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realidade por meio de noções como si mesmo, sonho e sensação, bem como esboçar
nossa metodologia indicamos que encontramos nos próprios textos de Fernando Pessoa,
em suas variações heteronímicas, um campo privilegiado de diferentes perspectivas e
questionamentos acerca dos problemas levantados neste projeto. Pretendemos
contrastar suas diferentes avaliações acerca do tema e das noções que a ele associamos
para compreender o processo artístico do autor em questão.
Fernando Pessoa nos aparece como um artista que incessantemente reflete sobre
o processo criador que nos interessa, como já colocado, enquanto um enigma que
pretendemos não resolver, mas perscrutar. Neste sentido José Gil (1986,p.9..) afirma
que “talvez nunca a reflexão sobre o processo criador se tenha tanto e tão maciçamente
integrado na obra de um autor”. Realidade, ilusão assim como si mesmo, sonho e
sensação concerniriam reiteradamente por diferentes olhares à reflexão performática do
próprio processo criador de Fernando Pessoa. Como leitores de sua obra não há como
ignorar esta reflexão e tomá-la a sério como fio condutor privilegiado (mas não único)
para analisar o incessante movimento vital que a linguagem e o pensamento poético-
questionador assumem em sua obra1 . Elegemos, por exemplo, a perspectiva de
realidade que esposa Alberto Caeiro (que por sua vez é problematizada pelos outros
heterônimos e Pessoa ortônimo) para contrastá-la com a noção de sensação como única
realidade de Bernardo Soares para chegarmos não há um consenso que seria aniquilar o
movimento próprio de sua obra mas a uma problematização que diz respeito
propriamente ao enigma ou mistério do fazer artístico pessoano que se fundamentaria
numa intensa polêmica de perspectivas. Nesse sentindo, as obras dos diferentes
heterônimos aparecem como um profícuo campo teórico-artístico para desenvolver os
questionamentos pertinentes ao nosso projeto.