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UNILA

PROJETO DE NIEMEYER

RELATÓRIO III
D I S C I P L I N A : C A N T E I R O I I
D I S C E N T E S : L U C I E S C H R E I N E R
E E R N E S T O L E O N A R D O
D I C E N T E S : : T H A Í S A L I N E S O A R E S E
T H I A G O L O P E S F E R R E I R A
CONTEXTUALIZAÇÃO
A obra visitada se trata da construção do Campus Niemeyer, futuros estabelecimentos da
Universidade federal da América Latina. Esta localizada em Foz do Iguaçu na Avenida
Tancredo Neves. Esta inserida no zoneamento ZFI, zona funcional da ITAIPU. A visita técnica
teve como objetivo analisar o sistema construtivo das áreas visitadas, identificando o uso de
cada espaço e os materiais utilizados. O relatório apresenta uma análise das observações feitas
durante a visita a partir das Falas do Engenheiro João.
LOCALIZAÇÃO

Fonte: Google Earth

Fonte: https://portal.unila.edu.br/

O projeto de Niemeyer, prevê a construção de nove prédios em uma área total edificada
equivalente a 155 mil metros quadrados. Os prédios abrigarão as seguintes instalações da
universidade: Aulas e diretório: 34.671,72 m², Restaurante: 9.352,22 m², Biblioteca: 12.854,7 m²,
Teatro: 12.713,57 m², Laboratórios: 37.023,20 m², Recepção: 2.612,50 m², Passarela/Marquise:
7.782,57 m², Edifício Central: 27.926,02 m², Central e Galeria de Utilidades: 8.441,85 m², Sala
do Conselho e acesso: 701,26 m², Central de GLP e Diesel: 380,56 m²
O início formal do processo de construção do novo campus da UNILA deu-se no dia 14 de
dezembro de 2010. As obras da primeira etapa do campus foram iniciadas no dia 6 de julho
de 2011. Em 18 de julho de 2011, começaram a limpar a área do novo campus, com
desflorestamento e terraplanagem. E foram paralisadas com 41,58% do previsto para a etapa
inicial do projeto, que inclui o prédio de aulas, edifício central, restaurante universitário e
central de serviços, totalizando 80 mil metros quadrados de construção. Fato visível durante
a visita,
O Campus teve suas obras Conjunto de prédios previstos no projeto
interrompidas em 2014, há 10 anos
atrás. O itinerário da visita incluiu o
prédio administrativo, o prédio das
sala de aula o RU e a Central Única
de Utilidades (CUT), O
investimento previsto para a
retomada é de cerca de 750
milhões de reais As obras terão
entregas escalonadas em fases ao
Fonte: https://portal.unila.edu.br/
longo dos próximos três anos
SISTEMAS ESTRUTURAIS ENCONTRADOS, COM SUAS DESCRIÇÕES E
PARTICULARIDADES
PRÉDIO CENTRAL
O sistema construtivo do prédio Central, que abrigará a a
parte administrativa, a reitoria, a procuradoria e as salas
de professores, é baseado em uma estrutura de concreto
com pilares, vigas e lajes nervuradas. Observa-se o uso de
vigas protendidas, o que proporciona maior eficiência
estrutural, com as vigas tendo entre 50 e 60cm de largura.
A fundação foi executada utilizando blocos de concreto
sobre a própria rocha. Escavou-se até a rocha, que está
relativamente baixa, com cerca de 6 metros de
profundidade, limpando-se a camada de basalto
deteriorado e posteriormente construindo-se os blocos de
concreto. No prédio da Administração, a fundação foi
relativamente barata.
Já no prédio das salas aulas, foi necessário utilizar estaca
raiz, ou seja, com uma broca, perfurou-se a rocha até
atingir a resistência desejada, retirando-se então a rocha e
concretando-se para cima. Essa mudança no sistema de
fundação ocorreu devido à detecção de fissuras na rocha.
uma clivagem na rocha, o que exigiu ajustes no sistema
de fundação.
Fonte: Autores
Esse problema foi o mesmo que ocorreu na construção da Usina de Itaipu anos atrás. No
entanto, resolveu-se da mesma forma que em Itaipu. Esse fato encareceu mais a obra e
atrasado também.
As edificações estão assentadas sobre rocha basáltica e há presença do lençol freático, o que
resulta em pontos de água vertendo em alguns locais da obra, principalmente no prédio da
CUT.
Inicialmente, no prédio Central, estava previsto um bloco central que faria o
contraventamento e seria a caixa de elevadores, além de blocos adicionais nas laterais para
suportar a construção, uma parede de concreto para aumentar a rigidez do prédio contra o
vento, caso tivesse 23 andares. No entanto, como será reduzido para 18 andares, isso se
tornou desnecessário. Atualmente, o prédio está em 13 andares, com mais 5 a serem
construídos, cada um com aproximadamente 1800 metros quadrados de área por
pavimento. A sustentação do prédio é feita pelos grandes pilares e pela caixa de elevadores,
com um grande radier abaixo. Os pilares diminuem de carga nos últimos andares. Sempre é
utilizado o mesmo concreto CK40.
No prédio Central tem laje nervurada com viga protendida, No prédio das salas de Aula
também tem, o Ru um é um pouco diferente, tem laje maciça com todo sistema de
protensão nas vigas e na própria laje.
Assim, cada obra apresenta um sistema construtivo um pouco diferente, de acordo com a
estrutura, a altura, o efeito do vento e a necessidade de redução de custos.
Após 10 anos de paralisação, a obra recebeu autorização para prosseguir em 2024, porém,
algumas mudanças foram necessárias, como a redução do número de andares, por exemplo.
Como a obra foi licitada sem projeto executivo, isso prejudicou um pouco a sequência dos
trabalhos.
No momento, são necessários aditivos e algumas alterações. No entanto, outros elementos,
como o guarda-corpo de vidro, serão mantidos conforme previsto no projeto original, que
conta com o selo de Oscar Niemeyer e possivelmente será tombado no futuro.
Todo o prédio apresenta o mesmo sistema construtivo, com capitéis nas cabeças dos pilares,
uma viga pequena que conecta duas vigas maiores, servindo para evitar a pulsão na laje. A
estrutura é altamente reforçada.
Na época, havia uma concreteira no local da obra que produzia 800 metros cúbicos,
totalizando aproximadamente 20 mil metros cúbicos por mês. O concreto utilizado para a
estrutura tem a mesma resistência em todos os prédios, sendo de 40 MPA, o mais resistente.
Nas galerias, o concreto era adicionado impermeabilizante.
Quanto à cura do concreto da laje, não é necessário esperar muito, em questão de um dia já
é possível continuar trabalhando. Apenas na protensão é necessário esperar mais tempo pela
cura do concreto, pois precisa atingir uma determinada resistência para conseguir tracionar
os cabos adequadamente. Vários ensaios são realizados para verificar se a peça concretada
adquiriu a resistência necessária para a protensão. Há junta fria, onde um pilar é colado no
outro. Para fazer a laje nervurada, foi adquirido um jogo de formas para replicação. As
armaduras foram protegidas com uma calda de cimento e água para garantir sua
durabilidade, podendo durar mais de 10 ou 20 anos sem apresentar problemas. Em janeiro
de 2017, foram realizadas obras de proteção das estruturas do campus, como a instalação de
complementos de estruturas em concreto armado, finalização do subsolo do edifício central,
serviços de terraplanagem e drenagem geral com o objetivo de evitar a deterioração do que
já está construído.
O projeto estrutural da obra foi assinado por José Carlos Sussekind e está pronto, sem
necessidade de alterações. Porém, as instalações estão ultrapassadas e precisam ser
repensadas. O projeto não inclui placas fotovoltaicas e o sistema de esgoto é a vácuo.
Anteriormente, o ar condicionado era pra ser resfriado com ar gelado, funcionando como
uma grande geladeira que circulava água gelada para alimentar todos os prédios, um
sistema extremamente caro de manter. Por isso, há muitas modificações a serem feitas.
As fachadas inicialmente continuarão de vidro, porém agora com diferentes espessuras na
face norte e sul, aproveitando avanços tecnológicos nos vidros.
Durante a obra, trabalhavam de 700 a 800 pessoas, não apenas nos prédios, mas também
em setores como drenagem e elétrica. Um dos maiores desafios de gestão era com os presos
que trabalhavam na obra, muitas vezes sumindo para dormir escondidos no mato.

Vigas, pilar e laje nervurada

Caixa de elevadores

Fonte: Autores
PRÉDIO DESTINADO A SALA DE AULA
Vista externa
No prédio destinado a salas de aulas, haverá uma entrada
que dará acesso à rodovia ligando à ITAIPU, com uma
cobertura conectando todos os prédios. O vão tem 50
metros por 300 metros, o que forma três quadras grandes,
na junção desses grandes vãos forma um bumerangue.
O sistema construtivo é com os pilares inicialmente com
Fonte: https://portal.unila.edu.br espaçamentos maiores, mas que precisaram ser alterados.
Vigas, pilares e laje Há grandes vigas entre os pilares, sustentando todas as
lajes, e um sistema de cálice de fora a fora. Todas essas
vigas são protendidas e têm 12cm de espessura. João
comenta que a obra em si é muito cara. Certamente, para
calcular uma estrutura desse tamanho, é necessário um
superdimensionamento para evitar qualquer
intercorrência no meio do caminho. Foram feitas algumas
adequações e ainda faltam especificações, como o
tamanho das janelas, por exemplo. Pouca coisa foi
especificada, o que seria necessário para ser incluído no
projeto executivo. Como o projeto foi realizado anos atrás,
ele está desatualizado em relação às normas, e as escadas
Fonte: Autores
e rampas estão fora do que é exigido hoje
Pilares em processo
Vista interna

Fonte: Autores
Fonte: Autores
PRÉDIO DESTINADO A O RU
Vista externa
O prédio Restaurante Universitário (RU),
que além de restaurante terá no prédio
superior papelaria e outros usos. Em seu
aspecto físico apresenta um pé direito
baixo comparado ao grande vão, com um
Vigas, pilares e laje sistema construtivo com vigas
pretendidas semelhante aos outros
prédios, porém com laje maciça. A área
em questão tem 5 mil m².

Fonte: Autores Fonte: Autores


PRÉDIO DESTINADO A CUT
Na Central Única de Utilidades (CUT), e sua respectiva galeria técnica, ambas enterradas, que
centralizarão equipamentos de ar condicionado, subestações elétricas, central de vácuo
(para esgoto sanitário) e reservatórios de água, com área total de 8.442 m². prevendo a
capacidade de alimentar uma cidade de 15 a 20 mil habitantes. Será implantada a parte
hidráulica e serviços para abastecer todo o campus. Do lado de fora, uma grande torre de
resfriamento de água para alimentar todo o sistema. O sistema de água potável é todo em
concreto, com uma profundidade de mais de 25 metros. A cisterna de água abastecerá uma
grande parte e fornecerá água para toda a futura universidade. O reservatório de água tem
dimensões de 60 metros por 70, com 6 metros e meio de pé direito. Temos milhões de
metros de espelho d'água. Toda a parte elétrica ficará no prédio da CUT, assim como a
hidráulica preventiva contra incêndios, que está devidamente posicionada para evitar
problemas. A caixa d'água virá do prédio central, o que justifica a carga significativa nos
pilares.
Há galerias que conectam todos os prédios, incluindo a biblioteca, o teatro e o laboratório. A
galeria principal tem dimensões de 4x4 cm, com uma parte de 3x3 cm.
Mão Francesa Vista externa da CUT Vista parcial interna da CUT

Cisterna

Fonte: Autores
Galeriavque ligará a outras edificações

Vista parcial interna da CUT

Fonte: Autores Fonte: Autores


OBSERVAÇÕES CONCLUSIVAS
O Campus da UNILA é último projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer, representa um
marco arquitetônico, mas ao mesmo tempo representa um desafio em termos de custo e
manutenção. Embora a magnitude e a beleza da construção sejam inegáveis, não podemos
ignorar os altos custos envolvidos tanto na sua realização quanto na sua futura manutenção.
Como em muitas obras públicas, o financiamento e a sustentabilidade financeira a longo
prazo podem representar desafios significativos. Manter uma estrutura tão complexa e
volumosa requer investimentos consideráveis em mão de obra, materiais e equipamentos. As
obras públicas estão sujeitas a restrições orçamentárias e políticas que podem dificultar
ainda mais a alocação de recursos para a manutenção adequada.
Podemos dizer que a interrupção temporária da obra, seguida pelo seu retorno, adiciona
uma camada a mais de complexidade ao projeto, pois resultarão em gastos adicionais com
retrabalho a readequação das caixas de instalações elétricas e os reparos dos suportes
metálicos instalados na galeria técnica, além do custo de descarte de materiais deteriorados
no canteiro de obras, a exemplo das estruturas de madeira das instalações provisórias das
bandejas de proteção do edifício central e das formas. Foi relatado no Relatório de
Fiscalização do Tribunal de Contas da União que a empresa/consórcio abandonou as obras
sem protege-las das intemperes. Além disso, a falta de um projeto executivo detalhado
desde o início pode ter contribuído para a necessidade de ajustes e adaptações ao longo do
processo de construção, o que pode ter impactado os custos e prazos
Fora isso, a obra como um todo perde um pouco a funcionalidade e praticidade em prol da
estética monumental de Oscar Niemeyer. Para complementar esse ponto, no paisagismo
não prevê árvores apenas grama, o que pode ser um ponto negativo, pois a arborização traz
muitos benefícios em relação ao conforto térmico inclusive no verão que é extremamente
quente.
No entanto, mesmo diante desses desafios financeiros, é inegável o impacto positivo que a
obra de Niemeyer pode ter na sociedade acadêmica e de Foz do Iguaçu, pelo peso da
assinatura do grande arquiteto. Porém, olhando com mais atenção nas entre linhas, sem
desmerecer a obra mas ressaltar uma reflexão de que se trata de uma arquitetura que não
foi pensada exclusivamente nas pessoas que utilizarão esse espaço, mas sim ligada a um
pensamento que se insere no contexto de grandes obras a serem executadas em escala
monumental, que despendem de vultosas somas, objetivando atender a certos interesses
políticos ou de grupos particulares, incluindo interesses turísticos imbuídos de uma retórica,
sem que o verdadeiro escopo originário fosse atingido de forma mais eficiente.
Quanto ao sistema construtivo utilizado na obra, com suas vantagens e desvantagens,
podemos destacar a eficiência estrutural e a beleza estética como pontos positivos. A
utilização de vigas protendidas e outras técnicas utilizadas contribuíram para a robustez e
durabilidade da construção. No entanto, os custos associados a essas tecnologias e as
propostas de instalações diversas podem ser significativos, aumentando ainda mais o
investimento inicial.
Isto posto, é essencial encontrar um equilíbrio entre a excelência arquitetônica e a
responsabilidade financeira e humana para garantir que essas obras inspirem e sirvam às
comunidades de forma eficiente e funcional e que a arquitetura não seja apenas
monumento, mas sim espaços saudáveis e acolhedores onde as pessoas possam
compartilhar experiências, conhecimento e vida.

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