EDIÇÃO BRASILEIRA

UM JOGO INTERPRETATIVO E INVESTIGATIVO EM UMA CIDADE

CHEIA DE PESSOAS COMUNS E PODERES LENDÁRIOS

GUIA DA MESTRE DE CERIMÔNIAS

CRÉDITOS DA ED. ORIGINAL
Criador, game designer, diretor de criação e escritor: Amít
Moshe
Editor e consultor de game design: Eran Aviram
Revisão: T. R. Knight, Omer Shapira, Marshall Oppel
Artista Principal: Marcin Soboń
Cartógrafo e Artista de Localização principal: Mariusz Szulc
Outros artistas: Monsters Pit, Ario Murti, Carlos Gomes Cabral
Chefe de Design Gráfico: Manuel Serra Sáez
Designers Gráficos: Chema López Centenero, Juancho Capic
Colaboradores: Christopher Gunning (localizações e pontos
de interesse, Barton), Bri (Isabella), Noble A. DraKoln (Kwaku),
Yaniv Rozenblat (cominudade e inspiração), Magnus Korberg
(conceito de arte de Ghostface)
Jogadores do Playteste: Almog Kapach, Anat Dagan, Ori
Harish, Roe Portal, Guy Banay, Yonatan Shtorchan, Tuli Ebner,
Erez Shiryon, James Graham, Alex Runswick, Kristian Mitchell-
Dolby, Catherine Martin, Jessica Gao, Eli Levinger, Yiftach
Govreen, Assaf Elron, Nurit Guthrie, Gideon Guthrie, Alon Elkin,
Ada Elkin, Milana Finkel, Simon, Ran Etya, Ronit Arbel, Tammy
Ninio, Ron Ginton, Ohad Reshef, Yuda Hocman, Moran Elbaz,
Dima Vilenchik, Noam Roth, Gil Osterweil, Maty Kishinevsky,
Yonni Mendes, Michal Mendes, Elik Kazav, Yael Rosen, Maayan
Gutterman, Chen Sharon, Or Comay Brauner, Jonny Omer,
Shachar Ganz, Yoni Heimann, Tamir Alush, Shoval Arad, Yoav
Shlab, Maor Pomerants, Ortal Tal, Noam Avrahami, Erez Zvulun,
Nadav Kunievsky, Natalie Goldshtein, Almog Yarom, Omer
Raviv, Gur Arie Livni Alcasid, Aviv Or, Evyatar Amitay, Kristoffer
Frølunde Jensen, Justin Lafontaine, Charles Cole, Lloyd Gian,
John Lamb, Dima Vegner, Hagai M. Gumpert, Erez Regev, James
Gantry.
EM HOMENAGEM A D. VINCENT BAKER E
AO APOCALYPSE WORLD
As regras deste jogo são parcialmente ba-
seadas no conjunto de regras "Powered by
the Apocalypse", apresentado em 2010 por
D. Vincent Baker em seu jogo revolucioná-
rio, Apocalypse World. Vincent mudou o RPG
para sempre, introduzindo uma nova maneira
de jogar que enfatiza a conversa fluida e as
grandes histórias. Muitos jogos incríveis foram
publicados com base nessas mecânicas. Agra-
decemos a Vincent por sua contribuição para o
mundo dos jogos de RPG, que também permitiu
a criação de City of Mist.
Texto em Português © 2022 GMD Ludodesigns Ltda
City of Mist © 2022 Son of Oak Game Studio / Amít Moshe
RETROPUNK.COM.BR
CRÉDITOS DA ED. BRASILEIRA
Tradução para o Português: Ray Galvão e Mateus Herpich
Revisão: Laís Franco e Pedro Feio
Diagramação: G. Moraes
Editor: Pedro Feio
Gestor de Projetos: Fernando "Del Angeles" Pires
Gestor Administrativo: Daniel Martins
Editor Geral: G. Moraes
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Moshe, Amít
City of Mist : edicão brasileira : guia da mestre
de cerimônias / Amít Moshe ; [tradução Ray Galvão,
Mateus Herpich]. -- Curitiba, PR : RetroPunk
Publicações, 2022.
Título original: City of Mist.
ISBN 978-65-87951-25-6
1. Jogos de aventura 2. Jogos de fantasia
I. Título.
22-135402 CDD-793.9
Índices para catálogo sistemático:
1. Jogos de aventura : Recreação 793.9
2. Roleplaying games : Recreação 793.9
Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380
AVISO DE CONTEÚDO
Este jogo contém linguagem agressiva e repre-
sentações gráficas de violência. Também con-
tém referências a ações humanas que o leitor
pode achar ofensivas ou desagradáveis como
suicídio e assassinato, ou temas sensíveis e
estigmatizados como prostituição, bem como
extensas referências a atividades criminosas.
O jogo NÃO contém qualquer representação
gráfica ou descrição verbal de atos sexuais.
VOLUME 2 DOS LIVROS PRINCIPAIS
Este livro traz regras e guias para criar e
conduzir jogos City of Mist como Mestre de
Cerimônias (MC), além de conteúdo pronto para
jogar. Para informações e regras voltados aos
jogadores que interpretam personagens em City
of Mist, consulte o Guia do Jogador.
ÍNDICE
A Mestre de Cerimônias 4 3. ESSA CIDADE É MINHA! 113
Os papéis da MC 5 Sobre Perigos e Avatares
Os princípios da MC 6 Referência Rápida: Regras De Perigo 114
Perigos 116
1. OS BOATOS NAS RUAS 11 Espectro 118
Sobre City of Mist Movimentos de Perigo 121
Uso dos Perigos 125
A Cinematografia da Cidade 12 Criação de Perigos 129
Centro 16 Movimentos Personalizados 131
O Bairro do Proletariado 24 Criação de Movimentos Personalizados 133
O Centro Histórico 30 Modelos e Exemplos de Movimentos
A Zona Industrial 36 Personalizados 135
Outros Distritos 42 Perfis De Perigo 138
Os Arredores da Cidade 46 Perigos Mundanos 139
O que as protagonistas ainda não sabem 50 Conjuntos de Poder Mythos 150
Portais e Outros Perigos Míticos 155
2. NOS BASTIDORES 55
Avatares 164
Como criar e conduzir casos
Criando Avatares 168
Guia de Referências: Casos e Regras da MC 56
Perfis de Avatar 172
A Sessão de Exposição 58
Anatoli, Avatar de Hades 172
Conduzindo uma Sessão 60
Barton, Avatar da Lança 182
A Estrutura Da Sessão 63
Isabella, Avatar de Xochiquetzal 192
Ações da MC Durante uma Cena 68
Kwaku, Avatar de Anansi 202
Movimentos Fracos da MC 69
Apêndices 210
Movimentos Fortes da MC 71
Índice Remissivo 211
Como Narrar City of Mist 76
Fichas da MC 214
Ajustando o nível de Desafio 80
Movimentos da MC 214
Criando um Caso 82
Ficha do Iceberg 215
O Iceberg 84
Ficha de Recursos da MC 216
Passo 1: A História de Fundo 88
Ficha de Recursos da Série 217
Passo 2: O Rastro de Migalhas de Pão 95
Exemplo de caso: Jogando Contra a Morte 218
Passo 3: Acrescentando Perigos 99
Criando uma Série 102
Recursos de Série 103
Arcos de História 106
 O papel da
de Mestre de Cerimônias é o
mais importante no jogo. É a pessoa
que atua como anfitriã, juíza e narra-
dora do jogo. E é também quem escreve
quase todos os lugares, personagens e
situações que as personagens princi-
pais vão encontrar. E, assim como em
um programa de TV, dá para ter um
episódio sem uma das personagens
principais, mesmo que não seja o ideal;
mas é muito mais difícil existir um sem
a "produtora". O grupo inteiro pode
assumir o papel da
de MC, com cada pes-
soa administrando uma sessão ou caso,
ou o grupo pode ter um único jogador
como MC recorrente.
Como MC, você administra o jogo para todo o grupo.
Você não tem como saber como as coisas vão acabar
nem tem controle absoluto sobre a narrativa. O que
você faz é criar situações abertas, permitindo que as
personagens principais brilhem, entrem em confron-
to e evoluam; criar casos curiosos e instigantes para
as personagens principais investigarem; apresentar
desafios cinematográficos que vão entreter todos no
grupo, incluindo você. É uma função que combina es-
crita, gerenciamento de pessoas e recursos, decisões
difíceis e improviso. É fácil de aprender, mas difícil de
dominar; qualquer um pode conduzir uma mesa de
jogo, mas também é uma arte que pode ser aprimora-
da ao longo de muitos anos.
A questão mais importante é que o papel da de MC é
divertido. É um papel que te permite criar e inter-
interp-
retar uma
pretar umagrande
grandevariedade
variedadededepersonagens
personagense eficar
ficar
só observando as reações dos jogadores enquanto
desvendam um dos seus mistérios ou enfrentam uma
das suas vilãs. Você cria quase todo o material para
a história do grupo. E, mesmo assim, vai acabar tão
surpresa e envolvida quanto todos à mesa, conforme
os jogadores e suas personagens interagem de com manei-
esses
materiais
ra totalmente
que você
inesperada
criar decom
maneiras
os materiais
totalmente
que você
ines-
peradas
criou (o que
(o que
comcom
certeza
certeza
vaivai
acontecer!).
acontecer!).
EmEm outras
outras
palavras, você também é um espectador desse show.

4| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
OS PAPÉIS DA MC
MC É QUEM ESCREVE
Antes de começar a jogar com seus amigos, você deve
preparar o caso que o grupo vai investigar. Um caso
contém todos os detalhes principais da investigação,
como, por exemplo, quais pistas podem ser encontradas
em uma cena de crime específica e para onde levam, ou
que tipo de desafios, aqui chamados de Perigos, as per-
sonagens principais podem enfrentar. Se estiver jogando
uma série, você vai precisar saber como este caso se
conecta a outros, formando um arco de história.
Em City of Mist, as investigações podem envolver mui-
tos detalhes, então é melhor que você separe algum
tempo e pense um pouco na hora de criar e escrever
seus casos. O processo de criação de casos e arcos de
história para City of Mist é explicado em detalhes na
parte Criando um Caso, na pág. 82.
Além de escrever seus próprios casos, você pode usar
casos prontos, como os materiais gratuitos fornecidos
junto do Guia Rápido de City of Mist (disponível em
retropunk.com.br/editora) ou qualquer outro pro-
duto de City of Mist. Inclusive, dá para improvisar um
caso inteiro do nada, já que as regras permitem que
os materiais sejam criados na hora do jogo. Mesmo
assim, não se esqueça de que pistas que não levam a
lugar nenhum ou furos na história de algum Perigo
podem arruinar a investigação ou acabar com a sem-
pre necessária suspensão de descrença. A menos que
você tenha muito talento para improvisar investiga-
ções, o melhor é fazer pelo menos alguns preparativos
preliminares.
MC É QUEM JULGA
Você também arbitra sobre o jogo. Entre e durante as
sessões, você tem a palavra final sobre como interpretar
e aplicar as regras do jogo. Para isso, é preciso que você
pelo menos se familiarize com as regras descritas ao
longo deste livro, bem como com o Guia do Jogador, e
que tenha um bom conhecimento dos fundamentos do
jogo. City of Mist é um jogo com regras relativamente
simples, já que a maioria dos Movimentos Principais são
intuitivos e autoexplicativos, então uma ou duas sessões
de jogo já devem servir para você ficar a par das regras.
Como alternativa, você pode delegar a função de árbitro
a outra pessoa do grupo que conheça melhor as regras.
Quando toma decisões sobre as interpretações das
regras, é preciso que você se guie pelo princípio de
garantir que todos à mesa se divirtam. Se uma regra
atrapalhar a diversão, faça uma exceção. Se esse
incômodo se repetir, considere alterar ou ignorar
a regra em questão. Dito isso, tenha em mente que
divertimento é um conceito complicado; algumas
regras existem para manter o nível de desafio ou para
contrabalancear outras regras, então pense bem no
que você vai manter ou descartar e esteja disposta a
rever essas decisões, se achar que a experiência de
jogo não está correspondendo às suas expectativas.
Ao longo deste livro, você encontrará caixas de texto
com regras opcionais que permitem ajustar o nível
de desafio e complexidade do jogo sem quebrar o
equilíbrio.
MC É QUEM APRESENTA
O ESPETÁCULO
Durante a sessão de jogo, é você quem conduz a
conversa. Você gerencia a distribuição justa de tempo
de tela entre os jogadores, decidindo quem fica sob os
holofotes e pode realizar ações. O papel da MC neste
aspecto é explicado em A Conversa, na pág. 166 do
Guia do Jogador.
MC É QUEM NARRA
Durante a sessão, os jogadores dependem de você
para gerenciar o enredo, o que é feito iniciando e con-
cluindo cenas. É você quem narra os detalhes de cada
cena, descrevendo e interpretando as personagens
que não são de jogadores. Considerando o caso, você
deve decidir como as personagens e objetos de uma
cena respondem às ações das protagonistas e des-
crever essa resposta para os jogadores. Seus recursos
mecânicos, como as Intervenções e os Movimentos
da MC, podem ser usados para introduzir complica-
ções, descrever momentos cinematográficos e tornar
a atmosfera mais assustadora, cheia de suspense ou
emotiva, o que você julgar necessário. O papel da MC
como narradora é explicado em Conduzindo uma
Sessão (pág. 60).
I N T RO D U Ç ÃO | 5
 OS PRINCÍPIOS DA MC
Os princípios a seguir são recomenda-
dos para jogos de City of Mist. São di-
retrizes gerais que delineiam o espírito
do jogo. Embora tecnicamente você
não precise se lembrar desses princí-
pios para conduzir o jogo, é útil tê-los
em mente para executar um bom jogo.
O segundo e o terceiro princípios são
variações dos princípios apresentados
pela primeira vez por Vincent Baker,
em Apocalypse World.
CONVERSE COM O GRUPO
No fim das contas, todos do grupo querem se divertir
juntos. Mesmo considerando que vocês provavelmen-
te gostam de coisas diferentes, há muitos pontos em
comum para fundamentar a história que vocês criam
juntos. É mais fácil chegar a um acordo quando todos
comunicam suas preferências. Às vezes, os jogadores
não sabem como comunicar isso, ou sequer sabem
que podem, então seu papel como MC é perguntar,
ouvir e se envolver. Pergunte aos jogadores como
eles se sentem sobre o fluxo do jogo, sobre que regras
opcionais usar e o que eles acham do último caso, por
exemplo. Talvez algum deles queira personagens mais
místicos, ou outro queira que a ação seja menos de-
safiadora e mais heróica. Ouça os jogadores, expresse
suas próprias opiniões, dê sugestões alternativas
e compare com exemplos dos seus seriados favori-
tos. Encontre um jeito de fazer tudo funcionar em
conjunto. Às vezes, alguém terá que fazer concessões,
mas tudo bem, contanto que o jogo apresente outras
coisas divertidas para essa pessoa. Não tem como o
jogo ter tudo, mas pode ter muita coisa.
JOGAR PARA DESCOBRIR
City of Mist gera histórias mais emocionantes quando
você e os jogadores colaboram para criar a narrativa.
Essa colaboração só pode acontecer quando você,
como MC, dá a liberdade aos jogadores para conduzir
a história como quiserem (mas sempre se amparando
nas regras para chegar lá), assim como você tem a li-
berdade de conduzir a narrativa como quiser, confor-
me as regras permitirem.
Tente evitar criar expectativas sobre como o caso deve
se desenrolar, sobre que cenas precisam acontecer e
6| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
até mesmo que decisões os jogadores deveriam tomar.
Esse tipo de planejamento e expectativa sobre o jogo
só vai diminuir a diversão que você e os jogadores
tiram dessa narrativa compartilhada. Na melhor das
hipóteses, essas expectativas permitem que os joga-
dores sejam atores interpretando uma peça escrita
por você (o que às vezes pode ser divertido, mas não
é para isso que vocês estão jogando City of Mist).
Inclusive, ter um plano rígido restringe a criatividade
e a capacidade dos jogadores de desenvolver a história
de maneiras que você não tinha pensado, o que pode
gerar momentos incrivelmente divertidos e inspirado-
res. O pior é que isso ainda tira a empolgação de tam-
bém ser, em parte, o público, e se surpreender com o
que acontece com as personagens principais, quando
elas interagem com o caso que você escreveu.
“Jogue para descobrir (o que acontece)” significa que
você não tenta ativamente controlar (ou seja, "con-
duzir", o que também é chamado de "nos trilhos") a
história, para que a progressão ocorra como você pla-
nejou. Isso já começa na hora de escrever o caso: em
vez de criar cenários roteirizados, crie locais autôno-
mos, personagens com planos próprios (e não desti-
nos predeterminados) e situações em aberto. Durante
o jogo, se um jogador quiser tentar algo diferente do
que você tinha em mente, permita que isso aconteça
sem manipular a narrativa para voltar "aos trilhos".
Isso vai mudar seus planos, então adapte ou descarte
completamente o que tiver escrito para a cena. Seus
planos só valem ser mantidos enquanto ajudarem
a manter o jogo agradável para todos; se você tiver
planejado algo realmente legal e quiser manter, basta
uma solução muito simples: dar um jeito de apresen-
tar essa situação mais tarde.
Você não precisa estar preparada para qualquer
cenário. City of Mist facilita muito a improvisação de
novas personagens e situações, quando necessário.
Por exemplo: depois de aprender como se faz, criar
um novo Perigo pode levar apenas alguns minutos
(consulte a parte de Perigos, na pág. 116). Aprenda
a gostar de ser surpreendida pelos jogadores. É fácil
quando você pensa sobre o jogo como uma série de
TV ou um gibi, em que realmente não sabe o que vai
acontecer. Administrar um jogo sem saber o fim é uma
experiência emocionante e pode se tornar seu jeito
favorito de jogar.
Megan (interpretando Camarada): Bem, Cama-
rada acabou de libertar o tal Lobo Mau,
que agora quer devorar toda a cidade...
e não há nada que eu possa fazer para
impedir?!
MC: Sim, é por aí.
Megan: Ótimo. Camarada quer fazer um acor-
do com ele.
MC: Sério?
Megan: Sim, esse é o Camarada. Sempre ten-
tando dar um jeito de lucrar, não im-
porta a situação. Acho que vou oferecer
minha ajuda para devorar a cidade, mas
por um preço. Vou Convencer.
MC: Isso é loucura. (Mas me deu uma ideia
ótima para desenvolver essa histó-
ria...). Faça o movimento e vamos desco-
brir o que acontece!
SEJA A MAIOR FÃ DAS PERSONA-
GENS; TORNE AS VIDAS DELAS
INTERESSANTES
Embora você tenha o papel de interpretar os piores
adversários das personagens principais, e embora seja
esperado e necessário que você atormente as vidas
delas com todos os tipos de complicações, você de
forma alguma joga contra os jogadores e suas perso-
nagens. Na verdade, é o oposto: seu trabalho é ajudar
as personagens dos jogadores a brilharem. Para isso,
coloque-as em provações e situações desafiadoras,
permitindo que o grupo, como audiência, aprenda
algo novo sobre cada personagem e as vejam sendo
incríveis.
Para isso, você tem que ser a maior fã das persona-
gens. Aprenda tudo o que puder sobre elas. Pense
sobre o que poderia lhes acontecer, pelo que lutariam,
o que podem suportar e o que estão dispostas a sacri-
ficar, igualzinho a como você faz quando vê um filme
ou seriado ou lê uma HQ. Quando apresentar uma
nova ameaça ou complicação, sinta o suspense e a
empolgação de descobrir como as personagens lidam
com o acontecido e que escolhas difíceis vão aceitar
fazer.
Como a maior fã das personagens, use as informa-
ções que tiver para tornar as vidas delas interessan-
tes. Você precisa querer apresentar desafios investi-
gativos, dramáticos e cheios de ação que forçarão as
personagens a serem incríveis... ou a falhar.
Tente desenvolver a história com base na história de
fundo e nas particularidades das personagens princi-
pais; sempre que possível, empregue os temas, mis-
térios e identidades de todos do grupo. Conhecer os
medos e esperanças mais íntimos das personagens
vai ajudar a adaptar os acontecimentos da história
para atingir exatamente onde dói e dar aos jogado-
res a oportunidade de Fazer uma Escolha Difícil,
de Não. Se. Conter., ou de apenas criar momentos
incríveis de desenvolvimento da personagem.
Essa abordagem cria jogos excelentes, porque você se
concentra nas personagens principais e faz com que
a história seja sobre elas, em vez de uma narrativa
genérica que serviria para qualquer um.
PENSE DE FORMA CINEMATOGRÁ-
FICA
Combinar a imaginação de todos da mesa gera um po-
tencial ilimitado. Embora os jogadores sejam respon-
sáveis pelas ações cinematográficas de suas próprias
personagens, cabe a você estimular a imaginação
deles e fazer com que a criatividade flua, criando a
atmosfera, o estilo narrativo e o ritmo certos para a
história. Como City of Mist se baseia muito no gênero
de quadrinhos neo-noir, você vai querer dar aos jogos
uma atmosfera de filme, seriado ou HQ desse gênero.
Para isso, pense no seu jogo como uma obra de ficção
desse mesmo gênero, ou, em outras palavras, pense
de forma cinematográfica.
Pensar de forma cinematográfica impacta tudo o
que você faz como MC. A imaginação compartilha-
da do grupo de jogo se torna a tela ou o palco onde
vocês vão desenvolver a história. Quando escrever
casos, crie locais dramáticos e projete vilões memo-
ráveis que "ficariam bem na tela”. Quando estiver
arbitrando sobre algum aspecto do jogo e as regras
deixam margem para interpretação, tome as decisões
pensando sempre na diversão da mesa, privilegiando
o que seria mais interessante de “assistir”. Como an-
fitriã, você controla os holofotes como uma diretora
de cinema, trocando entre "câmeras" ou "painéis"
para produzir efeitos cinematográficos específicos.
Mais importante, como narradora, você escolhe os
desenvolvimentos da história, descreve as ações das
personagens não-jogadoras (PNJ) e decide a hora
de elas entrarem em cena, tudo pensando no que
seria mais interessante em termos de estética e de
conteúdo.
I N T RO D U Ç ÃO | 7
 Na prática, pensar cinematograficamente significa
partir de uma perspectiva cinematográfica para orien-
tar sua tomada de decisão como MC. Alguns exemplos
incluem:
? QUAL A FORMA MAIS IRADA DE ABRIR
UMA SESSÃO? COMO OS EPISÓDIOS OU
EDIÇÕES DE PRODUÇÕES DO GÊNERO
COSTUMAM COMEÇAR?
Escolha a primeira cena ou cutscene com base
nessa resposta.
? QUAL É A PRIMEIRA TOMADA QUE O PÚ-
BLICO ( SEU GRUPO ) VÊ DA CENA?
Descreva para seus jogadores.
? QUE MÚSICA TOCA AO FUNDO?
Bote para tocar no celular ou no computador.
? QUE ATMOSFERA QUERO CRIAR COM
ESSA CENA?
Escolha o tom de voz e as palavras certas para
inspirar esse sentimento.
? QUE TEMAS COSTUMAM APARECER NES-
SE TIPO DE HISTÓRIA?
Insira esses temas no caso, quando estiver
planejando a sessão, e também nas descrições
durante a narrativa.
? QUAL É A COISA MAIS CHOCANTE / DI-
VERTIDA / AMEAÇADORA / AGRESSIVA
/ ETC. QUE ESSA PERSONAGEM PODE
FAZER?
Escolha um Movimento de MC que traduza a
ação.
? QUE DILEMAS MORAIS SÃO TÍPICOS DO
GÊNERO DA HISTÓRIA?
Planeje um caso sobre esses dilemas.
O pensamento cinematográfico só deve guiar sua
narrativa quando for sua hora de definir o desenvol-
vimento da história — quando você já estiver sob os
holofotes, ou quando as regras determinarem que
você pode interferir e adicionar detalhes. Se a galera
estiver investigando uma cena de crime e alguma das
personagens falhar em um movimento, você pode
usar um Movimento da MC para dizer que a polícia
foi alertada da presença da galera, ou que o local foi
limpo e não há mais nenhuma evidência para ser en-
contrada, baseando a escolha sempre no pensamento
cinematográfico. No entanto, se nenhum dos joga-
dores falhar em um movimento, você terá que adiar
o desenvolvimento da história, deixando que seja
conduzida pelos movimentos dos jogadores, mesmo
que cinematograficamente fosse mais interessante ter
a polícia aparecendo.
UM JOGO CINEMÁTICO
Em City of Mist, alguns dos elementos cinemá-
ticos dos quadrinhos neo-noir foram integrados
às regras. Histórias desse gênero costumam
começar com o monólogo narratido de algum
investigador, e o movimento Monólogo Narra-
tivo (Início da Sessão) simula isso. Flashbacks
também são comuns no gênero, e é por isso
que o movimento Flashback permite que os
jogadores ajam retroativamente, narrando algo
que aconteceu antes da cena em que estão.
Os Movimentos Principais representam ações
típicas realizadas por protagonistas do gênero,
e assim por diante.
A MC encontra outras sugestões e considera-
ções cinematográficas ao longo deste capítulo,
nas seções Pensando Cinematograficamente.

P E N S A N D O C I N E M ATO G R A F I CA-
M E N T E E N Q U A N TO J O G A PA R A D E S-
CO B R I R
É bom ressaltar que suas expectativas cinematográfi-
cas não devem entrar em conflito com a ideia de jogar
para descobrir. Suas intenções não lhe dão aval para
dirigir todos os aspectos dessa narrativa colaborativa
da maneira que você deseja que aconteça, alterando
cada componente para que a história seja estetica-
mente agradável a todos. Em outras palavras, você
não deve usar suas "considerações cinematográficas"
como desculpa para conduzir o jogo com mão de fer-
ro, como nas famosas "aventuras nos trilhos".

8| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
O QUE TEM NESTE LIVRO?
• Capítulo 1: Os boatos pelas ruas fornece conselhos
sobre como imaginar a cidade e o que deve ser criado
dentro dela, além de descrever alguns dos principais
distritos, locais, Portais e Dormentes. É contado da
perspectiva de Portais relativamente novos, gente
que está começando a descobrir o mundo secreto
em que vive. Além disso, o capítulo também inclui
alguns dos segredos que as protagonistas terão que
trabalhar duro para descobrir.
• Capítulo 2: Nos bastidores é uma análise detalhada
de seus papéis antes e durante uma sessão de jogo. O
capítulo explica os movimentos da MC com um guia
passo a passo sobre como conduzir as sessões, com
diversas ferramentas para ajudar a deixar o jogo mais
cinematográfico. Além disso, também tem um passo
a passo detalhado para criar seus próprios casos e
projetar sua série com base no modelo Iceberg.
• Capítulo 3: Essa cidade é MINHA! inclui regras
para criar e lidar com Perigos, um catálogo de Perigos
Prontos e uma seção especial sobre como criar e usar
movimentos personalizados, com modelos e exem-
plos prontos. O capítulo também apresenta um guia
completo para Avatares e seus esquemas, além de
quatro exemplos de esquemas de Avatares.
• Os Anexos incluem o caso jogável Jogando Contra
a Morte, que é detalhado em exemplos ao longo do
Capítulo 2. Também estão incluídas as fichas de
resumo da MC, além de fichas de acompanhamento
para temas de personagem e de galera e a série como
um todo.
USO DE PRONOMES
Ao longo do livro, sempre que possível, o texto
vai falar diretamente com você, que está lendo.
No geral, o texto se refere a você como MC,
mas, em alguns momentos, vamos nos dirigir a
você como jogador ou à personagem que você
interpreta. Sempre que preciso, o texto esclare-
ce a quem se direciona; em outros momentos,
dá para entender pelo contexto.
Sempre que for preciso usar a terceira pessoa, o
livro vai se referir às personagens como "elas",
aos jogadores como "eles" e à MC como "ela".
É uma divisão arbitrária para facilitar a leitura e
equilibrar o uso de pronomes. As personagens,
a MC e os jogadores podem ser de qualquer
gênero ou não ter gênero nenhum.
TEXTO EM DESTAQUE
Ao longo do livro, alguns elementos específicos
do jogo recebem destaques de cores diferentes:
• Rótulos (explicados inicialmente na pág. 74 do
Guia do Jogador) são destacados em amarelo
(ou em roxo, caso a página seja escura).
• Condições (explicadas inicialmente na pág. 218
do Guia do Jogador) recebem destaque verde.
• Espectros (explicados inicialmente na pág.
118) são destacados em vermelho.
I N T RO D U Ç ÃO | 9
 SOBRE CITY OF MIST
OS BOATOS PELAS
RUAS

capítulo

1
 A
CINEMATOGRAFIA
DA CIDADE

12| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
A cidade é o cenário da sua história;
é nessas ruas, becos e telhados que a
galera vai desvelar verdades pertur-
badoras, liberar poderes lendários em
batalhas pelo que mais importa para as
personagens e fazer sacrifícios terrí-
veis.
A Cidade é todas as cidades. Você pode preferir
identificá-la como uma cidade específica, seja real ou
fictícia, ou deixá-la como uma cidade genérica sem
nome. Talvez essa Cidade não exista no nosso planeta
Terra, só nas Brumas. O melhor é não responder a
essa pergunta sobre se a cidade é ou não real logo de
cara, talvez nunca. Mantenha a resposta nebulosa,
como em um sonho.
Seja real ou uma invenção das Brumas, a Cidade pelo
menos parece real e tem tudo que se pode encontrar
em uma cidade moderna. A percepção das perso-
nagens da história é de que elas existem em uma
cidade de verdade. Isso inclui, entre outras coisas, os
seguintes aspectos de um grande centro urbano:
• Geografia: diversos distritos, bairros e zonas;
topografia; parques e reservas naturais; nascentes e
cursos d'água como rios, canais e lagoas, um lago, o
mar ou o oceano.
• Infraestrutura: água encanada; sistema de esgoto;
rede elétrica; esquema de distribuição de combus-
tível, como postos de gasolina e gás e tubulação
de gás; armazenamento de alimentos; sistema de
aquecimento etc.
• Transporte: estradas; estacionamentos comerciais;
trem; metrô; ônibus; táxis; caminhões de carga;
aeroporto; porto marítimo.
• População e Demografia: pessoas de diversas
idades, gêneros, grupos étnicos, religião, posição
social, pontos de vista políticos etc.; residentes
locais, turistas; imigrantes; povos originários.
• Ecossistema: clima; flora e fauna urbanas; poluição
(ar, água, ruído e luz).
• Sistemas de distribuição de alimentos: fábricas
de comida; redes de supermercados; produtores
locais; mercearias; restaurantes e lanchonetes.
• Governo: instituição municipal; políticos e seus re-
presentantes; sistema tributário; eleições; serviços
governamentais (como assistência social); burocra-
cia; serviços de emergência.
• Sociedade e cultura: centros comunitários;
centros religiosos; vida cultural (livros, televisão,
cinema, teatro, museus, arte etc.); mídia; recreação.
• Negócios e comércio: bancos; mega-corporações;
empresas; pequenos negócios; lojas e armazéns;
profissionais; freelancers; investidores; publicidade.
• Lei e Ordem: sistema jurídico (tribunais, advoga-
dos); aplicação da lei (polícia municipal, estadual e
federal, forças-tarefas especiais); prisões.
• Crime: crimes contra a pessoa (violência domésti-
ca, violência sexual, assassinato); pequenos crimes
(roubo de carro, furto, incêndios criminosos etc.);
crime organizado (milícias de proteção, tráfico de
armas, produção de drogas, prostituição, contra-
bando, lavagem de dinheiro etc.); crime corporativo
(suborno, extorsão, fraude etc.)
• Educação e Ciência: escolas públicas; bibliotecas;
faculdades e universidades; creches; instituições de
pesquisa privadas; laboratórios.
REFERÊNCIAS ÉTNICAS E CULTURAIS EM
CITY OF MIST
Este livro e todo o conteúdo do sistema City
of Mist fazem uso extensivo de referências
culturais e étnicas. Primeiro porque os mitos
e lendas que vão encarnar nas personagens
vêm de diversas culturas, tanto do passa-
do quanto do presente. Segundo porque as
cidades modernas são pontos de convergência
de uma pluralidade étnica e cultural, e City of
Mist perderia parte da verossimilhança se não
fosse assim. Apesar de tentarmos apresentar
exemplos do máximo de culturas possível, é
impossível incluir todas as culturas do mundo
em um livro só. Você pode (e deve) trazer sua
própria cultura para o jogo, ou buscar fontes de
culturas que você admire na hora de construir
personagens e Mythoi.
1 · CENÁRIO | 13
 DESCREVENDO A CIDADE NO SEU
JOGO
City of Mist é um jogo de imaginação. Não há neces-
sidade de preparar todos os detalhes da Cidade de
antemão, você pode criá-los ou consultar mais ideias
conforme surja a necessidade. Por exemplo: se uma
das personagens principais está tentando marcar um
encontro com um informante, o jogador pode inventar
um nome de rua, dizendo "Ah, então aparece aqui em
casa, na rua Tiradentes, número 403". Você não precisa
saber com antecedência se sua Cidade tem uma rua
Tiradentes, nem onde fica. Depois de narrada, a rua
passa a ser real na história. Se os outros jogadores ou a
MC não concordarem, basta conversar. Se quiser, você
pode anotar alguns detalhes para depois acrescentar à
Cidade, para manter a consistência narrativa.
O importante é estar familiarizado com os tropos da
cidade, ou seja, com os elementos ou locais típicos
que podem aparecer em uma história de investigação
ou uma narrativa neo-noir. Se não quiser ou não con-
seguir definir um local específico, você sempre pode
usar esses tropos, dizendo, por exemplo: "Ah, então
aparece lá em casa! É na Zona Industrial... Aqui, vou
anotar o endereço."
14| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
As partes importantes da Cidade são as áreas
onde a história das personagens acontece. Você
sabe um pouco mais que os jogadores sobre essas
localidades, já que vai criá-las quando criar os casos
(confira o Capítulo 2: Nos Bastidores) ou ler sobre
esses lugares nos casos já publicados. Tudo o mais na
Cidade é descrito em termos vagos, já que os outros
lugares existem apenas como cenário, como placas de
trânsito que você vê quando dirige por aí.
É justamente por isso que City of Mist não apresenta
um mapa da cidade. No lugar, o livro apresenta vários
Distritos, locais genéricos que você pode usar para
as cenas e conectar como quiser. Não há necessidade
de fazer uma descrição detalhada do que há entre um
local e outro, porque as cenas nunca acontecem entre
os lugares. Se quiser fazer uma cena em um táxi no
caminho entre dois pontos, esse táxi simplesmente
se torna um local também. Quando as personagens
estão com pressa, a MC pode simplesmente deter-
minar quanto tempo leva para viajar de um ponto a
outro na Cidade, mas como ferramenta para avançar
a narrativa, e não como um cálculo sobre um grid
(o campo quadriculado que muitos RPGs usam para
medir distâncias). Não esqueça de que a Cidade é só o
cenário da história.
COMO UTILIZAR OS DISTRITOS
Abaixo você encontrará tropos comuns de distritos, NADA ALÉM DA CIDADE
locais e personagens que pode usar na história. Cada
Uma das premissas de City of Mist é que as
item da lista traz um esboço do tropo em questão e al-
personagens principais nunca saem da Cidade.
guns exemplos detalhados de como esse local poderia
Se outras pessoas conseguem de fato sair de
ser em City of Mist.
lá, já é outra história; todos parecem pensar
Leia sobre os distritos para compreender melhor o que essa movimentação é comum e acontece
cenário e se inspirar para criar suas próprias locações sempre. Turistas, empresários e gente estranha
e personagens. Você pode usar as ideias de locações e do interior vivem indo e vindo. Os residentes da
personagens fornecidos neste livro nos seus próprios Cidade se comportam como se fossem parte
casos, seja isso planejado ou de improviso (as regras de algo maior, como um país ou um mundo
relacionadas a alguns dos PNJs estão no Capítulo 3: próprio, mas sempre que o assunto surge, a
Essa cidade é MINHA!). Você também pode sugerir história dá uma guinada bem conveniente.
o uso desses locais e personagens nas histórias das O jogo é concentrado na Cidade. Quanto mais
personagens principais. as personagens se afastam do ponto de foco,
seja fisicamente ou em conversas com algum
residente, Portal ou Dormente, mais nebulosa a
A NATUREZA DA CIDADE situação, como as bordas apagadas de alguma
Cada parte da cidade esconde uma história, e não são foto antiga. Onde mesmo que o José foi? Não
só acontecimentos perdidos no tempo, secos e mur- sei, ele saiu da cidade. De onde foi que veio
chos, e sim algo vivo, algo que luta para existir: uma esse caminhão? Ah, de algum lugar de fora.
lenda. O mito está nas pessoas que habitam a Cidade, Onde a gente está? Ah, só alguns quilômetros
mas também em tudo o que fazem e constroem: os fora da cidade.
edifícios, os estabelecimentos, as tendências de moda. Por que as pessoas não falam sobre o mundo
imenso lá fora? Os residentes amam tanto (ou
É a antiga casa de ópera na orla, que tarde da noite
estão tão obcecados) com a Cidade que nem
emite os ecos baixinhos da música do órgão; ou o
pensam nos outros lugares do mundo? Ou é
gigantesco arranha-céus corporativo que virou cartão
algum outro aspecto das Brumas, talvez o mais
postal e está sempre no horizonte, mas cuja entrada
forte de todos? Você pode querer descobrir as
você nunca conseguiu encontrar. É uma nova moda
respostas para essas perguntas, mas suas per-
de bonecas que parecem ter sempre um sorrisinho
sonagens, não; elas estão concentradas demais
diabólico, ou uma estrela de rock que não controla as na Cidade.
ondas de êxtase que transmite para seus ouvintes. Ou
talvez seja aquele restaurante medíocre na esquina,
com cheiros tão tentadores de bolo e de café fresco
que até inimigos que se odeiam podem ser vistos
tomando café da manhã juntos.
As partes da cidade que foram abandonadas pela
moda são as que mais cheiram a algo ancestral.
Debaixo de uma ponte, pode ser que você encontre a
toca onde vivia algo enorme e mais ou menos huma-
no. Bem no alto das torres de uma igreja abandonada,
anjos de pedra de várias toneladas às vezes somem
e reaparecem dali a um ou dois dias. E, se conseguir
entrar nos túneis abandonados do metrô, você verá
um ou outro adolescente encapuzado, talvez membro
de algum culto desconhecido, se esgueirando furtiva-
mente para uma cisterna toda cheia de velas acesas.

1 · CENÁRIO | 15
 CENTRO
“Ela era um colírio para os olhos, e os meus estavam precisando. E não só por conta de todas aque-
las luzes e anúncios irrompendo de todos os prédios, mas pelo que eu vi nessas ruas: mais cadáve-
res à luz néon do que eu poderia contar. Algo nela me deixou complacente. Ela quase parecia perdi-
da, parada no cruzamento com seu vestido de festa, as costas expostas viradas para mim. Ignorei a
tatuagem estranha, mas não deveria ter feito isso. 'Quer me pagar uma bebida? Parece que nós dois
estamos precisamos.' Ah, eu não tinha ideia de onde eu estava me metendo..."
– Sullivan, repórter do Jornal da Cidade

16| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
É no centro que tudo acontece. É
ali que bate o coração da cidade,
circulando milhares de almas por dia,
entre residentes e visitantes de todo
tipo vindo a negócios, lazer ou ambos.
De dia, o centro parece ser a engrenagem que move a
cidade: tudo parece ter pressa e propósito, cada um
cuidando de seu problema. Estagiários neuróticos
passam correndo com o café de chefes que os esperam
nos últimos andares de algum arranha-céu, antes de
alguma reunião importante. Caminhões descarregan-
do em becos atrás de lojas famosas enquanto algum
vendedor de terno, lá na frente, enche de elogios
falsos as clientes obscenamente ricas e seus poodles
mimados. Torrentes de turistas estrangeiros, armados
com suas câmeras, visitam os velhos monumentos
e atrações: o prédio mais alto da Cidade; o Museu
Histórico, com a exposição fixa de alguma obra de arte
famosa. Tão entretidos com suas próprias atividades,
nenhuma dessas pessoas está lá de verdade; sua pre-
sença só serve para manter a engrenagem funcionan-
do, todos sempre movendo-se para o próximo item
das tarefas do dia. Uma cidade frenética.
O Centro é uma selva de outdoors e placas neon que,
já bem evidentes durante o dia, se tornam a única ilu-
minação depois que o sol se põe. A correria e a pressa
nunca diminuem, só mudam de direção. Na escuridão
pontilhada de neon, o centro busca liberar toda a
tensão acumulada ao longo do dia. Cabarés, boates e
pubs da moda operam em lotação máxima, logo ao lado
de restaurantes chiques, teatros, cinemas e casas de
ópera. Restaurantes, lanchonetes e barraquinhas de rua
circundam praças lotadas, com apresentações ao vivo e
cobertura de grandes canais de TV. É um lugar com en-
tretenimento para todos, dependendo de quanto você
pode gastar, o que inclui qualquer tipo de recreação
urbana. Festas privativas com drogas caras e acompa-
nhantes de luxo são bem comuns, mas os bastidores do
distrito mais chamativo da Cidade têm atividades ainda
mais sombrias e estranhas para oferecer.
ALÉM DAS BRUMAS
Portais que operam no centro da cidade muitas vezes
sentem que as Brumas são mais fortes aqui. Embora
possa ser uma impressão subjetiva, não há como re-
futar que o bombardeio constante de estímulos torna
todos mais propensos à distração – o que pende bas-
tante a balança em favor de Portais mais despertos.
Lendários fazem de gato e sapato qualquer Dormente
hiperativo que encontrem por aqui, ou pelo menos
tiram proveito da dose extra de discrição por conta da
multidão distraída. Até os Limítrofes têm dificuldade
de manter o foco na investigação, considerando o
quanto as Brumas se adensam com as distrações.
Estar no centro tem suas vantagens. O consumismo
é parte de toda cidade grande, mas o centro é uma
força da natureza, literalmente. Portais relacionadas a
impulsos, desejos e consumo de todo tipo são atraí-
dos para o coração pulsante da cidade, onde tem mais
gente para influenciar e tentar trazer para a história de
seu Mythos. Claro que isso está muito ligado ao dinhei-
ro que circula por aqui, com os negócios e compras,
mas também tem a ver com tudo que se pode fazer
no centro, como consumir arte e cultura. Na verdade,
qualquer Portal que queira influenciar as massas ou
que busque um fluxo incessante de vítimas Dormentes
desavisadas vai querer uma base de operações no cen-
tro da cidade. Aliás, é o melhor lugar para trabalhar...
Isso se você estiver à altura da concorrência.
1 · CENÁRIO | 17
 PONTOS DE INTERESSE

A ESTAÇÃO DE METRÔ é um lugar intermediário. O

subsolo é como estar em outro plano: um lugar escuro,
A RUA DO ESPETÁCULO brilha com poeira este-
com luzes fluorescentes piscando e coisas gritando e
lar. Uma avenida extensa, onde ficam os maiores e
rugindo nos túneis. O metrô é um lugar onde sempre
mais antigos teatros e óperas da cidade, com esta-
tem alguma tensão subjacente, onde algum instinto
belecimentos menores e mais obscuros enchendo
primordial sempre avisa que é errado estar ali. De certa
as ruas laterais. Produções espetaculares são lan-
forma você está debaixo da terra, onde todas as coisas
çadas em um ritmo impressionante, disputando a
vêm para morrer. Está à beira de uma grande escuridão,
atenção e o dinheiro do público fugidio. Nos basti-
onde ficam os espíritos dos mortos e as memórias de
dores, atores se esforçam para chegar ao estrelato,
tudo o que foi quebrado ou perdido. É um limbo, mas
enquanto o pessoal da produção montam cenários
ninguém pode sentir. Nas horas mais movimentadas,
grandiosos e efeitos de iluminação complexos, só
quando tantas pessoas esperam, nervosas, para serem
para desmontar tudo depois de alguns shows.
engolidas pelos vermes de aço, as Brumas encobrem
essa sensação. Mas, na solidão, conforme você se aven- Um dos shows mais antigos da cidade, Uma História
tura mais e mais fundo no subsolo, descendo escadas Triste, pode ser assistido no antigo, porém obscuro
rolantes quebradas e encardidas, não tem como evitar a teatro Orfanato Ultrapassado. Escondido em uma
sensação de que tem mais alguém ali, do seu lado. rua lateral, o lugar é visitado principalmente por
pessoas que já sabem de sua existência, mas tem
Os adolescentes que ficam até tarde vagando pelo
conquistado novos clientes ao longo dos anos. As
centro falam sobre um estranho que anda pelos
pessoas descrevem o espetáculo como comovente
túneis do metrô usando um moletom com um capuz
e muito realista, mas quase melancólico demais
que se projeta por cima da cabeça, como se fosse um
para ver. Há quem tenha visto dezenas de vezes,
bico de corvo. Às vezes, o estranho simplesmente
alegando que cada performance é completamente
aparece e fica encarando, o rosto oculto pela escuri-
diferente da outra, mas as palavras falham a quem
dão do capuz. Dizem que não tem perigo, desde que
tenta explicar. “Você precisa ver para entender”, é
você permaneça na plataforma. Será que esse sujeito
só o que conseguem dizer.
guarda algo escondido nas profundezas dos túneis
do metrô, ou é só um psicopata esperando as pessoas
que perderam o último trem?

PONTOS RAREFEITOS Brumas se tornam um pouco mais palpáveis, evocan-

Em alguns lugares, as Brumas não são tão es-
pessas. Isso quase sempre acontece em lugares
abandonados, arruinados ou perdidos, então
poucas pessoas os visitam. Até os Dormentes
reparam quando entram nesses lugares em que as
Brumas se concentram menos, ficando rarefeitas,
porque ficam com medo. Pensamentos estranhos,
já esquecidos, borbulham de volta à superfície, e
qualquer um que se aproxima é tomado por uma
sensação assustadora, intangível e sobrenatural.
Nesses lugares, as forças ocultas por trás das
do medos sombrios e horríveis.
Por ironia do destino, esses pontos são quase
sempre envoltos em névoa, fumaça ou vapor de
verdade — é tudo o que as Brumas rarefeitas po-
dem fazer para esconder o que está acontecendo.
O caminho para alguns Enclaves passa por pontos
tênues, que servem como transição entre o mundo
concreto das Brumas e o reino abstrato dos My-
thoi. Outra explicação, claro, é que a imaginação
simplesmente se torna mais ativa nesses lugares
estranhos da Cidade.

18| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C

O BECO é onde você encontra todo o lixo que a
Cidade esconde. E não só o lixo: também é aqui que
acontecem as negociações ilícitas e os crimes brutais.
Quando quiser marcar um encontro secreto com
algum contato, já que ainda não decidiu se vai aceitar
o trabalho ou eliminar a pessoa de vez, marque no
beco. Quando quiser esconder um corpo por um
tempo, só o suficiente para sair da cidade, esconda
na lixeira do beco. É para o beco que você vai quando
foge sem ser visto da cena do crime ou quando está
perseguindo alguém e precisa de um atalho para
pegar a pessoa de surpresa. O beco é lugar de ladrões,
assaltantes e vigaristas, mas também de trabalhado-
res humildes que não aparecem na linha de frente,
como cozinheiras, garçons, carregadoras, zeladores,
dançarinas exóticas. E, embora os becos não precisem
de Portais para serem assustadores (os Dormen-
tes fazem isso muito bem sozinhos), os Portais são
naturalmente atraídos por essa parte dos fundos da
Cidade. Aqui você pode operar livremente, longe dos
olhos de Dormentes e de outros Portais.
Quase todos os prédios na cidade têm um beco
atrás, acessível por uma porta dos fundos, pela es-
cada de incêndio, pelo sistema de esgoto ou mesmo
pela rua; os becos agem como uma rede obscura de
passagens secretas para a Cidade. Alguns becos, no
entanto, não levam a onde você estava imaginando.
Alguns se conectam a outro beco; enquanto outros,
estranhamente, emergem em uma rua grande e
movimentada a alguns quarteirões de distância. Às
vezes, você sai de beco para um lindo campo florido
no meio de uma praça escondida (mas como foi que
trouxeram esses "unicórnios" para cá? Que bregui-
ce!). Inclusive, tem uma lenda urbana sobre um
beco que leva ao ontem.
O DISTRITO FINANCEIRO é um conglomerado
de arranha-céus cobertos de vidro, reluzentes e
gigantescos, e de edifícios de pedra ornamentados,
igualmente imensos, com pelo menos meio século
de idade, mas ainda bem-conservados. É a principal
sede de poder da Cidade, onde convergem as gi-
gantes corporativas, os bancos e os funcionários do
governo. Tudo de grande nos negócios acontece aqui
e envolvendo as principais firmas financeiras e jurí-
dicas, agências bancárias e sedes corporativas, todas
convenientemente próximas. As autoridades exe-
cutivas do mais alto escalão da Cidade, o conselho
de legisladores e o tribunal estão logo ali, virando a
esquina. O fedor da corrupção permeia o ar; é como
se fluísse dinheiro nas sarjetas das ruas menores va-
zias e praças espaçosas que ligam todo esse esplen-
dor. Veículos pretos do governo, limusines brancas
pomposas e esportivos de série limitada passam
deslizando, os vidros escuros refletindo cidadelas e
palácios. Uns poucos hotéis de luxo famosos e torres
residenciais caríssimas art déco acomodam os ricos
e poderosos com todo o luxo, segurança e anonima-
to que o dinheiro pode comprar. É daqui que essa
monarquia da era moderna, com suas conselheiras e
emissárias, jogam um xadrez multifacetado em que
os residentes da cidade são os peões.
Um prédio sem nome habita o distrito financeiro,
e não é possível nem chegar nele. O edifício quase
sempre se esconde atrás de outros arranha-céus,
fora da vista; mas de vez em quando, quando me-
nos se espera, aparece no horizonte. Não adianta
tentar encontrar onde fica: assim que você se apro-
xima, a rua se dobra uma curva bizarra, como um
braço se quebrando, e se perde outra vez de vista.
Tolos dirão que fica logo ali, virando a esquina, e
que podem guiar você até lá; mas os sábios dirão
que o lugar não existe nem nunca existiu: é um
castelo escuro e sombrio, envolto em respingos
do mar e bandos de corvos, os velhos pináculos
rasgando e cortando as nuvens.
1 · CENÁRIO | 19

O CLUBE DE JAZZ ENFUMAÇADO é um lugar de
requinte escondido no porão de um prédio antigo,
em uma das ruas secundárias do centro da cidade.
A música atrai quem passa: parece uma melodia co-
nhecida, algo que você ouviu há muito, muito tempo.
Evoca um sentimento caloroso e familiar que, se você
permitir, vai te fazer entrar. Lá, entre as lufadas de
fumaça de cigarro, uma multidão de entusiastas abas-
tados e artistas boêmios ouvem, fascinados, o im-
proviso alternado de uns poucos músicos de terno, a
melodia acentuada pela voz rouca de uma cantora em
um vestido de noite esvoaçante. Dá até para até ver a
Garota de Ipanema caminhando em meio à fumaça.
Seja bebendo mais um uísque duplo com gelo ou
saboreando um cosmopolitan, você logo descobrirá
que o clube de jazz é um bom lugar para contemplar
sua vida, pensar no próximo passo ou na terrível
situação geral da Cidade (e também para fazer um
Monólogo Narrativo, consulte a pág. 199 no Guia do
Jogador). Quase todo o público ali deve estar ocupa-
do demais pensando nos próprios problemas, mas
algumas pessoas podem querer ouvir também. Da
fumaça, pode emergir uma ajuda inesperada ou uma
reunião fatídica. Bem, também pode ser que você
estivesse apenas sonhando acordada, talvez bêbada,
e, quando sai do clube de Jazz, você continua tão
deprimida quanto quando entrou.
Um desses clubes, "os Juncos", recebe pouca atenção
dos críticos, mas é conhecido entre os frequentadores
como o segredo mais bem guardado do centro. Dizem
que é por lá que fica a pessoa mais sábia da cidade,
conhecida por dar os melhores conselhos que se po-
deria querer. Os poucos frequentadores do clube ima-
ginam que esse seja Zebedee Jackson, o saxofonista
velho e cego, mas, na verdade, ele é só o guardião do
portão. Zebedee tem seu jeito de ler as pessoas e, se
achar que você tem mesmo um problema, em vez de
ser o problema, lhe dirá para dar uma passadinha no
porão enquanto toca uma melodia triste e misteriosa.
Lá, você verá as escadas de madeira, envoltas em uma
névoa difusa, se abrirem para um grande lago ao ar li-
vre, onde encontrará o sábio nadando ou brincando. É
só uma criança, um menino muito estranho e mágico,
um pouco tímido e com olhos tristes, mas muito mais
sábio do que se pode compreender.
20| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
O PRÉDIO CAINDO AOS PEDAÇOS é tudo o que
alguns podem pagar, se quiserem morar no centro.
Em geral fica em um local inconveniente, como
logo acima da linha do metrô ou de um restau-
rante barulhento, e sofre com todos os tipos de
poluição. Durante o dia, a poeira e o sol que se
infiltram pelas cortinas tornam o ar nebuloso e
denso, quase como em um sonho. À noite, a placa
néon presa à lateral do prédio lança um brilho
estranho, uma aura completada por estalos elétri-
cos. Ainda assim, apesar das paredes descascando
e do encanamento ruim, é bom o bastante para
descansar por um tempo. A geladeira costuma es-
tar vazia, exceto por uma garrafa de bebida barata.
O maço de dinheiro enrolado debaixo do colchão
manchado e exposto sumiu. Mas é um abrigo, e é
seguro. Pelo menos até a noite em que você ouve
alguém mexendo na fechadura da porta que você
queria já ter trocado.
O prédio caindo aos pedaços pode ser usado como
a triste morada de uma das protagonistas, a casa
de uma personagem não-jogadora envolvida em
um caso, uma cena de crime ou um local para pro-
curar evidências, talvez até mesmo um esconderi-
jo para a galera.
VAI JOGAR COM OS PORTAIS DESTE LIVRO?
City of Mist apresenta um proto-cenário que
contém diversas ideias de locações, persona-
gens e modas que você pode aplicar no seu
jogo para criar uma Cidade mais viva e realista
logo de cara. Ao escolher que elementos da
história você quer incluir na sua Cidade e como,
você cria uma Cidade única.
Nenhum dos locais ou personagens apresen-
tados neste livro foi escrito em pedra. Não são
parte de um mundo canônico (será que existe
uma única Cidade das Brumas?). E isso vale prin-
cipalmente se um de seus jogadores quiser jogar
um Portal cujo Mythos já foi mencionado aqui. O
jogador pode usar a personagem fornecida aqui
como inspiração ou simplesmente fazer sua
própria versão do Portal.
HABITANTES
JUDAH WELLS
O PRÍNCIPE SAPO

Judas Wells trabalha como motorista de caminhão

SHERYL FISHER de coleta de lixo na rota das vielas do centro. Todos
EBISU, DIVINDADE JAPONESA DO SUCESSO NOS NEGÓ- os dias, Judah lamenta não ter um emprego mais
CIOS E UM DOS SETE DEUSES DA BOA SORTE. lucrativo, mas o fardo da vida no bairro do proleta-
riado, com esposa e dois filhos, o mantém ocupado
Sheryl Fisher, uma mulher gorda e sofisticada, é
demais para fazer qualquer coisa além de sonhar
CEO da principal empresa de publicidade da Cidade.
com uma vida de riquezas. Enquanto isso, ele fica
De seu escritório, no 40º andar do arranha-céu mais
atento, à espera de alguma sorte inesperada. Re-
alto do centro, o prédio que ostenta um aquário
centemente, foi tomado por uma estranha compul-
enorme, pontilhado de criaturas marinhas coloridas
são de vasculhar as lixeiras da cidade e remexer o
e águas-vivas bioluminescentes, Sheryl mantém o
lixo da classe alta. Ele sabe que deveria se controlar
sangue correndo pelas veias econômicas da Cidade,
(e sabe que é meio nojento; uma coisa é coletar
mantendo seus clientes, sua conta bancária e seu
o lixo, mas outra, bem diferente, é chafurdar no
Mythos feliz. Ela consegue isso graças à sua propen-
lixão), mas simplesmente não consegue se conter:
são sobrenatural de conseguir induzir os consumi-
ele se sente compelido a examinar o lixo, movido
dores a comprarem tudo o que seus clientes ven-
por uma forte convicção de que tem alguma coisa
dem — uma qualidade que parece transmitir a seus
ali, algo que mudará sua vida. Sua voz interior
redatores e às campanhas publicitárias que dirige.
criou toda uma ficção que começa com ele encon-
Ela é uma maga conjuradora de jingles e slogans
trando sem querer algum artefato dourado incrível.
cativantes para os clientes, famosa por ter definido
Ele sonha acordado com a sensação de encontrar
mais do que algumas das tendências "imperdíveis"
seu "tesouro" e o que fará com o dinheiro. Os co-
da Cidade. Embora pareça alegre e de bom coração,
legas de trabalho acham que ele está doido e têm
Sheryl revela uma crueldade arrepiante quando
pena, ou desaprovam o comportamento. Se Judas
precisa proteger sua fortuna. Se algum outro Portal
continuar assim e alguém relatar isso aos chefes,
se intrometer em seus negócios, ela é capaz de criar
ele talvez perca o emprego.
uma bela isca — a última que os inimigos morderão.
Até agora, Sheryl conseguiu se livrar da concor- E a verdade é que é só questão de tempo. Judas
rência sem deixar rastros, nem mesmo rumores. logo vai encontrar um artefato de ouro, que valerá
Isso deve acontecer porque ela é muito criteriosa muito mais que só dinheiro. A sorte inesperada vai
na aplicação de seus poderes e só os emprega para impulsioná-lo para a estratosfera social da cidade.
lidar com ameaças reais. Embora algumas das en- Mas será que ele vai conseguir lidar com tudo isso,
carnações dos outros seis Deuses da Sorte estejam ou vai desabar diante de todos?
satisfeitas com o desempenho dela até agora, outros
acham sua conduta difícil de engolir.

1 · CENÁRIO | 21
 ALICE
ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS
Alice é nova na cidade. Poucos a conhecem, e nin-
guém sabe de onde é. Ela parece ser uma mochilei-
ra, sempre vagando pelo centro com parca e gorro
de lã, examinando as placas neon brilhantes e as
telas gigantescas, impressionada. Basta comprar
um hambúrguer barato pra ela que Alice tagarela
quase sem respirar. Ela compartilha suas teorias
metafísicas delirantes, sua certeza inflexível de
que tem algo essencialmente errado nessa Cidade
babilônica. Ela vai falar que tudo aqui lhe parece
absolutamente louco, que, de onde ela vem, as
coisas são muito mais "normais" e "pé no chão".
Reticente em dizer exatamente onde é esse lugar,
ela não dirá muito mais que "fora da cidade" ou "no
campo".
Algumas das coisas que ela fala até que fazem
sentido, porque o centro da cidade é mesmo muito
louco. Mas melhor não ir nessa onda nem tomar
nenhuma substância recreativa que ela ofereça. Se
Alice estiver "no clima" e encontrar uma praça com
algum evento de música ao vivo ou alguma boate,
ou em qualquer outra exibição audiovisual que a
hipnotize, você vai descobrir o que acontece com a
sua cabeça além da toca do coelho.
O MANÍACO DOS BASTIDORES
O FANTASMA DA ÓPERA
Segundo contam, o Maníaco dos Bastidores é um
serial killer que ataca nos becos e estacionamentos
no centro. Recentemente, o assassino foi ligado
a pelo menos cinco assassinatos que acontece-
ram na avenida do teatro, todos com alvos ricos e
bonitos. Os analistas comportamentais da polícia
estavam convencidos de que conseguiriam prender
o assassino, comentando seus métodos bastante
transparentes e seu complexo óbvio com a vaidade,
expresso na obsessão com a aparência das vítimas.
Mas, mesmo quando a polícia conseguiu chegar
perto de encontrar o assassino, só tendo chegado
22| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
O JUIZ MEYER
DORMENTE
O juiz Meyer faz o que pode para sobreviver no
mundo cruel da política, ou pelo menos é isso
o que diz a si mesmo. O bom juiz nunca gostou
muito da justiça, mas, no passado distante, quando
se formou em direito na melhor universidade da
Cidade, tinha uma paixão ardente por tudo que di-
zia respeito à lei. Ele ficou fascinado de ver como o
sistema judiciário aspirava corrigir aquele mundo
quebrado e mantê-lo funcionando. Agora, aos 60
anos, o juiz Meyer aguarda ansiosamente pela apo-
sentadoria. O mundo já lhe provou diversas vezes
que não tem conserto. As coisas que teve que ouvir
no tribunal foram lapidando e minguando seu
senso de justiça, e resta pouco espaço para preto e
branco, certo e errado. Então ele aceita um dinhei-
rinho aqui e ali e interpreta as regras para benefi-
ciar quem pode pagar, e daí? Francamente, não é
como se tivesse muita escolha: se quiser manter
sua posição, é melhor fazer o que dizem, aceitar
o dinheiro e tentar fazer algo de bom por outros
caminhos. Mas, à noite, o sono tem sido escasso
para o juiz Meyer. Será que ele vai aguentar o peso
da culpa por muito mais tempo?
tarde demais à cena do crime, ele conseguiu dar
um jeito de escapar. Os analistas comportamentais
estão seguindo duas novas teorias: uma afirma que
o assassino é uma ex-prima donna; outra, que é só
um fã perturbado. Mas, se falar com os policiais na
rua, com o incentivo de um copo para viagem de
café fumegante, você ouvirá outra história: houve
um confronto nos bastidores de um grande teatro.
A situação foi abafada, para ficar longe da impren-
sa, mas o suspeito supostamente desapareceu no
ar. Isso os faz acreditar que o suspeito está usando
efeitos de palco para escapar sem ser detectado.
Segundo eles, o assassino é algum ajudante de palco
frustrado ou um dos gerentes do teatro.
1 · CENÁRIO | 23
 O BAIRRO DO PROLETARIADO
“Moravam em um apartamento de um quarto só, os pais e dois filhos. Quando perguntei
sobre os assassinatos, o homem deixou claro que não sabiam de nada, mas a mulher pare-
cia carrancuda. Talvez tivesse um indício de algum problema entre os dois, talvez violência
doméstica... mas eu sei identificar muito bem uma família disfuncional, querida, e não era
isso. Era algum segredo, algo sombrio que estava vazando pelas fissuras do relacionamento.
Na saída, consegui fazer o pirralho soltar: era seu irmão mais novo. 'Ele é um monstro', disse
o menino, soluçando."
–Excalibur

24| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
A vida é dura para o povo trabalhador, ALÉM DAS BRUMAS
que passa dificuldade pra pagar as con- A esperança, mesmo que falsa, é terreno fértil para
tas e botar comida na mesa. É uma gen- um Mythos fincar raízes. Por isso, o bairro do pro-
te que trabalha duro e tenta aproveitar letariado é um criadouro próspero de Portais. Dos
os poucos confortos que a vida propor- malandros desesperados por uma chance de grandeza
ciona: uma cervejinha gelada, um maço (ou notoriedade) aos crentes esperançosos que que-
rem tornar o bairro um lugar melhor, quase qualquer
de cigarros, sapatos novos ou só uma
história sobre azar e perseverança encontra um bom
geladeira que funcione direito. Não há anfitrião aqui. Trabalho braçal e uma vida modesta
muitas oportunidades; o ensino públi- também refletem perfeitamente os ofícios e estilos de
co é medíocre, e o mercado de trabalho vida de muitos mitos e lendas. Agricultoras, moleiros
está saturado. O melhor que a maioria e pescadoras, além de suas famílias, estrelam muitos
do bairro pode esperar é chegar ao fim contos de fadas. Não é à toa que esses Mythoi costu-
do mês sem se afogar em dívidas. mam se associar a pessoas desse bairro.
O distrito atrai Portais que querem envolver muitos
Infelizmente, isso também significa que o bairro
Dormentes em seus esquemas, mas em um nível mais
abriga quase todos os pequenos criminosos da Cidade,
profundo em comparação com o que é possível fazer
além de uma boa parcela do crime organizado. O povo
no centro da Cidade. As pessoas que vivem aqui não
daqui passa a vida trabalhando duro, e, a essa altura,
vão a lugar nenhum; são público cativo de qualquer
ou desistiram de seus sonhos, ou estão desesperados
Mythos que consiga dominar suas vidas. Embora com
a ponto de aceitar qualquer oportunidade de mudar
certeza exista alguma competição entre os Lendários,
de vida, mesmo que traga riscos imensos. Mafiosos e
a própria natureza do bairro alimenta a permanência
agiotas proliferam, com taxas de proteção e juros al-
de alguns Portais antigos, cuja influência se torna
tos pagos por gente que não tem escolha. Adolescen-
quase impossível de erradicar. Podem ser líderes da
tes já são atraídos pela vida do crime, onde acham que
comunidade ou chefes do crime operando nos basti-
podem conseguir respeito e uma boa grana. Políticos
dores de seu território. Mesmo se for derrotado, um
sonhadores cheios de ideais tentam mudar as coisas
Mythos pode simplesmente assumir um novo Portal
para melhor, enquanto seus companheiros de púlpito
como identidade e continuar os negócios como de
corruptos (ou às vezes seus próprios alter-egos) tiram
costume. Qualquer novo Portal operando neste bairro
proveito do trabalho duro dos moradores do bairro.
vai aprender bem rápido sobre quem está no comando
O lugar é praticamente um labirinto de edifícios e na área onde vive.
condomínios populares onde os visitantes se perdem.
Algumas ruas e prédios parecem de mentira, mas a
vida fervilha nas lojas do térreo: mercadinhos, barbe-
arias, lanchonetes, casas de penhores, lavanderias...
Se quiser se aventurar pelos becos e ruelas, talvez
precise da ajuda de um morador local para se guiar no
labirinto todo decorado por roupas penduradas nos
muitos varais. O bairro é bem barulhento e movi-
mentado durante o dia, com música alta e crianças
berrando misturada à confusão do trânsito. À noite, as
ruas ficam silenciosas e carregadas de tensão. Via-
turas patrulham as ruas, mas são muito poucas para
fazer a diferença. Os moradores precisam se proteger
sozinhos; no escuro, qualquer coisa pode atacar.

1 · CENÁRIO | 25
 PONTOS DE INTERESSE
O ESCRITÓRIO em geral tem vista para a rua e fica
no segundo andar de um prédio caindo aos pedaços.
A porta de vidro fosco faz os clientes aparecerem
primeiro como silhuetas dramáticas e bem nítidas,
quase sempre de damas atraentes e cavalheiros des-
A LANCHONETE 24 HORAS é o lugar onde você prezíveis. Letras pretas no vidro identificam o ofício
pode começar o dia com panquecas e uma bela praticado ali: investigação particular, advocacia,
xícara de café, fazer uma pausa para o almoço, en- contabilidade ou prática médica. Lá dentro, a luz do
contrar conhecidos à tarde e jantar triste sozinho à sol entra, filtrada pelas venezianas, em listras oblí-
noite. À noite, a equipe trata os clientes como parte quas esfumadas. O som da rua abaixo é abafado, mas
da mobília. Carboidratos cheios de gordura e café constante. Atrás de uma pesada mesa de madeira,
preto coado são tudo o que o lugar oferece, mas é mergulhada em papelada, iluminada apenas por um
barato, então você vem sempre. abajur de mesa verde, fica a cadeira giratória onde
À noite, quando se acendem as luzes neon debaixo sempre tem alguém bebendo, fumando, segurando
do tampo do balcão do bar e emoldurando cada uma arma ou tudo isso junto.
janela, a lanchonete reluz em um tom de magenta O escritório é um marco nas histórias de deteti-
ancestral e rosa batom. Sofás de couro vermelho ve. Seja como base de operações das personagens
envolvem cada uma das mesas reservadas, e um principais (e às vezes servindo como uma casa não
sino toca sempre que alguém entra. É um ponto de tão temporária), como cenário de alguma conversa
encontro praticamente ideal, onde qualquer pessoa dramática que revela uma verdade chocante, ou
é bem-vinda e ninguém faz nenhuma pergunta. como alvo de uma invasão que agora precisa ser
Claro que às vezes entra algum morador de rua que investigada; de qualquer maneira, o escritório deve
começa a gritar em uma língua estrangeira até ser aparecer na história. Por sorte, a cidade é pontilha-
mandado embora com alguma comida. Além disso, da desses pequenos estabelecimentos, então será
algo não cheira bem na sopa do dia. Você talvez bem simples inserir um deles na trama da história.
tenha testemunhado alguém quebrando tudo uma
Martin Brooks (ver pág. 29), um vigarista local,
ou duas vezes (ou quem sabe tenha sido você quem
mantém o escritório como centro de um negócio
quebrou tudo). Mas, na maior parte do tempo, o
indefinido que na verdade usa para lavar dinheiro. As
restaurante é um lugar onde a personagem pode se
inscrições na porta de vidro fosco são fáceis de remo-
preparar, relaxar ou só ficar sentada junto à janela,
ver, e ele tem uma caixa de adesivos variados, caso
observando a Cidade.
precise que o lugar pareça outra coisa por um tempo.
O Bar da Jô (O Caldeirão Mágico) é um desses
lugares 24 horas. Fica em um cruzamento que
conecta várias quadras – e territórios – do bairro.
Jô é robusta e enérgica e parece trabalhar incansa-
velmente para manter os clientes satisfeitos. Talvez
essa devoção tenha lhe rendido um lugar de honra
entre os milicianos e os mafiosos do bairro – como
mais explicar a incrível falta de incidentes dentro e
ao redor da lanchonete? O lugar fica bem no ponto
em que a atividade criminal do bairro converge, e
deveria estar imerso em violência, mas isso nunca
acontece. Se entra algum bandido desavisado, Jô
logo explica as regras do lugar, trazendo junto uma
tigela de caldo. Estranhamente, basta isso para
mantê-los sob controle.

26| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C

A DELEGACIA DE POLÍCIA é o símbolo da lei
no distrito. É um centro de atividades bem movi-
mentado, com gente chegando para prestar queixa,
policiais saindo nas viaturas para atender aos cha-
mados, criminosos sendo conduzidos. Os policiais
lidam com tudo, desde gatos presos em árvores até
com indiciamento e apreensão dos gênios do crime
mais procurados. Oficiais de combate, unidades se-
cretas, detetives da força-tarefa e até uma tropa de
elite operam nesta fortaleza moderna. A delegacia
está totalmente carregada com os equipamentos e
armamentos necessários para que os policiais cum-
pram seu dever, isso sem falar no tentador depósito
de evidências carregado de dinheiro, drogas e armas
confiscadas, mas só os criminosos mais tolos ou
ousados tentariam um ataque à fortaleza da lei do
distrito.
Parado NO CAIS, vendo as ondas cinzentas ro-
larem e ouvindo os gritos das gaivotas e buzinas
dos navios, você pode até se iludir por um tempo,
achando que o lugar tem um toque de bucolismo.
Mas basta se virar para ver os guindastes sujos e
barulhentos carregando contêineres, os navios
enferrujados balançando na água salgada e suja e
as fileiras e mais fileiras de armazéns e hangares,
quase todos abandonados. Uma quantidade inco-
mensurável de mercadorias entra e sai do porto
a cada dia, e nem todas são registradas. Negócios
obscuros são fechados com apertos de mão, então o
dinheiro troca de dono, as mercadorias são carre-
gadas em algum caminhão e pronto: pode ir. Essa
terra esquecida por Deus, nos limites do bairro, é
o local perfeito para conduzir negociações ilegais,
e muitos mafiosos e líderes de gangue jogam seus
inimigos para nadarem com os peixes do cais.
Em última instância, as docas são território da
União Costeira. Essa associação legítima de esti-
vadores também é uma fachada para um bando de
vândalos e ladrões (os Boina Vermelha, inspirado
nos redcaps da mitologia celta), assassinos tão
hábeis com suas facas e metralhadoras quanto com
uma empilhadeira. Mesmo nomes poderosos do
submundo fazem contato e oferecem a devida com-
pensação antes de operar nas docas, para evitar
invadir o território da União.
O PARQUE PÚBLICO é a única fuga possível da
agitação da vida urbana. Com dois ou três quilô-
metros de extensão, o enorme espaço verde inclui
gramados, lagoas, áreas arborizadas e terreno na-
tural – uma pausa bem-vinda do asfalto e concreto
da cidade. Durante a semana, o parque é tranqui-
lo, pois quase todos passam o tempo em outros
lugares. Já nos fins de semana fica mais lotado, o
som dos shows ao ar livre e dos parques itinerantes
enchendo o ar. Projetadas para o lazer, e não para
a eficiência, as trilhas pavimentadas serpenteiam
pelo parque, e é difícil encontrar um atalho se você
não souber exatamente para onde vai. Até os resi-
dentes da Cidade podem achar o lugar confuso, já
que muitas das trilhas acabam em becos sem saída
nos juncos das margens do lago ou apenas sob uma
saliência rochosa coberta de musgo. Uma gangue
de adolescentes inconsequentes (os Homens Feli-
zes) assaltam quem se perde pelo parque, sobretu-
do os ricos.
Às vezes, o caminho faz uma volta inesperada para
uma área densamente arborizada, cercada por névoa
tão densa que não dá nem para ver o sol – nem
qualquer coisa a mais de dez metros de distância.
Qualquer Portal cujo Mythos tem a história em uma
floresta reconhece o lugar imediatamente como a
Floresta Encantada e, se for esperto, dá meia-volta.
Apesar de parecer inofensivo, o Enclave da Floresta
Encantada anseia por ser um lugar onde só aconte-
cem aventuras mágicas. Infelizmente, isso atraiu não
só um, mas vários dos Portais mais nefastos que a Ci-
dade já viu, que decidiram fazer do lugar sua morada.
1 · CENÁRIO | 27
 HABITANTES
JACQUELINE BROWN aberta e acabou encontrando o alvo. Jaque roubou
JOÃO E O PÉ DE FEIJÃO
A jovem Jaqueline Brown vivia com a mãe doente e
tinha um trabalho frustrante no supermercado, até
que foi demitida por roubo. Na manhã seguinte, ela
ficou chocada ao descobrir que, de uma lata de feijão
que deixara cair no quintal, um pé de feijão de 1 me-
tro de largura crescera mais alto que a vista alcança-
va. Depois de alguns experimentos, Jaque descobriu
que podia fazer crescer caules de qualquer feijão
e, mais tarde, reduzi-los a pó com um único golpe.
Aproveitando a oportunidade, ela explorou as co-
berturas da cidade em busca de uma janela deixada
SAMUEL VALTIERRA
BARÃO SAMEDI
Samuel Valtierra, um sujeito carrancudo de meia-i-
dade que supostamente já foi zelador de cemitério,
agora governa o bairro. Na chefia do submundo
local, ele e sua gangue de Caveiras volta e meia se
envolvem em negócios obscuros com tráfico de dro-
gas e de armas, mas exercem seu domínio no bairro
principalmente por meio de extorsão, ameaçando
os lojistas locais com violência, se não pagarem por
"proteção". Quase todos os estabelecimentos co-
merciais e negócios particularmente vulneráveis do
distrito, como lojas de bebidas e lanchonetes, pagam
para Valtierra. “Ninguém morre sem que Valtierra
permita”, é o ditado dessa milícia. E, estranhamen-
te, parece ser verdade. Os gângsteres de Valtierra
são conhecidos por sobreviver a ferimentos de bala
supostamente letais, saindo aparentemente ilesos
de sua base, a Funerária Guede. O mais alarmante
é que, misteriosamente, Valtierra acaba sabendo de
tudo o que acontece na vizinhança, até os segredos
que as pessoas juraram levar para os túmulos, então
parece que ninguém está a salvo dele. Mas Samuel
tem aspirações maiores do que o bairro do proleta-
riado – e, consequentemente, problemas maiores.
Sua suposta capacidade de proteger pessoas da
morte está interferindo nos planos de um chefão do
submundo muito mais antigo e poderoso, que está
vindo cobrar o preço.
28| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
algo muito importante e valioso, “uma galinha dos
ovos de ouro”, por assim dizer. Mas, ao descer o pé
de feijão, viu que o dono da casa, um homem rico e
poderoso, descia atrás dela. Quando alcançou o solo,
Jaqueline acertou o pé de feijão, desintegrando-o
sob os pés do sujeito, e fugiu da cena quando ouviu
o baque molhado da carne batendo no chão. Para
sua surpresa, nenhum corpo foi encontrado, mas as
evidências mostravam que um impacto letal ocorre-
ra ali. Jacqueline está fugindo da polícia, que a pro-
cura para interrogatório, mas o que ela não sabe é
que está sendo caçada por uma entidade muito mais
perigosa, que quer de volta aquilo que foi roubado.
HUGO FLYNN
O FLAUTISTA DE HAMELIN
Hugo Flynn sempre foi uma figura popular, ainda
que controversa, na política do bairro. O ativista tem
trabalhado pessoalmente para melhorar as vidas
do povo do bairro por mais de uma década e até
conseguiu algum sucesso. Suas maiores preocupa-
ções são com a segurança e a educação das crianças,
nesta era de pornografia e pedofilia. Ninguém pode
contestar o fato de que Flynn é um grande orador, e
ele sabe bem disso – seu escritório costuma orga-
nizar comícios, reuniões públicas e conferências de
imprensa. Hugo é um mestre em atiçar as emoções
do público a tal ponto que o povo está sempre
disposto a segui-lo, não importam as circunstâncias.
Poucos dos que presenciaram um de seus discursos
não aderiram à causa; mas é exatamente essa fé
instantânea e total que ele inspira que o torna um
vilão, um líder de culto, aos olhos de outros. Alguns
têm medo de assistir seus discursos, receosos de
sofrerem lavagem cerebral. Um bando de adolescen-
tes que vivem fazendo arruaça pelos shoppings da
cidade o acusam de sequestrar seus amigos, embora
isso provavelmente seja só uma piada de mal gosto.
Mas qual é o verdadeiro objetivo de Hugo? E, se for
para ajudar o distrito, que mal faz uma lavagenzinha
cerebral?
 "O VIGIA"
POLTERGEIST

O fenômeno do "Vigia" daria um ótimo estudo em

ciências sociais ou folclore urbano (na verdade,
um dos alunos de uma faculdade local tem feito MARTIN BROOKS
registros dos acontecimentos). Nos últimos anos, DORMENTE
pessoas de diferentes partes do bairro começa-
Martin está sempre atrás do próximo golpe. Ele
ram a relatar estranhos incidentes de intervenção
desde jovem apresenta uma aversão intensa
divina, providência milagrosa e sorte inexplicável.
pelo trabalho duro, então logo compreendeu que
Todos os afetados pelo fenômeno descrevem a
precisava aprender a explorar a credulidade e a
visita de uma presença benevolente e invisível que
distração de seus semelhantes. Muita coisa acon-
interveio para salvá-los de crises, de perigos ou da
teceu desde que ele começou a vender cartões de
depressão. Conforme os relatos aumentaram, foi se
beisebol por dez vezes seu valor no pátio da escola,
formando uma rede de pessoas afetadas, um grupo
mas nada mudou de verdade. Quando tira a sorte
que ganhou um impulso sem precedentes. Esses
grande, Martin passa um tempo vivendo como um
“Vigiados”, como se autodenominam, comparti-
rei, com mulheres interesseiras e drogas especiais.
lham as experiências de serem tomados ou pos-
Quando fica sem grana, ele planeja um golpe maior
suídos por essa força benigna, que lhes permitiu
ou um novo esquema para voltar a nadar na grana.
reagirem contra assaltos, abusos, estupros e até
Marty já vive assim há décadas, já trabalhou com os
casos de brutalidade policial. A maioria dos Vigia-
melhores e os piores e já saiu de alguns apuros ter-
dos acredita que o “Vigia” é uma pessoa querendo
ríveis sem nunca passar mais que alguns meses na
ajudar o povo do bairro. Uma das Vigiadas mais
prisão. A única coisa que ele não consegue enganar
entusiasmadas é Maria Bridey, que está convencida
é o Tempo; com a barriga cada vez maior e o cabelo
de que o Vigia é seu irmão desaparecido, Nate. As
tão ralo que não dá mais para esconder, Marty não
autoridades locais não têm certeza de como lidar
é mais o playboy de antes — mas ele ainda é afiado
com a situação. Descartando a possibilidade de ati-
como uma faca.
vidade verdadeiramente paranormal, esse poderia
ser um esquema brilhante da própria Bridey: apelar
às necessidades religiosas e espirituais dos vizi-
nhos para iniciar a própria carreira política.

OS PORTAIS PODEM CONHECER A HISTÓRIA QUE LHES DEU ORIGEM?

Como todos os outros aspectos da cultura moderna
existem em City of Mist, não é errado assumir que as
lendas e histórias antigas também fazem parte da cultura
em que as protagonistas estão inseridas. Isso significa
que os Portais podem identificar a lenda por trás de seus
próprio Mythos ou do de outro Portal, se tiverem detalhes
o suficiente. E também não é difícil pesquisar e descobrir
mais sobre o Mythos.
Isso não necessariamente faz de City of Mist um jogo
"monstro da semana", com protagonistas trabalhando
para revelar a história de origem do vilão e encontrar uma
pista sobre como derrotá-lo. Embora esse tipo de pesqui-
sa possa ser útil e interessante, já que abre novos rumos
da investigação, lembre-se de que não tem como dizer
como um Mythos se manifesta na cidade. Os Portais
sempre têm um lado comum e humano, o que emba-
ralha as coisas e pode torná-los indiferentes a certos
aspectos do Mythos que incorporam. Conhecer o Mythos
de um Portal não é o que vai, necessariamente, revelar
tudo sobre a pessoa em questão ou seus motivos. Um
Mythos pode se manifestar de diversas maneiras, e seus
atributos lendários e pontos fracos podem aparecer de
formas inesperadas, ou às vezes nem sequer se manifes-
tarem. Além disso, Portais ainda são pessoas, com toda
confusão, emoção e ambição que isso envolve. Se os
jogadores ou personagens confiarem demais nas lendas
e contos de fadas, podem se surpreender com o que vão
descobrir depois que toda a verdade for revelada.

1 · CENÁRIO | 29
 O CENTRO HISTÓRICO
“Essa cidade é mais do que uma pilha de concreto e almas perdidas. Debaixo dessa massa humana e
imunda de esquecimento, reside uma verdade antiga, uma verdade que todos querem manter escon-
dida para não estragar seus sonhos. Tive um sonho estranho sobre um ídolo de ouro. Estava em um
baú coberto de teias de aranha, escondido em um sótão escuro sob as vigas de um telhado inclinado.
Deve ter sido um sonho muito estranho, porque de repente me vi ali, parado, em um sótão empo-
eirado e mal iluminado, com luz entrando pelas frestas. Quando abri o baú, estava vazio. A última
coisa que ouvi foi uma voz atrás de mim, dizendo: ‘Está procurando por isso?’”
–Declan L'Estrange

30| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C

Séculos atrás, talvez até milênios, os
primeiros imigrantes se assentaram na
área que agora é a Cidade. Conta a His-
tória que essa gente encontrou várias
aldeias indígenas, ou, em uma versão
mais romantizada, vários monstros, es-
píritos e deuses. O assentamento pros-
perou e evoluiu, ficando cada vez mais
rico e populoso. Depois de um tempo, o
lugar se tornou a Cidade que você ago-
ra vê diante dos seus olhos. Mas tudo
começou aqui, no Centro Histórico.
Antigas construções de pedra e ruas de paralelepí-
pedos com postes de ferro fundido formam a base
desse distrito aglomerado, dando a aparência de um
lugar parado no tempo. Marcos históricos da Cidade
se espalham por onde a vista alcança, de mansões
históricas pomposas com jardins bem-cuidados a
casarões tombados onde antes vivia alguém impor-
tante. Conforme você se aventura pelo bairro, fica
cada vez mais difícil avançar de carro. Becos estreitos
levam a lojinhas de artesanato excêntricas, hoteizi-
nhos bucólicos, bistrôs ruins da moda e galerias de
arte, então se abrem para pequenas praças decoradas
com fontes antigas esculpidas com maestria. O Centro
Histórico é simplesmente encantador; ironicamente,
tem um clima quase estrangeiro, muito diferente da
Cidade moderna que, apesar de próxima, parece viver
em outro tempo. Todos que você encontra aqui têm
histórias interessantes sobre o lugar, e quase dá para
sentir os anos que aquelas pedras testemunharam. Se
o que você busca é excêntrico e incomum, é aqui que
você encontra.
O Centro Histórico é um tesouro de antiguidades e de
conhecimento arcano. Cada sótão ou porão do bairro
está repleto de conhecimentos antigos a serem desco-
bertos em artefatos, trazidos para cá de terras distan-
tes, há muito tempo, por piratas e marinheiros, até
pergaminhos e mapas que registram os primeiros dias
da Cidade e os pactos de magia sombria que já foram
feitos. Não é de se admirar que todos os acadêmicos pe-
culiares, artistas de rua bizarros e aspirantes a místicos
acabem aqui. À noite, gatunos lutam contra medidas de
segurança modernas para colocar as patas em itens de
valor inestimável, ignorando as inscrições antigas com
as quais deveriam se preocupar.
Quase todos os habitantes do bairro antigo podem
traçar sua linhagem até os povos originários da Cida-
de, os primeiros colonos ou ambos. Quase todas das
propriedade são de famílias abastadas, que mantive-
ram o bairro livre dos interesses comerciais do centro
da Cidade. Aqui, há paz, tranquilidade e segredos in-
dizíveis enterrados. Ninguém fala sobre essas coisas;
as pessoas de sangue azul sabem sofrer em silêncio.
Mas mais de uma dessas famílias tem a fama de
carregar uma falha genética na linhagem — em outros
termos, uma maldição. Mas, até aí, também pode ser
só resultado de séculos de endogamia.
ALÉM DAS BRUMAS
O Centro Histórico parece ser o lugar da Cidade onde
as Brumas ficam mais esparsas. Ninguém tem como
afirmar que isso se deve a alguma propriedade mística
do bairro, mas pode ser que, no Centro Histórico,
as Brumas simplesmente tenham menos trabalho a
fazer. Os moradores visitantes já sabem que o lugar é
estranho e não esperam nada menos que isso. Com a
suspensão de descrença reforçada, as Brumas podem
concentrar seu trabalho em outros lugares. Por causa
disso, o Centro Histórico é o distrito com mais des-
pertos recentes. É o lugar perfeito para Tocados, que
pode explorar seu Mythos sob o disfarce de atividades
artísticas ou acadêmicas.
Como muitos aqui conseguem lembrar do lendário,
Portais precisam ter cuidado com o que revelam em
público. É uma comunidade pequena, todos se conhe-
cem e sabem o que são, mesmo que pouco seja dito
explicitamente. O Centro Histórico acaba se tornando
um lugar pouco adequado para operações insidiosas de
Portais voltados para o crime simplesmente porque as
possíveis vítimas já são muito experientes. Em vez disso,
o lugar é um caldeirão de Portais de todos os níveis de
consciência, colaborando ou disputando uns com os
outros para dar vida às lendas dos Mythoi.
Outra teoria poderia ser que as Brumas não sejam mais
fracas no bairro antigo: os Mythoi que são mais fortes.
Sob as ruas de paralelepípedos, ardem os Mythoi mais
primordiais, mitos e fábulas sobre as forças que cria-
ram o mundo ou os pecados essenciais, que fizeram da
Humanidade o que ela é agora. Esses poderes podem
ser fortes o suficiente para se estender além da capa-
cidade do véu místico da cidade. E as Brumas fazem
o que podem para manter a Cidade intacta no nível
acima do solo.
1 · CENÁRIO | 31
 PONTOS DE INTERESSE
O MUSEU é um edifício impressionante de pedra e
mármore, erguido em uma época em que a história e
a cultura ainda importavam. Hoje, quase todos os ha-
bitantes da cidade encaram o Museu como uma ati-
vidade monótona reservada a turistas e intelectuais.
Outros, de natureza menos aprazível, o veem como
uma grande pilha de dinheiro, só esperando alguém
que consiga contornar os sistemas de segurança de
última geração. E não estão errados: o Museu está
repleto de obras de arte famosas e artefatos antigos
que valem uma fortuna no mercado clandestino. Mas
não é isso que torna o lugar tão especial.
O que quase todos os residentes esquecem é que o
Museu é o maior depósito de Relíquias da Cidade.
Claro que as Relíquias mais poderosas já foram rou-
badas ou vendidas há muito tempo, se é que alguma
vez estiveram lá. Mas ainda há muitas Relíquias
menores armazenadas entre as paredes revestidas
de mármore dessa instituição, que é praticamente
um arsenal mítico. Até mesmo as exposições mun-
danas trazem itens tão incrivelmente carregados de
passado e emoção que são candidatos perfeitos para
despertar como novas Relíquias. Quase nenhum
funcionário do museu tem ideia disso, mas há ru-
mores de que alguns poucos Portais especialistas em
preservação, arqueólogos e até um segurança se uni-
ram para proteger o museu de potenciais ameaças
às exposições. Eles podem inclusive ter incorporado
algumas das Relíquias sob a segurança do museu.
Curiosamente, o verdadeiro valor das Relíquias não
reside em seus poderes de Mythos, e sim na histó-
ria das lendas. As Relíquias são Portais; portanto,
assim como todo Portal, têm memória. Ao contrário
de Portais humanos, podem durar séculos e milê-
nios, o que significa que podem reter conhecimen-
to autêntico sobre a história da Cidade, talvez até
mesmo de antes das Brumas — um conhecimento
que só é acessível ao portador escolhido pela
Relíquia ou a alguém com conhecimento místico
suficiente para conquistá-lo à força.
32| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
A UNIVERSIDADE é o centro do aprendizado aca-
dêmico na Cidade. Fundada há centenas de anos, a
instituição educacional já está há um bom tempo na
liderança das pesquisas científicas e dos estudos de
humanidades. Infelizmente, com o orçamento enco-
lhendo, os escândalos do corpo docente e a concor-
rência acirrada das instalações de pesquisa privadas,
a Universidade tem perdido parte de seu prestígio, o
que resultou na perda de algumas das cientistas mais
importantes. Ainda assim, este estabelecimento é
muito respeitado e continua sendo o lar de algumas
das melhores mentes da cidade, talvez aquelas que
são movidas mais pela paixão pelo conhecimento do
que por ganância e interesse próprio. Alguns acadê-
micos dirão que, embora amem andar pelos corredo-
res de mármore ao som dos ecos dos próprios passos
e trabalhar até tarde no laboratório, o que os mantém
na Universidade é a paixão pelo ensino.
O campus é grande, com muitos prédios e ins-
talações, e ocupa boa parte do Centro Histórico.
Inclusive, os novos edifícios da universidade, assim
como os bairros residenciais que abrigam funcio-
nários e alunos, estão se espalhando para outros
distritos. Ainda assim, o coração da universidade
é o salão principal centenário e os gramados logo
em frente. Não muito longe fica a antiga bibliote-
ca: a maior coleção de livros, textos e registros da
Cidade. Pesquisadoras nerds e repórteres curiosos
são vistos com frequência por ali, estudando sobre
pilhas de livros e leitores de microfilme, enquan-
to, mais no fundo da biblioteca, pessoas místicas
cheias de cores folheiam tomos empoeirados. Os
laboratórios de primeira linha também apareceram
no noticiário recentemente, depois que surgiram
relatos de acidentes estranhos e possíveis arrom-
bamentos no laboratório de genética.
O CALÇADÃO DE PARALELEPÍPEDOS é o cora-
ção do Centro Histórico. Possivelmente a primeira
rua a ser pavimentada da cidade (ou a primeira dig-
na de nota), essa rua principal bastante estreita foi
renovada inúmeras vezes, mas manteve o aspecto
Há prédios e lojas antigos por todo o Centro His-
histórico. Artistas de rua misteriosos fazem truques
tórico. A RESIDÊNCIA HISTÓRICA já foi a casa
mágicos que desafiam a lógica, enquanto músicos
de uma figura proeminente na Cidade. Pode ser de
tocam melodias há muito esquecidas e que evocam
um fundador da própria Cidade ou de uma de suas
memórias antigas, de antes de você nascer. Dos
instituições famosas, um magnata industrial ou
dois lados, casas de pedra tortas se alinham, ombro
um autor ou artista famoso, essa pessoa já mor-
a ombro, em duas fileiras, volta e meia interrompi-
reu há muito tempo, e só resta sua propriedade. A
das por uma passagem sombria em arco. Algumas
maioria dos móveis é coberta com lençóis brancos,
das casas são usadas como residência, de aparta-
exceto por alguns quartos mantidos para exibição
mentos apertados no sótão até residências luxuo-
e abertos ao público. Há muito a ser revelado sobre
sas ornamentadas e cheias de antiguidades. Alguns
essa famosa personalidade: quem era externamen-
são negócios, de restaurantes absurdamente caros
te, com o que se envolvia na privacidade do próprio
a buracos escuros onde paga-se por leituras de
lar, com quem conviveu e o que mais aconteceu
tarô. Outros permanecem vazios, abandonados por
durante aqueles anos. As paredes podem estar
algum motivo impuro e nunca dito.
escondendo histórias de eras passadas ou segredos
À noite, a Rua de Paralelepípedos assume uma horríveis que foram levados para o túmulo.
aparência de outro mundo. Uma névoa se espalha,
envolvendo os postes de luz, as luzes se balançan-
do como lanternas. O silêncio toma conta, cobrin-
do todo o bairro, exceto pelos sons distantes da
música medieval. Poucos andam à toa, com passos
A RUÍNA se projeta de ruas antigas e pitorescas,
abafados e silhuetas escuras e borradas. A sensação
abandonadas e esquecidas. Em alguns casos, é
é de que algo poderia emergir de repente da noite
um edifício relativamente moderno, abandonado
e arrastar você para outro lugar, para outra vida, e
após uma catástrofe. Em outros, é um lugar antigo
ninguém nunca saberia.
e macabro: uma igreja, um castelo, um círculo
de pedra ou um forte. Muitos desses lugares são
Enclaves e mostram um exterior em ruínas como
uma fachada para enganar curiosos. No interior, no
entanto, você talvez não encontre nada, ou talvez
veja um lugar esculpido em lendas, como um salão
de castelo totalmente mobiliado pronto para um
banquete. Isso depende de o Enclave permitir sua
entrada. Qualquer coisa pode estar enterrada sob
a ruína: um tesouro, um conhecimento antigo ou
uma abominação que nunca deve ser despertada.

1 · CENÁRIO | 33
 HABITANTES
VÓ MIRNA
BABA YAGA
A Vó Mirna é uma velha onipresente que vive nas
ruas do Centro Histórico. Todos na área sabem que
ela está absolutamente louca e tentam se manter
bem longe. Suja e desgrenhada, ela usa várias cama-
das de roupas, e o cabelo grisalho está emaranhado.
Seu hálito é rançoso, provavelmente por conta dos
dentes podres. Conhecida por recusar qualquer es-
mola com um grunhido, ela parece respeitar apenas
a confiança e a coragem, não a bondade falsa.
Ninguém nunca vê Mirna armar sua barraca na escuri-
dão da noite, ela simplesmente aparece um dia em um
pátio ou em um pequeno parque: um conglomerado
confuso de tela e papelão com estabilidade e espaço
interno surpreendentes. Dentro, uma caveira de plás-
tico pegajosa com olhos brilhantes, alimentada por
pilhas, fixada sobre a abertura. Pedaços de carpete e
jornais velhos cobrem o chão. Talismãs criados de lixo
e restos adornam as paredes. Pilhas de roupas velhas
escondem sabe-se lá o quê embaixo.
O olhar penetrante de Mirna aterroriza as pessoas
de tal forma que só os mais ousados ou mais deses-
perados se aproximam; até a polícia da área costu-
ma se manter longe. Aqueles que conseguem trocar
algumas palavras com ela e são convidados a entrar
em sua tenda precisam saber bem o que querem e
estar dispostos a pagar o preço, para que ela não
os mande embora amaldiçoados. Mirna é conheci-
da por ajudar os que passam pelo exterior áspero,
aqueles que considera dignos, com leituras de mãos,
previsões do futuro ou talismãs de sorte. Mirna gos-
ta particularmente de mulheres autoconfiantes, e
muitos dos descendentes das famílias mais ricas do
Centro Histórico carregam itens especiais dados por
ela: uma boneca de pano suja, um saco de sementes
de papoula, um feixe de ossos de galinha amarra-
dos, ou um galho torto. Claro que essas senhoras
nunca admitiriam onde adquiriram os talismãs. Mas
Mirna sabe. Mirna sabe e Mirna vê.
34| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
FADI MALEK
TOT, DIVINDADE EGÍPCIA DO CONHECIMENTO
Fadi Malek, sempre vermelho e carrancudo, é o
bibliotecário favorito de todos. Enquanto patrulha
a biblioteca com sua arrogância única, geralmente
equilibrando até vinte livros na barriga, o homem
gorducho e corpulento bufa para qualquer um que
possa estar quebrando as regras da biblioteca. A
maioria só segura a risadinha e deixa Fadi passar;
todos sabem que o bibliotecário é inofensivo, então o
deixam seguir com sua rotina para ajudar a manter a
biblioteca como um lugar de aprendizado. Isso é bom
para Fadi, que prefere manter a fachada inócua, o que
facilita seu trabalho. Ele sabe que algumas das alas
menos frequentadas da biblioteca abrigam mais que
registros históricos sensíveis, que guardam tomos de
magia sombria e proibida. Não passa uma noite sem
que o bibliotecário rechonchudo lute contra ladrões
míticos, Lendários arrogantes que acham que podem
simplesmente aparecer e pegar um exemplar do Livro
dos Mortos tibetano, Edição do Diretor, ou fanáticos
cultistas que procuram o ritual que vai restaurar seu
deus banido. Não, o conhecimento só é dado àque-
les que são dignos, àqueles que buscam aprender e
acumular sabedoria. Todos os outros vão para a lista
de espera. Até agora, a luta de Fadi se manteve prin-
cipalmente clandestina. Há pouco tempo, no entan-
to, alguns universitários envolvidos em misticismo
entraram escondidos na biblioteca, à noite, e o viram
em ação — ou, melhor dizendo, viram sua sombra:
Fadi tinha se tornado algo enorme e peludo, com
uma cauda longa, ​​arreganhando os dentes para o que
parecia ser a sombra de uma menina. Fadi sabe quem
é esse grupo, mas tem problemas maiores com que
se preocupar. A tal garotinha quase conseguiu o que
queria e ainda o deixou enfraquecido. Não importa:
ele é o guardião do conhecimento, e vai manter o
conhecimento seguro.
ELLA KIRKY
CIRCE, A FEITICEIRA
Ella Kirky, a bela proprietária de 39 anos do Bistrô à Le-
nha, cresceu no bairro e é uma defensora feroz de seus
encantos e exclusividade. Gente de toda a cidade quer
conhecer a chef, que ganhou o status de celebridade;
seus livros de receitas são bestsellers. O Bistrô à Lenha
é conhecido pelo cardápio rico de comidas deliciosas e
reconfortantes, sobretudo o famoso pão de milho com
vinho tinto, queijo e mel, que os locais, estranhamente,
parecem evitar. O restaurante fica em um prédio anti-
go, cercado por um pátio enorme, ladeado por ciprestes
e estátuas de lobos, leões e porcos — uma inspiração
para Kirky, que costuma falar publicamente sobre
como se inspirar nos impulsos e paixões animalescas
das pessoas. Mas isso é só conversa para a mídia.
Poucos sabem que Ella é esposa de um almirante e fi-
lha de uma longa linhagem de comandantes navais e
marinheiros. Alimentando a nostalgia do requinte de
eras passadas (pelo menos é o que ela pensa), não há
nada que Ella abomine mais do que falta de dignidade
e decoro. Se os clientes não demonstrarem o devido
respeito, ela está mais do que disposta a recorrer às
suas extensas habilidades botânicas para adicionar
uma "coisinha" às receitas, especialmente ao famoso
pão de milho. Há uma correlação estranha e ainda
não investigada entre as pessoas que se comportaram
mal no Bistrô e relatos de pessoas desaparecidas no
Centro Histórico. Ella não acha que está machucando
ninguém, está apenas revelando o que já existe lá. Se
as pessoas querem tanto se comportar como animais,
Ella só vai facilitar.

OS DUMONT
O CORCUNDA DE NOTRE DAME PROF. SAM BALDWIN
Os Dumont são abençoados e amaldiçoados; às vezes é difícil DORMENTE
diferenciar. É uma família poderosa do Centro Histórico, com
O professor Sam Baldwin está a ponto
uma linhagem que é tão antiga quanto a própria Cidade —
de estourar. Durante toda a sua carrei-
mas é um segredo de conhecimento geral que eles também
ra, muitas vezes viu colegas chegarem a
têm sangue cigano fluindo nas veias azuis. Talvez esta seja a
avanços científicos inexplicáveis usando
origem de todos os problemas dos Dumont. Por um lado, é a
ciência que ele simplesmente não con-
família mais rica e influente que se pode conceber, capaz de
seguia entender. Nas primeiras vezes,
manipular até mesmo políticos do mais alto escalão a cum-
tentou descobrir a teoria por trás dos
prirem suas ordens. Esse talento natural para a previsão, o
experimentos, cujos resultados eram nada
planejamento e a manipulação por trás dos panos permitiu
menos que milagrosos, mas achou os
que os Dumont planejassem e ganhassem poder por gerações.
artigos incompreensíveis. Ele tinha certeza
Por outro lado, uma aflição acompanha isso tudo. Todo líder
de que conseguiria atingir a iluminação
prodigioso da família gera ou dá à luz uma criança amaldiço-
que tanto buscava, que era só questão de
ada: um bebê feito de pedra. Os Dumont sabem que a pig-
tempo e que, com muito trabalho duro,
mentação cinza é só um problema de pele, mas a maldição é
acabaria fazendo uma descoberta de
mais profunda do que isso: sempre que um dos afetados tenta
proporções iguais ou maiores. Mas isso é
sair em público, sempre que põe o pé na rua, acontece algum
coisa do passado. O Prof. Baldwin agora
escândalo, e a família acaba despojada de seu poder. Segundo
reconhece que é um cientista medíocre,
relatos privados dos Dumont, isso já aconteceu pelo menos
comparado aos gênios de seu tempo, e que
cinco vezes. O atual líder da família, Ralph Dumont (Frollo)
não importa o quanto tente, nunca terá
está tentando impedir que aconteça novamente. Determinado
aquele toque especial que faz com que um
para garantir o poder da família, ele trancou seu filho, Paul
cientista brilhe de verdade. E essa nova
Dumont (Quasímodo), afligido pela maldição da família, na
percepção o consumiu por dentro. Agora,
mansão do Centro Histórico. Mas, sem que Ralph soubesse,
fica irritado com cada notícia de um novo
Paul encontrou o diário compartilhado de seus antepassa-
avanço e cada comentário em sala de aula.
dos amaldiçoados e descobriu os segredos e o propósito da
É só questão de tempo até ele dar um jeito
maldição. Ele vaga pela noite como um justiceiro mascarado,
de acertar as contas.
ansioso para combater a corrupção promovida pelo próprio
pai, mas sem nunca, jamais, botar os pés na rua.

1 · CENÁRIO | 35
 A ZONA INDUSTRIAL
“E foi o que eu disse: 'Senhora, você precisa acreditar em mim! Essas pessoas estão mexendo
com alguma merda perigosa, algum químico ou coisa do tipo. Andam descarregando cami-
nhões de mercadorias em um hangar lá perto da refinaria. Você tem que escrever sobre isso!',
mas ela queria saber como entrei nas refinarias, dizendo que era uma área restrita. O que eu
ia dizer? Que vou onde houver água? Que meus filhos nas piscinas subterrâneas contaram
dos produtos químicos? Que sou um deus da chuva e dos rios? Claro que não! Eu só falei:
‘Venha comigo, que eu mostro’."
–Tlaloc

36| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Durante dia e noite, a Zona Industrial
segue em marcha mecânica, engolin-
do montanhas de matéria prima e um
fluxo constante de trabalhadores dos
distritos residenciais. As muitas oficinas
e fábricas, cada uma mais barulhenta
que a outra, um aglomerado de gente,
engrenagens e partes de metal fundidos
e então regurgitadas para outra fábrica,
para o próximo passo da linha de produ-
ção. As chaminés e tubulações tortuosas
cuspindo fuligem, fumaça e dejetos,
enquanto as estradas congestionadas
vão pouco a pouco cuspindo funcioná-
rios cansados e convocando novos. De
toda essa balbúrdia sai uma variedade
de produtos, alguns feitos com esmero,
alguns outros embrulhados e enviados
para todos os cantos da cidade. Pensan-
do bem, o distrito inteiro é uma única
máquina gigantesca.
Só depois que você se acostuma ao barulho e à polui-
ção é que os detalhes começam a aparecer. O distrito
é dividido entre centenas de fábricas e armazéns.
Na área de indústria leve, é possível achar pequenas
oficinas e mecânicas, onde homens enormes e tatu-
ados de regata suja e mulheres duronas de macacão
oferecem consertos rápidos, reparos e customizações
em veículos e eletrônicos. Na zona comercial, lojas
enormes de material de construção se misturam a
lojinhas antiquadas onde especialistas de monóculo
consertam relógios ou eletroportáteis delicados por
trás das grossas lentes de uma lupa. Fábricas abando-
nadas com telhados industriais e claraboias imundas
abrigam linhas de produção antigas operando com
um quadro de funcionários reduzido, só esperando o
crivo inevitável da modernização. Fileiras de galpões
e armazéns parecem se estender infinitamente e,
mais atrás, complexos gigantescos de corporações e
linhas de produção e refinarias estatais se estendem
por quilômetros, algumas maiores que todas as zonas
menores somadas, abrigando sabe-se lá o quê.
As noites revelam um fato muito conhecido: a Zona
industrial é uma terra sem lei. Embora a polícia e os
inspetores do governo percorram o distrito durante
as 24 horas do dia, são equipes muito pequenas para
o tamanho da Zona industrial, e suas operações não
avançam sem o apoio do interesse público (tiran-
do alguns condomínios baratos para trabalhadores,
o distrito não tem registro de residentes). Aqui, o
submundo floresce, oferecendo desde raves alucinan-
tes até rinhas violentas para quem buscar diversão
e adrenalina. Gangues de rua e irmandades secretas
estabelecem sedes improvisadas em hangares ilu-
minados pelas chamas de lixo queimando em barris
esvaziados, dando tiros de metralhadora para o alto
e uivando feito lobos. E sobre todo esse caos o vento
sopra silencioso, entre silos e torres de resfriamento
cravejadas pelas luzes vermelhas que servem de guia
aos aviões. De lá de cima, é fácil ver que não é com as
partes agitadas da Zona Industrial que a polícia devia
se preocupar; é com as áreas silenciosas.
ALÉM DAS BRUMAS
Não há distrito mais marginalizado, negligenciado ou
desolado do que a Zona Industrial, então os Portais
adoram o lugar. Se no Centro Histórico as Brumas se
manifestam com menos intensidade, a coisa fica mui-
to mais evidente na Zona Industrial: as Brumas não
se importam. Nesse distrito, parece que as Brumas
operam na capacidade mínima, mascarando os Portais
apenas o suficiente para manter os operários ignoran-
tes e não interromper o fluxo constante de produção
para a Cidade. Há quem pense que isso é uma estra-
tégia das Brumas para atrair os Portais para longe dos
centros populacionais, para um lugar onde podem ser
resolvidos de vez, sem o risco de despertar outros. O
fato é que os Portais que entram aqui sentem um alí-
vio no aperto das Brumas, então podem deixar a vida
comum de lado e viver em liberdade, agindo em prol
de seus desejos míticos mais íntimos. Visitas regula-
res à Zona Industrial têm grandes chances de fazer
com que o Portal expanda sua consciência; às vezes,
essa consciência perdura até mesmo nos distritos
onde as Brumas são mais intensas.
1 · CENÁRIO | 37
 Isso faz da Zona Industrial uma espécie de país das
maravilhas, onde nunca se sabe o que vai encontrar.
Quase todos os Dormentes têm medo de ficar lá à noi-
te, ainda mais nos arredores das fábricas gigantescas,
onde não há vivalma à vista. Enclaves fincaram raízes
por todo o distrito: portas se abrem para templos asi-
áticos cobertos de neve, e passagens estreitas levam
até covis de aranhas cobertos de teias. Criaturas mí-
ticas monstruosas, Familiares ou produtos do poder
de algum Portal insano, rondam as ruas como cães
raivosos. Às vezes, até os Portais desejam que tives-
sem ficado sob o cobertor aconchegante das Brumas.
O distrito mais extenso de todos, a área urbana onde
a população é mais escassa, o ponto menos protegi-
do pela lei. Além disso, a Zona Industrial também é o
local perfeito para Portais estabelecerem sua base de
operações. Seja escondida em um armazém ou dentro
de um silo vazio, a base de operações ou o laboratório
secreto do Portal em questão poderia muito bem ser
invisível. É de dentro da Zona Industrial que operam os
Portais mais poderosos, e é para cá que recuam quando
as coisas ficam difíceis. Nas profundezas da Zona
Industrial, ficam os covis das lendas mais poderosas da
Cidade, alguns inclusive ignorantes da presença uns
dos outros.
38| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
PONTOS DE INTERESSE
O ARMAZÉM é um ponto obrigatório para todas as
operações, mundanas ou lendárias. Não importa se você
é traficante de armas, um cartel de drogas ou um Portal
feiticeiro que tortura os inimigos: todos precisam de um
lugar de trabalho. Em meio a caixas com rótulos estra-
nhos e maquinário pesado adormecido, é possível montar
uma oficina, um laboratório, um centro de treinamento
ou mesmo um labirinto complexo de salas, cada uma com
sua própria armadilha mortal para capturar visitantes
indesejáveis. Um armazém oferece um recanto silencioso
e fora do radar para os Portais trabalharem e se prepa-
rarem para os próximos sucessos. As chances de alguém
ser localizado na Zona Industrial são mínimas; sem a
informação certa, seus perseguidores terão que vasculhar
milhares de unidades de armazenamento por todo o
distrito.
Um desses armazéns, o armazém no número 44, na
Avenida Killory (Casa das Lâminas, Xibalba maia),
na verdade é propriedade da polícia, mas não pelos
motivos certos. Para quem olha de fora, de alguma cal-
çadas de cimento quebrado ou da rua cheia de buracos,
parece um prédio qualquer. Uma olhada mais atenta, no
entanto, revela uma segurança bastante robusta, sinal
claro de que tem algo estranho. O prédio mal-iluminado
abriga um tesouro de evidências de centenas de casos
de investigações policiais que deram errado. É aqui que
os velhos policiais desonestos guardam qualquer coisa
que os vincule a maus-tratos de suspeitos, brutalida-
de policial e até assassinatos motivados pelo calor do
momento. Centenas de cassetetes, facas, revólveres,
peças de roupa ensanguentadas, documentos, fitas e
tudo o mais que o oficial em questão possa sentir que
vá levantar suspeitas se circular por aí, ficam guardados
aqui, empilhados a esmo. Quando chega alguém que não
foi iniciado no “Armazém”, todas as evidências começam
a flutuar, como se manejadas por mãos invisíveis, e a
golpear, esfaquear, atirar ou tentar sufocar o intruso até
a morte. É a maneira perfeita de identificar e silenciar
qualquer convidado indesejado ou oficial da Corregedoria
disfarçado. Para ser iniciado, é necessário primeiro levar
ao Armazém suas próprias evidências incriminatórias. No
entanto, a liderança sênior de um dos distritos, que não
será identificado, mas que está sabendo do Armazém,
começou a reparar que o que antes parecia uma ótima
solução para proteger os "melhores" da cidade agora está
se tornando um problema: a sede de sangue do Armazém
está infectando os policiais.
O PARQUE CIENTÍFICO é um agrupamento de
laboratórios e instalações médicas privadas. É aqui
que as corporações realizam pesquisas intensivas,
em uma corrida para encontrar a próxima droga
milagrosa ou tecnologia revolucionária. O valor
incomensurável das mentes que trabalham nessas
instalações, combinado com a desconfiança mútua
das corporações, gera uma atenção muito grande à
segurança, bem como a adoção de algumas medi-
das muito criativas contra invasões. As equipes de
segurança não simplesmente enfrentam as amea-
O BAR CLANDESTINO é onde você vai para extra-
vasar. Fica nas instalações de alguma fábrica desati-
vada (por exemplo as salas das caldeiras, os porões ou
alguma linha de produção abandonada), em espaços de
concreto exposto, com grafites obscuros e corredores e
escadarias imersos em sombras, fedendo a uma mistura
de mijo e produtos químicos. Alguns clubes contam
com um ringue com cerca de metal ou um fosso onde
combatentes caninos, humanos ou de qualquer espécie
se rasgam em pedaços ou se espancam até virar purê
sob os urros da torcida bêbada. Outros são antros de
drogas nefastos, onde o ar é uma mistura de fumaça e
alucinógenos, que se conectam a áreas de relaxamento
ou danceterias barulhentas por passagens subterrâ-
neas ocultas. É aqui que se reúnem os mais humildes,
os criminosos de qualquer espécie que usam os clubes
para recreação e também para networking. Aqui, com
as conexões certas, é possível comprar artigos clandes-
tinos, contratar um assassino de aluguel ou enviar uma
mensagem a algum líder obscuro do submundo.
Um desses estabelecimentos, a Cumbuca, é um clube
de luta exclusivo para Portais. Ninguém quer um es-
pectador bêbado acordando no meio da luta, então os
seguranças na entrada testam todos em busca de Dor-
mentes (é fácil para quem tem um chifre de unicórnio
enorme na testa, algo que só Portais podem notar e
reconhecer). No subsolo, Portais se reúnem em torno
de uma fenda côncava de 6 metros de largura e 3 de
profundidade aberta no chão de concreto e assistem
dois lutadores furiosos liberarem poderes selvagens e
misteriosos e se enfrentarem em uma luta mortal sem
limites. É comum o uso de máscaras, que a multidão
adora; os que vivem mentiras são os que têm mais
raiva reprimida.
ças locais aos interesses das instalações da empre-
sa como também investigam, perseguem e elimi-
nam qualquer possível ameaça por toda a Cidade.
Uma das instalações mais protegidas do complexo
é propriedade indireta da Helix Labs, uma gigante
farmacêutica mais conhecida publicamente através
das muitas subsidiárias, como a Global Genetics ou
a Particle Core. Desnecessário dizer que a polícia
não tem autoridade efetiva neste lugar; as paredes
brancas e limpas cheiram a advogados e propinas.
A RUA DO COMÉRCIO é onde os profissionais
compram seus equipamentos. É uma fileira de
prédios comerciais baixos e decrépitos que à noite
brilham como uma árvore de natal de néon, com
setas apontando para bares e clubes de strip-tease.
Quem consegue resistir às tentações pode, em vez
disso, acessar uma das muitas oficinas e lojas por
ali. Todas costumam ter uma fachada monótona e
indistinta, oferecendo equipamentos e armas de
segunda classe, mas é apenas a primeira linha de
defesa contra aspirantes a assassinos. A segunda
linha de defesa é muito menos sutil e costuma
envolver algum tipo de Portal. Se você for mesmo
conhecido nas ruas, será convidado para a sala
dos fundos, onde poderá comprar equipamento
personalizado, tudo de primeira classe, às vezes
algo extremamente ilegal. Cada peça é uma obra de
arte, mas também é cara, então melhor você conse-
guir entregar o dinheiro. Mais atrás ou mais abaixo
fica a oficina do artesão que é o verdadeiro talento
que cria o equipamento: um armeiro, um técnico,
um mecânico. Pendurado na parede ou guardado
em uma caixa na oficina está a melhor peça desse
mestre artesão: é única, não está à venda e é claro
que é uma Relíquia.
Lâminas Tokugawa é uma dessas lojas; aqui, a
mestre espadachim Nico Tokugawa (Masamune,
o lendário ferreiro de espadas) vende seus produ-
tos sob a fachada de uma loja de câmbio, onde seu
associado Pravat Khan (Dormente) suprime qual-
quer intruso bisbilhoteiro. A criação mais elogiada
de Tokugawa é sua própria espada, Quietude, uma
relíquia supostamente capaz de cortar qualquer
coisa. Segundo Tokugawa, ela e Quietude são a
única proteção de que a oficina precisa.
1 · CENÁRIO | 39
 HABITANTES
ED SONHOS
TEMPO DO SONHO ABORÍGENE
Ed Sonhos é o grande kahuna do Cumbuca. Mesmo
já sendo um veterano de meia-idade do submun-
do dos Portais da Zona Industrial, Ed ainda é uma
máquina de luta enxuta e mesquinha, bem capaz de
enfrentar oponentes muito maiores e mais fortes.
E não é só seu físico de atleta; Eddie é um dobrador
de realidade renomado e altamente qualificado e
só teve duas derrotas em luta. Hoje, porém, está
mais preocupado em manter o clube. Quer que os
Portais tenham um lugar onde possam ser quem
são, sem precisarem se conter ou se desculpar por
suas habilidades, nem mesmo uns com os outros.
Ele acredita que todos os Portais são dobradores da
realidade, limitados apenas pelo condicionamento e
pela doutrinação desses tempos modernos. Segun-
do Ed, Portais são criados para moldar a realidade
e participar da recriação do mundo. Por enquanto,
ele está contente em comandar o clube e oferecer
aos companheiros Portais um lugar neutro onde
extravasar. Ed volta e meia emprega seus poderes
para remendar o perdedor das lutas; faz parte do
acordo. Só que, às vezes, as lutas são tão violentas
que alguém morre, então é o fim da linha. Não é que
ele não tenha como resolver, é que Eddie simples-
mente não quer se meter com as pessoas erradas. No
cenário atual, trazer pessoas de volta dos mortos vai
acabar com sua neutralidade, ele vai se ver batendo
de frente contra mais de uma grande potência na
cidade. E Ed é bom, mas não tanto assim.
40| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
LILY CHOW
O PRÍNCIPE DE O JOÃO DE FERRO
Lily Chow está fugindo. Ela roubou uma coisa do
cofre no escritório da mãe – um Mythos – e não vai
devolver. Filha de um funcionário do alto escalão da
Cidade com uma executiva, Lily sempre soube que
os pais estavam envolvidos em negócios obscuros,
mas nunca suspeitou de que a cobertura em que
moravam, no centro, era a prisão de um ser notável:
João de Ferro. Quando o conheceu, ficou horroriza-
da: considerando os quase três metros de altura e a
cabeleira longa e desgrenhada, Lily não tinha como
descrevê-lo sem usar as palavras “um monstro”. Só
que João de Ferro fez um trato com ela: se Lily o
libertasse, ele lhe mostraria o mundo. Desde então,
os dois têm fugido dos Chow, que estão tentando
resgatar Lily e João, e morado em vários lixões e
lugares abandonados da Zona Industrial. O vilão de
pele de ferro, capaz de manejar magia, faz papel tan-
to de guarda-costas quanto de irmão mais velho de
Lily, que está assustada e animada com a vida nesta
parte da Cidade. Sempre que precisa de ajuda, Lily
chama o nome dele três vezes, e João de Ferro apa-
rece. João pediu a Lily para trocar as roupas ricas do
centro por calças jeans, camiseta e jaqueta de couro,
mas, por baixo das roupas maneiras, Lily ainda é só
uma garota rica em uma terra selvagem.
Enquanto isso, os Chow estão em uma busca
desesperada pela filha e contrataram os melhores
profissionais que o dinheiro pode comprar. O perfil
psicológico na mesa do Sr. Chow diz que Lily está
delirando, em um surto esquizofrênico; o criador
de perfil, membro de uma organização chamada
Consertando os Quebrados, que secretamente se
especializou em psicologia de Portais, acha que João
de Ferro não existe por conta própria; é apenas uma
projeção dos poderes de Lily, criados devido à inca-
pacidade da garota de aceitar a própria força.

DAISY COLT que muitas vezes leva os alvos a pensarem que conse-
DORMENTE
Daisy Colt atua como bartender de bares e pubs da
classe trabalhadora em todo o distrito há mais de 30
anos. Seus pais trabalhavam nas fábricas, assim como
seu irmão. Daisy é uma mulher corpulenta, que os-
tenta tatuagens desbotadas nos braços e no pescoço
e pode beber mais que qualquer idiota disposto a se
separar do próprio dinheiro. Ela conhece todos os
bares e clubes da região, assim como todos os barten-
ders, então, quando os boatos começarem a circular,
pode ter certeza de que ela já ouviu a respeito. É
quase tudo lorota, contos de fadas bêbados que Daisy
aprendeu a filtrar. As outras coisas valem dinheiro;
primeiro porque as pessoas que vêm atrás querem
mesmo a informação, segundo porque são informa-
ções verificadas sobre negócios que Daisy ouviu falar,
mas com os quais preferia não se envolver. Ela sabe
que figurões do submundo mantêm operações em
todos os outros espaços abandonados no distrito, mas
planeja ficar bem longe disso tudo. No momento, está
mais focada no proprietário do Bar e Restaurante do
Patrick, onde trabalha. Se aquele bicho nojento atra-
sar mais um dia de pagamento, vai levar um soco na
cara, e Daisy vai trabalhar no bar do outro lado da rua.
LISA MONROE
O LOBO MAU
Lisa Monroe está com fome. Chefe de equipe em uma
das maiores fábricas de alimentos do distrito, já faz
mais de um ano que ela tenta resistir ao desejo de
devorar tudo de comestível que vê pela frente. Lisa já
tentou saciar a fome incontrolável muitas vezes. Uma
vez, engoliu dezenas de galões de xarope de milho
de um dos tanques da fábrica (em uma esperança
secreta de acabar morrendo), mas só desmaiou e
ficou algumas horas ali, caída, com a barriga inchada;
quando levantou, a barriga havia voltado ao que era
COLME JAMESON, O ARANHA
AVÓ ARANHA
Colme Jameson, "o Aranha", é um caçador de recom-
pensas especializado em capturar Portais. Aranha, um
homem simples, à primeira vista parece um bruto, o
guem ser mais espertos que ele. O jeito de motoquei-
ro, as tatuagens e a espingarda serrada que ele carrega
para cima e para baixo só reforçam essa percepção,
mas nada poderia estar mais longe da verdade: Ara-
nha trabalha com inteligência e precisão alarmantes,
vai cercando o alvo em uma espiral, deixando a pessoa
sem ter para onde correr. Mesmo com tudo isso, o que
de fato torna o rosto de Aranha um dos mais odiados
na Zona Industrial são seus famosos apanhadores de
sonhos: padrões de aranhas brilhantes que ele dese-
nha no ar, na poeira do chão ou mesmo usando as re-
des que atira com a espingarda, produzindo um efeito
que, até onde se sabe, é exclusivo de Colme. Os apa-
nhadores de sonhos sugam a capacidade de um Portal
de expressar seus poderes de Mythos. Depois que o
Aranha captura a presa no apanhador de sonhos, pode
desativar seus poderes de Mythos por semanas ou até
meses. Esta habilidade levou alguns Portais fugitivos
a considerá-lo perigoso demais para continuar vivo,
e basta vê-lo que reagem com extrema violência. Até
agora, Aranha trabalhou majoritariamente junto da
polícia e do sistema judiciário; ele só está tentando
ganhar a vida, não tem nenhum plano mirabolante.
Mas seu trabalho – e principalmente suas habilida-
des – têm chamado a atenção de várias pessoas que
adorariam conhecê-lo melhor. É só questão de tempo
até que descubram como prendê-lo, então o caçador
se tornará a presa.
antes. O xarope de milho não ia resolver o problema;
Lisa sabia pelo que ansiava. Depois de um tempo,
não conseguiu mais resistir e emboscou um colega
de trabalho que encontrou, tarde da noite, perto dos
silos de grãos. Depois que sentiu o gosto de sangue e
a emoção da matança, a batalha estava perdida. Lisa
cedeu ao lobo e, com seu novo olfato, pôde farejar
algo que ansiava ainda mais: Portais. Cheiros antigos,
como o Pastor Mentiroso, a Chapeuzinho Vermelho,
o Caçador ou os Três Porquinhos atormentavam suas
papilas gustativas e a deixavam salivando sobre os
dentes amarelos, longos e pontiagudos. Agora, tudo o
que ela precisa é seguir seu nariz.
1 · CENÁRIO | 41
 OUTROS DISTRITOS
“Eu precisava dele vivo. O desfile avançava pela rua principal a passo de lesma. Em volta,
as nuvens de confete e a balbúrdia dos fogos de artifício tornavam difícil ver de onde viria o
tiro. Uma sombra cruzou uma fileira de lanternas de papel vermelhas no alto. Peguei a pisto-
la e corri para o prédio, então subi até o telhado. Não encontrei ninguém. Fiquei um tempo
admirando as cores espetaculares do desfile, perplexo. Lá embaixo, diante do dragão de
papel gigante, ia a venerada cabeça da tríade da Garça Verde, acomodada em um carro alegó-
rico. Quando percebi onde estava o assassino, já era tarde demais. Uma faixa azul brilhante
cintilou no ar, e o mafioso caiu. Era o dragão; ela estava se escondendo no dragão."
–Detetive Enkidu

42| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
A cidade é uma metrópole movimentada
em constante crescimento e expansão.
Novos bairros são construídos, e
os antigos são renovados; alguns
quarteirões sofrem gentrificação, outros
caem em decadência. A Cidade tem
diversas partes menores, cada um com
seu próprio estilo e subcultura. Segue
uma relação de mais alguns locais da
Cidade que você deveria conferir.
O BAIRRO ÉTNICO
(Exemplos de Bairros étnicos incluem bairros como
Chinatown e Jamaica Town, além de qualquer bairro
onde viva alguma maioria étnica que se destaque da
maioria local, em geral fundado por imigrantes.)
A vida cultural neste pequeno bairro residencial gira em
torno das tradições e da herança de um grupo étnico
específico. Costuma ser perto do centro da cidade, com
ruas movimentadas e estreitas e edifícios bem longe de
serem novos, uma mistura de áreas bem cuidadas com
zonas mais degradadas. Acima, placas coloridas com
dizeres em uma língua estrangeira se amontoam umas
sobre as outras, escondidas por bandeiras nacionais
e decorações para algum festival prestes a acontecer
ou que passou faz pouco. O ar é sempre carregado dos
cheiros dos pratos típicos, de dar água na boca, e quase
sempre tem uma feira ao ar livre ali perto, um lugar
cheio de habitantes locais e turistas comprando comi-
da de rua, produtos frescos, carnes e iguarias. O bairro
étnico é uma comunidade muito unida; todo mundo se
conhece ou conhece alguém que conhece alguém.
O bairro étnico abriga praticantes das diversas artes
ancestrais, como curandeiras, adivinhas e feiticeiras,
que às vezes operam abertamente, mas às vezes só
são acessíveis através de contatos locais. Uma dessas
praticantes é Vanessa La Bruja (Ixchel, deusa maia
da obstetrícia e da medicina), uma jovem xamã que
atende ali no bairro, em um pequeno apartamento no
bairro coberto de um incenso estranho e salpicado de
ícones e esculturas de jaguares. Vanessa atende prin-
cipalmente os anciões locais, ajudando-os a se livra-
rem de de dores crônicas, mas volta e meia consegue
um caso de verdade. Não faz muito tempo, ela tratou
de um adolescente delinquente que foi acometido
por uma doença sobrenatural durante uma guerra de
gangues. Embora esteja tentada a investigar a origem
dessa maldição sombria, também está hesitante: sua
intuição lhe diz que ela pode estar prestes a encarar
gente muito maior do que ela.
O bairro, que preserva a crença de seus ancestrais sob
um frágil verniz de modernidade, também precisa
de um suprimento constante de ervas medicinais
tradicionais, amuletos de boa sorte, ferramentas e
símbolos de adoração, etc. A Wong Lo Exportadora
possui um grande armazém cheio de artigos de toda a
Ásia. Jarras de raízes caras, folhas secas, cogumelos e
outros ingredientes revestem as prateleiras empoeira-
das, guardados com uma variedade impressionante de
instrumentos e decorações: sinos, tigelas, caldeirões,
jogos de chá, pincéis de caligrafia, facas ritualísti-
cas, pigmentos, colares de ossos e de penas, cristais,
moedas, tapeçarias, pergaminhos, tomos, estátuas, es-
tatuetas e muito mais. Se alguém encrencar com Steve
Wong, o proprietário de meia-idade, as duas estátuas
Chinthe de obsidiana, leões de pedra que guardam
a entrada da loja (Relíquias dos leões guardiões da
Birmânia) ganham vida e espantam – ou eliminam –
os intrusos.
A ORLA
Ondas escuras de um azul acinzentado quebram na
orla da praia, deixando um rastro de fios de algas
marinhas e uma ou outra pilha de resquícios de
plástico. As ondas respingam mar nas fileiras e mais
fileiras de hotéis antigos, a pintura já corroída pelo
sal e pela areia. Mais ou menos a cada quilômetro,
um píer se estende água adentro, coberto de luzes
elétricas e brinquedos de parques itinerantes. Durante
o dia, surfistas enfrentam as ondas, e jet skis passam
puxando alguém na prancha. Depois do pôr-do-sol, o
mar escuro fica iluminado, pontilhado por cruzeiros
enormes indo estacionar nas docas. As pessoas vão à
orla para relaxar, fazer passeios românticos ao pôr do
sol e tomar uma bebida enquanto admiram o hori-
zonte envolto em brumas; às vezes, o passeio não sai
como o planejado, como quando gangues de skatistas
como os Lixões (Os Garotos Perdidos de Peter Pan) ou
as Harpias, um grupo só de garotas (que você conse-
gue adivinhar o Mythos) perambulam por aí, pertur-
bando a paz.
1 · CENÁRIO | 43
 Na marina ali perto, barcos de pesca e iates se balan-
çam em portos separados, rodeados por restauran-
tes de frutos do mar, dos mais tradicionais aos mais
badalados. Um clube náutico luxuoso, exclusivo para
membros, ocupa uma parte considerável da praia. Mais
acima, ainda na praia, em meio aos suportes apodreci-
dos e cobertos de cracas de um cais desativado, aconte-
cem encontros secretos que às vezes terminam com um
corpo na areia, trazido pela água.
Todo tipo de Portal oceânico opera aqui, dos monstros
gigantes com partes de polvo às sereias e às sirenes,
com suas asas. Portais de Mythoi marinhos ou itine-
rantes também podem ser atraídos pelo lugar: aqui
é o limite da Cidade, o começo de outra coisa. É um
lugar onde o chamado do desconhecido é mais forte,
acentuado pela maresia e pelos gritos das gaivotas,
e muitos vão à orla para contemplar alguma questão
filosófica. Heath Lark (Capitão Ahab, de Moby Dick)
observa a todos com atenção, acomodado em seu lu-
gar de costume, no bar praiano Nautilus, bebericando
de um copo de rum puro. Ele está atrás de recrutas
para ajudá-lo a se vingar de um dos Portais mais
poderosos da Cidade, alguém que lhe infligiu uma
ofensa imperdoável.
A COMUNIDADE DOMINADA PELO
CRIME
As sirenes da polícia soam dia e noite neste bairro
esquecido por Deus. É só showzinho: a polícia já
desistiu dessa comunidade faz tempo. É comum ouvir
algum tiroteio a alguns quarteirões de distância, e
às vezes as gangues trocam tiros nas ruas enquanto
mães assustadas puxam os filhos para mais perto e
correm em busca de cobertura. O comércio local é
protegido por grades, fechaduras e barras de ferro,
mas os proprietários abrem as portas quando os
milicianos querem entrar, por medo de retaliação. As
escolas usam detectores de metal e revistas corporais
para conter uso de drogas e a violência, mas as crian-
ças contrabandeiam drogas e armas. Economicamen-
te, a comunidade lugar é um buraco negro: a pobreza
prevalece, e os únicos que ganham dinheiro são os
criminosos que foram rejeitados de todos os outros
lugares, o que deixa o bairro à beira de uma crise
humanitária e de subsequente intervenção violenta
do exército. A vida no Bairro do Proletariado pode ser
difícil, mas a vida aqui é um inferno.
Ainda assim, pessoas de coração bom sempre conse-
guem expressar sua compaixão na vida em comunida-
de. Irmã Mary (a fada madrinha da Cinderela) é uma
mulher trans extravagante e com roupas que deixam
44| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
bastante pele exposta; ela é uma designer extraor-
dinária e sua loja fica em uma antiga igreja abando-
nada. Mary está convocando os jovens do bairro para
ajudá-la a construir uma fábrica para sua marca de
roupas, um projeto para mantê-los longe de proble-
mas e ainda criar novas oportunidades. Mesmo que
milicianos a encarem com uma expressão no espectro
entre repulsa e diversão, Irmã Mary impõe respeito,
e sua igreja, embora aberta a todos, é uma zona livre
de armas. Há pouco tempo, no entanto, seus ideais
inabaláveis a colocaram em conflito direto com os
recrutadores do tráfico, em uma luta pelo futuro de
Tony Salucci (Dormente) e David Diamante (Silfo, o
elemental de ar alquímico), que fazem corre para duas
facções locais. Ela não quer irritar nenhuma facção, o
que colocaria sua operação em risco, mas também não
pode simplesmente desistir desses meninos.
O CONDOMÍNIO CARO
Uma parte da Cidade é cercada por um alto muro de
pedra pontilhado de câmeras de segurança, que ob-
servam qualquer um que passe pela rua. Dá para ver,
por trás desse muro, as copas das árvores se balan-
çando ao sabor da brisa, dá para ouvir o chilrear dos
pássaros. Se seguir junto ao muro, você provavelmen-
te será abordado e interrogado por algum segurança
antes mesmo de chegar a uma das poucas aberturas.
Se tiver sorte, você consegue um vislumbre das cal-
çadas e gramados bonitos através do portão dourado
ornamental, antes de ser arrastada para longe.
O condomínio caro abriga propriedades de luxo e
algumas das melhores residências da cidade. Os
moradores abastados trabalham em diversas áreas
da Cidade, mas preferem morar e criar suas famílias
em um ambiente seguro, protegidos do crime e da
miséria do povo comum. Todos os dias, pais atraves-
sam os portões com seus carro, dirigem até seus locais
de trabalho e, então voltam. As crianças frequentam
uma escola particular dentro do próprio condomínio
ou são levadas por um motorista até as escolas na
Cidade. Enquanto isso, policiais amigáveis em unifor-
mes elegantes patrulham as ruas, como parte de uma
iniciativa da comunidade de contratar uma empresa
de segurança privada de alto nível. A vida aqui é boa,
e todo e qualquer conforto que se deseje é facilmente
acessível. O isolamento, entretanto, tem um preço:
separadas do resto da cidade, as pessoas aqui desen-
volvem toda sorte de alienação social e de ansiedade
conforme a imagem dos outros, lá fora, é demonizada
pouco a pouco, criando uma ameaça do outro lado do
muro.
Gram Morgan (Dormente) é o líder (tecnicamente,
o CEO) de um dos condomínios mais luxuosos da
cidade. Ele gosta quando as coisas estão calmas, mas
seus anos de trabalho provaram que calma não existe.
Junto de sua equipe, só os melhores dos melhores,
ele evita tentativas regulares de sequestro, roubo e
vandalismo. Só que, no mês passado, o inacreditável
aconteceu: Gram foi enganado. Ele ainda não sabe
como o sequestrador entrou ou saiu. Para sua sorte,
a senhora sequestrada foi devolvida, ilesa, por uma
equipe estranha de investigadores particulares que
operam no centro da cidade. Ainda assim, o incidente
muito provavelmente custará seu emprego (a inves-
tigação ainda está em andamento). Depois de revisar
milhões de vezes os detalhes do caso, Morgan agora
suspeita de que foi mais do que um crime normal. Ele
tem perguntado por aí, quando sai de folga. Se des-
pertar, talvez tenha mais algumas ideias sobre como
proteger seu condomínio.

1 · CENÁRIO | 45
 OS ARREDORES DA CIDADE
“Do outro lado da porta fechada, ele me perguntou: 'Tem certeza de que não é um vendedor?'
E, assim, olha para mim: eu pareço um vendedor, com esse macacão? Então disse a ele não,
que eu estava lá para verificar o encanamento. Assim que entrei, algo acionou meus sentidos
de anfíbio. Como se fosse uma segunda camada de visão, eu vi que havia um grande corpo
de água debaixo daquela casinha inócua de cerca branca, mas era uma água contaminada,
com milhares de criaturinhas rastejando em volta. 'Você está com uma infestação de cupins?'
Perguntei ao velho. Ele trancou a porta atrás de mim e sorriu. ‘Pixies’, respondeu, lançando seu
feitiço em mim, ‘e estão com fome’. Nossa, como eu odeio o subúrbio.”
–Salamandra

46| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
A Cidade se estende por quilômetros e
mais quilômetros, uma densa selva de
concreto, com edifícios, cabos de força
e postes de luz. Porém, depois de um
tanto, os arranha-céus e construções
enormes dão lugar a edifícios mais
baixos e, então, a casas particulares. O
céu acima parece se abrir, o ar parece
mais fresco. É longe o suficiente para ver
a Cidade brilhando à noite ou, durante o
dia, despontando da nuvem de poluição.
Tão longe da cidade, você sente como se
tivesse caído da face da Terra. O lugar
lhe parece deserto, como se ninguém
nunca viesse aqui, mesmo que pessoas
de fato morem nos arredores. É um
lugar de sonhos, um meio do caminho
envolto em brumas. Sejá lá o que você
veio fazer aqui, só acabe logo com isso e
volte para a civilização.
Os lugares nos arredores da cidade são especiais.
Embora estejam tecnicamente fora da Cidade, ficam
próximos o bastante para serem incorporados à
história do grupo sem interromper o efeito Nada
Além da Cidade (consulte a pág. 15). Esses lugares
representam uma pausa narrativa (seja imposta
às personagens principais ou voluntária) da agi-
tação da vida na Cidade, das ameaças iminentes
que pairam sobre a galera e dos conflitos internos
das personagens. Esses lugares permitem que as
personagens principais fujam da trama principal
e vivenciem alguns momentos completamente
diferentes da vida cotidiana, para poderem refletir
sobre o estado das coisas na série. Ainda assim,
locações dos arredores da cidade não devem ser
usadas regularmente, ou perderão o apelo e desvia-
rão o foco da Cidade propriamente dita. O melhor é
que as personagens resolvam no máximo um único
caso aqui por temporada.
BAIRRO RESIDENCIAL
Casas pré-fabricadas bucólicas, com cercas brancas,
paradas silenciosas em ruas sem saída e propriedades
vazias. No parquinho, os balanços rangem baixinho,
oscilando para frente e para trás. Ouve-se o riso das
crianças por toda parte, mas sempre parece vir da pró-
xima rua, de fora de vista. Tem uma boneca largada
na calçada, ao lado de um triciclo. No finzinho do dia,
chefes de família honestos entram com os carros nas
garagens e são recebidos pela família. Um jantar es-
pera na mesa, e todos comem juntos. Acontece algum
drama adolescente superficial, mas logo passa. É uma
cena idílica e simples, nada fácil de encontrar na Ci-
dade, mas quase robótica. As pessoas cumprimentam
visitantes, são educadas e gentis, mas quase todos
da Cidade ficam com aquela sensação assustadora de
que os moradores estão todos desempenhando um
papel cuidadosamente calculado. Haveria esqueletos
nos guarda-roupas perfeitamente organizados deste
bairro, ou a questão é que as Brumas começam a des-
camar, aqui na periferia da cidade?
Colette Jenkins (a Bela Adormecida) é uma dona de
casa cuja vida está desmoronando. Uma estranha in-
vadiu a casa enquanto ela estava sozinha, uma fugitiva
maltrapilha, usando trapos, que, mais tarde, a polícia
disse ter escapado de um hospício. A mulher disse que
Colette estava dormindo havia muito tempo, que ela
precisava acordar do sonho em que estava vivendo. En-
tão, como se de repente lembrasse do que a perseguia,
saiu correndo, deixando Colette com a porta de vidro
da frente quebrada. Desde então, Colette tem sido as-
sombrada pela sensação perturbadora de que esqueceu
de fazer alguma coisa. Começou a notar coisas estra-
nhas na vizinhança, como um carro preto com vidros
escuros que sempre estaciona em frente à casa. Por
enquanto, está mantendo as aparências para o marido
e os filhos. E torcendo para que tudo isso acabe, mesmo
sabendo que não vai acontecer.
O HOTEL BARATO DE BEIRA DE
ESTRADA
As pessoas costumam fugir da Cidade quando se
metem em problemas. Mas a verdade é que ninguém
vai embora: a vida nesta Cidade é tudo o que os resi-
dentes têm e, mais cedo ou mais tarde, todos voltam.
Os fugitivos só precisam de um lugar para descansar
um pouco, e é exatamente para isso que serve o hotel
barato. Em geral localizado sob uma chuva torrencial
perpétua, o estabelecimento pode ser reconhecido
pela placa néon piscando na beira da estrada. O rapaz
1 · CENÁRIO | 47
 ou a moça da recepção tem o olhar apático de quem já
viu de tudo e sempre acolhe quem quer que seja sem
nem pestanejar. Os hóspedes são os suspeitos de sem-
pre: fugitivos, vagabundos, mortos-vivos. Máquinas
de venda fornecem café fraco e petiscos como compa-
nhia. Fora isso, não há mais nada a se fazer.
O quarto tem um cheiro estranho e não identificável.
O colchão está manchado dos dois lados do que pare-
ce ser sangue seco. Há marcas de cigarro na mobília
e nas paredes caindo aos pedaços, finas o suficiente
para ouvir o que acontece no quarto ao lado. Os dias
são chuvosos, vazios e enfadonhos. Às vezes, o tempo
parece não passar.
Existir no limbo tem suas vantagens. Fora do tempo,
passado e futuro ficam tão próximos quanto o pre-
sente – e aqui tem alguém que pode ajudar a fazer
uso disso. Rodney (Bruxa de Endor) pode ser encon-
trado no saguão, sempre estranhamente iluminado
por luzes vermelhas. Um mauricinho de quase 30
anos, Rodney dirá que tem alma de velho. Ele oferece
ajuda aos visitantes que talvez queiram superar ou
resolver problemas do passado. Por um preço, ele
pode conjurar qualquer pessoa diante de você, basta
nomeá-la. Mais interessante ainda: Rodney pode
conjurar seu eu do passado ou do futuro, se você
pedir. É difícil dizer se essas pessoas depois lembram
do encontro; a maioria opta por falar com aqueles
que nunca mais poderão encontrar ou com versões
de alguém que não existem mais ou podem nunca
vir a existir. Também pode ser que Rodney seja um
charlatão, que batiza as bebidas com algum psicotró-
pico perigoso. Mas, olha, se vai fazer as pessoas se
sentirem melhores, Rodney ficará feliz em ajudar.
A CONSTRUÇÃO RESTRITA AO
PÚBLICO
Uma estrada secundária sai da cidade, salpicada
de placas que primeiro avisam para não tirar fotos,
depois para que gestantes e pessoas com marca-passo
não se aproximem, então, finalmente, instruindo a dar
meia-volta com o carro. A estrada se estende como
um túnel pela densa cobertura de árvores e termina
em uma área protegida por várias cercas de arame
elétrico, coroadas com arame farpado e pontilhadas
de câmeras de segurança. Às vezes, jipes militares ou
utilitários pretos do governo patrulham a área, levan-
do de volta (ou, segundo os rumores, levando lá para
dentro) qualquer curioso que encontrar vagando por
aí. Se aventurar mais longe é colocar a vida em risco.
Ninguém sabe o que tem por trás das cercas. Nenhum
48| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
satélite ou qualquer forma de reconhecimento aéreo
consegue uma visão do local, e os registros oficiais na
Cidade são confidenciais. Não há dúvidas de que algo
grande está acontecendo aqui; oficiais do governo
obviamente sabem sobre o lugar, mas o mantêm em
segredo, um sinal claro de que as instalações são
usadas para algo que deve ser escandaloso. Os teóri-
cos da conspiração, com seus chapéus de alumínio,
conseguiram algumas fotos borradas tiradas do topo
de alguma árvore com a imagem do que pode ser uma
antena e uma estrutura em forma de cúpula, mas é
difícil distinguir os detalhes ou verificar a autentici-
dade das fotos. Uma lendária alma corajosa conseguiu
adentrar a cerca do perímetro enquanto fazia uma
transmissão via rádio, relatando o que encontrava.
Logo no comecinho de uma vaga descrição da segun-
da linha de defesa e de alguns dos complexos de edi-
fícios à vista, um grito estridente assumiu a transmis-
são. Respirando com dificuldade, com a voz trêmula, a
pessoa corajosa foi ouvida pela última vez grunhindo:
“Cadê? Cadê?! Essa coisa se divide... deve ter pelo me-
nos vinte...” e então “Ah, não...”. Todas as gravações
da transmissão desapareceram misteriosamente.
A MANSÃO
Árvores desfolhadas sombrias e um muro alto de
pedra marcam o início do terreno da propriedade.
Seguindo com o carro, um bando de corvos levanta
vôo; depois que as últimas penas soltas tocam o
chão, você vê uma mansão antiga e colonial no topo
da colina. Quanto mais perto você chega, mais forte
fica um estranho pressentimento, mesmo sem por
quê. Do pátio, a mansão cinzenta parece sombria e
agourenta. Quando você bate à porta, um mordomo
peculiar tentará afastá-lo gentilmente, talvez com
uma armadilha mortal, mas acabará por revelar o
interior da casa.
Toda mansão pertence a alguém, esteja a pessoa viva
ou morta. Pode ser propriedade de um indivíduo ou
um grupo: um Portal poderoso, o fantasma desperto
de alguém que foi Dormente em vida, uma família de
cultistas bizarros adoradores de algum Mythos, ou
uma entidade transcendente e misteriosa comple-
tamente fora do jogo de sono e despertar da cidade.
Quem quer que seja, a proprietária tem algo que nor-
malmente não pode ser obtido na Cidade, um divisor
de águas: o conhecimento das origens de algum vilão
poderoso, a solução para uma ameaça monumental
iminente ou uma Relíquia que pode consertar as
coisas. Resta ver se isso vai ser compartilhado com as
personagens principais, e a que preço.
Um desses lugares, a Mansão Starling, fica no topo
de uma colina com vista para um lago. É propriedade
de Edward Winters (Dormente?), pouco conheci-
do, mas ridiculamente rico e que já foi um cineasta
famoso. Os filmes de Winters, embora comoventes e
muito pessoais, quase sempre abordavam questões
filosóficas e metafísicas. Alguns dizem que ele viajou
o mundo para pesquisar os temas dos filmes, outros
insistem que Edward nunca saiu da Mansão Starling.
Em fotos de jornais antigos, dá para ver algo realmen-
te raro nos olhos do diretor de fotografia: um brilho
de contentamento. E, em todas as imagens, em cada
foto dele, dá para ver a mesma máquina de escrever
velha e empoeirada.
em algo misterioso, mas vão só dizer que estavam
indo tomar um chá e perguntar se você gostaria de ir
junto. Algo sinistro está acontecendo aqui.
A Floresta atrás da vila é cheia de neblina nos dias quen-
tes e completamente envolta em brumas nos dias frios,
de modo que nunca dá para ver o que tem do outro lado.
Um riacho corre ali por perto, mas o gorgolejo da água é
abafado pela folhagem densa. Corvos crocitam nas árvores
retorcidas, com troncos cobertos de musgo. Algumas das
árvores caídas têm símbolos primitivos gravados nos
troncos, e amuletos ritualísticos feitos de ossos, contas
e fitas brilhantes pendem dos galhos. Em algum lugar ali
fica o Poço dos Desejos, um lugar mais antigo do que a
memória dos habitantes do vilarejo. Lá dentro há algo
impossível de descrever; o coração do incognoscível.

A VILA
Do outro lado da Cidade, há uma estrada que leva a
uma aldeia. Conforme a paisagem vai mudando de
industrial para agrícola, a estrada se curva e sobe
uma pequena colina, até terminar em um pequeno
vilarejo escondido em um labirinto de vegetação. Os
chalés de pedra começam escassos, distantes uns dos
outros, até que pouco a pouco vão se amontoando,
mais próximos da praça principal. Cada uma das
janelas tem um canteiro de flores coloridas e bem
cuidadas, mas o lugar ainda parece selvagem. Por trás
dos portões e cercas de madeira, dá para ver as hor-
tas e os galpões onde fazem fermentação de álcool
caseiro. Às vezes, aparece uma ovelha, uma cabra
ou algumas galinhas vigiadas por um gato preto de
aparência ameaçadora.
Se o povo da Cidade acha os suburbanos estranhos,
vão achar o povo desse lugar completamente doido;
as pessoas nem tentam fingir que são normais. Em-
bora a vila seja vizinha da Cidade, o povo aqui parece
ter um dialeto próprio, repleto de palavras e ex-
pressões que nada significam para os malandros da
cidade. As pessoas da vila encaram o povo da Cidade
com um misto de diversão, suspeita e superioridade;
sempre parece que os aldeões conhecem algum se-
gredo profundo ou alguma verdade mística obscura
que o pessoal da Cidade desconhece. Sempre que al-
guém da Cidade entra em um dos bares locais, todos
começam a sussurrar, como se estivessem falando
sobre algo que "os urbanos" não vão entender. Você
os encontra pela aldeia esfregando o suor e a sujeira
da testa, e fica claro que estavam trabalhando duro

1 · CENÁRIO | 49
 O QUE AS
PROTAGONISTAS
AINDA NÃO SABEM
É hora de você compreender o que
realmente está acontecendo na Cidade.
Até este ponto do capítulo, a Cidade foi
descrita pela perspectiva das protago-
nistas, Portais relativamente recentes
que estão apenas começando a desco-
brir o mundo secreto ao seu redor. Pelo
menos algumas das personagens sabem
que existem outros Portais na Cidade,
pessoas como elas, com poderes len-
dários. E, assim como os poderes das
protagonistas, o véu místico das Brumas
esconde esses outros poderes lendários
da população geral. O que as persona-
gens não sabem é que a cidade é o play-
ground, ou talvez a zona de guerra, de
dois tipos de forças misteriosas e atem-
porais: os Mythoi e as Brumas.
OS MYTHOI, COM SEUS AVATARES
E ESQUEMAS
Na memória das pessoas, os Mythoi sempre usa-
ram a Cidade como parquinho particular. Desde que
as Brumas existem, os Mythoi buscam as preciosas
passagens místicas que lhes permitem manifestar suas
histórias na Cidade: os Portais nas Brumas. Os Mythoi
cultivaram esses Portais, convocando-os a abandona-
rem as distrações da vida cotidiana e a se abrirem para
a realidade lendária além das Brumas. Todo Mythos
aspira e conspira (ninguém sabe se consciente ou figu-
rativamente) para elevar seu Portal a nível de Avatar,
uma manifestação viva do Mythos na Cidade. Mas isso
não é novidade. O que pode ser novidade é que alguns
Mythoi já alcançaram esse objetivo há muito tempo.
Portais não são apenas indivíduos que habitam
os espaços da Cidade: eles governam a Cidade.
Alguns poucos Mythoi conseguiram cultivar Avatares
tão fortes que são praticamente imortais. Esses Avata-
res são dedicados à missão de manifestar incessante-
mente a história de seus Mythos na Cidade, em todos
os níveis de existência. O Avatar de Hades detém o
50| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
poder do submundo da cidade e barganha com os
mortos, ou que em breve morrerão; o Avatar de Ywain
promove o amor verdadeiro e traz ruína para os falsos
amantes; o Avatar de Peter Pan planeja tornar a Cida-
de livre de leis e de regras; e assim por diante.
Avatares não são deuses. Todo Portal, mesmo os
Avatares, ainda precisam se conformar com a reali-
dade das Brumas, então Avatares são sempre pessoas
reais de carne e osso. O Avatar de Hades é um mafioso
renomado, enquanto que o Avatar de Peter Pan é um
pirralho rico e mimado. Dito isso, os poderes desses
Avatares se estendem muito além dos poderes de ou-
tros Portais, portanto, para todos os efeitos, eles são
indestrutíveis. Alguns podem até voltar dos mortos.
Quanto mais tempo um Avatar existe, mais seu poder
cresce e se aprofunda, e mais arraigada fica sua influ-
ência na tapeçaria da Cidade.
Avatares não fazem todo o trabalho sem ajuda:
eles têm grandes esquemas. Ao longo dos anos,
cada Avatar foi construindo organizações que ajudam
a promover os objetivos do Mythos. Essas operações
podem assumir qualquer forma: um cartel de drogas,
uma rede de lanchonetes ou um movimento social
misterioso cujo nome é sussurrado pelas ruas. Quanto
mais tempo existem, mais profundamente essas orga-
nizações se infiltraram no tecido social, econômico e
político da Cidade.
Avatares no geral governam de longe, deixando
o trabalho sujo para seus lacaios. Escondidos nas
profundezas das Brumas, é raro Avatares entrarem em
contato com Portais de fora do esquema a que se dedi-
cam. Mesmo quando isso acontece, é pouco provável
que sejam reconhecidos, porque ninguém sabe como
essas pessoas são, ou mesmo que existem. Para um
Portal comum, um Avatar é uma história, uma lenda
urbana sobre uma pessoa muito poderosa operando
nos bastidores. Portais como as protagonistas não têm
como averiguar informações sobre Avatares, a menos
que comecem a investigar os esquemas do Avatar,
uma investigação que poderia ser o assunto de toda
uma temporada, ou mesmo de uma série inteira. A
menos que o esquema esteja em risco, esses Avatares
permanecem focados no grande esquema das coisas
e em suas lutas por poder contra outros Avatares e os
Guardiões (veja mais adiante).
Isso deixa a rua "livre” da influência direta desses
avatares, portanto, disponível para os casos meno-
res, mais ligados às personagens principais e aos
locais que frequentam, pelo menos no começo. Dessa
forma, as personagens principais podem causar im-
pacto real na Cidade sem necessariamente esbarrar
nos Avatares, talvez até sem saber que interferiram
no trabalho de um poder ou organização maior. Os
avatares estão ocupados demais em suas atividades
políticas para se incomodarem com esses pequenos
incidentes; são pessoas que comandam todo um
esquema que pode responder por elas, incluindo
outros Portais com vários níveis de consciência e
poder (Lendários, Limítrofes e Tocados), bem como
hordas de Dormentes que nem sequer sabem para
quem trabalham.
Capítulo 3: Essa cidade é MINHA! revela mais sobre
os avatares e suas operações, incluindo alguns exem-
plos de avatares, e explica como criá-los e usá-los na
sua série. O conselho Avatar, conhecido como a Verda-
de, é descrito na expansão Sombras & Segredos.
AS BRUMAS E OS GUARDIÃES
Por mais fortes que os Mythoi e seus Avatares possam
ser, ainda estão presos pelas Brumas. Se não fosse
assim, provavelmente teriam transformado a Cidade
em tela e pintado uma realidade tão sangrenta quanto
seus contos antigos. Reza a lenda que o mundo era as-
sim antes das Brumas. São as brumas que evitam essa
catástrofe, mantendo quase toda a população alheia
aos Mythoi, evitando um despertar em grande escala.
Isso pode de fato ajudar os Avatares, já que, como
efeito colateral, quanto mais forte um Avatar, mais
sua verdadeira identidade é mantida em segredo do
conhecimento público e mais profunda é a cobertura
das Brumas sobre suas operações secretas. As Brumas
toleram isso porque ocultar os Mythoi é sua priorida-
de número para garantir a sobrevivência da cidade;
tudo o mais é secundário.
Os agentes das Brumas são chamados de Guardi-
ães. Ninguém sabe que essas entidades existem, exce-
to o Portal mais antigo e mais forte da Cidade. Para os
poucos que têm uma vaga noção de por que essas en-
tidades existem, Guardiães representam o adversário
mais terrível que se possa imaginar, aquele que pode
fazer com que os Portais esqueçam de quem são e, em
um piscar de olhos, condená-los a uma existência sem
sentido. Rumores nas sombras e relatos ensandecidos
de séculos passados retratam essas entidades como
mestres de alguma magia hermética ancestral, mas
isso pode ser só alguma informação falsa plantada
justamente por Guardiães querendo enganar qualquer
um que tente investigar sua origem.
Não se sabe ao certo se Guardiães servem às Brumas
ou se as criaram. A organização a que pertencem, a
forma como operam e suas motivações são de longe
os segredos mais obscuros da Cidade, visto que essas
entidades podem simplesmente fazer as pessoas
esquecerem. Se Mythoi representam as organizações
clandestinas da Cidade, Guardiães são a agência
secreta do governo. São os Homens de Preto (de cinza,
na verdade), são oficiais trabalhando para manter
o status quo, sempre empregando os poderes das
Brumas: distrair, encobrir e induzir o esquecimento.
Essas entidades rastreiam e selam permanentemen-
te qualquer Portal que chame muita atenção ou que
represente uma ameaça muito grande para as Brumas.
Guardiães têm um relacionamento tênue com Avata-
res: empregam todas as suas forças para reprimir os
que desafiam a ordem, mas apenas encobrem deli-
cadamente os esquemas dos Avatares mais antigos e
insidiosos. Guardiões são estrategistas; sabem muito
bem que não têm capacidade de selar alguns dos
Avatares, pelo menos não sem arriscar uma guerra
aberta que destruirá a Cidade e as Brumas. E, assim,
formou-se um equilíbrio frágil, um sistema políti-
co intrincado entre Guardiões e Avatares, o que é o
pano de fundo de todo o cenário de City of Mist. É
uma conspiração em escala metafísica. Nem precisa
dizer que esse estado das coisas dá origem a inúmeras
formas de corrupção, desde agentes Guardiães que
ignoram Portais perigosos em troca de dinheiro até
líderes Guardiães que mantém relações clandestinas
com os Avatares.
As unidades de campo Guardiãs são detalhadas
no Capítulo 3: Essa cidade MINHA! A organização
dos Guardiães e as Brumas são mais detalhadas na
expansão Sombras & Segredos.
1 · CENÁRIO | 51
COMO CRIAR E CONDUZIR CASOS NOS
BASTIDORES

capítulo

2
 CONDUZINDO A SESSÃO
ESTRUTURA DA SESSÃO . . . . . . . . . . . . . . PÁG. 63 MOVIMENTOS DA MC

• Início da sessão: Um jogador faz o movimento Monó- INTERVENÇÕES DA MC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PÁG. 68

logo Narrativo (início da sessão).
A qualquer momento do jogo, mesmo quando um jogador
• Desenvolva as cenas, o tempo de intervalo e as cuts-
estiver sob os holofotes, você pode intervir para...
cenes de acordo com o que as personagens principais
• Traduzir a história em regras, por exemplo adicio-
fizerem, com o caso e considerando a necessidade de
nando um rótulo de história.
criar um jogo cinematográfico.
• Revelar um movimento customizado que tenha sido
» Cena: Siga o fluxo de cena apresentado mais adiante.
ativado.
» Intervalo: Todos os jogadores fazem o movimento
• Pedir mais detalhes sobre a ação de um jogador.
Hora do Show (Intervalo)
• Determinar que movimento o jogador aciona com a
» Cutscene: Use para definir o clima, anunciar aconteci-
ação da personagem.
mentos futuros ou revelar aos jogadores informações
• Intervir quando um jogador for determinar seu Po-
ainda desconhecidas.
der, por exemplo invocando um rótulo de fraqueza.
• Final da sessão: Todos os jogadores fazem o movimen-
• Escolher, descrever e resolver o resultado de um
to Palestrinha dos Créditos (final da sessão).
movimento quando a escolha for sua ou quando o
jogador deixar de escolher uma opção.

OS MOVIMENTOS FRACOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PÁG. 69

JOGANDO AS CENA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . PÁG. 65
• Defina a cena: Narre a primeira tomada. Você pode
fazer um movimento fraco de MC.
• Dê os holofotes aos jogadores, perguntando: "O que
vocês fazem?"
» Enquanto o jogador estiver sob os holofotes: Ouça
e intervenha quando as regras exigirem.
» Em caso de falha: Faça um movimento forte de MC.
» Depois de um movimento de jogador: Narre como a
cena responde ao que acabou de acontecer. Você pode
fazer um movimento fraco de MC.
• Quando todos estiverem esperando: Narre o que
acontece a seguir. Você pode fazer um movimento fraco
de MC.
• Depois de cada movimento de MC ou narrativa: Pas-
se os holofotes de volta para o mesmo jogador, avance
para o jogador seguinte, ou se vire para o grupo como
um todo e pergunte outra vez: "O que vocês fazem?”
• Quando a cena for esgotada: Corte para a cena, o
intervalo, ou a cutscene seguinte.
• Complicar as Coisas
• Bater Só Depois de Avisar
• Opcional: acionar um rótulo de fraqueza como falha
OS MOVIMENTOS FORTES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PÁG. 71
• Complicar As Coisas Pra Valer
• Negar Algo Que Estão Querendo
• Fazer Algo Horrível Acontecer
• Virar o Movimento Contra o Jogador
• Atribuir uma Condição
• Reduzir ou Remover uma Condição
• Queimar um Rótulo
• Forçar uma Escolha
AJUSTANDO O NÍVEL DE DESAFIO . . . . . . . . . . PÁG. 80
• Ajustar a gravidade das condições
• Ajustar o tipo de ações afetadas pelas condições
• Ajustar a forma como as condições são removidas
• Aplicar as regras opcionais do Modo Brutal ou de Limite
de Rótulos (Guia do Jogador, Páginas 176 e 209)

NARRAÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PÁG. 76
• Enfatizar a atmosfera
• Criar personagens reais e humanas
• Mantenha o mistério
• Faça perguntas provocativas
• Mantenha a consistência
• FAÇA A CIDADE PARECER VIVA

56| F I C H A S D E R E F E R Ê N C I A
CRIANDO CASOS
1. CRIAR HISTÓRIA DE FUNDO . . . . . . . . . PÁG. 88
? O que aconteceu antes de a galera se envolver no caso?
SEMENTE DE HISTÓRIA
? QUE PORTAIS ESTÃO ENVOLVIDOS NO CASO?
• Qual é o Mythos dos principais Portais envolvidos?
• Quem é esse Portal na vida mundana da Cidade?
• Como e quando esse Portal despertou?
• Qual o nível de despertar do Portal? (Despertando,
Tocado, Limítrofe, Lendário, ou Avatar)
• O que motiva esse Portal: o Mythos ou a vida mun-
dana?
• O que o Mythos quer desse portal?
• Qual é / era sua motivação mundana?
? A VERDADE: QUE CRIME, INJUSTIÇA, OU PROBLEMA
ESTÁ NO CENTRO DO CASO?
Ver uma lista de exemplos na pág. 89.
? TEMA: QUE TIPO DE HISTÓRIA VOCÊ VAI NARRAR?
Âmbito (pessoal, bairro, cidade, etc.), tropos comuns, forma-
to (quem matou?, caso antigo sem solução, limite de tempo)
? COMO A GALERA SE ENVOLVE?
• Como a galera fica sabendo do caso?
• Em que ponto da progressão de eventos a galera
aparece?
DESENVOLVIMENTO
Pense em personagens principais adicionais e outras com-
plicações.
DETALHES
A história de fundo deve ter uma lista de personagens,
um relato suficientemente detalhado de toda a verdade e
a linha temporal.
2. CRIAR O RASTRO DE MIGALHAS . . . . . . . . . PÁG. 95
CRIAR O ICEBERG
O Iceberg do caso é feito de locais e pessoas que levam dos
ganchos para a verdade. É dividido em Camadas de Pro-
fundidade; quanto maior, mais próximo o local ou pessoa
está da verdade.
• Quebre a história de fundo entre os possíveis locais e /
ou personagens.
• Defina todos os ganchos da Camada 0.
• Defina os locais diretamente ligados aos ganchos da
Camada 1.
• Para cada local, pergunte-se:
» Como é que esta locação pode conduzir a galera para
a verdade?
» A que locação secundária as pistas podem levar?
» Essa locação secundária está significativamente mais
próxima da verdade? (Se sim, deve ficar mais fundo no
iceberg).
• Defina a posição de todos os outros locais no Iceberg
com base nessas respostas.
CRIE OS LOCAIS
Para cada local, crie:
• Uma descrição
• Uma pequena lista de personagens presentes
• Uma lista de pistas: provas físicas, informações obtidas a
partir de personagens, observações e deduções, rastro de
documentos ou informações obtidas por meios lendários
3. ACRESCENTANDO PERIGOS. . . . . . . . . PÁG. 99
? Quem ou o quê pode pôr a investigação em risco ou
interferir nas ações das personagens?
Ver também as regras de criação de Perigos, na pág. 129.
F I C H A S D E R E F E R Ê N C I A | 57
 QUE COMECE
O JOGO: A SESSÃO DE
EXPOSIÇÃO
A Sessão de Apresentação (Guia do
Jogador, pág. 43) é onde nasce a sé-
rie. Como MC, você tem a função de
conduzir os casos para o grupo. Para
isso, você precisará preparar locais,
personagens e pistas ou adaptar ma-
teriais publicados para a sua série.
Você também deve ser a maior fã das
personagens principais, então precisa
conhecê-las bem. Durante a Sessão de
Exposição, reúna todas as informações
de que precisa para começar o trabalho
de preparação da série. Portanto, além
de dirigir a conversa, você terá várias
outras responsabilidades nesta sessão:
1) Não prepare o conteúdo do jogo com antecedên-
cia. É bom mergulhar em livros, filmes, séries de TV e
histórias em quadrinhos do gênero neo-noir. No en-
tanto, a sessão de exposição funciona melhor quando
você, a MC, chega sem um plano concreto para a série.
Este livro contém várias sementes de conceito de série,
o suficiente para iniciar a conversa (consulte a pág. 46
do Guia do Jogador). Além disso, o grupo tem poder
criativo mais do que suficiente para fornecer tudo o
que você precisa. Tente colaborar com o grupo para
criar o conceito e os elementos da série, em vez de ditar
como as coisas vão ser. Esteja aberta às sugestões dos
jogadores; ouça-as e sugira contra-propostas. O grupo
deve construir o conceito a partir das sugestões uns dos
outros. Lembre-se de que esta é a oportunidade mais
significativa dos jogadores de influenciarem a direção
da série, já que, durante o jogo em si, eles vão investi-
gar principalmente os casos que você escrever.
2) Participe da discussão sobre a série. Mesmo no
papel de MC, você é parte do grupo, o que significa
que você precisa estar confortável para sugerir ideias
sobre a série (só não deixe nada pronto com antece-
58| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
dência, conforme o ponto 1). Como você é a "produto-
ra" da série, é vital que concorde e se empolgue com o
conceito que for decidido. Exponha seus pensamentos
e opiniões sobre as personagens, suas vidas, a galera e
o ambiente em que operam.
3) Assuma o controle da série, sempre buscando
a diversão de todos. Como "showrunner", você é
responsável por dirigir o fluxo dessa primeira sessão
de exposição de ideias. Certifique-se de que o con-
ceito da série fique claro, coerente e envolva a todos.
Certifique-se de que cada novo detalhe corresponda
ao conceito e ao estilo de jogo escolhidos e que deta-
lhes ou ideias não se contradigam ou conflitem entre
si. Se parecer que o grupo está mais inclinado para
uma direção diferente da que foi acordada no começo,
informe os jogadores disso para que, se for necessário,
vocês adaptem o conceito juntos.
4) Faça perguntas interessantes e provocativas.
Ajude os jogadores na criação dos detalhes da galera
e das personagens pedindo mais detalhes. Quando
alguém apresentar um conceito ou aspecto da perso-
nagem, ajude a desenvolver e solidificar a ideia com
perguntas. Por exemplo, quando um jogador descreve
a personagem como uma pessoa desleixada que mora
em um apartamento imundo no centro da cidade,
você pode fazer perguntas como:
• Você divide apartamento com alguém?
• Quem cobra o aluguel? E quem paga?
• Em que tipo de rua fica esse apartamento?
• Qual é a pior parte do apartamento?
• O que fica rastejando por dentro das paredes?
Se o grupo decidir que todas as personagens são parte
de uma ordem ancestral, você pode perguntar:
• Qual é o propósito dessa ordem?
• O quanto vocês sabem da história da ordem?
• Quem é a personagem mentora ou diretamente
superior a vocês na ordem?
• Onde vocês encontram essa mentora?
• Vocês são uma célula independente dentro da or-
dem, ou estão espalhados por toda a organização?
Embora qualquer um possa fazer essas perguntas
durante o processo colaborativo, os jogadores no geral
estão ocupados criando os detalhes das personagens.
Fique atento a qualquer coisa de interesse, qualquer
detalhe que possa parecer “faltando”. Trabalhe sua
curiosidade natural com as personagens e a equipe.
Quando um jogador fizer uma pergunta sobre o cená-
rio, faça uma sugestão ou peça para que ele responda:
Jogador: A Cidade fica perto do mar?
MC: Não sei. Fica?
Jogador: Ah, eu acho que seria melhor,
porque minha personagem é baseada no
mito das sereias. Preciso de espaço para
nadar e de barcos para afundar.
MC: Ótimo. Então é uma Cidade costeira.
Essas perguntas lançadas para a mesa dão boas opor-
tunidades para que os jogadores aprimorem e desen-
volvam suas ideias. No entanto, é importante que a
conversa permaneça interessante, então melhor evitar
dar detalhes demais. Um esboço com alguns fatos ou
anedotas interessantes já é o suficiente para começar o
jogo. Muitas coisas permanecerão obscuras, mas tudo
bem: você pode descobri-las durante o jogo, conforme
explicado em Jogando para descobrir (pág. 06).
5) Busque ganchos interessantes para as histó-
rias. A Sessão de Exposição contém uma infinidade
de detalhes interessantes que podem se transformar
em casos e até em arcos de história. Durante a sessão,
pense como uma produtora, a pessoa encarregada de
planejar o enredo da temporada, e anote perguntas e
ideias interessantes que possa ter sobre cada persona-
gem e a história como um todo. Por exemplo:
como “Escritório. O prédio tem um zelador Dor-
mente de meia-idade prestes a despertar. Cada vez
que a galera fizer algo incomum no prédio, o zela-
dor fica mais perto de se tornar um Portal. Será que
vai ser um arqui-inimigo? Qual é seu Mythos dele?”
Essas sementes de história servirão, mais tarde, para
ajudar a escrever ou adaptar os casos e os arcos da
história da série.
6) Faça anotações, muitas anotações. Como "produ-
tora" do jogo, você deve ter todos os detalhes sobre as
personagens principais, as PNJs, os locais centrais onde
a história se passa, etc. Anote ideias, nomes e fatos
importantes. Ao longo da Sessão de Exposição, anote
ideias sobre o futuro da série, como conceitos para
vilões, possíveis desenvolvimentos de enredo, etc. Leia
mais sobre como organizar as anotações em categorias
(dúvidas prementes, elementos da história, ideias para
o enredo e guias de estilo ) na Ficha de Recursos da
Série, na parte Criando uma Série (pág. 102).
No final da sessão, faça uma cópia de cada tema
das personagens dos jogadores e do tema de galera.
Preencha a Ficha de Recursos da MC no final do livro,
o que vai ajudar a controlar que elementos do jogo
podem ser usados, como rótulos de fraqueza, Misté-
rios e Identidades.

• Quando um jogador compartilha seu Mistério,

"Como posso voltar para a Terra do Nunca?" você
pode anotar: “O que ou onde (ou quem) é a Terra do
Nunca na forma moderna? Quem conhece o cami-
nho de volta? Quem mais quer chegar lá?”
• Quando um jogador compartilha sua Identidade,
"Nunca vou vender minha loja para os milicianos",
você pode anotar: “O que a milícia está disposta a
fazer para comprar a loja? Qual é o verdadeiro moti-
vo para quererem essa loja?”
• Quando os jogadores decidem criar uma firma de
detetives particulares e mencionam um escritório,
você pode anotar possíveis ganchos de história,

2 · R E G R A S E G U I A S DA M C | 59
 CONDUZINDO
UMA
SESSÃO
A sessão do grupo é onde tudo acontece: as câmeras
começam a rodar, e a vida das personagens princi-
e poderes lendários. Elas protegem uma testemunha
vulnerável, trocam palavras e golpes com pessoas
pais vira realidade, pelo menos por um tempo. Elas influentes e seus capangas, descobrem que foram traí-
caminham pelas ruas escuras e chuvosas da Cidade e das quando a testemunha acaba se revelando o Portal
seguem uma trilha de evidências até as respostas que por trás de tudo. E, quando a magia dos Portais é
procuram: a verdade sobre um crime, a corrupção e as exposta, no geral é tarde demais para qualquer coisa,
transgressões de homens e deuses, de pessoas comuns exceto medidas desesperadas.

60| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Enquanto os jogadores interpretam as personagens
principais, você, como MC, é o mundo em que elas
vivem; é você quem define a cena, com descrições de
locais dramáticos; quem descreve as ações de todas
as outras personagens (vilões, testemunhas, aliadas
e transeuntes); quem fornece as pistas que impulsio-
nam o caso, usando todos os elementos citados para
criar desenvolvimentos chocantes para a história.
Esta seção explica o papel da MC durante a sessão,
com enfoque sobretudo no papel da MC como narra-
dora e nas regras relacionadas à narrativa. Se quiser
mais informações sobre os outros papéis da MC,
consulte a pág. 05.
PREPARAÇÃO E EQUIPAMENTOS
Para conduzir uma sessão de City of Mist, você preci-
sará de um caso para a galera investigar (você pode
escrever seu próprio caso ou usar um pronto). Um
único caso pode levar uma ou mais sessões para ser
concluído, dependendo do grau de envolvimento dos
jogadores e do ritmo do jogo.
Você também precisará de uma cópia do Guia do
Jogador e deste livro, para usar como referência, além
de pelo menos dois dados de seis lados, algumas Car-
tas de Medidor de City of Mist, uma cópia da Ficha de
Recursos da MC da série sendo jogada e marca-textos,
canetas ou lápis. Os jogadores precisarão das perso-
nagens e das cartas de tema (de galera, temas extras,
etc.), além de uma cópia da Ficha de Movimentos do
Jogador para cada um.
Pode ser uma boa ter papéis de rascunho para anotar
e rabiscar mapas das locações. Como alternativa,
você pode usar os Mapas de Locação de City of Mist,
ilustrados e alguns tokens.
O CASO
Um caso é uma investigação que pode ser jogada e con-
tém os elementos e detalhes da história necessários para
uma ou várias sessões de jogo. Pense em um caso como
uma caixa de ferramentas da narradora: traz locações
dramáticas e envolventes onde você pode estabelecer
as cenas; traz personagens com diversas motivações e
objetivos, que você pode usar para preencher as cenas;
traz uma base de história detalhada, que conecta as
personagens e os locais; além de listas de pistas, que
podem levar a galera a um clímax cinematográfico: uma
descoberta chocante, um dilema angustiante ou um
choque de forças míticas.
Seu papel como narradora é usar os diversos compo-
nentes do caso para criar as cenas que as personagens
principais protagonizam:
• definir as cenas com base nas locações do caso
• retratar as personagens presentes nas cenas,
descrevendo o fazem e dizem e como respondem às
ações das protagonistas
• quando os jogadores Investigarem e gastarem Pis-
tas, responda às perguntas com as pistas do caso
Depois que as protagonistas esgotarem as possibilida-
des de uma locação, partem para a próxima, jogando
diversas cenas (que você narra). A cada cena, elas vão
juntando as pistas para desvendar o caso, até que
finalmente revelam a verdade sórdida, confrontam
a vilã, e tudo o mais. Se você estiver narrando uma
série, o fim de um caso pode levar a outro, e assim por
diante.
I M P ROV I S A N D O
Um bom caso apresenta quase todos os locais, perso-
nagens e pistas necessários para completar a investi-
gação. No entanto, como City of Mist é um jogo aberto,
os jogadores às vezes querem que as personagens vão
a lugares não fornecidos na descrição do caso, que
encontrem personagens que não foram descritas ou
investiguem caminhos cujas pistas não foram apre-
sentadas. Quando isso acontece, você precisa retomar
a história de fundo, que descreve os eventos que
ocorreram antes de começar a investigação (como um
crime hediondo cometido por algum Portal). É com
base nessa história de fundo que você consegue criar
novas locações, personagens e pistas para completar o
que estiver faltando e conectar essas novas empreita-
das das personagens com o caso em si. Às vezes, você
vai ter que improvisar alguns detalhes, como o nome
de uma personagem sem importância, mas às vezes
precisará improvisar locações e cenas inteiras. Isso
pode ser feito com a ajuda dos jogadores.
P E R I G O S N O CA S O
Personagens não-jogadoras, objetos, lugares e forças
que representem uma ameaça para a galera ou para a
investigação são chamados de Perigos. Durante a in-
vestigação, as protagonistas podem encontrar diversos
problemas e Perigos. O caso descreve esses desafios
em termos de jogo, incluindo o tipo de condição que
causam, os movimentos especiais que possuem etc. As
regras para usar Perigos são explicadas no Capítulo 3:
Essa cidade é MINHA!
2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 61
 PENSANDO A SÉRIE
Alguns elementos da história, como personagens e
locações, se repetem ao longo da série. Isso inclui Rela-
cionamentos Principais, Aliadas, Bases, Nêmesis e per-
sonagens que aparecem nos rótulos, mas também pode
incluir inimigos recorrentes da galera, personagens da
vida privada de cada protagonista, pontos de encontro
da galera, assombrações, alguma empregadora ou men-
tora, Portais já conhecidos, Enclaves controlados por
figurões poderosos da Cidade, organizações obscuras,
rostos familiares na vizinhança e muito mais.
Além de tudo isso, as protagonistas conduzem investiga-
ções que podem durar uma temporada ou série inteira:
são seus Mistérios pessoais, além dos Mistérios do tema
de galera e dos temas extra (se tiver algum), sem falar
em questões que tenham restado de casos anteriores, ou
relacionadas a um grande arco da história. Algumas des-
sas investigações podem acabar recebendo pouco tempo
de tela durante as sessões, talvez só uma cena curta ou
uma referência durante o intervalo, mas se acumulam
nos bastidores da série até estarem prestes a estourar.
Enquanto a galera tenta resolver um caso, outros
elementos da série podem ser envolvidos. Assim como
os elementos normais do caso, você também pode
usar esses elementos mais pessoais nas cenas que ini-
ciar e nos desenvolvimentos que escolher dar para a
história. O texto a seguir se refere a decisões tomadas
com base nas informações do caso, mas também serve
para elementos que surgem ao longo de toda a série.
Em outras palavras: você pode usar esses elementos
da série nas sessões mesmo que não tenham sido
escritos especificamente no caso em questão. Isso lhe
permite adaptar o caso à série que estiver narrando.
Você pode, por exemplo:
• Fazer com que um Nemesis apareça em uma cena
não relacionada a essa PNJ e atacar uma das prota-
gonistas no momento mais inconveniente possível.
• Fazer a personagem recorrente de uma inspetora de
polícia aparecer em cada sessão e ir pouco a pouco
começando a suspeitar da verdadeira natureza da
galera.
• Trazer alguma vigarista que a galera conseguiu ino-
centar em um caso de assassinato em alguma sessão
anterior para ajudar o grupo em uma nova sessão.
• Envolver no caso alguma organização central para
o Mistério de uma PJ, algo como uma terceira parte
interessada, mas com envolvimento limitado.
Quando escrever uma série, colete os materiais ne-
cessários e os relacione na Ficha de Recursos da Série.
62| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Durante a sessão, você pode consultar essa Ficha em
busca de ideias de elementos da história e reviravoltas
na trama para introduzir na narrativa. Leia mais sobre
como coletar materiais para uma série em Criando
uma Série (pág. 102).
PENSANDO O DESENVOLVIMENTO
DAS PROTAGONISTAS
O sistema de desenvolvimento de personagem do City of
Mist permite que os jogadores levem suas personagens
a passar por escolhas difíceis e acontecimentos dramá-
ticos (veja Momentos Dramáticos, pág. 248 no Guia do
Jogador). No entanto, os jogadores dependem de você
para fornecer oportunidades interessantes de fazer
isso na história. Seu papel nisso é basicamente criar
condições que permitiam que os jogadores acionem o
movimento Fazer uma Escolha Difícil (pág. 254 do
Guia do Jogador). Às vezes, você também participa da
criação dos detalhes das respostas que as personagens
encontram para seus Mistérios com o movimento
Finalmente, Algumas Respostas (pág. 251 do Guia do
Jogador).
Escolhas Difíceis acontece quando a personagem
tem que escolher entre qualquer um de seus Misté-
rios ou Identidades (incluindo de galera e dos temas
extras) e alguma outra coisa (que também pode ser
um Mistério ou uma Identidade).
Para incorporar Escolhas Difíceis no jogo, siga essas
diretrizes:
• Planeje: antes da sessão, escolha uma PJ em quem
você vai se concentrar na sessão e planeje como
talvez forçá-la a Fazer uma Escolha Difícil. Decida
que mistérios ou identidades você vai tentar desen-
cadear e quais situações usará para isso. Escolha
uma nova personagem a cada sessão, para circular
por toda a galera.
• Aproveite: durante a sessão, confira a Ficha de Re-
cursos da MC (que lista todos os Mistérios e Identi-
dades das PJs) sempre que achar que uma situação
pode evoluir para uma escolha difícil para uma das
protagonistas. Se notar uma oportunidade, apro-
veite-a: mude suas escolhas narrativas para levar a
situação dessa direção.
• Discuta: No fim da sessão, quando fizer o movi-
mento Palestrinha dos Créditos, ouça os joga-
dores descreverem a visão que têm da evolução de
suas personagens e pergunte o que acham mais
interessante de explorar na próxima sessão.
Lembre-se de que você não pode acionar uma Esco-
lha Difícil nem criar uma situação que obriga um
jogador a fazê-lo. Este aspecto das regras está intei-
ramente nas mãos dos jogadores, que provavelmente
vão agir de um jeito completamente diferente do que
você esperava (como sempre fazem). Em vez de tentar
forçá-los a viver momentos dramáticos, permita que
os jogadores escolham se querem ou não aproveitar a
deixa e que continuem com o jogo. Em vez de planejar
o resultado do momento dramático de uma persona-
gem, planeje um dilema com vários resultados possí-
veis, sem saber o que o jogador escolherá. Permita-se
viver a surpresa de descobrir.
Você só pode ajudar os jogadores a Fazer uma Esco-
lha Difícil criando momentos dramáticos interessan-
tes e dilemas nos quais eles podem usar o movimento
em questão. Esses momentos podem incluir:
• Ocorrências na vida pessoal da personagem compe-
tindo por atenção com a vida lendária
• Um impasse em que dois ou mais compromissos
ou responsabilidades da personagem entram em
conflito
• Uma proposta sombria ou indecente de uma PNJ
que se oferece para promover um tema da persona-
gem, mas ao custo de trair outra; ou quem sabe uma
oferta de uma recompensa atraente em troca de
trair um de seus temas
• Uma escolha forçada, seja orquestrada por alguém
que quer mal à personagem ou que quer fazê-la
crescer; pode ser também completamente aciden-
tal, como o resultado de uma reviravolta infeliz (ou
talvez feliz)
Alice, a MC está se preparando para ini-
ciar uma sessão com a galera do lago.
Ela escolhe Sullivan como a personagem
em quem vai focar nesta sessão e revê os
Mistérios e Identidades dele. Alice pensa
em um possível conflito entre a Identida-
de “As pessoas do bairro merecem saber” e
a Identidade da Galera “Chegar no fun-
do do lago”. Ela planeja apresentar uma
informante que traga à galera revelações
valiosas sobre o lago, mas desde que pro-
metam nunca divulgar o que descobrirem.
Aceitar a oferta iria contra a Identidade
de repórter de Sullivan, mas rejeitá-la
iria contra a Identidade da galera.
Durante a sessão, Lamar, que interpre-
ta Sullivan, pode ou não morder a isca.
Ele pode usar o dilema para avançar a
história da personagem ou, por outro
lado, pode determinar que Sullivan não
se importa de prometer não ir a público,
porque planeja divulgar as informações
independentemente da promessa à informan-
te (no caso, está mentindo e pode ter que
usar Agir na Encolha). Alice está aberta
para o que vier; seu plano é só colocar
Sullivan em uma situação interessante e
deixar que Lamar conduza a narrativa da
personagem a partir daí.
A ESTRUTURA DA
SESSÃO
Uma sessão de City of Mist é jogada da seguinte forma:
• A sessão começa com o movimento Monólogo
Narrativo (Início da Sessão).
• Desenvolva as cenas, o tempo de intervalo e
as cutscenes de acordo com o que as personagens
principais fizerem, com o caso e considerando a
necessidade de criar um jogo cinematográfico.
» Quando jogar uma cena, siga o fluxo apresenta-
do a seguir.
» Durante o intervalo, peça a todos que façam o
movimento Hora do Show (Intervalo). Em segui-
da, passe para a próxima cena ou cutscene.
» Em uma cutscene, aproveite-se de recursos
dramáticos para dar dicas do que vem pela frente,
determinar o tom narrativo ou revelar informações
ainda desconhecidas para as personagens. Em
seguida, passe para a próxima cena ou intervalo.
• A sessão acaba quando estiver quase acabando o
tempo reservado para o jogo, quando parecer um
bom momento na narrativa, ou quando o caso for
concluído. Conduza, com todos, o movimento Pa-
lestrinha dos Créditos (Fim da Sessão).
2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 63
 INICIANDO CENAS
Como narradora do jogo, você declara quando come-
çam e acabam as cenas, as cutscenes e o intervalo.
No início da sessão, ou sempre que acaba uma
cena, quando todos os olhares se voltam para a sua
condução da história, você pode (a) perguntar aos
jogadores onde as personagens gostariam de ir ou
onde devem estar, (b) sugerir algumas cenas e deixá-
-los escolher, ou (c) iniciar uma cena que já planejada,
determinando a posição inicial das personagens para
CONSIDERAÇÕES
CINEMATOGRÁFICAS: CENA DE
ABERTURA
Uma cena de abertura (“cold open”, em inglês), é uma
cena dramática antes da abertura de um programa de
TV, filme ou história em quadrinhos, projetada para
definir o tom da história e motivar o público a con-
tinuar lendo ou assistindo. Tem duas formas de usar
uma cena de abertura nas suas sessões: como uma
cena, ou como uma cutscene; a escolha depende do
tom que você quer dar à narrativa.
Quando começar a sessão com uma cena de abertu-
ra, a narração une as personagens, colocando-as bem
no meio de uma cena de ação ou de drama, como uma
luta, uma situação difícil, um dilema qualquer. Essa
situação deve ser um resultado plausível dos eventos
da última sessão, ou uma amostra do que aguarda as
personagens no futuro. Também pode ser um sonho
ou uma visão que representada como uma cena nor-
mal. Considere as questões:
? QUE SITUAÇÃO GERARIA A CENA DE
ABERTURA MAIS DRAMÁTICA POSSÍVEL?
? QUAL É O MELHOR MOMENTO PARA
COMEÇAR?
Uma cena de abertura, em sua essência, estabelece
suposições sobre as ações das personagens que as
colocarem na situação narrada. Tente minimizar essas
suposições, trabalhe-as com os jogadores ou peça
carta branca para narrar o que parecer mais divertido.
No fim da cena de abertura, continue a história como
64| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
localizar os jogadores. Como alternativa, você pode
começar a descrever uma cutscene ou declarar o início
de um intervalo.
Muitas vezes, a decisão do que acontece em seguida
recai nas mãos dos jogadores: se as personagens vão
atrás dos bandidos, começa uma cena de ação; se vão
para casa descansar, é um intervalo; se preferirem
sair perguntando para quem estiver por perto da cena
do crime, é uma cena de investigação, e assim por
diante. Às vezes, porém, a escolha não depende dos
jogadores. Se uma personagem foi capturada, você
de costume, ou, se foi uma amostra do que vem no
futuro, retome o ponto da história onde tinha parado.
Quando quiser começar com uma cutscene de aber-
tura, descreva uma cena curta na qual as protagonis-
tas não estão presentes. Considere as questões:
? O QUE POSSO REVELAR PARA DESPER-
TAR O INTERESSE DOS JOGADORES SEM
PREJUDICAR A INVESTIGAÇÃO?
Uma cena de abertura gera um início de episódio
impactante, já uma cutscene de abertura pode ser
usada para gerar suspense ou evocar uma emoção
mais específica.
Alice, a MC, quer iniciar o episódio com
uma cena de abertura que gere medo. Sa-
bendo que o caso envolve o assassinato
de uma jovem, vítima de algo que saiu do
lago, Alice decide começar com uma cuts-
cene de abertura que definirá o tom da
sessão e servirá como uma espécie de pre-
núncio. Sem revelar muitos detalhes, ela
descreve uma jovem sendo seguida enquanto
caminha, à noite, pelo parque do lago. A
mulher olha para trás nervosa, por cima
do ombro, mas não vê nada, e tudo que
percebe são os sons esporádicos de pas-
sos molhados, como se alguém caminhasse
com sapatos encharcados. Alice bota uma
música cheia de suspense enquanto narra.
Quando acaba a cutscene, ela corta para
as personagens sentadas na lanchonete de
Louis, ouvindo o aviso do assassinato no
rádio da Detetive Enkidu.
pode iniciar a cena com ela presa, e por aí vai. Repare
que, embora os jogadores tenham controle sobre onde
as personagens vão, é você quem controla o que elas
encontram lá. Por exemplo: as personagens principais
podem estar indo para a casa de uma testemunha em
busca de informações, mas você pode decidir que a
testemunha já está morta, revelando uma nova amea-
ça e gerando uma investigação paralela.
A decisão sobre que cena virá à tona ou o que ele-
mentos trazer para uma cena é baseada nas ações
das personagens principais, as informações do
caso (como o que pode ser encontrado em um local
específico, ou uma personagem que está seguindo a
galera), e nas suas considerações cinematográficas.
Depois que uma cena começa, pode ir em qualquer
direção. Você e os jogadores podem realizar ações que
mudam a natureza de uma cena: uma perseguição de
carro selvagem pode se transformar em uma investi-
gação se o veículo em fuga bater em um poste de luz,
e uma conversa pode facilmente se tornar uma briga
se alguém partir para a agressividade. No entanto,
uma cena nunca pode se transformar em um intervalo
ou uma cutscene.
JOGANDO AS CENAS
Depois de estabelecer a locação e o momento da cena,
conduza a narrativa da seguinte forma:
• Defina a cena: narre a primeira tomada. O que ve-
mos? Como é o lugar? Qual é o clima do ambiente?
Quem está presente, e fazendo o quê?
• Passe os holofotes para os jogadores perguntan-
do: "O que vocês fazem?"
• Quando os jogadores estiverem sob os holofo-
tes, ouça, intervindo quando as regras exigirem.
• Quando um dos jogadores falhar em um movi-
mento, faça um movimento forte de MC e narre
os desdobramentos.
• Depois que todos os jogadores agirem, ou quan-
do todos se voltarem outra vez para você, na
expectativa, narre como a cena responde ao que
acabou de acontecer ou descreva o que acontece a
seguir. À sua escolha, sempre considerando o aspec-
to cinematográfico, faça um movimento fraco de
MC.
• Depois de um movimento de MC ou quando en-
cerrar uma narrativa de uma intervenção, passe
os holofotes de volta para o jogador da vez, avance
para o jogador seguinte, ou se vire para o grupo
todo e repita a pergunta: "O que vocês fazem?”
• Quando a cena for esgotada, corte para a próxima
cena, intervalo, ou cutscene.
2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 65
 CONSIDERAÇÕES
CINEMATOGRÁFICAS: O QUE VEM
DEPOIS?
Escolher o conteúdo da cena seguinte é uma de-
cisão cinematográfica que você fará várias vezes a
cada sessão. Mesmo que você não decida para onde
as personagens vão, você pode decidir o que elas
encontrarão lá, mantendo as situações plausíveis na
história e sem minimizar a experiência dos jogado-
res. Por exemplo:
Jerry, Megan e Lamar decidem que as per-
sonagens estão indo para o apartamento de
um suspeito do caso, um perigoso Portal.
Embora Alice, a MC não saiba o que as
personagens vão fazer, ela pode especu-
lar que, se o suspeito estiver em casa,
a cena logo se transformará em uma briga
ou perseguição. No entanto, se ele não
estiver em casa, a cena pode envolver uma
investigação tensa e furtiva.
Já que as personagens não sabem se a PNJ
suspeita está em casa, qualquer uma das
opções é plausível. Alice, a MC, pode
escolher entre essas duas opções com base
em suas próprias considerações cinemato-
gráficas, porque nada mais força sua nar-
rativa. Se os jogadores tivessem escolhi-
do vigiar o apartamento até a chegada do
suspeito, Alice teria que narrar a cena a
partir disso.
Quando pensar sobre a próxima cena que deseja
iniciar, considere a sessão inteira como um episódio
de um programa de TV ou uma edição de história em
quadrinhos e pondere:
? O QUE ACONTECEU ATÉ AQUI? O QUE
SERIA INTERESSANTE DE VER EM SEGUI-
DA?
Use as respostas para escolher a próxima cena. Por
exemplo:
Acabamos de sair de uma longa cena de
luta. Um segundo embate pode ser chato.
Passamos as últimas duas horas da sessão
investigando. É hora de uma cena de ação!
Ainda não nos conectamos com a vida par-
ticular das personagens. A próxima cena
precisa incluir uma das PNJ do elenco de
apoio.
Nenhum poder de Mythos foi ativado nesta
sessão. Melhor colocar um Portal na cena
seguinte.
As coisas têm se desenrolado de maneira
muito linear. É hora de uma reviravolta
chocante.
66| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
A última hora foi um carrossel de emo-
ções. É hora de um intervalo, para as
personagens e os jogadores digerirem os
últimos acontecimentos.
Em seguida, decida como vai implementar sua esco-
lha. Considere as questões:
? QUE ELEMENTOS POSSO USAR PARA
CONSTRUIR A PRÓXIMA CENA?
Para narrar a cena seguinte com base em suas consi-
derações cinematográficas, você pode usar as loca-
ções, as personagens e os Perigos do caso; invocar
personagens recorrentes da série, como um dos Re-
lacionamentos Principais ou um Nêmesis (ou outras
personagens secundárias); ou improvisar, desde que a
improvisação seja consistente e plausível, consideran-
do tudo o que aconteceu na história até então.
CONSIDERAÇÕES
CINEMATOGRÁFICAS: EEEEEE...
CORTA!
CORTAR, neste caso, significa alternar entre duas
ocorrências que acontecem ou em paralelo, ou se-
quencia direta. É um artifício cinematográfico que
pode ser usado para criar suspense e construir uma
estética cinematográfica (e bastante noir) na história.
E N C E R R A N D O A C E N A CO M U M CO R-
TE
Para criar um efeito dramático, você pode declarar o
final de uma cena de repente, mudando depressa para
a cena seguinte. Pode ser uma boa escolha depois de
um momento muito emocional, cômico ou chocan-
te que tenha sido narrado por você ou por um dos
jogadores.
Jerry (interpretando a Det. Enkidu): ... e
eu digo a Gilgamesh: "Sinto muito, ami-
go... mas da próxima vez que eu te ver,
você vai morrer." E saio do escritório
dele para a noite escura e chuvosa.
Alice, a MC: Eeeeeeee.... Corta!
A cena termina quando você diz CORTA. Se algum
jogador quiser realizar mais alguma ação, terá que
fazer isso na cena seguinte ou durante o intervalo. É
por isso que essa técnica deve ser usada com parci-
mônia e delicadeza. Você só vai frustrar os jogadores,
se ficar cortando as cenas antes que eles realizem
todas as suas ações. Como alternativa para o CORTE,
você também pode optar por encerrar a cena gradati-
vamente, com um efeito conhecido como "fade out",
quando a imagem vai se apagando aos poucos. Um
"a cena VAI SUMINDO" é como um "CORTA", mas cria Essa técnica também funciona quando implementada
uma transição mais suave, que evoca um efeito mais em uma única cena. Se as protagonistas estiverem
sentimental. lidando com várias ameaças ou desafios, você pode
alternar entre as personagens para criar uma sequên-
CO RTA R PA R A O U T R A C E N A cia mais dinâmica e manter os holofotes em movi-
Quando encerrar a cena com um corte, tente descre- mento. Isso produz um efeito de corte entre diversas
ver o que acontece em seguida criando ou um con- tomadas.
traste ou uma relação entre essas duas cenas, o que Post-Mortem e Kitsune estão lutando con-
gera um efeito dramático. Você pode, por exemplo, tra um Portal monstruoso parecido com um
tubarão no convés de um navio ancorado
alternar entre uma cena violenta e uma cena pacífi-
velho e enferrujado, enquanto Fagulha
ca, ou entre uma personagem da galera e o restante procura um caixote importante no porão de
do grupo, que estão em lugares diferentes, ou quem carga. A fera imobilizou Kitsune, então
sabe entre duas cenas relacionadas cuja conexão você Post-Mortem se agacha, assumindo sua po-
deseja enfatizar. sição de atiradora, e mira com o rifle de
precisão.
Jerry (interpretando a Det. Enkidu): ... e
eu digo a Gilgamesh: "Sinto muito, ami- Grace (interpretando Post-Mortem): Eu
go... mas da próxima vez que eu te ver, quero matar o tubarão. Somando todos os
você vai morrer." E saio do escritório meus rótulos e condições, tenho um poder
de 4!
dele para a noite escura e chuvosa.
Matt (interpretando Kitsune): É melhor
Alice, a MC (cortando para uma cutscene):
funcionar, ou esse cara vai quebrar meu
Eeeeee... Corta. Cortamos para uma sala
pescoço como se fosse um palito de fós-
de conferências cintilante, toda branca,
foro.
em uma empresa. As paredes são cobertas
com gravuras de leões alados com rostos Grace: Eu digo, no rádio: “Estou com o
humanos. Os conselheiros dos Annunaki alvo na mira. Vou atirar.” E aperto o
estão reunidos, acomodados em cadeiras gatilho.
de reunião prateadas. Uma mulher idosa,
MC: Eeeeee…. Corta. Vamos ver como está Fa-
usando um sári branco, fala: "É hora de
gulha, lá nas entranhas do navio. Fagu-
acabar com Enkidu e seus comparsas. A
lha, você ouve um tiro vindo lá de cima,
mulher deveria ter morrido quando man- mas não tem tempo para pensar nisso ago-
damos que dessem cabo dela. Agora, todo ra. Você achava que estava sozinha, mas
o grupo vai ter que arcar com as conse- parece que estava enganada...
quências de desafiar os deuses.”
Jogadores: !!!!
CO RTA N D O E N T R E C E N A S PA R A L E-
L A S O U E N T R E AÇÕ E S D I F E R E N T E S
DA M E S M A C E N A
Quando a galera se divide, você pode alternar entre as
diferentes cenas em que as personagens estão envol-
vidas. Isso mantém a tensão e evita que os jogadores
cujas personagens não estão na cena esperem muito
entre as ações.
Antes de sair de uma cena, certifique-se de que os
jogadores ficaram sob os holofotes o suficiente para
avançar suas narrativas. Então, busque o momen-
to certo para passar para a cena seguinte. Uma boa
opção é cortar no meio de um movimento do joga-
dor, depois que o Poder foi calculado, mas antes de
os dados serem lançados, o que deixa todos doidos
para saber o resultado – só não espere muito antes de
voltar os holofotes para eles. Outra opção é cortar a
cena de um jogador logo depois de narrar um desen-
volvimento dramático, como por exemplo após um
movimento de MC.

2 · R E G R A S E G U I A S DA M C | 67
 ENCERRANDO SESSÕES E CASOS
A sessão termina quando seu tempo está acabando,
quando parecer um bom momento para a pausa, ou
quando um caso é concluído. O fim da sessão é como
o fim de uma HQ ou de um episódio de seriado. Pode
ou não ser o fim do caso, e pode encerrar com qual-
quer tipo de momento final: uma descoberta que lan-
ça uma nova luz sobre a investigação, um momento
solene em que os heróis contemplam o sentido (ou a
falta de sentido) da vida, ou um momento de sus-
pense que só será resolvido na sessão seguinte. Além
disso, pode ou não ser o fim do caso. Termine com um
CORTE ou FADE para os créditos finais e informe aos
jogadores que a sessão terminou. Em seguida, condu-
za o movimento Palestrinha dos Créditos (Fim da
Sessão) para todos os jogadores.
Quando um caso for concluído, narre algumas cenas
de resolução ou de intervalo, mostrando como as
personagens saem dos eventos recentes. Talvez elas
reencontrem seus afetos, felizes por estarem de volta,
mas com o coração pesado pelo que viram. Talvez
continuem investigando, ainda mais impelidas a des-
cobrir a verdade, e por aí vai. Narre as consequências
da investigação e os eventos que se seguem: a conclu-
são dos fios soltos que foram amarrados, o estado dos
envolvidos nos acontecimentos, as implicações para a
Cidade. Destaque os tópicos que não foram resolvidos
e considere encerrar com uma cutscene, construindo
suspense sobre as pontas soltas que restaram e pre-
nunciando coisas que estão por vir.
AÇÕES DA MC
DURANTE UMA CENA
Você pode realizar três tipos de ações durante uma
cena, cada uma com seu próprio tempo e regras:
As intervenções de MC são ações que você realiza
quando um jogador está sob os holofotes.
Movimentos fracos de MC são ações que você reali-
za quando está sob os holofotes, no começo ou no fim
de alguma cena, ou no tempo de passar o holofote de
um jogador para outro.
Movimentos fortes de MC são ações que você realiza
quando um jogador falha um movimento ou quando
outras regras permitem.
68| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
INTERVENÇÕES DE MC
As regras exigem que você intervenha no momento de
holofote de um jogador em diversas situações:
TRADUZINDO A HISTÓRIA EM REGRAS
Em qualquer ponto do jogo, quando algo acontece na
história, mas ainda não é refletido nas regras, você
pode introduzir novos rótulos de história para resol-
ver essa questão (lembre-se de definir a duração dos
rótulos, conforme explicado em Rótulos de História,
pág. 212 no Guia do Jogador), por exemplo:
Quando a MC descreve uma cena em um tem-
plo subterrâneo prestes a desabar, cria
os rótulos de história temporários des-
troços desabando e terreno instável.
Quando as protagonistas finalmente con-
vencem a Velha Yarna a fazer um feitiço
para eles, a MC cria o rótulo de história
contínuo feitiço de proteção.
Você também pode atribuir aos jogadores, se consen-
tido, condições, Dicas ou Gás que reflitam um desen-
volvimento na história, mesmo que esses recursos no
geral só sejam gerados como resultado de um mo-
vimento do jogador, um movimento forte de MC ou
outras regras específicas.
AC I O N A N D O M OV I M E N TO S
• Quando um jogador anuncia que vai fazer um movi-
mento, mas não descreve a ação, resolva a questão
com a pergunta: "Beleza, mas o que vemos?".
• Quando um jogador realiza uma ação que desenca-
deia um movimento do jogador, mas não indica o
movimento, pergunte se ele vai usar o movimento,
como por exemplo: “Você está Investigando?”, ou
“Você está Fazendo uma Escolha Difícil?”
• Quando um jogador executa uma ação que aciona
um movimento personalizado, ou quando um
movimento personalizado é acionado por circuns-
tâncias da história, anuncie o movimento para os
jogadores e leia a descrição em voz alta. (Leia mais
sobre movimentos personalizados no Capítulo 3:
Essa cidade é MINHA!)
D E T E R M I N A N D O O PO D E R
Quando um jogador fizer um Movimento Principal e
for determinar o Poder:
• Se necessário, determine que rótulos podem ou não
ser invocados.
• Se quiser, acione rótulos de fraqueza.
• Se necessário, determine que condições se aplicam
à ação.
D E T E R M I N A N D O O R E S U LTA D O D E
M OV I M E N TO S
• Escolha da MC Quando o resultado de um movi-
mento do jogador exige que a MC escolha um dos
desdobramentos da lista ou precise de uma escolha
do jogador, faça o que for pedido e narre o resul-
tado. Veja exemplos nos movimentos de jogador
Investigar, Agir na Encolha e Correr o Risco. Isso
também se aplica quando você controla a persona-
gem que está fazendo a escolha, como, por exemplo,
no movimento Convencer.
• Um jogador abre mão de uma opção de movi-
mento Depois que um jogador faz os movimen-
tos Partir pro Abraço ou Ir com Tudo e faz sua
escolha de resultado, você narra o que acontece com
base nas opções que não foram escolhidas e atribui
uma condição à personagem, quando apropriado ( o
jogador tem a opção de Rir na Cara do Perigo, se
puder).
• Um jogador faz uma pergunta
Quando um jogador faz uma pergunta sobre a cena,
descreva o que é fácil de ser percebido ou reconheci-
do para a personagem ou peça que o jogador Inves-
tigue e gaste uma Dica. Quando um jogador gasta
uma Dica para fazer uma pergunta, você responde
de acordo com as regras (que determinam o tipo de
resposta a ser dada), com o caso e com o que você
deseja revelar no momento, conforme explicado na
parte Dicas (pág. 227 do Guia do Jogador).
MOVIMENTOS DE MC
Seus movimentos representam alguns desenvolvi-
mentos de história que podem ser apresentados em
momentos específicos. Cada movimento descreve um
tipo de desenvolvimento ou uma aplicação das regras
(como atribuir uma condição ou queimar um dos
rótulos de uma PJ). A natureza exata do desenvolvi-
mento de história representado pelo movimento fica
a seu critério: você decide com base na situação da
cena, nas informações do caso e nas suas considera-
ções cinematográficas.
Movimentos fortes de MC são complicações e situa-
ções difíceis; você só pode fazer movimentos fortes
quando um jogador falha (tirando seis ou menos) em
um movimento de jogador, ou se as regras determi-
narem especificamente essa atitude. Observe que isso
não se aplica ao movimento de jogador Rir na Cara
do Perigo, que, quando perdido, não aciona um movi-
mento forte de MC.
Você pode fazer movimentos fracos de MC enquanto
narra, como por exemplo quando há uma pausa na
conversa ou entre os movimentos dos jogadores. Na
verdade, só existe um movimento fraco: Complicar
as Coisas. Os outros movimentos fracos permitem
que você faça um movimento forte quando em geral
só poderia fazer um movimento fraco — ou seja, sem
esperar que um jogador falhe em um movimento.
O S M OV I M E N TO S F R ACO S
• Complicar as Coisas
• Bater Só Depois de Avisar
• Opcional: acionar um rótulo de fraqueza como falha
O S M OV I M E N TO S F O RT E S
• Complicar As Coisas Pra Valer
• Negar Algo Que Estão Querendo
• Fazer Algo Horrível Acontecer
• Virar o Movimento Contra o Jogador
• Atribuir uma Condição
• Reduzir ou Remover uma Condição
• Queimar um Rótulo
• Forçar uma Escolha
MOVIMENTOS FRACOS
DE MC
COMPLICAR AS COISAS
Você introduz um novo problema na história. Este
problema ainda não é uma questão urgente, mas um
chamariz de outros problemas: se os jogadores não
resolverem direito ou se negligenciarem a questão, o
problema pode evoluir para uma ameaça significativa.
Essas complicações são sempre um obstáculo ou uma
ameaça impedindo as protagonistas de conseguirem
o que querem, seja informação, amizade, vitória,
sobrevivência, integridade moral, algum item, manter
as Identidades intactas etc. Superar este novo obstá-
culo em geral requer pelo menos um movimento de
jogador bem-sucedido.
Obstáculo na investigação: Kitsune e Pos-
t-Mortem entram no necrotério para dar
uma olhada no corpo de um empresário de
alto escalão que foi assassinado. Depois
de passarem pelos guardas e entrarem na
sala refrigerada, a MC avisa que o refri-
gerador específico que estão procurando
está trancado com um cadeado.
2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 69
 Obstáculo para obter um item: Fagulha e
Mitose estão no escritório de um renomado
colecionador de arte, tentando conven-
cê-lo a emprestar uma máscara polinésia
específica de que precisam para enfrentar
um Portal insano. A MC, interpretando o
colecionador, diz: “A máscara é um arte-
fato único, meus amigos. Vai custar muito
caro, seja em dinheiro ou em serviços.”
Ameaça à sobrevivência: Declan L'Estran-
ge e Excalibur estão nos esgotos, pa-
rados diante da carcaça de uma criatura
monstruosa que acabaram de matar, depois
de muito esforço. A MC os informa de que
ouvem o som de muitas outras patinhas de
crustáceos batendo nas paredes do túnel
de esgoto. Logo o lugar estará infestado
das criaturas.
Ameaça à identidade: Salamandra, o simpá-
tico encanador do bairro, tem a identidade
“Preciso do meu emprego para sobreviver”.
Como ele passou o dia lutando contra o
crime junto da galera, a MC disse que o
chefe dele ligou e deixou a seguinte men-
sagem: “Ei, cadê você? Tem um cano estou-
rado na Rua Cinco! Preciso de você aqui!"
BATER SÓ DEPOIS DE AVISAR
Se as personagens ignorarem ou negligenciarem uma
ameaça iminente por tempo o bastante, você pode
fazer um movimento forte contra elas, em vez de um
movimento fraco, de forma a refletir a ameaça se tor-
nando realidade. Isso pressupõe que você já alertou
os jogadores sobre a ameaça usando o movimento
Complicar as Coisas. Para usar Bater Só Depois de
Avisar, você não precisa esperar que os jogadores fa-
lhem em um movimento: pode fazer isso sempre que
estiver sob os holofotes.
70| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Ameaça à sobrevivência: Declan L'Estrange
e Excalibur continuam investigando a car-
caça da criatura que acabaram de matar,
ignorando os vários sinais das outras que
se aproximam, então a MC narra como as
criaturas chegam de todas as direções,
depois Atribui a Condição atropelados-2
às protagonistas da cena.
Ameaça à Identidade: Se Salamandra não
entrar em contato com o chefe e continuar
ignorando as mensagens, a MC pode narrar
que chega mais uma mensagem, agora com um
ultimato, Forçando-o a Fazer uma Escolha.
A quantidade de avisos que os jogadores recebem
com seu movimento de Complicar as Coisas antes de
Bater Só Depois de Avisar é variável. Dependendo
de suas considerações cinematográficas e do ritmo do
jogo, você pode querer chocar os jogadores com um
movimento forte depois de apenas um aviso, ou pode
preferir dar vários avisos, permitindo que os joga-
dores tenham tempo para lidar com outras ameaças
da cena ou criando uma atmosfera de suspense com
a ameaça iminente. No entanto, se planeja usar um
movimento forte, certifique-se de que a narrativa do
seu Complicar as Coisas deixe clara a gravidade da
situação. Em outras palavras, esse movimento requer
um aviso, como o próprio nome indica.
O uso desse movimento não precisa ser limitado a
uma única cena; pode se espalhar por várias, ou mes-
mo por diversas sessões. Por exemplo:
Alice, a MC, tem avisado a galera da
Lakeside Drive sobre uma série de incên-
dios criminosos que têm acontecido no
bairro. A cada sessão, alguém da galera
ouve falar de outro lugar pegando fogo.
No entanto, as personagens ocupadas de-
mais e nunca dão atenção à investiga-
 MOVIMENTOS FORTES
ção desses incêndios. Depois de algumas
sessões, a MC inicia o jogo com um Bater

DE MC
Só Depois de Avisar; ela faz o movimento
forte Atribuir uma Condição e impõe aos
jogadores a condição em-chamas-5 no ponto
de encontro da galera: a Lanchonete do
Louis! Quando um jogador falha em um movi-
mento, as coisas vão mal para a galera:
OPCIONAL: ACIONAR UM RÓTULO você faz um ou mais dos movimentos
fortes de MC. As consequências podem
DE FRAQUEZA COMO FALHA afetar a personagem que falhou no mo-
Se o seu grupo estiver usando a regra opcional Rótu-
vimento, ou pode envolver um ou mais
los de Fraqueza como Falhas (consulte a pág. 209 do
Guia do Jogador), você pode usar um movimento fraco
de seus companheiros de galera, toda
para invocar o rótulo de fraqueza de uma personagem a galera ou outras personagens e obje-
como uma falha. Isso permite que você faça um mo- tos na cena. Embora quase sempre seja
vimento forte contra a personagem sem esperar por suficiente usar um único movimento
uma falha de movimento. O jogador marca Atenção forte, você não está limitada a apenas
no tema correspondente ao rótulo acionado. um por falha do jogador. No entanto,
A galera está investigando a cena de um observe que quanto mais movimentos
fortes fizer, mais extremas serão as
crime que aconteceu em público; fica em
uma praça cercada por centenas de tran-
seuntes, vários esquadrões da polícia e consequências; tome o cuidado de não
diversos holofotes. Mitose, a aberração
gigante com o corpo coberto de tumores,
frustrar os jogadores com consequên-
entra na cena do crime junto com o res- cias graves demais para cada falha.
tante da galera, coberto com uma enorme
capa de chuva amarela. No entanto, Mi-
tose tem o rótulo de fraqueza monstruo- COMPLICAR AS COISAS
PRA VALER
so, e a MC aproveita a oportunidade para
fazer um movimento fraco e invocar esse
rótulo como falha. O jogador marca Aten-
Você introduz uma nova crise na história ou transfor-
ção, e a MC faz o movimento forte Compli-
car as Coisas pra Valer: "É o assassino, ma um problema existente em uma crise. A crise é uma
ele é uma aberração!" grita alguém, e a ameaça real e imediata para as protagonistas e pode
praça mergulha em um pandemônio; muitos lhes custar muito em um futuro muito próximo. A crise
dos transeuntes fogem, mas alguns atacam pode afetar o bem-estar das personagens principais,
Mitose com xícaras de café e garrafas de
suas vidas, as personagens do elenco de apoio, o curso
água, e a polícia se aproxima para deter
aquele hulk suspeito. das investigações, o estado das coisas na Cidade etc.

2 · R E G R A S E G U I A S DA M C | 71
 Mitigar a crise em geral requer vários movimentos
de jogador bem-sucedidos e / ou força os jogadores a
sacrificar recursos do jogo (como marcar Dissipação ou
Quebra, queimar rótulos, gastar Gás etc.).
Kitsune e Post-Mortem entram sorrateira-
mente no necrotério para dar uma olhada
no corpo de um empresário de alto es-
calão que foi assassinado. Enquanto se
esgueiram pelos guardas, Kitsune escor-
rega (falhando no movimento), alertando
os guardas. A MC diz aos jogadores que
os guardas dispararam o alarme, pedindo
reforços da estação próxima. Em breve,
a polícia fará uma barricada e invadirá
o necrotério.
Declan L'Estrange e Excalibur estão nos
esgotos, parados diante da carcaça de
uma criatura monstruosa que acabaram de
matar, depois de muito esforço. Declan
tenta Investigar a criatura morta e fa-
lha no movimento. A MC narra que a cria-
tura se debate mais uma vez, atingindo o
chão do túnel com uma força imensa, cau-
sando um desmoronamento. As personagens
caem em uma cisterna abaixo do túnel.
Enquanto espanam a poeira do corpo, os
dois reparam que estão em um ninho fer-
vilhando com as crias da criatura!
Sullivan e seu interesse amoroso, Mar-
go Falls, estão em uma fábrica de me-
tal, imobilizados pela mira da arma do
ex-parceiro de Sullivan, Ale Sánchez. O
repórter tenta desarmar Sánchez usando
Partir pro Abraço, mas falha. A MC de-
termina que Sullivan pega a arma, mas
Sánchez derruba Margo e a segura por
cima da grade, logo acima de um tonel
gigante, cheio de aço derretido e relu-
zente. "Mais um passo, Sully, e eu frito
ela!"
NEGAR ALGO QUE ESTÃO
QUERENDO
Você declara que algo que as personagens desejam
não está mais ao alcance, pelo menos não na cena da
vez. Uma testemunha pode escapar, um item pode ser
roubado, ou um curso de ação pode acabar colocando a
galera em um beco sem saída ou se revelando impos-
sível.
Negando um item: Fagulha e Mitose estão no
escritório de um renomado colecionador de
arte, tentando Convencê-lo a emprestar uma
máscara polinésia específica de que preci-
sam para enfrentar um Portal insano. Quan-
do Fagulha falha na rolagem, a MC, inter-
pretando o colecionador, diz: “Eu já vendi
a máscara. E foi para o seu inimigo!”
72| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Negando informações: A Detetive Enkidu
faz uma batida na boate Ambrosia em busca
de informações sobre um caso de assassi-
nato, então pergunta aos clientes se al-
guém conhecia a vítima. Quando ela falha
no movimento de Investigar, a MC determi-
na que todos no clube estão com os lábios
selados e que a detetive percebe que estão
todos com medo de algo muito pior do que
problemas com a polícia. Dois seguranças
se aproximam dela na pista de dança e, ao
descobrirem que Enkidu não tem mandado, a
escoltam pela porta dos fundos.
FAZER ALGO HORRÍVEL
ACONTECER
Descreva um desenvolvimento chocante, gerando
efeito emocional. Pode ser uma perda trágica, um
ferimento horrível ou até mesmo a morte repentina
de uma PNJ, uma perda pessoal de uma personagem
principal, uma tragédia ou catástrofe na Cidade, etc.
Sullivan e seu interesse amoroso, Mar-
go Falls, estão em uma fábrica de me-
tal, imobilizados pela mira da arma do
ex-parceiro de Sullivan, Ale Sánchez. O
repórter tenta desarmar Sánchez usan-
do Partir pro Abraço, mas falha. A MC
determina que Sánchez atira, mas Margo
se lança para proteger Sullivan e acaba
levando um tiro no coração. Lamar, que
interpreta Sullivan, pode então narrar
os trágicos momentos finais.
Quando a Lobo Mau está prestes a reve-
lar seu plano maligno no canil, Camarada
salta sobre ela e tenta imobilizá-la, mas
falha no movimento. A Lobo Mau lança o
aposentado contra a parede e ri loucamen-
te enquanto destranca remotamente todas
as portas do canil. Em vez de cachor-
rinhos fofos, uma horda de lobisomens
pardos sai de cada cela e se espalha pela
cidade, famintos e violentos.
VIRAR O MOVIMENTO CONTRA O
JOGADOR
Descreva um resultado semelhante ao que a perso-
nagem estava tentando alcançar com a ação, mas, em
vez disso, com implicações negativas.
Durante um baile de caridade, a glamorosa
Excalibur tenta enganar um charmoso mag-
nata do petróleo de meia-idade, querendo
informações sobre os negócios dele, que a
galera suspeita estar ligado a atividades
criminosas. Quando ela falha no movimento
de Investigar, a MC determina que o magnata
não foi apenas seduzido por Excalibur: ele
 está apaixonado! A partir de agora, esse ho-
mem poderoso tenta passar o máximo de tempo
possível com a personagem... o que pode ser
um problema, visto que ela gasta muito tempo
participando de atividades clandestinas con-
tra ele e seus sócios.
ALERTA DE GATILHO?
Antes de introduzir desenvolvimentos que
possam chocar, causar repulsa ou perturbar os
jogadores, certifique-se de saber se eles estão
confortáveis com a situação a ser narrada. Cada
jogador gosta de um tipo de história, e cabe a
você ajustar a narrativa ao grupo ou encontrar
outros jogadores para quem narrar. Sem entrar
nos detalhes do caso, você pode alertar o grupo
sobre qualquer conteúdo capaz de gerar gatilhos
que possa aparecer na narrativa, para que eles
aprovem a presença desses elementos na histó-
ria, ou para fazer os ajustes necessários.
ATRIBUIR UMA CONDIÇÃO
Atribua uma condição com rótulo e qualificador à
sua escolha para uma personagem do jogador, uma
personagem aliada, ao objeto de alguma protagonista
ou a uma PNJ. Você pode afetar um único alvo, vários
alvos, qualquer pessoa dentro de uma área ou que
atenda a condições específicas etc.
Narre o desenvolvimento que inflige a condição e a
descreva. Determine o rótulo e o qualificador, que
devem refletir a natureza e a gravidade da condição
que o alvo sofreria se atingido pelo efeito completo.
A natureza do efeito define a dificuldade de se defen-
der da condição: se é possível tentar um movimento
de Rir na Cara do Perigo e que rótulos de poder
podem ser relevantes, se houver algum. Por exemplo,
se defender de um soco que causaria uma condição
machucado-2 exigiria habilidades diferentes daquelas
necessárias para se defender de uma maldição antiga
que causa transformado-em-pedra-5.
Se o recipiente da condição for uma personagem de
jogador ou um de seus aliados ou objetos, o jogador
da personagem pode Rir na Cara do Perigo para
tentar reduzir ou ignorar a condição, assumindo que
a personagem seja capaz de fazer isso. Você também
pode decidir que a personagem está em uma situação
tão mortal, sem esperança ou sem saída que não há
como Rir na Cara do Perigo.
Se o recipiente da condição for uma personagem não
jogadora ou objeto, assume a condição completa.
Movimentos de Perigo relevantes capazes de modifi-
car a condição também se aplicam. E você pode usar
esse movimento para atribuir uma condição positiva a
um Perigo que esteja competindo diretamente com as
protagonistas, como cobertura-2. Leia mais sobre con-
dições e perigos no Capítulo 3: Essa cidade é MINHA!
Leia mais sobre Condições na pág. 218 do Guia do
Jogador.
Sullivan entra em uma briga de faca com um
hooligan RED CAP nas docas. Ele falha no
movimento Partir pro Abraço, então a MC
descreve o RED CAP desviando depressa com
uma jogada de pés e fincando a faca entre
as costelas de Sullivan, definindo que o
efeito total da punhalada seria uma condi-
ção corte-sangrento-3. Como Sullivan ainda
tem a armadura espectral e a jaqueta de
couro surrada, a MC determina que ele pode
Rir na Cara do Perigo.
Não muito longe dali, Post-Mortem não
tem tanta sorte. Ela está se esgueiran-
do por um labirinto de contêineres para
tentar surpreender Stanislaw, o Vil, e
seus contrabandistas. Infelizmente para
ela, Post-Mortem falha no movimento Agir
na Encolha. A MC determina que a persona-
gem está cercada-3 e que não pode Rir na
Cara do Perigo para evitar essa condição,
já que, quando Post-Mortem enfim percebe
a enrascada, os contrabandistas já estão
em posição, apontando as submetralhadoras
para ela.
REMOVER OU REDUZIR UMA
CONDIÇÃO
Reduza o qualificador de qualquer condição no jogo em
qualquer quantidade de qualificador ou a remova com-
pletamente, se apropriado. Isso pode afetar as condições
positivas que as personagens da galera possam ter ou as
condições negativas de Perigos.
Camarada está se escondendo do Portal do
Ogro, que procura por ele em uma unida-
de de armazenamento. A personagem conse-
gue um sucesso em Virar o Jogo em troca
de uma condição escondido-2 e se abriga
dentro de uma caixa de papelão. Ele então
usa Agir na Encolha para escapar da uni-
dade de armazenamento ainda escondido na
caixa... e falha. Quando o Ogro rasga o
papelão, a MC remove a condição escondi-
do-2 de Camarada.
Você também pode usar esse movimento para re-
mover qualquer quantidade de pontos de Gás que
um jogador tenha acumulado. Descreva um desen-
volvimento de história apropriado para explicar que
2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 73
 a vantagem conquistada anteriormente não é
mais relevante.
Declan L'Estrange acaba em uma briga
de tiro mortal com o Portal de Ar-
temis, a deusa da caça. No início da
luta, ele usa sua misteriosa distor-
ção de realidade, as premonições e a
velocidade de reação subconsciente
para Virar o Jogo e ganhar 3 de Gás,
que guarda para depois. Mais tarde,
Declan falha em Ir Com Tudo. A MC
determina que ele recebe um ferimen-
to insignificante, mas que o golpe o
deixa desorientado, então a vantagem
sobre Artemis não é tão significativa
quanto antes, e o Gás acumulado é re-
duzido de 3 para 1.
74| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
CONSIDERAÇOES
CINEMATOGRÁFICAS: QUE
MOVIMENTO DE MC DEVO USAR?
Escolher os movimentos de MC e as intervenções que
vão moldar a história é parte central da narrativa de
City of Mist, e muito disso se resolve escolhendo o
movimento de MC ideal para criar o efeito desejado.
Assim como decidir qual cena narrar em seguida e o
que incluir na narrativa, o uso de movimentos e inter-
venções de MC deve ser orientado por considerações
cinematográficas. Como antes, é preciso pautar as
decisões pela questão:
? O QUE ACONTECEU ATÉ AQUI? O QUE
SERIA INTERESSANTE DE VER EM
SEGUIDA?
Use a resposta para decidir como desenvolver a
cena, como por exemplo:
O suspense está aumentando, mas não che-
gou no ponto ideal. Vou deixar que inves-
tiguem um pouco mais...
O suspense está no ápice, e os jogadores
estão ligados; é hora de revelar a verda-
de horrível.
Este conflito está meio sem sal. Vamos
aumentar a aposta com alguns reféns.
Esta personagem está fazendo a galera
rir, mas todos deveriam estar é com medo;
vou narrar a personagem fazendo algo
violento, para que a galera saiba que ela
está falando sério.
Você pode usar movimentos e intervenções de MC
para iniciar ou concluir uma cena com um toque dra-
mático, controlar o ritmo da narrativa, mudar a natu-
reza da cena (de ação para investigação, por exemplo),
controlar o nível de desafio etc. Aqui estão algumas
sugestões sobre como fazer isso:
Antes de tudo, saiba que nem todo movimento forte
de MC deve introduzir novos elementos de história
e desenvolvimentos na cena. Na maioria das vezes, a
cena está se desenrolando perfeitamente, e você não
precisa fazer nenhum ajuste. Por exemplo: se uma
cena de luta já está se desenrolando, às vezes não
há necessidade de adicionar mais complicações. Use
Atribuir uma Condição ou Queimar um Rótulo
para aumentar o nível de desafio sem adicionar novos
elementos de história. Narre o movimento com um
toque cinematográfico, então relaxe e deixe os joga-
dores assumirem.
Complicar as Coisas e Complicar as Coisas pra Va- movimento também dá aos jogadores a chance de
ler introduzem uma ameaça que aumenta a tensão e / experimentar um RPG envolvente e de revelar um lado
ou o risco de uma cena enquanto aumenta o nível de mais emocional da personagem, se quiserem. Só não vá
desafio. São movimentos que devem ser usados para exagerar: o público pode criar resistência, fazendo com
criar suspense ou agregar a uma cena muito lenta ou que o horrível pareça ridículo.
que se resolve depressa demais e você sente que o
Forçar Uma Escolha pode ser usado para criar
público – ou seja, você e os jogadores – quer que algo
suspense, fazendo as protagonistas e os jogadores
emocionante aconteça (mas primeiro tente avaliar:
terem que lidar com o sacrifício de algo valioso para
quer mesmo?). O tipo de complicação apresentada
conseguirem o que querem. Pode ser um bom desafio,
pode impulsionar a narrativa ou mudar completa- dependendo do que você colocar na balança, o que
mente a direção da história. vai mostrar a determinação ou a coragem das perso-
Post-Mortem e Kitsune estão lutando con- nagens; ou pode ser um dilema impossível, que dá à
tra um Portal monstruoso parecido com série uma atmosfera mais pessimista e brutal. Este
um tubarão no convés, enquanto Fagulha
movimento também pode ser usado como uma opor-
procura um caixote importante no porão de
carga. Para azar dela, Fagulha falha no tunidade de colocar uma personagem no centro das
movimento Investigar. atenções e fazer com que ela revele suas verdadeiras
cores, até para si mesma. Deixe o palco livre para o jo-
A MC decide Complicar as Coisas Pra Va-
ler. Ela considera várias opções: (a) gador, para que ele aproveite o momento ao máximo.
soltar outro monstro meio tubarão no Dependendo das implicações que você atribuir, Virar
porão de carga, revelando que há mais de
o Movimento Contra o Jogador pode ter um resul-
um; (b) informar que o navio começa a se
mover, saindo do porto; ou (c) introduzir tado cômico, irônico ou completamente deprimente.
um dos Nêmesis de Fagulha na cena, levan- Faça com que seja cômico para melhorar o clima
do a narrativa para uma nova direção. quando ficar muito deprimente ou intenso. Faça com
Ela elimina a última opção: a cena já que seja irônico ou sombrio se quiser aumentar a difi-
está bem envolvente, não há necessidade culdade e dureza da série, mostrando que o destino é
de complicá-la com um Nêmesis. Entre as cínico e cruel.
duas primeiras opções, Alice decide que
o navio comece a se mover. Isso coloca a Queimar um Rótulo também pode ser usado para in-
pressão do tempo na galera e tem o poten- terromper o tempo de tela fornecido a um recurso de
cial de separar o grupo, se as persona- protagonista que está sendo usado excessivamente.
gens não se apressarem. Se o jogador não para de usar o revólver, o charme ou
Você pode escolher as complicações que vai apresen- o ajudante furtivo da personagem, retirar esse rótulo
tar a partir dos detalhes do caso, como as característi- permitirá que o público veja como a personagem lida
cas de uma locação ou de um Perigo, ou pode impro- com os desafios de outra maneira.
visá-las com base no seu bom senso.
Negar Algo que Estão Querendo pode ser usado
para criar um beco sem saída instantâneo, o que é
útil para encerrar cenas que se prolongam demais.
Deve ser usado só depois que as personagens tiveram
a chance de tentar resolver as coisas, mas falharam;
certifique-se de que ainda haja vias de investigação
em outros lugares, para não interromper a trama. Este
movimento também dá aos jogadores um gostinho do
fracasso, dificultando a resolução da história confor-
me oportunidades e vantagens são perdidas.
Fazer Algo Horrível Acontecer pode ser usado
para trazer um tom mais sombrio e sério à sessão. Se
a história estiver muito alegre ou cômica, use esse
movimento para fazer as protagonistas enfrentarem
desdobramentos realmente duros de suas ações. Este

2 · R E G R A S E G U I A S DA M C | 75
 QUEIMAR UM RÓTULO
Você queima um dos rótulos de poder ou de história
da personagem, ou um rótulo de poder da galera ou de
um tema extra. Diga ao jogador para marcar o ícone de
queima ( ) ao lado do rótulo (ou descartá-lo, se for um
rótulo de história temporário ou contínuo). O rótulo
queimado pode ser recuperado normalmente. Queimar
um rótulo representa uma habilidade, item, aliado ou
recurso que é temporariamente inutilizado (consulte
Queimar Rótulos, pág. 209 no Guia do Jogador).
Durante uma luta contra Morgana, Exca-
libur golpeia sua inimiga mortal com o
movimento Ir Com Tudo. Infelizmente, ela
falha. A MC determina que Morgana blo-
queia o ataque com um feitiço das trevas
que se prende à pulseira da Excalibur
(sua Relíquia) e a impede de se transfor-
mar em arma. A MC queimou o rótulo pode
se transformar em qualquer arma.
FORÇAR UMA ESCOLHA
Descreva um desenvolvimento que force um jogador
a escolher entre dois resultados indesejáveis, ambos
movimentos fortes de MC. Por exemplo:
Sullivan está perseguindo um assassino no
teto de um vagão do metrô em alta veloci-
dade. Ele falha no movimento Partir pro
Abraço. A MC determina que um túnel mais
baixo se aproxima e o assassino se abai-
xa para escapar. Sullivan poderia fazer
o mesmo, mas não tem tempo para mirar a
espingarda de cano cerrado. Ele pode es-
colher entre largar a espingarda de cano
cerrado (Queimar um Rótulo) ou pular do
trem e perder o assassino de vista (Negar
Algo Que Estão Querendo).
A Det. Enkidu está enfrentando os lobi-
somens da Lobo Mau pelas ruas da Cidade.
Ela falha em Correr o Risco, na tentati-
va de afastar um homem de um lobisomem,
então a MC oferece uma escolha: levar uma
mordida-horrível-4 sem Rir na Cara do
Perigo (Atribuir uma Condição) ou assis-
tir ao homem ser devorado pelo lobisomem
(Fazer Algo Horrível Acontecer).
Se a escolha oferecida for baseada apenas nas cir-
cunstâncias, o jogador decide, então sofre o resultado
indesejável.
Se uma ou mais das opções envolver os Mistérios ou
Identidades da personagem ou da galera, o jogador
decide se invoca o movimento Fazer uma Escolha
Difícil. Leia mais sobre os dilemas de Mistério e de
Identidade em Fazer uma Escolha Difícil, na pág. 254
do Guia do Jogador.
76| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Salamandra tenta Convencer o chefe a ali-
viar para o seu lado mais uma vez (para
que ele possa salvar a Cidade). Quando o
jogador falha no movimento, a MC, inter-
pretando o chefe, dá um ultimato: "Este-
ja aqui em exatamente uma hora, ou está
demitido." Salamandra deve escolher: se
negligenciar seu dever para com a Cida-
de, haverá uma crise (Complicar As Coisas
Pra Valer); no entanto, se não o fizer,
perderá o emprego (Negar Algo Que Es-
tão Querendo). Tyrone, que está jogando
com Salamandra, decide que a personagem
está Fazendo uma Escolha Difícil. Além
dos efeitos do movimento forte de MC, ele
também marca Atenção ou Quebra em seu
tema de Rotina, de acordo com sua esco-
lha.
Não é necessário um movimento forte de MC para que
o jogador tenha que Fazer uma Escolha Difícil ou
para você orquestrar um dilema. Às vezes, o movi-
mento fraco de MC Complicar as Coisas pode ser
suficiente para colocar a personagem na posição de
encarar uma escolha difícil. No entanto, usar este mo-
vimento forte de MC permite que você introduza mais
pressão, forçando a personagem a resolver a questão
na hora, sem pensar, e fazer a escolha.
COMO NARRAR
CITY OF MIST
O tom e a atmosfera de City of Mist são
inspirados nos quadrinhos neo-noir. As
diretrizes de narração apresentadas a
seguir ajudam a capturar a essência de
City of Mist ao narrar o jogo.
ENFATIZAR A ATMOSFERA
Ao apresentar uma cena de City of Mist, dê bastante
atenção à atmosfera.
Em vez de simplesmente nomear a locação, comece
com uma descrição dramática do ambiente no momen-
to, mesmo que as personagens já conheçam o lugar.
Uma descrição dramática não precisa ser grandiosa;
o que faz diferença são as palavras usadas, não a du-
ração do discurso. Locações como o Hotel Royal Plaza
ou o Cabaré do Centro devem ser descritas com um
toque de drama. Edifícios abandonados ou em ruínas
podem ser assustadores ou isolados. Locações pro-
saicas, como um ponto de ônibus ou uma lanchonete,
podem ser descritas como simples, cotidianas e sem
graça, o que lhes confere um toque de melancolia.
Se as personagens estiverem do lado de fora, tiverem
acabado de entrar ou ficarem parados perto da porta,
narre o clima para os jogadores. Chuva torrencial é
um favorito do gênero noir. Descreva o ar: névoa, va-
por e fumaça são maneiras comuns de as Brumas es-
conderem o que não querem que seja visto. Poluição e
fumaça dão à cena um toque urbano. Cheiros podem
não ter lugar em um filme, série de TV ou história em
quadrinhos, mas fazem maravilhas para aumentar
a imersão em um RPG. Quando começar uma nova
cena, narre os odores que pairam no ar: um perfume
de mulher, resquícios de fumaça de charuto, o fedor
do esgoto ou o cheiro acre de pólvora queimada.
A iluminação é outra característica importante do
gênero noir; as cenas que você descreve devem ser es-
curas, com luzes fortes e sombras profundas criando
contraste. Uma personagem pode estar sentada diante
de uma mesa, à noite, com a luz néon iluminando
apenas seus olhos e sua mão, que segura uma arma. O
que está à vista faz você se perguntar sobre as coisas
que não vê, aumentando a tensão.
Use efeitos sonoros ou descreva sons para aumentar a
imersão dos jogadores. Passos apressados, o clique da
trava de segurança de uma arma ou alguém tentando
quebrar uma fechadura aumentam o suspense se as
personagens não conseguem ver o que está acontecen-
do. Música de fundo melancólica, sobretudo canções
antigas de jazz, ajudam muito a definir a atmosfera.
Às vezes, até texturas podem contribuir para a
atmosfera: quando uma personagem toca em algo
na cena, como quando está deitada no asfalto com o
rosto em uma poça d'água ou quando dança com o
homem de terno de linho branco, descreva a sensação
do tato para o jogador.
MC: Você desce um pequeno lance de escadas
saindo do nível da rua, deixando a noi-
te tempestuosa para trás enquanto fecha a
pequena porta de madeira. A música celta
tradicional e alegre, a fumaça do cigarro
e as gargalhadas estrondosas tomam seus
sentidos de assalto. Cheiros de cerveja
e uísque defumado enchem o ar. Olhando
ao redor, o lugar parece um pub acolhe-
dor da classe trabalhadora, mas você não
se sente nem um pouco confortável. Nos
cantos não iluminados pela luz vermelha e
fraca, você nota estivadores e bandidos
ruivos te encarando com desconfiança. Tem
um revólver no balcão reluzente, junto de
caixa de balas e um canivete que parece
bem afiado. Pois bem, parece que você en-
controu os Boina Vermelha.
CRIE PERSONAGENS REAIS E
HUMANAS
Quando apresentar uma personagem à história, ajude
os jogadores a imaginá-la enfatizando a persona
mundana, em vez dos aspectos lendários (se ela tiver
algum). Em outras palavras, descreva que tipo de
pessoa as protagonistas veem: é uma sem-teto sábia?
É um político esperto, mas sem um tostão furado? São
milicianos da selva de concreto, só esperando para ver
como você reage?
Dê às personagens camadas emocionais. Persona-
gens de filmes noir são quase sempre falhos e vul-
neráveis, mesmo quando parecem muito seguros de
si. Embora por fora possam apresentar uma barreira
emocional impenetrável, abrigam emoções intensas
por dentro. Ou podem ser sociopatas de sangue frio
fingindo emoções para esconder suas verdadeiras
intenções, para que os jogadores nunca saibam no
que acreditar. Crie uma detetive de polícia violenta
ou deprimida ou um traficante muito cavalheiro; faça
uma testemunha chorar, mas diga aos jogadores que
o arroubo emocional parece muito calculado; semeie
medo, luxúria ou astúcia nos corações dos residen-
tes da Cidade, que vai ser descrita através dos olhos,
vozes e mãos inquietas deles, mas não através de suas
palavras. Tenha cuidado para não divulgar nenhuma
pista na descrição; considere guardar alguns deta-
lhes para quando um jogador gastar uma Pista para
perguntar a respeito.
MC: O oficial O'Rielly parece um jovem que
já viu de tudo. As olheiras indicam que
ele não tem dormido bem, talvez tenha um
bebê em casa. Seus olhos azuis, inten-
sos e tristes como as ondas do mar, lhe
encaram com cautela por trás do ombro do
sargento.
Jogador: Vou gastar uma pista para pergun-
tar: ele está escondendo alguma coisa?
MC: Você olha bem para ele e percebe: aque-
les olhos não são de um pai insone. São
os olhos de alguém que viu algo que não
consegue tirar da cabeça. Algo horrível.
MANTENHA O MISTÉRIO
Para criar uma sensação de mistério no jogo, preste
atenção ao que revela e a quanto revela. Um bom mis-
tério nunca se desvela todo de uma vez: a verdade vem
aos poucos, a cada detalhe ou sugestão. É possível lar-
gar essas pistas por uma sessão inteira, ou mesmo uma
temporada ou série, antes que a verdade seja finalmen-
te exposta. Sempre dê aos jogadores o mínimo possível
de informação necessária para despertar seu interesse
2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 77
 e o máximo de tempo para questionar; faça-os traba-
lhar duro para descobrir.
Faça parecer que nada é o que parece. A Cidade das
Brumas é só um verniz, uma realidade que cobre os
olhos das pessoas comuns e esconde uma realidade
maior. Mas pequenas coisas sempre se filtram pelas
Brumas: reflexos nas vitrines das lojas, bandos de
corvos se comportando de maneira estranha, o vento
uivando entre os arranha-céus. Em vez de enfatizar
esses detalhes, faça comentários de passagem, como
se os mencionasse de improviso. Quando força os jo-
gadores a caçar as pistas da busca do tesouro, você os
confronta com o fato de que as Brumas estão escon-
dendo a verdade deles.
Descreva francamente os sentimentos e intuições
das personagens dos jogadores. Não se trata apenas
do que elas podem perceber com os cinco sentidos, mas
também do que não podem perceber, mas sentem com
de outras formas. Talvez os pelos dos braços se ericem
ou o estômago se agite quando entram em um prédio
corporativo, embora tudo pareça normal. Ou talvez se
sintam inexplicavelmente atraídas por alguém.
Sugira um Mythos, mas nunca o revele. Quando
um novo Portal entrar no jogo ou revelar seus pode-
res, não deixe os jogadores saberem de cara qual é
o Mythos. Em muitos casos, os poderes de um Por-
tal podem ser resultado de qualquer um dos vários
Mythoi, e os jogadores tendem a gostar de tentar
descobrir qual é. As personagens com certeza não
sabem muito bem, então não revelar o Mythos ajuda
a manter as coisas vagas. Mesmo quando os jogadores
decidem “este deve ser o Homem de Lata”, não con-
firme nem negue, só continue se referindo ao Portal
com os termos que já estava usando, ou fale "a pessoa
que você chama de 'O Homem de Lata'...", sem nunca
declarar isso como fato.
Nunca fale da metafísica do jogo durante a
interpretação. Quase ninguém da Cidade sabe o
que são as Brumas, os Mythoi e os Portais e, mesmo
quando alguém sabe, não usa os termos do sistema
para descrever essas coisas. Para essas pessoas, é tudo
um grande fenômeno misterioso. Mesmo um Avatar
com plena consciência tem mais chance de chamar
seu Mythos de “o deus dentro de mim” do que “o meu
Mythos”, e ninguém vai usar a palavra “Logos” para
descrever suas vidas mundanas. Quando você narrar
PNJs, descreva sentimentos e percepções vagos, em
vez de um entendimento técnico.
Além disso, o gênero noir não lida com metafísica.
Mantenha as histórias pé no chão (ou na sarjeta) e evite
discussões elaboradas sobre a natureza cosmológica da
78| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Cidade das Brumas. Personagens comuns tendem a se
concentrar nas próprias vidas e em seus problemas, não
em maluquices místicas.
FAÇA PERGUNTAS PROVOCATIVAS
Noir é muito sobre o indivíduo, seus dilemas, sua jor-
nada. Sempre que apropriado, pergunte aos jogadores
sobre as personagens. Cada pergunta deve revelar
um detalhe que tenha significado na história, então a
resposta interessa ao grupo como público.
• Como sua personagem se sente a respeito disso?
• O que você acha que vai acontecer com o bairro
depois disso?
• Quem cuida do seu filho quando você sai?
• Quem sua personagem gostaria que morresse?
Perguntas fora de personagem aumentam o suspense,
fazendo os jogadores pensarem: “Por que a MC está
me perguntando isso? O que vai acontecer no nosso
futuro?”
Baseie-se nas respostas dos jogadores. Use os
detalhes para criar um vínculo mais forte entre as
personagens e o caso.
MC: Fugindo de você, o fugitivo cuspidor
de fogo mentalmente instável invade a
lanchonete do Louis, que acabou de ser
reformada, e agarra uma das garçonetes
pelo braço, fazendo-a de refém. Jerry,
quem é a garçonete favorita de Enkidu na
lanchonete do Louis? Se ainda não sou-
ber, invente.
Jerry: Ah... é... Acho que seria a Aimy.
Ela sempre me cumprimenta com um sorri-
so, mesmo quando estou carrancuda.
MC: Ótimo, então é a Aimy. Claro que esse
fugitivo não sabe que ela é sua favori-
ta, mas hoje não é o seu dia.
Quando as regras mandam você fazer uma per-
gunta aos jogadores, faça valer a pena. Quando
um jogador tem um resultado 7 a 9 no movimento
Investigar, você pode optar por fazer uma pergunta
a ele. Neste caso, não é só o público que descobre a
resposta, mas também um ou mais personagens da
cena, caso ou série. A PNJ que gera a pergunta passa a
saber essas informações como se tivesse investigado a
personagem principal.
Quando você fizer a pergunta, pense na personagem
não-jogadora (ou na força) que está investigando e no
que ela mais gostaria de saber sobre a protagonista,
a galera, seus planos etc. Você não precisa nomear o
PNJ que está investigando, mas pode, se achar que
serve aos seus propósitos dramáticos. Você pode usar
essas informações fornecidas pelo jogador para ajudar ticais formando quadrados, ou um grid, então crie um
a tomar decisões futuras sobre o enredo: que cenas esboço do cenário. Não precisa ser nada muito profis-
iniciar, quem deve ser o alvo, que desenvolvimentos sional, basta servir para esclarecer quem está onde.
específicos narrar com movimentos de MC etc.
No exemplo acima, se a Det. Enkidu ti-
vesse tirado um 7 a 9 no Investigar e
FAÇA A CIDADE PARECER VIVA
a MC optasse por fazer uma pergunta, o Pense na Cidade como uma metrópole viva e
próprio fugitivo saberia que Aimy era a em constante mudança. As coisas mudam mesmo
favorita da detetive.
quando as personagens não estão presentes. Um carro
MC: O fugitivo percebe sua expressão quan- poderia ter batido em um hidrante apenas 10 minutos
do se aproxima de Aimy, então chega à antes de as personagens chegarem ao local. Alguém
conclusão óbvia e a escolhe como refém.
pode ter matado o chefe da máfia na noite em que
Que pena para ele.
ele foi preso. Pode haver eleições, um grande jogo
Outra alternativa é decidir que o inimigo de esportes ou um desastre natural. Trabalhe essas
da Det. Enkidu, Gilgamesh, está obser-
pequenas coisas na narrativa para fazer a Cidade
vando o jantar de longe com binóculos.
Sem nomear Gilgamesh, a MC pergunta a parecer um lugar real, que existe independentemente
Jerry qual é a garçonete favorita da de- das protagonistas.
tetive, e ele responde da mesma forma.
A cena pode continuar normalmente, mas Pense fora da tela. Vilões e testemunhas não ficam
a MC anota que Gilgamesh descobriu um só sentados, esperando as personagens principais
detalhe sobre a Det. Enkidu. Mais tar- aparecerem. Eles vivem suas vidas, planejam e promo-
de, a MC planeja iniciar uma cena em que vem seus esquemas ou fazem compras com os filhos.
Gilgamesh sequestra a garçonete e a usa Quando precisar decidir que desenvolvimento de
para atrair a detetive para uma armadi-
história apresentar, considere o que as personagens
lha.
não-jogadores no caso (e na série) fizeram enquanto
a galera estava ocupada com outra coisa. Na próxima
MANTENHA A CONSISTÊNCIA vez que as protagonistas encontrarem essas pessoas,
elas podem estar executando o plano ou aproveitando
Para que sua Cidade das Brumas seja mais realista,
os frutos de suas ações.
os elementos da história, como personagens, locais
e eventos, devem permanecer consistentes ao longo
da série. Personagens que aparecem repetidamente
devem ser familiares e previsíveis (mesmo que você
planeje usá-los para surpreender a galera, em algum
momento). Os aspectos do pano de fundo da história,
como locações regulares, o clima, os serviços da Cida-
de, as tendências sociais etc., se tornarão uma parte
memorável da Cidade se fizerem aparições recorren-
tes.
Faça anotações. Acompanhe o que acontece na
Cidade, até o menor detalhe. Quando improvisar uma
nova personagem não-jogadora ou uma nova locação,
anote o nome e alguns detalhes a respeito. Quando
alguém contar um boato à galera, anote-o; mais tarde,
isso pode evoluir para um caso. Mantenha um arquivo
com os detalhes de todas as personagens recorrentes.
Da próxima vez que os incorporar à história, certifi-
que-se de que sejam consistentes com o que apareceu
na série até então.
Desenhe mapas e diagramas. As pessoas visualizam
os espaços de maneira diferente, então desenhos aju-
dam a manter todos na mesma página. Quando narrar
uma cena que enfatiza as posições dos membros da
galera, faça um esquema de linhas horizontais e ver-

2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 79
 CONSIDERAÇÕES
CINEMATOGRÁFICAS: NARRATIVA
Você e os jogadores podem empregar termos do mundo
dos filmes e das histórias em quadrinhos para dar um
aspecto mais cinematográfico à série. Por exemplo:
• "A câmera", o ponto de vista do qual a cena é descri-
ta, como "Você soca o meliante com tanta força que
o sangue respinga nas lentes da câmera."
• PANORÂMICA (a câmera se move para os lados ou
para cima e para baixo sem dar zoom), como em:
“Um grande desfile de alegres residentes da Cidade
avança pela rua em torno de um boneco de dragão
gigante. Conforme a câmera gira para a esquerda,
uma figura maligna é vista em um beco, desem-
bainhando uma longa katana.”
• ZOOM, como em: “Conforme você observa o con-
dutor do trem, a câmera dá zoom no relógio dele.
Parece rachado e manchado de sangue.”
• SHOT, um único segmento contínuo entre dois cortes,
como: “Imagine uma cena contínua da minha perso-
nagem usando o nunchaku e as habilidades em artes
AJUSTANDO O
NÍVEL DE DESAFIO
As condições negativas que você atribui às personagens
dos jogadores afetam muito o nível de desafio, equi-
librando os rótulos de poder e as condições positivas.
Você pode atribuir uma condição usando o movimento
forte de MC Atribuir uma Condição; ou, se a persona-
gem não optar por se proteger ao fazer os movimentos
Ir Com Tudo, Partir pro Abraço, e, às vezes, como
parte da escolha de Correr o Risco.
Se as protagonistas estiverem fazendo quase todos os
movimentos com um Poder de 3 ou mais, o nível de
desafio da história é relativamente baixo. Se geralmen-
te fazem movimentos com um poder de 0 ou menos, o
nível de desafio é relativamente alto.
O nível de desafio do jogo é afetado por muitos
fatores. Se você achar que os jogadores têm sucesso
80| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
marciais para abrir caminho no corredor, derrubando os
seguranças.”
• QUADRO, uma única imagem estática em uma
história em quadrinhos. “Primeiro painel: nós dois
com nossas mãos nas pistolas. Então um "BANG!"
na parte da página entre os quadros. No quadro
seguinte, eu coloco a pistola de volta no coldre. No
terceiro quadro ele cai no chão, morto.”
• TOMADA EXTREMAMENTE LONGA, TOMADA
LONGA, TOMADA MÉDIA, CLOSE, CLOSE EXTRE-
MO, como em: "Você acorda com o som de pombos
arrulhando. Uma tomada extremamente longa:
vemos uma igreja abandonada, e no meio está você,
amarrado a uma cadeira”, ou “Um close extremo
deste homem revela que suas veias estão começan-
do a ficar verdes ...”.
• CORTA, VAI SUMINDO / APARECE AOS POUQUI-
NHOS / TELA PRETA, DESVANECER são técnicas
diferentes para alternar entre tomadas ou cenas.
“Ele está levantando o carro acima da cabeça, pre-
parando-se para jogá-lo em vocês... CORTA para os
telhados, e estamos de volta em vocês, perseguindo
a criatura parecida com uma cobra...”
ou falhas demais para o seu gosto, primeiro tente ras-
trear a condição negativa mais alta de cada pessoa da
galera no final de cada cena e comparar a média com a
tabela a seguir. Se achar que a média não corresponde
ao nível de dificuldade planejado, use as sugestões
abaixo para aumentar ou reduzir o nível de desafio.
Média das condições Nível de desafio da
negativas de qua- cena
lificador mais alto
das personagens da
galera
0 Muito fácil
1 Justo
2 Desafiador
3 Difícil
4 Formidável
5 Mortal ou fatídico
Se o nível de desafio da cena for o esperado, mas o
nível de desafio geral do jogo ainda estiver muito
fácil ou muito difícil, isso pode significar que as
personagens estão gerando pouco ou muito Poder,
independentemente das condições negativas. Con-
sidere aplicar ou suspender regras opcionais, como
Modo Brutal e Limite de Rótulos (págs. 176 e 207 do
Guia do Jogador).
AJUSTE A GRAVIDADE DAS
CONDIÇÕES
A solução mais fácil é aumentar ou diminuir o
qualificador das condições que você atribui. O
qualificador determina quão debilitante é a condi-
ção: 1 é um incômodo leve, 2 é uma limitação menor,
3 é um problema significativo, 4 é uma debilitação
grave e 5 é incapacitante, com potencial de se tornar
letal. Atribuir uma condição de qualificador 6 (ou uma
condição de qualificador 5 a uma personagem que já
tem uma condição igual ou similar de qualificador 5)
significa que você está tentando matar ou transformar
a personagem do jogador permanentemente e deve
ser usado apenas em casos extremos.
Considere a habilidade atual da personagem de se
defender da condição. O rótulo da condição define
o que a personagem pode usar para Rir na Cara do
Perigo (rótulos de poder, condições positivas etc.).
Em outras palavras, determina a probabilidade de a
personagem reduzir o qualificador em um (7-9) ou ig-
norar a condição completamente (10+). Atribuir uma
condição que a personagem pode defender ou remo-
ver fácil é muito diferente de atribuir uma condição
da qual ela não pode se defender ou à qual é suscetí-
vel (caso, por exemplo, ative seus rótulos de fraqueza,
ou se for uma condição negativa), mesmo se tiverem
o mesmo qualificador. Lembre-se de que você tem a
opção de negar ao personagem o movimento Rir na
Cara do Perigo, fazendo com que uma condição per-
maneça, não importa as possíveis defesas da persona-
gem. No entanto, essa escolha deve ser amparada por
uma explicação apropriada na história.
AJUSTE O TIPO DE AÇÕES
AFETADAS PELAS CONDIÇÕES
O rótulo da condição também define que aspecto da
personagem é afetado. Use rótulos que afetem mais
ações para aumentar o nível de desafio; use rótulos que
afetem menos ações para diminuir o nível de desafio.
• Lesões (cortada-3) ou estados de alteração da
consciência (grogue-2) afetam quase todas as ações
realizadas pela personagem, mas não muitas das
ações de suas aliadas.
• Condições específicas de aspectos, como condições
sociais (humilhada-4), condições relacionadas ao po-
der (drenada-de-magia-2) ou condições relacionados
a equipamentos e aliados (empunhadura-quebrada-2
ou meu-parceiro-está-pistola-comigo-1) limitam o
uso que a personagem faz de um conjunto específi-
co de habilidades ou recursos, fazendo com que ela
tente seguir outros cursos de ação.
• Condições situacionais ou táticas (tiroteio-2 ou
rota-de-fuga-bloqueada-3 ou desatenção-5) podem
ser inofensivas sozinhas, mas limitam ou bloqueiam
certos cursos de ação ou representam o problema em
que a personagem está se metendo. Esses condições
podem acabar contribuindo para que a protagonista
não consiga se defender de uma condição mais preju-
dicial, se condições forem aplicadas aos movimentos
de Rir na Cara do Perigo. Muitas condições situacio-
nais também expiram no final da cena.
AJUSTE A FORMA COMO
CONDIÇÕES SÃO REMOVIDAS
Se as personagens não tiverem dificuldades para
remover condições com o movimento Virar o jogo e
Hora do Show (Intervalo), menos condições negati-
vas podem ser transportadas de uma cena para outra,
resultando em um nível de desafio menor. Por outro
lado, se as personagens não conseguem se livrar de
condições suficientes dentro da cena ou nos momen-
tos de intervalo, a quantidade de condições tendem a
aumentar, e o jogo se torna cada vez mais difícil.
Você pode ajustar como as condições são removidas:
• Alterando as marcas da condição atribuída, para que
sejam mais fáceis ou difíceis de curar, considerando
as habilidades e recursos das protagonistas.
• Restringindo ou relaxando a política sobre quais
situações podem ser curadas sem um momento de
pausa.
• Restringindo ou relaxando a política sobre que con-
dições “revidam” e aplicar essa política à tentativa
de curá-las (consulte a pág. 225 do Guia do Joga-
dor).
• Permitindo uma cura mais parcial ou mais completa
das condições durante o intervalo.
2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 81
 CRIANDO
UM CASO
Quando as câmeras começam a rodar, e as protago-
nistas saem às ruas, pode já ser tarde demais para a
vítima: um crime foi cometido, ou as maquinações de
um gênio estão em andamento. A investigação segue.
Pistas e evidências são coletadas e unidas como um
mosaico, criando uma imagem difusa do que aconte-
82| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
ceu. Pessoas e situações colocam a investiga-
ção em risco e devem ser resolvidas. Até que,
por fim, as protagonistas encontram um fio
que pode desembolar todo o caso. Mas nada
pode prepará-los para a verdade que está
prestes a ser revelada.

Esta seção explica como escrever ca-
sos de City of Mist para que, durante as
sessões, você tenha tudo de que precisa
para criar drama, mistério e suspense.
O QUE TEM EM UM CASO?
Um caso é uma investigação de City of Mist que pode
ser jogada. Inclui dois aspectos que muitas vezes
andam juntos:
• a investigação de um crime, uma injustiça ou um
problema conectado a um Portal
• as atitudes que as personagens principais devem
tomar depois que descobrem a verdade sobre o que
aconteceu (como evitar que o crime ou erro se repi-
tam, resolver o problema etc.)
Um caso completo de City of Mist é composto de
vários materiais que você pode usar durante a sessão:
uma história de fundo detalhada, uma lista de lo-
cações e personagens que podem ser investigados,
uma coletânea de pistas prontas para os jogadores
encontrarem e alguns Perigos para desafiá-los.
No geral, um caso gira em torno de um único crime,
injustiça ou problema. No entanto, em City of Mist, os
casos são interconectados e com frequência termi-
nam com descobertas que levam a mais perguntas e
a uma nova investigação, um novo caso. As persona-
gens principais volta e meia descobrem que um crime
específico (ou injustiça ou problema) foi parte de um
crime maior e sistematizado. Casos menores tendem
a ser parte de casos maiores, que tratam da solução de
uma versão maior do mesmo problema. A cada caso,
as protagonistas revelam verdades ainda mais pro-
fundas e sórdidas, que as levam à verdadeira origem
do problema. A conexão dos casos de uma série ou
temporada é explicada na pág. 102, em Criando Uma
Série.
MORALIZADE CINZA, MOTIVOS
JUSTIFICÁVEIS
A vida na Cidade das Brumas é complicada. Na cidade
grande, as pessoas são quase sempre apáticas ao
sofrimento umas das outras. Pessoas boas caem em
desgraça enquanto a corrupção prevalece, recom-
pensando aquelas que fazem da autopromoção e da
transgressão seu modo de vida. Mas o crime não está
reservado aos vilões. Todo mundo, mesmo a alma
mais gentil, tem um motivo e a capacidade de cometer
um crime ou se rebaixar a atos imorais, e esse motivo
às vezes é tão bom que deixa as personagens princi-
pais na dúvida de se devem ou não intervir. Depen-
dendo do conceito da série, as próprias protagonistas
podem ser moralmente ambíguas e se envolver em
atividades criminosas.
E, para botar mais lenha na fogueira, as vidas dos re-
sidentes da cidade são assombradas pelos Mythoi. Os
despertos são levados pelo Mythoi a fazer coisas que
talvez nunca teriam feito, mas que agora ardem lá no
fundo de sua alma. Estar desperto muda a percepção
da pessoa, às vezes distorcendo-a além do alcance,
corroendo sua capacidade de se relacionar com os
outros. Muitos Avatares se propõem a fazer o bem (ou
o que percebem como bem), mas perdem a compaixão
e a humanidade para o intenso senso de propósito
instilado por seu Mythoi.
Dormentes, por outro lado, são peões, usados pelos
avatares para reconstituir suas lendas. O que à
primeira vista pode parecer apenas uma série de
circunstâncias infelizes que os levaram a fazer o
que fizeram, mais tarde pode se revelar o resultado
da intervenção sistêmica de Avatares na vida dos
moradores da Cidade, seja na política, na cultura, no
crime organizado... você decide.
Ao criar os casos de City of Mist, lembre-se de que,
por mais santo ou monstruoso que seja, ninguém é
bom ou mau. Todo mundo é um vilão e todo mundo é
um herói, e os casos devem ajudar a deixar isso bem
claro para o público. Suas personagens criminosas e
malfeitoras devem sempre ter um motivo que pareça
identificável e justificável, considerando apenas a
perspectiva delas. Se a galera se considera moral, é
preciso que sempre se perguntem o que exatamente
isso significa.
2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 83
 O ICEBERG
investigação
UM CASO É COMO UM ICEBERG
Para entender a estrutura de um caso de City of Mist,
pense nele como um iceberg. ganchos
No fundo, na parte mais profunda do iceberg, fica

Ponta
a verdade sobre todo o caso: o que o iniciou, o que
de fato aconteceu. A verdade de um caso é sempre
mítica, sempre envolve um ou mais Portais. O
crime, a injustiça ou o problema no cerne do caso é
resultado de como um Portal usou ou abusou de seus
poderes de Mythos, para o bem ou para o mal, cons-

corpo
ciente ou inconscientemente, ou por um fenômeno
ou reação em cadeia que parte de algum Mythos.
Os eventos originados da fonte Portal se espalham
pela cidade como ondulações na água. Outras pes-
soas e organizações, que podem ou não ser Portais,
acabam se envolvendo pelos mais diversos motivos
e de maneiras diferentes. Mais crimes são cometi- Fundo
dos, mais pessoas são injustiçadas e mais problemas
surgem, sejam iguais ou diferentes do que o que foi
causado diretamente pela fonte. A trama se compli-
ca. Essa cadeia de eventos é representada pelo corpo
do iceberg.
Depois de um tempo, o problema chega às ruas como Verdade
um crime, uma injustiça ou um problema aparen-

temente comum, que pode ter pouco a ver com o
problema original. Esta é a ponta do iceberg: o que
é visível para os Dormentes, o que será noticiado na
imprensa, o que as pessoas acham que aconteceu etc.
Os eventos instigados pela fonte mítica, sua progres-
são nos bastidores e seu ocasional surgimento no
nível Dormente são chamados de história de fundo.
A história de fundo inclui tudo o que aconteceu antes
de a galera se envolver na investigação.
A INVESTIGAÇÃO REVELA O
ICEBERG
Quando você joga o caso, a investigação começa na
ponta do iceberg. As personagens principais ouvem
sobre o crime, a injustiça ou o problema aparente-
mente comum e começam a investigar, vendo apenas
a camada mais superficial da história. Esse proble-
ma visível que chama a atenção das protagonistas é
chamado de gancho. Um caso pode ter mais de um
gancho, porque o problema original pode ter evoluído
para vários outros probleminhas que podem ser do
interesse das personagens principais.
história de fundo
Conforme as protagonistas Investigam, adentram o
corpo do iceberg em camadas cada vez mais profun-
das: revelam pistas que conectam eventos, locações e
personagens e que as deixam cada vez mais perto da
verdade.
Depois de um tempo, as protagonistas chegam à
base do iceberg, revelando a verdade sobre o crime,
a injustiça ou o problema. Sabendo a verdade, eles
agem para resolver o problema, evitar que aconteça
novamente, se beneficiar da situação etc.
ATÉ ONDE VAI O ICEBERG?
Um caso pode ter diversos graus de complexidade, que
são medidos pela profundidade de cada Camada. A
ponta do iceberg (o nível visível aos Dormentes) e a
parte mais inferior (a verdade) são constantes, todos os
casos têm. O corpo do iceberg, entretanto, pode variar
de tamanho.

84| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Cada nível de profundidade é representada por
uma Camada de informações do caso, que contém
um conjunto exclusivo de pistas. Quando descobertas,
essas pistas podem no máximo levar à camada direta-
mente inferior, mas não às camadas mais profundas.
Em outras palavras, as protagonistas devem primeiro
descobrir as pistas na camada em que estiverem antes
de poderem progredir para a seguinte, chegando mais
perto da verdade.
As Camadas de um caso são numeradas. Os ganchos,
ou a ponta do iceberg, ficam sempre na Camada Zero.
Qualquer grupo de informações exclusivas que apare-
cerem em seguida recebem um número, começando
em 1: Camada 1, Camada 2, Camada 3 e assim por
diante. A verdade, ou o fundo do iceberg, sempre está
no nível mais profundo do caso.
Um caso com apenas duas Camadas, ou um caso cur-
to, quase não tem investigação: os ganchos (Camada
Zero) conduzem diretamente à verdade (Camada 1).
Um caso simples, com alguma investigação, conte-
ria os ganchos (Camada Zero), que conduzem a um
conjunto de pistas (Camada 1), que, se investigadas,
conduzem à verdade (Camada 2, no caso). Casos
mais complexos podem ter vários níveis de pistas,
que devem primeiro ser decifradas antes de a galera
passar para o nível seguinte. Nesses casos, o corpo do
iceberg, ou a investigação, pode ser quebrado em até
duas ou mais Camadas.
CASO CASO
CURTO SIMPLES
camada 0
camada 1
camada 2
camada 3
camada 4
EXEMPLO DE DISTRIBUIÇÃO DE
CAMADAS DE CASO
Em um caso curto, as personagens principais
ficam sabendo de uma pessoa que foi assas-
sinada com um martelo pelo próprio funcio-
nário (Camada 0) e, em seguida, encontram o
tal funcionário e descobrem que é o Portal
de Thor, o deus nórdico da tempestade, a
quem confrontam (Camada 1).
Em um caso simples, as protagonistas pode-
riam ouvir falar de uma pessoa assassina-
da com o martelo (Camada 0) e, em seguida,
investigar a cena do crime, o apartamento
ou o local de trabalho da vítima (Cama-
da 1) antes de deduzirem que é culpa do
tal funcionário, rastreá-lo e descobrir
que é o Portal de Thor (Camada 2). Não tem
como usar o gancho (Camada 0) para chegar
à verdade (Camada 2); é preciso primeiro
investigar e descobrir as pistas que levam
à identidade do assassino, que estão na
Camada 1.
Em um caso comum, as protagonistas pode-
riam ouvir falar de uma pessoa assassinada
com um martelo (Camada 0) e, em seguida,
investigar a cena do crime, o apartamento
ou o local de trabalho da vítima (Camada
1) antes de deduzirem que é culpa do tal
funcionário. No entanto, não conseguem en-
contrá-lo em lugar nenhum, e nada na Camada
1 indica onde ele poderia estar. As pis-
tas na Camada 1 só revelam quem pode saber
CASO CASO
COMUM ENVOLVENTE
2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 85
 onde encontrá-lo (alguns amigos, talvez).
As protagonistas investigam essas pistas,
possivelmente lidando com outras ameaças e
Portais (Camada 2), até descobrirem que o
assassino está escondido na velha torre do
relógio. Quando vão até lá, descobrem que é
o Portal de Thor e o confrontam (Camada 3).
As personagens principais não podem che-
gar aos amigos do assassino (Camada 2) sem
primeiro descobrir quem é e quem são seus
amigos (Camada 1); e não podem encontrá-
-lo e confrontá-lo (Camada 3) sem primeiro
falar com os amigos que sabem onde ele está
(Camada 2).
Em uma versão mais envolvente do caso, tudo
poderia ser exatamente igual, exceto o fi-
nal: quando os investigadores encontram e
confrontam o suposto assassino, o Portal de
Thor alega que foi incriminado e que alguém
roubou seu martelo, que é uma Relíquia. A
Camada 3 então passa a ser o desafio de
descobrir quem roubou a arma do crime e se
o suspeito está ou não dizendo a verdade. A
galera descobre que um concorrente da víti-
ma, que por acaso é o Portal de Loki, rou-
bou a marreta Relíquia e a usou para come-
ter o assassinato. A galera então confronta
o Portal criminoso e decifra o caso (Camada
4). As pistas do caso devem ser projetadas
de forma que, sem primeiro chegar ao Portal
de Thor (Camada 3), as personagens nunca
ao martelo, a Relíquia Mjölnir. Ao in-
vestigar a cena do crime na Camada 1, as
protagonistas podem encontrar evidências
de que a vítima foi eletrocutada. Veri-
ficando o necrotério (Camada 2), podem
descobrir evidências do envolvimento de
uma Relíquia. Isso pode levá-los a procu-
rar o martelo (Camada 3) e a encontrá-lo
no porão da casa do Portal de Loki, ou
pode conectá-los à primeira ramificação,
permitindo que encontrem o Portal de Thor
(também Camada 3). Só o Portal de Thor
Portal ou o próprio Mjölnir poderiam le-
vá-los a Loki, na Camada 4.
O caso passa a ter Profundidade-4, e as
camadas se dividem em dois caminhos.
Assassinato
camada 0
Crime a vida
cena da vítima
camada 1

amigos do
suspeitariam do Portal de Loki. Caso con-
necrotério assassino
trário, chegar a Loki não seria a Camada 4.

camada 2
O ICEBERG TAMBÉM CRESCE PARA
OS LADOS Portal do
Relíquia
Às vezes, um caso contém várias maneiras de chegar à Thor
verdade. Diferentes ramificações das pistas permeiam camada 3
as Camadas, possivelmente se entrelaçando. É melhor
que essas ramificações tenham a mesma quantidade
de Camadas, para evitar que uma delas se transforme Portal
em um atalho para a verdade, o que poderia tornar o do Loki
camada 4
caso mais fácil de resolver, a depender do caminho
percorrido pelos jogadores.
Na versão envolvente do caso acima, uma
maneira de chegar a Loki na Camada 4 é
identificando o suposto assassino (Camada
1), encontrando-o (Camada 2) e ajudan-
do-o a encontrar a pessoa que o incrimi-
nou (Camada 3). A MC quer acrescentar um
segundo caminho de pistas relacionadas

86| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
OS ICEBERGS E JOGAR PARA DESCOBRIR
Lembre-se de que durante o jogo você não pode mada 3) se cruzada com evidências da cena do crime
controlar as ações das personagens dos jogadores, ou (Camada 1). Isso obrigaria as detetives a visitarem à
seja, a ordem das cenas; aliás, nem tente. Os jogado- cena do crime antes de seguirem em frente.
res devem se sentir como se estivessem jogando um
Dito isso, lembre-se de que as Camadas não são à pro-
jogo estilo "sandbox”, com liberdade para explorar o
va de falhas. Os jogadores podem encontrar brechas
mundo e sem ações restritas por barreiras invisíveis e
no caso que lhes permitirão pular algumas Camadas.
intransponíveis. Por exemplo: mesmo que improvável,
Por exemplo: investigando a vida da vítima (Camada
as personagens dos jogadores podem decidir ir dire-
1), uma das personagens pode suspeitar de que a con-
tamente ao necrotério depois de ouvir sobre o crime,
corrência da vítima, o Portal de Loki, é o responsável
sem nem mesmo visitar a cena do crime ou questio-
pelo assassinato, mesmo que seja por intuição ou ca-
nar as pessoas que conheciam a vítima. Se for o caso,
pricho. Eles podem, então, invadir a casa do Portal de
dê as pistas disponíveis lá, mesmo que isso signifique
Loki e encontrar Mjölnir, o que o incrimina e absolve
que pularam uma Camada. Quer saber? Bom para eles.
o Portal de Thor.
Um caso em camadas permite que você crie esse
Quando seu sistema de Camadas falhar, só jogue jun-
efeito de "sandbox” e, ao mesmo tempo, evita que o
to com os jogadores e deixe a história evoluir. Procure
caso seja resolvido rápido demais (o que o torna mais
novas maneiras de acrescentar drama, examinando
divertido para o grupo). Isso permite que a investiga-
as consequências das ações das personagens: inva-
ção avance no ritmo que o grupo quiser, sem forçar
dir a casa de Loki sem respaldo legal pode alertar a
um caminho específico. Por exemplo: as personagens
polícia; caso contrário, sem qualquer prova, a galera
principais precisam identificar o suposto assassino
deve continuar investigando, mesmo que já tenham
para encontrar os amigos dele; não há como chegar
certeza de quem é o culpado. O Portal de Loki tam-
aos amigos sem primeiro saber sua identidade. Da
bém pode usar seus poderes para enganar a galera e
mesma forma, as protagonistas não têm como saber
virá-los contra o Portal de Thor, tornando as coisas
da Relíquia sem primeiro dar uma olhada no corpo ou
muito mais interessantes... Isso tudo em um dia de
nos resultados da autópsia no necrotério.
trabalho! Para permitir que tanta criatividade ocorra
Quando escrever um caso, tente identificar pontos e surpreenda até mesmo você, a MC, os casos não são
fracos nas Camadas. O necrotério, mencionado acima, escritos como fluxogramas rígidos; apenas descrevem
é um ponto fraco: se os jogadores escolherem ir lá pri- todas as facetas da situação (locações, personagens,
meiro, podem pular a Camada 1. A solução é ter pistas pistas) no início da investigação. Tudo pode acontecer
no necrotério que só levam à Relíquia Mjölnir (Ca- quando as câmeras começarem a rodar.

2 · R E G R A S E G U I A S DA M C | 87
 PASSO 1:
A HISTÓRIA DE FUNDO
O processo de escrever um caso começa com a monta-
gem de uma história de fundo detalhada. Essa história
deve responder à pergunta:
? O QUE ACONTECEU ANTES DE A GALERA
SE ENVOLVER NO CASO?
É preciso explicar a cadeia de eventos que levou à
origem do problema e todos os desenvolvimentos que
por fim levaram à ponta do iceberg.
Uma história de fundo detalhada é essencial para
um bom caso de City of Mist. Saber exatamente o
que aconteceu antes dos investigadores se envolve-
rem permite que você adapte a narração a qualquer
caminho que os jogadores possam escolher e facilita
o improviso de pistas, quando necessário. Sem isso, é
muito mais provável que você forneça pistas contradi-
tórias ou irrelevantes para os jogadores, fazendo com
que o caso pareça menos substancial.
A SEMENTE DE HISTÓRIA
Uma semente de história é uma ideia ou conceito para
uma história de fundo. Comece a construir a história
de fundo estabelecendo quem ou o que é a fonte do
problema, o que foi feito e como a galera é envolvida.
88| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Use as perguntas a seguir como apoio para montar
uma ideia, que você mais tarde vai concretizar. Pode
seguir as perguntas na ordem ou começar a partir da
que preferir para então completar as outras, conforme
a história for se desenvolvendo. Não se preocupe com
os detalhes ainda, concentre-se na ideia geral do caso.
? QUE PORTAIS ESTÃO ENVOLVIDOS NO
CASO?
? Qual é o Mythos dos principais Portais
envolvidos?
Escolha um mito, uma lenda ou uma história (veja
a lista de fontes de Mythos sugeridas na parte My-
thos, na pág. 60 e em Tropos de Mythos para Per-
sonagens, na pág. 70, ambos no Guia do Jogador).
? Quem é esse Portal na vida cotidiana da Cidade?
Crie a persona comum do Portal: uma criminosa, um
estudante, uma artista etc. (consulte a lista de Tro-
pos de Logos para Personagens na pág. 72 do Guia do
Jogador).
? Como e quando esse Portal despertou?
Um acidente; um experimento; encontrou uma
Relíquia / um Familiar / um Enclave; em um dia
comum até demais; foi vítima de algo; fez algo de
errado; fazer algo certo; etc.
? Qual o nível de despertar do Portal?
Despertando; Tocado; Limítrofe; Lendário ou Ava-
tar (consulte a pág. 29 no Guia do Jogador).
? O que motiva esse Portal: o Mythos ou a vida
mundana?
Você pode escolher qualquer um dos dois, ou pode
criar Portais complexos ou em conflito, movidos
pelos Mythos e pela vida normal.
? O que o Mythos quer desse portal?
Reconstituir sua história com pessoas diferen-
tes nos papéis principais; obter um item da
lenda; derrotar ou matar um inimigo da lenda;
salvar alguém ou proteger algo da lenda etc.
? Qual é / era sua motivação mundana?
Desejo de melhorar algo; ódio; raiva; inveja;
quer paz e sossego; vontade de ajudar alguém;
ganância; obediência a ordens; etc.
? Como esse Portal usa os poderes de Mythos
para atingir seu objetivo?
? A VERDADE: QUE CRIME, INJUSTIÇA OU O
PROBLEMA HÁ NO CENTRO DO CASO?
Descreva o crime, a injustiça ou o problema que deu
início a tudo ou em torno do qual tudo gira (veja a bar-
ra lateral na próxima página para exemplos de crimes e
injustiças):
• A própria personagem Portal cometeu um crime,
ofendeu alguém ou foi usada por outra pessoa para
fazer o mal.
• A presença ou atividade desse Portal coloca em
risco algo importante para um ou mais residentes
da Cidade: a vida, a saúde, a propriedade, a ativida-
de (possivelmente ilegal) que conduzem, o estilo de
vida, a qualidade de vida etc.
• Esse Portal enfrentou outro indivíduo ou grupo len-
dário ou mundano, possivelmente afetando outros
no processo.
• O Portal deu os primeiros passos no plano de um
crime ou esquema com um alvo que é uma pessoa,
um grupo ou uma população importante, ou mesmo
com os próprios personagens principais.
? TEMA: QUE TIPO DE HISTÓRIA VAI SER?
Decidir com antecedência sobre o escopo, os temas e o
formato do caso ajuda a decidir quais ideias manter e
quais descartar e permite que você crie uma experiência
mais coerente para o grupo. Descubra como fazer suas
escolhas trabalharem com o conceito da série e a nature-
za da galera. Observe alguns exemplos:
• Escopo:
» um drama ou tragédia pessoal
» um problema enorme em um bairro pequeno
» uma investigação interna de alguma organização
(como a Corregedoria Interna da polícia)
» uma catástrofe na Cidade
• Temas e tropos comuns:
» crimes menores
» triângulo amoroso que deu errado
» crime organizado
» um assalto
» questões corporativas
» corrupção política
» ineficiência, corrupção ou brutalidade policial
» mistério místico
» experimentos ilegais ou antiéticos
• Formato:
» quem matou?: todos os suspeitos estão presen-
tes, mas escondem a verdade por razões próprias
» caso arquivado: é preciso vasculhar e analisar
evidências antigas para resolver um caso antigo ou
impedir alguém ainda à solta
» contra o relógio: é preciso descobrir e impedir
um plano maligno antes que seja tarde demais
? COMO A GALERA SE ENVOLVE?
? Como a galera fica sabendo do caso?
A(s) vítima(s) da parte afetada abordam a galera;
alguém relacionado às vítimas aborda a galera;
alguém afetado por uma consequência de 2º ou
3º grau do crime aborda a galera; a(s) perpetra-
dora(s) ou sua(s) aliada(s) aborda a galera; relatos
do crime na mídia; as personagens da galera são
testemunhas; as evidências surgem durante a
investigação dos mistérios da galera ou de um
mistério de uma das protagonistas.
? Em que ponto da progressão de eventos a
galera aparece?
• O crime foi cometido, e a galera precisa encon-
trar o culpado.
• O crime foi cometido, mas a galera precisa impe-
dir que aconteça outra vez.
• Um crime foi cometido, mas é só uma pequena
parte de um crime muito maior.
• Algo está para acontecer, e a galera precisa des-
cobrir o que é para impedir.
2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 89
 EXEMPLOS DE SEMENTES DE HIS-
TÓRIA
Começando com o Portal: Mack, que é MC, quer
criar um caso em torno do Mythos do Pássaro
Mecânico da história O Rouxinol e o Impe-
rador da China, de Hans Christian Andersen.
Ele imagina o Portal como uma alma perdida,
uma jovem amaldiçoada a ser sempre o que vem
para substituir a parte real, então acaba
atraindo todas as pessoas erradas por todos
os motivos errados. Pensando nos poderes de
Mythos, Mack decide que o Portal vai imitar
as vozes e a aparência de outras pessoas e
que foi aprisionada por um vigarista (talvez
o Portal do Imperador dessa mesma história),
que quer ajuda para realizar um assalto.
Mack quer fazer disso um drama pessoal, en-
tão acaba decidindo que a investigação come-
ça com a Portal morta: ela cometeu suicídio
pulando do telhado do Hotel Royal Plaza. A
galera precisa descobrir o que aconteceu.
Começando com o crime, injustiça ou problema:
Christy, que é MC, tem uma ideia para um
caso que gira em torno de uma mulher, um
Portal perturbado que fugiu da ala psiquiá-
trica de segurança máxima de uma prisão.
Ninguém sabe como a Portal escapou ou onde
está, mas considerando seu perfil psiquiá-
trico ela representa uma ameaça imediata
para os residentes da Cidade. A galera pre-
cisa de acesso à hierarquia social na prisão
(talvez infiltrada) bem como às mentes de
alguns dos internos da ala psiquiátrica para
resolver o caso, encontrar a Portal fugi-
tiva e trazê-la de volta sob custódia. A MC
Christy precisa decidir que tipo de Portal
escapou e acaba escolhendo o Portal de uma
das Ménades, uma das ninfas delirantes se-
guidoras de Dioniso.
Começando com o tema da história: Drew, que
é MC, quer criar um caso centrado em uma
guerra de gangues no Bairro do Proletaria-
do. Quando a galera chega na história, as
hostilidades já ameaçam destruir a vizinhan-
ça, com mortes violentas que colocam vidas
inocentes em perigo. A galera é convidada
a participar ou como equipe reserva de uma
das gangues na guerra ou como solução para o
problema, a pedido do prefeito ou de locais.
Drew procura os Mythoi apropriado para as
gangues. A primeira gangue será uma orga-
nização parecida com a Yakuza, com diversos
Portais individuais de espíritos malignos
chamados de Mononoke. A segunda gangue será
liderada pelo Portal da Bruxa Má do Oeste (O
90| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Mágico de Oz), que pode transformar alguns
dos membros em macacos alados. Todos da gan-
gue são Portais Tocados, exceto a Bruxa, que
é uma Limítrofe. No entanto, todos os en-
volvidos são movidos principalmente por seu
motivo mundano: a guerra por território.
Começando com o gancho: Edgar, que é MC, tem
uma ideia para um caso que começa com muitos
pequenos incidentes que não parecem relacio-
nados: uma invasão no museu, o sacrifício
ritualístico de algum animal, um assalto à
uma casa de penhores. Edgar quer que tudo
isso se conecte a outros crimes mais dramá-
ticos até levar a galera a descobrir um pla-
no já em movimento: um culto secreto tentará
convocar o Mythos de Kali, a deusa hindu
que destrói todo o mal. Se isso é bom ou
ruim para a Cidade, depende muito da inter-
pretação de "mal" de Kali. A galera precisa
descobrir mais sobre este Mythos e sobre
como parar (ou ajudar) sua manifestação.
EXEMPLOS DE CRIMES
Maus tratos contra animais · Incêndio · Assas-
sinato · Assalto · Chantagem · Bombardeio ·
Suborno · Roubo · Desvio de dinheiro · Espio-
nagem · Extorsão · Pirataria · Fraude · Hackear ·
Roubo de carga · Roubo de identidade · Se-
questro · Furto · Agiotagem · Vagabundagem
· Lavagem de dinheiro · Assassinato · Cartel ·
Fuga da prisão · Prostituição · Extorsão · Estu-
pro · Rebelião · Roubo · Abuso sexual · Tiro-
teio · Contrabando · Pixação (graffiti) · Tráfico
(drogas, armas, arte e antiguidades, humanos) ·
Vandalismo
Tentativa de crime · Ser cúmplice de um crime ·
Conspirar para cometer um crime
EXEMPLOS DE INJUSTIÇAS
Quase todos os crimes · Traição · Bullying · Infi-
delidade · Mentir ou esconder a verdade · Abuso
psicológico · Tomar algo de outrem, mesmo que
por vias legais
EXEMPLOS DE PROBLEMAS
Discordância · Risco de vida ou à segurança ·
Desastre natural · Infortúnio · Suicídio
DESENVOLVENDO A HISTÓRIA DE
FUNDO
Dependendo da complexidade do caso que você quer
escrever, você pode sentir necessidade de expandir a
semente de história. Quanto mais a história de fundo
for envolvida na questão, mais fácil será criar Cama-
das e ramificações durante as etapas a seguir.
Pense em outras personagens principais que
poderiam estar envolvidas no caso e o papel que podem
desempenhar (como Loki no exemplo acima). Essas
personagens podem ser ou completamente mundanas,
Portais não relacionados ao Portal principal ou Portais
de personagens que aparecem na lenda do Portal prin-
cipal. Pesquise lendas diversas que possam preencher o
papel de uma personagem que você tem em mente.
Também pense em outras complicações que podem ser
adicionadas às personagens existentes e a seu papel no
caso (como fazer o Portal de Thor se esconder e apenas
seus amigos mais próximos saberem de seu paradeiro).
Você pode complicar a história reexaminando suas
suposições sobre como tudo começou. Tente usar os
seguintes métodos:
• “A verdade é mais profunda do que você ima-
gina”: a verdade que você escolheu no começo do
planejamento só parece ser a verdade. Acontece que
tem outra pessoa por trás do caso, outro crime, uma
verdade mais profunda ou mais sombria etc.
• “Sempre tem um intermediário”: as ações do
Portal não afetaram o nível dos Dormentes tão
diretamente quanto você escolheu no começo do
planejamento. Em vez disso, houve etapas adicionais
na reação em cadeia que acabaram afetando o nível
dos Dormentes e alertando a galera.
• “Lembra daquele outro incidente?”: O Portal
principal do caso não é o único lado da história; há
várias partes envolvidas na questão, e suas ações
tiveram consequências diferentes que foram, cada
uma delas, flutuando até o nível dos Dormentes e
talvez até não pareçam relacionadas. OU: os crimes,
as injustiças etc. não afetaram o nível dos Dormen-
tes só de uma maneira; na realidade, geraram várias
consequências para o nível dos Dormentes e que
talvez nem pareçam relacionadas.
Mack, que é MC, quer fomentar a história
trágica do Pássaro Mecânico. Com o obje-
tivo de complicar ainda mais o caso, ele
procura um intermediário, até que acaba
decidindo que o roubo em que a Portal do
Pássaro Mecânico estava envolvida ti-
nha como alvo um cassino de propriedade
do Portal do Imperador e que o vigarista
que a enganou na verdade é um Dormente.
O sujeito sabia que a portal podia criar
fantasias incríveis, mas não tinha certe-
za de como.
Depois de uma pesquisa sobre O Rouxinol e
o Imperador da China, Mack descobre que
o caso está relacionado a um acordo que o
Imperador fez com a Morte para que ela o
deixasse viver. Antes disso, o Imperador
tinha afastado a Morte com a música da
verdadeira Rouxinol (que também é um Por-
tal). No entanto, acabou perdendo contato
com a verdadeira Rouxinol e agora precisa
de um substituto para tentar enganar a
Morte, e é aí que entra o Pássaro Mecâ-
nico. O Imperador estava tentando usá-la
para afastar a Morte, o que custou a vida
da nossa Portal.
Agora, os Portais no centro do crime são
tanto o Imperador quanto a Morte; o viga-
rista é só um intermediário. A verdade no
centro do caso é que o Imperador sacrifi-
cou o Pássaro Mecânico para se salvar da
Morte.
JUNTANDO OS DETALHES
Quando estiver satisfeita com o conceito do caso,
é hora de resolver os detalhes mais delicados. As
investigações são baseadas em detalhes, então você
precisará ser capaz de oferecer esses detalhes bem
depressa durante a sessão. Isso não significa que você
precise pensar em CADA mínimo detalhe do caso e
anotar tudo com antecedência. Você pode improvisar
e complementar alguns aspectos do caso durante a
sessão; na verdade, se os jogadores seguirem por um
caminho imprevisto, você vai ter que improvisar (o
que pode ser ainda mais divertido). No entanto, se
quiser que a integridade da investigação sobreviva
a esses improvisos, você precisa entender o caso a
fundo e saber exatamente o que aconteceu antes de
a galera aparecer e o que está acontecendo enquanto
a investigação segue seu curso. Isso facilita qualquer
improviso e lhe dá confiança para permitir que os
jogadores tentem o que quiserem, em vez de restrin-
gi-los a um caminho de investigação.
Sua história de fundo pronta deve incluir os seguintes
detalhes:
• Lista de personagens
Escreva uma lista de personagens, com nomes
mundanos, descrições físicas, personalidade e
habilidades. Dar identidades mundanas às perso-
nagens completa o verniz das Brumas de que o caso
precisa: embora por baixo dos panos haja uma luta
2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 91
 de forças míticas, o caso parece ser a história de
pessoas comuns.
• Toda a verdade
Agora é a hora de corrigir todos os buracos e pontos
vagos da trama. Revise a história de fundo e procure
partes faltando ou perguntas sem resposta. Respon-
da às grandes questões, aquelas fundamentais para
o caso. Deixe as questões periféricas sem resposta;
você pode respondê-las durante o jogo, se surgirem.
» Como exatamente o crime / injustiça foi cometido?
Com quais ferramentas? A que horas?
» Como foi? O que deu errado? Quem testemunhou
ou sabe sobre o que aconteceu? Que evidência
essencial foi deixada para trás?
» Quem mais estava envolvido? O que essas pessoas
têm feito desde então? Onde estão agora?
• Linha do Tempo Anote os eventos que ocorreram
antes da investigação em uma linha temporal,
para que seja mais fácil saber o que aconteceu antes
do quê. Você não precisa monitorar cada minuto (a
menos que o caso dependa disso), mas deve saber
aproximadamente a hora do dia. Tenha um cro-
nograma aproximado do que acontece depois do
começo da investigação; se você acha que algumas
das personagens não-jogadoras vão agir, como
tentando destruir evidências ou completar o plano,
defina quando isso pode acontecer.
EXEMPLO DE HISTÓRIA DE FUNDO
RO L D E P E R S O N AG E N S
O Portal do Pássaro Mecânico é Ashley Lind
(Tocada), uma mulher esguia de quase 20
anos, atraente, com um estilo heroína chi-
que e um olhar perdido constante, como se
ela não soubesse quem é. Ashley é prosti-
tuta e tenta usar sua habilidade de imitar
a aparência e a voz de outras pessoas para
ganhar dinheiro. Ela se envolveu em todo
tipo de profissões e atividades ilegais,
mas nunca chegou a fazer mal a ninguém.
O vigarista é Martin Brooks, ou Marty (Dor-
mente), um careca de meia-idade frequente-
mente visto de terno colorido e óculos de
sol enormes dos anos setenta. Marty passou
anos evitando a prisão graças à sua habi-
lidade de sair de cena quando os assaltos
e golpes começam a dar errado.
O Portal do Imperador é Kenny Liu (Limí-
trofe), um magnata de hotéis e cassinos
relativamente jovem (40 anos).
A Morte é um pouco grandiosa demais para o
escopo deste caso, então Mack decidiu que
ela será representada por um emissário, o
92| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Portal de Cérbero (Limítrofe), conhecido
nas rua como “K-Nino”.
O Q U E ACO N T E C E U E XATA M E N T E
Mack, o MC, começa a repassar os detalhes
do caso. Ele decide que foi o destino que
reuniu todos no Cassino Royal Plaza naque-
la noite, e não algum plano maluco. Depois
de perder a verdadeira Rouxinol, Kenny Liu
tinha uma reunião marcada com K-Nino em que
pagaria uma quantia estupenda de dinheiro
para poupar a própria vida por mais um mês,
um negócio não muito sustentável. Kenny es-
tava desesperado atrás de uma saída quando a
oportunidade caiu em seu colo.
Marty e Ashley estavam estudando o cassi-
no havia semanas, nos preparativos para o
assalto, e o plano seria executado na-
quela mesma noite. Algo deu errado, e os
seguranças capturaram e levaram o Pás-
saro Mecânico até Kenny Liu. Mais tarde,
durante o encontro fatídico com K-Nino,
Kenny Liu tentou fazer Ashley Lind se
passar pela verdadeira Rouxinol, mas, por
algum motivo K-Nino não caiu no engodo.
Em vez disso, exigiu a vida de Ashley
como pagamento por aquele mês. Sem tempo,
Kenny Liu forjou o suicídio dela naquele
mesmo instante, forçando-a a saltar para
a morte sob a mira de uma arma, no telha-
do do hotel. Ele acreditava que o suicí-
dio seria mais fácil de encobrir do que
um assassinato.
Mack ainda tem algumas perguntas em aberto
que precisam de resposta. Ele precisa res-
ponder a essas perguntas para completar a
história de fundo, porque é muito provável
que essas questões surjam durante a inves-
tigação.
Como Marty forçou Ashley Lind a seguir
seus planos? Ashley estava usando suas ha-
bilidades para escapar impune de pequenas
fraudes e roubos quando Marty a encontrou.
Ela se passava por outras pessoas ao tele-
fone para obter informações das vítimas do
outro lado da linha ou assumia a aparência
de alguém para surrupiar seus pertences
pessoais em um vestiário. Marty foi pouco
a pouco descobrindo a área de atuação dele
e coletando evidências suficientes para
vinculá-la a todos aqueles pequenos crimes.
Ashley só seria fichada como cúmplice, mas
era o suficiente para ser mandada para o
xilindró. Ashley concordou, relutante, em
participar do roubo em troca da pasta de
evidências e de parte do dinheiro.
Qual era exatamente o plano do roubo? Quais
eram os papeis de Ashley e de Marty? Marty
descobriu que, para ganhos acima de cer-
ta quantia, o chefe da segurança, Carlton
Cooper (Portal do Dragão, Tocado), acom-
panha o vencedor que vai fazer a retirada
até uma sala, onde ele próprio faz um in-
terrogatório para verificar qualquer sinal
de fraude. Se estiver tudo em ordem com o
vencedor, o Sr. Cooper abre o cofre com
sua assinatura de voz e de retina, além da
confirmação visual de um segurança em uma
cabine blindada, e traz o dinheiro em uma
pasta. Marty planejava derrubar o Sr. Coo-
per com alguma droga e fazer com que Ashley
tomasse seu lugar. Depois disso, trapacea-
ria para ganhar a quantia mínima necessá-
ria para acionar o procedimento. Segundo
o plano, Ashley, assumindo a aparência de
Cooper, seguiria o procedimento e deixaria
a equipe de segurança abrir o cofre prin-
cipal, mas colocaria muito mais dinheiro
que o combinado na pasta que entregaria a
Marty.
Quem mais estava envolvido? A explicação
do roubo já acrescenta o chefe de segu-
rança, Carlton Cooper, à mistura, mas Mack
sente que é necessário haver outro jogador
em campo: um profissional das cartas, Théo
Blanc, que conseguiria ganhar o mínimo nas
mesas de aposta. Enquanto pensa nessa ter-
ceira figura, Mack tem uma epifania: foi o
próprio Blanc quem traiu Marty e Ashley e
contou tudo para os seguranças do cassino.
O que deu errado? Isso dá a Mack uma ideia
ainda melhor, então ele revisa a primei-
ra decisão: os eventos que levaram à mor-
te de Ashley Lind não foram coincidências;
foi uma armação. O Sr. Cooper não é tolo.
Quando o trio (Brooks, Lind e Blanc) exa-
minava o cassino, como parte da preparação,
Cooper avistou Blanc e o seguiu para casa,
então arrancou a verdade: o roubo dependia
de alguém se passar por Cooper, uma mulher
que poderia se vestir como ele e imitar
sua voz. Pensando no problema de seu em-
pregador e na verdadeira Rouxinol, Cooper
ameaça Blanc: ou o profissional das cartas
concorda em ajudá-lo a pegar os colegas (e
receber uma boa grana por isso) ou será
entregue à polícia. Na noite do roubo,
Cooper e Kenny Liu já estão esperando pe-
los gatunos. Cooper sequestra Ashley logo
que ela se transforma, mas, quando tenta
fingir que é Ashley transformada, Marty
descobre a farsa e foge. Cooper então leva
Ashley para Kenny Liu, e começa o drama
com K-Nino.
L I N H A D O T E M PO
Mack termina a história de fundo montando
uma linha do tempo:
• 8 meses atrás: Kenny Liu perdeu seu ver-
dadeiro Rouxinol e passou a ter que pagar
uma grande quantia em dinheiro para a
Morte, através do K-Nino.
• 3 meses atrás: Marty começou a seguir
Ashley Lind.
• 1 mês atrás: Marty abordou e ludibriou
Ashley Lind, e os dois começaram a traba-
lhar no roubo junto de Théo Blanc, explo-
rando o Cassino Royal Plaza.
• 10 dias atrás: Cooper, o chefe de segu-
rança, descobriu Blanc e o forçou a trair
seus colegas.
• Noite passada: O roubo ocorreu, Cooper
surpreendeu Lind, a quem Kenny Liu tentou
usar, sem sucesso, para deter K-Nino. A
mulher acabou sendo obrigada a pular para
a morte.
• O caso começa tarde da noite ou na manhã
seguinte, quando a notícia do suicídio
chega à galera.
Como o caso se concentra na investigação do
passado, Mack não consegue pensar em mui-
tos eventos futuros fixos para incluir no
cronograma. Depois de um tempo, ele acres-
centa, apenas:
• Nos próximos dias: Marty e Théo Blanc,
agora escondidos em seus respectivos es-
conderijos, vão tentar fugir da cidade;
sabendo que os dois são pontas soltas na
investigação, Cooper pode contratar um
assassino para silenciar os dois ou re-
solver ele mesmo cuidar disso.
2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 93
94| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
PASSO 2: O RASTRO DE
MIGALHAS DE PÃO
Depois de estabelecer a história de fundo, você terá
uma boa noção da cadeia de eventos desde o crime,
a injustiça ou o problema original até os ganchos. Na
segunda etapa da criação de caso, você irá na direção
oposta, dos ganchos para a verdade, concentrando-se
na trilha de investigação da galera e em como as perso-
nagens podem descobrir o que aconteceu e o que está
acontecendo.
GANCHOS
Comece listando as diversas possibilidades de en-
volver a galera no caso. O gancho deve se adequar ao
conceito da série e à natureza da galera (como um
trabalho para Os Profissionais, sinais de possível pre-
sença de forças das trevas para A Ordem etc.). Cada
gancho deve levar a galera a uma ou mais loca-
ções relacionadas diretamente ou após alguma
investigação. Os ganchos podem ser baseados em
uma das ideias a seguir:
• A galera pode ser informada sobre o caso pela(s)
vítima(s), por uma parente ou amiga da(s) vítima(s),
por pessoa interessada no caso, pela polícia, pelos
meios de comunicação etc.
• A galera pode descobrir o caso durante a rotina
ou o cotidiano, ao investigar seus Mistérios, en-
quanto resolvem outro caso.
• A galera pode chegar ao caso como a continua-
ção de uma investigação anterior.
Mack, o MC, lista os possíveis ganchos
para seu caso:
• De olho nos crimes: Se as PJs estão envol-
vidas com a polícia ou sempre de olho em
crimes incomuns, podem descobrir sobre a
morte de Lind enquanto participam ou ras-
treiam atividades policiais, por meio de
um contato policial ou dos jornais e noti-
ciários. Isso os levaria à cena do crime.
• Um parente ou amigo preocupado pode re-
crutar a galera para ajudar a descobrir
o que aconteceu com Ashley Lind ou até
pagar por isso. Essa pessoa pode nem sa-
ber que Ashley tinha morrido, então pode
acabar levando a galera ao apartamento de
Ashley.
• Dica: um inimigo de Kenny Liu pode avi-
sar a galera sobre alguma ligação entre o
suicídio e negócios duvidosos no cassi-
no. Isso pode levar à cena do crime ou ao
cassino.
• Fonte mística: Visões ou presságios re-
velados a um membro da galera (talvez
alguém caminhando pelo hotel) podem indi-
car que as forças das trevas estão traba-
lhando no Royal Plaza, talvez sugerindo
a natureza deste Pássaro Mecânico. Isso
pode levar à cena do crime ou à recepção
do hotel.
CONSTRUINDO O ICEBERG
Em seguida, divida a história de fundo em possíveis
locações envolvidas na investigação e atribua cada
uma as Profundidades e ramificações, como explicado
no exemplo de iceberg mostrado anteriormente. Isso
pode incluir locações que aparecem na história de
fundo; locações relacionadas a personagens-chave;
locações "reserva", que podem gerar camadas adicio-
nais no iceberg; e até mesmo locações "móveis", que
são cenas que podem ocorrer em diversos lugares, a
depender de como a investigação se desenrola.
As locações que podem ser alcançadas a partir do
gancho ficam na Camada 1. São nessas locações que
a galera tem mais chance de iniciar a investigação.
A locação onde é mais provável que a verdade seja
revelada ou o Portal principal seja confrontado
fica na Camada mais profunda. É o lugar onde a
galera tem mais chances de concluir a investigação e
tomar qualquer medidas de acompanhamento.
Para construir os diferentes ramos de investigação,
escolha uma única locação para a Camada 1 e respon-
da às questões:
? COMO É QUE ESTA LOCAÇÃO PODE
CONDUZIR A GALERA PARA A VERDADE?
Comece pensando nas pistas que a galera pode
encontrar no local.
? A QUE LOCAÇÃO SECUNDÁRIA AS PISTAS
PODEM LEVAR?
? ESTA LOCAÇÃO SECUNDÁRIA ESTÁ
SIGNIFICATIVAMENTE MAIS PERTO DA
VERDADE?
Nesse caso, deve ser situada em uma Camada
mais profunda do que a da locação atual. Se
esse novo local apenas revelar informações
diferentes, mas não necessariamente deixar
a galera mais perto da verdade, deve ficar na
mesma Camada.
2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 95
 Quando criar novas locações secundárias, trabalhe a
partir das mesmas perguntas. Vá descendo pela ra-
mificação, atribuindo novas camadas, até que aquele
caminho se conecte à locação final. Agora que você
conhece a Camada da locação final, pode avaliar me-
lhor o quão perto cada nova locação está da verdade.
Volte para as ramificações inacabadas e descubra
como se amarram à locação final. Por fim, ajuste a
natureza, as locações ou as Camadas para corrigir
quaisquer problemas no iceberg.
Mack, o MC, está desconstruindo a his-
tória de fundo, dividindo-a em locações
únicas. Ele começa com as locações in-
dicadas nos ganchos: a cena do crime, o
cassino, a recepção do hotel, o aparta-
mento de Ashley. Todas essas locações são
da Camada 1.
Depois disso, Mack pensa sobre a locação
final, onde as personagens têm mais chan-
ces de confrontar Kenny Liu. Partindo de
um ponto de vista dramático, Mack quer que
tudo aconteça na mesma sala em que hou-
ve o encontro com K-Nino e Ashley, ou no
telhado onde Kenny Liu forçou Ashley a
pular. Mack decide que Kenny Liu tem uma
suíte particular no último andar do hotel.
A suíte privativa de Kenny Liu ocupa a
Camada mais profunda, porque, se a galera
chegar lá, provavelmente estará ciente da
culpa de Kenny Liu.
Então, Mack se pergunta como a galera
pode chegar a Kenny Liu. Um caminho ou
ramificação seria investigar a vida da
vítima, principalmente no apartamento de
Ashley ou na vizinhança, o que pode levar
as personagens ao apartamento de Marty
(também na Camada 1, porque não aproxi-
ma muito a galera da verdade, visto que
Marty não está no apartamento). As evi-
dências nessa segunda locação podem reve-
lar o roubo, levando a galera de volta ao
cassino (Camada 1) ou, de alguma forma,
ao esconderijo de Marty. Se encontrado,
Marty pode contar quase tudo o que acon-
teceu até o momento em que o roubo come-
çou a dar errado. Esse é um passo sig-
nificativo para desvendar o caso, então
essa locação fica na Camada 2. O mais
importante é que, a essa altura, Marty
já teria descoberto a traição de Blanc,
então as personagens podem ir atrás do
esconderijo de Théo Blanc (Camada 3).
Interrogar o especialista em cartas pode
revelar o interesse de Cooper em Ashley,
remetendo à tudo o que se passou na suíte
privativa de Kenny Liu (Camada 4).
Outro caminho poderia ser investigando
o hotel e o cassino. As pessoas na rua
podem ter visto Marty (o que levaria a
galera para o apartamento de Marty, Cama-
96| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
da 1) ou Theo (o que levaria ao clube de
jogos onde Théo costuma estar, na Camada
2, porque é mais perto de Théo, que sabe
mais da verdade do que Marty). Investigar
o banheiro masculino revelaria que ali
houve uma briga com o pessoal da seguran-
ça, indicando para o Cubículo, o centro
de segurança do cassino (Camada 2). Se
a galera entrar no Cubículo, pode desco-
brir mais sobre as ações de Cooper naque-
la noite com os guardas da segurança, com
as imagens de câmeras, e por aí vai. Isso
faria a galera ir atrás de Cooper (Camada
3), o que Mack quer encenar como uma per-
seguição pelas ruas da Cidade. Natural-
mente, Cooper levará a galera até a suíte
privativa de Kenny Liu (Camada 4).
Outra opção da galera é investigar a cena
do crime (Camada 1), o que pode levar ao
cassino ou ao apartamento de Ashley (am-
bos também na Camada 1). A galera também
pode querer investigar dentro do hotel
(Camada 2): o telhado, as câmeras de
segurança, a equipe. Kenny Liu e Coo-
per fizeram o possível para esconder as
evidências, mas há uma chance de a gale-
ra descobrir um elevador particular que
vai do Cubículo (Camada 2) até a suí-
te privativa de Kenny Liu (Camada 4) ou
descobrir sobre o envolvimento do chefe
de segurança e ir atrás de Cooper (Cama-
da 3). Para evitar que a galera pule do
interior do hotel para a suíte privativa
de Kenny Liu, Mack decide que essa última
locação é móvel: se a galera descobrir o
envolvimento do dono do hotel muito cedo
e revelar muito do caso, Kenny Liu estará
em sua cobertura no centro.
Pode haver muitas outras miríades de ca-
minhos para conduzir essa investigação,
mas Mack não precisa saber de tudo. Ele
estabeleceu as principais rotas de inves-
tigação, então pode seguir em frente. O
iceberg para o caso é assim:
 camada 0 ganchos

camada 1
o
Recepção do
Cena do crime Cassino Apartament Apartamento
hotel de Ashley de Marty

camada 2
Dentro do A CAIXA Clube do
Esconderijo
hotel Théo de Marty

atrás
camada 3 de
cooper Esconder
ij
do Théo o

camada 4
ivativa
Suíte pr y Liu
de Kenn

LOCAÇÕES
Agora que você tem uma lista de locações, examine
cada uma e anote:
• uma descrição da locação, enfatizando seu poten-
cial dramático para as cenas, bem como quaisquer
características especiais, como por exemplo: o
prédio está em chamas;
P I S TA S
Pistas são pedaços de informação curtos e específicos
que levam a um ponto não mais profundo do que a
Camada seguinte (ou podem levar de volta a uma Ca-
mada mais rasa, talvez lateralmente para uma locação
diferente na mesma Camada). Mais especificamente, as
pistas devem levar a uma das locações subsequentes da
locação atual. Pistas podem ser, entre outras coisas:

• uma pequena lista das personagens presentes,
com descrição da aparência e da personalidade, os
momentos em que podem ser encontradas lá etc. Co-
loque mais ênfase nas personagens principais (como
Marty, no exemplo acima); você já deve ter alguma
descrição dessas personagens por conta da história
de fundo. Agrupe as personagens que desempenham
a mesma função em coletivos (como os convidados
no cassino); e
• uma lista de pistas que podem ser encontradas na
locação.
• evidência física um cartão de visita, pegadas la-
macentas, marcas estranhas no para-choque de um
carro, fotos, uma arma que combina com as evidên-
cias
• informações coletadas de outras personagens
relatos de testemunhas, rumores, uma história que
revela a bondade de alguém, um álibi, uma confis-
são, comportamento suspeito
• observações e deduções filmagens das câmeras
de segurança, resultado de uma tocaia, análises da
cena do crime, um suspeito aparecendo no local

2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 97
 • evidências em documentos, arquivos pessoais,
plantas-baixa, registros da Cidade, registros poli-
ciais, relatórios contábeis da empresa
• informações obtidas por meios lendários (usan-
do poderes de adivinhação, pedindo orientação ao
Mythos) o que é o Mythos do assassino, o que os
mortos sabem a respeito, o conteúdo de um cofre
trancado
Algumas pistas podem ser acessadas em mais de uma
locação (como o perfil online de uma pessoa). Copie
essas pistas em cada locação ou acrescente-as às notas
gerais. Por outro lado, você pode distribuir pistas por
diversas locações, para que as personagens as juntem
até conseguir descobrir um fato. Por exemplo, uma lo-
cação pode ter a arma do crime, e outra, as impressões
digitais do assassino, e essas duas locações podem ter
referências cruzadas para incriminar o assassino.
Crie pelo menos algumas pistas que funcionem com as
habilidades e recursos de cada protagonista. No entan-
to, não planeje como cada pista será revelada. Primeiro
porque muitas das pistas preparadas podem não ser
usadas porque os jogadores não escolherão investi-
gar as locações onde essas pistas aparecem. Segundo
porque manter o mínimo de planejamento garante que
você estará "jogando para descobrir", já que permanece
mais flexível na distribuição das evidências.
Embora quase todas as pistas indiquem um curso ló-
gico de investigação, pistas que excluem os caminhos
errados que podem ser seguidos podem ajudar muito
no andamento do caso. Lembre-se de que os jogado-
res começam sem saber nada sobre o caso que você
criou, então grande parte da investigação é eliminar
as outras possíveis explicações para o que aconteceu.
Mack, o MC, começa criando a locação da
cena do crime onde Ashley Lind foi encon-
trada morta após o "suicídio":
Descrição do local: Na noite do evento, a
entrada do Hotel Royal Plaza está fecha-
da; as luzes azuis e vermelhas dos carros
de polícia inundam a cena, misturando-se
às luzes brilhantes das placas e holofotes
do hotel. A chuva cai forte. O corpo de
Ashley está coberto por uma lona. Poli-
ciais e detetives se espalham pelos arre-
dores, coletando evidências e interrogando
testemunhas. Na manhã seguinte, o corpo já
foi removido, e resta só a área de impacto
cercada por uma fita de contenção, com um
único policial de vigia, recolhendo rela-
tórios adicionais de testemunhas.
98| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Personagens na cena:
• Detetive Johnny Benson, especialista fo-
rense; um sujeito robusto e grosseiro de
meia-idade que fala em grunhidos, resmun-
gos e rosnados.
• Policiais (coletivo)
• Testemunhas (coletivo)
Pistas:
• Pouco depois da meia-noite, o corpo da
vítima se chocou contra o teto de vidro
da entrada do hotel.
• A vítima é uma mulher branca de cabelo
escuro, com idade aproximada cerca de 30
anos.
• Ela estava de vestido de festa.
• Não estava acontecendo nenhum grande
evento no hotel, mas o cassino estava
aberto.
• Uma testemunha ocular disse que viu a ví-
tima no cassino, naquela noite. Ela esta-
va sozinha (isso foi durante o roubo).
• A perícia afirma que ela morreu com o im-
pacto no chão.
• Examinando o corpo:
» Uma pequena pistola carregada está en-
fiada em um coldre preso à coxa da víti-
ma.
» Escondida em um bolso secreto na parte
de trás do vestido, está a carteira de
motorista (identificando-a como Ashley
Lind) e algumas notas novas.
• Policiais dizem que não há indícios de
luta no telhado.
• A polícia acha que foi suicídio.
Mack, então, cria descrições semelhantes
para todas as outras locações.
PISTAS FALSAS
Uma pista falsa é propositalmente enganosa e leva
a galera para a direção errada — ou seja: leva a uma
investigação que não dá em nada. Uma pista falsa
pode melhorar um caso, complicando-o e dificultan-
do as coisas para os jogadores. No entanto, esse tipo
de recurso deve ser usado com cautela, sempre com
algumas ressalvas.
Uma pista falsa fria, do tipo que realmente leva a
um beco sem saída, deve ser revelada como falsa ou
na locação em que é encontrada, ou na locação final
para onde conduz a galera (ou seja, logo depois de ser
encontrada), para evitar gerar muita frustração. Caso
contrário, você vai acabar criando toda uma trilha
investigativa não dá em nada. Embora a realidade de
investigar um crime envolva muitas pistas complexas
que não levam a lugar algum, investigações cinemato-
gráficas tendem a acabar rápido com as pistas falsas.
Além disso, do ponto de vista do jogo, os jogadores
podem ficar desapontados se passarem uma ou duas
sessões investigando algo que acaba se revelando
completamente inútil para a história. A menos que
você queira simular uma investigação extremamente
realista, é melhor evite criar longas ramificações do
iceberg que não levem a nenhuma descoberta. No
geral, você não precisa criar pistas falsas: os jogadores
quase sempre interpretam mal as pistas que já exis-
PASSO 3:
ACRESCENTANDO
PERIGOS
O caso está quase pronto. Neste ponto, você já tem
uma investigação em que a galera pode se envolver,
com desafios específicos, como o de fazer as pergun-
tas certas, tirar as conclusões certas, fazer o acom-
panhamento na locação ou com as pessoas certas,
etc. No entanto, uma história de City of Mist não está
completa sem um pouco de ação: alguém altera as
evidências, agride os investigadores, tenta fugir ou
tenta matar o assassino.
tem e vão na direção errada até encontrarem pistas
adicionais que revelem a verdade.
Uma pista falsa quente é aquela que leva a galera de vol-
ta à investigação ou revela outra coisa importante para
a galera; esse tipo de pista é um truque cinematográfico
bem divertido. Embora faça a galera acreditar em algo
falso, também revela, indiretamente, informações valio-
sas para a história. Por exemplo, no caso do assassinato
já mencionado, com o envolvimento de Thor e Loki (ver
pág. 85), o Portal de Thor é uma pista falsa que o Portal
de Loki usa como bode expiatório. No entanto, embora
o Portal de Thor seja tecnicamente uma pista falsa, não
é um beco sem saída narrativo; na verdade, Thor pode
ser fundamental para a investigação, dependendo do
caminho que os jogadores decidirem tomar. Outra opção
é usar pistas falsas para revelar detalhes de outro caso.
Se quiser incorporar pistas falsas quente na história,
tente, logo no início da investigação, plantar uma
pista falsa que fará os jogadores interpretarem errado
todas as outras pistas válidas. Mais tarde, plante outra
pista que refute a pista falsa, guiando a interpretação
dos jogadores de volta para o caminho certo, o que
resulta em um momento de "AHÁ!" e revela uma revi-
ravolta na trama. Dessa forma, todas as outras pistas
coletadas ao longo da investigação não são inúteis, só
foram mal interpretadas.
Além disso, alguns casos geram ações subsequentes
que podem ser desafiadoras. Se, por exemplo, as pro-
tagonistas encontraram uma fábrica que faz drogas
por encomenda, talvez queiram acabar com o negócio;
ou, se precisarem de um ingrediente especial para
uma poção que salvará a vida de alguém da galera,
podem se aventurar em um enclave misterioso e lutar
contra tudo o que encontrarem lá dentro. Esses desa-
fios devem ser descritos em termos de jogo, de forma
que você possa usá-los nas cenas.
Pessoas e coisas que representem uma ameaça para a
investigação, para a galera ou para os objetivos da ga-
lera são chamados de Perigos. Seu caso está completo
depois de você criar uma lista de Perigos em poten-
cial. Baseie-se nas perguntas:
2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 99
 ? QUEM OU O QUE PODERIA COLOCAR A
INVESTIGAÇÃO EM RISCO OU INTERFERIR
NAS AÇÕES SUBSEQUENTES?
• A pessoa que cometeu o crime ou qualquer um que
tente protegê-la
• Uma terceira parte com interesse no caso
• A(s) vítima(s) (como pessoas transformadas em
zumbis)
• Ameaças ou condições de uma locação (como a
multidão bêbada em um bar ou tanques de água
quebrados no Aquário da Cidade)
• Inimigos da galera; particularmente, Nêmesis que
você pode inserir na história
Elabore uma lista de Perigos que podem vir a partici-
par no caso. Você pode querer escrever seus próprios
• Martin Brooks, ou Marty, um vigarista;
embora seja um Dormente, Marty pode muito
bem ludibriar a galera.
• Théo Blanc, jogador profissional. Mack
pensa em transformar o jogador de cartas
em um Portal.
• Seguranças do cassino
• Os guardas do cassino (como coletivo);
também podem ser usados como segurança
privada de Kenny Liu.
• O Cubículo, caso as personagens arranjem
briga por lá.
• K-Nino, Portal de Cérbero, se o grupo
vier a interagir com ele. Sua ficha está
no catálogo de Perigos Prontos.

ENCERRAMENTO
Perigos usando as regras fornecidas no Capítulo 3:
Essa Cidade é MINHA!, ou usar alguns dos Perigos
encontrados no catálogo de Perigos Prontos (também
no Capítulo 3) ou em outros produtos de City of Mist. Juntos, a história de fundo, as locações e os Perigos
são tudo o que você precisa para o caso. A história de
Mack, o MC, repassa a história de fundo
fundo dá um segundo plano amplo a partir do qual
para ver quem ou o que poderia ser um Peri-
go na história. Ele cria a seguinte lista: você pode improvisar as locações, e os Perigos forne-
cem detalhes que podem ser prontamente incorpo-
• Kenny Liu, magnata dono de hotéis e cas-
sinos. Além de seu exército robusto de
rados ao jogo, sem ponderações ou deliberações des-
segurança privada, Kenny Liu é o Portal necessárias. O iceberg dá uma boa noção de como o
do Imperador (Limítrofe) e tem o poder caso pode evoluir, mas, como você está "jogando para
sobrenatural de comandar pessoas de von- descobrir", lembre-se de que os jogadores podem ter
tade fraca. ideias diferentes sobre como resolver o problema. De
• Carlton Cooper, chefe de segurança do qualquer maneira, você está pronto e pode conduzir
cassino (o Dragão, Tocado). Mack quer que o grupo em uma investigação chocante sobre poderes
Cooper tenha principalmente os sentidos lendários e pessoas comuns nas ruas de sua Cidade
do Dragão, como a habilidade lendária de
conhecer cada moeda em seu tesouro. Dando
das Brumas.
um toque especial à habilidade, Cooper
pode dizer quando dinheiro está faltan-
do no cofre ou nos caixas do cassino e
sentir a localização de qualquer ficha
do Cassino Royal Plaza, em qualquer lugar
da Cidade. Mack também está pensando em
alguns poderes mais clássicos de dragão,
como escamas ou cuspir fogo.
» Cooper em seu carro, na cena de perse-
guição
» O assassino de aluguel que Cooper pode
ter contratado

100| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
2 · R E G R A S E G U I A S DA M C | 101
 CRIANDO UMA
SÉRIE
Embora resolver um único caso de City of Mist seja
muito divertido, uma verdadeira história de City of
Mist precisa de tempo e de espaço para ser construí-
da, aprofundada e vivenciada. É aí que a verdadeira
magia da Cidade se revela, proporcionando inúmeros
momentos cinematográficos antes de culminar em
uma experiência catártica e incrível. Jogar uma série
permite que as protagonistas cresçam e evoluam, que
vivenciem conquistas e falhas, que materializem o
102| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
que estava adormecido dentro de si esse tempo todo,
que cumpram com seu destino. A série permite um
enredo mais denso, com personagens de apoio que
entram e saem e vilões principais dominando arcos
inteiros da história, com revelações chocantes que
forçam as protagonistas a escolherem lados e uma
investigação que vai se construindo pouco a pouco até
que enfim desvela uma verdade indizível que, uma vez
conhecida, muda tudo.

O CONCEITO DA SÉRIE
O conceito da série, estabelecido no início da Sessão
de Exposição, define o que o grupo (incluindo você)
gostaria que a série tratasse. A natureza da galera,
os objetivos e o modus operandi formam a linha de
base a partir da qual vai surgir tudo na história. Não
se esqueça de que a maioria dos casos da série, senão
todos, devem ser escritos ou adaptados de acordo com
o conceito.
Alice, a MC, está criando a série do Mis-
tério no Lago de Lakeside Drive. O grupo
decidiu que a história vai girar em torno
de um bairro que foi parcialmente inunda-
do e submerso em um lago, uma catástrofe
que todos parecem ter esquecido – todos,
menos as protagonistas. Quase todos os
casos da série vão tratar da investigação
de desaparecimentos resultantes dessa ca-
tástrofe ou de pessoas e organizações que
ou estão envolvidos no que aconteceu, ou
ao menos sabem algo a respeito.
RECURSOS DE SÉRIE
A primeira etapa da criação de uma série é peneirar o
que você e o grupo já reuniram e compilar uma lista
de recursos que podem ser usados nos casos e arcos
da história. Depois da Sessão de Exposição ou depois
que o grupo jogar alguns casos, você já terá bastante
material diverso para trabalhar:
• O tema da galera, os rótulos de poder e de fraqueza
e o Mistério ou a Identidade
PRIORIZANDO MISTÉRIOS E IDENTIDADES
Conforme explicado no Capítulo 4 do Guia do
Jogador, um aspecto importante do desenvolvi-
mento das protagonistas depende de momentos
dramáticos em que elas precisam escolher entre
os Mistérios, as Identidades e / ou algumas con-
siderações circunstanciais (como uma ameaça
a suas vidas, por exemplo). Embora só o jogador
possa decidir se a personagem está enfrentando
um dilema e, portanto, Fazendo uma Escolha
Difícil, cabe a você fornecer as circunstâncias
que podem desencadear esse movimento.
De certa forma, os jogadores usam os Mistérios
e as Identidades para lhe dizer o que gostariam
de explorar sobre as personagens, e você deve
responder criando a oportunidade para que eles
o façam. Em uma sessão, você pode criar uma
situação que permite que um jogador acione o
movimento Fazer uma Escolha Difícil ou com o
seu movimento forte de MC Forçar uma Escolha
ou orquestrando as circunstâncias certas.
Quando projetar a série, certifique-se de reunir
uma boa quantidade de elementos de história e
de ideias de enredo que se concentrem nos Mis-
térios e nas Identidades das protagonistas. Mais
tarde, quando escrever arcos de história e casos
para a série, pense em como aproveitar esses
elementos e ideias para prender as personagens
em situações que permitam que os jogadores
acionem seus Mistérios e Identidades.
Leia mais sobre os dilemas de Mistério e Identi-
dade em Fazer uma Escolha Difícil, na pág. 254
do Guia do Jogador.
• A história de fundo, os temas, os rótulos de poder e
de fraqueza, os mistérios e as identidades de cada
personagem
• O Mythos de cada personagem e as personagens,
locações e desenvolvimentos de enredo associados
a essa lenda
• Suas anotações da Sessão de Exposição e, mais
especificamente, do que for jogado em "Um Dia
Comum"
Reveja todas as ideias e os detalhes e os divida em
quatro listas, ou “grupos”: questões prementes, ele-
mentos da história, ideias de enredo e guias de estilo.
Você pode usar a Ficha de Recursos da Série, apresen-
tada no fim do livro.
2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 103
 QUESTÕES PREMENTES
Liste aqui todas as questões prementes da série.
Questões prementes são problemas não resolvidos
para os quais o grupo gostaria de encontrar uma
solução interessante durante a série, porém escritos
em forma de pergunta. Se o grupo não está interes-
sado em determinada resposta, não é uma questão
premente. As questões da lista podem abordar todos
os diferentes níveis da série, do geral ao específico.
Podem ser perguntas dos jogadores ou das persona-
gens ou perguntas que você, como MC, guarda para si.
• Questões centrais da série, se já forem conheci-
das, como Quem é o Rei Carmesim? O que tem no
fundo do lago?
• Questões sobre o arco de história, como Quem
está por trás dessa nova droga circulando nas ruas?
A galera vai conseguir impedir Vulcano antes que ele
derreta a Estação Central?
• Questões da galera, que são relacionadas ao que
é importante para as personagens (o que também
se reflete no tema, no Mistério ou na Identidade da
Galera), como Quem vigia os vigilantes? Como podem
combater o crime se estão infringindo a lei? O que a
galera precisa fazer a respeito de uma das protagonis-
tas, que está fora de controle?
• Questões individuais das personagens, que estão
relacionadas ao que é importante para cada uma
delas (e que também se refletem nos temas, Misté-
rios e Identidades), como Quão alto João consegue
escalar? Salamandra vai conseguir manter o empre-
go? Excalibur vai se rebelar contra o pai?
• Questões sobre elementos recorrentes da histó-
ria, como personagens não-jogadores, locações ou
grupos, como Por que Caterina sempre usa a jaqueta
do avesso? Onde O Pedro Preguiça trabalha à noite?
O que está acontecendo no Hangar 74? Quem são os
Boinas Vermelhas?
Mais tarde, quando escrever casos ou arcos de histó-
ria, as questões prementes podem ser usadas de várias
maneiras:
• Plante pistas que levem às respostas que você
escolheu: Para algumas das questões prementes,
você pode encontrar respostas que lhe pareçam
convincentes. Em seguida, plante pistas ao longo
da série que levarão a galera às respostas; a galera
vai seguir essas pistas até a verdade.
• Crie situações que vão revelar a resposta: Deixe
algumas das questões prementes para serem res-
pondidas durante o jogo, sobretudo se essa resposta
104| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
pode ser afetada pelas ações da galera. Por exemplo,
se, no início da série, surgir a pergunta A galera vai
salvar a Cidade do Portal de Morfeu, mesmo com tão
poucas chances de sucesso?, você pode criar situa-
ções que permitirão que a galera descubra e impeça
o plano de Morfeu, para então ver o que acontece.
Isso é ainda melhor para as questões relacionadas
aos Mistérios e às Identidades das PJs: sempre per-
mita que as ações da personagem revelem a verdade
sobre quem ela realmente é.
• Dê uma "resposta indireta”: Você pode elaborar
uma resposta provisória à pergunta e plantar algumas
pistas vagas. Você pode mudar a resposta quando as
personagens fizerem alguma ação para influenciar o
resultado dessa questão premente ou quando você
tiver uma ideia melhor, mais tarde.
Se estiver usando a regra opcional de Dicas Reversas
(consulte a pág. 230 do Guia do Jogador), os jogado-
res também podem afetar as respostas de perguntas
importantes gastando uma Dica para determinar o
que encontram. Você, então, ajusta a resposta para
acomodar as informações fornecidas pelo jogador.
ELEMENTOS DA HISTÓRIA
Liste aqui todos os elementos que você pode vir a
usar em seus casos e arcos de história. Os elemen-
tos da história são as personagens, as locações, as
organizações, os grupos, as tendências, os fenôme-
nos e até mesmo as forças abstratas que existem na
sua Cidade e que você pode querer usar mais tarde
na série. Você pode introduzir elementos da história
nos casos que escreve ou como parte do que tiver que
improvisar durante a sessão.
Pense em quantas vezes gostaria de ver cada
elemento da série. Divida a lista de elementos de
história em sublistas:
• Elenco de apoio ou temas principais: elementos
de história centrais para um arco de ou para toda a
série, como o Rei Rubro, o Lago de Lakeside, a empre-
sa maligna Genesis etc.
• Elenco ou temas recorrentes: elementos de
história que aparecem regularmente na série, como
aliados, ameaças ou partes do cenário.
• Atores convidados: elementos de história que pro-
vavelmente só aparecerão em um dos casos, talvez
em mais de um episódio.
• Participações especiais: elementos da história que
às vezes são citados, mas que não são aprofundados
e aparecem apenas pontualmente.
Considerando a evolução da série, os elementos
da história podem mudar um pouco de papel. Por
exemplo, se você apresentar uma personagem como
parte dos atores convidados e os jogadores acabarem
se envolvendo com ela, pode decidir torná-la uma
personagem recorrente ou até principal.
IDEIAS PARA SEU ENREDO
Liste aqui todas as suas ideias para desenvol-
vimentos e reviravoltas na história. Enquanto
examina os materiais da série, você pode acabar
descobrindo que já começou a ter algumas ideias para
os desenvolvimentos do enredo: o possível destino de
uma das personagens do elenco de apoio, um futuro
ataque à base de operações da galera... Assim como
os elementos da história, as ideias para o enredo são
desenvolvimentos que você pode usar na história de
fundo dos casos, talvez como possíveis desdobramen-
tos de um caso ou para ajudar a improvisar algum
aspecto em uma sessão.
Se preferir "jogar para descobrir" sobre este aspec-
to do enredo, é melhor formular uma ideia geral na
forma de pergunta e movê-la para a seção de ques-
tões prementes. Por exemplo, em vez de decidir que
o prefeito será assassinado no comício, você pode
transformar essa ideia em uma questão premente:
O prefeito será assassinado no comício? Fazendo isso,
você permite que os jogadores participem da criação
da resposta.
Além disso, como a série se passa nos
anos 1980, Alice assiste a alguns filmes
e programas que retratam o período para
poder descrevê-lo melhor ao longo da nar-
rativa.
USANDO E CONSTRUINDO
RECURSOS DE SÉRIE
Mantenha as listas de recursos de série à mão quando
estiver conduzindo as sessões do grupo e consulte-as
sempre que precisar de ideias.
No fim de cada sessão, reveja as anotações feitas du-
rante a narrativa e adicione as novidades aos recursos
da série como questões prementes, elementos de
história, ideias de enredo ou guias de estilo.
Conforme a série se desenrola, a galera e as perso-
nagens principais evoluem. Sempre que os jogadores
adicionarem um novo detalhe à galera ou às persona-
gens individualmente, acrescente esse detalhe aos re-
cursos da série, se for relevante. Esses novos detalhes
podem ser:
• Novos temas, rótulos, mistérios ou identidades da
galera
• Novos temas, rótulos, Mistérios ou Identidades,
melhorias de tema, temas extras ou Nêmesis das
personagens
• Rótulos de história contínuos e temporários

GUIAS DE ESTILO
Liste aqui todas as ideias que você tem para o
estilo visual e narrativo da série, ou, em outras
palavras, elementos que contribuem para que a série
pareça coesa, e não aspectos do conteúdo da história
e de enredo. Isso pode incluir motivos temáticos que
se repetem ao longo da série ou efeitos especiais que
você quer lembrar de descrever.
Alice, a MC, quer dar à série do Misté-
rio no Lago um toque assustador. Tomando
como base o rótulo de fraqueza do tema
de galera hidrofobia e a base de histó-
ria da galera, que envolve um evento ca-
tastrófico em que possivelmente milhares
de pessoas se afogaram, ela decide en-
cher a trama de descrições assustadoras
envolvendo água: a série inteira traz
um som constante de água pingando, gote-
jando e fluindo. Trabalhando essa ideia,
Alice acrescenta que o bairro Lakesi-
de Drive tem muitos problemas de água:
canos estourados, umidade nas paredes,
porões inundados etc.

2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 105

 ARCOS DE HISTÓRIA
O componente mais fundamental de
uma série é o arco de história: uma
sequência de casos relacionados que
giram em torno de uma grande ameaça,
geralmente um Avatar ou outro tipo de
Portal poderoso. O conjunto de sessões
que dura um arco de história em geral
é chamado de temporada (embora uma
temporada possa envolver vários arcos
de história, ou partes de vários arcos de
história); a primeira sessão se chama
episódio de estreia, e a última é o epi-
sódio de encerramento da temporada.
SÉRIES EPISÓDICAS
Inspirado na narrativa moderna, que está
se inclinando cada vez mais para histórias
sequenciais, City of Mist foi projetado para que
o conteúdo dos casos se transforme em um
ou mais arcos de história. No entanto, você
também pode optar por criar uma série episódi-
ca, onde não há um grande enredo conectando
os casos. Em uma série episódica, cada caso é
separado dos outros: um único crime, injustiça
ou problema que as protagonistas investigam e
resolvem. O fio condutor de uma série episódica
é a própria galera, como por exemplo uma equi-
pe policial investigando um crime diferente por
episódio, ou uma ordem de caçadores lutando
contra o monstro da semana. Às vezes, alguns
casos podem se conectar e formar um mini
arco de história, mas isso não define a série.
O GRANDE ICEBERG
Um arco de história é feito de casos e, assim como
os casos de que é feito, pode ser comparado a um
iceberg.
Na base do iceberg está a ameaça que é a raiz de
todos os crimes, as injustiças ou os problemas que
compõem os casos do arco de história. Esta ameaça
costuma ser um Portal poderoso, mas Portais mais
fracos e Dormentes também podem servir como
ameaças, se tiverem influência o bastante. A influên-
cia e o poder da ameaça determinam a complexidade
do arco de história: uma Limítrofe à solta poderia
106| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
manter a galera ocupada por alguns casos, no máxi-
mo, já um Lendário bem estabelecido pode ser tema
de um arco de história mediano, enquanto uma Avatar
pode ser a ameaça contínua de uma série inteira.
Cada ameaça na base de um iceberg tem:
• planos em larga escala que está tentando promo-
ver;
• um modus operandi, métodos para promover sua
agenda;
• um objetivo, o resultado que ela espera de seus
planos; e
• uma operação, um sistema complexo e vivo de
recursos, instalações e agentes que promovem seus
planos.
O corpo do iceberg representa a operação. A
influência da ameaça se infiltra pelas diferentes Ca-
madas da operação e se espalha, afetando a Cidade.
Cada Camada da operação corresponde a um nível
de consciência: Dormentes, Tocados, Limítrofes,
Legendários e Avatares. Isso serve mais ou menos
de guia para determinar quão profundamente as
Brumas encobrem alguns aspectos da operação.
Portanto, a Camada Dormente de uma operação é
seu aspecto mais visível, enquanto que a Camada do
Avatar, se for parte da operação, contém os aspectos
mais ocultos e desconhecidos, aspectos que apenas o
Avatar criador da operação conhece. (Repare que isso
não significa que é preciso atingir um certo nível de
consciência para compreender partes de uma opera-
ção em determinada Camada; as Camadas só ajudam
a indicar quão bem escondidas estão essas partes a
serem compreendidas.)
A Camada mais profunda, ou a parte mais inferior
do iceberg, representa a ameaça, como dito acima.
Imediatamente acima da ameaça estão seus aliados
ou servos mais leais e poderosos, cada um respon-
sável por todo um ramo de atividades. Por exemplo,
uma ameaça Avatar pode ter vários subordinados de
profundidade Lendária, cada um responsável por um
aspecto da operação do Avatar. Uma ameaça diferente,
Lendária, poderia ter apenas um capanga da profun-
didade Limítrofe a seu serviço, ou talvez tenha cinco,
dependendo de quão ampla for sua operação. Esta
sucessão de poder segue o iceberg acima, com cada
camada responsável por um sub-ramo da operação da
ameaça principal.
Neste caso, também não é obrigatório que ninguém
no nível Lendário de uma operação precisa ser um
portal Lendário; entretanto, a maioria das persona-
gens responsáveis por uma operação (ou qualquer
parte dela) deveria ter o nível de consciência cor-
respondente ao da Camada em que está. Qualquer
desvio dessa diretriz vai refletir principalmente no
valor daquele indivíduo para a operação em si. Alguns
exemplos de portais não-lendários que atuem na Ca-
mada Lendária de uma operação podem ser avatares
recentes, avatares subordinados e com pouca influên-
cia, ou, inversamente, limítrofes, tocados ou mesmo
dormentes com influência e poder consideráveis.
A ponta do iceberg representa a Camada 0, ou
Camada Dormente, que apresenta as manifestações
visíveis das várias partes da operação. Se um dos ramos
da operação da ameaça principal está envolvido com
tráfico de armas, o tráfico em si ocorre na Camada
Dormente. Se outro ramo promove ódio e violência
alterando receitas médicas, isso também ocorre na
Camada Dormente.
Dormentes
Tocadas Caso 4 Caso 2
Limítrofes Caso 6
Lendárias Caso 7
Avatar
Caso 8
A INVESTIGAÇÃO TAMBÉM REVELA
ESTE ICEBERG
Em um arco de história, assim como em um caso,
a investigação conduz a galera da ponta até a base
do iceberg. A principal diferença entre um arco de
história e um caso é que o iceberg de um caso é feito
de locações, já o iceberg de um arco de história é feito
de casos.
Cada caso em um arco de história revela mais so-
bre a ameaça ou leva a galera mais perto do triunfo.
Começa com informações que a galera obteve no final
de um caso anterior e termina com informações que
levam ao caso seguinte ou a vários casos potenciais.
Em outras palavras, a verdade de cada caso vira o
gancho do caso seguinte. Assim como as locações,
casos subsequentes podem estar na mesma Camada
e ajudar a expor outros ramos da operação, ramos
que mais tarde se fundem na mesma raiz, conforme a
galera vai escavando a verdade.
Estreia da
temporada
Caso 1
Caso 3
Caso 5
final da
temporada
2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 107
 Outra diferença entre um arco de história e um caso
é que, embora você escreva todas ou quase todas as
locações antes de jogar um caso, um arco de his-
tória é escrito conforme se desenrola, nunca
com antecedência. Em um arco de história, cada
caso jogado pode mudar tudo (jogue para descobrir,
lembra?). As personagens principais podem descobrir
uma pista importante que os deixa muito mais perto
de encontrar a ameaça do que você esperava; elas po-
dem decidir atacar uma das instalações da operação;
podem dar um tempo na investigação e sair em busca
de restaurar a saúde de alguém da galera que, no caso
anterior, Não. Se. Conteve. e pagou o sacrifício final;
podem ser capturadas pelos agentes da ameaça, assim
por diante. Você não pode e não deve tentar prever
qual será o próximo caso a ser jogado. Só escreva o
caso seguinte do arco de história depois que o grupo
concluir o que já está escrito.
O arco de história termina quando a ameaça é final-
mente superada ou transformada em outra coisa,
ou quando a ameaça supera a galera de vez (fim da
série?).
Dormentes
Tocadas
Limítrofes
Lendárias
Avatar
108| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
O ICEBERG DA OPERAÇÃO
O que você pode e deve ter pronto com antecedência
para uma série é O Iceberg da Operação, um mapa
detalhando as várias Camadas da operação no centro
de seus arcos de história, junto com as personagens,
locações e grupos envolvidos em cada Camada. Esse
mapa da operação, inspirado em um “quadro de cri-
me” ou “quadro de evidências”, mantém você ciente
de outras possíveis atividades operacionais ocorrendo
na Cidade em paralelo ao que a galera está investi-
gando. Durante as sessões, o mapa ajuda a improvisar
quando a galera ultrapassa os limites do caso escrito e
mergulha mais fundo ou mais além no iceberg. Entre
as sessões, este esquema da organização permite que
você saiba o que a equipe vai revelar ou confrontar no
próximo caso que você escrever e que pistas fornecer
para levá-los mais perto da verdade.
Capítulo 3: Essa cidade é MINHA! explica como criar
operações para avatares e inclui alguns avatares e
seus icebergs de operações, que você pode usar como
base para seus arcos de história.
DE QUANTOS ARCOS DE HISTÓRIA
EU PRECISO?
Uma série pode ter um arco de história central ou
vários arcos de história entrelaçados, com a galera, a
cada caso, alternando entre os arcos de história ou,
às vezes, investigando um caso que liga dois arcos de
história. Arcos de história menores podem convergir
em arcos de história maiores; por exemplo, um arco
de história em escala lendária pode acabar sendo ape-
nas um ramo meio afastado da operação de um Avatar
de outro arco de história. Mesmo arcos de história
que terminaram podem ser reiniciados com uma nova
reviravolta.
Observe que ter mais de um arco de história expande
o “quadro de crimes” da Cidade e torna a série dra-
maticamente mais intrincada. Como consequência,
serão necessários mais casos e, portanto, mais sessões
para investigar e expor a verdade. Você deve adaptar
o número e a complexidade dos arcos de história para
se adequar à duração que planejou para a série e à
disponibilidade do grupo.
PRINCÍPIOS DE ESCRITA DE ARCOS
DE HISTÓRIAS
Pense na Cidade como uma metrópole viva e em
constante mudança. Este princípio narrativo tam-
bém se aplica quando você vai escrever casos de um
arco de história. Os casos costumam ser separados por
um intervalo de tempo, como alguns dias ou semanas,
embora, em algumas séries, os casos possam aconte-
cer com meses e talvez até anos de intervalo. A Cidade
não para durante esse tempo; continua mudando.
Tendências sociais, movimentos políticos e fenôme-
nos naturais continuam evoluindo e afetando a cida-
de. Mais importante ainda, o trabalho dos Mythoi e de
seus Avatares, assim como o trabalho dos Guardiões,
nunca cessa. Novos Portais nascem, as operações se
expandem, e a Névoa enfraquece em algumas áreas e
se fortalece em outras. A mudança é constante.
Outro fator importante é que as ações das persona-
gens impactam a Cidade. Aqueles que a galera salvou
os procuram para agradecer pessoalmente, enquanto
os que foram prejudicados por suas ações guardam
rancor ou buscam vingança. O pouco da atividade da
galera que é visível para os Dormentes chega à mídia:
as protagonistas são ligadas ao descarrilamento de
um trem do metrô, à exposição de uma conspiração
política ou por serem os guarda-costas da maior DJ da
Cidade. A galera também ganha reputação por trás do
véu das Brumas: seus nomes passam de boca em boca
entre figurões do submundo que desejam recrutá-los
ou eliminá-los. Mythoi adormecidos despertam ao
ver, nas personagens da galera, uma oportunidade de
encenar seus dramas, talvez até criando novos Portais
apenas para esse propósito. O tempo todo, tudo reage
às protagonistas. Afinal, esse show é sobre elas.
Quebre os elementos já estabelecidos. A narrativa
moderna, que foi muito influenciada pelos filmes noir,
é muito baseada no choque. Leve um tempo cultivan-
do o status quo: um prefeito irritante que restringe as
ações da galera, uma aliada confiável que está sempre
lá quando as coisas ficam difíceis; um ponto de refe-
rência familiar que parece sempre surgir na história.
Então, quando os jogadores menos esperarem, acabe
com o status quo: faça com que o prefeito se torne
um Avatar, com que a aliada seja morta ou que traia
a galera, faça com que o ponto de referência seja
engolido pela terra, para que o horizonte da cidade
pareça vazio e que muitas perguntas surjam. Não
deixe pedra sobre pedra e não tenha medo de abater
as vacas sagradas da série (mas não as vacas sagradas
dos jogadores). Dá uma ótima história.
O JORNAL
Como dispositivo cinematográfico, você pode
criar um ou mais jornais diários ou programas
de notícias que relatam os acontecimentos da
Cidade. No início de cada sessão, durante o
intervalo, ou como uma cutscene, compartilhe
com os jogadores as manchetes que chegaram
às notícias diárias. Você pode usar esse arti-
fício para compartilhar pistas e ganchos com
a galera, para anunciar problemas iminentes
(a la Complicar as Coisas), para relatar sobre
ramificações paralelas ou arcos de história que
continuam progredindo, para levar a galera a
agir etc.
2 · REGRAS E GUIAS DE MC | 109
Essa Cidade é
MINHA!
SOBRE PERIGOS E AVATARES

capítulo

3

REGRAS DE PERIGO
ESPECTRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PÁG. 118
O espectro mede a quantidade de determinado tipo
de condição que um Perigo pode tomar antes que mude
irrevogavelmente (sendo superado ou transformado). Um
espectro é feito de um rótulo e um qualificador máximo.
• Esgotar: Quando um perigo assume uma condição de
um espectro com um qualificador igual ao máximo, o
espectro é esgotado.
• Derrota: No geral, quando o espectro de um perigo
atinge o limite, o perigo é superado.
• Contagem Regressiva: Quando os espectros são es-
gotados, um movimento personalizado é ativado (por
exemplo, quando uma bomba explode).
• Imunidades: Espectros marcados com "–" indicam que o
Perigo é imune a condições do tipo e as ignora comple-
tamente.
• Condições fora do espectro: um Perigo pode receber
uma condição mesmo que não corresponda a nenhum de
seus espectros.
EFEITOS DAS CONDIÇÕES NOS PERIGOS . . . . . . . PÁG. 126
Quando um perigo recebe uma condição, escolha uma das
seguintes opções (ou mais, se for caso):
• A condição conta contra os espectros desse Perigo e o
aproxima da derrota.
• A condição se aplica aos movimentos do jogador contra
esse perigo.
• A condição se aplica aos movimentos do Perigo.
DEFESAS DOS PERIGOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PÁG. 137
• Uma condição ou rótulo defensivo que se aplica aos
movimentos de ataque dos jogadores
• Um movimento que reduz o qualificador das condi-
ções que o perigo recebe (como um Filtro de Condições)
• Imunidades, espectros em que o Perigo não pode rece-
ber nenhuma condição.
• Escudo Ativo (ver coluna da direita), um movimento
personalizado que atinge o atacante antes do ataque
114| F I C H A S D E R E F E R Ê N C I A
MOVIMENTOS DE PERIGOS. . . . . . . . . . . PÁG. 121
Movimentos fracos e fortes de perigo são sugestões
para movimentos de MC fracos e fortes que você pode
fazer ao usar um Perigo específico.
Movimentos personalizados de perigo são regras espe-
ciais relacionadas a um Perigo específico.
• A maioria dos movimento personalizados são interven-
ções e podem ser ativados mesmo se um jogador estiver
sob os holofotes.
• Quando um movimento personalizado é ativado pela
primeira vez, você deve revelá-lo aos jogadores. (Você
pode revelá-lo antes disso, se quiser)
MOVIMENTOS PERSONALIZADOS COMUNS
PARA PERIGOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PÁG. 134
• Escudo Ativo: Quando uma personagem ataca o Perigo,
ela primeiro recebe uma condição ou enfrenta um resul-
tado negativo.
• Fim do Cronômetro: Define o que acontece quando a
contagem regressiva do espectro de um perigo se esgota.
• Condição ou Rótulo Inicial: atribua uma condição ou
um rótulo ao Perigo assim que ele entrar na cena.
• Filtro de Condições: modificar (em geral reduzir) as
condições de um tipo específico recebidas pelo Perigo.
• Carga de Condições: Criar um efeito secundário adicio-
nal quando o Perigo atribuir uma condição.
COLETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PÁG. 124
Um coletivo é um único perigo que representa um grupo
de ameaças ou de personagens da MC. Cada coletivo tem
um fator de tamanho que varia de 1 a 4.
• Um coletivo tem o mesmo espectro e se move como um
único indivíduo, mas:
» Para condições atribuídas a todo o coletivo: Redu-
zir o qualificador pelo fator de tamanho.
» Para movimentos feitos por todo o coletivo: au-
mentar o efeito pelo fator de tamanho.
• Afetar indivíduos: Os membros de um coletivo podem
receber condições e ser superados individualmente. Quan-
do um número suficiente de membros de um coletivo é
superado, a MC reduz o fator de tamanho do coletivo.
• Separar: Você pode separar um coletivo grande em cole-
tivos menores ou em Perigos individuais, se as circuns-
tâncias permitirem (uma gangue se divide, por exemplo))
CRIAÇÃO DE PERIGOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PÁG. 129

PASSO 1: CONCEITO PASSO 3: ESCOLHA OS MOVIMENTOS FRACOS

? PERSONAGEM: Quais são as capacidades e os recursos ? Como o Perigo pode dificultar a vida da galera sem
do Perigo? causar nenhuma consequência dramática (ainda)?
? PORTAL:
PASSO 4: ESCOLHA OS MOVIMENTOS FORTES
• Qual é o Mythos?
? SE A GALERA PERMITIR:
• Qual é o nível de despertar?
• Como o Perigo pode influenciar ou ferir os outros?
• Quais são os poderes de Mythos?
• Como o Perigo pode ajudar a própria causa ou aos
? LOCAÇÃO: O que tem de perigoso no lugar?
seus aliados?
? TODOS OS PERIGOS: Como o perigo vai interagir com • Como o Perigo afetaria a cena ou a história?
a galera?
PASSO 5: ESCOLHA OS MOVIMENTOS PERSONALIZADOS
PASSO 2: ESCOLHER OS ESPECTROS ? O que o Perigo pode fazer que não foi descrito nos
? ESPECTROS DE DERROTA: outros movimentos?
• Como o Perigo pode ser superado? ? Que característica do Perigo ainda não foi descrita nos
• Que condições podem acabar com o Perigo? outros movimentos?
? ESPECTRO DE CONTAGEM REGRESSIVA: Que trans-
formação perigosa ou que fim tragico o Perigo trará?
? IMUNIDADES: Este Perigo é imune a quê?

GERADOR DE PERIGOS PORTAIS

ESCOLHA UMA PERSONA DO DIA A DIA (LOGOS)

RESIDENTES DA CIDADE CRIMINOSOS BRAÇO DA LEI E SEGURANÇA
Advogada Particular yyy p140 Assassina de Aluguel yyy p145 Detetive / Investigadora yy p146
Arroz de Festa yy p142 Brutamontes yy p145 Equipe da SWAT / Segurança
Ativista Radical yy p141 Carro de Fugayy p146 de Elite yyy p148
Bêbado Violento y p142 Contrabandista yy p145 Tiras / Seguranças y p146
Enfermeira da Ala Psiquiátrica y p141 Equipe de Assalto yyy + p144 Sistema de Segurança yy p148
Figurão Importante yyyy p141 Gangue de rua yy p146 Viatura da Polícia yy p148
Funcionário do Governo y p139 Gatuno yy p143
Jornalista yy p142 Golpista yy p143
Máfia yy p142 Delinquentes Juvenis y p144
Problemático y p142 Ladrãozinho y p145
Residente da Cidade, Indefeso p140 Poderoso Chefão yyyy p143

ESCOLHA UM CONJUNTO DE PODERES DE MYTHOS

Bruxa ou feiticeira + y p154 Fera + y p150 Pés ligeiros + y p152

Caçadora + y p153 Golem ou Elemental + y p151 Portadora de Arma (Relíquia) + yy p154
Controlador Mental + y p151 Guerreira + y p154 Semideus ou Gigante + yy p151
Criatura alada +y p154 Ladra + y p154 Trapaceira + y p152
Criatura das Trevas + yy p151 Líder + y p152
Espírito ou Deus da Natureza + y p152 Mensageira da Luz + y p152
Fantasma ou espírito + y p151 Necromante + y p152

F I C H A S D E R E F E R Ê N C I A | 115
 PERIGOS

116| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C

“Eu a segui até o beco imundo. Um jato de
vapor saiu do escoamento do metrô, e aca-
bei perdendo ela de vista. Dava para ouvir
o estalo de seus saltos nos paralelepí-
pedos da rua. 'Senhorita Rustov?; chamei.
'Disse ao telefone que tinha informações
sobre a Irmandade do Circo…?'. Ela riu de
algum lugar do beco, uma risada ondulante
e desequilibrada. Eu estava começando a fi-
car nervoso. 'Eu disse, foi?', veio a voz
dela. 'Você anunciou pro bar inteiro que
estava atrás deles...' Ela saiu da névoa,
os olhos amarelos como a lua, com presas
tão longas quanto pregos de caixão saindo
da boca e três chifres retorcidos adornan-
do a cabeça. '... Bem, eu não queria dei-
xar você sem resposta', explicou ela, com
frieza, e partiu para cima de mim, esten-
dendo as garras longas e afiadas dos dedos
deformados. 'Bem, gostaria de retribuir o
favor', respondi. O magnífico Shamshir-e
Zomorrodnegar se materializou na minha mão,
inteirinho, do punho à lâmina, e foi ao
encontro das garras daquele demônio, antes
de eu completar: 'Te encontrei, Fulad-ze-
reh... Agora você vai morrer'."
– Arsalan
Ao longo da série, as protagonistas estão destina-
das a encontrar uma ampla gama de personagens,
locações e situações que as desafiarão ou represen-
tarão uma ameaça para a investigação – ou para suas
vidas. Essas ameaças podem ser Portais dotados de
poderes lendários (incluindo Relíquias, Familiares e
Enclaves) ou adversários e perigos mundanos. Podem
ser qualquer coisa, desde um andaime frágil que um
policial precisa escalar para perseguir um suspeito
até o Portal grotesca de um minotauro guardando a
entrada do porão de uma boate; um pequeno elfo as-
tuto convocado com magia de fadas por um membro
de uma gangue wicca; ou uma femme fatale Dormente
que arrasa com a honra de uma detetive grosseira,
mas muito vulnerável.
Ameaças aos personagens principais são descritas
como Perigos: desafios que têm formas predefinidas
de influenciar ou ferir as protagonistas e maneiras
predefinidas como podem ser superados. Na etapa de
criação do caso, criar Perigos ajuda a planejar uma
ameaça com antecedência, controlando o nível de de-
safio. Durante a sessão, usar perigos permite que você
reaja mais rápido, escolhendo ativar movimentos pre-
definidos em vez de improvisar com os movimentos
de MC. Você pode criar seus próprios Perigos ou usar
os Perfis de Perigo disponíveis a partir da pág. 138.
QUEM PODE SER UM PERIGO?
Você PODE criar um perfil de Perigo para qualquer
personagem não-jogador ou entidade que você
controle: de inimigos a grupos neutros e autocen-
trados, espectadores aleatórios, aliados e regula-
res da série. Qualquer um pode ser uma ameaça
às protagonistas ou à investigação; personagens
hostis ou voláteis são uma ameaça óbvia porque
podem ferir as protagonistas, mas personagens
amigáveis ou inocentes também podem repre-
sentar uma ameaça, porque as protagonistas
podem tentar protegê-las ou decidir mudar o
curso da investigação por causa delas. Um Portal
da Fenda do Armagedom, por exemplo, pode ser
uma garotinha de aparência inocente, mas ainda
assim representar uma ameaça para a Cidade; ou
a aparição que tem guiado a galera durante toda
a temporada pode tentar convencê-los a seguir
seus conselhos e abandonar todos os outros
aspectos de suas vidas, e por aí vai.
Não crie perfis de Perigo para personagens
secundários de jogador (consulte a pág. 236 do
Guia do Jogador), como um companheiro ou uma
montaria. Essas personagens são representados
pelos movimentos e condições do jogador.
Você só DEVERIA criar um Perigo quando qui-
ser predefinir a natureza de uma ameaça ou um
desafio. Se é improvável que uma PNJ repre-
sente uma ameaça para a galera, não precisará
de um perfil de Perigo. Além disso, se uma
personagem representa uma ameaça, mas você
sente que pode retratá-la bem só com os movi-
mentos de MC, não há necessidade de predefi-
nir os movimentos em um perfil de Perigo. Os
movimentos de perigo já são os movimentos de
MC, e seus efeitos são idênticos. A diferença é
que um perfil de Perigo tem o detalhamento dos
movimentos ajustados para a ameaça específi-
ca que se deseja retratar.
O QUE SÃO PERFIS DE PERIGO?
Um perfil de Perigo contém todas as informações de
que você precisa para usar um Perigo em uma sessão:
uma breve descrição; o espectro de condições, que
definem as maneiras pelas quais o perigo pode ser
superado; e movimentos de Perigo, as ações que o
Perigo pode realizar com suas habilidades e recursos.
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 117
 ESPECTRO
PERIGOS E CONDIÇÕES
Os perigos recebem condições exatamente como as
personagens dos jogadores. Quando um Perigo recebe
uma condição, pegue um cartão marcador e o preen-
cha assim como os jogadores preenchem as condições
da PJs: anote o rótulo e marque o qualificador. Em
seguida, deixe o cartão na mesa, onde todos possam
vê-lo.
Se um Perigo continuar recebendo condições da
mesma natureza – ou seja, "no mesmo espectro" –
essas condições acumulam conforme as regras para
condições de personagem do jogador, fornecidas em
Recebendo Condições do Mesmo Espectro (pág. 223
do Guia do Jogador): uma condição de qualificador
superior substitui uma de qualificador inferior; um
qualificador igual aumenta o qualificador em um; e
um qualificador inferior aumenta gradativamente o
nível do qualificador.
Os efeitos das condições nas habilidades de um Perigo
e as interações das protagonistas com o Perigo são
explicados mais à frente, no trecho Usando Perigos.
O QUE SÃO ESPECTROS?
Espectros são usados para rastrear quanto de um de-
terminado tipo de condição um Perigo pode assumir
antes de sofrer uma mudança irrevogável. Os espec-
tros no geral indicam maneiras pelas quais um Perigo
pode ser superado. Um perigo tem um ou mais espec-
tros, cada um com um rótulo descritivo e um limite.
O rótulo descritivo de um espectro define os tipos
de condições que podem vir a derrotar e efetivamente
eliminar (ou transformar) o Perigo em questão. Os
perigos costumam ter vários espectros, cada um des-
crevendo uma abordagem diferente para superá-lo ou
transformá-lo. Por exemplo:
• Um guarda de segurança pode ser ferido, ameaçado
ou subornado.
• Uma celebridade pode ser humilhada ou conquistada
de forma a não representar mais uma ameaça.
• Um senhor bondoso pode ser ferido ou morrer de medo.
• Em um prédio em chamas, o fogo pode ser apagado,
mas o prédio também pode desabar.
• O Portal meio burro de um Troll pode ou ser trans-
formado em pedra com a luz do sol ou ser enganado.
• O melhor amigo de uma personagem pode estar
perdendo as esperanças ou escapando por entre os
dedos.
118| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
• Uma epidemia que assola a Cidade pode acabar com
uma quarentena ou uma cura.
• O Portal da Fênix pode ser consumida pelo fogo para
então renascer das cinzas.
• Uma bomba-relógio pode fazer tique-taque até
explodir.
• Uma quebra orquestrada da bolsa de valores pode
ser estabilizada ou exposta.
• Um poltergeist pode ser banido ou apaziguado.
O limite de um espectro, que varia de 1 a 6, indica o
qualificador das condições que o Perigo deve receber
antes de ser superado. Quanto maior o limite, mais
condições daquele espectro o Perigo pode receber
antes de ser superado ou transformado. Um Perigo
pode ter vários espectros com limites diferentes, que
representam as várias maneiras, mais fáceis ou mais
difíceis, de superá-lo.
Se quiserem derrotar um Perigo, as protagonistas po-
dem tentar atribuir a ele uma condição que se encaixe
em um dos espectros desse Perigo (embora os jogado-
res não necessariamente conheçam esses espectros,
conforme explicado adiante, ainda podem tentar
descobrir maneiras de triunfar). Por outro lado, se as
protagonistas quiserem proteger algo ou alguém re-
presentado por um Perigo ou impedir que um Perigo
atinja um alvo ou objetivo específico, precisam tentar
impedi-lo de receber condições nos espectros corres-
pondentes ou reduzir o qualificador das condições nos
espectros.
Quando um Perigo recebe uma condição com qua-
lificador igual ou maior que o limite do espectro,
o espectro é esgotado. O Perigo é superado ou trans-
formado de forma que faça sentido com o espectro da
condição. Se for superado, deixa de representar uma
ameaça para a galera ou a investigação (seja tempo-
rária ou permanentemente, depende da história e de
como o Perigo foi superado). Isso costuma significar
que você, como MC, para de usar os movimentos do
perfil do Perigo. Se as protagonistas estavam tentando
proteger ou impedir o Perigo em questão de acumular
condições, devem sofrer as consequências dessa falha.
• Um segurança com ferir 3 é derrotado depois de
levar um tiro-3.
• Uma celebridade que fez amizade com conquistar
6 se tornará sua amiga se receber seduzida-5 duas
vezes, chegando ao qualificador 6.
• Um senhor gentil com morrer de medo 1 pode acabar
morto mesmo com o mais leve susto-1.
• Um prédio em chamas com desabar 4 é reduzido a
escombros depois de receber vigas-derretidas-3 e
 danos-estruturais-3, que se acumulam para formar
uma condição de qualificador 4.
• O Portal meio burro de um Troll com transformar em
pedra 5 ou enganar 1 pode ser superado ao receber
muitas condições relacionadas à luz do sol ou um
pequenino enganado-1.
• O melhor amigo de um personagem com perder
as esperanças 3 pode tentar se matar se receber
depressão-1 quatro vezes consecutivas, chegando ao
qualificador 3.
• Uma epidemia que assola a Cidade com uma
quarentena 4 poderia ser contida se a população
fosse educada-3 e medicada-3, chegando então ao
qualificador 4.
• O Portal da Fênix com consumir pelo fogo 6 pode le-
var alguns queimar-1, inflamado-2 e fogo-ardente-3
antes de se desintegrar em cinzas.
• Uma bomba-relógio com tique-taque5 pode estar
pouco a pouco acumulando vários tique-1 e taque-1.
• Uma quebra orquestrada da bolsa de valores pode
ser estabilizada 5 se o comércio for bloqueado-no-
-mainframe-5 ou exposta 3 se for divulgada-publica-
mente-2 e desviada-por-políticos-2, acumulando-se
em um qualificador-3 status.
• Um poltergeist pode ser apaziguado 4 depois de ser
hesitante-2, hesitante-2 e convencido-3 (o que acu-
mula para uma condição de qualificador 4).
Considerando a natureza do espectro e as condições
que o Perigo recebe, a MC decide a consequência de
esgotar um espectro. Por exemplo, se o espectro dano
3 de um mafioso se esgota, a MC pode determinar que
o mafioso se rendeu, desmaiou ou morreu. A MC pode
escolher delegar esta decisão ao jogador que acertou
o golpe final ou decisivo naquele espectro (se for um
jogador).
Dependendo da consequência escolhida, o Perigo
pode permanente ou temporariamente deixar de
representar uma ameaça para as protagonistas. Outra
opção, quando atingir o limite de um espectro não
incapacitar o Perigo, é ele continuar representando
uma ameaça, porém com mais limitações ou de um
jeito diferente, não relacionado ao espectro esgotado.
Por exemplo, se o espectro amarras legais 4 de uma
funcionária do governo for esgotado, ela pode não
representar mais uma ameaça legal ou formal para a
galera e é obrigada por lei a fazer o que é exigido. No
entanto, ainda pode se tornar violenta ou, pelo con-
trário, pode ser alvo de uma tentativa de assassinato
e, portanto, necessitar de proteção.
ESPECTROS COMO CONFLITOS
CONTÍNUOS
Os espectros são usados para tornar um desafio mais
complexo, gradual, colorido e difícil. Cada espectro re-
presenta um desdobramento ou um conflito contínuo.
Para superar um Perigo ou criar na história um resulta-
do específico relacionado a esse espectro, as protago-
nistas precisam atribuir uma condição suficientemente
alta no espectro em questão. Por exemplo, para matar
uma mafiosa com espectro de dano: 4, a galera precisa
atribuir uma condição suficientemente alta no espec-
tro de dano; para pegar uma ladra com espectro de
capturado: 3, é necessário atribuir uma condição alta
o suficiente nesse espectro de captura. No entanto, se
a ladra não tiver um espectro de captura, significa que
pegá-la não é um conflito contínuo e pode ser feito
sem atribuir nenhuma condição.
Alguns movimentos de jogador permitem que os joga-
dores alcancem um resultado na história sem atribuir
condições. Mais especificamente, Partir pro Abraço
permite que um jogador atinja um objetivo definido
antes de lançar os dados. Quando um Perigo tem um
espectro que corresponde ao que a PJ está tentando
fazer, diga ao jogador que, como ele está enfrentando
um adversário ou uma situação com alto nível de de-
safio, deve primeiro infligir algumas condições antes
de atingir seu objetivo. Se quiserem usar Partir pro
Abraço para isso, os jogadores devem usar a opção
“Pegar de jeito”.
Jerry (interpretando a Det. Enkidu): Que-
ro derrubar e incapacitar esse Minotauro
aí, depois vou prendê-lo. Estou Partindo
pro Abraço com o objetivo de imobilizá-
-lo.
Alice, a MC, examina o perfil de Perigo do
Minotauro e nota que tem um espectro de
ferir ou incapacitar 5. Ela então diz:
Na verdade, como esse minotauro é uma
pilha de músculos em fúria, ele pode
resistir. Você vai ter que atribuir uma
condição que possa incapacitá-lo. Você
ainda vai Partir pro Abraço, mas escolha
"pegar de jeito". Você pode usar o obje-
tivo para obter uma vantagem secundária,
se conseguir um resultado 10 ou mais.
Jerry: OK, consegui um 7 a 9, com Poder 3.
Escolho atribuir a condição agarramen-
to-3.
MC: Ótimo. Você consegue travar o braço em
volta dele, mas o minotauro é bem agres-
sivo e está resistindo e tentando se
soltar. Não está sendo fácil!
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 119
 A exceção à regra acima é o movimento Não. Se. plodir depois de sofrer dano o suficiente nas mãos das
Contenha., Que permite aos jogadores atingirem protagonistas. Nesse caso, o espectro regressivo pode
qualquer resultado na história. Além disso, a MC definir tanto a forma de superar um Perigo quanto o
sempre pode, por questões cinematográficas, isentar que acontece quando ele é superado.
os jogadores de terem que superar um Perigo usando
os espectros. Como os perigos são as ferramentas da
MC, os movimentos fortes de MC, como Fazer Algo
Horrível Acontecer, sempre podem contornar o es- ESPECTROS E NÍVEL DE DESAFIO
pectro de um Perigo (a MC pode, por exemplo, matar
um Perigo com um único movimento, se considerar Via de regra, é mais difícil conseguir derrotar
cinematograficamente interessante e plausível). um Perigo com espectro ferir 5 infligindo dano
físico do que seria derrotar um Perigo com
espectro ferir 2 da mesma maneira.
ESPECTROS REGRESSIVOS No entanto, vários movimentos defensivos de
Como mencionado acima, alguns espectros do Perigo Perigo podem afetar a maneira como ele recebe
representam uma transformação ou um fim iminente as condições, então o qualificador de um es-
que é indesejável para as protagonistas, como a casa pectro não é a única indicação de quão desa-
em chamas desabar, a bomba-relógio explodir ou o fiador será derrotar aquele Perigo. Também é
melhor amigo entrar em depressão. Esses espectros possível que o Perigo tenha outros espectros
são chamados de espectros regressivos. que descrevam maneiras alternativas de derro-
tá-lo, tornando-o um alvo mais fácil.
Quando se esgotam, os espectros regressivos acionam
um movimento de Perigo. O movimento representa o Além disso, a dificuldade de superar um Perigo
resultado da transformação concluída ou o resultado não está apenas no qualificador de um espec-
final do espectro. Por exemplo, uma pessoa infectada tro, mas também no rótulo. Se, por exemplo, as
protagonistas não têm poder de fogo místico,
com Licantropia pode se transformar em lobisomem
teriam dificuldade em banir até mesmo um
quando o espectro transformação 3 é esgotado, o que
poltergeist com banido-1.
a transformará em um Perigo diferente (um lobiso-
mem); uma bomba pode infligir uma condição de
qualificador alto a qualquer pessoa e a tudo em volta
quando esgota o espectro tique-taque 5.
ESPECTROS NÃO-PLANEJADOS
Na maioria dos casos, um Perigo com espectro regres-
Um Perigo não precisa ter espectros para cada forma
sivo tem pelo menos um movimento de Perigo que
possível de ser superado. Como espectros podem ser
o permite atribuir a si mesmo uma condição nesse
adicionados durante o jogo (veja a seguir), o perfil de
espectro. Isso representa a progressão do Perigo em
um Perigo lista apenas os espectros das formas princi-
direção à transformação ou fim. Por exemplo, uma
pais ou mais esperadas de ser superado. Por exemplo,
bomba-relógio pode atribuir a si mesma um tique-1,
se for pouco provável que uma famosa cantora de
ou um sistema de segurança pode atribuir a si mesmo
ópera se envolva em muita violência ao longo da sé-
um alerta-2 toda vez que as protagonistas acionarem
rie, seu perfil de Perigo não terá um espectro de ferir.
uma medida de segurança. O movimento pode ser
ativado em intervalos diferentes, de acordo com sua
natureza: pode ser um movimento forte, que só é
ativado quando os jogadores falham em uma jogada
(como no sistema de segurança, em que as coisas
ficam mais perigosas quando os jogadores falham) ou,
em circunstâncias especiais, pode ser jogado como
um movimento fraco após cada movimento que os
jogadores fizerem (como na bomba-relógio, em que o
perigo aumenta a cada ação).
Por outro lado, um espectro regressivo pode depen-
der de condições impostas pelas protagonistas para
progredir. Por exemplo, um golem vulcânico criado
por Pele, a deusa dos vulcões havaiana, poderia ex-

120| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
IMUNIDADES
Alguns perigos são imunes a certos tipos de condi-
ções. Essas imunidades são representadas por um
espectro sem limite. Todas as condições que o Perigo
assumir nesse espectro são ignoradas, mesmo se
forem de qualificador 5 ou 6. Um espectro sem limite
é marcado com – (por exemplo, ferir –).
Se o Portal troll tiver um espectro ferir –, pode signi-
ficar que é virtualmente impossível de superar com
dano físico, e as protagonistas vão precisar encontrar
outra maneira de derrotá-lo. O mesmo pode valer
para o poltergeist, que simplesmente não tem um
corpo físico para ferir.
CONDIÇÕES FORA DE ESPECTRO
Um Perigo pode receber condições mesmo se não
corresponderem a nenhum dos espectros listados em
seu perfil. Isso vale especialmente para condições
temporárias que descrevem circunstâncias fugazes.
Por exemplo, um poltergeist pode ficar temporaria-
mente cego-2 ou confuso-1, ou pode ficar enfurecido-4,
mesmo que não tenha esses espectros. Embora as
condições fora do espectro não contribuam direta-
mente para superar o Perigo das maneiras esperadas,
agem como condições normais que afetam a interação
das protagonistas com o Perigo em questão, então é
preciso marcá-las normalmente.
MOVIMENTOS DE
PERIGOS
Os movimentos de perigo são
movimentos de MC e de jogador
com diretrizes predefinidas e que
representam como aquele Perigo
interage com o mundo e afeta a
história: que ações normalmente faz,
que habilidades possui etc. Quase
todos os movimentos de Perigo são
autoexplicativos: listam em palavras
o que acontece na história e como
traduzir a situação nas regras, quando
necessário. Existem três tipos de
movimentos de Perigo: movimentos
personalizados, movimentos fortes de
Perigo e movimentos fracos de Perigo.
MOVIMENTOS PERSONALIZADOS
Movimentos personalizados são regras únicas que
representam habilidades ou circunstâncias especiais
em relação ao Perigo. Assim como os movimentos do
jogador, os movimentos personalizados entram em
cena quando as circunstâncias acionam sua condição,
não importa quem esteja com os holofotes, e por isso
são considerados intervenções da MC. Por exemplo:
• Feito de Barro: Quando o Golem de Praga entra em
cena, atribua a ele pele-endurecida-1.
• Guarda-costas: quando o prefeito for receber uma
condição que descreva dano físico, o guarda-costas
recebe no lugar, se a MC considerar plausível.
• Galhos e Espinhos: Quando você tenta entrar no
castelo da Bela Adormecida, primeiro recebe as
condições emaranhado-3 ou cortes-e-arranhões-2, à
escolha da MC.
Leia mais sobre movimentos personalizados e como
usá-los na pág. 131.
MOVIMENTOS FORTES DE PERIGO
Movimentos fortes de Perigo são variações predefi-
nidas dos movimentos fortes de MC. Os efeitos dos
movimentos fortes de Perigo correspondem a alguns
dos movimentos fortes de MC. Você pode invocá-los
sempre que puder invocar um movimento forte de MC.
AT R I B U I R U M A CO N D I ÇÃO
Uma condição atribuída por um movimento forte
de Perigo é contínua, a menos que o texto indique o
contrário. Condições de Qualificador 6 são sempre
permanentes.
Atribuir aos alvos, negativo:
• Dar um soco destrambelhado (hematoma-1)
• Flertar para chamar atenção (distraída-2, temporá-
rio)
• Lançar três shurikens em sequência em alvos dife-
rentes (cortes-2)
• Prender em gelo (congelada-3)
• Afogar em burocracia (afundando-em-papelada-5)
• Praga de fraqueza (enfraquecida-4, permanente)
• Tiro na cabeça fatal (morta-6)
• Emitir um mandado de prisão (procurada-4 ou pro-
curada-perigosa-5)
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 121
 Atribuir aos alvos, positivo:
• Dar cobertura para uma parceira (cobertura-2, tem-
porário)
• "Ajudar minhas irmãs!" (confiante-3)
• Feitiço para mudar a aparência (disfarce-encanta-
do-4)
• Rejuvenescer e revitalizar (vitalidade-1)
Atribuir a si mesmo:
• Fazer um discurso impressionante (centro-das-aten-
ções-4, temporário)
• Absorver a energia de uma fonte de eletricidade
(carga-2)
• Aumentar a intensidade das próprias chamas (em-
-chamas-2)
• Tique-taque (alternando entre as condições tique-1
e taque-1)
R E D U Z I R O U R E M OV E R U M A
CO N D I ÇÃO
Um movimento forte de perigo pode remover condi-
ções contínuas e temporárias, a não ser que o texto
determine o contrário.
Remover de aliadas ou de oponentes:
• Usar um extintor de incêndio (reduz 2 qualificado-
res de condições de fogo)
• Recuperar o controle da luta (reduz 1 qualifica-
dor de condições de vantagem em combate de um
oponente)
Remover de si mesmo ou de aliadas:
• Restaurar a liberdade de movimento (reduz 3 quali-
ficadores de uma condição restritora)
• Inflamar as tropas (reduz em 2 qualificadores qual-
quer condição negativa afetando a tropa)
Q U E I M A R U M RÓT U LO
Um movimento forte de Perigo pode queimar rótulos
de história e rótulos de poder de qualquer tema. Um
rótulo temporário de história que é queimado, expira,
como de costume.
• Banir seres de outro mundo (queima 3 rótulos da
criatura invocada)
• Desarmar (queima um rótulo de arma ou de um
item nas mãos de uma personagem)
• Sugar a força de alguém (queima 2 rótulos relacio-
nados à força)
• Congelar as contas de alguém (queima 2 rótulos rela-
cionados a posses)
122| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
C R I A R U M RÓT U LO D E H I S TÓ R I A
(Complicar As Coisas Pra Valer)
Um rótulo de história criado por um movimento forte
de Perigo é sempre contínuo, a não ser que o texto
determine o contrário.
• Despertar os mortos (zumbi, esqueleto ou fantasma)
• Cortar a luz (escuridão)
• Lançar uma granada de gás lacrimogêneo (nuvem de
gás lacrimogêneo, temporário)
• Erguer uma parede de pedra (parede de pedra, forti-
ficação)
C R I A R U M N OVO P E R I G O
(Complicar As Coisas Pra Valer)
Apresentar um novo Perigo à cena.
• Despertar os mortos (acrescenta o novo Perigo:
Bando de Mortos-vivos)
• Possuir um inocente (acrescenta o novo Perigo:
Inocente Possuído)
• Ativar um sistema de segurança inteligente (acres-
centa o novo Perigo: Sistema de Segurança Inteli-
gente)
• Explodir em esporos contagiosos (acrescenta o novo
Perigo: Epidemia na Cidade)
MOVIMENTOS FRACOS DE PERIGO
Movimentos fracos de Perigo são variações prede-
finidas do movimento fraco de MC Complicar as
Coisas e podem ser usados sempre que for possível
usar um movimento fraco de MC. Esses movimentos
descrevem uma ação que o Perigo pode realizar para
complicar as coisas, o que muda a história sem afetar
as regras diretamente. A ação pode ter fins apenas
estéticos ou de fato afetar a história, mas sem criar
dificuldades drásticas para a galera (o que exigiria um
movimento de Complicar as Coisas Pra Valer e, por-
tanto, seria um movimento forte). No entanto, a ação
pode preparar o terreno para um resultado negativo
mais dramático, preparando o terreno para um Bater
Só Depois de Avisar. Por exemplo:
• Cercar a galera por todos os lados
• Ameaçar matar um refém
• Começar a sobrecarregar a ponte
• Mergulhar de volta nas sombras, onde a galera não
vê
• Enviar fotos constrangedoras ou incriminadoras
para a imprensa
• Implorar por misericórdia
• Exigir que a personagem compareça ao trabalho sem
atrasos, senão...
3 · P E R I G O S E AVATA R E S | 123
 COLETIVOS
Em City of Mist, grupos de PNJs ou de
entidades agindo em conjunto, como
uma unidade, podem ser represen-
tados por um único perfil de Perigo
chamado de coletivo. Para representar
o tamanho de um coletivo, determine
seu fator de tamanho usando a tabela
abaixo.
TAMANHO DO FATOR DE
COLETIVO TAMANHO
Um indivíduo 0 cador em 4, levando apenas algumas-fadas-
Alguns indivíduos 1 um golpe desses, Excalibur se livra dos
Vários indivíduos 2 inimigos.
Muitos indivíduos 3
Uma tropa de indivíduos 4 PERIGOS
E S P E CT RO S D E CO L E T I VO S
Um coletivo tem o mesmo espectro que um de seus
indivíduos.
Os membros do coletivo podem receber condições
de forma independente uns dos outros. Quando
um único membro de um coletivo é alvo de uma con-
dição, marque o espectro individual separado do co-
letivo. Sempre que um único membro for superado, a
MC determina se o fator de tamanho do coletivo deve
ser reduzido. Por exemplo, se um número suficiente
de indivíduos de um coletivo com “vários indivíduos”
for superado, o coletivo pode ser reduzido a “alguns
indivíduos”.
O coletivo pode receber condições como um gru-
po. Se todo o coletivo receber a condição, primeiro
reduza o qualificador da condição atribuída pelo fator
124| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
de tamanho do coletivo. Em seguida, aplique quais-
quer outras defesas que os indivíduos do coletivo
possam ter.
As condições recebidas por um coletivo representam a
condição do grupo como um todo, não dos indivíduos,
então os rótulos devem ser ajustados para represen-
tar isso. Por exemplo, embora olho-roxo-2 descreva a
condição de um indivíduo, perdeu-alguns-membros-2
é mais apropriado para um grupo.
Lutando contra uma horda de fadas mal-
vadas com ferir 2, Excalibur transforma
seu bracelete em um lançador de foguetes
e Vai Com Tudo atribuindo à horda uma
condição de reduzida-a-frangalhos-5. No
entanto, como há muitas fadas, a horda
(com fator de tamanho 4) reduz o qualifi-
-mortas-1 no espectro de ferir. Com mais
M OV I M E N TO S D E CO L E T I VO S D E
Movimentos de perigo feitos pelo coletivo têm um
efeito maior do que os de um único indivíduo. Se
todo o coletivo pode afetar um alvo, acrescente o fator
de tamanho ao efeito de seus movimentos (o qualifi-
cador das condições que o coletivo atribui, o número
de rótulos que pode queimar etc.). Isso exige que todo
o coletivo execute a mesma ação contra um único alvo
(que pode ser outro coletivo). Se todo o coletivo não
puder realizar a mesma ação contra um único alvo,
divida-o em coletivos menores, conforme explicado
abaixo.
Robin Hood e seus capangas atacam Declan
L'Estrange no parque. Cada indivíduo do
grupo pode atribuir uma condição machuca-
do-feio-2. Como são vários Homens Alegres
(fator de tamanho 2), e eles podem atacar
L'Estrange todos de uma vez, o coletivo
pode atribuir a condição costelas-quebra-
das-4.
D I V I D I N D O CO L E T I VO S
Um coletivo pode ser dividido em coletivos
menores. Isso se aplica quando um coletivo se
divide ou quando apenas parte dele faz um movi-
mento de Perigo ou é afetada por uma condição
(ou qualquer outro efeito do jogo). Como regra
geral, um coletivo com fator de tamanho de 2 ou
mais deve se dividir em duas unidades com fator
de tamanho imediatamente inferior (um coletivo
com fator de tamanho 4 se divide em duas unida-
des com um fator de tamanho de 3; um coletivo
de fator de tamanho 3 se divide em duas unidades
com fator de tamanho de 2). O coletivo pode ser
dividido várias vezes, até chegar ao limite de seu
tamanho.
Um exército de soldados liderados pelo
Quebra Nozes domina a Cidade. Cada
soltado pode causar um corte-2 com
a baioneta. O exército é uma hor-
da, então o fator de tamanho é 4. No
entanto, quando o exército ataca uma
única pessoa, só alguns soldados podem
atacar com suas baionetas. O fator de
tamanho passa a ser 1, então eles cau-
sam cortes-múltiplos-3.
U S A N D O O S M OV I M E N TO S D E J O-
G A D O R CO N T R A CO L E T I VO S
Quando os jogadores usam Ir Com Tudo contra
um coletivo e escolhem “Pegar de jeito ou afetar
mais de um alvo”, o qualificador aumentado re-
presenta que a ação afeta mais indivíduos de um
coletivo; nenhum ajuste adicional é necessário.
Quando os jogadores usam Virar o Jogo e apli-
cam a melhoria “Aumentar o efeito”, trate o fator
de tamanho do coletivo como se fosse um nível
menor para cada vez que a melhoria for escolhi-
da. Se a melhoria Animal! de "Efeito em grande
escala" for selecionada, ignore completamente o
fator de tamanho.
USO DOS PERIGOS
CRIANDO UM PERIGO DE IMPROVI-
SO
Você pode improvisar um perfil de Perigo quando
quiser predefinir o nível de desafio de uma ameaça
iminente para a galera. Você pode escrever ou memo-
rizar declarações rápidas e simples que descrevem o
encontro:
• “Este bandido vai cair quando chegar a ferido-3”
(espectro de ferir 3)
• “Se a barragem chegar ao 5, a Cidade será inunda-
da” (espectro regressivo colapso 5)
• "Vou dar um susto nos jogadores descrevendo como
a bruxa consegue ver o que se passa no coração das
personagens" (movimento fraco)
• "Essa Quimera é durona, acho que pode atribuir
mordida-4 ou cortes-4"(movimento forte)
• "Vulcano está queimando, então sempre que o
acertarem, as personagens recebem queimada-2"
(movimento customizado)
APRESENTANDO UM PERIGO
Quando um Perigo entra em uma cena, narre sua apa-
rência como faria com qualquer personagem, locação
ou objeto.
Não compartilhe os detalhes do Perigo de cara, como
os espectros ou movimentos de Perigo. Primeiro, con-
sidere qual das protagonistas pode ter algum conheci-
mento sobre o Perigo, sua natureza, suas habilidades
e seus recursos. Quando um movimento de Perigo é
ativado, seja por você ou porque a condição foi cum-
prida, você deve revelar o movimento ao grupo.
Se as protagonistas quiserem saber mais sobre um
Perigo e possuírem meios para isso, podem Investigar
e gastar Dicas para fazer perguntas. Forneça detalhes
com base no resultado da jogada e nas perguntas dos
jogadores, na fonte e no método. Por exemplo, uma
protagonista membro de gangue pode saber que um
bandido rival aguentaria uma surra de qualificador 2
ou 3 antes de fugir; um Portal do Grande Espírito pode
saber que um Wendigo é capaz de drenar a vida das
vítimas, mas talvez não saiba até que ponto o Portal
Wendigo aperfeiçoou essa habilidade.
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 125
 IMPROVISANDO ESPECTROS E
MOVIMENTOS
Se as circunstâncias exigirem espectros e movimentos
adicionais para o Perigo, basta improvisá-los.
Adicione um espectro se as protagonistas começarem
a explorar uma maneira de superar o Perigo que não
esteja refletida nos espectros listados. Se essa nova
forma puder levar à derrota do Perigo, crie um novo es-
pectro e estime o qualificador de condições necessário
para garantir essa derrota, entre um máximo de 1 a 6.
A detetive Enkidu já teve problemas de-
mais com um troll debaixo da ponte da
rodovia, então está procurando outra
maneira de encerrar o conflito. O troll
tem dois espectros listados, transformar
em pedra 5 e enganar 1, mas a Det. Enkidu
não sabe sobre o primeiro e é bruta de-
mais para tentar o segundo. Em vez disso,
ela tenta a abordagem animal, transfor-
mando a luta em um jogo e tentando diver-
tir-2 o troll. Aproveitando esse golpe de
genialidade, Alice, a MC, concorda que o
troll pode ser persuadido a desistir da
disputa e adiciona um novo espectro en-
treter 4.
Adicione um movimento de Perigo se inventar uma
ação apropriada que o Perigo provavelmente usará
com frequência, mas que ainda não está listada nos
movimentos. Se a ação for única para a situação, não
adicione um movimento de Perigo; simplesmente faça
um movimento MC que reflita a ação e narre como se
fosse causada pelo Perigo. Quando quiser adicionar
um movimento de Perigo para ser usado regularmen-
te, escolha se é um movimento fraco, forte ou perso-
nalizado e selecione os efeitos e detalhes apropriados.
O troll acaba fazendo amizade com a dete-
tive Enkidu e vira um aliado ocasional.
Ele às vezes consegue entreter a dete-
tive durona, que se afeiçoa ao troll. A
MC quer que o troll cause um efeito de
diversão e relaxamento na detetive, então
cria dois novos movimentos de Perigo,
além dos já listados:
• um movimento fraco de Perigo: "Começar
uma briga só por diversão na hora mais
inapropriada."
• um movimento forte de Perigo: “Atribuir
entretida-2 ou remover 2 qualificadores
de qualquer condição de mau humor ou
fúria de Enkidu.”
Como Enkidu costuma usar a raiva para
alimentar sua agressividade e conduzir a
investigação, Alice, a MC, acha que esses
movimentos podem tornar as coisas inte-
ressantes.
126| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
EFEITOS DAS CONDIÇÕES NOS
PERIGOS
As condições dos Perigos podem ser usadas de várias
formas dentro do jogo. Elas podem:
• contar contra os espectros daquele Perigo e acelerar
sua derrota (como explicado anteriormente)
• afetar os movimentos dos jogadores contra o Perigo
em questão; e/ou
• afetar os movimentos do próprio Perigo.
Como MC, o ideal é escolher, dentre as listadas,
apenas a opção mais adequada para cada condição
atribuída a um Perigo.
Quando necessário, você pode aplicar mais de uma
opção. No entanto, esteja ciente de como essas opções
afetam o nível de desafio do jogo. Por exemplo, se um
Perigo recebe uma condição negativa, aplicar todas as
opções acima pode reduzir drasticamente o nível de
desafio para os jogadores, já que uma única condição
está promovendo a derrota do Perigo, melhorando os
movimentos dos jogadores contra ele e ainda enfraque-
cendo seus próprios movimentos contra os jogadores.
Além do já citado, condições fora do espectro, mas
que sejam relevantes para o Perigo o afetam assim
como afetam as personagens dos jogadores: condições
de qualificador 5 incapacitam e impedem o Perigo de
realizar ações relacionadas, enquanto que condições
de qualificador 6 o transformam ou destroem per-
manentemente. Por exemplo, um Perigo cego-5 não
pode realizar ações que exijam visão, enquanto que
um Perigo cego-6 pode sofrer cegueira permanente ou
cometer um erro fatal devido à cegueira temporária.
A P L I CA N D O CO N D I ÇÕ E S D E P E R I G O
A U M M OV I M E N TO D E J O G A D O R
Quando apropriado, a condição de um Perigo
pode ser aplicada aos movimentos de jogador que
tenham o perigo como alvo ou que possam ajudar
a derrotá-lo. A condição do Perigo é então consi-
derada útil ou prejudicial à ação que a protagonista
está realizando. Repare que a condição só aumenta ou
reduz o Poder da ação se for a condição útil ou pre-
judicial de qualificador mais alto entre as condições
relevantes para a ação, como de costume.
O Lobo Mau está caçando Kitsune pelos
becos de Chinatown e atribuiu a si mesma
sentidos-aguçados-3. Quando Kitsune tenta
Agir na Encolha para escapar do Lobo Mau,
seu Poder é reduzido em 3, pois a condição
é prejudicial para a sua ação. (Isso pres-
supõe que Kit não tem nenhuma outra condi-
ção prejudicial de qualificador maior.)
 A rainha do crime Margo Falls se encan-
tou por Sullivan depois de ganhar dele a
condição apaixonada-2. Se Sullivan ten-
tar usar Convencer para fazer com que ela
adie seus planos de roubar o Banco Cen-
tral da Cidade, seu poder para essa ação
é aumentado em 2 devido a essa condição
útil (assumindo que ele não tenha outras
condições úteis de qualificador maior).
Assim como qualquer condição do jogador, as con-
dições de Perigo só se aplicam às ações de jogador
que são afetadas diretamente pela condição. Isso fica
a cargo da interpretação da MC; recomenda-se usar
esta diretriz para ajustar o nível de desafio do jogo.
Em um apartamento sombrio no estilo in-
dustrial, o time de "mercenários contra-
tados" de Margo Falls, um Perigo com es-
pectro de superar 4, está lutando contra
a Det. Enkidu, Camarada e Sánchez, que
estão tentando entrar em contato com Sul-
livan. A detetive avança contra os merce-
nários, Indo Com Tudo, e consegue acertar
uma condição empurrados-para-trás-1, que
conta para esse espectro (só faltam três
qualificadores para superar).
Como Enkidu não optou por se proteger,
a detetive então faz o movimento Rir na
Cara do Perigo contra o tiroteio intenso
(cravejada-4). A MC determina que sofrer
empurrados-para-trás-1 não reduz a efeti-
vidade das táticas dos mercenários, então
Enkidu não consegue tratar essa condição
como útil para seu novo movimento.
Mais tarde, Camarada tenta Agir na En-
colha, se esgueirando por trás dos mer-
cenários e tentando chegar escondido a
Sullivan, que está na sala dos fundos. A
MC determina que empurrados-para-trás-1
conta como condição impeditiva para ele
porque o time de mercenários está concen-
trado perto da entrada para a sala dos
fundos.
A P L I CA N D O CO N D I ÇÕ E S D E
P E R I G O AO S M OV I M E N TO S D O
P RÓ P R I O P E R I G O
Em alguns casos, a MC pode determinar que uma
condição particularmente apropriada diminui ou
melhora as habilidades de um Perigo.
Quando fizer um movimento de Perigo, caso algu-
ma condição diminua a capacidade desse Perigo de
realizar o movimento, você pode reduzir o efeito do
movimento pelo qualificador da condição.
A MC determina que a condição empurrados-
-para-trás-1 dos mercenários não preju-
dica seu poder de fogo, então eles ainda
conseguem atribuir uma condição de crave-
jado-4. No entanto, mais tarde no jogo,
Camarada usa suas ilusões para criar
visões fantasmagóricas das personagens
da galera, atribuindo aos mercenários a
condição temporária sem-alcance-visual-2.
A MC determina que esta nova condição
diminui a capacidade dos mercenários de
atirar. Na próxima saraivada, a condição
cravejado-4 será reduzida em 2 (o quali-
ficador de sem-alcance-visual-2 que Cama-
rada atribuiu aos mercenários), então só
resultará em ferimentos-2.
Por outro lado, quando você faz um movimento de
Perigo com uma condição que melhora a capacidade
do Perigo de realizar o movimento, pode aumentar o
efeito associado. Qualquer que seja o efeito, marque
o valor numérico em um cartão marcador (se, por
exemplo, o efeito remover dois qualificadores de uma
condição, marque 2 no cartão). Em seguida, acrescen-
te o efeito à condição aprimorada, como se fossem
condições do mesmo espectro. Isso pode resultar em
condição de mesmo qualificador ou em um qualifi-
cador maior. Se o qualificador resultante for maior,
use-o como o novo valor numérico do efeito (se, por
exemplo, o qualificador final for 3, o efeito passa a
remover três qualificadores de uma condição, em vez
de dois).
Sabendo que a galera vai aparecer para
resgatar Sullivan, Margo Falls equipou os
mercenários com balas com inscrições de
runas que podem penetrar defesas munda-
nas e lendárias, dando a eles armas-pe-
rigosas-4. A MC anota a condição original
cravejado-4 no cartão, marcando o número
4. Logo em seguida, acrescenta o armar-
-perigosas-4, o que resulta em um quali-
ficador 5, indicando que os mercenários
agora causam uma condição de qualifica-
dor, maior: destroçado-5.
O líder do time de mercenários também
tem a capacidade de remover duas camadas
de qualquer condição tática negativa da
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 127
 equipe. Ele então recebe ajuda da pró-
pria Margo Falls: uma condição de con-
selhos-da-mestre-3, que a MC considera
útil para o movimento. A MC então marca
o número 2 no cartão (pela capacidade de
remover dois níveis) e junta com o 3 de
Margo, o que resulta em um qualificador
3. O comandante agora pode remover três
qualificadores de uma condição tática ne-
gativo, em vez de apenas dois.
R E C U P E R A N D O - S E D E CO N D I ÇÕ E S
Enquanto o Perigo estiver na história, pode se recu-
perar das condições assim como as PJs, basta usar
qualquer movimento de MC, de Perigo ou de jogador
que reduza ou remova condições e que se aplique à
situação. Jogadores podem gastar Gás para remover
qualificadores das condições do Perigo, se o método
do Gás for relevante. Por fim, as condições também
expiram para os Perigos da mesma forma que expiram
para as PJs: condições temporárias expiram depois
de um único movimento forte ao qual se aplicam ou
quando as circunstâncias exigirem; condições con-
tínuas expiram quando as circunstâncias exigirem;
condições permanentes não expiram.
PERIGOS E RÓTULOS
Os perigos não têm rótulos de poder ou de fraqueza;
efeitos que queimam rótulos não afetam os movi-
mentos de Perigo. No entanto, movimentos de Perigo
podem gerar rótulos de história, e os efeitos que quei-
mam rótulos podem remover esses rótulos de história
criados por movimentos de Perigo. Rótulos de história
criadas por Perigos podem impedir que os jogadores
façam movimentos contra eles. Por fim, dependendo
das circunstâncias, movimentos de Perigo podem ser
afetados por rótulos de história da mesma forma que
são afetados por condições; trate rótulos de história
relevantes como condições de qualificador 1. Se vários
rótulos parecidos forem relevantes, você pode somá-
-los como faria com várias condições de qualificador
1 do mesmo espectro, aumentando o benefício que
fornecem.
128| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
PERIGOS QUE NÃO SÃO AMEAÇAS
O objetivo dos Perigos é apresentar complicações para
as PJs, seja como desafios a serem superados, adversá-
rios ou situações perigosas, ou como vítimas ou alvos
que precisam de assistência e proteção. Quando as
protagonistas testemunham uma interação entre duas
outras personagens, essas NPCs não usam os perfis
de Perigo e as regras para resolver o conflito; em vez
disso, basta narrar a situação da maneira que mais
ajude a história. Você pode usar o movimento fraco
Complicar as Coisas para envolver as protagonistas
na interação. Se elas não intervirem, use Bater Só
Depois de Avisar para fazer um movimento forte,
como Fazer Algo Horrível Acontecer ou Negar Algo
Que Estão Querendo. Só use as regras quando as
protagonistas se envolverem. Por exemplo, se depois
da interação as PJs tentarem ajudar uma das partes
com cuidados médicos, você pode usar os perfis de
Perigo para determinar a gravidade dos ferimentos e o
nível de desafio para essa ajuda.
Da mesma forma, os movimentos de Perigo não de-
vem ser usados para ajudar as protagonistas. Ainda
assim, perfis de Perigos podem servir como diretrizes
para o que o Perigo é capaz de fazer. Se, por exem-
plo, um Perigo pode remover condições de aliados,
isso representa uma habilidade dessa personagem na
história. Se esse Perigo mais tarde se unir à galera,
decida como essa habilidade pode ser aplicada às
protagonistas. Em seguida, use as informações no
perfil de Perigo para determinar se isso tem efeito
nas regras e, caso afirmativo, qual. Você pode, por
exemplo, decidir que a personagem consegue remo-
ver condições das protagonistas, mas só uma vez por
cena. Isso é um uso circunstancial dos poderes do
Perigo; se os jogadores quiserem usar a personagem
como uma aliada regular, devem obter os rótulos e
temas apropriados para representá-la como aliada
fixa. Outra opção é escrever um movimento persona-
lizado para representar a ajuda dessa aliada.
CRIAÇÃO DE PERIGOS
Criar um Perigo é muito simples, basta
nomear seus espectros e movimentos de
MC. Criar Perigos personalizados para os
casos, além de muito divertido, ajuda a
apresentar uma história coesa que corres-
ponda ao conceito da série. Siga as etapas
abaixo para criar seus próprios Perigos.
PASSO 1: CONCEITO
Pense na personagem, locação, força ou grupo que o
Perigo representa.
? PARA UMA PERSONAGEM: QUAIS SÃO
AS CAPACIDADES E OS RECURSOS DO
PERIGO?
? PARA UM PORTAL: QUAL É O MYTHOS?
QUAL É O NÍVEL DE DESPERTAR? QUAIS
SÃO OS PODERES DE MYTHOS?
? PARA UMA LOCAÇÃO: O QUE TEM DE
PERIGOSO NESTE LOCAL?
? PARA TODOS OS PERIGOS: DE QUE
FORMA ESTE PERIGO VAI INTERAGIR
COM AS PROTAGONISTAS?
Mack, que é MC, está criando alguns Pe-
rigos para seu caso do cassino, o suicí-
dio de Ashley Lind (consulte a pág. 219).
Ele começa com Carlton Cooper, chefe de
segurança do Cassino Royal Plaza e Portal
do Dragão (Tocado). Cooper é um oficial
de segurança altamente treinado e espe-
cialista em contramedidas de fraude em
cassinos. Como um Portal Tocado, Cooper
manifesta principalmente poderes que lhe
permitem vigiar o “tesouro” que lhe foi
confiado. Mack acha que tentar manifestar
algo mais espalhafatoso sobrecarregaria o
chefe da segurança.
PASSO 2: ESCOLHER OS
ESPECTROS
Crie os espectros do Perigo considerando as seguintes
questões. Você deve criar pelo menos um espectro.
? COMO O PERIGO PODE SER SUPERADO?
QUE CONDIÇÕES PODEM ACABAR COM O
PERIGO?
Liste uma ou mais maneiras de superar ou acabar
com o Perigo; esses são os espectros do Perigo. Para
cada espectro, defina um máximo entre 1 e 6, que é
o qualificador total de condições relevantes necessá-
rias para esgotar o espectro.
? QUE TRANSFORMAÇÃO PERIGOSA OU
QUE FIM TRÁGICO O PERIGO TRARÁ?
Se for relevante, liste um ou mais espectros regressi-
vos com um limite entre 1 e 6. Quando esses espec-
tros se esgotarem, o perigo se transformará em outra
coisa: um monstro, uma bola de fogo incendiária, um
desastre para a Cidade.
Mack, o MC, pensa em como Cooper pode ser
superado. O homem obviamente pode ser
ferido ou morto, mas, como oficial de se-
gurança habilidoso com fisiologia possi-
velmente semelhante à de um dragão, não
será tarefa fácil, então Mack dá a Cooper
o espectro ferir 5.
Teoricamente, Cooper também pode ser
enganado ou convencido a trair seu em-
pregador; mas, como é um homem astuto e
um funcionário leal, Mack não acha que
o segurança deveria ter esses espectros.
Cooper não está imune a nenhuma dessas
possibilidades, porém essas ideias sim-
plesmente não representam maneiras prová-
veis de se livrar dele.
No entanto, como se trata de um drama
policial, Mack acha que uma das maneiras
de derrotar Cooper é implicá-lo 4 na mor-
te de Ashley Lind e colocá-lo atrás das
grades. Não será tarefa fácil, mas, se a
galera conseguir, Cooper será forçado a
fugir da Cidade para evitar a prisão. Ele
é leal, não estúpido.
PASSO 3: ESCOLHA OS
MOVIMENTOS FRACOS DE PERIGO
Crie os movimentos fracos de perigo com base na
questão:
? COMO O PERIGO PODE DIFICULTAR
A VIDA DA GALERA SEM CAUSAR
NENHUMA CONSEQUÊNCIA DRAMÁTICA
( AINDA )?
Liste algumas frases curtas que descrevem ações típi-
cas do perigo e podem representar uma complicação,
mas não têm influência direta nas regras (ou seja, sem
efeitos de jogo) nem resultados dramáticos. Outra
opção é essas ações serem precursoras de um movi-
mento forte desse Perigo. Veja exemplos de movimen-
tos fracos de perigo na Seção Movimentos de Perigo
(pág. 121) e nos Perfis de Perigo apresentados a partir
da pág. 138.
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 129
 Mack, o MC, lista as principais ações de
Cooper para complicar as coisas para a
galera:
• Analisar a cena com atenção e astúcia
para entender o que a galera fará em
seguida
• Desaparecer por um elevador de serviço
ou corredor secundário no hotel ou no
cassino
• Chamar a segurança privada de Kenny Liu
(estão a caminho)
• Quando tiver problemas, parar e respi-
rar fundo (preparando para soprar fogo)
PASSO 4: ESCOLHA OS
MOVIMENTOS FORTES DE PERIGO
Crie os movimentos fortes de perigo com base nas
questões:
? COMO O PERIGO PODE INFLUENCIAR
OU FERIR TERCEIROS, SE A GALERA
PERMITIR?
? COMO O PERIGO PODE AJUDAR A SI
MESMO OU A SEUS ALIADOS, SE A
GALERA PERMITIR?
? C OMO O PERIGO AFETA A CENA OU A
HISTÓRIA, SE A GALERA PERMITIR?
Liste algumas descrições curtas das ações que o Peri-
go pode realizar e as consequências associadas. Para
cada ação, escolha um efeito que a reflita: atribuir
uma condição, reduzir ou remover uma condição,
queimar um rótulo ou criar um rótulo de história.
Você pode usar um único efeito ou vários para cada
ação. Veja exemplos de movimentos fortes de Perigo
na seção Movimentos de Perigo (pág. 121) e nos Perfis
de Perigo a partir da pág. 138.
Mack, o MC, lista os movimentos fortes de
Cooper
• Esconder, destruir ou adulterar evidên-
cias (falta de evidências)
• Manter a equipe de segurança nos eixos
(eficiência-2)
130| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
• Identificar a ganância dos outros e
oferecer dinheiro (suborno-3)
• Usar artes marciais para imobilizar ou
ferir alguém (imobilização-3 ou feri-
mento-doloroso-3)
• Soprar fogo, exaurindo suas capacidades
(queima-4, e atribui a si mesmo exaus-
to-2)
• Ligar para a segurança privada de Kenny
Liu (eles chegam) (crie um novo Perigo:
Segurança Privada de Kenny Liu, ou au-
mente seu tamanho coletivo se já esti-
verem aqui)
PASSO 5: ESCOLHA OS
MOVIMENTOS PERSONALIZADOS
Pense nos movimentos personalizados do Perigo a
partir das questões:
? O QUE O PERIGO PODE FAZER QUE NÃO
FOI DESCRITO PELOS MOVIMENTOS
FRACOS E FORTES?
? QUE QUALIDADE O PERIGO POSSUI QUE
NÃO FOI DESCRITA PELOS MOVIMENTOS
FRACOS E FORTES?
Escreva o movimento personalizado como uma
condição e um resultado. Leia mais sobre como criar
movimentos personalizados na seção Movimentos
Personalizados, que começa na próxima página.
Mack, o MC, pensa em algumas habilidades
que ainda não abordou: o estado de alerta
sobrenatural de Cooper e sua capacidade
de saber onde encontrar qualquer coisa
roubada do cassino. Ele cria os seguintes
movimentos personalizados:
Predador Magistral: Quando Cooper entra
na cena, recebe alerta-2
Guardião do Tesouro: Quando você tirar
algo de valor do cassino, Cooper sabe
onde o objeto está na Cidade.
MOVIMENTOS
PERSONALIZADOS

3 · P E R I G O S E AVATA R E S | 131
 Movimentos personalizados são regras
feitas sob medida para um elemento ou
circunstância específica da história e
permitem que você introduza situações e
habilidades interessantes de forma a gerar
impacto direto nas regras, o que pode tor-
nar o jogo mais envolvente e divertido.
Os movimentos personalizados funcionam da mes-
ma forma que os movimentos de jogador: têm uma
condição, que é acionada quando determinada cir-
cunstância ocorre na história, e um resultado, que se
aplica quando o movimento é acionado. No entanto,
ao contrário dos movimentos de jogador, os movi-
mentos personalizados usam condições que podem
se referir a qualquer coisa, não apenas aos jogadores,
como “Quando a Medusa entra em cena...” ou “Quan-
do você tenta acertar Próximo...”.
Os movimentos personalizados não costumam usar
rolagem de dados, ou seja, não exigem que os jogado-
res usem os dados.
TIPOS DE MOVIMENTOS
PERSONALIZADOS
Movimentos personalizados podem ser usados para
descrever qualquer condição especial na história. Os
usos mais comuns são:
• Movimento de Perigo personalizado, que reflete
a natureza, as habilidades ou os recursos de um
Perigo que podem gerar condições especiais no jogo
• Movimento personalizado situacional, que reflete
o resultado de uma circunstância específica no jogo ou
os efeitos exclusivos de uma Relíquia, um Enclave ou
qualquer produto de poderes de Mythos. Veja exemplos
de movimentos personalizados situacionais no fim de
alguns dos Perfis de Avatar (a partir da pág 172).
• Melhoria, que apresenta um uso mais aprofunda-
do das regras existentes. As melhorias de tema de
personagens são, essencialmente, movimentos per-
sonalizados. Você pode expandir a lista escrevendo
melhorias de tema adicionais ou outras melhorias.
APRESENTANDO UM MOVIMENTO
PERSONALIZADO
Se o movimento personalizado ainda não tiver sido
acionado, você como MC tem a opção de revelá-lo
com antecedência aos jogadores ou de revelar algu-
mas partes desse poder (como o nome ou a condi-
132| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
QUANDO DEVO USAR MOVIMENTOS
PERSONALIZADOS?
Movimentos personalizados são uma parte
essencial de City of Mist: enriquecem o jogo,
trazendo mais possibilidades para as regras.
No entanto, como sua descrição redefine uma
pequena parte das regras, cada movimento per-
sonalizado pode ter um forte efeito no jogo, às
vezes de maneiras imprevisíveis e indesejáveis.
Além disso, os movimentos e recursos do jogo
já dão conta de quase todos os aspectos da his-
tória, então uma pilha de regras adicionais pode
acabar sendo redundante. Para cada movimento
personalizado que você cria ou inclui no jogo,
considere o seguinte:
? As regras são necessárias para refletir esse
elemento ou situação da história, ou a histó-
ria basta?
? Para ações: Já existe um movimento de
jogador ou MC que cobre esta ação? Pense
nos Movimentos Principais, nos Movimentos
Cinematográficos e nos Movimentos Dramá-
ticos (sobretudo Não. Se. Contenha.), assim
como nos movimentos fracos e fortes de MC.
? Para habilidades: Já existe um recurso de
jogo que pode representar essa habilidade?
Pense em rótulos, condições, Dicas, Gás,
Atenção, Quebra ou Dissipação, Mistérios e
Identidades etc.
Observe também que não há habilidade no jogo
que possa remover ou alterar movimentos, por-
tanto, depois que você introduz um movimento
personalizado no jogo, os jogadores não podem
alterá-lo, apenas lidar com o resultado. No en-
tanto, você, como MC, pode remover o movimen-
to personalizado quando não for mais relevante.
(A exceção são movimentos personalizados que
podem afetar outros movimentos; no entanto,
criar regras que podem quebrar outras regras
pode transformar seu jogo em um exercício
tedioso, em termos de regras).
Se você puder encontrar uma alternativa dentro
das regras já existentes do jogo, use-a; isso
manterá o jogo leve e dinâmico. Só use um mo-
vimento personalizado quando isso for acres-
centar algo novo e interessante ao jogo.
ção que gera). Você também pode manter tudo em
segredo (só revelando mais tarde, para criar um efeito
dramático).
Logo na primeira vez em que um movimento persona-
lizado é acionado, você deve revelá-lo aos jogadores:
ou leia em voz alta para todos na mesa ou distribua
cópias do movimento escritas ou impressas em papel
ou cartões de sugestão. O movimento se torna parte
das regras até que não seja mais relevante ou que
você decida removê-lo.
Como os movimentos personalizados se tornam visí-
veis para os jogadores, tome cuidado para não revelar
nenhum dos detalhes do caso ou da série nos detalha-
mentos desses movimentos que você criar. Escolha o
texto com cuidado.
CRIAÇÃO
DE MOVIMENTOS
PERSONALIZADOS
Montar um movimento personalizado
é fácil, mas criar um bom movimento
personalizado é uma arte que envolve
o design do jogo e exige que você pense
nas possíveis aplicações e implicações
do movimento que está criando.
Para criar um movimento, pense na circunstância ou
habilidade que deseja refletir no movimento e escolha
a condição apropriada, o teste de dados (se houver) e
os possíveis resultados. A condição deve ser específi-
ca; termos vagos podem fazer com que o movimento
seja acionado em momentos errados. O teste de dados
só deve ser usado se você quiser resultados variáveis
que dependam de algum elemento da história ou do
jogo; lembre-se de que você também consegue resul-
tados variáveis se atrelar os movimento a um elemen-
to do jogo (“se tique estiver maior que 3, então... caso
contrário...”) ou se simplesmente apresentar mais de
uma opção. O resultado deve dar uma direção clara
sobre o que vai acontecer na história, um efeito claro
sobre alguns elementos do jogo ou ambos.
Em seguida, releia o movimento e considere o efeito
que teria no jogo. Você conhece seus jogadores me-
lhor do que ninguém, então pense em como eles irão
interagir com o movimento. Reformule e reescreva
conforme necessário. Use os modelos e exemplos
fornecidos a seguir como diretrizes.
CONDIÇÕES
Sempre que um movimento personalizado é engati-
lhado, não importa o momento narrativo, o resultado
é aplicado. Portanto, há várias formas de empregar a
condição para acionar certos resultados em pontos
que as regras existentes não cobrem, como, por exem-
plo, no início de uma cena ou enquanto um jogador
está sob os holofotes.
As condições dos movimentos personalizados em ge-
ral começam com as premissas “Quando”, “Sempre”,
“Toda vez que”, “Em” etc. A seguir são apresentadas
as condições de movimentos personalizados mais co-
muns usadas neste capítulo e que você pode empregar
em seus próprios movimentos personalizados. Cada
tipo de premissa é seguido por alguns exemplos de
como empregá-la:
• Quando você [interpretando a personagem, faz algo
na história]
» Quando você pega algo de valor do cassino, ...
» Quando você irrita o gigante, ...
» Quando você come o cogumelo mágico, ...
» Quando você se afasta demais da Cidade, ...
• Quando você [como jogador, usa as regras de deter-
minada maneira]
» Quando você recebe uma condição, ...
» Quando você ganha Dicas, ...
» Quando você gasta Gás, ...
» Quando você queima o rótulo de outro jogador, ...
• Quando [um Perigo atua na história ou interage
com as regras]
» Quando o Golem de Praga entra em cena, ...
» Quando a Helix Labs pede uma recompensa pela
sua captura, ...
» Quando sua garçonete favorita recebe uma condi-
ção, ...
» Quando o espectro tique-taqueando 4 de uma bom-
ba-relógio se esgota, ...
• Quando uma situação acontece no jogo
» Quando a polícia chega para te prender, ...
» Quando o prefeito declara estado de emergência, ...
» Cada vez que o Jornal da Cidade expõe uma tenta-
tiva de encobrimento, ...
» Quando Níðhöggr, a Serpente, começa a devorar as
raízes de Yggdrasil, a árvore do mundo, ...
• Em [qualquer ponto do jogo]
» No começo da sessão / da cena / da cutscene / do
intervalo, ...
» No fim da sessão / da cena / da cutscene / do inter-
valo, ...
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 133
 TESTES DE DADOS
Alguns movimentos personalizados podem exigir o
uso de dados. Quando um movimento personalizado
exige, são os jogadores quem rolam os dados – nunca
a MC. Os jogadores sempre rolam dois dados de seis
lados (2d6). Dependendo do propósito, o movimento
pode exigir que os jogadores somem:
• rolagem + Poder, o que emprega os recursos pa-
drão da PJ, como rótulos e condições. Observe que
quase todas as ações das PJs baseadas em rolagem +
Poder já são cobertas pelos Movimentos Principais.
• rolagem + Mythos, o que emprega a consciência e
a conexão da personagem com o próprio Mythos
• rolagem + Logos, que emprega a relação da perso-
nagem com a Cidade e a realidade material
• rolagem + [qualquer outro valor], como
» rolagem + [o número de cabeças que restam na
Hidra]
» rolagem + [a quantidade de vezes que seu caminho
cruzou com o de Ed Sonhos]
» rolagem + [o qualificador atual da condição desa-
bamento na casa em chamas]
» Para possibilitar uma boa gama de resultados, o va-
lor acrescentado à rolagem deve ficar entre +4 e -4.
Quando o movimento personalizado inclui rolagem,
pode especificar resultados diferentes para um acerto
(qualquer pontuação final de 7 ou mais), uma pontuação
de 7 a 9, de 10+ e até de 12+, se for relevante. Se o movi-
mento não especificar o que acontece em caso de falha
(uma pontuação final de seis ou menos), o resultado é
um movimento forte de MC. Veja a explicação em Cate-
gorias de Resultados, na pág. 177 do Guia do Jogador.
134| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
RESULTADOS
O resultado descreve o que acontece quando um
movimento personalizado é acionado. Pode ser des-
crito como eventos que ocorrem na história, como no
exemplo:
Cada vez que o Jornal da Cidade expõe uma
tentativa de encobrimento, um repórter ou
editor é encontrado morto na manhã se-
guinte.
Pode ser descrito em termos de jogo:
Quando o Golem de Praga entra em cena,
atribua a ele pele-endurecida-1
Ou pode ser descrito das duas formas:
Cada vez que o Jornal da Cidade expõe uma
tentativa de encobrimento, um repórter ou
editor é encontrado morto na manhã se-
guinte. O assassino ou assassinos recebem
um-passo-à-frente-1.
NÍVEL DE DESAFIO E OS MOVIMENTOS
PERSONALIZADOS
Movimentos personalizados podem afetar
radicalmente o nível de desafio do jogo. Quando
você introduz um movimento personalizado ou
cria um, considere o impacto que isso vai gerar
nas PJs e na história.
O efeito de um movimento personalizado no
nível de desafio do jogo depende de todos os
seus componentes:
A condição determina com que frequência e em
quais situações o movimento será acionado.
Você pode controlar o nível de desafio aumen-
tando ou diminuindo a frequência com que o
movimento personalizado é acionado, como,
por exemplo, de uma vez por sessão para uma
vez por cena, ou vice-versa.
O teste de dados define que fatores afetam o
resultado. Também introduz um elemento de
acaso à jogada, o que costuma fazer com que
algumas PJs sejam mais ou menos afetadas ou
bem-sucedidas do que outras.
O(s) resultado(s) determinam o impacto do
movimento no momento em que ele é acionado.
Para ajustar o movimento, altere os efeitos do
resultado; por exemplo, reduza ou aumente o
qualificador das condições que serão atribuídas.
MODELOS E EXEMPLOS
DE MOVIMENTOS
PERSONALIZADOS
Alguns tipos comuns de movimentos personalizados
de City of Mist são fornecidos abaixo. Você pode usar
esses exemplos no jogo ou pode preencher os mode-
los para criar seus próprios movimentos personali-
zados. Os modelos que têm o potencial de aumentar
significativamente o nível de desafio do jogo são
marcados com um, dois ou três ícones y, variando de
leve a grande impacto, respectivamente. Como com
qualquer movimento, o impacto também depende das
condições e dos resultados específicos.
ESCUDO ATIVO
O movimento de Escudo Ativo é desencadeado quan-
do algo ou alguém tenta atribuir uma condição ou
de alguma maneira influenciar o Perigo que tem esse
movimento. O Escudo Ativo é acionado depois que
um jogador (ou a MC) declara que deseja fazer um
movimento ou gastar um recurso para afetar o Perigo,
mas antes que esse movimento seja feito ou que se
apliquem as regras para fazê-lo. Quaisquer efeitos
aplicados pelo Escudo Ativo afetam o movimento do
jogador (ou da MC) e podem até anulá-lo (como, por
exemplo, atribuindo uma condição de qualificador 5
apropriada ou queimando os rótulos que poderiam ser
usados para o movimento ofensivo).
yy Escudo ativo: Quando tentar [descrição do ata-
que], você primeiro deve [resultado].
Popular: Quando tentar envergonhar Adam
Drake publicamente, você primeiro rece-
be humilhada-3 por ser alvo de vaias dos
fãs.
Envoltório Defensivo: Uma vez por cena,
quando você atacar Agentes Guardiões
com poderes de Mythos, eles manipulam as
Brumas para sufocar seus poderes. A MC
primeiro queima dois rótulos de energia
relacionados ao seu ataque.
Armadilhas: Sempre que alguém tentar en-
trar na sua base sem convite, recebe uma
condição com qualificador = Poder + 2 uma
vez, a menos que encontrem uma maneira de
contornar essas medidas de segurança.
Galhos e Espinhos: Quando você tenta en-
trar no castelo da Bela Adormecida, pri-
meiro recebe as condições emaranhado-3 ou
cortes-e-arranhões-2, à escolha da MC.
RESULTADO REGRESSIVO
Um Resultado Regressivo é usado para definir o que
acontece quando um espectro regressivo se esgota.
Resultado Regressivo: Quando [o espectro regressi-
vo do Perigo] se esgota, [resultado].
Licantropia: Quando o espectro transfor-
mação 3 da Vítima de Mordida é maximiza-
do, a vítima se transforma completamente.
Substituir Vítima de Mordida com o peri-
go: Lobisomem Faminto.
KABUM!: Quando o espectro tique-taque 5
da Bomba-relógio atinge o limite, a bom-
ba explode. Tudo e todos em um raio de
um quilômetro recebem desintegrado-6
Tarde demais: Quando o espectro contá-
gio 6 da Epidemia na Cidade se esgota, é
tarde demais para impedir que a doença se
espalhe. A população da Cidade é dizima-
da. Corte para uma cena um mês depois e
descreva o efeito devastador na Cidade.
RÓTULOS E CONDIÇÕES
PREMISSAS
Um movimento personalizado de condição premissa
permite que um Perigo inicie a cena com uma condi-
ção já estabelecida, o que em geral dificulta as coisas
para os jogadores. O Perigo pode não ter que entrar
fisicamente em cena para acionar o movimento; se os
jogadores estiverem interagindo remotamente com o
Perigo, o movimento também pode ser aplicado.
y Condição premissa: Quando [Perigo] entra em
cena, recebe [condição].
Feito de Barro: Quando o Golem de Praga
entra em cena, recebe pele-endurecida-1.
Predador Magistral: Quando Cooper entra
na cena, recebe alerta-2
Status de celebridade: Quando Isabella
entra em uma aglomeração pública, recebe
admirada-4.
yy Condição premissa renovável (forte): Quando
[Perigo] entra em cena, recebe [condição]. Se [Perigo]
perde a condição, a MC pode renová-la como parte de
um movimento forte.
Investigador implacável: Quando um repór-
ter irritante entra em cena, recebe de-
-olho-1. Se o repórter irritante perde a
condição, a MC pode renová-la como parte
de um movimento forte.
yyy Condição premissa renovável (fraca):
Quando [Perigo] entra em cena, recebe [condição]. Se
[Perigo] perde a condição, a MC pode renová-la como
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 135
 parte de um movimento fraco depois de jogador fazer
um movimento sem o efeito da condição.
Gerador de campo de força: Quando Se-
gurança de Elite da Helix Lab entra em
cena, recebe campo-de-força-3. Se o Se-
gurança de Elite da Helix Lab perde a
condição, a MC pode renová-la como parte
de um movimento fraco depois de o jogador
fazer um movimento sem o efeito da condi-
ção.
Da mesma forma, um Rótulo Premissa permite que
um Perigo atribua um rótulo à cena logo ao entrar. O
rótulo é contínuo, a menos que indicado o contrário.
y Rótulo Premissa: Quando [Perigo] entra em cena,
atribua [rótulo] à cena.
Três Cabeças: Quando K-Nino entra em cena
com seus cães, atribua cão protetor, cão
mau e cão vigia à cena.
Cada mergulho é um flash: Quando Apolo, o
deus da luz, entra em cena, atribua flash
ofuscante (temporário) à cena.
yy Condição premissa renovável (forte): Quando
[Perigo] entra em cena, atribua [rótulo] à cena. Se o
rótulo for removido, a MC pode renová-lo como parte
de um movimento difícil.
Fumaça e Espelhos: Quando os Ninja Mo-
nonoke entram em cena, atribua fumaça à
cena. Se o rótulo for removido, a MC pode
renová-lo como parte de um movimento di-
fícil.
yyy Rótulo premissa renovável (fraca): Quando
[Perigo] entra em cena, atribua [rótulo] à cena. Se o
rótulo for removido, a MC pode renová-lo como parte
de um movimento fraco depois de o jogador fazer um
movimento sem o efeito da condição.
Deus Redemoinho: Quando Ara Tiotio, o
deus polinésio do tornado, entra em cena,
atribua ventos fortes à cena. Se o rótu-
lo for removido, a MC pode renová-lo como
parte de um movimento fraco depois de o
jogador fazer um movimento sem o efeito
da condição.
FILTRO DE CONDIÇÕES
Os filtros de condições modificam as condições atri-
buídas ao Perigo no momento em que são geradas.
Podem ser usados para representar defesas especiais,
resistência a danos ou, inversamente, suscetibilidades
ou vulnerabilidades.
y Filtro de Condições (defesa): Quando [Perigo]
recebe [tipo de condição], reduza o qualificador em
[quantidade].
136| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Resistente: Quando um Oni recebe um sta-
tus de dano físico, reduza o qualificador
em 2.
Indomável: Quando o Portal de Thor rece-
be condições de controle mental durante a
fúria, reduza o qualificador em 3.
Massivo: Quando o Kraken recebe uma con-
dição que descreva dano de contato, re-
duza o qualificador em 4. Quando o Kraken
recebe uma condição que descreve dano de
área, reduza o qualificador em 3.
Filtro de Condições (vulnerabilidade): Quando
[Perigo] receber [tipo de condição], aumente o qualifi-
cador em [quantidade].
Ossos secos: Quando um Fantasma assume
uma condição relacionado a fogo, aumente
o qualificador em 2.
Instabilidade estrutural: Quando o Túnel
Esquecido do Metrô recebe uma condição
que mova suas paredes ou suportes, aumen-
te o qualificador em 1.
CONDIÇÃO CONJUNTA
Uma Condição Conjunta é um movimento personali-
zado acionado quando uma PJ ou um Perigo recebem
uma condição específica. Em geral se aplica apenas se
a condição ainda tiver níveis de qualificador depois
que a PJ ou o Perigo aplicou quaisquer defesas rele-
vantes (por exemplo, após o movimento de jogador
Rir na Cara do Perigo).
y Condição Conjunta: Quando você recebe [tipo e
fonte de condição], [resultado].
Ponta Oca: Quando você recebe uma condi-
ção de tiro de gangsters que usem munição
de ponta oca, também recebe uma condição
adicional de qualificador 1 com rótulo
semelhante.
Buscando informações: Quando você recebe
a condição franqueza de um Investigador
Consciente, a MC pode negociar cada qua-
lificador para fazer com que você respon-
da com sinceridade a uma pergunta, em uma
troca de um por um. O investigador ago-
ra sabe as respostas, tenha a personagem
dito aquilo de fato ou não.
Arco de Artemis: Quando você receber uma
condição a partir das flechas de Natasha,
recebe uma condição adicional de qualifi-
cador 3 à escolha da MC, representando a
flecha usada, por exemplo, envenenada-3,
doente-3, azarada-3.
DEFESAS DOS PERIGOS
Usando movimentos fortes de MC e movimentos
personalizados, um Perigo pode erguer quatro tipos
de defesas.
A primeira opção é a capacidade de atribuir a si mesmo
uma condição defensiva. Quando apropriado, uma
condição defensiva pode servir como condição im-
peditiva para o ataque de uma PJ contra o Perigo em
questão, reduzindo o Poder. No entanto, como só a
condição impeditiva mais alta se aplica a qualquer
teste, uma condição defensiva só é eficaz na medida
em que a PJ atacante não tenha uma condição impedi-
tiva maior. Uma condição defensiva pode ser removida,
caso em que a MC deve decidir se e quando pode ser re-
novada (sem um movimento personalizado, isso requer
um movimento forte de MC).
A segunda opção é a capacidade de criar um rótulo
de história defensivo. Quando apropriado, o rótulo
defensivo pode reduzir o Poder do ataque de uma
PJ contra o Perigo em questão. Isso funciona inde-
pendentemente de outros rótulos e condições da PJ.
No entanto, como não é possível criar duas vezes o
mesmo rótulo de história, diversos rótulos de história
devem descrever os diferentes tipos de defesas, que
podem não ser todos relevantes para cada ataque
específico (por exemplo, armadura, escudo, capacete).
O uso de rótulos de história também pode tornar o
conflito mais descritivo. É possível remover um rótulo
de história, caso em que a MC deve decidir se e quan-
do pode ser renovado (sem um movimento personali-
zado, isso requer um movimento forte de MC, porque
o rótulo traz um desafio significativo para as PJs).
As opções acima, além de reduzirem o qualificador
das condições impostas pelo ataque, também redu-
zem as chances de o jogador ter um bom resultado
na rolagem e aumenta as chances de falha (o que
desencadeia um movimento forte de MC adicional).
São adequadas para Perigos com defesas que podem
ser removidas e são imprevisíveis.
A terceira opção é a capacidade de reduzir ou remo-
ver condições. Se isso for aplicado como um movi-
mento forte de Perigo, o Perigo em questão só pode se
recuperar quando uma PJ falhar em um movimento.
No entanto, se isso for representado por um movi-
mento personalizado com um filtro de condições,
qualquer condição atribuída ao Perigo será afetada.
É um tipo de defesa mais confiável, adequado para
descrever formas de proteção inatas, como tamanho e
durabilidade. No entanto, isso não afeta as chances de
sucesso dos movimentos dos jogadores.
A quarta opção é configurar um escudo ativo, que
prejudica as PJs de alguma forma sempre que os joga-
dores tentam um ataque. Essa defesa só pode ser apli-
cada com um movimento personalizado e, portanto,
não pode ser evitada pelos jogadores. Além disso, tem
o duplo efeito de servir como ataque às protagonistas
sempre que elas atacam, possivelmente impondo uma
condição que promoverá sua derrota e enfraquecerá
seus ataques. Considerando isso, essa é uma defesa
excepcionalmente potente e deve ser reservada para
Perigos mais fortes.
3 · P E R I G O S E AVATA R E S | 137
 PERFIS DE
PERIGO

138| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Esta seção do livro contém perfis de
Perigo que você pode usar em seus
jogos, são fichas prontas de uma varie-
dade de Perigos de todos os tipos. Está
dividida em três partes:
• Perigos mundanos são pessoas e ameaças co-
muns, que podem fazer parte de qualquer Cidade.
Podem ser usados para descrever personagens
Dormentes e ameaças de natureza mundana, ou
podem ser combinados com os Conjuntos de Pode-
res de Mythos para improvisar alguns Portais.
• Conjuntos de Poderes de Mythos são conjuntos
de movimentos de Perigo que representam habili-
dades especiais concedidas por um tipo específico
de Mythos. Podem ser adicionados a um Perigo
Mundano, criando um Portal único, como uma
Repórter Bruxa ou um Dono de Carrocinha com
Mithos de Caçador.
• Portais e Outros Perigos Mitológicos são per-
fis de Perigos completos de Portais e outros seres
mitológicos (como criaturas criadas por Portais) do
cenário de City of Mist.
GRAU DE PERIGO
Os perfis de perigo são classificados em um Grau de
Perigo que reflete sua capacidade potencial de desa-
fiar ou prejudicar a galera, que em geral varia de zero
(menos perigoso) a cinco (mais perigoso). O Grau de
Perigo é marcado ao lado de cada título de Perigo com
um y para cada grau que o Perigo possui.
Os Conjuntos de Poderes de Mythos podem aumentar
o Grau de Perigo de um Perigo Mundano. Cada au-
mento é marcado por um sinal + seguido pelo número
de y igual à classificação de Grau de Perigo que o
conjunto adiciona ao Perigo com o qual será combi-
nado. Combinar um Conjunto de Poderes de Mythos
com um Perigo Mundano pode resultar em um Perigo
com Grau acima de cinco.
Lembre-se de que o nível de desafio de um Perigo
varia muito a depender de como será usado pela MC,
de que regras opcionais estão incluídas no jogo e das
diretrizes para uso de rótulos e condições. Portanto,
trate o Grau de Perigo apenas como uma estimativa
genérica.
PERFIS COLETIVOS
Perfis de perigo que descrevem um coletivo listam
o fator de tamanho e os movimentos de Perigo com
diretrizes para uso de um único integrante. Confor-
me explicado em Coletivos (pág. 124), quando vários
integrantes do coletivo fazem o mesmo movimento
de Perigo contra o mesmo alvo, você deve ampliar os
efeitos do movimento de acordo.
PERIGOS MUNDANOS
RESIDENTES DA CIDADE
FUNCIONÁRIO DO GOVERNO y
Uma funcionária do governo pode ser qualquer
pessoa que ocupe um cargo formal do governo:
um escrivão do tribunal, uma funcionária do
registro de veículos, um guarda de trânsito etc.
O funcionário público pode ser usado como uma
barreira não-violenta entre as protagonistas e
algo que elas queiram do governo. A funcionária
pública costuma ser uma burocrata e só assinará
papéis, divulgará informações ou aprovará os
pedidos da galera quando for legalmente obriga-
da. Ajuste os espectros de condições de acordo
com quão alto for o cargo ou quão corruptível ou
cautelosa for a pessoa.
CORRUPÇÃO 3 / OBRIGAÇÃO LEGAL 3 / AS-
SUSTAR 3
• Pedir mais documentos (afogando-em-papela-
da-2)
• Chamar a segurança ou a polícia (crie um novo
Perigo: Policiais / Seguranças)
• Ameaçar chamar a segurança ou a polícia se
não pararem de perturbar a paz
• Encerrar a conversa de repente
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 139
 ADVOGADA PARTICULAR yyy
Esta advogada escorregadia é especialista em explo-
rar o sistema jurídico da Cidade para beneficiar seus
empregadores. Desfrutando de um belo salário mais
bônus fartos, o dinheiro não vai abalar sua fidelida-
de aos patrões. Além disso, se alguém triscar o dedo
nela ou em algum dos seus, estará em sérios proble-
mas legais – experimenta só para ver. Você também
pode usar este perfil de Perigo para representar a
promotoria da Cidade.
SUBORNO – / DERROTA JUDICIAL 5 / IMPLICAR
CULPA 5 / AMEAÇAR 4
• Te processo: Quando atribuir uma condição
que descreva dano físico, incapacitação ou perda
financeira à advogada particular, você recebe
uma condição que descreve implicações legais
do mesmo qualificador, como ficha-criminal-2 ou
procurada-e-perigosa-5.
• Objeção!: Quando a advogada particular recebe
uma condição legal ou judicial, reduza o nível do
qualificador em 2.
• Implacável: No final da cena, remova todas as
condições do espectro de ameaça da advogada
particular.
• Usar o sistema judicial contra alguém (problema-
-na-justiça-3) ou influenciar o juiz e / ou o júri
contra alguém durante um julgamento (culpado-3)
• Contratar um detetive particular para desco-
brir os podres de alguém (crie um novo Perigo:
Detetive)
• Tirar os clientes de problemas (remova até dois
níveis de qualificador de condições legais)
• Ameaçar com processo
TURBA yy
Este Perigo representa qualquer multidão exaltada
de residentes da Cidade: manifestantes raivosos,
fãs histéricos, uma turba violenta etc.
APAZIGUAR 2
• Coletivo: Este coletivo tem muitos integrantes e
um fator de tamanho 3.
• (opcional) Brutal: Quando apaziguar chegar ao
limite, crie um novo Perigo: Turba, com fator de
140| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
RESIDENTE DA CIDADE INDEFESO
Qualquer pessoa da Cidade que não possa se de-
fender sozinha ou que não represente uma ameaça
séria pode ser considerada um Residente da Cidade
Indefeso. Esses indivíduos muitas vezes precisam
da proteção da galera e podem ser usados como
apoio às protagonistas ou aos seus adversários.
FERIR OU INCAPACITAR 1 / ASSUSTAR 1
• Tentar resistir (ai-ai-ai-1)
• Chamar a polícia ou gritar por ajuda
Uma Residente da Cidade Indefesa pode ter um dos
seguintes movimentos, de acordo com a história da
personagem:
• Pirralha: pegar uma pedra (temporário) ou sacar
um estilingue
• Assistente social: ajudar alguém a lidar com o
trauma (remove um nível de qualificador de con-
dição emocional negativa ou atribuir calma-1)
• Médico: dar assistência médica (remove um nível
de qualificador de uma condição física negativa)
• Cientista: oferecer conselhos de sua especialida-
de científica
• Cidadã aposentada: dar bons conselhos (tempo-
rário)
• Visagista: mudar o visual de alguém (novo look)
• Gerente de banco: dar a alguém as chaves do
cofre
• Funcionária da carrocinha: prender alguém
ou algum animal com uma vara de captura de
animais (enredado-1)
• Garçom/garçonete: proteger a si mesma em
legítima defesa
• Banda de rock: este perigo deve ser um coleti-
vo com fator de tamanho 1. Cada membro pode
empolgar-1 o público (exaltar-2, como banda)
tamanho um número menor do que a turba que
foi apaziguada. Essa nova turba recebe a condi-
ção violenta-1.
• Torcer pelo ídolo (atribuir confiança-2) ou humi-
lhar os inimigos do ídolo (humilhado-2)
• Derrubar uma barricada, contenção policial ou
locação (derrubada-1)
• Muitas pessoas gritam e urram, a multidão está
vibrando (atribuir exaltada-1 a si mesma)
• Algumas pessoas gritam e urram, o clima está
esquentando
FIGURÃO IMPORTANTE yyy
Este Perigo representa um dos indivíduos mais
poderosos da cidade, como o prefeito, um magnata
da imprensa ou da indústria. Com um exército de
advogados e policiais em sua folha de pagamento
(com salários nem sempre legítimos), essa pessoa
não pode ser facilmente implicada em crimes, a
menos que a galera descubra algum podre sério e
encontre um juiz que aceite lhes dar ouvidos. É...
boa sorte com isso.
FERIR OU INCAPACITAR 3 / IMPLICAR CULPA –
/ AMEAÇAR 5
• Uma oferta que eu não posso recusar: Quando
você recusa a oferta de um Figurão Importante,
está Correndo o Risco.
• Guarda-costas: Quando um Figurão Importante
recebe uma condição da qual os guarda-costas
podem protegê-lo, são os guarda-costas quem
recebem a condição (use Equipe da SWAT / Segu-
rança de Elite para os guarda-costas).
• Camarão que dorme a onda leva: No final de
cada intervalo ou como um movimento forte,
o Figurão Importante pode atribuir reputação-
-manchada-3 ou procurado-3, ou criar um novo
Perigo para ir atrás da galera (escolha entre
Funcionária do Governo, Advogada Particular,
Detetive, Equipe da SWAT/ Segurança de Elite,
Assassina de Aluguel, etc.)
• Implacável: No final da cena, remova todas as
condições do espectro de ameaça do Figurão
Importante.
• Sacar uma arma oculta e atirar (tiro-bem-dado-4)
• Ameaças veladas com palavras doces
• Simpatia que levanta suspeitas
ENFERMEIR0 DA ALA PSIQUIÁTRICA y
Se as protagonistas falarem demais sobre suas
experiências como Portais, podem se deparar com
um ou mais desses enfermeiros psiquiátricos bem
treinados. São pessoas acostumadas a ouvir gente
delirante que alega estar sendo detida injustamen-
te, então impressioná-las não será nada fácil.
CONVENCER 5 / FERIR OU INCAPACITAR 2
• Sossega-leão!: Como um movimento forte, o
Enfermeiro da Ala Psiquiátrica pode alterar o ró-
tulo de uma condição de um alvo de contido para
sedado, mantendo o mesmo qualificador.
• Chamar os outros enfermeiros (este Perigo se
torna um Coletivo com fator de tamanho 1)
• Imobilizar com as mãos ou com uma camisa de
força (imobilizada-3)
• Ignorar os apelos de um paciente (remove 2 um
nível de qualificador qualquer condição de con-
vencimento)
• Avisar a um paciente para parar de perturbar os
outros, senão...
ATIVISTA RADICAL yy
Esse indivíduo se ocupa principalmente de promo-
ver a própria causa, seja social, política ou am-
biental, e pode ir longe para garantir que a causa
avance.
CRIMINALIZAR 3 / DESLEGITIMAR 4 /
EXALTAR 3 / PRENDER 2 / SER A VOZ DA
RAZÃO 4
• Ação radical: Quando exaltar chegar ao limite,
Faça Algo Horrível Acontecer. A Ativista Radical
então morre, desaparece, enlouquece, vai para a
prisão etc.
• Fugitiva Procurada: Quando criminalizar chegar
ao limite, a polícia tenta prender o Ativista Radi-
cal. Se apropriado, crie um novo Perigo: Policiais.
• Lutar intensamente pelos próprios direitos
(remove um nível de qualificador de condições
relacionadas à prender ou restringir
• Disseminar a crença na causa (bom-argumento-1)
• Ostracizar alguém que não quer aderir à causa
(má-reputação-1)
• Criar uma barricada e se meter em problemas
(atribui a si mesma barricada 1 e criminalizada 1)
• Fazer cena e arranjar problemas com as autori-
dades
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 141
 JORNALISTA yy
Repórteres de televisão, rádio e jornais estão INDIVÍDUO PROBLEMÁTICO y
sempre procurando o próximo furo. É comum
Esse indivíduo desesperado está em rota de
encontrá-las bisbilhotando lugares onde ocor-
colisão. Assombrado pelo próprio passado e por
rem eventos incomuns, mesmo que estejam
suas emoções complexas, a personagem conti-
completamente alheias aos acontecimentos
nua tomando todas as decisões erradas, muitas
lendários que se desenrolam nos bastidores.
vezes só buscando a ajuda da galera quando é
ENGANAR 3 / ASSUSTAR 4 tarde demais. Pode ser uma dançarina que se
envolveu com as pessoas erradas ou um adoles-
• Inquirir: Como um movimento forte, a MC
cente perturbado ou suicida.
fará uma pergunta. Você deve responder com
uma resposta direta ou uma pista sólida. A Jor- ARRANJAR PROBLEMAS 3 / FERIR OU INCAPA-
nalista sabe a resposta, mesmo que a persona- CITAR 2
gem não a tenha dito em voz alta.
• Ímã de treta: No fim de cada intervalo, o In-
• Atenta e forte: Quando a Jornalista entra em
divíduo Problemático recebe mais problemas 1
cena, atribua a ela alerta 1
• Tragédia: Quando arranjar problemas atingir
• Expor publicamente ou gerar má reputação a
o limite, Faça Algo Horrível Acontecer à
alguém (exposto-2 ou infame-2), ou ameaçar
personagem.
fazer isso, a menos que...
• Passado Misterioso: Quando você gastar uma
• Usar credenciais de imprensa
Dica para fazer uma pergunta sobre o pas-
• Aparecer para bisbilhotar no pior momento
sado do Indivíduo Problemático, a MC pode
possível
escolher dar respostas confusas, incompletas
• Encontrar uma testemunha improvável e co-
ou apenas parcialmente verdadeiras (como na
meçar a entrevistá-la
opção 7-9 de Investigar).
• Enfiar um microfone, câmera ou bloco de no-
• Conquistar o afeto de alguém (amigável-2)
tas na cara de alguém e dizer que está ao vivo
• Sumir no momento mais inoportuno (movi-
ou que o que a pessoa disser estará no jornal
mento difícil)
da manhã
• Avisar a galera de que algo ruim está prestes a
acontecer

ARROZ DE FESTA yy
É uma pessoa bonita e carismática que sempre
vira o centro das atenções, não importa o contex-
to social. Você pode usar este Perigo para repre- BÊBADO VIOLENTO y
sentar uma celebridade, um herdeiro mimado,
uma agente de celebridades bem relacionada etc. Esta pessoa exagerou no álcool (ou nas drogas) e
agora está emotiva ou agressiva.
FAZER AMIZADE 5 / HUMILHAR OU OFUSCAR 4
DETOX 4 / FERIR OU INCAPACITAR 3
/ AMEAÇAR 2
• Palavras Não Me Atingem: Quando o Arroz • Afogar a dor na bebida: Quando Bêbado
de Festa receber uma condição social contra a Violento entra em cena, recebe entorpecer-a-
vontade, reduza o qualificador em 1. -dor-1.
• Rei do Camarote (atribuir a si mesmo centro- • Socar alguém (hematoma-2)
-das-atenções-3 como condição temporária) • Ladainha incompreensível sobre o passado até
• Humilhar ou constranger alguém (humilha- deixar alguém com pena (digna de pena 1)
do-3), desviar a atenção de alguém (ignora- • Causar confusão, empurrar alguém
do-3) ou apoiar alguém (popular-2)
• Dominar uma conversa casual e impressionar
o público

142| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
CRIMINOSOS
GATUNO yy
Este ladrão experiente encara até os sistemas de segurança
mais avançados para chegar aos itens preciosos que procu-
ra. Esse Perigo pode estar trabalhando sozinho ou em equi-
pe; para si mesmo ou para um empregador. A personagem
pode estar atrás de dinheiro, papéis, joias ou até Relíquias.
CAPTURAR 5 / FERIR OU INCAPACITAR 2
• Na maciota: Quando o Gatuno entra em cena, se estiver
se esgueirando, recebe na-maciota-2. Se o Gatuno per-
der a condição, a MC pode renová-la com um movimen-
to forte.
• Cerca: No início do intervalo, o Gatuno pode usar sua
rede de contatos do crime para fazer um objeto em sua
posse desaparecer ou chegar a outra pessoa.
• Desarmar, evitar ou escapar das medidas de segurança
(remove até dois níveis de qualificador de condições de
alerta de outras pessoas ou de condições restritivas do
próprio Perigo, ou atribuir desligado-2)
• Escapar (Negar Algo Que Estão Querendo)
• Passar de mansinho pelo sistema de segurança munda-
no e deixar a galera para trás
• Fugir, ganhando distância
PODEROSO CHEFÃO yyy
Poderoso Chefão é o governante todo-poderoso de um
império do submundo. Quase sempre uma pessoa pe-
rigosa e violenta, um poderoso chefão é uma oponente
formidável, tanto cara a cara quanto de longe.
FERIR OU INCAPACITAR 3 / AMEAÇAR –
• Uma Oferta que Não Se Pode Recusar: Quando você
recusa as exigências do Poderoso Chefão, está Corren-
do o Risco.
• Guarda-costas: Quando o Poderoso Chefão recebe uma
condição da qual as guarda-costas podem protegê-lo,
são as guarda-costas que recebem a condição (use Bru-
tamontes para guarda-costas).
• Tendências violentas: Quando você ataca ou ameaça
o Poderoso Chefão, primeiro recebe ameaçado-3 ou
ferido-3, à escolha da MC.
• Sem descanso: No final de cada intervalo ou como
um movimento forte, o Poderoso Chefão pode atribuir
ameaçado-3 ou criar um novo Perigo para ir atrás de
você (escolha entre Advogada Particular ou qualquer
Perigo criminoso).
• Golpe, invasão ou tiro brutal (ferimento-horrível-4)
• Observar e julgar em silêncio, reflexiva
GOLPISTA yy
Golpistas são mestres na enganação e podem
fazer você acreditar que são só um vendedor e
arrancar sua herança ou roubar um cartão de
acesso importante do seu bolso durante uma
conversa.
GANHAR A CONFIANÇA – / FERIR 2 /
AMEAÇAR 3
• Enganar alguém (remove até dois níveis de
qualificador de uma condição de alerta dos
outros ou atribui confusa-2)
• Afanar um objeto sem ser notado (queimar
um rótulo que descreve um objeto ou Negar
Algo Que Estão Querendo)
• Sacar uma arma escondida e atacar (corte-
-feio-2 ou ferida-sangrenta-2)
• Ser amigável e conquistar a confiança de
alguém
No geral, essas enganações devem surgir dentro
da história e sem necessidade de ativar as regras
(porque revelariam a mentira em questão).
Outra opção é usar os movimentos do golpista
para tentar enganar os jogadores. O movimento
Ganhar Confiança é bem enganoso: o golpista
finge estar desconfiado, e os jogadores precisam
tentar ganhar a confiança dele. Então, em um
momento crítico, a golpista trai a galera e vira
as condições a seu favor, permitindo que escape
com o dinheiro ou atire em alguém da galera
pelas costas. Repare que, a menos que consiga
resistir aos poderes de Mythos, o golpista não
pode reverter condições de confiança criadas por
meios lendários.
• (opcional) Ganhar a confiança: Quando
uma protagonista faz algo que gera confian-
ça, o golpista recebe confiança-2. Quando
tentar usar Convencer contra o golpista e ele
recusar, o jogador pode optar por atribuir a ele
uma condição confiança. Se usar essa confiança
contra o golpista, você perde a confiança dele
e remove a condição. Depois de construir con-
fiança o bastante, talvez ele se abra com você.
• (opcional) Abusar da confiança: Quando
este perigo trai uma protagonista, a confiança
que você pensava ter conquistado passa a ser
uma vantagem dele. A MC deve mudar o rótulo
confiança para uma condição positiva adequa-
da, como subestimado ou ignorado. Depois da
traição, remova a condição.
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 143
 DELINQUENTES JUVENIS y
É normal ver bandos de adolescentes arruaceiros
pelas ruas da cidade, pichando muros e perturban-
do a paz e a ordem.
FERIR OU INCAPACITAR 1 / AMEAÇAR 1
• Coletivo: Este coletivo tem vários membros e
um fator de tamanho de 2.
• Dar uma surra (hematoma 1) ou lançar spray de
pimenta ou de tinta (cega 1)
• Instigar uns aos outros (instigado-0, apenas rele-
vante quando o fator de tamanho for aplicado)
• Vadiar por aí, fazer barulho, perturbar a paz
VEÍCULO DE FUGA yy
Uma equipe de criminosos costuma ter um veículo
próximo com um motorista de prontidão para esca-
par da cena do crime o mais rápido possível. Este pe-
rigo também pode representar um carro de corrida.
ALCANÇAR OU DESPISTAR 5 / TIRAR DE
SERVIÇO 4
• (opcional) Veículo: Uma vez por cena e de-
pendendo do tamanho do veículo, um homem
armado ou um grupo pequeno deles despontam
das janelas do veículo e começam a atirar (use
Brutamontes). Os homens armados desembar-
cam automaticamente quando tirar de serviço
atinge o limite, mas recebem ferido-1.
• Bater com o carro para tentar forçar outro veí-
culo a sair da estrada ou dar uma guinada brusca
para fazer alguém cair do carro (instável-2)
• Fugir (movimento difícil)
• Acelerar e aumentar a distância
144| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
EQUIPE DE ASSALTO yyy+
Operações criminosas complexas exigem uma equi-
pe de profissionais para executar o trabalho. Essa
equipe inclui vários especialistas que se unem para
realizar o assalto, cada um contribuindo com uma
habilidade ou perícia diferente.
DISPERSAR X / FERIR OU INCAPACITAR 3 /
REVIRAVOLTA 5
• Equipe: O espectro dispersar da Equipe de Assalto
tem o máximo igual ao número de integrantes
menos um. Nos outros espectros, cada integran-
te recebe as condições separadamente. Quando
alguém da equipe é superada, transformada ou
capturada, atribua uma condição de dispersão um
nível de qualificador maior que o atual. Quando
um membro da equipe é recuperado, diminua o
qualificador de dispersar em um.
• Manobra: Uma vez por cena, mude o tipo de um
dos integrantes da equipe
• Um integrante escapa. (Negar Algo Que Estão
Querendo)
Escolha os integrantes da equipe de assalto (pode
haver mais de um de cada tipo):
• Golpista ou Face do Grupo: enganar alguém
(remover até dois níveis de qualificador de uma
condição de alerta de outras pessoas ou atribuir
distração-2)
• Especialista em demolições: Uma vez por cena,
depois de um jogador declarar seu movimento, mas
antes de rolar os dados, a MC pode fazer uma intru-
são para o Especialista em Demolições acionar uma
carga estrategicamente posicionada (lesão-fatal-5
ou Negar Algo Que Estão Querendo).
• Ex-militar: atirar (ferimento-de-bala-3) ou inca-
pacitar fisicamente (cambalear-3). Quando o Ex-
-militar sofre dano físico ou recebe uma condição
incapacitante, reduza o nível do qualificador em 1.
• Ladra Mestra: roubar algo (queimar um rótu-
lo que descreva um objeto ou Negar Algo Que
Estão Querendo)
• Organizador / Cérebro: atribui a todos os inte-
grantes da equipe vantagem-tática-2 ou remove
até dois níveis de qualificador de uma condição
negativa tática de todos os membros da equipe.

BRUTAMONTESyy
Esses brutamontes são contratados para ameaçar
repórteres bisbilhoteiros, espancar moradores
rebeldes do bairro, atacar a oposição com um tiro-
teio ou proteger o chefe e suas operações ilegais.
Alguns trabalham para quem pagar mais, outros
são leais a quem servem, sejam movidos pelo medo
ou por afiliação criminosa.
FERIR OU INCAPACITAR 3 / AMEAÇAR 4
• Coletivo: Este coletivo tem alguns membros e
fator de tamanho 1.
• Assustar (ameaça-2), espancar (braço-quebra-
do-3) ou cravejar de balas (ferida-de-bala-3)
• Eliminar um alvo vulnerável (tiro-na-barriga-4)
ASSASSINA DE ALUGUEL yyy
Desde que a sociedade humana existe, assassinos
são usados para resolver vinganças pessoais ou
eliminar rivais políticas. Essa pessoa altamente
treinada é uma assassina profissional e especialista
em infiltração.
ASSUMIR POSIÇÃO 3 / FERIR OU INCAPACITAR 5
• Tentar o tiro: Quando assumir posição chegar ao
limite, remova todas as condições do espectro,
e a Assassina ataca o alvo (ferimento-fatal-5 ou
morta-6).
• Inescrutável: Para fazer uma pergunta à MC
sobre a Assassina, você precisa gastar duas Dicas
em vez de uma. A critério da MC, você pode com-
binar Dicas com as de outro jogador.
• (opcional) Hora H: A Assassina pode usar
“Avançar para a posição” (veja abaixo) como
movimento fraco.
• Desativar uma ameaça com artes marciais ou
com um tiros de expert (quebrada-4)
• Avançar para a Posição (alvo-na-mira-1)
• Fugir da cena ou engolir uma pílula de cianureto
(movimento forte)
• Revelar a presença (mas não a posição exata)
com uma pista sutil, como um brilho do reflexo
da mira ou uma sombra passando depressa
LADRÃOZINHO y
O ladrãozinho é um esperto, um traste ou um ca-
nalha envolvido em atividades criminosas, mas que
raramente é levado a sério por alguém do ramo. Às
vezes, um ladrãozinho é contratado por uma orga-
nização criminosa como um trabalhador barato ou
para dar conta de alguma tarefa rotineira. O Perigo
quase sempre estraga esse trabalho, colocando-se
em apuros. No fim das contas, o ladrãozinho não
quer machucar ninguém, só quer seguir sua vida.
FERIR OU INCAPACITAR 2 / AMEAÇAR OU
ASSUSTAR 2
• Azar contagioso: Uma vez por cena, se o La-
drãozinho está presente, a MC pode fazer um
movimento forte como intrusão.
• Acertar com um soco-inglês, um pé-de-cabra ou
uma pistola (ferida-1 ou danificado-1)
• Oferecer algo de valor para salvar a própria pele
(aberto-a-negociações-2)
• Implorar pela própria vida compartilhando uma
história trágica
CONTRABANDISTA yy
Contrabandistas ganham dinheiro vendendo pro-
dutos roubados ou atravessados ilegalmente pelas
fronteiras, ocultos do poder da lei. Desagradáveis e
astutas, elas têm um repertório cada vez maior de
truques que garantem que nunca serão pegas ou
incriminadas.
SUBORNAR 4 / FERIR OU INCAPACITAR 4 /
AMEAÇAR 5
• Desgraçada escorregadia: Quando a contra-
bandista entra em cena, recebe furtiva-2. Se ela
perder a condição, a MC pode renová-la como um
movimento forte.
• (opcional) Frota: A contrabandista comanda
um veículo de contrabando (use Veículo de Fuga)
e pode chamar um veículo adicional como um
movimento forte.
• Abrir um caixote e pegar uma arma de fogo
extravagante, para então abrir fogo (chuva-de-
-chumbo-4)
• Usar o ambiente para bloquear e atrasar perse-
guidores (caminho-bloqueado-3 ou despistada-3)
• Mesmo se capturada, fazer com que o contraban-
do chegue ao destino (Negar Algo Que Estão
Querendo)
• Fugir (Negar Algo Que Estão Querendo)
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 145

GANGUE DE RUA yy
As partes mais barra-pesada da Cidade
são infestadas de gangues. São grupos que
fazem mais do que perturbar a paz, mas
não chegam a ser o crime organizado:
gangues armadas e perigosas, sobretudo
para visitantes indesejados vagando em
seu território ou quaisquer ameaças ao
controle do território.
FERIR OU INCAPACITAR 2 / INFLAMAR 3
/ AMEAÇAR 2
• Coletivo: Este coletivo tem vários mem-
bros e um fator de tamanho de 2.
• Quintal de casa: Quando a Gangue
entrar em cena no próprio território ou
quando chegar ao próprio território, re-
cebe jogando-em-casa-1. Se a Gangue de
Rua perder a condição e ainda estiver no
próprio território, a MC pode renová-la
como um movimento fraco, desde que
um jogador tenha feito um movimento
sem influência dessa condição.
• Convocar os Locais: Quando a Gangue
está no próprio território e o espectro de
convocação atinge o limite, aumente o
fator de tamanho do coletivo em um (até
o máximo de 3).
• Quando estiverem no próprio território,
convocam a população local para se
juntar a eles (convocar-2)
• Ameaçar alguém com violência (amea-
çada-2) ou concretizar as ameaças (os-
sos-quebrados-3 ou ferimento-de-bala-3)
• Atacar um intruso ou uma vítima
146| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
OFICIAIS DA LEI E AGENTES DE
SEGURANÇA
TIRAS / SEGURANÇAS y
Este Perigo representa uma pequena unidade padrão dentro de
uma força maior do braço da lei ou de alguma empresa de segu-
rança privada, muitas vezes servindo nos escalões mais baixos
da organização e realizando tarefas de rotina, como patrulha e
combate a ameaças em campo.
CORROMPER 2 / FERIR OU INCAPACITAR 3 / CARTEIRADA 1
• Coletivo: Este coletivo tem alguns membros e fator de
tamanho 1.
• Incapacitar fisicamente o alvo (incapacitada-2)
• Abrir fogo com revólveres ou pistolas semi-automáticas
(feridas-sangrentas-2)
• Chamar reforços (aumente o fator de tamanho em um)
• Cercar o alvo
• Mandar alguém sair das proximidades ou gritar "pare! mãos
para cima!"
DETETIVE / INVESTIGADORA yy
A personagem detetive policial ou investigadora particular
é um tropo do gênero noir. A detetive pode estar trabalhan-
do contra ou ajudando a galera, ou pode ser uma rival das
protagonistas. Ajuste os espectros de corromper e carteirada
de acordo com quão corruptível for a personagem ou quão alto
for seu cargo, respectivamente.
CORROMPER 5 / FERIR OU INCAPACITAR 3 /
CARTEIRADA 3
• Poderes de dedução: Quando a detetive examina a cena
pela primeira vez, ou como um movimento forte, a MC fará
uma pergunta ao jogador. A pergunta deve receber uma
resposta direta ou pista sólida. A detetive sabe a resposta,
mesmo que a personagem não a tenha falado.
• Vigilância constante: Quando a detetive entra em cena,
recebe alerta-1
• Pressionar alguém (o alvo conta a verdade ou recebe pres-
são-mental-2)
• Atirar em um suspeito ou ameaçar dar um tiro (ferimento-
-de-bala-3)
• Algemar ou apertar as algemas de um suspeito (algemada-2)
• Analisar a cena em silêncio
• Encontrar alguma evidência
• Quando sozinha, chamar reforços
3 · P E R I G O S E AVATA R E S | 147

VIATURA DA POLÍCIA yy
Viaturas patrulham as ruas da Cidade e perseguem
criminosos em meio ao trânsito.
FORA DE SERVIÇO 3/ DESPISTAR 4
• Veículo: Quando os policiais que dirigem a
viatura desembarcam, crie um novo Perigo:
Policiais. Isso acontece automaticamente quando
fora de serviço chega ao limite, mas os Policiais
recebem ferido-1.
• Bloquear a rota de fuga (caminho-bloqueado-3)
• Atirar enquanto dirige, mirando para machucar
gravemente ou matar (hematoma-do-airbag-2 ou
bala-alojada-3)
• Acertar com para-choque (batida-4, mas o Perigo
recebe danificado-1)
• Alcançar um alvo em fuga
SISTEMA DE SEGURANÇA yy
De um simples cofre ao complexo sistema de alta
tecnologia de alguma empresa, as contramedidas
contra invasão são usadas para proteger bens va-
liosos. Este perfil de Perigo representa um sistema
de segurança padrão para casas, escritórios ou
cofres comuns; você pode ajustar o nível de desafio
modificando o espectro alarme ou alterando as
repercussões de disparar o alarme. Por exemplo,
pode adicionar uma armadilha de gás do sono ou
substituir Policiais / Seguranças por Equipe da
SWAT / Segurança de Elite, ou mesmo um adversá-
rio lendário.
Observe que os jogadores não sabem o limite do
espectro alarme nem quando o alarme dispara; eles
veem as condições, mas não sabem o limite. Os
jogadores podem tentar Investigar para estimar o
148| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
EQUIPE DA SWAT / SEGURANÇA DE
ELITE yyy
As autoridades policiais e as empresas de segurança
privada mantêm unidades de funcionários altamente
treinados e bem equipados, capazes de realizar opera-
ções táticas complexas, como atacar alvos fortificados,
extrair reféns ou objetos, garantir o controle sobre
uma posição-chave ou até assassinar um alvo.
FERIR OU INCAPACITAR 4
• Coletivo: Este coletivo tem vários membros e um
fator de tamanho de 2.
• Armadura: Quando Equipe da SWAT / Segurança de
Elite entra na cena, recebe armadura-1.
• Furtividade: Quando Equipe da SWAT / Segurança
de Elite entra na cena, se estiver agindo furtivamen-
te, recebe na-encolha-2.
• Concentrar fogo em um único alvo (cravejada-4) ou
abrir fogo contra vários alvos (ferida-sangrenta-2)
• Executar manobra tática para obter vantagem (atri-
bui a si mesmo vantagem-tática-2, remove até dois
níveis de qualificador de condição táticas positivas
de alvos próximos ou queima até dois rótulos que
representam vantagens táticas)
• Invadir um local, de preferência descendo rapel
por uma claraboia ou jogando granadas de luz ou
de fumaça (atribua a todos os presentes a condição
temporária surpresa-2, cegueira-2 ou confusão-2)
• Chegar de helicóptero, derrubar um bloqueio ou
encontrar outra entrada
nível de ameaça interna do sistema, se tiverem as
habilidades ou capacidades necessárias para isso.
ALARME 3 / DESARMAR 4
• Alerta vermelho: Quando alarme atinge o
limite, crie um novo Perigo: Policiais / Seguran-
ças e dê trancado-dentro/fora-5 para pessoas não
autorizadas no perímetro.
• Aumente o nível de ameaça interna (atribua
ameaça-1 no espectro alarme)
• Atribua a qualquer personagem tentando desar-
mar o alarme nervosa-2 ou mãos-suadas-2
• Apresente outra contramedida de segurança que
deve ser superada, como uma fechadura magné-
tica, uma senha, um alarme de janela, um detec-
tor de movimento, um mecanismo de segurança
inesperado etc.
LOCAÇÕES E RISCOS
CONSTRUÇÃO EM RUÍNAS y
Estruturas abandonadas e em ruínas são uma visão
comum na cidade. Às vezes, estão completamente
vazias; em outras, os móveis permaneceram, mas
estão velhos e apodrecidos. Moradores de rua,
usuários de drogas, cultistas e outros párias da so-
ciedade adoram frequentar esses lugares abando-
nados, assim como muitos Portais que anseiam por
uma trégua da normalidade e das Brumas.
Só condições físicas que afetam uma grande área
ou que visam um ponto fraco na construção em
ruínas contam contra o espectro desabar. A MC
também pode determinar que condições apro-
priadas, atribuídas com um Ir Com Tudo, afetam
o edifício caso o invasor não opte por controlar o
dano colateral ou que decidam conscientemente
infligir dano colateral.
DESABAR 5
• Desabamento: Quando o espectro colapso atin-
gir o limite, a construção desaba e todos dentro
ficam soterrados-nos-destroços-5.
• Destroços: Sempre que Construção em Ruínas
recebe uma condição no espectro desabar, caem
destroços (galo-na-testa-2 ou concussão-3) em
todos dentro.
• Revele uma escada desabada, um buraco no meio
de uma sala do segundo andar, um sótão que só
pode ser acessado escalando uma videira ou um
vazamento etc.
INCÊNDIO yy
Seja resultado de um acidente ou de um ato crimi-
noso, um incêndio pode ser devastador e é prati-
camente impossível de parar depois que avança o
bastante.
Observe que as condições no espectro em chamas
só podem ser reduzidos por um efeito que inclua a
casa inteira. Controlar apenas partes do incêndio
não tem efeito sobre este Perigo como um todo.
EM CHAMAS 6
• Tá Pegando Fogo, bicho!: Quando o Incêndio
entra em cena, recebe queimando-2 no espectro
em chamas. O incêndio pode atribuir queiman-
do-1 como um movimento fraco, a menos que o
espectro em chamas não tenha mais nenhuma
condição, o que significa que foi apagado.
• Queima, Cabaré!: Quando o espectro em chamas
atinge o limite, o lugar desmorona ou irrompe
em chamas. Todos dentro recebem queimada-
-viva-6. Todos nos arredores da casa recebem
explosão-4.
• (opcional) Socorro!: Quando incêndio entra em
cena, há pessoas presas no local (crie um Perigo:
um ou mais Residentes da Cidade Indefesas).
• Queimar o lugar ou qualquer pessoa dentro (atribui
a si mesmo ou a outra pessoa uma condição quei-
mando com qualificador igual ao qualificador atual
do espectro em chamas)
BOMBA-RELÓGIO yyy
Este perigo descreve um explosivo de ação retarda-
da. Você pode ajustar a bomba alterando o quali-
ficador do espectro tique-taque, alterando o efeito
da explosão ou tornando o dispositivo mais fácil ou
mais difícil de desarmar.
DESARMAR 5 / TIQUE-TAQUE 4
• BUM!: Quando o espectro tique-taque da Bomba-
-relógio atinge o limite, a bomba explode. Tudo
e todos em um raio de um quilômetro recebem
desintegrado-6.
• Atordoar quem estiver tentando desarmar a
bomba com fios coloridos (dilema-dos-fios-2)
• Exibir o tempo que resta (tique-taque-1)
• Desesperar quem estiver muito perto (nervosa-2)
• Tiquetaquear até o fim
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 149

EPIDEMIA NA CIDADE yyy
Quando um vírus mortal escapa de alguma instala-
ção ultrassecreta do governo ou chega à cidade em
algum “paciente zero”, o surto de doença é inevi-
tável. Este perigo representa uma doença agressiva
e altamente contagiosa que pode se espalhar por
toda a Cidade, matando milhões.
Observe que as condições no espectro contágio só
podem ser reduzidos por um efeito que afete toda a
Cidade. Controlar apenas focos da doença não tem
efeito sobre este Perigo como um todo.
PROPAGAÇÃO 6
• Contágio: Quando a Epidemia na Cidade entra
na história, recebe contágio-2 no espectro
propagação. Quando o espectro propagação não
tiver nenhuma condição, é porque a doença foi
contida com quarentenas.
• Tarde Demais: Quando o espectro propagação
da Epidemia na Cidade chega ao limite, é tarde
demais para conter a doença. A população da
Cidade é dizimada. Corte para uma cena um mês
depois e descreva o efeito devastador que isso
teve na Cidade.
• O Tempo Todo: Ao final do tempo de inativi-
dade, todas as pessoas infectadas e qualquer um
que não estiver em quarentena assumem a condi-
ção infectado-1. A Epidemia na Cidade aumenta
o qualificador de condição em seu espectro de
dispersão em um.
• Piora a condição de uma pessoa infectada (infec-
tado-3)
COMPACTADOR DE FERRO-VELHO yy
Este típico compactador hidráulico de ferro-ve-
lho usa uma correia transportadora e uma placa
pesada para achatar os detritos metálicos - ou seus
companheiros.
DECOMISSÃO 4
• Robusto: Quando o Compactador de Ferro-velho
recebe uma condição que representa dano físico
bruto, reduza o qualificador da condição em 2.
• Correia Transportadora: quando você entrar na
correia transportadora, a MC lhe dará uma con-
diçao dependendo da sua localização (distante-1,
meio-caminho-2 ou perto-3). Como um movimento
fraco, o Compactador de Ferro-Velho pode au-
mentar o qualificador dessa condição em um. Você
não pode Rir na Cara do Perigo contra este incre-
mento. Se você se mover ao longo da esteira, a MC
irá reduzir ou aumentar o qualificador de acordo.
Se você sair da correia, remova a condição.
• Panqueca: Quando você atinge o qualificador 5
na condição da correia transportadora, você rece-
be panqueca-6 (você pode Rir na Cara do Perigo).
CONJUNTOS DE
PODER MYTHOS
FERA +y
LOBO MAU • MINOTAURO • METAMORFO
• Pele Grossa, Natureza Selvagem: Quando uma
Fera sofre um dano físico ou condição de subju-
gação, reduza o qualificador da condição em 1.
• Sentidos Aguçados: Quando uma Fera entra em
cena, recebe alerta-2.
• Arranhar, morder ou golpear (ferido-3)
 CRIATURAS DAS TREVAS +yy
NAGA • VAMPIRO • WENDIGO
• Drenar Vida: Como um movimento forte, a
Criatura das Trevas impõe drenado-3. Para cada
qualificador de drenado que o alvo obtiver após
aplicar suas defesas, a Criatura das Trevas remo-
ve um qualificador de uma condição prejudicial
que possua ou dá a si mesma uma condição
positiva com um qualificador.
• (opcional + y) Um Inimigo Terrível: Quando
você atacar uma Criatura das Trevas, primeiro
recebe drenado-3 (com os efeitos acima).
SEMIDEUS OU GIGANTE +yy
HÉRCULES • GILGAMESH • PAUL BUNYAN
• Invencível: quando um semideus sofre um dano
físico ou condição de controle, reduza o qualifi-
cador da condição em 3.
• Esmurra com força imensa ou arremessa um
objeto ou arma em alguém (quebrado-4)
FANTASMA OU ESPÍRITO +y
ESPÍRITOS ANCESTRAIS • NINFA • POLTERGEIST
• Incorpóreo: Um Fantasma ou Espírito não pode
sofrer dano físico ou condição de subjugação
quando estiver incorpóreo Dê ao seu espectro de
ferir ou incapacitar um máximo de –. Ela não pode
usar nenhum movimento de Perigo que represen-
te ações no mundo físico (a menos que indicado
de outra forma).
• (opcional) Materializar: O Fantasma ou Espí-
rito pode se tornar incorpóreo ou se materializar
como um movimento forte. Quando ele se tornar
incorpóreo, quaisquer condições que tinha ante-
riormente são mantidas e continuam a afetá-lo.
Quando ele se materializar, recupera seu máximo
original de ferir ou incapacitar.
• Imperceptível: Um Fantasma ou Espírito incor-
póreo pode se tornar imperceptível ou perceptível
como um movimento fraco. Você não pode per-
ceber o Fantasma ou o Espírito com os sentidos
normais enquanto estiverem imperceptíveis.
GOLEM OU ELEMENTAL +y
GOLEM DE PRAGA • DEUS VULCÃO • POSEIDON
• Corpo Elemental: Quando um Golem ou Ele-
mental sofre uma condição de dano físico, reduza
o qualificador da condição em 2.
• Corpo Elemental, Parte II: Quando um Golem
ou Elemental obtiver uma condição do elemento
do qual é feito, a condição se torna uma condição
positiva e não adiciona ao seu espectro de ferir
ou incapacitar.
• (opcional + y) Corpo Elemental, Parte III:
Quando você ataca um Golem ou Elemental, pri-
meiro você adquire uma condição de qualificador
2 relacionado ao elemento de que é feito.
CAÇADORA +y
ROBIN HOOD • ÁRTEMIS • GUERREIRA MAASAI
• Instintos de Caça: Quando uma Caçadora entra
em cena, recebe alerta-3.
• Não Dá para Escapar: Quando a caçadora lhe
causar um dano físico ou condição de controle,
receba uma condição adicional de aleijado-2 ou
preso-2.
CONTROLADOR MENTAL +y
PESSOA DE IMENSA BELEZA • FLAUTISTA DE
HAMLIN • ESPÍRITO POSSESSIVO
• Impermeável: Quando um Controlador Mental
sofrer uma condição semelhante à sua própria
forma de controle mental, reduza o qualificador
da condição em 2.
• Influencie uma pessoa a fazer sua vontade (enga-
nado-3, hipnotizado-3, possuído-3 etc.)
• (opcional +y) Leitura Mental: Como uma
intrusão da MC, a MC pode reduzir o qualificador
da condição de influência da Controladora Men-
tal em um para que você responda a uma pergun-
ta com sinceridade. A Controladora Mental agora
sabe sua resposta.
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 151
 LÍDER +y
REALEZA • LÍDER MILITAR LENDÁRIO •
HERÓI POPULAR
• Combatente Treinada: aumenta o qualificador das
condições de dano físico mundano ou de subjugação
causados pelos movimentos da Líder em um.
• Reunir as tropas (remova até dois níveis de qualifi-
cador de condições táticas ou morais negativas dela
e de outros)
• Comandar alguém a fazer sua vontade
(compelido-3)
ESPÍRITO OU DEUS DA NATUREZA +y
DRÍADE • GAIA • KAMI
• Use o clima, a flora ou a fauna para prejudicar
ou restringir alguém (enredado-nas-vinhas-3,
soprado-3, preso-na-areia-movediça-3, mordido-fe-
rozmente-3)
• Alterar o clima, criando um rótulo de história, tal
como chuva açoitante, neblina, brilho do sol etc.
• Curar seres vivos (remova até um nível de quali-
ficador de condições de dano físico)
NECROMANTE +y y
BARÃO SAMEDI • HADES • BRUXA DE ENDOR
• Guarda-costas: quando o Necromante sofrer
uma condição da qual seus guarda-costas podem
protegê-lo, os guarda-costas sofrem a condição
em seu lugar.
• Falar com os Mortos: Como um movimento
forte, a MC lhe fará uma pergunta. Você deve
responder com uma resposta direta ou uma pista
sólida. O Necromante sabe sua resposta, mesmo
que sua personagem não a fale.
• Erguer os Mortos (cria um novo Perigo: Morto-
-vivo, com um espectro de dano:3, um fator de
tamanho de 1 e a capacidade de infligir cortado-3)
152| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
MENSAGEIRA DA LUZ +y
ANJO OU SANTO • FADA MADRINHA •
MAGO DE LUZ
• Proteção Contra o Mal: Quando uma Mensa-
geira da Luz receber uma condição de uma fonte
inerentemente maligna ou sombria, reduza o
nível da condição em 2.
• Abençoar ou encantar alguém para protegê-lo do
mal (protegido-2)
• Banir as forças do mal ou das trevas (banimento-3)
FEITICEIRA OU BRUXA +y
BALOR DO OLHO PERVERSO •
BRUXA MÁ DO OESTE • MORGANA
• Feitiçaria: Uma vez por cena, uma Feiticeira ou
Bruxa pode criar três rótulos de história como uma
intrusão. Além disso, como um movimento forte,
uma Feiticeira ou Bruxa pode criar um rótulo de
história. O rótulo de história pode descrever meios
de proteção, efeitos ambientais, aliados conjurados
ou habilidades e qualidades que a Feiticeira ou
Bruxa pode dar a si mesma.
• Atacar com feitiçaria (fornece uma condição apropria-
da com um qualificador igual ao número de rótulos de
história participando ou melhorando o ataque)
• (opcional +y) Magia Sombria: Para queimar um
rótulo de história criado pela Feiticeira ou Bruxa,
você deve gastar dois pontos de Gás em vez de um.
• (opcional -y) Magia Caseira: Os rótulos de histó-
ria criados pela Feiticeira ou Bruxa são temporários.
PÉS-LIGEIROS +y
A LEBRE (E A TARTARUGA) • MERCÚRIO •
REI MACACO
• Corredora: A Pés-Ligeiros tem um espectro de
ultrapassar:5
• Bater em alguém a toda a velocidade (leve-concus-
são-3)
• Arrancar algo da mão ou do alcance de alguém
(queimar um rótulo que descreve um item ou Ne-
gar Algo Que Estão Querendo)
3 · P E R I G O S E AVATA R E S | 153
 LADRA +y
CACHINHOS DOURADOS • PROMETEU •
JOÃO E O PÉ DE FEIJÃO
• Na Maciota: Quando uma Ladra entrar em cena,
se ela estiver furtiva, recebe na-maciota-4. Se a
Ladra perder esta condição, a MC pode renová-la
como um movimento forte.
• Afanar um objeto sem ser notada (queimar um
rótulo que descreve um objeto ou Negar Algo
Que Estão Querendo)
TRAPACEIRO +y
FADAS & DUENDES • GATO DE BOTAS •
DEUS TRAPACEIRO
• Enganadora: quando você gasta uma pista para
fazer uma pergunta sobre a Trapaceira, a MC
pode escolher dar respostas confusas, incomple-
tas ou parcialmente verdadeiras, parcialmente
falsas (como na opção 7-9 de Investigar).
• Convencer alguém a tomar um curso de ação
(convencido-3)
• Assumir uma aparência ilusória ou falsa (recebe
de si mesma um rótulo de história)
PORTADORA DE ARMA (RELÍQUIA) +y
RELÂMPAGO DE ZEUS • A ESPADA
FLAMEJANTE • LANÇA DO DESTINO
• Bloqueia Por Si Só: Quando uma Portadora de
Arma entra em cena, recebe manobras-defensivas-3.
Aplica-se a qualquer ataque que sua Relíquia possa
bloquear. Se ela perder essa condição, a MC pode
renová-la como um movimento fraco depois que
um jogador fizer um movimento sem ela.
• Atingir alguém com sua arma (uma condição de
qualificador 4 apropriada)
• Proteger mais uma pessoa ou objeto com sua
arma (manobras-defensivas-3)
CRIATURA ALADA +y
MACACOS VOADORES • QUETZALCOATL •
PÉGASO
• Alçar Voo: Uma Criatura Alada tem um rótulo
de história de asas permanente, ou pode dar asas
a si mesma a qualquer momento e descartar o
rótulo à vontade.
• Rasante e cortes com garras ou bico (cortado-3)
• Voar para longe e evitar captura (Negar Algo
Que Estão Querendo)

GUERREIRA +y
CAVALEIRO DA TÁVOLA REDONDA • SAMURAI •
DAVI & GOLIAS
• Combatente treinada: Aumente em um o nível de
qualificador de condições de dano físico ou subju-
gação causadas pelos movimentos da Guerreira.
• Imbatível: Quando uma guerreira entra em
cena, recebe três rótulos de história defensivos,
tais como armadura, escudo, elmo, aparar, esqui-
var, bloquear, deslizar, saltar etc.
• Espadachim lendária: Ao atacar uma Guerreira,
você primeiro adquire uma condição de nível de
qualificador 2 relacionado às suas habilidades de
luta. (Combatente Treinada não se aplica a isso)

154| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
PORTAIS E OUTROS
PERIGOS MÍTICOS
CENTRO

ALICE (NO PAÍS DAS MARAVILHAS) yyyyy

(Leia a descrição envolta nas Brumas desta perso-
nagem na página 22)
Alice é a mais forte dobradora de realidade da
Cidade. Infelizmente para todos os outros, ela
também é uma cabeça de vento total e não tem
absolutamente nenhum controle sobre seus pode-
res – nem quer ter. Ninguém sabe realmente o que
diabos está acontecendo com esta errante maluca
ou de onde ela veio, embora alguns dos seres mais
experientes da Cidade especulem que ela emergiu
do Poço dos Desejos em uma vila próxima. Não está
claro se ela é uma Avatar, um Portal extremamente
poderoso ou alguma outra coisa. Os Avatares ficam
bem longe dela, temerosos de quaisquer conse-
quências místicas estranhas e inesperadas. Poucos
sabem disso, mas mesmo Guardiões tem medo do
que ela pode fazer e de sua resistência aos métodos
deles.
ALTERADA – / FERIR OU INCAPACITAR –
• Pandemônio: Quando Alice experimenta um es-
tado alterado de consciência, tudo em sua linha
de visão sofre confusão-5, ignorando Rir na Cara
do Perigo ou outras defesas. A lógica, a propor-
ção e as leis da física evaporam. Coisas e pessoas
se tornam coisas e pessoas totalmente diferen-
tes. Quando Alice retorna ao estado normal de
consciência, tudo volta ao normal. A condição
confusão-5 muda para confusão-dormente-5. O
pandemônio é disparado se alguém tentar atacar
ou alterar Alice de alguma forma.
• Pandemônio Subsequente: Quando você atinge
o nível de qualificador 6 em uma condição de
pandemônio, escolha um tema aleatoriamente
(role um dado ou saque um tema sem ver as
cartas). Você substitui esse tema. A condição de
qualificador 6 muda para confusão-dormente-5.
• Estado de Caos Absoluto: Quando você usa
Não. Se. Contenha. para lutar contra os poderes
de Alice, você deve fazer um sacrifício Signi-
ficativo para estabilizar uma pequena área no
pandemônio, um sacrifício Sem Volta para re-
mover a condição de pandemônio de alguém, e o
Sacrifício Final para encerrar o pandemônio sem
ninguém sofrer nenhuma condição.
• Essência Redefinida: quando você usar a dis-
torção da realidade para alterar as condições do
pandemônio, a condição que você está tentando
remover também se aplica à sua tentativa.

3·P E R I G O S E AVATA R E S | 155

 OS “JUNCOS" (GAROTO DA
NATUREZA) yyy
(Leia a descrição envolta nas Brumas desta
personagem na página 20)
“Os Juncos" são lar do indivíduo mais sábio
da Cidade, um menino sem nome que vive em
um Enclave que parece ser a margem de um
rio. Usando um calção de linho rasgado, esse
menino se aquece ao sol, finge estar pescando
e dá pequenos mergulhos de vez em quando.
Às vezes, ele sai para passear pela Cidade,
mas sempre volta para seu Enclave.
O guardião do portão do Enclave é Zebedee
Jackson, um saxofonista cego. Ele recebeu a
sabedoria para ajudar os outros e, se não pu-
der, ver se são dignos do conselho do menino.
RACHEL DELANEY (RAPUNZEL) yy
Em uma cobertura segura no centro da cidade, Ra-
chel Delaney está sendo mantida contra sua vontade
por um indivíduo poderoso. Todas as suas necessi-
dades são atendidas, mas ela não pode ir embora.
Seus captores simplesmente acham que ela é valiosa
demais e eles podem estar certos. O cabelo de
Rachel é muito especial: ele transporta as pessoas
magicamente de um lugar para outro. Rachel, por
sua vez, não pediu por isso. Ela tentou escapar, mas
sem sucesso. Ela já escapou antes, mas seus captores
a encontraram e a colocaram de volta onde ela está.
A cada dia que passa ela fica mais amarga.
FERIR OU INCAPACITAR 2
• Transportado: Quando você puxa um pedaço
de cabelo de Rachel, você é transportado para
onde o restante do cabelo está (esteja ele preso à
cabeça de Rachel ou não). Todo o cabelo então se
desfaz em pó.
• Dar a alguém um de seus cabelos intactos (Cabe-
lo de Rachel, temporário)
• Implorar ou manipular alguém a ajudá-la a esca-
par (pena-3)
• Atirar em alguém com uma arma escondida (ba-
leado-na-barriga-4)
• Chamar a segurança (crie um Perigo: Equipe da
SWAT / Segurança de Elite)
156| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
MACHUQUE ZEBEDEE 1 / MACHUQUE O MENINO 1
• Zebedee: Quando Zebedee lhe faz uma pergunta, você
deve responder com sinceridade ou sofrer o medo-de-
-saber-5. Se você tem medo de saber, Zebedee não vai
levar você até o menino.
• Simplesmente Amar: Quando você realiza uma ação
movida pela malícia ou interesse próprio "nos Juncos",
você ouve uma velha melodia de jazz tocando na sua
cabeça. Você deve primeiro Rir na Cara do Perigo
contra sobrecarregado-pela-emoção-5.
• A Melhor Coisa que Você Pode Aprender: Para cada
rótulo de poder que você tem que represente o amor ver-
dadeiro, o Garoto da Natureza responderá uma pergunta.
Você recebe uma Dica, mas a MC deve respondê-la com
uma resposta direta. Você nunca mais poderá usar o
mesmo rótulo com este movimento. A menos que você
demonstre amor verdadeiro, o menino não pode respon-
der às suas perguntas, mesmo que você o force.
O BAIRRO DO PROLETARIADO
JACQUELINE BROWN
(JOÃO E O PÉ DE FEIJÃO) yyy
(Leia a descrição desta personagem na página 28)
CAPTURAR 5 / FERIR OU INCAPACITAR 2
• Furtiva: Quando Jacqueline Brown entra em
cena, se ela estiver se esgueirando, recebe fur-
tiva-2. Se ela perder essa condição, a MC pode
renová-la como um movimento forte.
• Dedo Verde: Como um movimento fraco, Jac-
queline Brown pode fazer crescer um pé de feijão
gigante da terra onde estiver ou destruí-lo com um
toque. Uma vez por cena, ela pode fazer isso como
uma intrusão da MC. Qualquer pessoa e qualquer
coisa apoiada pelo pé de feijão começa a cair
quando ela o destrói e deve Correr o Risco e/ou Rir
na Cara do Perigo.
• Matadora de Gigantes: Aumente em um o nível
de qualificador de quaisquer condições de dano
físico que Jacqueline Brown causar a criaturas
parecidas com humanos de tamanho exagerado.
• Atirar em alguém com uma pistola (ferimento-de-
-bala-3)
3 · P E R I G O S E AVATA R E S | 157
 SAMUEL VALTIERRA
(BARÃO SAMEDI) yyyyy
(Leia a descrição desta personagem na página 28)
• As habilidades de Samuel Valtierra podem ser
representadas pelo Perigo Poderoso Chefão com-
binado com o Conjunto de Poder de Mythos de
Necromante. No entanto, em vez de Mortos-Vivos,
Valtierra invoca seus Zumbis, membros de gan-
gues que o traíram e que ele trouxe de volta dos
mortos como seus servos. Eles são um Perigo com
um espectro de ferimento 5, fator de tamanho 1 e a
capacidade de infligir uma mordida-feroz-3. Além
disso, Valtierra tem a capacidade de prevenir e até
mesmo reverter a morte de uma pessoa, conforme
descrito no movimento abaixo; essa habilidade o
colocou em conflito direto com o Avatar de Hades,
Anatoli Vidales (ver página 172).
• Ninguém Morre a Menos que Eu Diga: Val-
tierra pode trazer uma pessoa de volta à vida.
Para fazer isso, ele deve tocar um corpo que
morreu há até três dias. A pessoa revivida se
levanta completamente curada, embora doenças
e condições crônicas possam permanecer. A MC
determina quais condições a pessoa revivida
mantém. Valtierra também pode escolher reviver
uma pessoa como um zumbi sem consciência sob
seu controle, dando-lhe zumbi-5.

158| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
O CENTRO HISTÓRICO
ESPADA MÁGICA (ESPADA
FLAMEJANTE DO ÉDEN) yyyy
Esta espada mágica foi colocada pela Vigilância do
Museu (o grupo ad hoc de vigilantes que protegem
o museu, mencionado na página 32) para proteger
os tesouros do museu de ladrões, assaltantes e in-
vasores. Embora não possa ser destruída, ela pode
ficar sem energia mágica caso se esforce demais na
luta contra um intruso poderoso. A espada é uma
guardiã, não uma assassina; a menos que seja ab-
solutamente necessário, não usará força letal. Em
vez disso, tentará deixar os intrusos inconscientes
para que a Vigilância do Museu possa arrastá-los
para fora.
EXAURIR 5 / FERIR OU INCAPACITAR – / alguém o vê e uma multidão logo se reúne para
CONTER MISTICAMENTE 5
• Resistente a Magia: Enquanto a Espada Fla-
mejante não estiver completamente exaurida,
ela não pode sofrer nenhuma condição em seu
espectro de conter misticamente.
• Objeto Místico: Quando o espectro de con-
ter-misticamente estiver no máximo, a espada
obedece às ordens de quem a conteve.
• Sentido Místico: A espada pode sentir seres e
energias místicas ao seu redor. Quando entrar em
cena, ela recebe misticamente-consciente-4. Se ela
perder esta condição, a MC pode renová-la como
um movimento fraco depois que um jogador fizer
um movimento sem ela, mas a espada sofre exau-
rida-1. Essa condição não pode exceder o nível de
qualificador 4.
• Atacar com sua lâmina flamejante (ferimento-ar-
dente-3)
• Empalar um intruso (espada-ardente-no-cora-
ção-6, mas a espada sofre exaurida-3)
• Explodir a área ao seu redor com fogo místico,
danificando apenas seu(s) alvo(s) (queimadura-
-sagrada-5, mas a espada sofre exaurida-2)
• Alertar magicamente a Vigilância do Museu (crie
um Perigo: Equipe de Roubo)
• Flutuar nos corredores do museu em busca de
invasores
• Voar na velocidade máxima contra o alvo
PAUL DUMONT / “A GÁRGULA”
(QUASÍMODO) yyy
(Leia a descrição envolta nas Brumas desta perso-
nagem na página 35)
Quando Paul Dumont encontrou o diário dos mem-
bros "amaldiçoados" anteriores da família Dumont,
ele percebeu o que seus antepassados descobriram
antes dele: os "amaldiçoados" foram criados para
combater a corrupção, especialmente a dos mem-
bros "abençoados" da família. A maldição tinha
encontrado um meio de se equilibrar – e ele era
esse meio. À noite, Paul ronda os telhados como o
famoso vigilante “o Gárgula”, nome que herdou dos
membros "amaldiçoados" anteriores da sua família.
FERIR OU INCAPACITAR 4
• Escandaloso: Quando o Gárgula toca o chão
na rua, um escândalo imediatamente segue: ou
capturá-lo (crie um Perigo: Multidão) ou a MC
pode Fazer Algo Horrível Acontecer.
• Pele de Pedra: Quando o Gárgula sofrer uma
condição de dano físico, reduza o nível do quali-
ficador da condição em 3.
• Equipamento: Quando o Gárgula entrar em
cena, recebe um capuz, um lançador de gancho
e um planador. Se qualquer um desses rótulos
for removido, a MC pode renová-lo como um
movimento forte se o Gárgula puder recuperá-lo
razoavelmente.
• Escalar um prédio, buscar cobertura e preparar
para saltar (recebe posição-superior-3)
• Rasgar com garras de pedra (corte-3), dominar
com artes marciais (cambaleante-3) ou arremes-
sar uma boleadeira em alguém (emaranhado-3)
• Esgueirar nas sombras
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 159
160| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
A ZONA INDUSTRIAL
ARANHA (AVÓ ARANHA) yyy
(Leia a descrição desta personagem na página 41)
FERIR OU INCAPACITAR 5
• Sentidos de Aranha: Quando a Aranha entrar
em cena, recebe alerta-3.
• Filha duma... : Quando a Aranha sofrer uma
condição de dano físico ou incapacitação, reduza
o nível de qualificador da condição em 1.
• Apanhador de Sonhos: Para cada nível de quali-
ficador restringido que a Aranha der a um alvo, ela
pode queimar uma de suas marcas de poder do My-
thos (para uma PJ) ou reduzir um de seus efeitos de
movimento lendários em um (para um Perigo).
LILY CHOW (PRÍNCIPE DE JOÃO DE FERRO) yyyy
(Leia a descrição envolta nas Brumas desta persona-
gem na página 40)
Lily Chow é capaz de invocar (ou conjurar) um dos
seres mais poderosos da cidade para ajudá-la – mas
ela não consegue aguentar por muito tempo. João
de Ferro é um gigante verde de pura energia mágica,
invulnerável a quase tudo e virtualmente capaz de
qualquer façanha mágica. Apesar de parecer ser
um indivíduo poderoso e sábio, João de Ferro está
totalmente comprometido com Lily e sua explora-
ção da Cidade. Se ela lhe fizer uma pergunta, ele a
aconselha, mas, em geral, apenas zela por ela. Se
Lily evoluir durante a série, você pode aumentar
seus espectros ou melhorar seu movimento de artes
marciais, ou ainda remover a condição de oscilação
de alguns movimentos do João.
BANIR JOÃO 5 / FERIR OU INCAPACITAR JOÃO –
FERIR OU INCAPACITAR LILY 2
• Pirralha Insolente: Quando Lily Chow entrar em
cena, recebe indignada-3. Se ela perder essa condição,
a MC pode renová-lo como um movimento forte.
• Esmorecer: Quando o espectro de banir João estiver
maximizado, João de Ferro desaparece. Lily Chow
não consegue convocá-lo novamente nesta cena.
• Gigante de Energia: Cada vez que João de Ferro
sofrer uma condição de dano físico, ele a ignora e
Lily sofre uma condição de oscilação-1 no espectro
de banir João. Como um movimento fraco (ou uma
intrusão da MC se Lily estiver em perigo), João de
Ferro pode se mover e conter até um punhado de
• Decomissão: Como um movimento fraco, a Ara-
nha pode dar a um alvo com restringido-5 uma
condição adicional de sem-poder-de-Mythos-5,
contra o qual o alvo não pode Rir na Cara do
Perigo.
• Mina Terrestre Enredante: Uma vez por cena,
quando você tentar atacar a Aranha, você pri-
meiro sofre restringido-5.
• Restringir um alvo usando um saco ziplock (zi-
plock-2) ou disparar uma rede de sua espingarda
(amarrado-4)
• Entrar com cautela, observando os arredores
• Avisar alguém para entrar em silêncio, senão...
pessoas dentro dele. Qualquer pessoa dentro de João
de Ferro não pode sofrer nenhuma condição de dano
físico ou incapacitação.
• Mágico: Uma vez por cena, João de Ferro pode criar
três rótulos de história como uma intrusão. Como
um movimento forte, ele pode criar um rótulo de
história. Após qualquer uma das ações, Lily recebe
uma condição de oscilação-1 no espectro de banir
João. Os rótulos de história podem descrever meios
de proteção, efeitos ambientais, aliados conjurados
ou habilidades e qualidades que João de Ferro pode
dar a si mesmo ou a Lily.
• Não. Se. Contenha.: Lily pode fazer com que João
cresça para proteger várias pessoas de uma condição
de dano físico (fator de tamanho 2) ou concentrar
toda a sua energia em um golpe fatal queimando dois
rótulos de proteção (ou reduzindo as defesas do alvo
/ em 2) e então impondo cortado-ao-meio-6. João de
Ferro desaparece e Lily Chow não pode invocá-lo no-
vamente até o final do próximo tempo de inatividade.
• Comandar João de Ferro para atacar, com um dos se-
guintes: cortar com um machado de energia mágica
(corte-aberto-5) ou acertar um soco, um chute ou a
coronha do cabo do machado (mal-ficando-em-pé-4).
Lily sofre uma condição de oscilação-1 no espectro
de banir João.
• Usar artes marciais básicas para se proteger (recebe
postura-defensiva-1 e dá a alguém derrubado-2,
temporário, ou tonto-2)
• Ameaçar alguém para não mexer com ela
• Comportar-se como uma pirralha e responder
indignada
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 161
 OUTRAS PARTES
ESTÁTUAS CHINTHE (CHINTHE) yyy
(Leia a descrição envolta nas Brumas desta persona-
gem na página 43)
As estátuas Chinthe são Relíquias que pertencem
à família Wong há três gerações. A qualquer sinal
de um intruso ou de uma ameaça à loja dos Wongs,
essas estátuas ganham vida como leões guardiões e
restringem ou matam o intruso, conforme as ordens
de seu mestre. Como os Chinthe vivos são criaturas
conjuradas de além das Brumas, alguns feiticeiros são
capazes de revertê-los à forma de pedra usando os
feitiços certos; no entanto, como guardiões celestiais,
essas estátuas são imunes a magia das trevas. Este
perfil de Perigo representa uma única estátua.
DANO 4 / REVERSÃO 4
• Leões Guardiões: Quando você Investigar ou
Agir na Encolha perto dos Chinthe, se você
obtiver de 7 a 9, a MC pode escolher despertar
AGENTES DOS GUARDIÕES yyy
Das muitas unidades diferentes à disposição dos
Guardiões, as mais comumente vistas em serviço ati-
vo são as unidades de agentes de campo. Além de seu
extenso treinamento mundano, os agentes Guardiões
são treinados na arte de envolver na manipulação das
Brumas.
Guardiões às vezes assumem uma aparência munda-
na criada pelas Brumas. Você deve narrar essa falsa
identidade como personagens perfeitamente normais
e insuspeitas. Quando você quiser dar aos jogadores
a chance de expor os Guardiões, você pode dar dicas
sobre as identidades falsas. Use o movimento Sen-
sação Arrepiante quando as personagens principais
já estiverem suspeitando de algo e decidirem Inves-
tigar. Ele reflete a dificuldade de obter informações
concretas sobre o disfarce dos Guardiões. Quando
você revelar a Sensação Arrepiante para os jogado-
res, use o nome das identidades falsas dos Guardiões
(em vez de "Agentes Guardiões") para evitar a exposi-
ção automática dos Guardiões.
FERIR OU INCAPACITAR 4
• Coletivo: Este coletivo tem alguns membros e fator
de tamanho 1.
162| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
os Chinthe em vez de escolher na lista de movi-
mentos. Quando os Chinthe estão acordados, seu
mestre sabe disso e pode ver e ouvir através de
seus olhos e ouvidos até retornarem à sua condi-
ção de estátua.
• Seres Celestiais: Quando um Chinthe sofre uma
condição de dano físico ou incapacitação, reduza o
nível do qualificador da condição em 2. Quando um
Chinthe recebe uma condição de magia das trevas,
ignore a condição.
• Saltar sobre um único alvo, imobilizando-o no chão
(imobilizado-3)
• Morder ou cortar alguém com suas garras douradas
(corte-3)
• Banir criaturas de outro mundo e/ou dissipar magia
sombria (banir-5 ou queime cinco rótulos que des-
crevam tais criaturas)
• Despertar ao primeiro sinal de um intruso
• Sensação Arrepiante: Sempre que você tentar In-
vestigar para descobrir mais sobre um agente, você
tem a estranha sensação de que ele é impenetrável.
Sofra misterioso-2. Essa condição não pode exceder
o nível de qualificador 4.
• Barreira Envolvente Explosiva: Uma vez por cena,
como uma intrusão, todos ao redor dos Guardiões
ficam alheios-5. A seu critério, os Guardiões podem
fugir da cena.
• Envoltório Defensivo: Uma vez por cena, quando
você atacar Agentes Guardiões com poderes de
Mythos, eles manipulam as Brumas para sufocar
seus poderes. A MC primeiro queima dois rótulos de
energia relacionados ao seu ataque.
• Envolver alguma personagem nas Brumas para que
não possa se lembrar (memórias-vagas-3)
• Acoberte o Mythos de alguma personagem, para que
ela perca seus poderes (queime dois rótulos de poder
de Mythos ou reduza o Perigo de um movimento em 2)
• Disparar uma pistola padrão (ferimento-de-bala-3)
ou usar artes marciais básicas (imobilizar-2 ou
hematoma-2)
• Apareça do nada
• Diga a todo mundo que em breve não irão se lembrar
de nada disso
3 · P E R I G O S E AVATA R E S | 163
 AVATARES

164| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Conforme explicado em Os Mythoi,
Avatares e Seus Esquemas (página 50),
as Avatares mandam na Cidade. De suas
torres de marfim escondidas nas pro-
fundezas das Brumas, cada uma executa
uma operação multifacetada centrada
em um único propósito: manifestar a
história de seus Mythos por toda a Cida-
de. Essas operações se ramificam cada
vez mais até que afetem muitos indiví-
duos e grupos diferentes, um dos quais
entrará em contato com as personagens
principais. Isso desencadeia a investi-
gação que pode terminar com a exposi-
ção da operação da Avatar e um choque
inevitável de forças míticas.
Para a MC, uma Avatar é o assunto de um arco de
história, parecido com uma grande vilã em uma série
de TV ou história em quadrinhos. Como qualquer
ameaça que está no centro de um arco de história,
uma Avatar tem uma agenda em grande escala, um
modus operandi, um objetivo final e uma opera-
ção mapeada em um Iceberg de Operação (veja Arcos
de História, página 106).
Você pode usar os detalhes de uma Avatar e de sua
operação para adicionar novas questões instigantes,
elementos de história, ideias de enredo e guias de estilo
para sua série, conforme explicado em Recursos da Série
(página 103). Ao escrever o próximo caso no arco da
história e ao improvisar durante uma sessão, a Operação
Iceberg da Avatar indica quais atividades operacionais a
galera pode descobrir e como elas estão conectadas.
Um arco de história em torno da operação de uma
Avatar pode ser bastante envolvente, abrangendo
os altos e baixos da investigação da galera e possí-
veis conflitos com os asseclas da Avatar. Pode levar
algumas sessões antes que a galera desvende a fonte
de todos os crimes, irregularidades e problemas neste
arco de história: a própria Avatar. Quando seu grupo
finalmente ficar cara a cara com a Avatar, as conse-
quências podem ser devastadoras: para a galera, para
a Avatar e para a Cidade.
O PAPEL DE UMA AVATAR
NA SÉRIE
O papel mais óbvio que Avatares podem desempe-
nhar em um arco de história é o papel de oponente,
alguém do mal que é responsável por incontáveis
maus atos e a quem se deve interromper a qualquer
custo ou alguém que se opõe diretamente aos planos
da galera. No entanto, Avatares nunca são apenas
desafios opressores: são um espelho do que poderia
acontecer com as personagens principais se elas se
deixassem dominar por seus Mythoi. Embora às vezes
suas ações possam certamente ser classificadas como
malignas, Avatares sempre agem no melhor interesse
de seus Mythos, assim como as personagens princi-
pais costumam fazer. Na maioria das vezes, agem no
melhor interesse da Cidade, visto que a veem através
dos olhos de seus Mythos. Portanto, como todas as
outras ameaças em City of Mist, Avatares e aqueles
que trabalham em sua operação devem ter motivos
identificáveis que muitas vezes colocam as persona-
gens principais em um dilema, possivelmente desen-
cadeando seus Mistérios e Identidades.
Enquanto alguns Avatares são mais claramente
malfeitores ou inimigos (mesmo que humanamente),
outros podem desempenhar um papel mais compli-
cado na série. Avatares podem usar suas operações
para ajudar a galera, fazendo uma aliança oculta. Isso
é especialmente verdadeiro quando a galera estiver
explorando a operação de uma Avatar rival. Alguém
na operação de uma Avatar pode entrar em contato
com a galera e contratá-los para fazer um trabalho.
Um Avatar e seus asseclas podem tentar manipular a
galera para fazer algo por eles, e assim por diante.
A posição de Avatares em relação à galera não
precisa ser corrigida. Cada ramo de sua operação
poderia ter uma abordagem diferente para a galera:
um ramo pode desejar exterminar a galera en-
quanto outro pode desejar recrutar os membros da
galera para suas fileiras. À medida que a investiga-
ção avança na operação da Avatar, a galera descobre
novos aspectos da operação que podem mudar a
forma como eles se sentem trabalhando com aquela
Avatar. A galera pode até descobrir que seus aliados
mais próximos e seus piores inimigos são simples-
mente aspectos diferentes do mesmo Avatar.
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 165
 AGENDA COMO O TEMA PRINCIPAL
DO ARCO DA HISTÓRIA
Assim como as Avatares das personagens dos jogado-
res, as Avatares da MC são levadas a cumprir a agenda
de seus Mythos em uma escala maior do que a vida,
afetando toda a Cidade. Avatares podem desejar ensi-
nar uma lição a todos, ajudar todos a cumprirem um
desejo ou objetivo específico, ou forçar todos a experi-
mentarem uma emoção específica. A lição, desejo ou
emoção que está no cerne de cada Avatar dá ao arco
da história seu sabor e orienta suas considerações
cinematográficas como a MC ao longo da temporada.
A agenda do Avatar dita o tema geral do arco de histó-
ria: o Avatar do Rei Pescador dita um arco de história
sobre dor e sofrimento; o Avatar de Hades dita um
arco de história sobre dívida, morte e vida após a
morte; o Avatar de Peter Pan dita um arco de história
sobre juventude eterna e liberdade de cuidados; e
assim por diante.
LIGANDO
AVATARES À GALERA
Quando você decide usar uma Avatar específica em
um arco de história, sua Agenda deve interagir com o
conceito da série. Pergunte a si mesmo:
? COMO ESTA AVATAR SE LIGA AO CONCEITO
DA SÉRIE E TEMA ( S ) DA GALERA?
Se sua série é sobre uma equipe de vigilantes, então
talvez você deva enfatizar o aspecto criminoso da
operação da Avatar. Se sua série é sobre um grupo
de investigadores de seguros, talvez o Avatar seja o
misterioso proprietário de sua empresa ou, inversa-
mente, um Avatar relacionado à imprevisibilidade e
ao caos que é a fonte potencial do fim da empresa. Se
sua série gira em torno do drama pessoal dentro da
galera, talvez uma Avatar que aspira a evocar emoções
poderosas seja mais adequado.
Além disso, um Avatar deve ter alguma conexão com
cada uma das personagens principais. Pergunte a si
mesmo:
? COMO ESTA AVATAR SE RELACIONA
AO ( S ) TEMA ( S ) DAS PERSONAGENS DOS
JOGADORES?
A natureza da relação de uma Avatar com cada per-
sonagem de jogador pode variar. Uma personagem
pode ser afetada apenas por um ramo da operação da
Avatar, enquanto outra pode ser de interesse pessoal
para a Avatar. A lição, desejo ou emoção que a Avatar
166| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
simboliza pode desempenhar um papel no Mythos de
uma personagem, enquanto para outra personagem
são seus temas do Logos que são mais afetados. Por
exemplo, o objeto de seu Relacionamento Definidor
pode ser pego nas garras da Operação da Avatar etc.
Não tente planejar com antecedência como a Avatar
irá interagir com a galera e com cada personagem de
jogador e qual será o resultado final. Em vez disso, use
as respostas às perguntas acima para ajudá-lo a criar
elementos adicionais da história e traçar ideias que
envolverão os jogadores.
INALCANÇÁVEL, INSONDÁVEL,
INDESTRUTÍVEL
Avatares são mais do que grandes ameaças no arco de
história. Elas são a coisa mais próxima dos próprios
Mythoi em City of Mist. Há várias orientações para con-
siderar quando incorporar uma Avatar na sua série:
M A N T E N H A S U A AVATA R CO M O U M
MISTÉRIO
P E LO T E M PO Q U E F O R PO S S Í V E L
Avatares estão enterradas nas profundezas do Iceberg
da Operação. Quando uma Avatar é revelada, tudo é
revelado, então a descoberta de uma Avatar deve ser
um processo muito lento que se desenvolve para o final
do arco da história. Tente evitar até mesmo mencionar
a Avatar antes que a galera esteja pelo menos na meta-
de do caminho para baixo do iceberg. Então, de forma
gradual e esporádica, dê dicas e insinuações sutis de
que há um fio condutor comum por trás de todos os
casos que a galera está resolvendo e talvez uma única
mão orientadora. Quando a galera derrotar alguém na
operação da Avatar, deixe-os se perguntando se essa é
a base do iceberg; se assumirem que sim, não contradi-
ga − deixe-os se surpreenderem mais tarde. Lembre-se
de que uma Avatar está escondida nas Brumas. Os
agentes em campo provavelmente não sabem ou não
se lembram para quem estão realmente trabalhando,
muito menos seu nome verdadeiro. Ninguém tem
ideia de que a Avatar existe (exceto outros Avatares,
os Guardiões e talvez o mais forte e mais influente dos
Lendários da Cidade).
TO R N E S U A AVATA R
D I G N A D O T Í T U LO
Avatares quase não são mais seres humanos: são
seus Mythos encarnados, virtualmente divindades.
Em muitos aspectos, são superiores a todos os outros
Portais na Cidade: são mais conscientes, mais sá-
bios e mais influentes e poderosos. Suponha que seu
Avatar está sempre dez passos à frente da galera: se
ele soube que a galera existe, já tem vários planos de
como usá-los para promover sua agenda. Se a galera
se tornar um verdadeiro incômodo ou mesmo uma
ameaça para um Avatar, faça-os suar pra valer. O
Avatar tornará suas vidas tão miseráveis que eles de-
sejariam nunca terem se envolvido ou ele manipulará
suas vidas com tanta maestria que eles não percebe-
rão que estão comendo em suas mãos antes que seja
tarde demais.
Se a galera ficar cara a cara com uma Avatar, eles não
podem sair ilesos ou inalterados. Eles encontraram
uma força da natureza, e essa força sempre quer algo
deles. Eles podem resistir, podem sucumbir, podem
chegar a um acordo, mas não podem escapar das
consequências de se intrometerem com uma entidade
tão divina. Certifique-se de que tal encontro seja bem
lembrado: calcule os detalhes do que a Avatar fará
com as personagens principais com antecedência e
crie as ideias de enredo, Perigos e movimentos perso-
nalizados necessários.
No jogo de Mack, o MC, a galera foi fi-
nalmente convidada para encontrar o Ava-
tar de Peter Pan cara a cara depois de
expor sua existência e influência sobre a
cidade. Eles querem encontrar uma maneira
de entrar na Terra do Nunca, onde um dos
aliados da galera está sendo mantido con-
tra sua vontade (ou assim eles pensam).
Mack, o MC, considera o que poderia acon-
tecer a qualquer pessoa que encontre pes-
soalmente uma força tão mítica. Ele quer
conduzir como uma batalha de forças de
vontade, com o Avatar tentando convencer
os membros da galera a abandonarem suas
obrigações e virem para a Terra do Nunca
com ele. Mack, portanto, dá a Peter Pan
um movimento que pode causar anseio-pela-
-Terra-do-Nunca-4; no nível de qualifi-
cador 6, a personagem afetada parte para
a Terra do Nunca e desencadeia o seguinte
movimento personalizado:
Quando você for para a Terra do Nunca, subs-
titua um de seus temas do Logos por um tema
nascente de Personalidade intitulado “Despreo-
cupado”. Quando você voltar da Terra do Nunca,
mantenha “Despreocupado” ou substitua-o como
faria com um tema normal do Logos.
Mack, o MC, planeja revelar o movimento
personalizado assim que o encontro come-
çar, para representar o entendimento do
personagem de que a intenção de Peter Pan
é persuadi-los a abandonar suas respon-
sabilidades. Mack espera que isso torne
a decisão da galera de ir para a Terra
do Nunca mais interessante e, de qualquer
forma, é provável que ninguém deixe o en-
contro com o Avatar inalterado.
T R AT E A S U A AVATA R CO M O U M
D I S PO S I T I VO D E E N R E D O, N ÃO
CO M O U M D E S A F I O D E J O G O
Avatares não são desafios de jogo comuns – são a
alma de um arco de história. Avatares não podem
ser destruídos em batalha sem os meios especiais
mencionados abaixo. Primeiro, Avatares são extrema-
mente poderosos; suas manifestações físicas são os
piores Perigos que existem, capazes de destruir quar-
teirões inteiros da Cidade e suportar uma quantidade
inimaginável de dano ou evitá-los completamente.
Em segundo lugar, enquanto a manifestação física de
cada Avatar pode ser representada como um Perigo e
pode ser derrotada e destruída, todos os Avatares bem
fundamentados encontraram uma maneira ou outra
de reformar sua manifestação física com o tempo. Se
a galera pensar que destruir a forma física de uma
Avatar é uma solução para seu problema, eles desco-
brirão que isso não só é imensamente difícil e caro,
mas também bastante fútil.
Para superar Avatares, a galera deve fazer mais do
que aplicar uma quantidade enorme de punições; eles
devem entender cada Avatar, sua história, sua origem,
e então usar esse entendimento para conseguir o que
querem dessa personagem ou orquestrar sua morte.
Tal compreensão do Avatar pode envolver uma inves-
tigação da origem, uma série de casos que investi-
gam a história do Avatar e seus motivos. A galera pode
descobrir a Identidade Secreta do Avatar, a última
coisa que ele teve que sacrificar para se tornar um
Avatar, mas que ainda pode ter alguma importância
para ele e pode fazer com que ela abandone a vida de
Avatar, se tocada corretamente (veja Virar um Avatar,
página 270 no Guia do Jogador).
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 167
 Alternativamente, a galera pode encontrar outro Por-
tal (talvez até mesmo uma Relíquia, um Familiar ou
um Enclave) relacionado ao Mythos da Avatar e que
seja a chave para sua destruição. Todos os segredos
da Avatar podem ser guardados por seres poderosos:
Portais de parte de seus Mythos, os servos mais fortes
da Avatar ou mesmo outras Avatares. A galera deve
responder a muitas perguntas e sacrificar muito antes
de ter a chance de influenciar ou ameaçar uma Avatar.
CRIANDO AVATARES
Para usar uma Avatar em um arco de
história, você precisa da Operação Ice-
berg da Avatar: um esquema da opera-
ção da Avatar e os detalhes de cada um
de seus componentes. As etapas abaixo
explicam esse processo.
A maioria das ameaças em City of Mist tendem a se
originar de Avatares, ou pelo menos são suportadas
por eles. No entanto, você pode desejar criar uma
operação executada por uma ameaça que não seja
uma Avatar, como um Portal menos poderoso ou
mesmo um Dormente. O processo a seguir pode ser
aplicado a qualquer ameaça que execute uma opera-
ção, não importa seu nível de consciência pessoal ou
o tamanho de sua operação.
PASSO 1: ESTABELEÇA A
AGENDA E O OBJETIVO FINAL
Uma Operação Iceberg é baseada na agenda da
Avatar e no objetivo final planejado. A agenda e
o objetivo final de uma Avatar não-jogadora são
estabelecidos da mesma forma que para uma Avatar
de personagem de jogador. Em resumo, você refina
a lição, emoção ou desejo central no coração do My-
thos da Avatar e então decide como a Avatar planeja
realizar esta lição, emoção ou desejo na Cidade da
maneira mais grandiosa possível.
Este também é um bom momento para estabelecer a
história da Avatar, bem como sua Identidade Secreta:
a última partícula de humanidade que permanece
nela, o que pode ser fundamental para sua queda.
Para obter a explicação completa sobre como criar um
conceito de Avatar, consulte Virar um Avatar (página
270 no Guia do Jogador).
168| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Mack, o MC, está trabalhando no Avatar de
Peter Pan. Ele considera o Mythos de Pe-
ter Pan e decide que se trata de ser uma
criança eterna e libertar as pessoas das
obrigações e compromissos "adultos". O
objetivo do Avatar é transformar a cidade
em uma grande Terra do Nunca, onde nin-
guém está comprometido com nada e todos
são livres para fazer o que quiserem.
PASSO 2: ESTABELEÇA O
MODUS OPERANDI
O modus operandi (método ou modo de operação) de
uma Avatar é a maneira prática pela qual ela promove
sua agenda e planeja atingir seu objetivo na Cidade.
Pergunte a si mesmo:
? QUAIS AÇÕES A OPERAÇÃO DA AVATAR
REALIZA PARA TRANSFORMAR SUA
AGENDA EM REALIDADE?
O modus operandi de Avatares sempre requer ações
tangíveis que muitas vezes envolvem atividades
criminosas ou subversivas ou criam problemas para os
residentes da Cidade. A operação de Avatares pode se
concentrar em uma única atividade principal ou es-
palhar-se por várias atividades diferentes, que podem
ser separadas ou interligadas.
Mack, o MC, considera como o Avatar de
Peter Pan pode realizar seus planos para
a Cidade. Ele decide que Peter Pan tem
alguns Enclaves na cidade que servem como
“Terras do Nunca”, e que Peter Pan está
atraindo pessoas para eles, provavelmente
começando com crianças e adultos irres-
ponsáveis.
Mas Mack não quer que tudo se trate de
levar as crianças embora. Ele quer adi-
cionar uma dimensão do mundo real ao
trabalho deste Avatar. Ele decide que
Peter Pan não pode manter todos nesses
Enclaves; em vez disso, ele usa "Terras
do Nunca" para treinar um exército de
guerrilha de Meninos Perdidos que mina
o modo de vida "adulto" na Cidade, sabo-
tando instituições e infraestrutura. Mack
decide que o Avatar ainda tem uma divisão
responsável pela propaganda, convocando
as pessoas a se livrarem de suas inibi-
ções por meio de redes populares de lojas
de jogos, clubes de esportes radicais
etc.
PASSO 3: PLANEJE A
OPERAÇÃO ICEBERG
Primeiro, considere as ramificações da operação de
cada Avatar com base em seu modus operandi. Alguns
novos Avatares ou ameaças de menor escala têm ape-
nas um ramo: apenas uma maneira de promover sua
agenda e se concentram nela completamente. Outros
lideram operações multifacetadas que promovem sua
agenda em várias frentes. Cada um desses aspectos da
operação é, então, um ramo separado responsável por
sua própria atividade. Ramificações podem se entre-
laçar: uma divisão da operação pode ajudar outra,
fornecendo um recurso ou protegendo-a. Os ramos
também podem ter sub-ramos, cada um responsável
por uma atividade mais específica que faz parte do
trabalho do ramo maior.
Mack, o MC, vê três ramos para a operação
de Peter Pan: os Enclaves de treinamento
"Terras do Nunca", o exército de guerri-
lha dos Meninos Perdidos e o ramo recrea-
tivo. Ele decide que o ramo recreativo
traz pessoas para as “Terras do Nunca”,
que por sua vez aumentam as fileiras dos
Meninos Perdidos. No ramo das "Terras do
Nunca", cada instalação separada é um
sub-ramo próprio, com seu próprio líder,
métodos de treinamento etc.
Em seguida, preencha cada ramo com personagens,
grupos e locações. A operação de uma Avatar padrão
tem cinco Camadas: Dormente, Tocada, Limítrofe,
Lendária e Avatar. (Você pode criar operações mais
leves que incluem menos Camadas, para séries mais
curtas, ou experimentar conspirações complexas que
tenham mais de cinco Camadas).
• Geralmente, uma personagem ou um grupo na
Operação Iceberg...
» é responsável pela parte da operação que está
acima dela no mesmo ramo;
» reporta à personagem ou local que está direta-
mente abaixo dela no mesmo ramo; e
» é conhecida (pelo mesmo em sua função na ope-
ração) apenas por aqueles diretamente acima dela
ou qualquer um abaixo dela, dentro do mesmo
ramo.
• Normalmente, uma locação na Operação Iceberg é
o local de uma atividade específica que é conhecida
(pelo menos em sua função na operação) apenas por
aqueles diretamente acima dela ou por qualquer pes-
soa abaixo dela, dentro mesmo ramo.
Portanto:
• Uma Avatar conhece todos os detalhes de sua ope-
ração. Ela normalmente se comunica apenas com
aqueles que estão na Camada Lendária.
• Aqueles na Camada Lendária geralmente são
responsáveis por um ramo inteiro da operação.
Eles respondem apenas à Avatar e são conhecidos
apenas pela Avatar e por seus subordinados no nível
Limítrofe. Para facilitar uma melhor coordenação,
às vezes os membros da Camada Lendária se conhe-
cem e se comunicam diretamente.
• Aqueles na Camada Limítrofe geralmente são
responsáveis por um sub-ramo da operação ou
realizam eles próprios tarefas importantes. Eles res-
pondem a alguém na Camada Lendária e frequen-
temente não conhecem a Avatar. Seus subordinados
estão na Camada Tocada ou Dormente.
• Aqueles na Camada Tocada são muitas vezes
peões movidos pelo Mythos e que sabem apenas um
pouco mais do que Dormentes. Eles são liderados
ou guiados por alguém na Camada Limítrofe e não
sabem nada do que acontece mais profundamente
do que isso.
• Aqueles na Camada Dormente ou trabalham para
a operação, vitimizados por ela, ou estão envolvidos
sem saber. Eles só conhecem seus contatos (ou, caso
sejam alvos, seus atacantes) da Camada Tocada.
Conforme explicado nos Arcos de História (página
106), as várias Camadas de uma operação representam
quanto uma personagem desta Camada sabe, não seu
nível de consciência. Personagens e locações geral-
mente têm o mesmo nível de consciência da Camada
na qual estão (Dormentes na Camada Dormente de
uma operação, Tocados na Camada Tocada e assim por
diante), mas, de vez em quando, esta regra é quebrada.
Além do mais, conforme as personagens despertam
ou são dominadas pelas Brumas, elas podem ou não
mudar sua posição na organização. Por exemplo, uma
Dormente que foi tocada pela influência de uma Avatar
poderia se tornar uma Tocada. Dependendo da opera-
ção, isso pode permitir que ela aprenda mais sobre o
que está acontecendo (e se mova para a Camada Toca-
da), ou poderia permanecer na mesma posição (apenas
com poderes do Mythos recém-descobertos).
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 169
 Depois de ter todos os ramos plotados como uma
Operação Iceberg, conecte indivíduos em ramos di-
ferentes para mostrar quais partes da operação estão
conectadas.
Mack, o MC, está construindo o ramo das
“Terras do Nunca” da operação Peter Pan.
Ele decide que a Portal de Wendy é quem
administra o ramo, então a coloca na Ca-
mada Lendária. Ele então pensa em três
locações para “Terras do Nunca” e atribui
uma figura principal a cada uma. Todos
existem na Camada Limítrofe da operação,
respondendo ao Portal of Wendy sem saber
para quem realmente trabalham. Seus su-
bordinados são os treinadores dos Meni-
nos Perdidos (Tocados na Camada Tocada)
e uma série de piratas e navios piratas
que usam como sacos de pancadas míticos
e pistas de obstáculos (também Tocados
na Camada Tocada). Finalmente, na Cama-
da Dormente, estão as crianças e adultos
soltos que são trazidos para essas insta-
lações do Enclave como estagiários. Mack
também decide que os líderes das “Terras
do Nunca” ficam em contato direto com os
líderes do exército guerrilheiro dos Me-
ninos Perdidos e lhes abastece com Meni-
nos Perdidos treinados.
170| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
E DEPOIS?
E L A B O R A N D O O I C E B E RG
Cada personagem, grupo ou localização em seu Ice-
berg precisa de mais alguns detalhes para se tornar
uma parte real da operação: um nome mundano, uma
descrição ou imagem e as particularidades de sua
parte na operação. Além disso, algumas personagens,
grupos, locações ou situações podem ser represen-
tados como Perigos ou movimentos personalizados.
Você pode completar os detalhes de sua Operação
Iceberg neste ponto ou esperar até que eles sejam ne-
cessários para um caso específico. No entanto, quanto
mais conhecimento você tiver da operação antes de
começar a escrever o arco da história, mais coerente e
consistente ela parecerá para os jogadores.
U S A N D O A O P E R AÇÃO I C E B E RG
Depois de ter o layout da Operação Iceberg, você pode
usá-lo para criar sementes de história para o primei-
ro caso que a equipe investigará neste arco de história.
O primeiro caso começa com alguns ganchos relacio-
nados à Camada Dormente e pode revelar algo sobre a
Camada Tocada. Os casos subsequentes se aprofundam
cada vez mais na operação ou se ramificam horizontal-
mente para cobrir mais aspectos da mesma operação.
Leia mais em Arcos de História (página 106).
Dormentes

Recrutas

Tocadas

res de Pirata
TreinadoPerdidos s
Meninos

ramo
Limítrofes
lateral
Líde
Terras res das
do Nun
NUNCA" ca
"TERRAS DO

Lendárias outros
ramos
Portal de
Wendy

Avatar

Avatar de
Peter Pan

3·P E R I G O S E AVATA R E S | 171

 PERFIS DE AVATAR

ANATOLI VIDALES
Hades, deus grego do submundo
"Cara, eu já lutei boxe em partes perigosas da cidade antes, mas este... não é
como nenhum lugar que eu já estive. Tem um silêncio estranho no ar. As pes-
soas continuam com seus negócios diários, mas você pode dizer que são apenas
cascas vazias sem futuro. Parece medo, mas cheira a morte. Você acha que eu
nunca aceitei dinheiro para entrar em uma briga? Eu sei como são esses tipos
da máfia, com seus ternos elegantes e chapéus fedora. Estou te falando: isso
não é uma máfia comum. "
–Mitose

172| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C

Anatoli Vidales, Avatar de Hades, é o
chefe da maior organização criminosa
da Cidade. Frequentemente confundida
com a máfia grega, russa, ucraniana
ou albanesa, a organização de Vidales
de fato envolve e emprega muitas
dessas operações criminosas menores.
Desnecessário dizer que as autoridades
policiais da Cidade não têm ideia sobre
a operação de Anatoli, muito menos
sobre o homem que a dirige.
Na verdade, o verdadeiro propósito dessa empreitada
está oculto até mesmo da a maioria de seus membros.
Sendo o senhor do submundo e dos mortos, Anatoli
busca aumentar seu poder aumentando as fileiras de
seu domínio: transmigrando todas as almas para o
Hades. Uma vez que ele não pode matar abertamente
as massas (isso resultaria em uma guerra total com
os Guardiões e os outros Avatares e, pior, não seria
muito favorável à causa, como explicado abaixo), a
operação de Anatoli gira em torno de outros meios
de tornar suas vítimas uma parte do Hades: fazen-
do-as se endividar com ele. Seus agentes dominaram
métodos astutos de endividar as pessoas e finalmente
convencê-los a dar sua vida em troca da absolvição
(temporária). As vítimas desta operação não passam
para a vida após a morte. Elas continuam a viver na
Cidade como fantasmas vivos, mas permanecem para
sempre sob o controle de Anatoli. Anatoli tem traba-
lhado diligentemente para garantir seu controle sobre
a cidade e conseguiu transmigrar quarteirões inteiros
da cidade para o Hades. Seu objetivo final é ser capaz
de transferir toda a cidade para o Hades, usando cor-
rupção política e extorsão para obter de alguma forma
o controle da cidade.
VISÃO GERAL DE ANATOLI VIDALES
Agenda: transformar todos os moradores da
Cidade em residentes do Hades
MO: forçar as pessoas à dívida financeira e
espiritual
Emoção: desespero, beco sem saída
Motivos: símbolos da morte, vida sem perspec-
tivas ou significado, roupagem mafiosa
Linha de frente: máfia mundana, consiglieri,
executores, barqueiros, mortos-vivos
Fortaleza: "Perséfone", um restaurante grego
MODUS OPERANDI DE ANATOLI
Ao contrário da crença comum, o Hades não é um lu-
gar – é um estado de espírito. As vítimas da operação
de Anatoli devem morrer para entrar no Hades. No
entanto, a critério de Anatoli e seus servos, as pessoas
que estão no Hades podem continuar suas vidas como
residentes normais da Cidade. Quando uma alma
falecida se muda para o Hades, ela se materializa de
seu local de repouso, deixando seu corpo para trás
e assumindo uma forma semelhante à que tinha em
vida. A pessoa então retorna à sua vida cotidiana.
Infelizmente para os residentes do Hades, eles só pa-
recem ser residentes normais da Cidade. Na verdade,
as pessoas no estado de Hades são fantasmas, con-
glomerados vivos de memórias que seguem a rotina
diária que mantinham quando estavam vivas. Elas se
comportam como sempre fizeram. Elas são tangíveis
(embora alguns tenham aprendido a abandonar sua
forma física temporariamente) e, em sua maioria, não
têm nenhuma indicação física de estarem mortas,
exceto talvez por uma tênue marca de como morre-
ram, como uma cicatriz no local onde foram baleadas.
Pelo menos externamente, elas podem continuar suas
vidas normalmente, se puderem de alguma forma
mascarar o evento de sua morte. Se não puderem, elas
encontram uma nova vida em outro lugar na Cidade
sob um nome falso ou empregadas por Anatoli.
Existir na Cidade é uma bênção concedida por Anatoli
a seus servos e poderia ser facilmente tirada. Se eles
em algum momento o contrariarem, ele pode enviá-
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 173
 -los para a escuridão eterna da inexistência, ou pior.
Há um bom número de políticos proeminentes e
capitães da polícia que Anatoli trouxe para o Hades e
que o ajudam a manter sua operação em segredo. Para
sua tristeza, as pessoas no Hades também desco-
brem que, embora ainda tenham sua velha vida, não
conseguem sentir nada tão vividamente como sentiam
quando estavam vivas. Para realmente sentir qualquer
coisa, elas devem consumir uma substância chamada
Ambrosia, que os homens de Anatoli fornecem e pela
qual cobram um preço extravagante. Os residentes do
Hades, portanto, estão total e permanentemente em
dívida com ele.
Infelizmente para Anatoli, as pessoas que morrem na
Cidade não vão automaticamente para o Hades. Devi-
do ao efeito limitador que as Brumas têm nos Mythoi,
o Hades existe apenas onde a influência de seu Avatar,
Anatoli, está presente. Para uma alma transmigrar
para o Hades, seu dono precisava estar de alguma
forma conectado e influenciado por Anatoli ou seus
asseclas, mais comumente uma vítima endividada de
seus golpistas, extorsionários, agiotas etc. Esta é uma
razão pela qual Anatoli se abstém de atacar direta-
mente a população da cidade: não é que ele deteste
matar sem sentido, mas simplesmente não funciona.
Anatoli aspira ampliar suas operações em todos os
níveis da sociedade para aumentar as dívidas dos re-
sidentes da Cidade com ele, individualmente e como
comunidade. Se ele pudesse reunir influência sufi-
ciente para obter o controle dos bancos ou empresas
de cartão de crédito, ele poderia ser capaz de acolher
grupos de novos membros e até mesmo distritos
inteiros para o estado paralelo de existência de seu
Mythos.

iceberg de
operação oli
anat

Dormentes
Clube Am Máfia Lojas de
brosia Os Moribundos Munda Penhores
na

Tocadas

r Consiglier
Vivos Vista do Ma Os Ba i e União Cost
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Limítrofes
O MANÍACO De
DOS
BASTIDORES Refinaria K-Nino A Casa dos O Maldito
Ambrosia Belenkos Gole

Lendárias
Elena Albertini Konstyantyn Seamus es
Tassos Salis ay
Belenko Strangew

Avatar

ANATOLI VIDALES "Perséfo

ne"

174| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
OPERAÇÃO DE ANATOLI
A operação de Anatoli está dividida em três ramos
principais: os vivos, os moribundos e os mortos.
O ramo dos vivos da operação de Anatoli é o maior
dos três. Ele se assemelha muito a uma organização
criminosa mundana e, de fato, inclui várias famílias
do crime organizado recrutadas que fazem o trabalho
sujo no nível Dormente. Seu objetivo principal é dei-
xar o maior número possível de pessoas na cidade em
dívida com Anatoli, por todos os meios necessários.
O ramo dos moribundos da operação de Anatoli é
o menor, porém o mais urgente dos três. Envolve
abordar pessoas em seu leito de morte com a proposta
de escapar da morte e continuar sua vida no estado
de Hades. Claro, os agentes de Anatoli regularmente
negligenciam mencionar que o indivíduo moribundo
estaria eternamente nas mãos de seu mestre. De qual-
quer forma o indivíduo moribundo muitas vezes não
se importa com quaisquer ressalvas nesse ponto.
HISTÓRIA DE ANATOLI
Quase um século atrás, Anatoli Vidales era o filho
mais velho da nefasta família criminosa Vidales.
Abstendo-se de participar dos negócios ilegais da
família, o amante de diversão Anatoli viveu uma vida
de devassidão e luxo, gastando a fortuna da família
em carros, mulheres e viagens ao redor do mundo.
Infelizmente para ele, tudo isso teve um fim abrupto
com um único tiro.
O irmão mais novo de Anatoli atirou em seu pai, o
chefe da família Vidales, e desapareceu, fugindo da
Cidade. Isso forçou Anatoli a assumir a posição de seu
pai como o novo líder do submundo dos Vidales. Caso
contrário, a guerra interna resultante não só teria
arruinado o trabalho da vida de seu pai, mas também
teria terminado com a morte do próprio Anatoli e de
toda a sua família. Para estabilizar a família, Anatoli
teve que dar um passo à frente, renunciando à sua
vida alegre pelo mundo da violência e do ódio que
sempre marcou e, na verdade, financiou seu estilo de
vida excessivo. Compreender que a morte é a fonte de
toda a vida abriu seus olhos e ele se tornou o Portal de
O ramo dos mortos da operação de Anatoli é o mais
oculto dos três. Ele se preocupa em administrar e
empregar residentes do Hades para fortalecer o con-
trole de Anatoli sobre a Cidade. Os agentes mortos do
Hades estão por toda parte na cidade e sua lealdade
forçada a Anatoli é absoluta. Sempre que um dos
outros ramos tem problemas, é o ramo dos mortos
que os puxa para fora. Este ramo também controla a
produção e distribuição de Ambrosia, especialmente
para os altos funcionários na "folha de pagamento" de
Anatoli.
P E R S O N AG E N S P R I N C I PA I S
O ramo dos vivos é dividido em sub-ramos, cada um
representando uma organização criminosa com a qual
os servos de Anatoli estão ligados.
Uma dessas famílias são os BELENKOS, liderados
por Konstyantyn Belenko. Os Belenkos estão entre os
"parceiros de negócios" mais leais e eficientes de Ana-
toli e gerenciam uma parte significativa das operações
Hades, assumindo sua posição como o novo ceifador
da Cidade e expandindo o império de seu pai em uma
escala sem precedentes.
Naqueles dias de sua ascensão à grandeza, Anatoli se
apaixonou por uma jovem que passava por sua janela
diariamente. Vê-la, mesmo que apenas por um breve
momento de cada vez, deu um sopro de vida em sua
existência sombria. Às vezes ele sorria para si mesmo
enquanto estava limpando o sangue de seus inimigos
de suas mãos. Anatoli conseguiu usar sua influência e
charme pessoal para atrair essa dama, Perry Kennedy,
para seu mundo, e os dois se casaram. No entanto, ape-
sar de seu grande amor, sua vida foi repleta de tensões
em torno da vida de Anatoli como senhor do crime.
Eventualmente, Kennedy o deixou (alguns dizem que
o trocou pelo Portal de Orfeu). Deixá-la ir livremente
quebrou a última esperança de Anatoli de uma vida
própria e ele se tornou o Avatar de Hades. Até hoje,
Perry continua a ser a única vida que Anatoli sempre
se opôs a tirar. Pelo que ele sabe, ela ainda não morreu,
pelo menos não dentro dos limites da Cidade.
3 · P E R I G O S E AVATA R E S | 175
 de rua deste ramo. Morto em uma briga interna por
causa de suas relações com a organização de Anatoli,
Konstyantyn se tornou um cidadão do Hades e voltou
para assombrar, torturar e, finalmente, eliminar seus
assassinos. Ele revelou sua nova presença apenas
para sua filha, Ruslana, que atualmente lidera a
organização sob sua orientação. Konstyantyn não foi
despertado; ele é meramente Tocado pela influência
de Anatoli e foi escolhido para o papel devido à sua
imensa influência. Isso o torna um dos poucos indi-
víduos Tocados na Cidade que conhece intimamente
um Avatar. Ele está totalmente comprometido com
a visão do Hades de Anatoli, mas pediu um favor em
troca de seus serviços: que Ruslana seja poupada. Por
enquanto, ele recebeu essa graça.
Outra associação criminosa conhecida por trabalhar
com Anatoli são os hooligans ("vândalos") da União
Costeira (Boinas Vermelhas, página 27), que respon-
dem a SEAMUS STRANGEWAYES (Oberon), o rei
pouco conhecido de muitos outros Portais de duendes
e fadas. Embora não seja subordinado a Anatoli, o
Mythos de Strangewayes o força a manter o pacto que
fizeram: se os hooligans matarem alguém em dívida
com eles, sua alma irá para Anatoli. Em troca, o ramo
morto mantém a polícia longe das costas da União.
Essas e outras organizações criminosas mundanas
associadas a Anatoli se concentram em gerar dívi-
das nas ruas: extorsão, tráfico de drogas, agiotagem,
etc. Suas equipes de rua costumam ser divididas
em bairros e chefiadas por um CONSIGLIERE local
Tocado: um criminoso inteligente promovido das
fileiras e que recebe a capacidade de influenciar as
pessoas a assinarem seus acordos. Alguns Consiglieri
também mantêm EXECUTORES Tocados, que podem
lidar com quaisquer Portais orgulhosos que tentem
se intrometer nos negócios. Consiglieri e Executores
de Anatoli não são residentes do Hades. Eles recebem
seus poderes consumindo Ambrosia uma vez por ano
em um banquete especial oferecido por seus chefes.
O ramo dos moribundos é administrado pelo confiden-
te mais próximo de Anatoli, TASSOS SALIS (Caronte),
que, entre muitos outros poderes, tem a capacidade de
sentir quem está morrendo na Cidade. Tassos então
envia seus emissários para oferecer aos moribundos
uma segunda chance. Se uma pessoa moribunda for
um ativo desejável de alto perfil e, especialmente, se
estiver enfrentando uma morte lenta e dolorosa, Tas-
sos envia um de seus mensageiros Limítrofes, como os
K-Nino (Cérbero), para forçar seus alvos a se endivida-
rem e depois persuadi-los a negociar suas vidas para o
perdão da dívida. Para alvos menos importantes ou que
morrem rapidamente, Tassos envia os BARQUEIROS,
176| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
uma frota de motoristas de ambulância e taxistas e até
mesmo falsos clérigos que alcançam os moribundos
no local e tentam convencê-los a vender sua alma a
Anatoli para uma segunda chance.
Finalmente, o ramo dos mortos é governado por
ELENA ALBERTINI (Cassandra), supostamente uma
bruxa e cartomante. Elena de fato vê partes significa-
tivas do futuro, mas seu Mythos não permite que ela
conte a ninguém (ninguém acredita nela). Ela conse-
guiu superar esse problema simplesmente mantendo
seu conhecimento profético para si mesma, usando-o
para proteger e promover sua operação. Uma vez que
não pode compartilhar suas intuições, seus subordi-
nados devem obedientemente seguir seus comandos
estranhos ao pé da letra. Isso funciona bem com os
mortos-vivos, que a servem inequivocamente, mas até
mesmo eles cometem deslizes ocasionais e falham em
executar os planos magistrais de Elena.
Os exércitos de Elena são os MORTOS-VIVOS, anfi-
triões de residentes da Cidade – alguns proeminentes,
outros anônimos – que transmigraram para o Hades e
respondem a ela. Servindo principalmente como força
bruta, agentes duplos ou espiões, os residentes do Ha-
des são indiferentes à dor e podem se mover silencio-
samente. Se treinados, eles são capazes de se tornar in-
corpóreos e exibir outros poderes atribuídos a espíritos
e fantasmas. Alguns dos Mortos-Vivos até despertam e
desenvolvem uma conexão com seus próprios Mythos,
geralmente um conto relacionado à morte. O MANÍA-
CO DOS BASTIDORES (O Fantasma da Ópera, página
22) é um deles. Ele aprendeu a possuir outras pessoas
e manipular equipamentos de bastidores telecinetica-
mente. Embora na maioria das vezes ele esteja preocu-
pado com suas vítimas no Distrito do Teatro, o Manía-
co dos Bastidores é um residente do Hades e atenderá a
chamada de Elena quando convocado.
LO CAÇÕ E S P R I N C I PA I S
Como a primeira linha de geração e crescimento de
dívida, a operação de Anatoli inclui uma rede de LOJAS
DE PENHORES, convencendo seus clientes a vender
algo que vão querer de volta mais tarde. Quando não
conseguem obter a quantia necessária para comprá-lo
de volta, os clientes são encaminhados para agiotas,
o próximo passo em sua descida gradual ao Hades.
Embora a maioria das lojas de penhores sejam estabe-
lecimentos mundanos, algumas contêm Relíquias ou
são administradas por penhoristas Tocados que podem
influenciar magicamente seus clientes a se desfazerem
de objetos de valor sentimental. Um desses lugares é a
"Loja de Penhores Segunda Chance" no Residencial do
Proletariado.
Cada família do crime que trabalha para Anatoli
tem várias camadas de SEDES, uma para cada nível
da operação, desde o nível da rua até a mansão da
família. O ramo dos Belenkos, por exemplo, é admi-
nistrado por Ruslana de sua casa fortificada em um
antigo quarteirão de sua propriedade na periferia do
centro da Cidade. Um labirinto de corredores estreitos
cobertos por iconografia e memorabília ucraniana,
este lugar é uma armadilha mortal repleta de Execu-
tores movidos a Mythos e medidas de contrainvasão,
algumas das quais são Familiares e Relíquias doadas a
Konstyantyn para a proteção da casa da família.
Uma vez que a população do Hades está crescendo
constantemente, o ramo dos mortos precisa de uma
maneira de distribuir facilmente Ambrosia para as
massas mortas-vivas. O clube com o nome aparente-
mente não tão secreto AMBROSIA é o epicentro da
operação de tráfico de drogas de propriedade de Ana-
toli. No entanto, a maioria das coisas vendidas como
a droga de assinatura do clube não é a parada real,
mas uma variação do narcótico ou anfetamina mais
popular da cidade, então existem dezenas de drogas
diferentes com o mesmo nome (uma das inteligen-
tes táticas de disfarce de Elena). O clube Ambrosia é
apenas um lugar para os Mortos-vivos se reunirem e
contatarem seus traficantes. O verdadeiro tráfico de
Ambrosia é realizado em outros lugares.
VISTA DO MAR é um pequeno conjunto habitacio-
nal à beira-mar que Anatoli tomou completamente.
O desenvolvedor deste projeto adoeceu e teve que
vender sua alma para Anatoli, cujos Consiglieri e Exe-
cutores rapidamente dominaram. Agora, os edifícios
estão vazios e dilapidados: a pintura nas paredes está
descascando e a maioria dos azulejos decorativos
antiquados está lascada ou faltando, expondo uma ca-
mada de gesso cinza rachado. Este projeto de habita-
ção fantasma é sempre soturno e sombrio, mesmo em
um dia claro. Os Mortos-Vivos que não têm para onde
ir muitas vezes acabam aqui. A próxima parada para
essas almas perdidas são as refinarias de Ambrosia.
A verdadeira Ambrosia é produzida em uma série de
REFINARIAS secretas pela Cidade: alguns pequenos
laboratórios improvisados, outras enormes instala-
ções escondidas na Zona Industrial. A Ambrosia é, na
verdade, fabricada em um processo doloroso que rouba
as memórias dos Mortos-Vivos, desumanizando-os
ainda mais (e, ocasionalmente, transformando-os em
fantasmas famintos sem alma que atacam as memórias
dos outros). Esta é uma forma de pagamento que os re-
sidentes mais humildes do Hades são forçados a fazer,
ou porque entraram no caminho de Elena ou Anatoli,
ou simplesmente porque mais Ambrosia é necessária.
O próprio Anatoli gosta de jantar em um pequeno
restaurante grego que comprou e rebatizou de “PER-
SÉFONE”. Este restaurante não aparece em nenhuma
lista telefônica, nenhum guia de restaurante e ne-
nhum banco de dados. Ele está localizado em uma rua
não revelada no coração de um dos bairros que estão
completamente sob o controle de Anatoli, cercado
por quarteirões inteiros cheios de Mortos-Vivos (que
dariam de bom grado suas vidas mortas-vivas para
proteger Anatoli). Nenhuma alma viva põe os pés no
local há décadas. Os Mortos-Vivos que vivem aqui se
comportam normalmente quando passam por Anatoli
jantando fora do restaurante. Alguns até sorriem
para Anatoli e lhe oferecem peixe fresco embrulhado
em jornal ou um buquê de flores. Ele acena com um
sorriso sinistro e sincero. Afinal, ele é seu humilde
suserano. Ele se vira para um deles que está jantando
ao lado e diz, com uma voz suave: “Você deveria expe-
rimentar o souvlaki. Está de morrer. "
SEMENTES DA HISTÓRIA DE
ANATOLI
• Qualquer Mythoi que inclua a morte e o submun-
do pode estar ligado à operação de Anatoli. Por
exemplo, no caso de amostra Apostando Contra a
Morte (página 218), que é baseado em O Rouxinol e
o Imperador da China, K-Nino aparece brevemente
como o representante da Morte (Anatoli).
• Um caso clássico a ser investigado pela galera é o
de uma loja de penhores, como a “Loja de Penhores
Segunda Chance”, cujos clientes acabam endivida-
dos e às vezes até mortos. Isso pode levar a galera
ao ramo dos vivos do iceberg de Anatoli.
• Alternativamente, a galera pode ficar em dívida com
Anatoli se deixar de prestar um serviço para um
empregador que é então revelado como represen-
tante de Anatoli. Transmigrar para o Hades então se
torna uma alternativa viável a morrer – mas a que
custo?
• O clube Ambrosia e a atividade do tráfico de drogas
que o cercam podem estar no centro de um caso. No
entanto, Elena pode enganar a galera permitindo que
fechem uma operação de tráfico mundano para pro-
teger a verdadeira rede de tráfico de Ambrosia. Se a
galera for enganada, eles terão que descobrir sobre a
verdadeira Ambrosia a partir de uma fonte diferente.
• A investigação sobre o Maníaco dos Bastidores
poderia começar como um caso independente, mas
terminar com uma pista que leva mais fundo no
iceberg.
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 177
 MOVIMENTOS PERSONALIZADOS
DE ANATOLI
Do Outro Lado do Rio Estige: Quando você morre,
se você tinha uma dívida com os representantes da
Morte ou concordou em vender sua alma em troca de
uma segunda chance, você se torna Morto-Vivo. Re-
mova a condição que matou você. Receba o rótulo de
história permanente de morto-vivo e a condição con-
tínua de alma-perdida-1. A critério deles, os servos da
Morte podem incapacitar ou matar você novamente,
dando a você uma condição de nível de qualificador 5
ou 6 relacionada à morte à escolha deles.
(Para a MC: Os servos Limítrofes de Anatoli podem
fazer isso como um movimento de MC forte, Lendá-
rios podem fazê-lo como um movimento de MC fraco
e Anatoli pode fazê-lo como uma intrusão de MC).
Ambrosia: Quando você consumir Ambrosia, se você
tiver o rótulo de história de morto-vivo, remova qual-
quer condição de alma-perdida ou de identidade-apa-
gada que você possa ter durante a cena. Restaure-as
posteriormente. Se você não tiver o rótulo de morto-vi-
vo, escolha um rótulo de história contínuo: resistência
aumentada, força sobrenatural, beleza de outro mundo
ou carisma irresistível.
Refinaria de Ambrosia: Se você tiver o rótulo de
história de morto-vivo e suas memórias foram drena-
das em uma refinaria de Ambrosia, conte a todos qual
foi a memória que você perdeu. Você sofre identida-
de-apagada-2 e marca Quebra em um dos temas do
Logos.
178| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
PERIGOS DE ANATOLI
MORTAS-VIVAS +y
Para representar a Morta-Viva, combine um
Perigo Mundano (tal como uma Residente da
Cidade Indefesa) com este Conjunto de Poderes
de Mythos.
• Morta-viva: Quando uma Morta-Viva so-
frer uma condição de dano físico mundano,
ignore-a (ela ainda pode ser incapacitada
fisicamente). Se uma Morta-Viva for destruída
usando meios lendários, ela se reforma em
torno de seu local de descanso na noite se-
guinte, a menos que seu retorno seja impedido
de alguma forma.
• (opcional +y) Ficar Incorpórea: Como
um movimento fraco, a Morta-Viva pode se
tornar incorpórea ou se materializar. Quando
incorpórea, ela ignora qualquer condição de
incapacitação ou contenção física.
EXECUTORAS yy
As Executoras são baseados no Perigo Mundano
de Brutamontes com a adição do movimento
Dar um Gás, que representa seu estado físico
aprimorado graças ao consumo de Ambrosia.
FERIR OU INCAPACITAR 3 / AMEAÇAR 4
• Coletivo: Este coletivo tem alguns membros e
fator de tamanho 1.
• Dar um Gás: Quando as Executoras entrarem
em cena, recebem dar-um-gás-1. Se perderem
essa condição, a MC pode renová-la como um
movimento forte.
• Assustar (ameaça-2), espancar (braço-quebra-
do-3) ou cravejar de balas (ferida-de-bala-3)
• Eliminar um alvo vulnerável (tiro-na-barri-
ga-4)
3 · P E R I G O S E AVATA R E S | 179
 CONSIGLIERE yy
FERIR OU INCAPACITAR 3 / AMEAÇAR 6
• Guarda-costas: quando um Consigliere
sofrer uma condição da qual seus guarda-
-costas possam protegê-lo, os guarda-cos-
tas sofrem a condição em seu lugar (use
Executores para os guarda-costas).
• Insensível: Quando um Consigliere sofrer
uma condição de dano psicológico, reduza o
nível de qualificador da condição em 1.
• Convencer alguém a fazer o que ele diz (con-
vencido-3) ou intimidá-los (ameaçado-3)
• Atirar em alguém à queima roupa (baleado-
-no-abdome-4)
• Remover lentamente suas luvas e cachecol,
preparando-se para fazer uma ameaça
180| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
K-NINO yyyy
K-Nino aparece como três grandes e violentos
cães que passeiam com um indivíduo inócuo. O
passeador é um fantasma, uma das almas dos
Mortos-Vivos que K-Nino devorou. O K-Nino
em si, é na verdade, os cães (tecnicamente, um
coletivo consciente de Familiares). Ele pode falar
e interagir normalmente através de seu passea-
dor, embora seja bastante brusco e grosseiro,
exibindo os maneirismos de uma matilha de cães
selvagens.
FERIR OU INCAPACITAR 4 / FERIR O
PASSEADOR 4
• Coletivo: Este coletivo tem alguns membros e
fator de tamanho 1.
• Guardião dos Mortos: Um Morto-Vivo não
pode ficar incorpóreo na presença de K-Ni-
no, a não ser que K-Nino permita. K-Nino
pode impor uma condição de incapacitado-5
ou devorado-6 em um Morto-Vivo como um
movimento forte, ignorando quaisquer defesas
que possa haver.
• Liberado: Quando você atacar K-Nino, se um
dos cães puder lhe alcançar, você primeiro
sofre mordida-fantasma-3 ou mordida-debili-
tante-3.
• Sacrifício do Passeador: Quando K-Ni-
no sofrer uma condição de dano físico, se o
passeador puder proteger os cães, ele sofre a
condição em seu lugar. Quando ferir o passea-
dor atingir o máximo, ele é destruído. K-Ni-
no pode formar um novo andador como um
movimento forte.
• Sentidos Caninos: Quando K-Nino entrar em
cena, recebe alerta-3. Se perder essa condição,
a MC pode renová-la como um movimento
fraco depois que um jogador fizer um movi-
mento sem ele.
• Saltar em alguém, arranhando e mordendo
(estraçalhado-4)
• Mostrar os dentes para alguém, revelando
visões de morte (aterrorizado-4)
• Lembrar um Morto-Vivo de que pode destruí-lo
• Lentamente formar seu novo passeador, com
fibras de matéria fantasmagórica coalescendo
ao seu redor
• Rosnar para alguém
ELENA ALBERTINI yyyyy
O maior poder de Elena é sua capacidade de
prever momentos do futuro e usá-los a seu favor
ou contorná-los para conseguir o que deseja.
Você pode usar o movimento de Elena de Arqui-
teta do Destino para revelar dramaticamente
o resultado de seus planos enquanto faz um
movimento forte. Perceba que o planejamento
de Elena não se limita ao que acontece em sua
vizinhança. Ela pode afetar toda a cidade usando
seus servos Mortos-Vivos. Ela poderia, por
exemplo:
Fazer alguém ser assassinado logo quando um
jogador gasta uma Dica para fazer uma pergunta
crítica;
Quando uma personagem principal atacar Elena
ou alguém que ela deseja proteger, revelar que
um lacaio colocou veneno preventivamente na
refeição para viagem da personagem principal
(queime seus rótulos e/ou dê a ela uma condi-
ção);
Quando as personagens principais capturarem
alguém da organização de Anatoli, revelar que
ela substituiu preventivamente essa pessoa por
uma isca ou plantou uma bomba na bolsa da
pessoa;
Quando uma personagem principal estiver
prestes a realizar uma ação que Elena deseja
impedir, revelar que o ente querido da persona-
gem principal está sob a custódia de Elena, sob a
mira de uma arma.
FERIR OU INCAPACITAR 2 / FRUSTRAR 4
• Arquiteta do Destino: Alguém está orques-
trando eventos na cidade com uma precisão
alarmante. Como uma intrusão, a MC pode
fazer um ou mais movimentos fortes para
refletir a intervenção da Arquiteta. A Arquiteta
sofre frustração-iminente-1.
• Servos Nada Confiáveis: quando o espectro
de frustrar estiver no limite, um dos servos da
Arquiteta estraga tudo. Os jogadores podem
optar por vetar o movimento da Arquiteta do
Destino uma vez. Remova todas as condições
do espectro de frustrar.
• Cortejo Morto-Vivo: Quando Elena entrar em
cena ou como um movimento forte, ela pode
convocar os Mortos-Vivos a seu serviço. Crie
qualquer Perigo Mundano com um Grau de
Perigo de 3 ou menor e combine-o com o Con-
junto de Poder de Mythos dos Mortos-Vivos.
• Guarda-costas: quando Elena sofrer uma
condição da qual alguém em seu cortejo puder
protegê-la, esse alguém sofre a condição em
seu lugar.
Guardiã dos Mortos: Um Morto-Vivo não pode
ficar incorpóreo na presença de Elena, a não ser
que Elena permita. Elena pode impor uma con-
dição de incapacitado-5 ou dissipado-6 em um
Morto-Vivo como um movimento fraco, igno-
rando quaisquer defesas que possa haver.
Profecia Ignorada: Como um movimento difí-
cil, Elena avisa você de um futuro horrível. Você
sofre incrédulo-5. Você não pode tomar medidas
para evitar esse destino enquanto tiver essa con-
dição. Essa condição também se aplica a qual-
quer tentativa de removê-la (porque ninguém
acredita que ela deva ser removida).
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 181
 BARTON
A Lança, o símbolo coletivo de todos os líderes militares lendários
"Dê uma olhada nesta foto. Você vê aquele cara? Ali, perto do parquinho. Não, não
ele, o cara atrás dele, o sorveteiro. Sim. Olhe para o tornozelo dele. Aposto que é
uma arma. Sim, eu sei que ele está usando calças largas, isso só torna mais sus-
peito. Eu reconheço uma arma quando vejo uma. Por que um sorveteiro carregaria
uma arma escondida? Agora, olhe para isso. Procure mais. Você vê? Aquela sem-te-
to tem um rifle na sacola. A pior parte é que pesquisei todos eles e não há nada de
especial neles. Eles são um bando de pessoas comuns, apenas... organizadas. ”
– Post-Mortem

182| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C

Para toda ação há uma reação. Para
cada tendência, existem catalisadores e
inibidores. Em todas as situações, sem-
pre há pelo menos duas forças opostas.
O conflito é a própria essência
da existência, pelo menos de acordo
com Barton Canon, Avatar da Lança.
Ao longo da história, grandes estrategistas e táticos
levaram seus exércitos à vitória com astúcia e enge-
nhosidade. Essas grandes mentes são unificadas pelo
símbolo da Lança, que representa a superioridade
marcial desde tempos imemoriais. Cada um desses
líderes militares lendários – incluindo Sun Tzu, Joana
d'Arc, Saladino, Genghis Khan, Alexandre o Grande,
Napoleão Bonaparte e muitos outros – agora vive na
cabeça de um superintendente despretensioso de um
prédio de apartamentos anônimo no bairro residen-
cial do proletariado: Barton. Barton é eternamente
assombrado pelas vozes da Lança, que o instruem nos
caminhos da guerra, entrando e saindo de sua mente
em uma cacofonia incessante de sabedoria estraté-
gica. Símbolos mais do que personalidades, as vozes
não são verdadeiramente indivíduos, mas um coletivo
feito de puro conhecimento militar e o desejo ardente
de emergir triunfante.
Para vencer, é preciso primeiro entrar na batalha. A
fome infinita de vitória da Lança anda de mãos dadas
com uma paixão incessante pelo conflito. Como o
Avatar da Lança, Barton está totalmente absorvido
na instigação de conflitos e contendas pela Cidade,
nos quais participa indiretamente como comandan-
te de suas forças e, ocasionalmente, pessoalmente.
A capacidade estratégica divina de Barton poderia
facilmente torná-lo o poder governante da Cidade
em um curto espaço de tempo. Felizmente para os
residentes livres da Cidade, a existência de um poder
supremo elimina qualquer possibilidade de conflito.
Paradoxalmente, para experimentar constantemente
sua própria superioridade marcial, Barton deve estar
sempre do lado perdedor e conduzi-lo à vitória.
VISÃO GERAL DE BARTON
Agenda: Conduzir a Cidade a um estado de
conflito constante
MO: instigar conflitos em todos os níveis da
sociedade
Motivação: desejo de vitória, violência
Motivos: líderes passados militares, armas, ve-
teranos estresse pós-traumático e alucinações
Linhas de Frente: veteranos mundanos, Pontas
de Lança
Fortaleza: o edifício na rua Cedro nº 35
MODUS OPERANDI DE BARTON
Barton está constantemente em busca de um desafio
mais difícil. Empregando uma rede de operativos inó-
cuos, mas altamente treinados e motivados, Barton
observa todos os conflitos na cidade. Enquanto a
miríade de vozes em sua cabeça está constantemente
o impelindo a intervir nos confrontos que vê, ele ge-
ralmente é forte o bastante para manter as vozes sob
controle até que um desafio verdadeiramente valioso
se apresente. A Lança não é exigente sobre quem está
envolvido no conflito ou como Barton intervém. Ela
apenas quer que Barton use seus excepcionais sen-
tidos de combate em seu máximo potencial. Quando
Barton encontra um conflito que pode representar um
desafio interessante, geralmente uma causa comple-
tamente perdida, o jogo começa: como um calculista
jogador de xadrez, ele envia seus comandados e agen-
tes para influenciar a batalha a favor de quem estiver
perdendo (apenas porque é mais um desafio). Depois
que os ex-perdedores derrotarem seus adversários su-
periores, Barton perde o interesse, pelo menos até que
os novos vencedores se tornem poderosos o suficiente
para servir como seus novos adversários.
Os planos da Lança, no entanto, não se limitam
a desafiar Barton sozinho – ela quer que todos se
envolvam constantemente em conflitos. Suas vozes
instruem Barton a usar suas aguçadas habilidades
analíticas para pesquisar a paisagem política e social
da Cidade. Ao identificar as facções (legítimas e ilegí-
timas) que disputam o poder, ele intervém sutilmente
para manter um relativo equilíbrio de poder. A Lança
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 183
 não quer que nenhuma facção ou personalidade ga- mações de sua parte da Cidade, às vezes sem saber
nhe domínio exclusivo sobre a Cidade, então ela usa conscientemente que fazem parte de uma operação
Barton para enfraquecer os fortes. Certa vez, ordenou em grande escala. Eles então seguem seu caminho e
que Barton atacasse uma gangue de rua em ascen- talvez nunca mais se vejam. Muitas vezes, o vetera-
são. Os líderes da gangue encontraram um de seus no com quem se encontram é o próprio Barton, mas,
membros misteriosamente espancado e ensanguenta- devido ao aumento do efeito das Brumas sobre os
do em um beco escuro e concluíram que uma gangue Avatares, eles nunca sabem quem ele realmente é, e o
rival era a responsável. A guerra instantânea que se esquecem logo em seguida.
seguiu enfraqueceu os dois lados e as hostilidades
Em outro sentido, a operação de Barton é impossivel-
continuaram por meses. Em outra ocasião, o alvo era
mente complicada: está constantemente crescendo,
uma empresa próspera prestes a adquirir uma quadra
perdendo e voltando a crescer ramos para cada um de
de imóveis no centro da Cidade, o que garantiria seu
seus objetivos. Sempre que há um trabalho a ser feito,
controle sobre o setor. A equipe de Barton sabotou a
veteranos cuidadosamente selecionados parecem sair
tubulação de esgoto em uma das propriedades, inun-
da toca, contatados pela rede de visões e vislumbres
dando a área e arruinando a venda.
da Lança. Eles se unem para formar células e reali-
Barton sabe que, quando as forças em jogo na Cidade zar a tarefa em questão, apenas para se dissiparem
estão em um nível de poder relativamente igual, o novamente na população quando o trabalho estiver
conflito começa. Ele eventualmente planeja trans- concluído.
formar a Cidade no campo de batalha de um grande,
No momento em que um objetivo é alcançado, os
interminável e multifacetado conflito: uma guerra
veteranos de Barton parecem um grupo distinto de
que nunca poderia ser vencida por ninguém, nem
pessoas movidas pela insanidade temporária para
mesmo ele. Esse é um desafio estratégico que Barton
tomar ações aleatórias que infelizmente resultam em
ainda não resolveu. Isso dá muita satisfação à Lança e
consequências desafortunadas para um grupo aparen-
mantém as mãos e a mente de Barton ocupadas.
temente não relacionado. Nenhum deles tem motivo
para fazer o que fizeram e nunca trairão seus compa-
OPERAÇÃO DE BARTON nheiros ou divulgarão qualquer coisa sobre as visões.
Mesmo se divulgassem, eles não sabem nada de valor:
A rede de agentes de Barton, da qual ele depende
as informações são compartilhadas com base na ne-
muito, é composta exclusivamente por veteranos de
cessidade de saber, então cada operativo sabe apenas
guerra. Esses homens e mulheres ingressam em sua
da sua parte do plano (às vezes isso é muito pouco;
rede quando começam a sofrer momentos de visão
um agente pode até ser um peão a ser sacrificado).
turva e alucinações. As pessoas ao seu redor tendem a
atribuí-lo ao trauma de guerra, estresse pós-traumá- Barton usa magistralmente seus veteranos e depois
tico, depressão ou tremores, mas os agentes de Barton os descarta para evitar ser descoberto. A Lança não
o descrevem como sendo dominado por um senso de aceitaria menos. Um veterano que foi membro de
propósito. Eles ouvem as palavras de Barton os guian- uma equipe de ataque pode nunca mais se envolver
do sobre o que devem fazer. em qualquer uma das operações de Barton, então é
virtualmente impossível mapear as conexões internas.
Os veteranos a serviço de Barton são homens e
A menos que alguém realmente investigue os ante-
mulheres regulares, geralmente pessoas modestas
cedentes dos agentes e descubra a conexão veterana,
e quietas. Elas trabalham como policiais, operárias
seria um pouco complicado descobrir o que conecta
do porto, vendedores de cachorro-quente e outros
a rede. Isso mantém a operação de Barton discreta e
empregos do proletariado. Alguns vivem nas ruas,
torna muito custoso rastreá-la. De certa forma, Barton
em uma cabana ou em uma van suja, separados da
deseja que alguém digno tente expor sua operação ou
sociedade padrão. Todos são soldados talentosos de
se infiltrar nela. Se de alguma forma alguém conse-
guerras passadas, mas nada além disso nada parece
guir, a pessoa pode se revelar uma ameaça real, essa
conectá-los.
seria uma mudança revigorante.
Em certo sentido, a operação de Barton é muito me-
nos complexa e subdividida do que a de outros Ava-
tares. Por meio das alucinações da Lança, ele convoca
seus agentes veteranos a vários locais públicos onde
se encontram, falam sobre suas visões e experiências
de combate e compartilham informalmente infor-

184| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
P E R S O N AG E N S P R I N C I PA I S
A operação de Barton depende principalmente de suas
tropas de veteranas Tocadas, as Pontas de Lança.
Essas pessoas aparentemente inofensivas foram trei-
nadas como armas de guerra muito antes de Barton
chegar a elas. Com a orientação da Lança, elas são
combatentes, infiltradoras e sabotadoras verdadei-
ramente notáveis. Embora proficientes com muitas
armas, cada Ponta de Lança geralmente se liga à arma
de sua escolha, que controla com proficiência lendária.
Às vezes, quando as Pontas de Lança experimentam
uma conexão extraordinária com a Lança, o fantasma
do guerreiro ou estrategista do passado guiando sua
mão pode se tornar visível por um momento.
Assim que recebem o sinal de partida, as Pontas de
Lança formam células, recrutando veteranos Dormen-
tes que conhecem ou conseguem localizar. Outras
vezes, Barton reúne algumas Pontas de Lança. Essas
operação
iceberg da ton
de bar
Dormente
Clubes de
veteranos
Tocadas
Ponta
s de
Limítrofe
Queimado
res Locais de
encontros púb
licos
Lendárias
Avatar
Barton
equipes são temporárias. Assim que o trabalho estiver
concluído, elas podem nunca mais se ver. Se acabarem
se esbarrando na rua, nenhuma palavra será dita, ape-
nas uma breve troca de olhares compreensivos.
Sendo meramente Tocadas pela Lança, as Pontas
de Lança carecem do conhecimento de alto nível do
campo de batalha e da capacidade estratégica que
Barton precisa para realizar seus ataques engenho-
sos aos centros de poder da Cidade. Elas são melho-
res em liderar pequenas equipes de até seis agentes
e podem fazer um bom trabalho com até vinte.
Qualquer coisa mais do que isso e as Pontas de Lança
começam a deixar a peteca cair (a menos que fossem
oficiais militares de alto escalão, que não são fáceis
de encontrar). Pelo que Barton descobriu até agora,
suas habilidades de comando chegam a um máximo
de cerca de cinquenta pessoas.
Unidades de
armazenamento
Lança
Jane Radcliff Belay Theron
Pawe Zima
O Edif
rua Ceício na
dro,35
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 185
 Barton não pode liderar todos os seus homens sozinho,
pois a rede de alucinações da Lança é muito difusa e
incompleta para fornecer comunicações efetivas e até
mesmo uma força militar de elite precisa de um líder
em campo. QUEIMADORES têm muito mais da Lança
dentro deles: eles são os combatentes definitivos, muito
superiores à maioria dos Portais na Cidade, e entendem
os planos de Barton intuitivamente. Quando Barton está
executando um ataque coordenado por toda a Cidade
em um alvo (ou alvos) principal, ele usa grupos de Pon-
tas de Lança liderados por Queimadores ou, para alvos
mais desafiadores, equipes de Queimadores.
No entanto, há um problema. Como Pontas de Lança
"aprimoradas", os Queimadores não estão prontos
para o influxo de informações e agressão com que a
Lança os ataca. Afinal de contas, a Lança é um Mythos
violento, e ela os leva a fazer sua vontade. Barton
sobrevive como um Avatar porque ele segue com as
vozes da Lança, mas as psiques dos Queimadores
geralmente resistem a uma única operação antes de
começarem a explodir em atos aleatórios de violência.
Aquela gentil guarda de trânsito que inexplicavel-
mente morreu em uma luta sangrenta no beco? O
líder da gangue que joga tudo fora em um "suicídio
por policial"? O empresário que entra em uma briga
de bar desagradável que se intensifica rápido demais?
Todos eram Queimadores para quem o canto da sereia
da hiper-violência provou ser forte demais.
O efeito colateral positivo dos Queimadores é que
geralmente assumem a culpa por suas ações, alegando
insanidade não temporária, mas permanente. Eles tam-
bém salvam Barton da tentação de usá-los novamente
em outra operação, mantendo a organização dinâmica e
indetectável. Barton não se intimida com o sacrifício que
esses soldados fazem. Tudo se justifica para a vitória.
Em uma rara ocasião, um Queimador pode conseguir
resistir ao turbilhão psíquico de vozes e escolher um
grande guerreiro ou líder militar para seguir. Este
Queimador então desperta com o Mythos daquele
guerreiro ou líder. Até agora, havia apenas dois desses
casos entre milhares de Queimadores feitos por Bar-
ton: JANE RADCLIFF (Rainha Boudica), uma agres-
siva lutadora de faca da Zona Industrial, e BELAY
THERON (Shaka Zulu), um mercenário sul-africano.
Sendo Limítrofes, Barton sabe que Radcliff e Theron
têm uma chance de se lembrarem de seu rosto se o
virem, então ele só se comunica com eles através de
visões ou através de sua rede de Pontas de Lança.
Barton ainda não confiou em ninguém com uma
posição permanente em sua operação. Simplesmente
não é assim que a organização funciona. Às vezes, no
entanto, ele pode entrar em contato pessoalmente
186| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
com alguém fora da rede da Lança para um trabalho
específico. Essa pessoa geralmente seria uma peso-
-pesado que entende o quadro geral e faz por conta
própria um trabalho equivalente ao de um pequeno
exército de Pontas de Lança. PAWEŁ ZIMA (A Rosa
Branca de Breslávia), por exemplo, é um monge reli-
gioso e um assassino incomparável que visa apenas
aqueles cuja hora chegou (como ele decide isso per-
manece um mistério). Sempre que Barton precisa que
alguém seja removido, ele simplesmente deixa uma
pasta com informações suficientes no altar da igreja
onde Paweł ora todos os dias ao meio-dia. Então, ele
observa o alvo. Se a pessoa encontrar uma rosa branca
em seu assento nos próximos dias, está praticamente
morta. Barton ainda não desvendou os motivos de
Zima e, até agora, evitou lhe dar informações falsas,
embora as habilidades de Zima pudessem ser úteis em
vários casos. Barton sabe que Zima é um adversário
digno e que Zima o está vigiando. Se Zima descobrir
que Barton o enganou e tentar atacar o Avatar, a luta
pode ser devastadora. Por mais tentador que o desafio
possa ser, seria uma grande perda para o plano maior
de Barton ter que matar seu assassino mais valioso.
LO CAÇÕ E S P R I N C I PA I S
As Pontas de Lança de Barton mantêm uma cadeia
de UNIDADES DE ARMAZENAMENTO em toda
a Cidade, cheias até o teto com armas, munições e
suprimentos. A maior parte está trancada com tecla-
dos de senha ou cadeados de combinação. O código,
o número da unidade e o endereço aparecem nas
mentes das Pontas de Lança como uma alucinação
quando é hora de uma visita. De vez em quando, uma
Ponta de Lança aleatória caminha até uma unidade e
adiciona uma peça de equipamento ou arma de fogo
obtida à coleção imaculadamente organizada. Quando
chega a hora de um ataque, outras Pontas de Lança
aparecem nesses arsenais escondidos e se preparam
para a operação, esgotando completamente a unidade
de seu conteúdo (Barton sabe com antecedência qual
unidade veterana enviar para qual unidade de arma-
zenamento e o que encontrarão lá). A mesma unidade
nunca é usada duas vezes.
Das centenas de locais públicos de reunião que Barton
utiliza para as reuniões das Pontas de Lança, seu ponto
de encontro favorito é nas MESAS DE XADREZ DO
PARQUE. Essas mesas e assentos de laje de concreto
são usados para uma variedade de jogos e, às vezes,
também para jogos de azar. O local é frequentado
por todas as idades, mas tipicamente por homens de
meia-idade. Existe um ar de tensão e urgência. Alguns
jogos são silenciosos e intensos, enquanto outros são
ruidosos e agressivos. De vez em quando, um veterano
encontra seu caminho até o parque, compelido pelas
alucinações da Lança. Lá, eles apertam a mão de outro
veterano (que pode ser o próprio Barton) e jogam um
ou dois jogos enquanto conversam sobre o que está
acontecendo na Cidade. Outro local favorito de Barton
são os CINEMAS no centro.
Na maior parte dos dias, Barton mora no pacato EDI-
FÍCIO NA RUA CEDRO Nº 35, onde trabalha como
superintendente. O prédio é completamente comum,
embora, pelas ações de Barton ou das Brumas, nem um
único veterano de guerra viva ou visite lá. Barton não
precisa de fortificações extravagantes ou armadilhas.
Ele aguarda ansiosamente o dia em que alguém com a
intenção e a habilidade de lutar contra ele o encontrará
aqui. Ele conhece este edifício intimamente e é fascina-
do em descobrir como um conflito poderia se desenrolar
aqui. Na verdade, ele escolheu o prédio na rua Cedro nº
35 exatamente porque seria um belo campo de batalha.
O EXPERIMENTO DOS QUEIMADORES
Para os ataques coordenados em larga escala
e multifacetados com os quais Barton sonha
regularmente, ele precisa de comandantes me-
lhores. Para adquirir tais líderes, Barton tentou
fazer o que apenas alguns Avatares fizeram:
forçar Dormentes a despertarem. Normalmen-
te, Dormentes tocados pelos poderes de um
Avatar podem atingir o nível de consciência de
um indivíduo Tocado. Ao contrário das pessoas
tocadas por seus próprios Mythos, aqueles
Tocados por um Avatar retornam à sua vida
Dormente uma vez que a influência do Avatar
esteja fora de cena. Barton precisava de mais,
então empurrou alguns pobres veteranos além
do limite. Na maioria dos casos, o resultado era
instável para dizer o mínimo, mas Barton logo
descobriu que Limítrofes descartáveis podem
ser tão úteis para suas operações quanto os
estáveis.
3 · P E R I G O S E AVATA R E S | 187
 A HISTÓRIA DE BARTON
Aos 40 anos, Barton é um Avatar relativamente
novo. Não muito tempo atrás, ele serviu como ofi-
cial de operações secretas em algumas das opera-
ções mais secretas do exército. Seu despertar para o
Mythos da Lança foi um processo longo e tortuoso
que começou quando ele voltou da guerra, sofrendo
de um amplo espectro de condições pós-traumáti-
cas, bem como um fardo insuportável de dor, raiva
e culpa. Seu sofrimento contínuo culminou em um
suicídio planejado que ele nunca realizou. Quando
finalmente apontou sua velha arma militar para a
cabeça, ele teve uma epifania. Ele queria superar e
derrotar sua depressão, assim como qualquer outro
oponente que encontrou no campo de batalha, e
essa decisão o abriu para a Lança.
Nos anos seguintes, Barton saiu da rotina em que
estava. Ele começou a treinar novamente e se desa-
fiou a realizar objetivos impossíveis. Ele aspirava a
se tornar um estrategista e lutador superior, ainda
melhor do que era antes, e agora tinha os conselhos
dos maiores mestres da guerra ecoando constante-
mente em sua cabeça. Ele lutou nos ringues da Zona
Industrial, onde perdeu muitas vezes, mas ganhou
ainda mais. Depois de dois anos, ele se tornou a
segunda pessoa a superar Ed Sonhos, o campeão e
proprietário do clube Cumbuca (depois de perder
para ele quatro vezes no ano anterior). Ele estava
pronto para seguir em frente.
Bêbado de poder e superioridade, Barton deu início
a seu hábito de se aliar aos oprimidos em busca de
desafios maiores. Ele esteve pessoalmente envol-
188| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
vido em inúmeros conflitos na cidade: guerras de
gangues nas favelas, aquisições hostis de bolsas
de valores, campanhas de difamação na mídia.
A Lança o levou a se atirar contra os melhores
profissionais da cidade e a se tornar melhor, mais
inteligente e mais forte. Mas ele logo aprendeu que
a guerra deve cobrar seu preço. Pessoas inocentes
foram mortas em uma situação de reféns que ele
orquestrou e, pior, ele sabia que isso aconteceria
porque fazia parte do plano. Enquanto estava so-
bre o corpo de uma daquelas pobres almas, Barton
percebeu que, enquanto a Lança o estava libertan-
do de sua fraqueza, ela o estava condenando a uma
inquieta vida de remorso. Foi um momento crítico:
Barton teve que escolher entre a vitória e a paz.
No fundo, Barton é fraco. Como Avatar da Lança,
ele é durão em qualquer luta. Ele detém uma base
de conhecimento imensa e em constante expansão
sobre os principais jogadores no jogo de poder da
Cidade, graças à sua vasta rede de informantes. Ele
é o líder de um exército de veteranos obstinados
dispostos a morrer por ele em um piscar de olhos.
Mas, quando se trata de enfrentar a Lança, Bar-
ton é derrotado. As vozes em sua cabeça sempre
vencem e ele sempre cumpre suas ordens. Em
algum lugar dentro dele, ainda há uma mancha de
humanidade que não quer ser um instrumento de
guerra e ainda anseia pela paz. Mas Barton fez sua
escolha: para ser sempre vitorioso, ele tinha que
perder para a Lança.
SEMENTES DE HISTÓRIA
DE BARTON
• Um conflito violento entre gangues de rua, polí-
cia, organizações criminosas e/ou vigilantes locais
pode chamar a atenção da galera. Se investigarem
ou mesmo tentarem mediar, podem descobrir que
um terceiro está instigando o conflito, levando-os a
uma célula das Pontas de Lança de Barton.
• Uma equipe esportiva menosprezada chega mila-
grosamente ao topo da liga ao longo da temporada.
Acusações de uso ilegal de estimulantes levam a
relatos de tensões no vestiário. Se a galera não
intervier, haverá sangue.
• Uma explosão em uma instalação de segurança
máxima do Helix Labs está sendo silenciada. Se a
galera for capaz de penetrar no laboratório agora
ainda mais fortificado, pode descobrir que armas de
alta tecnologia foram roubadas por uma equipe de
Queimadores.
• Uma das Pontas de Lança de Barton poderia contra-
tar a galera para fazer um trabalho. Quando a galera
termina o trabalho, descobre que foi usada como
um instrumento para instigar uma guerra muito
maior.
• Barton pode ter interesse pessoal na galera, espe-
cialmente em personagens principais que demons-
trarem proezas marciais ou genialidade estratégica.
Ele então tentará repetidamente eliminar a galera
ou cultivar o conflito interno para expor o guerreiro
verdadeiramente superior entre eles.
MOVIMENTOS PERSONALIZADOS
DE BARTON
Cidade Devastada pela Guerra: No início de cada
sessão, a galera rola + [nível da condição devastada
da Cidade]. Em 7-9, a MC escolhe dois. Em 10+, a MC
escolhe três:
• Uma figura ou organização de destaque na cidade é
alvejada por um grupo desconhecido, fica enfraque-
cida e, em seguida, torna-se vítima de sua oposição
natural. A Cidade recebe devastada-pela-guerra-1.
• Organizações ou gangues rivais escalam o con-
flito a uma guerra aberta nas ruas e espectadores
inocentes são pegos no confronto. A Cidade recebe
devastada-pela-guerra-1.
• A polícia ou os militares usam força desmedida para
restaurar a ordem, sem sucesso. A Cidade recebe
devastada-pela-guerra-1.
• Um gigante financeiro sofre um grande infortúnio
e entra em colapso, derrubando a economia. As
pessoas recorrem a saques e assaltos para encontrar
comida. A Cidade recebe devastada-pela-guerra-1.
• Uma população oprimida processa com sucesso a
Cidade em busca de indenização. Outras comuni-
dades desfavorecidas protestam e todos os lados se
revoltam e se enfrentam nas ruas. A Cidade recebe
devastada-pela-guerra-1.
Esta condição só pode ser reduzida por ações apro-
priadas que afetem toda a Cidade. No nível de qualifi-
cador 5, a Cidade está efetivamente em um estado de
guerra interna e é fechada. No nível de qualificador 6,
a Cidade é irrevogavelmente transformada ou destruí-
da, à escolha da MC.
Em caso de falha, sua galera ganha uma Dica sobre os
verdadeiros instigadores desses confrontos.
PERIGOS DE BARTON
PONTAS DE LANÇA yyy
Para representar uma equipe de Pontas de Lança,
use o perfil de Perigo Equipe da SWAT/Segurança
de Elite. Aumente seu movimento de vantagem
tática para vantagem-tática-3 ou remova três níveis
de qualificador de condições táticas. Além disso, as
Pontas de Lança têm os seguintes movimentos:
Desaparecer na População: Como um movimento
forte, as Pontas de Lança podem desaparecer de
cena. Sempre que alguém estiver procurando por
elas, acrescente falta de evidências e perdidos nas
massas à cena.
Combate Singular: Quando uma única Ponta de
Lança estiver lutando sozinha em combate próxi-
mo, como um movimento forte, adicione um rótulo
para sua arma favorita, como machado, clava, faca
de combate, katana, nunchaku, sai, etc. Enquanto a
Ponta de Lança tiver o rótulo, ela pode impor feri-
mento-horrível-4 ou prestes-a-desmaiar-4.
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 189

QUEIMADORAS yyyy
Para representar uma equipe de Queimadoras, use o
perfil de Perigo Equipe da SWAT/Segurança de Elite,
reduza seu fator de tamanho para 1, aumente todos
os seus efeitos de movimento em um e adicione am-
bos os movimentos das Pontas de Lança. Além disso,
as Queimadoras têm os seguintes movimentos:
QUEIMADORAS REGULARES
PERDER AS ESTRIBEIRAS 3
Explosão Violenta: Quando o espectro de perder-
-as-estribeiras chegar ao máximo, a Queimadora fica
permanentemente furioso e ataca o que mais a irritar.
Indomável: Quando uma queimadora furiosa so-
frer uma condição psicológica ou de incapacitação,
reduza o nível da condição em 2.
Se recompor e tente avançar (remova 1 nível do
espectro de perder-as-estribeiras)
JANE RADCLIFF
Arma Improvisada: Como uma intrusão da MC e
supondo que ela esteja desarmada, Jane pode pegar
um objeto no ambiente e receber um rótulo para
usar com Combate Singular.
Rainha da Luta de Facas: Se Jane tiver um rótulo
descrevendo uma faca, aumente o nível de qualifica-
dor de condições provocadas por Combate Singular
para 5.
Rebelde: Quando Jane sofrer uma condição psicoló-
gica ou de incapacitação, reduza o nível de qualifica-
dor da condição em 1.
Desarmar um oponente (queime um rótulo descre-
vendo uma arma)
BELAY THERON
Escudo Nguni Ancestral: Quando Belay entrar em
cena, recebe um escudo espiritual (além de sua condi-
ção de Armadura Corporal). Se este rótulo for remo-
vido, a MC pode renová-lo como um movimento fraco
depois que um jogador fizer um movimento sem ele.
Lança Iklwa Ancestral: Como um movimento fraco,
Belay pode criar ou recriar o rótulo lança Iklwa espiri-
tual, o qual ele pode usar com Combate Singular.
Formação de Chifre de Touro: Uma vez por
sessão, Belay pode convocar os espíritos dos guer-
reiros zulu e se tornar um coletivo com fator de
tamanho 1 durante a cena.
190| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
PAWEL ZIMA yyyyy
A lenda da Rosa Branca de Breslávia conta a história de
um padre que se apaixonou por uma bela mulher e, após
sua infeliz morte, plantou um arbusto de rosas brancas
em seu túmulo. O próprio padre morreu quando passou
uma noite em uma sala onde um buquê de rosas brancas
do arbusto foi deixado para ele. Desde então, qualquer
pessoa que encontrasse uma rosa branca em seu assen-
to na catedral morreria nos próximos três dias.
Quando Paweł Zima coloca uma rosa no assento de
alguém, a pessoa morre como na lenda. Mas o que o leva
a escolher um alvo em vez de outro? Ele é um vingador,
protegendo vítimas indefesas? Ele é um fanático religioso,
visando os injustos? Ele é um representante do Destino?
FERIR OU INCAPACITAR 5
• Maldição da Rosa Branca: Quando Paweł Zima
tiver marcado um alvo, o alvo morrerá nos próximos
três dias em um acidente, devido a uma condição
médica imprevista ou nas mãos de outra pessoa. A
MC pode Fazer Algo Horrível Acontecer como uma
intrusão uma vez para refletir isso.
• Perfume Assassino: Como um movimento fraco,
Paweł Zima pode se transformar em uma nuvem
incolor de odor de rosa que de outra forma seria in-
detectável e entrar em qualquer espaço que não seja
hermeticamente selado. O máximo de seu espectro
de ferir-ou-incapacitar torna-se –. Ele pode reassu-
mir sua forma física como um movimento fraco.
• Inescrutável: Para fazer uma pergunta à MC sobre
Paweł Zima, você deve gastar três Dicas em vez de
uma. De acordo com a MC, você pode combinar
Dicas com outro jogador.
• Adversário Mortal: Quando você atacar Paweł
Zima, ele aparece próximo a você das sombras, se
desejar. Você primeiro sofre invalidez-5 ou punhala-
da-no-coração-6, à escolha da MC.
• Bênção: Quando Paweł Zima sofrer uma condição de
uma fonte que for inerentemente maligna ou som-
bria, reduza o nível do qualificador da condição em 2.
• Adagas Envenenadas: Uma vez por sessão, Paweł
Zima pode usar envenenar suas adagas. Qualquer
pessoa que sofrer uma condição por suas adagas
sofre envenenamento-3. Como um movimento forte,
a MC pode aumentar o nível de qualificador de uma
condição de envenenamento em um.
• Enfrentar uma ameaça com artes marciais e suas
adagas (invalidez-5 ou punhalada-no-coração-6)
• Marcar alguém colocando uma rosa branca em seu
assento ou em outro lugar onde possa ser encontrada
• Desaparecer nas sombras e deixar a cena (Negar
Algo Que Estão Querendo)
3 · P E R I G O S E AVATA R E S | 191
 ISABELLA AGUILAR
Xochiquetzal, Senhora das Penas e Flores, deusa asteca da beleza
“O show estava no auge quando cheguei lá. Eu conseguia ouvir as fãs gritando e a banda de-
tonando através da fumaça no clube. As coisas têm sido, tipo, diferentes para mim desde que
tive essa visão, então eu estava fora de sincronia com a cena. Eu perguntei a um cara sobre a
banda. Ele me olhou com desdém e disse que era a banda de Adam Drake e que eles eram o
assunto da semana. Francamente, eu achei a música de Drake bastante medíocre, mas todos
os outros pareciam hipnotizados. Bem, eles de fato estavam. ”
–Fagulha

192| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Todos conhecem Isabella Aguilar – ela é
a maior estrela da Cidade. Seu rosto está
em todos os prédios do centro em out-
doors gigantes e sua música é tocada em
todas as estações de rádio convencionais.
Os fãs adoram o chão em que ela pisa, os
programas de TV e os colunistas de fofo-
ca cobrem todos os seus movimentos (e
roupas) e os descolados adoram odiá-la.
Mal sabem eles que a diva Isabella é uma
deusa real de carne e osso.
Isabella quer que o mundo seja bonito para todos.
Ela imagina um mundo onde a humanidade vive em
harmonia com a natureza, onde as flores florescem
e desabrocham em todos os lugares e belos pássa-
ros com plumagens brilhantes e coloridas voam sob
os múltiplos tons do nascer do sol. Se pudesse, ela
substituiria todas as estruturas de concreto e metal
na Cidade por uma selva exuberante onde as pessoas
poderiam viver felizes e todas as suas necessidades
seriam atendidas. Isabella quer reconstruir o paraíso,
e ela secretamente nomeou sua visão em homenagem
ao lar mítico de seus Mythos: Tamoanchan.
Não dá para negar que Isabella está usando seu status
de celebridade para apoiar uma boa causa. Em cada
apresentação pública que faz, Isabella chama seus fãs e,
na verdade, o mundo inteiro para retornar a um esta-
do de amor e harmonia, para apoiar a preservação da
beleza ecológica do planeta e para proteger as espécies
ameaçadas (de pássaros, especialmente). Ela usa sua
influência para promover políticos e iniciativas “verdes”
e para pressionar o governo a agir onde as engrenagens
da burocracia movem-se muito lentamente, mas sempre
com bondade e graça incomparáveis. Entre a população
geral da Cidade, ela é um consenso absoluto, e mesmo
os poucos que não gostam de sua música valorizam sua
contribuição para a construção de um mundo melhor.
Mas a Senhora das Penas e das Flores, quando irrita-
da, pode ser implacável. Isabella está escondendo um
grande segredo sob sua bela plumagem e por trás de seu
sorriso perfeito: ela tem raiva da humanidade há muito
tempo por causa da destruição estúpida da beleza natu-
ral. Por mais de duas décadas, ela liderou uma organiza-
ção ecoterrorista que atingiu violentamente a infraes-
trutura da cidade vez após vez e a deixou de joelhos.
Ninguém sabe que essa compassiva promotora do amor
e da paz mundial também é uma terrorista e, às vezes,
uma assassina implacável. Isabella planeja continuar
assim, pelo menos até o momento certo de dominar a
Cidade e transformá-la no paraíso que imagina.
VISÃO GERAL DE ISABELLA
Agenda: transformar a Cidade em um paraíso
verdejante
MO: celebridade filantrópica durante o dia, eco-
terrorista durante a noite
Lição: abraçar a beleza da natureza
Motivos: flores, pássaros e penas, borboletas,
persona de celebridade, dois pesos e duas me-
didas para compaixão
Linhas de Frente: ecoterroristas mundanos
(agentes de Tamoanchan), Donzelas Cisne,
Influenciadores
Fortaleza: o Arboreto
MODUS OPERANDI DE ISABELLA
Isabella percebe que a mudança que deseja realizar
é monumental. Por mais enamorados que estejam
por ela, os residentes da Cidade detestam se desfazer
de seus alimentos hiperprocessados e dos confortos
urbanos manufaturados. Já que ela nunca gostou de
conflitos diretos e não tem nenhuma intenção de
aterrorizar a humanidade até a submissão (muito),
Isabella se concentra em garantir um domínio profun-
damente enraizado sobre a opinião pública.
Isabella passa todos os momentos possíveis fazen-
do aparições públicas, não apenas porque é vaidosa,
mas também porque é uma parte importante de seu
esquema. Sua voz, em particular sua voz cantada, tem
um efeito encantador em qualquer pessoa que a ouvir.
Como se ouvissem uma mensagem subliminar irresis-
tível, as pessoas começam a adotar os pontos de vista
e opiniões de Isabella, mudando suas preferências
para combinar com as dela e, aos poucos, alterando
seu estilo de vida para se alinhar com o que ela prega.
Por causa das Brumas, esse efeito mágico alarmante é
mais forte quando as pessoas estão perto dela e podem
ouvir sua voz diretamente, mas Isabella é poderosa o
suficiente para alcançar as pessoas pelo rádio ou mes-
mo por meio de seus álbuns gravados – simplesmente
leva mais tempo e exige exposição repetida ao seu
conteúdo. Ela, portanto, incessantemente faz shows,
campanhas beneficentes e se reúne com formuladores
de políticas e formadores de opinião. Qualquer coisa
para espalhar sua voz.
Quanto mais exposição cultural Isabella tem, mais
os cidadãos da Cidade se apegam a todas as coisas
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 193
 naturais, a ponto de se tornarem mais protetores
das plantas e da vida animal do que da vida ou das
necessidades humanas. Mesmo o exterminador mais
frio, depois de ouvir suas canções, pode ter um es-
tranho devaneio onde corre por campos verdejantes
com pássaros, coelhos, veados, ratos e baratas. Isa-
bella sabe disso, mas ela também sabe que não pode
alcançar a todos através de um único meio. Portanto,
ela trabalhou duro para ampliar sua base cultural,
erguendo um império comercial em torno da marca
com seu próprio nome: ela vende roupas, perfu-
mes, cosméticos e até móveis de jardim. Ela tem sua
própria gravadora, ela administra uma rede de spas e
restaurantes saudáveis, etc., tudo para alcançar mais
pessoas. Ela também usa sua fortuna para comprar
propriedades e aumentar o tamanho dos parques e
jardins da cidade. A maioria dos residentes adora
essa iniciativa, mas a invasão do espaço residencial
da cidade está afetando o mercado imobiliário, tor-
nando a habitação menos acessível.
Infelizmente, no entanto, os regulamentos munici-
pais e a opinião pública pouco fazem para evitar que
corporações gananciosas poluam o ambiente natural
da Cidade. Este aspecto do desrespeito da humanidade
à beleza é tratado pela célula ecoterrorista de Isabella,
chamada Tamoanchan por causa de sua visão. Publi-
camente, ela fala abertamente sobre a necessidade
de Tamoanchan de confessar e escolher o caminho
da compaixão. Nos bastidores, ela concede poderes
míticos aos membros dessa organização, fornecendo
amplo financiamento e equipando-os com Relíquias.
Tamoanchan é o lado sombrio e vingativo de Isabella:
eles bombardeiam sedes corporativas e assassinam
executivos responsáveis ​​pela destruição da natureza.
Eles liberam algas no sistema de água, entupindo-o e
enviando o público para as fontes naturais, causando
pânico e perturbação. Eles desligaram a energia da
cidade várias vezes, fazendo exigências ultrajantes.
Eles não vão parar por nada para alcançar o objetivo de
Isabella. Na verdade, estão trabalhando em um agente
biológico que pode digerir rapidamente o cimento,
uma substância que terá um papel fundamental no pla-
no de Isabella de transformar a Cidade em um paraíso
verde exuberante.
194| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
OPERAÇÃO DA ISABELLA
A operação de Isabella tem dois ramos: o ramo públi-
co e o ramo ecoterrorista.
P E R S O N AG E N S P R I N C I PA I S
O ramo público é efetivamente administrado pela as-
sistente pessoal de Isabella, AMANDA BARNES (Ben-
zaiten, deusa japonesa de tudo que flui: água, tempo,
palavras e música). Amanda concorda totalmente com
as opiniões de Isabella sobre questões ecológicas e é
provavelmente sua fã número um. Ela também é um
dos principais ativos de Isabella, gerenciando com
maestria sua agenda apertada (um pouco de flexão do
tempo vai longe) e navegando nas delícias de admi-
nistrar uma empresa de sucesso. Manter um ar de
profissionalismo tem sido cada vez mais difícil para
Amanda, que vem desenvolvendo sentimentos em
relação à chefe. Ela sabe que Isabella é mais do que
aparenta e está ciente dos poderes de sua chefe, mas
suas sensibilidades Limítrofes lhe dizem que explorar
adiante penderia a balança demais para o seu Mythos,
então ela deixa as coisas como estão.
A outra pessoa permanentemente presente ao lado de
Isabella é seu guarda-costas, um ex-lutador profis-
sional chamado TROVÃO KINCAID (Quetzalcoatl,
a serpente emplumada). Como filho mitológico de
Xochiquetzal e uma criatura emplumada, Kincaid é
altamente suscetível aos poderes de persuasão de
Isabella e obedece a todos os seus comandos, embora
não seja necessariamente um defensor de sua agenda.
Tão rápido como um furacão e tão poderoso quanto
o sol, Kincaid é um poderoso Portal por conta própria
e fornece toda a proteção que Isabella precisa, até
mesmo de Portais perigosos (embora a mídia às vezes
questione sua capacidade de protegê-la devido à sua
falta de formação adequada). Por enquanto, Isabella
tem controle total sobre ele, mas o destino de Quet-
zalcoatl pode estar além de suas manipulações.
Isabella frequentemente seleciona indivíduos proe-
minentes de sua base de fãs ou da sociedade em geral
para servir como seus embaixadores, promovendo seus
produtos e expandindo sua presença na vida cultu-
ral da cidade. Esses INFLUENCIADORES são muitas
vezes presenteados com as roupas de edição limitada
ou produtos cosméticos de Isabella, o que lhes dá uma
fração de seus poderes de encantamento e fascínio,
impulsionando sua popularidade e ajudando-os a es-
palhar a palavra, tornando-os fãs fervorosos de Isabella
e sua agenda. Um desses criadores de tendências é o
cantor e compositor folk e galã hipster ADAM DRAKE,
que assinou contrato com a gravadora de Isabella, que
também lhe forneceu o violão rústico que o ajuda a
 operação
iceberg da ella
de isab

Dormente
Fã
consu s e Agentes de
midor Tamoanchan
es

Tocadas

Influ
Adam Drake encia Donzelas Cisne
dores

Limítrofe
o
Amanda Ba o Grup o de
rnes O QG d ilar Santuári
Agu Aves

Lendárias
a
Trovão Kincai
d
Essências Natash v
e
Alma Verde Vasili

Avatar

Isabella Arbore
to
Aguilar

conquistar públicos que Isabella acha difícil de alcan-
çar. Adam exemplifica como a operação de Isabella,
disfarçada como O Grupo Aguilar, usa as indústrias
mundanas de entretenimento, cosméticos e recreação
para gerenciar os Influenciadores sem nunca envolver
a própria Isabella.
O ramo terrorista de Isabella é administrado por
NATASHA VASILIEV (Artemis), uma ecoterrorista
altamente treinada com um rico histórico criminal. Os
motivos e a agenda do Mythos de Natasha se alinham
quase perfeitamente com os de Isabella, com a princi-
pal diferença de que Natasha não fala muito. Ela está
mais preocupada em impedir o abuso sem sentido da
natureza pela humanidade e está disposta a ir longe
para alcançar seus objetivos. No campo, nada escapa
de Vasiliev ou de seu arco composto. Ela pode atingir
os inimigos da natureza com flechas que os fazem não
apenas sangrar, mas também contrair doenças, sofrer
infortúnios ou perder seus entes queridos. Além de
continuar sua campanha de terror contra os poluido-
res da Cidade e seus apoiadores, sua responsabilidade
mais urgente é apoiar o desenvolvimento de uma
substância mítica que poderia transformar a Cidade
em uma floresta exuberante mais uma vez. Isso inclui
a aquisição de duas coisas que atualmente pertencem
à Helix Labs: o produto de um projeto denominado
DRYAD e o cientista-chefe do projeto.
Natasha trabalha com diferentes Portais e agentes
Dormentes para cumprir os objetivos de Tamoanchan.
Esses ativos remotos, sejam um indivíduo ou uma
célula de operativos, são muitas vezes contatados e
gerenciados por manipuladores chamados de DON-

3·P E R I G O S E AVATA R E S | 195

 ZELAS CISNE. As Donzelas Cisne recebem vestimen- trizes e até uma fênix. Suas penas são costuradas em
tas com penas que as permitem voar e se disfarçar, o hagoromos, as vestes das Donzelas Cisne, para lhes
que as torna muito difíceis de serem interceptadas. dar diferentes poderes. As Donzelas Cisne protegerão
Cada Donzela Cisne passa por uma avaliação meticu- este lugar ao custo de suas próprias vidas – ou a vida
losa antes de ingressar na Tamoanchan e um trei- de outras pessoas.
namento rigoroso depois disso. Uma vez que vestem
Com sua vida pública ocupada, Isabella não tem
suas roupas de penas e alçam voo pela primeira vez,
muito tempo para si mesma. Ela mantém alguns
elas invariavelmente se tornam crentes fiéis na causa
apartamentos e casas (a maioria no centro ou em um
de Tamoanchan graças aos poderes de Isabella.
dos condomínios fechados), mas quando precisa de
Sob a orientação das Donzelas Cisne, os AGENTES um descanso da intensidade de sua operação, ela vai
TAMOANCHAN têm como alvo os inimigos da na- para o antigo ARBORETO, um jardim público coberto
tureza na Cidade, deixando caos e destruição em seu de mato no Centro Histórico que foi abandonado anos
rastro. Eles não estão acima de sequestrar e ameaçar atrás. O lugar serve como um ponto de passagem para
familiares de tomadores de decisão ou pulverizar um um Enclave da lendária Tamoanchan (o lugar míti-
parque da cidade lotado de pessoas com sangue de co, não a organização terrorista que leva seu nome).
animal para demonstrar seu ponto de vista. A maioria Curiosamente, os visitantes têm opiniões divergentes
deles não tem prazer em machucar os outros, mas sobre este lugar. Natasha não gosta dele. Situado nas
fará o que for necessário para proteger os filhos da nuvens e com ventos que cortam como navalhas, é
natureza do que eles percebem como a fera menos ventoso e selvagem demais para o seu gosto e nada
natural de todas: a humanidade. sereno, uma versão um tanto louca do paraíso com
uma árvore que sangra sangue humano em seu centro
LO CAÇÕ E S P R I N C I PA I S (asteca, afinal). Trovão Kincaid, por outro lado, o
O ramo público da operação de Isabella está centra- acha revigorante. É o único lugar na Cidade em que
do em torno do QG DO GRUPO AGUILAR, um belo ele pode se deixar levar e se transformar totalmente
arranha-céu construído inteiramente com materiais na enorme serpente emplumada que ele é. Isabella
duráveis, porém biodegradáveis, desenvolvido pelos ignora os dois. Ainda presos nas armadilhas de uma
próprios laboratórios do Grupo e ostentando um pro- vida mortal, eles não entendem o que é a verdadeira
jeto arquitetônico engenhoso que combina elementos beleza, julgando-a apenas pelo que é agradável ou
naturais e amenidades modernas. Isabella ainda não desagradável para eles. Isabella não se limita mais a
se impressiona com essa monstruosidade urbana, mas essa forma de pensar. Ela pretende mostrar ao mundo
reconhece o papel que ela deve desempenhar como sua o significado de magnificência inspiradora.
legítima fachada. A maioria das atividades do Grupo
Aguilar são gerenciadas a partir daqui, incluindo uma
gravadora, uma linha de roupas, uma linha de produtos
cosméticos, uma marca de instrumentos musicais, uma
revista, uma rede de spas, resorts e restaurantes, etc.
A verdadeira “ciência” acontece na ESSÊNCIAS
ALMA VERDE, uma empresa de cosméticos inde-
pendente que, no entanto, é controlada por Isabella
e seus encantos. É aqui que os produtos encantados
de Isabella são fabricados por herbolários e botâni-
cos dotados de seus conhecimentos misteriosos das
propriedades mágicas das flores. Em outra instalação,
a Essências Alma Verde também cria todos os agentes
biológicos usados pela Tamoanchan e está trabalhan-
do para criar a fórmula da substância final de Isabella.
Um obscuro SANTUÁRIO DE PÁSSAROS em algum
lugar na orla do parque é usado para criar todo tipo de
pássaros e borboletas lendários. Essas criaturas, que
eclodem de ovos e casulos roubados por Tamoanchan,
ficam de boa-vontade neste lugar e servem Isabella.
Atualmente, possui uma roca, dois grifos, cinco coca-

196| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
HISTÓRIA DE ISABELLA
Apesar do que sua aparência jovem possa sugerir,
Isabella é uma Avatar há algumas boas décadas. Xo-
chiquetzal despertou dentro dela quando adolescente,
cantando os últimos sucessos em sua vizinhança do
proletariado enquanto as pessoas paravam para ouvir
debaixo de sua janela. Ela soube então que queria le-
var beleza e amor ao mundo, a todas as pessoas. Uma
gravadora a contratou logo em seguida e ela se tornou
um sucesso da noite para o dia.
Apesar de sua vida secreta como um Portal, Isabella
se casou várias vezes e teve uma filha, Paloma, a quem
amava mais do que tudo. Com o passar dos anos,
Paloma foi crescendo e ficando cada vez mais bonita.
Xochiquetzal, entretanto, queria que Isabella lutasse
por um paraíso na Terra. Isabella passou a expor suas
opiniões mais publicamente, protestando em comí-
cios, queimando pneus nas ruas. Ela foi presa, solta e
teve que lutar pela custódia da filha com o ex-marido,
que a considerava inadequada para ser mãe. Seu su-
cesso e dinheiro fizeram todos esses problemas desa-
parecerem, mas eles não satisfizeram Xochiquetzal.
SEMENTES DE HISTÓRIA
DE ISABELLA
• Os shows de uma banda de rock emergente repeti-
damente explodem em tumultos violentos, atraindo
a atenção da galera. A galera investiga os bastidores
e descobre que o empresário da banda é um Influen-
ciador e que ele alterou o sistema de som para incluir
a música de um instrumento musical mítico.
• A galera poderia ser recrutada por uma Donzela Cisne
para atacar e fechar uma fábrica na Zona Industrial
que está poluindo ilegalmente a água potável da
Cidade. Eles podem ou não descobrir que, enquanto
mantinham a equipe de segurança da fábrica ocupada,
a Donzela Cisne roubou um soro experimental de um
cofre no laboratório da fábrica.
• Em um jantar de gala beneficente financiada pelo
Grupo Aguilar e com a presença da galera, alguns
convidados levam todos os presentes como reféns
até que a Câmara Municipal responda às suas exi-
gências irrealistas. A galera deve resolver a situação
Ela protestava contra a demolição de um parque no
Centro Histórico com Paloma ao seu lado quando os
incorporadores imobiliários decidiram que já tinham
aguentado o suficiente e enviaram as escavadeiras
para assustar os manifestantes. Isabella não se mexeu,
segurando a filha atrás dela. Ninguém sabe realmente
o que aconteceu naquele momento, talvez nem mes-
mo Isabella. A escavadeira atingiu a criança, ferindo-a
mortalmente. Foi um acidente? Alguém mais estava
envolvido? Ou Isabella sacrificou seu passarinho mais
precioso para salvar o parque? Ela sabia que não po-
deria salvá-la, não como uma mortal, então permitiu
que Xochiquetzal entrasse e, usando seus poderes,
transformou Paloma em uma árvore. Essa árvore
então se tornou o centro do Enclave de Tamoanchan.
O parque a ser demolido era o Arboreto.
Mesmo tomada pela dor, Isabella ficou maravilhada
com a beleza de Tamoanchan. Ela não podia escapar
da compreensão de que a verdadeira beleza requer o
maior sacrifício, uma lição que jurou transmitir aos
habitantes da Cidade.
e descobrir se esta é uma revolta espontânea (traba-
lho dos Influenciadores e produtos de Isabella) ou
uma infiltração organizada e ataque por membros
do Tamoanchan.
• Um corpo aparece na relva da galera coberto com
manchas verdes semelhantes a fungos. Se a galera
investigar, isso os levará a um campo de testes para
uma versão instável do agente biológico DRYAD:
um projeto de arranha-céu abandonado nos arredo-
res da Cidade, onde prédios inteiros desabam e se
transformam em sujeira bioativa que brota agressi-
vamente a vida vegetal.
• A própria Natasha Vasiliev atribui à galera a missão
de encontrar uma flor lendária única, vital para a
conclusão de seu projeto DRYAD. Em troca, ela pro-
mete fortuna, fama ou uma poção de que um deles
precisa desesperadamente. A flor é virtualmente
impossível de encontrar ou recuperar. Ela pode estar
escondida no castelo de outro Avatar, nas profunde-
zas de um Enclave perigoso, nas mãos dos Guardiões,
ou mesmo fora da Cidade.
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 197
 MOVIMENTOS PERSONALIZADOS
DE ISABELLA
Uma Nova Tendência: Toda vez que você tiver um
tempo de inatividade e optar por dar atenção a um
tema de Logos, alguém relacionado a esse tema co-
meça a falar sobre o estado ecológico da Cidade, o que
mais pode ser feito pelos animais e pela vida selva-
gem ou uma nova figura pública que está chamando
para regular a poluição e construção. A pessoa recebe
seguidor-2.
PERIGOS DE ISABELLA
Para agentes Tamoanchan, use Brutamontes ou Equi-
pe de Assalto.
INFLUENCIADORAS yy
Para representar uma Influenciadora, use o perfil
de Perigo Arroz de Festa. Além disso, uma Influen-
ciadora tem os seguintes movimentos:
Popular: Quando você envergonhar ou ameaçar
publicamente uma Influenciadora, você primeiro
sofre humilhação-3 pelas vaias dos fãs dela.
Influenciar uma audiência e transformá-la em seus
seguidores (seguidor-2) ou enganar um indivíduo
com seus encantos (encantado-2)
198| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
HERBOLÁRIA ALMA VERDE yy
As herbolárias da Alma Verde geralmente ficam
confinadas em seus laboratórios. Elas dependem da
segurança ou de agentes Tamoanchan para tirá-las
de problemas, mas, quando as coisas ficam difíceis,
também podem usar sua estranha pseudociência a
seu favor.
PREPARAR MISTURA 3 /
FERIR OU INCAPACITAR 3
• Soro Regenerativo: Como um movimento fraco,
se a herbolária não estiver morta e puder ingerir
seu soro regenerativo, remova qualquer condição
de dano físico que a herbolária tenha.
• Está pronto!: Quando o espectro de preparar
mistura estiver no máximo, a herbolária pode
usar uma mistura da lista abaixo. Remova quais-
quer condições deste espectro.
• Reunir ingredientes
• Trabalhar em uma mistura (estou-trabalhan-
do-nisso!-1, ou quase-pronta-2 se ela tiver os
ingredientes)
• Tentar escapar ou chamar ajuda
Misturas:
• Gás do Sono: Todos ao redor, exceto a Herbolá-
ria, sofrem desmaio-5.
• Fuga Emplumada: A Herbolária se transforma
em um híbrido entre humana e ave e escapa.
• Afrodisíaco: Todos ao redor, exceto a Herbolária,
sofrem romance-5.
• Monstros Fúngicos: Crie um novo Perigo com
um espectro de ferir-ou-incapacitar:4, um punha-
do de membros (fator de tamanho 1) e a capaci-
dade de rastejar e consumir alvos (carne-biode-
gradada-3). Graças aos feromônios aplicados pela
herbolária, estes monstros a evitam.
• Protótipo DRYAD: Um alvo sofre fatalmente-
-biodegradado-5.
3 · P E R I G O S E AVATA R E S | 199
 DONZELAS CISNE yyy
CAPTURAR 4 / FERIR OU INCAPACITAR 3
• Manobras Evasivas: Quando uma Donzela
Cisne entrar em cena, recebe evasiva-3. Se perder
esta condição, a MC pode renová-la como um
movimento difícil.
• Enfeitiçar alguém (sedução-3)
• Atirar em alguém com uma submetralhadora
(ferimento-de-bala-3) ou atingir alguém pra valer
(hematoma-2)
• Voar e desaparecer (Negar Algo Que Estão Que-
rendo)
Além disso, o hagoromo de cada Donzela Cisne
tem um poder especial, dependendo da criatura de
cujas penas é feito:
• Grifo: A Donzela Cisne pode crescer garras de
ferro (estraçalhamento-4)
• Cocatriz: O toque da Donzela Cisne transforma
as pessoas em pedra (petrificação-3).
• Roca: A Donzela CIsne fica maior e ganha força
sobrenatural. Ela recebe um fator de tamanho de
1 (trate-a como um coletivo).
• Rouxinol: A canção da Donzela Cisne pode curar
feridas e evitar a morte (remova até 2 níveis de
qualificador de condições de dano físico)
• Fênix: Quando o espectro de ferir-ou-incapacitar
da Donzela Cisne estiver no máximo, ela se des-
faz em uma grande conflagração e se transforma
em cinzas. Todos ao seu redor sofrem queimadu-
ras-5. O hagoromo se reforma no santuário de
pássaros, mas a Donzela Cisne não.
200| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
AMANDA BARNES yyy
SUBORNAR OU AMEAÇAR – / PARADOXO 4 /
PRENDER LEGALMENTE 4
• Desviar o Fluxo do Tempo: Como uma intru-
são da MC, Amanda pode escapar de qualquer
movimento feito por alguém que não seja um
dobrador de tempo. Ela sofre paradoxo-1.
• Fazer o Impossível Acontecer: Amanda sofre
paradoxo-1 sempre que se esforçar para acomo-
dar a agenda lotada de Isabella Aguilar.
• Paradoxo do Espaço-Tempo: quando o espectro
de paradoxo estiver no máximo, Amanda desmaia
ou se envolve em um acidente de distorção
temporal. Remova todas as suas condições neste
espectro.
• Redação Corporativa: Quando você gastar uma
Dica para fazer uma pergunta com Amanda como
sua fonte, a MC pode escolher dar respostas
vagas, incompletas ou parcialmente verdadei-
ras, parcialmente falsas (como na opção 7-9 de
Investigar).
• Amanda pode controlar o fluxo da água, crian-
do subcorrentes. Ela pode fazer uma pessoa ser
sugada-por-um-redemoinho-4 cajo esteja em um
corpo de água profundo o bastante.
• Chamar a segurança ou a polícia (crie um novo
Perigo: Policiais / Seguranças)
NATASHA VASILIEV yyyy
CAPTURAR OU ULTRAPASSAR 5 / CAPTURAR OU ULTRAPASSAR 6
FERIR OU INCAPACITAR 4
• Deusa Caçadora: Quando Natasha entrar em
cena, recebe alerta-4, furtiva-4, evasiva-4. Se ela
perder alguma dessas condições, a MC pode re-
novar algumas ou todas elas como um movimen-
to difícil. Essas condições não podem exceder o
nível de qualificador 4.
• Arco de Artemis: Quando você receber uma
condição a partir das flechas de Natasha, recebe
uma condição adicional de qualificador 3 à
escolha da MC, representando a flecha usada, por
exemplo, envenenada-3, doente-3, azarada-3.
• Kit de Bolsa Alma Verde: Uma vez por cena,
Natasha pode usar uma das misturas da Herbolá-
ria da Alma Verde como um movimento forte.
• Desaparecer: Uma vez por sessão, Natasha pode
escapar da galera como um movimento fraco.
• Disparar uma saraivada de flechas, atingindo
qualquer número de alvos (ferimentos-de-fle-
cha-3) ou uma flecha letal (ferimento-mortal-5
ou, uma vez por cena, flechada-no-coração-6)
TROVÃO KINCAID yyyyy
/
FERIR OU INCAPACITAR 6
• Invencível: Quando Trovão Kincaid sofrer uma
condição de dano físico, reduza o nível do qualifi-
cador da condição em 5. Quando Trovão Kincaid
sofrer uma condição de incapacitação física, reduza
o nível do qualificador da condição em 3.
• Destino Inabalável: Trovão Kincaid não é afetado
por quaisquer movimentos que alterem seu destino
ou o predeterminem, incluindo movimentos que per-
turbem o fluxo do tempo ou prevejam suas ações.
• Serpente Emplumada: Como um movimento
fraco, Trovão Kincaid pode se transformar em uma
serpente emplumada gigante ou reassumir sua for-
ma humana. Trovão Kincaid pode voar em ambas
as formas.
• Mais Rápido Que O Vento: Uma vez por cena, como
uma intrusão da MC, Trovão Kincaid pode interrom-
per um movimento e fazer um movimento difícil.
• Arranhar, morder, bater com a cauda, desferir um
soco trovejante, queimar com um raio ou assustar
alguém até a morte revelando sua verdadeira face
(morrendo-5 ou praticamente-destruído-5 e queime
um rótulo defensivo)
• Se divertir com tentativas de feri-lo ou lhe passar
a perna
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 201
 KWAKU
Anansi, a Aranha, espírito de todas as histórias
“A ...coisa... aranha estava curvada nas sombras do canto superior do meu quarto, com suas lon-
gas patas esticadas pelas paredes. Ao falar, sibilou com muitas vozes falando palavras diferentes
em línguas estranhas, mas eu entendi. Eu a disse que o que ela pedia era muito perigoso. Ela
me respondeu que meus pais estavam escondendo algo de mim, algo que pertencia a mim, meu
destino. Ela me disse para ir ao escritório doméstico e me mostrou como ignorar o sistema de
segurança e abrir o cofre. Então foi embora, mas tudo mudou para sempre. ”
–Lily Chow

202| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C

Todo mundo adora uma boa história,
mas ninguém mais do que Kwaku No-
bre, Avatar de Anansi, a Aranha. Ele se
senta no centro de sua teia, contando
histórias e ouvindo as histórias que
voltam para ele como tremores nos fios
de teia. Kwaku fica satisfeito quando
uma história que fez é contada repeti-
damente. Ele pondera como tornar suas
histórias melhores e, então, entrelaça-
-as no destino da Cidade.
Algumas pessoas se divertem com a comédia, en-
quanto outras se divertem com uma tragédia. Algu-
mas querem ação, enquanto outras querem drama
ou terror. Kwaku sabe disso melhor do que ninguém.
Anansi não se importa com o que é uma história,
apenas se é divertida e atraente o suficiente para ser
contada repetidamente. Ele está em busca de uma
história especial, um conto de proporções épicas que
será contado por toda a eternidade, e escolheu Kwaku
para sonhar essa história para ele. A missão de Kwaku
é projetar histórias divertidas por toda a Cidade, culti-
vá-las e tecê-las até que uma delas surja como a lenda
que ele procurava.
Kwaku sabe que apenas eventos verdadeiramente
míticos podem fornecer a base para uma lenda como a
que ele procura. Em suas visões, Anansi disse que ele
deveria enganar e capturar três animais: uma píton
vaidosa, um leopardo crédulo e um ninho de vespas
que sirva a si mesmo. Kwaku quer desvendar a verda-
deira identidade dessas feras proverbiais na Cidade.
Conhecendo seus Mythos, ele suspeita que pelo menos
um deles seja um Avatar. Se isso for verdade, atraí-los
para sua teia pode muito bem ser o conto épico que
ele estava procurando, com ele no centro. No entanto,
Kwaku conhece Anansi melhor do que ninguém. Ele
sabe que a velha aranha não gosta de ficar em um lugar
ou apoiar o mesmo protagonista por muito tempo.
Kwaku se pergunta se seu próprio Mythos o está en-
ganando, fazendo dele uma história. Quanto mais ele
pensa sobre isso, mais ele tem certeza disso. Mas, como
agora eles são um, ele também está curioso para ver
como sua própria história se desenvolverá.
VISÃO GERAL DE KWAKU
Agenda: usar a Cidade para contar histórias
divertidas e cativantes
MO: uma rede de mídia privada que não apenas
cobre histórias, mas também as produz
Desejo: entreter-se
Motivos: aranhas, mídia, tecnologia, trapaças
Linhas de Frente: informantes mundanos,
equipes de assalto mundanas, repórteres da
Webflo, Bebês de Piche, Criaturas Noturnas
Fortaleza: Nenhuma
MODUS OPERANDI DE KWAKU
Para encontrar as histórias mais atrativas da Cidade,
Kwaku, um mestre da tecnologia, construiu uma teia
como nenhuma outra, uma teia de palavras e imagens:
uma rede de mídia apelidada de “Webflo”. Este meio
de comunicação, com foco principalmente em notícias
de celebridades e fofocas, cresceu e se tornou uma das
agências investigativas mais engenhosas da Cidade,
desenterrando os furos melhor escondidos e, em seguida,
divulgando-os ao público. A Webflo já revelou centenas
de furos escandalosos e eles não estão diminuindo seu
ritmo. Não existe um político, um empresário ou uma ce-
lebridade que não olhe por cima do ombro ao fazer algo
moralmente errado ou repreensível socialmente para ver
se um repórter do Webflo está tirando uma foto sua.
A rede da Webflo é elaborada. Informantes em todas
as camadas da sociedade ouvem o boca a boca local e
o reportam. Rumores de barbearias, salões de mani-
cure, livrarias e bares são o feijão com arroz de Kwaku,
proporcionando um conhecimento íntimo das idas e
vindas da Cidade. Nenhum segredo está a salvo dele.
Os telefones da central de atendimento da agência
estão constantemente tocando fora do gancho com
notícias empolgantes ou pistas quentes. Muitos infor-
mantes são regulares e praticamente fazem parte da
equipe da Webflo, mas muitos outros são ligações es-
pontâneas que acabaram de ver algo estranho e senti-
ram a necessidade de contar a Kwaku. Se um aconte-
cimento for testemunhado por mais de uma pessoa,
é muito provável que acabe em uma reportagem na
teia de Kwaku. Ele gosta particularmente das histórias
estranhas, as que sabe serem sobre Portais (mesmo
que o informante seja um Dormente total). Estas têm
o maior potencial de explodir em algo grande.
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 203

Dependendo do conceito da sua série e da
época em que você jogar, a Webflo pode usar
diferentes tecnologias para disseminar in-
formações. No entanto, deve sempre usar a
tecnologia mais avançada disponível.
Se você estiver jogando na década de 30, a
Webflo é uma agência de radiodifusão e seus
repórteres fazem anotações em um bloco de
notas. Se você estiver jogando nos anos 80, a
Webflo é um canal de TV popular com equipes
de filmagem dirigindo vans com antenas para-
bólicas por toda a cidade. Nos tempos moder-
nos, a Webflo é uma empresa de internet cujos
vloggers capturam notícias com seus telefones
celulares.
Conforme os relatórios de sua rede fluem para o
centro de comando de Kwaku, ele os examina para
descobrir qual deles poderia evoluir para uma histó-
ria que valesse a pena ser contada. Os repórteres da
Webflo não procuram apenas histórias concluídas,
mas também histórias em potencial. Quando a turma
de Kwaku vê potencial em uma situação emergente na
cidade, o aspecto de contador de histórias de seu mes-
tre entra em ação. Kwaku usa sua operação para inter-
vir ativamente em uma história para torná-la melhor.
De sua experiência, adicionar uma reviravolta caótica
e inesperada a uma história torna-a surpreendente e
estimulante para o público. Kwaku adora botar lenha
na fogueira de uma história em desenvolvimento e
ver como ela se transforma em algo completamente
diferente. Se um casal poderoso estiver ascendendo
rapidamente na escala social da Cidade, ele pode con-
tar uma história embaraçosa sobre um deles para ver
como a suportam ou incitar seu filho a embarcar em
uma aventura perigosa. Se em algum lugar no bairro
proletariado crianças estiverem sendo intimidadas
por um Portal adolescente, Kwaku não está moral-
mente acima de orquestrar o despertar de uma garota
que enfrentará o agressor.
Kwaku tem uma afinidade natural por azarões e pes-
soas menos favorecidas. O tal "veio do nada e conquis-
tou tudo" pode ser banal, mas todo mundo adora uma
história de chorar. Ele não inveja os heróis que cria. As
pessoas tendem a ficar preguiçosas quando o trabalho
está sendo feito para elas, e quanto mais contam com
a ajuda de Kwaku, maior é a tentação de deixá-las por
conta própria e ver como eles se saem (aquela revira-
volta de "o herói perde seus poderes" é outro de seus
favoritos). Kwaku raramente fere seus protagonistas
diretamente, mas certamente garante que suas vidas
204| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
sejam interessantes, às vezes mais interessantes do que
eles gostariam que fossem.
Admirador da tecnologia, Kwaku gosta de presentear
seus protegidos com Relíquias. As Relíquias podem ser
dadas e removidas, o que torna as coisas mais interes-
santes. O pessoal de Kwaku está sempre em busca de
novas Relíquias para adicionar à sua coleção. Quando
chega a hora, Kwaku escolhe o Portal inanimado mais
adequado que possuir e o deixa inesperadamente nas
mãos de um Dormente em necessidade e voilà! Nasce
uma nova lenda.
OPERAÇÃO DE KWAKU
Escondida atrás da fachada da Webflo, a operação de
Kwaku usa o mesmo ramo principal tanto para coletar
informações quanto para criar histórias, com diferentes
ramos laterais da operação responsáveis por atividades
específicas. No espírito de seu criador, Anansi, a opera-
ção é extremamente fluida e adaptativa: em um caso, o
mesmo repórter pode investigar uma história, intervir
nela e então cobrir as consequências, enquanto em
outro caso dez agentes diferentes de Kwaku poderiam
estar envolvidos em diferentes funções, tudo depen-
dendo das circunstâncias.
P E R S O N AG E N S P R I N C I PA I S
As histórias de Kwaku começam com uma pista de
um INFORMANTE em campo. Informantes são na
maioria das vezes Dormentes, mas podem ser qual-
quer pessoa na operação de Kwaku que se depara com
um incidente que vale a pena relatar. A história é
então captada por um REPÓRTER DA WEBFLO, que
geralmente informa à redação que está trabalhando
em algo. Os Repórteres da Webflo são astutos e ma-
nipuladores e podem parecer inócuos ou esquecíveis
(levantando suspeitas entre outros Avatares de que
Kwaku está cooperando com os Guardiões). O repórter
investiga o caso e traça o perfil da história, avaliando
seu potencial valor de entretenimento para Kwaku.
Uma vez estabelecido o potencial de uma história, o
próprio repórter pode decidir intervir ou, se parecer
que a história está fora de seu alcance, repassá-la à
redação. Quando os riscos são excepcionalmente altos,
ADANKO GYASI (Compadre Coelho) assume o coman-
do da redação e garante que a história se transforme
em uma deliciosa bagunça. Geralmente em um elegan-
te e casual terno de linho e um chapéu de palha, Gyasi
é um agente suave e um mestre da mentira, quase tão
astuto quanto o próprio Kwaku. Ele é muito criativo
ao escolher os dilemas para os protagonistas de suas
histórias e pode orquestrar operações complexas para
 operação
iceberg da aku
de kw

Dormente
Centros Histó Alvos abrigando Equipas de
informaç de Informantes r
potenias em Relíquias assalto mundan
ão cial as

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da Bebês
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Limítrofe
da
Redação Naomi Olsen
Webflo

Lendárias

i Casa
Aranha Adanko Gyas Espelhdos
Almas de os

Avatar

Kwaku

fazê-las acontecer. Ele também é um artista da fuga e
saiu ileso de vários encontros extremamente complica-
dos com pesos-pesados de outros Avatares.
Adanko usa sua própria invenção, os BEBÊS DE
PICHE ("Tar Baby" no original), quando é hora de
colocar um protagonista em alguns problemas. Essas
criaturas pegajosas são melhor descritas como teias
de acidentes animadas vestidas em uma inocente
forma humana. Uma vez que um transeunte as cum-
primente, elas irão seguir essa pessoa por toda parte
e colocá-las em qualquer tipo de problema e con-
tratempo possível. Um Bebê de Piche não leva mais
do que algumas horas para manchar o nome de um
membro respeitável da sociedade e até uma semana
para implicar um indivíduo mais astuto. O alvo nunca
deve suspeitar que o Bebê de Piche esteja trabalhando
para outra pessoa. Quando cortados, os Bebês de Pi-
che sangram a substância viscosa e negra como breu
da qual são feitos. Sua outra desvantagem é que sua
fabricação é cara. Adanko não foi capaz de conjurar
um sem a ajuda de Kwaku, pelo menos até agora.
O ramo lateral da aquisição de Relíquias é executado
por NAOMI OLSEN (Loki), uma receptadora e ladra
mestre do Centro Histórico. Olsen coleciona Relíquias
desde antes de Kwaku recrutá-la. Naquela época, ela
financiava seu hobby com a venda de outros artefatos
valiosos que adquiriu de maneiras igualmente ilegais.
Ela usa os recursos da Webflo e sua própria pesquisa
para descobrir onde as Relíquias estão sendo manti-
das na Cidade. Assim que ela marca um alvo, Olsen
envia suas próprias CRIATURAS NOTURNAS para
recuperá-lo. Essas criminosas furtivas dispõem de
algumas das habilidades de Kwaku, como se agar-
rar às paredes e produzir pequenas quantidades de
filamentos pegajosos, apenas o suficiente para puxar
um artefato para suas mãos. Olsen também contrata

3·P E R I G O S E AVATA R E S | 205

 equipes de assalto mundanas formadas por vigaristas, O processo de combinar uma Relíquia a um dos
especialistas em sistemas de segurança, mestres do potenciais oprimidos de Kwaku é complicado. Kwaku
crime, etc. Se o trabalho for mais difícil de realizar, ela deve encontrar um candidato que a Relíquia aceita-
recruta Portais adequados ou faz o trabalho sozinha. ria como seu portador e a Relíquia deve ser útil para
Uma vez que uma Relíquia é obtida, ela geralmente é impelir o candidato ao desenvolvimento da história
bem utilizada por Adanko Gyasi, que usa as Criaturas que Kwaku estiver planejando. Quando o ramo de
Noturnas (ou, se necessário, uma Alma de Aranha, aquisição consegue uma Relíquia para a qual Kwaku
veja abaixo) como entregadoras para levar a Relíquia não tem um candidato imediato, ela é enviada para
ao candidato certo e alterar o curso de seu destino. a CASA DOS ESPELHOS. Trata-se de uma verdadei-
ra casa de espelhos que aparece periodicamente em
Como Kwaku permanece para sempre nas sombras e
diferentes pontos da Cidade: ora em uma feira no
como a maior parte de sua operação é construída a
Centro Histórico, ora nos calçadões ou como parte de
partir de delatores egoístas, ele precisa de mensagei-
um circo que se instala em um terreno baldio da Zona
​​
ros confiáveis para se comunicar com a Webflo e ga-
Industrial. A parte visível é usada normalmente por
rantir que seus interesses sejam protegidos. Para isso,
Dormentes, mas quando Adanko Gyasi ou uma Alma
ele criou as ALMAS DE ARANHA. Como os Bebês de
de Aranha entram, eles podem passar por alguns
Piche, as Almas da Aranha não são Portais nem seres
dos espelhos para um plano fantasma. Seguindo um
humanos: elas são conglomerados de teias e sombras
padrão secreto ao longo do labirinto de espelhos, eles
que Kwaku conjura das almas apagadas daqueles que
podem eventualmente emergir em uma sala segura,
tentam enganá-lo e são enganados em troca, para sua
guardada por uma série de Almas Aranha. Em seu
condenação. Capazes de se materializarem ou torna-
centro está uma cabaça vazia do tamanho de um bar-
rem-se incorpóreas à vontade, Almas de Aranha são
ril (uma fruta seca semelhante a uma abóbora usada
feitas de sombras esfumaçadas impossíveis de captu-
como recipiente). Os servos de Kwaku podem alcan-
rar ou rastrear. Elas podem assumir qualquer forma,
çá-la e armazenar ou retirar uma Relíquia. Para fazer
mas, quando despojadas de suas aparências ilusórias,
isso, deve-se ser capaz de enganar a cabaça para que
aparecem como humanoides altos e magros com pele
ela entregue seu conteúdo.
negra, oito membros longos e um rosto coberto por
orbes verdes que servem como seus olhos. Ninguém O próprio Kwaku não tem um lar permanente. Ele é um
sabe quantas delas existem ou mesmo se são vários andarilho e um contador de histórias, e portanto não
indivíduos. Talvez sejam todas uma única conjura- há nada que goste mais do que caminhar pelas ruas da
ção que pode aparecer em vários locais da Cidade ao Cidade e se misturar com os heróis de suas histórias.
mesmo tempo. Um dia, ele é um homem rico jantando em um res-
taurante chique com um sem-teto que ele pegou na
LO CAÇÕ E S P R I N C I PA I S rua. No dia seguinte, ele poderia ser aquele sem-teto
Os informantes e repórteres da Webflo costumam dedilhando a consciência culpada de uma universitária
operar em CENTROS DE INFORMAÇÃO locais, de privilegiada. Mesmo Kwaku não sabe onde estará ama-
bares da moda no centro da Cidade a cortiços em fa- nhã e não quer saber. Onde está a diversão nisso?
velas. Qualquer boato que se espalhe por esses locais
monitorados chegará à Webflo.
A REDAÇÃO DA WEBFLO está situada no 53º andar
de um proeminente arranha-céu no centro da Cidade,
conectado a alguns outros arranha-céus por pontes
aéreas. A maioria das pessoas que trabalha aqui são
Dormentes, os quais fazem um bom trabalho divul-
gando informações e gerenciando os repórteres em
campo. Há também uma equipe de produção e um
estúdio utilizado por diferentes integrantes da orga-
nização para veicular histórias importantes. Kwaku
e Adanko Gyasi rastreiam o trabalho remotamente
e interferem quando descobrem uma história com
potencial suficiente. Pelo menos um dos funcionários
aqui é uma Alma de Aranha, mantendo um olho – ou
oito – em nome de Kwaku.

206| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
SEMENTES DA HISTÓRIA
DE KWAKU
A galera ou um de seus membros pode se tornar re-
pórteres investigativos trabalhando para a Webflo, seja
como freelancers ou como funcionários da Webflo. À
medida que investigam suas atribuições, eles podem
descobrir o envolvimento da própria Webflo nas histó-
rias que traz à luz.
Um cofre no Banco Central da Cidade pode ser marca-
do como alvo pelas Criaturas Noturnas, que pensam
que há uma Relíquia valiosa em seu interior. Se o
ataque for bem-sucedido, a galera deve investigar o
crime, encontrar a esquiva Criatura Noturna e asso-
ciados e recuperar o artefato. Se não obtiver sucesso,
HISTÓRIA DE KWAKU
Várias décadas atrás, Kwaku Nobre era um garoto bri-
lhante e travesso que cresceu em um bairro pobre. Veio
como um imigrante ilegal para a Cidade, ele teve que
cuidar de si mesmo e de suas irmãs gêmeas ganhando
dinheiro escondido. Ele começou a usar seu talento
como mecânico para criar carros incomuns para corri-
das de arrancada, ganhando reputação nos círculos de
corrida como o cara certo para aquele algo a mais.
Não muito tempo depois, uma das irmãs de Kwa-
ku adoeceu. Enquanto sua outra irmã cuidava dela,
coube a Kwaku conseguir seus remédios, mas isso
exigia muito mais dinheiro do que ele tinha. Sem
opções, Kwaku decidiu participar de uma das maiores
corridas de arrancada. Ao estacionar em seu carro,
Kwaku olhou para dentro do carro à esquerda e viu
um homem careca com uma caveira pintada no rosto
sorrindo para ele com olhos negros como carvão.
As bandeiras caíram e os carros decolaram. Com o
Caveira na liderança, Kwaku decolou uma fração de
segundo depois, quando de repente algo estranho
aconteceu. A tênue intuição que sempre guiou suas
manipulações mecânicas, modificações eletrônicas
e brincadeiras práticas de repente se amplificou em
uma voz trovejante, uma voz que falava com ele.
A voz disse a Kwaku que o homem no carro era a Mor-
te, que veio pessoalmente para levar sua irmã. Se ele,
Anansi, pudesse viver através de Kwaku, tudo ficaria
bem. Kwaku sabia que ele já havia consentido. Como
se estivesse em um sonho, ele se lembrou de mexer no
motor do Caveira antes da corrida.
a galera tem a chance de atrair algumas aranhas para
a armadilha.
Um indivíduo indefeso que está no centro de uma
história da Webflo (possivelmente uma vítima de um
Bebê de Piche) poderia pedir ajuda à equipe para sair
da confusão em que se meteu. Quando a galera atra-
palhar a história, Kwaku e seus agentes encontram
uma maneira de alterá-la a seu favor.
Kwaku ou Adanko Gyasi poderiam destacar uma das
personagens principais como a estrela em ascensão de
uma de suas histórias, enchendo-a de Relíquias, Bebês
de Piche e complicações para criar as circunstâncias
mais espetaculares possíveis – para o azar da perso-
nagem principal.
Gasolina começou a vazar do carro fumegante do Ca-
veira e ele desacelerou. Kwaku Anansi cruzou a linha
de chegada. Quando o Caveira e sua gangue correram
na direção de Kwaku, eles foram derrubados por mãos
invisíveis. Kwaku escapou com o dinheiro e comprou
os remédios para sua irmã.
O Caveira, como se viu, era o jovem Anatoli Vidales.
Nos anos seguintes, à medida que os dois homens
ficavam fortes e poderosos, o Sr. Vidales continuou
a caçar a irmã que sentia ser sua, enquanto Kwaku
repetidamente o enganava. Mas quanto mais forte a
Morte se tornava, mais difícil era evitá-lo e maiores os
sacrifícios que Kwaku tinha que fazer para ter sucesso.
Finalmente, Kwaku planejou o último ato de trapaça,
que garantiria para sempre a segurança de sua famí-
lia: ele esconderia suas irmãs até de si mesmo para
que pudessem continuar com suas vidas e ninguém as
incomodaria novamente.
Quando ele se despediu de suas irmãs pela última vez,
as responsabilidades e laços de Kwaku evaporaram.
Ele era agora um trapaceiro livre, pronto para vagar
pela Cidade, enganar quem quer que aparecesse em
seu caminho e contar histórias, incontáveis histórias.
Kwaku quase se foi. Anansi renasceu. Mas, às vezes,
ele ainda se pergunta se poderia ser mais esperto que
seu antigo eu e encontrar suas irmãs ocultas nova-
mente. Até agora, ele não tentou nenhuma vez.
3 · P E R I G O S E AVATA R E S | 207
 MOVIMENTOS
PERSONALIZADOS DE KWAKU
A Cabaça Mentirosa: Sempre que você quiser
tirar algo da cabaça ou colocar algo nela, você
deve primeiro Agir na Encolha e enganá-la. A
cada tentativa, a cabaça adiciona a si mesma
um rótulo de história permanente que fun-
ciona contra você (pegadinha, truque, ardil,
façanha etc.). Com um sucesso, você pode
escolher um item para deixar na cabaça ou
tirar um item dela. Se você retirar um item, a
MC lhe dará um rótulo de história permanente
apropriado, se relevante.
A Cabaça Mentirosa, Parte II: A primeira
vez que você tira algo da Cabaça Mentirosa,
você tira uma isca que só funciona uma vez.
Quando você usar o item pela primeira vez, ele
funciona até certo ponto, mas depois se desin-
tegra em pó. Se você recebeu um rótulo para
este item, o rótulo expira após uma invocação.
A Cabaça Mentirosa, Parte III: A segunda
vez que você retirar algo da Cabaça Mentirosa,
você tira algo real, mas com um encanto que
fará o item desaparecer e voltar para a cabaça
após pouco tempo. Se você recebeu um rótulo
para este item, o rótulo expira quando a cena
termina.
A Cabaça Mentirosa, Parte IV: A terceira
vez que você retirar algo da Cabaça Mentirosa,
você realmente obtém o item.
PERIGOS DE KWAKU
REPÓRTER DA WEBFLO y
Para representar uma Repórter da Webflo, use o
perfil de Perigo Jornalista. Além disso, uma Re-
pórter da Webflo tem os seguintes movimentos:
Embaçado na Melhor das Hipóteses: Quando
você gastar uma Dica para fazer uma pergun-
ta sobre a Repórter, a MC pode escolher dar
respostas vagas, incompletas ou parcialmente
verdadeiras, parcialmente falsas (como na
opção 7-9 de Investigar).
208| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
CRIATURAS NOTURNAS yy
Para representar uma Criatura Noturna, use o perfil de Peri-
go Gatuna, mas observe que a natureza mística de uma Cria-
tura Noturna permite que ela supere medidas de segurança
místicas e mundanas. Além disso, uma Criatura Noturna
tem os seguintes movimentos:
• Escalar uma parede para escapar de perseguidores (receba
fora-de-alcance-2)
• Atirar uma teia em alguém (grudento-2) ou pegar um item
à distância (contanto que não esteja firmemente fixado
no lugar. Isso pode ser usado para Negar Algo Que Estão
Querendo)
BEBÊ DE PICHE yy
Uma Bebê de Piche sempre se parece e se comporta como
uma pessoa real. Ela tem um nome falso, uma história e às
vezes até mesmo as armadilhas de uma vida: um apartamen-
to, um carro, uma conta bancária etc. Quando você apresentar
os movimentos da Bebê de Piche aos jogadores, não exponha
sua natureza. Em vez disso, use seu nome falso. Se os jogado-
res superarem a Bebê de Piche mas ainda acharem que ela é
humana, a surpresa os aguarda para mais tarde.
Uma Bebê de Piche pode ser superada arrebentando-a fisica-
mente, usando feitiçaria para dissipá-la ou bani-la de volta
de onde veio, ou expondo-a como uma ameaça, caso em que
sua vítima pode ser sábia o suficiente para evitá-la comple-
tamente (levando a turma de Kwaku a se lembrar disso).
BANIR 2 / ARREBENTAR 3 / EXPOR 4
• Situação Complicada: Quando você cumprimentá-la
pela primeira vez, ela vê você como sua alma gêmea, seu
melhor amigo, seu salvador ou sua oportunidade de ouro
e deseja segui-lo aonde quer que você vá. Você recebe
azar-2.
• Situação Complicada, Parte II: No final de cada cena,
tempo de inatividade ou intervalo em que passar um tem-
po com seu objeto de admiração, você recebe azar-2.
• Situação Difícil, Parte III: Quando o objeto de admira-
ção atingir azar-5, o envolva em um desastre ou tragédia.
A MC faz o movimento Fazer Algo Horrível Acontecer.
______ nunca mais é visto.
• Embaçado na Melhor das Hipóteses: Quando você
gastar uma Dica para fazer uma pergunta sobre ,
a MC pode escolher dar respostas vagas, incompletas ou
parcialmente verdadeiras, parcialmente falsas (como na
opção 7-9 de Investigar).
• Implorar o objeto de sua admiração para não deixá-la
• Aparecer de novo depois de alguém se livrar dela
NAOMI OLSEN yyy
Para representar Naomi Olsen, use o perfil de Pe-
rigo Contrabandista. Além disso, Naomi Olsen tem
os seguintes movimentos:
• Isca: Quando você capturar Naomi Olsen sem
primeiro verificar se é realmente ela, você pegou
uma de suas iscas. A isca se dissipa quando você
a capturar.
• Difícil Dizer: Quando você tentar Investigar
para verificar se Naomi Olsen é real ou uma isca,
calcule seu Poder, mas adie a rolagem. Se você ou
seus companheiros da galera a capturarem, jogue
os dados. Se você obtiver 12+, poderá trocar suas
Dicas para torná-la a verdadeira Naomi Olsen.
• Conjurar ilusões realistas para confundir seus
perseguidores ou inimigos (não-sabe-o-que-é-
-real-3)
ADANKO GYASI yyyy
Adanko Gyasi deve ser usado como um apresenta-
dor colorido para a agenda de Kwaku. Ele não é um
agressor. Se alguém tentar iniciar um conflito com
ele, ele simplesmente terminará o que tem a dizer e
desaparecerá ou misteriosamente trocará de lugar
com uma Alma de Aranha em sua forma, deixando
a Alma de Aranha para lidar com a luta. Ele está
mais interessado em instigar uma boa história, en-
tão quando entrar em contato com as personagens
principais, ele provavelmente terá vários planos em
andamento que as forçarão a realizar uma tarefa
impossível, confrontar um adversário poderoso ou
Fazer uma Escolha Difícil. Se apropriado, use o
movimento Maré de Azar para refletir a capacida-
de de Gyasi de projetar situações diárias "interes-
santes" para seus alvos.
/ FERIR OU INCAPACITAR 5 / CONTER –
AZAR –
• Enganação: Como uma intrusão da MC, Adanko
é revelado como uma Alma de Aranha disfarçada.
• Prenda-me Se For Capaz: Como uma Intrusão
da MC, Adanko deixa a cena.
• Maldito Sortudo: Quando você tentar afetar
Adanko com um efeito negativo (exceto um
efeito que cause esquecimento), primeiro você
recebe azar-4.
• Maré de Azar: Três vezes por cena em que
Adanko estiver presente, a MC pode fazer um
movimento forte como um movimento fraco.
• Revelar a uma personagem principal como ele
tornou a vida dela mais interessante
ALMAS DE ARANHA yyyyy
As Almas de Aranha às vezes assumem uma apa-
rência mundana criada por seus poderes ilusórios
(de forma semelhante aos Guardiões que usam as
Brumas). Você deve narrar essa falsa identidade
como uma personagem perfeitamente normal e
insuspeita. Quando você quiser dar aos jogadores
a chance de exporem a Alma de Aranha, você pode
deixar escapar algumas dicas sobre a identidade
falsa da personagem. Use o movimento Sensação
Arrepiante quando as personagens principais já
estiverem suspeitando de algo e decidirem Inves-
tigar. Ele reflete a dificuldade de se obter informa-
ções concretas sobre a Alma da Aranha. Quando
você revelar a Sensação Arrepiante para os joga-
dores, use o nome da identidade falsa da Alma de
Aranha (em vez de "Almas da Aranha") para evitar a
exposição automática das Almas de Aranha.
BANIR 6 / CONVENCER OU EXPULSAR – /
FERIR OU INCAPACITAR –
• Sensação Arrepiante: Sempre que você tentar
Investigar para descobrir mais sobre ______ você
tem uma sensação estranha de que ele/ela é
impenetrável.
_______ recebe incognoscível-4. Esta condição não
pode exceder o nível de qualificador 4.
• Ser Sombrio: Quando uma Alma de Aranha se
revelar como uma, Recebe oculta-4. Se ela perder
essa condição, a MC pode renová-la como um
movimento fraco depois que um jogador fizer um
movimento sem ela. Ela também pode transmitir
essa condição a mais um objeto ou pessoa que
esteja segurando. Esta condição não pode exce-
der o nível de qualificador 4.
• Impelir misteriosamente as pessoas à ação com
sua presença estranha (compelido-4)
• Empalar até seis alvos com seus membros aracní-
deos (queime um rótulo defensivo e depois cause
empalamento-4) ou empalar uma vítima com
vários membros (queime dois rótulos defensivos
e, em seguida, cause almofada-de-alfinetes-5)
• Borrifar teia pegajosa (contenção-4) ou veneno
ácido (queimaduras-venenosas-3) em uma área
• Desaparecer nas sombras, possivelmente levando
algo ou alguém com ela (Negar Algo Que Estão
Querendo)
• Rastejar pelas paredes silenciosamente como
uma sombra fluida
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 209
 APÊNDICES

210| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
PERIGOS CLASSIFICADOS POR
GRAU DE PERIGO
Residente Da Cidade, Indefeso 140 Jornalista yy 142
Fera +y 150 Sistema de Segurança yy 148
Tiras / Seguranças y 146 Contrabandista yy 145
Funcionário do Governo y 139 Arroz de Festa yy 142
Delinquentes Juvenis y 144 Gangue de Rua yy 146
Construção em Ruínas y 149 Bebê de Piche yy 208
Fantasma ou Espírito +y 151 Influenciadoras yy 198
Golem ou Elemental +y 151 Portadora de Arma (Relíquia) +yy 154
Caçadora +y 151 Amanda Barnes (Benzaiten) yyy 200
Líder +y 152 Estátuas Chinthe (Chinthe) yyy 162
Mortas-Vivas +y 178 Epidemia, na Cidade yyy 150
Mensageira da Luz +y 152 Agentes dos Guardiões yyy 162
Controlador Mental +y 151 Equipe de Assalto yyy+ 144
Espírito ou Deus da Natureza +y 152 Assassina de Aluguel yyy 145
Enfermeira, Ala Psiquiátrica y 141 Jacqueline Brown yyy
Ladrãozinho y 145 (João e o Pé de Feijão) 156
Feiticeira ou Bruxa +y 152 Advogada Particular yyy 140
Pés-Ligeiros +y 152 Naomi Olsen (Loki) yyy 209
Ladra +y 154 Paul Dumont / “A Gárgula” yyy
Trapaceiro +y 154 (Quasímodo) 159
Indivíduo Problemático y 142 Pontas de Lança yyy 189
Bêbado Violento y 142 Aranha (Avó Aranha) yyy 161
Guerreira +y 154 Donzelas Cisne yyy 200
Repórter da Webflo y 208 Equipe da SWAT / Segurança de Elite yyy 148
Criatura Alada +y 154 Os Juncos (Garoto da Natureza) yyy 156
Herbolária Alma Verdeyy 198 Bomba-Relógio yyy 149
Gatunoyy 143 Adanko Gyasi (Compadre Coelho) yyyy 209
Golpista yy 143 Belay Theron (Shaka Zulu) yyyy 190
Consigliere yy 179 Queimadores yyyy 190
Criatura das Trevas +yy 151 Poderoso Chefão yyyy 143
Semideus ou Gigante +yy 151 Jane Radcliff (Boudica) yyyy 190
Detetive/ Investigadora yy 146 K-Nino (Cérbero) yyyy 179
Executoras yy 178 Lily Chow (Príncipe de João de Ferro) yyyy 161
Veiculo de Fuga yy 144 Espada Mágica yyyy
Brutamontes yy 145 (Espada Flamejante do Éden) 159
Incêndioyy 149 Figurão Importante yyyy 141
Compactador de Ferro-Velho yy 150 Natasha Vasiliev (Artemis) yyyy 201
Turbayy 140 Alice (Alice no País das Maravilhas) yyyyy 155
Necromante +yy 152 Elena Albertini (Cassandra) yyyyy 181
Criaturas Noturnas yy 208 Paweł Zima (A Rosa Branca) yyyyy 190
Viatura da Polícia yy 148 Samuel Valtierra (Barão Samedi) yyyyy 158
Rachel Delaney (Rapunzel) yy 156 Almas de Aranha yyyyy 209
Ativista Radical yy 141 Trovão Kincaid (Quetzalcoatl) yyyyy 201

A N E XO S | 211
 PERIGOS CLASSIFICADOS EM
ORDEM ALFABÉTICA
Adanko Gyasi (Compadre Coelho) yyyy 209 Gatuno yy 143
Advogada Particular yyy 140 Golem ou Elemental +y 151
Agentes dos Guardiões yyy 162 Golpista yy 143
Alice (Alice no País das Maravilhas) yyyyy 155 Guerreira +y 154
Almas de Aranha yyyyy 209 Herbolária Alma Verde yy 198
Amanda Barnes (Benzaiten) yyy 200 Incêndio yy 149
Aranha (Avó Aranha) yyy 161 Indivíduo Problemático y 142
Arroz de Festa yy 142 Influenciadoras yy 198
Assassina de Aluguel yyy 145 Jacqueline Brown yyy
Ativista Radical yy 141 (João e o Pé de Feijão) 156
Bêbada Violenta y 142 Jane Radcliff (Boudica) yyyy 190
Bebê de Piche yy 208 Jornalista yy 142
Belay Theron (Shaka Zulu) yyyy 190 K-Nino (Cérbero) yyyy 179
Bomba-Relógio yyy 149 Ladra +y 154
Brutamontes yy 145 Ladrãozinho y 145
Caçadora +y 151 Líder +y 152
Compactador de Ferro-Velho yy 150 Lily Chow (Príncipe de João de Ferro) yyyy 161
Consigliere yy 179 Mensageira da Luz +y 152
Construção em Ruínas y 149 Mortos-Vivos +y 178
Contrabandista yy 145 Naomi Olsen (Loki) yyy 209
Controlador Mental +y 151 Natasha Vasiliev (Artemis) yyyy 201
Criatura Alada +y 154 Necromante +yy 152
Criaturas Noturnas yy 208 Os Juncos (Garoto da Natureza) yyy 156
Criatura das Trevas +yy 151 Paul Dumont / “A Gárgula” yyy
Delinquentes Juvenis y 144 (Quasímodo) 159
Detetive/ Investigadora yy 146 Paweł Zima (A Rosa Branca) yyyyy 190
Donzelas Cisne yyy 200 Pés-Ligeiros +y 152
Elena Albertini (Cassandra) yyyyy 181 Poderoso Chefão yyyy 143
Enfermeira, Ala Psiquiátrica y 141 Pontas de Lança yyy 189
Espada Mágica yyyy Portadora de Arma (Relíquia) +yy 154
(Espada Flamejante do Éden) 159 Queimadores yyyy 190
Epidemia, na Cidade yyy 150 Rachel Delaney (Rapunzel) yy 159
Equipe da SWAT / Segurança de Elite yyy 148 Repórter da Webflo y 208
Espírito ou Deus da Natureza +y 152 Residente da Cidade, Indefeso 140
Equipe de Assalto +yyy 144 Samuel Valtierra (Barão Samedi) yyyyy 158
Estátuas Chinthe (Chinthe) yyy 162 Semideus ou Gigante +yy 151
Executoras yy 178 Sistema de Segurança yy 148
Fantasma ou Espírito +y 151 Tiras / Seguranças y 146
Feiticeira ou Bruxa +y 152 Trapaceira +y 154
Fera +y 150 Trovão Kincaid (Quetzalcoatl) yyyyy 201
Figurão Importante yyyy 141 Turba yy 140
Funcionário do Governo y 139 Veículo de Fuga yy 144
Gangue de Rua yy 146 Viatura da Polícia yy 148

212| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
OS MYTHOI
DESTE LIVRO
Mythos Logos Descrição Perigos
A Lança Barton Canon 182 -
A Rosa Branca de Breslávia Paweł Zima 190 190
Alice no País das Maravilhas Alice 22 155
Anansi, a Aranha Kwaku Nobre 202 -
Artemis Natasha Vasiliev 195 201
Avó Aranha Colme Jameson, O Aranha 41 161
Baba Yaga Vó Mirna 34 -
Barão Samedi Samuel Valtierra 28 158
Bela Adormecida Colette Jenkins 47 -
Benzaiten, deusa japonesa de tudo que flui Amanda Barnes 194 200
Boinas Vermelhas União Costeira 27, 77 -
Boudica Jane Radcliff 186 190
Bruxa de Endor Rodney 48 -
Caldeirão Mágico O Bar da Jô 26 -
Capitão Ahab de Moby-Dick Heath Lark 44 -
Caronte Tassos Salis 176 -
Casa das Lâminas (mitologia maia) O armazém na Avenida Killory, 40 -
Cassandra Elena Albertini 176 181
Cérbero K-Nino 176 180
Cinderela, Fada Madrinha Irmã Mary 44 -
Circe, a Feiticeira Ella Kirky 35 -
Compadre Coelho Adanko Gyasi 204 209
Ebisu, deus japonês da riqueza Sheryl Fisher 21 -
Espada Flamejante do Éden O Museu 32 159
Floresta Encantada O Parque Público 27 -
Hades Anatoli Vidales 172 -
Harpias As Harpias 43
Ixchel, deusa maia da obstetrícia e da medicina Vanessa La Bruja 43 -
João e o Pé de Feijão Jacqueline Brown 28 156
João de Ferro, o Príncipe Lily Chow 40 161
Leões Guardiões (Chinthe) Estátuas Chinthe em Wong Lo Exportadora 43 162
Loki Naomi Olsen 205 209
Masamune, o lendário ferreiro de espadas Nico Tokugawa 39
Meninos Perdidos de Peter Pan Os Lixões 43 -
Garoto da Natureza (Nature Boy) (canção de jazz) Clube de jazz "Os Juncos" 20 156
O Corcunda de Norte Dame, Frollo Ralph Dumont 35 -
O Corcunda de Notre-Dame, Quasímodo Paul Dumont 35 159
O Fantasma da Ópera O Maníaco dos Bastidores 22, 176 -
O Flautista de Hamelin Hugo Flynn 28 -
O Lobo Mau Lisa Monroe 41 -
O Príncipe Sapo Judah Wells 21 -
Oberon Seamus Strangewayes 176 -
Poltergeist O Vigia 29 151
Quetzalcoatl Trovão Kincaid 194 201
Rapunzel Rachel Delaney - 156
Shaka Zulu Belay Theron 186 190
Silfo, o elemental de ar alquímico David Diamante 44 -
Tamoanchan Arboreto 196 -
Tempo do Sonho Aborígene Ed Sonhos 40 -
Tot Fadi Malek 34
Xochiquetzal Isabella Aguilar 192 -

A N E XO S | 213
 GUIA DE MOVIMENTOS DA MC

EDIÇÃO BRASILEIRA

MOVIMENTOS FRACOS DE MC NOTAS

• Complicar as Coisas
• Bater Só Depois de Avisar
OS PRINCÍPIOS DA MC • Opcional: acionar um rótulo de fraqueza como
• Conversar com o grupo falha
• Jogar para descobrir
• Ser a maior fã dos personagens e fazer com que
tenham vidas interessantes.
• Pensar de forma cinematográfica
MOVIMENTOS FORTES DE MC
• Complicar As Coisas Pra Valer
• Negar Algo Que Estão Querendo
• Fazer Algo Horrível Acontecer
INTERVENÇÕES DA MC • Virar o Movimento Contra o Jogador
A qualquer momento do jogo, mesmo quando um • Atribuir uma Condição
jogador estiver sob os holofotes, você pode intervir • Reduzir ou Remover uma Condição
para... • Queimar um Rótulo
• ... traduzir a história em regras, por exemplo • Forçar uma Escolha
adicionando um rótulo de história.
• ... revelar um movimento customizado que te-
nha sido ativado.
• ... pedir mais detalhes sobre a ação de um joga-
dor.
• ... determinar que movimento o jogador aciona
NARRAÇÃO
com a ação da personagem. • Enfatizar a atmosfera
• ... intervir quando um jogador começa a deter- • Criar personagens reais e humanas
minar seu Poder, por exemplo invocando um • Manter o mistério
rótulo de fraqueza. • Fazer perguntas provocativas
• ... escolher, descrever e resolver o resultado de • Manter a consistência
um movimento quando a escolha for sua ou
• FAZER A CIDADE PARECER VIVA
quando o jogador deixar de escolher uma opção.

Texto em Português © GMD Ludodesigns Ltda. City of Mist © 2021 Son of Oak Game Studio / Amít Moshe.
 FICHA DO ICEBERG
EDIÇÃO BRASILEIRA

NOTAS
FICHA DE RECURSOS DA MC
EDIÇÃO BRASILEIRA

Texto em Português © GMD Ludodesigns Ltda. City of Mist © 2021 Son of Oak Game Studio / Amít Moshe.
FICHA DE RECURSOS DA SÉRIE
EDIÇÃO BRASILEIRA
Texto em Português © GMD Ludodesigns Ltda. City of Mist © 2021 Son of Oak Game Studio / Amít Moshe.
 APOSTANDO
CONTRA
A MORTE
Em uma tentativa de salvar sua
vida, o governante de um impé-
rio de cassinos afundado até o
pescoço em dívidas captura um
lendário traficante que ele espera
que possa ser sua salvação. No
entanto, não apenas seus poderes
falham em impedir seu cobra-
dor, a própria Morte, de cobrar
o que lhe é devido, mas a Morte
também exige que o governan-
te sacrifique seu falso salvador
como punição. Agora o magnata
do cassino e sua equipe de se-
gurança lutam para encobrir o
assassinato enquanto a galera se
aventura nos segredos obscuros
por trás do brilho e glamour do
Hotel Royal Plaza.
218| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
COMO USAR ESTE CASO
Apostando Contra a Morte é uma introdução ao
ramo Moribundo da operação do Avatar Anatoli
Vidales. Tanque de Tubarões, o caso incluso
no novo Guia Rápido, explora o ramo Vivo da
operação de Anatoli.
Anatoli é o Avatar de Hades, deus grego da mor-
te e do submundo. Nesse caso, ele é referido
apenas como Morte e é representado pelo
K-Nino, o Portal de Cérbero, o cão de três cabe-
ças que zela pelos portões de Hades. Leia mais
sobre os ramos Vivo e Moribundo da operação
de Anatoli na página 175.
Você pode usar este caso individualmente ou
como a cena de abertura de uma tempora-
da focando em Anatoli, junto com Tanque de
Tubarões.
A HISTÓRIA DE FUNDO
Apostando Contra a Morte é inspirado
no conto de fadas O Rouxinol e o Im-
perador da China, de Hans Christian
Andersen. Em O Rouxinoul e o Impe-
rador da China, o Imperador troca seu
pássaro canoro favorito por um pássa-
ro mecânico enfeitado com joias, mas
quando a morte vem para o Imperador,
o verdadeiro rouxinol retorna e com
sua bela canção convence a Morte a
deixar o Imperador viver.
O IMPERADOR
Kenny Liu (o Imperador) é um magnata de hotéis e
cassinos relativamente jovem, aos 40 anos de idade.
Ele leva um estilo de vida exuberante, vestindo ape-
nas as melhores roupas e joias e desfrutando de todos
os luxos imagináveis, enquanto recebe um séquito
de falsos amigos e parceiros de negócios que buscam
ouro. Três anos atrás, sua vida de devassidão chegou
ao fim quando Kenny foi diagnosticado com câncer
pancreático terminal. Em vez de permitir que o câncer
o matasse, o magnata dos cassinos fez um acordo
com o representante da Morte, K-Nino (Cérbero),
para pagar uma quantia estupenda de dinheiro todos
os meses para permanecer entre os vivos. E, assim,
Kenny Liu tornou-se um residente do Hades (veja o
Modus Operandi de Anatoli, página 173).
Os pagamentos estavam afetando os negócios de
Kenny, afundando seu império de hotelaria e jogos
de azar. Isso acabaria mal para ele, se não fosse pelo
amor carinhoso de uma Portal chamada Jenny Apple-
baum (a Rouxinol), uma professora que conheceu no
hospital onde foi diagnosticado. Jenny usou sua ha-
bilidade especial para afastar os servos da Morte com
sua canção, protegendo Kenny de seus devedores.
Oito meses atrás, Jenny desapareceu. Se ela se cansou
do estilo de vida vaidoso de Kenny ou se foi levada
embora pela gente de Anatoli permanece um fato des-
conhecido. Encurralado por seus cobradores furiosos,
Kenny Liu teve que começar a pagar três vezes o que
havia pago antes por sua vida continuada. Desneces-
sário dizer que seu negócio mal suportou o golpe e ele
tem procurado desesperadamente por uma saída desde
então.
A AVE MECÂNICA
Sua salvação se apresentou inesperadamente dez dias
atrás, quando o chefe de segurança de seu cassino,
Carlton Cooper (um dragão chinês), relatou a ele
sobre uma equipe de assalto que planejava atacar o
cassino. Surpreendentemente, um dos membros da
equipe não só tinha uma notável semelhança com
Jenny, mas também conseguia imitar qualquer voz e
qualquer aparência a ponto de enganar os sistemas
de segurança do cassino. Cooper esperava que essa
pessoa, Ashley Lind (o Pássaro Mecânico), pudesse
substituir Jenny e dar a seu chefe mais tempo contra
a Morte.
Ontem à noite, durante o ataque planejado pela
equipe de assalto, Cooper prendeu Ashley Lind e a
levou para a suíte privativa de Kenny Liu, onde ele
deveria se encontrar com o representante da Mor-
te, K-Nino. Sob a mira de uma arma, Ashley imitou
perfeitamente uma gravação da música de Jenny, mas
K-Nino não ficou impressionado nem afetado: o plano
havia falhado. Como PUNIÇÃO pela tentativa, K-Nino
imediatamente aumentou o preço de Kenny Liu: se
ele quisesse viver, teria que pagar com uma vida, ali
mesmo. Furioso com o fracasso dela em protegê-lo
e pensando que seria mais fácil encobrir o assassi-
nato como suicídio, Kenny Liu usou seus poderes de
comando para forçar Ashley Lind a pular para a morte
do telhado do Hotel Royal Plaza.
O ASSALTO
Ashley Lind nem deveria estar lá. Ela foi aprisionada
por um vigarista chamado Marty Brooks (um Dormen-
te) e forçada a participar de sua operação. Marty ficou
surpreso com a "tecnologia e habilidades de disfarce e
personificação" de Lind (que, como um Dormente, ele
nunca poderia aceitar como uma habilidade lendária),
especialmente o fato de que ela podia falsificar assi-
naturas de voz e retina.
As reservas monetárias do cassino são guardadas em
um cofre na Caixa, seu centro de segurança. Quando
um jogador deseja retirar seus ganhos e a quantia é
alta demais para as caixas registradoras no piso, a
pessoa é levada para a Caixa, onde são examinados
contra fraudes e onde o dinheiro ganho é trazido do
cofre, geralmente pessoalmente por Cooper, que é o
único, exceto Kenny Liu, que está autorizado a abrir o
cofre (usando suas assinaturas de voz e de retina).
O plano de assalto de Marty era inteligente e direto:
• Ele recrutou um jogador profissional de cartas, Théo
Blanc (Dormente), para ganhar a quantia mínima
necessária para retirar da Caixa.
• Ao mesmo tempo, Marty planejava substituir o
chefe de segurança, Carlon Cooper, por Ashley
disfarçada. Essa foi a façanha mais difícil de fazer,
pois dependia de sua capacidade de enganar Cooper
e levá-lo a uma armadilha dentro do banheiro mas-
culino do cassino.
• Depois de trocada, Ashley entraria na Caixa com
Marty, que atuaria como representante de Blanc
pedindo para sacar seu dinheiro.
• Disfarçada de Cooper, Ashley enganaria os guardas
e sistemas de segurança, falsificaria a triagem de
fraude e entraria no cofre, onde encheria a maleta
de Marty com todo o dinheiro que pudesse (muito
mais dinheiro do que Blanc ganhou).
• Quando o cassino descobrisse que o dinheiro havia
desaparecido, a equipe já teria partido e, de qual-
quer forma, o chefe de segurança Carlton Cooper
assumiria a culpa.
A N E XO S | 219
 Infelizmente para Ashley, durante uma de suas simu-
lações, a equipe de assalto foi avistada por Cooper,
que seguiu Blanc, arrancou o plano dele, ameaçou-o
para seguir seu plano e correu de volta para seu chefe
para lhe contar sobre Ashley Lind .
Na noite do assalto planejado, Cooper estava pronto
para eles. Blanc saiu para a noite, Marty Brooks sentiu
uma mudança na maré e fez sua fuga milagrosa de
costume, mas Ashley Lind foi apreendida por um
Cooper não tão nocauteado quando ela se dirigiu ao
banheiro masculino para tomar seu lugar . Os eventos
que sucederam levaram então para sua morte.
BATALHA DE MENTES
O momento mais difícil no assalto planejado de
Marty Brooks teria sido enganar Cooper para
que ele o seguisse até o banheiro masculino e
incapacitá-lo lá. Marty percebeu que Cooper
era um Chefe de Segurança bastante ativo,
que cuidava de muitas complicações sozinho.
Disfarçado do advogado de Blanc, Marty pla-
nejou fingir uma emergência médica e levantar
suspeitas apenas o suficiente para envolver
Cooper, fazendo-o pensar que estava lidando
com um vigarista de pouca importância. Uma
vez no banheiro masculino, Marty injetaria em
Cooper um tranquilizante para cavalos, que
ele esperava ser o suficiente para nocautear
o (estranhamente durável) especialista em
segurança veterano por algumas horas. Infeliz-
mente, nunca saberemos qual deles teria saído
vitorioso daquele encontro.

O ICEBERG DO CASO

camada 0 ganchos

camada 1
o de
Recepção do
Cena do crime Cassino Apartament Apartamento
hotel Ashley de Marty

camada 2
hotel Clube do Esconderijo de
Dentro do A CAIXA
Théo Marty

Atrás de
camada 3 cooper
Esconder
ijo do
Théo

camada 4
ivativa
Suíte pr y Liu
de Kenn

220| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
CAMADA 0:
OS GANCHOS
O caso começa imediatamente após a
morte de Ashley Lind, antes do amanhe-
cer ou na manhã do dia seguinte à ten-
tativa de roubo. A galera pode descobrir
sobre sua morte de diversas maneiras:
• Vigiando crimes: Se as PJs estiverem envolvidas
com a polícia ou procurarem crimes incomuns, elas
descobrirão sobre a morte de Lind ao participarem
ou rastrearem atividades policiais, através de um
contato policial ou pelos jornais e noticiários mati-
nais. Isso as levaria à cena do crime.
• Um parente ou amigo preocupado pode recrutar
a equipe para ajudar a descobrir o que aconteceu
com Ashley Lind, ou mesmo pagá-los para fazer
isso. Essa pessoa pode nem saber que ela havia
morrido, então pode levar a galera ao apartamento
de Ashley.
• Dica: Um inimigo de Kenny Liu pode avisar a galera
sobre alguma ligação entre o suicídio e negócios
duvidosos no cassino. Isso pode levar à cena do cri-
me ou ao cassino. Pode até ser o K-Nino, tentando
colocar mais pressão em Kenny enquanto, possivel-
mente, arma uma armadilha para a galera. A dica
pode levar à cena do crime ou ao cassino.
• Fonte mística: Visões ou presságios revelados a um
membro da galera (talvez alguém caminhando pelo
hotel) podem indicar que forças das trevas estão
trabalhando no Royal Plaza, talvez sugerindo a na-
tureza do Pássaro Mecânico. Isso pode levar à cena
do crime ou à recepção do hotel.
• Convite de Kenny Liu: Se um membro da galera
tiver poderes que desafiam a morte (como Post-
-Mortem) ou tiver a reputação de fazedor de mila-
gres (como Declan L'Estrange), Kenny Liu pode se
interessar pela pessoa como uma forma de escapar
da Morte. Ele fará com que seu chefe de segurança,
Cooper, entre em contato com este membro da ga-
lera e se ofereça para fazer negócios, dando à galera
a chance de bisbilhotar nos bastidores. Tal reunião
começaria no cassino e seguiria para a Caixa se
Cooper tiver a impressão correta, mas poderia dar
errado se alguém fosse pego investigando a morte
de Ashley Lind.
CAMADA 1:
SANGUE, POMPA,
E ENGRENAGENS
O Hotel Royal Plaza é um edifício no
Centro Histórico que tem sido um
centro de folia e entretenimento para
a elite socioeconômica da Cidade há
quase um século. Mais recentemente,
cerca de uma década atrás, ele foi com-
prado como parte de uma rede de ho-
téis pelo então emergente magnata de
hotéis e cassinos, Kenny Liu. O hotel se
ergue sobre uma praça aberta de már-
more, se estende por vários quarteirões
da Cidade e tem quarenta andares de
altura. Seu amplo andar térreo abriga a
recepção, a área de serviço e o luxuoso
Cassino Royal Plaza.
A CENA DO CRIME
A chuva cai pesadamente das alturas nubladas do Hotel
Royal Plaza, lavando a praça de mármore na frente, re-
demoinhando com sangue e vísceras. Assim como a chu-
va, Ashley Lind caiu pela distância das letras cravejadas
de lâmpadas no topo, atingindo o chão duro. O que ela
estava pensando, nesses últimos momentos, enquanto
despencava para a morte? Ela esperava que um milagre
acontecesse e ela voasse para longe de lá? Ela estava
farta do mundo e prontamente aceitou o fim? Ela tinha
alguém especial em seus pensamentos? Ninguém jamais
saberá. Logo, Ashley Lind será uma mancha desvanes-
cente nos degraus gastos de mármore. Apostadores em
smokings e vestidos de festa caminharão por cima dela.
E ela será esquecida. Talvez seja isso que ela quisesse.
No momento da morte de Ashley Lind, em algum mo-
mento entre meia-noite e o nascer do sol, a praça em
frente ao Hotel Royal Plaza está praticamente abando-
nada. Exceto por um punhado de veículos e pedestres
nas ruas delineadas, a centenas de metros de distância,
ninguém está lá quando ela quebra o teto da cobertura
de vidro acima da entrada e atinge o solo. Dez minu-
tos depois, uma pequena multidão se reúne na chuva
em meio a holofotes gigantes e fragmentos de vidro e
alguém chama a polícia. Trinta minutos depois, a área
é fechada pela polícia da delegacia, com detetives e
uma equipe forense seguindo o processo. A multidão
A N E XO S | 221
 fica cada vez maior, equipes de mídia chegam e a po-
lícia ordena que o cassino e o hotel encerrem a noite,
mandando os hóspedes para suas casas ou quartos de
hotel. O tráfico de pedestres para dentro e fora do hotel
é desviado para outras entradas. Ao amanhecer, o corpo
já está no necrotério e os faxineiros esfregam o sangue
em uma área delimitada por fita policial. Um policial
fica de guarda, pronto para coletar relatos adicionais de
testemunhas. Em algum momento durante isso tudo, a
galera pode chegar na cena.
Dependendo da hora de chegada, a galera pode en-
contrar os seguintes indivíduos por perto:
• Detetive Johnny Nicholson, um especialista foren-
se. Um homem brusco, robusto, de meia-idade, que
grunhe, rosna e late mais do que fala. Ele compar-
tilharia os detalhes forenses do caso com qualquer
pessoa que tenha autoridade ou um pouco de uísque.
222| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
• Detetive Farrah Enkidu (se não for uma PC), uma
detetive local tão rude quanto seu colega de traba-
lho, e que parece nervosamente trocar brincadeiras
com Det. Nicholson, o que não consegue esconder
seu coração pesado. Ela suspeita de que seja um
crime e está mais inclinada a investigar o caso do
que outras pessoas em seu departamento, mas, sem
qualquer evidência, está de mãos atadas.
• Uma miscelânea de testemunhas oculares,
a maioria das quais não viu nada e está apenas
sucumbindo a uma necessidade macabra de estar
perto do drama. Uma testemunha, Macy Kraus, viu o
momento da queda e pode confirmar a hora e o fato
de que a Sra. Lind não estava gritando.
• Policiais que patrulham e observam a potencial
cena do crime (use o Perigo Tiras / Seguranças na
página 146). A seu critério, eles podem começar
com a condição vigilantes-1.
O corpo ficará em frente ao hotel, coberto por uma
lona, até pouco antes do amanhecer, quando será
transferido para o necrotério.
A falecida é uma mulher de cabelos escuros,
branca, magra, entre 20 e 30 anos.
Ela estava usando um belo porém barato ves-
tido de festa, feito de lantejoulas douradas em
formatos estranhos (parecendo rodas dentadas).
Seu corpo bateu na cobertura de vidro sobre a
entrada do hotel. Ela morreu com o impacto.
Uma investigação cuidadosa revelaria hema-
tomas em torno de seus pulsos, como se ela
tivesse sido contida à força (mas não há DNA
utilizável).
Há uma pistola carregada escondida em um
coldre em sua coxa.
Escondida em um bolso oculto na parte de
trás do vestido, está sua carteira de motorista
(identificando-a como Ashley Lind) e algumas
cédulas.
Na cena do crime:
Uma testemunha, um apostador idoso chama-
do Raymond Frank, disse que notou Lind den-
tro do cassino naquela noite e que ela estava
sozinha (isso foi durante o assalto).
Algumas das lantejoulas douradas do vestido
de Ashley podem ser encontradas aqui.
Policiais dizem que não há indícios de luta no
telhado.
A polícia acha que foi suicídio, mas não tem
certeza.
Não havia nenhum grande evento acontecendo
no hotel ou no cassino.
ALÉM DAS BRUMAS
Qualquer um usando seus Mythos para Olhar
Para Além das Brumas pode discernir muita ati-
vidade mítica em torno do caso, embora quanto
mais cedo isso ocorrer na investigação, mais
vago você deve ser sobre o que o simbolismo
realmente significa.
• Ashley Lind, Portal do Pássaro Mecânico, é
representada por rodas dentadas douradas,
pedras preciosas e molas de cobre, todas se
alterando em uma disposição em constante
mudança e assumindo diferentes formatos
e formas e ecoando belas harmonias (ela é
uma imitadora mecânica).
• Um governante, tal como um rei ou imperador,
representa Kenny Liu e seu poder e influência.
Como a história original se refere ao Imperador
da China, você pode incorporar o simbolismo
chinês da realeza, como a cor amarela.
• O governante tem um dragão chinês vigilante
e perigoso a seu serviço: Carlton Cooper, o
Chefe da Segurança.
• A presença da Morte paira sobre este caso,
mas embora a Morte pareça ter um interesse
especial nele, seu envolvimento não é claro.
Seu representante, se você quiser revelá-lo,
é um cão preto de três cabeças (K-Nino, o
Portal de Cérbero).
Como uma reviravolta surpreendente, as
personagens que normalmente podem entrar
em contato com os espíritos dos mortos não
podem entrar em contato com o espírito de
Ashley Lind ao redor de seu corpo, no local
de sua morte ou em seu túmulo. Seu espírito
simplesmente parece não estar lá. Leia mais
em Consequências (página 236).
A N E XO S | 223
 A RECEPÇÃO DO HOTEL
Olhando para o salão de recepção do Hotel Royal Plaza,
você não saberia que alguém morreu a uma curta dis-
tância além das portas. Paredes e tetos altos com espe-
lhos refratam os lustres luxuosos em um mar de cristais
e ouro. Pisos de mármore brilhante ecoam a glória da
Art Déco. Um jazz suave está tocando, embalando você
em um relaxamento embriagado. Somente quando seus
olhares descem ao nível dos olhos é que você percebe os
anfitriões de convidados se aproximando dos balcões da
recepção. Ainda mais convidados podem ser encontra-
dos bebendo no lobby e no bar próximos, onde os sons
da banda ao vivo se misturam com o tilintar de copos de
coquetel.
Na recepção, pelo menos um dia após o incidente, a
equipe luta para conter a comoção. Os balcões de
recepção estão inundados com perguntas pessoais e
por telefone sobre o suicídio do lado de fora (como o
hotel já rotulou o evento). Qualquer pessoa que tente
abordar a equipe durante esse período irá encontrá-la
dominada-por-hóspedes-2.
A equipe de segurança está monitorando o local
de perto, com seguranças e câmeras de segurança
cobrindo o andar. Qualquer pessoa bisbilhotando
que não seja um hóspede será escoltado para fora,
enquanto os hóspedes serão avisados e convidados
a retornar aos seus quartos. A equipe de segurança
protegerá os interesses do hotel, rejeitando qualquer
pessoa curiosa que não seja um detetive com um
mandado policial. Todo o acesso ao cassino e outras
áreas dentro do hotel é estritamente limitado aos fun-
cionários e convidados.
As imagens da câmera de segurança daquela
noite não mostram Cooper apreendendo Lind.
Uma análise profissional da filmagem mos-
trará que ela foi adulterada e pode até revelar
que foi substituída por uma filmagem de
outro momento.
A equipe do hotel e os hóspedes na recepção
sabem muito pouco, mas o cruzamento de suas
histórias pode revelar detalhes valiosos:
Não havia nenhum grande evento acontecen-
do no hotel ou no cassino.
Um ou dois hóspedes podem alegar ter visto
Ashley Lind no cassino na noite de sua morte.
224| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
Um hóspede a viu entrar na Caixa com um
homem alto de pele escura em um terno preto
caro.
Questionado sobre a identificação de caracte-
rísticas, o mesmo hóspede se lembrará de algo
como uma cobra bordada no terno do homem.
Se pressionado a relembrar mais detalhes, o
hóspede dirá que Lind parecia angustiada,
“como um pássaro em uma gaiola”.
Se abordados indiretamente, os membros da
equipe do hotel podem, sem querer, identifi-
car essa pessoa como Carlton Cooper, o Chefe
de Segurança.
Um membro da equipe ou hóspede amigável
ou em busca de justiça pode ajudar a galera a
entrar sorrateiramente no cassino ou dentro
do hotel.
ENGRENAGENS DE OURO
O Mythos de Ashley permitia que ela mudasse as
partes mecânicas dentro dela para parecer e soar
como outras pessoas. A ilusão nunca foi perfeita:
Ashley era Tocada, mas estava distraída demais
com o mundo cotidiano para se concentrar nos
mistérios de seus Mythos. Ainda assim, as peças
que se moviam e giravam dentro dela eram reais
e, como acontece com qualquer engenhoca de-
licada, engrenagens, pinos e molas saltavam do
lugar quando manuseados com força.
A altercação de Ashley com Cooper e Kenny Liu
deixou um rastro de peças mecânicas por todo o
Hotel Royal Plaza. O rastro leva do banheiro mas-
culino do cassino, onde Cooper a apreendeu, até
a Caixa, então elevador acima até a suíte privativa
de Kenny Liu. O rastro termina na cena do crime
abaixo, onde seu corpo bateu no chão de mármo-
re e algumas de suas partes se espalharam. As
Brumas podem mascarar isso como lantejoulas
douradas de seu vestido, mas um investigador
meticuloso e desperto pode perceber a diferença.
O melhor uso desse detalhe é como um tema
esporadicamente recorrente que sugere o que
aconteceu. Não deixe a galera rastrear tudo até
Kenny Liu e revelar o mistério. Em vez disso,
solte-o como um sinal ocasional de que estão no
caminho certo – logo antes de distrair a gale-
ra com novas complicações, como as Brumas
sempre fazem.

O CASSINO
À medida que a notícia da morte horrível lá fora se espa-
lhava, a equipe do cassino fechou lenta e relutantemente
todas as mesas de aposta. Os convidados partiram,
deixando o reluzente salão de alegria, vitória ocasional e
derrota certa para ficar em silêncio. Mas não por muito
tempo. Amanhã à noite este lugar estará novamente
lotado de parede a parede com arriscadores compulsivos,
senhoras de sorte, tolos viciados, iniciantes ingênuos e,
sim, alguns bêbados pela adrenalina de uma sequência
de vitórias. Nada pode impedir essa máquina de fazer
dinheiro, muito menos um pobre pássaro preso em suas
engrenagens.
O Cassino Royal Plaza é um belo exemplar da mágica
da indústria das apostas. Projetado pelos melhores,
ele atrai você para a ação com luzes brilhantes, bebi-
das espumantes, os aplausos da multidão e os sons de
roletas, caça-níqueis e carteadores gritando.
Existem três portas de segurança (duas em cada
lado do cassino e uma no centro) que conduzem às
salas de vigia e corredores que convergem para a
Caixa. Cada uma dessas portas é protegida o tempo
todo por seguranças (use o Perigo Seguranças, página
146) e um sofisticado sistema de alarme (use o Perigo
Sistema de Segurança, página 148).
No dia após a morte de Ashley Lind, o cassino está
vazio. Isso permite um tempo de investigação:
Há uma trilha de lantejoulas douradas que
vai do banheiro masculino do cassino até a
porta de segurança mais próxima. Esta é uma
grande pista, então se você quiser desafiar a
galera, eles podem encontrar as lantejoulas no
esfregão ou aspirador de pó do zelador, sem
saber onde colocá-las no cassino.
Se a galera tiver meios lendários de investi-
gação, tais como habilidades psicométricas ou
visões do passado (como Fagulha, a persona-
gem do Guia Rápido), eles podem ser capazes
de confirmar que Lind estava aqui na noite de
sua morte, que ela estava em perigo e que ela
entrou na Caixa, acompanhada pelo Chefe de
Segurança Cooper.
Todos os dados e filmagens das câmeras de
segurança do cassino e outros dispositivos de
monitoramento são armazenados na Caixa,
inacessíveis a partir daqui (e, como mencio-
nado mais tarde, também foram editados
como a filmagem da área de recepção).
Na noite subsequente e em todas as noites
seguintes, o cassino Royal Plaza está aberto para ne-
gócios, mas sua equipe de segurança está em-alerta-1,
tentando garantir que a noite transcorra sem ocor-
rências. Dois dos clientes regulares podem recordar
detalhes úteis:
• Rhonda Giles é uma forte apostadora da alta socie-
dade, uma especialista de ponta em gerenciamento
de risco que joga como uma válvula de escape,
geralmente vestida com uma ousada peça preta e
ostentando um martini. Enquanto gasta seu suado
dinheiro, Rhonda pode estar inclinada a comparti-
lhar informações sobre a noite do incidente no cas-
sino, mas tentará contrainvestigar a galera e depois
vender as informações para Cooper (use os Perigos
Jornalista ou Arroz de Festa, página 142).
• Billy Grana (Jin Chan, espírito chinês do Sapo
da Prosperidade) é um exibido apostador em
busca de emoções oriundo do sul dos Estados
Unidos e que trabalha no cassino com uma jaque-
ta de lantejoulas verde-limão e um par de óculos
escuros que escondem olhos vermelhos brilhantes.
Ele deixará a galera saber que tem algo para ela, se
aceitarem fazer uma aposta. A cada vez que a galera
vencer, ele deixará escapar um detalhe importante.
Você pode jogar a aposta como um movimento de
Investigar usando os rótulos de apostas das PJs ou,
se quiser aumentar as apostas, usando Billy Grana
como um Perigo.
A N E XO S | 225
 Observe que o chefe de segurança Cooper e sua equi-
pe estão prevendo que alguém estaria bisbilhotando.
Se alguém obtiver de 7 a 9 em sua jogada de Investi-
gar, use a opção de contra-pergunta para permitir que
Cooper descubra detalhes importantes sobre a galera.
Os patronos do cassino podem revelar o seguinte:
Ashley Lind estava na mesa de vinte-e-um
como uma “blefadora”, andando por aí e fin-
gindo ser amiga de um dos jogadores.
Os olhos de Ashley estavam seguindo um
homem de meia-idade em um terno cor de
mostarda e grandes óculos escuros, um co-
nhecido desprezível chamado Marty Brooks
(pode levar ao apartamento de Marty).
Marty estava representando um profissional
chamado Théo Blanc que ganhou uma boa
quantia e sacou logo em seguida, de maneira
incomum.
Assim que Théo Blanc e Marty deixaram a
mesa, Ashley se dirigiu ao banheiro masculino.
Ela foi arrastada à força para fora pelo Chefe
de Segurança Cooper momentos depois e
entrou na Caixa.
Billy Grana conhece Théo Blanc e pode apon-
tar a galera para seu refúgio habitual, o Ás de
Paus (Clube do Théo). Quanto a Rhonda, ela
passou a noite com Blanc e encontrou uma
ficha do cassino Ás de Paus (rótulo temporário)
no bolso de trás da calça jeans enquanto me-
xia nas coisas dele. Ela não o viu desde então.
226| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
BILLY GRANA (JIN CHAN) y
SEQUÊNCIA PERDEDORA 5 /
FERIR OU INCAPACITAR 1
• Ok, Ok, Talvez Eu Tenha Visto Algo: A cada
vez que Billy Grana sofrer uma condição em
seu espectro de sequência perdedora, ele revela
um item da lista abaixo. Quando o espectro da
sequência perdedora atingir o máximo, ele revela
tudo o que sabe.
• Sapo da Sorte: Quando Billy Grana entrar em
cena ou como um movimento difícil, recebe
sortudo-1.
• Prosperidade Duradoura: Quando Billy Grana
sofrer uma condição que afetaria sua sorte, apos-
tas ou dinheiro (incluindo condições de sequência
perdedora), reduza o nível de qualificador da
condição em 1.
• Paranoico: Quando você tentar atacar ou amea-
çar Billy Grana, ele já sinalizou para a segurança
(ou para a polícia). Crie um novo Perigo: Policiais
/ Seguranças.
• Ganhar o dinheiro de alguém em uma aposta
(um-pouco-acima-do-orçamento-1, gastos-exces-
sivos-2 ou risco-financeiro-3)
• Olhar para sua mão e então baixar as cartas, os
olhos faiscando em vermelho
APARTAMENTO DE ASHLEY
Era aqui que ela morava: uma quitinete miserável escondi-
da sob a ferrovia em um bairro decadente. Este lugar tem
todos os sinais de uma alma perdida: paredes em ruínas,
torneira pingando, geladeira vazia e um aviso de despejo de
seis meses atrás que nunca foi acionado. O que aconteceu
com você, Ashley? Por que você se rebaixou assim?
Ashley Lind morava no Bairro do Proletariado, em um
pequeno apartamento que ela mal podia pagar. Ela
sobreviveu principalmente graças a seus pequenos
golpes, usando suas habilidades para roubar dinheiro
de estranhos.
Fazer o perfil de Ashley ou fazer perguntas
pode revelar que ela vivia quase sempre sozi-
nha. Amigos e amantes iam e vinham. Em-
bora ela não tivesse clareza para ver, Ashley
não sabia exatamente quem ela era. Talvez
ter a capacidade de se tornar o que os outros
queriam tornou difícil encontrar verdadeira-
mente sua própria identidade.
Uma busca no apartamento (ou no computa-
dor) revela uma pasta com fotos incrimina-
tórias de Ashley com suas vítimas, que podem
ter sido usadas para chantageá-la. Em cada
foto, Ashley parece completamente diferente
e, em alguns casos, é difícil reconhecê-la (gra-
ças a seus poderes de imitação). Estas são as
fotos que Marty Brooks usou para encurralar
Ashley, prometendo dar a ela os originais e
excluir todas as cópias se ela o ajudasse com o
assalto ao cassino.
Há engrenagens mecânicas douradas no
chuveiro e nos lençóis.
Os registros de chamada podem revelar que
Ashley fez chamadas únicas para vários núme-
ros (suas vítimas de fraude), mas várias chama-
das para dois números: um no apartamento de
Marty e o outro um número privado (chamadas
de sua irmã, consulte a barra lateral).
A VERDADEIRA ROUXINOL
A irmã mais velha de Ashley, uma professora
de escola chamada Jenny Applebaum (ela
mudou o sobrenome), era a verdadeira Rouxinol
de Kenny Liu. Kenny Liu nunca se importou o
suficiente com a vida pessoal dessas mulheres
para ligar os pontos, mas o Chefe de Segurança
Cooper suspeitava que as duas rouxinóis esti-
vessem relacionadas.
Os poderes de Jenny a tornaram uma ameaça
potencial para a operação de Anatoli (Hades),
porque ela poderia evitar que pessoas morres-
sem e afastar a Morte e seus agentes. É possível
que ela tenha sido assassinada por isso e que
agora exista no Hades. Talvez ela tenha desapa-
recido porque começou a investigar a operação
do Avatar e, se for o caso, talvez ela tenha usado
Kenny Liu como uma plataforma para aprender
mais sobre K-Nino e seus superiores. Ela poderia
até ser a mesma pessoa que Perry Kennedy, a
antiga esposa de Anatoli e seu único amor (veja
a História de Anatoli, página 175).
Se você decidir incorporar Jenny à história, seu
envolvimento pode abrir uma porta muito além
do escopo deste caso. Ashley Lind poderia
estar procurando por sua irmã quando o roubo
aconteceu, então ela pode ter tido outros
motivos desconhecidos para qualquer uma das
outras personagens (talvez com exceção de
Cooper). Você pode deixar algumas pistas va-
gas sobre a identidade da irmã de Ashley, como
uma foto das duas na casa de Ashley. Deixe a
grande revelação sobre ela para Cooper, Kenny
Liu ou K-Nino no final do caso.
A N E XO S | 227
 APARTAMENTO DE MARTY
O canto de Marty ocupa três espaços de armazenagem
em uma habitação barata. As letras pintadas no fron-
tispício diziam “Cia. Brooks de Limpeza e Manuten-
ção”, mas você pode ver através da tinta que o negócio
foi renomeado, mais de uma vez. Ninguém nesta
vizinhança colocaria a mão no fogo por Marty Brooks.
É preciso ser um verdadeiro babaca para construir
uma reputação dessas.
Marty Brooks trabalhava em um escritório improvi-
sado que também servia de apartamento mofado e se
mascarava a cada mês como uma empresa diferente.
Os três quartos que alugou são grandes o bastante
para armazenar toda a porcaria que acumulou em vá-
rios bicos falsos, como equipamentos de exterminador
ou um carrinho de zelador. Um dos quartos tem uma
escrivaninha, alguns armários de arquivo, um sofá no
qual pode dormir e um chuveiro. Parece que a sorte
não andou favorecendo Marty ultimamente.
Tudo acima pode ser visto através das persianas que-
bradas nas janelas. Como não há ninguém por perto, a
invasão implicaria arrombar a fechadura ou arrombar
a porta, o que pode alertar os vizinhos. A menos que
seja desarmado, um alarme silencioso piscará uma
luz vermelha no escritório, mas nada além disso (cer-
tamente não chamará a polícia).
Um bom trabalho de detetive ou habilidades
contábeis podem revelar Marty pelo que ele
é: um vigarista. As empresas laranja, os dis-
farces e a contabilidade suspeita mas inteli-
gente em seus arquivos, tudo isso mostra que
ele é um especialista em fraude. Isso também
pode revelar que Marty teve alguma sorte
inesperada no passado, mas que seus gastos
saem do controle todas as vezes, mandando-o
de volta ao crime.
Verificar os registros policiais de Marty
mostra que ele nunca foi preso por mais de
alguns meses. A polícia simplesmente não
consegue fazer as acusações valerem.
Há uma foto de Linda Brooks, a ex-esposa de
Marty, em sua mesa. Registros públicos ou
uma ligação rápida para seu número podem
mostrar que ela é proprietária de uma casa no
subúrbio, que atualmente serve como escon-
derijo de Marty.
228| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
CAMADA 2: UM ASSALTO
QUE DEU ERRADO
DENTRO DO HOTEL
Aqui em cima, os corredores mal-iluminados se esten-
dem silenciosamente para sempre. Nos andares supe-
riores, o luxuoso tapete vermelho abafa os passos dos
hóspedes e carrinhos de bagagem. Arte cara, espelhos
dourados e mesas de mármore com tigelas de hortelã se
enfileiram nas paredes. Garçons emergem de elevadores
escondidos, empurrando carrinhos prateados de serviço
de quarto com iguarias gourmet e champanhe gelado,
lembrando que, em algum lugar lá embaixo, as pessoas
estão trabalhando duro para produzir toda essa riqueza.
O hotel e seus quartos podem fornecer muito pouco
para avançar a investigação. Se a galera questionar
os convidados, eles podem revelar as mesmas infor-
mações disponíveis na recepção do hotel e no cassino
(Rhonda Giles e Jerry Chan podem ser encontrados
em seus quartos até a noite após a morte de Ashley,
quando então vão para o cassino). No entanto, o
acesso à Caixa ou à suíte privativa de Kenny Liu está
disponível apenas através do hotel e seus sistemas
de segurança (embora a Caixa também seja acessível
através do cassino e tenha uma segurança ainda mais
rígida). Se a galera chegar tão longe, ela também tem
acesso fácil à cobertura.
S E G U R A N ÇA!
O principal risco de uma cena dentro do hotel é da
galera entrar em conflito com a segurança ou con-
seguir evitá-la. A equipe de segurança privada de
Kenny Liu está espalhada por todo o hotel, como um
terno barato. Há dúzias deles em espera, na cobertura
do cassino.
• O hotel está equipado com um sofisticado sistema
de segurança, tanto informatizado (ou elétrico, se
você estiver jogando Noir Original) e monitorado
pelo pessoal de segurança (use o Perigo Sistema de
Segurança, página 148, mas disparar o alarme alerta
o esquadrão de segurança conforme abaixo).
• Se o alarme disparar, um esquadrão da segurança
privada de Kenny Liu (use o Perigo Equipe da SWAT
/ Seguranças de Elite, página 148) aparecerá em
minutos e escoltará a galera para fora do hotel, com
ou sem o seu consentimento. Como uma política
montada por Cooper, eles não hesitarão em ferir
qualquer um que resistir para impedir quaisquer
tentativas recorrentes.
• Se a equipe enfrentar resistência significativa, Carl-
ton Cooper aparecerá como suporte.
• Como último recurso, a polícia pode ser convocada
(o que pode alertar os Guardiões, dependendo da
natureza mítica do relatório e do grau de pressão
das Brumas na área).
• A polícia não tem mandado de busca em qual-
quer parte do hotel. A advogada de Kenny Liu,
Trish Maloney (use o Perigo Advogada Particular,
página 140) se certificará de que continue assim,
negando qualquer envolvimento e exigindo provas.
Ela também providenciará ordens de detenção para
todos os membros da galera pegos no hotel.
A CO B E RT U R A
O acesso à cobertura é limitado aos funcionários, pas-
sando por escadas de serviço, elevadores e corredores.
A menos que qualquer membro da galera possa voar
ou se transportar magicamente até lá, a galera terá
que atravessar algumas medidas de segurança para
chegar aqui.
Lá em cima, o vento sopra intensamente. O telhado
exposto é cercado por uma vista panorâmica deslum-
brante da Cidade, acentuada por um pôr do sol colori-
do ou nuvens pendentes e chuva persistente. A placa
gigante piscando no Royal Plaza, feita de centenas
de lâmpadas, eleva-se na lateral do telhado de frente
para a praça. Ventiladores, dutos de ar e unidades
de ar-condicionado pontilham a superfície nua, bem
como meia dúzia de escadarias e entradas de elevador.
Alguns seguranças podem estar vigiando a cobertura
e a praça em busca de bisbilhoteiros (especialmente
se a galera não teve problemas até agora).
As famosas engrenagens / lantejoulas doura-
das mostram que Ashley Lind esteve aqui na
noite de sua morte.
Cooper, Kenny Liu e K-Nino também es-
tavam no telhado naquela noite, mas será
muito mais difícil colocá-los lá. Adivinhação
pode ajudar, com Cooper sendo o mais fácil
de visualizar e K-Nino o mais difícil.
Ninguém empurrou Ashley Lind do telha-
do. Kenny Liu a ameaçou com sua arma e
usou sua voz comandante de Imperador para
impeli-la a pular. Nenhum tiro foi disparado,
então a perícia seria inconclusiva. Somente
o poder além das Brumas ou dedução com
base em outras evidências podem expor o que
aconteceu aqui.
A CAIXA
Se você desagradar a casa – e não se engane, isso inclui
ganhar –, segurança corpulentos em ternos justos e
óculos escuros levarão você por corredores luxuosos ilu-
minados em vermelho. A próxima sala parece mais uma
sala de interrogatório do que uma sala VIP. Atrás do
espelho unilateral, você só pode supor, existe uma sala
escura iluminada apenas por telas, onde as melhores
mentes em detecção de fraude e segurança de cassino
vigiam o dinheiro de Kenny Liu.
A Caixa é o centro de segurança do cassino, conten-
do o centro de comando, o cofre e as instalações da
equipe de segurança. Entrar na Caixa sem ser detec-
tado é essencialmente tão desafiador quanto roubar o
cassino, mas, se a galera conseguir realizar tal assalto,
muito pode ser revelado.
Use os Perigos de segurança do hotel fornecidos na
página 228 para representar a Caixa, mas atualize os
espectros de Perigo do Sistema de Segurança para
alarme:2 e anular:5 e dê este movimento personaliza-
do:
Tecnologia de Ponta: Quando o Sistema de
Segurança entrar em cena, recebe tecnologia-
-de-ponta. A MC pode renovar este rótulo como
um movimento fraco após um jogador fazer um
movimento sem ele.
Os Seguranças de Elite na Caixa começam com vigi-
lante-1. Se relevante, analistas de segurança e fraude
estão monitorando o cassino, suas entradas e o perí-
metro do hotel o tempo todo (use o Perigo Detetive
/ Investigadora, página 146). Observe que, se alguém
mover qualquer dinheiro ou fichas pertencentes ao
cassino, os poderes do Dragão de Cooper o alertam,
não importa onde ele esteja.
O centro de comando mantém as imagens da
câmera de segurança da noite do incidente,
que foram substituídas por algumas ima-
gens do dia a dia. Se a equipe puder entregar
as fitas a um analista profissional ou a um
Portal com os poderes certos, eles podem
extrair a filmagem original, mostrando tudo
o que aconteceu naquela noite, exceto a suíte
privativa de Kenny Liu (sem câmeras) e o
que aconteceu no telhado (que estava fora do
campo de visão da câmera). Isso também re-
vela o envolvimento de Marty Brooks e Théo
Blanc, se ainda não foi revelado.
A N E XO S | 229
230| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
 No escritório do Chefe de Segurança de
Cooper há fotos de Ashley Lind no cassino
(tiradas durante uma das tentativas da equipe
de assalto alguns dias antes) e registros do
clube de Théo e seu apartamento (não seu
esconderijo atual). Uma das fotos de Lind está
circulada com um marcador vermelho com
um rabisco: “Ave canora?”
No elevador particular que sobe da Caixa
para a suíte privativa de Kenny Liu, pequenas
engrenagens e alfinetes de bronze e ouro
podem ser encontrados (ou seriam lantejoulas
douradas?).
CLUBE DO THÉO
Não foi fácil encontrar o Ás de Paus. Escorregar pela
parede dos fundos da despensa do querido casal de
velhinhos leva você a um bar clandestino do tamanho de
um quarto de hotel, confortavelmente equipado com um
bar e duas mesas redondas de pôquer. Homens despre-
zíveis com a barba por fazer e mulheres sensuais expõem
alma nua com seus olhares, tentando captar o que você
diz através da fumaça ondulante.
Escondido no porão de uma casa no bairro antigo, o
Ás de Paus é um clube privado para jogadores profis-
sionais e um dos locais favoritos de Théo Blanc. Théo
não está aqui, mas a proprietária, Marla Costa (a Sol-
dada da Carta Ás de Paus de Alice no País das Mara-
vilhas) sabe onde ele se esconde (um estádio perto da
Zona Industrial) e de quem (Cooper, que virá para se
livrar das pontas soltas agora que Théo é testemunha
em um caso de assassinato em potencial).
Marla é uma mulher magra e intensa na casa dos 30
anos, geralmente usando um top, jeans, salto alto e
uma jaqueta de couro. Poucos percebem, mas seu per-
fil é notavelmente estreito. A última coisa que Marla
MARLA COSTA
(SOLDADO DA CARTA) yyy
FERIR OU INCAPACITAR 3 / AMEAÇAR 4
• Manipulação de Cartas: Marla pode mover car-
tas sem tocá-las, mesmo dentro de um baralho
selado. Quando ela jogar cartas, recebe as-car-
tas-estão-a-meu-favor-3, renovável como um
movimento forte.
• Combatente Treinada: Aumente o nível de
qualificador de condições de dano físico ou inca-
pacitação 237-2-2: "causado pelos movimentos
quer é entregar seu amigo e amante ocasional. Ela e
alguns dos fregueses menos refinados darão socos em
qualquer pessoa que esteja procurando pelo aposta-
dor bonitão.
O Perigo de Marla é dado abaixo (ela é uma Bruta-
montes com um Conjunto de Poder do Mythos de
Guerreira, página 154). Para a galera dela, use o Peri-
go de Brutamontes (página 145).
ESCONDERIJO DE MARTY
O canalha do Brooks escolheu um bom lugar para se
esconder: uma casa de cinco quartos em Happyville,
que provavelmente comprou com dinheiro que rou-
bou de velhinhas. Ele agora está listado sob o nome
da sua ex-esposa. Você se pergunta como ele foi capaz
de escapar da segurança do cassino naquela noite. Ele
tentará o mesmo golpe aqui?
Quando a equipe chegar à casa suburbana de Lin-
da Brooks, Marty tentará fugir a pé pelos quintais e
casas particulares (ele sabe que o carro de Linda está
comprometido). Use o Perigo de Golpista (página 143)
para Marty, mas comece com três-passos-à-frente-3
graças ao seu talento para sair antes que os proble-
mas comecem. Se a galera errar muitos movimentos,
Negue Algo Que Estão Querendo e faça Marty desa-
parecer e sumir da cidade. Marty é um homem careca
de meia-idade em um terno barato de mau gosto e
grandes óculos escuros. Se for pego, ele tentará esca-
par, mas a ameaça de violência física o fará entregar
tudo rapidamente. Observe que, por estar longe dos
meios de comunicação, Marty ainda não sabe sobre
a morte de Ashley. Ouvir a notícia o provocará tris-
teza genuína e ele desatará a chorar. Por todas as suas
mentiras, o golpista de meia-idade tinha um ponto
fraco pela Srta. Lind. A galera também pode ser capaz
de culpabilizá-lo e forçá-lo a ajudá-los.
de Marla Costa em um." --> "causado pelos mo-
vimentos de Marla Costa em um (já considerado
nos movimentos abaixo).
• Imbatível: Quando Marla Costa entrar em cena,
recebe um golpe de clava, perfil incrivelmente
estreito e leve como papel.
• Paulada Lendária: Quando você atacar Marla
Costa, você primeiro recebe paulada-3.
• Intimidar (ameaças-2), espancado com um bas-
tão (costelas-quebradas-4) ou jogar uma carta em
uma artéria exposta (sangramento-4)
• Avisar alguém para cuidar da própria vida,
senão...
A N E XO S | 231

Marty compartilhará o plano de roubo e
como tudo correu bem até que percebeu que
Cooper estava atrás deles.
Ele admite ter abandonado Ashley depois
de perceber que algo estava errado. Ele a viu
caminhando para o banheiro masculino para
substituir Cooper como planejado, mas não
tinha como avisá-la sem se expor.
Ele culpará Théo Blanc por traí-los, apontan-
do a galera para o clube do Théo ou até mes-
mo para o esconderijo do Théo, dependendo
de suas considerações cinematográficas.
CAMADA 3: A
CORRIDA PARA CALAR
Com os detalhes do assalto revelados e
o sequestro de Ashley Lind pela segu-
rança privada do cassino praticamente
exposto, a principal questão na mesa é
“Por que Ashley Lind foi sequestra-
da?”. Além de Kenny Liu e K-Nino (que
ainda podem estar inacessíveis para a
galera), Théo Blanc e o chefe de segu-
rança Cooper são os únicos que sabem
a resposta.
ESCONDERIJO DE THÉO
O estádio fica extremamente quieto quando está vazio, si-
lencioso exceto pela chuva batendo em dezenas de milha-
res de assentos de plástico. Os holofotes brilhantes acima
do campo tornam difícil olhar para as arquibancadas.
Em algum lugar abaixo, uma pequena porta leva a um
apartamento sujo do zelador, mas ele não estará lá até o
início da temporada. É lá onde Théo está supostamente
se escondendo. Pegá-lo não deve ser muito complicado.
Então por que você está com uma sensação ruim?
O estádio onde Théo está escondido até poder sair
da Cidade em segurança está localizado em algum
lugar nos limites da Zona Industrial. Depende de você
determinar se ele está abandonado, fora da tempora-
da, ativo mas não agora, ou de fato hospedando um
jogo quando a galera chegar. Théo está escondido no
apartamento local (uma cela seria um termo mais
adequado) do zelador do estádio, que deve muito
dinheiro a Marla Costa. A janela do apartamento tem
232| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
vista para o estádio. Existem outras salas, como salas
de transmissão, banheiros, vestiários, escadarias etc.
dentro do prédio do estádio – todos excelentes locais
para a sangrenta perseguição de assassinato que está
prestes a acontecer.
Se a galera estiver procurando por Théo aqui,
então Cooper também está. Uma vez que Théo pode
testemunhar como ele traiu Ashley Lind a Cooper, as-
sociando Cooper à morte de Ashley, ele é uma respon-
sabilidade com a qual o Cassino Royal Plaza não pode
arcar. Pouco antes ou depois da chegada da galera,
Cooper ou um assassino que ele contratou aparecerá
(use o Perigo Assassino de Aluguel, página 145, ou use
o Perigo de Cooper com os espectros e movimentos
necessários do Perigo Assassino de Alguel).
Contudo, Théo sabe que está em perigo e plane-
jou um estrategema próprio. Ele tem o apartamento
equipado com explosivos (mortalmente-ferido-5) para o
caso de alguém vir atrás dele (incluindo a galera), e está
agachado em algum lugar nas arquibancadas, observan-
do os perseguidores e esperando para fazer sua jogada.
A chuva forte e os holofotes (bem como, possivelmente,
a multidão barulhenta) tornam muito difícil localizar
ameaças nas arquibancadas. Quando a galera afinal
localizar Théo e o assassino, pode ser tarde demais.
Se a galera conseguir prender Théo, encontram o
apostador – um rapaz na casa dos 30 anos – ensopa-
do até os ossos em um agasalho e camiseta, muito
diferente de seu elegante traje de cassino. Théo pode
revelar que Carlton Cooper o pegou depois de uma
simulação do assalto planejado e o forçou a contar so-
bre Marty e Ashley. Ele descreverá Cooper como uma
"aberração", que, de alguma forma, sabia onde Théo
escondeu algumas fichas que roubou do cassino. Fi-
nalmente, ele descreverá o interesse imediato de Coo-
per nas habilidades de imitação e disfarce de Ashley,
e como ele ameaçou Théo a trair Marty e Ashley. Com
isso, Théo confirma que o sequestro de Ashley Lind
por Cooper não foi apenas o cassino tomando medi-
das disciplinares – foi um crime premeditado.
PERSEGUINDO COOPER
Cooper sai do carro, a fumaça enrolando-se em torno
dele como uma cauda escamosa escorregadia. Sua man-
díbula cerrada, ele corta através da fumaça, inalando-a
sem pestanejar. Quando seu braço sobe, segurando uma
pistola de assalto de ponta, o bordado em seu terno pre-
to começa a brilhar. As balas começam a voar por toda
parte, mas o que você realmente deveria cuidar é com a
fumaça entrando nas narinas dele e as faíscas saindo de
sua boca...
Carlton Cooper é o ponto focal do caso. Enquanto
Kenny Liu é o vil Imperador que decretou o seques-
tro e a morte de Ashley Lind, o Chefe de Segurança
Cooper foi seu executor dracônico, cuidando de tudo
o que era necessário para primeiro capturar o Pássaro
Mecânico e depois esconder os crimes de seu mestre.
O Imperador é guardado por Cooper, sua tropa de
advogados e amigos em posições elevadas. Para alcan-
çá-lo e descobrir os detalhes finais do caso, a galera
deve primeiro prender Carlton Cooper (a menos que
decidam explicitamente abordar Kenny Liu primeiro e
encontrar outra maneira de chegar até ele).
Para a sorte da galera, o velho dragão sai bastante:
• Se ele estava envolvido ou mesmo assistindo ao
confronto final no estádio (Esconderijo de Théo), a
galera pode querer persegui-lo ali mesmo.
• A galera pode tentar segui-lo em sua vida privada,
como quando ele sai do cassino para relaxar em um
bar no centro da Cidade.
• Você pode fazer Cooper atacar a galera (em seu
modo assassino descrito acima) e então fugir.
CARLTON COOPER, CHEFE DE
SEGURANÇA (O DRAGÃO) yyy
Carlton Cooper é um homem negro de meia-i-
dade severo e de cabelos grisalhos. Graduado em
treinamento militar de elite, ele serviu seu país
por mais de uma década e, em seguida, trocou
de carreira para a segurança privada. Guardar os
maiores tesouros de seus clientes despertou nele o
Dragão, e, embora permanecesse em grande parte
preocupado com seus deveres, ele está aprendendo
a confiar mais em sua lenda a cada dia e já ganhou
a reputação de maior especialista em segurança
dos cassinos da Cidade .
FERIR OU INCAPACITAR 5 / COMPROMETER 4
• Predador Supremo: Quando Cooper entrar em
cena, recebe alerta-2, renovável como um movi-
mento difícil.
• Servo do Imperador: Quando alguém tentar in-
fluenciar Cooper contra Kenny Liu pela primeira
vez, Cooper recebe subserviente-5 (ele está sob o
controle de Kenny Liu).
• Guardião do Tesouro: Quando você tirar algo
de valor do cassino, Cooper sabe onde o objeto
está na Cidade.
• Escamas Escorregadias: Quando Cooper sofrer
uma condição de dano físico ou incapacitação,
reduza seu nível de qualificador em 1.
Se Cooper achar que a galera representará um pro-
blema no futuro, ele tentará se livrar dela (e apostar
nos advogados de Kenny para provar legítima defe-
sa). Contudo, se a galera se provar difícil demais de
lidar, ele tentará fugir. Dependendo do resultado do
conflito, Cooper pode fazer qualquer uma ou todas as
seguintes opções:
• Confirmar a informação reunida pela galera até agora
• Completar o quebra-cabeça contando à galera sobre
a doença de Kenny Liu, seu trato com a Morte e a
verdadeira Rouxinol
• Rir cinicamente, dizendo à galera que eles não têm
como provar que Ashley foi assassinada, já que
Kenny apenas a convenceu a pular
• Fornecer à galera acesso à suíte privativa de Kenny
Liu, como os códigos para anular o elevador na
Caixa
• Sequestrar um membro da galera ou alguém impor-
tante para eles
• Recuar para a suíte privativa de Kenny Liu
• Guarda-Costas: Quando Cooper sofrer uma
condição da qual seus guarda-costas puderem
protegê-lo, os guarda-costas (Segurança de Elite)
sofrem a condição em seu lugar.
• Esconder, destruir ou adulterar evidências (falta
de evidências)
• Manter a equipe de segurança privada eficiente
(eficiente-2 ou remova 2 níveis de qualificador de
condições táticas negativas ou 2 rótulos de histó-
ria de impedimento)
• Identificar a ganância dos outros e oferecer di-
nheiro (suborno-3)
• Usar artes marciais para conter ou machucar alguém
(contido-3 ou ferimento-doloroso-3) ou disparar
rajadas precisas com uma pistola de assalto cara
(múltiplos-ferimentos-de-bala-3 em vários alvos)
• Soprar fogo, exaurindo-se (queimaduras-4 em
todos à sua frente, mas recebendo exausto-2)
• Ligar para a segurança privada de Kenny Liu (eles
chegam) (crie um novo Perigo: Segurança Privada
de Kenny Liu, ou aumente seu tamanho coletivo
se já estiverem aqui)
• Analisar a cena com atenção e astúcia para enten-
der o que a galera fará em seguida
• No hotel ou no cassino, desaparecer em um eleva-
dor de serviço ou corredor dos fundos
• Chamar a segurança privada de Kenny Liu (estão
a caminho)
• Quando tiver problemas, parar e respirar fundo
(preparando para soprar fogo)
3·P E R I G O S E AVATA R E S | 233

DODGE CHARGER DE COOPER
(RELÍQUIA) yyy
ALCANÇAR OU ULTRAPASSAR 5 /
TIRAR DO JOGO 4
• Veículo: Cooper pode emergir do carro como um
movimento fraco. Isso acontece automaticamen-
te quando tirar do jogo estiver no máximo.
• Tema o Dragão: Quando você estiver em rota de
colisão frontal com o Dodge Charger de Cooper,
primeiro você recebe amarelou-4, obrigando você
a desviar.
• Queimar o Asfalto: Quando o Dodge Charger
de Cooper entrar em cena, recebe rápido-2. A MC
pode renovar essa condição como um movimento
forte.
• Blindado: Quando o Dodge Charger de Cooper
sofrer uma condição de dano, reduza seu nível de
qualificador em 2.
• Bater em um veículo (perdeu-o-controle-3), um
obstáculo (queime dois rótulos de obstáculo) ou
uma pessoa (fraturas-múltiplas-4)
• Acelerar noite adentro (movimento forte)
• Afastar os perseguidores com manobras de
direção combativas
• Acelerar e deixar uma trilha de fumaça para trás
234| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
CAMADA 4: A
DÍVIDA COM A MORTE
Assim que a galera conectar todos os
pontos, fica claro que Kenny Liu puxou
o gatilho do lendário poder que fez
Ashley Lind pular para a morte ou, pelo
menos, que estava envolvido em sua
morte e se beneficiou dela.
A galera pode ter planos diferentes para Kenny: eles
podem querer interrogá-lo ou entrevistá-lo, capturá-
-lo (e talvez vingar-se dele) ou incriminá-lo e deixá-lo
com a polícia (se não souberem de seus poderes). Mas
como você derruba um imperador?
O confronto final com Kenny não precisa ser uma
luta. Pode muito bem ser um diálogo intenso que o
forçará a confessar, uma batalha legal para fazê-lo
pagar por seus pecados ou um assalto com o objetivo
de obter (ou plantar) evidências, derrubar seu cassi-
no ou descobrir quem está controlando Kenny. Use
as especificações de segurança na Camada 2 (página
228) para representar os desafios de alcançar a suíte
privativa de Kenny Liu.
SUÍTE PRIVATIVA DE KENNY LIU.
A suíte privativa de Kenny Liu é uma residência exu-
berante com múltiplos espaços abertos. A iluminação
personalizada acentua os móveis de design e a arte con-
temporânea cuidadosamente colocados aqui para criar
uma impressão de poder elegante. Kenny Lui entretém
os hóspedes em uma seção rebaixada da suíte, onde
sofás macios e um bar de coquetéis os aguardam. A vista
desobstruída e panorâmica da Cidade atinge você com
vertigem. Quanto mais alto, maior a queda.
Quando a galera chegar para enfrentar Kenny, a suíte
está cercada por sua força de segurança privada, com
Cooper na liderança (se ele ainda for capaz). Depen-
dendo das circunstâncias, K-Nino também pode estar
presente, especialmente se foi ele quem avisou a
galera ou se a galera estiver começando a minar seus
interesses com o Imperador (veja o Perigo de K-Nino
na página 180).

LOCALIZAÇÃO FLUTUANTE
Por padrão, a suíte privativa de Kenny Liu está
localizada no último andar do hotel e foi para lá
que Ashley Lind foi levada antes de ser forçada
a pular para a morte. No entanto, se a galera
de alguma forma entrar na suíte do hotel no
início do caso, você pode optar por ter a suíte
privativa de Kenny em sua cobertura no centro
da Cidade. Nesta variação, a suíte do hotel onde
ocorreu o encontro fatídico com Ashley Lind e
K-Nino é um local separado da cobertura, onde
Kenny Liu geralmente reside e onde a galera
finalmente o encontra.
Kenny Liu não vai simplesmente se entregar para
a galera. Ele já sobreviveu a inimigos piores do que
eles (ou pelo menos é o que pensa). Assim como
quando aspirou escapar da Morte (duas vezes!), ele
está disposto a usar todos os meios necessários para
se livrar permanentemente da galera e enfrentar a
tempestade de Ashley Lind. Se a oportunidade se
apresentar, ele tentará assumir o comando de um
membro da galera mentalmente vulnerável e forçar
a galera a lutar entre si, na esperança de mais tarde
criar uma história e botar a culpa de Ashley Lind nos
membros da galera.
Conversando com Kenny Liu, a galera pode descobrir
o seguinte:
A história de Kenny Liu com a Morte, a verda-
deira Rouxinol e Ashley Lind
Sua aposta fracassada de que Ashley Lind será
capaz de salvá-lo da Morte e do preço que a
Morte o fez pagar ao sacrificar Ashley
Como ele fez Ashley Lind pular para sua
Morte
No apartamento, a galera pode encontrar:
As engrenagens, molas e pinos indicando que
Ashley Lind foi forçada a estar lá
Artefatos de adoração à morte, tais como um
porta-incenso feito de uma caveira
Arquivos médicos sobre sua doença terminal
A N E XO S | 235

KENNY LIU (O IMPERADOR) yyy
Kenny Liu é um homem asiático de estatura
média, em forma e na casa dos 40 anos, geralmente
vestindo um terno de grife cinza ou preto. Ele tem
um ar de presunção e sofisticação, mas também
uma certa crueldade que vem de um sentimento de
superioridade. Ele é a personificação do ideal do
Imperador e está muito acostumado com as coisas
sendo feitas do seu jeito. Infelizmente, ele não
incorpora as qualidades admiráveis dos grandes
imperadores: ele não tem uma visão ou desejo de
servir a algo maior do que ele mesmo, então tem
usado seus poderes para nada mais do que autoin-
dulgência glorificada.
FERIR OU INCAPACITAR 3 / AMEAÇAR 5 /
COMPROMETER 4
• Mandato dos Céus: Quando você atacar ou ten-
tar influenciar Kenny Liu em sua presença, você
primeiro recebe obediente-3.
• Faça-me Uma Oferta Que Não Posso Recusar:
Quando você recusar a oferta de Kenny Liu, você
está Correndo o Risco.
• Guarda-Costas: Quando Kenny Liu sofrer uma
condição da qual seus guarda-costas podem
protegê-lo, os guarda-costas (Segurança de Elite)
sofrem a condição em seu lugar.
• Sem Descanso: Ao final de cada período de
inatividade ou como um movimento difícil, Kenny
Liu pode dar a você reputação-manchada-2 ou pro-
curado-2, ou criar um novo Perigo para ir atrás de
você (escolha entre Advogada Particular, Detetive,
Segurança de Elite, ou Assassina de Aluguel)
• Implacável: Ao final da cena, remova todas as
condições do espectro de ameaçar de Kenny Liu.
• Decretar a vontade do imperador, ordenando
obediência absoluta (obediente-3)
• Puxar uma pistola oculta e dispará-la (tiro-bem-
-dado-4)
• Ameaças veladas com palavras doces
• Simpatia que levanta suspeitas
236| C I T Y O F M I S T L I V RO D E F E R R A M E N TA S DA M C
CONSEQUÊNCIAS
Embora o caso possa terminar de mui-
tas maneiras diferentes, aqui estão
alguns pontos a serem considerados
antes de encerrá-lo:
• O que acontecerá com Kenny Liu? Se estiver
morto, ele voltará com a ajuda da Morte, ou vai para
as refinarias de ambrosia? Se estiver na prisão, o que
o impede de simplesmente sair usando sua capaci-
dade de comandar os outros? Ou talvez na prisão ele
ganhe ainda mais poder ou tenha uma epifania sobre
o que deve fazer da vida? Se estiver livre, ele guarda
rancor pela galera e continua a assombrá-los?
• Onde está Cooper ao final disso tudo? Se seu
envolvimento foi puramente devido ao domínio
de Kenny Liu sobre ele, talvez agora ele seja um
homem mudado. Ele poderia estar interessado em
recrutar a galera ou ajudá-la. Outros poderes no
submundo dos Portais podem ter notado suas capa-
cidades e desejam contratá-lo. E se o cassino estiver
acabado, talvez ele ascenda à condição Limítrofe.
• A Morte, também conhecida como Anatoli Vi-
dales, certamente tem a galera em seu radar depois
disso. Quer o K-Nino tenha se envolvido diretamente
ou não com a galera, a Morte vai querer que a amea-
ça seja removida. Ele pode enviar seu pessoal para
ameaçar as personagens principais ou seus entes
queridos ou oferecer-lhes uma vida além da morte.
• Marty Brooks, se ficar por perto, poderia se interes-
sar pelas habilidades da galera e ter algumas propos-
tas de novos assaltos para ela. Embora improvável,
seu amor por ganhos pessoais pode realmente ajudá-
-lo a despertar e ver o potencial nos Portais.
• A polícia pode ter um interesse especial pela
galera, seguindo o desenrolar da investigação. Do
policial nas ruas aos chefes de comando, cada de-
partamento pode ver a galera como ameaças, como
aliados ou como ambos.
• E Ashley lind? Ela está realmente morta? Ou a Mor-
te simplesmente cobiçou o Pássaro Mecânico para si?
Os membros da galera podem muito bem vê-la nova-
mente (e possivelmente sua irmã) em casos futuros
relacionados à operação de Anatoli. Por enquanto,
uma cena final adequada poderia envolver um dos
membros da equipe vendo alguém que se parece
muito com Ashley Lind, só que um pouco mais triste,
olhando para eles na rua enquanto a multidão do
centro se espalha ao redor... apenas para desaparecer
no fluxo de pedestres momentos depois.