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QOAA-AFN/2022

TURMA REGULAR
CONHECIMENTOS GERAIS
MÓDULO – V
JULHO - AGOSTO
2022

PORTUGUÊS E REDAÇÃO Prof. Rafael Dias


MATEMÁTICA Prof. César Loyola
GEOGRAFIA ECÔNOMICA Prof. Odilon Lugão
HISTÓRIA MILITAR NAVAL (*) Prof. Vagner Souza
* Será abordado o Livro “Gueras no Mar: Batalhas que mudaram a História” – Não incluso neste módulo.

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MATERIAL INTERNO DE USO EXCLUSIVO DOS ALUNOS


Proibida a reprodução total ou parcial

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Sumário
PORTUGUÊS ......................................................................................................................................... 5
REDAÇÃO ..................................................................................................................................................................................... 7
GRAMÁTICA ................................................................................................................................................................................ 8
FIGURAS DE LINGUAGEM ......................................................................................................................................................... 8
CONCORDÂNCIA VERBAL ....................................................................................................................................................... 23
CONCORDÂNCIA NOMINAL .................................................................................................................................................... 40
REGÊNCIA VERBAL ................................................................................................................................................................. 47
REGÊNCIA NOMINAL ............................................................................................................................................................... 52
O EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE .................................................................................................................... 54
APÊNDICE: GRAFIA CERTA DE CERTAS PALAVRAS ........................................................................................................... 68

MATEMÁTICA ..................................................................................................................................... 83
GEOMETRIA ESPACIAL ............................................................................................................................................................ 85
GEOMETRIA ANALÍTICA ......................................................................................................................................................... 110

GEOGRAFIA .......................................................................................................................................137
20 - BRASIL - A PRODUÇÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL. ................................................................................................. 139
20.1 - Regionalização no território brasileiro ............................................................................................................................ 139
20.2 - A regionalização brasileira e as políticas territoriais. ..................................................................................................... 139
21 - BRASIL - COOPERAÇÃO INTERNACIONAL .................................................................................................................. 141
21.1 - A inserção econômica do Brasil ..................................................................................................................................... 141
21.2 - Cooperação internacional - A política externa do Brasil ................................................................................................ 141
21.3 - O Brasil nos processos de Integração Sul-americana e na Geografia das Relações Internacionais ............................. 143
21.4 - O Brasil e o seu “Entorno Estratégico” ........................................................................................................................... 148
22 - A EXPANSÃO DAS PANDEMIAS E OS IMPACTOS NA ECONOMIA MUNDIAL ............................................................ 153
22.1 - Introdução e definições .................................................................................................................................................. 153
22.2 - Evolução através de epidemias ..................................................................................................................................... 154
22.3 - Coronavírus humanos infectam pessoas em todo o mundo ao longo da vida ............................................................... 155
22.4 - As consequências da Covid-19 para a economia mundial ............................................................................................ 155
22.5 - Crise do coronavírus: desta vez é realmente diferente .................................................................................................. 155
22.6 - Limitando as consequências econômicas do coronavírus com políticas amplas e dire-cionadas ................................. 157
22.7 - Vacinas desenvolvidas .................................................................................................................................................. 161
23 - A GEOGRAFIA DAS GUERRAS E A POLÍTICA DA VIOLÊNCIA .................................................................................... 162
23.1 - Guerra - por que e para quê? ......................................................................................................................................... 162
23.2 - O conflito armado no século XXI .................................................................................................................................... 163
23.3 - Disputas de fronteiras na América Latina ...................................................................................................................... 166
23.4 - Os Direitos Humanos e a Questão dos Refugiados ....................................................................................................... 169
24 - AS REGIÕES POLARES .................................................................................................................................................. 180
24.1 - A importância geoeconômica das regiões polares ......................................................................................................... 180
24.2 - O Continente Antártico e as gestões multilaterais no Contexto da Geografia Mundial .................................................. 180
24.3 - Recursos naturais e disputas nas regiões polares ......................................................................................................... 181
24.4 - Geografia do Ártico ........................................................................................................................................................ 182
24.5 - Antártica ......................................................................................................................................................................... 184
24.6 - O Brasil na Antártica ...................................................................................................................................................... 186
24.7 - Ações brasileiras voltadas para os recursos do mar ...................................................................................................... 193

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REDAÇÃO

Redação 1:

Nome: Érico Marques da Silva

Redação 2:

Nome: Luciana Silva Freitas


Tema: A Perspectivas do Oficialato na Marinha do Brasil (adaptado)
Estabilidade. Reconhecimento. Disciplina. A Marinha do Brasil (MB) – instituição nacional, permanente e regular –, cujo
objetivo principal é a defesa da Nação, certamente valoriza esses atributos enaltecedores da carreira de seus militares devido às
perspectivas geradas por causa das peculiaridades do Oficialato. Nesse contexto, para entender tal fato, cabe considerar estes dois
aspectos: a importância da liderança e do reconhecimento social. Compreender tais fatores é, assim, fundamental para que, no
futuro, haja não apenas um País grande como também um grande País.
Ressalta-se, em primeiro lugar, que a liderança é um dos requisitos mais relevantes para a Armada. Esse preceito
conceitua-se como a arte de influenciar pessoas para agirem, voluntariamente, em prol dos objetivos da Força, por isso a função da
MB é capacitar o militar graduado por meio de cursos e treinamentos para que ele possa crescer na carreira naval, já que o Oficial
precisa conduzir seus subordinados de maneira eficiente, além de ser um verdadeiro líder em suas atribuições cotidianas. Dessa
forma, tal militar estará preparado para superar todas as adversidades encontradas no dia a dia da caserna.

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Também a ascensão profissional é aspecto relevante na MB. O militarismo é, de fato, uma área promissora por valorizar
seus integrantes com um plano de carreira, uma vez que proporciona reconhecimento profissional e valorização financeira,
consequentemente, o Oficialato desperta inúmeros sentimentos engrandecedores na sociedade civil como o reconhecimento social.
Tal situação ocorre por essa congratulação ser uma característica marcante na vida militar graças ao comprometimento e à coragem:
esta representa a superação do medo para enfrentar qualquer perigo em prol do cumprimento da missão; aquele está relacionado
com os princípios da ética e da ordem. Os civis, indubitavelmente, admiram, então, tais atributos.
Muitas são, portanto, as perspectivas que giram em torno do Oficialato na Marinha do Brasil. Com certeza, poder exercer
a liderança e obter reconhecimento social perante a sociedade são características enaltecedoras, que fazem dessa carreira não só
uma profissão mas também um estilo de vida. Desse modo, a Força manter-se-á forte no compromisso de aperfeiçoar-se
continuamente de modo a contribuir para a prontidão do cumprimento da sua missão constitucional: a defesa de um grande País.

Itens de uma redação nota DEZ:


1. Travessão;
2. Pronome relativo “cujo”;
3. Catáfora;
4. Numeral;
5. Dois-pontos;
6. Introdução com 4 frases: 2 frases de apresentação do tema (sem ser a tradicional), 1 frase de tese e 1 frase de miniconclusão;
7. Desenvolvimento com, no mínimo, 3 frases: 1 frase de tópico frasal(curta), 1 frase de desenvolvimento (longa) e 1 frase de
miniconclusão(curta);
8. Paralelismo;
9. Anáfora com 2 referentes (este e aquele);
10. Ponto e vírgula;
11. Conclusão com 3 frases e com 5 ou 6 linhas (1 frase de retomada da tese/tema e 2 frases de finalização);
12. Mesóclise;
13. Circularidade entre introdução e conclusão.

GRAMÁTICA

FIGURAS DE LINGUAGEM
1. .Aliteração: consiste na repetição dos mesmos sons de natureza consonantal.
Ex.: “Esperando, parada, pregada na pedra do porto.” (Chico Buarque)

2. Assonância: consiste na repetição dos mesmos sons de natureza vocálica.


Ex.: “Sou mulato nato no sentido lato, mulato democrático do litoral.” (Caetano Veloso, em “Araçá azul”)

3. Elipse: consiste na omissão de um termo que facilmente pode ser subentendido pelo contexto.
Ex.: À esquerda, casas novas; à direita, construções do início do século.

4. Zeugma: é um tipo especial de elipse; consiste na omissão de um termo que já apareceu antes no contexto.
Ex.: “Naquele país, havia muitos profissionais competentes; naquela cidade, médicos dedicados.”

5. Polissíndeto: consiste na repetição de conjunções coordenativas ligando elementos da frase ou do período.


Ex.: “Ocupados como quem lavra a existência, e planta, e colhe, e mata, e vive, e morre, e come.” (C. Lispector)

6. Assíndeto: consiste na ausência de conjunção coordenativa na ligação entre elementos da frase ou do período. Ex.:
“Clara passeava nos jardins com as crianças.
O céu era verde sobre o gramado,
a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados,
o guarda-civil sorria, passavam bicicletas,
a menina pisou a relva para pegar um pássaro,
o mundo inteiro, a Alemanha, a China, tudo era tranquilo” (Carlos Drummond de Andrade)

7. Inversão: consiste na mudança da ordem natural dos termos da frase.


Ex.: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / De um povo heroico o brado retumbante.” (HNB)

8. Silepse: consiste num tipo especial de concordância, chamada “ideológica”, que não é feita como termo expresso na frase, mas
com a ideia, com o que se subentende. Há três tipos de silepse:
Silepse de gênero: Vossa Alteza parece aborrecido.
Silepse de número: Os Lusíadas é um poema épico.
Silepse de pessoa: Todos sabemos que cada brasileiro é um técnico de futebol.

9. Anacoluto: consiste na quebra da estrutura sintática da frase, deixando um termo “solto”. Normalmente, o anacoluto ocorre
quando se inicia uma determinada construção sintática e depois se opta por outra.
Ex.: “Bom! Bom! eu parece-me que ainda não ofendi ninguém!” (J. Régio)
Ex.: Essa sua mania, suas preocupações com detalhes me irritam!

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10. Pleonasmo: é uma repetição com o fim de enfatizar a mensagem. Trata-se, pois, de uma redundância com finalidade expressiva.
Ex.: “A mim, ensinou-me tudo.” (Fernando Pessoa)
11. Anáfora: consiste na repetição de uma mesma palavra no início de versos ou frases.
Ex.: “ Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa
Por favor” (Chico Buarque)

12. Antítese: consiste na aproximação de palavras que se opõem pelo sentido.


Ex.: “Coração americano / Acordei de um sonho estranho
Um gosto de vidro e corte / Um sabor de chocolate
No corpo e na cidade / Um sabor de vida e morte.” (Milton Nascimento e Fernando Brant)

13. Ironia: consiste em utilizar uma palavra, expressão ou frase em sentido diverso do literal, obtendo-se, com isso, conotação
depreciativa ou satírica.
Ex.: O seu aproveitamento na escola não podia ter sido melhor: reprovado em apenas seis matérias.

14. Eufemismo: consiste em suavizar uma expressão desagradável, substituindo-a por outra de valor mais ameno.
Ex.: “Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.” (Machado de Assis)

15. Hipérbole: consiste na exageração de uma idéia com finalidade expressiva.


Ex.: “ O leito dos rios fartou-se
E inundou de água doce
A amargura do mar.” (Chico Buarque)

16. Prosopopeia ou Personificação: consiste em atribuir a seres inanimados predicados próprios dos seres animados.
Ex.: “A lua/ tal qual a dona de um bordel,/ pedia a cada estrela fria/um brilho de aluguel./ E nuvens,/lá no mata-
borrão do céu/chupavam manchas torturadas” (João Bosco e Aldir Blanc)

17. Apóstrofe: consiste na invocação de alguém (ou de alguma coisa personificada) com função emotiva.
Ex.: “Oh! Musa do meu fado/ Oh! Minha mãe gentil / Te deixo consternado
No primeiro abril” (Chico Buarque e Ruy Guerra)

18. Gradação: consiste na apresentação ideias em progressão ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax).
Ex.: O balão foi aceso, inflou, cresceu, subiu, pegou fogo e caiu.

19. Metonímia: consiste em empregar um termo no lugar de outro, com o qual mantém uma relação de contiguidade (autor pela
obra, todo pela parte, continente pelo conteúdo, lugar pelo produto, efeito pela causa etc.).
Ex.: “O bonde passa cheio de pernas: / Pernas brancas pretas amarelas.” (Carlos Drummond de Andrade)
Ex.: Procurou no Aurélio o significado daquela palavra.
- o autor pela obra: Você já leu Camões?
- o efeito pela causa: Respeite minhas rugas.
- o instrumento pela pessoa: Júlio é um bom garfo.
- o continente pelo conteúdo: Ele comeu dois pratos.
- o lugar pelo produto: Ele gosta de um bom havana.
- a parte pelo todo: Não tinha teto aquela família.
- o singular pelo plural: O paulista adora trabalhar.
- o indivíduo pela espécie ou classe: Ele é um judas.
- a matéria pelo objeto: A porcelana chinesa é belíssima.
- a marca pelo produto:pacote de bombril, fazer a barba com gilete, mascar um chiclete.

20. Catacrese: consiste no emprego de uma palavra fora de seu significado real; entretanto, dado seu uso contínuo, o falante não
mais percebe esse sentido figurado.
Ex.: Esquente o óleo e doure dois dentes de alho.
21. Antonomásia ou perífrase: consiste em substituir um nome por uma expressão que o identifique com facilidade.
Ex.: O maior estádio do mundo está em festa.
Ex.: O Poeta da Vila será homenageado mais uma vez.

22. Sinestesia: consiste em mesclar, numa mesma expressão, sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
Ex.: No silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos.Ex.: Um grito áspero revelava todo o seu medo.

23. Metáfora: consiste em utilizar uma palavra ou expressão, em lugar de outra, por haver entre elas uma relação de
semelhança.Toda metáfora é uma espécie de comparação implícita, em que o elemento comparativo não aparece.
Ex.: “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa). O poeta estabelece traços de semelhança entre um rio
subterrâneo e seu pensamento: é como se aquele fosse um rio.

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24. Comparação ou símile: consiste em usar uma palavra ou expressão para evidenciar a comparação. Se o exemplo acima fosse
“ Meu pensamento é como um rio subterrâneo”, não teríamos metáfora, e sim comparação pela presença do conectivo comparativo como.
Obs.: comparação e metáfora comparam, cotejam; a primeira precisa apresentar um elemento de comparação; a segunda, não.
25. Paradoxo ou oxímoro: é a fusão de ideias contraditórias, de modo a produzir um enunciado logicamente impossível,
expressando a falsidade do seu próprio conteúdo.
Ex.: “Quem achavive se perdendo.” (Noel Rosa)
“Há filosofia bastante em não pensar em nada.” (Fernando Pessoa)
“ O amor é fogo que arde sem se ver” (Camões)
"Estou cego e vejo " (Carlos Drummond de Andrade)

26. Hipálage: consiste na relação de um termo com outro que não seria seu complemento correspondente, por uma
transferência de significado.
Ex.: “Mas isso ainda diz pouco: / se ao menos mais cinco havia / com o nome de Severino / vivendo na mesma serra / magra e
ossuda em que eu vivia.” (João Cabral de Melo Neto)

27. Paronomásia: consiste no emprego de vocábulos parônimos, ou seja, de termos com grafia e pronúncia bem semelhantes e
significados distintos.Esta figura é amplamente utilizada para fazer “trocadilhos” propositais e construir ironias, dando grande
expressividade e subjetividade ao discurso.
Ex.: “Na terra da imprevidência, em que só se tomam providências depois da porta arrombada...” (Zuenir Ventura)
“ Os magnetes atraem o ferro; os magnatas o ouro.” (Pe. Antonio Vieira)

28. Onomatopeia: reprodução na escrita do som do que está sendo representado no enunciado.
Ex.: Sino de Belém, como soa bem! / Sino de Belém bate bem-bem-bem. (Manuel Bandeira)

29. Anadiplose: consiste em repetir, no início de uma oração ou de um verso, a última palavra da oração ou verso anterior.
Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade,
verdade é, meu senhor, que hei delinquido,
delinquido vos tenho, e ofendido;
ofendido vos tem minha maldade (Gregório de Matos)

30. Epizeuxe: Figura pela qual se repete seguidamente a mesma palavra, para amplificar, para exprimir compaixão, ou para exortar.
Ex.: “Já, já me vai, Marília, branquejando / loiro cabelo, que circula a testa” (Tomás Antônio Gonzaga)
“e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo...” (Machado de Assis)
“Nize? Nize? onde estás? aonde? aonde?” (Cláudio Manuel da Costa)

EXERCÍCIOS
1. Dê o nome das figuras de linguagens nas frases abaixo:

1 . “Eu, ele achava que eu pegava o sentido.”


(Chico Buarque)

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2 . O jardineiro regava o pé de laranja.

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3. “Meu coração não aprendeu nada.” (Fernando Pessoa)

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4 . “Terei sonhado ou sonhei que sonhava...” (Rubem Braga)

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5 . “Serei sempre o que não nasceu para isso;


Serei sempre o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta
ao pé de uma parede sem porta.”(Fernando Pessoa)

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6 . “E o olhar estaria ansioso esperando


e a cabeça ao sabor da mágoa balançando
e o coração fugindo e o coração voltando
e os minutos passando e os minutos passando..." (Vinicius de Moraes)

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7 . “Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou coroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
 Alô, iniludível!” (Manuel Bandeira)

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8 . “O meu nome é Severino

Não tenho outro de pia”(João Cabral de Melo Neto)

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9. “A mim ensinou-me tudo

Ensinou-me a olhar para as cousas.”( Fernando Pessoa)

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10. “E estava. Era a outra guerra. A gente ficávamos


aliviados, aquilo dava um sutil enorme.” (Guimarães Rosa)
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11. “Joca Ramiro morreu como o decreto de uma lei nova.” (Guimarães Rosa)

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12 . “De tudo nesta vida a gente esquece, Riobaldo.” (Guimarães Rosa)

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13 . “Mas nós passávamos, feito flecha, feito faca, feito fogo.” (Guimarães Rosa)

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14 . “Minha vida era um palco iluminado.” (Sílvio Caldas e Orestes Barbosa)

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15 . “Marcela amou-me durante onze meses e quinze contos de réis.” (Machado de Assis)

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16 . “O teu silêncio é uma nau com todas as velas pandas...” (Fernando Pessoa)

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17 . “Entre a cidade, com as suas agitações e aventuras, e o céu, em que as estrelas pestanejavam, através de uma atmosfera
límpida e sossegada...” (Machado de Assis)

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18 . “... no fim de oito dias deu-me na veneta olhar para o espelho com o fim justamente de achar-me dois. Olhei e recuei. O próprio
vidro parecia conjurado com o resto do universo...” (Machado de Assis)

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19 . “O esforço é grande e o homem é pequeno.” (Fernando Pessoa)

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20. “O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano” (Chico Buarque)

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21 . O balão inflou, começou a subir e apagou.

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22. “— Sabes da última? O neves desistiu da briga.


-Não é possível, ainda ontem cruzei com ele no calçadão.
-Pois é, te digo que refinou a rapadura.
-Conte como foi.
-Não sei. Sei apenas que ele parou o relógio.”

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23. “A felicidade é como a gota de orvalho numa pétala de uma flor.”

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24. “Velho vento vagabundo!/ no teu rosnar sonolento / leva ao longe este lamento / além do escárnio do mundo.”

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25. Falta-lhe inteligência para compreender isso.

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26. A floresta gesticulava nervosamente diante do fogo que a devorava.

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27. Deixe-me ver... É necessário começar por... Não, não, o melhor é tentar novamente o que foi feito ontem.

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28. Das minhas coisas cuido eu!

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29. vozes veladas, veludosas vozes,


Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. (Cruz e Sousa)

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30. Foi apanhar gravetos, trouxe do chiqueiro das cabras uma braçada de madeira meio roída pelo cupim, arrancou touceiras de
macambira, arrumou tudo para a fagueira. (Graciliano Ramos)

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31. O amor que exalta e a pede e a chama e a implora. (Machado de Assis)

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32. Professor já não sou.

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33. Meus olhos estão tristes porque você decidiu partir.

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34. Faria isso mil vezes se fosse preciso.

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35. Muito competente aquele candidato! Construiu viadutos que ligam nenhum lugar a lugar algum.

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36. O ipê acenava-lhe brandamente, chamando-o para casa.

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37. Alfredinho é um bom garfo.

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38. Eles embarcaram no avião das seis horas.

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39. “A História é um carro alegre


Cheio de um povo contente” (Chico Buarque)

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40. Tudo o que ele tem foi conquistado com seu próprio suor.

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EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

1. O AÇÚCAR

O branco açúcar que adoçará meu café


nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.

Este açúcar veio


da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
[dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana


e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.

(...)

Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.

Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, p. 227-8.

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A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho na sociedade brasileira é expressa poeticamente na oposição
entre a doçura do branco açúcar e

a) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar.


b) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca.
c) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar.
d) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale.
e) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.

2. Em uma grande concessionária de São Paulo leu-se a seguinte chamada: "Queima total de seminovos". A mesma estratégia foi
utilizada em uma chamada de um grande hipermercado, em que se podia ler: "Grande queima de colchões".

Acerca dos sentidos criados por essas chamadas, é apropriado afirmar que

a) em ambas há uma utilização da linguagem em seu sentido estritamente literal.


b) apenas em uma delas a linguagem foi utilizada em seu sentido estritamente literal.
c) em ambas o sentido é metafórico e é apreendido pela associação com o contexto.
d) em ambas o sentido é metafórico e é apreendido apenas pelas regras gramaticais.
e) em ambas o sentido é metafórico e não pode ser apreendido porque é incoerente.

3. Em todas as opções a seguir, está presente uma figura de linguagem que trabalha a substituição de um vocábulo por outro numa
relação de contiguidade ou abrangência, EXCETO EM UMA. Assinale-a:

a) "Beba Brahma chopp" (propagand.


b) "Meu coração é um porta-aviões" (Humberto Gessinger).
c) "Você é forte / Dentes e músculos / Peitos e lábios" (Caetano Veloso).
d) "Muitos políticos não lutam pelos 'sem-teto', mas exigem o 'auxílio-paletó'". (Folha de S. Paulo).
e) "Planalto revê metas para expansão econômica". (Folha de S. Paulo).

4. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de
palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado (...) Cedendo
à meiga pressão, a virgem reclinou-se ao peito do guerreiro, e ficou ali trêmula e palpitante como a tímida perdiz (...) A fronte
reclinara, e a flor do sorriso expandia-se como o nenúfar ao beijo do sol (...). Em torno carpe a natureza o dia que expira. Soluça a
onda trépida e lacrimosa; geme a brisa na folhagem; o mesmo silêncio anela de opresso. (...) A tarde é a tristeza do sol. Os dias de
Iracema vão ser longas tardes sem manhã, até que venha para ela a grande noite.

Os fragmentos anteriores constroem-se estilisticamente com figuras de linguagem, caracterizadoras do estilo poético de Alencar.
Apresentam eles, dominantemente, as seguintes figuras:

a) comparações e antíteses.
b) antíteses e inversões.
c) pleonasmos e hipérboles.
d) metonímias e prosopopeias.
e) comparações e metáforas.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

RELAMPIANO

Tá relampiano, cadê neném?


Tá vendendo drops no sinal pra alguém
Tá relampiano, cadê neném
Tá vendendo drops no sinal pra alguém
Tá vendendo drops no sinal...

Todo dia é dia, toda hora é hora,


Neném não demora pra se levantar
Mãe lavando roupa, pai já foi embora,
E o caçula chora pra se acostumar
Com a vida lá de fora do barraco,
Hay que endurecer um coração tão fraco,
Pra vencer o medo do trovão,
Sua vida aponta a contramão.
................................................
LENINE & MOSCA. Na Pressão. Rio de Janeiro: BMG, 1999. 1CD, digital, estéreo.

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5. NÃO é correto afirmar que o texto
a) apresenta estrangeirismos.
b) utiliza, denotativamente, a palavra "contramão".
c) tem, no título, um exemplo do registro coloquial da língua.
d) faz uma denúncia social sobre a situação dos meninos de rua.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:


UMAS E OUTRAS

Se uma nunca tem sorriso


É pra melhor se reservar
E diz que espera o paraíso
E a hora de desabafar
A vida é feita de um rosário
Que custa tanto a se acabar
Por isso, às vezes ela para
E senta um pouco pra chorar
Que dia! Nossa!
Pra que tanta conta
Já perdi a conta de tanto rezar.
Se a outra não tem paraíso
Não dá muita importância, não.
Pois já forjou o seu sorriso
E fez do mesmo profissão
A vida é sempre aquela dança
Onde não se escolhe o par
Por isso, às vezes ela cansa
E senta um pouco pra chorar
Que dia! Puxa!
Que vida danada
Tem tanta calçada pra se caminhar.
Mas toda santa madrugada
Quando uma já sonhou com Deus
E a outra, triste enamorada.
Coitada, já deitou com os seus,
O acaso faz com que essas duas,
Que a sorte sempre separou,
Se cruzem numa mesma rua
Olhando-se com a mesma dor.
Que dia! Nossa!
Pra que tanta conta
Já perdi a conta de tanto rezar...
Que dia! Puxa!
Que vida danada
Tem tanta calçada para se caminhar.
Outro dia! Puxa!
Que vida comprida
Pra que tanta vida
Pra gente viver...
Que dia...

BUARQUE DE HOLANDA, Chico. "Umas e outras". In: Grandes sucessos de Chico Buarque. LP, Premier/RGE, 1962. l.2. faixa 6.

6. Ao caracterizar as duas personagens, o poeta utiliza fundamentalmente a oposição de ideias. Daí se destaca a figura de estilo
chamada:

a) metáfora
b) metonímia
c) prosopopeia
d) antítese
e) eufemismo

7. A palavra "sorriso" ocorre nas duas primeiras estrofes com conotações diferentes (linha 1 e linha 14). É CORRETO afirmar sobre
isso:

a) no primeiro caso, expressão de alegria terrena; no segundo, recurso utilizado no trabalho da religiosa.
b) no primeiro caso, expressão de alegria terrena; no segundo, recurso utilizado no trabalho da prostituta.
c) no primeiro caso, expressão de tristeza; no segundo, recurso utilizado no trabalho da religiosa.
d) no primeiro caso, expressão de surpresa; no segundo, recurso utilizado no trabalho da prostitua.
e) no primeiro caso, expressão de desalento; no segundo, recurso utilizado no trabalho da religiosa.
- 15 -
8. O poeta utiliza duas metáforas para expressar o conceito de vida de cada personagem do texto. Essas metáforas são,
respectivamente:

a) "o paraíso" (linha 03); "de um rosário" (linha 05)


b) "paraíso" (linha 12); "o seu sorriso" (linha 14)
c) "aquela dança" (linha 16); "vida danada" (linha 21)
d) "santa madrugada" (linha 23); "triste enamorada" (linha 25)
e) "de um rosário" (linha 05); "tanta calçada" (linha 22)

9. No romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o vaqueiro Fabiano encontra-se com o patrão para receber o salário. Eis parte
da cena:
1Não se conformou: devia haver engano. (...) Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, 2e Fabiano
perdeu os estribos. 3Passar a vida inteira assim no toco, 4entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar
como negro e nunca arranjar carta de alforria?
O patrão zangou-se, repeliu a insolência, achou bom que o vaqueiro fosse procurar serviço noutra fazenda.
5Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou. Bem, bem. Não era preciso barulho não.

Graciliano Ramos. Vidas Secas. 91a ed. Rio de Janeiro: Record, 2003.
No fragmento transcrito, o padrão formal da linguagem convive com marcas de regionalismo e de coloquialismo no vocabulário.
Pertence à variedade do padrão formal da linguagem o seguinte trecho:
a) "Não se conformou: devia haver engano" (ref. 1).
b) "e Fabiano perdeu os estribos" (ref. 2).
c) "Passar a vida inteira assim no toco" (ref. 3).
d) "entregando o que era dele de mão beijada!" (ref. 4).
e) "Aí Fabiano baixou a pancada e amunhecou" (ref. 5).

10. O escritor Paulo Lins em seu romance "Cidade de Deus" expressa o avanço da violência no Brasil, nas últimas décadas, com a frase:
"Falha a fala. Fala a bala."
Nas duas frases só NÃO se pode identificar a seguinte figura de linguagem:
a) Paronomásia, pelo trocadilho ou jogo de palavras com apelo sonoro.
b) Aliteração, pela repetição de fonemas consonantais.
c) Assonância, pela repetição da vogal "a".
d) Perífrase, pela substituição de "violência" por um dos elementos que a compõe (bala).
e) Personificação, pela característica humana atribuída à "bala".

11. "O vento varria as folhas,


O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas."

(BANDEIRA, Manuel. "Canção do vento e da minha vida". In: CEREJA, William R. e MAGALHÃES, Thereza C. "Gramática reflexiva."
São Paulo: Atual, 1999. p. 359)
NÃO é possível identificar, no fragmento acima, a figura de linguagem:
a) ironia.
b) anáfora.
c) metáfora.
d) gradação.

12. Leia o seguinte fragmento, extraído do "Sermão de Santo Antônio", de Pe. Vieira.
"(...) o pão é comer de todos os dias, que sempre e continuamente se come: isto é o que padecem os pequenos. São o
pão cotidiano dos grandes; e assim como o pão se come com tudo, assim com tudo e em tudo são comidos os miseráveis pequenos,
não tendo, nem fazendo ofício em que os não carreguem, em que os não multem, em que os não defraudem, em que os não comam,
traguem e devorem (...)"

No trecho, observa-se que Vieira

I. constrói a argumentação por meio da analogia, o que constitui um traço característico da prosa vieiriana.
II. finaliza com uma gradação crescente a fim de dar ênfase à voracidade da exploração sofrida pelos pequenos.
III. afirma, ao estabelecer uma comparação entre os humildes e o pão, alimento de consumo diário, que a exploração dos pequenos
é aceitável porque cotidiana.

Está(ão) correta(s)

a) apenas I. b) apenas I e II. c) apenas III. d) apenas II e III. e) I, II e III.

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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

CAUTELA COM A LABORLATRIA


O cartunista Bob Thaves desenhou uma de suas instigantes tirinhas, que tem como personagens Frank & Ernest, os
desleixados e eventualmente oportunistas representantes do "homem comum" do mundo contemporâneo urbano. Nesse quadrinho,
Ernest, preocupado, pergunta a Frank: "Nós somos vagabundos?". Frank, resoluto, responde: "Não, nós não somos vagabundos.
Vagabundo é quem não tem o que fazer; nós temos, só não o fazemos...".
Essa visão colide frontalmente com um dos esteios de uma sociedade que, na história, acabou por fortalecer uma obsessão
laboral que, às vezes, beira a histeria produtivista e o trabalho insano e incessante. Desde as primevas fontes culturais da sociedade
ocidental, a exemplo de vários dos escritos judaico-cristãos, há uma condenação cabal do ócio e do não-envolvimento com a labuta
incessante; no Sirácida, um dos livros da Bíblia (também chamado Eclesiástico), há uma advertência: "Lança-o no trabalho para
que não fique ocioso, pois a ociosidade ensina muitas coisas perniciosas" (33, 28-29).
Já ouviu dizer que o ócio é a mãe do pecado? Ou que o demônio sempre arruma ofício para quem está com as mãos
desocupadas? Ou ainda que cabeça vazia é oficina do Diabo?
Essa não é uma perspectiva exclusiva do mundo religioso. Voltaire, um dos grandes pensadores iluministas e hóspede
eventual da Bastilha do começo do século 18 por seus artigos contra governantes e clérigos, escreveu em "Cândido": "O trabalho
afasta de nós três grandes males: o tédio, o vício e a necessidade".
Ou, como registrou Anatole France, conterrâneo e herdeiro, no século seguinte, da mordacidade voltairiana: "O trabalho é
bom para o homem. Distrai-o da própria vida, desvia-o da visão assustadora de si mesmo; impede-o de olhar esse outro que é ele
e que lhe torna a solidão horrível. É um santo remédio para a ética e para a estética. O trabalho tem mais isso de excelente: distrai
nossa vaidade, engana nossa falta de poder e faz-nos sentir a esperança de um bom acontecimento".
Não é por acaso que Paul Lafargue, um franco-cubano casado com Laura, filha de Karl Marx, e fundador do Partido
Operário Francês, foi pouco compreendido na ironia contida em alguns de seus escritos. Em 1883, quando todo o movimento social
reivindicava tenazmente o direito ao trabalho, isto é, o término de qualquer forma de desocupação, o genro de Marx publicou "Direito
à Preguiça", uma desnorteante e - só na aparência - paradoxal análise da alienação e da exploração humana no sistema
capitalista.(Mário Sérgio Cortella, Folha de S. Paulo, Equilíbrio, 1º de maio de 2003. Adaptado)

13.Emprega-se linguagem figurada, com predominância de metáforas, no trecho transcrito na alternativa:

a) O cartunista Bob Thaves desenhou uma de suas instigantes tirinhas, que tem como personagens Frank & Ernest, os desleixados
e eventualmente oportunistas representantes do "homem comum" do mundo contemporâneo urbano.
b) Já ouviu dizer que o ócio é a mãe do pecado? Ou que o demônio sempre arruma ofício para quem está com as mãos
desocupadas? Ou ainda que cabeça vazia é oficina do Diabo?
c) Não é por acaso que Paul Lafargue, um franco-cubano casado com Laura, filha de Karl Marx, e fundador do Partido Operário
Francês, foi pouco compreendido na ironia contida em alguns de seus escritos.
d) O genro de Marx publicou "Direito à Preguiça", uma desnorteante e - só na aparência - paradoxal análise da alienação e da
exploração humana no sistema capitalista.
e) Ou, como registrou Anatole France, conterrâneo e herdeiro, no século seguinte, da mordacidade voltairiana: "O trabalho é bom
para o homem".

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

A NOVA (DES)ORDEM
Em tempos de globalização de mercados, 21os países 9desenvolvidos passam por 22um processo perverso: o crescimento
de uma riqueza é acompanhado por uma diminuição no nível de 10emprego. Atribui-se o encolhimento do 12mercado de trabalho à
escalada dos padrões de qualidade e produtividade das empresas.
A 6revolução tecnológica é um processo sem volta. A cada inovação, levas de trabalhadores vão sendo privadas do
4relacionamento diário com 5o relógio de ponto.

Estudo do Ipea registra algo 23de que 24já se suspeitava: 26a modernização do 7modelo 11produtivo, fenômeno recente entre
nós, 2assusta também o 27trabalhador brasileiro.
1A 14exemplo do 28que 29ocorre no 13chamado 8Primeiro Mundo, a maior vítima do 20avanço tecnológico e gerencial é a mão

de obra menos qualificada. 31O 3novo mercado tende a desprezar o funcionário formado à moda antiga, 17adestrado para executar
tarefas específicas.
Na economia emergente são valorizados trabalhadores de formação educacional mais densa, pessoas com maior
capacidade de raciocínio. "De maneira crescente é exigido menor grau de habilidades 15manipulativas e maior grau de abstração
no desempenho do trabalho produtivo", diz o estudo do Ipea. "Torna-se importante o desenvolvimento da capacidade de adquirir e
processar intelectualmente novas 16informações, de superar hábitos tradicionais, de gerenciar-se" a si próprio.
No contexto desse novo modelo, o grau de instrução do trabalhador passa a ser sua principal 18ferramenta. Os números
disponíveis no Brasil a esse respeito são desoladores. Conforme pesquisa nacional feita pelo IBGE em 90, cerca de 33 milhões de
trabalhadores brasileiros (53% do mercado de trabalho) tinham no máximo cinco anos de estudo.
25A experiência mundial, ainda de acordo com o trabalho do Ipea, indica que são necessários pelo menos 19oito anos de

estudos para que uma pessoa esteja em condições de receber treinamentos específicos.
O maior desafio do Brasil de hoje é, portanto, educar sua gente. Destruído como está, o conserto do modelo educacional
do país é tarefa para duas décadas. Até lá, 30a horda de marginalizados vai inchar.
Josias de Souza. Folha de S. Paulo, 20 out. 1995.

14."... a horda de marginalizados vai inchar." (ref. 30) O autor empregou uma palavra fora de seu significado próprio, resultante de
uma comparação que fica subentendida. Tal recurso estilístico chama-se:

a) comparação b) catacrese c) pleonasmo d) metonímia e) metáfora

- 17 -
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
No Limite
Em princípio, o telespectador típico, quando liga o aparelho de TV, está em busca de recreação, uma esfera
tradicionalmente mais afeita ao domínio da ficção do que do real. Nem poderia ser de outra forma. A realidade é, no mais das vezes,
aborrecida, sem ritmo ou então desmedidamente cruel, arrasadora. Não há romance possível na queda de um avião que não deixe
sobreviventes.
No geral, a novela é infinitamente mais interessante que o mundo real, não importando muito aqui o significado de "real".
É verdade que a arte imita a vida, mas o faz melhorando-a, tornando-a mais romanesca, mais humana.
Vale lembrar que "recreação" vem do verbo latino "recreo", que significa "criar de novo", "renovar". Quando em referência
ao corpo ou à mente, "recreo" tem o sentido de "recobrar-se", "convalescer", "estimular" e, daí, "divertir-se". Assim, a diversão, que
tem poderes curativos, é essencialmente algo recriado, algo aperfeiçoado pelo engenho humano.
O paradoxo dos reality shows, contudo, não está num suposto desvio das funções recreativas da TV. Na verdade, chamar
qualquer coisa exibida na TV de reality show é uma impostura, uma tremenda de uma mentira.
Não estou afirmando que até o noticiário televisivo seja necessariamente falso, embora, num sentido mais amplo, essa
interpretação seja cabível, e não só para a TV. Quero dizer que o que é chamado de realidade em No Limite ou qualquer outro
programa do gênero tem muito pouco de realidade. Os personagens se dirigem à câmera de um modo sem paralelo no mundo real.
A câmera se torna personagem, um interlocutor que não existe de verdade. Os protagonistas fazem diante das lentes coisas que
não fariam em circunstâncias normais. Cria-se uma situação em que é impossível "observar" sem, ao fazê-lo, alterar o observado.
Nem mesmo para o telespectador o reality show guarda realismo. Para começar, as imagens são todas devidamente
editadas. E é exclusivamente nessa edição que a história é contada. Não existe uma narrativa natural, um ponto de vista absoluto.
A temporalidade da ação também é totalmente alterada. É fácil imaginar o quão maçante seria um No Limite em tempo real, em que
cada segundo transcorrido na chapada fosse levado sem edição à casa do telespectador. As várias câmeras necessárias para
contar integralmente as histórias de todos os personagens exigiriam um tempo de transmissão equivalente às 24 horas do dia
multiplicadas pelo total de dias e pelo número de participantes. Seria uma programação que irritaria até faquires pacifistas em coma
profundo.
Realidade na TV é uma impossibilidade teórica. Mesmo eventos sobre os quais a câmera em princípio não atua, como uma
partida de futebol, têm sua narrativa definida pelas câmeras e pelo editor, de modo não-natural. [...]
Num certo sentido, quando um "reality show" se proclama "real", está tentando dizer que é uma ficção de outra ordem, uma
representação que permanece representação, mas que tem a pretensão de ser uma ficção menos fictícia do que, digamos, a novela.
Parece haver aí uma tentativa de aproximar o mundo da TV do telespectador. A ação que de fato transcorre num No Limite
é pífia. Em termos objetivos, os eventos não passam de uma gincana de adolescentes - e adolescentes particularmente
imbecilizados, acrescente-se. O que seduz no programa não é, portanto, seu conteúdo propriamente dito, mas o fato de ser
protagonizado por gente "de verdade" e não artistas. É notável que os participantes, ao serem escolhidos, já se tornam astros,
esvaziando um pouco a proposta de levar gente normal à tela. O programa passa a operar como loteria. Pessoas comuns obtêm a
chance de se tornar astros. Há o prêmio em dinheiro, a fama rápida, a possibilidade de posar para revistas masculinas, femininas
ou gays - mais dinheiro.
Todo o processo lembra um pouco o poeminha Do Rigor na Ciência, de Jorge Luis Borges, em que o escritor argentino
conta a história do Império que levou a arte da cartografia à perfeição. O mapa de uma Província era tão detalhado que tinha o
tamanho de uma cidade. O mapa do Império ocupava uma Província. O Colégio de Cartógrafos, contudo, achou que era pouco.
Fizeram um mapa do Império que tinha o tamanho do Império e coincidia com ele ponto a ponto. As gerações seguintes, menos
viciadas no estudo da cartografia, entenderam que um mapa assim era inútil. Deixaram-no ser destruído pelas inclemências do sol
e dos invernos.
No Limite, 1, 2 ou 3 é um programa meio chatinho, mas um excelente problema filosófico.
15.Que alternativa resume o paradoxo dos "reality shows" a que o autor se refere?
a) Como todo programa televisivo, os "reality shows" são feitos tendo em vista o objetivo da recreação.
b) Os "reality shows" perdem em interesse para as novelas, porque, ao fugir da realidade, elas são menos aborrecidas.
c) Criados para mostrar a realidade ao vivo, os "reality shows" são um exemplo indubitável de ficção.
d) É um programa criado para ser protagonizado por pessoas comuns, que não sabem se apresentar diante das câmeras.
e) Não há conteúdo propriamente dito no programa, mas eventos que não passam de gincana de adolescentes.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o texto a seguir.
4 GRAUS
Céu de vidro azul fumaça
Quatro Graus de latitude
Rua estreita, praia e praça
Minha arena e ataúde
Não permita Deus que eu morra
Sem sair desse lugar
Sem que um dia eu vá embora
Pra depois poder voltar
Quero um dia ter saudade
Desse canto que eu cantei
E chorar se der vontade
De voltar pra quem deixei
De voltar pra quem deixei.

Fonte: http://fagner.letras.terra.com.br/letras/253766/ em 10 de maio de 2006

- 18 -
16.No primeiro verso da canção, um recurso de estilo se destaca. Trata-se da:
a) Metáfora.
b) Metonímia.
c) Sinédoque.
d) Catacrese.
e) Antonomásia.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


o Kramer apaixonou-se por uma corista que se chamava Olga. por algum motivo nunca conseguiam encontrar-se. ele gritava
passando pela casa de Olga, manhãzinha (ela dormia): Olga, Olga, hoje estou de folga! mas nunca se viam e penso que ele sabia
que se efetivamente se deitasse com ela o sonho terminaria. sábio Kramer. nunca mais o vi. há sonhos que devem permanecer nas
gavetas, nos cofres, trancados até o nosso fim. e por isso passíveis de serem sonhados a vida inteira.(Hilda Hilst, Estar sendo. Ter
sido.)
OBSERVAÇÕES:
O emprego sistemático de minúscula na abertura de período é opção estilística da autora.
Corista = atriz/bailarina que figura em espetáculo de teatro musicado.

17.No trecho "há sonhos que devem permanecer nas gavetas, nos cofres, trancados até o nosso fim.", o recurso de estilo que não
ocorre é a
a) redundância.
b) inversão.
c) gradação.
d) metáfora.
e) enumeração.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


O contrato de casamento
Na semana passada, comemorei trinta anos de casamento. 1Recebemos dezenas de congratulações de nossos amigos,
algumas com o seguinte adendo assustador: "Coisa rara hoje em dia". De fato, 40% de meus amigos de infância já se separaram,
e o filme ainda nem terminou. Pelo jeito, estamos nos esquecendo da essência do contrato de casamento, que é a promessa de
amar o outro para sempre. Muitos casais no altar acreditam que estão prometendo amar um ao outro enquanto o casamento durar.
Mas isso não é um contrato. Recentemente, vi um filme em que o mocinho terminava o namoro dizendo "vou sempre amar você",
como se fosse um prêmio de consolação. Banalizamos a frase mais importante do casamento. Hoje, promete-se amar o cônjuge
até o dia em que alguém mais interessante apareça. "Eu amarei você para sempre" deixou de ser uma promessa social e passou a
ser simplesmente uma frase dita para enganar o outro. Contratos, inclusive os de casamento, são realizados justamente porque o
futuro é incerto e imprevisível. 6Antigamente, os casamentos eram feitos aos 20 anos de idade, depois de uns três anos de namoro.
A chance de você encontrar sua alma gêmea nesse curto período de pesquisa era de somente 10%, enquanto 90% das mulheres
e homens de sua vida você iria conhecer provavelmente já depois de casado. Estatisticamente, o homem ou a mulher "ideal" para
você aparecerá somente, de fato, depois do casamento, não antes. Isso significa que provavelmente seu "verdadeiro amor" estará
no grupo que você ainda não conhece, e não no grupinho de cerca de noventa amigos da adolescência, do qual saiu seu par. E aí,
o que fazer? Pedir divórcio, separar-se também dos filhos, só porque deu azar? O contrato de casamento foi feito para resolver
justamente esse problema. 5Nunca temos na vida todas as informações necessárias para tomar as decisões corretas. As promessas
e os contratos preenchem essa lacuna, preenchem essa incerteza, sem a qual ficaríamos todos paralisados à espera de mais
informação. Quando você promete amar alguém para sempre, está prometendo o seguinte: "Eu sei que nós dois somos jovens e
que vamos viver até os 80 anos de idade. 3Sei que inexoravelmente encontrarei centenas de mulheres mais bonitas e mais
inteligentes que você ao longo de minha vida e que você encontrará dezenas de homens mais bonitos e mais inteligentes que eu.
É justamente por isso que prometo amar você para sempre e abrir mão desde já dessas dezenas de oportunidades conjugais que
surgirão em meu futuro. Não quero ficar morrendo de ciúme cada vez que você conversar com um homem sensual nem ficar
preocupado com o futuro de nosso relacionamento. Nem você vai querer ficar preocupada cada vez que eu conversar com uma
mulher provocante. Prometo amar você para sempre, para que possamos nos casar e viver em harmonia". 2Homens e mulheres
que conheceram alguém "melhor" e acham agora que cometeram enorme erro quando se casaram com o atual cônjuge esqueceram
a premissa básica e o espírito do contrato de casamento. O objetivo do casamento não é escolher o melhor par possível mundo
afora, mas construir o melhor relacionamento possível com quem você prometeu amar para sempre. Um dia, vocês terão filhos e,
ao colocá-los na cama, dirão a mesma frase: que irão amá-los para sempre. Não conheço pais que pensam em trocar os filhos pelos
filhos mais comportados do vizinho. Não conheço filho que aceite, de início, a separação dos pais e, quando estes se separam, não
sonhe com a reconciliação da família. Nem conheço filho que queira trocar os pais por outros "melhores". Eles aprendem a conviver
com os pais que têm. 8Casamento é o compromisso de aprender a resolver as brigas e as rusgas do dia de forma construtiva, o que
muitos casais não aprendem, e alguns nem tentam aprender. 7Obviamente, se sua esposa se transformou numa megera ou seu
marido num monstro, ou se fizeram propaganda enganosa, a situação muda. 4Para aqueles que querem ter vantagem em tudo na
vida, talvez a saída seja postergar o casamento até os 80 anos. Aí, você terá certeza de tudo.KANITZ, Stephen. Ponto de Vista.
VEJA, Rio de Janeiro, 29 set. 2004. p. 22. (Texto adaptado)

18.Com base na leitura feita, é CORRETO afirmar que o objetivo principal do texto é
a) informar as vantagens de um casamento sólido, de muitos anos.
b) demonstrar as razões por que as pessoas devem se casar.
c) provocar reflexão sobre o compromisso firmado no casamento.
d) denunciar alguns perigos gerados por casamentos precoces.

- 19 -
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: OS JOVENS VELHOS FRANCESES
10A juventude francesa parece ter envelhecido. Em maio de 1968, os jovens saíram às ruas em Paris e nas principais

cidades para 1pôr a imaginação no poder, como dizia 6um slogan das míticas manifestações estudantis da época. Era um tempo de
expansão econômica no país e os jovens queriam mais que apenas terminar os estudos e arrumar um emprego.
Para os manifestantes 7que ameaçam paralisar 8o país hoje, um emprego estável protegido pelo Estado é 2tudo com 9que
eles sonham. Milhares de estudantes se mobilizaram na França contra a lei do primeiro emprego proposta pelo primeiro-ministro
Dominique de Villepin. A nova lei 16visa combater a alta taxa de desemprego entre jovens na França, hoje em dia oscilando na casa
dos 22%. Villepin quer flexibilizar a legislação, permitindo que as empresas contratem jovens para seu primeiro emprego sem as
garantias da legislação comum. O ponto mais 17polêmico da proposta de Villepin é a 18precariedade do primeiro emprego. Por um
período de dois anos, os contratados pela nova legislação podem ser demitidos sem os empecilhos da legislação trabalhista vigente.
Os estudantes alegam 3que o resultado será a oficialização do contrato de trabalho com prazo fixo: dois anos.
15O fato é que a discussão sobre a necessidade de diminuir o custo da proteção estatal na economia já se encerrou na

Europa. A conclusão é que é preciso diminuir 11os gastos do generoso Estado de Bem-Estar para aumentar a produtividade, ganhar
competitividade e voltar a crescer. 12Cada país da União Europeia vem tentando seus métodos. Mas os jovens, paralisados pela
falta de imaginação, 4só conseguem lutar contra as mudanças.
Maio de 1968 acabou derrubando o presidente Charles de Gaulle, símbolo de uma França 19arcaica 5que se queria superar.
Os jovens de hoje pedem 13a cabeça de Villepin com medo 14do futuro.
Revista Época. Primeiro Plano, 27 de março de 2006

19.Na frase "a juventude francesa parece ter envelhecido" (ref. 10), tem-se um exemplo de:

a) metáfora
b) personificação
c) hipérbole
d) metonímia
e) eufemismo

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: VORACIDADE

Estávamos num cinema nos Estados Unidos. Na nossa frente sentou-se um americano imenso decidido a não passar fome
antes do filme acabar. 2Trouxera do saguão um balde - literalmente um balde - de pipocas, sobre as quais 12eles derramam um
líquido amarelo que pode até ser manteiga, e um pacote de M&M, uma espécie de pastilha envolta em chocolate. 9Intercalava
pipocas, pastilhas de chocolates e goles de sua "small" Coke, que era gigantesca, e parecia feliz. 7Fiquei pensando em como 13tudo
naquela sociedade é feito para saciar apetites infantis, que se caracterizam por serem simples mas vorazes. 5As nossas poltronas
eram ótimas, a projeção do filme era perfeita, 10o filme era um exemplar impecável de engenhosidade técnica e agradável
imbecilidade. 1Essa competência é o melhor subproduto da voracidade americana por prazeres simples. 16O que atrai nos Estados
Unidos é justamente a oportunidade de sermos infantis sem parecermos débeis mentais, ou pelo menos sem destoarmos da
mentalidade à nossa volta, e de termos ao nosso alcance a realização de todos os nossos sonhos de criança, quando ninguém tinha
senso crítico ou remorso.
Mas o infantilismo dominante tem seu lado assustador. 3Nenhum carro de polícia ou de socorro do mundo é tão
espalhafatoso quanto os americanos. 17Numa sociedade de brinquedos caros, quanto mais luzes e sirenas mais divertido, mas o
espalhafato também parece criar uma necessidade infantil de catástrofes cada vez maiores. 18O caminho natural do apetite sem
restrições é para o caldeirão de pipocas, para a Mega Coke e para a chacina. Existe realização infantil mais atraente do que poder
entrar numa loja e comprar não um brinquedo igualzinho a uma arma de verdade mas a própria arma? Nos Estados Unidos pode.
15De vez em quando uma daquelas crianças grandes resolve sair matando todo mundo, como no cinema, 4mas a maioria dos que

compram as armas e as munições só quer ter os brinquedos em casa.


6Vivemos nas bordas dessa voracidade ao mesmo tempo ingênua e terrível, mas ela não parece entrar nas nossas

equações econômicas ou no cálculo dos nossos interesses. 14Somos cada vez mais fascinados e menos críticos 11diante do grande
apetite americano e de um projeto de hegemonia chauvinista e prepotente como sempre, agora camuflado pelos mitos de
"globalização". 8Quando a prudência ensina que se deve olhar os americanos do ponto de vista das pipocas.
(VERÍSSIMO, Luís Fernando. A mesa voadora. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 63-64.)

20.A figura de linguagem foi corretamente identificada em:

a) "Vivemos nas bordas dessa voracidade ao mesmo tempo ingênua e terrível (...)" (ref. 6) METONÍMIA
b) "Numa sociedade de brinquedos caros, quanto mais luzes e sirenas mais divertido (...)" (ref. 17) COMPARAÇÃO
c) "Nenhum carro de polícia ou de socorro do mundo é tão espalhafatoso quanto os americanos." (ref. 3) METÁFORA
d) "O caminho natural do apetite sem restrições é para o caldeirão de pipocas, para a Mega Coke (...)" (ref. 18) HIPÉRBOLE

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: TODOS MALUFARAM

No século passado, os adversários de Paulo Maluf cunharam a seguinte expressão: "A gente odeia o Maluf há tanto tempo
que nem lembra mais os motivos".
De fato, Maluf foi erigido uma espécie de campeão mundial da corrupção, desde que tratou o dinheiro público como dele,
ao doar Volkswagens para os campeões do mundo de 1970 (já ganhamos duas Copas e perdemos seis desde então).
Era tamanho o ruído em torno de Maluf que até se criou o verbo "malufar" para designar comportamentos não exatamente
santos.
- 20 -
Seria lógico que, quando, finalmente, a Justiça decretasse a prisão preventiva desse personagem folclórico-histórico,
ganhasse as manchetes, certo? Errado. Perdeu-as para o "mensalinho", acredite quem quiser. Severino Cavalcanti, aliás do mesmo
partido de Maluf, derrotou-o no torneio de informações sobre corrupção em que o país afunda todo santo dia.
É eloquente do estado de um país quando o suposto (ou real) campeão mundial da corrupção perde esse tipo de torneio
para um deputado menor, embora presidente da Câmara, acusado de um desvio igualmente menor, do seu tamanho, aliás.
É igualmente eloquente que ninguém mais, salvo um ou outro partido nanico, odeie Maluf. Ele já andou em outdoors (1998)
abraçado a Fernando Henrique Cardoso, o patriarca-mor do tucanato.
Já se aliou ao PT, na campanha municipal de 2002, além de seu partido fazer parte da base de sustentação do governo
Lula. Se bobear, Maluf ganha um cheque em branco do próprio Lula, como o PP ganhou um ministério, aliás por indicação do
mesmo Severino que desbancou Maluf da manchete.
Do PFL, Maluf sempre foi companheiro de viagem em São Paulo, até que o PFL se tornasse linha auxiliar do tucanato.
Passou tanto tempo desde os "fusquinhas" de 1970 que todos malufaram. Ou quase todos. É o Brasil, evoluindo sempre.
(Clóvis Rossi, extraído do jornal Folha de S. Paulo, de 11/09/2005)

21.No trecho "ao doar Volkswagens para os campeões do mundo de 1970" é possível perceber um exemplo de metonímia. Dentre
as alternativas a seguir, assinale a única em que esse procedimento não está presente.

a) "O bonde passa cheio de pernas: / pernas brancas pretas amarelas. / Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. /
Porém meus olhos / não perguntam nada." (Poema de Sete Faces, Carlos Drummond de Andrade).
b) "É pau, é pedra, é o fim do caminho" (Águas de Março, Tom Jobim).
c) "Camisas verdes e calções negros corriam, pulavam, chocavam-se, embaralhavam-se, caíam, contorcionavam-se, esfalfavam-
se, brigavam. Por causa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava um minuto, um segundo. Não parava."
(Corínthians (2) vs. Palestra (1), Antônio de Alcântara Machado).
d) "Todo o lenho mortal, baixel humano / Se busca a salvação, tome hoje terra, / Que a terra de hoje é porto soberano." (Gregório
de Matos).
e) "Beba Coca-Cola".

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: AS TÁTICAS DO CAMALEÃO

Outro dia, vi um pequeno lagarto num galho de árvore. Era um lagarto um pouco diferente dos que já tinha visto. Seus
olhos eram maiores e salientes, como se saíssem da órbita ocular. Também seu rabo não era comum. Ele tinha o rabo enrolado no
galho para se segurar. Foi o primeiro lagarto que vi que enrolava o rabo. Aproximei-me para vê-lo melhor. Ele deu alguns passos
para frente, aproximando-se de algumas folhas verdes. E aí, foi minha surpresa. Foram aparecendo algumas manchas verdes em
seu corpo, que foram crescendo e se espalhando rapidamente por todo o corpo, até que ele ficasse quase que invisível no meio das
folhas. Descobri que se tratava de um camaleão. Eu nunca tinha visto um camaleão antes. Essa é uma de suas características
principais: mudar a cor da pele de acordo com a situação e com o ambiente em que se encontra. 4Essa possibilidade é sua arma
de defesa. Mudando de cor, ele consegue esconder-se e não ser percebido pelos predadores.
Imediatamente, comecei a pensar em situações que pessoalmente vivi. Pensei nas vezes em que, por medo, por
conveniência ou mesmo por covardia, mudei de cor, ou não deixei perceber minha verdadeira imagem. Lembrei-me também de
muitas pessoas que conheço: daquelas que mudam de cor facilmente e fogem dos riscos e também daquelas que preferem enfrentar
a situação e não trocam de cor. 1O camaleão muda a cor de sua pele, mas não deixa de ser o camaleão de antes. É tanto que,
passado o perigo, volta à sua cor natural. A mudança é apenas aparente, é apenas estratégia de defesa. Acho que o camaleão está
mesmo em moda hoje! Infelizmente, essa tática do camaleão nos contaminou.
Observando aquele camaleão, percebi outra tática sua. 5Ele tinha os olhos salientes, saindo de órbita, não era à toa. 2Ele
consegue girar cada olho independentemente do outro. Pode girar um olho numa direção e o outro em outra. Isso permite controlar
melhor os movimentos dos predadores ou daqueles que o ameaçam. É como se ele tivesse duas visões independentes. Pode
acompanhar coisas diferentes, em lugares diferentes. Há pessoas que parecem ter essa característica. São capazes de controlar e
de agir de maneira completamente contrária conforme a situação. Sobretudo, quando se trata de seus interesses, controlam tudo,
observam tudo, como se os dois olhos agissem independentemente. Acho que também essa característica do camaleão contaminou
os humanos.
E vi, ainda, uma terceira característica naquele lagarto. Ele enrolava o rabo no galho da árvore. Assim, sentia-se seguro.
Não caía quando o galho, tocado pelo vento, balançava. Assim, podia-se permanecer no mesmo lugar por muito tempo. Podia ficar
ali, até quando desejasse ou até quando lhe fosse conveniente. Lembrei-me de tantas pessoas que se agarram ao posto onde estão
e não o deixam por nada. Acontece na área profissional, política, religiosa, das relações... 3Uma vez conquistada uma posição
hierárquica, a pessoa "enrola ali o rabo", agarra-se a ela, não a deixa por nada. Mas também acontece no campo das ideias. Quantos
fixam-se a um pensamento, a uma forma de compreender e não são capazes de abrir-se, de avançar? Mais uma vez, a tática do
camaleão nos contaminou.
Sei que as táticas do camaleão penetraram quase todos os âmbitos da organização social. Mas vendo as táticas de defesa
daquele animal, foi impossível não pensar na situação política que estamos vivendo hoje, no Brasil. Eu acho que há muitos políticos
camaleões. Têm a cor da conveniência! Que os camaleões possam ser descobertos e suas táticas desmascaradas para o
crescimento de nossa democracia e de nossa cidadania.
(SILVA FILHO, Pe. Genésio Zeferino. In : Boletim Salesiano. São Paulo: Salesiana, n. 5, set-out. 2005, p. 3)

22."Ele tinha os olhos salientes, (...) É como se ele tivesse duas visões independentes. Pode acompanhar coisas diferentes, em
lugares diferentes." (ref. 5)

Nessa passagem, a repetição da palavra "diferente", pelo autor, expressa

a) realce. b) correção. c) explicação. d) confirmação.

- 21 -
23.O sentido figurativo do título "As táticas do camaleão" explicita-se em:

a) "O camaleão muda a cor de sua pele, mas não deixa de ser o camaleão de antes." (ref. 1)
b) "Ele consegue girar cada olho independentemente do outro. Pode girar um olho numa direção e o outro em outra." (ref. 2)
c) "Uma vez conquistada uma posição hierárquica, a pessoa 'enrola ali o rabo', agarra-se a ela, não a deixa por nada." (ref. 3)
d) "Essa possibilidade é sua arma de defesa. Mudando de cor, ele consegue esconder-se e não ser percebido pelos predadores".
(ref. 4)

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

A GRANDE VINGANÇACarlos Heitor Cony


RIO DE JANEIRO - Desde criança ouvia dizer que não se deve brincar com mulher. Por favor, me entendam. Brincar não significava,
nesta advertência, fugir delas, deixar de amá-las, de transar com elas quando possível e com a obrigação suplementar de tentar até
o impossível. "Brincar" era não levá-las a sério, baseados na inexistente fragilidade feminina, não temê-las na capacidade de suas
cóleras e vinganças.
Mãe, matrona, matriarca, exemplo nas coisas boas e más, a natureza é mulher - e bota mulher nisso. Bela e irascível,
aconchegante e letal, aí estão os resultados de sua ira contra os Estados Unidos, país que se recusa a assinar o Tratado de Kyoto.
Vivendo basicamente de matérias-primas vindas de todas as partes do mundo para alimentar sua formidável gula industrial, os
Estados Unidos desdenham o cuidado que o resto da humanidade dedica ao ambiente.
O pragmatismo, aliado ao hedonismo da sociedade norte-americana, criou um tipo de mentalidade que a aproxima nada
menos do que a Jesus Cristo: não é deste mundo.
A natureza, como foi dito acima, é mulher, e como mulher, não perdoa àqueles que a desprezam ou a esnobam. O resultado
aí está. A sucessão de tragédias naturais é a cobrança que torna os Estados Unidos vulnerável a catástrofes que habitualmente só
acontecem em países pobres ou miseráveis. Uma sociedade que detém o maior poder econômico e militar do mundo de repente vê
se esfacelarem os pés de barro que sustentam o gigante.
As tragédias ainda estão localizadas em regiões menos ricas e lambidas pelos furacões do Golfo do México. Mas há fendas
no subsolo do grande território, como em Los Angeles e imediações, que podem de uma hora para outra criar uma tragédia
equivalente às hecatombes de Hiroshima e Nagasaki.
Já estão falando em vingança da dupla Allah e Maomé. Prefiro acreditar na vingança da natureza.
Folha de S. Paulo, 25/09/05.

24.Em todas as passagens que seguem há metáforas, EXCETO:

a) "Mãe, matrona, matriarca, exemplo nas coisas boas e más, a natureza é mulher - e bota mulher nisso."
b) " 'Brincar' era não levá-las a sério baseados na inexistente fragilidade feminina, não temê-las na capacidade de suas cóleras e
vinganças."
c) "Uma sociedade que detém o maior poder econômico e militar do mundo de repente vê se esfacelarem os pés de barro que
sustentam o gigante."
d) "Vivendo basicamente de matérias-primas vindas de todas as partes do mundo para alimentar sua gula industrial, os Estados
Unidos desdenham o cuidado que o resto da humanidade dedica ao ambiente."

25.Maria Bofetão
A surra que Maria Clara aplicou na vilã Laura levantou a audiência da novela Celebridade.

Na segunda-feira passada, 28 tabefes bem aplicados pela heroína Maria Clara (Malu Mader) derrubaram a ignóbil Laura (Cláudia
Abreu) e levantaram a audiência de Celebridade, a novela das 8 da Globo. (...)
Tanto a mocinha quanto a vilã ganharam nova dimensão nos últimos tempos. Maria Clara, depois de perder sua fortuna, deixou de
ser apenas uma patricinha magnânima e insossa, a aborrecida Maria Chata. Ela ganhou fibra e mostrou que não tem sangue de
barata. Quanto a Laura, ficou claro que sua maldade tem proporções oceânicas: continuou com suas perfídias mesmo depois de
conquistar a fama e o dinheiro que almejava. Por tripudiar tanto assim sobre a inimiga, atraiu o ódio dos noveleiros.
("Veja", 05.05.2004.)

Em "Quanto a Laura, ficou claro que sua maldade tem proporções oceânicas", a figura de linguagem presente é

a) uma metáfora, já que compara a maldade com o oceano.


b) uma hipérbole, pois expressa a ideia de uma maldade exagerada.
c) um eufemismo, já que não afirma diretamente o quanto há de maldade.
d) uma ironia, pois se reconhece a maldade, mas ficam pressupostos outros sentidos.
e) um pleonasmo, já que entre maldade e oceânicas há uma repetição de sentido.
Gabarito:

Resposta da questão 1[E]


Na última estrofe do poema de Gullar existe uma antítese configurada na oposição entre “usinas escuras,/homens de vida amarga/e
dura” e “açúcar/branco e puro”, configurando simbolicamente a divisão social do trabalho na sociedade brasileira.
Resposta da questão 2:[C]
Resposta da questão 3:[B]
Resposta da questão 4:[E]
Resposta da questão 5:[B]
Resposta da questão 6:[D]
Resposta da questão 7:[B]
Resposta da questão 8:[E]
Resposta da questão 9:[A]
- 22 -
Em todas as opções existem expressões típicas da linguagem coloquial (“perdeu os estribos”, passar …no toco, “mão beijada”,
“amunhecou”) , exceto em A, que apresenta o padrão formal da linguagem. Ao optar pelo padrão culto, “Perdeu o controle”, “resistir
às dificuldades”, “sem fazer nenhuma exigência” e “fraquejou” substituiriam corretamente as expressões coloquiais nas opções B,
C, D e E, respectivamente.
Resposta da questão 10:[D]
Resposta da questão 11:[A]
Resposta da questão 12:[B]
Resposta da questão 13:[B]
Resposta da questão 14:[E]
Resposta da questão 15:[C]
Resposta da questão 16:[A]
Resposta da questão 17:[A]
Resposta da questão 18:[C]
Resposta da questão 19:[D]
Resposta da questão 20:[D]
Resposta da questão 21:[B]
Resposta da questão 22:[A]
Resposta da questão 23:[C]
Resposta da questão 24:[B]
Resposta da questão 25:[B]

CONCORDÂNCIA VERBAL
REGRA GERAL
O verbo concorda com o sujeito em número e pessoa.
Faça a concordância do verbo com o seu sujeito.

a) ______________________________ da Europa, ontem, meus amigos. (Chegou- Chegaram)

b) ______________________________ três pessoas para a tarefa. (Basta-Bastam)

c) Ontem, à aula de Português, __________________________ alguns alunos. (faltou-faltaram)

d) Àquelas horas, naqueles campos ______________________ um acidente. (Sucedeu-sucederam)

e) ______________________________ vários meses. (Transcorreu-Transcorreram)

f) ______________________________ , inesperadamente, naquele dia, vários casos. (Aconteceu- Aconteceram)

g) _____________________________, para que tudo se resolva a contento, algumas horas de sua ajuda. (Basta – Bastam)

h) Ontem à noite, _______________________________, sem quaisquer problemas inesperados, a palestra dos nossos convidados.

(transcorreu - transcorreram)

CASOS ESPECIAIS

SUJEITO FORMADO POR COLETIVO


* O verbo concorda com o coletivo.
* Se o coletivo vier seguido de nome no plural, o verbo concorda com o coletivo.
* Se o sujeito for “a maioria de”, “a maior parte de”, “grande parte de”, “parte de” e um nome no plural ou nome de grupo no plural,
o verbo irá para o singular ou plural.

Preencha com as formas verbais ao lado:

a) A maioria dos alunos ______________________________ no exame. (passou - passaram)

b) A maioria ______________________________ com você. (concordou - concordaram)

c) A maior parte dos grevistas ______________________________ pela praça. (corria-corriam)

d) A maior parte ______________________________ o político. (vaiou - vaiaram)

e) Os cardumes ______________________________ as larvas. (devorou - devoraram)

f) O cardume________________________ as larvas. (devorou - devoraram)

g) O cardume de tilápias_____________________________ as larvas. (devorou - devoraram)

- 23 -
O SUJEITO É UM PLURAL APARENTE
* Com palavras só usadas no plural, a concordância é feita com o determinante(artigo, pronome ou numeral).
* Quando o plural for um título de obras, o verbo pode ficar no singular ou plural.
* Com o verbo SER, se o nome vem seguido de artigo, a concordância é facultativa.

Escreva as formas ao lado da forma correta:

a) Férias ________________________________ bem a todos. (faz-fazem)

b) As férias _______________________________ bem a todos. (faz - fazem)

c) Os Lusíadas ________________________________ do povo português. (fala-falam)

d) Minas Gerais ________________________________ queijos. (produz - produzem)

e) Os Estados Unidos ______________________________ milho. (exporta - exportam)

f) Os Sertões ________________________________ Canudos. (mostra - mostram)

g) Os Estados Unidos _________________________ um país rico (é - são)

SUJEITO É PRONOME DE TRATAMENTO


* O sujeito concorda com o pronome de tratamento de acordo com o número deste.

Faça a concordância corretamente:

a) Vossa Alteza ________________________________ conosco. (concorda- concordam)

b) Vossas Excelências ________________________________ vir amanhã. (deve/devem)

c) Sua Santidade ________________________________ ao Brasil. (virá-virão)

d) Suas excelências nos ________________________________ isso. (enviou-enviaram)

QUE OU QUEM COMO SUJEITO


* Com o pronome relativo QUE, o verbo concorda com o antecedente.
* Quando o sujeito for o pronome relativo QUEM, o verbo concorda com o antecedente ou vai para terceira
pessoa do singular.
Preencha de forma adequada:

a) Fui eu que te ________________________________ isto. (falou-falei)

b) Sou eu quem ________________________________ algo. (falo-fala)

c) Quem ______________________________ aqui sou eu. (mando-manda)

d) Foste tu que________________________________ a carta. (leu-leste)

e) Fomos nós quem ________________________________ a conta. (pagou-pagamos)

f) Fui eu que te ________________________________. (elogiei-elogiou)

UM DOS QUE OU UMA DAS QUE


* Com tais expressões, o verbo fica no singular ou plural.
* Se houver pronome demonstrativo, o verbo concorda com ele.
Complete de forma correta:
a) Castro Alves foi um dos que ________________________________ pelos escravos. (lutou-lutaram)

b) Tiradentes foi um daqueles heróis que ________________________________ pela pátria. (morreu-morreram)

c) Ela é uma das que mais ________________________________. (estudou- estudaram)

d) Ele foi um dos que mais ________________________________. (batalhou- batalharam)

e) O Sol é um dos astros que nos ________________________________ luz e calor. (oferece-oferecem)

f) O Tietê é um dos rios paulistas que ____________________________ o Estado de São Paulo. (atravessa-atravessam)

g) Este é um dos filmes de Spielberg que ____________________________ em sessão única hoje neste cinema. (será exibido-

serão exibidos)
- 24 -
O SUJEITO É MAIS DE, MENOS QUE, CERCA DE, PERTO DE
* Com estas expressões, o verbo concorda com o numeral que se segue.
* O verbo fica no plural, quando a expressão MAIS DE UM vier repetida ou o verbo indicar reciprocidade.

Complete adequadamente:

a) Mais de um aluno ________________________________ nota dez. (tirou- tiraram)

b) Cerca de cem alunos ________________________________ da greve. (participou-participaram)

c) Perto de dez pessoas ________________________________. (faltou-faltaram)

d) Mais de um pai, mais de um filho ________________________________. (faltou-faltaram)

e) Mais de um amigo se ________________________________. (abraçou - abraçaram)

f) Mais de um carro se ______________________________ (chocou - chocaram)

ALGUM, ALGUNS, QUAL, QUAIS, QUANTOS, QUAL, POUCOS + DE + NÓS OU VÓS:


* Quando o sujeito é um pronome indefinido (interrogativo ou não) no singular, o verbo fica no singular.
* Quando o sujeito é um pronome indefinido (interrogativo ou não) no plural seguido de pronome pessoal, o verbo concorda com um
dos dois.

Faça a devida concordância:

a) Muitos de nós ________________________________ a prova. (fizeram - fizemos)

b) Qual de vós _____________________________________ no concurso? (passou-passaram)

c) Algum de nós ________________________________ pela Europa? (viajou- viajamos)

d) Quantos de vós ________________________________? (passaram - passastes)

e) Quem dentre eles ________________________________? (aceitou-aceitaram)

f) Qual de nós ________________________________ viajar? (vai-vamos)

SUJEITO FORMADO POR ORAÇÃO


* Quando o sujeito é uma oração subordinada substantiva subjetiva, o verbo da oração principal fica no singular.

Complete de forma adequada:

a) ________________________________ que vão viajar. (Consta-Constam)

b) ________________________________ decidido que virão. (Ficou-Ficaram)

c) ________________________________ resolver várias questões. (Falta- Faltam)

d) ________________________________ vocês estudarem. (Basta-Bastam)

VERBOS DAR/ BATER/ SOAR


* Esses verbos concordam com o sujeito quando vem expresso ou com as expressões que indicam as horas.

Faça a concordância verbal:

a) Na Igreja da Sé, ________________________________ três horas. (bateu- bateram)

b) Já ________________________________ quatro horas. (bateu-bateram)

c) O relógio da matriz ________________________________ cinco horas. (soou-soaram)

d) No relógio daqui, _________________________________ duas horas. (soou-soaram)

e) ________________________________ uma hora no relógio daqui. (Deu- Deram-Vai dar-Soaram)

f) ________________________________ oito horas há pouco. (Deu-Deram- Bateu- Bateram)

- 25 -
VERBOS HAVER . FAZER . EXISTIR:
* Os verbos HAVER = FAZER (indicação de tempo passado) OU EXISTIR; e FAZER = HAVER: SÃO IMPESSOAIS e devem ficar
no singular.
* Os verbos EXISTIR, ACONTECER e OCORRER apresentam sujeito e com ele concordam bem como o seu auxiliar, se eles forem
o verbo principal de uma locução verbal.
Faça a concordância.
a) _________________________ cinco anos que isso ocorreu. (Faz-Fazem)

b) ____________________________ fazer cinco anos que ela veio. (Deve- Devem)

c) __________________________________ muitas pessoas no parque. (Havia- Haviam)

d) ____________________________ haver sérios motivos. (Pode-Podem)

e) ____________________________ bons alunos. (Existe-Existem)

f) ____________________________ existir alguns meios. (Deve-Devem)

g) ____________________________ de haver bons amigos. (Há-Hão)

h) ____________________________ de existir bons amigos. (Há-Hão)

Casos Especiais e verbo SER


VERBO PARECER + INFINITIVO:
* Quando houver SUJEITO no plural com verbo PARECER seguido de infinitivo, um dos dois verbos vai ao plural.
Preencha as colunas corretamente:

a) Seus olhos parece ____________________________ (brilhar-brilharem)

b) As motos _____________________________ voar. (parecia-pareciam)

c) As estátuas pareciam ____________________________. (falar-falarem)

d) Os objetos ____________________________ dizer algo. (parece-parecem)

VERBO + SE (Pron. Obl. Apass. OU ind. Indeter. sujeito)


* Quando o SE vem com verbos TD ou TDI, é partícula apassivadora: o verbo concorda com o sujeito.
* Quando o SE vem com verbos TI, VL, INTR. ou TD (com ODPrep.), é partícula ou índice de indeterminação do sujeito: o verbo
deve ficar no singular.
Efetue a concordância:

a) ____________________________-se belos apartamentos. (Constrói-Constroem)

b) ____________________________-se de empregados. (Precisa-Precisam)

c) Não se ____________________________ falar tais coisas. (deve-devem)

d) ____________________________-se muitos erros. (Comete-Cometem)

e) Aqui se ___________________________ a bons filmes. (assiste-assistem)

f) __________________________ -se nas boas amizades. (Confia-Confiam)

g) __________________________-se acreditar nos verdadeiros amigos. (Pode – Podem)

SUJEITO COMPOSTO ANTEPOSTO:


* O verbo normalmente vai para o plural.
* O verbo, no entanto, admite o singular quando os núcleos do sujeito são sinônimos, ou vêm dispostos em gradação.
Preencha os espaços de forma correta:
a) A paz e a harmonia ____________________________ aqui. (reina/reinam)

b) O rancor e o ódio ____________________________ no seu ser. (habita/habitam)

c) O professor e o aluno ____________________________. (faltou/faltaram)

d) Teu pai e teu primo ____________________________ da Europa. (voltou/voltaram)

e) O vento, a chuva, o frio não os __________________________. (inquietava/inquietavam)


- 26 -
OS NÚCLEOS DO SUJEITO SÃO INFINITIVOS:
* O verbo fica no singular quando os núcleos do sujeito são infinitivos sem artigos. Se os infinitivos vierem com artigos ou forem
opostos, o verbo vai para o plural.

Complete de forma correta os espaços:

a) Comer e beber em excesso ____________________________ mal. (faz/ fazem)

b) O comer e o beber muito ____________________________ mal. (faz/fazem)

c) Rir e chorar em excesso ____________________________ a gente. (irrita/irritam)

d) Amar e odiar ____________________________ mal. (faz/fazem)

SUJEITO COMPOSTO POSPOSTO:


* Quando o sujeito composto vem posposto ao verbo, este vai para o plural ou concorda com o núcleo mais próximo.

Preencha as lacunas, fazendo a concordância verbal:

a) _________________________ meu pai e minha mãe. (Chegou/Chegaram)

b) _________________________ o prefeito e o vereador. (Saiu/Saíram)

c) _________________________ as glórias e a vaidade. (Passou/Passaram)

d) _________________________ eu e os amigos. (Irei/Iremos)

SUJEITO COMPOSTO RESUMIDO POR PRONOME INDEFINIDO:


* O verbo concorda com o pronome indefinido.

Faça a devida concordância:

a) Pai, mãe, irmão, ninguém o ____________________________. (ajuda/ajudam)

b) Professores, alunos, funcionários, todos ____________________________. (faltou/faltaram)

c) Festas, jogos, bailes, nada o _____________________________. (distrai/ distraem)

d) Amores, namorados, diversões, tudo _____________________________. (acabou/acabaram)

e) Medo, receio, dúvida, algo os __________________________ desistir. (fez/fizeram)

SUJEITO COMPOSTO DE PESSOAS DIFERENTES:


* Eu + alguém = Nós
* Tu +alguém = Vós ou Eles
* Ele + alguém = Eles

Efetue a concordância de forma correta:

a) Eu, tu e ele ____________________________ o livro. (lemos/leram)

b) Tu, ele e eu _____________________________ o livro. (lemos/leram)

c) Tu e ele ____________________________ até lá. (fostes/foram)

d) ___________________________ tu e ele. (Chegaste/Chegastes/Chegaram)

e) Os demais e eu ____________________________ o livro. (lemos/leram)

f) ___________________________ eu e Maria. (Virei/ viremos/ virá)

UM E OUTRO, NEM UM NEM OUTRO, NEM... NEM:


* Com UM E OUTRO, o verbo fica no singular ou no plural(preferência de Celso Cunha).
* Com NEM UM NEM OUTRO, o verbo fica no singular.
* Com NEM... NEM, o verbo fica no singular ou no plural, obedecendo à prioridade, se for plural.

Obs.: Se as expressões acima indicam ideia de reciprocidade, o plural é obrigatório.

- 27 -
Preencha as lacunas, fazendo a concordância:

a) Um e outro __________ no exame. (passou/passaram)

b) Nem um, nem outro _____________ à Europa. (viajou/viajaram)

c) Nem o aluno nem o mestre _____________ com o diretor. (concordou/concordaram)

d) Um e outro colega _____________ aqui. (veio/vieram)

e) Um e outro se _________________. (odeia/odeiam)

f) Um e outro amigo se______________. (abraçou/abraçaram)

g) Nem Paulo nem eu _____________. (irei/iremos)

h) Nem tu nem teu amigo ___________. (deve/devem/deveis)

UM OU OUTRO:
* Com essa expressão o verbo fica na terceira pessoa do singular.

Faça a devida concordância:

a) Um ou outro ____________________________ cedo. (viajou/viajaram)

b) Um ou outro ____________________________ muito. (chorou/choraram)

c) Um ou outro ____________________________ isso. (disse/disseram)

SUJEITO COMPOSTO COM NÚCLEOS LIGADOS POR OU:


* O verbo fica no singular(concordância atrativa) quando há ideia de exclusão, correção ou equivalência.
* O verbo fica no plural, quando o OU indica ADIÇÃO (OU = E) ou quando os núcleos são antônimos.

Faça a devida concordância:

a) Londres ou Madri ___________________________ as Olimpíadas. (sediará/sediarão)

b) O calor ou o frio ____________________________ as plantas. (prejudica/ prejudicam)

c) O amor ou o ódio intensos não _________________________ a boa coisa. (leva/levam)

d) O ladrão ou os ladrões ____________________________ a casa. (roubou/ roubaram)

e) Deus ou nosso pai do céu nos ____________________________ . (protege/protegem)

f) A escola ou nosso segundo lar ____________________________ ou aniquila. (eleva/elevam)

VERBO SER:
* Com os neutros isto, isso, aquilo, tudo, o verbo concorda com eles ou com o predicativo.
* Com os pronomes interrogativos quem, que, o que, o verbo ser concorda com o predicativo.
* Quando o sujeito for um nome próprio de pessoa ou lugar, o verbo ser concorda, preferencialmente, com predicativo.
* Se o predicativo for pronome reto, com este o verbo concorda.
* O verbo ser ficará no singular quando aparecer nas expressões é muito, é pouco, é bom, é demais, é suficiente, é mais de, é tanto
e o sujeito estiver representado por termo no plural que denota preço, medida ou quantidade.
* Nas datas, horas e distâncias, o verbo concorda com o numeral.
* Nas expressões é de ver, é de reparar, o verbo ser fica no singular. Se a expressão vier posposta ao nome no plural, impõe-se o
plural ao verbo.

Faça a devida concordância do verbo ser:

a) O advogado ___________________________ tu. (é/és)

b) A menina ____________________________ as alegrias da casa. (é/são)

c) As alegrias da casa ____________________________ a menina. (é/são)

d) Tudo ___________________________ mentiras. (é/são)

- 28 -
e) Três metros ____________________________ suficiente. (é/são)

f) Três reais ____________________________ bastante. (é/são)

g) Os professores ______________________________ nós. (é/somos)

h) Hoje ____________________________ 12 de março. (é/são)

i) Aquilo ____________________________ verdades. (é/são)

j) _______________________________ uma hora e trinta minutos. (É/São)

l) Maria ____________________________ os orgulhos dos pais. (é/são)

m) Os orgulhos do pai ______________________ Maria. (é/são)

n) Dez folhas _____________________________ bastante. (é/são)

o) O que __________________________comédias? (é /são)

p) De Rio a São Paulo, ______________________, aproximadamente, 550km. (é/são)

q) _______________________ de ver os gestos incontrolados deles. (é/são)

r) Os gestos ________________________ de ver. (é/são)

SUJEITOS UNIDOS POR COM:


* Com núcleos ligados por COM, o verbo fica no singular ou no plural.

Faça a concordância verbal:

a) O rei com a comitiva ___________________________ ao Rio. (chegou/chegaram)

b) O pai com os filhos ____________________________ cedo. (voltou/voltaram)

c) O presidente com os deputados ___________________________ muito. (falou/falaram)

d) O general, com os soldados, __________________________ a batalha. (venceu/venceram)

HAJA VISTA
Haja VISTA o fato. / Haja VISTA os fatos. ou Hajam VISTA os fatos. / Haja VISTA aos fatos.

TANTO ... COMO, NÃO SÓ ... MAS TAMBÉM:


* Com tais expressões, o verbo vai para a terceira pessoa do plural(preferência) ou concorda com o mais próximo.

Faça a concordância verbal:

a) Tanto o pai como o filho ____________________________ à Europa. (viajou/viajaram)

b) Não só João mas também o colega ____________________________ conosco. (ficou/ficaram)

c) Não só a mãe mas também a filha _____________________________ parte do grupo. (fazem/faz)

d) ___________________________ os fatos, não iremos amanhã. (Haja visto/ Hajam vista/ Haja vista)

e) Ele não ficou, __________________________ o ocorrido ontem. (Haja visto/ Hajam vista/ Haja vista)

EXPRESSÕES COM FRAÇÃO OU PORCENTAGEM:


* Quando se trata de frações, o verbo concorda com o numerador.
* Com número percentual + adjunto adnominal, o verbo concorda com qualquer um; a preferência é do adjunto adnominal.(Bechara)
* Número percentual antecedido de artigo, possessivo ou demonstrativo no plural leva o verbo para o plural.
* Quando o verbo estiver posposto ao número percentual, a concordância é obrigatória com o número.

Faça a concordância de acordo com a norma culta:

a) 20% dos alunos _____________________________ ao colégio. (faltou/ faltaram)

b) 1% dos candidatos ____________________________ no concurso. (passou/ passaram)


- 29 -
c) Os 5% da turma ____________________________ à reunião. (compareceu/ compareceram)

d) Dez por cento da produção _______________________________. (foi exportada/ forma exportados)

d) 2/5 da turma ____________________________ à festa. (faltou/faltaram)

e) 50% dos produtos _____________________________________. (foram exportados/foi exportado)

f) 1/5 dos operários ________________________________ de tudo. (desistiu/ desistiram)

g) Aqueles 10% da turma _____________________________ cedo. (saiu/saíram)

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES (COM GABARITO)

1. Marque a única alternativa em que o emprego do verbo haver está correto.

a) Todas as gotas de água havia evaporado.

b) Elas se haverão comigo, se mandarem meu primo sair.

c) Não houveram quaisquer mudanças no regulamento.

d) Amanhã, vão haver aulas de informática durante todo o período de aula.

e) Houveram casos significativos de contaminação no hospital da cidade.

2. Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas.


“Não nos ______ respeito os motivos que ____________ os homens a __________ à causa.”

a) diz – conduzirão – aderir

b) dizem – conduzirão – aderirem

c) dizem – conduzirá – aderirem

d) diz – conduzirá – aderir

e) dizem – conduzirá – aderir

3. Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do período abaixo.


“Informaram aos candidatos que, ___________, seguiam a comunicação oficial, o resultado e a indicação do local do exame
médico, e que estariam inteiramente à ________ disposição para verificação.”

a) anexo – vossa b) anexos – sua c) anexo – sua d) anexas – vossa e) anexos – vossa

4. Há duas semanas, foram divulgados novos dados sobre o desempenho dos nossos estudantes. Os resultados foram comentados
à exaustão nos jornais, sites etc. Solidários, diversos meios de comunicação se aliaram aos alunos, ou seja, demonstraram que
também tropeçam no trato com a língua. Comecemos por um título (de um site), que terminava assim: "... preferem português à
matemática". (...). No título, usou-se a construção formal, mas...(NETO, Pasquale Cipro. Folha de São Paulo, 08/09/2011)

Considere estas afirmações:


I. O adjetivo “solidários”, no contexto em que ocorre, deve ser compreendido conotativamente, já que se trata de uma ironia.
II. Do ponto de vista da gramática normativa, há um erro de regência no título do site, uma vez que o verbo “preferir” rejeita o uso
da preposição “a”.
III. No último período, ao empregar a conjunção adversativa “mas”, o autor sugere a ocorrência de “tropeço” gramatical no título do
site.

Está(ão) correta(s)
a) I, II e III. b) Apenas I e II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) Apenas I.

5. Texto I
sic - Em latim, significa assim. Expressão usada entre colchetes ou parênteses no meio ou no final de uma declaração entre aspas,
ou na transcrição de um documento, para indicar que é assim mesmo, por estranho ou errado que possa ser ou
parecer.(http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_texto_s.htm)

Texto II
A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, recebeu um grupo de 50 manifestantes, que foram de ônibus a Brasília reclamar sobre a
demora para receber os recursos do governo federal. (...)
Em nota divulgada ontem no site do Ministério da Cultura, Ana de Hollanda disse que o ministério "reconhece, valoriza e tem claro
[sic] a necessidade da continuidade" do trabalho dos Pontos de Cultura. A nota, no entanto, não aponta quando o problema deve
ser resolvido.(Folha de São Paulo, 23/02/2011)
- 30 -
Considerando-se as informações apresentadas nos textos, é correto afirmar que o motivo da inclusão do “sic”, no Texto II, é apontar
uma falha de

a) concordância nominal, já que o adjetivo “claro” deveria estar no feminino para concordar com o substantivo “necessidade”.
b) regência nominal, pois o “a”, antes do substantivo “necessidade”, deveria receber acento grave para indicar a ocorrência de crase.
c) pontuação, uma vez que se omitiu a vírgula obrigatória para separar as orações coordenadas presentes nesse período.
d) acentuação gráfica, já que o verbo “ter”, presente na expressão “tem claro”, deveria receber acento circunflexo.
e) coesão textual, pois, nessa construção, é obrigatória a inclusão do conectivo “que” para ligar a oração principal à oração
subordinada.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Quem ri por último ri Millôr


Eu tinha 15 anos, havia tomado bomba, era virgem e não via, diante da minha incompetência para com o sexo oposto, a
mais remota possibilidade de reverter a situação.
Em algum momento entre a oitava série e o primeiro colegial, todos os meus colegas haviam adotado roupas diferentes,
gírias, trejeitos ao falar e ao gesticular, mas eu continuava igual – era como se houvesse faltado na aula em que os estilos foram
distribuídos e estivesse condenado a viver para sempre numa espécie de limbo social, feito de incertezas, celibato e moletom.
O mundo, antes um lugar com regras claras e uma razoável meritocracia, havia perdido o sentido: os bons meninos não
ganhavam uma coroa de louros – nem ao menos, vá lá, uma loura coroa –, era preciso acordar às 6h15 para estudar química
orgânica e os adultos ainda queriam me convencer de que aquela era a melhor fase da vida.
Claro, observando-os, era óbvia a razão da nostalgia: seres de calças bege e pager no cinto, que gastavam seus dias em
papinhos de elevador, sem ambições maiores do que um carro novo, um requeijão com menos colesterol, o nome na moldura de
funcionário do mês e ingressos para o Holiday on Ice no fim de semana.
Em busca de algum consolo, me esforçava para bater o recorde jamaicano de consumo de maconha, mas, em vez de ter
abertas as portas da percepção – ou o que quer que fizesse com que meus amigos se divertissem e passassem meia hora rachando
o bico, sei lá, de um amendoim –, só via ainda mais escancaradas as portas da minha inadequação. Foi então, meus caros, que eu
vi a luz - e a luz veio na forma de um livro; "Trinta anos de mim mesmo", do Millôr Fernandes.
A primeira página que eu abri trazia um quadrado em branco, com a seguinte legenda: "Uma gaivota branca, trepada sobre
um iglu branco, em cima de um monte branco. No céu, nuvens brancas esvoaçam e à direita aparecem duas árvores brancas com
as flores brancas da primavera". Logo adiante estava "O abridor de latas", "Pela primeira vez no Brasil um conto inteiramente em
câmera lenta" – narrando um piquenique de tartarugas que durava uns 1.500 anos. Mais pra frente, esta quadra: "Essa pressa
leviana/ Demonstra o incompetente/ Por que fazer o mundo em sete dias/ Se tinha a eternidade pela frente?".
Lendo aquelas páginas, que reuniam o trabalho jornalístico do Millôr entre 1943 e 1973, compreendi que não estava sozinho
em meu estranhamento: a vida era mesmo absurda, mas a resposta mais lógica para a falta de sentido não era o desespero, e sim
o riso. Percebi, como se não bastasse, que se agregasse alguma graça aos meus resmungos poderia fazer daquele incômodo uma
profissão. Dos 19 anos até hoje, jamais paguei uma conta de luz de outra forma.
Uma pena nunca ter conhecido o Millôr pessoalmente, não ter podido apertar sua mão e agradecer-lhe por haver me
sussurrado ao ouvido, quando eu mais precisava escutar, a única verdade que há debaixo do céu: se Deus não existe, então tudo
é divertido.Antonio Prata. Folha de S. Paulo. 04/04/2012.

6. Embora se utilize de um registro linguístico coloquial na passagem “se divertissem e passassem meia hora rachando o bico”, o
cronista estabelece, no termo destacado, a concordância nominal de acordo com as regras gramaticais. Assinale a alternativa em
que o uso da palavra “meia” ou ”meio” NÃO está de acordo com a norma culta da língua.

a) É meio-dia e meia.
b) Eu estou meia cansada.
c) As frutas estão meio caras.
d) Acolheu-me com palavras meio ríspidas.
e) Não me venha com meias palavras.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

FOLHA – Seus estudos mostram que, entre os mais escolarizados, há maior preocupação com a corrupção.
O acesso à educação melhorou no país, mas a aversão à corrupção não parece ter aumentado. Não se vê mais
mobilizações como nos movimentos pelas Diretas ou no Fora Collor. Como explicar?
ALMEIDA – Esta questão foi objeto de grande controvérsia nos Estados Unidos. Quanto maior a escolarização, maior a
participação política. Mas a escolaridade também cresceu lá, e não se viu aumento de mobilização. O que se discutiu, a partir da
literatura mais recente, é que, para acontecerem grandes mobilizações, é necessária também a participação atuante de uma elite
política. No caso das Diretas-Já, por exemplo, essa mobilização de cima para baixo foi fundamental. O governador de São Paulo na
época, Franco Montoro, estava à frente da mobilização. No Rio, o governador Leonel Brizola liberou as catracas do metrô e deu
ponto facultativo aos servidores. No caso de Collor, foi um fenômeno mais raro, pois a mobilização foi mais espontânea, mas não
tão grande quanto nas Diretas. Porém, é preciso lembrar que Collor atravessava um momento econômico difícil. Isso ajuda a explicar
por que ele caiu com os escândalos da época, enquanto Lula sobreviveu bem ao mensalão. Collor não tinha o apoio da elite nem
da classe média ou pobre. Já Lula perdeu apoio das camadas mais altas, mas a população mais pobre estava satisfeita com o
desempenho da economia. Isso fez toda a diferença nos dois casos. A preocupação de uma pessoa muito pobre está muito
associada à sobrevivência, ao emprego, à saúde, à própria vida. Para nós, da elite, jornalistas, isso já está resolvido e outras
questões aparecem como mais importantes. São dois mundos diferentes.(Adaptado de: GOIS, Antonio. Mais conscientes, menos
mobilizados.).
- 31 -
7. Observe o seguinte período: “O que se discutiu, a partir da literatura mais recente, é que, para acontecerem grandes
mobilizações, é necessária também a participação atuante de uma elite política.”.

a) Do ponto de vista da norma culta, há um problema de concordância, pois a forma correta de se grafar a expressão seria “é
necessário”.
b) Há um problema de pontuação, pois não se deve usar vírgula para separar o sujeito “grandes mobilizações” do predicado “é
necessária também”.
c) A expressão grifada destaca um erro de concordância com o sujeito “grandes mobilizações”.
d) A expressão grifada aparece flexionada em gênero e número, pois concorda com o sujeito posposto “a participação atuante”.
e) Do ponto de vista da norma culta, pode-se dizer que há uma inadequação, pois o autor usou a expressão “é necessária” no lugar
da expressão “é precisa”.

8. Para o preenchimento das lacunas, observe os termos 1 e 2, nos parênteses:

1. ____________________ dois minutos para o final do jogo. (1. Falta / 2. Faltam).

2. Não ____________________ jogos, porque o campo estava alagado. (1. houve / 2. houveram).

3. - Você quer bem aos seus colegas?

- Sim, eu ____________________ quero bem. (1. os / 2. lhes).

4. - Luís, observe que todos estão ____________________ . (1. alerta / 2. alertas).

5. Chegou tarde ____________________ casa dos amigos. (1. na / 2. à).

A sequência correta é:

a) 1, 1, 2, 1 e 1;
b) 2, 1, 2, 1 e 2;
c) 1, 1, 2, 1 e 2;
d) 1, 2, 2, 1 e 2;
e) 2, 1, 1, 2 e 1.

9. Está certa a concordância verbal de:


a) DEIXARAM DE HAVER conflitos amorosos entre eles.
b) A maioria das pessoas AMAM inconscientemente.
c) Honduras FICAM na América Central.
d) Qual deles NAMORAM mais?

10. Observe a charge.

I. Em discurso direto, quanto à concordância, a primeira fala da charge estaria corretamente redigida da seguinte forma: Depois
dizem: "Os brasileiros não têm incentivo ao esporte."
II. Na primeira fala, a expressão ao esporte poderia ser substituída por à práticas esportivas.
III. Na segunda fala, a forma verbal está no plural concordando com o sujeito 200 toneladas.

Está CORRETO o que se afirma em:

a) I apenas. b) III apenas. c) I e II apenas. d) II e III apenas. e) I, II e III.


- 32 -
11. Analise o emprego do verbo "fazer" nos excertos a seguir:

I - Seria excessivo dizer que hoje já não se fazem bons filmes, mas não é excessivo dizer que já não se fazem filmes como
antigamente.(Boris Fausto, "Folha de São Paulo", 28 de maio de 2006)
II - "Eu tinha apenas dezessete anos
No dia em que saí de casa
E não fazem mais de quatro semanas que eu estou na estrada" ("Primeira canção da estrada", Sá e Guarabyra).
III - Uma coisa é patente: não fazem mais espelhos como antigamente.

Indique V (verdadeiro) ou F (falso) em cada uma das alternativas a seguir:

( ) Nos três excertos, o sujeito de "fazem" tem a mesma classificação: é indeterminado.


( ) Em I, o verbo "fazer" está na voz passiva sintética, e o sujeito é simples.
( ) Em I, ocorre uma falha de concordância verbal, uma vez que o índice de indeterminação do sujeito "se" exige verbo no singular.
( ) Em II, ocorre oração sem sujeito, por isso, o verbo não poderia ser flexionado no plural.
( ) Em III, seria obrigatória a inclusão do índice de indeterminação do sujeito.

A sequência CORRETA é:

a) V - F - V - F - V.
b) F - F - V - V - F.
c) F-V-F-V–F
d) V - F - V - F - F.
e) F - V - F - V - V.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Em 2008, o Brasil celebra a memória de Joaquim Maria Machado de Assis, o Bruxo do Cosme Velho, que morreu há cem anos, no
dia 29 de setembro, já reconhecido como o maior escritor brasileiro. Revisitar a obra de Machado pensada em seu conjunto é
redescobrir um dos estilos mais originais e modernos da literatura universal.

Esse texto é o último capítulo de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, obra que inaugura uma segunda etapa
da produção de Machado.

Capítulo CLX - DAS NEGATIVAS


1Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplastro, não fui ministro, não fui califa, não

conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, 2coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu
rosto. Mais; não padeci a morte de dona Plácida, nem a semidemência de Quincas Borba. 3Somadas umas coisas e outras, qualquer
pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque 4ao
chegar a esse outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: -
9Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.(Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de

Assis)

12. Das alterações efetuadas em "... não houve míngua nem sobra...", assinale a única que transgride a regra de concordância
verbal.

a) Pode existir muitas sobras.


b) Hão de existir muitas sobras.
c) Pode haver muitas sobras.
d) Há de haver muitas sobras.
e) Devem existir muitas sobras.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Texto extraído de Formação da Literatura Brasileira, de Antonio Candido.


No Brasil, o homem de estudo, de ambição e de sala, que provavelmente era, encontrou condições inteiramente novas.
Ficou talvez mais disponível, e o amor por Dorotéia de Seixas o iniciou em ordem nova de sentimentos: o clássico florescimento da
primavera no outono.
Foi um acaso feliz para a nossa literatura esta conjunção de um poeta de meia idade com a menina de dezessete anos. O
quarentão é o amoroso refinado, capaz de sentir poesia onde o adolescente só vê o embaraçoso cotidiano; e a proximidade da
velhice intensifica, em relação à moça em flor, um encantamento que mais se apura pela fuga do tempo e a previsão da morte:
Ah! enquanto os destinos impiedosos
não voltam contra nós a face irada,
façamos, sim, façamos, doce amada,
os nossos breves dias mais ditosos.

- 33 -
13. Se a frase - "O quarentão é o amoroso refinado, capaz de sentir poesia onde o adolescente só vê o EMBARAÇOSO cotidiano
..." - for para o plural e o termo destacado substituído por um sinônimo, obtém-se:
Os quarentões são os amorosos refinados,
a) capazes de sentirem poesia onde os adolescentes só vem o confuso cotidiano ...
b) capaz de sentirem poesia onde os adolescentes só veem o atribulado cotidiano ...
c) capazes de sentirem poesia onde os adolescentes só vêm o enganoso cotidiano ...
d) capaz de sentir poesia onde os adolescentes só vêm o encrencado cotidiano ...
e) capazes de sentir poesia onde os adolescentes só veem o complicado cotidiano ...

14. Assinale a alternativa que reescreve o texto a seguir de acordo com a norma culta, mantendo-lhe o sentido.
Os presídios não é uma forma de mudar o ponto de vista de qualquer pessoa que esteja lá presa, um marginal que já fez de tudo
na vida não é que vai preso que ele vai mudar totalmente.

a) Os presídios não é uma forma de mudar o ponto de vista de qualquer pessoa que esteje lá preso. Um marginal que já fez de
tudo na vida não é porque vai preso que ele vai mudar totalmente.
b) Os presídios não são uma forma de mudar o ponto de vista de qualquer pessoa que esteja lá presa, um marginal que já fez de
tudo na vida não é que vão preso que vão mudar totalmente.
c) Os presídios não são uma forma de mudar o ponto de vista de quem esteja lá preso. Não é porque foi preso que um marginal
que já fez de tudo na vida vai mudar totalmente.
d) Presídio não é uma forma de mudar o ponto de vista das pessoas presas, um marginal não vai mudar totalmente por tudo que já
fez na vida e então vai preso.
e) Os presídios não são uma forma de mudar o ponto de vista de qualquer pessoa presa. Um marginal que já fez de tudo na vida
vai preso e vai mudar totalmente.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


No ensino, como em outras coisas, a liberdade deve ser questão de grau. Há liberdades que não podem ser toleradas.
Uma vez conheci uma senhora que afirmava não se dever proibir coisa alguma a uma criança, pois ela deve desenvolver sua
natureza de dentro para fora. "E se a sua natureza a levar a engolir alfinetes?" indaguei; lamento dizer que a resposta foi puro
vitupério. No entanto, toda criança abandonada a si mesma, mais cedo ou mais tarde engolirá alfinetes, tomará veneno, cairá de
uma janela alta ou doutra forma chegará a mau fim. Um pouquinho mais velhos, os meninos, podendo, não se lavam, comem
demais, fumam até enjoar, apanham resfriados por molhar os pés, e assim por diante - além do fato de se divertirem importunando
anciãos, que nem sempre possuem a capacidade de resposta de Eliseu. Quem advoga a liberdade da educação não quer dizer que
as crianças devam fazer, o dia todo, o que lhes der na veneta. Deve existir um elemento de disciplina e autoridade: a questão é até
que ponto, e como deve ser exercido.(Bertrand Russell, Ensaios céticos.)

15. "- Quem advoga a liberdade da educação não quer dizer que as crianças devam fazer, o dia todo, o que lhes der na veneta."
Substituindo-se "Quem" por "As pessoas que", obtém-se:

a) As pessoas que advoga a liberdade da educação não querem dizer que as crianças devam fazer, o dia todo, o que lhes der na veneta.
b) As pessoas que advogam a liberdade da educação não quer dizerem que as crianças devam fazer, o dia todo, o que lhes derem na
veneta.
c) As pessoas que advogam a liberdade da educação não quer dizer que as crianças devam fazer, o dia todo, o que lhes der na veneta.
d) As pessoas que advogam a liberdade da educação não querem dizer que as crianças devam fazer, o dia todo, o que lhes der na veneta.
e) As pessoas que advogam a liberdade da educação não querem dizerem que as crianças devam fazer, o dia todo, o que lhes derem na
veneta.

Gabarito

1-b 4-c 7-d 10-a 13-e


2-b 5-a 8-b 11-c 14-c
3-b 6-b 9-a 12-a 15-d

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OUTROS EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES (COM GABARITO)

1. Analise a frase:
Poderão concorrer às vagas reservadas a candidatos negros aqueles que se autodeclararem pretos ou pardos no ato da inscrição
no concurso público, conforme o quesito cor ou raça utilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).
Considerando o texto acima, assinale a alternativa correta quanto às regras gramaticais.
a) O verbo poder está no plural porque concorda com “aqueles”.
b) O verbo concorrer exige complemento e se este for feminino plural não deve vir com crase.
c) O termo “utilizado” refere-se à expressão “cor ou raça”.
d) O adjetivo “reservadas” refere-se a “inscrição”.
e) A conjunção “conforme” pode ser substituída por “já que”.

2. Considerando a análise de aspectos linguísticos dos trechos abaixo, extraídos da obra “Você Verá”, marque (V) para os
comentários verdadeiros e (F) para os falsos. Em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.
( ) Em “Acho a astrologia a ciência dos tolos, e, até prova em contrário, não me considero um deles.” Houve um desvio da norma
padrão, que prescreve como certa a expressão “até provem o contrário”, em substituição à expressão sublinhada.
( ) Em “Foi um morticínio, uma coisa que ninguém na região nunca vira(...)”, a palavra morticínio significa assassinato em série.
( ) O que aconteceu com o nome do narrador do conto Bem - Stanislaw > Lauro > Lau > Stan - é um fenômeno linguístico
semelhante ao ocorrido com o pronome de tratamento Vossa Mercê - Vosmecê > você > cê.
( ) Em “(...) que direito tinha o Bem de se tornar milionário?”, o pronome sublinhado aparece anteposto ao verbo (próclise), uma
vez que a preposição o atrai, segundo a norma padrão.
( ) Em “(...) quando a mãe a levava à matinê.” e “(...) pois ainda escutava em mim as risadas”, os pronomes sublinhados são
classificados, respectivamente, como oblíquo átono e oblíquo tônico.
( ) Em “Minha mãe sempre dizia: 'Deus protege quem trabalha’”, a regência do verbo proteger não está de acordo com a norma
padrão, uma vez que ele é transitivo indireto e, por isso, rege preposição, como em: 'Deus protege a quem trabalha’”.
A sequência correta é
a) F- F- V- V- V- F
b) V- F- F- V- F- V
c) F- F- F- V- V- F
d) V- V- V- F- F- V

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


A(s) questão(ões) a seguir está(ao) relacionada(s) ao texto abaixo.
Viagens, cofres mágicos com promessas sonhadoras, não mais 5revelareis 6vossos tesouros intactos! Hoje, quando ilhas
polinésias afogadas em concreto se transformam em porta-aviões ancorados nos mares do Sul, quando as favelas corroem a África,
quando a aviação 9avilta a floresta americana antes mesmo de poder 7destruir-lhe a virgindade, de que modo poderia a pretensa
10evasão da viagem conseguir outra coisa que não 14confrontar-nos 15com as formas mais miseráveis de nossa existência histórica?
18
Ainda 22assim, compreendo a paixão, a loucura, o equívoco das narrativas de viagem. Elas 16criam a ilusão daquilo
1__________ não existe mais, mas 2__________ ainda deveria existir. Trariam nossos modernos Marcos Polos, das mesmas terras

distantes, desta vez em forma de fotografias e relatos, as especiarias morais 3_________ nossa sociedade experimenta uma
necessidade aguda ao se sentir 11soçobrar no tédio?
É assim que me identifico, viajante procurando em vão reconstituir o exotismo com o auxílio de fragmentos e de destroços.
19Então, 26insidiosamente, a ilusão começa a tecer suas armadilhas. Gostaria de ter vivido no tempo das verdadeiras viagens,

quando um espetáculo ainda não estragado, contaminado e maldito se oferecia em todo o seu esplendor. 20Uma vez 12encetado, o
jogo de conjecturas não tem mais fim: quando se deveria visitar a Índia, em que época o estudo dos selvagens brasileiros poderia
levar a conhecê-los na forma menos alterada? Teria sido melhor chegar ao Rio no século XVIII? Cada década para 23trás 29permite
27salvar um costume, 28ganhar uma festa, 17partilhar uma crença suplementar.
21Mas conheço bem demais os textos do passado para não saber que, me privando de um século, renuncio a perguntas

dignas de enriquecer minha reflexão. E eis, diante de mim, o círculo intransponível: quanto menos as culturas tinham condições de
se comunicar entre si, menos também os emissários 8respectivos eram capazes de perceber a riqueza e o significado da diversidade.
No final das contas, sou prisioneiro de uma 32alternativa: 30ora viajante antigo, confrontado com um prodigioso espetáculo do qual
quase tudo lhe escapava 24— ainda pior, inspirava troça ou desprezo 25—, 31ora viajante moderno, correndo atrás dos vestígios de
uma realidade desaparecida. Nessas duas situações, sou perdedor, pois eu, que me lamento diante das sombras, talvez seja
impermeável ao verdadeiro espetáculo que está tomando forma neste instante, mas 4__________ observação, meu grau de
humanidade ainda 13carece da sensibilidade necessária. 33Dentro de alguma centena de anos, neste mesmo lugar, outro viajante
pranteará o desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou.
Adaptado de: LÉVI-STRAUSS, C. Tristes trópicos. São Paulo: Cia. das Letras, 1996. p. 38-44.

3. Considere as seguintes afirmações sobre a substituição de segmentos do texto.


I. A substituição de revelareis (ref. 5) por revelarás exigiria que o pronome vossos (ref. 6) fosse ajustado para teus.
II. A substituição de destruir-lhe (ref. 7) por destruir a sua preservaria a correção e o sentido da frase original.
III. O adjetivo respectivos (ref. 8) poderia ser substituído, naquele contexto, por mútuos, preservando a correção e o sentido da
frase original.
Quais estão corretas?

a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) I, II e III.


- 35 -
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
A(s) questão(ões) a seguir estão relacionada(s) ao texto abaixo.
4À porta do Grande Hotel, pelas duas da tarde, 14Chagas e Silva 6postava-se de palito à boca, como 19se tivesse descido

do restaurante lá de cima. Poderia parecer, pela estampa, que somente ali se comesse bem em Porto Alegre. 8Longe 21disso! A Rua
da Praia que 23o diga, ou 22melhor, que o dissesse. 24O faz de conta do 7inefável personagem 5ligava-se mais à 25importância, à
moldura que aquele portal lhe conferia. 15Ele, que tanto marcou a rua, tinha 27franco acesso às poltronas do saguão em que se
refestelavam os importantes. Andava 28dentro de um velho fraque, usava gravata, chapéu, bengala sob o braço, barba curta, polainas
e 10uns olhinhos apertados na 1_________ bronzeada. O charuto apagado na boca, para durar bastante, 29era o 9toque final dessa
composição de pardavasco vindo das Alagoas.
Chagas e Silva chegou a Porto Alegre em 1928. 16Fixou-20se na Rua da Praia, que percorria com passos lentos, carregando
um ar de 12indecifrável importância, tão ao jeito dos grandes de então. 17Os estudantes tomaram conta dele. Improvisaram comícios
na praça, carregando-o nos braços e 11fazendo-o discursar. Dava discretas mordidas 33e consentia em que lhe pagassem o
cafezinho. Mandava imprimir sonetos, que "trocava" por dinheiro.
Não era de meu propósito 31ocupar-me do "doutor" Chagas 34e, sim, de como se comia bem na Rua da Praia de
antigamente. Mas ele como que me puxou pela manga e levou-me a visitar casas por onde sua imaginação de longe esvoaçava.
Porto Alegre, sortida por tradicionais armazéns de especialidades, 30dispunha da melhor matéria-prima para as casas de
pasto. 18Essas casas punham ao alcance dos gourmets virtuosíssimos "secos e molhados" vindos de Portugal, da Itália, da França
e da Alemanha. Daí um longo e 2________ período de boa comida, para regalo dos homens de espírito e dos que eram mais
estômago que outra coisa.
Na arte de comer bem, talvez a 26dificuldade fosse a da escolha. Para qualquer lado que o passante se virasse, encontraria
salões ornamentados 3_________ maiores ou menores, tabernas 35ou simples tascas. A Cidade 32divertia-se também 13pela barriga.

4. Se a expressão Os estudantes (ref. 17) fosse substituída por Um estudante, quantas outras alterações seriam necessárias,
para fins de concordância, na passagem dessa frase?

a) 1. b) 2. c) 3. d) 4. e) 5.

5.

A frase que poderia substituir corretamente a inscrição na placa, mantendo-se o sentido e a adequação à norma-padrão, é:

a) Postergada a caça!
b) Proibido a caça de árvores!
c) Não é permitida caça!
d) Caça promulgada!
e) É proibido caça!

- 36 -
6. Assinale a alternativa correta de acordo com a norma padrão:

a) Fazem quinze dias que os camponeses não colhem nada.


b) Era esperada, na fazenda, vinte toneladas de grãos.
c) Houveram, no sítio, fortes chuvas que destruíram a plantação.
d) É necessário que todos, inclusive o agricultor, seja favorável à preservação.
e) Haviam feito os lavradores o plantio adequado das sementes.

7. A questão a seguir deve ser respondida de acordo com a gramática normativa.

O substantivo em destaque está corretamente flexionado no plural em:

a) Vários painéus explicativos foram expostos para orientar os visitantes que vêm ao museu.
b) Os arqueólogos até hoje tentam decifrar alguns caracteres usados por povos da Antiguidade.
c) Os cidadões estão indignados com o aumento excessivo e injusto dos impostos.
d) A nova cozinheira sabe preparar deliciosos pãozinhos de milho.
e) No salão de cerimônias do clube estavam expostos os troféis do time.

8. Se pluralizarmos o termo grifado, o verbo também deverá ir para o plural em:

a) Não existe gratuidade na vida.


b) Para haver riqueza, é preciso produzir, consumir, obter lucro, criar mais trabalho, (...)
c) Há outro desafio fundamental para a vida que o ser humano teima em não assumir em sua amplitude: (...)
d) Concluindo, podemos afirmar que a reflexão filosófica nos ajuda a encontrar uma luz no meio do túnel (...)

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


O menino sentado à minha frente é meu irmão, assim me disseram; e bem pode ser verdade, ele regula pelos dezessete
anos, justamente o tempo em que estive solto no mundo, sem contato 5nem notícia.
A princípio quero tratá-lo como intruso, mostrar-lhe 1__________ minha hostilidade, não abertamente para não chocá-lo,
11mas de maneira a não lhe deixar dúvida, como se lhe 6perguntasse com todas as letras 18: que direito tem você de estar aqui na

intimidade de minha família, entrando nos nossos segredos mais íntimos, dormindo na cama onde eu dormi, lendo meus velhos
livros, talvez sorrindo das minhas anotações à margem, tratando meu pai com intimidade, talvez discutindo a minha conduta, talvez
até criticando-a? 12Mas depois vou notando que ele não é totalmente estranho. De repente fere-me 2__________ ideia de que o
intruso talvez 7seja eu, que ele 8tenha mais direito de hostilizar-me do que eu a ele 19, que vive nesta casa há dezessete anos. O
intruso sou eu, não ele.
Ao pensar nisso vem-me o desejo urgente de entendê-lo e de ficar amigo. Faço-lhe 21perguntas e noto a sua avidez em
respondê-las, 13mas logo vejo a inutilidade de prosseguir nesse caminho, 22as perguntas parecem-me formais e 23as respostas
forçadas e complacentes.
Tenho tanta coisa a dizer, mas não sei como começar, até a minha voz parece ter perdido a naturalidade. Ele me olha 20,
e vejo que está me examinando, procurando decidir se devo ser tratado como irmão ou como estranho, e imagino que as suas
dificuldades não devem ser menores do que as minhas. 24Ele me pergunta se eu moro em uma casa grande, com muitos quartos,
e antes de responder procuro descobrir o motivo da pergunta. 25Por que falar em casa? 14E qual a importância de 9muitos quartos?
Causarei inveja nele se responder que sim? 26Não, não tenho casa, há 10muitos anos que tenho morado em hotel. Ele me olha,
parece que fascinado, diz que deve ser bom viver em hotel, 15e conta que, toda vez que faz reparos 3__________ comida, mamãe
diz que ele deve ir para um hotel, onde pode reclamar e exigir. De repente o fascínio se transforma em alarme, 16e ele observa que
se eu vivo em hotel não posso ter um cão em minha companhia, o jornal disse uma vez que um homem foi processado por ter um
cão em um quarto de hotel. Confirmo 4__________ proibição. Ele suspira 17e diz que então não viveria em um hotel nem de graça.

9. Se as expressões perguntas (ref. 21), as perguntas (ref. 22) e as respostas (ref. 23) fossem substituídas, respectivamente, por
uma pergunta, a pergunta e a resposta, quantas outras alterações seriam necessárias no texto, para fins de concordância?

a) 1. b) 2. c) 3. d) 4. e) 5.

10. Em “A maioria dessas crianças sabe focar sua atenção, sim.” (ref. 42) o verbo pode ir para o singular ou para o plural. Em que
opção tal situação também se aplica?

a) Só um ou outro adulto consegue focar sua atenção em uma única coisa.


b) Segundo pesquisa, sessenta por cento da juventude brinca com jogos desafiantes que exigem atenção.
c) Qual de vocês sabe usar programas complexos em seus aparelhos eletrônicos?
d) É cada vez maior o número de crianças que não presta atenção a uma única coisa.
e) Falaram o educador e o pai sobre a profusão de estímulos a que as crianças são submetidas.

11. Qual sentença mantém a concordância de acordo com a norma-padrão?

a) A máquina tornou-se muito importante na cidade, haja visto o interesse despertado em cidadãos e visitantes.
b) A máquina tornou-se muito importante na cidade, e sempre haviam detalhes novos a serem descobertos.
c) A máquina tornou-se muito importante na cidade, pois mais de um prefeito da região tentou adquiri-la.
d) A máquina tornou-se muito importante na cidade, e vendê-la seria considerado um crime de lesa-município.
e) A máquina tornou-se muito importante na cidade, mesmo quando já faziam muitos meses desde que ela chegara.

- 37 -
12. Em qual das opções está correta a outra concordância sugerida?

a) "[...] a parcela dos viciados representa (representam) [...]". (1°parágrafo)


b) "As situações vividas na rede passam a habitar (habitarem) mais e mais as conversas." (2°parágrafo)
c) "Os jovens são, de longe, os mais propensos a extrapolar (extrapolarem) o uso da internet." (3°parágrafo)
d) "[...] sentimentos negativos, tão típicos de uma etapa em que afloram (aflora) tantas angústias e conflitos." (3°parágrafo)
e) "É nesse cenário que os múltiplos usos da rede ganham (ganha) um valor distorcido." (3°parágrafo)

13. Assinale a alternativa que apresenta correção gramatical.

a) As prateleiras da sessão de empacotamento estão vazias.


b) Não disseram por que ele saiu.
c) Os funcionários de todos os setores estavam vestidos iguais.
d) Realizamos uma reunião onde foram resolvidos os problemas.
e) Realizamos um trabalho onde mediu-se todas as peças de tecido.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:


Darwin passou quatro meses no Brasil, em 1832, durante a sua 2célebre viagem a bordo do Beagle. Voltou impressionado
com o que viu: "5Delícia é um termo 17insuficiente para 19exprimir as emoções sentidas por 28um naturalista a 8sós com a natureza
em uma floresta brasileira", escreveu. O Brasil, 11porém, aparece de forma menos 21idílica em 27seus escritos: "Espero nunca mais
voltar a um 12país escravagista. O estado da enorme população escrava deve preocupar todos os que chegam ao Brasil. Os
senhores de escravos querem ver o negro romo outra espécie, mas temos todos a mesma origem."
Em vez do gorjeio do 6sabiá, o que Darwin guardou nos ouvidos foi 30um som 3terrível que 29o acompanhou por toda a vida:
" Até hoje, se eu ouço um grito, 39lembro-me, com 22dolorosa e clara memória, 43de quando passei numa casa em Pernambuco e
13

ouvi urros 14terríveis. Logo entendi que era algum pobre escravo que estava sendo torturado,"
Segundo o 4biólogo Adrian Desmond, “a viagem do Beagie, para Darwin, foi 40menos 41importante pelos 15espécimes
coletados do que pela 16experiência de 25testemunhar os horrores da 23escravidão no Brasil. 47De certa forma, ele escolheu focar na
20descendência comum do homem justamente para mostrar que 32todas as raças eram iguais e, 31desse modo, enfim, 44objetar
36àqueles que 18insistiam em dizer que os negros pertenciam a uma espécie diferente e inferior à dos brancos". 1Desmond acaba

de lançar um estudo que mostra a paixão abolicionista 35do cientista, 26revelada por 33seus 7diários e cartas 42pessoais. “A extensão
de 34seu interesse no combate à ciência de cunho racista 9é surpreendente, e pudemos detectar um ímpeto moral por 10trás de seu
trabalho sobre a evolução humana - urna crença na ‘irmandade racial’ que 38tinha 37origem em 45seu ódio 46ao 24escravismo e que
o levou a pensar numa descendência comum."
Adaptado de: HAAG, C. O elo perdido tropical. Pesquisa FAPESP, n. 159, p. 80 - 85, maio 2009.

14. Considere as seguintes propostas de alteração no texto.

1 - Substituir de quando (ref. 43) por da ocasião que.


2 - Substituir objetar (ref. 44) por argumentar contra, sem efetuar alterações adicionais na frase.
3 - Substituir seu ódio (ref. 45) por sua indignação e, consequentemente, substituir ao (ref. 46) por perante o.

Quais alterações manteriam o sentido e a correção do texto?

a) Apenas 1. b) Apenas 2. c) Apenas 3. d) Apenas 1 e 2. e) Apenas 1 e 3.

15. Considere as seguintes afirmações.

I - A substituição de um som (ref. 30) por sons exigiria que três outras palavras do período também passassem para o plural.
II - A substituição de àqueles que (ref. 36) por a quem exigiria o uso de insistia em vez de insistiam (ref. 18).
III - A substituição de origem (ref. 37) por raízes exigiria o uso de tinham em vez de tinha (ref. 38).

Quais estão corretas?

a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) Apenas II e III.

Gabarito:

Resposta da questão 1: [A]

[A] Correta. O verbo poder está no plural poderão por referir-se ao pronome aqueles que, por sua vez, referem-se aos candidatos
que se autodeclararem negros.
[B] O verbo concorrer exige complemento por ser transitivo indireto, mas se anteceder uma palavra feminina e no plural, ainda assim
deverá vir com o acento que indica a crase.
[C] O termo utilizado refere-se ao termo quesito.
[D] O adjetivo reservadas refere-se ao substantivo vagas.
[E] Não é possível a substituição da conjunção conforme que é uma conformativa pela locução conjuntiva já que por ser esta uma
causal. Logo, com as funções sintáticas diferentes fica impossível não haver mudança de sentido.

- 38 -
Resposta da questão 2: [A]

[F] Em até prova em contrário, a palavra prova aparece como substantivo e não como verbo, portanto, não concorda em número.
[F] a palavra morticínio significa matar muitas pessoas em um só evento, o que não é assassinato em série que são muitas mortes
em eventos distintos.
[V] O personagem tem o nome abreviado da mesma maneira dos exemplos, criando um outro sentido de bem.
[V] a próclise ocorre neste caso pela atração da preposição de e também pelo fato de ser uma interrogativa.
[V] O primeiro pronome oblíquo a é átono por não estar acompanhado de nenhuma preposição regente do verbo. O segundo
pronome é um oblíquo tônico por complementar a preposição em regente do verbo.
[F] Neste exemplo, o verbo proteger tem o sentido de cuidar, logo, ele é transitivo direto.

Resposta da questão 3: [A]

[I] Correta. Mantendo-se a concordância verbal, “revelareis” está conjugado na 2ª pessoa do plural, portanto “não mais revelareis
vossos tesouros intactos”; já “revelarás” está conjugado na 2ª pessoa do singular, obrigando a alteração do pronome pessoal do
caso oblíquo: “não mais revelarás teus tesouros intactos”.
[II] Incorreta. Em “quando a aviação avilta a floresta americana antes mesmo de poder destruir-lhe a virgindade”, a substituição do
pronome “lhe” por “a sua” leva à leitura ambígua; poderia tratar-se da destruição da virgindade da floresta americana ou da
aviação.
[III] Incorreta. O termo “respectivos” significa “correspondentes”, o qual não pode ser substituído por “mútuos” (cujo significado é
“recíproco”) sem alteração de sentido.

Resposta da questão 4: [B]

Na frase “17Os estudantes tomaram conta dele.”, caso a alteração fosse feita, a nova versão seria “Um estudante tomou conta dele”.
Assim, duas alterações seriam necessárias: a expressão “Um estudante” e o verbo, “tomou”.

Resposta da questão 5: [E]

Nas alternativas [A] e [D], os termos “postergada” e “promulgada” significam adiada e publicada oficialmente, respectivamente, não
mantendo, assim, o mesmo sentido de proibição da placa. Em [B] e [C], existe inadequação à norma-padrão da Língua, deveriam
ser substituídas por proibida a caça de árvores, e não é permitido caça, respectivamente. Assim, a única frase que pode substituir
a inscrição na placa, mantendo-se o sentido e a adequação às regras da gramática normativa, é [E].

Resposta da questão 6: [E]

[A] Faz quinze dias que os camponeses não colhem nada.


[B] Eram esperados, na fazenda, vinte toneladas de grãos.
[C] Houve, no sítio, fortes chuvas que destruíram a plantação.
[D] É necessário que todos, inclusive o agricultor, sejam favoráveis à preservação.
[E] Correta. Haviam feito os lavradores o plantio adequado das sementes.

Resposta da questão 7: [B]


[A] Vários painéis explicativos foram expostos para orientar os visitantes que vêm ao museu.
[B] Correta. Os arqueólogos até hoje tentam decifrar alguns caracteres usados por povos da Antiguidade.
[C] Os cidadãos estão indignados com o aumento excessivo e injusto dos impostos.
[D] A nova cozinheira sabe preparar deliciosos pãezinhos de milho.
[E] No salão de cerimônias do clube estavam expostos os troféus do time.

Resposta da questão 8: [A]


Em [A], o termo “gratuidade” é o sujeito do verbo “existir”, portanto há concordância: “não existem gratuidades”.
Em [B], o termo “mais trabalho” é objeto direto do verbo “criar”, portanto pluralizá-lo não altera a forma deste.
Em [C], ocorre a mesma situação da alternativa [B]: o termo “outro desafio fundamental” é objeto direto do verbo “haver”, o qual é
impessoal no sentido empregado na frase.
Em [D], mais uma vez o termo grifado é objeto direto do verbo (neste caso, “encontrar”), portanto pluralizá-lo não altera a forma
deste.

Resposta da questão 9: [E]


Se fossem feitas as substituições solicitadas, o período deveria ser reescrito da seguinte forma:
Faço-lho uma pergunta e noto a sua avidez em respondê-la, mas logo vejo a inutilidade de prosseguir nesse caminho, a pergunta
parece-me formal e a resposta forçada e complacente. Ou seja, seriam necessárias 5 alterações, conforme a alternativa [E].
Resposta da questão 10: [E]

O sujeito posposto possibilita duas formas de concordância: no singular, concordando com o primeiro núcleo, ou no plural,
concordando com os dois núcleos.
[A] é incorreta, pois a expressão “um ou outro” exige verbo no singular;
[B] é incorreta, pois expressões com porcentagem exigem a concordância com o numeral;
[C] não atende ao enunciado, pois o emprego do pronome interrogativo no singular exige a concordância também no singular, pois
o núcleo é tal pronome.
[D] é incorreta, pois o núcleo da expressão “o número de crianças” está no singular (“número”), exigindo a concordância no singular.
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Resposta da questão 11: [C]
[A] A máquina tornou-se muito importante na cidade, haja vista o interesse despertado (...)
[B] A máquina tornou-se muito importante na cidade, e sempre havia detalhes novos (...)
[C] Correta. A conjunção pois como causal está adequada à situação.
[D] Não se usa vírgula separando a conjunção aditiva e da oração que a precede, quando o sujeito for comum a ambas.
[E] A máquina tornou-se muito importante na cidade, mesmo quando já fazia muitos meses (...)

Resposta da questão 12: [C]


O infinitivo constante na frase da opção c) pode ser usado na forma impessoal (“extrapolar”) ou na variante conjugada do infinitivo
pessoal ( “extrapolarem”), concordando com o núcleo do sujeito “jovens”. Em a), “representa” concorda com “parcela”, termo que
delimita uma parte do conjunto que usa a web. Em b), por se tratar de uma locução verbal precedida de preposição “a”, o verbo não
deve ser flexionado. Em d), a forma verbal deve ser mantida no plural, concordando com os núcleos do sujeito composto “angústias”
e “conflitos”. Em e), apenas “ ganham” estaria correto, já que concorda com o núcleo do sujeito “usos”.

Resposta da questão 13: [B]


A frase transcrita em [B] está correta, pois o pronome relativo “que” é precedido pela preposição “por” para expressar a razão pela
qual “ele saiu”. As demais opções deveriam ser substituídas por: [A] As prateleiras da seção de empacotamento estão vazias; [C]
Os funcionários de todos os setores estavam vestidos igual; [D] Realizamos uma reunião em que (na qual) foram resolvidos os
problemas; [E] Realizamos um trabalho em que (no qual) se mediram todas as peças de tecido.

Resposta da questão 14: [C]


1. Com a substituição, ficaria: “Até hoje, se eu ouço um grito, lembro-me, com dolorosa e clara memória, da ocasião que passei
numa casa em Pernambuco e ouvi urros terríveis”. Com a alteração, seria necessária a inclusão de em: da ocasião em que.
Assim, a oração não manteve a correção.

2. Substituindo, teríamos: “ele escolheu focar na descendência comum do homem justamente para mostrar que todas as raças eram
iguais e, desse modo, enfim, argumentar contra àqueles que insistiam em dizer que os negros pertenciam a uma espécie
diferente e inferior à dos brancos". A alteração demanda a correção de àqueles para aqueles. Assim a correção não foi mantida.
3. Com a substituição, teríamos: “uma crença na ‘irmandade racial’ que tinha origem em sua indignação perante o escravismo e que
o levou a pensar numa descendência comum”. Não há alteração de sentido nem incorreção.

Resposta da questão 15: [D]


I – CORRETA: Com a mudança de som para sons a frase ficaria: “o que Darwin guardou nos ouvidos foram sons terríveis que o
acompanharam por toda a vida”, desse modo, três outras palavras passam para o plural: foi, terrível e acompanhou.
II – CORRETA: “De certa forma, ele escolheu focar na descendência comum do homem justamente para mostrar que todas as
raças eram iguais e, desse modo, enfim, objetar àqueles que insistiam em dizer que os negros pertenciam a uma espécie
diferente e inferior à dos brancos". Com a troca por “a quem”, a oração ficaria: “objetar a quem insistia em dizer”, pois quem
está no singular e, consequentemente, o verbo também deve estar.
III – INCORRETA: “(...) uma crença na ‘irmandade racial’ que tinha origem em seu ódio ao escravismo (...)”. Com a mudança,
teríamos: “uma crença na ‘irmandade racial’ que tinha raízes em seu ódio ao escravismo (...)”. O verbo não se altera, pois
concorda com “uma crença na ‘irmandade racial’, e não com origem ou raízes.

CONCORDÂNCIA NOMINAL

REGRAS GERAIS:

1. O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo a que se refere.


Ex.: Livro novo.
Caneta nova.

2. Adjetivo referente a dois ou mais substantivos do mesmo gênero: usa-se o plural no gênero comum (concordância gramatical)
ou concordando com o núcleo mais próximo (concordância atrativa).
Ex.: Livro e caderno novos. / Livro e caderno novo.

3. Adjetivo referente a dois ou mais substantivos de gêneros diferentes: usa-se o masculino plural (concordância gramatical) ou
concorda com o núcleo mais próximo (concordância atrativa).
Ex.: Livro e caneta novos. / Livro e caneta nova.

OBSERVAÇÕES:
a) Se o adjetivo, na função de adjunto adnominal, vem antes dos substantivos, usa-se a concordância atrativa, por questões de
eufonia.
Ex.: Escolheste mau lugar e hora para o encontro.

b) Caso os substantivos sejam sinônimos, o adjetivo também deve ficar no singular.


Ex.: Ideia e pensamento falso.

c) Se os substantivos forem nomes próprios, mesmo anteposto o adjetivo irá ao plural.


Ex.: Os ilustres Machado e Alencar.
- 40 -
REGRAS ESPECÍFICAS:

1. ALERTA, MENOS e SOMENOS são invariáveis:


Os soldados devem ficar alerta.
Há menos pessoas aqui hoje.
Há neles coisas boas e coisas más ou somenos.

2. OBRIGADO, ANEXO, QUITE, INCLUSO, MESMO, PRÓPRIO, APENSO e LESO são variáveis:
Muito obrigada, disse a menina.
As faturas seguem anexas.
Elas mesmas não sabiam de nada.
Vai apensa a declaração.
O cidadão cometeu crime de lesa-pátria.
Obs.: A expressão em anexo é invariável.
Ex.: Estamos remetendo em anexo as fichas de inscrição.

3. BASTANTE ou MUITO varia quando acompanha um substantivo no plural, mas não quando acompanha um adjetivo:
Ele tem bastantes razões para reclamar. (p.indef.)
Elas são bastante unidas. (advérbio)

4. MEIO, quando numeral ou adjetivo, concorda com o substantivo; quando advérbio, fica invariável:
Comi meia maçã. (metade de)
Estou meio cansada.

5. UM E OUTRO, UM OU OUTRO, NEM UM NEM OUTRO exigem o substantivo seguinte no singular:


Um e outro time foram desclassificados.
Não li nem um nem outro livro.

6. Com O MAIS / O MENOS / O MELHOR / O PIOR / QUANTO / POSSÍVEL, o adjetivo concorda com o artigo:
Vi paisagens o mais belas possível.
Vi paisagens o mais possível belas.
Vi paisagens quanto possível belas.
Vi paisagens as mais belas possíveis.

7. Em É PRECISO, É NECESSÁRIO, É BOM, É PROIBIDO, o adjetivo só varia se houver determinante para o substantivo:
Água é bom para as plantas. / A água é boa para as plantas.
É proibido entrada de menores. / É proibida a entrada de menores.

8. SÓ significando somente, é invariável; com o valor de únicos, únicas ou sozinhos, sozinhas, receberá flexão:
Eles fizeram só as duas primeiras questões.
Não nos deixem sós.
Aquelas foram sós mesmo com a escuridão.

9. Na expressão A OLHOS VISTOS, normalmente, é invariável, mas pode concordar com o referente.
Elas se desenvolveram a olhos vistos.
Elas se desenvolveram a olhos vistas.
Ela se desenvolveu a olhos visto.

10. Em HAJA VISTA, o substantivo VISTA nunca varia:


Haja vista seus méritos, ele deverá ser o homenageado.

11. PSEUDO e TODO, usados em termos compostos, ficam invariáveis:


As pseudomédicas foram presas, após uma denúncia anônima.
A fé todo-poderosa que nos guia é nossa salvação.

12. As palavras CARO e BARATO não se flexionam junto aos verbos PAGAR, CUSTAR, COMPRAR e VENDER, mas se flexionam
com os verbos de ligação SER, ESTAR, FICAR etc.
Aquela loja vende muito caro. (advérbio)
Foi cara a peça que tive de comprar. (adjetivo)

13. TAL QUAL concorda com os determinantes.


Ele não era tal quais seus primos.
Os filhos são tais qual o pai.
Os boatos são tais quais as notícias.
OBS.: Se a expressão referir-se a verbo, fica invariável.
Ex.: Eles agem tal qual os diretores.

OBSERVAÇÃO FINAL: Há um tipo de concordância, a IDEOLÓGICA, também chamada de SILEPSE, em que se concorda com a
ideia e não com a palavra em si.

Exemplos: Vossa Excelência parece aborrecido. (silepse de gênero). A concordância é feita por se tratar de um homem.
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EXERCÍCIOS

01. Há concordância nominal inadequada em:

a) clima e terras desconhecidas;


b) clima e terra desconhecidos;
c) terras e clima desconhecidas;
d) terras e clima desconhecido;
e) terras e clima desconhecidos.

02. Tendo em vista as regras de concordância nominal, assinale a opção em que a lacuna só pode ser preenchida por um dos
termos colocados entre parênteses:

a) cabelo e pupila _______________________(negros / negras);


b) cabeça e corpo _______________________(monstruoso / monstruosos);
c) calma e serenidade ____________________(invejável / invejáveis);
d) dentes e garras ____________________(afiados / afiadas);
e) galhos e tronco ____________________(seco / secos).

04. Tendo em vista as regras de concordância, assinale a opção em que qualquer uma das formas entre parênteses pode completar
corretamente a lacuna do enunciado.

a) olhos e cabeceira _________________________(negro / negros);


b) pastel e empada _________________________(esborrachada / esborrachados):
c) homens e mulheres _______________________(fanático / fanáticas);
d) massa e carne __________________________(estragada / estragados);
e) ditos e zombaria ________________________(desnecessária / desnecessárias).

05. Tendo em vista as regras de concordância, assinale a opção em que as duas formas entre parênteses podem completar
corretamente a lacuna do enunciado:

a) atitudes e hábitos geralmente __________________________(questionado / questionadas);


b) vocabulário e fraseologia restritamente __________________________(utilizados / utilizadas);
c) crítica e objeções inteiramente __________________________(infundados / infundadas):
d) grupos e pessoas linguisticamente __________________________(diferenciados / diferenciadas);
e) segredo e originalidade igualmente __________________________(desejados / desejadas).

07. “...sabe fugir da carrocinha pelas próprias patas”.

Considerando a concordância nominal, o vocábulo destacado na citação acima será empregado no mesmo gênero e número para
preenchimento da lacuna em:

a) Ele tem atitude e opinião ________________.


b) Nós possuímos casas e apartamentos ________________ .
c) Ele defendeu ponto de vista e idéia ________________ .
d) Ela e ele ________________ fizeram o trabalho.
e) Paulo e ela ________________ vieram receber-me.

08. Na frase: “A madrugada era escura nas moitas de mangue, baixas, meio trêmulas do ventinho frio”, a palavra meio apresenta-se
sob essa forma flexional porque:

a) é um caso de adjetivo que vem antes de vários substantivos, concordando com o mais próximo.
b) concorda com ventinho frio.
c) funciona como advérbio, com valor de um pouco, sendo, portanto, invariável.
d) a concordância se dá com a idéia que a palavra moita encerra - grupo de plantas.
e) se refere a mangue.

- 42 -
09. Tendo em vista as regras de concordância, assinale a opção em que a forma entre parênteses NÃO completa corretamente a
lacuna da frase:

a) São bastante ___________________ tais idéias e opiniões sobre o computador. (difundidas)


b) Serão ___________________ tanto os técnicos quanto as pessoas menos qualificadas. (prejudicados)
c) Tornam-se muito ___________________ a área e os meios de atuação dos funcionários. (limitadas)
d) Podem ser neste ponto __________________a tarefa dos antigos artesãos e a dos modernos operários. (comparadas)
e) Ficam ___________________ nas mãos de poucos todos os conhecimentos e habilidades. (concentrados)
10. Tendo em vista as regras de concordância, assinale a opção em que a forma entre parênteses NÃO completa corretamente a
lacuna da frase:

a) Já foram ___________________ em várias partes do mundo graves desequilíbrios ecológicos decorrentes da aplicação abusiva
de agrotóxicos. (observadas)
b) Nem sempre são ____________________ em nosso país as normas sobre o emprego de inseticidas industriais. (respeitadas)
c) Por interesses econômicos, têm sido ___________________ a segundo plano os meios biológicos de proteger a lavoura contra
a ação dos insetos. (relegados)
d) Deveriam ser melhor ___________________ entre nós os métodos e as técnicas de controle biológico de pragas. (divulgados)
e) Podem ficar irremediavelmente ___________________ tanto a flora quanto a fauna das regiões em que se faz uso intensivo de
inseticidas químicos. (prejudicadas)

11. “Meninas, avisem a _______________ colegas que vocês _______________ é que vão dirigir os ensaios da peça.”

a) vossos – mesmos;
b) seus – mesmas;
c) vossos – mesmas;
d) seus – mesma;
e) vossos – mesmo.

13) Tendo em vista as regras de concordância, assinale a opção em que a forma entre os parênteses NÃO completa corretamente
a lacuna da frase:

a) Devem ser ___________ engenho e habilidades daqueles que integram uma mesma comunidade. (coordenadas)
b) Os países pobres e os países ricos possuem recursos e necessidades muito ___________ . (diversos)
c) É preciso que Ciência e Tecnologia estejam ___________ às aspirações da comunidade. (subordinadas)
d) Em muitos países, estão intimamente ___________ o fenômeno científico e o social. (ligados)
e) Os mecanismos e intenções que determinam a pesquisa nos países ricos são erroneamente ___________ para os países pobres.
(transferidos)

14. Tendo em vista as regras de concordância, assinale a opção em que a forma entre parênteses NÃO completa corretamente a
lacuna da frase:

a) Nem sempre são ________________ ao conhecimento do público as causas e consequências dos acidentes nucleares. (levadas)
b) Animais e plantas de determinada região podem ser acidentalmente ________________ pela radiação atômica. (contaminados)
c) Devem ser melhor ________________ em nossa terra os recursos hídricos e outras fontes não poluentes de energia. (exploradas)
d) É preciso que a construção e o funcionamento de usinas nucleares sejam ________________ por rigorosas normas de
segurança. (controlados)
e) Ainda não foram precisamente __________________ as vantagens e desvantagens da utilização do átomo como fonte de
energia. (avaliadas)

15. Assinale a opção em que há ERRO de concordância em relação à norma culta da língua:

a) O professor qualificou de inaceitável aquelas gírias.


b) Valorizem-se os estudos sobre as linguagens especiais.
c) Eis as gírias de que se vai tratar nas próximas aulas.
d) Segue anexa a documentação pedida sobre a linguagem dos estudantes.
e) As gírias ouvidas neste colégio são tais quais as que podemos observar em qualquer grupo de jovens.

16. Em “creio que tal qual aconteceu”, a expressão tal qual não se flexiona. Assinale o exemplo em que há ERRO na concordância
de tal qual:

a) Eram pessoas tais qual você.


b) Era pessoa tal quais vocês.
c) Eram pessoas tal qual vocês.
d) As duas pessoas sentiram tal qual fascinação.
e) Quais leões famintos, tais eram as pessoas na fila da merenda.

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18. Assinale a alternativa correta quanto à concordância.

a) Artistas, escritores e desportistas, na Bahia, promove manifestação em favor do candidato.


b) Dona flor e seus dois maridos, sucesso de bilheteria, voltam à tela depois de vinte e cinco anos.
c) Companhias de cerveja deverão trocar amigos sertanejos e baixinhos por loiras e morenas, as chamadas musas etílicas.
d) Com a queda do regime, as mulheres ficaram meias perdidas com as novas regras.
e) O roqueiro e a artista conseguiu transformar o evento num grande espetáculo.

19. No trecho “O presidente Fernando Henrique Cardoso viu derrotada (...) a proposta brasileira...” foi feita de modo correto a
concordância nominal. O mesmo não se pode dizer sobre a frase:

a) Devem ser melhor exploradas em nossa terra os recursos naturais e outras fontes renováveis de energia.
b) Nem sempre são reveladas ao conhecimento do público as razões e os procedimentos geradores de problemas ambientais.
c) Animais e plantas de determinada região podem ser acidentalmente contaminados pelos gases poluídos da atmosfera.
d) É preciso que a construção e o funcionamento de usinas termoelétricas sejam controlados por rigorosas normas de segurança.
e) Ainda não foram precisamente avaliadas as vantagens e as desvantagens da utilização do átomo como fonte de energia.

20. O caso de concordância nominal inaceitável aparece em:

a) Nunca houve divergências entre mim e ti.


b) Ele tinha o corpo e o rosto arranhados.
c) Recebeu o cravo e a rosa perfumado.
d) Tinha vãs esperanças e temores.
e) É necessário certeza.

21. Assinale a sequência que completa estes períodos:

I. Ela ___________________ disse que não iria.


II. Vão __________________ os livros.
III. A moça estava ___________________ aborrecida.
IV. É ___________________ muita atenção para atravessar a rua.
V. Nesta aula, estudam a terceira e a quarta ______________ do primeiro grau.

a) mesmo - anexos - meia - necessário - série.


b) mesma - anexos - meio - necessária - séries.
c) mesmo - anexo - meio - necessário - séries.
d) mesma - anexos - meio - necessário - séries.
e) mesma - anexos - meia - necessário - séries.

22. Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas da frase abaixo:

“É __________________ discussão entre homens e mulheres __________________ ao mesmo ideal, pois já se disse
__________________ vezes que da discussão, ainda que __________________ acalorada, nasce a luz”.

a) bom - voltados - bastantes - meio.


b) bom - voltadas - bastante - meia.
c) boa - voltadas - bastantes - meio.
d) boa - voltados - bastante - meia.
e) bom - voltadas - bastantes - meia.

23. Considerando a concordância nominal, assinale a frase correra:

a) Ela mesmo confirmou a realização do encontro.


b) Foi muito criticado pelos jornais a reedição da obra.
c) Ela ficou meia preocupada com a notícia.
d) Muito obrigada, querido, falou-me emocionada.
e) Anexo, remeto-lhes nossas últimas fotografias.
24. O período “Vossa Excelência não deve fazer prevalecer os seus interesses sobre os de vossos eleitores” foi usado por um
deputado para criticar um colega de parlamento. Quanto aos pronomes que compõem a forma de tratamento do período, pode-se
afirmar que:

a) estão todos corretos;


b) está incorreto o emprego do possessivo vossos;
c) está incorreto o emprego do pronome de tratamento Vossa Excelência, para um deputado;
d) está incorreto o emprego do possessivo seus;
e) estão todos incorretos.
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25. Assinale a opção em que ocorre ERRO de concordância nominal:

a) Parecia meio aborrecida a mulher de mestre Amaro.


b) Pagando cem mil-réis, ele estaria quites com o velho.
c) O seleiro sentiu o papel e a nota novos no bolso.
d) Floridos montes e várzeas se sucediam na paisagem.
e) Os partidos de cana mostravam tonalidades verde-esmeralda.

26. Assinale a opção em que a concordância nominal contraria a norma culta da língua:

a) Uso louça e copo velhos.


b) Uso louça e copo velho.
c) Uso copo e louça velhos.
d) Uso copo e louça velha.
e) Uso copo e louça velhas.

27. Assinale o item em que se observa incorreção no emprego do verbo:

a) Existiam em redor cavaleiros palradores.


b) Devia haver sol e mormaço.
c) Haviam muitas aves e plantas.
d) Faz alguns momentos que eu descansara.
e) Fazia cinco horas que eu estava viajando.

28. Assinale a opção em que a concordância verbal está correta.

a) Constatara que não havia dois navios iguais.


b) Era bastante impecáveis alguns barcos.
c) Estava faltando apenas duas lanchas.
d) Vão fazer muitos anos que deixou a agência.
e) Só lhe interessava cargueiros de grande porte.

29. Coloque C ou I nos parênteses, conforme a concordância nominal esteja correta ou incorreta.

( ) Barcaça e veleiro novos.


( ) Barcaças e veleiro novos.
( ) Veleiro e barcaça novo.

Marque a seqüência correta.

a) C – C – C.
b) C – C – I.
c) C – I – I.
d) I – C – C.
e) I – I – C.

30. Assinale a opção em que a norma culta da língua admite só uma concordância verbal:

a) A maioria das pessoas, aqui, não sabe do que está falando.


b) Um e outro protestaram contra a derrubada de eucaliptos.
c) Defendiam o meio ambiente a comunidade e o vigário.
d) Não faz falta nenhuma o eucalipto e os cupins.
e) Iam dar seis horas no relógio da praça.
31. Em que item há um erro de concordância verbal:

a) Esta pessoa foi uma das que mais discutiu o caso.


b) Eu com o meu amigo Paulo entramos na sociedade.
c) Fazem dois meses que o visitei.
d) Fui eu quem apresentei esta solução.
e) Não podem existir muitos candidatos a esse ponto.

32. Quanto à concordância verbal, está incorreta de acordo com o padrão escrito da língua a frase:

a) Havia ainda duas pessoas para serem atendidas;


b) Decorreram seis meses desde a contratação do último funcionário;
c) Já soou meio-dia no relógio da torre;
d) Seguiu no mesmo malote as duas correspondências extraviadas;
e) Cabem à pessoa interessada as novidades publicadas sobre o concurso.
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33. Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas da frase a seguir:

“Sempre _________________ pessoas que se __________________ a __________________ o domínio do cangaço.”

a) houve / disporam / refreiar.


b) houve / dispuseram / refrear.
c) houveram / disporam / refrearem.
d) houveram / dispureram / refreiaram.
e) haviam / dispunham / refrear.

34. Assinale a concordância verbal ERRADA:

a) Já é uma hora da tarde, e ele ainda não chegou.


b) Fazia três anos que ele viajara para Belém.
c) Na reunião só havia cinco representantes do Sindicato.
d) Deve existir pelo menos mais de três documentos guardados.
e) Qual dos três cientistas ganhará o prêmio este ano?

35. Levando-se em conta a NORMA CULTA da língua, assinale a opção na qual uma das frases apresenta uma concordância
verbal INACEITÁVEL.

a) Já é uma hora da tarde. - Já são duas horas da tarde.


b) Deve haver alguma solução para o caso. - Deve haver várias soluções para o caso.
c) Falta um dia para o início das aulas. - Faltam dez dias para o início das aulas.
d) A maioria dos alunos não reclamou do calor. - A maioria dos alunos não reclamaram do calor.
e) Apareceu ao longe um vulto assustador. - Apareceu ao longe vultos assustadores.

36. Assinale a única frase que se preenche corretamente apenas com a primeira forma verbal entre parênteses.

a) Muitos de nós ___________________ pela alfabetização dos povos. (lutam - lutamos)


b) A maioria dos indivíduos ____________________ com uma vida digna. (sonha - sonham)
c) ____________________ -se, antigamente a leis extremamente severas. (Obedecia - Obedeciam)
d) ____________________ da ignorância o subdesenvolvimento e a miséria. (Nasce - Nascem)
e) ____________________ -se lado a lado a miséria e a doença. (Encontra - Encontram)

37. Ora, ___________ meses que não ___________ na escola fatos como aquele que até agora nos __________

a) faz – ocorrem – perturbam.


b) fazem – ocorre – perturbam.
c) fazem – ocorre – perturba.
d) faz – ocorre – perturbamos.
e) faz – ocorrem – perturba.

38. Marque a alternativa em que a concordância verbal contraria a norma culta:

a) Ouviram-se as notícias mais desencontradas.


b) Trata-se de questões muito sérias.
c) Faziam anos que o país não escolhia democraticamente o presidente.
d) Poderá haver comentários positivos quanto à eleição.
e) Deveriam existir situações menos constrangedoras.
39. A alternativa em que o verbo entre parênteses deve ficar obrigatoriamente na terceira pessoa do singular é:

a) (Chover) confetes na festa de aniversário de Maria.


b) Tu não (dever) te preocupar com a vida dos outros.
c) (Acontecer) coisas estranhas naquela festa.
d) No tempo de Cristo (haver) muitas pessoas incrédulas.
e) Não (restar) mais dúvidas sobre a autoria do crime.

40. Indique a alternativa que preenche adequadamente as lacunas da frase:

“_____________ anos que o homem se pergunta: se não _____________ medos, como _____________ esperanças?”

a) Faz – houvesse – existiriam.


b) Fazem – houvesse – existiriam.
c) Fazem – houvessem – existiriam.
d) Faz – houvesse – existia.
e) Faz – houvessem – existiria.

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GABARITOS

01. C 11. B 21. D 31. C


02. A 22. A 32. D
13. A 23. D 33. B
04. D 14. C 24. B 34. D
05. B 15. A 25. B 35. E
16. C 26. E 36. C
07. A 27. C 37. A
08. C 18. C 28. A 38. C
09. C 19. A 29. B 39. D
10. A 20. C 30. E 40. A

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL


Definição:
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos. Ocupa-se
em estabelecer relações entre as palavras, criando frases não ambíguas, que expressem efetivamente o sentido desejado, que
sejam corretas e claras.

REGÊNCIA VERBAL

Termo Regente: VERBO


A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e objetos
indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).
O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de conhecermos as
diversas significações que um verbo pode assumir com a simples mudança ou retirada de uma preposição.

Observe:
A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, contentar.
A mãe agrada ao filho. -> agradar significa "causar agrado ou prazer", satisfazer.

Logo, conclui-se que "agradar alguém" é diferente de "agradar a alguém".

Saiba que:
O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também
nominal). As preposições são capazes de modificar completamente o sentido do que se está sendo dito. Veja os exemplos:
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô.

No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração
"Cheguei no metrô", popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se vai, possui, no padrão culto da língua, sentido
diferente. Aliás, é muito comum existirem divergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns verbos, e a regência
culta.

Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é um fato
absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes formas em frases distintas.

Verbos Intransitivos
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos aos adjuntos
adverbiais que costumam acompanhá-los.

a) Chegar, Ir
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para indicar destino ou
direção são: a, para.
Exemplos:

Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar

Ricardo foi para a Espanha.


Adjunto Adverbial de Lugar

Obs.: "Ir para algum lugar" enfatiza a direção, a partida." Ir a algum lugar" sugere também o retorno.
Importante: Reserva-se o uso de "em" para indicação de tempo ou meio. Veja:

Cheguei a Roma em outubro.


Adjunto Adverbial de Tempo

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b) Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por em ou a.
Por Exemplo:
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último jogo.

Verbos Transitivos Diretos


Os verbos transitivos diretos são complementados por objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição para o
estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os, as atuam
como objetos diretos. Esses pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas verbais terminadas em –r, -s ou –z)
ou no, na, nos, nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais,
objetos indiretos.

São verbos transitivos diretos, dentre outros:


abandonar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar,
castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger,
respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.

Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o verbo amar:


Amo aquele rapaz. / Amo-o.
Amo aquela moça. / Amo-a.
Amam aquele rapaz / Amam-no.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.

Obs.: Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
adnominais).
Exemplos:
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira)
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)

Verbos Transitivos Indiretos


Os verbos transitivos indiretos são complementados por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma preposição
para o estabelecimento da relação de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que podem atuar como
objetos indiretos são o "lhe", o "lhes", para substituir pessoas.

Não se utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não
representam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes.
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:

a) Consistir
Tem complemento introduzido pela preposição "em".
Por Exemplo:
A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para todos.

b) Obedecer e Desobedecer:
Possuem seus complementos introduzidos pela preposição "a".
Por Exemplo:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Eles desobedeceram às leis do trânsito.

c) Responder
Tem complemento introduzido pela preposição "a". Esse verbo pede objeto indireto para indicar "a quem" ou "ao que" se responde.
Por Exemplo:
Respondi ao meu patrão.
Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura.

Ou Bitransitivo: Responder as perguntas à professora.

Obs.: O verbo responder, apesar de transitivo indireto quando exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
analítica. Veja:
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.

d) Simpatizar e Antipatizar
Possuem seus complementos introduzidos pela preposição "com". Atenção: Não é pronominal.
Por Exemplo:
Antipatizo com aquela apresentadora.
Simpatizo com os que condenam os políticos que governam para uma minoria privilegiada.

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Verbos Transitivos Diretos ou Indiretos
Há verbos que admitem duas construções, uma transitiva direta, outra indireta, sem que isso implique modificações de sentido.
Dentre os principais, temos:

Abdicar :Abdicou as vantagens do cargo. / Abdicou das vantagens do cargo.

Acreditar : Não acreditava a própria força. / Não acreditava na própria força.

Almejar : Almejamos a paz entre as nações. / Almejamos pela paz entre as nações.

Ansiar :Anseia respostas objetivas. / Anseia por respostas objetivas.

Anteceder : Sua partida antecedeu uma série de fatos estranhos. / Sua partida antecedeu a uma série de fatos estranhos.

Atender : Atendeu os meus pedidos. / Atendeu aos meus pedidos.

Atentar : Atente esta forma de digitar. / Atente nesta forma de digitar. / Atente para esta forma de digitar.

Cogitar: Cogitávamos uma nova estratégia. / Cogitávamos de uma nova estratégia. / Cogitávamos em uma nova estratégia.

Consentir: Os deputados consentiram a adoção de novas medidas econômicas. / Os deputados consentiram na adoção de novas
medidas econômicas.

Deparar :Deparamos uma bela paisagem em nossa trilha. / Deparamos com uma bela paisagem em nossa trilha.

Gozar:Gozava boa saúde. / Gozava de boa saúde.

Necessitar: Necessitamos algumas horas para preparar a apresentação. / Necessitamos de algumas horas para preparar a
apresentação.

Preceder: Intensas manifestações precederam a mudança de regime./ Intensas manifestações precederam à mudança de regime.

Renunciar: Não renuncie o motivo de sua luta. / Não renuncie ao motivo de sua luta.

Satisfazer: Era difícil conseguir satisfazê-la. / Era difícil conseguir satisfazer-lhe.

Versar: Sua palestra versou o estilo dos modernistas. / Sua palestra versou sobre o estilo dos modernistas.

Verbos Transitivos Diretos e Indiretos


Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados de um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse grupo:

Agradecer, Perdoar e Pagar


São verbos que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas. Veja os exemplos:

Agradeço aos ouvintes a audiência.


Objeto Indireto Objeto Direto

Cristo ensina que é preciso perdoar o pecado


ao pecador. Objeto Direto
Objeto Indireto

Paguei o débito ao cobrador.


Objeto Direto Objeto Indireto

O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com particular cuidado. Observe:
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.

Saiba que:
Com os verbos agradecer, perdoar e pagar a pessoa deve sempre aparecer como objeto indireto, mesmo que na frase não
haja objeto direto. Veja os exemplos:
A empresa não paga aos funcionários desde setembro.
Já perdoei aos que me acusaram.
Agradeço aos eleitores que confiaram em mim.

Informar
Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
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Por Exemplo:
Informe os novos preços aos clientes.
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos preços)
Na utilização de pronomes como complementos, veja as construções:
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou sobre eles)

Obs.: A mesma regência do verbo informar é usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.

Comparar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as preposições "a" ou "com" para introduzir o complemento indireto.
Por Exemplo: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma criança.

Pedir
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na forma de oração subordinada substantiva) e indireto de pessoa.
Por Exemplo:

Pedi – lhe favores.


Objeto Indireto Objeto Direto

Pedi– lhe que mantivesse em silêncio.


Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta

Saiba que:
1) A construção "pedir para", muito comum na linguagem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta. No
entanto, é considerada correta quando a palavra licença estiver subentendida.
Por Exemplo:
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.

Observe que, nesse caso, a preposição "para" introduz uma oração subordinada adverbial final reduzida de infinitivo (para
ir entregar-lhe os catálogos em casa).

2) A construção "dizer para", também muito usada popularmente, é igualmente considerada incorreta.

Preferir
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indireto introduzido pela preposição "a".

Por Exemplo:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Prefiro trem a ônibus.

Obs.: Na língua culta, o verbo "preferir" deve ser usado sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes,
um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo existente no próprio verbo (pre).
Mudança de Transitividade versus Mudança de Significado
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitividade, apresentam mudança de significado. O conhecimento das diferentes
regências desses verbos é um recurso linguístico muito importante, pois além de permitir a correta interpretação de passagens
escritas, oferece possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão:

AGRADAR
1) Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, acariciar.
Por Exemplo:
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada quando o revê.
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia não perde oportunidade de agradá-lo.

2) Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido pela
preposição "a".
Por Exemplo:
O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou.

ASPIRAR
1) Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o ar), inalar.
Por Exemplo:
Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)

2) Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter como ambição.


Por Exemplo:
Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspirávamos a elas)
Obs.: Como o objeto direto do verbo "aspirar" não é pessoa, mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas "lhe"
e "lhes" e sim as formas tônicas "a ele(s)", " a ela(s)". Veja o exemplo:
Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela)
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ASSISTIR
1) Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar assistência a, auxiliar.
Por Exemplo:
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
2) Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar, estar presente, caber, pertencer.
Exemplos:
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões.
Essa lei assiste ao inquilino.
Obs.: No sentido de morar, residir, o verbo "assistir" é intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar introduzido
pela preposição "em".
Por Exemplo:
Assistimos numa conturbada cidade.
CHAMAR
1) Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solicitar a atenção ou a presença de.
Por exemplo:
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.

2) Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo preposicionado ou não.
Exemplos:
A torcida chamou o jogador mercenário.
A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
CUSTAR
1) Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial.
Por exemplo:
Frutas e verduras não deveriam custar muito.

2) No sentido de ser difícil, penoso pode ser intransitivo ou transitivo indireto.


Por exemplo:
Muito custa viver tão longe da família.
Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela atitude. Objeto Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Reduzida de
Infinitivo

Obs.: A Gramática Normativa condena as construções que atribuem ao verbo "custar" um sujeito representado por pessoa.
Observe o exemplo abaixo:
Custei para entender o problema.
Forma correta: Custou-me entender o problema.
IMPLICAR
1) Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:

a) dar a entender, fazer supor, pressupor


Por exemplo:
Suas atitudes implicavam um firme propósito.

b) Ter como consequência, trazer como consequência, acarretar, provocar


Por exemplo:
Liberdade de escolha implica amadurecimento político de um povo.
2) Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, envolver
Por exemplo:
Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.
Obs.: No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo indireto e rege com preposição "com".
Por Exemplo:
Implicava com quem não trabalhasse arduamente.
PROCEDER
1) Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, agir. Nessa segunda
acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial de modo.
Exemplos:
As afirmações da testemunha procediam, não havia como refutá-las.
Você procede muito mal.
2) Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição" de") e fazer, executar (rege complemento introduzido pela preposição "a") é
transitivo indireto.
Exemplos:
O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito.
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QUERER
1) Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.
2) Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar.
Exemplos:
Quero muito aos meus amigos.
Ele quer bem à linda menina.
Despede-se o filho que muito lhe quer.
VISAR
1) Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
Por Exemplo:
O homem visou o alvo. O gerente não quis visar o cheque.
2) No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição "a".
Exemplos:
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

REGÊNCIA NOMINAL
Regência Nominal é o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que
vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa,
nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos.
Observe o exemplo:
Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição "a". Veja:
Obedecer a algo/ a alguém
Obediente a algo/ a alguém.
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e
procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

- 52 -
Advérbios: Longe de /Perto de

Obs.: Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a

EXERCÍCIOS

1. Assinale (V) ou (F) de acordo com a norma culta:

a) A iniciativa da acusação desagradou ao cliente.


b) Os familiares da vítima aspiram a um resultado justo.
c) Uma equipe de advogados assiste ao acusado.
d) O advogado inescrupuloso visa somente seus próprios interesses.
e) O povo assistiu perplexo ao julgamento.

2. Assinale a alternativa em que a regência verbal está em desacordo com a norma culta:

a) Não o informaram de que eu viria?


b) Não lhe informaram que eu viria?
c) Não lhe informaram de que eu viria?
d) Não desobedeça ao juiz.
e) O chefe desta repartição era enérgico e ninguém lhe desobedecia.

3. As frases que seguem são comuns na língua popular. Transcreva-as, adaptando-as à norma culta.

a) Todo político visa apenas os seus interesses.


_____________________________________________________________________________________________

b) Ninguém conseguiu assistir o jogo, sentado.


_____________________________________________________________________________________________

c) O jornal vinha informando seus leitores que as condições das estradas eram precárias.
_____________________________________________________________________________________________
d) Ninguém lhe avisou de nada.
_____________________________________________________________________________________________

e) Discurso de político não agrada ninguém.


_____________________________________________________________________________________________

f) À noite, em São Paulo, ninguém obedece farol vermelho.


_____________________________________________________________________________________________

4. A regência verbal está correta em:

a) Ele foi preso porque não pagou o advogado.


b) O julgamento a que assistimos foi emocionante.
c) Aquela vaga que você aspirava já está preenchida.
d) Não me simpatizo com pessoas que esquecem dos amigos.
e) Prefiro ler um bom livro do que ver qualquer filme.

5. Como se sabe, o verbo “avisar” tem a mesma regência que “informar”. Com base nesse dado, leia a passagem que segue,
extraída do Diário do ex-Presidente Getúlio Vargas:

“Apareceu-me o senhor Oswaldo Aranha. Zangado, julgava-se desconsiderado porque não lhe avisei da inclusão, na lista, do Senhor
Valadares, que alcunhava de débil mental, incapaz, sem moralidade, etc.”

a) O verbo “avisei” está usado de acordo com a regência da norma culta escrita?

b) Caso não esteja usado corretamente, reescreva a oração em que ocorre o verbo “avisar”, fazendo a correção.

- 53 -
6. Preencha os espaços com os pronomes pessoais oblíquos de terceira pessoa adequados:

a) Há profissões muito desvalorizadas no mercado: ninguém aspira .......


b) Entrou em cartaz um filme que trata de um julgamento por discriminação racial: meus amigos que ...... assistiram gostaram.
c) Não ...... agradou a forma como o advogado conduziu a defesa.
d) A polícia informou ........ de que o político não podia deixar o país.
e) Já ....... avisei que não há vagas.
f) Desisti desta vaga: visei ..... durante muitos anos.
g) O advogado está irritado: o cliente não ..... obedeceu.

7. Assinale a alternativa em que a lacuna não pode ser corretamente preenchida pela preposição entre parênteses:

a) Era Isaura a escrava ....... quem Álvaro se havia referido com enorme carinho. (a)
b) Era Isaura a escrava ....... quem Álvaro havia lutado com todas as suas forças. (por)
c) Era Isaura a escrava ....... quem Álvaro havia trazido a esperança de liberdade. (para)
d) Era Isaura a escrava ....... quem Álvaro havia conversado durante toda a tarde. (com)
e) Era Isaura a escrava ....... quem Álvaro havia oferecido seus préstimos. (de)

8. A frase que não se completa adequadamente com a forma colocada entre parênteses está na opção:

a) Trata-se de leis severas ........ convém à sociologia do direito investigar. (que)


b) Trata-se de leis severas ......... estudo só pode ser feito por esses sociólogos. (cujo)
c) Trata-se de leis severas .......... a sociologia do direito deve cuidar. (de que)
d) Trata-se de leis severas....... muitos democratas irão aspirar. (que)
e) Trata-se de leis severas ......... muitos democratas chegarão a antipatizar. (com que)

9. Assinale a alternativa gramaticalmente correta:

a) Não tenham dúvidas que ele vencerá.


b) O escravo ama e obedece o seu senhor.
c) Prefiro estudar do que trabalhar.
d) O livro que te referes é célebre.
e) Se lhe disserem que não o respeito, enganam-no.

10. Empregue corretamente o pronome relativo nestes períodos:

I – O desafio ................... que me refiro é tão ambicioso quanto os objetivos ................. você visa.
II – As promessas ................... ela duvidava não eram piores do que os sonhos ................... ela sempre se lembrava.
III – Já foi determinada a casa .................. ficaremos alojados, é o lugar ................. iremos no começo das férias.
IV – O desagradável incidente ............. você aludiu hoje á tarde revela-nos segredos ............. nunca tivemos acesso.
V – Os alunos ................. notas estão aqui devem pedir perdão à professora ............... desobedeceram.

11. Assinale a alternativa que está em desacordo com a língua culta escrita quanto à regência verbal:

a) Agradou a todos saber que no feriado estava previsto bom tempo.


b) Não lhe desagradou a chegada do hóspede.
c) Era preciso prevenir o povo dos riscos do novo medicamento.
d) Ninguém lhe informou de que o telefone tinha mudado.
e) Trata-se de uma carreira desprestigiada: poucos aspiram a ela.

O EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE

Para entender os casos de crase, é preciso reconhecer os valores que a palavra a pode assumir na frase.

a) artigo: antecede um substantivo (há relação de concordância)


Ex.: A queda da monarquia foi noticiada hoje.

b) pronome oblíquo : equivale ao pronome ela em função de objeto direto.


Ex.: O Globo destacou-a hoje nas manchetes.

c) pronome demonstrativo : equivale ao pronome demonstrativo aquela.


Ex.: Elaborou a que se referia à economia.

d) preposição : equivale a uma outra preposição (não há relação de concordância)


Ex.: Foi a Rússia ver pessoalmente o que ocorria.

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SEMPRE OCORRERÁ A CRASE QUANDO:

1) Antes de numeral, seguido da palavra hora, mesmo que ela esteja subentendida.
Ex: Chegou às 11 horas.
Começou o seu trabalho às 7h30.

2) Na expressão à moda de ou à maneira de, mesmo que estas expressões venham ocultas.
Ex: Usam sapatos à (moda de) Luís XV.

3) Nas locuções adverbiais femininas.


Ex: Cheguei à tarde Falo à vontade
Ficou à direita Irei à noite

Veja algumas locuções adverbiais:

à direita às pressas
à esquerda à sorrelfa  disfarçadamente
às vezes à socapa  disfarçadamente
à meia voz às escâncaras publicamente
à toa à unha
à vontade à noite
às avessas à noitinha
às claras à tarde
às escuras à tardinha
às direitas à força
às escondidas às cegas

Observação:
Na locução adverbial “a distancia” só se usa crase quando for especificada.
Ex: O líder assistia a tudo a distância.
O líder assistia a tudo à distância de 100m.
Mas Educação à distância.

4) Nas locuções conjuntivas e prepositivas constituídas de palavras femininas.


Ex: à medida que, à proporção que, à custa de, à beira de.

Veja algumas locuções prepositivas e conjuntivas:

Prepositivas
à espera de à ocidental
à cata de  busca à razão de
à semelhança de às expensas de  custas
à primeira vista à farta
à hora certa à vista
à milanesa à procura de
à espanhola à beira de
à roda de à parte
à custa de Conjuntivas:
à americana à medida que
à oriental à proporção que

5) Ocorrerá a crase somente se o verbo exigir a preposição. (verbo transitivo indireto).


Ex: Dirigir-me à cidade
Obedecemos à determinação.

6) Se o termo regido aceita o artigo feminino A/As, ocorrerá a crase. Uma boa forma de sabermos isso é usar a preposição da, se
aceitar é sinal de que há crase. Se for empregado de, não há crase.
Ex: Vou à Bahia Vou à Itália
(Volto da Bahia) (Volto da Itália)

Vou a Brasília Vou a Rondônia


(Volto de Brasília) (Volto de Rondônia)

Mas Vou à Brasília de Oscar Niemeyer. (lugar especificado)

- 55 -
CASOS ESPECIAIS DA CRASE:

As palavras casa (no sentido de lar, morada), terra (no sentido de chão firme, [oposto a mar ou ar]) e as palavras referentes a
nomes de cidade, só aceitarão o uso da crase, se vierem determinadas.

Ex: Voltei a casa cedo.


Voltei à casa de meus pais.
Os marinheiros já voltaram a terra.
Os marinheiros já voltaram à terra dos seus sonhos.
Fiz uma viagem a Roma.
Fiz uma viagem à Roma antiga.

A) Usa-se crase antes dos pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo somente se o verbo exigir a preposição, ou
seja, o verbo precisa ser um verbo transitivo indireto. Para sabermos isso, podemos utilizar o artifício de trocar tais pronomes
pelos pronomes também demonstrativos este(s), esta(s), isto. Se esses pronomes vierem procedidos pela preposição a
ocorrerá a crase.
Ex:
Amo aquela menina  Amo esta menina
Falo àquela menina  Falo a esta menina
Adoro aquele teatro  Adoro este teatro
Vou àquele teatro  Vou a este teatro
Aquilo nunca me interessou  Isto nunca me interessou.
Jamais me referi àquilo  Jamais me referi a isto.

B) Usa-se crase antes de qual, quais, a que, a de, somente se o masculino correspondente for:
À qual  Ao qual | Às quais  Aos quais
À de  Ao(s) de | À que  Ao(s) que

Ex: Esta é a festa à qual me referi. Este é o festival ao qual me referi


Houve uma sugestão anterior à que você deu. Houve um palpite anterior ao que você deu.
Minha opinião é igual à de todos. Meu palpite é igual ao de todos.

_____________________________________________________________________________________________

Usa-se crase nos casos de paralelismo sintático.


A festa será das 20h às 23h.
Prefiro o café à cerveja.
Mas
A festa será de 20h a 23h.
Prefiro café a cerveja.
_____________________________________________________________________________________________

CASOS FACULTATIVOS:

1) Antes nomes próprios femininos.


Ex: Não te refiras a(à) Maria José.

Obs.: Prof. Manuel Pinto Ribeiro diz que, se for um nome de uma personalidade histórica, a crase é proibida.
Ex.: Não te refiras a Joana D`Arc.

2) Antes de pronomes adjetivos possessivos femininos no singular.


Ex: Não te dirijas a(à) tua gente.
Dei o livro a (à) minha tia.
Entregue o presente a(à) nossa irmã.

Mas
Não te dirijas às tuas gentes. (pronomes adjetivos possessivos femininos no plural)
Dei o livro às minhas tias.
Entregue o presente às nossas irmãs.

Mas
Não te dirijas a(à) tua gente, mas à minha. (pronome substantivo = crase obrigatória)
Dei o livro a (à) minha tia, mas não à tua.
Entregue o presente a(à) nossa irmã, mas não à vossa.

3) Depois da preposição Até seguida de nomes femininos.


Ex: Cheguei até a(à) muralha.
O fogo destruiu quase toda a vila até à casa da esquina.  Foi preservada a casa da esquina.
O fogo destruiu quase toda a vila até a casa da esquina.  Inclusive a casa da esquina foi destruída.

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CASOS EM QUE NUNCA SE USA CRASE:
1) Antes de palavras masculinas e antes de verbos.
Ex: Ande a pé.
Viagem a cavalo.
Estou apto a discutir.
Não estava disposto a dar satisfações.
Obs.:
No jogo de ontem, o jovem atacante fez um gol à Pelé. (à moda de Pelé)
Fui à Presidente Vargas. (à avenida Presidente Vargas)

2) Antes de expressões formadas por palavras repetidas.


Ex: Estamos cara a cara.
Vamos ficar frente a frente.

3) Antes nomes de cidade que não estejam determinados.


Ex: Viajarei a Florianópolis.

4) Quando um A (sem o S de plural), preceder a um nome feminino que esteja no plural.


Ex: Não falo a pessoas estranhas.

Mas: Se houver o S de plural, é sinal que ocorreu o artigo e então, haverá a crase.
Não falo às pessoas estranhas.

5) Antes de expressões que exprimem ideias de tempo futuro ou distância.


Ex: Sairá daqui a pouco, conforme prometeu a todos.
Chegamos a 100m do leão.

6) Antes de artigo indefinido (um e uma):


Ex: Contou seu segredo a uma mulher estranha.

7) Antes de pronomes em geral. Com exceções feitas à senhora, dona, outra, própria e mesma. Seguidos do s de plural ou
não.

Ex: Dirigiu-se a Vossa Senhoria com aspereza.


Não me referia a ela.
Falava a qualquer pessoa.
Achei a pessoa a quem você procurava.
Compreendo a situação a cuja gravidade você se referiu.

Exceções: Obviamente, se o pronome aceitar a crase, ocorrerá a crase.

Ex: Dirigiu-se à Senhora. Dirigiu-se à dona Maria. (Madame e senhorita)


Fiz alusão à mesma pessoa. (Própria e demais)
Estavam colocadas umas às outras.

8) Após preposições em geral. Com exceção da preposição até, que se enquadra nos casos facultativos.
Ex: Não estava bem de saúde desde a data de seu aniversário.

EXERCÍCIOS

01) Assinale a alternativa em que a crase foi empregada corretamente:

a) Ele nunca foi à Berlim.


b) Ele nunca foi à Paris.
c) Ele nunca foi à Portugal.
d) Ele nunca foi à Roma.
e) Ele nunca foi à China.

02) Foi __ Brasília aprender __ artes políticas, mas retornou ___ terra natal sem grandes conhecimentos.

a) a – as – à
b) à – as – a
c) a – às – à
d) a – as – a
e) à – às – à

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03) Ainda ___ pouco, a professora referiu–se ___ questões ligadas ___ prática de ensino.

a) a–à–a
b) há – á – á
c) à–à–à
d) há – a – à
e) a–a–a

04) Quanto __ mim, não sei o que fazer. Vou encontrá–lo daqui ___ alguns dias para irmos ___ praia. Peça....ela que desista do
processo, ....meu ver nada conseguirá.
Estamos....uma semana de festas.
Falei com o diretor....poucos minutos.
Agradeço....Vossa senhoria....carta que me enviou.
Muita gente veio....reunião.

a) a – a – à – a – a – a – há – a – a – à
b) a – à – a – a – a – à – há – a – a – à
c) à – a – à – a – a – à – há – a – a – à
d) a – há – a – à – a – a – à – a – a – à
e) à–a–a–a–a–a–à–a–à–a

05) Se você foi visitar....região Nordeste, não deixe de ir conhecer....belas praias....disposição dos turistas.

a) a – as – a
b) a – as – à
c) à – às – à
d) à – as – à
e) a – às – a

06) Falando....equipe que....aguardava desde cedo, ....socióloga apresentou....proposta inicial de seu trabalho.

a) à–à–à-a
b) à–a–a-a
c) a–à–à-a
d) a–a–a-a
e) a–à–a-a

07) Aguardava....carta....muito tempo e, como não chegasse, ele referiu-se, __ todos os instantes, ....consequências desastrosas
que...demora tenderia....provocar.

a) a – a – a – às – a – a
b) a – há – a – às – a – a
c) a – há – a – as – a – a
d) a – à – a – as – a – a

08) Saiu de casa....oito horas da manhã....escondidas, só retornando....noite, dirigindo-se.... aposentado suspeito.

a) às – as – a – aquele
b) as – às – à – àquele
c) às – às – à – aquele
d) às – às – a – aquele
e) às – às – à – àquele

09) Ainda ontem, ...hora marcada, foram entregues....coordenadoria os textos destinados....correção.

a) a–a–a
b) à–a–à
c) a–à–à
d) à–à–a
e) à–à–à

10) Fui....casa de meu pai....procura de um livro que....muito tempo eu não via.

a) a–a–a
b) a – à – há
c) à – à – há
d) à–a–a
e) à – a – há

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11) Observe:
I - João estava presente....acontecimento.
II – Afonso não fez referência....
III – No colégio, ela não assistiu....festa.
a) aquele – àquilo – à
b) àquele – aquilo – à
c) aquele – aquilo – à
d) àquele – àquilo – à
e) aquele – àquilo – a

12) Solicito....V.Sª que compareça....qualquer hora....uma de nossas agências e traga....filha.


a) à – em – em – vossa
b) a – a – à – vossa
c) à – em – a – vossa
d) a – a – a – sua

13) Ele saiu....pé,....caminho do teatro e, daí....pouco, saímos....procura dele.


a) a – a – há – à
b) a–à–a–à
c) a–a–a–à
d) à–a–a–à
e) à – à – há – à

14) Discordâncias....parte, dedico meu trabalho....ela, com quem aprendi....ler a linguagem da natureza.
a) à – à – à b) a – a – a c) a – a – à d) a – à – a e) à – a – a

15) Julgo que....dez anos a situação era diferente. Daqui....pouco não poderemos mais ir....cidade sem receio.
a) há – à – a
b) à – há – a
c) a–a–à
d) a – há – à
e) há – a – à

16) ....dois dias, ele pegou....sacola, disse adeus....filha e saiu....cavalo.


a) A-a-à-à
b) A-à-a-a
c) Há-a-a-à
d) Há-a-à-a
e) Há-a-à-à

17) Ainda....pessoas no mundo que veem muito pouco....própria volta.


a) há – a
b) há – à
c) a–à
d) À–a
e) à – há

18) Essa conversa....respeito das eleições começa....provocar discórdias, mas daqui....pouco tudo se acalma.
a) à – a – há
b) a – a – a
c) a – à – há
d) à – à – a
e) a – a – à

19) Aponte a alternativa que completa adequadamente as lacunas.


I. Foi ofendido, mas não conseguiu dar importância....
II. Quando ia....pé à cidade mais próxima, olhava demoradamente as pessoas cara....cara.
III. Como não damos ouvido....reclamações, a polícia fica....distância.
IV. Pôs-se....falar....toda pessoa seus mais íntimos segredos
V. Sei....quem puxaste, pois temes lançar-te....novas conquistas.

a) I. aquilo; II. à – à; III. à – à; IV. a – a; V. a – a


b) I. àquilo; II. a – a; III. a – à; IV. a – a; V. a – a
c) I. àquilo; II. a – a; III. a – a; IV. a – a; V. a – a
d) I. aquilo; II. à – a; III. à – a; IV. à – a; V. a – à
e) I. àquilo; II. a – à; III. a – à; IV. à – à; V. à – a

- 59 -
20) Leia com atenção as orações:
I. Não fizemos nenhuma alusão a Joana D’Ave.
II. Já entreguei a chave a Dona Luíza.
III. Breve voltarei a Catanduva das belas garotas.
IV. Não fui à casa hoje nem para almoçar.
V. Fiz uma redação à Machado de Assis.
Assinale as alternativas que estão corretas.

a) Em I, III e V o uso da crase está correto.


b) Em II e III o uso da crase está correto.
c) Somente a IV o uso da crase está correto.
d) Em II e IV o uso da crase está correto.
e) Em I e IV o uso da crase está incorreto.

Assinale a alternativa correta:

21)
a) Chegou a uma hora em ponto.
b) O professor se referia as alunas interessados.
c) Tu costumas andar a pé?
d) Agradeci a própria professora.
e) Naquela cidade não se obedecia a lei.

22)
a) Sempre que visitava o museu, dirigia-se a mesma pessoa.
b) Dirigiu-se à ela sem pensar.
c) Chegamos a noite e saímos às pressas.
d) Não está vamos dispostos à estudar.
e) Toda noite assisto às novelas.

23)
a) Ele escreve à Graciliano Ramos.
b) Não disse nada à seu pai e saiu.
c) Teve de sair do recinto as pressas.
d) É proibido fazer prova vestibular à lápis.
e) Usamos sapatos a moda de Luiz XV.

24)

a) Dei um presente a Eugênia.


b) O jovem à quem deram o prêmio é parente do homem à quem negaram.
c) A nação a qual se referes é o Brasil.
d) Infelizmente não escreveram à ninguém.
e) Ele pagou a dívida a devedora.

25)
a) O advogado se mostrou disposto a rever o processo.
b) Eram duas moças, falei a que estava mais perto.
c) Falávamos à pessoas desinteressadas.
d) Saímos as duas horas e retornamos às três.

26)
a) Agradeço à vossa senhoria.
b) Pintarei as quadras à óleo.
c) Nunca vou à festas.
d) Tudo estava as claras.
e) Esta caneta é semelhante à que me deste.

27)
a) A cidade à que iremos fica pertinho da ilha à que eles vão.
b) Quero agradecer aquele rapaz.
c) Não assisto a filmes de guerra.
d) Fomos à Inglaterra, voltamos à Copacabana.
e) A amiga à quem devia tantas atenções não chegou a ouvir os agradecimentos.

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Exercícios Complementares

1. DNA EM PROMOÇÃO
Sequenciamento sem médico vendido por US$99 nos EUA é proibido.
Até o ano passado, quando teve seu serviço suspenso pela agência que regula medicamentos nos EUA (FDA), a 23andMe cobrava
US$99 por um teste de DNA. _____ empresa não deu provas suficientes de que fornecia resultados confiáveis, principalmente
quando se tratava de doenças causadas por mutações em mais de um gene. Comandada por Anne Wojcicki, ex-mulher do
cofundador do Google, Sergey Brin, a 23andMe defende tese parecida com _____ de Khan*: a de que os consumidores têm o direito
_____ informação sobre seu próprio DNA. Feito por mais de 500 mil pessoas, o exame da companhia analisava o DNA de uma
amostra de saliva e informava se elas têm risco de desenvolver doenças como os cânceres de ovário, de mama e de intestino, por
exemplo. A FDA alegou que um falso positivo poderia levar uma consumidora _____ fazer uma mastectomia desnecessária. “Pense
no efeito de saber que você tem propensão _____ uma doença grave, ou sem cura, e não poder fazer nada para evitá-la”, diz
Mayana Zatz. “É como uma bomba relógio cujo prazo para explodir não pode ser previsto nem interrompido.”
*Razib Khan é um pesquisador norte-americano que mapeou o código genético de seu filho antes de este vir ao mundo. Disponível
em: <http://revistagalileu.globo.com>. Acesso em: 30/08/2014
Com relação ao uso do acento grave, completa CORRETAMENTE as lacunas a opção:

a) A – a – a – a – a.
b) À – a – a – à – à.
c) A – à – à – a – à.
d) À – à – à – à – a.
e) A – a – à – a – a.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

Para responder a(s) questão(ões), leia o texto a seguir.


A humanidade parece ter um problema recorrente com o uso do sal [...]. O historiador britânico Felipe Fernandez-Arnesto,
da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, diz que, desde que os primeiros humanos deixaram de ser nômades, houve
um crescimento explosivo do uso do sal. A ingestão diária aumentou cinco ou seis vezes desde o período paleolítico – com enorme
aceleração nas ultimas décadas. A American Heart Association, que reúne os cardiologistas americanos, estima que mudanças no
estilo de vida provocaram aumento de 50% no consumo de sal desde os anos 1970. Em boa medida, graças 1ao consumo de
comida industrializada.
A culpa pelo abuso do sal não deve, porém, ser atribuída somente 2à indústria. A maior responsabilidade cabe ao nosso
paladar. Os especialistas acreditam que a natureza gravou em nosso cérebro circuitos que condicionam a gostar de sal e procurar
por ele – em razão do sódio essencial que contém. A indústria, assim como a arte gastronômica, responde 3ao desejo humano. “É
provável que o sal seja tão apreciado porque tem a capacidade de ativar o sistema de recompensa do nosso cérebro”, diz o
neurofisiologista brasileiro Ivan de Araújo, afiliado a Universidade Yale, nos Estados Unidos. Isso significa que sal nos deixa felizes
[...].
Com base nas repercussões negativas na saúde pública, muitos médicos têm falado em “epidemia salgada” e promovido
um movimento similar 4àquele que antecedeu as restrições impostas ao tabaco e ao álcool. Desde 2002, a Organização Mundial da
Saúde (OMS) faz campanhas para chamar a atenção sobre o excesso de sal. O movimento que defende as restrições ao sal já
chegou 5ao Brasil. Na segunda quinzena de junho, reuniram-se em Brasília representantes do meio acadêmico, da indústria de
alimentos, técnicos do Ministério da Saúde, da Agricultura e da Anvisa, agência federal que regulamenta a venda de comida
industrializada e remédios. Como meta, discutiu-se passar, em dez anos, de 12 gramas per capita de sal por dia para os 5 gramas
recomendados pela OMS. “Essa mudança ajudaria a baixar em 10% a pressão arterial dos brasileiros. Seria 1,5 milhão de pessoas
livres de medicação para hipertensão”, diz a nefrologista Frida Plavnik, representante da Sociedade Brasileira de Hipertensão na
reunião. 6Segundo ela, haveria queda de 15% nas mortes causadas por derrames e de 10% naquelas ocasionadas por
infarto.Fonte: Época. Seção Saúde & Bem-estar. 26 jul. 2010. p. 89-94. (adaptado)

Viva melhor com menos sal

2. Assinale a alternativa em que a substituição proposta mantém o sentido no texto e está de acordo com a norma-padrão.

a) “ao consumo” (ref. 1) por a utilização


b) “a indústria” (ref. 2) por à processos industriais
c) “ao desejo humano” (ref. 3) por à vontade das pessoas
d) “aquele” (ref. 4) por aquela campanha
e) “ao Brasil” (ref. 5) por no país

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Viagens, cofres mágicos com promessas sonhadoras, não mais 5revelareis 6vossos tesouros intactos! Hoje, quando ilhas
polinésias afogadas em concreto se transformam em porta-aviões ancorados nos mares do Sul, quando as favelas corroem a África,
quando a aviação 9avilta a floresta americana antes mesmo de poder 7destruir-lhe a virgindade, de que modo poderia a pretensa
10evasão da viagem conseguir outra coisa que não 14confrontar-nos 15com as formas mais miseráveis de nossa existência histórica?
18Ainda 22assim, compreendo a paixão, a loucura, o equívoco das narrativas de viagem. Elas 16criam a ilusão daquilo
1__________ não existe mais, mas 2__________ ainda deveria existir. Trariam nossos modernos Marcos Polos, das mesmas terras

distantes, desta vez em forma de fotografias e relatos, as especiarias morais 3_________ nossa sociedade experimenta uma
necessidade aguda ao se sentir 11soçobrar no tédio?

- 61 -
É assim que me identifico, viajante procurando em vão reconstituir o exotismo com o auxílio de fragmentos e de destroços.
19Então, 26insidiosamente, a ilusão começa a tecer suas armadilhas. Gostaria de ter vivido no tempo das verdadeiras viagens,
quando um espetáculo ainda não estragado, contaminado e maldito se oferecia em todo o seu esplendor. 20Uma vez 12encetado, o
jogo de conjecturas não tem mais fim: quando se deveria visitar a Índia, em que época o estudo dos selvagens brasileiros poderia
levar a conhecê-los na forma menos alterada? Teria sido melhor chegar ao Rio no século XVIII? Cada década para 23trás 29permite
27salvar um costume, 28ganhar uma festa, 17partilhar uma crença suplementar.
21Mas conheço bem demais os textos do passado para não saber que, me privando de um século, renuncio a perguntas

dignas de enriquecer minha reflexão. E eis, diante de mim, o círculo intransponível: quanto menos as culturas tinham condições de
se comunicar entre si, menos também os emissários 8respectivos eram capazes de perceber a riqueza e o significado da diversidade.
No final das contas, sou prisioneiro de uma 32alternativa: 30ora viajante antigo, confrontado com um prodigioso espetáculo do qual
quase tudo lhe escapava 24— ainda pior, inspirava troça ou desprezo 25—, 31ora viajante moderno, correndo atrás dos vestígios de
uma realidade desaparecida. Nessas duas situações, sou perdedor, pois eu, que me lamento diante das sombras, talvez seja
impermeável ao verdadeiro espetáculo que está tomando forma neste instante, mas 4__________ observação, meu grau de
humanidade ainda 13carece da sensibilidade necessária. 33Dentro de alguma centena de anos, neste mesmo lugar, outro viajante
pranteará o desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou.

3. Considere as seguintes afirmações sobre regência e emprego de crase.


I. Caso a forma verbal confrontar-nos (ref. 14) fosse substituída por colocar-nos diante, seria necessário substituir a preposição
com (ref. 15) pelo emprego de crase nesse contexto.
II. A substituição da forma verbal criam (ref. 16) por dão origem tornaria obrigatório o emprego de crase nesse contexto.
III. A substituição da forma verbal partilhar (ref. 17) pelo segmento ter acesso tornaria necessário o emprego de crase nesse
contexto.
Quais estão corretas?

a) Apenas I. b) Apenas Il. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) I, II e III.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:Esparadrapo


Aquele restaurante de bairro é do tipo simpatia/classe média. 1Fica em rua sossegada, é pequeno, limpo, cores
repousantes, comida razoável, preços idem, não tem música de triturar os ouvidos. 11O dono senta-se à mesa da gente, para bater
um papo leve, sem intimidades.
3Meu relógio parou. Pergunto-lhe quantas horas são.

— Estou sem relógio.


— Então vou perguntar ao garçom.
Ele também está sem relógio.
— E o colega dele, que serve aquela mesa?
— Ninguém está com relógio nesta casa.
— Curioso. É moda nova?
2— Antes de responder, e se o senhor permite, vou lhe fazer, não propriamente um pedido, mas uma sugestão.

— Pois não.
— Não precisa trazer relógio, quando vier jantar.
— Não entendo.
— Estamos sugerindo aos nossos fregueses que façam este pequeno sacrifício.
— Mas o senhor podia explicar...
— Sem querer meter o nariz no que não é da minha conta, gostaria também que trouxesse pouco dinheiro, ou antes,
nenhum.
— Agora é que não estou pegando mesmo nada.
— Coma o que quiser, depois mandamos receber em sua casa.
5— Bem, eu moro ali adiante, mas e outros, os que nem se sabe onde moram, ou estão de passagem na cidade?

— Dá-se um jeito.
— Quer dizer que nem relógio nem dinheiro?
— Nem joias. 12Estamos pedindo às senhoras que não venham de joia. É o mais difícil, mas algumas estão atendendo.
— Hum, agora já sei.
— Pois é. Isso mesmo. O amigo compreende...
— Compreendo perfeitamente.
Desculpa ter custado um pouco a entrar na jogada. Sou meio 6obtuso quando estou com fome.
— Absolutamente. Até que o amigo compreendeu sem que eu precisasse dizer 7tudo. Muito bem.
— Mas me diga uma coisa. Quando foi 8isso?
— Quarta-feira passada.
— E como 9foi, pode-se saber?
— Como 10podia ser? Como nos outros lugares, no mesmo figurino. Só que em ponto menor.
— Lógico, sua casa é pequena. Mas levaram o quê?
— O que havia na caixa, pouquinha coisa. Eram 9 da noite, dia meio parado.
— Que mais?
— Umas coisinhas, liquidificador, relógio de pulso, meu, dos empregados e dos fregueses.
— An. (Passei a mão no pulso, instintivamente.)
— O pior foi o cofre.
— Abriram o cofre?
13— Reviraram tudo, à procura do cofre. Ameaçaram, pintaram e bordaram. Foi muito desagradável.

— E afinal?
— Cansei de explicar a eles que não havia cofre, nunca houve, como é que eu podia inventar cofre naquela hora?
— Ficaram decepcionados, imagino.
- 62 -
— Não senhor. Disseram que tinha de haver cofre. Eram cinco, inclusive a moça de bota e revólver, querendo me convencer
que tinha cofre escondido na parede, no teto, embaixo do piso, sei lá.
— E o resultado?
— Este — e baixou a cabeça, onde, no cocuruto, alvejava a estrela de esparadrapo.
4— Oh! Sinto muito. Não tinha notado. Felizmente escapou, é o que vale. Dê graças a Deus por estar vivo.

— Já sei. Sabe que mais? Na polícia me perguntaram se eu tinha seguro contra roubo. E eu pensando que meu seguro
fosse a polícia. 14Agora estou me segurando à minha maneira, deixando as coisas lá em casa e convidando os fregueses a fazer o
mesmo. E vou comprar um cofre. Cofre pequeno, mas cofre.
— Para que, se não vai guardar dinheiro nele?
— Para mostrar minha boa-fé, se eles voltarem. Abro imediatamente o cofre, e verão que não estou escondendo nada.
Que lhe parece?
— Que talvez o senhor precise manter um estoque de esparadrapo em seu restaurante.ANDRADE, Carlos Drummond de.
Esparadrapo. In Para gostar de ler. v. 3. Crônicas. São Paulo: Ática, 1978.

4. Observe o uso do acento grave para indicar crase nas seguintes frases do texto:
I. O dono senta-se à mesa da gente (ref. 11).
II. Estamos pedindo às senhoras que não venham de joia (ref. 12).
III. Reviraram tudo, à procura do cofre (ref. 13).
IV. Agora estou me segurando à minha maneira (ref. 14).
Assinale a alternativa CORRETA:
a) Em todas as frases, a ocorrência da crase explica-se pela regência dos verbos, porque temos sempre verbos intransitivos.
b) Na frase III, ainda haveria crase caso o substantivo procura fosse substituído pelo verbo procurar: Reviraram tudo, à procurar
pelo cofre.
c) Na frase II, ainda haveria crase caso se incluísse o pronome indefinido todas: Estamos pedindo à todas as senhoras que não
venham de joia.
d) Na frase I, a presença da crase revela uma linguagem popular, coloquial. Em linguagem formal, teríamos: O dono senta-se na
mesa com a gente.
e) Na frase IV, o uso do acento grave é opcional, porque o artigo definido é opcional antes de pronome possessivo – pode-se dizer
¯ “a minha casa” ou ¯ “minha casa”, por exemplo.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


A jabuticaba só nasce mesmo no Brasil?
Em seu discurso de agradecimento pelo prêmio de Economista do ano em 2003, Pérsio Arida, um dos idealizadores do
Plano Real, utilizou um argumento inusitado para justificar a taxa de juros de equilíbrio de 8% ao ano no Brasil. “Certas coisas são
iguais à jabuticaba, só ocorrem no Brasil”, explicou ele na época. Rapidamente, jornalistas e intelectuais passaram a citar a frase
como parte da chamada “Teoria da Jabuticaba”, com o objetivo de explicar em seus textos o porquê de alguns fenômenos só
acontecerem no Brasil.
Se nas Ciências Humanas a tal teoria parece fazer sucesso, do ponto de vista biológico ela está equivocada. Quem garante
isso é o pesquisador da APT (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) Eduardo Suguino que tratou de derrubar alguns
mitos sobre a ocorrência do famoso fruto. “A jabuticaba pode até ser nativa do Brasil, mas não ocorre só aqui”, explicou. “Ela já
apareceu em países como Argentina e México em sua forma natural”.
Ainda de acordo com Suguino, a jabuticabeira pode ser cultivada em qualquer canto do planeta. Como se trata de uma
planta propagada por semente, são necessárias apenas três condições para que ela se desenvolva: água, oxigênio e calor. Mesmo
assim, ele faz questão de ponderar sobre a suposta universalidade do tradicional vegetal. “Apesar de possuir essa capacidade de
ser cultivada em qualquer lugar, a jabuticabeira pode ser prejudicada por alguns fatores ambientais”, afirma. Depois, o pesquisador
ainda forneceu exemplos de casos em que o vegetal pode sofrer danos. “Se levar um exemplar para a Europa durante o inverno,
ele dificilmente sobreviverá fora de um vaso ou de ambiente protegido”.(Disponível em http:// www.blogdoscuriosos.com.br . Acesso
em 19.10.2013. Adaptado)

5. Assinale a alternativa correta de acordo com a norma padrão:


a) À partir de Dezembro, inicia-se o plantio de jabuticabas.
b) Os cientistas enviaram à elas as jabuticabeiras doentes.
c) Daqui à dez dias, os alunos plantarão uma árvore.
d) Alguns intelectuais fizeram referência à Teoria da Jabuticaba.
e) No dia à dia, é raro avistar um pé de jabuticabas.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Reescrever, editar e remixar na era digital: novos conteúdos?
Os historiadores da escrita defendem que ela passou por três grandes fases: manuscrita, livro impresso e eletrônica, cada
uma definida por diferentes materiais e instrumentos, também advertem que cada uma sobrevive ilimitadamente nas seguintes, se
adequando a diferentes áreas de uso. Ao mesmo tempo que nascem novas práticas, 1nada desaparece, tudo se reorganiza.
2Portanto, se apresentar as culturas escritas às crianças e aos jovens é fundamental, nos encontramos diante de um

desafio: a cultura escrita é diversa. Ela existe de um modo manual, tanto a impressa como a digital. 3A questão não se reduz a
deixar de escrever no papel para fazê-lo no computador. 4Quando se usam papel ou computador, são mantidos, em parte, os
conteúdos a ensinar, mas se impõem novos e isso nos faz reformular o ensino. [...]
In: Revista Nova Escola, São Paulo: Abril, Ano XXVIII, n° 260, março de 2013, p. 71.

- 63 -
6. Do enunciado “Portanto, se apresentar as culturas escritas às crianças e aos jovens é fundamental [...]” (ref. 2), pode-se afirmar
que:
I. O termo “Portanto” introduz no fluxo informacional um encadeamento discursivo, determinando a orientação argumentativa.
II. O termo “às crianças” recebe acento grave por exigência da regência do verbo “apresentar”.
III. O termo “se” funciona no enunciado, em relação à sua colocação, pela mesma razão da expressão “A questão não se reduz” (ref. 3).
Analise as proposições e marque a alternativa que apresenta, apenas, a(s) correta(s).
a) III b) I e II c) l e III d) II e) II e III

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


O menino sentado à minha frente é meu irmão, assim me disseram; e bem pode ser verdade, ele regula pelos dezessete anos,
justamente o tempo em que estive solto no mundo, sem contato 5nem notícia.
A princípio quero tratá-lo como intruso, mostrar-lhe 1__________ minha hostilidade, não abertamente para não chocá-lo, 11mas de
maneira a não lhe deixar dúvida, como se lhe 6perguntasse com todas as letras 18: que direito tem você de estar aqui na intimidade de minha
família, entrando nos nossos segredos mais íntimos, dormindo na cama onde eu dormi, lendo meus velhos livros, talvez sorrindo das minhas
anotações à margem, tratando meu pai com intimidade, talvez discutindo a minha conduta, talvez até criticando-a? 12Mas depois vou notando
que ele não é totalmente estranho. De repente fere-me 2__________ ideia de que o intruso talvez 7seja eu, que ele 8tenha mais direito de
hostilizar-me do que eu a ele 19, que vive nesta casa há dezessete anos. O intruso sou eu, não ele.
Ao pensar nisso vem-me o desejo urgente de entendê-lo e de ficar amigo. Faço-lhe 21perguntas e noto a sua avidez em respondê-
las, 13mas logo vejo a inutilidade de prosseguir nesse caminho, 22as perguntas parecem-me formais e 23as respostas forçadas e
complacentes.
Tenho tanta coisa a dizer, mas não sei como começar, até a minha voz parece ter perdido a naturalidade. Ele me olha 20, e vejo
que está me examinando, procurando decidir se devo ser tratado como irmão ou como estranho, e imagino que as suas dificuldades não
devem ser menores do que as minhas. 24Ele me pergunta se eu moro em uma casa grande, com muitos quartos, e antes de responder
procuro descobrir o motivo da pergunta. 25Por que falar em casa? 14E qual a importância de 9muitos quartos? Causarei inveja nele se
responder que sim? 26Não, não tenho casa, há 10muitos anos que tenho morado em hotel. Ele me olha, parece que fascinado, diz que deve
ser bom viver em hotel, 15e conta que, toda vez que faz reparos 3__________ comida, mamãe diz que ele deve ir para um hotel, onde pode
reclamar e exigir. De repente o fascínio se transforma em alarme, 16e ele observa que se eu vivo em hotel não posso ter um cão em minha
companhia, o jornal disse uma vez que um homem foi processado por ter um cão em um quarto de hotel. Confirmo 4__________ proibição.
Ele suspira 17e diz que então não viveria em um hotel nem de graça. Adaptado de: VEIGA, José J. Entre irmãos. In: MORICONI, Ítalo M.
Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 186-189.

7. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas das referências 1, 2, 3 e 4, nesta ordem.
a) a – à – à – a
b) à – à – a – a
c) à – a – à – a
d) a – a – à – a
e) à – a – a – à

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o texto abaixo para responder às questões.
27
Aumenta o número de adultos que não consegue focar sua atenção em uma única coisa por muito tempo. 37São tantos os estímulos e
tanta a pressão para que o entorno seja completamente desvendado que aprendemos a ver e/ou fazer várias coisas ao mesmo tempo.
34
Nós nos tornamos, à semelhança dos computadores, pessoas multitarefa, não é verdade?
41
Vamos tomar como exemplo uma pessoa dirigindo. 4Ela precisa estar atenta aos veículos que vêm atrás, ao lado e à frente, à velocidade
média dos carros por onde trafega, às orientações do GPS ou de programas que sinalizam o trânsito em tempo real, 6às informações de
29
alguma emissora de rádio que comenta o trânsito, ao planejamento mental feito e refeito 9várias vezes do trajeto 20que deve fazer para
chegar ao seu destino, aos semáforos, faixas de pedestres etc.
35
Quando me vejo em tal situação, 19eu me lembro que 14dirigir, 45após um dia de intenso trabalho no retorno para casa, já foi uma atividade
prazerosa e desestressante.
18
O uso da internet ajudou a transformar nossa maneira de olhar para o mundo. Não 23mais observamos os detalhes, 1por causa de nossa
ganância em relação a novas e diferentes informações. Quantas vezes sentei em frente ao computador 44para buscar textos sobre um tema
38
e, de repente, 24me dei conta de que estava em 39temas 15que em nada se relacionavam com meu tema primeiro.
Aliás, a leitura também sofreu transformações pelo nosso costume de ler na internet. 16Sofremos de uma tentação permanente de 43pular
palavras e frases inteiras, apenas para irmos direto ao ponto. O problema é que 22alguns textos exigem a leitura atenta de palavra por
palavra, de frase por frase, para que faça sentido. 5Aliás, não é a combinação e a sucessão das palavras que dá sentido e beleza a um
texto?
3
Se está difícil para nós, adultos, focar nossa atenção, imagine, caro leitor, para as crianças. 2Elas já nasceram neste mundo de 8profusão
de estímulos de todos os tipos; elas são exigidas, desde o início da vida, a dar conta de várias coisas ao mesmo tempo; elas são estimuladas
com diferentes objetos, sons, imagens etc.
46
Aí, um belo dia elas vão para a escola. Professores e pais, a partir de então, querem que as crianças prestem atenção em uma única
coisa por muito tempo. 36E quando elas não conseguem, reclamamos, levamos ao médico, arriscamos hipóteses de que sejam portadoras
de síndromes que exigem tratamento etc.
42
A maioria dessas crianças sabe focar sua atenção, sim. Elas já sabem usar programas complexos em seus aparelhos eletrônicos,
10
brincam com jogos desafiantes que exigem atenção constante aos detalhes e, se deixarmos, 21passam horas em uma única atividade de
que gostam.
17
Mas, nos estudos, queremos que elas prestem 26atenção no que é preciso, e não no que gostam. 28E isso, caro leitor, exige a árdua
aprendizagem da autodisciplina. Que leva tempo, é bom lembrar.
32
As crianças precisam de nós, pais e professores, para começar a aprender isso. Aliás, 31boa parte desse trabalho é nosso, e não delas.
12
Não basta mandarmos que elas prestem atenção: 33isso de nada as ajuda. 13O que pode ajudar, por exemplo, é 40analisarmos o contexto
em que estão 7quando precisam focar a atenção 25e organizá-lo para que seja favorável a tal exigência. 11E é preciso lembrar que não se
pode esperar toda a atenção delas por muito tempo: 30o ensino desse quesito no mundo de hoje é um processo lento e gradual.SAYÃO,
Rosely. “Profusão de estímulos”. Folha de São Paulo, 11 fev. 2014
- 64 -
8. Em “Ela precisa estar atenta [...] à velocidade média dos carros por onde trafega, às orientações do GPS [...].” (ref. 4), o sinal
indicador de crase é necessário. Em qual opção ele também deve ser usado?
a) As pessoas a que me refiro são aquelas que não se concentram em uma única coisa.
b) Esta informação dada aos pais é semelhante a que foi divulgada na escola.
c) As crianças devem estar atentas a algumas informações veiculadas pela mídia.
d) A reportagem a qual li trazia dados novos sobre crianças que recebem uma profusão de estímulos.
e) Pais e professores estão lado a lado, buscando minimizar os problemas enfrentados com as crianças.

9. A frase em que todos os vocábulos destacados estão corretamente empregados é:


a) Descobriu-se, HÁ instantes, a verdadeira razão POR QUE a criança se recusava À frequentar a escola.
b) Não se sabe, de fato, PORQUÊ o engenheiro preferiu destruir o pátio A adaptá-lo as novas normas.
c) Disse-nos, já A várias semanas, que explicaria o PORQUE da decisão tomada ÀS pressas naquela reunião.
d) Chegava tarde, PORQUE precisava percorrer A pé uma distância de dois À três quilômetros.
e) Não prestou contas À associação de moradores, não compareceu À audiência e até hoje não disse POR QUÊ.

10. Assinale a única afirmação CORRETA:


a) Na frase "Ele e a mulher iam à Brasília às vezes", ambos os acentos indicativos de crase foram usados adequadamente.
b) Na frase "Já fazia muitos meses que não havia roubos na vizinhança", os verbos "haver" e "fazer" estão corretamente flexionados.
c) Na frase "Alimentos crus contém mais nutrientes", ambos os acentos agudos foram adequadamente empregados.
d) Na frase "Se João estive-se em casa, teria sido preso", não há erro quanto à flexão verbal.
e) Na frase "Elas partiram amanhã, assim que trazermos as roupas", os verbos "partir" e trazer estão corretamente flexionados, no
contexto em que ocorrem.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Valores apresentam diferenças significativas conforme a cultura e o país. Os universitários brasileiros, por exemplo, se
preocupam mais com o sucesso pessoal e profissional do que os argentinos e uruguaios, sentimento que predomina também entre
os homens, independentemente da nacionalidade, enquanto as mulheres valorizam a simplicidade e a segurança. Os brasileiros
dão mais valor ______ uma vida confortável, feliz e prazerosa. Um mundo de beleza (apreciação da arte e do que é belo) e paz, a
igualdade e a segurança familiar são destacados pelos argentinos, e 1os uruguaios priorizam a liberdade e também a segurança
familiar.
Essas conclusões fazem parte da dissertação do professor de Administração do Campus Uruguaiana Elvisnei Camargo
Conceição, defendida no Mestrado em Administração e Negócios da PUCRS e orientada por Paulo Fernando Burlamaqui. Os resultados
surgiram de questionários respondidos por 624 estudantes de universidades situadas na fronteira, no interior ou nas capitais.
Os valores, explica o autor, expressam crenças duradouras, menos sujeitas ______ influências do ambiente. Foram investigados
dois grupos de valores: os relacionados aos objetivos de vida (terminais) e os que assumimos como orientadores de conduta social
(instrumentais). Segurança familiar, felicidade e liberdade são prioridades para os universitários das três nacionalidades. Como valores
instrumentais, honestidade, responsabilidade e capacidade lideraram o ranking. Ambição está em sexto lugar entre os brasileiros e em 12º
entre argentinos e uruguaios. Quanto ______ obediência, o autor considera que a sociedade moderna enxerga esse valor como
subserviência e submissão, não condizente com a liberdade de escolha. (...)
2
Conforme o professor, os resultados científicos não são generalizáveis para toda a população, mas apontam indicativos para os
meios acadêmicos e empresarial. Camargo ressalta3 que a aplicação é multidisciplinar, 4podendo interessar à Administração, à Psicologia,
à Antropologia e à Sociologia. 5O estudo pode contribuir para a elaboração de planos de marketing e de programas de relacionamento com
o cliente, para a definição de estratégias e de ações de endomarketing.
UCRS Informação, março-abril/2008, p. 14(fragmento adaptado)

11. As palavras que preenchem correta e respectivamente as lacunas das linhas 09, 23 e 33 estão reunidas em:
a) a – às – à
b) à – a – a
c) à – as – à
d) à – às – à
e) a – à – a

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: ALCOOLISMO E ADOLESCÊNCIA


A última pesquisa sobre o uso do álcool entre adolescentes desenvolvida pelo Centro Brasileiro de Informações sobre
Drogas Psicotrópicas, da Unifesp, revela que 48,3% dos adolescentes entre 12 e 17 anos já beberam alguma vez na vida (52,2%
rapazes; 44,7% moças). Desses, 14,8% bebem regularmente e 6,7% são dependentes do álcool. (...)
1O álcool é considerado particularmente perigoso para o adolescente por motivos diversos. Em primeiro lugar, 2pelo fácil

acesso: a lei 9.294/96 proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos, mas 3essa é uma daquelas leis que "não
pegam", por incapacidade de fiscalização das autoridades. Em segundo lugar, a bebida é tida como um elemento de socialização,
de auto-afirmação e de inclusão no mundo adulto. 4Além do estímulo da propaganda e dos amigos, muitas vezes o contato com o
álcool é propiciado pelos próprios familiares do adolescente. Os pais não têm em relação ao etanol, por exemplo, o cuidado que
costumam ter com a maconha.
Por outro lado, pesquisa realizada pela Universidade Duke (EUA), em 2000, demonstrou que o uso frequente do álcool na
adolescência produz danos ao cérebro, afetando a memória e prejudicando a aprendizagem, além de favorecer o desenvolvimento
de problemas familiares e de uma vida sexual promíscua - o que se tornou um comportamento de alto risco na era da AIDS.
5Sendo a adolescência a fase de construção da identidade, é particularmente perigoso que o jovem se habitue ..........

experimentar situações específicas como festas, praia e namoro sob o efeito do álcool. Associando o uso de bebidas ..........
sensações de prazer, o consumo de álcool torna-se cada vez mais frequente, abrindo caminho .......... dependência, que pode ser
tanto física quanto psicológica.

- 65 -
12. As palavras que preenchem correta e respectivamente as lacunas do último parágrafo estão reunidas em

a) à - a - à
b) a - a - a
c) à - às - à
d) a - as - a
e) a - a - à

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Em uma peça publicitária recentemente veiculada em jornais impressos, pode-se ler o seguinte: "Se a prática leva à perfeição, então
imagine o sabor de pratos elaborados bilhões e bilhões de vezes".

13. Em referência ao trecho "Se a prática leva à perfeição...", acerca da crase (no caso, a junção da preposição "a" com o artigo
feminino "a"), é linguisticamente adequado afirmar que sua ocorrência é

a) inadequada, pois, além de não haver junção de preposição com artigo, não altera o sentido do que é dito.
b) facultativa, porque, mesmo havendo a junção de preposição com artigo, não altera o sentido do que é dito.
c) necessária, pois, além de haver a junção de preposição com artigo, sugere que a prática seja resultante da perfeição.
d) necessária, pois, além de haver a junção de preposição com artigo, sugere que a perfeição seja resultante da prática.
e) facultativa, porque, indiferentemente de haver ou não junção de preposição com artigo, crase é uma questão estilística.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


OS JOVENS E OS DILEMAS DA SEXUALIDADE
Atualmente, os jovens estão iniciando a vida sexual mais cedo. A sexualidade tem sido discutida de forma mais "aberta",
nos discursos pessoais, nos meios de comunicação, na literatura e artes. Entretanto, essa aparente "liberdade sexual" não torna as
pessoas mais "livres", pois ainda há bastante repressão e preconceito sobre o assunto. Além disso, as regras de como devemos
nos comportar sexualmente prevalecem em todos os discursos, o que se torna uma questão velada de repressão.
O jovem do século XXI é visto como livre, bem informado, "antenado" com os acontecimentos, mas as pesquisas mostram
que, quando o assunto é sexo, há muitas dúvidas e conflitos. Desde dúvidas específicas sobre questões biológicas, como as
doenças sexualmente transmissíveis, até conflitos sobre os valores e as atitudes que devem tomar em determinadas situações.
Apesar de iniciarem a vida sexual mais cedo, os jovens não têm informações e orientações suficientes. A mídia, salvo
exceções, contribui para a desinformação sobre sexo e a deturpação de valores. A superbanalização de assuntos relacionados à
sexualidade e das relações afetivas gera dúvidas e atitudes precipitadas. Isso pode levar muitos jovens a se relacionarem de forma
conflituosa com os outros e também com a própria sexualidade.
Enfim, hoje existe uma aparente liberdade sexual. Ao mesmo tempo em que as pessoas são, em comparação a anos
anteriores, mais livres para fazer escolhas no campo afetivo e sexual, ainda há muita cobrança por parte da sociedade, e essa
cobrança acaba sendo internalizada; assim, as pessoas acabam assumindo comportamentos e valores adotados pela maioria.
("www.faac.unesp.br"/pesquisa/nos/sexualidade, baseado nos estudos de Ana Cláudia Bertolozzi Maia. Adaptado.)

14. Considerando os aspectos de concordância e de crase, assinale a alternativa correta.

a) Os jovens, da adolescência à vida adulta, muitas vezes se depara com conflitos referente à sua sexualidade.
b) O mundo atual oferece muitas informações à seus jovens que, para falar em sexo, encontram bastante dúvidas.
c) Dúvidas frequentes e conflito podem fazer com que o jovem não chegue à uma exata dimensão da sua sexualidade.
d) Com informações à disposição, ainda existe dúvidas sobre sexo para o jovem moderno.
e) Hoje, assiste-se a uma transformação dos valores relativos à sexualidade do jovem.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Nosso povo, diferentemente dos americanos do norte, não se identifica com a 1inconcebível abstração que é o Estado. O
3Estado é 2impessoal: nós só concebemos relações pessoais. 5Por isso, para nós, roubar dinheiros públicos não é um crime. Somos

indivíduos, não cidadãos. Os filmes de Hollywood repetidamente narram 10o caso de 12um homem (geralmente um jornalista) 9que
procura a amizade de um criminoso para depois entregá-11lo à polícia: nós, que temos a paixão da amizade, sentimos que esse
"herói" dos filmes americanos é um incompreensível canalha.
As palavras que acabei de pronunciar podem parecer referir-se .......... nós, brasileiros. E não tenho dúvida de que, se ditas
hoje por um brasileiro diante de brasileiros, podem causar certo mal-estar, 6a despeito da encantadora elegância com que estão
dispostas. 7Na verdade, são palavras de uma argumentação sobre o caráter do argentino 20a que Jorge Luis Borges 19recorreu mais
de uma vez, com a ressalva: "Comprovo 14um fato, não 13o justifico ou desculpo". Se decidir abrir esta conversa repetindo as palavras
de Borges, não foi para criar na sala 16esse mal-estar. Se 15o fiz, foi para ressaltar o risco que corremos - todos nós que falamos em
nome de países perdedores da História - de tomar as mazelas decorrentes do subdesenvolvimento por virtudes de nossas
nacionalidades.
De fato, se olharmos tal texto de uma perspectiva brasileira hoje, na mesma medida em que nos identificamos com 18o
retrato que 17ele nos oferece, repudiamos o conjunto que ali é apresentado e, 8sobretudo, .......... observações específicas de que
não somos cidadãos e de que, em nosso íntimo, roubar dinheiros públicos não constitui crime. O que nos parece sinistro é o fato de
vermos a nossa incapacidade .......... cidadania guindada .......... condição de contrapartida de uma bela vocação individualista, de
uma quase nobre rejeição dessa "inconcebível abstração" que é o 4Estado.
(Adaptado de: Veloso, Caetano. Diferentemente dos americanos do norte. In: -. O mundo não é chato. São Paulo: Cia. das Letras,
2005. p. 42-43.)

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15. Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas do texto.

a) a - as - à - a
b) à - às - a - à
c) a - às - para a - à
d) à - as - a - a
e) a - as - para a - à

Gabarito:

Resposta da questão 1: [E]


Em “A empresa não deu provas suficientes”, emprega-se o artigo definido feminino.
Em “a 23andMe defende tese parecida com a de Khan”, emprega-se novamente o artigo definido feminino, considerando o termo
“tese” em elipse.
Em “os consumidores têm o direito à informação sobre seu próprio DNA.”, o substantivo “direito” requer complemento regido pela
preposição “a”; uma vez que o complemento é um substantivo feminino, “informação”, ocorre o acento indicativo de crase.
Em “levar uma consumidora a fazer uma mastectomia desnecessária.”, o verbo “levar”, transitivo direto e indireto, requer a
preposição “a”, porém o termo seguinte, “fazer”, é um verbo e não admite ser antecedido por artigo.
Em “Pense no efeito de saber que você tem propensão a uma doença grave”, o substantivo “propensão” requer complemento
regido pela preposição “a”; porém o termo seguinte, “uma”, é um artigo indefinido e não admite ser antecedido por artigo definido.

Resposta da questão 2: [C]


[A] Incorreta. Em “graças ao consumo de comida industrializada”, seria possível a substituição com ocorrência de acento indicativo
de crase: graças à utilização de comida industrializada, uma vez que o substantivo “graças” requer emprego da preposição “a”.
[B] Incorreta. Em “A culpa pelo abuso do sal não deve, porém, ser atribuída somente à indústria”, seria possível a substituição,
porém sem a ocorrência de acento indicativo de crase, por se tratar de expressão no masculino: A culpa pelo abuso do sal não
deve, porém, ser atribuída somente a processos industriais.
[C] Correta. Em “A indústria, assim como a arte gastronômica, responde ao desejo humano”, é possível a substituição sem
comprometer o sentido do texto ou sua correção gramatical.
[D] Incorreta. Em “promovido um movimento similar àquele que antecedeu as restrições impostas ao tabaco e ao álcool” seria
possível a substituição com ocorrência de acento indicativo de crase, uma vez que o verbo promovido requer emprego da
preposição a: promovido um movimento similar àquela campanha que antecedeu as restrições impostas ao tabaco e ao álcool.
[E] Incorreta. Em “O movimento que defende as restrições ao sal já chegou ao Brasil”, não é possível a troca sugerida, pois o
verbo chegar requer emprego da preposição “a”.

Resposta da questão 3: [B]


[I] Falsa. No trecho “outra coisa que não confrontar-nos com as formas mais miseráveis de nossa existência histórica?”, a
substituição de “confrontar-nos” por “colocar-nos diante” exigiria o uso da preposição “de”, e não crase: ‘outra coisa que não
colocar-nos diante das formas mais miseráveis de nossa existência histórica?’.
[II] Verdadeira. No trecho “Elas criam a ilusão”, a substituição de “criam” por “dão origem” obriga o emprego da crase, uma vez que
a expressão requer a preposição “a”: ‘elas dão origem à ilusão’.
[III] Falsa. No trecho “partilhar uma crença suplementar”, a substituição de “partilhar” por “ter acesso” exigiria o uso da preposição
“a”, porém sem o emprego da crase, uma vez que seu complemento é iniciado por um pronome indefinido: ‘ter acesso a uma
crença superior’.

Resposta da questão 4: [E]


[A] Incorreta. A transitividade dos verbos apresentados não é única: “sentar-se” é intransitivo; a locução verbal “estamos pedindo”
é transitiva direta, assim como o verbo “revirar”; a locução verbal “estou segurando” é transitiva direta.
[B] Incorreta. O acento indicativo de crase, por ser uma fusão da preposição “a” com o artigo definido “a/as”, não antecede verbos,
e sim substantivos femininos.
[C] Incorreta. O acento indicativo de crase, por ser uma fusão da preposição “a” com o artigo definido “a/as”, não antecede
pronomes indefinidos, e sim substantivos femininos.
[D] Incorreta. A coloquialidade está em “sentar-se na mesa”, o que significa sentar-se sobre a mesa.
[E] Correta. Um dos usos facultativos do acento indicativo de crase é junto a pronome possessivo feminino. Vale ressaltar que o
substantivo “casa” admite o uso do acento indicativo de crase apenas se determinada ou qualificada – caso do exemplo,
qualificada como “minha”.

Resposta da questão 5: [D]


[A] Apesar de poder ser plantada em qualquer lugar do mundo, a jabuticabeira é uma árvore sensível ao frio europeu, conforme
exemplificado pelo pesquisador.
[B] Correta. O frio rigoroso pode matar a planta, segundo o texto.
[C] Foram encontrados espécimes na Argentina e no México em estado natural.
[D] Impossibilidade se plantada em área externa e no inverno, mas pode ser cultivada em ambiente protegido.
[E] Fatores ambientais são fundamentais para o plantio da jabuticabeira

Resposta da questão 6:[B]


O item [III] é incorreto, pois o termo “se”, na frase “Portanto, se apresentar as culturas escritas às crianças e aos jovens”, exerce a
função morfológica de conjunção que introduz uma oração subordinada adverbial condicional, sem relação de semelhança com o
que acontece na expressão “A questão não se reduz”. Assim, é correto apenas [B].

Resposta da questão 7: [D]

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Apenas a lacuna 3 deve apresentar o termo pontuado com acento grave, indicador de crase (fusão da preposição “a” com o artigo
“a”): toda vez que faz reparos à comida. Nas lacunas 1 e 4, a preposição “a” seria indevida, já que o termo “a” faz parte dos
objetos diretos dos verbos mostrar e confirmar, respectivamente, assim como na lacuna 2, em que exerce função de adjunto
adnominal do núcleo do sujeito. Assim, é correta apenas [D].

Resposta da questão 8: [B]


O sinal indicativo de crase deve ser empregado em [B], pois o adjetivo “semelhante” exige o emprego da preposição “a”, e o termo
regido é feminino, apesar de se apresentar em zeugma: “é semelhante à (informação) que foi divulgada na escola”.
Em [A], o sinal indicativo de crase não deve ser empregado, pois, apesar de o verbo “referir-se” exigir a preposição “a”, o termo
regido “que” não é feminino.
Em [C], o termo regido “algumas informações” não requer artigo feminino.
Em [D], o verbo “ler” é transitivo direto, não exigindo, portanto, preposição.
Em [E], trata-se de locução formada por substantivos masculinos.
Resposta da questão 9: [E]
Resposta da questão 10: [B]
Resposta da questão 11: [A]
Resposta da questão 12: [E]
Resposta da questão 13: [D]
Resposta da questão 14: [E]
Resposta da questão 15: [E]

APÊNDICE: GRAFIA CERTA DE CERTAS PALAVRAS


1. Abaixo / A baixo
A) Abaixo:
1. Interjeição; grito de indignação ou reprovação. Ex.: Abaixo o orador!
2. Advérbio = embaixo; em categoria inferior; depois. Ex.: Abaixo de Deus, os pais. Pegue lá abaixo.
B) A baixo:
1. Contrário a “de alto”. Ex.: Rasgou as roupas de alto a baixo.

2. Acerca de / Cerca de / A cerca de / Há cerca de


A) Acerca de = a respeito de. Ex.: Falamos acerca de futebol.
B) Cerca de = durante; aproximadamente. Ex.: Falamos cerca de duas horas.
C) A cerca de – ideia de distância. Ex.: Fiquei a cerca de três metros de distância.
D) Há cerca de – existe aproximadamente; aproximadamente no passado. Ex.: Há cerca de mil alunos lá fora. Falamos há cerca de
uma hora.

3. Acima / A cima
A) Acima:
1) Atrás. Ex.: Exemplo citado acima.
2) Em grau ou categoria superior. Ex.: De quinze anos acima.
3) Em graduação superior a. Ex.: Muito acima dos bens materiais, a paz do espírito.
4) De preferência; em lugar superior, por cima; sobre. Ex.: Buscamos, acima de tudo, uma vida de paz.
5) De cima (interjeição). Ex.: Eia, acima, coração!
B) A cima – contrário a “de baixo”. Ex.: Costurou a roupa de baixo a cima.

4. Afim / A fim de
A) Afim – semelhança; parentesco; afinidade. Ex.: São duas ideias afins.
B) A fim de – Com o propósito de; com o objetivo de. Ex.: Estudou a fim de passar na prova.

5. Afora / A fora
A) Afora - o mesmo que “fora”; à exceção de; exceto. Ex.: Todos irão, afora você.
B) A fora – com ideia de “para fora”. Também se usa apenas fora. Ex.: Pela vida a fora. Pela vida fora.

6. Aparte / À parte
A) Aparte:
1) Verbo = separar. Ex.: Não aparte os animais.
2) Substantivo = interrupção. Ex.: O orador recebeu um aparte.
B) À parte – Locução adverbial = de lado. Ex.: Isso será marcado à parte.

7. À toa
A) Locução adjetiva = ordinário; desprezível; sem valor. Ex.: Ele é um homem à toa.
B) Locução Adverbial = ao acaso; sem rumo; sem razão. Ex.: Estava à toa na vida. Ele é um homem que reclama à toa.

8. À vontade
A) Locução substantiva = descuido; sem-cerimônia. Ex.: Não parece chefe, tal à vontade com que se dirige aos subalternos. Ex.:
Não me agrada esse à vontade com que você fala.
B) Locução adverbial = sem preocupação; negligentemente. Ex.: Fique à vontade. Sirva-se à vontade. Comi à vontade.

9. Apedido / A pedido
A) Apedido – Substantivo = publicação especial em jornal. Ex.: Li, no jornal, violente apedido do candidato.
B) A pedido – locução Adverbial = rogo. Ex.: Aceite o cargo a pedido do diretor.
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10. Bem-feito / Benfeito / Bem feito!
A) Bem-feito – adjetivo = feito com capricho; elegante. Ex.: Foi um trabalho bem-feito. A modelo tinha um corpo bem-feito.
B) Benfeito – substantivo = benfeitoria. Ex.: Benfeitos no apartamento.
C) Bem feito! – interjeição = expressa contentamento diante de algo negativo acontecido a alguém. Ex.: O gato a arranhou? Bem feito!

11. Bem-posto / bem posto


A) Bem-posto = elegante. Ex.: O noivo apresentou-se muito bem-posto.
B) Bem posto = posto corretamente. Ex.: O botão está bem posto.

12. Boa-vida / Boa vida


A) Boa-vida – um gozador. Ex.: Você é um boa-vida.
B) Boa vida – vida tranquila; vida boa. Ex.: Aposentado, passou a ter boa vida.

13. Abaixo-assinado / Abaixo assinado


A) Abaixo-assinado – documento. Ex.: Os alunos entregaram o abaixo-assinado ao diretor.
B) Abaixo assinado – quem assina embaixo. Ex.: Nós, os abaixo assinados, reclamamos tal situação.

14. Conquanto / Com quanto


A) Conquanto = embora; ainda que. Ex.: Li tudo, conquanto não me interessasse o assunto.
B) Com quanto – indica quantidade. Ex.: Com quanto dinheiro você veio? Não sabe com quanto amigo conta.

15. Contanto / com tanto


A) Contanto = dado que; sob condição de que; uma vez que. Ex.: Contanto que você chegue bem, fico feliz.
B) Com tanto – indica quantidade. Ex.: Já não posso com tanto barulho.

16. Contudo / Com tudo


A) Contudo = porém; mas. Ex.: Poderia falar, contudo preferi ficar calado.
B) Com tudo = preposição + pronome = total. Ex.: Fui embora, ele ficou com tudo.

17. Dantes / De antes


A) Dantes – advérbio = antigamente. Ex.: Dantes se vivia melhor.
B) De antes = preposição + Advérbio = em tempo anterior. Ex.: Os problemas já vêm de antes da guerra.

18. Debaixo / De baixo


A) Debaixo
1) em situação inferior. Ex.: Será bom que caia quando ninguém estiver debaixo.
2) na dependência; em decadência. Ex.: Ficamos debaixo e tivemos que entregar-nos.
3) sob. Ex.: Jaz agora debaixo da terra.
4) no tempo de; por ocasião de. Ex.: Caíram estes sucessos debaixo de outro governo.
5) em situação inferior a. Ex.: Escondem-se debaixo da cama.
B) De baixo
1) a parte inferior. Ex.: Comprei camisa de baixo.
2) contrário a “a cima”. Ex.: Olhou-o de baixo a cima.

19. Demais / De mais


A) Demais
1) pronome indefinido = outros. Ex.: Chame os demais alunos.
2) Advérbio de intensidade = excessivamente. Ele fala demais.
3) palavra continuativa = Além disso. Ex.: Demais, quem trabalhou fui eu.
B) De mais – locução adjetiva = contrário a “de menos”. Ex.: Comi pão de mais. Não tem nada de mais sair cedo.

20. Detrás / De trás


A) Detrás – pela retaguarda. Ex.: Dizer mal de alguém por detrás.
B) De trás – atrás. Ex. Boa educação vem de trás. O palhaço cutucou o colega da frente e o de trás.

21. De vagar / De vagar.


A) Devagar – Lentamente; sem pressa. Ex.: Devagar se vai ao longe.
B) De vagar – de descanso. Ex.: Pinto nos momentos de vagar.
22. Dia a dia
A) locução substantiva = a vida cotidiana. Ex.: O dia a dia preocupa.
B) locução adverbial = Dia após dia; rotineiramente. Ex.: A planta crescia dia a dia.

23. Em vez de / Ao invés de


A) Em vez de = em lugar de. Ex.: Em vez de comprar um sítio, comprou três.
B) Ao invés de = Ao contrário de. Ex.: Ao invés de entrar em sala, saía dela.
24. Enfim / Em fim
A) Enfim = Afinal; finalmente. Ex.: Enfim você chegou.
B) Em fim = no fim. Ex.: Ele está em fim de carreira.
25. Enquanto / em quanto
A) Enquanto – conjunção – Ao passo que (ao mesmo tempo). Ex.: Tu dormes enquanto ele trabalha.
B) Em quanto = preposição + pronome = qual; por quanto. Ex.: Em quanto tempo você vai? Em quanto pode ficar o conserto?
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26. Malcriado / Mal criado
A) Malcriado = sem educação. Ex.: Menino malcriado.
B) Mal criado – tratado mal. Ex.: É um cafezal mal criado.

27. Malgrado / Mau grado


A) Malgrado = apesar de. Ex.: Malgrado o edital, passei.
B) Mau grado
1) contra a vontade. Ex.: Ele trabalha de mau grado.
2) apesar de (se estiver seguido de preposição). Ex.: Mau grado ao tempo, sairei.

28. Nenhum / Nem um


A) Nenhum = Ninguém; nada. Ex.: Nenhum tem razão naquela discussão.
B) Nem um = um só que fosse. Ex.: Não fabricamos, ainda, nem um carro.

29. Porquanto / por quanto


A) Porquanto – conjunção = visto que. Ex.: Apresso-me, porquanto o tempo voa.
B) Por quanto – designa quantidade; preço. Ex.: Não sei por quanto tempo posso contar com sua ajuda. Por quanto venderam a
casa?

30. Portanto / por tanto


A) Portanto – conjunção = logo; assim. Ex.: Nada fazes, portanto nada podes esperar.
B) Por tanto – por este preço; designa quantidade; preço. Ex.: Compro, mas por tanto. Fique com o livro por tanto tempo quanto
necessário.

31. Porventura / Por ventura


A) Porventura = por acaso. Ex.: Avise-me se porventura sair.
B) Por ventura = por sorte. Ex.: Não estudei; passei, por ventura, feliz.

32. Sem-cerimônia / Sem cerimônia


A) Sem-cerimônia = descortesia. Ex.: A sua sem-cerimônia foi excessiva.
B) Sem cerimônia = à vontade. Ex.: Sirva-se sem cerimônia.

33. Sem-fim / sem fim


A) Sem-fim – número ou quantidade indeterminada. Ex.: Foi um sem-fim de bebidas e doces.
B) Sem fim – sem término. Ex.: É uma estrada sem fim.

34. Sem-número / Sem número


A) Sem-número – inumerável; sem conta. Ex.: Tenho um sem-número de novidades.
B) Sem número – ausência de numeração. Ex.: Esta folha está sem número.

35. Se não / Senão


A) Se não
1) conjunção + advérbio = caso não; quando não. Ex.: Se não pagas, não entras. Conciliar tantos interesses conflitantes
parecia tarefa difícil, se não impossível. A grande maioria, se não a totalidade dos acidentes de trabalho, ocorre com
operários sem equipamentos de proteção.
2) conjunção integrante. = isso. Ex.: Perguntei-lhe se não voltava mais. Queríamos saber se não havia perigo.
3) Pronome + advérbio = se não = não se. Ex.: O que se não deve dizer.
B) Senão
1) substantivo = defeito. Ex.: Ela não tem um senão de que possa falar.
2) conjunção = mas também; mas sim. Ex.: Era a melhor da turma, senão de toda a escola.
3) preposição (palavra de exclusão) = exceto; mais do que, a não ser. Ex.: A quem, senão a meu pai, devo recorrer?
4) depois de palavra negativa ou como segundo elemento dos pares aditivos não...senão, não só...senão (também). Ex.:
Nada me dói, senão procuraria médico. Ninguém te viu, senão todos já saberiam. Não só me ajudou, senão também me
hospedou.
5) Conjunção = caso contrário; do contrário. Ex.: Estude, senão não passará no concurso. Não me amoles, senão eu grito.
6) advérbio = de repente; subitamente. Ex.: Eis senão quando irrompe do meio da multidão uma mulher em prantos.

36. Sobretudo / Sobre tudo


A) Sobretudo
1) especialmente; principalmente. Ex.: Estudei muito, sobretudo porque estou querendo passar no colégio.
2) casacão, capa. Ex.: O frio nos obrigou a usar sobretudo.
B) Sobre tudo = a respeito de tudo. Ex.: Eles conversam sobre tudo.
37) Tampouco / Tão pouco
A) Tampouco = também não; nem. Ex.: Ele não estuda tampouco trabalha.
B) Tão pouco = muito pouco. Ex.: Ele estudou tão pouco que não passou.
38. Ao nível de / em nível de
A) Ao nível de = à mesma altura. Ex.: O barco estava ao nível do mar.
B) Em nível de = hierarquia. Ex.: Isso foi resolvido em nível de governo estadual.

39. Ao encontro de / De encontro a


A) Ao encontro de = aproximação. Ex.: As minhas ideias, felizmente, vão ao encontro das suas.
B) De encontro a = posição contrária. Ex.: As minhas ideias, infelizmente, vão de encontro às suas.
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40. Em princípio / A princípio
A) Em princípio = em geral; em tese. Ex.: Em princípio, concordo com tudo isso.
B) A princípio = no início. Ex.: A princípio, eu lecionava inglês; agora, leciono francês.

41. Na medida em que / À medida que


A) Na medida em que = por que; uma vez que. Ex.: A rigor, tal cordialidade não existe na medida em que é apregoada.
B) À medida que = à proporção que. Ex.: À medida que o dólar aumentava, os juros abaixavam.

42. Mais / Mas


A) Mais
1) advérbio. Ex.: As aves não cantam mais. Coma mais!
2) Pronome substantivo = o resto; as outras coisas; outra coisa. Ex.: O importante é a saúde, o mais é secundário. Quanto
ao mais, vai tudo bem. Tenho mais que fazer.
3) nas comparações do tipo mais... do que. Ex.: É mais vantajoso para o Rio desenvolver o turismo do que construir fábricas.
4) Pronome adjetivo. Ex.: Comprei mais livros.
5) preposição = com. Ex.: O pai saiu mais a mãe.
6) conjunção = e. Ex.: Pagou o gás mais a luz.

B) Mas = conjunção adversativa. Ex.: A obra foi bem planejada, mas esqueceram alguns detalhes.

43. Mau / Mal


A) Mau – adjetivo – contrário de bom. Ex.: Homem mau.
B) Mal
1) advérbio – contrário de bem. Ex.: Correu mal.
2) substantivo = a maldade; a doença. Ex.: Ele vencerá o mal.
3) conjunção = logo que; assim que. Ex.: Mal me viu, veio ao meu encontro.

44. Sob / Sobre


A) Sob – dá ideia geral de posição inferior. Ex.: Sob a mesa; sob o aspecto; sob condição de; sob pena de; sob o domínio de; sob a
direção de; sob o governo de; sob forma de; sob medida; sob o pretexto de.
B) Sobre – dá ideia geral de posição acima ou assunto. Ex.: Estar sobre a mesa; Voar sobre o mar. Falar sobre política.

45. Sessão / Seção / Secção / Cessão


A) Sessão – reunião. Ex.: Vamos à sessão das 14h.
B) Seção – variante de Secção = divisão; segmento, setor. Ex.: Seção de jornal, Seção de brinquedos.
C) Secção – de uso restrito = corte; divisão. Ex.: Secção de um osso.
D) Cessão = doar. Ex.: Ele fez a cessão de 10 mil reais.

46. Uso do Porquê.


O uso dos porquês é um assunto muito discutido e traz muitas dúvidas. Com a análise a seguir, pretendemos esclarecer
o emprego dos porquês para que não haja mais imprecisão a respeito desse assunto.
Por que
O por que apresenta dois empregos diferenciados:
Quando for a junção da preposição por + pronome interrogativo ou indefinido que, possuirá o significado de “por
qual razão” ou “por qual motivo”:
Exemplos: Por que você não vai ao cinema? (por qual razão)
Não sei por que não quero ir. (por qual motivo)
Quando for a junção da preposição por + pronome relativo que, possuirá o significado de “pelo qual” e poderá ter
as flexões: pela qual, pelos quais, pelas quais.
Exemplo: Sei bem por que motivo permaneci neste lugar. (pelo qual)
Por quê
Quando vier antes de um ponto, seja final, interrogativo, exclamação, o por quê deverá vir acentuado e
continuará com o significado de “por qual motivo”, “por qual razão”.
Exemplos: Vocês não comeram tudo? Por quê?
Andar cinco quilômetros, por quê? Vamos de carro.
Porque
É conjunção causal ou explicativa, com valor aproximado de “pois”, “uma vez que”, “para que”.
Exemplos: Não fui ao cinema porque tenho que estudar para a prova. (pois)
Não vá fazer intrigas porque prejudicará você mesmo. (uma vez que)
Porquê
É substantivo e tem significado de “o motivo”, “a razão”. Vem acompanhado de artigo, pronome, adjetivo ou
numeral.
Exemplos: O porquê de não estar conversando é porque quero estar concentrada. (motivo)
Diga-me um porquê para não fazer o que devo. (uma razão)

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QUESTÕES SOBRE GÊNEROS TEXTUAIS
1. A carroça sem cavalo
Conta-se que, em noites frias de inverno, descia um forte nevoeiro trazido pelo mar e, nessa noite, ouviam-se muitos
barulhos estranhos. Os moradores da cidade de São Francisco, que é a cidade mais antiga de Santa Catarina, eram acordados de
madrugada com um barulho perturbador. Ao abrirem a janela de casa, os moradores assustavam-se com a cena: viam uma carroça
andando sem cavalo e sem ninguém puxando... Andava sozinha! Na carroça, havia objetos barulhentos, como panelas, bules,
inclusive alguns objetos amarrados do lado de fora da carroça. O medo dominou a pequena cidade. Conta-se ainda que um
carroceiro foi morto a coices pelo seu cavalo, por maltratar o animal. Nas noites de manifestação da assombração, a carroça saía
de um nevoeiro, assustava a população e, depois de um tempo, voltava a desaparecer no nevoeiro.
Disponível em: www.gazetaonline.com.br. Acesso em: 12 dez. 2017 (adaptado).
Considerando-se que os diversos gêneros que circulam na sociedade cumprem uma função social específica, esse texto tem por
função
a) abordar histórias reais.
b) informar acontecimentos.
c) questionar crenças populares.
d) narrar histórias do imaginário social.
e) situar fatos de interesse da sociedade.
2. Montaigne deu o nome para um novo gênero literário; foi dos primeiros a instituir na literatura moderna um espaço privado, o
espaço do “eu”, do texto íntimo. Ele cria um novo processo de escrita filosófica, no qual hesitações. autocríticas, correções entram
no próprio texto.
COELHO, M. Montaigne. São Paulo: Publifolha, 2001 (adaptado).
O novo gênero de escrita aludido no texto é o(a)
a) confissão, que relata experiências de transformação.
b) ensaio, que expõe concepções subjetivas de um tema.
c) carta, que comunica informações para um conhecido.
d) meditação, que propõe preparações para o conhecimento.
e) diálogo, que discute assuntos com diferentes interlocutores.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia a fábula "O gato e a barata", de Millôr Fernandes.
A baratinha velha subiu pelo pé do copo que, ainda com um pouco de vinho, tinha sido largado a um canto da cozinha, desceu
pela parte de dentro e começou a lambiscar o vinho. Dada a pequena distância que nas baratas vai da boca ao cérebro, o álcool lhe subiu
logo a este. Bêbada, a baratinha caiu dentro do copo. Debateu-se, bebeu mais vinho, ficou mais tonta, debateu-se mais, bebeu mais, tonteou
mais e já quase morria quando deparou com o carão do gato doméstico que sorria de sua aflição, do alto do copo.
– Gatinho, meu gatinho –, pediu ela – me salva, me salva. Me salva que assim que eu sair daqui eu deixo você me engolir
inteirinha, como você gosta. Me salva.
– Você deixa mesmo eu engolir você? – disse o gato.
– Me saaaalva! – implorou a baratinha. – Eu prometo.
O gato então virou o copo com uma pata, o líquido escorreu e com ele a baratinha que, assim que se viu no chão, saiu
correndo para o buraco mais perto, onde caiu na gargalhada.
– Que é isso? – perguntou o gato. – Você não vai sair daí e cumprir sua promessa? Você disse que deixaria eu comer você inteira.
– Ah, ah, ah – riu então a barata, sem poder se conter. – E você é tão imbecil a ponto de acreditar na promessa de uma
barata velha e bêbada?
Moral: Às vezes a autodepreciação nos livra do pelotão.
(Diana Luz Pessoa de Barros. Teoria semiótica do texto, 2005.)

3. A função do texto, considerado o gênero a que pertence, é sobretudo


a) fazer uma crítica política.
b) transmitir um ensinamento.
c) satirizar comportamentos humanos.
d) humanizar os animais.
e) divertir o leitor.

4. Cartas se caracterizam por serem textos efêmeros, inscritas no tempo de sua produção e escritas, muitas vezes, no papel que
se tem à mão. Por isso, frequentemente, salvo um esforço dos próprios missivistas ou de terceiros, preocupados em preservá-las,
facilmente desaparecem, seja pelo corriqueiro de seu conteúdo, seja pela sua fragilidade material. Nem sempre é assim, porém.
Temos assistido, nestas duas décadas do século XXI, a um grande interesse pelas chamadas écritures du moi (“escritas do eu”, na
expressão de Georges Gusdorf): nunca se estudaram tantas memórias, diários, cartas, quanto nesses últimos tempos. Publicações
de memórias, diários, cartas sempre houve. Estudos, no entanto, que os enxergassem como objetos de pesquisa, e não como
auxiliares para a interpretação da obra de um escritor, como protagonistas, e não como coadjuvantes, eram raros.
Nesse sentido, engana-se quem abre o volume Cartas provincianas: correspondência entre Gilberto Freyre e Manuel Bandeira,
lançado pela Global Editora, e julga deparar-se apenas com um livro de cartas. A organizadora preocupou-se em contextualizar
cada uma das 68 cartas, em um trabalho cuidadoso e pormenorizado de reconstituição das condições de produção de cada uma
delas, um verdadeiro resgate.
TIN, E. Diálogos intermitentes. Pesquisa Fapesp, n. 259, set. 2017.

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De acordo com o texto, o gênero carta tem assumido a função social de material de cunho científico por

a) constituir-se em um registro pessoal do estilo de escrita de autores famosos.


b) ser fonte de informações sobre os interlocutores envolvidos na interação.
c) assumir uma materialidade resistente ao aspecto efêmero do tempo.
d) ser um registro de um momento histórico social mais amplo.
e) fazer parte do acervo literário do país.

5.

Esse anúncio publicitário propõe soluções para um problema social recorrente, ao

a) promover ações de conscientização para reduzir a violência de gênero em eventos esportivos.


b) estimular o compartilhamento de políticas públicas sobre a igualdade de gênero no esporte.
c) divulgar para a população as novas regras complementares para as torcidas de futebol.
d) informar ao público masculino as consequências de condutas ofensivas.
e) regulamentar normas de boa convivência nos estádios.

6.

Nesse texto, o entrelaçamento de vários gêneros textuais é um mecanismo discursivo para

a) destacar a fidelidade dos cães.


b) realçar as vantagens de se adotar um cão.
c) mostrar a dependência decorrente do amor aos cães.
d) enfatizar o interesse das pessoas pela adoção de cães.
e) sensibilizar a comunidade sobre a carência dos cães.
- 73 -
7. Epitáfio

Devia ter amado mais


Ter chorado mais
Ter visto o sol nascer
Devia ter arriscado mais
E até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer

Queria ter aceitado


As pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria
E a dor que traz no coração

[...]

Devia ter complicado menos


Trabalhado menos
Ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos
Com problemas pequenos
Ter morrido de amor

BRITTO, S. A melhor banda de todos os tempos da última semana.


Rio de Janeiro: Abril Music, 2001 (fragmento).

O gênero epitáfio, palavra que significa uma inscrição colocada sobre lápides, tem a função social de homenagear os mortos. Nesse
texto, a apropriação desse gênero no título da letra da canção cria o efeito de

a) destacar a importância de uma pessoa falecida.


b) expressar desejo de reversão de atitudes.
c) registrar as características pessoais.
d) homenagear as pessoas sepultadas.
e) sugerir notações para lápides.

8. Caminhando contra o vento,


Sem lenço e sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou

O sol se reparte em crimes


Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou

Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bombas e Brigitte Bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou

VELOSO, C. Alegria, alegria. In: Caetano Veloso. São Paulo: Phillips, 1967 (fragmento).

É comum coexistirem sequências tipológicas em um mesmo gênero textual. Nesse fragmento, os tipos textuais que se destacam na
organização temática são

a) descritivo e argumentativo, pois o enunciador detalha cada lugar por onde passa, argumentando contra a violência urbana.
b) dissertativo e argumentativo, pois o enunciador apresenta seu ponto de vista sobre as notícias relativas à cidade.
c) expositivo e injuntivo, pois o enunciador fala de seus estados físicos e psicológicos e interage com a mulher amada.
d) narrativo e descritivo, pois o enunciador conta sobre suas andanças pelas ruas da cidade ao mesmo tempo que a descreve.
e) narrativo e injuntivo, pois o enunciador ensina o interlocutor como andar pelas ruas da cidade contando sobre sua própria
experiência.

- 74 -
9.

O gênero capa de livro tem, entre outras, a função de antecipar uma possível leitura a ser feita da obra em questão. Pela leitura
dessa capa, infere-se que seu criador teve como propósito

a) criticar a alienação das crianças promovida pela forte presença das mídias de massa em seu cotidiano.
b) alertar os pais sobre a má influência das tecnologias para o desenvolvimento infantil.
c) satirizar o nível de criatividade de meninos isolados do convívio com seu grupo.
d) condenar o uso recorrente de aparatos eletrônicos pelos jovens na atualidade.
e) censurar o comportamento dos pais em relação à educação dada aos filhos.

10. Texto I

Texto II

O que levou Marta, seis vezes a melhor do mundo, a enfrentar a Austrália de chuteiras pretas? Adianto, não foi o futebol “raiz”. Marta
não fechou patrocínio com nenhuma das gigantes do mercado esportivo. Não recebeu nenhuma proposta à altura do seu futebol.
Isso diz muito sobre o machismo no esporte. A partir disso, a atleta decidiu calçar a luta pela diversidade.
(Fonte: https://www.hypeness.com.br/2019/06/chuteira-sem-logo-e-com-simbolo-de-igualdade-de-genero-foi-mais-um-golaco-de-
marta/. Acessado em 18/06/2019.)

Considerando o tweet e o texto acima, é correto afirmar que a atleta

a) enfrentou o time adversário com chuteiras pretas, mesmo que não tenha sido influenciada pelo futebol “raiz”.
b) usou chuteiras sem logotipo e luta pela igualdade de gênero no esporte, mesmo sendo considerada seis vezes a melhor do
mundo.
c) não recebeu patrocínio de nenhuma grande empresa, embora a chuteira preta sem logotipo simbolize o futebol “raiz”.
d) optou por lutar contra o machismo no esporte, embora as propostas de patrocínio não tenham considerado seu valor.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia a tirinha para responder à(s) questão(ões) abaixo.

- 75 -
11. Considere as seguintes afirmações:
I. O menino questiona a mãe sobre o efeito estufa.
II. O trecho “Eles dizem que os poluentes que jogamos no ar vão impedir a saída do calor do sol e derreter a camada de gelo polar”
apresenta um discurso indireto.
III. Quanto ao gênero, o texto trata-se de uma tirinha.
Estão corretas as afirmativas
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e III.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
Só o ensino superior salva
Sou do tipo que chora. Batizado, casamento*, mas principalmente formatura. Como é bonita a chance e o cumprimento do
estudo. Pra todo mundo, universal mesmo. 1Imagina a oportunidade a quem só poderia se formar em escola pública. De arrepiar.
Por isso comemoro aqui o diploma de mais 423 alunos da URCA, a Universidade Regional do Cariri, conforme leio no site “Miséria”,
o jornal da minha aldeia universalíssima. A festa foi nesta quinta (08/08) e haja 2orgulho na gente de pequenas cidades e da roça
nos arredores da Chapada do Araripe. São 12,5 mil alunos nesta escola mantida pelo governo cearense.
Sou do tipo que chora com o ensino público e gratuito e a chance para quem vem lá do mato. Na formatura da 3URCA,
haja primos, 4pense num povo metido, né, 5ave palavra, que orgulho enquadrado na parede. Pense numa “balbúrdia”, 6esse povo
“lá de nós”, como na bendita 7linguagem caririense, 8formada em Artes Visuais, Biologia, Ciências Econômicas, Ciências Sociais,
Direito, Enfermagem, Educação Física, Engenharia de Produção, Física, Geografia, História, Letras, Matemática, Pedagogia, Teatro
e Tecnologia da Construção Civil. Pense!
E mais orgulhosamente ainda 9vos digo: a URCA, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep), 10viva o gênio Anísio Teixeira, tem a menor taxa de evasão universitária do Brasil, apenas 4,47%. Como a
turma dá valor ao candeeiro iluminista sertões adentro. Choro um Orós inteiro e ainda derramo minhas lágrimas no Jaguaribe, rio
11que constava nos meus livros didáticos como o “rio mais seco do mundo”. 12Desculpa aí, hoje só 13venho 14com as grandezas.

Hoje, se eu pudesse, faria você também refletir com um discurso na linha do David Foster Wallace (1962-2008). Aquela
sua fala como paraninfo de uma turma de formandos americanos do Kenyon College, em 2005, Gambier, Ohio. Ele escreveu uma
singularíssima fábula sobre — 15repare só! — dois peixinhos e a água. Recomendo a leitura. O texto está no livro Ficando longe do
fato de já estar meio que longe de 16tudo (Companhia das Letras).
De Ohio ao Cariri. Além da URCA, em 2013 conquistamos (nada é de graça) a UFCA, a brava Universidade Federal do
Cariri. 17Era um facho, uma fogueira, era um candeeiro, era uma lamparina, era uma luminária a gás butano, fez-se a luz, pardon
matriz iluminista, perdão Paris, mas o mundo e o futuro 18será de um certo Cariri que peleja, aprende a preservar e estuda, somos
a própria ideia viva de Patrimônio Universal da Humanidade, só falta o referendo da Unesco — escuto os mestres do Reizado ao
fundo, que batuque afro-indígena-futurista.
[...]
Só deixo o meu Cariri, no último pau-de-arara. Qual o quê, corri léguas rodoviárias, rumo ao Recife, a bordo da viação
Princesa do Agreste, ainda no comecinho dos anos 1980. Espírito beatnik, por desejo e necessidade, deixei Juazeiro — onde morava
—, o Crato de nascença, a Santana (Sítio das Cobras) afetiva de infância e a Nova Olinda das primeiras letras. Seria o primeiro
representante do clã (risos rurais amarcodianos) dos Sá-Menezes-Freire-Novais, família meio pernambucana meio cearense, a
chegar ao ensino superior. Um Xicobrás, diria, 100% escolha pública, do primário ao campus da UFPE. Hoje tenho uma penca de
primos a cada nova formatura, sem precisar sequer sair dos arredores de casa.
E pensar que não havia a 19ideia de universidade no meu terreiro. Nada disso do que hoje comemoro com os formandos
da URCA e UFCA. [...].
Só nos resta defender [...]. Sem sequer o direito ao 20VAR (olho no lance) da história. 21jmmmmmmmmmmmkk kkll l
çnçççlllçlxsp. Eita, desculpa, caro leitor, pela incompreensão da escrita, é que minha filha Irene invadiu esta crônica — tentando ver
a Pepa Pig — e dedilhou involuntariamente estas mal-traçadas linhas. [...]
Texto adaptado de Xico Sá, publicado em 10 ago. 2019. Disponível em:
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/10/opinion/1565450440_001442.html. Acesso em: 14 ago. 2019
* Os termos sublinhados neste texto representam hyperlinks no texto original publicado no sítio eletrônico do jornal El País. Conforme
o dicionário Michaelis, hyperlink é, “no contexto da hipermídia e do hipertexto, endereço que aparece em destaque (geralmente
sublinhado ou apresentado em uma cor diferente) e que, a um clique no mouse, permite a conexão com outro site”.

12. Julgue o que se afirma sobre o texto em relação ao seu gênero textual.
I. O uso de termos e de expressões próprios da língua coloquial associados à língua culta tem por finalidade a aproximação com o
leitor ao apresentar o assunto com menor grau de formalidade.
II. As interjeições ave (referência 5) e viva (referência 10) reproduzem o entusiasmo que toma conta do narrador em virtude da
formatura de 423 alunos em uma universidade regional da sua terra natal.
III. A utilização de expressões da linguagem informal e a referência a outros textos, bem como a presença de hyperlinks na
publicação original, não são recursos próprios do gênero textual crônica.
Estão corretas as afirmativas
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e III.
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13. Leia o texto a seguir, publicado no Instagram e em um livro do @akapoeta João Doederlein.

A ressignificação de estrela ocorre porque o verbete apresenta


a) diversas acepções dessa palavra de modo amplo, literal e descritivo.
b) cinco definições da palavra relativas à realidade e uma definição figurada.
c) vários contextos de uso que evidenciam o caráter expositivo do gênero verbete.
d) uma entrada formal de dicionário e acepções que expressam visões particulares.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Sons que confortam
Martha Medeiros
1
Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu um colapso cardíaco. 2Só estavam os três na casa: o pai, a mãe e ele, um garoto de 13
anos. Chamaram o médico da família. 3E aguardaram. E aguardaram. E aguardaram. 4Até que o garoto escutou um barulho lá fora. É ele
que conta, hoje, adulto: 5Nunca na vida ouvira um som mais lindo, mais calmante, do que os pneus daquele carro amassando as folhas de
outono empilhadas junto ao meio-fio.
6
Inesquecível, para o menino, foi ouvir o som do carro do médico se aproximando, o homem que salvaria seu pai. Na mesma hora em que
li esse relato, imaginei um sem-número de sons que nos confortam. A começar pelo choro na sala de parto. Seu filho nasceu. E o mais
aliviante para pais que possuem adolescentes baladeiros: 7o barulho da chave abrindo a fechadura da porta. Seu filho voltou.
E pode parecer mórbido para uns, masoquismo para outros, mas há quem mate a saudade assim: ouvindo pela enésima vez 8o recado na
secretária eletrônica de alguém que já morreu.
Deixando a categoria dos sons magnânimos para a dos sons cotidianos: a voz no alto-falante do aeroporto dizendo que a aeronave já se
encontra em solo e o embarque será feito dentro de poucos minutos.
9
O sinal, dentro do teatro, avisando que as luzes serão apagadas e o espetáculo irá começar.
10
O telefone tocando exatamente no horário que se espera, conforme o combinado. Até a musiquinha que antecede a chamada a cobrar
pode ser bem-vinda, se for grande a ansiedade para se falar com alguém distante.
O barulho da chuva forte no meio da madrugada, quando você está no quentinho da sua cama.
Uma conversa em outro idioma na mesa ao lado da sua, provocando a falsa sensação de que você está viajando, de férias em algum lugar
estrangeiro. E estando em algum lugar estrangeiro, ouvir o seu idioma natal sendo falado por alguém que passou, fazendo você lembrar
que o mundo não é tão vasto assim.
11
O toque do interfone quando se aguarda ansiosamente a chegada do namorado. Ou mesmo a chegada da pizza.
O aviso sonoro de que entrou um torpedo no seu celular.
12
A sirene da fábrica anunciando o fim de mais um dia de trabalho.
13
O sinal da hora do recreio.
14
A música que você mais gosta tocando no rádio do carro. Aumente o volume.
O aplauso depois que você, nervoso, falou em público para dezenas de desconhecidos.
15
O primeiro eu te amo dito por quem você também começou a amar.
E o mais raro de todos: o silêncio absoluto.
MEDEIROS, Martha. Feliz por nada. São Paulo: L&PM Editores, 2011.

14. Em função de uma linguagem mais simples e coloquial, a crônica, muitas vezes, pode “desrespeitar” a norma gramatical própria do
uso culto da escrita formal da língua, o que pode ser observado no texto de Martha Medeiros na seguinte passagem:
a) “Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu um colapso cardíaco” (ref. 1), em que, gramaticalmente, o verbo “ser”, indicando tempo,
não varia em número para concordar com “quatro da manhã”.
b) “Até a musiquinha que antecede a chamada a cobrar pode ser bem-vinda” (ref. 10), em que o verbo “anteceder” exige um complemento
com preposição.
c) “A música que você mais gosta tocando no rádio do carro” (ref. 14), em que a regência do verbo “gostar” não é obedecida.
d) “O toque do interfone quando se aguarda ansiosamente a chegada do namorado” (ref. 11), em que a expressão “a chegada’ deveria vir
com o acento indicativo de crase, já que o verbo “aguardar” exige complemento com a preposição “a”, bem como o artigo que acompanha
o substantivo é do gênero feminino.
- 77 -
15. Se quer medir forças, sei que eu me garanto,
Sem conversa frouxa, sem me olhar de canto,
Fecha a boca, ouça, eu não tô brincando,
Sua estratégia é fraca, já vou chegar te derrubando.
CONKA, Karol. Karol Conka. Download digital, 2001.
Karol Conka é uma rapper brasileira reconhecida por canções que exaltam a mulher. No refrão de Me garanto, de sua autoria, a
forma tô
a) representa uma inadequação ao grau de formalidade exigido pela letra da canção, um gênero escrito que circula oralmente em
contextos públicos.
b) caracteriza uma variedade linguística estigmatizada, já que, no Brasil, o rap está associado a comunidades socialmente
marginalizadas.
c) desmistifica a dicotomia entre a fala e a escrita, visto que figura em um gênero que apresenta um meio de produção sonoro e
uma concepção discursiva gráfica.
d) indicia a inclusão de uma variante típica da fala informal à norma padrão, visto que figura em um texto escrito formal.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


NO MEIO DO CAMINHO
O homem ia andando e encontrou uma pedra no meio do caminho. Milhões de homens encontram uma pedra no caminho
e dela se esquecem. Um poeta, que talvez nunca tenha encontrado pedra nenhuma, que fatalmente esqueceu muitas coisas,
esqueceu caminhos que andou e pedras que não encontrou, fez um poema dizendo que nunca esqueceria a pedra encontrada no
meio do caminho.
1Se a rosa é uma rosa, a pedra deveria ser uma pedra, mas nem sempre é. No meu primeiro dia de escola, da qual seria

expulso por não saber falar o mínimo que se espera de uma criança, minha tia e madrinha, que nós chamávamos de Doneta, mas
tinha outro nome do qual me esqueci, levou-me pela mão em silêncio, e em silêncio ia eu, sem saber o que representava o primeiro
dia de escola.
Quando percebi o que seria aquilo – misturar-me a meninos estranhos e ferozes, ficar longe de casa e da mão da minha
tia e madrinha – entrei a espernear, aos berros – aos quais mais tarde renunciaria por inúteis.
Foi então que a tia e madrinha definiu a situação, dizendo com sabedoria: “São os abrolhos, meu filho”.
Sim, os abrolhos começaram e até hoje não acabaram. Não sei bem o que é um abrolho, mas deve ser uma pedra no
caminho da gente. A diferença mais substancial é que bastou uma pedra no meio do caminho para que um poeta dela não se
esquecesse.
Não sendo poeta, não me lembro de ter topado com pedra nenhuma no meio do caminho. Mas, em matéria de abrolhos,
sou douto. Mesmo não sabendo em que consiste um abrolho.
Como disse acima, tiraram-me daquele abrolho inicial porque não sabia falar. Aprendi a escrever mal e porcamente, e os
abrolhos vieram em legião. Faço força para esquecê-los, mas volta e meia penso que seria melhor encontrar uma pedra no meio do
caminho.
CARLOS HEITOR CONY
Folha de São Paulo, 05/05/2002.
16. A crônica é um gênero que se apresenta em diferentes tipos textuais.
Na crônica de Carlos Heitor Cony, características típicas da narração são predominantes nos seguintes parágrafos:
a) 1º parágrafo.
b) 3º e 4º parágrafos.
c) 5º e 6º parágrafos.
d) último parágrafo.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir.
EU TENHO UM SONHO
Estou contente de me reunir com vocês nesta que será conhecida como a maior demonstração pela liberdade na história
de nossa nação.
Há dez décadas, um grande americano, sob cuja sombra simbólica nos encontramos hoje, assinou a Proclamação da
Emancipação. Esse magnífico decreto surgiu como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que arderam
nas chamas da árida injustiça. Ele surgiu como uma aurora de júbilo para pôr fim à longa noite de cativeiro.
Mas cem anos depois, o negro ainda não é livre. Cem anos depois, a vida do negro ainda está tristemente debilitada pelas
algemas da segregação e pelos grilhões da discriminação. Cem anos depois, o negro vive isolado numa ilha de pobreza em meio a
um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o negro ainda vive abandonado nos recantos da sociedade na
América, exilado em sua própria terra. Assim, hoje viemos aqui para representar a nossa vergonhosa condição.
De uma certa forma, viemos à capital da nação para descontar um cheque. Quando os arquitetos da nossa república
escreveram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota
promissória da qual todos os americanos seriam herdeiros. A nota era uma promessa de que todos os homens, sim, negros e
brancos igualmente, teriam garantidos os “direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à busca da felicidade”. É óbvio neste momento
que, no que diz respeito aos seus cidadãos de cor, a América não pagou essa promessa. Em vez de honrar a sagrada obrigação, a
América entregou à população negra, um cheque que voltou com o carimbo de “sem fundos”.
No entanto, recusamos a acreditar que o banco da justiça esteja falido. Recusamos a acreditar que não haja fundos
suficientes nos grandes cofres de oportunidade desta nação. E, assim, viemos descontar esse cheque, um cheque que nos garantirá,
sob demanda, as riquezas da liberdade e a segurança da justiça.

- 78 -
[...]
Não ficaremos satisfeitos enquanto o negro for vítima dos inenarráveis horrores da brutalidade policial. [...] Não ficaremos
satisfeitos enquanto nossos filhos forem despidos de sua personalidade e tiverem a sua dignidade roubada por cartazes com os
dizeres “só para brancos”. [...] Não estamos satisfeitos e nem ficaremos satisfeitos até que “a justiça jorre como uma fonte; e a
equidade, como uma poderosa correnteza”.
E digo-lhes hoje, meus amigos, mesmo diante das dificuldades de hoje e de amanhã, ainda tenho um sonho, um sonho
profundamente enraizado no sonho americano.
Eu tenho um sonho de que um dia esta nação se erguerá e experimentará o verdadeiro significado de sua crença:
“Acreditamos que essas verdades são evidentes, que todos os homens são criados iguais”.
[...]
Eu tenho um sonho de que os meus quatro filhos pequenos viverão um dia numa nação onde não serão julgados pela cor
de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. [...]

KING JR., Martin Luther. Em: ABAURRE, M.L.M.; ABAURRE, M. B. M.; PONTARA, M. Português: contexto interlocução e sentido.
São Paulo: Moderna, 2016. Vol. I
17. Entre os gêneros típicos da oralidade, o discurso é normalmente escrito para, somente depois, ser falado. A partir dessa informação e
conhecendo o contexto em que o texto foi produzido, assim como seus prováveis interlocutores, avalie as afirmações a seguir.
I. O autor utiliza, em alguns trechos do discurso, a primeira pessoa do singular. Tal escolha adequa-se ao gênero e funciona como estratégia
de convencimento do público.
II. No 4º e 5º parágrafos, a Constituição e a Declaração da Independência são comparadas a um cheque ou nota promissória. Como o
discurso não é um texto literário, o uso dessa analogia pode dificultar a compreensão dos interlocutores.
III. No 3º e 6º parágrafos, há a recorrência das expressões “cem anos depois” e “não ficaremos satisfeitos”, respectivamente. Essa repetição
é característica exclusiva do texto falado proferido sem planejamento prévio.
IV. Em “E digo-lhes hoje, meus amigos” (7º parágrafo), a expressão destacada empresta ao discurso um tom menos formal, lembrando um
diálogo. Essa é uma importante estratégia de convencimento do público.
V. Ainda no mesmo trecho: “E digo-lhes hoje, meus amigos” (7º parágrafo), a ênclise (pronome depois do verbo), embora gramaticalmente
adequada, caracteriza o discurso como um texto eloquente e formal, típico de gêneros falados.
Estão CORRETAS, apenas, as afirmativas
a) I e IV.
b) II e III.
c) I, III e IV.
d) III, IV e V.
e) I e V.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:


Leia o texto abaixo para responder a(s) questão(ões) a seguir.
A GRAMA DO VIZINHO
Martha Medeiros
Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma.
Estamos todos no mesmo barco.
Há no ar certo queixume sem razões muito claras.
Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim elas
trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem.
De onde vem isso? Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que
dizia: “Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento”.
Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o
qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros
são, ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.
As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e
falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não
dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na
verdade a festa lá fora não está tão animada assim. Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde
coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no
escuro, alternadamente.
Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados.
Pra consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores.
“Nunca conheci quem tivesse levado porrada/ todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”.
Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele escreveu estes
versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta. Nesta era de exaltação de
celebridades – reais e inventadas – fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas, tem. Paz interior, amigos leais,
nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. Ou será que é tão divertido
passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a vida comendo
alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai
de casa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá pintando as
unhas do pé? Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista.
As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.
Fonte: Disponível em: http://www.refletirpararefletir.com.br/4-cronicas-de-marthamedeiros.
Acesso em 12/09/2017, às 15h13.

- 79 -
18. Segundo a estrutura composicional do texto A grama do vizinho, podemos afirmar que temos o seguinte gênero:

a) Editorial.
b) Artigo de opinião.
c) Crônica.
d) Parábola.
e) Anedota.

19. O texto traz questões intimistas tratadas pela autora. Em gêneros dessa natureza, é comum os autores disporem de passagens
metafóricas, relacionadas às trivialidades da vida. No trecho: “As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.”,
pode-se inferir que a autora utiliza uma linguagem

a) denotativa para se referir à sua casa.


b) figurada para tratar sobre a sua terra natal.
c) denotativa para demonstrar que o apartamento dela não é próprio.
d) conotativa para se mostrar perdida em seu lar.
e) conotativa para se referir à sua introspecção, ao seu interior.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Texto para a(s) questão(ões) a seguir.

Carta do escritor Graciliano Ramos ao pintor Cândido Portinari

Rio – 18 – Fevereiro – 1946


1Caríssimo Portinari:

A sua carta chegou muito atrasada, e receio que 2esta resposta já não 3o ache 4fixando na tela a nossa pobre gente da
roça. Não há trabalho mais digno, penso eu. 5Dizem que somos pessimistas e exibimos deformações; 6contudo as deformações e
miséria existem fora da arte e são cultivadas pelos que nos censuram.
O que às vezes pergunto 7a mim mesmo, com angústia, Portinari, é 8isto: se elas desaparecessem, poderíamos continuar
a trabalhar? Desejamos realmente que elas desapareçam ou seremos também uns exploradores, tão perversos como os outros,
quando expomos desgraças? Dos quadros que você mostrou 9quando almocei no Cosme Velho pela última vez, o que mais me
comoveu foi aquela mãe com a criança morta. Saí de sua casa com um pensamento horrível: numa sociedade sem classes e sem
miséria seria possível fazer-se aquilo? Numa vida tranquila e feliz que espécie de arte surgiria? Chego a pensar que faríamos
cromos, anjinhos cor-de-rosa, e isto me horroriza.
Felizmente a dor existirá sempre, a 10nossa velha amiga, nada a suprimirá. E 11seríamos ingratos se 12desejássemos a
supressão dela, não 13lhe parece? Veja como os nossos ricaços em geral são burros.
Julgo naturalmente que seria bom enforcá-los, mas se isto nos trouxesse tranquilidade e felicidade, eu ficaria bem
desgostoso, porque não nascemos para tal sensaboria. O meu desejo é que, eliminados os ricos de qualquer modo e os sofrimentos
causados por eles, venham novos sofrimentos, 14pois sem isto não temos arte.
E adeus,15 meu grande Portinari. Muitos abraços para você e para Maria.

Graciliano

sensaboria: contratempo, monotonia

20. Observe as afirmações:

I. A carta apresentada para leitura pertence a um gênero do discurso do domínio discursivo interpessoal, por isso prevê, em sua
própria elaboração, uma interlocução entre emissor e destinatário, com papéis bem definidos.
II. A carta apresentada para leitura é classificada como um discurso aberto, dirigido não a um leitor-interlocutor específico, mas a
um conjunto de leitores virtuais com o objetivo de expressar opiniões e denunciar ações negativas.
III. Na carta apresentada para leitura, pode ser assinalada, entre outras, a presença das funções emotiva (na manifestação de
sentimentos do emissor), conativa (no endereçamento das mensagens ao destinatário) e referencial (no tratamento de assuntos
específicos).

Assinale a alternativa correta.

a) Estão corretas as afirmações I e II.


b) Estão corretas as afirmações I e III.
c) Estão corretas as afirmações II e III.
d) Todas as afirmações estão corretas.
e) Nenhuma das afirmações está correta.

- 80 -
Gabarito:

Resposta da questão 1:[D]

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia]


As narrativas populares compõem um importante elemento da cultura de um povo. Elas de alguma forma revelam as representações
coletivas que servem para cristalizar práticas comuns do convívio social dos indivíduos.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]


O artigo relata um fato de temática inusitada e com um toque de fantástico, recursos bastante comuns em narrativas populares de
tradição oral, conhecidas também como “causos”, cuja etimologia é proveniente do cruzamento de caso e causa. No Brasil, esse
tipo de contos recebeu influência de indígenas, africanos e portugueses, representando uma importante fonte de identidade cultural
e social, preservação da memória, união de gerações e interação de grupos. Assim, é correta a opção [D].

Resposta da questão 2:[B]

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Português]


O artigo faz referência a um novo gênero literário em que, além de considerações filosóficas sobre determinado assunto, o autor
manifesta também subjetividade ao incluir hesitações, autocríticas e correções. Ou seja, Montaigne inclui "o espaço do eu" na
exposição de ideias e pontos de vista sem a pretensão de explorar o tema de forma conclusiva, traço característico de um texto
opinativo, como o ensaio. Assim, é correta a opção [B].
[Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia]
O ensaio corresponde a um gênero de escrito que tem sido muito utilizado por pensadores sociais. Por ser mais fluido e não
necessitar de tantas referências bibliográficas, costuma permitir que sejam criadas conexões de pensamento mais livres.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Filosofia]


A escrita filosófica inaugurada por Montaigne reflete um novo contexto da produção no campo da filosofia, que a época moderna
possibilita ao trazer para as discussões e reflexões questões humanistas. Assim, ao inaugurar esse “espaço do eu” na escrita
filosófica, Montaigne apresenta reflexões e análises subjetivas na produção acerca dos temas da época a partir de seus ensaios.

Resposta da questão 3:[B]

Considerado o gênero fábula a que pertence o texto, composição literária em que personagens com características humanas
apresentam caráter instrutivo, é possível deduzir que sua função é transmitir um ensinamento, como se afirma em [B].

Resposta da questão 4:[E]

No último período do texto, o autor afirma que a organizadora das cartas trocadas entre Gilberto Freyre e Manuel Bandeira
preocupou-se em contextualizar cada uma, “em um trabalho cuidadoso e pormenorizado de reconstituição das condições de
produção de cada uma delas”. Desta forma, por fazer parte do acervo literário do país, o gênero cartas tem ido além do estudo de
interpretação da obra dos autores para assumir também a função social de material de cunho histórico científico. Assim, é correta
a opção [E].

Resposta da questão 5:[A]

A mensagem veiculada no anúncio faz uso da função conativa para influenciar e persuadir o destinatário a respeitar as mulheres
em eventos esportivos. Os sinais que apontam para o que deve ou não ser admitido durante o jogo precedem o apelo às mulheres
para que denunciem qualquer tipo de comportamento desrespeitoso ou agressivo. Assim, é correta a opção [A].

Resposta da questão 6:[B]

A caracterização do sentimento amoroso em forma de bula de remédio, recomendado para quem sofre de solidão ou qualquer tipo
de carência afetiva e a imagem de um cartaz de campanha para adoção de cães do canil municipal da prefeitura de Florianópolis
têm como objetivo sensibilizar a população para as vantagens emocionais produzidas em quem adota um cão. Assim, é correta a
opção [B].

Resposta da questão 7:[B]

A canção trata de vários desejos do eu lírico que não foram realizados durante a sua vida. Assim, a apropriação do gênero “Epitáfio”
no título da letra da canção cria o efeito de expressar desejo de reversão de atitudes: tudo aquilo que ele queria ter feito ao longo
da vida, mas não fez.

Resposta da questão 8:[D]

É correta a opção [D], pois a letra da canção trabalha, simultaneamente, os gêneros narrativo, quando o eu lírico relata as suas
andanças pela cidade, e o descritivo, quando expõe detalhes que a caracterizam.

- 81 -
Resposta da questão 9:[A]

Ao analisar o título do livro, “O menino sem imaginação”, é possível fazer já um recorte da característica do personagem abordado
– ausência de imaginação. Essa leitura se complementa com a imagem apresentada: uma televisão com pernas, simbolizando,
assim, a figura do menino que seria “formado” unicamente pela televisão, isto é, pela presença das mídias de massa, afetando sua
capacidade imaginativa. O balão que sai da televisão também simboliza esse vazio.
Assim, leitura cruzada entre os elementos verbais e não verbais permite concluir que o livro busca criticar a alienação das crianças
promovida pela forte presença das mídias de massa em seu cotidiano.

Resposta da questão 10: [B]

A expressão indignada da jogadora Marta, “seis vezes a melhor do mundo”, e o seu gesto de exibir ostensivamente uma chuteira
preta sem logotipo que identificasse um patrocinador, denuncia o fato de que a mulher, além da disputa em jogo com o adversário,
ainda tem de lutar contra o machismo no esporte. Assim, é correta a opção [B].
Resposta da questão 11: [D]

Todas as afirmativas estão corretas.

Resposta da questão 12: [A]

[III] Incorreta: por tratar de fatos cotidianos, o uso de expressões da linguagem informal não se descola do gênero crônica.

Resposta da questão 13: [D]

O fato de o título do poema estar destacado à esquerda e apresentar uma abreviatura típica de entrada de palavra em dicionário ou
enciclopédia permite deduzir informações sobre o assunto, mas, neste caso, de caráter subjetivo e metafórico, típico da linguagem
poética. Assim, é correta a opção [D].

Resposta da questão 14: [C]

O verbo “gostar” é regido pela preposição “de”, dessa forma, o período em [C] deveria ser escrito como “A música DE que você mais
gosta tocando no rádio do carro” para respeitar as regras do uso formal da língua.

Resposta da questão 15: [C]

Embora a canção esteja escrita, ela será cantada, assim, a princípio, vemos uma dicotomia fala  escrita. No entanto, esta é
desmistificada, uma vez que na própria escrita é usada uma linguagem coloquial, própria da fala, como expresso pela forma “tô”.

Resposta da questão 16: [B]

Nos parágrafos 3 e 4, Carlos Heitor Cony narra como foi a sua experiência ao chegar na escola, trazendo à tona as ações e os
sentimentos suscitados por elas, os “personagens” envolvidos, o tempo e o espaço em que essas ações se passaram.

Resposta da questão 17: [A]

[II] O uso de tal analogia não dificulta a compreensão do texto, pelo contrário, torna-o mais palpável.
[III] Essa repetição também faz parte do planejamento, já que é construída a partir de uma intenção. Trata-se de uma repetição
expressiva, utilizada para dar ênfase no fato de que mesmo com o passar dos anos a desigualdade se mantém.
[IV] Os gêneros falados costumam valer-se de um discurso mais informal e coloquial.

Resposta da questão 18: [C]

Por tratar de um assunto do cotidiano (no caso, como as pessoas possuem o sentimento que “a grama do vizinho é mais verde”) de
forma breve e narrativa, podemos afirmar que é uma crônica.

Resposta da questão 19: [E]

A linguagem usada nesse trecho não é literal, mas figurada, conotativa, uma vez que a autora busca falar do processo de olhar para
si mesmo (introspecção) e perceber-se tão feliz quanto os outros.

Resposta da questão 20: [B]

A proposição [II] destoa das afirmações contidas em [I] e [III] que apontam as características principais da carta de Graciliano Ramos
a Portinari. Além da interlocução entre emissor e destinatário, com papéis bem definidos, nota-se presença da função emotiva na
manifestação de sentimentos do emissor (“nossa pobre gente”, “o que mais me comoveu, e isto me horroriza”), da função conativa
(uso de vocativo no endereçamento e verbos na primeira pessoa do plural) e da referencial, no tratamento de assunto “arte”.
Assim, é correta apenas a opção [B].

- 82 -
M
A
T
E
M
Á
T
I
C
A
- 83 -
- 84 -
Assunto: Matemática Módulo V – QOAM Axiomas

Axiomas, ou postulados (P), são proposições aceitas como


1) GEOMETRIA ESPACIAL verdadeiras sem demonstração e que servem de base para o
desenvolvimento de uma teoria.

Temos como axioma fundamental: existem infinitos pontos,


Conceitos primitivos retas e planos.

São conceitos primitivos (e, portanto, aceitos sem definição)


na Geometria espacial os conceitos de ponto, reta e plano.
Postulados sobre pontos e retas
Habitualmente, usamos a seguinte notação:
P1) A reta é infinita, ou seja, contém infinitos pontos.
 pontos: letras maiúsculas do nosso alfabeto

 retas: letras minúsculas do nosso alfabeto

P2) Por um ponto podem ser traçadas infinitas retas.

 planos: letras minúsculas do alfabeto grego

P3) Por dois pontos distintos passa uma única reta.

Observação: Espaço é o conjunto de todos os pontos.

Por exemplo, da figura a seguir, podemos escrever:

P4) Um ponto qualquer de uma reta divide-a em duas semi-retas.

- 85 -
Postulados sobre o plano e o espaço

P5) Por três pontos não-colineares passa um único plano.

P6) O plano é infinito, isto é, ilimitado.

P7) Por uma reta pode ser traçada uma infinidade de planos.

Temos que considerar dois casos particulares:


P8) Toda reta pertencente a um plano divide-o em duas regiões
chamadas semiplanos.
 retas perpendiculares:
P9) Qualquer plano divide o espaço em duas regiões chamadas
semi-espaços.

Posições relativas de duas retas

No espaço, duas retas distintas podem ser concorrentes,


paralelas ou reversas:

 retas ortogonais:

- 86 -
Postulado de Euclides ou das retas paralelas Posições relativas de reta e plano

P10) Dados uma reta r e um ponto P, existe uma única reta s, Vamos considerar as seguintes situações:
traçada por P, tal que r // s: a) reta contida no plano
Se uma reta r tem dois pontos distintos num plano , então r
está contida nesse plano:

b) reta concorrente ou incidente ao plano

Determinação de um plano Dizemos que a reta r "fura" o plano ou que r e são

concorrentes em P quando .
Lembrando que, pelo postulado 5, um único plano passa
por três pontos não-colineares, um plano também pode ser
determinado por:

 uma reta e um ponto não-pertencente a essa reta:

Observação: A reta r é reversa a todas as retas do plano que não


passam pelo ponto P.

 duas retas distintas concorrentes: c) reta paralela ao plano

Se uma reta r e um plano não têm ponto em comum, então


a reta r é paralela a uma reta t contida no plano ; portanto, r //

Em existem infinitas retas paralelas, reversas ou ortogonais a


r.

 duas retas paralelas distintas:

P11) Se dois planos distintos têm um ponto em comum, então a


sua intersecção é dada por uma única reta que passa por esse
ponto.

- 87 -
Posições relativas de dois planos
Cubo
Consideramos as seguintes situações:
Um paralelepípedo retângulo com todas as arestas
a) planos coincidentes ou iguais congruentes ( a= b = c) recebe o nome de cubo. Dessa forma, as
seis faces são quadrados.

b) planos concorrentes ou secantes

Dois planos, , são concorrentes quando sua


intersecção é uma única reta:
Diagonais da base e do cubo

Considere a figura a seguir:

dc=diagonal do cubo

db = diagonal da base

c) planos paralelos

Dois planos, , são paralelos quando sua intersecção


é vazia:

Na base ABCD, temos:

Projeção ortogonal No triângulo ACE, temos:

A projeção ortogonal de um ponto P sobre um plano é a


intersecção do plano com a reta perpendicular a ele, conduzida
pelo ponto P.

- 88 -
Área lateral Secção

A área lateral AL é dada pela área dos quadrados de lado a: Secção transversal é a região determinada pela intersecção
do cilindro com um plano paralelo às bases. Todas as secções
transversais são congruentes.

AL=4a2

Área total

A área total AT é dada pela área dos seis quadrados de lado a:


Secção meridiana é a região determinada pela intersecção
do cilindro com um plano que contém o eixo.

AT=6a2

Volume

De forma semelhante ao paralelepípedo retângulo, o volume


de um cubo de aresta a é dado por:

Áreas
V= a . a . a = a3
Num cilindro, consideramos as seguintes áreas:
Cilindro
a) área lateral (AL)
Em Matemática, um cilindro é o objeto tridimensional gerado pela
superfície de revolução de um retângulo em torno de um de seus
Podemos observar a área lateral de um cilindro fazendo a sua
lados. De maneira mais prática, o cilindro é um corpo alongado e
planificação:
de aspecto roliço, com o mesmo diâmetro ao longo de todo o
comprimento.

Assim, a área lateral do cilindro reto cuja altura é h e cujos


raios dos círculos das bases são r é um retângulo de dimensões
:
A reta contém os centros das bases e é o eixo do cilindro.

- 89 -
b) área da base ( AB):área do círculo de raio r

Cone circular
Um cone é um sólido geométrico formado por todos os segmentos
de reta que têm uma extremidade em um ponto V (vértice) em
c) área total ( AT): soma da área lateral com as áreas das bases
comum e a outra extremidade em um ponto qualquer de uma
região plana R (delimitada por uma curva suave, a base).

Elementos do cone circular


Volume
Dado o cone a seguir, consideramos os seguintes elementos:
Todo cilindro tem um espaço interno tridimensional chamado de
volume.

Assim, o volume de todo cilindro é o produto da área da base pela


medida de sua altura:

Vcilindro = ABh

No caso do cilindro circular reto, a área da base é a área do

círculo de raio r ; portanto seu volume é:


 altura: distância h do vértice V ao plano
 geratriz (g):segmento com uma extremidade no ponto V
e outra num ponto da circunferência
 raio da base: raio R do círculo

 eixo de rotação:reta determinada pelo centro do


círculo e pelo vértice do cone

Cone reto

Todo cone cujo eixo de rotação é perpendicular à base é


chamado cone reto, também denominado cone de revolução. Ele
pode ser gerado pela rotação completa de um triângulo retângulo
em torno de um de seus catetos.

Cilindro eqüilátero

Todo cilindro cuja secção meridiana é um quadrado ( altura igual

ao diâmetro da base) é chamado cilindro eqüilátero.

Da figura, e pelo Teorema de Pitágoras, temos a seguinte


relação:

- 90 -
c) área total (AT):soma da área lateral com a área da base
Secção meridiana

A secção determinada, num cone de revolução, por um plano


que contém o eixo de rotação é chamada secção meridiana.
Volume

Todo cone tem um espaço interno tridimensional chamado


de volume.

Prismas
Na figura abaixo, temos dois planos paralelos e distintos,

, um polígono convexo R contido em e uma reta r que

intercepta , mas não R:

Se o triângulo AVB for eqüilátero, o cone também será


eqüilátero, ou seja, o diâmetro da base tem medida igual a da

geratriz.

Para cada ponto P da região R, vamos considerar o

segmento , paralelo à reta r :

Áreas

Desenvolvendo a superfície lateral de um cone circular reto,


obtemos um setor circular de raio g e comprimento :

Assim, temos:

Assim, temos de considerar as seguintes áreas:

a) área lateral (AL): área do setor circular

b) área da base (AB):área do circulo do raio R

Chamamos de prisma ou prisma limitado o conjunto de todos

os segmentos congruentes paralelos a r.


- 91 -
Elementos do prisma

Dados o prisma a seguir, consideramos os seguintes


elementos:

prisma regular hexagonal

Observação: As faces de um prisma regular são retângulos


congruentes.

Secção

Um plano que intercepte todas as arestas de um prisma


determina nele uma região chamada secção do prisma.
 bases: as regiões poligonais R e S

 altura: a distância h entre os planos Secção transversal é uma região determinada pela
intersecção do prisma com um plano paralelo aos planos das
 arestas das bases:os lados
bases (figura 1). Todas as secções transversais são congruentes
(figura 2).
( dos polígonos)
 arestas laterais:os segmentos

 faces laterais: os paralelogramos AA'BB', BB'C'C,


CC'D'D, DD'E'E, EE'A'A

Classificação
Um prisma pode ser:

 reto: quando as arestas laterais são perpendiculares


aos planos das bases;
 oblíquo: quando as arestas laterais são oblíquas aos
planos das bases.

Veja:

Áreas

Num prisma, distinguimos dois tipos de superfície: as faces


e as bases. Assim, temos de considerar as seguintes áreas:

a) área de uma face (AF): área de um dos paralelogramos que


constituem as faces;

b) área lateral (AL): soma das áreas dos paralelogramos que


prisma reto formam as faces do prisma.

Chamamos de prisma regular todo prisma reto cujas bases são No prisma regular, temos:
polígonos regulares:
AL = n . AF (n = número de lados do polígono da base)

c) área da base (AB): área de um dos polígonos das bases;

d) área total ( AT): soma da área lateral com a área das bases

AT = AL + 2AB

prisma regular triangular


- 92 -
Vejamos um exemplo.
Temos quatro arestas de medida a, quatro arestas de medida
Dado um prisma hexagonal regular de aresta da base a e b e quatro arestas de medida c; as arestas indicadas pela mesma
aresta lateral h, temos: letra são paralelas.

Diagonais da base e do paralelepípedo

Considere a figura a seguir:

db =
diagonal da
base

dp =
diagonal do
paralelepípe
do
Paralelepípedo

Todo prisma cujas bases são paralelogramos recebe o nome


de paralelepípedo. Assim, podemos ter:

Na base ABFE, temos:


a) paralelepípedo oblíquo b) paralelepípedo reto

Se o paralelepípedo reto tem bases retangulares, ele é


chamado de paralelepípedo reto-retângulo, ortoedro ou
paralelepípedo retângulo.

No triângulo AFD, temos:


Paralelepípedo retângulo

Seja o paralelepípedo retângulo de dimensões a, b e c da


figura:

- 93 -
Área lateral Como o produto de duas dimensões resulta sempre na área de
uma face e como qualquer face pode ser considerada como base,
podemos dizer que o volume do paralelepípedo retângulo é o
Sendo AL a área lateral de um paralelepípedo retângulo, produto da área da base AB pela medida da altura h:
temos:

Generalização do volume de um prisma

AL= ac + bc + ac + bc = 2ac + 2bc =AL = 2(ac + bc)


Para obter o volume de um prisma, vamos usar o princípio
de Cavalieri ( matemático italiano, 1598 - 1697), que generaliza o
conceito de volume para sólidos diversos.
Área total
Dados dois sólidos com mesma altura e um plano , se todo
Planificando o paralelepípedo, verificamos que a área total é
plano , paralelo a , intercepta os sólidos e determina
a soma das áreas de cada par de faces opostas:
secções de mesma área, os sólidos têm volumes iguais:

AT= 2( ab
+ ac + bc)

Volume

Por definição, unidade de volume é um cubo de aresta 1.


Assim, considerando um paralelepípedo de dimensões 4, 2 e 2,
podemos decompô-lo em 4 . 2 . 2 cubos de aresta 1:

Se 1 é um paralelepípedo retângulo, então V2 = ABh.

Assim, o volume de todo prisma e de todo paralelepípedo é


o produto da área da base pela medida da altura:

Vprisma = ABh

Então, o volume de um paralelepípedo retângulo de


dimensões a, b e c é dado por: Pirâmides
V = abc Uma pirâmide é todo poliedro formado por uma face inferior e um
vértice que une todas as faces laterais. As faces laterais de uma
pirâmide são regiões triangulares, e o vértice que une todas as
faces laterais é chamado de vértice da pirâmide.

- 94 -
Elementos da pirâmide

Dada a pirâmide a seguir, temos os seguintes Relações entre os elementos de uma pirâmide
elementos: regular

Vamos considerar uma pirâmide regular hexagonal, de


aresta lateral l e aresta da base a:

 base: o polígono convexo R


 arestas da base: os lados
do polígono
 arestas laterais: os segmentos

 faces laterais: os triângulos VAB, VBC, Assim, temos:


VCD, VDE, VEA
 altura: distância h do ponto V ao plano
 A base da pirâmide é um polígono regular inscritível em
um círculo de raio OB = R.
Classificação

Uma pirâmide é reta quando a projeção ortogonal do vértice


coincide com o centro do polígono da base.

Toda pirâmide reta, cujo polígono da base é regular, recebe


o nome de pirâmide regular. Ela pode ser triangular,
quadrangular, pentagonal etc., conforme sua base seja,
respectivamente, um triângulo, um quadrilátero, um pentágono
etc.

Veja:  A face lateral da pirâmide é um triângulo isósceles.

Observação:
Toda pirâmide triangular recebe o nome do tetraedro. Quando o  Os triângulos VOB e VOM são retângulos.
tetraedro possui como faces triângulos eqüiláteros, ele é
denominado regular (todas as faces e todas as arestas são
congruentes).

- 95 -
Áreas Volume

Numa pirâmide, temos as seguintes áreas: O volume da esfera de raio R é dado por:

a) área lateral ( AL): reunião das áreas das faces laterais

b) área da base ( AB): área do polígono convexo ( base da


pirâmide)

c) área total (AT): união da área lateral com a área da base

AT = AL +AB Superfície esférica

Para uma pirâmide regular, temos: A superfície esférica de centro O e raio R é o conjunto de pontos
do espaço cuja distância ao ponto O é igual ao raio R.

Se considerarmos a rotação completa de uma


semicircunferência em torno de seu diâmetro, a superfície
esférica é o resultado dessa rotação.
em que:

Volume A área da superfície esférica é dada por:

O princípio de Cavalieri assegura que um cone e uma


pirâmide equivalentes possuem volumes iguais:

Poliedros regulares
Poliedros convexos formados por polígonos regulares e
congruentes são regulares.

Esfera

Chamamos de esfera de centro O e raio R o conjunto de pontos


do espaço cuja distância ao centro é menor ou igual ao raio R.

Considerando a rotação completa de um semicírculo em torno


de um eixo e, a esfera é o sólido gerado por essa rotação. Assim,
ela é limitada por uma superfície esférica e formada por todos os
pontos pertencentes a essa superfície e ao seu interior.

- 96 -
Poliedros são sólidos geométricos limitados por polígonos,
que, por sua vez, são figuras geométricas planas limitadas por Tetraedro Regular
segmentos de reta. Um poliedro é dito regular quando obedece
às três exigências seguintes:
O tetraedro regular é uma pirâmide regular que apresenta as
1) é convexo; quatro faces congruentes e as seis arestas também congruentes.
2) é também poliedro de Platão;
3) Os polígonos que o formam, chamados de faces, são
regulares e congruentes.
Todo poliedro regular é um poliedro de Platão, mas existem
poliedros de Platão que não são regulares.

Relação de Euler

Em todo poliedro convexo é válida a relação seguinte:

V-A+F=2

em que V é o número de vértices, A é o número de arestas e F, Cálculo da área total do tetraedro.


o número de faces.
Como o tetraedro regular é composto por 4 faces triangulares e
os triângulos das faces são equiláteros, a área total será dada
Observe os exemplos: por:

O elemento (a) na fórmula descrita acima é a medida da aresta


do tetraedro.

Altura do tetraedro:

OBS.: Qualquer ponto interno de um tetraedro regular, o


V = 12 A = 18 F = 8 somatório das distâncias deste ponto às faces equivale a sua
V=8 A=12 F=6 altura.
12 - 18 + 8 = 2
8 - 12 + 6 = 2 Cálculo do volume do tetraedro

O volume do tetraedro, assim como o de qualquer pirâmide, é


obtido fazendo:

Poliedros platônicos Onde,


SB → é a área da base do tetraedro.

Diz-se que um poliedro é platônico se, e somente se: Como,

a) for convexo;

b) em todo vértice concorrer o mesmo número de arestas;


e
c) toda face tiver o mesmo número de arestas;
Obtemos:
d) for válida a relação de Euler.

Assim, nas figuras acima, o primeiro poliedro é platônico e Ou


o segundo, não-platônico.

- 97 -
TRONCO DE PIRÂMIDE Observe os seguintes exemplos para compreender como utilizar
a fórmula.
Se um plano interceptar todas as arestas de uma pirâmide, Exemplo 1. Calcule o volume do tronco de pirâmide abaixo.
paralelamente às suas bases, dividirá o sólido em dois outros:
uma nova pirâmide e um tronco de pirâmide. Dado o tronco de
pirâmide regular a seguir, temos:

Solução: Observe que as bases desse tronco de pirâmide são


 as bases são polígonos regulares paralelos e quadrados e sua altura é de 6 cm. Para calcular o volume de um
semelhantes; tronco de pirâmide qualquer, precisamos da área das duas bases
 as faces laterais são trapézios isósceles congruentes. e da medida da altura. Assim, teremos:

Áreas Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)A B = 102 =
100 cm2
Ab = 42 = 16 cm2
Temos as seguintes áreas: h = 6cm

a) área lateral (AL): soma das áreas dos trapézios isósceles Substituindo esses valores na fórmula do volume, obtemos:
congruentes que formam as faces laterais.

b) área total (AT): soma da área lateral com a soma das áreas da
base menor (Ab) e maior (AB).

Exemplo 2. A base maior de um tronco de pirâmide é uma das


faces de um cubo de 125 cm3 de volume. Sabendo que a base
menor desse tronco é um quadrado de 2 cm de lado e sua altura
é de 9 cm, calcule seu volume.

Solução: Como a base maior do tronco é uma das faces de um


cubo, sabemos que sua base é um quadrado. Foi dado que o
volume desse cubo é de 125 cm3, assim, cada aresta do cubo
mede 5 cm. Dessa forma, a base maior do tronco é um
AT =AL+AB+Ab quadrado de 5 cm de lado. Logo, teremos:

AB = 52 = 25 cm2
Volume Ab = 22 = 4 cm2
h = 9 cm
O volume de um tronco de pirâmide regular é dado por:
Substituindo na fórmula do volume, teremos:

Sendo V o volume da pirâmide e V' o volume da pirâmide obtido


pela secção, é válida a relação:

- 98 -
Sendo V o volume do cone e V' o volume do cone obtido pela
TRONCO DE CONE secção, são válidas as relações:

Se um plano interceptar todas as arestas de um cone,


paralelamente às suas bases, dividirá o sólido em dois outros:
um novo cone e um tronco de cone. Sendo o tronco do cone
circular regular a seguir, temos:

 as bases maior e menor são paralelas;


 a altura do tronco é dada pela distância entre os planos
QUESTÕES DE CONCURSOS
que contém as bases.
1) (UFES) Uma formiga mora na superfície de um cubo de aresta
a. O menor caminho que ela deve seguir para ir de um vértice ao
vértice oposto tem comprimento.
Áreas
a) a 2
Temos: b) a 3
c) 3a
a) área lateral
d) (1  2)a
e) a 5

2) (UFGO) A aresta, a diagonal e o volume de um cubo estão,


nesta ordem, em progressão geométrica. A área total deste cubo
é:

a) 6(2 3  1)
b) 3
c) 6 3
d) 12
e) 18

3) (FUVEST) Qual é a distância entre os centros de duas faces


adjacentes de um cubo de aresta 4?

a) 2
b) 2 2
c) 4
d) 4 2
e) 8

4) (Cesgranrio) Um tanque cúbico, com face inferior horizontal,


b) área total tem de volume 1 m³ e contém água até sua metade, após
mergulhar uma pedra de granito, o nível d’água subiu 8 cm. O
volume dessa pedra é:

a) 80 cm³
Volume b) 800 cm³
c) 8.000 cm³
d) 80.000 cm³
e) 800.000 cm³

- 99 -
5) (Cesgranrio) Se a diagonal de uma face de um cubo mede
5 2 , então o volume desse cubo é: 10) (U.E.CE) O perímetro da base de uma pirâmide hexagonal
regular é 6 cm e sua altura 8 cm. O volume dessa pirâmide, em
a) 600 3 cm³, é:
b) 625
a) 4 3
c) 225
d) 125 b) 5 3
e) 100 3 c) 6 3
d) 7 3

6) (U.F.PA) O volume de uma pirâmide regular quadrangular e) 8 3


cujas faces laterais são triângulos equiláteros de lado 4 cm vale:
a) 16 2
3

b) 32 2 11) (CESCEM) O líquido contido em uma lata cilíndrica deve ser


3 distribuído em potes também cilíndricos cuja altura é 1/4 da altura
da lata cujo diâmetro da base é 1/3 do diâmetro da base da lata.
c) 16 2 O número de potes necessários é:
20 2
d) a) 6
3 b) 12
e) 32 2 c) 18
d) 24
e) 36

7) (U.F.SE) A base de uma pirâmide regular é um triângulo


equilátero cujo lado mede 8 cm. Se a altura dessa pirâmide mede
12) (PUC-SP) Quantos litros comporta, aproximadamente, uma
5 3 cm, o seu volume, em cm³, é: caixa d’água cilíndrica com 2 metros de diâmetro e 70 cm de
altura?
a) 18 3 a) 1.250
b) 36 3 b) 2.200
c) 36 c) 2.450
d) 72 d) 3.140
e) 80 e) 3.700

13) (PUC-RS) Dois cilindros, um de altura 4 e outro de altura 6,


têm para perímetro de suas bases 6 e 4, respectivamente. Se V1
8) (FUVEST) Qual a altura de uma pirâmide quadrangular que é o volume do primeiro e V2 o volume do segundo, então:
tem as oito arestas iguais a 2 ?
a) V1 = V2
b) V1 = 2V2
a) 1 c) V1 = 3V2
b) 1,5 d) 2V1 = 3V2
c) 2 e) 2V1 = V2
d) 2,5
e) 3
14) (U.F.GO) Para encher um reservatório de água que tem a
forma de um cilindro circular reto, são necessárias 5 horas. Se o
raio da base é 3 m e a altura 10 m, o reservatório recebe água à
9) (ITA) Considere uma pirâmide qualquer de altura h e de base razão de:
B. Traçando-se um plano paralelo à base B, cuja distância ao
vértice da pirâmide é 5 h cm, obtém-se uma secção plana de a) 18  m³ por hora
7 b) 30  m³ por hora
área 7 cm². Então a área B da pirâmide vale: c) 6  m³ por hora
d) 20  m³ por hora
e) 10  m³ por hora
a) 35 cm²
b) 2 5 cm²
3
15) (PUC-SP) Quantos mililitros de tinta podem ser
c) 7 7 cm²
acondicionados no reservatório cilíndrico de uma caneta
5 esferográfica, sabendo que seu diâmetro é 2 mm e seu
d) 7 7 cm² comprimento é 12 cm?
5
a) 0,3768
e) 7 cm² b) 3,768
5 c) 0,03768
d) 37,68
e) 0,003668

- 100 -
16) (U.F.BA) L + 2 é o volume de um cilindro cuja área lateral é L. 22) (U.F.PA) Um cilindro circular reto tem o raio igual a 2 cm e
O raio do cilindro é igual a: altura 3 cm. Sua superfície lateral mede:

a) 2( L  1) a) 6  cm²
b) 2( L  2) b) 9  cm²
L c) 12  cm²
c) L  2 d) 15  cm²
2 e) 16  cm²
d) L
2
e) 4

23) (U.MACK) A altura de um cilindro é 20. Aumentando-se o raio


desse cilindro de 5, a área lateral do novo cilindro fica igual a área
17) (U.C.PR) Temos dois vasilhames, geometricamente total do primeiro. O raio do primeiro cilindro é igual a:
semelhantes. O primeiro é uma garrafa das de vinho, cuja altura
é 27 cm. O segundo é uma miniatura do primeiro, usado como a) 10
propaganda do produto, e cuja altura é 9 cm. Quantas vezes seria b) 8
preciso esvaziar o conteúdo da miniatura na garrafa comum, para c) 12
enchê-la completamente? d) 5
e) 6
a) 3 vezes
b) 9 vezes
c) 18 vezes
d) 27 vezes 24) (FUVEST) Um recipiente cilíndrico cujo raio da base é 6 cm
e) 36 vezes contém água até uma certa altura. Uma esfera de aço é colocada
no interior do recipiente ficando totalmente submersa. Se a altura
da água subiu 1 cm, então o raio da esfera é:

18) (Cesgranrio) Um tonel cilíndrico, sem tampa e cheio de água, a) 1 cm


tem 10 dm de altura e 5 dm de raio da base. Inclinando-se o tonel b) 2 cm
de 45º, o volume da água derramada é, aproximadamente: c) 3 cm
d) 4 cm
a) 145 dm³ e) 5 cm
b) 155 dm³
c) 263 dm³
d) 353 dm³
e) 392 dm³ 25) (UFMG) As áreas das superfícies laterais de dois cilindros
retos V1 e V2, de bases circulares, são iguais. Se as alturas e os
raios das bases dos dois cilindros são, respectivamente, H1, R1,
H2, R2, pode-se afirmar que a razão entre os volumes de V1 e V2,
19) (U.F.RN) Se um cilindro reto tem área lateral e volume, nessa ordem, é:
respectivamente, iguais a 2  m² e  m³, então sua altura vale:
a) H1/H2
b) R1/R2
a) 1 m
c) (H1/H2)²
b) 2 m
d) R1 H1/ R2 H2
c) 3 m
e) (R1/R2)²
d) 4 m
e) 5 m

26) (UFMG) Num cilindro reto, cuja altura é igual ao diâmetro da


20) (U.F.RN) Um pedaço de cano, de 30 cm de comprimento e 10
base, a área de uma seção perpendicular às bases, contendo os
cm de diâmetro interno, encontra-se na posição vertical e possui
centros dessas, é 64 m². Então, a área lateral desse cilindro, em
a parte inferior vedada. Colocando-se dois litros de água em seu
m², é:
interior, a água:

a) ultrapassa o meio do cano a) 8 


b) transborda b) 16 
c) não chega ao meio do cano c) 32 
d) 64 
d) enche o cano até a borda
e) atinge exatamente o meio do cano
e) 128 

27) (FATEC) Seja V o volume de um cilindro reto. Se a área da


21) (U.F.PA) Dois cilindros equiláteros A e B têm os raios de base seção transversal reta deste cilindro diminui de 20% e a altura
iguais a r1 e r2, respectivamente. A razão entre os raios r1/ r2 é com aumento de 50%, então o volume do novo cilindro é:
igual a 1/2. Então, a razão entre os volumes de A e B é:
a) 0,20 V
a) 1/16 b) 0,50 V
b) 1/2 c) 0,80 V
c) 1/8 d) V
d) 1/4 e) 1,20 V
e) 1/12
- 101 -
28) (FUVEST) A uma caixa d’água de forma cúbica com 1 metro 34) (UFMG) Um cone circular reto tem raio da base igual a 3 e a
de lado está acoplado um cano cilíndrico com 4 cm de diâmetro e altura igual a 6. A razão entre o volume e a área da base é:
50 m de comprimento. Num certo instante, a caixa está cheia de
água e o cano vazio. Solta-se a água pelo cano até que fique a) 2
cheio. Qual o valor aproximado da altura da água na caixa no b) 1,5
instante em que o cano ficou cheio? c) 2
d) 4
a) 90 cm e) 6
b) 92 cm
c) 94 cm
d) 96 cm
e) 98 cm
35) (U.C.MG) O raio da base de um cone de revolução é 10 cm,
e a altura 30 cm. Se o raio aumentar 1 cm e a altura diminuir 3
29) (U.C.SALVADOR) Você tem um corpo, com a forma de um cm, a razão entre o segundo volume e o primeiro é de:
cilindro circular reto, e, para colocar água nele, você dispõe de um
recipiente com a forma de um cone reto. Se o raio da base e a a) 0,333
altura do copo são, respectivamente, o dobro do raio da base e o b) 1,089
dobro da altura do recipiente, quantas vezes você precisará c) 1,321
encher totalmente o recipiente e derramar a água no copo para d) 2,021
enchê-lo completamente? e) 3,000
a) 4
b) 8 36) (UFPA) Num cone reto, a altura mede 3 m e o diâmetro da
c) 12 base é 8 m. Então, a área total vale:
d) 16
a) 52 
e) 24

b) 36 
30) (UFMG) Dois cilindros têm áreas iguais. O raio do primeiro é c) 20 
igual a um terço do raio do segundo. O volume do primeiro é V1. d) 16 
e) 12 
O volume do segundo cilindro, em função de V1, é igual a:

a) V1/3
b) V1
c) 3V1/2 37) (U.E.BA) Um cone circular reto tem altura 3,75 cm e raio da
d) 2V1 base 5 cm. Esse cone é cortado por um plano paralelo a sua base,
e) 3V1 distando dela 0,75 cm. A área total do cone obtido com essa
secção, em cm², é:

a) 16 
31) (U.C.SALVADOR) Um recipiente tem a forma de um cilindro b) 20 
c) 28 
reto cujo raio da base mede 20 cm. Se, ao colocar-se uma pedra
nessa tanque, o nível da água subir 0,8 mm, o volume dessa
pedra será de, aproximadamente: d) 36 
e) 40 
a) 101,5 cm³
b) 100,5 cm³
c) 97,5 cm³ 38) (UFPA) Um cone eqüilátero tem área de base 4  cm². Qual
d) 95,8 cm³
sua área lateral?
e) 94,6 cm³
a) 2  cm
b) 4  cm
32) (UFPR) A geratriz de um cone mede 13 cm e o diâmetro da c) 8  cm
d) 16  cm
sua base 10 cm. O volume do cone é:

a) 100  cm³ e) 32  cm
b) 200  cm³
c) 400  cm³
d) 325  /3 cm³
e) 1300  /3 cm³
39) (FATEC) Suponham-se dois cones retos, de modo que a
altura do primeiro é quatro vezes a altura do segundo e o raio da
base do primeiro é a metade do raio da base do segundo. Se V1
e V2 são respectivamente, os volumes do primeiro e do segundo
33) (F.C.M.STA.CASA) Se o raio da base, a altura e a geratriz de cone:
um cone circular reto constituem, nessa ordem, uma P.A. de
razão igual a 1, o volume desse cone é, em unidades de volume: a) V1 = V2
b) V1 = 2V2
a) 2  /3 c) 2V1 = 3V2
b) 3  d) 3V1 = 2V2
c) 12 
e) 2V1 = V2
d) 16 
e) 21 
- 102 -
40) (FUVEST) Um pedaço de cartolina possui a forma de um 46) (UFRS) Uma panela cilíndrica de 20 cm de diâmetro está
semicírculo de raio 20 cm. Com essa cartolina um menino constrói completamente cheia de massa para doce, sem exceder a sua
um chapéu cônico e o coloca com a base apoiada sobre uma altura de 16 cm. O número de doces em formato de bolinhas de
mesa. Qual a distância do bico do chapéu à mesa? 2 cm de raio que se podem obter com toda a massa é:

a) 10 3 cm a) 300
b) 250
b) 3 2 cm c) 200
c) 20 2 cm d) 150
d) 20 cm e) 100
e) 10 cm

41) (CESGRANRIO) Um tanque cônico, de eixo vertical e vértice


para baixo, tem água até a metade de sua altura. Se a capacidade 47) (UFMG) Duas bolas metálicas, cujos raios medem 1 cm e 2
do tanque é de 1.200 litros, então a quantidade de água nele cm, são fundidas e moldadas em forma de um cilindro circular
existente é de: cuja altura mede 3 cm. O raio do cilindro, em cm, é:

a) 600 litros a) 3/2


b) 450 litros b) 2
c) 300 litros c) 6
d) 200 litros d) 2 2
e) 150 litros
e) 2 3

42) (U.E.CE) Um cone circular reto de volume 8/3  cm³ tem


48) (UFPE) Uma esfera de centro O e raio igual a 5 cm é cortada
por um plano P, resultando desta interseção uma circunferência
altura igual ao raio da base. Então, a geratriz desse cone, em cm, de raio igual a 4 cm. Assinale, então, a alternativa que fornece a
mede: distância de O a P.

a) 2 2 a) 10 cm
b) 2 3 b) 5 cm
c) 2 cm
c) 3 2
d) 1 cm
d) 3 3 e) 3 cm
e) 5 2

43) (UFMG) Considerem-se dois cones. A altura do primeiro é o 49) (U.E.LONDRINA) Um cilindro circular reto e uma esfera são
dobro da altura do segundo; o raio da base do primeiro é a metade equivalentes. Se o raio da esfera e o raio da base do cilindro têm
do raio da base do segundo. O volume do segundo é de 96  . O
medida 1, a área lateral desse cilindro é:

a) 14  / 3
volume do primeiro é:

a) 48  b) 11  / 3
b) 64  c) 11  / 4
c) 128  d) 8  / 3
d) 144  e) 5  / 4
e) 192 

50) (UFPA) Um plano secciona uma esfera determinando um


44) (V.UNIF.RS) Um plano secciona uma esfera determinando círculo de raio igual à distância do plano ao centro da esfera.
Sendo 25  a área do círculo, o volume da esfera é:
um círculo de raio igual à distância do plano ao centro da esfera.
Sendo 36  a área do círculo, o volume da esfera é:
a) 100 2  / 3
a) 192 2 
b) 500 2 
b) 576 
c) 500 2  / 3
c) 576 2 
d) 1000 2  / 3
d) 1296 
e) 1000  / 3
e) 7776 

51) (UFPA) O círculo máximo de uma esfera mede 6  cm. Qual


45) (PUC-SP) Qual é o raio de uma esfera 1 milhão de vezes
maior (em volume) que uma esfera de raio 1?
o volume da esfera?
a) 100.000
b) 10 a) 12  cm³
c) 10.000 b) 24  cm³
d) 1.000 c) 36  cm³
d) 72  cm³
e) 100

e) 144  cm³
- 103 -
52) (FUVEST) Um recipiente cilíndrico cujo raio da base é 6 cm 57) Calcule o raio da base de um cone reto cuja geratriz mede 13
contém água até uma certa altura. Uma esfera de aço é colocada cm e cuja área total é de 90  cm².
no interior do recipiente ficando totalmente submersa. Se a altura
da água subiu 1 cm, então o raio da esfera é: a) 2 cm
b) 3 cm
a) 1 cm c) 4 cm
b) 2 cm d) 5 cm
c) 3 cm e) 6 cm
d) 4 cm
e) 5 cm

58) Um cone reto está inscrito num cubo cuja aresta mede 6 cm.
Calcule o volume do cone?
53) (UEL) O sólido representado na figura a seguir é formado por
um cubo de aresta de medida x/2 que se apóia sobre um cubo de
aresta de medida x. A intersecção do plano EGC com o plano
ABC é:

a) 14  cm³
b) 15  cm³
c) 16  cm³
d) 17  cm³
e) 18  cm³

a) vazia 59) Uma pirâmide quadrangular regular tem 4 m de altura e a


b) a reta AC aresta da base mede 6 m. Calcule o seu volume.
c) o segmento de reta AC
d) o ponto C a) 45 m³
e) o triângulo AGC b) 48 m³
c) 50 m³
d) 52 m³
e) 56 m³
54) Deseja-se construir uma caixa-d’água em forma de cilindro
reto, de 1,6 m de raio e cuja capacidade seja de 20.000 litros.
Qual deve ser aproximadamente a altura dessa caixa-d’água?
60) Uma pirâmide triangular regular tem 5 cm de altura e o
a) 2,0 m apótema da base mede 4 cm. Calcule o volume da pirâmide.
b) 2,1 m
c) 2,3 m a) 40 2
d) 2,4 m
e) 2,5 m b) 60 2
c) 50 3
d) 60 3
55) Calcule a área total de um cone reto de 4 cm de altura e 15 e) 80 3
 cm² de área lateral.
a) 24  cm² 61) Uma pirâmide de base quadrada tem 15 cm de altura e 17 cm
b) 25 
de apótema. Calcule o perímetro da base.
cm²
c) 26  cm² a) 60 cm
d) 27  cm² b) 64 cm
e) 28 
c) 68 cm
cm²
d) 72 cm
e) 80 cm

56) A área total de um cone reto de 5 cm de raio da base é de 100


 cm². Calcular a altura do cone. 62) A aresta lateral de uma pirâmide regular quadrangular mede
13 cm e a aresta da base, 5 2 cm. Calcule o seu volume.
a) 5 cm
b) 8 cm a) 160 cm³
c) 10 2 cm b) 180 cm³
d) 12 2 cm c) 200 cm³
e) 15 2 cm d) 210 cm³
e) 240 cm³

- 104 -
63) O volume de uma pirâmide quadrangular é 144 m³ e a altura 70) (FGV) Em certa loja, as panelas são anunciadas de acordo
é o dobro da aresta da base. Calcule a altura dessa pirâmide. com sua capacidade. Uma panela dessa loja, com a etiqueta “4
litros”, tem 20 cm de diâmetro. A altura dessa panela é
a) 8 m aproximadamente:
b) 10 m
c) 12 m a) 7 cm
d) 14 m b) 9 cm
e) 15 m c) 11 cm
d) 13 cm
e) 15 cm
64) Uma pirâmide tem por base um triângulo eqüilátero de lado
12 cm. As faces laterais formam com o plano da base ângulos de
60°. Calcule a altura da pirâmide.
71) (UEG) Uma caixa d’água com capacidade para 1.000 litros
a) 5 cm tem a forma de um cilindro circular reto de raio de base r e altura
b) 6 cm h. Aumentando o raio da base em 10% e diminuindo a altura
c) 7 cm também em 10%, quantos litros caberão nessa nova caixa
d) 8 cm d’água?
e) 9 cm
a) 1.000 litros
b) 1.050 litros
65) Calcule o volume de uma pirâmide hexagonal regular de área c) 1.089 litros
da base 288 3 m² e apótema 13 m. d) 1.100 litros
e) 1.200 litros
a) 10 3 m³
b) 20 3 m³
c) 30 3 m³ 72) (UFMG) Dois cilindros têm áreas laterais iguais. O raio do
d) 480 3 m³ primeiro é igual a um terço do raio do segundo. O volume do
primeiro é V1 e o volume do segundo é V2. Portanto V2 é igual a:
e) 500 3 m³
a) V1/3
b) V1
66) Uma esfera está inscrita num cubo cuja aresta mede 20 cm. c) 2V1/3
Calcule a área da superfície esférica. d) 2V1
e) 3V1
a) 80  cm²
b) 160  cm²
c) 200  cm²
d) 300  cm² 73) (UFRN) Se um cilindro eqüilátero mede 12 m de altura, então
e) 400  cm² o seu volume em m³ vale:

a) 144 
67) Uma esfera tem 25  cm² de superfície. Em quanto devemos b) 200 
aumentar o raio para que a área passe a ser 64  cm²? c) 432 
d) 480 
e) 600 
a) 1,2 cm
b) 1,5 cm
c) 1,8 cm
d) 2,0 cm
e) 2,5 cm
74) Calcule o volume do sólido representado pela figura abaixo:

68) Calcule o volume de uma esfera cuja superfície tem uma área
de 144  cm².

a) 216  cm³
b) 232  cm³
c) 288  cm³
d) 292  cm³
e) 300  cm³

69) A secção meridiana de um cilindro eqüilátero tem perímetro


igual a 16 cm. Determine o volume desse cilindro. a) 36  cm³
a) 16  cm³ b) 48  cm³
b) 18  cm³ c) 56  cm³
c) 20  cm³ d) 72  cm³
d) 24  cm³ e) 84  cm³
e) 25  cm³
- 105 -
75) (EEAER) A geratriz de um cone de revolução mede 6 cm e o 80) (FEI) No projeto de um prédio foi inicialmente prevista a
ângulo da geratriz com a altura do cone é de 30°. O volume, em construção de um reservatório de água com formato cilíndrico,
cm³, é: cujas medidas seriam: raio da base igual a 2 m e altura igual a 3
m. Depois foi constatado que o volume do reservatório havia sido
a) 9  subestimado, sendo necessário, na verdade, o dobro do volume
b) 3 
inicialmente previsto. Qual deverá ser a medida do raio da base,
3 sabendo que a altura do reservatório não poderá ser alterada?
c) 9  3
d) 27 
a) 4 m
3 b) 3 m
e) 36  c) 2 2 m
d) 2 m
e) 6 m
76) (UESC-BA) Um cone circular reto possui raio da base e altura
iguais a 3 cm e 4 cm, respectivamente. É correto afirmar que a
área lateral, em cm², de um cilindro circular reto de raio da base
igual à terça parte do raio da base do cone e que comporta o
mesmo volume do cone é igual a: 81) (Vunesp) Se quadruplicarmos o raio da base de um cilindro,
mantendo a sua altura, o volume do cilindro fica multiplicado por:
a) 24 
a) 16
b) 14  b) 12
c) 12  c) 8
d) 24 d) 4
e) 12 e) 4 

77) Uma pirâmide regular triangular tem 5 cm de altura e o 82) (FAAP) Um tanque de petróleo tem a forma de um cilindro
apótema da base mede 4 cm. Calcule o volume da pirâmide. circular reto, cujo volume é dado por: V =  R².H. Sabendo-se
que o raio da base e a altura medem 10 m, podemos afirmar que
a) 50 2 o volume exato desse cilindro (em m³) é:
b) 60 2
c) 30 3 a) 1000 
b) 100 
d) 50 3
c) 1000  /3
d) 100  /3
e) 80 3

e) 200 

78) (Vunesp) O prefeito de uma cidade pretende colocar em frente


à prefeitura um mastro com uma bandeira, que será apoiado
sobre uma pirâmide de base quadrada feita de concreto maciço, 83) (FATEC) A altura de um cone circular reto mede o triplo da
como mostra a figura. medida do raio da base. Se o comprimento da circunferência
dessa base é 8  cm, então o volume do cone, em centímetros
cúbicos, é:

a) 64 
b) 48 
c) 32 
d) 16 
e) 8 
Sabendo-se que a aresta da base da pirâmide terá 3 m e que a
altura da pirâmide será de 4 m, o volume de concreto (em m³)
necessário para a construção da pirâmide será:

a) 36
84) (UEL) Um cone circular reto tem altura de 8 cm e raio da base
b) 27
medindo 6 cm. Qual é, em centímetros quadrados, sua área
c) 18
lateral?
d) 12
e) 4
a) 20 
b) 30 
79) (UEMG) Deseja-se projetar uma lata cilíndrica que tenha um c) 40 
volume de 192  cm³. Se a altura da lata cilíndrica é igual a 12 d) 50 
e) 60 
cm, a medida do raio deverá ser de:

a) 6 cm
b) 2 cm
c) 8 cm
d) 4 cm
e) 3 cm
- 106 -
85) (FAAP-SP) Num poliedro convexo, o número de arestas 90) (Mackenzie) Uma xícara de chá tem a forma de um tronco de
excede o número de vértices em 6 unidades. Calcule o número cone reto, conforme a figura. Supondo π = 3, o volume máximo
de faces. de líquido que ela pode conter é:

a) 6
b) 8
c) 9
d) 10
e) 12

86) (UF-AM) O número de faces de um poliedro convexo de 22


arestas é igual ao número de vértices. Então, qual o número de
faces do poliedro?

a) 6
b) 8
c) 10
d) 12
e) 14

87) (UF-PI) Em um poliedro convexo, o número de arestas excede


o número de faces em 18. O número de vértices desse poliedro
é:
a) 168 cm³
a) 10
b) 172 cm³
b) 20
c) 24 c) 166 cm³
d) 176 cm³
d) 30
e) 32 e) 164 cm³

88) (UF-RS) Um poliedro convexo tem seis faces triangulares e


cinco faces quadrangulares. O número de arestas e de vértices
do poliedro é, respectivamente:
91) (UNB) Um cone circular reto de sinalização de rodovias, que
a) 34 e 10 é oco e feito de plástico, tem altura de 60 cm e raio da base igual
a 15 cm. Durante um acidente, a extremidade superior do cone
b) 19 e 10
c) 34 e 20 foi afundada, como ilustra a figura abaixo.
d) 12 e 10
e) 19 e 12

89) (Mackenzie) A figura representa o sorvete “choconilha”, cuja


embalagem tem a forma de um cone circular reto. O cone é
preenchido com sorvete de chocolate até a altura de 12 cm e, o
restante, com sorvete de baunilha. Adotando π = 3, o número
máximo de sorvetes que é possível embalar, com 2 litros de
sorvete de baunilha e 1 litro de sorvete de chocolate, é:

Calcule, em centímetros, a altura h do sólido resultante, sabendo


que, após o acidente, o espaço interno do sinalizador foi reduzido
em exatamente 25%. Despreze a parte fracionária de seu
resultado, caso exista.

a) 20 cm
b) 25 cm
c) 26 cm
d) 28 cm
e) 30 cm

a) 21
b) 22
c) 18
d) 17
e) 19
- 107 -
92) (EsPCEx 2009). Um reservatório em forma de tronco de 2) (QOAM) Para se encher um reservatório com trezentos mil
pirâmide regular de base quadrada e dimensões indicadas na litros de água, dispõe-se apenas de um caminhão que transporta
figura deverá ter suas paredes laterais externas cobertas por uma um tanque cilíndrico que tem cinco metros de comprimento e dois
tinta impermeável, cujo rendimento é de 11m² por galão. metros de diâmetro de seção circular. Usando-se  = 3, quantas
viagens completas de ida e volta esse caminhão deverá dar para
encher o reservatório?

a) 40
b) 20
c) 15
d) 10
e) 5

3) (QOAM) A fim de se calcular o gasto de tinta para se pintar um


sinalizador em forma de cone, com raio da base 5 e altura 12, é
necessário o conhecimento da sua superfície lateral S. Qual é o
valor de S?

a) 60 
O número mínimo de galões que devem ser adquiridos para tal b) 65 
operação é: c) 120 
d) 130 
e) 180 
a) 6
b) 7
c) 9
d) 10
e) 11 4) (QOAM) Um determinado líquido, no seu processo de
resfriamento entre 4°C e 0°C, aumenta o seu volume em até 15%.
Numa viagem para a Antártica será levado um recipiente plástico
cilíndrico, de diâmetro interno da base igual a 1,6 metros e 1,5
metros de altura, contendo um volume V inteiro de litros desse
líquido. Para que não haja, em função da dilatação do líquido,
qualquer deformação ou rompimento do recipiente, pois será
93) (EsPCEx 2010). A figura abaixo representa a planificação de submetido ao intervalo de temperatura dado anteriormente, qual
um tronco de cone reto com a indicação das medidas dos raios deverá ser o valor máximo de V, em litros, sabendo-se que é
das circunferências das bases e da geratriz. desprezível a variação do volume do recipiente? (Usar  = 3,14)

a) 2562
b) 2564
c) 2621
d) 2623
e) 2722

5) (QOAM – 2006) Os seguintes sólidos de metal maciço se


encontram na mesma temperatura inicial: um cilindro de secção
meridiana quadrada de lado 4 cm; uma esfera de diâmetro
medindo 4 cm; e um cone cuja razão entre a sua superfície e o
seu volume é igual a 2/1. Sabendo-se que quanto maior for a
razão entre a superfície externa de um corpo sólido e o seu
A medida da altura desse tronco de cone é volume mais rapidamente esse corpo resfria, qual é a opção
correta?
a) 13 cm
b) 12 cm a) o cilindro resfria mais rápido do que o cone
c) 11 cm b) a esfera resfria mais rápido do que o cone
d) 10 cm c) a esfera e o cone resfriam igualmente
e) 9 cm d) o cilindro e o cone resfriam igualmente
e) o cilindro e a esfera resfriam igualmente

QUESTÕES DO CONCURSO QOAM

1) (QOAM – 2006) A base de uma pirâmide reta é um quadrado


6) (QOAM – 2008) A razão, em cm, entre o volume, em cm³, de
cujo lado mede 8 2 cm. Se as arestas laterais da pirâmide
uma esfera de raio 3 cm e a sua superfície, em cm², é:
medem 17 cm, o seu volume, em centímetros cúbicos, é igual a:
a) 1
a) 520 b) 3
b) 640 c) 4
c) 680 d) 6
d) 750 e) 9
e) 780

- 108 -
7) (QOAM – 2008) Analise as afirmativas abaixo. 11) (QOAM – 2013) Qual é o volume, em cm³, do cubo cuja
I – se duas retas r e s são perpendiculares a uma reta t, então r diagonal interna mede 3 cm?
e s são perpendiculares entre si.
II – se duas retas r e s são paralelas a uma reta t, então r e s são
paralelas entre si. a) 3
III – se duas retas r e s são ortogonais a uma reta t, então r e s 3
são ortogonais entre si.
b) 2
Assinale a opção correta. 3
c) 3
a) Apenas a afirmativa I é verdadeira d) 2 2
b) Apenas a afirmativa II é verdadeira
c) Apenas a afirmativa III é verdadeira e) 3 3
d) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras
e) As afirmativas I, II e III são verdadeiras

12) (QOAM – 2014) A distância entre os centros de duas faces


8) (QOAM – 2009) Uma esfera oca tem 1 dm de raio exterior e 4 adjacentes de um cubo é de 4 cm. Quanto é o volume desse cubo,
cm de espessura. Qual o volume da parte oca da esfera em cm³? em cm³?

a) 288  cm³
a) 8 2
b) 346  cm³
c) 416  cm³ b) 16 2
d) 634  cm³ c) 32 2
e) 864  cm³
d) 64 2

e) 128 2

9) (QOAM – 2010) Um cone circular reto tem a altura medindo 5


cm e a geratriz medindo 13 cm. Qual é a medida, em cm³, do
volume desse cone? 13) (QOAM – 2015) A melancia pode ser considerada uma fruta
altamente hidratante por ter em sua composição,
a) 124  aproximadamente, 93% de água em relação ao seu volume total.
b) 280  Supondo que uma determinada melancia seja uma esfera perfeita
c) 240  com diâmetro igual a 20 cm, é correto afirmar que um pedaço
d) 128 
equivalente à quarta parte dessa fruta contém, em litros, um
volume de água:
e) 160 
a) menor do que 0,5
b) entre 0,5 e 1
c) entre 1 e 1,5
d) entre 1,5 e 2
e) maior do que 2

10) (QOAM – 2012) Observe a figura a seguir.

14) (QOAM – 2016) Considere o paralelepípedo reto retângulo de


bases ABCD e EFGH, sendo AB = 6 cm e AD = AE = 4 cm.
Em uma bola esférica como o da figura acima, foi feito um orifício Considere também um cubo em que qualquer uma de suas faces
e, por ele, foi colocado 13,5 litros de água dentro da bola, tem 9 cm² de área. A diferença entre os volumes desses sólidos
enchendo-a totalmente. Considerando que 1 litro corresponde a é:
1 decímetro cúbico e admitindo que  = 3, é correto afirmar que
a) 37
o raio dessa esfera, em centímetros, é igual a: b) 42
c) 49
a) 12 d) 54
b) 15
e) 69
c) 18
d) 20
e) 22

- 109 -
15) (QOAM – 2019) No paralelepípedo reto retângulo 2) GEOMETRIA ANALÍTICA
representado na figura abaixo, cujas arestas medem x, y e z, tem-
se que x + y + z é 10. Além disso, a soma dos quadrados de x, y
ezé .
Introdução

Entre os pontos de uma reta e os números reais existe uma


correspondência biunívoca, isto é, a cada ponto de reta
corresponde um único número real e vice-versa.

Considerando uma reta horizontal x, orientada da esquerda


para direita (eixo), e determinando um ponto O dessa reta (
origem) e um segmento u, unitário e não-nulo, temos que dois
números inteiros e consecutivos determinam sempre nesse eixo
um segmento de reta de comprimento u:

Nessas condições, a área total desse prisma é: (Dado:


)

a) 29,5
b) 49,5
c) 50,5
d) 57,5
e) 59,5
Medida algébrica de um segmento

Fazendo corresponder a dois pontos, A e B, do eixo x os


16) (QOAM – 2020) Considere um tetraedro regular de aresta 2 números reais xA e xB , temos:
cm. Escolhe-se um ponto P no interior desse tetraedro. Calcule a
soma das distâncias de P as faces desse tetraedro, em seguida
marque a opção correta para este resultado.

A medida algébrica de um segmento orientado é o número real


que corresponde à diferença entre as abscissas da extremidade
e da origem desse segmento.

GABARITO – QUESTÕES DE CONCURSOS

1–d 2–e 3–b 4–d 5–d 6–b 7–e 8–a


9–c 10 – a 11 – e 12 – b 13 – d 14 – a 15 – a
16 – b 17 – d 18 – e 19 – a 20 – a 21 – d 22 - c Plano cartesiano
23 – a 24 – c 25 – b 26 – d 27 – e 28 – c 29 – e
30 – e 31 – b 32 – a 33 – c 34 – c 35 – b 36 – b
37 – d 38 – c 39 – a 40 – a 41 – e 42 – a 43 – a A geometria analítica teve como principal idealizador o filósofo
44 – c 45 – e 46 – d 47 – b 48 – e 49 – d 50 – d francês René Descartes ( 1596-1650). Com o auxílio de um
51 – c 52 – c 53 – d 54 – e 55 – a 56 – c 57 – d sistema de eixos associados a um plano, ele faz corresponder a
58 – e 59 – b 60 – e 61 – b 62 – c 63 – c 64 – b cada ponto do plano um par ordenado e vice-versa.
65 – d 66 – e 67 – b 68 – c 69 – a 70 – d 71 – c
72 – e 73 – c 74 – e 75 – c 76 – a 77 – e 78 – d Quando os eixos desses sistemas são perpendiculares na
79 – d 80 – c 81 – a 82 – a 83 – a 84 – e 85 – b origem, essa correspondência determina um sistema cartesiano
86 – d 87 – b 88 – b 89 – d 90 – a 91 – e 92 – b ortogonal ( ou plano cartesiano). Assim, há uma reciprocidade
93 – b. entre o estudo da geometria ( ponto, reta, circunferência) e da
Álgebra ( relações, equações etc.), podendo-se representar
graficamente relações algébricas e expressar algebricamente
GABARITO – QUESTÕES DO CONCURSO QOAM representações gráficas.
1–b 2–b 3–b 4–c 5–e 6–a 7–b 8–a
9–c 10 – b 11 – e 12 – e 13 – b 14 – e 15 – d
16 – e.
- 110 -
Observe o plano cartesiano nos quadros quadrantes:
Como exemplo, vamos determinar a distância entre os pontos
A(1, -1) e B(4, -5):

Razão de secção

Dados os pontos A(xA, yA), B(xB, yB), C(xC, yC) de uma mesma
Exemplos: reta , o ponto C divide numa determinada
razão, denominada razão de secção e indicada por:
 A(2, 4) pertence ao 1º quadrante (xA > 0 e yA > 0)
 B(-3, -5) pertence ao 3º quadrante ( xB < 0 e yB < 0)

Observação: Por convenção, os pontos localizados sobre os


eixos não estão em nenhum quadrante.

Distância entre dois pontos


em que , pois se , então A = B.
Dados os pontos A(xA, yA) e B(xB, yB) e sendo dAB a distância
entre eles, temos: Observe a representação a seguir:

Como o , podemos escrever:

Aplicando o teorema de Pitágoras ao triângulo retângulo ABC,


vem:

- 111 -
Ponto médio
Vejamos alguns exemplos:
Dados os pontos A(xA, yA), B(xB, yB) e P, que divide ao
meio, temos:
 Considerando os pontos A(2, 3), B(5, 6) e P(3, 4), a

razão em que o ponto P divide é:

Assim:

Se calculássemos rp usando as ordenadas dos pontos,


obteríamos o mesmo resultado:

Logo, as coordenadas do ponto médio são dadas por:

 Para os pontos A(2, 3), B(5, 6) e P(1, 2), temos:


Baricentro de um triângulo

Observe o triângulo da figura a seguir, em que M, N e P são os

pontos médios dos lados , respectivamente.

Portanto, são as medianas desse triângulo:

Assim, para um ponto P qualquer em relação a um segmento

orientado contido em um eixo, temos:

 se P é interior a , então rp > 0


Chamamos de baricentro (G) o ponto de intersecção das
 se P é exterior a , então rp < 0 medianas de um triângulo.

 se P = A, então rp =0 Esse ponto divide a mediana relativa a um lado em duas partes:


 se P = B, então não existe rp (PB = 0) a que vai do vértice até o baricentro tem o dobro da mediana da
que vai do baricentro até o ponto médio do lado.
 se P é o ponto médio de , então rp =1

- 112 -
Veja:
Para demonstrar esse teorema podemos considerar três casos:

a) três pontos alinhados horizontalmente

Cálculo das coordenadas do baricentro

Sendo A(XA, YA), B(XB, YB) e C(XC, YC) vértices de um triângulo,


Neste caso, as ordenadas são iguais:
se N é ponto médio de , temos:

yA = yB = yC

e o determinante é nulo, pois a 2ª e a 3ª coluna são proporcionais.

b) três pontos alinhados verticalmente

Mas:

Neste caso, as abscissas são iguais:

xA = xB = xC

Analogamente, determinamos . Assim: e o determinante é nulo, pois a 1ª e a 3ª coluna são proporcionais.

c) três pontos numa reta não-paralela aos eixos

Condição de alinhamento de três pontos

Se três pontos, A(xA, yA), B(xB, yB) e C(xC, yC), estão alinhados,
então:

- 113 -
Pela figura, verificamos que os triângulos ABD e BCE são Essa equação relaciona x e y para qualquer ponto P genérico
semelhantes. Então: da reta. Assim, dado o ponto P(m, n):

 se am + bn + c = 0, P é o ponto da reta;
 se am + bn + c 0, P não é ponto da reta.

Acompanhe os exemplos:
Desenvolvendo, vem:

 Vamos considerar a equação geral da reta r que passa


por A(1, 3) e B(2, 4).

Considerando um ponto P(x, y) da reta, temos:

Como:

 Vamos verificar se os pontos P(-3, -1) e Q(1, 2)


pertencem à reta r do exemplo anterior. Substituindo as
coordenadas de P em x - y + 2 = 0, temos:

-3 - (-1) + 2 = 0 -3 + 1 + 2 = 0

Como a igualdade é verdadeira, então P r.


então .
Substituindo as coordenadas de Q em x - y + 2 = 0, obtemos:
Observação: A recíproca da afirmação demonstrada é válida, ou

1-2+2 0

Como a igualdade não é verdadeira, então Q r.


seja, se , então os pontos A(xA,yA),
B(xB,yB) e C(xC, yC) estão alinhados.
 Para os Pontos A (- 1, 2) e B (3, 1), encontre a equação
geral da reta.
Equações de uma reta
- Resolução utilizando a Regra de Sarrus:
Equação geral

Podemos estabelecer a equação geral de uma reta a partir da


condição de alinhamento de três pontos.

Dada uma reta r, sendo A(xA, yA) e B(xB, yB) pontos conhecidos
e distintos de r e P(x,y) um ponto genérico, também de r, estando
A, B e P alinhados, podemos escrever:

2x+3y-1-6-x+y = 0 → x+4y-7 = 0

OU utilizando-se um método prático:

Fazendo yA - yB = a, xB - xA = b e xAyB - xByA= c, como a e b não

são simultaneamente nulos , temos:

ax + by + c = 0
2x-1+3y+y-6-x = 0 → x+4y-7 = 0
(equação geral da reta r)

- 114 -
Equação segmentária

Considere a reta r não paralela a nenhum dos eixos e que Equação Reduzida
intercepta os eixos nos pontos P(p, 0) e Q(0, q), com

: Considere uma reta r não-paralela ao eixo Oy:

Isolando y na equação geral ax + by + c = 0, temos:

A equação geral de r é dada por:

Fazendo , vem:

Dividindo essa equação por pq , temos: y = mx + q

Chamada equação reduzida da reta, em que fornece


a inclinação da reta em relação ao eixo Ox.
Como exemplo, vamos determinar a equação segmentária da
reta que passa por P(3, 0) e Q(0, 2), conforme o gráfico:
Quando a reta for paralela ao eixo Oy, não existe a equação
na forma reduzida.

Coeficiente angular

Chamamos de coeficiente angular da reta r o número real m


tal que:

Equações paramétricas
São equações equivalentes à equação geral da reta, da forma
x= f(t) e y= g(t), que relacionam as coordenadas x e y dos pontos
da reta com um parâmetro t.
O ângulo é orientado no sentido anti-horário e obtido a partir
do semi-eixo positivo Ox até a reta r. Desse modo, temos sempre
.
Assim, por exemplo, , são equações
paramétricas de uma reta r. Assim:

Para obter a equação geral dessa reta a partir das


paramétricas, basta eliminar o parâmetro t das duas equações:  para ( a tangente é positiva no
1º quadrante)

x=t+2 t = x -2  para ( a tangente é negativa


no 2º quadrante)

Substituindo esse valor em y = - t + 1, temos:

y = -(x - 2) + 1 = -x + 3 x + y - 3 = 0 ( equação geral de r)


- 115 -
Exemplos:
Determinação do coeficiente angular

Vamos considerar três casos:

a) o ângulo é conhecido

b) as coordenadas de dois pontos distintos da reta são


conhecidas: A(xA, yA) e B(xB, yB)

Como ( ângulos correspondentes) temos que

Mas, m = tg Então:

- 116 -
Assim, o coeficiente angular da reta que passa, por exemplo, por
A(2, -3) e B(-2, 5) é:
Coordenadas do ponto de intersecção de
retas

A intersecção das retas r e s, quando existir, é o ponto P(x, y),


comum a elas, que é a solução do sistema formado pelas
equações das duas retas.

c) a equação geral da reta é conhecida


Vamos determinar o ponto de intersecção, por exemplo, das
retas r: 2x +y - 4 =0 e s: x -y +1=0. Montando o sistema e
Se uma reta passa por dois pontos distintos A(XA, YA) e B(XB, YB), resolvendo-o, temos:
temos:

Substituindo esse valor em x -y = -1, temos:

Aplicando a Regra de Sarrus, vem: 1 - y = -1

y=2
(YA - YB)x + (XB - XA)y + XAYB - XBYA = 0
Logo, P(1, 2) é o ponto de intersecção das retas r e s.
Da equação geral da reta, temos:
Graficamente, temos:

Substituindo esses valores em , temos:

Equação de uma reta r, conhecidos o


coeficiente angular e um ponto de r
Posições relativas entre retas
Seja r uma reta de coeficiente angular m. Sendo
Paralelismo
P(X0, Y0), P r, e Q(x,y) um ponto qualquer de
r(Q P), podemos escrever:
Duas retas, r e s, distintas e não-verticais, são paralelas se, e
somente se, tiverem coeficientes angulares iguais.

Como exemplo, vamos determinar a equação geral da reta r que


passa por P(1, 2), sendo m=3. Assim, temos X0=1 e Y0=2. Logo:

y-y0=m(x-x0)=y-2 = 3(x - 1) = y-2 = 3x - 3 = 3x - y - 1 = 0

que é a equação geral de r.

- 117 -
Concorrência

Dadas as retas r: a1x +b1y + c1 = 0 e s: a2x + b2y + c2 = 0, elas


serão concorrentes se tiverem coeficientes angulares diferentes:

Como exemplo, vamos ver se as retas r: 3x - 2y + 1 = 0 e s:


6x + 4y + 3 = 0 são concorrentes:

Dependendo da posição das duas retas no plano, o ângulo


pode ser agudo ou obtuso. Logo:

Perpendicularismo

Se r e s são duas retas não-verticais, então r é Essa relação nos fornece o ângulo agudo entre r e s, pois
perpendicular a s se, e somente se, o produto de seus
. O ângulo obtuso será o suplemento de .
coeficientes angulares for igual a -1. Lê-se . Acompanhe o
desenho:

Distância entre ponto e reta

Dados um ponto P(x1, y1) e uma reta r:ax + by + c = 0, a distância


entre eles (dpr)é dada por:

Ângulo entre duas retas

Sendo r e s duas retas não-verticais e não-perpendiculares

entre si, pelo teorema do ângulo externo , temos:


Vamos calcular a distância, por exemplo, do ponto P(-1,2) à reta
r: x - 2y + 1 = 0.

Temos P(-1, 2) = P(x1, y1), a = 1, b= - 2 e c=1. Assim:

- 118 -
Área de Figuras Planas
Região interna de uma figura qualquer.

Mediana: Segmento de Reta que sai do vértice e


Chega no Ponto Médio ao lado oposto
Mediatriz: Segmento de Reta que passa pelo
Ponto Médio formando o ângulo reto (90º)
Bissetriz dos Quadrantes Baricentro: Interseção das Medianas.

Xg = Xa  Xb  Xc
3

Ya  Yb  Yc
Yg =
3

Vetores em R² e R³
Decomposição de um Vetor no Plano

β = Segmento de seta, que divide um ângulo em 2


partes iguais.

Mediana e Mediatriz

- 119 -
Igualdade e Operações
- Igualdade

- Operações

Vetor Definido por Dois Pontos

Expressão Analítica de um Vetor

- 120 -
Decomposição no Espaço

Eixos Coordenados

Planos Coordenados: x0y ou xy, x0z ou xz e y0z ou yz

- 121 -
- 122 -
Igualdade – Operações – Vetor Definido por
Dois Pontos

Condição de Paralelismo de Dois Vetores

Dados um ponto P do plano e dois vetores


paralelos que não tenham mesma
direção

Equação do Plano

Dados um Ponto do Plano e Vetor Normal ao


Plano

- 123 -
Dados três pontos não colineares

Interseção de Retas e Planos

Exemplo 1: Determine a interseção da reta

x = 3 – 2t (1)

y=1+t (2)

z = 2 + 3t (3)

Com o plano

x – 4y + z = -2 (4)

Nesse caso, a interseção de uma reta com um plano é um ponto

Precisamos encontrar um valor de (x, y, z) que satisfaz (1), (2),


(3) e (4) ao mesmo tempo

Substituindo (1), (2) e (3) em (4):

(3 – 2t) – 4(1 + t) + (2 + 3t) = -2

-3t = -3  t = 1

Logo:

x=1

y=2

z=5

- 124 -
4) Quais as coordenadas do ponto médio para os pontos A(4, 3)
e B(8, 11).

a) (2, 3)
b) (3, 5)
c) (4, 6)
d) (5, 7)
e) (6, 7)

Se não houver solução para t, a reta será paralela ao plano, não


tocando nele. 5) Seja os segmento AB, cujo ponto médio P tem abscissa 6 e
ordenada 3. Sendo B(- 1, - 2), encontre as coordenadas de A.
Se o sistema admitir n soluções para t, a reta está contida no
plano. a) (9, 6)
b) (10, 7)
c) (11, 8)
Exemplo 2: Determine o ponto de interseção da reta d) (13, 8)
e) (13, 9)
x=1+t

y = -2 6) Num paralelogramo ABCD tem-se que A(- 3, 5), B(1, 7) e C(5,


- 1). Determine as coordenadas do ponto D.
z = 4 + 2t

Com o plano a) x – 2y + 3z = 8 a) (1, - 3)


b) (2, - 2)
Solução c) (3, - 1)
d) (2, 3)
x – 2y + 3z = 8 => 1+ t – 2(-2) + 3(4 + 2t) = 8 e) (3, 5)
1 + t + 4 + 12 + 6t = 8 => 7t + 17 = 8 => 7t = -9

t = -9/7
7) Determine a medida da mediana relativa ao vértice A do
x = 1 + t => 1 - 9/7 => x = -2/7 triângulo ABC. Dados A(0, 1), B(2, 9) e C(6, - 1).

y = -2 a) 2
b) 3
z = 4 + 2(-9/7) => z = 10/7 c) 4
d) 5
Ponto de interseção (-2/7, -2, 10/7) e) 6

QUESTÕES DE CONCURSOS 8) Determine a equação geral da reta que passa pelos pontos A(1,
3) e B(2, 5).
1) Determine os valores de x para os quais a distância entre os
pontos A(x + 2, 3) e B(3, x – 3) é 5. a) 2x – y + 1 = 0
b) 2x – 3y + 2 = 0
a) 1 ou 3 c) 2x + y + 3 = 0
b) 2 ou 4 d) 3x – y + 2 = 0
c) 1 ou 5 e) 3x – 2y – 1 = 0
d) 1 ou 6
e) 2 ou 5
9) Determine a equação reduzida da reta que passa pelos pontos
A(- 1, 0) e B(0, - 2).

2) Os pontos A(1, 3) e C(6, - 2) são extremidades de uma diagonal a) y = 2x + 1


de um quadrado. Qual deverá ser sua área? b) y = 2x – 3
c) y = – 2x – 2
a) 20 d) y = – 3x + 2
b) 25 e) y = – 3x + 4
c) 28
d) 30
e) 32
10) Determine o ponto de interseção das duas retas
representadas abaixo pelas suas respectivas equações:

3) Os pontos A(3, 4) e B(1, - 2) são eqüidistantes de P(0, y).


Determine y.
a) (- 2, - 5)
a) 1/3
b) (- 3, - 4)
b) 2/3
c) (- 4, - 3)
c) 5/3
d) (1, 3)
d) 1/5
e) (2, 5)
e) 2/5

- 125 -
11) Determine a equação geral da reta que passa pelo ponto P(5, 17) Dados A(2, 2), B(6, 2) e C(4, 5), qual a medida da altura
- 2) e tem coeficiente angular igual a 2. relativa ao vértice C do triângulo ABC?

a) x + 3y – 6 = 0 a) 2
b) 2x – y – 12 = 0 b) 3
c) 3x + 2y – 5 = 0 c) 4
d) 3x – 2y + 2 = 0 d) 5
e) 3x + 3y – 5 = 0 e) 6

12) Dada a reta r (3x + 4y + 5 = 0), obter a reta paralela a r 18) Calcule a área do triângulo de vértices A(0, 0), B(2, 2) e C(4,
passando pelo ponto P(- 1, - 2). 1).

a) 3x + 4y + 11 = 0 a) 3
b) 3x + 3y + 8 = 0 b) 4
c) 2x + 5y – 7 = 0 c) 5
d) 2x – 5y + 7 = 0 d) 6
e) 2x – 5y + 9 = 0 e) 7

13) Dada a reta r (3x + 4y + 5 = 0), obter a reta perpendicular a r 19) Calcule a área do quadrilátero de vértices A(1, 0), B(5, 0), C(4,
passando pelo ponto P(- 1, - 2). 2) e D(0, 3).

a) 2x + 3y – 1 = 0 a) 7/2
b) 2x – 3y + 3 = 0 b) 11/2
c) 3x – 2y + 1 = 0 c) 15/2
d) 4x + 3y – 1 = 0 d) 19/2
e) 4x – 3y – 2 = 0 e) 21/2

14) Calcule a distância entre o ponto P(5, - 5) e a reta r (4x + 3y 20) A área do pentágono de vértices A(0, 0), B(2, 0), C(2, 2), D(1,
+ 10 = 0). 3) e E(0, 2).

a) 1 a) 3
b) 2 b) 4
c) 3 c) 5
d) 4 d) 6
e) 5 e) 7

15) Determine a área do triângulo em que os eixos coordenados 21) Quais são os pontos de interseção da reta r (2x – 3y – 6 = 0)
formam com a reta 4x + 5y – 80 = 0. com os eixos Ox e Oy?

a) 120 ) (2, 0) e (0, 3)


b) 140 b) (2, 0) e (0, - 2)
c) 150 c) (3, 0) e ( 0, - 1)
d) 160 d) (3, 0) e (0, - 3)
e) 180 e) (3, 0) e (0, - 2)

22) Encontre a reta que passa pelo ponto médio do segmento de


16) Calcule a área do triângulo cujos vértices são A(- 3, - 2), B(5, extremidades (5, - 6) e (- 1, - 4), e da interseção entre as retas 2x
4) e C(2, 7). + y – 2 = 0 e x = 5y + 23.

a) 15 a) x + y – 5 = 0
b) 16 b) x + 2y – 4 = 0
c) 18 c) x – 2y + 3 = 0
d) 20 d) x – y + 5 = 0
e) 21 e) x – y – 7 = 0
- 126 -
23) Determine o coeficiente angular da reta que passa pelos 29) Encontre m para que as retas r (2x + my – 2 = 0) e s (x + y +
pontos A(4, 1) e B(1, 4). 7 = 0) sejam paralelas.

a) - 2 a) - 2
b) - 1 b) - 1
c) 1/2 c) 1
d) 1 d) 2
e) 2 e) 3

24) Determine o coeficiente angular da reta, cuja equação geral é 30) Determine a equação da reta r que passa por P(- 2, 2) e é
3x – 4y – 7 = 0. perpendicular a reta x + 3y – 5 = 0.

a) - 1/2 a) 2x + y + 7 = 0
b) 1/3 b) 3x – y + 8 = 0
c) 2/3 c) 4x + y – 5 = 0
d) 3/4 d) x + y – 2 = 0
e) 2/5 e) 5x – y + 6 = 0

25) Qual a equação da reta com coeficiente angular – 4/5 que 31) Determine m de modo que as retas r (mx + y – 3 = 0) e s (x
passa pelo ponto P(2, - 5)? – y + 1 = 0) sejam perpendiculares.

a) 4x + 5y + 17 = 0 a) - 1
b) 4x + 5y – 15 = 0 b) 1/3
c) 3x – 5y + 14 = 0 c) 1/2
d) 3x – 4y – 7 = 0 d) 1
e) 2x – 3y + 5 = 0 e) 2

32) Encontre a equação da reta r perpendicular a reta s (3x + 2y


– 5 = 0) e que passa por P(1, - 1).
26) Obtenha a equação geral da reta r que passa por P(- 3, 5) e
é paralela à reta s (3x + y – 1 = 0). a) x – 3y = 0
b) x + 2y – 1 = 0
a) 2x – y + 5 = 0 c) 2x – y + 4 = 0
b) 2x + y + 3 = 0 d) 2x + y – 3 = 0
c) 3x + y + 4 = 0 e) 2x – 3y – 5 = 0
d) 3x – y + 5 = 0
e) 3x – 2y – 1 = 0

33) Calcule a distância da origem do sistema de coordenadas


cartesianas à reta r (4x + 3y – 5 = 0).

27) Determine a equação da reta que passa pela origem e é a) 1


paralela à reta, cuja a equação é 2x – 3y + 7 = 0. b) 2
c) 3
a) 2x – 3y = 0 d) 4
b) 3x + 2y = 0 e) 5
c) x – y + 4 = 0
d) x + y – 2 = 0
e) 2x – y + 1 = 0

28) Determine k para que as retas r (3x + y – 3 = 0) e s (kx + y + 34) Determine a distância entre as retas paralelas r (4x – 3y + 1
5 = 0) sejam paralelas: = 0) e s (4x – 3y + 11 = 0).

a) 1 a) 1
b) 2 b) 2
c) 3 c) 3
d) 4 d) 4
e) 5 e) 5

- 127 -
35) Qual o ângulo agudo formado pelas retas 2x – y + 2 = 0 e 3x 41) As retas r (2x + 7y = 3) e s (3x – 2y = - 8) se cortam num
+ y + 1 = 0? ponto P. Achar a equação da reta perpendicular a reta r pelo
ponto P.
a) 75°
b) 60° a) 2x – y + 7 = 0
c) 45° b) 3x + 4y – 5 = 0
d) 30° c) 4x – 5y + 9 = 0
e) 15° d) 5x + 2y – 11 = 0
e) 7x – 2y + 16 = 0

36) A equação da mediatriz de AB, sendo A(1, 2) e B(3, 5), é:


42) As retas 3x + 2y – 1 = 0 e – 4x + 6y – 10 = 0 são:
a) 5x – 3y + 17 = 0
b) 4x + 6y – 29 = 0 a) paralelas
c) 3x – 5y + 13 = 0 b) coincidentes
d) 2x + 3y – 11 = 0 c) perpendiculares
e) x – 2y + 7 = 0 d) concorrentes e não perpendiculares
e) n.d.a

37) Os pontos (2, 3) e (6, 7) são os extremos da diagonal de um 43) Determinar a reta perpendicular à reta de equação x + 2y – 3
determinado quadrado. A reta suporte da outra diagonal é: = 0 no seu ponto de ordenada igual a 2.

a) 3x – y + 7 = 0 a) 2x – y + 4 = 0
b) 2x – y + 5 = 0 b) 2x + y + 7 = 0
c) 2x + y – 5 = 0 c) 2x – y + 5 = 0
d) x + y – 9 = 0 d) 3x – 2y – 5 = 0
e) x – y + 7 = 0 e) 3x + 3y – 7 = 0

38) (FEI) As retas 2x – y = 3 e 2x + ay = 5 são perpendiculares, 44) (USP) A equação da reta passando pela origem e paralela à
então: reta determinada pelos pontos A(2, 3) e B(1, - 4) é:

a) a = - 1 a) y = x
b) a = 1 b) y = 3x - 4
c) a = - 4 c) x = 7y
d) a = 4 d) y = 7
e) n.d.a e) n.d.a

39) Determinar a reta perpendicular à 2x – 5y – 3 = 0 e pelo ponto 45) Determinar a equação da mediatriz do segmento de extremos
P(- 2, 3). A(- 3, 1) e B(5, 7).

a) 5x + 2y + 4 = 0 a) 4x – 3y + 5 = 0
b) 4x – 2y + 5 = 0 b) 4x + 3y – 16 = 0
c) 3x + y – 7 = 0 c) 4x – 5y + 7 = 0
d) 2x – 3y + 1 = 0 d) 5x – 2y – 1 = 0
e) x + 2y – 3 = 0 e) 5x + 2y + 3 = 0

40) (USP) A equação da reta que passa pelo ponto (3, 4) e é 46) O perímetro do triângulo ABC dados A(- 1, 1), B(4, 13) e C(-
paralela à bissetriz do 2° quadrante é: 1, 13) é:

a) y = x - 1 a) 30
b) x + y – 7 = 0 b) 15
c) y = x + 7 c) 17
d) 3x + 6y = 3 d) 25
e) n.d.a e) 22

- 128 -
47) O valor real de x para que o triângulo formado pelos pontos 54) O valor de m para que a reta de equação m.x + y – 2 = 0
A(- 1, 1), B(2, 5) e C(x, 2) seja retângulo em B é: passe pelo ponto A(1, - 8) é:

a) 3 a) 10
b) 4 b) – 10
c) 5 c) 6
d) 6 d) – 6
e) – 4 e) – 1/8

48) A distância do ponto A(- 1, 2) ao ponto B(2, 6) é: 55) (PUC – SP) As retas 2x + 3y = 11 e x – 3y = 1 passam pelo
ponto (a, b). Então a + b vale:
a) 3
b) 4 a) 4
c) 5 b) 5
d) 6 c) 6
e) 7 d) – 4
e) 3

49) (PUC – SP) Sendo A(3, 1), B(4, - 4) e C(- 2, 2) vértices de um 56) O valor de y, para qual a distância do ponto A(1, 0) ao ponto
triângulo, então esse triângulo é: B(5, y) seja 5 é:

a) retângulo e não isósceles a) – 3 ou + 3


b) retângulo e isósceles b) – 4 ou + 4
c) eqüilátero c) 3
d) isósceles e não retângulo d) 2
e) escaleno e não retângulo e) - 1

50) A soma das coordenadas do ponto médio do segmento de 57) (Vunesp) Dado um sistema de coordenadas cartesianas no
extremidades (- 1, 4) e (3, 10) é: plano, considere os pontos A(2, 2), B(4, - 1) e C(m, 0). Para que
AC + CB seja mínimo, o valor de m deve ser:
a) 16
b) 18 a) 7/3
c) 10 b) 8/3
d) 8 c) 10/3
e) 6 d) 3,5
e) 11/3

51) A equação da reta que passa pela origem e pelo ponto A(2,
5) é:

a) y = 2x
b) y = 5x/2 58) (Cesgranrio) A distância entre os pontos M (4, - 5) e N(- 1, 7)
c) y = x/2 do plano xOy vale:
d) y = x/5
e) x + y = 0 a) 14
b) 13
c) 12
d) 9
52) A reta que passa pelos pontos A(1, 2) e B(- 1, 6) intercepta o e) 8
eixo das abscissas no ponto:

a) (1, 0)
b) (2, 0)
c) (0, 2)
d) (- 2, 0)
e) (- 1, 0) 59) (Puccamp) Sabe-se que os pontos A(0, 0), B(1, 4) e C(3, 6)
são vértices consecutivos do paralelogramo ABCD. Nessas
condições, o comprimento da BD é:

a) 2
53) Dados os pontos A(1, 1), B(3, 0) e C(- 1, 2) podemos afirmar b) 3
que: c) 2 2
a) os pontos estão alinhados d) 5
b) os pontos formam um triângulo retângulo
c) os pontos formam um triângulo de área igual a 6 e) 7
d) os pontos pertencem a uma reta de coeficientes angular – 2
e) os pontos formam um triângulo isósceles

- 129 -
60) (Unitau) A equação da reta que passa pelos pontos (3, 3) e 66) (UFPE) A equação cartesiana da reta que passa pelo ponto
(6, 6) é: (1, 1) e faz com o semi-eixo positivo Ox um ângulo de 60º é:

a) y = x a) ( 2) x  y  2  1
b) y = 3x
c) y = 6x b) ( 3) x  y  1  3
d) 2y = x c) ( 3) x  y  3 1
e) 6y = x
d) ( 3) x 2  y  1  3 2
e) ( 3) x 2  y  1  3 2

61) (UFPE) Considere a reta de equação cartesiana (1 + 4k)x +


(1 + k²)y = k² + 5k + 6, onde k é um número real. Determine o
valor de k, k  0 , para o qual esta reta tem declividade igual a 67) (UFES) Dados no plano cartesiano os pontos A(- 2, 1) e B(0,
– 1: 2), determine a equação da reta que passa por A e é
perpendicular ao segmento AB.
a) 1
b) 2 a) x – 2y – 1 = 0
c) 3 b) x + 3y – 3 = 0
d) 4 c) 2x + y – 2 = 0
e) 5 d) 2x – y – 1 = 0
e) 2x + y + 3 = 0

62) (Cesgranrio) As retas x + ay – 3 = 0 e 2x – y + 5 = 0 são


paralelas, se a vale:

a) – 2 68) (Cesgranrio) A área do triângulo cujos vértices são os pontos


b) – 0,5 (1, 2), (3, 5) e (4, - 1) vale:
c) 0,5
d) 2 a) 4,5
e) 8 b) 6
c) 7,5
d) 9
e) 15

63) (Cesgranrio) Se as retas y + (x/2) + 4 = 0 e my + 2x + 12 = 0


são paralelas, então o coeficiente m vale:

a) 2 69) (PUCSP) Os pontos A(- 1, 1), B(2, - 1) e C(0, - 4) são vértices


b) 3 consecutivos de um quadrado ABCD. A equação da reta suporte
c) 4 da diagonal BD, desse quadrado, é:
d) 5
e) 6 a) x + 5y + 3 = 0
b) x – 2y – 4 = 0
c) x – 5y – 7 = 0
d) x + 2y – 3 = 0
64) (UFCE) A reta 2x + 3y = 5, ao interceptar os dois eixos e) x – 3y – 5 = 0
coordenados, forma com estes um triângulo retângulo. Calcule o
valor da hipotenusa desse triângulo.

a) 5 13
6
70) (UECE) Seja (r) a reta que passa pelos pontos P1(k, 0) e P2(0,
b) 5 7 k), sendo k um número real negativo. Se o ponto Q(3, - 7)
3 pertence a (r), então k² - 3k + 5 é igual a:

c) 2 7 a) 9
3 b) 15
c) 23
d) 2 5 d) 33
3 e) 35
e) 2 3

65) (Uelondrina) Considere os pontos A(0, 0), B(2, 3) e C(4, 1). A 71) (Fei) O ponto A’, simétrico do ponto A(1, 1) em relação à reta
equação da reta paralela à reta AC, conduzida pelo ponto B, é: r: 2x + 2y – 1 = 0 é:

a) x – 4y + 10 = 0 a) (1, 1)
b) x + 4y – 11= 0 b) (1/2, - 3/2)
c) x – 4y – 10 = 0 c) (- 1/2, - 1/2)
d) 2x + y – 7 = 0 d) (- 1/2, - 3/2)
e) 2x – y – 1 = 0 e) (1/2, 3/2)

- 130 -
72) (UFCE) Considere o triângulo cujos os vértices são os pontos 77) (UFSM) Dois vetores de módulos respectivamente iguais a 7
A(2, 0), B(0, 4) e C( 2 5, 4  5 ). Determine o valor numérico da e 6, formam entre si um ângulo de 60º. O módulo do vetor soma
vale:
altura relativa ao lado AB, deste triângulo:

a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5

73) (Uelondrina) Seja AC uma diagonal do quadrado ABCD. Se


A(- 2, 3) e C(0, 5), a área de ABCD, em unidades de área, é:

a) 4
b) 4 2
c) 8 78) Qual a relação entre os vetores M, N, P e R representados?
d) 8 2
e) 16

   
74) Sendo os vetores u = ( 2,3,1) e v = ( 1,4, 5) . Calcule u  v
a) 20
b) 19
c) 18
d) 16
e) 12

75) A resultante entre dois vetores ortogonais é 75 u. Se o módulo


de um deles é 60 u, o módulo do outro vetor é:

a) 65
b) 55
c) 45
d) 35
e) 25

76) As figuras abaixo representam quadrados nos quais todos os


lados são formados por vetores de módulos iguais. A resultante
do sistema de vetores é numa na figura de número.

79) (Ufal) A localização de um lago, em relação a uma caverna


pré-histórica, exigia que se caminhasse 200 m numa certa direção
e, a seguir, 480 m numa direção perpendicular à primeira. A
distância em linha reta, da caverna ao lago, era, em metros,

a) 680
b) 600
c) 540
d) 520
a) 1 e) 500
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5

- 131 -
80) Quatro vetores atuam sobre um corpo dando como polígono 83) (Uniube – MG) Qual é o módulo da resultante da soma dos
vetorial a figura abaixo. vetores representados abaixo?

Pode-se afirmar que o vetor resultante é:

a) 2,0 u
b) 3,5 u
c) 4,0 u
d) 7,0 u
e) 8,0 u

81) (UFMG) Dado o diagrama, pergunta-se qual a expressão


correta:

84) (FCC – BA) No esquema estão representados os vetores


A relação vetorial correta entre esses
vetores é:

82) (UnB) É dado o diagrama vetorial da figura. Qual a expressão


correta?

- 132 -
85) (UFC – CE) Na figura a seguir, onde o reticulado forma 88) (USP) A figura abaixo representa um paralelepípedo
quadrados de lado L = 0,50 cm, estão desenhados dez vetores, retângulo de arestas paralelas aos eixos coordenados e de
contidos no plano xy. O módulo da soma de todos esses vetores medidas 2, 1 e 3. Determinar as coordenadas do vértice F deste
e´, em centímetros: sólido, sabendo que A (2, - 1, 2).

a) 0,0
b) 0,5
c) 1,0
d) 1,5
e) 2,0

a) (2, -1, 5)
b) (2, -2, 4)
c) (1, -2, 4)
86) (UEL) Dados os vetores de mesmo
d) (-2, 1, 5)
módulo, qual das relações abaixo está correta?
e) (-2, 2, 5)

89) Equação geral do plano que contém o ponto A = (3,0,1) e é


paralelo aos vetores u=(1,2,0) e v=(0,3,1).

a) x – 2y + z – 7 = 0
b) x + 2y + 2z – 8 = 0
c) 2x – 2y + z – 8 = 0
d) 2x – y + 2z – 9 = 0
e) 2x – y + 3z – 9 = 0

90) Achar a equação do plano que passa pelos pontos P = (1, 2,


3) e Q = (1, 2, 0) e tem a direção do vetor v=2i+3k.
87) Unitau – SP) Considere o conjunto de vetores representados
a) x + 2 = 0
na figura. Sendo igual a 1 o módulo de cada vetor, as operações
b) y – 2 = 0
A + B, A + B + C e A + B + C + D terão módulos, respectivamente,
c) z + 2 = 0
iguais a:
d) x + y – 1 = 0
e) x + 2y + 1 = 0

91) Obter a equação do plano que contém os pontos A = (3, 0, 1),


B = (2, 1, 1) e C = (3, 2, 2).

a) x + z - 2 = 0
b) y – z + 2 = 0
c) 2x + y – 2z + 1 = 0
d) x + y – 2z – 1 = 0
e) x + 2y + z + 1 = 0

- 133 -
QUESTÕES DO CONCURSO QOAM 7) (QOAM) A rota de um navio A é dada pela reta r: 2x + 2y = 3
e a de um navio B pela reta s: 2x + y = 6. É correto afirmar que,
1) (QOAM) Um oficial recebeu uma carta geográfica assinalada com no mapa, essas rotas:
os quatro vértices onde estão colocados os marcos que delimitam um
território quadrangular sob a responsabilidade da sua unidade. a) Se cruzam num ponto do 1º quadrante
Sabendo-se que as coordenadas desses vértices são b) Se cruzam num ponto do 2º quadrante
respectivamente: (1, 2); (3, 9); (10, 10); (12, 3) e que cada unidade de c) Se cruzam num ponto do 3º quadrante
área da carta geográfica corresponde a 10 metros quadrados, qual é d) Se cruzam num ponto do 4º quadrante
a área, em metros quadrados, desse território? e) Nunca se cruzam
a) 1450
b) 1300
c) 1260
d) 660
e) 630
8) (QOAM) As retas x + ky – 3 = 0 e 2x – y + 5 = 0 são paralelas,
se k for igual a:
2) (QOAM) Deseja-se esticar um cabo de aço de um ponto R até um
ponto S, ambos de um mesmo terreno. De acordo com o referencial a) – 2
estabelecido em um mapa, os pontos R e S têm, respectivamente, as b) – 0,5
coordenadas (- 7, 4) e (5, 9). Qual é a medida em metros desse cabo, c) 0,5
sem considerar o necessário para as amarrações, sabendo-se que d) 2
cada unidade do referencial corresponde a dois metros no terreno. e) 8
a) 26
b) 17
c) 13
d) 8,5
e) 6,5
9) (QOAM – 2007) Os pontos (0, 8), (3, 1) e (1, y) do plano são
colineares. Qual é o valor de y?
3) (QOAM) Os pontos de coordenadas (1, 2) e (9, 8) faziam parte da
trajetória retilínea de um navio, que foi afundado por um torpedo
a) 5
lançado do ponto de coordenadas (15, 5). Sabendo-se que o torpedo b) 5,3
percorreu a menor distância possível, conclui-se que tal distância, na c) 5,5
mesma unidade das coordenadas, é igual a: d) 5,666...
e) 6
a) 10
b) 9
c) 8
d) 7
e) 6

10) (QOAM – 2008) Dados o pontos A(2, 3), B(6, 3) e C(2, 6),
4) (QOAM) Num mapa estão assinaladas três ilhas A, B e C, cujas vértices de um triângulo ABC, qual é abscissa do ponto P,
coordenadas são respectivamente iguais a (3; - 5), (3; 3) e (9; - 5). pertencente ao lado BC, extremo da bissetriz interna AP, relativa
Quais são as coordenadas do ponto P, desse mapa, no qual se deve ao vértice A?
situar um navio patrulha, de modo que a distância desse ponto P para
cada uma dessas ilhas A, B e C seja a mesma?
a) 20/7
a) (6, - 1) b) 22/7
b) (5, - 7/3) c) 23/7
c) (6, - 7/3) d) 25/7
d) (5, - 1) e) 26/7
e) (3, 4)

11) (QOAM – 2009) Qual o valor de m para que as retas 2x + 5y


5) (QOAM - 2006) Uma coluna de Fuzileiros Navais deve ir de um – 10 = 0 e 3x + my – 11 = 0 sejam paralelas?
ponto A de coordenadas (2, 5) para um ponto B coordenadas (5, 11).
Para que essa coluna realize um percurso AMB em linha reta, as a) 2/15
coordenadas do ponto M podem ser: b) 5/3
c) 5/2
a) (3, 7)
d) 15/4
b) (3, 9)
e) 15/2
c) (4, 7)
d) (4, 8)
e) (4, 10)

6) (QOAM) Em um mapa, as extremidades de um túnel reto são


12) (QOAM – 2010) A reta r: 3x + 4y – 12 = 0 do plano cartesiano
os pontos de coordenadas (- 3, 2) e (5, - 4). Se cada unidade do
forma com os eixos coordenados um triângulo cuja área, em
mapa corresponde a 30 metros no terreno, qual é a extensão, em
unidades de área, vale:
metros, desse túnel?
a) 480 a) 6
b) 420 b) 8
c) 360 c) 9
d) 300 d) 10
e) 240 e) 12

- 134 -
13) (QOAM – 2011) O módulo da distância do ponto A(- 1, 4) até 18) (QOAM – 2014) No plano cartesiano, o quadrado  tem
a reta r: 2x + 3y – 6 = 0 é um número irracional pertencente ao vértices nos pontos A(1, 2), B(1, 4), C(3, 4), D(3, 2), e centro no
ponto P, enquanto o quadrado  tem vértices nos pontos E(2, -
intervalo:

a) 0,1 3), F(2, 1), G(6, 1), H(6, - 3), e centro no ponto K. Sendo assim,
é correto afirmar que a distância entre os pontos P e K é igual a:
b) 1, 2

c)  2,3 a) 4 2
d)  3, 4
b) 2 5

e)  4,5
c) 2 7
d) 4 5
14) (QOAM – 2011) No plano cartesiano, dentre os pontos que
e) 3 2
dividem o segmento com extremidades em A(7, 1) e B(- 5, - 5),
em 6 partes iguais, aquele que está mais próximo de A tem
coordenadas:
19) (QOAM – 2015) Considere um triângulo retângulo ABC
a) (8, 3) (ângulo C = 90º) no plano cartesiano. Sabe-se que A = (1 , 4), B
b) (6, 3) = (2 , 5) e que C tem a mesma abscissa de B. Sendo assim, a
c) (5, 0) área do triângulo ABC, em unidades de área, é igual a:
d) (9, 2)
e) (8, - 1) a) 9/4
b) 2
c) 1
15) (QOAM – 2012) Um triângulo possui seus vértices localizados d) 3/4
nos pontos do plano cartesiano P(1, 4), Q(4, 1) e R(0, y). Para e) 1/2
que o triângulo tenha área igual a 3, é suficiente que y assuma o
valor igual a: 20) (QOAM – 2016) Observe a figura abaixo.
a) – 3,7
b) 2,5
c) 7
d) 7,3
e) 7,5

16) (QOAM – 2013) Considere o trapézio isósceles ABCD no


plano cartesiano, com bases paralelas AB e CD. Sabendo que A
= (2 , 3), B = (4 , 5) e que a base CD está sobre a reta suporte de
equação y = x + 11, pode-se afirmar que a altura do trapézio em
unidade de comprimento é igual a:

a) 7 2
b) 6 2
c) 5 2
Na figura acima, estão representados três quadrados L1, L2 e L3
d) 4 2 no plano cartesiano. O quadrado L1 tem vértices A(0 , 0); B(0 , 6);
C(6 , 6) e D(6 , 0). O quadrado L2 tem vértices D(6 , 0); E(6 , 4);
e) 3 2 F(10 , 4) e G(10 , 0). O quadrado L3 (vértices GHIJ) tem o vértice
H sobre o lado FG do L2, o vértice I em condição de alinhamento
com os pontos C e F, e o vértice J pertencente ao eixo horizontal.
17) (QOAM – 2013) Sabe-se que um triângulo retângulo ABC é O lado do quadrado L3, em unidades de comprimento, mede:
reto no vértice A, o ângulo C mede 30º, a hipotenusa BC mede a
e o segmento AM é a mediana relativa à hipotenusa. Por um ponto a) 14/5
N, exterior ao triângulo traçam-se os segmentos BN paralelo à AM b) 12/5
e NA paralelo à BM. Qual é a área do quadrilátero AMBN em c) 15/4
função em função de a? d) 7/3
e) 8/3
a) a2 3
a2
b) 21) (QOAM – 2017) Assinale a opção que apresenta a equação
2 da reta r, que passa pelo ponto P(2 , -3) e é perpendicular à reta
a2 3 s, cuja equação é 3x – 4y + 7 = 0.
c)
4 a) x + 7y + 19 = 0
b) 4x + 3y + 1 = 0
d) 4a 2 3 c) 2x – y – 7 = 0
d) 3x + y – 3 = 0
a2 3 e) 4x + y – 5 = 0
e)
8
- 135 -
22) (QOAM – 2017) Considere a reta no plano cartesiano 25) (QOAM – 2020) Observe a figura a seguir.
determinada pelos pontos A(3 , 2) e B(5 , 1). Sendo assim, é
correto afirmar que seu coeficiente angular é igual a:

Ela representa um mapeamento costeiro, aproximado por um


plano cartesiano, monitorado por dois localizadores eletrônicos.
Na situação da figura, as retas r e s indicam as trajetórias dos
sensores desses localizadores, que marcaram o ponto A como

sendo o local onde uma embarcação encalhou. Em ,


há uma embarcação de socorro. Nas condições apresentadas e

usando , qual é a distância entre as embarcações em A


23) (QOAM – 2018) Considere no plano cartesiano os pontos A e em D, em quilômetros?
(1, 2) e B (3, 4). Dentre os pontos que equidistam de A e B, um
deles é o ponto C de abscissa 5. É correto afirmar que a ordenada a) 6
de C é igual a: b) 5,5
c) 5
a) 8 d) 4,5
b) 6 e) 4
c) 4
d) 2
e) 0 GABARITO – QUESTÕES DE CONCURSOS

1–d 2–b 3–c 4–e 5–d 6–a 7–d 8–a


9 – c 10 – b 11 – b 12 – a 13 – e 14 – c 15 – d
16 – e 17 – b 18 – a 19 – d 20 – c 21 – e 22 – e
23 – b 24 – d 25 – a 26 – c 27 – a 28 – c 29 – d
30 – b 31 – d 32 – e 33 – a 34 – b 35 – c 36 – b
37 – d 38 – d 39 – a 40 – b 41 – e 42 – c 43 – a
24) (QOAM – 2019) Na figura abaixo, as retas r e s representam 44 – e 45 – b 46 – a 47 – d 48 – c 49 – d 50 – d
as trajetórias percorridas por duas Fragatas, F1 e F2, e a unidade 51 – b 52 – b 53 – a 54 – a 55 – b 56 – a 57 – c
de medida nos eixos coordenados é dada em milhas náuticas. 58 – b 59 – d 60 – a 61 – d 62 – b 63 – c 64 – a
65 – a 66 – c 67 – e 68 – c 69 – c 70 – d 71 – c
72 – e 73 – a 74 – b 75 – c 76 – c 77 – e 78 – b
79 – d 80 – c 81 – d 82 – d 83 – c 84 – a 85 – e
86 – b 87 – c 88 – a 89 – e 90 – b 91 – d.

GABARITO – QUESTÕES DO CONCURSO QOAM

1–e 2–a 3–e 4–a 5–a 6–d 7–d 8–b


9 – d 10 – e 11 - e 12 – a 13 – b 14 – c 15 – c
16 – c 17 – e 18 – b 19 – e 20 – e 21 – b 22 – b
23 – e 24 – b 25 – c.

Considerando uma situação de emergência, as Fragatas, F1 e F2,


que estão em I, recebem uma mensagem de socorro de um navio
cargueiro N1 localizado no ponto de coordenadas (26 , 29). Sendo
assim, a quantas milhas náuticas N1 dista de I?

a) 28
b) 30
c) 34
d) 36
e) 40

- 136 -
G
E
O
G
R
A
F
I
A
- 137 -
- 138 -
20. BRASIL - A PRODUÇÃO DO TERRITÓRIO NACIONAL

20.1 - Regionalização no território brasileiro


Regionalizar significa estabelecer regiões com base em determinados critérios, que podem ser naturais, históricos, culturais ou
socioeconômicos. Uma regionalização pode ainda inter-relacionar mais de um desses aspectos, desde que garantam um caráter de
individualidade à região, distinguindo-a das demais.
As regiões não são estáticas. Elas podem ser alteradas em virtude do dinamismo na transformação das paisagens, em razão
dos processos históricos que modificam as formas de uso do solo e incorporam novos padrões de desenvolvimento tecnológico.
Podem, também, ser alteradas com a criação de estados e, portanto, de novas divisões políticas e administrativas, com novos
interesses econômicos e, até mesmo, para atender à finalidade de pesquisa e coleta de dados para levantamentos estatísticos.
A geógrafa Bertha Becker assinala que "as regiões não são entidades autônomas. Pelo contrário, configuram-se a partir das
diferenças que apresentam em relação às outras [regiões] e do papel diferenciado que exercem no conjunto da sociedade e do espaço
nacionais".
Desse modo, há uma interdependência entre as regiões que compõem o país, pois estão integradas a uma política e economia
únicas. Os diversos lugares de uma região relacionam-se com os lugares das demais. Há, por exemplo, fluxos de pessoas,
mercadorias e informações de diversos tipos, além de circulação de recursos financeiros.
A regionalização agrupa estados (ou parte deles) com características semelhantes, distinguindo-os dos demais. O
levantamento de dados permite a comparação e a percepção das disparidades regionais existentes e a possibilidade de maior
intervenção governamental para amenizar essas diferenças.

20.2 - A regionalização brasileira e as políticas territoriais


As regiões brasileiras
A colonização portuguesa deixou
heranças na ocupação e construção do
território brasileiro. A integração entre as
diversas regiões foi feita gradativamente,
conforme estudaremos ao longo deste
capítulo.
O IBGE é o órgão responsável pela
elaboração da divisão regional ou
regionalização oficial do território brasileiro.
Trata-se de uma ordenação ou classificação
que agrupa unidades com características
semelhantes, a partir de determinados
critérios.
Essa divisão tem, entre outras
finalidades, a agregação e a divulgação de
dados estatísticos que facilitem o
planejamento, a integração nacional e a
redução das desigualdades entre as regiões
do Brasil.
A primeira divisão regional do Brasil,
elaborada pelo IBGE, data de 1942. Nessa
divisão, as unidades federadas foram
agrupadas em macrorregiões.
Em 1970, uma nova divisão oficial definiu as regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste, compondo uma
regionalização bem semelhante àquela que hoje vigora. Na regionalização de 1980, a região Centro-Oeste ganhou o novo estado de
Mato Grosso do Sul. Em 1988, com o desmembramento de Goiás, o recém-criado estado de Tocantins passou a integrar a Região
Norte. Observe os mapas ao lado.

Planejamento regional
Ao longo de toda a história do Brasil, as desigualdades regionais são um traço marcante do seu espaço geográfico. Os estudos
sobre essas desigualdades, iniciados a partir dos anos 1930-40, vêm fornecendo dados que servem de instrumento para que o Estado
implante políticas de desenvolvimento regional, visando diminuir essas diferenças.
O tema desigualdade regional começou a ser discutido principalmente a partir da década de 1950, em razão do
desenvolvimento do processo de industrialização, que se concentrou no Centro-Sul". Contribuiu também para isso a publicação, em
1951, das primeiras estatísticas sobre renda e produção de bens e serviços de forma regionalizada.
O desenvolvimento mais acelerado do Centro-Sul ampliou o distanciamento social e econômico (que já era considerável) dessa
região em relação ao Nordeste.
Diante disso, o governo brasileiro empreendeu um plano de ação para promover o desenvolvimento das regiões mais
estagnadas econômica e socialmente.
Em 1959, foi criada a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), com a finalidade de executar o
planejamento e coordenar a ação do governo na região Nordeste (de acordo com a divisão do IBGE). Porém, sua área de atuação
estendeu-se também ao norte de Minas Gerais, que apresenta nível socioeconômico baixo. Dentro dessa política de desenvolvimento
- 139 -
regional, criou-se a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), em 1966, cuja área de atuação compreendia todos
os estados da região Norte, o oeste do Maranhão e o estado de Mato Grosso.
A criação da Sudene ocorreu num contexto de acelerado desenvolvimento econômico, promovido no governo do presidente
Juscelino Kubitschek. O conjunto de ações denominado Plano de Metas abarcava também o estímulo ao ingresso do capital
estrangeiro, com financiamento externo e entrada de multinacionais, ampliação da rede de rodovias, construção de hidrelétricas e
mudança da capital do Rio de Janeiro para Brasília.
Outras superintendências criadas foram a Superintendência do Desenvolvimento da Região Sul (Sudesul), em 1967, e a
Superintendência do Desenvolvimento da Região Centro-Oeste (Sudeco), em 1967. Essas instituições, no entanto, tinham
algumas diferenças em relação à Sudam e à Sudene, por exemplo, o volume de investimentos públicos era menor. Acabaram extintas
em 1990.
De modo geral, os objetivos da criação dessas superintendências não foram atingidos. Em 2001, o governo federal extinguiu
a Sudene e a Sudam, em meio a irregularidades e denúncias de corrupção. Em seus lugares foram criadas agências de
desenvolvimento: a Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA) e a Agência de Desenvolvimento do Nordeste (Adene).
A partir de 2003, no entanto, passou a ser discutida pelo governo a recriação das superintendências, que teriam estruturas de
atuação mais amplas no desenvolvimento das respectivas regiões do que as agências de desenvolvimento. No mesmo ano, o governo
federal encaminhou ao Congresso Nacional proposta para a recriação da Sudeco, para atuar nos estados do Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul e Goiás e no distrito federal.
Oficialmente, a Sudene e a Sudam foram recriadas no início de 2007. No começo de 2009, também foi oficializada a recriação
da Sudeco.

Os complexos regionais
A regionalização do Brasil em complexos regionais foi proposta em 1967pelo geógrafo Pedro Pinchas Geiger. Os complexos
regionais são: Amazônia, Nordeste e Centro-Sul. Essa regionalização do território brasileiro considera a formação histórico-econômica
do Brasil e a modernização econômica em curso desde a década de 1960, que se manifestou nos espaços urbano e rural,
estabelecendo novas formas de relacionamento entre os lugares do território brasileiro e criando nova dinâmica no relacionamento
entre a sociedade e a natureza.
Diferentemente das outras divisões regionais, ela não
acompanha os limites entre os estados, havendo aqueles com
parte do território em uma região e parte em outra. O norte de
Minas Gerais, por exemplo, que apresenta características
naturais e socioeconômicas iguais às do sertão nordestino,
aparece integrado à região Nordeste; o oeste do Maranhão e
o norte do Mato Grosso fazem parte da Amazônia; e o extremo
sul de Tocantins está situado no Centro-Sul.
O Centro-Sul corresponde a cerca de 27% do território
brasileiro, mas concentra mais de 60% de sua população e é
responsável por cerca de 80% do Produto Interno Bruto (PIE)
do país.
As atividades econômicas da região são bastante
diversificadas, com a liderança na produção industrial e
agropecuária e na renda no setor de serviços (comércio,
bancos, turismo e outros). Boa parte dos investimentos
realizados fora do Centro-Sul é realizada por empresas
sediadas nos estados da região, principalmente São Paulo,
Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O crescimento econômico expressivo é contrastado
pelas acentuadas desigualdades sociais e econômicas,
evidentes tanto no espaço rural como no urbano. Grandes centros financeiros e empresariais convivem, lado a lado, com a economia
informal. Regiões pobres, de economia agrícola precária e pouco competitiva, contrapõem-se a uma agricultura empresarial,
mecanizada e plenamente integrada ao conjunto da economia mundial.
O Nordeste é formado por oito estados mais o leste do Maranhão e o norte de Minas Gerais. Corresponde a cerca de 18% do
território nacional e abriga 30% da população do país. Região economicamente mais rica do Brasil Colônia, hoje apresenta os piores
indicadores sociais e a maior concentração de pobres do país.
As precárias condições de vida fizeram do Nordeste uma região de emigração para as zonas industrializadas do Centro-Sul e
para a Amazônia.
A Amazônia ocupa cerca de 55% do território nacional, onde vivem apenas 10% da população do país. Apesar de a área
florestada ser dominante em vastas extensões, a ocupação e o povoamento relativamente recentes da região foram muito intensos.
A ocupação mais intensa iniciou-se na década de 1970 com projetos de colonização do governo federal e implantação de grandes
projetos de mineração e, nos últimos anos, sofre o impacto da expansão das atividades agropecuárias.
Durante os governos militares (1964-1985) a ocupação da Amazônia atendia também a interesses estratégicos. Entendia-se
que a ocupação e colonização da região era uma forma de impedir a exploração das riquezas naturais por estrangeiros e a expansão
de grupos guerrilheiros contrários ao governo, permitindo maior controle da extensa linha de fronteira nacional.

- 140 -
Os Quatro Brasis
Considerando o processo histórico de ocupação e
transformação do território pela sociedade, que nos levou ao
atual estágio do meio técnico-científico-informacional", o
geógrafo Milton Santos e sua equipe propuseram outra
regionalização para o território brasileiro. Para essa
regionalização, foram considerados os seguintes aspectos:
• a quantidade de recursos tecnológicos avançados (redes de
telecomunicações e de energia, equipamentos de
informática);
• o volume de atividades econômicas modernas na área
financeira (bancos, bolsas de valores, corretoras de títulos),
comercial (shopping centers, empresas de e-commerce), de
serviços (provedores de acesso à internet, agências de
publicidade, consultorias, centros de pesquisas, empresas
ligadas à mídia, universidades), industrial (empresas que
utilizam robôs e sistemas automatizados);
• a situação da agropecuária em relação à mecanização e à
integração com a indústria. Dessa forma, Milton Santos e sua
equipe de pesquisa estabeleceram uma divisão regional em
"quatro Brasis":
• região concentrada - composta por denso sistema de fluxos, em razão dos elevados índices de urbanização, por atividade comercial
intensa e alto padrão de consumo doméstico e de muitas empresas. É centro de tomada de decisões do território brasileiro, abrigando
atividades modernas e globalizadas, como alguns setores financeiros e de serviços;
• Centro-Oeste - nele estão presentes características da modernização, em razão do emprego de alta tecnologia na produção
agropecuária, marcadamente exportadora e com ampla utilização de insumos agrícolas, comercializados por grandes empresas
multinacionais. O Centro-Oeste está plenamente integrado à economia globalizada. Nessa região, o desenvolvimento do
agronegócio e a instalação da capital federal (Brasília) contribuíram para o estabelecimento de uma rede urbana integrada por
sistemas de transportes e de telecomunicações;
• Nordeste - excetuando-se o período de grande desenvolvimento da economia canavieira (séculos XVI e XVII), de modo geral a
circulação de pessoas, produtos, informações e dinheiro sempre foi precária, em razão da agricultura pouco intensiva e da
urbanização irregular, restrita a alguns pontos do território. Nessa região, as atividades econômicas modernas e o uso de recursos
tecnológicos avançados ainda são pontuais, restritos às grandes metrópoles.
• Amazônia - trata-se de uma região de baixa densidade demográfica e poucos recursos tecnológicos. São raras as áreas destinadas
à agricultura mecanizada e a outras atividades modernas. A Zona Franca de Manaus – que concentra parte da indústria eletrônica
instalada no país -, a indústria extrativa mineral e a metalurgia de alumínio são os polos de maior expressão econômica. O uso de
satélites e radares que norteiam e fiscalizam a sua ocupação contrasta com a baixa densidade técnica instalada no território.

21. BRASIL - COOPERAÇÃO INTERNACIONAL


21.1 - A inserção econômica do Brasil
Apesar de importantes gargalos nos setores de infraestrutura, o Brasil conta com um parque industrial razoavelmente
diversificado. Porém, sua parcela das exportações mundiais é irrisória - pouco mais de 1%.
Visando reverter esta realidade, o Brasil se encontra engajado num complexo contexto no campo das negociações comerciais
internacionais, marcado pela participação simultânea em diversos fóruns de negociações:
- Agenda de Doha para o Desenvolvimento, no plano multilateral da OMC;
- Negociações regionais, tais como as que visam a formar a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e aprofundar o Mercosul;
- Birregionais, como entre o Mercosul e a UE e entre Mercosul e CAN; e
- Negociações bilaterais com outros países continentais que possuem imensos territórios e populações.
Diferentemente das negociações ocorridas até o final da década de 80, centradas em acesso a mercados (barreiras tarifárias
e não-tarifárias), a agenda a partir da Rodada Uruguai do GATT, passou a incorporar temas novos e mais complexos, tais como
serviços, investimentos, direito da propriedade intelectual, subsídios, medidas antidumping, salvaguardas e compras governamentais.

21.2 - Cooperação internacional - A política externa do Brasil


21.2.1 - Breve histórico da Política Externa Brasileira no pós-guerra
. Eurico de Gaspar Dutra - TIAR (1947).
. Getúlio Vargas - Acordo Militar com EUA (1952), Tentativa frustrada de reeditar ganhos da parceria dos anos 40 - Guerra da Coreia
(Brasil não envia tropas).
. Café Filho – Continuidade.
. Juscelino (JK) - Preocupação com o Desenvolvimento, Operação Pan-Americana (OPA), Atração de capitais externos.
. Jânio Quadros/João Goulart - Retomada das relações diplomáticas com URSS, Repensar os ganhos da aliança incondicional com
os EUA, Defesa da autodeterminação dos povos, Defesa da política no âmbito da ONU 3 “D” – Desarmamento, Descolonização,
Desenvolvimento, Tentativa de aumentar o nível da margem de manobra em meio à bipolaridade rígida (ex: Cuba e crise de mísseis),
abstraindo premissas enviesadas ideológicas.

- 141 -
. Castello Branco (alinhamento automático com EUA).
. Costa e Silva e Médici – flexibilização do alinhamento, procura de opções.
. Geisel – Pragmatismo Responsável (reconhecimento da República Popular da China, da independência de Angola), Acordo nuclear
com Alemanha, denúncia do Tratado Militar com EUA, TCA.
. Figueiredo – Equilíbrio (Guerra das Malvinas, Acordo sobre Itaipu, eleição de um brasileiro para Secretário-Geral da OEA, crise da dívida).

Aderindo à nova agenda internacional pós-GF e ao modelo neoliberal, o país passou a ser signatário de tratados e agências
internacionais, como no caso dos direitos humanos, no governo Sarney (1987), da questão da informática (1990) e da questão
ambiental, no governo Collor (1992) e da questão nuclear, reformulada com a assinatura e ratificação pelo Brasil do TNP durante o
governo FHC, além de vários acordos bilaterais com a Argentina e a assinatura da Convenção contra Armas Químicas.
Processou-se, também, uma progressiva valorização da agenda regional, a América do Sul, entendida como a área
geográfica imediata de inserção internacional do Brasil e de ação da política externa brasileira, dos interesses econômicos brasileiros
e da estratégia de segurança brasileira:
- O Brasil faz fronteira com dez países da região;
- A área geográfica do Brasil corresponde a mais de 50% de sua área total;
- A população brasileira corresponde a 50% da população total da região e o segundo país mais populoso, a Colômbia, tem 21% da
população brasileira;
- O PIB brasileiro corresponde a mais de 50% do PIB total da região e seu parque industrial é o maior, mais diversificado e mais
avançado da região e o PIB da Argentina, segunda maior economia, corresponde a 20% do brasileiro;
- As exportações brasileiras representam 36% de todo o comercio intrarregional, sendo que o país obteve superávit com todos os
países, exceto a Bolívia.

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988


Art. 4º - A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - Independência nacional;
II - Prevalência dos direitos humanos;
III - Autodeterminação dos povos;
IV - Não-intervenção;
V - Igualdade entre os Estados;
VI - Defesa da paz;
VII - Solução pacífica dos conflitos;
VIII - Repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - Concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da
América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

Eixos estratégicos de inserção internacional do Brasil:


 a América do Sul;
 o compromisso com o multilateralismo na construção da paz;
 uma agenda comercial afirmativa; e
 as parcerias diversificadas com países desenvolvidos e em desenvolvimento.

O compromisso com o multilateralismo na construção da paz - refletiu-se na determinação de posicionar o país, de forma mais
ativa, nas principais arenas políticas internacionais, como forma de aumentar sua capacidade de negociação. Um exemplo
emblemático é a forma insistente com que o Brasil tem participado dos debates da reforma da carta da ONU, quanto à ampliação do
número de membros permanentes de seu C.S., ao qual o País está naturalmente vocacionado, como nação relevante que é no quadro
dos países em desenvolvimento.
A ampliação do C.S. é justificada pela necessidade de adequar a estrutura decisória do órgão às realidades políticas do atual
sistema internacional e deverá ser guiada por critérios que impliquem em um aumento da sua representatividade e equidade com
vistas a ampliar sua legitimidade e eficácia.
Numa clara demonstração da centralidade desta questão na agenda externa do governo, o Brasil aceitou o convite para
assumir o comando da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), a partir de junho de 2004.

Óbices relevantes para a integração regional:


Os ilícitos transnacionais envolvendo o crime organizado, o narcotráfico e a narcoguerrilha, até porque, diante deles, foi
concebido e implantado pelos EUA, o Plano Colômbia, que, mais recentemente, evoluiu para a Iniciativa Regional Andina (IRA). Tal
política norte-americana de combate ao tráfico e à guerrilha na Colômbia podem produzir efeitos desestabilizadores na região
amazônica, com potencial transbordo desses conflitos para os países vizinhos;

Colômbia e Farc anunciam histórico acordo de paz


Em agosto de 2016, as Farc e o governo da Colômbia anunciaram que chegaram a um acordo de paz definitivo para o conflito
armado de mais de 50 anos no país. O acordo deve ser aprovado pela população, num plebiscito em 02/10.

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O acordo prevê a desmobilização dos guerrilheiros, o abandono das armas e a transformação das Farc em um movimento
político, e estabelece que quem confessar seus crimes diante de um tribunal especial poderá evitar a prisão e receber penas
alternativas. Se não, no caso de serem declarados culpados, serão condenados a penas de 8 a 20 anos de prisão.
Entretanto, ainda estão ativos o Exército de Libertação Nacional (ELN) e grupos de crime organizado dedicados ao tráfico e à
mineração ilegal.
As controvérsias fronteiriças que envolvem a Venezuela, tanto com a Colômbia e a Guiana; a Cordilheira do Condor, que
envolveu, na década de 1990, Peru e Equador; e a permanente questão da Bolívia com o Chile, envolvendo o objetivo nacional
permanente boliviano de acesso ao mar.

Política externa nos governos pós 1985


. Sarney - ZOPACAS (1986), Reatamento das relações com Cuba, Distensão com a Argentina, Incremento das relações com os
vizinhos, Impactos da crise da dívida.
. Collor/Itamar – Continuidade, Tentativa de aumentar a autonomia por via da modernização econômica, Mercosul (1991), Rio 92.
. FHC - “Autonomia pela participação e integração”, Busca de reinserção mais ativa no sistema econômico internacional (abertura da
economia) e nos organismos internacionais, assinatura do TNP e Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis, CPLP (1996),
Rejeição à ALCA, na Cúpula das Américas em Quebec (2001).
. Lula - “Autonomia pela diversificação”, expansão preferencialmente Sul-Sul, abertura de diversas embaixadas, IBAS, Unasul, BRICS,
Estratégia bifronte - América Latina X Resto do Mundo.
. Dilma, Temer - Continuidade burocrática, “paralisia presidencial”
. Bolsonaro - Apesar das sinalizações, durante a campanha eleitoral, indicando que iria mudar sensivelmente a política externa
brasileira - rever a relação SUL-SUL, Unasul, alinhar o Brasil aos EUA, entre outros movimentos – propôs, no âmbito da América do
Sul, o Prosul, graças ao reposicionamento de outros governos no continente, fato que esvaziou a Unasul, mas o novo bloco ainda não
decolou e o Mercosul continua a sua agenda de reuniões e com poucos avanços. Com relação ao alinhamento aos EUA, ainda não
gerou nenhum benefício ao Brasil.

Prosul
O Prosul (Foro para o Progresso da América do Sul) é um fórum regional de diálogo. A ideia é que ele se
implemente e se organize gradualmente.
Sua iniciativa partiu dos presidentes do Chile (Sebastián Piñera) e da Colômbia (Iván Duque). Já sua formação se
deu no dia 22 de março de 2019, com a assinatura da “Declaração Presidencial sobre a Renovação e o Fortalecimento da
Integração na América do Sul”. A declaração também leva o nome Declaração de Santiago, por conta de sua assinatura
no Palacio de La Moneda, em Santiago (Chile).
O Prosul surge em um momento de enfraquecimento da Unasul, organismo que também tinha como propósito o
diálogo e cooperação sul-americana. Diferente da Unasul, que surgiu em um momento em que os países tinham líderes
predominantemente de esquerda, o Prosul apresenta o cenário oposto, surgindo em um momento de ascensão da direita
na América Latina.
Santiago, em 22 de março de 2019, reunião de presidentes sul-americanos, ocasião em que se adotou a "Declaração
Presidencial sobre a Renovação e o Fortalecimento da Integração da América do Sul".
Nesta Declaração, oito países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai e Peru) indicaram sua vontade
de construir e consolidar um espaço regional de coordenação e cooperação, estabelecendo as bases para o lançamento do Foro para
o Progresso da América do Sul (PROSUL). A iniciativa substituirá, para esses países, o papel inicialmente conferido à UNASUL. Do
texto, podem ser destacados os seguintes elementos:
(i) que este espaço deverá ser implementado gradualmente, ter estrutura flexível, leve, que não seja custosa, com regras de
funcionamento claras e com mecanismo ágil de tomada de decisões;
(ii) que este espaço abordará de maneira flexível e com caráter prioritário temas de integração em matéria de infraestrutura, energia,
saúde, defesa, segurança e combate ao crime, prevenção de e resposta a desastres naturais;
(iii) que os requisitos essenciais para participar deste espaço serão a plena vigência da democracia e das respectivas ordens
constitucionais, o respeito ao princípio de separação dos poderes do estado, e a promoção, proteção, respeito e garantia dos
direitos humanos e das liberdades fundamentais, assim como a soberania e a integridade territorial dos estados, em respeito ao
direito internacional.
O Chile exercerá a Presidência Pro Tempore (PPT) deste processo durante os próximos 12 meses, devendo ser sucedido pelo
Paraguai.

21.3 - O Brasil nos processos de Integração Sul-americana e na Geografia das Relações Internacionais
21.3.1 - Política regional envolvendo a Amazônia, como um todo regional - assinatura em 03 de julho de 1978 do Tratado de
Cooperação Amazônica (TCA).
Objetivo: institucionalizar e orientar o processo de cooperação naquela região.
membros: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
Os países membros assumiram o compromisso comum com a preservação do meio ambiente e o uso racional dos
recursos naturais da Amazônia.
Em 1995, as oito nações decidiram criar a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) para fortalecer e
implementar os objetivos do Tratado.
Um aspecto importante é o contraponto geopolítico que a OTCA pode fazer às inserções alienígenas na região, como por
exemplo em face do problema do narcotráfico, principalmente na Colômbia.

- 143 -
21.3.2 - Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) - a Região Amazônica é tema incontornável nos debates
internacionais contemporâneos sobre recursos naturais, desenvolvimento sustentável, mudança do clima e biodiversidade.
Com população de aproximadamente 38 milhões de pessoas, a Amazônia ocupa 40% do território sul-americano e abriga a
maior floresta megadiversa do mundo, habitat de 20% de todas as espécies de fauna e flora existentes. A Bacia Amazônica contém
cerca de 20% da água doce da superfície do planeta. O Ciclo Hidrológico Amazônico alimenta um complexo sistema de aquíferos e
águas subterrâneas, que pode abranger uma área de quase 4 milhões de km2.
Por sua importância estratégica, a Amazônia apresenta aos países que fazem parte deste ecossistema grandes desafios e
ainda maiores oportunidades. A conveniência de conjugar esforços para o desenvolvimento harmônico da Amazônia, com equilíbrio
entre desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente, constitui princípio fundador da Organização do Tratado de
Cooperação Amazônica (OTCA), bloco socioambiental formado pelos Estados que partilham o território Amazônico: Brasil, Bolívia,
Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
As origens da organização remontam a 1978, quando, por iniciativa brasileira, os oito países amazônicos assinaram, em
Brasília, o Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), com o objetivo promover o desenvolvimento integral da região e o bem-estar de
suas populações, além de reforçar a soberania dos países sobre seus territórios amazônicos. O fortalecimento da cooperação regional
é o principal meio para alcançar esses objetivos.
Vinte anos depois, em Caracas, os países firmaram Protocolo de Emenda ao Tratado de Cooperação Amazônica, criando a
OTCA, organização internacional dotada de secretaria permanente e orçamento próprio. Em dezembro de 2002 foi assinado, no
Palácio do Planalto, Acordo de Sede entre o Governo brasileiro e a OTCA, que estabeleceu em Brasília a sede da Secretaria
Permanente da Organização. Vale notar que, até hoje, a OTCA é a única organização internacional multilateral sediada no Brasil.
A Reunião de Ministros das Relações Exteriores é o órgão deliberativo máximo da Organização, responsável por fixar as
diretrizes básicas da política comum, avaliar iniciativas desenvolvidas e adotar decisões necessárias à consecução dos fins propostos.
O Conselho de Cooperação Amazônica (CCA), integrado por representantes diplomáticos de alto nível dos países-membros, deve
velar pelo cumprimento dos objetivos do Tratado e das decisões adotadas pelos Ministros de Relações Exteriores. O CCA é auxiliado
pela Comissão de Coordenação do Conselho de Cooperação Amazônica (CCOOR), órgão meramente consultivo.
No âmbito interno, cabe à Comissão Nacional Permanente do Tratado de Cooperação Amazônica – constituída por
representantes de vários Ministérios e presidida pelo Itamaraty – coordenar as atividades relacionadas à aplicação, no território
brasileiro, das disposições do Tratado.
Nos últimos anos, a OTCA experimenta processo de relançamento e de fortalecimento. Nessa nova fase, suas atividades são
pautadas pelas diretrizes da Nova Agenda Estratégica de Cooperação Amazônica, aprovada pelos Chanceleres dos países-membros
em 2010, que reflete as prioridades dos países amazônicos, de acordo com a nova realidade política e social da região.
Ainda como parte da estratégia de dinamizar a organização, os países decidiram incrementar o valor de suas contribuições
anuais, dotando-a de maior capacidade de financiamento de suas atividades. Em abril de 2013, o Brasil anunciou a doação de terreno
para a construção do novo edifício-sede da OTCA, contribuindo para garantir a autonomia financeira da Organização.
Atualmente, estão em execução numerosos projetos em áreas como meio ambiente, assuntos indígenas, recursos hídricos,
ciência e tecnologia, saúde, turismo e inclusão social. Entre eles, destaca-se o Projeto Monitoramento da Cobertura Florestal na
Região Amazônica, executado desde meados de 2011 em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O objetivo
do Projeto é contribuir para o desenvolvimento regional da capacidade de monitoramento do desmatamento da Floresta Amazônica,
por meio de instalação de salas de observação nos países-membros e de capacitação e intercâmbio de experiências em sistemas de
monitoramento. O projeto permitiu a elaboração pioneira de mapas regionais de desmatamento da Amazônia, através da compilação
dos dados nacionalmente coletados.
Igualmente digno de nota é o projeto "Ação Regional na Área de Recursos Hídricos" (Projeto Amazonas), coordenado pela
Agência Nacional de Águas (ANA) desde 2012, que contempla encontros técnicos regionais e cursos de capacitação em gestão de
recursos hídricos na bacia amazônica. Rede piloto de monitoramento hidro metereológico está sendo instalada em pontos
selecionados de três países (Bolívia, Colômbia e Peru), a fim de prover informação precisa e em tempo real sobre a situação dos rios
amazônicos. O projeto teve sua primeira fase recentemente concluída em junho de 2017.
Em 2018, completaram-se 40 anos da assinatura do TCA, tendo-se procedido à revisão da Agenda Estratégica de Cooperação
Amazônica. Os trabalhos resultaram na delimitação dos objetivos da Organização para o próximo decênio.

Fonte: http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/integracao-regional/691-organizacao-do-tratado-de-cooperacao-amazonica-
otca. Acesso em 22 junho 2019

21.3.3 - Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS) - Estabelecida em 27/10/1986, através de uma iniciativa do Brasil,
a ZOPACAS foi criada com o intuito de promover a cooperação regional, manutenção da paz e da segurança no entorno dos 24 países
que aderiram a tal projeto.
Além das iniciativas de cooperação, destacam-se as iniciativas de caráter político-diplomático, em especial no campo da
proteção ambiental, desnuclearização e solução pacífica de conflitos entre seus integrantes.
Além disso, busca tal união fortalecer a posição no cenário internacional desses 24 países, todos detentores de litoral, fonte
extra de recursos naturais mais do que nunca valorizada em tempos atuais e ainda espaço de projeção do poder naval dos mesmos.
São os integrantes da ZOPACAS:
América do Sul: Argentina, Brasil e Uruguai;
África Meridional: África do Sul, Angola e Namíbia;
África Equatorial: Camarões, Congo, Guiné Equatorial, Gabão, Nigéria, República Democrática do Congo e São Tomé e Príncipe;
África Ocidental: Benim, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Senegal, Serra Leoa e Togo.

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21.3.4 - Cúpula América do Sul-Países Árabes - ASPA - mecanismo de cooperação inter-regional e um fórum de coordenação
política, cujo objetivo é aproximar os líderes de duas regiões, que possuem afinidades políticas, econômicas e culturais.
Foi proposta no governo Lula, em 2003, e criada na I Cúpula de Chefes de Estado e de Governo, ocorrida em Brasília, em 10-
11/05/2005.
Integram a ASPA Estados sul-americanos e árabes, bem como a Liga dos Estados Árabes (LEA) e a União das Nações Sul-
Americanas (UNASUL).
Membros sul-americanos: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e
Venezuela. O Brasil é o coordenador regional sul-americano.
Membros árabes: Arábia Saudita, Argélia, Barein, Catar, Comores, Djibuti, Egito, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Iraque,
Jordânia, Kuwait, Líbano, Líbia, Marrocos, Mauritânia, Omã, Palestina, Síria, Somália, Sudão e Tunísia.
As ações da ASPA são conduzidas de cinco Comitês Setoriais das áreas econômica, cultural, científico-tecnológica, ambiental
e social.
A coordenação política da ASPA tem abrangido assuntos de interesse comum, como a reforma das O.I., o fortalecimento do
Direito Internacional e do multilateralismo, o apoio à solução pacífica de controvérsias no Oriente Médio e na América do Sul, bem
como o estímulo ao desenvolvimento econômico e ao diálogo de civilizações.

21.3.5 – IIRSA
Infraestrutura e integração
A integração econômica entre os países sul-americanos é uma das prioridades da política exter-
na brasileira desde o começo do século XX. Um dos fatores essenciais para que esse processo se consolide é a construção de uma
infraestrutura moderna e integrada de energia, transportes e comunicações.
Os parceiros do Nafta, por exemplo, compartilham ferrovias, hidrovias. assim como sistemas de
geração e distribuição de energia. Na América do Sul, porém, a realidade é bem diferente. Veja-se o caso das redes viárias brasileiras:
elas apresentam raras conexões com as redes dos países vizinhos, dificultando a circulação de pessoas e de mercadorias.
No caso da energia, as iniciativas oficiais de integração tiveram início em meados da década de 1960, quando foi criada a
Comissão de Integração Elétrica Regional (Cier), organização que englobou quase todos os países sul-americanos com o intuito de
intercambiar informações e tecnologias de produção e distribuição no setor de eletricidade, então comandado por empresas estatais.
Em 1973, surgiu a Organização Latino-Americana de Desenvolvimento (Olade), sediada em Quito, no Equador. Seu principal objetivo
era promover mecanismos de cooperação entre os países-membros na formulação de estratégias de aproveitamento eficiente e
racional de seus recursos energéticos.
O foco principal dessas organizações era a viabilização de projetos de cooperação bilateral, principalmente em áreas
fronteiriças. Os estudos que deram origem aos projetos de importantes usinas hidrelétricas binacionais, tais como Itaipu (Brasil e
Paraguai), Yaciretá (Argentina e Paraguai), ambas no Rio Paraná. e Salto Grande (Uruguai e Argentina), no Rio Uruguai, foram
produzidos e debatidos nesse contexto.
Apesar dessas iniciativas, a deficiência na integração efetiva das infraestruturas é um empecilho à integração econômica e
cultural dos países sul-americanos.
A iniciativa de Integração das Infraestruturas Regionais Sul-Americanas (IIRSA) e a definição de investimentos, no início da
segunda década do corrente século, pelo governo federal brasileiro, somado com os empreendimentos planejados e executados pelos
entes federados que integram o país (estados e municípios), isoladamente ou em parceria com o setor privado, se implementados,
tinham como objetivo consolidar e promover mudanças substantivas na forma de ocupação do espaço territorial brasileiro e sul-
americano, particularmente da Amazônia continental, e no uso dos recursos naturais nela existentes.
As grandes obras (ou projetos de grande escala, PGE) que integram ambas as estratégias de desenvolvimento são, em
verdade, formas de produção vinculadas a um sistema econômico caracterizado pela produção e reprodução ampliada de capital.
Indicado como sistema orientado pelo paradigma (hegemônico) de integração de todos os povos e culturas dentro de um sistema
capitalista de abrangência mundial.

A história oficial da IIRSA


A história oficial da articulação intergovernamental pró IIRSA tem início em setembro de 2000, em Brasília, numa reunião dos
doze presidentes dos Estados nacionais constituídos na América do Sul.3 Na ocasião foi identificado e debatido pelos participantes o
problema da fragmentação da infraestrutura física instalada na região, sendo apontado como principal causa a falta de uma visão
abrangente de América do Sul, enquanto unidade geoeconômica e não como conjunto de países apartados entre si, o que na prática
implicaria num novo ordenamento territorial da América do Sul.
Como solução para o problema, foi apontada a necessidade da definição de uma estratégia de trabalho conjunto visando à
integração das infraestruturas nacionais. Essa estratégia foi denominada iniciativa de Integração das Infraestruturas Regionais Sul-
Americanas (IIRSA), sendo estruturada com base na ideia de eixos de integração e desenvolvimento.
Uma segunda reunião aconteceu em julho de 2002, em Guayaquil (Equador), tendo na pauta o tema da "integração física das
infraestruturas da América do Sul". Ambas as reuniões foram realizadas no período do segundo mandato do presidente brasileiro
Fernando Henrique Cardoso.
Na terceira reunião, realizada em dezembro de 2004 na cidade de Cuzco (Peru), já com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no seu
primeiro mandato, a IIRSA foi confirmada como componente importante da estratégia de integração política e econômica regional,
sendo aprovado pelos doze presidentes uma carteira de investimento formada por 31 projetos de grande escala-conhecidos desde
então como projetos-âncora. Considerados estratégicos para o período 2006-2010, esses projetos foram na ocasião orçados em 6,4
bilhões de dólares americanos. Também foi estabelecido como prioridade o aprofundamento da convergência entre o Mercosul, a
Comunidade Andina (CAN) e o Chile, visando à construção de uma "zona de livre comércio" regional mais ampla.
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A intenção de incorporar a IIRSA como parte da estratégia de construção de um espaço sul-americano integrado ficou mais
evidente em 30 de setembro de 2005, na I Reunião de Chefes de Estado da Comunidade Sul-Americana de Nações (CSN/CASA).
Nessa ocasião os doze presidentes se comprometeram a buscar fontes de financiamento que, segundo o documento oficial, levassem
em conta a realidade financeira dos países sul-americanos, preservassem a capacidade e a autonomia decisória dos Estados, e
estimulassem a realização de investimentos necessários para a implementação dos projetos prioritários reunidos na Carteira IIRSA.
Também reafirmaram a importância da integração energética da América do Sul e ratificaram os resultados da I Reunião de Ministros
de Energia da Comunidade Sul-americana de Nações, realizada em Caracas, em 26 de setembro de 2005, onde foi decidido dar
prosseguimento à Iniciativa Petroamérica, com base nos princípios contidos na Declaração da Reunião.
Por fim, durante a primeira Cúpula Energética
Sul-Americana, realizada em abril de 2007 na Ilha de
Margarita (Venezuela), foi criada a União de Nações
Sul-Americanas (UNASUL) em substituição a
denominada Comunidade Sul-americana de Nações
(CSN/CASA). Foi definido que a UNASUL contará com
uma secretaria executiva com sede em Quito
(Equador), coordenada pelo ex-presidente do Equador
senhor Rodrigo Borga, que terá como objetivo
coordenar o processo de cumprimento das decisões
tomadas pelos governos da região sobre os diversos
temas relativos à integração sul-americana. Foi dado
início também ao processo de discussões
intergovernamental visando à criação do chamado
Banco do Sul, uma entidade financeira regional com
recursos próprios, subordinada aos objetivos e
decisões dos países membros.
Também foi criado no âmbito da Cúpula Energética o
denominado Conselho Energético da América do Sul, a
ser integrado pelos ministros de energia dos países.
Entre as atribuições do Conselho estão a elaboração
de uma proposta de parâmetros para uma Estratégia
Energética Sul-Americana, de um Plano de Ação e de
um Tratado Energético de abrangência regional. Além da elaboração de referenciais jurídicos e regulatórios para acordos multilaterais
e bilaterais, o Conselho foi concebido para ser a instância institucional para solução de controvérsias surgidas na região.
Num esforço de formalização, pode-se dizer que a história da IIRSA está dividida resumidamente em três momentos: o de
fundação (2000-2002); o de planejamento (2003-2004); e o de implementação (2005-2010).
Sobre a pré-história da IIRSA e o protagonismo brasileiro, como tantos outros projetos de promoção do desenvolvimento, a
IIRSA também tem sua própria pré-história. De fato, o conceito moderno que embasa a ideia de construir um sistema integrado de
logística visando tornar a economia da região sul-americana mais competitiva no cenário internacional-e atraente para investimentos
privados-remonta ao início dos anos 1990, com a formulação da estratégia de integração brasileira baseada na ideia de Eixos
Nacionais de Integração e Desenvolvimento (ENID).
Além de fazer parte dos Princípios Fundamentais da Constituição de 1988 da República Federativa do Brasil, Artigo 4º,
Parágrafo Único, onde se lê que "A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos
povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações", os Planos Plurianuais (PPA) do
Governo Federal de 1996-1999 (Brasil em Ação); de 2000-2003 (Avança Brasil); e de 2004/2007 (Brasil de Todos) incluíram na sua
estratégia a integração da Amazônia ao espaço produtivo brasileiro e a consolidação da política de integração regional da América do
Sul, tendo por base a ideia dos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento.
No PPA 1996-1999, por exemplo, foram definidos cinco eixos de integração nacional (Eixo de integração norte-sul; Eixo de
integração oeste; Eixo de integração do nordeste; Eixo de integração sudeste e Eixo de integração sul) e dois de integração continental
(Saída para o Pacífico e Saída para o Caribe). Entre os principais projetos do Brasil em Ação estavam: a recuperação das estradas
BR 364 (Brasília-Acre) e BR 163 (Cuiabá-Santarém); o asfaltamento da BR 174 (Manaus-Boa Vista); a implementação das hidrovias
do Araguaia-Tocantins e do Madeira; o gasoduto de Urucu e a linha de alta tensão conectando Tucuruí a Altamira e Itaituba.

No PPA 2000-2003 foram definidos os seguintes eixos:


1 - Saída para o Caribe;
2 - Hidrovia Madeira-Amazonas;
3 - Costeira Norte;
4 - Araguaia-Tocantins;
5 - Transnordestina;
6 - Oeste;
7 - Rio São Francisco;
8 - Centro-Oeste;
9 - Hidrovia Paraguai-Paraná;
10 - São Paulo;
11 - Costeira Sul; e
12 - Franja de Fronteira (RS-Mercosul).
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Durante o programa Avança Brasil, segundo mandato de FHC, concentrou seus investimentos para a Amazônia legal em quatro
corredores multimodais de transportes, totalizando US$3,5 bilhões. Mais de 50% eram destinados ao corredor Araguaia-Tocantins,
cerca de 30% para o corredor Sudoeste, 15% para o corredor Oeste-Norte e 5% para o corredor Arco Norte. A estratégia territorial
global para a implantação destas ações visava à incorporação efetiva da parte mais ocidental da Amazônia ao Sul-Sudeste do país,
tomando como eixos principais as hidrovias e duas rodovias norte-sul, Cuiabá-Santarém e Porto Velho-Manaus-Boa Vista-Venezuela.
Em síntese, os Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento (ENID) cumprem três objetivos na estratégia de integração
geoeconômica brasileira:
(i) a construção de um sistema integrado de logística que garanta a competitividade dos produtos brasileiros no mercado
internacional;
(ii) a incorporação de novas áreas do país à dinâmica do comércio global; e
(iii) a criação das condições para a consolidação da hegemonia política e econômica do Brasil na América do Sul.
É nesse sentido que se pode dizer que a ENID e a IIRSA são iniciativas que se completam e se retroalimentam e ambas
compartilham de pressupostos e diretrizes semelhantes relativas à integração econômica. Cada um dos eixos brasileiros possui uma
ou mais extensões internacionais. Outro detalhe importante e revelador do protagonismo do Brasil na IIRSA é o fato do estudo
apresentado pelo BID em dezembro de 2000 ter sido feito a pedido do governo brasileiro e ser o BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social) um dos, senão o maior, financiador da atuação de empresas brasileiras para a execução dos
empreendimentos que interessam ao Brasil nos países vizinhos.
Eixo Mercosul-Chile - liga São Paulo, Rio de Janeiro, Montevidéu, Buenos Aires, Santiago e termina no porto chileno de Valparaíso.
Concentra os mais importantes fluxos comerciais da América do Sul.
Eixo Interoceânico Central - estabelece conexão com Bolívia, Paraguai. Peru e Chile.
Eixo do Escudo das Guianas - destaca-se a ligação rodoviária entre Manaus e Caracas, na Venezuela, e a ligação entre Manaus e
Suriname, em projeto.
Eixo do Amazonas - conecta a navegação fluvial amazônica às redes dos portos do Peru e do Equador.
Eixo Peru-Brasil-Bolívia (engloba a Rodovia Interoceânica) - abre uma nova alternativa para o escoamento da soja e os grãos
produzidos no Centro-Oeste brasileiro.

Além dos projetos de integração viária, estão em andamento importantes iniciativas para a integração energética. Uma delas
é a expansão do Gasoduto Bolívia-Brasil, que deverá chegar até o Rio Grande do Sul e integrar-se à rede de gasodutos da Argentina,
já conectada com a do Chile e a da Bolívia. Em grande parte por causa da integração da rede de gasodutos sul-americanos, Argentina
e Brasil possuem as maiores frotas de veículos movidos a gás natural no mundo.
Entre os principais projetos de integração física e energética já concluídos na América do Sul, destacam-se:
 o Gasoduto Bolívia-Brasil, por meio do qual as reservas de gás natural de Santa Cruz de Ia Sierra, na Bolívia, abastecem indústrias
e termelétricas localizadas nos estados de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
 a Rodovia Brasil-Venezuela (BR-174), com extensão de 2.331 quilômetros, que ajuda a escoar os produtos da Zona Franca de
Manaus até os países do Caribe e da América do Norte.
 a Linha de transmissão de Guri, de 780 quilômetros, ligando a Hidrelétrica de Guri, na Venezuela a Boa Vista, em Roraima.
A constituição do Conselho Sul-americano de Infraestrutura e Planejamento (Cosiplan) em 2009, no âmbito da Unasul, como
um conselho setorial, representou uma inciativa importante do ponto de vista econômico e geopolítico, indo além do modelo de
regionalismo aberto que prevalecera anteriormente. Em 2011, a IIRSA, criada no ano anterior, foi incorporada ao Cosiplan, para que
atuassem conjuntamente no planejamento da conectividade regional e da articulação das infraestruturas. A missão do Conselho é ser
o âmbito de discussão política sobre a implementação das estratégias de integração da infraestrutura na América do Sul, com o
compromisso de não descuidar dos aspectos históricos e das dimensões social, econômica e ambiental do desenvolvimento,
fomentando a cooperação regional nas áreas de planejamento e infraestrutura por meio da consolidação de alianças estratégicas
entre os países da Unasul. As mudanças de governos na região impactaram na abordagem do Cosiplan. No governo FHC, a prioridade
da IIRSA era a liberalização econômica e a parceria prioritária com o capital privado, e meio para alcançar o Pacífico e o mercado
chinês. Com a ascensão de governos progressistas, o Cosiplan adquiriu contornos mais político-estratégicos, e os debates sobre
infraestrutura foram conectados às demandas sociais e à superação das assimetrias entre os membros da Unasul.
A construção de uma rede integrada de infraestrutura criaria uma capacidade de logística fundamental para as políticas de
defesa dos países da região. Superar a inexistência de eixos logísticos de integração na região, legado de seu passado colonial,
tornou-se estratégia destes países, favorecendo setores basilares da infraestrutura para impulsionar o desenvolvimento, a autonomia
e a segurança nacional. Os processos de integração têm como objetivo identificar os obstáculos que impedem o desenvolvimento da
infraestrutura da região e propor ações que permitam a superação de tais barreiras. Uma questão estratégica importante é a ligação
entre os oceanos Atlântico e Pacífico que a rede de infraestrutura proporcionaria, especialmente com a crescente importância
econômica e política da vertente do Pacífico para a região.
É importante também tratar dos setores de infraestrutura com os quais o Cosiplan trabalha: transportes, energia e
comunicações. Subordinados a estas áreas, existem projetos nos setores aéreo, rodoviário, ferroviário, fluvial, marítimo, multimodal,
de passagens de fronteira, de interconexão energética, geração de energia e de interconexão em comunicações. A área de transportes
é a que possui maior quantidade de projetos, e o setor rodoviário é o que mais se destaca. Essa importância do modal rodoviário
acontece por causa do lobby das empreiteiras. Em seguida, vem o ferroviário e o fluvial. O desenvolvimento destes setores é
fundamental para a estratégia de ligação dos oceanos, que colaboraria para a diminuição dos custos de escoamento da produção,
para incentivar relações mais incisivas com países asiáticos e para a integração regional.

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A iniciativa conta com um enfoque nos chamados eixos de integração e desenvolvimento. Os eixos são espaços multinacionais
onde existem assentamentos humanos, zonas produtivas e fluxos comerciais, e onde a integração nos setores de transporte, energia
e comunicações deve ser incentivada. A definição destes eixos ocorre por meio da análise do território, que utiliza critérios técnicos,
e passa por um processo de validação sociopolítica. Os atores mais influentes são os governos, embora o papel do setor privado não
seja desprezível. Muitos analistas acreditam que o Cosiplan não apenas funciona como um braço da internacionalização das políticas
desenvolvimentistas, mas também como ferramenta estratégica de expansão do poder dos Estados. Para além disso, os críticos
afirmam que por meio dos benefícios às empresas privadas contempladas pela carteira de projetos, o Conselho contribui para a
expansão do capital. É importante destacar, no entanto, que as principais fontes de financiamento dos projetos são os tesouros de
cada país, com investimentos estimados em 69,735 bilhões de dólares. Os financiamentos privados aparecem em segundo lugar. A
carteira de projetos conta também com financiamentos do BID, CAF, FOCEM, Fonplata, BNDES, JBIC, União Europeia, bancos
privados, Banco Mundial e do governo da China.
Em 2015, o país com a maior quantidade de projetos no Cosiplan era a Argentina, seguida pelo Brasil e pelo Peru. Em relação
aos investimentos estimados, o cenário muda, com o Brasil sendo o líder, seguido pela Argentina e pelo Equador. Sobre as
modalidades de financiamento, e no que se refere a quantidade de projetos, é possível observar que o investimento público é
majoritário em todos os países, porém, quando se analisa o financiamento do ponto de vista do dinheiro investido, países como Chile
e Peru mostram que o investimento do setor privado pode ultrapassar o financiamento público, mesmo estando envolvido em menos
projetos. Também existe a questão das parcerias mistas, que se tornam mais visíveis nos dados do Brasil, onde esse tipo de
financiamento ocupa o segundo lugar em matéria de capital investido. É relevante também a diferença entre financiamento estimado
e investimento realizado. O eixo Mercosul-Chile é o que recebeu maior aporte em projetos já concluídos (foram 8,351 bilhões de
dólares dos 5,6169 bilhões previstos), seguido pelo Amazonas (6,429 bilhões de dólares dos 22,241 bilhões estimados) e Peru-Brasil-
Bolívia (5,980 bilhões de dólares dos 3,1432 bilhões estimados). O fim do ciclo das commodities e a mudança de signo político-
ideológico dos governos da região tornam bastante incertas a construção de cenários futuros para o Cosiplan, ameaçando a
continuidade do comprometimento prévio dos governos sul-americanos, e do Brasil em particular, no planejamento estratégico em
infraestrutura regional. Além disso, com o possível enfraquecimento das empresas brasileiras de construção civil, envolvidas nas
investigações da Lava-Jato, a participação do setor privado internacional pode aumentar sua influência na região.

Fonte: Atlas da política brasileira de defesa / Maria Regina Soares de Lima ... [et al.]; prefacio de Celso Amorim. - 1a ed. - Ciudad
Autónoma de Buenos Aires: CLACSO; Rio de Janeiro: Latitude Sul, 2017.
Libro digital, PDF

21.4 - O Brasil e o seu “entorno estratégico”.


Não há nos dicionários da língua portuguesa e nem mesmo no Glossário das Forças Armadas, editado pelo Ministério da
Defesa, uma definição para o termo “entorno estratégico”. Dessa forma, será considerada a seguinte definição proposta pelo professor
José Luiz Fiori: “região onde o Brasil quer irradiar, preferencialmente, sua influência e sua liderança diplomática, econômica e militar”
Desde a Paz de Westphalia e os acordos entre os recém-criados países europeus, a geopolítica é fundamental para determinar
as diferenças entre os Estados e o destaque de uma potência regional ou uma grande potência.
Cabe neste ponto diferenciar o que seria uma grande potência, potência média e uma pequena potência, além da potência
regional. Uma grande potência possui capacidades militares, econômicas e tecnológicas muito discrepante dos demais, logo nenhum
outro país sozinho consegue competir com a grande potência. A potência média tem capacidades menores do que a grande potência,
não conseguem competir com esta, mas as capacidades são suficientes para deter qualquer outro Estado. E as pequenas potências
são Estados que não possuem poder suficiente para questionar demais potências. Uma potência regional é aquela que não possui
capacidades de atuação global, porém possuem autonomia de atuação em seu entorno regional.
A atuação estatal e o status de potência, com o decorrer dos séculos e com o aumento da complexidade das relações
interestatais, tornaram-se cada vez mais dependente de questões geopolíticas. O Brasil, a partir do século XXI passou a ser
considerado uma potência regional, capaz de influenciar e possuir capacidades para maior autonomia de ação em seu entorno
imediato. Isso ocorre devido às ponderações geográficas, políticas e econômicas que o país fortaleceu do novo milênio.
O status brasileiro reflete e, também, foi reflexo do comportamento estatal em sua política externa, e, por conseguinte, nas
suas políticas de segurança e defesa. O governo Lula (2003-2010) e o governo Rousseff (2011-2016) apresentaram particularidades
de política externa para o entorno regional. O primeiro Presidente possuía uma política externa mais assertiva, focada na figura
presidencial, na realização de acordos bilaterais para o fortalecimento de instituições regionais. O governo Rousseff, por sua vez, foi
uma administração mais voltada para questões internas, uma política externa realizada mais por ministros e com enfoque de atuação
multilateral global, não regional.
Simultaneamente, apresentaram diferenças relevantes que refletem questões da geopolítica de cada período. Isso ocorre
porque esta é determinante da política externa de um Estado, pois a partir de sua localização, seus recursos estratégicos o Estado
estabelece capacidades e necessidades. Essas conjunturas geopolíticas afetaram também questões de segurança e defesa do Brasil.
A atuação da potência regional brasileira em matéria de defesa é expressa nos Documentos de Defesa do Brasil, sendo estes
a Estratégia Nacional de Defesa (END), a Política Nacional de Defesa (PND), e o Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN). Os
documentos publicados em 2008 (END, PND) e aqueles publicados em 2012 (END, PND e LBDN), assim como os equivalente em
2016, aprovados, são representações das políticas de governos. As minutas colocadas em consulta à sociedade e aguardando
aprovação do Congresso Nacional, relativas ao Planejamento Estratégico Setorial 2020-2031, que está no Congresso para avaliação
e aprovação. Essas publicações apresentam os objetivos e as diretrizes da defesa brasileira, projetos e setores estratégicos para as
Forças Armadas e área de atuação imediata.

- 148 -
Compreender o comportamento geopolítico brasileiro em matéria de defesa como potência regional em sua área de influência
imediata carece da compreensão teórica sobre o que seria a geopolítica e como esta foi constituída ao longo dos anos. A geopolítica
é conhecida como a ciência do Estado, a qual se manifesta no espaço, torna-se um instrumento da ação estatal como uma forma de
inteligência geográfica para o poder político. A geopolítica concebe modos de representação do espaço capazes de influenciar e criar
políticas estatais a fim de que este maximize seus objetivos como, a conquista de poder, garantia de sobrevivência, soberania e
autonomia. Portanto, é uma ciência capaz de criar ordens com relações de poder coercitivas ou consensuais, dependendo da
capacidade de cada ator. Ao longo dos anos a geopolítica foi se desenvolvendo e modificando, de acordo com as tecnologias criadas,
contextos em que está inserida e períodos históricos. Destarte, diferentes modelos geopolíticos foram apontados em distintos
momentos das relações interestatais.
O primeiro modelo é conhecido como modelo naturalista, pois considera apenas condições ambientais e a localização
geográfica como elementos poder na ordem mundial. Desta maneira, possui capacidades de atuação de liderança regional, visto que
têm suas virtudes naturais cimentadas em fatores geopolíticos mensuráveis, como a abundância de commodities, com destaque aos
minérios; sua extensão litorânea privilegiada de direto acesso à costa africana; e outros fatores, como número de habitantes. (...), o
país possuía condições de realizar barganhas em decorrência dos elementos acima listados, em uma lógica de soberania nacional.
Logo, os elementos naturais e energéticos e a posição geográfica, perante o modelo naturalista, colocam o Brasil em posição de
destaque no cenário internacional.
O segundo modelo geopolítico desenvolvido seria aquele proposto por
Mackinder (1904), marcado pelo determinismo geográfico. Segundo Mackinder
(1904), a superioridade geoestratégica encontra-se em um Estado ou região
pivô, o qual apresentaria um grande poder terrestre. A área pivô seria o heartland
mundial, e que quem controlasse a área, teria o poder sobre as dinâmicas
mundiais. Segundo a Figura I, a área pivô proposta por Mackinder (1904) seria
a região atualmente a Rússia.
A localização geográfica do Brasil está fora do cinturão da área pivô, logo,
para o autor não teria importância estratégica global. Contudo, com papel
subordinado aos Estados Unidos (EUA) teria o papel de fortalecer a potência
global.
O modelo político de Spykman (1944), por sua vez, afirma que o anel
continental – também conhecido como Rimland - ao redor da área pivô seria o
espaço chave. O autor afirma 6 que o poder central pertence a quem consegue
cercar o Heartland. Logo, segundo Braga (2011), este foi um dos princípios para a criação da Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN), visto que esta teria o poder de agir no anel continental e assim conter o poder da área pivô. A localização do Brasil,
segundo esse modelo geopolítico, novamente não seria estratégica para o controle global, portanto, apenas permeando as dinâmicas
centrais das relações internacionais.
O último modelo anterior à Guerra Fria, seria o modelo geopolítico proposto por Haushofer (1924). Segundo o autor a ordem
mundial ideal encontrar-se-ia dividida em quatro pan-regiões: a alemã, norte-americana, russa e a japonesa. Essas pan-regiões seriam
capazes de criar políticas de esquemas de integração norte-sul e assim controlar as dinâmicas globais. Deste modo, a América do
Sul estaria incluída na região Pan-Americana, centralizada na costa leste dos EUA, servindo como mercado consumidor e zona de
influência da potência central.
Os modelos geopolíticos desenvolvidos durante a Guerra Fria partem da estratégia de contenção entre as duas grandes
potências, em que cada ator buscava limites da influência oposta. Neste contexto, a região de localização brasileira, a América do Sul,
seria um cenário de enfrentamento entre as grandes potências, com maior ênfase dos EUA.
Além da geopolítica de contenção a Guerra Fria trouxe à pauta da agenda internacional a geopolítica da superioridade
geoestratégica da potência continental, e a geopolítica do poder naval. A primeira consiste na superioridade de capacidade estatal
perante a barganha internacional de quem possui armas nucleares. Neste ponto a América do Sul, e o Brasil, por não possuírem
armas de destruição em massa estariam a mercê das vontades políticas dos detentores da tecnologia.
A geopolítica do poder naval, por sua vez, desenvolvida por Mahan (1880) corresponde à análise do papel do mar, no controle
marítimo como elementos estratégicos para superioridade nas dinâmicas entre Estados. A localização brasileira, e a sua imensa costa
litorânea voltada para o Atlântico Sul permitiriam ao Estado o controle do mar do Sul. Contudo, novamente por não estar no centro
das dinâmicas entre as grandes potências, nas teorias geopolíticas centrais, a importância do Atlântico Sul não é ressaltada.
O pós-Guerra Fria ofertou à ciência geopolítica novas questões de análise, destacando-se: o modelo das civilizações de Samuel
Huntington (1993), o modelo da globalização proposto por Barnett (2003), e modelo do Soft-Power desenvolvido por Marklund (2015).
O primeiro consiste na emergência de conflitos não mais entre Estados, mas sim entre diferentes identidades culturais. Logo, a
América Latina seria uma das civilizações, uma região geopolítica da civilização ocidental (HUNTINGTON, 1993). O modelo da
globalização deriva da análise que os problemas internacionais surgiriam de Estados que resistiram à globalização, que estariam
desconectados com as dinâmicas globais. A América do Sul, neste ponto de vista, estaria na “brecha não integrada”, com problemas
reais como as questões internas da Colômbia e Venezuela, e a recusa brasileira e argentina de aceitar a Área Livre de Comercio das
Américas (ALCA).
Por fim, o modelo do Soft-Power seria aquele emergido com a novas tecnologias, baixo custo de transporte entre as regiões,
conexão global, uso da baixa política, do papel das ideias, da cultura, das instituições e do regionalismo na política intern acional.
Neste modelo o poder da coerção seria gradualmente substituído pelo poder da atração. O Brasil, devido a sua localização geográfica
e escolhas de política externa vem utilizando do soft-power como ferramenta de inserção internacional, entretanto sem possuir
tecnologias suficientes, e nem uma conexão global, a atuação brasileira estaria insuficiente.
- 149 -
Documentos de defesa do Brasil e seu entorno estratégico
Estabelecidos os estudos teóricos sobre a geopolítica é preciso analisar como os documentos de defesa trabalham a questão
do seu entorno estratégico, a fim de responder como a geopolítica influência na definição da região de atuação imediata do Brasil. O
objetivo desta seção é, portanto, realizar uma comparação entre os Livros Brancos de Defesa Nacional (LBDN) de 2012 e a Minuta
de 2016, no que tange ao seu ambiente regional.
O entorno estratégico brasileiro é aquele em que o país possui ação imediata, e forte influência política, econômica e militar
perante os demais países da região. A estratégia da política externa brasileira e da defesa nacional visa obter maior peso na própria
região a fim de aumentar a sua inserção na esfera global.
Destarte, os documentos de defesa nacional – Estratégia Nacional de Defesa (END), Política Nacional de Defesa (PND) e o
Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN) – publicados em 2012 e em 2016 enfatizam a importância da atuação brasileira neste
contexto. Contudo, os contextos variam, os documentos de 2012 refletem as políticas adotadas durante o Governo Lula (2003-2010),
já as minutas de 2016 refletem as políticas do governo Rousseff (2011- 2016), as quais serão analisadas mais adiante.
A forma de atuação convergente nas duas datas condiz com
uma ação que deve trazer benefícios de desenvolvimento, paz e
estabilidade a fim de proporcionar um ambiente amistoso e
desenvolvido econômico e socialmente para que o Brasil atinja seus
objetivos, como por exemplo, ser uma potência regional. Além disso,
o ambiente regional, segundo o LBDN, deve proporcionar uma
multipolaridade cooperativa, ou seja, uma ordem multipolar, em que
todos os atores possuem voz e importância internacional, assim
como proporcionar a cooperação entre estes mesmos atores.
Logo, o Brasil vem criando em torno de seu território zonas de
influência, com um projeto de criar zonas de coprosperidade regional.
Essas zonas seriam pautadas pela paz e estabilidade, crescente
influência econômica brasileira – tanto marítima quanto terrestre –
além da influência política perante os Estados pertencentes ao
entorno.
Contudo, apesar dessa convergência, as datas de lançamento
dos documentos refletem momentos diferentes da política externa
brasileira e da defesa nacional, gerando diferenças consideráveis na
definição do entorno estratégico, as quais precisam ser analisadas,
conforme a Tabela I.
A partir da observação da Tabela I, percebe-se que o entorno estratégico em 2012 era considerado apenas áreas muito
próximas ao Estado brasileiro, como pode ser verificado na Figura II. A América do Sul, a Costa Ocidental e o Atlântico Sul pertencem
ao entorno nas duas publicações, pois são áreas limítrofes ao território brasileiro, no qual este possui interesse imediato de paz e
estabilidade regional para a promoção do seu próprio desenvolvimento.
Contudo, na Minuta de 2016 o entorno foi ampliado também para o continente antártico, uma área mais longínqua e de difícil
acesso às tropas brasileiras. Um reflexo dessa transformação é a ênfase dada nos documentos de 2016 aos projetos desenvolvidos
no Continente Antártico, os quais não apareciam nos documentos de defesa de 2012. Como, por exemplo, são mencionados: 1) O
“Sistema do Tratado da Antártida”, criado em 1959, como justificativa à importância adquirida pelo continente; e 2) Estação Antártica
Comandante Ferraz (EACF) e órgãos envolvidos no Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) coordenado pela Marinha, Ministério
da Ciência e Tecnologia e Inovação e Ministério das Relações Exteriores, com apoio da Força Aérea Brasileira (BRASIL, 2016).
Com relação as áreas de interesse do Brasil, constata-se uma mudança significativa ao trocar o Mar do Caribe pela América
do Norte e a Europa na Minuta de 2016. Essa transformação implica em um diferente foco da política de defesa e da política externa
brasileira. Ou seja, ao invés de dar preferência às questões
caribenhas e latinas, o Brasil trabalharia mais com os nórdicos.
Além do mais, na publicação do ano de 2012 não existiam
áreas que demandavam maior atenção por parte do governo
brasileiro, já no LBDN de 2016 a América Central e o Mar do
Caribe encontram-se classificados como áreas que o Brasil
deve maior atenção devido às instabilidades e ameaças ali
presentes. Isso demonstra que a América Latina ainda se
encontra sob disputas militarizadas, e que há possibilidade de
emprego de força militar caso a soberania e os interesses
estatais sejam afetados, sendo uma região que ainda vivencia
uma “paz violenta”.
A definição do entorno estratégico nos documentos de
defesa implica em específicas políticas de defesa para cada
região ou contexto. Logo, se há mudança no entorno, há
também a transformação de políticas. A primeira mudança
política expressa no LBDN seria o já mencionado interesse no
Continente Antártico e os projetos militares desenvolvidos na
região.
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Uma segunda mudança da política de defesa perceptíveis na comparação dos documentos de 2012 e 2016 e que refletem a definição
do entorno estratégico é a questão da União de Nações Sul-Americana (UNASUL) e da Organização dos Estados Americanos (OEA). Nos
documentos de defesa de 2012 o enfoque na UNASUL e no Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS) como órgão de resolução de
controvérsias, de diálogo político, de cooperação em defesa era evidente, tanto que se pensava na criação de uma identidade sul-americana.
Já na Minuta de 2016 há maior ênfase na OEA como fórum multilateral de resolução de disputas, de cooperação em defesa (através da Junta
Interamericana de Defesa), de diálogo político; e não menciona a possibilidade criação de uma identidade sul-americana (BRASIL, 2012,
2016).
Essa transformação condiz com a abrangência da América do Norte como área de interesse, conforme apresentado na Tabela I. Além
disso são representações das práticas da política externa brasileira durante o Governo Rousseff, as quais não se voltaram tanto para a
América do Sul como foi no governo Lula, visto que durante o primeiro governo o continente sul-americano era uma prioridade da política
externa.
Por fim, uma terceira mudança na política de defesa mencionada nas Minutas de 2016 e que não contam nos documentos de 2012 é
a importância da Zona e Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS). O Atlântico Sul nos dois documentos fez parte do entorno estratégico,
porém em 2016 obteve maior ênfase através da ZOPACAS como fórum para o tratamento de temas relativos à segurança do Atlântico Sul,
desenvolvimento em bases sustentáveis, medidas contra pirataria marítima, assim como proteção ambiental (BRASIL, 2016).
Foi definido nesta seção, portanto, o entorno estratégico brasileiro a partir dos documentos de defesa de 2012 e de 2016, suas
mudanças e, também, as transformações políticas que constam nos documentos que refletiram a definição deste entorno. A próxima
seção buscará analisar como a geopolítica influência na determinação do entorno brasileiro para as questões de defesa nacional.

Entorno estratégico brasileiro e a geopolítica


Delimitadas as semelhanças e diferenças dos Livros Brancos de Defesa Nacional de 2012 e de 2016 com relação à
caracterização do entorno estratégico, a presente seção buscará verificar como a geopolítica das regiões supracitadas condiciona a
caracterização destas como o entorno estratégico brasileiro. Para tanto serão trabalhadas questões geopolíticas principalmente
vinculadas a América do Sul, Atlântico Sul, Costa Ocidental da África, as demais regiões mencionadas na seção anterior permearão
as análises destas.
Samuel Pinheiro Guimarães, na sua obra Quinhentos Anos de Periferia (1999), declarou que a América do Sul é uma
“circunstância inevitável, histórica e geográfica do Estado e da sociedade brasileira”. Por possuir uma história de colonização comum,
fronteiras terrestres e fluviais comuns e constante intercâmbio econômico e social, a continente sul-americano é um fator causal do
poder brasileiro como potência regional.
Contudo, a América do Sul brilhou aos olhos brasileiros apenas com o fim da Guerra Fria. Anteriormente o país voltava suas políticas
todas para o continente europeu e norte-americano. Esse pensamento também era dominante por causa influência dos EUA no continente.
Seguindo o pensamento de Mackinder (1904), a América do Sul apresenta potencialidades para fortalecer o poder da grande potência. Por
exemplo, a Colômbia é considerada uma extensão do Panamá para obter maior controle dos oceanos Atlântico e Pacífico, há um forte mercado
consumidor para os produtos estadunidenses, além do que o continente é fornecedor de recursos naturais e energéticos – petróleo, água e
biodiversidade.
Sendo assim, os EUA buscaram agir imediatamente a todo tempo no continente. Militarmente essa interferência pode ser vista
através de bases militares (na Colômbia e no Peru), atuação na Colômbia contra o narcotráfico (Plano Colômbia) e a Junta
Interamericana de Defesa (JID) no âmbito da OEA. Economicamente a interferência pode ser observada pelas propostas de medidas
de abertura de mercado a fim de promover interesses empresariais estadunidenses – como a proposta da Área de Livre Comércio
das Américas (ALCA), acordos bilaterais de livre comércio, e através da dependência constante dos países sul-americanos ao sistema
financeiro dolarizado.
Na questão da biodiversidade, percebe-se um forte interesse dos EUA na questão da água, porque a América do Sul possui a
maior reserva potável do planeta (Aquífero Guarani), o qual vem sendo cobiçado por empresas transnacionais e visado por militares
da grande potência. Outrossim a grande quantidade de reserva de recursos energéticos, 13 como petróleo e gás natural na Venezuela
e Colômbia e na camada Pré-Sal do Brasil, fazem com que a atenção aos países da esfera sob atuação dos EUA seja redobrada.
O Brasil, a partir do governo Lula buscou transformar esta realidade por meio da promoção da integração regional. O
fortalecimento do MERCOSUL juntamente com a Comunidade Andina de Nações (CAN), a criação da UNASUL e do CDS, a posição
brasileira de líder regional, e o posicionamento da América do Sul como uma Zona de Paz e Cooperação reafirmaram a identidade
sul-americana e a busca por maior autonomia regional, maior peso e inserção internacional dos países da região. Além disso, a
proteção da Amazônia, tanto na esfera doméstica, com o projeto de defesa nacional de monitoramento e vigilância da Amazônia
Verde, e a busca pela defesa da Amazônia em nível multilateral na Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA),
ganhou destaque na política externa brasileira para seu entorno estratégico.
Porém, como mencionado na seção anterior, mesmo o continente ser mantido como entorno estratégico no LBDN (2016), o
governo Rousseff voltou-se mais para questões domésticas. Logo, a América do Sul não obteve tanta relevância de sua política
externa, perdendo espaço para questões comerciais e de superação da crise financeira e política interna. Isso abriu espaço novamente
para a atuação da grande potência, tanto que se percebe a paralisia das instituições regionais como a UNASUL e o MERCOSUL a
partir do seu governo. Essa estagnação das instituições regionais colocou em xeque a liderança brasileira e o status de potência
regional, fomentando uma maior abertura geopolítica às potências extrarregionais.
O Atlântico Sul tradicionalmente não pertence ao ceio das disputas marítimas, sendo que este papel cabe ao Atlântico Norte e ao
Pacífico devido às transações marítimas e comércio internacional. Porém no decorrer do século XXI o oceano vem ganhando relevância
geopolítica por dois motivos:
1) pela necessidade de alternativas às Linhas de Comunicação Marítimas, em consequência do esgotamento do Canal de Suez e do Canal
do Panamá; e
2) pela descoberta de recursos vivos e não vivos, a qual gerou debates sobre a presença de potências externas ao oceano e que podem
ocasionar em falta de segurança e paz na região.
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O Atlântico Sul como entorno estratégico brasileiro, segundo Costa (2012) corresponde a nova escalada de interesses,
influência e oportunidades visadas pelo país, sendo este uma ferramenta de projeção de poder e maior barganha internacional. Logo,
por possuir uma posição estratégica com relação ao oceano, o Brasil busca reforçar os mecanismos de vigilância e defesa marítimos,
além de reforçar a participação em fóruns regionais multilaterais, como a ZOPACAS. Essa passagem da projeção continental para a
marítima foi resultado da bem-sucedida política externa do país, que nas últimas décadas perseguiu a todo custo objetivos que visaram
assegurar direitos e interesses no espaço marítimo do entorno regional estratégico, isto é, o Atlântico Sul.
Os mecanismos de vigilância e defesa criados pelo Brasil correspondem ao conceito de Amazônia Azul, considerada a área
sob responsabilidade brasileira e de interesse do Estado, incluindo as reservas de petróleo na camada Pré-Sal, conforme pode ser
analisado na Figura III. Reservas de petróleo também são encontradas nos corais da foz do Rio Amazonas, próximo ao Mar do Caribe,
logo, sua relevância como área de interesse pode ser explicada.
Para proteção desse território marítimo a defesa brasileira, durante o governo Lula, desenvolveu projetos como Programa
Nuclear da Marinha (responsável pela produção do submarino a propulsão nuclear), o Núcleo de Poder Naval, e o Sistema de
Gerenciamento da Amazônia Azul. O governo Rousseff, por sua vez, por falta de recursos, paralisou a maioria dos projetos, abrindo
margem de manobra para atuação geopolítica das grandes potências.
É importante notar que as grandes potências já vinham
atuando fortemente no oceano, porém se intensificou com as
descobertas de petróleo na região. Essa atuação pode ser
vista, por exemplo, com o controle das pequenas ilhas do
Atlântico Sul pelo Reino Unido e pela reativação da IV Frota
Naval estadunidense em 2008, ativação esta ocasionada pela
descoberta das reservas de petróleo no litoral brasileiro. Além
disso, houve o aumento da presença chinesa no comércio
marítimo, somada a sua 15 maior presença na América do Sul
e África, faz com que a China adquira maior poder de
barganha perante as questões do oceano.
A ZOPACAS, organização criada em 1986 como
proposta de contraponto a OTAN durante a Guerra Fria, não
possuía relevância estratégica no período, pois não fazia
parte da geopolítica de contenção do período e os países
pertencentes7 à organização não faziam parte nem do
heartland e do rimland geopolítico. A organização adquiriu
maior destaque internacional com as descobertas de recursos
energéticos e da biodiversidade no oceano a partir da primeira
década do século XXI, os quais são importantíssimos para os
novos modelos geopolíticos da era globalizada. Logo, a
ZOPACAS passou a ser um fórum multilateral responsável
por evitar armas de destruição em massa no oceano, evitar a
presença de potências extrarregionais, cooperação
econômica, combate à crimes transnacionais, operações de
paz e pesquisa científica, assim como o fortalecimento de
uma identidade sul-atlântica, as quais enfatizam
necessidades e preocupações comuns.
Sendo assim, a ZOPACAS é utilizada pelo Brasil como forma de coordenar seus interesses na região de forma multilateral, e
coordenar políticas de segurança e defesa. A ênfase na ZOPACAS, como mencionado na segunda seção, foi mais presente nos
documentos de defesa reflexos do governo Rousseff (2016). Isso ocorre pela maior busca da Presidenta pela atuação multilateral,
dividindo responsabilidades e custos de proteção e de desenvolvimento sustentável com outros países. A Costa Ocidental da África,
por sua vez, também não pertence às regiões centrais da geopolítica tradicional, porém faz parte do entorno estratégico nas duas
publicações do LBDN. Isso ocorre principalmente por três motivos:
1) os países compartilham do mesmo oceano, possuindo interesses estratégicos e geopolíticos como mencionado a pouco;
2) partilharem de um histórico colonizador e migratório no período de construção estatal; e
3) muitos fazem parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), organização na qual os países que compartilham
esse traço linguístico comum buscam cooperar para promoção cultural e para o aprofundamento da amizade.
O Brasil busca, por meio da Cooperação Sul-Sul para o desenvolvimento, um maior contato e uma maior presença nesses
países, a fim de projetar-se internacionalmente como potência regional e assim participar das dinâmicas globais. Além disso a política
de defesa nacional também se faz presente por meio da cooperação militar com os países da costa africana. Devido à sua localização
geográfica, o Brasil operacionaliza a cooperação militar bilateral com certos países, como por exempli com a África do Sul, Namíbia,
Gâmbia, São Tomé e Príncipe, sendo essa cooperação majoritariamente naval e de participação em operações de paz da ONU.
A partir destas explanações, portanto, foram analisadas como a geopolítica e os anseios da política externa e da política de
defesa brasileira influenciam na delimitação do entorno estratégico brasileiro descrito no LBDN tanto de 2012 quanto de 2016.
Percebe-se que nenhuma das regiões mencionadas fazem parte das grandes dinâmicas geopolíticas tradicionais, porém para os
anseios externos do Brasil elas são de suma importância, a qual vem aumentando devido a geopolítica ligada aos recursos energéticos
e a presença das potências extrarregionais em busca destes insumos.

- 152 -
22. A EXPANSÃO DAS PANDEMIAS E OS IMPACTOS NA ECONOMIA MUNDIAL
22.1 - Introdução e definições
Ao longo do século XX, graças aos avanços tecnológicos e ao crescente interesse econômico, a humanidade e a circulação
de mercadorias conquistaram imensa capacidade de locomoção quanto aos quesitos abrangência e velocidade.
Nas últimas décadas do século XX e o atual, a humanidade tem presenciado a ocorrência de novas doenças com níveis
diferentes de contaminação da população, inclusive pandemias. Mas, doenças com grande alcance em contaminação não estão
restritas a contemporaneidade.
Definição de pandemia - segundo o dicionário Michaelis, versão eletrônica, é uma doença epidêmica de ampla disseminação.
Os termos epidemia e endemia são dos mais antigos na medicina e sua distinção não pode ser feita com base apenas na maior
ou menor incidência de determinada enfermidade em uma população. Se para epidemia a principal característica se constitui no
elevado número de casos novos e sua rápida difusão, para endemia, que vem do grego clássico e significa “originário de um país,
referente a um país”, não basta somente o critério quantitativo, o que define o caráter endêmico de uma doença é o fato de ser a
mesma peculiar a um povo, país ou região.
Já a pandemia, palavra de origem grega, foi usada pela primeira vez por Platão com um sentido genérico, referindo-se a
qualquer acontecimento capaz de alcançar toda a população, e o seu conceito moderno é o de uma epidemia de grandes proporções,
que se espalha a vários países, em mais de dois continentes, aproximadamente ao mesmo tempo, como foi a Gripe Espanhola, a
Influenza H1N1 e, a mais recente, do COVID-19.
A maior mobilidade e o número de viagens realizado em todo o planeta são a principal causa pela qual uma pandemia
pode ser desencadeada.
Para a OMS, a definição de epidemia corresponde à propagação de uma nova doença em um grande número de indivíduos,
sem imunização adequada para tal, em uma região específica. Já pandemia diz respeito a uma doença que se alastrou em escala
mundial, em mais de dois continentes.
Segundo a especialista em doenças infecciosas da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, Rosalind Eggo, “uma
infecção endêmica está presente em uma área permanentemente, o tempo todo, durante anos”, como a varicela e a malária; epidemia
“é o aumento nos casos, seguido por um pico e depois diminuição” e pandemia “é a epidemia que ocorre ao redor do mundo
aproximadamente ao mesmo tempo”.
Então, podemos definir uma condição como epidêmica ou endêmica, ou, depois, até mesmo pandêmica, estabelecendo quais
seriam os possíveis níveis habituais de ocorrência de uma doença ou condição de saúde na população de uma determinada área,
naquele período de tempo, realizando um levantamento de número de casos novos, no caso a incidência, do agravo em um período
de tempo não epidêmico, como, por exemplo, no Brasil, o aumento de casos de dengue no período chuvoso do ano é comum, mas
em alguns locais ocorre aumento excessivo de casos, resultando, assim, em uma situação epidêmica e como foi o caso, em 2003, da
epidemia do SARS, outro coronavírus vindo também da Ásia, que se propagou pelo mundo, mas não foi considerado pandêmico,
alegado, pela OMS, que o vírus havia sido contido rapidamente e que a maior parte dos casos ficou concentrada em alguns países.
Alguns fatores determinantes e condicionantes podem ser: diversas situações econômicas como a miséria, a falta de
saneamento básico e água tratada; culturais, com hábitos alimentares de risco como ingestão de peixe cru ou ostras e
alimentos exóticos; ecológicas como a poluição atmosférica e as condições climáticas; psicossociais, incluindo estresse e
o uso de drogas; e biológicos com as mutações de um agente infeccioso, transmissibilidade do agente e indivíduos
suscetíveis às infecções.
Esses determinantes podem variar de acordo com as características dos agentes etiológicos e estão intimamente relacionados
à sua forma de transmissão. As doenças infecciosas podem ser transmitidas por contato direto (secreções respiratórias, fecal-oral,
sexual) ou contato indireto (vetor, ambiente, objetos e alimentos contaminados).
Nos dias atuais, a globalização constitui outro importante determinante, resultado de um intenso fluxo de pessoas e
alimentos por todo o mundo. A rapidez de deslocamento das pessoas proporcionada pela facilidade de acesso ao transporte
aéreo permite que agentes causadores de epidemias sejam transmitidos rapidamente para pessoas de várias regiões do
planeta em um curto espaço de tempo, como, por exemplo, o Influenza H1N1, que causou, em 2009, uma pandemia em menos
de seis meses, e, atualmente, o COVID-19, em menos de três meses.
Para o enfrentamento de situações endêmicas e epidêmicas é necessário um planejamento a nível local, quando
pandêmica visa-se a nível global, destacando-se vigilância do território, organização assistencial, articulação intersetorial e
o trabalho em conjunto com a equipe de controle de zoonoses (para doenças de transmissão vetorial) e o primeiro passo é
a adequação dos protocolos à realidade local.
Em relação ao novo Coronavírus e à mudança de classificação pela OMS, no dia 11 mar 2020, não se deve à gravidade
da doença, e sim à disseminação geográfica rápida que o vírus tem apresentado. “A OMS tem tratado da disseminação em uma
escala de tempo muito curta”, afirmou Tedros Adhanom, diretor geral da OMS, quando declarou a mudança de estado da
contaminação à pandemia.
Desde dezembro de 2019, quando a China informou à OMS sobre o vírus desconhecido que estava se espalhando pelo país,
a transmissão já se alastrou por mais de 160 países, com mais de 1 milhão de casos e quase 500 mil mortes.
Em meio a essa atual pandemia, pode-se fazer uma comparação com os primeiros casos de AIDS, que foram descritos em
junho de 1981 e foram necessários mais de dois anos para identificar o vírus causador e, desde os primeiros casos do coronavírus
que foram relatados na China em 31 de dezembro de 2019, no dia 7 de janeiro o vírus já havia sido identificado e seu genoma já
estava disponível no dia 10 do mesmo mês.

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22.2 - Evolução através de epidemias
Responsáveis pelo extermínio de significativa parcela da Humanidade, grandes epidemias teriam como agente - no surgimento
e na proliferação - sua maior vítima: o ser humano. Do sarampo ao ebola que ainda hoje faz vítimas na África Ocidental, passando
por peste negra, gripe espanhola e cólera, todas as graves doenças que varreram países e continentes começaram e se expandiram
por eventos associados à ação humana, como migrações internacionais, domesticação de animais e exploração da natureza. A tese
é do infectologista Stefan Cunha Ujvari, autor dos livros “A história e suas epidemias”, “Pandemias” e, mais recentemente, “A história
do século XX pelas descobertas da medicina”, lançado pela Editora Contexto.
O homem sempre esteve por trás, criando alguma condição que favoreceria o aparecimento e alastramento das epidemias.
Essas epidemias aconteceriam de qualquer maneira, mas suas intensidades foram favorecidas pela interferência do homem - defende
Ujvari.
O argumento do infectologista é amparado por uma revisão em doenças que atingiram povos ao longo de dezenove séculos.
No século II, a expansão do Império Romano teve como consequência a chegada do vírus do sarampo à Europa.
A intensificação das trocas comerciais e incursões ao Oriente Médio teriam levado a doença da Ásia para o Egito e, dali, para
a Península Itálica. Cerca de um quarto da população local morreu vitimada pela enfermidade. A varíola seguiu caminho parecido, no
mesmo século.
Essas foram as primeiras grandes epidemias, causadas pela introdução de vírus em populações que não tinham contato
anterior com eles, a partir da extensão de fronteiras e entrada em novos territórios. O homem começava a globalizar as doenças
infecciosas - comenta Ujvari.

Peste negra vitimou 25 milhões de pessoas


Talvez a pandemia mais conhecida da História, por sua descomunal mortalidade, a peste negra também eclodiu e se espalhou
graças a condições favoráveis criadas por seres humanos, sobretudo o aumento descontrolado da população europeia sem condições
de adequadas de higiene, na Idade Média. A doença teria aportado na Sicília com embarcações vindas da região da Crimeia. Vetores
da doença, ratos e suas pulgas encontraram um ambiente favorável à proliferação em meio ao lixo orgânico que se espalhava pel as
ruas das primeiras cidades urbanas. De 1348 a 1350, a doença conhecida também como peste bubônica vitimou fatalmente cerca de
25 milhões de pessoas, um terço da população da Europa.
A colonização das Américas também teve consequências biológicas. Diferentes vírus, do sarampo, da varíola e da gripe, foram
introduzidos no continente e atacaram populações indígenas sem imunização para essas doenças.
A epidemia chegou e se alastrou de forma lenta e gradual, ao longo de cinco séculos. A varíola alcançou a capital dos astecas,
na época em que Hernán Cortés chegou à região, e ajudou o espanhol a destruí-los. A doença, assim como o sarampo, também
colaborou com a conquista do Império Inca.
No Brasil, as doenças atingiram, por exemplo, índios na Bahia e no interior da Amazônia - detalha Ujvari. Já no século XIX, a
chamada revolução industrial esteve associada à disseminação da cólera. Oriunda da Índia, a bactéria alcançou a Europa apenas
quando o tempo de viagem entre o país e o continente foi encurtado, por conta da invenção de embarcações a vapor e da construção
do Canal de Suez. Antes, viajantes atingidos pela doença morriam durante o percurso.
Já a gripe espanhola, provocada pelo vírus Influenza A do subtipo H1N1 e que atingiu diferentes regiões do mundo no
século XX, teria em sua origem o contato do homem com animais e foi catalisada pela Primeira Guerra Mundial. Análises
genéticas de fragmentos de pulmão de vítimas da doença - cuja origem é provavelmente os EUA ou a China, e não a Espanha -
indicaram que o vírus veio de aves. Um século depois, a aproximação de homem e animais também foi apontada como o início da
recente epidemia de gripe suína, causada por outra cepa do H1N1: a criação concomitante de porcos e aves resultou no vírus causador
da doença. O ebola - cujo atual surto já matou mais de 1,5 mil pessoas na África Ocidental - surgiu provavelmente por conta da
manipulação de carcaças com secreções de animais que vivem em matas, como chimpanzés, gorilas, antílopes e morcegos.
Interferir no meio ambiente e alterar a dinâmica da biosfera é um grande problema. O ebola é consequência disso, assim como
a dengue - defende o infectologista.
Sociólogo e professor do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Luiz Antonio de Castro
Santos afirma que migrações internacionais sempre foram o grande causador de epidemias.
Ele alerta, no entanto, para o perigo de marginalização de populações identificadas como causadoras das doenças: - Esses
fatores causais são quase sempre seguidos pela estigmatização. Hoje, por exemplo, quando a gente fala de população da Libéria ou
de Serra Leoa há o estigma da doença associada à pobreza. O estigma é sempre um problema e muitas vezes interfere no tratamento
das doenças, o que pode, inclusive, contribuir para sua expansão - acredita.

AIDS
A história da aids pôde ser revivida pelas alterações genéticas do seu vírus. A semelhança do seu material genético com o do
SIV dos chimpanzés de Camarões e Gabão denunciou esses primatas como fornecedores da doença ao homem. São vírus com
parentesco muito próximo. Da mesma maneira encontramos os macacos da Guiné-Bissau como fornecedores da aids pelo MV tipo 2.
O vírus da aids disseminou-se na população mundial. As mutações acumularam-se a cada multiplicação e permaneceram em cada
indivíduo recém-infectado. Comparamos essas mutações na população e calculamos a frequência com que ocorrem. Programas de
computador fazem um cálculo retrospectivo. É possível, assim, desfazer as mutações de maneira retrógrada para chegar à primeira
forma viral mais semelhante ao vírus dos chimpanzés. Dessa forma estimamos a data provável dos primeiros casos humanos ao redor
da década de 1930. Seria a data em que o vírus se transferiu dos chimpanzés ao homem.

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22.2 - Coronavírus humanos infectam pessoas em todo o mundo ao longo da vida
Os coronavírus são uma grande família viral que causam infecções respiratórias em seres humanos e em animais. A primeira
vez que esse agente infeccioso foi identificado em humanos e isolado foi em 1937. Porém, só foi descrito como coronavírus em 1965,
quando a análise de perfil na microscopia revelou essa aparência. Os tipos mais regulares que infectam humanos são o Alpha
coronavírus 229E e NL63, o Beta coronavírus OC43 e o HKU1. Temos ainda o SARS-CoV, o MERS-CoV e agora o SARS-CoV-2 (o
novo coronavírus que causa a doença COVID-19). Pessoas em todo o mundo geralmente são infectadas ao longo da vida com
coronavírus humanos e, às vezes, os coronavírus que infectam animais podem evoluir e tornar as pessoas doentes e se tornar um
novo coronavírus humano. Três exemplos recentes disso são 2019-nCoV, SARS-CoV e MERS-CoV.
Das sete variedades conhecidas, quatro já foram identificadas no Brasil. O médico veterinário Paulo Eduardo Brandão, do
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade de São Paulo,
explica que previamente ao encontro de Sars-CoV-2 neste ano no Brasil, já havia aqui a presença dos coronavírus exclusivamente
humanos OC-43, 229E, NL63 e HKU1, todos com tropismo por trato respiratório e agentes etiológicos de processos respiratórios de
menor severidade quando comparados a COVID-19.
De acordo com o Dr. Brandão, considerando os coronavírus que infectam humanos, no Brasil, só não foram encontrados o
MERS-CoV, envolvido na Middle East respiratory syndrome (MERS), e o Sars-CoV-1, da Severe accute respiratory syndrome (SARS).
“A infecção por MERS-CoV e Sars-CoV-1 são mais agressivas e perigosas, se considerarmos as letalidades de aproximadamente 35
e 10%, respectivamente”, destaca. O SARS-CoV se disseminou rapidamente para mais de doze países na América do Norte, América
do Sul, Europa e Ásia, infectando mais de 8 mil pessoas e causou cerca de 800 mortes, antes da epidemia global de SARS ser
controlada em 2003. Em 2012, foi isolado outro novo coronavírus, distinto daquele que causou a SARS no começo da década passada.
Esse novo coronavírus era desconhecido como agente de doença humana até sua identificação, inicialmente na Arábia Saudita e,
posteriormente, em outros países do Oriente Médio, na Europa e na África. Todos os casos identificados fora da Península Arábica
tinham histórico de viagem ou contato recente com viajantes procedentes de países do Oriente Médio – Arábia Saudita, Catar,
Emirados Árabes e Jordânia. Pela localização dos casos, a doença passou a ser designada como síndrome respiratória do Oriente
Médio, e o novo vírus nomeado coronavírus associado à MERS (MERS-CoV).

22.4 - As consequências da Covid-19 para a economia mundial


A pandemia gerou uma crise econômica sem precedentes num curto espaço de tempo. Os impactos de longo prazo vão
depender de quão rapidamente o novo coronavírus vai ser vencido.
Parece que foi ontem que economistas, políticos, jornalistas e analistas classificavam temas como o 'Brexit' ou o conflito
comercial entre os Estados Unidos da América e a China como potencialmente letais para a economia mundial.
Quando as autoridades de saúde da cidade chinesa de Wuhan notificaram um conjunto de casos de pneumonia de causa
desconhecida a 31 de dezembro do ano passado, teria sido necessário um grau sobrenatural de previsão econômica para imaginar a
chacina que essa "causa desconhecida" infligiria à economia global.
Acontecimentos que seriam considerados impossíveis há pouco mais de algumas semanas tornaram-se realidade. Tudo por
causa da pandemia da Covid-19.
As bolsas mundiais caíram cerca de 30% desde o início do ano na maioria dos países mais ricos do mundo. O número de
americanos que pediram subsídio de desemprego pela primeira vez subiu para quase sete milhões, um recorde por duas semanas
consecutivas.

Um mundo menor?
A crença de que haverá um "boom" econômico pós-coronavírus é compartilhada por muitos, embora ninguém saiba dizer
quando e a que custo.
Mas há também uma corrente com uma visão mais sombria sobre como a ordem econômica mundial se poderá reconfigurar
depois de a crise passar.
Antes de o novo coronavírus assolar o mundo, situações como a guerra comercial EUA-China ou um 'Brexit' sem acordo eram
vistas como graves ameaças à economia mundial. Há a possibilidade de, se a crise atual passar, os governantes se afastarem de
estratégias arriscadas.
"Pode ser uma estratégia plausível dizer que precisamos de garantir que não vamos ter essas enormes cadeias de
abastecimento espalhadas pelo mundo, que precisaremos de fazer as coisas em casa", diz. "E isso é algo que interessaria à narrativa
de Trump [Donald Trump, Presidente dos EUA] e do Brexit."

22.5 - Crise do coronavírus: desta vez é realmente diferente


Não há um episódio histórico que possa fornecer qualquer insight sobre as prováveis consequências econômicas da crise global do
coronavírus
Carmen Reinhart - publicado em: 27/03/2020
Embora as pandemias sejam comparativamente raras e as mais graves mais raras ainda, não conheço um episódio histórico que
possa fornecer qualquer insight sobre as prováveis consequências econômicas da crise global do coronavírus. Desta
vez é realmente diferente.
Um recurso importante deste episódio que o torna único é a resposta das políticas públicas. Governos em todo o mundo estão
priorizando medidas que limitem a propagação da doença e salvem vidas, incluindo o bloqueio completo de uma região (como na C hina) e
até de países inteiros (Itália, Espanha e França, por exemplo). Uma lista muito mais longa de países, incluindo os Estados Unidos, impôs
severas proibições de viagens internacionais e proibiu todo tipo de eventos públicos.

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Essas medidas não poderiam estar mais longe das respostas em
relação ao surto viral mais mortal dos tempos modernos, a pandemia de
influenza espanhola de 1918-19 (ver gráfico ao lado). Essa pandemia, que
custou 675.000 vidas nos EUA e pelo menos 50 milhões em todo o mundo,
ocorreu no contexto da Primeira Guerra Mundial. Esse fato, por si só, impede
qualquer comparação significativa em relação aos efeitos da pandemia do
COVID-19 só nos EUA ou na economia global.
Em 1918, ano em que as mortes por influenza atingiram o auge nos
EUA, os prejuízos nos negócios atingiram menos da metade do nível anterior à
guerra e foram ainda mais baixos em 1919 (ver gráfico). Impulsionado pelo
esforço de produção em tempo de guerra, o PIB real dos EUA aumentou 9%
em 1918 e cerca de 1% no ano seguinte, mesmo com os estragos causado pela
gripe.
Com o COVID-19, por outro lado, a enorme incerteza em torno da
possível propagação da doença (nos EUA e no mundo) e a duração da
quase paralisação econômica necessária para combater o vírus tornam as
previsões um pouco diferentes das estimativas. Mas, dada a escala e o
escopo do choque do coronavírus, que está simultaneamente prejudicando
a demanda agregada e interrompendo a oferta, é provável que os efeitos
iniciais na economia real superem os da crise financeira global de 2007-09.
Embora a crise do coronavírus não tenha começado como crise
financeira, ela pode se transformar em uma de austeridade sistêmica. Pelo
menos até que a atividade econômica reduzida resulte em perda de empregos, os balanços das famílias dos EUA não parecem
problemáticos, pois estavam no período que antecedeu a CFG (Crise Financeira Global). Além disso, os bancos estão muito mais
fortemente capitalizados do que em 2008.
Os balanços corporativos, no entanto, parecem muito menos saudáveis. Como observei há mais de um ano, as obrigações de
empréstimos garantidos, CLOs (Collateralized Loan Obligation), cuja emissão se expandiu rapidamente nos últimos anos,
compartilham muitas semelhanças com os notórios títulos subprime lastreados em hipotecas que alimentaram a CFG.
A busca por rendimento em um ambiente de baixa taxa de juros alimentou ondas de empréstimos de qualidade inferior - não
apenas nas CLOs. Não surpreende, portanto, que a recente queda do mercado de ações tenha exposto altos índices de alavancagem
e maiores riscos de inadimplência.
Como se o choque do coronavírus não fosse suficiente, a guerra do petróleo entre a Arábia Saudita e a Rússia quase reduziu
pela metade os preços do petróleo, piorando a situação do setor de energia dos EUA. Com grande parte da produção atingida por
interrupções nas cadeias de suprimentos e amplos segmentos do setor de serviços mais ou menos paralisados, as inadimplências e
falências corporativas entre pequenas e médias empresas devem aumentar, apesar dos estímulos fiscais e monetários.
Além disso, à medida que a crise do coronavírus em 2020 se desenrola, as semelhanças entre títulos corporativos de alto
rendimento e títulos soberanos de países em desenvolvimento parecem estar se acentuando.
Enquanto a crise financeira e da dívida dos anos 80 afetou os mercados emergentes, a CFG foi uma crise financeira (e em
alguns casos também uma crise da dívida) nas economias avançadas. O crescimento médio anual do PIB da China acima de 10%
em 2003-2013 elevou os preços globais das commodities, impulsionando os mercados emergentes e a economia global. E,
diferentemente das economias avançadas após a CFG, os mercados emergentes tiveram recuperações econômicas em formato de V.
Nos últimos cinco anos, no entanto, os balanços dos mercados emergentes (tanto públicos quanto privados) deterioraram-se
e o crescimento diminuiu significativamente. No entanto, o recente e importante corte nas taxas de juros do Federal Reserve dos EUA
e outras medidas em resposta à pandemia também devem facilitar as condições financeiras globais para os mercados
emergentes. Mas outras coisas estão longe de serem iguais.
Para começar, a clássica corrida ao Tesouro dos EUA em tempos de estresse global e o aumento no índice de volatilidade
VIX⁽¹⁾ revelam um forte aumento na aversão ao risco entre os investidores. Essas ocorrências geralmente coexistem com o aumento nos
spreads das taxas de juros de risco e reversões abruptas dos fluxos financeiros à medida que os capitais fogem dos mercados emergentes.
Além disso, a queda nos preços do petróleo e das commodities reduz o valor de muitas exportações dos mercados emergentes e,
portanto, afeta o acesso desses países ao dólar. No caso mais extremo (mas não único) do Equador, por exemplo, esses riscos se traduziram
em um spread soberano que se aproximava de 40 pontos percentuais.
Por fim, o crescimento econômico da China foi um importante impulsionador de seus significativos empréstimos para mais de 100
países em desenvolvimento de renda baixa a média na última década, como mostrei em recente artigo juntamente com Sebastian Horn
e Christoph Trebesch. A grande quantidade de fracos dados econômicos chineses para o início de 2020 aumenta a probabilidade de
empréstimos externos substancialmente reduzidos.
Desde a década de 1930, as economias avançadas e emergentes passaram por uma combinação de colapso no comércio global,
preços globais de commodities deprimidos e uma desaceleração econômica sincrônica. É verdade que as origens do choque atual são muito
diferentes, assim como a resposta das políticas. Mas as políticas de bloqueio e distanciamento que estão salvando vidas também carregam
um custo econômico enorme. Uma emergência de saúde pode evoluir para uma crise financeira. Claramente, este é o momento de fazer “tudo
o que for preciso” em termos ‘fora da caixa’ para políticas fiscais e monetárias em grande escala.
⁽¹⁾ VIX é o símbolo e o nome popular do CBOE Volatility Index da Chicago Board Options Exchange, medida da expectativa de volatilidade do
mercado de ações com base nas opções do índice S&P 500. Ele é calculado e divulgado em tempo real pelo CBOE e é freque ntemente
chamado de índice de medo ou medidor de medo.
Carmen Reinhart - Professora do Sistema Financeiro Internacional da Kennedy School of Government, da Universidade de
Harvard.
- 156 -
22.6 - Limitando as consequências econômicas do coronavírus com políticas amplas e direcionadas
Gita Gopinath - 12 mar 2020
Esta crise de saúde terá consequências econômicas significativas, refletindo choques na oferta e na demanda diferentes dos
ocorridos em crises anteriores. São necessárias políticas substanciais e direcionadas para apoiar a atividade econômica durante essa
epidemia, mantendo intacta a rede de relações econômicas e financeiras entre trabalhadores e empresas, credores e devedores, e
fornecedores e usuários finais para que a atividade se recupere tão logo o surto termine. O objetivo é evitar que uma crise temporária
cause danos permanentes às pessoas e às empresas em decorrência da perda de emprego e de falências.
Os custos humanos do surto do coronavírus COVID-19 aumentaram a um ritmo alarmante e a doença está se alastrando a
mais países.
Obviamente, a prioridade máxima é preservar tanto quanto possível a saúde e a segurança das pessoas. Os países podem
ajudar se gastarem mais para reforçar seus sistemas de saúde – investindo em equipamentos de proteção pessoal, triagem, testes
diagnósticos e mais leitos hospitalares.
Na falta de uma vacina para conter o vírus, os países vêm tomando medidas para limitar sua propagação, como restrições de
viagens, fechamento temporário de escolas e quarentenas. Assim, ganha-se também um tempo valioso para evitar uma sobrecarga
dos sistemas de saúde.

As consequências econômicas

O impacto econômico já é visível nos


países mais afetados pelo surto. Na China, por
exemplo, a atividade na indústria transformadora e
no setor de serviços diminuiu drasticamente em
fevereiro. Embora a queda na indústria seja
comparável à ocorrida no início da crise financeira
mundial, o declínio no setor de serviços parece ser
maior agora, refletindo o grande impacto do
distanciamento social.
A oferta e a demanda global do transporte
de carga seca a granel, como material de
construção e commodities, também sofreu uma
queda parecida com a registrada na fase mais
aguda da crise financeira mundial, como reflexo da
limitação da atividade econômica associada ao
esforço de contenção sem precedentes. Uma
queda dessa magnitude não foi observada em
epidemias recentes e nem após os ataques de 11
de setembro.

Choques na oferta e na demanda

A epidemia do coronavírus envolve choques tanto na oferta


como na demanda. As perturbações na atividade empresarial
reduziram a produção e, assim, geraram choques na oferta, enquanto
a relutância dos consumidores e das empresas em gastar diminuiu a
demanda.
Do lado da oferta, há uma redução direta na oferta de mão de
obra porque os trabalhadores estão doentes, pais e responsáveis
precisam cuidar dos filhos por causa do fechamento das escolas e,
infelizmente, a mortalidade aumentou. Mas um efeito ainda maior
sobre a atividade econômica ocorre devido aos esforços para conter
a propagação da doença por meio de confinamentos e quarentenas,
que acarretam uma queda na utilização da capacidade produtiva.
Além disso, as empresas que dependem de cadeias de produção
podem não conseguir obter as peças de que necessitam, seja no
mercado interno ou externo. Por exemplo, a China é um importante
fornecedor de bens intermediários para o resto do mundo, sobretudo
nos segmentos eletrônico, automobilístico e de máquinas e
equipamentos. Os transtornos que o país está vivendo já estão
repercutindo em outras partes da cadeia de produção. Juntas, essas
perturbações contribuem para encarecer a atividade empresarial e
constituem um choque de produtividade negativo que reduz a
atividade econômica.
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Do lado da demanda, a perda de renda, o medo do contágio e o aumento da incerteza farão com que as pessoas gastem
menos. Trabalhadores podem ser demitidos se as empresas não conseguirem pagar seus salários. Esses efeitos podem ser
especialmente graves em alguns setores, como o turismo e a hotelaria, como tem sido observado na Itália, por exemplo. Desde 20 de
fevereiro de 2020, quando começou o forte movimento de vendas nas bolsas americanas, os preços das ações das companhias
aéreas foram os mais afetados, à semelhança do que ocorreu após os ataques terroristas de 11 de setembro, mas em menor medida
do que após a crise financeira mundial. Além desses efeitos setoriais, a piora do sentimento dos consumidores e do empresariado
pode levar as empresas a prever uma demanda menor e a reduzir seus gastos e investimentos. Isso, por sua vez, agravaria o
fechamento de empresas e a perda de empregos.

Efeitos e repercussões financeiras

Como se viu nos últimos dias, os custos dos


empréstimos podem subir e as condições financeiras se
tornar mais restritivas caso os bancos passem a suspeitar
que consumidores e empresas não conseguirão saldar
suas dívidas dentro do prazo. A elevação do custo do
endividamento vai expor vulnerabilidades financeiras que
se acumularam durante anos de juros baixos, exacerbando
o risco de refinanciamento. Uma contração do crédito
poderia ampliar a desaceleração decorrente dos choques
na oferta e na demanda.
E quando esses choques ocorrem de maneira
sincronizada em muitos países, os efeitos podem ser
amplificados ainda mais por meio do comércio internacional
e das interligações financeiras, amortecendo a atividade
global e pressionando os preços das commodities para
baixo. Os preços do petróleo caíram drasticamente nas
últimas semanas e estão cerca de 30% abaixo dos níveis
observados no início do ano. Os países dependentes de
financiamento externo poderiam ser expostos a
interrupções repentinas e condições de mercado
desordenadas, o que possivelmente exigiria uma
intervenção no câmbio ou medidas temporárias sobre os
fluxos de capitais.

A necessidade de políticas econômicas específicas

Considerando que as consequências econômicas refletem choques particularmente agudos em setores específicos, as
autoridades precisarão implementar medidas direcionadas e substanciais nos âmbitos fiscal, monetário e financeiro, para ajudar as
famílias e empresas afetadas.
As famílias e as empresas atingidas por perturbações da oferta e por uma queda da demanda poderiam ser apoiadas por meio
de transferências monetárias, subsídios salariais e desonerações fiscais focalizadas, o que ajudaria as pessoas a suprir suas
necessidades e daria uma sobrevida às empresas. Por exemplo, entre outras medidas, a Itália ampliou os prazos para o pagamento
de impostos pelas empresas nas áreas afetadas e aumentou o fundo de complementação salarial para apoiar a renda dos
trabalhadores despedidos; a Coreia instituiu subsídios salariais para pequenos comerciantes e elevou os subsídios para quem está
procurando emprego e quem precisa ficar em casa para cuidar de um familiar; e a China suspendeu temporariamente o pagamento
de contribuições para a seguridade social pelas empresas. No caso dos trabalhadores demitidos, o seguro-desemprego poderia ser
reforçado temporariamente, seja ao prolongar sua duração, elevar os subsídios ou flexibilizar os critérios de habilitação. Caso a
licença-médica e a licença-família remuneradas não façam parte dos benefícios básicos, os governos deveriam estudar a possibilidade
de custeá-las para que os trabalhadores doentes ou seus cuidadores fiquem em casa sem medo de perder o emprego durante a
epidemia.
Os bancos centrais devem estar preparados para oferecer ampla liquidez aos bancos e às instituições financeiras não
bancárias, sobretudo às que emprestam para as pequenas e médias empresas, que talvez estejam menos preparadas para resistir a
uma forte perturbação. Os governos poderiam oferecer garantias de crédito temporárias e direcionadas para suprir as necessidades
de liquidez de curto prazo dessas empresas. A Coreia, por exemplo, ampliou o crédito para operações comerciais e as garantias de
empréstimos para as pequenas e médias empresas afetadas. Os órgãos de regulação e supervisão do mercado financeiro também
poderiam incentivar o alongamento dos prazos de vencimento dos empréstimos, em caráter temporário e por um período definido.
Um estímulo monetário mais amplo, como cortes nos juros de referência ou a compra de ativos, pode reforçar a confiança e
apoiar os mercados financeiros caso haja um risco acentuado de forte aperto nas condições financeiras (e as medidas tomadas por
grandes bancos centrais também teriam repercussões positivas para os países vulneráveis). Um estímulo fiscal de base ampla,
compatível com o espaço disponível no orçamento, pode ajudar a levantar a demanda agregada, mas muito provavelmente seria mais
eficaz quando as operações das empresas começassem a se normalizar.

- 158 -
Considerando o amplo alcance da epidemia em muitos países, as extensas interligações econômicas transfronteiriças e os
profundos efeitos em termos de confiança que afetam a atividade econômica e os mercados financeiros e de commodities, há uma
justificativa clara para uma resposta internacional coordenada. A comunidade internacional deve ajudar os países com capacidade
limitada na área da saúde a evitar um desastre humanitário. O FMI está preparado para apoiar os países vulneráveis por meio de
diversos instrumentos de crédito, entre eles o financiamento de emergência com desembolsos rápidos, que poderia chegar a US$ 50
bilhões para os países de baixa renda e de mercados emergentes.

Gita Gopinath - Conselheira Econômica e Diretora do Departamento de Estudos do Fundo Monetário Internacional (FMI). É professora
da cátedra John Zwaanstra de Estudos Internacionais e Economia do Departamento de Economia da Universidade de Harvard, de
onde está licenciada. Nasceu na Índia. É cidadã norte-americana e cidadã ultramarina da Índia. Doutorou-se em Economia pela
Universidade de Princeton em 2001, tendo concluído o ensino universitário básico no Lady Shri Ram College e obtido mestrados pela
Faculdade de Economia de Délhi e pela Universidade de Washington.

22.6.1 - Brasil - efeitos econômicos do uso de tecnologias a partir da pandemia do Covid-19


A disseminação do coronavírus causou uma pandemia que além do impacto na saúde trouxe consequências em outras áreas.
No setor empresarial e na economia, praticamente todas as nações estão encarando um novo cenário e, com isso, uma
transformação/adaptação nas relações de trabalho.
A pandemia de Covid-19 além de ter um significado por parte da biologia e medicina carrega consigo questões sociais,
religiosas, políticas e éticas. E não existe só uma crise na saúde e na economia com o Covid-19, mas também há uma crise
informacional. Transmitir muito conteúdo informativo sobre essa pandemia pode criar pânico nas pessoas. Além disso, ocorreram
mudanças nos hábitos de higiene, na rotina diária e no contato físico. Essas transformações, em conjunto com as incertezas sociais,
políticas e econômicas, podem ocasionar insegurança sobre um problema mundial que ainda não possui respostas.
O Covid-19 trouxe vários problemas para a sociedade, como perdas de vidas, colapso nos sistemas de saúde, enfraquecendo
a economia. Passados mais de sete meses desde a descoberta do coronavírus constata-se que o mundo não estava preparado para
um problema global. Conforme a OMS, várias alternativas foram abraçadas pelas autoridades públicas, como, distanciamento social,
limitar à circulação de pessoas e o exercício das atividades econômicas.
Tais medidas visam controlar a disseminação do vírus até que seja desenvolvida uma vacina. Porém, como não existe um
prazo concreto para garantir a imunidade da população é preciso encontrar alternativas para diminuir as perdas econômicas
provocadas pelas medidas sanitárias impostas pelos órgãos reguladores.
Em nota publicada em maio de 2020 o Governo Federal admitiu que a pandemia de Covid-19 tem auxiliado para que inúmeras
vidas fossem interrompidas e, além disso, poderia causar efeitos econômicos muito negativos em um único trimestre. Os impactos
devem ser maiores do que em recessões passadas. Os danos ao longo prazo podem ser revelados no mercado financeiro, no acúmulo
de capital humano, no mercado de trabalho, numa queda do quadro fiscal ou em quebras da cadeia de produção.
A projeção de recuperação da economia no Brasil foi postergada para o ano de 2022, possivelmente. Conforme os indicadores,
a dívida do Brasil subiu, propiciando crescimento do déficit público no período de recuperação pós-pandemia.
Vários setores da economia foram prejudicados, sendo que as atividades agrícolas (em escala menor) estão percebendo os
efeitos causados pela pandemia, em especial a agricultura familiar. A magnitude da crise está sendo definida principalmente pelas
decisões e políticas adotadas para prevenir o contágio em uma escala maior, para tentar achatar a curva. O Covid-19 tem intensificado
a instabilidade da economia no mundo, principalmente a brasileira, isso é demonstrado no desequilíbrio dos preços dos ativos
financeiros, taxas de câmbio, commodities (com a recessão da economia global), contribuindo no crescimento do desemprego e da
dívida pública dos países.
Os impactos econômicos da pandemia estão relacionados ao isolamento social, podendo se dividir em três pontos:
1. impacto imediato em frente às restrições ao consumo e à produção;
2. continuação do tempo de recuperação; e
3. impacto da trajetória de longo prazo da economia. Quanto maior o período de isolamento, maior os custos nesses pontos. Além
disso, quanto maior o período de isolamento social, maior a perda de arrecadação das empresas, incrementando o endividamento
e, por fim, destruindo os postos de trabalho. Isso também ocorre com o endividamento público.
A pandemia prejudica todos os setores da economia, independente da escala. Deve ser ressaltado que não é possível mensurar
o valor de uma vida, portanto, é necessário encontrar alternativas para garantir a vida dos cidadãos bem como diminuir os impactos
econômicos da pandemia. Dessa maneira, o trabalho (emprego) e o faturamento são importantes tendo em vista a necessidade de
alimentação, moradia e saúde à população.
Na crise pequenas empresas perdem a capacidade não apenas de crescer, mas de se manter em atividade. Por outro lado,
estudos explicam que ideia de que os períodos de desequilíbrio criam oportunidades para os empreendedores não é nova, no entanto
para isso ser possível é necessário preparação, domínio de tecnologia para procurar manter ativos os negócios.
A tecnologia vem sendo uma aliada no período de pandemia. Algumas instituições de ensino conseguiram manter as aulas
ministradas através da internet e de plataformas de aprendizagem online, com isso, os estudantes não tiveram comprometido o
calendário letivo de 2020. As empresas, principalmente as de pequeno e médio porte, sofrem com as políticas de distanciamento
social. Para tentar amenizar a situação a tecnologia, através das plataformas virtuais de venda, é utilizada para conectar vendedores
e compradores.
Por outro lado, atividades consideradas não essenciais como comércio e varejo foram muito afetadas. A pesquisa de
monitoramento dos pequenos negócios na crise divulgada em junho de 2020 pelo SEBRAE apresenta que 30% das pequenas e
médias empresas ainda estão fechadas. As pequenas empresas são mais suscetíveis à queda de demanda. Mesmo que os impactos
financeiros sejam graves, os empreendedores têm rápida capacidade de recuperação.
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Os efeitos biológicos e econômicos da pandemia reforçaram a importância e a dependência da tecnologia na sociedade
globalizada. A existência de ferramentas que permitem a comunicação instantânea em áudio e vídeo é responsável por manter em
funcionamento todas as atividades econômicas. A tecnologia permitiu a criação de diversos tipos de exames para testes na população.
Na China, aplicativos foram desenvolvidos mostrando um mapa em tempo de real de pessoas que já tiveram o coronavírus. A vacina
só será desenvolvida em tempo muito inferior se comparada a outras doenças, graças a tecnologia de ponta que é utilizada.
A pandemia, em muitos locais, como centros pequenos apenas acelerou a implementação de determinadas tecnologias.
Atividades econômicas como comércio e varejo, muito afetados neste período, só não apresentam resultados piores, pois a tecnologia
permite a venda através da rede mundial de computadores. Dessa maneira, as relações de trabalho também sofreram alterações com
a pandemia.

Tecnologia e trabalho
O início da crise econômica ocasionada pela pandemia do coronavírus revelou fraquezas importantes das pequenas e médias
empresas. Há ainda, atividades que não conseguiram retornar a rotina normal. Questões relevantes sobre este tema foram
apresentadas:
1. As empresas estão aptas a essa transição repentina?
2. Como se preparar psicologicamente quando o trabalho remoto não faz parte de suas experiências?
3. Como essas mudanças afetarão a produtividade?
4. Se as políticas de distanciamento social continuarem por um tempo, como medir os ganhos e como reinventar ou revisar o trabalho?
O teletrabalho (trabalho a distância) ou home office, utiliza tecnologia da informação e comunicação (TIC's) como meio, evitando
o deslocamento do empregado que normalmente seria ao seu posto de trabalho, na empresa. É uma forma nova de prestação de
trabalho, à distância, descentrada e flexível. Para ser considerado teletrabalho deve ser à distância, não presencial, com flexibilidade
no horário, usando os equipamentos telemáticos. No teletrabalho, o computador tem uma função essencial para exercer o trabalho.
Sem utilizar os utensílios de informação e comunicação, não há como exercer teletrabalho. Pode ser executado em diversos locais,
basta o trabalhador dispor de TIC's. Nessa forma de trabalho, o empregado usa para realização das atividades, os equipamentos
informáticos eletrônicos com conexão à internet.
As TIC's são instrumentos de telecomunicações que processam, produzem, recuperam e transmitem informações. As mais
conhecidas e utilizadas são celulares e computadores que podem democratizar o acesso à informação, ajudando na criação e
propagação de conteúdos, auxiliando na construção do conhecimento.
O Covid-19 proporciona novas alternativas de teletrabalho. A prestação de trabalho na forma de teletrabalho precisa estar
apresentada no contrato individual de trabalho que vai especificar as tarefas que serão feitas pelo empregado. O empregador pode
mudar a forma de trabalho presencial para o teletrabalho, trabalho remoto ou qualquer outra maneira de exercer serviço à distância,
e após isso, pode designar a volta ao regime presencial.
Entretanto, isso pode ter pontos negativos, por exemplo, em um sistema de teleconsultas podem existir problemas e riscos em
relação à tecnologia. O médico pode reparar que os dados informados pelo paciente pela videoconferência sejam insuficientes para
uma análise mais precisa. Isso pode acontecer pela insuficiência da plataforma que foi utilizada durante a consulta, uma imagem com
baixa resolução ou talvez o paciente necessite de exames presenciais.
Há autores defendendo que o teletrabalho na pandemia pode causar efeitos psicológicos, como medo, sofrimento, estresse,
dentre outros. Para minimizar os feitos negativos que podem convergir na saúde mental e física do trabalhador, pode-se aderir a
estratégias de apoio pela empresa e pelos seus gestores.
O teletrabalho ou home office vem sendo a principal alternativa para manter empregos seja na indústria, comércio e na
prestação de serviços (como educação, por exemplo). A pandemia provocada pelo coronavírus tornou necessária também mudanças
e adaptações na legislação trabalhista, com isso, foram alteradas as relações entre Estado, empregadores e trabalhadores.

Relações de trabalho durante e pós-pandemia


Assim como os outros países, o Brasil pode sofrer com os problemas causados pela pandemia do COVID-19. A tendência é o
crescimento do desemprego. Nessa situação, a intervenção do Estado para conservação dos empregos e da renda dos trabalhadores
se torna mais urgente do que em outros tempos.
As principais propostas do governo foram: a publicação da medida provisória (MP) acima das medidas trabalhistas durante a
pandemia; o projeto de lei (PL), que tratou da criação de uma renda mínima para empregados informais e autônomos; linha de crédito
para as empresas pequenas e médias financiar as folhas de pagamento. Dentre essas medidas, a primeira foi a publicação da MP
927/2020 de 22/03/2020, cujo propósito foi a proteção das empresas e manter os empregos no período da pandemia, ou seja, a
flexibilização das leis trabalhistas.
O Congresso Nacional aprovou o auxílio emergencial de R$600 para população de baixa renda e R$1200 para famílias em
que a mãe é chefe da família. Além do mais, foi exposta linha de crédito subsidiada para empresas de pequeno e médio porte, para
financiamento da folha de pagamento. Nessa medida, o empregador assume o compromisso de não demitir o funcionário que tem o
valor ligado ao empréstimo. Além dessas sugestões, as empresas do setor privado tiveram a chance de afastar os funcionários sem
remunerá-los com o devido salário, entretanto abriu a chance desses empregados obterem o auxílio seguro-desemprego. Porém, para
os empregados cuja renda é superior ao auxílio desemprego, teriam uma redução no orçamento.
A Medida Provisória 927/20 permitiu a mudança nas relações de trabalho com inserção prioritariamente do teletrabalho,
propondo-o também para os estagiários e aprendizes, adiantando o recesso coletivo e individual, assim como feriados não religiosos
e banco de horas. Em seguida entrou em vigor a MP 936/20 na qual liberou-se a redução proporcional da jornada com a diminuição
dos salários, assim como permitiu-se interromper de forma temporária os contratos de trabalho, originando também o benefício
emergencial nos casos de encurtamento da jornada e salários (90 dias), e a interrupção por um tempo do contrato de trabalho (60 dias).

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A Covid-19 demonstrou que é imprescindível que as sociedades não renunciem aos sistemas públicos e seguridade social.
Mostrou também que a legislação trabalhista é essencial para dar proteção aos empregados. Além disso, deixou explícito que o
mercado não consegue substituir, com eficiência, o Estado na provisão do bem-estar social. Essa pandemia está afetando a estrutura
econômica e social, impactando de forma negativa a qualidade de vida dos cidadãos. Diante disso, a função do Estado é essencial.
Na questão do que sucederá os empreendedores e às pequenas empresas, considerando o cenário está se formando,
especialmente no Brasil, é difícil estipular como será o futuro. Inicialmente, não há prazo para a retomada de econômica tendo em
vista que isso só vai ocorrer após o controle da doença.
Com essa pandemia pode-se tirar lições importantes, como, dar valor às relações interpessoais (percebendo a importância de
parcerias sólidas e efetivas). Também mostra que o respeito ao próximo dispõe equilíbrio social, financeiro, de aprendizagem e
sobrevivência, além dessa situação de quarentena (isolamento social) proporcionar oportunidades para o empreendedorismo. E faz-
se necessário equilíbrio emocional, além de resiliência, para enfrentar a pandemia e refletir.

Tendências e impactos nas escalas de desenvolvimento


Existem atividades que foram mais afetadas com a pandemia como o setor de comércio e serviços tendo em vista que a
tecnologia não é capaz de mantê-las em funcionamento. Casas noturnas, espetáculos, shows, teatros e afins estão proibidos e
possivelmente serão as últimas atividades a regressar. Para tentar diminuir os impactos, foram realizadas apresentações através da
internet, porém, apenas os artistas conseguem trabalhar e as equipes de bastidores continuam paradas.
Empresas de transporte coletivo também sofreram com a pandemia e com o retorno a atividade deverá sofrer grandes
alterações. Muitos deslocamentos que eram realizados para reuniões bem como outras atividades foram substituídos por conferências
on line já que esta é uma estratégia que foi muito adotada durante a pandemia.
Em uma economia de base monetária, como é o caso do Brasil, emprego e renda são necessários para prover as necessidades
básicas das famílias, como alimentação, moradia e saúde. Entretanto, o isolamento social, que é a principal estratégia de prevenção
da propagação da doença, está comprometido, pois a população precisa sair para trabalhar, principalmente as famílias mais pobres.
Neste sentido explicam que cerca de 40% da população economicamente ativa do Brasil precisa continuar trabalhando.
No curto prazo, especialistas defendem uma forte intervenção do Estado para contornar os efeitos da pandemia para a
manutenção da vida das pessoas e diminuir os efeitos econômicos. Os autores explicam que o capital privado tem demonstrado sua
incapacidade de contornar os efeitos da pandemia.
É preciso pensar ações políticas que avancem além da escala nacional para garantir um sistema de saúde amplo, universal
que possibilite resolver problemas criados pela economia globalizada. Nesse sentido, são necessários programas devem ser
controlados por escalas.
Para o longo prazo a necessidade de organizar as diversas sociedades para as próximas pandemias. Especialistas explicam
que o coronavírus é uma doença que revela a circulação de pessoas do capitalismo globalizado. Narram que a globalização tardia
gerou nos grandes centros urbanos déficits de moradia e saneamento básico que impossibilitam condições de proteção necessárias
para a prevenção de uma pandemia, portando, o saneamento básico deve ser prioridade para o governo. Autores apresentam um
dado preocupante: no Brasil, 48% da população vive em áreas sem coleta de esgoto e 35 milhões de pessoas não tem acesso à água
tratada.

22.7 - Vacinas desenvolvidas

Pfizer
No começo de 2020, o casal de médicos Ugur Sahin e Özlem Türeci, fundadores do laboratório alemão BioNTech, pararam
suas pesquisas de tratamento contra o câncer e focaram numa vacina contra o novo coronavírus à base de uma nova tecnologia, o
RNA mensageiro. Com a pandemia instalada, a aposta do casal se mostrou certeira e logo a Pfizer, gigante farmacêutica americana,
entrou como colaboradora. Os resultados de eficácia em torno de 95% valorizaram as ações da BioNTech e, da noite para o dia, Ugur
Sahin, que possui 18% dos papéis da empresa, se transformou num dos 100 mais ricos da Alemanha. Dos US$ 3,1 bilhões (cerca de
R$ 16,7 bilhões) estimados para a produção da BNT162, 84% são de recursos privados, incluindo US$ 1,5 bilhão (R$ 7,5 bilhões)
desembolsado pela própria Pfizer. O laboratório recusou ajuda direta do governo americano, mas aceitou o compromisso de compra
de 100 milhões de doses pela quantia de US$ 1,95 bilhão (R$ 10,3 bilhões). Já a BioNTech recebeu uma contribuição de US$ 445
milhões (R$ 2,3 bilhões) do governo alemão. Foi a primeira vacina contra covid-19 a ser usada no mundo —a primeira dose foi aplicada
dia 8 de dezembro, no Reino Unido.

Oxford/AstraZeneca
A vacina Oxford/AstraZeneca (o nome formal é AZD1222) nasceu dentro dos laboratórios da Universidade Oxford, no Reino
Unido. Quando os pesquisadores perceberam que tinham um projeto viável na mão, a universidade se juntou à farmacêutica inglesa
AstraZeneca. Das principais vacinas em uso no mundo atualmente, a Oxford/AstraZeneca foi a que mais angariou investimentos: US$
12 bilhões (R$ 63 bilhões). Desses, três quartos são privados, incluindo recursos próprios, de grupos de capital de risco e de parcerias
ao redor do planeta - incluindo a Fiocruz, que passou a fabricar a vacina no Brasil. O governo dos Estados Unidos desembolsou US$
1,2 bilhão (R$ 6,3 bilhões) para a compra de 300 milhões de doses. Segundo a ONG Contas Abertas, o Brasil teria pago cerca de R$
1 bilhão (US$ 185 milhões) para o ingrediente da vacina, o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA). Para garantir ainda mais escala na
produção e distribuição do produto, a AstraZeneca fechou também parceria com o Instituto Serum da Índia, maior fabricante de vacinas
do mundo, que produziu 1 bilhão de doses. De lá partiu o primeiro lote de 2 milhões de doses vacina Oxford/AstraZeneca para o Brasil.
Por se tratar de uma das opções mais baratas e de fácil logística (é conservada em geladeira comum), a vacina inglesa é a mais
usada na pandemia.

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Moderna
A vacina da farmacêutica americana Moderna foi desenvolvida em conjunto com pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde
do governo dos EUA. Tanto que ela é quase que totalmente financiada por Washington, que forneceu quase US$ 1 bilhão (R$ 5,3
bilhões) para a pesquisas, testes clínicos e fabricação. Atualmente, o produto da Moderna é o terceiro mais adotado.

CoronaVac
A vacina foi desenvolvida por uma empresa privada - ao menos no papel, a Sinovac Biotech, fornecedora mundial de vacinas
contra influenza, hepatites A e B, caxumba e H1N1.
Em maio do 2020, a Sinovac anunciou aporte de US$ 15 milhões (R$ 79 milhões) de dois fundos de capital e, no final do ano,
outros US$ 500 milhões (R$ 2,6 bilhões) de outro conglomerado farmacêutico chinês, a Sino Biopharmaceutical, para expansão da
capacidade de fabricação da vacina. Além da parceria de produção com o Instituto Butantan, a Sinovac firmou outro semelhante em
agosto de 2020, com a farmacêutica PT Bio Farma, da Indonésia.

Sputnik V
O desenvolvimento da vacina russa Sputnik V foi marcado por mais cautela do que otimismo na comunidade científica, em
razão da falta de informações sobre os testes clínicos e decisões precipitadas do governo russo - ela foi aprovada no país de origem
ainda em agosto, antes da conclusão dos estudos de desenvolvimento do imunizante. Ao final, o imunizante criado pelos
pesquisadores do Centro Gamaleya, com apoio do FRID (Fundo Russo de Investimentos Diretos), fundo soberano do país,
surpreendeu com uma eficácia de 91,6%. O FRID também firmou parcerias para produção da Sputnik V em outros
países, como o Brasil - com a farmacêutica União Química, a princípio -, Índia, China e Coreia do Sul.
Os principais mercados da Sputnik são países de economias de baixa e média renda na Ásia, África e América Latina. Mais
de 20 países possuem encomendas da vacina. Ela foi adotada em seis, incluindo México, Bolívia e Argentina.

Janssen
A Janssen, farmacêutica do grupo Johnson & Johnson, largou um pouco atrasada na corrida por imunizantes. A fase 3 dos
testes de sua vacina começou em setembro de 2020, dois meses depois do produto da Pfizer-BioNTech. Os estudos chegaram a ser
interrompidos em mais de uma ocasião por causa de "eventos adversos graves". Quase metade do orçamento estimado para produção
da vacina veio do governo dos EUA (US$ 480 milhões). Além disso, Washington firmou um compromisso de compra de 100 milhões
de doses pelo valor de US$ 1 bilhão (R$ 5,3 bilhões).

Fontes de consulta:
UJVARI, S.C. A história da humanidade contada pelos vírus bactérias, parasitas e outros microrganismos.
Rio de Janeiro. Editora Contexto, 2012.
https://exame.com/economia/desta-vez-e-realmente-diferente/ Acesso em 10 abr 2020
https://www.sbmt.org.br/portal/other-human-coronaviruses-close-but-still-so-far/ Acesso em 18 mai 2020
https://www.imf.org/pt/News/Articles/2020/03/09/blog030920-limiting-the-economic-fallout-of-the-coronavirus-with-large-
targeted-policies. Acesso em 13 mai 2020

23. A GEOGRAFIA DAS GUERRAS E A POLÍTICA DA VIOLÊNCIA


23.1 - Guerra - por que e para quê?
Segundo os dicionários, guerra é a luta armada entre nações ou partidos. Mas essa definição não é suficiente para entendermos
o assunto, porque alguém pode achar que a guerra é uma simples luta feroz pela destruição e morte do inimigo. Não é só isso. A
guerra é a continuação da ação dos políticos para atingir seus objetivos, quando falham todos os instrumentos pacíficos. Em outras
palavras, quando uma nação deseja muito alguma coisa que pertence a outra nação, ela vai tentar consegui-la por meio de conversas,
de negociações, de trocas e de outros meios pacíficos. Se essa nação não aceitar nada disso, e ainda assim a primeira nação continuar
com seus objetivos, ela poderá ir à guerra para resolver o problema, como aconteceu no conflito entre Brasil e Paraguai.
A decisão de entrar em guerra tem consequências duríssimas para os povos envolvidos, como sofrimento e mortes de pessoas,
comprometimento das infraestruturas das áreas atingidas e grande gasto de dinheiro. Os países onde as batalhas são travadas são
ainda mais prejudicados, porque acaba sendo destruído grande parte do patrimônio da nação. Por isso, atualmente, é normal que, em
sociedades democráticas os políticos escutem a população antes de declarar a guerra ou ao menos façam pesquisas de opinião para
saber o que pensam os que vão pagar a conta final.

Existem leis para a guerra?


As nações devem satisfações à comunidade internacional pelo que fazem. Normalmente, o órgão responsável por julgá-las é
a Organização das Nações Unidas, a ONU, que pode autorizar o início de uma guerra, se julgar que um dos países está cometendo
algum tipo de crime, ou proibi-la, se considerar que existem outros meios para resolver o problema.
Iniciada a guerra, a comunidade internacional também vai acompanhá-la para saber se algum dos lados está deixando de
cumprir alguma lei que protege os civis, os prisioneiros de guerra e o patrimônio público e histórico. A Convenção de Genebra é o
principal documento que trata desse assunto, reunindo várias leis a respeito. Ao fim do conflito, quem deixou de cumprir o que está
previsto nessas leis deve ser julgado e condenado, como criminoso de guerra.
Que tal alguns exemplos dessa convenção? O soldado que é aprisionado pelas forças adversárias é considerado um prisioneiro
de guerra. Um prisioneiro é bem diferente de um preso comum, que está na cadeia por ter matado, roubado, participado do tráfico de
drogas ou por ser corrupto. Ele simplesmente estava defendendo seu país, por uma causa que considerava justa. Dessa forma, deve
ser tratado com dignidade, não pode receber maus tratos, deve ser protegido da fúria de algumas pessoas que queiram se vingar de

- 162 -
algum possível mal que tenha sofrido e deve, terminada a guerra, ser devolvido à nação de origem para continuar sua vida normal e
colaborar, como cidadão, na reconstrução de seu país.
Os civis - e aí se incluem a imprensa, as pessoas dos diversos órgãos que integram a ONU e as várias organizações não-
governamentais (ONGs) - também devem ser protegidos e não podem ser alvos planejados de bombardeios. Quando o conflito chega
até às cidades, é difícil diferenciar o militar do civil, mas os dois adversários devem tomar os cuidados necessários para não cometer
nenhum crime de guerra.

Quais são as estratégias usadas na guerra?


Só depois que os políticos têm certeza de que seus povos querem a guerra e a declaram é que a palavra é passada aos
generais. Para os militares, é importante saber qual o objetivo da guerra e quais são os limites do uso das armas, já que seu uso
ilimitado pode, por um lado, acelerar o final do conflito, mas, por outro, causar muito mais vítimas e danos que o necessário. Os
políticos é que definem isso. Para acelerar o final da Segunda Guerra Mundial, o presidente dos EUA autorizou o uso da bomba
atômica contra as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão.
Cada guerra tem suas estratégias. Às vezes, a forma de conquistar o objetivo é atingir diretamente as forças armadas inimigas,
e aí os militares se enfrentam abertamente no campo de batalha, buscando a decisão militar.
Outras vezes, quando um dos adversários é imensamente mais forte, a melhor maneira de ganhar é desgastá-lo e prolongar
bastante a guerra, fazendo com que a população que o apoiava no início mude de opinião e pressione os políticos a chamarem os
soldados de volta para casa. É a chamada guerra de guerrilhas. Foi assim que os vietnamitas ganharam, em 1973, a Guerra do Vietnã,
mostrando aos americanos a dura realidade da guerra, e fazendo com que eles se cansassem e pedissem o fim do conflito. Isso
também ocorreu em 1979, quando os russos ocuparam o Afeganistão, sendo expulsos, depois de muitos anos, pelos afegãos,
apoiados, naquela época, pelos americanos.
Durante muito tempo as guerras aconteciam em dois ambientes - no mar e na terra, com as tecnologias do século XX, passaram
a envolver também o ar, nas ondas eletromagnéticas e na mídia (televisão, internet, jornais e revistas). É importante ganhar em todos
esses espaços. As imagens e as notícias conquistam os corações e mentes da população do mundo inteiro e influenciam a opinião
pública que, como vimos antes, tem uma grande força para autorizar, ou não, a guerra.

Como a guerra termina?


A guerra termina de várias formas. A primeira delas é quando o objetivo do atacante é alcançado e o defensor já não pode
reagir. Na Primeira Guerra do Golfo, em 1991, foi assim. Após a invasão do Kuwait pelo Iraque, a ONU autorizou que uma aliança de
nações restabelecesse a ordem na região. As forças internacionais, lideradas pelos Estados Unidos, atacaram, cercaram e destruíram
grande parte do exército iraquiano e este se rendeu. O conflito terminou com a retirada dos invasores iraquianos do vizinho Kuwait.
Outra situação que costuma dar fim a uma guerra é quando os políticos julgam que o preço que o país está pagando com o
ataque é mais alto do que o objetivo do conflito. A Guerra entre o Irã e o Iraque, na década de 1980, terminou mais ou menos assim.
O Iraque começou o conflito, mas perdeu as forças e a guerra acabou sem que nenhum dos lados conseguisse impor sua vontade ao
outro. Curioso é que, naquela guerra, os Estados Unidos e a Inglaterra apoiavam o Iraque, que já era governado por Saddam Hussein.

23.2 - O conflito armado no século XXI


A guerra é um fenômeno em contínua mutação. Segundo estudos especializados, entre o fim da Guerra Fria e o ano de 2010,
ocorreram mais de 400 conflitos armados entre atores não estatais e, desde os anos 1970, houve uma queda significativa dos conflitos
armados interestatais. Assim, os conflitos intraestatais passaram a dominar.
A globalização, impregnada pela contínua evolução nas inovações tecnológicas da informação, das comunicações e do
processamento de informações tem contribuído, sobremaneira, ao incremento da interconectividade global, nos contextos econômico,
político, cultural e militar. Os conflitos armados também são impactados pelas pelos elementos estruturantes e transformadores da
globalização, levando ao surgimento de novas guerras, que são combatidas por atores estatais e não estatais, esses últimos de
natureza privada, assimétricos e descentralizados.
Ainda sob a avaliação de especialistas e acadêmicos no assunto, os resultados do impacto da diversidade de atores nos novos
conflitos são: o monopólio do Estado sobre os meios de violência; e a assimetria, o aprofundamento do conflito, a subnacionalização
e transnacionalização.
Outra tendência de destaque é o fato dos civis se tornarem o alvo principal dos conflitos: enquanto nove soldados eram mortos
para cada civil durante a Primeira Guerra Mundial, 10 civis são mortos para cada soldado nas guerras atuais.
Na avaliação comparativa entre as “guerras tradicionais” e as “novas guerras”: os atores dos conflitos tradicionais eram um
fenômeno público e interestatal, envolvendo forças armadas regulares dos estados, que lutavam contra oponentes simétricos;
enquanto, nas novas guerras, os combates envolvem uma grande variedade de atores estatais e não estatais, privados, privados,
como unidades paramilitares, senhores da guerra locais, gangues criminosas, forças policiais, grupos militares, além das forças
regulares. Quanto aos objetivos, as guerras tradicionais, eram motivadas por objetivos geopolíticos e ideológicos ligados ao interesse
nacional, como o patriotismo, a democracia ou a “defesa da nação”; ao passo que as “novas guerras” são motivadas por políticas
identitárias exclusivistas, sejam elas ´étnicas’, religiosas ou tribais, baseadas em uma representação nostálgica do passado.
Finalmente, quanto aos métodos, nas “guerras tradicionais”, a batalha era o encontro decisivo e sua operacionalização ocorria pela
captura do território inimigo e pelo seu desarmamento através de meios militares; ao passo que nas “novas guerras”, as batalhas são
raras e o território é capturado pelo controle político da população, concentrando a violência contra os civis. A mudança nos métodos,
também levou a uma mudança do status legal dos conflitos armados, de modo que, enquanto a conduta da “guerra tradicional” era
regulada pelo Direito Internacional, em relação ao tratamento de prisioneiros, doentes e feridos e ao armamento permissível no conflito,
as “novas guerras” ocorrem fora da esfera legal, devido à natureza privada e assimétrica de seus combatentes e a violência extrema
empregada contra a população civil.
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Os novos atores combatentes e as novas formas de fazer a guerra
Entre os diferentes atores transnacionais dos conflitos contemporâneos, destacam-se os grupos terroristas, o crime organizado,
as milícias e as companhias militares privadas.
O terrorismo é “o uso da violência contra civis por atores não-estatais a fim de atingir objetivos políticos”. Os grupos terroristas
possuem objetivos políticos e, historicamente, têm estado entre esses cinco:
1) a mudança de regime, que se refere a derrubada de um governo e sua substituição por um liderado pelos terroristas ou, ao menos,
por um que tenha a aprovação desses grupos;
2) a mudança territorial, relativa à tomada do território de um estado, seja para estabelecer um ´ novo estado, seja para fazer parte de
um outro estado;
3) a mudança de política, que remete a uma ` ampla categoria de demandas menores;
4) o controle social, que visa constranger o comportamento de indivíduos; e
5) a manutenção do status quo, que é o apoio de um regime existente ou de um arranjo territorial contra grupos políticos que visam
mudá-lo.
Os “modus operandi” dos grupos terroristas podem envolver:
. esconder e esperar ou mover-se para células em outros territórios;
. podem não contra-atacar imediatamente, mas planejar um ataque vingativo que pode ocorrer dali a alguns meses ou anos
. têm grande capacidade de empregar recursos não-militares (aeronaves, explosivos industriais, produtos químicos) para fins
destrutivos, o que dificulta a previsibilidade de seus ataques.
Em 2019, os grupos terroristas mais ativos e responsáveis por mais de 100 atentados, foram o Taliban (Afeganistão), o Ansar
Allah (Iêmen), o Islamic State of Iraq and Syria-ISIS (Iraque), o Boko Haram (Nigéria) e o Al-Shabaab (Somália).
Já as organizações criminosas transnacionais (OCTs) são representadas por grupos de natureza diversa, que variam em
termos de localização e alcance, de estrutura, de portfólio de atividades, mecanismos de conexão, graus de poder e de influência, uso
de corrupção e violência, bem como de cooperação e de conflito em suas relações entre si. Em alguns casos, as organizações
criminosas são centralizadas em torno de uma família, outras são baseadas em redes étnicas, ao mesmo tempo que outras são mais
cosmopolitas. Algumas operam por meio de estruturas verticais hierárquicas, ao passo que outras funcionam como redes horizontais.
As atividades financeiras ilícitas que desenvolvem podem ser igualmente variadas, como: tráfico de drogas, armas, pessoas, roubo,
sequestro, lavagem de dinheiro e fraudes virtuais. Um exemplo de OCT do Brasil é o Primeiro Comando da Capital (PCC), que utiliza
a violência para manter e expandir suas atividades criminosas. Apesar de apresentar uma estrutura hierárquica desde sua criação em
1997, o PCC passou a exibir uma estrutura mais descentralizada e complexa a partir de 2011, durante o seu processo de
transnacionalização, porém, sem renunciar ao controle sobre a disciplina de seus filiados. O grupo começou advogando por direitos
humanos nas penitenciarias do Estado de São Paulo e, com o tempo, desenvolveu ramificações em diversos países sul-americanos,
como o Paraguai, a Bolívia e se aliou a grupos violentos na Colômbia. Hoje, domina uma das principais rotas do mundo de tráfico de
cocaína e de maconha, que utiliza a África Ocidental como local de trânsito, e seus consumidores finais estão na Europa e na América
do Norte. A natureza transnacional do PCC ilumina uma “nova guerra” que está ocorrendo no Brasil e nas suas zonas de fronteira,
novo locus de atuação do grupo.
Milícias diferem-se de outros atores não-estatais violentos, como grupos terroristas e o crime organizado, devido ao fato de
agirem como “guardiães locais que usam a violência para ‘preencher’ uma série de lacunas políticas, sociais e de segurança em um
estado”. Os membros de milícias percebem a si mesmos de forma defensiva, encarando suas ações como a proteção de um grupo
político, étnico, tribal, religioso ou familiar contra o dano oriundo de lacunas que o Estado não é capaz de preencher, ou não deseja
fazê-lo. Além disso, as milícias são compostas principalmente por civis ao invés de serem exclusivamente compostas por membros
das forças policiais ou de exércitos regulares.
As milícias são atores prevalentes no ambiente da segurança internacional contemporânea. Estima-se que, atualmente, mais
de 200 milícias operam em 60 países. Por exemplo, a Ulster Defence Association, na Irlanda do Norte, procura manter o território sob
o controle do Reino Unido. Milícias também podem se opor a governos de estados frágeis, como é o caso do Lord’s Resistance Army
(LRA), de Uganda, cujo líder, Joseph Kony, clama defender os membros da etnia acholi contra os abusos do governo ugandês.
Entre os novos atores não-estatais das “novas guerras”, também estão as companhias militares pri-vadas (CMPs), que
desafiam uma das premissas mais básicas do estudo da Segurança Internacional: o monopólio do Estado em relação ao uso da força.
As CMPs são organizações com fins lucrativos que comercializam serviços profissionais intrinsecamente ligados a guerra, fornecendo
serviços militares, como operações táticas de combate, planejamento estratégico, coleta e análise de inteligência, apoio operacional,
treinamento de tropas e assistência técnica militar. Indivíduos, corporações, estados e organizações internacionais estão utilizando
cada vez mais serviços militares fornecidos não pelas instituições públicas, mas pelo mercado privado. Isso ocorre devido a três
dinâmicas que atuam ao mesmo tempo:
1) o vácuo produzido pelo fim da Guerra Fria no mercado de segurança;
2) as transformações na natureza dos conflitos armados; e
3) a ascensão normativa da privatização. Alguns exemplos dessas empresas são as estadunidenses MPRI, Vinnell, Academi, Dyncorp e TRW.
Uma questão fundamental em relação ao uso de profissionais de CMPs em operações militares é a capacidade de controle do
comando militar desses profissionais. Essas questões perpassam pelo status legal dos funcionários das CMPs, que prestam serviços
as forças militares. Não são considerados combatentes, mas civis autorizados a acompanhar as forças militares, e de acordo com a
Convenção de Genebra de 1949, não podem ser alvos de ataques e devem ser tratados como prisioneiros de guerra, se capturados
pelas forças inimigas: ou seja, o seu status legal é híbrido, localizando-se entre o status de combatentes e de não-combatentes. Uma
possível solução a essa questão é a medida adotada pelos EUA, que optaram por aumentar a esfera de aplicação das leis penais
militares, para evitar a impunidade dos delitos de profissionais de CMPs cometidos fora do território nacional.

- 164 -
Pode-se observar três tendências nos conflitos armados contemporâneos:
1) a assimetria do conflito, no qual, os atores não-estatais coexistem com forças armadas estatais;
2) a “subnacionalização” do conflito, que se deslocou para as zonas de fronteira e para interior das cidades, motivado pelo confronto
violento entre atores não-estatais e entre atores estatais e não-estatais; e
3) a transnacionalização do conflito, pelo fato dos atores não-estatais serem capazes de se mover por meio de rotas clandestinas para
outros países e regiões, o que aumenta a possibilidade de transbordamento internacional, além de se sustentarem por sistemas
de financiamento ilícitos e internacionalizados.
Em relação a assimetria do conflito, há um processo de intensificação dessa característica por meio da introdução de novas
tecnologias pelas forças armadas estatais. Nesta área, destaca-se a nova geração de sistemas de armas autônomas letais (SAAL)
aperfeiçoadas pela inteligência artificial (AI), como os esquadrões de veículos aéreos não-tripulados (drones). Uma vez ativadas, as
SAAL são capazes de selecionar e atacar alvos sem a intervenção de um operador humano. Porém, a delegação da tomada de
decisão para máquinas não-verificadas, inconfiáveis e inseguras pode gerar resultados estratégicos catastróficos como o massacre
em larga escala de não-combatentes e a destruição de cidades e infraestrutura pública.
Outra tendência que contribui para o aumento da assimetria do conflito é uso cada vez mais recorrente de combatentes por
procuração (proxies) por razões militares e políticas. Militarmente, atores não estatais empregam proxies para tarefas logísticas e de
segurança de caráter secundário. Já, politicamente, os atores não-estatais também usam proxies que representem amplos segmentos
da população, para que aumentem a sua influência política. Por exemplo, a Al-Qaeda in Arabian Peninsula (AQAP), no Iêmen,
distribuiu recursos para líderes tribais beduínos como forma de garantir o controle do território conquistado no sul do país. Já a
crescente “subnacionalizacão” do conflito decorre do confronto entre atores estatais e não-estatais nos conflitos armados atuais e das
estratégias usadas pelos novos atores combatentes na gerência do território conquistado. Isso se observa no processo de urbanização
da guerra no pós-Guerra Fria. A migração de pessoas de uma cultura diferente para uma área urbana em particular e o crescimento
numérico de um grupo populacional em relação a um grupo competidor tem sido o estopim de conflitos étnicos e guerras civis, como
ocorreu em Lagos, na Nigéria, e em Kinshasa, no Congo. Além disso, as cidades se tornaram o principal locus do conflito moderno,
pois a destruição de infraestrutura crítica (ex. redes de energia elétrica, sistemas de fornecimento de água, redes de esgoto, etc.) dos
beligerantes torna a pressão sobre eles insuportável.
Em relação a governança de grupos não-estatais sobre determinado território, a sua interação com os civis pode ocorrer de
modo a incluí-los no sistema de governança como participantes ativos ou relegá-los a uma posição de subordinação. No primeiro
caso, o grupo molda ou aceita mecanismos de participação pelos quais os civis podem propor demandas e participar da governança.
Por exemplo, o Sudan People’s Liberation Movement/Army (SPLM/A), do Sudão, realizava encontros regulares com atores sociais
que representavam os interesses da população civil e estabeleceram órgãos legislativos para angariar apoio civil. Já no segundo caso,
o grupo governante trata os civis como súditos, a quem as regras se aplicam, sem que eles tenham chance de participar da sua
implementação. Um exemplo são os Liberation Tigers of Tamil Elam (LTTE), do Sri Lanka, que evitavam criar estruturas e práticas
que permitissem a participação de civis em assuntos de governança.
A transnacionalização do conflito está relacionada a capacidade dos atores não-estatais serem capazes de se mover por meio
de rotas clandestinas para além das fronteiras nacionais e o mesmo ocorre com os refugiados desses conflitos, afetando outros países
e regiões. Para lidar com os fluxos migratórios, os estados terceirizaram a questão para atores econômicos, criando mercados
nacionais e globais de controle de fronteiras. A existência desses mercados piora as crises migratórias, minando a segurança nacional
e global, mas fortalece a soberania estatal sobre o controle fronteiriço. O gerenciamento estatal das fronteiras também compete com
o tráfico internacional, que visa contornar as tentativas de controle do estado de seu espaço soberano.

Os padrões de vitimização dos novos atores combatentes


Um tema popular na análise de conflito no século XXI relaciona-se ao impacto social, material e humano do conflito, incluindo
padrões de vitimização humana e de abusos de direitos humanos. Ao mesmo tempo, a vasta maioria dos estados se comprometeram
com a proteção dos direitos humanos por meio da assinatura de tratados e cartas, como a Declaração Universal dos Direitos Humano
(DUDH) e a Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, que prevê a preservação da dignidade do indivíduo.
Assim, o porte de armas de grande letalidade e a violência perpetrada por atores não-estatais contra a população civil é um sinal do
fracasso da manutenção do monopólio da violência pelo Estado, o que leva ao declínio da autoridade e da capacidade estatal (Kan
2019). Os padrões de vitimização dos novos atores combatentes
Os padrões de vitimização dos civis pelos atores combatentes não-estatais apontam para o aprofundamento do conflito,
especialmente por meio do genocídio e do politicídio: a destruição intencional de grupos étnicos e políticos, respectivamente. Nas
guerras intraestatais, os grupos beligerantes têm como alvo os civis que apoiam seus inimigos a fim de enfraquecê-los no conflito. Por
exemplo, dos 4.471 eventos de violência contra civis nos conflitos armados na África entre 1989 e 2009, em 66% ´ dos casos a
violência havia sido cometida por atores não-estatais.
O deslocamento forçado também é uma das formas mais comuns de violência nas novas guerras, constituindo o movimento
deliberado, sistemático e coercitivo de não-combatentes por grupos armados. Os combatentes das novas guerras deslocam os civis
não apenas para expulsar populações “indesejáveis”, mas também para identificar quem são os “indesejáveis”, ao forçar que as
pessoas enviem sinais de lealdade e filiação baseados em se, e para onde eles fogem. Isso torna as comunidades mais “legíveis” e
facilita a extração de rendimentos e o recrutamento de civis para as redes de apoio, as frentes de combate e como força de trabalho.
O tipo mais comum de deslocamento nas guerras irregulares é o de reassentamento forçado, que ocorre quando a população é
obrigada a se concentrar dentro da zona de conflito, geralmente em acampamentos improvisados e áreas urbanas. Observou-se esta
forma de violência em conflitos armados no Mianmar (1960-1995), Peru (1980-1996), Ruanda (1996-2002) e Burundi (1991-2005).
A violência política das novas guerras é responsável por gerar grandes fluxos migratórios de civis afetados pelo conflito.
Atualmente, há 25,4 milhões de refugiados, 3,1 milhões de requerentes de asilo e 40 milhões de pessoas deslocadas em todo o globo.

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Os principais países de origem dos refugiados são a Síria (5,5 milhões), o Sudão do Sul (2,4 milhões) e o Afeganistão (1,5 milhão).
Já os países que mais recebem refugiados são a Turquia (3,5 milhões), o Líbano (1,5 milhão) e o Paquistão (1,4 milhão). Assim,
forma-se um cenário no qual os países em desenvolvimento estão abrigando a maioria dos refugiados, o que pressiona
consideravelmente os já precários sistemas de serviços públicos dessas nações, especialmente os de saúde e educação,
intensificando a crise humanitária.

Os impactos dos novos atores na resolução das novas guerras


Com a intensificação da ocorrência das “novas guerras” no pós-Guerra Fria, a atuação das operações de paz para a resolução
desses conflitos se tornou ainda mais importante. As guerras intraestatais substituíram as guerras interestatais como a principal
preocupação das organizações voltadas para a manutenção da paz e segurança internacionais. Apenas entre 1987 e 1994, o Conselho
de Segurança das Nações Unidas (CSONU) triplicou o número de operações de paz. A atuação renovada do CSONU levou a
reafirmação do Capítulo VI da Carta das Nações Unidas, que autoriza a ONU agir com o consentimento de todas as partes envolvidas
no conflito (as chamadas “operações de peace-keeping”) e do Capítulo VII, que permite a ONU agir com ou sem o consentimento das
partes para garantir o cessar-fogo ordenado pelo CSONU, e isso é realizado por forças militares nacionais, fortemente armadas, sob
o comando das Nações Unidas (as chamadas “operações de peace-enforcement”). Também ocorreu uma transformação importante
nas operações de paz da ONU: a participação cada ˜ vez maior de potências emergentes em operações que fazem uso da força
(peace-enforcement), apesar do fato da política externa desses países ser historicamente contra esse tipo de intervenção, como é o
caso do Brasil.

FONTE: MANDELBAUM, H. G. O conflito armado no século XXI - Os impactos dos novos atores combatentes nas “novas
guerras”. Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais. USP. Mar 2021. São Paulo, Brasil

23.3 - Disputas de fronteiras na América Latina


A região é a que mais recorre à Corte de Haia para resolver problemas de demarcação entre países. Tensões são mais retóricas
e jurídicas do que militares. Não existe, hoje, nenhuma guerra entre países na América Latina. Mas isso não significa que não haja
disputas. Pelo menos 12 divergências fronteiriças se desenrolam atualmente na região, envolvendo 15 países latino-americanos.
“Essa é a região que mais recorre à Corte de Haia para resolver divergências dessa natureza”, disse ao Nexo Alberto Van Kleverer,
responsável pela defesa da posição do Chile numa disputa que se arrasta há 111 anos com a Bolívia. “Pelo menos os países daqui
não têm recorrido à força”, pondera o jurista. A Corte de Haia à qual Van Kleverer se refere fica na Holanda e serve para resolver
impasses entre Estados.

Última guerra foi em 1995


O último conflito armado internacional na América Latina ocorreu nos meses de janeiro e fevereiro de 1995, entre Peru e
Equador, justamente por uma divergência de fronteira, num trecho conhecido como Cordilheira do Condor. Na época, o Exército
equatoriano começou a instalar postos avançados além da linha que os peruanos consideravam como limite de fronteira. As
provocações escalaram rapidamente levando a um enfrentamento bélico, com uso de artilharia e bombardeios aéreos. O número de
mortos e feridos é um mistério. As cifras oficiais variam de 30 a 350, com os dois governos evitando assumir as próprias baixas. De
lá para cá, outros casos chegaram a mobilizar tropas, mas entreveros de fato não ocorreram. O Nexo listou 12 situações em diferentes
níveis de tensão e de indefinição entre países latino-americanos. Nenhuma dessas situações envolvem o Brasil, país que é o maior
da região e o que mais comparte fronteiras com países vizinhos.
1 - Colômbia x Venezuela - Os dois países disputam um golfo no Caribe, importante
pelas reservas de petróleo que contém. A Colômbia diz que o limite deveria ser
determinado pelas ilhas Los Monjes, que projetam as posses colombianas para além
do continente. Já a Venezuela, defende que marcos no continente deveriam ser
usados como referência, o que aumenta a posse venezuelana. A disputa ganhou
novo capítulo em 2015, depois que a Venezuela expulsou cidadãos colombianos que
viviam em seu território, em retaliação a um enfrentamento entre contrabandistas e
forças de segurança na fronteira.
Na mesma época, a Colômbia disse que caças de combate da Venezuela violaram
seu espaço aéreo, reavivando a animosidade latente.

2 - Chile x Peru - Assim como a Bolívia, o Peru também perdeu território para o Chile
na Guerra do Pacífico. Nesse caso, a divergência está no mar, não em terra. Peruanos
e chilenos divergem sobre como traçar a linha imaginária que determina o que é de um
país e o que é de outro. Para o Peru, a linha deve avançar sobre o Pacífico seguindo
como um prolongamento da linha em terra, na mesma inclinação, na direção sudoeste,
o que tiraria parte do mar chileno. Para o Chile, esse prolongamento deve ser horizontal,
paralelo às linhas longitudinais do globo. Em 2014, a Corte de Haia decidiu que a linha
segue como pedem os peruanos até a metade. E, daí em diante, continua como pediam
os chilenos.
A decisão não pôs fim ao impasse, que se mantém agora em relação a alguns
marcos terrestres de apenas centenas de metros.
A Justiça militar do Peru condenou um militar a 35 anos de prisão “traição à
pátria”, ao passar informações de inteligência ao Chile, envolvendo a disputa territorial.

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3 - Chile x Bolívia - Os bolivianos reivindicam soberania sobre uma faixa costeira
de 400 km contínuos, o que equivale à distância entre as cidades de São Paulo e
Rio de Janeiro. O Chile anexou o território durante a Guerra do Pacífico, em 1879,
e desde então mantém a Bolívia sem acesso soberano ao mar - situação
comparável na América do Sul apenas à do Paraguai, que também não possui
litoral. A disputa dura 111 anos e ocupa o topo da agenda de política externa e de
defesa dos dois países, que há 37 anos cortaram as relações diplomáticas. O caso
foi levado em abril de 2013 pelo presidente boliviano Evo Morales à Corte
Internacional de Haia.

4 - Chile x Argentina - A fronteira austral entre estes dois países é determinada


em vários pontos por marcos naturais mutáveis, o que leva a divergências
esporádicas. O acordo que perdura até hoje determinou que, a partir da crista da
Cordilheira dos Andes, são os rios que determinam a linha fronteiriça - olhando
para o norte, sabe-se que é território argentino toda vez que as águas descem na
direção leste (direita), e é território chileno quando elas correm na direção oeste
(esquerda). Antes desse acordo, manobras militares e provocações nacionalistas
quase levaram os dois países a uma guerra aberta em 1978. A divergência era
latente desde 1888, mas só eclodiu quando os dois governos estavam sob controle
dos ditadores Augusto Pinochet, no Chile, e Leopoldo Galtieri, na Argentina.
Tropas dos dois países chegaram a cruzar fronteiras e aviões de combate faziam
rasantes sobre navios de guerra na época. A escalada só teve um fim depois de
uma intervenção direta do papa João Paulo II como mediador. De todas, talvez seja
a disputa mais adormecida, mas não está completamente resolvida.

5 - Inglaterra x Argentina - Os argentinos reivindicam até hoje a posse do


arquipélago formado pelas ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul. A
disputa levou a uma guerra contra a Inglaterra em 1982, com vitória britânica. Ao
todo, morreram 649 militares argentinos, 255 britânicos e 3 civis em dois meses e
meio de intensos combates navais e aéreos a poucos quilômetros da Antártida. A
controvérsia, no entanto, persiste até hoje.
A Argentina mantém o tema no topo de sua agenda diplomática - prova disso é a
palavra “Malvinas” estampada como primeiro item do menu do site do seu
Ministério das Relações Exteriores.
Ainda hoje, em jogos de futebol entre os dois países, é comum ver faixas
com dizeres sobre a guerra e a posse do arquipélago chamado de Malvinas pelos
argentinos, e de Falklands pelos ingleses.

6 - Nicarágua x Colômbia - A Colômbia usa um tratado de 1928 para reivindicar a


posse de um conjunto de ilhas, mas a Nicarágua rechaça a validade do documento,
que foi firmado quando o país se encontrava sob ocupação americana. Em 2007, a
Corte de Haia decidiu em favor da Colômbia com relação à posse das ilhas, mas deixou
pendente o traçado do limite entre os dois países pelo mar. Para os nicaraguenses, a
linha está mal desenhada, pois - assim como alega o Chile no impasse com o Peru -
deveria ser traçada num paralelo com as linhas longitudinais do globo.

7 - Venezuela x Guiana - Três quartos do território da Guiana são reivindicadas pela


Venezuela. A posse da área de 159 mil km2, chamada Essequibo, é regulada desde
1899 por um pacto firmado entre a Venezuela e o Reino Unido, a quem a Guiana
pertenceu até 1966, mas Caracas não reconhece o documento. Se a Venezuela obtiver
uma decisão favorável numa instância de arbítrio entre Estados, como a Corte de Haia,
tomará para si 75% da Guiana, que já é o terceiro menor país da América do Sul, na
frente apenas do Suriname do Uruguai.
No fim de setembro de 2015, o Ministério da Defesa da Venezuela despachou tropas
para a fronteira entre os dois países, no que classificou como “exercício de
deslocamento operacional”. O governo da Guiana respondeu, dizendo que o vizinho
toma “um caminho perigoso em vez de buscar uma solução pacífica”.

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8 - Guiana x Suriname - A Guiana é, de longe, o país mais ameaçado
quando se trata de demandas territoriais. Além de ter de lidar com a
reivindicação da Venezuela sobre três quatros do seu território, os
guianeses tentam conter ainda o assédio do Suriname, que pede para si
o equivalente a 7% do país vizinho. A disputa entre guianenses e
surinameses envolve uma região de selva chamada Tigri, que também faz
fronteira com o Brasil. Embora as rusgas tenham se iniciado no século 19,
o clima esquentou de verdade em 1969 entre Guiana e Suriname.

9 - Guatemala x Belize - Os dois vizinhos centro-americanos divergem


sobre a posse de dezenas de ilhas e de uma área de mais de 11 mil km2,
o que equivale à metade do Estado de Sergipe ou o dobro da Paraíba. A
disputa teve início em 1859 na partilha de territórios que foram colônia da
Inglaterra e da Espanha.

10 - El Salvador x Honduras x Nicarágua - Os três disputam a fixação de


limites fronteiriços no Golfo de Fonseca. Os países são pequenos, mas
fizeram barulho. O caso foi parar no Conselho de Segurança das Nações
Unidas, na Corte de Haia e na OEA (Organização dos Estados Americanos),
com sede em Washington. A Marinha nicaraguense chegou a atacar
pesqueiros hondurenhos que estavam supostamente navegando em sua
costa. O governo de Honduras reagiu ameaçando usar aviões de combate
contra Nicarágua e El Salvador.

11 - Cuba x EUA - O presidente cubano, Raúl Castro, cobrou a desocupação do


“território ocupado ilegalmente na base naval de Guantánamo”, em seu primeiro
discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, em 29 de
setembro de 2015. Guantánamo passou a ser posse americana em 1898 e hoje é
usada como campo de detenção para prisioneiros da “guerra ao terror”, iniciada em
2001 pelo então presidente George W. Bush, após os atentados do grupo terrorista
Al-Qaeda contra as Torres Gêmeas, em Nova York.
Mesmo tendo sido uma das maiores promessas de campanha não cumpridas pelo
atual presidente dos EUA, Barack Obama, são remotas as chances de que um
diálogo sobre esse assunto venha a prosperar por enquanto.

12 - Antártida: vários países - Quem viaja ao Chile vê todos os dias, em todos


os canais de TV, a previsão do tempo para o “Território Antártico Chileno”, que
aparece na tela como um corte em “V” sobre um mapa branco, de gelo. Já Buenos
Aires determina que crimes cometidos na parte da Antártica que diz lhe pertencer
devem ser julgados na cidade argentina de Ushuaia. Os procedimentos
demonstram como o “território internacional” da Antártida é disputado diariamente
por vários países. Alguns desses desenhos fronteiriços na Antártida se
sobrepõem, envolvendo mais de dois países. O Tratado Antártico, que entrou em
vigor em 1961, defende o uso da região exclusivamente para fins pacíficos, mas
não resolve “reivindicações de soberania” prévias à sua adoção, nem tampouco
aceita novas demandas de posse sobre territórios.
O problema é que ele deixa congeladas as divergências acumuladas ao
longo de décadas de expedições pioneiras europeias, que clamavam para si a
posse de pedaços do polo sul.

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23.4 - Os Direitos Humanos e a Questão dos Refugiados
O século XX foi um período de grandes conquistas para a humanidade. Mas, também foi um século de muitas instabilidades
políticas, inclusive duas mundiais. No âmbito das conquistas fiquemos com os saltos tecnológicos e a sua popularização no consumo,
com o crescimento do poder de compra e conforto. No âmbito das instabilidades o pós Guerra Fria transferiu para o século em curso
muitas delas.
Nas humanidades muitas transformações com a evolução no Direito Internacional Público e a preocupação crescente com
aqueles que sofrem com os conflitos dos vários matizes. O século atual convive com crises econômicas, sanitárias, aumento das
assimetrias entre os povos, os refugiados/deslocados e imigrantes em geral.
Neste tópico do capítulo 23 vamos abordar estes últimos pontos, a partir de alguns artigos e informações de Organismos
Internacionais.

Convenção de Genebra (1864) - Fábio Konder Comparato


Direito Internacional Humanitário
Inaugura o que se convencionou chamar direito humanitário, em matéria internacional; isto é, o conjunto das leis e costumes
da guerra, visando minorar o sofrimento de soldados doentes e feridos, bem como de populações civis atingidas por um conflito bélico.
É a primeira introdução dos direitos humanos na esfera internacional. O direito da guerra e da paz, cuja sistematização foi feita
originalmente por Hugo Grócio em sua obra seminal no início do século XVII (Ius Belli ac Pacis), passou, desde então, a bipartir-se
em direito preventivo da guerra (ius ad bellum) e direito da situação ou estado de guerra (ius in bello), destinado a regular as ações
das potências combatentes.
A evolução posterior, no entanto, levou ao reconhecimento da injuricidade objetiva da guerra como solução de conflitos
internacional, quaisquer que sejam as razões de seu desencadear. O direito contemporâneo, a partir da Carta de São Francisco,
instituidora das Nações Unidas, restringiu sobremaneira o conceito de guerra justa, elaborado pelos doutores da Igreja na Idade Média.
Com base nisto, tem-se insistido ultimamente na tese de que o direito do estado de guerra (ius in bello) já não poderia existir,
por ser uma contradição nos termos: se a guerra constitui em si mesma um ilícito e, mais do que isso, um crime internacional, não faz
sentido regular juridicamente as operações bélicas – o Direito não pode organizar a prática de um crime.
Tal argumento, impressionante à primeira vista pelo seu aparente rigor lógico, não é contudo, aceitável. Se a guerra, no estado
presente do direito internacional, constitui em si mesma um crime, nada impede que se reconheça a prática, por qualquer das partes
beligerantes, de outros ilícitos durante o desenrolar do conflito. A violação dos princípios e normas do direito humanitário, durante uma
conflagração armada, pode por conseguintes representar, ele também, em crime de guerra. No julgamento de 27 de junho de 1986
no caso Nicarágua v. Estados Unidos, de resto, a Corte Internacional de Justiça reconheceu plena vigência dos “princípios gerais de
base do direito humanitário”.
A Convenção assinada em Genebra em 22 de agosto de 1864, unicamente por potências européias, e destinada a “melhorar
a sorte dos militares nos exércitos em campanha”, originou-se dos esforços de uma comissão reunida em torno do suíço Henry Dunant.
Em livro publicado em 1862 e que teve ampla repercussão (Un Souvenir de Solférino), ele relatou como organizara, durante a batalha
de Solferino de junho de 1859 entre os exércitos austríacos e franco-piemonteses, os serviços de pronto-socorro para os soldados
feridos de ambos os lados.
A comissão genebrina, que teve na origem da convenção de 1864 foi revista, a fim de se estenderem seus princípios aos
conflitos marítimos (Convenção de Haia de 1907) e aos prisioneiros de guerra (Convenção de Genebra de 1929). Em 1925, outra
Convenção, igualmente assinada em Genebra, proibiu a utilização, durante a guerra, de gases asfixiantes ou tóxicos, bem como de
armas bacteriológicas. As convenções sobre soldados feridos e prisioneiros de guerra foram revistas e consolidadas em três
convenções celebradas em Genebra em 1949, sob os auspícios da Comissão Internacional da Cruz Vermelha. Na mesma ocasião,
foi celebrada uma Quarta convenção, tendo por objetivo a proteção da população civil em caso de guerra.

O Texto
Sua Majestade o Rei dos Belgas, Sua Alteza Real o grão-duque de Baden, Sua Majestade o Rei da Dinamarca, Sua Majestade
a Rainha da Espanha, Sua Majestade o Imperador dos Franceses, Sua Alteza Real o grão-duque de Hesse, Sua Majestade o Rei da
Itália, Sua Majestade o Rei dos Países Baixos, Sua Majestade o Rei de Portugal e Algarve, Sua Majestade o Rei da Prússia, a
Confederação Suíça, Sua Majestade o Rei de Wurtermberg:
Animados, por igual, do desejo de suavizar, tanto quanto deles dependa, os males irreparáveis da guerra, de suprimir os rigores
inúteis e melhorar a sorte dos militares feridos nos campos de batalha, resolveram concluir uma Convenção com esse objetivo e
nomearam seus Plenipotenciários, a saber:
(...) os quais, após terem apresentado seus poderes, encontrados em boa e devida forma, convencionaram os artigos
seguintes:
artigo 1º - As ambulâncias e os hospitais militares serão reconhecidos como neutros e como tal protegidos e respeitados pelos
beligerantes, durante todo tempo em que neles houver doentes e feridos.
A neutralidade cessará, se essas ambulâncias ou hospitais forem guardados por uma força militar.
Artigo 2º - O pessoal dos hospitais e das ambulâncias, nele incluídos a intendência, os serviços de saúde, de administração, de
transporte de feridos, assim como os capelães, participarão do benefício da neutralidade, enquanto estiverem em atividade e
subsistirem feridos a recolher ou a recorrer.
Artigo 3º - As pessoas designadas no artigo procedente poderão, mesmo após a ocupação pelo inimigo, continuar a exercer suas
funções no hospital ou ambulância em que servirem, ou retirar-se para retomar seus postos na corporação a que pertencem,
Nessas circunstâncias, quando tais pessoas cessarem suas funções, elas serão entregues aos postos avançados do inimigo,
sob a responsabilidade do exército de ocupação.
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Artigo 4º - Tendo em vista que o material dos hospitais militares permanece submetido às leis de guerra, as pessoas em serviço
nesses hospitais não poderão, ao se retirarem, levar consigo os objetos que constituem propriedade particular dos hospitais.
Nas mesmas circunstâncias, ao revés, a ambulância conservará seu material.
Artigo 5º - Os habitantes do país, os quais socorrem os feridos, serão respeitados e permanecerão livres.
Os generais das Potências beligerantes terão por missão prevenir os habitantes do apelo assim feito ao seu sentimento de
humanidade e da neutralidade que lhe é consequente. Todo ferido, recolhido e tratado numa casa particular, conferirá salvaguarda a
esta última. O habitante que recolher feridos em sua casa será dispensado de elogiar as tropas, assim como de pagar uma parte dos
tributos de guerra que lhe seriam impostos.
Artigo 6º - Os militares feridos ou doentes serão recolhidos e tratados, qualquer que seja a nação à qual pertençam.
Os comandantes em chefe terão a faculdade de entregar imediatamente, aos postos avançados do inimigo, os militares feridos
em combate, quando as circunstâncias o permitirem e desde `haja consentimento de ambas as partes.
Serão repatriados em seus países aqueles que, uma vez curados, forem reconhecidos como incapazes de servir.
Os outros poderão igualmente ser repatriados, sob a condição de não retomarem armas durante toda a guerra.
As forças de retirada, como o pessoal que as dirige, ficarão garantidas por uma neutralidade absoluta.
Artigo 7º - Uma bandeira distinta e uniforme será adotada pelos hospitais e ambulâncias, bem como durante as retiradas. Ela deverá
ser, em qualquer circunstância, acompanhada da bandeira nacional.
Uma braçadeira será igualmente admitida para o pessoal neutro; mas a sua distribuição ficará a cargo da autoridade militar.
A bandeira e a braçadeira terão uma cruz vermelha sobre fundo branco.

Fonte: http://www.dhnet.org.br/educar/redeedh/anthist/gen1864.htm. Acesso em 10 jul 2020

As Convenções de Genebra de 1949 e seus Protocolos Adicionais


Panorama
As Convenções de Genebra e seus Protocolos Adicionais são tratados internacionais que contêm as normas mais relevantes
que limitam as barbáries da guerra. Elas protegem pessoas que não participam dos combates (civis, pessoal de saúde, profissionais
humanitários) e as que deixaram de combater (militares feridos, enfermos e náufragos, prisioneiros de guerra).
As Convenções de Genebra e seus Protocolos Adicionais compõe o núcleo do Direito Internacional Humanitário, o ramo do
Direito Internacional que regula a condução dos conflitos armados, buscando limitar seus efeitos. Protegem especificamente as
pessoas que não participam das hostilidades (civis, profissionais da saúde e humanitários) e as que deixaram de participar, como os
soldados feridos, enfermos e náufragos e os prisioneiros de guerra. As Convenções e seus Protocolos estipulam medidas a serem
tomadas para evitar ou colocar um fim em todas as violações. Contêm normas estritas para lidar com as chamadas “infrações graves”.
Os indivíduos responsáveis pelas infrações graves devem ser encontrados, julgados ou extraditados, seja qual for sua nacionalidade.

As Convenções de Genebra de 1949


• A I Convenção de Genebra protege os soldados feridos e enfermos durante a guerra terrestre. Esta Convenção representa a quarta
versão atualizada da Convenção de Genebra sobre os feridos e enfermos adotada anteriormente em 1864, 1906 e 1929. Contém
64 artigos que preveem a proteção para os enfermos e feridos, mas também para o pessoal sanitário e religioso e os transportes e
unidades sanitárias. A Convenção também reconhece os emblemas distintivos. Possui dois anexos com uma minuta de acordo
relativa às zonas sanitárias e um modelo de cartão de identidade para o pessoal sanitário e religioso.
• A II Convenção de Genebra protege os militares feridos, enfermos e náufragos durante a guerra marítima. Esta Convenção
substituiu a Convenção da Haia de 1907 para a Adaptação à Guerra Marítima dos Princípios da Convenção de Genebra. Mantém a
estrutura e conteúdo das disposições da primeira Convenção de Genebra. Possui 63 artigos aplicáveis de modo específico à guerra
naval, protegendo, por exemplo, os navios hospitais. Contém um anexo com um modelo de cartão de identidade para o pessoal
sanitário e religioso.
• A III Convenção de Genebra aplica-se aos prisioneiros de guerra. Esta Convenção substituiu a Convenção relativa aos Prisioneiros
de Guerra de 1929. Contém 143 artigos, enquanto a Convenção de 1929 possuía somente 97. As categorias de pessoas com direito
ao estatuto de prisioneiro de guerra foram ampliadas de acordo com as I e II Convenções. As condições e locais de cativeiro foram
definidas com mais precisão, em especial com relação ao trabalho dos prisioneiros de guerra, seus recursos financeiros, a ajuda
que recebem e os processos judiciais contra eles.
A Convenção determina o princípio de que os prisioneiros de guerra devam ser soltos e repatriados sem demora após cessarem
as hostilidades ativas. A Convenção possui cinco anexos com vários modelos de regulamentos e de cartões de identidade, entre
outros.
• A IV Convenção de Genebra outorga proteção aos civis, inclusive em território ocupado.
As Convenções de Genebra, que foram adotadas antes de 1949, somente tratavam dos combatentes e não dos civis. Os
acontecimentos da II Guerra Mundial demonstraram as consequências desastrosas da ausência de uma convenção para a proteção
dos civis em tempos de guerra. A Convenção adotada em 1949 leva em consideração as experiências dessa guerra. Consiste em 159
artigos. Contém uma breve seção sobre a proteção geral das populações contra certas consequências da guerra, sem abordar a
condução das hostilidades como tal, a qual foi examinada posteriormente nos Protocolos Adicionais de 1977. A maior parte da
Convenção trata do estatuto e tratamento das pessoas protegidas, distinguindo entre a situação dos estrangeiros no território de uma
das partes em conflito e dos civis em território ocupado. Estipula as obrigações da Potência Ocupante em relação à população civil e
contém disposições pormenorizadas sobre o socorro humanitário às populações em território ocupado. Também apresenta um regime
especial para o tratamento dos internados civis. Possui três anexos com modelos de acordo para zonas sanitárias e de segurança, de
regulamentos sobre o socorro humanitário e de cartões de identidade.

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Artigo 3º comum
O artigo 3º, comum às quatro Convenções de Genebra, marcou uma ruptura porque, pela primeira vez, abrangia as situações
de conflitos armados não internacionais. Estes tipos de conflitos variam enormemente. Compreendem as guerras civis tradicionais,
conflitos armados internos que se propagaram a outros Estados ou conflitos internos nos quais intervêm terceiros Estados ou uma
força multinacional junto aos governos. O artigo 3º comum estipula normas fundamentais que são inderrogáveis. É como uma mini
convenção dentro das quatro Convenções de Genebra com as suas normas essenciais condensadas, tornando-as aplicáveis aos
conflitos de natureza não internacional:
. Determina o tratamento humano para todos os indivíduos em poder do inimigo, sem nenhuma distinção adversa. Proíbe
especialmente os assassinatos; mutilações; torturas; tratamento cruéis, humilhantes e degradantes; tomada de reféns e julgamentos
parciais.
. Determina que os feridos, enfermos e náufragos sejam recolhidos e tratados.
. Outorga ao CICV o direito de oferecer seus serviços às partes em conflito.
. Insta as partes em conflito para pôr em vigor, mediante os chamados acordos especiais, a totalidade ou as partes das Convenções
de Genebra.
. Reconhece que a aplicação dessas disposições não afeta o estatuto jurídico das partes em conflito.
. Considerando que a maioria dos conflitos armados atuais é de índole não internacional, a aplicação do artigo 3º comum é da maior
importância. É necessário respeitá-lo completamente.

Onde se aplicam as Convenções de Genebra? - Estados Partes das Convenções de Genebra


As Convenções de Genebra entraram em vigor em 21 de outubro de 1950.
O número de ratificações foi crescendo constantemente: 74 Estados ratificaram as convenções durante os anos 50, 48 o
fizeram na década de 60, 20 na década de 70 e outros 20 durante os anos 80. E 26 países ratificaram-nas no início dos 90,
principalmente após a desintegração da União Soviética, Tchecoslováquia e Ex-Iugoslávia.
Sete novas ratificações desde 2000 elevaram o total de Estados Partes a 194, fazendo com que as Convenções de Genebra
sejam universalmente aplicáveis.

Os Protocolos Adicionais às Convenções de Genebra


Nas duas décadas que se seguiram à adoção das Convenções de Genebra, o mundo testemunhou um aumento na quantidade de
conflitos armados não internacionais e de guerras de liberação nacional. Como consequência, os dois Protocolos Adicionais às quatro
Convenções de Genebra de 1949 foram adotados em 1977. Eles fortalecem a proteção das vítimas dos conflitos armados
internacionais (Protocolo I) e não internacionais (Protocolo II), colocando um limite na maneira em que as guerras são travadas. O
Protocolo II foi o primeiro tratado internacional devotado exclusivamente às situações de conflitos armados não internacionais.
Em 2005, um terceiro Protocolo Adicional foi adotado criando um emblema adicional, o Cristal Vermelho, que possui o mesmo
estatuto internacional que os emblemas da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.
Protocolo Adicional I - conflitos internacionais
Protocolo Adicional II - conflitos não internacionais
Protocolo Adicional III - emblema distintivo adicional.

Fonte: https://www.icrc.org/pt/doc/war-and-law/treaties-customary-law/geneva-conventions/overview-geneva-
conventions.htm. Acesso em 20 jul 2020
O Direito Internacional Humanitário (DIH) se baseia em um grande número de tratados, em particular as Convenções de
Genebra, de 1949, e os seus Protocolos Adicionais, ademais de uma série de outras convenções e protocolos que abrangem aspectos
específicos do Direito Internacional dos Conflitos Armados. Existe um conjunto de normas substancial do Direito Consuetudinário que
é vinculativo a todos os Estados e partes em conflito.
Os limites à maneira como uma guerra é conduzida existem há séculos, mas até 1864 eles eram, na maioria, parte de costumes
que não estavam escritos. Nesse ano, a Primeira Convenção de Genebra foi adotada. Demonstrou ser o primeiro de muitos tratados
que limitam a maneira como as guerras são travadas.
As Convenções de Genebra são a essência do DIH. O texto inicial de 1864 foi revisado e reformulado em 1906 e,
posteriormente, em 1929. A versão atual foi adotada no dia 12 de agosto de 1949, após a Segunda Guerra Mundial, e é agora
conhecido como as "quatro Convenções de Genebra". Elas obtiveram ratificação universal.
O DIH cobre duas áreas principais: a proteção de pessoas que não participam ou deixaram de participar do combate
e as restrições aos meios e métodos de guerra, como armas e táticas.
A Primeira Convenção de Genebra, de 1949, trata da proteção e dos cuidados de pessoas feridas e doentes em conflitos
armados terrestres.
A Segunda Convenção de Genebra se refere à proteção e aos cuidados dos feridos, doentes e náufragos em conflitos armados
marítimos.
A Terceira Convenção de Genebra diz respeito ao tratamento de prisioneiros de guerra.
A Quarta Convenção de Genebra se ocupa da proteção dos civis em tempo de guerra.
Desde 1949, três Protocolos foram adicionados às Convenções de Genebra. O Protocolo Adicional I, de 1977, se refere à
proteção de vítimas de conflitos armados internacionais. O Protocolo Adicional II, do mesmo ano, trata da proteção das vítimas de
conflitos armados não internacionais.
O Protocolo Adicional III, de 2005, criou um novo emblema protetor - o cristal vermelho - juntamente com os já existentes cruz
vermelha e crescente vermelho.
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O DIH também inclui uma série de outros tratados relacionados com armas e táticas específicas, além de pessoas e objetos
protegidos, como a Convenção para a Proteção de Bens Culturais no Caso de Conflitos Armados, de 1954; Convenção sobre Armas
Biológicas, de 1972; Convenção sobre Armas Convencionais, de 1980; Convenção sobre Armas Químicas, de 1993; e Tratado de
Ottawa sobre minas antipessoais, de 1997.
Além das normas dos tratados, existe um considerável corpus do Direito Internacional Humanitário Consuetudinário. Esse
material foi catalogado em um importante estudo realizado pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e publicado pela
Universidade de Cambridge. Esse estudo oferece uma análise abrangente das normas consuetudinárias aplicáveis em conflitos
armados com base nas práticas dos Estados.

Fonte: https://www.icrc.org/pt/document/tratados-e-direito-consuetudinario. Acesso em 20 jul 2020

O DIH na legislação nacional


Os tratados do DIH abrangem uma variedade de tópicos, da proteção aos militares feridos e doentes, aos prisioneiros de guerra
e civis, à proibição de armas como as minas terrestres antipessoais, armas químicas e biológicas e a restrição do uso de outras armas.
Para que as regras do DIH sejam realmente eficazes, é importante que os Estados considerem ser parte por meio da ratificação ou
adesão a esses tratados para criar o corpo de leis do DIH. A ratificação desses tratados, no entanto, é apenas o primeiro passo.

Implementação
A maioria dos tratados de DIH cria obrigações, que requerem que os Estados se submetam a determinadas ações de
cumprimento, incluindo submeter-se a medidas legislativas, regulatórias e administrativas.
A essência dos tratados do DIH são as Convenções de Genebra, de 1949, e seus Protocolos Adicionais. As Convenções
alcançaram agora aceitação universal, impondo suas obrigações a todos os Governos.
Como resultado, os Estados devem adotar medidas legislativas para proibir e reprimir o que chamam “infrações graves”,
independentemente da nacionalidade do infrator e de onde as ações foram cometidas. Também punem outras violações graves às
Convenções de Genebra e seus Protocolos.
As Convenções de Genebra também obrigam os estados a buscarem as pessoas que supostamente cometeram as infrações
graves e trazê-las para as mesmas sejam julgadas ou extraditá-las a outro Estado para que sejam processadas. Os Estados devem
proporcionar assistência judicial uns aos outros quanto a essas questões.
O processo por infrações se baseia na responsabilidade penal individual e os comandantes militares têm uma responsabilidade
particular para com os atos cometidos pelas pessoas sob seu comando.
As Convenções de Genebra e os Protocolos também requerem que os Estados façam entrar em vigor leis para proteger os
emblemas, signos e símbolos distintivos da cruz vermelha, do crescente vermelho e do cristal vermelho, assim como outros signos,
símbolos e sinais protetores.
Os tratados relativos ao uso de armas precisam da implementação de medidas para proibir o desenvolvimento, a produção, a
armazenagem ou a transferência de determinadas armas.
O papel do CICV na implementação
O CICV representa um papel-chave na implementação e na entrada em vigor do DIH na legislação nacional. Seu Serviço de
Assessoria assiste os Estados na entrada em vigor na legislação nacional, por meio de assistência técnica, assim como o fornecimento
de publicações, incluindo kits de ratificação e leis-modelos.
O Serviço de Assessoria do CICV foi criado após uma recomendação do Grupo de Especialistas Intergovernamentais sobre a
Proteção de Vítimas de Guerras, endossando pela 26ª Conferência Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, em
1995, e oferece uma estrutura especializada para abordar a questão da implementação nacional de forma sistemática.
O serviço organizou uma base de dados nacional, que proporciona um meio de intercambiar informações sobre a
implementação nacional. Abrange um amplo leque de assuntos, incluindo a punição de violações ao DIH, a regulamentação do uso
de emblemas distintivos, as garantias legais para a proteção de pessoas, a difusão e o treinamento em DIH e jurisprudência de Estados
relacionados com o DIH.
Comitês Nacionais para a Implementação do DIH
O CICV também incentiva o estabelecimento de Comitês Nacionais Interministeriais para a Implementação do DIH. Embora não sejam
juridicamente necessários, está provado que são muito eficazes na assistência aos Estados durante a implementação em nível nacional ao
agirem como ponto focal para vários departamentos governamentais que lidam com questões do DIH. Até o momento, existem 91 Comitês
Nacionais para a Implementação do DIH.
Os Comitês Nacionais aconselham os governos durante o processo de ratificação e aplicação dos tratados de DIH no nível nacional,
mas também compartilham, com o incentivo do CICV, seu conhecimento e sua experiência no nível regional.
A criação e a composição dos mesmos são inteiramente prerrogativa dos governos, mas o CICV recomenda a inclusão dos
representantes dos ministérios pertinentes, como o da Defesa, Relações Exteriores e Justiça, Interior, Saúde e Educação, especialistas
acadêmicos, advogados internacionais, militares, representantes das sociedades nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho e
ONGs pertinentes.
No site do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, na parte que apresenta o quadro resumo - Estados Partes no Direito
Internacional Humanitário e outros tratados relacionados, atualizado em 29 de julho de 2020, indica que o Brasil aderiu a todos os
Protocolos referentes Proteção às vítimas de conflitos armados, Tribunal Penal Internacional, Proteção de Bens Culturais,
Convenção sobre a proibição de uso militar ou qualquer outro uso hostil de técnicas de modificação ambiental e sobre o uso de
armas.

Fonte: https://www.icrc.org/pt/doc/war-and-law/ihl-domestic-law/overview-domestic-law.htm. Acesso em 20 jul 2020


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O que são os direitos humanos?
Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo,
nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição.
Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à
educação, entre e muitos outros. Todos merecem estes direitos, sem discriminação.
O Direito Internacional dos Direitos Humanos estabelece as obrigações dos governos de agirem de determinadas maneiras ou
de se absterem de certos atos, a fim de promover e proteger os direitos humanos e as liberdades de grupos ou indivíduos.
Desde o estabelecimento das Nações Unidas, em 1945 – em meio ao forte lembrete sobre os horrores da Segunda Guerra
Mundial –, um de seus objetivos fundamentais tem sido promover e encorajar o respeito aos direitos humanos para todos, conforme
estipulado na Carta das Nações Unidas:
“Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta da ONU, sua fé nos direitos
humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram
promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, … a Assembleia Geral proclama a presente
Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações…”
Preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948

Contexto e definição dos direitos humanos


Os direitos humanos são comumente compreendidos como aqueles direitos inerentes ao ser humano. O conceito de Direitos
Humanos reconhece que cada ser humano pode desfrutar de seus direitos humanos sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião,
opinião política ou de outro tipo, origem social ou nacional ou condição de nascimento ou riqueza.
Os direitos humanos são garantidos legalmente pela lei de direitos humanos, protegendo indivíduos e grupos contra ações que
interferem nas liberdades fundamentais e na dignidade humana.
Estão expressos em tratados, no direito internacional consuetudinário, conjuntos de princípios e outras modalidades do
Direito. A legislação de direitos humanos obriga os Estados a agir de uma determinada maneira e proíbe os Estados de se envolverem
em atividades específicas. No entanto, a legislação não estabelece os direitos humanos. Os direitos humanos são direitos inerentes
a cada pessoa simplesmente por ela ser um humano.
Tratados e outras modalidades do Direito costumam servir para proteger formalmente os direitos de indivíduos ou grupos contra
ações ou abandono dos governos, que interferem no desfrute de seus direitos humanos.
Algumas das características mais importantes dos direitos humanos são:
. Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor de cada pessoa;
. Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados de forma igual e sem discriminação a todas as pessoas;
. Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser privado de seus direitos humanos; eles podem ser limitados em situações
específicas. Por exemplo, o direito à liberdade pode ser restringido se uma pessoa é considerada culpada de um crime diante de
um tribunal e com o devido processo legal;
. Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes, já que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos
e outros não. Na prática, a violação de um direito vai afetar o respeito por muitos outros;
. Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como de igual importância, sendo igualmente essencial respeitar a dignidade
e o valor de cada pessoa.

Normas internacionais de direitos humanos


A expressão formal dos direitos humanos inerentes se dá através das normas internacionais de direitos humanos. Uma série
de tratados internacionais dos direitos humanos e outros instrumentos surgiram a partir de 1945, conferindo uma forma legal aos
direitos humanos inerentes.
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A criação das Nações Unidas viabilizou um fórum ideal para o desenvolvimento e a adoção dos instrumentos internacionais
de direitos humanos. Outros instrumentos foram adotados a nível regional, refletindo as preocupações sobre os direitos humanos
particulares a cada região.
A maioria dos países também adotou constituições e outras leis que protegem formalmente os direitos humanos básicos. Muitas
vezes, a linguagem utilizada pelos Estados vem dos instrumentos internacionais de direitos humanos.
As normas internacionais de direitos humanos consistem, principalmente, de tratados e costumes, bem como declarações,
diretrizes e princípios, entre outros.
Tratados
Um tratado é um acordo entre os Estados, que se comprometem com regras específicas. Tratados internacionais têm
diferentes designações, como pactos, cartas, protocolos, convenções e acordos. Um tratado é legalmente vinculativo para os Estados
que tenham consentido em se comprometer com as disposições do tratado – em outras palavras, que são parte do tratado.
Um Estado pode fazer parte de um tratado através de uma ratificação, adesão ou sucessão.
A ratificação é a expressão formal do consentimento de um Estado em se comprometer com um tratado. Somente um Estado
que tenha assinado o tratado anteriormente – durante o período no qual o tratado esteve aberto a assinaturas – pode ratificá-lo.
A ratificação consiste de dois atos processuais: a nível interno, requer a aprovação pelo órgão constitucional apropriado – como
o Parlamento, por exemplo. A nível internacional, de acordo com as disposições do tratado em questão, o instrumento de ratificação
deve ser formalmente transmitido ao depositário, que pode ser um Estado ou uma organização internacional como a ONU.
A adesão implica o consentimento de um Estado que não tenha assinado anteriormente o instrumento. Estados ratificam
tratados antes e depois de este ter entrado em vigor. O mesmo se aplica à adesão.
Um Estado também pode fazer parte de um tratado por sucessão, que acontece em virtude de uma disposição específica do
tratado ou de uma declaração. A maior parte dos tratados não são auto-executáveis. Em alguns Estados tratados são superiores à
legislação interna, enquanto em outros Estados tratados recebem status constitucional e em outros apenas certas disposições de um
tratado são incorporadas à legislação interna.
Um Estado pode, ao ratificar um tratado, formular reservas a ele, indicando que, embora consinta em se comprometer com a
maior parte das disposições, não concorda com se comprometer com certas disposições. No entanto, uma reserva não pode derrotar
o objeto e o propósito do tratado.
Além disso, mesmo que um Estado não faça parte de um tratado ou não tenha formulado reservas, o Estado pode ainda estar
comprometido com as disposições do tratado que se tornaram direito internacional consuetudinário ou constituem normas imperativas
do direito internacional, como a proibição da tortura.

Costume
O direito internacional consuetudinário – ou simplesmente “costume” – é o termo usado para descrever uma prática geral e
consistente seguida por Estados, decorrente de um sentimento de obrigação legal.
Assim, por exemplo, enquanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos não é, em si, um tratado vinculativo, algumas de
suas disposições têm o caráter de direito internacional consuetudinário.
- Declarações, resoluções etc. adotadas pelos órgãos das Nações Unidas
Normas gerais do direito internacional – princípios e práticas com os quais a maior parte dos Estados concordaria – constam,
muitas vezes, em declarações, proclamações, regras, diretrizes, recomendações e princípios.
Apesar de não ter nenhum feito legal sobre os Estados, elas representam um consenso amplo por parte da comunidade
internacional e, portanto, têm uma força moral forte e inegável em termos na prática dos Estados, em relação a sua conduta das
relações internacionais.
O valor de tais instrumentos está no reconhecimento e na aceitação por um grande número de Estados e, mesmo sem o efeito
vinculativo legal, podem ser vistos como uma declaração de princípios amplamente aceitos pela comunidade internacional.
A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, por exemplo, recebeu o apoio dos Estados Unidos
em 2010, o último dos quatro Estados-membros da ONU que se opuseram a ela.
Ao adotar a Declaração, os Estados se comprometeram a reconhecer os direitos dos povos indígenas sob a lei internacional,
com o direito de serem respeitados como povos distintos e o direito de determinar seu próprio desenvolvimento de acordo com sua
cultura, prioridades e leis consuetudinárias (costumes).
Fonte: https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/. Acesso em 21 jul 2020

As Nações Unidas e os Direitos Humanos


O Sistema de Direitos Humanos da ONU é particularmente complexo. Consiste em quatro entidades permanentes separadas,
porém interligadas, além de entidades temporárias ad hoc [feitos para uma finalidade específica], tais como comissões de inquérito
independentes ou missões de determinação de fatos (Fact-Finding missions) estabelecidas pelo Conselho de Direitos Humanos.
Os quatro organismos permanentes de direitos humanos são:
1. O Conselho de Direitos Humanos da ONU, órgão subsidiário da Assembleia Geral, com 47 Estados-membros eleitos por um
período de 3 anos. O Brasil foi eleito em 2016, e o mandato começa em 2017.
2. Procedimentos Especiais (na sua maioria Relatores Especiais, mas também alguns Grupos de Trabalho e Especialistas
Independentes).
3. Os Organismos de Tratados da ONU.
4. O Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), que faz parte do Secretariado da
ONU.
A seguir, informações sobre cada um deles, além de outros mecanismos do Sistema ONU na área de direitos humanos.

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ACNUDH, o Alto Comissariado para os Direitos Humanos
O ACNUDH recebe um mandato dos Estados-membros para apoiar o trabalho das outras três partes do Sistema, incluindo no
campo da comunicação pública.
O ACNUDH tem presença em mais de 60 países, mas muito poucos agentes de comunicação. Por isso, por isso é apoiado
pelos Centro de Informação das Nações Unidas (UNIC).
Os direitos humanos são um dos três pilares das Nações Unidas, bem como a paz e a segurança, e o desenvolvimento.
Para cumprir seu mandato, o ACNUDH estabelece relações de estreita cooperação, assistência técnica e diálogo permanente
com os governos, as instituições nacionais de direitos humanos, as organizações da sociedade civil, as equipes dos países e agências
da ONU, entre outros.
O escritório trabalha para capacitar esses atores, com o fim de melhorar a promoção e proteção dos direitos humanos, de
acordo com as normas internacionais.

Conselho de Direitos Humanos


Fundado em março de 2006 e constituído de 47 Estados-membros. São eleitos pela maioria dos membros da Assembleia Geral
das Nações Unidas através de votação direta e secreta. A Assembleia Geral leva em consideração “a contribuição dos Estados
candidatos à promoção e proteção dos direitos humanos, bem como seus compromissos e promessas voluntárias a este respeito”.
A composição do Conselho baseia-se numa distribuição geográfica equitativa. Os assentos são distribuídos da seguinte forma:
. África: 13 assentos
. Ásia-Pacífico: 13 assentos
. América Latina e Caribe: 8 cadeiras
. Europa Ocidental e “outros Estados”: 7 cadeiras (*)
. Europa do Leste: 6 cadeiras
(*) Exemplo: Israel, Turquia, EUA, Nova Zelândia, Austrália, Canadá.
Ver WEOG, www.un.org/depts/DGACM/RegionalGroups.shtml.
Os membros do Conselho servem por um período de 3 anos e não podem ser reeleitos após dois mandatos consecutivos.

Revisão Periódica Universal – RPU


A Revisão Periódica Universal (RPU) é uma avaliação entre estados (governos), ou seja, os estados se avaliam mutuamente,
quanto à situação de direitos humanos, gerando um conjunto de recomendações. É um processo único que compreende a avaliação
periódica da situação de direitos humanos de todos os 193 Estados-membros das Nações Unidas. A RPU é uma inovação significativa
do Conselho de Direitos Humanos centrada no tratamento igualitário para todos os países.
Ela confere a oportunidade de todos os Estados declararem quais ações eles tomaram para melhorar as situações de direitos
humanos e para ultrapassar os obstáculos à plena realização dos direitos humanos. A RPU também inclui o compartilhamento das
melhores práticas de direitos humanos em todo o mundo.
A RPU foi estabelecida quando o Conselho de Direitos Humanos foi criado, em 15 de Março de 2006, pela resolução 60/251
da Assembleia Geral das Nações Unidas. A resolução deu ao Conselho o mandato para “organizar uma revisão periódica universal,
baseada em informação objetiva e confiável, para o cumprimento das obrigações e compromissos de direitos humanos de cada Estado
de modo a que se assegure a universalidade de abrangência e o tratamento igual no que diz respeito a todos os Estados”.
O Brasil foi examinado na 27ª sessão do Grupo de Trabalho da RPU, que aconteceu em Genebra, Suiça, em abril/maio de 2017.

Iniciativa Direitos Humanos em Primeiro Lugar


O secretário-geral lançou em 2013 a iniciativa “Human Rights Up Front initiative”, ou “Direitos Humanos em primeiro lugar” – ou a
‘antecipação’ dos direitos humanos –, depois de uma série de “falhas sistêmicas” para proteger adequadamente os direitos humanos.
Esta iniciativa afirma que “proteger os direitos humanos é um objetivo central das Nações Unidas e define nossa identidade como
organização”.

Relatores Especiais, Especialistas Independentes e Grupos de Trabalho sobre Direitos Humanos


Relatores Especiais, Especialistas (ou Peritos) Independentes e Grupos de Trabalho constituem coletivamente os
“Procedimentos Especiais” do Conselho de Direitos Humanos.
“Procedimentos Especiais” é o nome geral dos mecanismos independentes de investigação e controle do Conselho que
abrangem todos os direitos humanos: civis, políticos, sociais, econômicos e culturais. Atualmente, existem 55 Procedimentos
Especiais, incluindo 41 mandatos temáticos e 14 mandatos relacionados a países e territórios.
Os titulares de mandatos são especialistas independentes, nomeados pelo Conselho de Direitos Humanos para abordar
situações específicas de cada país ou questões temáticas em todas as partes do mundo. Suas tarefas são definidas nas resoluções
do Conselho de Direitos Humanos, que criam ou ampliam seus mandatos.
Eles reportam-se diretamente ao Conselho de Direitos Humanos e à Assembleia Geral. São eleitos por 3 anos e podem ser
reeleitos por mais 3 anos, sendo esse o limite.
Os titulares de mandatos de Procedimentos Especiais não são funcionários da ONU e são independentes de qualquer governo
ou organização. Eles atuam em sua capacidade individual, não recebem salário por seu trabalho e se comprometem a manter a
independência, eficiência, competência e integridade através da probidade, imparcialidade, honestidade e boa-fé.
O Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH, em inglês OHCHR) tem o mandato de prestar
apoio para permitir que estes mecanismos cumpram os seus mandatos, incluindo: visitas aos países, emissão de comunicados de
imprensa e publicação de relatórios.

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Os titulares de mandatos só podem visitar países a convite dos governos. As visitas oficiais e agendas são organizadas com
os governos com muitos meses de antecedência. As declarações ao fim de cada visita são sempre compartilhadas e discutidas com
as autoridades antes de serem distribuídas em uma coletiva de imprensa.
Antes da distribuição aos meios de comunicação e de sua publicação online, todos os comunicados de imprensa e comunicados
de imprensa são sempre verificados pela Divisão de Procedimentos Especiais do ACNUDH, com sede em Genebra, e compartilhados
com as Missões Permanentes pertinentes (dos Estados-membros). Isso não compromete a independência dos relatores e
especialistas em relação a seus comunicados finais e posteriores relatórios.
Os Comitês de Direitos Humanos da ONU - Órgãos de Tratados
Os dez órgãos de tratados são comitês de especialistas independentes que monitoram a implementação, pelos Estados Partes,
dos principais tratados internacionais de direitos humanos adotados pela Assembleia Geral da ONU. Um Estado que ratifique um
tratado concorda em estar sujeito a revisão periódica.
Os membros desses comitês não são funcionários da ONU, mas especialistas em direitos humanos são nomeados e eleitos
por quatro anos pelos Estados Partes. No entanto, eles são independentes de qualquer governo ou organização.
Eles atuam em sua capacidade individual e não recebem salário por seu trabalho. No âmbito das chamadas orientações de
Adis Abeba (Addis Ababa guidelines), um membro não participa na revisão do seu próprio país.
Todos os comitês das Nações Unidas, exceto um, se reúnem em Genebra, onde realizam reuniões públicas com as delegações
dos respectivos Estados.
O Subcomitê de Prevenção da Tortura (SPT) realiza visitas aos Estados que ratificaram o Protocolo Facultativo à Convenção
contra a Tortura. Seus membros visitam lugares onde as pessoas são privadas de liberdade, como por exemplo prisões, delegacias
de polícia e hospitais psiquiátricos. No âmbito do seu mandato, o SPT não precisa de ser convidado pelo governo, embora,
naturalmente, haja comunicação e coordenação com o Estado em questão.
Conselheiros Especiais do Secretário-Geral sobre a Prevenção do Genocídio e sobre a Responsabilidade de Proteger (RtoP)
O mandato, o estatuto e a natureza do trabalho dos Conselheiros Especiais do Secretário-Geral diferem dos Procedimentos
Especiais e dos Tratados dos Direitos Humanos das Nações Unidas.
Os Conselheiros Especiais (Special Advisers) do Secretário-geral para a Prevenção do Genocídio e a Responsabilidade de
Proteger são especialistas designados pelo Secretário-Geral para o aconselhar sobre estas duas questões críticas. Como tal, são
funcionários da ONU (e não especialistas independentes).
Os Conselheiros Especiais são nomeados pelo secretário-geral, aos níveis de Subsecretário-geral e Secretário-geral
Assistente. Eles são apoiados por um escritório conjunto, uma Missão Política Especial vinculada ao Departamento de Assuntos
Políticos da ONU (DPA), com sede em Nova York.
Apesar de os mandatos dos Conselheiros Especiais terem um forte elemento de direitos humanos no que se refere à prevenção
do genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade – e à proteção das populações contra esses crimes –, eles não têm
nenhuma relação formal com o ACNUDH, apesar de atuar em estreita colaboração entre essas entidades.
Os Conselheiros Especiais reúnem informações sobre situações onde pode haver risco de genocídio, crimes de guerra, limpeza
étnica ou crimes contra a humanidade, e aconselham e mobilizam o Sistema das Nações Unidas em ações para prevenir esses crimes.
Devido à natureza sensível do mandato, grande parte do trabalho dos Conselheiros Especiais permanece fora do alcance do
público, agindo por meios diplomáticos.
Fonte: https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/sistemaonu/. Acesso em 21 jul 2020
Textos explicativos sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos (fragmentos)
Já se passaram 70 anos desde que líderes mundiais determinaram explicitamente quais direitos todos no planeta poderiam
esperar e exigir simplesmente por serem humanos. Nascida do desejo de impedir outro Holocausto, a Declaração Universal dos
Direitos Humanos continua a demonstrar o poder das ideias para mudar o mundo. (...)
Os ideais universais contidos nos 30 artigos da Declaração vão desde os mais fundamentais - o direito à vida - até aqueles
que fazem a vida valer a pena, como os direitos a alimentação, educação, trabalho, saúde e liberdade. Enfatizando a dignidade
inerente de cada ser humano, seu preâmbulo enfatiza que os direitos humanos são “a base da liberdade, da justiça e da paz no
mundo”.
A DUDH deixa um legado incrível. Seu apelo universal se reflete no fato de que ela detém o recorde mundial do Guinness
como o documento mais traduzido - disponível até hoje em 512 idiomas, de abkhaz a zulu.
O documento apresentado à ONU em 1948 não era o tratado vinculativo detalhado que alguns dos delegados esperavam.
Foi uma declaração de princípios, com uma notável ausência de fórmulas legais detalhadas. (...)
Nos últimos 70 anos, a DUDH permeou praticamente todos os cantos do direito internacional. Seus princípios estão
incorporados nas legislações nacionais, bem como em importantes tratados regionais, e mais de 90 Estados consagraram sua
linguagem e princípios nas Constituições. Muitos tratados da ONU, incluindo aqueles sobre os direitos das mulheres e das crianças,
sobre tortura e sobre discriminação racial, são derivados de artigos específicos da DUDH.
Hoje, todos os Estados-membros da ONU ratificaram pelo menos um dos nove principais tratados internacionais de direitos
humanos, e 80% ratificaram quatro ou mais, dando expressão concreta à universalidade da DUDH e dos direitos humanos
internacionais. (...)
A elevação dos direitos humanos ao nível internacional significa que o comportamento dos países não é mais governado
apenas pelos padrões nacionais. E desde a adoção da DUDH, seu princípio fundamental, de que os direitos humanos não podem ser
esquecidos por conveniência política ou militar foi progressivamente absorvido não apenas pelo direito internacional, mas também por
uma rede cada vez maior de legislações e instituições regionais e nacionais, incluindo aquelas estabelecidas pela Organização dos
Estados Americanos (OEA) e por União Africana e Europa. (...)
- 176 -
Todos os países agora estão sujeitos a escrutínio externo — um conceito que levou à criação do Tribunal Penal Internacional,
em 1998, bem como os tribunais penais internacionais da ONU e tribunais especiais para Ruanda, antiga Iugoslávia, Serra Leoa,
Líbano, Camboja e Timor Leste. Houve também um aumento dramático no número de especialistas e comitês independentes da ONU
que monitoram a implementação dos principais tratados internacionais de direitos humanos, e o Conselho de Direitos Humanos da
ONU estabeleceu um sistema conhecido como Revisão Periódica Universal, no qual todos os Estados têm seu histórico de direitos
humanos examinado pelos demais países a cada cinco anos. (...)
Elogiada como um documento vivo, a DUDH estimulou movimentos, como a oposição ao apartheid, e abriu as portas para
a elaboração de novos direitos, como o direito ao desenvolvimento. A exigência está sendo continuamente elevada no que se refere
a alguns direitos citados na DUDH, como o conceito do que se constitui um julgamento justo. Tratados de direitos mais recentes, como
aqueles sobre pessoas com deficiência, foram redigidos não apenas por especialistas, mas com o envolvimento direto dos afetados.
Por outro lado, 70 anos depois, racismo, discriminação e intolerância permanecem entre os maiores desafios do nosso tempo.
Os direitos à liberdade de expressão, associação e reunião — indispensáveis ao funcionamento da sociedade civil — continuam sendo
atacados em todas as regiões do mundo. Os governos muitas vezes estão prontos para contornar ou atropelar direitos na busca do
que consideram segurança, ou para manter o poder ou sustentar a corrupção. Apesar do fato de todos os 193 Estados-membros da
ONU terem assinado a Declaração, nenhum deles cumpre totalmente sua promessa. Como Nelson Mandela observou em seu discurso
de 1998 na Assembleia Geral, marcando o 50º aniversário da DUDH, seus fracassos em fazê-lo “não são um resultado pré-ordenado
das forças da natureza ou um produto da maldição das divindades. São consequências das decisões que homens e mulheres tomam
ou se recusam a tomar”. Fruto de péssimas lideranças políticas, econômicas e outras.
No entanto, ao mesmo tempo, a DUDH continua a fornecer a base para a discussão de novas questões, como a mudança
climática, que “prejudica a garantia de toda a gama de direitos humanos — do direito à vida, à comida, ao abrigo e à saúde”, nas
palavras da ex-chefe de direitos humanos da ONU, Mary Robinson. Todos os direitos previstos na Declaração estão no cerne dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que buscam criar um mundo melhor até 2030, acabando com a pobreza
e a fome, entre outras metas.
Fonte: https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/textos-explicativos/. Acesso em 21 jul 2020.

ACNUR e os Refugiados
O ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados, foi criado em dezembro de 1950 por resolução da Assembleia Geral das
Nações Unidas. Iniciou suas atividades em janeiro de 1951, com um mandato inicial de três anos para reassentar refugiados europeus
que estavam sem lar após a Segunda Guerra Mundial. Seu trabalho tem como base a Convenção de 1951 da ONU sobre Refugiados.
O Protocolo de 1967 reformou a Convenção de 1951 e expandiu o mandato do ACNUR para além das fronteiras europeias e
das pessoas afetadas pela Segunda Guerra Mundial. Em 1995, a Assembleia Geral designou o ACNUR como responsável pela
proteção e assistência dos apátridas em todo o mundo. Em 2003, foi abolida a cláusula que obrigava a renovação do mandato do
ACNUR a cada três anos.
Nas últimas décadas, os deslocamentos forçados atingiram níveis sem precedência. Estatísticas recentes revelam que mais
de 79,6 milhões de pessoas no mundo deixaram seus locais de origem por causa de conflitos, perseguições e graves violações de
direitos humanos. Entre elas, aproximadamente 22 milhões cruzaram uma fronteira internacional em busca de proteção e foram
reconhecidas como refugiadas. A população de apátridas (pessoas sem vínculo formal com qualquer país) é estimada em 10 milhões
de pessoas.
O ACNUR já auxiliou dezenas de milhões de pessoas a recomeçarem suas vidas. Por seu trabalho humanitário, recebeu duas
vezes o Prêmio Nobel da Paz (1954 e 1981). Atualmente, a agência conta com quase 12 mil funcionários e está presente em cerca
de 130 países com mais de 460 escritórios. Por meio de parcerias com centenas de organizações não governamentais, o ACNUR
presta assistência e proteção a mais de 67 milhões de homens, mulheres e crianças.
A Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados foi formalmente adotada em 28 de julho de 1951
para resolver a situação dos refugiados na Europa após a Segunda Guerra Mundial. Esse tratado global define quem vem a
ser um refugiado e esclarece os direitos e deveres entre os refugiados e os países que os acolhem.
O fundamento legal que está nos pilares do trabalho do ACNUR permitiu que a agência ajudasse milhões de pessoas
deslocadas a recomeçar suas vidas. Atualmente, a Convenção continua sendo a pedra angular da proteção a refugiados.
A Convenção consolida prévios instrumentos legais internacionais relativos aos refugiados e fornece a mais compreensiva
codificação dos direitos dos refugiados a nível internacional. Ela estabelece padrões básicos para o tratamento de refugiados sem, no
entanto, impor limites para que os Estados possam desenvolver esse tratamento.
Ao passo que antigos instrumentos legais internacionais somente eram aplicados a certos grupos, a definição do termo
“refugiado” no Artigo 1º foi elaborada de forma a abranger um grande número de pessoas. No entanto, a Convenção só abrange
eventos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951.
Com o tempo e a emergência de novas situações geradoras de conflitos e perseguições, tornou-se crescente a necessidade
de providências que colocassem os novos fluxos de refugiados sob a proteção das provisões da Convenção. Assim, um Protocolo
relativo ao Estatuto dos Refugiados foi preparado e submetido à Assembleia Geral das Nações Unidas em 1966. Na Resolução 2198
(XXI) de 16 de dezembro de 1966, a Assembleia tomou nota do Protocolo e solicitou ao Secretário-geral que submetesse o texto aos
Estados para que o ratificassem. O Protocolo foi assinado pelo Presidente da Assembleia Geral e o Secretário-geral no dia 31 de
janeiro de 1967 e transmitido aos governos. Entrou em vigor em 4 de outubro de 1967.
Com a ratificação do Protocolo, os países foram levados a aplicar as provisões da Convenção de 1951 para todos os refugiados
enquadrados na definição da carta, mas sem limite de datas e de espaço geográfico. Embora relacionado com a Convenção, o
Protocolo é um instrumento independente cuja ratificação não é restrita aos Estados signatários da Convenção de 1951.

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De acordo com o seu Estatuto, é de competência do ACNUR promover instrumentos internacionais para a proteção dos
refugiados e supervisionar sua aplicação. Ao ratificar a Convenção e/ou o Protocolo, os Estados signatários aceitam cooperar com o
ACNUR no desenvolvimento de suas funções e, em particular, a facilitar a função específica de supervisionar a aplicação das provisões
desses instrumentos.
A Convenção de 1951 e o Protocolo de 1967, por fim, são os meios através dos quais é assegurado que qualquer pessoa, em
caso de necessidade, possa exercer o direito de procurar e receber refúgio em outro país.
Fonte: https://www.acnur.org/portugues/convencao-de-1951/. Acesso em 21 jul 2020

No Brasil, a responsabilidade de proteção e integração de refugiados é primariamente do Estado brasileiro. No território nacional,
o refugiado pode obter documentos, trabalhar, estudar e exercer os mesmos direitos civis que qualquer cidadão estrangeiro em
situação regular no Brasil.
Mais um marco significativo para a população de interesse do ACNUR foi conquistado com a aprovação da nova Lei de
Migração (nº 13.445/2017). Em vigor desde 2017, a nova Lei trata o movimento migratório como um direito humano e garante ao
migrante, em condição de igualdade com os nacionais, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade.
Além disso, institui o visto temporário para acolhida humanitária, a ser concedido ao apátrida ou ao nacional de país que, entre outras
possibilidades, se encontre em situação de grave e generalizada violação de direitos humanos – situação que possibilita o
reconhecimento da condição de refugiado, segundo a Lei nº 9.474/1997.
Na região das Américas, o Brasil tem uma legislação de refúgio considerada moderna (Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997)
por adotar um conceito ampliado para o reconhecimento de refugiados.
Para além do conceito estabelecido pela Convenção de 1951, a legislação brasileira também reconhece como
refugiado todas as pessoas que buscam segurança diante de situações de grave e generalizada violação de direitos
humanos.

Refugiados - São pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados temores de perseguição relacionados a
questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política, como também devido à
grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados.
A vida como refugiado pode ser difícil de imaginar. Mas, para 25,4 milhões de pessoas em todo o mundo, é uma realidade
apavorante. Eles contam com o apoio da ACNUR para reconstruir suas vidas.

Muitos novos refugiados


A Síria foi o país que mais gerou refugiados no mundo. Cerca de 824.400 pessoas foram forçadas a fugir dos conflitos que
assolam o país. As crises na África subsaariana também levaram a novos deslocamentos. Quase 737.400 pessoas deixaram o Sudão
do Sul para escapar de uma crise humanitária que cresceu consideravelmente em 2016. Burundi, Iraque, Nigéria e Eritréia também
geraram grande número de refugiados.

De onde vem os refugiados?


Os 5,5 milhões de sírios que foram forçados a fugir constituem o maior grupo de refugiados do mundo. Os refugiados do
Afeganistão aparecem em segundo lugar se considerado o país de origem.

Onde os refugiados são acolhidos?


A Turquia recebeu o maior número de refugiados – um total de 2,9 milhões, vindos principalmente da Síria. O país também
abriga cerca de 30.400 refugiados do Iraque. As crises na África subsaariana tendem a forçar as pessoas a fugir para os países
vizinhos e, como resultado, esta região continua a acolher um número cada vez maior de refugiados do Sudão do Sul, Somália, Sudão,
República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Eritréia e Burundi.
O Paquistão acolheu a segunda maior população de refugiados no final de 2016: 1,4 milhão de pessoas vindas principalmente
do Afeganistão. Esse número diminuiu ligeiramente devido aos refugiados que regressaram para casa. Cerca de um milhão de
refugiados buscaram segurança no Líbano e 979.400 no Irã.
Uganda vivenciou um aumento dramático da população de refugiados que saltou de 477.200 no final de 2015 para 940.800 no
final de 2016. Esta população era constituída por pessoas vindas principalmente do Sudão do Sul (68%), mas também contava com
números significativos de pessoas vindas da República Democrática do Congo, Burundi, Somália e Ruanda. Na verdade, Uganda
registrou o maior número de novos refugiados em 2016.
O número de refugiados também aumentou na Etiópia, Jordânia e República Democrática do Congo. Na Alemanha, a
população de refugiados mais do que duplicou em 2016 e chegou a 669.500 pessoas. O principal motivo para esse aumento foi o
reconhecimento de solicitações de refúgio apresentadas em 2015 principalmente por sírios.

Solicitantes de refúgio - São pessoas que solicitam às autoridades competentes serem reconhecidas como refugiado, mas que
ainda não tiveram seus pedidos avaliados definitivamente pelos sistemas nacionais de proteção e refúgio.
No final de 2016, cerca de 2,8 milhões de solicitantes de refúgio aguardavam uma decisão que poderia mudar suas vidas.

Onde os indivíduos buscam refúgio?


Em 2016, a Alemanha recebeu 722.400 novas solicitações de refúgio, o maior número registrado no mundo. Essa tendência
crescente começou há nove anos, mas os recentes aumentos foram significativos (441.900 em 2015 e 173.100 em 2014). Cerca de
um terço dessas solicitações eram de sírios, mais de seis vezes o número recebido em 2014. As solicitações do Afeganistão também
aumentaram e um número significativo de novos pedidos de refúgio veio do Iraque, Irã, Eritreia, Albânia e Paquistão.

- 178 -
Os Estados Unidos foram o segundo maior país receptor de solicitações de refúgio e registrou 262.000 pedidos, o dobro do número
recebido em 2014. Cerca de metade dos pedidos de refúgio para os EUA vieram da América Central, especialmente do México e de El
Salvador. Em geral, o número de pessoas forçadas a fugir da violência na América Central aumentou para níveis não vistos desde os conflitos
armados da década de 1980.
A Itália, terceiro maior receptor de solicitações de refúgio, experienciou um aumento acentuado e registrou 123.000 novos pedidos. Os
países de origem daqueles que buscam segurança na Itália permaneceram estáveis - Nigéria, Paquistão, Gâmbia, Senegal, Costa do Marfim
e Eritreia.
Os sírios constituíram a maioria das pessoas que procuram segurança na Turquia. No entanto, 78.600 novos pedidos de refúgio de
não-sírios foram apresentados em 2016, muitos de pessoas vindas do Afeganistão, Iraque e Irã. Isso fez da Turquia o terceiro maior
destinatário de novas solicitações de refúgio.
As origens daqueles que buscam refúgio na França mudaram muito nos últimos anos. Em 2016, novos solicitantes vieram da Albânia,
Sudão, Afeganistão, Síria, Haiti e República Democrática do Congo.
A Grécia foi o sexto maior destinatário de novas solicitações individuais de refúgio, com um aumento de quatro vezes no número de
pedidos a partir de 2015, mais da metade vinda dos sírios. A Áustria, a África do Sul e o Reino Unido também receberam um número
substancial de solicitações de refúgio em 2016, mas registraram declínio em relação aos números de 2015.
Dos 208.100 novos pedidos de refúgio feitos nos escritórios do ACNUR, a maioria foi recebido pela Turquia, seguido por Egito, Malásia,
Jordânia e Síria.

Quais países acolhem o maior número de solicitantes de refúgio?


A maior população de solicitantes de refúgio vive na Alemanha (587.400 pedidos pendentes). Apesar da Alemanha ter tomado mais
decisões do que qualquer outro país, o processamento rápido do enorme volume de solicitações tem sido incapaz de manter-se.
O número de solicitantes de refúgio nos Estados Unidos também aumentou. A Turquia também tem uma população significativa de
solicitantes de refúgio, mesmo desconsiderando os candidatos da Síria. Outros países com populações significativas de solicitantes de refúgio
incluem África do Sul, Suécia, Áustria, França e Malásia.

Deslocados internos - São pessoas deslocadas dentro de seu próprio país, pelos mesmos motivos de um refugiado, mas que não
atravessaram uma fronteira internacional para buscar proteção.
Mesmo tendo sido forçadas a deixar seus lares por razões similares às dos refugiados (perseguições, conflito armado, violência
generalizada, grave e generalizada violação dos direitos humanos), os deslocados internos permanecem legalmente sob proteção de seu
próprio Estado – mesmo que esse Estado seja a causa de sua fuga.
Em 2016, conflitos armados, violência generalizada e violações dos direitos humanos obrigaram cerca de 5 milhões de pessoas a se
deslocar dentro de seus próprios países. Com isso, o número de deslocados internos atingiu a marca de 40,3 milhões de pessoas . Como
cidadãos, eles devem ser protegidos por seus países e têm seus direitos previstos nos tratados internacionais de Direitos Humanos e do
Direito Humanitário. Civis afetados por desastres naturais também podem ser considerados deslocados internos.
A Colômbia, país com o maior número total de deslocados internos, continuou a ter uma população de 7,4 milhões de deslocados
internos registados. Uma situação mais fluida se apresenta na Síria e no Iraque, ambos com populações grandes e flutuantes de deslocados
internos.
Ao longo do ano de 2016, 600.000 deslocados internos sírios puderam retornar às suas áreas de origem. No entanto, houve também
muitos novos deslocamentos e a Síria ainda possui a segunda maior população de deslocados internos no mundo, com 6,6 milhões de
pessoas. Da mesma forma, a população de deslocados internos iraquianos permaneceu grande e registrava 3,6 milhões de pessoas em 2016.
O ACNUR ajudou quase meio milhão (de um total de 1,4 milhão) de pessoas deslocadas que voltaram para suas áreas de origem no Iraque.

Recém-deslocados
O maior grupo de pessoas recém-deslocadas (1,3 milhão) estava na República Democrática do Congo, onde uma crise humanitária
longa e complexa continuava em curso, especialmente na parte oriental do país. Cerca de 630.000 deslocados internos foram registrados na
Líbia, 623.000 no Afeganistão, 598.000 no Iraque e 467.000 no Iêmen.
No Sudão, a população total de deslocados internos diminuiu para 2,2 milhões. Apesar disso, o país ainda registrava a quinta maior
população de deslocados internos do mundo. Outros países com uma população deslocados internos de mais de 1 milhão de pessoas incluem
Nigéria (2,2 milhões), Iêmen (2 milhões), Sudão do Sul (1,9 milhão), Ucrânia (1,8 milhão), Afeganistão (1,8 milhão) e Somália (1,6 milhão).

Apátrida - São pessoas que não têm sua nacionalidade reconhecida por nenhum país. A apatridia ocorre por várias razões, como
discriminação contra minorias na legislação nacional, falha em reconhecer todos os residentes do país como cidadãos quando este país se
torna independente (secessão de Estados) e conflitos de leis entre países.
A apatridía, às vezes, é considerada um problema invisível, porque as pessoas apátridas muitas vezes permanecem invisíveis e
desconhecidas. Elas podem não ser capazes de ir à escola, consultar um médico, conseguir um emprego, abrir uma conta bancária, comprar
uma casa ou até se casar.
Pessoas apátridas frequentemente vivem em situações precárias à margem da sociedade. Identificá-las é fundamental para adereçar
as dificuldades que enfrentam e para permitir que os governos, o ACNUR e outros possam prevenir e reduzir a apatridía.

Reduções significativas do número de apátridas


Em 2016, 60.800 pessoas apátridas que viviam em 31 países adquiriram nacionalidade. Reduções significativas dos casos de apatridía
foram registradas na Costa do Marfim, no Quirguistão, nas Filipinas, na Rússia, no Tajiquistão e na Tailândia. Nas Filipinas, mais de 4.000
pessoas de origem indonésia conseguiram confirmar a nacionalidade filipina e/ou indonésia graças a um acordo entre o ACNUR e os Governos
da Indonésia e das Filipinas. No Tajiquistão, cerca de 7.500 pessoas confirmaram sua nacionalidade.

Retornados - São pessoas que tiveram o status de refugiados e solicitantes de refúgio, e que retornam voluntariamente a seus países de
origem. Para muitos dos que foram forçados a fugir, voltar para casa significa o fim de um tempo muitas vezes traumático no exílio.

Fonte: https://www.acnur.org/portugues/. Acesso em 21 jul 2020


- 179 -
24. AS REGIÕES POLARES
24.1 - A importância geoeconômica das regiões polares
A importância estratégica atual das regiões polares
Neste início de século, que importância têm as regiões polares para os pensadores estratégicos? Com o fim da Guerra Fria, o
Ártico perdeu a importância que lhe era atribuída, ao ser a rota mais curta entre EUA e União Soviética a ser seguida pelos ICBM.
Nessas zonas polares também operavam os submarinos nucleares, que se ocultavam por debaixo dos gelos, para dificultar a sua
detecção. Os dois principais vectores de utilização estratégica do Ártico estavam relacionados com os ICBM e correspondentes
mecanismos de defesa e de alerta antecipado e com o controlo do mar da Noruega para impedir o livre acesso da frota soviética ao
Atlântico (Lindsey, 1989, p.73).
Contudo, há pontos chave no Ártico que são ainda de grande importância para as rotas marítimas. Como já vimos, a importância
atual do Ártico está mais ligada à geoeconomia, em que se procuram os recursos animais e minerais da zona. Após o fim da Guerra
Fria, estamos perante uma situação em que seria possível uma desmilitarização do Ártico, porque os desafios estratégicos que se
colocam à potência dominante têm provindo doutras direções (Médio Oriente e Extremo Oriente). Entretanto, as descobertas de
petróleo e de gás natural na zona polar ártica têm aumentado nos últimos anos, e estima-se que as principais reservas petrolíferas
dos Estados Unidos se encontrem no Alaska, e as russas no Mar de Barents.
Relativamente à Antártida, já durante a Guerra Fria a sua importância foi diminuta devido ao Tratado da Antártida, que a
preserva da utilização militar. As incertezas quanto à viabilidade econômica da exploração mineira e energética na Antártida
contribuíram certamente para o sucesso da implementação do Tratado da Antártida e do Protocolo de Madrid. Se houvesse recursos
abundantes e de fácil acesso, especialmente energéticos, teria com certeza sido mais difícil obter o consenso entre as partes. Há um
interesse comum na preservação ambiental da Antártida e quanto ao combate a problemas como o buraco na camada de ozono, isto
apesar de alguns países como os Estados Unidos não estarem a cumprir a parte que deviam em nome do almejado crescimento
econômico.
A exploração piscatória ao largo da Antártida pode ser uma atividade com um futuro interessante num mundo carente de
alimentos, se se souber gerir este recurso de forma sustentada, especialmente no que refere aos mamíferos marinhos. Claro que
existe opiniões de que os recursos piscatórios da Antártida devem ser deixados intocados, como reserva natural.
A descoberta futura de recursos importantes a nível mineiro ou energético, pode ser origem de situações de conflito,
especialmente entre as partes que têm reivindicações territoriais na Antártida.
A Antártida possui a maior concentração de água potável do mundo (ainda que sob a forma de gelo), e sendo a água potável
um recurso cada vez mais escasso e valioso, será compreensível que haja países a querer controlar esta importante reserva. Também
esta questão poderá originar conflitos futuros, há medida que a água potável for escasseando para uma população humana em
constante crescimento, e se tornar motivo de conflitos noutros continentes. Assim, enquanto o interesse futuro do Ártico está
inevitavelmente ligado aos hidrocarbonetos, o da Antártida parece estar ligado à água. Importantes para o equilíbrio do planeta, as
regiões polares são extremamente sensíveis do ponto de vista ecológico, mas as necessidades crescentes de um planeta repleto de
seres humanos poderão ser mais fortes e resultar na abertura destes territórios à exploração dos recursos.

24.2 - O Continente Antártico e as gestões multilaterais no Contexto da Geografia Mundial


As regiões polares e o direito internacional
O Tratado da Antártida foi assinado em Washington em 1 de dezembro de 1959, na sequência do bom entendimento revelado
durante o Ano Geofísico Internacional em 1957-1958, em que ocorreu o primeiro programa de cooperação multinacional relevante. O
sucesso estrondoso do Ano Geofísico Internacional levou os então doze países ativos na Antártida (África do Sul, Argentina, Austrália,
Bélgica, Chile, Estados Unidos, França, Japão, Nova Zelândia, Noruega, Reino Unido e União Soviética) a concordar que a
cooperação pacífica na Antártida deveria continuar indefinidamente, e assim, a negociação do Tratado começou após o fim do Ano
Geofísico Internacional.
O Tratado é pouco extenso e aplicável a toda a zona a sul dos 60º de latitude Sul. Qualquer membro das Nações Unidas pode
aceder a este Tratado e há atualmente 44 signatários, dos quais 27 são Partes Consultivas, devido a terem sido signatários originais
ou conduzirem na Antártida pesquisa significativa. Desde que entrou em vigor em 23 de junho de 1963, este Tratado tem sido
reconhecido como um dos mais eficazes acordos internacionais, afastando os problemas relativos a reivindicações territoriais e
funcionando bem no seu papel de regime de desarmamento. Para além do Tratado, existem alguns mecanismos subsidiários, como
o Protocolo de Madrid que veremos abaixo, a Convenção para a Conservação das Focas da Antártida, as Medidas Acordadas para a
Conservação da Fauna e Flora da Antártida, a Convenção sobre a Conservação dos Recursos Marinhos Vivos da Antártida (Australian
Antarctic Division, 2011).
Dos 14 artigos do Tratado da Antártida destacamos alguns pontos que nos parecem essenciais: renúncia de qualquer Parte
Contratante a direitos ou reivindicações de soberania territorial na Antártida; será apenas usada para fins pacíficos. O Tratado garante
que continua a haver liberdade para conduzir pesquisa científica; é promovida a cooperação científica internacional; estão proibidos
as explosões nucleares e o despejo de resíduos nucleares e é criado um mecanismo de observadores, que podem ser designados
por qualquer uma das partes do Tratado e que procedem à inspeção de navios, estações, e de equipamento na Antártida, para
assegurar que se cumprem as disposições do Tratado (British Antarctic Survey, 2013).
O projeto de Convenção Sobre o Spitzberg terá funcionado como modelo inspirador das soluções para a elaboração de um
regime internacional para a Antártida.
Moreira (2002) atribui a este Tratado um grande significado na evolução e história das relações internacionais: A novidade
esteve em que, pela primeira vez, a comunidade internacional decidia que a expansão das soberanias parasse diante de uma fronteira
consensualmente definida, e que delimitava um elemento considerado importante, do patrimônio da Humanidade. (Moreira, 2002, p.
511).
- 180 -
O sucesso da cooperação na Antártida até ao momento tem sido exemplar, mas mudanças estruturais na comunidade
internacional podem prejudicar este equilíbrio que custou a alcançar.
As partes signatárias do Tratado da Antártida elaboraram o Protocolo de Madrid, que foi assinado em 1991 como resposta a
várias propostas para que se harmonizasse o vasto leque de disposições relativas à proteção ambiental contidas no Tratado da
Antártida. O Protocolo designa a Antártida como uma reserva natural, dedicada à paz e à ciência. A negociação deste Protocolo
seguiu-se a muitos anos de discussões sobre o controlo dos potenciais recursos minerais da Antártida. A Convenção dos Minerais da
Antártida, adotada em junho de 1988, na Nova Zelândia, assumia como possível a compatibilidade da mineração com a proteção do
ambiente na Antártida. Esta assunção foi sendo crescentemente questionada e em maio de 1989 a Austrália declarou que se opunha
e que não iria assinar a Convenção dos Minerais da Antártida. À Austrália juntou-se a França, em agosto de 1989.
O Protocolo de Madrid foi negociado em menos de um ano e foi adotado em 4 de outubro de 1991, sendo assinado por todas
as partes do Tratado da Antártida. O Protocolo só entrou em vigor em 14 de janeiro de 1998 após o depósito dos documentos legais
exigidos. Para além do corpo principal do Protocolo foram negociados vários anexos relativos à avaliação de impactos ambientais;
conservação da fauna e flora da Antártida; gestão e eliminação dos lixos; prevenção da poluição marítima e proteção e gestão de
áreas (Australian Antarctic Division, 2011).
O Protocolo proíbe a mineração indefinidamente, mas isto pode ser alterado se todas as partes concordarem. Após 50 anos,
uma conferência de revisão do Protocolo pode alterar a proibição desde que sejam cumpridas certas regras. Esta proibição é um dos
aspectos mais importantes, mas que pode ser volatizado se o interesse dos Estados em causa o exigir.

24.3 - Recursos naturais e disputas nas regiões polares


Na zona polar ártica existem alguns recursos preciosos que têm sido cobiçados e disputados por vários países. Veja-se o caso
acima da disputa sobre as Svalbard, que opõe a Noruega à Rússia. Para além da exploração de areias e de gravilhas, existem na
zona polar ártica nódulos polimetálicos, campos de petróleo e de gás, bancos de pesca e mamíferos marinhos (focas e baleias). A
atividade econômica limita-se justamente à exploração desses recursos naturais (CIA, 2014). Desde tempos remotos que as costas
russa e norueguesa são conhecidas pela sua riqueza piscatória. Durante o século XX descobriram-se importantes aglomerados de
nódulos de manganês no leito do Mar de Barents. Calcula-se que 70% dos recursos russos em hidrocarbonetos se encontrem no
subsolo da plataforma continental ártica. Já em 1904, Halford Mackinder tinha escrito que o Ártico seria uma “zona pivô” quando se
desenvolvessem as necessárias vias de comunicação com o heartland eurasiático (Santos, 2001, p. 663, 664).
Duvidamos que desde o fim da Guerra Fria a importância estratégica do Ártico tenha permanecido inalterada, mas a perda de
importância estratégica foi compensada pelo reforço da importância geoeconômica num mundo ávido de hidrocarbonetos, e pela
consciencialização dos Estados para a importância ambiental e climatológica do Ártico, que interessa a todos e pode facilitar a
obtenção de um estatuto jurídico especial para a região, ainda que não o de patrimônio comum da humanidade, dado os interesses
de potências como os EUA e a Rússia na área.
Atualmente, assistimos a comportamentos de contenção na região do Ártico, onde a cobertura de gelo de verão é apenas
metade do que era há cinquenta anos, apesar da polémica expedição russa submarina que levava a bandeira para colocar no fundo
do mar (Brigham, 2010), o que coloca em evidência a evolução do sistema das relações internacionais, muito embora haja reservas
quanto à adopção de estatutos como o de patrimônio comum da humanidade. As zonas árticas consideradas pela Convenção de
Montego Bay como patrimônio comum da humanidade são as áreas de solo e subsolo oceânico que se encontram entre 120º e 135º
de longitude Leste, numa zona coberta em permanência pelo gelo e de difícil acesso à exploração. Os recursos do Ártico são altamente
valiosos e ninguém sabe o que o futuro reserva, apesar de estar delimitado por nações desenvolvidas, que até agora têm sabido usar
do comedimento. A maior mina de zinco do planeta situa-se no Noroeste do Alasca; e ao longo do Ártico, na Sibéria Ocidental,
encontra-se o complexo mineiro de Norilsk Nickel, principal fonte mundial de níquel e de paládio e uma das principais produtoras de
cobre; julga-se que 30% das reservas mundiais de gás por descobrir estejam no Círculo Polar Ártico e 13% das de petróleo.
A Noruega e a Rússia já estão a explorar alguns destes recursos, e a Groenlândia começou a exploração off-shore ao largo
da sua costa ocidental. Paradoxalmente, não parecem ser os países nórdicos os futuros grandes beneficiários desta exploração, mas
sim a Índia e a China, países emergentes que necessitam de alimentar as suas economias galopantes com energia abundante e
barata (Idem, 2010). Embora o estado americano do Alasca tenha grandes recursos em petróleo, a Rússia parece estar a levar a
dianteira no Ártico com vastos recursos não só de petróleo, mas principalmente de gás. Há que ter em conta que durante a era
soviética derrames de crude (óleo cru ou bruto) causaram graves danos na Sibéria Ocidental. Nada que preocupasse muito as
autoridades soviéticas à época. Mas as coisas parecem estar a mudar nos tempos recentes, com uma tomada de consciência em
relação ao frágil ambiente ártico. Nos últimos anos não se registaram derrames de envergadura na Federação Russa, em
contrapartida, um oleoduto danificado da BP derramou na tundra do Alasca quase um milhão de litros de crude (Anderson, 2009). Os
protestos dos ambientalistas parecem em qualquer dos casos incapazes de travar o avanço das companhias petrolíferas para o Norte.
A Antártida, como era desabitada e uma possível fonte de recursos valiosos, sofreu reivindicações territoriais por parte de
vários Estados: o Reino Unido reclamou uma fatia em 1908, a Nova Zelândia fez a sua reivindicação em 1923, a França em 1924, a
Austrália em 1933, a Noruega em 1939, o Chile em 1940 e a Argentina em 1943 (Rosenberg, 2011). A Austrália é o país que reivindica
uma zona mais extensa deste continente: quase 5,9 milhões de km2, correspondendo a 42% da Antártida. A reivindicação australiana
é baseada numa longa associação histórica, desde que o australiano Douglas Mawson comandou uma expedição de australianos e
neozelandeses entre 1911 e 1914 (Australian Antarctic Division, 2011).
Já que o Tratado da Antártida proíbe a realização de atividades relacionadas com recursos minerais, exceto a pesquisa
científica, a atividade econômica na Antártida reduz-se à pesca costeira e ao turismo, ambos com base no estrangeiro. A pesca
desregrada pode constituir uma ameaça acrescida para o equilíbrio do ecossistema da região. O número de turistas que procuram
visitar a Antártida tem vindo a crescer, sendo já largos milhares por ano.

- 181 -
Foram até ao momento encontrados pequenos depósitos de minério de ferro, crómio, cobre, ouro, níquel, platina e outros
minerais, bem como carvão e hidrocarbonetos, que até ao momento não explorados devido aos acordos internacionais. Mas o krill,
caranguejos e outros peixes são explorados por empresas pesqueiras (CIA, 2014).
O Protocolo de Madrid (Protocolo sobre Proteção Ambiental ao Tratado da Antártida) proíbe as atividades de exploração
mineira na Antártida por 50 anos. O uso dos icebergs para a obtenção de água é permitido, porque a água é encarada como um
recurso renovável, ao contrário dos minérios e hidrocarbonetos. Esse é recurso abundante e acessível na Antártida, que é cada vez
mais escasso e precioso nos outros continentes.
Apesar de existir um potencial de recursos mineiros, a exploração apresenta-se muito mais difícil do que noutros pontos do
globo em razão das difíceis condições logísticas e atmosféricas, e como tal, muito mais dispendiosa. O fato de 98% do território da
Antártida estar coberto de gelo, com quase 2,5 km de espessura é também um dos fatores a ter em conta e que dificulta a exploração.
Especialistas acreditam que o frio extremo também foi prejudicial à formação de filões minerais, e a quase ausência de vida animal e
vegetal em terra também impediu a formação de depósitos significativos de petróleo e gás. Não obstante, é possível que por processos
ainda desconhecidos, dadas as condições únicas do continente, se verifiquem aglomerações minerais mais expressivas.
As aglomerações de carvão conhecidas são de fraco teor e sem grande probabilidade de serem exploradas, dado existirem
em todo o mundo depósitos mais acessíveis e de melhor qualidade. O carvão antártico está longe de todos os mercados e não há
infraestruturas, como cidades, estradas ou portos, que possam tornar o seu uso rentável (Australian Arctic Division, 2011).
Relativamente ao minério de ferro, a situação não é por enquanto muito mais promissora, porque as aflorações de minério
estão muito remotas e o minério contém apenas 35% de ferro, uma percentagem demasiado baixa para a exploração comercial.
O cromo, outro mineral presente na Antártida, também não se encontra em concentrações que compensem a exploração
econômica. De modo similar, os nódulos polimetálicos existentes no fundo do Oceano Glacial Antártico são aparentemente mais
pobres do que aqueles que se encontram noutras zonas do planeta, e se são pouco explorados em zonas muito mais acessíveis, por
muito tempo ainda o serão menos na Antártida.
Em relação aos hidrocarbonetos, a situação também não parece animadora, especialmente no continente, devido à morfologia das
rochas e a uma série de outros fatores. Ao largo da costa, com muitas zonas ainda por explorar, a situação pode ser mais favorável, mas as
condições naturais não facilitarão uma possível exploração a médio prazo (Australian Arctic Division, 2011). A hipótese da presença de
hidrocarbonetos prende-se com o fato de a Antártida ter sido em tempos um continente temperado, parte do supercontinente Gondwana.
Há igualmente posições convergentes das grandes potências quanto à preservação do patrimônio natural da Antártida, que por
enquanto têm conseguido impedir a exploração mineira no continente. Contudo, situações graves de conflito internacional e outras dificuldades
podem fazer inverter esta situação.

24.4 - Geografia do Ártico


O Ártico não é na verdade um continente, mas apenas uma enorme massa de gelo flutuante, abaixo da qual está a água do oceano
propriamente dita, embora a zona do oceano Ártico englobe algumas massas territoriais, como as ilhas Svalbard, as ilhas de Nova Zembla,
algumas ilhas canadianas e o norte da Groenlândia. O Círculo Polar Ártico engloba uma área ainda maior, incluindo áreas da Rússia, EUA,
Canadá, Finlândia, Suécia e Noruega. O Oceano Ártico é o menor dos oceanos e é circunscrito por uma esparsa rede de rotas aéreas,
marítimas, terrestres e fluviais.
O clima é hostil, extremamente frio, com pequenas amplitudes térmicas ao longo do ano. Os invernos caracterizam-se pela escuridão
contínua, enquanto durante o verão existe sempre luminosidade e o tempo é mais úmido e enevoado (CIA, 2014). Este clima não impede,
contudo, a existência de comunidades humanas nas franjas do Círculo Polar Ártico, quer autóctones, conhecidas globalmente como Innuit,
quer de origem europeia.
O Ártico tem um ecossistema extremamente frágil, e sujeito a uma intensa pressão humana, o meio ambiente tem vindo a degradar-
se. As explorações petrolíferas na sua periferia têm vindo a agravar o problema nas últimas décadas. A perda de importância estratégica por
parte do Ártico no pós-Guerra Fria pode servir para a obtenção de soluções de compromisso para a preservação do ambiente na região. O
Ártico influencia o ambiente de grande parte do mundo, e a degradação da camada de ozono e o chamado efeito de estufa, resultantes da
atividade humana têm um profundo impacto ao fazerem recuar os gelos e aumentar o nível das águas do mar (Santos, 2001, p. 658, 659). O
conceito de patrimônio comum da humanidade apesar de esboçado em vários textos e convenções, como a Convenção de Montego Bay, tem
evidenciado evidentes dificuldades em termos da aplicabilidade no âmbito político, e convertibilidade jurídica. Esperemos que o Ártico possa
usufruir num futuro próximo de um regime jurídico similar àquele de que goza a Antártida. Os países parecem começar a compreender a
importância das zonas polares para o equilíbrio do planeta e o futuro da Humanidade.

Os interesses sobre o Ártico


O Ártico também foi objeto de reivindicações territoriais e de soberania, sendo elaborada a chamada Teoria dos Setores. Esta teoria,
que se tornará efetiva em relação à Antártida, divide a zona ártica em fatias traçadas a partir do polo, similares a “varetas de guarda-chuva”.
Esta teoria foi acolhida com pouco entusiasmo em relação ao Ártico, mesmo pelo país que a desenvolveu, o Canadá. Mas a teoria foi aplicada
na prática, tendo sido criados seis setores distintos, um finlandês; um norueguês - que incluía o arquipélago de Spitzberg e as ilhas de Jan
Mayen e dos Ursos -; um dinamarquês - que incorporava a Groenlândia -; um setor canadense - que englobava a ilha Sverdrup e setores
russo e americano (Santos, 2001, p. 666).
Apenas a União Soviética aplicaria formalmente a Teoria dos Setores, consolidando as reivindicações que tinha feito em 1916 sobre
a terra de Wrangel, a terra de Francisco José e a ilha de Vilkitzky, e proclamando a sua soberania sobre estas áreas em 1926. Um dos
contenciosos mais importantes na zona é aquele que opõe a Noruega e a Federação Russa acerca do arquipélago de Spitzberg/Svalbard e
do Mar de Barents, devido aos recursos piscatórios e energéticos da zona. No entanto, no geral, há uma procura da manutenção do equilíbrio
entre as potências com interesses no Ártico. Se por um lado, os Estados envolvidos têm interesses comuns em termos regionais, relativos à
exploração dos recursos presentes nos fundos oceânicos do Ártico, por outro lado, cada Estado tem um leque de interesses políticos,
econômicos e estratégicos próprios.
A problemática da preservação ambiental e o desenvolvimento da cooperação e pesquisa científica transcendem os interesses
particulares dos Estados ribeirinhos do Ártico, e afetam a comunidade internacional como um todo.

- 182 -
A questão das Svalbard/Spitzbergen
O arquipélago de Spitzberg, descoberto em finais do século XVI, não apresentava até 1871 qualquer interesse que justificasse
uma ocupação efetiva, apesar de uma tentativa de reivindicação da Dinamarca pouco depois da descoberta. Entre 1871 e a assinatura
do Tratado de Paris em 1920, que reconhece a soberania norueguesa, sucedem-se as tentativas de apropriação do arquipélago por
parte de vários países, incluindo a Grã-Bretanha, a França e a Holanda, que caçavam cetáceos nas suas águas. A descoberta de
importantes recursos minerais agravou o problema. Ao longo dos primeiros anos do século XX deram-se várias tentativas de
estabelecer uma administração coletiva do arquipélago, cuja manifestação mais relevante saiu da Conferência de Christiana em 1912,
sob o nome de Projeto de Convenção Sobre o Estatuto do Spitzberg, em que se previa um estatuto de quase patrimônio comum da
humanidade, como sucederia mais tarde com o Tratado da Antártida. O arquipélago seria declarado “terra nullius” e haveria liberdade
de acesso para todos. O território seria também neutralizado, mas o projeto nunca foi por diante, ainda que tenha inspirado o importante
instrumento que é o Tratado da Antártida (Santos, 2001, p. 670-675).
Atualmente mantêm-se as divergências entre a Noruega e a Rússia sobre a soberania dos recursos do território, ou melhor, de
sua plataforma continental. O estatuto do arquipélago é sui generis., e segundo Anderson (2009): O Tratado de Svalbard foi assinado
em Paris em 1920, dando à Noruega soberania sobre as Svalbard. Mas é uma forma muito estranha de “soberania absoluta e irrestrita”
que continua a ligar as Svalbard ao seu passado turbulento. Embora a Noruega comande, todos os outros signatários do tratado
adquirem direitos a pescar, caçar, colocar armadilhas, estabelecer minas e empresas comerciais e a adquirir direitos minerais em
Svalbard. Qualquer pessoa da agora longa lista de signatários-incluindo nações como a Arábia Saudita, Afeganistão, e Venezuela
sem ligações particulares às Svalbard-pode partir e viver lá e começar trabalho. A Noruega tem o direito de regular as suas atividades,
mas não de lucrar com elas. Quaisquer impostos cobrados nas Svalbard devem ser gastos na região (...). (p. 127).
Contudo, os russos continuam a achar que o Tratado não foi justo, dadas as longas relações russas com o arquipélago, e
embora a presença russa e ucraniana seja de cerca de 45% da população, especialmente agrupada em torno de explorações mineiras,
a Rússia sonha com uma revisão do Tratado de Paris.

As Pressões Antrópicas se Acentuam na Região do Ártico


O mundo atual passa por uma crise econômica, desde o ano de 2010, onde a maior marca é a instabilidade política na União
Europeia. Mas, mesmo nesse cenário de desaceleração econômica, as pressões antrópicas sobre a Região do Ártico vêm crescendo.
O Oceano Ártico foi identificado há décadas como uma região rica em petróleo e gás. Estima-se que a região que cerca o Polo
Norte guarde cerca de 25% das reservas mundiais de petróleo e gás natural, e esses países, que têm territórios próximos ao Ártico,
ainda não alcançaram um consenso sobre como dividir a área.
O Ártico inclui o todo e parte dos territórios de oito países: Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca (Groenlândia), Islândia,
Canadá, Rússia e Estados Unidos (Alasca), bem como as terras de dezenas de grupos indígenas que abrangem distintos subgrupos
e comunidades. Os povos indígenas atualmente representam cerca de 10% da população total do ártico, embora, no Canadá
representem cerca de metade da população ártica do país, e na Groenlândia representam a maioria.
Há anos que empresas petrolíferas estão investindo em pesquisas para a exploração dessas reservas significativas de petróleo
e gás natural no Oceano Ártico.

Movimento Ambientalista de Preservação do Ártico


O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) apresentou um relatório que declara que o Ártico necessita
de uma governança e uma administração fortalecidas para proteger seus recursos da exploração excessiva. De acordo com o Livro
do Ano de 2013 do PNUMA, a redução da cobertura de gelo do Ártico nos últimos anos, sobretudo no verão, culminou com o recorde
de baixa de 3,4 quilômetros em setembro de 2012, 18% abaixo do recorde mínimo anterior, de 2007, e 50% abaixo das médias das
décadas de 1980 e 1990.
- 183 -
Esse derretimento, que os cientistas acreditam ser causado pelo excesso de emissão de gases do efeito estufa (GEEs), que
contribuem para o aquecimento global, está levando à abertura de novas rotas marítimas no Ártico, bem como a novas possibilidades
da exploração de recursos da região, como o petróleo e o gás.
O Greenpeace e outras organizações ambientalistas consideram que a região central do Oceano Ártico – que ainda não
pertence a ninguém –, deve ser objeto de medidas de proteção semelhantes às adotadas na Antártica, há décadas.
Lançada em junho de 2012 durante a Rio+20, a campanha do Greenpeace em proteção ao Ártico defende a criação de um
santuário mundial na área em torno do Polo Norte, que seria dedicada exclusivamente à pesquisa. A ideia é suspender a exploração
de petróleo em alto mar e a pesca predatória.

Desenvolvimento X Preservação - População do Ártico


Entre a população que vive mais perto da proposta de perfuração de petróleo no Ártico, o projeto continua a gerar tensão e
debate. Embora dependam da produção de petróleo para conseguir empregos e arrecadar impostos, eles contam com o oceano para
grande parte de sua alimentação e cultura.
“Eu estou preocupado porque vivemos do oceano, das baleias, das belugas, das morsas, das focas”, disse Tommy Olemaun,
presidente da Aldeia Nativa de Barrow, uma organização tribal esquimó. “O oceano é o nosso jardim.”
Quase quatro milhões de pessoas vivem no Ártico hoje. Eles incluem povos indígenas e outros recém-chegados, caçadores
e pastores que vivem diretamente daquela natureza, e moradores da cidade. Muitos grupos indígenas distintos são encontrados
apenas no Ártico, onde cultivam as suas tradições e se adaptam ao mundo moderno ao mesmo tempo.
Nas últimas décadas, com o afluxo de recém-chegados aumentou a pressão sobre o meio ambiente no ártico, devido ao
aumento da pesca e caça, e principalmente por causa do desenvolvimento industrial.

Degradação Ambiental
O desenvolvimento industrial do Ártico tem sido acompanhado pelo acúmulo de resíduos, especialmente nas proximidades das
aldeias indígenas. Isso representa uma ameaça crescente à segurança e à saúde das pessoas do Ártico que - devido às condições
de vida tradicionais - estão expostos a altos níveis de contaminação do ar, da água, do solo e sua fonte de alimento.
Para tratar de questões de contaminantes em comunidades indígenas em áreas remotas do Ártico, os participantes
permanentes do Conselho do Ártico propuseram a criação do comitê dos Povos Indígenas para Ação Comunitária. Esta iniciativa foi
aprovada pelo Conselho do Ártico nas reuniões em Salekhard e Tromsø. O trabalho comunitário dos Povos Indígenas visa reduzir a
exposição e o impacto de contaminantes nas comunidades dos povos indígenas. O grupo deve também reforçar o envolvimento de
povos nativos árticos nessas atividades de debate das ações para a mitigação aos danos ambientais.
Apesar das crescentes degradações ambientais, e expectativa de vida tem aumentado consideravelmente na maior parte do
Ártico, nas décadas recentes.
O Conselho do Ártico pretende promover o desenvolvimento sustentável na região do Ártico, incluindo o desenvolvimento
econômico e social, a melhoria das condições de saúde e bem-estar para os povos do Ártico.
- Conselho Ártico (oito países + ONGs representando populações nativas) – decisões por consenso
- Questões territoriais + Exploração Econômica + Utilização da Passagem Norte e Noroeste como via marítima

24.5 - Antártica
A Antártica é o regulador térmico do Planeta, portanto, é de extrema importância que conheçamos melhor as trocas de
temperaturas que lá ocorrem: na água, no solo e na atmosfera, para nos prevenirmos quanto às mudanças climáticas globais. A região
antártica compreende 14 milhões de quilômetros quadrados, aproximadamente 10% da superfície terrestre, exercendo profunda
influência no clima global e, por consequência, nos ecossistemas e na sociedade. As pesquisas mundiais estão focadas nas mudanças
que estão ocorrendo nas regiões polares e na análise da sua importância ambiental e econômica para o Planeta.
Esta região guarda 70% a 80% da água doce do mundo e, provavelmente, é detentora de incalculáveis recursos minerais e
energéticos, incluindo petróleo e gás.
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O Brasil aderiu ao Tratado Antártico, o principal documento jurídico de regulamentação internacional das atividades na
Antártica, em 1975. Em 1982, foi criado o Programa Antártico Brasileiro, o PROANTAR, dando início a uma das exigências para a
participação de um País como Parte Consultiva do Tratado da Antártica, a realização continuada de substanciais atividades científicas
naquela região. Tal fato elevou o Brasil à categoria de membro Consultivo com direito a voz e veto dentre um grupo seleto de países
que decidem sobre as atividades e o futuro do Continente Branco. Nesta data, foi realizada a sua Primeira Expedição àquele
continente, marcada pela efervescência que costuma acompanhar os grandes acontecimentos e pela necessidade de aquisição de
conhecimentos específicos para o desenvolvimento do projeto para uma Estação Científica. Após a expedição precursora, a segunda
expedição teve a importante missão de implementação da Estação Antártica Comandante Ferraz, marcando efetivamente a presença
brasileira em terras antárticas dando início às atividades sistemáticas de pesquisas.
O Brasil foi se afirmando como importante nação que estuda e contribui para a ciência e a paz, objetivo primeiro dos
participantes do Tratado Antártico. Este reconhecimento foi verificado em 1991, quando o então Presidente da República Federativa
do Brasil da época, visitou a EACF. Várias outras visitas de autoridades ocorreram como a do ano de 1993, reconhecendo à EACF o
caráter de “embaixada” brasileira na Antártica, ressaltando a importância desta no contexto da participação brasileira no Sistema do
Tratado Antártico, dando ao país um passaporte para integrar o concerto das Nações na pesquisa em favor do homem.
A partir da ratificação do Protocolo ao Tratado da Antártica sobre Proteção ao Meio Ambiente, o Protocolo de Madri, o país
assumiu a obrigação de também desenvolver atividades que fossem voltadas exclusivamente para a preservação do meio ambiente
antártico.

Antártica ou Antártida?
Há quase 400 anos a.C., já se imaginava a Terra Australis Incógnita. Aristóteles, filósofo grego, que acreditava na esfericidade
da Terra, achava que a natureza era simétrica.
Então, se existia uma zona fria ao norte do planeta, devia existir uma massa de terra, também fria, ao sul, para contrabalançar
a massa de terra ao norte. Ártico ou arkitos quer dizer urso ou faz referência à constelação da grande ursa, que aponta para o polo
norte. Então, o que apontaria para o sul devia ser o anti ártico, ou a Antártica.
Apesar de “Antártica” ser a grafia utilizada pelos que trabalham com o tema e ser recomendada pelo Programa Antártico
Brasileiro, as duas formas estão corretas.

Continente Antártico Comparação de tamanhos entre


o Brasil e a Antártica

Em 2008, o Presidente do Brasil e demais autoridades, visitaram a Estação Antártica Comandante Ferraz, durante as
comemorações dos 25 anos da presença brasileira na Antártica. Por ocasião da visita foi verificada a necessidade de mais um navio
específico para as pesquisas realizadas na região, além do atual “Gigante Vermelho”, o Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel,
servindo também como seu substituto eventual. Com isso, foi incorporado à Marinha do Brasil no dia 3 de fevereiro de 2009, o Navio
Polar Almirante Maximiano.
A decisão do governo brasileiro de se engajar em atividades exploratórias e científicas naquela região, representa um
ponderável desafio para a Marinha do Brasil e para as universidades e instituições, públicas e privadas, que se associaram na
execução dessa gloriosa tarefa, vencendo os desafios ao longo desses tempos da presença brasileira na Antártica.

Conhecendo a Antártica
A Antártica, o espaço e os fundos oceânicos constituem as últimas grandes fronteiras ainda a serem conquistadas
pelo homem. É o continente dos superlativos: o mais frio, mais seco, mais alto, mais ventoso, mais remoto, mais
desconhecido e o mais preservado de todos os continentes.
Quinto continente em extensão é o único sem divisão geopolítica. O continente antártico e as ilhas que o cercam perfazem
uma área aproximada de 14 milhões de km2 quadrados (1,6 vezes a área do Brasil) e correspondem a cerca de 10% da área
continental terrestre. No inverno, com o congelamento do mar circundante, a área chega a aproximadamente 22 milhões de km2
quadrados.
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Centrado no Polo Sul geográfico, é inteiramente circundado pelo Oceano Antártico ou Austral, cuja área cerca de 36 milhões
de quilômetros quadrados representa aproximadamente 10% de todos os oceanos.
É um dos poucos lugares no Planeta onde, mesmo num mundo globalizado e com os meios de comunicações atuais, a
sensação de isolamento é uma realidade efetiva. A Estação Antártica Brasileira Comandante Ferraz está localizada na região da
Península Antártica, na Ilha Rei George, Arquipélago Shetlands do Sul.
Cerca de 98% do Continente Antártico estão cobertos de gelo durante todo o ano, com espessura média de 2.034 metros.
Essa camada de gelo, que aumenta e se acumula a cada ano, faz com que a Antártica tenha a altitude média de 2.500 metros, três
vezes mais alta que qualquer outro continente. Tanto gelo torna o continente o maior reservatório de água doce do planeta e o seu
sorvedouro de calor. São 25 milhões de quilômetros cúbicos, 90% do gelo do mundo e 70% a 80% da água doce. Há especulações
científicas que indicam que se todo esse gelo derretesse, elevaria em 60 metros o nível dos mares.
As condições ambientais muito adversas inviabilizaram, ao longo dos tempos, a Antártica como habitat natural para a ocupação
humana e, mesmo hoje, a presença do homem, só é possível com o emprego de moderna tecnologia e complexo apoio logístico. Há
apenas pouco mais de dois séculos o continente foi descoberto por conquistadores e exploradores, e hoje a presença humana tem
como objetivo maior a pesquisa científica.
Por seus valores naturais e agrestes, praticamente intocados pelo homem, que por si só constituem um
preciosíssimo patrimônio de toda a humanidade, que cabe preservar, a Antártica foi designada como reserva natural,
consagrada à paz e a ciência.
História
Várias viagens foram feitas com aproximação cada vez maior da região antártica, dentre elas a de James Cook que, em 1772,
chegou às Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul; em 1819 um inglês, William Smith, avistou as Ilhas Shetland do Sul e relatou sobre
a quantidade de focas e baleias encontradas, o que atraiu uma infinidade de pessoas interessadas em auferir lucros com a gordura
animal. Na época sua gordura era usada para obter o óleo de iluminação, e os ossos de baleia tinham inúmeras aplicações no di a a
dia, inclusive na construção civil, portanto, descoberta de valor econômico extraordinário.
Foi um caçador de baleias e focas, o americano Nathaniel Palmer, quem conseguiu avistar, ainda em 1820, o Continente
Antártico pela primeira vez. Nesse mesmo ano, expedições de Bellingshausen (russo) e Brasfield (inglês) também avistaram o
continente, porém a primeira pessoa a desembarcar na península foi um pescador americano de nome John Davis, em 1821.
Após o período de caça às focas e baleias, inicia-se uma era de investigações científicas com importantes expedições na
década de 30 do século XIX. Expedições de ingleses, americanos, franceses, russos, belgas e noruegueses.
No século XX, intensificou-se ainda mais a penetração até que, em 14 de dezembro de 1911, Roal Amundsen fincou a bandeira
norueguesa no Polo Sul.
Continuaram as investigações científicas no continente com expedições da Grã-Bretanha, Alemanha, Estados Unidos.
Durante os anos 50 e 60, diversos países instalaram estações científicas permanentes com o propósito de estudar o Continente.
Desde então, e após a proibição da caça à baleia e focas, os antigos exploradores têm sido substituídos por cientistas que incorporam
uma parcela de seu espírito aventureiro e desbravador, promovendo investigações científicas que proporcionam maior conhecimento
dos fenômenos que lá ocorrem e sua influência global.
24.6 - O Brasil na Antártica
Os interesses na região antártica
Os primeiros navegadores rumo à Antártica foram movidos, principalmente, por questões econômicas, tais como a caça à
baleia e à foca, num segundo momento, pelo interesse científico e, posteriormente, pelo interesse estratégico-militar que a Antártica
representa. Para conter as reivindicações territoriais, impedir possíveis confrontos e preservar o meio ambiente de uma exploração
desenfreada foi elaborado o Tratado Antártico, que conseguiu manter na prática os ideais norteadores das atividades da região.
Em 1991, a renovação do Tratado Antártico por mais 50 anos fez com que as pretensões e os interesses na Antártica sofressem
algumas modificações. No entanto, como trâmites legais relacionados ao Tratado ainda não foram totalmente concluídos e como
nações envolvidas ainda não modificaram suas posturas em relação aos interesses no continente, ainda podemos resumir tal interesse
em três principais categorias: estratégico, científico e econômico.
Interesse estratégico
O mundo atual vive fases turbulentas em vários pontos dos cinco continentes, mas, ainda assim, o livre acesso a passagens
críticas de navegação é assegurado. E, por isso, o continente assume, além de tantos outros papéis, o de eminentemente estratégico.
A passagem entre os oceanos Atlântico e Pacífico pode ser efetuada pelo canal do Panamá, pelos pequenos canais do Oceano Ártico,
ou pelo estreito de Drake.
O canal do Panamá encontra-se comprometido, não sendo possível a passagem de grandes navios, em função do calado e
da largura dos navios modernos. Diante de tais circunstâncias, a passagem pelo estreito de Drake torna-se fundamental, tanto no
aspecto da estratégia militar como no econômico. Assim, a passagem de Drake, que separa a Antártica do continente sul-americano,
tem valor potencial como rota de navegação marítima, face à vulnerabilidade das demais.
Interesse científico
A condição do Brasil de país atlântico, situado, portanto, em área nas proximidades da região Antártica, e as influências dos
fenômenos naturais que aí ocorrem sobre o território nacional, já de início, mais do que justificam o histórico interesse de cientistas
brasileiros sobre o continente austral.
Além do quê, a pesquisa científica é a razão maior da presença brasileira na Antártica. Por desenvolver pesquisa de substancial
importância, o Brasil é membro pleno do SCAR e, com isso, tem direito a participar dos grandes projetos científicos globais,
desenvolvidos em parceria internacional na Antártica. A continuidade dessa pesquisa brasileira é condição essencial para que o país
mantenha sua condição de Membro Consultivo do Tratado da Antártica.
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O Programa Antártico Brasileiro promove de forma multidisciplinar e interinstitucional, pesquisas nas áreas de Ciências da
Atmosfera, Ciências da Terra e Ciências da Vida e, ainda, pesquisas na área tecnológica.
Várias disciplinas estão envolvidas na pesquisa antártica, de modo a englobar todos os conhecimentos necessários. Entre elas:
Matemática, Química, Física, Biologia, Português, Inglês, Direito e Diplomacia, Geografia, Medicina, Glaciologia, Meteorologia,
Telecomunicações, Astronomia e Astrofísica, Computação, Modelagem e Oceanografia.
A pesquisa antártica brasileira na área de Ciências Atmosféricas busca compreender a atmosfera antártica e sua influência
sobre o clima do Brasil. Esses estudos permitem também o acompanhamento de fenômenos atmosféricos de grande escala, como a
diminuição da quantidade do gás ozônio na atmosfera, conhecida como “buraco de ozônio”.
No domínio das Ciências da Terra são desenvolvidos projetos de Geologia, de Geofísica, Glaciologia e de Cartografia,
abrangendo áreas continentais e marinhas.
As investigações na área de Geologia buscam o conhecimento e a interpretação da placa tectônica antártica, dos fundos
marinhos e daquele que foi conhecido Continente Gondwana, que incluía a África, a América do Sul, a Austrália e a Antártica,
continentes que se separaram devido às forças geológicas que atuaram durante milhões de anos.
As pesquisas glaciológicas visam à caracterização físico-química do manto de gelo no presente e a relação desse gelo com as
condições ambientalistas atuais e no passado recente, possibilitando a reconstrução da história do clima na região.
No âmbito das Ciências da Vida, os estudos buscam desvendar os processos que regem a vida na Antártica, conhecer a
estrutura e dinâmica dos ecossistemas marinhos e terrestres e compreender a evolução e as adaptações dos organismos antárticos
às condições desse ambiente aparentemente tão adverso.
Na área tecnológica, o processo de corrosão de vários tipos de materiais diante da inclemência do clima, processos construtivos
em áreas de baixas temperaturas, habitabilidade e conforto, incluindo o acústico, para o homem que se dispõe a ocupar o espaço na
Antártica, entre outros.
O conhecimento gerado por essas pesquisas tem contribuído para a caracterização do ambiente antártico e de sua fragilidade,
assim como vem fornecendo importantes subsídios para a avaliação dos efeitos de mudanças globais sobre o ecossistema antártico
e mundial e nos ajuda a compreender processos geológicos, biológicos e hidrográficos importantes que ocorrem no Brasil.
Interesse econômico
Conforme mencionado anteriormente, as primeiras viagens nas imediações da Antártica foram movidas principalmente pelo
interesse econômico que a caça e a pesca despertavam: a Antártica foi uma verdadeira fábrica de óleo de baleias na primeira metade
do século XX.
Há ocorrência de vários minerais na Antártica, possivelmente até grandes reservas de petróleo, mas não há efetivamente
confirmação desse fato. Provavelmente, a Antártica oferece condições propícias à existência de grandes reservas minerais, pois ela
fazia parte de um supercontinente, a Gondwana, e em inúmeros fragmentos que se separaram dele foram encontrados minerais
importantes.
Uma riqueza, no entanto, não pode ser contestada: a imensa reserva de água doce que a Antártica representa.
Tal quantidade já tem despertado o interesse de algumas nações ricas em petróleo e pobres em água potável: árabes já se
mostram interessados em abrir empresas capazes de realizar o transporte desses enormes blocos de gelo (de água doce) até as
áreas carentes de recursos hídricos.
Porém, não só os recursos minerais têm despertado o interesse e a cobiça de várias nações. Também os recursos disponíveis
nos mares da Antártica têm sido motivo de estudos exploratórios, principalmente o krill, que conforme levantamentos internacionais,
existe em um número tão grande no oceano antártico quanto o peso total da humanidade, ou seja, se todo o estoque de krill fosse
capturado, cada homem ganharia uma sacola com o equivalente ao seu próprio peso.
O escasseamento de recursos não renováveis nos demais continentes será provavelmente o incentivo necessário ao desenvolvimento
de tecnologia que possibilite a exploração dos recursos de forma racional e ecologicamente correta, porém, somente às nações que incentivam
as atividades de pesquisa será possível usufruir de forma limpa e sustentável dos recursos disponíveis na Antártica.

Interesse específico brasileiro


Para os pesquisadores com atividades na Antártica, é comum receber questionamentos quanto aos interesses do Brasil na
região, sendo tal questionamento seguido de afirmações do tipo: por que investir na Antártica se não conseguimos resolver ainda
nossos problemas internos?
O Brasil, assim como os demais países do Tratado Antártico, possui interesses nos aspectos estratégico, econômico e
científico, conforme vimos anteriormente, embora, pela proximidade do continente, muitas vezes esses aspectos sejam bem
delineados, como por exemplo, nas pesquisas meteorológicas, em que a previsão antecipada de frentes frias traz contribuições
consideráveis para a agricultura, mesclando o interesse científico com o econômico. É conhecido, por exemplo, o fenômeno da
‘friagem’ da Amazônia, uma queda acentuada de temperatura resultante da chegada, até a linha do equador, de frentes oriundas de
grandes invasões de massa polar através do continente sul-africano.
De modo geral, podemos resumir o interesse da participação do Brasil na Antártica nos seguintes itens:
a) situação geográfica do Brasil, no tocante ao continente antártico, sujeito o país, diretamente e constantemente, a fenômenos
meteorológicos e oceanográficos que lá têm sua origem;
b) há indícios muito significativos da existência de imensas reservas de recursos minerais, tanto em solo antártico como em sua
plataforma continental;
c) as águas antárticas sustentam fauna marinha abundante, passível de exploração em grande escala;
d) a intensificação do tráfego marítimo internacional pelas rotas do Cabo e dos estreitos de Drake e de Magalhães, com reflexos
ponderáveis nas águas jurisdicionais brasileiras; e
e) o interesse cada vez maior da comunidade internacional quanto à Antártica, com implicações decisivas nas relações entre Estados
e no Direito Internacional.
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Metade da nossa costa é atingida pelos ventos da região, e as correntes marinhas trazem recursos vivos, nutrientes e oxigênio
para o nosso litoral. E até a vantagem da sobrevivência: a Região Sul de nosso país depende muito da região Antártica; grande parte
de nosso pescado é influenciado pelas massas de água provenientes do oceano austral. Podemos ainda acrescentar que o Brasil tem
certos compromissos e vantagens, como intercâmbios científicos, tecnológicos e comerciais, havendo o interesse político internacional
de boas relações entre países com os mesmos objetivos.

Proantar: o programa antártico brasileiro


A Antártica é a região do Planeta mais sensível às mudanças globais e o termômetro da saúde do Planeta. É lá que percebemos
primeiro as alterações que ele vem sofrendo. O Continente Antártico detém 90% do gelo e 70% da água doce da Terra e riquezas
minerais incalculáveis. O vasto manto de gelo antártico é o principal sorvedouro do calor terrestre e tem um papel essencial no sistema
climático global. Controla as circulações atmosféricas e oceânicas no Hemisférico Sul, e a formação de água fria de fundo dos oceanos.
Compreender como funciona a Antártica ajuda-nos a compreender como funciona o planeta e permite-nos acompanhar as mudanças
que ele vem sofrendo.
Por ser guardiã da história climática do Planeta, somente a Antártica pode nos fornecer dados suficientes e em resolução
adequada para prever as mudanças futuras. Conhecer melhor e monitorar o meio ambiente antártico é fundamental para a construção
de cenários futuros e o Brasil tem contribuído, em muito, na construção desse conhecimento. Há 26 anos, o País realiza pesquisa
substancial na Antártica, tendo, por exemplo, uma das séries mais longas de monitoramento climático na região.
Por ser parte integral do sistema ambiente global, a região antártica não só exporta sinais climáticos, afetando o clima global,
mas também importa sinais climáticos globais, sofrendo suas consequências. Os crimes ambientais cometidos no planeta são
refletidos na Antártica, sobretudo os da América do Sul. Nos últimos anos, passou a ser também motivo de grande preocupação o
impacto das atividades humanas no meio ambiente antártico. Essa preocupação concretizou-se na formulação, em 1991, do Protocolo
ao Tratado da Antártica sobre Proteção ao Meio Ambiente, o Protocolo de Madri, que entrou em vigor em 1998. O monitoramento do
impacto ambiental das atividades brasileiras na Antártica é um compromisso assumido pelo Governo ao ratificar o Protocolo de Madri.
A Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, CIRM, implementou em janeiro de 1982, o PROANTAR, o Programa
Antártico Brasileiro que se baseia na Política Nacional para Assuntos Antárticos, POLANTAR, e realiza pesquisas na região desde
1983, o que proporcionou ao País a possibilidade de tornar-se membro pleno do Tratado da Antártica, que reúne um grupo seleto de
países responsáveis pelo futuro do Continente Branco. O Programa Antártico Brasileiro é resultado da soma de esforços de diversos
órgãos do governo federal, reunidos pela CIRM. Fazem parte da Comissão os Ministérios da Defesa, das Relações Exteriores, do
Meio Ambiente, da Ciência e Tecnologia, das Minas e Energia, da Educação, entre outros.
Ao MD, cabe a responsabilidade pelo apoio logístico à realização da pesquisa. É na Marinha do Brasil que está instalada a
secretaria da CIRM. É também a MB a responsável pela manutenção da Estação Antártica Brasileira Comandante Ferraz (EACF) e
do Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel (NApOc Ary Rongel). A Aeronáutica participa com a disponibilização de aviões Hércules
para o transporte de pesquisadores, equipamentos e mantimentos.
O Ministério das Minas e Energia fornece, por meio da Petrobrás, todo material utilizado para as travessias e para geração de
energia na Estação, nos refúgios e nos acampamentos onde são realizadas as investigações. O Ministério das Relações Exteriores
responde pela interlocução com os demais países membros do Tratado da Antártica.
O Ministério da Ciência e Tecnologia é o responsável pelas diretrizes da pesquisa brasileira realizada no âmbito do PROANTAR
e a execução da pesquisa é de responsabilidade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).15
Cabem ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) a avaliação e o monitoramento dos impactos causados pelas atividades brasileiras na
Antártica, garantindo que seja mínimo o impacto da presença humana na região e cuidando para que a Antártica continue preservada.
A partir de 2002, o MMA passou a contribuir, também, no fomento à pesquisa, com a indução do projeto ambiental Mudanças
Ambientais na Antártica: impactos global e local. Esse projeto envolveu duas grandes redes de pesquisa, uma com o objetivo de
avaliar os efeitos das mudanças ambientais globais percebidas na Antártica e seu impacto no território brasileiro e outra para realizar
diagnóstico para monitoramento ambiental na Baía do Almirantado.

A presença do Brasil na Antártica


O Brasil concentra suas atividades na Península Antártica, assim como grande parte dos países que desenvolvem pesquisas
naquele continente. Isso se justifica em função de essa região apresentar condições climáticas mais amenas e por ser geograficamente
mais acessível. A Península é a única massa continental que está fora do limite do Círculo Polar Antártico, tem sua extremidade no
paralelo de 63º S e é banhada pelos mares de Weddel e de Bellingshausen.
A Península é de formação vulcânica ainda ativa, e teve uma demonstração dessa afirmação em 1967, com a erupção do
vulcão na Ilha Decepcion, ocasionando o soterramento de uma base chilena, abandonada desde então. Em 1978, o vulcão volta a
agitar-se, dessa vez sem maiores consequências.
Da Península Antártica, interessa-nos particularmente, as Ilhas Rei George, Elefante e, em menor escala, a Ilha Nelson, visto
que as edificações brasileiras se encontram nessa região.
O PROANTAR tem se dedicado também ao estudo do estado do meio ambiente na Baía do Almirantado e ao desenvolvimento
de programa de monitoramento de longo prazo, que foi considerado modelo para outros países que atuam na área do Tratado da
Antártica.
Além disso, cada vez mais cientistas brasileiros têm estudado outras áreas marinhas, terrestres e atmosféricas, através de
participação em programas científicos internacionais com outros países que conduzem seus programas Antárticos em outras regiões,
seja em Estações de Pesquisa, seja em navios.

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Navios antárticos brasileiros
Os navios brasileiros empregados em pesquisas e apoio logístico na Antártica são fatores essenciais ao sucesso e a
consolidação do Programa Antártico Brasileiro. Em 1986, o Navio Oceanográfico Professor Besnard fez a última de suas seis viagens
à Antártica. O Navio Oceanográfico Almirante Câmara realizou duas importantes expedições de caráter geofísico. O Navio
Oceanográfico Almirante Álvaro Alberto realizou uma expedição de apoio logístico.
O lendário Navio Polar Barão de Teffé, depois de 13 comissões antárticas foi substituído, em 1994, pelo Navio de Apoio
Oceanográfico Ary Rongel (NApOc Ary Rongel), que presta até hoje apoio logístico à EACF, aos refúgios e acampamentos, realizando
pesquisas oceanográficas nos mares austrais e transportando pesquisadores para as regiões mais afastadas onde realizam seus
trabalhos.
A Marinha do Brasil incorporou no ano de 2009, transferido da Alemanha, o Navio Polar Almirante Maximiano (NPo Almirante
Maximiano), para que com o NApOc Ary Rongel, possam em conjunto continuar os trabalhos, apoiando o Programa Antártico
Brasileiro.
Estação antártica brasileira Comandante Ferraz
A estação brasileira foi instalada no verão de 1984, quando o Navio de Apoio Oceanográfico Barão de Teffé transportava os
oito módulos que constituíram o início da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), inaugurado no dia 6 de fevereiro de 1984 e
que contava com casa de motores, dormitórios, cozinha, refeitório, equipamentos de radiocomunicação e sistema de aquecimento de
neve e gelo para abastecimento de água, aproveitando o calor dos gases de descarga dos motores geradores.
Hoje, a Estação Ferraz não é mais modular e possui compartimentos de dimensões variadas, construídos em aço carbono
corrugado. Além de camarotes, banheiros e alojamentos que podem acomodar até 58 pessoas, a estação dispõe de sala de
estar/jantar e copa/cozinha, biblioteca e sala de computadores, enfermaria e pequeno centro cirúrgico, sala de ginástica e oficinas de
veículos, despensa e lavanderia. Há 13 laboratórios destinados às ciências biológicas, atmosféricas e químicas. E há, ainda, módulos
de apoio logístico à estação em construções separadas do conjunto principal.
Tanques de combustíveis abastecem veículos tais como, tratores, motos de neve, quadrículos, lancha, botes e balsa e os
geradores que fornecem energia a estação. Os mantimentos (alimentos e bebidas) e os produtos de limpeza são armazenados para
o consumo de um ano. O sistema de comunicação de Ferraz é bastante eficaz e se constitui de telefone, rádio, internet e mesmo
correio, já que os voos de apoio transportam malas postais.
O serviço postal, no entanto, embora mantenha seus charmes para os missivistas e sua utilidade para os filatelistas, perdeu
terreno, como em toda parte, para a internet. Os computadores da sala de informática, ligados ininterruptamente à rede mundial,
permitem comunicação mais ágil, fornecendo aos pesquisadores excelente ferramenta de trabalho.
Operação Antártica
O trabalho do Programa Antártico Brasileiro é dividido em operações anuais para efeito de sistematização. O ano antártico
contempla o verão e invernos austrais, o primeiro de outubro a fevereiro, e o segundo de março a setembro. Cada operação antártica
tem início em outubro, com a saída do NApOc Ary Rongel do porto do Rio de Janeiro, levando pessoal e suprimentos. Vão, no navio,
os pesquisadores que farão coletas de dados ou observações científicas ao longo da viagem, além dos militares que darão apoio à
pesquisa científica, membros do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro que anualmente fazem a manutenção da estação e,
obviamente, a tripulação do navio.
Os suprimentos são os necessários para reabastecimento da Estação Ferraz, equipamentos científicos, combustíveis para
abastecimento da EACF, das embarcações e aeronaves. Do Rio de Janeiro, o Ary Rongel segue até a cidade de Rio Grande/RS,
onde está instalada a Estação de Apoio Antártico (ESANTAR), para embarque de equipamentos científicos e dali segue para o
arquipélago das Shetlands do Sul, fundeando na enseada Martel, na Baía do Almirantado, Ilha Rei George, onde está instalada a
Estação Ferraz. Pessoal e equipamentos são levados à estação por meio de bote, lancha ou helicóptero.
O outro meio de acesso a Ferraz é por um dos voos anuais realizados em avião Hércules C-130, da Força Aérea Brasileira.
No período do verão austral são realizados quatro voos, que têm início no Rio de Janeiro, com escalas em Pelotas e Punta Arenas, e
seguem até a Base Presidente Eduardo Frei Montalva (chilena), que é provida de um campo de pouso para aeronaves e se situa na
mesma ilha da estação brasileira. O percurso entre Frei e Ferraz se faz em meia hora de helicóptero ou três horas de navio. Os voos
permitem a substituição de pesquisadores, possibilitando a realização de maior variedade de pesquisas.
No inverno, os voos de apoio das aeronaves da aeronáutica levam suprimentos para reabastecimento da Estação e fazem
lançamento de carga na área da estação, com o uso de paraquedas, tendo em vista a dificuldade de acesso à estação nessa época
do ano. A técnica desenvolvida pelas equipes da FAB lhes permite lançar material, gêneros e equipamentos, às vezes frágeis, com
grande precisão e segurança. Consta que até caixas de ovos chegam ao solo com todos os ovos inteiros.
No mês de março, o Ary Rongel volta ao Brasil, trazendo os dez militares que durante um ano permaneceram na Antártica,
eventualmente alguns pesquisadores, equipamentos e amostras coletadas, assim como os resíduos produzidos por brasileiros na
área do Tratado da Antártica.
Os cientistas prosseguem em suas pesquisas, agora em laboratórios no Brasil, enquanto a parte administrativa do Programa
Antártico Brasileiro cuida da preparação da operação seguinte, em áreas tão diversas como acordos de cooperação internacional,
busca de recursos e inclusão do PROANTAR no orçamento da União, manutenção do navio e aeronaves, avaliação e seleção de
projetos.
O tratado da Antártica - o que é um tratado
É a mais importante fonte do Direito Internacional Público (DIP) estabelecendo parâmetros de convivência entre os povos;
podem ser firmados entre Estados ou entre estes e Organizações Internacionais. Segundo Hidelbrando Accioly, é o ato jurídico por
meio do qual se manifesta o acordo de vontades entre duas ou mais pessoas internacionais.

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Requisitos de validade de um tratado
São requisitos para validade de um tratado, o objeto lícito e possível; capacidade das partes; partes hábeis (habilitação);
consentimento (maioria de 2/3 nos tratados multilaterais); forma escrita; composição preâmbulo (finalidade e identificação das partes)
e dispositivo (direitos e deveres dos participantes em artigos, partes, seções ou capítulos) e idioma (hoje em dia é livremente escolhido
pelos co-partícipes, mas até 1919 a língua oficial era o francês ou o latim).

A Conferência de Washington e o Tratado Antártico


Em 1959, em parte como fruto do considerável volume de atividades proporcionadas pelo AGI e de novas considerações
políticas surgidas a partir dessas atividades, como o risco de militarização do continente, foi convocada a conferência de Washington,
com vista a estabelecer um regime internacional para a Antártica. Os 12 países que estabeleceram bases antárticas durante o AGI
foram convidados a participar da conferência: África do Sul, Argentina, Austrália, Bélgica, Chile, Estados Unidos, França, Japão,
Noruega, Nova Zelândia, Reino Unido e União Soviética.
A conferência, realizada em outubro de 1959, foi precedida de aproximadamente um ano de trabalhos preparatórios. As
reuniões preparatórias foram feitas secretamente, sob a condução de representante dos Estados Unidos, que também presidiria a
conferência. Alguns pontos foram arduamente negociados, como regras de acessão de novos Estados ao tratado, liberdade de
pesquisa científica, propostas de internacionalização do continente sob as Nações Unidas, reivindicações territoriais e possibilidade
de criação de uma burocracia internacional para lidar com o tema.
O documento, assinado em 1° de dezembro de 1959 e posto em vigor em 1961, exigiu flexibilidade e criatividade por parte dos
negociadores, e seu resultado é com frequência considerado uma obra-prima em termos de ambiguidade. O tratado não resolve a
questão territorial, apenas a congela. Outros temas que dependeriam da solução da questão territorial, como a jurisdição no continente,
também são enfocados de maneira ambígua. Já a exploração de recursos minerais não é regulamentada pelo texto adotado em 1959.
As alternativas ao tratado seriam a criação de uma organização com traços supranacionais ou a ausência de um regime, ambas
obviamente indesejadas pelos países participantes. Apesar de estar longe de ser um instrumento jurídico perfeito, o tratado provou
sua efetividade ao longo de seus mais de 40 anos de existência, como mecanismo adequado para abrigar uma série de regimes mais
específicos sobre diferentes temas.

Elementos do sistema do tratado antártico


Além dos doze membros originais, 33 países aderiram ao tratado, desde 1961: Polônia (1961), República Tcheca (1962),
Eslováquia (1962), Dinamarca (1965), Holanda (1967), Romênia (1971), Alemanha (1974), Brasil (1975), Bulgária (1978), Uruguai
(1980), Papua Nova Guiné (1981), Itália (1981), Peru (1981), Espanha (1982), República Popular da China (1983), Índia (1983),
Hungria (1984), Suécia (1984), Finlândia (1984), Cuba (1984), República da Coréia (1986), Grécia (1987), República Democrática e
Popular da Coréia (1987), Áustria (1987), Equador (1987), Canadá (1988), Colômbia (1989), Suíça (1990), Guatemala (1991), Ucrânia
(1992), Turquia (1996), Venezuela (1999) e Estônia (2001).
Desde então, 15 países obtiveram status como Parte Consultiva, entre os quais o Brasil, passando a ter plena participação
nas ATCMs, junto aos países signatários originais a partir de seus pontos fundamentais, uso exclusivamente pacífico do continente,
liberdade de pesquisa científica, congelamento das questões territoriais: o tratado evoluiu em um complexo conjunto de regras e
instrumentos que lidam com os mais diversos temas, dando origem ao que hoje é conhecido como Sistema do Tratado da Antártica (STA).
O tratado não instituiu nenhum órgão permanente, tampouco criou organização internacional, mas estabeleceu que as partes
se reunissem frequentemente nas reuniões das Partes Consultivas (ATCMs). O funcionamento das ATCMs pode ser comparado a de
um corpo legislativo, um órgão de tomada de decisões por consenso. Nas reuniões, somente as Partes Consultivas têm papel ativo,
com direito a voto, enquanto os demais convidados, inclusive Partes não-Consultivas, restringem-se ao papel de observadores,
podendo, no entanto, distribuir documentos informativos aos demais.
A partir de meados dos anos 90, também representantes de ONGs e organismos especializados da ONU participaram das
reuniões como observadores, e ocasionalmente, até mesmo alguns países não signatários. A agenda das reuniões é definida
preliminarmente na reunião anterior; não são realizados trabalhos preparatórios, embora com frequência sejam estabelecidos grupos
de trabalho por correspondência para discussão de temas pontuais.
As decisões das ATCMs são tomadas por meio de medidas. Tais instrumentos entram em vigor apenas após a sua aprovação
ou ratificação, por todas as Partes Consultivas, de acordo com suas respectivas normas de direito interno.
Além das medidas, as partes podem adotar, nas ATCMs, decisões, referentes a aspectos de organização interna, e resoluções,
textos exortativos ali adotados. Ambos os instrumentos não têm caráter jurídico vinculante, ou seja, não impõem novas obrigações
aos Estados Partes e têm efetividade imediatamente a partir de sua adoção.
Um levantamento dos instrumentos adotados pelas reuniões consultivas de 1961 a 2006 demonstra notável predomínio de
tópicos ambientais, mesmo sobre questões relativas à cooperação científica – tema consagrado no tratado. Além da preservação
ambiental, esses instrumentos dispõem sobre cooperação e facilitação para pesquisa científica, inclusive troca de dados e intercâmbio
de pessoal, questões administrativas e operativas, designação de locais de interesse histórico, transporte e logística, exploração de
recursos naturais, telecomunicação e serviços postais, troca de informações, atividades turísticas e não-governamentais, cooperação
em meteorologia e hidrografia, entre outros.
O predomínio das questões ambientais na agenda ocorre desde as primeiras ATCMs, antes, portanto, da ascensão, verificada
nos anos 80 e 90, do interesse internacional pelo meio ambiente. A consolidação da preocupação ambiental nas ATCMs levou à
assinatura e à entrada em vigor de novos três acordos específicos sobre o tema, como mecanismos de proteção, além dos já existentes
da Comissão Internacional da Baleia (1946) e do documento Medidas de Conservação da Flora e Fauna (1964): a Convenção para a
Conservação das Focas Antárticas, CCAS (1972), Convenção para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos, CCAMLR
(1980) e o Protocolo ao Tratado da Antártica de Proteção ao Meio Ambiente Antártico, Protocolo de Madri (1991).
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O Protocolo de Madri - IMPORTANTE!
Foi na revisão do Tratado da Antártica, em 1991, 30 anos após esse ter entrado em vigor, que o meio ambiente antártico se
tornou aspecto prioritário. Mudou-se o foco de interesse na Antártica. Em vez de se discutir como dividir a Antártica, passou-se a
estudar maneiras de preservá-la. Foi, então, criado um Protocolo ao Tratado da Antártica sobre Proteção ao Meio Ambiente, Protocolo
de Madri. A Antártica foi, então, designada uma reserva natural dedicada à paz e à ciência.
O Protocolo de Madri, que entrou em vigor em 1998, substitui e amplia as Medidas Acordadas para a Conservação da
Fauna e Flora Antárticas, anteriormente adotadas pelas partes do tratado, proporcionando proteção ambiental a toda a região antártica.
O Protocolo recomenda que todas as atividades na Antártica sejam realizadas de maneira a reduzir ao mínimo o impacto da
presença humana na região. Para atingir esse objetivo, estabeleceu princípios, procedimentos e obrigações que devem ser seguidos
na execução de pesquisas científicas, no apoio logístico às estações antárticas, e nas atividades de turismo, visando à proteção da
flora e da fauna da região. Impõe, também, rigorosas regras e limitações à eliminação de resíduos e medidas preventivas contra a
poluição marinha. Requer a aplicação de procedimentos para avaliação do impacto ambiental das atividades desenvolvidas na região,
inclusive aquelas não-governamentais.
As atividades a serem realizadas na área do Tratado da Antártica deverão ser planejadas e executadas de forma a limitar os
impactos negativos sobre o meio ambiente antártico e os ecossistemas dependentes e associados. Devem ser preservados os valores
intrínsecos da Antártica, inclusive suas qualidades estéticas, seu estado natural e seu valor como área destinada à pesquisa científica,
especialmente à pesquisa essencial à compreensão do meio ambiente global.
A responsabilidade de velar pelo cumprimento das regras de proteção ambiental não é só dos Estados e Partes Consultivas
do Sistema do Tratado da Antártica, mas sim de todos os visitantes que adentrem aquele frágil continente e seus oceanos adjacentes.
O Protocolo de Madri suplementa o Tratado da Antártica, declarando a área abaixo do paralelo 60º Sul “reserva natural,
dedicada à paz e à ciência” (artigo II).
A proteção do meio ambiente e a importância da Antártica como laboratório privilegiado para pesquisas científicas são
afirmados como valores fundamentais para quaisquer considerações ou atividades no continente, que devem ser planejadas e
conduzidas de forma a evitar impacto ambiental, priorizando a pesquisa científica (artigo III).
O protocolo se aplica tanto a atividades governamentais como não-governamentais.
O artigo VII proíbe “qualquer atividade relacionada a recursos minerais, salvo pesquisa científica” por tempo indefinido,
enquanto o protocolo estiver em vigor.
De acordo com o artigo XXV, de forma semelhante ao que já havia sido estipulado no tratado, após cinquenta anos da entrada
em vigor do protocolo (em 2048, portanto), qualquer Parte Consultiva pode solicitar uma conferência para sua revisão. Dessa
conferência participarão todos os países contratantes do Tratado da Antártica e as decisões serão tomadas por maioria, desde que
essa inclua três quartos das 26 Partes Consultivas existentes à época da entrada em vigor do protocolo. Até lá, a única forma de
emendar ou modificar o acordo é por consenso e ratificação de todas as Partes Consultivas.
Os cinco anexos do protocolo, do qual são parte integral, especificam as normas de proteção ambiental. O anexo I, sobre
avaliação de impacto ambiental, estabelece que atividades com impacto ambiental pequeno ou transitório podem ser realizadas
livremente na Antártica, desde que propriamente avaliadas pelos procedimentos específicos de cada país. Se o impacto não for
considerado pequeno ou transitório, o anexo estabelece uma série de procedimentos para a avaliação do impacto ambiental da
atividade.
O anexo II estabelece normas de proteção a fauna e flora antárticas. Entre outras medidas, proíbe: matar, manejar, capturar,
molestar ou ferir quaisquer animais; retirar plantas em grandes quantidades; perturbar a concentração de animais com máquinas e
equipamentos; introduzir espécies não-nativas (inclusive cães, retirados completamente do continente em 1994), salvo em situações
de emergência ou explicitamente permitidas por autoridade competente.
O anexo estende sua proteção a invertebrados e restringe a importação de animais vivos para consumo.
A disposição e o manejo de dejetos é o objeto do anexo III, que estabelece procedimentos para disposição, armazenamento e
remoção de dejetos de forma a minimizar o impacto ambiental das atividades humanas no continente.
O anexo IV estabelece normas bastante específicas para prevenção de poluição marítima.
O mais extenso é o anexo V, que estabelece o regime de áreas protegidas da Antártica, proibindo, restringindo ou gerenciando
de acordo com Planos de Gerenciamento adotados sob a égide do anexo. O regime divide as áreas protegidas em duas categorias:
Áreas Especialmente Protegidas (ASPA), onde é proibida a entrada, salvo permissão especial, e Áreas Especialmente Gerenciadas
(ASMA), locais de interesse histórico ou impacto ambiental acumulativo, onde é permitida a entrada, respeitando o estabelecido pelo anexo.
A criação de ASPAS e ASMAS é decidida pelas ATCMs, mediante apresentação de Plano de Gerenciamento Detalhado. O
Protocolo de Madri cria mais um órgão no STA, o Comitê para Proteção Ambiental (CEP), do qual fazem parte todas as Partes do
Protocolo. O CEP se reúne paralelamente às ATCMs e sua função é formular recomendações em relação à aplicação do protocolo
para apreciação das ATCMs. É órgão consultivo, sem poder de decisão, que tem por finalidade monitorar a aplicação do protocolo,
avaliar potenciais riscos ao meio ambiente antártico e sugerir medidas de conservação.
Em 2000, as Partes Consultivas se encontraram em reunião consultiva especial para apreciar o primeiro relatório do CEP e
adotar suas recomendações.
O artigo XIX prevê a criação de um Tribunal Arbitral para resolução de controvérsias quanto à aplicação do protocolo. Caso
uma disputa não seja resolvida bilateralmente em um ano de consultas, essa deve ser encaminhada ao Tribunal Arbitral ou à Corte
Internacional de Justiça (CIJ). Pelo artigo XX, questões referentes ao artigo IV do Tratado da Antártica (o imbróglio territorial) não são
de competência do Tribunal Arbitral, nem da CIJ. Ao depositar a ratificação do protocolo, as partes devem especificar a qual dos dois
mecanismos de solução de controvérsia se submetem. O Tribunal Arbitral prevalece como fórum caso tenham sido escolhidos
diferentes mecanismos.

- 191 -
O Tribunal é formado por três árbitros, provenientes de lista permanente, cada parte na disputa escolhe um árbitro, nacional
de seu país; o terceiro árbitro, e presidente do tribunal, é escolhido em conjunto.
O Protocolo de Madri trouxe considerável avanço institucional, mas não é visto como inovação, dado que suas normas derivam
de recomendações anteriores das ATCMs, mas, ao entrar em vigor em 1998 e banir a exploração de recursos minerais, o protocolo
consolidou tendência já registrada ao longo das ATCMs: a preservação ambiental e a cooperação científica como principais
orientadores das atividades humanas ao sul do paralelo 60º.

Áreas antárticas especialmente protegidas ou gerenciadas


Embora o Protocolo de Madri assegure proteção global ao continente antártico, o Sistema do Tratado da Antártica considera
que, por razões científicas, ambientais ou históricas, certas áreas devem ter proteção especial. Dessa forma, o protocolo define duas
categorias de áreas protegidas:
Cuidados com o meio ambiente

• Áreas Antárticas Especialmente Protegidas (ASPA)


Essas áreas protegidas podem ser propostas por qualquer país membro do Tratado Antártico, pelo Comitê Científico
Internacional para Pesquisas Antárticas (SCAR) ou pela Convenção para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos Antárticos
(CCAMLR), que pertencem ao Sistema do Tratado Antártico. Cada área deve ter um Plano de Gerenciamento, com informações sobre
valores, atividades de gerenciamento, descrição da área, código de conduta, sítios de especial interesse, regras e procedimentos que
devem ser seguidos por todos os visitantes. Qualquer parte tem condições de realizar atividades dentro dessas áreas, sempre que
conte com a permissão correspondente.

• Áreas Antárticas Especialmente Gerenciadas (ASMA)


É uma categoria destinada a administrar regiões por intermédio de um plano de gerenciamento apropriado, nas áreas que
coexistem atividades de muitas nações, a fim de evitar impactos cumulativos, conflitos de interesse, proteger valores e atividades
científicas e aumentar a cooperação entre as nações que operam na área. Para ingressar em uma ASMA, não há necessidade de
permissão.

Atividades que requerem permissão especial


• Utilização de substâncias radioativas para fins científicos.
• Retirada ou intromissão de espécies antárticas.
• Introdução de espécies não autóctones ao continente antártico.
• Ingresso em Áreas Antárticas Especialmente Protegidas.

Atividades proibidas
• Explosões nucleares e lançamento de lixo ou resíduos radioativos.
• Qualquer atividade relacionada com recursos minerais, exceto a de pesquisa científica.
• Descarga de óleo ou misturas oleosas, substância líquida nociva, material plástico ou qualquer outra forma de lixo no mar; restos de
comida só podem ser eliminados no mar se devidamente triturados ou moídos. 27
• Introdução quer em terra, quer nas plataformas de gelo, quer nas águas da área do Tratado da Antártica, de qualquer espécie animal
ou vegetal que não sejam autóctones da área do tratado, salvo quando objeto de licença.
• Qualquer interferência nociva à fauna e à flora nativas, exceto quando objeto de licença. Essas incluem: voos ou aterrissagens de
helicópteros ou outras aeronaves que perturbem as concentrações de aves e focas; perturbação deliberada, por pedestres, de aves
em fase de reprodução ou muda, ou das concentrações de aves ou focas; danos significativos às concentrações de plantas terrestres
nativas em decorrência de aeronaves, condução de veículos ou pisoteio; qualquer atividade que ocasione modificação desfavorável
significativa ao habitat de qualquer espécie ou população de mamíferos, aves, plantas ou invertebrados nativos.
• Resíduos que não tiverem sido removidos ou eliminados, mediante remoção ou incineração, não serão eliminados em áreas
desprovidas de gelo ou em sistemas de água doce.
• Introdução de difenis policlorados (PCBs), isopor ou pesticidas, exceto para fins científicos, médicos ou higiênicos.
• Ingresso nas Áreas Antárticas Especialmente Protegidas (ASPas) sem permissão prévia.
• Dano, remoção ou destruição de sítios ou monumentos históricos.
• Queima de resíduos ao ar livre.
Obrigações
• A quantidade de resíduos produzidos ou eliminados será reduzida, tanto quanto possível, de maneira a minimizar seu impacto sobre
o meio ambiente antártico.
• Armazenamento, eliminação e retirada dos resíduos da área do tratado, assim como sua reciclagem e sua redução na fonte, serão
considerações essenciais no planejamento e na execução de atividades na Antártica.
• Os resíduos removidos da Antártica serão, tanto quanto possível, devolvidos ao país que tiver organizado as atividades que geraram
esses resíduos.
• Os sítios antigos e os atuais de eliminação de resíduos em terra, assim também os sítios de trabalho de atividades antárticas
abandonados deverão ser limpos por quem houver gerado os resíduos.
Como cuidamos do meio ambiente na Estação Antártica Comandante Ferraz
A própria presença do ser humano na antártica já causa impacto no ambiente. Para minimizá-lo, são tomados todos os cuidados
possíveis. Essa ação do PROANTAR tem obtido tanto sucesso que já mereceu elogio do Greenpeace e o reconhecimento
internacional.
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O Brasil tem adaptado suas atividades às regulamentações do Protocolo de Madri, estando na vanguarda dos fatos, pelo
exemplar manejo ambiental na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), e por ter apresentado, em conjunto com a Polônia, o
Peru, os Estados Unidos e o Equador, proposta que considera a Baía do Almirantado, a primeira Área Antártica Especialmente
Gerenciada (AAEG). O propósito da AAEG é assegurar o planejamento e a coordenação das atividades em uma área específica,
reduzindo possíveis interferências e promovendo a cooperação entre as Partes Consultivas do Tratado da Antártica, minimizando o
impacto ambiental.
As ações de conservação ambiental são pautadas por atitudes sistematizadas quanto a dejetos, condutas, etc.
• Lixo - o lixo produzido na EACF é transportado de volta ao Brasil ou destruído no local, o que minimiza os resquícios da atividade
humana no ambiente.
Papel e metal são pressionados e acondicionados em caixas de marfinite, o vidro também é acondicionado em caixas. O lixo orgânico
é queimado e as cinzas resultantes são transportadas para o Brasil. Na saída do incinerador para a atmosfera há filtros para amenizar
o impacto no ambiente externo. Óleo queimado e compostos químicos são colocados em galões e levados de volta ao país. O
mesmo ocorre com os resíduos sólidos do esgoto.
• Esgoto - o sistema de esgoto de Ferraz é um sistema secundário, que aparentemente é suficiente para manter minimamente a
interferência nas condições naturais do ecossistema circundante.
O esgoto proveniente dos vasos sanitários é recolhido por um encanamento revestido de isolantes térmicos, que consistem
em espuma, além de resistência elétrica, o que evita que o esgoto se congele. No verão, a resistência elétrica é desligada e o esgoto
é recolhido em um sistema de quatro fossas, que são divididas em três partes, correspondentes a três etapas de tratamento:
decantação, decomposição e depuração.
A caixa de gordura é mantida aquecida também por resistência elétrica e é esvaziada, regularmente, pelo Grupo Base. O
aquecimento da fossa consiste em resistência elétrica e, também, em tubulação com água proveniente da caldeira, com temperatura
de 30 a 35º C, o que ajuda na decomposição e impede que o esgoto se congele. Preferencialmente, o aquecimento é mantido pela
água quente, mas caso seja necessário, há um termostato que aciona a resistência elétrica.
A fossa é esvaziada anualmente na troca de equipes e o conteúdo colocado em sacos plásticos e em caixas de marfinite e
levados para o Brasil. As águas restantes são filtradas em filtros de brita. Há um coletor, após todo o processo, para verificar a
eficiência do tratamento. Após todo este processo, as águas são finalmente lançadas em um emissário próximo à costa (20 m de
distância), a pouca profundidade.
• Óleo - a estação contém 17 tanques de óleo interligados. São consumidos 320 mil litros por ano. Durante 12 meses (com término
em fevereiro), é consumido o conteúdo dos 17 tanques que começam a ser reabastecidos com a chegada do navio, em novembro.
O abastecimento, a partir do navio, é feito por uma chata de óleo que também possui paredes duplas, onde são colocados
protetores embaixo da mangueira para evitar que o óleo derrame em caso de vazamento. Durante todo o ano, mesmo no inverno,
quando o gelo tem de ser escavado, o nível do óleo é medido nos tanques para se certificar de que não há vazamento.
É o óleo que mantém viva a Estação. Ele é utilizado para gerar energia e para aquecer a água. O resultado da queima do óleo
é liberado para a atmosfera por dois exaustores localizados atrás do módulo. A cada mês as pastilhas do catalisador (filtro) são
trocadas.
• Plano de emergência - O Programa Antártico Brasileiro possui um plano de emergência para contenção de óleo em caso de
derramamento acidental. O material a ser utilizado consiste em acessórios flutuantes para segurar um cordão contendo material
absorvente. Esse material é levado por botes até o local afetado e com ele a mancha de óleo é contornada, buscando absorver o
óleo e evitando que ele se espalhe. O Grupo base recebe treinamento para efetuar tal operação.
• Mentalidade ambiental - parte do treinamento antártico é a incorporação de uma mentalidade ambiental. As Operações Pente Fino,
quando todos os que estão na Estação fazem um mutirão para coletar qualquer lixo encontrado nos arredores da Estação, servem
para alertar as pessoas do cuidado com o meio ambiente.
A separação do lixo e o cuidado com a Estação, que se aprende com os dias de serviço, são importantes para consolidar e
internalizar o valor de cuidar e a disseminar a conduta consciente no ambiente antártico.

Mecanismos de proteção
Esses mecanismos mudaram novamente o curso da história da Antártica e proporcionaram exemplos de verdadeiro sucesso
na recuperação de danos passados. O exemplo mais evidente foi a recuperação das populações de lobo-marinho, uma espécie
ameaçada de extinção e que, hoje, chega a ter problemas de superpopulação.
Assim, apesar de o ecossistema antártico ter sofrido perturbações ambientais no passado, provocadas pela pesca comercial e
pela caça a baleias e focas, das quais ainda se recupera, são ainda as estruturas menos modificadas, sob o ponto de vista ambiental,
de toda a superfície da Terra.
A caça comercial só cessou no final dos anos 60. Pressões crescentes levaram a IWC, em 1982, a determinar uma moratória
que passou a vigorar a partir de 1986. O Japão, alegando finalidades científicas, captura uma quota de baleias-minke e, recentemente,
de baleias-fin, com permissão especial da IWC, motivo de muita polêmica no mundo inteiro. As espécies sobrevivem, hoje, graças a
fortes pressões de grupos conservacionistas.

24.7 - Ações brasileiras voltadas para os recursos do mar


COMISSÃO INTERMINISTERIAL PARA OS RECURSOS DO MAR (CIRM) - POLÍTICAS, PLANOS E PROGRAMAS
No período de 1973 e 1982, o mundo discutia, em diversas conferências realizadas na Organização das Nações Unidas (ONU),
o Direito do Mar, quando então o Brasil, com a finalidade de fortalecer seus pleitos na ONU e, em paralelo, de coordenar assuntos
relativos à consecução de uma Política Nacional para os Recursos do Mar (PNRM), criou a CIRM, pelo Decreto nº 74557, de 12 de
setembro de 1974.
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Constituída, na época, por nove membros, hoje, devido a alterações na estrutura do governo e atribuição de novas tarefas, a
CIRM conta com a participação de quinze representantes de ministérios e instituições, coordenadas pelo Comandante da Marinha,
designado Autoridade Marítima.

A POLÍTICA NACIONAL PARA OS RECURSOS DO MAR (PNRM)


A PNRM, aprovada em 1980, atualizada pelo Decreto nº 5377, de 23 de fevereiro de 2005, tem por finalidade orientar o
desenvolvimento das atividades que visem à utilização, à exploração e ao aproveitamento efetivo de recursos vivos, minerais e
energéticos do Mar Territorial, da Zona Econômica Exclusiva e da Plataforma Continental, de acordo com os interesses nacionais, de
forma racional e sustentável para o desenvolvimento socioeconômico do País, gerando emprego e renda e contribuindo para inserção
social.

A POLÍTICA MARÍTIMA NACIONAL (PMN)


A PMN foi criada pelo Decreto nº 1265, de 11 de outubro de 1994, com a finalidade de orientar o desenvolvimento das atividades
marítimas do País de forma integrada e harmônica, visando a utilização efetiva, racional e plena do mar e de nossas hidrovias
interiores.

O PLANO DE LEVANTAMENTO DA PLATAFORMA CONTINENTAL (LEPLAC)


De acordo com os critérios estabelecidos pelo art. 76 da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM),
celebrado em Montego Bay, Jamaica, em 10 de dezembro de 1982, o governo brasileiro decidiu criar o LEPLAC, por meio do Decreto
nº 98145, de 15 de setembro de 1989, com o propósito de estabelecer o limite exterior da Plataforma Continental, no seu enfoque
jurídico, além das 200 milhas náuticas.
O LEPLAC iniciou seus trabalhos de campo em junho de 1987, com a primeira Comissão de Levantamento efetuada pelo Navio
Oceanográfico Almirante Câmara, da Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil. Deu por encerrada a coleta em 1996
ao longo de toda extensão da margem Continental Brasileira.
Com a conclusão do LEPLAC, o Brasil protocolou, no dia 17 de maio de 2004, a Proposta Brasileira de Limites da Plataforma
Continental na Comissão de Limites da Plataforma Continental da ONU. Nessa proposta, o Brasil tencionava incorporar cerca de 900
mil km2 ao seu território, totalizando, aproximadamente, 4,45 milhões de km2 de Plataforma Continental Jurídica Brasileira, uma área
equivalente a 52% de sua extensão terrestre. Desse total, foram aprovados 75%.

O PLANO NACIONAL DE GERENCIAMENTO COSTEIRO (PNGC)


O Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro foi instituído pela Lei nº 7661/88, no âmbito da CIRM e vinculado ao PNRM, com
o propósito de orientar a utilização racional dos recursos na Zona Costeira, de forma a contribuir para elevar a qualidade de vida da
sua população e proteção do seu patrimônio natural, histórico, étnico e cultural.

O PLANO SETORIAL PARA OS RECURSOS DO MAR (PSRM)


O PSRM, assim como o LEPLAC, é decorrente da PNRM e teve sua sexta versão aprovada em 2004 pela CIRM. Com a
finalidade de conhecer e avaliar as potencialidades do mar e monitorar os recursos vivos e não-vivos e os fenômenos oceanográficos
e climatológicos das áreas marinhas sob jurisdição e de interesse nacional, visando à gestão e ao uso sustentável desses recursos e
à distribuição justa e equitativa dos benefícios derivados dessa utilização, o PSRM desdobra-se em diversos programas, alguns
oriundos do V PSRM e outros que se encontram em fase de implementação.

PROGRAMAS DO PLANO SETORIAL PARA OS RECURSOS DO MAR


O Programa de Avaliação de Potencial Sustentável de Recursos Vivos na Zona Econômica Exclusiva (REVIZEE) resulta de
compromisso internacional assumido pelo Brasil ao ratificar, em 1988, a CNUDM.
O REVIZEE tem o objetivo principal proceder ao levantamento dos potenciais sustentáveis de captura dos recursos vivos na nossa
Zona Econômica Exclusiva (ZEE), que se estende desde o limite exterior do Mar Territorial, de 12 milhas de largura, até 200 milhas
náuticas da costa.
Temos:
• Avaliação do Potencial Sustentável e Monitoramento dos Recursos Vivos Marinhos (REVIMAR);
• Programa-Piloto para o Sistema Global de Observação dos Oceanos (GOOS/BRASIL);
• Monitoramento Oceanográfico e Climatológico (MOC);
• Programa Arquipélago (PROARQUIPÉLAGO);
• Programa de Avaliação da Potencialidade Mineral da Plataforma Continental Jurídica Brasileira (REMPLAC);
• Aquicultura e pesca;
• Maricultura Sustentável;
• Capacitação Tecnológica e Profissional na Atividade Pesqueira;
• Desenvolvimento e Difusão de Novas Tecnologias de Pesca e do pescado;
• Levantamento e Avaliação do Potencial Biotecnológico da Biodiversidade Marinha (BIOMAR);
• Estudo da Estrutura e do Funcionamento dos Ecossistemas Costeiros e Oceânicos (ECOMAR);
• Consolidação e Ampliação dos Grupos de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências do Mar (PPG-MAR).

PROGRAMA MENTALIDADE MARÍTIMA (PROMAR)


O PROMAR foi criado pela CIRM, em setembro de 1997, com a finalidade estimular, por meio de ações planejadas, objetivas
e continuadas, o desenvolvimento de mentalidade marítima na população brasileira, consentânea com os interesses nacionais.

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PROGRAMA ANTÁRTICO BRASILEIRO (PROANTAR)
O Programa Antártico Brasileiro é gerido por uma parceria entre ministérios e uma agência de fomento. Efetivamente participam
do PROANTAR, os Ministérios das Relações Exteriores, da Defesa (Marinha e Aeronáutica), da Ciência e da Tecnologia, do Meio
Ambiente, das Minas e Energia, e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Ao CNPq cabe o financiamento e a coordenação da execução das pesquisas, realizadas por universidades e outras instituições,
além da formação de pesquisadores com conhecimento sobre a Antártica. Para o exame dos projetos, a agência conta com seu Grupo
de Assessoramento que só aprova projetos que tenham mérito científico, apresentem orçamento aceitável e não causem danos
ambientais. O CNPq responde ainda pela concessão de bolsas de formação.
Por sua vez o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) ocupa-se da definição da política científica, buscando, sempre que
possível, e conveniente, alinhar a pesquisa brasileira às diretrizes do Comitê Científico para Pesquisas Antárticas (SCAR) que, em
verdade, define os grandes projetos internacionais da ciência antártica.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) procura garantir que as atividades brasileiras desenvolvidas na Antártica cumpram as
regras internacionais com vistas a minimizar o impacto da presença humana em solo antártico.
O Ministério das Relações Exteriores, órgão responsável pela Política Nacional para os Assuntos Antárticos, conduz a atuação
internacional do Brasil do âmbito do Tratado da Antártica.
O Ministério da Defesa atua no PROANTAR por intermédio dos Comandos da Marinha e da Aeronáutica. A Marinha do Brasil
sedia a Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM), que gerencia o Programa Antártico Brasileiro
(PROANTAR), planeja as Operações Antárticas (OPERANTAR) e financia o segmento logístico do Programa, mantendo a Estação
Ferraz, refúgios e acampamentos, além da Estação de Apoio Antártico, na Fundação Universidade do Rio Grande. A Aeronáutica
realiza, com aeronaves C-130, os voos de apoio ao PROANTAR.
O Ministério de Minas e Energia fornece, por intermédio da PETROBRÁS, combustíveis especialmente desenvolvidos para
regiões geladas, essenciais ao abastecimento dos motores-geradores da Estação, à propulsão do navio polar e embarcações, dos
helicópteros, dos veículos terrestres e do avião da FAB.
Nos últimos anos, o MMA, em parceria com o CNPq e a SECIRM, iniciou financiamento de pesquisa induzida sobre mudanças
ambientais globais e locais na Antártica. Esses estudos visam compreender as consequências das alterações que vêm sendo
provocadas no planeta, tais como expansão do buraco da camada de ozônio, a intensificação do efeito estufa e o consequente
aquecimento terrestre, o aumento do nível do mar, a variabilidade climática. Essas alterações influenciam as condições ambientais
vigentes no Brasil. Além de, por essa iniciativa, cumprir também com o compromisso internacional de cuidar do meio ambiente antártico
e evitar que nossa presença naquele continente o altere.
A CIRM constituída por Decreto presidencial nº 74557/1974, é coordenada pelo Comandante da Marinha e tem como membros
representantes dos seguintes órgãos: Casa Civil da Presidência da República; Ministério da Defesa; Comando da Marinha; Ministério
das Relações Exteriores; Ministério dos Transportes; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Ministério da Educação;
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Ministério de Minas e Energia; Ministério do Planejamento, Orçamento
e Gestão; Ministério da Ciência e Tecnologia; Ministério do Meio Ambiente; Ministério do Esporte; Ministério do Turismo; Secretaria
Especial de Aquicultura e Pesca.

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