Você está na página 1de 13

29

3 ARQUITETURA: CONCEITOS

3.1 ESPAÇO PÚBLICO E PRIVADO

Espacialmente, os conceitos de “público” e “privado” podem ser

interpretados como “coletivo” e “individual”.

Num sentido mais absoluto, podemos dizer: pública é uma área acessível a
todos a qualquer momento; a responsabilidade pela sua manutenção é
assumida coletivamente. Privada é uma área cujo acesso é determinado por
um pequeno grupo ou por uma pessoa, que tem a responsabilidade de
mantê-la (HERTZBERGER, 1999, p. 12).

Tradicionalmente associado ao conceito jurídico de propriedade – ruas e

praças, instituições governamentais, administrativas ou de oferta de serviços – o

“público” parece, a cada dia, ter dado abertura a novos espaços – privados, semi-

privados ou semi-públicos – que vem assumindo a função de abrigo da vida coletiva

urbana (FERREIRA, A. L. A; MARQUES, S., 2000).

Para Hertzberger (1999) dependendo do grau de acesso, da forma de

supervisão e de quem o utiliza, um espaço pode ser concebido como uma área

pública ou privada.

A demarcação de um espaço pelos acessos fornece padrões para o projeto

e pode revelar sua utilidade. Segundo Hertzberger (1999, pg. 21), ao fazer tal

demarcação das diferentes áreas de um edifício em planta, obtemos uma espécie de

mapa que mostrará claramente que aspectos existem na arquitetura, quais as

demarcações de áreas específicas e a quem se destinam.

De acordo com o autor, “a escolha de motivos arquitetônicos, sua

articulação, forma e material são determinados, em parte, pelo grau de acesso


30

exigido por um espaço” (HERTZBERGER, 1999).

3.1.1 O Espaço Público como Ambiente Construído

Até o século XIX, o acesso público a edifícios como igrejas, universidades,

teatros, etc. quase sempre sofria algum tipo de restrição imposta pelos

mantenedores ou pelos proprietários. Os verdadeiros espaços públicos estavam

sempre ao ar-livre. (HERTZBERGER, 1999)

No século XIX, a tendência levava a uma abertura maior da sociedade, em

geral e dos edifícios, em particular. Grande parte destes edifícios foram construídos

com recursos da própria comunidade. (HERTZBERGER, 1999, pg. 68)

Sem dúvida, a concepção arquitetônica do espaço público é uma realidade

muito complexa sob uma aparente simplicidade. Cabe ao arquiteto criar ambientes

que, mesmo de forma subjetiva, demonstrem o caráter da obra, criando

oportunidade para que as pessoas se identifiquem com ela, porém adotem uma

postura adequada, condizente com o que rege a utilização e a preservação do

patrimônio público.

O projeto deve prever características próprias de obras públicas, ou seja,

características que imponham um comportamento diverso das demais situações

vivenciadas pelo seu usuário.

3.2 ARQUITETURA E PERCEPÇÃO AMBIENTAL

O homem, ao longo da história, de modo a favorecer suas necessidades

sociais e vivenciais, sempre planejou e construiu seus ambientes de atividades, de


31

moradia, de produção, de repouso e de lazer (OKAMOTO, 1999).

Segundo Okamoto (1999), é típico da cultura ocidental, direcionar a visão do

meio ambiente pela objetividade racional. “Tudo é racionalizado, explicado,

justificado, catalogado”. Isto porque, em atendimento as necessidades materiais,

aspirações como sentimentos, emoções e afetividade são colocadas em segundo

plano.

Apesar disso, o objetivo da arquitetura não se restringe apenas aos aspectos

funcionais do espaço construído. Favorecer a interação afetiva do homem com o

meio ambiente e aumentar a qualidade de vida também são aspirações da

arquitetura.

Considerando o exposto, destaca-se o estudo da percepção ambiental como

fator de grande relevância no estudo das relações entre homem e ambiente.

Segundo Fernandes et al. (2004), a “percepção ambiental pode ser definida

como sendo uma tomada de consciência do ambiente pelo homem, ou seja, o ato de

perceber o ambiente que se está inserido, aprendendo a proteger e a cuidar do

mesmo”.

Cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente às ações sobre o


ambiente em que vive. As respostas ou manifestações daí decorrentes são
resultado das percepções (individuais e coletivas), dos processos
cognitivos, julgamentos e expectativas de cada pessoa. Desta forma, o
estudo da percepção ambiental é de fundamental importância para que
possamos compreender melhor as inter-relações entre o homem e o
ambiente, suas expectativas, anseios, satisfações e insatisfações,
julgamentos e condutas. (FERNANDES et al., 2004)

Na seqüência serão apresentadas estratégias que podem ser integradas ao

projeto, na busca por um espaço perceptivo que favoreça o comportamento

harmonioso do homem em relação ao ambiente construído.


32

3.2.1 Ambiente: Iluminação e Cores

Segundo Lida (2003), planejar corretamente a iluminação e as cores de um

ambiente contribui eficazmente para aumentar a satisfação e o bem estar dos

usuários, melhorar a produtividade, reduzir a fadiga (no caso de ambiente de

trabalho) e evitar acidentes.

3.2.1.1 Luz: Natural e Artificial

É através dos sentidos, principalmente da visão, que somos informados

sobre o meio externo. Os nossos olhos funcionam como canais de informação,

proporcionando uma das diversas formas de ligação entre o mundo interior do

homem e o meio externo.

A musculatura que comanda os movimentos dos olhos e os mecanismos

fisiológicos da visão são diretamente influenciados pelo nível de iluminamento de um

ambiente. A quantidade de luz, o tempo de exposição e o contraste entre figura e

fundo são os três principais fatores a serem considerados em nível de projeto. Isso

significa que a iluminação faz parte da concepção do espaço (LIDA, 2003).

A luz natural sempre foi a principal fonte de iluminação na arquitetura.

Entretanto, a iluminação artificial se torna cada vez mais inseparável da edificação.

Para Lamberts (2004), “[...] sem ela não seriam possíveis os edifícios de grande área

construída e muitos pavimentos, onde a luz natural não consegue vencer a

profundidade em planta para iluminar alguns ambientes interiores”.

A luz natural e a luz artificial devem complementar-se na busca da eficiência

energética, visando um bom projeto de iluminação que garanta aos usuários da


33

edificação a possibilidade de executar atividades visuais com o máximo de precisão

e segurança e com o menor esforço (LAMBERTS, 2004).

3.2.1.2 Criação do Espaço Por Meio da Cor

O estudo científico da cor intensificou-se no século XIX, despertado pelo

interesse de filósofos e cientistas, porém, reproduzir o colorido da natureza, sempre

foi uma preocupação do homem.

Segundo Farina (1990, p. 23), “[...] a cor não é apenas um elemento

decorativo ou estético. É o fundamento da expressão. Está ligada à expressão de

valores sensuais e espirituais”.

Para Romero,

É fundamental ter claro a noção de que a cor é um atributo da luz e não dos
objetos. A cor com que aparecem os objetos depende tanto deles como da
luz física que incide sobre eles. [...] Além disso, existem os atributos
psicológicos das cores percebidas que são: tom, colorido e luminosidade
(ROMERO, 2001 p.75).

Produto de nossa sensação visual a cor tornou-se, pelos múltiplos aspectos

de sua aplicabilidade, uma realidade plástica, uma força surpreendente que pode

tornar ativa e realizada as intenções do homem (FARINA, 1990).

Sobre o individuo que recebe a comunicação visual, a cor exerce uma ação
tríplice: a de impressionar, a de expressar e a de construir. A cor é vista:
impressiona a retina. É sentida: provoca uma emoção. E é construtiva, pois,
tendo um significado próprio, tem valor de símbolo e capacidade, portanto
de construir uma linguagem que comunique uma idéia (FARINA, 1990, p.
27).

O uso da cor, de maneira adequada e cuidadosa, pode modificar a

percepção de um ambiente, inclusive suavizando problemas de estrutura física,


34

tornando-o aparentemente mais alto, mais claro, etc. (AZEVEDO; SANTOS;

OLIVEIRA, 2000).

Porém, a eficiência no uso da cor está intimamente ligada com o campo que

a explora: educação, trânsito, decoração, prevenção de acidentes, etc. Cada um

desses campos direciona seus pontos de vista por meio de uma linguagem e,

através dela, procura atingir os objetivos propostos (FARINA, 1990).

Do ponto de vista sensorial, as cores recuam ou avançam. Uma parede

vermelha pode “avançar”, uma parede azul claro, “afastar-se”, uma parede amarela,

“desaparecer”. Cabe ao arquiteto buscar uma integração da cor com a forma. Nesse

sentido, Farina (1990) aponta duas formas de ação: “a) a manutenção das cores do

material em si, sem revestimentos; b) a aplicação, sobre superfícies e volumes, das

tintas preparadas industrialmente ou a utilização das cores de produtos

industrializados.”

Para Gurgel,

A escolha correta de um esquema de cores pode significar o sucesso de um


projeto, pois ele pode interferir diretamente no espaço – tanto na concepção
espacial propriamente [dita] alterando visualmente suas dimensões e
formas, quanto nas sensações e nos estímulos (produtividade, conforto,
satisfação, entre outros) de seus usuários (GURGEL, 2005 p. 61).

Segundo Farina (1990), “desde a antiguidade o homem tem dado um

significado psicológico às cores e, a rigor, não tem havido diferença interpretativa no

decorrer dos tempos”.

As cores exercem grande influência em nosso estado de espírito e, como

conseqüência, em nosso comportamento. Para que tenhamos conhecimento de

como elas influenciarão as pessoas que vão trabalhar ou freqüentarão o espaço


35

projetado, precisamos conhecer as características psicológicas das cores (GURGEL,

2005, p. 66).

O branco e o preto apesar de não serem considerados cor, juntamente com

as escalas de cinza conferem certa sobriedade quando utilizadas, além disso,

também apresentam suas características psicológicas: o branco está ligado à

higiene, à saúde e pode representar paz; o preto pode significar sofisticação, porém

se utilizado em excesso pode deprimir (GURGEL. 2005).

Abaixo, são apresentadas na TABELA 1, segundo Azevedo; Santos; Oliveira

(2000) características psicológicas de algumas das cores que fazem parte do círculo

cromático (FIGURA 7).

FIGURA 7 - Círculo cromático.

Fonte: GURGEL, 2005, p.63.


36

TABELA 1 – Significado Psicológico das Cores

Amarelo Cor quente, estimulante, de vivacidade e luminosidade. Tem elevado índice de reflexão,
e sugere proximidade. Se usado em excesso pode tornar-se monótono e cansativo. Boa
para ambientes onde exige concentração, pois atua no sistema nervoso central. É
utilizada terapeuticamente para evitar depressão e estados de angústia.
Azul Na cultura ocidental, associa-se à fé, confiança, integridade, delicadeza, pureza e paz.
O azul escuro da a sensação de frieza e formalismo.
Laranja Cor estimulante e de vitalidade. Está relacionada com a ação, entusiasmo e força.
Possui grande visibilidade, chamando a atenção para pontos que devem ser
destacados.
Rosa Aquece, acalma e relaxa. Está ligada a fragilidade, feminilidade e delicadeza.
Verde Quando em tom claro, transmite a sensação de leveza e de bem estar. É uma cor que
sugere tranqüilidade e aparente frescor. Tons escuros desta cor tendem a deprimir.
Vermelho Cor estimulante. Desperta, dinamismo, ação. Dá a sensação de calor e força,
estimulando os instintos naturais e sugerindo proximidade. Se usada em excesso pode
irritar, desenvolver sentimentos de intranqüilidade e violência.
Violeta Em excesso torna o ambiente desestimulante e agressivo, leva a melancolia e a
depressão. Sugere muita proximidade, contato com sentimentos elevados e com a
espiritualidade. Não é recomendado para grandes áreas.
Fonte: AZEVEDO; SANTOS; OLIVEIRA, 2000.
Nota: adaptação do autor.

3.2.2 Ambiente: Conforto Térmico, Ruídos e Vibrações

Excesso de calor, ruídos e vibrações são grandes fontes de tensão para

usuários de edificações mal planejadas, sobretudo, no ambiente de trabalho,

causando desconforto e podendo ocasionar danos consideráveis a saúde (LIDA,

2003) e afetar significativamente no desempenho funcional.

Ao arquiteto cabe avaliar quais as melhores alternativas para que o usuário

fique fora dessas faixas de risco ou, quando não for possível, propor a alternativa

menos prejudicial (LIDA, 2003).


37

3.2.2.1 Conforto Térmico

Uma boa arquitetura, independente do tipo de construção ou a finalidade a

que se destina, deve garantir conforto térmico ao usuário, para que ele possa

desenvolver suas atividades de forma segura e adequada, considerando a redução

de cargas térmicas e evitando o desperdício de energia (LAMBERTS, 2004).

Como definição, a ASHRAE1 (apud LAMBERTS, 2004, p. 41) entende que:

“conforto térmico é um estado de espírito que reflete a satisfação com o ambiente

térmico que envolve a pessoa [...]”.

Para Frota (2003), as principais variáveis ambientais que influem na

sensação térmica que sentimos são: a temperatura, a umidade, a velocidade do ar e

a radiação solar incidentes.

No que se refere à temperatura, Rio e Pires (2001 apud MACHADO, 2007 p.

40) expõem que tanto temperaturas abaixo como acima dos limites influenciam

negativamente o desempenho pessoal, sendo que há uma maior tolerância às

temperaturas mais frias.

LIDA (2003) cita como conseqüência do excesso de calor a diminuição do

ritmo de trabalho, pausas mais freqüentes e prolongadas, redução na concentração,

aumento de erros e acidentes de trabalho.

A radiação solar, apesar de ser a maior fonte de luz natural, é um dos

principais contribuintes para o ganho térmico das edificações. A forma arquitetônica,

os materiais propostos e a orientação das aberturas podem atuar de forma favorável

a promover um ambiente confortável (LAMBERTS, 2004).

Como estratégia para amenizar os ganhos indesejados dos raios solares,

1
ASHRAE – Handbook of Fundamentals. American Society of Heating Refrigerating and Air
Conditioning Engineers, New York, USA: 1993.
38

pode-se, por exemplo, propor proteções que podem ser externas ou internas, que

corretamente dimensionadas não prejudicam a oferta da luz natural (LAMBERTS,

2004).

A posição das aberturas exerce grande influência na quantidade e na

qualidade de ventilação interna, pois, a ventilação e a umidade do ar também

influem diretamente na sensação de conforto.

Como soluções arquitetônicas são apresentadas por diversos autores (apud

LAMBERTS, 2004, p. 107), “ventilação de cobertura, ventilação cruzada, ventilação

sob a casa e o uso de captadores de vento”.

3.2.2.2 Ruídos e Vibrações

Segundo Lida (2003), ruído pode ser entendido como “um estímulo auditivo

que não contém informações úteis para a tarefa em execução”.

Ente 60 e 90 decibéis (dB), os ruídos são considerados muito intensos e

dificultam a comunicação verbal e a realização de tarefas, exigindo que as pessoas

prestem mais atenção e falam mais alto para serem compreendidas, causando

irritabilidade e aumentando a tensão psicológica (LIDA, 2003).

A seguir elencamos na TABELA 2 os valores médios de decibéis segundo

o ambiente, apontados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas através da

Norma Brasileira de Referencia (NBR) 10.152:


39

TABELA 2 – Valores apontados pela NBR 10.152 para conforto acústico, segundo o
ambiente.
Local dB
Hospitais (apartamentos, centros cirúrgicos, etc.) 35-45
Escolas (salas de aula) 40-50
Escolas (bibliotecas) 35-45
Igrejas e templos 40-50
Residências (dormitórios) 35-45
Escritórios (salas de gerência, projetos e administração) 35-45
Escritórios (salas de computação) 50-60
Fonte: ABNT - NBR 10.152.
Nota: adaptação do autor.

3.2.3 Paisagismo

Inúmeros são os conceitos sobre paisagismo encontrados na literatura

especializada. Segundo Lira Filho (2001),

“para alguns paisagismo é uma especialidade multidisciplinar de ciência e


arte, que tem por finalidade ordenar todo o espaço exterior em relação ao
homem e demais seres vivos; para outros, é uma atividade que se utiliza da
arte, ciência e técnica a fim de elaborar uma integração dos três elementos:
construção, homem e flora”.

Lira Filho (2001) destaca o paisagismo como uma nova área do

conhecimento humano. Contudo, enquadra-o nos campos da ciência e da arte,

sendo a paisagem o objeto de trabalho.

É ciência, por envolver o conhecimento das leis que regem os fenômenos


da realidade exterior e interior das paisagens. E também é arte, por se
constituir numa forma de expressão criadora que atua sobre a sensibilidade
humana (LIRA FILHO, 2001).

Praticar o paisagismo exige um abrangente conhecimento de solos,

botânica, ecologia, psicologia, sociologia, urbanismo e outros.


40

Ao elaborar um projeto, o paisagista dispõe de elementos construídos e, ou,


vegetais, bem como dos sentimentos para estabelecer um processo de
comunicação com os usuários da paisagem a ser construída. E, para
trabalhar os sentimentos, ele lança mão de alguns elementos básicos de
comunicação visual, tais como a linha, a forma, a textura e a cor, bem como
de princípios de estética (LIRA FILHO, 2001).

A fim de proporcionar ao homem melhores condições de vida, o paisagismo

busca integrar o homem com a natureza, ao abranger todas as áreas onde se

registra a presença do ser humano, desde as áreas rurais até as regiões

metropolitanas, atuando como fator de equilíbrio entre ambos.

Além disso, segundo Lira Filho (2001), a vegetação pode oferecer proteção

contra ventilação ou insolação excessiva, melhorando o microclima local e

proporcionando conforto ambiental. Outro papel ativo da vegetação e de importância

ecológica e social está na proteção do solo, sobretudo nas áreas urbanas.

3.3 AMBIENTE CONSTRUÍDO E ACESSIBILIDADE UNIVERSAL

Proclamada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948, a

Declaração Universal dos Direitos Humanos confere a todo e qualquer cidadão o

direito de ir e vir. Apesar disso, no Brasil, a questão somente passou a ser

reconhecida na década de 80 e somente em 1989 é que passou a garantir, na forma

de lei, os direitos dos portadores de deficiências.

Recentemente, em 2004, o Presidente da República sancionou o Decreto n°

5.296/2004 regulamentando outras duas leis do ano 2000. A primeira – Lei no

10.048/2000 – garantia atendimento prioritário às pessoas portadoras de deficiência,

aos idosos com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, às gestantes, às

lactantes e às pessoas acompanhadas por crianças de colo; a segunda – Lei no

10.098/2000 – estabelecia normas gerais e critérios básicos para a promoção da


41

acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida2

(BRASIL, 2004).

Mais conhecido como Lei da Acessibilidade o decreto garante aos cidadãos

com qualquer deficiência o direito de participar, ir e vir, em condições de igualdade,

de qualquer atividade. Segundo especialistas, o Brasil tem uma das legislações mais

aprimoradas sobre o tema, servindo como modelo para outros países. Contudo,

lamentavelmente, a lei nem sempre é cumprida.

Apesar do exposto, não são raros os casos em que as pessoas se deparam

com obstáculos à sua locomoção quando transitam por edificações. Para Bahia

(1998, p.9) “o espaço mal concebido acaba concretizando uma segregação não

desejada, porém ainda muito presente na sociedade”.

Segundo o Guia de Acessibilidade em Edificações de São Paulo (2002),

apesar das leis, nota-se um completo despreparo das edificações em relação às

condições de acesso para pessoas com mobilidade reduzida.

Na concepção de projetos arquitetônicos e urbanísticos, assim como no

desenho de mobiliários, é importante considerar as diferentes potencialidades e

limitações do homem. As edificações de uso coletivo precisam oferecer garantia de

acesso a todos os usuários e sua construção, ampliação ou reforma devem atender

às exigências estabelecidas pela NBR 9050 (ABNT, 2004).

2
O capítulo I, Art. 1o, inciso III, da Lei n° 10.098 de dezembro de 2000, refere-se à pessoa que
temporária ou permanentemente tem limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de
utilizá-lo (BRASIL, 2000).

Você também pode gostar