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DA TERAPIA PSICANALÍTICA
(1919)
TÍTULO ORIGINAL: “WEGE DER
PSYCHOANALYTISCHEN THERAPIE”.
PUBLICADO PRIMEIRAMENTE EM
INTERNATIONALE ZEITSCHRIFT
FÜR ÄRZTLICHE PSYCHOANALYSE
[REVISTA INTERNACIONAL DE
PSICANÁLISE MÉDICA], V. 5, N. 2, PP. 61-8.
TRADUZIDO DE GESAMMELTE WERKE XII,
PP. 181-94; TAMBÉM SE ACHA EM
STUDIENAUSGABE, ERGÄNGUNGSBAND
[VOLUME COMPLEMENTAR], PP. 239-49.
ESTA TRADUÇÃO FOI PUBLICADA
ORIGINALMENTE NO JORNAL DE
PSICANÁLISE, SOCIEDADE BRASILEIRA
DE PSICANÁLISE DE SÃO PAULO, V. 32,
N. 58/59, 1999.
Caros colegas:
Como sabem, nunca nos gabamos da completude e inteireza de nosso saber
e de nossa capacidade; estamos prontos, agora não menos que antes, a admitir
as imperfeições de nosso conhecimento, aprender novas coisas e mudar em
nossos procedimentos o que puder ser melhorado.
Agora que novamente nos reunimos, após anos de separação e duras
provas, quero fazer um balanço do estado de nossa terapia — à qual devemos
nossa posição na sociedade humana — e ver em que novas direções ela poder-
ia se desenvolver.
Definimos como nossa tarefa levar o doente neurótico ao conhecimento
dos impulsos inconscientes, reprimidos, que nele existem, e para esse fim
descobrir as resistências que nele se opõem a tal ampliação do conhecimento
de si. Desvelar essas resistências garantirá sua superação? Nem sempre, sem
dúvida, mas esperamos chegar a esse objetivo explorando a transferência ante
a pessoa do médico, para fazer o doente partilhar nossa convicção da impro-
priedade das repressões ocorridas na infância e da impossibilidade de viver a
vida conforme o princípio do prazer. Expus em outro lugar as condições
dinâmicas do novo conflito através do qual conduzimos o paciente, e que puse-
mos no lugar do anterior conflito da doença. No momento eu não teria o que
mudar nisso.
Chamamos de psicanálise o trabalho mediante o qual levamos à consciência
do doente o material psíquico nele reprimido. Por que “psicanálise”, que sig-
nifica dissecação, decomposição, e faz pensar numa analogia com o trabalho
que o químico realiza com as substâncias que acha na natureza e leva para o
laboratório? Porque tal analogia realmente existe num ponto importante. Os
sintomas e manifestações patológicas do paciente são, como todas as suas
atividades anímicas, de natureza altamente composta; em última instância, os
elementos de tal composição são motivos, instintos.* Mas o paciente nada sabe
desses motivos elementares, ou não sabe o bastante. Nós lhe ensinamos a en-
tender a composição dessas complicadas formações psíquicas, fazemos
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