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Manufacturar realidades, desassossegos artísticos em

Bernardo Soares e Fernando Pessoa

Pedro Poncioni Mota

Área de concentração: Literatura Portuguesa

Especialidade: Estudos da literatura

Palavras chaves: Arte-realidade-Ilusão

Linha de pesquisa: Poéticas da contemporaneidade


Resumo: Tópico: Neste projeto de pesquisa para doutorado sublinhamos a
aspiração de refletir o pensamento artístico de Fernando Pessoa a partir do escritos do
“Livro do desassossego” (2015) tomando-o como uma “autobiografia” dramática ou
performática do próprio processo de escrita e dos dramas conceituais pessoanos.

Problema: Levantamos como problema a serem trabalhados as noções


(instauradas artisticamente) da realidade como uma forma de ilusão e da ilusão como
uma forma de realidade, tal qual escreve Soares-Pessoa associadas com as questões do
si mesmo ou alma, do sonho e da sensação entendidos como dramas conceituais do
autor.

Orientação teórico Metodologicamente: para atingir os objetivos propostos


buscaremos fazer um exame comparativo dos textos de Fernando Pessoa considerando
que há nestes uma riqueza especulativa que nos daria condição de refletir sobre o
pensamento artístico do autor, haja vista que a poética de Pessoa tem a potência de uma
meditação reflexiva do próprio processo da criação. Aventuramo-nos a afirmar que a
análise dos textos de Pessoa permitem condições para a extração de uma metodologia
própria. O que nos interessa é como essa criação artístico especulativa se vincularia as
noções que consideramos fundantes de seu ato criador, tais como as noções de
“realidade”, “ilusão” sua relação com o si mesmo, o sonho e sensação. Neste sentido,
queremos nos arriscar no desafio de fazer um exame dos escritos pessoanos por
intermédio do pensamento artístico-literário do semi-heterônimo Bernardo Soares, ao
mesmo tempo em que procuraremos interpretar os escritos de Soares por meio do amplo
horizonte textual de pensamento artístico aberto pelos dramas conceituais da obra de
Pessoa. Nesta direção, a obra de Pessoa se mostra como um arcabouço poético-
especulativo capaz de nos fornecer “instrumentos” conceituais e teóricos singulares para
os interpretar segundo o enfoque pretendido.. Nosso método se confiaria no exercício da
interpretação dos possíveis sentidos de seus escritos a partir da escuta/leitura de
diferentes “afetos e olhares” sugeridos .Para tal, propomos ainda, conjuntamente à
tarefa de confrontação do textos pessoanos uma leitura hermenêutica e perspectivista 1.

1
Explicitaremos melhor este ponto de nossa utilização metodológica no ponto 3.f (fundamentação
teórico e metodológica) Mas sublinhamos que não estaríamos a sugerir a utilização de dois métodos
mas sim a conjugação coerente em um único método de duas vertentes interpretativas. Quanto a
utilização conjunta destes dois métodos ver por exemplo:Thiago Motta, 2010 in Cadernos Nietzsche.
Introdução

Apresentação do tema:

O presente projeto de pesquisa é uma proposta de apresentação e investigação do


pensamento artístico de Fernando Pessoa, particularmente por intermédio das escritas de
seu semi-heterônimo Bernardo Soares. Sublinhamos que este pensamento artístico,
como fica evidente a partir do “Livro do desassossego” (2015), tem como característica
a inscrição de ricas e múltiplas interpretações aceca de valiosas noções para o âmbito
artístico, filosófico e teórico, e que no caso da obra de Fernando Pessoa são
recolocadas por seu pensamento artístico-filosófico Sobre tais noções sublinhamos a
interpretação de Bernardo Soares–Ferrnando Pessoa (2015) sobre “ilusão” e
“realidade” associada com questões e proposições do “autor” acerca de noções como si
mesmo (alma), sonho e sensação que tal qual dramas conceituais concerniriam à seu
fazer artístico. Segundo nossa interpretação, o pensamento literário de Pessoa-Soares se
apropriaria de maneira singular das problematizações filosóficas e do pensamento
ocidental para fazer destes, como gostaríamos de desenvolver, uma singularidade
artística por meio de um saber-sabor poético próprio e autônomo. Se a questão da
“realidade” e da “ilusão” remonta as origens da tradição filosófica, esta seria
particularmente reinstaurada pelo desassossego do fazer literário de Pessoa-Soares.
Através da problematização propriamente artística de Soares de” Reconhecer a
realidade como uma forma da ilusão, e a ilusão como uma forma da realidade [...]”2por
meio de sua prosa - entendida como uma arte que pensa pois “a literatura [...] é a arte
casada com o pensamento”3 e de “[...]um poeta impulsionado pela filosofia[...]”4 -
ensejamos nos aproximar do enigma do fazer artístico pessoano enquanto, como
pretendemos desenvolver, um criar “ilusões reais”.

A hipótese principal que pretendemos sustentar é de que ao criar “ilusões reais”


por intermédio da arte literária, Soares-Pessoa inventaria uma prosa poética tão potente
que em sua artisticidade evocaria a criação de “realidades ilusórias” estetizadas 5, assim
como o mesmo relata que:
2
Pessoa, 2015, Parágrafo 90, p.120.
3
Pessoa, 2015, Parágrafo 27, p.120.
4
Pessoa,, 1966
5
Não sabendo o que é a vida religiosa, nem podendo sabê-lo,
porque se não tem fé com a razão; não podendo ter fé na
abstração do homem, nem sabendo mesmo que fazer dela
perante nós, ficava-nos, como motivo de ter alma, a
contemplação estética da vida” (Pessoa, 2015, parágrafo1, grifo
nosso,)

De acordo com nossa interpretação, mediante este trecho, fica exposto que há
um singular projeto existencial e estético de relação entre a criação de “ilusões reais”,
próprias ao âmbito artístico, como procuramos interpretar, e a vida contemplada de um
modo estético6. “.Manufaturamos realidades”7, afirma Soares. Nota-se que a
contemplação seria, na concepção de Soares, paradoxalmente, uma via de ação, ou
melhor, de criação8 pois o “sonhador é que é o homem de ação.” 9 Soares é um
contemplador mas sobretudo do sonhos10. E sonhar é a ação do contemplador e o
sonhador (Soares) é por excelência, o homem que contempla criando. Nota-se que a
ação praticada por Soares é por excelência a da criação pois é um modo de não agir11.

Não podemos deixar de explicitar que estamos diante de um texto (do “Livro do
desassossego”) feito de fragmentos que sequer transcorrem linearmente tanto do ponto
de vista formal quanto em relação ao conteúdo. Desse modo, seu texto resguardaria
múltiplas e desassossegadas interpretações e problematizações acerca daquilo que
6
Assinalamos, como pretendemos desenvolver, que este projeto (de Soares)
resguardaria relações de afinidade com a proposta filosófica e, porque não, também
artística de Friedrich Nietzsche que declara que a vida só se justificaria esteticamente.
Nietzsche em diferentes períodos de sua obra afirma que “Só como fenômeno estético, a
existência e o mundo aparecem eternamente justificados" (GT/NT, Ensaio de autocrítica
5, KSA 1.17) e ainda "Como fenômeno estético, a existência é sempre, para
nós, suportável ainda" (FW/GC 107, KSA 3.464).
7
Pessoa, 2015, parágrafo 66, pag.10.
8
Criar “ilusões reais” parece-se com a arte do sonhar que seria para Soares uma
manifestação estética. Nota-se que se Soares nos relata que o sonhador é o homem de
ação, ele paradoxalmente também considera que “arte de sonhar é difícil porque é uma
arte de passividade, onde o que é de esforço é na concentração da ausência de esforço”
(MANEIRA DE BEM SONHAR)
9
Pessoa, 2015, Parágrafo 90.
10
Assinalamos que mais a frente procuramos refletir sobre o fenômeno do sonhar.
11
Estamos diante de uma estética do paradoxo, que pretendemos analisar, como uma
postura artística própria ao pensamento artístico de Pessoa e de soares. Soares é
sobretudo o homem que abdica da ação embora fale-nos de do contemplador-sonhador
como homem de ação: “Nos grandes homens de inação, a cujo número humildemente
pertenço[...] (Pessoa, 2015, parágrafo 155)e “Não agir dá-nos tudo. Imaginar é tudo,
desde que não tenda para agir. Ninguém pode ser rei do mundo senão em sonho”
(Pessoa, 2015, parágrafo 164)
chamamos ordinariamente de “ilusão” e “realidade”. Nada em suas considerações é
acomodado, tudo segue um desassossegado pendor para certo espanto diante da
“realidade” que transcende as opiniões e seus lugares comuns sobre os fenômenos.
Para fins teóricos desta apresentação sublinhamos uma de suas considerações acerca da
realidade, mas gostaríamos de observar que pretendemos trabalhar as ricas variantes que
se apresentam nos devaneios inquietos do autor. Ressaltamos que a questão que
levantamos através do texto de Soares sobre o “real” e a “ilusão” parece aparentemente
se limitar ao campo filosófico, mas gostaríamos de defender que tal problematização é
fundante ao fazer literário/artístico do “autor”. Neste sentido a perspectiva, sublinhada,
acerca da “ilusão” e da “realidade” sugerida pela escrita de Soares, como ensejamos
analisar, é fundamentalmente artística: criar “ilusões” reais através de sua prosa poética
para então inventar novas “realidades”. Note-se que estamos diante de uma obra que
transbordaria, em um encaminhar-se, para além dos limites tradicionais de separação
entre filosofia, pensamento e arte.

Além disto, radicalmente precursor, seus escritos operariam uma torsão ou


subversão da presumida separação entre arte e vida ou real. Com Bernardo Soares a
criação de “ilusões” reais, que pensamos ser própria do (seu) fazer artístico, concorreria
para a criação de novas sensibilidades que, como queremos aprofundar, seriam capazes
de possibilitar outras “leituras” (e escritas) interpretativas e criativas do que chamamos
comumente de “realidade”. Assinalamos que com a afirmação proposta por Soares da
“realidade” como “ilusão” e da “ilusão” como “realidade” nos vemos impelidos a
colocar ambos os termos, tecidos no paradoxo do “autor”, entre aspas, como que
suspensos pelo véu artístico da potência do ficcional A questão colocada acerca do valor
da “ilusão” e da “realidade” nos convoca a um labirinto de paradoxos: se a ilusão é uma
realidade o que pode vir-a-ser, através do suposto pendor artístico de trabalhar com a
realidade da ilusão, o real da ilusão do real? Nesta direção percebemos através do texto
de Soares certo projeto existencial e artístico de criar “ilusões” reais, realmente
literárias, através do qual “manufactura-se realidades” (no plural fica acentuado o fato
de não haver a “realidade” num sentido ontológico propriamente dito). Meta-narrativo,
o texto de Soares apresentar-se-ia como uma escrita da potência da “ilusão real” capaz
de sensibilizar seu leitor para a realidade da ilusão ficcional.

Constatamos ainda que será necessário desenvolver a relação entre o criar


“ilusões reais” e a performance poética do fingimento de Fernando Pessoa como a
verdade que sua obra de arte resguarda. Fingir como o próprio drama da representação
poética: como a questão do doar forma, pois “Onde há forma há alma” 12, ao que é
realmente uma ilusão.13 Dar forma em poesia e prosa seria portanto um doar alma, ou
seja, (consentir) doar a própria “verdade” da “vida” do que é realmente ilusório.
Fingimento seria fazer poeticamente o ilusório aparecer como real enquanto a verdade
do (seu) fazer artístico. Fingir como um doar realidade/alma, doar forma artística e por
isto sensível ao ilusório que é tradicionalmente tratado como aquilo que não é
verdadeiramente o real, mas que de certa forma (artisticamente) vem a ser realmente
enquanto obra de arte. Soares afirma que: “fingir é amar 14. ” Em poucas palavras
Bernardo Soares diz muito e diz o próprio do (seu) fazer artístico. Pensamos e
gostaríamos de desenvolver a hipótese de que fingir é amar pois seria o consentir em
doar realidade ou alma através da forma ao que parece (ilusão) aparecendo (e
aparentando-se) como real. Amar seria então a afirmação do véu da ilusão que
resguarda desvelando e velando a verdade da vida da obra de arte. Amar como um doar
destino ao ilusório, velando o que se se vela e desvela no véu da ilusão. Amar
verdadeiramente, ou seja, fingidamente o que parece (ilusão) aparecendo como o
próprio real do fazer artístico. Poderíamos então pensar o artista (ao menos
Pessoa/Soares) como aquele que tece, ou para usar uma imagem de sua predileção, que
coze verdadeiramente, fútil e inutilmente a realidade artística do véu da ilusão.

Dentro desse amplo “projeto”, haveria um outro não menor: o de criação da


alma ou do si mesmo para que possa haver novas sensibilidades, novas sensações de
“realidades”. Pretendemos, assim, investigar como o “autor” semi-heterônimo em sua
prosa reflete uma desassossegada questão acerca do si mesmo. Orientados pela
provocação de Soares “a única maneira de teres sensações novas é construíres-te uma
alma nova[...] Muda de alma. Como? Descobre-o tu” 15, apontamos que para o “autor”
somente através da construção da alma nova haveria a possibilidade da criação de novas
sensações da(s) “realidade(s)”. Uma outra hipótese que levanto acerca da criação de
almas é que está se vincularia com o drama da criação heteronômica de Pessoa. Portanto
estaríamos ao refletir em torno do “Livro do Desassossego”, de certo proto-fenômeno
da fabulação heteronímica de Fernando Pessoa. Por sua importância no contexto do
drama heteronômico do tornar-se outro, do outramento próprio do fazer artístico de
12
Pessoa, 2015, parágrafo 416..
13
Mais adiante nos dedicaremos a questão da (criação) da alma.
14
Pessoa, 2015, parágrafo 260
15
Pessoa, 2015, parágrafo, p 289.
Fernando Pessoa, pretendemos desdobrar a questão da criação de almas novas ou
mudança destas como um dos eixos do processo de criar novas “realidades” (ilusórias)
atrás do ficcionalizar “ilusões” reais. Nos parece que vida (anímica) e arte se
entrelaçariam pois como Soares afirma “quero ser uma obra de arte, de alma pelo
menos...”16. Neste sentido seu texto é radicalmente precursor, como pretendemos
avaliar, de uma questão que é fundamental para o âmbito artístico moderno: a relação
entre arte e vida.

Não podemos deixar de sublinhar a centralidade do termo “sensação” no fazer


poético de Pessoa e na prosa de Soares como o elemento que por vezes é considerado o
próprio meio do fazer artístico. Para Soares haveria apenas a realidade da sensação:
“[...] as nossas sensações são a única realidade que nos resta 17. “Recuperar” a sensação
no fazer artístico aponta para uma radical inversão ou deslocamento em relação ao
problema e “projeto” ocidental e filosófico de (de)negação do sensorial em detrimento
do verdadeiro e do conhecimento.. Soares proclama o valor das sensações mesmo que
sejam ilusórias (ou justamente por serem ilusórias elas vem-a-ser em sua realidade),
afirma artisticamente a realidade das sensações que foram (de)negadas pela tradição
ocidental como causa do erro e do falseamento. Com ele, em nome do fazer artístico, as
sensações retornariam as mãos do artífice depois de um longo recalcamento seu em
nome da verdade. O artista (ao menos Soares) teria como tarefa trabalhar com a
“realidade da ilusão” sensorial, das sensações, sentindo-as literariamente através de
certa arte de “tornar puramente literária a receptividade dos sentidos” 18. Parece-nos
lendo Soares que o real e a vida só são possíveis ou dignos mediante uma
contemplação estética. Contudo, nota-se que Soares constantemente reitera a realidade
do ficcional (ilusão real) em detrimento da ilusão da “realidade”. Tal qual numa
hierarquia de valores a “vida” do ficcional tivesse mais valor do que a “vida real” que
não passaria de mera ilusão. Levantamos a hipótese que apenas contemplada
esteticamente a vida teria valor justo porque esta teria o sentido de ser uma ilusão, no
sentido de algo vazio de valor em si mesmo; enquanto a arte que é uma “ilusão” real
desde o início teria seu valor por ser uma realidade ficcional. Seria então o ficcional, o
estetizar que doa valor para uma vida que sendo ilusória por si só não tem valor sendo
oca e vazia de sentido em si? Soares avaliando a “ilusão” como “real” (no duplo

16
Pessoa, 2015, parágrafo 114.
17
Pessoa 2015, o sensacionista,
18
Pessoa, 2015,388
sentindo de realidade e nobreza) afirmaria o ficcional da arte já que “na arte não há
desilusão porque a ilusão foi admitida desde o princípio” 19. A arte seria a única ilusão
que não ocasionaria a desilusão, porque se apresenta como ilusão desde o princípio;
realmente ilusória a arte não desilude enquanto a ilusão da realidade desiludiria porque
pretende-se usualmente que seja realmente uma realidade. Com Soares-Pessoa a questão
da relação entre “realidade”, linguagem e homem seria problematizada e reinstaurada
pelo fazer artístico. Assim, criação de ilusões reais através da linguagem artística, a
criação de realidades ilusórias (mundos) e a arte da criação de si mesmo, estariam
perpassados pelo que é renovadamente mistério dramatizado na poética de Pessoa: o seu
próprio fazer artístico que convocaria e conjugaria de maneira singular as forças da arte,
do pensamento e da vida. Por tal, investigando com o auxílio das noções de realidade,
linguagem e homem/si mesmo estaríamos analisando a questão do fazer literário como
criador de sensibilidades/leituras da “realidade”.

Indicamos, ainda, que a insistência performada do sonhar, que atravessa a escrita


de Soares como um fenômeno estético (pois “sei sonhar em prosa”20), é um importante
ponto que desejamos aprofundar. A arte de sonhar como propõe Soares: “Viver do
sonho e para o sonho, desmanchando o Universo e recompondo-o” 21 seria, em um outro
plano das diversas camadas das possíveis interpretações de seu texto, o liame, senão o
fio condutor, destes três fenômenos (linguagem, realidade e homem ou si mesmo). A
arte de sonhar apareceria como um trabalho ao mesmo tempo de escrita e leitura
(interpretação) de um real que talvez não haja, de um si mesmo que talvez não haja e
arriscaríamos dizer, de uma linguagem que talvez não haja pois “a vida é oca, a alma é
oca, o mundo é oco”22. Levantamos uma última hipótese de que por não serem
(substancialmente ou ontologicamente) estes precisem ser “inventados” através da
realidade da ilusão como esta ocorre no fenômeno do sonho. Propomos também que no
sonho estaria presente o proto-fenômeno de criação do si mesmo, do real e da
linguagem pelo reconhecimento do paradoxo de que no recôndito de nosso presumido
si mesmo íntimo necessitaríamos do da imagem do outro. Sonhamo-nos outros.
Gostaríamos, portanto, de aprofundar a percepção de que no fenômeno do sonho, tão
amplamente e diversamente presente na prosa de Soares, estaria inscrito

19
Pessoa, 2015, parágrafo 270.
20
Pessoa, 2015 parágrafo 155.
21
Pessoa, 2015 parágrafo 413.
22
Pessoa, 2015 parágrafo 196.
paradigmaticamente o mistério pessoano da heteronímia, do tornar-se outro, do
outramento. Com isto, delineamos e esboçamos certas questões e uma série de hipóteses
que apontam para certas direções desde onde pretendemos desenvolver este projeto.

Justificativa: Justificamos a pertinência deste projeto que busca, por meio de


uma leitura criticamente interpretativa do texto de Soares (a partir de elementos que
fariam parte de seu arcabouço literário como ilusão, realidade, sensação, sonho e si
mesmo), empreender uma releitura da “poética dramática” de Fernando Pessoa que
evocaria toda uma problemática em relação ao âmbito do pensamento artístico da
modernidade como, por exemplo, a relação entre vida e arte, o outro e o si mesmo
assim como a arte e sua relações com as noções de “ilusão” e de “realidade”, etc. Nesta
direção contextualizar o pensamento poético de Fernando Pessoa assinalando os
elementos de seu gênio inovador e precursor, em referência as questões do pensamento
artístico, é refletir sobre o topos que sua arte alcançou. Além disto, justificamos a
relevância deste projeto pois consideramos oportuna a meditação em torno dos
desdobramentos ainda por vir da potência que seu pensamento artístico, sob o enfoque
que sublinhamos, pode desvelar (ainda hoje e sempre) e acrescer no cenário da
literatura, do pensamento teórico e da arte em geral;. pretendemos desse modo
contribuir para o debate acerca da obra de pessoa na contemporaneidade.

Motivação: O que nos motiva o trabalho de pesquisar e investigar o “drama


artístico” de Fernando Pessoa, por intermédio da obra de Bernardo de Soares, é o nosso
desassossego diante de questões artísticas que nos parecem fundamentais e fundantes
para o pensamento ocidental, para o âmbito artístico, à maneira como essas questões são
elaboradas, avaliadas e deslocadas de seus sentidos ordinários no âmbito da criação
“literária-pensante” de Fernando Pessoa e particularmente de seu semi–heterônimo
Soares

Problema geral: Refletir, para interpretar a obra poética de Fernando Pessoa,


em torno dos elementos fundamentais do fazer artístico de Bernardo Soares, e
apresentá-los de uma maneira sistemática assim como examinar os dramas conceituais
ou figurativos por intermédio de noções como realidade, ilusão, si mesmo, alma e
sonho que apontam para a ”realidade da ilusão” como o elemento próprio do (seu) fazer
artístico literário.
Como decorrência desse problema geral inventariamos os seguintes problemas
específicos: A) avaliamos que é possível depreender do texto de Soares um impulso
artístico-especulativo que problematizaria os valores de” realidade” e “ilusão”
reinstaurando singularmente um questão que remonta as tradições do pensamento
ocidental.

B) Compreender como Soares através da criação de “ilusões reais” propõe uma


contemplação estética da realidade e de como esta contemplação é paradoxalmente um
criar não agindo.

C) Investigar as possíveis afinidade eletivas entre o pensamento estético de Bernardo


Soares e a problematização nietzschiana acerca de uma estética da existência e de si
mesmo.

D) Considerar a riqueza de valores, os múltiplos sentidos e posicionamentos do autor


acerca da “realidade” ou da vida, da “ilusão” , do si mesmo ou alma, da sensação e do
sonhar.

E) Destrinchar a possível relação entre a performance do fingimento pessoano e a


noção de ilusão real.
F) Apontar a relevância para pensamento artístico moderno do “projeto extemporâneo”
de Soares de criação de um si mesmo que frua o “real” a partir de uma contemplação
estética desde onde haveria uma ruptura ou torção na pretensa separação tradicional de
arte e vida.
.G) Refletir como a sensação que aparece como elemento central do fazer artístico de
Soares-Pessoa é tornada um fenômeno estético que se mostra paradigmático para a
criação literária de Fernando Pessoa-Bernardo Soares
H) Entender o sonho como um fenômeno estético privilegiado por Soares que seria
interpretado como uma escrita/leitura do real, da linguagem e do si mesmo .e que
resguardaria relações com o outramento de Pessoa.

Fundamentação teórica e metodológica: comentários acerca das leituras gerais já


empreendidas sobre o tema do projeto - Como leitura referencial para elaborar o nosso
tema principal acerca da ilusão e realidade por meio de noções como si mesmo, sonho e
sensação, bem como esboçar nossa metodologia indicamos que encontramos nos
próprios textos de Fernando Pessoa-Bernardo Soares um campo privilegiado de
problematizações, perspectivas e questionamentos acerca dos problemas levantados
neste projeto. Consideramos suas diferentes avaliações acerca do tema e das noções que
a ele associamos para compreender o processo artístico do autor. Fernando Pessoa nos
aparece como um artista que incessantemente reflete sobre o processo criador que nos
interessa, enquanto um enigma que pretendemos não resolver, mas perscrutar. Neste
sentido José Gil (1986, p.9) afirma que “talvez nunca a reflexão sobre o processo
criador se tenha tanto e tão maciçamente integrado na obra de um autor”. “Realidade”,
“ilusão” assim como si mesmo, sonho e sensação concerniriam e apareceriam
reiteradamente à reflexão performática do processo criador de Fernando Pessoa. Como
leitores de sua obra não há como ignorar esta intensa reflexão e tomá-la a sério como fio
condutor privilegiado (mas não único) para analisar o incessante movimento vital que a
linguagem e o pensamento poético-questionador assumem em sua obra 23 .Além disso,
examinando as diferentes nuances da reflexão de Bernardo Soares chegamos não há
um consenso que seria aniquilar o movimento próprio de sua obra, mas a uma
problematização que diz respeito propriamente ao mistério do fazer artístico pessoano
que se fundamentaria numa imensa polêmica de perspectivas. Além disto as obras dos
diferentes heterônimos em sua riqueza de posicionamentos em relação ao tema e as
noções subsequentes aparecem como um profícuo campo teórico-artístico para
desenvolver os questionamentos de nosso projeto.

Além desta abordagem de pesquisa empreendida utilizamos como referência


para a elaboração de nossas questões a obra “A metafisica das sensações” de José Gil
(1986) que privilegia, assim como nós, o “Livro do Desassossego” como referente
artístico-reflexivo com vistas a elaborar sua questão da sensação como única realidade
passível de ser tornada em arte, como “unidades primeiras, a partir das quais o artista
constrói a sua linguagem expressiva” 24 Tomando o semi-heterônimo Bernardo Soares
como “o analisador de sensações” José Gil reflete questões como a sensação, o sonho e
o problema do si mesmo (do devir-outro) que contribuíram para o desenvolvimento de
nossas questões. Neste sentindo suas reflexões se mostraram pertinentes no que tange
nossa proposta de pesquisa de pensar o drama pessoano a partir do “Livro do
Desassossego” (2015). Privilegiamos este livro ao levarmos em consideração a
afirmação de José Gil de que este “[..] é o melhor diário-testemunho que o
23
José Gil, 1986,p. 11.
24
Idem, 1986,p. 11.
experimentador Pessoa nos deixou” (Gil, 1986, p. 13). Além disso, José Gil investiga
em sua obra as diferentes especificidades das perspectivas dos heterônimos como forma
de enriquecer a problemática das sensações. Como fonte de nossas pesquisas o
pensamento de José Gil colaborou para o material que apresentamos a partir do qual
elaboramos à nossa maneira a problemática da “realidade” e da “ilusão” na obra de
Pessoa, particularmente a partir do “Livro do Desassossego”, pois segundo o autor seus
25
escritos “esclarecem os fundamentos da estética pessoana” . Embora não haja
referência direta ao problema da “realidade” e da “ilusão” pareceu-nos que este
ampliaria e redimensionaria o debate proposto vinculando-o a questionamentos
fundamentais de nossa tradição no âmbito artístico, da filosofia e do pensamento
ocidental.Neste sentindo nos balizamos tambem em textos como “A república” (2001)
de Platão que problematizaria, assim como a tradição muitas vezes o interpretou, a
questão da “ilusão” ou aparência e da “realidade”; desse modo, acredita-se que,
podemos localizar a proposta de Bernardo Soares (ainda que de maneira oposta ou
própria) em sua afirmação da ilusão como realidade e da sensação como elemento
próprio do saber e fazer artístico. Acrescente-se, ainda, textos como “Fédon”( 1991) e
Teeteto” (2008) que tratam do problema da aísthesis ou da sensibilidade que nos
serviram de base para refletir acerca de como a tradição ocidental se orientou, tornando-
os textos cânones, para tratar o problema das sensações, do corpo e do conhecimento.
Além dessas referências, baseamo-nos em livros de Nietzsche como “O nascimento da
tragédia” (1992) que contribuíram para pensar a questão do sonho como um fenômeno
que se relaciona ao fazer artístico e “A Gaia ciência” ( 2018) fundamental para a
reflexão sobre uma série de importantes questões como os valores da arte, da vida e da
“ilusão” concernentes aos problemas e hipóteses que desenvolvemos, como também
para elaborar a questão que abordamos da contemplação estética da existência.

Metodologicamente sublinhamos que uma leitura comparativa dos textos de


Pessoa/Soares necessitaria consentir a uma movimentação hermenêutica do interprete
a fim de acolher os sentidos sempre múltiplos de seus escritos. Escritos que seriam
capazes, por seu teor poético-especulativo, de nos fornecer o horizonte para uma
atividade de re-leitura crítica e interpretativa.

Nesta direção, assinalamos a problemática do sentido levantada por Soares:


“pelo sentindo da nota, tiramos o sentido do texto. Mas fica sempre uma dúvida e os

25
Idem, 1986, p. 11.
sentidos possíveis são muitos”26” Nosso método se explicitaria nesse exercício da
dúvida que permeia os escritos pessoanos e que abriria o presumido sentindo do
“mesmo” de um texto para sua diferença, para a multiplicidade de possíveis sentidos
m O exercício de certa dúvida como método de leitura nos parece essencial para a
problematização destes textos que não se esgotam em um pretenso sentido único e
verdadeiro como é o caso dos escritos de Soares mas também de Pessoa cunhados na
hesitação das nuances e nos movimentos de diferentes perspectivas que se multiplicam e
enriquecem de sentidos suas tramas. Nesta direção Zenith afirma: “dúvida e hesitação
são os dois absurdos pilares-mestres do mundo segundo Pessoa e do livro do
27
desassossego(...)”. Nosso método confiar-se-ia nas nuances e deslocamento dos
sentidos que se inscrevem nos escritos do autor. Gostaríamos de extrair de seu texto um
saber-sabor capaz de nos instrumentalizar e orientar metodologicamente nossa leitura
enquanto interprete afetado por seus escritos.

Para além disto o perspectivismo tal qual o forrmula Nietzsche em “A


genealogia da moral” nos parece um método condizente com os deslocamentos de
sentidos internos dos textos pois resguardaria uma afinidade com o próprio processo
de outramento de Fernando pessoa. Tomaremos o perspectivismo como método de
leitura/escuta dos possíveis sentidos do texto aos quais nos dirigiremos. Seria preciso
renovar olhares, permitir-se diferentes afetos para acompanhar a cadência de
movimentos dos sentidos de escritos como os de Fernando Pessoa. Nesta direção
levantamos a questão de que o perspectivismo é um método coerente com a
problemática dos deslocamentos dos sentidos e da multiplicidade de perspectivas que
os textos de Pessoa suscitam. Segundo é enunciado por Nietzsche:

Existe apenas uma visão perspectiva, apenas um conhecer perspectivo; e quanto mais
afetos permitimos falar sobre uma coisa, quanto mais olhos, diferentes olhos,
soubermos utilizar para essa coisa, tanto mais completo estará nosso “conceito” dela,
nossa “objetividade”. (NIETZSCHE, F. GM, III, §12, p.109).

Tal exercício metódico de multiplicar e deslocar os olhares e afetos resguardaria


portanto uma relação com o motivo pessoano do outramento, pois a multiplicidade de
olhares e afetos permitiriam, a cada vez, perspectivas singulares 28 capazes de
26
Pessoa, 2015, Parágrafo 148 p. 166
27
Pessoa, 2015, Parágrafo P.11
28
interpretar a pluralidade de sentidos a que um texto pode abrir-se. A pluralidade de
olhares e afetos concorreria para uma interpretação ativa capaz de acolher a riqueza
multifacetada da criação do(s) textos pessoanos, além de ser uma tentativa de tornar
mais completa, e não absoluta, a leitura dos possíveis sentidos de um texto. O
perspectivismo convocaria o interprete á uma espécie de outramento (de olhares e
afetos) compreendido como exigência e disciplina do próprio método interpretativo
proposto. Tal afinidade entre o perspectivismo e o outramento em pessoa pode-se
entrever no “método” ou arte de consideração das coisas sugerido por Soares:

Qualquer coisa, conforme se considera, é um assombro ou um estorvo, um tudo ou um


nada, um caminho ou uma preocupação. Considerá-la cada vez de um modo diferente é
renová-la, multiplicá-la por si mesma (Pessoa, 2015, parágrafo 90)

Desvelar os sentidos do texto “multiplicando-o por si mesmo” é o horizonte da


tarefa metodológica que nos propomos como forma de leitura interpretativa dos escritos.
A cada vez, a cada releitura empreenderemos o exercício e a disciplina da escuta da
diferença dos sentidos que se resguardariam no velamento e no desvelamento do texto.
Além disto, para interpretamos uma autobiografia sem fatos queremos nos esquivar de
toda leitura que pretenda a explicitação de um sentido verdadeiro e objetivo de um
texto. Nesta direção, o exercício de deslocamento de perspectivas interpretativas nos
possibilitaria entrar em afinidade com o movimento de vir a ser do texto na
“multiplicidade de si mesmo” que desassossegariam qualquer pretensão de obter a
certeza e a verdade dos fatos. Em torno do fato e declarando-se a favor do ato
interpretativo, Nietzsche coloca-se “Contra o positivismo, que se detém no fenômeno,
´só existem fatos‟, eu diria: não, justamente não há fatos, apenas interpretações” 29 Os
atos interpretativos são portanto possíveis quando não se pretende a “factualidade” de
um sentido: não havendo sentido único e objetivo o texto se abriria desde o movimento
que lhe seria próprio como algo que vem a ser junto a performance interpretativa do
olhares que leem e dos afetos que sentem.. Neste sentido exerceríamos a distância

29
(7 [60] final de 1886/primavera de 1887 apud Marton, 2000, p. 269-270).
necessária para o olhar ver e a proximidade precisa para ouvir afetivamente o “próprio”
de um texto desvelar-se. Tomamos o texto não como algo estável (como um fato) mas
como algo que em sua mobilidade nos convoca para interpretações de seus possíveis
sentidos por meio do olhar atento e de uma escuta sensível. Por último, julgamos que
confrontar hermeneuticamente os textos de Pessoa com os de Soares e os de Soares com
os de Pessoa e seus heterônimos como pretendemos é adentrar no espaço aberto de um
universo que tem um ethos artístico forjado na polêmica. O que torna vivo o vigor e a
tensão de sua escrita, viva porque mobilizada por diferentes perspectivas que seu texto
pode doar. Polemizar perspectivas é parte intrínseca do drama poético do autor e
pretendemos a partir de uma leitura hermenêutica e perspectiva considerar e acolher tais
movimentos dramáticos dos sentidos de sua criação poética.

Cronograma de atividades:

1º semestre: Levantamento e análise da bibliografia a partir da obra de


Fernando Pessoa acerca do tema proposto. Pesquisa e localização dos principais
“dramas conceituais” elaborados por Fernando Pessoa com enfoque nas temáticas da
“ilusão”, “realidade”, sonho, sensação e si mesmo, privilegiando seu escrito “Livro do
desassossego”(2015).

2º semestre: Pesquisa de referências bibliográficas e leitura da obra dos


interpretes de Fernando Pessoas que possam vir a auxiliar no desenvolvimento das
questões colocadas acerca do temas privilegiados e na defesa das hipóteses levantadas .
Elaboração da redação da tese.

3º semestre- Análise sistemática das obras de Fernando Pessoa procurando


refletir acerca dos problemas levantados a fim de compreender as diferentes
perspectivas dos heterônimos e do poeta ortônimo nas suas elaborações dramáticas e
especulativas que versem sobre os temas propostos. Elaboração da redação da tese..

4 º semestre- Elaboração da redação da tese. Preparação do material de


apresentação para a qualificação do doutorado

.5 º semestre- Análise sistemática das obras teóricas de Fernando Pessoa que


versem sobre a temática do processo de criação poético e literária em torno dos temas e
questionamentos elaborados.
6º semestre- Redação da tese de doutorado.

7º semestre – Continuação da redação da tese de doutorado e preparação para


defesa. Reuniões finais com orientador.

8º semestre – Preparação para a defesa da tese de doutorado. Conclusão.

Etapa I:
Meses
ATIVIDADES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Levantamento do material bibliográfico


Exame e fichamento do material
bibliográfico
Presença nas disciplinas obrigatórias
Produção de artigo referente a pesquisa
Participação em atividades científicas
Releitura dos principais obras
selecionadas
Reuniões com orientador

Revisão do projeto de qualificação

Etapa II:
Meses

ATIVIDADES 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48

Releitura dos principais obras


selecionadas
Redação dos capítulos da tese
Participação em atividades científicas
Preparação de seminário para a
apresentação dos resultados da pesquisa
Reuniões com orientador
Realização de seminário aberto
Apresentação do projeto de qualificação
Revisão da Tese
Apresentação e defesa de tese
Referências bibliográficas:

PESSOA, Fernando. Ficções do interlúdio 1914-1935. Edição de Fernando Cabral Martins.


Lisboa: Assírio & Alvim, 1998.

__________________ livro do desassossego. Prefaciado por Richard Zenith. São Paulo:


Editora Schwarcz S.A. 2015.

________________ Poemas de Fernando Pessoa – Quadras. Edição de Luís Prista. Edição

Nacional – Casa da Moeda, 1993.

________________ Páginas íntimas e de auto-interpretação. Textos estabelecidos e


prefaciados por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho. Lisboa: Ática, s.d.

1988.

_________________ Textos de crítica e de intervenção. Lisboa: Ática, s. d.

________________ Textos de intervenção social e cultural. Introduções, organização e notas


de António Quadros. Portugal: Publicações Europa – América, s. d.

PLATÃO. Banquete, Fédon, Sofista e Político. [Tradução José Cavalcante de Souza,


Jorge Paleikat e João Cruz Costa] Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991.

________República. Tradução Maria Helena da Rocha Pereira. 9. ed. Lisboa: Fundação


Calouste Gulbbenkian, 2001.

______Teeteto. Trad. Adriana Manuela Nogueira e Marcelo Boeri. Fundação Calouste


Gulbenkian. Lisboa. 2008.

NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. A gaia ciência. Trad. Paulo César de Souza. SãoPaulo:
ED Schwarcz S.A. 2018

_______________________________O nascimento da tragédia ou helenismo e


pessimismo. Tradução de J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras, 1992

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