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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE MANICA

DIVISÃO DE AGRICULTURA

CURSO: ENGENHARIA ZOOTÉCNICA

Prospecção de doenças provocadas por carraças e mosca Tsé-tsé no gado de


corte no Distrito de Luabo-Zambézia

Existo Colher Trabuco

_____________________________________

Supervisor

drº. Danilo Ribeiro Alberto, Msc

________________________________

Matsinho, Março de 2019


Prospecção de doenças provocadas por carraças e mosca Tsé-tsé no gado de corte no
Distrito de Luabo-Zambézia

Existo Colher Trabuco

E-mail: existotrabuco@gmail.com

Celulares: 827529345

869780451

Projecto de Licenciatura Apresentado ao Instituto Superior


Politécnico de Manica, como requisito parcial para o Grau de
Licenciatura em Engenharia Zootécnica.

Matsinho, Março de 2019


[Prospecção de doenças provocadas por carraças e mosca tsé-tsé no gado de corte no distrito de Luabo-
Zambézia 2019

AGRADECIMENTO

À Deus todo-poderoso e misericordioso, pela vida, Amor, Saúde que te me dado a cada dia para
superar todas dificuldades quotidianas.

A minha mãe Amina Sande Trabuco pela educação e ensinamento da vida e toda a família Trabuco
pela força que me deram durante a minha carreira estudantil.

Aos docentes do Instituto Superior Politécnico de Manica (ISPM), que deram me todo apoio durante o
curso e em particular ao meu supervisor drº Danilo Ribeiro Alberto pela confiança, apoio
incondicional prestado, moral, científico e pela disponibilidade nos encontros de trabalhos que meu
muito obrigado.

Ao Laboratório Regional de Veterinária em Chimoio, em particular ao Prof. Drº Carlos João Quembo,
drª Pertina Nhavene, drº. Manuel Pompiscky, aos zootecnistas Futre e Geraldo, aos técnicos Alberto e
Sangoma e todo pessoal de apoio.

A igreja Católica pelas orações, forças e apoio que me deram durante a realização dos meus estudos

A IIAM pelo acolhimento e permissão da realização do trabalho de pesquisa no Laboratório Regional


de Veterinária e aos técnicos do sector de diagnóstico do laboratório pela ajuda no processamento das
amostras.

A todos meus colegas do curso, em especial a António, Bocosse, Benjamim, Campira, Cinturão
Correia, Dança, Mavoto, Narquinicale, Teia, Rodrigues e Mateus Mbofana.

Endereço meu muito mais muito obrigado a todos amigos e os demais que directa e indirectamente me
fizeram o acompanhamento dos meus estudos e que por pouco contribuíram para o meu sucesso

Muito obrigado!

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DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Existo Colher Trabuco, declaro por minha honra que este trabalho é da minha autoria e nunca
foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau académico. Todas
obras de outros autores, utilizadas neste trabalho foram devidamente citadas e listadas nas
referências bibliográficas.

Matsinho, Março de 2019

_____________________________

(Existo Colher Trabuco)

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho:

Em primeiro lugar a Deus pela vida, saúde e força que me concede dia e noite. A minha
maravilhosa família, em especial a minha mãe Amina Sande Trabuco, minha esposa Tereza
Miguel Trabuco, os meus petizes Tavares, Assucela e Edna Trabuco, a todos meus irmãos pelo
apoio moral e sacrifícios incansável, pela paciência imensurável nos momentos mais difícil da
minha longa ausência na busca do sonho de ser Zootecnista, onde sempre estiveram ao meu lado.

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LISTA DE ACRÓNIMOS E ABREVIATURA

% Percentagem em Porcentos

Qui- Quadrado

C.Z.C Centro Zonal Centro

CDC Center for Disease Control and Prevention

DINAP Direcção Nacional de Pecuária

DNSV Direcção Nacional de Serviços Veterinários

E Erro máximo

Ei Frequência esperada

EPINFO Pacote Estatístico para o Processamento de Dados


Epidemiológicos

IIAM Instituto de Investigação Agraria de Moçambique

INE Instituto Nacional de estatística

ISPM Instituto Superior Politécnico de Manica

LRV-C Laboratório Regional de Veterinária- Chimoio

MAE Ministério de Administração Estatal

mℓ Mililitros

n Número de Amostras

N População ou total de efectivo

ºC Graus celsos

Oi Frequência observada

ONG Organização não-governamental

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P Prevalência

PCV Percentagem de Corpos Vermelhos

PIB Produto Interno Bruto

SDAE Serviços Distritais de Actividades Económicas

SPP Serviços Provinciais de Pecuária

TIA Trabalho de Inquérito Agrícola

X2 E Qui- quadrado esperado

X2 T Qui- quadrado tabelado

Z Nível de Confiança

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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Características Morfológicas de Carraça da Família Ixodidae. ........................................ 7
Figura 2: Ciclo Biológico de um Ixodideo. ...................................................................................... 9
Figura 3: Ciclo de Vida de Carraça de um Hospedeiro. ................................................................. 10
Figura 4: Ciclo de Vida de Carraças de três Hospedeiros .............................................................. 11
Figura 5: Ciclo de Vida da Babésia Fonte: Fighera (2001). ........................................................... 13
Figura 6. Gado Bovino com Tripanossoma .................................................................................... 26
Figura 7: Glossina Sp. .................................................................................................................... 27
Figura 8: Ciclo de Vida das Glossinas............................................................................................ 28
Figura 9: Exemplo de Armadilhas Utilizadas no Controlo de Glossinas. ...................................... 32
Figura 10: Montagem de Armadilha no Povoado da Ilha de Sardinha no Distrito de Luabo-
Zambézia ........................................................................................................................................ 33
Figura 11: Prevalência Geral de Hemoparasitas Transmitidos por Caracas e Mosca Tsé-Tsé no
Distrito de Luabo, Província da Zambézia. .................................................................................... 40
Figura 12: A Prevalência em Percentagem de Hemoparasitas Transmitidos por Carraças e Mosca
Tsé-Tsé em Bovino de Raça Brahman no Povoado de Caoxe, no Distrito de Luabo na Província
de Zambézia Em 2017. ................................................................................................................... 42
Figura 13: A Prevalência em Percentagem de Hemoparasitas Transmitidos por Carraças e Mosca
Tsé-Tsé Em Bovino De Raça Brahman No Povoado Ilha de Sardinha no Distrito de Luabo na
Província de Zambézia em 2017. ................................................................................................... 42
Figura 14: A Prevalência em Percentagem de Hemoparasitas Transmitidos por Carraças e Mosca
Tsé-Tsé em Bovino de Raça Brahman no Povoado de Mbuaia no Distrito de Luabo na Província
de Zambézia Em 2017. ................................................................................................................... 43
Figura 15: A Prevalência em Percentagem de Hemoparasitas Transmitidos por Carraças e Mosca
Tsé-Tsé Em Bovino De Raça Brahman no Povoado de Moma no Distrito de Luabo na Província
de Zambézia em 2017. .................................................................................................................... 43

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ÍNDICE DE TABELA
tabela 1: Classificação Científica da Espécie Rhipicephalus Boophilus Microplus (Carraças), que
Transmitem Babésia ou Anaplasma aos Bovinos............................................................................. 8
Tabela 2: A Tabela Ilustra os Locais, Número de Armadilhas e Moscas Capturadas ................... 34
Tabela 3: Comparação Da Susceptibilidade A Infecções com Hemoparasitas entre Vacas do
Povoado de Ilha Sardinha com Novilhos de Caoxe no Distrito de Luabo. .................................... 44
Tabela 4: Comparação da Susceptibilidade a Infecções com Hemoparasitas entre Vacas do
Povoado de Mbuaia com Novilhos de Caoxe no Distrito de Luabo. ............................................. 45
Tabela 5: Comparação da Susceptibilidade a Infecções com Hemoparasitas entre Bovinos do
Povoado de Ilha Sardinha com Novilhos de Caoxe no Distrito de Luabo. .................................... 56
Tabela 6: Comparação da Susceptibilidade a Infecções com Hemoparasitas entre Vacas do
Povoado de Mbuaia com Novilhos de Caoxe no Distrito de Luabo. ............................................. 56

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EPÍGRAFE

Foco, Dedicação e Fé, Chega se ao Destino

Amina Sande

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RESUMO

As doenças parasitárias representam uma preocupação constante na prática veterinária em animais


de produção sendo que os Hemoparasitas em bovinos são causa de largas perdas no sector
pecuário à escala nacional. O presente trabalho de pesquisa teve como objectivo Diagnosticar
doenças transmitidas por carraças e mosca tsé-tsé no gado bovino de corte do Distrito de Luabo
na Província de Zambézia, entre os meses de Outubro a Dezembro de 2017, feitos no Laboratório
Regional de Veterinária em Chimoio. No diagnóstico de hemoparasitas destacam-se as
trypanossomas sp, Theileira Sp, Anaplasma sp, Babésias sp, pelos seus elevados índices de
morbilidade e mortalidade. Estas doenças particularizam-se pelo carácter dos seus agentes uma
vez que se transmitem por meio de um agente vector (normalmente mosca tsé-tsé e carraças). Os
sinais clínicos são variados mas, de uma maneira geral, os animais apresentam anemia,
desidratação, febre, anorexia, e prostração. Actualmente as alternativas terapêuticas das doenças
provocadas pela mosca tsé-tsé e Carraças, é recomendado o tratamento profilático com Berenil,
Oxitetracicline a 20% LA e após o primeiro tratamento, isto é, depois de 14 dias administrar o
Trypamidium. Das amostras de sangue colhidas no Distrito de Luabo na província de Zambézia,
fixados com metanol, corados com 10% da solução de Giemsa e observados ao microscópico
óptico com objectiva de 100X, mostraram elevadas percentagens de 77,2% de Trypanossomas,
74,24% de Theileiria, 57,14% Anaplasma e 48,33% Babesias nos povoados de Ilha Sardinha,
Caoxe e Mbuaia; enquanto no povoado de Moma; 16,12% de Trypanossomas, 45,16% de
Babesias, 32,25% de Theileira Sp, 35, 48% de Anaplasma. No Distrito de Luabo na província de
Zambézia, foram colhidos 252 esfregaços de sangue.

Palavras-chaves: Bovino de Corte, Diagnóstico, Hemoparasitas.

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ABSTRACT

Parasitic diseases are a constant concern in veterinary practice in production animals, and
Hemoparasites in cattle cause large losses in the livestock sector on a national scale. The present
study aimed to diagnose diseases transmitted by ticks and tsetse fly in beef cattle from the district
of Luabo in Zambézia province, between October and December 2017, made at the Regional
Veterinary Laboratory in Chimoio . In the diagnosis of hemoparasites the trypanosomes sp,
Theileira Sp, Anaplasma sp, Babésias sp, stand out due to their high morbidity and mortality
rates. These diseases are characterized by the character of their agents as they are transmitted by a
vector agent (usually tsetse fly and ticks). The clinical signs are varied but, generally, the animals
present anemia, dehydration, fever, anorexia, and prostration. Currently the therapeutic
alternatives of diseases caused by the tsetse fly and ticks, it is recommended the prophylactic
treatment with Berenil, Oxitetracicline at 20% LA and after the first treatment, that is after 14
days to administer Trypamidium. Blood samples collected in the Luabo District of Zambezia
province, fixed with methanol, stained with 10% of the Giemsa solution and observed under
optical microscopy with a 100X objective, showed high percentages of 77.2% of Trypanosomes,
74.24 % of Theileiria, 57.14% Anaplasma and 48.33% Babesias in the villages of Sardinha,
Caoxe and Mbuaia Island; while in the village of Moma; 16.12% Trypanosomes, 45.16%
Babesias, 32.25% Theileira Sp, 35, 48% Anaplasma. In the district of Luabo in the province of
Zambézia, 252 blood smears were collected.

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ÍNDICE
AGRADECIMENTO ........................................................................................................................ i
DECLARAÇÃO DE HONRA ......................................................................................................... ii
DEDICATÓRIA .............................................................................................................................. iii
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................................... vi
ÍNDICE DE TABELA .................................................................................................................... vii
RESUMO......................................................................................................................................... ix
ABSTRACT ..................................................................................................................................... x
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
1.1. PROBLEMA DO ESTUDO .............................................................................................. 2
1.2. JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 3
1.3. OBJECTIVOS.................................................................................................................... 4
1.3.1. Geral ........................................................................................................................... 4
1.3.2. Específicos .................................................................................................................. 4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................. 5
2.1. Produção de bovinos em Moçambique .............................................................................. 5
2.2. Vector de Hemoparasitas ................................................................................................... 6
2.2.1. Espécies de Ixodideos que parasitam os bovinos ........................................................... 6
2.2.2. Características morfológicas de carraças ....................................................................... 6
2.3. Espécies de carraças em Moçambique ............................................................................... 7
2.4. Factores que influenciam a distribuição de carraças transmissoras de agentes etiológico 8
2.5. Ciclo biológico das carraças .............................................................................................. 9
2.6. Carraças de um hospedeiro .............................................................................................. 10
2.7. Carraças de dois hospedeiros ........................................................................................... 11
2.8. Carraças de três hospedeiros ............................................................................................ 11
2.9. Etiologia ........................................................................................................................... 12
2.9.1. Ciclo de vida da Babesias ......................................................................................... 13
2.10. Tipos de Babésia e seus vectores ................................................................................. 14
2.11. Epidemiologia .............................................................................................................. 14
2.12. Forma crónica ............................................................................................................... 14
2.13. Diagnóstico................................................................................................................... 15
2.13.1. Exame clinico ............................................................................................................... 15
2.14. Tratamento, controlo e prevenção ................................................................................ 15
3.1. Epidemiologia ...................................................................................................................... 18
3.2. Diagnóstico 3.2.1. Exame Clinico ....................................................................................... 19
3.3. Tratamento, controlo e prevenção ........................................................................................ 19
4.0. THEILERIA ............................................................................................................................ 20
4.1. Epidemiologia ...................................................................................................................... 22
4.3. Tratamento, controlo e prevenção ........................................................................................ 24
4.4. Diagnósticos diferenciais ......................................................................................................... 25
5.0. TRIPANOSSOMOSE ............................................................................................................. 25
5.1. Patologia .............................................................................................................................. 29
5.2. Sintomas ............................................................................................................................... 30
5.2.1. Forma aguda .................................................................................................................. 30
5.2.2. Forma crónica ................................................................................................................ 31
5.3. Diagnóstico .......................................................................................................................... 31
5.4. Tratamento, controle e prevenção ........................................................................................ 31
6.0. CONSEQUÊNCIA DE HEMOPARASITAS NA PRODUÇÃO ANIMAL .......................... 34
6.1. Consequências directas ........................................................................................................ 34
6.2. Consequências indirectas ..................................................................................................... 34
7.0. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................... 35
7.1. Descrição da área de estudos ............................................................................................... 35
7.2. Tamanho da amostra ............................................................................................................ 35
7.3. Animais de Estudo ............................................................................................................... 36
7.4. Recolha das amostras ........................................................................................................... 36
7.5. Processamento das amostras e Diagnostico dos Hemoparasitas .......................................... 36
7.6. Cálculo de prevalência de Hemoparasitas ........................................................................... 37
7.7. Análises estatísticas ............................................................................................................. 38
8.0. RESULTADOS ....................................................................................................................... 40
10. Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 51
ANEXOS ........................................................................................................................................ 56
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1. INTRODUÇÃO

A bovinocultura revela-se como uma actividade pecuária em expansão, sendo praticada em todo o
país, com ênfase maior nas zonas rurais, onde se concentram sistemas de produção extensivo,
onde os produtores não reúnem conhecimentos técnicos, baixos investimentos, exploram raças
dos animais não produtivas embora que são resistentes ao parasitismo e outros factores ambientais
(Ferrão, 2011).

De acordo com Urquhart et al., (1996), o parasitismo por Hemoparasitas é um dos principal
problema na produção de bovinos em todo o mundo, tendo em vista que as perdas económicas
estão relacionadas à baixa produtividade, baixa conversão alimentar, perda de peso, custos com
tratamento e profilaxia, além de ser letal em alguns casos, sendo extremamente necessário um
controlo efectivo dos vectores.

O controlo dos vectores de Hemoparasitas pode ser por pesticidas e tripanocidas para o controlo
de carraças e Tripanossomas respectivamente. Mas a falta das informações sobre as espécies de
hemoparasitas que infectam os animais de uma determinada região, os tratamentos feitos nem
sempre podem dar efeitos significativos (Alves et al., 2011).

Para o combate aos hemoparasitas e diminuição do impacto económico negativo nas explorações
pecuárias, é urgente a implantação de novas de formas de controlo. Monitorar o aparecimento de
carraças e moscas Tsé-tsé é de grande importância para determinar a ocorrência de agentes
patogénicos e as potenciais espécies de vectores, o que confere uma visão sobre o risco de
transmissão de doenças em determinadas áreas (Antunes et al 2016).

Com isso, o trabalho tinha como objectivo de analisar a prospecção de doenças transmitidas por
carracas e mosca Tsé-tsé no gado bovino de corte do sector privado no distrito de Luabo na
Província de Zambézia por análises laboratoriais, como forma de conhecer as doenças que
infectam aqueles animais permitindo fazer tratamento usando as drogas recomendadas e fortificar
os banhos e análises periódicos.

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1.1.PROBLEMA DO ESTUDO

A prevalência de baixos índices de produtividade da bovinocultura nacional, é através da


ocorrência de várias doenças nos bovinos do sector familiar tanto comercial, em outras ocasiões é
condicionada pela insuficiência de conhecimentos dos parasitas que afectam os mesmos, com isso
afectam negativamente as comunidades rurais, pois é o sector mais vulnerável.

Por outro lado, a falta de cumprimentos dos calendários de banhos carracicidas, diluição
inadequado de drogas carracicidas podem contribuir para a prevalência das hemoparasitas e
introdução de animais vindos de outras zonas sem o conhecimento da sua situação sanitária
contribuem para a constância prevalência (Alves et al., 2011).

Segundo Tembue et al., (2011), diz que os animais infectados pelo hemoparasitas transmitidos
por carraças e mosca tsé-tsé causam perda de peso, emagrecimento, altos custos na aquisição de
drogas para o combate, tratamento e em situações severos nota se mortalidade dos animais. E a
insuficiência das informações sobre as ocorrências desses hemoparasitas em uma região, pode
afectar as actividades planificadas para o controlo das doenças que afectam os animais, e em
outras situações o uso inadequado de drogas.

Sendo assim torna se imprescindível interpretar os potenciais impactos que advém destes
problemas, danos directos aos animais. Isto deixa aos técnicos veterinários e criadores de gado
bovino do Distrito de Luabo preocupados com este problema. Desta maneira, o objectivo geral
deste estudo foi fazer a prospecção de doenças provocadas por carraças e mosca Tsé-tsé em
bovinos de corte criados em sistema extensivos no Distrito de Luabo.

Perante esta inquietação acima referida, levantar-se-á a seguinte pergunta do estudo:

 Quais são os hemoparasitas provocados por carraças e mosca Tsé-tsé que afectam o gado
de corte criado no Distrito de Luabo?

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1.2. JUSTIFICATIVA

A prevenção das doenças é de grande importância na manutenção da saúde humana e de animais


domésticos, que consistem num conjunto de práticas que envolvem higiene das instalações,
profilaxia e combate sistemático a endoparasitas e ectoparasitas, em função da realidade
epidemiológica onde esta localizada a sua criação (Correia et al 2001).

O conhecimento da epidemiologia dos agentes etiológicos transmitidos por carraças e mosca Tsé-
tsé em uma determinada região geográfica é para o desenvolvimento e planeamento de programas
que possam interromper a cadeia epidemiológica e reduzir os prejuízos causados a pecuária
nacional pela redução de produtividade, morbilidade ou mortalidade de animais através da
aplicação de medidas de controlo ou profilaxia destas enfermidades (Tembue et al., 2011).

Com aplicação de medidas de controlo ou profilaxia das doenças contribuirá na melhoria da


economia rural, a saúde dos animais, pública, aumento do efectivo dos animais, maior
desenvolvimento dos animais e entre outros benefícios. O estudo tinha como objectivo conhecer
as espécies de hemoparasitas transmitidas por carraças e mosca tsé-tsé em bovinos de corte do
sector privado no distrito de Luabo na Província de Zambézia a partir dos métodos de análises
laboratoriais, usando o esfregaço de sangue, fixado com metanol e corado com 10% de solução de
Giemsa.

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1.3. OBJECTIVOS
1.3.1. Geral
 Diagnosticar as doenças transmitidas por carraças e mosca Tsé-Tsé no Distrito de Luabo na
província de Zambézia.
1.3.2. Específicos
 Identificar os agentes etiológicos transmitidos por carraças e mosca Tsé-tsé;
 Comparar a prevalência das doenças de acordo com as categorias dos animais;
 Comparar as prevalências das doenças de acordo com o local de criação.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.Produção de bovinos em Moçambique

A produção pecuária em Moçambique é caracterizada na sua maioria por criadores do sector


familiar, onde o sistema extensivo é de maior predominância, contribuindo desse modo para a
baixa produção e produtividade dos animais pelo facto do sector familiar produzir os animais
como fonte alternativa para a geração de renda e baixo maneio sanitário. No maneio sanitário, os
Hemoparasitas ocupam um lugar importante entre os factores que limitam a produção animal,
comprometendo a rentabilidade dos sistemas pecuários produtivos (Soulsby, 1982; Githiori et al.,
2002).

A pecuária em Moçambique representa uma actividade socioeconómica e cultural muito


importante, contribuindo significativamente para o produto interno bruto nacional (PIB) (INE,
2009). Em 2008, a população bovina total do Pais estava estimada em 1.600.000 cabeças, sendo
que 53,6% destes se encontram concentrados na Região Sul do país (TIA, 2008). Enquanto em
2017, o pais possuía um efectivo de gado bovino de 1.951.337 cabeças bovinas, (relatório de
arrolamento de efectivos pecuários 2017- DNSV).

A produção animal nacional está muito longe de atender à demanda doméstica, além de que
os produtos disponíveis têm um elevado custo de aquisição e não atendem aos padrões
sanitários regional e mundial (Tembue et al., 2012).

A produção pecuária tem sido afectada por uma série de doenças que restringe a locação de
animais em determinadas áreas do país e que afectam a produtividade de diferentes espécies.
Porém, a informação confiável sobre a ocorrência espacial e temporal das doenças
específicas, bem como do seu impacto económico é escassa (Morris, 1999).

De acordo com o mesmo autor o impacto negativo das doenças na produção pecuária se
manifesta de várias maneiras, desde a mortalidade precoce, redução do peso corporal e
infertilidade temporária ou crónica, redução dos rendimentos na produção de carne, bem
como a redução da capacidade de trabalho (tracção animal). Cada uma das doenças que
afectam as manadas faz com que os seus efeitos tenham graves reflexos sobre a eficiência na
produção pecuária e no seu conjunto global.

De acordo com DINAP (2004), Para o aumento da produtividade no subsector pecuária,


especialmente na produção de gado de corte, é necessário apostar nas espécies, usar novas

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tecnologias no processo da produção, que faz desenvolver a cadeia de produção de gado de corte,
desde o controlo de doenças, controlo nutricional, reprodutivo como também deve haver
conhecimentos técnicos dos produtores.

Com as importações das espécies pecuárias realizadas a partir dos meados da década 90 e
princípios do ano 2000, o país recebeu animais de diversas raҫas, sendo, a maioria
proveniente da África do sul e do Zimbabwe. No entanto, não houve registos das raças que
entraram no país durante a implementação não-governamentais pecuário nacional, conduzido
pelo governo, organizações não-governamentais e iniciativas privadas (DINAP, 2004)

2.2.Vector de Hemoparasitas
2.2.1. Espécies de Ixodideos que parasitam os bovinos

As carraças são vectores notáveis de inúmeros agentes patogénicos, algum dos quais podem
causar doenças graves em diversos hospedeiros, incluindo o homem, (De la Frente et al 2008;
Domingos et al 2013).Taxonomicamente, as carraças estão incluídas na classe arachida, Ordem
acari, Sub-ordem Ixodida, (Estrada-pena et al 2004a).

2.2.2. Características morfológicas de carraças

As carraças são da família Ixodidae, são denominadas de " carraças duras", são relativamente
grandes entre (2 e 20mm), achatadas, dorso-ventralmente, com um escudo dorsal, que no caso dos
machos cobre o corpo todo e as fêmeas só parcialmente, (Taylor et al 2007).

Os Ixodideos reinem uma série de características que lhes conferem um potencial como vectores
de agentes patogénicos, alimenta se durante largos períodos (vários dias), a sua picada é
geralmente indolor e permanecem firmemente fixados sobre o hospedeiro. Cada estádio se
alimenta uma única vez, podendo parasitar a uma grande variedade de espécie de animais em
diferentes tipos de habitas, (Magnarelli 2008).

As carraças são aracnídeos, ectoparasitas hematófagos obrigatórios. Existe duas famílias mais
importante na produção pecuária que são Argasidae e Ixodidae. A família Argasidae apresenta na
actualidade 183 espécies descritas e inclui carraças moles, assim denominados devido à ausência
de escudo quitinoso e são representados pelas carraças que parasitam aves e outros animais
(Barros-Battesti et al., 2006).

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Segundo Kocan et al (2010), a família de maior importância em explorações pecuárias é a


Ixodidae, cujos membros são denominados de carraças duros devido à presença de um rígido
escudo quitinoso que cobre toda a superfície dorsal dos machos e parcialmente nas fêmeas, larvas
e ninfas, estendendo-se apenas em uma pequena área do idiossoma, permitindo assim a dilatação
do abdómen após o repasto sanguíneo. A família Ixodidade possui aproximadamente 680 espécies
descritas. As carraças desta família apresentam acentuado dimorfismo sexual e capítulo sempre
terminal em todos os estágios.

Figura 1: Características morfológicas de carraça da família Ixodidae (Fonte: Barros-Battesti et al., 2006).

2.3.Espécies de carraças em Moçambique

A origem exacta de carraças transmitido doenças em animais de produção em Moçambique


não esta documentada, embora haja relatos de terem sido introduzidos juntamente com animais
importados a centenas de anos. A produção animal em Moçambique data desde o século XVII,
quando os portugueses fizeram as primeiras importações de bovinos da República da África do
Sul para Moçambique (DIAS, 1960).

Em Moçambique os pioneiros documentos sobre a ocorrência de carraças foram feitos por


DIAS (1960), que apresentou uma lista de 19 diversidades de espécies destes artrópodes
incluindo a espécie de Rhipicephalus microplus, R. decoloratus, R. annulatus e R, geigyi que
transmitem a babesias e anaplasma, infestando bovinos.

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Tabela 1: Classificação científica da espécie Rhipicephalus Boophilus microplus (carraças), que transmitem Babésia
ou anaplasma aos bovinos.

Reino Animália

Filo Arthropoda

Subfilo Chelicerata

Classe Arachnida

Ordem Acaridia

Família Ixodidae

Género Boophilus

Espécie Boophilus microplus

Fonte: Gonzales (2000) e Embrapa, (2015).

2.4.Factores que influenciam a distribuição de carraças transmissoras de agentes etiológico

Em Moçambique a distribuição de carraças é influenciada por vários factores, em especial o


clima, vegetação, a precipitação, a temperatura e a presença de uma diversidade de hospedeiros
vertebrados entre domésticos e silvestres.

Na região da África Austral, os estacões do ano estão bem definidas compreendendo verão e
inverno e um período curto de chuvas, havendo deste modo um padrão de ocorrência sazonal
das doenças transmitidas por carraças que é regulado por carraças adultos por meio da diapausa
(Pegram e Banda, 1995; Mattili et al., 1997).

A diapausa é um estado caracterizado por baixa actividade metabólica das carraças que está
associado a morfogénese reduzida, para permitir maior resistência a condições ambientais
adversas. A diapausa não afecta só o ciclo de vida e a sobrevivência das carraças mas também
influencia na epidemiologia das doenças por eles transmitidas (Pegram e Banda, 1995;
Mattili et al., 1997).

Estudos realizados mostram que o padrão sazonal de algumas espécies de carraças, seja definido
pelas carraças adultos, que só são activos sob condições climáticas específicas relativas à
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temperatura, precipitação e humidade do ar, enquanto as larvas são mais sensíveis a factores
adversa (Randolph, 1997)

2.5.Ciclo biológico das carraças

As carraças apresentam três estádios: Larva, Ninfa e Adulto (Macho ou fêmea), e pode ter um,
dois ou três hospedeiros. Durante as fases activas as carraças alternam entre períodos de intensa
actividade (procura de hospedeiro e alimentação) e períodos não activos (metamorfose e
diapausa), necessitando sempre de uma refeição de sangue do hospedeiro para passarem ao
estádio evolutivo seguinte, (Silva et al 2006).

Ninfa

Larva

Fêmea Macho
Ingurgitada Fêmea

Ovos

Figura 2: Ciclo Biológico de um Ixodideo. (Adaptado de Taylor et al., 2007)

Nas carraças de um hospedeiro todo desenvolvimento de larva para adulto ocorre num único
hospedeiro, na carraça de dois hospedeiros, as larvas e ninfas desenvolvem se num hospedeiro e
os adultos em outro, por fim nas carraças de três hospedeiros cada estágio de desenvolvimento
(larva, ninfa e adulto), ocorre em diferentes hospedeiros, segundo (Taylor et al 2007)

Os estudos feitos pela EMBRAPA (2005), indicam que as carraças são ectoparasitas obrigatórios
de vertebrados e necessitam de alimentação sanguínea para completar seu desenvolvimento e
possuem um ciclo de vida complexo, apresentando uma fase parasitária de alimentação sanguínea
e outra de vida livre (período de oviposição e entre mudas), podendo haver ou não mudança de
hospedeiro.

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O ciclo biológico dos ixodídeos consiste de um estágio inactivo (ovos) e três estágios móveis e
hematófagos (larva, ninfa e adulto). As larvas não apresentam estigmas respiratórios, são imaturas
sexualmente e possuem três pares de pernas. Ao saírem do ovo apresentam aspecto semelhante
aos adultos e após alimentação sofrem ecdise e passam a ninfas, também imaturas sexualmente,
porém com placas espiraculares e quatro pares de pernas, (Gonzalez 2003).

Assim como as larvas, após alimentação também sofrem ecdise, e dão origem aos adultos,
machos e fêmeas. Cada estágio requer vários dias de fixação no hospedeiro e longos repastos
sanguíneos. O ciclo biológico dos carraças duros pode, de acordo com a espécie, envolver um,
dois ou três hospedeiros, dependendo do número de animais que o carraça parasita durante seu
desenvolvimento, (Barros, 2003).

2.6. Carraças de um hospedeiro

O ciclo biológico de um hospedeiro tem como representantes em Moçambique as espécies


Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Tembue et al., 2011). Neste ciclo biológico, todos os
estágios parasitam grandes animais como os bovinos, caprinos. A alimentação larval e ninfa,
assim como as mudas, ocorrem sobre o hospedeiro e as fêmeas acasaladas e ingurgitadas caem ao
solo e depositam seus ovos.

Conforme Dias (1960), nos países onde o clima é tropical húmido o ciclo ocorre durante todo o
ano, sem a interrupção causada pela hipobiose das larvas, determinada pelas baixas temperaturas.
Geralmente o ciclo biológico das carraças de um hospedeiro é curto, e no caso de Rhipicephalus
(Boophilus) microplus, a espécie consegue produzir de cinco a seis gerações anuais sob boas
condições climáticas.

Figura 3: Ciclo de vida de carraça de um hospedeiro (Fonte: Martins, 2006).

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2.7. Carraças de dois hospedeiros

É verificado em algumas espécies de Hyalomma (geograficamente encontrados na África, Ásia e


região mediterrânea da Europa) que vivem em savanas e estepes onde a estação seca é longa e
com poucas chuvas (Dias, 1993). A larva alimentada não cai ao solo, permanecendo no
hospedeiro, as ninfas ingurgitadas caem ao solo e mudam para o estágio adulto, quando então
buscam um segundo hospedeiro. As fêmeas ingurgitadas caem ao solo para realizar a oviposição,
morrendo em seguida.

2.8. Carraças de três hospedeiros

As principais espécies de ocorrência em Moçambique que apresentam este ciclo são Amblyomma,
Haemaphysalis spp. e Rhipicephalus microplus (Tembue et al., 2011). As fêmeas ingurgitadas
caem na vegetação e iniciam a oviposição aproximadamente em dez dias sob condições
favoráveis de temperatura e humidade. A fêmea pode levar várias semanas para iniciar a
oviposição sob condições climáticas desfavoráveis. A massa de ovos é colocada por um período
variável entre 10 a 30 dias, quando a fêmea morre. A eclosão dos ovos se dá após um período de
incubação de aproximadamente 30 dias, sendo que em algumas podem ter um período de
incubação de até dois meses.

Figura 4: Ciclo de vida de carraças de três hospedeiros (Fonte: Martins, 2006).

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2.8.1. Prevenção e controlo de carraças

A base de um controlo bem-sucedido é evitar o desenvolvimento das carraças fêmeas ingurgitadas


e assim limitar a deposição de um grande número de ovos, (Taylor 2007).

O controlo das carraças baseia-se largamente no uso de acaricidas químicos aplicados quer por
imersão total nos tanques carracicidas, quer sub-forma de spray com pulverizador a dorso, e entre
outros métodos. Estão disponíveis no mercado mundial uma grande variedade de formulações de
organofosfatos e insecticidas peretroides. Quando os animais se encontram severamente
parasitados de carraças necessitam de um tratamento individual, formulações especiais de
acaricidas suspensas em uma base gordurosa podem ser aplicadas nas áreas afectadas, Taylor et
al 2007).

O numero de banhos carracicidas dependem de inúmeros factores e muitas vezes significa que o
intervalo entre cada tratamento varia de acordo com a estação do ano, depende da duração, da
toxidade do produto da actividade sazonal do Ixodideos e de tempos que as carraças passam no
hospedeiro, (Andrews et al 2004).

A queima fria das pastagens no final da estação seca que coincide com a abundancia de estádios
evolutivos das carraças nas pastagens, ajuda a reduzir a população de carraças, no entanto, se for a
única forma esta de controlo utilizada, após a queima a população de carraças volta a aumentar
devido à carraças que permanecem nos seus hospedeiros e que voltam para as pastagens, (Queirós
2000).

2.9.Etiologia

O género Babésia insere-se no Reino Protista, Filo Rotozão, Sub-filo Sporozoa-Apicomplexa,


Classe Exporozoa, Subclasse Piroplasmida, Ordem Aemosporida, Família Babesidae e Género
Babesiose sp, (Levine et al 1980; Talyor et al 2007).

Conhecidas por nomes como, Babesiose bovina, Piroplasmose, Febre do Texas, "Redweatr" nos
estados unidos da América, febre de carraças, tristeza bovina e tristeza parasitaria, esta doença
pode ser causada por pelo menos seis espécies de Babesias, (Smith 2009).

As espécies mais importantes de Babesia que afectam bovinos são as consideradas grandes
(Babesia major e Babesia begemina) e as Babesias pequenas (Babesias divergens e Babesia
bovis), (Andrews et al 2004).

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Entre as espécies de Babésia associada à Babesiose bovina, a Babésia bovis e a Babésia begemina
e a Babésia divergens são consideradas as mais virulentas, (Elsify et al 2014). Conforme Smith
2009, a espécie Babésia bovis é mais virulenta comparada com a espécie Babésia bigemina.

2.9.1. Ciclo de vida da Babesias

O ciclo biológico é heteroxeno, sendo o hospedeiro definitivo os bovinos e o hospedeiro


intermediário os Ixodideos do género Rhicephilus sp; Rhipicephilus Boophilus, Haemaphysalis sp
e Ixodes sp.

A transmissão natural das espécies da Babésia ocorre principalmente através da alimentação dos
vários estágios das carraças. As carraças mais frequentemente infestadas pela via transovarica-
verticalmente, (Smith 2009).

A Babesiose é uma doença parasitária provocada por protozoários do género Babésia, que
invadem e se multiplicam dentro dos eritrócitos maduros. Estes parasitas em multiplicação levam
à destruição dos eritrócitos, resultando em anemia seguida de perda de peso severa e, por vezes,
morte (Fighera, 2001). O ciclo de vida da Babésia envolve dois estágios, sendo no hospedeiro
vertebrado (mamíferos) e no vector intermediário (carraça), após a inoculação pela carraça, entra
na corrente sanguínea do hospedeiro definitivo sob forma de esporozoíto e invade os glóbulos
vermelhos. O parasita multiplica-se assexuadamente por fissão binária e surgem de seguida as
formas tipicamente piriformes (os merozoítos), como ilustra afigura a seguir.

Figura 5: Ciclo de vida da Babésia fonte: Fighera (2001).

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2.10. Tipos de Babésia e seus vectores


 Babésia bigemina e Bovis

A Babésia bigemina é uma Babésia grande que aparece nos esfregaços sob a forma de corpos
piriformes (pêra), em pares, unidos pela sua extremidade estreita em ângulo agudo. Os vectores
desta espécie são carraças do género Boophilus (Howard et al., 2001). A Babésia bovis é uma
pequena babésia normalmente encontrada como um corpo único redondo dentro do eritrócito. Por
vezes, podem surgir vários parasitas no mesmo eritrócito. À semelhança de Babésia bigemina, o
vector desta espécie também é a carraça do género Boophilus. Esta Babésia é actualmente
considerada a mais patogénica de todas as espécies conhecidas (Howard et al., 2001).

2.11. Epidemiologia

A Babésia foi relatada pela primeira vez em 1888 por Viktor Babes, na Roménia, que detectou a
presença de corpos redondos e intra-eritrocitarios no sangue de bovinos infestados. Em 1893,
Theobald Smith e Frederick Kilborne, nos estados unidos, publicaram os resultados de uma série
de experimentações que demostraram que o Rhicephalus annulatus foi responsável pela
transmissão de uma doença chamada Febre da carraça para carraças susceptíveis.

Conforme Fighera, (2001), diz que os sinais clínicos de babesiose têm início 2 a 3 semanas após a
inoculação do parasita pela carraça. Muitas vezes o primeiro sinal observável é o isolamento do
animal do seu grupo habitual. O indivíduo afectado mostra sinais de depressão, procura sítios de
sombra e fica prostrado. Em termos clínicos, o sinal inicialmente mais aparente é a febre. De
seguida surgem a anorexia e a atonia ruminal.

2.12. Forma crónica

Apetite diminuído, com paragens frequentes da ruminação, tornando o animal magro e anémico.
As perturbações digestivas traduzidas por constipação e diarreia, observam-se com frequência,
sendo no primeiro caso as fezes duras e de cor amarelada. A febre não se faz acompanhar de
temperaturas elevadas (Furlong, 1993). Nos casos crónicos, os animais perdem condições, sendo
conduzidos a um estado de miséria orgânica mais ou menos apreciável. Mucosas pálidas e, com o
avanço da doença, podem ficar amareladas e respiração acelerada.

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2.13. Diagnóstico
2.13.1. Exame clinico

Os sinais observados em bovinos em áreas exóticas com carraças podem fornecer dados
suficientes para um diagnóstico presuntivo. Os sinais clínicos manifestam se dois a três semanas
após a infestação de carraças, onde o período de incubação deste após a inoculação de sangue
pode ser superior a cinco dias ou mais de cinco semanas, dependendo de volumes de inoculo
(Smith 2009).

Perante os estudos ainda feito por Smith em 2009 diz que são observados sinais clínicos, tais
como febres (40 a 42ºC) depressão, Ictericia, Anorexia, Taccardia, Tacpneia, Anemia,
Hemoglobinemia, Hemoglobumiria, Abortos e mortes, (Smith 2009).

2.13.2. Exame laboratorial

Um diagnostico laboratorial positivo requer a identificação de espécie de Babésia em esfregaços


de sangue fino corados com solução de Giemsa, teste serológicos positivos com sangue infectado,
(Smith 2009).

O esfregaço de sangue é um meio de diagnostico simples e menos dispendioso, mais requer um


microscopista experiente para diferenciar as espécies, é confiável apenas se a quantidade de
parasitas no sangue é alta o suficiente para ser detectado, o que normalmente só é possível durante
os casos agudos, (Potgietes et al 1977).

O diagnóstico confirma-se mediante exame do esfregaço de sangue que, permite ver os


microorganismos do tipo Babésia. No exame post-mortem, deve-se fazer sempre esfregaço por
impressão do cérebro. A babesiose responde bem a certo número de medicamentos e, assim ajuda
a diferenciar a doença de outras tais como a anaplasmose e, a hidropericadio rickéttsico (Howard
et al., 2001). Nas doenças transmitidas por carraças podem estar presentes mais de um parasita,
pelo que, deve-se colher esfregaços de sangue gânglios linfáticos, baço e, impressões do cérebro.
Se se suspeita de raiva, enviar metade do cérebro como uma amostra para raiva.

2.14. Tratamento, controlo e prevenção

Após o início de Hemoglobunuria, o prognóstico é maior. Casos agudos com valores de


hematocritos de 12% geralmente respondem bem aos tratamentos. O caso prognóstico diminui

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nos casos de hematocritos com valores abaixo de 10%. O sucesso de tratamento depende do
diagnostico precoce e da terapia imediata, de acordo com (Smith 2009).

Os princípios activos a Babésia específicos mais frequentemente utilizados, eficazes e


relativamente menos tóxicos são Dipropianato de Imidorcarbi, Diminazeno, Dimizete,
Dimizetionato de amicarbalina e Dimisetilenato de fenamidina, (Vial e Gorenflot 2006).

Muitos medicamentos podem curar a babesiose nos primeiros estágios, como Fenamidina,
Berenil, Inomazene e Imidocarbo. Injectam-se subcutaneamente com facilidade e, administram-se
de acordo com o peso do animal. O controlo baseia-se na eliminação das carraças vectores
mediante banhos de imersão e outras formas de controlo. Os animais que se recuperam da doença,
têm uma forte resistência à ela e A isto se denomina “premunidade” para a doença e, pode durar
até 4 anos (Gonzales, 1995). Os animais convalescentes devem receber alimentação adicional
durante algumas semanas.

O controlo da Babésia bovina pode ser efectuado pelo controlo das carraças, imunização,
Tratamentos com fármacos anti-Babesiano ou por combinação destes, (Suarez e Noh 2011).

Descrevendo ideias de Smith (2009), a maioria dos procedimentos destinados a reduzir as


infestações por carraças, como aplicações de acaricidas nos hospedeiros ou no meio ambiente,
queima da pastagem em áreas controladas, o cultivo, o repouso prolongado e o uso de repelentes,
são benéficos.

Babésia occultans

Vectores de Babésia

 Boophilus micropilus
 Boophilus decoloratus
 Rhipicephalus evertsi
 Hyalomma rufipes

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3.0. ANAPLASMOSE

3.1. Agente etiológico

O género anaplasma sp, ao contrario do género Theileria sp e Babesia sp, não é um protozoário
mas sim uma riketsia, inserido assim no Reino protista, Filo Protiobacteria, Classe
Alphaprotiobacteria, Ordem Riketsialea, Família anaplasmataceae e Género Anaplasma sp,
(Taylor et al 2007).

Anaplasmose é uma doença que afecta principalmente os bovinos, sendo causada por uma
bactéria gran-negativo intracelular denominada Anaplasma marginale, (Theiler 1910). A
Anaplasma marginale é o agente causador da anaplasmose em bovinos e ruminantes selvagens,
(Razmi et al 2006).

3.2. Ciclo biológico

A Anaplasma sp, pode ser transmitido por carraças, e também mecanicamente por moscas
hematofagas ou instrumentos cirúrgicos contaminados, (Taylor et al 2007).

O ciclo de vida de Anaplasma sp é complexo e coordenado com o modo de alimentação destes


vectores, (Kocan et al 2010). Estes durante a picada, num bovino infectado, ingerem eritrocitos
que se seguem até ao intestino onde são digeridos e se inicia o desenvolvimento das Riketsias por
multiplicação nas células intestinais. Posteriormente, muitos outros tecidos dos vectores são
infectados tais como a glândula salivar, a partir da qual a Anaplasma irá ser transmitida aos
bovinos (Ge et al 1996 e Kocan 2010).

Uma doença não contagiosa do gado bovino, causado por uma rickéttsia (não um protozoário),
um pequeno microorganismo que se aloja nos glóbulos vermelhos, transmitido por carraças. Há
duas formas da doença, uma grave, causada pelo microorganismo Anaplasma marginal e, a outra
menos grave, chamado Anaplasma central. Ambos parasitas são transmitidos principalmente por
espécies de carraças do género Boophilus. Outras espécies de carraças e moscas picadoras podem
difundir a doença (Rocha e Leite, 1996). É provável podem transmitir também os parasitas na
utilização de agulhas ou instrumentos não esterilizados.

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Vectores de Anaplasma

Rhipicephalus appendicultus

3.1. Epidemiologia
A Anaplasma sp é a mais prevalente das infecções transmitidas por carraças em todo o mundo e
continua sendo uma série restrição na produção pecuária em regiões tropicais e subtropicais,
conforme (Smith 2009). A Anaplasmose bovina é comum na África, Austrália, Rússia, América
de Sul e Estados Unidos, (Razmi et al 2006).

Estudo realizado por Geale (2011), afirma que a Anaplasmose sp é endémica em área tropicais,
subtropicais em certas áreas temperadas doo mundo, nomeadamente México, América central e
do Sul.

De acordo com Rocha e Leite, (1996), dizem que o período de incubação na infecção natural é
relativamente longo, podendo ir de 50 a 100 dias e mesmo mais, depois de uma carraça infectada
picar o animal. Temperatura corporal aumenta (40ºC). Com invasão parasitária, há destruição dos
glóbulos, resultando numa marcada anemia. A bilirubinemia e bilirubinúria são sempre presentes
e, a icterícia aparece apenas no final da doença.

Um sintoma constante é a constipação, sendo as fezes duras, em forma de pelotas com a


superfície brilhante e coberta de muco e mesmo de sangue. Posteriormente regista-se uma
completa atonia do estômago e intestinos, conduzindo à coprostase. A febre persiste durante
alguns dias, decrescendo depois gradualmente, sendo acompanhada de perda de apetite e de uma
quebra da produção láctea, seguida da paragem da ruminação e de depressão (Barros-Battesti et
al., 2006).

Com o progresso da doença, os animais tornam-se enfraquecidos, perdendo condições


rapidamente, registando-se taquicardia e taquipneia. Animal deixa de comer. Está triste,
constipado, mucosas pálidas, tornando-se depois amareladas (Furlong, 2005). Urina de cor
amarelo-escura, mas não rosada, a não ser que o animal tenha também babesiose. Mucosas
Brancas (anemia); Animal emagrece rapidamente, a taxa de mortalidade alta, especialmente nos
adultos. Os jovens são afectados, mas com menos gravidade.

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3.2. Diagnóstico
3.2.1. Exame Clinico
O período de incubação típico de Anaplasma sp é de 15 a 30 dias, concorrendo com a
manifestação de sinais clínicos, de acordo com a taxa de inoculação e sensibilidade do hospedeiro
(Schenk 1998 e Smith 2009).

De acordo com estudos feitos pelos Radostits et al 2007 e Smith 2009, afirmaram que os sinais
clínicos são altamente variáveis, desde da fase aguda da doença a infecção subclínica,
dependendo da estirpe da Anaplasma e da sensibilidade do hospedeiro.

3.2.2. Exame laboratorial

Nos bovinos, Anaplasmose é caracterizada pela Anemia, Hematocrito em queda sendo este um
excelente critério para fins de prognósticos e para determinar a gravidade da infecção, (Smith
2009).

Estudos estabelecidos por Smith 2009 e Jaswal 2013), afirma que o diagnóstico serológico mais
frequentemente utilizado é de ELISA, que proporciona uma alta especifidade.

De acordo com os mesmos autores a detenção de eritrocitos com Anaplasma dentro de capilares
de cortes histológicos corados com solução de Giemsa a 10%, podem ser utilizados para
confirmação de Anaplasma.

Confirma-se o diagnóstico com a presença de parasitas nos glóbulos vermelhos do esfregaço de


sangue e, pelos sintomas (Guimarães et al., 2001). Pode haver confusão do diagnóstico com
infecções concorrentes por Babésia e outros protozoários parasitas.

3.3. Tratamento, controlo e prevenção

Os Tetracilcinas são antibióticos de escolha para o tratamento de doenças e não foi relatada a
resistência. Na Anaplasma aguda a Oxcitetraciclina a 20% LA, por cada 24h é eficaz, (Smith
2009).

Para Karric et al 2009, o tratamento com dipropinato dimidicarbi demostra ser bem-sucedido
contra Anaplasma, necessitando apenas de uma dose para remissão dos sinais clínicos.

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O tratamento com as Tetraciclinas dão bons resultados se for no início da doença, a dose total. As
recaídas aos 20-30 dias ou mais tarde não são raras. O controlo pode ser feito com medidas que
limitem as carraças, fazendo controlo dos movimentos animais, evitando contacto com animais do
mato (Furlong, 2005).

Se os vitelos estiverem expostos a doença por picada de carraças infectadas, podem desenvolver
imunidade ou premunidade, que os protegerá na sua vida posterior. Contudo, permanecerão como
portadores do parasita. Animais convalescentes devem ser alimentados. O gado bovino de
qualquer idade, pode ser vacinado, utilizando uma vacina de Anaplasma central, que produz a
forma benigna da doença (Furlong, 2005). Deve-se recordar que, tanto a anaplasmose como a
Babesiose, podem propagar-se aos animais sãos pelo sangue infectado de uma seringa ou agulha
utilizada para colher amostras de sangue ou, quando se aplicam injecções. Por essa razão, usar
uma agulha nova para cada injecção.

As medidas de controlo variam com as características económicas e geográficas de cada região e


podem incluir o controlo de vectores artrópodes pelo uso de acaricidas, administração profilática
de antibióticos e vacinação. O controlo de vectores não constitui uma solução para muitas áreas,
não impedindo a transmissão mecânica, o uso de antibióticos além de serem caros, não é viável
em sistemas de criação extensivos e traz o risco de aumento da ocorrência de microrganismos
resistentes, (Kocan 2010).

Pata Thuuler et al 2007, diz que o uso de acaricidas esta se tornando cada vez mais problemático
devido a selecção de populações resistentes. Além disso a presença de resíduos na carne e no leite
são preocupações de saúde pública e em última instancia, podem interferir na estabilidade exótica,
tornando os animais susceptíveis tanto a Anaplasmose quanto a Babesiose bovina.

4.0. THEILERIA
4.1. Agente etiológico

Theileria sp, insere se no Reino Protista, Filo protozoa, Sub-filo Sporozoa, Classe Esporozoa,
Subclasse Piroplasmida, Ordem Aemosporida, Família Theileridae, Genero Theileria sp, (Levine
et al 1980 e Taylor 2007).

Nos bovinos, Theileria parva e Theileria annulata são os principais agentes etiológicos da
Theileriose clínica severa, Theileria orientales, um parasita benigno do género Theileria, também

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causa surtos de Theileriose em muitos países do mundo, (Eamens et al 2013 e Mcfadden et al


2014).

Para Smith 2009, a espécie Theileria orientales pode ser definida como complexo sinónimo de
Theileria mutans, Theileria buffeli e Theileria sargenti. Enquanto Taylor 2007, a Theileriose é
uma doença encefálica dos bovinos que é causada pelos parasitas de espécie Theileria annulata e
Theileria parva.

Uma doença de gado bovino, não contagiosa, provocada por um protozoário parasita, Theileria,
transmitida pela carraça Rhipicephalus appendiculatus, uma carraça de 3 hospedeiros, que se
encontra nas regiões de África, onde as precipitações e a temperatura são adequadas para a sua
sobrevivência (Gonzales, 1995). O parasita é uma das espécies que se incluem no género
Theileria, por isso é que, as diferentes doenças que causam, recebem o nome de Theileriose.

4.2. Ciclo biológico

O ciclo biológico é heteroxeno, sendo o hospedeiro definitivo o bovino e hospedeiro


intermediário as carraças do género Rhipeicephalus e Hylomma sp e Amblyoma sp.

Os bovinos são infectados quando as carraças sugam o sangue e os esporozoitos são inoculados,
estes rapidamente entram nos linfocitos associados a uma glândula linfática, geralmente a
parótida onde sofrem esquisogomia e misogomia, (Taylor et al 2007 e Elcife et al 2014).

Para Tylor et al 2007, o linfocito parasitado transforma se no linfoblasto, que se divide


rapidamente em macro-esquisote. Esta divisão é aparentemente estimulada pela parasita, que por
sua se divide de forma síncrona com o linfoblasto para produzir duas células infectadas.

Os eritrocitos infectados com Theileria são ingeridos com carraças onde ocorrem a fase sexual
seguida pela produção de milhares de esporozoitos haploide infecciosos nas glândulas salivares.
O parasita tem um ciclo de vida principalmente haplóide com breve fase diplóide na carraça
correspondente a estagio de zigoto, (Mehlhornceshis 1984).

Para completar o ciclo de vida, os piroplasmas necessitam de ser ingeridos pelos estágios de larva
ou ninfa de três hospedeiros. Esta fase ocorre no intestino da carraça seguido pela formação de
esporoblastos nas glândulas salivares. As carraças fêmeas alimentam se continuamente por cerca
de 1º dia e os machos intermitente durante um período mais longo, isso permite um tempo mais

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longo de infecção para o hospedeiro. O período de incubação após a transmissão de carraças é de


8 a 24 dias segundo (Taylor et al 2007).

Tipos de Theileria

 Theileira parva
 Theileira lawrenci
 Theileria bovis

Vectores de Theileria

 Rhipicephalus appendicultus

4.1. Epidemiologia

A Theileria é amplamente distribuída em bovinos e ovinos, na África, Asia, Europa e Austrália,


(Taylor et al 2007). As espécies de Theileria mais virulenta e economicamente mais importante
são a Theileria parva e a Theileria annulata. Enquanto a Theileria parva é endémica na África
oriental, Central e Meridional, Theileria annulata é comum no norte e sul de África, sul da Europa
e Asia, (Bishop et al 2004 e Elcife et al 2014).

O complexo Theileria orientales (Theileria sergente, Theileria bulferi e Theileria mutans), tem
sidos relatados em todo o mundo, (Uilenberg 1981).

Quando uma ninfa ou uma carraça adulta infectada pica o animal, os sintomas da doença
manifestam-se 10-25 dias mais tarde. O animal apresenta os seguintes sinais: Hipertermia
traduzida por elevação súbita de temperatura, que atinge 40-41-42,5ºC. Apesar dessa temperatura,
mostram-se aparentemente em bom estado, apenas ligeiras perturbações da marcha. Continua a
revelar apetite, tendo as dejecções aspecto normal (Pereira et al., 2002).

Para Vignau et al (2005), pouco tempo depois, a inapetência revela-se. Ruminação diminui,
acabando mesmo por cessar, bem como a produção de leite. Observa-se corrimento nasal mucoso,
lacrimejamento acentuado. Algumas vezes observa-se constipação, porém a diarreia constitui o
sintoma mais comum, sendo as fezes por vezes hemorrágicas, observado por volta do 8º ou 10º
dias da doença. Um sintoma característico é a poliadenite linfática, a qual afecta a maior parte dos
gânglios superficiais como os pré-escapulares, supraparotidianos, submaxilares, faríngicos, pré-
crurais (Vignao et al, 2005).

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A lesão pós-morte mais característica é a acumulação de líquido nos pulmões (edema). Outras
lesões incluem normalmente gânglios linfáticos agranados e hemorrágicos, úlceras e hemorragias
no abomaso e, hemorragias no intestino e recto. Os rins apresentam manchas brancas e outros
órgãos estão aumentados de tamanho, (Ferrolho et al 2016).

4.2. Diagnóstico

4.2.1. Exame clínico

O critério de incubação desta doença dura cerca de uma semana quando nem os parasitas, nem as
lesões podem ser detectadas, (Taylor et al 2007).

De acordo com as ideias do mesmo autor, aproximadamente a uma semana após a infecção, em
um animal totalmente susceptível, o músculo linfático que drena área picada da carraça,
geralmente a parótida, aumenta de tamanho e o animal torna se febril (40 a 41ºC). Dentro de
alguns dias há o aumento generalizado dos nódulos linfáticos superficiais, orelhas, olhos e regiões
sub mandibulares, o animal torna-se anoréctico, apresenta diminuição de produção de leite e
perde rapidamente a condição corporal, secção a ruminação, torna se fraco, aumenta a frequência
cardíaca e hemorragias petequeais podem ocorrer na língua.

4.2.2. Exame Laboratorial

O diagnostico das infestações causadas por Theileria sp, é realizada através da microscopia e
métodos serológicos, (Brigido et al 2004).

Na infecção por Theileria parva, os macros esquisontes são facilmente detectados em esfregaços
a partir de biopsia de nódulo linfáticos e baço. Em casos avançados, os esfregaços de sangue
corados a solução de Giemsa a 10% mostram piroplasma nos erotrocitos podendo até 80%
estarem parasitados.

Ao contrario da Theileria parva, o diagnostico da Theileria annulata requer a detenção de


merosoitos em ambas as amostras de biopsia de nódulos linfáticos e em esfregaços sanguíneos.
Na infecção por infecção annulata as formas trosoiticas nos erotrocitos são predominantemente
redondas ao ovais, mas também podem ser em forma de bastão ou vírgula, (Tylor et al 2007).

O Smith 2009, diz ocasionalmente os sinais nervosos são relatados e atributos a presença de
merosoitos nos capilares celebrais.

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4.3. Tratamento, controlo e prevenção

Os fármacos de escolha de tratamento de Theleriose são oxcitetracilcina de longa acção a 20%,


naftaquinona, assim como alofuginona, (Silva et al 2010).

Embora as Tetraciclinas tenham um efeito terapeutico se administrada no momento da infecção,


elas não tem qualquer valor nos casos clínicos, (Tylor et al 2007), Acroretraciclina administrada
a qualquer fase da infecção, numa dose de 10mg/kg de peso vivo, reduz a gravidade de
parasitemia, (Andrews et al 2004).

Adiminazeno (berenil), também actua contra os primeiros estágios de parasitas e continuam a ser
indicada devido a sua eficácia em co-infecções com hemoparasitas Anaplasma e Babésia ou
quando ocorrem infecções bacterianas.

Nos primeiros momentos da doença, é eficaz tratar com antibióticos (Oxitetracicline). O controlo
da doença é o banho, podendo ser de imersão, chuveiro, pulverização ou outras formas
conhecidas, em cada 5-7 dias. Na África do Sul e Suazilândia, o controle intenso das carraças é o
reforço das disposições legais da erradicação da doença. O gado que se introduz nas zonas onde
havia a Febre da Costa Oriental, deve ser submetido a um programa intenso de controlo de
carraças (Foreyt, 2005). O gado procedente de áreas infectadas e, se leva para zonas livres da
doença, deve submeter a uma quarentena durante pelo menos 25 dias sob controlo das carraças,
devendo tornar-se frequente fazer esfregaços de sangue para exames. Se produzir infecção, a zona
de quarentena não deve ser utilizada durante mais de 15 dias e, não permitir que o gado entra em
zonas isentas da doença.

No controlo desta parasitose, o movimento dos animais torna se mais importantes, devendo ser
realizados por meio de vedação que impeça o acesso de animais a áreas infestadas por vectores e
tratamentos repetidos com acaricidas. Em áreas de alto risco, tais tratamentos podem requer a
frequência de aplicação de fármacos duas vezes por semana para matar as carraças.

Esta profilaxia não é só cara, como cria uma população de bovinos susceptíveis, pois acaricida
falhar no erro humano na aplicação ou na dosagem, as carraças ganham resistências aos
acarracicidas, as consequências podem ser desastrosas, (Taylor et al 2007).

Enquanto o Smith 2009, afirma que a pulverização semanal e aplicação de brincos auriculares
impregnados com cipermetrina são apontadas como eficazes numa prevenção de Theileria em

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bovinos na República Unida da Tanzânia. Ainda o mesmo autor diz que a prevenção de Theileria
devia ser baseada na utilização de vacinas vivas atenuadas, que produziriam uma imunidade
sólida mediadas por células dos animais.

A vacinação com uma vacina viva atenuada e quimioprofilaxia esta disponível em certos países
do mundo, sendo que a sua aquisição é cara. No entanto a única intervenção disponível é a
utilização de acaricidas para o controlo de carraças, (Gomes et al 2016).

4.4. Diagnósticos diferenciais

A Anaplasmose bovina, sendo também uma doença provocada por carraças, é muitas vezes
confundida com a Babesiose. Os organismos de Anaplasma invadem os eritrónios e podem ser
identificados como corpos de Babésia, sendo no entanto mais pequenos e localizados mais
perifericamente.

Os eritrónios infectados são removidos na circulação pelo baço, pelo que os animais não
apresentam Hemoglobinuria, aspecto importante que pode ser a base no diagnostico diferencia
entre a Anaplasmose e Babesiose.

Theileriose

A Theileriose é uma doença muito idêntica a Babesiose e cuja sintomatologia pode induzir o
clinico em erros de notar que as infecções mistas são bastantes comuns em determinadas zonas
endémicas.

5.0. TRIPANOSSOMOSE

As tripanossomoses são parasitoses que podem afectar tanto o Homem como outros animais e
cujos agentes etiológicos são protozoários do Género Trypanosoma. Estes parasitas desenvolvem-
se e multiplicam-se, extracelularmente, no sangue dos hospedeiros vertebrados (reservatórios ou
acidentais), sendo transmitidos pela picada dos vectores, insectos do Género Glossina, mais
comummente conhecidos por moscas tsé-tsé ou moscas do sono. A distribuição das
tripanossomoses em África verifica-se nas regiões onde existe o insecto vector e compreende uma
área de cerca de 8 milhões de entre 14º de latitude Norte e 20º de latitude Sul (Steverding,
2008).

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A Tripanossomose Animal afecta animais selvagens e domésticos e é causada por várias espécies
de Trypanosoma, das quais se destacam Trypanosoma congolense, Trypanosoma vivax e
Trypanosoma brucei. Enquanto nos animais selvagens a infecção é geralmente assintomática, nos
animais domésticos a infecção é grave e frequentemente fatal (Steverding, 2008).

A doença pode manifestar-se por febre, emagrecimento acentuado (Fig.), secreção ocular, edema,
anemia, aborto e paralisia. Com a progressão da parasitose, o animal fica cada vez mais fraco
tornando-se inapto para o trabalho, daí a origem do nome nagana (N’gana – palavra de origem
Zulu que significa incapaz/inútil), designação dada vulgarmente a esta doença (Steverding, 2008).

Figura 6. Gado bovino com Tripanossoma

Fonte (http://www.iaea.org/OurWork/ST/NA/NAAL/agri/ent/pic/nagana.jpg. 2011)

Em alguns países da África Ocidental, como Burkina Faso, a Tripanossoma Animal é o maior
obstáculo ao desenvolvimento eficiente e sustentável dos sistemas de produção de gado de corte,
sendo também considerada uma das causas de fome e pobreza na maioria dos países subsarianos
(Bouyer et al., 2010).

O insecto vector das tripanossomoses

Os tripanossomas Animal têm como vectores as glossinas de ambos os sexos (Fig). Além das
glossinas serem vectores de diferentes espécies de tripanossomas, a importância destes dípteros
deve-se também ao facto de serem agentes de incomodidade, uma vez que a picada é dolorosa e
pode ser responsável por reacções alérgicas cutâneas de maior ou menor gravidade (Gooding &
Krafsur, 2005).

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A posição sistemática do Género Glossina Wiedeman, 1830 é a seguinte: Filo Arthropoda, Classe
Insecto, Subclasse Pterygota, Super ordem Endopterygota, Ordem Diptera, Subordem
Brachycera, Infraordem Muscomorpha, Superfamília Hippoboscoidea e Família Glossinidae,
(Bauyer et al 2005).

Figura 7: Glossina sp.

Fonte: (http://www.microbiologybytes.com/introduction/graphics/Tsetse.jpg, 4 de Abril de 2011).

A Família Glossinidae apresenta apenas um único Género, Glossina. Dentro deste Género
conhecem-se 31 espécies e subespécies divididas em três Grupos ou Subgéneros, de acordo com
as suas características ecológicas e morfológicas, (Afonso, 2000).

Morfologicamente, as glossinas adultas são moscas alongadas (em repouso, as asas cruzam uma
sobre a outra e sobre o abdómen), de aspecto robusto, de cor acastanhada (escura ou clara) e de
comprimento entre 6 a 16 mm. As antenas apresentam o 3º segmento alongado e uma arista cuja
fase dorsal apresenta sedas secundariamente ramificadas. Nas asas, a 4ª e 5ª nervura delimitam
uma célula, ou malha, em forma de machado característica deste Género. Os machos e as fêmeas
distinguem-se através das genitálias ou terminálias (Afonso, 2000).

Ciclo de vida e aspectos bio ecológicos das glossinas

Ao contrário da maioria das espécies de insectos que produzem uma elevada quantidade de ovos
por cada ciclo reprodutivo, as glossinas produzem apenas um ovo que embriona e eclode no
aparelho reprodutor da fêmea, onde se desenvolve até ao 3º estádio larvar (Gooding & Krafsur,
2005). O mecanismo de viviparidade adenotrófica, existente nas glossinas, deve-se ao facto da

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fecundação do ovo, a alimentação e desenvolvimento larvares processarem-se no interior do


útero.

Figura 8: Ciclo de vida das glossinas

Fonte:http://www.raywilsonbirdphotography.co.uk/Galleries/Invertebrates/vectors/Tsetse_Fly.ht
ml e http://www.warrenphotographic.co.uk/sets.php?page=3&q=&w=0406, 4 de Abril de 2011).

Consequentemente, as moscas tsé-tsé possuem uma taxa de reprodução muito baixa, mais
próxima da taxa reprodutiva dos mamíferos do que da taxa reprodutiva de outros insectos. A
estratégia de reprodução levada a cabo por estes dípteros aposta na longevidade da descendência
contrariamente a outros insectos que apostam em posturas (ovos) em grande número, de uma só

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vez, e várias vezes durante a sua “curta” existência. Assim, as glossinas são designadas por
estrategistas k enquanto a maioria dos insectos são designados por estrategistas r (Leak, 1999).

As glossinas adultas, tanto machos como fêmeas, são estritamente hematófagos e podem
alimentar-se provavelmente todos os dias se existirem hospedeiros disponíveis, possuindo uma
esperança média de vida que pode ir de dois a três meses e, em condições óptimas de clima e
disponibilidade de alimento, até quase um ano (Gooding & Krafsur, 2005; Gooding et al., 2005).
A procura do hospedeiro para a realização de uma refeição sanguínea é determinada tanto por
factores endógenos como exógenos. Os primeiros incluem a idade, o sexo e as exigências
metabólicas como a fase do ciclo reprodutivo (Gooding et al., 2005), enquanto os factores
exógenos compreendem a temperatura, a humidade relativa, os estímulos visuais, olfactivos e
mecânicos (Despommier et al., 2005).

A tripanossomose representa um dos maiores obstáculos para a criação bovina em Moçambique,


pois cerca de 2/3 da superfície do país está infestada pelo vector, a mosca Tsé-tsé. As infecções
com Tripanossomas causam Anemia, fraquezas, atraso no crescimento em animais jovens,
emagrecimento progressivo em animais adultos, problemas produtivos e mortalidades, Specht
(2008).

Conforme Specht (2011), Tripanossomas são protozoários da classe Zoomastigophora, da ordem


Kinetoplastidae e da família Trypanosomatidae. Eles têm uma forma delgada e movimentam se
com ajuda dum flagelo. Os tripanossomas são parasitas obrigatórios e tem normalmente dois
Hospedeiros, multiplicando se no sangue e nos outros fluidos corporais dum vertebrado,
desenvolvendo se no trato digestivo dum vertebrado e geralmente dum insecto hematofago.

5.1. Patologia

A patogenecidade das diferentes espécies de tripanossomas existentes em animais domésticos


como Bovinos, Caprinos, Suínos, Cavalos, Burros e Cães. Para as espécies de animais referidas
anteriormnte pode se encontrar os Trypanossomas brucei, congolenses, simiae e vivax, Specht
(2008 b).

O período de incubação de tripanossomas é muito variável, dependente da espécie de


tripanossoma e a virulência da estirpe inoculado. Para a trypanossoma brucei são 3 a 4 dias,
trypanossoma simeae 4 a 5 dias, trypanossoma vivax 8 a10 dias e trypanossoma congolense 12 a
16 dias, (Specht, 2010).

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No sangue os parasitas multiplicam se e consequentemente sobe a temperatura. Depois de alguns


dias, o número de parasitas no sangue desce e a temperatura volta ao normal, mas há sempre
ondas de parasitemias com febres. Factores como a raça, a idade, o maneio alimentar e sanitário,
influencia o curso da doença, (Specht e Pedro, 2011).

Para DNSV (2010), em particular criadores de sector familiar e privado usando sistema de
criação extensivo, com insuficiência sobre o maneio sanitário e/ou insuficiência financeiras para
fazer os tratamentos necessários, são gravemente afectados pela perda dos animais que possuem.

Doença causada por um microorganismo microscópico, um protozoário chamado tripanossoma,


que nada de um lado para outro no sangue de um animal infectado, por picada de uma mosca Tsé-
tsé. Os tripanossomas mais graves que infectam o gado bovino são: Trypanossoma congolense e
Trypanossoma vivax (Perreira, 2002). A doença nos camelos recebe o nome de “surra” e,
produzida pelo Trypanossoma evansi que, causa também uma grave doença nos equinos na Ásia,
América Central e América do Sul

5.2. Sintomas

No gado bovino, geralmente a doença adopta uma forma crónica. A primeira evidência da
primeira infecção é uma elevação da temperatura, 5-7 dias depois de ter sido infectado por uma
mosca (Spech, 2011). Os sintomas podem desenvolver-se ao longo de semanas, mas nas vacas em
lactação, os sinais se manifestam mais rapidamente, deixam de comer, ficam tristes e perdem
energia, pelo eriçado, emagrecimento, Anemia (PCV baixo), diminuição da produção de leite, não
podendo criar seus vitelos, demonstram mal-estar à luz forte, os olhos parecem fundidos, pode
haver uma ligeira secreção e abortos. Na fase final, os animais apresentam-se debilitados, fracos
e, inchaços ao longo do ventre, morrendo o animal, (LRV, 2011).

5.2.1. Forma aguda

Na forma aguda, apresentam temperaturas altas, fraquezas, Anemia, provocando a morte do


animal sem grandes alterações na condição corporal e a carcaça pode se apresentar pálida,
(Specht, 2009).

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5.2.2. Forma crónica

Nesta fase, os animais apresentam Anemia progressiva, atraso no crescimento em animais jovens,
emagrecimento progressivo em animais adultos, aumento de volume de gânglios linfáticos e
redução da força de trabalho, (Specht, 2009).

5.3. Diagnóstico

Baseia-se nos sintomas clínicos, no conhecimento da história clínica da manada, a situação em


que se encontram os animais, pode levar a suspeitar que, o animal padece de uma tripanossomose.
O diagnóstico exacto da doença, faz-se mediante a demonstração do parasita, partindo do
esfregaço de sangue (Guimarães et al., 2001). Quando o esfregaço de sangue é negativo, o
esfregaço dos gânglios linfáticos pode evidenciar o parasita.

5.4. Tratamento, controle e prevenção

Há medicamentos eficazes para o tratamento das infecções de tripanossomas, tais como Berenil,
Antrycide, Ethidim, Novidium e Samorin. O controlo e prevenção das tripanossomoses dependem
da possibilidade de diminuir ao mínimo, o contacto entre o gado, a fauna bravia e as moscas tsé-
tsé. São importantes a erradicação da tsé-tsé, o controlo dos deslocamentos de animais, um bom
diagnóstico e, emprego correcto de medicamentos (Foreyt, 2005).

Métodos de combate ao parasita

Em relação ao controlo da Tripanossoma em bovinos de corte, as intervenções incluem o


tratamento e/ou a profilaxia das espécies animais infectadas e/ou que servem de reservatório.
Existem apenas três fármacos anti-tripanossoma disponíveis actualmente: a diminazina, o
brometo de homídio ou cloreto de homídio e o cloreto de isometamídio, sendo o primeiro
utilizado apenas para o tratamento de animais infectados, enquanto os restantes possuem também
efeito profiláctico (Fèvre et al., 2006).

A ausência de vacinas contra as tripanossomoses em bovinos, a toxicidade dos fármacos


disponíveis, a complexidade dos tratamentos e a ameaça iminente do aparecimento de estirpes
resistentes aos fármacos utilizados, impede a adopção de estratégias de controlo baseadas na
quimioterapia preventiva e sugere a luta vectorial como o método mais desejável para o controlo
eficaz destas doenças. Contudo, o controlo integrado, e de forma sustentada, contra a doença e o
vector nunca deverá ser esquecido nem posto de parte (Vreysen et al., 2011).

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Métodos de combate ao vector

O controlo vectorial foi introduzido, em África, no início do século XX e incluiu o uso do método de
Maldonado, ou processo do visco, de rondas de captura, de alguns tipos de armadilhas, a eliminação
de animais selvagens que pudessem ser reservatório e a eliminação da vegetação favorável aos locais
de repouso e larviposição das glossinas (Steverding, 2008). Apesar dos dois últimos métodos estarem
associados ao desaparecimento ou redução das moscas tsé-tsé, presentemente, não são aceites do
ponto de vista ecológico (Hargrove, 2003), tendo deixado de ser praticados.

Actualmente, as medidas de combate contra o vector incluem o uso de insecticidas (pulverização


aérea, impregnação de telas e banhos ou formulações aplicadas no gado), vários tipos de
armadilhas (Fig.8) e a técnica da libertação de machos estéreis, (Gooding et al., 2005; Camara et
al., 2006; Simarro et al., 2008). Apesar de ter sido eficaz na eliminação de G. pallidipes na África
do Sul e G. morsitans centralis no Okavango Delta (Botswana), a técnica de pulverização aérea
necessita de um apoio económico e de infra-estruturas consideráveis (Simarro et al., 2008).

As telas impregnadas com insecticidas e as armadilhas têm sido utilizadas em muitos países
endémicos para a supressão efectiva de populações glossínicas, sendo estes os métodos mais
recomendados pelo baixo custo e simplicidade inerentes à sua utilização. Embora não evitem a
reintrodução das glossinas se não forem mantidos, estes métodos demonstraram ser eficazes no
controlo das moscas tsé-tsé em Moçambique, Zimbabwe e Zâmbia, bem como, na construção de
barreiras contra a invasão de glossinas na fronteira entre Moçambique e Norte do Zimbabwe
(Hargrove, 2003; Simarro et al., 2008).

Figura 9: Exemplo de armadilhas utilizadas no controlo de glossinas.

Fonte: (http://www.nri.org/tsetse/FAQ/besttrap.html, 6 de Abril de 2011).

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Figura 10: Montagem de armadilha no povoado da Ilha de Sardinha no Distrito de Luabo-Zambézia

Fonte: Autor da pesquisa 2017

A técnica dos machos estéreis consiste na introdução de machos previamente esterilizados,


quimicamente ou através de radiações ionizantes, na Natureza. Este método tem como objectivo o
acasalamento entre fêmeas selvagens e machos estéreis não gerando, portanto, descendência
(Despommier et al., 2005; Fèvre et al., 2006).

Este método foi aplicado com sucesso na erradicação de Glossina austeni, vector de T. vivax, da
ilha de Unguja em Zanzibar (Fèvre et al., 2006). No entanto, os seus custos económicos são
elevados sendo necessária a libertação de cerca de 50 machos estéreis por cada macho selvagem e
a sua aplicação parece não ser viável em áreas onde coexistam diferentes espécies (Despommier
et al., 2005; Simarro et al., 2008).

Montagem de armadilhas para a captura da mosca Tsé-tsé

Durante o período de pesquisa das doenças provocadas por carraças e mosca Tsé-tsé, foram
montadas seis (06) armadilhas para a captura de mosca Tsé-tsé para certificar se á área estava
infectada pela mosca Tsé-tsé causadora de tripanossoma em Bovinos. As armadilhas foram
montadas nos povoados de Caoche e Ilha Sardinha

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Tabela 2: A tabela ilustra os locais, número de armadilhas e moscas capturadas

Tipo de Nº de moscas Nº de Nº de moscas


Distrito Local Nº de dias
vegetação domésticas tabanos Tsé-tsé

Savana
Caoche 03 146 126 12
Luabo arbustiva

Ilha de Savana
03 162 209 6
Sardinha Arbustiva

6.0. CONSEQUÊNCIA DE HEMOPARASITAS NA PRODUÇÃO ANIMAL

O conhecimento da ocorrência de doenças causadas por hemoparasitas em cada região geográfica,


é indispensável para o desenvolvimento e aplicação de medidas de controlo que possam
interromper a cadeia epidemiológica de modo a reduzir os prejuízos causados na produção
pecuária, (Santos, 2013).

Em Moçambique, as perdas económicas causadas por hemoparasitas não estão quantificadas,


mais as estimativas feitas por gestores da pecuária nacional as consideram elevadas e constituem
um principal desafio para o desenvolvimento da industria pecuária nacional, (Tembue, 2012).

6.1. Consequências directas

 Altos custos no controlo das doenças com tratamentos e medidas profiláticas;


 Diminuição da produção de carne, leite e vitelos;
 Mortalidade em animais infectados;

6.2. Consequências indirectas

 Deficiências proteicas nos humanos devido a redução no consumo de carne e leite;


 Redução das áreas cultivadas e do crescimento da produção devido doenças ou
mortalidades em animais de tracção.

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7.0. MATERIAIS E MÉTODOS

7.1. Descrição da área de estudos

O presente estudo foi realizado no Distrito de Luabo na Província de Zambézia com animais do
sector privado (Sena Sugar Marromeu), actualmente designada por Companhia de Sena,
produzido no sistema extensivo.

Luabo é um Distrito da Província de Zambézia, com sede na povoação de Luabo que foi criado
em 2013, com a elevação a Distrito do posto administrativo de Luabo que pertencia o distrito de
Chinde (Ministério de Administração Estatal 2013).

O Distrito de Luabo tem como limites a norte com os Distritos de Mopeia e Inhassunge, a este e
sul com Distrito de Chinde e a Oeste com Distrito de Marromeu da província de Sofala, do qual
esta separado pelo rio Zambeze, (Ministério de Administração Estatal 2013). O Distrito de Luabo
é coberto pelo clima tropical húmido influenciado fortemente pela Altitude, segundo a
classificação climática de Koppen (Ferro e Bouman, 1987). A precipitação média anual é de
1.044 mm na sua maioria concentrada na época chuvosa compreendida entre o mês de Outubro e
o mês de Março. A temperatura é condicionada pela altitude a qual varia de 500 m até 1000 m,
com a temperatura média cerca de 22 °C com uma época quente de Outubro a Abril e uma época
fresca de Maio a Setembro (MAE, 2005).

7.2. Tamanho da amostra

A província de Zambézia é uma das produtoras de gado bovino de corte, usando sistema
extensivo na sua maioria com um efectivo total de 47.153 cabeças bovinas. Deste efectivo 2.789
pertencem ao Distrito de Luabo e 775 cabeças bovinas são da Sena Sugar (Companhia de Sena),
segundo o arrolamento de efectivo pecuário dos Serviços Provinciais de Pecuária da Zambézia
(2017).

A amostragem foi aleatória simples estratificada, a empresa naquele Distrito possui 775 bovinos
distribuídos em diferentes Povoados (Caoxe, Ilha de Sardinha, Mbuaia e Moma). O número de
amostra a colher foi de 253 amostras de sangue colhidas em diferentes categorias e de ambos sexo
de bovinos de raça Brahman do sector privado na empresa Sena Sugar Marromeu (Companhia de
Sena).

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7.3. Animais de Estudo

Os animais que foram colhidos as amostras para o diagnóstico de hemoparasitas transmitidas por
carraças e mosca tsé-tsé são da empresa Sena Sugar Marromeu (Companhia de Sena), bovinos de
raça Brahman criados em sistema extensivo no Distrito de Luabo na Província de Zambézia.

7.4. Recolha das amostras

Para cada animal foi colhido assepticamente um esfregaço de sangue, através da punção na veia
auricular (veia marginal), no período de manhã, com o auxílio de lanceta, lâminas e as lancetas
usadas eram imediatamente desinfectadas numa solução de vircon e conservado nas condições do
campo, eram identificadas as lâminas com lápis carvão na parte oposta a que foi feito o esfregaço,
Colhida gota de sangue de canto de extremidade da lâmina e, apoiava se com a outra que contêm
gota de sangue no primeiro com uma inclinação aproximadamente de 45 graus, aguardando que o
sangue por capilaridade espalhe-se por segunda lâmina empurrado com movimento uniforme de
modo a que forme uma área franjada na parte final do esfregaço e secava imediatamente agitando
a lâmina ao ar livre, eram usados também para a colheita de sangue os tubos hematócritos o que
permitia na centrifugação e a leitura de PCV de cada animal. Após a colheita das amostras eram
identificadas, conservadas e levadas ao Laboratório Regional de Veterinária de Chimoio- C.Z.C-
IIAM (LRV).

7.5. Processamento das amostras e Diagnostico dos Hemoparasitas

Foi realizado diagnóstico laboratorial eficaz na identificação e confirmação dos agentes


causador da Babesiose, anaplasmose,Theilleriose e Tripanossomose que é a técnica de fixação
por metanol e coloração pelo método de Giemsa. Segundo (MARANA, 2001), o diagnóstico da
Babesiose, anaplasmose,Theilleriose e Tripanossomose em bovino pode ser realizado com base
nos sinais clínicos e na visualização das parasitas no interior das hemácias em esfregaço
sanguíneo delgado corado pelo Giemsa.

A Giemsa é um exame eficiente, porque consiste no método mais simples e rápido de diagnóstico
laboratorial para identificação da etiologia de casos clínicos (BARROS, 2003). Procedimento
técnico para a preparação da solução de corante Giemsa:

 Em tubo de ensaio foi misturar 10% do recipiente com corante Giemsa e água corrente;

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 Fixar o esfregaço, cobrindo-o com 1 a 5 gotas de metanol e esperar por uns minutos para
secar;
 Cobrir a lâmina com a solução comercial de Giemsa diluído (por aproximadamente
5ml) e esperar á coloração por 30 a 45 minutos;
 Lavar a lâmina em água corrente para tirar o excesso de corante e deixa-la secar em
posição vertical;
 Cobrir a lâmina com óleo de imersão e;
 Observação ao microscópico óptico a objectiva de 100 vezes (LIMA, 1992).

Depois de se ter feito os esfregaços de sangue fixava-se com metanol durante cinco minutos no
mínimo e deixando secar a lâmina ao meio ambiente. Em seguida preparava se a solução de
Giemsa, secada a lâmina, colava-se a mesma e deixada 30 minutos. Passado esse tempo, lavava-
se os esfregaços com água corrente e deixando secar ao meio ambiente, posteriormente era levada
e observada no microscópio óptico com objectiva de 100X.

7.6. Cálculo de prevalência de Hemoparasitas

É a proporção de indivíduos com a condição clinica em questão, examinados em um determinado


período, cuja taxa dessa medida pode se quantificar a probabilidade de indivíduos com certas
características demográficas e clinicas de ter uma determinada doença. A prevalência alta
significa elevado valor preditivo positivo do teste, (Dimarange 1985).

Para Júnior (2002), a prevalência de diagnóstico afecta o resultado final, pois baixas prevalências
estão associadas a baixos níveis de reprodutividade, por estes motivos deve-se informar a
prevalência.

Os cálculos de prevalência de hemoparasitas transmitidos por carraças e mosca tsé-tsé foram


feitos mediante a Equação:

Prevalência = * 100% (OCHOA, 2013) Equação (1)

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7.7. Análises estatísticas

Após a colecta das amostras de esfregaço de sangue que consistiu através da colheita de sangue
nas veias marginais das orelhas e os resultados foram importados para o pacote Microsoft Excel
para produzir resultados em percentagem e formação de gráficos. Para a comparação de
proporções como é o caso de prevalência de infecções por hematológicas em diferentes classes de
animais, utilizou o teste de Qui-quadrado .

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) (2)
X2 = = + + +

Onde: Oi – Frequência observada e Ei – Frequência Esperada

Neste contexto o teste Qui-quadrado foi usado para a comparação das prevalências globais entre
as diferentes categorias para verificar a categoria com maior grau de infecção de modo a se traçar
um plano de urgências para essa categoria e adoptar medidas preventivas, mitigadoras que
possam actuar na manutenção e melhoria da qualidade de saúde animal.

Os dados foram processado num pacote estatístico CDC- Center for Disease Control and
Prevention, (EPINFO versão 7.2.1 para Windows).

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Intervalo de Confiança de uma Prevalência

𝑝±1.96√𝑝(1−𝑝)𝑛 Onde: P é a prevalência, n é o número de amostra e foi utilizado o teste de


Tukey a nível de significância de 5% para a comparação das médias de Hemoparasitas.

Cálculo do grau de liberdade

(m x n) Onde: m = Linhas e n= colunas; para tal na tabela têm duas linhas e duas colunas.
Portanto, (m-1) x (n-1) = (m-1) x (n-1) = (2-1) x (2-1) =1 x1 =1. Na tabela de X2 foi observado o
valor de 3.84, a partir do grau de liberdade de 1 e nível de significância de 5%. Depois de extraído
o valor de Qui-quadrado na Tabela (X2T) seguiu-se com a comparação do valor de Qui-quadrado
Esperado (X2E) para diferença significativa; Onde se X2 E 2T = há diferença significativa e
se X2 E 2T = não há diferença significativa.

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8.0. RESULTADOS

Principais tipos de Hemoparasitas decorrentes em bovinos de corte na companhia de Sena


no Distrito de Luabo-Zambézia.

Dos diagnósticos parasitológicos feitos com base nas amostras de esfregaço sangue colectados,
fixados com metanol e corados com 10% de solução de Giemsa, no gado de corte da companhia
de Sena, durante os meses de Outubro a Dezembro de 2017 no Distrito de Luabo usando a técnica
e coloração com Giemsa, foi possível apurar seis (06) tipos de Hemoparasitas decorrentes em
gados de corte, nomeadamente: Anaplasma marginal, Babésia bigemina, Babésia bovis,
Theileria sp, Tripanossoma congolense, Tripanossoma vivax.
Das análises parasitológicas realizadas no Laboratório regional de veterinária de Chimoio para os
esfregaços de sangue usando o método de coloração de Giemsa para o Distrito de Luabo,
Província da Zambézia indicaram uma prevalência geral de 93,66%, como demostra o gráfico
abaixo.

Prevalencia Geral
Animais Positivos Animais Negativos

6%

94%

Figura 11: prevalência geral de hemoparasitas transmitidos por caracas e mosca tsé-tsé no distrito de Luabo,
Província da Zambézia. Fonte: Autor (2017)

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Das análises parasitológicas realizadas das amostras de sangue corado pelo Giemsa indicaram
prevalência de Hemoparasitas em bovinos de raça Brahman, no Povoado de Caoxe indicou a
prevalência em percentagem de 57.14% de Anaplasma marginal, 21% da Babésia bigemina,
24.18% de Babésia bovis, 63.74% de Theileria sp; 17.58% de Tripanossoma congolense e
17.58% de Tripanossoma vivax; no Povoado de Ilha de Sardinha indicou prevalência de 34.85%
de Anaplasma; 9.09% de Babésia bigemina; 31.82% de Babésia bovis, 74.24% de Theileria;
25.76% de Tripanossoma congolense e 37.88% de Tripanossoma vivax; no Povoado de Mbuaia
foi observado prevalência de 56.25% de Anaplasma, 50% Babésia bigemina, 22.27% de Babésia
bovis, 64.06% de Theileria sp, 18.75% de Tripanossoma congolense e 15.63% Tripassoma vivax
e no Povoado de Moma indicou a prevalência de 35.48% de Babesia bovis, 32.26% de Theileria
sp, 3.23% Tripanossoma congolense e 12.9% de Tripanossoma vivax.

Dos resultados das análises parasitológicas, a prevalência de Anaplasma foi superior no Povoado
de Caoxe e Mbuaia em relação aos outros Povoados. A Babésia bigemina ocorreu em 21% no
Povoado de Caoxe e em seguida em Mbuaia e baixa na ilha de Sardinha e nulo em Moma; sobre a
ocorrência da Babésia bovis foi igual em ambos Povoados, a Theileria sp ocorreu de igual nos
Povoados de Caoxe, Ilha de Sardinha e Mbuaia e baixa em Moma; houve prevalência igual da
Tripanossoma congolense nos 3 primeiros Povoados e baixa em Moma, olhando na
Tripanossoma vivax ocorreu com maior frequência no Povoado de Ilha Sardinha e Baixa e igual
nos Povoados de Caoxe, Mbuaia e Moma, como pode ser observado nas Figuras 5, 6, 7 e 8.

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Povoado de Caoxe
70 63,74
57,14
60
50
40
30 24,18
21
17,58 17,58
20
10 Povoado de Caoxe
0

Figura 12: A prevalência em percentagem de Hemoparasitas transmitidos por carraças e mosca tsé-tsé em bovino de
raça Brahman no Povoado de Caoxe, no Distrito de Luabo na Província de Zambézia em 2017.

Povoado Ilha de Sardinha


80 74,24
70
60
50
34,85 37,88
40 31,82
30 25,76
20
9,09
10 Povoado Ilha de Sardinha
0

Figura 13: A prevalência em percentagem de Hemoparasitas transmitidos por carraças e mosca tsé-tsé em bovino de
raça Brahman no Povoado Ilha de Sardinha no Distrito de Luabo na Província de Zambézia em 2017.

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Povoado de Mbuaia
70 64,06
60 56,25
50
50
40
30 22,27
18,75
20 15,63
10 Povoado de Mbuaia
0

Figura 14: A prevalência em percentagem de Hemoparasitas transmitidos por carraças e mosca tsé-tsé em bovino de
raça Brahman no Povoado de Mbuaia no Distrito de Luabo na Província de Zambézia em 2017.

Povoado de Moma
40 35,48
35 32,26
30
25
20
15 12,9
10
3,23
5 0 0 Povoado de Moma
0

Figura 15: A prevalência em percentagem de Hemoparasitas transmitidos por carraças e mosca tsé-tsé em bovino de
raça Brahman no Povoado de Moma no Distrito de Luabo na Província de Zambézia em 2017.

Das comparações entre categorias no Povoado de Mbuaia referente a prevalência de Anaplasmose


foi de 66.66 % em Novilhas e 53.33 % em vacas, no Povoado de Moma os bois tiveram
prevalência de 50%, 40 % em Novilhos e 35 % em touros. Olhando na prevalência da Babesia
bigemina em Mbuaia, foi de 50 % em Novilhas e 50% em vacas, no Povoado de Moma indicou
prevalência de 20% em Novilhos e 10% em touros. Por ultimo a prevalência da Theileria sp no

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Povoado de Mbuaia foi de 50 % em Novilhas e 65.5 % em Vacas e no Povoado de Moma foi de


80% em Novilhos e 52.38% em Touros.

Cálculos de Comparação da Prevalência de hemoparasitas transmitidas por carraças e


mosca tsé-tsé entre Vacas e Novilhos dos povoados de Caoxe, Ilha de Sardinha, Mbuaia e
Moma, no Distrito de Luabo na Província da Zambézia

De acordo com os resultados do teste de Qui-quadrado, não ouve diferenças significativas da


susceptibilidade à infecções por hemoparasitas entre vacas do Povoado Ilha de Sardinha com Novilhos do
Povoado de Caoxe no Distrito de Luabo. Os resultados do diagnóstico hematológico dos animais dos
Povoados Ilha de Sardinha e de Caoxe que foram realizados no Laboratório Regional de Veterinária
de Chimoio (LRV), revelaram que estatisticamente não houve diferença significativa entre os dois
Povoados.

Foi observado na tabela do X2 o valor de 3.84, com grau de liberdade de 1 e nível de significância
de 5%. De seguida foi extraído o valor de Qui-quadrado na Tabela (X2T), por fim procedeu-se
com a comparação com o valor de Qui-quadrado Esperado (X2E) para o nível de significativa; o
qual foi de (1.654) =X2 E
2
T (3.84) = não houve diferença significativa da prevalência de
hemoparasitas nos dois Povoados, visto que o Qui-quadrado encontrado foi menor que Qui-
quadrado tabelado, de acordo com a tabela abaixo.

Tabela 3: Comparação da susceptibilidade a infecções com hemoparasitas entre vacas do povoado de Ilha Sardinha
com Novilhos de Caoxe no Distrito de Luabo.

Positivos Negativos Total


Vacas 64 (O1) E1? 2 (O2) E2? 66
Novilhos 80 (O4) E4? 1 (O3) E3? 81
Total 144 3 147

Comparação da susceptibilidade de hemoparasitas entre Vacas e Novilhos do sector privado


nos Povoados de Mbuaia e Caoxe no Distrito de Luabo na Província da Zambézia.

Foi observado na tabela do X2 o valor de 3.84, com grau de liberdade de 1 e nível de significância
de 5%. De seguida foi extraído o valor de Qui-quadrado na Tabela (X2T), por fim procedeu-se
com a comparação com o valor de Qui-quadrado Esperado (X2E) para o nível de significativa; o
qual foi de (5.4) =X2 E 2
T (3.84) = houve diferença significativa da prevalência de hemoparasitas

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dos Povoados de Mbuaia e Caoxe no Distrito de Luabo, visto que o Qui-quadrado encontrado foi
maior que Qui-quadrado tabelado.

Tabela 4: Comparação da susceptibilidade a infecções com hemoparasitas entre vacas do povoado de Mbuaia com
Novilhos de Caoxe no distrito de Luabo.

Positivos Negativos Total


Vacas 53 (O1) E1? 5 (O2) E2? 58
Novilhos 80 (O4) E4? 1 (O3) E3? 81
Total 133 6 139

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9.0. DISCUSSÃO

Perante os resultados obtidos pelo diagnóstico laboratorial dos esfregaços de sangue fixados com
metanol, corados com 10% da solução Giemsa e observados ao microscópico com objectiva de
100X, podemos afirmar que os valores de prevalência, de uma maneira geral, são bastante
elevados, considerando os povoados de Ilha Sardinha, Mbuaia, Caoxe e Moma no Distrito de
Luabo como uma área de estabilidade exótica para Theileria sp, Anaplasma sp, Babésia sp e
Trypanossoma sp no gado bovino de corte.

O gado bovino de corte criado nos povoados acima referenciados pelo sector privado, constatou-
se a existência de um baixo grau de imunidade específica para esses agentes. Uma região é
considerada de estabilidade exótica, quando o percentual de animais positivos para essa doença
estiver entre 20% a 75% (Araújo et al 1999; Guimaranje et al 2011).

Segundo estudo de Costa (2009), descreve a situação de estabilidade exótica como resultado da
época seca do ano, onde as larvas dos vectores não sobreviverem com as condições adversas da
temperatura durante este período, mas no início do período chuvoso quando os bovinos são
introduzidos nas pastagens esses vectores multiplicam-se durante este período e começam a
ocorrer casos de surtos de Hemoparasitas.

Para a Theileria sp, Anaplasma sp, Babésia sp e Trypanossoma sp, vários estudos confirmam
prevalências variadas. Na Tanzânia foi realizada uma pesquisa sobre vários Hemoparasitas em
bovinos de corte incluindo Theileria sp, Anaplasma sp, Babésia sp e Trypanossoma sp, como diz
(Smith 2009), onde registou 37,7% de Theileria, 27,7% de Anaplasma, 55% de Babésia e 44,88%
de Tripanossomas, considerados valores estes altos no seu estudo.

A alta taxa de prevalência (frequência de positivos a cima de 20%) para Babésia spp, Anaplasma
spp, Theileria spp e Trypanossoma spp, verificada neste estudo permite considerar o Distrito de
Luabo como uma área de instabilidade enzoóticas para doenças provocadas por carracas e mosca
tsé-tsé no gado de corte criado pelo sector privado

Para (Costa et all, 2009) descreve a situação de instabilidade enzoóticas como resultado da época
seca do ano onde as larvas das caracas e da mosca tsé-tsé não sobreviver as condições adversas de
temperaturas durante o início desse período, mas no início do período chuvoso bovinos com
caraças são introduzidos nas pastagens essas se multiplicam durante esse período e começa a
ocorrer casos de surtos de hemoparasitas.

Existo Trabuco Página 46


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Estudos feitos com Ezebuiro (2009), nas regiões sul de Tanzânia e Zâmbia em bovinos de corte
onde teve uma prevalência de 20,7% e 23,9% de prevalência, considerando-se esses valores de
altos segundo o padrão.

O Linhares et all (2006), no seu estudo de Hemoparasitas em bovinos de corte ressalta que a
riscos de ocorrência de surtos destas doenças quando se movimentam manadas de bovinos de
áreas de estabilidade exóticas e para áreas livres e vice-versa. Em levantamento populacional de
Dípteros feito por Borges em 2006, notou-se que as populações de moscas (Mosca Tsé-tsé e
Tabanos), flutuam de acordo com as condições climáticas com picos nos meses mais quentes e
húmidos do ano.

Nestas áreas de instabilidade enzoóticas, como é o caso da área do presente estudo constitui
problemas que deveram merecer uma atenção especial, como o conhecimento das condições
imunológicas dos animais em diferentes povoados, considerando-se a necessidade de um maneio
sanitário adequado, controlo de vectores, que podem causar grandes prejuízos a companhia de
cena, devido a possibilidade de ocorrência de um grande número de casos clínicos com alta taxa
de mortalidade.

O mesmo pensamento é partilhado por (UILEMBERG, 1995; FURLONG et all, 2002) onde eles
dizem que a instabilidade enzoóticas numa determinada região produtora de gado bovino causa
prejuízos enormes aos criadores sendo do sector familiar ou privado devido a ocorrência de casos
de surtos de Hemoparasitas.

O maneio sanitário realizado, em particular o controlo de doenças provocadas por carracas e


mosca tsé-tsé predominante nos povoados estudados, juntamente com temperatura, vegetação, a
humidade e a baixa precipitação de chuvas são factores que favorecem a variação do sistema
imunológico dos animais e o ciclo de vida dos vectores, provavelmente esses factores interferem
no grau de infestação dos animais, o que esta em concordância com pesquisa feita por
(FURLONG et all, 2002), onde afirma que o sucesso de parasitismo dos vectores é dependente de
variações do maneio sanitários das manadas, nas variações climáticas e topográficas.

As altas taxas de prevalências nos povoados de Ilha Sardinha e Caoxe devem-se há vários factores
relacionados principalmente com o fraco maneio sanitário, alimentar e reprodutivo praticado pela
companhia porque a maior atenção é orientada aos campos de cana sacarina, considerada como
actividade principal da companhia.

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No Distrito de Luabo os estudos sobre a prevalência de doenças provocadas por caracas e mosca
tsé-tsé são escassos. No entanto, as informações sobre a distribuição das doenças provocadas por
caracas e mosca tsé-tsé em bovinos de corte são essenciais para a elaboração de programas
estratégicas de profilaxia de controlo adequado dos vectores, ideia esta sustentada por (Morzaria
et all 2009) no seu estudo sobre a distribuição de Hemoparasitas.

No Distrito de Luabo em geral a maior prevalência de infecção por Hemoparasitas provocadas


Por caracas e mosca tsé-tsé foi nos povoados de Ilha de Sardinha, Caoxe e Mbuaia com 74,24%
Theileria, 63,74% Anaplasma, 57,14% Anaplasma, 56,25% Theileria, 50% Babésia
respectivamente, pois segundo (Matos, 2010), em condições normais, Theileria spp, Anaplasma
spp e Babésia spp, ocorrem com maior frequência devido ao mecanismo de transmissão dos seus
vectores em relação a Trypanossoma spp. Com isso, esse resultado não pode se assumir
definitivamente as condições de Luabo, assim sendo, há necessidades de realizar mais adiante
trabalhos de pesquisas com amostras representativas, há princípio em duas épocas diferentes e
durante todos os meses de cada época para avaliar os meses em que há maior prevalência de
hemoparasitas provocadas por caracas e mosca tsé-tsé.

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CONCLUSÃO

Os resultados desta pesquisa, permitiram concluir que os povoados de Ilha Sardinha, Mbuaia,
Caoxe e Moma no Distrito de Luabo, na Província de Zambézia, são endémicos no que diz
respeito aos Hemoparasitas, tendo sidos confirmado a presença dos géneros Theileira sp,
Anaplasma sp, Babésia sp e Trypanossomas sp em bovinos de corte.

Nos estudos sobre prevalências destes Hemoparasitas na população bovina de corte nos povoados
acima referenciados, tiveram maior prevalência nos povoados de Ilha Sardinha, Caoxe e Mbuaia e
menor prevalência no povoado de Moma.

Para esse trabalho pode-se concluir que a prevalência de Theileria spp, Anaplasma spp e Babésia
spp, é alta em bovinos de corte do sector privado nos povoados em referência, sendo que, os
povoados são considerados de instabilidade enzoóticas.

As mortalidades do gado nos povoados de Caoxe, Ilha de Sardinha Mbuaia e Moma, no Distrito
de Luabo atribui-se a presença da Caraça e da mosca tsé-tsé no local transmissores de Babésia
spp, Anaplasma, Theileria e Trypanossoma spp em bovinos. O deficiente maneio sanitário e
alimentar contribui para a mortalidade e mobilidade dos animais pois, animais com
Hemoparasitas, mas com maneios controlados sobrevivem a infecção.

Como este nível maior de infecção por hemoparasitas em bovinos de corte criado no sistema
extensivo do sector privado nos povoados estudados (acima de 20% de prevalência), desafiam o
desenvolvimento sustentável das manadas, baixando a evolução dos efectivos pecuários
(bovinos), acarretando custos para o seu tratamento, baixa taxa de natalidade, menor consumo de
proteína animal (carne e leite) assim como trabalho de tracção animal são afectados.

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RECOMENDAÇÕES

Para a melhor gestão e maneio nas explorações pecuárias em particular nos povoados de Ilha
Sardinha, Mbuaia, Caoxe e Moma recomenda-se o seguinte:

Para futuros Pesquisadores

 Necessário e urgentes pesquisas para melhor compreender a situação epidemiológica dos


povoados, as taxas de morbilidade e mortalidade e, desta forma tentar encontrar as
melhores estratégias de prevenção de doenças provocadas por carraças e mosca Tsé-tsé.
 Montagem de armadilhas de capturas de mocas tsé-tsé deverão ser feitos de forma
estratégica e sistemática para reduzir a ocorrência de carraças e mosca tsé-tsé;
 Novos estudos epidemiológicos que sejam extensivos e abrangentes sobre doenças
transmitidas por carraças e mosca Tsé-tsé no Distrito de Luabo. Estes poderão ser
planeados e executados em diferentes estacões de ano, com animais de diferentes graus de
sangue, aptidão produtiva e classe, abrangendo todos povoados do Distrito de Luabo, para
além dos Distritos vizinhos como Mopeia, Inhassunge, Chinde e Marromeu.

Para Responsáveis dos Animais e Povoados

 Fazer um controlo profiláctico nas manadas no mínimo em intervalos de 3 em 3 meses ou


pelo menos duas vezes ao ano com Oxitetracicline 20% LA, Berenil, trypamedium e
Dinamizane;
 Melhorar o maneio alimentar, sanitário e reprodutivo (a desnutrição acelera a virulência da
doença nos animais), revendo os intervalos entre banhos;
 Fazer analises laboratoriais periódicas de todas as categorias dos animais (bovinos)
sempre que possível de modo a controlar a saúde dos animais contra doenças provocadas
por carraças e mosca tsé-tsé;
 Fazer a rotação de áreas de pastagens para evitar a reinfecção dos animais;
 Para o caso da Trypanossomose bovina, recomenda se a adopção de medidas de controlo
dos dípteros (Tabanos e Mosca Tsé-tsé), como o uso de armadilhas e a utilização de telas
impregnadas com insecticidas.
 Os responsáveis dos animais devem utilizar os fármacos veterinários recomendados para
cada determinada doença dentro dos prazos, seguindo as recomendações do fabricante no
rótulo para que os vectores não adquirem resistência a esses fármacos.

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ANEXOS
Tabela 5: Comparação da susceptibilidade a infecções com hemoparasitas entre bovinos do povoado de Ilha Sardinha
com Novilhos de Caoxe no Distrito de Luabo.

Positivos Negativos Total


Vacas 64 (O1) E1? 2 (O2) E2? 66
Novilhos 80 (O4) E4? 1 (O3) E3? 81
Total 144 3 147

E1= 147----------144 E2 = 147-----------3 E3 = 147----------3 E4 = 147-----144

66-------------------x 66--------------x 81-----------------x 81---------------x

E1= 66x144/147 = 64.6 E2= 66x3/147 = 1.4 E3 = 81x3/147 = 1.6 E4 = 81x144/147 =79.4

( )
X2 = Onde: Oi – Frequência observada e Ei – Frequência Esperada

( ) ( ) ( ) ( )
X2 E = + + +

( ) ( ) ( ) ( )
X2 E = + + +

( ) ( ) ( ) ( )
X2 E = + + +

X2 E = + + + X2E = portanto, X2E = 1.654, não há

diferença significativa. Comparou-se categorias de povoados diferentes devido a existência de


várias categorias amostradas por cada povoado.

Tabela 6: Comparação da susceptibilidade a infecções com hemoparasitas entre vacas do povoado de Mbuaia com
Novilhos de Caoxe no distrito de Luabo.

Positivos Negativos Total


Vacas 53 (O1) E1? 5 (O2) E2? 58
Novilhos 80 (O4) E4? 1 (O3) E3? 81
Total 133 6 139

E1= 139----------133 E2 = 139-----------6 E3 = 139----------6 E4 = 139---133


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58-------------------x 58--------------x 81-----------------x 81---------------x

E1=58x133/139=55.4 E2= 58x6/139 = 2.5 E3 = 81x6/139= 3.4 E4 = 81x133/139= 77.5

( )
X2 = Onde: Oi – Frequência observada e Ei – Frequência Esperada

( ) ( ) ( ) ( )
X2 E = + + +

( ) ( ) ( ) ( )
X2 E = + + +

( ) ( ) ( ) ( )
X2 E = + + +

X2 E = + + + X2E = portanto, X2E = 5.38, há diferença

significativa. Houve maior ocorrência de hemoparasitas em novilhos em relação as vacas,


conforme o teste de qui-quadrado.

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