Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
PÓS GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA (PPGF)
Escritas da alteridade:
alteridade: Derrida leitor de Nietzsche
Outubro/2015
0
Introdução
Pela presente proposta de projeto de pesquisa tenho como objetivo aprofundar
algumas questões acerca do “sujeito moderno” surgidas durante a pesquisa de mestrado
desdobrando-as em certas direções que ganharam relevância ao longo do estudo. Neste
sentido, tornou-se imprescindível problematizar as heranças do pensamento de
Nietzsche no século XX, principalmente aquelas do contexto francês, entendendo a
relevância dos debates e encontros ocorridos1 neste período. Do amplo campo aberto
por este fecundo debate interessará analisar as posições assumidas por Jacques Derrida
em relação ao(s) pensamento(s) de Nietzsche e seus intérpretes2. Isso porque, Derrida
enquanto “pensador da diferença” assinalaria certa dimensão ético-política que não se
separaria das questões do sujeito, da escrita e estilos na obra de Nietzsche - dimensão
que buscarei destacar como uma posição singular para o tema que proponho acerca da
alteridade e da diferença. Nesta direção, procurarei através do trabalho de pesquisa no
doutorado desenvolver a questão do descentramento da noção de sujeito a partir do
pensamento de Nietzsche, e as possíveis relações deste com o perspectivismo
nietzschiano, e ainda com a noção de estilo sublinhada por Derrida. Para a realização
deste estudo pretendo fazer uma análise da leitura de Derrida sobre Nietzsche3, a partir
das noções de alteridade e diferença que circulam pela obra dos dois filósofos4. Derrida,
especialmente, em Esporas: os estilos de Nietzsche, renomearia essas noções,
principalmente, através dos “significantes” “mulher” e estilo(s). Assim, a leitura e
escrita de Derrida em torno de Nietzsche trazendo “a mulher” e os estilos (e a relações
destes com a verdade) à cena da filosofia acenariam para outra(s) leitura(s) da obra de
Nietzsche em direção à um pensamento ético-político.
Nesta perspectiva, penso que Derrida leitor de Nietzsche convida a uma
problematização da noção de sujeito abrindo, segundo a hipótese levantada, o
pensamento de Nietzsche para um devir ético-político marcado pelo “outro”. Derrida
afirma em Esporas que “Nietzsche, o que se pode verificar em todos os lugares, é o
1
Cito, como exemplo, o Colóquio de Cerisy La Salle (1972), ocorrido no centenário de O nascimento da
tragédia, em que participaram inúmeros pensadores franceses e alemães discutindo a obra de Nietzsche
como Derrida, Deleuze, Karl Lowith...
2
Trata-se de autores como Bernard Pautrat, Jean Michel Rey, Sarah Kaufman, Phillipe Lacoue-labarte e
Martin Heidegger.
3
Assinalo que o estudo sobre Derrida (com referência a Nietzsche), foi empreendido durante toda a
pesquisa de mestrado a partir dos cursos e seminários oferecidos pelo laboratório Khorâ- Laboratório de
filosofias da alteridade.
4
Observo que as noções de alteridade/diferença não aparecem de modo explicitamente nas obras de
Nietzsche, contudo, tais noções são sublinhadas em sua obra por pensadores como Gilles Deleuze e o
próprio Derrida.
1
pensador da gravidez”5. Em torno desse pensamento da gravidez e sua relação com “a
mulher” e a alteridade, procurarei desenvolver o problema proposto. Em Esporas, esse
pensamento estaria apontado também pelo acolhimento crítico de outro leitor de
Nietzsche: Heidegger. A leitura que faz Derrida de Heidegger, reconhecendo sua
importância como “interprete” de Nietzsche, assinala caminhos em direção a certas
posições frente ao problema da Verdade6 e do “próprio”. Derrida proporia, atento às
omissões e lacunas na leitura de Heidegger, outro acento ao pensamento nietzschiano,
ao sublinhar justamente aquilo que este contorna em sua leitura: o "devir-mulher da
ideia”7. Se “a mulher” em Nietzsche por ser superfície e sem essência, opera um efeito
abalador da Verdade8, ela possibilitaria também uma abertura para o(s) outro(s)
“recalcados”/rebaixados pela filosofia tradicional9: a diferença sexual, a superfície, a
arte, o múltiplo, o estilo10... Enfatizando esse último, Derrida diz que se estilo
pressupõe estilos11, é justamente porque escapa ao “estilo dogmático e fálico”, e sua
pretensão de unidade, essencialidade e estabilidade.
Como procurarei abordar, o(s) estilo(s) de Nietzsche estaria associado ao seu
“perspectivismo”, que não se fundaria em um eu, mas como será problematizado, em
uma multiplicidade de “almas” que comporiam um “sujeito” não mais fechado em si,
mas desde sempre “marcado” pelo outro(s). Assim, a proposição a ser desenvolvida é de
que há uma afinidade entre o perspectivismo e os estilos de Nietzsche, e que estes só
seriam possíveis a partir de certa escrita12 nietzschiana apontada por Derrida. Partindo
dessa proposição, penso que a leitura que Derrida faz de Nietzsche possibilita, como
pretendo problematizar, um desenvolvimento da crítica de Nietzsche à noção de
Verdade em uma direção marcada por um pensamento ético-político da diferença e da
alteridade. Dessa maneira, pretendo contribuir com as pesquisas desenvolvidas pelos
laboratórios “Khôra” e “Escritas” e com as discussões em torno de importantes
questões da filosofia contemporânea.
5
Cf. Derrida, 2008, p.45.
6
Assinalo que ao utilizar o termo “Verdade” em letra maiúscula pretendo aponto a relação deste com a
noção de próprio/propriedade, tal como qualquer nome próprio vem marcado deste modo.
7
Cf. Derrida, 2008, p. 62.
8
Cf. Derrida, 2008, pp. 32-34.
9
Esse rebaixamento ocorre de diferente maneiras e épocas, mas pode-se pensar no predomínio de uma
verdade sustentada por um “eu”, masculino, branco, heterossexual e ocidental.
10
Cf. Derrida, 2003, p. 50.
11
Cf. Derrida, 2008, p. 106.
12
Opto pela tradução de “écriture” para escrita no lugar de escritura, devido às relações desta última no
contexto brasileiro com o campo religioso e jurídico. Mantenho o termo escritura apenas nas citações.
2
2. Desenvolvimento da questão
Em um primeiro momento da pesquisa buscarei desenvolver uma tematização
em torno dos “quase-conceitos”13 presentes no livro Esporas, de Jacques Derrida. Os
“quase-conceitos” ou conceitos suspensos por aspas são, dentre outros, “estilo(s)”,
“mulher”, “verdades” e “propriação”. Essas são noções importantes para a pesquisa que
proponho em torno de um pensamento da alteridade e da diferença, haja vista que
abalariam certa concepção clássica do sujeito e da identidade, e deste modo, abririam
uma dimensão ético-política em torno do(s) pensamento(s) de Nietzsche. Este abalo aos
fundamentos do discurso filosófico provocaria por sua vez um descentramento de
importantes questões de nossa tradição filosófica e cultural tal como as de Verdade,
propriedade, conhecimento, identidade, e, por conseguinte as colocaria em
deslocamento também. Neste sentido Derrida (2005) argumenta:
13
Derrida utiliza o termo quase-conceito no intuito de indicar uma oscilação e uma indecidibilidade de
certas noções que não se adéquam ao modelo metafísico e sua pretensão de conceitos fechados, fixos e
universais.
14
Cf. Derrida, 1992, pp. 91-114.
15
Referência ao capítulo de Derrida, em “Esporas”, intitulado Posições (título homônimo de seu livro).
Cf. Derrida, 2003, p. 69.
16
Neste sentido, Derrida empreenderia uma desconstrução da noção do próprio e de propriedade, ao
propor uma crítica acerca da leitura de Heidegger em torno de Nietzsche.Cf.: Derrida, 2003, p.62.
17
Nietzsche, 1975, p.31 apud Derrida, 2003, p.60
3
inauguração de certo discurso filosófico “falologocêntrico”18 em torno da verdade
associado a uma propriedade (e ao próprio) de um eu, excluindo o(s) outro(s). Assim,
este primeiro momento de pesquisa se orientará pela afirmação de Derrida, segundo a
qual Nietzsche é o pensador da gravidez19. Ora, a gravidez envolve pensamentos em
“porvir”, em torno dessa imagem entrariam “em jogo” importantes noções recalcadas
pelo discurso filosófico tradicional: “a mulher”, o acolhimento do outro em si, a criança,
a arte, os “estilos”, Dionísio20... Como buscarei desenvolver a partir dessa abertura
proporcionada pela marca dos estilos e da “mulher”, a escrita de Nietzsche desdobra-se
em perspectivas não tradicionais ao campo dos discursos filosóficos. Neste sentido,
caberá pensar a relação entre os estilos de Nietzsche, sua escrita, e a relação desses com
“a mulher”, pois como sublinha Derrida (2008) a partir de sua leitura de Nietzsche: “Ela
(se) escreve. É a ela que regressa o estilo (...) a escritura seria mulher”.21
Em um segundo momento, a pesquisa se orientará por uma questão principal:
talvez só possa haver estilo(s) em Nietzsche porque há perspectivismo22. Procurarei
abordar as possíveis relações entre estilo(s) e perspectivismo. Estilos só são possíveis se
houver mais de um, afirma Derrida23. Essa é também uma “premissa” fundamental do
perspectivismo proposto por Nietzsche:
Existe apenas uma visão perspectiva, apenas um “conhecer” perspectivo, e
quando mais afetos permitimos falar sobre uma coisa, quanto mais olhos,
diferentes olhos soubermos utilizar para essa coisa, tanto mais completo será,
nosso “conceito” dela, nossa “objetividade” (Nietzsche, GM, III, §12. Grifo
do autor).
Neste sentido, o perspectivismo operaria uma dupla crítica à teoria do
conhecimento: uma primeira à concepção de sujeito (do conhecimento), talvez
18
Termo derridiano que aponta de diversos modos para uma "juntura” entre falo, logos e centro. Caberá
pensar a relação deste termo com as noções sublinhadas de sujeito, verdade e propriedade.
19
Ressalto que esta temática foi desenvolvida no primeiro semestre do mestrado para o trabalho de
conclusão do curso ministrado pelos professores Carla Rodrigues e Rafael Haddock-Lobo, e desenvolvida
no primeiro capítulo apresentado para a qualificação de mestrado.
20
Dionísio na longa citação de Nietzsche em “Esporas” (2003, p. 27) aparece como o “abalador da
terra”, um deus de “pés sísmicos”. É talvez escutando este abalo da terra, do que poderia haver de
estabilidade e fixidez que Derrida leria Nietzsche. Discípulo deste deus, Nietzsche apreenderia o
movimento, as metamorfoses, e, porque não, os estilos de um deus instável, sempre se deslocando ao
tornar-se outro. Portanto, será importante para esta pesquisa pensar as “presenças” de Dionísio na escrita
de Nietzsche.
21
Cf.: Derrida, 2008, p.38.
22
Seria necessário fazer uma reflexão acerca das recepções do perspectivismo levando em consideração
as interpretações desta noção nos círculos filosóficos, que vão desde uma teoria do conhecimento a um
relativismo. Sobre perspectivismo cf. Nietzsche, ABM, prólogo e § 22; GM, livro III, §12.
23
Por exemplo, Derrida argumenta: “Porque é de uma mudança de ‘estilo’, dizia-o Nietzsche, que nós
talvez necessitemos; e se há estilo, Nietzsche no-lo recordou, ele só pode ser plural”. Cf. Derrida, 1991,
p.177.
4
inencontrável em suas origens, mas constantemente reiterada nos “discursos
ocidentais”; e em segundo lugar, à noção de objeto. Noções essas fundamentais para as
teorias epistemológicas e a “produção de conhecimento” na modernidade. Nesta
direção, o perspectivismo se deslocaria do binarismo24, próprio a todo o pensamento
filosófico metafísico, “representificado” na modernidade pelo par sujeito e objeto.
Assim, estilo(s) e perspectivismo só seriam possíveis quando há um outro e quando há
diferença. Portanto, tornar-se-á necessário pensar a relação entre estilo, perspectivismo
e teoria do conhecimento. Derrida, citando Nietzsche, irá sublinhar em “Esporas” a
figura do filósofo dogmático como aquele que não sabe tocar, conquistar a “verdade-
mulher”25. Nietzsche por sua vez, como acima mencionado, relaciona, sempre entre
aspas, seu perspectivismo com certas pressuposições do pensamento moderno:
“conhecer”, “conceito” e “objetividade”; suas aspas, porém, ressaltariam uma distância
paródica em relação a estes pressupostos26. Para a questão levantada será preciso situar
estrategicamente certa concepção de conhecimento: no pensamento moderno pós
Descartes, o fundamento central talvez seja a noção de um sujeito do conhecimento
apoiado em certa identidade do “eu”. Desta maneira, perspectivismo e estilo(s)
provocariam uma desestabilização de certo modo de produção de conhecimento e das
noções clássicas do eu, da identidade e suas variantes: sujeito, alma, consciência,
vontade. Nietzsche em diversas passagens de seus escritos assinala outros caminhos
possíveis de reinscrição do sujeito. Em Além do bem e do mal (2006), por exemplo, o
autor assim argumenta:
Mas o caminho para novas versões e refinamentos da hipótese da alma se
encontra aberto: e conceitos como “alma mortal”, “alma como multiplicidade
do sujeito” e “alma como estrutura social dos impulsos e afetos” querem
doravante ter direito de cidadania na ciência. (Nietzsche, ABM, §14)
Deste modo, o autor talvez seja um dos filósofos que mais procurou, para além e
atento ao fantasma do dogmatismo, ouvir outras vozes recalcadas pela tradição, abrindo
24
Derrida aponta para uma “estrutura binária” do discurso metafísico (cf. Derrida, 2008, P.36) que faz
eco a afirmação de Nietzsche de que “a crença fundamental dos metafísicos é a crença nas oposições de
valores.” Cf. Nietzsche, 2009 p.22. Grifo do autor.
25
Derrida (2008) com este termo refere-se a uma passagem do prólogo de ABM de Nietzsche (2009a,
p.17). Como acentua Derrida, a verdade-mulher seria uma “verdade” que não se pode possuir:
superficial, esquiva (não conquistável), distante, “artística” em sua simulação... Assim, provocadora das
ruínas do edifício conceitual metafísico. Cf. Derrida, 2008, pp.34, 35, 39 e 47.
26
Cf.: BLONDEL, Eric. “As aspas de Nietzsche: filologia e genealogia”. Tradução de Milton
Nascimento. Em: MARTON, Scarlett (Org.). Nietzsche hoje? O colóquio de Cerisy. São Paulo:
Brasiliense, 1985.
5
caminhos27 para outras concepções de sujeito marcadas pela instabilidade e pluralidade.
Com efeito, Nietzsche pôde ir além do “estilo dogmático” em direção aos estilos
apontados por Derrida (2008)28. O objetivo principal do segundo momento da pesquisa
será então problematizar a relação estilo(s)/perspectivismo, levando em consideração
essa pluralidade de “eus” (ou almas, forças, afetos...29) em referência aos conceitos que
fundamentariam a teoria do conhecimento moderno (tais como verdade, objetividade e
identidade...). Buscar-se-á ainda fazer uma reflexão acerca da relação entre verdade e
moral, considerando que a crítica a verdade proposta por Nietzsche é também uma
crítica aos valores morais. Como crítico da moral, Nietzsche abriria caminhos aos
outros “recalcados” por certa “lógica do mesmo” presente na tradição ocidental,
justamente por apontar para as falhas, os fechamentos, os saltos precipitados dos
discursos fundamentados na metafísica (sejam eles filosóficos, religiosos, científicos,
políticos ou artísticos). Caberá, portanto, refletir acerca dessa “passagem”: de uma
crítica ao pensamento metafísico para uma crítica a moral que o institui. Por intermédio
da leitura de Derrida (2008), a crítica nietzschiana parece acenar para uma abertura a
um pensamento da diferença, justamente quando aquele enfatiza as noções de “mulher”
e estilo de Nietzsche, que se deslocariam de uma lógica do mesmo e da identidade
excludentes da alteridade.
Em um terceiro momento desta pesquisa, pretendo desenvolver uma
interpretação da leitura de Derrida sobre Nietzsche que apontaria para uma direção
ético-politica desde uma reinscrição, descentramento e reinterpretação da noção sujeito
empreendidas por Nietzsche. Esta “escuta” (à diferença) e escrita inscritas por Nietzsche
e lidas (e novamente escritas) por Derrida abririam novas posições para os leitores
desses pensadores críticos (ainda que de diferentes maneiras) da modernidade e da
tradição ocidental. Nesta pesquisa pretendo sublinhar uma relação, talvez
imprescindível, entre a crítica e desconstrução da noção de sujeito (moderno) e um
27
Sobre a abertura de caminho pela descentralização do sujeito, Derrida argumenta: “Mas ainda me
parece que seria preferível, uma vez aberto este caminho, esquecer um pouco esta palavra [sujeito]. Não
tanto esquecê-la, ela não é esquecível, mas ordená-la, sujeita-la a leis de um contexto que ela já não
domine desde o centro”. Em: Mónica Cragnolini (Editor). Confines. No. 17, Buenos Aires, Dezembro
2005. (tradução minha, sem paginação)
28
Importa ressaltar que não existe um “elogio cego” de Nietzsche a uma multiplicidade de almas, pois
esta abertura e reinscrição do sujeito também podem ser apropriadas pelas forças reativas em um
“consumo de identidades” como pode ser lido em ABM, § 223. Neste sentido Derrida (2002) afirma:
“Como resultado, não há para Nietzsche, uma ‘entidade’ não interpretável ao mesmo tempo como uma
forma de vida ativa e reativa”. Derrida, p.245. (tradução minha).
29
Caberá fazer uma leitura crítica destas noções ressaltando suas diferenças, atentando para o
deslocamento e efeitos que cada um desses significantes possibilita.
6
pensamento marcado por uma ética-politica contaminada pela alteridade. Neste sentido,
talvez as críticas de Derrida e Nietzsche a certo modelo de conhecimento e do sujeito
(do conhecimento) não poderiam ser feitas sem posicionamentos frente a uma moral
ocidental30: os ídolos (morais) que sofrem com “o martelo” nietzschiano, e que da parte
de Derrida são constantemente pensados e desconstruídos. Estaria em jogo outra
maneira de experiência de si marcada pelo outro. Neste sentido dirá Derrida que:
Para que este espaço democrático se abra, é preciso que cada um dos
cidadãos e cidadãs, que cada uma dessas multiplicidades de vozes, sejam na
medida do possível liberadas. É preciso que os cidadãos e cidadãs tratem bem
dentro de si o problema das vozes, da diferença sexual, dos fantasmas, etc.
.para poder tratá-los como se deve, fora. Se eu sou tirano dentro de mim, eu
terei a tendência de sê-lo fora (...) Se alguém não trata bem seu inconsciente,
se uma autoanálise não está sempre sendo levada a cabo, o exercício da
responsabilidade política sofrerá.31(Derrida apud FATHY, 1999)
30
Nesta direção, Paulo Souza em seu posfácio da Gaia ciência afirma que “A ciência baseia sua
autoridade na tradicional crença metafísica na verdade, é também questão de fé - daí o nexo com as
seções que encerram uma critica da moral, intercaladas a estas sobre o conhecimento”. Nietzsche, 2012,
p. 311.
31
Cf. FATHY, Safaa, D'ailleurs Derrida [Filme-Documentário], Egito/França: Gloria Films, La Sept
Arte. 1999.
32
Em relação à mulher, a escuta e ao labirinto de Nietzsche, Derrida afirma: “todas as interrogações de
Nietzsche, e estas relativas à mulher em particular, encontram-se enroladas no labirinto de uma orelha...”
Cf. Derrida, 2008, p. 26.
33
Sobre a relação entre estilo e “mulher” cf. Derrida, 2008, p. 38.
7
Cronograma de atividades:
8
Etapa I:
Meses
1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2
ATIVIDADES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4 5 6 17 8 9 0 1 2 3 4
Levantamento do material bibliográfico
Exame e fichamento do material
bibliográfico
Presença nas disciplinas obrigatórias
Produção de artigo referente a pesquisa
Participação em atividades científicas
Releitura dos principais obras
selecionadas
Reuniões com orientador
Revisão do projeto de qualificação
Etapa II:
Meses
2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4
ATIVIDADES 5 6 7 8 29 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 41 2 3 4 5 6 7 8
Releitura dos principais obras
selecionadas
Redação dos capítulos da tese
Participação em atividades científicas
Preparação de seminário para a
apresentação dos resultados da pesquisa
Reuniões com orientador
Realização de seminário aberto
Apresentação do projeto de qualificação
Revisão da Tese
Apresentação e defesa de tese
9
Referências bibliográficas:
Obs: utilizei, quando possível, a fim de facilitar a localização das citações de Nietzsche as abreviações
dos títulos do livros (indicadas a seguir) e os números dos parágrafos indicados pelo autor.
DERRIDA, Jacques. Gramatologia. Tradução de Miriam Schnaiderman e Renato
Janine Ribeiro. São Paulo: Editora Perspectiva e Editora da Universidade de São Paulo -
Coleção Estudos, 1973.
_______. Margens da filosofia. Campinas: Papirus, 1991.
_______. "Il faut bien manger - entrevista com Jean-Luc Nancy". Em: Point de
suspension- Entretiens. Paris: Galilée, 1992.
_______.Negotiations: Interventions and Interviews, 1971–2001, trans. e ed. Elizabeth
Rottenberg: Calif: Stanford University Press, 2002.
_________. A Gaia ciência (GC). Trad. de Paulo César de Souza. São Paulo:
Companhia das Letras, 2012.
_________. Assim falou Zaratustra: um livro para todos e para ninguém (ZA). Rio
de Janeiro: civilização brasileira, 2008.
10
11