo para investir esse dinheiro.

Você sabia que a “Indê” só existe porque, desde que comecei a me interessar pelo tema de investimentos
e a trabalhar com isso, sempre tive muita disciplina na hora de cuidar das minhas finanças?

A decisão de largar um negócio que eu fundei para montar uma nova empresa do zero, do meu jeito, e
fazer valer o princípio da independência de que tanto prezo só foi possível porque, lá atrás, eu dei o
primeiro passo que me permitiu chegar até aqui com um bom dinheiro investido e, consequentemente,
autonomia para tomar decisões.

Comecei pela reserva financeira, separando todo mês uma parcela da minha renda, mesmo que pequena,
como no início da minha trajetória profissional, para ter, em primeiro lugar, margem de segurança para
lidar com imprevistos e evitar, por exemplo, entrar em dívida. Mas, também, tranquilidade para investir e
alcançar um patrimônio financeiro que me desse liberdade para fazer as minhas próprias escolhas.

Se eu pude dar essa guinada na minha carreira foi graças a essa disciplina. Ter controle sobre a própria
vida é o maior retorno que o dinheiro pode nos proporcionar.

É como diz Morgan Housel em seu livro A psicologia financeira: lições atemporais sobre fortuna,
ganância e felicidade: “A possibilidade de fazer o que se quer, quando se quer, com quem se quer,
pelo tempo que se quer, não tem preço. É o maior dividendo que o dinheiro pode pagar”.

Você já deu o primeiro passo e fez a sua reserva de emergência ou, como também gosto de chamar, a
sua reserva de liberdade?

Se tem dúvidas sobre como começar, vem comigo!

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O passo a passo

Passo 1: Calcule os seus custos mensais

A primeira coisa que você precisa fazer é calcular o quanto gasta por mês. Feito isso, o próximo passo é
refletir sobre que tamanho de reserva daria a você tranquilidade para dormir à noite.

Minha recomendação é juntar o equivalente a pelo menos 3 meses de despesas. Mas se o seu
trabalho é instável ou você tem muitos dependentes, o ideal é ter uma reserva maior, de 6 ou até 12 vezes
o seu custo mensal.

Passo 2: Como montar a reserva

A reserva de emergência não precisa ser construída de uma única vez, mas gradativamente. Reserve um
percentual da sua renda todo mês até alcançar o valor que você estipulou como suficiente. Há
diversas opções para investir o dinheiro com valor baixo de aplicação mínima.

Se tiver todo dinheiro, também não há problema de montá-la de uma tacada só, uma vez que se trata de
uma aplicação conservadora, sem grandes variações de preços, como explico no próximo passo.

Costumamos fazer aplicações em tranches quando o ativo oscila muito, a fim de pegar diferentes preços
de entrada e reduzir potenciais distorções.

Antes de seguir, um alerta: sempre que usar parcela da reserva de emergência, não se esqueça de repor
o dinheiro assim que possível.

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Passo 3: Onde investir

Como esse é um dinheiro para ser usado quando há imprevistos, ele precisa estar sempre à mão, ou seja,
disponível para ser resgatado rapidamente e sem qualquer tipo de penalidade no momento do saque ou
prejuízo, seja por um problema de crédito, como num calote, ou de desvalorização forte de preço.

Na minha visão – e eu sou bem rígida quando o assunto é reserva de emergência –, só há um ativo
que preenche essas características: o Tesouro Selic, título público pós-fixado, que tem seu valor
corrigido todo dia pela variação da taxa básica de juros, a Selic, e conta com um mercado para
negociação altamente líquido, o que permite entrar e sair da aplicação a qualquer momento sem
risco de perda.

Em qualquer economia do mundo, em condições normais de temperatura e pressão, emprestar para o


governo (que é o mesmo que comprar um título público) é a operação menos arriscada de todas. Afinal,
como costumo dizer, é ele quem detém a máquina de imprimir dinheiro.

Não à toa, um título de crédito privado, emitido por uma companhia ou banco para levantar recursos, tem,
necessariamente, de pagar um prêmio sobre o papel do governo.

Alguns de vocês, então, podem estar se perguntando: se um título de empresa ou banco oferece um
retorno maior, por que não colocar aí a reserva de emergência? Porque empresas e bancos só pagam
prêmio porque têm mais risco!

O caso das Lojas Americanas está aí para comprovar. Com uma dívida informada superior a R$ 40
bilhões, a empresa, uma das maiores varejistas do país, entrou em recuperação judicial, processo que
congelou todos os pagamentos que ela tinha a fazer, inclusive a investidores que compraram as suas
debêntures, como são chamados os títulos de crédito emitidos por companhias.

Quem aplicou a reserva de emergência em debêntures da Americanas ou em fundos DI que tinham títulos
de crédito da varejista, ou está com o dinheiro todo bloqueado ou sofreu um prejuízo em uma parcela do
patrimônio que não deveria, em hipótese alguma, ter sido colocada em risco, jogando fora todo o esforço
feito para ter segurança.

Vale o mesmo para CDB (Certificado de Depósito Bancário) ou qualquer outro título de instituição
financeira, como LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), por melhor
que seja a remuneração.

Apesar de esses ativos contarem com a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em caso de
quebra de banco para valores de até R$ 250 mil por CPF e por instituição, o ressarcimento pode levar
meses.

Crédito privado, definitivamente, não é o lugar adequado


para colocar a reserva de emergência!

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E a tradicional caderneta de poupança? Também não!

Quando comparada ao Tesouro Selic, a poupança perde em retorno, mesmo levando em conta a
isenção de Imposto de Renda (IR) e de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

No patamar atual da taxa básica de juros, de 13,75% ao ano, ela é ainda menos vantajosa, uma vez que
tem retorno fixo de 6,17% ao ano mais TR (Taxa Referencial), que varia mês a mês – em janeiro, com TR
de 0,21%, a poupança acumulou um rendimento de pouco mais de 8% em 12 meses, bem abaixo da
Selic.

Além disso, na poupança, o rendimento é contabilizado apenas uma vez por mês, na data de
aniversário. Se fizer o depósito no dia 1° de abril e precisar sacar o dinheiro antes de completar um mês,
sua aplicação não vai ser corrigida.

Contas remuneradas, como as oferecidas por bancos digitais como o Nubank, também não servem
para a reserva de emergência. Além de poderem aplicar o dinheiro parado na conta em títulos de crédito
de emissão própria – que têm mais risco –, algumas dessas instituições passaram a contabilizar a
remuneração uma vez por mês.

Mesmo quando direcionam o recurso para o título público pós-fixado, mantendo-o em uma conta
separada, em caso de quebra do banco, ele pode ficar retido por alguns dias até que seja liberado para o
correntista. E se você tiver uma emergência e precisar do dinheiro?

Em resumo, para a reserva de emergência, considere apenas o Tesouro Selic.

Passo 4: Como investir no Tesouro Selic

Há algumas formas de se investir no Tesouro Selic, mas vou me concentrar nas mais conhecidas e
testadas. Uma delas é comprar o ativo no sistema de negociação de títulos públicos pela internet, o
Tesouro Direto, por meio de uma corretora.

Na aplicação direta, a B3 cobra uma taxa de custódia (guarda do ativo), equivalente a 0,20% ao ano,
sobre o valor total investido. No caso específico do Tesouro Selic, entretanto, há isenção dessa taxa para
valores de até R$ 10 mil, ou seja, a custódia só vai ser cobrada sobre o montante que exceder esse limite.

Muitas corretoras não cobram taxa de corretagem para intermediar a negociação dos títulos. Por isso, se
optar pelo investimento direto, escolha uma dessas instituições.

No Tesouro Direto, vale a tabela regressiva de IR da renda fixa, que começa com uma alíquota de 22,5%
para prazos de até 180 dias e pode chegar a 15% para mais de 720 dias. O desconto é feito na fonte
sobre o ganho de capital no momento do resgate ou vencimento do título. Também há incidência de IOF
regressivo sobre o rendimento para resgate do dinheiro antes de 30 dias.

Os pedidos de resgate podem ser feitos a qualquer momento. Para solicitações realizadas até às 13h, os
pagamentos são feitos no mesmo dia (D+0). Após esse horário, ficam para o dia seguinte (D+1).

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Vale lembrar que em momentos de estresse no mercado, quando há fortes oscilações de preços, o
Tesouro Direto pode interromper os negócios, a fim de evitar que as transações saiam com preços muito
distorcidos e causem prejuízos ao público investidor.

Para quem não quer correr esse risco, a alternativa é buscar os fundos que só investem no Tesouro Selic
e não cobram taxa de administração – os famosos “fundos taxa zero” –, o que faz com que tenham um
rendimento muito perto de 100% da variação da taxa Selic ou até um pouco acima, por investir em títulos
com diferentes vencimentos.

Como instrumento de renda fixa, também vale a tabela regressiva de IR. A grande diferença
em relação à aplicação direta é a incidência do chamado “come-cotas”, a mordida antecipada
do Leão que acontece todos os meses de maio e novembro.

O desconto do IR é feito com a alíquota mais baixa, de 15%, válida para mais de dois anos. No resgate,
se a aplicação não tiver completado esse prazo, é cobrada a diferença de imposto. Também há incidência
de IOF regressivo para saques antes de 30 dias.

E, assim como no investimento direto, os resgates podem ser solicitados a qualquer momento e pagos no
mesmo dia a depender do horário (preferencialmente até início da tarde) que os pedidos forem feitos. Há
plataformas, por exemplo, que aceitam solicitações até as 16h30.

Os “fundos taxa zero” estão disponíveis em algumas plataformas de investimentos – os grandes bancos
não quiseram aderir à onda lançada pelo BTG Pactual, que há alguns anos decidiu zerar a taxa de
administração desse tipo de fundo para atrair clientes.

Hoje, há opções no BTG, Genial, Toro/PI (plataforma do Santander), Rico e XP. A aplicação mínima varia,
vai de 0 a R$ 500, a depender da plataforma.

No grupo XP, que inclui a corretora Rico, as primeiras versões foram fechadas para novos aportes. Quem
tem dinheiro nos fundos, entretanto, pode mantê-lo aplicado e fazer saques quando quiser. No lugar, a
plataforma passou a oferecer outro fundo taxa zero, mas que limita o patrimônio investido a R$ 100 mil
por CPF. Os fundos do BTG e da Empiricus também limitaram a aplicação a R$ 100 mil por cotista..

Confira a lista de fundos na tabela abaixo.

Aplicação Onde
Fundos Taxa Zero CNPJ
(R$) encontrar
BTG PACTUAL TESOURO SELIC SIMPLES FI RF 29.562.673/0001-17 500,00 BTG Digital
EMPIRICUS SELIC FI RENDA FIXA SIMPLES 35.816.893/0001-22 1,00 BTG Digital
PLURAL CASH FI RENDA FIXA SIMPLES 33.270.063/0001-17 100,00 Genial
PI SELIC FI RENDA FIXA SIMPLES 30.353.590/0001-05 30,00 Toro
TREND DI FIC RENDA FIXA SIMPLES 45.278.833/0001-57 100,00 Rico e XP

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Vou de fundo taxa zero!
Como mostrei aqui, cada aplicação tem seus prós e contras, e uma diferença muito pequena em termos
de retorno financeiro.

O que vai determinar o resultado é o tamanho da reserva e o tempo que o dinheiro vai ficar aplicado. Para
valores acima de R$ 10 mil e prazos curtos, por exemplo, o fundo taxa zero tende a ser mais vantajoso.

Como eu gosto de comodidade, de ter um único produto para fazer as aplicações e os resgates conforme
as minhas necessidades, prefiro usar o fundo taxa zero sempre.

No investimento direto, cada aporte representa a compra de um título novo e, quando há vencimento, a
responsabilidade de reaplicar o dinheiro é nossa. No fundo, o reinvestimento é automático.

Além disso, a taxa de custódia do Tesouro Selic, cobrada pela Bolsa uma vez por semestre, é debitada da
conta na corretora e não da aplicação, ou seja, é preciso ter um dinheiro separado para isso.

Outra vantagem de estar no fundo taxa zero, como eu já contei acima, é que você não corre o risco de
precisar do dinheiro e não poder sacá-lo porque os negócios estão suspensos, como pode acontecer no
Tesouro Direto. Já que se trata de uma reserva para emergências, é bom que ela esteja sempre à mão!

Já montei minha reserva de oportunidade. E agora?


Se você já seguiu os 4 passos desse relatório e montou sua reserva de emergência, tem tudo de que
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Luciana Seabra

Sou sócia-fundadora e chefe de análise da Indê Investimentos, analista CNPI e


planejadora financeira (CFP®). Tenho formação em Comunicação e Economia e me
especializei em fundos e previdência. Oriento pessoas a investirem melhor a partir
de recomendações qualificadas tendo como princípio a independência – me recuso a
ser patrocinada por bancos, gestoras e corretoras, ou receber comissões de
qualquer natureza. Apenas clientes pagam pelo meu trabalho.

Fui premiada pela CVM, o órgão regulador do mercado, pelo meu trabalho de
educação a investidores. Fundei a casa de análise Spiti, da qual fui CEO até junho
de 2022. Escrevi o livro “Conversas com Gestores de Ações Brasileiros”, publicado
pela Companhia das Letras, e sou colunista convidada do E-Investidor, do Estadão.

Disclaimer. Este relatório de análise foi elaborado pela Indê Investimentos, de acordo com todas as exigências previstas na
Resolução CVM nº 20, de 25 de fevereiro de 2021. Tem como objetivo fornecer informações que possam auxiliar quem investe a
tomar sua própria decisão de investimento, não constituindo qualquer tipo de oferta ou solicitação de compra e/ou venda de
qualquer produto. As informações contidas neste relatório são consideradas válidas na data de sua divulgação. O(s) signatário(s)
deste relatório declara(m) que as recomendações refletem única e exclusivamente suas análises e opiniões pessoais, que foram
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