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TURMA REGULAR
CONHECIMENTOS GERAIS
MÓDULO – V
JULHO - AGOSTO
2022
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MATEMÁTICA ..................................................................................................................................... 83
GEOMETRIA ESPACIAL ............................................................................................................................................................ 85
GEOMETRIA ANALÍTICA ......................................................................................................................................................... 110
GEOGRAFIA .......................................................................................................................................137
20 - BRASIL - A PRODUÇÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL. ................................................................................................. 139
20.1 - Regionalização no território brasileiro ............................................................................................................................ 139
20.2 - A regionalização brasileira e as políticas territoriais. ..................................................................................................... 139
21 - BRASIL - COOPERAÇÃO INTERNACIONAL .................................................................................................................. 141
21.1 - A inserção econômica do Brasil ..................................................................................................................................... 141
21.2 - Cooperação internacional - A política externa do Brasil ................................................................................................ 141
21.3 - O Brasil nos processos de Integração Sul-americana e na Geografia das Relações Internacionais ............................. 143
21.4 - O Brasil e o seu “Entorno Estratégico” ........................................................................................................................... 148
22 - A EXPANSÃO DAS PANDEMIAS E OS IMPACTOS NA ECONOMIA MUNDIAL ............................................................ 153
22.1 - Introdução e definições .................................................................................................................................................. 153
22.2 - Evolução através de epidemias ..................................................................................................................................... 154
22.3 - Coronavírus humanos infectam pessoas em todo o mundo ao longo da vida ............................................................... 155
22.4 - As consequências da Covid-19 para a economia mundial ............................................................................................ 155
22.5 - Crise do coronavírus: desta vez é realmente diferente .................................................................................................. 155
22.6 - Limitando as consequências econômicas do coronavírus com políticas amplas e dire-cionadas ................................. 157
22.7 - Vacinas desenvolvidas .................................................................................................................................................. 161
23 - A GEOGRAFIA DAS GUERRAS E A POLÍTICA DA VIOLÊNCIA .................................................................................... 162
23.1 - Guerra - por que e para quê? ......................................................................................................................................... 162
23.2 - O conflito armado no século XXI .................................................................................................................................... 163
23.3 - Disputas de fronteiras na América Latina ...................................................................................................................... 166
23.4 - Os Direitos Humanos e a Questão dos Refugiados ....................................................................................................... 169
24 - AS REGIÕES POLARES .................................................................................................................................................. 180
24.1 - A importância geoeconômica das regiões polares ......................................................................................................... 180
24.2 - O Continente Antártico e as gestões multilaterais no Contexto da Geografia Mundial .................................................. 180
24.3 - Recursos naturais e disputas nas regiões polares ......................................................................................................... 181
24.4 - Geografia do Ártico ........................................................................................................................................................ 182
24.5 - Antártica ......................................................................................................................................................................... 184
24.6 - O Brasil na Antártica ...................................................................................................................................................... 186
24.7 - Ações brasileiras voltadas para os recursos do mar ...................................................................................................... 193
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REDAÇÃO
Redação 1:
Redação 2:
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Também a ascensão profissional é aspecto relevante na MB. O militarismo é, de fato, uma área promissora por valorizar
seus integrantes com um plano de carreira, uma vez que proporciona reconhecimento profissional e valorização financeira,
consequentemente, o Oficialato desperta inúmeros sentimentos engrandecedores na sociedade civil como o reconhecimento social.
Tal situação ocorre por essa congratulação ser uma característica marcante na vida militar graças ao comprometimento e à coragem:
esta representa a superação do medo para enfrentar qualquer perigo em prol do cumprimento da missão; aquele está relacionado
com os princípios da ética e da ordem. Os civis, indubitavelmente, admiram, então, tais atributos.
Muitas são, portanto, as perspectivas que giram em torno do Oficialato na Marinha do Brasil. Com certeza, poder exercer
a liderança e obter reconhecimento social perante a sociedade são características enaltecedoras, que fazem dessa carreira não só
uma profissão mas também um estilo de vida. Desse modo, a Força manter-se-á forte no compromisso de aperfeiçoar-se
continuamente de modo a contribuir para a prontidão do cumprimento da sua missão constitucional: a defesa de um grande País.
GRAMÁTICA
FIGURAS DE LINGUAGEM
1. .Aliteração: consiste na repetição dos mesmos sons de natureza consonantal.
Ex.: “Esperando, parada, pregada na pedra do porto.” (Chico Buarque)
3. Elipse: consiste na omissão de um termo que facilmente pode ser subentendido pelo contexto.
Ex.: À esquerda, casas novas; à direita, construções do início do século.
4. Zeugma: é um tipo especial de elipse; consiste na omissão de um termo que já apareceu antes no contexto.
Ex.: “Naquele país, havia muitos profissionais competentes; naquela cidade, médicos dedicados.”
6. Assíndeto: consiste na ausência de conjunção coordenativa na ligação entre elementos da frase ou do período. Ex.:
“Clara passeava nos jardins com as crianças.
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda-civil sorria, passavam bicicletas,
a menina pisou a relva para pegar um pássaro,
o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranquilo” (Carlos Drummond de Andrade)
8. Silepse: consiste num tipo especial de concordância, chamada “ideológica”, que não é feita como termo expresso na frase, mas
com a ideia, com o que se subentende. Há três tipos de silepse:
Silepse de gênero: Vossa Alteza parece aborrecido.
Silepse de número: Os Lusíadas é um poema épico.
Silepse de pessoa: Todos sabemos que cada brasileiro é um técnico de futebol.
9. Anacoluto: consiste na quebra da estrutura sintática da frase, deixando um termo “solto”. Normalmente, o anacoluto ocorre
quando se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.
Ex.: “Bom! Bom! eu parece-me que ainda não ofendi ninguém!” (J. Régio)
Ex.: Essa sua mania, suas preocupações com detalhes me irritam!
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10. Pleonasmo: é uma repetição com o fim de enfatizar a mensagem. Trata-se, pois, de uma redundância com finalidade expressiva.
Ex.: “A mim, ensinou-me tudo.” (Fernando Pessoa)
11. Anáfora: consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.
Ex.: “ Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa
Por favor” (Chico Buarque)
13. Ironia: consiste em utilizar uma palavra, expressão ou frase em sentido diverso do literal, obtendo-se, com isso, conotação
depreciativa ou satírica.
Ex.: O seu aproveitamento na escola não podia ter sido melhor: reprovado em apenas seis matérias.
14. Eufemismo: consiste em suavizar uma expressão desagradável, substituindo-a por outra de valor mais ameno.
Ex.: “Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.” (Machado de Assis)
16. Prosopopeia ou Personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicados próprios dos seres animados.
Ex.: “A lua/ tal qual a dona de um bordel,/ pedia a cada estrela fria/um brilho de aluguel./ E nuvens,/lá no mata-
borrão do céu/chupavam manchas torturadas” (João Bosco e Aldir Blanc)
17. Apóstrofe: consiste na invocação de alguém (ou de alguma coisa personificada) com função emotiva.
Ex.: “Oh! Musa do meu fado/ Oh! Minha mãe gentil / Te deixo consternado
No primeiro abril” (Chico Buarque e Ruy Guerra)
18. Gradação: consiste na apresentação ideias em progressão ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax).
Ex.: O balão foi aceso, inflou, cresceu, subiu, pegou fogo e caiu.
19. Metonímia: consiste em empregar um termo no lugar de outro, com o qual mantém uma relação de contiguidade (autor pela
obra, todo pela parte, continente pelo conteúdo, lugar pelo produto, efeito pela causa etc.).
Ex.: “O bonde passa cheio de pernas: / Pernas brancas pretas amarelas.” (Carlos Drummond de Andrade)
Ex.: Procurou no Aurélio o significado daquela palavra.
- o autor pela obra: Você já leu Camões?
- o efeito pela causa: Respeite minhas rugas.
- o instrumento pela pessoa: Júlio é um bom garfo.
- o continente pelo conteúdo: Ele comeu dois pratos.
- o lugar pelo produto: Ele gosta de um bom havana.
- a parte pelo todo: Não tinha teto aquela família.
- o singular pelo plural: O paulista adora trabalhar.
- o indivíduo pela espécie ou classe: Ele é um judas.
- a matéria pelo objeto: A porcelana chinesa é belíssima.
- a marca pelo produto:pacote de bombril, fazer a barba com gilete, mascar um chiclete.
20. Catacrese: consiste no emprego de uma palavra fora de seu significado real; entretanto, dado seu uso contínuo, o falante não
mais percebe esse sentido figurado.
Ex.: Esquente o óleo e doure dois dentes de alho.
21. Antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique com facilidade.
Ex.: O maior estádio do mundo está em festa.
Ex.: O Poeta da Vila será homenageado mais uma vez.
22. Sinestesia: consiste em mesclar, numa mesma expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
Ex.: No silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos.Ex.: Um grito áspero revelava todo o seu medo.
23. Metáfora: consiste em utilizar uma palavra ou expressão, em lugar de outra, por haver entre elas uma relação de
semelhança.Toda metáfora é uma espécie de comparação implícita, em que o elemento comparativo não aparece.
Ex.: “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa). O poeta estabelece traços de semelhança entre um rio
subterrâneo e seu pensamento: é como se aquele fosse um rio.
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24. Comparação ou símile: consiste em usar uma palavra ou expressão para evidenciar a comparação. Se o exemplo acima fosse
“ Meu pensamento é como um rio subterrâneo”, não teríamos metáfora, e sim comparação pela presença do conectivo comparativo como.
Obs.: comparação e metáfora comparam, cotejam; a primeira precisa apresentar um elemento de comparação; a segunda, não.
25. Paradoxo ou oxímoro: é a fusão de ideias contraditórias, de modo a produzir um enunciado logicamente impossível,
expressando a falsidade do seu próprio conteúdo.
Ex.: “Quem achavive se perdendo.” (Noel Rosa)
“Há filosofia bastante em não pensar em nada.” (Fernando Pessoa)
“ O amor é fogo que arde sem se ver” (Camões)
"Estou cego e vejo " (Carlos Drummond de Andrade)
26. Hipálage: consiste na relação de um termo com outro que não seria seu complemento correspondente, por uma
transferência de significado.
Ex.: “Mas isso ainda diz pouco: / se ao menos mais cinco havia / com o nome de Severino / vivendo na mesma serra / magra e
ossuda em que eu vivia.” (João Cabral de Melo Neto)
27. Paronomásia: consiste no emprego de vocábulos parônimos, ou seja, de termos com grafia e pronúncia bem semelhantes e
significados distintos.Esta figura é amplamente utilizada para fazer “trocadilhos” propositais e construir ironias, dando grande
expressividade e subjetividade ao discurso.
Ex.: “Na terra da imprevidência, em que só se tomam providências depois da porta arrombada...” (Zuenir Ventura)
“ Os magnetes atraem o ferro; os magnatas o ouro.” (Pe. Antonio Vieira)
28. Onomatopeia: reprodução na escrita do som do que está sendo representado no enunciado.
Ex.: Sino de Belém, como soa bem! / Sino de Belém bate bem-bem-bem. (Manuel Bandeira)
29. Anadiplose: consiste em repetir, no início de uma oração ou de um verso, a última palavra da oração ou verso anterior.
Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade,
verdade é, meu senhor, que hei delinquido,
delinquido vos tenho, e ofendido;
ofendido vos tem minha maldade (Gregório de Matos)
30. Epizeuxe: Figura pela qual se repete seguidamente a mesma palavra, para amplificar, para exprimir compaixão, ou para exortar.
Ex.: “Já, já me vai, Marília, branquejando / loiro cabelo, que circula a testa” (Tomás Antônio Gonzaga)
“e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo...” (Machado de Assis)
“Nize? Nize? onde estás? aonde? aonde?” (Cláudio Manuel da Costa)
EXERCÍCIOS
1. Dê o nome das figuras de linguagens nas frases abaixo:
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7 . “Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou coroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
Alô, iniludível!” (Manuel Bandeira)
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11. “Joca Ramiro morreu como o decreto de uma lei nova.” (Guimarães Rosa)
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13 . “Mas nós passávamos, feito flecha, feito faca, feito fogo.” (Guimarães Rosa)
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15 . “Marcela amou-me durante onze meses e quinze contos de réis.” (Machado de Assis)
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16 . “O teu silêncio é uma nau com todas as velas pandas...” (Fernando Pessoa)
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17 . “Entre a cidade, com as suas agitações e aventuras, e o céu, em que as estrelas pestanejavam, através de uma atmosfera
límpida e sossegada...” (Machado de Assis)
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18 . “... no fim de oito dias deu-me na veneta olhar para o espelho com o fim justamente de achar-me dois. Olhei e recuei. O próprio
vidro parecia conjurado com o resto do universo...” (Machado de Assis)
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20. “O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano” (Chico Buarque)
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24. “Velho vento vagabundo!/ no teu rosnar sonolento / leva ao longe este lamento / além do escárnio do mundo.”
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27. Deixe-me ver... É necessário começar por... Não, não, o melhor é tentar novamente o que foi feito ontem.
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30. Foi apanhar gravetos, trouxe do chiqueiro das cabras uma braçada de madeira meio roída pelo cupim, arrancou touceiras de
macambira, arrumou tudo para a fagueira. (Graciliano Ramos)
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34. Faria isso mil vezes se fosse preciso.
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35. Muito competente aquele candidato! Construiu viadutos que ligam nenhum lugar a lugar algum.
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40. Tudo o que ele tem foi conquistado com seu próprio suor.
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EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
1. O AÇÚCAR
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
(...)
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, p. 227-8.
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A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho na sociedade brasileira é expressa poeticamente na oposição
entre a doçura do branco açúcar e
2. Em uma grande concessionária de São Paulo leu-se a seguinte chamada: "Queima total de seminovos". A mesma estratégia foi
utilizada em uma chamada de um grande hipermercado, em que se podia ler: "Grande queima de colchões".
Acerca dos sentidos criados por essas chamadas, é apropriado afirmar que
3. Em todas as opções a seguir, está presente uma figura de linguagem que trabalha a substituição de um vocábulo por outro numa
relação de contiguidade ou abrangência, EXCETO EM UMA. Assinale-a:
4. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de
palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado (...) Cedendo
à meiga pressão, a virgem reclinou-se ao peito do guerreiro, e ficou ali trêmula e palpitante como a tímida perdiz (...) A fronte
reclinara, e a flor do sorriso expandia-se como o nenúfar ao beijo do sol (...). Em torno carpe a natureza o dia que expira. Soluça a
onda trépida e lacrimosa; geme a brisa na folhagem; o mesmo silêncio anela de opresso. (...) A tarde é a tristeza do sol. Os dias de
Iracema vão ser longas tardes sem manhã, até que venha para ela a grande noite.
Os fragmentos anteriores constroem-se estilisticamente com figuras de linguagem, caracterizadoras do estilo poético de Alencar.
Apresentam eles, dominantemente, as seguintes figuras:
a) comparações e antíteses.
b) antíteses e inversões.
c) pleonasmos e hipérboles.
d) metonímias e prosopopeias.
e) comparações e metáforas.
RELAMPIANO
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5. NÃO é correto afirmar que o texto
a) apresenta estrangeirismos.
b) utiliza, denotativamente, a palavra "contramão".
c) tem, no título, um exemplo do registro coloquial da língua.
d) faz uma denúncia social sobre a situação dos meninos de rua.
BUARQUE DE HOLANDA, Chico. "Umas e outras". In: Grandes sucessos de Chico Buarque. LP, Premier/RGE, 1962. l.2. faixa 6.
6. Ao caracterizar as duas personagens, o poeta utiliza fundamentalmente a oposição de ideias. Daí se destaca a figura de estilo
chamada:
a) metáfora
b) metonímia
c) prosopopeia
d) antítese
e) eufemismo
7. A palavra "sorriso" ocorre nas duas primeiras estrofes com conotações diferentes (linha 1 e linha 14). É CORRETO afirmar sobre
isso:
a) no primeiro caso, expressão de alegria terrena; no segundo, recurso utilizado no trabalho da religiosa.
b) no primeiro caso, expressão de alegria terrena; no segundo, recurso utilizado no trabalho da prostituta.
c) no primeiro caso, expressão de tristeza; no segundo, recurso utilizado no trabalho da religiosa.
d) no primeiro caso, expressão de surpresa; no segundo, recurso utilizado no trabalho da prostitua.
e) no primeiro caso, expressão de desalento; no segundo, recurso utilizado no trabalho da religiosa.
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8. O poeta utiliza duas metáforas para expressar o conceito de vida de cada personagem do texto. Essas metáforas são,
respectivamente:
9. No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o patrão para receber o salário. Eis parte
da cena:
1Não se conformou: devia haver engano. (...) Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, 2e Fabiano
perdeu os estribos. 3Passar a vida inteira assim no toco, 4entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar
como negro e nunca arranjar carta de alforria?
O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda.
5Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não.
Graciliano Ramos. Vidas Secas. 91a ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.
No fragmento transcrito, o padrão formal da linguagem convive com marcas de regionalismo e de coloquialismo no vocabulário.
Pertence à variedade do padrão formal da linguagem o seguinte trecho:
a) "Não se conformou: devia haver engano" (ref. 1).
b) "e Fabiano perdeu os estribos" (ref. 2).
c) "Passar a vida inteira assim no toco" (ref. 3).
d) "entregando o que era dele de mão beijada!" (ref. 4).
e) "Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou" (ref. 5).
10. O escritor Paulo Lins em seu romance "Cidade de Deus" expressa o avanço da violência no Brasil, nas últimas décadas, com a frase:
"Falha a fala. Fala a bala."
Nas duas frases só NÃO se pode identificar a seguinte figura de linguagem:
a) Paronomásia, pelo trocadilho ou jogo de palavras com apelo sonoro.
b) Aliteração, pela repetição de fonemas consonantais.
c) Assonância, pela repetição da vogal "a".
d) Perífrase, pela substituição de "violência" por um dos elementos que a compõe (bala).
e) Personificação, pela característica humana atribuída à "bala".
(BANDEIRA, Manuel. "Canção do vento e da minha vida". In: CEREJA, William R. e MAGALHÃES, Thereza C. "Gramática reflexiva."
São Paulo: Atual, 1999. p. 359)
NÃO é possível identificar, no fragmento acima, a figura de linguagem:
a) ironia.
b) anáfora.
c) metáfora.
d) gradação.
12. Leia o seguinte fragmento, extraído do "Sermão de Santo Antônio", de Pe. Vieira.
"(...) o pão é comer de todos os dias, que sempre e continuamente se come: isto é o que padecem os pequenos. São o
pão cotidiano dos grandes; e assim como o pão se come com tudo, assim com tudo e em tudo são comidos os miseráveis pequenos,
não tendo, nem fazendo ofício em que os não carreguem, em que os não multem, em que os não defraudem, em que os não comam,
traguem e devorem (...)"
I. constrói a argumentação por meio da analogia, o que constitui um traço característico da prosa vieiriana.
II. finaliza com uma gradação crescente a fim de dar ênfase à voracidade da exploração sofrida pelos pequenos.
III. afirma, ao estabelecer uma comparação entre os humildes e o pão, alimento de consumo diário, que a exploração dos pequenos
é aceitável porque cotidiana.
Está(ão) correta(s)
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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
a) O cartunista Bob Thaves desenhou uma de suas instigantes tirinhas, que tem como personagens Frank & Ernest, os desleixados
e eventualmente oportunistas representantes do "homem comum" do mundo contemporâneo urbano.
b) Já ouviu dizer que o ócio é a mãe do pecado? Ou que o demônio sempre arruma ofício para quem está com as mãos
desocupadas? Ou ainda que cabeça vazia é oficina do Diabo?
c) Não é por acaso que Paul Lafargue, um franco-cubano casado com Laura, filha de Karl Marx, e fundador do Partido Operário
Francês, foi pouco compreendido na ironia contida em alguns de seus escritos.
d) O genro de Marx publicou "Direito à Preguiça", uma desnorteante e - só na aparência - paradoxal análise da alienação e da
exploração humana no sistema capitalista.
e) Ou, como registrou Anatole France, conterrâneo e herdeiro, no século seguinte, da mordacidade voltairiana: "O trabalho é bom
para o homem".
A NOVA (DES)ORDEM
Em tempos de globalização de mercados, 21os países 9desenvolvidos passam por 22um processo perverso: o crescimento
de uma riqueza é acompanhado por uma diminuição no nível de 10emprego. Atribui-se o encolhimento do 12mercado de trabalho à
escalada dos padrões de qualidade e produtividade das empresas.
A 6revolução tecnológica é um processo sem volta. A cada inovação, levas de trabalhadores vão sendo privadas do
4relacionamento diário com 5o relógio de ponto.
Estudo do Ipea registra algo 23de que 24já se suspeitava: 26a modernização do 7modelo 11produtivo, fenômeno recente entre
nós, 2assusta também o 27trabalhador brasileiro.
1A 14exemplo do 28que 29ocorre no 13chamado 8Primeiro Mundo, a maior vítima do 20avanço tecnológico e gerencial é a mão
de obra menos qualificada. 31O 3novo mercado tende a desprezar o funcionário formado à moda antiga, 17adestrado para executar
tarefas específicas.
Na economia emergente são valorizados trabalhadores de formação educacional mais densa, pessoas com maior
capacidade de raciocínio. "De maneira crescente é exigido menor grau de habilidades 15manipulativas e maior grau de abstração
no desempenho do trabalho produtivo", diz o estudo do Ipea. "Torna-se importante o desenvolvimento da capacidade de adquirir e
processar intelectualmente novas 16informações, de superar hábitos tradicionais, de gerenciar-se" a si próprio.
No contexto desse novo modelo, o grau de instrução do trabalhador passa a ser sua principal 18ferramenta. Os números
disponíveis no Brasil a esse respeito são desoladores. Conforme pesquisa nacional feita pelo IBGE em 90, cerca de 33 milhões de
trabalhadores brasileiros (53% do mercado de trabalho) tinham no máximo cinco anos de estudo.
25A experiência mundial, ainda de acordo com o trabalho do Ipea, indica que são necessários pelo menos 19oito anos de
estudos para que uma pessoa esteja em condições de receber treinamentos específicos.
O maior desafio do Brasil de hoje é, portanto, educar sua gente. Destruído como está, o conserto do modelo educacional
do país é tarefa para duas décadas. Até lá, 30a horda de marginalizados vai inchar.
Josias de Souza. Folha de S. Paulo, 20 out. 1995.
14."... a horda de marginalizados vai inchar." (ref. 30) O autor empregou uma palavra fora de seu significado próprio, resultante de
uma comparação que fica subentendida. Tal recurso estilístico chama-se:
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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
No Limite
Em princípio, o telespectador típico, quando liga o aparelho de TV, está em busca de recreação, uma esfera
tradicionalmente mais afeita ao domínio da ficção do que do real. Nem poderia ser de outra forma. A realidade é, no mais das vezes,
aborrecida, sem ritmo ou então desmedidamente cruel, arrasadora. Não há romance possível na queda de um avião que não deixe
sobreviventes.
No geral, a novela é infinitamente mais interessante que o mundo real, não importando muito aqui o significado de "real".
É verdade que a arte imita a vida, mas o faz melhorando-a, tornando-a mais romanesca, mais humana.
Vale lembrar que "recreação" vem do verbo latino "recreo", que significa "criar de novo", "renovar". Quando em referência
ao corpo ou à mente, "recreo" tem o sentido de "recobrar-se", "convalescer", "estimular" e, daí, "divertir-se". Assim, a diversão, que
tem poderes curativos, é essencialmente algo recriado, algo aperfeiçoado pelo engenho humano.
O paradoxo dos reality shows, contudo, não está num suposto desvio das funções recreativas da TV. Na verdade, chamar
qualquer coisa exibida na TV de reality show é uma impostura, uma tremenda de uma mentira.
Não estou afirmando que até o noticiário televisivo seja necessariamente falso, embora, num sentido mais amplo, essa
interpretação seja cabível, e não só para a TV. Quero dizer que o que é chamado de realidade em No Limite ou qualquer outro
programa do gênero tem muito pouco de realidade. Os personagens se dirigem à câmera de um modo sem paralelo no mundo real.
A câmera se torna personagem, um interlocutor que não existe de verdade. Os protagonistas fazem diante das lentes coisas que
não fariam em circunstâncias normais. Cria-se uma situação em que é impossível "observar" sem, ao fazê-lo, alterar o observado.
Nem mesmo para o telespectador o reality show guarda realismo. Para começar, as imagens são todas devidamente
editadas. E é exclusivamente nessa edição que a história é contada. Não existe uma narrativa natural, um ponto de vista absoluto.
A temporalidade da ação também é totalmente alterada. É fácil imaginar o quão maçante seria um No Limite em tempo real, em que
cada segundo transcorrido na chapada fosse levado sem edição à casa do telespectador. As várias câmeras necessárias para
contar integralmente as histórias de todos os personagens exigiriam um tempo de transmissão equivalente às 24 horas do dia
multiplicadas pelo total de dias e pelo número de participantes. Seria uma programação que irritaria até faquires pacifistas em coma
profundo.
Realidade na TV é uma impossibilidade teórica. Mesmo eventos sobre os quais a câmera em princípio não atua, como uma
partida de futebol, têm sua narrativa definida pelas câmeras e pelo editor, de modo não-natural. [...]
Num certo sentido, quando um "reality show" se proclama "real", está tentando dizer que é uma ficção de outra ordem, uma
representação que permanece representação, mas que tem a pretensão de ser uma ficção menos fictícia do que, digamos, a novela.
Parece haver aí uma tentativa de aproximar o mundo da TV do telespectador. A ação que de fato transcorre num No Limite
é pífia. Em termos objetivos, os eventos não passam de uma gincana de adolescentes - e adolescentes particularmente
imbecilizados, acrescente-se. O que seduz no programa não é, portanto, seu conteúdo propriamente dito, mas o fato de ser
protagonizado por gente "de verdade" e não artistas. É notável que os participantes, ao serem escolhidos, já se tornam astros,
esvaziando um pouco a proposta de levar gente normal à tela. O programa passa a operar como loteria. Pessoas comuns obtêm a
chance de se tornar astros. Há o prêmio em dinheiro, a fama rápida, a possibilidade de posar para revistas masculinas, femininas
ou gays - mais dinheiro.
Todo o processo lembra um pouco o poeminha Do Rigor na Ciência, de Jorge Luis Borges, em que o escritor argentino
conta a história do Império que levou a arte da cartografia à perfeição. O mapa de uma Província era tão detalhado que tinha o
tamanho de uma cidade. O mapa do Império ocupava uma Província. O Colégio de Cartógrafos, contudo, achou que era pouco.
Fizeram um mapa do Império que tinha o tamanho do Império e coincidia com ele ponto a ponto. As gerações seguintes, menos
viciadas no estudo da cartografia, entenderam que um mapa assim era inútil. Deixaram-no ser destruído pelas inclemências do sol
e dos invernos.
No Limite, 1, 2 ou 3 é um programa meio chatinho, mas um excelente problema filosófico.
15.Que alternativa resume o paradoxo dos "reality shows" a que o autor se refere?
a) Como todo programa televisivo, os "reality shows" são feitos tendo em vista o objetivo da recreação.
b) Os "reality shows" perdem em interesse para as novelas, porque, ao fugir da realidade, elas são menos aborrecidas.
c) Criados para mostrar a realidade ao vivo, os "reality shows" são um exemplo indubitável de ficção.
d) É um programa criado para ser protagonizado por pessoas comuns, que não sabem se apresentar diante das câmeras.
e) Não há conteúdo propriamente dito no programa, mas eventos que não passam de gincana de adolescentes.
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16.No primeiro verso da canção, um recurso de estilo se destaca. Trata-se da:
a) Metáfora.
b) Metonímia.
c) Sinédoque.
d) Catacrese.
e) Antonomásia.
17.No trecho "há sonhos que devem permanecer nas gavetas, nos cofres, trancados até o nosso fim.", o recurso de estilo que não
ocorre é a
a) redundância.
b) inversão.
c) gradação.
d) metáfora.
e) enumeração.
18.Com base na leitura feita, é CORRETO afirmar que o objetivo principal do texto é
a) informar as vantagens de um casamento sólido, de muitos anos.
b) demonstrar as razões por que as pessoas devem se casar.
c) provocar reflexão sobre o compromisso firmado no casamento.
d) denunciar alguns perigos gerados por casamentos precoces.
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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: OS JOVENS VELHOS FRANCESES
10A juventude francesa parece ter envelhecido. Em maio de 1968, os jovens saíram às ruas em Paris e nas principais
cidades para 1pôr a imaginação no poder, como dizia 6um slogan das míticas manifestações estudantis da época. Era um tempo de
expansão econômica no país e os jovens queriam mais que apenas terminar os estudos e arrumar um emprego.
Para os manifestantes 7que ameaçam paralisar 8o país hoje, um emprego estável protegido pelo Estado é 2tudo com 9que
eles sonham. Milhares de estudantes se mobilizaram na França contra a lei do primeiro emprego proposta pelo primeiro-ministro
Dominique de Villepin. A nova lei 16visa combater a alta taxa de desemprego entre jovens na França, hoje em dia oscilando na casa
dos 22%. Villepin quer flexibilizar a legislação, permitindo que as empresas contratem jovens para seu primeiro emprego sem as
garantias da legislação comum. O ponto mais 17polêmico da proposta de Villepin é a 18precariedade do primeiro emprego. Por um
período de dois anos, os contratados pela nova legislação podem ser demitidos sem os empecilhos da legislação trabalhista vigente.
Os estudantes alegam 3que o resultado será a oficialização do contrato de trabalho com prazo fixo: dois anos.
15O fato é que a discussão sobre a necessidade de diminuir o custo da proteção estatal na economia já se encerrou na
Europa. A conclusão é que é preciso diminuir 11os gastos do generoso Estado de Bem-Estar para aumentar a produtividade, ganhar
competitividade e voltar a crescer. 12Cada país da União Europeia vem tentando seus métodos. Mas os jovens, paralisados pela
falta de imaginação, 4só conseguem lutar contra as mudanças.
Maio de 1968 acabou derrubando o presidente Charles de Gaulle, símbolo de uma França 19arcaica 5que se queria superar.
Os jovens de hoje pedem 13a cabeça de Villepin com medo 14do futuro.
Revista Época. Primeiro Plano, 27 de março de 2006
19.Na frase "a juventude francesa parece ter envelhecido" (ref. 10), tem-se um exemplo de:
a) metáfora
b) personificação
c) hipérbole
d) metonímia
e) eufemismo
Estávamos num cinema nos Estados Unidos. Na nossa frente sentou-se um americano imenso decidido a não passar fome
antes do filme acabar. 2Trouxera do saguão um balde - literalmente um balde - de pipocas, sobre as quais 12eles derramam um
líquido amarelo que pode até ser manteiga, e um pacote de M&M, uma espécie de pastilha envolta em chocolate. 9Intercalava
pipocas, pastilhas de chocolates e goles de sua "small" Coke, que era gigantesca, e parecia feliz. 7Fiquei pensando em como 13tudo
naquela sociedade é feito para saciar apetites infantis, que se caracterizam por serem simples mas vorazes. 5As nossas poltronas
eram ótimas, a projeção do filme era perfeita, 10o filme era um exemplar impecável de engenhosidade técnica e agradável
imbecilidade. 1Essa competência é o melhor subproduto da voracidade americana por prazeres simples. 16O que atrai nos Estados
Unidos é justamente a oportunidade de sermos infantis sem parecermos débeis mentais, ou pelo menos sem destoarmos da
mentalidade à nossa volta, e de termos ao nosso alcance a realização de todos os nossos sonhos de criança, quando ninguém tinha
senso crítico ou remorso.
Mas o infantilismo dominante tem seu lado assustador. 3Nenhum carro de polícia ou de socorro do mundo é tão
espalhafatoso quanto os americanos. 17Numa sociedade de brinquedos caros, quanto mais luzes e sirenas mais divertido, mas o
espalhafato também parece criar uma necessidade infantil de catástrofes cada vez maiores. 18O caminho natural do apetite sem
restrições é para o caldeirão de pipocas, para a Mega Coke e para a chacina. Existe realização infantil mais atraente do que poder
entrar numa loja e comprar não um brinquedo igualzinho a uma arma de verdade mas a própria arma? Nos Estados Unidos pode.
15De vez em quando uma daquelas crianças grandes resolve sair matando todo mundo, como no cinema, 4mas a maioria dos que
equações econômicas ou no cálculo dos nossos interesses. 14Somos cada vez mais fascinados e menos críticos 11diante do grande
apetite americano e de um projeto de hegemonia chauvinista e prepotente como sempre, agora camuflado pelos mitos de
"globalização". 8Quando a prudência ensina que se deve olhar os americanos do ponto de vista das pipocas.
(VERÍSSIMO, Luís Fernando. A mesa voadora. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 63-64.)
a) "Vivemos nas bordas dessa voracidade ao mesmo tempo ingênua e terrível (...)" (ref. 6) METONÍMIA
b) "Numa sociedade de brinquedos caros, quanto mais luzes e sirenas mais divertido (...)" (ref. 17) COMPARAÇÃO
c) "Nenhum carro de polícia ou de socorro do mundo é tão espalhafatoso quanto os americanos." (ref. 3) METÁFORA
d) "O caminho natural do apetite sem restrições é para o caldeirão de pipocas, para a Mega Coke (...)" (ref. 18) HIPÉRBOLE
No século passado, os adversários de Paulo Maluf cunharam a seguinte expressão: "A gente odeia o Maluf há tanto tempo
que nem lembra mais os motivos".
De fato, Maluf foi erigido uma espécie de campeão mundial da corrupção, desde que tratou o dinheiro público como dele,
ao doar Volkswagens para os campeões do mundo de 1970 (já ganhamos duas Copas e perdemos seis desde então).
Era tamanho o ruído em torno de Maluf que até se criou o verbo "malufar" para designar comportamentos não exatamente
santos.
- 20 -
Seria lógico que, quando, finalmente, a Justiça decretasse a prisão preventiva desse personagem folclórico-histórico,
ganhasse as manchetes, certo? Errado. Perdeu-as para o "mensalinho", acredite quem quiser. Severino Cavalcanti, aliás do mesmo
partido de Maluf, derrotou-o no torneio de informações sobre corrupção em que o país afunda todo santo dia.
É eloquente do estado de um país quando o suposto (ou real) campeão mundial da corrupção perde esse tipo de torneio
para um deputado menor, embora presidente da Câmara, acusado de um desvio igualmente menor, do seu tamanho, aliás.
É igualmente eloquente que ninguém mais, salvo um ou outro partido nanico, odeie Maluf. Ele já andou em outdoors (1998)
abraçado a Fernando Henrique Cardoso, o patriarca-mor do tucanato.
Já se aliou ao PT, na campanha municipal de 2002, além de seu partido fazer parte da base de sustentação do governo
Lula. Se bobear, Maluf ganha um cheque em branco do próprio Lula, como o PP ganhou um ministério, aliás por indicação do
mesmo Severino que desbancou Maluf da manchete.
Do PFL, Maluf sempre foi companheiro de viagem em São Paulo, até que o PFL se tornasse linha auxiliar do tucanato.
Passou tanto tempo desde os "fusquinhas" de 1970 que todos malufaram. Ou quase todos. É o Brasil, evoluindo sempre.
(Clóvis Rossi, extraído do jornal Folha de S. Paulo, de 11/09/2005)
21.No trecho "ao doar Volkswagens para os campeões do mundo de 1970" é possível perceber um exemplo de metonímia. Dentre
as alternativas a seguir, assinale a única em que esse procedimento não está presente.
a) "O bonde passa cheio de pernas: / pernas brancas pretas amarelas. / Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. /
Porém meus olhos / não perguntam nada." (Poema de Sete Faces, Carlos Drummond de Andrade).
b) "É pau, é pedra, é o fim do caminho" (Águas de Março, Tom Jobim).
c) "Camisas verdes e calções negros corriam, pulavam, chocavam-se, embaralhavam-se, caíam, contorcionavam-se, esfalfavam-
se, brigavam. Por causa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava um minuto, um segundo. Não parava."
(Corínthians (2) vs. Palestra (1), Antônio de Alcântara Machado).
d) "Todo o lenho mortal, baixel humano / Se busca a salvação, tome hoje terra, / Que a terra de hoje é porto soberano." (Gregório
de Matos).
e) "Beba Coca-Cola".
Outro dia, vi um pequeno lagarto num galho de árvore. Era um lagarto um pouco diferente dos que já tinha visto. Seus
olhos eram maiores e salientes, como se saíssem da órbita ocular. Também seu rabo não era comum. Ele tinha o rabo enrolado no
galho para se segurar. Foi o primeiro lagarto que vi que enrolava o rabo. Aproximei-me para vê-lo melhor. Ele deu alguns passos
para frente, aproximando-se de algumas folhas verdes. E aí, foi minha surpresa. Foram aparecendo algumas manchas verdes em
seu corpo, que foram crescendo e se espalhando rapidamente por todo o corpo, até que ele ficasse quase que invisível no meio das
folhas. Descobri que se tratava de um camaleão. Eu nunca tinha visto um camaleão antes. Essa é uma de suas características
principais: mudar a cor da pele de acordo com a situação e com o ambiente em que se encontra. 4Essa possibilidade é sua arma
de defesa. Mudando de cor, ele consegue esconder-se e não ser percebido pelos predadores.
Imediatamente, comecei a pensar em situações que pessoalmente vivi. Pensei nas vezes em que, por medo, por
conveniência ou mesmo por covardia, mudei de cor, ou não deixei perceber minha verdadeira imagem. Lembrei-me também de
muitas pessoas que conheço: daquelas que mudam de cor facilmente e fogem dos riscos e também daquelas que preferem enfrentar
a situação e não trocam de cor. 1O camaleão muda a cor de sua pele, mas não deixa de ser o camaleão de antes. É tanto que,
passado o perigo, volta à sua cor natural. A mudança é apenas aparente, é apenas estratégia de defesa. Acho que o camaleão está
mesmo em moda hoje! Infelizmente, essa tática do camaleão nos contaminou.
Observando aquele camaleão, percebi outra tática sua. 5Ele tinha os olhos salientes, saindo de órbita, não era à toa. 2Ele
consegue girar cada olho independentemente do outro. Pode girar um olho numa direção e o outro em outra. Isso permite controlar
melhor os movimentos dos predadores ou daqueles que o ameaçam. É como se ele tivesse duas visões independentes. Pode
acompanhar coisas diferentes, em lugares diferentes. Há pessoas que parecem ter essa característica. São capazes de controlar e
de agir de maneira completamente contrária conforme a situação. Sobretudo, quando se trata de seus interesses, controlam tudo,
observam tudo, como se os dois olhos agissem independentemente. Acho que também essa característica do camaleão contaminou
os humanos.
E vi, ainda, uma terceira característica naquele lagarto. Ele enrolava o rabo no galho da árvore. Assim, sentia-se seguro.
Não caía quando o galho, tocado pelo vento, balançava. Assim, podia-se permanecer no mesmo lugar por muito tempo. Podia ficar
ali, até quando desejasse ou até quando lhe fosse conveniente. Lembrei-me de tantas pessoas que se agarram ao posto onde estão
e não o deixam por nada. Acontece na área profissional, política, religiosa, das relações... 3Uma vez conquistada uma posição
hierárquica, a pessoa "enrola ali o rabo", agarra-se a ela, não a deixa por nada. Mas também acontece no campo das ideias. Quantos
fixam-se a um pensamento, a uma forma de compreender e não são capazes de abrir-se, de avançar? Mais uma vez, a tática do
camaleão nos contaminou.
Sei que as táticas do camaleão penetraram quase todos os âmbitos da organização social. Mas vendo as táticas de defesa
daquele animal, foi impossível não pensar na situação política que estamos vivendo hoje, no Brasil. Eu acho que há muitos políticos
camaleões. Têm a cor da conveniência! Que os camaleões possam ser descobertos e suas táticas desmascaradas para o
crescimento de nossa democracia e de nossa cidadania.
(SILVA FILHO, Pe. Genésio Zeferino. In : Boletim Salesiano. São Paulo: Salesiana, n. 5, set-out. 2005, p. 3)
22."Ele tinha os olhos salientes, (...) É como se ele tivesse duas visões independentes. Pode acompanhar coisas diferentes, em
lugares diferentes." (ref. 5)
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23.O sentido figurativo do título "As táticas do camaleão" explicita-se em:
a) "O camaleão muda a cor de sua pele, mas não deixa de ser o camaleão de antes." (ref. 1)
b) "Ele consegue girar cada olho independentemente do outro. Pode girar um olho numa direção e o outro em outra." (ref. 2)
c) "Uma vez conquistada uma posição hierárquica, a pessoa 'enrola ali o rabo', agarra-se a ela, não a deixa por nada." (ref. 3)
d) "Essa possibilidade é sua arma de defesa. Mudando de cor, ele consegue esconder-se e não ser percebido pelos predadores".
(ref. 4)
a) "Mãe, matrona, matriarca, exemplo nas coisas boas e más, a natureza é mulher - e bota mulher nisso."
b) " 'Brincar' era não levá-las a sério baseados na inexistente fragilidade feminina, não temê-las na capacidade de suas cóleras e
vinganças."
c) "Uma sociedade que detém o maior poder econômico e militar do mundo de repente vê se esfacelarem os pés de barro que
sustentam o gigante."
d) "Vivendo basicamente de matérias-primas vindas de todas as partes do mundo para alimentar sua gula industrial, os Estados
Unidos desdenham o cuidado que o resto da humanidade dedica ao ambiente."
25.Maria Bofetão
A surra que Maria Clara aplicou na vilã Laura levantou a audiência da novela Celebridade.
Na segunda-feira passada, 28 tabefes bem aplicados pela heroína Maria Clara (Malu Mader) derrubaram a ignóbil Laura (Cláudia
Abreu) e levantaram a audiência de Celebridade, a novela das 8 da Globo. (...)
Tanto a mocinha quanto a vilã ganharam nova dimensão nos últimos tempos. Maria Clara, depois de perder sua fortuna, deixou de
ser apenas uma patricinha magnânima e insossa, a aborrecida Maria Chata. Ela ganhou fibra e mostrou que não tem sangue de
barata. Quanto a Laura, ficou claro que sua maldade tem proporções oceânicas: continuou com suas perfídias mesmo depois de
conquistar a fama e o dinheiro que almejava. Por tripudiar tanto assim sobre a inimiga, atraiu o ódio dos noveleiros.
("Veja", 05.05.2004.)
Em "Quanto a Laura, ficou claro que sua maldade tem proporções oceânicas", a figura de linguagem presente é
CONCORDÂNCIA VERBAL
REGRA GERAL
O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa.
Faça a concordância do verbo com o seu sujeito.
g) _____________________________, para que tudo se resolva a contento, algumas horas de sua ajuda. (Basta – Bastam)
h) Ontem à noite, _______________________________, sem quaisquer problemas inesperados, a palestra dos nossos convidados.
(transcorreu - transcorreram)
CASOS ESPECIAIS
- 23 -
O SUJEITO É UM PLURAL APARENTE
* Com palavras só usadas no plural, a concordância é feita com o determinante(artigo, pronome ou numeral).
* Quando o plural for um título de obras, o verbo pode ficar no singular ou plural.
* Com o verbo SER, se o nome vem seguido de artigo, a concordância é facultativa.
f) O Tietê é um dos rios paulistas que ____________________________ o Estado de São Paulo. (atravessa-atravessam)
g) Este é um dos filmes de Spielberg que ____________________________ em sessão única hoje neste cinema. (será exibido-
serão exibidos)
- 24 -
O SUJEITO É MAIS DE, MENOS QUE, CERCA DE, PERTO DE
* Com estas expressões, o verbo concorda com o numeral que se segue.
* O verbo fica no plural, quando a expressão MAIS DE UM vier repetida ou o verbo indicar reciprocidade.
Complete adequadamente:
- 25 -
VERBOS HAVER . FAZER . EXISTIR:
* Os verbos HAVER = FAZER (indicação de tempo passado) OU EXISTIR; e FAZER = HAVER: SÃO IMPESSOAIS e devem ficar
no singular.
* Os verbos EXISTIR, ACONTECER e OCORRER apresentam sujeito e com ele concordam bem como o seu auxiliar, se eles forem
o verbo principal de uma locução verbal.
Faça a concordância.
a) _________________________ cinco anos que isso ocorreu. (Faz-Fazem)
- 27 -
Preencha as lacunas, fazendo a concordância:
UM OU OUTRO:
* Com essa expressão o verbo fica na terceira pessoa do singular.
VERBO SER:
* Com os neutros isto, isso, aquilo, tudo, o verbo concorda com eles ou com o predicativo.
* Com os pronomes interrogativos quem, que, o que, o verbo ser concorda com o predicativo.
* Quando o sujeito for um nome próprio de pessoa ou lugar, o verbo ser concorda, preferencialmente, com predicativo.
* Se o predicativo for pronome reto, com este o verbo concorda.
* O verbo ser ficará no singular quando aparecer nas expressões é muito, é pouco, é bom, é demais, é suficiente, é mais de, é tanto
e o sujeito estiver representado por termo no plural que denota preço, medida ou quantidade.
* Nas datas, horas e distâncias, o verbo concorda com o numeral.
* Nas expressões é de ver, é de reparar, o verbo ser fica no singular. Se a expressão vier posposta ao nome no plural, impõe-se o
plural ao verbo.
- 28 -
e) Três metros ____________________________ suficiente. (é/são)
HAJA VISTA
Haja VISTA o fato. / Haja VISTA os fatos. ou Hajam VISTA os fatos. / Haja VISTA aos fatos.
d) ___________________________ os fatos, não iremos amanhã. (Haja visto/ Hajam vista/ Haja vista)
e) Ele não ficou, __________________________ o ocorrido ontem. (Haja visto/ Hajam vista/ Haja vista)
a) anexo – vossa b) anexos – sua c) anexo – sua d) anexas – vossa e) anexos – vossa
4. Há duas semanas, foram divulgados novos dados sobre o desempenho dos nossos estudantes. Os resultados foram comentados
à exaustão nos jornais, sites etc. Solidários, diversos meios de comunicação se aliaram aos alunos, ou seja, demonstraram que
também tropeçam no trato com a língua. Comecemos por um título (de um site), que terminava assim: "... preferem português à
matemática". (...). No título, usou-se a construção formal, mas...(NETO, Pasquale Cipro. Folha de São Paulo, 08/09/2011)
Está(ão) correta(s)
a) I, II e III. b) Apenas I e II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) Apenas I.
5. Texto I
sic - Em latim, significa assim. Expressão usada entre colchetes ou parênteses no meio ou no final de uma declaração entre aspas,
ou na transcrição de um documento, para indicar que é assim mesmo, por estranho ou errado que possa ser ou
parecer.(http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_texto_s.htm)
Texto II
A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, recebeu um grupo de 50 manifestantes, que foram de ônibus a Brasília reclamar sobre a
demora para receber os recursos do governo federal. (...)
Em nota divulgada ontem no site do Ministério da Cultura, Ana de Hollanda disse que o ministério "reconhece, valoriza e tem claro
[sic] a necessidade da continuidade" do trabalho dos Pontos de Cultura. A nota, no entanto, não aponta quando o problema deve
ser resolvido.(Folha de São Paulo, 23/02/2011)
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Considerando-se as informações apresentadas nos textos, é correto afirmar que o motivo da inclusão do “sic”, no Texto II, é apontar
uma falha de
a) concordância nominal, já que o adjetivo “claro” deveria estar no feminino para concordar com o substantivo “necessidade”.
b) regência nominal, pois o “a”, antes do substantivo “necessidade”, deveria receber acento grave para indicar a ocorrência de crase.
c) pontuação, uma vez que se omitiu a vírgula obrigatória para separar as orações coordenadas presentes nesse período.
d) acentuação gráfica, já que o verbo “ter”, presente na expressão “tem claro”, deveria receber acento circunflexo.
e) coesão textual, pois, nessa construção, é obrigatória a inclusão do conectivo “que” para ligar a oração principal à oração
subordinada.
6. Embora se utilize de um registro linguístico coloquial na passagem “se divertissem e passassem meia hora rachando o bico”, o
cronista estabelece, no termo destacado, a concordância nominal de acordo com as regras gramaticais. Assinale a alternativa em
que o uso da palavra “meia” ou ”meio” NÃO está de acordo com a norma culta da língua.
a) É meio-dia e meia.
b) Eu estou meia cansada.
c) As frutas estão meio caras.
d) Acolheu-me com palavras meio ríspidas.
e) Não me venha com meias palavras.
FOLHA – Seus estudos mostram que, entre os mais escolarizados, há maior preocupação com a corrupção.
O acesso à educação melhorou no país, mas a aversão à corrupção não parece ter aumentado. Não se vê mais
mobilizações como nos movimentos pelas Diretas ou no Fora Collor. Como explicar?
ALMEIDA – Esta questão foi objeto de grande controvérsia nos Estados Unidos. Quanto maior a escolarização, maior a
participação política. Mas a escolaridade também cresceu lá, e não se viu aumento de mobilização. O que se discutiu, a partir da
literatura mais recente, é que, para acontecerem grandes mobilizações, é necessária também a participação atuante de uma elite
política. No caso das Diretas-Já, por exemplo, essa mobilização de cima para baixo foi fundamental. O governador de São Paulo na
época, Franco Montoro, estava à frente da mobilização. No Rio, o governador Leonel Brizola liberou as catracas do metrô e deu
ponto facultativo aos servidores. No caso de Collor, foi um fenômeno mais raro, pois a mobilização foi mais espontânea, mas não
tão grande quanto nas Diretas. Porém, é preciso lembrar que Collor atravessava um momento econômico difícil. Isso ajuda a explicar
por que ele caiu com os escândalos da época, enquanto Lula sobreviveu bem ao mensalão. Collor não tinha o apoio da elite nem
da classe média ou pobre. Já Lula perdeu apoio das camadas mais altas, mas a população mais pobre estava satisfeita com o
desempenho da economia. Isso fez toda a diferença nos dois casos. A preocupação de uma pessoa muito pobre está muito
associada à sobrevivência, ao emprego, à saúde, à própria vida. Para nós, da elite, jornalistas, isso já está resolvido e outras
questões aparecem como mais importantes. São dois mundos diferentes.(Adaptado de: GOIS, Antonio. Mais conscientes, menos
mobilizados.).
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7. Observe o seguinte período: “O que se discutiu, a partir da literatura mais recente, é que, para acontecerem grandes
mobilizações, é necessária também a participação atuante de uma elite política.”.
a) Do ponto de vista da norma culta, há um problema de concordância, pois a forma correta de se grafar a expressão seria “é
necessário”.
b) Há um problema de pontuação, pois não se deve usar vírgula para separar o sujeito “grandes mobilizações” do predicado “é
necessária também”.
c) A expressão grifada destaca um erro de concordância com o sujeito “grandes mobilizações”.
d) A expressão grifada aparece flexionada em gênero e número, pois concorda com o sujeito posposto “a participação atuante”.
e) Do ponto de vista da norma culta, pode-se dizer que há uma inadequação, pois o autor usou a expressão “é necessária” no lugar
da expressão “é precisa”.
2. Não ____________________ jogos, porque o campo estava alagado. (1. houve / 2. houveram).
A sequência correta é:
a) 1, 1, 2, 1 e 1;
b) 2, 1, 2, 1 e 2;
c) 1, 1, 2, 1 e 2;
d) 1, 2, 2, 1 e 2;
e) 2, 1, 1, 2 e 1.
I. Em discurso direto, quanto à concordância, a primeira fala da charge estaria corretamente redigida da seguinte forma: Depois
dizem: "Os brasileiros não têm incentivo ao esporte."
II. Na primeira fala, a expressão ao esporte poderia ser substituída por à práticas esportivas.
III. Na segunda fala, a forma verbal está no plural concordando com o sujeito 200 toneladas.
I - Seria excessivo dizer que hoje já não se fazem bons filmes, mas não é excessivo dizer que já não se fazem filmes como
antigamente.(Boris Fausto, "Folha de São Paulo", 28 de maio de 2006)
II - "Eu tinha apenas dezessete anos
No dia em que saí de casa
E não fazem mais de quatro semanas que eu estou na estrada" ("Primeira canção da estrada", Sá e Guarabyra).
III - Uma coisa é patente: não fazem mais espelhos como antigamente.
A sequência CORRETA é:
a) V - F - V - F - V.
b) F - F - V - V - F.
c) F-V-F-V–F
d) V - F - V - F - F.
e) F - V - F - V - V.
Esse texto é o último capítulo de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, obra que inaugura uma segunda etapa
da produção de Machado.
conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, 2coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu
rosto. Mais; não padeci a morte de dona Plácida, nem a semidemência de Quincas Borba. 3Somadas umas coisas e outras, qualquer
pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque 4ao
chegar a esse outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: -
9Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.(Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de
Assis)
12. Das alterações efetuadas em "... não houve míngua nem sobra...", assinale a única que transgride a regra de concordância
verbal.
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13. Se a frase - "O quarentão é o amoroso refinado, capaz de sentir poesia onde o adolescente só vê o EMBARAÇOSO cotidiano
..." - for para o plural e o termo destacado substituído por um sinônimo, obtém-se:
Os quarentões são os amorosos refinados,
a) capazes de sentirem poesia onde os adolescentes só vem o confuso cotidiano ...
b) capaz de sentirem poesia onde os adolescentes só veem o atribulado cotidiano ...
c) capazes de sentirem poesia onde os adolescentes só vêm o enganoso cotidiano ...
d) capaz de sentir poesia onde os adolescentes só vêm o encrencado cotidiano ...
e) capazes de sentir poesia onde os adolescentes só veem o complicado cotidiano ...
14. Assinale a alternativa que reescreve o texto a seguir de acordo com a norma culta, mantendo-lhe o sentido.
Os presídios não é uma forma de mudar o ponto de vista de qualquer pessoa que esteja lá presa, um marginal que já fez de tudo
na vida não é que vai preso que ele vai mudar totalmente.
a) Os presídios não é uma forma de mudar o ponto de vista de qualquer pessoa que esteje lá preso. Um marginal que já fez de
tudo na vida não é porque vai preso que ele vai mudar totalmente.
b) Os presídios não são uma forma de mudar o ponto de vista de qualquer pessoa que esteja lá presa, um marginal que já fez de
tudo na vida não é que vão preso que vão mudar totalmente.
c) Os presídios não são uma forma de mudar o ponto de vista de quem esteja lá preso. Não é porque foi preso que um marginal
que já fez de tudo na vida vai mudar totalmente.
d) Presídio não é uma forma de mudar o ponto de vista das pessoas presas, um marginal não vai mudar totalmente por tudo que já
fez na vida e então vai preso.
e) Os presídios não são uma forma de mudar o ponto de vista de qualquer pessoa presa. Um marginal que já fez de tudo na vida
vai preso e vai mudar totalmente.
15. "- Quem advoga a liberdade da educação não quer dizer que as crianças devam fazer, o dia todo, o que lhes der na veneta."
Substituindo-se "Quem" por "As pessoas que", obtém-se:
a) As pessoas que advoga a liberdade da educação não querem dizer que as crianças devam fazer, o dia todo, o que lhes der na veneta.
b) As pessoas que advogam a liberdade da educação não quer dizerem que as crianças devam fazer, o dia todo, o que lhes derem na
veneta.
c) As pessoas que advogam a liberdade da educação não quer dizer que as crianças devam fazer, o dia todo, o que lhes der na veneta.
d) As pessoas que advogam a liberdade da educação não querem dizer que as crianças devam fazer, o dia todo, o que lhes der na veneta.
e) As pessoas que advogam a liberdade da educação não querem dizerem que as crianças devam fazer, o dia todo, o que lhes derem na
veneta.
Gabarito
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OUTROS EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES (COM GABARITO)
1. Analise a frase:
Poderão concorrer às vagas reservadas a candidatos negros aqueles que se autodeclararem pretos ou pardos no ato da inscrição
no concurso público, conforme o quesito cor ou raça utilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).
Considerando o texto acima, assinale a alternativa correta quanto às regras gramaticais.
a) O verbo poder está no plural porque concorda com “aqueles”.
b) O verbo concorrer exige complemento e se este for feminino plural não deve vir com crase.
c) O termo “utilizado” refere-se à expressão “cor ou raça”.
d) O adjetivo “reservadas” refere-se a “inscrição”.
e) A conjunção “conforme” pode ser substituída por “já que”.
2. Considerando a análise de aspectos linguísticos dos trechos abaixo, extraídos da obra “Você Verá”, marque (V) para os
comentários verdadeiros e (F) para os falsos. Em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.
( ) Em “Acho a astrologia a ciência dos tolos, e, até prova em contrário, não me considero um deles.” Houve um desvio da norma
padrão, que prescreve como certa a expressão “até provem o contrário”, em substituição à expressão sublinhada.
( ) Em “Foi um morticínio, uma coisa que ninguém na região nunca vira(...)”, a palavra morticínio significa assassinato em série.
( ) O que aconteceu com o nome do narrador do conto Bem - Stanislaw > Lauro > Lau > Stan - é um fenômeno linguístico
semelhante ao ocorrido com o pronome de tratamento Vossa Mercê - Vosmecê > você > cê.
( ) Em “(...) que direito tinha o Bem de se tornar milionário?”, o pronome sublinhado aparece anteposto ao verbo (próclise), uma
vez que a preposição o atrai, segundo a norma padrão.
( ) Em “(...) quando a mãe a levava à matinê.” e “(...) pois ainda escutava em mim as risadas”, os pronomes sublinhados são
classificados, respectivamente, como oblíquo átono e oblíquo tônico.
( ) Em “Minha mãe sempre dizia: 'Deus protege quem trabalha’”, a regência do verbo proteger não está de acordo com a norma
padrão, uma vez que ele é transitivo indireto e, por isso, rege preposição, como em: 'Deus protege a quem trabalha’”.
A sequência correta é
a) F- F- V- V- V- F
b) V- F- F- V- F- V
c) F- F- F- V- V- F
d) V- V- V- F- F- V
distantes, desta vez em forma de fotografias e relatos, as especiarias morais 3_________ nossa sociedade experimenta uma
necessidade aguda ao se sentir 11soçobrar no tédio?
É assim que me identifico, viajante procurando em vão reconstituir o exotismo com o auxílio de fragmentos e de destroços.
19Então, 26insidiosamente, a ilusão começa a tecer suas armadilhas. Gostaria de ter vivido no tempo das verdadeiras viagens,
quando um espetáculo ainda não estragado, contaminado e maldito se oferecia em todo o seu esplendor. 20Uma vez 12encetado, o
jogo de conjecturas não tem mais fim: quando se deveria visitar a Índia, em que época o estudo dos selvagens brasileiros poderia
levar a conhecê-los na forma menos alterada? Teria sido melhor chegar ao Rio no século XVIII? Cada década para 23trás 29permite
27salvar um costume, 28ganhar uma festa, 17partilhar uma crença suplementar.
21Mas conheço bem demais os textos do passado para não saber que, me privando de um século, renuncio a perguntas
dignas de enriquecer minha reflexão. E eis, diante de mim, o círculo intransponível: quanto menos as culturas tinham condições de
se comunicar entre si, menos também os emissários 8respectivos eram capazes de perceber a riqueza e o significado da diversidade.
No final das contas, sou prisioneiro de uma 32alternativa: 30ora viajante antigo, confrontado com um prodigioso espetáculo do qual
quase tudo lhe escapava 24— ainda pior, inspirava troça ou desprezo 25—, 31ora viajante moderno, correndo atrás dos vestígios de
uma realidade desaparecida. Nessas duas situações, sou perdedor, pois eu, que me lamento diante das sombras, talvez seja
impermeável ao verdadeiro espetáculo que está tomando forma neste instante, mas 4__________ observação, meu grau de
humanidade ainda 13carece da sensibilidade necessária. 33Dentro de alguma centena de anos, neste mesmo lugar, outro viajante
pranteará o desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou.
Adaptado de: LÉVI-STRAUSS, C. Tristes trópicos. São Paulo: Cia. das Letras, 1996. p. 38-44.
do restaurante lá de cima. Poderia parecer, pela estampa, que somente ali se comesse bem em Porto Alegre. 8Longe 21disso! A Rua
da Praia que 23o diga, ou 22melhor, que o dissesse. 24O faz de conta do 7inefável personagem 5ligava-se mais à 25importância, à
moldura que aquele portal lhe conferia. 15Ele, que tanto marcou a rua, tinha 27franco acesso às poltronas do saguão em que se
refestelavam os importantes. Andava 28dentro de um velho fraque, usava gravata, chapéu, bengala sob o braço, barba curta, polainas
e 10uns olhinhos apertados na 1_________ bronzeada. O charuto apagado na boca, para durar bastante, 29era o 9toque final dessa
composição de pardavasco vindo das Alagoas.
Chagas e Silva chegou a Porto Alegre em 1928. 16Fixou-20se na Rua da Praia, que percorria com passos lentos, carregando
um ar de 12indecifrável importância, tão ao jeito dos grandes de então. 17Os estudantes tomaram conta dele. Improvisaram comícios
na praça, carregando-o nos braços e 11fazendo-o discursar. Dava discretas mordidas 33e consentia em que lhe pagassem o
cafezinho. Mandava imprimir sonetos, que "trocava" por dinheiro.
Não era de meu propósito 31ocupar-me do "doutor" Chagas 34e, sim, de como se comia bem na Rua da Praia de
antigamente. Mas ele como que me puxou pela manga e levou-me a visitar casas por onde sua imaginação de longe esvoaçava.
Porto Alegre, sortida por tradicionais armazéns de especialidades, 30dispunha da melhor matéria-prima para as casas de
pasto. 18Essas casas punham ao alcance dos gourmets virtuosíssimos "secos e molhados" vindos de Portugal, da Itália, da França
e da Alemanha. Daí um longo e 2________ período de boa comida, para regalo dos homens de espírito e dos que eram mais
estômago que outra coisa.
Na arte de comer bem, talvez a 26dificuldade fosse a da escolha. Para qualquer lado que o passante se virasse, encontraria
salões ornamentados 3_________ maiores ou menores, tabernas 35ou simples tascas. A Cidade 32divertia-se também 13pela barriga.
4. Se a expressão Os estudantes (ref. 17) fosse substituída por Um estudante, quantas outras alterações seriam necessárias,
para fins de concordância, na passagem dessa frase?
a) 1. b) 2. c) 3. d) 4. e) 5.
5.
A frase que poderia substituir corretamente a inscrição na placa, mantendo-se o sentido e a adequação à norma-padrão, é:
a) Postergada a caça!
b) Proibido a caça de árvores!
c) Não é permitida caça!
d) Caça promulgada!
e) É proibido caça!
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6. Assinale a alternativa correta de acordo com a norma padrão:
a) Vários painéus explicativos foram expostos para orientar os visitantes que vêm ao museu.
b) Os arqueólogos até hoje tentam decifrar alguns caracteres usados por povos da Antiguidade.
c) Os cidadões estão indignados com o aumento excessivo e injusto dos impostos.
d) A nova cozinheira sabe preparar deliciosos pãozinhos de milho.
e) No salão de cerimônias do clube estavam expostos os troféis do time.
intimidade de minha família, entrando nos nossos segredos mais íntimos, dormindo na cama onde eu dormi, lendo meus velhos
livros, talvez sorrindo das minhas anotações à margem, tratando meu pai com intimidade, talvez discutindo a minha conduta, talvez
até criticando-a? 12Mas depois vou notando que ele não é totalmente estranho. De repente fere-me 2__________ ideia de que o
intruso talvez 7seja eu, que ele 8tenha mais direito de hostilizar-me do que eu a ele 19, que vive nesta casa há dezessete anos. O
intruso sou eu, não ele.
Ao pensar nisso vem-me o desejo urgente de entendê-lo e de ficar amigo. Faço-lhe 21perguntas e noto a sua avidez em
respondê-las, 13mas logo vejo a inutilidade de prosseguir nesse caminho, 22as perguntas parecem-me formais e 23as respostas
forçadas e complacentes.
Tenho tanta coisa a dizer, mas não sei como começar, até a minha voz parece ter perdido a naturalidade. Ele me olha 20,
e vejo que está me examinando, procurando decidir se devo ser tratado como irmão ou como estranho, e imagino que as suas
dificuldades não devem ser menores do que as minhas. 24Ele me pergunta se eu moro em uma casa grande, com muitos quartos,
e antes de responder procuro descobrir o motivo da pergunta. 25Por que falar em casa? 14E qual a importância de 9muitos quartos?
Causarei inveja nele se responder que sim? 26Não, não tenho casa, há 10muitos anos que tenho morado em hotel. Ele me olha,
parece que fascinado, diz que deve ser bom viver em hotel, 15e conta que, toda vez que faz reparos 3__________ comida, mamãe
diz que ele deve ir para um hotel, onde pode reclamar e exigir. De repente o fascínio se transforma em alarme, 16e ele observa que
se eu vivo em hotel não posso ter um cão em minha companhia, o jornal disse uma vez que um homem foi processado por ter um
cão em um quarto de hotel. Confirmo 4__________ proibição. Ele suspira 17e diz que então não viveria em um hotel nem de graça.
9. Se as expressões perguntas (ref. 21), as perguntas (ref. 22) e as respostas (ref. 23) fossem substituídas, respectivamente, por
uma pergunta, a pergunta e a resposta, quantas outras alterações seriam necessárias no texto, para fins de concordância?
a) 1. b) 2. c) 3. d) 4. e) 5.
10. Em “A maioria dessas crianças sabe focar sua atenção, sim.” (ref. 42) o verbo pode ir para o singular ou para o plural. Em que
opção tal situação também se aplica?
a) A máquina tornou-se muito importante na cidade, haja visto o interesse despertado em cidadãos e visitantes.
b) A máquina tornou-se muito importante na cidade, e sempre haviam detalhes novos a serem descobertos.
c) A máquina tornou-se muito importante na cidade, pois mais de um prefeito da região tentou adquiri-la.
d) A máquina tornou-se muito importante na cidade, e vendê-la seria considerado um crime de lesa-município.
e) A máquina tornou-se muito importante na cidade, mesmo quando já faziam muitos meses desde que ela chegara.
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12. Em qual das opções está correta a outra concordância sugerida?
ouvi urros 14terríveis. Logo entendi que era algum pobre escravo que estava sendo torturado,"
Segundo o 4biólogo Adrian Desmond, “a viagem do Beagie, para Darwin, foi 40menos 41importante pelos 15espécimes
coletados do que pela 16experiência de 25testemunhar os horrores da 23escravidão no Brasil. 47De certa forma, ele escolheu focar na
20descendência comum do homem justamente para mostrar que 32todas as raças eram iguais e, 31desse modo, enfim, 44objetar
36àqueles que 18insistiam em dizer que os negros pertenciam a uma espécie diferente e inferior à dos brancos". 1Desmond acaba
de lançar um estudo que mostra a paixão abolicionista 35do cientista, 26revelada por 33seus 7diários e cartas 42pessoais. “A extensão
de 34seu interesse no combate à ciência de cunho racista 9é surpreendente, e pudemos detectar um ímpeto moral por 10trás de seu
trabalho sobre a evolução humana - urna crença na ‘irmandade racial’ que 38tinha 37origem em 45seu ódio 46ao 24escravismo e que
o levou a pensar numa descendência comum."
Adaptado de: HAAG, C. O elo perdido tropical. Pesquisa FAPESP, n. 159, p. 80 - 85, maio 2009.
I - A substituição de um som (ref. 30) por sons exigiria que três outras palavras do período também passassem para o plural.
II - A substituição de àqueles que (ref. 36) por a quem exigiria o uso de insistia em vez de insistiam (ref. 18).
III - A substituição de origem (ref. 37) por raízes exigiria o uso de tinham em vez de tinha (ref. 38).
Gabarito:
[A] Correta. O verbo poder está no plural poderão por referir-se ao pronome aqueles que, por sua vez, referem-se aos candidatos
que se autodeclararem negros.
[B] O verbo concorrer exige complemento por ser transitivo indireto, mas se anteceder uma palavra feminina e no plural, ainda assim
deverá vir com o acento que indica a crase.
[C] O termo utilizado refere-se ao termo quesito.
[D] O adjetivo reservadas refere-se ao substantivo vagas.
[E] Não é possível a substituição da conjunção conforme que é uma conformativa pela locução conjuntiva já que por ser esta uma
causal. Logo, com as funções sintáticas diferentes fica impossível não haver mudança de sentido.
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Resposta da questão 2: [A]
[F] Em até prova em contrário, a palavra prova aparece como substantivo e não como verbo, portanto, não concorda em número.
[F] a palavra morticínio significa matar muitas pessoas em um só evento, o que não é assassinato em série que são muitas mortes
em eventos distintos.
[V] O personagem tem o nome abreviado da mesma maneira dos exemplos, criando um outro sentido de bem.
[V] a próclise ocorre neste caso pela atração da preposição de e também pelo fato de ser uma interrogativa.
[V] O primeiro pronome oblíquo a é átono por não estar acompanhado de nenhuma preposição regente do verbo. O segundo
pronome é um oblíquo tônico por complementar a preposição em regente do verbo.
[F] Neste exemplo, o verbo proteger tem o sentido de cuidar, logo, ele é transitivo direto.
[I] Correta. Mantendo-se a concordância verbal, “revelareis” está conjugado na 2ª pessoa do plural, portanto “não mais revelareis
vossos tesouros intactos”; já “revelarás” está conjugado na 2ª pessoa do singular, obrigando a alteração do pronome pessoal do
caso oblíquo: “não mais revelarás teus tesouros intactos”.
[II] Incorreta. Em “quando a aviação avilta a floresta americana antes mesmo de poder destruir-lhe a virgindade”, a substituição do
pronome “lhe” por “a sua” leva à leitura ambígua; poderia tratar-se da destruição da virgindade da floresta americana ou da
aviação.
[III] Incorreta. O termo “respectivos” significa “correspondentes”, o qual não pode ser substituído por “mútuos” (cujo significado é
“recíproco”) sem alteração de sentido.
Na frase “17Os estudantes tomaram conta dele.”, caso a alteração fosse feita, a nova versão seria “Um estudante tomou conta dele”.
Assim, duas alterações seriam necessárias: a expressão “Um estudante” e o verbo, “tomou”.
Nas alternativas [A] e [D], os termos “postergada” e “promulgada” significam adiada e publicada oficialmente, respectivamente, não
mantendo, assim, o mesmo sentido de proibição da placa. Em [B] e [C], existe inadequação à norma-padrão da Língua, deveriam
ser substituídas por proibida a caça de árvores, e não é permitido caça, respectivamente. Assim, a única frase que pode substituir
a inscrição na placa, mantendo-se o sentido e a adequação às regras da gramática normativa, é [E].
O sujeito posposto possibilita duas formas de concordância: no singular, concordando com o primeiro núcleo, ou no plural,
concordando com os dois núcleos.
[A] é incorreta, pois a expressão “um ou outro” exige verbo no singular;
[B] é incorreta, pois expressões com porcentagem exigem a concordância com o numeral;
[C] não atende ao enunciado, pois o emprego do pronome interrogativo no singular exige a concordância também no singular, pois
o núcleo é tal pronome.
[D] é incorreta, pois o núcleo da expressão “o número de crianças” está no singular (“número”), exigindo a concordância no singular.
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Resposta da questão 11: [C]
[A] A máquina tornou-se muito importante na cidade, haja vista o interesse despertado (...)
[B] A máquina tornou-se muito importante na cidade, e sempre havia detalhes novos (...)
[C] Correta. A conjunção pois como causal está adequada à situação.
[D] Não se usa vírgula separando a conjunção aditiva e da oração que a precede, quando o sujeito for comum a ambas.
[E] A máquina tornou-se muito importante na cidade, mesmo quando já fazia muitos meses (...)
2. Substituindo, teríamos: “ele escolheu focar na descendência comum do homem justamente para mostrar que todas as raças eram
iguais e, desse modo, enfim, argumentar contra àqueles que insistiam em dizer que os negros pertenciam a uma espécie
diferente e inferior à dos brancos". A alteração demanda a correção de àqueles para aqueles. Assim a correção não foi mantida.
3. Com a substituição, teríamos: “uma crença na ‘irmandade racial’ que tinha origem em sua indignação perante o escravismo e que
o levou a pensar numa descendência comum”. Não há alteração de sentido nem incorreção.
CONCORDÂNCIA NOMINAL
REGRAS GERAIS:
2. Adjetivo referente a dois ou mais substantivos do mesmo gênero: usa-se o plural no gênero comum (concordância gramatical)
ou concordando com o núcleo mais próximo (concordância atrativa).
Ex.: Livro e caderno novos. / Livro e caderno novo.
3. Adjetivo referente a dois ou mais substantivos de gêneros diferentes: usa-se o masculino plural (concordância gramatical) ou
concorda com o núcleo mais próximo (concordância atrativa).
Ex.: Livro e caneta novos. / Livro e caneta nova.
OBSERVAÇÕES:
a) Se o adjetivo, na função de adjunto adnominal, vem antes dos substantivos, usa-se a concordância atrativa, por questões de
eufonia.
Ex.: Escolheste mau lugar e hora para o encontro.
2. OBRIGADO, ANEXO, QUITE, INCLUSO, MESMO, PRÓPRIO, APENSO e LESO são variáveis:
Muito obrigada, disse a menina.
As faturas seguem anexas.
Elas mesmas não sabiam de nada.
Vai apensa a declaração.
O cidadão cometeu crime de lesa-pátria.
Obs.: A expressão em anexo é invariável.
Ex.: Estamos remetendo em anexo as fichas de inscrição.
3. BASTANTE ou MUITO varia quando acompanha um substantivo no plural, mas não quando acompanha um adjetivo:
Ele tem bastantes razões para reclamar. (p.indef.)
Elas são bastante unidas. (advérbio)
4. MEIO, quando numeral ou adjetivo, concorda com o substantivo; quando advérbio, fica invariável:
Comi meia maçã. (metade de)
Estou meio cansada.
6. Com O MAIS / O MENOS / O MELHOR / O PIOR / QUANTO / POSSÍVEL, o adjetivo concorda com o artigo:
Vi paisagens o mais belas possível.
Vi paisagens o mais possível belas.
Vi paisagens quanto possível belas.
Vi paisagens as mais belas possíveis.
7. Em É PRECISO, É NECESSÁRIO, É BOM, É PROIBIDO, o adjetivo só varia se houver determinante para o substantivo:
Água é bom para as plantas. / A água é boa para as plantas.
É proibido entrada de menores. / É proibida a entrada de menores.
8. SÓ significando somente, é invariável; com o valor de únicos, únicas ou sozinhos, sozinhas, receberá flexão:
Eles fizeram só as duas primeiras questões.
Não nos deixem sós.
Aquelas foram sós mesmo com a escuridão.
9. Na expressão A OLHOS VISTOS, normalmente, é invariável, mas pode concordar com o referente.
Elas se desenvolveram a olhos vistos.
Elas se desenvolveram a olhos vistas.
Ela se desenvolveu a olhos visto.
12. As palavras CARO e BARATO não se flexionam junto aos verbos PAGAR, CUSTAR, COMPRAR e VENDER, mas se flexionam
com os verbos de ligação SER, ESTAR, FICAR etc.
Aquela loja vende muito caro. (advérbio)
Foi cara a peça que tive de comprar. (adjetivo)
OBSERVAÇÃO FINAL: Há um tipo de concordância, a IDEOLÓGICA, também chamada de SILEPSE, em que se concorda com a
ideia e não com a palavra em si.
Exemplos: Vossa Excelência parece aborrecido. (silepse de gênero). A concordância é feita por se tratar de um homem.
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EXERCÍCIOS
02. Tendo em vista as regras de concordância nominal, assinale a opção em que a lacuna só pode ser preenchida por um dos
termos colocados entre parênteses:
04. Tendo em vista as regras de concordância, assinale a opção em que qualquer uma das formas entre parênteses pode completar
corretamente a lacuna do enunciado.
05. Tendo em vista as regras de concordância, assinale a opção em que as duas formas entre parênteses podem completar
corretamente a lacuna do enunciado:
Considerando a concordância nominal, o vocábulo destacado na citação acima será empregado no mesmo gênero e número para
preenchimento da lacuna em:
08. Na frase: “A madrugada era escura nas moitas de mangue, baixas, meio trêmulas do ventinho frio”, a palavra meio apresenta-se
sob essa forma flexional porque:
a) é um caso de adjetivo que vem antes de vários substantivos, concordando com o mais próximo.
b) concorda com ventinho frio.
c) funciona como advérbio, com valor de um pouco, sendo, portanto, invariável.
d) a concordância se dá com a idéia que a palavra moita encerra - grupo de plantas.
e) se refere a mangue.
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09. Tendo em vista as regras de concordância, assinale a opção em que a forma entre parênteses NÃO completa corretamente a
lacuna da frase:
a) Já foram ___________________ em várias partes do mundo graves desequilíbrios ecológicos decorrentes da aplicação abusiva
de agrotóxicos. (observadas)
b) Nem sempre são ____________________ em nosso país as normas sobre o emprego de inseticidas industriais. (respeitadas)
c) Por interesses econômicos, têm sido ___________________ a segundo plano os meios biológicos de proteger a lavoura contra
a ação dos insetos. (relegados)
d) Deveriam ser melhor ___________________ entre nós os métodos e as técnicas de controle biológico de pragas. (divulgados)
e) Podem ficar irremediavelmente ___________________ tanto a flora quanto a fauna das regiões em que se faz uso intensivo de
inseticidas químicos. (prejudicadas)
11. “Meninas, avisem a _______________ colegas que vocês _______________ é que vão dirigir os ensaios da peça.”
a) vossos – mesmos;
b) seus – mesmas;
c) vossos – mesmas;
d) seus – mesma;
e) vossos – mesmo.
13) Tendo em vista as regras de concordância, assinale a opção em que a forma entre os parênteses NÃO completa corretamente
a lacuna da frase:
a) Devem ser ___________ engenho e habilidades daqueles que integram uma mesma comunidade. (coordenadas)
b) Os países pobres e os países ricos possuem recursos e necessidades muito ___________ . (diversos)
c) É preciso que Ciência e Tecnologia estejam ___________ às aspirações da comunidade. (subordinadas)
d) Em muitos países, estão intimamente ___________ o fenômeno científico e o social. (ligados)
e) Os mecanismos e intenções que determinam a pesquisa nos países ricos são erroneamente ___________ para os países pobres.
(transferidos)
14. Tendo em vista as regras de concordância, assinale a opção em que a forma entre parênteses NÃO completa corretamente a
lacuna da frase:
a) Nem sempre são ________________ ao conhecimento do público as causas e consequências dos acidentes nucleares. (levadas)
b) Animais e plantas de determinada região podem ser acidentalmente ________________ pela radiação atômica. (contaminados)
c) Devem ser melhor ________________ em nossa terra os recursos hídricos e outras fontes não poluentes de energia. (exploradas)
d) É preciso que a construção e o funcionamento de usinas nucleares sejam ________________ por rigorosas normas de
segurança. (controlados)
e) Ainda não foram precisamente __________________ as vantagens e desvantagens da utilização do átomo como fonte de
energia. (avaliadas)
15. Assinale a opção em que há ERRO de concordância em relação à norma culta da língua:
16. Em “creio que tal qual aconteceu”, a expressão tal qual não se flexiona. Assinale o exemplo em que há ERRO na concordância
de tal qual:
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18. Assinale a alternativa correta quanto à concordância.
19. No trecho “O presidente Fernando Henrique Cardoso viu derrotada (...) a proposta brasileira...” foi feita de modo correto a
concordância nominal. O mesmo não se pode dizer sobre a frase:
a) Devem ser melhor exploradas em nossa terra os recursos naturais e outras fontes renováveis de energia.
b) Nem sempre são reveladas ao conhecimento do público as razões e os procedimentos geradores de problemas ambientais.
c) Animais e plantas de determinada região podem ser acidentalmente contaminados pelos gases poluídos da atmosfera.
d) É preciso que a construção e o funcionamento de usinas termoelétricas sejam controlados por rigorosas normas de segurança.
e) Ainda não foram precisamente avaliadas as vantagens e as desvantagens da utilização do átomo como fonte de energia.
“É __________________ discussão entre homens e mulheres __________________ ao mesmo ideal, pois já se disse
__________________ vezes que da discussão, ainda que __________________ acalorada, nasce a luz”.
26. Assinale a opção em que a concordância nominal contraria a norma culta da língua:
29. Coloque C ou I nos parênteses, conforme a concordância nominal esteja correta ou incorreta.
a) C – C – C.
b) C – C – I.
c) C – I – I.
d) I – C – C.
e) I – I – C.
30. Assinale a opção em que a norma culta da língua admite só uma concordância verbal:
32. Quanto à concordância verbal, está incorreta de acordo com o padrão escrito da língua a frase:
35. Levando-se em conta a NORMA CULTA da língua, assinale a opção na qual uma das frases apresenta uma concordância
verbal INACEITÁVEL.
36. Assinale a única frase que se preenche corretamente apenas com a primeira forma verbal entre parênteses.
37. Ora, ___________ meses que não ___________ na escola fatos como aquele que até agora nos __________
“_____________ anos que o homem se pergunta: se não _____________ medos, como _____________ esperanças?”
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GABARITOS
REGÊNCIA VERBAL
Observe:
A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, contentar.
A mãe agrada ao filho. -> agradar significa "causar agrado ou prazer", satisfazer.
Saiba que:
O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também
nominal). As preposições são capazes de modificar completamente o sentido do que se está sendo dito. Veja os exemplos:
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô.
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração
"Cheguei no metrô", popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se vai, possui, no padrão culto da língua, sentido
diferente. Aliás, é muito comum existirem divergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns verbos, e a regência
culta.
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é um fato
absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes formas em frases distintas.
Verbos Intransitivos
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos aos adjuntos
adverbiais que costumam acompanhá-los.
a) Chegar, Ir
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para indicar destino ou
direção são: a, para.
Exemplos:
Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar
Obs.: "Ir para algum lugar" enfatiza a direção, a partida." Ir a algum lugar" sugere também o retorno.
Importante: Reserva-se o uso de "em" para indicação de tempo ou meio. Veja:
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b) Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por em ou a.
Por Exemplo:
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último jogo.
Obs.: Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
adnominais).
Exemplos:
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira)
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)
Não se utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não
representam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes.
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
a) Consistir
Tem complemento introduzido pela preposição "em".
Por Exemplo:
A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para todos.
b) Obedecer e Desobedecer:
Possuem seus complementos introduzidos pela preposição "a".
Por Exemplo:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Eles desobedeceram às leis do trânsito.
c) Responder
Tem complemento introduzido pela preposição "a". Esse verbo pede objeto indireto para indicar "a quem" ou "ao que" se responde.
Por Exemplo:
Respondi ao meu patrão.
Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura.
Obs.: O verbo responder, apesar de transitivo indireto quando exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
analítica. Veja:
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
d) Simpatizar e Antipatizar
Possuem seus complementos introduzidos pela preposição "com". Atenção: Não é pronominal.
Por Exemplo:
Antipatizo com aquela apresentadora.
Simpatizo com os que condenam os políticos que governam para uma minoria privilegiada.
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Verbos Transitivos Diretos ou Indiretos
Há verbos que admitem duas construções, uma transitiva direta, outra indireta, sem que isso implique modificações de sentido.
Dentre os principais, temos:
Almejar : Almejamos a paz entre as nações. / Almejamos pela paz entre as nações.
Anteceder : Sua partida antecedeu uma série de fatos estranhos. / Sua partida antecedeu a uma série de fatos estranhos.
Atentar : Atente esta forma de digitar. / Atente nesta forma de digitar. / Atente para esta forma de digitar.
Cogitar: Cogitávamos uma nova estratégia. / Cogitávamos de uma nova estratégia. / Cogitávamos em uma nova estratégia.
Consentir: Os deputados consentiram a adoção de novas medidas econômicas. / Os deputados consentiram na adoção de novas
medidas econômicas.
Deparar :Deparamos uma bela paisagem em nossa trilha. / Deparamos com uma bela paisagem em nossa trilha.
Necessitar: Necessitamos algumas horas para preparar a apresentação. / Necessitamos de algumas horas para preparar a
apresentação.
Preceder: Intensas manifestações precederam a mudança de regime./ Intensas manifestações precederam à mudança de regime.
Renunciar: Não renuncie o motivo de sua luta. / Não renuncie ao motivo de sua luta.
Versar: Sua palestra versou o estilo dos modernistas. / Sua palestra versou sobre o estilo dos modernistas.
O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com particular cuidado. Observe:
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Saiba que:
Com os verbos agradecer, perdoar e pagar a pessoa deve sempre aparecer como objeto indireto, mesmo que na frase não
haja objeto direto. Veja os exemplos:
A empresa não paga aos funcionários desde setembro.
Já perdoei aos que me acusaram.
Agradeço aos eleitores que confiaram em mim.
Informar
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
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Por Exemplo:
Informe os novos preços aos clientes.
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos preços)
Na utilização de pronomes como complementos, veja as construções:
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre eles)
Obs.: A mesma regência do verbo informar é usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
Comparar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as preposições "a" ou "com" para introduzir o complemento indireto.
Por Exemplo: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança.
Pedir
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma de oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa.
Por Exemplo:
Saiba que:
1) A construção "pedir para", muito comum na linguagem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No
entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver subentendida.
Por Exemplo:
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
Observe que, nesse caso, a preposição "para" introduz uma oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para
ir entregar-lhe os catálogos em casa).
2) A construção "dizer para", também muito usada popularmente, é igualmente considerada incorreta.
Preferir
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indireto introduzido pela preposição "a".
Por Exemplo:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Prefiro trem a ônibus.
Obs.: Na língua culta, o verbo "preferir" deve ser usado sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes,
um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente no próprio verbo (pre).
Mudança de Transitividade versus Mudança de Significado
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade, apresentam mudança de significado. O conhecimento das diferentes
regências desses verbos é um recurso linguístico muito importante, pois além de permitir a correta interpretação de passagens
escritas, oferece possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão:
AGRADAR
1) Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, acariciar.
Por Exemplo:
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada quando o revê.
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia não perde oportunidade de agradá-lo.
2) Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido pela
preposição "a".
Por Exemplo:
O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou.
ASPIRAR
1) Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o ar), inalar.
Por Exemplo:
Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
2) Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo preposicionado ou não.
Exemplos:
A torcida chamou o jogador mercenário.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
CUSTAR
1) Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial.
Por exemplo:
Frutas e verduras não deveriam custar muito.
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela atitude. Objeto Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Reduzida de
Infinitivo
Obs.: A Gramática Normativa condena as construções que atribuem ao verbo "custar" um sujeito representado por pessoa.
Observe o exemplo abaixo:
Custei para entender o problema.
Forma correta: Custou-me entender o problema.
IMPLICAR
1) Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
REGÊNCIA NOMINAL
Regência Nominal é o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que
vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa,
nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos.
Observe o exemplo:
Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição "a". Veja:
Obedecer a algo/ a alguém
Obediente a algo/ a alguém.
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e
procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.
Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de
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Advérbios: Longe de /Perto de
Obs.: Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a
EXERCÍCIOS
2. Assinale a alternativa em que a regência verbal está em desacordo com a norma culta:
3. As frases que seguem são comuns na língua popular. Transcreva-as, adaptando-as à norma culta.
c) O jornal vinha informando seus leitores que as condições das estradas eram precárias.
_____________________________________________________________________________________________
d) Ninguém lhe avisou de nada.
_____________________________________________________________________________________________
5. Como se sabe, o verbo “avisar” tem a mesma regência que “informar”. Com base nesse dado, leia a passagem que segue,
extraída do Diário do ex-Presidente Getúlio Vargas:
“Apareceu-me o senhor Oswaldo Aranha. Zangado, julgava-se desconsiderado porque não lhe avisei da inclusão, na lista, do Senhor
Valadares, que alcunhava de débil mental, incapaz, sem moralidade, etc.”
a) O verbo “avisei” está usado de acordo com a regência da norma culta escrita?
b) Caso não esteja usado corretamente, reescreva a oração em que ocorre o verbo “avisar”, fazendo a correção.
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6. Preencha os espaços com os pronomes pessoais oblíquos de terceira pessoa adequados:
7. Assinale a alternativa em que a lacuna não pode ser corretamente preenchida pela preposição entre parênteses:
a) Era Isaura a escrava ....... quem Álvaro se havia referido com enorme carinho. (a)
b) Era Isaura a escrava ....... quem Álvaro havia lutado com todas as suas forças. (por)
c) Era Isaura a escrava ....... quem Álvaro havia trazido a esperança de liberdade. (para)
d) Era Isaura a escrava ....... quem Álvaro havia conversado durante toda a tarde. (com)
e) Era Isaura a escrava ....... quem Álvaro havia oferecido seus préstimos. (de)
8. A frase que não se completa adequadamente com a forma colocada entre parênteses está na opção:
I – O desafio ................... que me refiro é tão ambicioso quanto os objetivos ................. você visa.
II – As promessas ................... ela duvidava não eram piores do que os sonhos ................... ela sempre se lembrava.
III – Já foi determinada a casa .................. ficaremos alojados, é o lugar ................. iremos no começo das férias.
IV – O desagradável incidente ............. você aludiu hoje á tarde revela-nos segredos ............. nunca tivemos acesso.
V – Os alunos ................. notas estão aqui devem pedir perdão à professora ............... desobedeceram.
11. Assinale a alternativa que está em desacordo com a língua culta escrita quanto à regência verbal:
Para entender os casos de crase, é preciso reconhecer os valores que a palavra a pode assumir na frase.
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SEMPRE OCORRERÁ A CRASE QUANDO:
1) Antes de numeral, seguido da palavra hora, mesmo que ela esteja subentendida.
Ex: Chegou às 11 horas.
Começou o seu trabalho às 7h30.
2) Na expressão à moda de ou à maneira de, mesmo que estas expressões venham ocultas.
Ex: Usam sapatos à (moda de) Luís XV.
à direita às pressas
à esquerda à sorrelfa disfarçadamente
às vezes à socapa disfarçadamente
à meia voz às escâncaras publicamente
à toa à unha
à vontade à noite
às avessas à noitinha
às claras à tarde
às escuras à tardinha
às direitas à força
às escondidas às cegas
Observação:
Na locução adverbial “a distancia” só se usa crase quando for especificada.
Ex: O líder assistia a tudo a distância.
O líder assistia a tudo à distância de 100m.
Mas Educação à distância.
Prepositivas
à espera de à ocidental
à cata de busca à razão de
à semelhança de às expensas de custas
à primeira vista à farta
à hora certa à vista
à milanesa à procura de
à espanhola à beira de
à roda de à parte
à custa de Conjuntivas:
à americana à medida que
à oriental à proporção que
6) Se o termo regido aceita o artigo feminino A/As, ocorrerá a crase. Uma boa forma de sabermos isso é usar a preposição da, se
aceitar é sinal de que há crase. Se for empregado de, não há crase.
Ex: Vou à Bahia Vou à Itália
(Volto da Bahia) (Volto da Itália)
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CASOS ESPECIAIS DA CRASE:
As palavras casa (no sentido de lar, morada), terra (no sentido de chão firme, [oposto a mar ou ar]) e as palavras referentes a
nomes de cidade, só aceitarão o uso da crase, se vierem determinadas.
A) Usa-se crase antes dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo somente se o verbo exigir a preposição, ou
seja, o verbo precisa ser um verbo transitivo indireto. Para sabermos isso, podemos utilizar o artifício de trocar tais pronomes
pelos pronomes também demonstrativos este(s), esta(s), isto. Se esses pronomes vierem procedidos pela preposição a
ocorrerá a crase.
Ex:
Amo aquela menina Amo esta menina
Falo àquela menina Falo a esta menina
Adoro aquele teatro Adoro este teatro
Vou àquele teatro Vou a este teatro
Aquilo nunca me interessou Isto nunca me interessou.
Jamais me referi àquilo Jamais me referi a isto.
B) Usa-se crase antes de qual, quais, a que, a de, somente se o masculino correspondente for:
À qual Ao qual | Às quais Aos quais
À de Ao(s) de | À que Ao(s) que
_____________________________________________________________________________________________
CASOS FACULTATIVOS:
Obs.: Prof. Manuel Pinto Ribeiro diz que, se for um nome de uma personalidade histórica, a crase é proibida.
Ex.: Não te refiras a Joana D`Arc.
Mas
Não te dirijas às tuas gentes. (pronomes adjetivos possessivos femininos no plural)
Dei o livro às minhas tias.
Entregue o presente às nossas irmãs.
Mas
Não te dirijas a(à) tua gente, mas à minha. (pronome substantivo = crase obrigatória)
Dei o livro a (à) minha tia, mas não à tua.
Entregue o presente a(à) nossa irmã, mas não à vossa.
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CASOS EM QUE NUNCA SE USA CRASE:
1) Antes de palavras masculinas e antes de verbos.
Ex: Ande a pé.
Viagem a cavalo.
Estou apto a discutir.
Não estava disposto a dar satisfações.
Obs.:
No jogo de ontem, o jovem atacante fez um gol à Pelé. (à moda de Pelé)
Fui à Presidente Vargas. (à avenida Presidente Vargas)
Mas: Se houver o S de plural, é sinal que ocorreu o artigo e então, haverá a crase.
Não falo às pessoas estranhas.
7) Antes de pronomes em geral. Com exceções feitas à senhora, dona, outra, própria e mesma. Seguidos do s de plural ou
não.
8) Após preposições em geral. Com exceção da preposição até, que se enquadra nos casos facultativos.
Ex: Não estava bem de saúde desde a data de seu aniversário.
EXERCÍCIOS
02) Foi __ Brasília aprender __ artes políticas, mas retornou ___ terra natal sem grandes conhecimentos.
a) a – as – à
b) à – as – a
c) a – às – à
d) a – as – a
e) à – às – à
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03) Ainda ___ pouco, a professora referiu–se ___ questões ligadas ___ prática de ensino.
a) a–à–a
b) há – á – á
c) à–à–à
d) há – a – à
e) a–a–a
04) Quanto __ mim, não sei o que fazer. Vou encontrá–lo daqui ___ alguns dias para irmos ___ praia. Peça....ela que desista do
processo, ....meu ver nada conseguirá.
Estamos....uma semana de festas.
Falei com o diretor....poucos minutos.
Agradeço....Vossa senhoria....carta que me enviou.
Muita gente veio....reunião.
a) a – a – à – a – a – a – há – a – a – à
b) a – à – a – a – a – à – há – a – a – à
c) à – a – à – a – a – à – há – a – a – à
d) a – há – a – à – a – a – à – a – a – à
e) à–a–a–a–a–a–à–a–à–a
05) Se você foi visitar....região Nordeste, não deixe de ir conhecer....belas praias....disposição dos turistas.
a) a – as – a
b) a – as – à
c) à – às – à
d) à – as – à
e) a – às – a
06) Falando....equipe que....aguardava desde cedo, ....socióloga apresentou....proposta inicial de seu trabalho.
a) à–à–à-a
b) à–a–a-a
c) a–à–à-a
d) a–a–a-a
e) a–à–a-a
07) Aguardava....carta....muito tempo e, como não chegasse, ele referiu-se, __ todos os instantes, ....consequências desastrosas
que...demora tenderia....provocar.
a) a – a – a – às – a – a
b) a – há – a – às – a – a
c) a – há – a – as – a – a
d) a – à – a – as – a – a
a) às – as – a – aquele
b) as – às – à – àquele
c) às – às – à – aquele
d) às – às – a – aquele
e) às – às – à – àquele
a) a–a–a
b) à–a–à
c) a–à–à
d) à–à–a
e) à–à–à
a) a–a–a
b) a – à – há
c) à – à – há
d) à–a–a
e) à – a – há
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11) Observe:
I - João estava presente....acontecimento.
II – Afonso não fez referência....
III – No colégio, ela não assistiu....festa.
a) aquele – àquilo – à
b) àquele – aquilo – à
c) aquele – aquilo – à
d) àquele – àquilo – à
e) aquele – àquilo – a
14) Discordâncias....parte, dedico meu trabalho....ela, com quem aprendi....ler a linguagem da natureza.
a) à – à – à b) a – a – a c) a – a – à d) a – à – a e) à – a – a
15) Julgo que....dez anos a situação era diferente. Daqui....pouco não poderemos mais ir....cidade sem receio.
a) há – à – a
b) à – há – a
c) a–a–à
d) a – há – à
e) há – a – à
18) Essa conversa....respeito das eleições começa....provocar discórdias, mas daqui....pouco tudo se acalma.
a) à – a – há
b) a – a – a
c) a – à – há
d) à – à – a
e) a – a – à
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20) Leia com atenção as orações:
I. Não fizemos nenhuma alusão a Joana D’Ave.
II. Já entreguei a chave a Dona Luíza.
III. Breve voltarei a Catanduva das belas garotas.
IV. Não fui à casa hoje nem para almoçar.
V. Fiz uma redação à Machado de Assis.
Assinale as alternativas que estão corretas.
21)
a) Chegou a uma hora em ponto.
b) O professor se referia as alunas interessados.
c) Tu costumas andar a pé?
d) Agradeci a própria professora.
e) Naquela cidade não se obedecia a lei.
22)
a) Sempre que visitava o museu, dirigia-se a mesma pessoa.
b) Dirigiu-se à ela sem pensar.
c) Chegamos a noite e saímos às pressas.
d) Não está vamos dispostos à estudar.
e) Toda noite assisto às novelas.
23)
a) Ele escreve à Graciliano Ramos.
b) Não disse nada à seu pai e saiu.
c) Teve de sair do recinto as pressas.
d) É proibido fazer prova vestibular à lápis.
e) Usamos sapatos a moda de Luiz XV.
24)
25)
a) O advogado se mostrou disposto a rever o processo.
b) Eram duas moças, falei a que estava mais perto.
c) Falávamos à pessoas desinteressadas.
d) Saímos as duas horas e retornamos às três.
26)
a) Agradeço à vossa senhoria.
b) Pintarei as quadras à óleo.
c) Nunca vou à festas.
d) Tudo estava as claras.
e) Esta caneta é semelhante à que me deste.
27)
a) A cidade à que iremos fica pertinho da ilha à que eles vão.
b) Quero agradecer aquele rapaz.
c) Não assisto a filmes de guerra.
d) Fomos à Inglaterra, voltamos à Copacabana.
e) A amiga à quem devia tantas atenções não chegou a ouvir os agradecimentos.
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Exercícios Complementares
1. DNA EM PROMOÇÃO
Sequenciamento sem médico vendido por US$99 nos EUA é proibido.
Até o ano passado, quando teve seu serviço suspenso pela agência que regula medicamentos nos EUA (FDA), a 23andMe cobrava
US$99 por um teste de DNA. _____ empresa não deu provas suficientes de que fornecia resultados confiáveis, principalmente
quando se tratava de doenças causadas por mutações em mais de um gene. Comandada por Anne Wojcicki, ex-mulher do
cofundador do Google, Sergey Brin, a 23andMe defende tese parecida com _____ de Khan*: a de que os consumidores têm o direito
_____ informação sobre seu próprio DNA. Feito por mais de 500 mil pessoas, o exame da companhia analisava o DNA de uma
amostra de saliva e informava se elas têm risco de desenvolver doenças como os cânceres de ovário, de mama e de intestino, por
exemplo. A FDA alegou que um falso positivo poderia levar uma consumidora _____ fazer uma mastectomia desnecessária. “Pense
no efeito de saber que você tem propensão _____ uma doença grave, ou sem cura, e não poder fazer nada para evitá-la”, diz
Mayana Zatz. “É como uma bomba relógio cujo prazo para explodir não pode ser previsto nem interrompido.”
*Razib Khan é um pesquisador norte-americano que mapeou o código genético de seu filho antes de este vir ao mundo. Disponível
em: <http://revistagalileu.globo.com>. Acesso em: 30/08/2014
Com relação ao uso do acento grave, completa CORRETAMENTE as lacunas a opção:
a) A – a – a – a – a.
b) À – a – a – à – à.
c) A – à – à – a – à.
d) À – à – à – à – a.
e) A – a – à – a – a.
2. Assinale a alternativa em que a substituição proposta mantém o sentido no texto e está de acordo com a norma-padrão.
distantes, desta vez em forma de fotografias e relatos, as especiarias morais 3_________ nossa sociedade experimenta uma
necessidade aguda ao se sentir 11soçobrar no tédio?
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É assim que me identifico, viajante procurando em vão reconstituir o exotismo com o auxílio de fragmentos e de destroços.
19Então, 26insidiosamente, a ilusão começa a tecer suas armadilhas. Gostaria de ter vivido no tempo das verdadeiras viagens,
quando um espetáculo ainda não estragado, contaminado e maldito se oferecia em todo o seu esplendor. 20Uma vez 12encetado, o
jogo de conjecturas não tem mais fim: quando se deveria visitar a Índia, em que época o estudo dos selvagens brasileiros poderia
levar a conhecê-los na forma menos alterada? Teria sido melhor chegar ao Rio no século XVIII? Cada década para 23trás 29permite
27salvar um costume, 28ganhar uma festa, 17partilhar uma crença suplementar.
21Mas conheço bem demais os textos do passado para não saber que, me privando de um século, renuncio a perguntas
dignas de enriquecer minha reflexão. E eis, diante de mim, o círculo intransponível: quanto menos as culturas tinham condições de
se comunicar entre si, menos também os emissários 8respectivos eram capazes de perceber a riqueza e o significado da diversidade.
No final das contas, sou prisioneiro de uma 32alternativa: 30ora viajante antigo, confrontado com um prodigioso espetáculo do qual
quase tudo lhe escapava 24— ainda pior, inspirava troça ou desprezo 25—, 31ora viajante moderno, correndo atrás dos vestígios de
uma realidade desaparecida. Nessas duas situações, sou perdedor, pois eu, que me lamento diante das sombras, talvez seja
impermeável ao verdadeiro espetáculo que está tomando forma neste instante, mas 4__________ observação, meu grau de
humanidade ainda 13carece da sensibilidade necessária. 33Dentro de alguma centena de anos, neste mesmo lugar, outro viajante
pranteará o desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou.
— Pois não.
— Não precisa trazer relógio, quando vier jantar.
— Não entendo.
— Estamos sugerindo aos nossos fregueses que façam este pequeno sacrifício.
— Mas o senhor podia explicar...
— Sem querer meter o nariz no que não é da minha conta, gostaria também que trouxesse pouco dinheiro, ou antes,
nenhum.
— Agora é que não estou pegando mesmo nada.
— Coma o que quiser, depois mandamos receber em sua casa.
5— Bem, eu moro ali adiante, mas e outros, os que nem se sabe onde moram, ou estão de passagem na cidade?
— Dá-se um jeito.
— Quer dizer que nem relógio nem dinheiro?
— Nem joias. 12Estamos pedindo às senhoras que não venham de joia. É o mais difícil, mas algumas estão atendendo.
— Hum, agora já sei.
— Pois é. Isso mesmo. O amigo compreende...
— Compreendo perfeitamente.
Desculpa ter custado um pouco a entrar na jogada. Sou meio 6obtuso quando estou com fome.
— Absolutamente. Até que o amigo compreendeu sem que eu precisasse dizer 7tudo. Muito bem.
— Mas me diga uma coisa. Quando foi 8isso?
— Quarta-feira passada.
— E como 9foi, pode-se saber?
— Como 10podia ser? Como nos outros lugares, no mesmo figurino. Só que em ponto menor.
— Lógico, sua casa é pequena. Mas levaram o quê?
— O que havia na caixa, pouquinha coisa. Eram 9 da noite, dia meio parado.
— Que mais?
— Umas coisinhas, liquidificador, relógio de pulso, meu, dos empregados e dos fregueses.
— An. (Passei a mão no pulso, instintivamente.)
— O pior foi o cofre.
— Abriram o cofre?
13— Reviraram tudo, à procura do cofre. Ameaçaram, pintaram e bordaram. Foi muito desagradável.
— E afinal?
— Cansei de explicar a eles que não havia cofre, nunca houve, como é que eu podia inventar cofre naquela hora?
— Ficaram decepcionados, imagino.
- 62 -
— Não senhor. Disseram que tinha de haver cofre. Eram cinco, inclusive a moça de bota e revólver, querendo me convencer
que tinha cofre escondido na parede, no teto, embaixo do piso, sei lá.
— E o resultado?
— Este — e baixou a cabeça, onde, no cocuruto, alvejava a estrela de esparadrapo.
4— Oh! Sinto muito. Não tinha notado. Felizmente escapou, é o que vale. Dê graças a Deus por estar vivo.
— Já sei. Sabe que mais? Na polícia me perguntaram se eu tinha seguro contra roubo. E eu pensando que meu seguro
fosse a polícia. 14Agora estou me segurando à minha maneira, deixando as coisas lá em casa e convidando os fregueses a fazer o
mesmo. E vou comprar um cofre. Cofre pequeno, mas cofre.
— Para que, se não vai guardar dinheiro nele?
— Para mostrar minha boa-fé, se eles voltarem. Abro imediatamente o cofre, e verão que não estou escondendo nada.
Que lhe parece?
— Que talvez o senhor precise manter um estoque de esparadrapo em seu restaurante.ANDRADE, Carlos Drummond de.
Esparadrapo. In Para gostar de ler. v. 3. Crônicas. São Paulo: Ática, 1978.
4. Observe o uso do acento grave para indicar crase nas seguintes frases do texto:
I. O dono senta-se à mesa da gente (ref. 11).
II. Estamos pedindo às senhoras que não venham de joia (ref. 12).
III. Reviraram tudo, à procura do cofre (ref. 13).
IV. Agora estou me segurando à minha maneira (ref. 14).
Assinale a alternativa CORRETA:
a) Em todas as frases, a ocorrência da crase explica-se pela regência dos verbos, porque temos sempre verbos intransitivos.
b) Na frase III, ainda haveria crase caso o substantivo procura fosse substituído pelo verbo procurar: Reviraram tudo, à procurar
pelo cofre.
c) Na frase II, ainda haveria crase caso se incluísse o pronome indefinido todas: Estamos pedindo à todas as senhoras que não
venham de joia.
d) Na frase I, a presença da crase revela uma linguagem popular, coloquial. Em linguagem formal, teríamos: O dono senta-se na
mesa com a gente.
e) Na frase IV, o uso do acento grave é opcional, porque o artigo definido é opcional antes de pronome possessivo – pode-se dizer
¯ “a minha casa” ou ¯ “minha casa”, por exemplo.
desafio: a cultura escrita é diversa. Ela existe de um modo manual, tanto a impressa como a digital. 3A questão não se reduz a
deixar de escrever no papel para fazê-lo no computador. 4Quando se usam papel ou computador, são mantidos, em parte, os
conteúdos a ensinar, mas se impõem novos e isso nos faz reformular o ensino. [...]
In: Revista Nova Escola, São Paulo: Abril, Ano XXVIII, n° 260, março de 2013, p. 71.
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6. Do enunciado “Portanto, se apresentar as culturas escritas às crianças e aos jovens é fundamental [...]” (ref. 2), pode-se afirmar
que:
I. O termo “Portanto” introduz no fluxo informacional um encadeamento discursivo, determinando a orientação argumentativa.
II. O termo “às crianças” recebe acento grave por exigência da regência do verbo “apresentar”.
III. O termo “se” funciona no enunciado, em relação à sua colocação, pela mesma razão da expressão “A questão não se reduz” (ref. 3).
Analise as proposições e marque a alternativa que apresenta, apenas, a(s) correta(s).
a) III b) I e II c) l e III d) II e) II e III
7. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas das referências 1, 2, 3 e 4, nesta ordem.
a) a – à – à – a
b) à – à – a – a
c) à – a – à – a
d) a – a – à – a
e) à – a – a – à
11. As palavras que preenchem correta e respectivamente as lacunas das linhas 09, 23 e 33 estão reunidas em:
a) a – às – à
b) à – a – a
c) à – as – à
d) à – às – à
e) a – à – a
acesso: a lei 9.294/96 proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos, mas 3essa é uma daquelas leis que "não
pegam", por incapacidade de fiscalização das autoridades. Em segundo lugar, a bebida é tida como um elemento de socialização,
de auto-afirmação e de inclusão no mundo adulto. 4Além do estímulo da propaganda e dos amigos, muitas vezes o contato com o
álcool é propiciado pelos próprios familiares do adolescente. Os pais não têm em relação ao etanol, por exemplo, o cuidado que
costumam ter com a maconha.
Por outro lado, pesquisa realizada pela Universidade Duke (EUA), em 2000, demonstrou que o uso frequente do álcool na
adolescência produz danos ao cérebro, afetando a memória e prejudicando a aprendizagem, além de favorecer o desenvolvimento
de problemas familiares e de uma vida sexual promíscua - o que se tornou um comportamento de alto risco na era da AIDS.
5Sendo a adolescência a fase de construção da identidade, é particularmente perigoso que o jovem se habitue ..........
experimentar situações específicas como festas, praia e namoro sob o efeito do álcool. Associando o uso de bebidas ..........
sensações de prazer, o consumo de álcool torna-se cada vez mais frequente, abrindo caminho .......... dependência, que pode ser
tanto física quanto psicológica.
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12. As palavras que preenchem correta e respectivamente as lacunas do último parágrafo estão reunidas em
a) à - a - à
b) a - a - a
c) à - às - à
d) a - as - a
e) a - a - à
13. Em referência ao trecho "Se a prática leva à perfeição...", acerca da crase (no caso, a junção da preposição "a" com o artigo
feminino "a"), é linguisticamente adequado afirmar que sua ocorrência é
a) inadequada, pois, além de não haver junção de preposição com artigo, não altera o sentido do que é dito.
b) facultativa, porque, mesmo havendo a junção de preposição com artigo, não altera o sentido do que é dito.
c) necessária, pois, além de haver a junção de preposição com artigo, sugere que a prática seja resultante da perfeição.
d) necessária, pois, além de haver a junção de preposição com artigo, sugere que a perfeição seja resultante da prática.
e) facultativa, porque, indiferentemente de haver ou não junção de preposição com artigo, crase é uma questão estilística.
a) Os jovens, da adolescência à vida adulta, muitas vezes se depara com conflitos referente à sua sexualidade.
b) O mundo atual oferece muitas informações à seus jovens que, para falar em sexo, encontram bastante dúvidas.
c) Dúvidas frequentes e conflito podem fazer com que o jovem não chegue à uma exata dimensão da sua sexualidade.
d) Com informações à disposição, ainda existe dúvidas sobre sexo para o jovem moderno.
e) Hoje, assiste-se a uma transformação dos valores relativos à sexualidade do jovem.
indivíduos, não cidadãos. Os filmes de Hollywood repetidamente narram 10o caso de 12um homem (geralmente um jornalista) 9que
procura a amizade de um criminoso para depois entregá-11lo à polícia: nós, que temos a paixão da amizade, sentimos que esse
"herói" dos filmes americanos é um incompreensível canalha.
As palavras que acabei de pronunciar podem parecer referir-se .......... nós, brasileiros. E não tenho dúvida de que, se ditas
hoje por um brasileiro diante de brasileiros, podem causar certo mal-estar, 6a despeito da encantadora elegância com que estão
dispostas. 7Na verdade, são palavras de uma argumentação sobre o caráter do argentino 20a que Jorge Luis Borges 19recorreu mais
de uma vez, com a ressalva: "Comprovo 14um fato, não 13o justifico ou desculpo". Se decidir abrir esta conversa repetindo as palavras
de Borges, não foi para criar na sala 16esse mal-estar. Se 15o fiz, foi para ressaltar o risco que corremos - todos nós que falamos em
nome de países perdedores da História - de tomar as mazelas decorrentes do subdesenvolvimento por virtudes de nossas
nacionalidades.
De fato, se olharmos tal texto de uma perspectiva brasileira hoje, na mesma medida em que nos identificamos com 18o
retrato que 17ele nos oferece, repudiamos o conjunto que ali é apresentado e, 8sobretudo, .......... observações específicas de que
não somos cidadãos e de que, em nosso íntimo, roubar dinheiros públicos não constitui crime. O que nos parece sinistro é o fato de
vermos a nossa incapacidade .......... cidadania guindada .......... condição de contrapartida de uma bela vocação individualista, de
uma quase nobre rejeição dessa "inconcebível abstração" que é o 4Estado.
(Adaptado de: Veloso, Caetano. Diferentemente dos americanos do norte. In: -. O mundo não é chato. São Paulo: Cia. das Letras,
2005. p. 42-43.)
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15. Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas do texto.
a) a - as - à - a
b) à - às - a - à
c) a - às - para a - à
d) à - as - a - a
e) a - as - para a - à
Gabarito:
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Apenas a lacuna 3 deve apresentar o termo pontuado com acento grave, indicador de crase (fusão da preposição “a” com o artigo
“a”): toda vez que faz reparos à comida. Nas lacunas 1 e 4, a preposição “a” seria indevida, já que o termo “a” faz parte dos
objetos diretos dos verbos mostrar e confirmar, respectivamente, assim como na lacuna 2, em que exerce função de adjunto
adnominal do núcleo do sujeito. Assim, é correta apenas [D].
3. Acima / A cima
A) Acima:
1) Atrás. Ex.: Exemplo citado acima.
2) Em grau ou categoria superior. Ex.: De quinze anos acima.
3) Em graduação superior a. Ex.: Muito acima dos bens materiais, a paz do espírito.
4) De preferência; em lugar superior, por cima; sobre. Ex.: Buscamos, acima de tudo, uma vida de paz.
5) De cima (interjeição). Ex.: Eia, acima, coração!
B) A cima – contrário a “de baixo”. Ex.: Costurou a roupa de baixo a cima.
4. Afim / A fim de
A) Afim – semelhança; parentesco; afinidade. Ex.: São duas ideias afins.
B) A fim de – Com o propósito de; com o objetivo de. Ex.: Estudou a fim de passar na prova.
5. Afora / A fora
A) Afora - o mesmo que “fora”; à exceção de; exceto. Ex.: Todos irão, afora você.
B) A fora – com ideia de “para fora”. Também se usa apenas fora. Ex.: Pela vida a fora. Pela vida fora.
6. Aparte / À parte
A) Aparte:
1) Verbo = separar. Ex.: Não aparte os animais.
2) Substantivo = interrupção. Ex.: O orador recebeu um aparte.
B) À parte – Locução adverbial = de lado. Ex.: Isso será marcado à parte.
7. À toa
A) Locução adjetiva = ordinário; desprezível; sem valor. Ex.: Ele é um homem à toa.
B) Locução Adverbial = ao acaso; sem rumo; sem razão. Ex.: Estava à toa na vida. Ele é um homem que reclama à toa.
8. À vontade
A) Locução substantiva = descuido; sem-cerimônia. Ex.: Não parece chefe, tal à vontade com que se dirige aos subalternos. Ex.:
Não me agrada esse à vontade com que você fala.
B) Locução adverbial = sem preocupação; negligentemente. Ex.: Fique à vontade. Sirva-se à vontade. Comi à vontade.
9. Apedido / A pedido
A) Apedido – Substantivo = publicação especial em jornal. Ex.: Li, no jornal, violente apedido do candidato.
B) A pedido – locução Adverbial = rogo. Ex.: Aceite o cargo a pedido do diretor.
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10. Bem-feito / Benfeito / Bem feito!
A) Bem-feito – adjetivo = feito com capricho; elegante. Ex.: Foi um trabalho bem-feito. A modelo tinha um corpo bem-feito.
B) Benfeito – substantivo = benfeitoria. Ex.: Benfeitos no apartamento.
C) Bem feito! – interjeição = expressa contentamento diante de algo negativo acontecido a alguém. Ex.: O gato a arranhou? Bem feito!
B) Mas = conjunção adversativa. Ex.: A obra foi bem planejada, mas esqueceram alguns detalhes.
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QUESTÕES SOBRE GÊNEROS TEXTUAIS
1. A carroça sem cavalo
Conta-se que, em noites frias de inverno, descia um forte nevoeiro trazido pelo mar e, nessa noite, ouviam-se muitos
barulhos estranhos. Os moradores da cidade de São Francisco, que é a cidade mais antiga de Santa Catarina, eram acordados de
madrugada com um barulho perturbador. Ao abrirem a janela de casa, os moradores assustavam-se com a cena: viam uma carroça
andando sem cavalo e sem ninguém puxando... Andava sozinha! Na carroça, havia objetos barulhentos, como panelas, bules,
inclusive alguns objetos amarrados do lado de fora da carroça. O medo dominou a pequena cidade. Conta-se ainda que um
carroceiro foi morto a coices pelo seu cavalo, por maltratar o animal. Nas noites de manifestação da assombração, a carroça saía
de um nevoeiro, assustava a população e, depois de um tempo, voltava a desaparecer no nevoeiro.
Disponível em: www.gazetaonline.com.br. Acesso em: 12 dez. 2017 (adaptado).
Considerando-se que os diversos gêneros que circulam na sociedade cumprem uma função social específica, esse texto tem por
função
a) abordar histórias reais.
b) informar acontecimentos.
c) questionar crenças populares.
d) narrar histórias do imaginário social.
e) situar fatos de interesse da sociedade.
2. Montaigne deu o nome para um novo gênero literário; foi dos primeiros a instituir na literatura moderna um espaço privado, o
espaço do “eu”, do texto íntimo. Ele cria um novo processo de escrita filosófica, no qual hesitações. autocríticas, correções entram
no próprio texto.
COELHO, M. Montaigne. São Paulo: Publifolha, 2001 (adaptado).
O novo gênero de escrita aludido no texto é o(a)
a) confissão, que relata experiências de transformação.
b) ensaio, que expõe concepções subjetivas de um tema.
c) carta, que comunica informações para um conhecido.
d) meditação, que propõe preparações para o conhecimento.
e) diálogo, que discute assuntos com diferentes interlocutores.
4. Cartas se caracterizam por serem textos efêmeros, inscritas no tempo de sua produção e escritas, muitas vezes, no papel que
se tem à mão. Por isso, frequentemente, salvo um esforço dos próprios missivistas ou de terceiros, preocupados em preservá-las,
facilmente desaparecem, seja pelo corriqueiro de seu conteúdo, seja pela sua fragilidade material. Nem sempre é assim, porém.
Temos assistido, nestas duas décadas do século XXI, a um grande interesse pelas chamadas écritures du moi (“escritas do eu”, na
expressão de Georges Gusdorf): nunca se estudaram tantas memórias, diários, cartas, quanto nesses últimos tempos. Publicações
de memórias, diários, cartas sempre houve. Estudos, no entanto, que os enxergassem como objetos de pesquisa, e não como
auxiliares para a interpretação da obra de um escritor, como protagonistas, e não como coadjuvantes, eram raros.
Nesse sentido, engana-se quem abre o volume Cartas provincianas: correspondência entre Gilberto Freyre e Manuel Bandeira,
lançado pela Global Editora, e julga deparar-se apenas com um livro de cartas. A organizadora preocupou-se em contextualizar
cada uma das 68 cartas, em um trabalho cuidadoso e pormenorizado de reconstituição das condições de produção de cada uma
delas, um verdadeiro resgate.
TIN, E. Diálogos intermitentes. Pesquisa Fapesp, n. 259, set. 2017.
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De acordo com o texto, o gênero carta tem assumido a função social de material de cunho científico por
5.
6.
[...]
O gênero epitáfio, palavra que significa uma inscrição colocada sobre lápides, tem a função social de homenagear os mortos. Nesse
texto, a apropriação desse gênero no título da letra da canção cria o efeito de
Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bombas e Brigitte Bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou
VELOSO, C. Alegria, alegria. In: Caetano Veloso. São Paulo: Phillips, 1967 (fragmento).
É comum coexistirem sequências tipológicas em um mesmo gênero textual. Nesse fragmento, os tipos textuais que se destacam na
organização temática são
a) descritivo e argumentativo, pois o enunciador detalha cada lugar por onde passa, argumentando contra a violência urbana.
b) dissertativo e argumentativo, pois o enunciador apresenta seu ponto de vista sobre as notícias relativas à cidade.
c) expositivo e injuntivo, pois o enunciador fala de seus estados físicos e psicológicos e interage com a mulher amada.
d) narrativo e descritivo, pois o enunciador conta sobre suas andanças pelas ruas da cidade ao mesmo tempo que a descreve.
e) narrativo e injuntivo, pois o enunciador ensina o interlocutor como andar pelas ruas da cidade contando sobre sua própria
experiência.
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9.
O gênero capa de livro tem, entre outras, a função de antecipar uma possível leitura a ser feita da obra em questão. Pela leitura
dessa capa, infere-se que seu criador teve como propósito
a) criticar a alienação das crianças promovida pela forte presença das mídias de massa em seu cotidiano.
b) alertar os pais sobre a má influência das tecnologias para o desenvolvimento infantil.
c) satirizar o nível de criatividade de meninos isolados do convívio com seu grupo.
d) condenar o uso recorrente de aparatos eletrônicos pelos jovens na atualidade.
e) censurar o comportamento dos pais em relação à educação dada aos filhos.
10. Texto I
Texto II
O que levou Marta, seis vezes a melhor do mundo, a enfrentar a Austrália de chuteiras pretas? Adianto, não foi o futebol “raiz”. Marta
não fechou patrocínio com nenhuma das gigantes do mercado esportivo. Não recebeu nenhuma proposta à altura do seu futebol.
Isso diz muito sobre o machismo no esporte. A partir disso, a atleta decidiu calçar a luta pela diversidade.
(Fonte: https://www.hypeness.com.br/2019/06/chuteira-sem-logo-e-com-simbolo-de-igualdade-de-genero-foi-mais-um-golaco-de-
marta/. Acessado em 18/06/2019.)
a) enfrentou o time adversário com chuteiras pretas, mesmo que não tenha sido influenciada pelo futebol “raiz”.
b) usou chuteiras sem logotipo e luta pela igualdade de gênero no esporte, mesmo sendo considerada seis vezes a melhor do
mundo.
c) não recebeu patrocínio de nenhuma grande empresa, embora a chuteira preta sem logotipo simbolize o futebol “raiz”.
d) optou por lutar contra o machismo no esporte, embora as propostas de patrocínio não tenham considerado seu valor.
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11. Considere as seguintes afirmações:
I. O menino questiona a mãe sobre o efeito estufa.
II. O trecho “Eles dizem que os poluentes que jogamos no ar vão impedir a saída do calor do sol e derreter a camada de gelo polar”
apresenta um discurso indireto.
III. Quanto ao gênero, o texto trata-se de uma tirinha.
Estão corretas as afirmativas
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e III.
Hoje, se eu pudesse, faria você também refletir com um discurso na linha do David Foster Wallace (1962-2008). Aquela
sua fala como paraninfo de uma turma de formandos americanos do Kenyon College, em 2005, Gambier, Ohio. Ele escreveu uma
singularíssima fábula sobre — 15repare só! — dois peixinhos e a água. Recomendo a leitura. O texto está no livro Ficando longe do
fato de já estar meio que longe de 16tudo (Companhia das Letras).
De Ohio ao Cariri. Além da URCA, em 2013 conquistamos (nada é de graça) a UFCA, a brava Universidade Federal do
Cariri. 17Era um facho, uma fogueira, era um candeeiro, era uma lamparina, era uma luminária a gás butano, fez-se a luz, pardon
matriz iluminista, perdão Paris, mas o mundo e o futuro 18será de um certo Cariri que peleja, aprende a preservar e estuda, somos
a própria ideia viva de Patrimônio Universal da Humanidade, só falta o referendo da Unesco — escuto os mestres do Reizado ao
fundo, que batuque afro-indígena-futurista.
[...]
Só deixo o meu Cariri, no último pau-de-arara. Qual o quê, corri léguas rodoviárias, rumo ao Recife, a bordo da viação
Princesa do Agreste, ainda no comecinho dos anos 1980. Espírito beatnik, por desejo e necessidade, deixei Juazeiro — onde morava
—, o Crato de nascença, a Santana (Sítio das Cobras) afetiva de infância e a Nova Olinda das primeiras letras. Seria o primeiro
representante do clã (risos rurais amarcodianos) dos Sá-Menezes-Freire-Novais, família meio pernambucana meio cearense, a
chegar ao ensino superior. Um Xicobrás, diria, 100% escolha pública, do primário ao campus da UFPE. Hoje tenho uma penca de
primos a cada nova formatura, sem precisar sequer sair dos arredores de casa.
E pensar que não havia a 19ideia de universidade no meu terreiro. Nada disso do que hoje comemoro com os formandos
da URCA e UFCA. [...].
Só nos resta defender [...]. Sem sequer o direito ao 20VAR (olho no lance) da história. 21jmmmmmmmmmmmkk kkll l
çnçççlllçlxsp. Eita, desculpa, caro leitor, pela incompreensão da escrita, é que minha filha Irene invadiu esta crônica — tentando ver
a Pepa Pig — e dedilhou involuntariamente estas mal-traçadas linhas. [...]
Texto adaptado de Xico Sá, publicado em 10 ago. 2019. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/10/opinion/1565450440_001442.html. Acesso em: 14 ago. 2019
* Os termos sublinhados neste texto representam hyperlinks no texto original publicado no sítio eletrônico do jornal El País. Conforme
o dicionário Michaelis, hyperlink é, “no contexto da hipermídia e do hipertexto, endereço que aparece em destaque (geralmente
sublinhado ou apresentado em uma cor diferente) e que, a um clique no mouse, permite a conexão com outro site”.
12. Julgue o que se afirma sobre o texto em relação ao seu gênero textual.
I. O uso de termos e de expressões próprios da língua coloquial associados à língua culta tem por finalidade a aproximação com o
leitor ao apresentar o assunto com menor grau de formalidade.
II. As interjeições ave (referência 5) e viva (referência 10) reproduzem o entusiasmo que toma conta do narrador em virtude da
formatura de 423 alunos em uma universidade regional da sua terra natal.
III. A utilização de expressões da linguagem informal e a referência a outros textos, bem como a presença de hyperlinks na
publicação original, não são recursos próprios do gênero textual crônica.
Estão corretas as afirmativas
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e III.
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13. Leia o texto a seguir, publicado no Instagram e em um livro do @akapoeta João Doederlein.
14. Em função de uma linguagem mais simples e coloquial, a crônica, muitas vezes, pode “desrespeitar” a norma gramatical própria do
uso culto da escrita formal da língua, o que pode ser observado no texto de Martha Medeiros na seguinte passagem:
a) “Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu um colapso cardíaco” (ref. 1), em que, gramaticalmente, o verbo “ser”, indicando tempo,
não varia em número para concordar com “quatro da manhã”.
b) “Até a musiquinha que antecede a chamada a cobrar pode ser bem-vinda” (ref. 10), em que o verbo “anteceder” exige um complemento
com preposição.
c) “A música que você mais gosta tocando no rádio do carro” (ref. 14), em que a regência do verbo “gostar” não é obedecida.
d) “O toque do interfone quando se aguarda ansiosamente a chegada do namorado” (ref. 11), em que a expressão “a chegada’ deveria vir
com o acento indicativo de crase, já que o verbo “aguardar” exige complemento com a preposição “a”, bem como o artigo que acompanha
o substantivo é do gênero feminino.
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15. Se quer medir forças, sei que eu me garanto,
Sem conversa frouxa, sem me olhar de canto,
Fecha a boca, ouça, eu não tô brincando,
Sua estratégia é fraca, já vou chegar te derrubando.
CONKA, Karol. Karol Conka. Download digital, 2001.
Karol Conka é uma rapper brasileira reconhecida por canções que exaltam a mulher. No refrão de Me garanto, de sua autoria, a
forma tô
a) representa uma inadequação ao grau de formalidade exigido pela letra da canção, um gênero escrito que circula oralmente em
contextos públicos.
b) caracteriza uma variedade linguística estigmatizada, já que, no Brasil, o rap está associado a comunidades socialmente
marginalizadas.
c) desmistifica a dicotomia entre a fala e a escrita, visto que figura em um gênero que apresenta um meio de produção sonoro e
uma concepção discursiva gráfica.
d) indicia a inclusão de uma variante típica da fala informal à norma padrão, visto que figura em um texto escrito formal.
expulso por não saber falar o mínimo que se espera de uma criança, minha tia e madrinha, que nós chamávamos de Doneta, mas
tinha outro nome do qual me esqueci, levou-me pela mão em silêncio, e em silêncio ia eu, sem saber o que representava o primeiro
dia de escola.
Quando percebi o que seria aquilo – misturar-me a meninos estranhos e ferozes, ficar longe de casa e da mão da minha
tia e madrinha – entrei a espernear, aos berros – aos quais mais tarde renunciaria por inúteis.
Foi então que a tia e madrinha definiu a situação, dizendo com sabedoria: “São os abrolhos, meu filho”.
Sim, os abrolhos começaram e até hoje não acabaram. Não sei bem o que é um abrolho, mas deve ser uma pedra no
caminho da gente. A diferença mais substancial é que bastou uma pedra no meio do caminho para que um poeta dela não se
esquecesse.
Não sendo poeta, não me lembro de ter topado com pedra nenhuma no meio do caminho. Mas, em matéria de abrolhos,
sou douto. Mesmo não sabendo em que consiste um abrolho.
Como disse acima, tiraram-me daquele abrolho inicial porque não sabia falar. Aprendi a escrever mal e porcamente, e os
abrolhos vieram em legião. Faço força para esquecê-los, mas volta e meia penso que seria melhor encontrar uma pedra no meio do
caminho.
CARLOS HEITOR CONY
Folha de São Paulo, 05/05/2002.
16. A crônica é um gênero que se apresenta em diferentes tipos textuais.
Na crônica de Carlos Heitor Cony, características típicas da narração são predominantes nos seguintes parágrafos:
a) 1º parágrafo.
b) 3º e 4º parágrafos.
c) 5º e 6º parágrafos.
d) último parágrafo.
- 78 -
[...]
Não ficaremos satisfeitos enquanto o negro for vítima dos inenarráveis horrores da brutalidade policial. [...] Não ficaremos
satisfeitos enquanto nossos filhos forem despidos de sua personalidade e tiverem a sua dignidade roubada por cartazes com os
dizeres “só para brancos”. [...] Não estamos satisfeitos e nem ficaremos satisfeitos até que “a justiça jorre como uma fonte; e a
equidade, como uma poderosa correnteza”.
E digo-lhes hoje, meus amigos, mesmo diante das dificuldades de hoje e de amanhã, ainda tenho um sonho, um sonho
profundamente enraizado no sonho americano.
Eu tenho um sonho de que um dia esta nação se erguerá e experimentará o verdadeiro significado de sua crença:
“Acreditamos que essas verdades são evidentes, que todos os homens são criados iguais”.
[...]
Eu tenho um sonho de que os meus quatro filhos pequenos viverão um dia numa nação onde não serão julgados pela cor
de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. [...]
KING JR., Martin Luther. Em: ABAURRE, M.L.M.; ABAURRE, M. B. M.; PONTARA, M. Português: contexto interlocução e sentido.
São Paulo: Moderna, 2016. Vol. I
17. Entre os gêneros típicos da oralidade, o discurso é normalmente escrito para, somente depois, ser falado. A partir dessa informação e
conhecendo o contexto em que o texto foi produzido, assim como seus prováveis interlocutores, avalie as afirmações a seguir.
I. O autor utiliza, em alguns trechos do discurso, a primeira pessoa do singular. Tal escolha adequa-se ao gênero e funciona como estratégia
de convencimento do público.
II. No 4º e 5º parágrafos, a Constituição e a Declaração da Independência são comparadas a um cheque ou nota promissória. Como o
discurso não é um texto literário, o uso dessa analogia pode dificultar a compreensão dos interlocutores.
III. No 3º e 6º parágrafos, há a recorrência das expressões “cem anos depois” e “não ficaremos satisfeitos”, respectivamente. Essa repetição
é característica exclusiva do texto falado proferido sem planejamento prévio.
IV. Em “E digo-lhes hoje, meus amigos” (7º parágrafo), a expressão destacada empresta ao discurso um tom menos formal, lembrando um
diálogo. Essa é uma importante estratégia de convencimento do público.
V. Ainda no mesmo trecho: “E digo-lhes hoje, meus amigos” (7º parágrafo), a ênclise (pronome depois do verbo), embora gramaticalmente
adequada, caracteriza o discurso como um texto eloquente e formal, típico de gêneros falados.
Estão CORRETAS, apenas, as afirmativas
a) I e IV.
b) II e III.
c) I, III e IV.
d) III, IV e V.
e) I e V.
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18. Segundo a estrutura composicional do texto A grama do vizinho, podemos afirmar que temos o seguinte gênero:
a) Editorial.
b) Artigo de opinião.
c) Crônica.
d) Parábola.
e) Anedota.
19. O texto traz questões intimistas tratadas pela autora. Em gêneros dessa natureza, é comum os autores disporem de passagens
metafóricas, relacionadas às trivialidades da vida. No trecho: “As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.”,
pode-se inferir que a autora utiliza uma linguagem
A sua carta chegou muito atrasada, e receio que 2esta resposta já não 3o ache 4fixando na tela a nossa pobre gente da
roça. Não há trabalho mais digno, penso eu. 5Dizem que somos pessimistas e exibimos deformações; 6contudo as deformações e
miséria existem fora da arte e são cultivadas pelos que nos censuram.
O que às vezes pergunto 7a mim mesmo, com angústia, Portinari, é 8isto: se elas desaparecessem, poderíamos continuar
a trabalhar? Desejamos realmente que elas desapareçam ou seremos também uns exploradores, tão perversos como os outros,
quando expomos desgraças? Dos quadros que você mostrou 9quando almocei no Cosme Velho pela última vez, o que mais me
comoveu foi aquela mãe com a criança morta. Saí de sua casa com um pensamento horrível: numa sociedade sem classes e sem
miséria seria possível fazer-se aquilo? Numa vida tranquila e feliz que espécie de arte surgiria? Chego a pensar que faríamos
cromos, anjinhos cor-de-rosa, e isto me horroriza.
Felizmente a dor existirá sempre, a 10nossa velha amiga, nada a suprimirá. E 11seríamos ingratos se 12desejássemos a
supressão dela, não 13lhe parece? Veja como os nossos ricaços em geral são burros.
Julgo naturalmente que seria bom enforcá-los, mas se isto nos trouxesse tranquilidade e felicidade, eu ficaria bem
desgostoso, porque não nascemos para tal sensaboria. O meu desejo é que, eliminados os ricos de qualquer modo e os sofrimentos
causados por eles, venham novos sofrimentos, 14pois sem isto não temos arte.
E adeus,15 meu grande Portinari. Muitos abraços para você e para Maria.
Graciliano
I. A carta apresentada para leitura pertence a um gênero do discurso do domínio discursivo interpessoal, por isso prevê, em sua
própria elaboração, uma interlocução entre emissor e destinatário, com papéis bem definidos.
II. A carta apresentada para leitura é classificada como um discurso aberto, dirigido não a um leitor-interlocutor específico, mas a
um conjunto de leitores virtuais com o objetivo de expressar opiniões e denunciar ações negativas.
III. Na carta apresentada para leitura, pode ser assinalada, entre outras, a presença das funções emotiva (na manifestação de
sentimentos do emissor), conativa (no endereçamento das mensagens ao destinatário) e referencial (no tratamento de assuntos
específicos).
- 80 -
Gabarito:
Considerado o gênero fábula a que pertence o texto, composição literária em que personagens com características humanas
apresentam caráter instrutivo, é possível deduzir que sua função é transmitir um ensinamento, como se afirma em [B].
No último período do texto, o autor afirma que a organizadora das cartas trocadas entre Gilberto Freyre e Manuel Bandeira
preocupou-se em contextualizar cada uma, “em um trabalho cuidadoso e pormenorizado de reconstituição das condições de
produção de cada uma delas”. Desta forma, por fazer parte do acervo literário do país, o gênero cartas tem ido além do estudo de
interpretação da obra dos autores para assumir também a função social de material de cunho histórico científico. Assim, é correta
a opção [E].
A mensagem veiculada no anúncio faz uso da função conativa para influenciar e persuadir o destinatário a respeitar as mulheres
em eventos esportivos. Os sinais que apontam para o que deve ou não ser admitido durante o jogo precedem o apelo às mulheres
para que denunciem qualquer tipo de comportamento desrespeitoso ou agressivo. Assim, é correta a opção [A].
A caracterização do sentimento amoroso em forma de bula de remédio, recomendado para quem sofre de solidão ou qualquer tipo
de carência afetiva e a imagem de um cartaz de campanha para adoção de cães do canil municipal da prefeitura de Florianópolis
têm como objetivo sensibilizar a população para as vantagens emocionais produzidas em quem adota um cão. Assim, é correta a
opção [B].
A canção trata de vários desejos do eu lírico que não foram realizados durante a sua vida. Assim, a apropriação do gênero “Epitáfio”
no título da letra da canção cria o efeito de expressar desejo de reversão de atitudes: tudo aquilo que ele queria ter feito ao longo
da vida, mas não fez.
É correta a opção [D], pois a letra da canção trabalha, simultaneamente, os gêneros narrativo, quando o eu lírico relata as suas
andanças pela cidade, e o descritivo, quando expõe detalhes que a caracterizam.
- 81 -
Resposta da questão 9:[A]
Ao analisar o título do livro, “O menino sem imaginação”, é possível fazer já um recorte da característica do personagem abordado
– ausência de imaginação. Essa leitura se complementa com a imagem apresentada: uma televisão com pernas, simbolizando,
assim, a figura do menino que seria “formado” unicamente pela televisão, isto é, pela presença das mídias de massa, afetando sua
capacidade imaginativa. O balão que sai da televisão também simboliza esse vazio.
Assim, leitura cruzada entre os elementos verbais e não verbais permite concluir que o livro busca criticar a alienação das crianças
promovida pela forte presença das mídias de massa em seu cotidiano.
A expressão indignada da jogadora Marta, “seis vezes a melhor do mundo”, e o seu gesto de exibir ostensivamente uma chuteira
preta sem logotipo que identificasse um patrocinador, denuncia o fato de que a mulher, além da disputa em jogo com o adversário,
ainda tem de lutar contra o machismo no esporte. Assim, é correta a opção [B].
Resposta da questão 11: [D]
[III] Incorreta: por tratar de fatos cotidianos, o uso de expressões da linguagem informal não se descola do gênero crônica.
O fato de o título do poema estar destacado à esquerda e apresentar uma abreviatura típica de entrada de palavra em dicionário ou
enciclopédia permite deduzir informações sobre o assunto, mas, neste caso, de caráter subjetivo e metafórico, típico da linguagem
poética. Assim, é correta a opção [D].
O verbo “gostar” é regido pela preposição “de”, dessa forma, o período em [C] deveria ser escrito como “A música DE que você mais
gosta tocando no rádio do carro” para respeitar as regras do uso formal da língua.
Embora a canção esteja escrita, ela será cantada, assim, a princípio, vemos uma dicotomia fala escrita. No entanto, esta é
desmistificada, uma vez que na própria escrita é usada uma linguagem coloquial, própria da fala, como expresso pela forma “tô”.
Nos parágrafos 3 e 4, Carlos Heitor Cony narra como foi a sua experiência ao chegar na escola, trazendo à tona as ações e os
sentimentos suscitados por elas, os “personagens” envolvidos, o tempo e o espaço em que essas ações se passaram.
[II] O uso de tal analogia não dificulta a compreensão do texto, pelo contrário, torna-o mais palpável.
[III] Essa repetição também faz parte do planejamento, já que é construída a partir de uma intenção. Trata-se de uma repetição
expressiva, utilizada para dar ênfase no fato de que mesmo com o passar dos anos a desigualdade se mantém.
[IV] Os gêneros falados costumam valer-se de um discurso mais informal e coloquial.
Por tratar de um assunto do cotidiano (no caso, como as pessoas possuem o sentimento que “a grama do vizinho é mais verde”) de
forma breve e narrativa, podemos afirmar que é uma crônica.
A linguagem usada nesse trecho não é literal, mas figurada, conotativa, uma vez que a autora busca falar do processo de olhar para
si mesmo (introspecção) e perceber-se tão feliz quanto os outros.
A proposição [II] destoa das afirmações contidas em [I] e [III] que apontam as características principais da carta de Graciliano Ramos
a Portinari. Além da interlocução entre emissor e destinatário, com papéis bem definidos, nota-se presença da função emotiva na
manifestação de sentimentos do emissor (“nossa pobre gente”, “o que mais me comoveu, e isto me horroriza”), da função conativa
(uso de vocativo no endereçamento e verbos na primeira pessoa do plural) e da referencial, no tratamento de assunto “arte”.
Assim, é correta apenas a opção [B].
- 82 -
M
A
T
E
M
Á
T
I
C
A
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- 84 -
Assunto: Matemática Módulo V – QOAM Axiomas
- 85 -
Postulados sobre o plano e o espaço
P7) Por uma reta pode ser traçada uma infinidade de planos.
retas ortogonais:
- 86 -
Postulado de Euclides ou das retas paralelas Posições relativas de reta e plano
P10) Dados uma reta r e um ponto P, existe uma única reta s, Vamos considerar as seguintes situações:
traçada por P, tal que r // s: a) reta contida no plano
Se uma reta r tem dois pontos distintos num plano , então r
está contida nesse plano:
concorrentes em P quando .
Lembrando que, pelo postulado 5, um único plano passa
por três pontos não-colineares, um plano também pode ser
determinado por:
- 87 -
Posições relativas de dois planos
Cubo
Consideramos as seguintes situações:
Um paralelepípedo retângulo com todas as arestas
a) planos coincidentes ou iguais congruentes ( a= b = c) recebe o nome de cubo. Dessa forma, as
seis faces são quadrados.
dc=diagonal do cubo
db = diagonal da base
c) planos paralelos
- 88 -
Área lateral Secção
A área lateral AL é dada pela área dos quadrados de lado a: Secção transversal é a região determinada pela intersecção
do cilindro com um plano paralelo às bases. Todas as secções
transversais são congruentes.
AL=4a2
Área total
AT=6a2
Volume
Áreas
V= a . a . a = a3
Num cilindro, consideramos as seguintes áreas:
Cilindro
a) área lateral (AL)
Em Matemática, um cilindro é o objeto tridimensional gerado pela
superfície de revolução de um retângulo em torno de um de seus
Podemos observar a área lateral de um cilindro fazendo a sua
lados. De maneira mais prática, o cilindro é um corpo alongado e
planificação:
de aspecto roliço, com o mesmo diâmetro ao longo de todo o
comprimento.
- 89 -
b) área da base ( AB):área do círculo de raio r
Cone circular
Um cone é um sólido geométrico formado por todos os segmentos
de reta que têm uma extremidade em um ponto V (vértice) em
c) área total ( AT): soma da área lateral com as áreas das bases
comum e a outra extremidade em um ponto qualquer de uma
região plana R (delimitada por uma curva suave, a base).
Vcilindro = ABh
Cone reto
Cilindro eqüilátero
- 90 -
c) área total (AT):soma da área lateral com a área da base
Secção meridiana
Prismas
Na figura abaixo, temos dois planos paralelos e distintos,
geratriz.
Áreas
Assim, temos:
Secção
altura: a distância h entre os planos Secção transversal é uma região determinada pela
intersecção do prisma com um plano paralelo aos planos das
arestas das bases:os lados
bases (figura 1). Todas as secções transversais são congruentes
(figura 2).
( dos polígonos)
arestas laterais:os segmentos
Classificação
Um prisma pode ser:
Veja:
Áreas
Chamamos de prisma regular todo prisma reto cujas bases são No prisma regular, temos:
polígonos regulares:
AL = n . AF (n = número de lados do polígono da base)
d) área total ( AT): soma da área lateral com a área das bases
AT = AL + 2AB
db =
diagonal da
base
dp =
diagonal do
paralelepípe
do
Paralelepípedo
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Área lateral Como o produto de duas dimensões resulta sempre na área de
uma face e como qualquer face pode ser considerada como base,
podemos dizer que o volume do paralelepípedo retângulo é o
Sendo AL a área lateral de um paralelepípedo retângulo, produto da área da base AB pela medida da altura h:
temos:
AT= 2( ab
+ ac + bc)
Volume
Vprisma = ABh
- 94 -
Elementos da pirâmide
Dada a pirâmide a seguir, temos os seguintes Relações entre os elementos de uma pirâmide
elementos: regular
Observação:
Toda pirâmide triangular recebe o nome do tetraedro. Quando o Os triângulos VOB e VOM são retângulos.
tetraedro possui como faces triângulos eqüiláteros, ele é
denominado regular (todas as faces e todas as arestas são
congruentes).
- 95 -
Áreas Volume
Numa pirâmide, temos as seguintes áreas: O volume da esfera de raio R é dado por:
Para uma pirâmide regular, temos: A superfície esférica de centro O e raio R é o conjunto de pontos
do espaço cuja distância ao ponto O é igual ao raio R.
Poliedros regulares
Poliedros convexos formados por polígonos regulares e
congruentes são regulares.
Esfera
- 96 -
Poliedros são sólidos geométricos limitados por polígonos,
que, por sua vez, são figuras geométricas planas limitadas por Tetraedro Regular
segmentos de reta. Um poliedro é dito regular quando obedece
às três exigências seguintes:
O tetraedro regular é uma pirâmide regular que apresenta as
1) é convexo; quatro faces congruentes e as seis arestas também congruentes.
2) é também poliedro de Platão;
3) Os polígonos que o formam, chamados de faces, são
regulares e congruentes.
Todo poliedro regular é um poliedro de Platão, mas existem
poliedros de Platão que não são regulares.
Relação de Euler
V-A+F=2
Altura do tetraedro:
a) for convexo;
- 97 -
TRONCO DE PIRÂMIDE Observe os seguintes exemplos para compreender como utilizar
a fórmula.
Se um plano interceptar todas as arestas de uma pirâmide, Exemplo 1. Calcule o volume do tronco de pirâmide abaixo.
paralelamente às suas bases, dividirá o sólido em dois outros:
uma nova pirâmide e um tronco de pirâmide. Dado o tronco de
pirâmide regular a seguir, temos:
Áreas Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)A B = 102 =
100 cm2
Ab = 42 = 16 cm2
Temos as seguintes áreas: h = 6cm
a) área lateral (AL): soma das áreas dos trapézios isósceles Substituindo esses valores na fórmula do volume, obtemos:
congruentes que formam as faces laterais.
b) área total (AT): soma da área lateral com a soma das áreas da
base menor (Ab) e maior (AB).
AB = 52 = 25 cm2
Volume Ab = 22 = 4 cm2
h = 9 cm
O volume de um tronco de pirâmide regular é dado por:
Substituindo na fórmula do volume, teremos:
- 98 -
Sendo V o volume do cone e V' o volume do cone obtido pela
TRONCO DE CONE secção, são válidas as relações:
a) 6(2 3 1)
b) 3
c) 6 3
d) 12
e) 18
a) 2
b) 2 2
c) 4
d) 4 2
e) 8
a) 80 cm³
Volume b) 800 cm³
c) 8.000 cm³
d) 80.000 cm³
e) 800.000 cm³
- 99 -
5) (Cesgranrio) Se a diagonal de uma face de um cubo mede
5 2 , então o volume desse cubo é: 10) (U.E.CE) O perímetro da base de uma pirâmide hexagonal
regular é 6 cm e sua altura 8 cm. O volume dessa pirâmide, em
a) 600 3 cm³, é:
b) 625
a) 4 3
c) 225
d) 125 b) 5 3
e) 100 3 c) 6 3
d) 7 3
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16) (U.F.BA) L + 2 é o volume de um cilindro cuja área lateral é L. 22) (U.F.PA) Um cilindro circular reto tem o raio igual a 2 cm e
O raio do cilindro é igual a: altura 3 cm. Sua superfície lateral mede:
a) 2( L 1) a) 6 cm²
b) 2( L 2) b) 9 cm²
L c) 12 cm²
c) L 2 d) 15 cm²
2 e) 16 cm²
d) L
2
e) 4
b) 36
30) (UFMG) Dois cilindros têm áreas iguais. O raio do primeiro é c) 20
igual a um terço do raio do segundo. O volume do primeiro é V1. d) 16
e) 12
O volume do segundo cilindro, em função de V1, é igual a:
a) V1/3
b) V1
c) 3V1/2 37) (U.E.BA) Um cone circular reto tem altura 3,75 cm e raio da
d) 2V1 base 5 cm. Esse cone é cortado por um plano paralelo a sua base,
e) 3V1 distando dela 0,75 cm. A área total do cone obtido com essa
secção, em cm², é:
a) 16
31) (U.C.SALVADOR) Um recipiente tem a forma de um cilindro b) 20
c) 28
reto cujo raio da base mede 20 cm. Se, ao colocar-se uma pedra
nessa tanque, o nível da água subir 0,8 mm, o volume dessa
pedra será de, aproximadamente: d) 36
e) 40
a) 101,5 cm³
b) 100,5 cm³
c) 97,5 cm³ 38) (UFPA) Um cone eqüilátero tem área de base 4 cm². Qual
d) 95,8 cm³
sua área lateral?
e) 94,6 cm³
a) 2 cm
b) 4 cm
32) (UFPR) A geratriz de um cone mede 13 cm e o diâmetro da c) 8 cm
d) 16 cm
sua base 10 cm. O volume do cone é:
a) 100 cm³ e) 32 cm
b) 200 cm³
c) 400 cm³
d) 325 /3 cm³
e) 1300 /3 cm³
39) (FATEC) Suponham-se dois cones retos, de modo que a
altura do primeiro é quatro vezes a altura do segundo e o raio da
base do primeiro é a metade do raio da base do segundo. Se V1
e V2 são respectivamente, os volumes do primeiro e do segundo
33) (F.C.M.STA.CASA) Se o raio da base, a altura e a geratriz de cone:
um cone circular reto constituem, nessa ordem, uma P.A. de
razão igual a 1, o volume desse cone é, em unidades de volume: a) V1 = V2
b) V1 = 2V2
a) 2 /3 c) 2V1 = 3V2
b) 3 d) 3V1 = 2V2
c) 12
e) 2V1 = V2
d) 16
e) 21
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40) (FUVEST) Um pedaço de cartolina possui a forma de um 46) (UFRS) Uma panela cilíndrica de 20 cm de diâmetro está
semicírculo de raio 20 cm. Com essa cartolina um menino constrói completamente cheia de massa para doce, sem exceder a sua
um chapéu cônico e o coloca com a base apoiada sobre uma altura de 16 cm. O número de doces em formato de bolinhas de
mesa. Qual a distância do bico do chapéu à mesa? 2 cm de raio que se podem obter com toda a massa é:
a) 10 3 cm a) 300
b) 250
b) 3 2 cm c) 200
c) 20 2 cm d) 150
d) 20 cm e) 100
e) 10 cm
a) 2 2 a) 10 cm
b) 2 3 b) 5 cm
c) 2 cm
c) 3 2
d) 1 cm
d) 3 3 e) 3 cm
e) 5 2
43) (UFMG) Considerem-se dois cones. A altura do primeiro é o 49) (U.E.LONDRINA) Um cilindro circular reto e uma esfera são
dobro da altura do segundo; o raio da base do primeiro é a metade equivalentes. Se o raio da esfera e o raio da base do cilindro têm
do raio da base do segundo. O volume do segundo é de 96 . O
medida 1, a área lateral desse cilindro é:
a) 14 / 3
volume do primeiro é:
a) 48 b) 11 / 3
b) 64 c) 11 / 4
c) 128 d) 8 / 3
d) 144 e) 5 / 4
e) 192
e) 144 cm³
- 103 -
52) (FUVEST) Um recipiente cilíndrico cujo raio da base é 6 cm 57) Calcule o raio da base de um cone reto cuja geratriz mede 13
contém água até uma certa altura. Uma esfera de aço é colocada cm e cuja área total é de 90 cm².
no interior do recipiente ficando totalmente submersa. Se a altura
da água subiu 1 cm, então o raio da esfera é: a) 2 cm
b) 3 cm
a) 1 cm c) 4 cm
b) 2 cm d) 5 cm
c) 3 cm e) 6 cm
d) 4 cm
e) 5 cm
58) Um cone reto está inscrito num cubo cuja aresta mede 6 cm.
Calcule o volume do cone?
53) (UEL) O sólido representado na figura a seguir é formado por
um cubo de aresta de medida x/2 que se apóia sobre um cubo de
aresta de medida x. A intersecção do plano EGC com o plano
ABC é:
a) 14 cm³
b) 15 cm³
c) 16 cm³
d) 17 cm³
e) 18 cm³
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63) O volume de uma pirâmide quadrangular é 144 m³ e a altura 70) (FGV) Em certa loja, as panelas são anunciadas de acordo
é o dobro da aresta da base. Calcule a altura dessa pirâmide. com sua capacidade. Uma panela dessa loja, com a etiqueta “4
litros”, tem 20 cm de diâmetro. A altura dessa panela é
a) 8 m aproximadamente:
b) 10 m
c) 12 m a) 7 cm
d) 14 m b) 9 cm
e) 15 m c) 11 cm
d) 13 cm
e) 15 cm
64) Uma pirâmide tem por base um triângulo eqüilátero de lado
12 cm. As faces laterais formam com o plano da base ângulos de
60°. Calcule a altura da pirâmide.
71) (UEG) Uma caixa d’água com capacidade para 1.000 litros
a) 5 cm tem a forma de um cilindro circular reto de raio de base r e altura
b) 6 cm h. Aumentando o raio da base em 10% e diminuindo a altura
c) 7 cm também em 10%, quantos litros caberão nessa nova caixa
d) 8 cm d’água?
e) 9 cm
a) 1.000 litros
b) 1.050 litros
65) Calcule o volume de uma pirâmide hexagonal regular de área c) 1.089 litros
da base 288 3 m² e apótema 13 m. d) 1.100 litros
e) 1.200 litros
a) 10 3 m³
b) 20 3 m³
c) 30 3 m³ 72) (UFMG) Dois cilindros têm áreas laterais iguais. O raio do
d) 480 3 m³ primeiro é igual a um terço do raio do segundo. O volume do
primeiro é V1 e o volume do segundo é V2. Portanto V2 é igual a:
e) 500 3 m³
a) V1/3
b) V1
66) Uma esfera está inscrita num cubo cuja aresta mede 20 cm. c) 2V1/3
Calcule a área da superfície esférica. d) 2V1
e) 3V1
a) 80 cm²
b) 160 cm²
c) 200 cm²
d) 300 cm² 73) (UFRN) Se um cilindro eqüilátero mede 12 m de altura, então
e) 400 cm² o seu volume em m³ vale:
a) 144
67) Uma esfera tem 25 cm² de superfície. Em quanto devemos b) 200
aumentar o raio para que a área passe a ser 64 cm²? c) 432
d) 480
e) 600
a) 1,2 cm
b) 1,5 cm
c) 1,8 cm
d) 2,0 cm
e) 2,5 cm
74) Calcule o volume do sólido representado pela figura abaixo:
68) Calcule o volume de uma esfera cuja superfície tem uma área
de 144 cm².
a) 216 cm³
b) 232 cm³
c) 288 cm³
d) 292 cm³
e) 300 cm³
77) Uma pirâmide regular triangular tem 5 cm de altura e o 82) (FAAP) Um tanque de petróleo tem a forma de um cilindro
apótema da base mede 4 cm. Calcule o volume da pirâmide. circular reto, cujo volume é dado por: V = R².H. Sabendo-se
que o raio da base e a altura medem 10 m, podemos afirmar que
a) 50 2 o volume exato desse cilindro (em m³) é:
b) 60 2
c) 30 3 a) 1000
b) 100
d) 50 3
c) 1000 /3
d) 100 /3
e) 80 3
e) 200
a) 64
b) 48
c) 32
d) 16
e) 8
Sabendo-se que a aresta da base da pirâmide terá 3 m e que a
altura da pirâmide será de 4 m, o volume de concreto (em m³)
necessário para a construção da pirâmide será:
a) 36
84) (UEL) Um cone circular reto tem altura de 8 cm e raio da base
b) 27
medindo 6 cm. Qual é, em centímetros quadrados, sua área
c) 18
lateral?
d) 12
e) 4
a) 20
b) 30
79) (UEMG) Deseja-se projetar uma lata cilíndrica que tenha um c) 40
volume de 192 cm³. Se a altura da lata cilíndrica é igual a 12 d) 50
e) 60
cm, a medida do raio deverá ser de:
a) 6 cm
b) 2 cm
c) 8 cm
d) 4 cm
e) 3 cm
- 106 -
85) (FAAP-SP) Num poliedro convexo, o número de arestas 90) (Mackenzie) Uma xícara de chá tem a forma de um tronco de
excede o número de vértices em 6 unidades. Calcule o número cone reto, conforme a figura. Supondo π = 3, o volume máximo
de faces. de líquido que ela pode conter é:
a) 6
b) 8
c) 9
d) 10
e) 12
a) 6
b) 8
c) 10
d) 12
e) 14
a) 20 cm
b) 25 cm
c) 26 cm
d) 28 cm
e) 30 cm
a) 21
b) 22
c) 18
d) 17
e) 19
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92) (EsPCEx 2009). Um reservatório em forma de tronco de 2) (QOAM) Para se encher um reservatório com trezentos mil
pirâmide regular de base quadrada e dimensões indicadas na litros de água, dispõe-se apenas de um caminhão que transporta
figura deverá ter suas paredes laterais externas cobertas por uma um tanque cilíndrico que tem cinco metros de comprimento e dois
tinta impermeável, cujo rendimento é de 11m² por galão. metros de diâmetro de seção circular. Usando-se = 3, quantas
viagens completas de ida e volta esse caminhão deverá dar para
encher o reservatório?
a) 40
b) 20
c) 15
d) 10
e) 5
a) 60
O número mínimo de galões que devem ser adquiridos para tal b) 65
operação é: c) 120
d) 130
e) 180
a) 6
b) 7
c) 9
d) 10
e) 11 4) (QOAM) Um determinado líquido, no seu processo de
resfriamento entre 4°C e 0°C, aumenta o seu volume em até 15%.
Numa viagem para a Antártica será levado um recipiente plástico
cilíndrico, de diâmetro interno da base igual a 1,6 metros e 1,5
metros de altura, contendo um volume V inteiro de litros desse
líquido. Para que não haja, em função da dilatação do líquido,
qualquer deformação ou rompimento do recipiente, pois será
93) (EsPCEx 2010). A figura abaixo representa a planificação de submetido ao intervalo de temperatura dado anteriormente, qual
um tronco de cone reto com a indicação das medidas dos raios deverá ser o valor máximo de V, em litros, sabendo-se que é
das circunferências das bases e da geratriz. desprezível a variação do volume do recipiente? (Usar = 3,14)
a) 2562
b) 2564
c) 2621
d) 2623
e) 2722
- 108 -
7) (QOAM – 2008) Analise as afirmativas abaixo. 11) (QOAM – 2013) Qual é o volume, em cm³, do cubo cuja
I – se duas retas r e s são perpendiculares a uma reta t, então r diagonal interna mede 3 cm?
e s são perpendiculares entre si.
II – se duas retas r e s são paralelas a uma reta t, então r e s são
paralelas entre si. a) 3
III – se duas retas r e s são ortogonais a uma reta t, então r e s 3
são ortogonais entre si.
b) 2
Assinale a opção correta. 3
c) 3
a) Apenas a afirmativa I é verdadeira d) 2 2
b) Apenas a afirmativa II é verdadeira
c) Apenas a afirmativa III é verdadeira e) 3 3
d) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras
e) As afirmativas I, II e III são verdadeiras
a) 288 cm³
a) 8 2
b) 346 cm³
c) 416 cm³ b) 16 2
d) 634 cm³ c) 32 2
e) 864 cm³
d) 64 2
e) 128 2
- 109 -
15) (QOAM – 2019) No paralelepípedo reto retângulo 2) GEOMETRIA ANALÍTICA
representado na figura abaixo, cujas arestas medem x, y e z, tem-
se que x + y + z é 10. Além disso, a soma dos quadrados de x, y
ezé .
Introdução
a) 29,5
b) 49,5
c) 50,5
d) 57,5
e) 59,5
Medida algébrica de um segmento
Razão de secção
Dados os pontos A(xA, yA), B(xB, yB), C(xC, yC) de uma mesma
Exemplos: reta , o ponto C divide numa determinada
razão, denominada razão de secção e indicada por:
A(2, 4) pertence ao 1º quadrante (xA > 0 e yA > 0)
B(-3, -5) pertence ao 3º quadrante ( xB < 0 e yB < 0)
- 111 -
Ponto médio
Vejamos alguns exemplos:
Dados os pontos A(xA, yA), B(xB, yB) e P, que divide ao
meio, temos:
Considerando os pontos A(2, 3), B(5, 6) e P(3, 4), a
Assim:
- 112 -
Veja:
Para demonstrar esse teorema podemos considerar três casos:
yA = yB = yC
Mas:
xA = xB = xC
Se três pontos, A(xA, yA), B(xB, yB) e C(xC, yC), estão alinhados,
então:
- 113 -
Pela figura, verificamos que os triângulos ABD e BCE são Essa equação relaciona x e y para qualquer ponto P genérico
semelhantes. Então: da reta. Assim, dado o ponto P(m, n):
se am + bn + c = 0, P é o ponto da reta;
se am + bn + c 0, P não é ponto da reta.
Acompanhe os exemplos:
Desenvolvendo, vem:
Como:
-3 - (-1) + 2 = 0 -3 + 1 + 2 = 0
1-2+2 0
Dada uma reta r, sendo A(xA, yA) e B(xB, yB) pontos conhecidos
e distintos de r e P(x,y) um ponto genérico, também de r, estando
A, B e P alinhados, podemos escrever:
2x+3y-1-6-x+y = 0 → x+4y-7 = 0
ax + by + c = 0
2x-1+3y+y-6-x = 0 → x+4y-7 = 0
(equação geral da reta r)
- 114 -
Equação segmentária
Considere a reta r não paralela a nenhum dos eixos e que Equação Reduzida
intercepta os eixos nos pontos P(p, 0) e Q(0, q), com
Fazendo , vem:
Coeficiente angular
Equações paramétricas
São equações equivalentes à equação geral da reta, da forma
x= f(t) e y= g(t), que relacionam as coordenadas x e y dos pontos
da reta com um parâmetro t.
O ângulo é orientado no sentido anti-horário e obtido a partir
do semi-eixo positivo Ox até a reta r. Desse modo, temos sempre
.
Assim, por exemplo, , são equações
paramétricas de uma reta r. Assim:
a) o ângulo é conhecido
Mas, m = tg Então:
- 116 -
Assim, o coeficiente angular da reta que passa, por exemplo, por
A(2, -3) e B(-2, 5) é:
Coordenadas do ponto de intersecção de
retas
y=2
(YA - YB)x + (XB - XA)y + XAYB - XBYA = 0
Logo, P(1, 2) é o ponto de intersecção das retas r e s.
Da equação geral da reta, temos:
Graficamente, temos:
- 117 -
Concorrência
Perpendicularismo
Se r e s são duas retas não-verticais, então r é Essa relação nos fornece o ângulo agudo entre r e s, pois
perpendicular a s se, e somente se, o produto de seus
. O ângulo obtuso será o suplemento de .
coeficientes angulares for igual a -1. Lê-se . Acompanhe o
desenho:
- 118 -
Área de Figuras Planas
Região interna de uma figura qualquer.
Xg = Xa Xb Xc
3
Ya Yb Yc
Yg =
3
Vetores em R² e R³
Decomposição de um Vetor no Plano
Mediana e Mediatriz
- 119 -
Igualdade e Operações
- Igualdade
- Operações
- 120 -
Decomposição no Espaço
Eixos Coordenados
- 121 -
- 122 -
Igualdade – Operações – Vetor Definido por
Dois Pontos
Equação do Plano
- 123 -
Dados três pontos não colineares
x = 3 – 2t (1)
y=1+t (2)
z = 2 + 3t (3)
Com o plano
x – 4y + z = -2 (4)
-3t = -3 t = 1
Logo:
x=1
y=2
z=5
- 124 -
4) Quais as coordenadas do ponto médio para os pontos A(4, 3)
e B(8, 11).
a) (2, 3)
b) (3, 5)
c) (4, 6)
d) (5, 7)
e) (6, 7)
t = -9/7
7) Determine a medida da mediana relativa ao vértice A do
x = 1 + t => 1 - 9/7 => x = -2/7 triângulo ABC. Dados A(0, 1), B(2, 9) e C(6, - 1).
y = -2 a) 2
b) 3
z = 4 + 2(-9/7) => z = 10/7 c) 4
d) 5
Ponto de interseção (-2/7, -2, 10/7) e) 6
QUESTÕES DE CONCURSOS 8) Determine a equação geral da reta que passa pelos pontos A(1,
3) e B(2, 5).
1) Determine os valores de x para os quais a distância entre os
pontos A(x + 2, 3) e B(3, x – 3) é 5. a) 2x – y + 1 = 0
b) 2x – 3y + 2 = 0
a) 1 ou 3 c) 2x + y + 3 = 0
b) 2 ou 4 d) 3x – y + 2 = 0
c) 1 ou 5 e) 3x – 2y – 1 = 0
d) 1 ou 6
e) 2 ou 5
9) Determine a equação reduzida da reta que passa pelos pontos
A(- 1, 0) e B(0, - 2).
- 125 -
11) Determine a equação geral da reta que passa pelo ponto P(5, 17) Dados A(2, 2), B(6, 2) e C(4, 5), qual a medida da altura
- 2) e tem coeficiente angular igual a 2. relativa ao vértice C do triângulo ABC?
a) x + 3y – 6 = 0 a) 2
b) 2x – y – 12 = 0 b) 3
c) 3x + 2y – 5 = 0 c) 4
d) 3x – 2y + 2 = 0 d) 5
e) 3x + 3y – 5 = 0 e) 6
12) Dada a reta r (3x + 4y + 5 = 0), obter a reta paralela a r 18) Calcule a área do triângulo de vértices A(0, 0), B(2, 2) e C(4,
passando pelo ponto P(- 1, - 2). 1).
a) 3x + 4y + 11 = 0 a) 3
b) 3x + 3y + 8 = 0 b) 4
c) 2x + 5y – 7 = 0 c) 5
d) 2x – 5y + 7 = 0 d) 6
e) 2x – 5y + 9 = 0 e) 7
13) Dada a reta r (3x + 4y + 5 = 0), obter a reta perpendicular a r 19) Calcule a área do quadrilátero de vértices A(1, 0), B(5, 0), C(4,
passando pelo ponto P(- 1, - 2). 2) e D(0, 3).
a) 2x + 3y – 1 = 0 a) 7/2
b) 2x – 3y + 3 = 0 b) 11/2
c) 3x – 2y + 1 = 0 c) 15/2
d) 4x + 3y – 1 = 0 d) 19/2
e) 4x – 3y – 2 = 0 e) 21/2
14) Calcule a distância entre o ponto P(5, - 5) e a reta r (4x + 3y 20) A área do pentágono de vértices A(0, 0), B(2, 0), C(2, 2), D(1,
+ 10 = 0). 3) e E(0, 2).
a) 1 a) 3
b) 2 b) 4
c) 3 c) 5
d) 4 d) 6
e) 5 e) 7
15) Determine a área do triângulo em que os eixos coordenados 21) Quais são os pontos de interseção da reta r (2x – 3y – 6 = 0)
formam com a reta 4x + 5y – 80 = 0. com os eixos Ox e Oy?
a) 15 a) x + y – 5 = 0
b) 16 b) x + 2y – 4 = 0
c) 18 c) x – 2y + 3 = 0
d) 20 d) x – y + 5 = 0
e) 21 e) x – y – 7 = 0
- 126 -
23) Determine o coeficiente angular da reta que passa pelos 29) Encontre m para que as retas r (2x + my – 2 = 0) e s (x + y +
pontos A(4, 1) e B(1, 4). 7 = 0) sejam paralelas.
a) - 2 a) - 2
b) - 1 b) - 1
c) 1/2 c) 1
d) 1 d) 2
e) 2 e) 3
24) Determine o coeficiente angular da reta, cuja equação geral é 30) Determine a equação da reta r que passa por P(- 2, 2) e é
3x – 4y – 7 = 0. perpendicular a reta x + 3y – 5 = 0.
a) - 1/2 a) 2x + y + 7 = 0
b) 1/3 b) 3x – y + 8 = 0
c) 2/3 c) 4x + y – 5 = 0
d) 3/4 d) x + y – 2 = 0
e) 2/5 e) 5x – y + 6 = 0
25) Qual a equação da reta com coeficiente angular – 4/5 que 31) Determine m de modo que as retas r (mx + y – 3 = 0) e s (x
passa pelo ponto P(2, - 5)? – y + 1 = 0) sejam perpendiculares.
a) 4x + 5y + 17 = 0 a) - 1
b) 4x + 5y – 15 = 0 b) 1/3
c) 3x – 5y + 14 = 0 c) 1/2
d) 3x – 4y – 7 = 0 d) 1
e) 2x – 3y + 5 = 0 e) 2
28) Determine k para que as retas r (3x + y – 3 = 0) e s (kx + y + 34) Determine a distância entre as retas paralelas r (4x – 3y + 1
5 = 0) sejam paralelas: = 0) e s (4x – 3y + 11 = 0).
a) 1 a) 1
b) 2 b) 2
c) 3 c) 3
d) 4 d) 4
e) 5 e) 5
- 127 -
35) Qual o ângulo agudo formado pelas retas 2x – y + 2 = 0 e 3x 41) As retas r (2x + 7y = 3) e s (3x – 2y = - 8) se cortam num
+ y + 1 = 0? ponto P. Achar a equação da reta perpendicular a reta r pelo
ponto P.
a) 75°
b) 60° a) 2x – y + 7 = 0
c) 45° b) 3x + 4y – 5 = 0
d) 30° c) 4x – 5y + 9 = 0
e) 15° d) 5x + 2y – 11 = 0
e) 7x – 2y + 16 = 0
37) Os pontos (2, 3) e (6, 7) são os extremos da diagonal de um 43) Determinar a reta perpendicular à reta de equação x + 2y – 3
determinado quadrado. A reta suporte da outra diagonal é: = 0 no seu ponto de ordenada igual a 2.
a) 3x – y + 7 = 0 a) 2x – y + 4 = 0
b) 2x – y + 5 = 0 b) 2x + y + 7 = 0
c) 2x + y – 5 = 0 c) 2x – y + 5 = 0
d) x + y – 9 = 0 d) 3x – 2y – 5 = 0
e) x – y + 7 = 0 e) 3x + 3y – 7 = 0
38) (FEI) As retas 2x – y = 3 e 2x + ay = 5 são perpendiculares, 44) (USP) A equação da reta passando pela origem e paralela à
então: reta determinada pelos pontos A(2, 3) e B(1, - 4) é:
a) a = - 1 a) y = x
b) a = 1 b) y = 3x - 4
c) a = - 4 c) x = 7y
d) a = 4 d) y = 7
e) n.d.a e) n.d.a
39) Determinar a reta perpendicular à 2x – 5y – 3 = 0 e pelo ponto 45) Determinar a equação da mediatriz do segmento de extremos
P(- 2, 3). A(- 3, 1) e B(5, 7).
a) 5x + 2y + 4 = 0 a) 4x – 3y + 5 = 0
b) 4x – 2y + 5 = 0 b) 4x + 3y – 16 = 0
c) 3x + y – 7 = 0 c) 4x – 5y + 7 = 0
d) 2x – 3y + 1 = 0 d) 5x – 2y – 1 = 0
e) x + 2y – 3 = 0 e) 5x + 2y + 3 = 0
40) (USP) A equação da reta que passa pelo ponto (3, 4) e é 46) O perímetro do triângulo ABC dados A(- 1, 1), B(4, 13) e C(-
paralela à bissetriz do 2° quadrante é: 1, 13) é:
a) y = x - 1 a) 30
b) x + y – 7 = 0 b) 15
c) y = x + 7 c) 17
d) 3x + 6y = 3 d) 25
e) n.d.a e) 22
- 128 -
47) O valor real de x para que o triângulo formado pelos pontos 54) O valor de m para que a reta de equação m.x + y – 2 = 0
A(- 1, 1), B(2, 5) e C(x, 2) seja retângulo em B é: passe pelo ponto A(1, - 8) é:
a) 3 a) 10
b) 4 b) – 10
c) 5 c) 6
d) 6 d) – 6
e) – 4 e) – 1/8
48) A distância do ponto A(- 1, 2) ao ponto B(2, 6) é: 55) (PUC – SP) As retas 2x + 3y = 11 e x – 3y = 1 passam pelo
ponto (a, b). Então a + b vale:
a) 3
b) 4 a) 4
c) 5 b) 5
d) 6 c) 6
e) 7 d) – 4
e) 3
49) (PUC – SP) Sendo A(3, 1), B(4, - 4) e C(- 2, 2) vértices de um 56) O valor de y, para qual a distância do ponto A(1, 0) ao ponto
triângulo, então esse triângulo é: B(5, y) seja 5 é:
50) A soma das coordenadas do ponto médio do segmento de 57) (Vunesp) Dado um sistema de coordenadas cartesianas no
extremidades (- 1, 4) e (3, 10) é: plano, considere os pontos A(2, 2), B(4, - 1) e C(m, 0). Para que
AC + CB seja mínimo, o valor de m deve ser:
a) 16
b) 18 a) 7/3
c) 10 b) 8/3
d) 8 c) 10/3
e) 6 d) 3,5
e) 11/3
51) A equação da reta que passa pela origem e pelo ponto A(2,
5) é:
a) y = 2x
b) y = 5x/2 58) (Cesgranrio) A distância entre os pontos M (4, - 5) e N(- 1, 7)
c) y = x/2 do plano xOy vale:
d) y = x/5
e) x + y = 0 a) 14
b) 13
c) 12
d) 9
52) A reta que passa pelos pontos A(1, 2) e B(- 1, 6) intercepta o e) 8
eixo das abscissas no ponto:
a) (1, 0)
b) (2, 0)
c) (0, 2)
d) (- 2, 0)
e) (- 1, 0) 59) (Puccamp) Sabe-se que os pontos A(0, 0), B(1, 4) e C(3, 6)
são vértices consecutivos do paralelogramo ABCD. Nessas
condições, o comprimento da BD é:
a) 2
53) Dados os pontos A(1, 1), B(3, 0) e C(- 1, 2) podemos afirmar b) 3
que: c) 2 2
a) os pontos estão alinhados d) 5
b) os pontos formam um triângulo retângulo
c) os pontos formam um triângulo de área igual a 6 e) 7
d) os pontos pertencem a uma reta de coeficientes angular – 2
e) os pontos formam um triângulo isósceles
- 129 -
60) (Unitau) A equação da reta que passa pelos pontos (3, 3) e 66) (UFPE) A equação cartesiana da reta que passa pelo ponto
(6, 6) é: (1, 1) e faz com o semi-eixo positivo Ox um ângulo de 60º é:
a) y = x a) ( 2) x y 2 1
b) y = 3x
c) y = 6x b) ( 3) x y 1 3
d) 2y = x c) ( 3) x y 3 1
e) 6y = x
d) ( 3) x 2 y 1 3 2
e) ( 3) x 2 y 1 3 2
a) 5 13
6
70) (UECE) Seja (r) a reta que passa pelos pontos P1(k, 0) e P2(0,
b) 5 7 k), sendo k um número real negativo. Se o ponto Q(3, - 7)
3 pertence a (r), então k² - 3k + 5 é igual a:
c) 2 7 a) 9
3 b) 15
c) 23
d) 2 5 d) 33
3 e) 35
e) 2 3
65) (Uelondrina) Considere os pontos A(0, 0), B(2, 3) e C(4, 1). A 71) (Fei) O ponto A’, simétrico do ponto A(1, 1) em relação à reta
equação da reta paralela à reta AC, conduzida pelo ponto B, é: r: 2x + 2y – 1 = 0 é:
a) x – 4y + 10 = 0 a) (1, 1)
b) x + 4y – 11= 0 b) (1/2, - 3/2)
c) x – 4y – 10 = 0 c) (- 1/2, - 1/2)
d) 2x + y – 7 = 0 d) (- 1/2, - 3/2)
e) 2x – y – 1 = 0 e) (1/2, 3/2)
- 130 -
72) (UFCE) Considere o triângulo cujos os vértices são os pontos 77) (UFSM) Dois vetores de módulos respectivamente iguais a 7
A(2, 0), B(0, 4) e C( 2 5, 4 5 ). Determine o valor numérico da e 6, formam entre si um ângulo de 60º. O módulo do vetor soma
vale:
altura relativa ao lado AB, deste triângulo:
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
a) 4
b) 4 2
c) 8 78) Qual a relação entre os vetores M, N, P e R representados?
d) 8 2
e) 16
74) Sendo os vetores u = ( 2,3,1) e v = ( 1,4, 5) . Calcule u v
a) 20
b) 19
c) 18
d) 16
e) 12
a) 65
b) 55
c) 45
d) 35
e) 25
a) 680
b) 600
c) 540
d) 520
a) 1 e) 500
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
- 131 -
80) Quatro vetores atuam sobre um corpo dando como polígono 83) (Uniube – MG) Qual é o módulo da resultante da soma dos
vetorial a figura abaixo. vetores representados abaixo?
a) 2,0 u
b) 3,5 u
c) 4,0 u
d) 7,0 u
e) 8,0 u
- 132 -
85) (UFC – CE) Na figura a seguir, onde o reticulado forma 88) (USP) A figura abaixo representa um paralelepípedo
quadrados de lado L = 0,50 cm, estão desenhados dez vetores, retângulo de arestas paralelas aos eixos coordenados e de
contidos no plano xy. O módulo da soma de todos esses vetores medidas 2, 1 e 3. Determinar as coordenadas do vértice F deste
e´, em centímetros: sólido, sabendo que A (2, - 1, 2).
a) 0,0
b) 0,5
c) 1,0
d) 1,5
e) 2,0
a) (2, -1, 5)
b) (2, -2, 4)
c) (1, -2, 4)
86) (UEL) Dados os vetores de mesmo
d) (-2, 1, 5)
módulo, qual das relações abaixo está correta?
e) (-2, 2, 5)
a) x – 2y + z – 7 = 0
b) x + 2y + 2z – 8 = 0
c) 2x – 2y + z – 8 = 0
d) 2x – y + 2z – 9 = 0
e) 2x – y + 3z – 9 = 0
a) x + z - 2 = 0
b) y – z + 2 = 0
c) 2x + y – 2z + 1 = 0
d) x + y – 2z – 1 = 0
e) x + 2y + z + 1 = 0
- 133 -
QUESTÕES DO CONCURSO QOAM 7) (QOAM) A rota de um navio A é dada pela reta r: 2x + 2y = 3
e a de um navio B pela reta s: 2x + y = 6. É correto afirmar que,
1) (QOAM) Um oficial recebeu uma carta geográfica assinalada com no mapa, essas rotas:
os quatro vértices onde estão colocados os marcos que delimitam um
território quadrangular sob a responsabilidade da sua unidade. a) Se cruzam num ponto do 1º quadrante
Sabendo-se que as coordenadas desses vértices são b) Se cruzam num ponto do 2º quadrante
respectivamente: (1, 2); (3, 9); (10, 10); (12, 3) e que cada unidade de c) Se cruzam num ponto do 3º quadrante
área da carta geográfica corresponde a 10 metros quadrados, qual é d) Se cruzam num ponto do 4º quadrante
a área, em metros quadrados, desse território? e) Nunca se cruzam
a) 1450
b) 1300
c) 1260
d) 660
e) 630
8) (QOAM) As retas x + ky – 3 = 0 e 2x – y + 5 = 0 são paralelas,
se k for igual a:
2) (QOAM) Deseja-se esticar um cabo de aço de um ponto R até um
ponto S, ambos de um mesmo terreno. De acordo com o referencial a) – 2
estabelecido em um mapa, os pontos R e S têm, respectivamente, as b) – 0,5
coordenadas (- 7, 4) e (5, 9). Qual é a medida em metros desse cabo, c) 0,5
sem considerar o necessário para as amarrações, sabendo-se que d) 2
cada unidade do referencial corresponde a dois metros no terreno. e) 8
a) 26
b) 17
c) 13
d) 8,5
e) 6,5
9) (QOAM – 2007) Os pontos (0, 8), (3, 1) e (1, y) do plano são
colineares. Qual é o valor de y?
3) (QOAM) Os pontos de coordenadas (1, 2) e (9, 8) faziam parte da
trajetória retilínea de um navio, que foi afundado por um torpedo
a) 5
lançado do ponto de coordenadas (15, 5). Sabendo-se que o torpedo b) 5,3
percorreu a menor distância possível, conclui-se que tal distância, na c) 5,5
mesma unidade das coordenadas, é igual a: d) 5,666...
e) 6
a) 10
b) 9
c) 8
d) 7
e) 6
10) (QOAM – 2008) Dados o pontos A(2, 3), B(6, 3) e C(2, 6),
4) (QOAM) Num mapa estão assinaladas três ilhas A, B e C, cujas vértices de um triângulo ABC, qual é abscissa do ponto P,
coordenadas são respectivamente iguais a (3; - 5), (3; 3) e (9; - 5). pertencente ao lado BC, extremo da bissetriz interna AP, relativa
Quais são as coordenadas do ponto P, desse mapa, no qual se deve ao vértice A?
situar um navio patrulha, de modo que a distância desse ponto P para
cada uma dessas ilhas A, B e C seja a mesma?
a) 20/7
a) (6, - 1) b) 22/7
b) (5, - 7/3) c) 23/7
c) (6, - 7/3) d) 25/7
d) (5, - 1) e) 26/7
e) (3, 4)
- 134 -
13) (QOAM – 2011) O módulo da distância do ponto A(- 1, 4) até 18) (QOAM – 2014) No plano cartesiano, o quadrado tem
a reta r: 2x + 3y – 6 = 0 é um número irracional pertencente ao vértices nos pontos A(1, 2), B(1, 4), C(3, 4), D(3, 2), e centro no
ponto P, enquanto o quadrado tem vértices nos pontos E(2, -
intervalo:
a) 0,1 3), F(2, 1), G(6, 1), H(6, - 3), e centro no ponto K. Sendo assim,
é correto afirmar que a distância entre os pontos P e K é igual a:
b) 1, 2
c) 2,3 a) 4 2
d) 3, 4
b) 2 5
e) 4,5
c) 2 7
d) 4 5
14) (QOAM – 2011) No plano cartesiano, dentre os pontos que
e) 3 2
dividem o segmento com extremidades em A(7, 1) e B(- 5, - 5),
em 6 partes iguais, aquele que está mais próximo de A tem
coordenadas:
19) (QOAM – 2015) Considere um triângulo retângulo ABC
a) (8, 3) (ângulo C = 90º) no plano cartesiano. Sabe-se que A = (1 , 4), B
b) (6, 3) = (2 , 5) e que C tem a mesma abscissa de B. Sendo assim, a
c) (5, 0) área do triângulo ABC, em unidades de área, é igual a:
d) (9, 2)
e) (8, - 1) a) 9/4
b) 2
c) 1
15) (QOAM – 2012) Um triângulo possui seus vértices localizados d) 3/4
nos pontos do plano cartesiano P(1, 4), Q(4, 1) e R(0, y). Para e) 1/2
que o triângulo tenha área igual a 3, é suficiente que y assuma o
valor igual a: 20) (QOAM – 2016) Observe a figura abaixo.
a) – 3,7
b) 2,5
c) 7
d) 7,3
e) 7,5
a) 7 2
b) 6 2
c) 5 2
Na figura acima, estão representados três quadrados L1, L2 e L3
d) 4 2 no plano cartesiano. O quadrado L1 tem vértices A(0 , 0); B(0 , 6);
C(6 , 6) e D(6 , 0). O quadrado L2 tem vértices D(6 , 0); E(6 , 4);
e) 3 2 F(10 , 4) e G(10 , 0). O quadrado L3 (vértices GHIJ) tem o vértice
H sobre o lado FG do L2, o vértice I em condição de alinhamento
com os pontos C e F, e o vértice J pertencente ao eixo horizontal.
17) (QOAM – 2013) Sabe-se que um triângulo retângulo ABC é O lado do quadrado L3, em unidades de comprimento, mede:
reto no vértice A, o ângulo C mede 30º, a hipotenusa BC mede a
e o segmento AM é a mediana relativa à hipotenusa. Por um ponto a) 14/5
N, exterior ao triângulo traçam-se os segmentos BN paralelo à AM b) 12/5
e NA paralelo à BM. Qual é a área do quadrilátero AMBN em c) 15/4
função em função de a? d) 7/3
e) 8/3
a) a2 3
a2
b) 21) (QOAM – 2017) Assinale a opção que apresenta a equação
2 da reta r, que passa pelo ponto P(2 , -3) e é perpendicular à reta
a2 3 s, cuja equação é 3x – 4y + 7 = 0.
c)
4 a) x + 7y + 19 = 0
b) 4x + 3y + 1 = 0
d) 4a 2 3 c) 2x – y – 7 = 0
d) 3x + y – 3 = 0
a2 3 e) 4x + y – 5 = 0
e)
8
- 135 -
22) (QOAM – 2017) Considere a reta no plano cartesiano 25) (QOAM – 2020) Observe a figura a seguir.
determinada pelos pontos A(3 , 2) e B(5 , 1). Sendo assim, é
correto afirmar que seu coeficiente angular é igual a:
a) 28
b) 30
c) 34
d) 36
e) 40
- 136 -
G
E
O
G
R
A
F
I
A
- 137 -
- 138 -
20. BRASIL - A PRODUÇÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL
Planejamento regional
Ao longo de toda a história do Brasil, as desigualdades regionais são um traço marcante do seu espaço geográfico. Os estudos
sobre essas desigualdades, iniciados a partir dos anos 1930-40, vêm fornecendo dados que servem de instrumento para que o Estado
implante políticas de desenvolvimento regional, visando diminuir essas diferenças.
O tema desigualdade regional começou a ser discutido principalmente a partir da década de 1950, em razão do
desenvolvimento do processo de industrialização, que se concentrou no Centro-Sul". Contribuiu também para isso a publicação, em
1951, das primeiras estatísticas sobre renda e produção de bens e serviços de forma regionalizada.
O desenvolvimento mais acelerado do Centro-Sul ampliou o distanciamento social e econômico (que já era considerável) dessa
região em relação ao Nordeste.
Diante disso, o governo brasileiro empreendeu um plano de ação para promover o desenvolvimento das regiões mais
estagnadas econômica e socialmente.
Em 1959, foi criada a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), com a finalidade de executar o
planejamento e coordenar a ação do governo na região Nordeste (de acordo com a divisão do IBGE). Porém, sua área de atuação
estendeu-se também ao norte de Minas Gerais, que apresenta nível socioeconômico baixo. Dentro dessa política de desenvolvimento
- 139 -
regional, criou-se a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), em 1966, cuja área de atuação compreendia todos
os estados da região Norte, o oeste do Maranhão e o estado de Mato Grosso.
A criação da Sudene ocorreu num contexto de acelerado desenvolvimento econômico, promovido no governo do presidente
Juscelino Kubitschek. O conjunto de ações denominado Plano de Metas abarcava também o estímulo ao ingresso do capital
estrangeiro, com financiamento externo e entrada de multinacionais, ampliação da rede de rodovias, construção de hidrelétricas e
mudança da capital do Rio de Janeiro para Brasília.
Outras superintendências criadas foram a Superintendência do Desenvolvimento da Região Sul (Sudesul), em 1967, e a
Superintendência do Desenvolvimento da Região Centro-Oeste (Sudeco), em 1967. Essas instituições, no entanto, tinham
algumas diferenças em relação à Sudam e à Sudene, por exemplo, o volume de investimentos públicos era menor. Acabaram extintas
em 1990.
De modo geral, os objetivos da criação dessas superintendências não foram atingidos. Em 2001, o governo federal extinguiu
a Sudene e a Sudam, em meio a irregularidades e denúncias de corrupção. Em seus lugares foram criadas agências de
desenvolvimento: a Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA) e a Agência de Desenvolvimento do Nordeste (Adene).
A partir de 2003, no entanto, passou a ser discutida pelo governo a recriação das superintendências, que teriam estruturas de
atuação mais amplas no desenvolvimento das respectivas regiões do que as agências de desenvolvimento. No mesmo ano, o governo
federal encaminhou ao Congresso Nacional proposta para a recriação da Sudeco, para atuar nos estados do Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e Goiás e no distrito federal.
Oficialmente, a Sudene e a Sudam foram recriadas no início de 2007. No começo de 2009, também foi oficializada a recriação
da Sudeco.
Os complexos regionais
A regionalização do Brasil em complexos regionais foi proposta em 1967pelo geógrafo Pedro Pinchas Geiger. Os complexos
regionais são: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul. Essa regionalização do território brasileiro considera a formação histórico-econômica
do Brasil e a modernização econômica em curso desde a década de 1960, que se manifestou nos espaços urbano e rural,
estabelecendo novas formas de relacionamento entre os lugares do território brasileiro e criando nova dinâmica no relacionamento
entre a sociedade e a natureza.
Diferentemente das outras divisões regionais, ela não
acompanha os limites entre os estados, havendo aqueles com
parte do território em uma região e parte em outra. O norte de
Minas Gerais, por exemplo, que apresenta características
naturais e socioeconômicas iguais às do sertão nordestino,
aparece integrado à região Nordeste; o oeste do Maranhão e
o norte do Mato Grosso fazem parte da Amazônia; e o extremo
sul de Tocantins está situado no Centro-Sul.
O Centro-Sul corresponde a cerca de 27% do território
brasileiro, mas concentra mais de 60% de sua população e é
responsável por cerca de 80% do Produto Interno Bruto (PIE)
do país.
As atividades econômicas da região são bastante
diversificadas, com a liderança na produção industrial e
agropecuária e na renda no setor de serviços (comércio,
bancos, turismo e outros). Boa parte dos investimentos
realizados fora do Centro-Sul é realizada por empresas
sediadas nos estados da região, principalmente São Paulo,
Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O crescimento econômico expressivo é contrastado
pelas acentuadas desigualdades sociais e econômicas,
evidentes tanto no espaço rural como no urbano. Grandes centros financeiros e empresariais convivem, lado a lado, com a economia
informal. Regiões pobres, de economia agrícola precária e pouco competitiva, contrapõem-se a uma agricultura empresarial,
mecanizada e plenamente integrada ao conjunto da economia mundial.
O Nordeste é formado por oito estados mais o leste do Maranhão e o norte de Minas Gerais. Corresponde a cerca de 18% do
território nacional e abriga 30% da população do país. Região economicamente mais rica do Brasil Colônia, hoje apresenta os piores
indicadores sociais e a maior concentração de pobres do país.
As precárias condições de vida fizeram do Nordeste uma região de emigração para as zonas industrializadas do Centro-Sul e
para a Amazônia.
A Amazônia ocupa cerca de 55% do território nacional, onde vivem apenas 10% da população do país. Apesar de a área
florestada ser dominante em vastas extensões, a ocupação e o povoamento relativamente recentes da região foram muito intensos.
A ocupação mais intensa iniciou-se na década de 1970 com projetos de colonização do governo federal e implantação de grandes
projetos de mineração e, nos últimos anos, sofre o impacto da expansão das atividades agropecuárias.
Durante os governos militares (1964-1985) a ocupação da Amazônia atendia também a interesses estratégicos. Entendia-se
que a ocupação e colonização da região era uma forma de impedir a exploração das riquezas naturais por estrangeiros e a expansão
de grupos guerrilheiros contrários ao governo, permitindo maior controle da extensa linha de fronteira nacional.
- 140 -
Os Quatro Brasis
Considerando o processo histórico de ocupação e
transformação do território pela sociedade, que nos levou ao
atual estágio do meio técnico-científico-informacional", o
geógrafo Milton Santos e sua equipe propuseram outra
regionalização para o território brasileiro. Para essa
regionalização, foram considerados os seguintes aspectos:
• a quantidade de recursos tecnológicos avançados (redes de
telecomunicações e de energia, equipamentos de
informática);
• o volume de atividades econômicas modernas na área
financeira (bancos, bolsas de valores, corretoras de títulos),
comercial (shopping centers, empresas de e-commerce), de
serviços (provedores de acesso à internet, agências de
publicidade, consultorias, centros de pesquisas, empresas
ligadas à mídia, universidades), industrial (empresas que
utilizam robôs e sistemas automatizados);
• a situação da agropecuária em relação à mecanização e à
integração com a indústria. Dessa forma, Milton Santos e sua
equipe de pesquisa estabeleceram uma divisão regional em
"quatro Brasis":
• região concentrada - composta por denso sistema de fluxos, em razão dos elevados índices de urbanização, por atividade comercial
intensa e alto padrão de consumo doméstico e de muitas empresas. É centro de tomada de decisões do território brasileiro, abrigando
atividades modernas e globalizadas, como alguns setores financeiros e de serviços;
• Centro-Oeste - nele estão presentes características da modernização, em razão do emprego de alta tecnologia na produção
agropecuária, marcadamente exportadora e com ampla utilização de insumos agrícolas, comercializados por grandes empresas
multinacionais. O Centro-Oeste está plenamente integrado à economia globalizada. Nessa região, o desenvolvimento do
agronegócio e a instalação da capital federal (Brasília) contribuíram para o estabelecimento de uma rede urbana integrada por
sistemas de transportes e de telecomunicações;
• Nordeste - excetuando-se o período de grande desenvolvimento da economia canavieira (séculos XVI e XVII), de modo geral a
circulação de pessoas, produtos, informações e dinheiro sempre foi precária, em razão da agricultura pouco intensiva e da
urbanização irregular, restrita a alguns pontos do território. Nessa região, as atividades econômicas modernas e o uso de recursos
tecnológicos avançados ainda são pontuais, restritos às grandes metrópoles.
• Amazônia - trata-se de uma região de baixa densidade demográfica e poucos recursos tecnológicos. São raras as áreas destinadas
à agricultura mecanizada e a outras atividades modernas. A Zona Franca de Manaus – que concentra parte da indústria eletrônica
instalada no país -, a indústria extrativa mineral e a metalurgia de alumínio são os polos de maior expressão econômica. O uso de
satélites e radares que norteiam e fiscalizam a sua ocupação contrasta com a baixa densidade técnica instalada no território.
- 141 -
. Castello Branco (alinhamento automático com EUA).
. Costa e Silva e Médici – flexibilização do alinhamento, procura de opções.
. Geisel – Pragmatismo Responsável (reconhecimento da República Popular da China, da independência de Angola), Acordo nuclear
com Alemanha, denúncia do Tratado Militar com EUA, TCA.
. Figueiredo – Equilíbrio (Guerra das Malvinas, Acordo sobre Itaipu, eleição de um brasileiro para Secretário-Geral da OEA, crise da dívida).
Aderindo à nova agenda internacional pós-GF e ao modelo neoliberal, o país passou a ser signatário de tratados e agências
internacionais, como no caso dos direitos humanos, no governo Sarney (1987), da questão da informática (1990) e da questão
ambiental, no governo Collor (1992) e da questão nuclear, reformulada com a assinatura e ratificação pelo Brasil do TNP durante o
governo FHC, além de vários acordos bilaterais com a Argentina e a assinatura da Convenção contra Armas Químicas.
Processou-se, também, uma progressiva valorização da agenda regional, a América do Sul, entendida como a área
geográfica imediata de inserção internacional do Brasil e de ação da política externa brasileira, dos interesses econômicos brasileiros
e da estratégia de segurança brasileira:
- O Brasil faz fronteira com dez países da região;
- A área geográfica do Brasil corresponde a mais de 50% de sua área total;
- A população brasileira corresponde a 50% da população total da região e o segundo país mais populoso, a Colômbia, tem 21% da
população brasileira;
- O PIB brasileiro corresponde a mais de 50% do PIB total da região e seu parque industrial é o maior, mais diversificado e mais
avançado da região e o PIB da Argentina, segunda maior economia, corresponde a 20% do brasileiro;
- As exportações brasileiras representam 36% de todo o comercio intrarregional, sendo que o país obteve superávit com todos os
países, exceto a Bolívia.
O compromisso com o multilateralismo na construção da paz - refletiu-se na determinação de posicionar o país, de forma mais
ativa, nas principais arenas políticas internacionais, como forma de aumentar sua capacidade de negociação. Um exemplo
emblemático é a forma insistente com que o Brasil tem participado dos debates da reforma da carta da ONU, quanto à ampliação do
número de membros permanentes de seu C.S., ao qual o País está naturalmente vocacionado, como nação relevante que é no quadro
dos países em desenvolvimento.
A ampliação do C.S. é justificada pela necessidade de adequar a estrutura decisória do órgão às realidades políticas do atual
sistema internacional e deverá ser guiada por critérios que impliquem em um aumento da sua representatividade e equidade com
vistas a ampliar sua legitimidade e eficácia.
Numa clara demonstração da centralidade desta questão na agenda externa do governo, o Brasil aceitou o convite para
assumir o comando da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), a partir de junho de 2004.
- 142 -
O acordo prevê a desmobilização dos guerrilheiros, o abandono das armas e a transformação das Farc em um movimento
político, e estabelece que quem confessar seus crimes diante de um tribunal especial poderá evitar a prisão e receber penas
alternativas. Se não, no caso de serem declarados culpados, serão condenados a penas de 8 a 20 anos de prisão.
Entretanto, ainda estão ativos o Exército de Libertação Nacional (ELN) e grupos de crime organizado dedicados ao tráfico e à
mineração ilegal.
As controvérsias fronteiriças que envolvem a Venezuela, tanto com a Colômbia e a Guiana; a Cordilheira do Condor, que
envolveu, na década de 1990, Peru e Equador; e a permanente questão da Bolívia com o Chile, envolvendo o objetivo nacional
permanente boliviano de acesso ao mar.
Prosul
O Prosul (Foro para o Progresso da América do Sul) é um fórum regional de diálogo. A ideia é que ele se
implemente e se organize gradualmente.
Sua iniciativa partiu dos presidentes do Chile (Sebastián Piñera) e da Colômbia (Iván Duque). Já sua formação se
deu no dia 22 de março de 2019, com a assinatura da “Declaração Presidencial sobre a Renovação e o Fortalecimento da
Integração na América do Sul”. A declaração também leva o nome Declaração de Santiago, por conta de sua assinatura
no Palacio de La Moneda, em Santiago (Chile).
O Prosul surge em um momento de enfraquecimento da Unasul, organismo que também tinha como propósito o
diálogo e cooperação sul-americana. Diferente da Unasul, que surgiu em um momento em que os países tinham líderes
predominantemente de esquerda, o Prosul apresenta o cenário oposto, surgindo em um momento de ascensão da direita
na América Latina.
Santiago, em 22 de março de 2019, reunião de presidentes sul-americanos, ocasião em que se adotou a "Declaração
Presidencial sobre a Renovação e o Fortalecimento da Integração da América do Sul".
Nesta Declaração, oito países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai e Peru) indicaram sua vontade
de construir e consolidar um espaço regional de coordenação e cooperação, estabelecendo as bases para o lançamento do Foro para
o Progresso da América do Sul (PROSUL). A iniciativa substituirá, para esses países, o papel inicialmente conferido à UNASUL. Do
texto, podem ser destacados os seguintes elementos:
(i) que este espaço deverá ser implementado gradualmente, ter estrutura flexível, leve, que não seja custosa, com regras de
funcionamento claras e com mecanismo ágil de tomada de decisões;
(ii) que este espaço abordará de maneira flexível e com caráter prioritário temas de integração em matéria de infraestrutura, energia,
saúde, defesa, segurança e combate ao crime, prevenção de e resposta a desastres naturais;
(iii) que os requisitos essenciais para participar deste espaço serão a plena vigência da democracia e das respectivas ordens
constitucionais, o respeito ao princípio de separação dos poderes do estado, e a promoção, proteção, respeito e garantia dos
direitos humanos e das liberdades fundamentais, assim como a soberania e a integridade territorial dos estados, em respeito ao
direito internacional.
O Chile exercerá a Presidência Pro Tempore (PPT) deste processo durante os próximos 12 meses, devendo ser sucedido pelo
Paraguai.
21.3 - O Brasil nos processos de Integração Sul-americana e na Geografia das Relações Internacionais
21.3.1 - Política regional envolvendo a Amazônia, como um todo regional - assinatura em 03 de julho de 1978 do Tratado de
Cooperação Amazônica (TCA).
Objetivo: institucionalizar e orientar o processo de cooperação naquela região.
membros: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
Os países membros assumiram o compromisso comum com a preservação do meio ambiente e o uso racional dos
recursos naturais da Amazônia.
Em 1995, as oito nações decidiram criar a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) para fortalecer e
implementar os objetivos do Tratado.
Um aspecto importante é o contraponto geopolítico que a OTCA pode fazer às inserções alienígenas na região, como por
exemplo em face do problema do narcotráfico, principalmente na Colômbia.
- 143 -
21.3.2 - Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) - a Região Amazônica é tema incontornável nos debates
internacionais contemporâneos sobre recursos naturais, desenvolvimento sustentável, mudança do clima e biodiversidade.
Com população de aproximadamente 38 milhões de pessoas, a Amazônia ocupa 40% do território sul-americano e abriga a
maior floresta megadiversa do mundo, habitat de 20% de todas as espécies de fauna e flora existentes. A Bacia Amazônica contém
cerca de 20% da água doce da superfície do planeta. O Ciclo Hidrológico Amazônico alimenta um complexo sistema de aquíferos e
águas subterrâneas, que pode abranger uma área de quase 4 milhões de km2.
Por sua importância estratégica, a Amazônia apresenta aos países que fazem parte deste ecossistema grandes desafios e
ainda maiores oportunidades. A conveniência de conjugar esforços para o desenvolvimento harmônico da Amazônia, com equilíbrio
entre desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente, constitui princípio fundador da Organização do Tratado de
Cooperação Amazônica (OTCA), bloco socioambiental formado pelos Estados que partilham o território Amazônico: Brasil, Bolívia,
Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
As origens da organização remontam a 1978, quando, por iniciativa brasileira, os oito países amazônicos assinaram, em
Brasília, o Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), com o objetivo promover o desenvolvimento integral da região e o bem-estar de
suas populações, além de reforçar a soberania dos países sobre seus territórios amazônicos. O fortalecimento da cooperação regional
é o principal meio para alcançar esses objetivos.
Vinte anos depois, em Caracas, os países firmaram Protocolo de Emenda ao Tratado de Cooperação Amazônica, criando a
OTCA, organização internacional dotada de secretaria permanente e orçamento próprio. Em dezembro de 2002 foi assinado, no
Palácio do Planalto, Acordo de Sede entre o Governo brasileiro e a OTCA, que estabeleceu em Brasília a sede da Secretaria
Permanente da Organização. Vale notar que, até hoje, a OTCA é a única organização internacional multilateral sediada no Brasil.
A Reunião de Ministros das Relações Exteriores é o órgão deliberativo máximo da Organização, responsável por fixar as
diretrizes básicas da política comum, avaliar iniciativas desenvolvidas e adotar decisões necessárias à consecução dos fins propostos.
O Conselho de Cooperação Amazônica (CCA), integrado por representantes diplomáticos de alto nível dos países-membros, deve
velar pelo cumprimento dos objetivos do Tratado e das decisões adotadas pelos Ministros de Relações Exteriores. O CCA é auxiliado
pela Comissão de Coordenação do Conselho de Cooperação Amazônica (CCOOR), órgão meramente consultivo.
No âmbito interno, cabe à Comissão Nacional Permanente do Tratado de Cooperação Amazônica – constituída por
representantes de vários Ministérios e presidida pelo Itamaraty – coordenar as atividades relacionadas à aplicação, no território
brasileiro, das disposições do Tratado.
Nos últimos anos, a OTCA experimenta processo de relançamento e de fortalecimento. Nessa nova fase, suas atividades são
pautadas pelas diretrizes da Nova Agenda Estratégica de Cooperação Amazônica, aprovada pelos Chanceleres dos países-membros
em 2010, que reflete as prioridades dos países amazônicos, de acordo com a nova realidade política e social da região.
Ainda como parte da estratégia de dinamizar a organização, os países decidiram incrementar o valor de suas contribuições
anuais, dotando-a de maior capacidade de financiamento de suas atividades. Em abril de 2013, o Brasil anunciou a doação de terreno
para a construção do novo edifício-sede da OTCA, contribuindo para garantir a autonomia financeira da Organização.
Atualmente, estão em execução numerosos projetos em áreas como meio ambiente, assuntos indígenas, recursos hídricos,
ciência e tecnologia, saúde, turismo e inclusão social. Entre eles, destaca-se o Projeto Monitoramento da Cobertura Florestal na
Região Amazônica, executado desde meados de 2011 em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O objetivo
do Projeto é contribuir para o desenvolvimento regional da capacidade de monitoramento do desmatamento da Floresta Amazônica,
por meio de instalação de salas de observação nos países-membros e de capacitação e intercâmbio de experiências em sistemas de
monitoramento. O projeto permitiu a elaboração pioneira de mapas regionais de desmatamento da Amazônia, através da compilação
dos dados nacionalmente coletados.
Igualmente digno de nota é o projeto "Ação Regional na Área de Recursos Hídricos" (Projeto Amazonas), coordenado pela
Agência Nacional de Águas (ANA) desde 2012, que contempla encontros técnicos regionais e cursos de capacitação em gestão de
recursos hídricos na bacia amazônica. Rede piloto de monitoramento hidro metereológico está sendo instalada em pontos
selecionados de três países (Bolívia, Colômbia e Peru), a fim de prover informação precisa e em tempo real sobre a situação dos rios
amazônicos. O projeto teve sua primeira fase recentemente concluída em junho de 2017.
Em 2018, completaram-se 40 anos da assinatura do TCA, tendo-se procedido à revisão da Agenda Estratégica de Cooperação
Amazônica. Os trabalhos resultaram na delimitação dos objetivos da Organização para o próximo decênio.
Fonte: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/integracao-regional/691-organizacao-do-tratado-de-cooperacao-amazonica-
otca. Acesso em 22 junho 2019
21.3.3 - Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS) - Estabelecida em 27/10/1986, através de uma iniciativa do Brasil,
a ZOPACAS foi criada com o intuito de promover a cooperação regional, manutenção da paz e da segurança no entorno dos 24 países
que aderiram a tal projeto.
Além das iniciativas de cooperação, destacam-se as iniciativas de caráter político-diplomático, em especial no campo da
proteção ambiental, desnuclearização e solução pacífica de conflitos entre seus integrantes.
Além disso, busca tal união fortalecer a posição no cenário internacional desses 24 países, todos detentores de litoral, fonte
extra de recursos naturais mais do que nunca valorizada em tempos atuais e ainda espaço de projeção do poder naval dos mesmos.
São os integrantes da ZOPACAS:
América do Sul: Argentina, Brasil e Uruguai;
África Meridional: África do Sul, Angola e Namíbia;
África Equatorial: Camarões, Congo, Guiné Equatorial, Gabão, Nigéria, República Democrática do Congo e São Tomé e Príncipe;
África Ocidental: Benim, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Senegal, Serra Leoa e Togo.
- 144 -
21.3.4 - Cúpula América do Sul-Países Árabes - ASPA - mecanismo de cooperação inter-regional e um fórum de coordenação
política, cujo objetivo é aproximar os líderes de duas regiões, que possuem afinidades políticas, econômicas e culturais.
Foi proposta no governo Lula, em 2003, e criada na I Cúpula de Chefes de Estado e de Governo, ocorrida em Brasília, em 10-
11/05/2005.
Integram a ASPA Estados sul-americanos e árabes, bem como a Liga dos Estados Árabes (LEA) e a União das Nações Sul-
Americanas (UNASUL).
Membros sul-americanos: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e
Venezuela. O Brasil é o coordenador regional sul-americano.
Membros árabes: Arábia Saudita, Argélia, Barein, Catar, Comores, Djibuti, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Iraque,
Jordânia, Kuwait, Líbano, Líbia, Marrocos, Mauritânia, Omã, Palestina, Síria, Somália, Sudão e Tunísia.
As ações da ASPA são conduzidas de cinco Comitês Setoriais das áreas econômica, cultural, científico-tecnológica, ambiental
e social.
A coordenação política da ASPA tem abrangido assuntos de interesse comum, como a reforma das O.I., o fortalecimento do
Direito Internacional e do multilateralismo, o apoio à solução pacífica de controvérsias no Oriente Médio e na América do Sul, bem
como o estímulo ao desenvolvimento econômico e ao diálogo de civilizações.
21.3.5 – IIRSA
Infraestrutura e integração
A integração econômica entre os países sul-americanos é uma das prioridades da política exter-
na brasileira desde o começo do século XX. Um dos fatores essenciais para que esse processo se consolide é a construção de uma
infraestrutura moderna e integrada de energia, transportes e comunicações.
Os parceiros do Nafta, por exemplo, compartilham ferrovias, hidrovias. assim como sistemas de
geração e distribuição de energia. Na América do Sul, porém, a realidade é bem diferente. Veja-se o caso das redes viárias brasileiras:
elas apresentam raras conexões com as redes dos países vizinhos, dificultando a circulação de pessoas e de mercadorias.
No caso da energia, as iniciativas oficiais de integração tiveram início em meados da década de 1960, quando foi criada a
Comissão de Integração Elétrica Regional (Cier), organização que englobou quase todos os países sul-americanos com o intuito de
intercambiar informações e tecnologias de produção e distribuição no setor de eletricidade, então comandado por empresas estatais.
Em 1973, surgiu a Organização Latino-Americana de Desenvolvimento (Olade), sediada em Quito, no Equador. Seu principal objetivo
era promover mecanismos de cooperação entre os países-membros na formulação de estratégias de aproveitamento eficiente e
racional de seus recursos energéticos.
O foco principal dessas organizações era a viabilização de projetos de cooperação bilateral, principalmente em áreas
fronteiriças. Os estudos que deram origem aos projetos de importantes usinas hidrelétricas binacionais, tais como Itaipu (Brasil e
Paraguai), Yaciretá (Argentina e Paraguai), ambas no Rio Paraná. e Salto Grande (Uruguai e Argentina), no Rio Uruguai, foram
produzidos e debatidos nesse contexto.
Apesar dessas iniciativas, a deficiência na integração efetiva das infraestruturas é um empecilho à integração econômica e
cultural dos países sul-americanos.
A iniciativa de Integração das Infraestruturas Regionais Sul-Americanas (IIRSA) e a definição de investimentos, no início da
segunda década do corrente século, pelo governo federal brasileiro, somado com os empreendimentos planejados e executados pelos
entes federados que integram o país (estados e municípios), isoladamente ou em parceria com o setor privado, se implementados,
tinham como objetivo consolidar e promover mudanças substantivas na forma de ocupação do espaço territorial brasileiro e sul-
americano, particularmente da Amazônia continental, e no uso dos recursos naturais nela existentes.
As grandes obras (ou projetos de grande escala, PGE) que integram ambas as estratégias de desenvolvimento são, em
verdade, formas de produção vinculadas a um sistema econômico caracterizado pela produção e reprodução ampliada de capital.
Indicado como sistema orientado pelo paradigma (hegemônico) de integração de todos os povos e culturas dentro de um sistema
capitalista de abrangência mundial.
Além dos projetos de integração viária, estão em andamento importantes iniciativas para a integração energética. Uma delas
é a expansão do Gasoduto Bolívia-Brasil, que deverá chegar até o Rio Grande do Sul e integrar-se à rede de gasodutos da Argentina,
já conectada com a do Chile e a da Bolívia. Em grande parte por causa da integração da rede de gasodutos sul-americanos, Argentina
e Brasil possuem as maiores frotas de veículos movidos a gás natural no mundo.
Entre os principais projetos de integração física e energética já concluídos na América do Sul, destacam-se:
o Gasoduto Bolívia-Brasil, por meio do qual as reservas de gás natural de Santa Cruz de Ia Sierra, na Bolívia, abastecem indústrias
e termelétricas localizadas nos estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
a Rodovia Brasil-Venezuela (BR-174), com extensão de 2.331 quilômetros, que ajuda a escoar os produtos da Zona Franca de
Manaus até os países do Caribe e da América do Norte.
a Linha de transmissão de Guri, de 780 quilômetros, ligando a Hidrelétrica de Guri, na Venezuela a Boa Vista, em Roraima.
A constituição do Conselho Sul-americano de Infraestrutura e Planejamento (Cosiplan) em 2009, no âmbito da Unasul, como
um conselho setorial, representou uma inciativa importante do ponto de vista econômico e geopolítico, indo além do modelo de
regionalismo aberto que prevalecera anteriormente. Em 2011, a IIRSA, criada no ano anterior, foi incorporada ao Cosiplan, para que
atuassem conjuntamente no planejamento da conectividade regional e da articulação das infraestruturas. A missão do Conselho é ser
o âmbito de discussão política sobre a implementação das estratégias de integração da infraestrutura na América do Sul, com o
compromisso de não descuidar dos aspectos históricos e das dimensões social, econômica e ambiental do desenvolvimento,
fomentando a cooperação regional nas áreas de planejamento e infraestrutura por meio da consolidação de alianças estratégicas
entre os países da Unasul. As mudanças de governos na região impactaram na abordagem do Cosiplan. No governo FHC, a prioridade
da IIRSA era a liberalização econômica e a parceria prioritária com o capital privado, e meio para alcançar o Pacífico e o mercado
chinês. Com a ascensão de governos progressistas, o Cosiplan adquiriu contornos mais político-estratégicos, e os debates sobre
infraestrutura foram conectados às demandas sociais e à superação das assimetrias entre os membros da Unasul.
A construção de uma rede integrada de infraestrutura criaria uma capacidade de logística fundamental para as políticas de
defesa dos países da região. Superar a inexistência de eixos logísticos de integração na região, legado de seu passado colonial,
tornou-se estratégia destes países, favorecendo setores basilares da infraestrutura para impulsionar o desenvolvimento, a autonomia
e a segurança nacional. Os processos de integração têm como objetivo identificar os obstáculos que impedem o desenvolvimento da
infraestrutura da região e propor ações que permitam a superação de tais barreiras. Uma questão estratégica importante é a ligação
entre os oceanos Atlântico e Pacífico que a rede de infraestrutura proporcionaria, especialmente com a crescente importância
econômica e política da vertente do Pacífico para a região.
É importante também tratar dos setores de infraestrutura com os quais o Cosiplan trabalha: transportes, energia e
comunicações. Subordinados a estas áreas, existem projetos nos setores aéreo, rodoviário, ferroviário, fluvial, marítimo, multimodal,
de passagens de fronteira, de interconexão energética, geração de energia e de interconexão em comunicações. A área de transportes
é a que possui maior quantidade de projetos, e o setor rodoviário é o que mais se destaca. Essa importância do modal rodoviário
acontece por causa do lobby das empreiteiras. Em seguida, vem o ferroviário e o fluvial. O desenvolvimento destes setores é
fundamental para a estratégia de ligação dos oceanos, que colaboraria para a diminuição dos custos de escoamento da produção,
para incentivar relações mais incisivas com países asiáticos e para a integração regional.
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A iniciativa conta com um enfoque nos chamados eixos de integração e desenvolvimento. Os eixos são espaços multinacionais
onde existem assentamentos humanos, zonas produtivas e fluxos comerciais, e onde a integração nos setores de transporte, energia
e comunicações deve ser incentivada. A definição destes eixos ocorre por meio da análise do território, que utiliza critérios técnicos,
e passa por um processo de validação sociopolítica. Os atores mais influentes são os governos, embora o papel do setor privado não
seja desprezível. Muitos analistas acreditam que o Cosiplan não apenas funciona como um braço da internacionalização das políticas
desenvolvimentistas, mas também como ferramenta estratégica de expansão do poder dos Estados. Para além disso, os críticos
afirmam que por meio dos benefícios às empresas privadas contempladas pela carteira de projetos, o Conselho contribui para a
expansão do capital. É importante destacar, no entanto, que as principais fontes de financiamento dos projetos são os tesouros de
cada país, com investimentos estimados em 69,735 bilhões de dólares. Os financiamentos privados aparecem em segundo lugar. A
carteira de projetos conta também com financiamentos do BID, CAF, FOCEM, Fonplata, BNDES, JBIC, União Europeia, bancos
privados, Banco Mundial e do governo da China.
Em 2015, o país com a maior quantidade de projetos no Cosiplan era a Argentina, seguida pelo Brasil e pelo Peru. Em relação
aos investimentos estimados, o cenário muda, com o Brasil sendo o líder, seguido pela Argentina e pelo Equador. Sobre as
modalidades de financiamento, e no que se refere a quantidade de projetos, é possível observar que o investimento público é
majoritário em todos os países, porém, quando se analisa o financiamento do ponto de vista do dinheiro investido, países como Chile
e Peru mostram que o investimento do setor privado pode ultrapassar o financiamento público, mesmo estando envolvido em menos
projetos. Também existe a questão das parcerias mistas, que se tornam mais visíveis nos dados do Brasil, onde esse tipo de
financiamento ocupa o segundo lugar em matéria de capital investido. É relevante também a diferença entre financiamento estimado
e investimento realizado. O eixo Mercosul-Chile é o que recebeu maior aporte em projetos já concluídos (foram 8,351 bilhões de
dólares dos 5,6169 bilhões previstos), seguido pelo Amazonas (6,429 bilhões de dólares dos 22,241 bilhões estimados) e Peru-Brasil-
Bolívia (5,980 bilhões de dólares dos 3,1432 bilhões estimados). O fim do ciclo das commodities e a mudança de signo político-
ideológico dos governos da região tornam bastante incertas a construção de cenários futuros para o Cosiplan, ameaçando a
continuidade do comprometimento prévio dos governos sul-americanos, e do Brasil em particular, no planejamento estratégico em
infraestrutura regional. Além disso, com o possível enfraquecimento das empresas brasileiras de construção civil, envolvidas nas
investigações da Lava-Jato, a participação do setor privado internacional pode aumentar sua influência na região.
Fonte: Atlas da política brasileira de defesa / Maria Regina Soares de Lima ... [et al.]; prefacio de Celso Amorim. - 1a ed. - Ciudad
Autónoma de Buenos Aires: CLACSO; Rio de Janeiro: Latitude Sul, 2017.
Libro digital, PDF
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Compreender o comportamento geopolítico brasileiro em matéria de defesa como potência regional em sua área de influência
imediata carece da compreensão teórica sobre o que seria a geopolítica e como esta foi constituída ao longo dos anos. A geopolítica
é conhecida como a ciência do Estado, a qual se manifesta no espaço, torna-se um instrumento da ação estatal como uma forma de
inteligência geográfica para o poder político. A geopolítica concebe modos de representação do espaço capazes de influenciar e criar
políticas estatais a fim de que este maximize seus objetivos como, a conquista de poder, garantia de sobrevivência, soberania e
autonomia. Portanto, é uma ciência capaz de criar ordens com relações de poder coercitivas ou consensuais, dependendo da
capacidade de cada ator. Ao longo dos anos a geopolítica foi se desenvolvendo e modificando, de acordo com as tecnologias criadas,
contextos em que está inserida e períodos históricos. Destarte, diferentes modelos geopolíticos foram apontados em distintos
momentos das relações interestatais.
O primeiro modelo é conhecido como modelo naturalista, pois considera apenas condições ambientais e a localização
geográfica como elementos poder na ordem mundial. Desta maneira, possui capacidades de atuação de liderança regional, visto que
têm suas virtudes naturais cimentadas em fatores geopolíticos mensuráveis, como a abundância de commodities, com destaque aos
minérios; sua extensão litorânea privilegiada de direto acesso à costa africana; e outros fatores, como número de habitantes. (...), o
país possuía condições de realizar barganhas em decorrência dos elementos acima listados, em uma lógica de soberania nacional.
Logo, os elementos naturais e energéticos e a posição geográfica, perante o modelo naturalista, colocam o Brasil em posição de
destaque no cenário internacional.
O segundo modelo geopolítico desenvolvido seria aquele proposto por
Mackinder (1904), marcado pelo determinismo geográfico. Segundo Mackinder
(1904), a superioridade geoestratégica encontra-se em um Estado ou região
pivô, o qual apresentaria um grande poder terrestre. A área pivô seria o heartland
mundial, e que quem controlasse a área, teria o poder sobre as dinâmicas
mundiais. Segundo a Figura I, a área pivô proposta por Mackinder (1904) seria
a região atualmente a Rússia.
A localização geográfica do Brasil está fora do cinturão da área pivô, logo,
para o autor não teria importância estratégica global. Contudo, com papel
subordinado aos Estados Unidos (EUA) teria o papel de fortalecer a potência
global.
O modelo político de Spykman (1944), por sua vez, afirma que o anel
continental – também conhecido como Rimland - ao redor da área pivô seria o
espaço chave. O autor afirma 6 que o poder central pertence a quem consegue
cercar o Heartland. Logo, segundo Braga (2011), este foi um dos princípios para a criação da Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN), visto que esta teria o poder de agir no anel continental e assim conter o poder da área pivô. A localização do Brasil,
segundo esse modelo geopolítico, novamente não seria estratégica para o controle global, portanto, apenas permeando as dinâmicas
centrais das relações internacionais.
O último modelo anterior à Guerra Fria, seria o modelo geopolítico proposto por Haushofer (1924). Segundo o autor a ordem
mundial ideal encontrar-se-ia dividida em quatro pan-regiões: a alemã, norte-americana, russa e a japonesa. Essas pan-regiões seriam
capazes de criar políticas de esquemas de integração norte-sul e assim controlar as dinâmicas globais. Deste modo, a América do
Sul estaria incluída na região Pan-Americana, centralizada na costa leste dos EUA, servindo como mercado consumidor e zona de
influência da potência central.
Os modelos geopolíticos desenvolvidos durante a Guerra Fria partem da estratégia de contenção entre as duas grandes
potências, em que cada ator buscava limites da influência oposta. Neste contexto, a região de localização brasileira, a América do Sul,
seria um cenário de enfrentamento entre as grandes potências, com maior ênfase dos EUA.
Além da geopolítica de contenção a Guerra Fria trouxe à pauta da agenda internacional a geopolítica da superioridade
geoestratégica da potência continental, e a geopolítica do poder naval. A primeira consiste na superioridade de capacidade estatal
perante a barganha internacional de quem possui armas nucleares. Neste ponto a América do Sul, e o Brasil, por não possuírem
armas de destruição em massa estariam a mercê das vontades políticas dos detentores da tecnologia.
A geopolítica do poder naval, por sua vez, desenvolvida por Mahan (1880) corresponde à análise do papel do mar, no controle
marítimo como elementos estratégicos para superioridade nas dinâmicas entre Estados. A localização brasileira, e a sua imensa costa
litorânea voltada para o Atlântico Sul permitiriam ao Estado o controle do mar do Sul. Contudo, novamente por não estar no centro
das dinâmicas entre as grandes potências, nas teorias geopolíticas centrais, a importância do Atlântico Sul não é ressaltada.
O pós-Guerra Fria ofertou à ciência geopolítica novas questões de análise, destacando-se: o modelo das civilizações de Samuel
Huntington (1993), o modelo da globalização proposto por Barnett (2003), e modelo do Soft-Power desenvolvido por Marklund (2015).
O primeiro consiste na emergência de conflitos não mais entre Estados, mas sim entre diferentes identidades culturais. Logo, a
América Latina seria uma das civilizações, uma região geopolítica da civilização ocidental (HUNTINGTON, 1993). O modelo da
globalização deriva da análise que os problemas internacionais surgiriam de Estados que resistiram à globalização, que estariam
desconectados com as dinâmicas globais. A América do Sul, neste ponto de vista, estaria na “brecha não integrada”, com problemas
reais como as questões internas da Colômbia e Venezuela, e a recusa brasileira e argentina de aceitar a Área Livre de Comercio das
Américas (ALCA).
Por fim, o modelo do Soft-Power seria aquele emergido com a novas tecnologias, baixo custo de transporte entre as regiões,
conexão global, uso da baixa política, do papel das ideias, da cultura, das instituições e do regionalismo na política intern acional.
Neste modelo o poder da coerção seria gradualmente substituído pelo poder da atração. O Brasil, devido a sua localização geográfica
e escolhas de política externa vem utilizando do soft-power como ferramenta de inserção internacional, entretanto sem possuir
tecnologias suficientes, e nem uma conexão global, a atuação brasileira estaria insuficiente.
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Documentos de defesa do Brasil e seu entorno estratégico
Estabelecidos os estudos teóricos sobre a geopolítica é preciso analisar como os documentos de defesa trabalham a questão
do seu entorno estratégico, a fim de responder como a geopolítica influência na definição da região de atuação imediata do Brasil. O
objetivo desta seção é, portanto, realizar uma comparação entre os Livros Brancos de Defesa Nacional (LBDN) de 2012 e a Minuta
de 2016, no que tange ao seu ambiente regional.
O entorno estratégico brasileiro é aquele em que o país possui ação imediata, e forte influência política, econômica e militar
perante os demais países da região. A estratégia da política externa brasileira e da defesa nacional visa obter maior peso na própria
região a fim de aumentar a sua inserção na esfera global.
Destarte, os documentos de defesa nacional – Estratégia Nacional de Defesa (END), Política Nacional de Defesa (PND) e o
Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN) – publicados em 2012 e em 2016 enfatizam a importância da atuação brasileira neste
contexto. Contudo, os contextos variam, os documentos de 2012 refletem as políticas adotadas durante o Governo Lula (2003-2010),
já as minutas de 2016 refletem as políticas do governo Rousseff (2011- 2016), as quais serão analisadas mais adiante.
A forma de atuação convergente nas duas datas condiz com
uma ação que deve trazer benefícios de desenvolvimento, paz e
estabilidade a fim de proporcionar um ambiente amistoso e
desenvolvido econômico e socialmente para que o Brasil atinja seus
objetivos, como por exemplo, ser uma potência regional. Além disso,
o ambiente regional, segundo o LBDN, deve proporcionar uma
multipolaridade cooperativa, ou seja, uma ordem multipolar, em que
todos os atores possuem voz e importância internacional, assim
como proporcionar a cooperação entre estes mesmos atores.
Logo, o Brasil vem criando em torno de seu território zonas de
influência, com um projeto de criar zonas de coprosperidade regional.
Essas zonas seriam pautadas pela paz e estabilidade, crescente
influência econômica brasileira – tanto marítima quanto terrestre –
além da influência política perante os Estados pertencentes ao
entorno.
Contudo, apesar dessa convergência, as datas de lançamento
dos documentos refletem momentos diferentes da política externa
brasileira e da defesa nacional, gerando diferenças consideráveis na
definição do entorno estratégico, as quais precisam ser analisadas,
conforme a Tabela I.
A partir da observação da Tabela I, percebe-se que o entorno estratégico em 2012 era considerado apenas áreas muito
próximas ao Estado brasileiro, como pode ser verificado na Figura II. A América do Sul, a Costa Ocidental e o Atlântico Sul pertencem
ao entorno nas duas publicações, pois são áreas limítrofes ao território brasileiro, no qual este possui interesse imediato de paz e
estabilidade regional para a promoção do seu próprio desenvolvimento.
Contudo, na Minuta de 2016 o entorno foi ampliado também para o continente antártico, uma área mais longínqua e de difícil
acesso às tropas brasileiras. Um reflexo dessa transformação é a ênfase dada nos documentos de 2016 aos projetos desenvolvidos
no Continente Antártico, os quais não apareciam nos documentos de defesa de 2012. Como, por exemplo, são mencionados: 1) O
“Sistema do Tratado da Antártida”, criado em 1959, como justificativa à importância adquirida pelo continente; e 2) Estação Antártica
Comandante Ferraz (EACF) e órgãos envolvidos no Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) coordenado pela Marinha, Ministério
da Ciência e Tecnologia e Inovação e Ministério das Relações Exteriores, com apoio da Força Aérea Brasileira (BRASIL, 2016).
Com relação as áreas de interesse do Brasil, constata-se uma mudança significativa ao trocar o Mar do Caribe pela América
do Norte e a Europa na Minuta de 2016. Essa transformação implica em um diferente foco da política de defesa e da política externa
brasileira. Ou seja, ao invés de dar preferência às questões
caribenhas e latinas, o Brasil trabalharia mais com os nórdicos.
Além do mais, na publicação do ano de 2012 não existiam
áreas que demandavam maior atenção por parte do governo
brasileiro, já no LBDN de 2016 a América Central e o Mar do
Caribe encontram-se classificados como áreas que o Brasil
deve maior atenção devido às instabilidades e ameaças ali
presentes. Isso demonstra que a América Latina ainda se
encontra sob disputas militarizadas, e que há possibilidade de
emprego de força militar caso a soberania e os interesses
estatais sejam afetados, sendo uma região que ainda vivencia
uma “paz violenta”.
A definição do entorno estratégico nos documentos de
defesa implica em específicas políticas de defesa para cada
região ou contexto. Logo, se há mudança no entorno, há
também a transformação de políticas. A primeira mudança
política expressa no LBDN seria o já mencionado interesse no
Continente Antártico e os projetos militares desenvolvidos na
região.
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Uma segunda mudança da política de defesa perceptíveis na comparação dos documentos de 2012 e 2016 e que refletem a definição
do entorno estratégico é a questão da União de Nações Sul-Americana (UNASUL) e da Organização dos Estados Americanos (OEA). Nos
documentos de defesa de 2012 o enfoque na UNASUL e no Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS) como órgão de resolução de
controvérsias, de diálogo político, de cooperação em defesa era evidente, tanto que se pensava na criação de uma identidade sul-americana.
Já na Minuta de 2016 há maior ênfase na OEA como fórum multilateral de resolução de disputas, de cooperação em defesa (através da Junta
Interamericana de Defesa), de diálogo político; e não menciona a possibilidade criação de uma identidade sul-americana (BRASIL, 2012,
2016).
Essa transformação condiz com a abrangência da América do Norte como área de interesse, conforme apresentado na Tabela I. Além
disso são representações das práticas da política externa brasileira durante o Governo Rousseff, as quais não se voltaram tanto para a
América do Sul como foi no governo Lula, visto que durante o primeiro governo o continente sul-americano era uma prioridade da política
externa.
Por fim, uma terceira mudança na política de defesa mencionada nas Minutas de 2016 e que não contam nos documentos de 2012 é
a importância da Zona e Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS). O Atlântico Sul nos dois documentos fez parte do entorno estratégico,
porém em 2016 obteve maior ênfase através da ZOPACAS como fórum para o tratamento de temas relativos à segurança do Atlântico Sul,
desenvolvimento em bases sustentáveis, medidas contra pirataria marítima, assim como proteção ambiental (BRASIL, 2016).
Foi definido nesta seção, portanto, o entorno estratégico brasileiro a partir dos documentos de defesa de 2012 e de 2016, suas
mudanças e, também, as transformações políticas que constam nos documentos que refletiram a definição deste entorno. A próxima
seção buscará analisar como a geopolítica influência na determinação do entorno brasileiro para as questões de defesa nacional.
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22. A EXPANSÃO DAS PANDEMIAS E OS IMPACTOS NA ECONOMIA MUNDIAL
22.1 - Introdução e definições
Ao longo do século XX, graças aos avanços tecnológicos e ao crescente interesse econômico, a humanidade e a circulação
de mercadorias conquistaram imensa capacidade de locomoção quanto aos quesitos abrangência e velocidade.
Nas últimas décadas do século XX e o atual, a humanidade tem presenciado a ocorrência de novas doenças com níveis
diferentes de contaminação da população, inclusive pandemias. Mas, doenças com grande alcance em contaminação não estão
restritas a contemporaneidade.
Definição de pandemia - segundo o dicionário Michaelis, versão eletrônica, é uma doença epidêmica de ampla disseminação.
Os termos epidemia e endemia são dos mais antigos na medicina e sua distinção não pode ser feita com base apenas na maior
ou menor incidência de determinada enfermidade em uma população. Se para epidemia a principal característica se constitui no
elevado número de casos novos e sua rápida difusão, para endemia, que vem do grego clássico e significa “originário de um país,
referente a um país”, não basta somente o critério quantitativo, o que define o caráter endêmico de uma doença é o fato de ser a
mesma peculiar a um povo, país ou região.
Já a pandemia, palavra de origem grega, foi usada pela primeira vez por Platão com um sentido genérico, referindo-se a
qualquer acontecimento capaz de alcançar toda a população, e o seu conceito moderno é o de uma epidemia de grandes proporções,
que se espalha a vários países, em mais de dois continentes, aproximadamente ao mesmo tempo, como foi a Gripe Espanhola, a
Influenza H1N1 e, a mais recente, do COVID-19.
A maior mobilidade e o número de viagens realizado em todo o planeta são a principal causa pela qual uma pandemia
pode ser desencadeada.
Para a OMS, a definição de epidemia corresponde à propagação de uma nova doença em um grande número de indivíduos,
sem imunização adequada para tal, em uma região específica. Já pandemia diz respeito a uma doença que se alastrou em escala
mundial, em mais de dois continentes.
Segundo a especialista em doenças infecciosas da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, Rosalind Eggo, “uma
infecção endêmica está presente em uma área permanentemente, o tempo todo, durante anos”, como a varicela e a malária; epidemia
“é o aumento nos casos, seguido por um pico e depois diminuição” e pandemia “é a epidemia que ocorre ao redor do mundo
aproximadamente ao mesmo tempo”.
Então, podemos definir uma condição como epidêmica ou endêmica, ou, depois, até mesmo pandêmica, estabelecendo quais
seriam os possíveis níveis habituais de ocorrência de uma doença ou condição de saúde na população de uma determinada área,
naquele período de tempo, realizando um levantamento de número de casos novos, no caso a incidência, do agravo em um período
de tempo não epidêmico, como, por exemplo, no Brasil, o aumento de casos de dengue no período chuvoso do ano é comum, mas
em alguns locais ocorre aumento excessivo de casos, resultando, assim, em uma situação epidêmica e como foi o caso, em 2003, da
epidemia do SARS, outro coronavírus vindo também da Ásia, que se propagou pelo mundo, mas não foi considerado pandêmico,
alegado, pela OMS, que o vírus havia sido contido rapidamente e que a maior parte dos casos ficou concentrada em alguns países.
Alguns fatores determinantes e condicionantes podem ser: diversas situações econômicas como a miséria, a falta de
saneamento básico e água tratada; culturais, com hábitos alimentares de risco como ingestão de peixe cru ou ostras e
alimentos exóticos; ecológicas como a poluição atmosférica e as condições climáticas; psicossociais, incluindo estresse e
o uso de drogas; e biológicos com as mutações de um agente infeccioso, transmissibilidade do agente e indivíduos
suscetíveis às infecções.
Esses determinantes podem variar de acordo com as características dos agentes etiológicos e estão intimamente relacionados
à sua forma de transmissão. As doenças infecciosas podem ser transmitidas por contato direto (secreções respiratórias, fecal-oral,
sexual) ou contato indireto (vetor, ambiente, objetos e alimentos contaminados).
Nos dias atuais, a globalização constitui outro importante determinante, resultado de um intenso fluxo de pessoas e
alimentos por todo o mundo. A rapidez de deslocamento das pessoas proporcionada pela facilidade de acesso ao transporte
aéreo permite que agentes causadores de epidemias sejam transmitidos rapidamente para pessoas de várias regiões do
planeta em um curto espaço de tempo, como, por exemplo, o Influenza H1N1, que causou, em 2009, uma pandemia em menos
de seis meses, e, atualmente, o COVID-19, em menos de três meses.
Para o enfrentamento de situações endêmicas e epidêmicas é necessário um planejamento a nível local, quando
pandêmica visa-se a nível global, destacando-se vigilância do território, organização assistencial, articulação intersetorial e
o trabalho em conjunto com a equipe de controle de zoonoses (para doenças de transmissão vetorial) e o primeiro passo é
a adequação dos protocolos à realidade local.
Em relação ao novo Coronavírus e à mudança de classificação pela OMS, no dia 11 mar 2020, não se deve à gravidade
da doença, e sim à disseminação geográfica rápida que o vírus tem apresentado. “A OMS tem tratado da disseminação em uma
escala de tempo muito curta”, afirmou Tedros Adhanom, diretor geral da OMS, quando declarou a mudança de estado da
contaminação à pandemia.
Desde dezembro de 2019, quando a China informou à OMS sobre o vírus desconhecido que estava se espalhando pelo país,
a transmissão já se alastrou por mais de 160 países, com mais de 1 milhão de casos e quase 500 mil mortes.
Em meio a essa atual pandemia, pode-se fazer uma comparação com os primeiros casos de AIDS, que foram descritos em
junho de 1981 e foram necessários mais de dois anos para identificar o vírus causador e, desde os primeiros casos do coronavírus
que foram relatados na China em 31 de dezembro de 2019, no dia 7 de janeiro o vírus já havia sido identificado e seu genoma já
estava disponível no dia 10 do mesmo mês.
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22.2 - Evolução através de epidemias
Responsáveis pelo extermínio de significativa parcela da Humanidade, grandes epidemias teriam como agente - no surgimento
e na proliferação - sua maior vítima: o ser humano. Do sarampo ao ebola que ainda hoje faz vítimas na África Ocidental, passando
por peste negra, gripe espanhola e cólera, todas as graves doenças que varreram países e continentes começaram e se expandiram
por eventos associados à ação humana, como migrações internacionais, domesticação de animais e exploração da natureza. A tese
é do infectologista Stefan Cunha Ujvari, autor dos livros “A história e suas epidemias”, “Pandemias” e, mais recentemente, “A história
do século XX pelas descobertas da medicina”, lançado pela Editora Contexto.
O homem sempre esteve por trás, criando alguma condição que favoreceria o aparecimento e alastramento das epidemias.
Essas epidemias aconteceriam de qualquer maneira, mas suas intensidades foram favorecidas pela interferência do homem - defende
Ujvari.
O argumento do infectologista é amparado por uma revisão em doenças que atingiram povos ao longo de dezenove séculos.
No século II, a expansão do Império Romano teve como consequência a chegada do vírus do sarampo à Europa.
A intensificação das trocas comerciais e incursões ao Oriente Médio teriam levado a doença da Ásia para o Egito e, dali, para
a Península Itálica. Cerca de um quarto da população local morreu vitimada pela enfermidade. A varíola seguiu caminho parecido, no
mesmo século.
Essas foram as primeiras grandes epidemias, causadas pela introdução de vírus em populações que não tinham contato
anterior com eles, a partir da extensão de fronteiras e entrada em novos territórios. O homem começava a globalizar as doenças
infecciosas - comenta Ujvari.
AIDS
A história da aids pôde ser revivida pelas alterações genéticas do seu vírus. A semelhança do seu material genético com o do
SIV dos chimpanzés de Camarões e Gabão denunciou esses primatas como fornecedores da doença ao homem. São vírus com
parentesco muito próximo. Da mesma maneira encontramos os macacos da Guiné-Bissau como fornecedores da aids pelo MV tipo 2.
O vírus da aids disseminou-se na população mundial. As mutações acumularam-se a cada multiplicação e permaneceram em cada
indivíduo recém-infectado. Comparamos essas mutações na população e calculamos a frequência com que ocorrem. Programas de
computador fazem um cálculo retrospectivo. É possível, assim, desfazer as mutações de maneira retrógrada para chegar à primeira
forma viral mais semelhante ao vírus dos chimpanzés. Dessa forma estimamos a data provável dos primeiros casos humanos ao redor
da década de 1930. Seria a data em que o vírus se transferiu dos chimpanzés ao homem.
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22.2 - Coronavírus humanos infectam pessoas em todo o mundo ao longo da vida
Os coronavírus são uma grande família viral que causam infecções respiratórias em seres humanos e em animais. A primeira
vez que esse agente infeccioso foi identificado em humanos e isolado foi em 1937. Porém, só foi descrito como coronavírus em 1965,
quando a análise de perfil na microscopia revelou essa aparência. Os tipos mais regulares que infectam humanos são o Alpha
coronavírus 229E e NL63, o Beta coronavírus OC43 e o HKU1. Temos ainda o SARS-CoV, o MERS-CoV e agora o SARS-CoV-2 (o
novo coronavírus que causa a doença COVID-19). Pessoas em todo o mundo geralmente são infectadas ao longo da vida com
coronavírus humanos e, às vezes, os coronavírus que infectam animais podem evoluir e tornar as pessoas doentes e se tornar um
novo coronavírus humano. Três exemplos recentes disso são 2019-nCoV, SARS-CoV e MERS-CoV.
Das sete variedades conhecidas, quatro já foram identificadas no Brasil. O médico veterinário Paulo Eduardo Brandão, do
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de São Paulo,
explica que previamente ao encontro de Sars-CoV-2 neste ano no Brasil, já havia aqui a presença dos coronavírus exclusivamente
humanos OC-43, 229E, NL63 e HKU1, todos com tropismo por trato respiratório e agentes etiológicos de processos respiratórios de
menor severidade quando comparados a COVID-19.
De acordo com o Dr. Brandão, considerando os coronavírus que infectam humanos, no Brasil, só não foram encontrados o
MERS-CoV, envolvido na Middle East respiratory syndrome (MERS), e o Sars-CoV-1, da Severe accute respiratory syndrome (SARS).
“A infecção por MERS-CoV e Sars-CoV-1 são mais agressivas e perigosas, se considerarmos as letalidades de aproximadamente 35
e 10%, respectivamente”, destaca. O SARS-CoV se disseminou rapidamente para mais de doze países na América do Norte, América
do Sul, Europa e Ásia, infectando mais de 8 mil pessoas e causou cerca de 800 mortes, antes da epidemia global de SARS ser
controlada em 2003. Em 2012, foi isolado outro novo coronavírus, distinto daquele que causou a SARS no começo da década passada.
Esse novo coronavírus era desconhecido como agente de doença humana até sua identificação, inicialmente na Arábia Saudita e,
posteriormente, em outros países do Oriente Médio, na Europa e na África. Todos os casos identificados fora da Península Arábica
tinham histórico de viagem ou contato recente com viajantes procedentes de países do Oriente Médio – Arábia Saudita, Catar,
Emirados Árabes e Jordânia. Pela localização dos casos, a doença passou a ser designada como síndrome respiratória do Oriente
Médio, e o novo vírus nomeado coronavírus associado à MERS (MERS-CoV).
Um mundo menor?
A crença de que haverá um "boom" econômico pós-coronavírus é compartilhada por muitos, embora ninguém saiba dizer
quando e a que custo.
Mas há também uma corrente com uma visão mais sombria sobre como a ordem econômica mundial se poderá reconfigurar
depois de a crise passar.
Antes de o novo coronavírus assolar o mundo, situações como a guerra comercial EUA-China ou um 'Brexit' sem acordo eram
vistas como graves ameaças à economia mundial. Há a possibilidade de, se a crise atual passar, os governantes se afastarem de
estratégias arriscadas.
"Pode ser uma estratégia plausível dizer que precisamos de garantir que não vamos ter essas enormes cadeias de
abastecimento espalhadas pelo mundo, que precisaremos de fazer as coisas em casa", diz. "E isso é algo que interessaria à narrativa
de Trump [Donald Trump, Presidente dos EUA] e do Brexit."
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Essas medidas não poderiam estar mais longe das respostas em
relação ao surto viral mais mortal dos tempos modernos, a pandemia de
influenza espanhola de 1918-19 (ver gráfico ao lado). Essa pandemia, que
custou 675.000 vidas nos EUA e pelo menos 50 milhões em todo o mundo,
ocorreu no contexto da Primeira Guerra Mundial. Esse fato, por si só, impede
qualquer comparação significativa em relação aos efeitos da pandemia do
COVID-19 só nos EUA ou na economia global.
Em 1918, ano em que as mortes por influenza atingiram o auge nos
EUA, os prejuízos nos negócios atingiram menos da metade do nível anterior à
guerra e foram ainda mais baixos em 1919 (ver gráfico). Impulsionado pelo
esforço de produção em tempo de guerra, o PIB real dos EUA aumentou 9%
em 1918 e cerca de 1% no ano seguinte, mesmo com os estragos causado pela
gripe.
Com o COVID-19, por outro lado, a enorme incerteza em torno da
possível propagação da doença (nos EUA e no mundo) e a duração da
quase paralisação econômica necessária para combater o vírus tornam as
previsões um pouco diferentes das estimativas. Mas, dada a escala e o
escopo do choque do coronavírus, que está simultaneamente prejudicando
a demanda agregada e interrompendo a oferta, é provável que os efeitos
iniciais na economia real superem os da crise financeira global de 2007-09.
Embora a crise do coronavírus não tenha começado como crise
financeira, ela pode se transformar em uma de austeridade sistêmica. Pelo
menos até que a atividade econômica reduzida resulte em perda de empregos, os balanços das famílias dos EUA não parecem
problemáticos, pois estavam no período que antecedeu a CFG (Crise Financeira Global). Além disso, os bancos estão muito mais
fortemente capitalizados do que em 2008.
Os balanços corporativos, no entanto, parecem muito menos saudáveis. Como observei há mais de um ano, as obrigações de
empréstimos garantidos, CLOs (Collateralized Loan Obligation), cuja emissão se expandiu rapidamente nos últimos anos,
compartilham muitas semelhanças com os notórios títulos subprime lastreados em hipotecas que alimentaram a CFG.
A busca por rendimento em um ambiente de baixa taxa de juros alimentou ondas de empréstimos de qualidade inferior - não
apenas nas CLOs. Não surpreende, portanto, que a recente queda do mercado de ações tenha exposto altos índices de alavancagem
e maiores riscos de inadimplência.
Como se o choque do coronavírus não fosse suficiente, a guerra do petróleo entre a Arábia Saudita e a Rússia quase reduziu
pela metade os preços do petróleo, piorando a situação do setor de energia dos EUA. Com grande parte da produção atingida por
interrupções nas cadeias de suprimentos e amplos segmentos do setor de serviços mais ou menos paralisados, as inadimplências e
falências corporativas entre pequenas e médias empresas devem aumentar, apesar dos estímulos fiscais e monetários.
Além disso, à medida que a crise do coronavírus em 2020 se desenrola, as semelhanças entre títulos corporativos de alto
rendimento e títulos soberanos de países em desenvolvimento parecem estar se acentuando.
Enquanto a crise financeira e da dívida dos anos 80 afetou os mercados emergentes, a CFG foi uma crise financeira (e em
alguns casos também uma crise da dívida) nas economias avançadas. O crescimento médio anual do PIB da China acima de 10%
em 2003-2013 elevou os preços globais das commodities, impulsionando os mercados emergentes e a economia global. E,
diferentemente das economias avançadas após a CFG, os mercados emergentes tiveram recuperações econômicas em formato de V.
Nos últimos cinco anos, no entanto, os balanços dos mercados emergentes (tanto públicos quanto privados) deterioraram-se
e o crescimento diminuiu significativamente. No entanto, o recente e importante corte nas taxas de juros do Federal Reserve dos EUA
e outras medidas em resposta à pandemia também devem facilitar as condições financeiras globais para os mercados
emergentes. Mas outras coisas estão longe de serem iguais.
Para começar, a clássica corrida ao Tesouro dos EUA em tempos de estresse global e o aumento no índice de volatilidade
VIX⁽¹⁾ revelam um forte aumento na aversão ao risco entre os investidores. Essas ocorrências geralmente coexistem com o aumento nos
spreads das taxas de juros de risco e reversões abruptas dos fluxos financeiros à medida que os capitais fogem dos mercados emergentes.
Além disso, a queda nos preços do petróleo e das commodities reduz o valor de muitas exportações dos mercados emergentes e,
portanto, afeta o acesso desses países ao dólar. No caso mais extremo (mas não único) do Equador, por exemplo, esses riscos se traduziram
em um spread soberano que se aproximava de 40 pontos percentuais.
Por fim, o crescimento econômico da China foi um importante impulsionador de seus significativos empréstimos para mais de 100
países em desenvolvimento de renda baixa a média na última década, como mostrei em recente artigo juntamente com Sebastian Horn
e Christoph Trebesch. A grande quantidade de fracos dados econômicos chineses para o início de 2020 aumenta a probabilidade de
empréstimos externos substancialmente reduzidos.
Desde a década de 1930, as economias avançadas e emergentes passaram por uma combinação de colapso no comércio global,
preços globais de commodities deprimidos e uma desaceleração econômica sincrônica. É verdade que as origens do choque atual são muito
diferentes, assim como a resposta das políticas. Mas as políticas de bloqueio e distanciamento que estão salvando vidas também carregam
um custo econômico enorme. Uma emergência de saúde pode evoluir para uma crise financeira. Claramente, este é o momento de fazer “tudo
o que for preciso” em termos ‘fora da caixa’ para políticas fiscais e monetárias em grande escala.
⁽¹⁾ VIX é o símbolo e o nome popular do CBOE Volatility Index da Chicago Board Options Exchange, medida da expectativa de volatilidade do
mercado de ações com base nas opções do índice S&P 500. Ele é calculado e divulgado em tempo real pelo CBOE e é freque ntemente
chamado de índice de medo ou medidor de medo.
Carmen Reinhart - Professora do Sistema Financeiro Internacional da Kennedy School of Government, da Universidade de
Harvard.
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22.6 - Limitando as consequências econômicas do coronavírus com políticas amplas e direcionadas
Gita Gopinath - 12 mar 2020
Esta crise de saúde terá consequências econômicas significativas, refletindo choques na oferta e na demanda diferentes dos
ocorridos em crises anteriores. São necessárias políticas substanciais e direcionadas para apoiar a atividade econômica durante essa
epidemia, mantendo intacta a rede de relações econômicas e financeiras entre trabalhadores e empresas, credores e devedores, e
fornecedores e usuários finais para que a atividade se recupere tão logo o surto termine. O objetivo é evitar que uma crise temporária
cause danos permanentes às pessoas e às empresas em decorrência da perda de emprego e de falências.
Os custos humanos do surto do coronavírus COVID-19 aumentaram a um ritmo alarmante e a doença está se alastrando a
mais países.
Obviamente, a prioridade máxima é preservar tanto quanto possível a saúde e a segurança das pessoas. Os países podem
ajudar se gastarem mais para reforçar seus sistemas de saúde – investindo em equipamentos de proteção pessoal, triagem, testes
diagnósticos e mais leitos hospitalares.
Na falta de uma vacina para conter o vírus, os países vêm tomando medidas para limitar sua propagação, como restrições de
viagens, fechamento temporário de escolas e quarentenas. Assim, ganha-se também um tempo valioso para evitar uma sobrecarga
dos sistemas de saúde.
As consequências econômicas
Considerando que as consequências econômicas refletem choques particularmente agudos em setores específicos, as
autoridades precisarão implementar medidas direcionadas e substanciais nos âmbitos fiscal, monetário e financeiro, para ajudar as
famílias e empresas afetadas.
As famílias e as empresas atingidas por perturbações da oferta e por uma queda da demanda poderiam ser apoiadas por meio
de transferências monetárias, subsídios salariais e desonerações fiscais focalizadas, o que ajudaria as pessoas a suprir suas
necessidades e daria uma sobrevida às empresas. Por exemplo, entre outras medidas, a Itália ampliou os prazos para o pagamento
de impostos pelas empresas nas áreas afetadas e aumentou o fundo de complementação salarial para apoiar a renda dos
trabalhadores despedidos; a Coreia instituiu subsídios salariais para pequenos comerciantes e elevou os subsídios para quem está
procurando emprego e quem precisa ficar em casa para cuidar de um familiar; e a China suspendeu temporariamente o pagamento
de contribuições para a seguridade social pelas empresas. No caso dos trabalhadores demitidos, o seguro-desemprego poderia ser
reforçado temporariamente, seja ao prolongar sua duração, elevar os subsídios ou flexibilizar os critérios de habilitação. Caso a
licença-médica e a licença-família remuneradas não façam parte dos benefícios básicos, os governos deveriam estudar a possibilidade
de custeá-las para que os trabalhadores doentes ou seus cuidadores fiquem em casa sem medo de perder o emprego durante a
epidemia.
Os bancos centrais devem estar preparados para oferecer ampla liquidez aos bancos e às instituições financeiras não
bancárias, sobretudo às que emprestam para as pequenas e médias empresas, que talvez estejam menos preparadas para resistir a
uma forte perturbação. Os governos poderiam oferecer garantias de crédito temporárias e direcionadas para suprir as necessidades
de liquidez de curto prazo dessas empresas. A Coreia, por exemplo, ampliou o crédito para operações comerciais e as garantias de
empréstimos para as pequenas e médias empresas afetadas. Os órgãos de regulação e supervisão do mercado financeiro também
poderiam incentivar o alongamento dos prazos de vencimento dos empréstimos, em caráter temporário e por um período definido.
Um estímulo monetário mais amplo, como cortes nos juros de referência ou a compra de ativos, pode reforçar a confiança e
apoiar os mercados financeiros caso haja um risco acentuado de forte aperto nas condições financeiras (e as medidas tomadas por
grandes bancos centrais também teriam repercussões positivas para os países vulneráveis). Um estímulo fiscal de base ampla,
compatível com o espaço disponível no orçamento, pode ajudar a levantar a demanda agregada, mas muito provavelmente seria mais
eficaz quando as operações das empresas começassem a se normalizar.
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Considerando o amplo alcance da epidemia em muitos países, as extensas interligações econômicas transfronteiriças e os
profundos efeitos em termos de confiança que afetam a atividade econômica e os mercados financeiros e de commodities, há uma
justificativa clara para uma resposta internacional coordenada. A comunidade internacional deve ajudar os países com capacidade
limitada na área da saúde a evitar um desastre humanitário. O FMI está preparado para apoiar os países vulneráveis por meio de
diversos instrumentos de crédito, entre eles o financiamento de emergência com desembolsos rápidos, que poderia chegar a US$ 50
bilhões para os países de baixa renda e de mercados emergentes.
Gita Gopinath - Conselheira Econômica e Diretora do Departamento de Estudos do Fundo Monetário Internacional (FMI). É professora
da cátedra John Zwaanstra de Estudos Internacionais e Economia do Departamento de Economia da Universidade de Harvard, de
onde está licenciada. Nasceu na Índia. É cidadã norte-americana e cidadã ultramarina da Índia. Doutorou-se em Economia pela
Universidade de Princeton em 2001, tendo concluído o ensino universitário básico no Lady Shri Ram College e obtido mestrados pela
Faculdade de Economia de Délhi e pela Universidade de Washington.
Tecnologia e trabalho
O início da crise econômica ocasionada pela pandemia do coronavírus revelou fraquezas importantes das pequenas e médias
empresas. Há ainda, atividades que não conseguiram retornar a rotina normal. Questões relevantes sobre este tema foram
apresentadas:
1. As empresas estão aptas a essa transição repentina?
2. Como se preparar psicologicamente quando o trabalho remoto não faz parte de suas experiências?
3. Como essas mudanças afetarão a produtividade?
4. Se as políticas de distanciamento social continuarem por um tempo, como medir os ganhos e como reinventar ou revisar o trabalho?
O teletrabalho (trabalho a distância) ou home office, utiliza tecnologia da informação e comunicação (TIC's) como meio, evitando
o deslocamento do empregado que normalmente seria ao seu posto de trabalho, na empresa. É uma forma nova de prestação de
trabalho, à distância, descentrada e flexível. Para ser considerado teletrabalho deve ser à distância, não presencial, com flexibilidade
no horário, usando os equipamentos telemáticos. No teletrabalho, o computador tem uma função essencial para exercer o trabalho.
Sem utilizar os utensílios de informação e comunicação, não há como exercer teletrabalho. Pode ser executado em diversos locais,
basta o trabalhador dispor de TIC's. Nessa forma de trabalho, o empregado usa para realização das atividades, os equipamentos
informáticos eletrônicos com conexão à internet.
As TIC's são instrumentos de telecomunicações que processam, produzem, recuperam e transmitem informações. As mais
conhecidas e utilizadas são celulares e computadores que podem democratizar o acesso à informação, ajudando na criação e
propagação de conteúdos, auxiliando na construção do conhecimento.
O Covid-19 proporciona novas alternativas de teletrabalho. A prestação de trabalho na forma de teletrabalho precisa estar
apresentada no contrato individual de trabalho que vai especificar as tarefas que serão feitas pelo empregado. O empregador pode
mudar a forma de trabalho presencial para o teletrabalho, trabalho remoto ou qualquer outra maneira de exercer serviço à distância,
e após isso, pode designar a volta ao regime presencial.
Entretanto, isso pode ter pontos negativos, por exemplo, em um sistema de teleconsultas podem existir problemas e riscos em
relação à tecnologia. O médico pode reparar que os dados informados pelo paciente pela videoconferência sejam insuficientes para
uma análise mais precisa. Isso pode acontecer pela insuficiência da plataforma que foi utilizada durante a consulta, uma imagem com
baixa resolução ou talvez o paciente necessite de exames presenciais.
Há autores defendendo que o teletrabalho na pandemia pode causar efeitos psicológicos, como medo, sofrimento, estresse,
dentre outros. Para minimizar os feitos negativos que podem convergir na saúde mental e física do trabalhador, pode-se aderir a
estratégias de apoio pela empresa e pelos seus gestores.
O teletrabalho ou home office vem sendo a principal alternativa para manter empregos seja na indústria, comércio e na
prestação de serviços (como educação, por exemplo). A pandemia provocada pelo coronavírus tornou necessária também mudanças
e adaptações na legislação trabalhista, com isso, foram alteradas as relações entre Estado, empregadores e trabalhadores.
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A Covid-19 demonstrou que é imprescindível que as sociedades não renunciem aos sistemas públicos e seguridade social.
Mostrou também que a legislação trabalhista é essencial para dar proteção aos empregados. Além disso, deixou explícito que o
mercado não consegue substituir, com eficiência, o Estado na provisão do bem-estar social. Essa pandemia está afetando a estrutura
econômica e social, impactando de forma negativa a qualidade de vida dos cidadãos. Diante disso, a função do Estado é essencial.
Na questão do que sucederá os empreendedores e às pequenas empresas, considerando o cenário está se formando,
especialmente no Brasil, é difícil estipular como será o futuro. Inicialmente, não há prazo para a retomada de econômica tendo em
vista que isso só vai ocorrer após o controle da doença.
Com essa pandemia pode-se tirar lições importantes, como, dar valor às relações interpessoais (percebendo a importância de
parcerias sólidas e efetivas). Também mostra que o respeito ao próximo dispõe equilíbrio social, financeiro, de aprendizagem e
sobrevivência, além dessa situação de quarentena (isolamento social) proporcionar oportunidades para o empreendedorismo. E faz-
se necessário equilíbrio emocional, além de resiliência, para enfrentar a pandemia e refletir.
Pfizer
No começo de 2020, o casal de médicos Ugur Sahin e Özlem Türeci, fundadores do laboratório alemão BioNTech, pararam
suas pesquisas de tratamento contra o câncer e focaram numa vacina contra o novo coronavírus à base de uma nova tecnologia, o
RNA mensageiro. Com a pandemia instalada, a aposta do casal se mostrou certeira e logo a Pfizer, gigante farmacêutica americana,
entrou como colaboradora. Os resultados de eficácia em torno de 95% valorizaram as ações da BioNTech e, da noite para o dia, Ugur
Sahin, que possui 18% dos papéis da empresa, se transformou num dos 100 mais ricos da Alemanha. Dos US$ 3,1 bilhões (cerca de
R$ 16,7 bilhões) estimados para a produção da BNT162, 84% são de recursos privados, incluindo US$ 1,5 bilhão (R$ 7,5 bilhões)
desembolsado pela própria Pfizer. O laboratório recusou ajuda direta do governo americano, mas aceitou o compromisso de compra
de 100 milhões de doses pela quantia de US$ 1,95 bilhão (R$ 10,3 bilhões). Já a BioNTech recebeu uma contribuição de US$ 445
milhões (R$ 2,3 bilhões) do governo alemão. Foi a primeira vacina contra covid-19 a ser usada no mundo —a primeira dose foi aplicada
dia 8 de dezembro, no Reino Unido.
Oxford/AstraZeneca
A vacina Oxford/AstraZeneca (o nome formal é AZD1222) nasceu dentro dos laboratórios da Universidade Oxford, no Reino
Unido. Quando os pesquisadores perceberam que tinham um projeto viável na mão, a universidade se juntou à farmacêutica inglesa
AstraZeneca. Das principais vacinas em uso no mundo atualmente, a Oxford/AstraZeneca foi a que mais angariou investimentos: US$
12 bilhões (R$ 63 bilhões). Desses, três quartos são privados, incluindo recursos próprios, de grupos de capital de risco e de parcerias
ao redor do planeta - incluindo a Fiocruz, que passou a fabricar a vacina no Brasil. O governo dos Estados Unidos desembolsou US$
1,2 bilhão (R$ 6,3 bilhões) para a compra de 300 milhões de doses. Segundo a ONG Contas Abertas, o Brasil teria pago cerca de R$
1 bilhão (US$ 185 milhões) para o ingrediente da vacina, o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA). Para garantir ainda mais escala na
produção e distribuição do produto, a AstraZeneca fechou também parceria com o Instituto Serum da Índia, maior fabricante de vacinas
do mundo, que produziu 1 bilhão de doses. De lá partiu o primeiro lote de 2 milhões de doses vacina Oxford/AstraZeneca para o Brasil.
Por se tratar de uma das opções mais baratas e de fácil logística (é conservada em geladeira comum), a vacina inglesa é a mais
usada na pandemia.
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Moderna
A vacina da farmacêutica americana Moderna foi desenvolvida em conjunto com pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde
do governo dos EUA. Tanto que ela é quase que totalmente financiada por Washington, que forneceu quase US$ 1 bilhão (R$ 5,3
bilhões) para a pesquisas, testes clínicos e fabricação. Atualmente, o produto da Moderna é o terceiro mais adotado.
CoronaVac
A vacina foi desenvolvida por uma empresa privada - ao menos no papel, a Sinovac Biotech, fornecedora mundial de vacinas
contra influenza, hepatites A e B, caxumba e H1N1.
Em maio do 2020, a Sinovac anunciou aporte de US$ 15 milhões (R$ 79 milhões) de dois fundos de capital e, no final do ano,
outros US$ 500 milhões (R$ 2,6 bilhões) de outro conglomerado farmacêutico chinês, a Sino Biopharmaceutical, para expansão da
capacidade de fabricação da vacina. Além da parceria de produção com o Instituto Butantan, a Sinovac firmou outro semelhante em
agosto de 2020, com a farmacêutica PT Bio Farma, da Indonésia.
Sputnik V
O desenvolvimento da vacina russa Sputnik V foi marcado por mais cautela do que otimismo na comunidade científica, em
razão da falta de informações sobre os testes clínicos e decisões precipitadas do governo russo - ela foi aprovada no país de origem
ainda em agosto, antes da conclusão dos estudos de desenvolvimento do imunizante. Ao final, o imunizante criado pelos
pesquisadores do Centro Gamaleya, com apoio do FRID (Fundo Russo de Investimentos Diretos), fundo soberano do país,
surpreendeu com uma eficácia de 91,6%. O FRID também firmou parcerias para produção da Sputnik V em outros
países, como o Brasil - com a farmacêutica União Química, a princípio -, Índia, China e Coreia do Sul.
Os principais mercados da Sputnik são países de economias de baixa e média renda na Ásia, África e América Latina. Mais
de 20 países possuem encomendas da vacina. Ela foi adotada em seis, incluindo México, Bolívia e Argentina.
Janssen
A Janssen, farmacêutica do grupo Johnson & Johnson, largou um pouco atrasada na corrida por imunizantes. A fase 3 dos
testes de sua vacina começou em setembro de 2020, dois meses depois do produto da Pfizer-BioNTech. Os estudos chegaram a ser
interrompidos em mais de uma ocasião por causa de "eventos adversos graves". Quase metade do orçamento estimado para produção
da vacina veio do governo dos EUA (US$ 480 milhões). Além disso, Washington firmou um compromisso de compra de 100 milhões
de doses pelo valor de US$ 1 bilhão (R$ 5,3 bilhões).
Fontes de consulta:
UJVARI, S.C. A história da humanidade contada pelos vírus bactérias, parasitas e outros microrganismos.
Rio de Janeiro. Editora Contexto, 2012.
https://exame.com/economia/desta-vez-e-realmente-diferente/ Acesso em 10 abr 2020
https://www.sbmt.org.br/portal/other-human-coronaviruses-close-but-still-so-far/ Acesso em 18 mai 2020
https://www.imf.org/pt/News/Articles/2020/03/09/blog030920-limiting-the-economic-fallout-of-the-coronavirus-with-large-
targeted-policies. Acesso em 13 mai 2020
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algum possível mal que tenha sofrido e deve, terminada a guerra, ser devolvido à nação de origem para continuar sua vida normal e
colaborar, como cidadão, na reconstrução de seu país.
Os civis - e aí se incluem a imprensa, as pessoas dos diversos órgãos que integram a ONU e as várias organizações não-
governamentais (ONGs) - também devem ser protegidos e não podem ser alvos planejados de bombardeios. Quando o conflito chega
até às cidades, é difícil diferenciar o militar do civil, mas os dois adversários devem tomar os cuidados necessários para não cometer
nenhum crime de guerra.
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Pode-se observar três tendências nos conflitos armados contemporâneos:
1) a assimetria do conflito, no qual, os atores não-estatais coexistem com forças armadas estatais;
2) a “subnacionalização” do conflito, que se deslocou para as zonas de fronteira e para interior das cidades, motivado pelo confronto
violento entre atores não-estatais e entre atores estatais e não-estatais; e
3) a transnacionalização do conflito, pelo fato dos atores não-estatais serem capazes de se mover por meio de rotas clandestinas para
outros países e regiões, o que aumenta a possibilidade de transbordamento internacional, além de se sustentarem por sistemas
de financiamento ilícitos e internacionalizados.
Em relação a assimetria do conflito, há um processo de intensificação dessa característica por meio da introdução de novas
tecnologias pelas forças armadas estatais. Nesta área, destaca-se a nova geração de sistemas de armas autônomas letais (SAAL)
aperfeiçoadas pela inteligência artificial (AI), como os esquadrões de veículos aéreos não-tripulados (drones). Uma vez ativadas, as
SAAL são capazes de selecionar e atacar alvos sem a intervenção de um operador humano. Porém, a delegação da tomada de
decisão para máquinas não-verificadas, inconfiáveis e inseguras pode gerar resultados estratégicos catastróficos como o massacre
em larga escala de não-combatentes e a destruição de cidades e infraestrutura pública.
Outra tendência que contribui para o aumento da assimetria do conflito é uso cada vez mais recorrente de combatentes por
procuração (proxies) por razões militares e políticas. Militarmente, atores não estatais empregam proxies para tarefas logísticas e de
segurança de caráter secundário. Já, politicamente, os atores não-estatais também usam proxies que representem amplos segmentos
da população, para que aumentem a sua influência política. Por exemplo, a Al-Qaeda in Arabian Peninsula (AQAP), no Iêmen,
distribuiu recursos para líderes tribais beduínos como forma de garantir o controle do território conquistado no sul do país. Já a
crescente “subnacionalizacão” do conflito decorre do confronto entre atores estatais e não-estatais nos conflitos armados atuais e das
estratégias usadas pelos novos atores combatentes na gerência do território conquistado. Isso se observa no processo de urbanização
da guerra no pós-Guerra Fria. A migração de pessoas de uma cultura diferente para uma área urbana em particular e o crescimento
numérico de um grupo populacional em relação a um grupo competidor tem sido o estopim de conflitos étnicos e guerras civis, como
ocorreu em Lagos, na Nigéria, e em Kinshasa, no Congo. Além disso, as cidades se tornaram o principal locus do conflito moderno,
pois a destruição de infraestrutura crítica (ex. redes de energia elétrica, sistemas de fornecimento de água, redes de esgoto, etc.) dos
beligerantes torna a pressão sobre eles insuportável.
Em relação a governança de grupos não-estatais sobre determinado território, a sua interação com os civis pode ocorrer de
modo a incluí-los no sistema de governança como participantes ativos ou relegá-los a uma posição de subordinação. No primeiro
caso, o grupo molda ou aceita mecanismos de participação pelos quais os civis podem propor demandas e participar da governança.
Por exemplo, o Sudan People’s Liberation Movement/Army (SPLM/A), do Sudão, realizava encontros regulares com atores sociais
que representavam os interesses da população civil e estabeleceram órgãos legislativos para angariar apoio civil. Já no segundo caso,
o grupo governante trata os civis como súditos, a quem as regras se aplicam, sem que eles tenham chance de participar da sua
implementação. Um exemplo são os Liberation Tigers of Tamil Elam (LTTE), do Sri Lanka, que evitavam criar estruturas e práticas
que permitissem a participação de civis em assuntos de governança.
A transnacionalização do conflito está relacionada a capacidade dos atores não-estatais serem capazes de se mover por meio
de rotas clandestinas para além das fronteiras nacionais e o mesmo ocorre com os refugiados desses conflitos, afetando outros países
e regiões. Para lidar com os fluxos migratórios, os estados terceirizaram a questão para atores econômicos, criando mercados
nacionais e globais de controle de fronteiras. A existência desses mercados piora as crises migratórias, minando a segurança nacional
e global, mas fortalece a soberania estatal sobre o controle fronteiriço. O gerenciamento estatal das fronteiras também compete com
o tráfico internacional, que visa contornar as tentativas de controle do estado de seu espaço soberano.
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Os principais países de origem dos refugiados são a Síria (5,5 milhões), o Sudão do Sul (2,4 milhões) e o Afeganistão (1,5 milhão).
Já os países que mais recebem refugiados são a Turquia (3,5 milhões), o Líbano (1,5 milhão) e o Paquistão (1,4 milhão). Assim,
forma-se um cenário no qual os países em desenvolvimento estão abrigando a maioria dos refugiados, o que pressiona
consideravelmente os já precários sistemas de serviços públicos dessas nações, especialmente os de saúde e educação,
intensificando a crise humanitária.
FONTE: MANDELBAUM, H. G. O conflito armado no século XXI - Os impactos dos novos atores combatentes nas “novas
guerras”. Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais. USP. Mar 2021. São Paulo, Brasil
2 - Chile x Peru - Assim como a Bolívia, o Peru também perdeu território para o Chile
na Guerra do Pacífico. Nesse caso, a divergência está no mar, não em terra. Peruanos
e chilenos divergem sobre como traçar a linha imaginária que determina o que é de um
país e o que é de outro. Para o Peru, a linha deve avançar sobre o Pacífico seguindo
como um prolongamento da linha em terra, na mesma inclinação, na direção sudoeste,
o que tiraria parte do mar chileno. Para o Chile, esse prolongamento deve ser horizontal,
paralelo às linhas longitudinais do globo. Em 2014, a Corte de Haia decidiu que a linha
segue como pedem os peruanos até a metade. E, daí em diante, continua como pediam
os chilenos.
A decisão não pôs fim ao impasse, que se mantém agora em relação a alguns
marcos terrestres de apenas centenas de metros.
A Justiça militar do Peru condenou um militar a 35 anos de prisão “traição à
pátria”, ao passar informações de inteligência ao Chile, envolvendo a disputa territorial.
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3 - Chile x Bolívia - Os bolivianos reivindicam soberania sobre uma faixa costeira
de 400 km contínuos, o que equivale à distância entre as cidades de São Paulo e
Rio de Janeiro. O Chile anexou o território durante a Guerra do Pacífico, em 1879,
e desde então mantém a Bolívia sem acesso soberano ao mar - situação
comparável na América do Sul apenas à do Paraguai, que também não possui
litoral. A disputa dura 111 anos e ocupa o topo da agenda de política externa e de
defesa dos dois países, que há 37 anos cortaram as relações diplomáticas. O caso
foi levado em abril de 2013 pelo presidente boliviano Evo Morales à Corte
Internacional de Haia.
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8 - Guiana x Suriname - A Guiana é, de longe, o país mais ameaçado
quando se trata de demandas territoriais. Além de ter de lidar com a
reivindicação da Venezuela sobre três quatros do seu território, os
guianeses tentam conter ainda o assédio do Suriname, que pede para si
o equivalente a 7% do país vizinho. A disputa entre guianenses e
surinameses envolve uma região de selva chamada Tigri, que também faz
fronteira com o Brasil. Embora as rusgas tenham se iniciado no século 19,
o clima esquentou de verdade em 1969 entre Guiana e Suriname.
- 168 -
23.4 - Os Direitos Humanos e a Questão dos Refugiados
O século XX foi um período de grandes conquistas para a humanidade. Mas, também foi um século de muitas instabilidades
políticas, inclusive duas mundiais. No âmbito das conquistas fiquemos com os saltos tecnológicos e a sua popularização no consumo,
com o crescimento do poder de compra e conforto. No âmbito das instabilidades o pós Guerra Fria transferiu para o século em curso
muitas delas.
Nas humanidades muitas transformações com a evolução no Direito Internacional Público e a preocupação crescente com
aqueles que sofrem com os conflitos dos vários matizes. O século atual convive com crises econômicas, sanitárias, aumento das
assimetrias entre os povos, os refugiados/deslocados e imigrantes em geral.
Neste tópico do capítulo 23 vamos abordar estes últimos pontos, a partir de alguns artigos e informações de Organismos
Internacionais.
O Texto
Sua Majestade o Rei dos Belgas, Sua Alteza Real o grão-duque de Baden, Sua Majestade o Rei da Dinamarca, Sua Majestade
a Rainha da Espanha, Sua Majestade o Imperador dos Franceses, Sua Alteza Real o grão-duque de Hesse, Sua Majestade o Rei da
Itália, Sua Majestade o Rei dos Países Baixos, Sua Majestade o Rei de Portugal e Algarve, Sua Majestade o Rei da Prússia, a
Confederação Suíça, Sua Majestade o Rei de Wurtermberg:
Animados, por igual, do desejo de suavizar, tanto quanto deles dependa, os males irreparáveis da guerra, de suprimir os rigores
inúteis e melhorar a sorte dos militares feridos nos campos de batalha, resolveram concluir uma Convenção com esse objetivo e
nomearam seus Plenipotenciários, a saber:
(...) os quais, após terem apresentado seus poderes, encontrados em boa e devida forma, convencionaram os artigos
seguintes:
artigo 1º - As ambulâncias e os hospitais militares serão reconhecidos como neutros e como tal protegidos e respeitados pelos
beligerantes, durante todo tempo em que neles houver doentes e feridos.
A neutralidade cessará, se essas ambulâncias ou hospitais forem guardados por uma força militar.
Artigo 2º - O pessoal dos hospitais e das ambulâncias, nele incluídos a intendência, os serviços de saúde, de administração, de
transporte de feridos, assim como os capelães, participarão do benefício da neutralidade, enquanto estiverem em atividade e
subsistirem feridos a recolher ou a recorrer.
Artigo 3º - As pessoas designadas no artigo procedente poderão, mesmo após a ocupação pelo inimigo, continuar a exercer suas
funções no hospital ou ambulância em que servirem, ou retirar-se para retomar seus postos na corporação a que pertencem,
Nessas circunstâncias, quando tais pessoas cessarem suas funções, elas serão entregues aos postos avançados do inimigo,
sob a responsabilidade do exército de ocupação.
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Artigo 4º - Tendo em vista que o material dos hospitais militares permanece submetido às leis de guerra, as pessoas em serviço
nesses hospitais não poderão, ao se retirarem, levar consigo os objetos que constituem propriedade particular dos hospitais.
Nas mesmas circunstâncias, ao revés, a ambulância conservará seu material.
Artigo 5º - Os habitantes do país, os quais socorrem os feridos, serão respeitados e permanecerão livres.
Os generais das Potências beligerantes terão por missão prevenir os habitantes do apelo assim feito ao seu sentimento de
humanidade e da neutralidade que lhe é consequente. Todo ferido, recolhido e tratado numa casa particular, conferirá salvaguarda a
esta última. O habitante que recolher feridos em sua casa será dispensado de elogiar as tropas, assim como de pagar uma parte dos
tributos de guerra que lhe seriam impostos.
Artigo 6º - Os militares feridos ou doentes serão recolhidos e tratados, qualquer que seja a nação à qual pertençam.
Os comandantes em chefe terão a faculdade de entregar imediatamente, aos postos avançados do inimigo, os militares feridos
em combate, quando as circunstâncias o permitirem e desde `haja consentimento de ambas as partes.
Serão repatriados em seus países aqueles que, uma vez curados, forem reconhecidos como incapazes de servir.
Os outros poderão igualmente ser repatriados, sob a condição de não retomarem armas durante toda a guerra.
As forças de retirada, como o pessoal que as dirige, ficarão garantidas por uma neutralidade absoluta.
Artigo 7º - Uma bandeira distinta e uniforme será adotada pelos hospitais e ambulâncias, bem como durante as retiradas. Ela deverá
ser, em qualquer circunstância, acompanhada da bandeira nacional.
Uma braçadeira será igualmente admitida para o pessoal neutro; mas a sua distribuição ficará a cargo da autoridade militar.
A bandeira e a braçadeira terão uma cruz vermelha sobre fundo branco.
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Artigo 3º comum
O artigo 3º, comum às quatro Convenções de Genebra, marcou uma ruptura porque, pela primeira vez, abrangia as situações
de conflitos armados não internacionais. Estes tipos de conflitos variam enormemente. Compreendem as guerras civis tradicionais,
conflitos armados internos que se propagaram a outros Estados ou conflitos internos nos quais intervêm terceiros Estados ou uma
força multinacional junto aos governos. O artigo 3º comum estipula normas fundamentais que são inderrogáveis. É como uma mini
convenção dentro das quatro Convenções de Genebra com as suas normas essenciais condensadas, tornando-as aplicáveis aos
conflitos de natureza não internacional:
. Determina o tratamento humano para todos os indivíduos em poder do inimigo, sem nenhuma distinção adversa. Proíbe
especialmente os assassinatos; mutilações; torturas; tratamento cruéis, humilhantes e degradantes; tomada de reféns e julgamentos
parciais.
. Determina que os feridos, enfermos e náufragos sejam recolhidos e tratados.
. Outorga ao CICV o direito de oferecer seus serviços às partes em conflito.
. Insta as partes em conflito para pôr em vigor, mediante os chamados acordos especiais, a totalidade ou as partes das Convenções
de Genebra.
. Reconhece que a aplicação dessas disposições não afeta o estatuto jurídico das partes em conflito.
. Considerando que a maioria dos conflitos armados atuais é de índole não internacional, a aplicação do artigo 3º comum é da maior
importância. É necessário respeitá-lo completamente.
Fonte: https://www.icrc.org/pt/doc/war-and-law/treaties-customary-law/geneva-conventions/overview-geneva-
conventions.htm. Acesso em 20 jul 2020
O Direito Internacional Humanitário (DIH) se baseia em um grande número de tratados, em particular as Convenções de
Genebra, de 1949, e os seus Protocolos Adicionais, ademais de uma série de outras convenções e protocolos que abrangem aspectos
específicos do Direito Internacional dos Conflitos Armados. Existe um conjunto de normas substancial do Direito Consuetudinário que
é vinculativo a todos os Estados e partes em conflito.
Os limites à maneira como uma guerra é conduzida existem há séculos, mas até 1864 eles eram, na maioria, parte de costumes
que não estavam escritos. Nesse ano, a Primeira Convenção de Genebra foi adotada. Demonstrou ser o primeiro de muitos tratados
que limitam a maneira como as guerras são travadas.
As Convenções de Genebra são a essência do DIH. O texto inicial de 1864 foi revisado e reformulado em 1906 e,
posteriormente, em 1929. A versão atual foi adotada no dia 12 de agosto de 1949, após a Segunda Guerra Mundial, e é agora
conhecido como as "quatro Convenções de Genebra". Elas obtiveram ratificação universal.
O DIH cobre duas áreas principais: a proteção de pessoas que não participam ou deixaram de participar do combate
e as restrições aos meios e métodos de guerra, como armas e táticas.
A Primeira Convenção de Genebra, de 1949, trata da proteção e dos cuidados de pessoas feridas e doentes em conflitos
armados terrestres.
A Segunda Convenção de Genebra se refere à proteção e aos cuidados dos feridos, doentes e náufragos em conflitos armados
marítimos.
A Terceira Convenção de Genebra diz respeito ao tratamento de prisioneiros de guerra.
A Quarta Convenção de Genebra se ocupa da proteção dos civis em tempo de guerra.
Desde 1949, três Protocolos foram adicionados às Convenções de Genebra. O Protocolo Adicional I, de 1977, se refere à
proteção de vítimas de conflitos armados internacionais. O Protocolo Adicional II, do mesmo ano, trata da proteção das vítimas de
conflitos armados não internacionais.
O Protocolo Adicional III, de 2005, criou um novo emblema protetor - o cristal vermelho - juntamente com os já existentes cruz
vermelha e crescente vermelho.
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O DIH também inclui uma série de outros tratados relacionados com armas e táticas específicas, além de pessoas e objetos
protegidos, como a Convenção para a Proteção de Bens Culturais no Caso de Conflitos Armados, de 1954; Convenção sobre Armas
Biológicas, de 1972; Convenção sobre Armas Convencionais, de 1980; Convenção sobre Armas Químicas, de 1993; e Tratado de
Ottawa sobre minas antipessoais, de 1997.
Além das normas dos tratados, existe um considerável corpus do Direito Internacional Humanitário Consuetudinário. Esse
material foi catalogado em um importante estudo realizado pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e publicado pela
Universidade de Cambridge. Esse estudo oferece uma análise abrangente das normas consuetudinárias aplicáveis em conflitos
armados com base nas práticas dos Estados.
Implementação
A maioria dos tratados de DIH cria obrigações, que requerem que os Estados se submetam a determinadas ações de
cumprimento, incluindo submeter-se a medidas legislativas, regulatórias e administrativas.
A essência dos tratados do DIH são as Convenções de Genebra, de 1949, e seus Protocolos Adicionais. As Convenções
alcançaram agora aceitação universal, impondo suas obrigações a todos os Governos.
Como resultado, os Estados devem adotar medidas legislativas para proibir e reprimir o que chamam “infrações graves”,
independentemente da nacionalidade do infrator e de onde as ações foram cometidas. Também punem outras violações graves às
Convenções de Genebra e seus Protocolos.
As Convenções de Genebra também obrigam os estados a buscarem as pessoas que supostamente cometeram as infrações
graves e trazê-las para as mesmas sejam julgadas ou extraditá-las a outro Estado para que sejam processadas. Os Estados devem
proporcionar assistência judicial uns aos outros quanto a essas questões.
O processo por infrações se baseia na responsabilidade penal individual e os comandantes militares têm uma responsabilidade
particular para com os atos cometidos pelas pessoas sob seu comando.
As Convenções de Genebra e os Protocolos também requerem que os Estados façam entrar em vigor leis para proteger os
emblemas, signos e símbolos distintivos da cruz vermelha, do crescente vermelho e do cristal vermelho, assim como outros signos,
símbolos e sinais protetores.
Os tratados relativos ao uso de armas precisam da implementação de medidas para proibir o desenvolvimento, a produção, a
armazenagem ou a transferência de determinadas armas.
O papel do CICV na implementação
O CICV representa um papel-chave na implementação e na entrada em vigor do DIH na legislação nacional. Seu Serviço de
Assessoria assiste os Estados na entrada em vigor na legislação nacional, por meio de assistência técnica, assim como o fornecimento
de publicações, incluindo kits de ratificação e leis-modelos.
O Serviço de Assessoria do CICV foi criado após uma recomendação do Grupo de Especialistas Intergovernamentais sobre a
Proteção de Vítimas de Guerras, endossando pela 26ª Conferência Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, em
1995, e oferece uma estrutura especializada para abordar a questão da implementação nacional de forma sistemática.
O serviço organizou uma base de dados nacional, que proporciona um meio de intercambiar informações sobre a
implementação nacional. Abrange um amplo leque de assuntos, incluindo a punição de violações ao DIH, a regulamentação do uso
de emblemas distintivos, as garantias legais para a proteção de pessoas, a difusão e o treinamento em DIH e jurisprudência de Estados
relacionados com o DIH.
Comitês Nacionais para a Implementação do DIH
O CICV também incentiva o estabelecimento de Comitês Nacionais Interministeriais para a Implementação do DIH. Embora não sejam
juridicamente necessários, está provado que são muito eficazes na assistência aos Estados durante a implementação em nível nacional ao
agirem como ponto focal para vários departamentos governamentais que lidam com questões do DIH. Até o momento, existem 91 Comitês
Nacionais para a Implementação do DIH.
Os Comitês Nacionais aconselham os governos durante o processo de ratificação e aplicação dos tratados de DIH no nível nacional,
mas também compartilham, com o incentivo do CICV, seu conhecimento e sua experiência no nível regional.
A criação e a composição dos mesmos são inteiramente prerrogativa dos governos, mas o CICV recomenda a inclusão dos
representantes dos ministérios pertinentes, como o da Defesa, Relações Exteriores e Justiça, Interior, Saúde e Educação, especialistas
acadêmicos, advogados internacionais, militares, representantes das sociedades nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho e
ONGs pertinentes.
No site do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, na parte que apresenta o quadro resumo - Estados Partes no Direito
Internacional Humanitário e outros tratados relacionados, atualizado em 29 de julho de 2020, indica que o Brasil aderiu a todos os
Protocolos referentes Proteção às vítimas de conflitos armados, Tribunal Penal Internacional, Proteção de Bens Culturais,
Convenção sobre a proibição de uso militar ou qualquer outro uso hostil de técnicas de modificação ambiental e sobre o uso de
armas.
Costume
O direito internacional consuetudinário – ou simplesmente “costume” – é o termo usado para descrever uma prática geral e
consistente seguida por Estados, decorrente de um sentimento de obrigação legal.
Assim, por exemplo, enquanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos não é, em si, um tratado vinculativo, algumas de
suas disposições têm o caráter de direito internacional consuetudinário.
- Declarações, resoluções etc. adotadas pelos órgãos das Nações Unidas
Normas gerais do direito internacional – princípios e práticas com os quais a maior parte dos Estados concordaria – constam,
muitas vezes, em declarações, proclamações, regras, diretrizes, recomendações e princípios.
Apesar de não ter nenhum feito legal sobre os Estados, elas representam um consenso amplo por parte da comunidade
internacional e, portanto, têm uma força moral forte e inegável em termos na prática dos Estados, em relação a sua conduta das
relações internacionais.
O valor de tais instrumentos está no reconhecimento e na aceitação por um grande número de Estados e, mesmo sem o efeito
vinculativo legal, podem ser vistos como uma declaração de princípios amplamente aceitos pela comunidade internacional.
A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, por exemplo, recebeu o apoio dos Estados Unidos
em 2010, o último dos quatro Estados-membros da ONU que se opuseram a ela.
Ao adotar a Declaração, os Estados se comprometeram a reconhecer os direitos dos povos indígenas sob a lei internacional,
com o direito de serem respeitados como povos distintos e o direito de determinar seu próprio desenvolvimento de acordo com sua
cultura, prioridades e leis consuetudinárias (costumes).
Fonte: https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/. Acesso em 21 jul 2020
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ACNUDH, o Alto Comissariado para os Direitos Humanos
O ACNUDH recebe um mandato dos Estados-membros para apoiar o trabalho das outras três partes do Sistema, incluindo no
campo da comunicação pública.
O ACNUDH tem presença em mais de 60 países, mas muito poucos agentes de comunicação. Por isso, por isso é apoiado
pelos Centro de Informação das Nações Unidas (UNIC).
Os direitos humanos são um dos três pilares das Nações Unidas, bem como a paz e a segurança, e o desenvolvimento.
Para cumprir seu mandato, o ACNUDH estabelece relações de estreita cooperação, assistência técnica e diálogo permanente
com os governos, as instituições nacionais de direitos humanos, as organizações da sociedade civil, as equipes dos países e agências
da ONU, entre outros.
O escritório trabalha para capacitar esses atores, com o fim de melhorar a promoção e proteção dos direitos humanos, de
acordo com as normas internacionais.
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Os titulares de mandatos só podem visitar países a convite dos governos. As visitas oficiais e agendas são organizadas com
os governos com muitos meses de antecedência. As declarações ao fim de cada visita são sempre compartilhadas e discutidas com
as autoridades antes de serem distribuídas em uma coletiva de imprensa.
Antes da distribuição aos meios de comunicação e de sua publicação online, todos os comunicados de imprensa e comunicados
de imprensa são sempre verificados pela Divisão de Procedimentos Especiais do ACNUDH, com sede em Genebra, e compartilhados
com as Missões Permanentes pertinentes (dos Estados-membros). Isso não compromete a independência dos relatores e
especialistas em relação a seus comunicados finais e posteriores relatórios.
Os Comitês de Direitos Humanos da ONU - Órgãos de Tratados
Os dez órgãos de tratados são comitês de especialistas independentes que monitoram a implementação, pelos Estados Partes,
dos principais tratados internacionais de direitos humanos adotados pela Assembleia Geral da ONU. Um Estado que ratifique um
tratado concorda em estar sujeito a revisão periódica.
Os membros desses comitês não são funcionários da ONU, mas especialistas em direitos humanos são nomeados e eleitos
por quatro anos pelos Estados Partes. No entanto, eles são independentes de qualquer governo ou organização.
Eles atuam em sua capacidade individual e não recebem salário por seu trabalho. No âmbito das chamadas orientações de
Adis Abeba (Addis Ababa guidelines), um membro não participa na revisão do seu próprio país.
Todos os comitês das Nações Unidas, exceto um, se reúnem em Genebra, onde realizam reuniões públicas com as delegações
dos respectivos Estados.
O Subcomitê de Prevenção da Tortura (SPT) realiza visitas aos Estados que ratificaram o Protocolo Facultativo à Convenção
contra a Tortura. Seus membros visitam lugares onde as pessoas são privadas de liberdade, como por exemplo prisões, delegacias
de polícia e hospitais psiquiátricos. No âmbito do seu mandato, o SPT não precisa de ser convidado pelo governo, embora,
naturalmente, haja comunicação e coordenação com o Estado em questão.
Conselheiros Especiais do Secretário-Geral sobre a Prevenção do Genocídio e sobre a Responsabilidade de Proteger (RtoP)
O mandato, o estatuto e a natureza do trabalho dos Conselheiros Especiais do Secretário-Geral diferem dos Procedimentos
Especiais e dos Tratados dos Direitos Humanos das Nações Unidas.
Os Conselheiros Especiais (Special Advisers) do Secretário-geral para a Prevenção do Genocídio e a Responsabilidade de
Proteger são especialistas designados pelo Secretário-Geral para o aconselhar sobre estas duas questões críticas. Como tal, são
funcionários da ONU (e não especialistas independentes).
Os Conselheiros Especiais são nomeados pelo secretário-geral, aos níveis de Subsecretário-geral e Secretário-geral
Assistente. Eles são apoiados por um escritório conjunto, uma Missão Política Especial vinculada ao Departamento de Assuntos
Políticos da ONU (DPA), com sede em Nova York.
Apesar de os mandatos dos Conselheiros Especiais terem um forte elemento de direitos humanos no que se refere à prevenção
do genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade – e à proteção das populações contra esses crimes –, eles não têm
nenhuma relação formal com o ACNUDH, apesar de atuar em estreita colaboração entre essas entidades.
Os Conselheiros Especiais reúnem informações sobre situações onde pode haver risco de genocídio, crimes de guerra, limpeza
étnica ou crimes contra a humanidade, e aconselham e mobilizam o Sistema das Nações Unidas em ações para prevenir esses crimes.
Devido à natureza sensível do mandato, grande parte do trabalho dos Conselheiros Especiais permanece fora do alcance do
público, agindo por meios diplomáticos.
Fonte: https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/sistemaonu/. Acesso em 21 jul 2020
Textos explicativos sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos (fragmentos)
Já se passaram 70 anos desde que líderes mundiais determinaram explicitamente quais direitos todos no planeta poderiam
esperar e exigir simplesmente por serem humanos. Nascida do desejo de impedir outro Holocausto, a Declaração Universal dos
Direitos Humanos continua a demonstrar o poder das ideias para mudar o mundo. (...)
Os ideais universais contidos nos 30 artigos da Declaração vão desde os mais fundamentais - o direito à vida - até aqueles
que fazem a vida valer a pena, como os direitos a alimentação, educação, trabalho, saúde e liberdade. Enfatizando a dignidade
inerente de cada ser humano, seu preâmbulo enfatiza que os direitos humanos são “a base da liberdade, da justiça e da paz no
mundo”.
A DUDH deixa um legado incrível. Seu apelo universal se reflete no fato de que ela detém o recorde mundial do Guinness
como o documento mais traduzido - disponível até hoje em 512 idiomas, de abkhaz a zulu.
O documento apresentado à ONU em 1948 não era o tratado vinculativo detalhado que alguns dos delegados esperavam.
Foi uma declaração de princípios, com uma notável ausência de fórmulas legais detalhadas. (...)
Nos últimos 70 anos, a DUDH permeou praticamente todos os cantos do direito internacional. Seus princípios estão
incorporados nas legislações nacionais, bem como em importantes tratados regionais, e mais de 90 Estados consagraram sua
linguagem e princípios nas Constituições. Muitos tratados da ONU, incluindo aqueles sobre os direitos das mulheres e das crianças,
sobre tortura e sobre discriminação racial, são derivados de artigos específicos da DUDH.
Hoje, todos os Estados-membros da ONU ratificaram pelo menos um dos nove principais tratados internacionais de direitos
humanos, e 80% ratificaram quatro ou mais, dando expressão concreta à universalidade da DUDH e dos direitos humanos
internacionais. (...)
A elevação dos direitos humanos ao nível internacional significa que o comportamento dos países não é mais governado
apenas pelos padrões nacionais. E desde a adoção da DUDH, seu princípio fundamental, de que os direitos humanos não podem ser
esquecidos por conveniência política ou militar foi progressivamente absorvido não apenas pelo direito internacional, mas também por
uma rede cada vez maior de legislações e instituições regionais e nacionais, incluindo aquelas estabelecidas pela Organização dos
Estados Americanos (OEA) e por União Africana e Europa. (...)
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Todos os países agora estão sujeitos a escrutínio externo — um conceito que levou à criação do Tribunal Penal Internacional,
em 1998, bem como os tribunais penais internacionais da ONU e tribunais especiais para Ruanda, antiga Iugoslávia, Serra Leoa,
Líbano, Camboja e Timor Leste. Houve também um aumento dramático no número de especialistas e comitês independentes da ONU
que monitoram a implementação dos principais tratados internacionais de direitos humanos, e o Conselho de Direitos Humanos da
ONU estabeleceu um sistema conhecido como Revisão Periódica Universal, no qual todos os Estados têm seu histórico de direitos
humanos examinado pelos demais países a cada cinco anos. (...)
Elogiada como um documento vivo, a DUDH estimulou movimentos, como a oposição ao apartheid, e abriu as portas para
a elaboração de novos direitos, como o direito ao desenvolvimento. A exigência está sendo continuamente elevada no que se refere
a alguns direitos citados na DUDH, como o conceito do que se constitui um julgamento justo. Tratados de direitos mais recentes, como
aqueles sobre pessoas com deficiência, foram redigidos não apenas por especialistas, mas com o envolvimento direto dos afetados.
Por outro lado, 70 anos depois, racismo, discriminação e intolerância permanecem entre os maiores desafios do nosso tempo.
Os direitos à liberdade de expressão, associação e reunião — indispensáveis ao funcionamento da sociedade civil — continuam sendo
atacados em todas as regiões do mundo. Os governos muitas vezes estão prontos para contornar ou atropelar direitos na busca do
que consideram segurança, ou para manter o poder ou sustentar a corrupção. Apesar do fato de todos os 193 Estados-membros da
ONU terem assinado a Declaração, nenhum deles cumpre totalmente sua promessa. Como Nelson Mandela observou em seu discurso
de 1998 na Assembleia Geral, marcando o 50º aniversário da DUDH, seus fracassos em fazê-lo “não são um resultado pré-ordenado
das forças da natureza ou um produto da maldição das divindades. São consequências das decisões que homens e mulheres tomam
ou se recusam a tomar”. Fruto de péssimas lideranças políticas, econômicas e outras.
No entanto, ao mesmo tempo, a DUDH continua a fornecer a base para a discussão de novas questões, como a mudança
climática, que “prejudica a garantia de toda a gama de direitos humanos — do direito à vida, à comida, ao abrigo e à saúde”, nas
palavras da ex-chefe de direitos humanos da ONU, Mary Robinson. Todos os direitos previstos na Declaração estão no cerne dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que buscam criar um mundo melhor até 2030, acabando com a pobreza
e a fome, entre outras metas.
Fonte: https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/textos-explicativos/. Acesso em 21 jul 2020.
ACNUR e os Refugiados
O ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, foi criado em dezembro de 1950 por resolução da Assembleia Geral das
Nações Unidas. Iniciou suas atividades em janeiro de 1951, com um mandato inicial de três anos para reassentar refugiados europeus
que estavam sem lar após a Segunda Guerra Mundial. Seu trabalho tem como base a Convenção de 1951 da ONU sobre Refugiados.
O Protocolo de 1967 reformou a Convenção de 1951 e expandiu o mandato do ACNUR para além das fronteiras europeias e
das pessoas afetadas pela Segunda Guerra Mundial. Em 1995, a Assembleia Geral designou o ACNUR como responsável pela
proteção e assistência dos apátridas em todo o mundo. Em 2003, foi abolida a cláusula que obrigava a renovação do mandato do
ACNUR a cada três anos.
Nas últimas décadas, os deslocamentos forçados atingiram níveis sem precedência. Estatísticas recentes revelam que mais
de 79,6 milhões de pessoas no mundo deixaram seus locais de origem por causa de conflitos, perseguições e graves violações de
direitos humanos. Entre elas, aproximadamente 22 milhões cruzaram uma fronteira internacional em busca de proteção e foram
reconhecidas como refugiadas. A população de apátridas (pessoas sem vínculo formal com qualquer país) é estimada em 10 milhões
de pessoas.
O ACNUR já auxiliou dezenas de milhões de pessoas a recomeçarem suas vidas. Por seu trabalho humanitário, recebeu duas
vezes o Prêmio Nobel da Paz (1954 e 1981). Atualmente, a agência conta com quase 12 mil funcionários e está presente em cerca
de 130 países com mais de 460 escritórios. Por meio de parcerias com centenas de organizações não governamentais, o ACNUR
presta assistência e proteção a mais de 67 milhões de homens, mulheres e crianças.
A Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados foi formalmente adotada em 28 de julho de 1951
para resolver a situação dos refugiados na Europa após a Segunda Guerra Mundial. Esse tratado global define quem vem a
ser um refugiado e esclarece os direitos e deveres entre os refugiados e os países que os acolhem.
O fundamento legal que está nos pilares do trabalho do ACNUR permitiu que a agência ajudasse milhões de pessoas
deslocadas a recomeçar suas vidas. Atualmente, a Convenção continua sendo a pedra angular da proteção a refugiados.
A Convenção consolida prévios instrumentos legais internacionais relativos aos refugiados e fornece a mais compreensiva
codificação dos direitos dos refugiados a nível internacional. Ela estabelece padrões básicos para o tratamento de refugiados sem, no
entanto, impor limites para que os Estados possam desenvolver esse tratamento.
Ao passo que antigos instrumentos legais internacionais somente eram aplicados a certos grupos, a definição do termo
“refugiado” no Artigo 1º foi elaborada de forma a abranger um grande número de pessoas. No entanto, a Convenção só abrange
eventos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951.
Com o tempo e a emergência de novas situações geradoras de conflitos e perseguições, tornou-se crescente a necessidade
de providências que colocassem os novos fluxos de refugiados sob a proteção das provisões da Convenção. Assim, um Protocolo
relativo ao Estatuto dos Refugiados foi preparado e submetido à Assembleia Geral das Nações Unidas em 1966. Na Resolução 2198
(XXI) de 16 de dezembro de 1966, a Assembleia tomou nota do Protocolo e solicitou ao Secretário-geral que submetesse o texto aos
Estados para que o ratificassem. O Protocolo foi assinado pelo Presidente da Assembleia Geral e o Secretário-geral no dia 31 de
janeiro de 1967 e transmitido aos governos. Entrou em vigor em 4 de outubro de 1967.
Com a ratificação do Protocolo, os países foram levados a aplicar as provisões da Convenção de 1951 para todos os refugiados
enquadrados na definição da carta, mas sem limite de datas e de espaço geográfico. Embora relacionado com a Convenção, o
Protocolo é um instrumento independente cuja ratificação não é restrita aos Estados signatários da Convenção de 1951.
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De acordo com o seu Estatuto, é de competência do ACNUR promover instrumentos internacionais para a proteção dos
refugiados e supervisionar sua aplicação. Ao ratificar a Convenção e/ou o Protocolo, os Estados signatários aceitam cooperar com o
ACNUR no desenvolvimento de suas funções e, em particular, a facilitar a função específica de supervisionar a aplicação das provisões
desses instrumentos.
A Convenção de 1951 e o Protocolo de 1967, por fim, são os meios através dos quais é assegurado que qualquer pessoa, em
caso de necessidade, possa exercer o direito de procurar e receber refúgio em outro país.
Fonte: https://www.acnur.org/portugues/convencao-de-1951/. Acesso em 21 jul 2020
No Brasil, a responsabilidade de proteção e integração de refugiados é primariamente do Estado brasileiro. No território nacional,
o refugiado pode obter documentos, trabalhar, estudar e exercer os mesmos direitos civis que qualquer cidadão estrangeiro em
situação regular no Brasil.
Mais um marco significativo para a população de interesse do ACNUR foi conquistado com a aprovação da nova Lei de
Migração (nº 13.445/2017). Em vigor desde 2017, a nova Lei trata o movimento migratório como um direito humano e garante ao
migrante, em condição de igualdade com os nacionais, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade.
Além disso, institui o visto temporário para acolhida humanitária, a ser concedido ao apátrida ou ao nacional de país que, entre outras
possibilidades, se encontre em situação de grave e generalizada violação de direitos humanos – situação que possibilita o
reconhecimento da condição de refugiado, segundo a Lei nº 9.474/1997.
Na região das Américas, o Brasil tem uma legislação de refúgio considerada moderna (Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997)
por adotar um conceito ampliado para o reconhecimento de refugiados.
Para além do conceito estabelecido pela Convenção de 1951, a legislação brasileira também reconhece como
refugiado todas as pessoas que buscam segurança diante de situações de grave e generalizada violação de direitos
humanos.
Refugiados - São pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados temores de perseguição relacionados a
questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política, como também devido à
grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados.
A vida como refugiado pode ser difícil de imaginar. Mas, para 25,4 milhões de pessoas em todo o mundo, é uma realidade
apavorante. Eles contam com o apoio da ACNUR para reconstruir suas vidas.
Solicitantes de refúgio - São pessoas que solicitam às autoridades competentes serem reconhecidas como refugiado, mas que
ainda não tiveram seus pedidos avaliados definitivamente pelos sistemas nacionais de proteção e refúgio.
No final de 2016, cerca de 2,8 milhões de solicitantes de refúgio aguardavam uma decisão que poderia mudar suas vidas.
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Os Estados Unidos foram o segundo maior país receptor de solicitações de refúgio e registrou 262.000 pedidos, o dobro do número
recebido em 2014. Cerca de metade dos pedidos de refúgio para os EUA vieram da América Central, especialmente do México e de El
Salvador. Em geral, o número de pessoas forçadas a fugir da violência na América Central aumentou para níveis não vistos desde os conflitos
armados da década de 1980.
A Itália, terceiro maior receptor de solicitações de refúgio, experienciou um aumento acentuado e registrou 123.000 novos pedidos. Os
países de origem daqueles que buscam segurança na Itália permaneceram estáveis - Nigéria, Paquistão, Gâmbia, Senegal, Costa do Marfim
e Eritreia.
Os sírios constituíram a maioria das pessoas que procuram segurança na Turquia. No entanto, 78.600 novos pedidos de refúgio de
não-sírios foram apresentados em 2016, muitos de pessoas vindas do Afeganistão, Iraque e Irã. Isso fez da Turquia o terceiro maior
destinatário de novas solicitações de refúgio.
As origens daqueles que buscam refúgio na França mudaram muito nos últimos anos. Em 2016, novos solicitantes vieram da Albânia,
Sudão, Afeganistão, Síria, Haiti e República Democrática do Congo.
A Grécia foi o sexto maior destinatário de novas solicitações individuais de refúgio, com um aumento de quatro vezes no número de
pedidos a partir de 2015, mais da metade vinda dos sírios. A Áustria, a África do Sul e o Reino Unido também receberam um número
substancial de solicitações de refúgio em 2016, mas registraram declínio em relação aos números de 2015.
Dos 208.100 novos pedidos de refúgio feitos nos escritórios do ACNUR, a maioria foi recebido pela Turquia, seguido por Egito, Malásia,
Jordânia e Síria.
Deslocados internos - São pessoas deslocadas dentro de seu próprio país, pelos mesmos motivos de um refugiado, mas que não
atravessaram uma fronteira internacional para buscar proteção.
Mesmo tendo sido forçadas a deixar seus lares por razões similares às dos refugiados (perseguições, conflito armado, violência
generalizada, grave e generalizada violação dos direitos humanos), os deslocados internos permanecem legalmente sob proteção de seu
próprio Estado – mesmo que esse Estado seja a causa de sua fuga.
Em 2016, conflitos armados, violência generalizada e violações dos direitos humanos obrigaram cerca de 5 milhões de pessoas a se
deslocar dentro de seus próprios países. Com isso, o número de deslocados internos atingiu a marca de 40,3 milhões de pessoas . Como
cidadãos, eles devem ser protegidos por seus países e têm seus direitos previstos nos tratados internacionais de Direitos Humanos e do
Direito Humanitário. Civis afetados por desastres naturais também podem ser considerados deslocados internos.
A Colômbia, país com o maior número total de deslocados internos, continuou a ter uma população de 7,4 milhões de deslocados
internos registados. Uma situação mais fluida se apresenta na Síria e no Iraque, ambos com populações grandes e flutuantes de deslocados
internos.
Ao longo do ano de 2016, 600.000 deslocados internos sírios puderam retornar às suas áreas de origem. No entanto, houve também
muitos novos deslocamentos e a Síria ainda possui a segunda maior população de deslocados internos no mundo, com 6,6 milhões de
pessoas. Da mesma forma, a população de deslocados internos iraquianos permaneceu grande e registrava 3,6 milhões de pessoas em 2016.
O ACNUR ajudou quase meio milhão (de um total de 1,4 milhão) de pessoas deslocadas que voltaram para suas áreas de origem no Iraque.
Recém-deslocados
O maior grupo de pessoas recém-deslocadas (1,3 milhão) estava na República Democrática do Congo, onde uma crise humanitária
longa e complexa continuava em curso, especialmente na parte oriental do país. Cerca de 630.000 deslocados internos foram registrados na
Líbia, 623.000 no Afeganistão, 598.000 no Iraque e 467.000 no Iêmen.
No Sudão, a população total de deslocados internos diminuiu para 2,2 milhões. Apesar disso, o país ainda registrava a quinta maior
população de deslocados internos do mundo. Outros países com uma população deslocados internos de mais de 1 milhão de pessoas incluem
Nigéria (2,2 milhões), Iêmen (2 milhões), Sudão do Sul (1,9 milhão), Ucrânia (1,8 milhão), Afeganistão (1,8 milhão) e Somália (1,6 milhão).
Apátrida - São pessoas que não têm sua nacionalidade reconhecida por nenhum país. A apatridia ocorre por várias razões, como
discriminação contra minorias na legislação nacional, falha em reconhecer todos os residentes do país como cidadãos quando este país se
torna independente (secessão de Estados) e conflitos de leis entre países.
A apatridía, às vezes, é considerada um problema invisível, porque as pessoas apátridas muitas vezes permanecem invisíveis e
desconhecidas. Elas podem não ser capazes de ir à escola, consultar um médico, conseguir um emprego, abrir uma conta bancária, comprar
uma casa ou até se casar.
Pessoas apátridas frequentemente vivem em situações precárias à margem da sociedade. Identificá-las é fundamental para adereçar
as dificuldades que enfrentam e para permitir que os governos, o ACNUR e outros possam prevenir e reduzir a apatridía.
Retornados - São pessoas que tiveram o status de refugiados e solicitantes de refúgio, e que retornam voluntariamente a seus países de
origem. Para muitos dos que foram forçados a fugir, voltar para casa significa o fim de um tempo muitas vezes traumático no exílio.
- 181 -
Foram até ao momento encontrados pequenos depósitos de minério de ferro, crómio, cobre, ouro, níquel, platina e outros
minerais, bem como carvão e hidrocarbonetos, que até ao momento não explorados devido aos acordos internacionais. Mas o krill,
caranguejos e outros peixes são explorados por empresas pesqueiras (CIA, 2014).
O Protocolo de Madrid (Protocolo sobre Proteção Ambiental ao Tratado da Antártida) proíbe as atividades de exploração
mineira na Antártida por 50 anos. O uso dos icebergs para a obtenção de água é permitido, porque a água é encarada como um
recurso renovável, ao contrário dos minérios e hidrocarbonetos. Esse é recurso abundante e acessível na Antártida, que é cada vez
mais escasso e precioso nos outros continentes.
Apesar de existir um potencial de recursos mineiros, a exploração apresenta-se muito mais difícil do que noutros pontos do
globo em razão das difíceis condições logísticas e atmosféricas, e como tal, muito mais dispendiosa. O fato de 98% do território da
Antártida estar coberto de gelo, com quase 2,5 km de espessura é também um dos fatores a ter em conta e que dificulta a exploração.
Especialistas acreditam que o frio extremo também foi prejudicial à formação de filões minerais, e a quase ausência de vida animal e
vegetal em terra também impediu a formação de depósitos significativos de petróleo e gás. Não obstante, é possível que por processos
ainda desconhecidos, dadas as condições únicas do continente, se verifiquem aglomerações minerais mais expressivas.
As aglomerações de carvão conhecidas são de fraco teor e sem grande probabilidade de serem exploradas, dado existirem
em todo o mundo depósitos mais acessíveis e de melhor qualidade. O carvão antártico está longe de todos os mercados e não há
infraestruturas, como cidades, estradas ou portos, que possam tornar o seu uso rentável (Australian Arctic Division, 2011).
Relativamente ao minério de ferro, a situação não é por enquanto muito mais promissora, porque as aflorações de minério
estão muito remotas e o minério contém apenas 35% de ferro, uma percentagem demasiado baixa para a exploração comercial.
O cromo, outro mineral presente na Antártida, também não se encontra em concentrações que compensem a exploração
econômica. De modo similar, os nódulos polimetálicos existentes no fundo do Oceano Glacial Antártico são aparentemente mais
pobres do que aqueles que se encontram noutras zonas do planeta, e se são pouco explorados em zonas muito mais acessíveis, por
muito tempo ainda o serão menos na Antártida.
Em relação aos hidrocarbonetos, a situação também não parece animadora, especialmente no continente, devido à morfologia das
rochas e a uma série de outros fatores. Ao largo da costa, com muitas zonas ainda por explorar, a situação pode ser mais favorável, mas as
condições naturais não facilitarão uma possível exploração a médio prazo (Australian Arctic Division, 2011). A hipótese da presença de
hidrocarbonetos prende-se com o fato de a Antártida ter sido em tempos um continente temperado, parte do supercontinente Gondwana.
Há igualmente posições convergentes das grandes potências quanto à preservação do patrimônio natural da Antártida, que por
enquanto têm conseguido impedir a exploração mineira no continente. Contudo, situações graves de conflito internacional e outras dificuldades
podem fazer inverter esta situação.
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A questão das Svalbard/Spitzbergen
O arquipélago de Spitzberg, descoberto em finais do século XVI, não apresentava até 1871 qualquer interesse que justificasse
uma ocupação efetiva, apesar de uma tentativa de reivindicação da Dinamarca pouco depois da descoberta. Entre 1871 e a assinatura
do Tratado de Paris em 1920, que reconhece a soberania norueguesa, sucedem-se as tentativas de apropriação do arquipélago por
parte de vários países, incluindo a Grã-Bretanha, a França e a Holanda, que caçavam cetáceos nas suas águas. A descoberta de
importantes recursos minerais agravou o problema. Ao longo dos primeiros anos do século XX deram-se várias tentativas de
estabelecer uma administração coletiva do arquipélago, cuja manifestação mais relevante saiu da Conferência de Christiana em 1912,
sob o nome de Projeto de Convenção Sobre o Estatuto do Spitzberg, em que se previa um estatuto de quase patrimônio comum da
humanidade, como sucederia mais tarde com o Tratado da Antártida. O arquipélago seria declarado “terra nullius” e haveria liberdade
de acesso para todos. O território seria também neutralizado, mas o projeto nunca foi por diante, ainda que tenha inspirado o importante
instrumento que é o Tratado da Antártida (Santos, 2001, p. 670-675).
Atualmente mantêm-se as divergências entre a Noruega e a Rússia sobre a soberania dos recursos do território, ou melhor, de
sua plataforma continental. O estatuto do arquipélago é sui generis., e segundo Anderson (2009): O Tratado de Svalbard foi assinado
em Paris em 1920, dando à Noruega soberania sobre as Svalbard. Mas é uma forma muito estranha de “soberania absoluta e irrestrita”
que continua a ligar as Svalbard ao seu passado turbulento. Embora a Noruega comande, todos os outros signatários do tratado
adquirem direitos a pescar, caçar, colocar armadilhas, estabelecer minas e empresas comerciais e a adquirir direitos minerais em
Svalbard. Qualquer pessoa da agora longa lista de signatários-incluindo nações como a Arábia Saudita, Afeganistão, e Venezuela
sem ligações particulares às Svalbard-pode partir e viver lá e começar trabalho. A Noruega tem o direito de regular as suas atividades,
mas não de lucrar com elas. Quaisquer impostos cobrados nas Svalbard devem ser gastos na região (...). (p. 127).
Contudo, os russos continuam a achar que o Tratado não foi justo, dadas as longas relações russas com o arquipélago, e
embora a presença russa e ucraniana seja de cerca de 45% da população, especialmente agrupada em torno de explorações mineiras,
a Rússia sonha com uma revisão do Tratado de Paris.
Degradação Ambiental
O desenvolvimento industrial do Ártico tem sido acompanhado pelo acúmulo de resíduos, especialmente nas proximidades das
aldeias indígenas. Isso representa uma ameaça crescente à segurança e à saúde das pessoas do Ártico que - devido às condições
de vida tradicionais - estão expostos a altos níveis de contaminação do ar, da água, do solo e sua fonte de alimento.
Para tratar de questões de contaminantes em comunidades indígenas em áreas remotas do Ártico, os participantes
permanentes do Conselho do Ártico propuseram a criação do comitê dos Povos Indígenas para Ação Comunitária. Esta iniciativa foi
aprovada pelo Conselho do Ártico nas reuniões em Salekhard e Tromsø. O trabalho comunitário dos Povos Indígenas visa reduzir a
exposição e o impacto de contaminantes nas comunidades dos povos indígenas. O grupo deve também reforçar o envolvimento de
povos nativos árticos nessas atividades de debate das ações para a mitigação aos danos ambientais.
Apesar das crescentes degradações ambientais, e expectativa de vida tem aumentado consideravelmente na maior parte do
Ártico, nas décadas recentes.
O Conselho do Ártico pretende promover o desenvolvimento sustentável na região do Ártico, incluindo o desenvolvimento
econômico e social, a melhoria das condições de saúde e bem-estar para os povos do Ártico.
- Conselho Ártico (oito países + ONGs representando populações nativas) – decisões por consenso
- Questões territoriais + Exploração Econômica + Utilização da Passagem Norte e Noroeste como via marítima
24.5 - Antártica
A Antártica é o regulador térmico do Planeta, portanto, é de extrema importância que conheçamos melhor as trocas de
temperaturas que lá ocorrem: na água, no solo e na atmosfera, para nos prevenirmos quanto às mudanças climáticas globais. A região
antártica compreende 14 milhões de quilômetros quadrados, aproximadamente 10% da superfície terrestre, exercendo profunda
influência no clima global e, por consequência, nos ecossistemas e na sociedade. As pesquisas mundiais estão focadas nas mudanças
que estão ocorrendo nas regiões polares e na análise da sua importância ambiental e econômica para o Planeta.
Esta região guarda 70% a 80% da água doce do mundo e, provavelmente, é detentora de incalculáveis recursos minerais e
energéticos, incluindo petróleo e gás.
- 184 -
O Brasil aderiu ao Tratado Antártico, o principal documento jurídico de regulamentação internacional das atividades na
Antártica, em 1975. Em 1982, foi criado o Programa Antártico Brasileiro, o PROANTAR, dando início a uma das exigências para a
participação de um País como Parte Consultiva do Tratado da Antártica, a realização continuada de substanciais atividades científicas
naquela região. Tal fato elevou o Brasil à categoria de membro Consultivo com direito a voz e veto dentre um grupo seleto de países
que decidem sobre as atividades e o futuro do Continente Branco. Nesta data, foi realizada a sua Primeira Expedição àquele
continente, marcada pela efervescência que costuma acompanhar os grandes acontecimentos e pela necessidade de aquisição de
conhecimentos específicos para o desenvolvimento do projeto para uma Estação Científica. Após a expedição precursora, a segunda
expedição teve a importante missão de implementação da Estação Antártica Comandante Ferraz, marcando efetivamente a presença
brasileira em terras antárticas dando início às atividades sistemáticas de pesquisas.
O Brasil foi se afirmando como importante nação que estuda e contribui para a ciência e a paz, objetivo primeiro dos
participantes do Tratado Antártico. Este reconhecimento foi verificado em 1991, quando o então Presidente da República Federativa
do Brasil da época, visitou a EACF. Várias outras visitas de autoridades ocorreram como a do ano de 1993, reconhecendo à EACF o
caráter de “embaixada” brasileira na Antártica, ressaltando a importância desta no contexto da participação brasileira no Sistema do
Tratado Antártico, dando ao país um passaporte para integrar o concerto das Nações na pesquisa em favor do homem.
A partir da ratificação do Protocolo ao Tratado da Antártica sobre Proteção ao Meio Ambiente, o Protocolo de Madri, o país
assumiu a obrigação de também desenvolver atividades que fossem voltadas exclusivamente para a preservação do meio ambiente
antártico.
Antártica ou Antártida?
Há quase 400 anos a.C., já se imaginava a Terra Australis Incógnita. Aristóteles, filósofo grego, que acreditava na esfericidade
da Terra, achava que a natureza era simétrica.
Então, se existia uma zona fria ao norte do planeta, devia existir uma massa de terra, também fria, ao sul, para contrabalançar
a massa de terra ao norte. Ártico ou arkitos quer dizer urso ou faz referência à constelação da grande ursa, que aponta para o polo
norte. Então, o que apontaria para o sul devia ser o anti ártico, ou a Antártica.
Apesar de “Antártica” ser a grafia utilizada pelos que trabalham com o tema e ser recomendada pelo Programa Antártico
Brasileiro, as duas formas estão corretas.
Em 2008, o Presidente do Brasil e demais autoridades, visitaram a Estação Antártica Comandante Ferraz, durante as
comemorações dos 25 anos da presença brasileira na Antártica. Por ocasião da visita foi verificada a necessidade de mais um navio
específico para as pesquisas realizadas na região, além do atual “Gigante Vermelho”, o Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel,
servindo também como seu substituto eventual. Com isso, foi incorporado à Marinha do Brasil no dia 3 de fevereiro de 2009, o Navio
Polar Almirante Maximiano.
A decisão do governo brasileiro de se engajar em atividades exploratórias e científicas naquela região, representa um
ponderável desafio para a Marinha do Brasil e para as universidades e instituições, públicas e privadas, que se associaram na
execução dessa gloriosa tarefa, vencendo os desafios ao longo desses tempos da presença brasileira na Antártica.
Conhecendo a Antártica
A Antártica, o espaço e os fundos oceânicos constituem as últimas grandes fronteiras ainda a serem conquistadas
pelo homem. É o continente dos superlativos: o mais frio, mais seco, mais alto, mais ventoso, mais remoto, mais
desconhecido e o mais preservado de todos os continentes.
Quinto continente em extensão é o único sem divisão geopolítica. O continente antártico e as ilhas que o cercam perfazem
uma área aproximada de 14 milhões de km2 quadrados (1,6 vezes a área do Brasil) e correspondem a cerca de 10% da área
continental terrestre. No inverno, com o congelamento do mar circundante, a área chega a aproximadamente 22 milhões de km2
quadrados.
- 185 -
Centrado no Polo Sul geográfico, é inteiramente circundado pelo Oceano Antártico ou Austral, cuja área cerca de 36 milhões
de quilômetros quadrados representa aproximadamente 10% de todos os oceanos.
É um dos poucos lugares no Planeta onde, mesmo num mundo globalizado e com os meios de comunicações atuais, a
sensação de isolamento é uma realidade efetiva. A Estação Antártica Brasileira Comandante Ferraz está localizada na região da
Península Antártica, na Ilha Rei George, Arquipélago Shetlands do Sul.
Cerca de 98% do Continente Antártico estão cobertos de gelo durante todo o ano, com espessura média de 2.034 metros.
Essa camada de gelo, que aumenta e se acumula a cada ano, faz com que a Antártica tenha a altitude média de 2.500 metros, três
vezes mais alta que qualquer outro continente. Tanto gelo torna o continente o maior reservatório de água doce do planeta e o seu
sorvedouro de calor. São 25 milhões de quilômetros cúbicos, 90% do gelo do mundo e 70% a 80% da água doce. Há especulações
científicas que indicam que se todo esse gelo derretesse, elevaria em 60 metros o nível dos mares.
As condições ambientais muito adversas inviabilizaram, ao longo dos tempos, a Antártica como habitat natural para a ocupação
humana e, mesmo hoje, a presença do homem, só é possível com o emprego de moderna tecnologia e complexo apoio logístico. Há
apenas pouco mais de dois séculos o continente foi descoberto por conquistadores e exploradores, e hoje a presença humana tem
como objetivo maior a pesquisa científica.
Por seus valores naturais e agrestes, praticamente intocados pelo homem, que por si só constituem um
preciosíssimo patrimônio de toda a humanidade, que cabe preservar, a Antártica foi designada como reserva natural,
consagrada à paz e a ciência.
História
Várias viagens foram feitas com aproximação cada vez maior da região antártica, dentre elas a de James Cook que, em 1772,
chegou às Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul; em 1819 um inglês, William Smith, avistou as Ilhas Shetland do Sul e relatou sobre
a quantidade de focas e baleias encontradas, o que atraiu uma infinidade de pessoas interessadas em auferir lucros com a gordura
animal. Na época sua gordura era usada para obter o óleo de iluminação, e os ossos de baleia tinham inúmeras aplicações no di a a
dia, inclusive na construção civil, portanto, descoberta de valor econômico extraordinário.
Foi um caçador de baleias e focas, o americano Nathaniel Palmer, quem conseguiu avistar, ainda em 1820, o Continente
Antártico pela primeira vez. Nesse mesmo ano, expedições de Bellingshausen (russo) e Brasfield (inglês) também avistaram o
continente, porém a primeira pessoa a desembarcar na península foi um pescador americano de nome John Davis, em 1821.
Após o período de caça às focas e baleias, inicia-se uma era de investigações científicas com importantes expedições na
década de 30 do século XIX. Expedições de ingleses, americanos, franceses, russos, belgas e noruegueses.
No século XX, intensificou-se ainda mais a penetração até que, em 14 de dezembro de 1911, Roal Amundsen fincou a bandeira
norueguesa no Polo Sul.
Continuaram as investigações científicas no continente com expedições da Grã-Bretanha, Alemanha, Estados Unidos.
Durante os anos 50 e 60, diversos países instalaram estações científicas permanentes com o propósito de estudar o Continente.
Desde então, e após a proibição da caça à baleia e focas, os antigos exploradores têm sido substituídos por cientistas que incorporam
uma parcela de seu espírito aventureiro e desbravador, promovendo investigações científicas que proporcionam maior conhecimento
dos fenômenos que lá ocorrem e sua influência global.
24.6 - O Brasil na Antártica
Os interesses na região antártica
Os primeiros navegadores rumo à Antártica foram movidos, principalmente, por questões econômicas, tais como a caça à
baleia e à foca, num segundo momento, pelo interesse científico e, posteriormente, pelo interesse estratégico-militar que a Antártica
representa. Para conter as reivindicações territoriais, impedir possíveis confrontos e preservar o meio ambiente de uma exploração
desenfreada foi elaborado o Tratado Antártico, que conseguiu manter na prática os ideais norteadores das atividades da região.
Em 1991, a renovação do Tratado Antártico por mais 50 anos fez com que as pretensões e os interesses na Antártica sofressem
algumas modificações. No entanto, como trâmites legais relacionados ao Tratado ainda não foram totalmente concluídos e como
nações envolvidas ainda não modificaram suas posturas em relação aos interesses no continente, ainda podemos resumir tal interesse
em três principais categorias: estratégico, científico e econômico.
Interesse estratégico
O mundo atual vive fases turbulentas em vários pontos dos cinco continentes, mas, ainda assim, o livre acesso a passagens
críticas de navegação é assegurado. E, por isso, o continente assume, além de tantos outros papéis, o de eminentemente estratégico.
A passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico pode ser efetuada pelo canal do Panamá, pelos pequenos canais do Oceano Ártico,
ou pelo estreito de Drake.
O canal do Panamá encontra-se comprometido, não sendo possível a passagem de grandes navios, em função do calado e
da largura dos navios modernos. Diante de tais circunstâncias, a passagem pelo estreito de Drake torna-se fundamental, tanto no
aspecto da estratégia militar como no econômico. Assim, a passagem de Drake, que separa a Antártica do continente sul-americano,
tem valor potencial como rota de navegação marítima, face à vulnerabilidade das demais.
Interesse científico
A condição do Brasil de país atlântico, situado, portanto, em área nas proximidades da região Antártica, e as influências dos
fenômenos naturais que aí ocorrem sobre o território nacional, já de início, mais do que justificam o histórico interesse de cientistas
brasileiros sobre o continente austral.
Além do quê, a pesquisa científica é a razão maior da presença brasileira na Antártica. Por desenvolver pesquisa de substancial
importância, o Brasil é membro pleno do SCAR e, com isso, tem direito a participar dos grandes projetos científicos globais,
desenvolvidos em parceria internacional na Antártica. A continuidade dessa pesquisa brasileira é condição essencial para que o país
mantenha sua condição de Membro Consultivo do Tratado da Antártica.
- 186 -
O Programa Antártico Brasileiro promove de forma multidisciplinar e interinstitucional, pesquisas nas áreas de Ciências da
Atmosfera, Ciências da Terra e Ciências da Vida e, ainda, pesquisas na área tecnológica.
Várias disciplinas estão envolvidas na pesquisa antártica, de modo a englobar todos os conhecimentos necessários. Entre elas:
Matemática, Química, Física, Biologia, Português, Inglês, Direito e Diplomacia, Geografia, Medicina, Glaciologia, Meteorologia,
Telecomunicações, Astronomia e Astrofísica, Computação, Modelagem e Oceanografia.
A pesquisa antártica brasileira na área de Ciências Atmosféricas busca compreender a atmosfera antártica e sua influência
sobre o clima do Brasil. Esses estudos permitem também o acompanhamento de fenômenos atmosféricos de grande escala, como a
diminuição da quantidade do gás ozônio na atmosfera, conhecida como “buraco de ozônio”.
No domínio das Ciências da Terra são desenvolvidos projetos de Geologia, de Geofísica, Glaciologia e de Cartografia,
abrangendo áreas continentais e marinhas.
As investigações na área de Geologia buscam o conhecimento e a interpretação da placa tectônica antártica, dos fundos
marinhos e daquele que foi conhecido Continente Gondwana, que incluía a África, a América do Sul, a Austrália e a Antártica,
continentes que se separaram devido às forças geológicas que atuaram durante milhões de anos.
As pesquisas glaciológicas visam à caracterização físico-química do manto de gelo no presente e a relação desse gelo com as
condições ambientalistas atuais e no passado recente, possibilitando a reconstrução da história do clima na região.
No âmbito das Ciências da Vida, os estudos buscam desvendar os processos que regem a vida na Antártica, conhecer a
estrutura e dinâmica dos ecossistemas marinhos e terrestres e compreender a evolução e as adaptações dos organismos antárticos
às condições desse ambiente aparentemente tão adverso.
Na área tecnológica, o processo de corrosão de vários tipos de materiais diante da inclemência do clima, processos construtivos
em áreas de baixas temperaturas, habitabilidade e conforto, incluindo o acústico, para o homem que se dispõe a ocupar o espaço na
Antártica, entre outros.
O conhecimento gerado por essas pesquisas tem contribuído para a caracterização do ambiente antártico e de sua fragilidade,
assim como vem fornecendo importantes subsídios para a avaliação dos efeitos de mudanças globais sobre o ecossistema antártico
e mundial e nos ajuda a compreender processos geológicos, biológicos e hidrográficos importantes que ocorrem no Brasil.
Interesse econômico
Conforme mencionado anteriormente, as primeiras viagens nas imediações da Antártica foram movidas principalmente pelo
interesse econômico que a caça e a pesca despertavam: a Antártica foi uma verdadeira fábrica de óleo de baleias na primeira metade
do século XX.
Há ocorrência de vários minerais na Antártica, possivelmente até grandes reservas de petróleo, mas não há efetivamente
confirmação desse fato. Provavelmente, a Antártica oferece condições propícias à existência de grandes reservas minerais, pois ela
fazia parte de um supercontinente, a Gondwana, e em inúmeros fragmentos que se separaram dele foram encontrados minerais
importantes.
Uma riqueza, no entanto, não pode ser contestada: a imensa reserva de água doce que a Antártica representa.
Tal quantidade já tem despertado o interesse de algumas nações ricas em petróleo e pobres em água potável: árabes já se
mostram interessados em abrir empresas capazes de realizar o transporte desses enormes blocos de gelo (de água doce) até as
áreas carentes de recursos hídricos.
Porém, não só os recursos minerais têm despertado o interesse e a cobiça de várias nações. Também os recursos disponíveis
nos mares da Antártica têm sido motivo de estudos exploratórios, principalmente o krill, que conforme levantamentos internacionais,
existe em um número tão grande no oceano antártico quanto o peso total da humanidade, ou seja, se todo o estoque de krill fosse
capturado, cada homem ganharia uma sacola com o equivalente ao seu próprio peso.
O escasseamento de recursos não renováveis nos demais continentes será provavelmente o incentivo necessário ao desenvolvimento
de tecnologia que possibilite a exploração dos recursos de forma racional e ecologicamente correta, porém, somente às nações que incentivam
as atividades de pesquisa será possível usufruir de forma limpa e sustentável dos recursos disponíveis na Antártica.
- 188 -
Navios antárticos brasileiros
Os navios brasileiros empregados em pesquisas e apoio logístico na Antártica são fatores essenciais ao sucesso e a
consolidação do Programa Antártico Brasileiro. Em 1986, o Navio Oceanográfico Professor Besnard fez a última de suas seis viagens
à Antártica. O Navio Oceanográfico Almirante Câmara realizou duas importantes expedições de caráter geofísico. O Navio
Oceanográfico Almirante Álvaro Alberto realizou uma expedição de apoio logístico.
O lendário Navio Polar Barão de Teffé, depois de 13 comissões antárticas foi substituído, em 1994, pelo Navio de Apoio
Oceanográfico Ary Rongel (NApOc Ary Rongel), que presta até hoje apoio logístico à EACF, aos refúgios e acampamentos, realizando
pesquisas oceanográficas nos mares austrais e transportando pesquisadores para as regiões mais afastadas onde realizam seus
trabalhos.
A Marinha do Brasil incorporou no ano de 2009, transferido da Alemanha, o Navio Polar Almirante Maximiano (NPo Almirante
Maximiano), para que com o NApOc Ary Rongel, possam em conjunto continuar os trabalhos, apoiando o Programa Antártico
Brasileiro.
Estação antártica brasileira Comandante Ferraz
A estação brasileira foi instalada no verão de 1984, quando o Navio de Apoio Oceanográfico Barão de Teffé transportava os
oito módulos que constituíram o início da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), inaugurado no dia 6 de fevereiro de 1984 e
que contava com casa de motores, dormitórios, cozinha, refeitório, equipamentos de radiocomunicação e sistema de aquecimento de
neve e gelo para abastecimento de água, aproveitando o calor dos gases de descarga dos motores geradores.
Hoje, a Estação Ferraz não é mais modular e possui compartimentos de dimensões variadas, construídos em aço carbono
corrugado. Além de camarotes, banheiros e alojamentos que podem acomodar até 58 pessoas, a estação dispõe de sala de
estar/jantar e copa/cozinha, biblioteca e sala de computadores, enfermaria e pequeno centro cirúrgico, sala de ginástica e oficinas de
veículos, despensa e lavanderia. Há 13 laboratórios destinados às ciências biológicas, atmosféricas e químicas. E há, ainda, módulos
de apoio logístico à estação em construções separadas do conjunto principal.
Tanques de combustíveis abastecem veículos tais como, tratores, motos de neve, quadrículos, lancha, botes e balsa e os
geradores que fornecem energia a estação. Os mantimentos (alimentos e bebidas) e os produtos de limpeza são armazenados para
o consumo de um ano. O sistema de comunicação de Ferraz é bastante eficaz e se constitui de telefone, rádio, internet e mesmo
correio, já que os voos de apoio transportam malas postais.
O serviço postal, no entanto, embora mantenha seus charmes para os missivistas e sua utilidade para os filatelistas, perdeu
terreno, como em toda parte, para a internet. Os computadores da sala de informática, ligados ininterruptamente à rede mundial,
permitem comunicação mais ágil, fornecendo aos pesquisadores excelente ferramenta de trabalho.
Operação Antártica
O trabalho do Programa Antártico Brasileiro é dividido em operações anuais para efeito de sistematização. O ano antártico
contempla o verão e invernos austrais, o primeiro de outubro a fevereiro, e o segundo de março a setembro. Cada operação antártica
tem início em outubro, com a saída do NApOc Ary Rongel do porto do Rio de Janeiro, levando pessoal e suprimentos. Vão, no navio,
os pesquisadores que farão coletas de dados ou observações científicas ao longo da viagem, além dos militares que darão apoio à
pesquisa científica, membros do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro que anualmente fazem a manutenção da estação e,
obviamente, a tripulação do navio.
Os suprimentos são os necessários para reabastecimento da Estação Ferraz, equipamentos científicos, combustíveis para
abastecimento da EACF, das embarcações e aeronaves. Do Rio de Janeiro, o Ary Rongel segue até a cidade de Rio Grande/RS,
onde está instalada a Estação de Apoio Antártico (ESANTAR), para embarque de equipamentos científicos e dali segue para o
arquipélago das Shetlands do Sul, fundeando na enseada Martel, na Baía do Almirantado, Ilha Rei George, onde está instalada a
Estação Ferraz. Pessoal e equipamentos são levados à estação por meio de bote, lancha ou helicóptero.
O outro meio de acesso a Ferraz é por um dos voos anuais realizados em avião Hércules C-130, da Força Aérea Brasileira.
No período do verão austral são realizados quatro voos, que têm início no Rio de Janeiro, com escalas em Pelotas e Punta Arenas, e
seguem até a Base Presidente Eduardo Frei Montalva (chilena), que é provida de um campo de pouso para aeronaves e se situa na
mesma ilha da estação brasileira. O percurso entre Frei e Ferraz se faz em meia hora de helicóptero ou três horas de navio. Os voos
permitem a substituição de pesquisadores, possibilitando a realização de maior variedade de pesquisas.
No inverno, os voos de apoio das aeronaves da aeronáutica levam suprimentos para reabastecimento da Estação e fazem
lançamento de carga na área da estação, com o uso de paraquedas, tendo em vista a dificuldade de acesso à estação nessa época
do ano. A técnica desenvolvida pelas equipes da FAB lhes permite lançar material, gêneros e equipamentos, às vezes frágeis, com
grande precisão e segurança. Consta que até caixas de ovos chegam ao solo com todos os ovos inteiros.
No mês de março, o Ary Rongel volta ao Brasil, trazendo os dez militares que durante um ano permaneceram na Antártica,
eventualmente alguns pesquisadores, equipamentos e amostras coletadas, assim como os resíduos produzidos por brasileiros na
área do Tratado da Antártica.
Os cientistas prosseguem em suas pesquisas, agora em laboratórios no Brasil, enquanto a parte administrativa do Programa
Antártico Brasileiro cuida da preparação da operação seguinte, em áreas tão diversas como acordos de cooperação internacional,
busca de recursos e inclusão do PROANTAR no orçamento da União, manutenção do navio e aeronaves, avaliação e seleção de
projetos.
O tratado da Antártica - o que é um tratado
É a mais importante fonte do Direito Internacional Público (DIP) estabelecendo parâmetros de convivência entre os povos;
podem ser firmados entre Estados ou entre estes e Organizações Internacionais. Segundo Hidelbrando Accioly, é o ato jurídico por
meio do qual se manifesta o acordo de vontades entre duas ou mais pessoas internacionais.
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Requisitos de validade de um tratado
São requisitos para validade de um tratado, o objeto lícito e possível; capacidade das partes; partes hábeis (habilitação);
consentimento (maioria de 2/3 nos tratados multilaterais); forma escrita; composição preâmbulo (finalidade e identificação das partes)
e dispositivo (direitos e deveres dos participantes em artigos, partes, seções ou capítulos) e idioma (hoje em dia é livremente escolhido
pelos co-partícipes, mas até 1919 a língua oficial era o francês ou o latim).
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O Tribunal é formado por três árbitros, provenientes de lista permanente, cada parte na disputa escolhe um árbitro, nacional
de seu país; o terceiro árbitro, e presidente do tribunal, é escolhido em conjunto.
O Protocolo de Madri trouxe considerável avanço institucional, mas não é visto como inovação, dado que suas normas derivam
de recomendações anteriores das ATCMs, mas, ao entrar em vigor em 1998 e banir a exploração de recursos minerais, o protocolo
consolidou tendência já registrada ao longo das ATCMs: a preservação ambiental e a cooperação científica como principais
orientadores das atividades humanas ao sul do paralelo 60º.
Atividades proibidas
• Explosões nucleares e lançamento de lixo ou resíduos radioativos.
• Qualquer atividade relacionada com recursos minerais, exceto a de pesquisa científica.
• Descarga de óleo ou misturas oleosas, substância líquida nociva, material plástico ou qualquer outra forma de lixo no mar; restos de
comida só podem ser eliminados no mar se devidamente triturados ou moídos. 27
• Introdução quer em terra, quer nas plataformas de gelo, quer nas águas da área do Tratado da Antártica, de qualquer espécie animal
ou vegetal que não sejam autóctones da área do tratado, salvo quando objeto de licença.
• Qualquer interferência nociva à fauna e à flora nativas, exceto quando objeto de licença. Essas incluem: voos ou aterrissagens de
helicópteros ou outras aeronaves que perturbem as concentrações de aves e focas; perturbação deliberada, por pedestres, de aves
em fase de reprodução ou muda, ou das concentrações de aves ou focas; danos significativos às concentrações de plantas terrestres
nativas em decorrência de aeronaves, condução de veículos ou pisoteio; qualquer atividade que ocasione modificação desfavorável
significativa ao habitat de qualquer espécie ou população de mamíferos, aves, plantas ou invertebrados nativos.
• Resíduos que não tiverem sido removidos ou eliminados, mediante remoção ou incineração, não serão eliminados em áreas
desprovidas de gelo ou em sistemas de água doce.
• Introdução de difenis policlorados (PCBs), isopor ou pesticidas, exceto para fins científicos, médicos ou higiênicos.
• Ingresso nas Áreas Antárticas Especialmente Protegidas (ASPas) sem permissão prévia.
• Dano, remoção ou destruição de sítios ou monumentos históricos.
• Queima de resíduos ao ar livre.
Obrigações
• A quantidade de resíduos produzidos ou eliminados será reduzida, tanto quanto possível, de maneira a minimizar seu impacto sobre
o meio ambiente antártico.
• Armazenamento, eliminação e retirada dos resíduos da área do tratado, assim como sua reciclagem e sua redução na fonte, serão
considerações essenciais no planejamento e na execução de atividades na Antártica.
• Os resíduos removidos da Antártica serão, tanto quanto possível, devolvidos ao país que tiver organizado as atividades que geraram
esses resíduos.
• Os sítios antigos e os atuais de eliminação de resíduos em terra, assim também os sítios de trabalho de atividades antárticas
abandonados deverão ser limpos por quem houver gerado os resíduos.
Como cuidamos do meio ambiente na Estação Antártica Comandante Ferraz
A própria presença do ser humano na antártica já causa impacto no ambiente. Para minimizá-lo, são tomados todos os cuidados
possíveis. Essa ação do PROANTAR tem obtido tanto sucesso que já mereceu elogio do Greenpeace e o reconhecimento
internacional.
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O Brasil tem adaptado suas atividades às regulamentações do Protocolo de Madri, estando na vanguarda dos fatos, pelo
exemplar manejo ambiental na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), e por ter apresentado, em conjunto com a Polônia, o
Peru, os Estados Unidos e o Equador, proposta que considera a Baía do Almirantado, a primeira Área Antártica Especialmente
Gerenciada (AAEG). O propósito da AAEG é assegurar o planejamento e a coordenação das atividades em uma área específica,
reduzindo possíveis interferências e promovendo a cooperação entre as Partes Consultivas do Tratado da Antártica, minimizando o
impacto ambiental.
As ações de conservação ambiental são pautadas por atitudes sistematizadas quanto a dejetos, condutas, etc.
• Lixo - o lixo produzido na EACF é transportado de volta ao Brasil ou destruído no local, o que minimiza os resquícios da atividade
humana no ambiente.
Papel e metal são pressionados e acondicionados em caixas de marfinite, o vidro também é acondicionado em caixas. O lixo orgânico
é queimado e as cinzas resultantes são transportadas para o Brasil. Na saída do incinerador para a atmosfera há filtros para amenizar
o impacto no ambiente externo. Óleo queimado e compostos químicos são colocados em galões e levados de volta ao país. O
mesmo ocorre com os resíduos sólidos do esgoto.
• Esgoto - o sistema de esgoto de Ferraz é um sistema secundário, que aparentemente é suficiente para manter minimamente a
interferência nas condições naturais do ecossistema circundante.
O esgoto proveniente dos vasos sanitários é recolhido por um encanamento revestido de isolantes térmicos, que consistem
em espuma, além de resistência elétrica, o que evita que o esgoto se congele. No verão, a resistência elétrica é desligada e o esgoto
é recolhido em um sistema de quatro fossas, que são divididas em três partes, correspondentes a três etapas de tratamento:
decantação, decomposição e depuração.
A caixa de gordura é mantida aquecida também por resistência elétrica e é esvaziada, regularmente, pelo Grupo Base. O
aquecimento da fossa consiste em resistência elétrica e, também, em tubulação com água proveniente da caldeira, com temperatura
de 30 a 35º C, o que ajuda na decomposição e impede que o esgoto se congele. Preferencialmente, o aquecimento é mantido pela
água quente, mas caso seja necessário, há um termostato que aciona a resistência elétrica.
A fossa é esvaziada anualmente na troca de equipes e o conteúdo colocado em sacos plásticos e em caixas de marfinite e
levados para o Brasil. As águas restantes são filtradas em filtros de brita. Há um coletor, após todo o processo, para verificar a
eficiência do tratamento. Após todo este processo, as águas são finalmente lançadas em um emissário próximo à costa (20 m de
distância), a pouca profundidade.
• Óleo - a estação contém 17 tanques de óleo interligados. São consumidos 320 mil litros por ano. Durante 12 meses (com término
em fevereiro), é consumido o conteúdo dos 17 tanques que começam a ser reabastecidos com a chegada do navio, em novembro.
O abastecimento, a partir do navio, é feito por uma chata de óleo que também possui paredes duplas, onde são colocados
protetores embaixo da mangueira para evitar que o óleo derrame em caso de vazamento. Durante todo o ano, mesmo no inverno,
quando o gelo tem de ser escavado, o nível do óleo é medido nos tanques para se certificar de que não há vazamento.
É o óleo que mantém viva a Estação. Ele é utilizado para gerar energia e para aquecer a água. O resultado da queima do óleo
é liberado para a atmosfera por dois exaustores localizados atrás do módulo. A cada mês as pastilhas do catalisador (filtro) são
trocadas.
• Plano de emergência - O Programa Antártico Brasileiro possui um plano de emergência para contenção de óleo em caso de
derramamento acidental. O material a ser utilizado consiste em acessórios flutuantes para segurar um cordão contendo material
absorvente. Esse material é levado por botes até o local afetado e com ele a mancha de óleo é contornada, buscando absorver o
óleo e evitando que ele se espalhe. O Grupo base recebe treinamento para efetuar tal operação.
• Mentalidade ambiental - parte do treinamento antártico é a incorporação de uma mentalidade ambiental. As Operações Pente Fino,
quando todos os que estão na Estação fazem um mutirão para coletar qualquer lixo encontrado nos arredores da Estação, servem
para alertar as pessoas do cuidado com o meio ambiente.
A separação do lixo e o cuidado com a Estação, que se aprende com os dias de serviço, são importantes para consolidar e
internalizar o valor de cuidar e a disseminar a conduta consciente no ambiente antártico.
Mecanismos de proteção
Esses mecanismos mudaram novamente o curso da história da Antártica e proporcionaram exemplos de verdadeiro sucesso
na recuperação de danos passados. O exemplo mais evidente foi a recuperação das populações de lobo-marinho, uma espécie
ameaçada de extinção e que, hoje, chega a ter problemas de superpopulação.
Assim, apesar de o ecossistema antártico ter sofrido perturbações ambientais no passado, provocadas pela pesca comercial e
pela caça a baleias e focas, das quais ainda se recupera, são ainda as estruturas menos modificadas, sob o ponto de vista ambiental,
de toda a superfície da Terra.
A caça comercial só cessou no final dos anos 60. Pressões crescentes levaram a IWC, em 1982, a determinar uma moratória
que passou a vigorar a partir de 1986. O Japão, alegando finalidades científicas, captura uma quota de baleias-minke e, recentemente,
de baleias-fin, com permissão especial da IWC, motivo de muita polêmica no mundo inteiro. As espécies sobrevivem, hoje, graças a
fortes pressões de grupos conservacionistas.
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PROGRAMA ANTÁRTICO BRASILEIRO (PROANTAR)
O Programa Antártico Brasileiro é gerido por uma parceria entre ministérios e uma agência de fomento. Efetivamente participam
do PROANTAR, os Ministérios das Relações Exteriores, da Defesa (Marinha e Aeronáutica), da Ciência e da Tecnologia, do Meio
Ambiente, das Minas e Energia, e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Ao CNPq cabe o financiamento e a coordenação da execução das pesquisas, realizadas por universidades e outras instituições,
além da formação de pesquisadores com conhecimento sobre a Antártica. Para o exame dos projetos, a agência conta com seu Grupo
de Assessoramento que só aprova projetos que tenham mérito científico, apresentem orçamento aceitável e não causem danos
ambientais. O CNPq responde ainda pela concessão de bolsas de formação.
Por sua vez o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) ocupa-se da definição da política científica, buscando, sempre que
possível, e conveniente, alinhar a pesquisa brasileira às diretrizes do Comitê Científico para Pesquisas Antárticas (SCAR) que, em
verdade, define os grandes projetos internacionais da ciência antártica.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) procura garantir que as atividades brasileiras desenvolvidas na Antártica cumpram as
regras internacionais com vistas a minimizar o impacto da presença humana em solo antártico.
O Ministério das Relações Exteriores, órgão responsável pela Política Nacional para os Assuntos Antárticos, conduz a atuação
internacional do Brasil do âmbito do Tratado da Antártica.
O Ministério da Defesa atua no PROANTAR por intermédio dos Comandos da Marinha e da Aeronáutica. A Marinha do Brasil
sedia a Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM), que gerencia o Programa Antártico Brasileiro
(PROANTAR), planeja as Operações Antárticas (OPERANTAR) e financia o segmento logístico do Programa, mantendo a Estação
Ferraz, refúgios e acampamentos, além da Estação de Apoio Antártico, na Fundação Universidade do Rio Grande. A Aeronáutica
realiza, com aeronaves C-130, os voos de apoio ao PROANTAR.
O Ministério de Minas e Energia fornece, por intermédio da PETROBRÁS, combustíveis especialmente desenvolvidos para
regiões geladas, essenciais ao abastecimento dos motores-geradores da Estação, à propulsão do navio polar e embarcações, dos
helicópteros, dos veículos terrestres e do avião da FAB.
Nos últimos anos, o MMA, em parceria com o CNPq e a SECIRM, iniciou financiamento de pesquisa induzida sobre mudanças
ambientais globais e locais na Antártica. Esses estudos visam compreender as consequências das alterações que vêm sendo
provocadas no planeta, tais como expansão do buraco da camada de ozônio, a intensificação do efeito estufa e o consequente
aquecimento terrestre, o aumento do nível do mar, a variabilidade climática. Essas alterações influenciam as condições ambientais
vigentes no Brasil. Além de, por essa iniciativa, cumprir também com o compromisso internacional de cuidar do meio ambiente antártico
e evitar que nossa presença naquele continente o altere.
A CIRM constituída por Decreto presidencial nº 74557/1974, é coordenada pelo Comandante da Marinha e tem como membros
representantes dos seguintes órgãos: Casa Civil da Presidência da República; Ministério da Defesa; Comando da Marinha; Ministério
das Relações Exteriores; Ministério dos Transportes; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Ministério da Educação;
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Ministério de Minas e Energia; Ministério do Planejamento, Orçamento
e Gestão; Ministério da Ciência e Tecnologia; Ministério do Meio Ambiente; Ministério do Esporte; Ministério do Turismo; Secretaria
Especial de Aquicultura e Pesca.
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