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O MUNDO LGBTQIA+ NO

UNIVERSO DOS GAMES

REPRESENTATIVIDADE ATRAVÉS DO TEMPO:

● Introdução:

Video Games sempre fizeram parte da vida de todos os que se deixaram tocar por eles.
Eles foram parte importante da construção de muitos, e assim desenvolveram a
sociedade e como ela se reconhece.

Você não precisa estar 100% infiltrado no universo gamer para sacar que aquele ali é um
ambiente composto, em sua maioria, por homens.

É uma questão quase que cultural e que permeia a infância de muita gente, né?!
"Menino joga vídeo game e menina brinca de boneca".

Mas, e a comunidade LGBT?! Onde fica nessa história?!


Sempre existiu uma tentativa forte de apagar essa comunidade da narrativa, história e
sociedade.

Como tudo que o machismo toca se torna radioativo, a participação de mulheres e de


pessoas LGBTQIA + no meio gamer fere a masculinidade frágil dos “machões”, que tendem
a reagir com discursos de ódio e outras atitudes criminosas.

No entanto, cada vez mais vemos gamers LGBTQIA + ocupando esse espaço,
representado e incentivando seus iguais a fazerem o mesmo. Com muita luta e militância, o
mercado vem mudando e se tornando cada vez mais inclusivo, mesmo que a passos lentos.

● PARTE 1:

MAS COMO TUDO COMEÇOU?

Embora a ascendência da popularidade de games tenha acontecido na década de 1970,


ainda iria demorar 10 anos para personagens LGBTQIA + aparecerem.

A primeira representação LGBTQ+ nos games foi registrada em 80, com o início das
narrativas textuais em jogos de consoles e computadores, modificações feitas por fãs
começaram a trazer personagens LGBTQ+ para esse universo, a adaptação do filme
musical “The Rocky Horror Picture Show”(1975), que tem um personagem o Frank N.
Furter autoproclamado homem travesti e pansexual (alienígena) do Transexual Planet, na
galáxia da Transilvânia.
E chegou aos consoles com o nome “Richard O’Briens’ The Rocky Horror Show
Game”(1985) , trazendo os personagens LGBTQ+ presentes nos filmes para o mundo
pixelado pela primeira vez na história.

No jogo Você pode escolher Brad ou Janet como seu personagem enquanto vagueia pelo
castelo.

No jogo, Frank N. Furter e os demais moradores do castelo irão roubar e esconder as


roupas do personagem do jogador, independente de seu sexo, obrigando o jogador a
recuperá-las antes de continuar sua busca pelas peças da Máquina Medusa.

● PARTE 2:

E outra representação documentada que se tem notícia são os jogos da desenvolvedora


francesa Froggy Software, “Le crime du parking” e “Le mur de Berlin va sauter” de
1985 também.

Le Mur de Berlin va Sauter possui um personagem gay no papel de antagonista

Em ambos os jogos o personagem LGBTQIA + era um homem gay e também o vilão do


jogo. No primeiro o vilão era um costureiro que vendia drogas e no segundo era um
terrorista de esquerda que queria derrubar o muro de Berlin (e tá errado?).

Como em muitos locais, a representação da diversidade nos jogos apareceu primeiro em


forma de deboche, ridicularização, perversão e degradação.

A sociedade conservadora dos séculos anteriores era muito focada em manter um padrão
na construção social e qualquer coisa que saísse desse padrão deveria ser repudiado.

Todos tinham seus papéis e comportamentos dentro de caixas pré-fabricadas. Por isso não
só jogos de inclusão LGBTQIA+ foram um choque grande, jogos com protagonismo
feminino como Metroid ( centrado na caçadora de recompensas Samus Aran que protege a
galáxia dos Piratas Espaciais e suas tentativas de obter o poder de criaturas parasitas,
chamadas de Metroid.)

também causaram estranhamento na sociedade de sua época, pois tiravam a dependência


que a mulher supostamente tinha do homem, que era o normal para aquela sociedade.

● PARTE 3:

Já o primeiro game de maior repercussão veio em 1986, Moonmist.


Lançado pela Infocom o Moonmist, o primeiro jogo na história a representar um
romance lésbico, um mistério de aventura a protagonista Tamara Lynd se sente ameaçada
dias antes de seu casamento, contrata um detetive para descobrir quem estaria a
intimidando e acaba descobrindo como suspeita a artista Vivien, a qual sente ciúmes do
noivo da protagonista.
Ao final do jogo, quando o detetive prende a apaixonada Vivien, ela revela ter sido a
responsável por colocar a vida de Tamara em risco porque a amava, se mostrando a grande
vilã do jogo. Nesse game, como a personagem lésbica não é protagonista, o romance não é
experienciado por ela tendo em vista que o desencadeamento narrativo inviabiliza o
envolvimento de Tamara (protagonista) com Viven, personagem que, além de ser NPC,
ainda é representada como vilã.

● PARTE 4:

PERSONAGENS LGBTQ+ OCULTADOS EM JOGOS DIGITAIS POPULARES:

As representações de personagens LGBTQIA + em sua grande maioria é realizada


através de personagens não jogáveis os NPCS, que não influenciam na história principal
do jogo.

Por muitas vezes esses diálogos estão tão escondidos que, se o jogador não ler
atentamente a uma linha de diálogo, passar por um local diferente do mapa ou decidir não
investir seu tempo jogando naquele momento da história do jogo, o conteúdo com
personagens LGBTQIA + sequer será acessado pelo jogador.

Analisando especificamente os jogos considerados Triple A (jogos mainstream


desenvolvidos por grandes empresas, que concorrem a prêmios de jogo do ano e são
divulgados amplamente nos meios de comunicação) é onde vemos a maior parte dessas
representações serem ocultadas, mesmo que registradas desde os anos oitenta.

● PARTE 5:

Um exemplo é o caso da personagem Birdo do jogo Super Mario Bros 2 (Nintendo, 1988),
onde no manual do jogo é informado que ela prefere ser chamada de “Birdetta” e que
“ele pensa que é uma mulher”.

Apesar de ser uma representação feita de maneira negativa, ela está escondida no manual
do jogo, que raramente os jogadores param para ler. Após controvérsias com o manual, a
Nintendo censurou essa descrição, e a personagem Birdo é representada no sexo
feminino desde então, sem associação com a comunidade LGBTQ+.

Agora um jogo que todos conhecem: a franquia Grand Theft Auto, onde o jogador pode
encontrar diversos personagens LGBTQ+ nas ruas enquanto explora a cidade e encontra,a
maioria, representações negativas no jogo.

● PARTE 5.1:

No jogo Grand Theft Auto V (O jogo mais lucrativo da história)pode se encontrar, mulheres
transsexuais em situação de prostituição e sendo abordadas com falas transfóbicas pelos
protagonistas como:

“Olá senhor, quer dizer, senhora” (tradução livre).


Mulheres vestidas com roupas masculinizadas, com maquiagem desleixada,
pronunciando xingamentos e procurando briga são exemplos do que se encontra no
jogo, e como em todo o resto do jogo, é possível cometer atos violentos com esses
personagens sem consequências reais para os protagonistas (que são criminosos
fugitivos da polícia).

Essa representação é problemática pois além de ser a única


representação de pessoas trans presente no jogo, trás um aspecto, violento e reforça a
vulnerabilidade que os corpos trans são expostos ao trabalhar
com a prostituição nas ruas.

● PARTE 5.2:

Outra representação negativa amplamente conhecida acontece no


criticamente aclamado jogo Final Fantasy VII (Square Enix, 1997),

onde o protagonista Cloud precisa se infiltrar em um bordel para conseguir informações, e


para conseguir decide se vestir de mulher.

Em sua busca pelas vestimentas femininas o protagonista precisa encontrar uma parte
numa academia de fisiculturistas e a outra parte em uma casa de banho japonesa.

Nesses locais o protagonista dialoga com diversos NPCs, todos homens musculosos e sem
camisa que “tiram proveito” dele, flertando e até tomando banho juntos.

Mais uma vez vemos personagens LGBTQ+ com características problemáticas, a


representação desses personagens como homens gays musculosos que são promíscuos e
frequentam saunas reforça estereótipos e é usada como alívio cômico.

Número documentado de videogames com conteúdo LGBTQ +, por década GRÁFICO

● PARTE 6:

E OS LGBTS SENDO RETRATADOS DE FORMA POSITIVA ANTIGAMENTE?

Antigamente havia alguns games que procuravam retratar os LGBTs de modo positivo.

O primeiro com uma protagonista lésbica veio em 1989 e se chama Caper in the
Castro, lançado para disquetes, onde você assume o papel de uma detetive chamada
Tracker McDyke e deve descobrir quem capturou seu amigo, a drag queen Tessy
LaFemme.

Desenvolvido por Ralph, ele disse em uma entrevista que se inspirou na comunidade LGBT
de São Francisco, onde foi muito bem recebido.

“Em 1988 eu me mudei do sul Califórnia para São Francisco. Fiquei impressionado e muito
grato com a liberdade que a comunidade LGBT tinha na cidade. Queria devolver um pouco
para a comunidade e também criar um modo de levantar dinheiro para instituições de
caridade que auxiliavam os portadores de AIDS” – disse em entrevista.

No entanto, Ralph teve que lançar uma versão alternativa do game, desta vez chamada de
Murder on Mainstreet, censurando toda a temática LGBT por “questões comerciais”.

O jogo era o mesmo, mas a orientação sexual da protagonista não era mais explícita, nem
que quem foi raptado foi uma drag.

● PARTE 7:

PERSONAGENS E JOGOS NOS ANOS ENTRE 1980 E 2023:

Flea – “Chrono Trigger” (1994)

Primeira personagem de gênero não binário (fluído) da história dos games, uma das vilãs
do jogo, Flea é referenciada no jogo pelos pronomes masculinos mas se veste com roupas
femininas e antes da sua batalha, fala a icônica frase:

“Homem ou mulher, que diferença faz? O poder é lindo, e eu tenho o poder.” em


tradução livre, sendo hoje considerada uma das maiores representações positivas
transexuais entre os jogos mais antigos.

Hibiki - personagem gay de Street Fighter

O lutador Hibiki é representado por meio de um avatar extravagante, efeminado e


indefeso. Trata-se de uma problemática representação do lugar comum do “ser gay”
como uma figura fraca e histérica, já que o perfil dele é definido como medroso e
“chiliquento”.

● PARTE 7.1

Mileena (Mortal Kombat)

Mileena é uma das lutadoras mais clássicas da franquia Mortal Kombat.

Presente desde MK 2, de 1992, a personagem só foi ser oficializada como LGBTQ+ em


Mortal Kombat 11 Ultimate, de 2020.

Sua história pessoal nunca havia sido muito abordada nos jogos, ela só foi ter uma chance
de mostrar interesse em outra mulher em Mortal Kombat X. E em Mortal Kombat 11, ela
finalmente pôde ter o seu final feliz, cuidando de seu filho junto de sua amada Tanya em
uma realidade alternativa.
Poison - Final Fight (1989) e Street Fighter

Tendo sua primeira aparição em Final Fight, Poison é uma mulher transexual poderosa.

Final Fight é um jogo beat-'em-up (comumente conhecido no Brasil como "briga de rua",
onde a personagem vai passando pelo estágio conforme luta com inimigos) e são
geralmente vistas poucas mulheres nesse tipo de jogo, principalmente na época em que
foi lançado.

Poison foi apresentada como uma vilã forte que saltava para escapar de ataques e usava
uma voadora para atacar.

A princípio, Poison seria uma mulher cis, mas temendo ações judiciais afirmando que no
jogo havia espancamento de mulheres, a Capcom a registrou como transexual, o que
continua errado, pois trans ou cis, Poison continua sendo uma mulher.

● PARTE 7.2:

Neeko, Diana e Leona - League of Legends (2007)

LOL É um dos maiores fenômenos culturais do mundo dos jogos, lotando estádios ao redor
do mundo para ver partidas.

Entre suas centenas de personagens, entre eles as mais variadas características como
suas terras natais, idiomas conhecidos, se são humanos ou não... inclusive sua
sexualidade.

Era impossível que todos fossem héteros e ao longo do tempo a Riot Games vem
representando e acolhendo a comunidade LGBTQIA + por meio de contos, mostrando as
histórias.

Neeko é uma vastaya (espécie híbrida de animais selvagens e humanos) que possui
atração por outras personagens femininas e, conforme divulgado por um funcionário da Riot
Games, ela é lésbica.

A Leona, uma grande paladina dos Solari, que teve seu amor pela herege Diana revelado.

Ambas são mulheres lésbicas que protagonizaram contos, contando sobre sua juventude, e
curtas animados, mostrando como suas desavenças ideológicas lhe mantém afastadas.

É uma história trágica com momentos doces que marcou os jogadores LGBTQIA+ do
eSport.

Trevor Philips - GTA V (2013)


Um dos protagonistas de GTA V, Trevor Philips é considerado pansexual.
Apesar de GTA ser um jogo que não é tão comumente jogado pela comunidade LGBTQIA+
(exceção à febre causada pela Samira Close após suas streams com a personagem Agatha
Feroz), o jogo também possui personagens LGBTs.
Neste caso temos o pansexual Trevor Philips. Um violento sociopata que mata sem
remorso algum.

Definitivamente essa não é uma das melhores influências para a comunidade, mas com
certeza é muito importante que haja esse tipo de inclusão, independente do jogo.

● PARTE 7.3:

THE SIMS (EA Games)

A franquia de jogos The Sims, que é uma das franquias de jogo com mais vendas na
história, é um jogo de simulação da vida real que permite que o jogador construa casas e
crie personagens que podem construir famílias, e tudo que possa aproximar esse
personagem da vida real.

Esse jogo permite, desde sua primeira edição, que os personagens criados engajem em
relações homoafetivas e, em suas edições mais recentes, permite criação de personagens
transexuais, além de não limitar a escolha de vestimentas ao gênero. Os relacionamentos
dos NPCs que circulam na cidade são gerados automaticamente e podem existir casais
LGBTQ+ na vizinhança.

Inclusive, uma das histórias mais incríveis do The Sims 3 é a de que, no ano 1999, duas
NPC se beijaram em uma demonstração programada. Isso causou um rebuliço na indústria
e atirou pedras no lançamento do jogo, que estava na corda bamba.

Makoa Gibraltar - Apex Legends (2019)

Gibraltar é um gigante com uma força enorme — mas também um homem gay, que
decidiu ajudar os outros depois que foi resgatado de um desastre junto com seu namorado.

A relação de Gibraltar com Nicolas é importante para a backstory do personagem em Apex


Legends e é legal ver um homem gay que foge dos estereótipos em um jogo tão popular.

● PARTE 7.4:

Soldado: 76 e Tracer - Overwatch (2016)

Overwatch ganhou o prêmio de Jogo do Ano em 2016, o que trouxe grande reputação ao
FPS da Blizzard.

Nele há vários personagens maravilhosos, incluindo o Soldado 76 e a Tracer e ambos são


gays. Por se tratar de um jogo grande -- e de uma empresa grande -- Overwatch acabou
recebendo muitas críticas sobre a sexualidade dos personagens terem sido exploradas,
algo que, infelizmente, acaba sendo comum neste nicho.
Tracer se tornou uma das queridinhas dos fãs e um dos personagens mais utilizados no
jogo. Sua sexualidade nunca foi abordada no jogo em si — mas, em 2020, uma HQ
canônica mostrou o relacionamento dela com outra mulher. Tracer ser lésbica é um fato
tratado de forma natural na história.

Ellie – The Last of Us

Uma das personagens LGBTs mais icônicas dos últimos tempos, Ellie da franquia The
Last of Us possui bastante visibilidade no mundo gamer.

Sua sexualidade foi explorada no segundo título da saga, onde, infelizmente, muitas
pessoas acabaram criticando o jogo e dizendo que isso não deveria ser abordado, o que
causou um certo burburinho na época de seu lançamento.

A protagonista é muito forte e resistente, passando por diversas lutas e perdas durante sua
jornada, é satisfatório ver alguém com a história de Ellie representando a comunidade.

Ellie é lésbica e possui uma relação com Dina, que é uma mulher bissexual.

Apesar da persistência de alguns argumentos fundados na intolerância para tentar barrar a


diversidade nos games, o aumento da representatividade é importante para que, aos
poucos, o preconceito no meio gamer diminua e as diferentes orientações sexuais e
identidades de gênero sejam aceitas com naturalidade pelo seu público. Como explica o
assessor de games Ariel Velloso em declaração concedida ao portal “Repórter Unesp”:

“Jogos sobre um personagem ou enredo com o qual você se identifica podem ser um
grande passo para desmistificar determinados preconceitos. Além disso, a oportunidade de
colocar-se no lugar desse avatar e de vivenciar a trama acontecendo ao redor de suas
ações é algo muito poderoso”.

Aqui nessa imagem conseguimos ver uma comparação de atual


com antigamente:
Primeira e mais recente aparições de personagens LGBTs nos videogames

● PARTE 8:

HORA DE DOCUMENTÁRIO:

Agora vamos mostrar um, mini documentário LGBTQIA+: eSports de Todas as Cores,
lançado no dia Internacional do Orgulho LGBT de 2019 celebrado em 28/06,
Discute como a estereotipação e o preconceito afetam esse público no cenário gamer
nacional, mostrando a jornada de jogadores profissionais, narradores, streamers e criadores
de conteúdos que fazem parte da comunidade LGBTQ+ e lutaram contra o preconceito
abrindo caminho para que o cenário de eSports no Brasil se torne cada vez mais inclusivo e
menos opressivo.
● PARTE 9:

APÓS DOCUMENTÁRIO:

participantes do projeto, da esquerda para direita: @henrytado, @guiatlantamatos,


@p3polol, @cnaper, @samiraclose e @olgatransborda

Nesse documentário mostra claramente tudo que a comunidade passa, suas lutas e
batalhas!

Um fato legal A jogadora profissional Olga, mulher transsexual que


participa do documentário, se tornou uma das melhores jogadoras de Counter
Strike: Global Offensive ( CS ) e em entrevista ao site MGG Brasil, disse se
emocionar ao ver o cenário de jogadores profissionais de jogos digitais no Brasil se
popularizando com mais pessoas transsexuais.

● PARTE 10:

PUBLICO LGBT GAMER:

O YouTube Insights, pesquisa detalhada do público da plataforma homônima e suas


diversas categorias, constatou que o público gamer (de pessoas que jogam videogame com
regularidade) LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) totaliza 13% e tem um total
de 2,5 bilhões de buscas, sendo uma das principais categorias do site.

Os números são ainda mais expressivos ao se tratar do Brasil. Segundo dados do Brasil
Game Show, o país representa a terceira posição mundial de jogadores, cerca de 60
milhões de pessoas.

Carla Ferreira, gamer há 7 anos, acredita que, na verdade, os LGBTs, bem como outras
minorias, sempre fizeram parte da comunidade gamer.

“O que eu percebo é que, com o passar do tempo, a resistência contra a opressão vem
aumentando. Com isso, as pessoas se sentem mais confortáveis em mostrar quem elas são
de verdade”, observa.

A presença do público LGBT se destaca entre os gamers brasileiros:

Além disso, o crescente interesse por canais de gaymers no YouTube também indica uma
busca maior por diversidade e representatividade por parte do público:
● PARTE 11:

EMPRESAS INCLUSIVAS

Criado com a proposta de ilustrar o consumo da comunidade LGBT+, o termo pink money
foi, com o passar do tempo, utilizado para explicar a própria evolução das empresas em
relação às pautas de diversidade.

Durante o mês de junho, o Mês do Orgulho da comunidade LGBT+, são bem comuns as
campanhas e ações de marketing de empresas a favor desse grupo, com posicionamentos
de inclusão e contra o preconceito.

Entretanto, conforme os debates sobre diversidade vão sendo ampliados, sobretudo nas
redes sociais, cresce também a percepção do público a respeito do que é uma ação
genuína e do que é efeito apenas para tentar atrair o pink money, ou seja, os consumidores
da comunidade LGBTQIAP+, sem vínculo direto com sua causa.

● PARTE 11.1

Um exemplo é a PlayStation, que em 2017, ao patrocinar a Parada do Orgulho LGBT de


Londres (Pride London) deu um passo muito importante na direção da inclusão.

Já em 2018, a empresa explorou nos cenários do game Spider-Man, lançado para


PlayStation 4, um dos símbolos mais emblemáticos do movimento LGBTQIA +, que é a
bandeira arco-íris espalhadas por toda a cidade do “amigo da vizinhança”.

E, em 2019, seguindo seus planos para promover a inclusão e a igualdade no universo de


games, a empresa disponibilizou um tema gratuito de PS4 para celebrar o mês do Orgulho
LGBT. O Pride Theme muda a aparência do fundo e do PlayStation Dynamic Menu e o
deixa com as cores da bandeira arco-íris.

Em um mundo repleto de preconceitos, cada vez mais empresas desenvolvedoras estão


enxergando a importância dos jogos na representação da diversidade, seja étnica, sexual
ou cultural, usando a arte digital para contar essas histórias e possibilitando que
personagens de jogos sejam importantes no processo de aceitação de muitos.

Segundo dados do Game Archive, em 2014 o número de personagens LGBTQIA+ saltou


para 72.

Atualmente, é comum ver lançamentos de games com personagens pertencentes à essa


comunidade, grande parte das vezes sendo representados com uma maior normalidade,
não caindo em tantos estereótipos.
● PARTE 12

EXEMPLOS DE HOMOFOBIA:

A inclusão desse nicho no mercado dos videogames provocou, no entanto, certa


indignação nos jogadores LGBT, pois, apesar de ter aumentado relativamente a
representatividade, o ambiente permanece, segundo eles, majoritariamente homofóbico.

Não é de hoje que a comunidade gamer é conhecida por não ser receptiva às minorias, seja
por gênero, orientação sexual e até raça.

Pesquisa realizada nos Estados Unidos aponta que

Fonte: “Free to Play? Hate, Harassment, and Positive Social Experiences in Online Games”, Liga Antidifamação (ADL), 2019

● PARTE 12.1

No começo de maio de 2019, a plataforma XBOX personalizou suas fotos de perfil em rede
social com as cores que simbolizam o movimento LGBT, que tem em junho o mês oficial de
orgulho.

A postura, embora tenha obtido muito mais reações positivas, também registrou ofensas
agudas. No Facebook o desconforto da empresa foi ainda maior, dado que os “Super Fãs”
também se posicionaram contra a ação.

O selo de “Super Fã” – Reconhecimento dado pelos administradores de uma página no


Facebook frente a usuários antigos e/ou participativos – foi usado por pessoas que iam
justamente contra essa postura da Microsoft.

A Sega passou igualmente pela mesma turbulência. A ilustração de Sonic ostentando uma
bandeira com as cores do arco-íris, gerou revolta de muitos.

A postagem tinha por objetivo apoiar o Dia Internacional contra Homofobia, Bifobia,
Intersexualidade e Transfobia.
● PARTE 12.2:

O ano de 2019 tem sido palco para muitos episódios de violência contra o movimento
LGBTQ+. Embora conte com o apoio dos gigantes da indústria, a causa tem sofrido
diversos ataques.

● PARTE 13:

COLETIVOS QUE AJUDAM NA INCLUSÃO:

Diversos projetos no Brasil incentivam pessoas da comunidade LGBTQI+ nos jogos online,
seja divulgando streamers, realizando eventos e ações voluntárias. O objetivo é ser uma
ponte de jogadores com interesse em comum: jogar de boa sem ser discriminado.

O Vale Colorido de Valorant:

Lançado em 2020, Valorant já recebeu diversas denúncias de toxicidade de jogadores por


comentários racistas e machistas, ainda na fase beta. Wees Ekat sentiu na pele o
preconceito. Em entrevista ao START, a não-binária estava jogando o FPS da Riot quando
ativou o chat de voz e recebeu comentários ofensivos de jogadores durante a partida.

"Os comentários só foram escalando de 'ah, é mulher, por isso é horrível assim' e 'é mulher,
você não tinha nem que estar jogando isso'. Eu não sabia o que responder, tentei me
manter na partida, mas me retirei me sentindo extremamente mal e chorando" - Disse em
entrevista

Pensando em uma maneira de evitar outros ataques e manter um ambiente seguro, Ekat e
mais três amigos decidiram criar o Vale, comunidade que ajuda pessoas LGBTQIA+ dentro
do cenário de Valorant.

-diz a gamer.
Assinando o projeto com os nomes dos personagens, os administradores auxiliam
jogadores e streamers da comunidade LGBTQI+ a formar um canal de comunicação para
receber denúncias.

Ekat afirma que, por se tratar de um game online novo, acredita que isso facilite a criar um
ambiente mais inclusivo.

Tanto Ekat quanto os membros do Vale esperam uma resposta da Riot Games, pois
acreditam que facilite nas denúncias que os administradores recebem diariamente.

● PARTE 13.1

Projeto Fierce

Criado em 2018, o Projeto Fierce (que vêm da gíria "feroz" usadas pelas drags queen no
programa RuPaul's Drag Race) encoraja mulheres e pessoas LGBTQIA+ que sofrem
discriminação, preconceito e assédio dentro dos games e eSports.

A ideia do coletivo surgiu após o episódio em que uma jogadora trans recebeu comentários
homofóbicos e machistas por estar no competitivo de CS:GO (Counter Strike: Global
Offensive).

Conforme relata Juliana Lima, CEO e fundadora do Projeto Fierce:

"Eu senti a necessidade de fazer algo pra mudar, tanto para tentar mudar a concepção da
comunidade, que até hoje é algo difícil, mas não impossível para melhorar o dia dela e de
pessoas que sofrem esse tipo de coisa também."

Através do Projeto Fierce, Juliana participa de palestras e workshops sobre a temática como forma de
“conscientizar pessoas sobre gênero, orientação sexual e entre demais assuntos do universo

Atualmente, o Projeto Fierce conta com a fundadora, de Recife (PE), e outras nove
pessoas espalhadas pelo Brasil e Argentina, que produzem conteúdo online, design e
eventos (tanto online quanto offline) voltados para a comunidade.

● PARTE 14:

INTERNET NÃO É TERRA SEM LEI: DENUNCIE!

Como eu disse antes, não adianta só disponibilizar jogos com personagens representativos
se os jogadores continuam sofrendo discurso de ódio por outros jogadores dentro do próprio
produto, certo?

É crucial denunciar comportamentos relacionados, como discursos de ódio, machismo,


racismo e homofobia, conhecidos como 'rage'.

Embora alguns jogos tenham mecanismos de denúncia, muitas interações online ocorrem
de forma anônima, levando muitos jogadores a limitar sua exposição devido ao assédio.
Para combater isso, é essencial compreender a legislação e conhecer nossos direitos. Os
agressores devem entender que estão cometendo crimes passíveis de proteção.

O artigo 5º da Constituição destaca a igualdade de direitos para todos, reforçando o


respeito à dignidade, propriedade e vida, independentemente das características
individuais.

I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta


Constituição;

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;


[…]

Apesar da sensação de impunidade online, discursos discriminatórios são crimes, inclusive


em ambientes virtuais como jogos. Não devemos denunciar apenas nas plataformas, mas
também à justiça. Ao testemunhar ou ser vítima, é crucial coletar evidências, como
impressões, e encaminhá-las às autoridades.

Combater o racismo, o machismo e a intolerância é responsabilidade de todos. Denunciar,


punir e ocupar os espaços virtuais são passos essenciais para criar comunidades online
mais seguras e inclusivas.

● PARTE 15:

CRÍTICA FINAL/ REFLEXÃO

O estereótipo dos personagens LGBTQ+ nos anos 1980 a 1990 era basicamente a grande
maioria eram representados de forma estereotipada ou negativa.

Homens gays, por exemplo, quase sempre apareciam como pessoas muito afeminadas e
fracas, enquanto mulheres lésbicas eram “masculinizadas” ao extremo.

Mesmo jogos que tentavam trazer uma representação mais positiva, muitas vezes
precisavam lançar versões alternativas sem esses elementos por questões comerciais.

Esse é o caso de Caper in the Castro, de 1989, que tinha uma mulher lésbica como
protagonista, cuja orientação sexual não é mencionada na versão alternativa.

Essas representações negativas que mostrei e a invisibilização do personagem LGBTQIA+


no mundo dos jogos pode ser, em parte, explicada pela heterossexualidade compulsória,os
jogos são cheios de discursos em que o game designer, consciente ou inconscientemente,
vai inserir os seus discursos nos jogos que construir.
E como a grande maioria dos desenvolvedores fazem parte do padrão heteronormativo,
apagar ou resumir a narrativa LGBTQIA + a piada ou sexualização em seus jogos é natural.

Essas representações estereotipadas podem gerar visões deturpadas e violentas nos


jogadores , por isso a diversidade precisa ser representada com fidelidade a realidade e
afastada desses conceitos negativos.

● PARTE 15.1:

muitos devem pensar ou já ter dito isso:

“AI, EU NÃO SOU GAY E NÃO SOU OBRIGADO A JOGAR COM PERSONAGEM GAY.”

Você não é negro e não é obrigado a jogar com personagem negro, mas eles existem você
querendo ou não. Quantas vezes um negro teve que jogar com um personagem branco pois
não havia outra escolha? Quantas vezes eu não tive que jogar com personagem masculino
pois não havia personagem feminina alguma no jogo? Quantas vezes uma pessoa
homossexual teve que jogar com um personagem hétero? Ao menos agora estamos
abrindo opções para todos, ou seja, estamos incluindo ao invés de segregar.

Portanto, se você não é gay e não quer jogar com personagem gay, tudo bem: você tem um
leque infinito de personagens héteros para escolher. Mas, por favor, não queira que só você
possa escolher um personagem com o qual se identifica, porque TODOS merecem o
mesmo direito.

A inserção de personagens com orientações sexuais diferentes no universo tem o dever de


fazer o público perceber que não é porque você não é gay (ou não tem um LGBT na família
ou como amigo) que esse público não existe e que não deve ser representado.

Assim como você, esse público também consome quadrinhos, jogos, assiste seriados e
filmes. E assim como você, ele também merece se sentir representado em todas essas
mídias com o devido respeito que ele (e todo mundo) merece.

FIM.

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