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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS - CURSO DE ENGENHARIA CIVIL - 7º PERÍODO

DISCIPLINA:ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO II-PROF.: JESSÉ J. LIMA-1º Semestre 2019

LAJES SOBRE GRANDES VÃOS

-A engenharia está vencendo os grandes vãos.


-Lajes e vigas com vãos de mais de 20 m já são comuns graças ao avanço do concreto
protendido e ao desenvolvimento de materiais leves.

No estreito de Bósforo, na Turquia, foi construída uma ponte que mistura estrutura pênsil e
estrutura estaiada, ligando o continente asiático ao europeu. A obra-de-arte conta com um vão de
3 km. No estreito da Sicília, na Itália, e em Gibraltar, entre Espanha e Marrocos, outras
monstruosidades iguais a essa estão em estudo. A idéia dos grandes vãos está associada à
funcionalidade, e a engenharia sempre buscou transcender os limites construtivos. Para conseguir
vencer grandes distâncias, antes de tudo, é preciso evitar os materiais pesados. As técnicas
permitem combinações de diversos componentes, cada vez mais leves. As pedras, usadas nas
construções egípcias e na Idade Média, permitiam vãos muito pequenos, com no máximo 5 m, já
que o material não resiste à tração e precisa trabalhar sob compressão. Posteriormente,
começaram a surgir os arcos e as ogivas, ainda construídos em pedra. Quando a engenharia
procurou outros materiais que suportassem melhor a tração, como a madeira, apareceram as
pontes com grandes vãos, datadas do século XVIII. Apenas na revolução industrial, no começo do
século XIX, com o uso do ferro e do aço, aparecem os vãos notáveis, com até 50 m. Atualmente,
as técnicas evoluíram bastante e já é possível encontrar áreas cobertas com 10 mil m² livres de
obstruções. Está no Japão a ponte pênsil Akashi Naikyo, com o maior vão livre do mundo: 1.991
m.

Os grandes vãos são mais comuns em pontes e viadutos, mas também são projetados em
edifícios comerciais, pela necessidade de grandes áreas livres, e nos centros esportivos. É
importante não confundir grandes espaços abertos com grandes vãos, que é a distância livre entre
pilares. A questão do custo-benefício é sempre muito presente. O bom senso deve ser levado em
conta, já que é caro construir um grande vão, devido às técnicas aplicadas. A viabilidade depende
da necessidade funcional. "O projetista estrutural deve discernir se o grande vão é necessário
naquele projeto ou se é apenas vaidade criativa", alerta Rozemberg. Em alguns casos, os projetos
arquitetônicos devem ser reestudados, como forma de baixar os custos. Em um shopping center,
por exemplo, não se vai muito além de um vão de 12 m x 8 m, com apenas duas lojas entre
pilares.

O maior problema de um grande vão é a deformação. Como não existe uma junta de dilatação (é
uma peça inteiriça), as contrações e dilatações podem danificar o módulo. A resistência não é
mais problema, dada a qualidade do cimento e dos concretos. Para combater as deformações,
recorre-se à protensão, ministrando-se inclusive contraflechas. No projeto de grandes lajes
alveolares, inclusive as nervuras são protendidas, procurando-se compensar flechas que
resultariam de retração do concreto na capa de compressão. Um grande vão é uma conquista,
não um acidente. É planejado e exige o trabalho de uma grande equipe de especialistas, desde a
pré-concepção até a finalização da construção, e envolve muita tecnologia.
Diversas técnicas possibilitam o trabalho com menos pilares. Geralmente, são feitos estudos de
modulação, começando com um módulo básico de 8 x 8 m. São verificados os diversos custos de
cada módulo e comparados entre si, buscando-se um equilíbrio entre funcionalidade e custo
mínimo. É possível misturar vários métodos para vencer um grande vão.

Materiais e sistemas construtivos

Estrutura metálica
Quanto maior o vão nas edificações, mais interessante é o uso da estrutura metálica. Com lajes
menos espessas o material proporciona leveza, é fácil de trabalhar, a montagem da estrutura é
rápida e o canteiro é muito mais limpo. Diferentemente do concreto armado moldado in loco, a
estrutura metálica não requer andaime. Em alguns casos, como a construção de um anexo
hospitalar, é o recurso mais indicado.

Laje nervurada
É recomendada quando há necessidade de resistir a grandes sobrecargas. Para isso, é preciso
que se empregue entre as nervuras um material leve e de grandes dimensões, que facilite a
montagem e a concretagem da laje. Com esses materiais, resistentes, leves e incombustíveis,
economizam-se aço e concreto, além de se reduzir o desperdício na obra. A laje pode receber
diretamente o revestimento final, eliminando o uso de forros. Peças e acessórios podem ter
fixação direta.

Laje pré-moldada com treliça


Tem ganhado espaço na construção civil. A técnica proporciona à laje maior rigidez e suporta
cargas elevadas. O sistema construtivo permite substituir o uso das lajes pré-moldadas comuns e
das lajes maciças ou protendidas. A tecnologia reduz o uso de fôrmas e escoramentos, racionaliza
a execução e organização do canteiro de obras, reduz o custo com mão-de-obra e a montagem é
muito mais rápida.

CAD (Concreto de Alto Desempenho)


Por ter grande resistência à compressão e mais durabilidade, o CAD permite reduzir a seção dos
pilares e construir estruturas bastante esbeltas e com menor número de interferências. "Com o
CAD, as áreas de garagem e os primeiros pavimentos ficam livres de tantos pilares", diz Eleana
Taniguti, especialista de estruturas de concreto da ABCP (Associação Brasileira de Cimento
Portland). As resistências do CAD já atingem cerca de 50% da resistência do aço comum.

Concreto pré-moldado
Pode ser protendido ou não. Indicado para projetos com geometrias especiais, canteiros com
pouco espaço etc.

Madeira laminada
Com um centímetro de espessura cada, as "lâminas" de madeira são coladas sob pressão para
formar peças estruturais leves e bastante resistentes. A madeira pode ser revestida com uma
película de tecido leve, translúcido e impermeável, que tem a função de controlar a temperatura
do material. Como o tecido derrete em alguns pontos, o ambiente não vira uma panela de
pressão, típica de uma estrutura rija, que impede a saída de fumos tóxicos. Outra vantagem é a
rapidez na construção. Os estádios-sede dos jogos da Copa do Mundo 2002 de Futebol são
cobertos com estruturas desse tipo de madeira.
Edifício Yerchanik Kissajikian

Nos projetos dos grandes prédios comerciais evitam-se na medida do possível pilares centrais,
para um layout livre e flexível. Para isso, é preciso substituir lajes maciças por lajes mais leves. A
partir dessa idéia, o edifício de escritórios Yerchanik Kissajikian, da construtora Hocthief na
avenida Paulista, em São Paulo, demandou vãos de 20 m e lajes de concreto protendido. O
projeto ficou mais leve com o uso de lajes nervuradas, que diminuem o consumo de concreto e
facilitam a passagem de dutos. Nos pavimentos-tipo do prédio, que tem pé-direito de 4 m, foi
preciso protender as vigas. Se não fossem protendidas, seria necessário aumentar a altura entre
os pisos para fazer vigas mais altas. O prédio não poderia ser muito alto para não perder a
viabilidade financeira. Com uma sobrecarga de 500 kg/m², a laje é apoiada em vigas protendidas.
Foi utilizado o concreto de alto desempenho, o que melhorou o resultado final da geometria do
edifício e proporcionou o alcance do módulo de elasticidade definido no projeto. A protensão
ajudou também a dar mais velocidade à obra. Foi possível subir uma laje por semana, porque a
desenforma era rápida. Destaca-se também que a protensão permitiu que o edifício tivesse juntas
somente a cada 65 m, enquanto em edifícios convencionais é necessário executar juntas a cada
30 m. Quanto mais juntas, maiores os custos de construção e manutenção. As lajes do edifício
são planas, com 50 cm de altura das nervuras. Nas garagens, onde o vão pôde ser diminuído,
trocou-se o protendido pelo concreto armado, mais barato.

Nova Imigrantes

Nove viadutos fazem parte da pista descendente da Rodovia dos Imigrantes, com extensão total
de 4.275 m. O maior deles tem 1.255 m de comprimento, com vãos livres de 90 m. A grande
preocupação dos engenheiros que projetaram a pista, na Serra do Mar, entre a capital e o litoral
de São Paulo, foi com o meio ambiente. Todos os insumos para construção dos pilares chegavam
por cima, assim como a superestrutura. Não foram abertas trilhas na Mata Atlântica.. Em função
do clima de serra e das chuvas freqüentes, foram utilizadas juntas de dilatação especiais, já que o
concreto, com 40 MPa, chegaria a dilatar cerca de 40 cm se não existissem juntas na extensão de
1.200 m. Um outro problema da Serra do Mar são as regiões chamadas de "talos", coberturas de
solo que têm algum tipo de movimentação. O deslocamento é lento, mas cada milímetro gera
novos esforços no pilar. A solução foi colocar anéis de proteção construídos em concreto armado,
envolvendo a parte superior dos tubulões.
Para as fundações, os tubulões a céu aberto e a ar comprimido foram as opções utilizadas em
maior escala. Os tubulões a ar comprimido foram a opção mais adequada para a baixada, devido
à presença do lençol freático. Os tubulões têm de 1,2 a 2,8 m de diâmetro e entre 10 e 25 m de
comprimento. Na construção dos pilares dos viadutos situados em áreas do planalto, a solução
escolhida foi a que conjuga a utilização de pilares celulares com os de dupla parede. Nesses
pilares, que possuem até 56 m de altura, a estrutura celular é usada até um determinado ponto, e
é complementada por parede dupla nos 25 m finais.Três diferentes metodologias foram utilizadas
na superestrutura dos viadutos: vigas lançadas, balanços sucessivos e tabuleiro empurrado. A
técnica das vigas lançadas, a mais comum das três, consiste no lançamento por meio de
guindastes das vigas fabricadas ao lado da obra. Pelo método dos balanços sucessivos, as
treliças partem de cima dos pilares, avançando simultaneamente em ambos os lados, rumo ao
meio do vão. Na metodologia do tabuleiro empurrado, a concretagem da plataforma é executada
em módulos de 25 m. Os módulos são posteriormente empurrados por pistões hidráulicos para
cima dos pilares, empregando-se aparelhos de apoio revestidos com teflon, o que garante atrito
quase zero. Um dos viadutos empurrados tem 400 m em curva, o que demandou um raio
constante. O tabuleiro empurrado permite uma maior produtividade em relação aos demais
métodos construtivos. Os tabuleiros dos viadutos têm largura de 15 m, com três faixas de tráfego,
mais acostamento.
MASP

O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, mais conhecido como Masp, foi inaugurado
em 2 de outubro de 1947. Lina Bo Bardi, arquiteta modernista italiana, foi quem concebeu o
projeto arquitetônico do museu. O terreno, na avenida Paulista, centro de São Paulo, havia sido
doado ao município com a condição de que a vista do centro da cidade, a partir do parque
Trianon, fosse mantida. Lina Bardi não só consegiu preservar a vista como criou uma estrutura
única no mundo. O corpo principal do prédio, com vão livre de 74 m, está pousado sobre quatro
pilares laterais. O edifício foi construído de 1956 a 1968, e inaugurado em 7 de novembro de
1968, com a presença de Elizabeth II, Rainha da Inglaterra. Em 1999, o prédio passou por
reformas. Foram realizadas a reprotensão das vigas de sustentação, recuperação estrutural,
impermeabilização da cobertura, reforma da caixilharia, troca de vidros, colocação de película de
proteção contra raios ultravioleta, troca do sistema de persianas, nivelamento e troca do piso,
troca de todo sistema de eletricidade, iluminação, ar-condicionado e a colocação do segundo
elevador de acesso.

Lajes protendidas

-Indicada para grandes vãos, laje resiste melhor à tração do que o sistema convencional e tem
execução simples, embora exija mão de obra especializada.
-O sistema de lajes protendidas tem sido cada vez mais adotado em obras brasileiras. No fim da
década de 1990, o método foi simplificado com a chegada das cordoalhas engraxadas e
plastificadas, que permitem a execução do sistema não aderente, ou seja, dispensando bainhas
metálicas e injeção de nata de cimento.
-De lá para cá, o mercado passou a oferecer materiais complementares mais eficientes para o
sistema. É o caso das bainhas plásticas individuais, mais resistentes ao manuseio em canteiro,
das ancoragens fundidas e das cunhas bipartidas, sem anel de união.
-A protensão, no caso do sistema não aderente, é feita em uma só elevação de pressão, pois não
há retificação de cordoalha e não há a possibilidade de cabos presos por pasta de cimento.
-Este tipo de laje deve ter concreto com resistência mínima de 25 MPa e é indicado para vãos de
5 m a 15 m.
-A facilidade executiva do sistema pode levar à errada suposição de que qualquer pessoa
medianamente iniciada no processo pode tocar uma obra de protensão com segurança. Mas a
mão de obra envolvida deve ser muito bem treinada
.-A instalação de qualquer elemento deve ser realizada de acordo com o projeto de engenharia
estrutural. Os desenhos devem detalhar número, tamanho, comprimento, marcação de cores,
alongamento, perfil e localização de todos os cabos, assim como o plano dos apoios.
-Veja os principais cuidados na hora de executar lajes protendidas.
1- Ancoragem
Com as fôrmas e armadura passiva posicionadas, inicia-se o processo de instalação das
ancoragens. A posição dessas placas não pode ser alterada verticalmente. Desvios horizontais
podem ser aceitos, desde que seja mantido o cobrimento adequado de concreto.

2- Instalação das cordoalhas


Com as ancoragens instaladas, as cordoalhas começam a ser distribuídas da extremidade morta
em direção à extremidade ativa. A extremidade do cabo com ancoragem passiva é entregue já
pronta e deve ser colocada na fôrma conforme indicado em projeto. Essa ponta ficará oculta após
a concretagem. O trecho descoberto da cordoalha - entre a ancoragem e o início da capa plástica
- não pode ser maior que 2,5 cm.

3- Obstruções na laje
Os desvios verticais da posição do cabo aceitam uma tolerância de até 5 mm em concreto, com
espessura de até 200 mm; de até 10 mm em concreto, com espessura entre 200 mm e 600 mm; e
de até 15 mm em concreto, com espessura acima de 600 mm. A posição horizontal dos cabos não
é crucial, mas é importante evitar oscilações excessivas.

4- Extremidade ativa
Ao desenrolar a cordoalha, é preciso deixar uma ponta do lado de fora da fôrma de borda de cada
extremidade ativa (300 mm, a menos que esteja especificado o contrário). Se mais de 300 mm
forem deixados em uma das extremidades, a outra extremidade pode ter ficado curta. Em
seguida, a cordoalha é afixada à placa de ancoragem, de modo a impedir que o cabo se desloque
durante a concretagem.

5- Concretagem
Com as cordoalhas presas à armadura da laje, inicia-se o processo de concretagem. A laje deve
passar por inspeção antes de ser concretada. O concreto deve ser lançado de maneira a
assegurar que a posição dos cabos e reforços permaneça inalterada. Caso saiam da posição
designada, eles devem ser reajustados antes de se prosseguir com a operação. A vibração
apropriada do concreto na zona de ancoragem é crítica, para eliminar vazios e bicheiras.

6- Protensão
A protensão não deve ser realizada antes que o concreto tenha a apropriada resistência, mas
deve ser feita tão logo isso aconteça - entre três e quatro dias após a concretagem. Antes de
iniciar esta etapa, deve-se verificar as indicações de projeto quanto à força de protensão e
alongamento para cada cabo; extremidades dos cabos a serem protendidos; resistência mínima
do concreto no momento da protensão; etapas de protensão; e ordem de protensão dos cabos. Se
essas informações não estiverem claras, o projetista deve ser consultado. Quando da retirada das
fôrmas, deve-se remover a peça plástica que fazia o fechamento da extremidade do cabo e limpar
a parte interna do furo, caso pasta de cimento tenha entrado nela. Em seguida, posicione o
macaco hidráulico para protensão. Depois, basta cortar a cordoalha, deixando uma pequena
ponta de 13 mm a 20 mm fora da cunha, e preencher os nichos de protensão com aplicação de
graute.

Protensão Não Aderente

-A protensão não-aderente é uma tecnologia para sistemas estruturais amplamente utilizada nos
Estados Unidos desde a década de 60. Devido a sua versatilidade, essa solução rapidamente se
difundiu pelo mundo.
-Primordialmente, têm-se as mesmas vantagens dos outros sistemas de protensão: estruturas
com deformação e fissuração controladas com emprego mais eficiente do concreto e do aço,
permitindo secções com dimensões esbeltas, vãos maiores e custos reduzidos.
-Essas vantagens comparativas advém das características do sistema não-aderente: dispensa o
uso de bainha metálica e a posterior injeção de nata de cimento. A operação de protensão fica
simplificada e mais eficiente, tendo em vista que os macacos hidráulicos e o sistema de
ancoragem foram especialmente projetados para níveis leves de protensão.
-Essa tecnologia vem sendo empregada no Brasil desde 1997, com o início da fabricação das
cordoalhas no país pela Siderúrgica Belgo Mineira.
-A Impacto foi a pioneira na utilização desta técnica no país, já tendo executado, com grande
aceitação, centenas de empreendimentos em todo

VANTAGENS DA PROTENSÃO NÃO ADERENTE:

 Redução do número de pilares;


 Maiores vãos;

 Peças estruturais mais esbeltas;


 Maior durabilidade da estrutura;

 Otimização da mão de obra;


 Possibilidade de criar lajes planas.

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