“Então, Jesus foi conduzido ao deserto pelo Espírito” (Mt 4, 1)
O tempo da quaresma é um período no qual somos chamados pela igreja a imitar o cristo, e adentrar no deserto, vivendo os três pontos propostos pela igreja, o Jejum, a esmola e a oração. A palavra “Quaresma” vem do latim quadragésima. E Quaresma é o período de quarenta dias que antecede a maior festa do cristianismo: a Ressurreição de Jesus Cristo, comemorada no Domingo da Páscoa. A duração da Quaresma é baseada no símbolo do número ‘quarenta’. Na Bíblia, esse número caracteriza as intervenções sucessivas de Deus. O dilúvio durou 40 dias (Gn 7, 17); Moisés serviu a Deus no Monte Sinai durante 40 dias (Ex 24, 18), e durante 40 anos Moisés conduziu o povo de Israel na peregrinação pelo deserto até chegar a Canaã; o profeta Elias, com a comida oferecida por um anjo, caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horeb, o monte de Deus (1 Rs 19, 8); Jesus passou 40 dias no deserto (Mt 4,1) e, depois, apareceu ressuscitado durante 40 dias (At 1, 3). Durante a quaresma, somos chamados a intensificar as práticas quaresmais, são elas: A Oração: Todo Cristão Católico é convidado a ter uma vida marcada pela oração, é ela – a oração – um respiro para a alma. Através da oração falamos com Deus. Durante a quaresma somos convidados a intensificar as orações, acrescentando meditação mental, récita do terço, récita dos salmos, meditação da via-sacra, enfim, muitas outras orações pessoais. (Mt 6, 5) A Penitência: Todos os dias da quaresma são dias penitenciais, menos os domingos porque recordam a ressurreição de Jesus. As práticas de penitência servem para mortificar a carne, dominar os sentimentos e recordar- nos que as ações do corpo devem externar a vivência da alma. O próprio Jesus nos ensina o valor da oração e da penitência quando é conduzido ao deserto. A penitência nos muda interiormente, algumas práticas de penitência para a quaresma são o jejum, abstinência de carne, essas são as mais comuns, mas cada um pode escolher outra. A Esmola: Trata-se de caridade fraterna para com os irmãos. Este tempo santo deve abrir nosso coração. A esmola nos faz desapegado as coisas desta terra, que é passageira. Devemos sempre recordar que nada temos, somos apenas passageiros nesta vida, por isso, devemos partilhar os bens que Deus nos dá, devemos pensar nos pobres. “O que a oração pede, o jejum alcança e a esmola recebe. O jejum é a alma da oração, e a esmola é a vida do jejum. Ninguém tente dividi-los porque são inseparáveis. Portanto, quem ora, jejue; e quem jejua, pratique a esmola” (São Pedro Crisólogo – Século IV). (Mt 6, 1) A Conversão: “Eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação, ao Pai voltemos, juntos andemos, eis o tempo de conversão”. Este é o convite mais forte que a igreja nos faz neste tempo. Converter quer dizer mudar a direção, seguir a direção do Cristo, olhar para ele. João Batista clamava no deserto e dizia: “arrependei-vos, pois o Reino dos Céus está perto” (Mt 3, 2). Converter é se arrepender dos erros, dos pecados, olhar para Cristo e vê-lo de braços abertos como a parábola do Pai Misericordioso (Lc 15, 20). Por fim, a quaresma nos prepara para bem viver o tempo da Páscoa, que é a passagem da morte para a vida. A Páscoa é a maior festa para nós católicos, pois, foi a través dela que ganhamos nossa salvação. “E, se já morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele, sabendo que Cristo, ressucitado dos mortos, não morre mais. A morte não tem mais domínio sobre ele” (Rm 6, 8). A todos uma santa e abençoada quaresma!