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TURMA REGULAR
CONHECIMENTOS GERAIS
MÓDULO – I
NOVEMBRO – DEZEMBRO
2022
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CURSO www.cursoadsumus.com.br – adsumus@cursoadsumus.com.br - ESTUDE COM QUEM APROVA!
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SUMÁRIO
PORTUGUÊS ......................................................................................................... 5
CAPÍTULO 1: O TEXTO DISSERTATIVO .................................................................................................................................... 7
CAPÍTULO 2: TEXTOS PARA ANÁLISE E EXERCÍCIOS PRELIMIRARES ...................................................................................... 9
CAPÍTULO 3: COMO MELHORAR A ESCRITA? ...................................................................................................................... 17
CAPÍTULO 4: ESQUEMA BÁSICO TEXTO ARGUMENTATIVO ................................................................................................. 20
GRAMÁTICA – CAPÍTULO 1: ACENTUAÇÃO GRÁFICA .......................................................................................................... 22
GRAMÁTICA – CAPÍTULO 2: USO DO HÍFEN......................................................................................................................... 24
GRAMÁTICA – CAPÍTULO 3: SUBSTANTIVO ......................................................................................................................... 31
MATEMÁTICA ..................................................................................................... 39
1) MÓDULO DE UM NÚMERO REAL..................................................................................................................................... 41
2) PLANO CARTESIANO ........................................................................................................................................................ 42
3) CLASSIFICAÇÃO DOS POLÍGONOS .................................................................................................................................... 43
4) ÁREA DE FIGURAS PLANAS .............................................................................................................................................. 44
5) MATRIZES, DETERMINANTES E SISTEMAS LINEARES ....................................................................................................... 44
6) POLINÔMIOS .................................................................................................................................................................... 50
7) EQUAÇÕES POLINOMIAIS (ALGÉBRICAS) ......................................................................................................................... 54
8) SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS E DE POLÍGONOS ........................................................................................................... 54
9) RELAÇÕES MÉTRICAS NA GEOMETRIA ............................................................................................................................ 55
EXERCÍCIOS........................................................................................................................................................................... 63
GEOGRAFIA ........................................................................................................ 79
1. Revisão de alguns conceitos básicos em Geografia ......................................................................................................... 81
1.1 - Regionalização dos continentes: Europa, Américas, África, Ásia e Oceania ...................................................... 81
1.2 - Há outras formas de regionalização e que todos conhecem ............................................................................. 85
1.3 - Conteúdo político-ideológicos dos mapas: projeções de Mercator e Peters..................................................... 86
1.4 - Atenção aos Estreitos! ........................................................................................................................................ 87
2. O processo de desenvolvimento do capitalismo ............................................................................................................. 91
2.1 - Breve caracterização........................................................................................................................................... 91
2.2 - O capitalismo comercial ..................................................................................................................................... 91
2.3 - O capitalismo industrial ...................................................................................................................................... 91
2.4 - O início do capitalismo financeiro ...................................................................................................................... 92
2.5 - O capitalismo informacional - A revolução informacional ................................................................................. 95
3. Repensando as Visões de Mundo .................................................................................................................................... 97
3.1 - Metrópole e colônia ........................................................................................................................................... 97
3.2 - Primeiro Mundo Segundo Mundo e Terceiro Mundo ........................................................................................ 98
3.3 - Países desenvolvidos, subdesenvolvidos e em desenvolvimento ...................................................................... 99
3.4 - Países do Norte e do Sul ..................................................................................................................................... 99
3.5 - Países centrais, periféricos e emergentes ........................................................................................................ 100
3.6 - O problema das classificações .......................................................................................................................... 100
3.7 - As contradições das classificações nas instituições especializadas .................................................................. 101
4. Globalização e Fragmentação do Mundo Contemporâneo ........................................................................................... 103
4.1 - Do pós-guerra aos dias atuais (Da velha ordem à nova ordem mundial) ........................................................ 103
5. A LÓGICA DOS ESPAÇOS INDUSTRIAIS ........................................................................................................................... 112
5.1 - As transformações no espaço ........................................................................................................................... 112
5.2 - Fatores de localização industrial: concentração e desconcentração ............................................................... 115
5.3 - Ciclos tecnológicos da Revolução Industrial ..................................................................................................... 118
Exercícios ........................................................................................................................................................................... 126
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HISTÓRIA .......................................................................................................... 133
Apresentação dos Módulos ................................................................................................................................................ 01
Introdução ao Módulo 1 ..................................................................................................................................................... 04
1) Conceituando História ..................................................................................................................................................... 04
2) Datando a História ........................................................................................................................................................... 04
Capítulo I – A Idade Antiga ................................................................................................................................................. 06
1) A Relação Entre as Primeiras Civilizações e o Mar .......................................................................................................... 06
1.1) As Profissões Marítimas ...................................................................................................................................... 06
1.2) Comparação entre o Navio Mercante e O Navio de Guerra Antigo .................................................................... 07
2) Os Povos da Antiguidade ................................................................................................................................................. 08
2.1) A Civilização Egípcia ............................................................................................................................................. 09
2.2) A Civilização Mesopotâmica ................................................................................................................................ 12
2.3) A Civilização Cretense .......................................................................................................................................... 14
2.4) A Civilização Fenícia ............................................................................................................................................. 14
2.5) A Civilização (Fenícia) Cartaginesa....................................................................................................................... 17
2.6) A Civilização Grega............................................................................................................................................... 19
2.7) A Civilização Romana ........................................................................................................................................... 25
Capítulo II – A Idade Média................................................................................................................................................. 31
1) O que é Idade Média ....................................................................................................................................................... 31
2) O Império Bizantino ......................................................................................................................................................... 32
3) O Império Árabe .............................................................................................................................................................. 33
4) Os Reinos Bárbaros .......................................................................................................................................................... 34
5) O Reino Cristão dos Francos ............................................................................................................................................ 34
6) O Navio de Guerra Medieval ........................................................................................................................................... 35
7) Guerra e Comércio na Idade Média................................................................................................................................. 36
8) A Civilização Viking........................................................................................................................................................... 37
9) A Crise da Idade Média .................................................................................................................................................... 39
10) O Movimento Cruzadista ............................................................................................................................................... 40
11) A Retomada do Comércio .............................................................................................................................................. 42
12) As Repúblicas Marítimas da Península Itálica................................................................................................................ 42
12.1) Pisa .............................................................................................................................................................................. 42
12.2) Gênova ........................................................................................................................................................................ 44
12.3) Veneza ........................................................................................................................................................................ 46
13) As Grandes Invenções .................................................................................................................................................... 48
Capítulo III – A Idade Moderna ........................................................................................................................................... 50
1) A Grande Crise dos Séculos XIV e XV ............................................................................................................................... 50
2) A Revolução Comercial e o Mercantilismo ...................................................................................................................... 50
3) A Transição para a Idade Moderna .................................................................................................................................. 51
4) Os Estados Modernos e o Mercantilismo ........................................................................................................................ 52
5) A Expansão Comercial...................................................................................................................................................... 53
Capítulo IV - As Nações ....................................................................................................................................................... 61
1) Portugal............................................................................................................................................................................ 61
1.1) A Descoberta do Caminho Marítimo para as Índias ............................................................................................ 67
1.2) Outras Navegações Portuguesas ......................................................................................................................... 70
1.3) O Apogeu de Portugal.......................................................................................................................................... 70
2) Espanha............................................................................................................................................................................ 71
3) França .............................................................................................................................................................................. 75
4) Holanda ............................................................................................................................................................................ 83
Bibliografia .......................................................................................................................................................................... 88
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REDAÇÃO
CAPÍTULO 1: O TEXTO DISSERTATIVO
I. Assunto, tema e título
Antes de se iniciar a elaboração de uma dissertação, é necessário reconhecer a diferença que existe entre
o assunto, o tema e o título.
Título: é uma referência ao tema que será abordado. Recomenda-se que seja curto e, se possível, demonstre criatividade.
Ex: Dias de incerteza
Observação
Há concursos que não exigem colocação de título. Ainda assim, recomenda-se que sempre seja colocado devido ao seu
caráter funcional de delimitação do tema. Na MB, o título é o próprio tema. Não se deve pular linha entre o título e a
introdução.
II. A dissertação é um texto que se caracteriza pela defesa de uma ideia, de um ponto de vista. Ou, então, pelo
questionamento acerca de um determinado assunto. O autor do texto dissertativo trabalha com argumentos, com
fatos, com dados, utilizados por ele para reforçar ou justificar o desenvolvimento de suas ideias.
Para se obter uma exposição clara e ordenada, a dissertação é geralmente organizada em três partes:
1. Introdução – constituída geralmente de um parágrafo, deve conter a ideia principal a ser desenvolvida, ou seja, denotar
os objetivos do texto, o ângulo da análise e hipótese ou a tese a ser defendida. Há diversas e flexíveis maneiras de se
começar uma dissertação. O importante é que o parágrafo da introdução seja sucinto e conciso e que deixe claras as
diretrizes do texto.
2. Desenvolvimento ou argumentação – exposição de elementos que vão fundamentar a ideia principal que pode vir
especificada através da argumentação, de pormenores, de causa e de consequência, definições, dados estatísticos,
ordenação cronológica etc.
3. Conclusão – é a retomada da ideia principal, que agora deve aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que
já foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação.
A dissertação objetiva
A dissertação objetiva caracteriza-se pelo texto escrito em terceira pessoa. Embora o autor esteja transmitindo ao
leitor sua visão pessoal a respeito do tema, ele jamais aparece para o leitor como uma pessoa definida.
Nas dissertações objetivas, o autor expõe os argumentos de forma impessoal e objetiva, não se incluindo na
exploração, o que confere ao texto um caráter imparcial, facilitando a aceitação, por parte do leitor, das ideias expostas
(prova da MB).
A dissertação subjetiva
A dissertação subjetiva caracteriza-se pelo texto escrito em primeira ou segunda pessoa. Consequentemente, o
texto perde seu caráter impessoal e assume, de forma explícita, um caráter pessoal.
Obs.: Evitar pontuação expressiva (exclamações, reticências) e expressões radicais (“é um absurdo” / “é ridículo”).
* Imparcialidade ≠ impessoalidade
* Objetivo: evitar redundâncias + aumentar credibilidade.
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman, ao formular a sua tese “Modernidade Líquida”, na qual expõe a
superficialidade das relações sociais no contexto da Terceira Revolução Industrial, estabeleceu forte conexão com cenário
vigente. A julgar pelo panorama atual, é possível perceber que, infelizmente, os avanços tecnológicos proporcionaram a
fragilidade dos contatos qualitativos. Nesse contexto, tal defasagem revela o caráter social da Modernidade bem como a
perda gradual da argumentação favorecida pela internet. Assim, compreender tais fatores é essencial para combater a
perpetuação desse problema.
Em primeira análise, é fundamental constatar que o advento de novos meios de comunicação está inexoravelmente
associado à fragmentação dos vínculos afáveis. Sob essa ótica, a dinâmica comunicativa estimulada pelos incrementos
tecnológicos relaciona-se intimamente com o postulado do sociólogo Bauman. Tal ligação ocorre, pois o meio virtual, ao
oferecer uma rápida interação entre os indivíduos por meio dos aplicativos de comunicação, promove contatos quantitativos
em detrimento dos qualitativos, o que motiva a ascensão do individualismo na sociedade e dialoga diretamente com o
enunciado do pensador Bauman, uma vez que a liquidez dos laços interpessoais responsáveis pela valorização dos
espaços de atuação e convivência pública impossibilita a consolidação de relações amistosas. Por consequência desse
fato, o ser humano regride ao seu estado primitivo, no qual predomina o egoísmo, haja vista essa polarização de
relacionamentos viabilizar uma visão dessemelhante pelo próximo, o que é incompatível com a vida coletiva, pois se
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caracteriza como uma instituição orgânica baseada na cooperação. Dessa forma, fica claro que os avanços tecnológicos
estão associados ao afastamento interativo da comunidade.
Além disso, é valido observar que a internet está indubitavelmente conexa com redução da capacidade
argumentativa dos seus usuários. Nesse sentido, pode-se concretizar um paralelo entre a atualidade e o surgimento da
Filosofia, porquanto, no passado, o florescimento do pensamento crítico esteve ligado aos conflitos de ideias antagônicas
dos povos gregos em um contexto de expansão comercial e intelectual denominado Helenismo. Já na Contemporaneidade,
a seletividade de contatos e informações, favorecidas pelas redes sociais, possibilita a formação de grupos com as mesmas
virtudes, o que é prejudicial para a oratória do indivíduo, porque o senso crítico é mediado pela discussão sadia de opiniões
opostas. Dessa maneira, o dialogo cibernético diverge do método retórico e filosófico da Antiguidade Grega.
Torna-se evidente, portanto, que o avanço tecnológico está inquestionavelmente atrelado à desintegração das
relações interpessoais, que, por sua vez, é maléfico para a sociedade. Para resolver esse problema, é necessário que o
Ministério da Educação invista em informática educativa, por meio da promoção de palestras abertas para a população,
realizadas nas escolas públicas durante os finais de semana e ministradas por profissionais graduados por Antropologia,
que discutam a moderação no uso de aparatos modernos e a importância dos vínculos afetivos na esfera coletiva.
Consequentemente, tal medida tem a finalidade de promover aos cidadãos um olhar mais crítico acerca da tecnologia e
estimular a cooperação no social. Assim, a comunidade será mais integrada em suas interações.
5. Qual é a sua posição sobre o tema do texto? Concorda com o autor? Por quê? Escreva um parágrafo de 7 a 10 linhas,
com 3 frases, no mínimo, na folha separada de redação do curso.
Em meados de fevereiro de 2020, anunciava-se a chegada do novo coronavírus ao País. Seguindo protocolos já
experimentados em outros países, o Brasil abriu diversas frentes de trabalho, envolvendo todas as pastas do Executivo, com
o objetivo de diminuir as consequências da doença. O Ministério da Defesa então deflagrou a Operação “Covid-19”, que uniu
as três Forças Armadas para proteger os brasileiros da devastação causada pelo vírus. Concomitante, a Marinha do Brasil
deu início à Operação “Grande Muralha”: Força-Tarefa comandada pelo Diretor-Geral do Pessoal da Marinha, que utiliza
todos os recursos disponíveis para o enfrentamento dos efeitos da doença.
Desde o início da operação, a Marinha emprega mulheres, homens, meios navais e de fuzileiros navais para
enfrentar a pandemia, realizando ações assertivas, pautada em dois princípios basilares: serenidade e firmeza. A
determinação do Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Ilques Barbosa Junior, é que se trabalhe com tenacidade
e coragem. “É oportuno reiterar os merecidos cumprimentos aos setores de abastecimento, de saúde, material,
desenvolvimento tecnológico, Corpo de Fuzileiros Navais, militares que permanecem, diuturnamente, mantendo nossa plena
capacidade operativa”, disse.
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A OPERAÇÃO “COVID-19”
Foram criados, para a operação, dez comandos conjuntos, compostos por militares das três Forças, que planejam o
emprego coordenado e integrado dos meios de logística, inteligência e comunicações, em apoio aos órgãos de saúde e de
segurança pública. A Marinha é responsável por dois deles: Comando Conjunto da Bahia e do Rio Grande do Norte e
Paraíba.
TECNOLOGIA
Militares e pesquisadores unem forças para buscar soluções para o enfrentamento da pandemia. A Marinha
desenvolveu diversos projetos para mitigar os efeitos do novo coronavírus.
Respiradores
Em conjunto com a Universidade de São Paulo (USP), foi iniciada, em junho, a produção em escala do ventilador
pulmonar emergencial, batizado de “inspire”. De baixo custo e desenvolvido pela Escola Politécnica da universidade, o
aparelho pode ser produzido em até duas horas, com tecnologia nacional e baixo custo. Sob a supervisão da Diretoria-Geral
de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, a fabricação das estruturas mecânicas conta com a participação do
Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP). Tanto a concepção técnica quanto a produção estão a cargo de
engenheiros integrantes do Projeto de Desenvolvimento da Planta Nuclear Embarcada, do primeiro submarino brasileiro com
propulsão nuclear.
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Protetor Biólogico
A Equipe de Resposta Nuclear, Biológica, Química e Radiológica do 2° Batalhão de Operações Ribeirinhas
(2°BtlOpRib), de Belém (PA), desenvolveu um protetor biológico tóraco-facial para evitar o contágio de equipes de saúde
que lidam com pacientes contaminados. De baixo custo, foi projetado com especialistas do Hospital Naval de Belém (HNBe).
O protótipo, que diminui drasticamente o risco de contágio da doença, foi criado pelo Tenente Fuzileiro Naval Hélio Augusto
Corrêa da Silva Junior.
Ele conta que a ideia do protetor surgiu durante um estágio em Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica.
“Pensei em algo que pudesse isolar o paciente e proteger os profissionais durante os procedimentos nas ambulâncias e nas
UTIs, evitando a contaminação e a disseminação do vírus”.
Máscaras de Proteção
O Centro Tecnológico do Corpo de Fuzileiros Navais (CTecCFN) criou protótipos de máscaras faciais rígidas do tipo
face shield. Em campanha desenvolvida junto ao SOS 3D Covid-19, profissionais civis cederam o projeto inicial da máscara,
que foi aprimorado pelo CTecCFN. Também há a produção de máscaras faciais descartáveis, feitas em TNT. Até junho, já
haviam sido confeccionadas quase 120 mil unidades, com produção diária de cerca de 4,5 mil. Em fase de desenvolvimento
pelo CTecCFN, estão produtos como dois capacetes de pressão positiva – um para ser usado por profissionais de saúde
em ambientes contaminados e outro por pacientes diagnosticados com Covid-19 e que não necessitam de entubação.
Para a tropa, está em desenvolvimento um modelo de máscara operativa, tipo balaclava (“touca ninja”). A produção
será terceirizada, com estimativa de confecção de 10 mil unidades. O CTecCFN também realizou pesquisa sobre o uso de
lâmpadas UV para a descontaminação de ambientes.
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AÇÕES INTERNAS
No âmbito da Operação “Grande Muralha”, o Sistema de Abastecimento da Marinha trabalha para manter a Força
operando a serviço da Pátria em meio à pandemia. São empregados esforços para que sejam fornecidos combustíveis a
viaturas e demais meios operativos. Além disso, estão sendo distribuídos equipamentos de proteção individual, como
máscaras e álcool em gel, às organizações militares.
O Comandante da Marinha também emitiu o Plano de Atividades da Força, que tem o objetivo de orientar a
progressão das ações a serem adotadas para manter a capacidade operacional e garantir a segurança orgânica.
“Trabalhamos a partir de balizas como flexibilidade, transparência e unidade de comando. Superaremos e venceremos a
guerra contra o coronavírus”, declarou o Almirante Ilques.
(Fonte: Marinha em Revista - Ano 10 - Número 14 - setembro 2020
Exercício 1: Escreva um texto com 2 parágrafos, de 5 a 7 linhas cada um, em que você defenda o trabalho da Marinha do
Brasil no combate à COVID-19. Crie uma linha de raciocínio sobre o tema.
Dica: faça, pelo menos, 3 frases por parágrafo.
Tecnologia profunda
Desde os anos 70 os militares brasileiros planejam a construção de um submarino nuclear, mas sofriam com
barreiras impostas pelas potências estrangeiras. A tecnologia teve de ser desenvolvida aqui dentro — em 1982, o país
dominou o ciclo de combustível nuclear. A partir dos anos 90, os recursos minguaram, até a ressurreição recente do projeto.
O próximo passo deve ser a construção de um reator nuclear em solo, para testar o equipamento. Ele está sendo
desenvolvido no Centro Experimental Aramar, em Iperó (SP), e deve ser concluído em 2014.
Uma preocupação que envolve o projeto é a falta de profissionais para lidar com a tecnologia. A Comissão Nacional
de Energia Nuclear, que em 1991 tinha 3.750 servidores, hoje tem somente 2.550 — com idade média de 56 anos. “Há uma
necessidade urgente de reposição e de formação de novos profissionais”, diz José Roberto Piqueira, vice-diretor da Escola
Politécnica da USP. Pensando nisso, a USP irá abrir em 2013 um curso de graduação em Engenharia Nuclear, ao lado do
centro da Marinha em Iperó. Parcerias entre as duas instituições já estão nos planos. Submarinos e engenheiros nucleares:
é o Brasil buscando novos voos — ou melhor, mergulhos.
Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,ERT275468-17773,00.html
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Exercício 2: Escreva um texto com 2 parágrafos, de 5 a 7 linhas cada um, em que você defenda a construção e o uso do
submarino nuclear pelo Brasil. Crie uma linha de raciocínio sobre o tema.
Dica: faça, pelo menos, 3 frases por parágrafo.
Texto 3: Navios da Marinha chegam a Suape para reforçar o combate ao óleo que atinge o litoral
Fuzileiros integram a operação 'Amazônia Azul, Mar Limpo é Vida', que monta base em Pernambuco a partir desse
domingo (10). Embarcações são as duas maiores da Marinha.
Por G1 PE e TV Globo
10/11/2019 11h21
Os dois maiores navios da Marinha do Brasil chegaram, nesse domingo (10), ao Porto de Suape, no Grande
Recife, para reforçar o combate ao vazamento de óleo no Nordeste. Uma das bases da operação "Amazônia Azul, Mar Limpo
é Vida" fica em Suape. A partir do estado, as tropas, veículos e helicópteros que chegaram com as embarcações serão
distribuídos pela costa nordestina.
"Uma das bases vai ficar aqui [em Suape], mas vamos levar não só os navios, como tropas e veículos, para outros
locais como Fortaleza, Salvador, Ilhéus, que fica perto do Parque de Abrolhos, ou seja, vamos espalhar ao longo da costa
do Norte e Nordeste", afirmou o almirante José Cunha.
Além de Suape, o almirante afirmou que uma base será montada em Tamandaré, no Litoral Sul, de ondem devem
sair equipes para atuar no estado vizinho, Alagoas. Cerca de 700 fuzileiros navais vieram com os dois navios.
As duas embarcações, o navio-doca multipropósito (NDM) Bahia e o porta-helicópteros multipropósito (PHM)
Atlântico, deixaram o Rio de Janeiro no dia 4 de novembro. O óleo já atingiu 427 localidades, segundo o mais recente
balanço do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), divulgado na sexta-feira (8).
Fuzileiros navais chegaram ao Porto de Suape, neste domingo (10), em operação para combater o vazamento de óleo no
litoral nordestino — Foto: Mhatteus Sampaio/TV Globo
O objetivo é monitorar principalmente manguezais, estuários e o lado externo dos arrecifes, sempre em conjunto
com as equipes que já atuam no combate ao desastre ambiental. Os militares foram treinados para fazer a limpeza desses
locais.
"Ontem [sábado, 9], nós recebemos um engenheiro da Petrobras que nos deu palestras sobre como despoluir mangues,
arrecifes e praias, e também como são as precauções de segurança para essa despoluição", detalhou o almirante Cunha.
Os navios e helicópteros seguem sendo utilizados ao longo da costa em busca de manchas de óleo em alto-mar ."Não só
quando eles [equipes da Marinha] detectarem, mas quando também formos acionados, nós vamos ao local e retiramos a
mancha e os pontos de poluição", afirmou Cunha.
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Navios da Marinha do Brasil chegaram ao Porto de Suape, neste domingo (10), com helicópteros e outros veículos para
atuar na costa do Nordeste — Foto: Mhatteus Sampaio/TV Globo
Além de fuzileiros, os dois navios trouxeram equipes médicas para atuar na questão da saúde. Somente em
Pernambuco, foram notificados 66 casos suspeitos de intoxicação de pessoas que tiveram contato com o óleo nas
praias.
"Um dos nossos trabalhos aqui é fazer uma investigação a respeito das pessoas que tiveram contato com o óleo e
apresentaram algum sintoma. Nós colocaremos em solo diversas equipes móveis de saúde que passarão nas principais
localidades afetadas", adiantou o vice-almirante Paulo Martino Zuccaro, comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra.
Navios que chegaram a Pernambuco neste domingo (10) trouxeram caminhões que podem fazer auxílio na operação contra
óleo nas praias — Foto: Mhatteus Sampaio/TV Globo
Um protocolo foi montado, com um questionário que deve ser aplicado às pessoas que tiveram contato com a
substância. As equipes vão percorrer as localidades atingidas pelo óleo, entrando em contato com a população.
"Nós construiremos um banco de dados, que será passado para as agências, órgãos de saúde tanto no nível federal,
quanto no nível estadual e municipal, para que eles possam dar acompanhar a evolução do quadro de saúde dessas pessoas
que apresentaram algum tipo de anormalidade", apontou o vice-almirante.
Foram trazidos também cerca de 30 caminhões, 25 viaturas leves, um trator, seis equipamentos de engenharia e 18
embarcações menores pelas equipes que chegaram neste domingo. Segundo os militares da Marinha, não tem data prevista
para a operação terminar.
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Navio da Marinha do Brasil atracou no Porto de Suape neste domingo (10); fuzileiros vão atuar no combate ao óleo
que atinge o Nordeste — Foto: Mhatteus Sampaio/TV Globo
Óleo em Pernambuco
Neste domingo (10), as equipes da Prefeitura de Ipojuca encontraram pequenos fragmentos de óleo preso a sargaço
Praia de Serrambi. O município informou que era ainda resquício da substância, que ainda é "expulsa" pelo mar. "Toda orla
passa por um pente fino da prefeitura diariamente e os rescaldos que aparecerem serão limpos", disse a assessoria de
comunicação municipal.
Um relatório, divulgado na sexta (8) pelo governo estadual, apontou que 16 praias do litoral pernambucano que
foram atingidas pelas manchas de óleo, em outubro deste ano, estão liberadas para o banho.
De acordo com o documento, foram feitos testes para detectar a presença de hidrocarbonetos, componentes do
petróleo, e de substâncias como benzeno, tolueno, etilobenzeno e xileno. O relatório indicou que não foram constatados
compostos orgânicos encontrados no petróleo e que, em grandes concentrações, podem causar danos à saúde.
De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente de Pernambuco, desde 2 setembro, 48 praias e oito rios tiveram
registro de manchas. O boletim da Marinha do sábado (9) apontou que as praias pernambucanas estavam limpas, sem sinais
de novos casos de petróleo.
Fonte: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2019/11/10/navios-da-marinha-chegam-a-suape-para-atuar-no-
combate-ao-vazamento-de-oleo-no-nordeste.ghtml
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CAPÍTULO 3: COMO MELHORAR A ESCRITA?
1. USO DO GERÚNDIO NO TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
1. O gerúndio é uma forma nominal que apresenta o processo verbal em curso. Daí decorrem as seguintes características
(uso correto):
a) valor de modo (Ele saiu chorando. = Ele saiu choroso.)
b) valor de tempo ( Encontramos Pedro estudando.= Encontramos Pedro que estudava.)
c) valor de duração (Permaneceu atendendo. = Permaneceu no atendimento.)
d) valor de causa/explicação (Enfrentando João, Pedro fez sucesso com as meninas. = Por enfrentar João, Pedro fez
sucesso com as meninas. Ou Pedro fez sucesso com as meninas, porque enfrentou João.)
(Percebendo que o ladrão se aproximava, sentiu medo. =Por perceber que o ladrão se aproximava, sentiu medo. Ou
Sentiu medo, pois percebeu que o ladrão se aproximava.)
e) valor de condição ( Sendo decidido assim, cumpra o acordado.= Se for decidido assim, cumpra o acordado.)
f) ação imediatamente anterior à do verbo principal (Recebendo os documentos, encaminhou-os logo à chefia. = Quando
recebeu os documentos, encaminhou-os logo à chefia.)
EXERCÍCIOS
1. Verifique se ambas as construções correspondem ao considerado como bom uso do gerúndio. Escolha a que considera
mais aceitável ou mais correta. Justifique sua posição com base nas observações acima.
b) O aluno apareceu, sendo recebido pela direção da escola duas semanas depois.
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2. As generalizações e as conclusões “precipitadas” devem ser evitadas durante a elaboração de um texto dissertativo-
argumentativo porque constituem uma espécie de vício na escrita. O mau uso do gerúndio pode gerar tais situações. Analise
as situações abaixo e reescreva-as adequadamente:
A) O Brasil passa por um bom momento na economia gerando um futuro de prosperidade e avanço tecnológico.
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b) As autoridades têm investido em novos projetos na área da Educação trazendo a tão esperada arrancada social.
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a) A comunidade internacional vem esforçando-se no sentido de acompanhar, da melhor maneira possível, a crise no mundo
árabe. Observando diariamente o que lá ocorre.
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b) Os pais devem acompanhar a vida escolar de seus filhos. Demonstrando amor e dedicação. Só assim as crianças terão
bom aproveitamento como estudantes.
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c) Isso ocorre para fazer barulho e chamar atenção dos demais, tornando o trânsito mais barulhento, aumentando o estresse
e prejudicando a audição de muitos.
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d) O país precisa solucionar o problema do menor abandonado alcançando o desenvolvimento social tão esperado.
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OBS.: a locução usada para qualificar um nome deve manter-se no singular (meios de transporte, meios de
comunicação, pais de família, casos de mortalidade);
OBS.: deve ser evitada a locução expletiva é que ( Na verdade, a política é que fará a mudança . / a política fará )
/Devido à má distribuição de alimentos, é que a fome vem.... ( ...alimentos, a fome vem ...)
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4. FALTA DE CONCISÃO:
A redundância retórica é uma das formas mais comuns da prolixidade.
Observe-se o exemplo (GARCIA,1986): “Conforme a última deliberação unânime de toda a Diretoria, a entrada, a
frequência e a permanência nas dependências deste Clube, tanto quanto a participação nas suas atividades esportivas,
recreativas, sociais e culturais, são exclusivamente privativas dos seus sócios, sendo terminantemente proibida, seja qual
for o pretexto, a entrada de estranhos nas referidas dependências do mesmo.”
Tal aviso poderia ser simplesmente: “É proibida a entrada (ou frequência, ou a permanência) de estranhos” ou “Só
é permitida a entrada de sócios.”
Ao redigir, o autor de um texto deve buscar o equilíbrio entre enfatizar seu ponto de vista e manter a clareza e a
objetividade daquilo que diz.
Ex.: O Brasil precisa encarar seus problemas. Com determinação e seriedade. (locução pertencente à frase anterior). Trouxe
sugestões. Que são muitas. (oração subordinada à anterior).
ATENÇÃO: todo enunciado deve ter sujeito e verbo; não deve ser introduzido por conjunção subordinativa,
pronome relativo ou forma nominal (infinitivo, gerúndio e particípio) sem que haja oração principal a que se refira.
d) ( ) Uma vez que o governo quer fazer reformas, o Legislativo parece disposto a começar a colaborar.
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6.2. USO DE FRASES SIAMESAS
Frase siamesa é um erro de construção que consiste em unir duas frases completas como se fosse uma só.
Ex.: Nosso País precisa resolver o problema da fome, a fome revela um grande desequilíbrio social. Nosso País precisa
resolver o problema da fome, pois ela revela um grande desequilíbrio social.
ATENÇÃO: - para corrigir esse erro, pode-se empregar ponto, ponto e vírgula, conjunção coordenativa ou transformar uma
das frases em oração subordinada.
b) As farmácias de manipulação representam um setor em ascensão na economia brasileira, os números das estatísticas
comprovam essa afirmação.
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TEMA: Ao chegar ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos.
Repare que essas respostas são exaustivamente noticiadas pelos meios de comunicação, evidentemente você
encontrará mais respostas para sua pergunta, isso significa mais argumentos para seu texto, mas atente-se para o tamanho
do texto, dependendo do objetivo da redação, o texto não pode ser MUITO longo. Lembre-se também de que cada argumento
será desenvolvido e argumentos demais podem deixar seu texto complexo e extenso.
Uma vez que você estabeleceu o número de argumentos (baseado no número de respostas), você já dispõe do
necessário para iniciar seu texto. Um texto argumentativo (dissertação) deve constar de três partes: INTRODUÇÃO,
DESENVOLVIMENTO e CONCLUSÃO. Com os dados acima, você já é capaz de escrever o primeiro parágrafo de seu texto.
Esse parágrafo traz uma visão geral do seu texto, apresenta o tema e os argumentos. Esse parágrafo é a INTRODUÇÃO.
Ao chegar ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a
todos. Nesse contexto, essa situação ocorre, pois existem populações imersas em completa miséria, a paz é
interrompida por conflitos internacionais, além de o meio ambiente encontrar-se ameaçado por sério desequilíbrio
ecológico.
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Note que o TEMA foi acrescido dos TRÊS argumentos com a utilização de CONECTIVOS. Esses conectivos
(geralmente conjunções) tornam o texto COESO. Aprender a utilizar conectivos é importante para a construção de textos, já
que o texto começou com frases isoladas que foram CONECTADAS de forma COESA.
Após a Introdução, você fará a argumentação propriamente dita, ou seja, você irá desenvolver seu texto, de modo a
expandir os argumentos apresentados na Introdução. Essa fase do seu texto é chamada de DESENVOLVIMENTO. Logo o
próximo parágrafo tratará sobre o seu primeiro argumento. Veja o exemplo:
Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis, existem legiões de famintos em pontos específicos
da Terra. Nos países chamados subdesenvolvidos, sobretudo em certas regiões da África, há um numeroso
contingente de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza. No Brasil, tal questão é visível em diversas regiões,
tanto em zonas rurais do Nordeste quanto nas zonas urbanas em morros e favelas de grandes cidades. É preciso,
por isso, que os líderes mundiais busquem soluções para retroceder esse mal.
Depois disso, você deverá entrar com o segundo argumento. Lembre-se de que, como começará um novo
ARGUMENTO, você deve iniciar um novo parágrafo, mas não se esqueça da CONTINUIDADE do texto, então use um
conectivo para manter a COERÊNCIA do texto. A coerência é a relação lógica das ideias do texto, sem ela, os argumentos
pareceriam fragmentos soltos e sem sentido. Vejamos como ficaria a continuação do texto com a entrada de um novo
argumento.
Além disso, nas últimas décadas, têm sido frequentes os conflitos internacionais. Dois exemplos de tal
situação foram os atentados terroristas contra os Estados Unidos em 11 de setembro de 2001 e, mais recentemente,
a crise sociopolítica da Líbia e de outros países da África. Há também a crescente violência urbana que tem gerado
sentimentos de pânico e insegurança nos brasileiros, os quais são facilmente notados na ocupação das favelas
ocorridas no Rio de Janeiro.
Note que as ideias apresentadas são bastante atuais, ao utilizar dados da contemporaneidade, você mostra que é
uma pessoa bem informada e preocupada com as questões de seu tempo. Ademais, falar de fatos passados só vale a pena
se forem essenciais a sua argumentação. Repare também que o novo argumento foi iniciado com ALÉM DISSO, que é uma
expressão que dá uma ideia de adição e continuidade. Você deverá apresentar seu último argumento para manter a
continuidade, por isso utilize mais um parágrafo, mas não repita o ALÉM DISSO.
Ademais, outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela utilização desenfreada
dos recursos não renováveis. Essa questão acontece, porquanto há o desmatamento de florestas e a poluição de
rios e mananciais. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente se desgaste mais rápido e diminua seu poder
de autorrenovação. Consequentemente, a natureza tem entrado em estado de desequilíbrio, o que afeta a qualidade
de vida das pessoas e dos animais e plantas.
Você incluiu mais um argumento e note que a expressão que inicia o parágrafo dá essa ideia. Após essa
argumentação, você escreverá a CONCLUSÃO, com base no que foi dito no DESENVOLVIMENTO.
Percebe-se, portanto, que, embora o terceiro milênio seja caracterizado como a época de avanços
tecnológicos, o homem está longe de solucionar os graves problemas que afligem grande parcela da humanidade.
Novas tecnologias são criadas para solucionar problemas novos, entretanto velhas questões como fome, guerras e
devastação ambiental continuam insolúveis. O ideal seria utilizar os avanços de hoje como ferramentas para salvar
o planeta de seu declínio para que as gerações futuras usufruam, pelo menos, de um local suficientemente habitável.
Na conclusão, você reafirmou o tema e deu sua opinião com base nos argumentos. Na maioria das vezes, é
importante construir perguntas e sugerir soluções para os problemas, pelo menos, de forma abrangente. É bom mostrar
preocupação com a persistência do problema e enfatizar que você é capaz de compreender a problemática e propor
soluções. A conclusão deve iniciar com palavras que deem ideia de que você está finalizando o texto como o “portanto”.
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GRAMÁTICA
CAPÍTULO 1: ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Regras Gerais (não houve mudanças pelo novo Acordo Ortográfico):
Leva
Terminados em: EXEMPLOS
acento?
-a(s), -e(s),
Oxítonas Sim
-o(s), -em, -ens
Não *
-a(s), -e(s),
Paroxítonas -o(s), -em, -ens,
-am
Sim
Proparoxítonas Qualquer letra
Exercícios
01. Assinale a opção que contém erro de acentuação na 07. Assinale a opção que contém erro de acentuação na
série de monossílabos tônicos. série de palavras com hiato.
(a) crás, lá, vá, más; (a) voo, enjoo;
(b) fé, pés, és, Sé; (b) magôa, corôa;
(c) quê, vê-lo, mês, três; (c) creem, leem;
(d) pó, nós, só, cós; (d) perdoa-o, abençoa-a;
(e) pô-lo, pô-la, pôs, côr. (e) deem-me, reveem-nos.
02. Assinale a opção que contém erro de acentuação na 08. Assinale a opção que contém erro de acentuação no i
série de palavras paroxítonas. da série de palavras com hiato.
(a) dândi, beribéri, íbis, Cáli; (a) Icaraí, Jacareí;
(b) ônus, cáctus, lótus, retrovírus; (b) saídas, caístes;
(c) factótum, parabélum, álbuns, fóruns; (c) atraindo, contribuiu;
(d) hífens, plâncton, elétrons; (d) ladainha, coroinha;
(e) bíceps, tríceps, quadríceps. (e) gratuíto, fluído (subst.).
03. Assinale a opção que contém erro de acentuação na 09. Assinale a opção que contém erro de acentuação no
série de palavras paroxítonas. u da série de palavras com hiato.
(a) âmbar, éter, fêmur, sênior; (a) Grajaú, tuiuiú;
(b) cóccix, tórax, ônix, Fênix; (b) reúnem, mundaú;
(c) dólmen, pólen, próton, nêutron; (c) baiúca, feiúra;
(d) incrível, imóvel, míssil, afável; (d) conteúdo, transeunte;
(e) ímã, Cristovão, sótão, órfã. (e) Raul, extrauterino.
04. Assinale a opção que contém erro de acentuação na 10. Assinale a opção que contém apenas acentos
série de palavras paroxítonas terminadas em ditongo. diferenciais (aqueles que não podem ser explicados por
(a) escritório, etérea, série; nenhuma regra ortográfica) de timbre ou de tonicidade.
(b) suspensório, calendário, abstêmios; (a) pôr (verbo), pôde (pret. Perf.) e fôrma (=modelo oco);
(c) ingênuo, anágua, mágoa; (b) dê (verbo), é (verbo), réis (moeda antiga);
(d) bilíngue, anáguas, contíguo; (c) fábrica (subst.), sábia (adjetivo), sabiá (subst.);
(e) distíngues, extínguem, conséguem. (d) bobó (subst.), lã(subst.) camelô (comerciante de
calçada);
05. Assinale a opção que contém erro de acentuação na (e) convidássemos, envolvêssemos, retornássemos.
série de palavras proparoxítonas.
(a) insólito, tétrico, nostálgico; 11. Assinale a opção que contém um par de formas
(b) rúbrica, cosmonáutico, letárgico; verbais que caracteriza o segundo componente como
(c) antropofágico, hiperbólico, ótico; caso de acento diferencial de número (3ª pessoa do
(d) dramático, econômico, hermenêutico; plural).
(e) fétido, hálito, metalúrgico. (a) (ele) intervém & (eles) intervêm;
(b) (ele) relê & (eles) relêem;
06. Assinale a opção que contém erro de acentuação na (c) (ele) entretêm & (eles) entretém;
série de palavras com ditongo. (d) (ele) prevê & (eles) prevêem;
(a) andróide, epopéia, tipóia; (e) (ele) tém & (eles) têm.
(b) pastéis, arranha-céus, corrói;
(c) europeus, colmeia, centopeia;
(d) boi, urubu-rei, apogeu;
(e) Gláuber, Áurea, Cleide.
23
12. Assinale a opção cuja série de palavras recebe 16. Assinale a opção que contém palavra acentuada
acento em virtude da mesma regra ortográfica. apenas no plural.
(a) contratá-la, vendê-la, atraí-la, propô-lo; (a) pera (b) urubu;
(b) táxi, pálido, maracujá, hábito; (c) vez; (d) juiz; (e) item.
(c) escarcéu, carretéis, caracóis;
(d) cânion, ômicron, sêmen; 17. Assinale a opção que contém erro de acentuação na
(e) atraísse, faraó, Anhangabaú. série de palavras oxítonas.
(a) sofá, atrás, maracujá, dirá, falarás, encaminhá-la,
13. Assinale a opção que não contém palavra acentuada encontrá-lo-á;
em virtude da mesma regra ortográfica de LUNÁTICA. (b) banzé, pontapés, você, buquê, japonês, obtê-lo,
(a) anômalo; (b) dígrafo; recebê-la-emos;
(c) metáfora; (d) antítese; (c) jiló, avô, avós, gigolô, compôs, paletó, indispô-lo;
(e) clímax. (d) além, alguém, também, ele intervém;
(e) armazéns, parabéns, vinténs, hiféns.
14. Assinale a opção que contém palavra acentuada
tanto no singular como no plural. 18. Assinale a opção que não contém palavra acentuada
(a) (o) inglês; (b) (o) álcool; em virtude da mesma regra ortográfica de FREGUÊS.
(c) (o) convés; (d) (o) cós; (a) carijó; (b) matinês;
(e) (ele) antevê. (c) vatapá; (d) açaí; (e) ioiô
15. Assinale a opção que contém palavra acentuada 19. Assinale a opção cuja série de palavras recebe
apenas no singular. acento em virtude da mesma regra ortográfica de ÍNDIO.
(a) júnior; (b) trenó; (a) estapafúrdia, espécie;
(c) pôster; (d) fôrma; (e) sustém. (b) acessível, caráter;
(c) chimpanzé, tarumã;
(d) Estêvão, Asdrúbal;
(e) intrínseco, rígido;
Exceção: Não se emprega hífen com os prefixos des- e in- quando o 2º elemento perde o h inicial: desumano (nesse caso,
a palavra humano perde o h), desumidificar, inábil, inumano etc.
2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento.
Exemplos:
aeroespacial anteontem
agroindustrial antiaéreo
Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar,
coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc.
Atenção: o encontro de vogais diferentes tem facilitado o fenômeno da elisão de vogal do 1º e do 2º elemento: eletracústico,
ao lado de eletroacústico, por exemplo. Mais uma vez se recomenda que se evitem essas elisões, ressalvados os casos já
correntes na tradição lexicográfica.
3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s.
Exemplos:
anteprojeto autopeça
antipedagógico autoproteção
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4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-
se essas letras.
Exemplos:
antirracismo cosseno
antirreligioso infrassom
antirrugas minissaia
antissocial
5. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal.
Exemplos:
anti-ibérico contra-atacar
anti-imperialista contra-ataque
auto-observação micro-ondas
contra-almirante
6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante
Exemplos:
hiper-requintado inter-regional
inter-racial sub-bibliotecário
Atenção:
• Nos demais casos, não se usa o hífen. Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção.
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça etc.
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-
americano etc.
• Quando o 1º elemento está representado pela forma mal e o 2º elemento começa por vogal, h ou l, usa-se hífen: mal-
afortunado, mal-entendido, mal-estar, mal-humorado, mal-limpo etc.; porém, malcriado, malditoso, malgrado,
malnascido, malvisto etc. Exceção: Mal com o significado de “doença” grafa-se com hífen: mal-caduco (epilepsia), mal-
francês (sífilis) etc.
• Com o prefixo não, só se usa hífen nas seguintes palavras: não-me-deixes, não-me-esqueças, não-me-toquense, não-
me-toques, não-te-esqueças, não-te-esqueças-de-mim.
• Com o prefixo bem-, só não se usa hífen com as seguintes palavras: bem de alma, bem de fala, bem te vi (simpatizante
de partido político).
7. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal.
Exemplos:
hiperacidez interindustrial
interestadual superamigo
interestelar superaquecimento
8. Com os prefixos tônicos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice, vizo, sota, sota, usa-se sempre o hífen.
Exemplos:
além-mar ex-presidente sem-terra
além-túmulo pós-graduação vice-diretor
aquém-mar pré-história sota-almirante
ex-aluno pré-vestibular soto-capitão
ex-diretor pró-europeu vizo-rei
ex-hospedeiro recém-casado
ex-prefeito recém-nascido
9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani (normalmente quando a palavra for oxítona): -açu, -guaçu e -
mirim. Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.
10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam, formando não propriamente
vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.
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11. Emprega-se o hífen nos compostos por justaposição sem termo de ligação quando p 1º elemento, por extenso ou
reduzido, está representado por forma substantiva, adjetiva, numeral ou verbal.
Exemplos:
Afro-asiático Decreto-lei Porta-aviões
Afro-luso-brasileiro Guarda-chuva Porta-retrato
Amor-perfeito Guarda-noturno Primeiro-ministro
Ano-luz João-ninguém Sócio-democracia
Arcebispo-bispo Luso-brasileiro Sul-africano
Arco-íris Má-fé Tio-avô
Conta-gotas Mesa-redonda Vaga-lume
Observação: Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição.
Exemplos:
girassol mandachuva paraquedista
madressilva paraquedas pontapé
Atenção:
• As formas empregadas adjetivamente do tipo afro-, anglo-, euro-, franco-, indo-, luso-, sino- e assemelhadas
continuarão a ser grafadas sem hífen: afrodescendente, afrogenia, afrofilia; eurocêntrico, francofone, lusofonia etc.
• Os outros compostos com a forma verbal para- e manda- seguirão sendo separados por hífen conforme a tradição
lexicográfica: para-brisa(s), para-choque(s), para-lama(s), etc.; manda-lua, manda-tudo.
• O acordo não trata nem exemplifica compostos formados com elementos repetidos, com ou sem alternância vocálica
ou consonântica, do tipo blá-blá-blá, reco-reco, lenga-lenga, zum-zum, zás-trás, zigue-zague, pingue-pongue, tico-
tico, tique-taque, xique-xique etc. O espírito do Acordo sugere que tais compostos entrem na regra geral, ou seja, são
de natureza nominal, não contêm elemento de ligação, constituem unidade sintagmática e semântica e mantêm acento
próprio. Assim também os possíveis derivados: lenga-lengar, zum-zunar.
• Serão escritos com hífen os compostos entre cujos elementos há o emprego do apóstrofo: cobra-d’água, mestre-
d’armas, mãe-d’água, olho-d’água etc.
• Não se emprega o hífen nas ligações da preposição de às formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo
haver. Exemplo: hei de, hás de, hão de, etc.
12 . Emprega-se o hífen nos topônimos compostos pelas formas grã, grão, ou por forma verbal ou, ainda, naqueles ligados
por artigo.
Exemplos:
Grã-Bretanha Passa-Quatro Baía de Todos-os-Santos
Grão-Pará Quebra-Costas Entre-os-Rios
Abre-Campo Albergaria-a-Velha
Atenção: serão hifenizados os adjetivos gentílicos derivados de topônimos compostos que contenham ou não elementos de
ligação. Exemplos: alto-rio-docense, belo-horizontino, cruzeirense-do-sul, mato-grossense, mato-grossense-do-sul, juiz-
forano etc.
13. Emprega-se o hífen nos compostos que designam espécies botânicas, zoológicas e áreas afins, estejam ou não ligadas
por preposição ou qualquer outro elemento.
Exemplos:
Abóbora-menina Erva-do-chá (mas malmequer)
Coco-da-baía Vassoura-de-bruxa Bem-te-vi
Erva-doce Feijão-verde Formiga-branca
Couve-flor Bem-me-quer
14. Não se emprega o hífen nas locuções, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou
conjuncionais.
Exemplos:
Cão de guarda À parte À toa (adj.)
Fim de semana À vontade Dia a dia(subs.)
Cor de café com leite Abaixo de Deus nos acuda
Ele próprio À parte de Um maria vai com as outras
Quem quer que seja A fim de que
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15. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele
deve ser repetido na linha seguinte.
Exemplos:
Na cidade,
conta-
-se que ele foi viajar.
O diretor recebeu os
ex-
-alunos.
Resumo
Emprega-se o hífen quando:
Exercícios
1. Assinale a opção que contém erro na grafia de palavras 5. Assinale a opção que contém erro na grafia de palavras
compostas. compostas.
(a) recém-inaugurada, granfino; (a) peça-chave, guarda-civil, salário-hora;
(b) grão-rabino, tambor-mor; (b) bode-expiatório, roupa-de-baixo, camisa-social;
(c) és-nordeste, acácia-negra; (c) camisa de força, guarda-noturno, redator chefe;
(d) bico-de-lacre, girassol; (d) salário-família, baba de moça, meio-tempo;
(e) quarta-feira, rio-grandense-do-sul. (e) à queima-roupa, pão de ló, rosa-cruz
2. Assinale a opção que contém erro na grafia de palavras 6. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de
compostas. hífen.
(a) bota-fora, come-e-dorme; (a) Comprei cheiro-verde, amor-perfeito e laranja-
(b) limpa-vidros, vai e vem; -seleta.
(c) canário-da-terra, gato de botas; (b) Plantei batata-inglesa, bem-me-quer e capim-
(d) passa-tempense, pega-varetas; -gordura.
(e) cata-vento, Iaiá me sacode. (c) Encomendei a erva-cidreira, o inhame-roxo e a maria-
sem-vergonha.
3. Assinale a opção que contém erro na grafia de palavras (d) Fotografei a salsa-do-campo, a sempre-viva e a rosa
compostas. dos ventos.
(a) são-paulino, santo-amarense; (e) Pedi a vitamina-de-frutas, a gaiola-torácica e um saco-
(b) santa-cruzense, donquixotismo; de-gatos.
(c) pica-pau, vaivém;
(d) ato-show, novo-horizontino; 7. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de
(e) queda de braço, pé de moleque. hífen.
(a) Falarei amanhã na convenção luso-
4. Assinale a opção que contém erro na grafia de palavras -hispanobrasileira.
compostas. (b) Trataremos de questões técnico-industriais.
(a) belo-horizontino, bom-bocado, peixe-boi; (c) O acordo sino-tibetano vai acontecer.
(b) novaiguaçuense, tampouco, peixe-espada; (d) Houve uma perigosa celebração fanático-
(c) beladona, prima-dona, peixe-de-briga; -religiosa.
(d) primo-irmão, tão somente, peixe-japonês; (e) Faremos estudos sintático-semântico-
(e) misto-quente, sanguessuga, peixe-prego. -estilísticos.
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8. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de (e) vice-almirante, vice-liderança, vice-reitor.
hífen.
(a) Fiquei habituado ouvindo apenas cantigas de maldizer 15. Assinale a opção que contém erro na grafia de
(b) Desengonçado e mal-acabado, o negócio ia de mal a palavras derivadas.
pior. (a) adjunto, ad-rogação;
(c) Houve aquele mal estar porque ele é um mal (b) arqui-inimigo, arqui-hiperbólico;
agradecido. (c) co-herdeiro, copiloto;
(d) Apresentaram-me um menino mal-educado e (d) contra-reforma, contra-senha;
malcriado. (e) pericárdio, perissístole.
(e) Meus olhos malferidos revelam que estou mal-
-humorado. 16. Identifique a opção que contém apenas palavras com
erro quanto ao uso de hífen.
9. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de (a) antiácido, antiaéreo, anti-hemorrágico, anti-
hífen. -herói, anti-inflacionário;
(a) Bem-aventurado aquele que é bem-ordenado por seus (b) contracheque, contra-ataque, contradança,
pais. contraespião, contraindicação;
(b) Essas bem-feitorias são atribuídas a criaturas bem- (c) extra-conjugal, extra-curricular, extra-escolar, extra-
ditas. gramatical, extra-judicial;
(c) Fiquei bem-visto no rádio quando perceberam que sou (d) sobrecapa, sobrecoxa, sobre-erguer, sobre-
bem-falante. -humano, sobrevoo.
(d) Meu terno ficou bem-acabado e o preço foi bem barato. (e) ultra-apressado, ultrafecundo, ultra-humano,
(e) Um profissional bem-vestido é sempre bem- ultramarino, ultrarradical.
-vindo.
17. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de
10. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de hífen.
hífen. (a) Para interagir comigo, vai ser preciso interconectar
(a) Seu sangue azul é uma questão de ponto de vista. máquinas.
(b) O carro forte bateu num gelo baiano. (b) Nosso interrelacionamento é apenas intersocial.
(c) Consta do livro de bordo que ele é um bom-copo. (c) O ônibus interescolar faz transporte interbairros.
(d) A pedra de toque da economia foram as medidas (d) Li um estudo inter-helênico com abordagem
preventivas do Governo. interdisciplinar.
(e) Mandaram para o olho da rua aquele menino de ouro. (e) Ela fez um exame interocular e intermaxilar.
11. Assinale a opção que contém erro na grafia de 18. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de
palavras derivadas. hífen.
(a) caeté-açu, araçá-guaçu, igarapé-miriense; (a) A justaposição não é o mesmo que a contraposição.
(b) curumim-açu, jataí-guaçu, araçá-mirim; (b) O pós-comunismo talvez se assemelhe com o pré-
(c) jataí-açu, maracanã-guaçu, tucu-mirim; apocalipse.
(d) tangará-açu, caroba-guaçu, abelha-mirim; (c) A desumanização das pessoas gera o que se chama
(e) tucumã-açu, mirim-guaçu, araçá-guaçu. inumanidade.
(d) O trans-atlântico naufragou por falta de
12. Assinale a opção que contém erro na grafia de retropropulsores.
palavras derivadas. (e) O exemplo supracitado não é igual ao infraescrito.
(a) extra-atmosférico, extra-ordinário;
(b) metacelulose, meta-histórico; 19. Identifique a frase que contém erro quanto ao uso de
(c) paraolimpíadas, parapsicologia; hífen.
(d) pré-adolescência, pré-nupcial; (a) Vi um sem-terra conversando com um sem-
(e) ultraoceânico, ultrassonografia; -teto.
(b) Entreouviram meu depoimento porque deixaram a
13. Assinale a opção que contém erro na grafia de porta entreaberta.
palavras derivadas. (c) Ela tem hipo-sensibilidade e hiper-atividade.
(a) anteconjugal, anteontem; (d) Faço palestras intramuros e uso meu próprio
(b) antielitista, antiimperialista; retroprojetor.
(c) sobre-exposição, sobressair; (e) As regiões supra-hepática e suprarrenal estão
(d) sublunar, subalpino; normais.
(e) super-realidade, supersafra.
20. “Um acordo entre os dois países facilitará a
14. Assinale a opção que contém erro na grafia de coprodução de filmes”. Caso o prefixo não fosse CO, mas
palavras derivadas. SUPER, como seria grafada a palavra?
(a) circum-adjacente, circum-navegação, circunlabial; (a) super-produção;
(b) ex-atleta, ex-corrupto, ex-patrão; (b) superprodução;
(c) não-conformista, não cumprimento, não- (c) super produção;
-violência; (d) súper-produção;
(d) pós-colonial, pós-pago, pós-socrático; (e) súper produção;
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21. Assinale a opção que contém erro na grafia da palavra 24. Assinale a opção que contém erro na grafia da palavra
formada por recomposição. formada por recomposição.
(a) aeroespacial; (a) neoexpressionismo;
(b) agroindustrial; (b) paleomagnético;
(c) cardiorrespiratório; (c) pluriocular;
(d) eletrossiderurgia; (d) poliinsaturado;
(e) lipoigiene. (e) pseudossufixo.
22. Assinale a opção que contém erro na grafia da palavra 25. As combinações tetra + campeonato, penta + sílabo,
formada por recomposição. hexa + valência, hepta + cloro e octo + secular, formadas
(a) macrorregião; por composição, devem ser escritas com ou sem hífen?
(b) mega-operação; (a) Todas elas devem ser escritas com hífen;
(c) micro-hino; (b) Nenhuma delas deve ser escrita com hífen;
(d) mididesvalorização; (c) O hífen é opcional nas cinco palavras;
(e) minimercado. (d) Apenas penta-sílabo e octo-secular recebem hífen;
(e) Apenas tetra-campeonato recebe hífen;
23. Assinale a opção que contém erro na grafia da palavra
formada por recomposição.
(a) maxissaia;
(b) mesofauna;
(c) mono-espécie;
(d) multi-imperialismo;
(e) unissexuado.
Exercícios Complementares
1.
Mantida a norma-padrão da língua portuguesa, a frase que preenche corretamente o segundo balão é:
a) Todos os dragões o tem.
b) Todos os dragões têm isso.
c) Os dragões todos lhe tem.
d) Sempre se encontra dragões com isso.
e) Sofre disso todos os dragões.
2. Em qual alternativa todas as palavras em negrito devem 4. Assinale a alternativa em que as palavras estão
ser acentuadas graficamente? acentuadas graficamente pelas mesmas regras por que
a) Atraves de uma lei municipal, varias pessoas recebem estão acentuadas, respectivamente, em: "chalé", "céu",
ingressos gratis para o cinema. "existência".
b) É dificil correr atras do prejuizo sozinho. a) atrás, dói, próprio.
c) Aqui, em Foz do Iguaçu, a dengue esta sendo um grande b) três, caráter, evidência.
problema de saude publica. c) Jaú, caráter, máscara.
d) O bisneto riscou os papeizinhos com o lapis. d) pré-requisitos, ruína, vários.
e) O padrão economico do juiz é elevado.
e) fé, mídia, competência.
3. Quanto à ortografia e à acentuação, assinale a alternativa
5. As palavras que são acentuadas graficamente pelas
CORRETA.
a) Após um gesto de comando, os que ainda estão de pé
mesmas regras de "fácil", "científica" e "Moisés",
sentão-se e fazem silencio para houvir o diretor. respectivamente, são:
b) Mesmo que sofresse-mos uma repreenção por queixa de a) negócio, saída, já.
algum professor mais cioso de suas obrigações, a oférta b) espírito, atribuída, herói.
parecia-nos irrecusável. c) cárter, lógica, atrás.
c) Marta nunca deicha o filho sózinho na cosinha, temerosa d) incluído, século, dólar.
de que ele venha a puchar uma panela sobre sí. e) benefício, saúde, cafés.
d) À excessão de meu primo, que se mostrava um tanto
pretencioso, todos os garotos eram bastante humildes.
e) A perícia analisaria a flecha, em busca de vestígios que
pudessem fornecer indícios sobre sua trajetória.
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6. Assinale a alternativa em que todas as palavras
mudariam de sentido, caso estivessem sem acento. Gabarito:
a) sóbrio, história, está
b) vários, vítimas, matá-los Resposta da questão 1: [B]
c) é, já, país As alternativas [A], [C], [D] e [E] apresentam desvios à
d) é, está, país norma culta da língua portuguesa. Para que isso não
e) têm, matá-los, sóbrio acontecesse, deviam ser substituídas por:
[A] Todos os dragões o têm.
7. Assinale a alternativa que o texto está acentuado [C] Os dragões todos o têm.
corretamente. [D] Sempre se encontram dragões com isso.
a) A princípio, metia-me grandes sustos. Achava que [E] Sofrem disso todos os dragões.
Virgilia era a perfeição mesma, um conjunto de qualidades Assim, é correta apenas a alternativa [B].
sólidas e finas, amorável, elegante, austera, um modêlo.
b) A princípio, metia-me grandes sustos. Achava que Resposta da questão 2: [A]
Virgília era a perfeição mesma, um conjunto de qualidades “Através” é oxítona terminada em “es”, “várias” é
sólidas e finas, amorável, elegante, austera, um modelo. paroxítona terminada em ditongo (acompanhado de “s”) e
c) A princípio, metia-me grandes sustos. Achava que “grátis” é paroxítona terminada em “is”. Assim, as três
Virgília era a perfeição mesma, um conjunto de qualidades palavras devem ser acentuadas.
solidas e finas, amorável, elegante, austera, um modêlo.
d) A principio, metia-me grandes sustos. Achava que Resposta da questão 3: [E]
Virgilia era a perfeição mesma, um conjunto de qualidades Apenas a opção [E] está correta. As demais deveriam ser
sólidas e finas, amorável, elegante, austera, um modelo. substituídas por:
e) A princípio, metia-me grandes sustos. Achava que [A] – após um gesto de comando, os que ainda estão de
Virgília era a perfeição mesma, um conjunto de qualidades pé sentam-se e fazem silêncio para ouvir o diretor;
sólidas e finas, amoravel, elegante, austera, um modelo. [B] – mesmo que sofrêssemos uma repreensão por queixa
de algum professor mais cioso de suas obrigações, a
8. Assinalar a alternativa em que todos os hiatos não oferta parecia-nos irrecusável;
precisam ser acentuados: [C] – Marta nunca deixa o filho sozinho na cozinha,
a) balaústre - saúde - viúvo - baú temerosa de que ele venha a puxar uma panela sobre si;
b) juízes - jesuíta - ateísmo - taínha [D] – à exceção de meu primo, que se mostrava um tanto
c) paúl - atraír - raínha - raíz - juíz pretensioso, todos os garotos eram bastante humildes.
d) baía - contribuír - saída - juízo Resposta da questão 4: [A]
e) faísca - baínha - caída - ataúde Resposta da questão 5: [C]
Resposta da questão 6: [D]
9. Marque a alternativa em que todas as palavras devem Resposta da questão 7: [B]
ser acentuadas: Resposta da questão 8: [C]
a) parabens - tambem - idem - porem Resposta da questão 9: [B]
b) ninguem - holandes - atras - cipo Resposta da questão 10: [A]
c) Parana - nuvem - vezes - fuba Resposta da questão 11: [B]
d) armazen - talvez - atraves - ingles
e) japonesa - marques - ole - apos
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MORFOLOGIA
CAPÍTULO 3: SUBSTANTIVO
INFORMAÇÕES ESSENCIAIS - Substantivo é a palavra que dá nome aos seres em geral (pessoas, lugares, animais, coisas,
ações ou qualidades). É variável em gênero, número e grau. O substantivo pode ser classificado sob vários critérios:
Primitivo (nome que não provém de nenhuma outra palavra) – Ex.: árvore, flor, carta.
Derivado (nome formado a partir de outro) – Ex.: arvoredo, florista, carteiro.
Obs.: 1. Se for levado em consideração apenas o aspecto semântico, em algumas situações, a identificação contextual de
um substantivo pode ficar mais complexa. Sugere-se antepor à palavra um artigo (definido ou indefinido) ou pronome
(possessivo, demonstrativo ou indefinido). Aceitando a palavra uma dessas determinações, será interpretada como
substantivo. Assim, tem-se:
artigo + substantivo: o dia, os dias, um dia, uns dias.
pronome + substantivo: meu dia, este dia, algum dia.
2. As palavras podem passar a substantivos se receberem a anteposição de um artigo. Exemplo: O amar ainda é
importante. O feio bonito lhe parece. O doce perguntou ao doce qual era o doce mais doce: o doce respondeu ao
doce que o doce mais doce era o doce de batata-doce.
Flexão de Gênero
Os substantivos em português podem pertencer ao gênero masculino ou ao gênero feminino. São masculinos os
substantivos a que se pode antepor o artigo o: o homem, o gato, o mar, o dia, o pôr do sol. São femininos os substantivos
a que se pode antepor o artigo a: a mulher, a menina, a gata, a terra, a semana, a mesa.
Importante: O uso das palavras masculino e feminino costuma provocar confusão entre a categoria gramatical de gênero e
a característica biológica dos sexos. Para evitá-la, observe que se define gênero como um fato relacionado com a
concordância das palavras em seu relacionamento linguístico: pó, por exemplo, é um substantivo masculino pela
concordância que estabelece com o artigo o, e não porque se possa pensar num possível comportamento sexual das
partículas de poeira.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
Formação do feminino:
1 – Substantivos biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra para o feminino.
a) a maior parte dos substantivos terminados em –o átono forma o feminino com –a.
Ex.: menino / menina, gato / gata
b) a maior parte dos substantivos terminados em consoante forma o feminino pelo acréscimo de –a.
Ex.: camponês / camponesa, juiz / juíza, professor / professora.
Obs.: ator/atriz, imperador / imperatriz, embaixador / embaixatriz (esposa do embaixador) ou embaixadora (mulher que ocupa
o cargo), senador / senadora.
c) a maior parte dos substantivos terminados em –ão forma o feminino por –ã ou –ao.
Ex.: anfitrião / anfitriã, cidadão/ cidadã, leão / leoa, leitão / leitoa.
Obs.: nos aumentativos, a substituição é por –ona: sabichão / sabichona, valentão / valentona.
Destaquem-se os pares: sultão/sultana, cão/cadela, ladrão / ladra, perdigão / perdiz, barão/baronesa.
d) alguns substantivos ligados a título de nobreza, ocupações ou dignidades formam feminino em -esa, -essa, -isa.
Ex.: Abade / abadessa, duque / duquesa, poeta/poetisa.
e) alguns substantivos terminados em –e formam o feminino com a substituição desse –e por –a.
Ex.: infante / infanta, monge / monja, governante/governanta, hóspede/hóspeda, parente/parenta, presidente/presidenta,
alfaiate/alfaiata. (OBS.: Também aparecem como uniformes)
2 – Substantivos Uniformes
a) Comuns de dois gêneros: apresentam uma única forma para os dois gêneros. Nesse caso, a distinção entre a forma
masculina e feminina é feita pela concordância com um artigo ou outro determinante.
Ex.: o/a artista, o/a cliente, o/a colega, o/a gerente.
o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os o guia (pessoa que guia outras)
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à a guia (documento, pena grande das asas das
frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão) aves)
a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou
proibição de trânsito) o grama (unidade de peso)
a grama (relva)
o cabeça (chefe)
a cabeça (parte do corpo) o caixa (funcionário da caixa)
a caixa (recipiente, setor de pagamentos)
o cisma (separação religiosa, dissidência)
a cisma (ato de cismar, desconfiança) o lente (professor)
a lente (vidro de aumento)
o cinza (a cor cinzenta)
a cinza (resíduos de combustão) o moral (ânimo)
a moral (honestidade, bons costumes, ética)
o capital (dinheiro)
a capital (cidade) o nascente (lado onde nasce o Sol)
a nascente (a fonte)
o coma (perda dos sentidos)
a coma (cabeleira) o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor)
a maria-fumaça (locomotiva movida a vapor)
o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro)
a coral (cobra venenosa) o pala (poncho)
a pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo)
o crisma (óleo sagrado, usado na administração da
crisma e de outros sacramentos) o rádio (aparelho receptor)
a crisma (sacramento da confirmação) a rádio (estação emissora)
32
2. Substantivos que apresentam dúvida quanto ao gênero:
MASCULINO: clã, milhar, champanha, dó, eclipse, estratagema, orbe, suéter, telefonema, diadema.
FEMININO: alface, bacanal, preá, cal, cútis, dinamite, gênese, libido, omoplata, síndrome, sentinela.
MASCULINO OU FEMININO: ágape, componente (masculino no Brasil e feminino em Portugal), avestruz, diabetes,
personagem, sabiá, dengue, gambá, hélice, sósia, trama.
Flexão de Número
1. Substantivos Simples
a) Acrescenta-se a desinência –s aos substantivos terminados em vogal, ditongo oral ou ditongo nasal –ãe:
Ex.: casa / casas, herói / heróis, mãe /mães
Obs.: “avôs” (o avô materno e o paterno) e avós (casal formado por avô e avó, ou plural de avó).
b) Acrescenta-se a desinência –s aos substantivos terminados em –m. Essa letra é substituída por –n- na forma do plural.
Ex.: atum / atuns, homem / homens, jardim / jardins
d) A maioria dos substantivos terminados em –ão forma o plural com –ões. (incluem-se os aumentativos)
Ex.: balão / balões, botão / botões, leão / leões.
Os paroxítonos terminados em –ão e alguns poucos oxítonos e monossílabos formam o plural com –s. Ex.: bênção
/ bênçãos, chão / chãos, cristão / cristãos, irmão / irmãos, órfão / órfãos.
Alguns substantivos terminados em –ão formam o plural com –ães. Ex.: alemão / alemães, capitão / capitães,
sacristão / sacristães, cão / cães.
Em alguns casos, há mais do que uma forma aceitável para esses plurais; a tendência da língua portuguesa atual
no Brasil é utilizar a forma de plural em –ões. Ex.: anão / anões / anãos, ancião / anciões / anciães / anciãos, verão
/ verões / verãos, vilão / vilões/ vilães/ vilãos, guardião / guardiões / guardiães, ermitão / ermitões / ermitães/ ermitãos.
f) Os substantivos terminados em –s formam o plural com acréscimo de –es; quando paroxítono ou proparoxítonos, são
invariáveis.
Ex.: gás / gases, mês / meses, país / países, o atlas / os atlas, um lápis / dois lápis, o ônibus / os ônibus, o pires / os pires.
h) Os substantivos oxítonos terminados em –il trocam o –l pelo –s; os paroxítonos trocam essa terminação por –eis.
Ex.: ardil / ardis, fóssil / fósseis, barril / barris, fuzil / fuzis.
Obs.: projétil / projéteis / projetis, réptil / répteis / réptis.
i) Os substantivos paroxítonos terminados em –x são invariáveis; a indicação de número depende da concordância com
algum determinante.
Ex.: um clímax / alguns clímax, o tórax / os tórax
abrolho, antolho, caroço, choco, corcovo, coro, corpo, corvo, despojo, destroço, esforço, fogo, forno, foro, fosso, imposto,
jogo, miolo, olho, osso, ovo, poço, porco, posto, povo, reforço, rogo, socorro, tijolo, torto, troço.
2.2. Plural dos diminutivos: põem-se no plural os dois elementos e suprime-se o -s do substantivo como nos exemplos:
animai (-s) zinhos - animaizinhos
leõe (-s) zinhos - leõezinhos
lençoi (-s) zinhos – lençoizinhos
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hífen – hifens ou hífenes
pólen (polem) - polens ou pólenes
regímen - regimens ou regímenes
34
4. nos compostos de emprego onomatopeico com repetição total ou parcial
da primeira unidade:
reco-reco - reco-recos
tique-taque - tique-taques
c) ambos VARIAM
1. nos compostos de dois substantivos ou substantivo e adjetivo :
terça-feira - terças-feiras
salário-mínimo - salários-mínimos
amor-perfeito - amores-perfeitos
guarda-civil - guardas-civis
guarda-mor - guarda-mores
lugar-comum - lugares-comuns
Os graus aumentativo e diminutivo dos substantivos podem ser formados por dois processos.
Obs.: No uso efetivo da LP, as formas sintéticas de indicação de grau são normalmente usadas para conferir valores afetivos
aos seres nomeados pelos substantivos. Observe formas como amigão, partidão, bandidaço, mulheraço; livrinho, rapazola,
futebolzinho. Em todas elas, o que interessa é transmitir sentimentos como carinho, admiração, ironia ou desprezo, e não
noções ligadas ao tamanho físico dos seres nomeados.
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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
2. I - O cônjuge se aproximou.
II - O servente veio atender-nos.
III - O gerente chegou cedo.
8. Somente em uma das frases de cada conjunto a palavra em destaque exerce o papel de substantivo. Identifique-a e
circule-a.
37
38
M
A
T
E
M
Á
T
I
C
A
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40
Propriedades do Módulo
Assunto: MATEMÁTICA – MÓDULO I
1) |a| = |-a|, para todo a real
1) MÓDULO DE UM NÚMERO REAL Não é difícil constatar isso. Observe:
Podemos dizer que módulo é o mesmo que distância de um |2| = 2
número real ao número zero, pois o módulo de número real |10| = 10
surgiu da necessidade de medir a distância de um número |-5| = 5
negativo ao zero. |-2| = 2
Ao medirmos a distância de um número negativo qualquer ao |-10| =10
zero percebe-se que a distância fica negativa e como não é |5| = 5
usual dizer que uma distância ou comprimento é negativo foi
criado o módulo de número real que torna o valor positivo ou
nulo. 2) |x²|=|x|² = x², para todo x real
Assim, podemos dizer que o módulo de um número real irá Verifiquemos isso para todas as possibilidades de valores de
seguir duas opções: x: positivo, nulo ou negativo.
• |+4| = 4
3) |a . b|=|a|.|b|, para quaisquer a e b reais
• |-3| = - (-3) = 3
Veja:
• |10 – 6 | = |+4| = 4
a) a e b positivos
• |-1 – 3| = |-4| = - (-4) = 4 a=3eb=5
|3 . 5|= |15|= 15
• |-1| + |5| - |6| = -(-1) + 5 – 6 = 1 + 5 - 6 = 6 – 6 = 0 |3|.|5|= 3 . 5 = 15
• |x2 – 9| a) a e b positivos
x 2 – 9, se x2 – 9 ≥ 0 a=6eb=5
x2–9≥0 |6 + 5| = |11 |= 11
x2≥9 |6| + |5|= 6 + 5 = 11
x ≥ 3 ou x ≤ -3 |6 + 5| = |6| + |5|
c) |x| = -1
5) ||a|-|b|| ≤ |a - b|, para quaisquer a e b reais Resposta: x não existe, pois não existe um número tal que seu
módulo seja negativo.
a) a e b positivos
d) X² = 36
a=4eb=1
Resposta: x = 6 ou x = -6
||4| - |1|| = |4 - 1| = |3 |= 3
|4 - 1| = |3| = 3
e) |x| = |-2|
||4| - |1|| = |4 - 1|
Resposta: x = -2 ou x = 2, pois |2| = |-2| = 2
b) a e b de sinais opostos
a = -1 e b =9
||-1| - |9|| = |1 - 9| = |-8| = 8 2) PLANO CARTESIANO
|-1 - 9| = |-10| = 10
||-1| - |9|| < |-1 - 9| Muitas vezes, para localizar um ponto num Plano Cartesiano,
utilizamos dois números racionais, numa certa ordem.
c) a e b negativos
a = -10 e b = -3 Denominamos esses números de par ordenado. Exemplos:
||-10| - |-3|| = |10 - 3| = |7| = 7
|-10 - (-3)| = |-7| = 7
||-10| - |-3|| = |-10 - (-3)|
d) a e de sinais opostos
a = 4 e b = -3
||4| - |-3|| = |4 – 3 |= |1|= 1
|4 - (-3)| = |7| = 7
||4| - |-3|| < |4 - (-3)|
Exercícios resolvidos
Indicamos por (x, y) o par ordenado formado pelos
1) Calcular: elementos x e y, onde x é o 1º elemento e y é o 2º
elemento.
a) |6| + 1 = 6 + 1 = 7
b) |-5| + 9 = 5 + 9 = 14 Observações
1. De um modo geral, sendo x e y dois números
c) |-10| - 1 = 10 -1 = 9
racionais quaisquer, temos: .
d) |-6| - |-2| = 6 - 2 = 4
Exemplos
e) |0,2 - 0,9| = |-0,7| = 0,7
2. Dois pares ordenados (x, y) e (r, s) são iguais somente
f) |3 - x|, para x = -3 se x = r e y = s.
|3 - x| = |3 - (-3)| = |6| = 6
Representação gráfica de um Par Ordenado
42
Denominamos de abscissa o 1º número do par ordenado, e
ordenada, o 2º número desse par. Assim:
Plano Cartesiano
Representamo
s um par ordenado
em um plano
cartesiano. 3) CLASSIFICAÇÃO DOS POLÍGONOS
Esse plano é Os nomes dos polígonos dependem do critério que utilizamos
formado por duas para classificá-los. Se usarmos o número de ângulos ou o
retas, x e y, número de lados, teremos a seguinte nomenclatura:
perpendiculares
entre si. NOME DO POLÍGONO
A reta horizontal NÚMERO DE
é o eixo das LADOS EM FUNÇÃO DO EM FUNÇÃO DO
abscissas (eixo x). (OU ÂNGULOS) NÚMERO DE NÚMERO DE
ÂNGULOS LADOS
A reta vertical é
o eixo das
ordenadas (eixo y). 3 triângulo trilátero
O ponto comum 4 quadrângulo quadrilátero
dessas duas retas é
denominado 5 pentágono pentalátero
origem, que 6 hexágono hexalátero
corresponde ao par
ordenado (0, 0). 7 heptágono heptalátero
8 octógono octolátero
9 eneágono enealátero
Localização de um Ponto
10 decágono decalátero
Para localizar um ponto num plano cartesiano,
utilizamos a seqüência prática: 11 undecágono undecalátero
12 dodecágono dodecalátero
O 1º número do par ordenado deve ser localizado no
eixo das abscissas. 15 pentadecágono pentadecalátero
O 2º número do par ordenado deve ser localizado no 20 icoságono icosalátero
eixo das ordenadas.
43
4) ÁREA DE FIGURAS PLANAS 1) se m = n , então dizemos que a matriz é quadrada de ordem
n.
Exemplo:
Quadrado
Retângulo
5) MATRIZES, DETERMINANTES E
SISTEMAS LINEARES
4) Transposta de um matriz A : é a matriz At obtida de A
Matrizes e Determinantes I permutando-se as linhas pelas colunas e vice-versa.
Exemplos:
A = ( 1 0 2 -4 5) - Uma linha e cinco colunas ( matriz de ordem A matriz At é a matriz transposta da matriz A .
1 por 5 ou 1 x 5)
Notas:
44
- Produto de matrizes Exemplo:
Onde L1C1 é o produto escalar dos elementos da linha 1 da 1ª 1 – Reescreva abaixo da 3ª linha do determinante, a 1ª e 2ª
matriz pelos elementos da coluna1 da segunda matriz, obtido linhas do determinante.
da seguinte forma:
2 – Efetue os produtos em “diagonal”, atribuindo sinais
L1C1 = 3.2 + 1.7 = 13. Analogamente, teríamos para os outros negativos para os resultados à esquerda e sinal positivo para
elementos: os resultados à direita.
L1C2 = 3.0 + 1.5 = 5
L1C3 = 3.3 + 1.8 = 17
3 – Efetue a soma algébrica. O resultado encontrado será o
L2C1 = 2.2 + 0.7 = 4
determinante associado à matriz dada.
L2C2 = 2.0 + 0.5 = 0
L2C3 = 2.3 + 0.8 = 6
L3C1 = 4.2 + 6.7 = 50 Exemplo:
L3C2 = 4.0 + 6.5 = 30
L3C3 = 4.3 + 6.8 = 60, e, portanto, a matriz produto será igual
a:
45
P8) determinante da matriz inversa : det( A-1) = 1/det(A) . Matrizes e Determinantes II
Se A-1 é a matriz inversa de A , então A . A-1 = A-1 . A = In , onde
In é a matriz identidade de ordem n . Nestas condições , 1 – Definições:
podemos afirmar que det(A.A-1) = det(In) e portanto igual a 1.
Logo , podemos também escrever det(A) . det(A-1) = 1 ; 1.1 – Chama-se Menor Complementar ( D ij ) de um elemento
logo , concluímos que: det(A-1) = 1 / det(A). aij de uma matriz quadrada A, ao determinante que se obtém
eliminando-se a linha i e a coluna j da matriz.
Nota: se det(A) = 0 , não existe a matriz inversa A -1. Dizemos Assim, dada a matriz quadrada de terceira ordem (3×3) A a
então que a matriz A é SINGULAR ou NÃO INVERSÍVEL. seguir:
Exemplos:
Podemos escrever:
D23 = menor complementar do elemento a23 = 9 da matriz A .
1) Qual o determinante associado à matriz?
Pela definição, D23 será igual ao determinante que se obtém
de A, eliminando-se a linha 2 e a coluna 3, ou seja:
2 – Teorema de Laplace
Observe que a 2ª coluna é composta por zeros; FILA Este teorema permite o cálculo do determinante de
NULA Þ DETERMINANTE NULO, conforme propriedade P3 uma matriz de qualquer ordem. Como já conhecemos
acima. Logo, D = 0. as regras práticas para o cálculo dos determinantes de
ordem 2 e de ordem 3, só recorremos à este teorema
3) Calcule o determinante: para o cálculo de determinantes de 4ª ordem em
diante. O uso desse teorema, possibilita abaixar a
ordem do determinante. Assim, para o cálculo de um
determinante de 4ª ordem, a sua aplicação resultará
no cálculo de quatro determinantes de 3ª ordem. O
cálculo de determinantes de 5ª ordem, já justifica o uso
de planilhas eletrônicas, a exemplo do Excel for
Windows, Lótus 1-2-3, entre outros.
Ora, pela propriedade P9 acima, temos: D = 2.5.9 = 90
Para expandir um determinante pelo teorema de
Laplace, é mais prático escolher a fila (linha ou coluna)
que contenha mais zeros, pois isto vai facilitar e reduzir
o número de cálculos necessários.
46
b) Matriz dos cofatores da matriz A: é a matriz obtida As soluções, serão x=1, y=4 e z=0, uma vez que 1+4+0 =5;
substituindo-se cada elemento pelo seu respectivo cofator. x=3, y=7 e z=-5, uma vez que
Símbolo: cof A . 3+7- 5=5; x=10, y=-9 e y=4 (uma vez que 10-9+4=5); … , que
são compostas por 3 elementos, o que nos leva a afirmar que
c) Fórmula para o cálculo da inversa de uma matriz: as soluções são osternos ordenados (1,4,0), (3,7,-5) , (10, -9,
4), … , ou seja, existem infinitas soluções (um número infinito
de ternos ordenados) que satisfazem à equação dada.
2x1+3x2 =7(variáveis ou incógnitas x1 e x2,coeficientes 2 e 3,e 2 – Escreva a solução genérica para a equação linear 5x – 2y
termo independente7) + z = 14, sabendo que o terno ordenado
(a , b , g ) é solução.
3x + 5y = 5 (variáveis ou incógnitas x e y, coeficientes 3 e 5, e
termo independente 5) Solução: Podemos escrever: 5a - 2b + g = 14. Daí, tiramos: g =
14 – 5a + 2b . Portanto, a solução genérica será o terno
2x + 5y + z = 17 (variáveis ou incógnitas x, y e z, coeficientes ordenado (a , b , 14 – 5a+ 2b ).
2,5 e 1 e termo independente 17)
Observe que arbitrando-se os valores para a e b , a terceira
-x1 + 3x2 -7x3 + x4 = 1 (variáveis x1, x2 , x3 e x4, coeficientes -1, variável ficará determinada em função desses valores. Por
3, -7, e 1 e termo independente 1) exemplo, fazendo-se a = 1, b= 3, teremos
g = 14 – 5a + 2b = 14 – 5.1 + 2.3 = 15, ou seja, o terno (1, 3,
2x + 3y + z – 5t = 0 (variáveis ou incógnitas x, y, z e t, e termo 15) é solução, e assim, sucessivamente. Verificamos pois que
independente nulo). existem infinitas soluções para a equação linear dada, sendo o
Logo, este é um exemplo de equação linear homogênea. terno ordenado
(a , b , 14 – 5a + 2b ) a solução genérica.
2 – A solução de uma equação linear
Sistemas Lineares II
Já estamos acostumados a resolver equações lineares de uma
incógnita (variável), que são as equações de primeiro grau. Por 1 – Sistema linear
exemplo: 2x + 8 = 36, nos leva à solução única x = 14. Já, se
tivermos uma equação com duas incógnitas (variáveis), por
exemplo x + y = 10, a solução não é única, já que poderemos É um conjunto de m equações lineares de n incógnitas (x1, x2,
ter um número infinito de pares ordenados que satisfazem à x3,… , xn) do tipo:
equação, ou seja: x=1 e y=9 [par ordenado (1,9)], x =4 e y =6 a11x1 + a12x2 + a13x3 + … + a1nxn = b1
[par ordenado (4,6)], x = 3/2 e y 17/2 [par ordenado (3/2,17/2)], a21x1 + a22x2 + a23x3 + … + a2nxn = b2
… , etc. a31x1 + a32x2 + a33x3 + … + a3nxn = b3
………………………………………………………..
………………………………………………………..
Consideremos agora, uma equação com 3 incógnitas. am1x1 + am2x2 + am3x3 + … + amnxn = bn
47
4x – 3y + 2z = 4 Solução:
7x + 2y – 3z = 2
0x + 0y + z = 3 Como os sistemas são equivalentes, eles possuem a mesma
Temos acima um sistema de 4 equações e 3 incógnitas (ou solução. Vamos resolver o sistema S1:
variáveis). x+y=1
Os termos a11, a12, … , a1n, … , am1, am2, …, amn são x – 2y = -5
denominados coeficientes e b1, b2, … , bn são os termos
independentes. Subtraindo membro a membro, vem: x – x + y - (-2y) = 1 – (-5).
A ênupla (a 1, a 2 , a 3 , … , a n) será solução do sistema linear Logo, 3y = 6 \ y = 2.
se e somente se satisfizer simultaneamente a todas as m Portanto, como x+y = 1, vem, substituindo: x + 2 = 1 \ x = -1.
equações. O conjunto solução é portanto S = {(-1, 2)}.
Exemplo: O terno ordenado (2, 3, 1) é solução do sistema: Como os sistemas são equivalentes, a solução acima é
x + y + 2z = 7 também solução do sistema S2. Logo, substituindo em S2 os
3x + 2y – z = 11 valores de x e y encontrados para o sistema S1, vem:
x + 2z = 4 a(-1) – b(2) = 5 Þ - a – 2b = 5
3x – y – z = 2 a(2) – b (-1) = -1 Þ 2 a + b = -1
pois todas as equações são satisfeitas para x=2, y=3 e z=1. Multiplicando ambos os membros da primeira equação (em
azul) por 2, fica:
Notas: -2 a – 4b = 10
1 – Dois sistemas lineares são EQUIVALENTES quando Somando membro a membro esta equação obtida com a
possuem as mesmas soluções. segunda equação (em vermelho),
Exemplo: Os sistemas lineares fica: -3b = 9 \ b = – 3
Substituindo o valor encontrado para b na equação em
vermelho acima (poderia ser também na outra equação em
2x + 3y = 12 azul), teremos:
S1:
3x – 2y = 5 2 a + (-3) = -1 \ a = 1.
5x – 2y = 11 Portanto, a2 + b2 = 12 + (-3)2 = 1 + 9 = 10.
S2: Portanto a alternativa correta é a letra E.
6x + y = 20
48
c) 2x + 5y = 6 Para o cálculo dos determinantes a seguir, é conveniente
….8x + 20y = 18 rever o capítulo Determinantes clicando AQUI. Para retornar,
clique em VOLTAR no seu browser.
Resposta:
a) sistema possível e determinado. S = {(25/3, -1/3, 5)} Teremos:
b) sistema possível e indeterminado. Possui um número
infinito de soluções.
c) sistema impossível. Não admite soluções.
x1 = D x1 / D = 120 / 24 = 5
Seja D o determinante da matriz formada pelos coeficientes
x2 = D x2 / D = 48 / 24 = 2
das incógnitas.
x3 = D x3 / D = 96 / 24 = 4
49
6) POLINÔMIOS Resposta:
a) para o polinômio ser do 3º grau, os coeficientes de x2 e x3
Definição devem ser diferentes de zero. Então:
m2-10 => m21 => m1
Uma função polinomial ou simplesmente m+10 => m-1
polinômio, é toda função definida pela relação P(x)=a nxn Portanto, o polinômio é do 3º grau se m1 e m-1.
+ an-1.xn-1 + an-2.xn-2 + ... + a2x2 + a1x + a0.
Onde: b) para o polinômio ser do 2º grau, o coeficiente de x3 deve ser
an, an-1, an-2, ..., a2, a1, a0 são números reais chamados igual a zero e o coeficiente de x2 diferente de zero. Então:
coeficientes.
m2-1=0 => m2=1 => m=1
n IN
m+10 => m-1
x C (nos complexos) é a variável. Portanto, o polinômio é do 2º grau se m=1.
O valor numérico de um polinômio P(x) para x=a, é o P(1)=0 => (1)3+a.(1)2+b(1)+c = 0 => 1+a+b+c=0 => a+b+c=-
número que se obtém substituindo x por a e efetuando 1
todas as operações indicadas pela relação que define o P(2)=0 => (2)3+a.(2)2+b(2)+c = 0 => 8+4a+2b+c=0 =>
polinômio. Exemplo: 4a+2b+c=-8
Se P(x)=x3+2x2+x-4, o valor numérico de P(x), para P(3)=30 => (3)3+a.(3)2+b(3)+c = 30 => 27+9a+3b+c=30 =>
x=2, é: 9a+3b+c=3
P(x)= x3+2x2+x-4
P(2)= 23+2.22+2-4 Temos um sistema de três variáveis:
P(2)= 14
Resolvendo esse sistema encontramos as soluções:
Observação: Se P(a)=0, o número a chamado raiz ou a=9, b=-34, c=24
zero de P(x).
Portanto o polinômio em questão é P(x)= x3+9x2-34x+24.
Por exemplo, no polinômio P(x)=x2-3x+2 temos
P(1)=0; logo, 1 é raiz ou zero desse polinômio. O problema pede P(-1):
P(-1)= (-1)3+9(-1)2-34(-1)+24 => P(-1)=-1+9+34+24
P(-1)= 66
Alguns exercícios resolvidos: Resposta: P(-1)= 66
50
Polinômios iguais Obs: Quando temos R(x)=0 dizemos que a divisão é
exata, ou seja, P(x) é divisível por D(x) ou D(x) é divisor de
P(x).
Dizemos que dois polinômios A(x) e B(x) são iguais ou
Teorema do resto
P( x) D( x )
R( x) Q( x) O resto da divisão de um polinômio P(x)
pelo binômio ax+b é igual a P(-b/a).
Nessa divisão:
P(x) é o dividendo.
D(x) é o divisor. Note que –b/a é a raiz do divisor.
Q(x) é o quociente.
R(x) é o resto da divisão.
51
Exemplo: Calcule o resto da divisão de x2+5x-1 por x=b => P(b) = c(b)+d (eq. 5)
x+1.
Resolução: Achamos a raiz do divisor: Das equações 1, 2, 4 e 5 temos:
x+1=0 => x=-1
Pelo teorema do resto sabemos que o resto é igual a
P(-1): ca d r1
cb d r2
P(-1)=(-1)2+5.(-1)-1 => P(-1) = -5 = R(x)
Resposta: R(x) = -5.
Resolvendo o sistema obtemos:
Da eq.3 vem:
O resto da divisão de P(x) por (x-a)(x-b) é no
máximo do 1º grau, pois o divisor é do 2º grau; logo: P(x)=x(x-1) Q(x) + ax + b
R(x) = cx+d Fazendo:
x=0 => P(0) = a(0)+b => P(0) = b (eq. 4)
Da eq.3 vem: x=1 => P(1) = a(1)+b => P(1) = a+b (eq. 5)
P(x) = (x-a)(x-b) Q(x) + cx + d
Fazendo: Das equações 1, 2, 4 e 5 temos:
b 6
COEFICIENTES DE P(x)
RAIZ DO DIVISOR
2 3 5 1 2
3.(2) 5 1.(2) 1 3.(2) 2 a b 8
3
1
3
4
COEFICIENTES DO QUOCIENT EQ(x) REST O Logo, b=6 e a=2.
Agora achamos o resto: R(x) = ax+b = 2x+6
x=a => P(a) = c(a)+d (eq. 4) Resposta: R(x) = 2x+6.
52
O dispositivo de Briot-Ruffini Exemplos:
1) Fatorar o polinômio P(x)=x2-4.
Serve para efetuar a divisão de um polinômio P(x) por Resolução: Fazendo x2-4=0, obtemos as raízes r1=2 e
um binômio da forma (ax+b). r2=-2.
Logo: x2-4 = (x-2)(x+2).
2) Fatorar o polinômio P(x)=x2-7x+10.
Exemplo: Determinar o quociente e o resto da divisão
do polinômio P(x)=3x3-5x2+x-2 por (x-2). Resolução: Fazendo x2-7x+10=0, obtemos as raízes r1=5 e
r2=2.
Logo: x2-7x+10 = (x-5)(x-2).
Resolução:
Observe que o grau de Q(x) é uma unidade inferior ao
de P(x), pois o divisor é de grau 1.
Resposta: Q(x)=3x2+x+3 e R(x)=4. 2º caso: O polinômio é de grau maior ou igual a 3.
Conhecendo uma das raízes de um polinômio de 3º
grau, podemos decompô-lo num produto de um polinômio
Para a resolução desse problema seguimos os do 1º grau por um polinômio do 2º grau e, se este tiver
seguintes passos: raízes, podemos em seguida decompô-lo também.
1º) Colocamos a raiz do divisor e os coeficientes do
dividendo ordenadamente na parte de cima da
“cerquinha”. Exemplo: Decompor em fatores do 1º grau o polinômio 2x3-
x2-x.
2º) O primeiro coeficiente do dividendo é repetido
abaixo. Resolução:
3º) Multiplicamos a raiz do divisor por esse coeficiente 2x3-x2-x = x.(2x2-x-1) colocando x em evidência
repetido abaixo e somamos o produto com o 2º coeficiente Fazendo x.(2x2-x-1) = 0 obtemos: x=0 ou 2x2-x-1=0.
do dividendo, colocando o resultado abaixo deste. Uma das raízes já encontramos (x=0).
4º) Multiplicamos a raiz do divisor pelo número As outras duas saem da equação: 2x2-x-1=0 => r1=1
colocado abaixo do 2º coeficiente e somamos o produto e r2=-1/2.
com o 3º coeficiente, colocando o resultado abaixo deste,
e assim sucessivamente. Portanto, o polinômio 2x3-x2-x, na forma fatorada é:
5º) Separamos o último número formado, que é igual 2.x.(x-1).(x+(1/2)).
ao resto da divisão, e os números que ficam à esquerda
deste serão os coeficientes do quociente. Generalizando, se o polinômio P(x)=a nxn+an-1xn-1+...+a1x+a0
admite n raízes r1, r2,..., rn, podemos decompô-lo em fatores
da seguinte forma:
Decomposição de um polinômio em fatores
anxn+an-1xn-1+...+a1x+a0 =
Vamos analisar dois casos:
an(x-r1)(x-r2)...(x-rn)
1º caso: O polinômio é do 2º grau.
De uma forma geral, o polinômio de 2º grau
P(x)=ax2+bx+c que admite as raízes r1 e r2 pode ser
decomposto em fatores do 1º grau, da seguinte forma:
Observações:
1) Se duas, três ou mais raiz forem iguais, dizemos que são
ax2+bx+c = a(x-r1)(x-r2) 2)
raízes duplas, triplas, etc.
Uma raiz r1 do polinômio P(x) é dita raiz dupla ou de
multiplicidade 2 se P(x) é divisível por (x-r1)2 e não por (x-
r1 )3 .
r1 r2 ar ar1
c e d 2 , com a b
ab ab
r r ar ar1
Logo : R( x) 1 2 x 2 , com a b
ab ab
53
7) EQUAÇÕES POLINOMIAIS 8) SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS E DE
(ALGÉBRICAS) POLÍGONOS
Quando comparamos duas figuras geralmente queremos saber
quais as semelhanças existentes entre elas. Algumas vezes
Equação polinomial ou algébrica é toda equação da forma elas são iguais, algumas vezes são apenas parecidas e
p(x) = 0, em que p(x) é um polinômio: também existem os casos em que as figuras comparadas são
completamente diferentes. Na matemática, frequentemente as
figuras geométricas são comparadas e os resultados possíveis
p(x) = anxn + an-1xn-1 + ... + a1x + a0 de grau n, com n são: Figuras congruentes, figuras semelhantes e figuras
≥ 1. diferentes. A seguir, discutiremos a semelhança entre polígonos
e os casos de semelhança entre triângulos.
Veja alguns exemplos:
Dois polígonos são semelhantes quando existe
x4 + – 10x + 3 = 0
9x2 proporcionalidade entre seus lados e seus ângulos
10x6 – 2x5 + 6x4 + 12x3 – x2 + x + 7 = 0 correspondentes são todos iguais. Existir uma razão de
x8 – x6 – 6x + 2 = 0 proporcionalidade quer dizer que se dividirmos a medida de um
x10 – 6x2 + 9 = 0 lado da primeira figura pelo valor de um lado da segunda figura
e o resultado for, por exemplo, o número 3, então todas as
As raízes de uma equação polinomial constituem o conjunto divisões entre medidas de lados da primeira figura por medidas
solução da equação. Para as equações em que o grau é 1 dos lados da segunda figura terão 3 como resultado.
ou 2, o método de resolução é simples e prático. Nos casos
em que o grau dos polinômios é 3 ou 4, existem expressões
para a obtenção da solução.
Exemplo 1
Se 2 é raiz da equação, então temos: Isso ocorre no caso dos hexágonos da imagem acima. Repare
que a divisão de qualquer lado do primeiro hexágono por
2(2)4 + k(2)3 – 5(2)2 + 2 – 15 = 0 qualquer lado do segundo tem 3 como resultado.
2*16 + k*8 – 5*4 + 2 – 15 = 0
32 + 8k – 20 + 2 – 15 = 0 Para que dois polígonos sejam semelhantes, deve existir
8k + 34 – 35 = 0 proporcionalidade entre seus lados correspondentes, além de
8k – 1 = 0 ângulos correspondentes congruentes.
8k = 1
Voltando ao exemplo dos hexágonos acima, observe que a
k = 1/8 razão entre lados correspondentes é sempre 3:
Temos que o valor do coeficiente k é 1/8.
AB = BC = CD = DE = EF = FA = 3
Exemplo 2
GH HI IJ JK KL LG
Para mostrar que eles são semelhantes, falta apenas mostrar
Determine o valor de m, sabendo que –3 é raiz da equação:
que seus ângulos correspondentes são congruentes. Nesse
mx3 + (m + 2)x2 – 3x – m – 8 = 0.
caso são, por terem sido construídos como polígonos regulares.
Temos que:
Para os triângulos a regra é a mesma. Dois triângulos são
m(–3)3+ (m + 2)( –3)2
– 3(–3) – m – 8 = 0 semelhantes caso três ângulos correspondentes sejam
m(–27) + (m + 2)(9) + 9 – m – 8 = 0 congruentes e 3 lados correspondentes possuam a mesma
–27m + 9m + 18 + 9 – m – 8 = 0 razão de proporcionalidade.
–27m + 9m – m = 8 – 18 – 9 Não pare agora. Tem mais depois da publicidade ;)
– 19m = –19 Porém, é possível verificar a semelhança nos triângulos de
m=1 uma forma mais simples. Basta observar se eles se
enquadram em um dos casos de semelhança de triângulos a
O valor de m é 1. seguir:
1- Caso Ângulo Ângulo (AA): Dois triângulos são semelhantes
se possuírem dois ângulos correspondentes congruentes.
Não é necessário verificar o terceiro ângulo e nenhuma
proporcionalidade entre os lados. Basta que dois ângulos sejam
congruentes e os dois triângulos já podem ser declarados
semelhantes, como no exemplo a seguir:
54
9) RELAÇÕES MÉTRICAS NA GEOMETRIA
Sendo:
AB = CA = 1
DE FD 2
Nesse exemplo, o ângulo de 90 graus fica entre os lados
proporcionais. Configurando assim o caso LAL.
55
Como os triângulos ABC e HBA são semelhantes (
), temos as seguintes proporções:
Fórmulas
Como a = m + n, substituindo na expressão anterior, temos: Na tabela abaixo, reunimos as relações métricas no triângulo
retângulo.
Exemplos
1) Encontre o valor de x e de y na figura abaixo:
56
Relações Métricas no Círculo
b)
O círculo possui algumas importantes relações métricas
envolvendo segmentos internos, secantes e tangentes.
Através dessas relações obtemos as medidas procuradas.
57
x * (42 + x) = 10 * (30 + 10)
x2 + 42x = 400
x2 + 42x – 400 = 0
AP * PC = BP * PD
Aplicando a forma resolutiva de uma equação do 2º grau:
Exemplo 1
Dois segmentos secantes partindo de um Nesse caso, o quadrado da medida do segmento tangente é igual
mesmo ponto à multiplicação da medida do segmento secante pela medida de
sua parte externa.
Em qualquer circunferência, quando traçamos dois segmentos
secantes, partindo de um mesmo ponto, a multiplicação da
medida de um deles pela medida de sua parte externa é igual à
multiplicação da medida do outro segmento pela medida de sua
parte externa. Observe:
(PQ)2 = PS * PR
Exemplo 3
RP * RQ = RT * RS
Exemplo 2
x2 = 6 * (18 + 6)
x2 = 6 * 24
x2 = 144
√x2 = √144
x = 12
58
Relações Métricas no Quadrado Inscrito Demonstração das relações métricas no quadrado inscrito
59
Exemplo: A partir dessas informações, observe as relações métricas
no triângulo equilátero inscrito.
Calcule a medida do lado e do apótema de Um triângulo inscrito define três ângulos centrais de 120°
um quadrado inscrito em uma circunferência de raio igual a Para perceber isso, veja que o triângulo equilátero divide
100 cm. a circunferência em três partes iguais, como mostra a figura a
seguir:
Solução: Para obter essas medidas, basta substituir o valor do
raio nas fórmulas do apótema e do lado
do quadrado inscrito na circunferência:
l = r√2
l = 100√2
a = r√2
2
a = 100√2
2
a = 50√2
60
Depois desse procedimento, que também será usado na
próxima relação métrica, observe apenas o triângulo POC, em
destaque na imagem abaixo:
Apótema do triângulo equilátero inscrito é dado pela Relações Métricas no Hexágono Regular Inscrito
expressão:
a= r
2
Essa expressão é obtida a partir do cálculo do cosseno de 60° As relações métricas no hexágono regular inscrito são fórmulas
no triângulo POC da relação métrica anterior. Calculando usadas para calcular lado e apótema a partir da medida do raio
cosseno de 60°, temos: de uma circunferência.
cos60° = a Dizemos que um polígono está inscrito quando existe
r uma circunferência que contém todos os seus vértices. Além
1= a disso, um polígono é regular quando ele possui todos os lados
2 r com a mesma medida e seus ângulos internos são
r=a congruentes. Portanto, um hexágono regular inscrito é
2 um polígono que possui seis lados com a mesma medida e
Exemplo: seis ângulos internos congruentes e cujos vértices são todos
Calcule os comprimentos do apótema e do lado de pontos pertencentes a uma circunferência. Veja na figura
um triângulo equilátero inscrito em uma circunferência de abaixo um hexágono regular inscrito:
raio 20 cm.
Solução: Para calcular essas medidas, basta usar as fórmulas
dadas para descobrir o apótema e o lado
do triângulo equilátero, substituindo nelas a medida do raio
da circunferência.
Apótema:
a= r
2
a = 20
2
a = 10 cm
Lado:
l = r√3
As relações métricas no hexágono regular inscrito são
l = 20√3
fórmulas que podem ser usadas para encontrar a medida de
seu lado e a medida de seu apótema a partir apenas do raio
l = 20·1,73 da circunferência na qual ele está inscrito. Essas fórmulas
são:
l = 34,6 cm l=r
61
Em que o raio da circunferência é igual ao lado do hexágono Demostração das relações métricas
e: Primeiramente, sabendo que o triângulo ABP é equilátero, o
a = r√3 lado l do hexágono tem a mesma medida que o raio
2 da circunferência. Assim:
Nessa fórmula, a é o apótema e r é o raio da circunferência. l=r
Construções e elementos no hexágono inscrito Além disso, considere o triângulo OPB da imagem anterior e
Antes de discutir essas fórmulas, convém realizar algumas calcule o cosseno de 30°:
construções no hexágono a fim de que suas demonstrações Cos30° = a
tornem-se mais diretas. r
1º – Escolha dois vértices consecutivos do hexágono e √3 = a
construa os raios da circunferência que se ligam a eles. 2 r
Observe na imagem a seguir que esses raios são os segmentos r√3 = a
OA e OB, os quais, unidos ao segmento AB, formam um 2
triângulo: a = r√3
2
Exemplo: Calcule a medida do lado e do apótema de
um hexágono regular inscrito em uma circunferência de
raio 10 cm.
Lado: como l = r, teremos que l = 10 cm.
Apótema: Usando a fórmula encontrada, teremos:
a = r√3
2
a = 10√3
2
a = 5√3 cm.
62
QUESTÕES DE CONCURSOS 7) Resolva a seguinte equação modular |3x-8 | = 13.
a) – 3 ou 2/3
1) Encontre a solução da equação modular: |x – 3| = 5 b) – 5/3 ou 7
a) 0 ou 6 c) – 2/3 ou 8
b) – 1 ou 8 d) 2 ou 5/2
c) 2 ou 6 e) 2/3 ou 6
d) – 2 ou 8
e) 2 ou 8
a) a soma delas é – 1.
b) o produto delas é – 6.
c) ambas são positivas.
4) (UFJF) O número de soluções negativas da equação modular d) o produto delas é – 4.
|5x – 6| = x² é: e) n.d.a.
a) 0
b) 1
c) 2
d) 3
e) 4
63
12) O gráfico abaixo mostra a produção de copos descartáveis 14) A área da figura abaixo é:
de uma fábrica, no período de 1995 a 2001.
a) 24 cm²
b) 30 cm²
c) 33 cm²
d) 36 cm²
e) 48 cm²
a) 30 m²
b) 26,5 m²
c) 28 m²
d) 24,5 m²
e) 22,5 m²
64
17) A figura adiante mostra a planta baixa da sala de estar de 19) A figura a seguir é formada por 3 quadrados iguais.
um apartamento. Sabe-se que duas paredes contíguas
quaisquer incidem uma na outra perpendicularmente e que AB
= 2,5 m, BC = 1,2 m, EF = 4,0 m, FG = 0,8 m, HG = 3,5 m e AH
= 6,0 m
65
21) As medidas da área de três superfícies distintas (X, Y e Z) 23) (Enem - 2015) O esquema I mostra a configuração de uma
foram determinadas usando-se unidades de medida diferentes quadra de basquete. Os trapézios em cinza, chamados de
para cada superfície, como indica a tabela abaixo: garrafões, correspondem a áreas restritivas.
a) X, Y e Z.
b) Apenas X e Y.
c) Apenas X e Z.
d) Apenas Y e Z.
e) As três superfícies têm áreas diferentes.
Após executadas as modificações previstas, houve uma
alteração na área ocupada por cada garrafão, que corresponde
22) Analise a figura a seguir: a um(a)
a) aumento de 5 800 cm2.
b) aumento de 75 400 cm2.
c) aumento de 214 600 cm2.
d) diminuição de 63 800 cm2.
e) diminuição de 272 600 cm2.
66
24) (CESGRANRIO) Márcia gostaria de dois vasos de madeira 26) Dada a figura a seguir e sabendo-se que os dois quadrados
idênticos para decorar a entrada da sua casa. Por só conseguir possuem lados iguais a 4cm, sendo O o centro de um deles,
comprar um do que mais gostou, ela decidiu contratar um quanto vale a área da parte preenchida?
marceneiro para construir outro vaso com as mesmas
dimensões. O vaso deve ter as quatro faces laterais em forma
de trapézio isósceles e a base é um quadrado.
a) 100
b) 20
c) 5
d) 10
e) 14
a) 300.
b) 755.
c) 120.
d) 525.
e) 600
Se o raio de cada semicírculo é 4cm, a área da região
sombreada, em centímetros quadrados, é
(Use: π=3,1).
a) 24,8
b) 25,4
c) 26,2
d) 28,8
e) 32,4
67
29) O ponto O é o centro de uma circunferência de raio r, 33) (EsSA – 2019) Seja A uma matriz de ordem 3 tal que Det
conforme a figura. Se r = 4 cm, calcule a área da região (A) = 4. Então Det (2A) vale:
sombreada.
a) 34
b) 32
c) 30
d) 26
e) 22
a) 6
b) 5
32) (EsSA – 2018) Dadas as matrizes . c) 4
Considerando que a equação matricial A.X = B tem solução d) 2
única, podemos afirmar que: e) zero
a) k ≠ 2
b) k ≠ 3
c)
d) k ≠ 5
e) k ≠ 6
68
40) (Unifor-CE) Sejam as matrizes
é:
a) Possível e indeterminado.
b) Impossível.
c) Possível e determinado com solução (2, 1, –1).
= 0 tem raízes reais. Logo a soma das raízes é igual a:
d) Possível e determinado com solução (1, 1, 2).
e) Possível e determinado com solução (– 1, 1, 2).
a) 1
b) 6
c) 2
d) –3
e) 4
a) o sistema é indeterminado;
b) x – y = – 1; a) 10
c) o sistema é impossível; b) 12
d) x + y = 3; c) 13
e) 2x + y = 0. d) 15
e) 20
69
44) (EsSA – 2011) Sabe-se que 1, a e b são raízes do polinômio 49) (EsSA – 2016) O conjunto solução da equação x³ – 2x² –
p(x) = x³ – 11x² + 26x – 16, e que a > b. Nessas condições, o 5x + 6 = 0 é:
valor de é: a) {- 3; - 1; 2}
b) {- 0,5; - 3; 4}
a) 49/3 c) {- 3; 1; 2}
b) 193/3 d) {- 2; 1; 3}
c) 67 e) {0,5; 3; 4}
d) 64
e) 19
a) 68
b) 64
46) (EsSA – 2015) Sendo o polinômio P(x) = x³ + 3x² + ax + b c) 60
um cubo perfeito, então a diferença a – b vale: d) 56
e) 50
a) 3
b) 2
c) 1
d) 0
e) – 1 52) (EsSA -2020) Dado o polinômio
Analise as informações a
seguir:
I. O grau de p(x) é 5.
II. O coeficiente de x³ é zero.
47) (EsSA – 2015) Uma equação polinomial do 3º grau que III. O valor numérico de p(x) para x = - 1 é 9.
admite as raízes – 1, - 1/2 e 2 é: IV. Um polinômio q(x) é igual a p(x) se, e somente se, possui
mesmo grau de p(x) e os coeficientes são iguais. É correto o
a) x³ - 2x² - 5x - 2 = 0 que se afirma em:
b) 2x³ - x² - 5x + 2 = 0
c) 2x³ - x² + 5x - 2 = 0 a) I apenas
d) 2x³ - x² - 2x - 2 = 0 b) I e II apenas
e) 2x³ - x² - 5x - 2 = 0 c) I, II e III apenas
d) II, III e IV apenas
e) I, III e IV apenas
a) 6
b) 5
c) 3
d) 4
e) 2
70
53) (EsSA – 2019) O valor que deve ser somado ao polinômio 57) (Unirio) Numa cidade do interior, à noite, surgiu um objeto
2x³ + 3x² + 8x + 15 para que ele admita 2i como raiz, sendo i a voador não identificado, em forma de disco, que estacionou a
unidade imaginária é: 50 m do solo, aproximadamente. Um helicóptero do exército,
situado a aproximadamente 30 m acima do objeto, iluminou-o
a) – 3 com um holofote, conforme mostra a figura anterior. Sendo
b) – 2 assim, pode-se afirmar que o raio do disco mede, em m,
c) 0 aproximadamente:
d) 1
e) 2
a) 6
b) 2
c) 1
d) 7/4
e) 25/2
a) 3,0
b) 3,5
c) 4,0
d) 4,5
e) 5,0
a) m = 1 e n = 2
b) m = 2 e n = 4
c) m = 3 e n = 4 58) (Cefet 2015) A ilustração a seguir representa uma mesa de
d) m = 4 e n = 5 sinuca retangular, de largura e comprimento iguais a 1,5 e 2,0
e) m = 4 e n = 6 m, respectivamente. Um jogador deve lançar a bola branca do
ponto B e acertar a preta no ponto P, sem acertar em nenhuma
outra, antes. Como a amarela está no ponto A, esse jogador
lançará a bola branca até o ponto L, de modo que a mesma
possa rebater e colidir com a preta.
a) 8
b) 6
c) -3
d) -4
e) 0
a) 67
b) 70
c) 74
d) 81
e) 90
71
59) (Enem 2013) O dono de um sítio pretende colocar uma 61) (Puccamp) Os triângulos ABC e AED, representados na
haste de sustentação para melhor firmar dois postes de figura a seguir, são semelhantes, sendo o ângulo ADE
comprimentos iguais a 6 m e 4 m. A figura representa a situação congruente ao ângulo ACB
real na qual os postes são descritos pelos segmentos AC e BD
e a haste é representada pelo segmento EF, todos
perpendiculares ao solo, que é indicado pelo segmento de reta
AB. Os segmentos AD e BC representam cabos de aço que
serão instalados.
a) 2a/3.
b) 3a/4.
c) 4a/5.
d) 3a/5.
e) 2a/5.
e) N.R.A
72
63) (UFPE) Na figura abaixo, ABD e BCD são triângulos 65) (USP) Para construir a pipa representada na figura ao lado
retângulos isósceles. Se AD = 4, qual é o comprimento de DC? pelo quadrilátero ABCD, foram utilizadas duas varetas, linha e
papel.
a) 4√2
b) 6
c) 7
d) 8 As varetas estão representadas pelos segmentos AC e BD. A
e) 10 linha utilizada liga as extremidades A, B, C e D das varetas, e o
papel reveste a área total da pipa.
a) 1,8 m.
b) 1,9 m.
c) 2,0 m. a) 8
d) 2,1 m. b) 7
e) 2,2 m. c) 6
d) 5
e) 4
73
67) Na figura, as medidas estão em centímetros. Determine x. 70) Qual o valor de x na figura?
a) 6
a) 5 cm b) 8
b) 6 cm c) 10
c) 7 cm d) 12
d) 8 cm e) 14
e) 9 cm
68) Qual o valor de y na figura? As medidas indicadas estão em 71) O valor de x na figura é:
centímetros.
a) 1
b) 4
3
c) x 3
5
20
d) 2 10
3
e) 5
a) 2,5 cm
b) 3,0 cm
c) 3,5 cm
d) 4,0 cm
e) 5,0 cm 72) Num círculo, a corda CD é perpendicular ao diâmetro
AB no ponto E. Se AE EB 3 , a medida de CD é:
C
a) 3
69) O valor de x na figura é:
b) 3 x
c) 2 3 A E B
d) 3 3 x
D
e) 4
a) 3/5
b) 20/3
c) 4
d) 1
e) 5
74
76) Na figura seguinte, são dados: PC AB 6cm
73) Duas cordas cortam-se no interior de um círculo. Os
4cm e
segmentos da primeira são expressos por 3x e x 1 e os . A medida do segmento PB, em cm é:
da Segunda por x e 4 x 1 . O comprimento da maior corda,
qualquer que seja a unidade, é expresso pelo número:
a) 17 a) 2 A
b) 19 b) 3
c) 21 c) 1,5 B
d) 30 d) 2,5 P
e) 32 e) 3,5
1 b) 5/13 m
d) 3 5 x c) 12/13 m
3
d) 25/13 m
e) 5
e) 60/13 m
a) 12,5
b) 13
c) 15
d) 16
e) 16,5
75
80) Dois fios, de comprimentos 1,5 m e 1,3 m, estão 82) Calcule o valor de x:
perfeitamente esticados e presos no topo de uma haste,
perpendicular ao solo, conforme mostra a figura.
6 x
8
Sabendo que a espessura da haste é 5 cm, então a distância, a) 24/7
em metros, entre os pontos B e C é b) 13/5
c) 7/4
a) 1,65 d) 5
b) 1,60 e) 4
c) 1,55
d) 1,50
e) 1,45 83) Na figura abaixo a medida de x vale:
A
a) 11,25 10
b) 11,75
c) 12,25 15
d) 12,75 15
81) Calcular x: e) n.r.a x
D B C
20
A 4 E
C x 84) Na figura abaixo, o raio r da circunferência mede 8cm. Se
3 os arcos AB, BC e BD representam semicircunferências, então
o valor da área em negrito, em cm², é:
B
a) 9
b) 8
c) 7
d) 6
e) 5
a) 64
b) 32
c) 24
d) 16
e) 8
76
85) Determine a medida do lado do polígono regular abaixo: 87) Determine as medidas do lado e do apótema do polígono
regular abaixo:
1,5 cm
O O
4
a) 2 a) L =12 e Ap = 2 3
b) 2 2
b) L =10 e Ap = 2 3
c) 3 2
c) L =8 e Ap = 2 3
d) 1,5 2
d) L =12 e Ap = 3 3
e) 2,5 2
e) L =10 e Ap = 3 3
O
8 cm
a) L = 6 e Ap = 3 3 ...
b) L = 6 e Ap = 5 3
a) (20π−80) cm²
c) L = 8 e Ap = 2 3 b) (30π−90) cm²
c) (50π−100) cm²
d) L = 8 e Ap = 3 3 d) (60π−100) cm²
e) L = 8 e Ap = 4 3 e) (60π−120) cm²
GABARITO
1–d 2–a 3–b 4–e 5–a 6–c 7–b 8–a
9 – b 10 – d 11 – b 12 – c 13 – e 14 – b 15 – b
16 – e 17 – e 18 – d 19 – d 20 – b 21 – c 22 – b
23 – a 24 – d 25 – d 26 – e 27 – b 28 – d 29 – a
30 – d 31 – d 32 – c 33 – b 34 – a 35 – c 36 – b
37 – d 38 – a 39 – e 40 – e 41 – e 42 – a 43 – d
44 – c 45 – b 46 – b 47 – e 48 – d 49 – d 50 – a
51 – b 52 – c 53 – a 54 – e 55 – b 56 – d 57 – a
58 – a 59 – c 60 – d 61 – e 62 – e 63 – d 64 – d
65 – d 66 – b 67 – b 68 – d 69 – a 70 – c 71 – c
72 – c 73 – b 74 – a 75 – e 76 – a 77 – e 78 – d
79 – c 80 – e 81 – b 82 – a 83 – a 84 – c 85 – d
86 – e 87 – a 88 – c.
77
78
G
E
O
G
R
A
F
I
A
80
1. REVISÃO DE ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS EM GEOGRAFIA
Argumentos para a revisão conceitual: a abordagem é elementar, isto porque refere-se a conceitos do atual ensino
fundamental e muitos alunos não se lembram ou ainda têm dúvidas. É necessária muita atenção na leitura dos textos e,
principalmente, nas questões durante as provas. Pois, o eixo da questão pode estar na localização do fenômeno
contextualizado.
Estes conceitos não serão comentados individualmente ao longo das aulas, salvo quando manifestado pelo(s) aluno(s).
Logo, não deve(m) deixar passar quaisquer dúvidas durante as aulas. Isto porque a(s) mesma(s) pode(m) se transformar
em dívida(s) na hora da prova!!!!!
Qual será a reação do candidato???
Mesmo tendo a segunda menor extensão territorial do mundo, o continente europeu possui grandes diversidades
espaciais ao longo da sua área. Formada por muitos países de espaços territoriais pequenos e médios, com exceção da
Rússia (maior país do mundo), a Europa é palco de várias regionalizações caracterizadas pelas diferenças físicas e
socioeconômicas. Com uma grande história sobre as sociedades geradas neste continente, analisar cada nação europeia
requer sempre um trabalho complexo, pois necessitamos conhecer o seu passado para compreender suas questões atuais.
Dessa forma, divide-se a Europa em seis regiões: Europa Nórdica, Europa Central, Península Ibérica, Leste Europeu,
Península dos Bálcãs e Países Bálticos.
Europa Nórdica - Situada no extremo norte da Europa, os países Nórdicos são caracterizados por serem de alto padrão de
vida social e economias estáveis. Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia fazem parte desta região, demonstrando
que problemas sociais não são temas desses países. Com índices de renda per capta entre US$ 19.000 (o valor mais baixo)
até US$ 28.000, essas nações estão a anos-luz da realidade mundial. Particularmente, a Noruega que, segundo o IDH
81
(ONU) tem sido classificado entre os cinco maiores nos últimos 15 anos. O padrão de vida nórdico chega a diferenciar-se do
padrão europeu. Com pouca população e muito dinheiro circulando em seus territórios, esses países distribuem muito bem
suas riquezas. No campo físico, a região é muito conhecida pelos fiordes noruegueses que estão na península Escandinava
(Noruega e Suécia), enquanto a ilha da Islândia, que se situa bem afastada da massa continental europeia, possui grandes
processos vulcânicos por estar numa falha tectônica. Outro fato interessante da Europa Nórdica, é o acontecimento do “sol
da meia-noite” (no verão) e da aurora boreal (no inverno). Isto é possível em virtude de a região estar localizada na
proximidade do Polo Norte (países setentrionais).
Europa Central - Conhecida também como centro geoeconômico da Europa, por agrupar os países mais ricos e influentes
em questões mundiais, essa região é na verdade o coração europeu em todos os sentidos. Esta área é formada por doze
nações que são difundidas em todo o mundo como governantes da União Europeia (UE), pois nesta região está localizada
a sede da UE em Bruxelas, capital da Bélgica. Países como: Alemanha, Reino Unido, França e Itália, são grandes potências
econômicas e também participam como membros do G-7, e Áustria, Bélgica, Irlanda (Eire), Holanda, Luxemburgo,
Liechtenstein, Suíça, Mônaco, San Marino e Vaticano dão suporte econômico para a União Europeia. Os países dessa região
possuem economias estáveis e bons níveis de vida. O território da Europa Central é caracterizado por diferentes formas de
relevo, podemos encontrar desde extensas planícies (como na região dos Países Baixos – Holanda) até grandes montanhas,
onde está localizado o Mont Blanc (Monte Branco) com 4.810 metros de altitude (ponto mais alto da Europa), situado na
região dos Alpes, entre a França e a Itália.
Península Ibérica - São três nações que compõem esta região: Andorra, Espanha e Portugal. Mas nem por isso deixa de
ter significativa importância para a Europa. Esses países (Espanha e Portugal) foram grandes potências na época da
colonização das Américas, sendo que atualmente suas influências estão mais relacionadas com o continente europeu.
Participam da União Europeia desde a sua criação e são grandes produtores agrícolas na Europa por terem suas terras em
latitude mais baixa, o que condiciona um clima mais quente do que outros países do continente. São grandes os atrativos
turísticos da região, tanto suas famosas praias mediterrâneas, como pelas questões históricas. O relevo da região é muito
peculiar, pois se tem áreas de montanhas (Serra Nevada) e extensas planícies e planaltos. O nome Ibérica provém da
península em que se localizam essas nações.
Leste Europeu - Com a maior extensão territorial das divisões regionais da Europa, o Leste Europeu é composto por países
originados com o fim da Guerra Fria e com nações que faziam parte do bloco socialista da Europa. Em consequência deste
fato, a inserção na EU dependeu de muitos investimentos dos vizinhos ocidentais e rigorosos ajustes na economia, que
geraram crises, principalmente na década atual. Alguns deles também se uniram para reunir forças e formaram a CEI (ex-
URSS). Esta região é “liderada” pela Rússia, mas possui outras nações importantes e conhecidas: Polônia, Romênia,
Hungria, República Tcheca, Ucrânia, Eslováquia, Moldávia, Belarus, Geórgia, Armênia e Azerbaidjão. No que se refere ao
relevo local podemos citar os montes Urais, que fazem a divisão da Europa com a Ásia, e extensas planícies que são áreas
agrícolas de suma importância para estes países.
Península dos Balcãs ou Balcânica - Conhecida nos últimos anos como palco da Guerra da Iugoslávia, essa região está
mergulhada em diversos problemas de ordem sociais e econômicos, onde Iugoslávia, Croácia, Bosnia-Herzegovina e
Macedônia levarão anos para se reestruturar internamente. Porém, Grécia, Bulgária, Eslovênia, Albânia e Turquia (parte
europeia), antes da crise econômica e imigratória atual não se encontravam em situação tão precária, vale destacar que a
Grécia é um país-membro da União Europeia desde a sua criação. Em consequência da guerra nos Balcãs, a região
necessitou de ajuda financeira internacional pois teve sérios problemas em sua infraestrutura. Por outro lado, observamos o
turismo grego se destacando no panorama mundial. Caracterizado por regiões montanhosas, os Balcãs possuem um relevo
peculiar ao longo de sua extensão, encontrando planícies somente no norte desta região.
Países Bálticos - Tendo o menor território de todas as regiões da Europa, os Países Bálticos são formados por três nações
provindas do extinto mundo socialista: Estônia, Letônia e Lituânia. Vale lembrar que esta região possui este nome em razão
do mar que banha essas três nações, o Mar Báltico. Estes países conseguiram sua independência com o fim da URSS e
este fato se explica o atraso deles em relação aos vizinhos ocidentais. As empresas de celulose e pesqueiras têm investido
muito na modernização. Desde o fim da URSS se manifestaram a favor da inserção na UE. As três nações se uniram de tal
forma que é muito difícil relacionar uma delas sem pensar na outra, isto pode ser explicado pela proximidade geográfica,
cultural e religiosa que elas possuem. A região é caracterizada por extensas planícies, mas também é composta por
montanhas em seu interior.
82
AMÉRICAS
ÁFRICA
Regionalização do continente africano - Quem tem alguma noção do processo histórico de ocupação e partilha da África
entre as potências europeias, bem como de sua descolonização, regionalizar o continente africano não é uma tarefa nada
fácil, tendo em vista a coexistência de fronteiras artificiais herdadas pela partilha de seu território. As formas de regionalização
mais usuais de dividir a África são baseadas na divisão regional política e/ou na divisão regional étnica.
1. Divisão Regional Política - De acordo com a sua divisão político-administrativa e a localização dos países, o continente
africano se apresenta dividido em 5 regiões. Alguns autores consideram 6 regiões, pois consideram a “África do oceano
Índico” (ou África Indo-Oceânica) como uma região distinta, desarticulando-a da “África Oriental”.
Outras divisões regionais políticas, no entanto, não conferem as mesmas áreas das regiões.
A divisão, aqui, apresentada foi extraída do material didático do curso sobre o Continente Africano oferecido pelo CEDERJ.
E, de acordo com este, politicamente, o continente apresenta-se dividido nas seguintes regiões:
83
2. Divisão Regional Étnica - Esta divisão
se baseia na grande diversidade étnico-
cultural do continente africano. E, em linhas
gerais, o continente é dividido em dois
grandes complexos regionais, a saber:
I. África Branca ou Setentrional (Norte):
constituída por 5 países e o território de
Saara Ocidental. Alguns autores, no
entanto, incluem Mauritânia nesta região,
que se caracteriza pelo predomínio da
população branca, de influência árabe e
islâmica. Alguns autores denominam-na
com “África do Norte ou Islâmica”.
Embora todos sejam subdesenvolvidos,
mas comparados com os demais países
africanos, apresentam melhores
indicadores sociais e econômicos.
O deserto do Saara representa um
obstáculo natural da África Branca, se
constituindo em uma área anecúmena, ou seja, de baixa densidade demográfica.
Áreas de difícil acesso e fixação do homem.
II. África Negra ou Subsaariana: esta região é formada por 48 países, sendo predominantemente de população negra.
Esta região é caracterizada por uma grande diversidade étnico-cultural (povos, línguas, religiões etc.), correspondendo a
área do continente africano marcada pelo subdesenvolvimento crônico, pelos conflitos armados, epidemias, Aids, miséria,
desnutrição, fome, entre outros problemas socioeconômicos.
ÁSIA - A Ásia está localizada a leste do meridiano de Greenwich, ou seja, no Oriente, o continente está situado no hemisfério
norte. De todos os continentes existentes, a Ásia é o maior, sua área é de 44 milhões de quilômetros quadrados.
Os limites de fronteira que existem no continente asiático são: ao norte, Oceano Glacial Ártico; ao sul, Oceano Índico; a leste,
Oceano Pacífico; a oeste, Mar Vermelho, que o separa do continente africano, o Mar Mediterrâneo e os Montes Urais que o
separa da Europa.
Além de ser o maior continente do mundo, abriga cinco dos dez países mais populosos do planeta, são eles:
- China (1,402 bilhões habitantes), Índia (1,380 bilhão), Indonésia (234 milhões), Paquistão (180 milhões), Bangladesh (162
milhões), Japão (127 milhões).
O produto da soma de todos os países citados representa, aproximadamente, 60% ou 4,1bilhões do total da população do
planeta.
84
OCEANIA
A Oceania tem 8.923.000 Km², dos quais 85% correspondem à Austrália. É um conjunto de ilhas situadas no Oceano
Pacífico. Dividido em três grupos de ilhas: Melanésia ou “ilhas negras”; de Micronésia, as “pequenas ilhas”; e Polinésia,
compreende o maior número de ilhas.
A Austrália e a Nova
Zelândia localizam-se na
Oceania ou Novíssimo
Continente, são países
desenvolvidos do continente.
Os demais são
economicamente
dependentes. São os únicos
países do chamado Norte
industrializado ou mundo
desenvolvido que se situam ao
sul do Equador.
A Nova Zelândia é um
arquipélago constituído por
duas ilhas principais e outras
menores, localizadas ao sul da
Oceania.
Alguns de seus países procuram desenvolver o turismo ou atrair investimentos estrangeiros com isenção de impostos
e garantia de anonimato, o que os caracteriza como "paraísos fiscais".
85
1.3 - Conteúdo político-ideológicos dos mapas: projeções de Mercator e Peters
A primeira vista você pode estranhar o mapa-múndi apresentado, que pode dar a impressão de estar “invertido” e
“distorcido”. Isso acontece porque estamos acostumados a observar os mapas “normais” centrados na Europa, com o
hemisfério norte acima do sul, e, em geral, com as terras do hemisfério norte desproporcionalmente maiores. Como o nosso
planeta é esférico, podemos representá-lo tendo qualquer ponto como centro. A opção entre diferentes representações
cartográficas não é simplesmente técnica, mas, também, política ou geopolítica. Na verdade, qualquer mapa contém uma
visão de mundo e um conteúdo político-ideológico.
86
Projeção de Peters:
- Alterou as formas em para manter as reais
proporções dos continentes.
- Apesar de deformar a forma dos continentes, esta
projeção mantém a área proporcional dos continentes,
mais próxima do tamanho real.
- Destaque ao continente Africano no centro do mapa.
- Propostas de Peters: Valorização do mundo
subdesenvolvido, mostrando sua área real.
Lembre-se:
"por trás de cada mapa, sempre existe um
conteúdo Político-Ideológico".
87
88
89
90
2. O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
2.2 - O capitalismo comercial - Séc. XVI até a primeira metade do séc. XVIII
O capitalismo comercial estendeu-se do fim do século XV até o século XVIII. Durante esse período a produção de
mercadorias era essencialmente artesanal e a maior fonte de riquezas era o comércio. Tudo o que pudesse ser vendido com
muito lucro, como perfumes, sedas tapetes, especiarias e até mesmo seres humanos escravos, transformava-se em
mercadoria nas mãos dos comerciantes europeus.
Essas transações comerciais se intensificaram com a expansão marítima das potências econômicas da Europa
ocidental na época (Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Países Baixos) em busca de novas rotas de comércio, sobretudo
para as Índias. Foi o período das Grandes Navegações, descobrimentos de novas terras e povos, das conquistas territoriais
e da escravização e genocídio de milhões de nativos da América e da África. Com as Grandes Navegações, as trocas
comerciais proporcionaram grande acúmulo de capitais por parte dos Estados europeus por isso a primeira etapa desse
sistema econômico é chamada capitalismo comercial. Ou seja, quase todo o lucro acumulado pelos capitalistas
era oriundo do comércio. Tem início o processo de globalização.
Nesse período a riqueza e o poder de um país eram medidos pela quantidade de metais preciosos acumulados, prática
conhecido como Metalismo. Para garantir a acumulação de metais os países europeus, as metrópoles, colonizaram vários
territórios em outros continentes, sendo que no início nas Américas, e o mundo foi dividido entre as potências europeias da
época. O objetivo das metrópoles eram explorar os metais preciosos presentes nas colônias período conhecido como
Colonialismo. As regiões colonizadas no início da expansão marítima formaram o chamado "comércio triangular": produtos
europeus para a África, escravos africanos para as colônias americanas e produtos tropicais americanos para a Europa.
Os metais preciosos eram explorados das colônias e proporcionou grande acúmulo de riquezas nos países europeus,
principalmente à Inglaterra, que emerge como principal potência no final desse período. Esse acúmulo inicial de capitais foi
fundamental para a eclosão da Revolução Industrial, que marcou o começo de uma nova etapa do capitalismo chamado
de Capitalismo industrial, já no século XVIII.
2.3 - O capitalismo industrial - Segunda metade do séc. XVIII até a segunda metade do séc. XIX
O comércio não era mais a essência do sistema, embora continuasse importante para fechar o ciclo produção-
consumo. Nessa nova fase, o lucro provinha principalmente da produção de mercadorias com auxílio de máquinas, que
tornaram a produção mais rápida, realizada por trabalhadores assalariados que sofria e ainda sofre com a mais-valia. O
lucro se dava com a produção em quantidade de tecidos, máquinas, ferramentas e armas. E com os rápidos avanços nos
transportes, com o surgimento dos trens e dos barcos a vapor, aumentavam os ganhos dos capitalistas.
É com o capitalismo industrial que se consolida um mecanismo da exploração capitalista, definindo como mais-valia.
A mais valia é resultado da grande diferença da remuneração que o trabalhador ganha com o que ele produz. Toda jornada
de trabalho corresponde a uma remuneração, que garantirá a subsistência do trabalhador. No entanto, o trabalhador produz
um valor maior de produtos do que aquele que recebe como salário. Essa quantidade produtos, produzidas pelo trabalho e
que não é pago ao trabalhador, é o lucro que fica com os proprietários das fábricas, fazendas, minas, lojas e outros
empreendimentos. Dessa forma, em todo produto ou serviço está embutido esse valor, que é apropriado pelo dono desses
meios de produção e permite o acúmulo de lucro pela burguesia (a classe dos capitalistas do período).
O regime assalariado é, portanto, a relação de trabalho mais adequada ao capitalismo e se disseminou à medida que
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o capital se acumulava em grande escala nas mãos dos donos dos meios de produção. O aumento da produção desse
período motivado pelas máquinas provocou uma crescente necessidade de expansão dos mercados consumidores para
consumir a produção em larga escala. Ao mesmo tempo o trabalhador assalariado, além de apresentar maior produtividade
que o escravo, tem renda disponível para o consumo. Por isso a escravidão entrou em decadência e o trabalho assalariado
passou a predominar, embora ainda hoje exista escravidão no mundo, até mesmo no Brasil. A Inglaterra foi o país que mais
incentivou o fim da escravidão com interesse em ampliar o mercado consumidor dos seus produtos industrializados.
2.4 - O início do capitalismo financeiro - (2ª metade do séc. XIX até a 2ª metade do séc. XX)
Nessa etapa do capitalismo, os bancos assumiram um papel mais importante como financiadores da produção.
Incorporaram indústrias, que, por sua vez, incorporaram ou criaram bancos para lhes dar suporte financeiro. Por esse motivo
tornou-se cada vez mais difícil distinguir o capital industrial (também o agrícola, comercial e de serviços) do capital bancário.
Uma melhor denominação para essa nova organização econômica, bancos fortemente vinculados às indústrias, passou a
ser o capitalismo financeiro.
Uma das características mais importantes do crescimento acelerado da economia capitalista, na segunda metade do
século XIX, foi a formação de grandes empresas industriais e comerciais e o acelerado aumento do número de bancos e
outras empresas financeiras. A concorrência acirrada favoreceu as grandes empresas, levando a fusões e incorporações
que resultaram na formação de monopólios ou oligopólios em muitos setores da economia. Monopólio é quando uma
única empresa domina o mercado e oligopólio é quando um grupo de empresas controla o mercado controlando a oferta
de determinado bem ou serviço. O monopólio é ruim para o mercado, pois acaba com a concorrência. É bom lembrar que,
por ser intrínseco à economia capitalista, esse processo continua acontecendo, e grandes corporações da atualidade foram
fundadas nessa época.
Esse capitalismo foi se consolidando, inicialmente nos Estados Unidos, com um vigoroso mercado de capitais. As
empresas deixaram de ser familiares e se transformaram em sociedades anônimas de capital aberto, isto é, empresas que
negociam suas ações em Bolsas de Valores e os sócios (sociedade) são anônimos em sua maioria. Isso permitiu a formação
das grandes corporações da atualidade, cujas ações estão, em parte, distribuídas entre milhares de acionistas. Em geral,
essas grandes empresas têm um acionista majoritário, que pode ser uma pessoa, uma família, uma fundação, um banco ou
uma holding, ao passo que os pequenos investidores são proprietários do restante, muitas vezes milhões de ações. A
Petrobrás é um exemplo desse tipo de empresa sendo que o maior acionista é o governo. A expansão do mercado de
capitais é uma das marcas do capitalismo financeiro. É nas Bolsas de Valores que se negociam as ações de empresas de
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capital aberto. O mercado passou a ser dominado por grandes corporações através de diferentes formas de organizações
das indústrias e empresas.
Cartel - ocorre quando vários trustes, ou mesmo empresas de menor porte, fazem acordos entre si estabelecendo um preço
comum, dividindo os mercados potenciais e, portanto, inviabilizando a livre concorrência em determinado setor da economia.
Formam um oligopólio. Diferentemente do que acontece no truste, no cartel não há a perda de autonomia das empresas
envolvidas, nem tampouco participação acionária entre os participantes. O cartel é consequência de acordos entre empresas,
em geral grandes, com o intuito de compartilhar determinados setores da economia, controlar os preços dos produtos no
mercado e combinar preços em licitações públicas. Esses acordos abusivos entre empresas inibem a competição no setor
em que ocorrem - elevando o preço dos produtos e prejudicando os consumidores - e a concorrência em obras públicas -
elevando seu preço e prejudicando os contribuintes - cidadãos. Por isso na maioria dos países foram criadas leis que proíbem
a cartelização. No Brasil, a lei 12.529, de 30 de novembro de 2011, sobretudo em seu artigo 116, define esse abuso de
poder das empresas como crime contra a ordem econômica.
Holding - Empresas que são controladas por uma outra empresa. Tem como objetivo a manutenção da estabilidade da
empresa controladora, garantindo uma lucratividade média, já que pode haver rentabilidades diferentes em cada setor e,
consequentemente, em cada empresa do grupo. A Petrobras é uma Sociedade Anônima, isto é, uma companhia de capital
aberto cujas ações são negociadas em Bolsa de Valores. O governo brasileiro é seu principal acionista: em 2012 a União
Federal era proprietária de 50% das ações ordinárias. O conglomerado é composto de diversas empresas comandadas
diretamente pela holding Petrobras.
2.4.3 - Imperialismo
Foi nesse contexto do capitalismo que ocorreu a expansão imperialista europeia na África e na Ásia. As potências
imperialistas buscavam ampliar seus territórios, e os empresários, seus lucros na busca por matéria prima e mercado
consumidor. O capitalismo, desde sua origem na Europa, foi ampliando sua área de atuação no planeta. A expansão
imperialista disseminou o sistema para outras partes do mundo.
No Congresso de Berlin (1884-1885), as potências industriais europeias partilharam o continente africano entre elas.
Na Ásia, extensas áreas também foram partilhadas, como a Índia que passou a ser o território colonial britânico mais
importante.
A partilha imperialista estabelecida pelas potências industriais consolidou a divisão internacional do trabalho (DIT),
pela qual as colônias, sobretudo as africanas, especializaram-se em fornecer matérias-primas, especialmente minérios como
o ferro, chumbo e cobre, além de produtos de origem agrícola, como algodão, aos países que então se industrializavam e
exportavam produtos industrializados.
Essa divisão, inicialmente delineada no capitalismo comercial, consolidou-se na etapa do capitalismo industrial.
Assim, estruturou-se nas colônias uma economia complementar e subordinada à das potências imperialistas. No fim do
século XIX também emergiram potências industriais fora da Europa, com destaque para o Japão, na Ásia, e principalmente
os Estados Unidos, na América.
A expansão imperialista japonesa, como a europeia, foi marcada pela ocupação e anexação de territórios. Iniciou-se
com a tomada de Formosa (China), após a vitória na Guerra Sino-Japonesa (1894-1895), seguida pela ocupação da
península da Coreia (anexada em 1910) e da Manchúria (China), em 1931, entre outros territórios. O imperialismo norte-
americano sobre a América Latina foi um pouco diferente do europeu sobre a África e a Ásia e do japonês, também sobre a
Ásia.
Enquanto nas colônias africanas e asiáticas as potências imperialistas mantinham controle político e militar direto, os
norte-americanos exerciam controle indireto, patrocinando golpes de Estado, principalmente na América Central e no Caribe,
e apoiando a ascensão de ditadores nacionais, alinhados com os interesses dos EUA. As intervenções militares eram
localizadas e temporárias, como o controle exercido sobre Cuba (1899-1902) e em seguida as intervenções seguiram para
diversos países da região.
Com o fim da Segunda Guerra, já em 1945, agravou-se o processo de decadência das antigas potências europeias,
que já vinha ocorrendo desde o fim da Primeira Guerra Mundial. Aos poucos, elas foram perdendo seus domínios coloniais
na Ásia e na África e, com a destruição provocada pela Grande Guerra, as colônias conquistaram sua independência num
processo que ficou conhecido como descolonização.
Outra característica específica desse período foi o surgimento de duas formas de organização do trabalho conhecidas
como Taylorismo e Fordismo.
Taylorismo - foi a primeira e consistia basicamente em controlar os tempos e os movimentos dos trabalhadores e fracionar
as etapas do processo produtivo de forma que o operário desenvolvesse tarefas ultra especializadas e repetitivas com o
objetivo de aumentar a produtividade no interior das fábricas. Eram novos procedimentos organizacionais aplicados à
indústria. O criador dessa nova forma de trabalho o engenheiro americano Frederick W. Taylor desenvolveu essa teoria a
partir da observação dos trabalhadores nas indústrias e concluiu que para dinamizar a produção era necessário hierarquizar
e sistematizar o trabalhador, monitorar o tempo de trabalho e premiar os que realizam uma tarefa em menor tempo.
Fordismo - é conhecido como uma evolução nos procedimentos de Taylor. O industrial norte-americano Henry Ford inovou
os métodos de produção de Taylor ao introduzir esteiras rolantes na sua linha de montagem de automóveis: as peças
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chegavam até os operários que, parados, executavam sempre as mesmas tarefas referentes à produção de cada parte do
carro. O fordismo distingue-se do taylorismo por apresentar uma visão abrangente da economia, não fica restrito as
mudanças organizacionais no interior das fábricas. Ford percebeu que a produção em grande escala exigia consumo em
massa, o que pressupunha produtos mais baratos e salários mais altos para os trabalhadores. Com isso havia uma economia
em crescimento com salários em ascensão, trabalhadores consumindo, os empresários com grandes lucros e o estado
arrecadando mais impostos.
Contudo, a superprodução nas indústrias devido a linha de produção fordista gerou um grande estoque de produtos
que não estavam sendo absorvidos pelos consumidores. A consequência disso foi a Crise de 1929.
96
2.5.2 - Doutrina: Neoliberalismo
Doutrina que valoriza a redução da intervenção do estado na economia, baseia-se no liberalismo clássico e acrescenta
novas normas. Se desenvolveu desde o final dos anos 1930, mas só foi colocada em prática já no capitalismo informacional
com os EUA, sob a presidência de Ronald Reagan (1981-1988), e no Reino Unido, sob o governo da primeira-ministra
Margaret Thatcher (1979-1990). Na década de 1990, as políticas neoliberais se disseminaram para os países em
desenvolvimento através de organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial através do
Consenso de Washington que ocorreu em 1989 nos EUA. Nessa reunião os EUA “sugeriram” que os esses países
aderissem ao neoliberalismo.
Ao assumir a Presidência dos EUA, Ronald Reagan (Partido Republicano), em seu discurso de posse proferido em
20 de janeiro de 1981, afirmou: "Na atual crise, o governo não é a solução de nossos problemas; o governo é o
problema’’. Ele se referia à crise capitalista dos anos 1970, que evidenciava certo esgotamento das políticas keynesianas
e era agravada pelos choques do petróleo (elevação dos preços do barril em 1973 e 1979). O governo Reagan, baseado na
doutrina neoliberal, foi marcado por redução do papel regulador do Estado na economia, por cortes de impostos -
beneficiando especialmente os mais ricos -, supostamente para estimular o investimento e a produção, e por
imposição da doutrina neoliberal aos países em desenvolvimento, que estavam enormemente necessitados do apoio
do FMI para obterem novos empréstimos externos para minimizarem a crise na balança de pagamentos.
O Brasil, que aderiu a política neoliberal a partir da década de 1990, o Estado funciona como um fiscalizador e
regulador dos serviços prestados pelas empresas privatizadas, através de agências reguladoras. Por exemplo a ANAEL,
ANATEL, ANAC, ANTT entre outras. Houve uma grande quantidade de privatizações de empresas privadas para reduzir o
papel do estado na economia, além da flexibilização das leis trabalhistas com medidas que reduziram os direitos dos
trabalhadores através de novas relações de trabalho como a terceirização e contratos.
O neoliberalismo, no plano internacional, tinha o objetivo de reduzir as barreiras aos fluxos globais de mercadorias e
capitais (abertura econômica e financeira), o que beneficiou principalmente os países desenvolvidos e suas corporações
transnacionais.
Entretanto, alguns países emergentes, como a China, a Índia, os Tigres Asiáticos, o México e o Brasil, também se
beneficiaram ao receber muitos investimentos produtivos e ampliar sua participação no comércio mundial. Contudo, há entre
os emergentes, aqueles que continuam dependendo muito da exportação de produtos primários o que faz com que sua
balança comercial não seja favorável.
A ampliação dos fluxos de capitais, principalmente o financeiro, e a falta de controle estatal sobre o mercado -
sobretudo nos Estados Unidos, país de forte tradição liberal - acabou levando o capitalismo a uma grave crise econômica
em 2008/2009.
Conferência de Bandung
Em 1955, foi realizada em Bandung na Indonésia, uma conferência que reuniu as nações recém independentes da
Ásia e da África. Nesse encontro, o termo Terceiro Mundo passou a ser identificado como uma terceira via de
desenvolvimento, uma alternativa ao capitalismo norte-americano e ao socialismo soviético. Com isso a Conferência de
Bandung lançou as bases do movimento dos países não alinhados com a URSS e com os EUA.
O objetivo era estabelecer o futuro de uma nova força política global constituída de países do Terceiro Mundo, visando
a promoção da cooperação econômica e cultural afro-asiática, como forma de oposição ao que era considerado
colonialismo ou neocolonialismo, por parte dos Estados Unidos e da União Soviética.
Após a Segunda Guerra mundial, o fato de pertencer ao Terceiro Mundo tinha um significado geopolítico e
socioeconômico e expressava alguma identidade entre os países que pertenciam a esse grupo por isso da organização da
conferência. Essa conferência foi a primeira forma de união entre os países pobres em busca de fortalecimento de seus
interesses. Hoje, com alguns objetivos similares e funcionando de forma mais forte no cenário mundial existe os BRICS, o
G-20 o IBAS, organizações que estudaremos adiante.
Essa classificação do mundo é datada historicamente e pertence ao contexto da Guerra Fria. A regionalização
caracterizada pela divisão entre Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo foi amplamente utilizada durante a Guerra Fria, período
em que prevaleceu a rivalidade entre as duas superpotências EUA e URSS. Assim, embora eventualmente ainda seja usada,
essa classificação, atualmente não faz sentido empregar essas expressões por quê:
- No começo da década de 1990, com a extinção da União Soviética e o enfraquecimento do socialismo, o termo Segundo
Mundo tornou-se obsoleto, pois deixou de ser representativo como realidade político-econômica global. Ou seja, com o
com o fim da União Soviética e, portanto, da Guerra Fria, os países classificados como de segundo mundo deixaram de
existir.
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A partir de então, as preocupações mundiais voltaram-se muito mais para as desigualdades existentes entre os
diversos países no que diz respeito ao acesso às tecnologias, à distribuição de renda e ao nível de vida das populações.
Nesse contexto, foram mais utilizadas novas regionalizações, com o objetivo de expressar com mais exatidão a organização
do espaço mundial contemporâneo. Entre elas, cabe destacar a divisão do mundo em países desenvolvidos,
subdesenvolvidos e em desenvolvimento e a em países centrais, periféricos e emergentes.
Países subdesenvolvidos possuem um nível de industrialização muito baixo ou com economia baseada
predominantemente no setor primário (agropecuária e atividade extrativa), dependentes tecnológica e financeiramente dos
países ricos e cuja população, em sua maioria, apresenta baixo padrão de vida. As principais características desses países
são: baixo escolaridade e expectativa de vida, alto crescimento populacional, alta concentração de renda, dependente dos
países ricos, país exportador de produtos primários, a população rural é predominante, renda per capita baixa, PIB baixo e
voltado predominantemente para produtos primário, poucas multinacionais se instalam nesses países por causa da falta de
infraestrutura.
Países em desenvolvimento países que tem características dos países pobres e dos países ricos. Características que são
dos países pobres são: a população na maioria possuem péssimas condições de vida com muita desigualdade, corrupção e
pobreza, a escolaridade e expectativa de vida em transição, exporta tecnologia e matéria prima, crescimento da população
em transição( redução), alta concentração de renda, dependente dos países ricos, renda per capita em transição, PIB voltado
para produtos primários e o fato de ser nesses países que predomina a localização do processo produtivo das multinacionais.
Contudo esses países possuem reduzidas empresas que podem ser consideradas multinacionais. Já em relação as
características que são dos países ricos podemos mencionar a industrialização e o predomínio da população urbana.
Contudo a industrialização é resultado de investimentos externos, pois esses países não investem em desenvolvimento
tecnológico.
Os conceitos de desenvolvimento e de subdesenvolvimento passaram a ser usados com mais frequência a partir da
década de 1950, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) começou a divulgar periodicamente dados estatísticos
de diferentes nações do mundo, como taxa de mortalidade infantil, expectativa de vida, analfabetismo, crescimento do
Produto Interno Bruto (PIB) e renda per capita. Esses dados revelaram a existência de grandes contrastes entre as nações
desenvolvidas e as menos desenvolvidas economicamente: atualmente, sabe-se que cerca de 50,5% da população mundial
vive em países cuja renda per capita anual é igual ou inferior a mil dólares, o que caracteriza uma situação de
subdesenvolvimento; já uma parcela restrita da população do planeta vive em países considerados desenvolvidos, nos quais
a renda per capita anual é igualou superior a 30 mil dólares.
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3.5 - Países centrais, periféricos e emergentes
Nesse contexto, foram estabelecidas novas regionalizações, com o objetivo de expressar com mais exatidão a organização
do espaço mundial contemporâneo. Entre elas, cabe destacar os:
- Países ricos ou centrais - grupo formado pelas nações mais ricas e industrializadas (como Estados Unidos, Canadá,
Japão, Austrália, Nova Zelândia e países da União Europeia), que se encontram no centro do sistema capitalista, exercendo
forte domínio econômico e tecnológico sobre as nações mais pobres.
- Países pobres ou periféricos - grupo formado pelo restante das nações do mundo, que apresentam desenvolvimento
tecnológico e econômico menor, assim como forte dependência financeira em relação aos países ditos centrais,
estando, por isso, na periferia do sistema capitalista onde a maioria da população apresenta más condições de vida.
- Países emergentes grupo formado por países que se encontram em transição e com industrialização recente. Possui
características dos países ricos e características dos países pobres. Contudo o que predomina são as características dos
países pobres como desigualdade social elevada, carência dos serviços públicos, infraestrutura precária, exportação, em
sua maioria, de produtos primários. Dentre as características dos países ricos está a exportação de produtos
industrializados, apesar de predominar produtos primários, e população urbana.
4.1 - Do pós-guerra aos dias atuais (Da velha ordem à nova ordem mundial)
Para entender as transformações desse período é necessário estudar a ordem internacional, ou seja, o arranjo
geopolítico e econômico que regula as relações entre as nações do mundo nesse momento histórico que vai desde o fim da
Segunda Guerra até os dias de hoje.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial o mundo vem passando por importantes mudanças geopolíticas e
econômicas. Com o fim da Segunda Guerra Mundial teve início a Guerra Fria (1947-1991) período marcado pelo
antagonismo geopolítico-ideológico entre os Estados Unidos e a União Soviética, pela bipolarização de poder entre as duas
superpotências e pelo medo da eclosão de uma guerra nuclear. Para compreender esse período vamos entender a Segunda
Guerra Mundial.
104
Aliança militar Norte Americana - OTAN
A Otan, criada em 1949 e com sede em Bruxelas (Bélgica), para
defender a Europa Ocidental da ameaça soviética. Com a criação da
Otan, os EUA delimitaram sua zona de influência na Europa Ocidental
por meio da construção de uma série de bases militares e da
constituição de um gigantesco mercado de armamentos convencionais
e nucleares para seu complexo industrial-militar e também de seus
aliados.
A Otan foi uma criação norte-americana em represália ao
bloqueio, por terra, feito a Berlim Ocidental pelos soviéticos. Para furar
o bloqueio os aliados capitalistas abasteceram Berlim Ocidental pelo
ar, por meio de uma "ponte aérea", furando o bloqueio terrestre imposto
pela URSS, entre junho de 1948 e maio de 1949, foi uma reação à
implantação do marco, moeda que circulava na parte ocidental da
Alemanha. Depois de onze meses, o bloqueio foi suspenso, mas esse
acontecimento foi a primeira grave crise da Guerra Fria.
Outra consequência importante do bloqueio a Berlim feito pelos
soviéticos foi a criação da República Federal da Alemanha (RFA) ou
Alemanha Ocidental, em maio de 1949, nas zonas ocupadas pelos Estados Unidos, Reino Unido e França. A resposta
soviética veio em outubro daquele mesmo ano com a criação da República Democrática Alemã (RDA) ou Alemanha
Oriental em sua respectiva zona e ocupação.
Atualmente, entre as novas funções constam garantir a paz na Europa e dar apoio em intervenções internacionais,
como no Afeganistão. Ao ampliar sua atuação: fixou-se nas trocas militares de técnicas de segurança com a Europa, nas
intervenções de conflitos e até no combate ao narcotráfico.
Além disso, vem ganhando novos países-membros: em 1999 entraram na organização a Hungria, a Polônia e a
República Tcheca. Durante as negociações para a incorporação de países do Leste na organização, a Rússia posicionou-
se contra essa política expansionista, alegando que isso poria em risco a sua segurança, mas acabou aceitando-a em troca
de sua entrada no G-7, rebatizado de G-8. Finalmente, no início de 2002, com a criação do Conselho Otan-Rússia, esse
país passou a ser considerado um aliado estratégico, encerrando mais um capítulo da história da Guerra Fria. Em 2004,
mais sete países do antigo bloco oriental ingressaram na Otan, e, em 2009, mais dois, elevando para 28 o número de países-
membros. O ingresso de ex-integrantes do Pacto de Varsóvia demonstra como o mundo mudou do ponto de vista geopolítico
desde o fim da Guerra Fria.
105
4.1.5 - Aliança militar da URSS: Pacto de Varsóvia
Quando a Alemanha Ocidental ingressou na Otan, em 1955, a
resposta soviética veio com a criação de uma aliança militar sob seu
comando: o Pacto de Varsóvia. O Pacto de Varsóvia é uma aliança militar
assinada na capital da Polônia. A União Soviética delimitava, assim, sua
própria zona de influência e seu principal mercado de armas com a
Alemanha Oriental, o que consolidou a divisão da Europa pela "cortina de
ferro" [expressão criada em 1946 por Winston Churchill, então primeiro-
ministro inglês). Os países europeus orientais eram também conhecidos
como "países da cortina de ferro".
Com o fim da Guerra Fria, a importância das alianças militares tem
diminuído, e aquelas que não foram extintas sofreram reestruturação. A
mais importante delas, a OTAN, reduziu seu arsenal militar, ganhou mais
mobilidade, flexibilidade e novas atribuições.
Conferência de Bretton Woods - Nos últimos meses, antes do final da Segunda Guerra, norte-americanos e britânicos,
preocupados com a recuperação econômica de um mundo devastado pelo conflito bélico, convocaram a Conferência de
Bretton Woods, em 1944. Os representantes dos 44 países participantes temiam a ocorrência de uma crise econômica,
como a dos anos 1930, e lançaram um plano que visava garantir a reconstrução e a estabilidade da economia mundial após
o término da guerra. Nessa reunião, foi estabelecido um novo padrão monetário - o dólar-ouro, em substituição ao ouro,
padrão vigente até então. Apesar da participação de várias nações, incluindo a União Soviética e o Brasil, quem definia as
regras do plano eram os Estados Unidos e, em menor grau, o Reino Unido.
Durante a Conferência de Bretton Woods foram constituídos dois organismos que até hoje são muito atuantes no cenário
político, econômico e financeiro mundial:
- o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), a instituição mais conhecida do Banco Mundial, e
- o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Ambos com sede em Washington, capital dos EUA, já nasceram controladas pela potência hegemônica. Ao Bird
coube, inicialmente o financiamento da reconstrução dos países devastados pela guerra e, atualmente, o financiamento a
longo prazo de projetos visando o desenvolvimento dos países-membros (188 em 2012). Em 1960 foi criada a Associação
Internacional de Desenvolvimento (AID), que hoje concede empréstimos sem juros e assistência técnica aos 81 países
mais pobres do mundo (39 dos quais na África subsaariana).
A AID, o Bird e mais três instituições compõem o Grupo Banco Mundial. Originalmente chamado Banco Internacional
para Reconstrução e Desenvolvimento BIRD, atualmente é mais conhecido como Banco Mundial. A principal atividade do
Banco Mundial é fornecer empréstimos para os países em desenvolvimento em diversos programas de capital.
O que primeiro foi uma motivação para financiar a reconstrução dos países mais prejudicados pela segunda guerra,
quando era mais conhecido como BIRD, com o passar do tempo, se tornou uma possibilidade para dar espaço aos países
mais desfavorecidos em cooperação ao desenvolvimento da sua economia e capacidade produtiva com a constituição do
AID. Através das suas iniciativas como o AID, o Banco Mundial executa programas de redução da pobreza nas regiões mais
críticas a nível mundial, dá apoio a programas de capital, promove iniciativas no âmbito da melhora do meio ambiente
apoiando soluções inovadoras, entre outras.
O Banco Mundial oferece empréstimos para dar impulso a diversas iniciativas destinadas a projetos de melhoria em
áreas como saúde, energia, saneamento, infraestrutura e, a partir deste século, mitigação dos impactos no meio ambiente,
decorrentes dos projetos socioeconômicos.
O FMI foi criado para zelar pela estabilidade financeira mundial através de duas atribuições básicas: garantir
empréstimos aos países que tenham dificuldade para fechar seu balanço de pagamentos e assegurar a estabilidade nas
taxas de câmbio, sempre tendo o dólar como padrão de referência.
Constituído no ano 1944, o Fundo Monetário Internacional é a organização encarregada do controle e monitoramento
do sistema financeiro mundial através da regulação de taxa cambial e balança de pagamentos dos países membros,
prestando assistência técnica e financeira nos casos que for necessário. Objetiva evitar acontecimentos críticos se repetirem,
como a crise do ano 1929 nos Estados Unidos. O FMI concede empréstimos a países credenciados com problemas
financeiros e estabelece rigorosas regras que os países deverão cumprir para atingir as metas impostas pelo organismo.
Conferência Econômica de Havana - Para complementar as medidas econômicas idealizadas em Bretton Woods, foi
constituído, em 1947, na Conferência Econômica de Havana, o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt, do inglês
General Agreement on Tariffs and Trade). Com sede em Genebra (Suíça), seu objetivo principal era combater medidas
protecionistas e estimular o comércio mundial. O Gatt, assim como o Bird e o FMI, sempre atuou em cooperação com a
ONU. Desde 1995, quando passou a denominar-se Organização Mundial do Comércio (OMC), tem procurado aumentar
106
sua influência nas questões comerciais mundiais. Durante o GATT foram realizadas sete rodadas de negociações para
estimular o comércio entre seus países membros. Quando se diz estimular o comércio entre os países significa reduzir ou
acabar com as tarifas alfandegárias e estimular o livre comércio, acabar com medidas conhecidas como dumping, reduzir
a presença de medidas não tarifárias como as restrições impostas a produtos através de requisitos sanitários, ambiental e
trabalhistas e hoje se discute muito dos subsídios agrícolas.
As 5 primeiras foram para discutir a redução das tarifas: 1ª Rodada de Genebra em 1947, 2º Rodada Annecy em 1949,
3º Rodada Torquay em 1951, 4º Rodada Genebra em 1956 e a 5º Rodada Dillon em 1960/1961. A sexta Rodada Kennedy
e a sétima Rodada Tóquio além de permanecerem discutindo formas de diminuir as tarifas começou a discutir também
medidas antidumping.
A sétima rodada é tida como a mais importante por ter ampliado ainda mais as discussões e incluído medidas não
protecionistas aos produtos agrícolas, têxtil, serviços. Até então as rodadas se limitavam a privilegiar a liberdade comercial
de produtos industriais, ou seja, produtos dominados pelos países ricos.
A oitava rodada recebeu o nome de Rodada Uruguai, durou até 1994 e foi quando o GATT passou a denominar-se
Organização Mundial do Comércio (OMC). O GATT era apenas um conjunto de acordos, no que se transformou, em OMC
passou a ter o mesmo status do BIRD e do FMI. Por isso teve mais força para fiscalizar o comércio mundial e fortalecer o
multilateralismo.
ONU - A Organização das Nações Unidas foi criada ao final da Segunda Guerra Mundial com o objetivo de preservar a
paz e a segurança no mundo, além de promover a cooperação internacional para resolver questões econômicas, sociais,
culturais e humanitárias. O principal objetivo era evitar a eclosão de uma nova guerra. Sediada em Nova York, a ONU
substituiu a Liga das Nações, criada após a Primeira Guerra.
Em 1945, representantes de 51 países, reunidos na Conferência de São Francisco (Estados Unidos), aprovaram uma
Carta de Princípios que deveria orientar as ações da entidade no mundo após a Segunda Guerra. Contudo, durante a Guerra
Fria, num mundo bipolar, a ONU tinha sua capacidade de ação bastante limitada, pois suas decisões ora contrariavam
interesses norte-americanos, ora soviéticos. O lado que se sentia prejudicado vetava a resolução que lhe contrariasse.
A ONU e sua organização - Atualmente, a ONU conta com diversas agências e vários órgãos, dos quais os mais
importantes são a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança (CS).
A Assembleia Geral congrega as delegações dos países membros (193 em 2012). Faz uma reunião por ano (pode haver,
entretanto, sessões de emergência), mas não decide sobre questões de segurança e cooperação internacional, limitando-
se a fazer recomendações.
O Conselho de Segurança é o órgão de maior poder da ONU. É composto de delegados de quinze países-membros,
dos quais cinco são permanentes e dez eleitos a cada dois anos. O poder desse órgão está concentrado nas mãos dos cinco
membros permanentes, que têm poder de veto: qualquer decisão só é posta em prática se houver consenso entre Estados
Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia (que substituiu a extinta União Soviética).
O CS pode investigar disputas e conflitos internacionais ou no interior de um país, propor soluções visando a acordos
de paz e adotar sanções que vão desde o corte das comunicações ou das relações diplomáticas até o bloqueio econômico.
Em último caso, pode autorizar o uso da força militar, como ocorreu em intervenções na Somália (1993), na Guerra de
Kosovo (1999) e na ocupação do Afeganistão (2001), todas sob a liderança dos Estados Unidos.
A alocação das forças de paz da ONU, como a Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah),
enviadas àquele país em 2004, sob o comando do Brasil, também passa por aprovação do CS.
A ONU e sua força de decisão ameaçada - Um episódio que pôs a ONU em xeque: na guerra contra o Iraque (2003),
os Estados Unidos, com apoio solitário do Reino Unido, optaram por invadir o território iraquiano sem a autorização do CS,
com o intuito de derrubar o ditador Saddam Hussein (ele foi condenado à morte e executado em 2006). Sabendo que não
teria o apoio necessário dos membros do CS, o governo norte-americano, sob a Presidência de George W Bush (2001-
2009), resolveu apostar no unilateralismo e ignorou o órgão. Tal atitude desgastou a ONU e, por extensão, o
multilateralismo construído desde sua criação, porque fez com que a ONU perdesse a prerrogativa de decidir sobre
intervenções militares. O fato de a ONU estar sediada em Nova York é uma das evidências da influência que os Estados
Unidos tinham quando ela foi criada.
Conselho de segurança da ONU na atualidade - O Conselho de Segurança da ONU continua sendo o órgão mais
importante da ONU. Contudo a sua composição não expressa a correlação de forças do mundo atual, e sim a de quando a
ONU foi criada, resultante do desfecho da Segunda Guerra. Por isso, em 2004, o Brasil, a Alemanha, o Japão e a Índia
formaram um grupo para tentar acelerar sua reforma. Em 2005 esse grupo apresentou à Assembleia Geral um projeto que
previa a expansão do número de membros permanentes. Diante da falta de consenso, o projeto não foi acatado, mas o Brasil
não desistiu de seu propósito. Por ser o maior da América Latina em termos territorial, populacional e econômico, o país é
um candidato natural a uma vaga permanente caso o CS seja ampliado. O governo brasileiro tem feito articulações
diplomáticas no sentido de conquistar um assento permanente no Conselho de segurança. É importante um Conselho mais
representativo e democrático que contemple uma expansão dos assentos permanentes e não permanentes, com países em
desenvolvimento da África, da Ásia e da América Latina. É inaceitável a perpetuação de desequilíbrios contrários ao espírito
do multilateralismo.
Portanto, mesmo os EUA, que têm procurado se manter neutros nesse debate, e os outros membros permanentes
vierem a concordar em ampliar o CS, os postulantes ainda enfrentarão problemas, já que a entrada no CS depende da
aprovação de dois terços dos Estados-membros da ONU.
107
Na América Latina, o México e possivelmente a Argentina, apesar da parceria no Mercosul, poderiam questionar a
entrada do Brasil. Na África, também há outros pretendentes, como o Egito e a Nigéria, que podem concorrer com a África
do Sul. Na Ásia o conflito indo-paquistanês poderia se acirrar porque o Paquistão não se conformaria com a entrada da Índia,
seu inimigo histórico. Ainda na Ásia, a China tende a vetar a entrada do Japão por não querer vê-lo fortalecido política e
militarmente na região. Na Europa a situação da Alemanha não é confortável porque os italianos também são pretendentes
a uma vaga no Conselho e não querem ser preteridos. Cada pretendente terá de angariar o máximo de apoios para conseguir
seu objetivo, principalmente na região em que se localiza. O Brasil já obteve apoio de quase todos os membros permanentes
do CS, com exceção dos EUA, que até 2012 não tinham se posicionado. O apoio da China e da Rússia foi formalizado no
primeiro encontro do Brics.
Da OECE a OCDE - Para administrar e distribuir os recursos do Plano Marshall, em 1948 foi constituída a Organização
Europeia de Cooperação Econômica (Oece). Entre 1948 e 1952 foram transferidos recursos da ordem de US$13 bilhões
a dezoito países europeus ocidentais. Os principais beneficiados pelo programa de recuperação foram: Reino Unido (24%),
França (20%), Alemanha Ocidental (11%) e Itália (10%). Grande parte desse dinheiro foi usada para comprar máquinas e
equipamentos, matérias-primas, fertilizantes e alimentos, entre outros bens, que ajudaram a recuperar a economia europeia,
mas também a estimular a indústria e a agricultura norte-americanas. A maioria dos produtos era adquirida dos Estados
Unidos porque parte desse dinheiro era doação, vinculada à compra de produtos de empresas do país, e outra parte era
empréstimo.
OCDE - Em 1961 a OECE passou a se chamar Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),
porque nações não europeias foram admitidas e novos objetivos foram traçados. Os novos países não europeus
desenvolvidos admitidos foram: Japão (1964), Finlândia (1969), Austrália (1971) e Nova Zelândia (1973). Está sediada em
Paris e seus fundadores foram os 18 países beneficiados pelo plano Marshal mais os EUA e o Canadá. Durante décadas a
OCDE foi conhecida como o "clube dos ricos", congregando alguns' dos países mais ricos e industrializados do mundo.
De acordo com a Convenção assinada pelos vinte países fundadores, seus objetivos são:
- alcançar um crescimento econômico vigoroso e sustentável, gerando empregos e melhorando o padrão de vida da
população dos países-membros, enquanto mantém a estabilidade financeira;
- contribuir para a expansão econômica sustentada dos países-membros e não membros e para o desenvolvimento da
economia mundial e
- contribuir para a expansão do comércio mundial com base em acordos multilaterais.
OCDE na atualidade - A partir da década de 1990, com a entrada de México, República Tcheca, Hungria, Polônia, Coreia
do Sul, Eslováquia, Chile, Eslovênia, Estônia e Israel, a OCDE não é mais composta apenas de países desenvolvidos, como
no início. Entre os 34 países que hoje compõem a organização há economias emergentes e países do antigo bloco socialista.
Em contrapartida, Brasil e China, por exemplo, ainda não fazem parte da OCDE, apesar de maiores e mais
industrializados do que muitos membros da organização. Desde 1998 o Brasil vem mantendo um programa de cooperação
com a OCDE em diversas áreas. Por exemplo, tem participado do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na
sigla em inglês). Em maio de 2007, o Conselho de Ministros da OCDE adotou uma resolução que iniciou tentativas com o
governo brasileiro visando à sua entrada na organização. Negociações semelhantes foram iniciadas com os governos da
Rússia, China, Índia, Indonésia e África do Sul. Portanto, há forte tendência de a OCDE ampliar o número de seus membros.
OMC - começou a funcionar em 1995 e em 2008 eram 153 membros. A China entrou em 2001. A função dela é servir de
conciliadora em relação a problemas ligados ao comércio mundial. Quando um país se sente prejudicado no comércio
internacional tem o direito de apresentar a OMC um pedido de sanção contra esta nação que está transgredindo as regras
da organização. Cabe o OMC chegar a uma decisão consensual.
Liderada pela OMC aconteceram 4 rodadas chamadas de Conferências Ministeriais da OMC. A primeira em 1996
foi em Cingapura, a segunda em 1998 em Genebra, a terceira em Seattle no EUA, a quarta em 2001 em Doha no Catar e a
quinta em 2003 em Cancún. Nessas reuniões lideradas pela OMC as discussões tinham como objetivo conquistar a total
liberalização do comércio mundial. Contudo, há divergências de interesses entre os países emergentes e os países centrais.
Os países centrais se recusam a diminuir os subsídios agrícolas na sua agricultura e essa política protecionista prejudica os
países emergentes e periféricos.
Foi nesse contexto que foi criado o G-20 comercial que é uma união entre países emergentes (em desenvolvimento)
para pressionar os países ricos a abolir as políticas protecionistas. Mesmo com a articulação desses países emergentes que
tem grande legitimidade por sua capacidade de traduzir os interesses dos países emergentes em propostas concretas e
consistentes a intransigência dos países ricos faz com que o impasse permaneça até os dias de hoje.
Países que permaneceram socialistas pós Guerra Fria: Cuba e Coreia do Norte
Cuba - os EUA mantêm um embargo econômico a Cuba desde 1962, ano em que o país caribenho foi expulso da OEA. O embargo e a
expulsão se deram em retaliação ao alinhamento de Cuba com a URSS, após a vitória da revolução de 1959, sob o comando de Fidel
Castro, que depôs o ditador Fulgêncio Batista, então aliado dos EUA. Em 2012, Fidel Castro ainda continuava no poder, mas o Poder
Executivo era exercido efetivamente por seu irmão, Raul Castro. Apesar de algumas concessões do regime, como a permissão de viagens
de cidadãos cubanos ao exterior, o embargo norte-americano vem sofrendo uma redução gradual.
Com o fim do mundo bipolar da Guerra Fria, a tendência era que a ordem internacional fosse multipolar porque o
Japão e a Alemanha se recuperaram da destruição sofrida na Segunda Guerra e despontaram como potências econômicas
e tecnológicas.
A recuperação japonesa foi tão consistente que nos anos 1980 muitos analistas creditavam que o país alcançaria os
EUA e talvez até se transformasse na maior potência econômica do mundo. Paralelamente a isso, a Alemanha e a França
lideraram a formação da União Europeia (integração iniciada na década de 1950, com o objetivo principal de recuperar e
fortalecer as economias de seus membros). Entretanto, com o passar do tempo nenhum deles se mostrou à altura de
desafiar a hegemonia norte-americana e consolidar um mundo multipolar. O mundo multipolar só começou a se consolidar
no século XXI, 10 anos após o fim da Guerra Fria.
A Ordem Multipolar - com a eleição do democrata Barack Obama, em 2008 (assumiu em janeiro de 2009), em grande parte
ajudado pela crise de 2008, houve uma importante mudança de rumo na política externa norte-americana. Com o novo
governo, os EUA abandonaram o unilateralismo da Doutrina Bush e vêm apostando no multilateralismo, que representa
a valorização da negociação e do diálogo, até mesmo com países antes inseridos no chamado eixo do mal. Também se
reaproximaram de tradicionais aliados, como a França e a Alemanha, cujas relações estavam estremecidas desde a
intervenção no Iraque, ação que esses países não apoiaram. Com a reeleição de Obama, em novembro de 2012, para mais
um mandato de quatro anos, essa política externa teve continuidade.
A tese da unipolaridade foi totalmente superada diante de vários motivos entre eles: a nova postura política e
econômica norte-americana, o fortalecimento econômico da China, considerada à segunda economia mundial (em 2010) e
principal credora dos EUA, à emergência do G-20 financeiro e comercial e do grupo conhecido como Brics. Outro importante
indicador das mudanças na correlação de poder econômico entre as potências atuais é o fato de os Estados Unidos serem
o país mais endividado do mundo e ser justamente a China seu maior credor, superando recentemente o Japão.
Embora os Estados Unidos continuem com mais poder do que os outros países, as relações entre as potências
consolidadas e emergentes caminham para uma situação de maior equilíbrio, de maior simetria e até mesmo de maior
interdependência; enfim, para um mundo multipolar. Previsões são sempre sujeitas à prova de realidade, mas apontam
um cenário de mudanças na correlação de forças em futuro próximo, indicando a emergência de novas potências no mundo.
Mundo multipolar: novas potências - Vários governos de países em desenvolvimento têm se empenhado no
aprofundamento da cooperação entre si e na busca por um mundo mais representativo. Segundo alguns especialistas, essa
cooperação é denominada cooperação Sul-Sul. Com isso visam aumentar a aproximação tecnológica e econômica entre
eles e o poder de negociação com os países desenvolvidos - muitas vezes chamados de países do Norte. Abaixo veremos
grupos que realizam fóruns de discussão para aumentar o poder político e ter maior participação e decisão no cenário
mundial.
Os principais grupos são: BRICS, IBAS e o G20. Todos esses grupos
são compostos na maioria por países emergentes ou periféricos o que
demonstra uma maior organização desses países para lutarem por maior
participação política e decidirem seus destinos.
O grupo Brics não é um bloco econômico, não é uma aliança política nem
militar. Brics é um acrônimo que define um grupo formado por cinco importantes
países emergentes no cenário internacional - Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul (que se juntou ao grupo em 2011). Esse grupo começa a se
destacar no cenário mundial por causa de coleta de dados feita por
especialistas que previram que esses quatro países estarão entre as seis
maiores potências econômicas do mundo em 2050. Os dados coletados que mostram um futuro promissor foram: tamanho
do PlB, taxa de crescimento econômico, renda per capita; tamanho da população, participação no consumo global e
movimentação financeira. O Brasil e Rússia possuem abundância de recursos naturais, enquanto China e Índia, de mão de
obra mercado consumidor é isso que lhes dá esse potencial de crescimento.
Os países do Brics, principalmente a China, são os que têm maior potencial para ocupar uma vaga entre as grandes
potências de um mundo multipolar em construção. Dois membros do Brics - Brasil e Rússia estão entre os maiores
compradores de títulos públicos do governo norte-americano e consequentemente passa a ser credores o que significa uma
interdependência.
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Fóruns de discussões do BRICS - Há, contudo, apesar de muitas diferenças internas, pontos em comum e interesses
convergentes entre seus membros, e por isso esse grupo acabou realizando fórum de discussões.
Em 16 de junho de 2009, aconteceu na Rússia a primeira reunião dos chefes de Estado e de governo dos quatro países do
grupo (antes do ingresso da África do Sul, que só viria a ocorrer em 2011), e desde então eles se reuniram outras vezes.
O objetivo deles é, antes de tudo:
a) mostrar unidade diante das potências já estabelecidas,
b) discutir estratégias para terem maior participação nas decisões políticas e econômicas que afetam o mundo e
c) obter maior projeção internacional.
Durante a III Cúpula do Bric, realizada em Sanya (China) em 2011, a África do Sul foi convidada a fazer parte do
grupo, que assim ganhou o "S" de South Africa. Apesar de ser a maior economia africana, a África do Sul tem um PlB
pequeno comparado aos outros quatro. No entanto, tem um peso político importante como representante desse continente.
IBAS - O Fórum de Diálogo da Índia-Brasil-África do Sul (IBAS) reúne três grandes sociedades pluralistas, multiculturais e
multirraciais de três continentes, isto é, Ásia, América do Sul e África, como um agrupamento puramente Sul-Sul de países
com ideais compartilhados e comprometidos com o desenvolvimento sustentável inclusivo, na busca de bem-estar para seus
povos. O que tem de comum entre essas nações que realizam o fórum esta: são potências intermediarias, com forte
influência nas regionais, democracias consolidadas e economias em ascensão. Os problemas em comum são a alta
desigualdade interna o que permite encontrar soluções juntas já que possuem o mesmo desafio.
O grupo tem como objetivo reformas nos mecanismos de tomada de decisões em nível global como exemplo: reforma
no Conselho de Segurança das Nações Unidas e são contra os subsídios dos países ricos aos produtos agrícolas locais. Ou
seja, buscam em suas reuniões estratégias de conseguirem uma ordem multipolar com maior atenção as opiniões dos países
emergentes. O grupo busca atuar de forma coordenada nos fóruns internacionais para aumentar o poder de negociação de
seus membros e, como candidatos a membro permanente do CS da ONU, defendem a reforma desse órgão.
111
G 20 comercial - Outro exemplo do fortalecimento dos países em
desenvolvimento ocorreu na 5ª Conferência Ministerial da OMC,
realizada em Cancún (México), em setembro de 2003. Nela foi
constituído, mais uma vez sob a iniciativa da diplomacia brasileira e
dos aliados do IBAS, um grupo de países que ficou conhecido como
G-20 (Grupo dos 20) comercial. O G-20 comercial busca defender os
interesses dos países em desenvolvimento nas negociações
comerciais com os países desenvolvidos - outro exemplo de
cooperação Sul-Sul. O objetivo é pressionar os países ricos a reverem
suas medidas protecionistas no setor agrícola.
O G-20 comercial (do qual faziam parte, em 2012, 23 membros)
é composto apenas de países em desenvolvimento: doze da América
Latina, seis da Ásia e cinco da África a Rússia não faz parte do grupo.
Representam 60 % dos habitantes do planeta e 70% de sua população
rural. São responsáveis por 26% das exportações agrícolas. Seu principal objetivo é pressionar os países desenvolvidos a
reduzirem os subsídios no setor agrícola. Esses subsídios são responsáveis pela menor exportação de produtos dos países
pobres para os países ricos.
G-7/G-8 X G-20 - Ainda no período da Guerra Fria, além das organizações econômicas criadas em Bretton Woods e em
Havana, os países mais ricos constituíram um fórum de debates sobre a conjuntura econômica e política mundial, conhecido
durante muito tempo como G-7. Esse grupo é composto por países ricos que organizavam a política econômica de acordo
com seus interesses muitas vezes não levando em consideração os países emergentes e periféricos. Por se caracterizar
como um fórum, o grupo não tem uma sede fixa, e a cada ano o encontro acontece num país-membro, quando são debatidas
as questões mundiais de interesse do grupo.
O G-7 (Grupo dos 7) teve sua origem em um encontro realizado em 1975, no qual se reuniram representantes das
principais potências capitalistas da época: França (o país anfitrião), Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Itália e Japão.
Nasceu, portanto, como G-6.
Em 1977, o Canadá passou a fazer parte do grupo, que se transformou em G-7. Durante anos esse fórum aglutinou
as sete maiores economias do mundo.
Em 1997, num encontro realizado em Denver (Estados Unidos), a Rússia foi admitida como membro do grupo, que
passou a ser chamado de G-8. A entrada da Rússia no grupo dos países mais ricos do mundo é contraditória porque o país
é classificado como emergente. Mas como durante as negociações para a incorporação de países do Leste na OTAN a
Rússia posicionou-se contra, alegando que isso poria em risco a sua segurança, o Grupo do G 7 ofereceu a participação da
Rússia no grupo. A Rússia acabou concordando com a entrada de países do leste europeu na OTAN em troca de sua
entrada no G-7, rebatizado de G-8.
O G-8 está descaracterizado porque não reúne mais as maiores economias do planeta e o cenário econômico mundial
está muito mais complexo do que na época em que foi criado. O grupo não dispõe mais de condições para continuar a ser
o diretor da economia mundial. Muitas de suas atribuições foram transferidas para o G20 financeiro que congrega países
emergentes países centrais na busca do fortalecimento da economia mundial, proporcionando uma estabilidade financeira
no mercado global, garantindo um futuro sustentado para todos os países. Diante disso os emergentes adquiriram um peso
maior nas decisões mundiais.
113
Existem ainda outras formas de classificação das indústrias, como sugere o texto a seguir.
Tipos de indústrias
Segundo a função:
a) indústrias germinativas – são as que geram o aparecimento de outras indústrias. Exemplo: a petroquímica.
b) indústrias de ponta – são as indústrias dinâmicas, que comandam a produção industrial. Exemplo: as indústrias química
e automobilística.
Segundo a tecnologia:
a) indústrias tradicionais – são as que estão ainda ligadas às vantagens oriundas da primeira “revolução” industrial. podem
ser empresas familiares (empresas “clânicas”) e denunciam sua presença pelos seus aspectos internos e externos e por
sua localização. Há empresas brasileiras que são ainda deste tipo.
b) indústrias dinâmicas – são aquelas ligadas ao desenvolvimento recente da química, eletrônica e petroquímica,
principalmente.
Utilizam muito capital e tecnologia e relativamente pouca força de trabalho, possuem uma flexibilidade maior de localização
do que as anteriores e operam em economia de escala.
Segundo a aplicação dos recursos ou fatores:
a) indústrias capitais intensivas – as que aplicam os maiores recursos nos fatores capital e tecnologia.
b) indústrias trabalho intensivas – as que empregam os maiores recursos em força de trabalho.
Os fatores locacionais - são as diversas vantagens que determinado lugar pode oferecer para atrair a instalação de
indústrias. No momento de optar por uma localidade para instalar uma indústria, os empresários levam em consideração os
fatores mais importantes para aumentar a taxa de lucro de seu investimento. Os principais fatores locacionais que atraem
indústrias, de modo geral, são:
• matérias-primas: minerais e agropecuárias;
• energia: petróleo, gás, eletricidade etc.;
• mão de obra: pouco qualificada (baixa remuneração) ou muito qualificada (alta remuneração);
• tecnologia: parques tecnológicos, incubadoras, universidades, centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D);
• mercado consumidor: relacionado à quantidade de pessoas e disponibilidade de renda;
• logística: disponibilidade e custos competitivos de transporte e armazenagem;
• rede de telecomunicações: telefonia fixa e móvel, internet etc.;
• complementaridade: proximidade de indústrias afins;
• incentivos fiscais: redução ou isenção de impostos concedida pelo Estado nas três esferas de poder.
Durante a Primeira Revolução Industrial, do final do século XVIII até meados do século XIX, como o carvão era a fonte
115
de energia usada para movimentar as máquinas, e a precariedade dos meios de transporte dificultava seu deslocamento por
longas distâncias, as jazidas de carvão mineral eram um dos fatores mais importantes para a localização das fábricas. Daí
ter ocorrido uma intensa industrialização em torno das principais bacias carboníferas britânicas, alemãs, francesas e norte-
americanas, para citar os exemplos mais relevantes. Com a Segunda Revolução Industrial, na última metade do século XIX,
e a utilização de outras fontes de energia, como o petróleo e a eletricidade, houve modernização dos meios de transporte
de cargas e passageiros, e a proximidade das jazidas de carvão foi cada vez mais perdendo importância como fator
locacional das fábricas.
Os derivados de petróleo, além de serem fonte de energia, constituem matéria-prima essencial na fabricação de
diversos produtos, como plásticos, borrachas, tecidos sintéticos, fertilizantes, tintas, cosméticos etc. Um dos setores que
mais cresceu desde a descoberta dessa nova fonte de energia e matéria-prima foi a indústria petroquímica. Implantadas nas
primeiras décadas do século XX, nessa época as petroquímicas se concentravam perto das reservas de petróleo, mas a
construção de oleodutos e de grandes navios petroleiros levou à sua dispersão espacial.
É importante destacar que os custos com transporte são um dos principais fatores locacionais para as indústrias
pesadas. Por exemplo, a maioria das refinarias de petróleo se localiza próxima aos grandes centros consumidores de seus
produtos, o que nem sempre coincide com as áreas de extração, porque é mais barato transportar o petróleo bruto que seus
derivados – gasolina, nafta, querosene e outros derivados ocupam volume maior que o petróleo bruto, demandando maior
custo de transporte.
Em contrapartida, a proximidade das jazidas de minérios, como ferro, manganês etc., constituem um dos principais
fatores para a localização das indústrias siderúrgicas, como as do Quadrilátero Ferrífero (Minas Gerais), porque é mais
barato transportar as chapas de aço do que o minério bruto.
Como vimos, nas últimas décadas, um fator determinante para a localização de qualquer tipo de indústria é a existência
de uma boa logística de transportes e armazenagem que possibilite o recebimento de matérias-primas e o escoamento das
mercadorias produzidas a custos competitivos. Por isso, muitos centros industriais importantes desenvolveram-se próximos
a portos marítimos ou fluviais ou ainda em entroncamentos rodoviários ou ferroviários. Centros industriais mais modernos –
que produzem bens de alto valor agregado, como os da área de informática – tendem a se localizar perto de aeroportos.
Com a mobilidade do capital e das mercadorias pelo mundo, a logística ganha importância determinante na alocação dos
investimentos produtivos no espaço geográfico.
Com o desenvolvimento tecnológico e o consequente barateamento dos transportes, as indústrias, mesmo as que
utilizam muita matéria-prima, já não precisam se localizar perto das reservas. O Japão, por exemplo, grande produtor de
aço, importa todo o minério de ferro e o carvão utilizados em suas indústrias; o Canadá, grande produtor de alumínio, importa
toda a alumina (óxido de alumínio, resultante do primeiro processamento da bauxita) necessária à sua produção. Tanto as
indústrias siderúrgicas japonesas como as metalúrgicas canadenses localizam-se em áreas onde os navios carregados de
minérios podem atracar. O Japão, contudo, não é grande produtor de alumínio, porque o que mais conta no funcionamento
dessa indústria é a energia elétrica, da qual o Canadá, por sua vez, é grande produtor. A produção de alumínio a partir da
alumina consome muita energia e tende a se localizar em países que têm grande disponibilidade de energia hidrelétrica,
caso do Canadá e também do Brasil.
Antigamente, a disponibilidade de mão de obra e a proximidade do mercado consumidor eram fatores fundamentais
para a localização de muitas indústrias, sobretudo as de bens de consumo, como eletrodomésticos, alimentos e roupas. É
por isso que o fenômeno industrial esteve inicialmente ligado às concentrações urbanas, particularmente às grandes cidades,
como Londres, Paris, Nova York, Tóquio, Munique, São Paulo, Cidade do México e Seul.
Muitas vezes, a instalação de uma indústria ou de um distrito industrial promove o crescimento das cidades em seu
entorno, enquanto em outros casos as cidades atraem indústrias, que por sua vez promovem seu crescimento e as
transformam em polos de atração de novos estabelecimentos industriais. Vê-se, portanto, que as cidades e as indústrias se
influenciaram de maneira recíproca. Isso ocorreu principalmente até meados do século XX, mas já faz tempo que as
indústrias têm saído das grandes cidades.
Além desses fatores, há outro que, cada vez mais, vem ganhando importância na hora da decisão sobre onde
implantar uma nova fábrica: os incentivos fiscais. Interessadas em atrair novas fábricas, diversas esferas de governo
concedem isenções de impostos às empresas que pretendem se instalar em seus territórios. Em geral fazem essas
concessões a indústrias que têm efeito multiplicador, isto é, que atraem outras fábricas que, por sua vez, não terão incentivos,
o que em geral compensa a isenção concedida. Por exemplo, o governo de um estado concede incentivos fiscais para atrair
uma indústria automobilística – como fez o governo da Bahia com a Ford, cuja fábrica foi inaugurada em 2001, no município
de Camaçari –, que atrai várias indústrias de autopeças para seu entorno. Porém, os incentivos fiscais têm de complementar
outros fatores locacionais; isoladamente não conseguem atrair indústrias.
É comum também a cessão de terrenos para a instalação de unidades produtivas, muitas vezes até mesmo com a
infraestrutura básica já implantada. Em qualquer país, quando uma grande empresa anuncia o projeto de uma nova fábrica,
começa uma “guerra” fiscal entre suas unidades políticas internas (estados, províncias, departamentos etc.) e entre
municípios com o objetivo de atraí-la, para aumentar a geração de empregos e a arrecadação de impostos, entre muitos
outros benefícios.
A Revolução Industrial divide a história das civilizações em duas épocas nitidamente diferentes. Antes dela, a
economia repousava sobre uma base técnica que evoluía apenas muito lentamente. Depois dela, a transformação
tecnológica transformou-se no fundamento da vida econômica. Do ponto de vista social e cultural, as civilizações pré-
industriais norteavam-se pela tradição, enquanto a civilização industrial orienta-se pela mudança.
A economia industrial desenvolve-se, desde o nascimento das primeiras fábricas, através de ciclos longos que
começam com uma fase de rápido crescimento e acumulação de capital, atravessam uma fase de estabilização e, em
seguida, conhecem uma fase descendente caracterizada pela redução do crescimento e dos lucros empresariais. O
economista russo Nikolai Krondatieff, pesquisando na década de 1920 as estatísticas de produção industrial, consumo,
preços, juros e salários da Grã-Bretanha, Estados Unidos e França, foi o primeiro a registrar esses ciclos longos. Mais tarde,
o economista austríaco Joseph Schumpeter estudou-os em profundidade, conseguindo associá-los à marcha da inovação
tecnológica.
A fase inicial de cada onda de inovação é a época de ouro dos empreendedores. Adaptando pioneiramente as
novidades tecnológicas à produção, empreendedores ousados conquistam vastos mercados. Quase do nada, surgem
empresas de grande porte, que se tornam símbolos do seu tempo. Enquanto isso, grandes empresas baseadas em padrões
tecnológicos superados entram em crise e acabam se reformulando ou simplesmente desaparecem. É na fase inicial que
ocorre a "destruição criadora". Quando a onda de inovação atinge a fase de estabilização, as novidades tecnológicas
consistem em aperfeiçoamentos do padrão tecnológico estabelecido. Essa é a época de ouro das grandes empresas, que
dominam mercados já plenamente configurados. Os pequenos empreendedores, que não dispõem de recursos financeiros
vultosos, são incapazes de concorrer com as grandes empresas. Frequentemente, seus empreendimentos e suas inovações
são incorporados pelas empresas dominantes. Outras vezes, tecnologias melhores são rejeitadas, pois um padrão menos
eficiente adquiriu aceitação geral.
118
Na fase descendente da onda de inovação, os mercados estão saturados. A economia registra superprodução.
Inúmeras empresas revelam-se incapazes de sustentar a concorrência, cada vez mais feroz, e são incorporadas por
conglomerados mais poderosos. Essa é a época de ouro da centralização de capitais. Quando, finalmente, uma nova onda
se inicia, surgem mercadorias revolucionárias. Sob o impacto da "destruição criadora", a superprodução é eliminada pois os
consumidores dirigem-se, ansiosamente, para os novos produtos disponíveis. Assim, o ciclo recomeça, em novas bases
tecnológicas.
Os ciclos econômicos longos estão associados às formas de organização do espaço geográfico. A energia hidráulica,
fundamento dos primórdios da industrialização, atraiu as fábricas para as margens dos cursos de água. A máquina a vapor,
desde meados do século XIX, atraiu as fábricas para os depósitos carboníferos. O advento das ferrovias possibilitou a
exploração de novas terras pela agropecuária comercial. A energia elétrica libertou a indústria das localizações tradicionais
e revolucionou a divisão técnica do trabalho no interior das fábricas.
A Inglaterra deu a largada para a Revolução Industrial. Nas últimas décadas do século XVIII, uma série de inovações
na tecnologia de produção (como a máquina de fiar e o tear hidráulico) possibilitou a mecanização do setor têxtil. A
produtividade das indústrias algodoeiras - as primeiras indústrias modernas - cresceu exponencialmente a partir de então.
Produzia-se muito mais e em muito menos tempo.
Ao lado da indústria têxtil, a modernização das fundições de ferro impulsionou o ciclo inicial da industrialização. Há
séculos, o ferro era fundido em fornalhas a lenha. A utilização do carvão mineral em altos-fornos capazes de gerar
temperaturas elevadíssimas inaugurou a siderurgia moderna.
O carvão se tornava cada vez mais importante. A sua utilização, como força motriz, foi iniciada com o aperfeiçoamento
da máquina a vapor, em 1769. Mas apenas em meados do século XIX, na Inglaterra, a máquina a vapor substituiu,
largamente, o tear hidráulico. Na França e nos EUA, a energia hidráulica sobreviveu por mais tempo.
A revolução do carvão expressou-se, fora das fábricas, no setor de transportes. As ferrovias e os barcos a vapor
"encurtaram" as distâncias, reduzindo brutalmente os custos de deslocamento de matérias-primas e alimentos. Na segunda
onda de inovações da Revolução Industrial, as terras das planícies centrais dos Estados Unidos tornaram-se celeiros de
alimentos para as cidades europeias.
Não por acaso, o século XIX ficou conhecido com a "era das ferrovias". Ao mesmo tempo em que serviam para escoar
mais rapidamente os produtos e para unificar os mercados, as ferrovias foram uma excelente opção para os investidores
dos países industrializados. Assim, rapidamente, os trilhos ferroviários ganharam o mundo, barateando os custos de
transportes e aumentando os lucros do comércio.
A segunda onda caracterizou-se, ainda, por um grande salto tecnológico na siderurgia. O forno Bessemer, inventado
em 1855, utilizava rajadas de oxigênio no refino do ferro fundido, permitindo a obtenção de aços de alta qualidade. No oeste
da Alemanha, junto às jazidas carboníferas do vale do rio Ruhr, desenvolveram-se os conglomerados siderúrgicos da maior
concentração industrial europeia.
As cidades industriais típicas do século XIX - tais como Manchester e Liverpool, na Inglaterra, e Colônia, na Alemanha
- eram de tamanho médio, localizadas junto às bacias carboníferas. Elas concentravam a produção siderúrgica e a produção
de têxteis de algodão. O ritmo da produção fabril regulava a vida nesses centros urbanos, onde a maioria da população era
composta de empregados assalariados das indústrias.
A primeira onda da Revolução Industrial restringiu-se, praticamente, à Grã-Bretanha. Na segunda onda, se espraiou
pela Europa, fincando raízes na Bélgica, França, Alemanha, Suécia e, um pouco depois, na Holanda, Itália, Áustria e Rússia.
Do outro lado do Atlântico, a indústria estabelecia-se nas cidades do nordeste dos EUA. No final do século, sob o impulso
da centralização do poder político, o Japão decolava para o industrialismo.
Durante a maior parte do século XIX, a Grã-Bretanha conservou a liderança econômica. A sua frota mercante, a maior
do mundo, havia conquistado o domínio dos mares. A supremacia comercial garantiu a disponibilidade dos capitais
necessários para o investimento industrial e assegurou o controle sobre os mercados fornecedores de matérias-primas.
A Revolução Industrial abriu as portas para a formação da economia mundo, ou seja, para a incorporação de todos
os povos e continentes nos fluxos mercantis e circuitos de investimentos centralizados pelas potências industriais. Nas
últimas décadas do século XIX, navios cargueiros singravam os oceanos transportando mercadorias industriais, matérias-
119
primas minerais e produtos agrícolas. O imperialismo - anexando novas áreas coloniais na África e Ásia e esferas de
influência na América Latina - criou um verdadeiro mercado de dimensões planetárias.
As potências industriais importavam basicamente dois tipos de mercadorias: matérias-primas e produtos agrícolas
tropicais. Para as colônias e áreas de influência, elas exportavam seus produtos industrializados, principalmente os têxteis
e metalúrgicos. A estrutura comercial britânica revela com nitidez a divisão internacional do trabalho gerada pelas ondas
iniciais da Revolução Industrial: no século XIX, alimentos e matérias-primas constituíam 75% das importações; 85% das
exportações eram produtos fabricados.
A borracha das florestas equatoriais da África e do Brasil, o estanho da Bolívia, o cobre do Chile, do Peru e do Congo,
por exemplo, se tornara matéria-prima fundamental para as novas indústrias europeias e norte-americanas. Os navios
mercantes traziam das regiões tropicais enormes quantidades de cacau, açúcar e café, gêneros cujo consumo estava se
popularizando nas cidades da Europa e dos Estados Unidos.
O traçado das ferrovias ilumina uma das características essenciais da geografia produzida pelo imperialismo. Na
França e na Inglaterra, assim como nos demais países industrializados da Europa, foram construídos troncos principais
complementados por uma densa rede de trilhos que se espalham em todas as direções, facilitando o transporte no interior
do território e unificando o mercado interno. Nos Estados Unidos, os grandes ramais ferroviários cortaram transversalmente
o território e ajudaram a integrar o oeste agrícola ao nordeste industrial.
Entretanto, na África - como também na América Latina - as ferrovias nasceram para ligar as regiões produtoras de
matérias-primas aos portos exportadores. Até hoje, o seu traçado serve de espelho da organização do espaço produzida
pelo imperialismo. Nesse caso, o mercado externo funcionava como principal motor da economia. As redes de transporte,
em vez de integrar, fragmentavam os espaços nacionais. Junto com o espaço geográfico de dimensões planetárias, emergia
uma divisão internacional do trabalho que marcaria de forma duradoura as populações de continentes inteiros.
A divisão internacional do trabalho no capitalismo industrial envolvia também fluxos de investimentos diretos das
potências econômicas para as suas esferas de influência. Tais investimentos de capital concentravam-se, essencialmente,
em setores de infraestrutura (eletricidade, iluminação, telefonia) e transportes (ferrovias, portos).
Na última década do século XIX, a economia industrial britânica foi ultrapassada pelos Estados Unidos. Na primeira
década do século XX, era ultrapassada também pela Alemanha. Contudo, a sua duradoura liderança passada continuou,
por algum tempo, a se refletir nos investimentos de capital no exterior. No início da Primeira Guerra Mundial, os capitais
britânicos estabelecidos no estrangeiro representavam mais que o dobro dos investimentos franceses e quase o triplo dos
investimentos alemães
A geografia dos movimentos de capitais refletia, com bastante fidelidade, a influência política das potências. Os
capitais britânicos fluíam para todos os continentes, alimentando negócios no Império, na América e no Oriente. França,
Alemanha e Holanda tinham vultosos investimentos, direcionados para a Europa do leste e as colônias afro-asiáticas. Na
época, os capitais norte-americanos apenas começavam a ganhar o estrangeiro, limitando-se praticamente aos países
vizinhos da América do Norte.
Os países fábricas dominavam o mundo com os seus produtos e seu capital. As economias coloniais e semicoloniais
se especializaram na produção de uns poucos produtos primários, e cada vez mais se tornavam dependentes dos mercados
e investimentos externos.
Os parques tecnológicos
Atualmente, um fator fundamental para a escolha da localização industrial é a existência de mão de obra com alto
nível de qualificação, principalmente para as indústrias de alta tecnologia. Não por acaso, as empresas de semicondutores
(microchips), informática (equipamentos, programas e sistemas), telecomunicações, novos materiais, biotecnologia, entre
outras, se concentram nos parques tecnológicos ou parques científicos, também chamados de tecnopolos. Utilizaremos
esses termos indistintamente ao longo dos próximos capítulos, embora no Brasil a expressão mais utilizada é parque
tecnológico. Leia a definição a seguir.
Os parques tecnológicos são o exemplo mais acabado da geografia industrial do capitalismo informacional. Esses
novos centros industriais e de serviços têm relação com a Terceira Revolução Industrial, assim como as bacias carboníferas
tinham com a Primeira ou as jazidas petrolíferas com a Segunda. Os tecnopolos constituem os pontos de interconexão da
rede mundial de produção de conhecimentos e os principais centros irradiadores das inovações que caracterizam a revolução
tecnológica que se iniciou nas últimas décadas do século XX. Muitas das empresas inovadoras que existem hoje no mundo
se desenvolveram numa incubadora, no interior de um parque tecnológico.
Os tecnopolos concentram-se especialmente nos Estados Unidos, na União Europeia e no Japão, embora existam
em outros países desenvolvidos e também em alguns países emergentes: no Brics, na Coreia do Sul, em Taiwan, no México,
entre outros.
No alvorecer do século XX, um novo conjunto de tecnologias deflagrava a terceira onda da industrialização. O uso do
petróleo como combustível e a invenção do motor a combustão interna originavam a indústria automobilística. Nascia, ao
mesmo tempo, a moderna indústria química. A eletricidade tornava-se a fonte de energia das fábricas. Os motores elétricos
e, com eles, as linhas de montagem propiciavam um salto extraordinário na produtividade do trabalho.
Simultaneamente, a difusão do telex e do telefone revolucionavam as comunicações. "Os últimos serão os primeiros"
- esse provérbio bíblico descreve, com alguma precisão, a evolução do mundo industrial durante a terceira onda. A
maturidade industrial britânica foi atingida muito cedo, em meados do século XIX, cerca de 70 anos depois da decolagem
industrialista. A Alemanha, a França e os Estados Unidos, que só então decolavam para o mundo industrial, não precisaram
sequer de meio século para alcançar a maturidade. Esses países retardatários aproveitaram-se dos avanços tecnológicos
britânicos para queimar etapas e saltar degraus. Na Grã-Bretanha, pelo contrário, a força inercial dos velhos padrões
tecnológicos sabotava o ritmo da inovação.
Os Estados Unidos constituem o exemplo mais notável desse avanço por saltos que caracterizou a industrialização
das potências retardatárias. As suas condições históricas e geográficas específicas - principalmente, a ausência de um
passado feudal e as enormes potencialidades agrícolas do seu território - possibilitaram um surto de desenvolvimento
desconhecido nos demais países industriais.
A etapa do consumo de massa, caracterizada pela incorporação da maior parte da população ao mercado consumidor
de bens industriais, foi atingida pelos Estados Unidos já na década de 1920. Na Europa industrial, inclusive na pioneira Grã-
Bretanha, essa etapa só veio a ser alcançada mais tarde, pouco antes ou logo depois da Segunda Guerra Mundial (1939-
1945).
121
A “economia mundo” atravessou dois grandes ciclos no século XX. Até a Segunda Guerra Mundial viveu a onda
tecnológica baseada nos motores a combustão interna, no petróleo e na eletricidade. Essa onda propiciou a "idade de ouro"
da década de 1920, caracterizada pelo intenso crescimento que se seguiu à Primeira Guerra Mundial, abruptamente
interrompida pelo crash da Bolsa de Nova York, em 1929. A Grande Depressão da década de 1930 assinalou,
dolorosamente, a fase descendente do ciclo.
Depois da Segunda Guerra Mundial o crescimento foi retomado sobre novas bases tecnológicas. A indústria eletrônica
criou centenas de novos produtos e conferiu mais um impulso à produção automobilística. O desenvolvimento da
petroquímica gerou a indústria de plásticos e fibras sintéticas. A aeronáutica civil beneficiou-se dos avanços na aviação
militar, produzindo mais uma revolução nos transportes.
A quarta onda industrial reativou a produção e a circulação de mercadorias. Nas décadas do pós-guerra, o crescimento
industrial e a ampliação do comércio mundial atingiram índices maiores que os registrados desde meados do século XIX.
A hegemonia dos Estados Unidos atingiu o seu ápice pouco depois da Segunda Guerra Mundial, quando a vitalidade
das suas indústrias contrastava com a desorganização geral dos sistemas produtivos dos países europeus e do Japão,
arrasados pelo conflito. O Produto Nacional Bruto (PNB) das cinco potências econômicas europeias e do Japão somados
não atingiam o da potência hegemônica. A quarta onda de inovação desenvolvia-se, em escala ainda mais pronunciada que
a terceira, como uma "onda americana". As novas tecnologias surgiam nas indústrias da América do Norte e os novos
produtos estabeleciam-se, em primeiro lugar, no mercado consumidor dos EUA.
A revolução tecnocientífica e as indústrias de ponta da onda atual de inovações anunciam o esgotamento do fordismo.
O conceito de produção serializada para mercados homogêneos é substituída pela de produção flexível de mercadorias
adaptadas a nichos de mercado com exigências específicas. A meta fordista da redução de preços através da constante
ampliação da escala de produção dá lugar ao contínuo aperfeiçoamento tecnológico dos produtos, com incorporação de
valor a cada nova versão. Os computadores pessoais, por exemplo, custam cada vez mais, mas a sua capacidade de
processamento cresceu muito mais rapidamente que seus preços.
As indústrias de ponta da revolução tecnocientífica não são vorazes consumidoras de energia. Elas se caracterizam
pela intensa aplicação da ciência e do conhecimento na elaboração de novos produtos. As empresas que lideram a inovação
investem pesadamente em pesquisa científica e tecnológica. As universidades e centros de pesquisa constituem elos da
produção industrial e a mão de obra de alta qualificação é disputada pelas corporações da informática, das
telecomunicações, da robótica, da biotecnologia e da química fina.
EMPRESA IBM Samsu Canon Sony Microso Panasoni Toshiba Hon Hai Qualcomm
ng ft c
PATENTE 6.809 4.676 3.825 3.098 2.660 2.601 2.416 2.279 2.103
Fonte: http://epocanegocios.globo.com/inspiracao/Empresa/noticia/2014/01/ibm-lidera-ranking-de-patentes
O meio geográfico típico do fordismo são as concentrações industriais associadas a jazidas carboníferas, reservas
minerais ou metrópoles. Essas concentrações estruturam-se em torno de ferrovias, rodovias ou portos. No seu entorno,
estendem-se cidades ou bairros operários. A atividade sindical é intensa e as relações sociais são marcadas pelos
movimentos reivindicativos de tipo corporativo.
122
5.3.6 - A Terceira Revolução Industrial
Hoje, um fantasma ronda a vida dos trabalhadores: o desemprego. Para muitos estudiosos, trata-se de um
desemprego estrutural, isto é, causado pelas transformações que vêm ocorrendo no padrão ou modelo de desenvolvimento
produtivo e tecnológico que predomina nos países capitalistas avançados. Essas transformações apresentam diferenças
nos países onde ocorrem, mas estão alterando a organização do processo produtivo e do trabalho em todos eles e no resto
do mundo também. E tais mudanças afetam o conjunto do mundo do trabalho.
À primeira vista, os robôs ou as novas tecnologias de produção parecem ser os únicos e mais cruéis causadores
desse desemprego. No entanto, existem outras razões de ordem econômica, social, institucional e geopolítica que,
associadas à tecnologia, formam um conjunto que explica melhor aquilo que, para alguns analistas, significaria até mesmo
o fim de uma sociedade organizada com base no trabalho.
O sistema capitalista sofreu transformações ao longo de sua história. As mudanças podem ser profundas,
acumular tensões sociais e graves problemas econômicos, gerar crises, guerras e revoluções políticas, mas o
sistema permanece basicamente o mesmo, isto é, trata-se de um sistema produtor de mercadorias cuja venda tem
por objetivo o lucro. Por isso o chamamos, indistintamente, de economia de mercado ou economia capitalista.
No entanto, para que as empresas capitalistas produzam mais e mais mercadorias - com maior eficiência e melhores
níveis de produtividade, ganhando em competitividade em relação a outras empresas, e sempre que possível obtendo lucros
crescentes - elas precisam criar e aplicar novas técnicas e novas formas de organização da produção e do trabalho, dividir
funções com outras empresas, negociar salários, estipular taxas de lucros etc.
Mas o capitalismo não se restringe apenas às unidades empresariais e suas dinâmicas internas. Na sociedade como
um todo, existem outros componentes extremamente importantes que precisam ser levados em consideração, pois
interferem na vida das próprias empresas. Tais componentes podem ser as formas institucionalizadas, como as regras do
mercado, a legislação social, a moeda, as redes financeiras, em grande parte estabelecidas pelo Estado, ou ainda, as
disputas pelo poder das nações, o comércio internacional, a renda e o consumo de cada família, a qualidade dos recursos
humanos, as convenções coletivas, as ideias produzidas etc.
Quando esse conjunto de elementos, e muitos outros, é razoavelmente ajustado e aceito pela sociedade (não se trata
de um consenso pleno, pois sempre haverá oposições e tensões), estamos diante de um modelo de desenvolvimento
capitalista dominante, com uma organização territorial correspondente. E esse modelo permanece até que uma nova crise
ocorra e novos rearranjos sejam feitos na sociedade e no espaço.
Após a crise de 1929, o modelo de desenvolvimento que aos poucos passou a dominar nos países de tecnologia
avançada - Estados Unidos, Japão e em boa parte da Europa -, mantidas suas especificidades, levou o nome de fordismo,
pois nesse modelo foram incluídas formas de produção e de trabalho postas em prática pioneiramente nos EUA, nas décadas
de 1910 e 1920, nas fábricas de automóveis do empresário norte-americano Henry Ford.
O fordismo teve seu ápice no período posterior à Segunda Guerra Mundial, nas décadas de 1950 e 1960, que ficou
conhecido na história do capitalismo como “Os Anos Dourados”.
O modelo fordista pós-guerra, dependia da subida constante dos salários para manter o mercado ativo, ou seja, manter
os níveis de produção e de consumo crescentes. Porém, os salários não podiam crescer a ponto de ameaçar os lucros
empresariais; mantiveram-se os níveis salariais e os lucros aumentando os preços dos produtos, o que gerou uma crise
inflacionária.
Nos Estados Unidos, os gastos públicos se agigantaram, tanto interna como externamente - a guerra do Vietnã foi um
exemplo. A moeda americana ficou debilitada. Esse país, que durante todo o período de domínio do fordismo assegurava a
estabilidade da economia mundial com base em sua moeda - o dólar -, viu esse sistema monetário declinar. A competitividade
da Europa e do Japão superavam a dos Estados Unidos. Assistia-se a uma verdadeira guerra comercial, que nunca deixou
de crescer.
A partir da década de 1970, a saída foi investir num novo modelo que rompesse com aquilo que era considerado a
rigidez do modelo fordista. A ordem era flexibilizar, ou seja, golpear a rigidez nos processos de produção, nas formas de
ocupação da força de trabalho, nas garantias trabalhistas e nos mercados de massa, então saturados.
As empresas multinacionais, para restabelecer sua rentabilidade, expandiram espacialmente sua produção por
continentes inteiros. Surgiram novos países industrializados. Os mercados externos cresceram mais que os mercados
internos. O capitalismo internacional reestruturou-se.
Os países de economia avançada precisaram criar internamente condições de competitividade. A saturação dos
mercados acabou gerando uma produção diversificada para atender a consumidores diferenciados. Os contratos de trabalho
passaram a ser mais flexíveis. Diminuiu o número de trabalhadores permanentes e cresceu o número de trabalhadores
temporários. Flexibilizaram-se os salários - cresceram as desigualdades salariais, segundo a qualificação dos empregados
e as especificidades da empresa. Em muitas empresas, juntou-se o que o taylorismo separou: o trabalhador pensa e executa.
Os sindicatos viram reduzidos seu poder de representação e de reivindicação. Ampliou-se o desemprego.
Os compromissos do Estado do bem-estar social foram sendo rompidos pouco a pouco. Eliminaram-se,
gradativamente, as regulamentações do Estado.
As políticas keynesianas - que se revelaram inflacionárias, à medida que as despesas públicas aumentavam e a
capacidade fiscal estagnava - forçaram o enxugamento do Estado.
A transformação do modelo produtivo começou a se apoiar nas tecnologias que já vinham surgindo nas décadas do
pós-guerra (automação e robotização) e nos avanços das novas tecnologias da informação. O método de produção
americano foi substituído pelo método japonês de produção enxuta, que combina máquinas cada vez mais sofisticadas com
uma nova engenharia gerencial e administrativa de produção - a reengenharia, que elimina a organização hierarquizada.
Agora, engenheiros de projetos, programadores de computadores e operários interagem face a face, compartilhando ideias
123
e tomando decisões conjuntas.
O novo método, rotulado por muitos como toyotismo, numa referência à empresa japonesa Toyota, utiliza menos
esforço humano, menos espaço físico, menos investimentos em ferramentas e menos tempo de engenharia para
desenvolver um novo produto. A empresa que possui um inventário computadorizado, juntamente com melhores
comunicações e transportes mais rápidos, não precisa mais manter enormes estoques. É o just in time.
O novo método permite variar a produção de uma hora para outra, atendendo às constantes exigências de mudança
do mercado consumidor e das mudanças aceleradas nas formas e técnicas de produção e de trabalho. A ordem é manter
estoques mínimos, produzindo apenas quando os clientes efetivam uma encomenda.
As grandes empresas começaram a repassar para as pequenas e médias empresas subcontratadas um certo número
de atividades, tais como concepção de produtos, pesquisa e desenvolvimento, produção de componentes, segurança,
alimentação e limpeza. Isso passou a ser conhecido como terceirização. Com ela, as grandes empresas reduziram suas
pesadas e onerosas rotinas burocráticas e suas despesas com encargos sociais, concentrando-se naquilo que é estratégico
para seu funcionamento.
A produção flexível vem transformando espaços e criando geografias, à medida que ocorrem redistribuições dos
investimentos de capital produtivo e especulativo e, consequentemente, redistribuição espacial do trabalho. Numerosas
empresas se transferiram das tradicionais concentrações urbanas e regiões industriais congestionadas, poluídas e
sindicalizadas, para novas áreas nas quais a organização e o poder de luta dos trabalhadores são pouco significativos.
Surgiram novos complexos de produção - os complexos científicos produtivos -, ligados a universidades e centros de
pesquisa onde as inovações são constantes.
Um caso exemplar desses complexos é o do Vale do Silício (Silicon Valley), na Califórnia, cujo modelo se difundiu por
vários países. Nesse complexo, a Universidade de Stanford, juntamente com empresas do ramo da microeletrônica, criou
um parque tecnológico cuja fama cresceu com a produção de semicondutores e o uso do silício como matéria-prima para
sua fabricação. O Vale do Silício faz parte de uma área maior em torno da baía de São Francisco onde se estabeleceram
numerosas indústrias de alta tecnologia.
Esses tecnopolos também são encontrados no interior das tradicionais regiões industriais que vêm se modernizando,
a exemplo da região industrial de Frankfurt, na Alemanha, ou ainda daquelas que procuram sair de uma situação de
estagnação, como no caso da região de Turim, na Itália, ou de Lyon, na França.
O sistema just in time exige também uma reorganização do território. As firmas subcontratadas pelas grandes
empresas se aglomeram em torno da planta terminal de produção, criando um tipo de aglomeração produtiva.
Esse é o caso da fábrica da Volkswagen, instalada em Resende (RJ), que vem atraindo outras empresas que
produzirão, no próprio terreno da fábrica, componentes utilizados na montagem de ônibus e caminhões.
Sem nenhuma dúvida, vivemos hoje mudanças profundas que se refletem no mundo do trabalho. Para os mais
otimistas, a questão do desemprego tecnológico será resolvida pela própria tecnologia avançada que estimulará o
surgimento de novos setores produtivos e de atividades humanas a ela ligados, exigindo, assim, novos trabalhadores. Para
outros, o sonho dos empresários de fábricas sem operários está prestes a ser realizado.
Também nos setores agrícolas e de serviços, as máquinas substituem o trabalho humano. Corporações multinacionais
fazem notar que estão cada vez mais competitivas, e ao mesmo tempo anunciam demissões em massa. A questão que se
coloca neste final de século é a seguinte: para onde vão os trabalhadores?
A resposta dependerá da posição assumida pelas sociedades como um todo.
5.3.7 - A Quarta Revolução Industrial – o que é e como ela deve afetar nossas vidas
No final do século 17 foi a máquina a vapor. Desta vez, serão os robôs integrados em sistemas ciberfísicos os
responsáveis por uma transformação radical. E os economistas têm um nome para isso: a quarta revolução
industrial, marcada pela convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas.
Eles antecipam que a revolução mudará o mundo como o conhecemos. Soa muito radical? É que, se cumpridas as
previsões, assim será. E já está acontecendo, dizem, em larga escala e a toda velocidade.
"Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará fundamentalmente a forma como vivemos,
trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa
que o ser humano tenha experimentado antes", diz Klaus Schwab, autor do livro A Quarta Revolução Industrial, publicado
em 2016.
Os "novos poderes" da transformação virão da engenharia genética e das neurotecnologias, duas áreas que parecem
misteriosas e distantes para o cidadão comum.
No entanto, as repercussões impactarão em como somos e como nos relacionamos até nos lugares mais distantes
do planeta: a revolução afetará o mercado de trabalho, o futuro do trabalho e a desigualdade de renda. Suas consequências
impactarão a segurança geopolítica e o que é considerado ético.
Então de que se trata essa mudança e por que há quem acredite que se trata de uma revolução?
O importante, destacam os teóricos da ideia, é que não se trata de um desdobramento, mas do encontro desses
desdobramentos. Nesse sentido, representa uma mudança de paradigma e não mais uma etapa do desenvolvimento
tecnológico.
124
"A quarta revolução industrial não é definida por um conjunto de tecnologias emergentes em si mesmas, mas a
transição em direção a novos sistemas que foram construídos sobre a infraestrutura da revolução digital (anterior)", diz
Schwab, diretor executivo do Fórum Econômico Mundial e um dos principais entusiastas da "revolução".
"Há três razões pelas quais as transformações atuais não representam uma extensão da terceira revolução industrial,
mas a chegada de uma diferente: a velocidade, o alcance e o impacto nos sistemas. A velocidade dos avanços atuais não
tem precedentes na história e está interferindo quase todas as indústrias de todos os países", diz o Fórum.
Também chamada de 4.0, a revolução acontece após três processos históricos transformadores. A primeira marcou
o ritmo da produção manual à mecanizada, entre 1760 e 1830. A segunda, por volta de 1850, trouxe a eletricidade e permitiu
a manufatura em massa. E a terceira aconteceu em meados do século 20, com a chegada da eletrônica, da tecnologia da
informação e das telecomunicações.
Agora, a quarta mudança traz consigo uma tendência à automatização total das fábricas - seu nome vem, na verdade,
de um projeto de estratégia de alta tecnologia do governo da Alemanha, trabalhado desde 2013 para levar sua produção a
uma total independência da obra humana.
A automatização acontece através de sistemas ciberfísicos, que foram possíveis graças à internet das coisas e à
computação na nuvem.
Os sistemas ciberfísicos, que combinam máquinas com processos digitais, são capazes de tomar decisões
descentralizadas e de cooperar - entre eles e com humanos - mediante a internet das coisas.
O que vem por aí, dizem os teóricos, é uma "fábrica inteligente". Verdadeiramente inteligente. O princípio básico é que
as empresas poderão criar redes inteligentes que poderão controlar a si mesmas.
Os números econômicos são impactantes: segundo calculou a consultora Accenture em 2015, uma versão em escala
industrial dessa revolução poderia agregar 14,2 bilhões de dólares à economia mundial nos próximos 15 anos.
No Fórum Mundial de Davos, em janeiro de 2016, houve uma antecipação do que os acadêmicos mais entusiastas
têm na cabeça quando falam de Revolução 4.0: nanotecnologias, neurotecnologias, robôs, inteligência artificial,
biotecnologia, sistemas de armazenamento de energia, drones e impressoras 3D.
Mas esses também serão os causadores da parte mais controversa da quarta revolução: ela pode acabar com cinco
milhões de vagas de trabalho nos 15 países mais industrializados do mundo.
Os perigos do cibermodelo
Nem todos veem o futuro com otimismo: as pesquisas refletem as preocupações de empresários com o "darwinismo
tecnológico", onde aqueles que não se adaptam não conseguirão sobreviver.
E se isso acontece a toda velocidade, como dizem os entusiastas da quarta revolução, o efeito pode ser mais
devastador que aquele gerado pela terceira revolução.
"No jogo do desenvolvimento tecnológico, sempre há perdedores. E uma das formas de desigualdade que mais me
preocupa é a dos valores. Há um risco real de que a elite tecnocrática veja todos as mudanças que vêm como uma justificativa
125
de seus valores", disse à BBC Elizabeth Garbee, pesquisadora da Escola para o Futuro da Inovação na Sociedade da
Universidade Estatal do Arizona (ASU).
"Esse tipo de ideologia limita muito as perspectivas que são trazidas à mesa na hora de tomar decisões (políticas), o
que por sua vez aumenta a desigualdade que vemos no mundo hoje", diz.
"Considerando que manter o status quo não é uma opção, precisamos de um debate fundamental sobre a forma e os
objetivos desta nova economia", diz Ritter, que considera que deve haver um "debate democrático" em relação às mudanças
tecnológicas.
Por um lado, há quem desconfie de que se trata de uma quarta revolução: é certo que as mudanças são muitas e
profundas, mas o conceito foi usado pela primeira vez em 1940 em um documento de uma revista de Harvard intitulado A
Última Oportunidade dos Estados Unidos, que trazia um futuro sombrio para avanço da tecnologia e seu uso representa uma
"preguiça intelectual", diz Garbee.
Outros, mais pragmáticos, alertam que a quarta revolução só aumentará a desigualdade na distribuição de
renda e trará consigo todo tipo de dilemas de segurança geopolítica.
O mesmo Fórum Econômico Mundial, em 2016, reconheceu que "os benefícios da abertura estão em risco" por causa
de medidas protecionistas, especialmente barreiras não tarifárias do comércio mundial que foram exacerbadas desde a crise
financeira de 2007: um desafio que a quarta revolução deverá enfrentar se quiser entregar o que promete.
"O entusiasmo não é infundado, essas tecnologias representam avanços assombrosos. Mas o entusiasmo não é
desculpa para a ingenuidade e a história está infestada de exemplos de como a tecnologia passa por cima dos marcos
sociais, éticos e políticos que precisamos para fazer bom uso dela", diz Garbee.
EXERCÍCIOS
01. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) do Ministério da Justiça condenou, ontem, as empresas Roche,
Basf e Aventis. Segundo o Cade, essas empresas teriam restringido a oferta e elevado os preços no Brasil das vitaminas A,
B2, B5, C e E, na segunda metade dos anos 90. Elas também teriam impedido a entrada de vitaminas chinesas, a preços
mais baratos, no Brasil. As empresas já haviam sido condenadas por práticas semelhantes na Europa e EUA.
Juliano Basile. Adaptado de Valor Econômico, 12/04/2007
Desde o final do século XIX, tornou-se um aspecto marcante do modo de produção capitalista a formação de grandes
empresas capazes de controlar a maior parte ou mesmo todo o mercado de um ou mais produtos.
A notícia acima expressa a seguinte prática presente nessa realidade centenária, associada à seguinte característica do
atual momento econômico:
(A) holding – fusão de companhias do mesmo setor.
(B) cartel – controle do mercado em escala planetária.
(C) oligopólio – padronização mundial das leis de concorrência.
(D) dumping – protecionismo para produtos de países emergentes.
(E) conglomerados – reunião de empresas nacionais.
02. No fim da década de 80 e início dos anos 90 a bipolaridade mundial declinou; da polaridade ideológica e militar leste/oeste
passou-se para a econômica e política norte/sul. Isto significa dizer que atualmente há oposição entre:
(A) o oeste rico e industrializado e o leste pobre e agrário;
(B) o oeste pobre e agrário e o sul rico e muito industrializado;
(C) o leste pobre e agrário e o norte rico e industrializado;
(D) o sul rico e industrializado e o norte pobre e agrário;
(E) o norte rico e industrializado e o sul pobre e em processo de industrialização.
03. Como resposta à crise do modelo de produção em massa, consumo em massa (fordismo), as empresas passaram a
introduzir equipamentos tecnológicos cada vez mais sofisticados, implementando mudanças nas relações de produção e
trabalho que passaram a constituir a política do neoliberalismo, que propõe o:
(A) estado mínimo, ou seja, que deve atuar o mínimo possível, de preferência como regulador da economia e não como
empresário.
(B) combater à privatização das empresas estatais, fortalecendo o papel do Estado na economia.
(C) Fortalecimento de medidas nacionais frente à concorrência global.
(D) Aumento dos direitos trabalhistas e do poder dos sindicados.
(E) Estímulo à competitividade através do fortalecimento da economia de escala, fim da terceirização dos serviços e incentivo
à política de subsídio fiscais.
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04. O impulso para o ganho, a perseguição do lucro, do dinheiro, da maior quantidade possível de dinheiro não tem, em si
mesma, nada que ver com o capitalismo. Tal impulso existe e sempre existiu. Pode-se dizer que tem sido comum a toda
sorte e condição humanas em todos os tempos e em todos os países, sempre que se tenha apresentada a possibilidade
objetiva para tanto. O capitalismo, porém, identifica-se com a busca do lucro, do lucro sempre renovado por meio da empresa
permanente, capitalista e racional. Pois assim deve ser: numa ordem completamente capitalista da sociedade, uma empresa
individual que não tirasse vantagem das oportunidades de obter lucros estaria condenada à extinção.
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2001 (adaptado).
O capitalismo moderno, segundo Max Weber, apresenta como característica fundamental
(A) competitividade decorrente da acumulação de capital.
(B) implementação da flexibilidade produtiva e comercial.
(C) ação calculada e planejada para obter rentabilidade.
(D) socialização das condições de produção.
(E) mercantilização da força de trabalho.
05. “Durante a Guerra Fria, era comum classificar os países do globo em um dos três mundos: o primeiro era composto pelos
países capitalistas desenvolvidos e era liderado pelos Estados Unidos; o segundo, formado pelos países socialistas, sob a
liderança da União Soviética; e o terceiro, integrado pelos países subdesenvolvidos, capitalistas em sua maioria e localizados
na América Latina, na África e na Ásia”.
(MOREIRA, João C. & SENE, Eustáquio de. Geografia para o Ensino Médio, 2002)
Sobre o Terceiro Mundo, pode-se afirmar que:
(A) A luta anticolonial gerou novas nações independentes na Ásia e África que procuravam alterar as regras do comércio
mundial, as quais estavam fundadas nos preços aviltados dos produtos industrializados que exportavam e nos altos
preços dos produtos agrícolas que importavam.
(B) A Conferência de Bandung, de 1955, lançou os princípios políticos do “não-alinhamento”, ou seja, uma posição
diplomática e geopolítica de afastamento das principais superpotências, fortalecendo a partir daí o conceito de conflito
Norte-Sul.
(C) A convergência político-ideológica entre os participantes da Conferência de Bandung, estimulou posições importantes
quanto aos problemas da economia mundial, fato que permitiu o aumento dos preços dos produtos que aqueles países
exportavam.
(D) A Conferência de Bandung consolidou a posição “terceiro-mundista” que procurou definir uma “terceira via” de
desenvolvimento, a qual deveria estar atrelada ao capitalismo norte-americano.
(E) O conceito de Terceiro Mundo está relacionado principalmente ao fator pobreza, o qual é exclusivo da América Latina,
da África e da Ásia.
06. Um carro esportivo é financiado pelo Japão, projetado na Itália e montado em Indiana, México e França, usando os mais
avançados componentes eletrônicos, que foram inventados em Nova Jérsei e fabricados na Coreia. A campanha publicitária
é desenvolvida na Inglaterra, filmada no Canadá, a edição e as cópias, feitas em Nova York para serem veiculadas no mundo
todo. Teias globais disfarçam-se com o uniforme nacional que lhes for mais conveniente.
REICH, R. O trabalho das nações: preparando-nos para o capitalismo no século XXI. São Paulo: Educator, 1994
(adaptado).
A viabilidade do processo de produção ilustrado pelo texto pressupõe o uso de
(A) linhas de montagem e formação de estoques.
(B) empresas burocráticas e mão de obra barata.
(C) controle estatal e infraestrutura consolidada
(D) organização em rede e tecnologia de informação.
(E) gestão centralizada e protecionismo econômico.
07. O mundo entrou na era do globalismo. Todos estão sendo desafiados pelos dilemas e horizontes que se abrem com a
formação da sociedade global. Um processo de amplas proporções envolvendo nações e nacionalidades, regimes políticos
e projetos nacionais, grupos e classes sociais, economias e sociedades, culturas e civilizações.
(IANNI, O. A era do globalismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997)
No texto, é feita referência a um momento do desenvolvimento do capitalismo. A expansão do sistema capitalista de produção
nesse momento está fundamentada na:
(A) difusão de práticas mercantilistas.
(B) propagação dos meios de comunicação.
(C) ampliação dos protecionismos alfandegários.
(D) manutenção do papel controlador dos Estados.
(E) conservação das partilhas imperialistas europeias.
127
08. Leia o texto.
“No século atual, o eurocentrismo - que predominou durante 300 anos – sofre o impacto do aparecimento de dezenas de
novos países na Ásia e na África. Simultaneamente, os países do Terceiro Mundo iniciam mudanças nas relações entre
ricos e pobres, dominadores e dominados. É neste contexto que o professor Arno Peters publica seu planisfério (1973). Esse
mapa é um bom negócio para os países situados na zona intertropical do planeta, pois corrige a subestimação das áreas do
planisfério de Mercator. Ele representa cartograficamente as reivindicações de igualdade entre os países.”
FONTE: CARVALHO, Sílvia de Faria Pereira. in: Mapas são a linguagem da Geografia. Estado de Minas. Caderno
Gabarito. pág. 6 a 8. Belo Horizonte. 3/3/95.
Com base no texto e em seus conhecimentos sobre o assunto, assinale a alternativa INCORRETA:
(A) A projeção de Mercator é vantajosa para os países do norte, pois aumenta o tamanho dos países localizados entre os
trópicos e os círculos, diminuindo, em contrapartida, os espaços ocupados pelos países intertropicais.
(B) Ao se afirmar como centro de expansão do comércio, das grandes conquistas e de apropriação de terras na América,
África e Ásia, a Europa tornou-se o centro de referência e localização para as outras regiões do globo.
(C) A projeção de Peters, assim como a de Mercator, apresenta distorções, mas representa fielmente os contornos dos
continentes, permitindo que os países da faixa intertropical apareçam em sua verdadeira localização no globo terrestre.
(D) Atualmente, Estados Unidos, Japão e Rússia também se autodefiniram como referência e modelo para a humanidade,
o que só veio reforçar a continuidade de utilização do mapa de Mercator, pois esses países localizam-se em latitudes
equivalentes a da Europa.
09. O IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, foi criado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e é
calculado para diversos países desde 1990. O índice varia de 0 a 1, sendo que quanto mais perto de 1, maior é o
desenvolvimento humano, ou seja, a qualidade de vida medida do país ou do local onde é calculado com base em
indicadores.
Analise as seguintes afirmativas sobre o IDH.
I. O IDH é calculado em função da média de três componentes: fertilidade, educação e renda do chefe do domicílio.
II. O indicador do nível educacional do IDH é medido por uma combinação da taxa de alfabetização de pessoas de 15 anos
ou mais e da taxa bruta de matrículas em relação à população de 7 a 22 anos de idade.
III. O indicador de renda do IDH é medido pelo Produto Interno Bruto (PIB), real per capita em dólares, segundo o critério de
Paridade do Poder de Compra.
IV. O indicador de fertilidade do IDH é medido pelo número médio de filhos por mulher em idade de procriar, ou seja,
considerado dos 15 aos 49 anos de idade.
V. O indicador de longevidade do IDH é medido pela esperança de vida ao nascer.
Marque a opção certa.
(A) I e IV estão corretas.
(B) II, III e V estão corretas.
(C) III e IV estão corretas.
(D) II, IV e V estão corretas.
(E) I, III e IV estão corretas.
10. Ao analisarem-se os indicadores econômicos e sociais entre países, verificam-se disparidades entre eles. Assinale a
opção que explica as desigualdades mundiais.
(A) A capacidade para a produção e trabalho é determinada pelo clima temperado, característica predominante nos países
do Norte.
(B) A superação do Subdesenvolvimento é uma questão de tempo, pois os países ditos desenvolvidos passaram pela mesma
situação no passado.
(C) A economia capitalista é marcada pelas fortes desigualdades socioeconômicas entre as regiões do mundo, apresentando
um desenvolvimento desigual e combinado.
(D) As relações comerciais estão baseadas na deterioração dos termos de trocas, onde os países do Sul especializaram-se
em bens de capital e os do Norte em bens primários.
(E) A fragilidade dos países do Sul deve-se a ausência de blocos econômicos entre eles, fato que impede maior articulação
frente às pressões impostas pelos países do Norte.
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11. Sobre as classificações dos países quanto aos níveis de desenvolvimento, considere as seguintes afirmativas:
I. A pertinência da divisão do mundo em três grupos (Primeiro Mundo, Segundo Mundo, Terceiro Mundo) é hoje bastante
questionada: de um lado, o surgimento dos Países Recentemente Industrializados (Newly Industrialized Countries)
tornou o chamado Terceiro Mundo muito heterogêneo; de outro lado, a crise do bloco socialista fez com que os países
que o integravam passassem a ser, em sua maioria, “economias de transição”, o que desatualizou o conceito de
Segundo Mundo.
II. Atualmente, está sendo amplamente utilizada a seguinte classificação: países desenvolvidos, países em desenvolvimento
e países subdesenvolvidos.
III. Dentre as características dos países desenvolvidos encontram-se as seguintes: alto desenvolvimento tecnológico,
participação expressiva dos setores secundário e terciário na economia, renda per capita elevada, distribuição de renda
relativamente homogênea.
Assinale a alternativa correta:
(A) Apenas a afirmativa I é verdadeira.
(B) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
(C) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
(D) Todas as afirmativas são verdadeiras.
(E) Nenhuma das afirmativas é verdadeira.
12. “A industrialização ampliou a divisão do trabalho dentro da unidade de produção (a fábrica) e no interior da sociedade de
cada país. Ao mesmo tempo, estabeleceu a Divisão Internacional do Trabalho entre os países industriais e as regiões
fornecedoras de produtos agrícolas e minerais”.
(LUCCI, E. A. et. al. Território e sociedade no mundo globalizado: Geografia Geral e do Brasil. Ensino Médio. Editora
Saraiva, 2005. p.56).
Assinale a alternativa que NÃO expressa uma característica da Divisão Internacional do Trabalho (DIT).
(A) Os países desenvolvidos exportam produtos tecnológicos e os países subdesenvolvidos exportam matérias-primas.
(B) A formação da DIT está relacionada, principalmente, com os eventos ligados ao colonialismo.
(C) Conferências internacionais são anualmente realizadas para se definir qual tipo de produto cada país produzirá no
contexto do comércio internacional.
(D) A Divisão Internacional do Trabalho envolve, entre outras questões, as relações desiguais entre o norte desenvolvido e
o sul subdesenvolvido nos campos político e econômico.
13. Pouco antes do término da Segunda Guerra Mundial, com a criação da Conferência de Bretton Woods, os EUA já se
articulavam para estabelecer novas políticas econômicas, que agilizassem a dinâmica comercial global, fato que acabaria
por condicionar toda uma reorganização da conjuntura internacional inerente aos interesses do capital. A partir dessa
conferência, assinale a opção que apresenta a criação de uma nova articulação nesse sentido.
(A) O padrão-ouro, utilizado para definir o valor das moedas a partir do peso do ouro ou equivalente, foi substituído pelo
padrão dólar-ouro, tornando a moeda norte-americana a nova referência monetária internacional, ao mesmo tempo em
que os EUA se comprometiam a trocar, sempre que necessário, dólares por ouro.
(B) O FMI, com a função de garantir a estabilidade e a recuperação do sistema financeiro global, acabou tornando-se o maior
articulador da recuperação socioeconômica dos países mais pobres, uma vez que os capitais produtivos investidos
nesses territórios são oriundos dessa instituição.
(C) O Banco Mundial, criado em 1950, com a finalidade de financiar a reconstrução dos aliados asiáticos especialmente o
Japão, tornou-se a instituição mais importante para os anseios comerciais dos EUA regionalmente, além de coordenar
e fiscalizar os empréstimos destinados aos investimentos de infraestrutura aos países endividados.
(D) O Gatt, de 1959, cuja finalidade básica foi integrar as tarifas comerciais entre todos os países latino-americanos, exceção
feita a Cuba, acabou sendo estendido a todo o bloco capitalista durante a Guerra Fria, no entanto, com o fim da
bipolarização, acabou sendo substituído pela OMC.
(E) A OCDE, criada na década de 1940, surgiu como um órgão de consulta e coordenação de políticas econômicas e sociais,
cuja finalidade básica foi aproximar a relações comerciais entre os países pobres e ricos, contribuindo, assim, para a
circulação de pessoas, bens e serviços em seus territórios.
14. A lógica da operação das empresas multinacionais ou globais no contexto da Divisão Internacional é:
(A) a inserção dessas no mundo desenvolvido, proporcionando uma maior democratização no acesso às novas tecnologias
em todo o mundo.
(B) a atualização do sistema internacional, quando os países subdesenvolvidos, agora industrializados, também passam a
exportar produtos industrializados.
(C) a ampliação da política do pleno emprego que, a partir da segunda metade do século XX, adquiriu uma dinâmica global.
(D) o fortalecimento das leis ambientais e trabalhistas, principalmente naqueles países onde essas indústrias se instalam,
dinamizando assim o processo de distribuição de renda.
129
15. Nas últimas décadas, muitos países que tinham uma economia voltada basicamente para o setor primário têm recebido
em seus territórios filiais ou subsidiárias de multinacionais, fato que vem modificando profundamente seus perfis econômicos
e suas funções dentro da atual divisão internacional do trabalho (DIT).
Com base nas informações do texto e nos conhecimentos sobre a DIT e suas implicações, é correto afirmar:
(A) A implantação das multinacionais, nos países periféricos, gerou grandes lucros, porque o lucro era reinvestido no seu território,
diversificando o processo produtivo.
(B) A nova DIT não alterou as desigualdades no processo produtivo, mas possibilitou o dinamismo da economia de todos os países
do Terceiro Mundo, devido à interferência estatal.
(C) Os países de industrialização clássica, como o Brasil, o México e a Argentina, saíram mais fortalecidos que os demais países
periféricos, porque os investimentos externos produtivos priorizam esses mercados.
(D) Essa nova Distribuição Internacional do Trabalho caracteriza-se pela mudança do perfil econômico das nações periféricas e
pela diminuição da dependência econômica dessas nações.
(E) Os países centrais, na nova Distribuição Internacional do Trabalho, fornecem produtos e serviços com alto conteúdo tecnológico
e os países periféricos, produtos de primeira e segunda geração industrial.
16. Emergentes deverão responder por 57% do PIB mundial até 2030
A participação dos países emergentes no PIB mundial passou de 38% em 2000 para 49% neste ano e deverá atingir 57%
em 2030, segundo o estudo Perspectivas sobre o Desenvolvimento Mundial 2010 – Deslocamento da Riqueza, publicado
pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) nesta quarta-feira (…).
FERNANDES, D. BBC Brasil, 16 jun. 2010. Disponível em:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/06/100616_relatorioeconomia_df.shtml. Acesso em: 13 mar. 2015.
A expressão países emergentes caracteriza:
(A) o grupo de países que fatalmente se tornarão desenvolvidos em breve.
(B) o conjunto de economias nacionais subdesenvolvidas com relativo grau de crescimento econômico e social.
(C) os Estados que possuem um forte poder de intervenção na economia, mas que ainda precisam desenvolver os seus
níveis de industrialização.
(D) o agrupamento formalmente registrado de nações que possuem territórios com grande potencial para exploração
econômica.
17. As duas grandes marcas do século XX foram as guerras mundiais e o socialismo, ocasiões que geraram um terceiro
grande fenômeno: a Guerra Fria, em que a moldura de uma ordem mundial bipolar se baseava na rivalidade entre os EUA
e a União Soviética. Analise as proposições seguintes sobre as grandes transformações do século XX:
I. A partir de 1945, o mundo esteve dividido, predominantemente, em blocos de países sob influência dos EUA e da União
Soviética, que entraram em confronto de forma direta, o que levou o mundo a temer o deflagrar de uma guerra nuclear
iminente.
II. No Plano Marshall encontra-se a origem da Guerra Fria. Esse Plano representou a resposta americana à crise europeia, por
meio do financiamento americano da reconstrução da Europa.
III - O zênite da Guerra Fria aconteceu quando duas graves crises colocaram à prova a resolução das duas superpotências e
comprovaram o perigo de uma guerra total. Trata-se da crise de Berlim, em 1961, e a crise dos mísseis em Cuba, em 1962.
IV - Por consequência do fim da Guerra Fria e da queda o muro de Berlim, o socialismo definitivamente deixou de existir e de
orientar a política de diversos países.
V - Pode-se concluir que, para o quadro histórico do final do século XX e início deste século, tanto o socialismo quanto o capitalismo
conseguiram consolidar diretrizes para os graves problemas socioeconômicos e políticos que afligem a humanidade.
Após a análise das proposições, assinale a alternativa verdadeira:
(A) Apenas o item III é correto.
(B) Os itens II e III estão errados.
(C) Apenas o item V é correto.
(D) Os itens II e III estão corretos.
(E) Os itens I, II e III estão corretos.
17. A “queda do muro de Berlim”, ocorrida no final de 1989, é um dos marcos do surgimento de uma “nova ordem mundial”,
que pode ser compreendida a partir de duas dimensões: a geopolítica e a econômica.
Quais as mudanças geopolíticas e econômicas decorrentes dessa “nova ordem mundial”.
Marque a opção INCORRETA:
(A) Do ponto de vista geopolítico, a principal mudança foi o fim do período denominado de Guerra Fria e, por conseguinte, da
bipolaridade de poder das superpotências mundiais (União Soviética e Estados Unidos) e dos blocos mundiais por elas
comandados.
(B) Na “nova ordem geopolítica mundial”, denominada “ordem multipolar”, as superpotências se impõem mais em face do seu
poderio econômico do que bélico.
(C) A “nova ordem mundial” é o processo de globalização da economia, com a formação de blocos econômicos regionais, tais
como a União Europeia e o Nafta.
(D) Na “nova ordem”, o poder está vinculado diretamente ao avanço tecnológico, a níveis de produtividade, à disponibilidade de
capitais, à competitividade e à qualificação da mão- de-obra.
(E) Na “nova ordem mundial” ocorreram as maiores guerras e crises econômicas que colocou em questionamento a funcionalidade
e eficiência do capitalismo
130
18. A prosperidade induzida pela emergência das máquinas de tear escondia uma acentuada perda de prestígio. Foi nessa
idade de ouro que os artesãos, ou os tecelões temporários, passaram a ser denominados, de modo genérico, tecelões de
teares manuais. Exceto em alguns ramos especializados, os velhos artesãos foram colocados lado a lado com novos
imigrantes, enquanto pequenos fazendeiros-tecelões abandonaram suas pequenas propriedades para se concentrar na
atividade de tecer. Reduzidos à completa dependência dos teares mecanizados ou dos fornecedores de matéria-prima, os
tecelões ficaram expostos a sucessivas reduções dos rendimentos.
THOMPSON, E. P. The making of the english working class. Harmondsworth: Penguin Books, 1979 (adaptado).
Com a mudança tecnológica ocorrida durante a Revolução Industrial, a forma de trabalhar alterou-se porque:
(A) a invenção do tear propiciou o surgimento de novas relações sociais.
(B) os tecelões mais hábeis prevaleceram sobre os inexperientes.
(C) os novos teares exigiam treinamento especializado para serem operados.
(D) os artesãos, no período anterior, combinavam a tecelagem com o cultivo de subsistência.
(E) os trabalhadores não especializados se apropriaram dos lugares dos antigos artesãos nas fábricas.
20. As transformações desencadeadas pela Revolução Industrial Inglesa foram muito mais sociais que técnicas, tendo em
vista que é nessa fase que se aprofundam as diferenças entre ricos e pobres.
(HOBSBAWM, Eric J. Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1979).
Sobre o impacto social da industrialização nas relações entre campo e cidade na Inglaterra, considere as afirmativas a seguir.
I. O desenvolvimento agrícola e o cercamento dos campos para a criação de ovelhas expulsaram um número crescente de
trabalhadores do campo para as cidades, constituindo um exército de mão de obra barata de reserva para a indústria.
II. A industrialização encontrou as melhores condições para florescer em Londres, a maior cidade do reino, onde a
monarquia, aliada à burguesia, abriu mão de impostos sobre a terra para favorecer o crescimento econômico.
III. A indústria desencadeou a exploração extensiva e intensiva de recursos naturais, causando a poluição do ar e da água,
com consequências graves, sobretudo, para a qualidade de vida das populações mais pobres.
IV. O aumento da população urbana provocou uma crise de moradia, com o encarecimento dos aluguéis e a ocupação de
lugares insalubres, o que tornou ainda mais precárias as condições de vida da classe operária.
Estão corretas apenas as afirmativas
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) I, II e IV.
(D) I, III e IV.
(E) todas estão corretas
131
21. Sobre a Segunda Revolução Industrial é INCORRETO afirmar que:
(A) implementou nas indústrias as linhas de montagens, esteiras rolantes e o método de racionalização da produção em
massa, chamado de fordismo.
(B) caracterizou-se pelos avanços ultrarrápidos, que resultaram na obsolescência também veloz especialmente na
microeletrônica, na robótica industrial, na química fina e na biotecnologia.
(C) a utilização da energia elétrica e do petróleo possibilitaram a intensificação do desenvolvimento tecnológico, permitindo
a sua produção em grande escala.
(D) estabeleceu uma nova e acirrada disputa entre as grandes potências industriais que buscavam o aumento de seus lucros
e uma saída para seus excedentes de produção e capitais.
(E) possibilitou o desenvolvimento de grandes indústrias e concentrações econômicas, que culminaram nos "holdings",
trustes e cartéis.
22. Sobre os diferentes tipos de indústrias e a sua dinâmica espacial, assinale o que for correto.
(A) as indústrias de bens de produção ou de base produzem bens para outras indústrias, gastam muita energia e transformam
grandes quantidades de matérias-primas. São exemplos desse tipo de indústrias: petroquímicas, metalúrgicas,
siderúrgicas, entre outras.
(B) as indústrias de bens de capital ou intermediárias produzem máquinas, equipamentos, ferramentas ou autopeças para
outras indústrias, como, por exemplo, as indústrias dos componentes eletrônicos e a de motores para carros ou aviões.
(C) as indústrias de ponta estão ligadas ao emprego de alta tecnologia, elevado capital e de número grande de trabalhadores
qualificados. Elas dependem de inovações constantes para que sejam possíveis modificações rápidas no processo de
produção.
(D) a partir de 1990, intensificou-se no Brasil o processo de desconcentração industrial, ou seja, muitas indústrias deixaram
áreas tradicionais e instalaram unidades fabris em novos espaços na busca de vantagens econômicas, como incentivos
fiscais, menores custos de produção, mão de obra mais barata, mercado consumidor significativo e atuação sindical
fraca.
(E) as indústrias de bens de consumo estão divididas em duráveis e não duráveis. A primeira se refere à indústria de
automóveis, eletrodomésticos e móveis. Já as não duráveis estão ligadas ao setor de vestuário, alimentos, remédios e
calçados.
23. Leia o texto a seguir.
Seguindo uma tendência observada nas empresas europeias e americanas, alguns investidores brasileiros estão migrando
parte de seus negócios da China para o Vietnã. Os setores calçadista e têxtil são os que mais observaram esse tipo de
mudança, com a instalação principalmente de fábricas americanas e europeias no Vietnã. Em estudo divulgado em março,
a Câmara de Comércio Americana de Xangai, a AmCham, apontou que 88% das empresas estrangeiras sondadas optaram
inicialmente por operar na China por causa dos baixos custos, porém, 63% dessas afirmaram que se mudariam ao Vietnã
para cortar ainda mais o preço de produção.
<www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/07/080709_vietannegociosmw.shtml>. adaptado.
Pode ser associada ao conteúdo da notícia a seguinte afirmação:
(A) atualmente, grande parte das empresas multinacionais é originária dos países subdesenvolvidos e aí estão instaladas.
(B) embora seja objeto de investimentos capitalistas, o sistema socialista chinês ainda afugenta as empresas multinacionais.
(C) a globalização facilitou a mobilidade de capitais e empresas, aumentando a competição entre países.
(D) nos países asiáticos, o alto custo da mão de obra é compensado pela abundância de matérias-primas minerais baratas.
(E) a abertura comercial propiciada pela globalização permitiu às empresas brasileiras concorrerem com as dos países
europeus.
24. A globalização que marca a nova fase do desenvolvimento capitalista se caracteriza pela mundialização da produção,
da circulação e do consumo. Processo este que foi viabilizado pelo avanço técnico acelerado.
As transformações rápidas que ocorrem na economia e na sociedade têm hoje a finalidade de intensificar a competitividade,
que é mola propulsora do processo de globalização. Podemos identificar como estratégias competitivas do capitalismo
globalizado:
I. A produção de transgênicos que, embora polêmica, é mais produtiva, aumenta a resistência às pragas e cria a
dependência dos produtores junto às empresas que controlam as sementes geneticamente modificadas.
II. A customização, ou seja, a fabricação de produtos sob encomenda para atender às especificações do consumidor final,
em substituição à produção padronizada em série e com grandes estoques.
III. A flexibilização da produção através da adoção de um mesmo padrão produtivo das linhas de montagem, distribuídas
pelos vários países do mundo, o que reduz custos e retira a identificação de um produto como sendo de uma
nacionalidade.
IV. A adoção do protecionismo às empresas nacionais através dos subsídios e das cotas para dificultar a concorrência dos
produtos estrangeiros dentro dos territórios nacionais.
Estão corretas apenas as alternativas:
(A) I, II e III.
(B) I, III e IV.
(C) I e IV.
(D) II, III e IV.
(E) II e III.
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H
I
S
T
Ó
R
I
A
133
134
HISTÓRIA MILITAR-NAVAL Prof. VAGNER SOUZA
APRESENTAÇÃO
Caro Aluno,
Este Módulo faz parte de um conjunto de elementos didáticos que por ocasião de sua produção visava
dois objetivos: o primeiro deles é oferecer um material de fácil leitura, que possa lhe ajudar a elucidar e
compreender os fatos da história, contribuindo com isso para a aquisição de informações que ajudam não
só na busca dos seus ideais, mas também para toda sua vida. O segundo foi de elaborar um material que
seja resumido sem deixar de descrever todos os dados imprescindíveis para o fim que se destina.
Buscamos elaborar um manual de história centrado na própria história, trazendo à tona informações
dos fatos dentro de uma ótica precisa, a partir do acúmulo de conhecimentos descritos pelas obras citadas
pela Bibliografia do Edital do Concurso para o QOAA/AFN em 2021. No entanto, como prevê os editais
dos concursos anteriores, a bibliografia sugerida serve apenas como base para o estudo da matéria, sem
excluir outras publicações de natureza histórica, fato este que ocorreu, eventualmente, nos últimos anos do
concurso, onde foram utilizadas várias citações de revistas e autores de história não contidos na bibliografia
sugerida. Portanto, este Módulo serve como base de estudo sem excluir para o Candidato a leitura dos livros
sugeridos pela MB e nem outras fontes de História.
Alguns concursos anteriores primaram pela utilização de gravuras e mapas como parte do enunciado
das questões das provas. Levando isto em consideração, este Módulo conta com alguns elementos visuais
que buscam auxiliar na localização geográfica ou temporal, facilitando a memorização dos fatos e a possível
integração com as questões por ocasião do concurso. Logo, este Módulo não é apenas uma adaptação das
apostilas anteriores, mas sim um material moderno e inovador.
Não existem fórmulas mirabolantes em educação, o que há é dedicação contínua, tanto por parte de
quem leciona quanto por parte dos alunos. A conjunção destes esforços é, no mínimo, razão suficiente para
a construção de um saber, para aquisição de cultura e para uma melhor qualidade de vida social, tanto para
você quanto para seus familiares.
O sucesso em concursos sempre é traduzido em números, mas o sucesso pessoal, este sim, é medido
pela satisfação plena do dever cumprido e da busca incessante pelos ideais de cada um.
ÍNDICE
Apresentação dos Módulos ................................................................................................................ 01
Introdução ao Módulo 1 ..................................................................................................................... 04
1) Conceituando História ................................................................................................................... 04
2) Datando a História ......................................................................................................................... 04
Bibliografia ........................................................................................................................................ 88
INTRODUÇÃO
1) Conceituando História:
O estudo de História permite ao homem o conhecimento necessário para compreender sua trajetória,
facilitando entender de que forma ele alcançou o estágio atual, onde errou e acertou, possibilitando um
melhor planejamento de suas ações, contribuindo para resultados melhores em seus objetivos.
A História abrange todas as faces da ação humana. Podemos “contar” histórias de cunho social,
político, religioso ou militar, e, independente de “qual” história estivermos falando, ela nunca será isolada
no tempo ou no espaço e sempre terá uma íntima relação de causa e consequência com outro(s) fato(s) que
pode anteceder ou suceder a ele. Tudo o que ocorreu com o homem, e este pôde registrar ou deixar ser
registrado, é parte integrante de sua história.
Nenhuma sociedade chegou a qualquer patamar sem contato com outro grupo social, e o fruto dessas
relações é que fazem parte do estudo que será demonstrado em nossos módulos.
2) Datando a História:
De uma forma geral, a História é dividida em Pré-História e História. O advento da escrita permitiu
grandes avanços aos grupos sociais humanos e é o marco divisório entre uma e outra fase deste
desenvolvimento primário. A partir da escrita o homem pôde descrever por si só sua trajetória.
Em relação à Pré-História, cabe aos estudiosos desvendar os segredos a partir de vestígios deixados
por estas comunidades/sociedades, o que é genericamente denominado de Documento Histórico.
Dividimos a História Ocidental, e por influência cultural e econômica também a Oriental, em antes
e depois do nascimento de Cristo. Apesar desta figura – Jesus Cristo – ser representativa apenas para a Fé
Cristã, o domínio exercido pelos povos seguidores desta filosofia religiosa a outros povos como judeus e
mulçumanos, acabou por influenciar suas culturas. A essa classificação descrevemos como antes de Cristo
(a.C. ou AC) e depois de Cristo (d.C. ou DC). Há também a inscrição AD (Anno Domini – “Ano do Senhor”)
para o período compreendido apenas após o nascimento de Cristo. Só é obrigatório escrever a referência se
ela for antes do nascimento de Cristo, como exemplo, podemos utilizar a Batalha Naval de Salamina, entre
gregos e persas, ocorrida no ano de 480 a.C.
Os judeus se encontram em um calendário que está 3761 anos à frente do calendário cristão e os
mulçumanos começaram a contar seu tempo no ano 622 da era Cristã. Assim, quando nossas aulas
começaram neste ano de 2021, os judeus estavam no ano de 5782.
O primeiro ano do calendário islâmico, ou ano 1, corresponde a 16 de julho de 622 d.C., quando
ocorreu a Hégira ou Hijra, evento histórico do Islã, que se refere à migração do profeta Maomé de Meca
para Medina.
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O calendário islâmico, também chamado de calendário muçulmano ou ( التقويم الهجريat-taqwīm al-
hijrī, em árabe) é um calendário lunar, logo, a contagem dos dias é feita de acordo com a observação das
fases da Lua. Em 2020, teve início o ano 1442 que compreende o período entre 20 de agosto de 2020 e 9
de agosto de 2021. Em 10 de agosto de 2021 inicia o ano 1443 e vai até 29 de julho de 2022. Normalmente,
a notação utilizada é 1443 AH, do latim Anno Hegirae ("Ano da Hégira"), copiando à notação cristã AD.
O calendário muçulmano é utilizado oficialmente em muitos países, por exemplo, na Arábia Saudita.
Mas também em muitas regiões com população muçulmana, o calendário é utilizado para marcar as
celebrações religiosas, a exemplo do Ramadã.
Os calendários judaicos e islâmicos são fortemente marcados pelos dogmas religiosos dessas
sociedades, o que determina, por exemplo, que o calendário islâmico seja lunar e não solar. Essas
características fazem com que os anos não sejam de 365 dias.
Existem e existiram também outros calendários que servem e serviram para a contagem do tempo
por diversos povos, com o calendário chinês (Em 2021 teve o início do ano que ocorreu em 12 de fevereiro,
quando começou o Ano do Boi (Búfalo) de Metal, que corresponde ao ano 4719 do calendário chinês, cujo
término acontecerá em 31 de janeiro de 2022) e os antigos calendários Maia e Egípcio, mas nenhum de
interesse para nosso concurso.
O marco histórico “Cristo” permitiu ao homem ocidental datar um calendário que regride do infinito
(∞) até o ano 0 (zero) e progride do ano 0 até os dias atuais. Essa datação é marcada por dia, mês e ano (não
necessariamente nesta ordem para todas as sociedades cristãs) em números arábicos e os séculos em
números romanos. Para comparação entre uma data e seu século basta escrever o número do ano sempre
com quatro dígitos. Caso os dois últimos números da direita terminem em 00 (zero zero), será o número
formado pelos dois dígitos da esquerda. Exemplo: nascimento de Cristo – 0000 – século 0, ou
descobrimento do Brasil – 1500 – século XV (quinze). Caso os dois números da direita terminem diferente
de zero, será o da esquerda mais um (+1). Exemplo: Proclamação da Independência do Brasil – 1822 –
século XIX (dezenove), Primeira Guerra Mundial – 1914 a 1918 – século XX (vinte).
Nosso atual calendário é denominado Gregoriano por ter sido instituído pelo papa Gregório XIII em
1582. O calendário gregoriano foi instituído a partir do calendário de Dionísio, um abade de Roma, que o
fez no ano 525, a partir do calendário romano. Portanto, podem haver algumas discrepâncias em relação à
datação de alguns fatos, principalmente os encontrados na época aC, não comprometendo a história.
Os números romanos são representados pelas letras latinas I, V, X, L, C, D e M, relacionando-os
aos números arábicos são: 1, 5, 10, 50, 100, 500 e 1000. Os conjuntos numéricos se somam caso estejam à
direita de uma unidade numérica e subtraem caso estejam à esquerda. Portanto a data de Proclamação da
Independência do Brasil, em números romanos foi: VII – IX – MDCCCXXII (7-9-1822).
Há diversos marcos históricos. Eles servem para delimitar determinados fatos, épocas ou períodos
sem, no entanto, resumi-los. Conforme já demonstrado, a história não é estática e sim dinâmica e, mesmo
sendo relativa a fatos passados, ela encontra-se em constante evolução devido a novas fontes históricas que
possam surgir ou a uma nova verdade construída a partir de uma nova visão de algum historiador. Mas os
fatos são os fatos e estes não podem ser, e não serão, mudados jamais.
CAPÍTULO I
A IDADE ANTIGA
Compreende-se como História Antiga o período que vai do início da História, a partir da invenção
da escrita, aproximadamente 4000aC, até 476dC, ano da queda de Roma Ocidental, como capital do Império
Romano do Ocidente. A queda de Roma finaliza a Idade Antiga e inicia o período conhecido como Idade
Média.
1
Entende-se como excedente de produção produtos agrícolas ou fabris que, não tendo mercado interno ou sendo produzido
exclusivamente para o mercado externo, passam a ser dispostos para trocas comerciais.
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Tabela 1: Lista das Principais Funções da Tripulação de um Navio
Capitão Comandante do navio. Responsável pelo cumprimento da missão.
Condestável Oficial diretamente subordinado ao capitão. Responsável pela operação e
manutenção dos canhões de bordo.
Piloto Cuida da navegação.
Sota-piloto Auxilia o piloto.
Mestre Comanda a guarnição, dirige as tarefas de bordo e a manobra de âncoras e velas.
Contramestre Auxilia o mestre. Responsável pelo acondicionamento da carga.
Guardião Auxilia o contramestre.
Barbeiro-cirurgião Possuía alguns conhecimentos para tratar de feridos e algumas doenças.
Carpinteiro Repara o navio e equipamentos de madeira.
Calafate Repara a estanqueidade do navio, mantendo a embarcação capaz de flutuar.
Tanoeiro Responsável por consertar tonéis.
Cozinheiro Prepara as refeições.
Meirinho Executa ordens do capitão referentes à justiça. Controla a pólvora e a munição.
Ninguém manuseia fogo a bordo sem sua permissão, função que mais tarde
passou a ser do capitão do fogo.
Bombardeiro O mesmo que artilheiro.
Escrivão Oficial de fazenda, encarregado de escriturar a receita e despesa de bordo dos
navios de guerra.
Marinheiro Pessoa com experiência no mar e habilidades em marinharia.
Grumete Pessoa sem experiência no mar. Faz atividades pesadas.
Pajem Jovem de pouca idade e subordinado ao guardião. Encarregado das limpezas e
varreduras do navio.
Fonte: Marinhado Brasil: Uma Síntese Histórica. SDM, 2018, p. 35
2
A abordagem era a principal técnica utilizada nos combates navais na Antiguidade.
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capacidade de manobra, cujo fim era a defesa dos poucos “navios redondos”. Assim surgiu o navio de
guerra, a serviço dos navios mercantes e, portanto, da economia de cada nação ou império.
O navio de guerra egípcio, do qual temos a melhor
descrição entre os mais remotos, tinha pouca boca, o que lhe
valeu ser chamado de “navio comprido”, pois, ao contrário
do mercante, era bem mais estreito. Tinha o fundo chato, o
que, juntamente com a característica anterior, fazia com que
oferecesse pouca resistência à água. Sua propulsão principal
era o remo. Havia uma longa fileira de remos de ambos os
bordos, manejados pelos remadores que eram acorrentados
aos bancos para que não tentassem fugir na hora do combate;
obviamente morriam quando o navio afundava.
Os navios de guerra possuíam também velas, cujos
mastros eram arriados na hora da batalha para evitar que sua Típico navio de guerra da Antiguidade
queda atingisse os ocupantes do navio.
As velas eram usadas nas travessias longas, longe do inimigo, a fim de poupar os remadores, e no
caso de haver necessidade de bater em retirada para aumentar a velocidade de fuga; de fato, “içar as velas”
era, no combate, sinônimo de “fugir”.
Por causa do seu fundo chato e de sua pouca resistência aos temporais, os navios de guerra não
fundeavam como os mercantes; eram puxados para terra, ficando em seco. Essa circunstância ocasionou
algumas “batalhas navais” travadas em terra, quando acontecia de um inimigo atacar a esquadra antes que
os navios pudessem ser postos a flutuar. Os principais eventos ocorreram na Batalha de Micale (479aC), na
qual os gregos venceram os persas, e na Batalha de Egos-Pótamos (405aC) em que os espartanos venceram
os atenienses.
Quanto às suas dimensões, sabemos que uma trirreme grega tinha geralmente 25 metros de
comprimento por apenas seis metros de boca. O navio de guerra conduzia a bordo, além do pessoal marítimo
como qualquer navio, os guerreiros e os remadores. Os guerreiros eram soldados terrestres que
simplesmente embarcavam e seus comandantes lideravam a batalha naval. Mais tarde, porém, o combatente
do mar foi se distinguindo do combatente de terra, e o ateniense Formion3 será o primeiro “general do mar”,
ou seja, o primeiro almirante.
A arma principal do navio de guerra não era o soldado que ia a bordo, mas uma protuberância
colocada na proa à linha d’água chamada esporão, aríete ou rostrum, destinada a penetrar profundamente
na nave inimiga e, assim, pô-la a pique; acontecia, porém, muitas vezes, que o esporão se quebrava com o
choque e o navio atacante, com um rombo na proa, também ia a pique. Foram os fenícios os grandes
aperfeiçoadores do esporão, que passou a ser revestido de bronze, o que o tornou ainda mais temível.
2) Os Povos da Antiguidade:
Vários povos participaram do início de nossa jornada na terra. A região compreendida pelo Mar
Mediterrâneo, abrangendo o continente Africano, Asiático e Europeu, foi o cenário para o florescimento
das principais nações que compreenderam este período. A presença do homem é comprovada neste mesmo
período no continente Americano e na Oceania, mas infelizmente não fazem parte de nosso estudo povos
como os astecas (na América) e os aborígines (Oceania), bem como os povos asiáticos da face leste do
continente, banhados pelo oceano Pacífico e dos africanos voltados ao oceano Atlântico Sul ou ao Índico.
O Mediterrâneo (terra do meio) foi a principal via de formação das culturas ocidentais e de várias
asiáticas e africanas. As primeiras civilizações4 surgiram nesse cenário até a região compreendida pela
3
Vencedor dos espartanos e seus aliados em vários combates, principalmente na batalha do golfo de Corinto (429 aC), quando
fez inteligente manobra antes de atacar. É considerado o pai da tática naval, que, depois dele, passou a ser feita pela combinação
de choque e movimento; só no século XIV surgiu o terceiro elemento, o fogo, isto é, o canhão.
4
Civilização: Termo empregado a partir da Revolução Francesa por estudiosos iluministas para classificar uma sociedade pelo
seu estágio de desenvolvimento.
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Mesopotâmia (“Terra entre Rios” – Tigre e Eufrates) denominada de Oriente Próximo.
Portanto, a Antiguidade é dividida em Antiguidade Oriental, a Leste ou ao Oriente, compreendendo
os povos fenícios, hebreus, persas, egípcios e a Mesopotâmia, e Antiguidade Ocidental ou Clássica, a Oeste,
participando povos como os gregos e romanos.
5
A concepção de indústria não pode ser vista aos olhos da atualidade no sentido de fábrica mecanizada. Os produtos eram
rudimentares e o sistema de produção, ou transformação, era primário.
6
Déspota: governo tirano, opressivo ou dominador onde não há liberdade plena para os cidadãos.
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Entretanto, o governo interveio por diversas vezes no comércio por meio de expedições navais em
que o faraó tomava a iniciativa, com o fim de estabelecer relações diretas de troca com os países do Ponto
(Ponto Euxino ou Mar Negro), situados na Arábia Meridional e fornecedoras de incenso, produto então
muito procurado.
Semelhantes expedições, determinadas pelos faraós e organizadas pelo Estado, foram, sobretudo,
frequentes durante as XII e XIII dinastias. Depois da instalação da Nova Monarquia, o tráfego pelo mar
Vermelho, quase completamente interrompido sob a dominação dos Icsos, retornou, graças ao poder real,
com uma força e um arrojo até então desconhecidos. As expedições marítimas se multiplicaram, sobretudo
devido à iniciativa dos faraós da XVIII dinastia, ao mesmo tempo em que aumentavam as trocas com a
Núbia. Esse período foi conhecido como Renascimento Saíta, devido a transferência da capital para a cidade
de Saís. Após as conquistas realizadas nas costas asiáticas, o centro político do Egito se transportou, com
Ramsés II, para o Norte, ou mais exatamente para o delta Oriental. O Egito se abriu então largamente ao
contato com os povos navegadores do Mediterrâneo.
Os últimos faraós se esforçavam
por completar e aperfeiçoar a obra de
organização do comércio egípcio
realizado por seus predecessores.
Psamético fundou numerosos centros de
negócios e uma grande frota mercante.
Necao, mais empreendedor ainda, deu
forte impulso ao comércio arábico com o
fim de colocar nas mãos dos egípcios o
monopólio do tráfego das especiarias7.
A expedição naval mais importante
foi favorecida pelo Faraó Necao no
século VIaC, conhecida como o Périplo
de Hanno, onde navegadores fenícios
fizeram o périplo africano, ou seja,
contornaram todo o continente africano a
partir do mar Mediterrâneo, feito este só
repetido vinte séculos mais tarde por
Vasco da Gama, navegador português, Continente
em 1498, partindo de Lisboa até Calecute
na Índia. Africano
Embora os fenícios tenham sido os principais
navegadores da Antiguidade, a melhor descrição que
temos de um navio mercante provém dos egípcios. O
navio mercante, de um modo geral, apresentava forte
calado e tinha boca relativamente larga; por esta última
característica era chamado “navio redondo”, o que
evidentemente era força de expressão. Seu meio de
propulsão era a vela, embora possuísse alguns remos para
Mapa antigo demonstrando Alexandria no Egito auxiliar a manobra de entrada e saída dos portos, assim
como para o caso de completa calmaria. Essa evolução
veio junto com o desenvolvimento egípcio apoiado no
comércio marítimo fenício.
7
Compreende-se por especiarias todos os produtos que alcançavam grande valor econômico, seja para uso culinário, cosmético,
farmacológico ou de ornamentação. Os produtos de cunho religioso geralmente alcançavam os mais elevados preços, tornando-
se os principais nas relações de troca.
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Conquistado através dos séculos , pelos assírios, persas, e por fim pelos gregos, sob Alexandre “O
8
Grande”, o Egito não perdeu a importância comercial. Bem pelo contrário, com um gesto de vidente, o
conquistador macedônio Alexandre fundou a cidade de Alexandria numa situação incomparável, na costa
vasta e sem refúgios de um país interior, incomensuravelmente rico, na desembocadura do seu único rio de
grande porte, no limite de duas partes do mundo asiático e africano e unido com a Europa pelo mar
Mediterrâneo. Desenvolveu-se Alexandria com inesperada rapidez, se convertendo não só em magnífico
centro de arte e de ciência como também na praça comercial mais grandiosa do mundo antigo. Ela
concentrava ao mesmo tempo os gêneros e os produtos manufaturados do vale do Nilo, os gêneros e as
matérias-primas vindas da Etiópia, da África Oriental, da Arábia e da Índia, os quais, por seu intermédio,
se espalhavam em todo o mundo grego até o Ocidente. Sua população, onde se misturavam gregos, egípcios
e judeus orientais, já se distinguia pela fisionomia cosmopolita que caracteriza hoje os grandes portos do
Levante9.
Não obstante, convém observar que, no Nilo
como no Eufrates, o centro de gravidade da vida
econômica era constituído pela agricultura e que a
indústria e o comércio só secundariamente
ocupavam a vida dos moradores. A principal
atividade do povo egípcio foi sempre a cultura dos
campos e a criação de animais, sendo os principais
produtos o trigo, o algodão, o linho e o papiro,
porquanto o comércio em Alexandria era exercido
em grande parte por judeus e gregos, e o emprego
nas construções públicas de obras hidráulicas,
palácios ou tumbas era feito durante o período de
Mapa da atual Alexandria no Egito
cheia do rio, onde não se podia trabalhar a terra.
As referências feitas por Plutarco, um pensador e filósofo grego, e por outros historiadores ao número
de navios queimados pelos soldados de Júlio César em Alexandria, durante a conquista romana, e às forças
navais de Antônio, na guerra contra Augusto10, mostram não terem sido pequenos os recursos do Egito no
mar, malgrado o caráter terrestre de seu povo.
Em suma, o Egito antigo se caracteriza, sob o ponto de vista marítimo, como uma nação continental
que se desenvolveu inicialmente livre da influência das rotas oceânicas e que, por força do próprio
progresso, foi levada a participar cada vez mais das atividades nos mares. A evolução egípcia exemplifica
também a tendência de povos interiores buscarem a saída livre das rotas marítimas, como decorrência
inevitável do seu desenvolvimento.
8
As invasões constantes tiveram grande efeito sob a cultura egípcia, sobretudo o domínio macedônio de Alexandre que permitiu
a penetração da ideias gregas na sociedade egípcia. Esse domínio instaurou uma dinastia de origem macedônica chamada
ptolomaica ou lágida, à qual pertenceu Cleópatra. Seu filho com o imperador romano Júlio César foi o último faraó ptolomaico,
tendo todo o Egito caído nas mãos dos romanos de modo definitivo. Até o fim da dinastia ptolomaica a dominação romana se
restringia a retirar do Egito apenas os grãos necessários para a subsistência do povo romano em todo o Império.
9
Levante: lado onde o sol nasce, a leste, também chamado de Nascente em contraposição de Poente (onde o sol se põe).
10
O fato mais importante foi a Batalha Naval de Ácio ou Actium, na guerra contra o triunvirato romano.
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2.2) A Civilização Mesopotâmica:
A Mesopotâmia se situa no Oriente Médio entre
os rios Tigre e Eufrates, que ficam no atual Iraque, na
região conhecida como Crescente Fértil. Seu nome vem
do grego (meso = meio e pótamos = água) e significa
"terra entre rios", mostrando a causa da fertilidade dessa
região, embora esteja localizada em meio a montanhas e
desertos.
No que se refere à organização socioeconômica,
existem grandes semelhanças entre a civilização egípcia
e mesopotâmica. No entanto, algumas diferenças de
caráter físico-geográfico podem ser destacadas.
Enquanto o Egito apresentava grande isolamento
geográfico, o que lhe possibilitou longos períodos de
estabilidade política, a Mesopotâmia é, ainda hoje, uma
planície aberta a invasões por todos os lados. Além disso, o regime de cheias do Tigre e do Eufrates não é
tão regular como o do Nilo, não sendo raras violentas inundações e até períodos de seca na região banhada
por eles.
Em termos políticos, o Egito se caracterizou por ter na instituição monárquica, personificada no faraó,
o seu principal fator de unidade, enquanto na Mesopotâmia esse fator era a cidade. Logo, enquanto os
egípcios entendiam-se como parte de algo maior, que incluía aldeias, nomos e o faraó acima de tudo, na
Mesopotâmia a identidade era dada pela cidade à qual os indivíduos pertenciam.
Os primeiros vestígios de sedentarismo humano na Mesopotâmia datam de aproximadamente
10.000aC. O crescimento dos primeiros núcleos urbanos da região se fez acompanhar do desenvolvimento
de um complexo sistema hidráulico, que tornou possível a drenagem de pântanos, a construção de diques e
barragens, para evitar inundações e armazenar água para épocas de seca.
O sucesso dos empreendimentos feitos nas atividades produtivas levou à formação de grandes cidades
com mais de mil habitantes já por volta de 4.000aC, como Uruk. Tais cidades tinham principalmente função
militar, protegendo a população e a riqueza gerada pela agricultura, e tornando possível o controle político.
Participaram da história dessa região principalmente os povos sumérios e acádios. Ao final do Período
Neolítico, diversas cidades já haviam sido criadas na região, todas elas autônomas e habitadas por sumérios,
povo oriundo do vizinho planalto do Irã. Ur, Nipur, Lagash, além da já citada Uruk, foram os principais
cidades desses centros urbanos. Eram governados por patesís, mistura de chefe militar e sacerdote. Eles
controlavam a população, cobrando impostos e administrando as obras hidráulicas junto com numerosos
auxiliares. As terras eram consideradas propriedade dos deuses, cabendo ao homem servi-los, não só com
o trabalho agrícola, mas também com a construção de templos - os zigurates.
Os sumérios chegaram a estabelecer relações comerciais com povos vizinhos, tanto na direção Oeste,
para o mar Mediterrâneo, como na direção Leste, rumo à Índia. Desenvolveram a escrita cuneiforme,
composta de símbolos fonéticos em forma de cunha, fundamentais para registrar as complexas transações
econômicas características desses povos.
Por volta de 2.400aC, o povo acádio, que há algum tempo vinha se introduzindo na região, estabeleceu
sua hegemonia na Mesopotâmia. O rei acádio Sargão I unificou o centro e o sul do vale, submetendo os
sumérios ao mesmo tempo em que incorporava sua cultura, porém, contínuas invasões estrangeiras
inviabilizaram a permanência do Império Acádio, que acabou desaparecendo por volta de 2.100aC.
Logo após foi a vez dos babilônios. Os amoritas vindos do sul do deserto árabe derrubaram os acádios.
Seu principal líder foi Hamurábi, responsável por uma gama de normas sociais conhecidas como Código
de Hamurábi ou Leis de Talião, que determinavam a pena imposta para as transgressões, geralmente de
forma violenta como por mutilações e morte.
Os amoritas foram seguidos por hititas, cassitas e por fim assírios. Foram os assírios que organizaram
militarmente a região, usando carros de guerra e armas de ferro, muito superiores as de cobre utilizadas
11
Os judeus são parte do povo hebreu, sendo resultado de uma divisão que ficou conhecida como diáspora, ficando os hebreus
com a capital em Samaria e os judeus na Judéia.
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em conflitos que se tornaram conhecidos como Guerras Médicas – nome que faz referência ao povo medo,
da Pérsia – ou Guerras Greco-Pérsicas. Em seu expansionismo, os persas haviam dominado as cidades
gregas da Anatólia, na atual Turquia, prejudicando o comércio da Grécia com o Oriente. Os gregos lutavam
pela independência dessas cidades.
12
Talassos = mar e cratos = governo, ou seja, literalmente, “governo do mar”; diz-se do governo que é dominado por homens
ligados ao mar, como os do comércio marítimo, da pesca, da marinha de guerra etc.
13
Aristocracia: tipo de organização social e política em que o governo é monopolizado por um número reduzido de pessoas
privilegiadas, não raro por herança como fidalguia, nobreza. Grupo de indivíduos que se distinguem pelo saber.
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Organizavam-se em cidades-estados interdependentes chefiadas pela elite mercantil. Beirute, Aca,
Jaffa e, sobre todas elas, Biblos, Tiro e Sidon, se tornaram os pontos de apoio de uma atividade mercantil
que enlaçava os círculos culturais asiáticos e egípcios, tornando os fenícios depositários de uma vasta
cultura mediterrânea que influenciou a cultura dos gregos e, mais tardiamente, dos romanos.
Os fenícios exploraram sucessivamente as costas do Mediterrâneo Oriental e as ilhas dos
arquipélagos, oferecendo aos gregos, ainda bárbaros, os produtos da indústria egípcia ou asiática. Quando
podiam aprisionavam mulheres e crianças para as venderem como escravos noutro lugar. Com intuição
feliz, andavam e procuravam, nos vários centros, a matéria-prima que escasseava, não só no próprio país,
mas nas regiões e nos estados vizinhos. Souberam se tornar indispensáveis a tal ponto, que obtiveram dos
faraós egípcios o monopólio da grande e pequena cabotagem14 entre os portos daquele Império.
Unindo a audácia aventureira do marinheiro à habilidade do mercador, eles conseguiram rapidamente
estabelecer entre os povos disseminados ao longo do Mediterrâneo e além das Colunas de Hércules (estreito
de Gibraltar) um sistema de trocas intensas.
As invasões egípcias efetuadas sob as dinastias XVII, XIX e XX não parecem ter afetado o
desenvolvimento comercial dos fenícios. Aceitando o domínio dos faraós, em troca obtiveram o monopólio
do comércio egípcio e puderam estender suas relações ao mesmo tempo sobre o Mediterrâneo e o mar
Vermelho. É nessa época que se situa a fundação das primeiras colônias fenícias na costa da Cária e da
Kilídia, em Chipre, em Creta, em várias ilhas dos arquipélagos e do norte da África. Sidon que não tinha
sido na origem senão uma cidade de pescadores herdou a supremacia antes exercida pelas cidades de Arad
e Biblos, tornando-se a metrópole de um vasto império marítimo.
Forçados mais tarde pelos progressos da Marinha grega a se retirarem, pouco a pouco, das ilhas dos
arquipélagos do mar Egeu, os fenícios estabeleceram numerosos empórios na parte ocidental do
Mediterrâneo, na Espanha, Gália, Itália, Sicília, Malta, Córsega, Sardenha e ilhas Baleares. Entre os séculos
XI e IX a.C., depois da fundação da Utica (na Tunísia) e de Cádiz, antes de Cartago, os fenícios
desenvolveram as trocas comerciais na parte ocidental do Mediterrâneo. Para proteger a rota mercantil de
Gades (Cádiz) e de Malaca (Málaga), criaram estações marítimas na Sicília da mesma forma que na Tunísia,
nos pontos do litoral onde havia os melhores portos naturais. As ilhas vizinhas, Malta, Gozo, Pantelaria e
Lampedusa, foram transformadas em estações marítimas.
Na Sicília, o avanço dos colonos gregos no começo do século VIII aC, provocou a retirada gradual
dos fenícios para o noroeste da ilha onde eles conservaram as cidades de Panormium (mais tarde Palermo),
Motya e Solans, que estavam bem colocadas para curtas travessias à vela em direção a Cartago, esta já uma
cidade florescente.
Provavelmente, os fenícios
estabeleceram também ponto de
apoio no local onde hoje se situa
Lisboa. Alguns historiadores
admitem mesmo que os fenícios
tenham estendido suas expedições
marítimas até as ilhas Canárias, em
pleno Atlântico, e talvez ainda mais
ao sul, às ilhas do Cabo Verde.
14
Cabotagem: termo utilizado para fazer referência às navegações de Cabotto, navegador italiano que percorria a costa de ponto
em ponto para demarcá-la. A navegação de cabotagem é aquela feita de porto em porto de pequena distância, em contraponto a
navegação de longo curso.
15
s.f. Mudança das coisas que se sucedem, alternativa, alternância, eventualidade, acaso, azar, revés, instabilidade.
16
Derrota: termo utilizado na marinharia significando rota, caminho ou direção tomada pelos navios.
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2.5) A Civilização (Fenícia) Cartaginesa:
A fundação de Cartago é posterior, cerca de três séculos, ao começo da colonização fenícia no
Oriente. Pode-se datá-la, sem medo de errar, dos fins do século IX a.C.
Graças à sua situação geográfica favorável, no norte da África, do lado ocidental do Mediterrâneo e
de frente à península17 Itálica, e à intensa atividade comercial exercida por seus habitantes, Cartago se
tornou a mais poderosa das colônias fenícias do Ocidente. Ela era o único grande centro africano ao qual
afluíam as caravanas do interior do Continente Negro, de modo que o tráfego incessante a enriqueceu com
singular rapidez.
Depois que Tiro perdeu a primazia comercial e política em consequência do desastroso domínio
assírio, Cartago a substituiu na proteção das colônias fenícias e se converteu no centro de um verdadeiro
império marítimo e comercial. No começo do século VaC, sua preponderância era reconhecida pelas
comunidades que Tiro e Sidon haviam fundado ao longo da costa do Mediterrâneo Ocidental, até além das
“Colunas de Hércules” (Estreito de Gibraltar). Cartago exercia hegemonia na Sicília Ocidental, na
Sardenha, nas ilhas Baleares, nas costas meridionais da Espanha e em toda África do Norte até a Cirenaica.
Tanta riqueza fácil ensoberbeceu a classe dirigente que cedeu à tentação de uma política imperialista, com
dano das terras vizinhas, para usufruir em proveito próprio e monopolizar em sua exclusiva vantagem os
recursos do mundo Mediterrâneo Ocidental. Os territórios submetidos passaram a constituir não somente
pontos de apoio para o imperialismo marítimo cartaginês, mas também zonas de ocupação e barreiras que
abrangiam a Bacia Ocidental do Mediterrâneo. Esse mar formava assim uma espécie de mar fechado,
submetido ao domínio ilimitado e ao controle rigoroso dos cartagineses. Os cartagineses tinham por norma
atacar e afundar os navios estrangeiros surpreendidos nas zonas marítimas reservadas ao seu tráfego.
Para atingirem o império absoluto do comércio do Mediterrâneo, os cartagineses fizeram de sua
cidade um porto privilegiado. Para ele afluíam todos os produtos transportados dos empórios, colônias e
portos estrangeiros. Assim, o porto de Cartago se tornou o
grande mercado do Mediterrâneo Ocidental e o ponto de
cruzamento de todas as vias marítimas pelas quais refluíam
em seguida para a periferia as mercadorias importadas.
Cartago tomou, por outro lado, medidas enérgicas para
guardar no Atlântico, e ao longo de toda a costa mediterrânea
da África do Norte, o monopólio do comércio. Se no mar
Tirreno, nos golfos de Gênova e de Lião e ao longo da
Espanha Oriental ela não pôde afastar os gregos, conseguiu
lhes interditar o acesso a todas as regiões sobre as quais
exercia autoridade política ou hegemonia econômica.
Pode-se dizer que a política cartaginesa do monopólio
do mar deu resultados surpreendentes, considerando que os
gregos no século VaC não se aventuravam no Mediterrâneo
Ocidental.
Toda essa série de medidas e o empenho com que
foram mantidas demonstram que a política geral de Cartago parece ter sido, sobretudo, inspirada por
preocupações comerciais. Ao contrário da Roma Republicana, negociar para o cartaginês era uma grande
honra. A aristocracia não se considerava diminuída, consagrando seus recursos e atividades aos afazeres
comerciais. Muitos nobres eram armadores ou banqueiros. Cartago foi uma das cidades antigas onde o
comércio foi mais poderoso e onde pesou mais pelos destinos da nação. Aníbal, depois da derrota de Zama,
parece ter compreendido isso. Ele se esforçou por medidas enérgicas para tirar o Estado da tirania dos
magnatas financeiros.
Contudo, a intervenção do Estado se mostrou muito eficaz na organização de expedições de fins
comerciais através dos mares ainda inexplorados. A esse respeito, convém notar a viagem marítima
realizada por Hannon ao longo da costa ocidental da África. Os novos itinerários marítimos descobertos
17
Península: Porção de terra cercada de água por três lados e mantendo sua ligação com uma porção de terra maior.
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pelos exploradores cartagineses eram mantidos secretos e cuidadosamente guardados nos arquivos do
Estado (protecionismo)18. A tendência dos cartagineses a reforçarem constantemente seu domínio
comercial, a combaterem toda concorrência estrangeira e a dominarem as rotas marítimas também é
constatada pelo fato de o Estado Púnico possuir uma frota mercante e militar inteiramente nacionais, ao
contrário das forças de terra, que eram constituídas por mercenários. Com isso eles queriam evitar que um
dia surgissem cidades rivais de Cartago, mesmo entre as cidades fenícias confederadas.
Nas vésperas das Guerras Púnicas19, o domínio comercial de Cartago, tanto no Mediterrâneo como
no Atlântico, era considerável. Para explorar esse domínio, Cartago dispunha de um aparelhamento do qual
se conhecem certos elementos. A frota mercante era conhecida pelas dimensões de suas unidades, grandes
galeras que navegavam a vela e, na falta de vento, a remo, pela habilidade das guarnições e dos comandantes
que não se contentavam em seguir o litoral, mas enfrentavam o alto-mar, observando os astros. Essa frota
encontrava escalas, refúgios, pontos de apoio habilmente escolhidos e bem aparelhados. As construções
navais tinham lá lugar importante, empreendidas e dirigidas algumas por armadores e outras pelo próprio
Estado. Políbio, um Geógrafo e Historiador grego, registrou na sua obra Histórias que os cartagineses eram
hábeis nessa indústria. A África lhes fornecia as madeiras e a Espanha o esparto 20 para o aparelho. O
aparelhamento dos portos e a organização dos estaleiros e oficinas especiais progrediram juntamente com
a navegação. Para conservar as comunicações livres e manter as colônias na dependência absoluta, grandes
frotas de guerra impediram o desembarque de rivais ou inimigos.
As forças de Cartago aumentaram mais ainda nas
sucessivas lutas com os etruscos, gregos, massílios e
finalmente com os romanos, e era espantosa a rapidez
com que suas perdas eram substituídas, graças à
padronização dos meios navais. A sua base principal era
a própria Cartago.
No começo, a frota de guerra era constituída
apenas por trirremes21, cujo tamanho foi aumentado no
tempo de Alexandre.
Por ocasião das guerras púnicas, Cartago construiu navios de cinco (quinquirremes) e de sete
(septirremes) fileiras de remos os quais podiam transportar cento e vinte soldados e trezentos marinheiros.
Contra Siracusa, Cartago armou cento e cinquenta e dois navios, e contra Roma muitos mais. Para Xerxes
consta que Cartago forneceu dois mil grandes navios de transporte por ocasião das guerras medas.
A política comercial cartaginesa, se foi nociva para os povos marítimos rivais, como os gregos e
romanos, não o foi menos nociva para as comunidades fenícias confederadas cujos interesses foram
sacrificados aos fins particulares exclusivistas da cidade que as dominava. É fácil compreender como o
princípio do mar livre (mare nostrum), pregado pelos romanos durante a luta com o estado cartaginês
(Guerras Púnicas), atraiu bem cedo o favor e o apoio das populações submetidas ao jugo marítimo de
Cartago, com grande dano para esta.
Assim, Roma, ao destruir o domínio cartaginês sobre os mares, não somente livrou a classe
comerciante italiana de um longo pesadelo, mas abriu as rotas marítimas do Mediterrâneo a todos os povos
que por muito tempo haviam sido oprimidos.
18
Protecionismo: Prática ou doutrina de proteção aos produtores de um país ou região, em geral pela imposição de obstáculos à
importação de produtos concorrentes, por meio de tarifas alfandegárias, etc.
19
Púnico: relativo ou pertencente aos cartagineses ou a Cartago, cidade-estado fundada pelos fenícios em 814 aC, na região
próxima à atual Túnis (Tunísia, N. da África), e que foi destruída pelos romanos em 146 aC e pelos árabes em 698 dC.
20
Esparto: planta medicinal, da família das gramíneas (Stipa tenacissima), cujas folhas se empregam no fabrico de cestas, cordas,
esteiras, etc...
21
Trirremes: embarcações com três ordens de remo de cada lado do costado, armados em três pavimentos e eventualmente com
uma vela redonda. O máximo que se conseguiu produzir foram as embarcações de sete ordens de remo sendo que as mais
utilizadas foram as trirremes e as quinquirremes.
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Qualquer que sejam as lacunas de nosso conhecimento sobre o comércio púnico, não é menos certo
que o tráfego, sobretudo marítimo, foi o elemento mais importante da economia cartaginesa. Foi graças ao
intercâmbio que Cartago teve prosperidade; foi pelo comércio que desempenhou papel proeminente na
história do Mediterrâneo Ocidental, foi o comércio que lhe deu, entre as grandes cidades do Mundo Antigo,
sua fisionomia original.
No século XVa.C. ocorreu uma onda invasora formada pelos aqueus e, posteriormente, pelos dórios,
eólios e jônios, habitantes do norte da península Balcânica. Esses povos fazem parte do grupo linguístico
indo-europeu que formam esta sociedade. As invasões dórias impuseram um violento domínio, forçando a
população a um processo que ficou conhecido como Primeira Diáspora Grega, retirando grande parte da
população grega do continente para as ilhas, favorecendo o contato marítimo destas comunidades e levando
ao atraso as comunidades continentais, obrigando a deixarem a vida urbana e comercial, dedicando-se às
atividades rurais. A consequência desse fato foi o desenvolvimento marítimo das comunidades insulares e
o atraso para as comunidades peninsulares ou continentais.
O baixo rendimento da agricultura grega tornou na antiguidade a importação de grãos, principalmente
trigo, em muitas cidades, particularmente em Atenas, uma necessidade de primeira ordem. A produção de
cereais do território ateniense representava anualmente cerca de um terço das necessidades de sua
22
são vasos antigos de origem grega de forma geralmente ovóide, confeccionados em barro ou terracota e possuidoras de duas
alças, geralmente terminado em sua parte inferior por uma ponta ou um pé estreito, e que servia sobre tudo para o transporte e
armazenamento de gêneros de consumo, sobretudo líquidos, especialmente o vinho. Servia também para conter azeite, frutos
secos, mel, derivados do vinho, cereais ou mesmo água.
23
Em referência a Helena, uma divindade mãe, protetora e geradora de todos os indivíduos dessa sociedade de características
nítidas matriarcais.
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armas, joias e vasos pintados que os bárbaros tinham ânsia de possuir. Paulatinamente, os fenícios, antigos
senhores do tráfego marítimo do Oriente para o Ocidente, foram repelidos pelos gregos para fora do mar
Egeu, do Ponto Euxino e do mar Jônio, não guardando a supremacia naval a não ser na costa da África e
oeste do Grande Syrte e nas paragens das Colunas de Hércules (Cartago).
O mar Tirreno assistiu a luta dos gregos contra os cartagineses e etruscos. A ardente rivalidade das
potências marítimas e coloniais deu então um vivo desenvolvimento à navegação. Depois que os fenícios
foram afastados pelos gregos dos mares e dos mercados do Mediterrâneo, as indústrias helênicas
encontraram saída e clientela. Para se aproveitarem de alguns e satisfazerem a outros, os gregos tiveram
que se desenvolver. Produzia-se então entre a indústria e o comércio, sobretudo marítimo, um duplo efeito
de ação: o comércio tendo necessidade de suprimentos fornecidos pela indústria; a indústria devendo sua
prosperidade ao comércio.
O desenvolvimento do tráfego marítimo acarretou, logicamente, a prosperidade das cidades
portuárias. No século V a.C., a cidade e porto de Pireu havia se transformado no centro de um sistema de
vias marítimas, podendo-se dizer quase de linhas de navegação regular. Para o Nordeste seguiam as linhas
de cabotagem que serviam as colônias da Macedônia, da Calcídia, da costa da Trácia e à grande rota dos
estreitos do Ponto Euxino, de importância capital para Atenas, pois assegurava em grande parte seu
abastecimento de cereais e de peixe seco. Para leste, através do mar Egeu e das Cícladas os navios que
saíam do Pireu ganhavam as ilhas e os principais portos da Ásia Menor. Em direção ao sudeste, os gregos
saíam do mar Egeu entre Creta e Rodes, iam a Chipre, aos portos fenícios e ao empório ativo e próspero de
Neucrates. O mar Jônio e o Mediterrâneo Central não formavam uma bacia menos propícia à expansão
comercial. Depois de dobrarem os pontos meridionais do Peloponeso, os navegantes podiam rumar direto
para oeste em direção à Sicília, ou aproar a Noroeste para atingirem a Grande Grécia, ou penetrarem no
Adriático e avançarem até Hadria e o país das Bocas do Pó24. Mais longe que a Grande Grécia, Marselha e
seus vizinhos, escalonados entre Nice e Rosas, marcavam os pontos extremos do comércio helênico a Oeste.
Tal atividade marítima não se explicaria se a arte de navegar e a organização material dos portos não
tivessem atingido certo desenvolvimento. Os navios gregos dessa época já podiam carregar cerca de 250
toneladas25 e navegavam geralmente à vela, recorrendo aos remos apenas em circunstâncias excepcionais.
A utilização da vela subordinou a navegação ao regime dos ventos, principalmente no mar Egeu.
Para uma frota mercante numerosa e composta de unidades relativamente importantes eram precisos
portos especialmente aparelhados. Docas foram cavadas e molhes construídos a fim de protegerem os
navios ancorados das vagas de alto-mar e facilitar a descarga de mercadorias. Pouco se sabe acerca das
frotas de guerra gregas antes das Guerras Medas. Elas não deveriam ser desprezíveis, pois de outra forma
é difícil explicar a expulsão dos fenícios de regiões importantes do Mediterrâneo e a expansão marítima
helênica numa época de pirataria generalizada. É provável também que a Marinha de Guerra grega não
estivesse em bom estado por ocasião da 1ª Guerra Meda. Com efeito, não se sabe de nenhum engajamento
naval nessa primeira fase da luta, que foi travada em terra, tendo os gregos deixado o exército persa cruzar
impunemente os mares. Entre as duas primeiras Guerras Medas também a Grécia muito sofreu com os
ataques dos piratas eginetas, o que parece indicar a sua fraqueza nos mares. Têm-se referências mais
concretas acerca das frotas de guerra helenas a partir desse período.
A primeira das grandes guerras dos gregos contra os persas – conhecidas como Guerras Médicas ou
Medas, devido ao nome de um dos povos constituintes do Império Persa, os medos – ocorreu em 492aC e
constou do envio de um exército, através do Helesponto (Dardanelos atual) e da Trácia, em direção ao
interior da Grécia, acompanhado por uma esquadra, que o seguiria pelo litoral do mar Egeu, a fim de
garantir-lhe o flanco esquerdo e o apoio logístico26, no entanto, uma boa parte da esquadra persa foi
24
Rio Pó, principal rio da parte oriental da Itália onde floresceu uma das principais comunidades pertencentes a este povo,
fundando a cidade de Veneza, conhecida como La Serenissima.
25
Tonelada em referência a tonel, indicando a quantidade de barris que um navio podia transportar e não a medida de peso
atualmente registrada para 1000Kg.
26
Apoio logístico é o apoio que se dá a uma força militar em operações suprindo-a de materiais, pessoal, conforto etc. para
garantir-lhe os meios necessários ao desempenho de sua missão.
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destruída por mau tempo quando contornava o monte Atos, junto à costa. Sem o apoio naval, essa tentativa
de invasão não chegou a se concretizar.
Em 490aC, os persas liderados por Dario I partiram novamente na tentativa de conquistar os povos
gregos, e chegaram a desembarcar em suas terras, mas foram surpreendidos pelo exército ateniense na
planície de Maratona e, apesar de sua superioridade numérica, foram derrotados pelos gregos. O prestígio
ateniense cresceu tremendamente após essa vitória, e a cidade começou a se destacar entre as demais pólis
gregas. Precavendo-se contra um possível novo ataque persa, após a primeira Guerra Médica, os atenienses
procuraram fortalecer sua marinha de guerra, já que o cenário das lutas seria o mar Egeu.
27
A Armada de Xerxes era composta pelos navios pertencentes às diversas nações que eles haviam conquistado, como das
cidades-estados fenícias e de localidades gregas da Ásia Menor.
28
Quando navios de guerra guardados em terra firme são destruídos antes de serem postos a flutuar.
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domínio do mar, permaneceram invencíveis. Em 431 a.C., Atenas e Esparta entraram em guerra, arrastando
as demais pólis para o conflito. Atenas tinha o poderio marítimo, enquanto os exércitos de Esparta detinham
o domínio terrestre, devastando os campos da Ática e cercando Atenas. Durante anos espartanos e
atenienses se enfrentaram, encerrando o conflito em 404 a.C., quando Esparta venceu.
Dois grandes desastres: o primeiro foi a perda nas batalhas em Siracusa (413 a.C.) e o segundo em
Egos-Pótamos (405 a.C.) – uma batalha naval travada em terra firme – causaram a desgraça, e o curto
império de Atenas pereceu. Vitoriosos, os espartanos conduziram seus navios ao Pireu e conquistaram
Atenas, assumindo a hegemonia da Grécia. Esparta foi, assim, a primeira potência nitidamente terrestre
cujos guerreiros bem aquilataram29 a importância da Marinha na luta contra o inimigo cuja principal fonte
de recursos residia no mar.
Península
Itálica Siracusa – Leste da Sicília
Educado por Aristóteles, Alexandre assimilou valores da cultura grega e, após sufocar revoltas
internas, partiu para a expansão territorial, tomando a Ásia Menor, a Pérsia e chegando até as margens do
rio Indo, na Índia. Morreu precocemente, aos 33 anos de idade (323 a.C.), e o grande império que
conquistara não sobreviveu ao seu desaparecimento. As divisões políticas e as constantes lutas internas
levaram ao enfraquecimento do Império Macedônico e à posterior ocupação pelos romanos.
Assim como a ruptura das linhas de comunicações marítimas pode implicar a derrota de forças
terrestres, como exposto acima, pode-se neutralizar ou eliminar a ação marítima por operações terrestres
bem orientadas. Claríssimo exemplo disso é a campanha de Alexandre, o Grande, quando saiu para a
Ásia Menor, por via terrestre, para conquistar o império persa. Partindo a princípio diretamente contra os
persas, Alexandre cruzou o Helesponto em 334 a.C. com cerca de 35 mil homens, atingindo vitoriosamente
a cidade de Sardis, na Ásia Menor, que tomou.
Sentindo, entretanto, que os persas ameaçavam sua retaguarda com o poder naval de que dispunham,
Alexandre decidiu voltar-se para o litoral antes de prosseguir pelo interior. É que os persas ameaçavam
desembarcar na Grécia, empregando sua ainda vasta esquadra, ao mesmo tempo que ameaçavam as
comunicações de Alexandre com a Macedônia e impediam os portos, que se submeteram aos gregos, de
exercerem o comércio marítimo.
A estratégia de Alexandre aí foi inversa da de Temístocles em Salamina. Avançou sobre o litoral
persa e dominou as bases da marinha inimiga, impedindo-a de dispor dos recursos que só nesses pontos
encontraria. Afastado esse perigo, pôde Alexandre completar a conquista da Ásia persa, dirigindo-se
para a Mesopotâmia e o planalto do Irã, chegando a atingir a Índia. Veem-se assim dois tipos de ação
claramente distintos com um mesmo fim. Em um deles, o mar usado para desarticular atividades militares
terrestres; noutro, a ação em terra neutralizando o uso do mar. Ambos são aspectos marítimos da defesa
nacional.
A grande obra de Alexandre da Macedônia no plano cultural sobreviveu ao esfacelamento de seu
império territorial. O movimento expansionista promovido por Alexandre foi responsável pela difusão da
29
Apreciar, avaliar, apurar, aperfeiçoar. Aperfeiçoar-se: aquilatar-se na virtude.
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cultura grega pelo Oriente, fundando cidades (várias delas batizadas com o nome de Alexandria) que se
tornaram verdadeiros centros de difusão da cultura grega no Oriente. Entre estas cidades a mais notável e a
que mais se destacou foi Alexandria no Egito, cidade importante para as culturas egípcia, grega e romana,
entre outras. Nesse contexto, elementos gregos acabaram-se fundindo com as culturas locais. Esse processo
foi chamado de helenismo e a cultura grega mesclada a elementos orientais deu origem à cultura helenística,
numa referência ao nome como os gregos chamavam a si mesmos - helenos.
Pelos séculos afora, sob o domínio romano ou constituindo parte do Império Bizantino, os gregos
jamais deixaram seus hábitos marítimo-comerciais. Rodes, Delos e Corinto foram, depois de Atenas,
verdadeiros centros do comércio mundial numa época em que o domínio romano já se estendia por todas
as praias do Mediterrâneo.
Tal como a Fenícia, toda a história grega se acha intimamente ligada aos acontecimentos que se
desenrolaram nas águas do Mediterrâneo.
30
Os navios da Antiguidade eram feitos de peças únicas, como quebra-cabeças. Isso trazia vantagens, como a facilidade em se
padronizar formas e tamanhos, mas também a desvantagem da fragilidade das embarcações e a possibilidade de serem copiadas
pelos inimigos.
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Roma cessou de ser a capital de um povo essencialmente agrícola em que a riqueza era fundada
principalmente na propriedade rural e nos recursos agrícolas. Tornou-se a aglomeração tumultuosa onde a
indústria, o comércio, o tráfico e o dinheiro adquiriram uma importância antes desconhecida. Dessa lenta
decomposição de uma sociedade guerreira, agrícola e aristocrática, que havia começado quando Roma já
tinha conquistado a hegemonia militar no Mediterrâneo, nasceu o que se pode chamar o verdadeiro
imperialismo romano. Essa política foi inaugurada pela terceira declaração de guerra a Cartago (149 a.C.)
e pela conquista da Macedônia e da Grécia. Após uma pérfida declaração de guerra, depois de vergonhosas
derrotas, depois de muitos esforços e de três anos de guerra, Cartago foi incendiada por Cipião Emiliano, e
seu comércio passou para as mãos dos mercadores romanos.
A vitória sobre Cartago fez Roma senhora do Mediterrâneo Ocidental. A conquista da Grécia, a
derrota dos soberanos orientais Antíocus, Mitridate e mais tarde Cleópatra asseguraram sua hegemonia nos
mares orientais. Entrementes, a profunda mudança operada na estrutura social e econômica da Itália colocou
a população na dependência estreita das comunicações marítimas.
Roma, entretanto, não encontrou logo a paz em seus domínios crescentes. O período de 133-31 a.C.
foi acidentado pela guerra civil, que agitou a República com problemas gerados pela sua própria expansão.
As estruturas romanas não resistiam mais às novas condições da imensidão de suas terras e da
multiplicidade de seus habitantes.
A cultura de cereais, a qual durante tanto tempo se tinham, sobretudo, consagrado os camponeses
italianos, caiu cada vez mais em decadência. Não sendo a produção local bastante copiosa para atender a
todas as exigências, foi necessário procurar fora do Lácio 31 o suprimento de farinha indispensável à
alimentação das cidades. A anexação ao Estado romano da Sicília, da Sardenha e, mais tarde, dos territórios
de Cartago, da Ásia Menor, e enfim do Egito favoreceu uma importação considerável de cereais feita
através dos portos da foz do rio Tibre. Calcula-se que nessa época Roma importasse 20 milhões de bushels32
de trigo do Egito e de outras partes da África.
Considerando que a viagem de Alexandria a Óstia levava em média 25 dias e que cada libúrnia
transportava no máximo 250 toneladas (lembrando que são tonéis e não unidades de 1.000Kg), bem se pode
avaliar o número elevado de navios para atender a tal importação. Após a destruição de Cartago Roma pôde
acreditar estar senhora incontestável de toda a extensão do mar Interior e foi apenas a grande república
móvel dos piratas que pôs em atividade os estaleiros navais. O surgimento do poderio dos piratas prova a
que ponto Roma se julgava segura em todas as áreas do Mediterrâneo. Exagerando sua quietude, não vendo
nenhum Estado cuja Marinha a pudesse ameaçar, não tendo a considerar senão os corsários habituais, o
Governo Senatorial de Roma tinha, por incúria, deixado suas frotas ao abandono. Então os bandidos da
Cilícia e da Fenícia entraram em ação, pondo a saque numerosas cidades costeiras, aproveitando as ocasiões
propiciadas por qualquer grave conflito, como o da guerra contra Mitridate. Os piratas dispunham de
arsenais, portos, vigias, remadores e pilotos hábeis, além de navios de todas as espécies, tão bons quanto
temíveis.
O comércio romano experimentou dificuldades crescentes. Em particular, os comboios de trigo, tão
indispensáveis à Itália, foram quase paralisados pela ação dos piratas. Face ao perigo, a Marinha romana
foi restaurada em regime de urgência, e Pompeu teve à sua disposição 500 navios, 120.000 homens, todos
os recursos do tesouro nacional, conforme sua solicitação, e até o Comando de todas as margens até 70 km
para o interior, a fim de combater os piratas nas suas bases. Uma guerra curta, mas violenta, libertou o
Mediterrâneo da ameaça pirata, permanecendo apenas remanescentes dos antigos ladrões dos mares em
regiões afastadas.
Na medida em que a expansão territorial prosseguia jovens generais se destacavam, tanto na arena
política quanto na militar. Em 60 a.C., o Senado elegeu uma verdadeira junta militar. O primeiro triunvirato
era formado pelos generais Júlio César, Pompeu e Crasso, que dividiram entre si os territórios controlados
por Roma. A morte de Crasso rompeu o equilíbrio, levando Pompeu e Júlio César ao choque armado na
disputa pelo poder, que resultou na vitória de César.
31
Em italiano Lazio, a região em torno da cidade de Roma.
32
Cerca de oito galões de medida para produtos secos, como grãos.
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Nos anos que se seguiram, a Marinha romana desempenhou papel saliente nos acontecimentos. Em
todas as guerras civis do fim da República, a vitória pertenceu aos que se deslocavam mais facilmente e
mais rapidamente de um extremo ao outro do Mediterrâneo. Foi essa uma das grandes vantagens com que
contou César. A posse de forças navais importantes permitiu ao Sexto Pompeu realizar operações perigosas
contra o Triunvirato, mesmo próximo à Itália, as quais só não foram decisivas devido à perseverança de
Otávio e aos talentos de Agripa.
Proclamando-se ditador vitalício, centralizando todo o poder político em suas mãos e, portanto,
enfraquecendo o Senado, Júlio César acabou sendo vítima de uma conspiração da elite e foi assassinado
nas escadarias do próprio edifício do Senado. Sua morte causou profunda comoção popular e o retorno das
lutas civis, que só foram acalmadas com o surgimento de um segundo triunvirato. Seus membros, Marco
Antônio, Otávio e Lépido, oficiais do exército, logo também entraram em conflito entre si.
Enfim, a luta suprema que presidiu e fundou o regime imperial foi decidida em uma batalha no mar,
a que se realizou em Ácio ou Actium, entre as esquadras de Otávio, comandadas por Agripa, e de Antônio,
que contava com a participação de Cleópatra e de navios egípcios. Em 31 a.C. Otávio conseguiu derrotar
seus rivais, recebendo do Senado os títulos de Princeps (primeiro cidadão) e Imperator (o supremo),
arrogando para si o título de Augustus (divino). Concentrando os poderes em suas mãos e realizando uma
série de reformas. Otávio inaugurou o Império Romano.
Augusto não fechou os olhos às lições dos acontecimentos. Logo que outros cuidados o permitiram,
estabeleceu esquadras permanentes, tanto para consolidar seu poder como para garantir os comboios de
trigo necessários à alimentação da Itália. Na época de Augusto, as principais esquadras romanas tinham
base em Ravenna e Misenum. Havia, além do mais, espalhados pelo Império, esquadrões em Fórum Julei,
Bocas do Orontes, Alexandria, Parpathus (entre Creta e Rodes), Aquiléia (mar Adriático), no mar Negro e
na Grã-Bretanha. Flotilhas fluviais estacionavam no Reno, no Danúbio e até no Eufrates. Devido aos
duradouros distúrbios civis, a pirataria tornou-se uma atividade esporádica; muitos desses bandidos,
dálmatas ou sicilianos, alistaram-se no serviço do Império, e a segurança do mar foi restabelecida e não foi
perturbada durante dois séculos, salvo em certas partes do Euxino (mar Negro), onde Roma tinha poucos
interesses.
O controle do Mediterrâneo (Mare Nostrum, como passou a ser chamado pelos romanos após a
abertura feita a partir da destituição de Cartago) permitiu a Roma dispor durante séculos de uma grande
rota central entre suas províncias e, transportando suas legiões por essa via, realizar concentrações de forças,
rápidas para a época, nos pontos mais importantes. As rotas marítimas favoreceram os deslocamentos
estratégicos, que por seu turno asseguravam a grandeza e o poderio de Roma. Foi o período da Pax Romana,
um período em que Roma realmente esteve acima das outras nações.
A partir do século III da era cristã,
a civilização romana entra em crise,
caracterizando assim o Baixo Império.
A expansão territorial, base de toda a
riqueza e estabilidade política e social
do império, foi-se esgotando. Esse
esgotamento ocorreu em virtude, entre
outras coisas, da própria dimensão
territorial alcançada, da pressão dos
povos dominados e vizinhos, e da
distância, custos e inviabilidade de
novas anexações, na medida em que
surgiam obstáculos naturais detendo os
romanos, desde os desertos da África e
do Oriente Médio até as florestas do
Europa Central.
O Império Romano em seu apogeu
CAPÍTULO II
A IDADE MÉDIA
3) O Império Árabe:
A península Arábica apresenta-se com o uma região desértica e com poucas áreas propícias ao
estabelecimento de núcleos de povoamento permanente (oásis e partes litorâneas). Seus primeiros
habitantes foram tribos de nômades do deserto, os beduínos.
Por volta do século VI, mais de 300 tribos de origem semita habitavam a região, incluindo as tribos
urbanas, que ocupavam a faixa costeira do mar Vermelho e do sul da península, de melhores condições
climáticas e maior fertilidade do solo. Concentravam-se principalmente em Meca, sua principal cidade, e
na cidade de Iatreb.
A importância de Meca era decorrente de seu valor comercial e religioso, uma vez que lá se encontra
a Caaba, santuário em que se depositavam as imagens dos diversos ídolos representando os deuses das
tribos árabes (hoje a Caaba tem outra representação). A tribo dos coraixitas possuía grande poder e prestígio
e controlava a cidade de Meca.
Nascido em 570 e membro da tribo coraixita, apesar de oriundo de família humilde, Maomé passou
a pregar uma nova fé após anos de meditação e peregrinação. Reunindo elementos judaicos e cristãos no
Corão, livro sagrado escrito após a morte do profeta, o islamismo pregava a existência de um deus único,
Alá (aos mesmos moldes do Cristianismo – Deus – e do Judaísmo – Javé).
Maomé condenava a peregrinação das tribos até Meca para idolatrar os vários deuses (politeísmo)
representados na Caaba (tenda central usada como uma espécie de santuário ou altar). Sentindo-se
ameaçados, os coraixitas repudiaram a nova religião e expulsaram Maomé e seus seguidores para a cidade
vizinha de Iatreb (que teve seu nome mudado para Medina, que quer dizer “a cidade do profeta"). Essa fuga
caracterizou a Hégira, em 622, que deu início ao calendário muçulmano.
Bem recebido em Iatreb, o profeta conseguiu o apoio dos comerciantes locais e a ajuda dos beduínos
como soldados para conquistar Meca. Em pouco tempo, todos os povos árabes da península converteram-
se ao islamismo, o que os unificou.
Após a morte do profeta, em 632, a expansão religiosa prosseguiu, agora no contexto da djihad
(guerra santa), visando a conversão dos infiéis, ou seja, daqueles que não seguem o islamismo (corrente
filosófica do Islã). Nesse momento o poder passou para as mãos dos califas, herdeiros de Maomé, agora
chefes religiosos e políticos.
O Império Islâmico que se formava avançou primeiramente sobre os vizinhos territórios bizantinos
e persas. Durante a dinastia Omíada (661-750), contudo, os árabes avançaram também para o Ocidente,
tomando o norte da África e chegando à península Ibérica. O avanço árabe em direção à Europa Ocidental
só foi barrado na batalha de Poitiers (732), quando árabes e francos enfrentaram-se.
Contidos a oeste, não desistiram os árabes de tentar o prosseguimento de sua expansão a leste, onde
um grande obstáculo se opunha a seus propósitos: a cidade de Constantinopla, baluarte do Império Romano
do Oriente. Nas lutas pela conquista de Constantinopla, são vistas grandes campanhas navais decisivas na
sorte da Europa Oriental. Diversas investidas fizeram os maometanos por mar e por terra, até que a invenção
do fogo grego33, aparecido em 677, no quarto ano de sítio que sofria a capital oriental, permitiu ao
Imperador Constantino IV, conhecendo as possibilidades da nova arma, empregá-la com pleno êxito contra
seus inimigos, destruindo a esquadra árabe junto ao mar de Mármara.
Sitiada ainda diversas vezes no correr dos séculos seguintes por árabes e turcos, Constantinopla
sustentou a luta e permaneceu fora do alcance dos estrangeiros que pretendiam dominá-la.
33
O fogo grego era mistura altamente inflamável, que resistia até mesmo à ação da água e que aderia fortemente à madeira
das embarcações em que caía. Sua composição é desconhecida até hoje, mas parece que alcatrão e enxofre dela faziam parte,
assim como salitre, o que agregava oxigênio a mistura, fazendo-a arder até embaixo d’água.
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Ela, contudo, que salvara a civilização cristã do Ocidente, obstando o avanço de seus inimigos, veio
a ser, por ironia da História, pilhada barbaramente pela quarta cruzada (cristã), de 1204. Finalmente, fraca
em terra e no mar, Constantinopla caiu em mãos dos turcos, em 1453.
A unidade do império foi quebrada sob a dinastia Abássida, que substituiu a Omíada em 750,
possibilitando o advento de califados independentes, sediados em grandes cidades como Bagdá (Iraque),
Córdoba (Espanha) e Cairo (Egito).
A perda da unidade política foi acompanhada da desagregação religiosa, com o surgimento de duas
seitas principais: a dos sunitas e a dos xiitas. Os primeiros fundavam sua crença no Suna, livro que continha
os ditos e feitos de Maomé; acreditavam na livre escolha dos chefes políticos pela comunidade de crentes.
Os xiitas, por sua vez, defendiam que o poder político e religioso deveria concentrar-se nas mãos de uma
única pessoa, que descendesse do profeta Maomé, tornando absoluto o poder do Estado.
As ações dos povos árabes tiveram consequências muito além de seu próprio império. A expansão
pela bacia do Mediterrâneo, o controle que obtiveram sobre a região e as constantes incursões realizadas
no litoral sul da Europa intensificou na Europa Ocidental a decadência comercial e a ruralização.
4) Os Reinos Bárbaros:
A queda de Roma em 476 marcou o fim do Império Romano do Ocidente e, para muitos
historiadores europeus e ocidentais, inaugurou a Idade Média. Na Europa Ocidental esse período foi
marcado pela consolidação do modo feudal de produção, em substituição ao escravismo greco-romano.
As invasões bárbaras, que marcaram o final do Império Romano, não se encerraram em 476, pelo
contrário, continuaram ocorrendo durante boa parte da Alta Idade Média. Desde o século VII, foram
seguidas pelas invasões dos árabes no sul e sudoeste, pelos vikings no Norte e outros povos vindos do Leste.
São as invasões e o estado de guerra constante na Europa que nos permitem compreender a estrutura
econômica e social do feudalismo.
O contato da Europa Ocidental com os povos invasores não só foi responsável pela derrubada do
Império Romano como também substituiu a unidade pela diversidade cultural. A fragmentação político-
cultural nos antigos domínios romanos acarretou o surgimento de vários reinos bárbaros, além da
substituição do latim pela mescla com outras línguas.
A ruralização passou a caracterizar a Europa medieval. De fato, desde o final do Império Romano,
as cidades vinham sendo abandonadas devido a invasões e saques. Por outro lado, a falta de mão-de-obra
escrava atraía vastos contingentes de trabalhadores para o campo. Sob a condição de servos nas terras que
lhes eram arrendadas, o movimento dessa população marcava a volta para uma economia rural de
subsistência.
Devido à instabilidade causada pelas guerras, com a concentração da população em comunidades
rurais isoladas, o comércio entrou em franca decadência, assim como a utilização de moedas. Com o intuito
de se protegerem da agressão externa, construíram-se residências fortificadas dos senhores e castelos, tendo
nas proximidades as comunidades rurais.
Ao mesmo tempo, ocorria o fortalecimento do cristianismo, pouco a pouco se impondo à nova
sociedade em formação. Vários reinos bárbaros converteram-se à doutrina cristã, destacando-se entre eles
o dos francos.
34
É desse período que surge os títulos nobiliárquicos de marquês e conde, referentes aos nobres responsáveis pelos territórios
mais extremos do reino, os marcos do território, ou aos condados, regiões politicamente administradas pelo rei.
35
Período que vai do século V ao X, onde todos os meios que caracterizam a Idade Média foram crescentes, como a fragmentação
territorial, social, cultural e econômica, levando ao surgimento de vários pequenos reinos rurais.
36
Velas Latinas, triangulares, diferentes das velas redondas que eram quadrangulares.
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O navio a remos ainda foi amplamente usado no mar Mediterrâneo para fins militares. Depois da
invenção do canhão, este foi adaptado à proa das galeras, de modo a atingir o inimigo pela frente, durante
a aproximação das esquadras. De outra forma não podia ser, aliás, já que os bordos eram tomados pelos
remos, que compunham o aparelho propulsor dos navios.
Por ocasião das disputas entre a cristandade e os mouros, durante o século XVI, no mar
Mediterrâneo, deu-se a última grande ação entre navios de remos na história naval. Foi a Batalha de
Lepanto, travada em 1571, junto à península Helênica, que resultou em vitória para os cristãos, sem,
contudo, grande significação estratégica, já que não foi explorada devidamente. Embora reduzidos em sua
ameaça contra a Europa, os muçulmanos, ainda por muitos anos, mantiveram atividades predatórias que
fustigavam o comércio marítimo mediterrâneo.
O aparecimento da pólvora veio dar novas dimensões à guerra e criou na mente dos homens
pacíficos um grande temor, muito semelhante, guardada as devidas proporções, com o que hoje se observa
em relação às armas nucleares.
A pólvora já era conhecida dos chineses talvez desde a época em que viveu Cristo. Marco Polo
conta que viu belos fogos de artifício na China. Mas sabe-se que, pelo menos uma vez, os chineses
empregaram a pólvora na guerra, sob a forma de foguetes. Foram os árabes que transmitiram aos europeus
a fórmula da pólvora. As primeiras armas chamadas de fogo foram os canhões; só muito depois é que
surgiram as armas portáteis. Os foguetes que, como já vimos, foram anteriores aos canhões, só voltaram a
ter importância no século XX.
A invenção do canhão determinou profundas alterações na História e não apenas de caráter militar.
Contribuiu para o fim do feudalismo, já enfraquecido pelas cruzadas, em benefício do poder dos reis, porque
estes, apoiados pela burguesia, tinham mais recursos financeiros para comprar a nova arma. A arma de fogo
portátil, então, contribuiu sensivelmente para diminuir a desigualdade social, porque permitia que “qualquer
miserável plebeu abatesse o mais nobre dos cavaleiros”, como disse, horrorizado, um cronista da época. De
fato, o plebeu era o homem que lutava a pé e que pouca chance tinha no combate contra o nobre
pesadamente armado a cavalo, até então.
Na marinha, o canhão forçou lentamente o abandono do navio a remos que, embora mais manobreiro
que o navio a vela, não podia conduzir o mesmo número de canhões que este.
8) A Civilização Viking:
Embora viking signifique guerreiro, os vikings eram povos das enseadas abundantes tanto
na Dinamarca, país de planícies arenosas, através das quais se desenhavam tortuosos canais marítimos,
como na Noruega, pátria dos “fiordes” (gargantas escarpadas que levam as ondas até o coração dos montes,
em alguns pontos por centenas de milhas).
Ao longo do curso sinuoso desses fiordes, um pedaço de terra fértil entre o precipício e o estuário
dava lugar a campos de trigo e a um grupo de casinhas de madeira. Próximo, uma encosta alcantilada trazia
a espessa floresta até a borda da água, atraindo o lenhador e o construtor de barcos.
Ao cimo de tudo, os cordões nus das montanhas erguiam-se até os campos gelados e os cumes
glaciais, dividindo os povoados dos fiordes uns dos outros, como pequeninos reinos, atrasando por séculos
a união política da Noruega e lançando os habitantes, intrépidos para o mar, em busca de alimento e de
fortuna.
Traficantes de peles, caçadores de baleias, pescadores, mercadores, piratas e ao mesmo tempo
assíduos cultivadores do solo, os escandinavos sempre foram um povo anfíbio. Desde a ocupação de sua
terra, em data indeterminada da Idade da Pedra, o mar fora sempre o seu caminho de povoado para povoado
e o único meio de comunicação com o mundo exterior. Até o fim do século VIII, a área da pirataria dos
vikings confinara-se principalmente às costas do mar Báltico. Tinham-se contentado eles em se saquearem
reciprocamente e aos vizinhos mais próximos, mas no tempo dos romanos já infestavam as costas da Gália
Belga (Bélgica) e da Bretanha (Inglaterra). Ao que consta, só na época de Carlos Magno começaram a
atravessar o oceano e a atacar os países cristãos do Ocidente. Foram necessários séculos de experiências e
sem dúvida inúmeros naufrágios para que os vikings aprendessem a conhecer as etapas e as épocas mais
favoráveis para a navegação. Pouco a pouco eles aprenderam a passar de ilha em ilha aproveitando o bom
tempo e a construir navios maiores.
Desde o fim do século VIII ou começo do IX, quando seus exércitos e suas frotas aumentaram em
número e em importância, as expedições vikings alongaram-se. Essas expedições regularizaram-se em
seguida, cada burgo fornecendo um número determinado de navios. O sucesso das primeiras expedições de
grande envergadura e o superpovoamento relativo do Norte contribuiu, assim, em grande medida, para
arrancar homens de seus lares, particularmente em certas regiões, como as Ilhas dinamarquesas, onde, por
força de lei, uma parte do povo devia emigrar desde que o superpovoamento se acentuasse.
A fome, depois de uma má colheita nesses climas inóspitos, por vezes, lançava povoados inteiros
em busca de novas terras, pois os homens do Norte sentiam a falta de águas piscosas e de terras abundantes
em caça. O “Caminho dos Cisnes”, como cantavam em suas canções, fornecia-lhes o que recusava a terra
mal cultivada ou estéril ou a pesca insuficiente para remediar a fome. Tornando-se mais audaciosos nas
suas navegações, empreenderam viagens que, mesmo depois da agulha magnética, foram apenas renovadas.
37
As embarcações vikings de comércio eram conhecidas como Knnors. Durante a história desse povo eles desenvolveram várias
embarcações, com características diferentes e próprias ao emprego a que se destinavam, no entanto, as embarcações clássicas,
as Drakkas ou Drakars, é que foram demonstradas nos épicos difundidos pelos cinemas no mundo.
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Os vikings que seguiam a linha exterior e os que seguiam a linha interior muitas vezes se cruzavam
no caminho. Encontravam-se dinamarqueses e noruegueses na Normandia, no sul da Irlanda e no norte da
Inglaterra, e ambos penetravam indiferentemente na Hispânia, no Mediterrâneo e no Levante.
Toda essa espantosa exploração, que tocou a costa norte-americana cinco séculos antes de Colombo,
esse habitual e quase diário desafio das tempestades da Costa Wratch e das Hébridas, foi levado a cabo em
longos barcos descobertos, impelidos a remos e manobrados pelos próprios guerreiros com o auxílio de
uma única vela.
A coragem e a perícia naval de marinheiros, que se aventuraram em tais barcos a empreender tais
viagens, nunca foram ultrapassadas na história marítima. Muitas vezes pagaram pela sua ousadia. O
Wessex, no tempo do rei Alfredo, salvou-se uma vez graças ao naufrágio de uma esquadra inteira, quando
uma tempestade lançou cento e vinte galés dinamarquesas contra os penhascos de Swanage.
Em quase todas as regiões em que dominaram pelas armas, os vikings acabaram assimilados pelas
populações vencidas. Na Grã-Bretanha, os dinamarqueses e noruegueses ou foram repelidos ou fundiram-
se com os anglo-saxões com o decorrer dos anos. Na Franca, não são bem conhecidas as circunstâncias
segundo as quais o rei dinamarquês Rollon obteve o território que veio a constituir o Ducado da Normandia.
Estabelecidos nos férteis campos da Franca, pouco a pouco os normandos perderam os hábitos violentos é
adotaram a língua e a cultura francesa.
Nos séculos que se seguiram, o espírito aventureiro dos descendentes dos vikings os levou a
participarem de muitas empresas guerreiras, tais como a conquista da Inglaterra em 1066 por Guilherme “o
Conquistador”, a expulsão dos árabes do sul da Itália e da Sicília, e as Cruzadas.
Em poucas gerações, contudo, os normandos mudaram radicalmente seus hábitos antigos, e a
Normandia converteu-se numa região conhecida tanto pela excelência de seus rebanhos e de seus pomares
quanto pela fama de seus marinheiros e pescadores.
Em síntese, a história dos nórdicos é um flagrante exemplo da influência da geografia na evolução
de um povo. Talvez mais ainda que nas histórias grega e fenícia, a natureza especial das regiões
escandinavas explique a epopeia viking.
38
O mito desses cavaleiros é que gerou histórias como de Dom Quixote de La Mancha e Robin Hood, nobres de origem,
mantendo atitudes nobres e puras, mas marginalizados no crime ou na mendicância.
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se para a Ásia Menor, ameaçando o reduto cristão bizantino. No século XIII, ganhou força a nova dinastia
turca dos otomanos que no século XIV lideraria novo processo expansionista na região.
A Igreja católica passou a organizar as expedições militares, com o objetivo, inclusive, de projetar
sua influência no território bizantino, dominado pela Igreja ortodoxa, que era a Igreja bizantina criada com
o Cisma do Oriente, em 1054, e independente do papa de Roma.
Os milhares de indivíduos de alguma maneira excluídos da estrutura social feudal foram
fundamentais na montagem dessas expedições. A espinha dorsal dos exércitos cruzados era formada por
cavaleiros sem-terra, enquanto o grosso das tropas a pé era constituído por antigos servos. Além disso,
milhares de pessoas, incluindo mulheres, crianças e idosos, dispunham-se a seguir os cruzados e fazer a
peregrinação aos locais sagrados quando fossem libertados.
Outros interesses em jogo envolviam o comércio, atividade até então secundária, mas crescente em
importância em meio ao surto demográfico a que a Europa assistia. Negociantes italianos passaram a se
interessar por entrepostos e vantagens na busca de produtos orientais e pela possibilidade de abertura do
mar Mediterrâneo ao comércio.
Em 1095, o papa Urbano II pronunciou um inflamado discurso no Concílio de Clermont,
conclamando os cristãos a ingressarem nas expedições cruzadistas rumo ao Oriente. Do século XI ao XIII,
partiram da Europa cristã oito expedições39:
- Primeira cruzada (1096-1099): chamada de Cruzada dos Nobres, chegou a conquistar Jerusalém e
a organizar na região um reino em moldes feudais (Houve uma cruzada anterior a esta que, enquanto os
exércitos se preparam para a jornada, uma horda de pessoas humildes partiu na frente, sendo conhecidos
como cruzada dos mendigos ou dos fiéis, em alusão a crença que a pobreza levaria o crente ao reino dos
céus).
- Segunda cruzada (1147-1149): foi organizada após a reconquista turca de Jerusalém, mas
fracassou.
- Terceira cruzada (1189-1192): chamada Cruzada dos Reis, devido à participação dos monarcas da
Inglaterra (Ricardo Coração de Leão), da França (Filipe Augusto) e do Sacro Império Romano-Germânico
(Frederico Barba-Roxa). Não tendo atingido seus objetivos militares, resultou no estabelecimento de
acordos diplomáticos com os turcos que possibilitaram as peregrinações.
- Quarta cruzada (1202-1204): chamada de Cruzada Comercial por ter sido liderada por
comerciantes de Veneza, potência mediterrânea em grande ascensão. Foi desviada de Jerusalém, alvo
religioso da investida cruzadista, para Constantinopla, que acabou sendo saqueada.
- Quinta, sexta, sétima e oitava cruzadas (1218-1270): secundárias sob todos os aspectos, não
tiveram sucesso.
As expedições cruzadistas não conseguiram resolver as dificuldades europeias decorrentes do
aumento populacional, dos entraves feudais e da ambição por novas terras, e no campo foi preciso aprimorar
a produtividade agrícola para alimentar a crescente população. Algumas cidades, que nunca deixaram de
fazer comércio durante os primeiros séculos da Idade Média, e outras que emergiram ou ganharam impulso
com os fluxos rurais daqueles que eram marginalizados nos feudos tiveram amplas vantagens com as
cruzadas.
Os exemplos mais marcantes são de Gênova e Veneza, porque seus comerciantes enriqueceram
alugando barcos e financiando os cruzados.
O misticismo e a espiritualidade que impregnavam a época medieval são plenamente visíveis na
Cruzada das Crianças (1212), organizada a partir da crença de que somente os “puros" e "inocentes"
poderiam libertar Jerusalém (as crianças foram colocadas nas frentes de batalha como escudos, já que
somente como criança é que o cristão herda o reino dos céus). O mesmo aconteceu no início do movimento
cruzadista, na chamada Cruzada dos Mendigos, organizada em 1096. Ambas foram dizimadas,
principalmente no percurso europeu.
39
O número de expedições e a classificação muda conforme o contexto em que são analisadas por um historiador, podendo variar
conforme o foco em que é estudada.
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Não foram somente essas expedições, ocorridas ao longo de quase 200 anos, que levaram ao
renascimento comercial da Europa, mas elas, certamente, contribuíram para sua dinamização. Não
propiciaram, também, enriquecimento aos europeus: pelo contrário, empobreceram-nos, especialmente aos
cavaleiros. Além disso, em vez de unir a cristandade, criaram oportunidade para divergências entre
interesses de algumas regiões (como entre os governantes da terceira cruzada, rivalizando-se por domínios),
enquanto propiciaram muitas violências contra os não cristãos.
As cruzadas tiveram, contudo, um papel significativo na mentalidade europeia. O espírito delas seria
importante na motivação, por exemplo, da reconquista cristã da península Ibérica aos árabes muçulmanos
e das grandes navegações que levaram à descoberta da América.
12.1) Pisa:
A posição natural muito propícia, na foz do rio Arno, então navegável até sob os muros da cidade,
fez de Pisa importante centro comercial desde o primeiro século da Idade Média. O estuário do Arno
oferecia então bom abrigo e espaço suficiente, ao passo que a correnteza forte do rio se opunha ao
assoreamento da saída para o mar.
Do lado de terra, não contando com barreira protetora de montanhas como Gênova e limitando-se
com os territórios de Lucas, em fase de expansão, Pisa não possuía possibilidades de engrandecimento. A
cidade voltou assim os olhos para o mar e no século X teve boas ocasiões de satisfazer suas ambições
marítimas. Era o único porto sobre o Tirreno, no interior da Itália Lombarda, e além do mais, nessa ocasião,
Gênova não podia oferecer concorrência, pois toda costa lígure estava presa das devastações sarracenas
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(mouras ou islâmicas) que ameaçavam controlar o mar Tirreno, desde as costas da Tunísia e da Espanha.
Perante a ameaça muçulmana, Pisa e Gênova coligaram-se e realizaram esforços vigorosos e constantes
para expulsarem os infiéis do mar que tinham como próprio.
No fim do século XI, as duas cidades lançaram repetidos ataques contra as principais cidadelas do
poderio árabe. Os árabes foram assim expulsos da Sardenha, onde pisa reservou-se privilégios comerciais.
Na Sicília, a própria Palermo, que era então um grande porto de mar e uma cidade de 300 mil habitantes,
foi atacada pelos pisanos, o que contribuiu para a reconquista da Ilha. Na Tunísia, os pisanos e genoveses
puseram a saque Mehedia, que era sem dúvida a cidade mais poderosa da costa da África e que se havia
convertido num ninho de piratas.
Afastados assim do mar Tirreno, os inimigos dos cristãos, as duas novas repúblicas viram prosperar
seu comércio. Suas frotas, crescentes em força e em número de navios, empreenderam viagens mais longas
e abriram novas rotas.
A expansão marítima e comercial da República Pisana era então guiada pelo governo, que intervinha
mesmo no domínio das atividades particulares, procurando, de uma parte, afastar os obstáculos e entraves
que se opunham ao livre trânsito das mercadorias, e de outra, levar gradualmente a conquista ao Oriente,
principal fonte de lucros.
Do século XI ao século XIII, os núcleos urbanos da península Italiana, e em particular as cidades
marítimas, entraram em rivalidade para a conquista da primazia política e comercial sob a influência de
dois fatores preponderantes: as cruzadas e a criação do Império Latino do Oriente. Ao começarem as
cruzadas, as Repúblicas Italianas não viram apenas uma continuação da luta tantas vezes empreendida
contra os infiéis, mas também uma oportunidade única para obter vantagens econômicas. Pisa, como as
outras grandes repúblicas marítimas italianas, não só participou diretamente da guerra contra os
muçulmanos estabelecidos na Palestina, como também soube cobrar bom preço pelo transporte dos
exércitos cristãos do Oriente. Ao mesmo tempo, a comuna procurou estabelecer nos países recém-
conquistados pelos cruzados proeminência comercial, obtendo concessões especiais para os mercadores
pisanos.
A Primeira Cruzada valeu a Pisa privilégios e feitorias ao longo da costa Síria e da Palestina. A
Segunda lhe favoreceu o comércio ao longo das costas italianas e sicilianas. Em 1108, tendo ajudado com
uma frota a conquista de Laodicéia, obteve em compensação um quarteirão naquela cidade e outro em
Antioquia. Entre 1108 e 1124, Pisa conseguiu quarteirões em Trípoli, em Tiro e em Jerusalém. Ainda nesse
período, ela se fez outorgar um quarteirão em Constantinopla e um cais no Corno de Ouro e, mais tarde,
para contrabalançar a influência genovesa no Tirreno e na costa da Espanha, fez um tratado de comércio
com o Emir de Valência (1150).
A atividade dos pisanos na costa asiática não os impediu de olhar mais adiante, para o Egito, onde
os atraíam dois grandes centros: Alexandria e Cairo. No fim de 1154, um tratado de comércio com o Califa
Fatimita40 abriu aquela região ao comércio pisano, mas em 1157 a captura de uma nave pisana, a venda dos
marinheiros como escravos na Tunísia, a ruptura do tratado, levou Pisa a favorecer o jovem e valoroso rei
de Jerusalém, Almarico, que, nos anos de 1163 a 1169, por cinco vezes levou a guerra ao vacilante califado.
O assédio de Alexandria pela frota pisana em 1167, contudo, terminou em insucesso. Quando em 1171
Saladino assenhoreou-se do Egito, não restou aos pisanos outro recurso senão negociar com o grande
conquistador muçulmano.
Na Terceira Cruzada (1189-1192), os navios pisanos transportaram um exército toscano, sendo
aproveitado o ensejo para a venda, por preço caro, de vitualhas41 e roupas aos companheiros de armas.
A par da expansão longínqua nos mares da África e do Levante, a Comuna Pisana procedia com
igual vigor para concentrar no seu porto o comércio do mar Tirreno, da costa toscana à Sicília. Desde 1137,
ajudada por Lactário e Spplimburgo, Pisa dera o golpe de graça na rival, Amálfi, apoderando-se da Ischia
e de Sorrento.
40
Fatimita: uma das ordens dos mulçumanos, como os sunitas e os xiitas. Seguem a Fátima, uma das filhas de Maomé.
41
Vitualhas: conjunto de materiais e equipamentos necessários a manutenção de tropas em ação longe de suas bases.
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O sucesso de Pisa valeu-lhe a animosidade das cidades vizinhas, em particular Gênova, que visava
à supremacia no mar Tirreno, e das cidades do interior como Lucas e Florença, ciumentas de a verem
exercer controle sobre o único escoadouro marítimo da Toscana. Em 1194, Messina foi tomada, e os pisanos
destruíram o empório genovês da cidade. A vitória, porém, foi paga a preço caro: o favor imperial aos
genoveses contribuiu para a perda de treze navios da frota pisana. Dessa época começa a decadência da
potência pisana, sendo no começo quase imperceptível devido às manobras políticas e estratégicas feitas
por Gênova que aguardou o momento certo para atacar e destruir Pisa.
Na longa série de lutas que se seguiu, Pisa se viu atacada por terra e por mar, ressentindo-se de sua
pequena base territorial e da falta de uma fronteira facilmente defensável. Por fim, Gênova conseguiu
destruir o porto e o comércio de Pisa, em 1284, jogando na embocadura do rio Arno enormes blocos de
pedra retirados da ilha vizinha de Capri. Foi construído assim um molhe que, se opondo à obra de limpeza
da corrente, permitiu o acúmulo de sedimentos. A derrota naval de Melória, poucos anos depois, selou a
decadência de Pisa. Na paz estipulada em Gênova em 1299, Pisa teve de ceder uma parte da Sardenha, a
região de São Bonifácio, na Córsega, e obrigou-se a não armar galeras durante quinze anos.
12.2) Gênova:
A origem de Gênova não é menos remota que a pisana e data certamente dos primeiros tempos da
vida marítima no mar Tirreno. O porto de Gênova não era nem o maior nem o melhor dos portos da costa
Lígure, mas era sem dúvida o melhor situado. Gênova ocupa o ponto mais setentrional dessa costa. Os
montes Apeninos, na verdade, elevam-se imediatamente atrás da cidade e a separam do vale do rio Pó, mas
ao mesmo tempo protegem-na muito eficazmente do lado de terra. Embora fossem possíveis culturas
variadas, como trigo, oliveira, vinhas e laranjeiras, o território restrito da República de Gênova, que se
estendia ao longo da costa Lígure, era incapaz de produzir a quantidade suficiente de gêneros alimentícios
para a população e matérias-primas para a indústria.
A pesca, em compensação, era abundante na costa e as florestas dos Apeninos dispunham de boas
madeiras para a construção naval. Foi, portanto, no mar que Gênova procurou suas possibilidades
econômicas. Dessa forma Gênova conseguiu reerguer-se nas vezes em que sofreu as destruições das
invasões sarracenas
Na primeira metade do século X, Gênova, ao conseguir sacudir o jugo feudal do Marquês de
Obertenghi, conquistou ao mesmo tempo sua unidade comercial e um lugar elevado entre as cidades
marítimas da Península. Não muitos anos depois, Gênova, unida a Pisa, na célebre campanha da Sardenha
contra Mogahid, em 1015-16, iniciou naquela ilha o comércio do sal, e na Córsega uma tenaz penetração,
sem temer suas futuras relações com a aliada daqueles dias. Os navios das duas Comunas42 chegaram unidos
à costa da Síria em 1065, depois a Caffa. Em 1087, combateram juntos os árabes de Mehedia, e desse modo,
na segunda metade do século XI a comuna genovesa firmou seu poderio marítimo no sul do Mediterrâneo.
Lá, como em Pisa, os armadores e os navegantes prevalecendo na vida citadina criaram a administração
consular e, ao mesmo tempo, a Campagna. As riquezas acumuladas, o crédito assegurado, uma sucessão de
governos com a mesma orientação, acabaram por constituir uma nobreza de origem mercantil, diferente da
feudal. A nobreza em Gênova não tinha, assim, por base a propriedade imobiliária, mas os estabelecimentos
comerciais e a navegação. Essa nobreza fornecia os governadores das ilhas conquistadas no Levante e os
comandos das forças navais.
A participação de Gênova na Primeira Cruzada (1096-99) permitiu-lhe fundar uma linha de
empórios ao longo da costa da Síria e da Palestina, fato de uma importância comercial considerável, tendo
em conta que esses países eram relativamente povoados e produtivos naquela época. Os bons resultados
alcançados estimulariam os empreendimentos posteriores. As expedições multiplicaram-se, os braços e o
capital da cidade não foram suficientes. No princípio do século XIII (1206) uma nova instituição, o
Consolato del Mare, foi criada. Ocupava-se exclusivamente da parte financeira dos empreendimentos
marítimos, permanecendo dependente do poder central.
42
Comuna: associação de mercadores italianos, principalmente de Gênova, podendo ser comparada às cooperativas modernas.
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O incremento da atividade marítima de Gênova acarretou inevitavelmente a rivalidade das outras
cidades italianas com interesses idênticos, e, a partir do começo do século XIII, os três principais centros
marítimos comerciais da Itália sustentaram entre si diferentes lutas que abarcaram quase duzentos anos.
A fim de promover sua expansão marítimo-comercial, os cidadãos de Gênova criaram, na primeira
metade do século XIII, uma associação de caráter militar que tomou o nome de Maona. Era ela constituída
por um núcleo de cidadãos que, com seus navios, procediam às despesas de qualquer expedição naval
empreendida no interesse e sob a direção da Comuna.
A Comuna nomeava o Almirante que comandaria os navios armados por conta dos componentes. O
lucro da empresa e a administração dos lugares eventualmente conquistados revertiam para a Comuna,
depois das despesas da Maona terem sido ressarcidas. A primeira Maona, por ordem cronológica, parece
ter sido a de Ceuta em 1234, quando um grupo de cidadãos armou por conta própria mais de cem navios,
entre galeras e navios de comércio. Outras Maonas importantes foram a de Chios, em 1346, da qual resultou
a captura daquela ilha no mar Egeu, e a de Chipre em 1374, onde foi fundada importante colônia.
Ao começar o século XIV, Gênova estava no apogeu de sua atividade marítimo-comercial. A ajuda
prestada na restauração do Império Romano do Oriente valera-lhe vários empórios estabelecidos em
quarteirões de Constantinopla, Pera e Gaiata. Pera tornou-se o centro da administração colonial genovesa
no Estado Grego, e Caffa o das colônias do mar Negro. Por cerca de 1300, Gênova foi a primeira cidade
mediterrânea a começar a organizar viagens para os portos de Bruges e de Londres.
Na segunda metade do século XIV, as grandes operações de comércio ficaram circunscritas a
Veneza e a Gênova, pois Pisa não mais se ergueu depois da derrota de Melória e da perda da Sardenha. A
Grécia havia perecido sob a cimitarra turca e os navios do Norte apareciam raramente nos portos do Sul.
Os genoveses tinham o comércio de toda a costa Lígure e dominavam desde o Corvo até o Mônaco.
Aprovisionavam de sal a Luquia, frequentavam Civita Vecchia e Corneto, foram sempre em grande número
em Messina e em Palermo. No Adriático, visitavam frequentemente Manfredônia, Ancona e mesmo
Veneza, nos intervalos de paz. Faziam comércio importante com Marselha, Aigues Mortes, Saint Epidius
e Montpelier. Na África, os navegantes genoveses tinham privilégios assegurados pelos maometanos. O
Egito era mais frequentado pelos venezianos. Os genoveses não deixaram, contudo, de aparecer nos
mercados de Alexandria, de Roseta e Damieta e de se estabelecer mesmo no Grande Cairo e de concluir
tratados vantajosos com os sultões. Todavia, a área principal das operações comerciais de Gênova
permaneceu sempre no Levante, isto é, nos países da Ásia e da Europa, submetida aos príncipes gregos,
tártaros, búlgaros e turcos. Seu comércio com o Levante se fazia por meio de uma série de escalas que
atingiam a China de uma parte e as Índias de outra, seguindo as costas do Golfo Arábico.
Havia ainda outros centros em toda a Romênia, na Macedônia e no Arquipélago Grego. Na Anatólia,
Gênova possuía Smirna e as duas Fócidas, ricas em alúmen43. De Chipre retirava madeiras de construção,
cedro, ferro, cereais, açúcar, algodão e azeite, além dos produtos que vinham do Oriente. Outras companhias
genovesas haviam-se estabelecido no litoral do Oceano, nos Países Baixos e na Inglaterra. Além do mais,
Gênova dominava a ilhas da Córsega, Sardenha, Malta e Sicília. Gênova tinha, em resumo, além de uma
parte considerável do comércio europeu, as três grandes vias de comércio da Ásia Central e da Índia: a
primeira, pelo mar Negro, pelo Cáspio e o Volga; a segunda, a Pagolat e a Laiazzo, pelo Golfo Pérsico,
Alepo e a Armênia; e a terceira, a Alexandria, pelo mar Vermelho e o Egito.
Apesar da posição privilegiada alcançada como potência marítimo-comercial na segunda metade do
século XIV, já cinquenta anos depois se notavam os primeiros sinais de decadência de Gênova. As vitórias
navais de Melória e de Curzola haviam constituído o ápice da potência marítima de Gênova, porém haviam
exigido um esforço imenso e produzido um grande consumo de forças. As perdas em vidas nas guerras
eram desastrosas para os genoveses, porque eles não empregavam tropas mercenárias, mas cidadãos, dos
quais dois mil morreram na jornada de Loiera e três mil prisioneiros morreram nos ergástulos (prisões). O
desenvolvimento da Marinha catalã, as dissensões internas cada vez mais graves, a alternância do domínio
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Alúmen é o sulfato duplo de alumínio e potássio, podendo também ser de sódio. É comumente conhecido como predra-ume ou
pedra de alúmem. Tem várias aplicações hoje em dia, mas na Antiguidade era muito comum o uso como desodorante,
adstringente (pós-barba), para curtir couros, para o preparo de pão e purificação de água.
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estrangeiro, a luta persistente contra Veneza, o desastre da Guerra de Chioggia (1378-81), e a dominação
francesa do rei Carlos VI (1396-1409) são as várias etapas de uma gradual decadência. Não conseguiram
impedi-la a administração de Simão Boccanegra nem os triunfos que por vezes a Marinha genovesa
alcançou, perpetuando com honra suas tradições bélicas.
12.3) Veneza:
Durante a era Longobarda, nas ilhas da Laguna Adriática, surgiu a cidade destinada a liderar, na
Idade Média, todas as demais, por riqueza econômica e poderio marítimo: Veneza. A ilha da Laguna,
habitada na Idade Antiga por famílias de pescadores, tornou-se no último século do Império Romano o
lugar de refúgio das populações de terra firme, fugitivos das hordas bárbaras de Alarico, de Átila, de
Ricimero e etc.
As lagunas situadas no interior do Adriático não ofereciam senão magros recursos aos seus
habitantes, apenas pequenas superfícies permaneciam acima das águas, havia poucas terras cultiváveis e
estas eram mal drenadas; a água potável era escassa. Por outro lado, as lagunas ocupavam uma excelente
posição geográfica, considerando que elas se encontravam perto da região plana mais vasta da Itália e num
ponto onde as rotas marítimas do Mediterrâneo penetravam mais profundamente no continente europeu.
As primeiras atividades dos habitantes das lagunas foram condicionadas pelo caráter de seu habitat.
Eles tiveram em primeiro lugar que adaptar as terras às suas necessidades, consolidando o solo, cavando
canais, construindo diques e preparando bacias para os navios, enfim, começaram a cultivar o trigo, a vinha
e a recolher água de chuva em cisternas. É um fato significativo que desde 536 os habitantes das lagunas
sejam descritos como salineiros e piratas marítimos. Veneza chegou a conseguir no norte da Itália o
monopólio virtual do comércio do sal, passando as cidades continentais a depender de Veneza para seu
aprovisionamento. Não havendo possibilidade de outra indústria a não ser a do sal, que era com a pesca e
com os proventos da pirataria o usual nos povos marítimos daquele tempo os únicos artigos de comércio,
os venezianos abriram novos horizontes a ideais mais vastos, de tal modo que, no início do século VI, os
navios dos insulares sulcavam ao largo e ao longo do Adriático, fazendo o tráfego de gêneros diversos com
Bizâncio (Constantinopla) e com as terras do Oriente.
Assim, Veneza, à medida que progredia, tornou-se uma guarda avançada fronteiriça do mercado
grego até aproximadamente o ano 1.000, se bem que usufruindo uma grande independência, permanecendo
como parte do Império Bizantino, situação política que favoreceu sensivelmente seu progresso. Por outro
lado, sua situação e sua superioridade marítimas, que a tornaram de acesso difícil, colocaram as lagunas ao
abrigo da conquista lombarda. Carlos Magno apoderou-se da maioria das ilhas, mas essa conquista foi
efêmera. Também pôde Veneza escapar quase completamente às rivalidades e complicações da Península.
Sob esse prisma, Veneza foi mais favorecida que Gênova. Enfim, pela mesma razão, a situação geográfica
das lagunas estimulou o desenvolvimento de uma comunidade de interesse que encontrou sua expressão na
administração centralizada do Doge. Segundo a tradição, o Ducado de Veneza Marítima constituiu-se em
697 (O Primeiro Duque ou Doge foi Paolucio Anafesto), concentrando numa só mão a atividade múltipla
e dividida dos insulares,
A decadência de outras cidades deixou Veneza livre para explorar o potencial comercial de sua
excelente posição geográfica. Entretanto, a nascente República não estava em condições de alcançar
projeção mundial, por ter ficado ocupada em contínuas lutas contra os piratas eslavos e sarracenos que
infestavam o mar Adriático. Até o fim do século VIII, o Império Bizantino controlou a entrada do Adriático
desde as cidades costeiras de Durazzo e de Brindisi, mas as devastações dos árabes na Itália Meridional
ameaçaram bloquear essa passagem. Ao mesmo tempo, a costa Dálmata, com suas numerosas baías
abrigadas, seus inúmeros canais e suas ilhas, constituía a base da pirataria eslava. Pouco a pouco Veneza
conquistou a supremacia no mar, infligindo derrotas aos árabes. Fundou, cerca do ano 1000, uma série de
empórios ao longo da costa Dálmata, em Zara, Veglia, Arbe, Tran e Spalato.
Desimpedido o mar Adriático da ameaça dos piratas, pôde Veneza enfim beneficiar-se das
vantagens de sua posição, face às correntes mercantis da Idade Média. Com efeito, para o Adriático
convergem cerca de três rotas naturais: uma, a vereda adriática; a segunda, formada pelo vale do Pó; e a
terceira, o escoadouro para o sul dos diversos caminhos alpinos de acesso fácil, ligando o Adriático à
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Alemanha, à França e aos Países Baixos. Noutras palavras, colocada geograficamente quase a meio
caminho das duas extremidades da bacia Mediterrânea e ligada politicamente à grande cidade comercial de
Constantinopla, Veneza tinha toda facilidade para atuar como agente de distribuição em todo esse mar.
Os sucessos no Adriático deram a Veneza não somente acesso às grandes quantidades de madeira
de construção que eram trazidas aos portos da Dalmácia dos altos planaltos da Hinterlândia, mas também
ao trigo e aos vinhos da Itália do Sul. Além do mais, teve acesso livre a campos comerciais de maior
envergadura. Seja como vassalo, aliado ou inimigo vitorioso do Império Bizantino, Veneza jamais perdeu
de vista seus interesses mercantis. Já no século X ela havia adquirido em Constantinopla prioridade sobre
suas concorrentes italianas, Amálfi e Bari. Em 1082, se fez outorgar o direito de comerciar sem pagar
nenhum direito em toda a extensão do Império Bizantino.
Na época da Primeira Cruzada (1096), Veneza, já uma importante potência naval, pôde colocar à
disposição das cruzadas a frota necessária ao transporte de homens, cavalos e víveres para a Terra Santa.
Ao mesmo tempo, mantinha relações comerciais com Alexandria, em poder dos infiéis. Um século depois
(1204), fazendo a Quarta Cruzada servir a seus próprios fins, Veneza se apoderou de Zara, na costa da
Dalmácia, e possibilitou a tomada de Constantinopla pelos cruzados, com a consequente criação do efêmero
Império Latino do Oriente. A Quarta Cruzada acabou totalmente com o predomínio da metrópole do
Bósforo e converteu Veneza em potência normativa. O Império Grego ruiu e na partilha recebeu Veneza
territórios tão vastos que o Doge pôde chamar-se com orgulho Senhor de uma quarta parte e de um oitavo
de todo o Império Romano. A cidade das lagunas, todavia, visava assegurar o
predomínio mercantil de modo incondicional e não ocupar uma extensão territorial de difícil defesa.
Na busca de suas ambições comerciais, Veneza edificou um vasto Império que se compunha,
sobretudo, de territórios úteis ao comércio e que pudessem ser vigiados por sua Marinha. Como colônia de
fato, os venezianos só mantiveram a Ilha de Creta, que era um lugar de repouso e de refúgio no cruzamento
das linhas de navegação mais importantes do que nas culturas do arroz, do algodão e da cana-de-açúcar que
havia lá. Fora disso, Veneza só teve a posse de alguns pequenos portos na costa, vantajosamente colocados
no ponto de vista comercial e de fácil defesa. Mesmo o domínio veneziano na Dalmácia exercia-se apenas
no litoral, onde ela conservava vários portos principais.
Tal como em Pisa e Gênova, a ação do governo fazia-se sentir fortemente em todos os setores
ligados ao comércio marítimo da cidade. No começo da primavera, o Estado procedia à abertura do mar,
pondo em atividade o que se chamava as esquadras do tráfego, que eram formadas por frotas mercantes de
importância diversa e que, por todo o período da navegação, eram alugadas à sociedade de mercadores e
especuladores. Cada ano armavam-se, por conta do Estado, seis esquadras de tráfego compostas de 3.300
navios com cerca de 36 mil homens de guarnição. O tráfego se orientava em três direções principais: para
o Norte da África, para o Leste do Mediterrâneo e pelo sul da Europa, do lado ocidental. Uma das rotas
mercantis conduzia ao Egito; em Alexandria e no Cairo, eram recebidas as mercadorias pelos árabes que
as levavam para o outro lado do mar Vermelho. Para a costa da Síria dirigiam-se suas frotas, para levar
peregrinos aos Santos Lugares e tomar a bordo gêneros do Oriente para a viagem de volta. Também no
noroeste do Mediterrâneo apareciam frequentemente as naves de Veneza e entabulavam benéficas relações
mercantis, apesar dos sangrentos encontros que tiveram com os barcos genoveses. Em Tana, nas
proximidades da desembocadura do rio Don, estabeleceram os venezianos uma colônia onde trocavam peles
russas e mercadorias índias, embora o principal objetivo fosse negociar no mercado de escravos que existia
nessa localidade. Para o oeste, estendeu paulatinamente os venezianos sua influência com os sarracenos da
África Setentrional, da Espanha e com os habitantes do sul da França que estiveram em estreitas relações
mercantis.
Dada a enorme importância da marinha para Veneza e se bem que os estaleiros fossem dirigidos por
empresas privadas, o Estado regulava e dirigia a produção, seguindo leis rigorosas concernentes aos
processos de fabricação dos navios, suas dimensões, seu aparelhamento, enfim, o trabalho dos operários.
Nenhum veneziano podia construir nos limites da República navios que não tivessem as medidas
rigorosamente previstas. Os interesses da defesa militar exigiam, com efeito, que, em caso de necessidade,
os navios mercantes pudessem ser facilmente transformados em navios de guerra. Eis a explicação da
prodigiosa rapidez com que aquela República renovava sua frota,
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A primeira metade do século XV viu o apogeu do poderio marítimo-comercial veneziano. No ano
de 1423, o Doge Tomaz Mocenigo, em relatório apresentado aos conselheiros, estimava serem 3.300 os
mercadores navegantes. Por essa época, nem só no Mediterrâneo e no Oriente aplicava-se a atividade
veneziana. Na França, na Alemanha, no Flandres e na longínqua Inglaterra, durante o último século da
Idade Média, penetraram também os comerciantes e os navegantes da Sereníssima. Com Portugal, a
República teve relações diretas e de alguma intensidade pelo fim do século XV, devido ao tráfego de cana-
de-açúcar que a ilha da Madeira produzia em grande abundância. Cada ano, navios portugueses carregados
de açúcar chegavam a Veneza, porém a amizade entre os dois Estados não durou muito. Em 1498, um navio
português saqueou uma nave veneziana que se dirigia a Salônica e se apoderou de outra de Creta, carregada
de vinho, ao passo que o avanço lusitano, ao longo da costa africana em busca do caminho marítimo para
as Índias, suscitava o receio justo dos dirigentes do Estado.
A Caravela:
De origem mourisca, de
armação latina, com
porte aproximadamente
de 50 a 100 tonéis:
“Navio capaz de afrontar
mares tempestuosos e de
lutar contra uma
condição de tempo
atmosférico difícil, a
caravela portuguesa foi,
até os fins do século XV,
triunfalmente, o navio
dos descobrimentos”.
A Nau:
Depois de explorada toda a costa africana do Atlântico,
os portugueses adotaram novo tipo de navio, a nau, bem maior
do que a caravela e capaz de navegar muito longe do litoral,
mesmo com tempo hostil. Foi com esse tipo de navio que
Vasco da Gama fez sua viagem às Índias.
O galeão:
Tanto as caravelas, quanto as naus e os galeões eram artilhados, sendo que as caravelas se utilizavam
apenas de canhões de pequeno calibre, enquanto o Galeão, além de portar canhões de maior calibre,
carregava uma quantidade maior de unidades e dos apetrechos necessários ao seu emprego.
CAPÍTULO III
IDADE MODERNA
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No caso específico espanhol é utilizado o termo Bulhonismo, em referência ao nome da moeda espanhola. A Espanha foi a
nação que mais empregou o metalismo em toda a história.
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precoces na expansão marítima e na partilha do mundo que se seguiu, usufruíram de significativos meios
para se enriquecerem: Portugal pôde explorar o mercado de especiarias, ao ter estabelecido rotas
alternativas para as Índias Orientais. A Espanha apoderou-se de imensa riqueza em ouro e prata ao iniciar
o processo de exploração das minas americanas, na primeira metade do século XVI.
As demais nações europeias não reconheceram a partilha do mundo entre as nações ibéricas, e, ao
longo do século XVI, cobiçaram ferozmente a riqueza acumulada pelos reinos ibéricos, dedicando-se
frequentemente a ataques a suas colônias. Países como França e Inglaterra, retardatários no processo de
expansão marítima, pobres em colônias, foram obrigados a enfatizar outros aspectos do mercantilismo,
como o industrialismo.
De certa forma, é irônico observar que a base manufatureira da França e principalmente da Inglaterra
seria fundamental para a futura expansão capitalista desses dois países. Por outro lado, Espanha e Portugal,
com vastas colônias de onde eram capazes de extrair grande volume de metais preciosos, acabaram se
estagnando economicamente, tornaram-se cada vez mais dependentes de suas possessões na América e,
não raro, passaram por violentos surtos inflacionários provocados pelo excesso de metais preciosos. Além
disso, a manutenção de estruturas políticas que beneficiavam a nobreza e o clero foi fundamental para que
as nações ibéricas ficassem aquém do processo de desenvolvimento capitalista que se anunciava.
5) A Expansão Comercial:
Até época relativamente recente a ausência de boas estradas, as vastas extensões desabitadas, as
montanhas e demais acidentes geográficos constituíam empecilhos sérios ao desenvolvimento das trocas
comerciais. O intercâmbio de artigo de pequeno volume e peso ainda era viável nas caravanas de muares
ou camelos, ou em carroças, mas jamais as transações de vulto destinadas a abastecer de gêneros
alimentícios populações numerosas, ou a suprir de matérias-primas indústrias avançadas. Dessa forma, a
vantagem oferecida pela superfície ilimitada do mar para o transporte longínquo e o frete reduzido para os
produtos do solo ou da indústria evidenciaram-se desde a remota Antiguidade.
Na realidade, não foi senão no dia em que a navegação permitiu a países distantes e diferentes entre
si em civilização comunicarem-se, que o comércio propriamente dito nasceu. Por mar, o caminho está feito,
ou antes, não há necessidade de estradas; o elemento líquido suporta indiferentemente qualquer peso e sua
superfície permite o deslocamento livre em qualquer direção. A força motriz mais fraca, força gratuita, se
é empregado o vento, é suficiente para pôr em movimento massas enormes.
Não é, portanto, de ser admirar que o mar tenha sido por todos os tempos o grande caminho do
comércio e que povos separados por mil léguas de mar encontrem-se na realidade mais vizinhos que outros
separados por cem léguas de terra firme. Mesmo agora, com os progressos do transporte por via terrestre,
o transporte pelo mar é ainda menos oneroso, o que significa trabalho e custo menor. O preço do transporte
da tonelada quilométrica não ultrapassa quase nunca de um quinto a um décimo do preço do transporte por
via férrea. Em Marselha, o preço do carvão, que vem por mar da Inglaterra, passando pelo estreito de
Gibraltar e que percorre 3.500 quilômetros, é menor do que o do carvão transportado por estrada de ferro
procedente das minas de La Grande Combe, situadas a 177 quilômetros. Mares de livre navegação, lagos,
rios ou canais navegáveis constituem dádivas da natureza a determinadas regiões.
As vias aquáticas e a posição relativa das grandes regiões produtoras e consumidoras têm orientado
os fluxos comerciais do mundo. Por muitos séculos o Mediterrâneo foi o centro de cruzamento, no Mundo
Ocidental, das mais importantes linhas comercial-marítimas. Hoje é o Atlântico Norte.
Em outras épocas, alguns países beneficiaram-se da situação de proximidade das principais linhas
de deslocamento de mercadorias e das facilidades de acesso ao mar, propiciadas pelos seus litorais, para
assumirem a função lucrativa de intermediários do comércio mundial. A grande importância adquirida na
História Econômica pelo comércio fenício, púnico, holandês, genovês, veneziano ou inglês originou-se
justamente do fato de ter abarcado uma área extensíssima, servindo não apenas a algumas nações ou mesmo
a algum império, mas a vários continentes. As mercadorias que os navios fenícios deixavam ou apanhavam
nos portos desde a Espanha até o mar Negro, não eram, na sua maioria, nem destinadas às cidades sírias
nem delas procedentes. Mais provavelmente os artigos egípcios e babilônicos constituíam maior parte da
carga. Nas viagens de ida e nas viagens de volta, os artigos trazidos eram desembarcados nos portos de
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onde pudessem atingir, depois, os países mais povoados e adiantados da época, sobretudo o Egito, a Assíria
ou a Babilônia.
Também na Idade Média não era o sal, nem as sedas, nem os espelhos produzidos na Cidade dos
Doges que enchiam os milhares de navios venezianos nas viagens de ida para os extremos do Mediterrâneo,
nem ao consumo dos habitantes da cidade, ou da indústria, se destinavam na sua maioria as mercadorias
carregadas no regresso. Chegada a Veneza, parte substancial da carga tomava o caminho da França, da
Alemanha ou da Holanda pelas estradas alpinas. Mais tarde, ainda não foram o queijo, o arenque seco ou
os tecidos holandeses que bastaram para encher os porões dos navios batavos. Era necessário aí acrescentar
os vinhos franceses, as manufaturas e o carvão da Inglaterra, as madeiras dos países do Báltico, as peles
russas, as especiarias orientais e etc.
A prosperidade e a riqueza da Fenícia, de Gênova, de Veneza, da Holanda e mesmo de Portugal
achavam-se de tal modo na dependência dos lucros provenientes dos fretes e da revenda de mercadorias
levadas por seus navios de um ponto para outro das respectivas áreas de atividade mercantil, que aquelas
nações entraram em decadência quando perderam a posição privilegiada de intermediárias comerciais.
Tão grandes e evidentes são as vantagens advindas da exploração das rotas marítimo-comerciais,
que desde a antiguidade observa-se a tendência das nações procurarem obter a exclusividade de sua
utilização sempre que as circunstâncias o permitiam. Se o monopólio dos caminhos marítimos por uma
única potência, nos moldes almejados pelos fenícios e cartagineses ou mesmo pelos genoveses,
venezianos e holandeses, não é hoje viável, nem por isso deixou de existir uma desenfreada competição
internacional pela preponderância nas linhas de navegação mais lucrativas.
A superabundância de produtos agrícolas, manufaturados ou do subsolo, constitui uma segunda
circunstância favorável à criação e ao desenvolvimento do comércio marítimo, pois o extravasamento dos
excessos naturalmente se encaminha pela rota mais fácil, em busca dos mercados deles sequiosos
(necessitados). Sem dúvida alguma, nos Estados Unidos, a prosperidade de grande número de cidades da
costa do Atlântico, do Pacífico e do golfo do México, bem como o desenvolvimento da Marinha Mercante,
têm sido devidos ao volumoso comércio exportador e importador do país. Outro tanto se pode afirmar do
progresso de Hamburgo e de Bremen, cidades que a partir da segunda metade do século passado mais se
têm beneficiado do extraordinário surto do comércio exterior alemão. Nesses dois centros, os estaleiros e
as instalações portuárias e a tonelagem de navios mercantes neles registrados acompanharam o incremento
das transações comerciais da Alemanha. De uma maneira geral, as cidades portuárias que servem de
escoadouro a regiões produtivas, convertem-se em centros de intensa atividade comercial, tendendo ligar
mesmo os países de características continentais aos empreendimentos marítimos.
Algumas cidades como Londres, Nova York e Rotterdam, na atualidade, e Alexandria, na
Antiguidade, situadas sobre rios, no ponto de encontro das navegações marítimas e fluviais, beneficiaram-
se, mais do que quaisquer outras, do movimento mercantil nascido em consequência da situação vantajosa
por elas ocupadas. Por um lado, toda a produção do interior desce pelo caminho natural das águas até
encontrar o grande centro de distribuição representado pelas cidades da foz. Em contrapartida, também é
nesses centros que os produtos importados desembarcam antes de ganhar em sentido inverso os mercados
interiores. Foi assim que Alexandria, recebendo pelo Nilo os artigos agrícolas e industriais produzidos no
Egito, então um dos países mais ricos e adiantados, em contato pelo Mediterrâneo com a maior parte das
nações bárbaras e civilizadas da época, converteu-se numa das principais cidades da Antiguidade.
Rotterdam, na foz do Reno e do Escalda, que permitem a livre passagem de barcaças até bem o
interior da Europa, passando em zonas ricas da Bélgica, Alemanha e França, é o exemplo moderno, dos
mais eloquentes, de um centro de comércio que se beneficia, sobretudo, da posição geográfica. Anualmente,
muitas toneladas são movimentadas nos vinte e poucos quilômetros de cais daquela cidade. Não apenas o
comércio exportador e importador dos Países Baixos, mas também o comércio das nações circunvizinhas
encontra ali um ponto intermediário imprescindível. A fome de matérias-primas do Ruhr é saciada em
grande parte por Rotterdam, mais próxima que os portos alemães do Norte. A gigantesca produção da parte
mais industrial da Alemanha também se serve do seu porto quando destinada aos países do Sul da Europa,
ou de outros continentes.
CAPÍTULO IV
AS NAÇÕES
1) Portugal:
Projetada sobre o Oceano Atlântico, a Península Ibérica é a região
mais ocidental da Europa.
Desde épocas pré-históricas, povos lígures e iberos, talvez
provenientes do norte da África, se estabeleceram na região, seguidos dos
celtas, oriundos do centro da Europa, nos fins do século VII aC.
misturaram-se, formando uma população que se convencionou chamar
de celtibero. Fenícios, gregos e cartagineses, povos marítimos e
comerciantes, frequentaram a costa mediterrânea da península,
localizando-se, eventualmente, em trechos dessa costa, fundando
feitorias ao mesmo tempo em que impregnavam os seus costumes nos
habitantes.
A disputa entre Roma e Cartago pela supremacia no Mar Mediterrâneo
salientou a importância estratégica da região. A vitória de Roma abriu as
portas da Ibéria ao seu domínio. Tornou-se célebre a resistência de
Viriato, chefe destemido dos Lusitanos, que enfrentou as legiões romanas
a partir de 147aC, conseguindo um acordo de paz em 141aC. A luta
prosseguiu, terminando com o assassinato de Viriato 139aC por três
traidores. A destruição de Numância 133aC consolidou a conquista
romana. A elevada cultura romana exerceu, então, sobre os povos
mesclados da região, uma forte influência, em especial nos costumes, na
língua (latim vulgar, que era falado pelos comerciantes e soldados) e na
religião, com a assimilação do cristianismo.
Com o enfraquecimento do Império Romano, no século V, povos
bárbaros penetraram em seus domínios, apoderando-se das terras que
lhes apraziam. Em 409, álanos, vândalos e suevos conquistaram a
Península Ibérica sobrepondo-se à população existente e, em parte,
cristianizada.
Nada construíram, antes, guerrearam entre si e não puderam resistir à penetração dos visigodos em
414, chefiados por Ataulfo. Em pouco tempo, os visigodos estenderam o seu poder sobre a península e,
quando, em 586, morreu o Rei Leovigildo, formavam um poderoso reino. Seu filho Recaredo adotou o
cristianismo como religião oficial (587).
Ao mesmo tempo em que a religião cristã impregnava os habitantes da Península Ibérica, outra
religião, recentemente formada por Mafoma (Maomé), espalhava-se entre os povos do norte da África.
Atrair mais elementos, mesmo empregando a Guerra Santa, passou a ser a meta prioritária dos recém-
convertidos.
O Rei visigodo Rodrigo não se mostrou com capacidade para detê-los. Derrotado na batalha
próximo do lago Janda, em julho de 711, reorganizou as forças em Segoyuela, mas, neste local, perdeu o
reino e a vida (713). Rapidamente, os invasores muçulmanos, em sua maioria berberes, ocuparam a região,
impondo seus hábitos à população amedrontada.
Alguns visigodos cristãos não aceitaram a nova soberania. Refugiaram-se nas montanhas das
Astúrias e, dirigidos pelo nobre Pelagio, iniciaram a reconquista, Ao mesmo tempo, os invasores exerciam
45
Moçárabe: população cristã em territórios dominados pelos islâmicos. Apesar de manterem sua fé cristã, adotaram a língua e
outros costumes árabes durante o período de controle desse povo sobre territórios na península ibérica. Com a retomada do
controle do território pelos cristãos, os islâmicos que ficaram na mesma condição foram chamados de mudéjare.
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Com a morte de D. Fernando, pretendeu o trono D. João, rei de Castela, casado com D. Beatriz,
filha do rei falecido. O povo e pequena parte da nobreza apoiaram a D. João, mestre da Ordem de Cavalaria
de Avis, filho bastardo de D. Pedro I. Na batalha de Aljubarrota (1385), o Mestre de Avis, ajudado pelo
condestável D. Nuno Álvares Pereira, venceu as pretensões dos castelhanos e deu início à Dinastia de Avis.
D. João I instalou-se firmemente no trono, caminhando para o absolutismo monárquico. Ligado à burguesia,
reduziu os direitos dos nobres e do clero, ao mesmo tempo em que se voltou para o alargamento dos
horizontes comerciais, exigidos por essa mesma burguesia, que cobiçava as riquezas das distantes Índias.
Diversas cidades litorâneas transformaram-se em entrepostos comerciais; a pesca se desenvolveu.
D. João I faleceu em 1433, substituído por seu filho D. Duarte, que instituiu a Lei Mental
(08/04/1434) que assim se chamou porque já se achava estruturada na mente de D. João I, possivelmente
com a ajuda do doutor João das Regras. Em síntese, ela proibia que os não primogênitos, mulheres,
ascendentes e colaterais pudessem herdar bens doados pela Coroa. Foi, assim, um duro golpe na nobreza.
No reinado seguinte, de D. Afonso V, as leis de Portugal foram reunidas nas Ordenações Afonsinas
que receberam publicação em 1446.
Depois dos vikings, os portugueses foram os primeiros que lançaram as vistas para a imensidão do
oceano Atlântico. Diversas causas concorreram para dar a esse pequeno povo uma hegemonia mercantil de
caráter colonial. Portugal só aparentemente está ligado ao planalto castelhano, pois o curso alto dos rios
peninsulares não é navegável por causa da estiagem e da irregularidade do fundo do leito. Em compensação,
a navegabilidade do curso baixo dos rios, juntamente com os grandes portos do litoral, deu conexão
econômica às regiões ocidentais, de maneira que Portugal constitui um Estado costeiro com interesses
marítimos perfeitamente definidos. As aspirações nacionais orientaram-se assim necessariamente para o
mar.
Por outro lado, no Portugal primitivo, a produção industrial, excluindo-se a da marinha de sal, mal
bastava às mais elementares necessidades da vida cotidiana. Por escassas que fossem, e de fato o eram, as
aspirações de conforto ou de luxo então existentes, só pelo comércio de importação poderiam ser satisfeitas.
Em contrapartida, havia excedentes quanto a certos produtos agrícolas, pecuários e apícolas e neles se
encontraria natural fundamento de equilibradas trocas comerciais.
Porém só com os progressos da constituição
territorial do País essas trocas se estabeleceram em
acentuado ritmo, criando-se então condições
adequadas e, como, ao tomarem vulto, elas
impunham o uso da via marítima, também só então
verdadeiramente se estabeleceu o contato entre o
Homem e o Mar na orla do ocidente peninsular em
que se instituíra o Estado português.
A conquista de Lisboa (1147), transferindo
para os portugueses a posse de um porto natural de
excepcional valor, abria à expansão comercial
portuguesa por via marítima as mais lisonjeiras
perspectivas; e a posse de Silves, temporária
primeiro (1189-1191), definitiva desde os meados
do século XIII, privando os muçulmanos do último
dos seus grandes portos ocidentais, bases de ação
Antigo mapa de Lisboa, cerca de 1812,
naval depredadora dos litorais cristãos - consolidou
feito pelo inglês Sir Arthur, conde de Wellington,
as condições de segurança necessárias àquela durante as Guerras Napoleônicas.
expansão.
Pode dizer-se que até o fim do século XII não houve marinha da Espanha Ocidental. As lutas de
reconquista eram exclusivamente por terra, e a imperícia marítima dos cristãos, juntamente com os relativos
progressos dos árabes, concorria para tornar difícil a conservação das praças litorâneas conquistadas. Os
primeiros dispunham apenas de pequenas lanchas costeiras, enquanto os outros, tinham navios
regularmente armados e equipados, com que percorriam toda a costa ocidental, refrescando nos seus portos,
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abastecendo-os de munições e gente quando estavam cercados e desembarcando amiúde com o fim de
atacar os campos dos cristãos e cativar os indefesos. Mas, desde meados do século XII o exame das armas
de cruzados, com cujo auxílio Lisboa e depois Alcácer foram tomadas, tinha vindo acrescentar os
conhecimentos, demonstrando ao mesmo tempo que sem o império no mar, jamais poderia levar-se a cabo
a conquista do sul do reino.
A conquista de Constantinopla pelos turcos em 29 de maio de 1453, seguida pouco depois pela da
Ásia Menor e da Península dos Bálcãs, acarretou o dano e, por fim, a supressão do tráfego que as cidades
comerciais da Itália, especialmente Gênova, mantinham com os Portos do Bósforo, do mar Negro e do
Cáspio. A conquista de Constantinopla marcou o início de um crescente movimento de destruição das
vantagens e regalias comerciais que Veneza e Gênova usufruíam há muito tempo. Tornaram-se dia a dia
mais difíceis as relações das colônias italianas estabelecidas no antigo Império Bizantino com as cidades
pátrias, não só pelas dificuldades do intercâmbio, como pelas depredações, confiscos e perdas de foros que
elas próprias sofriam. Por fim, os descobrimentos portugueses no Atlântico deslocaram as correntes
mercantis que cruzavam o Mediterrâneo da Ásia para a Europa. Quando Pedro Pasqualigo, embaixador de
Veneza em Lisboa, comunicou que os portugueses tinham achado uma nova rota para as Índias e oferecido
especiarias mais baratas que os venezianos, esse acontecimento foi considerado um desastre público. Em
consequência, os venezianos fizeram saber ao sultão do Egito que seu país e sua religião estavam em perigo
e ofereceram-lhe armas e braços para exterminar os recém-vindos. A ajuda veneziana aos camorins hindus
não impediu, contudo, o estabelecimento dos portugueses na Índia e noutros pontos do Oriente. Assim,
outra das principais fontes da prosperidade da República mudou de explorador.
Veneza, provida de uma marinha grandiosa, superior a de qualquer outro Estado, pôde conservar
ainda no século XVI um prestígio invejável e uma importância política e comercial incomum. As fontes de
sua prosperidade e de seu poderio se achavam, entretanto, já cortadas, e a decadência processou-se
inexoravelmente daí por diante, até o final do século XVIII, quando Napoleão extinguiu o Estado
Veneziano.
A empresa de Silves, no tempo de Sancho I, já tinha navios portugueses. Essa marinha existiu nos
reinados de Sancho II e de Afonso III, como o provam as expedições marítimas que terminaram pela
conquista definitiva do Algarves e as façanhas do lendário Fuás Roupinho. Havia então já um corpo de
tropas especiais de embarque e nas terceiras navais se construía, sob direção de mestres estrangeiros, navios
de alto bordo para as frotas militares do rei. A frota de navios grossos que ajudara a tomada de Faro, as
fustas, as barcas, as caravelas, as pinaças e as bojudas naus do tempo deviam, em caso de guerra, defender
eficazmente o magnífico estuário do Tejo. No tempo de Afonso III, já o poder marítimo português é de tal
ordem que os navios vão em socorro à Castela, e o Papa convida os lusitanos a acompanhar as gentes do
Norte às cruzadas.
Livre da ameaça árabe, graças à conquista das principais cidades costeiras e sendo propelido para o
mar em virtude de razões já citadas, o comércio português pôde iniciar seus primeiros passos. Já em 1194
há notícias de ter naufragado um navio português que se destinava a Bruges, e os portugueses são
encontrados nos meados do século XII na feira anual de São Demétrio em Tessalônica. Em 1202, João Sem
Terra tomava sob sua proteção os mercadores portugueses que fossem residir nos seus domínios. Em 1290,
as relações comerciais com a França eram já tão importantes que Filipe, o Belo, concedeu aos mercadores
portugueses que frequentavam o porto de Honfleur, importantes privilégios, confirmados depois por vários
monarcas franceses que àquele sucederam. Inversamente, os comerciantes estrangeiros começaram a
interessar-se por Portugal. Os armadores da Normandia, do Flandres e da Inglaterra já no fim do século
XIII demandavam o Tejo para mercadejar.
Com o desenvolvimento do comércio, o da marinha, sua servidora, impulsionou por sua vez a
indústria de construção naval nas margens do Tejo. Em 1237 e 1260, fazem-se referências muito claras ao
arsenal régio e à carreira de construção em Lisboa.
O reinado de D. Diniz marca uma segunda era na história da Marinha nacional. Sendo a Marinha
Mercante e a Militar reciprocamente indispensável, os cuidados do rei administrador dirigiram-se
principalmente a fomentar a primeira, cuja importância o tratado de comércio feito em 1308 com a
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O Cabo Não ou Cabo do Não, actual Cabo Chaunar, é um cabo situado na costa atlântica da África, no sul do Marrocos,
entre Tarfaya e Sidi Ifni. Até ao século XV era considerado intransponível por europeus e muçulmanos, de onde se originou o
seu nome.
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Barca era um navio pequeno de madeira, com uma só coberta e com velas latinas e que podia levar ou não cesto de gávea.
Barinel é uma embarcação pequena que possui vela quadrangular podendo também ser movido utilzando remos.
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orientação das rotas, cometendo esses estudos a uma junta que fez as primeiras tábuas de declinação do
Sol.
As expedições marítimas foram reiniciadas com maiores recursos. Em 1486 Bartolomeu Dias recebe
a missão de descobrir a passagem sul do continente africano, e, em 1488, após ter sido jogado mar afora
por uma violenta tempestade, voltou para leste para retomar o acompanhamento do litoral como vinha
fazendo e teve a surpresa de verificar que não o encontrava mais; voltou então para o norte e reencontrou
o litoral à sua frente (W-E); após prosseguir para leste algum tempo voltou e só então descobriu o extremo
sul da África, que, muito acertadamente, chamou de cabo das Tormentas, rebatizado mais tarde de cabo da
Boa Esperança.
e a vassalagem de todas as costas, desde Sofala, em África, ao cabo de Jar-Hafum; desde Khor Fakhan, na
Arábia, até o golfo Pérsico; desde o Indo até ao cabo Kumari; daí às bocas do Ganges e, descendo pelo
Arakan e pelo Pegu, até Malaca com as ilhas dispersas de Madagascar e Sokotra, Anjediva, os arquipélagos
de Lakha (Laquedivas) e de Malaca (Maldivas), Sinala (Ceilão) e Sumatra e Java, Bornéu e as Molucas até
os pontos extremos de Banda e Ambon.
Decaídos os árabes de sua privilegiada posição de intermediários entre o Oriente e o Ocidente, a
corrente de produtos orientais, que da Ásia anteriormente ia para a Europa através do Mediterrâneo, foi
encaminhada diretamente para Portugal, seguindo a via marítima.
A expansão portuguesa na Ásia continuou no decorrer de quase todo o século XVI, exigindo
frequentemente o recurso às armas, o que absorvia grande parte dos recursos do reino. Durante esse tempo,
os portugueses mantinham suas pretensões no Marrocos, sustentando diversas guerras, embora de pequena
envergadura. Ao mesmo tempo, seus navegantes descobriram várias ilhas no Atlântico Sul, chegaram às
costas do Canadá e exploraram quase todo o litoral da América do Sul. A partir da terceira década desse
século também foi iniciada a colonização do Brasil, e Portugal soube defender com indomável energia a
posse das novas terras, enfrentando a crescente agressividade de marinheiros ingleses, franceses e
holandeses. Num extremo do mundo, seus marinheiros, comerciantes e religiosos chegaram ao Japão e se
estabeleceram em Macau, na China; no outro, seus pescadores, ao largo da Terra Nova começaram a retirar
dos mares o bacalhau ali encontrado em cardumes imensos e, segundo consta, auxiliaram o navegante
francês Jacques Cartier nas suas primeiras explorações no Canadá. Assim, os portugueses, que não tinham
quarenta mil homens sob armas, faziam tremer o Império de Marrocos, os Berberes da África, os
mamelucos, os árabes e todo o Oriente de Ormuz à China, do cabo da Boa Esperança até Cantão, exercendo
seu domínio sobre mais de quatro mil léguas, por meio de uma cadeia de empórios e fortalezas.
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1.2) Outras Navegações Portuguesas:
Os lusos andaram mesmo, como diz o poema famoso Os Lusíadas, “por mares nunca dantes
navegados”, pelo menos por europeus.
Mesmo antes da descoberta da América por Colombo, já nela teriam estado os portugueses: em
1491, João Vaz Corte Real e Álvaro Martins Homem estiveram na Terra Nova e, no mesmo ano da viagem
de Colombo, João Fernandes Labrador e Pedro de Barcelos descobriram a península que teria até hoje o
nome do primeiro.
Em 1501, Gaspar Corte Real descobriu o estreito de Davis, entre a Groenlândia e o continente norte-
americano e esteve naquela grande ilha.
As navegações lusitanas no Índico levaram à conquista de quase toda a costa da África e à descoberta
de inúmeras ilhas (Ceilão, Maurício, Reunião, Madagascar, Maldivas, Sonda, Sumatra, etc.).
Em 1516, Duarte Coelho atinge a Cochinchina (atual Vietnã) e, em 1525, Luiz Vaz Torres descobre a
Austrália. A Nova Guiné, em 1538, com João Fogaça, e o Japão, em 1541, com Fernão Mendes Pinto e
Antônio da Mota, mostram quão longe chegaram os portugueses para as bandas do Oriente.
Mas, o ponto alto das navegações lusitanas viria com as viagens de João Martins que, em 1588,
descobriu a passagem do noroeste, passando pelo estreito de Davis, mar de Baffin, ilhas Árticas, norte do
Alasca e estreito de Bering, vindo a sair no Pacífico, e de David Melgueiro que, em 1660, descobriu a
passagem do nordeste, partindo do Japão, passando pelo norte da Sibéria e das ilhas Spitzberg e chegando
a Portugal pelo norte do Atlântico.
Desse imenso império colonial pouco restou a Portugal; a decadência começou em 1580 com a
entrega da coroa ao Rei espanhol Felipe II, o que fez com que os holandeses, que estavam em luta com os
espanhóis, passassem a atacar os navios portugueses.
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O desastre de Alcácer-Kibir corresponde ao falecimento do rei de Portugal D. Sebastião, que combatendo no norte da África
os mulçumanos, ainda como parte das guerras de reconquista e das cruzadas, desaparece em batalha. Sua morte gera duas
situações históricas: a primeira é que ele tinha 23 anos de idade à época e ainda não tinha herdeiros. Após sua morte, assumiu o
trono seu tio que era cardeal da Igreja Romana e que ao morrer também não tinha herdeiros, permitindo a tomada do trono de
Portugal pelos espanhóis, correspondendo este período à União Ibérica. A segunda situação é que seu desaparecimento fomentou
histórias de que ele havia sido arrebatado ao reino dos céus e de lá retornaria comandando hordas celestiais para combater os
infiéis mulçumanos. Deste fato surgem os movimentos religiosos conhecidos como sebastianistas, com ações principalmente na
colônia portuguesa do Brasil.
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Em 1640, Portugal conseguiu sacudir o domínio espanhol. D.
João IV, elevado ao trono pelo voto popular, encontrou o reino
arruinado por 61 anos de servidão (União Ibérica), sem exército, sem
navios, sem artilharia. Seguiram-se quase vinte anos de guerras antes
que a independência portuguesa fosse formal e definitivamente
reconhecida pelas demais potências europeias. Os portugueses
recobraram o Brasil, mas perderam as Molucas, Cochim, Ceilão, o cabo
da Boa Esperança e tudo mais de que os holandeses se haviam
apoderado nas Índias Orientais. Por outro lado, já não havia condições
nos séculos XV e XVI para serem recomeçadas as aventuras oceânicas.
O tempo do valor pessoal havia passado. No lugar das navegações
aventurosas estavam estabelecidas linhas de comércio regular
controladas por rivais poderosos. Dessa forma, a Holanda e a Inglaterra
foram as herdeiras do império econômico construído por Portugal.
2) Espanha:
3) França:
4) Holanda:
Os estuários dos rios flamengos ofereciam na Idade Média
portos naturais ideais, pois penetravam profundamente nas terras e
eram acessíveis aos grandes navios da época, permitindo, ao
mesmo tempo, aos pequenos barcos avançar bem longe no interior.
As condições naturais do país eram, portanto, propícias ao
desenvolvimento das cidades comerciais, e já durante o reino de
Carlos Magno, sob a influência de uma situação política estável,
podia-se prever o incremento que tomariam mais tarde nos Países
Baixos as manufaturas e o comércio de lã. A criação do Império de
Carlos Magno e sua extensão até o rio Elba mudaram a posição
geográfica relativa dos Países Baixos e os tornaram eminentemente
próprios ao comércio. As regiões em torno dos rios Reno, Mosa e
Escalda ocupavam daí por diante não mais uma posição terminal
ou fronteiriça como haviam ocupado sob os romanos, mas uma
posição central, no interior do Império Carolíngio.
O desenvolvimento econômico precoce dos Países Baixos foi
paralisado pelas invasões normandas (vikings) e pelo
esboroamento do Império Carolíngio. Os rios que facilitavam o
tráfego facilitavam também a entrada dos normandos que no
decorrer do século IX destruíram numerosas cidades e levaram suas
devastações ao Sul, até o Artois e a Picardia.
Mais tarde, favorecidos por uma posição geográfica intermediária entre o Báltico, a França, o
Mediterrâneo e a foz dos rios alemães, os holandeses absorveram rapidamente quase todo o tráfego
comercial europeu, e, no fim do século XVI, Espanha e Portugal, não menos que Veneza e as Cidades
Hanseáticas, viram-se despojadas da maior parte de seus transportes marítimos pelos atrevidos marinheiros
e comerciantes batavos.
A Holanda procurou em primeiro lugar satisfazer as necessidades dos países marítimos mais
próximos situados a leste e a oeste, trocando madeiras e cereais que produziam uns, por sal e vinhos que
produziam outros. O arenque seco, os mercadores batavos transportavam para as embocaduras de todos os
rios vindos do Sul, desde o Vístula até o Sena, e ao longo do Reno, do Mosa, do Escalda. Seus navios iam
procurar lã em Chipre, seda em Nápoles e, da Noruega, traziam uma grande parte da madeira necessária à
construção de seus barcos. Das planícies da Prússia e da Polônia e mesmo da Rússia, eles traziam o linho
e, sobretudo, os gêneros alimentícios que constituíam um artigo de importância indispensável, visto o solo
da Holanda só poder então, segundo uma autoridade competente da época, alimentar um oitavo de seus
habitantes.
Se bem que os holandeses se tivessem assenhoreado de uma grande parte do comércio europeu, não
tiraram menor proveito e o melhor de suas glórias nas suas relações com as Índias Orientais. A indiferença
dos portugueses em primeiro lugar e em seguida a dos espanhóis pelo transporte e venda das especiarias
nos mercados europeus, permitiu aos mercadores flamengos e holandeses dele se apoderarem. As medidas
proibitivas adotadas por Felipe II (da Espanha) para aniquilar a navegação e o comércio das Províncias do
Norte e em particular da Holanda, que tinha sido colocada à frente da nova Confederação Republicana
(1609), longe de enfraquecer o inimigo, estimularam-lhe a resistência e a agressividade. A interdição feita
pela Espanha aos navios holandeses de entrarem seus portos colocou os mercadores da nova confederação
em situação precária, visto a interdição impedi-los de se aprovisionarem de especiarias e de produtos
coloniais. A Holanda foi, portanto, obrigada a enfrentar contra a Espanha uma luta de morte. De todos os
atos hostis que a Holanda dirigiu contra a Espanha, a empresa nas Índias foi a que mais assustou o rei e a
nação, e a que feriu mais fundo, imprimindo por outro lado, poderoso desenvolvimento aos Países Baixos.
Os primeiros mercadores holandeses que no declinar do século XVI atingiram Java e as Molucas,
depois de terem violado por intermédio de Cornelius Hontmann o segredo da rota marítima, limitaram-se
a obter dos príncipes locais, em troca de produtos mais baratos do que os vendidos pelos portugueses, as
reduções dos direitos alfandegários e a concessão ao longo da costa, para instalar depósitos, representações
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e etc., com o fim de criar uma corrente de atividade comercial baseada na troca de produtos nacionais ou
importados pelos mais procurados do Oriente. Nessa época, a autoridade governamental não interveio
suficientemente nesse setor, e o tráfego marítimo foi confiado a numerosas companhias privadas que se
tinham constituído nos diversos portos da Holanda e que armavam frotas de comércio e de guerra contra os
portugueses na Índia. Para eliminar os perigos da concorrência recíproca e para resistir energicamente aos
espanhóis e portugueses, procedeu-se a fusão das diversas sociedades numa só companhia, constituída em
1602, sob o nome de Companhia Holandesa das Índias Orientais, com o capital inicial de cerca de sete
milhões de florins. A Companhia recebeu do Estado o privilégio, para um período de vinte anos, do pleno
controle sobre a navegação e o tráfego com o Oriente, por seu lado, ela se dedicou a armar os navios, a
combater os inimigos, a contratar aventureiros para o serviço, a redigir tratados, a criar empórios e
estabelecimentos financeiros nas Índias. Na época de maior atividade bélica contra os portugueses e
espanhóis, a Sociedade chegou a ter uma esquadra de cento e oitenta navios de trinta a sessenta canhões,
guarnecidos por doze a treze mil homens.
Depois da criação da Companhia das Índias
Orientais, a atividade comercial holandesa se fez cada vez mais
eficiente. O Almirante Warwick, verdadeiro fundador das colônias
holandesas no Oriente, fazendo-se a vela com quatorze navios para
aquelas paragens onde a frota portuguesa não o podia enfrentar,
fortificou no território do rei de Johor, em Java, um empório que
dispunha de uma baía abrigada, e fez aliança com vários príncipes
de Bengala.
Novos empórios foram criados nas costas do Malabar, em
Sumatra e Amboina, o que permitiu aos holandeses tornar mais
efetiva a concorrência dirigida contra portugueses e espanhóis. Os Henry Hudson, entre 1610-11 navegando
pelo rio que hoje tem seu nome nos EUA,
antigos estabelecimentos e os primeiros empórios transformavam- entre Nova York e os grandes lagos.
se, pouco a pouco, em núcleos de ocupação militar. Foi procedida
depois a conquista direta dos territórios.
O socorro prestado pelos holandeses ao imperador de Mata valeu-lhes pouco a pouco a posse de
toda a ilha de Java, e, em 1641, a aliança com o rei de Atch serviu para tomar os portugueses Malaca e as
mais importantes ilhas de especiarias. A luta se prolongou na costa de Malabar onde os portugueses tinham
raízes mais fortes, mas os holandeses acabaram por triunfar e se apoderaram de Cochin, de Cananor e de
Ceilão (1656). Já nos meados do século XVII, as costas e ilhas do oceano Índico achavam-se praticamente
submetidas ao pavilhão holandês. Assim, a Companhia das Índias Orientais, depois de se ter enriquecido
com os despojos do Império Colonial Português, estendeu suas conquistas até o arquipélago de Sunda,
estabelecendo o centro de seu domínio entre a Ásia e a Austrália. A ilha de Java, e em particular o porto de
Batávia, se encontrava na confluência das rotas marítimas do Oriente. Quase todo o tráfego exercido pelos
árabes, hindus e chineses ficou assim submetido ao controle holandês.
Os comerciantes holandeses penetraram com facilidade no Japão, onde foram bem acolhidos e
substituíram os portugueses já ali estabelecidos havia várias décadas. Também na ilha de Formosa se
estabeleceram os ousados traficantes batavos.
Com a ocupação do cabo da Boa Esperança (1652), transformado em ponto de apoio e em escala
para as frotas comerciais e de guerra em caminho das colônias da Ásia e Austrália, os holandeses tornaram-
se senhores absolutos das rotas marítimas do Oriente, conseguindo centralizar em suas mãos quase todo o
monopólio do tráfego de especiarias.
As expedições holandesas na América não foram coroadas de tão brilhante sucesso, entretanto, elas
voltavam sempre com rico saque feito sobre espanhóis ou portugueses. O maior triunfo no gênero foi a
captura por Pieter Hein em 1628 de uma frota de galeões espanhóis procedentes do México e carregados
de prata e ouro. Esse fato se deu logo após a primeira invasão holandesa no nordeste brasileiro, na Bahia,
quando os holandeses, após serem expulsos do Brasil, deram com o carregamento em sua viagem de volta.
O apresamento desta carga financiou a formação de uma frota mais equipada e poderosa que voltou ao
Brasil e invadiu o nordeste em Recife e Olinda.
BIBLIOGRAFIA
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