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Aula 1.
O que é liderança? Quais são os requisitos para liderar? O que Deus concede
e exige dos líderes da igreja? Como liderar segundo o coração de Deus?
I – O QUE É LIDERANÇA?
1
LORSCH, Jay. A Contingency Theory of Leadership. In: NOHRIA, Nitin; KHURANA, Rakesh.
(Ed.). Handbook of Leadership Theory and Practice: An HBS Centennial Colloquium on Advancing
Leadership. Boston: Harvard Business Press, 2010, p. 413.
2
NORTHOUSE, Peter G. Leadership: Theory and Practice. 3. ed. Thousand Oaks: Sage Publications, Inc.,
2004, p. 3.
3
BLANCHARD, Ken et al. Liderança de Alto Nível: Como Criar e Liderar Organizações de Alto
Desempenho. Reimpressão. Porto Alegre: Bookman, 2007, p. 15
4
BLANCHARD, op. cit., loc. cit. Grifo nosso
liderança seria “influenciar outros a liberar seu poder e potencial de forma a
impactar” Deus. Isso não coaduna com a perspectiva ortodoxa. O melhor é
compreender o “bem maior” como o propósito de Deus. Deus tem uma
deliberação bíblica para a sua igreja, de modo que liderança seria “a capacidade
de influenciar outros a liberar seu poder e potencial de forma a impactar” ou
alcançar ou realizar este propósito.
Observemos os exemplos da Escritura: Nós temos um líder que não tem nada
de carismático, Moisés (Êx 3.11); um menino, Jeremias, que admite que não
passa de “uma criança” (Jr 1.6); um Isaías que sabe ser um homem impuro,
desqualificado para sequer permanecer diante do Senhor dos Exércitos (Is 6.5).
Esses são modelos bíblicos — e outros poderiam ser citados.
Deus escolhe pessoas que se sentem inadequadas, ele chama aos humildes e
aparentemente incapazes. Sendo assim, o modelo bíblico de liderança parece
divergir do modelo secular. A diferença não está, como temos ouvido nas últimas
décadas, na ideia cristã de serviço (cf. Mc 10.42-45). Atualmente, o modelo do
líder que serve é apresentado em qualquer seminário empresarial. O ponto em
que a liderança cristã diverge radicalmente da secular é na insistência da
primeira em afirmar que é impossível produzir resultados à parte da intervenção
divina; é impossível liderar biblicamente com base na carne; a igreja é conduzida
pelo Espírito. Se eu influenciar um membro da igreja a ser santo, pobre homem!
Buscará a santidade a partir da influência de mim, outro miserável pecador; se o
Conselho influenciar a igreja a abraçar uma visão ou declaração de missão, isso
não será diferente de um Estado motivar seus cidadãos a abraçar determinada
ideologia. Almejamos ser instrumentos em uma obra divina, oramos por um
avivamento autêntico e desejamos que graça celestial transborde a partir de
nossa liderança. Quando isso não ocorre é o fim — ou talvez, a evidência de que
até o começo foi comprometido.
Isso deve nos fazer pensar se, em nossos ideais de liderança, não estamos
assumindo definições influenciadas pela cultura circundante. Nosso Senhor nos
convoca a pensar a liderança biblicamente: “Sabeis que os que são
considerados governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles
os seus maiorais exercem autoridade. Mas entre vós não é assim” (Mc 10.42-
43a; grifo nosso).
Não tem como o líder cristão não ter esta característica, pois, no seu dia a dia,
ele vai precisar lidar com muitas pessoas o tempo todo. E, se ele não gostar de
pessoas, ele não vai conseguir avançar com seus projetos, não vai conseguir
liderar.
Isso implica, necessariamente, em amar a igreja assim como Cristo a ama (1Co
13.1-3; Ef 5.25-27; 2Co 11.28). Líderes amargurados ou cínicos, que falam mal
da igreja, não seguem o padrão de liderança de Jesus.
Como o líder cristão cuida de pessoas, ele precisa ser confiável para que ele
possa ajudar a cuidar delas.
Outro ponto importante é que, quando o Pastor da igreja local tem um líder que
não é confiável para com a visão e a direção da Igreja local. Quando isso
acontece, ele vai precisar estar de “olho” neste líder o tempo todo para ajudá-lo
a não se desviar da direção que Deus à Igreja local (Amós 3.7).
O Senhor Jesus cavava tempo em sua agenda para dedicar-se à oração (Mc
1.32-39; Lc 6.12). Ele chamou seus apóstolos não apenas para fazer — pregar
e exorcizar —, mas antes de tudo, para comparecer e ser — virem para “junto
dele” e “estarem com ele” (Mc 3.13-15).
O discernimento da vontade de Deus para o trabalho exige comunhão com ele
(Is 30.21; Jr 33.3). Moisés, Josué, Filipe e o apóstolo Paulo são exemplos disso.
Moisés entendeu que tinha de voltar ao Egito e libertar o povo de Israel (Êx 3.10,
16-18). Josué foi animado e guiado pelo Senhor para conquistar Canaã (Js 1.1-
9). Deus orientou Filipe na evangelização (At 8.26). Paulo, por sua vez, não
começou a pregar imediatamente após a sua conversão, como pode nos levar a
crer Atos 9.18-20. Entre Atos 9.19 e 9.20 passaram-se três anos, nos quais o
apóstolo retirou-se na Arábia, recebendo instruções de Deus sobre o evangelho
(Gl 1.10-24). Ele foi conduzido por Deus; quis pregar na Ásia e, em seguida,
tentou ir até a Bitínia, mas foi impedido pelo “Espírito de Jesus” e dirigiu-se à
Macedônia (At 16.6-10).
Se a liderança cristã tem relação com “o PODER DO ESPÍRITO”, o líder deve ser
cheio do Espírito Santo. Este era um requisito básico para a escolha de líderes
da igreja do NT (At 6.3).
Deus é o principal agente da obra (Zc 4.6;
At 1.8; 9.31;
1Co 2.1-5). É Deus
quem produz amadurecimento (santificação), motivação para a obediência, os
dons e as condições contextuais e circunstanciais para seu uso.
Biblicamente “Deus é quem opera em nós tanto o querer quanto o realizar” (Fp
2.13). Quem produz amadurecimento (santificação), motivação para a
obediência, os dons e as condições contextuais e circunstanciais para uso
desses dons é Deus. Quem motiva, quem revitaliza, quem concede um impulso
duradouro que prossegue até a glorificação é o Espírito Santo. Quem concede
influência ao líder é o Senhor (Sl 144.1,2). Não há presbítero docente ou regente
ou outro líder de qualquer departamento ou ministério que consiga isso por suas
forças, pelo menos não produzindo fruto espiritual duradouro (cf. Jo 15.16). A
obra é dele, as iniciativas são dele e é ele quem produz na igreja tanto o
despertamento quanto o entorpecimento (Is 51.17, 22).
Dito de outro modo, Deus é soberano sobre a obra. Ele envia sobre a igreja
períodos de luz e trevas, discernimento claro e confusão (Is 45.5-7; cf. Is 6.9-13;
2Ts 2.11-12). O que Deus determina inevitavelmente ocorrerá (Is 46.8-11). Ele
envia tanto o avivamento quanto o “atordoamento” (Hc 3.2; Is 51.17, 22). Esta é
a aplicação, no âmbito da liderança, da doutrina da providência.
1Co 12.28
_______________
Jo 21.15-23; At
23.11; Ef 3.14-21
Uma única exigência: Fidelidade (1Co 4.1-2; Jo 10.11)
É mister que peçamos a Deus que guarde o nosso coração das más
influências.
Líderes como Sansão, Davi, Salomão e muitos outros reis de Israel não
guardaram o seu coração. Foram contaminados pela sensualidade e pela
idolatria. Erraram o alvo. Perderam o foco do Senhor e o brilho da sua liderança.
Transformaram a comissão em omissão. Entristeceram o coração do Pai. Não
deram testemunho do Senhor que os havia chamado com tanto amor. Foram, na
verdade, ingratos. Não corresponderam às expectativas de Deus.
O nosso coração deve ser como o de Abraão, que deixou a sua terra para a terra
que Deus havia determinado e ele foi uma benção para as nações; como José
que preferiu ser preso a ceder para a sensualidade da esposa de Potifar e,
assim, comprometer a sua fidelidade ao Senhor e o Seu plano; como Moisés que
deixou os tesouros do Egito para servir ao Senhor na liderança do Seu povo;
como o de Josué que levou o povo à terra prometida; como Neemias que
recebeu de Deus a incumbência de reconstruir os muros de Jerusalém e o fez
em 52 dias; e como o de Paulo que recebeu a ordem de Jesus de levar o Seu
evangelho de Jerusalém (oriente) a Roma (ocidente). Cumpriu a missão com
inteireza de coração. Coragem, determinação, amor e fé.
Jesus é o nosso maior exemplo de alguém que tem o coração na Missão. Ele é
nosso líder-servo que veio servir e dar a Sua vida em resgate de muitos (Mt
20.28). Ele tabernaculou entre nós em perfeita sintonia com o Pai. Todo o Seu
ministério estava centrado na Missão do Pai. Jesus andava entre os pobres. No
Seu coração não havia preconceito. Ele pregou o evangelho do Reino; ensinou
o caráter do Pai e curou as enfermidades físicas e emocionais. Foi para a cruz
com plena consciência de Missão. Morreu nos amando com um amor
incomparável. A Sua vida foi um exemplo de obediência. Ele nos ensinou que o
mais importante é buscar e salvar o homem perdido para que haja alegria no céu
debaixo da glória de Deus.