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TURMA REGULAR
CONHECIMENTOS GERAIS
APOSTILA – I
NOVEMBRO - DEZEMBRO
2023/2024
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SUA APROVAÇAO É NOSSA MISSÃO!
MELHOR EQUIPE E MAIOR ÍNDICE DE APROVAÇÃO– ESTAMOS JUNTOS NESSA BATALHA EM BUSCA DA VITÓRIA TEL – 21 998528821 – 21 971630662 - MELHOR EQUIPE E MAIOR ÍNDICE DE APROVAÇÃO
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Sumário
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PORTUGUÊS .................................................................................................................................................................................................... 5
REDAÇÃO ......................................................................................................................................................................................................... 7
CAPÍTULO 1: O TEXTO DISSERTATIVO ..................................................................................................................................................... 7
CAPÍTULO 2: TEXTOS PARA ANÁLISE E EXERCÍCIOS PRELIMIRARES ........................................................................................... 10
CAPÍTULO 3: COMO MELHORAR A ESCRITA? ....................................................................................................................................... 18
CAPÍTULO 4: ESQUEMA BÁSICO TEXTO ARGUMENTATIVO ............................................................................................................. 22
GRAMÁTICA .................................................................................................................................................................................................. 24
CAPÍTULO 1: Acentuação Gráfica .................................................................................................................................................................. 24
CAPÍTULO 2: USO DO HÍFEN ...................................................................................................................................................................... 26
MORFOLOGIA
CAPÍTULO 3: SUBSTANTIVO ...................................................................................................................................................................... 32
MATEMÁTICA ...................................................................................................................................................................... 41
ÁLGEBRA I
CONJUNTOS ................................................................................................................................................................................ 43
RESOLUÇÕES .............................................................................................................................................................................. 47
EXERCÍCIOS ............................................................................................................................................................................. 48
CONJUNTOS NUMÉRICOS .......................................................................................................................................................................... 53
RESOLUÇÕES ................................................................................................................................................................................................ 58
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................................................................. 60
MATRIZES ...................................................................................................................................................................................................... 69
RESOLUÇÕES ................................................................................................................................................................................................ 78
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................................................................. 79
GEOGRAFIA ......................................................................................................................................................................... 89
1 - Revisão de alguns conceitos básicos em Geografia . .................................................................................................................................... 91
1.1 - Regionalização dos continentes: Europa, Américas, África, Ásia e Oceania ........................................................................................... 91
1.2 - Há outras formas de regionalização e que todos conhecem ...................................................................................................................... 95
1.3 - Conteúdo político-ideológicos dos mapas: projeções de Mercator e Peters ............................................................................................. 96
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Apresentação dos Módulos ............................................................................................................................................................................. 141
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PORTUGUÊS .................................................................................................................................................................................................... 5
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REDAÇÃO ......................................................................................................................................................................................................... 7
CAPÍTULO 1: O TEXTO DISSERTATIVO ..................................................................................................................................................... 7
CAPÍTULO 2: TEXTOS PARA ANÁLISE E EXERCÍCIOS PRELIMIRARES ........................................................................................... 10
CAPÍTULO 3: COMO MELHORAR A ESCRITA? ....................................................................................................................................... 18
CAPÍTULO 4: ESQUEMA BÁSICO TEXTO ARGUMENTATIVO ............................................................................................................. 22
GRAMÁTICA .................................................................................................................................................................................................. 24
CAPÍTULO 1: Acentuação Gráfica .................................................................................................................................................................. 24
CAPÍTULO 2: USO DO HÍFEN ...................................................................................................................................................................... 26
MORFOLOGIA
CAPÍTULO 3: SUBSTANTIVO ...................................................................................................................................................................... 32
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REDAÇÃO
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Título: é uma referência ao tema que será abordado. Recomenda-se que seja curto e, se possível, demonstre criatividade.
Ex: Dias de incerteza
Observação
Há concursos que não exigem colocação de título. Ainda assim, recomenda-se que sempre seja colocado devido ao seu caráter
funcional de delimitação do tema. Na MB, o título é o próprio tema. Não se deve pular linha entre o título e a introdução.
II. A dissertação é um texto que se caracteriza pela defesa de uma ideia, de um ponto de vista. Ou, então, pelo questionamento
acerca de um determinado assunto. O autor do texto dissertativo trabalha com argumentos, com fatos, com dados, utilizados
por ele para reforçar ou justificar o desenvolvimento de suas ideias.
Para se obter uma exposição clara e ordenada, a dissertação é geralmente organizada em três partes:
1. Introdução – constituída geralmente de um parágrafo, deve conter a ideia principal a ser desenvolvida, ou seja, denotar os
objetivos do texto, o ângulo da análise e hipótese ou a tese a ser defendida. Há diversas e flexíveis maneiras de se começar
uma dissertação. O importante é que o parágrafo da introdução seja sucinto e conciso e que deixe claras as diretrizes do
texto.
2. Desenvolvimento ou argumentação – exposição de elementos que vão fundamentar a ideia principal que pode vir
especificada através da argumentação, de pormenores, de causa e de consequência, definições, dados estatísticos, ordenação
cronológica etc.
3. Conclusão – é a retomada da ideia principal, que agora deve aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já foi
fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação.
A dissertação objetiva
A dissertação objetiva caracteriza-se pelo texto escrito em terceira pessoa. Embora o autor esteja transmitindo ao leitor
sua visão pessoal a respeito do tema, ele jamais aparece para o leitor como uma pessoa definida.
Nas dissertações objetivas, o autor expõe os argumentos de forma impessoal e objetiva, não se incluindo na exploração,
o que confere ao texto um caráter imparcial, facilitando a aceitação, por parte do leitor, das ideias expostas (prova da MB).
A dissertação subjetiva
A dissertação subjetiva caracteriza-se pelo texto escrito em primeira ou segunda pessoa. Consequentemente, o texto
perde seu caráter impessoal e assume, de forma explícita, um caráter pessoal.
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1. Objetividade
Obs.: Evitar pontuação expressiva (exclamações, reticências) e expressões radicais (“é um absurdo” / “é ridículo”).
Usar a terceira pessoa do singular (Sabe-se que...; Reconhece-se que..., É evidente que...)
Pessoal Impessoal
Logo, escrever de forma impessoal é uma forma de expressar opiniões como se elas fossem fatos (impessoalidade ≠
imparcialidade)
* Imparcialidade ≠ impessoalidade
* Objetivo: evitar redundâncias + aumentar credibilidade.
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O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, ao formular a sua tese “Modernidade Líquida”, na qual expõe a superficialidade
das relações sociais no contexto da Terceira Revolução Industrial, estabeleceu forte conexão com cenário vigente. A julgar pelo
panorama atual, é possível perceber que, infelizmente, os avanços tecnológicos proporcionaram a fragilidade dos contatos
qualitativos. Nesse contexto, tal defasagem revela o caráter social da Modernidade bem como a perda gradual da argumentação
favorecida pela internet. Assim, compreender tais fatores é essencial para combater a perpetuação desse problema.
Em primeira análise, é fundamental constatar que o advento de novos meios de comunicação está inexoravelmente
associado à fragmentação dos vínculos afáveis. Sob essa ótica, a dinâmica comunicativa estimulada pelos incrementos
tecnológicos relaciona-se intimamente com o postulado do sociólogo Bauman. Tal ligação ocorre, pois o meio virtual, ao oferecer
uma rápida interação entre os indivíduos por meio dos aplicativos de comunicação, promove contatos quantitativos em
detrimento dos qualitativos, o que motiva a ascensão do individualismo na sociedade e dialoga diretamente com o enunciado do
pensador Bauman, uma vez que a liquidez dos laços interpessoais responsáveis pela valorização dos espaços de atuação e
convivência pública impossibilita a consolidação de relações amistosas. Por consequência desse fato, o ser humano regride ao
seu estado primitivo, no qual predomina o egoísmo, haja vista essa polarização de relacionamentos viabilizar uma visão
dessemelhante pelo próximo, o que é incompatível com a vida coletiva, pois se caracteriza como uma instituição orgânica
baseada na cooperação. Dessa forma, fica claro que os avanços tecnológicos estão associados ao afastamento interativo da
comunidade.
Além disso, é valido observar que a internet está indubitavelmente conexa com redução da capacidade argumentativa
dos seus usuários. Nesse sentido, pode-se concretizar um paralelo entre a atualidade e o surgimento da Filosofia, porquanto, no
passado, o florescimento do pensamento crítico esteve ligado aos conflitos de ideias antagônicas dos povos gregos em um
contexto de expansão comercial e intelectual denominado Helenismo. Já na Contemporaneidade, a seletividade de contatos e
informações, favorecidas pelas redes sociais, possibilita a formação de grupos com as mesmas virtudes, o que é prejudicial para
a oratória do indivíduo, porque o senso crítico é mediado pela discussão sadia de opiniões opostas. Dessa maneira, o dialogo
cibernético diverge do método retórico e filosófico da Antiguidade Grega.
Torna-se evidente, portanto, que o avanço tecnológico está inquestionavelmente atrelado à desintegração das relações
interpessoais, que, por sua vez, é maléfico para a sociedade. Para resolver esse problema, é necessário que o Ministério da
Educação invista em informática educativa, por meio da promoção de palestras abertas para a população, realizadas nas escolas
públicas durante os finais de semana e ministradas por profissionais graduados por Antropologia, que discutam a moderação no
uso de aparatos modernos e a importância dos vínculos afetivos na esfera coletiva. Consequentemente, tal medida tem a
finalidade de promover aos cidadãos um olhar mais crítico acerca da tecnologia e estimular a cooperação no social. Assim, a
comunidade será mais integrada em suas interações.
5. Qual é a sua posição sobre o tema do texto? Concorda com o autor? Por quê? Escreva um parágrafo de 7 a 10 linhas, com 3
frases, no mínimo, na folha separada de redação do curso.
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Em meados de fevereiro de 2020, anunciava-se a chegada do novo coronavírus ao País. Seguindo protocolos já
experimentados em outros países, o Brasil abriu diversas frentes de trabalho, envolvendo todas as pastas do Executivo, com o
objetivo de diminuir as consequências da doença. O Ministério da Defesa então deflagrou a Operação “Covid-19”, que uniu as
três Forças Armadas para proteger os brasileiros da devastação causada pelo vírus. Concomitante, a Marinha do Brasil deu início
à Operação “Grande Muralha”: Força-Tarefa comandada pelo Diretor-Geral do Pessoal da Marinha, que utiliza todos os recursos
disponíveis para o enfrentamento dos efeitos da doença.
Desde o início da operação, a Marinha emprega mulheres, homens, meios navais e de fuzileiros navais para enfrentar a
pandemia, realizando ações assertivas, pautada em dois princípios basilares: serenidade e firmeza. A determinação do
Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Ilques Barbosa Junior, é que se trabalhe com tenacidade e coragem. “É oportuno
reiterar os merecidos cumprimentos aos setores de abastecimento, de saúde, material, desenvolvimento tecnológico, Corpo de
Fuzileiros Navais, militares que permanecem, diuturnamente, mantendo nossa plena capacidade operativa”, disse.
A OPERAÇÃO “COVID-19”
Foram criados, para a operação, dez comandos conjuntos, compostos por militares das três Forças, que planejam o
emprego coordenado e integrado dos meios de logística, inteligência e comunicações, em apoio aos órgãos de saúde e de
segurança pública. A Marinha é responsável por dois deles: Comando Conjunto da Bahia e do Rio Grande do Norte e Paraíba.
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TECNOLOGIA
Militares e pesquisadores unem forças para buscar soluções para o enfrentamento da pandemia. A Marinha desenvolveu
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Respiradores
Em conjunto com a Universidade de São Paulo (USP), foi iniciada, em junho, a produção em escala do ventilador
pulmonar emergencial, batizado de “inspire”. De baixo custo e desenvolvido pela Escola Politécnica da universidade, o aparelho
pode ser produzido em até duas horas, com tecnologia nacional e baixo custo. Sob a supervisão da Diretoria-Geral de
Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, a fabricação das estruturas mecânicas conta com a participação do Centro
Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP). Tanto a concepção técnica quanto a produção estão a cargo de engenheiros
integrantes do Projeto de Desenvolvimento da Planta Nuclear Embarcada, do primeiro submarino brasileiro com propulsão
nuclear.
Protetor Biólogico
A Equipe de Resposta Nuclear, Biológica, Química e Radiológica do 2° Batalhão de Operações Ribeirinhas
(2°BtlOpRib), de Belém (PA), desenvolveu um protetor biológico tóraco-facial para evitar o contágio de equipes de saúde que
lidam com pacientes contaminados. De baixo custo, foi projetado com especialistas do Hospital Naval de Belém (HNBe). O
protótipo, que diminui drasticamente o risco de contágio da doença, foi criado pelo Tenente Fuzileiro Naval Hélio Augusto
Corrêa da Silva Junior.
Ele conta que a ideia do protetor surgiu durante um estágio em Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica.
“Pensei em algo que pudesse isolar o paciente e proteger os profissionais durante os procedimentos nas ambulâncias e nas UTIs,
evitando a contaminação e a disseminação do vírus”.
Máscaras de Proteção
O Centro Tecnológico do Corpo de Fuzileiros Navais (CTecCFN) criou protótipos de máscaras faciais rígidas do tipo
face shield. Em campanha desenvolvida junto ao SOS 3D Covid-19, profissionais civis cederam o projeto inicial da máscara,
que foi aprimorado pelo CTecCFN. Também há a produção de máscaras faciais descartáveis, feitas em TNT. Até junho, já
haviam sido confeccionadas quase 120 mil unidades, com produção diária de cerca de 4,5 mil. Em fase de desenvolvimento pelo
CTecCFN, estão produtos como dois capacetes de pressão positiva – um para ser usado por profissionais de saúde em ambientes
contaminados e outro por pacientes diagnosticados com Covid-19 e que não necessitam de entubação.
Para a tropa, está em desenvolvimento um modelo de máscara operativa, tipo balaclava (“touca ninja”). A produção
será terceirizada, com estimativa de confecção de 10 mil unidades. O CTecCFN também realizou pesquisa sobre o uso de
lâmpadas UV para a descontaminação de ambientes.
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AÇÕES INTERNAS
No âmbito da Operação “Grande Muralha”, o Sistema de Abastecimento da Marinha trabalha para manter a Força
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operando a serviço da Pátria em meio à pandemia. São empregados esforços para que sejam fornecidos combustíveis a viaturas
e demais meios operativos. Além disso, estão sendo distribuídos equipamentos de proteção individual, como máscaras e álcool
em gel, às organizações militares.
O Comandante da Marinha também emitiu o Plano de Atividades da Força, que tem o objetivo de orientar a progressão
das ações a serem adotadas para manter a capacidade operacional e garantir a segurança orgânica. “Trabalhamos a partir de
balizas como flexibilidade, transparência e unidade de comando. Superaremos e venceremos a guerra contra o coronavírus”,
declarou o Almirante Ilques.
(Fonte: Marinha em Revista - Ano 10 - Número 14 - setembro 2020
Exercício 1: Escreva um texto com 2 parágrafos, de 5 a 7 linhas cada um, em que você defenda o trabalho da
Marinha do Brasil no combate à COVID-19. Crie uma linha de raciocínio sobre o tema.
Dica: faça, pelo menos, 3 frases por parágrafo.
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Tecnologia profunda
Desde os anos 70 os militares brasileiros planejam a construção de um submarino nuclear, mas sofriam com barreiras
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impostas pelas potências estrangeiras. A tecnologia teve de ser desenvolvida aqui dentro — em 1982, o país dominou o ciclo de
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combustível nuclear. A partir dos anos 90, os recursos minguaram, até a ressurreição recente do projeto. O próximo passo deve
ser a construção de um reator nuclear em solo, para testar o equipamento. Ele está sendo desenvolvido no Centro Experimental
Aramar, em Iperó (SP), e deve ser concluído em 2014.
Uma preocupação que envolve o projeto é a falta de profissionais para lidar com a tecnologia. A Comissão Nacional de
Energia Nuclear, que em 1991 tinha 3.750 servidores, hoje tem somente 2.550 — com idade média de 56 anos. “Há uma
necessidade urgente de reposição e de formação de novos profissionais”, diz José Roberto Piqueira, vice-diretor da Escola
Politécnica da USP. Pensando nisso, a USP irá abrir em 2013 um curso de graduação em Engenharia Nuclear, ao lado do centro
da Marinha em Iperó. Parcerias entre as duas instituições já estão nos planos. Submarinos e engenheiros nucleares: é o Brasil
buscando novos voos — ou melhor, mergulhos.
Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,ERT275468-17773,00.html
Exercício 2: Escreva um texto com 2 parágrafos, de 5 a 7 linhas cada um, em que você defenda a construção e o uso do submarino
nuclear pelo Brasil. Crie uma linha de raciocínio sobre o tema.
Dica: faça, pelo menos, 3 frases por parágrafo.
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Texto 3: Navios da Marinha chegam a Suape para reforçar o combate ao óleo que atinge o litoral
Fuzileiros integram a operação 'Amazônia Azul, Mar Limpo é Vida', que monta base em Pernambuco a partir desse domingo
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(10). Embarcações são as duas maiores da Marinha.
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Os dois maiores navios da Marinha do Brasil chegaram, nesse domingo (10), ao Porto de Suape, no Grande Recife,
para reforçar o combate ao vazamento de óleo no Nordeste. Uma das bases da operação "Amazônia Azul, Mar Limpo é Vida"
fica em Suape. A partir do estado, as tropas, veículos e helicópteros que chegaram com as embarcações serão distribuídos pela
costa nordestina.
"Uma das bases vai ficar aqui [em Suape], mas vamos levar não só os navios, como tropas e veículos, para outros locais
como Fortaleza, Salvador, Ilhéus, que fica perto do Parque de Abrolhos, ou seja, vamos espalhar ao longo da costa do Norte e
Nordeste", afirmou o almirante José Cunha.
Além de Suape, o almirante afirmou que uma base será montada em Tamandaré, no Litoral Sul, de ondem devem sair
equipes para atuar no estado vizinho, Alagoas. Cerca de 700 fuzileiros navais vieram com os dois navios.
As duas embarcações, o navio-doca multipropósito (NDM) Bahia e o porta-helicópteros multipropósito (PHM)
Atlântico, deixaram o Rio de Janeiro no dia 4 de novembro. O óleo já atingiu 427 localidades, segundo o mais recente balanço
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), divulgado na sexta-feira (8).
Fuzileiros navais chegaram ao Porto de Suape, neste domingo (10), em operação para combater o vazamento de óleo no litoral
nordestino — Foto: Mhatteus Sampaio/TV Globo
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O objetivo é monitorar principalmente manguezais, estuários e o lado externo dos arrecifes, sempre em conjunto com
as equipes que já atuam no combate ao desastre ambiental. Os militares foram treinados para fazer a limpeza desses locais.
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"Ontem [sábado, 9], nós recebemos um engenheiro da Petrobras que nos deu palestras sobre como despoluir mangues, arrecifes
e praias, e também como são as precauções de segurança para essa despoluição", detalhou o almirante Cunha.
Os navios e helicópteros seguem sendo utilizados ao longo da costa em busca de manchas de óleo em alto-mar ."Não só quando
eles [equipes da Marinha] detectarem, mas quando também formos acionados, nós vamos ao local e retiramos a mancha e os
pontos de poluição", afirmou Cunha.
Navios da Marinha do Brasil chegaram ao Porto de Suape, neste domingo (10), com helicópteros e outros veículos para atuar na
costa do Nordeste — Foto: Mhatteus Sampaio/TV Globo
Além de fuzileiros, os dois navios trouxeram equipes médicas para atuar na questão da saúde. Somente em
Pernambuco, foram notificados 66 casos suspeitos de intoxicação de pessoas que tiveram contato com o óleo nas praias.
"Um dos nossos trabalhos aqui é fazer uma investigação a respeito das pessoas que tiveram contato com o óleo e
apresentaram algum sintoma. Nós colocaremos em solo diversas equipes móveis de saúde que passarão nas principais localidades
afetadas", adiantou o vice-almirante Paulo Martino Zuccaro, comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra.
Navios que chegaram a Pernambuco neste domingo (10) trouxeram caminhões que podem fazer auxílio na operação contra óleo
nas praias — Foto: Mhatteus Sampaio/TV Globo
Um protocolo foi montado, com um questionário que deve ser aplicado às pessoas que tiveram contato com a substância.
As equipes vão percorrer as localidades atingidas pelo óleo, entrando em contato com a população.
"Nós construiremos um banco de dados, que será passado para as agências, órgãos de saúde tanto no nível federal,
quanto no nível estadual e municipal, para que eles possam dar acompanhar a evolução do quadro de saúde dessas pessoas que
apresentaram algum tipo de anormalidade", apontou o vice-almirante.
Foram trazidos também cerca de 30 caminhões, 25 viaturas leves, um trator, seis equipamentos de engenharia e 18
embarcações menores pelas equipes que chegaram neste domingo. Segundo os militares da Marinha, não tem data prevista para
a operação terminar.
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Navio da Marinha do Brasil atracou no Porto de Suape neste domingo (10); fuzileiros vão atuar no combate ao óleo que
atinge o Nordeste — Foto: Mhatteus Sampaio/TV Globo
Óleo em Pernambuco
Neste domingo (10), as equipes da Prefeitura de Ipojuca encontraram pequenos fragmentos de óleo preso a sargaço
Praia de Serrambi. O município informou que era ainda resquício da substância, que ainda é "expulsa" pelo mar. "Toda orla
passa por um pente fino da prefeitura diariamente e os rescaldos que aparecerem serão limpos", disse a assessoria de comunicação
municipal.
Um relatório, divulgado na sexta (8) pelo governo estadual, apontou que 16 praias do litoral pernambucano que foram
atingidas pelas manchas de óleo, em outubro deste ano, estão liberadas para o banho.
De acordo com o documento, foram feitos testes para detectar a presença de hidrocarbonetos, componentes do petróleo,
e de substâncias como benzeno, tolueno, etilobenzeno e xileno. O relatório indicou que não foram constatados compostos
orgânicos encontrados no petróleo e que, em grandes concentrações, podem causar danos à saúde.
De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente de Pernambuco, desde 2 setembro, 48 praias e oito rios tiveram registro
de manchas. O boletim da Marinha do sábado (9) apontou que as praias pernambucanas estavam limpas, sem sinais de novos
casos de petróleo.
Fonte: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2019/11/10/navios-da-marinha-chegam-a-suape-para-atuar-no-combate-ao-
vazamento-de-oleo-no-nordeste.ghtml
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SUA APROVAÇAO É NOSSA MISSÃO!
Texto 4: Curso de Medicina Operativa prepara militares para atuar em Operações de Paz da ONU
19 de outubro de 2022 07:00
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Em 2022, o Brasil recebeu uma certificação inédita da Organização das Nações Unidas (ONU) para participar de
missões de paz, elevando a capacidade da tropa da Marinha do Brasil (MB) para o nível 3. Esse fato ampliou ainda mais a
necessidade de atuação e capacitação das ações de Medicina Operativa, já que ela está presente nas operações navais, calamidades
públicas e missões humanitárias e de paz.
A Medicina Operativa é um segmento da área de saúde que tem como propósito assistir os indivíduos em operações
militares, em ambiente crítico ou de combate, onde os recursos humanos e materiais – tais como suprimentos, tempo, local,
condições climáticas e epidemiológicas – podem estar significativamente restritos ou adversos. Ela é baseada em princípios,
técnicas e conhecimentos estabelecidos pela assistência de saúde em geral, porém adaptada às peculiaridades da vida militar.
Sua capacidade de atuação é bastante abrangente, podendo ser aplicada em todos os ambientes onde operam militares
da MB, como lembra o Diretor do Centro de Medicina Operativa da MB, Capitão de Mar e Guerra (Médico) Kleber Coelho de
Moraes Ricciardi. “Estamos em terra, no ar e no mar; acima e abaixo da linha d’água; nas Operações de Paz e humanitárias; no
apoio às situações de desastre; além de nos mantermos sempre presentes no continente antártico”.
Curso Especial Unidade Médica Nível II
Hoje, data em que é comemorado o Dia do Médico, destacam-se as peculiaridades e características próprias do médico
no ambiente operacional. Esse profissional necessita de uma formação militar adequada às funções a qual precisa desempenhar
e que difere da medicina comum praticada no dia a dia dos hospitais, devendo também estar apto a atuar e sobreviver em
ambientes hostis, reagir rapidamente contra fogos e explosivos, orientar-se no terreno, entre outros desafios.
Com o objetivo de capacitar pessoal em atividades de saúde para atuar em Operações de Paz da ONU ou em resposta a
desastres e em operações de ajuda humanitária, é realizado pela MB, anualmente, o Curso Especial Unidade Médica Nível II.
Anteriormente realizado como adestramento, após reformulação, o curso teve sua primeira edição em 2019.
O propósito do curso é preparar Oficiais e Praças da MB, das Forças Armadas e Forças Auxiliares para o desempenho
de funções técnicas como integrantes de uma Unidade Médica Nível Dois, ativada em apoio às Operações de Manutenção de
Paz (OMP) da ONU, à resposta em desastres e às operações de ajuda humanitária provendo, assim, assistência e serviços de
saúde adequados e integrados, salvaguardando a vida humana.
O curso, com duração de aproximadamente um mês, possui parte teórica e parte prática e inclui atividades como natação
utilitária, sobrevivência básica na selva, Unidade de Treinamento de Escape para Aeronaves Submersas, atendimento pré-
hospitalar, entre outros. A Primeiro-Tenente (Médica) Noelle Gonçalves de Pinho, que foi uma das alunas da última edição,
conta por que decidiu fazer o curso. “Quero estar apta a atuar em Operações de Paz e Humanitárias, situações em que as pessoas
realmente precisam de nós e, com isso, minha atuação será sempre muito gratificante”, reforçou ela.
De acordo com o Capitão de Mar e Guerra Ricciardi, “ao concluírem essa etapa, os militares estarão capacitados para
integrar o apoio de saúde para contingentes em Operações de Paz até o nível II de evacuação, bem como atuar em situações
inesperadas de apoio aos desastres naturais ou antropogênicos”. Um exemplo recente dessa atuação deu-se no início desse ano,
com as fortes chuvas ocorridas na região de Petrópolis (RJ).
A ONU possui vários níveis de evacuação e cada estágio possui um determinado modelo de atendimento médico. No
nível I, a capacidade diz respeito ao suporte básico de vida e a estabilização do paciente, com capacidade máxima para dois dias
de internação e observação dos pacientes. Na Unidade Médica Nível II, cria-se a estrutura de um pequeno hospital, com
capacidade cirúrgica, atendimento com especialidades médicas diversas e condições de internação por um período maior e com
mais leitos disponíveis.
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1. O gerúndio é uma forma nominal que apresenta o processo verbal em curso. Daí decorrem as seguintes características (uso
correto):
a) valor de modo (Ele saiu chorando. = Ele saiu choroso.)
b) valor de tempo ( Encontramos Pedro estudando.= Encontramos Pedro que estudava.)
c) valor de duração (Permaneceu atendendo. = Permaneceu no atendimento.)
d) valor de causa/explicação (Enfrentando João, Pedro fez sucesso com as meninas. = Por enfrentar João, Pedro fez sucesso
com as meninas. Ou Pedro fez sucesso com as meninas, porque enfrentou João.)
(Percebendo que o ladrão se aproximava, sentiu medo. =Por perceber que o ladrão se aproximava, sentiu medo. Ou Sentiu
medo, pois percebeu que o ladrão se aproximava.)
e) valor de condição ( Sendo decidido assim, cumpra o acordado.= Se for decidido assim, cumpra o acordado.)
f) ação imediatamente anterior à do verbo principal (Recebendo os documentos, encaminhou-os logo à chefia. = Quando
recebeu os documentos, encaminhou-os logo à chefia.)
EXERCÍCIOS
1. Verifique se ambas as construções correspondem ao considerado como bom uso do gerúndio. Escolha a que considera mais
aceitável ou mais correta. Justifique sua posição com base nas observações acima.
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b) O aluno apareceu, sendo recebido pela direção da escola duas semanas depois.
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2. As generalizações e as conclusões “precipitadas” devem ser evitadas durante a elaboração de um texto dissertativo-
argumentativo porque constituem uma espécie de vício na escrita. O mau uso do gerúndio pode gerar tais situações. Analise as
situações abaixo e reescreva-as adequadamente:
A) O Brasil passa por um bom momento na economia gerando um futuro de prosperidade e avanço tecnológico.
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b) As autoridades têm investido em novos projetos na área da Educação trazendo a tão esperada arrancada social.
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a) A comunidade internacional vem esforçando-se no sentido de acompanhar, da melhor maneira possível, a crise no mundo
árabe. Observando diariamente o que lá ocorre.
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b) Os pais devem acompanhar a vida escolar de seus filhos. Demonstrando amor e dedicação. Só assim as crianças terão bom
aproveitamento como estudantes.
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c) Isso ocorre para fazer barulho e chamar atenção dos demais, tornando o trânsito mais barulhento, aumentando o estresse e
prejudicando a audição de muitos.
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d) O país precisa solucionar o problema do menor abandonado alcançando o desenvolvimento social tão esperado.
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OBS.: deve ser evitada a locução expletiva é que ( Na verdade, a política é que fará a mudança . / a política fará ) /Devido à má
distribuição de alimentos, é que a fome vem.... ( ...alimentos, a fome vem ...)
4. FALTA DE CONCISÃO:
A redundância retórica é uma das formas mais comuns da prolixidade.
Observe-se o exemplo (GARCIA,1986): “Conforme a última deliberação unânime de toda a Diretoria, a entrada, a
frequência e a permanência nas dependências deste Clube, tanto quanto a participação nas suas atividades esportivas, recreativas,
sociais e culturais, são exclusivamente privativas dos seus sócios, sendo terminantemente proibida, seja qual for o pretexto, a
entrada de estranhos nas referidas dependências do mesmo.”
Tal aviso poderia ser simplesmente: “É proibida a entrada (ou frequência, ou a permanência) de estranhos” ou “Só é
permitida a entrada de sócios.”
Ao redigir, o autor de um texto deve buscar o equilíbrio entre enfatizar seu ponto de vista e manter a clareza e a
objetividade daquilo que diz.
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Ex.: O Brasil precisa encarar seus problemas. Com determinação e seriedade. (locução pertencente à frase anterior). Trouxe
sugestões. Que são muitas. (oração subordinada à anterior).
ATENÇÃO: todo enunciado deve ter sujeito e verbo; não deve ser introduzido por conjunção subordinativa, pronome
relativo ou forma nominal (infinitivo, gerúndio e particípio) sem que haja oração principal a que se refira.
d) ( ) Uma vez que o governo quer fazer reformas, o Legislativo parece disposto a começar a colaborar.
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Frase siamesa é um erro de construção que consiste em unir duas frases completas como se fosse uma só.
Ex.: Nosso País precisa resolver o problema da fome, a fome revela um grande desequilíbrio social. Nosso País precisa resolver
o problema da fome, pois ela revela um grande desequilíbrio social.
ATENÇÃO: - para corrigir esse erro, pode-se empregar ponto, ponto e vírgula, conjunção coordenativa ou transformar uma das
frases em oração subordinada.
a) Havia muitos interessados na queda do Presidente Collor, lembro-me de ter visto isso nos jornais.
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b) As farmácias de manipulação representam um setor em ascensão na economia brasileira, os números das estatísticas
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TEMA: Ao chegar ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos.
Repare que essas respostas são exaustivamente noticiadas pelos meios de comunicação, evidentemente você encontrará
mais respostas para sua pergunta, isso significa mais argumentos para seu texto, mas atente-se para o tamanho do texto,
dependendo do objetivo da redação, o texto não pode ser MUITO longo. Lembre-se também de que cada argumento será
desenvolvido e argumentos demais podem deixar seu texto complexo e extenso.
Uma vez que você estabeleceu o número de argumentos (baseado no número de respostas), você já dispõe do necessário
para iniciar seu texto. Um texto argumentativo (dissertação) deve constar de três partes: INTRODUÇÃO,
DESENVOLVIMENTO e CONCLUSÃO. Com os dados acima, você já é capaz de escrever o primeiro parágrafo de seu texto.
Esse parágrafo traz uma visão geral do seu texto, apresenta o tema e os argumentos. Esse parágrafo é a INTRODUÇÃO.
Ao chegar ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos.
Nesse contexto, essa situação ocorre, pois existem populações imersas em completa miséria, a paz é interrompida por
conflitos internacionais, além de o meio ambiente encontrar-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.
Note que o TEMA foi acrescido dos TRÊS argumentos com a utilização de CONECTIVOS. Esses conectivos
(geralmente conjunções) tornam o texto COESO. Aprender a utilizar conectivos é importante para a construção de textos, já que
o texto começou com frases isoladas que foram CONECTADAS de forma COESA.
Após a Introdução, você fará a argumentação propriamente dita, ou seja, você irá desenvolver seu texto, de modo a expandir
os argumentos apresentados na Introdução. Essa fase do seu texto é chamada de DESENVOLVIMENTO. Logo o próximo parágrafo
tratará sobre o seu primeiro argumento. Veja o exemplo:
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Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis, existem legiões de famintos em pontos específicos da Terra. Nos
países chamados subdesenvolvidos, sobretudo em certas regiões da África, há um numeroso contingente de pessoas que vivem
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abaixo da linha da pobreza. No Brasil, tal questão é visível em diversas regiões, tanto em zonas rurais do Nordeste quanto nas
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zonas urbanas em morros e favelas de grandes cidades. É preciso, por isso, que os líderes mundiais busquem soluções para
retroceder esse mal.
Depois disso, você deverá entrar com o segundo argumento. Lembre-se de que, como começará um novo ARGUMENTO,
você deve iniciar um novo parágrafo, mas não se esqueça da CONTINUIDADE do texto, então use um conectivo para manter a
COERÊNCIA do texto. A coerência é a relação lógica das ideias do texto, sem ela, os argumentos pareceriam fragmentos soltos e sem
sentido. Vejamos como ficaria a continuação do texto com a entrada de um novo argumento.
Além disso, nas últimas décadas, têm sido frequentes os conflitos internacionais. Dois exemplos de tal situação foram
os atentados terroristas contra os Estados Unidos em 11 de setembro de 2001 e, mais recentemente, a crise sociopolítica da Líbia
e de outros países da África. Há também a crescente violência urbana que tem gerado sentimentos de pânico e insegurança nos
brasileiros, os quais são facilmente notados na ocupação das favelas ocorridas no Rio de Janeiro.
Note que as ideias apresentadas são bastante atuais, ao utilizar dados da contemporaneidade, você mostra que é uma pessoa
bem informada e preocupada com as questões de seu tempo. Ademais, falar de fatos passados só vale a pena se forem essenciais a sua
argumentação. Repare também que o novo argumento foi iniciado com ALÉM DISSO, que é uma expressão que dá uma ideia de adição
e continuidade. Você deverá apresentar seu último argumento para manter a continuidade, por isso utilize mais um parágrafo, mas não
repita o ALÉM DISSO.
Ademais, outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela utilização desenfreada dos recursos
não renováveis. Essa questão acontece, porquanto há o desmatamento de florestas e a poluição de rios e mananciais. Tais
atitudes contribuem para que o meio ambiente se desgaste mais rápido e diminua seu poder de autorrenovação.
Consequentemente, a natureza tem entrado em estado de desequilíbrio, o que afeta a qualidade de vida das pessoas e dos
animais e plantas.
Você incluiu mais um argumento e note que a expressão que inicia o parágrafo dá essa ideia. Após essa argumentação, você
escreverá a CONCLUSÃO, com base no que foi dito no DESENVOLVIMENTO.
Percebe-se, portanto, que, embora o terceiro milênio seja caracterizado como a época de avanços tecnológicos, o
homem está longe de solucionar os graves problemas que afligem grande parcela da humanidade. Novas tecnologias são criadas
para solucionar problemas novos, entretanto velhas questões como fome, guerras e devastação ambiental continuam insolúveis.
O ideal seria utilizar os avanços de hoje como ferramentas para salvar o planeta de seu declínio para que as gerações futuras
usufruam, pelo menos, de um local suficientemente habitável.
Na conclusão, você reafirmou o tema e deu sua opinião com base nos argumentos. Na maioria das vezes, é importante construir
perguntas e sugerir soluções para os problemas, pelo menos, de forma abrangente. É bom mostrar preocupação com a persistência do
problema e enfatizar que você é capaz de compreender a problemática e propor soluções. A conclusão deve iniciar com palavras que
deem ideia de que você está finalizando o texto como o “portanto”.
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GRAMÁTICA
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-a(s), -e(s),
Oxítonas Sim
-o(s), -em, -ens
-a(s), -e(s),
Não *
Paroxítonas -o(s), -em, -ens,
-am
Sim
Proparoxítonas Qualquer letra
Ditongos Levam acento os ditongos abertos quando oxítonos. (-éi, -éu, -ói)
Exercícios
01. Assinale a opção que contém erro de acentuação na série 02. Assinale a opção que contém erro de acentuação na série
de monossílabos tônicos. de palavras paroxítonas.
(a) crás, lá, vá, más; (a) dândi, beribéri, íbis, Cáli;
(b) fé, pés, és, Sé; (b) ônus, cáctus, lótus, retrovírus;
(c) quê, vê-lo, mês, três; (c) factótum, parabélum, álbuns, fóruns;
(d) pó, nós, só, cós; (d) hífens, plâncton, elétrons;
(e) pô-lo, pô-la, pôs, côr. (e) bíceps, tríceps, quadríceps.
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03. Assinale a opção que contém erro de acentuação na série 10. Assinale a opção que contém apenas acentos diferenciais
de palavras paroxítonas. (aqueles que não podem ser explicados por nenhuma regra
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07. Assinale a opção que contém erro de acentuação na série 14. Assinale a opção que contém palavra acentuada tanto no
de palavras com hiato. singular como no plural.
08. Assinale a opção que contém erro de acentuação no i da 15. Assinale a opção que contém palavra acentuada apenas no
série de palavras com hiato. singular.
09. Assinale a opção que contém erro de acentuação no u da 16. Assinale a opção que contém palavra acentuada apenas no
série de palavras com hiato. plural.
17. Assinale a opção que contém erro de acentuação na série 18. Assinale a opção que não contém palavra acentuada em
de palavras oxítonas. virtude da mesma regra ortográfica de FREGUÊS.
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(a) sofá, atrás, maracujá, dirá, falarás, encaminhá-la, encontrá- (a) carijó;
lo-á; (b) matinês;
(b) banzé, pontapés, você, buquê, japonês, obtê-lo, recebê-la- (c) vatapá;
emos; (d) açaí;
(c) jiló, avô, avós, gigolô, compôs, paletó, indispô-lo; (e) ioiô
(d) além, alguém, também, ele intervém;
(e) armazéns, parabéns, vinténs, hiféns. 19. Assinale a opção cuja série de palavras recebe acento em
virtude da mesma regra ortográfica de ÍNDIO.
(a) estapafúrdia, espécie;
(b) acessível, caráter;
(c) chimpanzé, tarumã;
(d) Estêvão, Asdrúbal;
(e) intrínseco, rígido;
Exceção: Não se emprega hífen com os prefixos des- e in- quando o 2º elemento perde o h inicial: desumano (nesse
caso, a palavra humano perde o h), desumidificar, inábil, inumano etc.
2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento.
Exemplos:
aeroespacial anteontem
agroindustrial antiaéreo
Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar,
coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc.
Atenção: o encontro de vogais diferentes tem facilitado o fenômeno da elisão de vogal do 1º e do 2º elemento:
eletracústico, ao lado de eletroacústico, por exemplo. Mais uma vez se recomenda que se evitem essas elisões, ressalvados os
casos já correntes na tradição lexicográfica.
3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s.
Exemplos:
anteprojeto autopeça
antipedagógico autoproteção
4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas
letras.
Exemplos:
antirracismo cosseno
antirreligioso infrassom
antirrugas minissaia
antissocial
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5. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal.
Exemplos:
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anti-ibérico contra-atacar
anti-imperialista contra-ataque
auto-observação micro-ondas
contra-almirante
6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante
Exemplos:
hiper-requintado inter-regional
inter-racial sub-bibliotecário
Atenção:
Nos demais casos, não se usa o hífen. Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção.
Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça etc.
Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-
americano etc.
Quando o 1º elemento está representado pela forma mal e o 2º elemento começa por vogal, h ou l, usa-se hífen: mal-
afortunado, mal-entendido, mal-estar, mal-humorado, mal-limpo etc.; porém, malcriado, malditoso, malgrado, malnascido,
malvisto etc. Exceção: Mal com o significado de “doença” grafa-se com hífen: mal-caduco (epilepsia), mal-francês (sífilis) etc.
Com o prefixo não, só se usa hífen nas seguintes palavras: não-me-deixes, não-me-esqueças, não-me-toquense, não-me-
toques, não-te-esqueças, não-te-esqueças-de-mim.
Com o prefixo bem-, só não se usa hífen com as seguintes palavras: bem de alma, bem de fala, bem te vi (simpatizante de
partido político).
7. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal.
Exemplos:
hiperacidez interindustrial
interestadual superamigo
interestelar superaquecimento
8. Com os prefixos tônicos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice, vizo, sota, sota, usa-se sempre o hífen.
Exemplos:
além-mar ex-presidente sem-terra
além-túmulo pós-graduação vice-diretor
aquém-mar pré-história sota-almirante
ex-aluno pré-vestibular soto-capitão
ex-diretor pró-europeu vizo-rei
ex-hospedeiro recém-casado
ex-prefeito recém-nascido
9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani (normalmente quando a palavra for oxítona): -açu, -guaçu e -
mirim. Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.
10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente
vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.
11. Emprega-se o hífen nos compostos por justaposição sem termo de ligação quando p 1º elemento, por extenso ou reduzido,
está representado por forma substantiva, adjetiva, numeral ou verbal.
Exemplos:
Afro-asiático Decreto-lei Porta-aviões
Afro-luso-brasileiro Guarda-chuva Porta-retrato
Amor-perfeito Guarda-noturno Primeiro-ministro
Ano-luz João-ninguém Sócio-democracia
Arcebispo-bispo Luso-brasileiro Sul-africano
Arco-íris Má-fé Tio-avô
Conta-gotas Mesa-redonda Vaga-lume
Observação: Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição.
Exemplos:
girassol mandachuva paraquedista
madressilva paraquedas pontapé
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As formas empregadas adjetivamente do tipo afro-, anglo-, euro-, franco-, indo-, luso-, sino- e assemelhadas continuarão a
ser grafadas sem hífen: afrodescendente, afrogenia, afrofilia; eurocêntrico, francofone, lusofonia etc.
Os outros compostos com a forma verbal para- e manda- seguirão sendo separados por hífen conforme a tradição
lexicográfica: para-brisa(s), para-choque(s), para-lama(s), etc.; manda-lua, manda-tudo.
O acordo não trata nem exemplifica compostos formados com elementos repetidos, com ou sem alternância vocálica ou
consonântica, do tipo blá-blá-blá, reco-reco, lenga-lenga, zum-zum, zás-trás, zigue-zague, pingue-pongue, tico-tico, tique-
taque, xique-xique etc. O espírito do Acordo sugere que tais compostos entrem na regra geral, ou seja, são de natureza
nominal, não contêm elemento de ligação, constituem unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio. Assim
também os possíveis derivados: lenga-lengar, zum-zunar.
Serão escritos com hífen os compostos entre cujos elementos há o emprego do apóstrofo: cobra-d’água, mestre-d’armas,
mãe-d’água, olho-d’água etc.
Não se emprega o hífen nas ligações da preposição de às formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver.
Exemplo: hei de, hás de, hão de, etc.
12 . Emprega-se o hífen nos topônimos compostos pelas formas grã, grão, ou por forma verbal ou, ainda, naqueles ligados por
artigo.
Exemplos:
Grã-Bretanha Passa-Quatro Baía de Todos-os-Santos
Grão-Pará Quebra-Costas Entre-os-Rios
Abre-Campo Albergaria-a-Velha
Atenção: serão hifenizados os adjetivos gentílicos derivados de topônimos compostos que contenham ou não elementos de
ligação. Exemplos: alto-rio-docense, belo-horizontino, cruzeirense-do-sul, mato-grossense, mato-grossense-do-sul, juiz-forano
etc.
13. Emprega-se o hífen nos compostos que designam espécies botânicas, zoológicas e áreas afins, estejam ou não ligadas por
preposição ou qualquer outro elemento.
Exemplos:
Abóbora-menina Erva-do-chá (mas malmequer)
Coco-da-baía Vassoura-de-bruxa Bem-te-vi
Erva-doce Feijão-verde Formiga-branca
Couve-flor Bem-me-quer
14. Não se emprega o hífen nas locuções, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou
conjuncionais.
Exemplos:
Cão de guarda À parte À toa (adj.)
Fim de semana À vontade Dia a dia(subs.)
Cor de café com leite Abaixo de Deus nos acuda
Ele próprio À parte de Um maria vai com as outras
Quem quer que seja A fim de que
15. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve
ser repetido na linha seguinte.
Exemplos:
Na cidade, conta-
-se que ele foi viajar.
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Resumo:
Emprega-se o hífen quando:
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Exercícios
1. Assinale a opção que contém erro na grafia de palavras 6. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de hífen.
compostas.
(a) Comprei cheiro-verde, amor-perfeito e laranja--seleta.
(a) recém-inaugurada, granfino; (b) Plantei batata-inglesa, bem-me-quer e capim--gordura.
(b) grão-rabino, tambor-mor; (c) Encomendei a erva-cidreira, o inhame-roxo e a maria-sem-
(c) és-nordeste, acácia-negra; vergonha.
(d) bico-de-lacre, girassol; (d) Fotografei a salsa-do-campo, a sempre-viva e a rosa dos
(e) quarta-feira, rio-grandense-do-sul. ventos.
(e) Pedi a vitamina-de-frutas, a gaiola-torácica e um saco-de-
2. Assinale a opção que contém erro na grafia de palavras
gatos.
compostas.
7. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de hífen.
(a) bota-fora, come-e-dorme;
(b) limpa-vidros, vai e vem;
(a) Falarei amanhã na convenção luso-
(c) canário-da-terra, gato de botas;
-hispanobrasileira.
(d) passa-tempense, pega-varetas;
(b) Trataremos de questões técnico-industriais.
(e) cata-vento, Iaiá me sacode.
(c) O acordo sino-tibetano vai acontecer.
3. Assinale a opção que contém erro na grafia de palavras (d) Houve uma perigosa celebração fanático-
compostas. -religiosa.
(e) Faremos estudos sintático-semântico-
(a) são-paulino, santo-amarense; -estilísticos.
(b) santa-cruzense, donquixotismo;
(c) pica-pau, vaivém; 8. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de hífen.
(d) ato-show, novo-horizontino;
(e) queda de braço, pé de moleque. (a) Fiquei habituado ouvindo apenas cantigas de maldizer
(b) Desengonçado e mal-acabado, o negócio ia de mal a pior.
4. Assinale a opção que contém erro na grafia de palavras (c) Houve aquele mal estar porque ele é um mal agradecido.
compostas. (d) Apresentaram-me um menino mal-educado e malcriado.
(e) Meus olhos malferidos revelam que estou mal-
(a) belo-horizontino, bom-bocado, peixe-boi; -humorado.
(b) novaiguaçuense, tampouco, peixe-espada;
(c) beladona, prima-dona, peixe-de-briga; 9. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de hífen.
(d) primo-irmão, tão somente, peixe-japonês;
(e) misto-quente, sanguessuga, peixe-prego. (a) Bem-aventurado aquele que é bem-ordenado por seus pais.
(b) Essas bem-feitorias são atribuídas a criaturas bem-ditas.
5. Assinale a opção que contém erro na grafia de palavras
(c) Fiquei bem-visto no rádio quando perceberam que sou
compostas.
bem-falante.
(d) Meu terno ficou bem-acabado e o preço foi bem barato.
(a) peça-chave, guarda-civil, salário-hora;
(e) Um profissional bem-vestido é sempre bem-
(b) bode-expiatório, roupa-de-baixo, camisa-social;
-vindo.
(c) camisa de força, guarda-noturno, redator chefe;
(d) salário-família, baba de moça, meio-tempo;
(e) à queima-roupa, pão de ló, rosa-cruz
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10. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de hífen. 16. Identifique a opção que contém apenas palavras com erro
quanto ao uso de hífen.
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(a) anteconjugal, anteontem; 19. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de hífen.
(b) antielitista, antiimperialista;
(c) sobre-exposição, sobressair; (a) Vi um sem-terra conversando com um sem-
(d) sublunar, subalpino; -teto.
(e) super-realidade, supersafra. (b) Entreouviram meu depoimento porque deixaram a porta
entreaberta.
(c) Ela tem hipo-sensibilidade e hiper-atividade.
14. Assinale a opção que contém erro na grafia de palavras (d) Faço palestras intramuros e uso meu próprio
derivadas. retroprojetor.
(e) As regiões supra-hepática e suprarrenal estão normais.
(a) circum-adjacente, circum-navegação, circunlabial;
(b) ex-atleta, ex-corrupto, ex-patrão; 20. “Um acordo entre os dois países facilitará a coprodução de
(c) não-conformista, não cumprimento, não- filmes”. Caso o prefixo não fosse CO, mas SUPER, como seria
-violência; grafada a palavra?
(d) pós-colonial, pós-pago, pós-socrático;
(a) super-produção;
(e) vice-almirante, vice-liderança, vice-reitor.
(b) superprodução;
(c) super produção;
(d) súper-produção;
15. Assinale a opção que contém erro na grafia de palavras
(e) súper produção;
derivadas.
21. Assinale a opção que contém erro na grafia da palavra
(a) adjunto, ad-rogação;
formada por recomposição.
(b) arqui-inimigo, arqui-hiperbólico;
(c) co-herdeiro, copiloto; (a) aeroespacial;
(d) contra-reforma, contra-senha; (b) agroindustrial;
(e) pericárdio, perissístole. (c) cardiorrespiratório;
(d) eletrossiderurgia;
(e) lipoigiene.
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22. Assinale a opção que contém erro na grafia da palavra 24. Assinale a opção que contém erro na grafia da palavra
formada por recomposição. formada por recomposição.
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23. Assinale a opção que contém erro na grafia da palavra 25. As combinações tetra + campeonato, penta + sílabo, hexa
formada por recomposição. + valência, hepta + cloro e octo + secular, formadas por
composição, devem ser escritas com ou sem hífen?
(a) maxissaia;
(b) mesofauna; (a) Todas elas devem ser escritas com hífen;
(c) mono-espécie; (b) Nenhuma delas deve ser escrita com hífen;
(d) multi-imperialismo; (c) O hífen é opcional nas cinco palavras;
(e) unissexuado. (d) Apenas penta-sílabo e octo-secular recebem hífen;
(e) Apenas tetra-campeonato recebe hífen;
Exercícios Complementares
1.
Mantida a norma-padrão da língua portuguesa, a frase que preenche corretamente o segundo balão é:
2. Em qual alternativa todas as palavras em negrito devem ser 4. Assinale a alternativa em que as palavras estão acentuadas
acentuadas graficamente? graficamente pelas mesmas regras por que estão acentuadas,
respectivamente, em: "chalé", "céu", "existência".
a) Atraves de uma lei municipal, varias pessoas recebem
ingressos gratis para o cinema. a) atrás, dói, próprio.
b) É dificil correr atras do prejuizo sozinho. b) três, caráter, evidência.
c) Aqui, em Foz do Iguaçu, a dengue esta sendo um grande c) Jaú, caráter, máscara.
problema de saude publica. d) pré-requisitos, ruína, vários.
d) O bisneto riscou os papeizinhos com o lapis. e) fé, mídia, competência.
e) O padrão economico do juiz é elevado. 5. As palavras que são acentuadas graficamente pelas mesmas
3. Quanto à ortografia e à acentuação, assinale a alternativa regras de "fácil", "científica" e "Moisés", respectivamente, são:
CORRETA. a) negócio, saída, já.
a) Após um gesto de comando, os que ainda estão de pé sentão- b) espírito, atribuída, herói.
se e fazem silencio para houvir o diretor. c) cárter, lógica, atrás.
b) Mesmo que sofresse-mos uma repreenção por queixa de d) incluído, século, dólar.
algum professor mais cioso de suas obrigações, a oférta e) benefício, saúde, cafés.
parecia-nos irrecusável. 6. Assinale a alternativa em que todas as palavras mudariam
c) Marta nunca deicha o filho sózinho na cosinha, temerosa de de sentido, caso estivessem sem acento.
que ele venha a puchar uma panela sobre sí.
d) À excessão de meu primo, que se mostrava um tanto a) sóbrio, história, está
pretencioso, todos os garotos eram bastante humildes. b) vários, vítimas, matá-los
e) A perícia analisaria a flecha, em busca de vestígios que c) é, já, país
pudessem fornecer indícios sobre sua trajetória. d) é, está, país
e) têm, matá-los, sóbrio
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7. Assinale a alternativa que o texto está acentuado 11. Devem ser acentuados todos os vocábulos de:
corretamente.
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8. Assinalar a alternativa em que todos os hiatos não precisam Resposta da questão 2: [A]
ser acentuados: “Através” é oxítona terminada em “es”, “várias” é paroxítona
terminada em ditongo (acompanhado de “s”) e “grátis” é
a) balaústre - saúde - viúvo - baú paroxítona terminada em “is”. Assim, as três palavras devem
b) juízes - jesuíta - ateísmo - taínha ser acentuadas.
c) paúl - atraír - raínha - raíz - juíz
d) baía - contribuír - saída - juízo Resposta da questão 3: [E]
e) faísca - baínha - caída - ataúde Apenas a opção [E] está correta. As demais deveriam ser
substituídas por:
9. Marque a alternativa em que todas as palavras devem ser [A] – após um gesto de comando, os que ainda estão de pé
acentuadas: sentam-se e fazem silêncio para ouvir o diretor;
[B] – mesmo que sofrêssemos uma repreensão por queixa de
a) parabens - tambem - idem - porem algum professor mais cioso de suas obrigações, a oferta
b) ninguem - holandes - atras - cipo parecia-nos irrecusável;
c) Parana - nuvem - vezes - fuba [C] – Marta nunca deixa o filho sozinho na cozinha, temerosa
d) armazen - talvez - atraves - ingles de que ele venha a puxar uma panela sobre si;
e) japonesa - marques - ole - apos [D] – à exceção de meu primo, que se mostrava um tanto
pretensioso, todos os garotos eram bastante humildes.
10. Em cada série de palavras a seguir, apenas uma deve ser Resposta da questão 4: [A]
acentuada. Assinale-a: Resposta da questão 5: [C]
Resposta da questão 6: [D]
a) cedo - biologia - velozes - bau Resposta da questão 7: [B]
b) campainha - toda - bolo - companhia Resposta da questão 8: [C]
c) dicionario - dificil - editora - tenis Resposta da questão 9: [B]
d) anel - trovão - rua - poço Resposta da questão 10: [A]
Resposta da questão 11: [B]
MORFOLOGIA
CAPÍTULO 3: SUBSTANTIVO
INFORMAÇÕES ESSENCIAIS - Substantivo é a palavra que dá nome aos seres em geral (pessoas, lugares, animais, coisas,
ações ou qualidades). É variável em gênero, número e grau. O substantivo pode ser classificado sob vários critérios:
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Primitivo (nome que não provém de nenhuma outra palavra) – Ex.: árvore, flor, carta.
Derivado (nome formado a partir de outro) – Ex.: arvoredo, florista, carteiro.
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Obs.: 1. Se for levado em consideração apenas o aspecto semântico, em algumas situações, a identificação contextual de um
substantivo pode ficar mais complexa. Sugere-se antepor à palavra um artigo (definido ou indefinido) ou pronome (possessivo,
demonstrativo ou indefinido). Aceitando a palavra uma dessas determinações, será interpretada como substantivo. Assim, tem-se:
artigo + substantivo: o dia, os dias, um dia, uns dias.
pronome + substantivo: meu dia, este dia, algum dia.
2. As palavras podem passar a substantivos se receberem a anteposição de um artigo. Exemplo: O amar ainda é
importante. O feio bonito lhe parece. O doce perguntou ao doce qual era o doce mais doce: o doce respondeu ao doce
que o doce mais doce era o doce de batata-doce.
Flexão de Gênero
Os substantivos em português podem pertencer ao gênero masculino ou ao gênero feminino. São masculinos os substantivos a
que se pode antepor o artigo o: o homem, o gato, o mar, o dia, o pôr do sol. São femininos os substantivos a que se pode antepor
o artigo a: a mulher, a menina, a gata, a terra, a semana, a mesa.
Importante: O uso das palavras masculino e feminino costuma provocar confusão entre a categoria gramatical de gênero e a
característica biológica dos sexos. Para evitá-la, observe que se define gênero como um fato relacionado com a concordância das
palavras em seu relacionamento linguístico: pó, por exemplo, é um substantivo masculino pela concordância que estabelece com
o artigo o, e não porque se possa pensar num possível comportamento sexual das partículas de poeira.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
Formação do feminino:
1 – Substantivos biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino.
a) a maior parte dos substantivos terminados em –o átono forma o feminino com –a.
Ex.: menino / menina, gato / gata
b) a maior parte dos substantivos terminados em consoante forma o feminino pelo acréscimo de –a.
Ex.: camponês / camponesa, juiz / juíza, professor / professora.
Obs.: ator/atriz, imperador / imperatriz, embaixador / embaixatriz (esposa do embaixador) ou embaixadora (mulher que ocupa o
cargo), senador / senadora.
c) a maior parte dos substantivos terminados em –ão forma o feminino por –ã ou –ao.
Ex.: anfitrião / anfitriã, cidadão/ cidadã, leão / leoa, leitão / leitoa.
Obs.: nos aumentativos, a substituição é por –ona: sabichão / sabichona, valentão / valentona.
Destaquem-se os pares: sultão/sultana, cão/cadela, ladrão / ladra, perdigão / perdiz, barão/baronesa.
d) alguns substantivos ligados a título de nobreza, ocupações ou dignidades formam feminino em -esa, -essa, -isa.
Ex.: Abade / abadessa, duque / duquesa, poeta/poetisa.
e) alguns substantivos terminados em –e formam o feminino com a substituição desse –e por –a.
Ex.: infante / infanta, monge / monja, governante/governanta, hóspede/hóspeda, parente/parenta, presidente/presidenta,
alfaiate/alfaiata. (OBS.: Também aparecem como uniformes)
f) alguns substantivos apresentam formações irregulares para o feminino.
Ex.: herói / heroína, marajá / marani, rei / rainha.
g) Alguns apresentam radicais diferentes.
Ex.: cavaleiro / amazona, cavalheiro / dama, genro / nora, pai / mãe, bode / cabra, cavalo / égua.
h) os terminados em vogal tônica, -s, -l, -z têm a forma feminina em -a:
guri/guria, peru/perua, freguês/freguesa, oficial/oficiala, zagal/zagala, juiz/juíza
2 – Substantivos Uniformes
a) Comuns de dois gêneros: apresentam uma única forma para os dois gêneros. Nesse caso, a distinção entre a forma masculina
e feminina é feita pela concordância com um artigo ou outro determinante.
Ex.: o/a artista, o/a cliente, o/a colega, o/a gerente.
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o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os a estepe (vasta planície de vegetação)
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à
frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão) o guia (pessoa que guia outras)
a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou a guia (documento, pena grande das asas das aves)
proibição de trânsito)
o grama (unidade de peso)
o cabeça (chefe) a grama (relva)
a cabeça (parte do corpo)
o caixa (funcionário da caixa)
o cisma (separação religiosa, dissidência) a caixa (recipiente, setor de pagamentos)
a cisma (ato de cismar, desconfiança)
o lente (professor)
o cinza (a cor cinzenta) a lente (vidro de aumento)
a cinza (resíduos de combustão)
o moral (ânimo)
o capital (dinheiro) a moral (honestidade, bons costumes, ética)
a capital (cidade)
o nascente (lado onde nasce o Sol)
o coma (perda dos sentidos) a nascente (a fonte)
a coma (cabeleira)
o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor)
o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro) a maria-fumaça (locomotiva movida a vapor)
a coral (cobra venenosa)
o pala (poncho)
o crisma (óleo sagrado, usado na administração da crisma e de a pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo)
outros sacramentos)
a crisma (sacramento da confirmação) o rádio (aparelho receptor)
a rádio (estação emissora)
o cura (padre, pastor, curandeiro, médico)
a cura (ato de curar) o voga (remador)
a voga (moda, popularidade)
o estepe (pneu sobressalente)
FEMININO: alface, bacanal, preá, cal, cútis, dinamite, gênese, libido, omoplata, síndrome, sentinela.
MASCULINO OU FEMININO: ágape, componente (masculino no Brasil e feminino em Portugal), avestruz, diabetes,
personagem, sabiá, dengue, gambá, hélice, sósia, trama.
Flexão de Número
1. Substantivos Simples
a) Acrescenta-se a desinência –s aos substantivos terminados em vogal, ditongo oral ou ditongo nasal –ãe:
Ex.: casa / casas, herói / heróis, mãe /mães
Obs.: “avôs” (o avô materno e o paterno) e avós (casal formado por avô e avó, ou plural de avó).
b) Acrescenta-se a desinência –s aos substantivos terminados em –m. Essa letra é substituída por –n- na forma do plural.
Ex.: atum / atuns, homem / homens, jardim / jardins
d) A maioria dos substantivos terminados em –ão forma o plural com –ões. (incluem-se os aumentativos)
Ex.: balão / balões, botão / botões, leão / leões.
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Os paroxítonos terminados em –ão e alguns poucos oxítonos e monossílabos formam o plural com –s. Ex.: bênção /
bênçãos, chão / chãos, cristão / cristãos, irmão / irmãos, órfão / órfãos.
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Alguns substantivos terminados em –ão formam o plural com –ães. Ex.: alemão / alemães, capitão / capitães, sacristão
/ sacristães, cão / cães.
Em alguns casos, há mais do que uma forma aceitável para esses plurais; a tendência da língua portuguesa atual no
Brasil é utilizar a forma de plural em –ões. Ex.: anão / anões / anãos, ancião / anciões / anciães / anciãos, verão / verões
/ verãos, vilão / vilões/ vilães/ vilãos, guardião / guardiões / guardiães, ermitão / ermitões / ermitães/ ermitãos.
f) Os substantivos terminados em –s formam o plural com acréscimo de –es; quando paroxítono ou proparoxítonos, são
invariáveis.
Ex.: gás / gases, mês / meses, país / países, o atlas / os atlas, um lápis / dois lápis, o ônibus / os ônibus, o pires / os pires.
h) Os substantivos oxítonos terminados em –il trocam o –l pelo –s; os paroxítonos trocam essa terminação por –eis.
Ex.: ardil / ardis, fóssil / fósseis, barril / barris, fuzil / fuzis.
Obs.: projétil / projéteis / projetis, réptil / répteis / réptis.
i) Os substantivos paroxítonos terminados em –x são invariáveis; a indicação de número depende da concordância com algum
determinante.
Ex.: um clímax / alguns clímax, o tórax / os tórax
2.2. Plural dos diminutivos: põem-se no plural os dois elementos e suprime-se o -s do substantivo como nos exemplos: animai
(-s) zinhos - animaizinhos
leõe (-s) zinhos - leõezinhos
lençoi (-s) zinhos – lençoizinhos
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ruge-ruge - ruges-ruges
pula-pula - pulas-pulas
Os graus aumentativo e diminutivo dos substantivos podem ser formados por dois processos.
Obs.: No uso efetivo da LP, as formas sintéticas de indicação de grau são normalmente usadas para conferir valores afetivos aos
seres nomeados pelos substantivos. Observe formas como amigão, partidão, bandidaço, mulheraço; livrinho, rapazola,
futebolzinho. Em todas elas, o que interessa é transmitir sentimentos como carinho, admiração, ironia ou desprezo, e não noções
ligadas ao tamanho físico dos seres nomeados.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
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2. I - O cônjuge se aproximou.
a) ___ cabeça da rebelião foi decapitad___. ____ cabeça foi expost__ em praça pública.
b) Tod__ ___ capital da empresa está aplicad__ em bancos d__ capital do país.
c) ___ cura confessou-se incapaz de proporcionar remédios para ___ cura dos pacientes.
d) ___ moral dos jogadores era pequen__.
e) Quem sabe consigamos construir ___ moral mais voltad__ para a eliminação das desigualdades sociais?
f) Quant__ gramas de ouro teriam sido espalhad__s pel__ grama?
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a) É um sujeitinho!
b) É um mulherão!
c) É um timaço!
d) É um timeco!
e) Vou passar uns diazinhos na praia.
f) Que gentalha!
g) Por que você se envolve com essa gentinha?
h) Ele pegou um peixão! Quatro quilos!
i) A namorada dele é um peixão!
8. Somente em uma das frases de cada conjunto a palavra em destaque exerce o papel de substantivo. Identifique-a e circule-a.
a) papel:_____________________________________
b) colher: ____________________________________
c) flor:_______________________________________
d) anel: _____________________________________
e) farol:_____________________________________
a) zum-zum: ____________________________________________________________________
b) pé de moleque: ________________________________________________________________
c) banana-maçã: _________________________________________________________________
d) ex-namorado: _________________________________________________________________
e) beija-flor: ____________________________________________________________________
f) navio-aeródromo: ________________________________________________________________
g) navio-aríete: ____________________________________________________________________
h) navio-auxiliar: __________________________________________________________________
i) navio-baleeiro: __________________________________________________________________
j) navio-carvoeiro: _________________________________________________________________
k) navio-cisterna: __________________________________________________________________
l) navio-correio: ___________________________________________________________________
m) navio-escola: ___________________________________________________________________
n) navio-escolta: ___________________________________________________________________
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o) navio-farol: ____________________________________________________________________
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p) navio-hospital: __________________________________________________________________
q) navio-oficina: ___________________________________________________________________
r) navio-petroleiro: _________________________________________________________________
s) navio-sonda: ____________________________________________________________________
t) navio-tanque: ____________________________________________________________________
u) navio-tênder: ____________________________________________________________________
v) navio-transporte: _________________________________________________________________
w) navio-varredor: __________________________________________________________________
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M
M
C
A
A
T
T
I
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MATEMÁTICA ...................................................................................................................................................................... 41
ÁLGEBRA I
CONJUNTOS ................................................................................................................................................................................ 43
RESOLUÇÕES .............................................................................................................................................................................. 47
EXERCÍCIOS ............................................................................................................................................................................. 48
CONJUNTOS NUMÉRICOS .......................................................................................................................................................................... 53
RESOLUÇÕES ................................................................................................................................................................................................ 58
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................................................................. 60
MATRIZES ...................................................................................................................................................................................................... 69
RESOLUÇÕES ................................................................................................................................................................................................ 78
EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................................................................. 79
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MATEMÁTICA
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Álgebra I
CONJUNTOS
DEFINIÇÃO
Conjunto é toda reunião de elementos (pessoas, objetos, números, etc.) que podem ser agrupadas por possuírem características
comuns. Exemplos: o conjunto de todas as letras de nosso alfabeto ou o conjunto de todas as mulheres brasileiras.
SÍMBOLOS
Para representar conjuntos usamos as letras maiúsculas A, B, C ... e para representar elementos de conjuntos usamos letras
minúsculas a, b, c, d ...
Exemplo: A = {a, e, i, o, u} também pode ser escrito como A = {x | x é vogal de nosso alfabeto}. Para representar que u está
no conjunto A e que o elemento d não está no conjunto A escrevemos u ∈ A “lê-se u pertence a A” e d ∉ A “lê-se d não
pertence a A”.
: está contido : para todo (ou qualquer que seja) A - B: diferença de A com B
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SUBCONJUNTOS
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Um conjunto B cujos elementos todos pertencem a um outro conjunto A é dito um subconjunto deste outro conjunto.
Exemplos:
Exemplos:
III) o conjunto produto cartesiano, A x B, de A por B é um novo conjunto, definido por A x B = {(x ,y) | x ∈ A e y ∈ B}.
Exemplo: Se A = {1, 2} e B = {a, b}, então A x B = {(1,a), (1,b), (2,a), (2,b)}.
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CONJUNTO DIFERENÇA E CONJUNTO COMPLEMENTAR
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O conjunto diferença entre os conjuntos A e B é formado pelos elementos que pertencem a A e não pertencem a B. Usamos a
notação A – B para o conjunto diferença.
A – B = {x | x ∈ A e x ∉ B}.
Quando estamos estudando conjuntos, podemos nos referir ao conjunto universo representado pela letra U. Numa situação
especificada U é o conjunto que contém como subconjuntos os conjuntos estudados.
A ⊂ U “lê-se o conjunto A está contido no conjunto universo U”.
O conjunto complementar do conjunto formado pelos elementos do conjunto universo que não pertencem a A. Então na verdade
este conjunto é igual a U – A.
Também é comum o uso da notação A ͨ . Assim, A ͨ = {x | x ∈ U e x ∉ A}.
Também aparece a conotação CA e A.
Exemplo: A = {1, 3 {2,4}, a, b}. O conjunto A possui 5 elementos. Podemos escrever que 3 ∈ A e que {2,4} ∈ 𝐀. Note que
não é correto escrever que {2,4} ⊂ 𝐀. No entanto é perfeito escrever: {{2,4}} ⊂ 𝐀.
Quando temos dois conjuntos A e B, tais que B ⊂ A, a diferença A – B é chamada de Complemento de B em relação a A.
Representado por CAB.
̅.
U – A = CUA = CA = 𝑨
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Dado um conjunto A definimos o conjunto das partes de A, P(A), como o conjunto cujos elementos são todos os subconjuntos
de A.
P(A) = { X | X é subconjunto de, A}.
Exemplo:
Se A = {a, e, i,} então P(A) = {∅, {a}, {e}, {i}, {a, e}, {a, i}, {e, i}, {a, e, i}}.
CONJUNTOS DISJUNTOS
São ditos disjuntos se não tiverem nenhum elemento em comum. Em outras palavras, dois conjuntos são disjuntos se
sua interseção for o conjunto vazio.
DIFERENÇA SIMÉTRICA
Sejam A e B dois conjuntos. O conjunto abaixo é a diferença simétrica de A por B: A△B = (A∪B) − (A∩B)
Exemplo
A = {2, 4, 6, 8, 10, 12, 14} e B = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}
A diferença simétrica então é:
LEIS DE MORGAN
(𝐴 ∪ 𝐵 )𝐶 = 𝐴𝐶 ∩ 𝐵𝐶
(𝐴 ∩ 𝐵 )𝐶 = 𝐴𝐶 ∪ 𝐵𝐶
CARDINALIDADE (#) – NÚMERO DE ELEMENTOS
DIAGRAMA DE VENN
A B
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RESOLUÇÕES
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Determine C:
A ∪ B ∪ C = {1, 2, 3, ..., 9, 10}
A ∩ B = {2, 3,8}
2 e 7 pertencem a A
A ∩ C = {2, 7}⇒ {
2 e 7 pertencem a C
2, 5 e 6 pertencem a B
B ∩ C = {2, 5, 6}⇒ {
2, 5 e 6 pertencem a C
A ∪ B = {1, 2, ..., 7, 8} ⇒ 9 e 10 não pertencem a A ∪ B e, então, 9 e 10 pertencem a C. Portanto C = {2,5, 6, 7, 9, 10}.
3) Sejam os conjuntos A com 2 elementos, B com 3 elementos, C com 4 elementos. Qual o número máximo de (A∩B) ∩ C ?
Como (A ∩ B) ∩ C é subconjunto de A, temos n(A ∩ B ∩ C) ≤ 2; então o número máximo é 2.
4) Uma população consome 3 marcas de sabão em pó: A, B e C. Feita uma pesquisa de mercado, colheram- se os resultados
tabelados abaixo.
. somente A 109
. somente B 203
. somente C 162
. usa as marcas A e B 25
. usa as marcas B e C 41
. usa as marcas A e C 28
. usa as três marcas 5
. não usa nenhuma das três marcas 115
Determine:
a) O número de pessoas consultadas
b) O número de pessoas que só consomem a marca A
c) O número de pessoas que não consomem a marca A e C
d) O número que pessoas que consomem ao menos duas marcas
nA - n A ∩ B - n A ∩ C + n A ∩ B ∩ C = 109 – 25 – 28 + 5 = 61
c) O número de pessoas que não consomem as marcas A ou C:
n ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐴 ∪ 𝐶 = n U - n A ∩ C = 500 – (109+162 – 28) = 257
n A ∩ B + n B ∩ C + n C ∩ A – 2 . n A ∩ B ∩ C = 25 + 41 + 28 – 10
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5) De todos os empregados de uma firma, 30% optaram por um plano de assistência médica. A firma tem a matriz na capital e
somente duas filiais , uma em Santos e outra em Campinas. 45% dos empregados trabalham na matriz e 20% dos empregados
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trabalham na filial de Santos. Sabendo que 20% dos empregados da capital optaram pelo plano de assistência médica e que 35%
dos empregados da filial de Santos o fizeram, qual a porcentagem dos empregados da filial de Campinas que optaram pelo plano?
. 900
Matriz: 20% 45% =
10000
. 700
Santos: 35% 20% =
10000
35𝑥
Campinas: x% .
35% =
10000
EXERCÍCIOS
1) Foram enviadas para dois testes em um laboratório 150 caixas de leite de uma determinada marca. No teste de qualidade, 40
caixas foram reprovadas por conterem elevada taxa de concentração de formol. No teste de medida, 60 caixas foram
reprovadas por terem volume inferior a 1 litro. Sabendo-se que apenas 65 caixas foram aprovadas nos dois testes, pode-se
concluir que o número de caixas que foram reprovadas em ambos os testes é igual a:
A) 15
B) 20
C) 35
D) 85
E) 100
2) Uma escola de línguas oferece somente dois cursos: Inglês e Francês. Sabe-se que ela conta com 500 estudantes e que nenhum
deles faz os dois cursos simultaneamente. Destes estudantes, 60% são mulheres e, destas, 10% cursam Francês. Sabe-se que
30% dos estudantes homens também cursam Francês. Neste caso, o número de estudantes homens que cursam Inglês é:
A) 60
B) 410
C) 140
D) 320
E) 270
3) Supõe-se que em uma pesquisa envolvendo 660 pessoas, cujo objetivo era verificar o que elas estão lendo, obtiveram-se os
seguintes resultados: 100 pessoas leem somente revistas, 300 pessoas leem somente livros e 150 pessoas leem somente
jornais. Supõe-se ainda que, dessas 660 pessoas, 80 leem livros e revistas, 50 leem jornais e revistas, 60 leem livros e jornais
e 40 leem revistas, jornais e livros. Em relação ao resultado dessa pesquisa, são feitas as seguintes afirmações:
I. Apenas 40 pessoas leem pelo menos um dos três meios de comunicação citados.
II. Quarenta pessoas leem somente revistas e livros, e não leem jornais.
III. Apenas 440 pessoas leem revistas ou livros. Assinale a alternativa correta.
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4) Uma pesquisa realizada com 800 adolescentes a respeito da utilização de dois aparelhos eletrônicos revelou que 220 utilizam
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o aparelho A, 380 utilizam o aparelho B e 120 utilizam os dois. Nestas condições, pode-se afirmar que, do total de
entrevistados, X adolescentes não utilizam qualquer um dos dois aparelhos. Dessa forma:
A) X = 80
B) X = 320
C) X = 100
D) X= 720
E) X = 480
5) Seja A um conjunto com 14 elementos e B um subconjunto de A com 6 elementos. O número de subconjuntos de A com um
número de elementos menor ou igual a 6 e disjuntos de B é
A) 28 - 9
B) 28 - 1
C) 28 - 7
D) 28 - 8
E) 28
6) Sejam A e B subconjuntos do conjunto universo U = {a, b, c, d, e, f, g, h}. Sabendo que (𝐵𝐶 ∪ 𝐴 )𝐶 = {f,g,h}, 𝐵𝑐 ∩ 𝐴 =
{a, b} e 𝐴𝑐 – B = { d, e} então, n(P(A ∩ B)) é igual
A) 0
B) 1
C) 2
D) 4
E) 8
7) Dados três conjuntos A,B e C, não vazios com A BeA C então é correto afirmar que:
A) A (B∩C)
B) B=C
C) B C
D) A = (B∩C)
E) A=B=C
8) Sejam X, Y, Z, W subconjuntos de N tais que (X - Y) ∩ Z = {1, 2, 3, 4}, Y = {5, 6}, Z ∩ Y = ∅, W ∩ (X - Z) = {7, 8},
X ∩ W ∩ Z = {2, 4}. Então o conjunto [X∩ (Z ∪ W)] - [W ∩ (Y ∪ Z)] é igual a:
A) {1,2,3,4,5}
B) {1,2,3,4,7}
C) {1,3,7,8}
D) {1,3}
E) {7,8}
C) 1, 2 A
D) A
E) 1, 2 3,1 A
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10) Uma pesquisa com todos os trabalhadores da FABRITEC, na qual foram formuladas duas perguntas, revelou os seguintes
números:
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Com estes dados, pode-se concluir corretamente que o número de trabalhadores da FABRITEC é
A) 465
B) 495
C) 525
D) 555
E) 570
11) Num seminário sobre as doenças relacionadas ao fumo reuniram-se 50 pessoas, 32 são fumantes, 10 são homens não
fumantes e 20 são mulheres fumantes. Quantas mulheres não fumantes foram ao seminário.
A) 6
B) 8
C) 9
D) 10
E) 12
12) O número de subconjuntos X que satisfazem à equação 1,3,5 X 1, 2,3, 4,5,6 é:
A) 8
B) 10
C) 12
D) 16
E) 64
13) Sejam P e Q conjuntos que possuem um único elemento em comum. Se o número de subconjuntos de P é igual ao dobro do
número de subconjuntos de Q, o número de elementos do conjunto P ∪ Q é o:
14) (QOAM – 2009) Dados os conjuntos, A ∪ B ∪ C = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}, A ∩ B = {2, 3,8}, A ∩ C = {2, 7},
B ∩ C = {2, 5,6}, A ∪ B = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}. Qual é o conjunto CB?
A) 7,9,10
B) 7,8,10
C) 5, 7,8
D) 5, 7,9
E) 8,9,10
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15) (QOAM - 2010) Um banco promoveu uma seleção de pessoal para o quadro de estagiários. Exigia-se que os candidatos
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fossem estudantes universitários. Concluída a seleção, foi feito um levantamento sobre as carreiras que os estagiários
selecionados estavam cursando. O levantamento apontou que:
De acordo com as informações apresentadas acima, é correto afirmar que a porcentagem de selecionados que cursavam
Economia é igual a:
A) 10%
B) 30%
C) 37,5%
D) 40%
E) 55%
16) (QOAM – 2011) No intuito de conhecer suas preferências alimentares, uma pesquisa foi feita junto à guarnição de um navio
que estava prestes a iniciar viagem. A pesquisa apontou que os marinheiros que consomem carne de frango não consomem
peixe. Apontou ainda que 40% consomem carne de frango, 30% consomem peixe, 15% consomem carne de frango e carne
bovina, 20% consomem carne bovina e peixe e 60% consomem carne bovina. É correto concluir que a porcentagem de
marinheiros que não consome nenhum dos três alimentos é igual a:
A) 18%
B) 15%
C) 10%
D) 8%
E) 5%
17) (QOAM – 2012) Um homem programou um passeio de barco com seus netos, num domingo de verão, por ilhas secundárias
da Baía de Guanabara. Ele selecionou, dentre as muitas existentes, algumas ilhas que foram listadas formando o seguinte
conjunto: I = (Ilha das Enxadas, Ilha da Conceição, Ilha de Brocoió, Ilha do Sol, Ilha do Pinheiro). O objetivo do passeio era
visitar o maior número de ilhas possível do conjunto I, porém, dependendo de fatores climáticos, isso podia não acontecer.
O homem, então organizou um número de roteiros levando em conta a possibilidade de visitação a cinco ilhas, quatro ilhas,
três ilhas, duas ilhas e apenas a uma ilha, pois decidiu que, mesmo com tempo ruim, ao menos a uma ilha, ele levaria os netos
convidados.
Considerando os dados e que a ordem de visitação às ilhas não diferencia os roteiros, quantos roteiros, foram organizados?
A) 28
B) 29
C) 30
D) 31
E) 32
18) (QOAM – 2014) Sejam A e B conjuntos não vazios tais que n(A – B) = 3 e n(A) = k, logo o total de subconjuntos não vazios
de A ∩ B é igual a:
A) 2k 3
k 3
B) 2 1
k 1
C) 2
k 1
D) 2 1
E) 2 1
k
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19) (QOAM – 2015) Seja N o número total de maneiras de escolher pelo menos um brinquedo, de um total de 7 distintos,
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20) Dados os conjuntos A = {X ∈ ℜ| - 3 < X ≤ 5} e B = {X ∈ ℜ| 0 ≤ X < 3}, determine a soma de todos os inteiros pertencentes
ao conjunto A – B.
A) 3
B) 5
C) 6
D) 8
E) 9
36
21) Considere o conjunto dos números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4.....}. Considere, ainda, que A = {X ∈ N*| = 𝑝, (𝑝 ∈ N)} e que
𝑥
B = {X ∈ N| X2 ≤ 25}.
A)
B)
C)
D)
E)
A) A ∩ (B ∪ C)
B) (A ∩ B) ∪ C
C) (A ∪ B) ∩ C
D) A-B
E) A - (B - C)
GABARITO:
1 A 2 C 3 D 4 B 5 A
6 C 7 A 8 C 9 D 10 A
11 B 12 A 13 A 14 A 15 D
16 E 17 D 18 B 19 A 20 E
21 A 22 A
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CONJUNTOS NUMÉRICOS
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NATURAIS (N)
Chama-se conjunto dos números naturais – símbolos ℕ - o conjunto formado pelos números 0, 1, 2, 3, ... .
ℕ = {0, 1, 2, 3, ...}
INTEIROS (Z)
RACIONAIS (Q)
𝑎
Chama-se conjunto dos números racionais – símbolo ℚ - o conjunto dos pares ordenados (ou frações) , em que a ∈ ℤ e b
𝑏
∈ ℤ*
IRRACIONAIS (I)
Existem números cuja representação decimal com infinitas casas decimais não é periódica. Por exemplo o numeral decimal
0,1010010001... (em que o número de algarismos 0 intercalados entre os algarismos 1 vai crescendo) é não periódico. Ele
representa um número não racional. Ele representa um número irracional.
Outros exemplos:
1,234567891011 ξ2 = 1,4142136...
6,202002000... 𝜋 = 3,1415926...
34,56789101112...
REAIS (R)
Chama-se conjunto dos números reais – símbolo ℝ - aquele formado por todos os números com representação decimal, isto é,
as decimais exatas ou periódicas (que são números racionais) e as decimais não exatas e não periódicas (que são números
irracionais).
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O número decimal tem uma quantidade infinita de algarismos que se repetem periodicamente, isto é, é uma dízima periódica.
Exemplos:
1
= 0,333... = 0,3̅ (período 3)
3
2
= 0,285714285714... = 0,285714 (período 285714)
7
11
= 1,8333... = 1,83̅ (período 3)
6
Exemplos:
37 2631 634598
0,37 = 2,631 = 63,4598 =
100 1000 10000
Quando a decimal é uma dízima periódica, devemos procurar sua geratriz. Damos a seguir, três exemplos de como obter a
geratriz de uma periódica.
Exemplos 1: 0,777...
𝑥 = 0,777 … 7
} ⇒ 10x – x = 7 ⇒ x =
10𝑥 = 7,777 9
7
então: 0,777... = .
9
Exemplos 2: 6,4343...
𝑥 = 6,434343 … 637
} ⇒ 100x – x = 637 ⇒ x =
100𝑥 = 643,434343 99
637
então: 6,434343... = .
99
RETA NUMÉRICA
Os intervalos têm uma representação geométrica sobre a reta real como a que segue:
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REAIS – POTENCIAÇÃO
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A potenciação indica multiplicações de fatores iguais. Por exemplo, o produto 3.3.3.3 pode ser indicado na forma 3 4. Assim, o
n
,
símbolo a sendo a um numérico inteiro e n um número natural maior que 1, significa o produto de n fatores iguais a a:
n =
a a. a. a. … . a
⏟
n fatores
- a é a base;
- n é o expoente;
- o resultado é a potência.
𝑎 −𝑛 𝑏 𝑛
am · an = a m+n (𝑏 ) = (𝑎)
a𝑚 m n n=
𝑛 =a + (a.b) a n· bn
a
𝑎 𝑛 𝑎𝑛
( am ) n = a m.n (𝑏 ) =
𝑏𝑛
; com b ≠ 0
n
m
ξ 𝑎𝑛 = 𝑎 m
1
a –n =
𝑎𝑛
REAIS - RADICIAÇÃO
𝑛 𝑛.𝑝
ξ𝑎𝑚 = ξ𝑎𝑚.𝑝 , para a ≠ 0 ou m ≠ 0
𝑛 𝑛 𝑛
ξ𝑎. 𝑏 = ξ𝑎 . ξ𝑏
𝑛 𝑎 𝑛 𝑛ξ𝑎
√𝑏 = √ 𝑛 (b ≠ 0)
√𝑏
√ ξ𝑎 = ξ𝑎
𝑝 𝑛 𝑝𝑛
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RACIONALIZAÇÃO
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Racionalizar o denominador de uma fração significa eliminar os radicais do denominador sem alterá-la.
Exemplo:
1 1 ξ3 ξ3
a) = x =
ξ3 ξ3 ξ3 3
5 4
2 2 √2 5
b) 5 =5 x 5 4 = ξ16
ξ2 ξ2 √2
1 1 (ξ3+ ξ2 ) ξ3+ ξ2
c) −
= −
ξ3 ξ2 ξ3 ξ2
x (ξ3+ ξ2 )
= 1
= ξ3 + ξ2
OBSERVAÇÃO
ξ36 = 6 e não = ±6
9 3 9 3
√ = e não √4 = ±
4 2 2
3
- ξ8 = -2, -ξ4 = -2 ±ξ9 = ±3
São sentenças verdadeiras em que o radical “não é causador” do sinal que o antecede.
Devemos estar atentos ao cálculo da raiz quadrada de um quadrado perfeito, pois:
ξ𝑎2 = |a|
Exemplos:
і3 = 2
і · і = (-1) · і = - і
і4 = 2
і · і2 = (-1) · (-1) = 1
1 3
і4n = 1, і4n + = і, і4n + 2 = -1, і4n + = -і
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Isto é:
z= x+y·і
Assim todo número complexo z = (x, y) pode ser escrito sob a forma z = x + y · і, chamada forma algébrica. O número real x
é chamado parte real de z e o número real y é chamado parte imaginária de z. Em símbolos indica-se:
X = Re(z) e y = lm(z)
Chama-se real todo número complexo cuja parte imaginária é nula. Chama-se imaginário puro todo número complexo cuja
parte real nula e a imaginária não.
Assim:
Z = x + 0i = x é real
Z = 0 + yi = yi (y ≠ 0) é imaginário puro
Igualdade: a + b = c + di ⟺ a = c e b = d, isto é dois números complexos são iguais se, e somente se, têm partes reais
iguais e partes imaginárias iguais.
Adição: (a + bi) + (c + di) = (a + c) + (b + d)i, isto é, a soma de dois números complexos é um complexo cuja parte real é a
soma das partes reais das parcelas e cuja parte imaginária é a soma das partes imaginárias das parcelas.
Multiplicação: (a + bi)(c + di) = (ac – bd) + (ad + bc)i, isto é, o produto de dois números complexos é o resultado do
desenvolvimento de (a + bi)(c + di), aplicando a propriedade distributiva e levando em conta que i2 = -1:
(a + bi)(c + di) = a(c + di) + bi(c + di) = ac + adi + bci + bdi2 = (ac – bd) + (ad + bc)i
CONJUGADO
z = x + yi ⟺ 𝑧̅ = x – yi
Exemplos:
1º) z = 2 + 5i ⇒ 𝑧̅ = 2 – 5i
2º) z = 3 - 4i ⇒ 𝑧̅ = 3 + 4i
3º) z = -1 - 3i ⇒ 𝑧̅ = -1 + 3i
4º) z = -7 + 2i ⇒ 𝑧̅ = -7 - 2i
(𝑧̅) = (̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
x – y · i ) = x + yi = z
Por esse motivo dizemos que z e 𝑧̅ são números complexos conjugados (um é conjugado do outro).
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PROPRIEDADES DO CONJUGADO
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1) Z + 𝑧̅ = 2 · Re(z)
2) Z - 𝑧̅ = 2 · lm(z) · і
3) Z = 𝑧̅ ⟺ z ∈ ℝ
RESOLUÇÕES
1) Simplifique a expressão , onde x e y são reais positivos:
3) Simplifique
4) Simplifique
5) Simplifique
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6) Simplifique a expressão
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7)
8)
9)
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12)
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EXERCÍCIOS
1)
A) ] -1, 5]
B) ]-1, 3[
C) ]-2, 3[
D) ]-4, 3[
E) ]-1, 0[
2)
A) [0,4[
B) ]2,5[
C) [0,2]
D) [2,4]
E) [1,5[
3) O segmento XY, indicado na reta numérica abaixo, está dividido em dez segmentos congruentes pelos pontos
A, B, C, D, E, F, G, H e I.
Admita que X e Y representem, respectivamente, os números 1/6 e 3/2 . O ponto D representa o seguinte
número:
A) 1/5
B) 8/15
C) 17/30
D) 7/10
E) 8/11
4) Se x e y são números inteiros positivos, tais que 0 < 𝑥 ≤ 6 e 𝑥 + 𝑦 = 18. O maior valor para o produto 𝑥. 𝑦 é
A) 72
B) 77
C) 80
D) 81
E) 90
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6) Considerando que n pertence ao conjunto dos inteiros e a ao conjunto dos reais não nulos, então a expressão
X , vale
X=
A) 2a+1
B) (a -1) /a
C) 2a
D) 2a -1
E) 2
7) Simplificando , obtemos:
A) xy
B) y -1
C) y
D) x
E) 1
8) Muitos consideram a internet como um novo continente que transpassa fronteiras geográficas e conecta
computadores dos diversos países do globo. Atualmente, para que as informações migrem de um computador
para outro, um sistema de endereçamento denominado IPv4 (Internet Protocol Version 4) é usado. Nesse
sistema, cada endereço é constituído por quatro campos, separados por pontos. Cada campo, por sua vez, é um
número inteiro no intervalo [0, 28 - 1] . Por exemplo, o endereço IPv4 do servidor WEB de uma universidade é
200.20.0.21. Um novo sistema está sendo proposto: o IPv6. Nessa nova versão, cada endereço é constituído por
oito campos e cada campo é número inteiro no intervalo [0, 2 16 - 1]. Com base nessas informações, é correto
afirmar que:
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9) A expressão vale :
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4
A) ξ𝑎3
B) 2a
4
C) ξ𝑎5
D) 1
E) 0
A) 45
B) 64
C) 78
D) 80
E) 86
A)
B)
C)
D)
E)
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12) Os números naturais 𝑝 = 231 − 1 e 𝑝 = 261 − 1 são primos. Então, o número de divisores de 2𝑝𝑞 é
igual a:
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A) 1
B) 2
C) 4
D) 6
E) 8
13) Nos conjuntos numéricos temos o inteiro 𝑍 = 1615 + 256 que é divisível por:
A) 5
B) 7
C) 11
D) 13
E) 17
A) 84
B) 86
C) 140
D) 160
E) 162
A) III e IV
B) I e II
C) I e III
D) II e III
E) II e IV
A) ξ3 + ξ2
B) ξ3
C) 3
D) 2
E) 1
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Obtermos:
A) 0
B) 1
C) 2
D) 4
E) 12
A) 1
B) 2
C) 4
D) 6
E) 20
A) 215
B) 25
C) 225
D) 210
E) 23
A) 2. 106
B) 8. 106
C) 24. 106
D) 32. 106
E) 64. 106
A) 2i
B) -1 + i
C) i
D) 5i
E) 5-i
A) –i
B) 2 -1
C) 3i
D) 2+i
E) 6i
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A) a=3
B) a=4
C) a=7
D) a=8
E) a = 11
A) 25 – 50i
B) 20 – 50i
C) 25 – 30i
D) 25 – 70i
E) 75 – 50i
25) Considerando 𝑥 𝑒 𝑦 números reais e 𝑖 unidade imaginária que satisfazem a igualdade (𝑥 + 𝑦𝑖)2 = 8𝑖 , o
módulo da soma 𝑥 + 𝑦 vale:
A) 2 D) 6
B) 3 E) 8
C) 4
3 2𝑖
26) O valor da expressão 2+3𝑖
− 3−2𝑖
é
10 10
A) − 𝑖
17 13
4 5
B) − 𝑖
13 13
10 15
C) − 𝑖
7 7
11 11
D) − 𝑖
13 13
10 15
E) − 𝑖
13 13
27) Sendo 𝑖 2 = −1, o módulo do número complexo 𝑧, solução da equação 2𝑧 + 𝑖𝑧̅ = 6 + 9𝑖, é
A) ξ17
B) ξ13
C) ξ15
D) ξ11
E) ξ19
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A) − 14𝑖
B) 8𝑖
C) 1 − 4𝑖
D) 9+𝑖
E) −9 − 𝑖
2 n 1
.k 3 n
k
0,25
29) (QOAM-2011) Sabendo que k 2 9
, qual o valor de ?
k 7 : k n
3
A)
2
3
B)
4
2
C)
2
2
D)
4
2
E)
3
30) (QOAM – 2012) Determine o valor de
k
10
, sabendo que k 28 2 3 3 2 :
5
A)
4
8
B)
3
13
C)
7
7
D)
5
11
E)
6
a2 1 a2 1 a2 1 a2 1
A) 1
B) 2
C) 210
D) 211
E) 213
4
A8 A8 A8 A8 B
32) (QOAM – 2014) Sabendo-se que k 2 o valor de 4
k é:
B3 .B 5 .B 4 .B 7 .B 1 A
e
A) 1
B) 2
C) 3
D) 4
E) 5
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A)
B)
C)
D)
E)
34) (QOAM – 2017) Assinale a opção que apresenta o valor simplificado da expressão
A) 1
B) 3/2
C) 2
D) 4/3
E) 6/5
35) (QOAM – 2018) Consideradas satisfeitas as condições de existência das frações e simplificando as
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36) (QOAM – 2020) Dada a expressão , onde m e n são números reais e n ≠ 0. Nessas
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37) (QOAM – 2021) Sendo o número 𝑥 = 27 𝑥 𝑝. Sabendo que 𝑝 é o número primo 27 − 1, a soma de todos os
divisores próprios ( divisores naturais com exceção do próprio número) de x é igual a :
A) 12816
B) 15122
C) 16128
D) 16384
E) 32768
38) Seja z um número complexo na forma 𝑧 = a + bi, em que a e b ∈ R, b ≠ 0 e i a unidade imaginária. Assinale a
opção que corresponde ao produto 𝑧. 𝑧̅, sabendo que 𝑙𝑜𝑔12 𝑎 = 1/2, b é a parte imaginária do número
complexo q = 7 + 2i e 𝑧̅ é o complexo conjugado de 𝑧.
A) 1
B) 16
C) 40
D) 40.(1-i.sen(30°).cos30°)
E) -16.(1+i.sen(30°).cos30°)
GABARITO:
1 A 2 C 3 D 4 A 5 A
6 B 7 C 8 C 9 A 10 C
11 D 12 E 13 E 14 D 15 B
16 A 17 C 18 B 19 A 20 D
21 B 22 A 23 B 24 A 25 C
26 E 27 A 28 E 29 D 30 D
31 D 32 B 33 E 34 B 35 D
36 A 37 D 38 B
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MATRIZES
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DEFINIÇÃO
Matriz de ordem m x n : Para os nossos propósitos, podemos considerar uma matriz como sendo uma tabela retangular
de números reais (ou complexos) dispostos em m linhas e n colunas. Diz-se então que a matriz tem ordem m x n (lê-
se: ordem m por n)
1 0
𝐼2 = ( )
0 1
A matriz identidade de 3ª ordem, ou seja,de ordem 3×3 ou simplesmente de ordem 3 é:
1 0 0
𝐼3 = (0 1 0)
0 0 1
1 0 0 3 8 1 3 8 1
(0 1 0). (5 5 0) = ( 5 5 0)
0 0 1 2 2 6 2 2 6
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MATRIZ TRANSPOSTA
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Exemplo:
PROPRIEDADES:
I) (𝑨𝑻 )𝑻 = 𝑨
II) (𝑨 + 𝑩)𝑻 = 𝑨𝑻 + 𝑩𝑻
MATRIZ SIMÉTRICA
𝐴𝑡 = 𝐴
1 −1 4
Exemplo: 𝐴 = (−1 5 2)
4 2 7
MATRIZ ANTISSIMÉTRICA
𝐴𝑡 = − 𝐴 , logo 𝐴𝑡 + 𝐴 = 0
0 2 −3
Exemplo: 𝐴 = (−2 0 −1), nessa matriz os elementos dispostos em relação à diagonal principal são opostos
3 1 0
MATRIZ INVERSA
Uma matriz quadrada A de ordem n é dita inversível se existe uma matriz B, tal que:
𝐴. 𝐵 = 𝐵. 𝐴 = 𝐼 , nesse caso, B é dita inversa de A e é indicada por 𝐴−1 .
2 1 3 −1
Exemplo: 𝐴= ( ), 𝐴−1 = ( )
5 3 −5 2
−𝟏
I) (𝑴−𝟏 ) = 𝑴
II) (𝑴. 𝑵)−𝟏 = 𝑴−𝟏 . 𝑵−𝟏
𝑻 −𝟏
III) (𝑴−𝟏 ) = (𝑴𝑻 )
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MATRIZ SINGULAR
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Uma matriz quadrada é dita singular, quando não admite inversa, nesse caso seu determinante é nulo.
3 7 3
Exemplo: A = (4 1 4)
5 3 5
MATRIZ DIAGONAL
É toda matriz quadrada em que os elementos que não pertencem à diagonal principal são iguais a zero.
4 0 0 2 0 0 0 0 0
Exemplos: 𝑃 = (0 −2 0 ), M = (0 3 0), 𝑁 = (0 0 0)
0 0 −3 0 0 0 0 0 0
MATRIZ ESCALONADA
Uma matriz está na forma escalonada se o número de zeros que precede o primeiro elemento não nulo de
cada linha cresce de cada linha para a seguinte abaixo dela até que restem ou não, apenas linhas nulas.
3 6 4 1 0
0 1 −2 1 8 1 0 0
1 0
M= 0 0 0 7 4 , N = (0 1 0), P = ( )
0 0 0 0 4 0 2
0 0 1
(0 0 0 0 0)
0 0 4 1 0
0 0 −2 1 8 0 0
L= 0 0 0 7 4 , F=( )
0 0 0 0 4 0 2
(0 0 0 0 0)
SOMA/SUBTRAÇAO DE MATRIZES
Uma matriz C é do mesmo tipo que A e B e é tal que que cada um dos seus elementos é a soma ou subtração de
elementos correspondentes de A e B, como podemos observar:
Exemplos:
2 −1 3 1 3 −4 3 2 −1
( )+ ( ) = ( )
0 5 2 2 −2 3 2 3 5
0 1 1 −1 −1 2
( )−( )= ( )
−3 2 −2 5 −1 −3
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PROPRIEDADES
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I) COMUTATIVA: A+B = B + A
II) ASSOCIATIVA: (A+B) + C = A + (B+C)
III) ELEMENTO NETRO: A + 0 = A
IV) OPOSTO: A + (-A) = 0
PRODUTO DE MATRIZES
Para que exista o produto de duas matrizes A e B , o número de colunas de A , tem de ser igual ao número de linhas
de B.
Observe que se a matriz A tem ordem m x n e a matriz B tem ordem n x q , a matriz produto C tem ordem m x q .
Onde L1C1 é o produto escalar dos elementos da linha 1 da 1ª matriz pelos elementos da coluna1 da segunda matriz,
obtido da seguinte forma:
Multiplicar um número real K por uma matriz A (K.A), significa construir uma matriz B, formada pelos elementos
de A todos multiplicados por K.
Exemplos:
1 7 2 3 21 6
3. ( )= ( )
5 −1 −2 15 −3 −6
0 2 4 0 1 2
½.(8 6 4 ) = (4 3 2)
10 12 −6 5 6 −3
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POTÊNCIA DE MATRIZES
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Definimos a potência de expoente n (ou a n- ésima potência) de uma matriz quadrada A como sendo o produto A × A × ... × A,
onde há n fatores iguais a A.
ELEMENTOS MATRICIAIS
MENOR COMPLEMETAR
Chama-se Menor Complementar ( D ij ) de um elemento aij de uma matriz quadrada A, ao determinante que se obtém
eliminando-se a linha i e a coluna j da matriz.
Assim, dada a matriz quadrada de terceira ordem (3×3) A a seguir :
Podemos escrever:
D23 = menor complementar do elemento a23 = 9 da matriz A . Pela definição, D23 será igual ao determinante que se
obtém de A, eliminando-se a linha 2 e a coluna 3, ou seja:
Da mesma forma determinaríamos D11, D12, D13, D21, D22, D31, D32 e D33.
Considerando que o cofator de um elemento aij de uma matriz : cof ( aij ) = (-1 ) i+j . Dij .
Assim por exemplo, o cofator do elemento a23 = 9 da matriz do exemplo anterior, seria igual a:
Chamamos de matriz dos cofatores, e representamos por C a matriz formada por todos os cofatores de uma matriz
original A.
Exemplo:
1 5 2 0
A=( ), a matriz dos cofatores de A é C = ( )
0 2 −5 1
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+ −
MATRIZ 2X2 ( )
− +
+ − +
MATRIZ 3X3 (− + −)
+ − +
MATRIZ ADJUNTA
Seja uma matriz quadrada de ordem n e M’ a matriz dos cofatores de M. Chamamos de matriz adjunta de M, e
̅ a transposta da matriz M’( matriz dos cofatores de M.
indicamos por 𝑀
̅ é igual ao determinante de M.
OBS: o determinante de 𝑴
Exemplo:
𝟏 𝟐 ̅ 𝟒 −𝟐
M=( ) , 𝑴= ( )
𝟑 𝟒 −𝟑 𝟏
Exemplo:
𝟏 𝟐 ̅ 𝟒 −𝟐
M=( ) , 𝑴= ( ), detM = -2
𝟑 𝟒 −𝟑 𝟏
1 𝟒 −𝟐 𝟐 𝟏
𝑀−1 = .( ) = ( )
−2 −𝟑 𝟏 𝟑/𝟐 −𝟏/𝟐
MATRIZ ORTOGONAL
Exemplo:
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Se A é uma matriz qualquer (não necessariamente quadrada) e A’ uma matriz ESCALONADA equivalente de A.
Chamamos de posto ou característica o número de linhas não nulas de A’.
Exemplo:
1 3 4 1 3 4
𝐴 = (2 5 −1 ), 𝐴′ = (0 −1 −9)
2 4 −10 0 0 0
Característica igual a 2.
Propriedades:
I) Numa matriz quadrada, se detA ≠0, a característica é igual a ordem (O teorema de Rouché–Capelli).
II) Numa matriz quadrada 0 < característica ≤ n (ordem da matriz).
MATRIZ DE VANDERMONDE
Toda matriz M de ordem n, tal que 2 ≤ n. onde as colunas são formadas por potências de mesma base, com expoente
inteiro, variando desde 0 até n-1. OBS: os elementos de cada coluna formam uma progressão geométrica cujo
primeiro termo é 1.
Exemplo:
1 1 1
𝑀 = (2 3 4)
4 9 16
DETERMINANTE
Entenderemos por determinante, como sendo um número ou uma função, associado a uma matriz quadrada ,
calculado de acordo com regras específicas .
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P2) o determinante de uma matriz e de sua transposta são iguais: det(A) = det( At ).
P3) o determinante que tem todos os elementos de uma fila iguais a zero, é nulo.
P4) se trocarmos de posição duas filas paralelas de um determinante, ele muda de sinal.
P5) o determinante que tem duas filas paralelas iguais ou proporcionais, é nulo.
P6) multiplicando-se (ou dividindo-se) os elementos de uma fila por um número, o determinante fica multiplicado (ou
dividido) por esse número.
P7) um determinante não se altera quando se substitui uma fila pela soma desta com uma fila paralela, multiplicada
por um número real qualquer.
Se A-1 é a matriz inversa de A , então A . A-1 = A-1 . A = In , onde In é a matriz identidade de ordem n . Nestas
condições , podemos afirmar que det(A.A-1) = det(In) e portanto igual a 1.
OBS: se det(A) = 0 , não existe a matriz inversa A -1. Dizemos então que a matriz A é SINGULAR ou NÃO
INVERSÍVEL.
P9) Se todos os elementos situados de um mesmo lado da diagonal principal de uma matriz quadrada de ordem n,
forem nulos (matriz triangular), o determinante é igual ao produto dos elementos da diagonal principal.
SISTEMAS LINEARES
Exemplo:
3x + 2y – 5z = -8
4x – 3y + 2z = 4
7x + 2y – 3z = 2
0x + 0y + z = 3
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Os termos a11, a12, … , a1n, … , am1, am2, …, amn são denominados coeficientes e b1, b2, … , bn são
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os termos independentes.
Exemplo:
x + y + 2z = 7
3x + 2y – z = 11
x + 2z = 4
3x – y – z = 2
REGRA DE CRAMER
2x + 3y = 12
S1:
3x – 2y = 5
5x – 2y = 11
S2:
6x + y = 20
São equivalentes, pois ambos admitem o par ordenado (3, 2) como solução.
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II) Se um sistema de equações possuir pelo menos uma solução, dizemos que ele é POSSÍVEL ou COMPATÍVEL.
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III) Se um sistema de equações não possuir solução, dizemos que ele é IMPOSSÍVEL ou INCOMPATÍVEL.
IV) Se o sistema de equações é COMPATÍVEL e possui apenas uma solução, dizemos que ele é
DETERMINADO.
V) Se o sistema de equações é COMPATÍVEL e possui mais de uma solução, dizemos que ele é
INDETERMINADO.
VI) Se os termos independentes de todas as equações de um sistema linear forem todos nulos, ou seja
b1 = b2 = b3 = … = bn = 0, dizemos que temos um sistema linear HOMOGÊNEO.
Exemplo:
x + y + 2z = 0
2x – 3y + 5z = 0
5x – 2y + z = 0
RESOLUÇÕES
1)
2)
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3)
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EXERCÍCIOS:
1) Seja 𝐴 = (𝑎𝑖𝑗 )2𝑥3 em que 𝑎𝑖𝑗 = 𝑖 + 𝑗. Quanto vale m+n+p, sabendo que:
𝑚+𝑛 3 𝑚 − 2𝑝
𝐵= ( )e 𝐴=𝐵?
𝑛+1 𝑛−𝑝 5
A) 0
B) 1
C) 2
D) 4
E) 5
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−1 2
12
4) Sendo 𝐴 = ( ) e 𝐵 = ( 3 −1) , determine a matriz X, sabendo que 𝐴𝑇 . 𝑋 = 𝐵𝑇 :
25
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2 4
−9 1 2
A) ( )
4 −7 3
1 1 2
B) ( )
4 −7 0
−9 10 2
C) ( )
4 −7 0
−9 17 2
D) ( )
4 −7 0
−3 17 2
E) ( )
4 −7 0
1 0 2
5) Qual o valor da soma dos elementos da diagonal principal da inversa da matriz 𝑋 = (0 3 0) ?
2 0 1
A) -1/3
B) 1/3
C) 1
D) 2
E) 3
6) Uma montadora produz três modelos de veículos, A,B,C. Neles podem ser instalados dois tipos de air bags, D e
E. A matriz [air bag modelo] mostra a quantidade de unidades de air bag instaladas:
𝐴 𝐵 𝐶
𝐷 2 2 0
[ ]
𝐸 4 4 2
Numa determinada semana, foram produzidas as seguintes quantidades de veículos, dadas pela matriz
(MODELO-QUANTIDADE)
QTDE
𝐴 300
𝐵 [500]
𝐶 𝑋
1600
O produto da matriz [air bag modelo] pela matriz [ modelo-quantidade] é [ ]. Quantos veículos do modelo C
3600
foram montados na semana?
A) 300
B) 200
C) 150
D) 0
E) 100
2 4 0
7) Dada a matriz 𝐴3𝑥3 = (2023 3 5), considere 𝐴𝑇 a matriz transposta de A, 𝐴−1 a matriz inversa de A , 𝐴̅
3 7 0
matriz adjunta de A, Det o determinante de A e (σ) a característica de A. Marque a alternativa CORRETA.
A) Det (𝐴−1 ) = - 10
B) Det ( 𝐴 𝑇 ) = 10
𝐴
C) Det( 2 ) = - 1,25
D) Det (𝐴̅ ) = 0
E) (σ) = 1
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5 3 11 4
8) A matriz X solução da equação A.X = B . Se A = ( ) e B=( ) é:
3 2 9 8
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−3 −16
A) X = ( )
2 28
−5 −16
B) X = ( )
12 3
−5 −16
C) X = ( )
12 28
−2 −16
D) X = ( )
12 18
−2 −16
E) X = ( )
12 28
9) O traço da matriz quadrada é a soma dos elementos da diagonal principal. O traço da matriz 𝐴 = (𝑎𝑖,𝑗 )3𝑥3 tal
que 𝑎𝑖𝑗 = 𝑖 𝑗 , é
A) 33
B) 25
C) 52
D) 43
E) 26
𝑥 𝑦 𝑧 𝑧 𝑥 𝑦
10) Considere as matrizes A = [𝑦 𝑧 𝑥 ] e B = [𝑦 𝑧 𝑥 ], onde x, y e z são números reais. Então é correto afirmar
𝑧 𝑥 𝑦 𝑥 𝑦 𝑧
que :
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1 3 4
13) A característica da matriz 𝐴 = [2 5 −1 ] é:
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2 4 −10
A) 1
B) 2
C) 3
D) 4
E) 5
2 1 1 −2
14) Dadas as matrizes A = [ ] e B= [ ]. Determine a matriz X (quadrada de ordem 2) tal que
−1 3 0 −1
(𝑋. 𝐵)−1 = 𝐴.
1 −5
A) X= [71 7
−4]
7 7
3 −5
B) X= [71 7
−4]
7 7
3 −5
C) X= [71 7
−4]
7 7
3 −5
D) X= [73 7
−4]
7 7
3 −1
E) X= [71 7
−4]
7 7
A) - 2
B) - 1
C) 0
D) 1
E) 2
F)
2𝑥 + 𝑦 + 2𝑧 = 𝑏 − 1
16) O sistema { 𝑥 + 2𝑦 + 𝑧 = 𝑏 tem solução se, somente se, 𝑏 é igual a :
𝑥−𝑦+𝑧 =1−𝑏
A) -2
B) -1
C) 0
D) 1
E) 2
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2𝑥 + 3𝑦 − 4𝑧 = 1
{ 3𝑥 + 4𝑦 + 3𝑧 = 𝑏
5𝑥 + 7𝑦 + 𝑎𝑧 = 8
A) a = - 7 e b ≠ 1
B) a = 1 e b ≠ 2
C) a = 7 e b ≠ 1
D) a = - 1 e b ≠ 7
E) a = - 1 e b ≠ 1
𝑥 + 𝑚𝑦 − 𝑧 = 1
18) Dado o sistema linear { 2𝑥 − 𝑦 + 𝑧 = 𝑛 a alternativa que indica os valores de 𝑚 𝑒 𝑛 para que o
3𝑥 + 𝑦 − 2𝑧 = 2𝑛
sistema tenha infinitas soluções é:
4 7
A) 𝑚 ≠ 7
𝑒 𝑛 ≠ 5
4 7
B) 𝑚 ≠ 𝑒 𝑛=
7 5
4 7
C) 𝑚 = 𝑒 𝑛 ≠5
7
4 7
D) 𝑚 = 𝑒 𝑛=
7 5
7 5
E) 𝑚 = 𝑒 𝑛=
4 7
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20) (EFOMM) Assinale a alternativa que representa a + b + c - d, sabendo que o sistema abaixo tem infinitas
soluções e que (-1, -3, 1) é uma dessas soluções.
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𝑎𝑥 + 𝑦 + 𝑧 = 𝑑
{𝑥 + 𝑦 + 𝑐𝑧 = −1
𝑥 + 𝑏𝑦 − 𝑧 = 1
A) -2
B) -1
C) 0
D) 1
E) 2
21) (Quadro Técnico – Matemática) Considere o sistema linear
𝑥 + 𝑦 + 𝑎𝑧 = 1
{ 𝑥 + 2𝑦 + 𝑧 = 2 𝑐𝑜𝑚 𝑥, 𝑦, 𝑧, 𝑎, 𝑏 ∈ 𝑅.
2𝑥 + 5𝑦 − 3𝑧 = 𝑏
Sabendo que o sistema possui mais de uma solução, o valor de a/b é igual a:
A) -2
B) -1
C) -1/2
D) 1
E) 2
23) Sabe-se que x, y e z são números reais. Se (2𝑥 + 3𝑦 − 𝑧)2 + (2𝑦 + 𝑥 − 1)2 + (𝑧 − 3 − 𝑦)2 = 0, então x + y + z é igual
a:
A) 7
B) 6
C) 5
D) 4
E) 3
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𝑥− 𝑦 − 𝑧 =0
24) Qual o valor de k para que o sistema { + 𝑘𝑦 + 𝑧 = 0 , admita solução própria?
2𝑥
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𝑥 − 2𝑦 − 2𝑧 = 0
A) 0
B) 1
C) 2
D) 3
E) 5
𝑘𝑥 + 𝑦 + 𝑧 = 1
25) Para que o sistema { 𝑥 + 𝑘𝑦 + 𝑧 = 𝑘 , nas incógnitas 𝑥 , 𝑦 𝑒 𝑧 , seja impossível ou indeterminado, devemos
𝑥 + 𝑦 + 𝑘𝑧 = 𝑘 2
ter para o real k, valores cuja soma é:
A) - 1
B) - 2
C) 0
D) 1
E) 2
𝑥 − 2𝑧 = 4
26) O sistema { 𝑦 + 𝑧 = 0 , possui como solução para x,y e z, respectivamente:
𝑥 + 4𝑦 = 6
A) {(2,2,-1)}
B) {(1,1,-1)}
C) {(0,1,1)}
D) {(2,1,1)}
E) {(2,1,-1)}
𝑘𝑥 + 2𝑦 = − 𝑧
27) Determine k de modo que o sistema { −𝑦 + 3𝑧 = 2𝑘𝑥 , admita soluções próprias:
2𝑥 − 2𝑧 = 3𝑦
A) k = 11/9
B) k = 13/9
C) k = -14/9
D) k = - 9/11
E) k = - 11/3
2𝑥 − 𝑦 = 10
28) Determine o valor de m para que o sistema { + 2𝑦 = 8 tenha uma única solução:
3𝑥
𝑥 + 𝑚𝑦 = 6
A) -1
B) 1
C) 2
D) 3
E) 6
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𝑥 + 2𝑦 + 2𝑧 = 𝑎
29) Dado o sistema { + 6𝑦 − 4𝑧 = 4 , os valores de a e b são, respectivamente:
3𝑥
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2𝑥 + 𝑏𝑦 − 6𝑧 = 1
A) 3e4
B) 3e2
C) 2e4
D) 3e4
E) 1e3
A) 2/5
B) 3/4
C) 5/4
D) 1/5
E) 2
A) -1
B) -2
C) -3
D) 9
E) 10
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0 4,5 𝑥 4,5
𝐴 = [4,5
𝑦
0 3 3]
3 0 3
4,5 3 3 0
Pelo elemento 𝑎𝑖𝑗 , com valores em cm e x e y pertencendo aos reais. Determine a área desse quadrilátero e assinale
a opção:
9
A) 2
( 2ξ2 + ξ3) 𝑐𝑚2
9
B) 4
( 2ξ2 + ξ3) 𝑐𝑚2
9
C) 2
( ξ2 + ξ3) 𝑐𝑚2
9
D)
4
( ξ2 + ξ3) 𝑐𝑚2
9
E)
2
( ξ2 + ξ3) 𝑐𝑚2
35) Uma fábrica de confecções produziu, sob encomenda, 70 peças de roupas entre camisas, batas e calças, sendo
a quantidade de camisas igual ao dobro da quantidade de calças. Se o número de bolsos em cada camisa, bata e
calça é dois, três e quatro, respectivamente, e o número total de bolsos nas peças é 200, então podemos afirmar
que a quantidade de batas é:
A) 36
B) 38
C) 40
D) 42
E) 44
𝑡−2 4 3
36) Para quais os valores de t a matriz 𝑀3𝑥3 = [ 1 𝑡+1 −2 ] é inversível ?
0 0 𝑡−4
A) 𝑡 ⋲ 𝑅 − { −2, 3, 4 }
B) 𝑡 ⋲ 𝑅 − { −3, 3, 4 }
C) 𝑡 ⋲ 𝑅 − { −1, 3, 4 }
D) 𝑡 ⋲ 𝑅 − { −2, 3, 5 }
E) 𝑡 ⋲ 𝑅 − { −2, −1, 5 }
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37) As imagens vistas em uma página na Internet, assim como fotos tiradas com máquinas digitais, podem ser
representadas usando-se matrizes. Uma imagem, em preto e branco, pode ser representada por uma matriz cujos
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termos são os números 0 e 1, especificando a cor do pixel: 0 indica a cor preta e 1, a cor branca.
Considerando-se a figura acima e sua representação matricial, é correto afirmar que a matriz B = (bij), em que
(bij) = (a(6 – j)i) representa a figura
A)
B)
C)
D)
E)
GABARITO:
1 A 2 C 3 C 4 D 5 A
6 B 7 C 8 C 9 B 10 B
11 D 12 D 13 B 14 B 15 D
16 E 17 D 18 D 19 D 20 E
21 D 22 C* 23 D 24 B 25 A
26 E 27 C 28 A 29 D 30 A
31 C 32 B 33 C 34 B 35 C
36 A 37 C
* Questão anulada.
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G
O
G
A
R
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F
I
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GEOGRAFIA ......................................................................................................................................................................... 89
1 - Revisão de alguns conceitos básicos em Geografia . .................................................................................................................................... 91
1.1 - Regionalização dos continentes: Europa, Américas, África, Ásia e Oceania ........................................................................................... 91
1.2 - Há outras formas de regionalização e que todos conhecem ...................................................................................................................... 95
1.3 - Conteúdo político-ideológicos dos mapas: projeções de Mercator e Peters ............................................................................................. 96
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Mesmo tendo a segunda menor extensão territorial do mundo, o continente europeu possui grandes diversidades espaciais
ao longo da sua área. Formada por muitos países de espaços territoriais pequenos e médios, com exceção da Rússia (maior país
do mundo), a Europa é palco de várias regionalizações caracterizadas pelas diferenças físicas e socioeconômicas. Com uma
grande história sobre as sociedades geradas neste continente, analisar cada nação europeia requer sempre um trabalho complexo,
pois necessitamos conhecer o seu passado para compreender suas questões atuais. Dessa forma, divide-se a Europa em seis
regiões: Europa Nórdica, Europa Central, Península Ibérica, Leste Europeu, Península dos Bálcãs e Países Bálticos.
Europa Nórdica - Situada no extremo norte da Europa, os países Nórdicos são caracterizados por serem de alto padrão de vida
social e economias estáveis. Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia fazem parte desta região, demonstrando que
problemas sociais não são temas desses países. Com índices de renda per capta entre US$ 19.000 (o valor mais baixo) até US$
28.000, essas nações estão a anos-luz da realidade mundial. Particularmente, a Noruega que, segundo o IDH (ONU) tem sido
classificado entre os cinco maiores nos últimos 15 anos. O padrão de vida nórdico chega a diferenciar-se do padrão europeu.
Com pouca população e muito dinheiro circulando em seus territórios, esses países distribuem muito bem suas riquezas. No
campo físico, a região é muito conhecida pelos fiordes noruegueses que estão na península Escandinava (Noruega e Suécia),
enquanto a ilha da Islândia, que se situa bem afastada da massa continental europeia, possui grandes processos vulcânicos por
estar numa falha tectônica. Outro fato interessante da Europa Nórdica, é o acontecimento do “sol da meia-noite” (no verão) e
da aurora boreal (no inverno). Isto é possível em virtude de a região estar localizada na proximidade do Polo Norte (países
setentrionais).
Europa Central - Conhecida também como centro geoeconômico da Europa, por agrupar os países mais ricos e influentes em
questões mundiais, essa região é na verdade o coração europeu em todos os sentidos. Esta área é formada por doze nações que
são difundidas em todo o mundo como governantes da União Europeia (UE), pois nesta região está localizada a sede da UE em
Bruxelas, capital da Bélgica. Países como: Alemanha, Reino Unido, França e Itália, são grandes potências econômicas e
participam como membros do G-7, e Áustria, Bélgica, Irlanda (Eire), Holanda, Luxemburgo, Liechtenstein, Suíça, Mônaco, San
Marino e Vaticano dão suporte econômico para a União Europeia. Os países dessa região possuem economias estáveis e bons
níveis de vida. O território da Europa Central é caracterizado por diferentes formas de relevo, podemos encontrar desde extensas
planícies (como na região dos Países Baixos – Holanda) até grandes montanhas, onde está localizado o Mont Blanc (Monte
Branco) com 4.810 metros de altitude (ponto mais alto da Europa), situado na região dos Alpes, entre a França e a Itália.
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Península Ibérica - São três nações que compõem esta região: Andorra, Espanha e Portugal. Mas nem por isso deixa de ter
significativa importância para a Europa. Esses países (Espanha e Portugal) foram grandes potências na época da colonização das
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Américas, sendo que atualmente suas influências estão mais relacionadas com o continente europeu. Participam da União
Europeia desde a sua criação e são grandes produtores agrícolas na Europa por terem suas terras em latitude mais baixa, o que
condiciona um clima mais quente do que outros países do continente. São grandes os atrativos turísticos da região, tanto suas
famosas praias mediterrâneas, como pelas questões históricas. O relevo da região é muito peculiar, pois se tem áreas de
montanhas (Serra Nevada) e extensas planícies e planaltos. O nome Ibérica provém da península em que se localizam essas
nações.
Leste Europeu - Com a maior extensão territorial das divisões regionais da Europa, o Leste Europeu é composto por países
originados com o fim da Guerra Fria e com nações que faziam parte do bloco socialista da Europa. Em consequência deste fato,
a inserção na EU dependeu de muitos investimentos dos vizinhos ocidentais e rigorosos ajustes na economia, que geraram crises,
principalmente na década atual. Alguns deles também se uniram para reunir forças e formaram a CEI (ex-URSS). Esta região é
“liderada” pela Rússia, mas possui outras nações importantes e conhecidas: Polônia, Romênia, Hungria, República Tcheca,
Ucrânia, Eslováquia, Moldávia, Belarus, Geórgia, Armênia e Azerbaidjão. No que se refere ao relevo local podemos citar os
montes Urais, que fazem a divisão da Europa com a Ásia, e extensas planícies que são áreas agrícolas de suma importância para
estes países.
Península dos Balcãs ou Balcânica - Conhecida nos últimos anos como palco da Guerra da Iugoslávia, essa região está
mergulhada em diversos problemas de ordem sociais e econômicos, onde Iugoslávia, Croácia, Bosnia-Herzegovina e Macedônia
levarão anos para se reestruturar internamente. Porém, Grécia, Bulgária, Eslovênia, Albânia e Turquia (parte europeia), antes da
crise econômica e imigratória atual não se encontravam em situação tão precária, vale destacar que a Grécia é um país-membro
da União Europeia desde a sua criação. Em consequência da guerra nos Balcãs, a região necessitou de ajuda financeira
internacional pois teve sérios problemas em sua infraestrutura. Por outro lado, observamos o turismo grego se destacando no
panorama mundial. Caracterizado por regiões montanhosas, os Balcãs possuem um relevo peculiar ao longo de sua extensão,
encontrando planícies somente no norte desta região.
Países Bálticos - Tendo o menor território de todas as regiões da Europa, os Países Bálticos são formados por três nações
provindas do extinto mundo socialista: Estônia, Letônia e Lituânia. Vale lembrar que esta região possui este nome em razão do
mar que banha essas três nações, o Mar Báltico. Estes países conseguiram sua independência com o fim da URSS e este fato se
explica o atraso deles em relação aos vizinhos ocidentais. As empresas de celulose e pesqueiras têm investido muito na
modernização. Desde o fim da URSS se manifestaram a favor da inserção na UE. As três nações se uniram de tal forma que é
muito difícil relacionar uma delas sem pensar na outra, isto pode ser explicado pela proximidade geográfica, cultural e religiosa
que elas possuem. A região é caracterizada por extensas planícies, mas também é composta por montanhas em seu interior.
AMÉRICAS
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A América é concebida a partir de duas principais divisões regionais: uma obedece aos critérios culturais e econômicos, outra
obedece a critério da localização e posição geográfica.
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ÁFRICA
Regionalização do continente africano - Quem tem alguma noção do processo histórico de ocupação e partilha da África entre
as potências europeias, bem como de sua descolonização, regionalizar o continente africano não é uma tarefa nada fácil, tendo
em vista a coexistência de fronteiras artificiais herdadas pela partilha de seu território. As formas de regionalização mais usuais
de dividir a África são baseadas na divisão regional política e/ou na divisão regional étnica.
2. Divisão Regional Étnica - Esta divisão se baseia na grande diversidade étnico-cultural do continente africano. E, em linhas
gerais, o continente é dividido em dois grandes complexos regionais, a saber:
I. África Branca ou Setentrional (Norte): constituída por 5 países e o território de Saara Ocidental. Alguns autores, no entanto,
incluem Mauritânia nesta região, que se caracteriza pelo predomínio da população branca, de influência árabe e islâmica. Alguns
autores denominam-na com “África do Norte ou Islâmica”.
Embora todos sejam subdesenvolvidos, mas
comparados com os demais países africanos,
apresentam melhores indicadores sociais e
econômicos.
O deserto do Saara representa um obstáculo
natural da África Branca, se constituindo em uma
área anecúmena, ou seja, de baixa densidade
demográfica.
Áreas de difícil acesso e fixação do homem.
II. África Negra ou Subsaariana: esta região é
formada por 48 países, sendo
predominantemente de população negra.
Esta região é caracterizada por uma grande
diversidade étnico-cultural (povos, línguas,
religiões etc.), correspondendo a área do
continente africano marcada pelo
subdesenvolvimento crônico, pelos conflitos
armados, epidemias, Aids, miséria, desnutrição,
fome, entre outros problemas socioeconômicos.
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ÁSIA - A Ásia está localizada a leste do meridiano de Greenwich, ou seja, no Oriente, o continente está situado no hemisfério
norte. De todos os continentes existentes, a Ásia é o maior, sua área é de 44 milhões de quilômetros quadrados.
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Os limites de fronteira que existem no continente asiático são: ao norte, Oceano Glacial Ártico; ao sul, Oceano Índico; a leste,
Oceano Pacífico; a oeste, Mar Vermelho, que o separa do continente africano, o Mar Mediterrâneo e os Montes Urais que o
separa da Europa.
Além de ser o maior continente do
mundo, abriga cinco dos dez países
mais populosos do planeta, são eles:
- China (1,426 bilhões habitantes),
Índia (1,412 bilhão), Indonésia (275
milhões), Paquistão (234 milhões),
Bangladesh (170 milhões),
O produto da soma de todos os países
citados representa, aproximadamente,
60% do total da população do planeta.
O continente asiático é regionalizado
de acordo com as características físicas
da natureza e a diversidade étnica. De
acordo com características semelhantes
entre os países, o continente é
regionalizado em: Oriente Médio, Sul
da Ásia, Sudeste da Ásia, Extremo
Oriente e Ásia Central.
Oriente Médio: Afeganistão, Arábia
Saudita, Bahrein, Chipre, Egito,
Emirados Árabes, Iêmen, Israel, Irã,
Iraque, Jordânia, Kuwait, Líbano,
Palestina, Omã, Qatar, Síria, Turquia.
Sul da Ásia são: Bangladesh, Butão, Índia, Maldivas, Nepal, Paquistão e Sri Lanka.
Sudeste da Ásia é composto por: Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Cingapura, Tailândia, Timor-
Leste e Vietnã.
Extremo Oriente: China, Japão, Coreia do Norte, Mongólia, Coreia do Sul e Taiwan.
Ásia Central: Tadjiquistão, Turcomenistão, Uzbequistão, Quirguistão, Cazaquistão e Rússia asiática.
OCEANIA -
A Oceania tem 8.923.000 Km², dos quais 85% correspondem à Austrália. É um conjunto de ilhas situadas no Oceano
Pacífico. Dividido em três grupos de ilhas: Melanésia ou “ilhas negras”; de Micronésia, as “pequenas ilhas”; e Polinésia,
compreende o maior número de ilhas.
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A primeira vista você pode estranhar o mapa-múndi apresentado, que pode dar a impressão de estar “invertido” e
“distorcido”. Isso acontece porque estamos acostumados a observar os mapas “normais” centrados na Europa, com o hemisfério
norte acima do sul, e, em geral, com as terras do hemisfério norte desproporcionalmente maiores. Como o nosso planeta é
esférico, podemos representá-lo tendo qualquer ponto como centro. A opção entre diferentes representações cartográficas não é
simplesmente técnica, mas, também, política ou geopolítica. Na verdade, qualquer mapa contém uma visão de mundo e um
conteúdo político-ideológico.
Projeção de Mercator:
- Nesta projeção os meridianos e os paralelos são
linhas retas que se cortam em ângulos retos.
- Manteve as formas dos continentes, mas não
respeitou as proporções reais.
- Nela as regiões polares aparecem muito exageradas.
- Favorece as desigualdades econômicas, pois amplia
de maneira desigual, e aumenta mais o Hemisfério
Norte.
- Excelente para a navegação.
- Perfeita nos ângulos e formas.
- Coloca a Europa no centro do mapa (Eurocentrismo).
Projeção de Peters:
- Alterou as formas em para manter as reais
proporções dos continentes.
- Apesar de deformar a forma dos continentes, esta
projeção mantém a área proporcional dos
continentes, mais próxima do tamanho real.
- Destaque ao continente Africano no centro do mapa.
- Propostas de Peters: Valorização do mundo
subdesenvolvido, mostrando sua área real.
Lembre-se:
"por trás de cada mapa, sempre existe um conteúdo Político-Ideológico".
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2.2 - O capitalismo comercial - Séc. XVI até a primeira metade do séc. XVIII
O capitalismo comercial estendeu-se do fim do século XV até o século XVIII. Durante esse período a produção de
mercadorias era essencialmente artesanal e a maior fonte de riquezas era o comércio. Tudo o que pudesse ser vendido com muito
lucro, como perfumes, sedas tapetes, especiarias e até mesmo seres humanos escravos, transformava-se em mercadoria nas mãos
dos comerciantes europeus.
Essas transações comerciais se intensificaram com a expansão marítima das potências econômicas da Europa ocidental
na época (Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Países Baixos) em busca de novas rotas de comércio, sobretudo para as Índias.
Foi o período das Grandes Navegações, descobrimentos de novas terras e povos, das conquistas territoriais e da escravização e
genocídio de milhões de nativos da América e da África. Com as Grandes Navegações, as trocas comerciais proporcionaram
grande acúmulo de capitais por parte dos Estados europeus por isso a primeira etapa desse sistema econômico é chamada
capitalismo comercial. Ou seja, quase todo o lucro acumulado pelos capitalistas era oriundo do comércio. Tem
início o processo de globalização.
Nesse período a riqueza e o poder de um país eram medidos pela quantidade de metais preciosos acumulados, prática
conhecido como Metalismo. Para garantir a acumulação de metais os países europeus, as metrópoles, colonizaram vários
territórios em outros continentes, sendo que no início nas Américas, e o mundo foi dividido entre as potências europeias da
época. O objetivo das metrópoles eram explorar os metais preciosos presentes nas colônias período conhecido como
Colonialismo. As regiões colonizadas no início da expansão marítima formaram o chamado "comércio triangular": produtos
europeus para a África, escravos africanos para as colônias americanas e produtos tropicais americanos para a Europa.
Os metais preciosos eram explorados das colônias e proporcionou grande acúmulo de riquezas nos países europeus,
principalmente à Inglaterra, que emerge como principal potência no final desse período. Esse acúmulo inicial de capitais foi
fundamental para a eclosão da Revolução Industrial, que marcou o começo de uma nova etapa do capitalismo chamado de
Capitalismo industrial, já no século XVIII.
2.3 - O capitalismo industrial - Segunda metade do séc. XVIII até a segunda metade do séc. XIX
O comércio não era mais a essência do sistema, embora continuasse importante para fechar o ciclo produção-consumo.
Nessa nova fase, o lucro provinha principalmente da produção de mercadorias com auxílio de máquinas, que tornaram a produção
mais rápida, realizada por trabalhadores assalariados que sofria e ainda sofre com a mais-valia. O lucro se dava com a produção
em quantidade de tecidos, máquinas, ferramentas e armas. E com os rápidos avanços nos transportes, com o surgimento dos trens
e dos barcos a vapor, aumentavam os ganhos dos capitalistas.
É com o capitalismo industrial que se consolida um mecanismo da exploração capitalista, definindo como mais-valia.
A mais valia é resultado da grande diferença da remuneração que o trabalhador ganha com o que ele produz. Toda jornada de
trabalho corresponde a uma remuneração, que garantirá a subsistência do trabalhador. No entanto, o trabalhador produz um valor
maior de produtos do que aquele que recebe como salário. Essa quantidade produtos, produzidas pelo trabalho e que não é pago
ao trabalhador, é o lucro que fica com os proprietários das fábricas, fazendas, minas, lojas e outros empreendimentos. Dessa
forma, em todo produto ou serviço está embutido esse valor, que é apropriado pelo dono desses meios de produção e permite o
acúmulo de lucro pela burguesia (a classe dos capitalistas do período).
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O regime assalariado é, portanto, a relação de trabalho mais adequada ao capitalismo e se disseminou à medida que o
capital se acumulava em grande escala nas mãos dos donos dos meios de produção. O aumento da produção desse período
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motivado pelas máquinas provocou uma crescente necessidade de expansão dos mercados consumidores para consumir a
produção em larga escala. Ao mesmo tempo o trabalhador assalariado, além de apresentar maior produtividade que o escravo,
tem renda disponível para o consumo. Por isso a escravidão entrou em decadência e o trabalho assalariado passou a predominar,
embora ainda hoje exista escravidão no mundo, até mesmo no Brasil. A Inglaterra foi o país que mais incentivou o fim da
escravidão com interesse em ampliar o mercado consumidor dos seus produtos industrializados.
2.4 - O início do capitalismo financeiro - (2ª metade do séc. XIX até a 2ª metade do séc. XX)
Nessa etapa do capitalismo, os bancos assumiram um papel mais importante como financiadores da produção.
Incorporaram indústrias, que, por sua vez, incorporaram ou criaram bancos para lhes dar suporte financeiro. Por esse motivo
tornou-se cada vez mais difícil distinguir o capital industrial (também o agrícola, comercial e de serviços) do capital bancário.
Uma melhor denominação para essa nova organização econômica, bancos fortemente vinculados às indústrias, passou a ser o
capitalismo financeiro.
Uma das características mais importantes do crescimento acelerado da economia capitalista, na segunda metade do século
XIX, foi a formação de grandes empresas industriais e comerciais e o acelerado aumento do número de bancos e outras empresas
financeiras. A concorrência acirrada favoreceu as grandes empresas, levando a fusões e incorporações que resultaram na
formação de monopólios ou oligopólios em muitos setores da economia. Monopólio é quando uma única empresa domina o
mercado e oligopólio é quando um grupo de empresas controla o mercado controlando a oferta de determinado bem ou serviço.
O monopólio é ruim para o mercado, pois acaba com a concorrência. É bom lembrar que, por ser intrínseco à economia
capitalista, esse processo continua acontecendo, e grandes corporações da atualidade foram fundadas nessa época.
Esse capitalismo foi se consolidando, inicialmente nos Estados Unidos, com um vigoroso mercado de capitais. As
empresas deixaram de ser familiares e se transformaram em sociedades anônimas de capital aberto, isto é, empresas que negociam
suas ações em Bolsas de Valores e os sócios (sociedade) são anônimos em sua maioria. Isso permitiu a formação das grandes
corporações da atualidade, cujas ações estão, em parte, distribuídas entre milhares de acionistas. Em geral, essas grandes
empresas têm um acionista majoritário, que pode ser uma pessoa, uma família, uma fundação, um banco ou uma holding, ao
passo que os pequenos investidores são proprietários do restante, muitas vezes milhões de ações. A Petrobrás é um exemplo
desse tipo de empresa sendo que o maior acionista é o governo. A expansão do mercado de capitais é uma das marcas do
capitalismo financeiro. É nas Bolsas de Valores que se negociam as ações de empresas de capital aberto. O mercado passou a ser
dominado por grandes corporações através de diferentes formas de organizações das indústrias e empresas.
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Foi no capitalismo financeiro que as empresas começaram a se organizar de forma que pudessem aumentar seus lucros. As
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Cartel - ocorre quando vários trustes, ou mesmo empresas de menor porte, fazem acordos entre si estabelecendo um preço
comum, dividindo os mercados potenciais e, portanto, inviabilizando a livre concorrência em determinado setor da economia.
Formam um oligopólio. Diferentemente do que acontece no truste, no cartel não há a perda de autonomia das empresas
envolvidas, nem tampouco participação acionária entre os participantes. O cartel é consequência de acordos entre empresas, em
geral grandes, com o intuito de compartilhar determinados setores da economia, controlar os preços dos produtos no mercado e
combinar preços em licitações públicas. Esses acordos abusivos entre empresas inibem a competição no setor em que ocorrem -
elevando o preço dos produtos e prejudicando os consumidores - e a concorrência em obras públicas - elevando seu preço e
prejudicando os contribuintes - cidadãos. Por isso na maioria dos países foram criadas leis que proíbem a cartelização. No Brasil,
a lei 12.529, de 30 de novembro de 2011, sobretudo em seu artigo 116, define esse abuso de poder das empresas como crime
contra a ordem econômica.
Holding - Empresas que são controladas por uma outra empresa. Tem como objetivo a manutenção da estabilidade da empresa
controladora, garantindo uma lucratividade média, já que pode haver rentabilidades diferentes em cada setor e,
consequentemente, em cada empresa do grupo. A Petrobras é uma Sociedade Anônima, isto é, uma companhia de capital aberto
cujas ações são negociadas em Bolsa de Valores. O governo brasileiro é seu principal acionista: em 2012 a União Federal era
proprietária de 50% das ações ordinárias. O conglomerado é composto de diversas empresas comandadas diretamente pela
holding Petrobras.
2.4.2 - Segunda Revolução Industrial
No fim do século XIX, e ainda na fase do capitalismo financeiro, mudanças importantes estavam acontecendo dentro das
fábricas: a produtividade e a capacidade de produção aumentavam rapidamente, devido à introdução de novas máquinas e fontes
de energia mais eficientes, como o petróleo e a eletricidade; aprofundava-se a especialização do trabalhador em uma única etapa
da produção; e crescia a fabricação em série.
Nessa fase a industrialização foi se expandindo para outros países europeus, como a Bélgica, a França, a Alemanha, a
Itália e até para fora da Europa, alcançando os Estados Unidos e, de forma incipiente, o Japão e o Canadá. Esses países que se
industrializaram só na segunda revolução, praticaram medidas protecionistas à sua indústria nascente. Mesmo os Estados Unidos,
país que hoje tem forte tradição liberal, só passou a defender o liberalismo no comércio internacional quando já tinham
estruturado uma indústria competitiva.
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Na Segunda Revolução Industrial ocorre a introdução de novas tecnologias e novas fontes de energia no processo
produtivo e a criação dos primeiros laboratórios de pesquisa das atuais grandes corporações industriais. Tendo como pioneiros
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os Estados Unidos e a Alemanha, a ciência passou a ser cada vez mais apropriada pelo capital, ou seja, posta a serviço das
empresas para o desenvolvimento de novos produtos e a melhora de produtos já existentes.
A siderurgia avançou significativamente, assim como a indústria mecânica, graças ao aperfeiçoamento da fabricação do
aço. Na indústria química, com a descoberta de novos elementos e materiais, ampliaram-se as possibilidades para novos setores,
como o petroquímico. A descoberta da eletricidade beneficiou as indústrias e a sociedade como um todo, pois proporcionou o
aumento da produtividade, a melhora nas condições de vida e maior autonomia das indústrias com relação a definição de suas
localizações frente aos demais que influenciam nos custos da produção. O desenvolvimento do motor a combustão interna e a
consequente utilização de combustíveis derivados de petróleo abriram novos horizontes para as indústrias automobilísticas e
aeronáuticas, possibilitando sua expansão e a dinamização dos transportes. Com o crescente aumento da produção e a
industrialização expandindo-se para outros países, acirrou-se a concorrência entre as empresas.
Era cada vez maior a necessidade de garantir novos mercados consumidores e melhores oportunidades de investimentos
lucrativos, além de acesso a novas fontes de energia e de matérias-primas era o início de muitas das atuais grandes corporações
e pela expansão imperialista.
2.4.3 - Imperialismo
Foi nesse contexto do capitalismo que ocorreu a expansão imperialista europeia na África e na Ásia. As potências imperialistas
buscavam ampliar seus territórios, e os empresários, seus lucros na busca por matéria prima e mercado consumidor. O capitalismo,
desde sua origem na Europa, foi ampliando sua área de atuação no planeta. A expansão imperialista disseminou o sistema para outras
partes do mundo.
No Congresso de Berlin (1884-1885), as potências industriais europeias partilharam o continente africano entre elas. Na Ásia,
extensas áreas também foram partilhadas, como a Índia que passou a ser o território colonial britânico mais importante.
A partilha imperialista estabelecida pelas potências industriais consolidou a divisão internacional do trabalho (DIT), pela
qual as colônias, sobretudo as africanas, especializaram-se em fornecer matérias-primas, especialmente minérios como o ferro, chumbo
e cobre, além de produtos de origem agrícola, como algodão, aos países que então se industrializavam e exportavam produtos
industrializados.
Essa divisão, inicialmente delineada no capitalismo comercial, consolidou-se na etapa do capitalismo industrial. Assim,
estruturou-se nas colônias uma economia complementar e subordinada à das potências imperialistas. No fim do século XIX também
emergiram potências industriais fora da Europa, com destaque para o Japão, na Ásia, e principalmente os Estados Unidos, na América.
A expansão imperialista japonesa, como a europeia, foi marcada pela ocupação e anexação de territórios. Iniciou-se com a
tomada de Formosa (China), após a vitória na Guerra Sino-Japonesa (1894-1895), seguida pela ocupação da península da Coreia
(anexada em 1910) e da Manchúria (China), em 1931, entre outros territórios. O imperialismo norte-americano sobre a América Latina
foi um pouco diferente do europeu sobre a África e a Ásia e do japonês, também sobre a Ásia.
Enquanto nas colônias africanas e asiáticas as potências imperialistas mantinham controle político e militar direto, os norte-
americanos exerciam controle indireto, patrocinando golpes de Estado, principalmente na América Central e no Caribe, e apoiando a
ascensão de ditadores nacionais, alinhados com os interesses dos EUA. As intervenções militares eram localizadas e temporárias, como
o controle exercido sobre Cuba (1899-1902) e em seguida as intervenções seguiram para diversos países da região.
Com o fim da Segunda Guerra, já em 1945, agravou-se o processo de decadência das antigas potências europeias, que já vinha
ocorrendo desde o fim da Primeira Guerra Mundial. Aos poucos, elas foram perdendo seus domínios coloniais na Ásia e na África e,
com a destruição provocada pela Grande Guerra, as colônias conquistaram sua independência num processo que ficou conhecido como
descolonização.
Outra característica específica desse período foi o surgimento de duas formas de organização do trabalho conhecidas como
Taylorismo e Fordismo.
2.4.4 - Formas de organização do trabalho: Taylorismo e Fordismo
Foi nesse contexto de Segunda Revolução Industrial e consolidação de capitalismo financeiro é que surge as primeiras
formas de organização de trabalho padronizadas com o objetivo de aumentar a produtividade através da racionalização do
trabalho. Essas organizações foram criadas nos EUA pais que se destacou nessa fase da industrialização.
Taylorismo - foi a primeira e consistia basicamente em controlar os tempos e os movimentos dos trabalhadores e fracionar as
etapas do processo produtivo de forma que o operário desenvolvesse tarefas ultra especializadas e repetitivas com o objetivo de
aumentar a produtividade no interior das fábricas. Eram novos procedimentos organizacionais aplicados à indústria. O criador
dessa nova forma de trabalho o engenheiro americano Frederick W. Taylor desenvolveu essa teoria a partir da observação dos
trabalhadores nas indústrias e concluiu que para dinamizar a produção era necessário hierarquizar e sistematizar o trabalhador,
monitorar o tempo de trabalho e premiar os que realizam uma tarefa em menor tempo.
Fordismo - é conhecido como uma evolução nos procedimentos de Taylor. O industrial norte-americano Henry Ford inovou os
métodos de produção de Taylor ao introduzir esteiras rolantes na sua linha de montagem de automóveis: as peças chegavam até
os operários que, parados, executavam sempre as mesmas tarefas referentes à produção de cada parte do carro. O fordismo
distingue-se do taylorismo por apresentar uma visão abrangente da economia, não fica restrito as mudanças organizacionais no
interior das fábricas. Ford percebeu que a produção em grande escala exigia consumo em massa, o que pressupunha produtos
mais baratos e salários mais altos para os trabalhadores. Com isso havia uma economia em crescimento com salários em ascensão,
trabalhadores consumindo, os empresários com grandes lucros e o estado arrecadando mais impostos.
Contudo, a superprodução nas indústrias devido a linha de produção fordista gerou um grande estoque de produtos que
não estavam sendo absorvidos pelos consumidores. A consequência disso foi a Crise de 1929.
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clássico e o princípio da "mão invisível", ou seja, criticava o liberalismo e o suposto equilíbrio espontâneo do mercado.
O keynesianismo, que passa a ser valorizada, após a crise de 1929, defendia a intervenção do Estado na economia para
evitar crises de superprodução, como a de 1929. Propunha o aumento dos gastos públicos como mecanismo para estimular o
crescimento econômico e a geração de empregos. Essa crise ocorreu por causa da quebra da Bolsa de Nova York. A quebra da
bolsa ocorreu por causa do excesso de produção das indústrias devido a linha de produção fordista e a falta de controle sobre a
especulação sobre as ações das empresas, principalmente industriais.
Em 1933, Franklin Roosevelt, então presidente dos Estados Unidos, pôs em prática um plano de combate à crise que se
estendeu até 1939. Chamado New Deal ('novo plano' ou 'novo acordo), foi um clássico exemplo de intervenção do Estado na
economia. Baseado em um audacioso plano de construção de obras públicas e de estímulos à produção, visando reduzir o
desemprego, o New Deal foi fundamental para a recuperação da economia norte-americana e, posteriormente, do restante do
mundo. Essa política de intervenção estatal numa economia fortemente oligopolizada ficou conhecida como keynesianismo, por
ter sido o economista John Maynard Keynes seu principal teórico e defensor. Representou claramente uma contraposição ao
liberalismo clássico, que até então permanecia como ideologia capitalista dominante.
Superada a crise, com a retomada do crescimento da economia, principalmente após a Segunda Guerra Mundial (1939-
1945), começam a se consolidar os grandes conglomerados capitalistas. Ou seja, do ponto de vista econômico, o pós-Segunda
Guerra foi marcado por acentuada mundialização da economia capitalista, sob o comando das transnacionais. Foi a época de
gestação das profundas transformações econômicas pelas quais o mundo vem passando, sobretudo a partir do fim dos anos 1970,
como a Terceira Revolução Industrial e o processo de globalização da economia.
tecnológica e as que tem são desenvolvidas em sua maioria por instituições governamentais e universidades. Exemplo no Brasil:
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Instituto Tecnológico de Aeronáutica – (ITA), Fundação Oswaldo
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Cruz (Fiocruz), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) entre outros.
Já nos países desenvolvidos as pesquisas tecnológicas são desenvolvidas principalmente pelo setor privado. A falta de grandes
investimentos nos países emergentes ocorre devido a falta de interesse, corrupção e graves problemas sociais para serem
resolvidos como fome, miséria e desemprego.
Desde a década de 1970, está havendo uma grande revolução nas unidades de produção, nos serviços e nas residências.
Grande parte dessa revolução deve-se a uma aos novos materiais como uma pequena peça de silício chamada chip, que
possibilitou a construção de computadores cada vez mais rápidos, precisos e baratos. O desenvolvimento de satélites e de cabos
de fibra óptica, entre outras tecnologias, tem permitido grandes avanços nas telecomunicações. As tecnologias da informação e
comunicação têm facilitado o gerenciamento de dados e acelerado o fluxo de capitais, mercadorias e informações em escala
mundial por diversos meios, entre os quais se destaca a internet.
Com a aceleração contemporânea, o capitalismo atingiu o estágio planetário, a atual fase de globalização. Estrutura-se
um mundo cada vez mais integrado por modernos meios de transportes e telecomunicações. Por isso podemos dizer que vivemos
em um capitalismo informacional-global. Entretanto, como veremos no próximo capítulo, a globalização e seus fluxos abarcam
o espaço geográfico de forma bastante desigual, pois alguns países e regiões estão mais integrados que outros, e os "comandantes"
desse processo estão concentrados em poucos lugares.
referia à crise capitalista dos anos 1970, que evidenciava certo esgotamento das políticas keynesianas e era agravada pelos
choques do petróleo (elevação dos preços do barril em 1973 e 1979). O governo Reagan, baseado na doutrina neoliberal, foi
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marcado por redução do papel regulador do Estado na economia, por cortes de impostos - beneficiando especialmente os
mais ricos -, supostamente para estimular o investimento e a produção, e por imposição da doutrina neoliberal aos países
em desenvolvimento, que estavam enormemente necessitados do apoio do FMI para obterem novos empréstimos externos para
minimizarem a crise na balança de pagamentos.
O Brasil, que aderiu a política neoliberal a partir da década de 1990, o Estado funciona como um fiscalizador e regulador
dos serviços prestados pelas empresas privatizadas, através de agências reguladoras. Por exemplo a ANAEL, ANATEL, ANAC,
ANTT entre outras. Houve uma grande quantidade de privatizações de empresas privadas para reduzir o papel do estado na
economia, além da flexibilização das leis trabalhistas com medidas que reduziram os direitos dos trabalhadores através de novas
relações de trabalho como a terceirização e contratos.
O neoliberalismo, no plano internacional, tinha o objetivo de reduzir as barreiras aos fluxos globais de mercadorias e
capitais (abertura econômica e financeira), o que beneficiou principalmente os países desenvolvidos e suas corporações
transnacionais.
Entretanto, alguns países emergentes, como a China, a Índia, os Tigres Asiáticos, o México e o Brasil, também se
beneficiaram ao receber muitos investimentos produtivos e ampliar sua participação no comércio mundial. Contudo, há entre os
emergentes, aqueles que continuam dependendo muito da exportação de produtos primários o que faz com que sua balança
comercial não seja favorável.
A ampliação dos fluxos de capitais, principalmente o financeiro, e a falta de controle estatal sobre o mercado - sobretudo
nos Estados Unidos, país de forte tradição liberal - acabou levando o capitalismo a uma grave crise econômica em 2008/2009.
Nessa época surgiram vários novos países independentes todos marcados por profundos problemas socioeconômicos:
altas taxas de natalidade e mortalidade, baixa expectativa de vida, subnutrição, analfabetismo e muitos outros problemas
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associados à pobreza extrema. No pós segunda guerra, com vários países independentes, aumentou a visibilidade desses
problemas e levou o mundo a ter maior consciência das desigualdades entre os países e por isso foram criadas novas
classificações.
Os países que foram colônias no passado, hoje, possuem na maioria da sua população, um padrão de vida muito inferior
ao considerado mínimo para atendimento das necessidades básicas de alimentação, moradia, saneamento básico, saúde, educação
e trabalho, segundo estatísticas e avaliações de organismos internacionais, como a ONU e suas agências e o Banco Mundial.
Esses países que foram colônias e que hoje são chamados de países em desenvolvimento ou subdesenvolvido, apresentam
profundas desigualdades sociais e regionais e baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Muitos dos Estados africanos e
asiáticos (que conquistaram sua independência na segunda metade do século XX) e das nações latino-americanas (independentes
desde o século XIX) têm, além de diversos problemas em sua estrutura social e política, economias frágeis e dependentes. Grande
parte deles não conseguiu diversificar sua economia e continua exportando produtos primários de origem agropecuária e mineral,
como na época do colonialismo.
Com o fim da Segunda Guerra mundial, se consolida, em termos geopolíticos, um mundo bipolar, ou seja, um mundo
dividido em países: capitalistas e socialistas. Os países capitalistas eram influenciados pelos EUA e os socialistas eram
influenciados pela URSS. Com essa nova organização geopolítica do mundo, que recebeu no nome de Guerra Fria, dar se início
a uma nova forma de regionalizar o mundo que classifica os países em Primeiro, Segundo e Terceiro mundo.
3.2 - Primeiro, Segundo e Terceiro mundo.
No período da Guerra Fria (1947-1989) era comum classificar os Estados nacionais em um dos "três mundos": o Primeiro
formado por países capitalistas desenvolvidos e industrializados, são os países ricos, que no período colonial eram as metrópoles
e por isso se transformaram em economias mais diversificadas; o Segundo composto pelos países socialistas sob a liderança da
União Soviética, com economia estatal e planificada e o Terceiro integrado pelos países subdesenvolvidos capitalistas, na sua
maioria, mas também por alguns socialistas não alinhados com a então superpotência socialista, no período colonial e neocolonial
eram as colônias e por isso menos desenvolvidos.
As nações do Terceiro Mundo localizavam-se na Ásia, na África, a maioria recém independente naquele momento, e na
América Latina. As exceções de países que foram colônias e na nova geopolítica da Guerra Fria eram classificados como
primeiro mundo foram os EUA e a Austrália. Ambos colônia de povoamento e não de exploração. A expressão "Terceiro Mundo"
foi criada pelo economista francês Alfred Sauvy (1898-1990), em 1952, para se referir às nações pobres que estavam à margem
do cenário político-econômico internacional naquele momento histórico.
Conferência de Bandung
Em 1955, foi realizada em Bandung na Indonésia, uma conferência que reuniu as nações recém independentes da Ásia e
da África. Nesse encontro, o termo Terceiro Mundo passou a ser identificado como uma terceira via de desenvolvimento, uma
alternativa ao capitalismo norte-americano e ao socialismo soviético. Com isso a Conferência de Bandung lançou as bases do
movimento dos países não alinhados com a URSS e com os EUA.
O objetivo era estabelecer o futuro de uma nova força política global constituída de países do Terceiro Mundo, visando a
promoção da cooperação econômica e cultural afro-asiática, como forma de oposição ao que era considerado
colonialismo ou neocolonialismo, por parte dos Estados Unidos e da União Soviética.
Após a Segunda Guerra mundial, o fato de pertencer ao Terceiro Mundo tinha um significado geopolítico e
socioeconômico e expressava alguma identidade entre os países que pertenciam a esse grupo por isso da organização da
conferência. Essa conferência foi a primeira forma de união entre os países pobres em busca de fortalecimento de seus interesses.
Hoje, com alguns objetivos similares e funcionando de forma mais forte no cenário mundial existe os BRICS, o G-20 o IBAS,
organizações que estudaremos adiante.
Essa classificação do mundo é datada historicamente e pertence ao contexto da Guerra Fria. A regionalização
caracterizada pela divisão entre Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo foi amplamente utilizada durante a Guerra Fria, período
em que prevaleceu a rivalidade entre as duas superpotências EUA e URSS. Assim, embora eventualmente ainda seja usada, essa
classificação, atualmente não faz sentido empregar essas expressões por quê:
- No começo da década de 1990, com a extinção da União Soviética e o enfraquecimento do socialismo, o termo Segundo Mundo
tornou-se obsoleto, pois deixou de ser representativo como realidade político-econômica global. Ou seja, com o com o fim da
União Soviética e, portanto, da Guerra Fria, os países classificados como de segundo mundo deixaram de existir.
A partir de então, as preocupações mundiais voltaram-se muito mais para as desigualdades existentes entre os diversos
países no que diz respeito ao acesso às tecnologias, à distribuição de renda e ao nível de vida das populações. Nesse contexto,
foram mais utilizadas novas regionalizações, com o objetivo de expressar com mais exatidão a organização do espaço mundial
contemporâneo. Entre elas, cabe destacar a divisão do mundo em países desenvolvidos, subdesenvolvidos e em
desenvolvimento e a em países centrais, periféricos e emergentes.
3.3 - Países desenvolvidos, subdesenvolvidos e em desenvolvimento
É outro critério de regionalização que leva em conta os aspectos relacionados às desigualdades socioeconômicas entre as
nações e o nível de desenvolvimento socioeconômico. Ou seja, considera o patamar em que se encontra a economia do país e o
padrão de vida de sua população em relação aos demais países do mundo. De acordo com o critério utilizado para essa
regionalização, podemos considerar os:
Países desenvolvidos são aqueles com alto nível de industrialização, diversificado mercado de consumo de bens e de serviços e
cuja população usufrui de um elevado padrão de vida. De maneira geral, a economia dos países desenvolvidos é vigorosa, e seu
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crescimento depende, basicamente, de suas forças produtivas internas. Possuem altos investimentos em tecnologia e pesquisa o
que permite exportar produtos com alto valor agregado e ter uma balança comercial favorável. As características principais são:
Elevada escolaridade e expectativa de vida, exporta tecnologia, baixo crescimento natural da população, baixa concentração de renda,
industrializado e população predominantemente urbana, renda per capita alta, PIB Alto e são países que são sede das Multinacionais.
Países subdesenvolvidos possuem um nível de industrialização muito baixo ou com economia baseada predominantemente no
setor primário (agropecuária e atividade extrativa), dependentes tecnológica e financeiramente dos países ricos e cuja população,
em sua maioria, apresenta baixo padrão de vida. As principais características desses países são: baixo escolaridade e expectativa
de vida, alto crescimento populacional, alta concentração de renda, dependente dos países ricos, país exportador de produtos
primários, a população rural é predominante, renda per capita baixa, PIB baixo e voltado predominantemente para produtos
primário, poucas multinacionais se instalam nesses países por causa da falta de infraestrutura.
Países em desenvolvimento países que tem características dos países pobres e dos países ricos. Características que são dos
países pobres são: a população na maioria possuem péssimas condições de vida com muita desigualdade, corrupção e pobreza,
a escolaridade e expectativa de vida em transição, exporta tecnologia e matéria prima, crescimento da população em transição(
redução), alta concentração de renda, dependente dos países ricos, renda per capita em transição, PIB voltado para produtos
primários e o fato de ser nesses países que predomina a localização do processo produtivo das multinacionais. Contudo esses
países possuem reduzidas empresas que podem ser consideradas multinacionais. Já em relação as características que são dos
países ricos podemos mencionar a industrialização e o predomínio da população urbana. Contudo a industrialização é resultado
de investimentos externos, pois esses países não investem em desenvolvimento tecnológico.
Os conceitos de desenvolvimento e de subdesenvolvimento passaram a ser usados com mais frequência a partir da década
de 1950, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) começou a divulgar periodicamente dados estatísticos de diferentes
nações do mundo, como taxa de mortalidade infantil, expectativa de vida, analfabetismo, crescimento do Produto Interno Bruto
(PIB) e renda per capita. Esses dados revelaram a existência de grandes contrastes entre as nações desenvolvidas e as menos
desenvolvidas economicamente: atualmente, sabe-se que cerca de 50,5% da população mundial vive em países cuja renda per
capita anual é igual ou inferior a mil dólares, o que caracteriza uma situação de subdesenvolvimento; já uma parcela restrita da
população do planeta vive em países considerados desenvolvidos, nos quais a renda per capita anual é igualou superior a 30 mil
dólares.
3.4 - Países do Norte e do Sul
As nações desenvolvidas e as subdesenvolvidas também são chamadas, respectivamente, de países do Norte e países do
Sul. Essa denominação leva em conta, basicamente, a posição geográfica dessas nações, pois, com exceção da Austrália e da
Nova Zelândia, os países desenvolvidos encontram-se na porção setentrional do hemisfério Norte, enquanto os subdesenvolvidos
situam-se, de maneira geral, ao sul das nações desenvolvidas.
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- Países emergentes grupo formado por países que se encontram em transição e com industrialização recente. Possui características
dos países ricos e características dos países pobres. Contudo o que predomina são as características dos países pobres como
desigualdade social elevada, carência dos serviços públicos, infraestrutura precária, exportação, em sua maioria, de produtos
primários. Dentre as características dos países ricos está a exportação de produtos industrializados, apesar de predominar
produtos primários, e população urbana.
Segundo a Unctad, há os "países emergentes" e os "países menos desenvolvidos". A Unctad lista apenas dez países como
economias emergentes. Para a Unctad, os "países menos desenvolvidos", aqueles que apresentam graves problemas
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socioeconômicos e os piores índices de desenvolvimento humano, são os mais vulneráveis e os países mais pobres do mundo.
Estão nessa categoria 49 países: 34 localizados na África, 14 na Ásia/Pacífico e um na América (Haiti). São os países que
despertam mais atenção por parte dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Essa organização classifica também alguns
dos antigos países socialistas de "economias em transição". A Unctad reconhece que é difícil classificar os países e faz a
seguinte ressalva:
"As designações 'desenvolvido', 'em transição' e 'em desenvolvimento' foram adotadas por conveniência estatística e não
necessariamente expressam um julgamento sobre o estágio alcançado por um país em particular no processo de
desenvolvimento".
Já na mídia especializada em negócios, é comum países como China, Rússia, Índia, Indonésia, Turquia, África do Sul,
Marrocos e Colômbia, entre outros, também serem apontados como economias emergentes.
Entre os diversos exemplos da dificuldade de classificar os países e suas consequentes inconsistências, podemos destacar:
- a Coréia do Sul, país com um índice de desenvolvimento humano bastante elevado e uma das economias mais modernas e
competitivas do mundo, ainda aparece no grupo das economias emergentes da Unctad, embora a própria ONU já a classifique
como país desenvolvido;
- a Romênia, país do antigo bloco socialista que, embora tenha um Índice de Desenvolvimento Humano elevado, é um dos mais
atrasados da Europa. Por ser membro da União Europeia está no grupo das economias desenvolvidas.
Contudo há divergências entre a lista dos países emergentes da Unctad e a denominação recorrente na mídia internacional.
Os países que eram socialistas, mas que entraram na União Europeia, como o exemplo citado, não foram classificados como
"economias em transição', mas sim como "desenvolvidos". A Rússia, por sua vez, herdeira da União Soviética, é considerada
uma "economia em transição".
No Atlas do desenvolvimento global 2011, o Banco Mundial faz o seguinte comentário: "Economias de baixa e média
renda são muitas vezes definidas como economias em desenvolvimento.” Não se pretende com isso concluir que todas as
economias deste grupo estão vivenciando desenvolvimento similar ou que as outras economias são superiores ou atingiram o
estágio final de desenvolvimento'. Por sua vez, os países de alta renda são em geral definidos como economias desenvolvidas.
Mas há várias exceções, como a Arábia Saudita, um país de alta renda que não é considerado desenvolvido.
Segundo o Banco Mundial mesmo nos países por ele designados "em desenvolvimento" há um elevado percentual de
pobres na população, sobretudo nos do Sul da Ásia e nos da África subsaariana onde está a maioria dos "países menos
desenvolvidos". São pessoas que vivem com menos de 2 dólares por dia portanto abaixo da linha de pobreza internacional
(sobrevivem na pobreza extrema aquelas que têm renda inferior a 1,25 dólar/dia).
3.7.1 - Distribuição da pobreza
A maioria dos países que apresentam elevados percentuais de pobreza em sua população se localiza na África subsaariana,
entretanto o maior contingente de pobres ainda se encontra no Sul da Ásia e sobretudo na Índia: em 2008 eram 862 milhões de
indianos vivendo com menos de 2 dólares por dia. Os africanos nessa situação perfaziam 562 milhões de indivíduos, mas
espalhados por 47 países da região ao sul do Saara.
A China ainda possuía 399 milhões de pobres, mas foi o país que mais reduziu a pobreza desde o início da década de
1980 quando começou seu acelerado crescimento econômico.
Em 2008 apenas três regiões - Leste da Ásia / Pacífico, Sul da Ásia e África subsaariana - concentravam 95% das pessoas
que vivem com menos de 2 dólares/dia.
Entre 1981 e 2008 houve uma redução da pobreza no mundo e quem mais contribuiu para isso foi o Leste da Ásia e
sobretudo a China. A pobreza é muito desigual entre os países, mesmo nas regiões onde há mais concentração de pessoas pobres.
3.7.2 - Índice de desenvolvimento humano (IDH)
O IDH é uma medida sumária do desenvolvimento humano, que mede as realizações médias de um país em três dimensões
básicas do desenvolvimento: uma vida longa e saudável, o acesso ao conhecimento e um padrão de vida digno. Por isso o IDH
permite analisar as condições de vida de uma população, para além dos indicadores econômicos tradicionais (como renda per
capita e PIB), pois são considerados os sociais (expectativa de vida, mortalidade infantil e analfabetismo)
Analisar o desenvolvimento de um país apenas do ponto de vista macroeconômico significa obter uma visão parcial e
limitada da realidade devem ser considerados os aspectos políticos (respeito aos direitos humanos, participação política da
população, entre outros) e a sustentabilidade ambiental.
O economista indiano Amartya Sen, um dos criadores do IDH, define o desenvolvimento como um processo de expansão
das liberdades reais dos seres humanos, o que inclui o acesso a bons serviços de educação e saúde, garantias de direitos civis,
etc. Segundo ele, não podemos encarar o desenvolvimento apenas do prisma dos indicadores econômicos.
Desde 1990, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) calcula e divulga o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) de quase todos os países. Esse índice fornece um retrato mais preciso das condições de vida
das populações.
As tradicionais explicações que enfatizam as relações econômicas entre os países ao longo da História, embora não sejam
falsas, consideram apenas uma faceta desse complexo problema. Ao darem destaque à relação Norte-Sul e aos antagonismos
entre os países ricos e os pobres (e muitos nem são tão pobres) como responsáveis pelas desigualdades sociais, encobrem as
contradições internas tanto dos países em desenvolvimento quanto dos países desenvolvidos.
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por longo período, governados por ditaduras ou regimes democráticos pouco consolidados, sob o comando de elites em geral
indiferentes ao bem-estar social do restante da população. Por isso, o Estado deixa de cumprir muitas de suas atribuições básicas
e dedica-se a satisfazer aos interesses da classe social ou do grupo étnico que detém o poder. Essa apropriação do Estado por um
setor da sociedade (clã ou etnia, por exemplo) é mais comum nos países menos desenvolvidos, sobretudo na África subsaariana,
e denominada pelo sociólogo espanhol Manuel Castells de "Estado predatório". Em casos extremos, uma pessoa ou uma família
chega a comandar um país.
Em países em desenvolvimento que atingiram certo grau de industrialização, como muitos dos emergentes, é frequente um
grupo social ou partido político se apropriar do aparelho de Estado. Nesse caso, é comum a concessão de subsídios e de generosos
incentivos fiscais a diversos grupos econômicos ligados ao poder instituído, muitas vezes em detrimento de investimentos sociais que
poderiam beneficiar a maioria pobre da população. O desvio das funções do governo, a relação entre o Estado e o capital, o governo e
o partido político, a impunidade e o desrespeito à cidadania acabaram intensificando nos países em desenvolvimento, especialmente
nos menos desenvolvidos, outro fenômeno: a corrupção.
Embora não seja exclusividade desses países, este problema está fortemente arraigado na maioria deles, devido à falta de
transparência e à impunidade, e consome vultosos recursos, que poderiam ser investidos na solução dos graves problemas sociais
que enfrentam. A corrupção é um problema que aparece em todos os países: desenvolvidos, emergentes e menos desenvolvidos.
Entretanto, ela é muito mais séria nos países em desenvolvimento, especialmente nos menos desenvolvidos, onde o sistema
jurídico é frágil e a cidadania, pouco consolidada.
3.7.4 - Paraísos fiscais
Estreitamente ligada ao problema da corrupção está a questão dos "paraísos fiscais". Muitas vezes o dinheiro obtido em
esquemas ilícitos é transferido para paraísos fiscais no exterior, muitos deles localizados em países desenvolvidos ou em
territórios ultramarinos desses países.
É importante salientar que o IPC avalia apenas a corrupção no setor público, portanto, não leva em consideração que
muitos países na lista dos menos corruptos dão suporte financeiro aos criminosos que atuam no mundo, principalmente nos países
mais pobres. Ou seja, alguns países ricos e "altamente limpos" são coniventes com a corrupção. Por exemplo: a Suíça, um dos
países menos corruptos do mundo (IPC 8,8), tem um histórico de abrigar em seu sistema bancário - em contas secretas - dinheiro
oriundo de esquemas de corrupção de países em desenvolvimento. Por isso vem crescendo a pressão sobre os paraísos fiscais
para que seus sistemas financeiros sejam mais transparentes e menos coniventes com a corrupção internacional.
3.7.5 - A violência e a pobreza
Outro sério problema que várias das nações menos desenvolvidas enfrentam, sobretudo as africanas e asiáticas, são as
guerras civis que as arruínam social e economicamente. De acordo com a publicação lhe State of the World Atlas 2012, das
trinta guerras em andamento em 2010, dezessete ocorriam na Ásia (sendo cinco no Oriente Médio), nove na África (sete na
região subsaariana), três na América Latina e uma na Europa. Essas guerras atingiam principalmente os chamados "Estados
falidos", aqueles países em que a sociedade está em maior ou menor grau mais vulnerável aos conflitos violentos e à
desagregação social e econômica.
Dos quinze Estados com maior índice de falência, dez são da África subsaariana, quatro da Ásia e um do Caribe.
Alguns dos países mais pobres do mundo, muitos dos quais na lista dos "Estados falidos", têm mais despesas públicas
com as forças armadas do que com saúde e educação. É exatamente o oposto do que ocorre nos países mais desenvolvidos.
Entretanto, deve ser lembrado que o percentual gasto com armas nas maiores potências econômicas mundiais, embora pequeno
em termos percentuais, representa muito dinheiro devido ao tamanho de seus PIBs.
Em 2010, os Estados Unidos foram o país que mais gastou, em termos absolutos, com armamentos no mundo. Em termos
relativos está longe da Arábia Saudita, mas como o PIB norte-americano era de 14.587 bilhões de dólares naquele ano, os 4,8% do
orçamento de suas forças armadas corresponderam a 700 bilhões de dólares. Os sauditas comprometeram 10,4% de um PIB de 435
bilhões de dólares, o que correspondeu a um gasto total de 45 bilhões de dólares. O valor dos gastos norte-americanos com armas é
quinze vezes maior do que o dos sauditas e corresponde a uma vez e meia o PIB desse país do Oriente Médio, que é a 23ª economia
mundial (os dispêndios armamentistas da maior potência militar do planeta superam o PIB de mais de 90% dos países-membros da
ONU). Note como a situação dos países mais pobres é perversa: têm um PIB pequeno e gastam proporcionalmente mais com armas,
sobrando menos para investimentos sociais.
É importante lembrar também que os países "menos desenvolvidos" não são produtores de armamentos, por isso importam
dos países desenvolvidos (e de alguns "emergentes"), principalmente das grandes potências militares, os maiores exportadores
mundiais de material bélico. Apenas os Estados Unidos são responsáveis por 30% do comércio internacional de armas.
Enquanto bilhões de dólares são gastos em armas no mundo todo, milhões de pessoas não têm o que comer. Nos países
pobres, principalmente na África subsaariana há adultos, jovens e crianças morrendo em guerras, nas quais se usam armamentos
caros importados dos países ricos, e de fome, porque não têm como produzir alimentos nem comprar comida.
Em muitos "países menos desenvolvidos" e com graves problemas institucionais a falta de perspectivas socioeconômicas
faz com que muitos jovens principalmente do sexo masculino sejam aliciados por grupos armados. A superação da falta de
perspectivas socioeconômicas, do desalento que impera nos países pobres, passa antes de tudo por romper o círculo vicioso
pobreza-guerra-pobreza, principalmente nos chamados "Estados falidos". Contudo, essa não é uma tarefa fácil, por causa dos
interesses envolvidos tanto dos grupos que detêm o poder nesses países quanto dos exportadores de armas. Mas a tomada de
consciência internacional da importância de combater a pobreza e a desesperança mobilizou os países do mundo em torno dos
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
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reduzir a pobreza mundial e melhorar os indicadores de desenvolvimento humano dos países da África, da Ásia e da América
Latina, onde se encontra a maioria dos pobres do mundo. Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) constam da
Declaração do Milênio das Nações Unidas, documento assinado pelos países-membros da ONU (na ocasião eram 189). Todos
os países-membros da organização assumiram oito compromissos, a serem postos em prática até o ano de 2015. 1º Erradicar a
extrema pobreza e a fome, 2º Atingir o ensino básico universal, 3º Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das
mulheres, 4º reduzir a mortalidade infantil, 5º Melhorar a saúde materna, 6º Combater o HIV, a Malária e outras doenças, 7º
Garantir a sustentabilidade ambiental, 8º Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.
Como cada uma das superpotências tentava disseminar seus respectivos sistemas econômicos e seus valores político -
ideológicos, a divisão do mundo em dois blocos rivais e a emergência do conflito Leste-Oeste foram marcadas pelo antagonismo
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geopolítico-militar e pela propaganda ideológica. Cada uma delas, ao mesmo tempo que fazia esforços para ampliar sua área de
influência, tentava conter a expansão da outra, numa época marcada pela bipolarização de poder entre os EUA e a URSS, que
ficou conhecida como Guerra Fria.
Nesse período as duas superpotências, buscando manter o equilíbrio bélico e a paridade nuclear, mantiveram uma acirrada
corrida armamentista em que as armas eram construídas não para serem usadas, sobretudo os letais mísseis nucleares, e sim
para servir de instrumento para demonstração de força. Nenhum dos lados admitia ficar em posição de inferioridade. Em suma,
o que garantiu a paz durante esse período foi a premissa de que o conflito bélico asseguraria a mútua destruição por isso imperou
uma "paz armada".
Atualmente, entre as novas funções constam garantir a paz na Europa e dar apoio em intervenções internacionais, como
no Afeganistão. Ao ampliar sua atuação: fixou-se nas trocas militares de técnicas de segurança com a Europa, nas intervenções
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Conferência de Bretton Woods - Nos últimos meses, antes do final da Segunda Guerra, norte-americanos e britânicos,
preocupados com a recuperação econômica de um mundo devastado pelo conflito bélico, convocaram a Conferência de Bretton
Woods, em 1944. Os representantes dos 44 países participantes temiam a ocorrência de uma crise econômica, como a dos anos
1930, e lançaram um plano que visava garantir a reconstrução e a estabilidade da economia mundial após o término da guerra.
Nessa reunião, foi estabelecido um novo padrão monetário - o dólar-ouro, em substituição ao ouro, padrão vigente até então.
Apesar da participação de várias nações, incluindo a União Soviética e o Brasil, quem definia as regras do plano eram os Estados
Unidos e, em menor grau, o Reino Unido.
Durante a Conferência de Bretton Woods foram constituídos dois organismos que até hoje são muito atuantes no cenário
político, econômico e financeiro mundial:
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- o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), a instituição mais conhecida do Banco Mundial, e
- o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Ambos com sede em Washington, capital dos EUA, já nasceram controladas pela potência hegemônica. Ao Bird coube,
inicialmente o financiamento da reconstrução dos países devastados pela guerra e, atualmente, o financiamento a longo prazo de
projetos visando o desenvolvimento dos países-membros (188 em 2012). Em 1960 foi criada a Associação Internacional de
Desenvolvimento (AID), que hoje concede empréstimos sem juros e assistência técnica aos 81 países mais pobres do mundo
(39 dos quais na África subsaariana).
A AID, o Bird e mais três instituições compõem o Grupo Banco Mundial. Originalmente chamado Banco Internacional
para Reconstrução e Desenvolvimento BIRD, atualmente é mais conhecido como Banco Mundial. A principal atividade do
Banco Mundial é fornecer empréstimos para os países em desenvolvimento em diversos programas de capital.
O que primeiro foi uma motivação para financiar a reconstrução dos países mais prejudicados pela segunda guerra, quando
era mais conhecido como BIRD, com o passar do tempo, se tornou uma possibilidade para dar espaço aos países mais
desfavorecidos em cooperação ao desenvolvimento da sua economia e capacidade produtiva com a constituição do AID. Através
das suas iniciativas como o AID, o Banco Mundial executa programas de redução da pobreza nas regiões mais críticas a nível
mundial, dá apoio a programas de capital, promove iniciativas no âmbito da melhora do meio ambiente apoiando soluções
inovadoras, entre outras.
O Banco Mundial oferece empréstimos para dar impulso a diversas iniciativas destinadas a projetos de melhoria em áreas
como saúde, energia, saneamento, infraestrutura e, a partir deste século, mitigação dos impactos no meio ambiente, decorrentes
dos projetos socioeconômicos.
O FMI foi criado para zelar pela estabilidade financeira mundial através de duas atribuições básicas: garantir empréstimos
aos países que tenham dificuldade para fechar seu balanço de pagamentos e assegurar a estabilidade nas taxas de câmbio, sempre
tendo o dólar como padrão de referência.
Constituído no ano 1944, o Fundo Monetário Internacional é a organização encarregada do controle e monitoramento do
sistema financeiro mundial através da regulação de taxa cambial e balança de pagamentos dos países membros, prestando
assistência técnica e financeira nos casos que for necessário. Objetiva evitar acontecimentos críticos se repetirem, como a crise
do ano 1929 nos Estados Unidos. O FMI concede empréstimos a países credenciados com problemas financeiros e estabelece
rigorosas regras que os países deverão cumprir para atingir as metas impostas pelo organismo.
Conferência Econômica de Havana - Para complementar as medidas econômicas idealizadas em Bretton Woods, foi
constituído, em 1947, na Conferência Econômica de Havana, o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt, do inglês General
Agreement on Tariffs and Trade). Com sede em Genebra (Suíça), seu objetivo principal era combater medidas protecionistas e
estimular o comércio mundial. O Gatt, assim como o Bird e o FMI, sempre atuou em cooperação com a ONU. Desde 1995,
quando passou a denominar-se Organização Mundial do Comércio (OMC), tem procurado aumentar sua influência nas
questões comerciais mundiais. Durante o GATT foram realizadas sete rodadas de negociações para estimular o comércio entre
seus países membros. Quando se diz estimular o comércio entre os países significa reduzir ou acabar com as tarifas alfandegárias e
estimular o livre comércio, acabar com medidas conhecidas como dumping, reduzir a presença de medidas não tarifárias como as
restrições impostas a produtos através de requisitos sanitários, ambiental e trabalhistas e hoje se discute muito dos subsídios agrícolas.
As 5 primeiras foram para discutir a redução das tarifas: 1ª Rodada de Genebra em 1947, 2º Rodada Annecy em 1949, 3º
Rodada Torquay em 1951, 4º Rodada Genebra em 1956 e a 5º Rodada Dillon em 1960/1961. A sexta Rodada Kennedy e a
sétima Rodada Tóquio além de permanecerem discutindo formas de diminuir as tarifas começou a discutir também medidas
antidumping.
Barreiras tarifárias
Como o próprio nome induz, as barreiras tarifárias são todas aquelas formadas a partir da aplicação de uma tarifa à
importação de uma mercadoria estrangeira. Ou seja, os próprios tributos incidentes na importação são caracterizados como
barreiras tarifárias.
Tarifas “ad valorem”: são impostas na forma de um percentual incidente sobre a base de cálculo, que pode ser o valor
aduaneiro (no caso de uma importação) ou o preço normal (no caso de uma exportação). Exemplo: 35%, 20%, 10%.
Tarifas específicas (“ad mensuram”): são valores impostos sobre uma determinada unidade de medida. Exemplo: R$ 2,00
/ kg; R$ 3,00 / litro.
Tarifas mistas (compostas): são aquelas que incorporam elementos das tarifas “ad valorem” e das tarifas específicas.
Exemplo: R$ 5,00 / kg + 10%.
Tarifas técnicas: são impostas levando-se em consideração o conteúdo ou os componentes de um determinado produto.
Exemplo: R$ 3,00/ kg de couro; R$ 2,00/ kg de ferro.
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2. Cotas de Importação
As cotas de importação, seja quotas tarifárias ou não-tarifárias, representam restrições quantitativas às importações.
Enquanto que as quotas não-tarifárias consistem em um quantitativo máximo além do qual o Governo não autoriza a entrada do
produto no País, as quotas tarifárias, por sua vez, consistem em um limite quantitativo além do qual, embora o Governo autorize
a entrada do produto no País, a alíquota do imposto de importação (II) incidente é superior.
Além disso, segundo o GATT, nenhuma Parte Contratante instituirá ou manterá, para a importação de um produto originário do
território de outra Parte Contratante, ou para a exportação ou venda para exportação de um produto destinado ao território de
outra Parte Contratante, proibições ou restrições a não ser direitos alfandegários, impostos ou outras taxas.
3. Subsídios
De modo suscinto, subsídios consistem em uma contribuição financeira concedida por um governo com o objetivo de
proporcionar uma vantagem a um setor específico da economia.
Dessa forma, reduz-se os custos de produção e barateia-se o produto, levando mais competitividade ao mercado externo e
dificuldade de concorrência da mercadoria importada no mercado interno.
4. Medidas de Salvaguarda
Outra prática admitida pelo GATT e, consequentemente, pela OMC são as medidas de salvaguarda.
Essa prática nasce para salvaguardar a posição financeira exterior e o equilíbrio da balança de pagamentos de um País membro
que sofreu com surto de importações.
Sendo assim, é possível restringir o volume ou o valor das mercadorias importadas. Todavia, as restrições à importação
instituídas, mantidas ou reforçadas por um País membro não ultrapassarão o que for necessário:
Para opor-se à ameaça iminente de uma baixa importante de suas reservas monetárias ou para pôr fim a esta baixa;
Ou para aumentar suas reservas monetárias segundo uma taxa de crescimento razoável, no caso em que elas sejam muito
baixas.
5. Licenças de Importação
As Licenças de Importação representam uma autorização governamental para a realização de uma importação, sendo concedidas,
normalmente, antes do embarque da mercadoria no exterior.
No entanto, quanto essas licenças de importação forem utilizadas de forma arbitrária, tornam-se uma grave restrição às
importações.
Assim como as licenças de importação, existem outras restrições semelhantes, como as Regulamentações Técnicas, que são
medidas impostas pelos países como forma de garantir que os produtos cumpram requisitos mínimos de qualidade/desempenho.
É o caso, por exemplo, dos brinquedos, que devem cumprir normas de segurança a fim de se evitar acidentes envolvendo crianças.
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importada.
Por exemplo, caso o governo deseje proteger determinada indústria, como a agroindústria, por exemplo, poderá fixar taxas
cambiais mais elevadas na importação de carnes, soja, milho. Por outro lado, caso deseje flexibilizar a importação de outro setor,
poderá fixar taxas mais baixas que a taxa de mercado.
9. Formalidades Alfandegárias
Os procedimentos aduaneiros podem transformar-se em restrições não-tarifárias quando forem exageradamente burocráticos e
complicados, implicando em custos adicionais aos operadores de comércio exterior. No âmbito da OMC, discute-se,
atualmente, sobre a necessidade de promover a facilitação de comércio, que consiste, fundamentalmente, na desburocratização
das operações de comércio exterior.
ONU - A Organização das Nações Unidas foi criada ao final da Segunda Guerra Mundial com o objetivo de preservar a paz e
a segurança no mundo, além de promover a cooperação internacional para resolver questões econômicas, sociais, culturais e
humanitárias. O principal objetivo era evitar a eclosão de uma nova guerra. Sediada em Nova York, a ONU substituiu a Liga
das Nações, criada após a Primeira Guerra.
Em 1945, representantes de 51 países, reunidos na Conferência de São Francisco (Estados Unidos), aprovaram uma Carta
de Princípios que deveria orientar as ações da entidade no mundo após a Segunda Guerra. Contudo, durante a Guerra Fria, num
mundo bipolar, a ONU tinha sua capacidade de ação bastante limitada, pois suas decisões ora contrariavam interesses norte-
americanos, ora soviéticos. O lado que se sentia prejudicado vetava a resolução que lhe contrariasse.
A ONU e sua organização - Atualmente, a ONU conta com diversas agências e vários órgãos, dos quais os mais
importantes são a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança (CS).
A Assembleia Geral congrega as delegações dos países membros (193 em 2012). Faz uma reunião por ano (pode haver,
entretanto, sessões de emergência), mas não decide sobre questões de segurança e cooperação internacional, limitando-se a fazer
recomendações.
O Conselho de Segurança é o órgão de maior poder da ONU. É composto de delegados de quinze países-membros, dos
quais cinco são permanentes e dez eleitos a cada dois anos. O poder desse órgão está concentrado nas mãos dos cinco membros
permanentes, que têm poder de veto: qualquer decisão só é posta em prática se houver consenso entre Estados Unidos, Reino
Unido, França, China e Rússia (que substituiu a extinta União Soviética).
O CS pode investigar disputas e conflitos internacionais ou no interior de um país, propor soluções visando a acordos de
paz e adotar sanções que vão desde o corte das comunicações ou das relações diplomáticas até o bloqueio econômico. Em último
caso, pode autorizar o uso da força militar, como ocorreu em intervenções na Somália (1993), na Guerra de Kosovo (1999) e na
ocupação do Afeganistão (2001), todas sob a liderança dos Estados Unidos.
A alocação das forças de paz da ONU, como a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah),
enviadas àquele país em 2004, sob o comando do Brasil, também passa por aprovação do CS.
A ONU e sua força de decisão ameaçada - Um episódio que pôs a ONU em xeque: na guerra contra o Iraque (2003),
os Estados Unidos, com apoio solitário do Reino Unido, optaram por invadir o território iraquiano sem a autorização do CS, com
o intuito de derrubar o ditador Saddam Hussein (ele foi condenado à morte e executado em 2006). Sabendo que não teria o apoio
necessário dos membros do CS, o governo norte-americano, sob a Presidência de George W Bush (2001-2009), resolveu apostar
no unilateralismo e ignorou o órgão. Tal atitude desgastou a ONU e, por extensão, o multilateralismo construído desde sua
criação, porque fez com que a ONU perdesse a prerrogativa de decidir sobre intervenções militares. O fato de a ONU estar
sediada em Nova York é uma das evidências da influência que os Estados Unidos tinham quando ela foi criada.
Conselho de segurança da ONU na atualidade - O Conselho de Segurança da ONU continua sendo o órgão mais
importante da ONU. Contudo a sua composição não expressa a correlação de forças do mundo atual, e sim a de quando a ONU
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foi criada, resultante do desfecho da Segunda Guerra. Por isso, em 2004, o Brasil, a Alemanha, o Japão e a Índia formaram um
grupo para tentar acelerar sua reforma. Em 2005 esse grupo apresentou à Assembleia Geral um projeto que previa a expansão
do número de membros permanentes. Diante da falta de consenso, o projeto não foi acatado, mas o Brasil não desistiu de seu
propósito. Por ser o maior da América Latina em termos territorial, populacional e econômico, o país é um candidato natural a
uma vaga permanente caso o CS seja ampliado. O governo brasileiro tem feito articulações diplomáticas no sentido de conquistar
um assento permanente no Conselho de segurança. É importante um Conselho mais representativo e democrático que contemple
uma expansão dos assentos permanentes e não permanentes, com países em desenvolvimento da África, da Ásia e da América
Latina. É inaceitável a perpetuação de desequilíbrios contrários ao espírito do multilateralismo.
Portanto, mesmo os EUA, que têm procurado se manter neutros nesse debate, e os outros membros permanentes vierem
a concordar em ampliar o CS, os postulantes ainda enfrentarão problemas, já que a entrada no CS depende da aprovação de dois
terços dos Estados-membros da ONU.
Na América Latina, o México e possivelmente a Argentina, apesar da parceria no Mercosul, poderiam questionar a entrada
do Brasil. Na África, também há outros pretendentes, como o Egito e a Nigéria, que podem concorrer com a África do Sul. Na
Ásia o conflito indo-paquistanês poderia se acirrar porque o Paquistão não se conformaria com a entrada da Índia, seu inimigo
histórico. Ainda na Ásia, a China tende a vetar a entrada do Japão por não querer vê-lo fortalecido política e militarmente na
região. Na Europa a situação da Alemanha não é confortável porque os italianos também são pretendentes a uma vaga no
Conselho e não querem ser preteridos. Cada pretendente terá de angariar o máximo de apoios para conseguir seu objetivo,
principalmente na região em que se localiza. O Brasil já obteve apoio de quase todos os membros permanentes do CS, com
exceção dos EUA, que até 2012 não tinham se posicionado. O apoio da China e da Rússia foi formalizado no primeiro encontro
do Brics.
Da OECE a OCDE - Para administrar e distribuir os recursos do Plano Marshall, em 1948 foi constituída a Organização
Europeia de Cooperação Econômica (Oece). Entre 1948 e 1952 foram transferidos recursos da ordem de US$13 bilhões a
dezoito países europeus ocidentais. Os principais beneficiados pelo programa de recuperação foram: Reino Unido (24%), França
(20%), Alemanha Ocidental (11%) e Itália (10%). Grande parte desse dinheiro foi usada para comprar máquinas e equipamentos,
matérias-primas, fertilizantes e alimentos, entre outros bens, que ajudaram a recuperar a economia europeia, mas também a
estimular a indústria e a agricultura norte-americanas. A maioria dos produtos era adquirida dos Estados Unidos porque parte
desse dinheiro era doação, vinculada à compra de produtos de empresas do país, e outra parte era empréstimo.
OCDE - Em 1961 a OECE passou a se chamar Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), porque
nações não europeias foram admitidas e novos objetivos foram traçados. Os novos países não europeus desenvolvidos admitidos
foram: Japão (1964), Finlândia (1969), Austrália (1971) e Nova Zelândia (1973). Está sediada em Paris e seus fundadores foram
os 18 países beneficiados pelo plano Marshal mais os EUA e o Canadá. Durante décadas a OCDE foi conhecida como o "clube
dos ricos", congregando alguns' dos países mais ricos e industrializados do mundo.
De acordo com a Convenção assinada pelos vinte países fundadores, seus objetivos são:
- alcançar um crescimento econômico vigoroso e sustentável, gerando empregos e melhorando o padrão de vida da população
dos países-membros, enquanto mantém a estabilidade financeira;
- contribuir para a expansão econômica sustentada dos países-membros e não membros e para o desenvolvimento da economia
mundial e
- contribuir para a expansão do comércio mundial com base em acordos multilaterais.
OCDE na atualidade - A partir da década de 1990, com a entrada de México, República Tcheca, Hungria, Polônia, Coreia do
Sul, Eslováquia, Chile, Eslovênia, Estônia e Israel, a OCDE não é mais composta apenas de países desenvolvidos, como no
início. Entre os 34 países que hoje compõem a organização há economias emergentes e países do antigo bloco socialista.
Em contrapartida, Brasil e China, por exemplo, ainda não fazem parte da OCDE, apesar de maiores e mais industrializados
do que muitos membros da organização. Desde 1998 o Brasil vem mantendo um programa de cooperação com a OCDE em
diversas áreas. Por exemplo, tem participado do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês). Em
maio de 2007, o Conselho de Ministros da OCDE adotou uma resolução que iniciou tentativas com o governo brasileiro visando
à sua entrada na organização. Negociações semelhantes foram iniciadas com os governos da Rússia, China, Índia, Indonésia e
África do Sul. Portanto, há forte tendência de a OCDE ampliar o número de seus membros.
OMC - começou a funcionar em 1995 e em 2008 eram 153 membros. A China entrou em 2001. A função dela é servir de
conciliadora em relação a problemas ligados ao comércio mundial. Quando um país se sente prejudicado no comércio
internacional tem o direito de apresentar a OMC um pedido de sanção contra esta nação que está transgredindo as regras da
organização. Cabe o OMC chegar a uma decisão consensual.
Liderada pela OMC aconteceram 4 rodadas chamadas de Conferências Ministeriais da OMC. A primeira em 1996 foi
em Cingapura, a segunda em 1998 em Genebra, a terceira em Seattle no EUA, a quarta em 2001 em Doha no Catar e a quinta
em 2003 em Cancún. Nessas reuniões lideradas pela OMC as discussões tinham como objetivo conquistar a total liberalização
do comércio mundial. Contudo, há divergências de interesses entre os países emergentes e os países centrais. Os países centrais
se recusam a diminuir os subsídios agrícolas na sua agricultura e essa política protecionista prejudica os países emergentes e
periféricos.
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Foi nesse contexto que foi criado o G-20 comercial que é uma união entre países emergentes (em desenvolvimento) para
pressionar os países ricos a abolir as políticas protecionistas. Mesmo com a articulação desses países emergentes que tem grande
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legitimidade por sua capacidade de traduzir os interesses dos países emergentes em propostas concretas e consistentes a
intransigência dos países ricos faz com que o impasse permaneça até os dias de hoje.
2 - A Alemanha, embora seja uma grande potência econômica e tecnológica, recuperado sua plena soberania e se fortalecido
economicamente após a reunificação de 1990, também tem limitações geopolíticas: suas forças armadas estão sob o controle
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A Ordem Multipolar - com a eleição do democrata Barack Obama, em 2008 (assumiu em janeiro de 2009), em grande parte
ajudado pela crise de 2008, houve uma importante mudança de rumo na política externa norte-americana. Com o novo governo,
os EUA abandonaram o unilateralismo da Doutrina Bush e vêm apostando no multilateralismo, que representa a valorização
da negociação e do diálogo, até mesmo com países antes inseridos no chamado eixo do mal. Também se reaproximaram de
tradicionais aliados, como a França e a Alemanha, cujas relações estavam estremecidas desde a intervenção no Iraque, ação que
esses países não apoiaram. Com a reeleição de Obama, em novembro de 2012, para mais um mandato de quatro anos, essa
política externa teve continuidade.
A tese da unipolaridade foi totalmente superada diante de vários motivos entre eles: a nova postura política e econômica
norte-americana, o fortalecimento econômico da China, considerada à segunda economia mundial (em 2010) e principal credora
dos EUA, à emergência do G-20 financeiro e comercial e do grupo conhecido como Brics. Outro importante indicador das
mudanças na correlação de poder econômico entre as potências atuais é o fato de os Estados Unidos serem o país mais endividado
do mundo e ser justamente a China seu maior credor, superando recentemente o Japão.
Embora os Estados Unidos continuem com mais poder do que os outros países, as relações entre as potências consolidadas
e emergentes caminham para uma situação de maior equilíbrio, de maior simetria e até mesmo de maior interdependência; enfim,
para um mundo multipolar. Previsões são sempre sujeitas à prova de realidade, mas apontam um cenário de mudanças na
correlação de forças em futuro próximo, indicando a emergência de novas potências no mundo.
O grupo Brics não é um bloco econômico, não é uma aliança política nem militar. Brics é um acrônimo que define um
grupo formado por cinco importantes países emergentes no cenário internacional - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
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(que se juntou ao grupo em 2011). Esse grupo começa a se destacar no cenário mundial por causa de coleta de dados feita por
especialistas que previram que esses quatro países estarão entre as seis maiores potências econômicas do mundo em 2050. Os
dados coletados que mostram um futuro promissor foram: tamanho do PlB, taxa de crescimento econômico, renda per capita;
tamanho da população, participação no consumo global e movimentação financeira. O Brasil e Rússia possuem abundância de
recursos naturais, enquanto China e Índia, de mão de obra mercado consumidor é isso que lhes dá esse potencial de crescimento.
Os países do Brics, principalmente a China, são os que têm maior potencial para ocupar uma vaga entre as grandes
potências de um mundo multipolar em construção. Dois membros do Brics - Brasil e Rússia estão entre os maiores compradores
de títulos públicos do governo norte-americano e consequentemente passa a ser credores o que significa uma interdependência.
Fóruns de discussões do BRICS - Há, contudo, apesar de muitas diferenças internas, pontos em comum e interesses
convergentes entre seus membros, e por isso esse grupo acabou realizando fórum de discussões.
Em 16 de junho de 2009, aconteceu na Rússia a primeira reunião dos chefes de Estado e de governo dos quatro países do grupo
(antes do ingresso da África do Sul, que só viria a ocorrer em 2011), e desde então eles se reuniram outras vezes.
O objetivo deles é, antes de tudo:
a) mostrar unidade diante das potências já estabelecidas,
b) discutir estratégias para terem maior participação nas decisões políticas e econômicas que afetam o mundo e
c) obter maior projeção internacional.
Durante a III Cúpula do Bric, realizada em Sanya (China) em 2011, a África do Sul foi convidada a fazer parte do grupo,
que assim ganhou o "S" de South Africa. Apesar de ser a maior economia africana, a África do Sul tem um PlB pequeno
comparado aos outros quatro. No entanto, tem um peso político importante como representante desse continente.
IBAS - O Fórum de Diálogo da Índia-Brasil-África do Sul (IBAS) reúne três grandes sociedades pluralistas, multiculturais e
multirraciais de três continentes, isto é, Ásia, América do Sul e África, como um agrupamento puramente Sul-Sul de países com
ideais compartilhados e comprometidos com o desenvolvimento sustentável inclusivo, na busca de bem-estar para seus povos.
O que tem de comum entre essas nações que realizam o fórum esta: são potências intermediarias, com forte influência nas
regionais, democracias consolidadas e economias em ascensão. Os problemas em comum são a alta desigualdade interna o que
permite encontrar soluções juntas já que possuem o mesmo desafio.
O grupo tem como objetivo reformas nos mecanismos de tomada de decisões em nível global como exemplo: reforma no
Conselho de Segurança das Nações Unidas e são contra os subsídios dos países ricos aos produtos agrícolas locais. Ou seja,
buscam em suas reuniões estratégias de conseguirem uma ordem multipolar com maior atenção as opiniões dos países
emergentes. O grupo busca atuar de forma coordenada nos fóruns internacionais para aumentar o poder de negociação de seus
membros e, como candidatos a membro permanente do CS da ONU, defendem a reforma desse órgão.
A reunião inaugural do fórum aconteceu em dezembro de 1999, em Berlim (Alemanha) e desde então vêm ocorrendo
reuniões anuais.
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A décima reunião regular do G-20 realizou-se em novembro de 2008 em São Paulo, alguns dias depois ocorreu uma nova
reunião em Washington. Só que nessa reunião extraordinária, convocada para buscar saídas para a crise financeira, os países do
G-20 estiveram pela primeira vez representados por seus chefes de Estado e de governo. Foi mais uma demonstração da crescente
importância das economias emergentes as menos atingidas pela crise mundial.
Dando continuidade às negociações os chefes de Estado e de governo do G-20 reuniram-se novamente em abril de 2009
em Londres quando foi lançado um plano com medidas visando à superação da crise financeira global. Em razão do agravamento
da crise houve outra reunião do G-20 ainda em setembro daquele ano em Pittsburgh (Estados Unidos) e mais duas em 2010:
Toronto (Canadá) e Seul (Coreia do Sul).
Em 2012 realizou-se a sétima cúpula do G-20 em Los Cabos (México). Nela foi acordado o "Plano de Ação de Los Cabos"
com medidas voltadas à estabilização financeira e à recuperação da demanda do mercado consumidor para assegurar a
continuidade do crescimento econômico e a recuperação do emprego. Para contribuir para atingir esses objetivos foi acertado
entre os líderes do grupo um aumento da capacidade de empréstimo do FMI com um aporte de novos recursos da ordem de 456
bilhões de dólares (os Brics se comprometeram com 83 bilhões de dólares).
G-7/G-8 X G-20 - Ainda no período da Guerra Fria, além das organizações econômicas criadas em Bretton Woods e em
Havana, os países mais ricos constituíram um fórum de debates sobre a conjuntura econômica e política mundial, conhecido
durante muito tempo como G-7. Esse grupo é composto por países ricos que organizavam a política econômica de acordo com
seus interesses muitas vezes não levando em consideração os países emergentes e periféricos. Por se caracterizar como um fórum,
o grupo não tem uma sede fixa, e a cada ano o encontro acontece num país-membro, quando são debatidas as questões mundiais
de interesse do grupo.
O G-7 (Grupo dos 7) teve sua origem em um encontro realizado em 1975, no qual se reuniram representantes das
principais potências capitalistas da época: França (o país anfitrião), Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Itália e Japão.
Nasceu, portanto, como G-6.
Em 1977, o Canadá passou a fazer parte do grupo, que se transformou em G-7. Durante anos esse fórum aglutinou as sete
maiores economias do mundo.
Em 1997, num encontro realizado em Denver (Estados Unidos), a Rússia foi admitida como membro do grupo, que passou
a ser chamado de G-8. A entrada da Rússia no grupo dos países mais ricos do mundo é contraditória porque o país é classificado
como emergente. Mas como durante as negociações para a incorporação de países do Leste na OTAN a Rússia posicionou-se
contra, alegando que isso poria em risco a sua segurança, o Grupo do G 7 ofereceu a participação da Rússia no grupo. A Rússia
acabou concordando com a entrada de países do leste europeu na OTAN em troca de sua entrada no G-7, rebatizado de G-8.
O G-8 está descaracterizado porque não reúne mais as maiores economias do planeta e o cenário econômico mundial está
muito mais complexo do que na época em que foi criado. O grupo não dispõe mais de condições para continuar a ser o diretor
da economia mundial. Muitas de suas atribuições foram transferidas para o G20 financeiro que congrega países emergentes
países centrais na busca do fortalecimento da economia mundial, proporcionando uma estabilidade financeira no mercado global,
garantindo um futuro sustentado para todos os países. Diante disso os emergentes adquiriram um peso maior nas decisões
mundiais.
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Existem ainda outras formas de classificação das indústrias, como sugere o texto a seguir.
Tipos de indústrias
Segundo a função:
a) indústrias germinativas – são as que geram o aparecimento de outras indústrias. Exemplo: a petroquímica.
b) indústrias de ponta – são as indústrias dinâmicas, que comandam a produção industrial. Exemplo: as indústrias química e
automobilística.
Segundo a tecnologia:
a) indústrias tradicionais – são as que estão ainda ligadas às vantagens oriundas da primeira “revolução” industrial. podem ser
empresas familiares (empresas “clânicas”) e denunciam sua presença pelos seus aspectos internos e externos e por sua
localização. Há empresas brasileiras que são ainda deste tipo.
b) indústrias dinâmicas – são aquelas ligadas ao desenvolvimento recente da química, eletrônica e petroquímica, principalmente.
Utilizam muito capital e tecnologia e relativamente pouca força de trabalho, possuem uma flexibilidade maior de localização
do que as anteriores e operam em economia de escala.
Segundo a aplicação dos recursos ou fatores:
a) indústrias capitais intensivas – as que aplicam os maiores recursos nos fatores capital e tecnologia.
b) indústrias trabalho intensivas – as que empregam os maiores recursos em força de trabalho.
especialização do trabalho. Em muitos casos, a divisão do trabalho é tão grande ou específica que o trabalhador perde a noção
do todo ou do produto final. Em outros casos, o processo está tão modernizado que a mão de obra é quase inexistente, sendo a
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Quanto ao destino dos produtos, podemos dividir as indústrias em dois grandes grupos:
• de bens de produção - São aquelas que produzem bens para outras indústrias. Podem ser de dois tipos: as indústrias de bens
intermediários, que produzem matérias-primas que servirão de base para outras indústrias, como, por exemplo, a extrativa
mineral, a petroquímica, a siderúrgica, a metalúrgica, a do cimento e a química de base; e as indústrias de bens de capital ou
de equipamentos, que produzem equipamentos para outras indústrias, ou seja, são responsáveis em parte pelo funcionamento
destas. São exemplos as indústrias que produzem máquinas, motores, outros equipamentos, material de transporte.
• de bens de consumo - São as indústrias que produzem bens (mercadorias) para uso e consumo da população, como a indústria
têxtil, a alimentícia, a de móveis etc. Geralmente localizam-se nas proximidades dos centros consumidores.
As indústrias de bens de consumo, por sua vez, podem ser divididas em indústrias de bens de consumo duráveis
(automóveis e eletrodomésticos, por exemplo) e de bens de consumo não-duráveis (alimentos, calçados, roupas e remédios, entre
outros).
Mesmo assim, as velhas regiões fabris que haviam nascido associadas a jazidas carboníferas ou a reservas minerais
continuaram a responder pela maior parte da produção industrial do mundo. A introdução das linhas de montagens fabris e a
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emergência do sistema de produção em série, dirigido para o consumo de massas, reafirmaram as vantagens locacionais das grandes
concentrações industriais. As novas empresas e os setores industriais em ascensão beneficiaram-se do ambiente industrial criado pelas
indústrias já instaladas, mercado consumidor, força de trabalho, das redes ferroviárias e rodoviárias e serviços.
Essa dinâmica de crescimento é conhecida pela expressão economias de aglomeração. Como vimos, o meio geográfico
típico do regime fordista é o das grandes aglomerações de fábricas, de mercados de consumo e de trabalhadores.
Nas últimas décadas do século XX, com o esgotamento do fordismo e a emergência da revolução tecno científica, os
novos padrões locacionais passaram a apontar no sentido da desconcentração espacial das indústrias, ou seja, da busca de novas
áreas de localização e da emergência de novos polos produtivos, afastados das aglomerações tradicionais.
Os fatores locacionais - são as diversas vantagens que determinado lugar pode oferecer para atrair a instalação de indústrias.
No momento de optar por uma localidade para instalar uma indústria, os empresários levam em consideração os fatores mais
importantes para aumentar a taxa de lucro de seu investimento. Os principais fatores locacionais que atraem indústrias, de modo
geral, são:
• matérias-primas: minerais e agropecuárias;
• energia: petróleo, gás, eletricidade etc.;
• mão de obra: pouco qualificada (baixa remuneração) ou muito qualificada (alta remuneração);
• tecnologia: parques tecnológicos, incubadoras, universidades, centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D);
• mercado consumidor: relacionado à quantidade de pessoas e disponibilidade de renda;
• logística: disponibilidade e custos competitivos de transporte e armazenagem;
• rede de telecomunicações: telefonia fixa e móvel, internet etc.;
• complementaridade: proximidade de indústrias afins;
• incentivos fiscais: redução ou isenção de impostos concedida pelo Estado nas três esferas de poder.
Durante a Primeira Revolução Industrial, do final do século XVIII até meados do século XIX, como o carvão era a fonte
de energia usada para movimentar as máquinas, e a precariedade dos meios de transporte dificultava seu deslocamento por longas
distâncias, as jazidas de carvão mineral eram um dos fatores mais importantes para a localização das fábricas. Daí ter ocorrido
uma intensa industrialização em torno das principais bacias carboníferas britânicas, alemãs, francesas e norte-americanas, para
citar os exemplos mais relevantes. Com a Segunda Revolução Industrial, na última metade do século XIX, e a utilização de
outras fontes de energia, como o petróleo e a eletricidade, houve modernização dos meios de transporte de cargas e passageiros,
e a proximidade das jazidas de carvão foi cada vez mais perdendo importância como fator locacional das fábricas.
Os derivados de petróleo, além de serem fonte de energia, constituem matéria-prima essencial na fabricação de diversos
produtos, como plásticos, borrachas, tecidos sintéticos, fertilizantes, tintas, cosméticos etc. Um dos setores que mais cresceu
desde a descoberta dessa nova fonte de energia e matéria-prima foi a indústria petroquímica. Implantadas nas primeiras décadas
do século XX, nessa época as petroquímicas se concentravam perto das reservas de petróleo, mas a construção de oleodutos e de
grandes navios petroleiros levou à sua dispersão espacial.
É importante destacar que os custos com transporte são um dos principais fatores locacionais para as indústrias pesadas.
Por exemplo, a maioria das refinarias de petróleo se localiza próxima aos grandes centros consumidores de seus produtos, o que
nem sempre coincide com as áreas de extração, porque é mais barato transportar o petróleo bruto que seus derivados – gasolina,
nafta, querosene e outros derivados ocupam volume maior que o petróleo bruto, demandando maior custo de transporte.
Em contrapartida, a proximidade das jazidas de minérios, como ferro, manganês etc., constituem um dos principais fatores
para a localização das indústrias siderúrgicas, como as do Quadrilátero Ferrífero (Minas Gerais), porque é mais barato transportar
as chapas de aço do que o minério bruto.
Como vimos, nas últimas décadas, um fator determinante para a localização de qualquer tipo de indústria é a existência
de uma boa logística de transportes e armazenagem que possibilite o recebimento de matérias-primas e o escoamento das
mercadorias produzidas a custos competitivos. Por isso, muitos centros industriais importantes desenvolveram-se próximos a
portos marítimos ou fluviais ou ainda em entroncamentos rodoviários ou ferroviários. Centros industriais mais modernos – que
produzem bens de alto valor agregado, como os da área de informática – tendem a se localizar perto de aeroportos. Com a
mobilidade do capital e das mercadorias pelo mundo, a logística ganha importância determinante na alocação dos investimentos
produtivos no espaço geográfico.
Com o desenvolvimento tecnológico e o consequente barateamento dos transportes, as indústrias, mesmo as que utilizam
muita matéria-prima, já não precisam se localizar perto das reservas. O Japão, por exemplo, grande produtor de aço, importa
todo o minério de ferro e o carvão utilizados em suas indústrias; o Canadá, grande produtor de alumínio, importa toda a alumina
(óxido de alumínio, resultante do primeiro processamento da bauxita) necessária à sua produção. Tanto as indústrias siderúrgicas
japonesas como as metalúrgicas canadenses localizam-se em áreas onde os navios carregados de minérios podem atracar. O
Japão, contudo, não é grande produtor de alumínio, porque o que mais conta no funcionamento dessa indústria é a energia
elétrica, da qual o Canadá, por sua vez, é grande produtor. A produção de alumínio a partir da alumina consome muita energia e
tende a se localizar em países que têm grande disponibilidade de energia hidrelétrica, caso do Canadá e também do Brasil.
Antigamente, a disponibilidade de mão de obra e a proximidade do mercado consumidor eram fatores fundamentais para
a localização de muitas indústrias, sobretudo as de bens de consumo, como eletrodomésticos, alimentos e roupas. É por isso que
o fenômeno industrial esteve inicialmente ligado às concentrações urbanas, particularmente às grandes cidades, como Londres,
Paris, Nova York, Tóquio, Munique, São Paulo, Cidade do México e Seul.
Muitas vezes, a instalação de uma indústria ou de um distrito industrial promove o crescimento das cidades em seu entorno,
enquanto em outros casos as cidades atraem indústrias, que por sua vez promovem seu crescimento e as transformam em polos de
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atração de novos estabelecimentos industriais. Vê-se, portanto, que as cidades e as indústrias se influenciaram de maneira recíproca.
Isso ocorreu principalmente até meados do século XX, mas já faz tempo que as indústrias têm saído das grandes cidades.
Além desses fatores, há outro que, cada vez mais, vem ganhando importância na hora da decisão sobre onde implantar
uma nova fábrica: os incentivos fiscais. Interessadas em atrair novas fábricas, diversas esferas de governo concedem isenções de
impostos às empresas que pretendem se instalar em seus territórios. Em geral fazem essas concessões a indústrias que têm efeito
multiplicador, isto é, que atraem outras fábricas que, por sua vez, não terão incentivos, o que em geral compensa a isenção
concedida. Por exemplo, o governo de um estado concede incentivos fiscais para atrair uma indústria automobilística – como fez
o governo da Bahia com a Ford, cuja fábrica foi inaugurada em 2001, no município de Camaçari –, que atrai várias indústrias de
autopeças para seu entorno. Porém, os incentivos fiscais têm de complementar outros fatores locacionais; isoladamente não
conseguem atrair indústrias.
É comum também a cessão de terrenos para a instalação de unidades produtivas, muitas vezes até mesmo com a
infraestrutura básica já implantada. Em qualquer país, quando uma grande empresa anuncia o projeto de uma nova fábrica,
começa uma “guerra” fiscal entre suas unidades políticas internas (estados, províncias, departamentos etc.) e entre municípios
com o objetivo de atraí-la, para aumentar a geração de empregos e a arrecadação de impostos, entre muitos outros benefícios.
Atualmente, a China é o maior produtor têxtil mundial, mas também a Índia, o Paquistão e a Indonésia vêm incrementando
a produção e as vendas no mercado externo. Por sua vez, as indústrias têxteis dos Estados Unidos e da União Europeia passaram
a investir em novas tecnologias, tais como fibras químicas, tornando-se cada vez mais intensivas em capital e especializando-se
em produtos de maior valor agregado. Além disso, os países ricos e seus estilistas continuam a ditar os padrões da moda e da
elegância, no mundo todo.
Com a modernização das comunicações e dos transportes, matérias-primas provenientes do interior ou de outros países
podem chegar rapidamente aos portos, nas proximidades dos quais se instalam siderúrgicas, petroquímicas etc. Dessa forma, é
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A fase inicial de cada onda de inovação é a época de ouro dos empreendedores. Adaptando pioneiramente as novidades
tecnológicas à produção, empreendedores ousados conquistam vastos mercados. Quase do nada, surgem empresas de grande
porte, que se tornam símbolos do seu tempo. Enquanto isso, grandes empresas baseadas em padrões tecnológicos superados
entram em crise e acabam se reformulando ou simplesmente desaparecem. É na fase inicial que ocorre a "destruição criadora".
Quando a onda de inovação atinge a fase de estabilização, as novidades tecnológicas consistem em aperfeiçoamentos do padrão
tecnológico estabelecido. Essa é a época de ouro das grandes empresas, que dominam mercados já plenamente configurados. Os
pequenos empreendedores, que não dispõem de recursos financeiros vultosos, são incapazes de concorrer com as grandes
empresas. Frequentemente, seus empreendimentos e suas inovações são incorporados pelas empresas dominantes. Outras vezes,
tecnologias melhores são rejeitadas, pois um padrão menos eficiente adquiriu aceitação geral.
Na fase descendente da onda de inovação, os mercados estão saturados. A economia registra superprodução. Inúmeras
empresas revelam-se incapazes de sustentar a concorrência, cada vez mais feroz, e são incorporadas por conglomerados mais
poderosos. Essa é a época de ouro da centralização de capitais. Quando, finalmente, uma nova onda se inicia, surgem mercadorias
revolucionárias. Sob o impacto da "destruição criadora", a superprodução é eliminada pois os consumidores dirigem-se,
ansiosamente, para os novos produtos disponíveis. Assim, o ciclo recomeça, em novas bases tecnológicas.
A segunda onda caracterizou-se, ainda, por um grande salto tecnológico na siderurgia. O forno Bessemer, inventado em
1855, utilizava rajadas de oxigênio no refino do ferro fundido, permitindo a obtenção de aços de alta qualidade. No oeste da
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Alemanha, junto às jazidas carboníferas do vale do rio Ruhr, desenvolveram-se os conglomerados siderúrgicos da maior
concentração industrial europeia.
As cidades industriais típicas do século XIX - tais como Manchester e Liverpool, na Inglaterra, e Colônia, na Alemanha
- eram de tamanho médio, localizadas junto às bacias carboníferas. Elas concentravam a produção siderúrgica e a produção de
têxteis de algodão. O ritmo da produção fabril regulava a vida nesses centros urbanos, onde a maioria da população era composta
de empregados assalariados das indústrias.
A primeira onda da Revolução Industrial restringiu-se, praticamente, à Grã-Bretanha. Na segunda onda, se espraiou pela
Europa, fincando raízes na Bélgica, França, Alemanha, Suécia e, um pouco depois, na Holanda, Itália, Áustria e Rússia. Do outro
lado do Atlântico, a indústria estabelecia-se nas cidades do nordeste dos EUA. No final do século, sob o impulso da centralização
do poder político, o Japão decolava para o industrialismo.
Durante a maior parte do século XIX, a Grã-Bretanha conservou a liderança econômica. A sua frota mercante, a maior
do mundo, havia conquistado o domínio dos mares. A supremacia comercial garantiu a disponibilidade dos capitais necessários
para o investimento industrial e assegurou o controle sobre os mercados fornecedores de matérias-primas.
A Revolução Industrial abriu as portas para a formação da economia mundo, ou seja, para a incorporação de todos os
povos e continentes nos fluxos mercantis e circuitos de investimentos centralizados pelas potências industriais. Nas últimas
décadas do século XIX, navios cargueiros singravam os oceanos transportando mercadorias industriais, matérias-primas minerais
e produtos agrícolas. O imperialismo - anexando novas áreas coloniais na África e Ásia e esferas de influência na América Latina
- criou um verdadeiro mercado de dimensões planetárias.
As potências industriais importavam basicamente dois tipos de mercadorias: matérias-primas e produtos agrícolas
tropicais. Para as colônias e áreas de influência, elas exportavam seus produtos industrializados, principalmente os têxteis e
metalúrgicos. A estrutura comercial britânica revela com nitidez a divisão internacional do trabalho gerada pelas ondas iniciais
da Revolução Industrial: no século XIX, alimentos e matérias-primas constituíam 75% das importações; 85% das exportações eram
produtos fabricados.
A borracha das florestas equatoriais da África e do Brasil, o estanho da Bolívia, o cobre do Chile, do Peru e do Congo,
por exemplo, se tornara matéria-prima fundamental para as novas indústrias europeias e norte-americanas. Os navios mercantes
traziam das regiões tropicais enormes quantidades de cacau, açúcar e café, gêneros cujo consumo estava se popularizando nas
cidades da Europa e dos Estados Unidos.
O traçado das ferrovias ilumina uma das características essenciais da geografia produzida pelo imperialismo. Na França
e na Inglaterra, assim como nos demais países industrializados da Europa, foram construídos troncos principais complementados
por uma densa rede de trilhos que se espalham em todas as direções, facilitando o transporte no interior do território e unificando
o mercado interno. Nos Estados Unidos, os grandes ramais ferroviários cortaram transversalmente o território e ajudaram a
integrar o oeste agrícola ao nordeste industrial.
Entretanto, na África - como também na América Latina - as ferrovias nasceram para ligar as regiões produtoras de
matérias-primas aos portos exportadores. Até hoje, o seu traçado serve de espelho da organização do espaço produzida pelo
imperialismo. Nesse caso, o mercado externo funcionava como principal motor da economia. As redes de transporte, em vez de
integrar, fragmentavam os espaços nacionais. Junto com o espaço geográfico de dimensões planetárias, emergia uma divisão
internacional do trabalho que marcaria de forma duradoura as populações de continentes inteiros.
A divisão internacional do trabalho no capitalismo industrial envolvia também fluxos de investimentos diretos das
potências econômicas para as suas esferas de influência. Tais investimentos de capital concentravam-se, essencialmente, em
setores de infraestrutura (eletricidade, iluminação, telefonia) e transportes (ferrovias, portos).
Na última década do século XIX, a economia industrial britânica foi ultrapassada pelos Estados Unidos. Na primeira
década do século XX, era ultrapassada também pela Alemanha. Contudo, a sua duradoura liderança passada continuou, por
algum tempo, a se refletir nos investimentos de capital no exterior. No início da Primeira Guerra Mundial, os capitais britânicos
estabelecidos no estrangeiro representavam mais que o dobro dos investimentos franceses e quase o triplo dos investimentos
alemães
A geografia dos movimentos de capitais refletia, com bastante fidelidade, a influência política das potências. Os capitais
britânicos fluíam para todos os continentes, alimentando negócios no Império, na América e no Oriente. França, Alemanha e
Holanda tinham vultosos investimentos, direcionados para a Europa do leste e as colônias afro-asiáticas. Na época, os capitais
norte-americanos apenas começavam a ganhar o estrangeiro, limitando-se praticamente aos países vizinhos da América do Norte.
Os países fábricas dominavam o mundo com os seus produtos e seu capital. As economias coloniais e semicoloniais se
especializaram na produção de uns poucos produtos primários, e cada vez mais se tornavam dependentes dos mercados e
investimentos externos.
Os parques tecnológicos
Atualmente, um fator fundamental para a escolha da localização industrial é a existência de mão de obra com alto nível
de qualificação, principalmente para as indústrias de alta tecnologia. Não por acaso, as empresas de semicondutores (microchips),
informática (equipamentos, programas e sistemas), telecomunicações, novos materiais, biotecnologia, entre outras, se
concentram nos parques tecnológicos ou parques científicos, também chamados de tecnopolos. Utilizaremos esses termos
indistintamente ao longo dos próximos capítulos, embora no Brasil a expressão mais utilizada é parque tecnológico. Leia a
definição a seguir.
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Os parques tecnológicos são o exemplo mais acabado da geografia industrial do capitalismo informacional. Esses novos
centros industriais e de serviços têm relação com a Terceira Revolução Industrial, assim como as bacias carboníferas tinham
com a Primeira ou as jazidas petrolíferas com a Segunda. Os tecnopolos constituem os pontos de interconexão da rede mundial
de produção de conhecimentos e os principais centros irradiadores das inovações que caracterizam a revolução tecnológica que
se iniciou nas últimas décadas do século XX. Muitas das empresas inovadoras que existem hoje no mundo se desenvolveram
numa incubadora, no interior de um parque tecnológico.
Os tecnopolos concentram-se especialmente nos Estados Unidos, na União Europeia e no Japão, embora existam em
outros países desenvolvidos e também em alguns países emergentes: no Brics, na Coreia do Sul, em Taiwan, no México, entre
outros.
A “economia mundo” atravessou dois grandes ciclos no século XX. Até a Segunda Guerra Mundial viveu a onda
tecnológica baseada nos motores a combustão interna, no petróleo e na eletricidade. Essa onda propiciou a "idade de ouro" da
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década de 1920, caracterizada pelo intenso crescimento que se seguiu à Primeira Guerra Mundial, abruptamente interrompida
pelo crash da Bolsa de Nova York, em 1929. A Grande Depressão da década de 1930 assinalou, dolorosamente, a fase
descendente do ciclo.
Depois da Segunda Guerra Mundial o crescimento foi retomado sobre novas bases tecnológicas. A indústria eletrônica
criou centenas de novos produtos e conferiu mais um impulso à produção automobilística. O desenvolvimento da petroquímica
gerou a indústria de plásticos e fibras sintéticas. A aeronáutica civil beneficiou-se dos avanços na aviação militar, produzindo
mais uma revolução nos transportes.
A quarta onda industrial reativou a produção e a circulação de mercadorias. Nas décadas do pós-guerra, o crescimento
industrial e a ampliação do comércio mundial atingiram índices maiores que os registrados desde meados do século XIX.
A hegemonia dos Estados Unidos atingiu o seu ápice pouco depois da Segunda Guerra Mundial, quando a vitalidade das
suas indústrias contrastava com a desorganização geral dos sistemas produtivos dos países europeus e do Japão, arrasados pelo
conflito. O Produto Nacional Bruto (PNB) das cinco potências econômicas europeias e do Japão somados não atingiam o da
potência hegemônica. A quarta onda de inovação desenvolvia-se, em escala ainda mais pronunciada que a terceira, como uma
"onda americana". As novas tecnologias surgiam nas indústrias da América do Norte e os novos produtos estabeleciam-se, em
primeiro lugar, no mercado consumidor dos EUA.
O meio geográfico típico do fordismo são as concentrações industriais associadas a jazidas carboníferas, reservas minerais
ou metrópoles. Essas concentrações estruturam-se em torno de ferrovias, rodovias ou portos. No seu entorno, estendem-se
cidades ou bairros operários. A atividade sindical é intensa e as relações sociais são marcadas pelos movimentos reivindicativos
de tipo corporativo.
O meio tecnocientífico-informacional é pós-fordista. As corporações estruturam redes de âmbito global, integradas
virtualmente pelas tecnologias da informação. Essas redes abrangem centros de pesquisa e laboratórios, plantas industriais e uma
vasta gama de empresas fornecedoras de produtos e serviços. Muitas vezes, a administração empresarial foi inteiramente
separada das plantas industriais, assim como os centros de pesquisa e laboratórios. A produção em larga escala realiza-se,
frequentemente, em fábricas estabelecidas em países que dispõem de força de trabalho barata. Os diversos componentes de um
produto podem ser fabricados em lugares diferentes do mundo, selecionados em função das vantagens comparativas de cada
país. As operações produtivas repetitivas automatizam-se e a mão de obra semiqualificada é largamente substituída por robôs
industriais.
Texto de autoria de Demétrio Magnoli – Graduado em Jornalismo e Ciências Sociais pela USP e Doutor em Geografia Humana pela USP
À primeira vista, os robôs ou as novas tecnologias de produção parecem ser os únicos e mais cruéis causadores desse
desemprego. No entanto, existem outras razões de ordem econômica, social, institucional e geopolítica que, associadas à
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tecnologia, formam um conjunto que explica melhor aquilo que, para alguns analistas, significaria até mesmo o fim de uma
sociedade organizada com base no trabalho.
O sistema capitalista sofreu transformações ao longo de sua história. As mudanças podem ser profundas, acumular tensões
sociais e graves problemas econômicos, gerar crises, guerras e revoluções políticas, mas o sistema permanece basicamente o
mesmo, isto é, trata-se de um sistema produtor de mercadorias cuja venda tem por objetivo o lucro. Por isso o chamamos,
indistintamente, de economia de mercado ou economia capitalista.
No entanto, para que as empresas capitalistas produzam mais e mais mercadorias - com maior eficiência e melhores níveis
de produtividade, ganhando em competitividade em relação a outras empresas, e sempre que possível obtendo lucros crescentes
- elas precisam criar e aplicar novas técnicas e novas formas de organização da produção e do trabalho, dividir funções com
outras empresas, negociar salários, estipular taxas de lucros etc.
Mas o capitalismo não se restringe apenas às unidades empresariais e suas dinâmicas internas. Na sociedade como um
todo, existem outros componentes extremamente importantes que precisam ser levados em consideração, pois interferem na vida
das próprias empresas. Tais componentes podem ser as formas institucionalizadas, como as regras do mercado, a legislação
social, a moeda, as redes financeiras, em grande parte estabelecidas pelo Estado, ou ainda, as disputas pelo poder das nações, o
comércio internacional, a renda e o consumo de cada família, a qualidade dos recursos humanos, as convenções coletivas, as
ideias produzidas etc.
Quando esse conjunto de elementos, e muitos outros, é razoavelmente ajustado e aceito pela sociedade (não se trata de
um consenso pleno, pois sempre haverá oposições e tensões), estamos diante de um modelo de desenvolvimento capitalista
dominante, com uma organização territorial correspondente. E esse modelo permanece até que uma nova crise ocorra e novos
rearranjos sejam feitos na sociedade e no espaço.
Após a crise de 1929, o modelo de desenvolvimento que aos poucos passou a dominar nos países de tecnologia avançada
- Estados Unidos, Japão e em boa parte da Europa -, mantidas suas especificidades, levou o nome de fordismo, pois nesse modelo
foram incluídas formas de produção e de trabalho postas em prática pioneiramente nos EUA, nas décadas de 1910 e 1920, nas
fábricas de automóveis do empresário norte-americano Henry Ford.
O fordismo teve seu ápice no período posterior à Segunda Guerra Mundial, nas décadas de 1950 e 1960, que ficou
conhecido na história do capitalismo como “Os Anos Dourados”.
O modelo fordista pós-guerra, dependia da subida constante dos salários para manter o mercado ativo, ou seja, manter os
níveis de produção e de consumo crescentes. Porém, os salários não podiam crescer a ponto de ameaçar os lucros empresariais;
mantiveram-se os níveis salariais e os lucros aumentando os preços dos produtos, o que gerou uma crise inflacionária.
Nos Estados Unidos, os gastos públicos se agigantaram, tanto interna como externamente - a guerra do Vietnã foi um
exemplo. A moeda americana ficou debilitada. Esse país, que durante todo o período de domínio do fordismo assegurava a
estabilidade da economia mundial com base em sua moeda - o dólar -, viu esse sistema monetário declinar. A competitividade
da Europa e do Japão superavam a dos Estados Unidos. Assistia-se a uma verdadeira guerra comercial, que nunca deixou de
crescer.
A partir da década de 1970, a saída foi investir num novo modelo que rompesse com aquilo que era considerado a rigidez
do modelo fordista. A ordem era flexibilizar, ou seja, golpear a rigidez nos processos de produção, nas formas de ocupação da
força de trabalho, nas garantias trabalhistas e nos mercados de massa, então saturados.
As empresas multinacionais, para restabelecer sua rentabilidade, expandiram espacialmente sua produção por continentes
inteiros. Surgiram novos países industrializados. Os mercados externos cresceram mais que os mercados internos. O capitalismo
internacional reestruturou-se.
Os países de economia avançada precisaram criar internamente condições de competitividade. A saturação dos mercados
acabou gerando uma produção diversificada para atender a consumidores diferenciados. Os contratos de trabalho passaram a ser
mais flexíveis. Diminuiu o número de trabalhadores permanentes e cresceu o número de trabalhadores temporários.
Flexibilizaram-se os salários - cresceram as desigualdades salariais, segundo a qualificação dos empregados e as especificidades
da empresa. Em muitas empresas, juntou-se o que o taylorismo separou: o trabalhador pensa e executa. Os sindicatos viram
reduzidos seu poder de representação e de reivindicação. Ampliou-se o desemprego.
Os compromissos do Estado do bem-estar social foram sendo rompidos pouco a pouco. Eliminaram-se, gradativamente,
as regulamentações do Estado.
As políticas keynesianas - que se revelaram inflacionárias, à medida que as despesas públicas aumentavam e a capacidade
fiscal estagnava - forçaram o enxugamento do Estado.
A transformação do modelo produtivo começou a se apoiar nas tecnologias que já vinham surgindo nas décadas do pós-
guerra (automação e robotização) e nos avanços das novas tecnologias da informação. O método de produção americano foi
substituído pelo método japonês de produção enxuta, que combina máquinas cada vez mais sofisticadas com uma nova
engenharia gerencial e administrativa de produção - a reengenharia, que elimina a organização hierarquizada. Agora, engenheiros
de projetos, programadores de computadores e operários interagem face a face, compartilhando ideias e tomando decisões
conjuntas.
O novo método, rotulado por muitos como toyotismo, numa referência à empresa japonesa Toyota, utiliza menos esforço
humano, menos espaço físico, menos investimentos em ferramentas e menos tempo de engenharia para desenvolver um novo
produto. A empresa que possui um inventário computadorizado, juntamente com melhores comunicações e transportes mais
rápidos, não precisa mais manter enormes estoques. É o just in time.
O novo método permite variar a produção de uma hora para outra, atendendo às constantes exigências de mudança do
mercado consumidor e das mudanças aceleradas nas formas e técnicas de produção e de trabalho. A ordem é manter estoques
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EXERCÍCIOS
1) A coluna da esquerda, abaixo, apresenta o nome de duas das principais projeções cartográficas; a da direita, características
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relacionadas a uma ou a outra dessas projeções. Associe adequadamente a coluna da direita à da esquerda.
1.Projeção de Mercato (__) Mantém as formas dos continentes.
(__) As regiões polares aparecem muito exageradas.
2.Projeção de Peters (__) Dá destaque ao mundo subdesenvolvido.
(__) É excelente para a navegação.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
(A) 1 – 1 – 1 – 2.
(B) 1 – 1 – 2 – 1.
(C) 2 – 1 – 2 – 1.
(D) 2 – 2 – 1 – 1.
(E) 1 – 2 – 1 – 2.
2) Afirmar que a cartografia da época moderna integrou o processo de invenção da América por parte dos europeus significa
que os conhecimentos dos ameríndios sobre o território foram ignorados pela cartografia europeia ou que eles foram privados
de sua representação territorial e da autoridade que seus conhecimentos tinham sobre o espaço.
OLIVEIRA ,T. K. Desconstruindo mapas, revelando especializações, reflexões sobre o uso da cartografia em estudos sobre
o Brasil colonial. Revista Brasileira de História, n, 68,2014 (adaptado).
Na análise contida no texto, a representação cartográfica da América foi marcada por:
(A) asserção da cultura dos nativos.
(B) avanço dos estudos do ambiente.
(C) afirmação das formas de dominação.
(D) exatidão da demarcação das regiões.
(E) aprimoramento do conceito de fronteira.
3) No mapa, nota-se que, no norte da África, a religião muçulmana é predominante e, em direção ao sul, a sua presença diminui.
Em alguns países, tais como Nigéria, Chade e Sudão, os territórios ao norte são habitados predominantemente por
muçulmanos, em contraste com o sul, onde a maioria é formada por seguidores de outras religiões. Com base no mapa, no
texto e em seus estudos sobre o continente africano, assinale a alternativa incorreta.
(A) Os países do norte da África apresentam maior porcentagem de seguidores da religião muçulmana.
(B) A composição étnica altamente diversificada é uma exceção na África, ou seja, os países apresentam predominantemente
uma população homogênea.
(C) Em alguns países, a população de religião muçulmana concentra-se em partes específicas do território, sobretudo nas áreas
situadas ao norte.
(D) Os países africanos tiveram suas fronteiras definidas, em grande parte, pelas potências colonizadoras e é comum eles
apresentarem uma composição étnica diferenciada.
(E) A composição étnica diferenciada, a presença de seguidores de diferentes religiões e a disputa do poder político têm
propiciado a ocorrência de conflitos em diversos países africanos.
4) O impulso para o ganho, a perseguição do lucro, do dinheiro, da maior quantidade possível de dinheiro não tem, em si mesma,
nada que ver com o capitalismo. Tal impulso existe e sempre existiu. Pode-se dizer que tem sido comum a toda sorte e
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condição humanas em todos os tempos e em todos os países, sempre que se tenha apresentada a possibilidade objetiva para
tanto. O capitalismo, porém, identifica-se com a busca do lucro, do lucro sempre renovado por meio da empresa permanente,
capitalista e racional. Pois assim deve ser: numa ordem completamente capitalista da sociedade, uma empresa individual que
não tirasse vantagem das oportunidades de obter lucros estaria condenada à extinção.
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2001 (adaptado).
O capitalismo moderno, segundo Max Weber, apresenta como característica fundamental:
6) Em nosso cotidiano, ao nos relacionarmos com as outras pessoas, exprimimos, por meio de ações, palavras e sentimentos
uma série de elementos ideológicos. Como vivemos em uma sociedade capitalista, a lógica que a estrutura, a da mercadoria,
permeia todas as nossas relações, sejam elas econômicas, políticas, sociais ou sentimentais. Podemos dizer que há um modo
capitalista de viver, de sentir e de pensar.
TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 179.
Assinale a alternativa incorreta:
(A) Mercadoria não pode se denominar como a capacidade de viver, de sentir e de pensar no cotidiano;
(B) Mercadoria é o objeto externo, fabricado e com duplo valor, a saber, valor de uso e valor de troca.
(C) Mercadoria é objeto externo de duplo valor, a saber, valor de troca e valor de uso, mas que tem função objetiva, ou seja, satisfazer
a necessidade básica do indivíduo;
(D) Mercadoria é objeto externo de duplo valor, a saber, valor de troca e valor de uso e também de dupla função, isto é, objetiva e
subjetiva. A primeira, necessidade básica e, segunda, subjetiva, quer dizer, satisfaz a fantasia do indivíduo;
(E) Nenhuma das alternativas.
7) A partir do século XIII, na Europa Ocidental, o mundo feudal foi sendo gradativamente substituído pelo modo de produção
capitalista, cujo processo de desenvolvimento foi lento e ocorreu de maneira diferenciada, nas diversas regiões do planeta.
TERRA, Lygia; COELHO, Marcos de Amorim. Geografia Geral - O Espaço Natural e Socioeconômico.
Com base nessa leitura e considerando-se outros conhecimentos sobre o assunto, é INCORRETO afirmar que:
(A) um conjunto de fatores possibilitou o surgimento do Capitalismo, que é um sistema econômico regulado pelo mercado e
fundamentado na propriedade privada.
(B) o comércio criou para a nova classe social surgida nas cidades, a burguesia, que passou a controlar o crescimento econômico.
(C) na fase do Capitalismo Financeiro, que ocorreu no século XVIII, especialmente na Inglaterra e na Alemanha, a principal prática
econômica foi o mercantilismo.
(D) no início do século XX, a livre concorrência ficou em segundo plano, e o Capitalismo se transformou num sistema mais
monopolista e menos competitivo.
(E) o Capitalismo produziu um novo espaço geoeconômico, ou seja, um espaço da produção industrial, agrícola, pecuária e extrativa.
8) Capital externo são os investimentos, empréstimos ou financiamentos estrangeiros recebidos por um país. Este dinheiro pode
ser investido diretamente na produção, emprestado às empresas ou aplicado na Bolsa de Valores. Para ingressar em um país,
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os investidores trazem seus dólares, compram a moeda do país onde vão investir e fazem suas operações.
A crise mundial, que tem feito o dinheiro circular desatinadamente pelos mercados financeiros mundiais, eclodiu em 1997,
na Ásia e em 1998, na Rússia e na América Latina. Os componentes da crise são quase os mesmos nos diferentes países.
(Adaptado de Folha de São Paulo: 12 de setembro de 1998.)
Com relação aos componentes e às variáveis da crise financeira internacional, NÃO podemos apontar:
(A) o capital especulativo que busca altos lucros em prazos curtos.
(B) a desvalorização de moedas locais, em relação ao dólar, que provoca inflação e recessão econômica.
(C) a fuga de capitais quando os investidores acreditam que se tornou desvantajoso ou arriscado continuar especulando em
determinados países.
(D) a alta tecnologia de informação que acelera o movimento de entrada e restringe a saída dos fluxos de capitais entre os países
de economia mais avançada.
(E) os países emergentes que precisam atrair poupança externa para financiar ao mesmo tempo o déficit público e os
investimentos para o crescimento da economia.
(A) precariedade da legislação ambiental em vigor nos países nórdicos, caracterizados pela intensa exploração de seus recursos
florestais.
(B) expansão do capitalismo monopolista globalizado, que se caracteriza, a partir da II Guerra Mundial, pela busca de condições
mais vantajosas para a produção industrial.
(C) internacionalização da pobreza, com a presença globalizada de trabalho infantil e de condições sub-humanas de trabalho.
(D) nova regionalização do espaço mundial, caracterizada pela centralização das indústrias, e pela concentração do capital e do
trabalho.
(E) Divisão Internacional do Trabalho, caracterizada, a partir da II Guerra Mundial, pela inexistência de centros hegemônicos de
poder e pela formação de blocos econômicos.
10) Vivemos num mundo em que a lei do valor mundializado comanda a produção total, por meio das produções e das técnicas
dominantes, aquelas que utilizam esse trabalho científico universal previsto por Marx. A base de todas essas produções,
também ela, é universal, e sua realização depende doravante de um mercado mundial. A mundialização que se vê é perversa.
Concentração e centralização da economia e do poder político, cultura de massa, cientificização da burocracia, centralização
agravada das decisões e da informação, tudo isso forma a base de um acirramento das desigualdades entre países e entre
classes sociais, assim como da opressão e desintegração do indivíduo.
(SANTOS, Milton. Metamorfoses do espaço habitado: fundamentos teórico e metodológico da geografia. São Paulo:
Hucitec, 1988. Adaptado.)
O processo de mundialização, descrito por Milton Santos, é responsável por
(A) naturalizar um modelo de construção social com a prevalência de princípios de equidade social.
(B) valorizar que as nações busquem o equilíbrio de poder, independente de aspectos econômicos.
(C) promover práticas de produção que caminhem na direção do desenvolvimento econômico sustentável.
(D) estimular a competitividade e gerar a concentração do poder econômico e político dos países.
(E) desenvolver a pesquisa científica responsável e a ética, visando favorecer países em desenvolvimento.
11) Serviços como o fotolog e o Orkut, tal qual outras ferramentas para mensagens instantâneas na Internet (MSN e ICQ), não
devem ser lidos como sintomas de um mundo que a velocidade da comunicação e as tecnologias digitais teriam tornado
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“pequeno”. Ligarse em rede e “estreitar” o mundo é uma escolha, algo como uma camada adicional de sociabilidade
disponível somente para alguns, e que também, somente para alguns, faz sentido acionar.
Maria Isabel Mendes de Almeida e Fernanda Eugênio (Orgs). Culturas Jovens: novos mapas do afeto, 2006. Adaptado.
Considere o texto acima e as três afirmações:
I. As redes de comunicação propiciadas pela Internet têm a propriedade da conectividade e, ao mesmo tempo, são suscetíveis
de funcionar como instrumentos de integração e exclusão.
II. II. A revolução tecnológica pode consolidar as desigualdades sociais e também aprofundálas, produzindo um distanciamento
cognitivo entre os que já convivem com ela e os que estão sem acesso a ela.
III. III. Nesse ambiente comunicacional, as fronteiras se relativizam e tem-se a possibilidade de adicionar, às noções de espaço e
tempo tradicionais, uma nova noção de espaço: o ciberespaço.
Está correto o que se afirma em:
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
12) A Guerra Fria está de volta. A ocupação militar russa da Crimeia e os preparativos para uma possível anexação da província
do sul da Ucrânia reavivaram temores, cálculos e reflexos enferrujados desde a queda do Muro de Berlim, em 1989 (…). O
impasse já está despertando perguntas difíceis sobre o equilíbrio entre sanções e diplomacia, estabelecendo testes de
fidelidade a aliados e aumentando o risco de contágio por outros conflitos e de possíveis guerras por procuração”.
O Globo, 18 mar. 2014. Acesso em: 14 ago. 2015 (adaptado).
O risco de um retorno à Guerra Fria, com a possível volta do cenário bipolar, estabelece-se:
(A) pela oposição imperialista e política das frentes russas e norte-americanas.
(B) pela importância do papel da Ucrânia no poderio nuclear mundial.
(C) pelo choque entre o crescimento econômico russo e a crise financeira dos EUA.
(D) pelo apoio incondicional da China à Rússia, tal qual ocorreu ao longo da Guerra Fria.
(E) pela disputa entre Rússia e Estados Unidos pela influência sobre a União Europeia.
14) Leia:
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I. Com o fim da segunda guerra mundial, ficou evidente a grande desigualdade econômica, social, cientifica e tecnológica
existente entre os países.
II. Durante a segunda guerra, as principais potências mostraram ao mundo seu poderio bélico por meio de diversos armamentos,
bombas e aeronaves sofisticadas.
III. A partir da década de 1950, as expressões "países desenvolvidos e subdesenvolvidos" começaram a se torna extintas,
mudando para "países ricos e em desenvolvimento".
15) Em dezembro de 1998, um dos assuntos mais veiculados nos jornais era o que tratava da moeda única europeia. Leia a
notícia destacada a seguir.
“O nascimento do Euro, a moeda única a ser adotada por onze países europeus a partir de 1 de janeiro, é possivelmente a
mais importante realização deste continente nos últimos dez anos que assistiu à derrubada do Muro de Berlim, à reunificação
das Alemanha, à libertação dos países da Cortina de Ferro e ao fim da União Soviética. Enquanto todos esses eventos têm
a ver com a desmontagem de estruturas do passado, o Euro é uma ousada aposta no futuro e uma prova da vitalidade da
sociedade européia. A “Euroland”, região abrangida por Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França,
Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal, tem um PIB (Produto Interno Bruto) equivalente a quase 80% do
americano, 289 milhões de consumidores e responde por cerca de 20% do comércio internacional. Com este cacife, o Euro
vai disputar com o dólar a condição de moeda hegemônica.”
(Gazeta Mercantil, 30/12/1998)
A matéria refere-se à “desmontagem das estruturas do passado” que pode ser entendida como:
(A) o fim da Guerra Fria, período de inquietação mundial que dividiu o mundo em dois blocos ideológicos opostos.
(B) a inserção de alguns países do Leste Europeu em organismos supranacionais, com o intuito de exercer o controle ideológico
no mundo.
(C) a crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia levando à polarização ideológica da antiga URSS.
(D) a confrontação dos modelos socialistas e capitalista para deter o processo de unificação das duas Alemanhas.
(E) a prosperidade as economias capitalistas e socialistas, com o conseqüente fim da Guerra Fria entre EUA e a URSS.
16) Tendo como base de análise a figura e os aspectos que definiram a Primeira Revolução Industrial, considere as afirmativas
a seguir:
I. Inicia-se nas últimas décadas do século XVIII e estende-se
até meados do século XIX. A invenção da máquina a vapor
e o uso do carvão como fonte de energia primária marcam o
início das mudanças nos processos produtivos.
II. O Reino Unido foi o primeiro país a reunir condições
básicas para o início da industrialização devido à intensa
acumulação de capitais no decorrer do Capitalismo
Comercial.
III. Os mais destacados segmentos fabris desta fase foram o
têxtil, o metalúrgico e o de mineração.
IV. As transformações produtivas desta fase atingiram
rapidamente outros países como a Alemanha, França e
Estados Unidos ainda no Século XVIII recrutando operários
com salários atrativos promovendo, assim, um intenso
êxodo rural.
Estão corretas,
17) "... Um operário desenrola o arame, o outro o endireita, um terceiro corta, um quarto o afia nas pontas para a colocação da
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cabeça do alfinete; para fazer a cabeça do alfinete requerem-se 3 ou 4 operações diferentes, ...
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" SMITH, Adam. A Riqueza das Nações. Investigação sobre a sua Natureza e suas Causas. Vol. I. São Paulo: Nova Culturas,
1985.
A respeito do texto e do quadrinho são feitas as seguintes afirmações:
18) Os fatores locacionais da indústria são elementos socioespaciais necessários para atrair o maior número possível de fábricas
e empresas em um determinado local. Os conhecimentos referentes aos fatores de localização industrial permitem afirmar:
(A) A proximidade do mercado consumidor constitui o fator fundamental para a instalação das indústrias típicas da revolução
técnico-científica.
(B) Desde a Primeira Revolução Industrial, a necessidade de mão de obra qualificada constituiu um fator decisivo para instalação
de indústrias.
(C) A mais equitativa distribuição das fontes de energia e matérias-primas no planeta favoreceu a desconcentração industrial,
uma vez que esse processo busca, sobretudo, menores custos de produção.
(D) Enquanto etapa do processo produtivo, a logística para o armazenamento e o escoamento da produção tornou-se inviável,
diante do avanço tecnológico em infraestrutura de transporte e de comunicação.
(E) Fatores locacionais, como disponibilidade de mão de obra e mercado consumidor, foram, e continuam sendo, importantes
para localização de indústrias, sobretudo as de bens de consumo, o que, entre outros fatores, mostra que o fenômeno industrial
sempre esteve ligado às concentrações urbanas.
19) “O processo de desenvolvimento da atividade industrial, desde o século XVIII, não só representa a mundialização das
relações capitalistas, como também exerce papel fundamental nas transformações ocorridas na organização do espaço
geográfico e nas relações existentes entre as diversas partes desse espaço, nos mais diferentes níveis. O estudo da indústria é
fundamental para a compreensão e a análise da organização espacial.”
A partir dessas informações e dos conhecimentos sobre o desenvolvimento da atividade industrial, pode-se concluir:
(A) O artesanato foi a segunda etapa de transformação das matérias-primas e é praticado até os dias atuais, principalmente nos
países do Primeiro Mundo.
(B) A Alemanha foi o berço da atividade industrial, graças ao seu grande aproveitamento hidrelétrico, além da sua avançada
tecnologia.
(C) A Segunda Revolução Industrial teve no carvão mineral sua grande fonte de energia, o que explica a localização das
indústrias nas proximidades das bacias carboníferas.
(D) A invenção do computador, após a Primeira Guerra Mundial, na terceira década do século passado, foi responsável pelo
avanço industrial nos continentes.
(E) A industrialização não apareceu de forma homogênea em todos os países, historicamente sofreu e sofre um processo de
acumulação técnica cultural, apresentando, a cada momento, as características e as determinações da sociedade responsável
pela sua produção.
20) Dentre as consequências sociais forjadas pela Revolução Industrial pode-se mencionar:
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(A) o desenvolvimento de uma camada social de trabalhadores, que destituídos dos meios de produção, passaram a sobreviver
apenas da venda de sua força de trabalho.
(B) a melhoria das condições de habitação e sobrevivência para o operariado, proporcionada pelo surto de desenvolvimento
econômico.
(C) a ascensão social dos artesãos que reuniram seus capitais e suas ferramentas em oficinas ou domicílios rurais dispersos,
aumentando os núcleos domésticos de produção.
(D) a criação do Banco da Inglaterra, com o objetivo de financiar a monarquia e ser também, uma instituição geradora de
empregos.
(E) o desenvolvimento de indústrias petroquímicas favorecendo a organização do mercado de trabalho, de maneira a assegurar
emprego a todos os assalariados.
GABARITO:
1 B 2 C 3 B 4 C 5 B
6 C 7 C 8 D 9 B 10 D
11 E 12 A 13 B 14 B 15 A
16 A 17 E 18 E 19 E 20 A
A
R
T
S
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SUA APROVAÇAO É NOSSA MISSÃO!
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APRESENTAÇÃO
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Caro Aluno,
Este Módulo faz parte de um conjunto de elementos didáticos que por ocasião de sua produção visava dois objetivos: o
primeiro deles é oferecer um material de fácil leitura, que possa lhe ajudar a elucidar e compreender os fatos da história,
contribuindo com isso para a aquisição de informações que ajudam não só na busca dos seus ideais, mas também para toda sua
vida. O segundo foi de elaborar um material que seja resumido sem deixar de descrever todos os dados imprescindíveis para o
fim que se destina.
Buscamos elaborar um manual de história centrado na própria história, trazendo à tona informações dos fatos dentro de
uma ótica precisa, a partir do acúmulo de conhecimentos descritos pelas obras citadas pela Bibliografia do Edital do Concurso
para o QOAA/AFN. No entanto, como prevê os editais dos concursos anteriores, a bibliografia sugerida serve apenas como base
para o estudo da matéria, sem excluir outras publicações de natureza histórica, fato este que ocorreu, eventualmente, nos últimos
anos do concurso, onde foram utilizadas várias citações de autores de História não contidos na bibliografia sugerida. Portanto,
este Módulo serve como base de estudo sem excluir para o Candidato a leitura dos livros sugeridos pela MB e nem outras fontes
de História.
O Módulo I é o primeiro de um conjunto de unidades teóricas, sempre revistas, sendo, portanto, um material aprimorado
e atualizado. No entanto, como nosso período letivo inicia-se antes da publicação do Edital, caso haja alguma alteração, será
fornecido material complementar para estudo, assim como utilizaremos diretamente os livros mais trabalhados em questões dos
últimos três concursos.
Alguns concursos anteriores primaram pela utilização de gravuras e mapas como parte do enunciado das questões das
provas. Levando isto em consideração, este Módulo conta com alguns elementos visuais que buscam auxiliar na localização
geográfica ou temporal, facilitando a memorização dos fatos e a possível integração com as questões por ocasião do concurso.
Logo, este Módulo não é apenas uma adaptação das apostilas anteriores, mas sim um material moderno e inovador.
Não existem fórmulas mirabolantes em educação, o que há é dedicação contínua, tanto por parte de quem leciona quanto
por parte dos alunos. A conjunção destes esforços é, no mínimo, razão suficiente para a construção de um saber, para aquisição
de cultura e para uma melhor qualidade de vida social, tanto para você quanto para seus familiares.
O sucesso em concursos sempre é traduzido em números, mas o sucesso pessoal, este sim, é medido pela satisfação plena
do dever cumprido e da busca incessante pelos ideais de cada um.
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INTRODUÇÃO
1) Conceituando História:
O estudo de História permite ao homem o conhecimento necessário para compreender sua trajetória, facilitando
entender de que forma ele alcançou o estágio atual, onde errou e acertou, possibilitando um melhor planejamento de suas ações,
contribuindo para resultados melhores em seus objetivos.
A História abrange todas as faces da ação humana. Podemos “contar” histórias de cunho social, político, religioso
ou militar, e, independente de “qual” história estivermos falando, ela nunca será isolada no tempo ou no espaço e sempre terá
uma íntima relação de causa e consequência com outro(s) fato(s) que pode anteceder ou suceder a ele. Tudo o que ocorreu com
o homem, e este pôde registrar ou deixar ser registrado, é parte integrante de sua história.
Nenhuma sociedade chegou a qualquer patamar sem contato com outro grupo social, e o fruto dessas relações é que fazem
parte do estudo que será demonstrado em nossos módulos.
2) Datando a História:
De uma forma geral, a História é dividida em Pré-História e História. O advento da escrita permitiu grandes
avanços aos grupos sociais humanos e é o marco divisório entre uma e outra fase deste desenvolvimento primário. A partir da
escrita o homem pôde descrever por si só sua trajetória.
Em relação à Pré-História, cabe aos estudiosos desvendar os segredos a partir de vestígios deixados por estas
comunidades/sociedades, o que é genericamente denominado de Documento Histórico.
Dividimos a História Ocidental, e por influência cultural e econômica também a Oriental, em antes e depois do
nascimento de Cristo. Apesar desta figura – Jesus Cristo – ser representativa apenas para a Fé Cristã, o domínio exercido pelos
povos seguidores desta filosofia religiosa a outros povos como judeus e mulçumanos, acabou por influenciar suas culturas. A
essa classificação descrevemos como antes de Cristo (a.C. ou AC) e depois de Cristo (d.C. ou DC). Há também a inscrição AD
(Anno Domini – “Ano do Senhor”) para o período compreendido apenas após o nascimento de Cristo. Só é obrigatório escrever
a referência se ela for antes do nascimento de Cristo, como exemplo, podemos utilizar a Batalha Naval de Salamina, entre gregos
e persas, ocorrida no ano de 480 a.C.
Os judeus se encontram em um calendário que está 3761 anos à frente do calendário cristão e os mulçumanos começaram
a contar seu tempo no ano 622 da era Cristã.
O primeiro ano do calendário islâmico, ou ano 1, corresponde a 16 de julho de 622 d.C., quando ocorreu a Hégira ou
Hijra, evento histórico do Islã, que se refere à migração do profeta Maomé de Meca para Medina.
O calendário islâmico, também chamado de calendário muçulmano ou ( التقويم الهجريat-taqwīm al-hijrī, em árabe) é um
calendário lunar, logo, a contagem dos dias é feita de acordo com a observação das fases da Lua. Em 2020, teve início o ano
1442 que compreende o período entre 20 de agosto de 2020 e 9 de agosto de 2021. Em 10 de agosto de 2021 inicia o ano 1443
e vai até 29 de julho de 2022. Normalmente, a notação utilizada é 1443 AH, do latim Anno Hegirae ("Ano da Hégira"), copiando
à notação cristã AD.
O calendário muçulmano é utilizado oficialmente em muitos países, por exemplo, na Arábia Saudita. Mas também em
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muitas regiões com população muçulmana, o calendário é utilizado para marcar as celebrações religiosas, a exemplo do Ramadã.
Os calendários judaicos e islâmicos são fortemente marcados pelos dogmas religiosos dessas sociedades, o que determina,
por exemplo, que o calendário islâmico seja lunar e não solar. Essas características fazem com que os anos não sejam de 365
dias.
Existem e existiram também outros calendários que servem e serviram para a contagem do tempo por diversos povos,
com o calendário chinês (Em 2021 teve o início do ano que ocorreu em 12 de fevereiro, quando começou o Ano do Boi (Búfalo)
de Metal, que corresponde ao ano 4719 do calendário chinês, cujo término acontecerá em 31 de janeiro de 2022) e os antigos
calendários Maia e Egípcio, mas nenhum de interesse para nosso concurso.
O marco histórico “Cristo” permitiu ao homem ocidental datar um calendário que regride do infinito (∞) até o
ano 0 (zero) e progride do ano 0 até os dias atuais. Essa datação é marcada por dia, mês e ano (não necessariamente nesta ordem
para todas as sociedades cristãs) em números arábicos e os séculos em números romanos. Para comparação entre uma data e seu
século basta escrever o número do ano sempre com quatro dígitos. Caso os dois últimos números da direita terminem em 00
(zero zero), será o número formado pelos dois dígitos da esquerda. Exemplo: nascimento de Cristo – 0000 – século 0, ou
descobrimento do Brasil – 1500 – século XV (quinze). Caso os dois números da direita terminem diferente de zero, será o da
esquerda mais um (+1). Exemplo: Proclamação da Independência do Brasil – 1822 – século XIX (dezenove), Primeira Guerra
Mundial – 1914 a 1918 – século XX (vinte).
Nosso atual calendário é denominado Gregoriano por ter sido instituído pelo papa Gregório XIII em 1582. O
calendário gregoriano foi instituído a partir do calendário de Dionísio, um abade de Roma, que o fez no ano 525, a partir do
calendário romano. Portanto, podem haver algumas discrepâncias em relação à datação de alguns fatos, principalmente os
encontrados na época aC, não comprometendo a história.
Os números romanos são representados pelas letras latinas I, V, X, L, C, D e M, relacionando-os aos números
arábicos são: 1, 5, 10, 50, 100, 500 e 1000. Os conjuntos numéricos se somam caso estejam à direita de uma unidade numérica
e subtraem caso estejam à esquerda. Portanto a data de Proclamação da Independência do Brasil, em números romanos foi: VII
– IX – MDCCCXXII (7-9-1822).
Há diversos marcos históricos. Eles servem para delimitar determinados fatos, épocas ou períodos sem, no entanto,
resumi-los. Conforme já demonstrado, a história não é estática e sim dinâmica e, mesmo sendo relativa a fatos passados, ela
encontra-se em constante evolução devido a novas fontes históricas que possam surgir ou a uma nova verdade construída a partir
de uma nova visão de algum historiador. Mas os fatos são os fatos e estes não podem ser, e não serão, mudados jamais.
CAPÍTULO I
A IDADE ANTIGA
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Compreende-se como História Antiga o período que vai do início da História, a partir da invenção da escrita,
aproximadamente 4000aC, até 476dC, ano da queda de Roma Ocidental, como capital do Império Romano do Ocidente. A queda
de Roma finaliza a Idade Antiga e inicia o período conhecido como Idade Média.
1) A Relação Entre as Primeiras Civilizações e o Mar:
Os aspectos geográficos são os mais importantes para a determinação de um povo como sendo de caráter terrestre ou não.
Terras férteis e abundância de matérias-primas que suprissem um povo obrigatoriamente o fixariam em sua posição geográfica,
no entanto, a escassez de alimentos, ou de produtos, forçosamente o impeliria a sair de suas terras em busca de suas necessidades.
Notadamente, as vias de comércio e transporte fluvial ou marítimo sempre foram – e são – as mais fáceis e baratas de
serem exercidas.
Ao longo da história temos exemplos de povos que saíram de suas terras em busca de áreas mais férteis e promissoras, e
até mesmo de povos denominados nômades, que nunca tiveram uma localidade fixa. Na maioria das vezes, o que ocorreu para
que um povo deixasse seu território foi a busca pelos produtos que lhes faltavam, no entanto, a ganância econômica, a vontade
política ou a influência religiosa (e cultural) também foram determinantes.
Essa busca ocorreu através da guerra e da dominação física, passando a controlar as áreas produtoras e seus habitantes,
ou através do comércio, principalmente pela troca dos excedentes de produção 1 entre povos ou regiões, e da influência cultural ou
política.
Mas o comércio, ou a necessidade de busca por produtos, não explica por si só a opção de um povo pelo mar. Temos
vários exemplos de que esta opção se deu de modo forçado, pelas próprias necessidades naturais advindas do progresso social
de seus habitantes, pela agressão de outros povos ou pelo contínuo contato com sociedades de características marítimas.
1.1) As Profissões Marítimas:
A figura do armador, ou seja, do homem que prepara navios para viagens, dotando-o de equipamento e de tripulação, é
muito antiga na História. O armador nem sempre foi o comerciante marítimo ou proprietário do navio, no entanto, na Antiguidade
o mais comum era ser as três coisas ao mesmo tempo.
O comandante do navio, vulgarmente chamado de capitão, era geralmente um experimentado marinheiro.
O marinheiro, muitas vezes iniciado na profissão à força (costume que chegou até o século XX em muitos países), era
geralmente um homem inculto que só conhecia bem a sua profissão (também isso chegou até o século XX). A bordo cuidava das
velas, dos cabos e fazia um sem-número de funções variadas.
O mestre era um experimentado marinheiro cuja atribuição principal era a manobra do velame e a supervisão geral do
convés.
Havia ainda a figura do piloto, que às vezes era o próprio capitão; seu mister era a navegação e, para isso, tinha
conhecimentos técnicos acima da maioria do pessoal.
Tabela 1: Lista das Principais Funções da Tripulação de um Navio
1Entende-se como excedente de produção produtos agrícolas ou fabris que, não tendo mercado interno ou sendo produzido exclusivamente
para o mercado externo, passam a ser dispostos para trocas comerciais.
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que o primeiro era lento e bojudo, ao passo que o segundo era rápido e esguio, o
que se explica pelas suas finalidades. Enquanto o mercante pretendia transportar
o máximo possível de carga com um mínimo de custo operacional, o navio de
guerra queria chegar o mais rapidamente junto do inimigo para combatê-lo, pouco
importando quanto custasse isso em termos de dinheiro. Sim, porque, enquanto
um navio mercante tinha uma tripulação pequena, um navio de combate levava,
em média, 200 homens, mesmo considerando que os remadores não eram pagos
pelo seu trabalho (a maioria era formada de escravos, prisioneiros e condenados),
a necessidade de alimentá-los e mais a despesa com todos os guerreiros e
tripulantes fazia com que o navio de guerra fosse caro, que só os governos podiam
permanentemente manter.
O transporte de riquezas pelo mar deu ensejo ao surgimento da pirataria, tão antiga quanto o próprio comércio marítimo.
Isso suscitou a necessidade de os navios mercantes se defenderem, para o quê se embarcaram guarnições aguerridas, aptas para
o combate de abordagem2. A crescente ameaça ao comércio marítimo, contudo, só pôde efetivamente ser controlada pela criação
de navios especiais, com grande capacidade de manobra, cujo fim era a defesa dos poucos “navios redondos”. Assim surgiu o
navio de guerra, a serviço dos navios mercantes e, portanto, da economia de cada nação ou império.
O navio de guerra egípcio, do qual temos a melhor
descrição entre os mais remotos, tinha pouca boca, o que lhe valeu ser
chamado de “navio comprido”, pois, ao contrário do mercante, era bem
mais estreito. Tinha o fundo chato, o que, juntamente com a característica
anterior, fazia com que oferecesse pouca resistência à água. Sua
propulsão principal era o remo. Havia uma longa fileira de remos de
ambos os bordos, manejados pelos remadores que eram acorrentados aos
bancos para que não tentassem fugir na hora do combate; obviamente
morriam quando o navio afundava.
Os navios de guerra possuíam também velas, cujos mastros eram
arriados na hora da batalha para evitar que sua queda atingisse os
ocupantes do navio.
As velas eram usadas nas travessias longas, longe do inimigo, a
fim de poupar os remadores, e no caso de haver necessidade de bater em
retirada para aumentar a velocidade de fuga; de fato, “içar as velas” era,
no combate, sinônimo de “fugir”.
Por causa do seu fundo chato e de sua pouca resistência aos temporais, os navios de guerra não fundeavam como os
mercantes; eram puxados para terra, ficando em seco. Essa circunstância ocasionou algumas “batalhas navais” travadas em terra,
quando acontecia de um inimigo atacar a esquadra antes que os navios pudessem ser postos a flutuar. Os principais eventos
ocorreram na Batalha de Micale (479aC), na qual os gregos venceram os persas, e na Batalha de Egos-Pótamos (405aC) em que
os espartanos venceram os atenienses.
Quanto às suas dimensões, sabemos que uma trirreme grega tinha geralmente 25 metros de comprimento por apenas seis
metros de boca. O navio de guerra conduzia a bordo, além do pessoal marítimo como qualquer navio, os guerreiros e os
remadores. Os guerreiros eram soldados terrestres que simplesmente embarcavam e seus comandantes lideravam a batalha naval.
Mais tarde, porém, o combatente do mar foi se distinguindo do combatente de terra, e o ateniense Formion 3 será o primeiro
“general do mar”, ou seja, o primeiro almirante.
A arma principal do navio de guerra não era o soldado que ia a bordo, mas uma protuberância colocada na proa à linha
d’água chamada esporão, aríete ou rostrum, destinada a penetrar profundamente na nave inimiga e, assim, pô-la a pique;
acontecia, porém, muitas vezes, que o esporão se quebrava com o choque e o navio atacante, com um rombo na proa, também ia
a pique. Foram os fenícios os grandes aperfeiçoadores do esporão, que passou a ser revestido de bronze, o que o tornou ainda
mais temível.
2) Os Povos da Antiguidade:
Vários povos participaram do início de nossa jornada na terra. A região compreendida pelo Mar Mediterrâneo,
abrangendo o continente Africano, Asiático e Europeu, foi o cenário para o florescimento das principais nações que
compreenderam este período. A presença do homem é comprovada neste mesmo período no continente Americano e na Oceania,
mas infelizmente não fazem parte de nosso estudo povos como os astecas (na América) e os aborígines (Oceania), bem como os
povos asiáticos da face leste do continente, banhados pelo oceano Pacífico e dos africanos voltados ao oceano Atlântico Sul ou
ao Índico.
O Mediterrâneo (terra do meio) foi a principal via de formação das culturas ocidentais e de várias asiáticas e africanas.
As primeiras civilizações4 surgiram nesse cenário até a região compreendida pela Mesopotâmia (“Terra entre Rios” – Tigre
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4 Civilização: Termo empregado a partir da Revolução Francesa por estudiosos iluministas para classificar uma sociedade pelo seu estágio de
desenvolvimento.
5 A concepção de indústria não pode ser vista aos olhos da atualidade no sentido de fábrica mecanizada. Os produtos eram rudimentares e o
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7 Compreende-se por especiarias todos os produtos que alcançavam grande valor econômico, seja para uso culinário, cosmético, farmacológico
ou de ornamentação. Os produtos de cunho religioso geralmente alcançavam os mais elevados preços, tornando-se os principais nas relações
de troca.
8 As invasões constantes tiveram grande efeito sob a cultura egípcia, sobretudo o domínio macedônio de Alexandre que permitiu a penetração
da ideias gregas na sociedade egípcia. Esse domínio instaurou uma dinastia de origem macedônica chamada ptolomaica ou lágida, à qual
pertenceu Cleópatra. Seu filho com o imperador romano Júlio César foi o último faraó ptolomaico, tendo todo o Egito caído nas mãos dos
romanos de modo definitivo. Até o fim da dinastia ptolomaica a dominação romana se restringia a retirar do Egito apenas os grãos necessários
para a subsistência do povo romano em todo o Império.
9 Levante: lado onde o sol nasce, a leste, também chamado de Nascente em contraposição de Poente (onde o sol se põe).
10 O fato mais importante foi a Batalha Naval de Ácio ou Actium, na guerra contra o triunvirato romano.
Em suma, o Egito antigo se caracteriza, sob o ponto de vista marítimo, como uma nação continental que se desenvolveu
inicialmente livre da influência das rotas oceânicas e que, por força do próprio progresso, foi levada a participar cada vez mais
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das atividades nos mares. A evolução egípcia exemplifica também a tendência de povos interiores buscarem a saída livre das
rotas marítimas, como decorrência inevitável do seu desenvolvimento.
Os amoritas foram seguidos por hititas, cassitas e por fim assírios. Foram os assírios que organizaram militarmente a região,
usando carros de guerra e armas de ferro, muito superiores as de cobre utilizadas pelos seus vizinhos. Após estes, vieram os caldeus e
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os medos. Estes foram tão importantes nas guerras organizadas entre os persas e os gregos, que por tal motivo foram chamadas de
Guerras Medas.
Ciro I (559 - 529 aC), rei persa, foi quem dominou a região do Império Babilônico em 539 aC, submetendo seus vizinhos medos.
Com a prática expansionista, os persas logo invadiram a Mesopotâmia, a Palestina e a Fenícia, chegando ao Ocidente à Ásia Menor e,
no Oriente, à Índia.
Ciro, o principal conquistador, foi bastante hábil em se aliar às elites locais dos territórios conquistados em vez de simplesmente
submetê-las, garantindo relativa estabilidade a um vasto império. Seu filho e sucessor, Cambises, atacou o Egito, conquistando o vale
do Nilo após a vitória na batalha de Pelusa (525 aC). Contrariando as regras de tolerância de seu pai, deu início a um período de
centralização autoritária e de submissão dos povos conquistados.
O período de maior florescimento persa ocorreu no reinado de Dario I (524 - 484 aC), que dividiu
o império em províncias, as satrápias. Os sátrapas eram encarregados da cobrança e do pagamento de
impostos ao imperador. Foi Xerxes I, sucessor de Dario I, que deu prosseguimento às invasões a Grécia
que acabaram resultando na decadência do Império Persa e o início do apogeu do povo grego nas Guerras
Medas.
Os hebreus foram um caso à parte da história da região. Voltados diretamente para o Mediterrâneo
tiveram vários episódios de contato com os demais povos mesopotâmicos, ora sendo invadidos por esses
ora sendo os dominadores. Estão os hebreus e os judeus 11 diretamente relacionados às culturas religiosas
mais influentes do mundo atual, concentrando mais de 90% da população mundial entre cristãos, judeus e
mulçumanos.
Os povos da antiga Mesopotâmia eram politeístas, ou seja, adoravam vários deuses, que
representavam elementos da natureza. Acreditavam que esses deuses – que habitariam os zigurates,
templos em forma de pirâmides – podiam interferir em sua vida, causando o bem e o mal. Ishtar, deusa da chuva, da primavera e da
fertilidade, ganhou muita importância na. Havia também deuses próprios de cada cidade. Os povos mesopotâmicos destacaram-se na
ciência, arquitetura e literatura. Observando o céu, os sacerdotes desenvolveram os princípios da Astronomia e da Astrologia. Os
zigurates, além de morada dos deuses e de abrigar celeiros e oficinas, eram também verdadeiras torres de observação dos céus.
Possibilitaram cálculos do movimento de planetas e estrelas e a posterior elaboração de sofisticados calendários. Foram os
mesopotâmios que elaboraram o calendário dividindo o ano em doze meses e a semana em sete dias, cada um dos quais dividido em
dois períodos de doze horas.
Os mesopotâmios desenvolveram ainda cálculos algébricos, dividiram o círculo em 360 graus e calcularam as raízes quadrada
e cúbica. Sua arquitetura introduziu o uso de arcos e a decoração em baixo-relevo. Na literatura, criaram poemas e narrativas épicas,
como a epopeia de Gilgamesh. Esse texto, considerado por alguns estudiosos a narrativa escrita mais antiga de que se tem notícia (c.
2000 aC), conta as aventuras do lendário rei sumério Gilgamesh, de Uruk, na Mesopotâmia, que teria sido o quinto rei da primeira
dinastia após o dilúvio de Uruk. Um dos episódios traz a referência ao dilúvio, narrativa recorrente em muitas culturas, estando presente
nas narrativas mais antigas do Velho Testamento, que faz parte do livro sagrado dos judeus e dos cristãos.
No Império Persa, assim como entre outros povos da Antiguidade oriental, a população estava submetida à servidão coletiva e
prestava serviços obrigatórios ao Estado. O comércio era realizado por povos subjugados, como fenícios, babilônios e hebreus. A
burocracia, formada pelos sátrapas e sacerdotes, tinha grande importância na sustentação do poder imperial.
O poder do imperador era garantido pelo seu numeroso exército, mantido com propósitos expansionistas. A existência desse
exército, porém, não impediu o fracasso dos ataques feitos por Dario I e seu sucessor, Xerxes I, à Grécia. Durante quase todo o século
V a.C., os gregos e os persas se enfrentaram em conflitos que se tornaram conhecidos como Guerras Médicas – nome que faz referência
ao povo medo, da Pérsia – ou Guerras Greco-Pérsicas. Em seu expansionismo, os persas haviam dominado as cidades gregas da
Anatólia, na atual Turquia, prejudicando o comércio da Grécia com o Oriente. Os gregos lutavam pela independência dessas cidades.
11 Os judeus são parte do povo hebreu, sendo resultado de uma divisão que ficou conhecida como diáspora, ficando os hebreus com a capital
em Samaria e os judeus na Judéia.
12 Talassos = mar e cratos = governo, ou seja, literalmente, “governo do mar”; diz-se do governo que é dominado por homens ligados ao
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provê a explicação para esse interesse. A Fenícia, na época mais brilhante de sua história, não era mais que uma região estreita
que, desde Arad até o Monte Carmelo, entendia-se num comprimento de 50 léguas do 35º ao 33º grau de latitude norte e numa
largura, entre o Mediterrâneo e as escarpas rochosas do Líbano, de 3 a 10 quilômetros. Tal território não podia sustentar seus
habitantes, pois a agricultura oferecia um rendimento mísero pela escassa fecundidade do solo. O país se compunha de ravinas
por onde desciam torrentes de neve fundida.
Compreende-se porque os habitantes consideravam, desde época muito remota, o mar como fonte de seu sustento. O
Monte Líbano não lhes permitia ir para o interior das terras, no entanto fornecia-lhes madeira de construção naval, como
pinheiros, ciprestes e cedros. A costa, por sua vez, oferecia uma série de portos naturais, nos quais os fenícios construíram as
cidades onde se instalou uma população de pescadores e marinheiros com uma aristocracia 13 (talassocracia) de comerciantes.
Depois de terem buscado na pesca a
subsistência que a terra não lhes podia oferecer, eles
se fizeram mercadores e piratas, favorecidos pela
posição geográfica de seu território em frente aos
países fecundos da Bacia Mediterrânea, ao lado dos
estados antigos de maior desenvolvimento cultural e
industrial e colhendo, por meio do comércio, as
riquezas do Levante e distribuindo-as pelas regiões do
Oeste. Foram os fenícios os primeiros a romperem
com a tradição do comércio terrestre.
Organizavam-se em cidades-estados
interdependentes chefiadas pela elite mercantil.
Beirute, Aca, Jaffa e, sobre todas elas, Biblos, Tiro e
Sidon, se tornaram os pontos de apoio de uma
atividade mercantil que enlaçava os círculos culturais
asiáticos e egípcios, tornando os fenícios depositários
de uma vasta cultura mediterrânea que influenciou a
cultura dos gregos e, mais tardiamente, dos romanos.
Os fenícios exploraram sucessivamente as costas do Mediterrâneo Oriental e as ilhas dos arquipélagos, oferecendo aos
gregos, ainda bárbaros, os produtos da indústria egípcia ou asiática. Quando podiam aprisionavam mulheres e crianças para as
venderem como escravos noutro lugar. Com intuição feliz, andavam e procuravam, nos vários centros, a matéria-prima que
escasseava, não só no próprio país, mas nas regiões e nos estados vizinhos. Souberam se tornar indispensáveis a tal ponto, que
obtiveram dos faraós egípcios o monopólio da grande e pequena cabotagem 14 entre os portos daquele Império.
Unindo a audácia aventureira do marinheiro à habilidade do mercador, eles conseguiram rapidamente estabelecer entre
os povos disseminados ao longo do Mediterrâneo e além das Colunas de Hércules (estreito de Gibraltar) um sistema de trocas
intensas.
As invasões egípcias efetuadas sob as dinastias XVII, XIX e XX não parecem ter afetado o desenvolvimento comercial
dos fenícios. Aceitando o domínio dos faraós, em troca obtiveram o monopólio do comércio egípcio e puderam estender suas
relações ao mesmo tempo sobre o Mediterrâneo e o mar Vermelho. É nessa época que se situa a fundação das primeiras colônias
fenícias na costa da Cária e da Kilídia, em Chipre, em Creta, em várias ilhas dos arquipélagos e do norte da África. Sidon que
não tinha sido na origem senão uma cidade de pescadores herdou a supremacia antes exercida pelas cidades de Arad e Biblos,
tornando-se a metrópole de um vasto império marítimo.
Forçados mais tarde pelos progressos da Marinha grega a se retirarem, pouco a pouco, das ilhas dos arquipélagos
do mar Egeu, os fenícios estabeleceram numerosos empórios na parte ocidental do Mediterrâneo, na Espanha, Gália, Itália,
Sicília, Malta, Córsega, Sardenha e ilhas Baleares. Entre os séculos XI e IX a.C., depois da fundação da Utica (na Tunísia) e de
Cádiz, antes de Cartago, os fenícios desenvolveram as trocas comerciais na parte ocidental do Mediterrâneo. Para proteger a rota
mercantil de Gades (Cádiz) e de Malaca (Málaga), criaram estações marítimas na Sicília da mesma forma que na Tunísia, nos
pontos do litoral onde havia os melhores portos naturais. As ilhas vizinhas, Malta, Gozo, Pantelaria e Lampedusa, foram
transformadas em estações marítimas.
Na Sicília, o avanço dos colonos gregos no começo do século VIII aC, provocou a retirada gradual dos fenícios para o
noroeste da ilha onde eles conservaram as cidades de Panormium (mais tarde Palermo), Motya e Solans, que estavam bem
colocadas para curtas travessias à vela em direção a Cartago, esta já uma cidade florescente.
13 Aristocracia: tipo de organização social e política em que o governo é monopolizado por um número reduzido de pessoas privilegiadas, não
raro por herança como fidalguia, nobreza. Grupo de indivíduos que se distinguem pelo saber.
14 Cabotagem: termo utilizado para fazer referência às navegações de Cabotto, navegador italiano que percorria a costa de ponto em ponto para
demarcá-la. A navegação de cabotagem é aquela feita de porto em porto de pequena distância, em contraponto a navegação de longo curso.
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15 s.f. Mudança das coisas que se sucedem, alternativa, alternância, eventualidade, acaso, azar, revés, instabilidade.
16 Derrota: termo utilizado na marinharia significando rota, caminho ou direção tomada pelos navios.
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Graças à sua situação geográfica favorável, no norte da África, do lado ocidental do Mediterrâneo e de frente à península 17
Itálica, e à intensa atividade comercial exercida por seus habitantes, Cartago se tornou a mais poderosa das colônias fenícias do
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Ocidente. Ela era o único grande centro africano ao qual afluíam as caravanas do interior do Continente Negro, de modo que o
tráfego incessante a enriqueceu com singular rapidez.
Depois que Tiro perdeu a primazia comercial e política em consequência do desastroso domínio assírio, Cartago a
substituiu na proteção das colônias fenícias e se converteu no centro de um verdadeiro império marítimo e comercial. No começo
do século VaC, sua preponderância era reconhecida pelas comunidades que Tiro e Sidon haviam fundado ao longo da costa do
Mediterrâneo Ocidental, até além das “Colunas de Hércules” (Estreito de Gibraltar). Cartago exercia hegemonia na Sicília
Ocidental, na Sardenha, nas ilhas Baleares, nas costas meridionais da Espanha e em toda África do Norte até a Cirenaica. Tanta
riqueza fácil ensoberbeceu a classe dirigente que cedeu à tentação de uma política imperialista, com dano das terras vizinhas,
para usufruir em proveito próprio e monopolizar em sua exclusiva vantagem os recursos do mundo Mediterrâneo Ocidental. Os
territórios submetidos passaram a constituir não somente pontos de apoio para o imperialismo marítimo cartaginês, mas também
zonas de ocupação e barreiras que abrangiam a Bacia Ocidental do Mediterrâneo. Esse mar formava assim uma espécie de mar
fechado, submetido ao domínio ilimitado e ao controle rigoroso dos cartagineses. Os cartagineses tinham por norma atacar e
afundar os navios estrangeiros surpreendidos nas zonas marítimas reservadas ao seu tráfego.
Para atingirem o império absoluto do comércio do Mediterrâneo, os
cartagineses fizeram de sua cidade um porto privilegiado. Para ele afluíam
todos os produtos transportados dos empórios, colônias e portos
estrangeiros. Assim, o porto de Cartago se tornou o grande mercado do
Mediterrâneo Ocidental e o ponto de cruzamento de todas as vias marítimas
pelas quais refluíam em seguida para a periferia as mercadorias importadas.
Cartago tomou, por outro lado, medidas enérgicas para guardar no
Atlântico, e ao longo de toda a costa mediterrânea da África do Norte, o
monopólio do comércio. Se no mar Tirreno, nos golfos de Gênova e de Lião
e ao longo da Espanha Oriental ela não pôde afastar os gregos, conseguiu
lhes interditar o acesso a todas as regiões sobre as quais exercia autoridade
política ou hegemonia econômica.
Pode-se dizer que a política cartaginesa do monopólio do mar deu
resultados surpreendentes, considerando que os gregos no século VaC não
se aventuravam no Mediterrâneo Ocidental.
Toda essa série de medidas e o empenho com que foram mantidas
demonstram que a política geral de Cartago parece ter sido, sobretudo,
inspirada por preocupações comerciais. Ao contrário da Roma Republicana,
negociar para o cartaginês era uma grande honra. A aristocracia não se considerava diminuída, consagrando seus recursos e
atividades aos afazeres comerciais. Muitos nobres eram armadores ou banqueiros. Cartago foi uma das cidades antigas onde o
comércio foi mais poderoso e onde pesou mais pelos destinos da nação. Aníbal, depois da derrota de Zama, parece ter
compreendido isso. Ele se esforçou por medidas enérgicas para tirar o Estado da tirania dos magnatas financeiros.
Contudo, a intervenção do Estado se mostrou muito eficaz na organização de expedições de fins comerciais através dos
mares ainda inexplorados. A esse respeito, convém notar a viagem marítima realizada por Hannon ao longo da costa ocidental
da África. Os novos itinerários marítimos descobertos pelos exploradores cartagineses eram mantidos secretos e cuidadosamente
guardados nos arquivos do Estado (protecionismo) 18. A tendência dos cartagineses a reforçarem constantemente seu domínio
comercial, a combaterem toda concorrência estrangeira e a dominarem as rotas marítimas também é constatada pelo fato de o
Estado Púnico possuir uma frota mercante e militar inteiramente nacionais, ao contrário das forças de terra, que eram constituídas
por mercenários. Com isso eles queriam evitar que um dia surgissem cidades rivais de Cartago, mesmo entre as cidades fenícias
confederadas.
Nas vésperas das Guerras Púnicas19, o domínio comercial de Cartago, tanto no Mediterrâneo como no Atlântico, era
considerável. Para explorar esse domínio, Cartago dispunha de um aparelhamento do qual se conhecem certos elementos. A frota
mercante era conhecida pelas dimensões de suas unidades, grandes galeras que navegavam a vela e, na falta de vento, a remo,
pela habilidade das guarnições e dos comandantes que não se contentavam em seguir o litoral, mas enfrentavam o alto-mar,
observando os astros. Essa frota encontrava escalas, refúgios, pontos de apoio habilmente escolhidos e bem aparelhados. As
construções navais tinham lá lugar importante, empreendidas e dirigidas algumas por armadores e outras pelo próprio Estado.
Políbio, um Geógrafo e Historiador grego, registrou na sua obra Histórias que os cartagineses eram hábeis nessa indústria. A
África lhes fornecia as madeiras e a Espanha o esparto20 para o aparelho. O aparelhamento dos portos e a organização dos
estaleiros e oficinas especiais progrediram juntamente com a navegação. Para conservar as comunicações livres e manter as
colônias na dependência absoluta, grandes frotas de guerra impediram o desembarque de rivais ou inimigos.
17 Península: Porção de terra cercada de água por três lados e mantendo sua ligação com uma porção de terra maior.
18 Protecionismo: Prática ou doutrina de proteção aos produtores de um país ou região, em geral pela imposição de obstáculos à importação de
produtos concorrentes, por meio de tarifas alfandegárias, etc.
19 Púnico: relativo ou pertencente aos cartagineses ou a Cartago, cidade-estado fundada pelos fenícios em 814 aC, na região próxima à atual
Túnis (Tunísia, N. da África), e que foi destruída pelos romanos em 146 aC e pelos árabes em 698 dC.
20 Esparto: planta medicinal, da família das gramíneas (Stipa tenacissima), cujas folhas se empregam no fabrico de cestas, cordas, esteiras,
etc...
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Por ocasião das guerras púnicas, Cartago construiu navios de cinco (quinquirremes) e de sete (septirremes) fileiras de
remos os quais podiam transportar cento e vinte soldados e trezentos marinheiros. Contra Siracusa, Cartago armou cento e
cinquenta e dois navios, e contra Roma muitos mais. Para Xerxes consta que Cartago forneceu dois mil grandes navios de
transporte por ocasião das guerras medas.
A política comercial cartaginesa, se foi nociva para os povos marítimos rivais, como os gregos e romanos, não o foi menos
nociva para as comunidades fenícias confederadas cujos interesses foram sacrificados aos fins particulares exclusivistas da cidade
que as dominava. É fácil compreender como o princípio do mar livre (mare nostrum), pregado pelos romanos durante a luta com
o estado cartaginês (Guerras Púnicas), atraiu bem cedo o favor e o apoio das populações submetidas ao jugo marítimo de Cartago,
com grande dano para esta.
Assim, Roma, ao destruir o domínio cartaginês sobre os mares, não somente livrou a classe comerciante italiana de um
longo pesadelo, mas abriu as rotas marítimas do Mediterrâneo a todos os povos que por muito tempo haviam sido oprimidos.
Qualquer que sejam as lacunas de nosso conhecimento sobre o comércio púnico, não é menos certo que o tráfego,
sobretudo marítimo, foi o elemento mais importante da economia cartaginesa. Foi graças ao intercâmbio que Cartago teve
prosperidade; foi pelo comércio que desempenhou papel proeminente na história do Mediterrâneo Ocidental, foi o comércio que
lhe deu, entre as grandes cidades do Mundo Antigo, sua fisionomia original.
21
Trirremes: embarcações com três ordens de remo de cada lado do costado, armados em três pavimentos e eventualmente com
uma vela redonda. O máximo que se conseguiu produzir foram as embarcações de sete ordens de remo sendo que as mais
utilizadas foram as trirremes e as quinquirremes.
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22são vasos antigos de origem grega de forma geralmente ovóide, confeccionados em barro ou terracota e possuidoras de duas alças, geralmente
terminado em sua parte inferior por uma ponta ou um pé estreito, e que servia sobre tudo para o transporte e armazenamento de gêneros de
consumo, sobretudo líquidos, especialmente o vinho. Servia também para conter azeite, frutos secos, mel, derivados do vinho, cereais ou
mesmo água.
23 Em referência a Helena, uma divindade mãe, protetora e geradora de todos os indivíduos dessa sociedade de características nítidas
matriarcais.
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pátria. Sua independência, ao mesmo tempo política e econômica, a salvaguarda mesmo de sua existência, exigiu uma marinha
poderosa. Corinto, Cádiz de Eubra, Mileto, Fócida, Rodes, Siracusa, Taranto e Marselha armavam frotas numerosas de comércio
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e guerra, bem antes que Atenas se tornasse a rainha dos mares helênicos.
Assim, os helenos, ao mesmo tempo em que ocupavam fora de seu país de origem, novas terras, quase todas ricas, criavam
em muitas paragens longínquas centros de influência e de negócios e tomavam posse do mar que separava e ligava
simultaneamente todas as partes do mundo grego. Essa supremacia das esquadras nas rotas marítimas teve por efeito transformar
a economia grega superando a sociedade fenícia. Se antes, nas baías gregas, os fenícios desembarcavam suas mercadorias, que
eram trocadas pelos produtos locais, ao que parece mais seguidamente por gado, depois foram os próprios marinheiros gregos
que levaram ao Egito, à Síria, à Ásia Menor, e aos povos da Europa, alguns civilizados como os etruscos, outros ainda atrasados
como os citas, os gauleses e os iberos, os objetos manufaturados, as obras de arte, tecidos, armas, joias e vasos pintados que os
bárbaros tinham ânsia de possuir. Paulatinamente, os fenícios, antigos senhores do tráfego marítimo do Oriente para o Ocidente,
foram repelidos pelos gregos para fora do mar Egeu, do Ponto Euxino e do mar Jônio, não guardando a supremacia naval a não
ser na costa da África e oeste do Grande Syrte e nas paragens das Colunas de Hércules (Cartago).
O mar Tirreno assistiu a luta dos gregos contra os cartagineses e etruscos. A ardente rivalidade das potências marítimas e
coloniais deu então um vivo desenvolvimento à navegação. Depois que os fenícios foram afastados pelos gregos dos mares e
dos mercados do Mediterrâneo, as indústrias helênicas encontraram saída e clientela. Para se aproveitarem de alguns e
satisfazerem a outros, os gregos tiveram que se desenvolver. Produzia-se então entre a indústria e o comércio, sobretudo
marítimo, um duplo efeito de ação: o comércio tendo necessidade de suprimentos fornecidos pela indústria; a indústria devendo
sua prosperidade ao comércio.
O desenvolvimento do tráfego marítimo acarretou, logicamente, a prosperidade das cidades portuárias. No século V a.C.,
a cidade e porto de Pireu havia se transformado no centro de um sistema de vias marítimas, podendo-se dizer quase de linhas de
navegação regular. Para o Nordeste seguiam as linhas de cabotagem que serviam as colônias da Macedônia, da Calcídia, da costa
da Trácia e à grande rota dos estreitos do Ponto Euxino, de importância capital para Atenas, pois assegurava em grande parte seu
abastecimento de cereais e de peixe seco. Para leste, através do mar Egeu e das Cícladas os navios que saíam do Pireu ganhavam
as ilhas e os principais portos da Ásia Menor. Em direção ao sudeste, os gregos saíam do mar Egeu entre Creta e Rodes, iam a
Chipre, aos portos fenícios e ao empório ativo e próspero de Neucrates. O mar Jônio e o Mediterrâneo Central não formavam
uma bacia menos propícia à expansão comercial. Depois de dobrarem os pontos meridionais do Peloponeso, os navegantes
podiam rumar direto para oeste em direção à Sicília, ou aproar a Noroeste para atingirem a Grande Grécia, ou penetrarem no
Adriático e avançarem até Hadria e o país das Bocas do Pó 24. Mais longe que a Grande Grécia, Marselha e seus vizinhos,
escalonados entre Nice e Rosas, marcavam os pontos extremos do comércio helênico a Oeste. Tal atividade marítima não se
explicaria se a arte de navegar e a organização material dos portos não tivessem atingido certo desenvolvimento. Os navios
gregos dessa época já podiam carregar cerca de 250 toneladas 25 e navegavam geralmente à vela, recorrendo aos remos apenas
em circunstâncias excepcionais. A utilização da vela subordinou a navegação ao regime dos ventos, principalmente no mar Egeu.
Para uma frota mercante numerosa e composta de unidades relativamente importantes eram precisos portos especialmente
aparelhados. Docas foram cavadas e molhes construídos a fim de protegerem os navios ancorados das vagas de alto-mar e facilitar
a descarga de mercadorias. Pouco se sabe acerca das frotas de guerra gregas antes das Guerras Medas. Elas não deveriam ser
desprezíveis, pois de outra forma é difícil explicar a expulsão dos fenícios de regiões importantes do Mediterrâneo e a expansão
marítima helênica numa época de pirataria generalizada. É provável também que a Marinha de Guerra grega não estivesse em
bom estado por ocasião da 1ª Guerra Meda. Com efeito, não se sabe de nenhum engajamento naval nessa primeira fase da luta,
que foi travada em terra, tendo os gregos deixado o exército persa cruzar impunemente os mares. Entre as duas primeiras Guerras
Medas também a Grécia muito sofreu com os ataques dos piratas eginetas, o que parece indicar a sua fraqueza nos mares. Têm-se
referências mais concretas acerca das frotas de guerra helenas a partir desse período.
A primeira das grandes guerras dos gregos contra os persas – conhecidas como Guerras Médicas ou Medas, devido ao
nome de um dos povos constituintes do Império Persa, os medos – ocorreu em 492aC e constou do envio de um exército, através
do Helesponto (Dardanelos atual) e da Trácia, em direção ao interior da Grécia, acompanhado por uma esquadra, que o seguiria
pelo litoral do mar Egeu, a fim de garantir-lhe o flanco esquerdo e o apoio logístico26, no entanto, uma boa parte da esquadra
persa foi destruída por mau tempo quando contornava o monte Atos, junto à costa. Sem o apoio naval, essa tentativa de invasão
não chegou a se concretizar.
Em 490aC, os persas liderados por Dario I partiram novamente na tentativa de conquistar os povos gregos, e chegaram a
desembarcar em suas terras, mas foram surpreendidos pelo exército ateniense na planície de Maratona e, apesar de sua
superioridade numérica, foram derrotados pelos gregos. O prestígio ateniense cresceu tremendamente após essa vitória, e a cidade
começou a se destacar entre as demais pólis gregas. Precavendo-se contra um possível novo ataque persa, após a primeira Guerra
Médica, os atenienses procuraram fortalecer sua marinha de guerra, já que o cenário das lutas seria o mar Egeu.
24 Rio Pó, principal rio da parte oriental da Itália onde floresceu uma das principais comunidades pertencentes a este povo, fundando a cidade
de Veneza, conhecida como La Serenissima.
25 Tonelada em referência a tonel, indicando a quantidade de barris que um navio podia transportar e não a medida de peso atualmente registrada
para 1000Kg.
26 Apoio logístico é o apoio que se dá a uma força militar em operações suprindo-a de materiais, pessoal, conforto etc. para garantir-lhe os
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27A Armada de Xerxes era composta pelos navios pertencentes às diversas nações que eles haviam conquistado, como das cidades-estados
fenícias e de localidades gregas da Ásia Menor.
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Dispersa a frota inimiga, obtiveram os gregos a superioridade no mar. Sem possibilidade de receber o apoio logístico de
que precisava, o exército persa viu-se forçado à retirada. Permaneceu no território helênico apenas uma força terrestre de cerca
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de 50 mil homens, que foi batida em Platéia, cerca de 60 quilômetros a noroeste de Atenas, em 479 a.C. Na mesma ocasião, em
Micale, nas costas da Ásia Menor, os gregos destruíram o resto da esquadra persa, numa “batalha naval” em terra 28.
Após a expulsão dos persas, os gregos perseguiram-nos até a Ásia Menor, libertando diversas cidades gregas da região,
impondo-lhes um tratado de paz (Paz de Cimon, 449 a.C.) e consolidando o domínio grego sobre todo o Mediterrâneo oriental.
Ao final das guerras contra os persas, os atenienses insistiram na manutenção da Liga de Delos e, portanto, na cobrança
de tributos. Tal iniciativa gerou a insatisfação das demais cidades gregas, que, todavia, poucos podiam fazer contra o poderio
militar ateniense. Chegava ao apogeu o imperialismo ateniense, ou seja, o período em que Atenas passou a dominar a Grécia
Antiga, subordinando a maior parte das cidades-estado.
Os atenienses passaram a interferir na vida política e social das outras pólis, transferindo o tesouro de Delos para Atenas
e frequentemente utilizando a força para manter a Grécia subjugada. O controle dos recursos de outras cidades abriu caminho
para o apogeu ateniense, e o século VaC, particularmente entre os anos de 461 a.C. e 429 a.C., ficou conhecido como a Idade de
Ouro de Atenas, quando a cidade era dirigida por Péricles.
A insatisfação contra o domínio ateniense existia não apenas nas cidades da Liga de Delos, mas também entre as cidades
aristocráticas que não se alinhavam com Atenas, tendo Esparta à frente delas. Estas logo se organizaram em aliança, formando
a Liga do Peloponeso ou Liga Espartana.
O fim primitivo da Liga de Delos era a proteção de uma posterior agressão persa. Como a ameaça persa se desvaneceu, a
Liga tendeu a se dissolver, mas Atenas impediu sua desaparição e gradualmente converteu a confederação num Império
Marítimo, império esse mantido em sujeição pelo poderio naval. Essa transformação conduziu, por fim, à chamada Guerra do
Peloponeso entre Atenas, império marítimo, e Esparta, potência terrestre, cada uma com os respectivos aliados. Enquanto os
atenienses conservaram o domínio do mar, permaneceram invencíveis. Em 431 a.C., Atenas e Esparta entraram em guerra,
arrastando as demais pólis para o conflito. Atenas tinha o poderio marítimo, enquanto os exércitos de Esparta detinham o domínio
terrestre, devastando os campos da Ática e cercando Atenas. Durante anos espartanos e atenienses se enfrentaram, encerrando o
conflito em 404 a.C., quando Esparta venceu.
Dois grandes desastres: o primeiro foi a perda nas batalhas em Siracusa (413 a.C.) e o segundo em Egos-Pótamos (405
a.C.) – uma batalha naval travada em terra firme – causaram a desgraça, e o curto império de Atenas pereceu. Vitoriosos, os
espartanos conduziram seus navios ao Pireu e conquistaram Atenas, assumindo a hegemonia da Grécia. Esparta foi, assim, a
primeira potência nitidamente terrestre cujos guerreiros bem aquilataram29 a importância da Marinha na luta contra o inimigo
cuja principal fonte de recursos residia no mar.
Entre os séculos III e II a.C., a Grécia esteve sob domínio da Macedônia, caracterizando
o que ficou conhecido como período helenístico.
Inicialmente governados por Felipe II, vencedor de Queronéia, os macedônios não se
limitaram à conquista da Grécia, logo partindo para o Oriente. O principal responsável por
essas grandiosas conquistas foi Alexandre, o Grande, filho de Felipe II.
Educado por Aristóteles, Alexandre assimilou valores da cultura grega e, após sufocar
revoltas internas, partiu para a expansão territorial, tomando a Ásia Menor, a Pérsia e chegando
até as margens do rio Indo, na Índia. Morreu precocemente, aos 33 anos de idade (323 a.C.), e
o grande império que conquistara não sobreviveu ao seu desaparecimento. As divisões políticas
e as constantes lutas internas levaram ao enfraquecimento do Império Macedônico e à posterior
ocupação pelos romanos.
Assim como a ruptura das linhas de comunicações marítimas pode implicar a derrota de forças terrestres, como exposto
acima, pode-se neutralizar ou eliminar a ação marítima por operações terrestres bem orientadas. Claríssimo exemplo disso é a
campanha de Alexandre, o Grande, quando saiu para a Ásia Menor, por via terrestre, para conquistar o império persa. Partindo
a princípio diretamente contra os persas, Alexandre cruzou o Helesponto em 334 a.C. com cerca de 35 mil homens, atingindo
vitoriosamente a cidade de Sardis, na Ásia Menor, que tomou.
Sentindo, entretanto, que os persas ameaçavam sua retaguarda com o poder naval de que dispunham, Alexandre decidiu
voltar-se para o litoral antes de prosseguir pelo interior. É que os persas ameaçavam desembarcar na Grécia, empregando sua
ainda vasta esquadra, ao mesmo tempo que ameaçavam as comunicações de Alexandre com a Macedônia e impediam os portos,
que se submeteram aos gregos, de exercerem o comércio marítimo.
A estratégia de Alexandre aí foi inversa da de Temístocles em Salamina. Avançou sobre o litoral persa e dominou as
bases da marinha inimiga, impedindo-a de dispor dos recursos que só nesses pontos encontraria. Afastado esse perigo, pôde
Alexandre completar a conquista da Ásia persa, dirigindo-se para a Mesopotâmia e o planalto do Irã, chegando a atingir a Índia.
Veem-se assim dois tipos de ação claramente distintos com um mesmo fim. Em um deles, o mar usado para desarticular
atividades militares terrestres; noutro, a ação em terra neutralizando o uso do mar. Ambos são aspectos marítimos da defesa
nacional.
28 Quando navios de guerra guardados em terra firme são destruídos antes de serem postos a flutuar.
29 Apreciar, avaliar, apurar, aperfeiçoar. Aperfeiçoar-se: aquilatar-se na virtude.
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A grande obra de Alexandre da Macedônia no plano cultural sobreviveu ao esfacelamento de seu império territorial. O
movimento expansionista promovido por Alexandre foi responsável pela difusão da cultura grega pelo Oriente, fundando cidades
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(várias delas batizadas com o nome de Alexandria) que se tornaram verdadeiros centros de difusão da cultura grega no Oriente.
Entre estas cidades a mais notável e a que mais se destacou foi Alexandria no Egito, cidade importante para as culturas egípcia,
grega e romana, entre outras. Nesse contexto, elementos gregos acabaram-se fundindo com as culturas locais. Esse processo foi
chamado de helenismo e a cultura grega mesclada a elementos orientais deu origem à cultura helenística, numa referência ao
nome como os gregos chamavam a si mesmos - helenos.
Pelos séculos afora, sob o domínio romano ou constituindo parte do Império Bizantino, os gregos jamais deixaram seus
hábitos marítimo-comerciais. Rodes, Delos e Corinto foram, depois de Atenas, verdadeiros centros do comércio mundial numa
época em que o domínio romano já se estendia por todas as praias do Mediterrâneo.
Tal como a Fenícia, toda a história grega se acha intimamente ligada aos acontecimentos que se desenrolaram nas águas
do Mediterrâneo.
Essa cidade, fundada pelos fenícios, desde a decadência grega controlava praticamente todo o comércio na bacia do
Mediterrâneo. Sua situação geográfica privilegiada, uma vez que estava situada no norte da África e dominava a ilha da Sicília,
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contribuiu para o monopólio da ligação do Mediterrâneo ocidental com o oriental pelos cartagineses.
Já os romanos viam a Sicília como um prolongamento da península e tinham interesse em suas terras férteis. Dessa forma,
o choque de imperialismos entre Roma e Cartago acabou por desencadear a guerra. Entre 264 e 146 a.C., ocorreram três grandes
guerras, que culminaram com a destruição de Cartago e o controle romano de vastos territórios espalhados por todo o
Mediterrâneo.
Vendo a expansão romana, Cartago logo pressionou os gregos da Sicília, produtores de trigo, a fim de manter essa ilha
sob sua tutela, antes que Roma se apoderasse dela. A ameaça cartaginesa, entretanto, gerou a grande crise que se iniciou em 264
a.C.
Cartago, rica por seu comércio, dispondo de uma frota poderosa e dona das três grandes ilhas itálicas, foi o inimigo mais
terrível que Roma teve em toda a sua história. A primeira guerra Púnica durou cerca de vinte e três anos (264-241 a.C.) e se
desenrolou quase toda na Sicília. Os romanos alcançaram em terra sucessivos êxitos nos anos iniciais do conflito, ocupando uma
série de praças fortes inimigas, como os cartagineses, donos do mar, reconquistavam facilmente as cidades costeiras, bem cedo
os romanos compreenderam que era impossível conquistar e conservar a Sicília, a costa e as cidades contra a frota cartaginesa,
sem terem navios para se opor.
Sendo uma ilha o pivô da disputa, a guerra a se travar tinha que ser marítima; e Cartago tinha a vantagem. Com sua
poderosa e adestrada marinha, os cartagineses punham sua capital a salvo das investidas romanas, enquanto interditavam o
comércio marítimo de Roma e pilhavam suas costas. Não restava aos romanos outra alternativa. A serem fragorosamente
derrotados por Cartago, tinham que se transformar em nação marítima! Era o grande e grave desafio que a guerra trazia aos
latinos.
30 Os navios da Antiguidade eram feitos de peças únicas, como quebra-cabeças. Isso trazia vantagens, como a facilidade em se padronizar
formas e tamanhos, mas também a desvantagem da fragilidade das embarcações e a possibilidade de serem copiadas pelos inimigos.
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Foi assim que, realizando talvez a melhor obra de toda a sua grandiosa história, o povo romano, eminentemente ligado a
terra, dedicado à agricultura e à vida pastoril, criou uma forca naval, tão bem organizada, armada e comandada, que conquistou,
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em pouco tempo, o domínio do mar da Sicília e obrigou Aníbal (na Segunda Guerra Púnica) a dar a longa volta pela Espanha e
pela Gália para chegar à Itália.
No fim da Primeira Guerra Púnica, Roma procurou instalar-se por sua vez no além-mar. A política econômica do Estado
romano afastou-se do seu fim tradicional e adotou novas diretrizes. Com essa guerra começou uma nova história de Roma e do
mundo, sobretudo porque acarretou na Itália o aparecimento da era mercantil na antiga sociedade agrícola, aristocrática e
guerreira. Com a conquista da Sicília, o comércio dessa ilha, pelo qual muito azeite e cereais eram exportados, passou dos
cartagineses para os mercadores italianos e romanos, lhes aumentado o número e a riqueza.
A aristocracia romana, que não tinha até então desejado possuir senão terras, começou também a imitar a nobreza
cartaginesa que ela havia vencido e que se compunha de negociantes.
Também ela começou a tentar especulações, a colocar no mar pequenas flotilhas, a fazer negócios com as exportações da Sicília
e a viver no luxo. Muitos romanos que tinham visitado os países estrangeiros como soldados ou fornecedores dos exércitos e que tinham
avaliado suas possibilidades, foram induzidos ao comércio pela abundância de capital, pelo consumo crescente de produtos asiáticos
na Itália e pelo poder de Roma no Mediterrâneo. Muitos deles venderam os campos de seus pais e compraram um navio. Construíram-
se muitos pequenos estaleiros na costa italiana, e as florestas públicas da Sila, de onde se retirava a resina para os navios, foram alugadas
por grandes somas. Não houve membro da nobreza senatorial que não participasse dos ganhos do comércio marítimo, emprestando aos
cidadãos romanos ou aos libertos os capitais necessários às suas empresas; à expansão militar sucedeu a expansão mercantil.
Roma cessou de ser a capital de um povo essencialmente agrícola em que a riqueza era fundada principalmente na propriedade
rural e nos recursos agrícolas. Tornou-se a aglomeração tumultuosa onde a indústria, o comércio, o tráfico e o dinheiro adquiriram uma
importância antes desconhecida. Dessa lenta decomposição de uma sociedade guerreira, agrícola e aristocrática, que havia começado
quando Roma já tinha conquistado a hegemonia militar no Mediterrâneo, nasceu o que se pode chamar o verdadeiro imperialismo
romano. Essa política foi inaugurada pela terceira declaração de guerra a Cartago (149 a.C.) e pela conquista da Macedônia e da Grécia.
Após uma pérfida declaração de guerra, depois de vergonhosas derrotas, depois de muitos esforços e de três anos de guerra, Cartago
foi incendiada por Cipião Emiliano, e seu comércio passou para as mãos dos mercadores romanos.
A vitória sobre Cartago fez Roma senhora do Mediterrâneo Ocidental. A conquista da Grécia, a derrota dos soberanos orientais
Antíocus, Mitridate e mais tarde Cleópatra asseguraram sua hegemonia nos mares orientais. Entrementes, a profunda mudança operada
na estrutura social e econômica da Itália colocou a população na dependência estreita das comunicações marítimas.
Roma, entretanto, não encontrou logo a paz em seus domínios crescentes. O período de 133-31 a.C. foi acidentado pela guerra
civil, que agitou a República com problemas gerados pela sua própria expansão. As estruturas romanas não resistiam mais às novas
condições da imensidão de suas terras e da multiplicidade de seus habitantes.
A cultura de cereais, a qual durante tanto tempo se tinham, sobretudo, consagrado os camponeses italianos, caiu cada vez mais
em decadência. Não sendo a produção local bastante copiosa para atender a todas as exigências, foi necessário procurar fora do Lácio31
o suprimento de farinha indispensável à alimentação das cidades. A anexação ao Estado romano da Sicília, da Sardenha e, mais tarde,
dos territórios de Cartago, da Ásia Menor, e enfim do Egito favoreceu uma importação considerável de cereais feita através dos portos
da foz do rio Tibre. Calcula-se que nessa época Roma importasse 20 milhões de bushels32 de trigo do Egito e de outras partes da África.
Considerando que a viagem de Alexandria a Óstia levava em média 25 dias e que cada libúrnia transportava no máximo 250
toneladas (lembrando que são tonéis e não unidades de 1.000Kg), bem se pode avaliar o número elevado de navios para atender a tal
importação. Após a destruição de Cartago Roma pôde acreditar estar senhora incontestável de toda a extensão do mar Interior e foi
apenas a grande república móvel dos piratas que pôs em atividade os estaleiros navais. O surgimento do poderio dos piratas prova a
que ponto Roma se julgava segura em todas as áreas do Mediterrâneo. Exagerando sua quietude, não vendo nenhum Estado cuja
Marinha a pudesse ameaçar, não tendo a considerar senão os corsários habituais, o Governo Senatorial de Roma tinha, por incúria,
deixado suas frotas ao abandono. Então os bandidos da Cilícia e da Fenícia entraram em ação, pondo a saque numerosas cidades
costeiras, aproveitando as ocasiões propiciadas por qualquer grave conflito, como o da guerra contra Mitridate. Os piratas dispunham
de arsenais, portos, vigias, remadores e pilotos hábeis, além de navios de todas as espécies, tão bons quanto temíveis.
O comércio romano experimentou dificuldades crescentes. Em particular, os comboios de trigo, tão indispensáveis à Itália,
foram quase paralisados pela ação dos piratas. Face ao perigo, a Marinha romana foi restaurada em regime de urgência, e Pompeu teve
à sua disposição 500 navios, 120.000 homens, todos os recursos do tesouro nacional, conforme sua solicitação, e até o Comando de
todas as margens até 70 km para o interior, a fim de combater os piratas nas suas bases. Uma guerra curta, mas violenta, libertou o
Mediterrâneo da ameaça pirata, permanecendo apenas remanescentes dos antigos ladrões dos mares em regiões afastadas.
Na medida em que a expansão territorial prosseguia jovens generais se destacavam, tanto na arena política quanto na militar.
Em 60 a.C., o Senado elegeu uma verdadeira junta militar. O primeiro triunvirato era formado pelos generais Júlio César, Pompeu e
Crasso, que dividiram entre si os territórios controlados por Roma. A morte de Crasso rompeu o equilíbrio, levando Pompeu e Júlio
César ao choque armado na disputa pelo poder, que resultou na vitória de César.
Nos anos que se seguiram, a Marinha romana desempenhou papel saliente nos acontecimentos. Em todas as guerras civis do
fim da República, a vitória pertenceu aos que se deslocavam mais facilmente e mais rapidamente de um extremo ao outro do
Mediterrâneo. Foi essa uma das grandes vantagens com que contou César. A posse de forças navais importantes permitiu ao Sexto
Pompeu realizar operações perigosas contra o Triunvirato, mesmo próximo à Itália, as quais só não foram decisivas devido à
perseverança de Otávio e aos talentos de Agripa.
Proclamando-se ditador vitalício, centralizando todo o poder político em suas mãos e, portanto, enfraquecendo o Senado, Júlio
César acabou sendo vítima de uma conspiração da elite e foi assassinado nas escadarias do próprio edifício do Senado. Sua morte
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causou profunda comoção popular e o retorno das lutas civis, que só foram acalmadas com o surgimento de um segundo triunvirato.
Seus membros, Marco Antônio, Otávio e Lépido, oficiais do exército, logo também entraram em conflito entre si.
Enfim, a luta suprema que presidiu e fundou o regime imperial foi decidida em uma batalha no mar, a que se realizou em Ácio
ou Actium, entre as esquadras de Otávio, comandadas por Agripa, e de Antônio, que contava com a participação de Cleópatra e de
navios egípcios. Em 31 a.C. Otávio conseguiu derrotar seus rivais, recebendo do Senado os títulos de Princeps (primeiro cidadão) e
Imperator (o supremo), arrogando para si o título de Augustus (divino). Concentrando os poderes em suas mãos e realizando uma série
de reformas. Otávio inaugurou o Império Romano.
Augusto não fechou os olhos às lições dos acontecimentos. Logo que outros cuidados o permitiram, estabeleceu esquadras
permanentes, tanto para consolidar seu poder como para garantir os comboios de trigo necessários à alimentação da Itália. Na época de
Augusto, as principais esquadras romanas tinham base em Ravenna e Misenum. Havia, além do mais, espalhados pelo Império,
esquadrões em Fórum Julei, Bocas do Orontes, Alexandria, Parpathus (entre Creta e Rodes), Aquiléia (mar Adriático), no mar Negro e
na Grã-Bretanha. Flotilhas fluviais estacionavam no Reno, no Danúbio e até no Eufrates. Devido aos duradouros distúrbios civis, a
pirataria tornou-se uma atividade esporádica; muitos desses bandidos, dálmatas ou sicilianos, alistaram-se no serviço do Império, e a
segurança do mar foi restabelecida e não foi perturbada durante dois séculos, salvo em certas partes do Euxino (mar Negro), onde Roma
tinha poucos interesses.
O controle do Mediterrâneo (Mare Nostrum, como passou a ser chamado pelos romanos após a abertura feita a partir da
destituição de Cartago) permitiu a Roma dispor durante séculos de uma grande rota central entre suas províncias e, transportando suas
legiões por essa via, realizar concentrações de forças, rápidas para a época, nos pontos mais importantes. As rotas marítimas
favoreceram os deslocamentos estratégicos, que por seu turno asseguravam a grandeza e o poderio de Roma. Foi o período da Pax
Romana, um período em que Roma realmente esteve acima das outras nações.
A partir do século III da era cristã, a civilização
romana entra em crise, caracterizando assim o Baixo
Império. A expansão territorial, base de toda a riqueza e
estabilidade política e social do império, foi-se esgotando.
Esse esgotamento ocorreu em virtude, entre outras coisas, da
própria dimensão territorial alcançada, da pressão dos povos
dominados e vizinhos, e da distância, custos e inviabilidade
de novas anexações, na medida em que surgiam obstáculos
naturais detendo os romanos, desde os desertos da África e
do Oriente Médio até as florestas do Europa Central.
A interrupção da expansão territorial para a
manutenção e o fortalecimento das fronteiras levou à
escassez de mão-de-obra. Na medida em que novos escravos
não eram capturados, entrou em crise a economia escravista
romana. Ao mesmo tempo os custos das estruturas
imperiais, como as militares e administrativas, continuavam
exaurindo o poderio romano, reativando disputas entre
chefes militares e acelerando a crise imperial.
Paralelamente, crescia em meio à população cativa a adesão
a uma nova crença: o cristianismo, que surgira durante o
governo de Otávio Augusto e logo passou a se expandir
dentro das fronteiras do império.
O espiritualismo cristão, isto é, a crença na vida após a morte, chocava-se com a tradicional religião romana - inspirada na grega,
essencialmente prática e ligada à obtenção de vantagens concretas e imediatas.
Para os escravos, o espiritualismo cristão e seu caráter ético era consolador e carregado de esperanças: para os bons cristãos,
uma vida melhor após a morte (no paraíso) e, para os maus ou para os pagãos, o contrário (uma vida eterna no inferno). Em última
análise, o cristianismo oferecia para os escravos uma alternativa, ainda que após a morte. Sendo universal, contrária à violência,
rejeitando a divindade do imperador, bem como a estrutura hierarquizada e militarizada do império, a nova religião passou a ter um
caráter subversivo para a estrutura política romana. Na medida em que o colapso econômico rondava o império criando miséria, cada
vez mais homens livres se convertiam ao cristianismo, que era a única religião a oferecer vantagens após a morte, diante da falta de
perspectivas.
Em meio à decadência, o Estado romano passou a intervir cada vez mais na vida econômica e social, tratava-se de salvar o
Império, e, nesse processo, destacam-se os imperadores:
Diocleciano (284-305): criou o Édito Máximo, fixando os preços das mercadorias e salários, numa tentativa de combater a
crescente inflação. Não teve sucesso, tendo gerado apenas problemas de abastecimento. Do ponto de vista administrativo, criou a
tetrarquia, dividindo o império entre quatro generais.
Constantino (313-337): por meio do Édito de Milão, declarou a liberdade de culto aos cristãos, encerrando a violenta
perseguição que lhes era impingida. Estabeleceu também uma segunda capital para o império, em Constantinopla, a leste e junto
ao mar Negro, numa parte do império menos atingida pela crise do escravismo.
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CAPÍTULO II
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A IDADE MÉDIA
2) O Império Bizantino:
O colapso do Império Romano do Ocidente não foi acompanhado no Oriente. Pelo contrário, o império estabelecido em
Constantinopla sobreviveu às invasões bárbaras e perduraria por todo o período medieval. A partir da cidade de Constantinopla
(a antiga Bizâncio dos gregos, hoje Istambul na Turquia) o império Romano do Oriente desenvolveu um amplo comércio e
detinha uma rica agricultura, obtinha lucros nas suas relações com o Ocidente e foi menos atingido pela crise do escravismo.
Em termos políticos, a autoridade máxima do Império Bizantino era o imperador, ao mesmo tempo chefe do exército e
da Igreja. Era auxiliado por vasta burocracia, elemento central das estruturas políticas imperiais.
O principal imperador bizantino foi Justiniano (527-565 d.C.), responsável pela temporária reconquista de grande parte
do Império Romano do Ocidente, incluindo a própria cidade de Roma. Seu maior legado, na verdade, foi a compilação das leis
romanas do século II, o Corpus Júris Civilis (Corpo do Direito Civil), uma revisão e atualização do direito romano que serviu de
base para os códigos civis de diversas nações na atualidade. O Codex Justinianus foi redigido por uma comissão de dez juristas
e era composto das constituições imperiais, da compilação de normas jurídicas (chamada Digesto ou Pandectas), de um resumo
para os estudantes de direito (chamado Institutas) e de novas leis para solucionar controvérsias jurídicas (chamadas Novelas ou
Autênticas).
Além disso, Justiniano procedeu à construção da catedral de Santa Sofia, monumento arquitetônico no estilo bizantino,
voltado para a expressão da fé cristã, com suas abóbadas e mosaicos.
No auge do governo Justiniano, no século VI, seguiu-se um longo período de decadência, com alguns poucos intervalos
de recuperação, culminando, no final, na queda definitiva do Império Bizantino em 1453, quando os turco-otomanos tomaram
Constantinopla. Dos séculos VI ao VIII, sucederam-se crescentes pressões nas fronteiras orientais do Império Bizantino, bem
como sobre seus domínios no Ocidente, acentuando os gastos com guerras e as dificuldades econômicas e administrativas, num
progressivo encolhimento do território imperial.
Durante a Baixa Idade Média (séculos X ao XV), além das pressões de povos e impérios nas suas fronteiras orientais e
perdas de territórios, o Império Bizantino foi alvo da retomada expansionista ocidental, a exemplo das Cruzadas (especialmente
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da quarta cruzada, como veremos). O predomínio econômico das cidades italianas naquele momento de avanço ocidental ampliou
o enfraquecimento bizantino. Com a expansão dos turco-otomanos no século XIV, tomando os Bálcãs e a Ásia Menor, o império
acabou reduzido à cidade de Constantinopla. Com a queda em 1453, os turcos transformaram-na em sua capital, passando a
chamá-la Istambul, como é conhecida até hoje.
O cristianismo predominou na parte oriental do império, embora tenha se desenvolvido de forma peculiar em
comparação ao Ocidente. Em Istambul, manteve-se muito da estrutura governamental herdada de Roma e, pouco a pouco, o
imperador passou a ser considerado também o principal chefe da Igreja. Enquanto isso, no Ocidente, em meio à crise final do
Baixo Império, o bispo de Roma, com apoio do imperador, era elevado à chefia de toda a Igreja (455), tornando-se o primeiro
papa da cristandade com o nome de Leão I.
Contudo, apesar de preservar as tradições jurídicas e administrativas romanas, os bizantinos sofreram clara influência
helênica. Adotaram o grego como idioma oficial no século III, mantiveram contato constante com povos asiáticos, além de
vivenciarem a invasão persa e o posterior assédio árabe.
Esses elementos imprimiram-lhes certas características, como o desprezo por imagens - de Cristo, da Virgem ou de
santos, denominados ícones -, que levaria os bizantinos a um movimento de destruição conhecido por iconoclastia. Questionando
os dogmas cristãos pregados pelo clero que seguia o papa de Roma, deram origem a algumas heresias (correntes doutrinárias
discordantes da interpretação cristã tradicional).
Tal panorama de tensões, alimentadas pelas diferenças entre Oriente e Ocidente, e as inevitáveis disputas pelo poder
entre o papa e o imperador culminaram na divisão da igreja, em 1054, criando uma cristandade oriental, chefiada pelo imperador
e sediada em Constantinopla (Igreja Ortodoxa), e uma ocidental, sob o comando do papa, sediada em Roma (Igreja Católica
Apostólica). Esse episódio recebeu o nome de Cisma do Oriente e consolidou as diferenças entre tradições e forma de organização
do culto de cada uma das igrejas.
3) O Império Árabe:
A península Arábica apresenta-se com o uma região desértica e com poucas áreas propícias ao estabelecimento de núcleos
de povoamento permanente (oásis e partes litorâneas). Seus primeiros habitantes foram tribos de nômades do deserto, os
beduínos.
Por volta do século VI, mais de 300 tribos de origem semita habitavam a região, incluindo as tribos urbanas, que
ocupavam a faixa costeira do mar Vermelho e do sul da península, de melhores condições climáticas e maior fertilidade do solo.
Concentravam-se principalmente em Meca, sua principal cidade, e na cidade de Iatreb.
A importância de Meca era decorrente de seu valor comercial e religioso, uma vez que lá se encontra a Caaba, santuário
em que se depositavam as imagens dos diversos ídolos representando os deuses das tribos árabes (hoje a Caaba tem outra
representação). A tribo dos coraixitas possuía grande poder e prestígio e controlava a cidade de Meca.
Nascido em 570 e membro da tribo coraixita, apesar de oriundo de família humilde, Maomé passou a pregar uma nova
fé após anos de meditação e peregrinação. Reunindo elementos judaicos e cristãos no Corão, livro sagrado escrito após a morte
do profeta, o islamismo pregava a existência de um deus único, Alá (aos mesmos moldes do Cristianismo – Deus – e do Judaísmo
– Javé).
Maomé condenava a peregrinação das tribos até Meca para idolatrar os vários deuses (politeísmo) representados na
Caaba (tenda central usada como uma espécie de santuário ou altar). Sentindo-se ameaçados, os coraixitas repudiaram a nova
religião e expulsaram Maomé e seus seguidores para a cidade vizinha de Iatreb (que teve seu nome mudado para Medina, que
quer dizer “a cidade do profeta"). Essa fuga caracterizou a Hégira, em 622, que deu início ao calendário muçulmano.
Bem recebido em Iatreb, o profeta conseguiu o apoio dos comerciantes locais e a ajuda dos beduínos como soldados
para conquistar Meca. Em pouco tempo, todos os povos árabes da península converteram-se ao islamismo, o que os unificou.
Após a morte do profeta, em 632, a expansão religiosa prosseguiu, agora no contexto da djihad (guerra santa), visando a
conversão dos infiéis, ou seja, daqueles que não seguem o islamismo (corrente filosófica do Islã). Nesse momento o poder passou
para as mãos dos califas, herdeiros de Maomé, agora chefes religiosos e políticos.
O Império Islâmico que se formava avançou primeiramente sobre os vizinhos territórios bizantinos e persas. Durante a
dinastia Omíada (661-750), contudo, os árabes avançaram também para o Ocidente, tomando o norte da África e chegando à
península Ibérica. O avanço árabe em direção à Europa Ocidental só foi barrado na batalha de Poitiers (732), quando árabes e
francos enfrentaram-se.
Contidos a oeste, não desistiram os árabes de tentar o prosseguimento de sua expansão a leste, onde um grande obstáculo
se opunha a seus propósitos: a cidade de Constantinopla, baluarte do Império Romano do Oriente. Nas lutas pela conquista de
Constantinopla, são vistas grandes campanhas navais decisivas na sorte da Europa Oriental. Diversas investidas fizeram os
maometanos por mar e por terra, até que a invenção do fogo grego33, aparecido em 677, no quarto ano de sítio que sofria a capital
oriental, permitiu ao Imperador Constantino IV, conhecendo as possibilidades da nova arma, empregá-la com pleno êxito contra
seus inimigos, destruindo a esquadra árabe junto ao mar de Mármara.
Sitiada ainda diversas vezes no correr dos séculos seguintes por árabes e turcos, Constantinopla sustentou a luta e
permaneceu fora do alcance dos estrangeiros que pretendiam dominá-la.
33 O fogo grego era mistura altamente inflamável, que resistia até mesmo à ação da água e que aderia fortemente à madeira das embarcações
em que caía. Sua composição é desconhecida até hoje, mas parece que alcatrão e enxofre dela faziam parte, assim como salitre, o que
agregava oxigênio a mistura, fazendo-a arder até embaixo d’água.
Ela, contudo, que salvara a civilização cristã do Ocidente, obstando o avanço de seus inimigos, veio a ser, por ironia da
História, pilhada barbaramente pela quarta cruzada (cristã), de 1204. Finalmente, fraca em terra e no mar, Constantinopla caiu
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4) Os Reinos Bárbaros:
A queda de Roma em 476 marcou o fim do Império Romano do Ocidente e, para muitos historiadores europeus e
ocidentais, inaugurou a Idade Média. Na Europa Ocidental esse período foi marcado pela consolidação do modo feudal de
produção, em substituição ao escravismo greco-romano.
As invasões bárbaras, que marcaram o final do Império Romano, não se encerraram em 476, pelo contrário, continuaram
ocorrendo durante boa parte da Alta Idade Média. Desde o século VII, foram seguidas pelas invasões dos árabes no sul e sudoeste,
pelos vikings no Norte e outros povos vindos do Leste. São as invasões e o estado de guerra constante na Europa que nos
permitem compreender a estrutura econômica e social do feudalismo.
O contato da Europa Ocidental com os povos invasores não só foi responsável pela derrubada do Império Romano como
também substituiu a unidade pela diversidade cultural. A fragmentação político-cultural nos antigos domínios romanos acarretou
o surgimento de vários reinos bárbaros, além da substituição do latim pela mescla com outras línguas.
A ruralização passou a caracterizar a Europa medieval. De fato, desde o final do Império Romano, as cidades vinham
sendo abandonadas devido a invasões e saques. Por outro lado, a falta de mão-de-obra escrava atraía vastos contingentes de
trabalhadores para o campo. Sob a condição de servos nas terras que lhes eram arrendadas, o movimento dessa população
marcava a volta para uma economia rural de subsistência.
Devido à instabilidade causada pelas guerras, com a concentração da população em comunidades rurais isoladas, o
comércio entrou em franca decadência, assim como a utilização de moedas. Com o intuito de se protegerem da agressão externa,
construíram-se residências fortificadas dos senhores e castelos, tendo nas proximidades as comunidades rurais.
Ao mesmo tempo, ocorria o fortalecimento do cristianismo, pouco a pouco se impondo à nova sociedade em formação.
Vários reinos bárbaros converteram-se à doutrina cristã, destacando-se entre eles o dos francos.
34É desse período que surge os títulos nobiliárquicos de marquês e conde, referentes aos nobres responsáveis pelos territórios mais extremos
do reino, os marcos do território, ou aos condados, regiões politicamente administradas pelo rei.
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O êxito administrativo de Carlos Magno foi acompanhado por significativo desenvolvimento cultural, estimulado pelo
próprio imperador. O latim caíra em desuso com os povos germanos, e a língua escrita entrara em decadência (Pepino era
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combate. Isso porque a tática naval da Idade Média, mesmo para navios a pano, como era o caso dos que navegavam no Atlântico,
era a abordagem. As manobras eram no sentido de aproximar os navios para permitir essa abordagem.
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O pouco poder ofensivo dos primitivos canhões impunha que essa arma fosse empregada contra o homem e não contra
o material, já que neste não faria dano considerável. Geralmente, a tripulação vencida era jogada pela borda. Sendo fracos em
seu poder ofensivo, esses canhões navais primitivos eram chamados de mens killers, por só causarem dano forte nos homens. Só
mais tarde, aperfeiçoando-se os canhões navais e aumentando-se seus tamanho e poder, eles foram chamados de ship killers,
porque danificavam os navios fortemente. Com o tempo, verificou-se que as tais armações construídas na proa e na popa dos
navios mercantes, para abrigar soldados no caso de abordagem, eram úteis mesmo em tempo de paz, pois facilitavam a defesa
do navio contra piratas. Com isso, os navios mercantes passaram a manter essa adaptação em caráter permanente. O que deu
origem aos castelos de proa e de popa dos navios, que ainda hoje se veem na arquitetura naval.
Essa integração entre marinha de guerra e marinha mercante foi significativa, pois não podemos compreendê-las
isoladamente. E a Inglaterra, que mais tarde dominou os mares, só organizou sua marinha de guerra como força militar
independente e regular no reinado de Henrique VIII (1509-1547), já no século XVI. Daí em diante, sempre no interesse da
expansão de seu comércio marítimo e de suas atividades coloniais, os ingleses fizeram crescer proporcionalmente sua Royal
Navy, até vê-la a maior e a mais poderosa do mundo.
8) A Civilização Viking:
Embora viking signifique guerreiro, os vikings eram povos das enseadas abundantes tanto na Dinamarca, país
de planícies arenosas, através das quais se desenhavam tortuosos canais marítimos, como na Noruega, pátria dos “fiordes”
(gargantas escarpadas que levam as ondas até o coração dos montes, em alguns pontos por centenas de milhas).
Ao longo do curso sinuoso desses fiordes, um pedaço de terra fértil entre o precipício e o estuário dava lugar a campos
de trigo e a um grupo de casinhas de madeira. Próximo, uma encosta alcantilada trazia a espessa floresta até a borda da água,
atraindo o lenhador e o construtor de barcos.
Ao cimo de tudo, os cordões nus das montanhas erguiam-se até os campos gelados e os cumes glaciais, dividindo os
povoados dos fiordes uns dos outros, como pequeninos reinos, atrasando por séculos a união política da Noruega e lançando os
habitantes, intrépidos para o mar, em busca de alimento e de fortuna.
Traficantes de peles, caçadores de baleias, pescadores, mercadores, piratas e ao mesmo tempo assíduos cultivadores do
solo, os escandinavos sempre foram um povo anfíbio. Desde a ocupação de sua terra, em data indeterminada da Idade da Pedra,
o mar fora sempre o seu caminho de povoado para povoado e o único meio de comunicação com o mundo exterior. Até o fim do
século VIII, a área da pirataria dos vikings confinara-se principalmente às costas do mar Báltico. Tinham-se contentado eles em
se saquearem reciprocamente e aos vizinhos mais próximos, mas no tempo dos romanos já infestavam as costas da Gália Belga
(Bélgica) e da Bretanha (Inglaterra). Ao que consta, só na época de Carlos Magno começaram a atravessar o oceano e a atacar
os países cristãos do Ocidente. Foram necessários séculos de experiências e sem dúvida inúmeros naufrágios para que os vikings
aprendessem a conhecer as etapas e as épocas mais favoráveis para a navegação. Pouco a pouco eles aprenderam a passar de ilha
em ilha aproveitando o bom tempo e a construir navios maiores.
Desde o fim do século VIII ou começo do IX, quando seus exércitos e suas frotas aumentaram em número e em
importância, as expedições vikings alongaram-se. Essas expedições regularizaram-se em seguida, cada burgo fornecendo um
número determinado de navios. O sucesso das primeiras expedições de grande envergadura e o superpovoamento relativo do
Norte contribuiu, assim, em grande medida, para arrancar homens de seus lares, particularmente em certas regiões, como as Ilhas
dinamarquesas, onde, por força de lei, uma parte do povo devia emigrar desde que o superpovoamento se acentuasse.
A fome, depois de uma má colheita nesses climas inóspitos, por vezes, lançava povoados inteiros em busca de novas
terras, pois os homens do Norte sentiam a falta de águas piscosas e de terras abundantes em caça. O “Caminho dos Cisnes”,
como cantavam em suas canções, fornecia-lhes o que recusava a terra mal cultivada ou estéril ou a pesca insuficiente para
remediar a fome. Tornando-se mais audaciosos nas suas navegações, empreenderam viagens que, mesmo depois da agulha
magnética, foram apenas renovadas.
Foram três as rotas básicas escandinavas de imigração durante a era viking:
- Primeiro, a rota Oriental que penetrou no coração dos territórios eslavos foi seguida principalmente pelos suecos, até
Novgorod e Kiew, fundando o primeiro Estado russo e daí descendo pelo rio Dnieper abaixo para atravessar o mar Negro e
importunar as muralhas de Constantinopla.
As outras duas rotas desenhavam-se ao Ocidente:
- Havia a rota seguida principalmente pelos noruegueses, a qual poderemos chamar de linha exterior ou Ocidental
Externa: levava às mais aventurosas viagens marítimas, ao povoamento da Islândia e da Groenlândia, à descoberta da América
do Norte; conduzia às Orkneys, Caithness, Ross, Galloway e Dunfries, onde grandes colônias escandinavas trouxeram o primeiro
elemento nórdico à vida das Higlands e do sudoeste da Escócia. Foram ainda os noruegueses que conquistaram as Hébridas, a
oeste da Escócia, e descobriram trinta e cinco ilhas que chamaram de Faroe. O Mainland e as quarenta e cinco ilhas que a
cercaram, ilhas famosas pela pesca do arenque, foram também descobertas pelos vikings. Por essa linha exterior, vieram se
estabelecer importantes colônias norueguesas em Cumberland, Westmoreland, Lancashire, Cheshire e na costa da Gales do Sul.
A Irlanda foi durante algum tempo invadida, e Dublin, Cork, Limerick, Wicklow e Waterford foram fundadas como cidades
dinamarquesas. Enquanto os suecos dirigiam-se para a Rússia e para a Ásia, os noruegueses descobriam a rota para a Irlanda
pelo norte da Escócia e, mesmo fazendo escala na Groenlândia, foram até a América procurar peles.
- Os dinamarqueses tinham escolhida rota interior ou Ocidental Interna que, mais próxima de seu país, conduzia às
costas da Escócia, da Northumbria e da Neustria.
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É em 787 que pela primeira vez a crônica anglo-saxônica descreve a chegada à Inglaterra de três navios de homens do
Norte, vindos do país dos ladrões. A partir do ano de 793, as curtas notas anuais das crônicas contêm, quase todas, referências a
alguma incursão dos pagãos. Ora eles pilhavam um convento e massacravam os monges, ora as hordas pagãs espalhavam a
devastação entre os Northumbrios. Pouco a pouco a importância das frotas inimigas cresceu. Em 851, pela primeira vez os pagãos
passaram o inverno na ilha de Thanet; no mesmo ano, trezentos de seus barcos vieram à embocadura do Tamisa, e suas guarnições
tomaram de assalto Cantuária e Londres.
Lentamente, durante cinquenta anos ou mais, antes que o movimento atinja seu zênite, toda a Noruega e toda a
Dinamarca despertam para a verdade de que não havia poder marítimo a defender as Ilhas Britânicas ou o famoso Império
Carolíngio, que os anglo-saxões e os francos eram gente terrestre e que os irlandeses utilizavam pequenos barcos de couro. O
mundo estava assim exposto ao poder marítimo viking.
Nos anos seguintes, os pagãos foram chamados por seu nome real, dinamarqueses, e as crônicas referem-se aos
movimentos dos exércitos, fortes, às vezes de dez mil homens. Bem equipados, bem armados, muito hábeis em construir campos
fortificados, obedecendo cegamente aos reis do mar, seus chefes, os vikings, guarneciam, em grupos de sessenta a setenta
homens, os seus navios de guerra de sólida construção, as drakkas37, e desembarcavam em locais de onde pudessem enfrentar
com êxito a reação dos habitantes do país invadido. Foi assim que Noirmontiers tornou-se sua base no litoral da França, Thanet
no da Inglaterra e a ilha de Man no mar da Irlanda. Os que operavam na França vinham, sobretudo, da Dinamarca, reunidos em
pequenas flotilhas que perlongavam a costa. Subiam os rios, saqueavam as igrejas e destruíam as cidades, ou para poupar o país,
faziam-se pagar um resgate calculado em libras de prata. Os primeiros bandos haviam aparecido antes dos fins do reinado de
Carlos Magno, mas, depois dos meados do século IX, esses invasores estabeleceram-se com suas famílias em campos
entrincheirados junto à embocadura dos rios, de onde em todas as primaveras partiam para agir no interior. Além da ilha
Noirmontiers, os normandos instalaram-se na foz do rio Sena e subiram o rio Garona, saqueando as cidades. Até cerca de 860,
entretanto, ocuparam na França apenas em pontos da costa e algumas ilhas, fazendo ocasionalmente expedições de saque pelo
interior. Depois, as expedições transformaram-se em verdadeiras migrações. Nos anos seguintes, os normandos embrenharam-
se pelo interior da França, devastando uma enorme região e chegando mesmo a sitiar Paris em 886.
Os vikings que seguiam a linha exterior e os que seguiam a linha interior muitas vezes se cruzavam no caminho.
Encontravam-se dinamarqueses e noruegueses na Normandia, no sul da Irlanda e no norte da Inglaterra, e ambos penetravam
indiferentemente na Hispânia, no Mediterrâneo e no Levante.
Toda essa espantosa exploração, que tocou a costa norte-americana cinco séculos antes de Colombo, esse habitual e
quase diário desafio das tempestades da Costa Wratch e das Hébridas, foi levado a cabo em longos barcos descobertos, impelidos
a remos e manobrados pelos próprios guerreiros com o auxílio de uma única vela.
A coragem e a perícia naval de marinheiros, que se aventuraram em tais barcos a empreender tais viagens, nunca foram
ultrapassadas na história marítima. Muitas vezes pagaram pela sua ousadia. O Wessex, no tempo do rei Alfredo, salvou-se uma
vez graças ao naufrágio de uma esquadra inteira, quando uma tempestade lançou cento e vinte galés dinamarquesas contra os
penhascos de Swanage.
Em quase todas as regiões em que dominaram pelas armas, os vikings acabaram assimilados pelas populações vencidas.
Na Grã-Bretanha, os dinamarqueses e noruegueses ou foram repelidos ou fundiram-se com os anglo-saxões com o decorrer dos
anos. Na Franca, não são bem conhecidas as circunstâncias segundo as quais o rei dinamarquês Rollon obteve o território que
veio a constituir o Ducado da Normandia. Estabelecidos nos férteis campos da Franca, pouco a pouco os normandos perderam
os hábitos violentos é adotaram a língua e a cultura francesa.
Nos séculos que se seguiram, o espírito aventureiro dos descendentes dos vikings os levou a participarem de muitas
empresas guerreiras, tais como a conquista da Inglaterra em 1066 por Guilherme “o Conquistador”, a expulsão dos árabes do sul
da Itália e da Sicília, e as Cruzadas.
Em poucas gerações, contudo, os normandos mudaram radicalmente seus hábitos antigos, e a Normandia converteu-se
numa região conhecida tanto pela excelência de seus rebanhos e de seus pomares quanto pela fama de seus marinheiros e
pescadores.
Em síntese, a história dos nórdicos é um flagrante exemplo da influência da geografia na evolução de um povo. Talvez
mais ainda que nas histórias grega e fenícia, a natureza especial das regiões escandinavas explique a epopeia viking.
o século X, sucedeu, então, um período marcado pelo predomínio da vida rural e ausência ou severa redução do comércio no
continente europeu, denominado Alta Idade Média.
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Só a partir do século XI, quando se iniciaram diversas mudanças significativas para a economia feudal, é que as
atividades baseadas no comércio e na vida em cidades, pouco a pouco, ganharam impulso. Essas mudanças deram início ao
período que chamamos de Baixa idade Média, o qual se estendeu até o século XV. Ele é chamado de Baixa Idade Média por ter
sido marcado pelo surgimento dos elementos que desencadeariam a decadência do feudalismo.
As origens de tais mudanças encontram-se no esgotamento do sistema feudal, progressivamente abalado pelas
transformações em curso na Europa, sendo a principal delas o surto demográfico verificado a partir dos séculos X e XI. De fato,
a diminuição progressiva no ritmo das invasões, que caracterizaram praticamente toda a Alta Idade Média, ofereceu a
contrapartida de condições mais estáveis de vida, o que provocou gradativo, mas significativo, aumento de população. Por volta
do século X, estima-se que os índices de natalidade superassem os de mortalidade em toda a Europa.
A expansão demográfica chocava-se com o imobilismo do sistema feudal, baseado em unidades produtivas
autossuficientes, comumente chamadas de feudos. Cada feudo produzia o bastante para o seu próprio consumo e, devido às
limitações técnicas predominantes, não ocorria o aumento de produtividade necessário para satisfazer à crescente população.
Além da insegurança e das guerras, entre outros fatores, a servidão feudal não era motivadora de intensa inovação
tecnológica, já que aumentar a produção não implicava participar dos frutos (lucros). Na estrutura feudal o aumento da
produtividade quase sempre significava acréscimo na tributação, inibindo o empenho por uma produtividade maior. Finalmente,
o próprio isolamento de cada feudo fazia com que eventuais progressos técnicos tivessem maior dificuldade de transpor sua
própria região.
Alguns setores artesanais, entretanto, sustentaram-se e desenvolveram-se no período, trabalhando para a nobreza e o
alto clero: armeiros, que serviam aos nobres guerreiros, ourives, pintores e construtores, que trabalhavam na edificação de
catedrais e castelos, etc.
Algumas inovações técnicas aplicadas aos trabalhos agrícolas, ainda assim, foram observadas no período, como a
utilização dos arados de ferro no lugar dos de madeira, mais fracos e menos eficientes, e o aperfeiçoamento de moinhos
hidráulicos. Buscou-se ainda expandir as terras cultivadas com o aterramento de pântanos e a derrubada de florestas. A
população, no entanto, continuava a crescer em ritmo mais acelerado que o da produção.
Na medida em que o sistema como um todo não podia mais sustentar o excedente populacional, muitos acabaram sendo
marginalizados e expulsos dos feudos. A marginalização social atingiu não apenas servos como também senhores. Nobres sem-
terra, vítimas do direito de primogenitura, que dava apenas ao filho mais velho as terras e os títulos paternos, vagavam pela
Europa, como cavaleiros andantes38. Ofereciam seus préstimos militares a outros senhores em troca de terras ou de rendas,
derivadas da cobrança de pedágios em estradas e pontes, por exemplo.
Muito mais numerosos e igualmente excluídos, os servos buscavam sobreviver ocultando-se em bosques e reocupando
antigos centros urbanos abandonados. Quando encontrados, eram perseguidos pelos nobres, que não os admitiam em suas terras
saturadas.
Nesse contexto, assiste-se na Baixa Idade Média (período que vai do século X ao século XV) a um crescente
expansionismo: o chamado “Drang Nach Osten”, isto é, a expansão germânica em que cavaleiros alemães (teutônicos), sob o
pretexto da propagação do cristianismo, dirigiram-se para o Oriente, para a atual Rússia, subjugando a região báltica, a
reconquista cristã dos territórios tomados pelos árabes na península Ibérica e o movimento cruzadista, que contou com a
participação de inúmeros cavaleiros de toda a Europa. Era a conquista de novas terras e riquezas para fazer frente ao quadro de
dificuldades que marcava os primeiros séculos da Baixa Idade Média.
38O mito desses cavaleiros é que gerou histórias como de Dom Quixote de La Mancha e Robin Hood, nobres de origem, mantendo atitudes
nobres e puras, mas marginalizados no crime ou na mendicância.
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Outros interesses em jogo envolviam o comércio, atividade até então secundária, mas crescente em importância em
meio ao surto demográfico a que a Europa assistia. Negociantes italianos passaram a se interessar por entrepostos e vantagens
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39O número de expedições e a classificação muda conforme o contexto em que são analisadas por um historiador, podendo variar conforme o
foco em que é estudada.
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O crescente comércio e as transações financeiras tornaram necessário o retorno da utilização em larga escala de moedas,
o que gerou a introdução de letras de câmbio e o desenvolvimento de atividades bancárias em geral. A terra deixou de ser a única
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fonte de riqueza e, nesse contexto, surgiu um novo grupo social, o dos mercadores, que trabalhavam diretamente no comércio e
a dos burgueses, detentores de capital.
O dinheiro, e a acumulação dele, passam a reger as economias, fazendo surgir um novo contexto econômico em
contrapartida do escambo, o Capitalismo.
12.1) Pisa:
A posição natural muito propícia, na foz do rio Arno, então navegável até sob os muros da cidade, fez de Pisa importante
centro comercial desde o primeiro século da Idade Média. O estuário do Arno oferecia então bom abrigo e espaço suficiente, ao
passo que a correnteza forte do rio se opunha ao assoreamento da saída para o mar.
Do lado de terra, não contando com barreira protetora de montanhas como Gênova e limitando-se com os territórios de
Lucas, em fase de expansão, Pisa não possuía possibilidades de engrandecimento. A cidade voltou assim os olhos para o mar e
no século X teve boas ocasiões de satisfazer suas ambições marítimas. Era o único porto sobre o Tirreno, no interior da Itália
Lombarda, e além do mais, nessa ocasião, Gênova não podia oferecer concorrência, pois toda costa lígure estava presa das
devastações sarracenas (mouras ou islâmicas) que ameaçavam controlar o mar Tirreno, desde as costas da Tunísia e da Espanha.
Perante a ameaça muçulmana, Pisa e Gênova coligaram-se e realizaram esforços vigorosos e constantes para expulsarem os
infiéis do mar que tinham como próprio.
No fim do século XI, as duas cidades lançaram repetidos ataques contra as principais cidadelas do poderio árabe. Os
árabes foram assim expulsos da Sardenha, onde pisa reservou-se privilégios comerciais. Na Sicília, a própria Palermo, que era
então um grande porto de mar e uma cidade de 300 mil habitantes, foi atacada pelos pisanos, o que contribuiu para a reconquista
da Ilha. Na Tunísia, os pisanos e genoveses puseram a saque Mehedia, que era sem dúvida a cidade mais poderosa da costa da
África e que se havia convertido num ninho de piratas.
Afastados assim do mar Tirreno, os inimigos dos cristãos, as duas novas repúblicas viram prosperar seu comércio. Suas
frotas, crescentes em força e em número de navios, empreenderam viagens mais longas e abriram novas rotas.
A expansão marítima e comercial da República Pisana era então guiada pelo governo, que intervinha mesmo no domínio
das atividades particulares, procurando, de uma parte, afastar os obstáculos e entraves que se opunham ao livre trânsito das
mercadorias, e de outra, levar gradualmente a conquista ao Oriente, principal fonte de lucros.
Do século XI ao século XIII, os núcleos urbanos da península Italiana, e em particular as cidades marítimas, entraram
em rivalidade para a conquista da primazia política e comercial sob a influência de dois fatores preponderantes: as cruzadas e a
criação do Império Latino do Oriente. Ao começarem as cruzadas, as Repúblicas Italianas não viram apenas uma continuação
da luta tantas vezes empreendida contra os infiéis, mas também uma oportunidade única para obter vantagens econômicas. Pisa,
como as outras grandes repúblicas marítimas italianas, não só participou diretamente da guerra contra os muçulmanos
estabelecidos na Palestina, como também soube cobrar bom preço pelo transporte dos exércitos cristãos do Oriente. Ao mesmo
tempo, a comuna procurou estabelecer nos países recém-conquistados pelos cruzados proeminência comercial, obtendo
concessões especiais para os mercadores pisanos.
A Primeira Cruzada valeu a Pisa privilégios e feitorias ao longo da costa Síria e da Palestina. A Segunda lhe favoreceu
o comércio ao longo das costas italianas e sicilianas. Em 1108, tendo ajudado com uma frota a conquista de Laodicéia, obteve
em compensação um quarteirão naquela cidade e outro em Antioquia. Entre 1108 e 1124, Pisa conseguiu quarteirões em Trípoli,
em Tiro e em Jerusalém. Ainda nesse período, ela se fez outorgar um quarteirão em Constantinopla e um cais no Corno de Ouro
e, mais tarde, para contrabalançar a influência genovesa no Tirreno e na costa da Espanha, fez um tratado de comércio com o
Emir de Valência (1150).
A atividade dos pisanos na costa asiática não os impediu de olhar mais adiante, para o Egito, onde os atraíam dois
grandes centros: Alexandria e Cairo. No fim de 1154, um tratado de comércio com o Califa Fatimita 40 abriu aquela região ao
comércio pisano, mas em 1157 a captura de uma nave pisana, a venda dos marinheiros como escravos na Tunísia, a ruptura do
tratado, levou Pisa a favorecer o jovem e valoroso rei de Jerusalém, Almarico, que, nos anos de 1163 a 1169, por cinco vezes
levou a guerra ao vacilante califado. O assédio de Alexandria pela frota pisana em 1167, contudo, terminou em insucesso. Quando
em 1171 Saladino assenhoreou-se do Egito, não restou aos pisanos outro recurso senão negociar com o grande conquistador
muçulmano.
Na Terceira Cruzada (1189-1192), os navios pisanos transportaram um exército toscano, sendo aproveitado o ensejo
para a venda, por preço caro, de vitualhas 41 e roupas aos companheiros de armas.
A par da expansão longínqua nos mares da África e do Levante, a Comuna Pisana procedia com igual vigor para
concentrar no seu porto o comércio do mar Tirreno, da costa toscana à Sicília. Desde 1137, ajudada por Lactário e Spplimburgo,
Pisa dera o golpe de graça na rival, Amálfi, apoderando-se da Ischia e de Sorrento.
O sucesso de Pisa valeu-lhe a animosidade das cidades vizinhas, em particular Gênova, que visava à supremacia no mar
Tirreno, e das cidades do interior como Lucas e Florença, ciumentas de a verem exercer controle sobre o único escoadouro
marítimo da Toscana. Em 1194, Messina foi tomada, e os pisanos destruíram o empório genovês da cidade. A vitória, porém, foi
40 Fatimita: uma das ordens dos mulçumanos, como os sunitas e os xiitas. Seguem a Fátima, uma das filhas de Maomé.
41 Vitualhas: conjunto de materiais e equipamentos necessários a manutenção de tropas em ação longe de suas bases.
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paga a preço caro: o favor imperial aos genoveses contribuiu para a perda de treze navios da frota pisana. Dessa época começa
a decadência da potência pisana, sendo no começo quase imperceptível devido às manobras políticas e estratégicas feitas por
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12.2) Gênova:
A origem de Gênova não é menos remota que a pisana e data certamente dos primeiros tempos da vida marítima no mar
Tirreno. O porto de Gênova não era nem o maior nem o melhor dos portos da costa Lígure, mas era sem dúvida o melhor situado.
Gênova ocupa o ponto mais setentrional dessa costa. Os montes Apeninos, na verdade, elevam-se imediatamente atrás da cidade
e a separam do vale do rio Pó, mas ao mesmo tempo protegem-na muito eficazmente do lado de terra. Embora fossem possíveis
culturas variadas, como trigo, oliveira, vinhas e laranjeiras, o território restrito da República de Gênova, que se estendia ao longo
da costa Lígure, era incapaz de produzir a quantidade suficiente de gêneros alimentícios para a população e matérias-primas para
a indústria.
A pesca, em compensação, era abundante na costa e as florestas dos Apeninos dispunham de boas madeiras para a
construção naval. Foi, portanto, no mar que Gênova procurou suas possibilidades econômicas. Dessa forma Gênova conseguiu
reerguer-se nas vezes em que sofreu as destruições das invasões sarracenas
Na primeira metade do século X, Gênova, ao conseguir sacudir o jugo feudal do Marquês de Obertenghi, conquistou ao
mesmo tempo sua unidade comercial e um lugar elevado entre as cidades marítimas da Península. Não muitos anos depois,
Gênova, unida a Pisa, na célebre campanha da Sardenha contra Mogahid, em 1015-16, iniciou naquela ilha o comércio do sal, e
na Córsega uma tenaz penetração, sem temer suas futuras relações com a aliada daqueles dias. Os navios das duas Comunas 42
chegaram unidos à costa da Síria em 1065, depois a Caffa. Em 1087, combateram juntos os árabes de Mehedia, e desse modo,
na segunda metade do século XI a comuna genovesa firmou seu poderio marítimo no sul do Mediterrâneo. Lá, como em Pisa,
os armadores e os navegantes prevalecendo na vida citadina criaram a administração consular e, ao mesmo tempo, a Campagna.
As riquezas acumuladas, o crédito assegurado, uma sucessão de governos com a mesma orientação, acabaram por constituir uma
nobreza de origem mercantil, diferente da feudal. A nobreza em Gênova não tinha, assim, por base a propriedade imobiliária,
mas os estabelecimentos comerciais e a navegação. Essa nobreza fornecia os governadores das ilhas conquistadas no Levante e
os comandos das forças navais.
A participação de Gênova na Primeira Cruzada (1096-99) permitiu-lhe fundar uma linha de empórios ao longo da costa
da Síria e da Palestina, fato de uma importância comercial considerável, tendo em conta que esses países eram relativamente
povoados e produtivos naquela época. Os bons resultados alcançados estimulariam os empreendimentos posteriores. As
expedições multiplicaram-se, os braços e o capital da cidade não foram suficientes. No princípio do século XIII (1206) uma nova
instituição, o Consolato del Mare, foi criada. Ocupava-se exclusivamente da parte financeira dos empreendimentos marítimos,
permanecendo dependente do poder central.
O incremento da atividade marítima de Gênova acarretou inevitavelmente a rivalidade das outras cidades italianas com
interesses idênticos, e, a partir do começo do século XIII, os três principais centros marítimos comerciais da Itália sustentaram
entre si diferentes lutas que abarcaram quase duzentos anos.
A fim de promover sua expansão marítimo-comercial, os cidadãos de Gênova criaram, na primeira metade do século
XIII, uma associação de caráter militar que tomou o nome de Maona. Era ela constituída por um núcleo de cidadãos que, com
seus navios, procediam às despesas de qualquer expedição naval empreendida no interesse e sob a direção da Comuna.
A Comuna nomeava o Almirante que comandaria os navios armados por conta dos componentes. O lucro da empresa e
a administração dos lugares eventualmente conquistados revertiam para a Comuna, depois das despesas da Maona terem sido
ressarcidas. A primeira Maona, por ordem cronológica, parece ter sido a de Ceuta em 1234, quando um grupo de cidadãos armou
por conta própria mais de cem navios, entre galeras e navios de comércio. Outras Maonas importantes foram a de Chios, em
1346, da qual resultou a captura daquela ilha no mar Egeu, e a de Chipre em 1374, onde foi fundada importante colônia.
Ao começar o século XIV, Gênova estava no apogeu de sua atividade marítimo-comercial. A ajuda prestada na
restauração do Império Romano do Oriente valera-lhe vários empórios estabelecidos em quarteirões de Constantinopla, Pera e
Gaiata. Pera tornou-se o centro da administração colonial genovesa no Estado Grego, e Caffa o das colônias do mar Negro. Por
cerca de 1300, Gênova foi a primeira cidade mediterrânea a começar a organizar viagens para os portos de Bruges e de Londres.
Na segunda metade do século XIV, as grandes operações de comércio ficaram circunscritas a Veneza e a Gênova, pois
Pisa não mais se ergueu depois da derrota de Melória e da perda da Sardenha. A Grécia havia perecido sob a cimitarra turca e os
navios do Norte apareciam raramente nos portos do Sul. Os genoveses tinham o comércio de toda a costa Lígure e dominavam
desde o Corvo até o Mônaco. Aprovisionavam de sal a Luquia, frequentavam Civita Vecchia e Corneto, foram sempre em grande
número em Messina e em Palermo. No Adriático, visitavam frequentemente Manfredônia, Ancona e mesmo Veneza, nos
intervalos de paz. Faziam comércio importante com Marselha, Aigues Mortes, Saint Epidius e Montpelier. Na África, os
navegantes genoveses tinham privilégios assegurados pelos maometanos. O Egito era mais frequentado pelos venezianos. Os
42 Comuna: associação de mercadores italianos, principalmente de Gênova, podendo ser comparada às cooperativas modernas.
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genoveses não deixaram, contudo, de aparecer nos mercados de Alexandria, de Roseta e Damieta e de se estabelecer mesmo no
Grande Cairo e de concluir tratados vantajosos com os sultões. Todavia, a área principal das operações comerciais de Gênova
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permaneceu sempre no Levante, isto é, nos países da Ásia e da Europa, submetida aos príncipes gregos, tártaros, búlgaros e
turcos. Seu comércio com o Levante se fazia por meio de uma série de escalas que atingiam a China de uma parte e as Índias de
outra, seguindo as costas do Golfo Arábico.
Havia ainda outros centros em toda a Romênia, na Macedônia e no Arquipélago Grego. Na Anatólia, Gênova possuía
Smirna e as duas Fócidas, ricas em alúmen 43. De Chipre retirava madeiras de construção, cedro, ferro, cereais, açúcar, algodão
e azeite, além dos produtos que vinham do Oriente. Outras companhias genovesas haviam-se estabelecido no litoral do Oceano,
nos Países Baixos e na Inglaterra. Além do mais, Gênova dominava a ilhas da Córsega, Sardenha, Malta e Sicília. Gênova tinha,
em resumo, além de uma parte considerável do comércio europeu, as três grandes vias de comércio da Ásia Central e da Índia:
a primeira, pelo mar Negro, pelo Cáspio e o Volga; a segunda, a Pagolat e a Laiazzo, pelo Golfo Pérsico, Alepo e a Armênia; e
a terceira, a Alexandria, pelo mar Vermelho e o Egito.
Apesar da posição privilegiada alcançada como potência marítimo-comercial na segunda metade do século XIV, já
cinquenta anos depois se notavam os primeiros sinais de decadência de Gênova. As vitórias navais de Melória e de Curzola
haviam constituído o ápice da potência marítima de Gênova, porém haviam exigido um esforço imenso e produzido um grande
consumo de forças. As perdas em vidas nas guerras eram desastrosas para os genoveses, porque eles não empregavam tropas
mercenárias, mas cidadãos, dos quais dois mil morreram na jornada de Loiera e três mil prisioneiros morreram nos ergástulos
(prisões). O desenvolvimento da Marinha catalã, as dissensões internas cada vez mais graves, a alternância do domínio
estrangeiro, a luta persistente contra Veneza, o desastre da Guerra de Chioggia (1378-81), e a dominação francesa do rei Carlos
VI (1396-1409) são as várias etapas de uma gradual decadência. Não conseguiram impedi-la a administração de Simão
Boccanegra nem os triunfos que por vezes a Marinha genovesa alcançou, perpetuando com honra suas tradições bélicas.
12.3) Veneza:
Durante a era Longobarda, nas ilhas da Laguna Adriática, surgiu a cidade destinada a liderar, na Idade Média, todas as
demais, por riqueza econômica e poderio marítimo: Veneza. A ilha da Laguna, habitada na Idade Antiga por famílias de
pescadores, tornou-se no último século do Império Romano o lugar de refúgio das populações de terra firme, fugitivos das hordas
bárbaras de Alarico, de Átila, de Ricimero e etc.
As lagunas situadas no interior do Adriático não ofereciam senão magros recursos aos seus habitantes, apenas pequenas
superfícies permaneciam acima das águas, havia poucas terras cultiváveis e estas eram mal drenadas; a água potável era escassa.
Por outro lado, as lagunas ocupavam uma excelente posição geográfica, considerando que elas se encontravam perto da região
plana mais vasta da Itália e num ponto onde as rotas marítimas do Mediterrâneo penetravam mais profundamente no continente
europeu.
As primeiras atividades dos habitantes das lagunas foram condicionadas pelo caráter de seu habitat. Eles tiveram em
primeiro lugar que adaptar as terras às suas necessidades, consolidando o solo, cavando canais, construindo diques e preparando
bacias para os navios, enfim, começaram a cultivar o trigo, a vinha e a recolher água de chuva em cisternas. É um fato
significativo que desde 536 os habitantes das lagunas sejam descritos como salineiros e piratas marítimos. Veneza chegou a
conseguir no norte da Itália o monopólio virtual do comércio do sal, passando as cidades continentais a depender de Veneza para
seu aprovisionamento. Não havendo possibilidade de outra indústria a não ser a do sal, que era com a pesca e com os proventos
da pirataria o usual nos povos marítimos daquele tempo os únicos artigos de comércio, os venezianos abriram novos horizontes
a ideais mais vastos, de tal modo que, no início do século VI, os navios dos insulares sulcavam ao largo e ao longo do Adriático,
fazendo o tráfego de gêneros diversos com Bizâncio (Constantinopla) e com as terras do Oriente.
Assim, Veneza, à medida que progredia, tornou-se uma guarda avançada fronteiriça do mercado grego até
aproximadamente o ano 1.000, se bem que usufruindo uma grande independência, permanecendo como parte do Império
Bizantino, situação política que favoreceu sensivelmente seu progresso. Por outro lado, sua situação e sua superioridade
marítimas, que a tornaram de acesso difícil, colocaram as lagunas ao abrigo da conquista lombarda. Carlos Magno apoderou-se
da maioria das ilhas, mas essa conquista foi efêmera. Também pôde Veneza escapar quase completamente às rivalidades e
complicações da Península. Sob esse prisma, Veneza foi mais favorecida que Gênova. Enfim, pela mesma razão, a situação
geográfica das lagunas estimulou o desenvolvimento de uma comunidade de interesse que encontrou sua expressão na
administração centralizada do Doge. Segundo a tradição, o Ducado de Veneza Marítima constituiu-se em 697 (O Primeiro Duque
ou Doge foi Paolucio Anafesto), concentrando numa só mão a atividade múltipla e dividida dos insulares,
A decadência de outras cidades deixou Veneza livre para explorar o potencial comercial de sua excelente posição
geográfica. Entretanto, a nascente República não estava em condições de alcançar projeção mundial, por ter ficado ocupada em
contínuas lutas contra os piratas eslavos e sarracenos que infestavam o mar Adriático. Até o fim do século VIII, o Império
Bizantino controlou a entrada do Adriático desde as cidades costeiras de Durazzo e de Brindisi, mas as devastações dos árabes
na Itália Meridional ameaçaram bloquear essa passagem. Ao mesmo tempo, a costa Dálmata, com suas numerosas baías
abrigadas, seus inúmeros canais e suas ilhas, constituía a base da pirataria eslava. Pouco a pouco Veneza conquistou a supremacia
no mar, infligindo derrotas aos árabes. Fundou, cerca do ano 1000, uma série de empórios ao longo da costa Dálmata, em Zara,
Veglia, Arbe, Tran e Spalato.
43Alúmen é o sulfato duplo de alumínio e potássio, podendo também ser de sódio. É comumente conhecido como predra-ume ou pedra de
alúmem. Tem várias aplicações hoje em dia, mas na Antiguidade era muito comum o uso como desodorante, adstringente (pós-barba), para
curtir couros, para o preparo de pão e purificação de água.
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Desimpedido o mar Adriático da ameaça dos piratas, pôde Veneza enfim beneficiar-se das vantagens de sua posição,
face às correntes mercantis da Idade Média. Com efeito, para o Adriático convergem cerca de três rotas naturais: uma, a vereda
adriática; a segunda, formada pelo vale do Pó; e a terceira, o escoadouro para o sul dos diversos caminhos alpinos de acesso
fácil, ligando o Adriático à Alemanha, à França e aos Países Baixos. Noutras palavras, colocada geograficamente quase a meio
caminho das duas extremidades da bacia Mediterrânea e ligada politicamente à grande cidade comercial de Constantinopla,
Veneza tinha toda facilidade para atuar como agente de distribuição em todo esse mar.
Os sucessos no Adriático deram a Veneza não somente acesso às grandes quantidades de madeira de construção que
eram trazidas aos portos da Dalmácia dos altos planaltos da Hinterlândia, mas também ao trigo e aos vinhos da Itália do Sul.
Além do mais, teve acesso livre a campos comerciais de maior envergadura. Seja como vassalo, aliado ou inimigo vitorioso do
Império Bizantino, Veneza jamais perdeu de vista seus interesses mercantis. Já no século X ela havia adquirido em
Constantinopla prioridade sobre suas concorrentes italianas, Amálfi e Bari. Em 1082, se fez outorgar o direito de comerciar sem
pagar nenhum direito em toda a extensão do Império Bizantino.
Na época da Primeira Cruzada (1096), Veneza, já uma importante potência naval, pôde colocar à disposição das
cruzadas a frota necessária ao transporte de homens, cavalos e víveres para a Terra Santa. Ao mesmo tempo, mantinha relações
comerciais com Alexandria, em poder dos infiéis. Um século depois (1204), fazendo a Quarta Cruzada servir a seus próprios
fins, Veneza se apoderou de Zara, na costa da Dalmácia, e possibilitou a tomada de Constantinopla pelos cruzados, com a
consequente criação do efêmero Império Latino do Oriente. A Quarta Cruzada acabou totalmente com o predomínio da metrópole
do Bósforo e converteu Veneza em potência normativa. O Império Grego ruiu e na partilha recebeu Veneza territórios tão vastos
que o Doge pôde chamar-se com orgulho Senhor de uma quarta parte e de um oitavo de todo o Império Romano. A cidade das
lagunas, todavia, visava assegurar o
predomínio mercantil de modo incondicional e não ocupar uma extensão territorial de difícil defesa.
Na busca de suas ambições comerciais, Veneza edificou um vasto Império que se compunha, sobretudo, de territórios
úteis ao comércio e que pudessem ser vigiados por sua Marinha. Como colônia de fato, os venezianos só mantiveram a Ilha de
Creta, que era um lugar de repouso e de refúgio no cruzamento das linhas de navegação mais importantes do que nas culturas do
arroz, do algodão e da cana-de-açúcar que havia lá. Fora disso, Veneza só teve a posse de alguns pequenos portos na costa,
vantajosamente colocados no ponto de vista comercial e de fácil defesa. Mesmo o domínio veneziano na Dalmácia exercia-se
apenas no litoral, onde ela conservava vários portos principais.
Tal como em Pisa e Gênova, a ação do governo fazia-se sentir fortemente em todos os setores ligados ao comércio
marítimo da cidade. No começo da primavera, o Estado procedia à abertura do mar, pondo em atividade o que se chamava as
esquadras do tráfego, que eram formadas por frotas mercantes de importância diversa e que, por todo o período da navegação,
eram alugadas à sociedade de mercadores e especuladores. Cada ano armavam-se, por conta do Estado, seis esquadras de tráfego
compostas de 3.300 navios com cerca de 36 mil homens de guarnição. O tráfego se orientava em três direções principais: para o
Norte da África, para o Leste do Mediterrâneo e pelo sul da Europa, do lado ocidental. Uma das rotas mercantis conduzia ao
Egito; em Alexandria e no Cairo, eram recebidas as mercadorias pelos árabes que as levavam para o outro lado do mar Vermelho.
Para a costa da Síria dirigiam-se suas frotas, para levar peregrinos aos Santos Lugares e tomar a bordo gêneros do Oriente para
a viagem de volta. Também no noroeste do Mediterrâneo apareciam frequentemente as naves de Veneza e entabulavam benéficas
relações mercantis, apesar dos sangrentos encontros que tiveram com os barcos genoveses. Em Tana, nas proximidades da
desembocadura do rio Don, estabeleceram os venezianos uma colônia onde trocavam peles russas e mercadorias índias, embora
o principal objetivo fosse negociar no mercado de escravos que existia nessa localidade. Para o oeste, estendeu paulatinamente
os venezianos sua influência com os sarracenos da África Setentrional, da Espanha e com os habitantes do sul da França que
estiveram em estreitas relações mercantis.
Dada a enorme importância da marinha para Veneza e se bem que os estaleiros fossem dirigidos por empresas privadas,
o Estado regulava e dirigia a produção, seguindo leis rigorosas concernentes aos processos de fabricação dos navios, suas
dimensões, seu aparelhamento, enfim, o trabalho dos operários. Nenhum veneziano podia construir nos limites da República
navios que não tivessem as medidas rigorosamente previstas. Os interesses da defesa militar exigiam, com efeito, que, em caso
de necessidade, os navios mercantes pudessem ser facilmente transformados em navios de guerra. Eis a explicação da prodigiosa
rapidez com que aquela República renovava sua frota,
A primeira metade do século XV viu o apogeu do poderio marítimo-comercial veneziano. No ano de 1423, o Doge
Tomaz Mocenigo, em relatório apresentado aos conselheiros, estimava serem 3.300 os mercadores navegantes. Por essa época,
nem só no Mediterrâneo e no Oriente aplicava-se a atividade veneziana. Na França, na Alemanha, no Flandres e na longínqua
Inglaterra, durante o último século da Idade Média, penetraram também os comerciantes e os navegantes da Sereníssima. Com
Portugal, a República teve relações diretas e de alguma intensidade pelo fim do século XV, devido ao tráfego de cana-de-açúcar
que a ilha da Madeira produzia em grande abundância. Cada ano, navios portugueses carregados de açúcar chegavam a Veneza,
porém a amizade entre os dois Estados não durou muito. Em 1498, um navio português saqueou uma nave veneziana que se
dirigia a Salônica e se apoderou de outra de Creta, carregada de vinho, ao passo que o avanço lusitano, ao longo da costa africana
em busca do caminho marítimo para as Índias, suscitava o receio justo dos dirigentes do Estado.
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acontecimento de grande importância no século XIII, que foi a introdução da bússola na Europa; esse
instrumento já era conhecido pelos chineses, parecendo mesmo que os mongóis já se orientavam por ela
em suas incursões pela Europa. Coube aos árabes servirem de ligação entre o Oriente e a Europa, apesar
de suas contínuas lutas com os cristãos; na época das cruzadas, os europeus devem ter tomado
conhecimento dessa invenção, que, a princípio, foi considerada coisa de
feiticeiro.
Nos fins do século XIII, no entanto, o uso da bússola já estava
generalizado na Europa, para a navegação. Juntamente com outros
instrumentos da época, o astrolábio e a balhestilha davam ao navegador um
seguro conhecimento de sua latitude. Quanto à longitude, porém, o único meio
de conhecimento era pelo caminho percorrido, o que se obtinha, com grande
margem de erro, navegando-se até o paralelo desejado e daí rumando para leste
ou oeste até o ponto desejado.
A Caravela:
A Nau:
Depois de explorada toda a costa africana do Atlântico, os portugueses
adotaram novo tipo de navio, a nau, bem maior do que a caravela e capaz de navegar
muito longe do litoral, mesmo com tempo hostil. Foi com esse tipo de navio que Vasco
da Gama fez sua viagem às Índias.
O galeão:
Quando Portugal descobriu o caminho para as Índias, acabou por desviar a maior
parte do comércio europeu, prejudicando as cidades marítimas italianas. Ao chegar as
Índias, e dominar o comércio local, os portugueses prejudicaram os dominadores
antecessores de Portugal: os árabes.
Assim, ao concretizar as Grandes Navegações, os portugueses criaram como
inimigos no Atlântico os italianos, e no Índico, os árabes, passando, portanto, a necessitar
de um navio especificamente para a guerra: o Galeão.
Tanto as caravelas, quanto as naus e os galeões eram artilhados, sendo que as caravelas se utilizavam apenas de canhões
de pequeno calibre, enquanto o Galeão, além de portar canhões de maior calibre, carregava uma quantidade maior de unidades
e dos apetrechos necessários ao seu emprego.
CAPÍTULO III
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IDADE MODERNA
Quanto aos nobres, os novos tempos desafiavam a manutenção dos seus privilégios, adquiridos há séculos, exigindo-lhes
esforços para se adaptarem à nova ordem e garantirem alguns dos seus privilégios e poderes. Somente no final da Idade Moderna
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os burgueses romperiam definitivamente com as antigas tradições e resquícios estamentais, sendo já suficientemente fortes para
criar uma estrutura econômica, social e política à sua própria imagem, de fato capitalista, eliminando os últimos vestígios feudais.
Mas para chegar a isso, predominaram durante o período moderno o rompimento e a combinação de interesses dos herdeiros da
velha ordem e dos nascidos do desenvolvimento comercial e urbano, consistindo na transição do capitalismo comercial.
A formação dos Estados Centralizados iniciada na Baixa Idade Média e a dinamização comercial e urbana, tiveram
importância fundamental para a expansão mercantil. Em cidades onde já ocorriam as trocas monetárias e a produção
manufatureira, passou a vigorar maior controle da arrecadação de tributos e da circulação de mercadorias e de dinheiro por parte
do rei e seus auxiliares. A produção manufatureira que ganhava impulso era, então, realizada por trabalhadores assalariados,
contratados pelo proprietário que também era patrão. Consolidavam-se novas relações sociais e produtivas, rompendo barreiras
feudais tradicionais.
No campo, muitas das antigas obrigações feudais que caracterizavam a servidão foram sendo abolidas ao longo dos
séculos, concomitantemente à introdução do trabalho assalariado e à expropriação das terras comunais.
Durante a Idade Moderna, a sociedade continuava dividida em ordens: clero, nobreza e povo. Tal divisão refletia ainda a
persistência de valores medievais que separavam as pessoas entre "os que rezavam", "os que combatiam" e "os que trabalhavam".
Porém, à medida que se acumulavam riquezas nas mãos de parcelas desiguais da população, esboçava-se uma sociedade mais
dinâmica em que se destacavam classes de proprietários de terra (clero e nobreza), de burgueses (comerciantes e artesãos) e de
trabalhadores (assalariados, camponeses livres e servos).
44No caso específico espanhol é utilizado o termo Bulhonismo, em referência ao nome da moeda espanhola. A Espanha foi a nação que mais
empregou o metalismo em toda a história.
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Devido às maiores possibilidades de acumulo de riqueza, a colonização passou a ser o principal meio pelo qual os Estados
europeus tentaram atingir seus objetivos mercantilistas. Portugal e Espanha, precoces na expansão marítima e na partilha do
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mundo que se seguiu, usufruíram de significativos meios para se enriquecerem: Portugal pôde explorar o mercado de especiarias,
ao ter estabelecido rotas alternativas para as Índias Orientais. A Espanha apoderou-se de imensa riqueza em ouro e prata ao
iniciar o processo de exploração das minas americanas, na primeira metade do século XVI.
As demais nações europeias não reconheceram a partilha do mundo entre as nações ibéricas, e, ao longo do século XVI,
cobiçaram ferozmente a riqueza acumulada pelos reinos ibéricos, dedicando-se frequentemente a ataques a suas colônias. Países
como França e Inglaterra, retardatários no processo de expansão marítima, pobres em colônias, foram obrigados a enfatizar
outros aspectos do mercantilismo, como o industrialismo.
De certa forma, é irônico observar que a base manufatureira da França e principalmente da Inglaterra seria fundamental
para a futura expansão capitalista desses dois países. Por outro lado, Espanha e Portugal, com vastas colônias de onde eram
capazes de extrair grande volume de metais preciosos, acabaram se estagnando economicamente, tornaram-se cada vez mais
dependentes de suas possessões na América e, não raro, passaram por violentos surtos inflacionários provocados pelo excesso
de metais preciosos. Além disso, a manutenção de estruturas políticas que beneficiavam a nobreza e o clero foi fundamental para
que as nações ibéricas ficassem aquém do processo de desenvolvimento capitalista que se anunciava.
5) A Expansão Comercial:
Até época relativamente recente a ausência de boas estradas, as vastas extensões desabitadas, as montanhas e demais
acidentes geográficos constituíam empecilhos sérios ao desenvolvimento das trocas comerciais. O intercâmbio de artigo de
pequeno volume e peso ainda era viável nas caravanas de muares ou camelos, ou em carroças, mas jamais as transações de vulto
destinadas a abastecer de gêneros alimentícios populações numerosas, ou a suprir de matérias-primas indústrias avançadas. Dessa
forma, a vantagem oferecida pela superfície ilimitada do mar para o transporte longínquo e o frete reduzido para os produtos do
solo ou da indústria evidenciaram-se desde a remota Antiguidade.
Na realidade, não foi senão no dia em que a navegação permitiu a países distantes e diferentes entre si em civilização
comunicarem-se, que o comércio propriamente dito nasceu. Por mar, o caminho está feito, ou antes, não há necessidade de
estradas; o elemento líquido suporta indiferentemente qualquer peso e sua superfície permite o deslocamento livre em qualquer
direção. A força motriz mais fraca, força gratuita, se é empregado o vento, é suficiente para pôr em movimento massas enormes.
Não é, portanto, de ser admirar que o mar tenha sido por todos os tempos o grande caminho do comércio e que povos
separados por mil léguas de mar encontrem-se na realidade mais vizinhos que outros separados por cem léguas de terra firme.
Mesmo agora, com os progressos do transporte por via terrestre, o transporte pelo mar é ainda menos oneroso, o que significa
trabalho e custo menor. O preço do transporte da tonelada quilométrica não ultrapassa quase nunca de um quinto a um décimo
do preço do transporte por via férrea. Em Marselha, o preço do carvão, que vem por mar da Inglaterra, passando pelo estreito de
Gibraltar e que percorre 3.500 quilômetros, é menor do que o do carvão transportado por estrada de ferro procedente das minas
de La Grande Combe, situadas a 177 quilômetros. Mares de livre navegação, lagos, rios ou canais navegáveis constituem dádivas
da natureza a determinadas regiões.
As vias aquáticas e a posição relativa das grandes regiões produtoras e consumidoras têm orientado os fluxos comerciais
do mundo. Por muitos séculos o Mediterrâneo foi o centro de cruzamento, no Mundo Ocidental, das mais importantes linhas
comercial-marítimas. Hoje é o Atlântico Norte.
Em outras épocas, alguns países beneficiaram-se da situação de proximidade das principais linhas de deslocamento de
mercadorias e das facilidades de acesso ao mar, propiciadas pelos seus litorais, para assumirem a função lucrativa de
intermediários do comércio mundial. A grande importância adquirida na História Econômica pelo comércio fenício, púnico,
holandês, genovês, veneziano ou inglês originou-se justamente do fato de ter abarcado uma área extensíssima, servindo não
apenas a algumas nações ou mesmo a algum império, mas a vários continentes. As mercadorias que os navios fenícios deixavam
ou apanhavam nos portos desde a Espanha até o mar Negro, não eram, na sua maioria, nem destinadas às cidades sírias nem
delas procedentes. Mais provavelmente os artigos egípcios e babilônicos constituíam maior parte da carga. Nas viagens de ida e
nas viagens de volta, os artigos trazidos eram desembarcados nos portos de onde pudessem atingir, depois, os países mais
povoados e adiantados da época, sobretudo o Egito, a Assíria ou a Babilônia.
Também na Idade Média não era o sal, nem as sedas, nem os espelhos produzidos na Cidade dos Doges que enchiam os
milhares de navios venezianos nas viagens de ida para os extremos do Mediterrâneo, nem ao consumo dos habitantes da cidade,
ou da indústria, se destinavam na sua maioria as mercadorias carregadas no regresso. Chegada a Veneza, parte substancial da
carga tomava o caminho da França, da Alemanha ou da Holanda pelas estradas alpinas. Mais tarde, ainda não foram o queijo, o
arenque seco ou os tecidos holandeses que bastaram para encher os porões dos navios batavos. Era necessário aí acrescentar os
vinhos franceses, as manufaturas e o carvão da Inglaterra, as madeiras dos países do Báltico, as peles russas, as especiarias
orientais e etc.
A prosperidade e a riqueza da Fenícia, de Gênova, de Veneza, da Holanda e mesmo de Portugal achavam-se de tal modo
na dependência dos lucros provenientes dos fretes e da revenda de mercadorias levadas por seus navios de um ponto para outro
das respectivas áreas de atividade mercantil, que aquelas nações entraram em decadência quando perderam a posição privilegiada
de intermediárias comerciais.
Tão grandes e evidentes são as vantagens advindas da exploração das rotas marítimo-comerciais, que desde a antiguidade
observa-se a tendência das nações procurarem obter a exclusividade de sua utilização sempre que as circunstâncias o permitiam.
Se o monopólio dos caminhos marítimos por uma única potência, nos moldes almejados pelos fenícios e cartagineses ou mesmo
pelos genoveses, venezianos e holandeses, não é hoje viável, nem por isso deixou de existir uma desenfreada competição
internacional pela preponderância nas linhas de navegação mais lucrativas.
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A superabundância de produtos agrícolas, manufaturados ou do subsolo, constitui uma segunda circunstância favorável à
criação e ao desenvolvimento do comércio marítimo, pois o extravasamento dos excessos naturalmente se encaminha pela rota
mais fácil, em busca dos mercados deles sequiosos (necessitados). Sem dúvida alguma, nos Estados Unidos, a prosperidade de
grande número de cidades da costa do Atlântico, do Pacífico e do golfo do México, bem como o desenvolvimento da Marinha
Mercante, têm sido devidos ao volumoso comércio exportador e importador do país. Outro tanto se pode afirmar do progresso
de Hamburgo e de Bremen, cidades que a partir da segunda metade do século passado mais se têm beneficiado do extraordinário
surto do comércio exterior alemão. Nesses dois centros, os estaleiros e as instalações portuárias e a tonelagem de navios
mercantes neles registrados acompanharam o incremento das transações comerciais da Alemanha. De uma maneira geral, as
cidades portuárias que servem de escoadouro a regiões produtivas, convertem-se em centros de intensa atividade comercial,
tendendo ligar mesmo os países de características continentais aos empreendimentos marítimos.
Algumas cidades como Londres, Nova York e Rotterdam, na atualidade, e Alexandria, na Antiguidade, situadas sobre
rios, no ponto de encontro das navegações marítimas e fluviais, beneficiaram-se, mais do que quaisquer outras, do movimento
mercantil nascido em consequência da situação vantajosa por elas ocupadas. Por um lado, toda a produção do interior desce pelo
caminho natural das águas até encontrar o grande centro de distribuição representado pelas cidades da foz. Em contrapartida,
também é nesses centros que os produtos importados desembarcam antes de ganhar em sentido inverso os mercados interiores.
Foi assim que Alexandria, recebendo pelo Nilo os artigos agrícolas e industriais produzidos no Egito, então um dos países mais
ricos e adiantados, em contato pelo Mediterrâneo com a maior parte das nações bárbaras e civilizadas da época, converteu-se
numa das principais cidades da Antiguidade.
Rotterdam, na foz do Reno e do Escalda, que permitem a livre passagem de barcaças até bem o interior da Europa,
passando em zonas ricas da Bélgica, Alemanha e França, é o exemplo moderno, dos mais eloquentes, de um centro de comércio
que se beneficia, sobretudo, da posição geográfica. Anualmente, muitas toneladas são movimentadas nos vinte e poucos
quilômetros de cais daquela cidade. Não apenas o comércio exportador e importador dos Países Baixos, mas também o comércio
das nações circunvizinhas encontra ali um ponto intermediário imprescindível. A fome de matérias-primas do Ruhr é saciada em
grande parte por Rotterdam, mais próxima que os portos alemães do Norte. A gigantesca produção da parte mais industrial da
Alemanha também se serve do seu porto quando destinada aos países do Sul da Europa, ou de outros continentes.
Na América do Norte, nenhum centro comercial beneficia-se tanto da situação geográfica quanto Nova York. Já um dos
centros comerciais mais importantes desde os tempos coloniais, graças a seu porto na foz do rio Hudson, servindo a uma área
rica, Nova York agigantou-se com a abertura do canal Eriê em 1818, o qual permitiu a comunicação fácil com toda a vasta e rica
região dos Grandes Lagos. Seu desenvolvimento foi depois acelerado pela prosperidade da indústria americana localizada, em
grande parte, dentro do raio de absorção do seu porto. É hoje Nova York o porto de maior movimento no mundo, ultrapassando
mesmo Londres.
Bem outra era a situação de Lisboa e Sevilha. Não sendo os rios Tejo e Guadalquivir navegáveis acima daquelas cidades,
nem constituindo o interior de Portugal e Espanha importantes regiões produtoras ou consumidoras, permaneceram os dois portos
ibéricos apenas como portos de escala para os produtos asiáticos e americanos, mas não como verdadeiros centros distribuidores.
Coube à Marinha holandesa a tarefa, negligenciada pelos portugueses, de embarcar em Lisboa os produtos ali acumulados e
encaminhá-los para os mercados do norte da Europa, via Amsterdã ou Rotterdam. Com o fim do Império Colonial Português nas
Índias, os navios batavos passaram a fazer o percurso direto sem mais irem a Lisboa.
Assim, a prosperidade comercial promove a formação de cidades portuárias, de características semelhantes, tanto nos
países marítimos como nos continentais. Até um país eminentemente agrícola, como a China, viu crescer Xangai
desmedidamente por força da intensa atividade comercial ali desenvolvida, no cruzamento de rotas marítimas e fluviais. Mesmo
não levando o resto do país a se ligar aos empreendimentos oceânicos, não há dúvida de que o nascimento de cidades portuárias
importantes, fruto da expansão comercial, marca um passo decisivo no sentido do desenvolvimento marítimo, pois nelas,
paulatinamente, congregam-se os elementos materiais e humanos indispensáveis à conquista dos caminhos sobre as ondas e nelas
passam a habitar as classes de prestígio com interesses permanentes e vultosos nas atividades náuticas.
Graças ao florescente comércio e graças às condições geográficas que possibilitaram o desenvolvimento de alguns de
seus portos, nações eminentemente continentais, como o Egito antigo, os Estados Unidos, a Alemanha e a Rússia foram levadas
a participar da História Marítima.
É fato notório que o desenvolvimento econômico impõe, tacitamente, maior entrelaçamento mercantil entre as nações e,
consequentemente, uma maior dependência as comunicações marítimas. Tal fato é observado desde a Antiguidade, adquirindo
ainda maior realce com a Revolução Industrial. No caso dos Estados Unidos, por exemplo, as cifras são concludentes. Segundo
o relatório apresentado em 1952 pela Materiais Policy Comission, a produção americana em 1900 foi superior ao consumo em
15%. Em 1950 o consumo ultrapassou em 9% a produção. A estimativa da época para 1975, considerando o aumento da
população e do padrão de vida, previa um déficit de 20%. Em tais condições, na dependência crescente de fontes externas, a
antiga política isolacionista do agrado dos primeiros estadistas americanos, como Washington e Jefferson, e ainda sustentada em
certas regiões do país, tornou-se impossível. Uma lei de embargo ao comércio exterior, como a decretada pelo Presidente
Jefferson, em 1807, seria hoje rejeitada como absurda antes de qualquer discussão.
A dependência progressiva da economia germânica às fontes externas é também facilmente constatada. Basta um rápido
confronto entre as situações econômicas enfrentadas pela Alemanha durante as sucessivas guerras que enfrentou desde o fim do
século XIX. Com efeito, durante os conflitos externos de envergadura, o esforço total exigido coloca à prova não só a estrutura
social e política da nação, mas também põe à mostra todas as suas possibilidades e limitações econômicas. Sem depender
grandemente do exterior, a Alemanha venceu a França em 1870. O armamento de superior qualidade produzido pelo seu parque
industrial em rápida ascensão não necessitava então de matérias-primas procedentes do ultramar ou mesmo de outros países
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europeus. Já na guerra de 1914-18, o esforço de guerra alemão foi seriamente afetado pela dificuldade em conseguir determinados
artigos essenciais no exterior. No Segundo Conflito Mundial, mais uma vez privada das comunicações marítimas com a maior
parte do mundo, a economia de guerra alemã exigiu decisões estratégicas de alta relevância. A Campanha da Noruega, em 1940,
assegurou o suprimento de minério de ferro, cuja interrupção teria feito cair a produção siderúrgica germânica em 50%.
Entretanto, a falta de petróleo constituiu sempre um pesadelo para a Alemanha, que, em 1942, foi obrigada a orientar sua ofensiva
de verão na Rússia em busca dos poços do Cáucaso, abandonando objetivos de elevada significação como Moscou e Leningrado.
Na verdade, os alemães, e muito menos os americanos, não se dedicam aos afazeres náuticos com o mesmo vigor e a
mesma eficiência dos povos que procuram o mar compelidos pelo ambiente geográfico. A participação americana no transporte
marítimo de suas próprias exportações e importações, por várias vezes no século XX desceu a percentagens bem baixas. Mesmo
depois da Segunda Guerra Mundial, a Marinha Mercante dos Estados Unidos não tem enfrentado vantajosamente a concorrência
inglesa, norueguesa ou holandesa. Entretanto, o vulto do comércio americano, por si só, é capaz de absorver toda a capacidade
de transporte da frota mercante do país. Mediante algumas poucas leis protecionistas, a frota de comércio dos Estados Unidos
tem podido desenvolver-se, visto estar garantida a demanda de seus serviços.
A expansão comercial, mesmo sem incutir nos povos continentais a noção de dependência econômica do mar, cria um
jogo de interesses que obriga os governos a travarem contato com uma série de problemas, entre os quais o do desenvolvimento
marítimo é fundamental. Tanto na Alemanha como nos Estados Unidos, bem antes das duas guerras mundiais, a ação estatal se
fez sentir na esfera marítima, visando à salvaguarda de interesses nacionais de primeira magnitude. Com o surto do comércio
alemão, Bismarck, em 1885, iniciou as subvenções a companhias de navegação germânica e posteriormente veio a interessar-se
por colônias. De forma semelhante à política exterior americana, coincidindo com a expansão mercantil do país, adquiriu caráter
até então inédito, assumindo, inclusive, aspecto imperialista no fim do século XIX e começo do XX. Em ambos os países, essa
mudança foi seguida de aumento considerável das respectivas marinhas de guerra.
A influência do comércio no desenvolvimento das atividades oceânicas implicitamente estabelece identidade entre os
povos de espírito mercantilista e os de espírito marítimo. Essa identificação é flagrante entre as diversas nações de características
marítimas. Com exceção dos vikings, que permaneceram mais ligados à pesca e à pirataria, os demais povos de acentuadas
tendências marinheiras descambaram também com vigor para a exploração marítimo-comercial. Duas ordens de razões explicam
o fato: primeiro, nos países de solo pobre ou limitado, como acontece na maioria das nações marítimas, uma fração importante
dos habitantes é forçosamente desviada do trabalho da terra para as atividades comerciais e industriais, em busca de amparo
econômico; o comércio assume assim uma relevância dificilmente atingível nas nações de economia agrária. Segundo, só pela
importação podem ser obtidos certos produtos indispensáveis à alimentação do povo e ao funcionamento da indústria, o que
implica, em contrapartida, um esforço para desenvolver o comércio exportador que equilibre o sistema de trocas.
Viu-se que na Grécia antiga a população de Atenas dependia do suprimento de trigo das regiões do mar Negro. O azeite,
os artigos de cerâmica e os produtos espículas constituíam os elementos com que os gregos efetuavam as trocas indispensáveis.
De forma idêntica, os venezianos, muitos séculos depois, foram encaminhados para o comércio, visto não haver possibilidade
de encontrar no solo da República recursos suficientes ao abastecimento dos habitantes. O sal, primeiro, e depois os vidros e as
sedas permitiram o desenvolvimento de um comércio capaz de contrabalançar as importações. Também o reconhecido espírito
mercantil do povo holandês provavelmente nasceu da necessidade de comprar fora das fronteiras produtos agrícolas para a
população adensada num território de escassa área.
Dos países do Báltico, da Alemanha e da França procediam grande parte dos alimentos com que, quotidianamente, cada
holandês completava suas refeições de peixe, e da Grã-Bretanha chegava a lã indispensável ao funcionamento das indústrias
têxteis. O arenque seco e o queijo serviram de base inicial à prosperidade mercantil dos Países Baixos, possibilitando a
importação dos variados produtos de que careciam. Tal vulto atingiu o comércio holandês depois que se converteu na principal
preocupação do Estado.
Semelhantemente, a expansão comercial da Inglaterra, a partir do século XVIII, estabeleceu um sistema de troca, cuja
preservação tem sido até os dias atuais o propósito número um dos estadistas britânicos. Não tanto para atender aos reclamos
básicos da população de um país marítimo, mas principalmente visando consolidar a posse da fonte de seu poderio, o vasto
Império ultramarino, o povo inglês tem-se dedicado com ardor inigualável aos empreendimentos oceânicos.
Chega-se aqui ao ponto em que a expansão comercial, o colonialismo e o desenvolvimento marítimo entrelaçam-se. De
uma maneira geral, os povos marítimos são também os povos colonizadores. As mesmas causas que os fazem procurar o mar,
os propelem também a emigrar em busca de amparo econômico noutras plagas.
O colonialismo, entretanto, nem sempre apresenta a mesma feição. Alguns movimentos colonizadores foram espontâneos,
obedecendo a condições naturais, nascendo da ânsia de conseguir terras férteis ou as riquezas fáceis representadas pelos minérios
nobres. A expansão grega nos séculos IX e X aC constitui um exemplo típico de uma obra colonial nascida da penúria das terras.
As invasões vikings, parte da obra colonial portuguesa, inglesa, espanhola e mesmo holandesa constituem outros exemplos nos
quais populações se transladaram em massa para outros continentes, levando o sangue, a língua e os costumes, fundando, em
suma, novas pátrias em novos ambientes. Mais comumente, porém, o movimento colonial tem possuído raízes comerciais. É a
ânsia de assegurar o controle das fontes de matéria-prima e de mercados consumidores que tem determinado a maioria delas.
O caráter comercial da colonização fenícia, cartaginesa, veneziana, genovesa, pisana e holandesa, e algumas vezes o da
inglesa e da lusitana, já foi acentuado. Sobretudo na Ásia e na África, os povos europeus visaram, antes de tudo, o estabelecimento
de pontos de apoio onde pudessem efetuar as trocas mercantis. Também na América as potências colonizadoras não viram
prolongamentos da Mãe-Pátria, mas campos a serem explorados comercialmente, do que resultou, por fim, a revolta dos
habitantes. Tanto a Inglaterra como a Espanha e Portugal, seguindo o espírito da época, cercearam, com as leis odiosas, o
desenvolvimento econômico das colônias, desde que o mesmo pudesse por alguma forma ferir seus interesses.
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da proteção de suas frotas mercantes, armando os navios, e também dos ataques ao transporte dos rivais. O comerciante era ao
mesmo tempo marinheiro e guerreiro, adotando o procedimento mais conveniente conforme as circunstâncias.
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Assim agiam os fenícios, os cartagineses, os gregos e os italianos cujas Maonas não eram mais do que expedições
marítimo-comerciais apoiadas na força militar. Ainda nos séculos XVI e XVII, os traficantes portugueses, ingleses, franceses e
holandeses resolviam muitas de suas disputas a tiros de canhão, malgrado a paz reinante entre seus países. Foi da amálgama de
corsários, aventureiros, comerciantes, navios de comércio, navios particulares ou armados pelo Estado, que nasceram as
Marinhas de Guerra inglesa e holandesa. Desde que se constituíram definitivamente as marinhas de guerra sob a égide do Estado,
o apoio das forças navais ao comércio passou a ser reflexo da política adotada pelo governo. Foi apoiado nos canhões das
marinhas de guerra que as potências europeias, do século XVII ao século XIX, alargaram seus domínios coloniais e comerciais
na Ásia, África e Oceania. Foi devido à presença da esquadra do Comodoro Perry que o Japão se viu constrangido a reatar
relações com o resto do mundo.
Sem dúvida alguma, a interligação das histórias do comércio, da expansão colonial e do poderio marítimo remonta aos
fenícios. Sem o apoio de marinha de guerra, própria ou de potência aliada, nenhuma nação logrou beneficiar-se por muito tempo
do transporte oceânico. O lento trabalho do estabelecimento de uma rede comercial e a formação de uma frota mercante,
devidamente apoiada em terra, servidora dessa rede mercantil, são obras de alento que exigem décadas de labor continuado em
setores múltiplos, por parte de milhares de indivíduos.
Em caso de guerra, a falta de poder no mar tem representado o fim de toda essa obra em pouco tempo. Como a
eventualidade de um conflito armado nunca pôde ser afastada do espírito de dirigentes responsáveis, pois a História mostra que
os ciclos guerreiros se repetem num intervalo menor do que o tempo exigido pelo completo desenvolvimento marítimo-comercial
de um país, resulta que, quase sempre, as marinhas militares expandem-se à medida que a esfera do comércio marítimo da nação
se amplia. Muitas vezes, porém, a exiguidade de recursos materiais impede o desenvolvimento da Marinha de Guerra de acordo
com suas responsabilidades, e o país é obrigado a confiar a proteção de seus interesses marítimos a potências estrangeiras,
valendo-se de alianças. Foi para a proteção recíproca do comércio marítimo que as cidades gregas fundaram as chamadas Ligas
Délicas. Foi procurando o apoio do poderio naval britânico, necessário à preservação de seu Império, que Portugal, enfraquecido
no mar, renovou constantemente sua aliança com a Inglaterra.
Durante as duas guerras mundiais, sem a proteção da Royal Navy e da US Navy, as frotas mercantes, o comercio e a
maior parte das colônias dos demais países aliados teriam sido destruídos ou capturados. Enquanto a marinha de comércio e as
atividades mercantis de países poderosos como a Alemanha, a Itália e o Japão eram quase totalmente eliminadas dos mares,
nações de pequeno poderio naval como a Noruega, a Holanda e a Grécia encontraram na aliança com as potências anglo-
saxônicas a relativa segurança que preservou de catástrofe total seus interesses marítimos e coloniais.
A expansão do comércio marítimo de uma nação tem o efeito paradoxal de estimular o desenvolvimento das marinhas de
guerra dos inimigos eventuais, pois no exercício do poder marítimo as potências não visam apenas utilizar a rota oceânica, mas
também negar seu uso ao inimigo. Desde que se torna evidente a dependência de um país às rotas marítimas, é quase certo
procurarem as potências rivais dispor dos meios para, em caso de guerra, atacarem esse elo vital. Foi por essa razão que no século
XVII a Marinha Real inglesa se desenvolveu até ultrapassar a Marinha de Guerra batava, numa época em que os Países Baixos
tinham uma frota mercante quatro vezes superior à britânica, dominando o comércio mundial. Com as derrotas de sua esquadra
e consequente paralisação do comércio, a Holanda se viu obrigada a pedir a paz, embora nenhum exército inglês ameaçasse seu
território metropolitano.
Substituindo a Holanda no tráfego mundial, daí em diante a situação se inverteu para a Grã-Bretanha e, em todos os
conflitos seguintes de que participou, o seu comércio marítimo foi o alvo predileto dos ataques navais inimigos. Não podendo
atacar o território da própria Inglaterra, protegida por poderosa Marinha de Guerra, os esforços navais das potências que contra
ela guerreavam voltaram-se sempre com fúria para as ligações marítimas na esperança de obter o seu estrangulamento
econômico. O assalto ao comércio marítimo inglês incentivou por quase três séculos os corsários franceses, holandeses e
americanos. Empresas e estaleiros foram fundados com o único fim de proporcionarem recursos a tais ataques.
Na Primeira Guerra Mundial, a partir de 1917, grande parte do esforço bélico alemão foi orientado no sentido de eliminar
o comércio marítimo aliado, principalmente britânico, última esperança de alcançar a vitória. Centenas de submarinos foram
construídos em série, com a máxima rapidez, na tentativa desesperada de obter a solução. Antes da Segunda Guerra Mundial a
Marinha de Guerra germânica foi planejada, tendo ainda como fim principal o ataque ao sistema de transportes marítimos dos
inimigos eventuais. Também é a dependência ao comércio marítimo por parte das potências anglo-saxônicas que determinou a
ascensão da Marinha de Guerra russa no século XX.
Pelas razões acima expostas, pode-se afirmar que a expansão comercial foi um estímulo dos mais decisivos para o
desenvolvimento marítimo, pois hoje como nos últimos três mil anos o transporte sobre as águas é o mais barato e muitas vezes
o único viável. Todavia, enquanto nas evoluções marítimas de determinados povos o desenvolvimento comercial apareceu como
elemento derivado do ambiente geográfico ao qual ele se somou incrementando ainda mais os empreendimentos oceânicos, nas
evoluções do Egito, Alemanha etc., foi a expansão comercial fator inicial e decisivo da marcha dessas nações para as aventuras
sobre as superfícies líquidas. Não se pode dizer, com efeito, que foi o hábito da navegação que levou os egípcios antigos, os
alemães ou os americanos a se transformarem em traficantes nos mares, mas sim a necessidade de comerciar que os compeliu a
cuidarem das empresas marítimas.
Paralelamente, verifica-se constituir a capacidade de utilizar as vias marítimas em quaisquer circunstâncias, negando ao
mesmo tempo sua utilização às potências inimigas, a expressão última e almejada do desenvolvimento de uma nação nos oceanos.
CAPÍTULO IV
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AS NAÇÕES
1) Portugal:
Projetada sobre o Oceano Atlântico, a Península Ibérica é a região mais ocidental
da Europa.
Desde épocas pré-históricas, povos lígures e iberos, talvez provenientes do norte da
África, se estabeleceram na região, seguidos dos celtas, oriundos do centro da Europa,
nos fins do século VII aC. misturaram-se, formando uma população que se
convencionou chamar de celtibero. Fenícios, gregos e cartagineses, povos marítimos
e comerciantes, frequentaram a costa mediterrânea da península, localizando-se,
eventualmente, em trechos dessa costa, fundando feitorias ao mesmo tempo em que
impregnavam os seus costumes nos habitantes.
A disputa entre Roma e Cartago pela supremacia no Mar Mediterrâneo salientou a
importância estratégica da região. A vitória de Roma abriu as portas da Ibéria ao seu
domínio. Tornou-se célebre a resistência de Viriato, chefe destemido dos Lusitanos,
que enfrentou as legiões romanas a partir de 147aC, conseguindo um acordo de paz
em 141aC. A luta prosseguiu, terminando com o assassinato de Viriato 139aC por três
traidores. A destruição de Numância 133aC consolidou a conquista romana. A elevada
cultura romana exerceu, então, sobre os povos mesclados da região, uma forte
influência, em especial nos costumes, na língua (latim vulgar, que era falado pelos
comerciantes e soldados) e na religião, com a assimilação do cristianismo.
Com o enfraquecimento do Império Romano, no século V, povos bárbaros
penetraram em seus domínios, apoderando-se das terras que lhes apraziam. Em 409,
álanos, vândalos e suevos conquistaram a Península Ibérica sobrepondo-se à
população existente e, em parte, cristianizada.
Nada construíram, antes, guerrearam entre si e não puderam resistir à
penetração dos visigodos em 414, chefiados por Ataulfo. Em pouco tempo, os
visigodos estenderam o seu poder sobre a península e, quando, em 586, morreu o Rei
Leovigildo, formavam um poderoso reino. Seu filho Recaredo adotou o cristianismo
como religião oficial (587).
Ao mesmo tempo em que a religião cristã impregnava os habitantes da Península
Ibérica, outra religião, recentemente formada por Mafoma (Maomé), espalhava-se
entre os povos do norte da África. Atrair mais elementos, mesmo empregando a Guerra
Santa, passou a ser a meta prioritária dos recém-convertidos.
O Rei visigodo Rodrigo não se mostrou com capacidade para detê-los. Derrotado na batalha próximo do lago Janda, em
julho de 711, reorganizou as forças em Segoyuela, mas, neste local, perdeu o reino e a vida (713). Rapidamente, os invasores
muçulmanos, em sua maioria berberes, ocuparam a região, impondo seus hábitos à população amedrontada.
Alguns visigodos cristãos não aceitaram a nova soberania. Refugiaram-se nas montanhas das Astúrias e, dirigidos pelo
nobre Pelagio, iniciaram a reconquista, Ao mesmo tempo, os invasores exerciam na população (chamada moçárabe 45) forte
influência, dando início à cultura do arroz e da cana-de-açúcar, criando a manufatura da seda e da lã, produzindo uma arquitetura
de rara beleza, restando muitos exemplos na região sul da atual Espanha.
Pouco a pouco, os cristãos, espremidos ao norte, organizaram-se e recuperaram territórios aos mouros (isto é, aqueles
que não professavam a fé católica), transformando-os em mudéjares.
Depois da vitória alcançada na batalha de Covadonga, em 718, os cristãos formaram o reino das Astúrias.
Sucessivamente, constituíram os reinos de Leão, Navarra, Aragão e Castela. A luta contra os mouros excitava os nobres, alguns
provenientes de outras terras, ávidos de glórias militares e que nela divisavam uma verdadeira cruzada. Raimundo, filho do
Conde da Borgonha, e seu primo Henrique ofereceram-se ao Rei de Leão e Castela, Afonso VI, para participarem das lutas.
Os dois jovens francos tão bem se houveram que o rei lhes premiou largamente. Raimundo recebeu o governo da Galiza
e a filha do rei, Urraca, em casamento. D. Henrique ganhou um pequeno condado, chamado Portucalense, cujo nome deriva de
uma antiga povoação romana na foz do Rio Douro e a mão de outra filha de Afonso VI, Taraja.
O Conde Henrique de Borgonha combateu os mouros com vigor. Seu filho, D. Afonso Henriques, obteve, em 25 de
julho de 1139, uma notável vitória contra os mouros (talvez na região de Beja ou nas planuras de Ourique), intitulando-se REX
nesse mesmo ano, atitude legitimada graças ao amparo dos papas Lúcio II e Alexandre III em troca da vassalagem oferecida.
Em 1143, o Rei Afonso VII confirmou, ao Conde de Portucale o título de REX (Tratado de Zamora). Estava fundado o Reino
de Portugal.
45Moçárabe: população cristã em territórios dominados pelos islâmicos. Apesar de manterem sua fé cristã, adotaram a língua e outros
costumes árabes durante o período de controle desse povo sobre territórios na península ibérica. Com a retomada do controle do território
pelos cristãos, os islâmicos que ficaram na mesma condição foram chamados de mudéjare.
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Sancho I, primogênito de D. Afonso Henriques, Afonso II, Sancho II, deposto pelo
Papa Inocêncio IV, com isso acarretando luta civil em Portugal, terminada com a
subida, ao trono, de Afonso III, D. Dinis, seu filho, em cujo reinado foram criadas
as Universidades (1290), a princípio em Lisboa e depois (1308) sediada em
Coimbra, e a Ordem de Cristo (Bula de João XXII de 15 de março de 1319), D.
Afonso IV, D. Pedro I, que coroou Inês de Castro rainha depois de morta, e,
finalmente, D. Fernando, falecido em 1383. Entretanto, foi ele quem aumentou o
espaço geográfico do reino, tomando-o, palmo a palmo aos mouros, conquistando
também o reino do Algarve, ao sul.
Pode dizer-se que até o fim do século XII não houve marinha da Espanha Ocidental. As lutas de reconquista eram
exclusivamente por terra, e a imperícia marítima dos cristãos, juntamente com os relativos progressos dos árabes, concorria
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para tornar difícil a conservação das praças litorâneas conquistadas. Os primeiros dispunham apenas de pequenas lanchas
costeiras, enquanto os outros, tinham navios regularmente armados e equipados, com que percorriam toda a costa ocidental,
refrescando nos seus portos, abastecendo-os de munições e gente quando estavam cercados e desembarcando amiúde com o
fim de atacar os campos dos cristãos e cativar os indefesos. Mas, desde meados do século XII o exame das armas de cruzados,
com cujo auxílio Lisboa e depois Alcácer foram tomadas, tinha vindo acrescentar os conhecimentos, demonstrando ao mesmo
tempo que sem o império no mar, jamais poderia levar-se a cabo a conquista do sul do reino.
A conquista de Constantinopla pelos turcos em 29 de maio de 1453, seguida pouco depois pela da Ásia Menor e da
Península dos Bálcãs, acarretou o dano e, por fim, a supressão do tráfego que as cidades comerciais da Itália, especialmente
Gênova, mantinham com os Portos do Bósforo, do mar Negro e do Cáspio. A conquista de Constantinopla marcou o início de
um crescente movimento de destruição das vantagens e regalias comerciais que Veneza e Gênova usufruíam há muito tempo.
Tornaram-se dia a dia mais difíceis as relações das colônias italianas estabelecidas no antigo Império Bizantino com as cidades
pátrias, não só pelas dificuldades do intercâmbio, como pelas depredações, confiscos e perdas de foros que elas próprias
sofriam. Por fim, os descobrimentos portugueses no Atlântico deslocaram as correntes mercantis que cruzavam o Mediterrâneo
da Ásia para a Europa. Quando Pedro Pasqualigo, embaixador de Veneza em Lisboa, comunicou que os portugueses tinham
achado uma nova rota para as Índias e oferecido especiarias mais baratas que os venezianos, esse acontecimento foi considerado
um desastre público. Em consequência, os venezianos fizeram saber ao sultão do Egito que seu país e sua religião estavam em
perigo e ofereceram-lhe armas e braços para exterminar os recém-vindos. A ajuda veneziana aos camorins hindus não impediu,
contudo, o estabelecimento dos portugueses na Índia e noutros pontos do Oriente. Assim, outra das principais fontes da
prosperidade da República mudou de explorador.
Veneza, provida de uma marinha grandiosa, superior a de qualquer outro Estado, pôde conservar ainda no século XVI
um prestígio invejável e uma importância política e comercial incomum. As fontes de sua prosperidade e de seu poderio se
achavam, entretanto, já cortadas, e a decadência processou-se inexoravelmente daí por diante, até o final do século XVIII,
quando Napoleão extinguiu o Estado Veneziano.
A empresa de Silves, no tempo de Sancho I, já tinha navios portugueses. Essa marinha existiu nos reinados de Sancho
II e de Afonso III, como o provam as expedições marítimas que terminaram pela conquista definitiva do Algarves e as façanhas
do lendário Fuás Roupinho. Havia então já um corpo de tropas especiais de embarque e nas terceiras navais se construía, sob
direção de mestres estrangeiros, navios de alto bordo para as frotas militares do rei. A frota de navios grossos que ajudara a
tomada de Faro, as fustas, as barcas, as caravelas, as pinaças e as bojudas naus do tempo deviam, em caso de guerra, defender
eficazmente o magnífico estuário do Tejo. No tempo de Afonso III, já o poder marítimo português é de tal ordem que os navios
vão em socorro à Castela, e o Papa convida os lusitanos a acompanhar as gentes do Norte às cruzadas.
Livre da ameaça árabe, graças à conquista das principais cidades costeiras e sendo propelido para o mar em virtude de
razões já citadas, o comércio português pôde iniciar seus primeiros passos. Já em 1194 há notícias de ter naufragado um navio
português que se destinava a Bruges, e os portugueses são encontrados nos meados do século XII na feira anual de São Demétrio
em Tessalônica. Em 1202, João Sem Terra tomava sob sua proteção os mercadores portugueses que fossem residir nos seus
domínios. Em 1290, as relações comerciais com a França eram já tão importantes que Filipe, o Belo, concedeu aos mercadores
portugueses que frequentavam o porto de Honfleur, importantes privilégios, confirmados depois por vários monarcas franceses
que àquele sucederam. Inversamente, os comerciantes estrangeiros começaram a interessar-se por Portugal. Os armadores da
Normandia, do Flandres e da Inglaterra já no fim do século XIII demandavam o Tejo para mercadejar.
Com o desenvolvimento do comércio, o da marinha, sua servidora, impulsionou por sua vez a indústria de construção
naval nas margens do Tejo. Em 1237 e 1260, fazem-se referências muito claras ao arsenal régio e à carreira de construção em
Lisboa.
O reinado de D. Diniz marca uma segunda era na história da Marinha nacional. Sendo a Marinha Mercante e a Militar
reciprocamente indispensável, os cuidados do rei administrador dirigiram-se principalmente a fomentar a primeira, cuja
importância o tratado de comércio feito em 1308 com a Inglaterra acusa D. Diniz na sua eficiente missão organizadora, tendo
criado o serviço de recrutamento nas povoações marítimas.
As condições de navegação nessa época de pirataria infrene impunham caráter militar à Marinha Mercante,
confundindo-se assim as duas marinhas nacionais, cujo incremento levou D. Diniz a criar, em 1307, para sua superintendência,
o cargo de Almirante Maior.
A obra de D. Diniz foi continuada por D. Fernando, que assistiu ao pleno desenvolvimento de uma potência comercial
e marítima. O rei em pessoa era armador e negociante de certos gêneros exclusivos. Criou o rei bolsas de seguros marítimos
mútuos, em Lisboa e no Porto, com o produto de uma taxa especial lançada sobre o comércio, instituindo o cadastro ou
estatística naval. Reduziu à metade os direitos de importação dos gêneros trazidos por navios nacionais, estabelecendo assim
um direito diferencial de bandeira, a cuja sombra se multiplicou o número dos navios mercantes portugueses. Deu, aos que
desejassem construí-los, a faculdade de cortar as madeiras nas matas reais. Os cuidados do rei em favor da Marinha Mercante
abraçavam também a Marinha de Guerra. A armada que foi bloquear Sevilha (1372) era no dizer do cronista – formosa
campanha de ver – e contava trinta e duas galés e trinta naus redondas. Vinte e três meses teve bloqueado o Guadalquivir e
retirou-se o bloqueio com o decreto de paz. Outra frota quase tão poderosa como essa foi ainda ao Mediterrâneo, na seguinte
guerra de Castela, para sofrer o desastre de Saltes (1381).
A Marinha foi uma criação da monarquia e um produto da nação. Desde a reunião das esquadras cruzadas no Tejo
para a conquista de Lisboa, desde a introdução dos genoveses, que vieram ensinar a navegar, vê-se começar a se formar essa
nação cosmopolita, destinada à vida comercial, marítima e colonizadora. Toda a atenção administrativa se aplica para o
desenvolvimento da navegação e do comércio pelo magnífico porto aonde todos os navios, em viagem dos mares do Norte para
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Veneza, Gênova e Aragão, sobre não disporem de recursos financeiros e militares exigidos por uma nação completa
e demorada, eram potências mediterrâneas, portanto com uma situação geográfica que as colocava em nível de inferioridade
relativamente à expansão por via atlântica.
Castela e França estavam a braços com alarmantes problemas políticos e militares de que dependia a sua definitiva
constituição territorial. Em Portugal, pelo contrário, tudo se congregava no sentido de tornar viável a obra de expansão com
que sonhavam todos os grandes espíritos europeus.
A extensão territorial e a independência nacional eram problemas definitivamente resolvidos; Portugal podia consagrar todos
os seus esforços a outro qualquer empreendimento. Estreita faixa de terra debruçada sobre o Atlântico, a situação geográfica e uma
remota atividade marítima dos habitantes já de antemão estabeleciam o sentido atlântico da expansão portuguesa. Inicialmente, o
objetivo do príncipe D. Henrique era modesto: explorar as costas da África além do cabo Não46.
Em meio ao primeiro quartel do século XV, a virtual capacidade
portuguesa para a tarefa do descobrimento marítimo foi valorizada pela
clarividente e firme intervenção de um homem o infante D. Henrique,
comumente conhecido pelo epíteto de Navegador, não porque largamente tivesse
navegado, pois não excederam Marrocos os seus maiores percursos marítimos,
mas por se reconhecer que à sua ação decisiva se deveram o início e os primeiros
êxitos da expansão ultramarina portuguesa. Fundando a Escola de Navegação e
o Observatório, em Sagres, o infante D. Henrique não só proporcionou aos
marinheiros portugueses elementos para mais arrojadas investidas contra o
oceano, como também sistematizou as expedições marítimas que passaram a
serem organizadas em obediência a diretrizes seguras. A bússola, o astrolábio e
o quadrante já guiavam as expedições marítimas enviadas anualmente de Sagres
pelo Infante a sondar o oceano, ou a descer a costa para o sul. As ilhas de Porto
Santo, Madeira e os Açores foram por esta forma descobertas.
Com o ano de 1434, abriu-se na história de Portugal um período de
sistemáticas explorações marítimas que, lançadas cadencialmente como vagas
contra a costa de todo o sul da África, em sessenta e quatro anos rasgara o
caminho pelo oceano até a Índia. A primeira que se registra é a de Afonso Gonçalves Balda e de Gil Eanes que, com uma barca
e um barinel47, foram para além do Bojador cerca de cinquenta léguas. Nos anos seguintes, outros exploradores avançaram
46 O Cabo Não ou Cabo do Não, actual Cabo Chaunar, é um cabo situado na costa atlântica da África, no sul do Marrocos, entre Tarfaya
e Sidi Ifni. Até ao século XV era considerado intransponível por europeus e muçulmanos, de onde se originou o seu nome.
47 Barca era um navio pequeno de madeira, com uma só coberta e com velas latinas e que podia levar ou não cesto de gávea. Barinel é uma
cada vez mais, para o sul, tendo Nuno Tristão ultrapassado o cabo Branco. A mais baixa latitude geográfica (10ºN) logrou-a
em 1446 Álvaro Fernandes, sobrinho do Capitão Zarar, que foi para o sul do cabo Verde cento e dez léguas.
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Na data da morte do Infante (1460) estavam, por conseguinte, descobertos, reconhecidos, estudados e explorados cerca
de dois mil quilômetros de costa para além do cabo Bojador.
No reinado de Afonso V, as expedições foram em pequeno número. As campanhas marroquinas desviavam a atenção
da conquista do oceano. Todavia, o golfo da Guiné foi reconhecido graças às viagens empreendidas por iniciativa de Fernão
Gomes, cidadão de Lisboa. Destacaram-se as expedições de Fernando Pó, Lopo Gonçalves, Rui Sequeira, Diogo Cão e Pero
de Sintra, que em 1471, segundo consta, foi o primeiro navegante português a atingir o hemisfério sul.
A empresa iniciada pelo infante D. Henrique prosseguiu nas mãos do rei D. João II que tomou a peito descobrir os
mundos remotos. O seu poder naval era já tão grande, que o Tejo via com pasmo o famoso galeão de mil tonéis, monstro
boiando n'água, eriçado de canhões. Nunca os estaleiros tinham produzido navio tão grande. Mandou o rei aperfeiçoar as
bússolas, desenhar cartas marítimas para orientação das rotas, cometendo esses estudos a uma junta que fez as primeiras tábuas
de declinação do Sol.
As expedições marítimas foram reiniciadas com maiores recursos. Em 1486 Bartolomeu Dias recebe a missão de
descobrir a passagem sul do continente africano, e, em 1488, após ter sido jogado mar afora por uma violenta tempestade,
voltou para leste para retomar o acompanhamento do litoral como vinha fazendo e teve a surpresa de verificar que não o
encontrava mais; voltou então para o norte e reencontrou o litoral à sua frente (W-E); após prosseguir para leste algum tempo
voltou e só então descobriu o extremo sul da África, que, muito acertadamente, chamou de cabo das Tormentas, rebatizado
mais tarde de cabo da Boa Esperança.
embarcação pequena que possui vela quadrangular podendo também ser movido utilzando remos.
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Mal Vasco da Gama regressou com as provas do resultado feliz de sua viagem, treze navios se fizeram à vela sob o
comando de Pedro Álvares Cabral, levando mil e duzentos soldados para vencer os hindus. Ao demandar o cabo da Boa
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Esperança, a frota aportou ao litoral brasileiro, acrescendo dessa forma os domínios do rei de Portugal, tomando posse das
terras demarcadas pelo Tratado de Tordesilhas. Na Índia, Cabral recebeu por toda parte votos de amizade e voltou para Portugal
carregando riquezas nos poucos navios que haviam escapado às desventuras da expedição. O rei, encorajado por esse primeiro
ensaio, equipou quinze navios de alto bordo, sendo confiado o comando a Vasco da Gama. O almirante português reduziu
vários estados à condição de tributários, destroçou a frota do samorim de Calicute, e a presa enorme que encontrou nesses
navios valeu-lhe uma acolhida entusiástica no regresso.
Em viagem posterior, Francisco de Albuquerque obteve consentimento do rei de Cochin para construir o Forte de
Santiago e a Igreja de São Bartolomeu. Assim foi colocada a primeira pedra do domínio espiritual e temporal de Portugal no
país, domínio que iria durar até 1961. A heróica resistência no Forte Santiago, com Eduardo Pacheco à frente de um punhado
de bravos, contra a investida de dezenas de milhares de soldados do samorim consolidou a posição portuguesa na Índia. A
partir desse momento, Portugal se considerou senhor dessas paragens. Não satisfeito de retirar ricas mercadorias, enviou
Francisco de Almeida na qualidade de Vice-Rei. A prudência e o valor de Almeida foram coroados do mais feliz sucesso. Ele
submeteu as tribos dos reis de Quiloa, de Mombaça e de outros Estados, construindo também muitos fortes. Lourenço, seu
filho, abordou a ilha de Ceilão. A posição e os portos dessa ilha fazem com que ele seja o centro do comércio da África e da
China. Nenhum porto é comparável, nesses mares, ao de Trinquernale.
O Plano de domínio português acha-se esboçado na carta que o primeiro Vice-Rei, Francisco de Almeida, enviou
a D. Manuel I. É esse um dos documentos mais importantes da história portuguesa no Oriente: "Toda a nossa força seja
no mar, desistamos de nos apropriar da terra. As tradições antigas de conquista, o império sobre reinos tão distantes
não convém. Destruamos estas gentes novas [árabes, afegãos, etíopes, turcomanos] e assentemos as velhas e naturais
desta terra e costa e depois iremos mais longe. Com as nossas esquadras teremos
seguro o mar e protegidos os indígenas em cujo nome reinaremos de fato sobre
a Índia, e se o que queremos são os produtos dela, o nosso império marítimo
assegurará o monopólio português contra o turco e o veneziano”.
Perante a ameaça portuguesa e instigado por Veneza, o sultão do Egito
enviou para a Índia, mar Vermelho abaixo, uma numerosa frota de guerra. Porém em
Diu, a 3 de fevereiro de 1509, Francisco de Almeida a destroçou, apesar de os
egípcios contarem com o concurso de artilheiros italianos.
Nos anos seguintes, os portugueses iniciaram uma política de conquista que,
graças aos eminentes dotes militares de Afonso de Albuquerque, se traduziu numa
série de extraordinários êxitos. Assaltou Goa, na costa de Malabar; depois ocupou as
Molucas e após uma desesperada luta apoderou-se da rica cidade de Malaca. A
notícia das invencíveis esquadras estrangeiras, estendendo-se ao longo dos países
litorâneos do oceano Índico e de todas as partes, acudiram embaixadores de reis
indígenas para fazer alianças e tratados de comércio.
Esses acordos permitiram o estabelecimento de feitorias e a construção de
firmes fortalezas para protegerem os comerciantes portugueses. Desse modo,
ficou o Extremo Oriente submetido à esfera de interesse da Lusitânia. Mas
Albuquerque percebeu, com extraordinária perspicácia que, para aniquilar
totalmente a hegemonia mercantil dos árabes (mouros, como diziam os
portugueses), era preciso obturar a rota de importância mundial até então, que
atravessava o Mar Vermelho e o Golfo Pérsico. Todos os seus recursos
militares fracassaram diante dos muros de Aden, mas no ano de 1515
conseguiu forçar a cidade de Ormuz e, levantando nela uma grande fortaleza,
cortou ao comércio arábico a ligação com o Mediterrâneo. Ormuz, Goa e
Malaca, os três pontos cardeais do império fundado por Albuquerque no breve
período de cinco anos, valiam o domínio em todo o mar das Índias e a
vassalagem de todas as costas, desde Sofala, em África, ao cabo de Jar-Hafum;
desde Khor Fakhan, na Arábia, até o golfo Pérsico; desde o Indo até ao cabo
Kumari; daí às bocas do Ganges e, descendo pelo Arakan e pelo Pegu, até
Malaca com as ilhas dispersas de Madagascar e Sokotra, Anjediva, os
Península Arábica arquipélagos de Lakha (Laquedivas) e de Malaca (Maldivas), Sinala (Ceilão) e
Sumatra e Java, Bornéu e as Molucas até os pontos extremos de Banda e Ambon.
Decaídos os árabes de sua privilegiada posição de intermediários entre o Oriente e o Ocidente, a corrente de produtos
orientais, que da Ásia anteriormente ia para a Europa através do Mediterrâneo, foi encaminhada diretamente para Portugal,
seguindo a via marítima.
A expansão portuguesa na Ásia continuou no decorrer de quase todo o século XVI, exigindo frequentemente o recurso
às armas, o que absorvia grande parte dos recursos do reino. Durante esse tempo, os portugueses mantinham suas pretensões
no Marrocos, sustentando diversas guerras, embora de pequena envergadura. Ao mesmo tempo, seus navegantes descobriram
várias ilhas no Atlântico Sul, chegaram às costas do Canadá e exploraram quase todo o litoral da América do Sul. A partir da
terceira década desse século também foi iniciada a colonização do Brasil, e Portugal soube defender com indomável energia a
posse das novas terras, enfrentando a crescente agressividade de marinheiros ingleses, franceses e holandeses. Num extremo
do mundo, seus marinheiros, comerciantes e religiosos chegaram ao Japão e se estabeleceram em Macau, na China; no outro,
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seus pescadores, ao largo da Terra Nova começaram a retirar dos mares o bacalhau ali encontrado em cardumes imensos e,
segundo consta, auxiliaram o navegante francês Jacques Cartier nas suas primeiras explorações no Canadá. Assim, os
portugueses, que não tinham quarenta mil homens sob armas, faziam tremer o Império de Marrocos, os Berberes da África, os
mamelucos, os árabes e todo o Oriente de Ormuz à China, do cabo da Boa Esperança até Cantão, exercendo seu domínio sobre
mais de quatro mil léguas, por meio de uma cadeia de empórios e fortalezas.
48 O desastre de Alcácer-Kibir corresponde ao falecimento do rei de Portugal D. Sebastião, que combatendo no norte da África os
mulçumanos, ainda como parte das guerras de reconquista e das cruzadas, desaparece em batalha. Sua morte gera duas situações históricas:
a primeira é que ele tinha 23 anos de idade à época e ainda não tinha herdeiros. Após sua morte, assumiu o trono seu tio que era cardeal da
Igreja Romana e que ao morrer também não tinha herdeiros, permitindo a tomada do trono de Portugal pelos espanhóis, correspondendo este
período à União Ibérica. A segunda situação é que seu desaparecimento fomentou histórias de que ele havia sido arrebatado ao reino dos céus
e de lá retornaria comandando hordas celestiais para combater os infiéis mulçumanos. Deste fato surgem os movimentos religiosos
conhecidos como sebastianistas, com ações principalmente na colônia portuguesa do Brasil.
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2) Espanha:
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arquipélago de Cabo Verde) pertenceriam à Espanha, enquanto as terras situadas a leste seriam portuguesas. O Acordo anterior
previa apenas 100 léguas, mas a insistência por parte dos portugueses se deu não apenas para garantir as posses de terras já
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parcialmente conhecidas no litoral da América do Sul, mas principalmente as terras ocupadas nas Índias, já que a linha
imaginária dividia o globo terrestre ao meio.
A divisão, embora hábil do ponto de vista político, porque tentava evitar um conflito entre duas importantes nações
da cristandade, era frontalmente contrária aos prováveis interesses dos demais estados (França, Inglaterra, Veneza, Gênova,
etc.), que eram sumariamente excluídos da repartição do mundo. Para Portugal era injusto, porque equiparava todo o longo e
paciente trabalho de 70 anos com uma única viagem dos espanhóis.
Fosse como fosse, a decisão papal era impossível de ser aplicada pelas seguintes razões:
a) não estabelecia qual o meridiano que serviria de ponto de partida para a contagem da longitude;
b) o meridiano de Açores não é o mesmo do arquipélago de Cabo Verde;
c) qualquer que fosse o grupo de ilhas considerado, haveria necessidade de se estabelecer exatamente qual a ilha e qual
o ponto nessa ilha para servir de ponto de partida, pois mesmo uma pequena diferença pode acarretar longas discussões
diplomáticas; e
d) a légua portuguesa não era igual à espanhola e a bula não dizia qual delas deveria ser usada como medida.
Desse modo, iniciou a Espanha uma política que não correspondia ao seu caráter continental, na qual, a princípio,
o povo não participou de maneira alguma. Não obstante, o recém-fundado Império Colonial Espanhol conseguiu adquirir
um imenso poder, graças à sua favorável situação geral em relação às novas rotas marítimas. Além disso, os fabulosos
êxitos dos primeiros aventureiros excitaram o afã dos demais, fazendo com que fossem realizadas verdadeiras façanhas.
Sob o comando de chefes da têmpera de Pinzon, Vespúcio, Cortez, Pizarro, Del Cano, Magalhães, Narvaez, Ayolas, De
Soto, Balboa e muitos outros, os espanhóis, a partir dos primeiros anos do século XVI, transformaram grande parte do
mundo em palco de suas arrojadas expedições de conquista. Embora em pequeno número, esses aventureiros edificaram
o maior império colonial do século, conquistando regiões imensas em meio a dificuldades e perigos incontáveis.
Sucediam-se as conquistas com tal rapidez, que durante o meio século seguinte quase não passava um ano sem
que o Império Colonial Espanhol ganhasse um grande território. Durante esse período, a Espanha foi a potência mais
importante do mundo. Abarcavam seus territórios o sul da Itália, a Holanda, a Bélgica, a Espanha, Portugal e partes
consideráveis da Franca, toda a América Central e Meridional, a maior parte dos territórios ocidentais e meridionais dos
Estados Unidos, as ilhas Filipinas, Madeira, Açores, Cabo Verde, a Guiné, o Congo, Angola, Ceilão, Bornéu, Sumatra,
Molucas, com numerosos estabelecimentos em outras terras similares e continentais da Ásia. Nessa época, o exército
espanhol era reputado o melhor da Europa. No mar, o prestígio das armas espanholas foi assegurado pela vitória sobre
os turcos em Lepanto (1571).
Entretanto, a dispersão geográfica dos países submetidos à lei dos Habsburgos foi uma causa de enfraquecimento
para a Espanha, considerando que, para realizar a coesão política de suas possessões disseminadas pelo mundo inteiro,
ela tinha que ser toda poderosa no mar, o que não foi conseguido, se bem que tentado constantemente. As numerosas
guerras que a Espanha sustentou na Europa esgotaram os tesouros tirados do México e do Peru. Por outro lado, essas
guerras impediram-na de consagrar suas energias e suas riquezas na manutenção do poderio marítimo que lhe asseguraria
o controle dos territórios mais preciosos: os da América e os dos Países Baixos.
A Espanha, depois de anexar Portugal (União Ibérica de 1580 a 1640), estava quase tão em contato com o mar
como a Inglaterra e dispunha, além disso, de uma frota de guerra com tradição naval, mas era frota de galés, com escravos
por remadores, e as suas tradições eram as do Mediterrâneo. A esquadra que triunfou sobre os turcos em Lepanto, com a
tática de Salamina e Actium, não poderia resistir à descarga simultânea de Drake, não poderia atravessar o Atlântico e de
pequena utilidade seria na baía de Biscaia e no canal da Mancha.
A Espanha possuía, é fato, os seus navios para a navegação oceânica que velejavam ao longo da costa americana
ou atravessavam o Atlântico de Cádiz ao Novo Mundo, serviam para levar imigrantes e trazer a prata e o ouro, mas, não
sendo navios de guerra, caíram como presa fácil nas garras dos piratas ingleses. Na realidade, a Espanha só começou a
construir navios capazes de combater a Inglaterra nas vésperas da deflagração da guerra regular.
Havida a Reforma na Inglaterra, fundou-se ali a igreja anglicana; reinava lá a Rainha Isabel I, filha de Henrique
VIII, que mantinha presa sua prima Maria Stuart, Rainha da Escócia, que era católica. A pretexto de vingar a morte de
Maria Stuart, finalmente condenada pela soberana inglesa, e reclamando direitos ao trono inglês, Felipe II, na verdade
pressionado pelos problemas econômicos da Espanha e ansioso para pôr as mãos na Inglaterra pré-industrial, lançou-se
à guerra a fim de derrubar Isabel I.
Na verdade, Felipe II tinha grandes motivos para lançar-se numa luta contra os ingleses. Isabel I encorajara as
atividades de corso contra o comércio espanhol. Corsários renomados trafegaram pelos mares a serviço da economia
inglesa na segunda metade do século XVI. Um dos mais famosos, Francis Drake, atravessou o estreito de Magalhães em
1578 e fustigou intensamente as cidades e povoações espanholas da costa ocidental da América. Depois de dar a volta ao
mundo, retornou à Inglaterra pelo cabo da Boa Esperança levando ouro, prata e jóias estimadas em meio milhão de libras
esterlinas. A Rainha Isabel I aceitou e aprovou plenamente a empresa de Drake, recebendo boa parte do tesouro trazido
e fazendo-o cavaleiro no convés de seu próprio navio.
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O momento mais crítico de toda a história da Espanha chegou quando a Armada que enviara contra as costas da
Inglaterra sofreu irreparável derrota em 1588; cento e sessenta navios, dois mil e seiscentos canhões, oito mil marinheiros
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e vinte e dois mil homens de tropas, tal foi a força. Veio o desastre e atrás dele as extraordinárias aventuras que afligiram
o resto da frota: tempestades, fome, enfermidades. Menos da metade dos navios conseguiu retornar à Espanha.
Manobrando com superioridade e evitando toda forma a abordagem, em que
levariam desvantagem, empregando ainda canhões de maior alcance, os ingleses
impediram o êxito dos espanhóis.
Não houve nenhuma grande batalha. Houve diversos encontros, todos
taticamente indecisos, mas que alcançaram um grande resultado estratégico: os
espanhóis não desembarcaram na Inglaterra. Dando a volta nas ilhas britânicas, já de
regresso ao reino, a Grande Armada perdeu cerca de metade de seus navios, dispersos
por tempestades, afundando no Atlântico ou caindo sobre rochedos costeiros.
Historiadores de tempos posteriores reconheceram que o catastrófico fracasso da
Armada marcou o início do declínio da Espanha.
Se bem que fosse ainda preciso deixar passar três séculos para ver consumar-
se a perda de suas últimas colônias, o domínio do seu vasto império colonial achou-
se imediatamente abalado por aquele primeiro golpe na hegemonia marítima. Se bem
que a Espanha houvesse ainda podido manter grandes frotas até as guerras de
Napoleão, nunca mais foi potência verdadeiramente temível.
Assim, por falta de um comércio próprio para cimentar o poder marítimo
espanhol, apesar de toda a força política e militar de Felipe e do seu império sobre
milhões de indivíduos dispersos por metade do globo, parte do Império ruiu ante o
ataque de um pequeno Estado insular e de algumas cidades rebeldes das planícies
lamacentas e das dunas da Holanda.
A Espanha possuía o melhor exército da Europa no fim do século XVIII
(1588). Felipe II tratou de embarcar esse exército em navios que mandou preparar, a
fim de desembarcar nas ilhas britânicas. A empresa seria relativamente fácil, se não
houvesse o mar pela frente! Os espanhóis tinham magníficos soldados, mas para o
recrutamento indispensável de marinheiros não dispunham da classe numerosa e
enérgica de mercadores e homens do mar particulares, tais como os que eram a
riqueza e o orgulho da Inglaterra.
Em consequência, permanecendo grande potência em terra, não mais foi possível à Espanha competir no mar com a
Holanda e a Inglaterra. Enfraquecida no mar, que serviu de ligação entre as várias partes do Império durante dois séculos,
tornou-se a Espanha inimiga natural de grande número de potências que se esforçavam em arrancar o pavilhão de Castela das
terras conquistadas ou das riquezas extraídas dos novos territórios. Em todas as colônias de alguma importância, foram os
espanhóis obrigados a levantar fortificações custosas, a fim de garantir uma proteção relativa contra os ataques de piratas e das
frotas das potências inimigas. Embora decadente, a Marinha de Castela não estava, porém, ausente dos mares e soube por mais
de uma vez impor-se a seus contendores, como sucedeu ao largo dos Abrolhos por ocasião das invasões batavas no Brasil
(Jornada dos Vassalos).
A ameaça contra as rotas marítimas, cada vez maior com o
decorrer dos anos, obrigou a Espanha a tomar medidas extremas. Todo o
tráfego era regulado de maneira a encher as máximas condições possíveis
de segurança contra os navios corsários das nações rivais. Uma vez por
ano, dos portos de Cádiz, Sevilha e S. Lucas partiam dois comboios de
navios mercantes escoltados por navios de guerra. Um desses comboios,
chamado Frota, fazia vela para o México, e o outro chamado Galeão, se
dirigia para a América do Sul. A Frota levava a Vera Cruz as mercadorias
destinadas à Nova Espanha.
Os galeões destinados ao abastecimento de Caracas, da Nova
Granada, do Peru, do Chile, desembarcavam suas mercadorias em
Cartagena e em Porto Bello. Galeão e Frota reuniam-se em Havana
carregados de metais preciosos e dos produtos do México e da América do
Sul, e entravam juntos em Cádiz. Os comboios não seguiam cada ano a
mesma rota, a fim de evitar o ataque dos navios corsários e o itinerário era
rigorosamente fixado pelo governo central. Todos os mercadores que
quisessem exportar mercadorias para as colônias ou importar na Espanha
produtos coloniais tinham que se servir das duas frotas armadas pelo Estado.
Paralelamente ao declínio da Marinha espanhola, se processou o esfacelamento do outrora majestoso Império de Felipe
II. Ainda nos séculos XVI e XVII, após o desastre da "Invencível Armada”, a Espanha perdeu, na Europa, quase todo o território
extra-peninsular e algumas ilhas nas Antilhas. No século XVIII, em consequência da Guerra de Sucessão de Espanha, na qual
a frota de Castela sofreu sérias derrotas, Málaga, Gibraltar e a ilha de Minorca, no próprio território metropolitano, caíram sob
os golpes da Marinha britânica. A ilha de Minorca voltou, anos após, ao poder da Espanha, graças ao apoio da Marinha francesa,
mas Gibraltar até hoje está sob o pavilhão inglês.
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Espanha, depois de Portugal, indicara o caminho a seguir, mas os holandeses, na Batalha de Dunes, em 1639, deram
o golpe de misericórdia no poderio naval dos espanhóis e, daí em diante, a luta pela hegemonia marítima degenerou numa
disputa confusa entre as grandes potências da Europa.
O progressivo esfacelamento do Império, de onde provinham os principais recursos para o tesouro de Madri, as guerras
incontáveis e desastrosas aliadas à infeliz situação social e econômica do próprio território metropolitano, colocaram a Espanha
no caminho da decadência. A agricultura ibérica, que na Idade Média fora a mais adiantada da Europa, entrou em colapso e
por volta de 1700 já mal podia alimentar a população do país. Também as principais indústrias, como a da lã e da seda,
minguaram.
O período napoleônico trouxe novas desgraças ao vacilante reino. Com indomável energia e ferocidade, o povo espanhol
enfrentou a invasão francesa, mas enquanto sustentava a luta heróica, a maior e melhor parte do seu vasto Império Colonial
alcançava a liberdade. Em consequência, a população declinou, e a miséria espalhou-se.
Até a segunda década do século XIX, quase todas as colônias da América Central e do Sul se haviam separado do
Governo de Madri. No decorrer do século XIX, a Espanha deixou de vez de ser uma grande potência. Sua população pouco
havia crescido em confronto com a dos demais países europeus. Desprovida de recursos naturais, não pôde a nação ibérica
acompanhar o ritmo acelerado da revolução industrial processado noutros países da Europa. Não dispondo de colônias ricas,
sem indústria de vulto, sem outros recursos internos que permitissem o desenvolvimento comercial, dilacerada por graves
dissensões internas, a Espanha era uma sombra do que fora. Em 1898, depois das derrotas navais de Manilha e Santiago, a
Espanha foi obrigada a concluir a infeliz guerra contra os Estados Unidos, perdendo Cuba, Porto Rico e as Filipinas.
3) França:
A história marítima da França não apresenta, como ocorre com a da
Inglaterra, interesse especial antes do século XVI. Até aquela época,
principalmente durante a Guerra dos Cem Anos, o canal da Mancha foi
teatro de grandes contendas navais entre ingleses, flamengos, frísios e
franceses, sem que dessas pugnas surgisse uma potência de características
eminentemente marítimas, dominando as rotas oceânicas com suas frotas
de guerra e mercante, como faziam então, no Mediterrâneo, as repúblicas
italianas. As próprias batalhas navais da Guerra dos Cem Anos foram mais
entrechoques de exércitos embarcados que procuravam cruzar um largo
fosso de água salgada.
No século XVI, contudo, nas cidades marítimas da Normandia
e da Bretanha, por espírito de aventura e desejo de lucro, começou-se a
armar navios para ousadas expedições que seguiam nas esteiras das frotas
portuguesas e espanholas, as senhoras dos mares da época. Não faltavam
nas cidades marítimas francesas marinheiros arrojados e hábeis
navegantes desde muitos séculos afeitos às aventuras pesqueiras nas perigosas paragens da Bretanha e do mar do Norte. Certos
cronistas franceses mencionam viagens realizadas por esses intrépidos navegantes ao longo da costa da África, anos antes das
expedições portuguesas terem explorado aquelas regiões. Não há, porém, provas concretas dessas aventuras marítimas. Se não
se pode estabelecer sobre muitos sólidos fundamentos que os franceses precederam aos portugueses ao longo das costas
ocidentais do continente africano, ao menos se sabe, sem dúvida, que eles os seguiram de bem perto. Suas excursões foram
mesmo, desde o começo, um motivo da reclamação dos reis de Portugal.
Desde 1488, um comandante de nome Cousin frequentava as costas da Guiné, e seis anos, apenas, após Vasco da Gama
ter dobrado o cabo da Boa Esperança para se lançar à conquista das Índias Orientais, um navegador normando, Birot Paulmier
de Gouneville, partiu de Honfleur, no começo de junho de 1503, para seguir a rota do célebre português. A partir de 1510, a
Terra Nova se tornou a meta dos pescadores bretões e bem depressa a costa da França pululou de corsários que espreitavam a
navegação espanhola e portuguesa no Novo Mundo, procurando deitar mão no ouro e nos produtos americanos.
O primeiro monarca francês que se interessou pelas aventuras ultramarinas foi Francisco I. Ele determinou em 1523 as
viagens à América de Verazzani, florentino a serviço da França. Nos anos seguintes, os irmãos Parmantier chegaram ao mar
das Índias e à Sumatra, e Jacques Cartier e Roberval iniciaram a exploração do litoral canadense. Ao mesmo tempo, os
armadores franceses iniciaram um vigoroso contrabando de pau-brasil no Atlântico Sul, sendo tenazmente perseguidos pelos
lusitanos. Em seguida, por questões religiosas, os franceses procuraram fundar uma colônia na baía de Guanabara, mas também
aí foram repelidos pelos portugueses.
Nos sessenta anos seguintes, os franceses tentaram ainda fixar-se no Brasil e na América do Norte. Conseguiram
descobrir e colonizar algumas ilhas das Antilhas, (Martinica, São Domingos, Santa Lúcia) e estabeleceram-se firmemente na
Guiana e no Canadá. Quase todos esses empreendimentos foram, porém, realizados por iniciativa privada dos armadores das
cidades do Atlântico, principalmente Saint Malô, Dieppe, Honfleur e La Rochelle, pois, após Francisco I, por uma razão ou
outra, os reis de França abandonaram de vista as realizações no além-mar.
Com Henri IV, o Estado francês voltou a ocupar-se das atividades marítimas, sendo aplicados grandes esforços para o
ressurgimento da Marinha Mercante e a retomada da política colonial de Francisco I. Pela convenção de 1606, confirmou o
Estado francês a situação privilegiada que disputavam desde muito tempo os navios franceses no Levante e nos Estados
Barbarescos, e assegurou à França a posse da maior parte do tráfego do Canadá. Paralelamente, a Marinha francesa com
sanguinolenta determinação procurou cercar as correrias dos corsários argelinos e tunisianos.
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A atividade desenvolvida por Henri IV no domínio econômico foi continuada, seguindo um princípio mais centralizado
por Richelieu, pois ele representava um incomparável elemento de prestígio, força e prosperidade. “Aquele que é mestre do
mar tem grande poder na terra” disse Richelieu (1558-1642), quando ministro de Luiz XIII, foi o primeiro a compreender a
importância do poder marítimo para garantir a influência internacional da França.
O regulamento marítimo é o mais característico das diferentes medidas tomadas por
Richelieu, para estimular e proteger eficazmente o comércio francês. Foi interditada a
exportação de mercadorias francesas, exceção feita do sal, em navios de outras
nacionalidades, ficando estabelecido que a cabotagem deveria ser feita em navios nacionais
e sendo proibido aos franceses se servirem dos navios dos estrangeiros. Além do mais, foram
criados institutos de hidrografia e escolas para pilotos e carpinteiros. Richelieu favoreceu
em seguida a criação das companhias de comércio, conferindo mesmo títulos de nobreza aos
armadores e negociantes mais eminentes, tudo no sentido de desenvolver poderosamente a
Marinha e o domínio colonial francês por ele considerados essenciais à grandeza da nação.
Em suma, Richelieu antecipou-se mesmo em suas medidas, às que seriam adotadas na Grã-
Bretanha, poucos anos depois, no “Ato de Navegação”.
A fim de garantir a expansão da grande obra, Richelieu tomou medidas enérgicas
para expandir a Marinha de Guerra. Para comandá-la e guarnecê-la apelou para os melhores
marinheiros da costa, atraindo-os com soldos elevados. Todo o vasto complexo industrial
que serve de base ao desenvolvimento marítimo foi criado ou desenvolvido. No Havre e em
Bronage, fundiam-se os canhões necessários ao armamento dos navios. Importantes
estaleiros de construção foram instalados em Indret, no Loire, ao abrigo dos assaltos de
surpresa. No Levante (Mediterrâneo), o porto principal das galeras ficou sendo Marselha, como era da tradição, e Toulon, cuja
importância começou a crescer, servia de base aos navios a vela. Mas todo esse progresso foi de qualquer forma artificial, pois
não chegou a criar interesses duradouros que afetassem as camadas numerosas e importantes da população francesa.
A Marinha de Guerra, reaparelhada por Richelieu, distinguiu-se em lutas porfiadas contra ingleses e espanhóis, no
Atlântico e no Mediterrâneo (La Rochelle e Guaretaria), mas o Cardeal morreu em 1642, deixando inacabado o gigantesco
empreendimento. A Marinha de Guerra havia começado a viver, mas sua estrutura era ainda frágil e poderia desmoronar se não
fosse cercada de cuidados inteligentes ou se fosse negligenciada. A única parte sólida da obra de Richelieu era, aliás, a Marinha
de Guerra, mais fácil, mais rápida e mais necessária, na época, de ser colocada em primeiro plano. As partes referentes ao
desenvolvimento colonial e à Marinha Mercante foram incomparavelmente mais frágeis.
Nos anos seguintes à morte de Richelieu, não sendo mais a Marinha sustentada por uma vontade possante, corroída pelo
terrível flagelo das discórdias internas, declinou lentamente. A Marinha, que é essencialmente um instrumento de política
exterior, deveria mais do que nenhuma outra instituição sofrer dos conflitos interiores. Daí em diante, ela não recebeu mais
dinheiro.
Em 1659, a paz dos Pirineus pôs fim à interminável guerra com a Espanha. A França triunfara em terra, mas nos mares
ela havia caído do lugar brilhante a que fora alçada pela lúcida vontade do grande Cardeal. Os espanhóis haviam tomado
Tortuga em 1653 e os ingleses a Arcádia em 1656. Fato mais grave e pesado de consequências foi o fato de que a Companhia
das Ilhas da América e depois a Companhia da Nova França haviam sido constrangidas, para escaparem à ruína, a renunciar a
seus direitos. Assim, enquanto as companhias inglesas e holandesas auferiam lucros fantásticos de suas atividades nos oceanos,
integrando cada vez mais um número elevado de habitantes na vida marítimo-comercial, na França ocorria o inverso.
A depressão econômica e política que a França sofreu durante dezoito anos sob o ministério de Mazarino, sucedeu um
período de grande prosperidade e de novo poderio, consequência da hábil política econômica de Colbert que ficou no poder de
1661 a 1683. Sua aparição marca o ponto culminante do mercantilismo e da época mais próspera, mais gloriosa do comércio e
do movimento colonial francês. Um dos atos mais importantes de Colbert foi a publicação em 1673 das "Ordenanças do
Comércio". A fim de que as exportações fossem constantemente superiores às importações, Colbert colocou a indústria e o
comércio em condições favoráveis para o desenvolvimento e os tornaram capazes de resistir vitoriosamente à concorrência
estrangeira. Interditou a exportação das matérias-primas necessárias à indústria, reservou mais uma vez o comércio de
cabotagem aos navios franceses, encorajou a pesca em alto-mar e, enfim, estimulou, por prêmios, a exportação de produtos
manufaturados franceses. Essa política, entretanto, era entravada pela falta de navios, pois em 1664 os ingleses possuíam quatro
mil navios de comércio, os holandeses dezesseis mil e a França dispunha de apenas duzentos.
Ante essa situação, Colbert ocupou-se particularmente do desenvolvimento e do aumento da Marinha Mercante, com o
fito de centralizar em mãos francesas o comércio dos transportes. Criou arsenais e estaleiros em Brest, Rochefort: e no Havre,
protegeu as florestas de madeiras de lei para obter a matéria necessária à construção naval, encorajou por meio de prêmios e
subvenções o armamento de navios mercantes, favoreceu a compra de navios construídos e armados no estrangeiro. Ao mesmo
tempo, os navios mercantes pertencentes a outras nações foram submetidos, nos portos franceses, a uma taxa de cinquenta sous
por tonelada, na entrada e na saída. Pela Ordenança Marítima de 1681, criou escolas de aprendizes, destinadas a formar um
corpo numeroso de marinheiros hábeis e de pilotos experimentados. Por conseguinte, Colbert procurou seguir com maior vigor
a política anteriormente adotada por Richelieu, a mesma, aliás, que a Inglaterra então procurava aplicar.
Paralelamente à expansão da Marinha Mercante e do comércio exterior, Colbert atacou o problema da reorganização da
Marinha de Guerra francesa, pois ele bem compreendia o papel capital da Marinha no processo global do desenvolvimento
marítimo. Na perseguição de seu grande ideal e na realização de seu sonho grandioso, Colbert não foi bem entendido, nem bem
secundado. Desaparecido ele, ninguém saberia continuar sua obra, mas, enquanto viveu, soube imprimir um desenvolvimento
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econômico à França, nunca antes igualado. Estaleiros, depósitos, hospitais surgiram da terra e se abrigaram atrás de
fortificações. O trabalho desses arsenais foi organizado e regulamentado. Na Holanda, foram procurados os engenheiros que
deveriam servir de iniciadores. Em breve, das carreiras dos arsenais, começaram a sair numerosos navios de guerra, todos
semelhantes nas proporções. Em 1671, eram já 120 os navios de guerra de linha e 70 os brulotes, fragatas e galeras nas costas
do Atlântico e de Provença. Em 1677, duzentos navios militares estavam à disposição do governo. Um amplo recrutamento de
marinheiros assegurava 52 mil homens de guarnição. A Marinha Mercante, enquanto isso sob a administração do grande
ministro, superava a cifra de mil unidades.
Faltou tempo a Colbert para orientar o povo para o mar, ligando-o pecuniariamente à prosperidade do comércio
marítimo. Essa tarefa também ultrapassava as forças de um homem. Só o tempo poderia agir, mas faltaram continuadores. A
Marinha de guerra não se fundou sobre uma frota de comércio poderosa que por simples jogo de interesse lhe teria assegurado
a longevidade. Criação artificial, toda de prestígio, ela não sobreviveria à vontade que a havia feito ressurgir. Seignelay,
plasmado por seu pai, encontraria ainda esse caráter artificial da Marinha de Guerra que, depois dele, cairia de toda a sua altura.
Mas, sob o impulso fecundo dos dois Colbert, ela iria conhecer um esplendor que não deveria jamais alcançar no decorrer da
sua longa história.
Nas primeiras ações bélicas a que foi chamada a participar, a magnífica frota construída por Colbert cobriu-se de glórias,
derrotando, sob o comando de Tourville e Duquesne, espanhóis, holandeses e ingleses nas batalhas de Stromboli, Palermo e
Beachy Head.
Em aparência, Seignelay, ao morrer, deixou a Marinha poderosa, vitoriosa, florescente. Na realidade, essa Marinha era
um colosso com pés de argila. Ela era o fruto de uma vontade, a de Colbert, prolongada, mas desvirtuada por seu filho.
Quando pela política ambiciosa de Luiz XIV foram desencadeadas diversas guerras
terrestres, pesaram sobre o Estado francês encargos tão grandes que para a frota de guerra só
houve disponíveis parcos recursos. Por outro lado, a Inglaterra, Estado puramente naval, pôde
aplicar, em consequência da sua posição insular, todas as suas energias ao cuidado da frota,
relativamente segura contra um ataque por terra. Valendo-se de seus aliados continentais, a
Inglaterra pôde manter, ao mesmo tempo, as forças terrestres da França empenhadas, impedindo
a frota francesa de se desenvolver. Se, com suas rivais, Inglaterra e Holanda, a frota da França
tivesse, para proteger numerosos e importantes interesses comerciais, o espírito de nação, não se
teria jamais afastado dela. Mas tudo estava para ser feito nesse sentido, e era necessário mais do
que a vontade e a vida de um homem para obter resultados bem assentes. As deficiências básicas
do desenvolvimento marítimo francês em breve manifestaram-se. Já Tourville não pôde deixar
Brest suficientemente cedo em 1690, devido à falta de marinheiros. As guerras em terra
absorviam todos os recursos humanos e materiais da nação.
Mal tinha morrido Seignelay, e um memorial foi apresentado ao rei, propondo suprimir a
Marinha, que custava muito caro e que só servia para guardar as costas, função que, segundo
ainda esse documento, poderia muito bem ser desempenhada por recrutas do exército.
A partir da segunda fase da Guerra do Augsburgo, a Marinha francesa sofreu uma série de
reveses, culminando com o desastre de La Hague. Foi o fim da grandiosa Marinha de Guerra construída por Colbert.
O declínio da Marinha francesa acentuou-se em decorrência da Guerra de Sucessão da Espanha. Para que ela pudesse
renascer, seria preciso dinheiro e vontade. Não havia, porém, nem uma nem outra coisa. Desencorajados pelas experiências
infelizes de quase um século, os comerciantes franceses estavam menos do que nunca dispostos a arriscar no mar interesses
cuja proteção exigia uma forte Marinha. A extraordinária vitalidade não tardaria a recolocar a França em plena saúde. Seu
comércio conheceu novos dias de esplendor, mas daí por diante ele se fez, na maior parte, sob pavilhão estrangeiro, mais
especialmente o inglês.
Por conseguinte, nem interesses políticos, nem interesses particulares exigiram a manutenção de uma frota de guerra.
Foi tacitamente admitido que a França devia abandonar definitivamente toda pretensão ao tridente de Netuno. A Marinha
desdenhada e considerada inútil davam-se apenas os créditos necessários para impedi-la de morrer de vez.
Nas décadas seguintes, nada foi feito de notável para alçar novamente a França à categoria de potência naval capaz de
disputar a hegemonia britânica. No conflito seguinte entre as duas grandes nações rivais, a Guerra de Sucessão da Áustria, não
houve encontros navais de importância. A guerra revestiu-se do caráter das guerras às comunicações. Os franco-espanhóis
perderam 3.400 navios mercantes e os ingleses 3.200. Se os números foram sensivelmente iguais em valor absoluto, foram
incomparavelmente mais desastrosos em valor relativo para as Marinhas da França e da Espanha, considerando suas fraquezas
numéricas em relação à frota mercante do Reino Unido.
A Guerra dos Sete Anos pouco depois teve características diferentes. A França tentou enfrentar a Inglaterra nos mares
com uma frota inferior em número e qualidade, sofrendo, em consequência, uma série de derrotas que a privaram das ligações
com os territórios ultramarinos. Uma a uma, suas principais colônias, na Índia e no Canadá, foram ocupadas pelo inimigo.
Custou essa guerra à Marinha francesa 37 naus e 56 fragatas. Em 1763, ao ser assinado o Tratado de Paris, pondo fim ao
conflito, praticamente não existia Marinha francesa, e a Marinha Mercante estava reduzida a poucos navios.
O orgulho nacional ferido e a certeza agora dominante nos círculos governamentais de que a perda das melhores colônias
fora fruto da ausência de marinha poderosa levaram a França, a partir de 1770, a empreender um grande esforço no sentido de
reequipar a frota de guerra. Sob a brilhante administração de Choiseul, os estaleiros franceses do Atlântico e do Mediterrâneo
voltaram à atividade. Um grande número de municipalidades financiou a construção de navios. Os comerciantes e o povo em
geral contribuíram, nas várias províncias, para a construção de uma nova frota de guerra, desejosos de tirarem a desforra dos
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ingleses.
Toda uma esquadra renasceu assim da generosidade pública, do patriotismo de uma nação. Mas essa oferta generosa
era também marcada pelo caráter artificial que conservava a Marinha inteira. Ela era fruto de um elã sentimental, tanto mais
efêmero quanto mais violento e não o resultado durável de uma sólida discussão de interesses comprometidos. Richelieu e
Colbert: tinham pelo menos tentado fundar sobre a rocha sólida de uma Marinha mercante próspera a torre orgulhosa da
Marinha de Guerra. A de Choiseul não iria repousar senão sobre a areia, malgrado a bela aparência que deveria adquirir. Ela
estava destinada a desmoronar, desde que soprasse o vento de uma borrasca.
A guerra recomeçou em 1778, a propósito da independência das colônias inglesas da América do Norte, estendendo-se
rapidamente às Índias, como sucedera durante a Guerra dos Sete Anos.
A nova Armada francesa, sob o comando de Guichen, De Grasse e sobretudo de Suffren, conheceu novamente dias de
glória, desempenhando papel decisivo no desenrolar da guerra. A rendição de Cornwallis marcou o fim da guerra ativa no
continente americano. O desenrolar da luta estava na verdade assegurado desde o dia em que a França devotou seu poderio
marítimo à causa das colônias.
A paz foi assinada em 1783. A França tinha enfim uma bela Marinha, adquirida ao preço
de terríveis provas, mas a paz ia ter uma duração bem curta, e a Marinha, sustentáculo de tantas
esperanças, iria retroceder, ficando reduzida a quase nada. Sua decadência faria com que,
malgrado uma colheita de vitórias terrestres como o mundo jamais havia presenciado, malgrado
o gênio do maior chefe militar dos tempos modernos, a França sucumbiria finalmente diante do
antigo adversário, forte numa só arma que se mostraria decisiva: uma frota, senhora dos mares.
Com a Revolução Francesa, recomeçaram os dias negros da Marinha gaulesa. Esse corpo
tão robusto ainda em 1789 iria bem cedo entrar em decomposição. Pela chaga da emigração, seu
sangue mais puro se perdeu. Mais da metade dos oficiais foram para o estrangeiro. A Marinha
não era mais do que um corpo exangue. A centelha vivificante que havia feito da França a
Grande Nação não havia tocado sua Marinha. Essa Revolução não trouxe senão sua ruína, sua
desorganização, sua indisciplina, sem lhe comunicar seu entusiasmo, sua fé criadora. A grande
agitação acusava, mais nitidamente que nunca, o divórcio de fato existente entre a Marinha e o
país. As razões desse divórcio eram as mesmas do século XVIII. As longínquas previsões de
Colbert confirmaram-se.
Sem Marinha Mercante, sem interesses pecuniários no mar, a França não se poderia interessar senão superficialmente,
passageiramente, pela Marinha. Ela não era carne de sua carne como a Marinha inglesa o era da Grã-Bretanha.
Mas uma vez caiu a Marinha francesa, agora vítima das dissensões internas e, consequência desastrosa, levou na sua
queda a Marinha do comércio. Quando foi assinada a paz de Amiens (Em1802, pondo fim as hostilidades entre a França e a
Inglaterra causadas pela Revolução Francesa), havia já muitos anos que nenhum pavilhão de comércio francês tremulava nos
mares do globo. Sem elementos para enfrentar a Marinha inglesa, mais uma vez a França recorreu à guerra de corso. O decreto
de 23 thermidor, do ano III, definiu o fim a atingir: devastar o comércio do inimigo, destruir, aniquilar suas colônias, forçá-lo
a uma bancarrota vergonhosa. Bem cedo, dos portos do Atlântico saíram para o oceano, armados em corsários, quase todos os
navios capazes de navegar e iniciaram o ataque às rotas marítimas britânicas. Face à devastação crescente exercida no seu
comércio, os ingleses se viram obrigados a recorrer ao sistema de comboios. Frotas imensas (de 500 e mesmo de 1.000 navios)
atravessavam as regiões particularmente perigosas, sob escolta de navios de guerra. Em 1801, os resultados, ao todo, desde o
começo da guerra, eram os seguintes: 5.557 navios mercantes haviam sido capturados; 593 corsários tomados; 41.500
marinheiros franceses feitos prisioneiros.
Ao ser assinada a paz de Amiens, a perda anual média da Marinha Mercante inglesa era
de 500 navios, mas ela contara com 16.728 navios, em 1795 e 17.885, em 1800. A guerra de corso
havia, por conseguinte, fracassado na sua fase inicial.
Paralelamente à guerra de corso, Napoleão procurou aparelhar a Marinha de Guerra
francesa de maneira a, pelo menos, obter uma supremacia temporária no canal da Mancha, mas a
batalha de Trafalgar marcou o fim de tal intenção. A batalha de Trafalgar, esmagando totalmente
a remanescente Marinha francesa e comprometendo por longo tempo seu futuro, resolveu de
maneira definitiva o grande problema da rivalidade pela hegemonia marítima, nascida sob Luiz
XIV. Como único recurso, a França continuou a guerra de corso. No total de 11 anos de guerra
(1803-14), 5.314 navios mercantes ingleses foram capturados, mas os britânicos por seu turno
destruíram ou colocaram fora de estado de os atacar, 440 corsários guarnecidos por 27.600
marinheiros. No fim dessa longa guerra, a França não tinha mais que 100 corsários armados.
Na mesma época, perto de 25.000 navios mercantes faziam tremular o pavilhão britânico
em todos os mares do globo. Dos 1.500 navios franceses de longo curso existentes na abertura das
hostilidades não restavam mais de 200 em 1814. A Marinha Mercante da França estava morta ao
lado da Marinha de Guerra. Depois do esboroamento do Império e da última convulsão dos Cem Dias, a França renunciou à
marinha. Com a paz, a Marinha Mercante francesa recuperou-se, graças ao vigor do comércio interno e à existência de estaleiros
eficientes no país. Mais lento foi o renascimento da frota de guerra. Cerca de quarenta anos durou a convalescença da Marinha
de Guerra francesa. Malgrado a ação por ela desenvolvida em várias demonstrações de força contra o Brasil (1828), Algéria
(1830), Portugal (1831), México (1837) e Argentina (1845), só voltou a ser poderosa de fato durante o Segundo Império, por
ocasião da guerra da Criméia.
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A política imperialista de Napoleão III e a revolução industrial processada pouco mais ou menos no mesmo período
favoreceram o desenvolvimento da Marinha francesa. Com efeito, depois da Grã-Bretanha, era a França a maior potência
industrial da época, seguida de perto pela Alemanha e pelos Estados Unidos. Em 1864, contavam-se 430 altos-fornos em 55
departamentos que produziam 1.213.000 toneladas de ferro. A França compreendeu que se apresentava uma oportunidade única
para alcançar a supremacia marítima, já que as antigas esquadras de madeira não poderiam subsistir na era do ferro e do vapor.
Sob a orientação de hábeis técnicos, como Depuy de Lome, foi a França em muitos aspectos a vanguardeira da evolução
marítima. De seus estaleiros saiu o primeiro navio encouraçado, o Gloire. Todavia a Grã-Bretanha, nação também tecnicamente
evoluída, enfrentou a corrida armamentista, conseguindo manter a sua supremacia, malgrado a ameaça francesa, construindo o
HMS Warrior, também encouraçado.
A corrida armamentista anglo-francesa sofreu um hiato com a Guerra Franco-Prussiana em 1870-71. Poucos serviços
relativamente prestou a Marinha francesa nessa guerra, apesar de seu imenso aparato bélico. A Prússia, nação continental por
excelência, dispondo de pequena Marinha, não disputou o domínio dos mares à sua inimiga. A guerra se decidiu totalmente em
terra, e, ante a ameaça cada vez maior dos exércitos invasores prussianos, os marinheiros franceses muitas vezes
desembarcaram de seus magníficos navios, para lutar em trincheiras na defesa do solo pátrio.
Depois do conflito, uma só questão dominava todas as outras: retomar as províncias perdidas a revanche. Não se tinha
em absoluto necessidade da Marinha para isso e convinha reduzi-la para não desperdiçar créditos que eram necessários noutros
lugares. Como a França não tinha interesses no mar para justificar a existência da Marinha, uma vez ainda, conforme a frase
de seu ministro, o Almirante Pothuan, a Marinha deveria sacrificar-se no altar da pátria. De novo desabava a grandeza da
Marinha, grandeza toda artificial, criada por um regime de prestígio e ligada à sorte deste. O programa de 1872 fixou os destinos
da Marinha Republicana. Dos 400 navios do Império, foram conservados apenas 217. A Marinha foi, portanto, sacrificada no
altar da pátria. Thiers reduziu brutalmente seu orçamento, qualificando-a de arma de luxo. O próprio Ministro da Marinha,
Almirante Pothuan, declarou do alto da tribuna: “Todos os esforços devem ser feitos do lado da terra. De que nos serviria agora
uma marinha?".
A partir da oitava década do século XIX, a França começou a perder a sua posição privilegiada de grande potência
econômica. Foi ultrapassada em produção industrial e desenvolvimento comercial, pela Alemanha e pelos Estados Unidos. As
causas desse fenômeno eram a paralisação, acusada desde vários anos, do processo demográfico, assim como da falta de
suficientes reservas carboníferas, circunstâncias que dificultavam o crescimento da grande indústria. O tráfego ultramarino
francês mostrou crescente empenho em se servir das companhias de navegação de outros países, mas baratas e rápidas, em vez
de navegar sob o pavilhão nacional. Foi essa a causa da navegação na França não participar do florescimento da frota mundial.
De 1866 a 1900, ela permaneceu quase estacionária em um milhão de toneladas, e a construção naval chegou quase à
paralisação durante o último decênio anterior à Primeira Grande Guerra.
Em oposição, a França retornou aos empreendimentos coloniais paralisados desde a conquista da Algéria e da aventura
no México. A primeira das grandes operações coloniais foi à conquista da Tunísia em 1881. Seguiu-se a da Indochina em 1884-
85 e a de Madagascar em 1893, sem falar noutras menores levadas a cabo em vários pontos da África e da Oceania. Em todos
esses empreendimentos, a Marinha de Guerra francesa teve atuação de primeira plana, ou destruindo as forças navais inimigas,
ou reduzindo as fortificações terrestres, ou, enfim, apoiando as tropas de desembarque.
Data também do final do século XIX o movimento chamado de “Jovem Escola” o qual causou não pequenos prejuízos
ao desenvolvimento da Marinha de Guerra francesa. A Jovem Escola defendia a construção de uma esquadra numerosa de
pequenos navios, sobretudo torpedeiros. A aparição do torpedo e da mina perturbou os espíritos e o debate veio a público. Bem
menos que por uma reforma administrativa das instituições, uma opinião incompetente mal esclarecida apaixonou-se por uma
reforma de concepções da guerra naval. Uma grave crise de idéias se declarou e em consequência a Marinha francesa viu sua
força profundamente abalada. Agradava ao espírito francês mal avisado das realidades navais desprezar uma força que achava
brutal, substituindo-a pelos recursos de um espírito inovador e fecundo. A França que nunca antes se tinha interessado pela
Marinha ficou com febre. Dessa falta de uniformidade de vistas e das contínuas mudanças de governo resultou uma armada
numerosa, mas heterogênea. Malgrado os sacrifícios consentidos pelo país, a Marinha francesa, nas vésperas da Primeira
Grande Guerra, havia caído para o quinto lugar, se bem que seu Império Colonial fosse o segundo do mundo. A razão básica
dessa queda devia de novo ser procurada na fraqueza da Marinha Mercante que, malgrado todos os esforços frequentemente
grandes do Governo, não conseguiu acordar de seu longo sono.
Tivesse tido a França uma Marinha Mercante florescente, rica e poderosa, com numerosos interesses no mar, não haveria
lugar para discussões bizantinas como a da Jovem Escola. A voz dos interesses ameaçados faria prevalecer a verdadeira doutrina
de que, numa questão de força como a guerra, deve-se ter poder. Mas a Marinha Mercante francesa em 1914 era menos da
metade da alemã e apenas um décimo da britânica. Tendo perdido cerca de 920 mil toneladas durante a guerra, graças ao tratado
de paz, a Marinha Mercante francesa recuperou a tonelagem afundada, alcançando, em 1921, a 2 milhões e trezentas mil
toneladas. Entre os dois conflitos mundiais, pouco progresso realizou. Enquanto a Inglaterra voltava a ter nos mares mais de
20 milhões de toneladas de navios mercantes e a Alemanha, partindo novamente do zero, ultrapassava os cinco milhões, a
França, em vinte anos, aumentava sua Marinha de comércio de 2 milhões e trezentas mil para dois milhões e setecentas mil
toneladas.
A Marinha de Guerra, em contraste, tendo adotado linhas seguras para sua evolução, e se beneficiando da longa continuidade
ministerial de Georges Leygues, passou a ocupar o quarto lugar na tonelagem. As forças navais francesas perderam seu antigo aspecto
heterogêneo, e a qualidade do material ganhou reputação. Todavia, quase toda sua magnífica obra de mais de vinte anos desapareceu
com a Segunda Guerra Mundial.
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A vitória dos aliados garantiu a soberania da França, principalmente por parte dos ingleses que acolheram o governo
livre francês e lutaram pela libertação da França.
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Depois do término do conflito, a França tem mantido uma frota de guerra bem inferior à de 1939, mas mesmo assim
conserva-se entre as mais importantes potências navais do mundo. Entretanto, da mesma forma que a sua antiga rival, a Grã-
Bretanha, a França viu sua presença nos mares ofuscar-se ao mesmo tempo em que desaparecia seu antigo Império Colonial.
4) Holanda:
Os estuários dos rios flamengos ofereciam na Idade Média portos naturais
ideais, pois penetravam profundamente nas terras e eram acessíveis aos grandes navios
da época, permitindo, ao mesmo tempo, aos pequenos barcos avançar bem longe no
interior. As condições naturais do país eram, portanto, propícias ao desenvolvimento
das cidades comerciais, e já durante o reino de Carlos Magno, sob a influência de uma
situação política estável, podia-se prever o incremento que tomariam mais tarde nos
Países Baixos as manufaturas e o comércio de lã. A criação do Império de Carlos
Magno e sua extensão até o rio Elba mudaram a posição geográfica relativa dos Países
Baixos e os tornaram eminentemente próprios ao comércio. As regiões em torno dos
rios Reno, Mosa e Escalda ocupavam daí por diante não mais uma posição terminal ou
fronteiriça como haviam ocupado sob os romanos, mas uma posição central, no interior
do Império Carolíngio.
O desenvolvimento econômico precoce dos Países Baixos foi paralisado pelas
invasões normandas (vikings) e pelo esboroamento do Império Carolíngio. Os rios que
facilitavam o tráfego facilitavam também a entrada dos normandos que no decorrer do
século IX destruíram numerosas cidades e levaram suas devastações ao Sul, até o Artois
e a Picardia.
Depois de cessadas as incursões dos homens do Norte, as cidades dos Países Baixos
desenvolveram as indústrias têxteis, e a população do país adensou-se. A prosperidade
das cidades dos Países Baixos foi incrementada no decorrer do século XV por um
estranho fenômeno. Com efeito, entre 1417 e 1425 os cardumes de arenque desapareceram do Sund. Por razões ainda
desconhecidas, os arenques cessaram de fugir do mar do Norte. Qualquer que tenha sido a razão dessa mutação, ela teve efeitos
marcantes, pois constituiu perda sensível para as cidades hanseáticas, principalmente para Lübeck, e foi um ganho notável para
os holandeses.
A luta vitoriosa para a libertação do jugo espanhol favoreceu
a criação de um Estado forte e consciente da importância do mar na
vida nacional. Se já antes, pelo ocaso do poder mundial espanhol, os
holandeses eram vizinhos incômodos, converteram-se depois da
Guerra da Independência em adversários triunfantes que, protegidos
pela forca política de seu Estado naval, orientavam todos os esforços
no sentido de conseguirem a máxima grandeza para seu comércio. Não
se contentaram eles em abalar totalmente o comércio hanseático para
o Ocidente, mas com singular atrevimento avançaram para o
verdadeiro domínio da Hansa, o Mar Báltico, reduzindo nele, cada vez
mais, a influência das cidades alemãs.
Mais tarde, favorecidos por uma posição geográfica
intermediária entre o Báltico, a França, o Mediterrâneo e a foz dos rios
alemães, os holandeses absorveram rapidamente quase todo o tráfego
comercial europeu, e, no fim do século XVI, Espanha e Portugal, não
menos que Veneza e as Cidades Hanseáticas, viram-se despojadas da
maior parte de seus transportes marítimos pelos atrevidos marinheiros e comerciantes batavos.
A Holanda procurou em primeiro lugar satisfazer as necessidades dos países marítimos mais próximos situados a leste
e a oeste, trocando madeiras e cereais que produziam uns, por sal e vinhos que produziam outros. O arenque seco, os mercadores
batavos transportavam para as embocaduras de todos os rios vindos do Sul, desde o Vístula até o Sena, e ao longo do Reno, do
Mosa, do Escalda. Seus navios iam procurar lã em Chipre, seda em Nápoles e, da Noruega, traziam uma grande parte da
madeira necessária à construção de seus barcos. Das planícies da Prússia e da Polônia e mesmo da Rússia, eles traziam o linho
e, sobretudo, os gêneros alimentícios que constituíam um artigo de importância indispensável, visto o solo da Holanda só poder
então, segundo uma autoridade competente da época, alimentar um oitavo de seus habitantes.
Se bem que os holandeses se tivessem assenhoreado de uma grande parte do comércio europeu, não tiraram menor
proveito e o melhor de suas glórias nas suas relações com as Índias Orientais. A indiferença dos portugueses em primeiro lugar
e em seguida a dos espanhóis pelo transporte e venda das especiarias nos mercados europeus, permitiu aos mercadores
flamengos e holandeses dele se apoderarem. As medidas proibitivas adotadas por Felipe II (da Espanha) para aniquilar a
navegação e o comércio das Províncias do Norte e em particular da Holanda, que tinha sido colocada à frente da nova
Confederação Republicana (1609), longe de enfraquecer o inimigo, estimularam-lhe a resistência e a agressividade. A
interdição feita pela Espanha aos navios holandeses de entrarem seus portos colocou os mercadores da nova confederação em
situação precária, visto a interdição impedi-los de se aprovisionarem de especiarias e de produtos coloniais. A Holanda foi,
portanto, obrigada a enfrentar contra a Espanha uma luta de morte. De todos os atos hostis que a Holanda dirigiu contra a
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Espanha, a empresa nas Índias foi a que mais assustou o rei e a nação, e a que feriu mais fundo, imprimindo por outro lado,
poderoso desenvolvimento aos Países Baixos.
Os primeiros mercadores holandeses que no declinar do século XVI atingiram Java e as Molucas, depois de terem
violado por intermédio de Cornelius Hontmann o segredo da rota marítima, limitaram-se a obter dos príncipes locais, em troca
de produtos mais baratos do que os vendidos pelos portugueses, as reduções dos direitos alfandegários e a concessão ao longo
da costa, para instalar depósitos, representações e etc., com o fim de criar uma corrente de atividade comercial baseada na troca
de produtos nacionais ou importados pelos mais procurados do Oriente. Nessa época, a autoridade governamental não interveio
suficientemente nesse setor, e o tráfego marítimo foi confiado a numerosas companhias privadas que se tinham constituído nos
diversos portos da Holanda e que armavam frotas de comércio e de guerra contra os portugueses na Índia. Para eliminar os
perigos da concorrência recíproca e para resistir energicamente aos espanhóis e portugueses, procedeu-se a fusão das diversas
sociedades numa só companhia, constituída em 1602, sob o nome de Companhia Holandesa das Índias Orientais, com o capital
inicial de cerca de sete milhões de florins. A Companhia recebeu do Estado o privilégio, para um período de vinte anos, do
pleno controle sobre a navegação e o tráfego com o Oriente, por seu lado, ela se dedicou a armar os navios, a combater os
inimigos, a contratar aventureiros para o serviço, a redigir tratados, a criar empórios e estabelecimentos financeiros nas Índias.
Na época de maior atividade bélica contra os portugueses e espanhóis, a Sociedade chegou a ter uma esquadra de cento e oitenta
navios de trinta a sessenta canhões, guarnecidos por doze a treze mil homens.
Depois da criação da Companhia das Índias Orientais, a atividade
comercial holandesa se fez cada vez mais eficiente. O Almirante Warwick,
verdadeiro fundador das colônias holandesas no Oriente, fazendo-se a vela com
quatorze navios para aquelas paragens onde a frota portuguesa não o podia enfrentar,
fortificou no território do rei de Johor, em Java, um empório que dispunha de uma
baía abrigada, e fez aliança com vários príncipes de Bengala.
Novos empórios foram criados nas costas do Malabar, em Sumatra e
Amboina, o que permitiu aos holandeses tornar mais efetiva a concorrência dirigida
contra portugueses e espanhóis. Os antigos estabelecimentos e os primeiros
empórios transformavam-se, pouco a pouco, em núcleos de ocupação militar. Foi
procedida depois a conquista direta dos territórios.
O socorro prestado pelos holandeses ao imperador de Mata valeu-lhes
pouco a pouco a posse de toda a ilha de Java, e, em 1641, a aliança com o rei de
Atch serviu para tomar os portugueses Malaca e as mais importantes ilhas de
especiarias. A luta se prolongou na costa de Malabar onde os portugueses tinham
raízes mais fortes, mas os holandeses acabaram por triunfar e se apoderaram de Cochin, de Cananor e de Ceilão (1656). Já nos
meados do século XVII, as costas e ilhas do oceano Índico achavam-se praticamente submetidas ao pavilhão holandês. Assim,
a Companhia das Índias Orientais, depois de se ter enriquecido com os despojos do Império Colonial Português, estendeu suas
conquistas até o arquipélago de Sunda, estabelecendo o centro de seu domínio entre a Ásia e a Austrália. A ilha de Java, e em
particular o porto de Batávia, se encontrava na confluência das rotas marítimas do Oriente. Quase todo o tráfego exercido pelos
árabes, hindus e chineses ficou assim submetido ao controle holandês.
Os comerciantes holandeses penetraram com facilidade no Japão, onde foram bem acolhidos e substituíram os
portugueses já ali estabelecidos havia várias décadas. Também na ilha de Formosa se estabeleceram os ousados traficantes
batavos.
Com a ocupação do cabo da Boa Esperança (1652), transformado em ponto de apoio e em escala para as frotas
comerciais e de guerra em caminho das colônias da Ásia e Austrália, os holandeses tornaram-se senhores absolutos das rotas
marítimas do Oriente, conseguindo centralizar em suas mãos quase todo o monopólio do tráfego de especiarias.
As expedições holandesas na América não foram coroadas de tão brilhante sucesso, entretanto, elas voltavam sempre
com rico saque feito sobre espanhóis ou portugueses. O maior triunfo no gênero foi a captura por Pieter Hein em 1628 de uma
frota de galeões espanhóis procedentes do México e carregados de prata e ouro. Esse fato se deu logo após a primeira invasão
holandesa no nordeste brasileiro, na Bahia, quando os holandeses, após serem expulsos do Brasil, deram com o carregamento
em sua viagem de volta. O apresamento desta carga financiou a formação de uma frota mais equipada e poderosa que voltou
ao Brasil e invadiu o nordeste em Recife e Olinda.
De forma semelhante à sua congênere das Índias Orientais, a Companhia das Índias Ocidentais, formada em 1611, para
responder às necessidades de guerra e da luta comercial contra a Espanha, conseguiu conquistar algumas ilhas nas Antilhas e
os portos de Recife e Olinda na costa brasileira. No Brasil, contudo, a Companhia enfrentou uma guerra quase perene em face
da hostilidade dos habitantes de língua portuguesa, o que lhe consumiu grande parte dos lucros. A resistência brasileira obrigou
a Companhia a abandonar o solo sul-americano depois de menos de vinte e cinco anos de precário domínio.
A principal fonte de renda da Companhia das Índias Ocidentais ficou sendo o ataque à navegação espanhola e
portuguesa. Ela despendeu entre 1623 e 1636 quatro milhões e quinhentos mil libras para equipar oitocentos navios, mas
aprisionou quinhentos e quarenta navios cuja carga valia cerca de seis milhões de libras. A essa soma cumpre juntar três milhões
resultantes da pilhagem e saque contra os portugueses. Também na América do Norte, procuravam os batavos se estabelecer
e, ao longo do território atualmente compreendido entre Nova York e Nova Jersey, surgiram numerosas colônias holandesas
que tiveram por centro comercial a cidade de Nova Amsterdã (atual Nova York).
Dessa forma, no fim do século XVI e no começo da segunda metade do século XVII, a Holanda, graças às conquistas
de suas principais companhias, formou um vasto domínio colonial que lhe permitiu controlar as rotas marítimas do oceano
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Com notável perspicácia os estadistas ingleses perceberam a mudança de pesos nos pratos da balança do poder. A
Holanda já não era o fator de maior peso, mas sim a sombra crescente da França, unida, populosa e sob a administração eficiente
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de Colbert e a ambição de Luiz XIV. Os ingleses, com realismo, firmaram a paz com os Países Baixos, paz essa que não mais
foi perturbada. A retirada da Inglaterra, que ficou neutra durante os remanescentes quatro anos de guerra, necessariamente
tornou o conflito menos marítimo. O teatro de operações navais transferiu-se para o Mediterrâneo, onde os holandeses, dessa
feita aliados aos antigos inimigos espanhóis, enfrentaram o recém-criado poderio marítimo da França. Contudo, a esquadra
francesa, sob o comando de Duquesne, foi vitoriosa em Stromboli e em Agosta. Na última dessas batalhas, de Ruyter encontrou
a morte.
No decorrer dessa guerra o comércio marítimo holandês, depredado pelos piratas franceses, sofreu pesadamente,
perdendo, inclusive, indiretamente, a preferência dos países estrangeiros que passaram a dar preferência ao transporte feito por
pavilhões neutros. Quando, finalmente, os ataques de Luiz XIV forçaram a Holanda a consagrar a sua riqueza e energia à defesa
do próprio solo, essa nação decaiu gradualmente perante a Inglaterra, na corrida pela hegemonia comercial.
A guerra de Sucessão da Espanha (1702-13) virtualmente eliminou as Províncias Neerlandesas da esfera de alta política.
Em verdade elas eram aliadas da Grã-Bretanha e, portanto, do lado vitorioso na guerra. Entretanto, os esforços que haviam sido
obrigados a despender, quer em terra como no mar, exauriram-nas completamente. Suas contribuições em navios, homens e
dinheiro declinaram continuamente até a paz de Utrecht, quando então só dispunham de pouca influência. Os ganhos nesse
tratado foram quase nulos. Mas se o visível declínio das Províncias Unidas data da paz de Utrecht, o declínio real começara
antes. A Holanda deixou de ser citada entre as grandes potências da Europa. Sua Marinha não seria no futuro um fator militar
na diplomacia, e seu comércio também acompanhou a decadência geral do Estado.
Até o final do século XVIII, a Marinha Mercante dos Países Baixos ainda se manteve como a maior em tonelagem da
Europa, mas pouco a pouco foi cedendo lugar à britânica, que era amparada pela política segura do Governo de Sua Majestade
e pelos canhões do Royal Navy. Assim, como a Holanda fora a herdeira do comércio marítimo hanseático, português e espanhol,
a Grã-Bretanha foi a herdeira do comércio batavo.
5) Grã-Bretanha:
A Grã-Bretanha teve sempre seu destino ligado ao mar e aos portos e rios que desde
os tempos primitivos abriram suas regiões interiores ao oceano. Assim, muito antes que
aspirasse dominar os mares, a eles esteve sujeita. Dos povoadores iberos e celtas aos saxões
e dinamarqueses, dos comerciantes pré-históricos e fenícios aos senhores romanos e
normandos, sucessivas vagas de colonos guerreiros, os mais enérgicos homens do mar,
agricultores e traficantes da Europa vieram pelas águas para habitar a Ilha ou para insinuar
os seus conhecimentos e espírito aos antigos habitantes. Entretanto, os primeiros povos que
habitaram a Grã-Bretanha não se notabilizaram no mar. A Inglaterra vivia então da
agricultura e do pastoreio. Seus homens eram pastores e fazendeiros antes que mercadores
ou marinheiros, e antes da conquista normanda, por longo tempo, nem o Estado nem a
Marinha insular estiveram habilitados a defender a Ilha. Exceto quando protegida pelas galés
e legiões romanas, a antiga Grã-Bretanha esteve, portanto, particularmente exposta à
invasão.
Mas se invadir a Grã-Bretanha era extraordinariamente fácil antes da conquista
normanda, tornou-se extraordinariamente difícil depois. A razão é clara. Um Estado bem
organizado, com um povo unido em terra e uma força naval no mar, podia defender-se por
detrás do canal contra qualquer superioridade militar. Assim, nos tempos antigos, a relação
da Inglaterra com o mar foi passiva e receptiva e nos tempos modernos, ativa e adquiridora.
Num e noutro caso é a chave de sua evolução.
Nos séculos seguintes à conquista normanda, embora permanecesse a Inglaterra um país sobretudo agrícola, o
adensamento progressivo de uma população de pescadores, marinheiros e mercadores nos magníficos e inúmeros portos
marítimos e fluviais começou a revelar a futura tendência do povo da Ilha. Essa classe aumentou em prestígio e em riqueza,
primeiro em consequência das Cruzadas e depois em virtude da Guerra dos Cem Anos.
No decurso da longa série de conflitos com a França nos séculos XIV e XV, é curioso observar, tão cedo na
história, que os principais traços da política inglesa já aparecem impostos pela situação do país. A Inglaterra tinha necessidade
da supremacia no mar, na falta da qual não podia continuar o comércio, nem enviar tropas ao continente, nem se manter em
ligação com as tropas já enviadas. Enquanto a superioridade naval foi mantida, a Inglaterra manteve-se em solo francês, graças
à ligação constante com seus exércitos desembarcados no continente. Todavia, as comunicações foram perturbadas várias vezes
pela investida de marinheiros gauleses e a reação de um país populoso como a França obrigou, no fim da longa luta, os ingleses
a se retirarem. De qualquer forma, o solo britânico se viu a salvo dos ataques inimigos, a não ser das suas rápidas e pequenas
investidas. A verdadeira expansão marítima inglesa começou, porém, mais tarde e pode ser datada da criação da Marinha Real.
Na realidade, a Inglaterra, em 1485, era ainda um país pastoril. A fonte principal de riquezas derivava não da
construção naval ou da manufatura de têxteis, mas de fazendas de ovelhas, do crescimento da lã. Os principais mercados para
esses produtos eram as ricas cidades dos Países Baixos no estuário do Reno. Durante a Guerra dos Cem Anos, o canal da
Mancha fora defendido, na medida do possível, pelos combativos marinheiros da frota mercante, lutando, por vezes,
separadamente como piratas, por vezes como em Sluys, sob comando nomeado pelo rei. Henrique V começara a construir uma
esquadra real, mas a sua obra não passara dos primórdios e foi posteriormente descontinuada.
Henrique VII encorajara a Marinha Mercante; no entanto, não armou uma frota exclusivamente para fins de guerra.
Coube a Henrique VIII criar uma armada efetiva de navios reais de combate, com estaleiros reais em Woolwich e Deptford;
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fundou também a corporação da Casa da Trindade. A política marítima de Henrique VIII teve importância dupla. Não só criou
navios especialmente tripulados e apetrechados para o combate em serviço nacional, como também os seus arquitetos navais
planejaram muitos desses navios segundo um modelo aperfeiçoado. Eram veleiros melhor adaptados ao oceano do que as galés
a remos das potências mediterrâneas, e mais bem adaptadas à manobra em batalha do que os navios redondos do tipo medieval,
a bordo dos quais navegavam os mercadores ingleses, e os espanhóis atravessavam o Atlântico. Ao mesmo tempo, o
descobrimento da América veio incentivar a atividade comercial da Inglaterra.
As Ilhas Britânicas tinham sido, durante a Idade Média, um setor marginal relativamente pouco importante do
mundo civilizado; um país conhecido, no máximo, como fornecedor de lã ou de estanho. É verdade que já se achavam nas Ilhas
as premissas geográficas de seu poderio ulterior; os magníficos portos marítimos e abundantes portos fluviais, aos quais,
durante a maré alta, podiam chegar as embarcações de maior calado; a técnica perfeita, a experiência naval que os habitantes
da costa tinham adquirido em sua luta contra os elementos e, sobretudo, a esplêndida posição marítima, a coberto dos ataques
do continente e a posição mercantil posteriormente tão elogiada entre os Estados mais progressivos da Europa e as terras virgens
das colônias americanas.
Gradualmente, durante os reinados Tudors, os ingleses perceberam que a sua remota posição insular se
modificara e passara a ponto central, dominando com vantagem as modernas rotas de comércio e de colonização. O poder, a
riqueza e a aventura os esperavam no longínquo termo de viagens oceânicas fabulosamente longas. A luta pela supremacia
comercial e naval sob as novas condições se travaria claramente entre a Espanha, a França e a Inglaterra; todos esses países
estão voltados para o oceano Atlântico, que subitamente se tornara o principal centro de comunicações do mundo, e cada um
deles encontrava-se em processo de unificação sob um Estado moderno, com consciência étnica agressiva e sob uma monarquia
poderosa. Dessa forma, dos tempos Tudors em diante, a Inglaterra tratou a política europeia simplesmente como um meio de
firmar a sua própria segurança face à invasão e de levar avante os seus planos ultramarinos. A sua insularidade,
convenientemente aproveitada, deu-lhe imensa vantagem sobre a Espanha e a França na concorrência marítima e colonial.
Com a sua configuração estreita e irregular, com uma linha de costa grandemente recortada, por fim em paz
com seu único vizinho terrestre, a Escócia, bem fornecida de portos, grandes e pequenos, apinhados de marinheiros e
pescadores, o Estado encontrava-se sujeito à influência e às ideias dos homens de comércio e da armação naval, que formavam
uma única classe com as melhores famílias provinciais nos condados marítimos. Dado que nenhum ponto na Inglaterra se situa
a mais de setenta milhas da costa, uma elevada proporção dos seus habitantes tinha algum contato com o mar, ou pelo menos
com as populações marítimas. Acima de tudo, Londres está sobre o mar, ao passo que Paris está no interior e Madri fica o mais
distante possível da costa. Por conseguinte, na Inglaterra, embora a população total fosse pequena em comparação com a
francesa ou a espanhola, havia uma grande comunidade marítima acostumada há séculos a sulcar as tempestuosas vagas do
mar no Norte. Em breve, os representantes da comunidade marítima inglesa começaram a estender o raio de ação de suas
atividades, já agora contando com a proteção da Marinha de Guerra Real, construída e armada segundo princípios modernos,
e que dava apoio profissional aos esforços guerreiros de mercadores e piratas particulares.
A fim de encontrar saída para a nova manufatura têxtil, os mercadores aventureiros da Inglaterra, desde o
princípio do século XV, procuraram vigorosamente novos mercados na Europa, não sem o constante derramar de sangue, por
mar e por terra, numa época em que a pirataria era tão geral que dificilmente podia ser considerada desonrosa e em que os
privilégios comerciais eram frequentemente recusados e conquistados ao gume de espada. Com o fito de aproveitar uma
situação vantajosa, foram fundadas, com o apoio da Coroa, várias companhias de comércio, e, naturalmente, a Marinha
Mercante inglesa teve forte impulso. Assim, de 76 navios com mais de cem toneladas, que a Grã-Bretanha dispunha em 1560,
o número subiu a 177 em 1582, quase todos pertencentes às quatro principais companhias: a das Índias, a do Levante, a de
Moscou e a da Guiné.
Lado a lado com as mais guerreiras empresas de Drake, roubando aos espanhóis e abrindo o comércio com as
colônias pela força dos canhões, também houve muito tráfego de caráter mais pacífico na Moscóvia, na África e no Levante
(mar Negro). No entanto, era impossível traçar uma clara linha divisória entre os comerciantes pacíficos e os guerreiros, porque,
por seu lado, os portugueses atacavam todos os que se aproximavam das costas africanas ou indianas. Não raras vezes, na costa
africana, repercutiu o estrépito da batalha entre os contrabandistas ingleses e os monopolizadores portugueses, e, para o fim do
reinado de Isabel I (Elizabeth I – A Rainha Virgem), os mesmos ruídos começaram a quebrar o silêncio dos mares indianos e
do arquipélago malaio. Um combate naval com um pirata ou com um rival estrangeiro constituía incidente inevitável na vida
do mais honesto comerciante, quer em tempo de paz, quer em tempo de guerra.
Em Londres, formaram-se companhias para suportar as despesas e os riscos das necessárias hostilidades; a
Rainha passou-lhes cartas de concessão de autoridade diplomática e militar para o outro lado do globo (Cartas de Corso) 49,
aonde nunca chegaram navios do rei ou embaixadores reais. Os comerciantes ingleses, viajando para aproveitar as suas
oportunidades legais, foram os primeiros a representar o país na corte do Czar, em Moscou, e do Mongol, em Agra. Os
comerciantes isabelinos não hesitavam também em atravessar o Mediterrâneo, apesar da guerra com a Espanha. A Companhia
do Levante comerciava com Veneza e as suas ilhas gregas, e com o mundo muçulmano mais para além. Dado que os inimigos
navais eram os venezianos e os espanhóis, o Sultão acolheu bem os heréticos ingleses em Constantinopla. Mas na rota até aí
tinham que se defender das galés espanholas, próximo do estreito de Gibraltar e dos piratas da Barbaria, ao longo da costa
49
A diferença entre o pirata e o corsário era apenas que o segundo tinha autorização de um Estado para suas ações, tendo
obrigações com este Estado de partilha dos bens pilhados ou no cumprimento de uma missão em nome do rei.
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argelina. Tais foram os princípios do poder marítimo inglês no Mediterrâneo, se bem que não fosse antes dos tempos Stuarts
que a Marinha Real seguiu até onde a frota mercantil travara já tantas batalhas.
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A guerra entre a Espanha e a Inglaterra, tanto tempo adiante, eclodiu enfim em 1587. Felipe II enviou no ano
seguinte contra a Grã-Bretanha uma grande esquadra, a Invencível Armada, conduzindo um exército de vinte e dois mil homens
que deveria ser reforçado pelos terços espanhóis estacionados nos Países Baixos (Holanda). Os números das duas esquadras
chefiadas, respectivamente, por Howard e pelo Duque de Medina Sidônia não eram desiguais. Os ingleses, combinando a
Marinha Real com a Marinha Mercante armada, dispunham de esmagadora superioridade de canhões bem como de arte náutica
e arte de artilharia. Os espanhóis só eram superiores em tonelagem de navios secundários e em soldados que alinhavam no
convés, mosqueteiros e piqueiros, esperando em vão que os ingleses se aproximassem, segundo as antigas regras de guerra
naval. Mas os ingleses preferiam o duelo entre a artilharia e a infantaria à distância. Não admira por isso que a esquadra
espanhola sofresse terrível estrago, ao passar pelo Canal.
Já desmoralizados ao chegarem à baía de Calais, manobraram mal os navios, em face dos barcos de fogo de Drake, e
fracassaram em todas as tentativas de embarcar o exército do Príncipe de Parma que os aguardava.
Depois de outra derrota, em grande batalha diante de Gravelines, os espanhóis deveram a uma mudança dos
ventos conseguirem escapar da total destruição nos baixios arenosos da Holanda; os navios correram enfunados pela
tempestade, sem provisões, sem água e sem abrigo, à roda das costas penhascosas da Escócia e da Irlanda. Os ventos, as vagas
e as rochas do remoto noroeste completaram muitos naufrágios começados pelo canhão no canal da Mancha. Os grandes navios,
às fornadas de dois e de meia dúzia ao mesmo tempo, amontoaram-se nas costas onde os homens das tribos célticas, que tudo
ignoravam e nada se preocupavam com as lutas dos povos civilizados que arremessavam essa colheita de náufragos para as
suas regiões, chacinaram e esbulharam, aos milhares, os melhores soldados e os mais altivos nobres da Europa.
A primeira tentativa séria da Espanha para conquistar a Inglaterra foi também a última. O esforço colossal
despendido em construir e equipar a Invencível Armada, filha de tão ardentes preces e expectativas, não podia, como o futuro
mostrou, repetir-se efetivamente, embora daí em diante a Espanha mantivesse no Atlântico uma frota de guerra mais formidável
do que nos dias em que Drake pela primeira vez viajara até o continente espanhol. Mas o resultado da luta decidira-se logo em
princípio por esse acontecimento único que toda a Europa imediatamente reconhecera como um ponto de inflexão da História.
O destino da Armada demonstrou a todo o mundo que o senhorio dos mares passara dos povos mediterrâneos para as gentes
do Norte.
A Inglaterra não elaborara ainda um sistema financeiro e militar capaz de suportar o seu recente poder naval. Ao término
do reinado de Isabel, com escassos cinco milhões de habitantes, não era bastante rica e populosa para anexar as possessões
espanholas ou fundar um império colonial próprio, mesmo a colônia estabelecida por Raleigh, na Virgínia, era prematura, em
1587.
Quando na época Stuart, a riqueza acumulada e a população supérflua da Inglaterra lhe permitiram retomar a obra
colonizadora, dessa vez em paz com a Espanha, o rumo dos puritanos e outros imigrantes levou-os necessariamente às paragens
setentrionais da América onde não se encontravam espanhóis.
Enquanto a Marinha espanhola exerceu o exclusivo domínio do Mar das Caraíbas, do oeste do Atlântico e do
leste do oceano Pacífico, nenhuma ocupação britânica foi possível, quer nas Índias Ocidentais, quer no litoral da América do
Norte. Enquanto a Marinha portuguesa dominou o Atlântico Sul e o oceano índico, o comércio com o Oriente pela rota do
Cabo esteve fora de questão. Ao ser destroçado em conjunto o poderio naval peninsular na guerra que depois da derrota da
Armada continuou até 1604, ficaram abertas ambas, a leste e a oeste, ao comércio inglês e à colonização. Entretanto, por falta
de apoio do Estado, a expansão marítima comercial da Grã-Bretanha não atingiu, nos primeiros anos do século XVII, toda a
pujança de que já era capaz; houve mesmo um período de retrocesso durante o reinado de Jaime I, o único rei Stuart que
desprezou totalmente a Marinha.
Os conflitos entre a Inglaterra e a Espanha diminuíram em 1603, com a morte da rainha Isabel e a ascensão ao trono de
Jaime I, também rei da Escócia e filho de Maria Stuart (que havia sido assassinada pela prima, a rainha Isabel). Hipnotizado
pelo mito espanhol, mais do que Isabel, Jaime logo selou aliança com o inimigo da véspera. Fazendo isso, abandonou a luta
pela independência dos holandeses e lançou as sementes para futuras hostilidades entre a Inglaterra e a Holanda.
A Inglaterra continuava a ser uma comunidade marítima, mas durante trinta anos deixou de ser uma potência naval. A
incúria com a Marinha anulou alguns dos efeitos benéficos da paz com a Espanha. Os termos do tratado que encerrou a guerra
isabelina davam aos mercadores ingleses liberdade de comércio com a Espanha e com as suas possessões na Europa, mas não
mencionavam as pretensões dos marítimos isabelinos no tráfego com a América Espanhola e com as regiões monopolizadas
por Portugal na África e na Ásia. O governo inglês não continuou a apoiar tais pretensões e deixou decair a Marinha Real, ao
passo que procurava com toda a sua força não consentir na pirataria. Nestas circunstâncias, prosseguiu a guerra privada com
os espanhóis e portugueses, sem o auxílio do Estado.
Durante o próprio reinado de Jaime I, a Companhia Inglesa das Índias Orientais fundou uma frutuosa feitoria
em Surate e no reinado de Carlos I edificou a fortaleza de São Jorge, em Madrasta, e ergueu outras feitorias em Bengala. Tais
foram as humildes origens comerciais do domínio britânico na Índia. Mas de início esses comerciantes das Índias Orientais não
eram apenas feitores: destruíam o monopólio português pela ação diplomática nas cortes dos potentados gentios ou pela
metralha dos navios no mar.
Ao governo regicida (de Cromwell) cabe o crédito da ressurreição do poder naval inglês e do
estabelecimento da Marinha, numa base de permanente eficiência que todos os governos subsequentes,
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qualquer que fosse a sua feição política, honestamente esforçaram-se por manter. As medidas que se
tomaram, escreve Julius Corbett, transformaram a Marinha, de modo a adaptar-se à sua finalidade moderna,
e estabeleceram a Inglaterra como a grande potência naval do mundo. O renascimento da Marinha de
Guerra, com Blake, e o Governo do Estado, por uma classe de homens em contato estreito com a
comunidade marítima e especialmente com Londres, fizeram reviver inevitavelmente a rivalidade com os
holandeses.
Durante uma geração, os marinheiros da Holanda tinham dominado, frequentemente, com bastante
insolência, os mares da Europa Setentrional e da América e os oceanos Atlântico e Índico; tinham pescado
nas áreas de pesca britânicas e quase monopolizado o comércio de transportes da Inglaterra e das suas
colônias americanas. O reaparecimento sério da concorrência inglesa foi marcado pelo Ato de Navegação
e pela Guerra Anglo-Holandesa de 1653-54.
Mas o desfecho da luta contra a supremacia marítima da Holanda não foi decidido antes dos primórdios do século XVIII.
Já há muito, no reinado de Ricardo II, os Parlamentos tinham promulgado Leis de Navegação, a fim de limitarem a entrada de
navios estrangeiros nos portos ingleses, mas devido à escassez da Marinha inglesa, não foi possível fazê-las cumprir. A situação
mudou durante a ditadura de Cromwell. O “Ato de Navegação” votado em 1651 pelo Longo Parlamento, por proposição de
Cromwell, e que foi designado pelo nome de Magna Carta da Marinha Inglesa tinha um duplo fim: arruinar o poderio comercial
holandês e por conseguinte desenvolver a Marinha inglesa.
Pelo Ato de Navegação, as mercadorias procedentes dos países extra europeus e desembarcadas
na costa inglesa deveriam ser importadas em navios de construção e de proprietário inglês ou
comandado por comandante inglês. Pelo menos três quartos das tripulações deveriam ser formados de
marinheiros ingleses. Além do mais, reservavam-se exclusivamente aos navios ingleses as cabotagens,
a relação entre as colônias e as comunicações entre a Inglaterra e suas colônias. O comércio de
importação das mercadorias europeias não foi permitido senão aos ingleses e aos navios dos países de
origem, isto para evitar os intermediários holandeses. Essas medidas tiveram por efeito imediato um
aumento da navegação britânica e por conseguinte estimularam a fabricação dos navios. O próprio
Estado contribuiu largamente, encorajado pelos preços dos grandes armadores e dos importadores de
trigo, o que permitiu aos primeiros desenvolver uma grande atividade. Para que os armadores
pudessem facilmente recrutar as tripulações necessárias aos seus navios, os órfãos foram obrigados a
se tornarem marinheiros, facilitou-se a naturalização de marinheiros estrangeiros, prometeram-se
auxílios aos marinheiros velhos ou doentes, às viúvas e aos órfãos dos desaparecidos no mar.
Para dar confiança ao público e levar os armadores a aumentarem as frotas mercantes, esquadras poderosas faziam a
política dos mares, e mediante um pagamento módico, um engenhoso sistema de seguro protegia os negociantes contra todo
acidente. Bem cedo os estaleiros nacionais eram impotentes para atender ao ritmo sempre crescente do tráfego marítimo.
O “Ato de Navegação" foi dessa forma um repto a todas as navegações marítimas e em especial uma declaração de
guerra lançada aos holandeses. O conflito declarado entre as duas potências marítimas começou em 1653, e, apesar do valor
de seus marinheiros, a Holanda foi vencida depois de quase dois anos de guerra. A Holanda sofreu mais do que a Inglaterra,
porque possuía menos recursos em terra e porque, pela primeira vez, desde que constituía uma nação, defrontava uma potência
hostil que bloqueava o canal da Mancha às frotas mercantes que lhe traziam de longe a vida e a riqueza.
As alterações profundas surgidas na política interna da Grã-Bretanha após a morte de Cromwell já não mais afetaram o
desenvolvimento marítimo do país. A corte e o Parlamento da Restauração aceitaram as tradições de esquadra de guerra da
República. Carlos II e seu irmão Jaime mostraram interesse pessoal pelas questões navais e o Almirantado continuou a ser bem
servido. O Parlamento Cavalheiro e o Partido Tory consideravam a Marinha com especial favor.
Em breve eclodiu outra guerra marítima com a Holanda, o reacender da luta entre as duas comunidades
mercantes, iniciada durante a República. Por ambos os contendores ela foi conduzida com as mesmas esplêndidas qualidades
de perícia naval combativa e na mesma escala colossal da primeira vez. De novo a nação maior levou a melhor na guerra, e,
pelo Tratado de Breda, a Holanda cedeu Nova Amsterdã à Inglaterra que passou a chamar a cidade de Nova York.
Ainda mais uma vez, em 1672, a Inglaterra, aliando-se à França, entrou em luta contra a Holanda, mas dela se
retirou um ano e meio após. O Parlamento Cavalheiro acabara por compreender que essa guerra, bem analisada, não era a
continuação da antiga luta entre a Inglaterra e a Holanda pela supremacia naval. O desaparecimento da Holanda como potência
independente encerraria em si a ameaça à segurança marítima inglesa, porque o delta do Reno cairia nas mãos da França. A
França também era um concorrente marítimo, potencialmente até mais formidável do que a Holanda, e caso se estabelecesse
em Amsterdã, rapidamente poria fim à supremacia naval inglesa.
A partir das guerras anglo-holandesas, a política externa da Inglaterra caiu cada vez mais sob a influência de
considerações mercantis. No fim do período Stuart, a Inglaterra era a maior nação manufatureira e comercial do mundo. Londres
ultrapassara Amsterdã como o maior empório mundial. Havia um comércio próspero com o Oriente, o Mediterrâneo e as
colônias americanas, baseado na venda de artigos têxteis ingleses, cujo transporte até o outro lado do globo se efetuava nos
grandes navios de navegação oceânica dessa nova era. Já então as classes governantes estavam resolvidas a gastar o que fosse
necessário na Marinha e o mínimo no Exército.
Ao período da guerra mercantil anglo-holandesa sucedeu o da luta sustentada entre a Inglaterra e a França pela
hegemonia do mar, bem como para manter o equilíbrio europeu. Essa série de guerras, conhecidas como a segunda guerra dos
cem anos perdurou, nos mares, até a batalha de Trafalgar, em 1805, e, em terra, até Waterloo dez anos depois. Na realidade, o
conflito consistiu de sete guerras, separadas umas das outras por pequenos intervalos de paz indecisa. Cada vez mais se
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começaram a perceber, especialmente depois que o gênio iluminado de Pítt tornou claro o fato, que o objetivo supremo era o
senhorio dos mares e a manutenção do império nele baseada.
Desde a guerra dos Trinta Anos o Estado francês, sob a enérgica direção de Richelieu, havia robustecido seu
poder em tais condições, que já podia intervir com probabilidade de êxito nos mares. Tinha-se apropriado de ricas possessões
coloniais, e uma poderosa frota estava disposta a defender o comércio ultramarino. O conflito entre as duas grandes potências
europeias em ascensão tornou-se inevitável. A primeira guerra da longa série foi a chamada da Liga de Augsburgo, que durou
de 1689 a 1697. Graças à eficiente Marinha criada por Colbert, no início a vitória sorriu às armas francesas. Em 1690, a
Esquadra francesa, sob o comando de Tourville, derrotou a frota aliada anglo-holandesa na batalha de Beachy Head, mas a
vitória não foi devidamente aproveitada. Os cortesãos da terrestre Versailles não tinham o sentido da oportunidade naval que
raras vezes faltou aos estadistas que atentavam ao fluxo e refluxo do mundo através das marés que batem o Tâmisa.
Dois anos depois, os aliados triunfaram sobre Tourville na batalha naval de La Hougue. La Hougue mostrou-
se tão decisivo quanto Trafalgar, porque Luiz XIV, tendo desafiado com sua política grosseira e arrogante toda a Europa para
uma guerra terrestre, não conseguiu manter a Marinha francesa à altura de suas necessidades, devido ao esforço despendido
com os exércitos e fortalezas necessários à defesa simultânea de todas as suas fronteiras terrestres. A superioridade temporária
da Marinha de Guerra francesa, em 1690, resultara da política bélica da corte e não se fundara no mesmo grau que as marinhas
da Inglaterra e da Holanda em recursos proporcionalmente elevados de navegação mercantil e riqueza comercial. Quando,
portanto, a política guerreira de Luiz XIV o induziu a descuidar-se da Marinha, a favor das forças terrestres, o declínio naval
francês precipitou-se e tornou-se permanente, com o que sofreram o comércio e as colônias francesas.
Os marinheiros da França, quando a sua grande esquadra deixou de ter
missão a cumprir, voltaram as suas energias para a pirataria. O Almirante Tourville foi
eclipsado por Jean Bart. O comércio inglês sofreu com a sua ação e a dos outros corsários,
mas prosseguiu a despeito desses entraves, ao passo que o comércio francês desapareceu
dos mares. Ao se fecharem as fronteiras da França, devido à posição de exércitos hostis,
essa nação teve de passar a sustentar-se dos seus próprios recursos decrescentes, enquanto
a Inglaterra se abastecia em todo o mundo, desde a China a Massachusetts. Assim, em
paralelo com o desenvolvimento da Inglaterra deu-se a decadência marítima e financeira
da França.
A Guerra da Liga de Augsburgo terminou pelo indeciso Tratado de
Ryswick. Após um intervalo difícil de quatro anos, estalou de novo em escala ainda mais
ampla a Guerra de Sucessão da Espanha, que terminou com o Tratado de Utrecht em 1713.
Esse tratado, que abre o período estável e característico da civilização do século XVIII,
assinala o advento da supremacia marítima, comercial e financeira da Grã-Bretanha.
A primeira condição de guerra vitoriosa contra Luiz XIV, quer no mar,
quer em terra, era a aliança da Inglaterra e da Holanda.
A colaboração apresentava-se menos difícil porque a inveja comercial da Inglaterra
pela Holanda diminuía à medida que os navios holandeses baixavam ante os recursos pela primeira vez mobilizados de seu
aliado.
A Inglaterra prosperou durante a guerra, ao passo que o fardo das contribuições para a guerra e o esforço na luta minaram
lentamente a grandeza artificial da pequena república. A Grã-Bretanha, em consequência, acentuou ainda mais sua primazia
naval. O fato é tanto mais de espantar por ter sido a guerra destituída de qualquer ação notável. O domínio anglo-holandês nos
mares era tão completo que não pôde ser desafiado, e isso condicionou todo o curso da guerra. Apenas uma vez grandes
esquadras se encontraram, e os resultados foram indecisos. Desistiram então os franceses da luta pelo mar e se concentraram
na guerra pela destruição do comércio. Os aliados puderam assim enviar seus exércitos, quando e como quiseram.
O feito mais notável da Marinha durante a guerra foi a captura da cidade de Gibraltar por Rooke e Shovel, em
1704, e a conquista de Minorca com a magnífica baía de Porto Mahou, por Stanhope e Leake, em 1708.
O esmagador poderio naval da Inglaterra foi o fator determinante na história europeia durante o período
mencionado, mantendo a guerra no estrangeiro enquanto conservava seu próprio povo em prosperidade no território
metropolitano e construía o grande Império. Mas nenhuma das conquistas territoriais, ou todas juntas, comparou-se em
grandeza e muito menos em solidez com o ganho da Inglaterra de seu inigualável poderio naval, que começara durante a Guerra
da Liga de Augsburgo e que recebeu seu acabamento na de Sucessão da Espanha. Com ele a Inglaterra controlou o grande
comércio oceânico, graças a navios de guerra que não tinham rivais e que as outras nações, exauridas, não podiam enfrentar.
Esses navios estavam agora seguros, baseados em sólidas posições em todos os cantos disputados do mundo. O comércio, que
havia assegurado sua prosperidade e a de seus aliados e a sua eficiência militar durante a guerra, embora atacado e perturbado
pelos corsários inimigos (aos quais ele só pôde prestar atenção parcial em vista das constantes exigências noutros setores)
começou, com um salto, vida nova quando a guerra acabou.
O Tratado de Utrecht juntamente com o Tratado suplementar de Raistádt, feito em 1714, inauguraram um
quarto de século de paz quase perfeito. Exaurido pelo sofrimento, em todo o mundo o povo ansiava pelo retorno da prosperidade
e do comércio pacífico. Não havia nenhum país apto como a Inglaterra, com riqueza, capital e navios, para levar a cabo essa
missão e colher as vantagens. Durante a guerra de Sucessão da Espanha, a eficiência da Marinha Real significara viagens
seguras e, mais ainda, utilização dos navios mercantes. Os navios mercantes ingleses, sendo melhores protegidos que os
holandeses, ganharam a reputação de oferecer mais seguro transporte, e o tráfego naturalmente passara cada vez mais para suas
mãos. Essa conquista de preferência mundial foi mantida em tempo de paz. Mas do que nenhuma outra potência, a Inglaterra
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consolidou então as bases sólidas do poderio marítimo, o qual não residia meramente na sua grande Marinha. A França tivera
tal Marinha em 1688, que desaparecera corno uma folha no fogo. Nem residia só no comércio próspero; poucos anos depois
da época em questão, o comércio da França tomaria magníficas proporções, mas o primeiro tiro de guerra o varreria dos mares
como a Marinha de Cromwell já antes eliminara o da Holanda. Foi com a união dos dois (Comércio e Marinha), cuidadosamente
compensados, que a Inglaterra conquistou o poderio naval sobre e a despeito dos outros Estados. Assim, essa conquista, se
acha associada à Guerra de Sucessão da Espanha. Antes dessa guerra, a Inglaterra era uma das potências navais; depois dela
passou a ser a potência naval, sem uma segunda. Esse poderio ela alcançou só, sem compartilhar com amigos ou disputar com
inimigos. Ela só era rica e, no seu controle dos mares e da navegação intensiva, tinha a fonte de riqueza já tão segura nas mãos,
que não havia, na época, perigo de um rival no oceano.
Seguiu-se uma era de paz. Uma certa interferência, é verdade, foi causada no começo do período pelos esforços
espanhóis para recobrarem as ilhas de Sardenha e Cicília que, pelos tratados, haviam sido cedidas à Áustria e à Sabóia,
respectivamente. Uma frota inglesa, entretanto, sob o comando do Almirante George Byng, restaurou a tranquilidade em agosto
de 1718, ao largo do cabo Pássaro, graças a uma esmagadora vitória sobre a esquadra espanhola.
A longa luta só recomeçou em 1739. No começo, a França permaneceu neutra, e a Inglaterra disso se aproveitou
para iniciar uma série de ataques contra a sua secular inimiga, a Espanha. O Almirante Vernon começou bem a guerra,
capturando com apenas seis navios a cidadela fortemente defendida de Porto Bello (1739), mas esse sucesso preliminar foi
contrabalançado pelos fracassos de Cartagena (1740-41) e de Santiago de Cuba (1741). No Mediterrâneo, uma esquadra
combinada franco-espanhola de vinte e sete navios chocou-se ao largo de Toulon com a esquadra inglesa de vinte e nove navios
do Almirante Mathews. A batalha foi violenta, mas indecisa. O conflito crucial, entretanto, entre a Grã-Bretanha e a França,
ocorreu não na Europa, mas na Índia e na América do Norte, onde pequenos esquadrões bateram-se com violência e habilidade.
A paz de Aix-la-Chapelle, que pôs fim a essa guerra chamada de Sucessão da Áustria, marcou apenas uma
trégua de oito anos, e nada decidiu em definitivo.
Mais uma vez o longo conflito recomeçou em 1756. Os ingleses aplicaram seu esforço diretamente no conflito
marítimo, colonial e comercial. A Inglaterra estabeleceu como objetivo precípuo o completo domínio do mar para expulsar os
franceses da América do Norte e para os impedir de estabelecer um império na Índia. Noutras palavras, eles reconheceram pela
primeira vez, claramente, a natureza do conflito em que estavam mergulhados, intermitentemente, por mais de um século.
A guerra não começou bem para a Inglaterra. A ilha de Minorca foi capturada por tropas francesas
desembarcadas da esquadra de La Galissonière (1757), e uma frota inglesa enviada em socorro da ilha foi repelida. Dois anos
depois, porém, as vitórias navais de Lagos e Quiberon eliminaram a ameaça de uma invasão das Ilhas Britânicas. Nesse
predestinado ano de 1759, os franceses perderam, ao todo, não menos de trinta e cinco navios de linha e ficaram assim reduzidos
à impotência nos mares. A Espanha, entretanto, que até então se conservara fora da guerra, tinha ainda uma armada de cerca
de 50 navios. Em 1762, ela foi atraída ao conflito pela promessa de recobrar Gibraltar e Minorca. Sua entrada na guerra
meramente serviu para completar o triunfo britânico. Em agosto de 1762, Havana foi capturada e com ela doze navios de linha,
para não mencionar tesouros avaliados em mais de três milhões de libras. Dois meses depois, Manilha e todas as Ilhas Filipinas
foram capturadas por uma expedição enviada da Índia.
A paz de Paris (1763), que pôs fim à Guerra dos Sete Anos, deu à Inglaterra a supremacia absoluta na América
do Norte e na Índia, além da posse de importantes ilhas no mar das Caraíbas. Ao mesmo tempo, a Marinha Mercante inglesa,
que a despeito de todas as guerras crescera de 1.320 navios em 1666 para 5.730 em 1760, alcançou a supremacia que iria durar
até o século XX.
Seguiram-se cerca de quinze anos de paz, durante os quais a França reconstruiu sua frota de guerra. O levante
das Colônias Inglesas na América do Norte deu ensejo à França e à Espanha de lutarem novamente pela posse das rotas
marítimas. Na Índia, Souffren, com poucos navios, conseguiu lutar algumas vezes vantajosamente contra as forças navais
inglesas, superiores em número. Em 1781, a supremacia inglesa nas águas americanas foi perdida. Uma esquadra francesa, sob
o comando do Conde de Grasse, muito mais numerosa e de melhores navios que o esquadrão inglês, sob o comando do
Almirante Graves, cortou as comunicações da Ilha com a força principal britânica, conduzida por Lorde CromwelI, em
Yorktown, e compeliu-a a rendição. A queda de Yorktown marcou o fim virtual da Guerra da Independência Americana, mas
a vitória decisiva alcançada pelo Almirante Rodney na batalha de Santas restituiu em parte a supremacia naval britânica e
permitiu à Inglaterra alcançar melhores termos de paz (1783). As perdas de suas melhores colônias e o renascimento da Marinha
francesa pareceram indicar uma próxima decadência da Inglaterra. Todavia, as ligações vitais das outras partes do Império
Britânico foram mantidas, como durante todas as guerras do século XVIII, e, após a derrota de 1783, a Inglaterra entrou
rapidamente em fase de recuperação, tirando de suas colônias os recursos necessários.
Em breve, por ocasião da Revolução, a Marinha francesa se autodestruiu, e, quando, em 1792, o conflito entre
as duas potências recomeçou, não havia competidor sério para a Royal Navy.
A guerra final entre a França e a Inglaterra, fechando a secular luta, durou mais de vinte anos (1793-1815),
durante os quais só houve breves tréguas de meses. A supremacia marítima britânica nunca foi seriamente ameaçada em qualquer
ocasião da guerra, salvo, talvez, por um curto período de 1797, quando uma série de motins irrompeu nas frotas inglesas. Em
vão, a França tentou restabelecer o balanço naval, assumindo sucessivamente o controle, por um meio ou outro, das frotas da
Espanha, Holanda e Dinamarca. Todas elas, uma a uma, foram derrotadas pelos grandes chefes ingleses do tempo: Howe, Jervis,
Duncan e Nelson. Em 1794, Howe derrotou Villaret Joyeuse no canal da Mancha; em 1797, Jervis, ao largo do cabo de São
Vicente, destroçou uma frota espanhola; oito meses depois, Duncan derrotava os holandeses ao largo de Camperdown, e no ano
seguinte, Nelson alcançou a vitória de Aboukir.
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Durante os dez anos de guerra da Primeira Coligação (1792-1802), o comércio ultramarino britânico expandiu-
se extraordinariamente a despeito dos corsários franceses. As importações que tinham sido em 1781, cerca do fim da guerra da
América, de 318 milhões de francos, e, em 1792, no começo da Revolução, de 491 milhões, elevaram-se, em 1799, a 748 milhões.
As exportações em produtos manufaturados da Inglaterra, que tinha sido, em 1781, de 190 milhões, em 1792 de 622 milhões,
elevaram-se, em 1799, a 849 milhões. Assim, tudo havia triplicado desde o fim da guerra da América e pouco mais ou menos
dobrado depois da guerra da Revolução. Em 1788, o comércio inglês havia empregado 13.827 navios e 107.925 marinheiros;
utilizou, em 1801, 18.877 navios e 143.661 marinheiros. Nesse último ano, a Grã-Bretanha possuía 814 navios de guerra de
todos os tamanhos em construção, em reparos, armando-se ou em operações. Nesse número, incluíam-se 100 navios de linha e
200 fragatas sob velas, distribuídos por todos os mares; 20 naves e 40 fragatas de reserva, prontas para sair dos portos. Não se
podia, portanto, estimar sua forca efetiva em menos de 120 vasos de linha e 250 fragatas, guarnecidos por 120 mil marinheiros.
Devido à supremacia industrial da Grã-Bretanha vitoriosa, o advento da idade do vapor e do ferro nos mares redundou
inteiramente em sua vantagem, tanto mais que tinha então dificuldades em obter madeiras. E o frete de ida de carvão, vendável
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na maioria dos portos de todo o globo, constituiu forte estímulo para a navegação britânica. Através do resto do século, a Marinha
insular continuou a desenvolver-se sem rivalidade séria. Assim, em 1870 a Grã-Bretanha já dispunha de 1.202.000 toneladas de
navios a vapor, enquanto os Estados Unidos só contavam com 192.000, e a França com 154.000. Entretanto, a revolução
industrial, tornando obsoletos os antigos navios de madeira que por séculos haviam engrandecido o Império Britânico, permitiu,
ao mesmo tempo, às demais potências industriais consagrarem-se à construção de novos tipos de vasos de guerra, ameaçando,
por conseguinte, o poderio naval inglês.
Depois da Guerra da Criméia, a França iniciou a construção de navios
de guerra de novo tipo, extremamente poderosos. Também a Rússia,
analisando as consequências fatais de sua importância naval, tanto no mar
Negro como no Báltico, durante a mesma guerra, empenhou-se em construir
uma armada do novo tipo.
Após 1870, tanto a Alemanha como a Itália começaram a construção
de navios, embora as respectivas atividades não causassem alarma até
próximo ao fim do século. As crescentes marinhas dos Estados Unidos e do
Japão, também, a princípio, não causaram inquietação.
A partir de 1897, von Tirpitz, apoiado pelo Kaiser, deu início ao
grandioso programa naval alemão. O alto nível alcançado pela indústria
germânica bem cedo fez ver que uma nova potência ia surgir nos mares. A
Inglaterra se alarmou ante essa possibilidade e começou a grande corrida
armamentista naval entre as duas nações. Ao deflagrar a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha dispunha da segunda Marinha
de Guerra do mundo, e sua frota de comércio crescia cada ano mais, levando os produtos germânicos a todos os cantos da Terra.
A Alemanha manteve-se, contudo, na defensiva nos mares ante a superioridade da Marinha Real aliada às Marinhas francesa,
russa e italiana. A supremacia na superfície dos mares pela Grã-Bretanha e seus aliados se deu realmente desde o princípio mais
absoluto do que fora em qualquer guerra precedente. Ao romperem as hostilidades, a Alemanha tinha para mais de dois mil
navios a vapor e cerca de três mil navios à vela empregados no comércio. Em poucas semanas, cada um deles fora capturado ou
internado, e durante o decorrer dos quatro anos de guerra nenhum voltou a navegar como navio mercante. O imenso e lucrativo
comércio exterior da Alemanha foi inteiramente eliminado. A Alemanha teve, é verdade, um novo e poderoso poder no
submarino. O submarino era, e ainda é, um mero instrumento de destruição. Ele foi completamente incapaz de fazer qualquer
coisa para reviver o extinto tráfego da Alemanha.
Comparadas ao bloqueio inglês dos Impérios Centrais e à campanha submarina alemã, as outras operações navais de
guerra foram relativamente insignificantes, pouco ou nada contribuindo para o desenrolar do conflito. A Frota Alemã de Alto
Mar nunca se atreveu a um teste decisivo e perdeu oportunidade após oportunidade para influir decisivamente nos
acontecimentos. A fuga do Goeben e do Breslau no Mediterrâneo, a escaramuça ao largo de Heligoland (agosto de 1914), a
batalha de Coronel (novembro de 1914) com a sua sequência ao largo das Ilhas Falklands (dezembro de 1914), a caça ao largo
de Dogger Bank (janeiro de 1915), a longa e penosa aventura dos Dardanellos (abril de 1915-janeiro de 1916), todos foram
meros episódios dramáticos e espetaculares, custosos, mas indecisos.
Depois de a Grã-Bretanha, a França, a Alemanha, a Rússia e a Áustria-Hungria estarem engajadas, a Turquia entrou na
guerra, em outubro de 1914, ao lado dos impérios centrais (Alemanha e Áustria- Hungria). As frentes estavam paralisadas, tanto
a ocidental quanto a oriental. Foi nessa oportunidade que a Rússia pediu socorro a seus aliados ocidentais, França e Grã-Bretanha.
A pressão austro-alemã na frente oriental era grande. Além disso, os turcos invadiram o Cáucaso, obrigando a Rússia a mais um
esforço defensivo naquela área. Assim, pressionados, os russos necessitavam de apoio logístico, especialmente munições e
precisavam também escoar sua produção de cereais, que tinham em excesso desde que os turcos lhes fecharam o estreito de
Dardanelos para exportações.
Decidiu-se apoiar à Rússia pelos Dardanelos, afastando-se todas as demais hipóteses de alcançá-la pelo mar. A tarefa de
coube, porém, exclusivamente à marinha. Winston Churchill, então primeiro lorde do Almirantado, entusiasmara-se com a ideia
de chegar à Rússia pelo estreito de Dardanelos. Os Aliados fizeram inúmeras tentativas. Os turcos haviam minado o estreito e
fortificado suas margens sob a orientação de um general alemão, Von Saunders.
Os aliados perderam ali alguns navios, até que perceberam que não
podiam tomar os Dardanelos apenas com navios, porque navios nunca tomaram
posição alguma de terra. Quando, depois de empregarem até navios novos –
como foi o caso dos Super-Dreadnoughts classe Queen Elizabeth – o que
resultou no pedido de demissão de lorde Fisher, os aliados decidiram usar tropas
de terra, já sendo tarde demais. Uma das margens do estreito de Dardanelos era
na península de Galípoli, onde o desastre foi completo. Tudo aconteceu ao
contrário do que se pretendia. A Turquia (Império Otomano) fortaleceu-se e a
Bulgária entrou na guerra a favor das potências centrais. Tudo porque se
empregou erradamente o poder naval. Tudo porque os partidários de uma rígida
estratégia terrestre não quiseram renunciar a suas convicções. O mau emprego
dos navios resultou numa custosa lição.
O grande revés experimentado pelos Aliados com a campanha de Constantinopla, como também ficou conhecida a
Campanha dos Dardanelos, foi seguida de uma gigantesca batalha naval, a maior do mundo até então, a Batalha da Jutlândia
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(também chamada de Skagerrak pelos alemães). A batalha da Jutlândia (31/05/1916), de longe a mais considerável ação naval
da guerra, poderia bem ter sido decisiva, mas não o foi. Na verdade, Jutlândia foi seguida por dois anos e meio de agonia
desnecessária. No fim, porém, o poderio naval teve sua parte decisiva, derrotando a campanha submarina, assegurando o trânsito
seguro das forças inglesas e americanas, conservando abertas todas as comunicações aliadas.
A estratégia marítima britânica envolvia uma atividade principal: o bloqueio do inimigo. Esse bloqueio, muitas vezes
furado, não conseguiu impedir que um perigosíssimo elemento aparecesse no cenário da guerra naval: o submarino.
O submarino era uma arma obscura. Ninguém conhecia exatamente seu valor. Nunca havia sido experimentado em larga
escala. Era conhecido apenas como um navio adequado para a defesa dos portos. O submarino era, exclusivamente, um navio
de emprego defensivo. Sem condições de alcançar cedo uma vitória que pretendiam obter sobre a França com seis semanas de
guerra, os alemães voltaram-se tenazmente contra os Aliados no mar, especialmente contra a Grã-Bretanha, lançando as
campanhas submarinas.
Ao começar a guerra, os ingleses tinham 64 submarinos, os franceses, 73, e os alemães, 23. Quando a guerra terminou,
os alemães haviam construído mais de 800 submarinos, o que mostra a importância que deram a este tipo de navio. A primeira
campanha submarina foi em 1915; a segunda, em
1916. Ambas, porém, foram restritas, isto é, tinham como objetivo os navios mercantes inimigos, preferencialmente aos
de guerra, quando em águas declaradas como zona de guerra. Dentre os navios afundados, no entanto, contavam-se
frequentemente navios neutros, o que gerava protestos diplomáticos. A guerra restrita dava poucos resultados, considerando-se,
sobretudo, o abuso de bandeiras neutras por parte dos ingleses.
Por fim, em 1917, o Imperador da Alemanha, Guilherme II, proclamou a campanha submarina irrestrita. Os alemães
afundariam os navios mercantes de qualquer nacionalidade que navegassem na zona de guerra em torno das ilhas britânicas. Os
alemães pretendiam liquidar com a economia inglesa e fazer o povo inglês padecer de fome, já que a Grã-Bretanha importava
alimentos em grande quantidade. Os alemães calculavam que, em 1917, a comida era transportada para a Grã-Bretanha por
10.750.000 toneladas de navios mercantes, dos quais dois terços era ingleses. Os alemães pretendiam afundar uma média de
600.000 t de navios mercantes por mês, fazendo com que em pouco tempo a Grã-Bretanha passasse fome. Tudo teria dado
excelente resultado para os alemães, não fossem estudos novos que se fizeram sobre o tráfego marítimo.
Verificou-se o seguinte: o tráfego no canal da Mancha, realizado em comboio, trazia o índice de apenas cinco
afundamentos em 2.600 viagens, o que significa apenas 0,19% de perdas; nas viagens para a Noruega, com o uso de comboio,
as perdas eram da ordem de 0,24%, enquanto sem comboio elevavam-se a 25%. Tais resultados induziam ao uso do comboio
como medida geral a ser adotada para o tráfego marítimo durante a guerra.
O Almirantado britânico, contudo, reagia à ideia, fundamentando-se em argumentos aparentemente razoáveis como:
a) a velocidade do comboio teria que ser reduzida em função do navio mais lento, o que aumentaria demasiadamente a
demora nas travessias;
b) os portos ficariam congestionados em face da chegada simultânea de um número grande de navios para as operações
de carga e descarga;
c) a viagem em grupo aumentava os riscos de colisão e de consequente perda de navios;
d) o emprego de navios de guerra para a cobertura dos comboios retirá-los-ia de missões ofensivas, com prejuízo para o
desenvolvimento das operações navais.
Os oficiais partidários do comboio contra-argumentaram e por fim viu-se que tinham razão, pois:
a) os comboios poderiam ser agrupados de modo a se comporem de navios com velocidade aproximadamente igual; os
muito lentos viajariam escoteiros (isolados); assim, não haveria substancial prejuízo na rapidez das viagens;
b) a chegada programada, em certa data, de um comboio de navios, permitiu melhor planejamento e execução das
operações de carga e descarga do que a vinda aleatória de navios escoteiros, impossibilitados de prevenir sua chegada ao porto,
por terem que manter silêncio-rádio;
c) os comandantes de navios mercantes mostraram-se hábeis em manter a posição de seus navios em formatura;
d) a missão de comboio requisitou poucos navios para escolta, muito menos do que se imaginava, geralmente 5% dos
navios engajados em missões operativas, nunca ultrapassando a porcentagem de 15% destes.
A vitória do emprego do comboio deveu-se, sobretudo, ao Almirante Sims, da US Navy, que tratava, em Londres, do
apoio dos Estados Unidos à Grã-Bretanha. Sims exigiu do Almirantado britânico a adoção do comboio, pressionando-o a aceitar
tal solução, pela qual se entusiasmara ao tomar conhecimento dos estudos realizados, em função da substancial ajuda que os
americanos começavam a prestar com sua entrada na guerra.
O comboio foi a salvação do tráfego marítimo inglês. Todas as outras contramedidas mostraram-se fracas em comparação
a esta. Depois de usarem minas, redes, hidrofone, mercantes armados, navios-armadilha (Q-ships), carga de profundidade e
comboio, tudo contra os submarinos, apareceu a grande novidade da época, o avião, também usado em larga escala na proteção
à navegação mercante. No final da guerra, 565 aviões, hidraviões e zepelins apoiaram comboios (últimos seis meses do conflito).
Voaram uma média de 14 mil horas por mês, marca somente ultrapassada em meados de 1943, na Segunda Guerra Mundial.
Tais equipamentos aéreos avistaram 28 submarinos inimigos e atacaram 19. Embora não tenham alcançado nenhum
afundamento, seu caráter pioneiro foi brilhante, marcando o início de uma tática antissubmarina que se desenvolveria mais tarde
no segundo grande conflito do século. Dentre as centenas de comboios com proteção aérea e de superfície, apenas seis foram
atacados, com cinco afundamentos.
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SUA APROVAÇAO É NOSSA MISSÃO!
Em 11 de novembro de 1918, a Grande Guerra acabou, e, pouco depois, toda a frota alemã se rendeu; dezenove
encouraçados, cinco cruzadores de batalha, dezesseis cruzadores ligeiros, noventa e dois contratorpedeiros, cinquenta torpedeiros
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e cento e cinquenta e oito submarinos. Nessa mesma época, a Grã-Bretanha dispunha de quarenta e nove navios de linha, oitenta
e oito cruzadores de vários tipos e para mais de trezentos contratorpedeiros. Nunca antes fora tão esmagador o domínio dos
mares pela Inglaterra, como em fins de 1918.
Rapidamente, após a guerra, a Grã-Bretanha recuperou a primazia da Marinha Mercante que perdera, por efeito
da campanha submarina, para a crescente frota de comércio dos Estados Unidos. Em 1925, a Grã-Bretanha já estava com sua
frota mercante inteiramente restaurada e voltou a participar do tráfego mundial mais ou menos na mesma proporção de antes da
guerra. Além de atender às permutas do vasto Império, a Marinha de comércio inglesa cobria deficiências de transporte em
regiões afastadas de todo o mundo. Nos portos brasileiros, argentinos, chilenos, chineses e etc, era a bandeira do Reino Unido a
mais vista; 35% das exportações americanas eram feitas em porões ingleses. Já não era, entretanto, a Grã-Bretanha a única
potência marítima, nem permitiam mais seus recursos financeiros manter a supremacia absoluta, conservada por cerca de
duzentos anos. Entre as duas guerras, ela procurou nas conferências de desarmamento salvaguardar sua posição, mas foi obrigada
a aceitar a paridade naval com os Estados Unidos.
A par disso, outras potências navais surgiram ameaçadoras: a Itália, no Mediterrâneo, e o Japão, no extremo
Oriente, se bem que contrabalançados pelas Marinhas francesa e americana, respectivamente.
O governo inglês, preocupado com um possível desenvolvimento da marinha de guerra germânica, iniciou
negociações secretas com os alemães, sem qualquer consulta à França. Em 18/06/1935, a Europa soube, estarrecida, que Londres
permitia aos nazistas a construção de uma frota de alto-mar equivalente a 1/3 da marinha britânica, com uma proporção ainda
maior de submarinos. Tal acordo equiparava a força naval alemã à francesa. A notícia provocou em Paris uma profunda irritação
contra os ingleses, que haviam agido em função de seus interesses exclusivos e abandonado a França, diante de uma Alemanha
cada vez mais poderosa. Ressentidos com os britânicos, os franceses procuraram então se aproximar da Itália, como um meio de
barrar o caminho à Alemanha.
Mussolini aceitou com entusiasmo a mão que a França lhe estendia, o que vinha servir seus planos imperialistas. O
Fascismo consolidara-se internamente, e a população italiana atingira um nível de prosperidade material até então jamais
alcançado.
Entretanto, a própria psicologia do fascismo obrigava os dirigentes a estimularem constantemente o povo, conservando-
o sempre excitado, a fim de manter o prestígio de Mussolini. O Duce queria evitar que a população italiana se habituasse à rotina,
diminuindo o apoio ruidoso que lhe prestava e que afagava sua volúpia de poder. Devido a seu temperamento, era um líder que
precisava de grandes gestos e de atos igualmente grandiosos, para alimentar sua enorme vaidade. Embora houvesse feito uma
administração de incontestável valor na Itália, isso não lhe bastava. Sua concepção histórica impelia-o a imitar Júlio Cesar,
fazendo-o entrar, também, para a galeria dos grandes homens, sob o tríplice rótulo de administrador, estadista e conquistador.
Desde que começou a Segunda Guerra Mundial, o principal esforço da Alemanha no mar foi orientado no sentido
de cortar as ligações oceânicas do Império Britânico, recorrendo principalmente à arma submarina e à aviação. A Batalha do
Atlântico, que começou no primeiro dia da guerra, foi assim a campanha naval chave de todo o conflito. Seu desenrolar não pôde
ser determinado pelos resultados de um encontro decisivo, mas pelas listas anotadas numa folha onde figuravam navios perdidos
em face de navios construídos, navios afundados em face de submarinos alemães destruídos. Referindo-se à Batalha do Atlântico,
assim se expressou Winston Churchill: "A única coisa que sempre me atemorizou realmente durante a guerra foi o perigo dos
submarinos. A nossa linha vital mesmo através dos amplos oceanos e particularmente nas entradas para a Ilha estava em perigo.
Sentia-me ainda mais ansioso a respeito dessa batalha do que me sentira a respeito da gloriosa luta aérea chamada Batalha da
Grã-Bretanha”.
Em maio de 1939, Mussolini havia enviado a Hitler um memorando ultrassecreto, que
foi levado a Berlim por Cavallero, oficial-general que mais tarde foi chefe do estado-maior e
que viria a ter um destino trágico (tendo recusado seus serviços à Alemanha, foi assassinado
pela Gestapo em setembro de 1943, sendo sua morte camuflada em suicídio). A nota do Duce,
conhecida hoje em dia como "Memorando Cavallero", poderia ter assegurado alguma
tranquilidade à Europa, talvez mesmo a paz, se tal trégua fosse aproveitada. Mussolini achava
que um conflito seria inevitável, mas a Itália não poderia estar envolvida nele antes de três anos.
Ele pedia, então, ao Fuehrer que evitasse a guerra até 1942. Hitler concordou a princípio com
as sugestões do Duce.
Em fins de maio de 1939, era assinado o "Pacto de Aço" entre a Itália e a Alemanha.
Seu primeiro artigo especificava que as duas potências se manteriam em contato permanente e
concordariam em todos os assuntos de interesse comum; o artigo terceiro estipulava que, se
uma das partes contratantes se envolvesse em uma ação militar, a outra devia auxiliá-la com
todas as suas forças. Em 11 de agosto, Ribbentrop anunciava ao Conde Ciano que a Alemanha
atacaria a Polônia e lhe solicitava a aplicação do pacto. Os italianos, não tendo sido consultados previamente, poderiam
prevalecer-se do artigo primeiro do pacto para sofismarem sobre o terceiro. Preferiram, entretanto, agir dentro do espírito do
"Memorando Cavallero": a entrada em guerra três anos antes do que haviam previsto pegava-os desprevenidos.
Em 25 de agosto, Mussolini telegrafava a Hitler dizendo-lhe que a Itália não podia entrar em campanha, a menos que
recebesse uma ajuda substancial em dinheiro e materiais, inclusive combustíveis. Attolico, embaixador italiano em Berlim, fez
ver que a liberação de tais matérias, devia ser imediata, precedendo mesmo a entrada em guerra. No mesmo dia, Hitler respondia
que não tinha condições de atender imediatamente tais exigências. Dizia também que compreendia a situação da Itália e lhe
pedia simplesmente que operasse deslocamentos de tropas com o fim de reter junto a suas fronteiras forças franco-britânicas.
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Uma nova troca de mensagens confirmou a neutralidade italiana com a aquiescência de Hitler. A manobra da Itália poderá
ser taxada de oportunista, mas na verdade, como hoje se sabe, era bastante grave o despreparo de seu Exército, o que justificava
sua atitude. A Itália proclamou, então, sua não beligerância, termo que, para Mussolini, significava neutralidade, favorável à
Alemanha. Durante a guerra, os italianos passariam da não beligerância à guerra contra os Aliados, depois à co-beligerância, ou
guerra ao lado destes.
Apesar do termo inquietante de não beligerância, a posição tomada pela Itália em setembro de 1939 nos foi extremamente
favorável.
A Espanha, extenuada pela guerra civil e inquieta com o pacto de não agressão germano-russo, encontrava na decisão da
Itália uma razão suplementar para não entrar na luta e proclamou sua neutralidade. No Mediterrâneo Oriental a situação era ainda
melhor. A Turquia, ao contrário do que acontecera em 1914, era francamente favorável aos Aliados e, em 19 de outubro, foi
assinado um tratado entre a Turquia, a França e a Grã-Bretanha, dando garantias à Grécia e à Romênia, o que foi seguido por
contatos entre os estados-maiores. Assim, todas as costas do Mediterrâneo estavam neutras ou se encontravam sob o domínio da
França ou da Grã-Bretanha. A guerra começava nesse teatro nas condições mais favoráveis, apesar da necessidade de que tinham
as duas potências de manter aí forças de segurança.
Durante muitos anos os estados-maiores franceses haviam tido no primeiro plano de suas preocupações o transporte
rápido de tropas da África do Norte para a metrópole. A Marinha, a quem cabia grande responsabilidade, havia estudado a
questão em todas as suas formas e previsto todas as eventualidades. As turmas da Escola de Guerra Naval estavam todas
dedicadas a este problema e uma grande parte dos exercícios da Esquadra tinha como motivo o tema da passagem. Tudo se
tornou fácil pela neutralidade da Itália e a impotência das forças navais alemãs.
No começo da guerra, a Alemanha dispunha essencialmente de dois encouraçados - Scharnhost e Gneisenau; três
encouraçados de bolso; três cruzadores pesados; cinco cruzadores ligeiros; uns cinquenta contratorpedeiros e cinquenta e sete
submarinos, dos quais somente vinte e seis eram capazes de agir fora do Mar do Norte. As forças de superfície alemãs não
podiam penetrar no Mediterrâneo devido a sua inferioridade e os submarinos tinham muito que fazer no Atlântico.
Além do mais, em 7 de setembro, Hitler ordenava aos submarinos alemães que não empreendessem nenhuma ação
ofensiva contra os navios franceses. Ele esperava, então, que a França, após a derrota da Polônia, aceitasse uma paz de
compromisso. Tal ordem foi revogada em 23 de setembro, mas a Marinha alemã não enviou submarinos ao Mediterrâneo.
Somente no verão de 1941 os primeiros U-Boot transporão Gibraltar.
Assim, a situação do Mediterrâneo em 1939 se apresentava o mais favoravelmente possível. A França e a Grã-Bretanha
puderam destacar para o Atlântico uma grande parte das forças reservadas para combater a Itália. Somente alguns navios leves,
participando do bloqueio, asseguravam a proteção ao tráfego marítimo no Mediterrâneo contra eventuais corsários inimigos.
Por outro lado, a estratégia aliada pretendia, em longo prazo, realizar uma intervenção nos Bálcãs, onde a diplomacia
preparava o terreno. Ao mesmo tempo, uma divisão argelina foi enviada à Síria. A manobra de alas, bastante empregada pelos
chefes franceses, baseava-se na certeza da cristalização da frente nordeste, o que infelizmente estava errado. A neutralidade da
Itália, que deixava aos Aliados o domínio inconteste do Mediterrâneo, permitia conceber grandes planos para o futuro, espe-
rando-se conservar as margens desse mar.
A conservação da supremacia do Atlântico pelos britânicos, a despeito das forças
aéreas e marítimas do Eixo, durante os dois terríveis primeiros anos de guerra, conta-se
entre os feitos mais extraordinários da História. O principal problema naval das nações
unidas na Segunda Guerra Mundial foi, até pelo menos o meio do ano de 1943, o de achar
um número de navios de guerra para assegurar a proteção conveniente da navegação
comercial.
Ante a destruição gigantesca sofrida pelas marinhas de comércio aliadas, as
disponibilidades de navios de transporte tornaram-se o fundamento da estratégia de guerra
aliada. Os aliados perderam quatro milhões de toneladas de barcos mercantes em 1940 e
mais de quatro milhões em 1941.
Em 1942, foram postos a pique quase 8 milhões de toneladas da navegação aliada,
então já aumentada depois que os Estados Unidos se tinham tornado aliados.
Até fins de 1942, os submarinos afundaram navios mais depressa do que os aliados
podiam construí-los. Em começos de 1943, o nível das novas tonelagens foi subindo
nitidamente, e as perdas diminuíram. Antes do fim daquele ano, a nova tonelagem havia
finalmente ultrapassado as perdas marítimas oriundas de causas diversas.
O segundo semestre presenciou, pela primeira vez, as perdas de submarinos excederem a sua capacidade de poderem ser
substituídos. Logo viria o tempo em que seriam afundados no Atlântico mais submarinos do que navios mercantes. “A Batalha
do Atlântico", afirmou ainda Winston Churchill, foi o fator dominante durante toda a guerra. Jamais podíamos esquecer que tudo
que acontecesse algures, em terra, no mar ou no ar, dependia em última instância do resultado daquela batalha, e, em meio a
todas as outras preocupações, considerávamos os seus altos e baixos, dia a dia presos de esperança ou apreensão. No
Mediterrâneo, área de grande importância estratégica e econômica devido ao canal de Suez, a Inglaterra teve brilhante e
importante atuação durante a Segunda Grande Guerra. Contra a relativamente poderosa esquadra italiana, os ingleses colocaram
no Mediterrâneo forças consideráveis organizadas inicialmente em duas esquadras, a do Oriente sob o comando do almirante
Cunningham, com base em Alexandria, e a Força H, com base em Gibraltar, destinada a atuar no Atlântico ou no Mediterrâneo,
com a dupla missão de participar da proteção das rotas oceânicas e de assegurar, dentro do Mediterrâneo Ocidental, escolta para
os comboios com destino a Malta, onde mais tarde foi montada a força K, e a Alexandria. Seu comandante era o Almirante
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Somerville, que estava diretamente subordinado ao Almirantado. Ao todo, os britânicos contavam com seis couraçados, dois
porta-aviões e um número apreciável de cruzadores, 33 contratorpedeiros e alguns submarinos. Graças à arma aérea embarcada
estavam numa posição de equilíbrio ou até de superioridade.
No início do conflito, em 1940, os italianos acreditavam que podiam destruir unidades navais com bombardeamentos em
altitude praticados pelos seus trimotores Savoia S79, o que se revelou errado. Posteriormente, estes aviões foram utilizados como
torpedeiros aéreos, mas ainda com pouca eficácia, já que nem sempre se aproximavam o suficiente dos navios a atacar para
conseguir o êxito pretendido pela missão.
Os alemães ficaram àquela altura muito admirados com a forte presença naval britânica no Mediterrâneo, já que então
preparavam intensamente aquilo que poderia ter sido a invasão alemã da Grã-Bretanha. Obviamente, a direção britânica não
acreditava na possibilidade de os alemães conseguirem com as suas reduzidas forças navais atravessar a Mancha, o que foi
rapidamente reconhecido pelo próprio comando alemão que desistiu da operação sem ter verdadeiramente feito mais que juntar
em alguns portos franceses um certo número de navios.
O bloqueio marítimo foi, desde o princípio, mais severo do que durante a Primeira Guerra Mundial. Foram muito extensas
as listas de contrabando absoluto e condicional estabelecidas pelos Aliados. Em 8 de setembro, já estavam designados os portos
de controle. Em 19 de dezembro, foi criado o sistema dos navicerts: o navio que aceitasse ter a sua carga examinada por um
agente aliado em um porto neutro, se não transportasse contrabando, recebia um certificado que lhe permitia atravessar
rapidamente os cruzeiros de controle. Ele encontrava em tal método uma vantagem certa, enquanto a própria vigilância aliada
era mais fácil e mais segura.
Desde o começo da guerra, as importações dos neutros vizinhos da Alemanha foram limitadas a um certo valor, com o
que se evitavam os desvios para o inimigo, que, na guerra de 1914-18, haviam sido de vulto. Nos tempos de paz, os países
danubianos enviavam suas exportações destinadas à Alemanha pelo Mar Negro ou pelo Mediterrâneo. Era-lhes preciso usar o
Danúbio em contrapartida e, durante os períodos de gelo, as estradas de ferro, cujo rendimento era ainda menor.
Dispondo de meios para comércio, os Aliados podiam comprar, ainda que a preços elevados, na Suécia, na Bélgica e no
Sudeste da Europa, matérias-primas, que a Alemanha só podia obter com pesadas dificuldades. A Itália chegou a fornecer
material de guerra à França, do que o Reich se queixou amargamente. O Governo italiano respondeu neste caso que tais vendas
lhe permitiam obter fornecimentos necessários à sua preparação militar e que o aumento de sua força ajudava indiretamente o
seu aliado. Tudo isso podia parecer bastante sutil, mas muitos italianos ainda hesitavam. "Ganhai vitórias e estaremos convosco",
dizia Ciano aos Aliados.
Novas medidas de bloqueio vinham alterar nossas relações com a Itália. Em 21 de novembro de 1939, os Aliados anun-
ciaram que, em represálias às minagens efetuadas ilegalmente pelos alemães, eles se apoderariam de todas as exportações da
Alemanha, sem levar em conta a bandeira do navio transportador. Tais medidas contrariavam a Declaração de Paris, de 1856. O
Japão, a Bélgica, a Holanda, a Dinamarca e a Suécia reclamaram. A 27 de novembro, o Rei Jorge assinava a "Ordem em
Conselho" e a 28 o Governo francês publicava um decreto, tudo para aplicar a decisão tomada em comum; sua execução começou
em 4 de dezembro. Entretanto, não foram apreendidas as exportações alemãs de carvão para a Itália, que passassem sob pavilhão
neutro. Em dezembro, o Governo italiano enviou à Grã-Bretanha uma nota de protesto contra o bloqueio, solicitando sobretudo
o fim dos desvios das rotas dos navios e a anulação de todo o controle das comunicações entre a Itália e seu império colonial.
Deixando a porta aberta às discussões, o Governo britânico rejeitou as pretensões da Itália em 9 de janeiro de 1940.
Em fevereiro, fracassaram as negociações entre a Grã-Bretanha e a Itália
para um tratado de comércio e, em 18 desse mês, Sir Percy Lorraine informava
ao Conde Ciano, em Roma, que todos os transportes de carvão que viessem da
Alemanha, por via marítima, com destino à Itália, seriam detidos.
No início de março, treze carvoeiros italianos partiram da Alemanha com
destino à Península Itálica; foram rapidamente interceptados no Mar do Norte
pela Esquadra britânica, e não surtiram efeito os protestos italianos.
Por mais severo que fosse o bloqueio, não podia ter senão uma fraca
influência sobre o desenrolar do conflito. A Alemanha havia organizado uma
política de autossuficiência que diminuía sua vulnerabilidade. Por outro lado,
ela contava receber da União Soviética as matérias-primas que lhe faltavam. O
bloqueio irritou profundamente os italianos. Embora não tendo sido a causa
principal de sua entrada na guerra, serviu à propaganda de Mussolini para
preparar a opinião pública.
Desde a queda da Polônia a Itália estava convencida da vitória alemã. Em 10/03/1940, Ribbentrop vinha a Roma. Após
essa visita, Mussolini encontrou-se com Hitler em Bremer, a 18 do mesmo mês, e lhe prometeu intervir. Em 31 de março, o
Duce enviou ao Rei e aos altos chefes militares uma nota ultrassecreta sobre a necessidade de se engajar no que chamava de
"guerra paralela". A guerra estava, portanto, decidida no pensamento de Mussolini, em fins de março de 1940. A derrota da
França apenas o ajudou a vencer resistências internas e o levou a antecipar a data das hostilidades.
As intenções dos italianos não eram desconhecidas dos Aliados. Desde fins de abril, a Grã-Bretanha retirou seus navios
mercantes do Mediterrâneo e tomou junto com a França as medidas militares previstas para ocaso de guerra contra a Itália. Por
convenção, a Grã-Bretanha encarregava-se do Mediterrâneo Oriental e da guarda do Estreito de Gibraltar; a França encarregava-
se da bacia ocidental. Um encouraçado e três cruzadores franceses foram destacados para Alexandria às ordens do alto comando
britânico e, por outro lado, os submarinos de Malta foram colocados à disposição do comando francês. Todas as medidas de
segurança foram tomadas em tempo, no mar, pelos dois aliados e em nenhum momento eles ficaram em posição de serem
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surpreendidos por um repentino ataque aeronaval italiano. Em maio, o ritmo dos acontecimentos na frente ocidental conduziu
Mussolini a precipitar a entrada em guerra.
A campanha pela imprensa crescia na Península e permitia prever o próximo desencadeamento das hostilidades. Entre os
agravos invocados para arrastar o país à luta, destacava-se o bloqueio. A imprensa publicou um relatório de Luca Pietromarchi,
chefe do escritório da guerra econômica, em que punha em relevo os prejuízos sofridos pela Itália por causa do bloqueio naval
e, sobretudo, devido à maneira como foi este exercido. Em 8 de junho, um novo relatório proclamava que a Itália não podia mais
tolerar tal situação. No dia 10, às 18 horas, do famoso balcão do Palácio Veneza, Mussolini anunciava a entrada na guerra, a
partir da zero hora do dia 11 daquele mês. Várias corporações e associações haviam dirigido ao Duce mensagens de calorosa
adesão. Assim, eles aprovavam o que o Presidente Roosevelt iria chamar de punhalada nas costas, e que era pior na realidade,
pois era um golpe dado em um combatente já vencido. Porém, inúmeros italianos reprovavam em silêncio essa agressão contra
irmãos de raça. O país entrava em guerra com a consciência profundamente inquieta e perturbada. Colocavam-se todas as suas
esperanças numa guerra curta, estado de espírito pouco favorável para suportar a longa adversidade que o futuro reservava.
Em 8 de junho, o Almirantado italiano tinha dado a ordem de refugiarem o mais rapidamente possível em águas neutras
a todos os navios mercantes italianos que não pudessem demandar um porto do Eixo. Com o fim de melhorar sua balança
comercial, a Itália havia deixado navegar sem restrições a sua frota mercante, e a repentina entrada em guerra não lhe havia
permitido recuperar em tempo os seus navios. 218 navios, representando cerca de 1.200.000 toneladas de arqueação,
permaneciam no estrangeiro. Esta perda atingia cerca de um terço da marinha mercante italiana e os navios que ela envolvia
estavam entre os melhores. Isto era um revés do qual não se deu plenamente conta logo, mas que teve mais tarde as piores
consequências. Não existe marinha de guerra forte sem uma correspondente marinha mercante. O Almirantado italiano sabia
disso, mas o governo de Mussolini o ignorava. Depois, o Duce viria lamentar amargamente o que o pessoal de marinha na Itália
chamou de tragédia inicial de sua frota mercante.
O teatro do Mediterrâneo Ocidental caracteriza-se por sua compartimentagem. Ele é esquadrinhado pela linha das Ba-
leares, orientada do sudeste para o nordeste, e pela linha Córsega-Sardenha-Sicília, que isola o Mar Tirreno. Tal separação havia
conduzido o comando francês a dividir em três grupos suas forças de alto mar: em Toulon, a Segunda Esquadra; em Oran, a
Terceira Eseiiadra, ambas na Argélia; em Argel, uma divisão de cruzadores. Além disso, havia sido criado um comando de teatro
sob as ordens do Almirante Esteva. Este tinha a missão de assegurar proteção aos comboios e estabelecer dispositivos de
segurança: um dispositivo no Sudoeste para reforçar e escalonar a vigilância exercida pelos britânicos em Gibraltar; um
dispositivo no Sudeste, entre a Sicília e a Tunísia; um dispositivo no Nordeste, no Alto Tirreno.
O Almirante Esteva dispunha de elementos ligeiros de superfície, de submarinos e de aviões, mas as esquadras não
estavam sob suas ordens, pois eram subordinadas diretamente ao Almirante Darlan, comandante-em-chefe das forças navais
francesas, sediado em Maintenon. Esta organização se justificava pela necessidade de se manterem as comunicações entre as
forças de alto mar do Atlântico e do Mediterrâneo, e também pela excelência das transmissões de que dispunha o comandante-
em-chefe em Maintenon, onde a Marinha havia estabelecido um quartel-general altamente organizado.
A única operação de certa importância no Mediterrâneo Ocidental foi o bombardeio de Gênova e de Vado pela Segunda
Esquadra francesa. Prevista inicialmente para o dia 12 de junho, ela foi adiada 48 horas por causa das hesitações do Governo
francês. Este estimava, então, que a Itália, em presença de uma Alemanha poderosa, procuraria evitar o esmagamento da França
no tratado de paz, sendo necessário: pois, não se indispor contra ela. Mussolini, entretanto, pensava sobretudo em arrancar à
França e à Grã-Bretanha o máximo de despojos possível, aos mínimos custos. Em 12 de junho, o bombardeio de Bizerta,
realizado por cerca de vinte aviões italianos, resultou na decisão do Governo francês, e o Almirante Darlan, às 22,50 horas, deu
a ordem para se executar a operação. A esquadra regressou a Toulon por volta do meio-dia do dia 14.
No Mediterrâneo Oriental, compreendendo quatro encouraçados, um navio-aeródromo, cinco cruzadores e uns tantos
contratorpedeiros, a Esquadra de Alexandria explorava o mar até o sul da Itália, desde o dia 11 de junho, sem encontrar o inimigo.
Em 21 do mesmo mês, uma esquadra composta do encouraçado Lorraine, de quatro cruzadores britânicos e de contratorpedeiros
bombardeou os depósitos de munição e de material em Bardia, sem resposta dos italianos. Os cruzadores franceses de Alexandria
fizeram uma exploração no mar Egeu e, de sua parte, os italianos suspenderam para cruzeiros com a sua Segunda Esquadra. Em
11 de junho, um submarino italiano havia afundado o velho cruzador inglês Calypso, junto à Ilha de Creta. As aviações oponentes
bombardearam algumas posições: os franceses atacaram Savona, Gênova, Livorno, Cagliari e Palermo; os italianos, Malta,
Bizerta, Toulon e Marselha. Todas essas operações tiveram pequena envergadura. As operações aeronavais se limitaram, em
suma, a escaramuças.
Em 22 de junho, o armistício franco-alemão foi assinado em Rethondes. Isso implicava no desarmamento da Esquadra.
Os alemães não exigiram bases no Mediterrâneo, mas a cessação da luta estava subordinada à assinatura do armistício franco-
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italiano, que teve lugar a 24 de junho, perto de Roma. Apresentam-se de modo diverso os entendimentos havidos entre Hitler e
Mussolini anteriores a esses acontecimentos. A versão que se segue parece verídica. A 19 de junho, Hitler e Mussolini
encontraram-se em Munique. Ribbentrop aconselhou moderação aos italianos. Contudo, Mussolini reivindica a ocupação da
Córsega, da Tunísia e da França até o Ródano. Hitler aceitou. Tendo refletido sobre os argumentos de Ribbentrop, Mussolini
telegrafou para Berlim em 22 de junho, dizendo que renunciava a suas exigências para facilitar a aceitação do armistício pelos
franceses. Hitler respondeu que os italianos podiam agir como melhor lhes aprouvesse. Estes, então, limitam-se a exigir, do
ponto de vista territorial, a desmilitarização dos portos franceses do Mediterrâneo, a desmilitarização de uma faixa de 50
quilômetros na fronteira dos Alpes, da linha do Mareth e de 200 quilômetros na fronteira da Líbia com a Argélia; finalmente, a
utilização do porto de Djibuti e a parte francesa da estrada de ferro de Adis-Abeba.
A principal razão que levou o Eixo a renunciar a qualquer exigência séria na África do Norte foi o desejo dos alemães de
concluírem rapidamente o seu affaire com a França. Além disso, a existência da Esquadra francesa pesava grandemente nas
decisões do Eixo. Desde que ficou evidente que a Grã-Bretanha continuaria a luta, o comando alemão decidiu aniquilá-la,
primeiro pela invasão, depois pelo bloqueio. Nos dois casos, a Esquadra francesa podia prestar um precioso auxílio aos ingleses,
e uma tentativa dos germano-italianos sobre a Tunísia ou a Argélia pô-la-ia no lado inglês. Assim, o poderio da Marinha francesa
contribuiu para salvaguardar a África do Norte. O império e a Esquadra permaneceram nas mãos do Governo francês: dois
trunfos que se valorizavam um ao outro.
Objeto da inquietação e da cobiça dos beligerantes, a África do Norte dará lugar a uma longa luta diplomática, onde a
ação, muitas vezes discordante, da Alemanha e da Itália se opôs à dos Estados Unidos. Com a maior dificuldade, a França
conseguiu preservar sua posição contra o Eixo até o momento do desembarque aliado.
Os ingleses alcançaram esmagadoras vitórias no Mediterrâneo experimentando pequenas perdas. Em Tarento, em 11 de
novembro de 1940, afundaram três encouraçados italianos e perderam apenas dois aviões. Em Matapan, em março de 1941,
destruíram três cruzadores e dois contratorpedeiros e tiveram apenas um avião abatido e um homem morto. Tais fatos,
valorizados pela propaganda aliada, deram ao grande público a impressão de que a vitória no mar foi fácil no Mediterrâneo.
Ao contrário disso, entretanto, a luta foi bastante dura. As tripulações dos navios de guerra e mercantes britânicos que
transpuseram muitas vezes o perigoso estreito da Sicília, "a alameda de bombas", à custa de perdas terríveis, disseram, sem
disfarçar a verdade, o que foi o combate. As estatísticas são bastante eloquentes: por ocasião do armistício com a Itália, em
setembro de 1943, a Esquadra britânica havia perdido tantos navios no Mediterrâneo quanto a Esquadra italiana.
A luta foi rude e, durante muito tempo, indecisa. Todos os franceses se lembram das flutuações da frente na Líbia, com
as alternativas de esperança e decepção que elas acarretavam. Viu-se Rommel ameaçando Suez num momento em que a Esquadra
de Alexandria, enfraquecida por pesadas perdas, reduzira-se à defensiva.
Em Mers El Kebir, parecendo esgotadas todas as possibilidades de se chegar a um acordo, a esquadra britânica abriu
fogo. Não era uma batalha, mas uma execução. Os navios franceses não tinham nenhuma liberdade de manobra, pois estavam
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reunidos em um lugar restrito. O Almirante Gensoul havia revidado o fogo com seus canhões, mas não pudera suspender, uma
vez que fora informado desde o início que qualquer movimento poria fim às negociações que estavam ocorrendo entre a França
e a Alemanha, o que colocaria o povo francês diretamente sob mira alemã. Os navios ingleses beneficiavam-se da observação
aérea, enquanto os aviões franceses não estavam em condições de intervir imediatamente.
O bombardeio britânico não durou mais do que um quarto de hora.
Em Alexandria as coisas não eram tão difíceis já que a esquadra francesa se encontrava em conjunto com as forças
britânicas. As opções eram manter-se com a esquadra britânica, desarmar-se no porto ou afundar-se. As duas primeiras
colocariam a França em agravo com a Alemanha e a princípio seriam afundados os navios, mas quando as notícias de Mers El
Kebir chegaram, pensaram os franceses em combater os ingleses, mas se evitou o pior aceitando o desarmamento da esquadra
no porto de Alexandria.
O problema para a Força H era o estreito de Messina com a ilha Pantelária. A inexistência de radares e de navios
aeródromos italianos facilitaram a ações britânicas no Mediterrâneo. No entanto, os engenhos de assalto conseguiram o
forçamento de Alexandria causando um revés na guerra que ainda contou com o apoio dos alemães aos italianos. O Eixo quase
consegue controlar Suez, no entanto as forças conjuntas de ingleses, americanos e agora de franceses pertencentes ao governo
independente sediado em Londres fazendo parte da resistência, conseguiram rechaçar os alemães. Com o armistício italiano
terminou a grande guerra naval do Mediterrâneo e essa frente passou a ser utilizada para ingressar no território alemão.
Restava a Hitler uma alternativa para destruir a Grã-Bretanha: a invasão, já que não poderia derrotá-la em seu elemento.
Os alemães cuidaram de planejar a grande operação Leão Marinho (Sealion), para desembarcarem nas ilhas britânicas. Antes da
invasão, bombardearam duramente o solo britânico, lançando uma terrível campanha aérea, conhecida correntemente como
batalha da Inglaterra. Os alemães encontraram, contudo, a defesa impressionante realizada pela Real Força Aérea (RAF) e,
embora tenham tentado durante todo o segundo semestre de 1940 e o primeiro semestre de 1941, acabaram por desistir.
Não haveriam de subjugar a Grã-Bretanha pelo ar. Haviam errado enormemente considerando o avião como arma
absoluta, fazendo eco à doutrina do General Douhet, italiano, que a havia lançado entre as duas guerras mundiais, exagerando a
importância do avião. O poder marítimo ainda não haveria de ceder à nova e temível arma. Embora até hoje se discuta o problema
do avião em face do navio e a Segunda Guerra Mundial tenha trazido grandes novidades nesse setor, a verdade é que os usuários
do mar mais uma vez venceram.
Ao começar a guerra, ainda em 1939, iniciaram-se os ataques do Eixo à navegação dos Aliados no oceano Atlântico.
Como dito, o principal meio desses ataques foi o submarino. Depois de pequena dúvida, os ingleses adotaram o sistema de
comboios, que tivera tanto êxito no conflito global precedente. Os alemães, reconhecendo a impossibilidade de uma guerra
regular sobre as águas, adotaram definitivamente a guerra submarina como linha de ação. O comandante da frota submarina
alemã, Almirante Doenitz, era partidário entusiástico desse tipo de navio. Por fim, acabaria por assumir o comando da marinha
alemã, substituindo o Almirante Raeder, que se desentendera constantemente com Hitler em questões estratégicas, uma delas
exatamente sobre o emprego dos submarinos.
Os submarinos germânicos espalharam-se por todo o Atlântico, chegando até as costas brasileiras, onde torpedeariam
navios nossos, o que resultou no estado de beligerância entre o Brasil e os países do Eixo Berlim-Roma (depois acrescido de
Tóquio, quando do ataque japonês a Pearl Harbor. Embora eficaz, o sistema de comboios era mais vulnerável do que durante a
Primeira Guerra Mundial, devido aos novos recursos com que contava a guerra sob as águas. O índice de afundamentos era
maior onde não chegava a proteção aérea à navegação, uma vez que as distâncias eram superiores ao raio de ação dos aviões
encarregados dessa cobertura. Mesmo depois da entrada dos Estados Unidos da América na guerra, com a utilização de bases
em ambas as margens do Atlântico, na Groenlândia e nas ilhas de Cabo Verde, persistia uma grande área ao norte daquele
oceano, conhecida como “black pit”, onde não alcançava a cobertura aérea aos comboios. Aí davam-se grandes perdas.
Foi uma invenção norte-americana que liquidou com o “Black pit”: o navio-aeródromo de escolta, dos quais os EUA
construíram nada menos do que 121 unidades durante o conflito. Tais navios faziam a cobertura aérea próxima ao comboio,
integrando sua escolta. Com eles organizaram-se os grupos de caça e destruição (hunter killer groups), que reduziram
consideravelmente o efeito dos submarinos inimigos. A partir de então os mares podiam ser completamente cobertos pelos aviões
destinados à proteção da navegação mercante. Ao todo, os U-boats alemães (U-booten) afundaram 2.775 navios mercantes
aliados, dos quais apenas 28% navegavam em comboio. De um total de perdas de 23.351.000 t pelas mais variadas causas, os
submarinos alemães foram responsáveis por 14.573.000 t, ou seja, 62,4% dos afundamentos. A Alemanha empregou 1.175
submarinos em toda a guerra, tendo perdido 781 deles, enquanto a Itália perdeu apenas 85 submarinos, sendo que 21 desses
navios no oceano Atlântico. É de se notar, no entanto, que os Aliados realizaram mais de 300 mil viagens marítimas com êxito
através do oceano Atlântico, ao mesmo tempo que muitas outras centenas de milhares de viagens se realizaram sem danos nas
águas costeiras da Grã-Bretanha. Tais dados motivam-nos a crer na importância das comunicações marítimas e na necessidade
de protegê-las. Daí a relevância do controle do tráfego marítimo. Foi dentro de todo esse esquema, na defesa da navegação
mercante dos Aliados, que se empenhou a Marinha do Brasil na campanha do Atlântico.
Quando terminou a Segunda Guerra Mundial, a Grã-Bretanha havia sido ultrapassada nos mares pelos Estados
Unidos. Entretanto, enquanto os Estados Unidos encostavam uma grande parte de seus navios mercantes construídos em regime
de urgência durante a guerra, a Inglaterra mantinha seus estaleiros em plena atividade. Tendo perdido 12 milhões de toneladas
de navios de comércio durante o conflito, já estava em 1946 com 90% da tonelagem de 1939 e três anos depois com 100%. Mais
uma vez voltou assim a recuperar sua posição a frota de comércio inglesa, mas em quase todos os mares encontrou a concorrência
de novas bandeiras.
O período de pós-guerra viu a Grã-Bretanha perder a posição que ocupara no cenário marítimo durante três
séculos.
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Ao mesmo tempo em que diminuía a percentagem da participação da Marinha Mercante inglesa no tráfego
marítimo, era perdida a supremacia naval para os Estados Unidos e União Soviética, e desmembrava-se o antigo Império
Colonial.
6) Alemanha:
Abstraindo a intensa atividade marítimo-comercial desenvolvida
nos fins da Idade Média e nos primórdios da Idade Moderna pelas cidades
hanseáticas, a participação alemã nos empreendimentos oceânicos foi diminuta até
época bem recente.
O povo alemão, habitando dezenas de diferentes Estados, muitos
dos quais não dispunham de limites marítimos, dizimado por seguidas e
prolongadas guerras, não participou da investida para os mares iniciada pelos
portugueses e prosseguida depois pela Espanha, Holanda, Inglaterra e França. O
comércio alemão para o além-mar caiu assim nas mãos dos holandeses.
A partir do século XVIII, a Prússia começou a emergir como o mais
poderoso dos Estados germânicos, mas, cercada por nações rivais, também ela não
pôde cogitar do desenvolvimento marítimo, nem sequer empreender a construção
de uma esquadra que protegesse o litoral do Báltico contra os ataques inimigos.
Assim, durante todo o século XVIII, não se encontra nenhum traço da Marinha de
Guerra da Prússia. A necessidade de haver uma se fizera sentir no país por várias
vezes durante esse período perturbado, mas o estado precário das finanças do reino
fez sempre adiar a realização dessa empresa. Suecos e dinamarqueses disso se
aproveitaram para levar a bom termo várias campanhas em solo da Alemanha, no
decorrer dos séculos XVII e XVIII.
Em meados do século XIX, a Prússia criou uma pequena Marinha de Guerra. Ela surgiu por força da guerra
contra a Dinamarca e foi planejada levando em conta as peculiaridades da campanha contra aquele país nórdico. Terminada a
guerra, seguiu-se novamente um período de esquecimento para a nascente Marinha prussiana. Os recursos militares que se davam
aos navios alemães em serviço eram fracos. Era o resultado pouco brilhante de uma política naval sempre entravada e sacrificada.
Por conseguinte, antes de 1870 a esquadra alemã aumentou apenas por golpes. Como a Marinha Mercante era pouco
desenvolvida para poder incrementar a construção naval, acompanhando os novos processos, a Marinha de Guerra era obrigada
a recorrer quase sempre ao estrangeiro.
Decorreram assim longos anos antes que a Alemanha se convertesse em potência naval. Somente quando várias
circunstâncias favoráveis coexistiram surgiu a Marinha que iria disputar à Grã-Bretanha a supremacia dos mares. A razão
principal desse retardamento pode ser atribuída à posição geográfica do país. Com efeito, o território alemão é quase todo fechado
por terra e onde ele toca o mar este é dominado por potências situadas mais favoravelmente. Em terra, a Alemanha dispunha
sobre os seus vizinhos das facilidades de milhares de comunicações interiores. No mar, os territórios das potências inimigas,
ocupavam posições estratégicas mais favoráveis, permitindo o controle dos acessos oceânicos aos portos germânicos.
Dentro de uma estratégia nitidamente continental, a Prússia iniciou em meados do século XIX uma série de
guerras expansionistas, visando firmar-se como grande potência europeia. Nas guerras de 1864 (contra a Dinamarca) e 1866
(contra a Áustria), não houve encontro naval de qualquer espécie, e na guerra franco-prussiana de 1870-71 houve apenas um
combate no mar, entre dois pequenos navios.
Depois, porém, que a Alemanha constituiu um Império, em 1871, pela união dos vários Estados germânicos, a
necessidade de um poder naval capaz de defender os interesses alemães no ultramar tornou-se patente.
O rápido desenvolvimento do comércio alemão sob o estímulo das indenizações francesas e tarifas protetoras
exigia novas fontes de matéria-prima e novos mercados. O maior incremento da população, por outro lado, indicava a
necessidade de lugar para a expansão germânica no ultramar. Por muitos anos a emigração de alemães da terra-pátria, em média
cerca de dois mil por dia, dirigira-se em grande fluxo para os Estados Unidos, para o Brasil, para a Argentina e outras regiões
onde o Governo Imperial não tinha controle. Parecia claro que colônias eram desejadas e mesmo necessárias. Em 1884, a
Alemanha, sem mover um navio ou disparar um canhão, achou-se possuidora de território na África, cuja área combinada excedia
a mais de quatro vezes a área do Império Germânico na Europa. Depois da Inglaterra, da França e dos Estados Unidos, a
Alemanha ocupava, enfim, posto eminente no comércio internacional, posição essa que se consolidou com o passar dos anos.
Entre todas as potências mercantis foi a Alemanha a que relativamente acusou o mais grandioso desenvolvimento
até a Primeira Guerra Mundial.
A indústria metalúrgica, que já na primeira metade do século avançava com sucesso, no fim dos oitocentos e no
primeiro decênio do século XX, prosperou a passos gigantescos, graças à descoberta de jazidas de minério de ferro no subsolo
da Alemanha. Em 1871, a produção de ferro alemã não superava 1.563.000 toneladas e mantinha 23 mil operários, e em 1904,
a produção passava a 10 milhões de toneladas e ocupava 35 mil pessoas. A produção de aço aumentou da mesma maneira. Em
1912, ela era avaliada em 17 milhões de toneladas contra 1.100 mil em 1887.
Desse modo, se antes de 1880 a Alemanha ocupava o quarto lugar no comércio mundial, em 1914 ocupava o
segundo. De 1898 a 1914 o comércio externo da Alemanha aumentou em 100%, dos quais três quartos eram de comércio
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na guerra de corso submarina. Todo o esforço naval do país, antes da guerra, tinha sido consagrado a Forças de Alto-Mar e
relativamente pouca atenção se tinha dado à Força de Submarinos. Além do mais, havia os problemas políticos, que eram os
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principais. A guerra submarina irrestrita fatalmente arrastaria para o campo aliado outras potências.
No decorrer de 1915, a média mensal de afundamento de navios mercantes por submarinos foi de 120 mil
toneladas. Antes de iniciada a guerra submarina, o comércio marítimo procedente da Inglaterra ou a ela destinado não tinha
sofrido apreciavelmente. O encarecimento do frete mantinha-se em limites razoáveis, e o povo inglês, em suma, sofria pouco.
Não havia carência, e o encarecimento da vida era suportável. A guerra submarina, ao contrário, modificou sensivelmente as
condições de vida na Inglaterra. O frete se elevou notavelmente. De janeiro a maio de 1915, dobrou; em janeiro de 1916, era em
média dez vezes mais elevado que antes da guerra (janeiro de 1914). Os preços do comércio, grosso modo, seguiram a ascensão
antes mesmo que as importações tivessem sofrido reduções bastantes para se falar em penúria de mercadorias. No fim de 1916,
a perda de tonelagem tornara-se já sensível. Era evidente que o problema da guerra submarina se reduzia a uma questão de
tonelagem. Os argumentos a favor da campanha submarina irrestrita eram fortes em face dos resultados já alcançados com a
campanha moderada empreendida até então. No entender de von Tirpitz e von Scheer não se poderia atingir a Inglaterra senão
no seu comércio marítimo. O meio para se alcançar o objetivo era a guerra submarina sem restrições à qual a Inglaterra não
poderia sustentar por mais de seis a oito meses, considerando os recursos de que os aliados dispunham então
Os estaleiros tinham estado bastante ativos em 1915 para fornecer um número de submarinos satisfatório, mas
tinha-se perdido um ano precioso. Durante o ano de 1916 a Inglaterra teve tempo para tomar, metodicamente, as contramedidas.
O resto do ano de 1916 se passou em discussões entre o Estado-Maior Geral, a Marinha e o Governo do Império; o Chefe do
Estado-Maior Geral procurando forçar o Governo a empreender a guerra submarina sem restrições, enquanto tentava fazer o
Comandante-Chefe recomeçar a guerra comercial restrita.
A guerra submarina sem restrições começou enfim a 1º de fevereiro de 1917. Tratava-se de quebrar a resistência da
Inglaterra, destruindo seu comércio marítimo, malgrado a superioridade de sua esquadra. Dois anos e meio de guerra se tinham
passado sem ter sido iniciada essa tarefa, até que as autoridades responsáveis se viram na obrigação de utilizar os meios de que
dispunham para evitar o desastre ameaçador. Começou então a fase crucial da guerra marítima, e todas as nações beligerantes
compreenderam que o seu resultado seria talvez mais importante ainda que a decisão da batalha do Maine. Nunca potência
alguma colocou tal empenho e tantos recursos em cortar as vias marítimas da nação inimiga como fez a Alemanha em relação à
Inglaterra em 1917 e 1918. Esforço semelhante só viria a ser empreendido em idênticas circunstâncias na Segunda Guerra
Mundial.
Nenhuma campanha mobilizou tantos recursos no mundo todo quanto
essa primeira Batalha do Atlântico. Enquanto a guerra de corso, realizada pelos franceses
nos conflitos dos séculos XVII, XVIII e XIX, não chegou a impedir o crescimento da
Marinha Mercante inglesa, a campanha submarina irrestrita em poucos meses causou
uma diminuição sensível na tonelagem mundial.
O número de submarinos cresceu sempre mesmo com as contramedidas
aliadas. No começo do ano de 1915, o número de unidades consagradas à guerra no
comércio era de 24. A tonelagem afundada durante o ano de 1915 não atingiu o número
de seis semanas de guerra sem restrições. Em 1916, o número de submarinos foi
acrescido para 87 entre os vários tipos, mais 14 estavam em experiência e 151 em
construção. Trinta e cinco submarinos não haviam regressado às bases desde o início das
hostilidades. No primeiro dia de guerra submarina sem restrições havia já no mar do
Norte 57 submarinos, no Báltico, oito, em Flandres, 38, e as bases do Mediterrâneo
dispunham de 31.
A tonelagem afundada aumentou brutalmente, atingindo a mais de um milhão de
toneladas nos meses de abril a junho de 1917, fato não registrado em nenhum mês na
Segunda Guerra Mundial.
As potências aliadas tomaram uma série de contramedidas eficazes não só
organizando comboios de navios mercantes fortemente escoltados como também
aperfeiçoando a técnica do combate ao submarino e realizando, em todos os países
possíveis, principalmente nos Estados Unidos, um programa de construção naval em
massa capaz de compensar as perdas experimentadas.
Tais medidas lograram sucesso, e os submarinos alemães pagaram pesado tributo.
Durante a guerra foram utilizados ao todo 360 submarinos; 184 não regressaram.
O sucesso da campanha submarina achava-se comprometido. Os alemães procuraram reunir todos os seus
recursos industriais para aumentar a produção de submarinos. Cento e vinte haviam sido encomendados em dezembro de 1917
e mais duzentos e vinte em janeiro de 1918, mas destes, até setembro de 1918, apenas 74 haviam sido entregues.
Enquanto isso a poderosa frota alemã realizara poucas saídas depois da batalha de Jutlândia em maio de 1916
(de 31/05 à 01/06/1916, indecisa apesar do vulto). Os navios parados nas bases, em contato com as forças desmoralizantes que
grassavam na retaguarda, acabaram contaminados, e já em 1917 os primeiros indícios de indisciplina surgiram nos encouraçados.
Ante a ameaça do colapso na Frente Ocidental, o Alto Comando Alemão decidiu realizar uma surtida
desesperada com toda a esquadra, mas a 29 de outubro de 1918, ao ser conhecida a ordem, explodiram desordens em vários
navios, sobretudo nos encouraçados. A surtida teve que ser suspensa.
Com o fim da guerra, a frota alemã foi enviada para Scapa Flow onde se auto afundou ao se difundir a suspeita de que os
navios seriam entregues aos vencedores. Em águas inglesas, foram dessa forma afundados 19 encouraçados, 5 cruzadores de
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O Almirante Raeder, contudo, não aceitou esses pontos de vista e, apontando a Von Blomberg a expansão da Marinha
francesa, conseguiu maiores verbas. Com esses fundos ele iniciou os fundamentos de uma pequena e equilibrada esquadra.
O Tratado de Londres, assinado em 1935, permitiu à Alemanha possuir uma esquadra equivalente a trinta e cinco por
cento da frota de superfície inglesa, e acordos posteriores estipularam que a força de submarinos germânicos poderia ser igual à
britânica. A Alemanha podia construir, pelos tratados, cinco navios de linha, dois porta-aviões, vinte e um cruzadores e sessenta
e quatro destróieres. Na verdade, porém, tudo o que possuíam por ocasião do começo da guerra eram 2 encouraçados, 11
cruzadores e 25 destróieres. Cinquenta e sete submarinos estavam já construídos quando a guerra começou.
Em 1937, Hitler alterou os planos da expansão alemã, tornando a guerra com a Inglaterra quase uma certeza. Para a
Marinha alemã tornou-se preciso uma revisão dos planos estabelecidos noutras hipóteses. Era necessário tempo, e Hitler
prometeu que não haveria guerra contra a Inglaterra até 1944 ou 1945. Foi elaborado, então, com base nessa hipótese, um plano
para aumentar o poderio naval tanto quanto possível. Esse plano, conhecido como Plano Z, foi baseado na capacidade total dos
estaleiros alemães e no tipo de guerra a ser engajada. A concepção do Almirante Raeder da guerra naval contra a Inglaterra
visava evitar grandes ações e concentrar os ataques contra a Marinha Mercante.
Submarinos e rápidos e poderosos navios de superfície, operando independentemente ou com porta-aviões, eram
encarados como os melhores meios de levar adiante essa linha de ação. O desenvolvimento da Aviação Naval, também cogitado,
foi fortemente combatido por Goering.
Na primavera de 1939, a anexação da Tchecoslováquia e as ordens preliminares para a invasão da Polônia tornaram claras a
Raeder e ao Estado-Maior da Armada que a guerra com a Inglaterra teria lugar muito antes do previsto. Raeder mostrou a Hitler a falta
de preparo naval da Alemanha, mas a invasão da Polônia não foi adiada, deflagrando o conflito.
No mesmo dia da declaração de guerra foi afundado o primeiro navio mercante inglês,
dando início à campanha que, conhecida como batalha do Atlântico, tornou-se a maior, mais
importante e mais monótona batalha da guerra. Em essência, foi ela uma luta entre a Alemanha
e os Aliados, visando cada qual estrangular a linha de suprimento do inimigo. Começada no dia
da abertura das hostilidades ela durou até dois dias antes do armistício, cinco anos e oito meses
mais tarde, mas antes de chegar ao fim, 4.783 navios mercantes com mais de 21 milhões de
toneladas e 635 submarinos foram afundados.
Em linhas gerais, a guerra no Atlântico foi repetição da do Primeiro Conflito Mundial.
Em poucos dias, a bandeira de comércio germânica desapareceu dos mares exceto no Báltico.
A frota de superfície alemã empreendeu algumas investidas sem grandes resultados, a não ser
na Campanha da Noruega, onde, à custa de pesadas perdas, atingiu plenamente seu objetivo.
Pouco a pouco os navios de superfície alemães deixaram de constituir preocupação séria, e o
submarino cresceu cada vez mais em importância.
A orientação seguida pelos dirigentes alemães na guerra naval também foi a repetição da política obedecida pelo Governo
do Kaiser na Primeira Guerra Mundial. No começo, durante mais de um ano, confiança ilimitada nos resultados das fulminantes
campanhas terrestres. Com o prolongamento da guerra, maior atenção à guerra naval, e, por fim, concentração angustiosa dos
recursos disponíveis no ataque às comunicações aliadas, visando a uma decisão já impossível.
Nos oito primeiros meses da guerra, a Alemanha, dispondo de menos de sessenta submarinos, não causou grandes danos
à navegação aliada. As perdas sofridas foram compensadas pelas novas construções e pelos navios do Eixo capturados.
Depois da queda da França e com a entrada em serviço de um número crescente de submarinos, a devastação
das frotas mercantes atingiu ritmo alarmante. Em maio de 1942 havia, operando nos oceanos, 124 submarinos alemães e mais
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114 estavam em experiência no Báltico. No decorrer de 1942, o pior ano da batalha do Atlântico, foram afundados 1.570 navios
mercantes com quase oito milhões de toneladas. A Alemanha estava vencendo a batalha, tendo perdido, até agosto de 1942, 105
submarinos, ou seja, uma perda mensal de 4,9% das unidades em operação. Todavia, em fevereiro de 1943, foram afundados 19
U-Boats, em março, 15 e em abril, 16. Essas perdas já eram elevadas, mas, em maio, uma série de ataques aeronavais no golfo
de Gasconha afundou 37 submarinos, ou seja, aproximadamente 30% de todos os submarinos no mar.
A batalha do Atlântico assumiu aspecto mais animador para os aliados que no decorrer desse ano de 1943 perderam
menos da metade dos navios afundados no ano anterior. A Alemanha procurou elevar a produção de submarinos de 30 para 40
por mês com sacrifício da produção numa série de setores importantes. O número de submarinos em operação cresceu sempre,
mas as escoltas aliadas eram cada vez mais eficientes.
Em dezembro de 1943, a frota submarina consistia em 419 unidades, das quais 161 para operações, 168 em experiência
e 90 usadas para treinamento.
Em junho de 1944, havia 181 U-Boats em atividade, número que caiu para 140 em dezembro, em virtude de perdas no
mar e dos bombardeios aéreos dos estaleiros.
Entretanto, a produção de submarinos fez uma recuperação espetacular apesar de todas as dificuldades, e, em fevereiro
de 1945, Doenitz informou a Hitler que 237 U-Boats estavam sendo preparados. O total de 450 submarinos em comissão foi o
máximo que a Alemanha possuiu, mas esse máximo, coincidiu justamente com um dos mínimos na destruição de navios aliados.
Na última ofensiva submarina, em abril de 1945, 57 submarinos foram destruídos, 33 no mar e 24 nos portos, por bombardeio
aéreo, ao passo que apenas 13 navios mercantes aliados foram afundados.
A frota de superfície alemã durante todo o conflito viu o número de seus navios diminuir. Uma a uma as
principais unidades foram sendo destruídas: primeiro o Graf Spee, ainda em 1939, depois a campanha da Noruega desfalcou a
esquadra de vários cruzadores e de mais de uma dezena de contratorpedeiros. Em 1941, o Bismarck foi afundado; em 1943 o
Schanhorst, em 1944 o von Tirpitz. No final da guerra, os bombardeios aéreos afundaram ou danificaram outros navios mais.
As perdas não foram substituídas, em virtude de a Alemanha ter consagrado aos navios de superfície baixa prioridade no esforço
de guerra, depois de 1942. Dessa forma, a construção do navio-aeródromo Graf Zepelim foi suspensa, e depois do fracasso de
um ataque de cruzadores germânicos a um comboio inglês escoltado por contratorpedeiros por ordem de Hitler, não se cogitou
mais da construção de navios de superfície de porte alentado. Hitler chegou mesmo, na sua ira, a determinar a retirada dos
canhões de grosso calibre dos navios maiores, para utilizá-los como artilharia de campanha.
No final da guerra, os marinheiros dos navios de superfície alemães foram reunidos em divisões especiais e
marcharam para lutar nas trincheiras em defesa do solo ameaçado, tal como os franceses haviam feito em 1870, e os russos em
1854.
Ao terminar a guerra, 156 submarinos germânicos renderam-se aos aliados e 221 foram destruídos pelas próprias
guarnições. Os poucos navios da Marinha de Guerra alemã, encontrados nos portos ocupados, foram distribuídos pelas nações
vencedoras. Da Marinha Mercante também restava pouca coisa.
Assim, pela segunda vez, em menos de trinta anos, a Alemanha perdeu a expressão como país marítimo; como
depois da Primeira Guerra Mundial, a vitalidade da economia germânica iria permitir em poucos anos o renascimento da Marinha
Mercante.
Na Guerra Fria iniciada em 1949 são criadas a República Federal da Alemanha (RFA, ou Alemanha Ocidental),
capitalista, e a República Democrática Alemã (RDA, ou Alemanha Oriental), socialista. No governo do primeiro-ministro
Konrad Adenauer (de 1949 a 1963), da União Democrata-Cristã (CDU), a RFA vive uma fase de prosperidade, estimulada pelo
Plano Marshall, projeto de reconstrução da Europa capitalista, comandado pelos EUA.
As duas repúblicas alemãs tornam-se o centro do conflito entre EUA e URSS durante a Guerra Fria. Em 1948, os
soviéticos ordenam o bloqueio de Berlim, que é rompido por uma gigantesca ponte aérea dos EUA. Em 1955, a Alemanha
Ocidental ingressa na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a aliança militar ocidental. A Alemanha Oriental
reage e adere, no mesmo ano, ao Pacto de Varsóvia, bloco militar liderado pela URSS. Em 1961, autoridades orientais constroem
o Muro de Berlim, com a finalidade de deter o fluxo de refugiados para o Ocidente. A aproximação entre as duas Alemanhas
inicia-se no fim dos anos 1960. Em 1973, RDA e RFA entram na Organização das Nações Unidas (ONU) como dois Estados
soberanos.
A queda do Muro de Berlim: o dirigente alemão oriental Erich Honecker, no poder desde 1971, resiste à liberalização no
bloco comunista, deflagrada em meados da década de 1980, pela URSS. Em 1989, milhares de alemães orientais fogem para a
Alemanha Ocidental pela Hungria e pela Áustria. Em outubro, manifestações pró-democracia levam à substituição do linha-dura
Honecker por Egon Krenz. No mês seguinte, sob pressão, Krenz ordena a abertura do Muro de Berlim, que logo é derrubado
pela população. O episódio dá início ao processo de reunificação.
Na primeira eleição livre da RDA, em 1990, vence a Aliança pela Alemanha, pró-unificação. Impulsionada pelo chanceler
da RFA, Helmut Kohl (da CDU), realiza-se a união monetária (julho) e política (outubro). O novo Parlamento confirma Kohl
no cargo de chanceler.
Alemanha reunificada: o país paga um preço alto pela reunificação, com aumento do desemprego. Num clima social
tenso, imigrantes sofrem atentados de grupos neonazistas. O governo impõe, em 1996, um programa de austeridade, com corte
de benefícios previdenciários. A vitória do Partido Socialdemocrata (SPD) nas eleições de 1998 representa a maior derrota
eleitoral da CDU no pós-guerra. Como não obtém maioria parlamentar, o SPD coliga-se com o Partido Verde e elege chanceler
o líder socialdemocrata Gerhard Schröder. Um dos compromissos da coalizão é fechar as usinas nucleares alemãs até 2021.
Fatos recentes: como consequência dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, o Parlamento alemão aprovou
em novembro a participação do país na intervenção militar no Afeganistão. As investigações revelam que os atentados foram
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planejados na Alemanha, na chamada célula de Hamburgo. Em dezembro, o Parlamento aprova um pacote de medidas
antiterrorismo. Suspeitos são presos, grupos radicais islâmicos banidos e dezenas de milhões de euros são confiscados de contas
suspeitas de financiar o terror.
Imigração: nas últimas décadas, a Alemanha atrai milhares de imigrantes, o que alimenta um crescente sentimento
xenofóbico. Ao mesmo tempo, a estagnação demográfica – marcada por baixas taxas de natalidade e o envelhecimento da
população – torna o país dependente de mão-de-obra estrangeira. Depois de intensos debates, em março de 2002 o Parlamento
aprova uma lei de imigração que favorece a entrada no país de estrangeiros altamente qualificados e impõe ações mais rigorosas
contra a imigração ilegal. O projeto é criticado pela oposição, que teme o aumento da xenofobia. Oficialmente, mais de 7 milhões
de estrangeiros, na maioria turcos, vivem em solo alemão, mas estima-se que haja mais 1,5 milhão de ilegais. Os atentados de
extremistas de direita contra imigrantes aumentam a cada ano.
A vitalidade do povo alemão novamente demonstrou ao mundo sua capacidade de superação e a economia alemã é uma
das mais fortes na atualidade, mesmo frente às diversas crises políticas e econômicas que têm colocado a União Europeia em
cheque.
BIBLIOGRAFIA
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Documentação da Marinha, 2006.
- CAMINHA, Vice-Almirante João Carlos. História Marítima. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército (BibliEx), Coleção
General Benício, 1980.
- HART, B. H. Liddell, As Grandes Guerras da História. 3ª ed. São Paulo: IBRASA, 1982.
- MAGNOLI, Demétrio. História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2009.
- VEYNE, Paul. O Império Greco-Romano. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2009.
- VICENTINO, Cláudio & DORIGO, Gianpaolo. História para o ensino médio – História Geral e do Brasil. São Paulo:
Scipione. 2002. vol. único.
- VIDIGAL, Armando & ALMEIDA, Francisco E. A. Guerra no Mar: Batalhas e Campanhas Navais que Mudaram a
História. Rio de Janeiro: Record, 2009