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SERVIÇO SOCIAL
ÁGUAS FORMOSAS - MG
2021
UNIP- UNIVERSIDADE PAULISTA
SERVIÇO SOCIAL
ÁGUAS FORMOSAS - MG
2021
RESUMO
The present literature review work aimed to identify the role of Social Work in
promoting the rights of children in situations of social vulnerability. Through the
framework researched in books, scientific articles and the reading of legal texts, it
was observed that the role of Social Work in its different instances of action in order
to promote the realization of the rights of children in situations of social vulnerability is
comprehensive, involving qualified service, together with other professionals, in an
integration between the social, health, legal, hospital and educational areas, related
to the referral to the competent authorities and the request for protective measures,
as well as assistance to families and advocacy in general. It was found that
interventions should be aimed at protecting against all expressions of vulnerability
and violence, as well as towards access to health and education, to tackling child
labor and to all types of abuse or damage to the rights of this public. .
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 6
2 O SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DA PROTEÇÃO À CRIANÇA....................8
3 O SERVIÇO SOCIAL NA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA.....................................14
4 OS OBSTÁCULOS AO TRABALHO DO SERVIÇO SOCIAL NA PROTEÇÃO À
CRIANÇA.................................................................................................................. 22
4.1 ASPECTOS GERAIS: O TRABALHO SOCIAL...................................................................22
4.2 O SERVIÇO SOCIAL E A DEFESA DE DIREITOS...........................................................25
4.3 A ALTERNATIVA DO ENCAMINHAMENTO INSTITUCIONAL: POSSÍVEIS
MELHORIAS..................................................................................................................................35
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 42
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 44
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1 INTRODUÇÃO
realizam a denúncia, por motivos diversos. Nesse sentido, Lordello e Costa (2013)
afirmam a importância do cuidado que deve ser dedicado à atuação na realidade de
exclusão, sendo importante a pesquisa no âmbito da saúde pública, que segundo
Lages, Silva e Soares (2017), é escassa, voltando-se a minimizar os efeitos do
abuso que, segundo Garcia e Pacheco (2016), ainda tem seu enfrentamento de
difícil intervenção, dada a invisibilidade apresentada pela questão.
Silva et al. (2012) destacam que deve haver uma maior integração entre as
áreas social, de saúde, jurídico, hospitalar e educacional para se prestar um serviço
de qualidade às vítimas, dando-se atenção também a família.
Florentino (2014), afirma a necessidade dessa atenção à família, indicando
que a demanda pode apresentar-se contraditória, exigindo a atenção multidisciplinar,
também preconizada por Neves (2010), que destaca o fato de que as situações
envolvem famílias fragilizadas, crianças e adolescentes amedrontados, profissionais
por vezes inseguros e com poucos recursos para a intervenção.
Concordam com a incipiência desses recursos os autores Faraj e Siqueira
(2012), que afirmam também que apesar do atendimento do CREAS ser
considerado qualificado, o mesmo não contempla o necessário para que ocorra o
enfrentamento á violência, observando também que a rede de proteção à criança e
ao adolescente se encontra desarticulada.
Destaca-se a necessidade de se promover a articulação por meio de políticas
públicas mais adequadas e da fiscalização quanto o cumprimento das leis
(ANDRADE et al., 2016). No entanto, considera-se também a importância de que
ocorra a capacitação contínua dos profissionais voltados ao atendimento às crianças
e adolescentes em condição de vulnerabilidade social, sendo necessária a
valorização desses profissionais e a oferta de condições adequadas de trabalho.
Essa insegurança se mostra passível de superação a partir da superação das
formas tradicionais do atendimento, que conforme Macedo e Conceição (2017),
deve exigir a capacitação e avaliação dos profissionais envolvidos para o
reordenamento do atendimento previsto na doutrina da proteção integral.
Especificamente abordando a escassez de psicólogos nesse trabalho de
acolhimento, Freire e Alberto (2013) indicam a insuficiência e por vezes a
inexistência da capacitação ofertada pelo Estado para esses profissionais, do
mesmo modo que o suporte às vítimas também não contempla as necessidades das
mesmas.
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Essa pode ser indicada como outra demanda importante no que se refere à
defesa dos direitos da criança e do adolescente, também comumente negligenciada
e que tem como principal obstáculo a desigualdade social e as iniquidades na
distribuição de renda. Assim, pode-se compreender que a totalidade das demandas
citadas e mesmo as que não integraram o presente trabalho apresentam, em maior
ou menor escala, obstáculos intrínsecos à sua própria motivação, derivada das
dificuldades de acesso aos direitos que caracteriza o país, bem como do
esvaziamento dos debates sobre esses direitos no plano executivo.
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crianças, que são a parte que se apresenta fragilizada na relação, levando à maior
condição de abandono.
Entre os danos causados diante da ruptura do processo de adoção, Souza
(2012) cita a estigmatização com a qual essas crianças ou adolescentes passam a
conviver, bem como a perda da esperança em obter uma nova família, o que
também contribui, diante da falta de perspectivas, para a ocorrência de prejuízos de
caráter psicológico, de diferentes dimensões. Mesmo diante da dificuldade de que
ocorra a comprovação dos danos morais ou psicológicos nessa situação, pode-se
constatar que os tribunais não têm se omitido nesse aspecto, considerando que
mesmo estando em um período em que ainda não fora efetivada a adoção, a
desistência pode trazer prejuízos e esses precisam ser suportados pelos
desistentes.
Nesse tipo de situação, verifica-se a necessidade de intervenção efetiva por
parte do assistente social, considerando que o acesso ao direito faz parte do
conjunto de atribuições inerentes à profissão que, inclusive, se insere no campo da
saúde mental.
Um exemplo a ser considerado se refere à decisão do Tribunal de Justiça de
Santa Catarina, que diante da ruptura de adoção de uma criança de sete anos, e
constatada a necessidade de que a mesma passasse a ter acompanhamento
médico e psicológico devido à citada ruptura, determinou que o casal desistente
deveria arcar com os custos do tratamento (IBDFAM, 2015).
Observando a condição de isonomia indicada pelo artigo 227, § 6º da
Constituição Federal, que impede qualquer distinção a favor de filhos biológicos ou
qualquer outra diferenciação nesse aspecto, pode-se afirmar que não cabe a
devolução de criança ou adolescente depois do encerramento do processo de
adoção.
Observa-se, no âmbito das atividades do assistente social, que os avanços
obtidos nas políticas públicas sociais nas últimas décadas, principalmente com a
implantação do Programa Bolsa Família, trouxeram componentes diferenciados à
atividade profissional, voltando-se ao atendimento especializado e caracterizado
pela observação estrita dos elementos técnicos e legais a respeito do acesso aos
programas. A implantação dos Centros de Referência de Assistência Social – CRAS,
trouxe novas perspectivas de acesso à assistência social no Brasil, sendo estes “a
principal porta de entrada para os serviços do Suas” favorecendo o acesso à
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serviços, como Abordagem Social e Serviço para Pessoas com Deficiência, Idosas e
suas famílias, além do serviço de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto. O
programa ainda oferece orientação jurídica, apoio à família, apoio no acesso à
documentação pessoal e estimula a mobilização comunitária, além da orientação e
encaminhamento dos cidadãos para os serviços da assistência social ou demais
serviços públicos existentes no município.
Fazem parte do público alvo do programa famílias e indivíduos em situação
de risco pessoal e social que tiveram seus direitos violados, seja violência física,
psicológica e negligência; violência sexual; aquelas afastadas do convívio familiar
devido à aplicação de medida de proteção; indivíduos em situação de rua;
abandono; trabalho infantil; discriminação por orientação sexual e/ou raça/etnia;
cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto de Liberdade Assistida e
de Prestação de Serviços à Comunidade por adolescentes, etc.(BRASIL, 2011).
O CREAS, unidade de atendimento de média complexidade é um programa
voltado às famílias e indivíduos em situação de risco pessoal ou social, estando
também vinculado à rede SUAS, que tem como atribuição dar proteção a esse
público, afiançando seguranças socioassistenciais, na concepção da proteção
social.
Após o acolhimento no CREAS, estes passam por uma avaliação psicológica,
na qual consiste em uma coleta de dados (sintomatologias apresentadas, dinâmica
da família, etc.), análise e estudo da situação de violência e dinâmica familiar, que é
realizada através de entrevistas com membros da família e a(s) vítima(s), além de
contatos com a rede de atendimento, visando à identificação da violação e à
proteção desse núcleo.
Alguns princípios importantes na atuação do Psicólogo dentro do CREAS são
citados por Fialho (2017), sendo que a autora indica a importância da atuação de
acordo com as diretrizes e objetivos da Política Nacional de Assistência Social e da
Proteção Social Básica, favorecendo a efetivação das políticas públicas de
desenvolvimento social e a construção dos cidadãos, bem como atuar de modo
integrado com destaque para a atuação conjunta entre Psicologia e Serviço Social.
Nesse ponto, essa atuação conjunta possui importância destacada se
considerado sob o prisma do processo de subjetivação política, diante da concepção
de subjetivação que é compreendida como “a produção, mediante uma série de atos
de uma instância e de uma capacidade de enunciação que não eram identificáveis
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A figura central do Código de Menores era o Estado que, por meio do “juiz
de menores”, decidia de modo autoritário e isolado o destino de crianças ou
adolescentes em “situação irregular”, como eram consideradas aquelas
destituídas de vínculos familiares ou cujas famílias não tinham condição de
sustentabilidade econômica. Elas eram vítimas de maus-tratos, autoras de
atos ilícitos ou ainda tidas como “inadaptadas”. Assim, o Código de Menores
era destinado à repressão e tutela de crianças e adolescentes pobres e
negras, advindas das classes populares, geralmente por meio da
institucionalização sem a criação de qualquer obrigação por parte do Estado
de proteção dessas crianças e adolescentes (MAIA et al., 2018, p. 13).
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O ano de 1942 foi parte de um período autoritário do Estado Novo, foi criado
pelo Ministério da Justiça o Sistema de Assistência ao Menor o Sistema de
Assistência ao Menor, que era um sistema Penitenciário para os que tivessem
menos de 18 anos e previa atendimento diferente para o adolescente autor de ato
infracional e para o menor carente e abandonado, mas na realidade importava na
privação da criança e adolescente do seu direito a liberdade.
O Estatuto da Criança e do Adolescente atua mudando todo o contexto,
trazendo novos conceitos e consagrando a proteção integral da criança e
adolescente imparcialmente, sem distinção de cor, sexo, idioma, religião, já não
podendo mais sofrerem discriminação, crueldade, opressão sendo punido conforme
a lei, qualquer atentado.
Observa-se, com base no que foi identificado pelos autores, que a melhoria
no atendimento pode passar pelo essencial conhecimento, por parte dos
colaboradores e demais pessoas ligadas aos abrigos e demais instituições que
atuam nesse contexto, sobre as especificidades dos mesmos, em caráter interno e
externo, compreendendo os componentes legais e estatutos que regem estes
espaços. Um subsídio importante ao funcionamento destas organizações é o Projeto
Político-Pedagógico. Conforme a Secretaria Nacional de Assistência Social, o
Projeto Político Pedagógico deve conter, entre outros pontos:
mesma não pode limitar sua prática apenas à sobrevivência dos assistidos, mas ao
desenvolvimento do indivíduo (DEMO, 2000).
Um dos cuidados que fazem parte da prática do Abrigo Lar Marilisa é a
preocupação com o retorno à família de origem, que é o objetivo preconizado pela
instituição, sendo que este é atingido em aproximadamente 80% das situações,
devendo-se observar que mesmo depois desta reinserção a criança continua sendo
atendida. Mensalmente, o Abrigo Lar Marilisa realiza reunião para que sejam
discutidos os temas inerentes ao cotidiano dos abrigados, sendo realizadas
dinâmicas e constante capacitação dos funcionários, por meio de oficinas de
formação e cursos.
Nesse contexto, a dinâmica que envolve o trabalho dos assistentes sociais é
discutida a partir da forma como deve ser executada a prática profissional no
atendimento às crianças em situação de vulnerabilidade. Conforme Guerra (2016),
as discussões que tomam por objeto o como fazer da profissão revestem‐se sempre
de atualidade causando, à primeira vista, a impressão de que há algo de novo sendo
vislumbrado no horizonte do Serviço Social. O impacto que a retomada da questão
inúmeras vezes causa nos profissionais, a nosso ver, tem sido sustentado por dois
tipos de situações.
No momento atual, a exigência de criação de novos instrumentos de ação
profissional, como de recriação dos tradicionalmente utilizados pelo assistente
social, tem se manifestado tanto nos eventos representativos da categoria da
academia. Existe uma razão de ser no Serviço Social, estreitamente vinculada tanto
às condições que gestaram sua institucionalização como àquelas por meio das quais
a profissão é reconhecida e requisitada (GUERRA, 2016).
A análise da instituição Serviço Social aponta para a centralidade do seu
caráter interventivo, uma vez que dele depende a existência, materialidade e
funcionalidade da profissão. Verifica-se a existência de racionalidades inerentes às
formas de intervenção profissional que, mesmo colocadas em segundo plano pela
singularidade das ações individuais e pela legalidade posta no movimento histórico
da realidade, produzem regularidades (GUERRA, 2016).
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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população atendida em um centro de referência especializado de assistência.
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