Doutorado em Direito

Doutorado em Direito: como decidir o tema do projeto de pesquisa 1
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 3
A PRIMEIRA DEFINIÇÃO: ENTENDENDO O

TEMA DE PESQUISA ................................................................................................ 5
A SEGUNDA DEFINIÇÃO: DELIMITANDO O

TEMA DE PESQUISA ................................................................................................ 11
E A ORIGINALIDADE, COMO NASCE? ........................................................ 12
EXEMPLOS PRÁTICOS: O QUE DIZEM OS ALUNOS

E ALUNAS DO IDP? ................................................................................................. 15
O PROGRAMA DE DOUTORADO DO IDP ................................................ 22
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 23
CONHEÇA O IDP LEARNING .............................................................................. 24
CONHEÇA AS REDES SOCIAIS DO IDP ...................................................... 25

INTRODUÇÃO
Sempre ressaltamos no Blog do IDP a importância de continu-

ar sempre se aprofundando nos estudos. Atualmente, os bancos das
faculdades nos levam até determinado lugar. Para alcançar novos
patamares, é preciso se especializar.
A pós-graduação stricto sensu, ou seja, o Mestrado e o Dou-

torado, são ideais para quem deseja mergulhar em pesquisas mais
avançadas, analisando com maior cuidado e elevado grau de cienti-
ficidade um objeto específico.
Em relação ao Mestrado, nós desenvolvemos um e-book espe-

cífico que trata das diferenças entre as modalidades Acadêmico e
Profissional.
Abordamos como o problema de pesquisa costuma ser desen-

volvido; as diversas formas de se estudar um mesmo objeto; e o obje-
tivo do pesquisador e da pesquisadora em cada espécie de Mestrado.
Apresentamos ainda exemplos de dissertações produzidas no

IDP sobre o mesmo tema nas duas modalidades. A intenção foi ob-
servarmos casos concretos para melhor compreendermos as nuan-
ces de abordagens propostas no Acadêmico e no Profissional.

Após a conclusão do Mestrado, muitos pesquisadores e mui-
tas pesquisadoras decidem por continuar os estudos e aplicar para
vaga no Doutorado.
O percurso para a entrada no Doutorado em Direito exige

preparação em maior grau do que a dedicação para aprovação no
Mestrado. Em regra, há exigências específicas que os programas de
Mestrado não estabelecem.
Espera-se que quem ingressa no Doutorado tenha nível supe-

rior de maturidade acadêmica em relação a quem está dando os
primeiros passos no Mestrado.
Dentre os indicadores do amadurecimento que as bancas de

avaliação esperam, está a proposição bem elaborada do tema de
pesquisa, que precisa ser original.
Mas como escolher o tema de pesquisa no Doutorado em Di-

reito? O que significa a originalidade?
E mais: o tema pode se relacionar à sua atividade profissional

atual? Ele deve ser o mesmo estudado ao longo da sua jornada aca-
dêmica?
Nesse e-book apresentamos algumas características que com-

põem o tema de pesquisa e como delimitá-lo. Isso facilitará a sua
escolha do projeto de pesquisa do seu doutoramento.
Trazemos também exemplos de temas concretos estudados

por alunos e alunas do Doutorado em Direito do IDP, que contam
a sua experiência.
Ao final, apresentamos o programa de Doutorado em Direito

do IDP, e algumas ferramentas que estão colocadas à disposição
para você atingir sucesso na sua carreira acadêmica e profissional.
Vamos lá!

A PRIMEIRA DEFINIÇÃO:
ENTENDENDO O TEMA DE PESQUISA
Quando falamos de tema de pesquisa em Doutorado, é impor-

tante defini-lo (no sentido de bem entender) para melhor defini-lo
(no sentido de bem delimitar).
O tema de pesquisa é o seu ponto de partida, seu objeto de in-

quietação. Está relacionado ao assunto que será tratado, à sua área
de interesse e ao seu objeto de estudo.

Tema de pesquisa não é sinônimo de um simples assunto. É
bem verdade que o assunto indica campo de interesse, mas não
revela necessariamente uma pergunta, um problema, uma dúvida
que será enfrentada e respondida na pesquisa.
Para Rodrigo Portela Gomes, professor do Doutorado em Direito

do IDP: “A delimitação do tema pode ser considerado o primeiro
passo para a concepção de qualquer projeto de pesquisa. Desse
modo, refletir sobre o tema é um exercício inaugural para as candida-
tas que estão se preparando para realizar o doutorado em direito”.
No Guia de Curso do Doutorado em Direito do IDP, percebe-

mos que os principais critérios de admissão são relacionados ao
tema de pesquisa:
• Clareza, objetividade e atualidade do tema;

• Exequibilidade e adequação da proposta de pesquisa ao
programa;
• Contribuição da proposta de pesquisa ao programa; e
• Domínio do tema e da proposta de pesquisa apresentada.
Podemos extrair que devem ser evitados assuntos que não estão
bem estruturados, ou logicamente formados nos seus pensamentos.
O tema de pesquisa deve ser objetivo – portanto, nada de ro-

deios. Geralmente ele se apresenta em uma colocação simples, con-
cisa, direta, ou em forma de pergunta.
Quanto mais atual o tema, via de regra, mais relevante ele é para a
sociedade, e mais atrativo para a Academia. Não deposite sua energia

em temas que já estão saturados, principalmente no Doutorado. Evite
ainda os que cuidam de uma dúvida pontual, ou de uma curiosidade.
O tema escolhido deve ser significativo. De preferência, que es-

teja na pauta de frequentes debates jurídicos e que permita contri-
buição para a coletividade.
Você pode se atualizar sobre as discussões mais latentes recor-

rendo a publicações de periódicos, dissertações, teses e repositórios
jurídicos. Dessa leitura, podem surgir vários questionamentos que
merecem investigação científica.
Uma possibilidade é dar preferência para temas ligados a uma

área do Direito que você já tenha conhecimento, afinidade ou inte-
resse. Será mais fácil de percorrer os debates e levantar as discussões
mais atuais se você tem proximidade com aquela área específica do
conhecimento jurídico.
A escolha do tema também deve levar em consideração a exe-

quibilidade da proposta. Aqui estão envolvidos, por exemplo, tempo
disponível para pesquisa, metodologia adequada, acesso relativa-
mente fácil às fontes e materiais de pesquisa, possibilidade de cole-
ta de material.
Não adianta elaborar uma pergunta e propor um tema que seja

de difícil execução, ou seja, que não seja plenamente passível de ser
estudado ou investigado.
Você deve considerar ainda a relação entre o tema que está

escolhendo e o Programa de Pós-Graduação para cuja seleção você
vai se submeter.
Procure informações sobre as linhas de pesquisa do Programa,

as investigações que são conduzidas por docentes e discentes, quais
professores ou professoras poderiam lhe orientar futuramente.

É preciso que você escolha um tema que, em última análise,
seja adequado às pesquisas que são desenvolvidas naquele Progra-
ma e que contribua para o seu fortalecimento.
O professor Rodrigo acrescenta: “Vários são os critérios que po-

dem ser elencados para definição do tema de pesquisa, mas alguns
me parecem indispensáveis para qualquer pesquisadora, sendo
mais ou menos experientes, portanto, é válido para candidatas que
estão desenvolvendo projetos para seleção de doutorado no direito”.
Ele aponta três:
“O primeiro a considerar é a sua inserção em um determinado

campo de investigação, nesse sentido, procure valorizar a sua trajetória
científico-profissional elegendo como assuntos prioritários aqueles que
já fazem parte do mesmo campo de sua produção”;
“O segundo é o interesse em aprender, conhecer e descobrir,

tendo em vista, que se trata de uma investigação, portanto, o desafio é
identificar perguntas relevantes para o campo. Além disso, por se tra-
tar de um prazo razoável, é importante que tenha interesse em seguir
explorando assuntos que motivam, estimulam e impulsionam também
do ponto de vista subjetivo”;
“O terceiro é especificar os assuntos de maior interesse até iden-

tificar um tópico do campo de investigação que seja factível desenvol-
ver um projeto de pesquisa, nesse sentido, pensar sobre aspectos de
fundamentação teórica e metodológica daquele assunto para compre-
ender se é realizável no período e nas condições do doutorado”.

A professora Caroline Vargas dá algumas dicas sobre a escolha
do tema. Ela propõe perguntas mentais que você pode se fazer no
intuito de abrir caminhos e desbravar possibilidades.
Vejamos algumas:
Qual a discussão
ou inquietação
jurídica? Existem
outras pesquisas
discutindo esse
tópico? Sob quais
aspectos?
Há possível
É possível vincular
ativismo judicial?
mais de uma área
Como o Judiciário
do conhecimento?
tem se comportado
Quais? Como?
sobre o tópico?
Há jurisprudência
local passível de
discussão ou análise?
E em Tribunais
Superiores? Como
esses julgados podem
ser trabalhados?
forma empírica? Pode

Há hard cases?
ser conduzido estudo
Como trabalhá-los
de caso por meio da
vinculado ao
avaliação de
tópico em mente?
entrevistas e outros
dados?
No direito
comparado
temos alguma
contribuição? Qual?
Se esse tema já foi

bastante O que você pretende
pesquisado, qual a demonstrar com a
contribuição nova sua pesquisa?
que você pretende
abordar?
Há possível omissão do
Executivo ou Legislativo?
Há propostas de
projetos de lei ou de
emendas à Constituição?

Responder essas perguntas para si a partir das suas leituras e
estudos prévios, pensando “como o Direito pode resolver essa si-
tuação?”, é uma boa forma de se chegar ao tema de pesquisa.
Muitos pesquisadores e pesquisadoras dão seguimento ao

tema que foi abordado no Mestrado, mas agora com viés mais apro-
fundado.
A respeito dessa possibilidade, apontamos a orientação do pro-

fessor Rodrigo Portela:
“ Se for possível, identifique na sua investigação de

mestrado lacunas que você não conseguiu enfren-
tar, ou mesmo que outras pesquisadoras do seu
campo já haviam apontado como temas relevan-
tes, mas que também não conseguiram desen-
volver nas suas pesquisas. A familiaridade com o
campo permite que identifiquemos problemas ou
questões mais específicas, bem como facilita na
formulação de questões teóricas, metodológicas e
epistêmicas do ramo de estudo que o tema está
vinculado. Outro fato relevante é que a candidata
manterá uma agenda de pesquisa, possibilitando
a sua consolidação como referência nos estudos
desenvolvidos sobre aquela temática.
“
Agora que entendemos os elementos que constituem o tema
de pesquisa, é preciso delimitá-lo.

A SEGUNDA DEFINIÇÃO:
DELIMITANDO O TEMA DE PESQUISA
Uma boa delimitação permite melhores recortes e aumenta as

possibilidades de sucesso da investigação e dos resultados. O recorte
do tema significa deixá-lo o mais específico possível, com contor-
nos precisos. Sua pesquisa estará restrita, portanto, àqueles limites.
Por um lado, a banca e o leitor não devem esperar que você

trate do assunto de forma genérica, ou que englobe aspectos que
não estão dentro do recorte. De outro, espera-se que a pesquisa seja
aprofundada dentro daqueles limites, e que você tenha explorado o
tema com comprometimento, de forma satisfatória e científica.
Quanto mais aprofundado, portanto, maiores as chances de exame

profundo, de forma reflexiva pelo pesquisador ou pesquisadora.

As delimitações mais comuns são a geográfica e a temporal.
Se o seu tema envolve democracia, por exemplo, é importante esta-
belecer onde e quando: democracia no Brasil pós-1988, ou princípios
de democracia nos Estados Unidos no século XVIII, por exemplo.
Dentro do Direito, outra delimitação habitual é o estudo de de-

terminado tema em esfera específica de um dos três Poderes:
Análise jurisprudencial de cumprimentos de sentença de con-

tratos de aluguel no Superior Tribunal de Justiça de 2010 a 2020;
Levantamento de projeto de leis sobre direito à moradia na Câ-

mara dos Deputados durante a 56ª legislatura; ou
Comparativo de medidas provisórias editadas no primeiro ano de

governo Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro.
Também se costuma delimitar o tema de acordo com o enfo-

que dado à pesquisa: tributação à luz dos direitos humanos; maio-
ridade penal sob o viés sociológico; alienação parental conforme a
psicologia; aspectos filosóficos do direito do nascituro.
E A ORIGINALIDADE, COMO NASCE?
Um requisito das pesquisas de doutorado é a originalidade.

Mas calma: não se espera que você reinvente a roda. Afinal, a origi-
nalidade não é um fim em si mesmo.

O que se busca é o real progresso e desenvolvimento para a área
do conhecimento. A pesquisa deve contribuir para formar um novo
pensamento a partir de novos insights, uma ideia inédita, tema origi-
nal ou metodologia inovadora em relação ao que já foi produzido.
O tema escolhido impacta na originalidade: quanto menos ex-

plorado, mais potencial a tese terá nesse requisito. Aprofundar-se
em um tema pouco estudado pode abrir caminhos para novas des-
cobertas e contribuições significativas.
Muitas vezes, ainda que o tema já tenha sido estudado, existe a

possibilidade de ser abordado sob nova perspectiva. Você pode, por
exemplo, investigar um fenômeno jurídico a partir de uma teoria dife-
rente, ou analisar um caso concreto sob enfoque distinto dos demais.

Outra forma de se alcançar a originalidade é identificar lacunas
na literatura existente e explorar tópicos que ainda não foram abor-
dados ou investigados a fundo. Você pode estender ou aprimorar
uma teoria ou conceito existente, ou ainda desenvolver uma nova
teoria ou modelo que explique um fenômeno ainda não compreen-
dido na literatura jurídica.
A utilização de métodos inovadores pode dar nova dimensão

à sua pesquisa e torná-la mais original. Você pode utilizar técnicas
avançadas de análise de dados, desenvolver novos modelos teóri-
cos ou utilizar ferramentas tecnológicas para coletar informações.
Também pode realizar uma pesquisa empírica que revele resultados
significativos ou inesperados.
A originalidade ainda pode ser alcançada na combinação do Di-

reito com outra área de conhecimento, trazendo interdisciplinaridade
à sua pesquisa, seja via teoria ou técnicas metodológicas. Esse entre-
laço pode levar a um conhecimento que ainda não foi trabalhado.
A sua futura tese deve ser relevante e contribuir para o desen-

volvimento do Direito, e a escolha do tema de pesquisa é o primeiro
passo nesse caminho.

EXEMPLOS PRÁTICOS: O QUE DIZEM
OS ALUNOS E ALUNAS DO IDP?
Outra forma de se chegar ao seu tema de pesquisa é perguntar

a discentes qual o caminho que foi percorrido.
Vanessa Reichert concluiu o doutorado em 2022 no IDP. Va-

mos dar uma olhada no título dos trabalhos que ela produziu desde
a graduação:
O perfil da judicialização da saúde no estado do Rio Grande do

Sul e os limites de uma intervenção judicial legítima: estudo de caso
acerca das decisões judiciais que determinaram sequestro de verbas
públicas em valores acima de duzentos mil reais no ano – doutorado;
As medidas estruturantes no direito à saúde no Brasil – mestrado;
Direito à saúde e reserva do possível: fundamentos e aplicação

da teoria no Brasil – graduação.
Aqui há dois fatores importantes.
O primeiro é a constante do direito à saúde como tema explo-

rado na trajetória de Vanessa.
Segundo ela: “O tema da minha tese de doutorado me acom-

panha desde a graduação. Iniciei a pesquisa no direito à saúde na

iniciação científica, como parte de um grupo coordenado por pro-
fessor pesquisador da temática. A semente regada naquela época
rendeu frutos: foi o tema do trabalho de conclusão na graduação,
da dissertação de mestrado e hoje, é o objeto da minha tese de
doutorado”.
No entanto, apesar de seguir o mesmo tema, foram dados con-

tornos diferenciados ao longo dos seus estudos.
“Os diferentes marcos teóricos estudados no percurso acadê-

mico renderam modificações aos rumos da pesquisa, mas o fato é
que sempre surgiram novas perguntas que me motivaram a seguir
pesquisando o direito à saúde”.
No caso de Vanessa, a escolha do tema de pesquisa não man-

tém relação direta com a sua profissão.
“Não atuo especificamente na área, mas o tema me instiga,

o que considero um fator primordial a ser considerado na esco-
lha do tema de um projeto de pesquisa. É preciso que o tema lhe
desperte interesse e questionamentos, que você sinta necessidade
de investigar determinado problema”.
O segundo fator que nos chama a atenção é a delimitação do

tema no doutorado: ela envolve estudo de caso quanto ao direito à
saúde apenas no Poder Judiciário, dentro de um estado específico,
versando sobre sequestro de verbas públicas com valor determinado.
Outro exemplo que podemos usar é Marilia Fontenele. Ela é

professora no IDP nas cadeiras de Direito Penal e Processo Penal na
graduação de Direito.
Também é doutoranda e mestra em Direito Constitucional, na

sublinha Tutela Penal e Direito Sancionador no Estado Democrático
de Direito, ambos pelo IDP.

Marília tem afinidade com o Direito Penal desde a graduação, e
hoje é advogada criminalista. Vamos ver os trabalhos que já produziu:
Hipóteses resolutivas do acordo premial e sua ausência proce-

dimental – mestrado;
Feminismo Negro - Os diferentes paradigmas criminológicos –

especialização; e
A ausência de representatividade dos jurados no Tribunal do

Júri – graduação.
No doutorado, ela escolheu uma incursão diferente dentro do

tema do Direito Penal:
“ O tema sobre lavagem de dinheiro e apostas esportivas no

Brasil surgiu de forma natural diante da minha atuação
como advogada criminalista em escritório especializado
em Direito Penal Econômico, minha área de interesse e
pesquisa, vez que coordeno grupo de estudos de sistemas
penais econômicos nesta instituição, além do próprio fato
de ser pessoalmente fã de esportes. Por óbvio que o deba-
te moral sobre os jogos de azar no país – que opõe aqueles
que alertam para prejuízos ou vícios morais decorrentes
de lucros e perdas fáceis aos que advogam pela explora-
ção econômica deste segmento – é sempre um campo in-
“
teressante para o Direito Penal, a via mais repressora do
braço estatal e que propõe um modelo de comportamen-
to a fim de zelar por determinados bens jurídicos.

No entanto, Marília aponta que essa não foi a sua motivação
principal para eleger o tema como projeto de estudos.
“O uso de sites para apostas desportivas já é uma realidade

nacional demonstrada no patrocínio de todos ou quase todos times
de futebol da série A do campeonato brasileiro ou nas incessantes
propagandas na televisão ou internet, mesmo quando o conteúdo
buscado nesses meios de comunicação seja diverso do tema em
comento. E a propensão do uso dessa tecnologia para fins de la-
vagem de dinheiro já é motivo de preocupação internacional ao
menos desde 2009, conforme elaboração de relatórios do GAFI, e
nacional desde a edição - ainda sem regulamentação, frise-se – da
Lei 13.756/2018”.
E continua:
“Diante da candência do tema, verifica-se a necessidade de

criação de critérios específicos para prevenção e imputação do deli-
to de lavagem de capitais no campo das apostas desportivas, espe-
cialmente por acreditar que a doutrina e a jurisprudência brasileira
não têm qualquer critério suficientemente claro para caracterizar as
condutas delitivas neste âmbito, com o fim de evitar uma responsa-
bilização criminal incorreta nesta moldura típica. Ainda, analisar-se-
-á se essa sistematização deve ser incluída no ordenamento jurídico
por meio de dispositivo legal, considerando as formas de responsabi-
lidade criminal já existentes no Código Penal. As lições obtidas com a
pesquisa podem ajudar a pavimentar um caminho de estabilidade
para a imputação criminal em um tema bastante complexo, pouco
estudado e com poucas menções na jurisprudência. Ou apenas se-
rem trazidas como artifício excessivamente teórico”.
Precisamos extrair algumas conclusões desse depoimento.
Marília escolheu tema que a acompanha no exercício profissio-

nal, na sua vida acadêmica pregressa, mas detectou uma lacuna es-

pecífica dentro de uma realidade nacional ampla.
Ela identificou a necessidade de criação de critérios determina-

dos, já que o ordenamento jurídico não é capaz hoje de dar uma res-
posta a contento à sociedade. Também a literatura e a jurisprudência
deixam a desejar, motivo pelo qual a pesquisadora vai se debruçar
sobre o tema.
O terceiro aluno de doutorado do IDP que usaremos como exem-

plo é Bruno Koga. Ele é mestre também pelo IDP e possui especiali-
zações, além da graduação em Direito.
Vamos dar uma olhada nos trabalhos já realizados:
Precificação personalizada na era digital: consumo, dados e

concorrência – mestrado;
Rico moral e adimplemento substancial: estudo dos incentivos

da jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo ao comporta-
mento dos agentes econômicos – especialização;
A responsabilidade do acionista controlador na transação entre

partes relacionadas: análise do posicionamento da CVM – especialização;
Reflexos do Estado Social no Direito Privado – graduação.
Bruno inicia suas pesquisas estudando aspectos jurídico-filosó-

ficos do Direito Privado, adentrando o Direito Econômico, inclusive
propondo estudo de jurisprudência.
Ele nos conta mais sobre a sua trajetória no processo do douto-

ramento:

“ A escolha de um tema para projeto de Doutorado passa por
alguns fatores importantes. O primeiro deles é o interesse
no tema, este interesse deve ser forte o suficiente para mo-
tivar uma caminhada de pesquisa sem que o doutorando
se sinta cansado de se aprofundar, discutir e pensar sobre a
mesma problemática. Ao mesmo tempo, não se pode esco-
lher um tema porque se possui de antemão uma conclusão
pronta e que será apenas justificada ao longo do desenvol-
vimento da tese. Além disso, é essencial que o tema desper-
te a curiosidade de terceiros, esses terceiros podem ser um
“
grupo de estudiosos ou a sociedade em geral, o importante
é que não seja uma pesquisa na qual o interesse advenha
apenas do autor e deixe de contribuir para o acervo de co-
nhecimento por ausência de leitura dos pares.
Devemos nos lembrar que um dos requisitos da tese de doutorado

é a originalidade – e esse aspecto mantém relação com o tema escolhido.
A esse respeito, Bruno considera como “uma contribuição que

aumente o conhecimento sobre um dado tema sem que se esgote
em mera revisitação de autores e suas conclusões”.
Ele conta a sua experiência:
“No meu caso, escolhi pesquisar sobre a utilização de tecno-

logias persuasivas, pois é um tema ainda não muito explorado na
literatura nacional e que me despertou curiosidade sobre quais os
efeitos de tecnologias voltadas a convencer o indivíduo e se há al-
gum campo jurídico que possa dar guarida aos cidadãos nas di-
versas modalidades de relações jurídicas travadas (podemos ser
afetados por tais tecnologias como eleitores ou consumidores, por
exemplo). O tema está relacionado com questões relativamente re-
centes como o caso Cambridge Analytica e o direcionamento de
publicidades baseadas em perfis psicográficos. Provada a eficiên-

cia das tecnologias persuasivas em conduzir os indivíduos a cer-
tas decisões, preconcebidas ou não, este será um assunto cada vez
mais em pauta em um mundo no qual não é mais possível escapar
de feeds elaborados por redes sociais, propagandas (políticas, reli-
giosas, filosóficas etc.) e publicidades”.
A partir dos elementos que definem o que é um tema de pes-

quisa, e como ele deve ser delimitado, esperamos trazer luz à sua
escolha para sucesso no Doutorado.
Também desejamos que as contribuições de colegas do IDP

sirvam de incentivo para que você encontre um tema que lhe inspi-
re a pesquisar com afinco e prazer.

O PROGRAMA DE DOUTORADO DO IDP
O IDP possui Programa de Doutorado em Direito desde 2019,

valorizado nacionalmente, e conta com metodologia de ensino ex-
clusiva e o melhor corpo docente do país.
Ele conta com 3 linhas de pesquisa:
Estado, Constituição e Democracia;

Transformações na ordem econômica e social, tecnologia e
inovação; e
A solução de conflitos no Estado Democrático de Direito.
O currículo é composto por 4 disciplinas obrigatórias e 10 optativas.
Alunos e alunas do IDP também contam com várias opções

de internacionalização e acesso às melhores plataformas de pes-
quisa disponíveis.
Venha fazer parte do nosso corpo discente e alavanque sua

carreira acadêmica e profissional! Saiba mais aqui: www.idp.edu.
br/doutorado/direito/

REFERÊNCIAS
FEFERBAUM, Marina; QUEIROZ, Rafael Mafei R. Metodologia da Pesquisa em

Direito: Técnicas e abordagens para elaboração de monografias, dissertações e
teses. São Paulo: Editora Saraiva, 2019.
HENRIQUES, Antonio; MEDEIROS, João B. Metodologia Científica da Pesquisa

Jurídica. 9ª edição. São Paulo: Grupo GEN, 2017.
MEZZAROBA, Orides; MONTEIRO, Cláudia S. Manual de Metodologia da Pesquisa

no Direito. São Paulo: Editora Saraiva, 2019.
VARGAS, Caroline. Metodologia da Pesquisa Jurídica: teoria e prática. São Paulo:

Editora Saraiva, 2022.
POR DANIEL ALBUQUERQUE DE ABREU:

Doutorando e mestre em Direitos Humanos pela
Universidade Federal de Goiás; pós-graduando em
Direito Legislativo pelo IDP; especialista em Direito
e Processo do Trabalho, Direito Público e Direito do
Consumidor.

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A PRIMEIRA DEFINIÇÃO: ENTENDENDO O

A SEGUNDA DEFINIÇÃO: DELIMITANDO O

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Sempre ressaltamos no Blog do IDP a importância de continu-

A pós-graduação stricto sensu, ou seja, o Mestrado e o Dou-

Em relação ao Mestrado, nós desenvolvemos um e-book espe-

Abordamos como o problema de pesquisa costuma ser desen-

Apresentamos ainda exemplos de dissertações produzidas no

Doutorado em Direito: como decidir o tema do projeto de pesquisa 3

O percurso para a entrada no Doutorado em Direito exige

Espera-se que quem ingressa no Doutorado tenha nível supe-

Dentre os indicadores do amadurecimento que as bancas de

Mas como escolher o tema de pesquisa no Doutorado em Di-

E mais: o tema pode se relacionar à sua atividade profissional

Nesse e-book apresentamos algumas características que com-

Trazemos também exemplos de temas concretos estudados

Ao final, apresentamos o programa de Doutorado em Direito

Doutorado em Direito: como decidir o tema do projeto de pesquisa 4

Quando falamos de tema de pesquisa em Doutorado, é impor-

O tema de pesquisa é o seu ponto de partida, seu objeto de in-

Doutorado em Direito: como decidir o tema do projeto de pesquisa 5

Para Rodrigo Portela Gomes, professor do Doutorado em Direito

No Guia de Curso do Doutorado em Direito do IDP, percebe-

• Clareza, objetividade e atualidade do tema;

O tema de pesquisa deve ser objetivo – portanto, nada de ro-

Doutorado em Direito: como decidir o tema do projeto de pesquisa 6

O tema escolhido deve ser significativo. De preferência, que es-

Você pode se atualizar sobre as discussões mais latentes recor-

Uma possibilidade é dar preferência para temas ligados a uma

A escolha do tema também deve levar em consideração a exe-

Não adianta elaborar uma pergunta e propor um tema que seja

Você deve considerar ainda a relação entre o tema que está

Procure informações sobre as linhas de pesquisa do Programa,

Doutorado em Direito: como decidir o tema do projeto de pesquisa 7

O professor Rodrigo acrescenta: “Vários são os critérios que po-

Ele aponta três:

“O primeiro a considerar é a sua inserção em um determinado

“O segundo é o interesse em aprender, conhecer e descobrir,

“O terceiro é especificar os assuntos de maior interesse até iden-

Doutorado em Direito: como decidir o tema do projeto de pesquisa 8

forma empírica? Pode

Se esse tema já foi

Doutorado em Direito: como decidir o tema do projeto de pesquisa 9

Muitos pesquisadores e pesquisadoras dão seguimento ao

A respeito dessa possibilidade, apontamos a orientação do pro-

“ Se for possível, identifique na sua investigação de

Doutorado em Direito: como decidir o tema do projeto de pesquisa 10

Uma boa delimitação permite melhores recortes e aumenta as

Por um lado, a banca e o leitor não devem esperar que você

Quanto mais aprofundado, portanto, maiores as chances de exame

Doutorado em Direito: como decidir o tema do projeto de pesquisa 11

Dentro do Direito, outra delimitação habitual é o estudo de de-

Análise jurisprudencial de cumprimentos de sentença de con-

Levantamento de projeto de leis sobre direito à moradia na Câ-

Comparativo de medidas provisórias editadas no primeiro ano de

Também se costuma delimitar o tema de acordo com o enfo-

E A ORIGINALIDADE, COMO NASCE?

Um requisito das pesquisas de doutorado é a originalidade.