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Desde há algumas décadas, o estudo das religiões comparadas tem vindo a colocar a

descoberto as profundíssimas semelhanças existentes entre os rituais e símbolos teológicos


das diversas religiões.

Esta realidade que num princípio escandalizou mais do que um fervoroso crente, na
actualidade é admitida por todos os estudiosos do tema; e as provas de que se dispões são
conclusivas sobre esse respeito.

É de todos conhecido a profunda semelhança entre a narração do dilúvio que nos transmite o
génesis, onde participa a figura salvadora de Noé, com a narração encontrada na cultura
suméria, conhecida como o “Poema de Gilgamesh”, onde se fala de Ut-Napishitim, o herói que
conseguiu salvar-se do dilúvio.

Vamos encontrar a mesma coincidência mítica em diferentes culturas relativamente às


festividades do Natal. Dentro do Cristianismo Católico, esta é a celebração do nascimento de
Jesus, o Salvador dos homens, que rodeado de uma deslumbrante luz, vem ao mundo num
humilde estábulo, tendo por berço um molho de palha.

O 25 de Dezembro era o dia que os romanos dedicavam às festas Brumalias em honra ao Deus
Baco. Este Deus era personificação romana de uma outra divindade grega, Dionísio, divindade
solar da qual se celebrava por esses dias (por volta do 21 de Dezembro) o dia do seu
nascimento. No dia 21 de Dezembro também era celebrado o “Sol Invicti”, uma das
festividades fundamentais do culto ao Deus Mitra. Nesta cerimónia celebrava-se o nascimento
do Sol, como máximo expoente do espírito dentro da matéria. Esta festa coincide com o
solstício de inverno, que é precisamente o dia mais curto do ano, ou seja, o momento em que
o sol está praticamente dominado pela obscuridade. O menino, ao vir ao mundo, também está
indefeso diante de todos os perigos. Mas essa luz que nasce débil, vai crescendo
inexoravelmente até converter-se no equinócio da primavera num astro pujante, dominador
das trevas.

Na religião egípcia houve uma festividade muito popular de características semelhantes: era a
festa do nascimento do Deus Horus, o Deus Falcão. O mito Osiriano, no qual aparece esta
alusão, apresentava Horus como tendo nascido de uma virgem, Ísis, esposa sagrada de Osíris,
de modo que completam a Trindade fundamental desse panteão. A imagem de Horus, em
forma de criança recém-nascida, era retirada do santuário para a adoração dos crentes. Era
representada pela figura de um menino nos braços da sua mãe Ísis.

O Nascimento de Cristo continua a antiga tradição de festividades celebradas no solstício de


Inverno, relacionadas com o “nascimento” do Sol, o advento da Luz na penumbra o espírito na
matéria.

Quando nos sentimos em baixo, decepcionados por não tornar os nossos sonhos em
realidades, quando a vontade não responde e tudo se afunda ao nosso redor, então, justo no
momento antes de perder toda a esperança, pode renascer o Cristo, o Mitra, o Horus, em nós
mesmos se formos capazes de renovar-nos para uma nova etapa de luz interior e exterior.
Todos temos um Sol Espiritual no nosso interior, todos passamos por invernos e todos temos a
possibilidade de chegar de novo à primavera. Pelo menos, assim nos ensina ano após ano a
Mãe Natureza.

Javier Escribano
Francisco Capacete
Departamento de Investigação Histórica (DIH)
Nova Acrópole Espanha - Barcelona

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