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A Liderança de Daniel

Daniel 6. II

"Então aqueles homens f oram juntos, e acharam Daniel orando e suplicando diante do seu Deus"

O livro do profeta Daniel é, no conjunto dos livros proféticos do Antigo Testamento, um livro de características
singulares. Escrito num dos períodos mais conturbados da história do povo de Deus - o cativeiro babilônico (606 a 536
a.C.), Daniel trata das questões centrais do plano de Deus para salvação da humanidade. Escrito num estilo literário
classificado como "apocalíptico", o livro de Daniel revela as etapas históricas que se seguiriam, culminando com o triunfo
final de Deus contra a iniqüidade e o pecado. Em sua profecia, Daniel toca em várias questões vitais para a igreja e os
crentes de Jesus: a apostasia do povo de Deus, a revelação do homem, do pecado, a tribulação, a segunda vinda de Jesus,
o milênio e o Dia do Juízo.

O autor deste livro, o profeta Daniel, tem apenas uma menção fora do livro de sua autoria. Ele é citado por Jesus em Mateus
24.15 quando fala dos "sinais do fim " durante a pregação do Sermão Profético. Não podemos afirmar, com certeza, onde e
quando Daniel nasceu. Entretanto, segundo as informações contidas em seu próprio livro, é possível supor que Daniel teria
nascido em Jerusalém por volta de 625 a 620 a.C. Para tanto, deve-se levarem consideração que Daniel foi classificado como
"jovem" na época da invasão babilônica, datada em 605 a.C. Levado cativo com cerca de 15 a 20 anos, Daniel teria vivido os
setenta anos do cativeiro babilônico longe de sua terra natal.

1.0 LÍDER DANIEL - UM HOMEM SINGULAR (6.1-5)


Estes cinco primeiros versículos do capítulo seis nos apresentam Daniel mino uma pessoa, realmente, singular. Já, sob o
reinado de Dario, Daniel foi escolhido para ser um dos três governadores que supervisionariam os 120 sálrapas.
pequenos governadores das províncias do império. Mesmo entre os três governadores, Daniel se distinguiu "porque nele
havia um espírito excelente". Encontramos nestes versículos cinco expressões que descrevem Daniel. Vejamos:
a) "Nele havia um espírito excelente " (v. 3) - Esta virtude, a presença do Espírito Santo de Deus na vida de Daniel, nos
mostra que ele viveu de modo reto e de maneira santa na presença de Deus. O apóstolo Paulo, em sua Carta aos Efésios, nos
ensina que é dever do crente "encher-se do Espírito" (cap. 5.18) e na Primeira Carta aos Coríntios, diz: "Ou não sabeis que o
vosso corpo é o santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuis da parte de Deus, e que não sois de vós
mesmos?" (ICo 6.19). O líder Daniel nos ensina que, um líder vitorioso e que desfruta da comunhão com Deus, é um líder
que busca viver sob o domínio do Espírito Santo de Deus.
b) "Não puderam achar culpa alguma" (v. 4) - A inveja levou os demais presidentes e sátrapas a tentarem encontrar
um motivo para incriminar Daniel, mas a tentativa não obteve êxito. A verdade é que não conseguiram encontrar
motivo algum para que Daniel sofresse qualquer tipo de censura. Ele vivia de modo puro, era honesto e mantinha o seu
caráter irrepreensível. O líder Daniel nos mostra que, mesmo em ambientes hostis, é possível permanecer firme. Ele não
cedeu à tentação de ser popular e de tentar agradar os amigos. Ele não abriu mão da integridade.
c) "Ele era fiel" (v. 4) - Outra qualidade preciosa de Daniel. Ele optou por ser fiel, não se importando se teria que pagar
algum preço por isso. A fidelidade é uma virtude que, em termos práticos, significa, na descrição do Dicionário de Aurélio
Buarque de Holanda, "aquele que cumpre aquilo a que se obriga; leal; honrado; íntegro ". O líder Daniel nos mostra que a
fidelidade é essencial para uma vida frutífera e uma liderança vitoriosa.
d) "Não se achava nele nenhum erro nem culpa " (v. 4) - Embora pareça uma repetição, temos aqui um outro
aspecto importante do caráter do líder Daniel: ele não era desonesto e nem negligente. O texto nos mostra que Daniel não
fraudava a confiança do rei e nem os princípios que adotara. Ele não usava o poder que tinha em mãos em seu próprio
benefício. E, ainda, era dedicado e aplicado às suas responsabilidades. Ele não era negligente, mas agia com zelo e
dedicação. Aprendemos com o líder Daniel que devemos ser exemplares em nossa conduta e dedicação. É como Paulo nos
orienta: "servindo de boa vontade como ao Senhor, e não como aos homens " (Ef. 6.7).
e) "Nunca acharemos ocasião alguma para acusar a este Daniel" (v. 5) – Que testemunho extraordinário Daniel
deu aos seus contemporâneos! Por mais que buscassem ocasião e razões para acusar Daniel, os seus inimigos se viram
obrigados a reconhecer que isso era impossível. O líder Daniel nos ensina, com toda clareza, que a maior arma do crente
é o seu testemunho. É como dizia um antigo comercial da televisão: "Contra fatos não há argumentos". O exemplo de
Daniel nos leva a pensar, também, na grande responsabilidade que temos quando falhamos em nosso testemunho. Afinal,
se a melhor arma contra o inimigo é o bom testemunho do crente, a melhor arma do inimigo contra o crente é o seu mau
testemunho.
2.0 LÍDER DANIEL - PERMANECENDO FIRME EM SEUS VALORES
Preparada a armadilha (v. 10-16), Daniel se vê agora diante do dilema: obedecer ao decreto de Dario e, com isso, trair
ao seu Deus, ou permanecer fiel aos seus valores e, com isso, incorrer na ira do rei. Séculos mais tarde, este mesmo
dilema seria traduzido claramente pelos apóstolos de Jesus, liderados por Pedro (At 5.29): "Antes, importa obedecer a
Deus do que aos homens ".

O líder Daniel nos ensina, com toda clareza, que a maior arma do crente é o seu testemunho. E como dizia um
antigo comercial da televisão: "Contra fatos não há argumentos". O exemplo de Daniel nos leva a pensar,
também, na grande responsabilidade quitemos quando falhamos em nosso testemunho. Afinal, se a melhor arma
contra o inimigo é o bom testemunho do crente, a melhor do inimigo contra o crente é o seu mau testemunho

A verdade é que este dilema está presente na vida de todos os discípulos de Jesus. Quando ele nos ensinou que
"ninguém pode servir a dois senhores" (Mt 6.24), estava nos dizendo exatamente isso: os servos do Senhor precisam
saber a quem seguem e devem decidir se querem ou não pagar o preço da fidelidade a ele. Este episódio da vida de
Daniel nos mostra esta situação sendo vivida em toda intensidade. Diante da ordem real, que contrariava os seus princípios e
valores, não havia como contemporizar: ou ele obedecia ao rei ou não. Não sabemos, pois o texto não nos revela, o
quanto custou para Daniel fazer a sua escolha. O versículo 10 nos mostra que a reação dele foi manter os seus costumes,
sem nos dizer se ele experimentou ou não alguma tensão quando decidiu desobedecer ao rei. A lição que temos aqui é
direta e clara: diante da necessidade de escolher a quem servir, o líder que serve a Jesus não deve duvidar um instante
sequer: é melhor servir a Jesus, mesmo que o preço seja ser atirado à cova dos leões.

Também, aprendemos com Daniel que a nossa preocupação deve ser apenas uma: obedecer ao nosso Senhor. Das
conseqüências de nossa atitude, quem cuida c o nosso Mestre. Assim foi com Daniel, assim foi com Pedro (At 5.29)
como, também, assim foi com Paulo (2Co 9 e 10) e é conosco também. Quando obedecemos a Deus, ele é fiel a si
mesmo e nos garante a vitória contra os inimigos, não imporia quantos sejam ou quão poderosos sejam.

3.0 LÍDER DANIEL - TRIUNFO APÓS A TRAGÉDIA


Daniel escolheu ser fiel a Deus, o que significa que ele decidiu desobedecei' ao decreto do rei Dario. Já não havia nada
mais a fazer, a não ser orar. E Daniel orou (v. 13). Encontramos aqui um princípio que tem sido muitas vezes ignorado
pólos líderes cristãos: diante de uma situação de crise, a opção é orar, para que Deus possa trabalhar. Daniel escolheu
desobedecer ao rei e, dando continuidade à sua prática diária, "três vezes por dia fazia sua oração" (v. 13). A oração de
Daniel, entretanto, não impediu a ação dos seus inimigos, que logo que perceberam sua decisão, o delataram ao rei.
Constrangido e percebendo tardiamente as reais intenções de seus auxiliares, determinou que fosse cumprida a lei, de
modo que a sentença para a desobediência foi logo executada: Daniel foi atirado na cova dos leões. Aprendemos mais
uma importante lição com o líder Daniel: a fidelidade de Deus nos garante o melhor, mas isso não significa que estaremos
livres das investidas do inimigo. Deus não impediu que Daniel fosse atirado aos leões, mas impediu - fato muito mais
importante - que Daniel fosse devorado pelos leões famintos. A conseqüência mais palpável da fidelidade de Daniel foi a
destruição dos seus inimigos (v. 24-28).

4. O LÍDER DANIEL - TRANSCENDENDO AO SEU TEMPO


A vitória de Daniel contra aqueles que tentaram destruí-lo nos presenteia com importantes lições para quem aspira e
exerce a liderança na igreja de Jesus Cristo. O exemplo de Daniel transcende ao seu tempo e chega a nós como um
modelo para ser seguido. Daniel é exemplo de líder em relação à sua vida pessoal, em relação à sua relação com os seus
pares, com os seus subordinados e superiores. É exemplo, também, em relação à sua vida devocional.
De modo sistemático, podemos dizer que:
a) O líder Daniel é um modelo de vida pessoal (Cap. l) - Daniel e seus companheiros de exílio (1.6) possuíam um padrão
elevado de conduta e de cuidado para com as suas vidas pessoais. Eles não se contaminaram com as "iguarias" (1.8) do
palácio real e mantiveram-se firmes em sua disciplina e regime alimentar (1.11-15). Eles cuidavam de sua mente, do seu corpo
e do seu espírito (1.17-21).

b) O líder Daniel é um modelo de capacidade de relacionamento (6.1-3) - Ao ser escolhido pelo rei como um dos três
presidentes dos 120 sátrapas, Daniel evidenciou sua grande capacidade de relacionar-se com o seu superior (o rei Dario);
com os seus pares - os dois outros presidentes e com os seus subordinados - os 120 sátrapas (muito provavelmente divididos
em três grupos de 40 deles). Embora tenha sofrido com a inveja e a hostilidade destes, Daniel era um líder inconteste e um
exemplo para eles.
c) O líder Daniel é um modelo de vida devocional (Cap. 6.10 e 13) - Dedicado à oração, Daniel nos mostra o valor da
disciplina (ele orava três vezes ao dia) e o versículo 10 diz que esta era uma prática antiga na vida de Daniel: "como também
antes costumava fazer". Daniel estava fora de sua terra natal, possivelmente, longe de seus familiares e amigos de infância.
Poderia, facilmente, deixar os seus hábitos devocionais mas, ao contrário do que geralmente acontece, ele decidiu ser fiel a
seu Deus.

CONCLUSÃO
O líder Daniel é um modelo e um grande exemplo para todos nós. Seu testemunho, vinte e cinco séculos depois, ainda fala.
Aprender e seguir o seu exemplo é um desafio paia Iodos nós. Que nós possamos aproveitar esta bênção que é a vida e o
exemplo do profeta que mostrou o poder e a glória do nosso Deus na corte babilônica.

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