Você está na página 1de 23

TECNOLOGIAS AMBIENTAIS

EM EDIFÍCIOS E CIDADES
AULA 4

Profª Wívian P. P. Diniz


CONVERSA INICIAL

Complementando o conforto térmico, apresentamos, nesta etapa, o


conforto lumínico. Podemos dizer complementando porque a iluminação natural
e o calor (que atuam no conforto térmico) disponíveis no ambiente possuem a
mesma origem: a insolação ou a radiação solar. A iluminação artificial também
será tratada nesta etapa.
Falaremos também sobre como ocorre a percepção visual humana e
quais são os parâmetros para nosso conforto visual. Os recursos projetuais que
a arquitetura desenvolveu para gerenciar a captação de luz natural nas
edificações e o dimensionamento dos elementos para sombreamento por meio
do diagrama solar serão apresentados aqui. Sombrear a edificação e fazer
ventilação cruzada são estratégias bioclimáticas fundamentais em climas
quentes e úmidos como acontece na maior parte do território brasileiro.

CONTEXTUALIZANDO

A arquitetura foi uma das primeiras invenções humanas no sentido de


intermediar a relação do ser humano com o ambiente natural, muitas vezes
inóspito para a sobrevivência humana. Foi por meio dos abrigos primordiais que
gerenciamos a ação das variáveis climáticas para proporcionar melhores
condições de conforto e habitabilidade, garantindo, assim, a sobrevivência de
nossa espécie.
Quanto ao uso de luz natural ou artificial, Corbellas e Yannas esclarecem
que:

O olho humano se adapta melhor à luz natural que à artificial; portanto


é melhor trabalhar com luz natural [para as edificações]. A luz artificial
não reproduz as cores da luz natural (tem espectro diferente), nem
varia conforme as horas do dia, reduzindo, assim, a riqueza em cores
e contrastes dos objetos iluminados. É importante notar também a luz
natural. Além dos benefícios para a saúde, dá a sensação psicológica
do tempo – cronológico e climático – no qual se vive, ao contrário da
monotonia fornecida pela luz artificial. (Corbellas; Yannas, 2009, p. 49)

Você já trabalhou o dia todo em um local sem iluminação natural?


Conhece alguém que já tenha tido essa experiência? Como se sentiu? Perdemos
a noção do tempo, ficamos alheios ao que acontece no mundo exterior e
atordoados por isso. Nosso ciclo circadiano perde seu ritmo, ao qual estamos
acostumados. Desse modo, a ausência de iluminação natural interfere em nosso

2
bem-estar psicológico e físico. Portanto, a luz natural deve ser considerada em
nosso processo projetual desde a definição do partido de projeto.
A existência da cobertura zenital no Metropolitan Museum of Art (Met), em
Nova York, é um exemplo de como as soluções voltadas para a inclusão de luz
natural em ambientes internos precisam ser pensadas desde as primeiras
definições de projeto. Se essa intenção não estivesse posta nas etapas iniciais,
não seria possível adequar a cobertura envidraçada às necessidades
museológicas e de conservação das obras de arte. Observe na Figura 1 que a
insolação não atinge diretamente as paredes, embora a carga térmica incidente
impacte o dimensionamento do sistema de climatização artificial.

Figura 1 – Sala de exposições do Metropolitan Museum of Art

Crédito: Lena Chert/Shutterstock.

3
Saiba mais

Visite o website do Metropolitan Museum of Art. Disponível em:


<https://www.metmuseum.org/>. Acesso em: 8 fev. 2023.

TEMA 1 – O CONCEITO DE CONFORTO LUMÍNICO E AS VARIÁVEIS DA


ILUMINAÇÃO

Para definirmos corretamente o conceito de conforto lumínico é


necessário considerarmos estas variáveis em três escalas: meio ambiente,
técnico-projetuais da edificação e relacionadas ao usuário. A função é o primeiro
e mais importante parâmetro definidor para a Iluminação no projeto, tanto natural
quanto artificial, determinando de que tipo de luz o ambiente necessita (Figura
2). A função é dividida em atividades de trabalho e atividades contemplativas. A
primeira categoria demanda parâmetros racionais, com base nas normativas
(objetivos), e a segunda, parâmetros emocionais e psicológicos (subjetivos).

Figura 2 – Parâmetros para iluminação em edificações

Fonte: Elaborado por Diniz, 2023 com base em Vianna e Gonçalves, 2004.

Portanto, a relação da luz com o ambiente ocorre por meio de parâmetros


qualitativos, estabelecidos por exigências humanas emocionais e funcionais, e

4
por parâmetros quantitativos, estabelecidos por normativas para distribuição da
luz, intensidade, relações de contrastes e definição de cor.
Para o uso adequado da luz na arquitetura, arquitetas e arquitetos devem
ter claro quais critérios estão relacionados às variáveis meio ambiente,
edificação e usuário, bem como de que modo podem impactar o processo
projetual. Para isso, é exigido de nós, projetistas, um conhecimento amplo
considerando aspectos perceptivos, psicológicos e técnicos (como a
caracterização de materiais e componentes construtivos).
Indicamos, a seguir, uma leitura complementar e a plataforma Escola da
Luz, em que é possível acessar minicursos acerca da temática iluminação.

Saiba mais

Na obra Eficiência energética na arquitetura (Lamberts; Dutra; Pereira,


2014), leia: no capítulo 2, as páginas 57 a 65; no capítulo 3, a página 76; no
capítulo 5, as páginas 151 a 173. Disponível em:
<https://labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/eficiencia_energetica_na_arq
uitetura.pdf>. Acesso em: 9 fev. 2023.

Acesse o website da Escola da Luz. Disponível em:


<https://www.conexled.com.br/escola-da-luz>. Acesso em: 9 fev. 2023.

1.1 Percepção e conforto visual

O conforto visual, da mesma forma que o conforto térmico e o conforto


acústico, é função da relação que o ser humano estabelece com o ambiente, de
como esse meio o estimula. Por outro lado, as experiências únicas de cada
pessoa orientam suas respostas aos estímulos recebidos1. Portanto, a relação
ser humano-ambiente está, fundamentalmente, no campo da psicofisiologia 2.
Esse campo de conhecimento orienta-nos a respeito da percepção humana para
estabelecermos um ambiente construído capaz de criar a habitabilidade
desejada.

1
Enquanto o estímulo pode ser mensurado por instrumentos, a sensação é individual e intrínseca à
interpretação, ao significado que cada indivíduo atribui ao estímulo.
2
Psicofisiologia é o estudo das relações entre sensações psíquicas e estímulos fisiológicos no ser humano.
5
Nesse sentido, ao determinamos, por exemplo, um parâmetro para a
iluminação adequada à realização de uma tarefa visual, na verdade estamos
determinando o estímulo e não a sensação. Esta é estabelecida por meio da
experiência individual e subjetiva da pessoa e não conseguimos agir sobre esse
aspecto. Elencamos, portanto, as premissas de projeto e os aspectos
psicofisiológicos envolvidos.

• Função: os aspectos psicofisiológicos devem ser considerados para que


o ambiente construído corresponda às expectativas e necessidades das
pessoas, de forma que elas consigam localizar-se de forma intuitiva ao
usar o espaço.
• Iluminação: ao pensarmos em estratégias para iluminação, seja natural
ou artificial, as decisões devem ser fundamentadas em parâmetros
funcionais e técnicos sobre como realizar uma tarefa visual, juntamente
com os aspectos psicofisiológicos envolvidos.
• O olho humano e sua fisiologia: a luz é a radiação eletromagnética (Figura
3) originada no Sol e capaz de produzir uma sensação visual no órgão
receptor desse estímulo, o olho humano (Osram, 2005, p. 2). A visão
ocorre quando a radiação solar atinge nossa retina 3 e, por meio de um
mecanismo eletroquímico, esses agentes fotorreceptores geram impulsos
nervosos que são conduzidos ao cérebro para serem interpretados,
produzindo, assim, as sensações visuais.

3
Tecido nervoso composto por elementos fotorreceptores denominados cones e bastonetes,
responsáveis por transformar a energia luminosa em impulsos nervosos que serão levados ao cérebro
pelo nervo ótico.

6
Figura 3 – Espectro eletromagnético da radiação solar

Crédito: Davi Souza.

• Tarefa visual: a precisão de uma tarefa visual depende de quatro


aspectos: o tamanho do elemento a ser visualizado na tarefa; o contraste
da luminância e da reprodução de cor do elemento a ser visto; velocidade
e acuidade visual necessárias para o desempenho da tarefa; e tempo de
duração da tarefa.
• Efeitos da idade: à medida que envelhecemos, temos uma redução
significativa em nossa acuidade visual, na velocidade para percepção de
movimentos, na tolerância ao ofuscamento e aos contrastes. Ao
envelhecermos, passamos a necessitar de um tempo maior para nos
adaptarmos a novas condições ambientais de luz, como sair de um
ambiente claro e entrar em um ambiente escuro.
• Campo visual: entende-se como campo visual a área de abrangência da
visão. A Figura 4 mostra os ângulos limites do campo visual para a direita
e para a esquerda, para cima e para baixo, no eixo do olho considerado
imóvel. Na parte central do campo (foco central do olho, até 30o), a visão
é nítida e possibilita a discriminação de detalhes. Entre 30 e 60o a imagem
perde a nitidez, embora o olho ainda perceba as intensidades luminosas
7
e os movimentos. Entre 60 e 90o no eixo vertical ainda mantemos essa
mesma condição, mas no eixo horizontal a visão é possível somente por
um dos olhos (área hachurada na figura 4).

Figura 4 – O campo visual humano

Fonte: Diniz, 2023.

1.2 As principais variáveis da iluminação

Para desenvolvermos um projeto arquitetônico correlacionado ao conforto


lumínico, precisamos considerar dois grupos de variáveis.

1. Variáveis ambientais: são aquelas que devem ser observadas para o


projeto, porém não podem ser alteradas e sim consideradas como
parâmetros para definirmos estratégias projetuais (dimensão e
posicionamento das aberturas no projeto, por exemplo). São as variáveis
do lugar e do entorno próximo (sombras geradas por edificações vizinhas,
árvores e elementos no espaço público) e do clima local (radiação solar
direta e difusa, nebulosidade do lugar, tipo de céu e quantidade de luz
natural disponível no ambiente (níveis de iluminância).
2. Variáveis de projeto: são passíveis de configuração em função de nossa
intenção projetual. São as variáveis relacionadas à edificação (janelas,

8
aberturas, elementos de sombreamento) e ao ambiente dentro do terreno
da edificação (árvores e o sombreamento da edificação sobre si mesma).

TEMA 2 – A ILUMINAÇÃO NATURAL E A ARQUITETURA

A luz que chega até nós, desde sua emissão no Sol, demora cerca de oito
minutos e vinte segundos para nos atingir de duas formas: a luz direta,
representada pelos raios solares que passam diretamente pela atmosfera, e a
luz difusa, após a radiação solar sofrer uma difração pelos elementos presentes
na atmosfera, como nuvens e gases atmosféricos. Portanto, ao passar pela
atmosfera, a luz sofre algumas alterações em suas características.
As características da luz que incide sobre a superfície terrestre estão
vinculadas a fatores como intensidade energética, ângulo de incidência, cor,
estação do ano e padrão de céu.
Em um contexto urbano, a luz que alcança as aberturas de uma edificação
recebe a influência desse contexto, ou seja, as superfícies reflexivas e as cores
presentes no entorno influenciam o comportamento da radiação incidente. Os
contextos urbanos com edificações altas e revestidas com vidros, por exemplo,
podem contribuir com eventos de ofuscamento porque refletem os raios solares
em vez de absorvê-los.
O posicionamento (lateral ou zenital), a dimensão, os tipos de vidros e a
inclinação das aberturas contribuem para gerenciar a passagem de luz para os
ambientes internos, controlando-a ou não impondo nenhuma resistência.
Na leitura sugerida você conhecerá, com mais detalhes, as estratégias
adotadas na arquitetura para promover uma utilização efetiva da luz natural nas
edificações.

Saiba mais

Na obra Eficiência energética na arquitetura (Lamberts; Dutra; Pereira,


2014) leia, no capítulo 5, as páginas 155 a 159. Disponível em:
<https://labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/eficiencia_energetica_na_arq
uitetura.pdf>. Acesso em: 9 fev. 2023.

9
TEMA 3 – A CARTA SOLAR E OS QUEBRA-SÓIS (BRISE-SOLEIL) PARA
SOMBREAMENTO

Esses elementos projetuais tão conhecidos na arquitetura servem para


controlar, total ou parcialmente, a incidência solar direta nas paredes e aberturas
de uma edificação, desde que planejados adequadamente e com embasamento
técnico. Devido a sua função principal, são conhecidos como quebra-sóis (termo
originado do francês brise-soleil 4) ou elementos para controle da radiação solar.
Para conhecer mais sobre essa invenção modernista acesse a leitura sugerida
a seguir.

Saiba mais

Brise-soleil: da estética à eficiência energética (Grala da Cunha, 2011).


Disponível em: <https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.131/3844>.
Acesso em: 9 fev. 2023.

3.1 O diagrama solar como recurso para projetar os quebra-sóis

Vamos utilizar o diagrama solar para tipificar e dimensionar os elementos


para controle de radiação solar e sombreamento. Na leitura sugerida a seguir,
existem exercícios práticos já respondidos. Refaça-os com o objetivo de avaliar
se efetivamente compreendeu os fundamentos para projetar um quebra-sol, pois
nossa intenção é que você aprenda, de fato, como projetá-lo.

Saiba mais

Na obra Eficiência energética na arquitetura (Lamberts; Dutra; Pereira,


2014) leia, no capítulo 4, as páginas 124 a 146. Disponível em:
<https://labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/eficiencia_energetica_na_arq
uitetura.pdf>. Acesso em: 9 fev. 2023.

4
Criado pelo arquiteto francês Le Corbusier nas décadas de 1930 e 1940, especificamente para controle
da radiação solar nas edificações (Grala da Cunha, 2011).
10
A Figura 5 mostra as tipologias mais básicas de quebra-sóis: horizontal,
vertical e móvel. Essas tipologias são indicadas para fachadas com orientação
normal aos eixos cardeais norte, sul, leste e oeste. Caso contrário, em fachadas
inclinadas em relação aos eixos cardeais, você precisará projetar um quebra-sol
misto (com elementos horizontais e verticais). O Apêndice 3 – Tabela de Brises
do livro Eficiência energética na arquitetura (Lambers; Dutra; Pereira, 2014, p.
331) apresenta trinta soluções projetuais de quebra-sóis para auxiliá-lo. No vídeo
sugerido a seguir, Camila Amaro explica como projetar os guarda-sóis utilizando
o Analysis SOL-AR.

Figura 5 – Três tipos básicos de quebra-sóis

Crédito: Davi Souza.

11
Saiba mais

Assista ao vídeo Aula de estudos de carta solar, software Analysis SOL-


AR, ângulos de sombra (transferidor) e brises.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=b8i3bRdt3u8>.
Acesso em: 9 fev. 2023.

3.1.1 O diagrama solar e o software Analysis SOL-AR

Como ferramenta auxiliar para projeto de quebra-sóis utilizaremos o


software Analysis SOL-AR, desenvolvido pelo Laboratório de Eficiência
Energética em Edificações (LabEEE) da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC). Baixe-o e instale-o no seu computador. O Analysis SOL-AR é um
software gráfico que permite a obtenção do diagrama solar correspondente a
qualquer latitude, auxiliando no projeto de proteções solares. Com o uso dessa
ferramenta auxiliar não será necessário realizar cálculos complexos para projetar
seus quebra-sóis.
Na leitura sugerida a seguir, você acessa um tutorial demonstrando, com
detalhes, como instalar e utilizar o programa para dimensionar e configurar uma
proteção solar. Também verá como inserir dados climáticos de uma cidade caso
não venham pré-instalados.

Saiba mais

Tutorial Analysis SOL-AR. Autoria: Karen Carrer Ruman de Bortoli.


Disponível em: <https://karenbortoli.files.wordpress.com/2013/12/tutorial-
analysis-sol-ar.pdf>. Acesso em: 9 fev. 2023.

Na Figura 6 apresentamos a interface do Analysis SOL-AR com a cidade


de Curitiba selecionada. Aqui queremos ressaltar que, ao abrir o programa, você
sempre deve alterar o ângulo de referência para “externo”, pois como padrão
(default) o programa abre com o ângulo de referência “interno”. Na verdade, essa
escolha não altera em nada o resultado obtido na projetação do elemento de
sombreamento; a alteração é somente para que o ângulo fique igual ao ângulo
de referência adotado na apostila de Lamberts, Dutra e Pereira (2014), nossa
12
leitura complementar. Observe as figuras na página 132 dessa publicação e
compare-as com o diagrama solar do Analysis SOL-AR para assegurar-se de
que está utilizando a mesma referência.
Outro aspecto importante a ressaltar é que, caso sua cidade não esteja
pré-disponível, basta conhecer a latitude onde você se localiza e inseri-la
manualmente na caixa “Latitude”, sempre adotando o sinal – (número negativo)
para referenciar quando estiver abaixo da linha do Equador. Caso não considere
esse sinal, a carta solar ficará invertida, representando uma localidade ao norte
global. Experimente na prática essas situações utilizando o próprio programa
para treinar sua utilização.

Figura 6 – Interface do Analysis SOL-AR

Fonte: Diniz, 2023/LabEEE, 2023.

13
Saiba mais

O software Analysis SOL-AR está disponível em:


<https://labeee.ufsc.br/index.php/downloads/softwares/analysis-sol-ar>. Acesso
em: 9 fev. 2023.

TEMA 4 – SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL E ILUMINAÇÃO

Se há alguns anos os métodos para predição da iluminação natural e


artificial eram gráficos e analíticos, hoje permanecem sobre essas bases
teóricas, porém, com base em uma interface computacional. Assim, essas
ferramentas facilitam imensamente as possibilidades de análise da iluminação
em edificações. São diversos os programas disponíveis para auxiliar essa
atividade. Listaremos alguns para seu conhecimento e experimentação.
Indicação 1
A plataforma disponibilizada pelo Dr. Andrew Marsh. Na aba ‘software’ da
plataforma você encontra o programa ‘Iluminação natural dinâmica’ (daylight box
web). Esse aplicativo é bastante útil para analisar o projeto de quebra-sóis.
Segundo o autor:

De todos os meus aplicativos baseados na web, este é o primeiro a se


aproximar da intenção original de uma ferramenta profundamente
interativa que aborda todas as complexidades envolvidas em um
determinado processo de design e análise. Este aplicativo investiga a
análise dinâmica da luz do dia em tempo real dentro de uma sala
retangular simples com base em distribuições detalhadas do céu. O
tamanho da sala, as janelas, os dispositivos de sombreamento
externos e a altura do plano de trabalho podem ser manipulados
interativamente com a atualização da distribuição interna da luz do dia
em tempo real. Você pode adicionar qualquer número de janelas,
dispositivos de sombreamento externos ou obstruções do local e
experimentar diferentes refletâncias de superfície e transmissões de
janelas. (AndrewMarsh.com, 2023)

14
Saiba mais

A plataforma andrewmarsh.com está disponível em:


<http://andrewmarsh.com/software/daylight-box-web/>. Acesso em: 9 fev. 2023.
Site em inglês. Caso seja necessário, utilize o tradutor automático do
navegador clicando com o botão direito do mouse em qualquer lugar da página.
Depois, clique em Traduzir para português. A página será traduzida
instantaneamente.

Indicação 2
Radiance é um conjunto de programas para análise e visualização de
iluminação em edificações. Os arquivos de entrada especificam a geometria da
cena, materiais, luminárias, hora, data e condições do céu (para cálculos de luz
do dia). A principal vantagem do Radiance é o cálculo simplificado de iluminação
e as ferramentas de renderização, com poucas limitações na geometria ou nos
materiais que podem ser simulados.

Saiba mais

O aplicativo Radiance está disponível em: <https://www.radiance-


online.org/>. Acesso em: 9 fev. 2023.
Site em inglês. Caso seja necessário, utilize o tradutor automático do
navegador clicando com o botão direito do mouse em qualquer lugar da página.
Depois, clique em Traduzir para português. A página será traduzida
instantaneamente.

Indicação 3
Reconhecido pela facilidade de utilização e pelo que entrega, o programa
Relux é utilizado mundialmente por profissionais envolvidos na área de
iluminação. Para operar este programa, não são necessários conhecimentos
avançados de informática. O programa é autoexplicativo, contendo um arquivo
de “help” onde você poderá tirar suas dúvidas.

15
Saiba mais
O aplicativo RELUX está disponível em: <https://relux.com/en/>. Acesso
em: 9 fev. 2023.
Site em inglês. Caso seja necessário, utilize o tradutor automático do
navegador clicando com o botão direito do mouse em qualquer lugar da página.
Depois, clique em Traduzir para português. A página será traduzida
instantaneamente.

Indicação 4
Site do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações (LabEEE) da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Tem atuação em ensino,
pesquisa e extensão universitária, com foco na redução do consumo de energia
em edificações por meio de estratégias de eficiência energética e novas
tecnologias (trecho retirado do site). Luz do Sol é um programa para estimar o
calor e a luz provenientes do Sol, a principal fonte natural de energia. Foi
desenvolvido através de linguagem Microsoft Visual Basic, versão 2.0.

Saiba mais

Visite a página do programa Luz do Sol do LabEEE. Disponível em:


<https://labeee.ufsc.br/downloads/softwares/luz-do-sol>. Acesso em: 9 fev.
2023.

Indicação 5
Roriz Engenharia Bioclimática é uma empresa que presta consultoria em
condicionamento natural, conforto térmico, lumínico e eficiência energética dos
edifícios. A indicação é o aplicativo CalcRadSol: IRRADIÂNCIAS – Planilha de
cálculo de irradiâncias em superfícies inclinadas.

Saiba mais

Visite o site da Roriz Engenharia Bioclimática e obtenha mais informações


sobre o aplicativo CalcRadSol. Disponível em: <https://roriz.eng.br/downloads>.
Acesso em: 9 fev. 2023.

16
Mais alguns aplicativos

Saiba mais

Website em inglês:
<https://www.dial.de/en-GB/>.
<https://www.zumtobel.com/de-de/downloads.html#programme>.
<https://www.trilux.com/de/service/downloads/software/#kat=1>.
Acesso em: 9 fev. 2023.

Saiba mais

Website da Autodesk com orientações para realizar uma simulação de


iluminação e de energia no software Revit. Disponível em:
<https://knowledge.autodesk.com/pt-br/support/revit/learn-
explore/caas/CloudHelp/cloudhelp/2023/PTB/Revit-Analyze/files/GUID-
925CBF1E-2B91-41A7-8CA8-C87F69F7BBC1-htm.html>. Acesso em: 9 fev.
2023.

TEMA 5 – ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL E AS NORMAS TÉCNICAS

A iluminação artificial é um recurso complementar à iluminação natural,


na medida em que a edificação deve ser pensada de forma a priorizar a
iluminação natural nos ambientes internos nos períodos diurnos. Em edificações
com uso noturno, a iluminação artificial torna-se prioritária obviamente. A
integração entre luz natural e artificial ganha cada vez mais importância,
principalmente porque a eficiência energética no campo da construção civil é
cada vez mais uma responsabilidade profissional das pessoas que atuam nesse
setor. Desse modo, projetos luminotécnicos integrados à iluminação natural são
sempre recomendados.
Em edificações muito extensas, com profundidades nos ambientes, obter
níveis de iluminância adequados para atividades de leitura, por exemplo,
necessitaria de aberturas muito largas e altas, o que inviabiliza o uso exclusivo
17
da luz natural. É nesse momento que a luz artificial deve ser considerada, como
complementação.
A condição para a visão humana depende diretamente de como o meio
está iluminado e de como as superfícies do ambiente refletem a luz. Portanto, a
iluminação atuante no processo da percepção visual depende do tipo, da
natureza das fontes de luz e das qualidades relacionadas ao ambiente em seus
aspectos qualitativos ou quantitativos, indicados na sequência.

• Quantidade de luz: é medida em relação à quantidade de energia


luminosa que atinge uma superfície; medida em Iux. A quantidade de luz
disponível determina a capacidade do olho em discriminar detalhes e
movimentos.
• Distribuição da luz: a distribuição da luz pelo ambiente envolve dois
aspectos: a forma como uma fonte de luz distribui seu fluxo luminoso pelo
espaço e pela própria disposição das fontes em relação ao meio
iluminado. Os efeitos visuais que podem ser obtidos com o formato e a
distribuição das fontes de luz consistem em contrastes entre superfícies
iluminadas e em efeitos de luz e sombra.
• Distribuição das luminâncias: as diferentes superfícies de um ambiente
construído possuem posições diversas em relação às fontes de luz e
podem ser iluminadas de forma desigual. Também refletem e difundem a
luz que incide sobre elas em função de sua cor, acabamento ou textura.
• Cor da luz e reprodução de cor: a luz solar coincide com a faixa de
sensibilidade do olho, percebida como luz visível no espectro
eletromagnético (Figura 3). As cores que visualizamos no mundo são
produzidas quando as superfícies dos elementos visualizados refletem a
luz seletivamente, ou seja, quando decompõem a luz visível incidente e
refletem para o ambiente o espectro de radiação referente a sua cor. Uma
maçã é vermelha porque refletiu a radiação vermelha e absorveu todo o
restante do espectro. Quando utilizamos uma fonte luminosa artificial, a
distribuição do espectro energético não reproduz exatamente a luz visível.
Dependendo da tecnologia utilizada, a reprodução de cor pode alterar a
cor natural de uma superfície. É comum observarmos nossa pele mais
“esverdeada” quando somos iluminados por lâmpadas de mercúrio, por
exemplo, ou uma superfície vermelha parecer preta sob luz amarela.

18
A luz, para a arquitetura, é uma forma de expressão subjetiva aliada a
aspectos técnicos, ou seja, é a luz que configura a “alma” da edificação, expressa
em aspectos funcionais, espaciais e psicológicos, mas para isso precisamos
conhecer e dominar o modo de implementá-la.

5.1 As normas técnicas relacionadas à iluminação artificial

Conforme o website da Associação Brasileira de Normas Técnicas


(ABNT), uma norma técnica é um conjunto de preceitos e princípios tecnológicos
resultantes da experiência acumulada de diversos profissionais, destinados à
utilização pela sociedade em geral para impor um padrão mínimo de qualidade
e segurança em um determinado contexto de atuação.
As normas são de natureza prescritiva e algumas podem tornar-se
obrigatórias. Desse modo, as normas da ABNT são de adesão voluntária, mas
podem ser referenciadas em um contrato ou acordo de forma direta, sendo,
nesses casos, obrigatório que sejam consideradas. Também são parâmetros
para questões judiciais 5. Nossa regulamentação profissional também estabelece
obrigatoriedade na aplicação das normas da ABNT na área em que atuamos.
São várias as NBRs relacionadas à área da iluminação. Fazendo uma
busca no site da ABNT 6, consultando a palavra iluminação, aparecem 166
normas relacionadas. As principais são:

• NBR 5461/1992: iluminação (terminologia).


• NBR15215-3/2005: iluminação natural parte 3: procedimento de cálculo
para a determinação da iluminação natural em ambientes internos.
• NBR ISO/CIE 8995-1/2013: iluminação de ambientes de trabalho parte 1:
interior.
• NBR 15575-1/2013: edificações habitacionais: desempenho parte 1:
requisitos gerais.

Os órgãos internacionais mais relevantes quanto à produção de


conhecimento e de padronização para ambientes iluminados são:

5
Código de Defesa do Consumidor, inciso VIII do art. 39.
6
Link utilizado para busca do termo iluminação no site da ABNT:
<https://www.abntcatalogo.com.br/grd.aspx>. Acesso em: 9 fev. 2023.
19
• Comissão Internacional de Iluminação 7, também conhecida como CIE (de
seu nome em francês Commission Internationale de l’Éclairage). É uma
organização dedicada à “cooperação mundial e à troca de informações
sobre todos os assuntos relacionados à ciência e arte da luz e iluminação,
cor e visão, fotobiologia e tecnologia de imagem” (Website CIE).
• Illuminating Engineering Society8 (IES), com sede em Nova Iorque, é
reconhecida como autoridade técnica e educacional em
iluminação. Segundo informações no site, sua missão é melhorar o
ambiente iluminado, reunindo pessoas com conhecimento de iluminação
e traduzindo esse conhecimento em ações que beneficiem o público.
• Sociedade Brasileira de Luz e Iluminação 9 (SBLuz), uma organização
brasileira multidisciplinar de profissionais da área de iluminação que tem
como foco, segundo seu website,

desenvolver, atualizar e consolidar a imagem de uma organização que


compartilha o conhecimento sobre Luz e suas diversas formas de
interação com a vida, de maneira Colaborativa, Profissional e
Responsável, de modo a criar um ambiente que propicie a União, o
Aprimoramento e o Intercâmbio de informações sobre novas práticas
que utilizem a Luz sob os aspectos Científico, Técnico e Artístico.

Na playlist a seguir, você terá acesso a diversos vídeos com informações


práticas e úteis sobre iluminação.

Saiba mais

Assista no YouTube aos vídeos da playlist Curso de iluminação.


Disponível em:
<https://www.youtube.com/playlist?list=PLazo4Vx9WgzMANj6EFIt1m-
oalHTCPNU6>. Acesso em: 9 fev. 2023.

7
Website CIE: <https://cie.co.at/>. Acesso em: 9 fev. 2023.
8
Website IES: <https://www.ies.org/>. Acesso em: 9 fev. 2023.
9
Website SBLuz: <https://sbluz.org/>. Acesso em: 9 fev. 2023.

20
Finalizamos com mais duas indicações de leitura.

Saiba mais
Leia o artigo As possibilidades da iluminação artificial para melhorar (ou
piorar) a arquitetura. Disponível em:
<https://www.archdaily.com.br/br/898026/as-possibilidades-da-iluminacao-
artificial-para-melhorar-ou-piorar-a-arquitetura>. Acesso em: 9 fev. 2023.
Leia o Manual luminotécnico prático (Osram, 2005).

Para pensar
Se a luz, para a arquitetura, é uma forma de expressão subjetiva aliada a
aspectos técnicos concretos, como poderemos denominar as três possibilidades
de expressão? Cite exemplos de aspectos funcionais, espaciais e psicológicos
da expressão luminosa na arquitetura.

TROCANDO IDEIAS

A luz que emana do céu sobre o Brasil é reconhecida internacionalmente


como uma luminosidade especial, intensa, colorida e acolhedora. Temos muito
sol a nossa disposição e, portanto, é um recurso que prima por ser utilizado a
favor da iluminação natural em nossas edificações.
Devido a essa intensa fonte luminosa, não precisamos de grandes áreas
envidraçadas em nossas edificações para conseguirmos uma condição lumínica
satisfatória ao nosso conforto visual e para a realização de atividades diárias.
Ao observarmos a arquitetura vernacular brasileira original, as moradias
dos povos indígenas, aberturas pequenas e protegidas da insolação direta
(sombreamento) são suficientes. Reinterpretando esses preceitos, exatamente
como o arquiteto Lelé fez para seus projetos, devemos abusar do sheds e do
efeito causado pela difusão da luz natural e do incremento na ventilação natural.
Mas, então, por que utilizamos grandes fachadas em vidro e criamos
ambientes com elevada carga de iluminância e de calor para depois ficarmos
dependentes do ar-condicionado? Isso ocorre porque copiamos a arquitetura de
países com climas frios e padrões de céu com pouca luminosidade e, nesse
contexto, precisam de grandes panos de vidro para adquirir luz e energia térmica.

21
Seria possível adotarmos uma arquitetura tropical, fundamentada em nossas
características de luz natural? Ficam aqui essas reflexões para serem debatidas
com suas colegas e seus colegas de curso.

NA PRÁTICA

Da mesma forma que a projetação voltada para obtermos conforto


térmico, quando pensamos em estratégias que incorporem a luz natural nas
nossas edificações é fundamental que o projeto não seja trabalhado unicamente
em planta, priorizando a funcionalidade. É preciso adotarmos, desde as etapas
iniciais para concepção do partido projetual, a projetação no plano vertical (corte
e elevação) considerando, assim, as possibilidades de utilizarmos aberturas
tanto no plano da cobertura quanto no plano das paredes.
Os vários aplicativos para simular a iluminação natural e a iluminação
artificial devem ser praticados para torná-los efetivos na contribuição aos seus
projetos.
As três instituições voltadas à promoção de qualidade no campo da
iluminação oferecem muita informação técnica, treinamentos e debates, portanto
conheça seus websites, participe e acompanhe-as.

FINALIZANDO

Você recebeu uma série de conceitos e fundamentos técnicos para


embasar sua atuação no campo da iluminação em edificações. Também
conheceu novas ferramentas para auxílio à projetação de elementos
sombreantes e para implantação da edificação pensando em como distribuir as
aberturas nas paredes de modo a promover uma melhor eficiência lumínica.
Você conheceu questões relacionadas à fisiologia humana e agora sabe
que a iluminação é, antes de tudo, arte na arquitetura.
Quanto à iluminação artificial, mesmo com toda a normativa técnica, ela
também permite que você complemente e vitalize seus projetos de modo a
humanizar e aproximar a arquitetura de sensações que queremos expressar aos
que neles habitarão.

22
REFERÊNCIAS

ANDREWMARSH.COM. Dynamic Daylighting. Disponível em:


<http://andrewmarsh.com/software/daylight-box-web/>. Acesso em: 9 fev. 2023.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5461:


iluminação (terminologia). Rio de Janeiro: ABNT, 1992.

_______. ABNT NBR ISO/CIE 8995-1: iluminação de ambientes de trabalho


parte 1: interior. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

_______. ABNT NBR 15575-1: edificações habitacionais: desempenho parte 1:


requisitos gerais. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.

GRALA DA CUNHA, E. Brise-soleil: da estética à eficiência


energética. Arquitextos, São Paulo, ano 11, n. 131.07, 2011. Disponível em:
<https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.131/3844>. Acesso em: 9
fev. 2023.

LABEEE. Analysis-SOLAR. Disponível em:


<https://labeee.ufsc.br/index.php/downloads/softwares/analysis-sol-ar>. Acesso
em: 9 fev. 2023.

LAMBERTS, R., DUTRA, L.; PEREIRA, F. O. R. Eficiência energética na


arquitetura. 3. ed. Rio de Janeiro: Eletrobras/Procel, 2014. Disponível em:
<https://labeee.ufsc.br/sites/default/files/apostilas/eficiencia_energetica_na_arq
uitetura.pdf>. Acesso em: 9 fev. 2023.

OSRAM. Manual luminotécnico prático. 2005. Disponível em:


<https://hosting.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Livros/ManualOsram.pdf>. Acesso em:
9 fev. 2023.

PINHEIRO, A. C. D. F. B.; CRIVELARO, M. Conforto ambiental: iluminação,


cores, ergonomia, paisagismo e critérios para projetos. São Paulo: Saraiva,
2014.

VIANNA, N.; GONÇALVES, J. C. S. Iluminação e arquitetura. 2. ed. São Paulo:


Geros Arquitetura, 2004.

23

Você também pode gostar