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Coelho da Páscoa

O coelho da Páscoa, que traz os ovos de chocolate, é um


dos grandes símbolos da Páscoa moderna, e sua origem,
enquanto símbolo pascal, é explicada por diferentes
teorias.

O coelho da Páscoa é aquele que, na tradição, traz os ovos de chocolate, é um dos


grandes símbolos da Páscoa moderna.

A Páscoa, como todos sabemos, relembra


a prisão, crucificação e morte de Jesus Cristo e celebra a
sua ressurreição. A Páscoa também tem, como grandes
símbolos, o ovo de chocolate e o coelho da Páscoa. A
associação que existe entre ovo, coelho e Páscoa é estranha
para muitos, afinal, o que tem a ver o coelho com uma festa
cristã? Nesse texto, vamos procurar esclarecer algumas coisas
referentes à história do coelho da Páscoa.
Acesse também: Origem de Corpus Christi: importante festa do
calendário religioso católico
História do coelho da Páscoa

Na tradição consolidada atualmente, sobretudo nos países do


Hemisfério Norte, o coelho da Páscoa é aquele quem traz os
ovos de chocolate e os esconde para que as crianças possam
procurá-los. Assim, é comum que, durante a Páscoa, os pais
escondam os ovos de Páscoa para que as suas crianças
procurem por eles.
Existem muitas teorias a respeito da origem do coelho da
Páscoa, algumas afirmam que a associação do coelho com a
Páscoa tem origens pagãs, enquanto outras teorias sustentam
que o coelho, desde a Idade Média, já possuía uma relação
direta com o Cristianismo. De fato, neste momento, é
impossível sustentar qual das duas teorias é a correta, mas, de
toda forma, elas nos fornecem elementos para pensarmos sobre
o assunto.
Primeiramente, a consolidação do coelho como símbolo da
Páscoa (e da maneira como comemoramos essa festa)
aconteceu por volta do século XIX e está diretamente
relacionada com a transformação da forma como o mundo
ocidental enxergava as crianças. A partir do século XVII, tal
forma transformou-se radicalmente, e a infância começou a ser
vista como um momento preparatório para a vida adulta.
Essa transformação no modo como a infância era entendida
contribuiu para o costume de comemoração de feriados, como a
Páscoa. Essas festas transformaram-se em celebrações mais
caseiras e voltadas para o âmbito familiar. Nesse sentido, os
ovos de Páscoa e o coelho da Páscoa foram símbolos
importantes que consolidaram a Páscoa como um feriado
doméstico.
A prática de decorar o ovo de Páscoa e sua associação com a
Páscoa cristã têm origens diversas, como podemos ver neste
texto. A decoração de ovos era uma prática realizada
por persas durante uma comemoração no equinócio de
primavera (próximo à data que comemoramos a Páscoa), e a
importância do ovo enquanto símbolo de renascimento esteve
presente na cultura chinesa, por exemplo.
Na cultura pagã europeia, o ovo esteve associado a uma deusa
da mitologia germânica, e a decoração de ovos era uma prática
realizada por povos eslavos na região da atual Ucrânia. Existem
histórias do Cristianismo Ortodoxo que relacionam os ovos
à Maria Madalena, e o ato de pintar ovos de vermelho, nas
regiões do Cristianismo Ortodoxo, era comum.
Mas e o coelho? Quando o coelho passou a ser associado com
ovos e por que se tornou um símbolo da Páscoa? A respeito das
múltiplas possíveis origens do coelho da Páscoa, nós temos
teorias que o associam com o Cristianismo e com o paganismo.
Vejamos as duas:

 Paganismo

As teorias mais levantadas, e que geralmente são as mais


consideradas, são aquelas que associam o coelho da Páscoa ao
paganismo. A teoria mais conhecida é aquela que relaciona o
coelho de Páscoa com uma deusa da mitologia
germânica (presente também na mitologia nórdica e na anglo-
saxã) chamada de Ostara ou Eostre.
Essa deusa era conhecida por ser uma deusa da fertilidade, e
muitos acreditam que ela tem relação direta com o nome da
Páscoa no Hemisfério Norte — Easter, em Inglês, e Ostern, em
Alemão. A relação de Ostara com o coelho da Páscoa (no
Alemão, inclusive, coelho da Páscoa é osterhase, o que reforça
essa aproximação com Ostara), segundo essa teoria, remonta a
uma história em que a deusa Ostara transforma um pássaro em
coelho para divertir algumas crianças.
O pássaro (transformado em coelho) não estava feliz com a
transformação e desejou voltar à sua forma original. Depois que
isso aconteceu, como forma de agradecimento, o pássaro deixou
alguns ovos coloridos para a deusa, que, então, os deu de
presente para as crianças. Essa teoria fez com que Ostara fosse
popularizada como a origem da associação dos ovos coloridos
com o coelho e a Páscoa.
Tal vínculo do coelho com a Páscoa, pela via da deusa, na
cultura do Hemisfério Norte (Alemanha e Estados Unidos,
principalmente), tem como referência também uma citação
de Jacob Grimm, que, em um livro sobre a mitologia germânica,
publicado no século XIX, afirmou sua existência.
A relação da Páscoa cristã com a deusa Ostara também foi
encontrada em uma citação de Beda (também conhecido como
Venerável Beda), padre do século VIII. Apesar disso, não existe
embasamento histórico que sustente o argumento recém-
apresentado. Inclusive, é importante pontuar que o consenso
existente é o de que a Páscoa é uma festa cristã, originária de
uma festa de origem hebraica (a Pessach).

 Cristianismo

Selo santomense da pintura de Tiziano Vecellio que retrata a Virgem Maria com o coelho
branco.*

Algumas teorias também apontam que o coelho da Páscoa pode


ter surgido do Cristianismo, conforme pontuaremos nesta parte.
Primeiramente, deve ser mencionado que as possíveis origens
cristãs do coelho da Páscoa têm associação inicial com a lebre.
Com o passar do tempo, a figura da lebre foi sendo substituída
pela do coelho, um animal mais dócil e que se encaixava nas
tentativas de tornar a Páscoa uma comemoração mais
doméstica, conforme mencionamos no começo deste texto.
Em inúmeras construções de iconografia cristã, a lebre (ou o
coelho) aparecia, e, aparentemente, na mentalidade cristã
da Idade Média, existia uma relação (muito estranha para nós) da
lebre com a virgindade. Isso fazia com que o animal aparecesse
junto à Virgem Maria, e a origem dessa colocação pode ocorrer
pelo fato de que muitos acreditavam que a lebre era um animal
que se reproduzia assexuadamente.
Essa colocação das lebres (e coelhos) ao lado da Virgem Maria
resultou até em uma obra de arte conhecida como “A Virgem
com o coelho”. Essa pintura foi produzida por Tiziano Vecellio e
mostra a Virgem Maria segurando um coelho branco, o qual era
enxergado como um símbolo de pureza.
Além disso, existe uma gama de outros objetos da iconografia
cristã em que há a presença de coelhos e lebres, como os
encontrados em Devon, na Inglaterra. Nas igrejas medievais
dessa cidade inglesa, existem uma série de cruzes que possuem
um círculo com três lebres (ou coelhos) interligados pela orelha.
As teorias que explicam esse círculo de lebres são as duas
seguintes:
 As lebres (ou coelhos) eram entendidas como um símbolo de
castidade, pela crença existente de que elas conseguiam
reproduzir-se sem perder a virgindade.
 Esses animais eram representados como um símbolo da
Trindade, importante conceito do Cristianismo.
Inclusive, os historiadores identificaram um padrão no qual, em
diversos locais, o círculo com as três lebres era colocado próximo
a símbolos pagãos, o que sugere uma substituição de um ícone
pagão por um ícone cristão.
Representação moderna do círculo de três lebres.

Outra relação do coelho com o Cristianismo sugere como, em


muitos locais do Hemisfério Norte, o coelho passou a ser visto
como um símbolo cristão. Isso porque, durante a época em que a
Páscoa era comemorada (próxima ao Equinócio de Primavera), o
coelho era um dos primeiros animais a serem vistos com o fim
do inverno. Isso fez com que o animal passasse a ser enxergado
como um símbolo da renovação e, portanto, da ressurreição.
Por fim, uma outra teoria sugere que a associação do coelho com
a Páscoa foi obra dos protestantes, que afirmavam, para as
crianças, que os ovos acumulados (resultado da Quaresma)
eram trazidos pelos coelhos, sob a ótica que esses eram
símbolos de fertilidade.
Acesse também: Conheça a origem histórica da árvore de natal
Quando a história do coelho da Páscoa foi
consolidada?

A primeira menção a um coelho trazendo os ovos de Páscoa


remonta a um texto germânico de 1572. Existe outra menção ao
coelho da Páscoa, em outro texto germânico, só que esse texto é
do século XVII. Inclusive, é no século XVII que os especialistas
sugerem que a história do coelho da Páscoa, como aquele que
trazia os ovos decorados para as crianças boas, consolidou-se.
A tradição de associar o coelho com os ovos de Páscoa foi
levada, da região da atual Alemanha para os Estados Unidos,
por imigrantes que se estabeleceram na região
da Pensilvânia, por volta do século XVIII. A história popularizou-
se e transformou-se em um dos grandes símbolos da Páscoa
moderna. Nos Estados Unidos, o coelho da Páscoa tornou-se
popular somente durante a Guerra Civil, travada no século XIX.
Os ovos de chocolate só surgiram no século XVIII, por meio de
confeiteiros franceses, e, com o tempo, os ovos de galinha
decorados que eram trazidos pelos coelhos foram sendo
substituídos pelos ovos de chocolate.
https://mundoeducacao.uol.com.br/pascoa/coelho-pascoa.htm#:~:text=A%20tradi
%C3%A7%C3%A3o%20de%20associar%20o,grandes%20s%C3%ADmbolos%20da%20P
%C3%A1scoa%20moderna.
ENTENDA COMO A PÁSCOA É
INTERPRETADA E CELEBRADA EM
DIFERENTES RELIGIÕES

Vários países do mundo todo comemoram a Páscoa, uma das datas mais antigas e
importantes em diversas religiões. Todos sabemos que para a religião cristã, a data
representa o ápice da Paixão de Cristo, celebrando sua ressurreição em um rito de
passagem que simboliza o sacrifício e a renovação. Mas além do cristianismo, confira
como outras religiões interpretam esta data e saiba mais sobre seus simbolismos:

Simbolismo da Páscoa em diversas religiões

Etimologia

Ressurreição de Cristo, Raphael / Museu de Arte de São Paulo


A palavra Páscoa deriva de Pesach ou Pesaḥ, vem do aramaico e do
hebraico e significa “festival judaico”. Originalmente era designada para
comemorar o Êxodo ou “Páscoa Judaíca”. Quase todos os países que
falam línguas não-inglesas utilizam derivados da palavra
grega Pascha; como Pascua em espanhol, Paquês em francês
e Pasqua em italiano.

O termo em inglês para a Páscoa é Easter, deriva do inglês antigo e tem


a mesma raíz do alemão moderno Ostern. Umas das teorias deste termo
é de que ele provém, originalmente, do nome da deusa Ostara (Eostre,
Ēostre ou Ostera), responsável pela fertilidade, amor e renascimento nas
mitologias anglo-saxãs, nórdicas e germânicas.

Páscoa Judaica

The Seventh Plague, John Martin / Museum of Fine Arts Boston

Também conhecida como a “Festa da Libertação”, a Páscoa Judaica data


de mais 3 mil anos atrás e comemora a libertação do povo judeu da
escravidão. De acordo com a Torá, Deus enviou dez pragas sobre o Egito,
fazendo com que o Faraó libertasse o povo de Israel.

Espiritismo

Aaron Burden / Unsplash


Apesar de geralmente não comemorarem a Páscoa, os espíritas
respeitam as manifestações cristãs e em algumas vertentes da religião
até celebram a “Semana Santa”, onde ficam sem comer carne em
respeito à Paixão de Cristo.

Islamismo

Apesar de ter raízes no Cristianismo, o Islamismo tem suas próprias


festas sendo a principal delas o Ramadã: onde os muçulmanos fazem um
mês de jejum e celebram a primeira revelação que Deus fez ao profeta
Maomé.

Coelho da Páscoa

Waranya Mooldee / Unsplash

Assim como o Papai Noel, o Coelhinho da Páscoa é uma tradição de origem não-religiosa. No Egito
Antigo, a figura do coelho simbolizava o renascimento e a fertilidade devido ao seu alto poder de
reprodução, além disso, alguns povos da antiguidade acreditavam que o coelho era o símbolo da
Lua, portanto é possível que o animal tenha se tornado o símbolo da Páscoa devido ao fato de a Lua
determinar qual será sua data. Também existe a lenda de que uma mulher pobre coloriu ovos de
galinha e os escondeu, para dá-los a seus filhos como presente de Páscoa. Porém, para muitas
pessoas, Coelhos e Ovos de Páscoa são o retrato da secularização e comercialização desta data
religiosa.
Saiba como as religiões de matriz africana comemoram a Semana Santa e a
Páscoa.

A Semana Santa e a Páscoa são duas celebrações tradicionais


para Católicos, Evangélicos, Judeus e outros simpatizantes. Mas, então, o que
acontece nas religiões de matriz africana? Elas comemoram a Semana
Santa e a Páscoa?

Se você tem essa dúvida e quer saber como funciona essas celebrações nas
religiões que descendem da África, então, veja a seguir tudo que você precisa
saber sobre o assunto. Entenda o significado dessas celebrações, como elas
são comemoradas entre as religiões e muito mais.

O que é a Páscoa e a Semana Santa?

Conteúdo
 Significado da Semana Santa
 Significado da Páscoa
 Quem comemora a Páscoa?
 Religiões de Matriz Africana e a Páscoa
o Como as religiões de matriz africana entendem a Páscoa?
o Páscoa e Semana Santa na Umbanda
o Páscoa e Semana Santa no Candomblé

Significado da Semana Santa


Considerada uma tradição religiosa cristã, a Semana Santa trata-se de um
período em que os cristãos celebram a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.
Dessa forma, o início da Semana Santa ocorre no Domingo de Ramos, que
representa a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém, e se estende até
o Domingo de Páscoa, que representa a ressurreição de Cristo.

Tradicionalmente, cada dia da Semana Santa possui um significado, sendo


eles:

 Sábado de Lázaro – comemorado apenas no cristianismo oriental. Esse dia é


dedicado ao Lázaro
 Domingo de Ramos – representa a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém.
 Segunda-feira Santa – representa a prisão de Cristo
 Terça-feira Santa – representa as sete dores da Virgem Maria
 Quarta-feira Santa – representa o encontro de Nossa Senhora das
Dores e Nosso Senhor dos Passos e também o Ofício de Trevas
 Quinta-feira Santa – representa os três gestos de Cristo na Última Ceia.
Também é celebrado o Crisma e abençoado os óleos usados no Batismo
 Sexta-feira Santa – representa a morte de Jesus, por isso, é chamada
de Sexta-feira da Paixão
 Sábado de Aleluia – representa a espera pela ressurreição.
 Domingo de Páscoa – representa a ressurreição de Jesus Cristo
 Segunda-feira de Páscoa – comemorado apenas pelas igrejas orientais. Esse
dia é feriado em alguns países como a França e do Reino Unido
Significado da Páscoa
Chamada também de Domingo da Ressurreição, a Páscoa é uma celebração
cristã que tem como significado a ressurreição de Cristo. Então, para os
cristãos, essa é uma das principais celebrações do ano, pois marca o
renascimento para a vida eterna.

Essa data tem tanta importância para as religiões cristãs devido ao significado
que ela traz. Foi nesta data, segundo o Novo Testamento, que Jesus foi
visto como o Filho de Deus. Para os cristãos, a morte de Jesus Cristo
simboliza a penitência pelos pecados do mundo. Já na ressurreição, que é
celebrada na Páscoa, a penitência de Cristo ganha um significado maior, pois
ele vai morar ao lado de Deus.

Quem comemora a Páscoa?


A celebração da Semana Santa e da Páscoa ocorre na maioria das religiões,
embora essas comemoração tenham significados e nomes diferentes. Na
maioria das religiões, esse período marca o retiro, a diminuição das
atividades religiosas e a espera. Já na Páscoa, as religiões que não
consideram a simbologia cristã veem essa data como o renascimento, a
colheita e a comemoração.

Mesmo com nomes e símbolos diferentes, o período tem o mesmo significado


para muitas religiões. Isso ocorre principalmente pela popularidade das
religiões cristãs e influência das mesmas na criação de outras religiões. Veja a
seguir como é a comemoração da Páscoa em diferentes religiões.

 Catolicismo – a Semana Santa e a Páscoa marcam os cristãos católicos como


o período de renovação e libertação dos pecados
 Protestantismo – existem diferentes significados entre os cristãos
evangélicos, mas a maioria acredita que esse período deve ser dedicado ao
estudo dos ensinamentos de Jesus de Nazaré, chamado de Messias
 Judaísmo – os judeus comemoram a libertação do Egito na Páscoa e
reafirmam o laço estabelecido com Deus
Há várias religiões que celebram a Semana Santa e a Páscoa ou têm seu
próprio significado sobre o período. No entanto, algumas religiões
simplesmente não dão significados ao período de Páscoa, como por exemplo,
o Budismo, Islamismo, Hinduísmo.

Nesta lista não incluímos o Espiritismo, pois essa é uma religião que não
comemora a Semana Santa ou a Páscoa. No entanto, os praticantes dessa
religião entendem o período como uma renovação do espírito, ou seja, a
evolução de cada um individualmente.

Religiões de Matriz Africana e a Páscoa


Essa é uma dúvida muito comum, para quem ainda não conhece muito sobre
as religiões de Matriz Africana. Embora exista sincretismo entre Entidades
cultuadas nestas religiões com Santos vistos na Igreja Católica, as religiões
de Matriz Africana não comemoram a Semana Santa e nem mesmo a
Páscoa.

Na verdade, religiões como Umbanda, Candomblé, Quibanda e muitas outras


que possuem origem africana, não acreditam na Bíblia. Por isso, é fácil
perceber que o significado da Semana Santa e da Páscoa não se aplicam à
essas religiões.

Mas devemos considerar que há um fator muito importante que é a mistura de


culturas, tradições e crenças. Dessa forma, algumas dessas religiões sofreram
muita influência cristã devido ao período da escravidão. Naquela época, os
escravos tinham que esconder suas crenças aos Orixás, por isso, associavam
eles aos Santos Cristãos.

Então, além do sincretismo, as datas comemorativas da Igreja Católica também


estavam presentes entre os escravos, que disfarçavam seus cultos às
Entidades cultuadas nas religiões de matriz africana. Essa mistura de
elementos acabou trazendo alguns significados para religiões como a
Umbanda.

Dessa forma, mesmo não havendo crenças e culto aos significados da Bíblia,
como é o período da Páscoa, praticantes de religiões de matriz africana que
sofreram essa influência dão um significado diferente para a Semana Santa e
Páscoa.

Como as religiões de matriz africana entendem a Páscoa?


Não são todas, mas algumas religiões de Matriz Africana entendem esse
período de reflexão.

Já no domingo que se comemora a Páscoa, nestas religiões são celebrados os


Orixás com uma grande festa.

Mas é importante deixar claro que algumas empregam algum significado ao


período, como mencionado, mas nenhuma delas consideram a simbologia
empregada pelos cristãos.

Páscoa e Semana Santa na Umbanda


De uma maneira geral, é um momento de reflexão com relação a si
mesmo. Repensar atitudes, comportamentos e assim, se fortalecer para a
evolução espiritual, sempre pensando no propósito da caridade.

Isso foi o que Oxalá, sincretizado em Jesus Cristo veio avisar.

Dessa forma, nesse período, os Umbandistas podem fazer suas oferendas não
alimentando Oxalá, mas sim seus filhos que estão necessitados.

Páscoa e Semana Santa no Candomblé


No período de Quaresma, há a celebração ao Olorogún, onde os Orixás e
Voduns entram em guerra contra o mal, para trazer o pão de cada dia para
seus filhos.
De uma maneira geral, no Candomblé a Semana Santa está associada a
Criação do Mundo. Assim, todos devem vestir branco, principalmente na
sexta-feira, por ser este o dia em que os Orixás descem do Orún para
conhecerem a grande criação de Olorun.

Assim, as oferendas devem ser de cor branca, como alimentos, e oferecidos


a Oxalá.

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Africana com elementos culturais do cristianismo?

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A cultura PAGÃ da Pascoa.
Ostara
Muito antes de ser considerada a festa da ressurreição de Cristo, a Páscoa
anunciava o fim do inverno e a chegada da primavera.
A Páscoa sempre representou a passagem de um tempo de trevas para outro
de luzes, isto muito antes de ser considerada uma das principais festas da
cristandade. A palavra "páscoa" – do hebreu "peschad", em grego "paskha" e
latim "pache" – significa "passagem", uma transição anunciada pelo equinócio
de primavera (ou vernal), que no hemisfério norte ocorre a 20 ou 21 de março
e, no sul, em 22 ou 23 de setembro.
De fato, para entender o significado da Páscoa cristã, é necessário voltar para
a Idade Média e lembrar dos antigos povos pagãos europeus que, nesta época
do ano, homenageavam Ostera, ou Esther – em inglês, Easter quer dizer
Páscoa.
Ostera (ou Ostara) é a Deusa da Primavera, que segura um ovo em sua mão e
observa um coelho, símbolo da fertilidade, pulando alegremente em redor de
seus pés nus. A deusa e o ovo que carrega são símbolos da chegada de uma
nova vida. Ostara equivale, na mitologia grega, a Persephone. Na mitologia
romana, é Ceres.
Os pássaros estão cantando, as árvores estão brotando. Surge o delicado
amarelo do Sol e o encantador verde das matas.
A celebração de Ostara comemora a fertilidade, um tradicional e antigo festival
pagão que celebra o evento sazonal equivalente ao Equinócio da primavera.
Algumas das tradições e rituais que envolvem Ostara incluem fogos de
artifícios, ovos, flores e coelho.
Ostara representa o renascimento da terra, muitos de seus rituais e símbolos
estão relacionados à fertilidade. Ela é o equilíbrio quando a fertilidade chega
depois do inverno. É o período que a luz do dia e da noite têm a mesma
duração. Ostara é o espelho da beleza da natureza, a renovação do espírito e
da mente. Seu rosto muda a cada toque suave do vento. Gosta de observar os
animais recém-nascidos saindo detrás das árvores distantes, deixando seu
espírito se renovar.
Ostara foi cristianizada como a maior parte dos antigos deuses pagãos.
Os símbolos tradicionais da Páscoa vêm de Ostara. Os ovos, símbolo da
fertilidade, eram pintados com símbolos mágicos ou de ouro, eram enterrados
ou lançados ao fogo como oferta aos deuses. É o Ovo Cósmico da vida, a
fertilidade da Mãe Terra.
Ostara gosta de verde e amarelo, cores da natureza e do sol.
O Domingo de Páscoa é determinado pelo antigo sistema de calendário lunar,
que coloca o feriado no primeiro Domingo após a primeira lua cheia ou
seguindo o equinócio.
A Páscoa foi nomeada pelo deus Saxão da fertilidade Eostre, que acompanha
o festival de Ostara como um coelho, por esta razão, o símbolo do coelho de
páscoa na tradição cristã. O coelho é também um símbolo de fertilidade e da
fortuna.
A Páscoa foi adaptada e renomeada pelos cristãos, do feriado pagão Festival
de Ostara, da maneira que melhor lhe convinha na época assim como a
tradição dos símbolos do Ovo e do Coelho.
A data cristã foi fixada durante o Concílio de Nicéa, em 325 d.C., como sendo
"o primeiro Domingo após a primeira Lua Cheia que ocorre após ou no
equinócio da primavera boreal, adotado como sendo 21 de março.
A festa da Páscoa passou a ser uma festa cristã após a última ceia de Jesus
com os apóstolos, na Quinta-feira santa. Os fiéis cristãos celebram a
ressurreição de Cristo e sua elevação ao céu. As imagens deste momento são
a morte de Jesus na cruz e a sua aparição. A celebração sempre começa na
Quarta-feira de cinzas e termina no Domingo de Páscoa: é a chamada semana
santa.
O significado da Páscoa
A Páscoa é uma festa cristã que celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Depois
de morrer na cruz, seu corpo foi colocado em um sepulcro, onde ali
permaneceu, até sua ressurreição, quando seu espírito e seu corpo foram
reunificados. É o dia santo mais importante da religião cristã, quando as
pessoas vão às igrejas e participam de cerimônias religiosas.
Muitos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais pagãos da
primavera. Outros vêm da celebração do Pessach, ou Passover, a Páscoa
judaica. É uma das mais importantes festas do calendário judaico, que é
celebrada por 8 dias e comemora o êxodo dos israelitas do Egito durante o
reinado do faraó Ramsés II, da escravidão para a liberdade. Um ritual de
passagem, assim como a "passagem" de Cristo, da morte para a vida.
No português, como em muitas outras línguas, a palavra Páscoa origina-se do
hebraico Pessach. Os espanhóis chamam a festa de Pascua, os italianos de
Pasqua e os franceses de Pâques.
Nossos amigos de Kidlink nos contaram como se escreve "Feliz Páscoa" em
diferentes idiomas. Assim: (Faraone – 20/04/2003)
O verdadeiro sentido da Páscoa
Por José Luiz C. Duarte
A festa da Páscoa
Para entendermos a Páscoa cristã, vamos, sinteticamente, buscar sua origem
na festa judaica de mesmo nome. O ritual da Páscoa judaica é apresentado no
livro do Êxodo (Ex 12.1-28). Por essa festa, a mais importante do calendário
judaico, o povo celebra o fato histórico de sua libertação da escravidão do Egito
acontecido há 3.275 anos, cujo protagonista principal desse evento foi Moisés
no comando de seu povo pelo mar vermelho e deserto do Sinai.
O evento ÊXODO/SINAI compreende a libertação do Egito, a caminhada pelo
deserto e a aliança no monte Sinai (sintetizado nos dez mandamentos dado a
Moisés). De evento histórico se torna evento de fé. A passagem do mar
vermelho foi lembrada como Páscoa e ficou como um marco na história do
povo hebreu. Nos anos seguintes ela sempre foi comemorada com um rito todo
particular.
Todo ano, na noite de lua cheia de primavera, os hebreus celebravam a
Páscoa, com o sacrifício de cordeiro e o uso dos pães ázimos (sem fermentos),
conforme a ordem recebida por Moisés (Ex 12.21.26-27; Dt 12.42). Era uma
vigília para lembrar a saída do Egito (forma pela qual tal fato era passado de
geração em geração – Ex 12.42; 13.2-8).
Essa celebração ganhou também dimensão futura com o passar do tempo. E
quando novamente dominados por estrangeiros, celebravam a Páscoa
lembrando o passado, mas pensando no futuro, com esperança de uma nova
libertação, última e definitiva, quando toda escravidão seria vencida, e haveria
o começo de um mundo novo há muito tempo prometido.
A celebração da Páscoa reunia três realidades distintas:
> Uma realidade do passado: o acontecimento histórico da libertação do Egito
quando Israel tornou-se o povo de Deus;
> Uma realidade do presente: a memória ritual (=celebração) do fato passado
levava o israelita a ter consciência de ser um ‘libertado’ de Javé (=Deus), não
somente os antepassados, mas o sujeito de hoje (Dt 5.4);
> Uma realidade futura: a libertação do Egito era símbolo de uma futura e
definitiva libertação do povo de toda a escravidão. Libertação esta que seria a
nova Páscoa, marcando o fim de uma situação de pecado e o começo de uma
nova era.
Jesus oferecendo seu corpo e sangue assume o duplo sentido da páscoa
judaica: sentido de libertação e de aliança. E ao celebrar a Páscoa (Mt 26,1-
2.17-20), Ele institui a NOVA PÁSCOA, a Páscoa da libertação total do mal, do
pecado e da morte numa aliança de amor de Deus com a humanidade.
A nova Páscoa não era uma libertação política do poder dos romanos, como os
judeus esperavam. Poucos entenderam que o Reino de Deus transcende o
aspecto político, histórico e geográfico.
Hoje, ao celebrarmos a Páscoa, não o fazemos com sacrifício do cordeiro e
alimentando-nos com pães sem fermento, pois Cristo se deu em sacrifício uma
vez por todas (Jo 1.29; 1Cor 5.7; Ef 5.2; Hb 5.9), como cordeiro pascal, como
prova e para nos libertar de tudo aquilo que nos oprime.
Os símbolos da Páscoa
Nas últimas cinco décadas a humanidade se transformou. O capitalismo tomou
conta do mundo e transformou tudo (ou quase tudo) em fonte de capital, de
lucro, de consumo. Assim as festas - grande parte de caráter religioso - se
tornaram ocasião de um consumo maior. Entre elas temos o Natal, Páscoa, dia
das mães, dia dos pais e até o dia das crianças.
Com a profanização, esses eventos perderam seus sentidos originais,
humanos, familiares e religiosos. E hoje a riqueza simbólica das celebrações
muitas vezes não passa de coisas engraçadas, incomuns e sem sentido. Por
isso, o propósito deste artigo é tentar resgatar um pouco o sentido das coisas,
das festas e celebrações e, simultaneamente, refletir sobre o sentido da vida
humana.
Não pretendemos estudar profundamente todos os símbolos da Páscoa cristã,
mas mostrar o sentido cristão de alguns deles.
Os ovos de páscoa
Na antigüidade os egípcios e persas costumavam tingir ovos com cores da
primavera e presentear os amigos. Para os povos antigos o ovo simbolizava o
nascimento. Por isso, os persas acreditavam que a Terra nascera de um ovo
gigante.
Os cristãos primitivos do oriente foram os primeiros a dar ovos coloridos na
Páscoa simbolizando a ressurreição, o nascimento para uma nova vida. Nos
países da Europa costumava-se escrever mensagens e datas nos ovos e doá-
los aos amigos. Em outros, como na Alemanha, o costume era presentear as
crianças. Na Armênia decoravam ovos ocos com figuras de Jesus, Nossa
Senhora e outras figuras religiosas.
Os ovos não eram comestíveis, como se conhece hoje. Era mais um presente
original simbolizando a ressurreição como início de uma vida nova. A própria
natureza, nestes países, renascia florida e verdejante após um rigoroso
inverno.
Em alguns lugares as crianças montam seus próprios ninhos e acreditam que o
coelhinho da Páscoa coloca seus ovinhos. Em outros, as crianças procuram os
ovinhos escondidos pela casa, como acontece nos Estados Unidos.
Antigamente, me lembro, há mais de 20 anos, o costume era enfeitar e pintar
ovos de galinha, sem gema e clara, e recheá-los com amendoim revestido com
açúcar e chocolate. Os ovos de Páscoa, como conhecemos hoje (de
chocolate), era produto caro e pouco abundante.
De qualquer forma o ovo em si simboliza a vida imanente, oculta, misteriosa
que está por desabrochar.
A Páscoa é a festa magna da cristandade e por ela celebramos a ressurreição
de Jesus, sua vitória, sua morte e a desesperança (Rm 6.9). É a festa da nova
vida, a vida em Cristo ressuscitado. Por Cristo somos participantes dessa nova
vida (Rm 6.5).
O chocolate
Essa história tem seu início com as civilizações dos Maias e Astecas, que
consideravam o chocolate como algo sagrado, tal qual o ouro. Os astecas
usavam-no como moeda.
Na Europa aparece a partir do século XVI, tornando-se popular rapidamente.
Era uma mistura de sementes de cacau torradas e trituradas, depois juntada
com água, mel e farinha. O chocolate, na história, foi consumido como bebida.
Era considerado como alimento afrodisíaco e dava vigor. Por isso, era
reservado, em muitos lugares, aos governantes e soldados. Os bombons e
ovos, como conhecemos, surgem no século XX.
Os coelhos
A tradição do coelho da Páscoa foi trazida para as Américas pelos imigrantes
alemães em meados do século 18. O coelho visitava as crianças e escondiam
os ovinhos para que elas os procurassem.
No antigo Egito o coelho simbolizava o nascimento, a vida. Em outros pontos
da terra era símbolo da fertilidade, pelo grande número de filhotes que
nasciam.
Eles também têm a ver com a vida, mas à abundância da vida, inesgotável, de
se multiplicar sem se esgotar. Qual a relação disso com os coelhos?
Cristo, para o cristianismo, é essa Vida Nova, inesgotável e abundante.
A liturgia do Sábado Santo e do Domingo da Páscoa está repleta de símbolos.
Vejamos alguns deles:
O fogo
No Sábado Santo a celebração é iniciada com a bênção do fogo, chamado de
"fogo novo". Os agricultores, desprovidos de tecnologia e de conhecimento,
utilizam o fogo, uma técnica milenar e primitiva, para limpar o terreno que será
destinado ao plantio. Nesse caso o fogo limpa aquele espaço do mato das
ervas daninhas e de tudo aquilo que prejudica ou é obstáculo para o plantio.
Em grandes incêndios florestais o fogo aparece como uma força destruidora e
às vezes incontrolável e invencível, como aconteceu recentemente nos
Estados Unidos e Grécia.
Na liturgia, Cristo é esse fogo que veio limpar o mundo do pecado, da
desesperança, do ódio pregando e instaurando o Reino de Deus (MT. 3.11; MT
13.40; Lc 12.49; Hb 12.29).
A Sua ressurreição mostra que Ele destruiu até a morte, o grande medo
humano. O pecado foi vencido pela graça de sermos filhos de Deus, templos
de Deus (Gl 4.7; Rm 8.14). O ser "imagem e semelhança de Deus" descrito na
criação, conforme o livro do Gênesis (Gn 1.26), foi restaurado por Ele. A
esperança por um mundo novo, justo e solidário foi reacendida.
A Água
Em nossa vida diária, utilizamos esse bem precioso para matar nossa sede,
para limpar de nosso corpo a sujeira e suor, para fazermos comida e para
limpeza doméstica. A água é também alimento principal das plantas e meio de
vida dos animais aquáticos. Ela também pode ser sinônimo de destruição,
como acontece nas grandes enchentes.
Para o cristianismo: Cristo é a verdadeira Água (Jo 4,9-15); a Água da vida que
livra para sempre o homem do egoísmo e da maldade, desde que ele queira
beber dessa Água; a morte e ressurreição de Jesus destruiu para sempre a
incerteza do futuro e própria morte trazendo à humanidade o verdadeiro
sentido da vida.
O batismo é a resposta do ser humano à proposta de Deus. Por isso após a
bênção da água se realiza a renovação das promessas batismais (Rm 6.1-11).
A aspersão do povo com água benta simboliza a nossa disposição em nos
limpar de tudo aquilo que fere e prejudica o outro.
O Cordeiro
O cordeiro é o símbolo mais antigo da Páscoa. No Antigo Testamento, a
Páscoa era celebrada com os pães ázimos (sem fermento) e com o sacrifício
de um cordeiro como recordação do grande feito de Deus em prol de seu povo:
a libertação da escravidão do Egito. Assim o povo de Israel celebrava a
libertação e a aliança de Deus com seu povo.
No Novo Testamento, Cristo é o Cordeiro de Deus sacrificado uma vez por
todas em prol da salvação de toda a humanidade. É a nova Aliança de Deus
realizada por Seu Filho, agora não só com um povo, mas com todos os povos.
Óleos Santos
Na antigüidade os lutadores e guerreiros se untavam com óleos, pois
acreditavam que essas substâncias lhes davam forças. Para nós cristãos, os
óleos simbolizam o Espírito Santo, aquele que nos dá força e energia para
vivermos o evangelho de Jesus Cristo.
Pão e vinho
O pão e o vinho, sobretudo na antiguidade, foram a comida e bebida mais
comum para muitos povos. Cristo ao instituir a eucaristia se serviu dos
alimentos mais comuns para simbolizar sua presença constante entre e nas
pessoas de boa vontade. Assim, o pão e o vinho simbolizam essa aliança
eterna do Criador com a sua criatura e sua presença no meio de nós.
O porquê da Páscoa não ser no mesmo dia todo ano
A origem é a Páscoa dos judeus, comemorada sempre no domingo da primeira
lua cheia da primavera (outono para nós do hemisfério sul). Isso ocorre entre
22 de março e 24 de abril.
Conclusão
Para nós, os cristãos, o centro de nossa fé será sempre Cristo que morreu e
ressuscitou para nos mostrar que o Reino de Deus pregado por Ele está
presente e vivo entre nós. A utopia de um mundo irmão, de paz e solidariedade
é possível e é esse Reino. A vida, a morte e a ressurreição de Jesus são a
concretização dessa utopia (Lc 17.21; Lc 21.28-33).
A partir desses pressupostos todos os símbolos são fáceis de serem
entendidos.
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A Páscoa judaica
Ágabo Borges de Sousa
A Páscoa judaica é marcada sobretudo pela refeição (Seder) pascal, que é
feita em família. Além do jantar em família, eram celebrados ritos no templo,
incluindo o sacrifício do cordeiro, hoje não se celebram mais esses ritos, mas
há leituras nas sinagogas.
No jantar da Páscoa há alguns elementos importantes como o cordeiro assado,
pães ázimos, ervas amargas, ervas doces e o molho doce com cor de tijolo. Na
época do templo o cordeiro pascal era sacrificado no próprio templo, porém
com sua destruição isso não foi mais possível, mas ficou a lembrança. Pois, na
bandeja da páscoa sobre a mesa do Seder, deve ter um osso grelhado, para
lembrar do cordeiro e um ovo, "para lembrar as oferendas festivas que
acompanhavam os sacrifícios" (Mansonneuve, Festas Judaicas, p. 31). Talvez
venha daí nossa tradição do "ovo da Páscoa", tão condenado por muitos hoje.
O jantar da Páscoa tem um caráter eminentemente didático, ele ensina às
gerações mais novas a torah oral, pois o filho mais novo pergunta o sentido de
cada elemento e o pai ou oficiante responde com base nos textos da torah,
conforme ensinou Hillel e Gamaliel. O rabino Gamaliel dizia: Quem não
explicou os três elementos que acompanham a Páscoa não cumpriu com sua
obrigação. Essa explicação se dá no Seder como resposta às perguntas do
filho menor.
O Cordeiro Pascal (pesah) "é o sacrifício da páscoa de Jahwé, que passou as
casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os egípcios e livrou nossas
casas" (Ex 12.27).
O Pão Ázimo (matsah) simboliza a falta de tempo de fermentar a massa do pão
na saída do Egito. "E cozeram bolos ázimos da massa que levaram do Egito,
porque ela não tinha levedado, porquanto foram lançados do Egito; e não
puderam deter-se, nem haviam preparado comida." (Ex 12.39).
As Ervas Amargas (maror) têm seu lugar porque os egípcios tornaram a vida
dos israelitas amarga com o sofrimento da escravidão. "Assim lhes amargurava
a vida com pesados serviços em barro e em tijolos, e com toda sorte de
trabalho no campo, enfim com todo o seu serviço, em que os faziam servir com
dureza (Ex 1.14)". Hillel introduz ainda o molho doce, cor de tijolo, lembrando a
produção de seu trabalho, no qual é embebida a erva amarga para comer, pois
a amargura da servidão se tornou em doçura, graças à salvação. Esse também
será o sentido das ervas doces.
O aspecto didático da Páscoa é prescrito em Ex 12.25-26. Há no Midrasch a
apresentação de quatro filhos, que representam quatro posturas diante da
cerimônia.
1. O sensato, que quer aprender o sentido da Páscoa, por compreender ser
ordenança de Jahwe;
2. O insensato, que não se compreende como parte da comunidade pascal, se
excluindo de sua própria origem;
3. O ingênuo, que desconhece o sentido e é esclarecido;
4. O que não sebe fazer pergunta a este é explicado por iniciativa do pai.
A Páscoa judaica é assim, rica em sentidos pois representa uma atualização da
libertação de Deus da escravidão egípcia, com uma oportunidade de ensino
doméstico da torah, mantendo as gerações participantes da ação libertadora de
Jahwe na história.
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Mário Natho

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