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FREELANCERS
QUE VENDEM
PRODUTOS

Notas da Rita e da Sofia


para o live de 13 de outubro de 2020

sobre
ter atividade aberta como TI/Empresário em Nome Individual
com rendimentos de Categoria B

como abrir atividade


diferença entre ENI, trabalhador independente e Empresa
regime de IVA, vendas para a CE e exportações
programa de faturação vs portal das finanças
emitir faturas

atualizado em dezembro 2022


notas: freelancers que vendem produtos

Olá!
Se estás a ler este documento é porque deves ter assistido ao registo vídeo
do live que eu (Luscofia) e a Rita (Atelier Piino) fizemos sobre as finanças
de freelancers que vendem produtos, no dia 13 de outubro de 2020, com
repetição no dia 15 de outubro.

A denominação mais correcta será Empresários em Nome Individual


com rendimentos de categoria B, e também será o teu caso se tiveres
atividade em nome individual com vários CAE que te permitem vender
produtos, seja numa loja física ou online.

Este documento são as notas que fizemos para auxiliar a conversa, com
algumas coisas que acrescentámos depois das perguntas que foram sur-
gindo. Também completámos o documento com referências aos artigos
dos códigos da finanças, com o link incluído, para os poderes consultar
se quiseres.

O que gostávamos de te transmitir é o seguinte: mesmo que tenhas um


contabilista, mesmo que encontres fontes confiáveis sobre finanças, nada
substitui saberes o que se está a passar com as tuas contas e com o teu
negócio. Não é só decorar o que tens de fazer, é perceber mesmo de onde
vêm as regras — faz toda a diferença na facilidade com que lidas com as
tuas finanças profissionais (e pessoais também!).

Se te surgir alguma dúvida, podes contactar-me através do instagram


(@sofiarochaesilva) ou por e-mail para sofia.rochaesilva@gmail.com
Também aconselho a contactares as finanças para o número de apoio:
217 206 707

Este documento foi atualizado a 15 de dezembro de 2022.

13 outubro 2020
notas: freelancers que vendem produtos

Porquê aprender sobre finanças?


Em Portugal, além de ser obrigatório fazer a declaração de rendimentos,
uma marca só cresce se passarmos faturas: para vender a lojas, para
exportar... vai ser necessário ter o enquadramento legal certo. Se não
o fizermos, não só não vamos crescer como não vamos beneficiar de
qualquer protecção social quando necessitarmos.

Por isso, uma nota importante: Não somos contabilistas, somos


criativas profissionais, como tu! Tudo o que aqui vais ler é resultado de
experiência pessoal e de informação que fomos reunindo ao longo da
atividade profissional.

A criação/registo de marca é obrigatória?


Não. Mas podemos dizer que é aconselhada, para evitar certos cenários:
alguém registar a tua marca depois de ti e teres de mudar o nome,
descobrires que a tua marca já existe e não podes registá-la depois
de criares o negócio, entre outros cenários. É boa ideia seres tu o
proprietário da tua marca.

Podes fazer o registo no INPI (Instituto Nacional de Propriedade


Industrial). Este passo é importante para o crescimento e
reconhecimento da marca, mas não tem nada a ver com as finanças.

Tens de ter em atenção a ortografia e a fonética da marca, não pode


haver outra parecida de nenhuma das duas maneiras.

O registo é demora e caro. Demora cerca de meio ano a ter resposta e


custa cerca de 120€, por isso é muito importante escolher bem o nome
para não perder tempo nem dinheiro.

Podes consultar a tabela de preços do registo de marcas aqui.

13 outubro 2020
notas: freelancers que vendem produtos

Que tipo de atividade tens para vender produtos?


Para vender produtos há duas hipóteses:

Abrir uma empresa;

• Tem custos iniciais;

• Obrigação de contabilidade organizada (que exige contabilista);

• Património pessoal não responde pelas dívidas da empresa;

Abrir atividade como trabalhador independente (ou Empresário em


Nome Individual)

• A abertura de atividade é gratuita;

• Podes escolher entre contabilidade simples e contabilidade


organizada;

• O teu património pessoal e profissional são o mesmo;

O que te faz optar por ser TI/ENI?


Quando o volume de negócios é pequeno, não há despesas muito
avultadas, não há mais trabalhadores e é indiferente se a vida privada e
profissional estiverem ligadas, por isso ser ENI era a solução mais simples.

Tem a vantagem de não ser obrigatório contabilidade organizada (a


despesa de um contabilista ronda os 150€ mensais) e não ser preciso
pagar o IRC (imposto de rendimentos de pessoas colectivas). Como ENI,
no fundo, és um trabalhador independente que vende produtos — pagas
segurança social e IRS, além do IVA de acordo com o teu regime.

Além disso não tem custos iniciais.

Qual é a diferença entre TI e ENI?


Para as finanças não há diferença nenhuma. A diferença é para a Segurança
Social, porque a taxa vai ser diferente. Se venderes produtos, ou se tiveres
um estabelecimento/loja físico, vais ficar enquadrado na segurança social
como ENI. Para o verificares, compara a tua taxa com as informações
seguintes.

13 outubro 2020
notas: freelancers que vendem produtos

Passos para começar atividade:


Abrir atividade nas Finanças como ENI

A abertura de atividade pode ser feita on-line, tens de ter a password de


acesso ao portal das finanças e tens de ter à mão o teu cartão de cidadão.
Vais precisar também do teu IBAN para associar à tua atividade.

Escolher os códigos

Os CAEs são códigos da Classificação Portuguesa das Atividades


Económicas). Ao abrir atividade terás de escolher os códigos de atividade
que vais exercer. Podes consultar a lista aqui. Tem em atenção ao tipo
de produto que vais vender, porque pode haver algum CAE obrigatório
associado a ele: por exemplo, no caso da Rita, o facto de comprar pequenas
peças em prata banhada a ouro, para produzir os brincos, obriga a que ela
tenha o CAE de comercialização de metais preciosos.

Ao abrir atividade podes escolher 1 CAE principal e vários CAEs


secundários.

Prever para onde vais vender

Saber se a venda será feita só para Portugal ou se vais vender para a


Comunidade Europeia e outros países é importante.

Quando abres atividade como ENI, se venderes só para Portugal e não


ultrapassares os 12.500€ (este limite existe desde 2021). Consulta o art. 53
do CIVA para saberes mais sobre isto.

Mas se ultrapassares os 12.500€ ou se preveres começar a vender logo para


fora de Portugal, ficas logo enquadrado no regime de IVA. Ou seja, vais ter
de pagar esse imposto (é mais acertado pensar que tens de o acrescentar ao
valor dos teus produtos, para que o consumidor o pague).

Claro que podes começar com isenção e alterar mais tarde, mas se estiveres
a prever que vais ter de alterar passado poucos meses, não compensa
o trabalho e mais vale abrires atividade com o regime certo. Aliás, ter
regime de IVA é vantajoso se tivermos de comprar muitos materiais, caso
contrário não podemos deduzir IVA de produtos que compramos cá nem
na EU.

Escolher o regime de IVA

Se ficares enquadrado em regime de IVA, vais ter de escolher se queres


entregar o IVA mensal ou trimestral. O mais prático é o trimestral.

A partir do momento em que abres atividade, o teu registo na segurança


social é automático. Podes antecipar-te e pedir a password da segurança
social direta.

13 outubro 2020
notas: freelancers que vendem produtos

O que é o VIES?
Sistema de Intercâmbio de Informações sobre o IVA, é um motor de
busca (e não uma base de dados) da Comissão Europeia. Se o cliente
tiver número contribuinte, é aqui que confirmam se é cliente final (se
der inválido) ou sujeito passivo de IVA (se der válido).

Isto vai ser importante para saberes como incluir o IVA na tua fatura, no
caso de vendas para a Comunidade Europeia.

Sobre a loja online


A Rita usa o squarespace (e-commerce básico), que custa 24€ por mês, e
fê-lo numa semana. Muito prático mas menos comercial e com poucas
possibilidades de integrar programas de faturação, em comparação com
o Shopify por exemplo. Também podes usar o wordpress com o plugin
Woocommerce, ou o Webflow (um dos concorrentes do wordpress).

É boa ideia ter em atenção as taxas de pagamento (das comissões) e as


opções de IVA nos preços do site.

Emitir faturas
Ter programa de faturação não é obrigatório porque podes emitir
faturas no portal das finanças, tanto de serviços como de produtos, mas
não é nada prático se tiveres de emitir faturas todos os dias, ou mesmo
todas as semanas.

Além disso, para teres um contacto global da tua marca com o cliente,
a personalização das faturas é um fator chave (as do portal das finanças
são muito feias e não dá para mudar!).

Atenção que o programa de faturação que escolheres tem de ser


certificado pelas finanças. Podes encontrar no site das finanças um
motor de busca de programas de faturação aprovados.

Há alguns totalmente grátis, mas podem ser limitados. Faz pesquisa.

As nossas recomendações na live foram o Jasmin Express (que a Rita


usa), que é grátis nos primeiros 6 meses ou primeiros 30.000€, e
após esse período é 9,90€/mês, e o Moloni, que tem 1 mês gratuito e
depois tem 3 modelos de pagamento, que começam em 5,20€/mês (no
pagamento anual).

Há mais vantagens de usares um programa: Registo de clientes,


produtos e análise de vendas.

13 outubro 2020
notas: freelancers que vendem produtos

Como manter faturas e vendas organizadas


Tenta ter uma referência para cada produto que seja fácil de identificar
sem descrição. Exemplo: COXL001

CO de modelo Concha

XL é o tamanho

001 é a cor

Usa as mesmas referências, contactos e descrições nas listas de preços,


na loja online e no programa de faturação, para facilitar o cruzamento
de informação (teu e dos clientes com quem trabalhares).

Qual a diferença entre fatura, recibo e fatura/


recibo?
Fatura, antes do pagamento e tem uma validade específica.

Recibo é o comprovativo do pagamento.

Fatura/recibo é o que faço na maioria das vezes depois da compra está


feita no site e o produto enviado.

Por lei, a fatura ou a fatura-recibo devem ser enviadas até 5 dias após
conclusão do serviço ou venda do produto. Há pessoas que enviam
dentro da encomenda (importante nas alfândegas pois a fatura tem de
bater certo com a declaração de valor da encomenda que é obrigatória
em todas as exportações e aqui atenção que há uma taxa de exportação
para valores acima dos 70€).

Nota: Os softwares de faturação não comunicam automaticamente com


as finanças, por isso é obrigatório fazer exportação do ficheiro SAFT
do programa de faturação e importação no site das faturas eletrônicas
(como comerciante) até dia 5 do mês seguinte (antes era até dia 12 mas
mudou em janeiro de 2023). Funciona no Chrome (a partir de 2022),
mas se tiveres problemas tenta com o internet explorer.

13 outubro 2020
notas: freelancers que vendem produtos

O IVA nas vendas em Portugal e para outros


países
Há várias hipóteses de IVA (imposto sobre o valor acrescentado)
quando se passar a fatura quando vendes para todo o mundo.

1. Venda para Portugal e para Comunidade Europeia para


consumidores finais (clientes sem número de contribuinte registado no
VIES, ou seja cliente normal, sem loja/empresa):

Cobrar 23% de IVA ou usar isenção do artigo 53 (até 10.000€)


ou terás de te registar no OSS (One Stop Shop no Portal das Finanças)
para cobrar IVA no país de destino.

2. Venda para a Comunidade Europeia para clientes passivos de IVA


(empresas):

Validar o NIF/VAT no VIES. Se o NIF for válido, a isenção


pelo artigo 14 do RITI. Terás de entregar depois uma declaração
recapitulativa sobre esta fatura. Se não conseguires validar o NIF no
VIES, deves tratar do IVA como se fosse um consumidor final (ver o
ponto 1).

3. Venda para fora da Comunidade Europeia/exportação para


consumidores finais ou para empresas:

Isenção de IVA do artigo 14° do CIVA. Se for uma exportação


tens de ter um certificado da Alfândega a confirmar, senão vais ter de
cobrar IVA à taxa normal. Para fora de Portugal não pode ser usada
a isenção do artigo 53, tens de ter escolhido regime de IVA ao abrir
atividade.

Nota: O envio tem também direito à isenção com o artigo 9° do CIVA se


o valor for igual ou inferior ao que foi pago no envio. Exemplo dos CTT.

O que é o RITI?
É um Regime de Iva nas Transações Intracomunitárias que tem como
objetivo facilitar a troca de informação no Mercado Único Europeu.

O que é o CIVA?
É Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado que consiste num
conjunto de normas e regras para a aplicação do IVA (Imposto sobre o
Valor Acrescentado)

As diferentes taxas de IVA em Portugal

13 outubro 2020
notas: freelancers que vendem produtos

A taxa normal: é aplicada à generalidade dos produtos e serviços e é de 23


% no Continente, 22% na Madeira, 18% nos Açores.

A taxa reduzida: é aplicada a bens de primeira necessidade como os


produtos alimentares básicos (como, por exemplo, leite, pão, arroz) e é de
6 % no Continente, 5% na Madeira e 4% nos Açores.

A taxa intermédia: contempla entradas para espetáculos e diversos


produtos alimentares que não são considerados de primeira necessidade,
entre outros, e é de 13 % no Continente, 12% na Madeira
e 9% nos Açores.

Prazos importantes lembrar e registar na agenda


Declaração trimestral na Segurança Social (atenção que na declaração
tens de separar rendimentos provenientes de serviços e vendas)

1°T até 30 de Abril

2°T até 31 de Julho

3°T até 31 de Outubro

4°T até 31 de Janeiro + declaração anual de rendimentos

Declaração periódica do IVA no Portal das Finanças (regime trimestral)

1°T até 15 de Maio

2°T até 15 de Agosto

3°T até 15 de Novembro

4°T até 15 de Fevereiro

Declaração recapitulativa do IVA no Portal das Finanças (se passarem


faturas para sujeitos passivos na comunidade europeia com o artigo 14°
do RITI:

Até ao dia 20 do mês seguinte ou do mês logo a seguir ao trimestre,


conforme o regime da declaração periódica de IVA que tiveres (mensal ou
trimestral)

No caso do total de transmissões intracomunitárias de bens (compras


anuais) a incluir na tua declaração recapitulativa ultrapassar os 50

13 outubro 2020
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000€, o prazo passa a ser no dia 20 do mês seguinte, mesmo se tiveres


declaração trimestral.

Exportação do ficheiro SAFT no programa de faturação e importação


no site das faturas eletrônicas (como comerciante): até dia 5 do mês
seguinte.

Com a pandemia, houve alargamento provisório de alguns prazos, por


isso poderás encontrar informação diferente on-line. O conselho de
contabilista é que, dado que não se sabe como vão ser os prazos fora do
contexto da pandemia, mais vale guiarem-se sempre pelos antigos, para
evitar erros.

Nota 1: Antes de entregar o IRS, é importante validar as faturas no


e-fatura até final de Fevereiro (a data exata muda... mas costuma ser dia
25) e voltar a confirmar as deduções em Março porque nem todas as
despesas aparecem logo.

Nota 2: No final do ano é importante avaliar o valor dos rendimentos


para perceber se vai passar a ser obrigatório passar de regime de IVA
trimestral para mensal e de regime de contabilidade simplificada para
organizada.

Alguma questão ou dúvida, confirmar sempre com as finanças,


pelo número de apoio: 217 206 707

Extras:

O que é liquidar o IVA?


É pagar o IVA ao estado.

O que é autoliquidação do IVA?


É quando o comprador é sujeito passivo da Comunidade Europeia e é
ele que liquida o IVA na sua declaração, à taxa do seu país. No fundo, é
um acordo entre os países da Comunidade Europeia em que o cada um
trata do seu IVA.

13 outubro 2020
notas: freelancers que vendem produtos

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13 outubro 2020
atualizado em dezembro 2022

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