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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

THIAGO BANHEZA DE LIMA

O FUTURO DO EMPREGO: MÁQUINAS OCUPARÃO O SEU


LUGAR OU TRABALHAREMOS DE FORMA COLABORATIVA?

São Paulo
2020
THIAGO BANHEZA DE LIMA

O FUTURO DO EMPREGO: MÁQUINAS OCUPARÃO O SEU


LUGAR OU TRABALHAREMOS DE FORMA COLABORATIVA?

Monografia apresentada ao PECE –


Programa de Educação Continuada
em Engenharia da Escola politécnica
da Universidade de São Paulo como
parte dos requisitos para a conclusão
do curso de MBA em Tecnologia
Digitais e Inovações Sustentáveis.

Orientador: Prof. Persival Balleste

São Paulo
2020
[verso da folha de rosto]

FICHA CATALOGRÁFICA

[Colocar na versão final do trabalho. Verificar como fazer em Diretrizes


para Apresentação de Dissertações e Teses. Escola Politécnica da USP]
[Colocar a Ata de Avaliação - PECE]
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha


família, suporte de cada luta,
esforço e conquista.
A minhas filhas, esposa e mãe
que são motivo de amor infinito.
AGRADECIMENTOS

À Minha esposa Renadja que mesmo grávida me apoiou desde o início da ideia
de fazer um curso extenso e que demandava tamanha dedicação, companheira
que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos.
À Minha Mãe batalhadora incansável, que dedicou mais de 30 anos a
Universidade de São Paulo, minha maior mentora e exemplo.
As minhas filhas Malu e Maya que vieram ao mundo enquanto eu vivia essa
experiência incrível e são fonte de inspiração para tudo que faço.
Ao meu pai que mesmo após tanto cair, conseguiu se reerguer e me ensinar
valores preciosos.
À Escola Politécnica da Universidade de São Paulo – EPUSP que permitiu que
o sonho de cursar, conviver e um dia me formar numa das maiores universidades
do mundo.
Ao Professor Persival que não me deixou desanimar e nas horas mais difíceis
ofereceu luz e conhecimento.
7

RESUMO

Este trabalho procura demonstrar por meio de revisão bibliográfica, pesquisa,


artigos científicos, reportagens, livros e relatórios, uma breve visão do passado,
do presente e do futuro das relações de trabalho, quais foram os impactos, as
mudanças significativas, as reações da sociedade, as conquistas, as dores e
como a humanidade vem evoluindo com essas mudanças. O maior objetivo é
propor um debate de ideias com insumos suficientes para encontrar opções que
viabilizem responder à questão central da ideia que permeia esse projeto de
monografia, UM ROBÔ VAI ROUBAR O MEU EMPREGO?
Será possível validar no decorrer desta monografia que o autor obteve
resultados ao aplicar tecnologias de automação de processos, também é
possível verificar que não há como mudar o rumo, a inteligência artificial veio
para ficar e para tornar as pessoas melhores, apoiando em tarefas, executando
trabalhos em que as tecnologias são melhores, mais rápidas e com maior
assertividade que do que os humanos, de forma que estes podem ser mais livres
para criar, resolver problemas complexos que o futuro demandará da
humanidade.

Palavras-chave: Industria 4.0, Revolução Industrial, Futuro, Emprego,


Inteligência Artificial, RPA, Automação, Habilidades, Modelo de negócio
8

ABSTRACT

This work seeks to demonstrate, through a bibliographic review, research,


scientific articles, reports, books and reports, a brief view of the past, present and
future of labor relations, what were the impacts, the significant changes, the
reactions of society, achievements, pains and how humanity has evolved with
these changes. The main objective is to propose a debate of ideas with enough
inputs to find options that make it possible to answer the central question of the
idea that permeates this monograph project, WILL A ROBOT TAKE MY JOB?
It will be possible to validate in the course of this work that the author obtained
results when applying process automation technologies, it is also possible to
verify that there is no way the drive this change, artificial intelligence is here to
stay and to make us better, supporting us, executing works in that they are better
than us, so that we can be more free to create, solve complex problems that the
future will be demand for humans

Keywords: Industry 4.0, Industrial Revolution, Future, Employment, Artificial


Intelligence, RPA, Automation, Skills, Business model
9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Pág.

Figura 1 – Revoluções Industriais.......................................……………........... 23

Figura 2 – Desafios na gestão de Dados......………………............................. 32

Figura 3 – Quantidade de dados gerados a cada minuto.........………………. 34

Figura 4 – IA incorporada nos Workflows..................................……………… 36

Figura 5 – Inteligencia Aumentada...........................................………………. 39


10

LISTA DE TABELAS

Pág.

Tabela 1 – Habilidades ..................................................................................... 26


Tabela 2 – Tecnologias IA ..................................................................................... 37
11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DDD Discagem Direta a Distância

DDI Discagem Direta Internacional

ERP Enterprise Resource Planning

GPS Global Positioning System

IA Inteligência Artificial

MBA Master Business Administration

ROI Return on Investment

RPA Robotic Process Automation

USP Universidade de São Paulo

WEF World Economic Forum


12

SUMÁRIO

Pág.

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 14

1.1 Motivações....................................................................................................... 15
1.2 Objetivo ........................................................................................................... 15
1.3 Justificativas .................................................................................................... 16
1.4 Método de Pesquisa......................................................................................... 17
1.5 Estrutura do Trabalho ....................................................................................... 17

2. O Passado......................................................................................................... 18

2.1 O Trabalhador Rural ........................................................................................ 18


2.2 A 1ª Revolução Industrial ................................................................................. 19
2.3 A 2ª Revolução Industrial ................................................................................. 21
2.4 A 3ª Revolução Industrial ................................................................................. 22
2.5 Considerações do Capítulo .............................................................................. 24

3. O Presente .................………............................................................................ 25

3.1 Democratização ............................................................................................... 27


3.2 Automação do Capítulo ................................................................................... 29
3.3 Análise de Dados ............................................................................................ 31
3.4 Inteligência Artificial ......................................................................................... 35
3.5 Um case para chamar de meu....................................................................... 40
3.5.1 O Projeto....................................................................................................... 40
3.5.2 A Execução................................................................................................... 41
3.5.3 O Resultado.................................................................................................. 42
3.6 Considerações do Capítulo............................................................................... 43

4. O Futuro ............................................................................................................. 44

4.1 Empregos do futuro ......................................................................................... 45


4.2 Habilidades do futuro........................................................................................ 46
4.3 Brasil ................................................................................................................ 47
4.4 Considerações do Capítulo .............................................................................. 49
13

5. CONCLUSÃO .................................................................................................... 50

5.1 Contribuições do Trabalho .............................................................................. 51


5.2 Trabalhos Futuros ........................................................................................... 51

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 53
14

1. INTRODUÇÃO

A humanidade de tempos em tempos acha uma forma de gerar mudanças


fundamentais em seu processo de criação de riqueza. Séculos após séculos a
roda sempre continua a girar e as necessidades de extração, manuseio e
processamento de certas matérias primas demandam alterações na cadeia
industrial, manufatureira e maquinofatureira.

A primeira, segunda e terceira revolução industrial fizeram parte de um


movimento vital para o desenvolvimento da humanidade e para que fosse
possível chegar no momento em que atualmente se encontra, dia após dia
cientistas buscam formas de possibilitar mais velocidade, assertividade e
eficiência. Porem uma nova revolução industrial coloca os robôs como
protagonistas dessa era, algo que por si só já gera desconfiança e temor em
pessoas por todo o globo.

O termo Industria 4.0 foi utilizado pela primeira vez na Alemanha em meados de
2013 com a divulgação do documento “Recommendations for implementing the
strategic initiative industrie 4.0” e após esse evento uma avalanche de
informações e iniciativas começaram a moldar uma nova revolução industrial,
obviamente algo que mudará a sociedade como é conhecida atualmente.

Esse movimento de revitalização e mudança na indústria não foi apenas


efetuado pela Alemanha, diversos países estavam pensando em mudanças na
política industrial, como por exemplo China, EUA, Índia entre outros.

Essa evolução tecnológica estava ocorrendo em várias frentes, na frente Digital


(era possível observar novas tendências em IOT, redes inteligentes, computação
em nuvem, big data, inteligência artificial, “machine learning”, realidade virtual),
na Biológica (houve evolução em genética, microbiológica, próteses e órgãos,
neuro-tecnologia, Interface com o cérebro), na Física (foi possível verificar uma
15

evolução em sensores, energia solar, baterias, impressão 3D, lei de Moore,


robótica, veículos autônomos, nanotecnologia) e por fim na Social (com a
democratização, desintermediação, economia compartilhada, conceito de
pagamento por utilização ou posse de ativos, inovação aberta, moedas virtuais,
novos modelos de negócio), evoluções essas que permitem uma discussão
muito interessante sobre qual será o papel das pessoas, como as tecnologias
serão aplicadas, como será a geração de emprego e se haverá empregos para
todos entre outras questões que essa pesquisa tentará explicitar.

1.1 Motivações

As principais motivações do trabalho foram: compreender a mudança de


paradigma que está ocorrendo na sociedade nesse exato momento, tendo em
vista que tais mudanças podem afetar familiares, amigos e companheiros de
trabalho de qualquer cidadão.

Proporcionar uma visão melhor sobre as novas tecnologias que farão parte da
próxima revolução industrial, quais os seus impactos, quais as limitações, quais
as possibilidades e também como a humanidade se adaptará.

1.2 Objetivo

A ideia é desenvolver um trabalho que permita agregar o conhecimento em torno


desta grande revolução que o mercado de trabalho está sofrendo, de forma que
pessoas que não tenham conhecimentos técnicos possam compreender e
entender melhor o que está por vir, quais os desafios e oportunidades.

Por meio de informações claras e objetivas, será possível demonstrar como as


novas tecnologias mudarão as vidas de todos os envolvidos no processo.
16

1.3 Justificativas

Praticamente nenhuma atividade ficará de fora da revolução que está em curso,


advogados, médicos, mecânicos, economistas ou apertadores de botão.

Qualquer pessoa apta a trabalhar seja um atendente de telemarketing ou um


contador, está passível de perder o emprego para uma máquina, pois existe a
possibilidade de que uma máquina venha a fazer esse ou qualquer outro trabalho
no futuro.

É compreensível tentar antecipar como será a relação entre humano e máquina,


como serão as relações de trabalho e a velocidade dessas mudanças. Por meio
de uma análise das tecnologias que emergem e habilidades necessárias nesse
novo contexto.
17

1.4 Método de Pesquisa

O trabalho foi desenvolvido com base em revisões bibliográficas de pesquisas


cientificas e acadêmicas sobre o tema, livros, publicações, artigos, revistas,
vídeos, pesquisas e análise sobre tecnologias, pesquisas e análise sobre
habilidades, pesquisas e análise sobre comportamentos sociais.

1.5 Estrutura do Trabalho

O Capítulo 1 INTRODUÇÃO apresenta as motivações para a criação deste


trabalho de monografia, o objetivo do que é buscado responder com esse
trabalho, as justificativas da realização, método de pesquisa que foram utilizados
e a estrutura do trabalho.

O Capítulo 2 O Passado apresenta um contexto histórico para dar


fundamentação ao trabalho de monografia e explicitar que por mais assustador
que seja o futuro para algumas pessoas, não seria a primeira vez.

O Capítulo 3 O Presente apresenta um panorama do que já vem ocorrendo e


quais tecnologias são mais importantes nessa mudança.

O Capítulo 4 O Futuro descreve uma visão detalhada do que será importante


para se manter relevante num futuro que será um tanto quanto diferente do que
se tem conhecimento atualmente, reinventar-se nunca foi tão necessário.

O Capítulo 5 Conclusão descreve de forma direta o que foi extraído deste


trabalho, bem como as crenças de como deveria se seguir a pesquisa aqui
contida.

REFERÊNCIAS relaciona a base de pesquisa utilizada para confecção deste


trabalho.
18

2. O PASSADO

Nesse capítulo foi necessário revisitar o passado, como forma de contextualizar


o presente e o futuro, com uma breve passagem no material apresentado, pois
esse não é o ponto central do trabalho em si, mas como forma de sustentação e
referência para o ponto inicial e o ponto de mudança futura.

Segundo BENVENUTTI (2018, p.16) durante muito tempo a única forma de


produzir algo foram nossos músculos, a força humana era a única disponível,
porem a Revolução industrial mudou isso para sempre.

2.1 O Trabalhador Rural

Nos séculos anteriores à primeira revolução industrial, boa parte da população


da Inglaterra, assim como em outros países da Europa vivia no campo e era
comumente organizada pelo sistema econômico do feudalismo, onde os
senhores feudais eram proprietários das terras e esses camponeses que viviam
em comunas podiam caçar, extrair madeira entre outros produtos,
primeiramente para servir ao seu senhorio mas também o faziam para a sua
sobrevivência, algo que ficou caracterizado nas relações de troca entre os
trabalhadores rurais e a aristocracia.

Essas terras comunais estavam em um contexto de tradição de utilização em


forma comunitária e a privatização representava a quebra das relações
capitalistas e deste mundo feudal, de forma que os poderosos senhores feudais
deixavam de ser detentores das posses para se tornarem proprietários dessas
terras. (PINTO).
19

2.2 A 1ª Revolução Industrial

Em meados de 1700 Inglaterra encontrava-se em um momento muito próspero


com acúmulo de capital e uma burguesia forte, redistribuição de terras por parte
das dinastias vigente e êxodo rural com a migração de camponeses
(trabalhadores rurais) do campo para as cidades.

As pessoas viviam praticamente da indústria manufatureira, artesanal ou do


campo. De forma que as habilidades necessárias à época, eram praticamente
primitivas e totalmente artesanais, onde demandavam força e ou habilidades
para extração de recursos naturais como a caça ou extração de madeira.

A indústria têxtil foi o grande propulsor desse movimento, a primeira máquina a


vapor que foi criada por Thomas Newcomen em 1698 e aperfeiçoada por James
Watt em 1765, posteriormente essa tecnologia foi empregada nas locomotivas e
também nas construções de estradas de ferro em toda a Inglaterra. É importante
ressaltar que o telegrafo também foi criado nessa época.

Foram requisitadas novas habilidades, pois pela primeira vez a automação


entrava em cena e a produção artesanal dava lugar as fábricas, uma vez que a
máquina a vapor realizava muitas atividades de forma autônoma e com a
intervenção humana para a realização dos acionamentos e ajustes, pela primeira
vez a energia não era advinda apenas dos músculos humanos para toda e
qualquer construção.

Porém as relações de trabalho eram extremamente pobres pois era evidente a


exploração dos operários pelos burgueses, das mulheres que eram empregadas
em grandes quantidades nas fabricas, porém com salários menores, e o trabalho
infantil em diversas frentes, porem principalmente na extração de carvão por
conta do tamanho e agilidade em se mover nos locais de difícil acesso.
20

Houveram conflitos entre a burguesia industrial que eram os donos da industrias


e o proletariado trabalhador urbano, por conta das extensas jornadas de 16
horas por dia e as vezes até mais que isso, com pequenas pausas de 30 minutos
de almoço. Muitos trabalhadores não aguentavam a carga de trabalho exaustiva
e eram substituídos facilmente. (NEVES e SOUSA)
21

2.3 A 2ª Revolução Industrial

Com início por volta dos anos 1800 teve como principais características o
domínio do aço, a era do petróleo (grande relevância com diversos produtos
periféricos e derivados do petróleo), motor a combustão, melhoras dos meios de
transporte para locomoção, locomotivas com início em 1830, e a utilização da
eletricidade nas comunicações, indústria eletroquímica, metalurgia e transporte.

Houve um aumento pela demanda de habilidades técnicas, braçais, gestão de


produtos, sistemas fabris e organizacionais.

Isso também resultou no aumento da exploração dos trabalhadores, pois houve


aumento da demanda por produtos e consequentemente da produção em
massa.

Teorias sociais do século 19, pensadores, sociólogos, um exemplo claro era Karl
Marx que criticava o processo de exploração dos proletários por partes dos
patrões (burgueses), com teorias como a do processo de alienação; “você
trabalha pois precisa de uma salario para sobreviver e com isso acaba aceitando
ser explorado”.

Era propagada a ideia de que os trabalhadores deveriam romper com esse


sistema, pois o patrão estaria pagando uma pequena parte aos empregados e
embolsando a grande parte dos lucros, dessa forma a ideia era fazer os
trabalhadores entenderem que eles também era importantes para os donos de
fabricas por meio da teoria da mais valia e com isso incentivá-los a tomar os
meios de produção. A partir desse momento e com essa organização dos
trabalhadores, começam a serem criados os primeiros sindicatos e aos poucos
são obtidas algumas conquistas trabalhistas, como diminuição das jornadas de
trabalho, equiparações salariais, participações nos lucros e resultados, um
salário mínimo, entre outras conquistas. (DATHEIN, 2003).
22

2.4 A 3ª Revolução Industrial

A era da revolução digital e ou tecnocientifica iniciou-se nos anos 1900 após a


segunda guerra mundial, sendo essa uma revolução que veio não apenas para
realizar mudanças no setor industrial, mas também no setor científico.

Os avanços obtidos nesta revolução industrial são vivenciados até os dias atuais,
qualquer pessoa ao realizar o ato de redigir um texto estaria vivenciando a
experiência de benefícios obtidos nessa fase de desenvolvimento da
humanidade.

Assim como nas revoluções anteriores, houve a descoberta de um novo tipo de


energia e neste caso a nuclear o que permitiu a criação de usinas, submarinos
e armamentos pelos países que detinham tal conhecimento.

Surgiram os equipamentos eletrônicos, computadores mainframe e pessoais, e


ocorreu a evolução das telecomunicações, esses computadores permitiram que
as nações mais evoluídas também dessem início as corridas espaciais e as
pesquisas na área de biotecnologia, fora que jamais seria possível esquecer da
internet, esse meio de comunicação que foi uma verdadeira mudança dentro da
própria revolução industrial e que permitiu chegar na tão sonhada globalização,
com a ideia de convergir tudo para a otimização do tempo e diminuição de
distâncias, proporcionando a comunicação entre lugares e pessoas, transmitindo
informações, permitindo que fossem iniciados os primeiros movimentos de
automação e assim criando uma gama gigante de possibilidades para as
gerações mais novas.

As habilidades exigidas nessa revolução em grande parte foram extremamente


diferentes das anteriores e de certa forma começa a existir uma certa
preocupação com o que seria consumido, clientes mais criteriosos demandavam
mais habilidades dos gestores e designers. Muitas das atividades que eram
23

executadas de formas manuais e com objetos migraram para dentro de um


computador ou sistema.

As relações de trabalho também evoluíram de forma abissal, foram criadas leis


especificas para trabalhadores, houve investimentos por parte das companhias
nos colaboradores, existiam limites de carga de trabalho, sindicatos viraram
extremamente poderosos e com voz ativa. (COUTINHO,2016).

Abaixo o autor utiliza a figura 1 para exemplificar as revoluções industriais de


forma mais visual e simplificada:

Figura 1 – Revoluções Industriais

Fonte: SALESFORCE, 2018.


24

2.5 Considerações do Capítulo

Nesse capitulo foram levantados pontos sobre importantes ciclos econômicos e


sociais que a humanidade presenciou, as dores e os benefícios de cada uma
dessas mudanças, também é possível validar que em todas as mudanças que
ocorreram, houve a criação e aplicação de novas tecnologias de forma que as
pessoas conseguiram se adaptar e ao mesmo tempo empregos foram deixando
de existir, novos empregos também foram criados.
25

3. O PRESENTE

As pessoas vivem uma era de mudanças drásticas nas relações de trabalho, o


mundo citado na terceira revolução industrial e que de fato parecia ser um tanto
quanto confortável para muitas pessoas que costumavam entrar em corporações
e apenas saírem de lá após 20, 30, 40 anos realizando a mesma função já não
existe mais. É possível afirmar que muitas empresas não conseguem chegar a
tantos anos, quem dirá pessoas.

Diariamente são criadas diversas novas tecnologias e milhares de outras são


melhoradas, modificadas e descontinuadas, não há para onde correr, todos os
humanos devem estar em constante evolução para acompanhar o que será
demandado.

Em nenhum momento a ideia desse trabalho foi aprofundar muito nas


tecnologias aqui mencionadas, tanto as do passado bem como as do futuro e
sim as relações entre essas tecnologias e o trabalho desenvolvido por humanos,
porem nesse capitulo foi necessário um pouco mais de informação por parte do
que será fundamental que as pessoas compreendam e gerar conhecimento, bem
como as habilidades que devem focar para que seja possível competir e ou aliar-
se com as máquinas.

“Como eu tenho dito muitas vezes, o futuro já chegou. Só não está


uniformemente distribuído”. (GIBSON, 1999).
26

Abaixo o autor criou a tabela 1 com base nos dados fornecidos em pesquisas
realizadas pelo fórum econômico mundial sobre as habilidades atuais, as
tendências e quais habilidades provavelmente estarão em declínio em 2022.

Tabela 1 – Habilidades

Atualmente em 2020 Tendência em 2022 Declínio em 2022


Bom senso e tomada de decisão Análise de sistemas e avaliação Controle de qualidade e segurança

Criatividade Aprendizado ativo e estratégias de Coordenação e gerenciamento do


aprendizado tempo
Empatia com os outros Criatividade, originalidade e Destreza manual, resistência e
iniciativa precisão
Flexibilidade cognitiva Design Tecnológico e programação Gerenciamento financeiro e de
recursos materiais
Gestão de pessoas Inteligência emocional Gestão de pessoas

Inteligência emocional Liderança e influência Habilidades auditivas, verbais,


espaciais e de memória
Negociação Pensamento analítico e inovação Instalação e manutenção de
tecnologias
Orientação para serviços Pensamento crítico Leitura, escrita, matemática e
audição ativa
Pensamento crítico Raciocínio, resolução de problemas Utilização, monitoramento e
e ideação controle tecnológico
Solução de problemas Solução de problemas complexos Visual e habilidades de discurso
complexos

Fonte: WEF, 2018.


27

3.1 Democratização

É possível vivenciar uma era democrática onde as barreiras caem dia após dia,
basta ter um celular com internet e pronto, você está conectado com o mundo,
algo inimaginável a poucos anos atrás.

Pessoas com apenas 30 anos que por diversas vezes sentem-se por completos
idosos quando necessitam conversar com alguém mais jovem que tenha entre
18 e 22 anos, qualquer pessoa com essa idade pode ter trabalhado como office
boy pelas ruas de São Paulo, chegando a utilizar o famoso guia de rua (algo que
hoje só será visto em um museu) ou quando até mesmo uma pessoa que
cursando um MBA em local como o museu do Laboratório de Sustentabilidade –
USP e ao apontar de forma emocionada um belíssimo videogame Super
Nintendo, tentando demonstrar a uma outra pessoa que aquele equipamento já
foi um marco da tecnologia, muito provavelmente a indagação seguir seria um
“O que é isso?”.

É fácil ter uma ideia de quão rápido as coisas estão mudando quando você se
lembra que existiam DDD e DDI para você conversar com pessoas de outras
localidades ou países até a chegada de uma pequena empresa com cerca de 55
funcionários chamada WhatsApp que praticamente fez sumir essas formas de
comunicação extremamente caras e ineficientes.

Também não há como esquecer de quando era necessário comprar um disco


inteiro de determinado artista para quem quisesse escutar apenas uma única
música até a chegada do Spotify, onde por apenas uma assinatura mensal é
possível escutar as músicas desejadas, de uma forma que os artistas saiam
contentes e também os clientes, ou o AirBnB que mudou totalmente a foram de
como alugamos imóveis, sem burocracia, com agilidade e de forma segura para
ambos os lados e assim se seguiu com GPS, as compras em restaurantes, os
bancos entre outros tantos serviços e produtos que mudaram por conta da
quebra de paradigma e também democratizados. (BENVENUTTI,2018)
28

“A Tecnologia dá acesso ao que é exclusivo. Desmonetiza o que é caro.


Democratiza o que é restrito” (BENVENUTTI, 2018, p.20)
29

3.2 Automação

Atualmente a automação já é realidade em muitos países, indústrias e linhas de


montagem. A automação veio como uma avalanche e ceifou diversos empregos,
pessoas que eram especialistas viram se diante de uma máquina ocupando seu
emprego quase que sem presença humana.

Um grande exemplo é a maravilhosa fábrica da Tesla no estado da Califórnia,


onde há mais de 160 robôs industriais com um nível alto de flexibilidade que
atuam na montagem de mais de 400 carros por semana. Vários robôs atuam
coordenadamente na montagem de um novo carro e essas máquinas realizam
diversas tarefas trocando ferramentas entre si, também é possível que o mesmo
robô execute mais de uma tarefa como soldar alguma parte e também colocar
assentos nos veículos. (LAVRINE, 2013).

No Brasil e em alguns outros países emergentes, ainda há um espaço colossal


para a automação de unidades fabris e também industriais, e isso tem um
potencial gigantesco para aposentar diversas carreiras, porém ao mesmo tempo
em que essas tecnologias de automação acabam com postos de trabalho,
muitos outros são gerados e alguns deles até criados pois não existiam num
passado recente.

Os Carros autônomos já são uma realidade, há uma corrida entre montadoras e


empresas de tecnologia para ver quem conseguirá de fato criar a melhor
tecnologia para passar segurança aos usuários. Também existe uma
necessidade cada vez maior de agilidade nas entregas e prazos, atualmente
ninguém mais quer comprar algo e aguardar 15 dias para ver a sua encomenda
chegar, cada vez é mais comum promessas de entregas em 48, 24 e em alguns
casos até menos de um dia, pensando em itens pequenos até que é algo factível
pois existem entregadores de motocicletas para as localidades mais próximas,
porém e no caso de pensar em algo maior, algo como um sofá novo ou uma
geladeira. Foi pensando nesse tipo de problema que a TuSimple criou um
30

sistema que permite que os seus caminhões sejam autônomos, equipados com
câmeras, sensores e a mais alta tecnologia de monitoramento permite que o
caminhão faça percursos roteirizados e realize entregas. (TUSIMPLE, 2020).
31

3.3 Análise de Dados

A análise de dados já é peça fundamental em muitas das empresas que são


propulsoras do ecossistema em que estão inseridas, afinal quem nunca ouviu
aquela famosa frase que dado é o novo petróleo, essa é uma certeza e algo tão
presente no dia a dia dos profissionais de TI, tanto quanto é indispensável para
os líderes que pensam em fazer diferença para as empresas que estão
comandando empresas que buscam ter diferenças competitivas.

Os termos Big Data, Data Lake, dados estruturados, dados não estruturados,
governança e segurança, são partes de um todo cada dia mais importantes no
futuro das corporações, saber trabalhar com essas ferramentas certamente são
trunfos para aqueles que pretendem manter-se como um profissional relevante
no mercado.

Segundo a IBM (IBM Corporation, 2019) é possível observar na figura 2, há


extensos desafios no manuseio dos dados, existem 4 passos fundamentais que
devem ser trabalhados para obter-se o maior benefício possível.

A coleta e o armazenamento de dados é o primeiro passo, posteriormente é


necessário gerenciar os repositórios e tornar os dados disponíveis para consulta.

A organização tem em vista a classificação, localização, integração e formatação


dos dados de forma que estes permaneçam íntegros e confiáveis.

A análise dos dados busca gerar informações para tomadas de decisão e novos
modelos de negócio.

A Infusão dos dados tratados permite alimentar outras tecnologias de inteligência


artificial e automação, bem como aperfeiçoar treinamentos de comportamentos.
32

Figura 2 – Desafios na gestão de Dados

Fonte: IBM Corporation, 2019.


33

Segundo FORD (2019, p123) geramos uma quantidade enorme de informação


todos os dias, informações essas que são guardadas pela empresas e utilizadas
através de técnicas de análises e manipulação desses dados. Estima-se que a
quantidade mundial de dados armazenadas está em Exabytes e com uma
tendência gigante de aumentar cada vez mais, boa parte desses dados é obtido
de diversas fonte e em formatos totalmente diferentes, algo que dificulta a
organização para análise.

É possivel afirmar com base na figura 3 que quantidades de dados são gerados
diariamente, ferramentas utilizadas por milhões de pessoas como Google,
Facebook ou Netflix, são ótimos exemplos de que é possível receber grandes
quantidades de informações por minuto. (DOMO, 2019).
34

Figura 3 – Quantidade de dados gerados a cada minuto

Fonte: DOMO, 2019.


35

3.4 Inteligência Artificial

Talvez seja possível questionar o motivo da inteligência artificial já estar sendo


analisada neste capitulo e não no anterior, uma vez que inteligência artificial já é
uma realidade hoje, o ponto central aqui não é o que essa tecnologia faz hoje e
sim o que ela poderá gerar de recursos ou empregos amanhã, certamente
caberá um papel fundamental na revolução que está ocorrendo hoje e
principalmente no que está vindo num futuro bem próximo toda grande
transformação empresarial, social, em carreiras e agilidade terá um algum
impacto por parte dessa tecnologia.

Segundo a PWC (PWC, 2017) para ter uma idéia de grandeza do que é esperado
em termos de impacto econômico algo por volta de 15 trilhões de dólares em
2030 dividos em aumento de receitas e diminuição de custos, isso representa
mais do que os resultados de India e China somados, o que faz da IA uma das
melhores oportunidades comerciais disponíveis para os próximos anos.

Dia após dia, a inteligencia artificial vem ganhando terreno e sendo incorporada
em diversos produtos/serviços de setores diferentes, seja na ponta final onde a
interação é diretamente com o cliente ou no apoio para tomadas de decisões.
36

Segundo a IBM (IBM Corporation, 2019) a IA vem sendo incorporada em


workflows de empresas, é possivel verificar na figura 4 que existem casos de uso
em interação, compreensão, descobrimento e decisão. Isso reflete diretamente
no processamentos de informações e impacta milhares de empregos.

Figura 4 – IA incorporada nos Workflows

Fonte: IBM Corporation, 2019.


37

Segundo o Gartner (GARTNER, 2017) as tecnologias de inteligencia artificial são


dividas conforme a tabela 2, onde é possivel visualizar que existem tecnologias
de aprendizado, reconhecimento de linguagem, fala e visão. Habilidades que até
pouco tempo atrás poderiam ser realizadas apenas por humanos.

Tabela 2 – Tecnologias IA

Centro das Tecnologias IA


Aprendizado de máquina, Aprendizagem profunda e Redes neurais
Processamento de linguagem neural, Reconhecimento de fala e Sintese de fala
Visão computacional
Raciocínio de máquina, Tomada de decisão e Algoritimos
Analise de negócios e Ciência de dados
Robôs e Sensores

Fonte: GARTNER, 2017.


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Estamos lidando com máquinas que aprendem, trabalham de forma autônoma,


muito potentes e num futuro muito próximo pensantes, máquinas que desafiam
as atividades humanas a todo momento e fazem trabalhos que as pessoas
julgam difíceis num piscar de olhos, sem descansar e sem ir ao banheiro.

O assunto aqui se refere a milhões de pessoas que estão prestes a se tornarem


obsoletas de uma forma muito rápida e a inteligencia artificial pode ajudar e muito
nessa complexa equação. Porem a interação entre IA e humanos tende
aumentar de forma gigantesca, pois ao ter um carro autonomo não significa que
não precisará mais dirigir, significa que será possivel fazer algo muito mais
excitante do que perder horas no trânsito, será possivel ler um livro por exemplo
ou até fazer um curso enquanto vai até o trabalho. (MOTTA, 2019)
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Segundo a IBM (IBM Corporation, 2019) essa interação tende a ser conhecido
por inteligência aumentada, com humanos atuando no seu campo de referência
e onde pode realizar tarefas que as máquinas não conseguem, na figura 5 é
exemplificado alguns pontos em que os humanos serão apoiados por tarefas que
a IA pode desempenhar com muito mais acertividade exemplor: indentificação
de padrões, redução de viés, localização do conhecimento entre outros.
Também é possivel verificar exemplos de atividades que apenas humanos
desempenharão vide: compaixão, imaginação, moral entre outros.

Em pouco tempo a humanidade utilizará cada vez mais insumos gerados pela
inteligência artificial uma vez que estas são muito mais eficientes que a
humanidade em alguns campos de atividade.

Figura 5 – Inteligência Aumentada

Fonte: IBM Corporation, 2019.


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3.5 Um case real

Nesse item específico, há uma tentativa de trazer uma experiência pessoal por
parte do autor para demonstrar que a mudança já está em curso e que adaptar-
se já é algo necessário hoje conforme poderão ver na história a seguir, empregos
estão sendo ceifados ao mesmo tempo em que outros estão sendo criados.

3.5.1 O Projeto

Em meados de 2017 o autor foi contratado por uma multinacional brasileira como
analista de sistemas com o foco em projetos.

A visão era de uma empresa bem burocrática como a grande maioria das
empresas que fazem parte de grandes conglomerados, diversos processos,
dezenas de aprovações, sistemas antigos e algumas novas soluções sendo
implementadas, mas de fato era o tipo de empresa que grande maioria dos
brasileiros sonharia em entrar e trabalhar por anos e anos de forma confortável,
utilizando suas planilhas, caixas de e-mail, sistemas, papeladas e processos
burocráticos.

Porém conforme evidenciado nesse trabalho de monografia os tempos


mudaram, mudanças essas que não tem limites e vão chegar em todos os tipos
de empresas, não importa se a pessoa é da indústria ou do comércio, do
telemarketing ou advogado, as tecnologias estão invadindo todas as áreas.

Após alguns meses de trabalho, o autor foi recrutado para participar do time de
um projeto onde seria implementado um robô que realizaria o processo de
cancelamento e estorno de uma determinada área, obviamente que em um
primeiro momento houve chacota “Como assim um robô que faz login em
sistema?”, “Fala sério pessoal, isso nunca vai dar certo aqui, já tentaram isso
um bom tempo atrás e não funciona” e assim seguiram diversas críticas ao
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projeto ambicioso e complexo que de uma vez por todas tentavam fazer
deslanchar, mesmo com a pressão contraria o time continuou com o propósito e
realizaram os processos de contratação do fornecedor após a concorrência com
grandes players do mercado e diversas reuniões onde foi possível ter contato
com o universo da automação pela primeira vez, diversos cases para
demonstração do potencial desse tipo de ferramenta e por fim acabamos
fechando com um grande fornecedor que era detentor de uma ferramenta
própria.

3.5.2 A Execução

Após o início da implementação o time encontrou a primeira dificuldade que foi


a cooperação das áreas envolvidas no processo, uma vez que no entendimento
destes estava sendo inserida uma tecnologia que poderia retirar o seu trabalho
num amanhã não muito distante, porém aos poucos conseguimos o apoio das
lideranças e consequentemente dos liderados também, o processo era de certa
forma burocrático e exigia pouco de quem executava-o ou seja era um processo
perfeito para ser automatizado e que de certa forma acabaria liberando as
pessoas para fazerem atividades mais interessantes.

O autor compreende que como analista funcional e liderança técnica desse


projeto foi extremamente difícil mapear todas as atividades e tomadas de
decisão que seriam executadas pelo processo automatizado, sempre que se
pensava em ter um processo completamente mapeado nas mãos, o robô
chegava em um beco sem saída e acabava se perdendo e lá ia o time totalmente
inexperiente tentar entender qual deveria ser a tomada de decisão que ficou
faltando, assim sucedeu por todo o projeto: “Qual é o próximo passo? Qual
deveria ser a próxima atitude? O robô deve reverter a última atividade realizada?
O robô deve reverter todas as atividades realizadas desde o início do processo?”

O projeto continuou de certa forma até um tanto quando amador, afinal todos
eram novatos nesse tipo de projeto.
42

Após adquirir certo ritmo para as correções dos problemas e também


musculatura para absorver as novidades que iam aparecendo (um projeto
inicialmente em escopo fechado que por sua vez acabou ficando bem maior do
que o previsto), inclusive com alterações nos sistemas internos e ERP da
empresa, para acomodar a automação da melhor forma possível.

3.5.3 O Resultado

Claro que enquanto o autor escreve esse trabalho de monografia o processo


automatizado que ajudou a implementar continua a trabalhar e a gerar
resultados, resultados não somente no sentido monetário, pois esse projeto
ajudou a lapidar a mentalidade da empresa para a tecnologia RPA tanto que hoje
já existe a expectativa de criação de uma esteira para processos serem
automatizadas, de forma que atualmente existem diversos robôs em produção e
as solicitações não param de chegar.

Quanto ao retorno financeiro após a validação feita pelo escritório de projetos da


companhia foi de que após 19 meses houve uma redução no prazo de execução
do processo que levava mais de 30 dias para ser concluído e atualmente leva
menos de 5 dias, já no processo manual o prazo era de 30, raramente o processo
era concluído dentro do prazo, atualmente o prazo foi reduzido para 15 dias
sendo que dificilmente chega a utilizar todo esse tempo, gerando uma melhor
experiência para o cliente.

Antes do processo de automatização as informações e planilhas circulavam


entre 4 pessoas de diferentes áreas em horário comercial, com diferentes
prioridades e total falta de sintonia, hoje o RPA faz exatamente o mesmo
processo com maior assertividade e mitigação de erros manuais, 7 dias por
semana, 24 horas por dia, sem pausa para o café, sem reuniões de corredor,
sem ir ao banheiro e apenas com o “apoio” de uma única pessoa que é
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responsável por verificar os relatórios emitidos pelo robô para verificar se está
tudo dentro do planejado.

Todas as pessoas que costumavam trabalhar nesse processo foram liberadas


para realizar trabalhos mais interessantes e que de fato necessitam das
habilidades humanas. No primeiro ano após a entrega do projeto em produção
foi gerada uma redução de custo de R$ 1.1 milhão com um retorno em 19 meses,
com um ROI estimado em 164% nos 2 primeiros anos.

3.6 Considerações do Capítulo

Neste capitulo foi possível sentir que as mudanças presentes na 4ª revolução


industrial, tanto nas principais tecnologias que já estão sendo empregadas nas
empresas, quando aos diversos conhecimentos que são necessários para
aqueles que pretendem ter relevância nesse mercado em constante mudança,
bem como com o exemplo de um caso real e com resultados verdadeiros,
quebrando paradigmas em uma empresa que ainda enxerga-se na terceira
revolução industrial.
44

4. O FUTURO

É um tanto difícil prever o futuro, porém existem pesquisas e indícios


promissores quanto ao que mudará sobre as relações de trabalho, não é possível
afirmar que haverá salários ou condições melhores para a classe trabalhadora,
a ideia é tratar nesse capítulo sobre as habilidades que as pessoas devem
desenvolver para serem úteis no futuro uma vez que existirão mudanças
significativas no que se tem conhecimento como sistema de trabalho atual.

Segundo GUEVANE (2017) haverá 8,6 bilhões de pessoas no mundo em 2030,


quase 10 bilhões de pessoas em 2050 e há uma projeção de que chegará em
11,2 bilhões de pessoas em 2100. De forma que a África continue puxando a fila
de crescimento populacional por conta do alto nível de fertilidade, atualmente
China com 1,4 Bilhões e Índia com 1,3 Bilhões de pessoas são os países mais
populosos, acredita-se que a Índia superará a China em 2024.
Existem estimativas que entre 400 e 800 milhões de pessoas sejam forçadas a
mudar sua função de hoje até meados de 2030, por conta dos desafios que a
humanidade enfrentará no futuro, a automação forçará que essas pessoas
tenham de aprender novas habilidades, os desafios são muitos, as pessoas
estão vivendo mais e necessitarão de mais cuidados específicos, economias
emergentes tendem a consumir cada vez mais bens de consumo, saúde e
educação, investimentos em infraestrutura, energias renováveis, mantimentos
entre tantos outros problemas a serem solucionados. (MANYIKA, LUND, CHUI,
BUGHIN, WOETZEL, BATRA, KO, e SANGHVI, 2017)

“65% das crianças da atual primeira série vão trabalhar em atividades


completamente novas que ainda não existem” (WEF, 2016)
45

4.1 Empregos do futuro

Ficou claro que os humanos de uma forma geral precisarão adaptar-se a um


cenário totalmente novo, aprender a aprender nunca foi tão fundamental. Partir
de um pressuposto de que ficará tudo bem sem um esforço colossal de constante
aprendizado e evolução por parte dos humanos seria de um otimismo
exacerbado, bem como seria uma irresponsabilidade, haverá emprego no futuro,
haverá demandas que ainda nem existem, porém, meios de produção deixarão
de funcionar como funcionaram nos últimos 50 anos para darem lugar a
processos totalmente novos, funções novas e a tremenda necessidade de
reaprendizado por parte dos colaboradores com o horizonte de 2022 conforme
tabela 1. (WEF,2018).
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4.2 Habilidades do futuro

Para os trabalhadores de hoje, do futuro, existe a necessidade de tomar a frente


de suas carreiras e priorizar uma vida de aprendizado, haverá muita turbulência
e períodos complicados de transição, afinal existem trabalhadores de diversas
idades e classes, existem também problemas que governantes e países terão
de lhe dar em caso de extrema desigualdade social, educação e quem sabe até
uma renda básica universal em caso de um colapso no mercado de trabalho, é
possível afirmar que os desafios e resultados serão diferentes no caso de cada
país, o mesmo vale para cada pessoa que estará ingressando nesse mercado
de trabalho ou que já estará estabelecida ou buscando novas oportunidades.
(WEF,2018)

“Os analfabetos do século XXI não serão os que não souberem ler ou escrever,
mas os que não souberem aprender, desaprender e reaprender”.
(TOFFLER,1994)

Segundo o Fórum econômico mundial (WEF, 2018), há habilidades que são hoje
são extremamente necessárias para um melhor desenvolvimento de carreira de
uma forma geral.

Podemos verificar alguns exemplos de habilidades necessárias em 2020 na


tabela 1: Habilidades de Bom senso e tomada de decisão, Criatividade,
Negociação, Pensamento crítico e outros. É possível verificar também o que será
tendência para o futuro de forma geral e também o que será declínio como por
exemplo: Habilidades de Design Tecnológico e programação, Liderança e
influencia, Pensamento analítico e de inovação estarão em ascensão em 2022,
porém habilidades como Controle de qualidade e segurança, Gestão de pessoas
e Coordenação e gerenciamento do tempo estarão em declínio em 2022.
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4.3 Brasil

Olhando um pouco mais para o próprio quintal, o Brasil e o brasileiro têm seus
próprios desafios, suas próprias demandas de mão de obra qualificada e
iniciativas relativas a 4ª revolução industrial. Abaixo utilizo algumas informações
do Fórum econômico mundial que demonstram o perfil do Brasil sobre os fatores
para determinar as decisões sobre vagas, adoção de tecnologias por
companhias, quais são as novas categorias que estão emergindo, necessidades
de capacitação, habilidades que estão em evidência entre outras informações.

O Fórum econômico mundial traçou o perfil do Brasil no que tange aos empregos
do futuro, segregando esse perfil em alguns cenários de forma que fosse
possível verificar alguns dos fatores determinantes para contratação de pessoas,
abaixo o autor descrever alguns dos mais importantes.

De acordo com o estudo algumas das habilidades que estão emergindo em


território nacional são: Pensamento crítico e analítico, Criatividade, originalidade
e iniciativa, Inteligência emocional. Estas habilidades estão diretamente
relacionadas as habilidades gerais citadas na tabela 1 e apenas reforçam que
tratam-se de tendências mundiais totalmente alinhadas com a revolução 4.0.

Algumas das novas funções que estão emergindo no mercado de trabalho


brasileiro são: Desenvolvedores e analistas de softwares, Diretores gerenciais e
executivos, Cientistas e analistas de dados, Especialistas em recursos humanos.

Algumas das tecnologias mais adotadas em território nacional são: análise de


dados, e-commerce, aprendizado de máquina e internet das coisas.

Segundo o IBGE (2020) o Brasil vive tempos com altas taxas de desemprego
atualmente algo por volta de 12% da população, um outro problema crescente
no Brasil é a informalidade que vem quebrando recordes nos últimos anos, claro
que é necessário compreender que muitas das tecnologias aqui mencionadas
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contribuem para a informalidade e também de forma proporcional geram


oportunidades para algumas pessoas que não possuem um emprego, em alguns
casos o modelo de economia compartilhada até gera possíveis novas fontes de
renda para pessoas já empregadas.

É preciso um trabalho sério a frente da inserção do conceito de indústria 4.0,


uma vez que precisamos evoluir a competitividade do país com a ideia de buscar
um crescimento orgânico para o PIB do país porém sem nunca deixar de pensar
na sociedade e nos impactos que possam vir a desencadear tamanha disrupção
sócio econômica.
49

4.4 Considerações do Capítulo

Nesse capítulo houve a tentativa de exemplificar um pouco mais as ideias e o


que é esperado para o futuro do trabalho nos próximos anos.

Ficou explícito com as pesquisas realizadas que existem possibilidades e que


também que haverá mudanças no que é solicitado sobre habilidades, no Brasil
particularmente existe muito trabalho a fazer e um longo caminho a percorrer
para que de fato seja possível afirmar que a indústria esteja de fato atuando em
conformidade com a nova revolução industrial.
50

5. CONCLUSÃO

Após verificar o passado, presente e ter uma visão do futuro compreendo que a
humanidade sofrerá um impacto grande com a quarta revolução industrial, onde
a inserção de novas tecnologias será a principal forma de contestar o status
convencional para gerar acessibilidade de forma democrática a todos, impérios
serão desafiados e monopólios continuaram a cair de forma constante pois a
tecnologia não ficará mais a disposição de poucos países, corporações ou
pessoas, o dinheiro muda de mãos numa velocidade impressionante nos dias de
hoje e com isso as oportunidades aparecem num piscar de olhos, é importante
estar preparado e antenado para não deixar essas oportunidades escaparem
pelos dedos.

O autor tentou propiciar o maior enfoque possível no ser humano, pois essa é a
parte interessada que mais sofrerá nesse enorme processo de mudança durante
as pesquisas para esse trabalho houve um vídeo que dizia que uma das buscas
mais realizadas no Google era algo como “Um robô vai roubar o meu emprego?”,
e como durante as revoluções muitas pessoas perderam os seus empregos que
deixaram de existir, muitas pessoas não foram ágeis o suficiente para conseguir
mudar o seu direcionamento de carreira e assim viram uma carreira bem
sucedida virar pó e dar lugar a algum tipo de trabalho exaustivo e pouco
remunerado, o autor já presenciou isso com familiares e amigos ocorrendo nos
últimos anos. Porém provavelmente existirá numa proporção idêntica uma
grande criação de novos empregos, pois ao mesmo tempo em que a IA retira
empregos de atendentes de telemarketing existe a necessidade de pessoas para
configurar, ensinar e evoluir as tecnologias, analistas de dados, arquitetos e
tantas outras funções, profissões que envolvem criatividade e sentimentos
continuarão a existir.

Desta forma respondo ao questionamento que dá título a este trabalho, os robôs


não roubarão os nossos empregos, porque acredito que humanos e máquinas
trabalharão juntos, com os humanos sendo protagonistas de seu próprio futuro
51

e tendo as máquinas e as tecnologias como uma extensão que propulsionará a


humanidade a um novo patamar, vez que livres de trabalhos repetitivos e
tedioso, as pessoas poderão utilizar o seu tempo hoje escasso em funções com
maior impacto nas resoluções dos problemas que a humanidade ainda terá de
enfrentar.

5.1 Contribuições do Trabalho

O autor buscou a todo momento encontrar uma resposta para a tão temida
mudança e quebra de paradigma que ronda o futuro do emprego.
A ideia foi trazer um mix de informações sobre as tecnologias que estão
envolvidas na revolução atual e quais os impactos causados pela mesma, de
forma a comparar com as revoluções anteriores e como foi o comportamento da
sociedade.
O autor compreende que esses movimentos sempre levam a humanidade a um
passo à frente, um passo que precisa ser dado para continuarmos a evoluir e
assim dar conta dos desafios que insistem em aparecer. É compreensível não
prever o futuro, mas é possível gerar uma visão de futuro em que a sociedade
evoluirá juntamente com as tecnologias e relações de trabalho aqui
apresentadas.

5.2 Trabalhos Futuros

O autor compreende que existe a possibilidade de aprofundamento nas áreas


relacionadas com o tema do trabalho, principalmente na parte tecnológica uma
vez que certamente mudou durante o período em que essa pesquisa era
realizada. Possivelmente seria ideal realizar uma pesquisa com parentes e
conhecidos próximos para verificar a possibilidade de uma linha de pensamento
mais próximo de uma realidade em que o autor está inserido, desta forma é
possível ter uma sensibilidade e perspectiva de como as pessoas próximas ao
52

autor estão comportando-se com as mudanças que envolvem automação, IA,


RPA entre outras tecnologias.
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REFERÊNCIAS

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Inglesa"; Brasil Escola. Disponível em:
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