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Conforto Ambiental

Material Teórico
Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Ana Cristina Gentile Ferreira

Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil

• Introdução;
• Principais Objetivos do Conforto Ambiental;
• Organismo Humano e Metabolismo;
• Climas do Brasil.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Conhecer os conceitos de conforto térmico e variáveis climáticas de acordo com os
climas do Brasil.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil

Introdução
Nesta Unidade você será introduzido às questões de conforto, aprenderá algumas das
principais definições que devemos considerar no momento de concepção de projeto.

Ademais, discorreremos um pouco a respeito dos climas, a fim de entendermos


que o nosso País não tem as mesmas características em todas as suas regiões, sa-
ber que lhe permitirá ampliar os próprios horizontes e trará conhecimentos para
pensar em projetos de design em qualquer lugar.

O maior destaque é perceber que o conhecimento teórico e prático das questões


de conforto e clima serão essenciais para a sua atividade prática na profissão.

Assista aos vídeos sugeridos e leia com atenção os itens desenvolvidos nesta Unidade!

“Estude o clima antes de traçar o primeiro rabisco do projeto!” (LAMBERTS;


DUTRA; PEREIRA, 2014).
A Arquitetura deve servir ao homem e ao seu conforto, o que abrange o seu
conforto térmico. O homem tem melhores condições de vida e de saúde
quando seu organismo pode funcionar sem ser submetido a fadiga ou estresse,
inclusive térmico. A Arquitetura, como uma de suas funções, deve oferecer
condições térmicas compatíveis ao conforto térmico humano no interior dos
edifícios, sejam quais forem as condições climáticas externas. (FROTA, 2009)

Considerar conforto para projetos de Arquitetura e Design de Interiores é pen-


sar na qualidade de vida do indivíduo e da edificação. Quando verificamos uma
casa repleta de patologias, marcas de mofos e fungos, tal condição nada mais é
do que o resultado de falta de ventilação, ou de iluminação, ou ainda de umidade
em excesso. Os problemas do edifício são resultados diretos de projetos que não
pensaram de forma adequada nas variáveis de conforto – aspectos que veremos no
decorrer desta Disciplina.

Importante! Importante!

Para entender melhor quais são as questões que resultam em tais problemas devemos
conhecer as variáveis de conforto, daí que em relação às variáveis climáticas necessita-
mos considerar a:
• Temperatura;
• Umidade;
• Velocidade do ar – ventos;
• Radiação solar.

Tais variáveis têm relações diretas com as chuvas, a vegetação, permeabilidade


do solo, topografia, clima e localização. A presença humana e a forma como o
“homem” se relaciona com a natureza podem alterar algumas dessas características.

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Por exemplo, quando optamos por pavimentar todos os acessos e eliminamos a
presença de vegetação, tal como a grama, criamos sérios problemas de drenagem,
ou seja, algumas das enchentes e áreas alagadas que conhecemos são resultados
diretos da ação do homem, da ausência de áreas permeáveis e do descarte de lixo
em ambientes impróprios, de modo que tais fatores ajudam a criar extensões ala-
gadas em momentos de chuvas.
“A qualidade do espaço é medida pela sua temperatura, sua iluminação, seu am-
biente, e o modo pelo qual o espaço é servido de luz, ar e som deve ser incorpora-
do ao conceito de espaço em si (Louis Kahn)”. (VIANNA; GONÇALVES, 2001)

As questões relacionadas às qualidades de habitação dos espaços, especifica-


mente referentes às condições do conforto luminoso, higrotérmico – relativo à
umidade do ar –, acústico e de ventilação natural são fundamentais para uma ativi-
dade que pretende colocar a satisfação do homem como o seu principal objetivo.
Portanto, nesse contexto é importante que destaquemos dois aspectos:
• Adequar a arquitetura e o design de interiores ao clima de um determinado local
significa construir espaços que possibilitem ao homem condições de conforto;
• Cabe ao projeto tanto amenizar as sensações de desconforto impostas por cli-
mas muito rígidos, tais como os de calor, frio ou ventos excessivos; como tam-
bém propiciar ambientes que sejam, no mínimo, tão confortáveis como os espa-
ços ao ar livre em climas amenos.

Importante! Importante!

O conceito de conforto, aplicado neste contexto, pode ser entendido como a avaliação
das exigências humanas, pois tal avaliação está baseada no princípio de que quanto
maior for o esforço de adaptação do indivíduo, maior será a sua sensação de desconforto.

Mas o que seria esse “maior esforço de adaptação”? Do ponto de vista fisiológi-
co, o indivíduo dispõe de sistemas de percepção da luz, do som e calor que, apesar
de complexos, são facilmente compreensíveis.

Quando tratamos de conforto ambiental podemos dividi-lo em quatro principais


objetivos, vejamos:
1. Ventilação: renovação do ar;
2. Acústica: condições de sossego e trabalho, que acontecem com níveis de
ruídos aceitáveis;
3. Iluminação: visibilidade, segurança, orientação;
4. Conforto térmico: temperaturas adequadas.

A seguir entenderemos cada um desses objetivos.

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UNIDADE Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil

Principais Objetivos do Conforto Ambiental


Ventilação: Renovação do Ar
A renovação de ar acontece a partir da ventilação do ambiente; daí que um
espaço com janelas e aberturas adequadas promove maior higiene e melhor con-
forto. Por exemplo, quando entramos em uma sala apenas com uma porta e sem
janelas a sensação de desconforto é imediata, de modo que o mesmo acontecerá
em qualquer ambiente “abafado”.

De outro modo, quando abrimos as janelas e portas, deixando o ar entrar, per-


mitimos que o ambiente se renove e fique saudável. Um exemplo cotidiano no qual
podemos perceber o que isso significa é o ônibus coletivo, afinal, quando entramos
em um veículo dessa natureza e destituído de ar condicionado, em um dia chuvoso
e em horário de pico, percebemos como é desconfortável, além da sensação de
“peso no ar”; ademais, nos momentos em que as portas se abrem e esse ambiente
recebe ar externo ao veículo, automaticamente notamos certa diferença.

Em Síntese Importante!

• A ventilação proporciona a renovação do ar do ambiente, sendo de grande impor-


tância para a higiene em geral e para o conforto térmico de verão em regiões de
clima temperado, quente e úmido;
• A renovação do ar dos ambientes proporciona a dissipação de calor e desconcen-
tração de vapores, fumaça, poeiras e poluentes, podendo também ser operada por
meios mecânicos;
• A ventilação natural é o deslocamento do ar através do edifício, de aberturas, umas
funcionando como entradas e outras como saídas. Assim, as aberturas para ventila-
ção deverão estar dimensionadas e posicionadas de modo a proporcionar um fluxo
de ar adequado ao recinto.

Iluminação: Visibilidade, Segurança, Orientação


O conforto de iluminação é o que nos permite enxergar, dando-nos a sensação
de segurança e proporcionando orientação de maneira correta. Em um local escu-
ro – sem iluminação – perdemos boa parte da capacidade de escolher os caminhos,
além da sensação de insegurança.

Um dos exemplos mais comuns nesse tocante corresponde a algumas das casas
que conhecemos: construídas com as suas vagas de garagem encostadas às janelas
das salas, com o tempo as pessoas resolvem cobrir tais garagens com telhados ou
lajes, deixando as suas salas com iluminação e ventilação naturais significativamente
comprometidas, de modo que essas pessoas precisam recorrer à luz artificial para
melhor enxergar, além de deixar portas abertas para ajudar na ventilação natural.

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Importante! Importante!

Nas localidades onde o clima é predominantemente quente, deve-se evitar que a ra-
diação solar atinja diretamente as construções e, assim, penetre excessivamente nos
ambientes, a fim de se prevenir de ganhos demasiados de calor.

Acústica: Condições de Sossego e Trabalho


O conforto acústico muito interfere nas soluções de projeto das edificações. Tra-
balhar, assistir à televisão, ler, estudar e/ou dormir devem acontecer de preferência
em locais de pouco barulho.
Atualmente, vemos muitos prédios com sacadas e quase todas com fechamentos
de vidro nas varandas. Imagine um espaço desse aberto virado para uma avenida
movimentada? O barulho dos carros de passeio, ônibus e caminhões muitas vezes
impossibilita fazer as atividades cotidianas com sossego.

A solução para o conforto acústico é obstruir as aberturas; no entanto, quando


fechamos as janelas e varandas prejudicamos a ventilação natural, o que nos leva a
soluções de ventilação artificial, tais como ar condicionado e ventilador.
Outro exemplo de fácil percepção corresponde aos aeroportos: seria impossí-
vel um trabalhador da pista exercer as suas atividades sem um protetor auricular,
afinal, a altura do barulho dos aviões, emitido de maneira frequente, é capaz de
resultar em problemas auditivos irreversíveis.
Portanto, quando projetamos um espaço é importante saber para qual finalidade
se destinará, assim como quem o usará para, então, pensar em soluções que con-
sigam trabalhar com todos os tipos de conforto.

Importante! Importante!

• O som é uma onda mecânica longitudinal, que se propaga em meios materiais, e


tem a capacidade de sensibilizar os nossos ouvidos;
• Como toda onda, o som tem entre as suas características uma frequência;
• Por meio de observações experimentais, sabe-se que uma onda mecânica só sensibili-
za o ouvido humano quando a sua frequência está situada na faixa de 16 a 20.000 Hz;
• Esses limites variam de indivíduo para indivíduo – alguns autores consideram essa
faixa iniciando próxima de 20 Hz e terminando em 16.000 Hz.

Conforto Térmico: Temperaturas Adequadas


“De acordo com a Ashrae (Associação Americana de Engenheiros de
Clima, Refrigeração e Ar Condicionado, conforto térmico é um estado
de espírito que reflete a satisfação com o ambiente térmico que envolve a
pessoa”. (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014)

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UNIDADE Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil

Quando mencionamos temperaturas, o uso do material adequado no ambiente é


essencial. Assim, conhecer e respeitar o clima é primordial para que o profissional
desenvolva um bom projeto.
O mesmo projeto de design de interiores não funcionará nas regiões Norte e
Sul. Imagine um projeto na Bahia com sofás de couro, cortinas de veludo e carpete
de lã – tecido! A sensação que terá quando entrar será de total desconforto! Assim,
para regiões quentes os revestimentos devem ser “frios”, ajudando a deixar o am-
biente com sensação térmica mais adequada.

• O conforto térmico tem como principal objetivo evitar temperaturas internas muito eleva-
Explor

das no verão e muito baixas no inverno;


• Equilíbrio da temperatura acontece com a integração dos dados de temperaturas, umida-
de relativa e ventilação, o que resulta nas boas condições de conforto e são consideradas
variáveis ambientais;
• Além das variáveis ambientais, devemos considerar ao conforto térmico as variáveis humanas.

Transcendendo as questões climáticas, algumas variáveis humanas relacionadas


ao metabolismo devem ser consideradas no conforto térmico, vejamos:
• Metabolismo gerado por atividades físicas;
• Resistência térmica oferecida pelas vestimentas.
Para entender como o metabolismo humano está relacionado ao conforto tér-
mico pensemos na seguinte situação: se você colocar uma pedra de gelo no topo
de sua cabeça em um dia de muito calor, depois de um tempo sentirá o seu corpo
refrescar; se você colocar sobre a sua cabeça outra pedra de gelo de mesmo tama-
nho e aspecto em um dia frio, depois de um tempo sentirá ainda mais frio. Ou seja,
nosso metabolismo é um excelente termômetro para entendermos se as questões
de conforto estão ou não adequadas ao ambiente.
Explor

O melhor de Calvin: https://goo.gl/U5Yc89

Organismo Humano e Metabolismo


• Seu organismo é mantido a uma temperatura interna sensivelmente constante;
• Essa temperatura é da ordem de 37 oC – com limites a 36,1 oC e 37,2 oC;
• Inferior a 32 oC e 42 oC superior para a sobrevivência;
• O homem é um animal homeotérmico;
• Temperatura constante independentemente do clima;
• Oxigênio é a queima de calorias e produção de energia – metabolismo;
• Sempre existem trocas térmicas entre o corpo humano e o meio.

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Explor
Homotérmico: energia obtida por meio de fenômenos térmicos.

As exigências humanas de conforto térmico estão relacionadas com o funciona-


mento de seu organismo, cujo mecanismo, complexo, pode ser, grosso modo,
comparado a uma máquina térmica que produz calor segundo sua ativi¬dade. O
homem precisa liberar calor em quantidade suficiente para que sua temperatura
interna se mantenha na ordem de 37 °C – homeotermia. (FROTA, 2009)

As principais alterações fisiológicas reversíveis quanto às exigências do meta-


bolismo do homem são:
• Dilatação das pupilas;
• Hipertensão sanguínea;
• Mudanças gastrointestinais;
• Reação da musculatura do esqueleto.
As alterações de temperatura no nosso organismo são consequências de nossas
atividades físicas, o que também rebate automaticamente no ambiente projetado.
Assim, uma sala de aula de academia será diferente de uma sala de aula teórica,
afinal, o calor gerado pelos exercícios físicos acarretará em muito mais “calor”
interno do que alunos sentados em cadeiras, portanto, na academia a ventilação
deverá ser maior.

Importante! Importante!

• Quanto maior a atividade física, maior será o calor gerado por metabolismo;
• É fundamental que o profissional saiba a que se destina o espaço projetado, de forma a prever
o nível de atividade realizada no seu interior – premissas sobre a sensação de conforto térmico.

O calor gerado pelo metabolismo é calculado pela unidade de medida deno-


minada Equivalente Metabólico da Tarefa (MET). A partir da Figura 2 é possível
observar as diferenças do calor gerado em algumas atividades:

Figura 2
Fonte: UFRGS, 2009

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UNIDADE Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil

Quando estamos em repouso geramos apenas 80 w MET; por sua vez, enquanto faze-
mos uma atividade física geramos dez vezes mais calor – energia –, atingindo 800 w MET.

Outra forma de controlar o conforto térmico do metabolismo é a partir das ves-


timentas. A resistência térmica da roupa tem uma grande importância na sensação
de conforto térmico – a grandeza dessa variável é dada em clo (clothing).

A pele troca calor por condução, convecção e radiação com a roupa, esta que
troca calor com o ar por convecção e com outras superfícies por radiação. Nesse
sentido, a seguinte Figura mostra como a troca de calor entre os corpos acontece:

CONVECÇÃO: Troca de calor entre


dois corpos, sendo um deles sólido e
o outro um fluido (líquido ou gás);

CONDUÇÃO: Troca de calor entre dois corpos


que se tocam ou mesmo partes do corpo
que estejam a temperaturas diferentes;
CONVECÇÃO Ç ÃO
CONDU

IRRADIAÇÃO: Mecanismo de troca de calor


entre dois corpos – que guardam entre si
IRRADIAÇÃO uma distância qulaquer – através de sua
capacidade de emitir e absorver energia térmica.
É a transferência de calor por meio da energia radiante, isto é,
ondas eletromagnéticas que caminham até no vácuo, quando caminha
no ar não produz o aquecimento do ar mas ao chocar-se contra uma
superfície opaca energia radiante transforma-se em calor.

Figura 3

Para entender de maneira mais prática como acontecem essas trocas de calor
entre dois corpos, vamos aos seguintes exemplos:
• Quando vamos em um restaurante por quilo e alguém esquece o talher na tra-
vessa da comida, e não no prato de apoio, o próximo a se servir com certeza
queimará a mão quando encostar no talher – isso é condução de calor;
• Já a convecção é o aquecimento a partir de um sólido e o outro fluido, tal
como colocarmos uma panela de água no fogo;
• A radiação é a troca a partir do calor de um corpo, tal como aquecer as mãos
a partir de uma lareira.

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O calor (energia térmica), sempre que houver desequilíbrio de temperatura, pro-
pagará de um lugar de maior temperatura para outro de temperatura menor. Por
exemplo, quando colocamos uma panela com água no fogo para esquentar, po-
demos observar a propagação de calor de três modos diferentes. Por condução: o
calor do fogo se propaga para a panela que está em contato com ele; este calor se
propaga também por condução para a água, que está em contato com a panela.

Por convecção: a água que está em contato com o fundo da panela se aquece,
sua densidade diminui (fica mais leve) e ela sobe, enquanto a água fria da super-
fície (mais pesada) desce para o fundo. Por irradiação: se tiramos a panela do
fogo e aproximamos a mão de seu fundo, sentiremos um aumento de tempe-
ratura. Quando estamos na luz do Sol também podemos perceber a irradiação
de calor, pois sentimos o calor irradiado do Sol. Como sabemos, entre a Terra
e o Sol não existe matéria (chama-se a ausência de matéria de “vácuo”).

Logo, o calor do Sol não chega até a Terra por condução através de algum
tipo de material. Nem por convecção, pois este tipo de transporte de calor
também exige o transporte de matéria. A este processo de transferência de
calor na ausência de matéria chamamos de “irradiação”.

Em geral, todas as coisas irradiam calor. No entanto, a irradiação de uns é


maior que a de outros, devido ao fato de ter a temperatura mais alta. O calor
em forma de radiação se propaga até encontrar matéria, que poderá absor-
vê-lo. São exemplos o ar aquecido pela luz solar (que é o mais importante dos
fenômenos responsáveis pelas variações de temperatura do meio ambiente) e
a pele aquecida pela radiação do fogo.

Fonte: https://goo.gl/CEPLn8
Explor

Convecção, Condução e Radiação: https://goo.gl/hMFBpc

A escolha de materiais nos projetos deve considerar tais fenômenos nos mate-
riais aplicados, por exemplo, as antigas fibras de vidro utilizadas nas bordas das pis-
cinas inviabilizavam as pessoas se sentarem sobre tais bordas; ou ainda os brinque-
dos de plástico ou metal em parquinhos infantis que, com a constante presença de
raios solares, costumavam queimar as crianças quando das brincadeiras. Ou seja,
entender tais conceitos poderá ser valioso para a escolha de materiais adequados
no projeto de design.

Ademais, na seguinte Figura há mais um exemplo de como as trocas de calor


acontecem considerando o clima e metabolismo:

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UNIDADE Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil

Equilíbrio Técnico - MET - EVAP + COND + CONV + RAV = 0


TROCAS DE CALOR
DO CORPO HUMANO

}
SUOR
RESPIRAÇÃO
TRANSPIRAÇÃO EVAPORAÇÃO
IMPERCEPTÍVEL

RADIAÇÃO
CONVECÇÃO

RADIAÇÃO

Figura 4
Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira, 2014

Climas do Brasil
Clima: advém do grego para inclinação, referindo-se ao ângulo formado pelo eixo de rota-
Explor

ção da Terra e seu plano de translação.

O clima é o estudo médio do tempo para o determinado período ou mês em


uma certa localidade. Também se refere às características da atmosfera inse-
ridas das observações contínuas durante um certo período. O clima abrange
maior número de dados e eventos possíveis das condições de tempo para uma
determinada localidade ou região. Inclui considerações sobre os desvios em
relação às médias, variabilidade climática, condições extremas e frequências de
eventos que ocorrem em determinada condição do tempo.

Fonte: www.inmet.gov.br

O tempo meteorológico é o atual ou a ser previsto pelos meteorologistas, que


se estende no máximo a quinze dias; já o clima é o conjunto de estados do tempo
meteorológico que caracterizam o meio ambiente atmosférico de uma determinada
região ao longo do ano.
Clima, num sentido restrito é geralmente definido como “tempo meteorológico
médio”, ou mais precisamente, como a descrição estatística de quantidades rele-
vantes de mudanças do tempo meteorológico num período de tempo, que vai de
meses a milhões de anos. O período clássico é de 30 anos, definido pela Organi-
zação Mundial de Meteorologia (OMM). Essas quantidades são geralmente varia-

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ções de superfície como temperatura, precipitação e vento. O clima num sentido
mais amplo é o estado, incluindo as descrições estatísticas do sistema global.

Fonte: https://goo.gl/f31Y3p - tradução e grifos nossos

A meteorologia é definida como a Ciência que estuda os fenômenos que ocor-


rem na atmosfera e está relacionada aos estados físico, dinâmico e químico da
atmosfera, as interações entre as quais e a superfície terrestre subjacente.

Pode ser ainda conceituada como um ramo da Física que se ocupa dos fenôme-
nos atmosféricos – meteoros (este aplicado a qualquer fenômeno, diferente de uma
nuvem, que seja observado na atmosfera, ou à superfície terrestre, decorrente da
presença da atmosfera).

Variáveis Climáticas
As classificações de clima dependem de alguns aspectos, por exemplo:
• Meteorologia;
• Flora;
• Fauna.
Assim, quando consideramos o homem como o centro de atenção, os fatores
são os seguintes:
• Radiação solar;
• Temperatura;
• Umidade;
• Ventos.

A radiação solar é uma energia eletromagnética, de onda curta, que atinge a


Terra após ser parcialmente absorvida pela atmosfera. A maior influência da radia-
ção solar é na distribuição da temperatura do Globo. As quantidades de radiação
variam em função da época do ano e da latitude. Esse fenômeno pode ser melhor
elucidado se examinarmos o movimento aparente do Sol em relação à Terra.

Já temperatura é a grandeza que caracteriza o estado térmico de um corpo ou sistema.

Fisicamente, os conceitos dados a quente e frio são um pouco diferentes do que


costumamos usar no nosso cotidiano. Podemos definir como quente um corpo que
tem suas moléculas agitando-se muito, ou seja, com alta energia cinética. Analoga-
mente, um corpo frio é aquele que tem baixa agitação nas suas moléculas.

Ao aumentar a temperatura de um corpo ou sistema, pode-se dizer que se eleva


o estado de agitação de suas moléculas. Assim, ao tirarmos uma garrafa com água
mineral da geladeira ou um bolo do forno, percebemos que após algum tempo,
ambos tendem a chegar à temperatura do ambiente – ou seja, a água “esquenta”
e o bolo “esfria”. Quando dois corpos ou sistemas atingem a mesma temperatura,
dizemos que estão em equilíbrio térmico (fonte: https://goo.gl/oECpLo).

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UNIDADE Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil

A umidade atmosférica é consequência da evaporação das águas e da transpira-


ção das plantas. Corresponde à quantidade de vapor de água que encontramos na
atmosfera. Ademais, a umidade é relativa ao ponto de saturação de vapor de água
na atmosfera, que é de 4%. Quando a atmosfera atinge essa porcentagem, ou se
satura de vapor, ocorrem as chuvas.
Comumente os meios de comunicação dizem que a umidade relativa do ar é, por
exemplo, de 60%; significa que estamos a 60% da capacidade máxima de retenção de
vapor de água na atmosfera. Quando chove, a umidade relativa do ar está em 100%.
Na seguinte Figura a reportagem sintetiza algumas indicações para a baixa umi-
dade relativa do ar:

O QUE FAZER
Entre 12 e 20%
Estado de alerta

ÍNDICE DE UMIDADE Entre 20 e 30% Abaixo de 12%


RELATIVA DO AR Estado de atenção Emergência

Entre 60 e 100% - Nível adequado Abaixo de 60% - Níveis inadequados para a saúde humana

Líquido Casa Cuidados


Beba ao menos dois litros Torne o ambiente mais Use hidratante após o banho
de água por dia e evite úmido. Use uma bacia para evitar que a oele perca
exercícios físicos entre o final da com água, uma toalha molhada água. Umedeça olhos e nariz com
manhã e o fim da tarde. ou um umidificador de ar. soro (0,9%) quantas vezes precisar.

Figura 5
Explor

Baixa umidade relativa do ar: https://goo.gl/2rhKEp

Quando tratamos do clima, conhecer as suas principais características torna o


projeto mais adequado para quem o utilizará. Entrar em um apartamento na praia
com carpete no piso da sala pode ser desagradável; ou colocar os pés descalços em
um piso frio de uma casa no Rio Grande do Sul pode dar uma sensação de frio ain-
da maior; por isso, conhecer as diferenças dos materiais e como se comportam na
edificação e em relação ao nosso metabolismo deve ser essencial ao profissional.
Assim, durante o desenvolvimento desta Disciplina veremos exemplos de Arquite-
tura e de materiais que foram escolhidos considerando o clima local.
Por meio do seguinte mapa é possível verificar os climas do mundo, os quais
divididos em quentes – na faixa central do mapa –; frios – encontrados mais nas
extremidades –; temperados – localizados entre os climas quentes e frios –; e de
altitude – em alguns pontos isolados.
Explor

Mapa: https://goo.gl/TwHa2c

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Em Síntese Importante!

As variáveis relacionadas ao clima são as seguintes:


• Radiação solar direta e difusa;
• Ventos: direção, velocidade e frequência;
• Umidade relativa;
• Pluviosidade;
• Altitude – distância na vertical (altura em relação ao nível do mar);
• Latitude – aumenta conforme nos deslocamos do Equador terrestre para um de
seus polos;
• Acidentes geográficos;
• Vegetação.

Agora veremos os climas do Brasil!

Figura 6
Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira, 2014

Figura 6
Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira, 2014

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UNIDADE Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil

As principais características do clima de cada uma dessas regiões são as seguintes:


• Tropical: o verão é quente e chuvoso e o inverno, quente e seco. Apresenta
temperaturas médias acima de 20 oC e amplitude térmica anual de até 7 oC.
As chuvas oscilam entre 1.000 mm/ano e 1.500 mm/ano;
• Equatorial: compreende toda a Amazônia e possui temperaturas médias entre
24 oC e 26 oC, com amplitude térmica anual de até 3 oC. Nessa região a chuva
é abundante e bem distribuída – comumente maior que 2.500 mm/ano;
• Semiárido: é a região climática mais seca do País, caracterizada por tempera-
turas médias muito altas – em torno de 27 oC. As chuvas são muito escassas
– menos de 800 mm/ano – e a amplitude térmica anual é baixíssima – por
volta de 5 oC;
• Subtropical: neste tipo climático, as temperaturas médias se situam, normal-
mente, abaixo dos 20 oC e a amplitude anual varia de 9 oC a 13 oC. As chuvas
são fartas e bem distribuídas – entre 1.500 mm/ano e 2.000 mm/ano. O
inverno é rigoroso nas áreas mais elevadas, onde pode ocorrer neve;
• Tropical atlântico: este tipo de clima é característico das regiões litorâneas do
Brasil, onde as temperaturas médias variam entre 18 oC e 26 oC. As chuvas
são abundantes – 1.200 mm/ano –, concentrando-se no verão para as regiões
mais ao Sul e no inverno e outono para as regiões de latitudes mais baixas –
próximas à linha do equador. A amplitude térmica varia de região para região.
Mais ao Norte, a semelhança entre as estações de inverno e verão – diferen-
ciadas apenas pela presença da chuva, mais constante no inverno – resulta em
baixas amplitudes térmicas ao longo do ano. Conforme a latitude aumenta,
cresce também a amplitude térmica anual, diferenciando bem as estações;
• Tropical de altitude: neste clima as temperaturas médias se situam na faixa
de 18 oC a 22 oC. No verão, as chuvas são as mais intensas – entre 1.000
mm/ano e 1.800 mm/ano – e no inverno pode gear devido às massas frias
que se originam da massa polar atlântica. O clima tropical de altitude se esten-
de entre o Norte do Paraná e o Sul do Mato Grosso do Sul, nas regiões mais
altas do planalto atlântico (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014).

A próxima Figura também ilustra a divisão dos climas brasileiros e algumas das
principais características:
Explor

Divisão dos climas brasileiros: https://goo.gl/kmpq9q

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Você Sabia? Importante!

Que em alguns lugares do Brasil, os projetos dos edifícios devem ser pensados para di-
ferentes climas durante o ano? O edifício deve ser adequado para períodos de cheia e
seca – as seguintes figuras mostram tais diferenças:

Figuras 7 e 8 - estas fotos mostram o ano de 2011 na seca – em 10 de janeiro –


e cheia – em 11 de julho –, com as transformações climáticas e paisagísticas
de nossa região às margens do rio Solimões
Fonte: Acervo do Conteudista

Em Síntese Importante!

Conhecer os climas e as variáveis de conforto permitirão ao profissional as melhores es-


colhas de materiais, aberturas, revestimentos e acabamentos de projeto. Indicar para
um cliente um material inadequado ao clima e uso do ambiente resultará negativamen-
te ao profissional, portanto, pesquisar as principais características do local e o uso do
edifício deve ser o primeiro passo para o projeto!

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UNIDADE Introdução aos Conceitos e Climas do Brasil

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Vídeos
7 documentários essenciais sobre mudanças climáticas
https://goo.gl/X85E5c
Tipos de clima
https://youtu.be/zdbvdqrULJM

 Leitura
Sustentabilidade e Conforto Ambiental em Edificações
https://goo.gl/8KHgPc
Projetando Conforto Termo-Acústico
https://goo.gl/LziYwt
Soluções Arquitetônicas Ampliam a Sensação de Conforto Térmico
https://goo.gl/CUn3km

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Referências
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