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Conforto Ambiental:

Acústica
Material Teórico
Conceitos Físicos do Som

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Vanderlei Rotelli

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Natalia Conti
Conceitos Físicos do Som

• Conceitos Físicos do Som.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Conhecer os conceitos de conforto ambiental e conceitos físicos do som.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Conceitos Físicos do Som

Conceitos Físicos do Som


Nesta disciplina vamos estudar as principais características físicas do som, além
de entender como nossos projetos de urbanismo e de arquitetura são afetados por
este item, e, principalmente, como podemos tratar este incômodo.
Podemos entender o Conforto Ambiental como um estado de satisfação de uma
pessoa em um determinado local, ou seja, uma pessoa está confortável em um am-
biente quando todos os estímulos que proveem deste ambiente deixam-na em um
estado de tranquilidade e calma. Resumidamente, podemos dizer que uma pessoa
está confortável em relação a um fenômeno quando pode observá-lo ou senti-lo,
sem incômodo ou preocupação.
Como você já sabe, estar confortável em um local vai além do que apenas a
acústica, ou seja, depende do conforto térmico, do conforto luminoso, do conforto
ergonômico, entre outros fatores. Além disso, existe um fator psicológico, que é
difícil de ser quantificado, por ser pessoal, isto é, se você gosta do estilo de música
que está tocando no rádio, você está aproveitando o fenômeno de maneira plena
e sem desconforto, enquanto que, se você não gosta do estilo de música, você não
está aproveitando o fenômeno, independentemente do volume do som, e da quali-
dade dos aparelhos que estão sendo utilizados.

De qualquer maneira, a redução das interferências e dos ruídos é um pré-requi-


sito para o conforto acústico, e vamos estudar como isso pode ser medido e como
podemos resolver estes problemas. Vamos começar?

A primeira coisa que vamos estudar são as características físicas do som, pois é
preciso entender como o som funciona, para entender como as formas de absorção
e vedação vão trabalhar.

A nossa primeira pergunta deve ser: “O que é o som?”

E teremos várias respostas para esta pergunta, de acordo com a fonte na qual
você for pesquisar, isto é, se você procurar uma resposta na Física, você terá que “o
som é uma forma de energia vibratória que se propaga em um meio”; a psicologia
dirá que “o som é uma sensação inerente a cada indivíduo”; ou seja, cada ciência nos
dará uma resposta para esta pergunta, mas o que precisamos entender para nosso
uso é mais simples e direto, ou seja, como vamos deixar o indivíduo confortável com
relação ao fenômeno acústico, independentemente da definição que vamos assumir.

Fisiologicamente, percebemos o som pela vibração das moléculas de ar que


estão suspensa no ambiente; o som parte de uma fonte sonora, que inicia o mo-
vimento destas partículas; conforme as partículas mais próximas da fonte vão se
movendo, elas vão atingindo outras partículas, que também se movem, e desta ma-
neira, o som vai se propagando. Quanto mais distante da fonte sonora a partícula
estiver, menor será a força com a qual ela será atingida e se moverá.

O som pode ser percebido entre ambientes, por menor que seja a vibração;
como o som se propaga pela vibração das moléculas, quando estas moléculas se

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chocam contra uma parede, por exemplo, elas farão com que esta parede vibre,
transmitindo, desta maneira, o som para cômodos contíguos. Quanto mais fina for
uma parede, mais ela irá vibrar, e mais som será transmitido.

O som também pode ser definido como uma diferença de pressão, ou seja, a
pressão atmosférica é constante e estática; quando eu falo ou faço algum barulho,
estou interferindo na pressão, causando um abalo que será sentido pelas outras
pessoas como um som; dependendo da pressão sonora envolvida, este abalo na
pressão pode ser sentido fisicamente, pelo deslocamento do ar, além do barulho,
como por exemplo, em uma explosão.

Vamos começar entendendo alguns conceitos importantes para entender o com-


portamento do som, e como podemos tratá-lo.

O mais importante é saber que o som é uma onda, e se propaga de maneira


tridimensional, ou seja, a partir de um emissor o som irá se propagar em todas as
direções. Além disto, como qualquer tipo de onda, o som precisa de um meio físico
para se propagar, isto é, o som só se propaga se houver um material no qual ele
vá se espalhar.

Vamos estudar alguns parâmetros desta onda, que a caracterizam e que nos
permitem a quantificação do som.

Vamos começar entendendo o que é o “Período”. Como você já imagina, o pe-


ríodo de uma onda tem relação direta com o tempo. O período de uma onda é o
tempo de duração de um ciclo.

Vibração
Período
T Amplitude

A Tempo

Posição de Equilíbrio
Figura 1 – Período

É possível ver na figura 1 que o período é o tempo que a onda precisa para
completar um ciclo completo, ou seja, para sair do estado de repouso e atingir a
sua menor e a sua maior amplitude, e retornar ao ponto de repouso. Este período
pode ter uma variação praticamente infinita de tempo; é claro que quando falamos
em som, estes tempos são bastante pequenos.

O próximo parâmetro de uma onda que devemos entender é a “Frequência”.


A frequência de uma onda pode ser entendida como o número de ciclos que uma
onda faz em um determinado período.

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UNIDADE Conceitos Físicos do Som

O físico que definiu este tipo de medição foi Heinrich Rudolf Hertz, que definiu
que a frequência é o numero de ciclos em um segundo; esta medida, em homena-
gem ao físico alemão, é conhecida como Hertz.

Figura 2 – Frequência
Na figura 2, podemos ver que em um período de tempo de 1 segundo a onda
percorre dois ciclos completos, o que significa que esta onde tem uma frequência
de 2 Hertz, ou 2 Hz.
É fácil entender estes parâmetros, certo? E estes dois conceitos juntos se expli-
cam, isto é, como já vimos, a onda que está representada na figura 2 tem uma fre-
quência de 2 Hz; desse modo qual seria o período desta mesma onda? Isto mesmo!
0,5 segundo, ou que significa dizer que em um período de 0,5 segundo ela faz um
ciclo completo. Agora tenho a certeza que estes parâmetros ficaram mais claros.

Apenas como curiosidade, pois estudaremos isto adiante, as menores frequências


com as quais trabalhamos em acústica são de 250 Hz.

Um outro parâmetro que utilizamos para definir as ondas sonoras é a “Ampli-


tude”. Podemos definir a amplitude de onda como a distância entre o ponto de
equilíbrio da onda e o seu pico ou o seu vale.
Como falamos em distância, a medida de unidade da amplitude de onda pode ser o
metro, o centímetro ou ainda o milímetro. Também podem ser utilizadas outras medi-
das, como o Pascal, mas para nossos trabalhos, utilizaremos o metro ou suas divisões.

x /cm A= 0,012 cm
0.012

0.04
Altura

0
-0.04 t (s)
-0.012
0.4 0.8 1.2 1.6 2.0 2.4 2.8
Figura 3 – Amplitude

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Na figura 3 é possível ver que a amplitude da onda que está representada na
figura é 0,012cm; lembre-se que a amplitude vai do repouso até o pico da onda.
Isto é simples, certo?

Apenas para fixar os conceitos que vimos, qual é o período da onda representa-
da na figura 3? Isso mesmo! Esta onda tem um período de 2 segundos, ou seja, a
onda faz um ciclo completo em 2 segundos.

E qual seria a frequência desta mesma onda? Esta é um pouco mais difícil, certo?
Mas como sabemos que a frequência é medida em segundos, podemos verificar
que a frequência desta onda é de ½ Hz, ou seja, em um segundo, a onda consegue
fazer metade de um ciclo. Está ficando mais simples, não é?

O próximo parâmetro a ser estudado é o “Comprimento de Onda”. Como na ca-


racterística anterior, o comprimento é dado em metros, centímetros ou milímetros,
pois é uma medida de distância.

Esta distância é medida entre características iguais da onda, isto é, a distância é


medida entre o momento de repouso, ou o pico, ou o vale; o comprimento de onda
dá a distância entre pontos iguais.

P (Pa) = 10 m
30
Pressão

0
x (m)
-30
2 4 6 8 10 12 14

Figura 4 – Comprimento de onda

Você deve ter reparado na imagem que existe uma letra grega, o λ (lambda).
Este é o símbolo utilizado para indicar o comprimento de onda. Na figura 4
podemos ver que o comprimento de onda é de 10m, ou seja, a distância entre
pontos iguais desta onda é de 10m. Também é possível perceber que não temos
a presença do tempo neste gráfico, então não podemos calcular o período e a
frequência das ondas.

Outro parâmetro que existe para todas as ondas, e, também para as ondas sono-
ras, é a “Velocidade”. A velocidade, obviamente, é uma medida da rapidez com que
a onda se propaga em algum meio. A velocidade, como você certamente já sabe,
é representada pela letra “v”.

A velocidade de propagação (v) é a divisão da distância percorrida pela onda,


pelo tempo necessário para percorrer esta distância. Como estamos falando em
uma distância dividida por um tempo, a unidade de medida da velocidade de pro-
pagação vai ser dada em metros por segundo (m/s).

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UNIDADE Conceitos Físicos do Som

Você já deve ter percebido que a velocidade de onda é uma relação entre o
comprimento de onda (λ) e o período, ou seja, a velocidade de onda é a divisão do
comprimento de onda pelo período.

Figura 5 – Velocidade de Propagação da Onda

No caso do som, quanto mais denso o meio onde a onda está se propagando,
mais rápida é esta velocidade. Isto significa que o som se propaga mais rápido na
água do que no ar, por exemplo. Para que se tenha uma ideia, consideramos que a
velocidade do som no ar é de 340 m/s.

Tabela 1 – Velocidade do som em diferentes meios


SÓLIDOS
Vidro (20º C) 5130 m/s
Alumínio (20º C) 5100 m/s
LÍQUIDOS
Glicerina (25º C) 1904 m/s
Água do Mar (25º C) 1533 m/s
Água (25º C) 1493 m/s
Mercúrio (25º C) 1450 m/s
GASES
Hidrogênio (0º C) 1286 m/s
Hélio (0º C) 972 m/s
Ar (20º C) 343 m/s
Ar (0º C) 330 m/s
Fonte: Adaptado de http://bit.ly/2M2QOeN

Para nós, arquitetos, pensando no conforto acústico de nossos clientes, o som se


propagar mais rapidamente no concreto do que no ar, por exemplo, pode ser um
problema muito grave, e difícil de ser resolvido. E porque você acha que isto pode

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ser um problema? Exatamente! Como o som se propaga mais rápido em meios
mais densos, ele também é mais difícil de ser absorvido pelos materiais isolantes.

Você Sabia? Importante!

Conhecendo a velocidade do som no ar, é possível calcular a distância que um raio caiu,
contando-se os segundos que o som leva para chegar. Quando você vir o clarão de um
raio, comece a contar os segundos. Se o som demorar, por exemplo três segundos para
chegar, é sinal que o raio caiu a aproximadamente 1 Km.

Já que estamos falando sobre a velocidade de propagação do som, tenho a cer-


teza de que você já assistiu a algum filme da série “Guerra nas estrelas”, ou algum
outro filme de ficção cientifica. Você deve ter percebido que a maior parte destes
filmes tem varias cenas de ação, com explosões, raios disparando e naves voando
para todos os lados. Outra coisa presente na maior parte destes filmes é o som
das explosões, das armas e das naves. Você acha que estas cenas aconteceriam de
verdade, caso não tivéssemos a tecnologia, isto é, as batalhas seriam tão barulhen-
tas? Isso mesmo, é claro que não ouviríamos nenhum som, porque o som precisa
de um meio para se deslocar, e no espaço temos o vácuo, o que quer dizer que
não existe nenhum meio físico que permitiria o deslocamento do som. Esta é uma
liberdade que os cineastas tomam, para que os filmes fiquem mais emocionantes,
apenas isso.

Vamos agora estudar algumas qualidades fisiológicas do som, que tem a ver com
a nossa audição e a nossa percepção do som.

A primeira característica sonora que vamos estudar é a “Intensidade Sonora”.


A intensidade sonora tem relação direta com a quantidade de energia transportada
pela onda sonora.

A intensidade sonora é o que chamamos, normalmente, de volume do som.


Quando uma pessoa pede para que aumentemos o volume do rádio ou da televi-
são, ela está pedindo para que aumentemos a intensidade sonora, ou seja, a quan-
tidade de energia que aquela onda sonora está transportando.

A intensidade sonora é medida em decibéis, que é uma divisão de 1 bel; esta


escala é relativa, isto é, não tem dimensão; e logarítmica, ou seja, 2dB não são o
dobro de 1dB, já que a escala aumenta de forma logarítmica.

0 dB é o limiar da audição, ou seja, o som mais baixo que o ser humano con-
segue ouvir, enquanto que 120 dB é o limiar da dor, causando a surdez com uma
exposição muito curta; o decibel será usado em nossos cálculos acústicos.

Existe uma lei da física que nos ajuda a entender como a intensidade sonora
diminui com a distância. É a lei do inverso do quadrado da distância.

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UNIDADE Conceitos Físicos do Som

I
I 9
Potência da fonte 4 A
S I A
A
A A
A A
A A
A A
A
A
r A
2r
3r

Figura 6 – Lei do inverso do quadrado da distância


Na figura 6 podemos entender como o som perde sua potencia conforme vai se
distanciando da fonte. Na figura, se você tem uma distancia “r”, o som atinge uma
área “A”; se dobrarmos a distância para “2r”, a área atingida pelo som quadruplica,
ou seja, a intensidade sonora é inversamente proporcional ao quadrado da distância.
Na pratica isto significa que se da fonte sonora estiver saindo uma intensidade
de som igual a “X”, no ponto “r”, localizado a 1m de distância da fonte, estará che-
gando a mesma quantidade de som “X”.
No ponto 2r, localizado a 2m de distancia da fonte, a intensidade de som que
estará chegando é de “X/4”, ou seja, apenas ¼ do som que sai da fonte original.
No ponto “3r”, que está localizado a 3m de distancia da fonte original, a intensi-
dade de som que estará chegando será de “X/9”, nove vezes menos do que o som
que saiu da fonte.
Isto pode ser um grande problema para um show, por exemplo, pois as pessoas
mais pertos das caixas acústicas ouvirão uma quantidade ensurdecedora de som,
para garantir que as pessoas mais distantes dos palcos e das caixas acústicas con-
sigam ouvir algum som.
Você consegue perceber como isto vai influenciar diretamente nossos projetos de
auditórios e teatros? Onde colocar as caixas acústicas, de tal forma a garantir que
todos os presentes ouçam a mesma quantidade de som? Acertar este cálculo e este
posicionamento é um grande desafio para os especialistas em som arquitetônico.

Figura 7 – Posicionamento das caixas acústicas


Fonte: somaovivo.org

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Na figura 7, temos um grupo de caixas acústicas na posição “ST1”. Esta é a po-
sição mais tradicional de uso destas peças, no palco, próximo aos músicos, ou no
púlpito, próximo ao pastor ou ao padre, se pensarmos em um local de culto. Nesta
posição, podemos ter a certeza de que se o ouvinte “ov1” estiver ouvindo conforta-
velmente, o ouvinte “ov2”, mais distante do palco, ou do púlpito, não estará ouvindo
praticamente nada, enquanto que se o ouvinte “ov2” estiver ouvindo confortavelmen-
te, certamente o ouvinte “ov1” estará com uma intensidade sonora ensurdecedora.
Já a posição do conjunto de caixas acústicas indicado na posição “ST2”, no alto
do palco, vai diminuir a diferença entre as distâncias que o som deve percorrer en-
tre os ouvintes “ov1” e “ov2”, o que quer dizer que a diferença entre a intensidade
sonora ouvida pelos dois ouvintes será menor.
Esta é uma das formas de resolver este problema; você consegue pensar em
alguma outra maneira de resolvermos este problema? Isso mesmo! Podemos ter
um conjunto de caixas acústicas, com menor potência, na parte dos fundos da sala.
Podemos ainda, colocar os alto falantes pendurados no centro da sala. Você perce-
be como existem saídas, o que precisamos é entender a física do som, e em como
podemos resolver os problemas de nosso cliente.
Explor

Escala de Decibéis, disponível em: http://bit.ly/2GFWnLQ

No link acima mostra a escala de decibéis; é possível notar que sons com até
cerca de 50 dB são considerados repousantes, já que não incomodam. A partir dis-
to, os sons começam a incomodar, fatigar, e chegam a ser perigosos ou dolorosos.
É importante que o arquiteto conheça esta escala por vários motivos, como por
exemplo, escolher o melhor caixilho para a vedação de uma janela, em função do
local onde o imóvel está sendo construído. Locais mais barulhentos vão pedir es-
quadrias com mais poder de vedação e isolamento acústico.
Caso o profissional esteja fazendo uma reforma de um imóvel que vai mudar de
uso, se transformando em uma indústria, por exemplo, é preciso que se pense em
fazer um tratamento acústico, diminuindo o stress tanto dos funcionários, como dos
moradores do entorno.
Você já deve ter percebido que nem sempre isto é feito, já que todos conhe-
cemos casos de alterações que resultaram em pioras na vizinhança, mas temos a
obrigação de não cometer estes erros.
A segunda característica do som que vamos estudar é o “Timbre”. É esta a ca-
racterística que nos permite diferenciar as fontes sonoras; aliás, esta é uma caracte-
rística da fonte sonora, e não do som.
Você já deve ter ouvido falar em instrumentos que tem uma afinação diferente
dos outros, certo? Isto acontece com frequência em uma orquestra, onde um violi-
no, por exemplo, pode ter uma afinação diferente de outro violino.
É o timbre que nos permite reconhecer a diferença entre violinos com diferentes
afinações; é o timbre que faz com que o maestro reconheça um instrumento fora

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UNIDADE Conceitos Físicos do Som

do tom em meio a uma orquestra com dezenas de instrumentos, ou um condutor


perceba uma voz desafinada em um coral com dezenas de outras vozes.
O timbre nos permite distinguir sons que tenham a mesma intensidade e a mes-
ma frequência, identificando a fonte sonora, como faz um maestro ou um condutor,
que tem o ouvido treinado para esta função.
Explor

Comparação entre timbres, disponível em: http://bit.ly/2GFXawi

No link acima é possível ver que o timbre tem uma relação direta com a forma da
onda, pois muitas vezes a amplitude e a frequência são as mesmas, mas o formato
da onda nos permite perceber as diferenças.
A terceira característica que vamos estudar é a “Altura do Som”. Altura do som
não tem a ver com a intensidade e o “volume” do som. Esta “Altura” à qual esta-
mos nos referindo tem a ver com a classificação do som em “Graves”, “Médios” e
“Agudos”, e não com a frase usual que diz que “o som está alto” quando o volume
de som é muito grande. É importante que você entenda esta diferença.
Esta “Altura sonora” está relacionada com a frequência sonora, com o número
de ciclos por segundo, ou Hertz, e está muito associado à musica, mas é importan-
te para a acústica além disto.
Sons
Ultra-som
Infra-som

Agudos
Médios
Graves

0 20 400 1600 20000 f (Hz)

Figura 8 – Altura ou frequência sonora


A altura do som está relacionada diretamente com a frequência, como é possível
ver na figura 8; quanto menor a frequência, mais grave, ou grosso o som; quanto
maior a frequência, mais agudo ou mais fino.
Comprimento de onda

Grave
Amplitude

Comprimento de onda
Amplitude

Agudo

Figura 9 – Comparação entre ondas graves e agudas

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Outra característica importante do som é a “inteligibilidade”, ou seja, o grau de
compreensão do que está sendo dito. Em arquitetura este é um conceito fundamen-
tal! Você já pensou se em um projeto de auditório ou de teatro, as pessoas não
conseguirem entender o que está sendo falado?
Em termos de acústica arquitetônica este é uma das caraterísticas mais impor-
tantes, já que vai garantir a eficiência acústica do espaço. De nada vai adiantar que
seu projeto atenda a todas as normas, esteja esteticamente agradável, seja acessível,
sustentável, ou qualquer outro parâmetro que você quiser adotar, se as pessoas não
puderem se comunicar, ou mesmo permanecer no espaço.
Vamos estudar agora, como as ondas sonoras se compartam no espaço, para
conseguir entender como podemos fazer o tratamento, tanto de ambientes fecha-
dos, como de ambientes abertos.
Como já foi dito, uma onda sonora parte de um emissor. Esta onda tende a se
propagar de maneira esférica, em todas as direções, caso não haja nenhum obstá-
culo, como é possível ver na figura 10.

Figura 10 – Propagação da onda sonora


Quando estas ondas encontram uma superfície lisa e dura elas irão se refletir, como
é possível ver na figura 11. As linhas vermelhas representam as ondas que são refleti-
das. É necessário que o bloqueio seja feito por uma superfície dura; caso a superfície
não seja resistente, a superfície vai transmitir a vibração para a parte posterior.
Quando a onda sonora atinge uma superfície dura e lisa já sabemos o que acon-
tece, mas e se a superfície tiver uma abertura, o que vai acontecer? Veja a figura, e
tente entender como isso funciona.

Figura 11 – Reflexão Figura 12 – Difração

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UNIDADE Conceitos Físicos do Som

Desta maneira fica mais fácil de entender, certo? O que ocorre com esta aber-
tura é o efeito da difração, que está representada na imagem pelas ondas na cor
magenta, isto é, as ondas sonoras passam pela abertura e continuam com apenas
uma perda de potência sonora.

Eu sei que a maior parte destes conceitos já são conhecidos, pois são componen-
tes da Física que estudamos no Ensino Médio, mas sempre é interessante relembrar
algumas coisas antes de seguirmos em frente.

Vamos em breve estudar o comportamento do som nos ambientes urbanos e


nos ambientes construídos, e as definições que estudamos vão ajudar a entender o
que acontece nestes locais e como podemos fazer para resolver os problemas que
irão surgir com o excesso de barulho.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Propriedades do som - Atura, intensidade, timbre
Vídeo sobre as características do som.
https://youtu.be/pWqAtp1baqE
Ondas Sonoras - Brasil Escola
Vídeo sobre parâmetros da onda sonora.
https://youtu.be/kR5FSlOPrhI

Leitura
Novas tecnologias no estudo de ondas sonoras
Artigo sobre características do som.
http://bit.ly/2Kv9Gjj
Parâmetros acústicos subjetivos: critérios para avaliação da qualidade acústica de salas de música
Tese sobre características de salas de música.
http://bit.ly/2Kx0AT3

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Referências
BISTAFA, S. R. Acústica aplicada ao controle de ruído. Ed. Blucher, São Paulo.
1ª ed. 2018.

SOUZA, L. C. L; ALMEIDA M. G. & BRAGANÇA, L. Be-a-bá da acústica ar-


quitetônica: ouvindo a arquitetura. Ed. UFSCAR, São Carlos, 1ª ed. 2006.

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