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ANO 63 – MAIO DE 2015 – Nº 451
Fundador
Professor Angelito Asmus Aiquel
Diretor Executivo
Elton José Donato
Ementário de Jurisprudência
1. Ementário de Jurisprudência Penal e Processual Penal......................205
Doutrina Cível
Os Mestres Arthur M. Ferreira Neto e Luciana Gemelli Eick averiguam
se toda e qualquer ação tipicamente humana pode ser alvo de controle e re-
gulação por parte do Direito, inclusive aquelas interações humanas que pres-
supõem alguma manifestação sensitiva espontânea, com intencionalidade
autônoma e sincera do agente, como é o caso do afeto, carinho e atenção. Dito
de outro modo, buscam nesse estudo analisar se tanto o legislador, quanto
o operador jurídico poderiam, por meio da dimensão coercitiva do Direito,
pretender imputar obrigação jurídica que exigiria o cumprimento de deter-
minadas atitudes afetivas por parte das figuras parentais em relação aos seus
filhos, de modo a impor sanções (i.e., o pagamento de indenização pecuni-
ária) em caso de não atendimento satisfatório desse suposto dever jurídico.
A Especialista Graziela Maria Rigo Ferrari e o Pós-Doutorado Ricardo
Lupion Garcia apresentam: I) a construção de um conceito de função social e
responsabilidade social da empresa a partir da análise de posição histórica e
doutrinária no cenário mundial e no cenário brasileiro; (II) a função social em
sua dimensão positiva mediante o reconhecimento do potencial atribuível
à iniciativa privada na construção de uma sociedade justa e que atenda aos
anseios sociais e em sua dimensão restritiva; e (III) a responsabilidade social
como regra econômica e ética na busca de um desenvolvimento sustentável.
O Professor Felipe Cunha de Almeida aborda a questão referente à ve-
dação à compensação de honorários advocatícios que trouxe o Novo Código
de Processo Civil. Em relação aos honorários, leciona Humberto Theodoro
Júnior que “Entre os gastos necessários que a parte faz no processo figuram
os honorários pagos a seu advogado”, sendo, portanto, uma espécie do gêne-
ro relativo às despesas processuais.
A Professora Dora García Fernández fala sobre o principal problema
que surge das técnicas de fecundação assistida, especialmente da FIVET
(Fertilização In Vitro com Transferência de Embriões) que são os embriões
excedentários. Levando em consideração que são seres humanos com poten-
cialidade de se tornarem adultos, é importante que a legislação de cada país
considere a possibilidade de oferecê-los para adoção por parte de casais in-
férteis, com o objetivo de lhes dar a oportunidade de nascer, tal como estabe-
lece a legislação espanhola (artigo traduzido pelo Professor Daniel Ustárroz).
Doutrina Penal
O Procurador Rômulo de Andrade Moreira trata sobre a proposta de
redução da maioridade penal e afirma que querer a aplicação da pena de
privação da liberdade de adolescentes de dezesseis anos resolva a questão
da segurança pública é desconhecer as raízes da criminalidade, pois de nada
adiantam leis severas, criminalização excessiva de condutas, penas mais du-
radouras ou mais cruéis.
Os Editores
Doutrina
Cível
l
el
Mestre em Fundamentos Constitucionais do Direito Público e
ve
do Direito Privado pela PUCRS, Especialista em Direito dos
Contratos e Responsabilidade Civil pela Unisinos, Advogada.
a C íí v
SUMÁRIO: Introdução; I – O contexto fático e jurídico do caso
enfrentado no REsp 1.159.242/SP; II – Análise crítica dos ar-
na
INTRODUÇÃO
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2 “Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: I − castigar
imoderadamente o filho; II − deixar o filho em abandono; III − praticar atos contrários
à moral e aos bons costumes; IV − incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo
antecedente.”
3 Os Srs. Ministros Sidnei Beneti, Paulo de Tarso Sanseverino e Ricardo Villas Boas Cueva
votaram com a Sra. Ministra Relatora, restando vencido o voto do Sr. Ministro Massami
Uyeda.
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3º) Jamais veio o pai a demonstrar carinho, afeto, amor, atenção, apoio
moral, nunca tendo a filha sentado no colo do pai, não tendo rece-
bido conselhos paternais, ajuda na escola, cultural e financeira etc.;
4º) Teria sido o pai negligente no auxílio em despesas médicas, esco-
lares, abrigo, vestiário e outras;
5º) Teria o genitor apenas efetuado o pagamento de pensão alimentí-
cia de modo compulsório, por meio de imposição judicial; e
6º) O reconhecimento do vínculo parental somente teria se dado por
meio de processo judicial.
Com base em tais elementos fáticos, o Ministro Sidnei Beneti votou
pelo provimento parcial do recurso especial interposto apenas para reduzir o
valor da condenação para R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).
Em sentido contrário foi o voto do Ministro Massami Uyeda, o qual
entendeu não existir direito à indenização no caso, na medida em que im-
passível de controle jurídico o dever de garantir aos filhos atenção e carinho
paternos. O Ministro Uyeda assim afirmou:
O ideal da convivência das pessoas é que todos tivéssemos uma vida em
família harmoniosa, com o pai e a mãe expedindo esse amor, esse carinho,
mas manifestações de amor e carinho é meio complexo. Não posso exigir
que os meus padrões psicológicos se coloquem na normalidade.
6 Idem.
7 Idem, p. 6.
8 Idem.
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9 Idem, p. 7.
10 Idem.
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11 Esse argumento em particular pode ser analisado em escopo ainda mais amplo daquele
que seria exigido pelo caso concreto em análise, ou seja, não necessita ficar adstrito apenas
às relações familiares, pois se sustentará que, em realidade, nenhuma relação afetiva e
emocional, mesmo que possa pressupor uma parcial influência de atos intencionais do
indivíduo, jamais poderia ser caracterizada como ato puramente voluntário do sujeito
que deveria manifestar essa ou aquela atitude emocional. Não se pode negar, por outro
lado, que esse falso pressuposto, coerentemente, representaria, de fato, pressuposto
indispensável para a responsabilização jurídica nos casos do denominado “abandono
afetivo”.
12 Expressão utilizada pela Ministra Nancy Andrighi no voto do Recurso Especial
nº 1.159.242/SP, p. 8.
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16 O Projeto de Lei do Senado nº 700, de 2007, pretende modificar a Lei nº 8.069/1990 (ECA)
para caracterizar o abandono moral como ilícito civil e penal. No entanto, em 26.12.2014,
a matéria foi arquivada.
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mana (talvez tal medida jurídica, adotada em larga escala, possa gerar efeitos
colaterais negativos ou até socialmente nefastos).
Na verdade, caso analisado com maior profundidade o argumento do
“dever de indenizar em razão da ausência de impedimento legal”, percebe-se
que ele se fundamenta em uma antiga e conhecida pressuposição que é típi-
ca do ideário positivista, qual seja a de que a integralidade do conteúdo do
Direito estaria sempre à disposição dos atos voluntários do legislador, o qual
seria o responsável primário para a escolha das estruturas normativas que
seriam introduzidas no ordenamento jurídico. Aliás, Hans Kelsen17 foi o filó-
sofo do Direito que ficou mais conhecido por defender que o sistema jurídico-
-normativo poderia receber absolutamente qualquer conteúdo – mesmo que
absurdo18 –, bastando, para isso, que o legislador, por meio de seu ato de von-
tade, desejasse produzir uma norma jurídica que regulasse, hipoteticamente,
determinada classe de condutas humanas, atribuindo a essa uma consequên-
cia jurídica negativa ou positiva. Desse modo, na perspectiva do positivismo
jurídico, o sistema normativo do Direito não estaria, em princípio, submetido
a qualquer limitador lógico nem ontológico, pois estaria autorizado a trazer
para dentro do escopo regulatório do Direito toda e qualquer ação humana.
No entanto, conforme se pretende argumentar, o pressuposto positi-
vista que leva a uma espécie de absolutismo regulatório por parte do Direito,
de acordo com o qual inexistiria qualquer aspecto da existência humana que
não pudesse ser absorvido por padrões normativos e coercitivos do Direito,
já veio a ser rechaçado por inúmeros teóricos do Direito (inclusive por aque-
les de viés positivista).
17 “Eine norm kann auch einen sinnlosen Inhalt haben. Dann ist aber keine Interpretation imstande,
ihr einen Sinn abzugewinnen.” (KELSEN, Hans. Reine Rechtslehre. Alemanha: Mohr Siebeck,
2008. p. 114)
18 Para se evitar a crítica apressada, cabe aqui ressaltar o óbvio, qual seja: de nenhum
modo está-se aqui sustentando que a demonstração de afeto entre pai e filho deva ser
compreendida como conteúdo absurdo de uma norma. Apenas pretende-se ressaltar o
extremo a que chega o ideário positivista com uma pretensão de criar um absolutismo
normativo, em que qualquer conduta humana pode ser regulada pelo Direito, desde que
assim deseje o legislador e o aplicador do direito.
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19 NUSSBAUM, Martha. Poetic Justice. Estados Unidos da América: Beacon Press, 1995.
20 “Appropriate emotions are useful in showing us what we might do, and also morally valuable
in their own right, as recognitions of the character of the situation before us. Furthermore, they
motivate appropriate action. On the other hand, not all emotions are good guides. To be a good
guide, the emotion must, first of all, be informed by a true view of what is going on − of the facts
of the case, of their significance for the actors in the situation, and of any dimensions of their true
significance or importance that may elude or be distorted in the actors’ own consciousness. Second,
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the emotion must be the emotion of a spectator, not a participant. This means not only that we
must perform a reflective assessment of the situation to figure out whether the participants have
understood it correctly and reacted reasonably; it means, as well, that we must omit that portion
of the emotion that derives from our personal interest in our own well-being.” (NUSSBAUM,
Martha. Poetic Justice...)
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21 Por exemplo, se o legislador viesse a criar lei obrigando todos os vizinhos residenciais
a se considerarem amigos, sob pena de pagamento de multa pecuniária, seria tal lei
absolutamente inócua na sua pretensão de criar novos vínculos de amizade. Mesmo que,
sob temor de pagamento de multa, vizinhos passassem a conviver com maior frequência,
certamente nenhuma relação de amizade verdadeira estaria sendo produzida no mundo.
Ou ainda, se o legislador instituísse a “lei da caridade” obrigando cada cidadão a “doar”
a uma família carente o valor de um salário-mínimo, sob pena de sanção, novamente não
estaríamos produzindo mais cidadãos com espírito caridoso. Por fim, nenhuma decisão
judicial poderia forçar um indivíduo a manifestar admiração pelo status de alguém,
tal como se deu no curioso caso em que juiz processou o porteiro de seu condomínio
ao argumento de que esse não lhe garantia tratamento condizente com a sua posição
de autoridade, ao negar-se a chamá-lo de “Doutor” (cabe observar que o Tribunal de
Justiça do Rio de Janeiro chegou a conceder liminar favorável ao magistrado que se
sentiu agredido, tendo porém o STF negado seguimento ao Recurso Extraordinário, que
acabou sendo interposto pelo Juiz – Processo nº 20050020034244 e AI 860598, Ministro
Lewandowski, 28.04.2014).
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22 Sobre a natureza das emoções humanas e a sua importância no Direito, vide NUSSBAUM,
Martha. Hiding From Humanity – Disgust, Shame, and the Law. Estados Unidos da
América: Princeton University Press, 2004.
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30 Idem.
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31 Não se está aplicando equivocadamente o termo cuidar quando se afirma que uma
enfermeira ou um médico cuida (em termos profissionais) do seu paciente ou quando
uma pessoa que deve prover pelo sustento de outro indivíduo hipossuficiente deverá ela
cuidar (financeiramente) dessa pessoa carente.
32 Obviamente, uma espécie pode ter outras diferenças específicas em relação ao gênero,
mas não poderá ter uma qualidade que seja contraditória às qualidades necessárias que
caracterizam o gênero, sob pena de não ser uma de suas espécies.
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38 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2012. p. 75.
39 MORAES, Maria Celina Bondin de. Op. cit., p. 119.
40 Idem, ibidem.
41 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos
fundamentais na perspectiva constitucional. 11. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2012. p. 98.
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42 MORAES, Maria Celina Bondin de. O conceito de dignidade humana: substrato axiológico
e conteúdo normativo... p. 115.
43 DÜRING, Günter. Der Grundsatz der Menschenwürde. Entwurf eines praktikablen
Wertsystems der Grundrechte aus Art. 1, Abs. I in Verbidung mit Art. 19 Abs. II des
Grundgesetzes. In: Archiv des Öffentlichen Rechts (AöR), n. 81, 1956, p. 9 e ss. Apud
SARLET, Ingo Wolfgang. As dimensões da dignidade da pessoa humana. Revista Brasileira
de Direito Constitucional – RBDC, n. 9, p. 380, jan./jun. 2007.
44 MORAES, Maria Celina Bodin de. Danos à pessoa humana. Uma leitura civil-constitucional
dos danos morais. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. p. 77.
45 AFONSO DA SILVA, José. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Revista dos
Tribunais. 6. ed. 2. tir., 1990. p. 93.
46 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais..., p. 73.
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52 Idem, p. 71.
53 ALMEIDA NETO, Amaro Alves de. Dano existencial – A tutela da dignidade da pessoa
humana. Disponível em: <http://www.mp.sp.gov.br/portal/page/portal/cao_
consumidor/doutrinas/dano%20existencial.doc>. Acesso em: 05.04.2013. p. 10.
54 LÔBO, Paulo Luiz Netto. Danos morais e direitos da personalidade. Rio de Janeiro. Revista
Trimestral de Direito Civil, v. 6, p. 79-97, abr./jun. 2001. p. 86.
55 PERLINGIERI, Pietro. Perfis de direito civil: introdução ao direito civil constitucional. Trad.
Maria Cristina de Cicco. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. p. 157-8.
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56 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos
fundamentais na perspectiva constitucional..., p. 101.
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lente; mas quando uma coisa está acima de todo preço, e, portanto, não per-
mite equivalente, então tem ela dignidade”57.
Aliás, a pretensão de se utilizar, economicamente, do pai para se “cor-
rigir” (na verdade, apenas suplantar) ressentimentos experienciados pelo seu
filho na infância e na adolescência pode ainda nos remeter a importantes en-
sinamentos de Axel Honneth no que se refere aos chamados processos de
reificação58. Um deles é o caso em que a execução de uma práxis perseguida
unilateralmente, como um só propósito associado a ela, nos leva a perder a
atenção com relação a todos os outros motivos, quem sabe até mais originais
e relevantes. Um exemplo trazido pelo autor vem a ser o do jogador de tênis
que, ambicionando ganhar a disputa a qualquer custo, perde a capacidade
de sentir que o seu adversário é, na verdade, seu melhor amigo e que foi por
causa dele que começou a jogar a partida59.
Assim sendo, entende-se, com base nos ensinamentos de Immanuel
Kant, que a dignidade da pessoa humana não pode ser vista e tratada como
objeto, pois, conforme já ressaltado, para ela não há equivalente. No caso do
precedente do STJ sendo analisando, percebe-se que a decisão judicial acaba
reificando a figura paterna, na medida em que se vale de mera indenização
pecuniária como forma de reparação por mágoas profundas sentidas por jo-
vem durante o seu período de criação, sem que se tenha a mínima pretensão
de se recompor qualquer tipo de vínculo afetivo ou moral entre pai e filho. O
pai, portanto, nesse cenário é tratado, exclusivamente, como objeto, como um
instrumento de vingança do filho, que deve – literalmente – pagar por seus
defeitos e por suas negligências, não sendo assim considerado sujeito deten-
tor de dignidade, ainda que carente de virtude e ainda que descumpridor de
seus deveres morais.
contra seu negligente pai apenas estará inaugurando novo ciclo de agressivi-
dade e violência entre eles.
CONCLUSÃO
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que deve ser verificada por parte daquele que age de modo a provocar um
mal a outrem.
Nos casos de indenização por dano à imagem, à honra e outras res-
trições provocadas à personalidade do ofendido (prejuízos estéticos, impe-
dimentos laborativos ou a perda de um familiar), todas pressupõem uma
atitude de abstenção (um dever negativo, portanto, um dever de não causar
dano – o neminem laedere dos romanos) que não foi cumprida. Pressupõe a
intenção de o agente adotar determinado plano de ação, por culpa ou por
dolo, enquanto que seria dele exigido o dever de se abster de concretizar tais
atos. Pressupõe, ainda, que exista um dever jurídico nos ordenando fazer ou
deixar de fazer alguma coisa.
Por outro lado, ao exigir que o pai dedique afeto e carinho ao seu filho,
não se está fixando apenas um dever negativo, uma exigência de abstenção
em relação a um modo de agir. Está-se, em verdade, impondo deveres po-
sitivos ao pai omisso, no sentido de determinar quais atos e gestos deve ele
executar para que não venha a incorrer na situação jurídica agora fabricada
do abandono afetivo. Tais deveres positivos criam obrigações ativas – não
de mera abstenção, portanto –, exigindo que o genitor cumpra determinadas
ações concretas relacionadas a um suposto ato de afeto, carinho ou cuidado
(para se valer da expressão da Ministra Andrighi). No entanto, como já se
mencionou, o afeto é conceitualmente uma atitude que é produzida de modo
livre, espontâneo e sincero. Atitudes afetivas desprovidas dessa espontanei-
dade e sinceridade não são, de fato, atitudes afetivas. Aliás, tais simulacros
de afeto são, em muitos casos, a antítese do carinho ou do cuidado afetivo
que uma criança em formação necessita, uma vez que uma manifestação in-
sincera de afeto por parte do pai poderá provocar ainda mais danos ao filho.
Assim sendo, cabe aqui questionar se a decisão da 3ª Turma do STJ,
proferida no REsp 1.159.242 – que entendeu, por maioria, que o abandono
afetivo por parte do genitor em relação ao seu filho enseja dano moral – cons-
titui fato da vida passível de ser regulado pelo Direito e, por consequência,
objeto de reparação pecuniária. Alguns jusfilósofos contemporâneos, tais
como Hans Kelsen e Joseph Raz, afirmariam que sim, “que o direito não só
estaria apto a apreender e regular todos os fenômenos manifestados na reali-
dade empírica, como também seria peça absolutamente necessária na trans-
formação dos modelos sociais e no incentivo de atitudes dos particulares”62.
rios à moral não são todos geradores de danos reparáveis pelo Direito. Nesse
sentido, cabe retomar a importante lição de Tomás de Aquino, apresentada
no Tratado da Lei, questão nº 96, artigo 2, em que o autor, enfrentando a
pergunta acerca da possibilidade de a lei humana coibir todos os vícios, res-
ponde negativamente dizendo:
[...] a lei é imposta como uma regra ou medida dos atos humanos. A me-
dida deve ser homogênea ao que é medido, [...]. Portanto, é necessário que
também as leis sejam impostas aos homens segundo a sua condição, [...]. O
poder ou a faculdade de agir procede de um hábito interior ou disposição:
com efeito, a mesma coisa não é possível àquele que não tem o hábito da
virtude e ao virtuoso, assim como também não é possível à criança e ao
homem adulto. E por causa disso não se impõe às crianças a mesma lei que
aos adultos: com efeito, muitas coisas são permitidas às crianças que são
punidas pela lei nos adultos, ou também são condenadas. E semelhante-
mente muitas são permitidas aos homens não perfeitos na virtude, as quais
não seriam toleradas nos homens virtuosos. Ora, a lei humana é imposta à
multidão dos homens e nessa a maior parte é de homens não perfeitos na virtude.
E assim pela lei humana não são proibidos todos os vícios, dos quais se abstêm
os virtuosos, mas tão-só os mais graves, dos quais é possível à maior parte
dos homens se abster; e principalmente aqueles que são em prejuízo dos
outros, sem cuja proibição a sociedade humana não pode conservar-se; as-
sim são proibições pela lei humana os homicídios, os furtos e coisas seme-
lhantes. [...]
Deve-se dizer que a lei humana tenciona induzir os homens à virtude, não de
súbito, mas gradualmente. E assim não impõe imediatamente à multidão
dos imperfeitos aquelas coisas que são já dos virtuosos, como, por exem-
plo, que se abstenham de todos os males. [...]
Deve-se dizer que a lei natural é certa participação da lei eterna em nós: e a
lei humana é deficiente em relação à lei eterna. Diz, com efeito, Agostinho:
“Esta lei que é lavrada para reger as cidades concede muitas coisas e deixa
impunes aquelas que são punidas pela divina providência. Com efeito, não
é porque não faz todas as coisas que as que faz devem ser provadas”. Por-
tanto, a lei humana também não pode proibir todas as coisas que a lei da natureza
proíbe.65 (Grifou-se)
65 AQUINO, Tomás de. Suma teológica IV. São Paulo: Loyola, 2005. p. 585-7.
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REFERÊNCIAS
AFONSO DA SILVA, José. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Revista dos
Tribunais. 6. ed. 2. tir., 1990.
ALMEIDA NETO, Amaro Alves de. Dano existencial – A tutela da dignidade da pessoa
humana. Disponível em: <http://www.mp.sp.gov.br/portal/page/portal/cao_
consumidor/doutrinas/dano%20existencial.doc>. Acesso em: 05.04.2013.
AQUINO, Tomás de. Suma teológica IV. São Paulo: Loyola, 2005.
FERREIRA NETO, Arthur. O amor jurídico. Disponível em: <http://www.pailegal.net/
forum/viewtopic.php?t=3355>. Acesso em: 10.05.2013
HONNETH, Axel. Reificación: un studio en la teoria del reconocimiento. Trad. Graciela
Calderón. Buenos Aires: Katz, 2007.
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Função Social da Empresa: Dimensão Positiva
e Restritiva e Responsabilidade Social1
G raziela M aria R igo F errari
Especialista em Processo Civil pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Especialista em Direito de Família pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Mestranda em Direito na
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Advogada.
1 O presente artigo teve como base o trabalho apresentado pela coautora Graziela Rigo
Ferrari, tendo como tema a função social da empresa: dimensão positiva e restritiva e
a responsabilidade social da empresa, na disciplina “Empresa e Ordem Econômica”,
ministrada pelo Professor Ricardo Lupion Garcia no Curso de Mestrado em Direito da
Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
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INTRODUÇÃO
2 COMPARATO, Fabio Konder. Direito empresarial: estudos e pareceres. São Paulo: Saraiva,
1990.
3 TOMASEVICIUS FILHO, Eduardo. A função social da empresa. Revista dos Tribunais,
v. 810, abril/2003.
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8 GRAU, Eros Roberto. A ordem econômica na Constituição de 1988. São Paulo: Malheiros,
2006.
9 OSMO, Carla. Efetividade da função social da empresa. In: NERY, Rosa Maria de
Andrade (Coord.). Função do direito privado no atual momento histórico. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2006.
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12 BRASIL. Lei nº 6.404/1976: “Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições que a
lei e o estatuto lhe conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as
exigências do bem público e da função social da empresa”.
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13 GARCIA, Ricardo Lupion. Boa-fé objetiva nos contratos empresariais: contornos dogmáticos
dos deveres de conduta. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2011. p. 115.
14 BRASIL. Constituição Federal de 1988: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...]”.
15 BRASIL. Constituição Federal de 1988: “Art. 170. A ordem econômica, fundada na
valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I – soberania nacional; II – propriedade privada; III – função social da propriedade;
IV – livre concorrência; V – defesa do consumidor; VI – defesa do meio ambiente;
VII – redução das desigualdades regionais e sociais; VIII – busca do pleno emprego;
IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País”.
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3 Responsabilidade Social
a finalidade de lucro, ora concebido como dever moral para com a sociedade
(Osmo, 2006, p. 288).
Em razão de não existir uma consonância sobre os efetivos deveres que
a responsabilidade social implica às empresas, Osmo (2006) aponta a tenta-
tiva da busca de um conceito uniforme, tanto para Estados desenvolvidos
quanto para Estados em desenvolvimento, surgida em 1999 a partir da Con-
ferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento (United
Nations Conference on Trade and Development – UNCTAD) e assim cons-
truída: a responsabilidade social decorre da relação da empresa e dos seus
impactos com as necessidades e os objetivos da sociedade em que atua; caso
se trate de uma multinacional, sua responsabilidade social deve atender a um
leque de múltiplos e diversos requerimentos (Osmo, 2006, p. 289).
Diz a autora que, em linhas gerais, há que se diferenciar a responsabili-
dade social tanto da filantropia quanto da mera obediência à lei, pois seu foco
é o comportamento operacional da empresa e os seus impactos na sociedade
em que atua. A filantropia é uma atividade estranha à empresa, que pode ser
suprimida a qualquer tempo, ao passo que a obediência à lei é o mínimo para
que a empresa continue legalmente existindo (Osmo, 2006, p. 289).
No Brasil, com o crescimento do terceiro setor, as ONGs começam
a perder espaço para fundações, entre outros, resultando no fenômeno
do voluntariado, cada vez mais proeminente, a ponto de ser editada a Lei
nº 9.608/199817. A explicação, segundo Tatim (2009, p. 53), é que o voluntaria-
do possibilita, além da consolidação de uma imagem corporativa favorável,
um aumento de nível e identidade dos voluntários com a empresa, facilitan-
do o desenvolvimento de competências funcionais. Aponta a autora pesquisa
realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que iden-
tificou, entre o final da década de 1990 e 2003, um crescimento generalizado
do percentual de empresas que atuam, de forma voluntária, em benefício de
comunidade, sendo as grandes empresas (com mais de 500 empregados) as
que mais se destacam (Tatim, 2009, p.54).
Outros dados por ela relacionados se referem às instituições que de-
sempenharam um papel importante nesse contexto, tais como a Fundação
da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), o Instituto
Ethos de Empresas e Responsabilidade Social Empresarial, o Instituto Brasi-
70
Revista Jurídica 451
Doutrina Civil
Maio/2015
Conclusão
Referências
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TOMASEVICIUS FILHO, Eduardo. A função social da empresa. Revista dos Tribunais,
v. 810, abril/2003.
72
Honorários Advocatícios e Novo Código
de Processo Civil: Primeiras Impressões
F elipe C unha de A lmeida
Professor convidado nos cursos de especialização em Direito Processual
Civil da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), Universidade do Alto
Uruguai (URI), entre outras instituições, Mestrando em Direito Civil
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Advogado.
ABSTRACT: This worked examined the seal to offset legal fees that
the New Code of Civil Procedure entered in its provisions, contrary
to what provided the Superior Court of Justice, based in Precedent
306.
Introdução
O presente artigo aborda a questão referente à vedação à compensa-
ção de honorários advocatícios que trouxe o novo Código de Processo Civil.
Em relação aos honorários, leciona Humberto Theodoro Júnior que “entre os
gastos necessários que a parte faz no processo figuram os honorários pagos a
73
Revista Jurídica 451
Doutrina Civil
Maio/2015
1 JÚNIOR, Humberto Theodoro. Curso de direito processual civil: teoria geral do direito
processual civil e processo de conhecimento. 55. ed. Forense: Rio de Janeiro, v. I, 2014.
p. 123.
2 “Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos
honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência.
§ 1º O advogado, quando indicado para patrocinar causa de juridicamente necessitado, no
caso de impossibilidade da Defensoria Pública no local da prestação de serviço, tem direito
aos honorários fixados pelo juiz, segundo tabela organizada pelo Conselho Seccional da
OAB, e pagos pelo Estado. § 2º Na falta de estipulação ou de acordo, os honorários são
fixados por arbitramento judicial, em remuneração compatível com o trabalho e o valor
econômico da questão, não podendo ser inferiores aos estabelecidos na tabela organizada
pelo Conselho Seccional da OAB. § 3º Salvo estipulação em contrário, um terço dos
honorários é devido no início do serviço, outro terço até a decisão de primeira instância e
o restante no final. § 4º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários
antes de expedir-se o mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que
lhe sejam pagos diretamente, por dedução da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo
se este provar que já os pagou. § 5º O disposto neste artigo não se aplica quando se tratar
de mandato outorgado por advogado para defesa em processo oriundo de ato ou omissão
praticada no exercício da profissão. Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por
arbitramento ou sucumbência, pertencem ao advogado, tendo este direito autônomo para
executar a sentença nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário,
seja expedido em seu favor. Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e
o contrato escrito que o estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado
na falência, concordata, concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial.
§ 1º A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos autos da ação em
que tenha atuado o advogado, se assim lhe convier. § 2º Na hipótese de falecimento ou
incapacidade civil do advogado, os honorários de sucumbência, proporcionais ao trabalho
realizado, são recebidos por seus sucessores ou representantes legais. § 3º É nula qualquer
disposição, cláusula, regulamento ou convenção individual ou coletiva que retire do
advogado o direito ao recebimento dos honorários de sucumbência. (*) § 4º O acordo
feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo aquiescência do profissional, não
74
Revista Jurídica 451
Doutrina Civil
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à execução, ainda que uma das partes seja beneficiária da assistência judiciária gratuita,
visto que, segundo o entendimento do STJ, tal compensação é possível considerando os
termos do art. 21 do CPC, bem assim a Súmula 306 do STJ, sendo que o deferimento do
benefício da justiça gratuita não constitui óbice a essa compensação. 2. Agravo regimental
não provido”. (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça, Segunda Turma, AgRg-REsp
1384185/PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, J. 19.09.2013. Disponível em: <https://
ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=
1266488&num_registro=201301400598&data=20130927&formato=HTML>. Acesso em: 6
abr. 2015.
11 Ementa: “DECISÃO MONOCRÁTICA − APELAÇÃO CÍVEL − POLÍTICA SALARIAL
− REEXAME NECESSÁRIO − REAJUSTES DA LEI Nº 10.395/1995 − GRATIFICAÇÃO
DE DIFÍCIL ACESSO − LEI Nº 12.961/2008 − COMPENSAÇÃO − SUCUMBÊNCIA
RECÍPROCA − REDIMENSIONAMENTO − Nos termos do art. 1º da Lei nº 8.646/1988, a
gratificação de difícil acesso ou provimento corresponde a uma porcentagem, dependendo
da classificação da escola, sobre o vencimento básico do Quadro de Carreira do Magistério.
Assim, os reajustes da Lei nº 10.395/1995 devem incidir sobre referida gratificação. Há
interesse de agir da parte ainda que tenha ocorrido a implantação dos reajustes através da
Lei nº 12.961/2008 de forma administrativa, pois persiste o direito do servidor em relação
às diferenças pretéritas. Eventuais pagamentos deverão ser compensados na execução.
Havendo decaimento de parte do pedido, a sucumbência deve ser recíproca. Hipótese de
redimensionamento da sucumbência. Na hipótese de sucumbência recíproca mostra-se
possível a compensação dos honorários advocatícios, por força do disposto no art. 21,
caput, do Código de Processo Civil, haja vista não ter sido referida norma revogada ou
derrogada, expressa ou tacitamente, pelo art. 23 da Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da OAB).
Reexame necessário, previsto no art. 475 do CPC, efetuado nos termos da Súmula nº 490
do STJ. Recurso não provido. Sentença parcialmente modificada, em reexame necessário”.
(BRASIL. TJRS, Vigésima Quinta Câmara Cível, Apelação e Reexame Necessário
nº 70061961157, Relª Desª Leila Vani Pandolfo Machado, J. 02.04.2015. Disponível em:
<http://www.tjrs.jus.br/busca/search?q=cache:www1.tjrs.jus.br/site_php/consulta/
consulta_processo.php%3Fnome_comarca%3DTribunal%2Bde%2BJusti%25E7a%26v
ersao%3D%26versao_fonetica%3D1%26tipo%3D1%26id_comarca%3D700%26num_
processo_mask%3D70061961157%26num_processo%3D70061961157%26codEmenta%3D
6230056+honor%C3%A1rios+e+compensa%C3%A7%C3%A3o++++&proxystylesheet=tj
rs_index&client=tjrs_index&ie=UTF-8&lr=lang_pt&site=ementario&access=p&oe=UTF-
8&numProcesso=70061961157&comarca=Comarca%20de%20Quara%C3%AD&dtJulg=0
2/04/2015&relator=Leila%20Vani%20Pandolfo%20Machado&aba=juris>. Acesso em: 6
abr. 2015.
12 Ementa: “Indenizatória por danos materiais e morais. Ação julgada parcialmente
procedente, indeferida a pretensão relativa à indenização por danos morais. Fixada
sucumbência recíproca. Decisão acertada, sem merecer reparo. Exegese do art. 21 do
Código de Processo Civil. Apelo desprovido. [...] Tendo em conta que o julgamento
resultou na procedência parcial da causa, porquanto o ‘dano moral não ficou configurado’,
78
Revista Jurídica 451
Doutrina Civil
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é certo que as partes são vencidas e vencedoras ao mesmo tempo e em igual proporção,
nos termos do art. 21, caput, do CPC. O mesmo ocorre com os honorários advocatícios
que devem ser compensados, nos termos da Súmula nº 306 do e. STJ [...]” (BRASIL. TJSP,
13ª CDPriv., Apelação Cível nº 0043686-33.2010.8.26.0506, Rel. Des. Cauduro Padin,
J. 01.04.2015. Disponível em: <https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.do?cdAcordao=8
346709&cdForo=0&vlCaptcha=xsvky>. Acesso em: 6 abr. 2015.
13 JUNIOR, Nelson Nery; NERY, Rosa Maria de Andrade. Op. cit., p. 234.
14 Ementa: “PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO − ANUÊNIOS − BASE DE
CÁLCULO − FÉRIAS E 13º SALÁRIO − OMISSÃO − FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE
− SÚMULA Nº 284/STF − HONORÁRIOS − COMPENSAÇÃO − SUCUMBÊNCIA
MÍNIMA AFASTADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM − REVISÃO − IMPOSSIBILIDADE
– SÚMULA Nº 7/STJ − [...]. 5. A jurisprudência do STJ entende que não é cabível a
compensação recíproca dos honorários advocatícios na hipótese em que, apesar de o
réu ter obtido parcial sucesso no recurso de apelação, o autor decaiu em parte mínima
do pedido, pois, caracterizada a sucumbência mínima de uma das partes, cabe ao outro
litigante o pagamento integral das despesas processuais. 6. Todavia, na hipótese em
apreço, o Tribunal de origem reconheceu, expressamente, que não houve sucumbência
mínima por parte dos embargantes, de modo que não há empeço para que se determine
a compensação da verba honorária. Agravo regimental improvido” (BRASIL. Superior
Tribunal de Justiça, Segunda Turma, AgRg-EDcl-REsp 1457873/PR, Rel. Min. Humberto
Martins, J. 19.03.2015. Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/
documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1392804&num_registro=20140130
3552&data=20150325&formato=HTML>. Acesso em: 6 abr. 2015.
79
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Doutrina Civil
Maio/2015
2.4 Compensação
O instituto da compensação vem previsto no Código Civil, entre os
arts. 368 e 380, tendo como base relação jurídica de direito material. Especi-
ficamente prevê o art. 368: “Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor
e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se com-
pensarem”. Assim, de acordo com a doutrina de Silvio Rodrigues20:
Portanto, a compensação aparece como um meio de extinção das obriga-
ções e opera pelo encontro de dois créditos recíprocos entre as mesmas
partes. Se os créditos forem de igual valor, ambos desaparecem integral-
mente; se forem de valores diferentes, o maior se reduz à importância cor-
respondente ao menor. Procede-se como se houvesse ocorrido pagamento
recíproco, subsistindo a dívida apenas na parte não resgatada.
Conclusão
ReferÊncias
ARIDA, Carlos Mansur. Impossibilidade de compensação dos honorários de
sucumbência. Disponível em: <http://www.oab.org.br/editora/revista/users/
revista/1242740361174218181901.pdf>.
BRASIL. Código de Processo Civil. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. DF, 16 de março
de 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/
Lei/L13105.htm>.
______. Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. Lei nº 8.906, de 4
de julho de 1994. DF, 4 de julho de 1994. Disponível em: <http://www.oabrs.org.br/
estatuto>.
______. Superior Tribunal de Justiça, Primeira Turma, AgRg-AREsp 367994/MS, Rel.
Min. Ari Pargendler, J. 03.04.2014. Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/processo/
revista/documento/mediado/?componente=ITA&sequencial=1311875&num_registro=
201302177102&data=20140513&formato=HTML>. Acesso em: 6 abr. 2015.
21 VENOSA, Sílvio de Salvo. Código civil interpretado. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 428.
82
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Doutrina Civil
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RODRIGUES, Silvio. Direito civil: parte geral das obrigações. 30. ed. São Paulo: Saraiva,
v. 2, 2002.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Código Civil interpretado. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
84
A Adoção de Embriões Humanos na Lei
de Reprodução Assistida Espanhola*
D ora G arcía F ernández
Professora pesquisadora na linha de Bioética Jurídica do Instituto de
Pesquisas Jurídicas da Universidade Anáhuac México Norte, membro
do Sistema Nacional de Pesquisadores do México, membro ativo da
Associação Panamericana de Bioética. Autora de diversos livros e artigos.
*
Traduzido por Daniel Ustárroz, professor adjunto de Direito Civil da Pontifícia
Universidade Católica (PUCRS) e pela acadêmica Flávia Raya Barbosa, da mesma
instituição. Tradução desenvolvida dentro do projeto de pesquisa “Perspectivas da
adoção no direito brasileiro: análise dos principais entraves e sugestões para a sua
adequação social”, em desenvolvimento na PUCRS.
85
Revista Jurídica 451
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Cada vez são mais frequentes casos de casais com problemas de infer-
tilidade que recorrem às chamadas técnicas de fecundação assistida, que são
aquelas desenvolvidas para viabilizar o nascimento de um ser vivo quando
se tem problemas para efetivá-lo pela via natural.
As técnicas de fecundação assistida, que serão citadas com suas siglas
em inglês, dividem-se em dois grupos:
1. Técnicas de fecundação interna ou in situ, entre as quais estão à
inseminação artificial e a transferência intratubária de gametas
(GIFT), entre outras; e
2. Técnicas de fecundação extracorpórea ou in vitro, como são as fe-
cundações in vitro com transferência de embriões (Fivet), transfe-
rência intratubária de zigotos (ZIFT), injeção intracitoplasmática
de Espermatozoides (ISCI) e transferência intratubária de em
briões (TET), principalmente1.
Nas técnicas de fecundação assistida extracorpórea, os médicos fecun-
dam um número elevado de óvulos com o objetivo de garantir o êxito na me-
dida do possível. Com efeito, faz-se uma fecundação de vários óvulos, pois a
porcentagem de nidação e gravidez resultam muito baixas (1 ou 2 sobre 10);
e, por isso, para garantir um resultado positivo, realiza-se um provimento
de vários embriões disponíveis para poder novamente em caso de fracasso.
Se a implantação resulta exitosa, os embriões restantes serão considerados
“sobrantes” ou “excedentários”, e serão congelados para sua conservação.
Essa acumulação de embriões congelados, como consequência dessas técni-
cas, implica uma série de considerações que merecem uma profunda reflexão
tanto ética quanto jurídica.
É assim que os embriões “excedentários” que seus pais biológicos já
não querem, podem enfrentar vários destinos:
1 Para maior informação acerca de cada uma destas técnicas, consultar: MARCÓ, Javier;
TARASCO, Martha. Diez temas de reproducción asistida. Ediciones Internacionales
Universitarias, Madrid, 2001. p. 20-33.
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II – Adoção de Embriões
2 Cfr. JUNQUERA ESTEFANÍ, Rafael. Reproducción asistida, filosofía ética y filosofía jurídica.
Madrid: Tecnos, 1998. p. 103.
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3 Cfr. AGUILÓ PASTRANA, Alfonso. “El problema del mal menor. Tolerancia (18) El
problema del mal menor”. Direcciónen Internet: <http:// www.aplicaciones.info/
toleran/actua39e.htm>. Fecha de consulta: 27 de enero de 2006.
4 Cfr. Idem.
5 Cfr. FAGGIONI, Maurizio. La cuestión de los embriones congelados. Disponível em:
<http://multimedios.org/docs/d000155/>. Acesso em: 23 de enero de 2009.
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6 Cfr. LEWIS COOPER, Susan; SARAHSON GLAZER, Ellen. Choosing Embryo Adoption.
Dirección en: <http://www.perspectivepress.com/ carembryo.html>. Fecha de consulta:
26 de enero de 2009.
89
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Muitas pessoas que estão tanto fora como dentro do campo da inferti-
lidade se perguntam por que um casal deve escolher adotar um embrião ou
invés de adotar uma criança já nascida. Há algumas razões que se podem
argumentar a respeito com base em um programa de adoção de embriões que
já se leva a cabo nos Estados Unidos7.
1. Dar seus embriões em adoção permite aos pais genéticos partici-
par da seleção dos pais adotivos e na vida da criança ou crianças
nascidas desse processo.
2. Para aqueles casais que experimentaram a infertilidade por um
longo tempo, a adoção de embriões oferece a oportunidade de ex-
perimentar uma gestação, dar à luz e, além disso, desfrutar a pa-
ternidade.
3. Através da gravidez, a adoção de embriões brinda os casais com
um vínculo afetivo com a criança antes de seu nascimento.
12 Nos Estados Unidos, 134 crianças nasceram como resultado do programa Snowflakes
Embryo Adoptions. Dado obtido em: <http://www.nightlight.org/snowflakeadoption.
htm>. Acesso em: 30 out. 2008.
13 Preâmbulo da Lei nº 35/1988, de 22 de novembro, sobre Técnicas de Reprodução
Assistida. Disponível em: <http://www.noticias.juridicas.com/lec/Admin/135-1988.
html>. Acesso em: 19 maio 2003.
14 Lei nº 14/2006, de 26 de maio, sobre Técnicas de Reprodução Humana Assistida, BOE 126,
de 27.05.2006.
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15 Esta legislação ainda aceita o termo de pré-embrião e não justifica o termo como o fazia
no Preâmbulo da Lei nº 35/1988, no qual se argumentava que esta expressão também
fora adotada pelos Conselhos Europeus de Pesquisa Médica de nove nações (Dinamarca,
Finlândia, República Federal da Alemanha, Itália, Suécia, Países Baixos, Reino Unido,
Áustria e Bélgica). Em lugar de pré-embrião, dever-se-ia chamar embrião em etapa pré-
-implantadora, pois nos encontramos ante um ser humano único e irrepetível em seu
primeiro estágio de existência.
16 Esta lei limitava a três o número de óvulos que poderiam ser fecundados e transferidos a
uma mulher em cada ciclo. Assim se pretendia solucionar o grave problema da acumulação
de embriões congelados e a gravidez múltipla (embarazos múltiples)
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Conclusões
Referências
AGUILÓ PASTRANA, Alfonso. “El problema del mal menor. Tolerancia (18) El
problema del mal menor”. Direcciónen Internet: <http:// www.aplicaciones.info/
toleran/actua39e.htm>. Fecha de consulta: 27 de enero de 2006.
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<http://multimedios.org/docs/d000155/>. Acesso em: 23 de enero de 2009.
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GLOSARIO de términos. Dirección en: <http://www.esterilidad.com.mx/glosario.
htm>. Fecha de consulta: 7 de junio de 2007.
21 Os tradutores optaram por manter “menos mala”, porquanto na língua portuguesa não é
fácil identificar uma expressão equivalente.
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Doutrina
Penal
Doutrina Penal
Unifacs (Curso então coordenado pelo Jurista J. J. Calmon de Passos),
Membro da Association Internationale de Droit Penal, da Associação
Brasileira de Professores de Ciências Penais, do Instituto Brasileiro de
Direito Processual e Membro Fundador do Instituto Baiano de Direito
Processual Penal (atualmente exercendo a função de Secretário),
Associado ao Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, Integrante,
por quatro vezes, de bancas examinadoras de concurso público para
ingresso na carreira do Ministério Público do Estado da Bahia. Autor
das obras, além de coordenador do livro Leituras Complementares
de Direito Processual Penal (2008). Participante em várias obras
coletivas. Palestrante em diversos eventos realizados no Brasil.
Olha aí! É o meu guri. E ele chega! Chega suado e veloz do baten-
te, traz sempre um presente para me encabular: tanta corrente de
ouro seu moço, que haja pescoço para enfiar; me trouxe uma bolsa
já com tudo dentro, chave, caderneta. terço e patuá, um lenço e
uma penca de documentos para finalmente eu me identificar. Olha
aí! Ai o meu guri, olha aí! É o meu guri e ele chega! Chega no mor-
ro com carregamento, pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador.
Rezo até ele chegar cá no alto essa onda de assaltos está um horror.
Eu consolo ele, ele me consola, boto ele no colo para ele me ninar,
de repente acordo, olho para o lado e o danado já foi trabalhar!
Olha aí! É o meu guri e ele chega! Chega estampado manchete,
retrato, com venda nos olhos, legenda e as iniciais. Eu não entendo
essa gente seu moço, fazendo alvoroço demais! O guri no mato,
acho que tá rindo, acho que tá lindo, de papo para o ar; desde o
começo eu não disse seu moço, ele disse que chegava lá! Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí. É o meu guri!” (Chico Buarque – “O Meu
Guri “– adaptei para a prosa esta linda canção-poesia)
Luis Couto (PT-PB), segundo o qual a redução da maioridade penal era inad-
missível e inconstitucional. O relatório foi rejeitado por 43 votos a 21.
Em seguida, os deputados pediram o arquivamento e, por fim, exigi-
ram a votação nominal da proposta de emenda à Constituição. Nenhuma das
estratégias funcionou, e o texto foi encaminhado para votação.
Dois grupos de manifestantes se dividiram no plenário, com cartazes
e faixas contrárias e favoráveis à proposta. A União Brasileira de Estudan-
tes Secundaristas (Ubes) levou 15 adolescentes à Comissão de Constituição e
Justiça da Câmara dos Deputados. Aos gritos de “não, não, não à redução” e
“fascistas”, eles protestaram contra o avanço da proposta.
“Essa proposta de emenda à Constituição é um grande equívoco. Será
muito ruim para a juventude brasileira”, disse a presidente da União Brasi-
leira de Estudantes Secundaristas, Bárbara Melo, que responsabilizou o con-
servadorismo da Casa pela aprovação do texto.
Retirada da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Depu-
tados por seu partido, que é contrário à proposta de emenda à Constituição,
a Deputada Keiko Ota (PSB-SP) se mostrou aliviada. “Tenho certeza de que o
Congresso vai aprovar a proposta de emenda à Constituição porque 83% da
população apoia”, disse ela que, entre os manifestantes pró-redução, vestia
uma camiseta com a foto do filho Ives Ota, que foi assassinado.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prometeu cele-
ridade na proposta de emenda à Constituição. Apenas três horas depois da
votação, ele leu em plenário o ato de criação da comissão especial que vai
analisar o mérito do texto.
A comissão realizará 40 sessões, previstas para serem concluídas em
três meses. O texto poderá ser alterado e deverá ser votado duas vezes em
plenário. Para ser aprovado, terá de receber o voto favorável de pelo me-
nos 308 dos 513 deputados (3/5 dos parlamentares) em cada um dos tur-
nos. Caso aprovada, a proposta de emenda à Constituição passará para o
Senado, onde seguirá o mesmo rito. (Fonte: http://brasil.estadao.com.br/
noticias/geral,ccj-aprova-pec-que-reduz-maioridade-penal-de-18-para-16-a-
nos,1661469).
Tudo balela, fantasia, para aplacar o clamor público! É óbvio que o art. 228 da
Constituição Federal constitui-se, de forma induvidosa, em cláusula pétrea e, por-
tanto, não sujeito, sequer, à modificação por emenda à Constituição. Somente uma
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Revista Jurídica 451
Doutrina Penal
Maio/2015
Roberto Bitencourt, Damásio de Jesus, Miguel Reale Júnior, René Ariel Dotti
e tantos outros já se debruçaram sobre a matéria. Este último, aliás, lembran-
do Ferri, afirma que “a luta contra os excessos do poder punitivo não é re-
cente. Ela é apenas reafirmada em atenção às novas perspectivas de causas
antigas”2.
É indiscutível que a pena de prisão em todo o mundo passa por uma
crise sem precedentes. A ideia disseminada a partir do século XIX segundo a
qual a prisão seria a principal resposta penológica na prevenção e repressão
ao crime perdeu fôlego, predominando atualmente “uma atitude pessimista,
que já não tem muitas esperanças sobre os resultados que se possa conseguir
com a prisão tradicional”3, como pensa Cezar Roberto Bitencourt.
É induvidoso que o cárcere deve ser concebido como última via para a
problemática da violência, pois não é, nunca foi e jamais será solução possível
para a segurança pública de um povo.
É de Hulsman a seguinte afirmação:
Em inúmeros casos, a experiência do processo e do encarceramento pro-
duz nos condenados um estigma que pode se tornar profundo. Há estudos
científicos, sérios e reiterados, mostrando que as definições legais e a rejei-
ção social por elas produzida podem determinar a percepção do eu como
realmente “desviante” e, assim, levar algumas pessoas a viver conforme
esta imagem, marginalmente. Vemo-nos de novo diante da constatação de
que o sistema penal cria o delinquente, mas, agora, num nível muito mais
inquietante e grave: o nível da interiorização pela pessoa atingida do eti-
quetamento legal e social.4
2 Idem.
3 BITENCOURT, Cezar Roberto. Novas penas alternativas. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 1.
4 HULSMAN, Louk; CELIS, Jacqueline Bernat de. Penas Perdidas – O sistema penal em
questão. Niterói: Luan, 1997. p. 69.
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Doutrina Penal
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5 KARAM, Maria Lúcia. De crimes, penas e fantasias. Rio de Janeiro: Luan, 1991. p. 177.
104
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Doutrina Penal
Maio/2015
severidade e penas privativas de alto calibre são suficientes para pôr cobro
à criminalidade violenta. Nada mais ilusório.6
6 FRANCO, Alberto Silva. Crimes hediondos. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.
p. 97.
7 Ciência Jurídica – Fatos. n. 20, maio 1996.
8 O Judiciário e a Comunidade – Prós e contras das medidas sócio-educativas em meio aberto.
São Paulo: Núcleo de Pesquisas do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais – IBCCrim,
2000. p. 10.
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Revista Jurídica 451
Doutrina Penal
Maio/2015
Vale a pena citar, mais uma vez, Lins e Silva, pela autoridade de quem,
ao longo de mais de 60 anos de profissão, sempre dignificou a advocacia cri-
minal brasileira e a magistratura nacional; diz ele: “A prisão avilta, degrada e
nada mais é do que uma jaula reprodutora de criminosos”, informando que,
no último congresso mundial de direito criminal, que reuniu mais de 1.000
criminalistas de todo o mundo, “nem meia dúzia eram favoráveis à prisão”11.
Ademais, as condições atuais do cárcere, especialmente na América
Latina, fazem com que, a partir da ociosidade em que vivem os detentos,
estabeleça-se o que se convencionou chamar de “subcultura carcerária”, um
sistema de regras próprias no qual não se respeita a vida, nem a integridade
física dos companheiros, valendo intra muros a “lei do mais forte”, insuscep-
tível, inclusive, de intervenção oficial de qualquer ordem.
Já no século XVIII, Beccaria, autor italiano, em obra clássica, já afir
mava:
Entre as penalidades e no modo de aplicá-las proporcionalmente aos cri-
mes, é necessário, portanto, escolher os meios que devem provocar no es-
11 Idem.
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Revista Jurídica 451
Doutrina Penal
Maio/2015
Por sua vez, Marat, em obra editada em Paris no ano de 1790, já adver-
tia que:
Es un error creer que se detiene el malo por el rigor de los suplicios, su
imagen se desvanece bien pronto. Pero las necesidades que sin cesar ator-
mentan a un desgraciado le persiguen por todas partes. Encuentra ocasión
favorable? Pues no escucha más que esa voz importuna y sucumbe a la
tentación.13
13 MARAT, Jean Paul. Plan de legislación criminal. Buenos Aires: Hamurabi, 2000. p. 78
(tradução espanhola do original Plan de Legislation Criminelle, Paris, 1790).
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Revista Jurídica 451
Doutrina Penal
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são “constitucionalmente diferentes” dos adultos. Por isso, devem ser trata-
dos diferentemente para se beneficiarem, não para serem prejudicados. Ela
citou características peculiares da infância e da juventude, como “imaturida-
de, impetuosidade, e dificuldade de avaliar riscos e consequências”. Segundo
o voto vencedor, os tribunais até podem considerar penas de prisão perpétua,
mas somente depois de considerar as circunstâncias e os atenuantes do caso.
“De qualquer forma, uma pena de prisão perpétua para um menor não deixa
de ser cruel e incomum”, diz o voto. Talvez esse seja o caso que a Suprema
Corte vai examinar agora, no processo Toca versus Lousiana. O americano
George Toca, que já passou 30 anos na cadeia, foi preso quando seu melhor
amigo foi atingido por um tiro disparado acidentalmente e morreu. Os dois
e mais um amigo realizavam um assalto armado quando a arma disparou
acidentalmente. No julgamento, o outro amigo testemunhou que a arma
disparada era de Toca, que negou, mas não convenceu os jurados. O caso
aconteceu em Louisiana, um dos estados que não aceitam a retroatividade da
decisão da Suprema Corte e Toca permaneceu preso. Na prisão, ele se tornou
bacharel em Direito, está pronto para fazer o exame de ordem e seu pedido
de novo julgamento, se a decisão da Suprema Corte for favorável, terá um
apoio pouco comum: o da família da vítima, que não acredita em sua culpa.
Se tiver um novo julgamento, o tribunal de júri terá de levar em conta outra
recomendação da Suprema Corte na decisão de 2012: o tribunal do júri deve
considerar “a família e o ambiente que circunda o adolescente, dos quais ele
não pode se livrar, por mais que sejam brutais ou disfuncionais”. A tendên-
cia é que a Suprema Corte considere sua decisão de 2012 retroativa, porque
já manteve decisões nesse sentido de tribunais de Nebraska e Illinois. Mas é
provável que a Corte só irá fazer a primeira audiência para discutir o caso
em março de 2015 e tomar uma decisão em junho (Fonte: Revista Consultor Ju-
rídico. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2014-dez-15/eua-rever-
-decisao-prisao-perpetua-menores>. Acesso em: 15 dez. 2014, às 10h20min).
Para concluir, vejamos, a propósito, a lição de Érica Babini do Machado
(Doutora em Direito Penal pela Universidade Federal de Pernambuco e Profes-
sora de Direito Penal e Criminologia da Universidade Católica de Pernambuco
e da Universidade de Pernambuco) e Marília Montenegro de Mello (Doutora
em Direito Penal e Criminologia pela Universidade Federal de Santa Catari-
na e Professora de Direito Penal e Criminologia da Universidade Católica de
Pernambuco e da Universidade Federal de Pernambuco), em artigo intitulado
“Nas ruas, o eco à redução da violência estatal perpassa necessariamente o
apoio à não redução da idade penal”:
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Doutrina Penal
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conflito com a lei, o que em números absolutos significa 34.870; bem dife-
rente do que passa a mídia, no seu contexto de alarme social. Além disso, a
maioria dos atos infracionais são roubo, tráfico de entorpecentes, homicí-
dio. Outros delitos com proporções muito menores (CNJ, 2011). f) Há um
mito da impunidade. Os adolescentes em conflito com a lei são devidamen-
te responsabilizados por seus atos infracionais, e na maioria das vezes mais
do que os adultos. A afirmativa decorre do desconhecimento jurídico e da
realidade das medidas socioeducativas, que são muito assemelhadas às pe-
nas estabelecidas na legislação penal. As condições de internação são de
superlotação. Para registrar, em Pernambuco, existem 12 unidades de in-
ternação, com o total de 737 vagas, mas com 13.719 internos, o que significa
um déficit de 12.982 vagas. No que tange ao encaminhamento dos proces-
sos no Judiciário é comum se perceber internações desprovidas de funda-
mento legal, como é o caso da prática de tráfico de entorpecente (inclusive
o STJ promulgou a Súmula nº 492 proibindo tal hipótese) em clara violação
ao princípio da legalidade, mas eufemisticamente justificado pelo caráter
pedagógico da medida. g) A crença popular de que a lei penal é capaz de
promover defesa social ampara-se na promessa de prevenção geral, a qual,
porém, inexiste. Tal assertiva pode ser percebida no âmbito dos adultos
com comparação entre os dados carcerários e a produção legislativa em
matéria penal desde a década de 1990. Ou seja, o efeito simbólico da lei
penal de intimidação não funciona. h) A sociedade desconhece a realidade
socioeconômica e o grau de vitimização da população infantojuvenil. Se-
gundo o IBGE em 2005 e 2006, o Brasil tinha 24.461.666 adolescentes entre
12 e 18 anos, entre os quais existem discrepantes diferenças sociais: há
maior pobreza nas famílias dos adolescentes não brancos do que nas de
brancos. Outrossim, mais de 8.600 crianças e adolescentes foram assassina-
dos no Brasil em 2010, ficando o país na quarta posição entre os 99 países
com as maiores taxas de homicídio de crianças e adolescentes de 0 a 19
anos, um índice que cresce vertiginosamente ao longo dos anos (Waiselfisz,
2012, p. 47). Em 2012, mais de 120 mil crianças e adolescentes foram vítimas
de maus-tratos e agressões. Desse total de casos, 68% sofreram negligência,
49,20% violência psicológica, 46,70% violência física, 29,20% violência se-
xual e 8,60% exploração do trabalho infantil, conforme levantamento feito
entre janeiro e agosto de 2011 (Abrinq, 2012). Em 34 instituições brasileiras,
pelo menos um adolescente foi abusado sexualmente e são eles vítimas de
homicídio. Como se percebe há uma extrema violência praticada por adul-
tos contra crianças e adolescentes pobres e negros, de modo que é possível
alegar que, se se argumenta que a criminalidade praticada por adolescen-
tes aumenta, esta assertiva é o atestado da incompetência estatal no que
117
Revista Jurídica 451
Doutrina Penal
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118
Jurisprudência
Cível
stf
S upremo T ribunal F ederal
EMENTA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
‘O que a Constituição exige, no art. 93, IX, é que a decisão judicial seja fun-
damentada; não, que a fundamentação seja correta, na solução das ques-
tões de fato ou de direito da lide: declinadas no julgado as premissas, cor-
retamente assentadas ou não, mas coerentes com o dispositivo do acórdão,
está satisfeita a exigência constitucional’ (RE 140.370, Relator o Ministro
Sepúlveda Pertence, 1ª T., DJ 21.05.1993).
Como se pode ver do laudo pericial, não restou dúvida quanto à cir-
cunstância de ter sido plagiado o trabalho intelectual do Autor, na con-
fecção da apostila e no subsequentemente aproveitamento pelo primei-
ro, como estabelecimento de ensino, e pelos demais Réus como profes-
sores do mesmo.
120
Revista Jurídica 451
Jurisprudência Civil
Maio/2015
gência probatória, tida por desnecessária pelo juízo a quo, não viola os
princípios do contraditório e da ampla defesa. Precedentes. II – Para se
chegar à conclusão contrária à adotada pelo acórdão recorrido, necessá-
rio seria o reexame do conjunto fático-probatório constante dos autos,
bem como o prévio exame de normas infraconstitucionais pertinentes
ao caso (Lei nº 9.610/1998), o que atrai a incidência da Súmula nº 279
do STF. Precedente. III - A exigência do art. 93, IX, da Constituição, não
impõe que seja a decisão exaustivamente fundamentada. O que se bus-
ca é que o julgador informe de forma clara e concisa as razões de seu
convencimento. IV – Agravo regimental improvido’ (AI 786.434-AgR,
Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, 1ª T., DJe 01.02.2011).
Nada há, pois, a prover quanto às alegações do Agravante.
8. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo (art. 544, § 4º, inc. II, al. a, do
Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, do Regimento Interno do Supremo
Tribunal Federal).”
VOTO
tal não provido” (AI 857.526-AgR, Relator o Ministro Dias Toffoli, 1ª T.,
DJe 03.05.2013).
SEGUNDA TURMA
EXTRATO DE ATA
Ravena Siqueira
Secretária
125
stj
S uperior T ribunal de J ustiça
EMENTA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
EMENTA
VOTO
(REsp 1150429/CE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Corte Especial,
Julgado em 25.04.2013, DJe 10.05.2013)
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
AUTUAÇÃO
CERTIDÃO
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
AUTUAÇÃO
CERTIDÃO
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
AUTUAÇÃO
CERTIDÃO
Os Srs. Ministros Marco Buzzi, Luis Felipe Salomão, Raul Araújo (Pre-
sidente) e Maria Isabel Gallotti votaram com o Sr. Ministro Relator.
141
STJ
S uperior T ribunal de J ustiça
EMENTA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
VOTO
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA TURMA
AUTUAÇÃO
AGRAVO REGIMENTAL
CERTIDÃO
146
TRF 1ª R.
T ribunal R egional F ederal da 1ª R egião
EMENTA
Fisco, sem lograr êxito, para dar ciência da transferência do imóvel rural
em novembro e dezembro de 1994 (circunstância que foi devidamente
provada em Juízo pelos registros cartorários de fls. 19-v, 22-v e 24).
4. Portanto, é óbvia a utilidade/necessidade da lide, para fins de
exoneração do tributo e da aplicação do princípio da causalidade para
fixação de honorários advocatícios a serem arcados pela União (Fazen-
da Nacional), haja vista que, mesmo com a comprovação da transferên-
cia da titularidade imóvel sujeito ao ITR, o Fisco manteve-se cobrando
o débito e afirmando a titularidade da cobrança em nome do autor, por
apontada desatualização dos dados cadastrais do imóvel inclusive em
sede de apelação. Deve a apelante, por conseguinte, arcar com os hono-
rários advocatícios, devendo ser mantidos aqueles fixados na sentença.
5. Apelação e remessa oficial não providas. Sentença mantida.
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
O Exmo. Sr. Juiz Federal Rafael Paulo Soares Pinto (Relator Convo
cado):
Cuida-se de remessa oficial e apelação da União (Fazenda Nacional)
em desfavor da sentença de fls. 77-80, proferida pelo Juízo da Vara Única
Federal da Subseção Judiciária de Rondonópolis.
Em referida peça decisória, o i. magistrado a quo julgou parcialmente
procedente o pedido de anulação do débito fiscal de ITR, relativo aos anos de
1994, 1995 e 1996 do imóvel denominado Fazenda Novo Horizonte, com área
total de 206 hectares, restringindo o reconhecimento do débito exclusivamen-
te ao montante eventualmente lançado nos exercícios de 1995 e 1996 na área
supérstite de 36,9 hectares, ao fundamento que, quanto à área referenciada,
148
Revista Jurídica 451
Jurisprudência Civil
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VOTO
O Exmo. Sr. Juiz Federal Rafael Paulo Soares Pinto (Relator Convo
cado):
A pretensão recursal volta-se, em síntese, à proclamação da perda su-
perveniente de objeto da lide assim como à exoneração da apelante/União
(Fazenda Nacional) nos ônus da sucumbência.
Os fundamentos recursais resumem-se a que, desde antes da sentença,
a Administração já havia anulado o débito fiscal judicializado ensejando a
extinção do feito por perda de objeto. Ademais é indevido arbitramento de
honorários advocatícios em favor do autor, tendo em vista que a cobrança
originou-se da incúria do próprio acionante em informar oportuna e eficaz-
mente a transferência do imóvel rural para fins de lançamento em nome dos
adquirentes.
Forçoso destacar que embora exista, de forma comprovada, a perda
superveniente do objeto da lide resultante do cancelamento administrativo
do débito questionado, não há que se falar, entretanto, em afastamento da
verba honorária devida pela União, notadamente porque o descumprimento
de obrigação acessória de atualização do cadastro do imóvel pelo acionante só pode
ensejar penalidade própria, e não a exigência do tributo.
149
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Jurisprudência Civil
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Jurisprudência Civil
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3. Evidente, a uma, que se, no ano de 1979 houve a vistoria dos lotes
irregulares e ficou constatado que o pólo embargante/executado não
preenchia os requisitos legais para permanecer com um lote de terra,
não se poderia estar a cobrar ITR do ano de 1986, como decorre de exe-
cutivo em apenso; a duas, apesar de informação de que não houve o
cancelamento de cadastro em nome do executado, esta a ser insuficiente
como sustentáculo para embasamento da cobrança como deseja a Fa-
zenda Nacional, pois superior o reconhecimento do próprio Estado, de
que o sujeito passivo não fazia jus a ficar com o lote de terra. Ora, se
não poderia ficar com as terras por falta de requisitos legais, decisão
esta tomada anos antes (1979), decorre não possuir as qualidades de
proprietário, titular do domínio útil ou ser possuidor do imóvel o polo
executado, ao tempo do fato tributário em tela, 1986.
4. Exprime a honorária sucumbencial, como de sua essência e assim
consagrado, decorrência do exitoso desfecho da causa, em prol de um
dos contendores, de tal sorte a assim se recompensar seu patrono, ante
a energia processual despendida, no bojo do feito.
5. O tema da incidência honorária advocatícia merece seja recordado
deva equivaler o plano sucumbencial, a título de honorária, a um con-
texto no qual, em razão do desgaste profundo causado pelo dispên-
dio de energia processual, torna-se merecedor, o patrono do vencedor,
da destinação de certa verba a si ressarcitória a respeito, a em nada se
confundir (também relembre-se) com os honorários contratuais, pre-
viamente avençados em esfera privada de relação entre constituinte e
constituído.
6. Bem estabelecem os §§ 3º e 4º do art. 20, CPC, os critérios a serem ob-
servados pelo Judiciário, em sua fixação, aquele impondo um mínimo e
um máximo a oscilarem entre 10% e 20%.
7. Procede a sucumbência fixada, pois a decorrer de desorganização do
próprio credor, que alija o polo embargante/apelado de terras e, para-
doxalmente, prossegue a cobrá-lo de fato futuro.
8. Improvimento à apelação e à remessa oficial. Procedência aos em-
bargos. (TRF 3ª R., AC 52544/SP, 95.03.052544-6, Rel. Juiz Conv. Silva
Neto, Data de Julgamento: 24.04.2008, Turma Suplementar da Segunda
Seção)
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Jurisprudência Civil
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SUSTENTAÇÃO ORAL
CERTIDÃO
Certifico que a(o) egrégia(o) Sétima Turma, ao apreciar o processo em
epígrafe, em Sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
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Jurisprudência Civil
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TRF 4ª R.
T ribunal R egional F ederal da 4ª R egião
EMENTA
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, de-
cide a Egrégia 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por una-
nimidade, dar parcial provimento à apelação, nos termos do relatório, votos
e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Porto Alegre, 13 de maio de 2015.
RELATÓRIO
VOTO
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tou o Princípio da Restituição Integral, bem como os arts. 389, 395 e 404 do
CC, alegando que tem direito ao ressarcimento dos honorários contratuais
pagos aos seus advogados, por conta da ação anterior. 2. O gasto com advo-
gado da parte vencedora, em ação previdenciária ou trabalhista, não induz
por si só a existência de ilícito gerador de danos materiais por parte do em-
pregador vencido na demanda laboral. 3. Apelação desprovida. (TRF 4ª R.,
AC 5050947-78.2011.404.7100, 3ª T., Rel. p/ Ac. Fernando Quadros da Silva,
juntado aos autos em 28.06.2013)
AÇÃO DE COBRANÇA DE
COTAS CONDOMINIAIS –
OBRIGAÇÃO PROPTER REM
AÇÃO DE COBRANÇA DO
SEGURO OBRIGATÓRIO DPVAT –
DEFERIMENTO DE PERÍCIA – TEORIA
DA CARGA DINÂMICA DA PROVA
AÇÃO DECLARATÓRIA DE
INEXIGIBILIDADE DO DÉBITO – ÔNUS
DA PROVA DA CONTRATAÇÃO
AÇÃO POSSESSÓRIA –
CUMULAÇÃO COM PERDAS E
DANOS – ADMISSIBILIDADE
ALIMENTOS – DESEMPREGO DO
DEVEDOR – EFEITOS JURÍDICOS
33899 – “Civil e processual civil. Agravo regimental no recurso especial. Alegado julga-
mento extra petita. Inocorrência. Alimentos. Execução. Rescisão de contrato de trabalho
não retira a liquidez, certeza e exigibilidade do título executivo. Precedentes. Mudança da
capacidade financeira deve ser discutida em ação revisional. Inovação recursal em agravo
regimental. Impossibilidade. Agravo regimental não provido. 1. O julgamento do pedido
da credora dos alimentos realizado pelo acórdão recorrido dentro dos limites postos na
petição inicial não caracteriza hipótese de julgamento extra petita. 2. Esta egrégia Corte
Superior tem precedentes no sentido de que a rescisão do contrato de trabalho do devedor
de alimentos não tem o condão de retirar a liquidez do título executivo judicial que fixou
o valor da pensão alimentícia em percentual incidente sobre a sua remuneração mensal. A
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Jurisprudência Civil
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téria (art. 586, § 1º, do CPC) não ventilada no v. julgado atacado. Incidência da Súmula
nº 356/STF. 2. Esta Corte de Uniformização já decidiu no sentido de que a rescisão do
contrato de trabalho do devedor de alimentos não retira a liquidez do título executivo
judicial que fixa a pensão alimentícia em percentual incidente sobre a remuneração
mensal do executado. Ocorrendo alteração na situação econômica do alimentante, tal
fato será motivo de defesa ou de ação revisional, mas não de extinção da ação de exe-
cução. O cálculo do valor devido deve se basear na última remuneração efetivamente
percebida. 3. Precedente (REsp 330.011/DF). 4. Recurso parcialmente conhecido e, nes-
ta parte, provido para determinar o processamento da ação de execução de alimen-
tos” (REsp 726.752/SP, Rel. Min. Jorge Scartezzini, 4ª T., Julgado aos 14.06.2005, DJ de
01.07.2005); “ALIMENTOS – Petição inicial. Inépcia. Desemprego. Calculada a pensão
dos filhos, acordada quando da separação dos pais, em quantitativo sobre a remunera-
ção do alimentante, a rescisão do contrato de trabalho do devedor não retira a liquidez
do título. A mudança na situação econômica, se houve, será motivo de defesa a ser
apresentada pelo devedor, ou de ação de revisão, mas não de extinção do processo. Art.
733 do CPC. A dívida deve ser calculada segundo a última remuneração efetivamente
recebida. Recurso conhecido e provido” (REsp 330.011/DF, Rel. Min. Ruy Rosado de
Aguiar, 4ª T., DJ 25.02.2002).
Desta forma, foi negado provimento ao recurso do executado, admitindo-se o pros-
seguimento da execução, pois “o valor do título executivo permanece líquido e certo,
conforme a jurisprudência desta Corte, até que haja provocação da parte por meio de
ação revisional, caso deseje a alteração da base de cálculo ou a fixação de alimentos de
valor certo. Na execução isso não é possível”.
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parcialmente conhecido, mas não provido e recurso do autor conhecido e não provido.”
(TJDFT – Ac. 865763 – (20110111139226 APC) – 2ª T.Cív. – Relª Gislene Pinheiro – Rev.
J. J. Costa Carvalho – J. 06.05.2015 – DJe 11.05.2015)
33904 – “Compra e venda de móveis planejados. Indenização por danos materiais e mo-
rais. Inadimplemento da loja revendedora configurado. Responsabilidade solidária da fa-
bricante, detentora da marca, caracterizada. Aplicação do art. 34 do CDC. Bens entregues
parcialmente e com defeito de instalação. Rescisão e ressarcimento devidos. Dano moral
reconhecido e mantido. Valor fixado adequado à situação vivenciada pelo autor. Sentença
mantida. Recurso não provido.” (TJSP – Ap 00581132420128260002 – 12ª C.Ext.DPriv. –
Rel. Alfredo Attié – J. 08.05.2015 – Data de Publicação: 10.05.2015)
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Jurisprudência Civil
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33905 – “Agravo regimental. Agravo em recurso especial. Dano moral. Veículo zero-
-quilômetro. Diversas idas à concessionária sem solução de defeito. Súmula nº 83/STJ.
Constatação em laudo pericial de falha na qualidade de serviço. 1. É cabível indenização
por dano moral quando o consumidor de veículo zero-quilômetro necessita, por diversas
vezes, retornar à concessionária para reparos, sem que haja solução. 2. Agravo regimental
desprovido.” (STJ – AgRg-AREsp 533.916/RJ – 3ª T. – Rel. Min. João Otávio de Noronha –
J. 05.05.2015 – DJe 11.05.2015)
CONTRATO BANCÁRIO –
JULGAMENTO CITRA PETITA –
SÚMULA Nº 381/STJ – SENTENÇA
ANULADA DE OFÍCIO
33906 – “Apelação cível. Ação revisional de contrato. Julgamento citra petita. Contradição
entre a fundamentação e o dispositivo. Violação à Súmula nº 381 do STJ. Sentença anulada
de ofício. Apelo prejudicado. 1. À luz do que dispõe o art. 128 do CPC, o juiz decidirá a
lide nos limites em que foi proposta. Extrai-se da referida norma processual que a senten-
ça é corolário da inicial e, portanto, imperioso que, entre o pedido e o julgado, haja per-
feita correlação, sob pena de decidir o juiz aquém (citra petita), fora (extra petita), ou além
(ultra petita), do requerido na peça de ingresso. 2. Não obstante a extensa fundamentação
apresentada pelo juízo sentenciante no tocante à ilegalidade dos juros superiores a 12%,
da capitalização de juros, das tarifas de abertura de crédito, despesas com terceiros, tarifa
de cadastro e custo com registro, observo que este deixou de apreciar o pedido de revisão
contratual no que tange à tarifa de avaliação do bem, seguro e restituição em dobro dos
valores tido como indevidos, configurando o julgamento citra petita, que ocorre quando
não se examina em toda a sua amplitude o pedido formulado na inicial. 3. Verificando-se
a existência de conclusão divergente da fundamentação esposada na sentença, ou seja,
contradição entre a fundamentação e o dispositivo, impõe-se a anulação da sentença para
que outra seja proferida corretamente. 4. Há julgamento extra petita quando a apelação
afasta a cobrança de TAC e tarifas de serviços de terceiro e registro de contrato, sem que
tal pedido tenha sido deduzido na inicial. Incidência da Súmula nº 381 do STJ. 5. Sentença
cassada. Apelo prejudicado.” (TJES – Ap 48120219638 – 4ª C.Cív. – Rel. Walace Pandolpho
Kiffer – J. 04.05.2015 – DJe 11.05.2015)
172
Revista Jurídica 451
Jurisprudência Civil
Maio/2015
tração de consórcios, segundo critérios de livre concorrência de mercado (art. 33, da Lei
nº 8.177/1991 e Circular nº 2.766/1997). Precedentes da 2ª Seção. 2. Como consequência
do provimento do recurso, a verba honorária fica redistribuída em desfavor da parte re-
corrida. 3. Agravo regimental a que se dá provimento.” (STJ – AgRg-REsp 808.994/RS –
4ª T. – Relª Min. Maria Isabel Gallotti – J. 05.05.2015 – DJe 12.05.2015)
CONTRATO DE HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS – FALECIMENTO
DO TITULAR DO DIREITO
– LEGITIMIDADE ATIVA
RESTRITA À QUOTA-PARTE
DIREITO DO CONSUMIDOR
– ATRASO NA ENTREGA DO
175
Revista Jurídica 451
Jurisprudência Civil
Maio/2015
VEÍCULO – AUSÊNCIA DE
DEMONSTRAÇÃO DE DANOS
33913 – “Processual civil e civil. Apelação. Ação de ressarcimento de dano moral cumu-
lado com dano material. Atraso na entrega de veículo. Dano material não configurado.
Dano moral não demonstrado. I – O recurso interposto por Recreio Vitoria Veículos, afi-
gura-se deserto, eis que ausente de preparo, situação que impõe pelo não conhecimento
da apelação. II – O requerente, Incorpori Serviços Ltda., não concretizou o negócio jurídico
dentro do prazo estabelecido, eis que o negócio jurídico foi entabulado, após quatorze
dias da primeira avaliação, no qual ressai a manifesta improcedência quanto ao pedido de
ressarcimento do valor pago a título de complementação. III – A desvalorização no valor
do automóvel não decorreu por culpa do requerido, vez que a avaliação realizada por este
não se confunde com a venda concretizada com a empresa RP Veículos Ltda. IV – Consi-
derando que, apesar do atraso na entrega do automóvel, o veículo usado permaneceu na
posse do recorrente, Incorpori Serviços Ltda., durante toda a transação do negócio jurídi-
co, insubsistente o pedido de ressarcimento dos valores pagos à empresa terceirizada pelo
serviço de transporte. V – A quantia fixada pela instância singela, a título de reparação
por dano moral, encontra-se justa, proporcional e condizente com a extensão do dano
suportado por Incorpori Serviços Ltda. VI – Recurso interposto por Recreio Vitoria Veí-
culos Ltda. não conhecido e recurso interposto por Incorpori Serviços Ltda. conhecido e
improvido.” (TJES – Ap 4080008248 – 4ª C.Cív. – Rel. Paulo Roberto Luppi – J. 04.05.2015 –
DJe 11.05.2015)
DIREITO DO CONSUMIDOR –
EXEGESE DO ART. 14, CDC – DANO
MORAL NÃO COMPROVADO
DIREITO DO CONSUMIDOR –
FINANCIAMENTO DE VEÍCULO
– ANÁLISE DA ABUSIVIDADE
DE CLÁUSULAS
33917 – “Processo civil. Recurso especial. Execução de títulos extrajudiciais. Falta de as-
sinatura nos contratos de abertura de crédito fixo para exportação. Excepcionalidade no
caso concreto. Emenda da inicial. Questão prejudicada. 1. Consoante jurisprudência ite-
rativa da Casa, o documento particular, que não contenha a assinatura de duas testemu-
nhas, não preenche os requisitos do aludido dispositivo legal, não autorizando, portanto,
a utilização da via executiva para a cobrança do crédito nele inscrito (art. 585, II, do CPC).
2. A assinatura das testemunhas é um requisito extrínseco à substância do ato, cujo escopo
é o de aferir a existência e a validade do negócio jurídico; sendo certo que, em caráter abso-
lutamente excepcional, os pressupostos de existência e os de validade do contrato podem
ser revelados por outros meios idôneos e pelo próprio contexto dos autos, hipótese em que
tal condição de eficácia executiva poderá ser suprida. Precedentes. 3. Prejudicada a análise
da questão relativa à emenda da petição inicial ante o provimento do REsp 1.268.590/PR,
em que foi autorizado o prosseguimento do segundo feito executivo tendente à cobrança
do crédito remanescente. 4. Recurso especial da Plásticos do Paraná e outros não provido,
prejudicado o recurso da Finame.” (STJ – REsp 1438399/PR – 4ª T. – Rel. Min. Luis Felipe
Salomão – J. 10.03.2015 – DJe 05.05.2015)
EXECUÇÃO DE ALIMENTOS –
EXCEÇÃO DE PRÉ-
-EXECUTIVIDADE – CABIMENTO
IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO
DE SENTENÇA – GARANTIA
INTEGRAL DO JUÍZO – EXIGÊNCIA
PLANO DE ASSISTÊNCIA
ODONTOLÓGICA – AUSÊNCIA
DE REDE DE PROFISSIONAIS
CREDENCIADOS NO MUNICÍPIO DA
AUTORA – RESCISÃO CONTRATUAL
Esta orientação decorre da interpretação do art. 172, CPC, que assim dispõe: “Os atos
processuais realizar-se-ão em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas. § 1º Serão, toda-
via, concluídos depois das 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, quando o adiamento
prejudicar a diligência ou causar grave dano. § 2º A citação e a penhora poderão, em
casos excepcionais, e mediante autorização expressa do juiz, realizar-se em domingos
e feriados, ou nos dias úteis, fora do horário estabelecido neste artigo, observado o
disposto no art. 5, inciso XI, da Constituição Federal. § 3º Quando o ato tiver que ser
praticado em determinado prazo, por meio de petição, esta deverá ser apresentada no
protocolo, dentro do horário de expediente, nos termos da lei de organização judiciária
local.”
No caso concreto, a parte havia interposto recurso de apelação no último dia do prazo,
porém fora do horário de funcionamento do Judiciário do Estado do Piauí.
De acordo com a decisão monocrática, o Ministro Paulo de Tarso Sanseverino havia
negado seguimento ao recurso, em julgado assim ementado: “RECURSO ESPECIAL
– INEXISTÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO PELA LEI DE ORGANIZAÇÃO JUDI-
CIÁRIA LOCAL QUANDO DA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO – ART. 172, CAPUT,
DO CPC – INCIDÊNCIA – 1. Regulamentada a lei de organização judiciária local, os
atos processuais hão de observar esse novo regramento, na forma do art. 172, § 3º, do
CPC. 2. A protocolização de petições e recursos deve ser efetuada no horário de expe-
diente regulado pela lei local. 3. Completa ausência de prequestionamento às demais
questões ante o não conhecimento do recurso de apelação pela origem. 4. Inadmissi-
bilidade de manejo do recurso especial com base em afronta à norma constitucional.
5. Recurso especial a que se nega seguimento.”
Enfrentando o Agravo, o Relator considerou que a lei federal (art. 172, §3º, do CPC) au-
toriza os Estados, através de organização judiciária local, fixar o horário do expediente.
No caso, “como o horário do funcionamento do Judiciário Piauiense é compreendido
das 7 às 14 horas, e o recurso fora interposto no último dia de prazo fora do horário
normal estabelecido, tem-se por intempestivo o presente recurso”.
O voto indica precedentes em idêntico sentido: “AGRAVO REGIMENTAL NOS EM-
BARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL – PROCESSUAL CIVIL – APE-
LAÇÃO INTERPOSTA APÓS O TÉRMINO DO EXPEDIENTE FORENSE – NORMA
LOCAL – PLANTÃO JUDICIÁRIO – SUPERAÇÃO DE DISSÍDIO PRETERITAMENTE
VERIFICADO NESTE TRIBUNAL SUPERIOR – INTEMPESTIVIDADE – SÚMULA
Nº 168/STJ – EMBARGOS LIMINARMENTE INDEFERIDOS – AGRAVO REGIMEN-
TAL DESPROVIDO – 1. O fundamento dos Embargos do art. 546 do CPC e do art.
266 do RISTJ é a divergência de entendimento jurídico manifestado em face de uma
mesma situação fática, porque, por óbvio, se forem diversas as circunstâncias concre-
tas da causa, as consequências jurídicas não podem ser idênticas. 2. A Corte Especial
deste Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que a protocolização de
petições e recursos deve ser efetuada no horário de expediente regulado pela lei local, a
teor do art. 172, § 3º do CPC (AgRg-EREsp 1.307.036/PI, Rel. Min. João Otávio de Noro-
nha, DJe 29.05.2013). 3. Não cabem embargos de divergência quando a jurisprudência
do Tribunal se firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido (Súmula nº 168/STJ).
4. Agravo Regimental desprovido.” (AgRg-EREsp 1.341.709/PI, Rel. Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, Corte Especial, J. 01.10.2014, DJe 16.10.2014); “PROCESSUAL CIVIL
– AGRAVO REGIMENTAL – APELAÇÃO INTERPOSTA APÓS O ENCERRAMENTO
DO EXPEDIENTE FORENSE – NORMA LOCAL – PLANTÃO JUDICIÁRIO – INTEM-
182
Revista Jurídica 451
Jurisprudência Civil
Maio/2015
33929 – “Agravo regimental. Processual civil. Agravo em recurso especial. Intimação fei-
ta em nome do advogado substabelecente. Exercício em comarca distinta. Não comprova-
ção. Nulidade. Não ocorrência. Decisão agravada mantida. 1. É válida a intimação efetua-
da em nome de um dos advogados constituídos nos autos quando o substabelecimento foi
feito com reserva de poderes e não constou pedido expresso para a publicação exclusiva
em nome de um advogado específico. Incidência da Súmula nº 83/STJ. 2. Inexiste nos au-
tos a comprovação de que o substabelecimento se deu com o propósito de possibilitar que
o advogado substabelecido acompanhe o processo em uma comarca diferente daquela em
que o substabelecente advogava. 3. Agravo regimental desprovido.” (STJ – AgRg-AREsp
330.564/PE – 3ª T. – Rel. Min. João Otávio de Noronha – J. 05.05.2015 – DJe 08.05.2015)
PROCESSUAL CIVIL –
TEMPESTIVIDADE
33930 – “Processual civil. Agravo regimental. Agravo em recurso especial. Recurso es-
pecial protocolado após o prazo legal. Intempestividade. Publicação do acórdão. Termo
inicial do prazo. 1. Não se conhece de recurso interposto fora do prazo legal. 2. A posterior
publicação da ata de julgamento não serve para alterar a data de início da contagem do
prazo recursal, uma vez que, nos termos da legislação processual civil, o prazo tem início
da data publicação do acórdão. 3. Agravo regimental desprovido.” (STJ – AgRg-AREsp
586.937/DF – 3ª T. – Rel. Min. João Otávio de Noronha – J. 05.05.2015 – DJe 11.05.2015)
184
Revista Jurídica 451
Jurisprudência Civil
Maio/2015
RESPONSABILIDADE CIVIL –
ARREMESSO DE PEDRA PARA O
INTERIOR DE TREM – FATO DE
TERCEIRO – RESPONSABILIDADE
CIVIL AFASTADA
RESPONSABILIDADE CIVIL DE
EMPRESA JORNALÍSTICA – VIOLAÇÃO
DE SEGREDO DE JUSTIÇA – DANO
MORAL CARACTERIZADO
33932 – “Recurso especial. Responsabilidade civil. 1. Reparação por danos morais. Ma-
térias jornalísticas com relatos de fatos contidos em ação de separação judicial. Violação
do segredo de justiça. Notícias fundamentadas apenas na versão de uma das partes en-
volvidas. Juízo de valor negativo sobre o comportamento da recorrida. Perda do contato
entre mãe e filha após a divulgação das reportagens. Abuso no exercício do direito de
informação. Dever de indenizar. Configuração. 2. Valor reparatório. Revisão excepcional.
Montante razoável. Incidência da Súmula nº 7/STJ. 3. Recurso improvido. 1. A regra geral
é a liberdade de informação. Entrementes, esta não é absoluta, encontrando restrições,
entre outras hipóteses, na proteção dos direitos da personalidade. Daí fazer-se mister a
identificação de limites à livre manifestação da imprensa, a partir da proteção dos direitos
da personalidade, especialmente com fundamento na tutela da dignidade humana. 2. No
caso, concluíram as instâncias ordinárias que o recorrente expôs ao conhecimento público
situações desprovidas de justificativa factual ou documental, além de elementos obtidos
de processos que se encontravam resguardados pelo segredo de justiça. Descreveu o acór-
dão que as notícias aludiram à prática de crime de subtração de incapazes pela recorrida,
por haver supostamente fugido com a menor do País, insinuando o suborno de magis-
trado com o objetivo de alcançar tal desiderato. Narraram que a genitora não prestava a
devida atenção à filha no exterior, expondo, ademais, aspectos inerentes à vida privada da
recorrida, formulando juízo de valor negativo sobre a sua intimidade, o que motivou, por
fim, a perda completa do contato da recorrida com sua filha, sendo necessário que viesse a
se submeter a tratamento terapêutico. Além disso, as notícias tiveram como fonte apenas
185
Revista Jurídica 451
Jurisprudência Civil
Maio/2015
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
EMPREGADOR – ROUBO EM ÔNIBUS
– MORTE DE COBRADOR – DEVER
DE INDENIZAR CARACTERIZADO
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
HOSPITAL – CONTRATAÇÃO DE FALSO
MÉDICO – DEVER DE INDENIZAR
187
Jurisprudência
Penal
stj
S uperior T ribunal de J ustiça
EMENTA
rial ilícito não atrai, por si só, a competência da Justiça Federal. Assim,
não constatados indícios mínimos de extraterritorialidade, não há se fa-
lar em competência da Justiça Federal. Precedentes da 3ª Seção.
2. Agravo regimental a que se nega provimento, mantendo, dessa
forma, o entendimento esposado na decisão monocrática, que declarou
a competência do Juízo de Direito da 7ª Vara Criminal de Brasília/DF,
o suscitante.
ACÓRDÃO
RELATÓRIO
VOTO
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA SEÇÃO
AUTUAÇÃO
194
Revista Jurídica 451
Jurisprudência Penal
Maio/2015
AGRAVO REGIMENTAL
CERTIDÃO
195
TRF 2ª R.
T ribunal R egional F ederal da 2ª R egião
EMENTA
ACÓRDÃO
RELATÓRIO (ADITAMENTO)
198
Revista Jurídica 451
Jurisprudência Penal
Maio/2015
VOTO
204
E mentário P enal
Atividade clandestina
de comunicação
Contrabando
Crime de ameaça no
âmbito doméstico
Crime eleitoral
31209 – “Habeas corpus. Ação penal. Arts. 299 do Código Eleitoral e 146 do Código Penal.
Trancamento. Falta de justa causa. Não ocorrência. Nulidades. Não configuração. 1. O
trancamento da ação penal por meio do habeas corpus consubstancia medida excepcio-
nal e que apenas é admitida quando se constata, de plano, a imputação de fato atípico,
a ausência de indícios de autoria e de materialidade do delito ou, ainda, a extinção da
punibilidade, o que não se averigua no caso concreto. 2. ‘O sistema processual exclui a
possibilidade de ter-se como testemunha copartícipe da prática criminosa, não conduzin-
do a divisibilidade da ação penal pública o fato de o Ministério Público haver acionado
apenas alguns dos envolvidos a transmudar os demais em testemunhas’ (REsp 1-98, Rel.
Min. Marco Aurélio, DJe de 31.05.2013). No mesmo sentido: Ap 470-AgR, STF, Rel. Min.
Joaquim Barbosa, DJe de 02.10.2009. 3. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
207
Revista Jurídica 451
Jurisprudência Penal
Maio/2015
Estelionato
31210 – “Penal. Processual penal. Apelação criminal. Estelionato contra ente público.
Art. 171, § 3º, do Código Penal. Materialidade e autoria. Não comprovadas. Ausência de
dolo. In dubio pro reo. Absolvição mantida. 1. Para a configuração do delito de esteliona-
to, é necessário o emprego, pelo agente, de meio fraudulento e a obtenção de vantagem
patrimonial indevida, para si ou para outrem, em prejuízo alheio. 2. Incumbe à acusação
produzir prova robusta e apta a demonstrar, com certeza, a materialidade, a autoria e o
dolo do agente na empreitada criminosa. 3. Considerando a ausência de provas, deve ser
mantida a absolvição, com fulcro no art. 386, VII, do Código de Processo Penal.” (TRF 4ª R.
– ACr 0000124-80.2010.404.7114/RS – 8ª T. – Rel. Des. Fed. Victor Luiz dos Santos Laus –
DJe 28.04.2015)
31211 – “Recurso ordinário em habeas corpus. Estelionato. Suspensão condicional do pro-
cesso. Lei nº 9.099/1995. Prestação pecuniária imposta como condição especial. Impos-
sibilidade. Pena antecipada. Recurso provido. É inadmissível a imposição de prestação
pecuniária como condição especial da suspensão condicional do processo na forma do
art. 89, § 2º, da Lei nº 9.099/1995, seja porque inexiste previsão legal, seja porque o institu-
to não se coaduna com a estipulação de sanção penal antecipada. Recurso ordinário provi-
do para excluir a prestação pecuniária do rol das condições impostas ao recorrente.” (STJ
– Rec-HC 49.276 – (2014/0159603-7) – 6ª T. – Rel. Min. Ericson Maranho – DJe 27.04.2015)
Estelionato contra a
Previdência Social
Social. Precedentes do STF. 2. Decorridos mais de quatro anos entre a data do recebimento
da primeira prestação previdenciária e o recebimento da denúncia, opera-se a prescrição
retroativa da pretensão punitiva estatal, impondo-se a declaração da extinção da punibi-
lidade dos réus.” (TRF 4ª R. – ACr 2004.71.02.000332-6/RS – 8ª T. – Rel. Des. Fed. Victor
Luiz dos Santos Laus – DJe 28.04.2015)
Estupro
31213 – “Penal. Processo penal. Apelação criminal. Estupro de vulnerável. Violência real.
Materialidade e autoria comprovadas. Especial valor probante das palavras da vítima,
corroboradas pelas demais provas produzidas na instrução do processo. Pleito de absolvi-
ção improcedente. Suficiência das provas para sustentar o édito condenatório. Menorida-
de relativa. Redimensionamento da pena. Regime fechado mantido. Reparação de danos
afastada de ofício. Ausência de instrução com esse fim. Recurso conhecido e parcialmente
provido. I – A narrativa coerente e verossímil da vítima se reveste da qualidade de im-
portante elemento de prova, sobretudo quando corroborada por outros elementos de con-
vicção produzidos na instrução criminal. II – No caso dos autos, restando comprovadas
a materialidade e a autoria do crime diante da palavra da vítima, corroborada pela prova
testemunhal e pericial, a condenação do apelante se impõe. III – A pena foi exasperada
somente na primeira etapa da dosimetria, pela valoração desfavorável e justificada de três
circunstâncias judiciais, não havendo mudança a ser alterada em favor do réu nem quanto
à avaliação desses vetores, nem quanto ao cálculo da pena-base. IV – Na segunda fase da
dosagem, impõe-se a aplicação da circunstância atenuante prevista no art. 65, I, do Códi-
go Penal (menoridade relativa), uma vez que o agente era menor de 21 anos à época do
fato, o que leva ao redimensionamento da pena, mantendo-se o regime fechado consoante
art. 33, § 2º, do Código Penal. V – Na ausência de instrução prévia do feito para a fixação
da reparação civil prevista no art. 387, IV, do CPP impossível aferir a condição financeira
do agente para tal fim. Precedentes do STJ e desta Câmara Criminal. Exclusão de ofício.
VI – Apelação conhecida e parcialmente provido, afastando, de ofício, a condenação à
indenização por dano.” (TJAL – Ap 0023363-02.2011.8.02.0001 – Rel. Des. Sebastião Costa
Filho – DJe 28.04.2015)
31214 – “Penal e processo penal. Recurso especial. Estupro. Deficiência de fundamen-
tação. Súmula nº 284/STF. Férias não impedem o exercício da jurisdição pelo relator.
Usurpação da atribuição do Ministério Público. Não ocorrência. Existência de justa cau-
sa para o oferecimento da denúncia. Inadmissível reexame de provas. Súmula nº 7/STJ.
Cerceamento de defesa. Não ocorrência. Agravo em recurso especial. Não cabimento em
caso de recebimento parcial do apelo nobre. Súmulas nºs 292 e 528/STF. 1. A ausência
de delimitação quanto à omissão em que teria incorrido a Corte a quo torna inadmissí-
vel o recurso especial no ponto questionado, uma vez que a deficiência na sua funda-
mentação não permite a exata compreensão da controvérsia, conforme dicção da Súmula
nº 284/STF, aplicável por analogia. 2. Quanto ao exercício da jurisdição pelo relator du-
rante o período de férias, observa-se que, por força da falta de delimitação da controvér-
209
Revista Jurídica 451
Jurisprudência Penal
Maio/2015
sia, decorrente da não indicação de artigo de lei federal cuja interpretação seja capaz de
modificar a conclusão do julgado, tem aplicação a Súmula nº 284/STF. Ademais, nada
impede Desembargador de participar de sessão de julgamento durante o gozo de férias
(REsp 1.292.000/GO, Min. Nancy Andrighi, 3ª T., DJe 05.12.2012), sobretudo, no caso,
diante da permissão concedida pelo Regimento Interno do Tribunal de Justiça da Paraíba.
3. Uma vez que o Ministério Público, exercendo a opinio delicti que lhe é constitucional-
mente atribuída, optou por oferecer a denúncia antes da juntada dos dados decorrentes
da quebra do sigilo telefônico, não há falar em usurpação de atribuição do Parquet. Além
disso, o oferecimento de denúncia depende de lastro probatório mínimo indicativo da
autoria e da materialidade da infração penal, mas independe da apresentação de provas
robustas nesse sentido. A oportunidade para a efetiva comprovação da prática do crime
é a instrução criminal, momento que, aí sim, já deverão estar presentes nos autos os refe-
ridos dados telefônicos. Precedentes. 4. Se não se deve anular a decisão de recebimento
da denúncia por força da ausência, nos autos, dos dados resultantes da quebra de sigilo
telefônico, igual conclusão deve ocorrer em relação à decisão que apenas julga os embar-
gos de declaração opostos contra tal recebimento. E mais: se antes não se vislumbrava
a ocorrência de prejuízo para o réu, com mais razão se deve afirmar a inexistência de
cerceamento de defesa se tais dados, muito antes de iniciada a instrução, são juntados aos
autos e é oportunizado pela Corte de origem pleno acesso ao seu conteúdo. 5. Tendo a
Corte a quo afirmado a presença da justa causa para o início da persecução penal, não há
como desconstituir o julgado na via eleita, dada a necessidade de revolvimento do ma-
terial probante, procedimento de análise exclusiva das instâncias ordinárias e vedado ao
Superior Tribunal de Justiça, a teor da Súmula nº 7/STJ (AgRg-AREsp 70.431/MG, Min.
Jorge Mussi, 5ª T., DJe 07.03.2013). 6. Não cabe agravo contra decisão que admite parcial-
mente o recurso especial. Precedentes. Súmulas nºs 292 e 528/STF aplicáveis por analogia.
7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa extensão, improvido. Agravo em re-
curso especial não conhecido.” (STJ – REsp 1.397.236 – (2013/0265744-0) – 6ª T. – Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior – DJe 28.04.2015)
Execução penal
31215 – “Execução penal. Habeas corpus (1) falta grave. Homologação fundamentada após
regular procedimento administrativo disciplinar. Incabível reexame. Análise aprofunda-
da do conjunto fático-probatório. Via inadequada (2) falta grave. Caracterização. Possibi-
lidade de regressão de regime, perda dos dias remidos e interrupção do lapso temporal
para obtenção de benefícios, exceto livramento condicional, comutação e indulto. Exis-
tência de manifesta ilegalidade no ponto (3) writ não conhecido. Ordem concedida de ofí-
cio. 1. A aplicação da falta grave deu-se mediante regular Procedimento Administrativo
Disciplinar – PAD, com rito próprio previsto na Lei de Execução Penal, sendo reconhe-
cida a sua prática fundamentadamente, conforme entenderam as instâncias ordinárias.
O reexame da questão é incabível na via estreita do habeas corpus, dada a necessidade de
incursão na seara fático-probatória do caso. Precedente. 2. A caracterização da falta grave
210
Revista Jurídica 451
Jurisprudência Penal
Maio/2015
Furto
31217 – “Apelação criminal. Crime contra o patrimônio. Furto qualificado pelo rompi-
mento de obstáculo e concurso de agentes (art. 155, § 4º, I e IV, do Código Penal). Re-
curso da defesa. Pleito pelo afastamento das qualificadoras. Impossibilidade. Concurso
de agentes demonstrado pelas declarações da vítima, testemunhas e da própria ré. Ar-
rombamento atestado mediante laudo pericial, em consonância com a prova testemunhal.
Qualificadoras que devem ser mantidas. Dosimetria. Pleito de minoração da pena não
acolhido. Circunstâncias judiciais analisadas corretamente. Compensação, em primeiro
grau, da atenuante da confissão espontânea com a agravante da reincidência. Entendi-
mento de que, na forma do art. 67 do Código Penal, deve prevalecer a agravante da rein-
cidência que não pode ser aplicada. Reformatio in pejus. Pena mantida. Pleito pela fixação
de regime aberto. Reincidência específica que autoriza regime mais gravoso. Substituição
da pena igualmente inviável. Recurso conhecido e desprovido. 1. Constatada a ocorrência
do crime em concurso de agentes, circunstância que vem comprovada pelas declarações
da vítima, testemunhas e da própria ré, inviável o afastamento da qualificadora elencada
no art. 155, § 4º, IV, do Código Penal. 2. Mostra-se impossível o afastamento da quali-
ficadora prevista no art. 155, § 4º, I, do Código Penal quando os elementos constantes
dos autos demonstram, com segurança, que a subtração da res furtiva ocorreu mediante o
arrombamento de obstáculo. 3. ‘[...] Na hipótese de concurso entre a agravante da reinci-
dência e a atenuante da confissão, a primeira deve preponderar sobre a segunda, de sorte
a não se admitir uma exata compensação entre ambas [...]’ (TJSC – Apelação Criminal
nº 2011.043083-6, de Chapecó, Relª Desª Salete Silva Sommariva, J. em 18.10.2011), con-
clusão que não pode ser aplicada no caso, diante do princípio da non reformatio in pejus.
4. Constatada a reincidência específica da acusada, não se mostra possível a fixação de
regime aberto, este que, fixado na anterior condenação, não foi suficiente para conter as
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Revista Jurídica 451
Jurisprudência Penal
Maio/2015
ações da ré, que permaneceu atentando contra o patrimônio alheio. 5. Também por con-
ta da reincidência específica não deve ser substituída a pena privativa de liberdade por
restritivas de direitos, uma vez que mencionada benesse já foi anteriormente concedida à
acusada, que, reiterando a conduta, não fez jus ao benefício.” (TJSC – ACr 2015.001454-8 –
Rel. Des. Paulo Roberto Sartorato – DJe 28.04.2015)
31218 – “Habeas corpus. Furto duplamente qualificado. Writ substitutivo. Dosimetria.
Pena-base. Valoração negativa da culpabilidade. Elemento inerente ao crime consumado.
Ilegalidade. Maus antecedentes. Consideração de processo em curso e atos infracionais.
Impossibilidade. Circunstâncias do crime. Expressivo prejuízo à vítima. Fundamento vá-
lido. Regime prisional. Circunstância judicial desfavorável. Semiaberto. Constrangimento
ilegal evidenciado em parte. Concessão de ofício. 1. É ilegal a exasperação da pena-base na
parte em que o julgador considerou ‘expressivo o grau de culpabilidade’ – o qual se refere
à maior ou menor reprovabilidade da conduta delituosa – porque os pacientes percorre-
ram longo iter, elemento inerente à forma consumada do furto, já analisado na tipificação
da conduta dos agentes. 2. A ‘reprovável conduta social’ dos pacientes diante da notícia
da prática de atos infracionais e de processo em curso também não configura fundamento
válido para o agravamento da pena-base, consoante reiterada jurisprudência desta Corte.
3. Inquéritos e ações penais em curso não podem evidenciar maus antecedentes, conduta
social inadequada ou personalidade desfavorável do agente, sob pena de malferimento ao
princípio da não culpabilidade. Súmula nº 444 do STJ. 4. A jurisprudência desta Corte Su-
perior é uníssona no sentido de que ‘atos infracionais não podem ser considerados maus
antecedentes para a elevação da pena-base, tampouco para a reincidência’ (HC 289.098/SP,
Rel. Min. Moura Ribeiro, 5ª T., DJe 23.05.2014). 5. A valoração negativa das circunstâncias
do crime com base no expressivo prejuízo sofrido pela vítima (R$ 4.000,00) é justificativa
idônea para a majoração da pena-base. 6. Desfavorável uma das circunstâncias do art. 59
do CP, é cabível a fixação do regime semiaberto para o início do cumprimento da pena
reclusiva aos réus, primários, condenados à pena inferior a 4 anos, art. 33, §§ 2º e 3º do
Código Penal. 7.Ordem não conhecida. Habeas corpus concedido, de ofício, para reduzir a
pena dos pacientes a 2 anos e 6 meses de reclusão.” (STJ – HC 224.037 – (2011/0264388-3)
– 6ª T. – Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz – DJe 27.04.2015)
31219 – “Penal. Habeas corpus substitutivo de recurso especial. Inadequação da via elei-
ta. Furto simples. Princípio da insignificância. Maus antecedentes. Inaplicabilidade. 1. A
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, acompanhando a orientação da Primeira
Turma do Supremo Tribunal Federal, firmou-se no sentido de que o habeas corpus não
pode ser utilizado como substituto de recurso próprio, sob pena de desvirtuar a finalidade
dessa garantia constitucional, exceto quando a ilegalidade apontada for flagrante, hipóte-
se em que se concede a ordem de ofício. 2. Na aplicação do princípio da insignificância, de-
vem ser utilizados os seguintes parâmetros: a) conduta minimamente ofensiva; b) ausên-
cia de periculosidade do agente; c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento;
e d) lesão jurídica inexpressiva, os quais devem estar presentes, concomitantemente, para
a incidência do referido instituto. 3. Em razão da existência de notícia de outra ação penal
em desfavor da paciente pela suposta prática de crime de homicídio qualificado, eviden-
ciada na folha de antecedentes criminais, deve ser afastada a aplicação do princípio da
insignificância. 4. Habeas corpus não conhecido.” (STJ – HC 201.641 – (2011/0067170-2) –
5ª T. – Rel. Min. Gurgel de Faria – DJe 28.04.2015)
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Jurisprudência Penal
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Investigação pré-processual
31220 – “Processo penal. Habeas corpus. Operação Segurança Pública S/A. Investigação
pré-processual. Feito apreciado por colegiado composto, no TRF 2ª R., majoritariamente
por juízes convocados. Nulidade. Não ocorrência. Ordem denegada. 1. Por determinação
do Supremo Tribunal Federal, aprecia-se o mérito desta impetração. In casu, tal qual assen-
tado pelo Pretório Excelso, no seio do RHC 122.002, que contemplou a realidade em liça,
não há violação ao princípio do juiz natural, em razão da condução da investigação pré-
-processual, no Tribunal Regional Federal da 2ª Região, por colegiado composto majorita-
riamente por juízes convocados. 2. Ordem denegada.” (STJ – HC 278.115 – (2013/0325071-0)
– 6ª T. – Relª Min. Maria Thereza de Assis Moura – DJe 28.04.2015 –p. 1964)
Latrocínio
Pena
31222 – “Habeas corpus. Substitutivo de recurso especial. Não cabimento. Corrupção ati-
va. Dosimetria da pena. Culpabilidade exacerbada. Aumento idôneo. Maus antecedentes
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Jurisprudência Penal
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igualmente preponderantes, de acordo com o art. 67 do Código Penal. 4. Ordem não co-
nhecida. Habeas corpus concedido, de ofício, para reconhecer a ilegalidade na exasperação
da pena-base e compensar a confissão espontânea com a reincidência, redimensionando
a pena final do paciente para 13 anos de reclusão e 31 dias-multa.” (STJ – HC 214.096 –
(2011/0172291-0) – 6ª T. – Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz – DJe 27.04.2015)
31224 – “Penal. Habeas corpus substitutivo de recurso especial. Tráfico de drogas e posse
irregular de arma de fogo de uso permitido. Pena-base acima do mínimo legal. Possibi-
lidade. Bis in idem. Inocorrência. Confissão espontânea. Atenuante genérica não configu-
rada. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, acompanhando a orientação
da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, firmou-se no sentido de que o habeas
corpus não pode ser utilizado como substituto de recurso provisório, sob pena de desvir-
tuar a finalidade dessa garantia constitucional, exceto quando a ilegalidade apontada for
flagrante, hipótese em que se concede a ordem de ofício. 2. Não há violação ao princípio
do non bis in idem, visto que elementos diversos levam ao aumento da reprimenda: o fato
de o paciente ter cometido o crime sob livramento condicional e a existência de duas con-
denações transitadas em julgado, sendo uma considerada como agravante e a outra como
maus antecedentes. 3. Ademais, a atuação dissimulada do agente também foi considerada
para a culpabilidade desfavorável do paciente, imprimindo maior reprovabilidade a sua
conduta. 4. A autoria do delito restou configurada pelo quadro fático apresentado, não
havendo o magistrado se utilizado das manifestações do paciente para firmar seu con-
vencimento quanto ao crime tipificado no art. 12 da Lei nº 10.826/2003. 5. Habeas corpus
não conhecido.” (STJ – HC 274.078 – (2013/0235965-0) – 5ª T. – Rel. Min. Gurgel de Faria –
DJe 28.04.2015)
Princípio
31225 – “Agravo regimental em habeas corpus. Trancamento da ação penal. Falta de justa
causa. Princípio da isonomia. Art. 580, CPP. Superveniência de sentença condenatória.
Novo título judicial. Juízo de cognição mais amplo. Writ prejudicado. Agravo regimental
improvido. 1. A conclusão da ação penal, com prolação da decisão condenatória, faz su-
perar os fundamentos de atipia e falta de justa causa. 2. Há de ser julgado prejudicado o
writ objetivando a extensão dos efeitos da decisão que determinou o trancamento da ação
penal por falta de justa causa, ante a prolação de sentença condenatória, confirmada em
sede de recurso de apelação, que constitui novo título a justificar a manutenção da medi-
da. 3. A decisão agravada, que julgou prejudicado o habeas corpus, por perda de objeto, não
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Jurisprudência Penal
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Princípio da insignificância
Prisão preventiva
31227 – “Habeas corpus. Tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo e receptação. Fra-
gilidade de provas e alegação de que o flagrante foi forjado. Inviabilidade de exame no
habeas corpus. Negativa de recorrer em liberdade. Réu solto durante a instrução criminal.
Prisão preventiva decretada na apelação criminal para a aplicação da lei penal. Paciente
foragido do sistema prisional. Periculum libertatis. Fundamentação suficiente. Ordem de-
negada. 1. As teses de fragilidade de provas e de flagrante forjado por policiais não podem
ser analisadas na via estreita do habeas corpus, por demandarem exame aprofundado de
fatos e provas, vedado na via eleita. 2. A jurisprudência desta Corte Superior é firme em
assinalar que a determinação de segregar o réu, antes de transitada em julgado a condena-
ção, deve efetivar-se apenas se indicada, em dados concretos dos autos, a necessidade da
cautela (periculum libertatis), à luz do disposto no art. 312 do CPP. 3. Ainda que o paciente
tenha respondido solto ao julgamento da apelação criminal, é válida sua prisão preventiva
para garantir a aplicação da lei penal, pois evidenciada a necessidade de proteção dos fins
do processo penal, à vista do registro de que ‘é foragido ante outra condenação’. Diante da
superveniência de novo Decreto condenatório, está presente a cautelaridade da medida,
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Jurisprudência Penal
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máxime porque a defesa não comprovou – mediante simples certidão cartorária – a situa-
ção da execução penal referente ao crime anterior de homicídio, pelo qual foi condenado
a 14 anos de reclusão, por sentença proferida em 2007. 4. Ordem denegada.” (STJ – HC
308.661 – (2014/0292813-4) – 6ª T. – Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz – DJe 27.04.2015)
31228 – “Recurso ordinário em habeas corpus. Estupro e atentado violento ao pudor.
Art. 213 do CP. Prisão preventiva. Condenação. Proibição de recorrer em liberdade. Réu
que permaneceu solto durante a instrução criminal. Segregação fundada no art. 312 do
CPP. Circunstâncias do delito. Gravidade concreta. Evasão do distrito da culpa. Neces-
sidade de garantir a ordem pública e a aplicação da lei penal. Custódia fundamentada.
Coação ilegal não demonstrada. Reclamo improvido. 1. Embora o recorrente tenha perma-
necido em liberdade durante a instrução criminal, a preventiva ordenada na sentença en-
contra-se devidamente justificada, mostrando-se devida a bem da ordem pública e como
garantia de aplicação da lei penal. 2. Não há coação na negativa de recorrer em liberdade
quando demonstrado, com base em fatores concretos, a imprescindibilidade da custódia
para acautelar o meio social, diante da reprovabilidade efetiva da conduta imputada ao
recorrente e pela qual inclusive já foi condenado, bem retratada pelas circunstâncias em
que se deram os fatos criminosos. 3. Trata-se de réu condenado ao cumprimento de 10
anos de reclusão, no regime inicial fechado, pela prática de estupro e atentado violento
ao pudor contra vítima que, no mesmo evento delituoso, foi abusada também pelo com-
parsa do recorrente, tendo sido submetida, sequencialmente, a todos os tipos de violência
sexual pelos dois agentes, sendo abandonada após os fatos, ferida e infectada por doença,
particularidades que evidenciam a gravidade efetiva do delito, autorizando a constrição
cautelar. 4. A evasão do distrito da culpa, comprovadamente demonstrada –, uma vez
que, expedido o mandado de prisão em novembro de 2013, não há notícias nos autos de
que o réu tenha sido encontrado para ser recolhido ao cárcere – é fundamentação a mais
para embasar a ordenação da custódia preventiva na espécie, como garantia de aplica-
ção da lei penal. 5. Condições pessoais favoráveis não teriam, em princípio, o condão de,
isoladamente, revogar a prisão cautelar, se há nos autos elementos suficientes a demons-
trar a necessidade da custódia. 6. Recurso ordinário improvido.” (STJ – Rec-HC 53.963 –
(2014/0311928-0) – 5ª T. – Rel. Min. Jorge Mussi – DJe 27.04.2015)
Roubo
Tortura
Tráfico de drogas
de cumprimento de pena mais severo que o fixado em lei é necessária motivação idônea.
Inteligência das Súmulas nºs 718 e 719 do Supremo Tribunal Federal e nº 440 deste Supe-
rior Tribunal de Justiça. 3. A substituição da pena foi negada sob o genérico fundamento
de não ser suficiente, sem qualquer explicação concreta, em manifesta contrariedade ao
hodierno entendimento nos tribunais superiores. 4. Habeas corpus não conhecido. Ordem
concedida, de ofício, a fim de fixar o regime aberto para o início do cumprimento da re-
primenda imposta ao paciente, bem como possibilitar a substituição da pena privativa de
liberdade por medidas restritivas de direitos, a serem fixadas pelo Juízo das Execuções.”
(STJ – HC 317.277 – (2015/0039819-0) – 6ª T. – Relª Min. Maria Thereza de Assis Moura –
DJe 27.04.2015)
31234 – “Penal. Processo penal. Apelação criminal. Narcotráfico (art. 33, caput, da Lei
nº 11.343/2006). Sentença condenatória. Recurso da defesa. Inconformismo com a carga
penal imposta. 1. Dosimetria. Segunda fase. Alteração do percentual aplicado em virtu-
de da menoridade relativa, porquanto aquém daquele recomendado pela jurisprudência
(1/6 – um sexto) a casos análogos. Pena diminuída ex officio para o mínimo legal, em
atenção ao disposto na Súmula nº 231 do Superior Tribunal de Justiça. 2. Modificação do
regime prisional para modalidade mais branda. Viabilidade. Alta quantidade de entorpe-
cente apreendido que recomenda, todavia, a fixação de regime semiaberto. Recurso co-
nhecido e provido em parte, com deliberação ex officio. Apelação Criminal nº 1.303.955-9.”
(TJPR – ACr 1303955-9 – 3ª C.Crim. – Relª Juíza Substª Simone Cherem Fabrício de Melo –
DJe 28.04.2015)
31235 – “Processo penal. Recurso em habeas corpus. Tráfico interestadual de drogas e res-
pectiva associação. Prisão cautelar. Gravidade concreta. Motivação idônea. Ocorrência.
Recurso a que se nega provimento. 1. Não é ilegal o encarceramento provisório decretado
para o resguardo da ordem pública, em razão da gravidade in concreto dos fatos: trata-se,
na dicção do juízo de primeiro grau, de associação criminosa estruturada, composta por
pelo menos 12 pessoas, que atua no tráfico interestadual de drogas e movimenta gran-
des carregamentos de substância entorpecente (o decisum faz referência à apreensão de
20 quilos de crack). Destacou-se que a recorrente seria ‘esposa e gerente do líder do nú-
cleo Rondônia’ e ‘atua gerenciando o núcleo Rondônia no preparo da droga para viagem
e também nas cobranças e pagamentos relativos ao tráfico de drogas’, tudo a conferir
lastro de legitimidade à medida extrema. 2. Recurso a que se nega provimento.” (STJ –
Rec-HC 55.581 – (2015/0003782-3) – 6ª T. – Relª Min. Maria Thereza de Assis Moura –
DJe 27.04.2015)
221
Í ndice A lfabético e R emissivo C ível e P enal
Assunto
Penal e Processual Penal
Abandono afetivo
• Abandono Afetivo: Os Limites do Direito na Coerção de Ma- Assunto
nifestações Emocionais Humanas (Arthur M. Ferreira Neto
e Luciana Gemelli Eick)...................................................................... 9 Maioridade penal
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do imóvel. Não comprovada. Cobrança indevida. Restituição. Contrato de honorários advocatícios – Falecimento do ti-
Sentença mantida............................................................... 33903, 171 tular do direito – Legitimidade ativa restrita à quota-parte
Compra e venda de móveis planejados – Defeito na instalação • Contrato de honorários advocatícios. Indenização por danos ma-
– Responsabilidade solidária do fabricante teriais e morais. Ação movida pelo procurador do falecido titular
do direito. Legitimidade ativa somente em relação à cota-parte
• Compra e venda de móveis planejados. Indenização por da- do procurador por ser filho e co-herdeiro do mandante. Pres-
nos materiais e morais. Inadimplemento da loja revendedora crição. Inocorrência............................................................ 33912, 175
configurado......................................................................... 33904, 171
Direito do consumidor – Atraso na entrega do veículo – Au-
Consumidor – Compra de carro zero-quilômetro defeituoso sência de demonstração de danos
– Dano moral caracterizado
• Processual civil e civil. Apelação. Ação de ressarcimento de
• Agravo regimental. Agravo em recurso especial. Dano moral.
dano moral cumulado com dano material. Atraso na entrega
Veículo zero-quilômetro. Diversas idas à concessionária sem
de veículo. Dano material não configurado. Dano moral não
solução de defeito. Súmula nº 83/STJ. Constatação em laudo
demonstrado....................................................................... 33913, 176
pericial de falha na qualidade de serviço............................ 33905, 172
Contrato bancário – Julgamento citra petita – Súmula Direito do consumidor – Exegese do art. 14, CDC – Dano
nº 381/STJ – Sentença anulada de ofício moral não comprovado
• Apelação cível. Ação revisional de contrato. Julgamento ci- • Direito do consumidor. Agravo de instrumento. Indenizatória.
tra petita. Contradição entre a fundamentação e o dispositi- Falha na prestação do serviço. Dever de informação. Respon-
vo. Violação à Súmula nº 381 do STJ. Sentença anulada de sabilidade civil objetiva. Danos materiais mantidos. Dano moral
ofício. Apelo prejudicado..................................................... 33906, 172 não comprovado. Mero aborrecimento. Recurso a que se dá
parcial provimento.............................................................. 33914, 176
Contrato bancário – Legalidade da capitalização de juros
Direito do consumidor – Financiamento de veículo – Análise
• Processual civil e civil. Apelação. Ação revisional. Legali-
da abusividade de cláusulas
dade da capitalização dos juros. Previsão de taxa de juros
anual superior ao duodécuplo da mensal. Inconstitucionali- • Apelação cível. Ação revisional de contrato bancário. Finan-
dade da MP 2.170-36/2001 afastada. Apelações improvida e ciamento de veículo. Capitalização de juros e suposta cumu-
provida................................................................................ 33907, 173 lação ilegal de encargos moratórios. Ausência de interesse
recursal neste ponto. Suscitada preliminar ex officio. Juros
Contrato bancário – Revisão contratual – Antecipação de remuneratórios. Abusividade comprovada. Tarifa de cadastro.
tutela – Requisitos legais e jurisprudenciais Válida. Tarifa de avaliação de bens. Razoável e proporcional,
• Agravo de instrumento. Ação de revisão contratual c/c con- devida. Ressarcimento de gravame eletrônico. Vedada a sua
signação em pagamento. Antecipação dos efeitos da tutela. cobrança. Recurso conhecido em parte e dado parcial pro-
Depósito dos valores incontroversos. Abstenção de inscrição vimento na parte conhecida................................................ 33915, 177
nos cadastros de proteção ao crédito. Ausente a verossimi-
lhança das alegações. Valor inferior à parcela ajustada. Re- Execução civil – Penhora on line – Admissibilidade
curso provido...................................................................... 33908, 173
• Agravo regimental no agravo em recurso especial. Execu-
Contrato bancário – Revisão contratual – Mitigação do prin- ção. Penhora on line. Deferimento após a entrada em vigor
cípio da pacta sunt servanda
da Lei nº 11.382/2006. Diligências. Esgotamento. Desneces-
sidade................................................................................. 33916, 177
• Apelação cível. Revisão contratual. Possibilidade. Mitigação do
princípio da pacta sunt servanda. Tarifas bancárias. Pagamen- Execução civil – Título extrajudicial – Assinatura de teste-
to de serviços de terceiros e serviços corresp. Não bancários.
munhas – Requisito extrínseco à substância do ato
Abusividade. Repetição do indébito na forma simples. Re-
curso conhecido e improvido.............................................. 33909, 174 • Processo civil. Recurso especial. Execução de títulos extraju-
diciais. Falta de assinatura nos contratos de abertura de cré-
Contrato de comodato – Ação de reintegração de posse – dito fixo para exportação. Excepcionalidade no caso concreto.
Dever de devolução do bem Emenda da inicial. Questão prejudicada............................ 33917, 178
• Recurso de agravo de instrumento. Ação de reintegração
de posse. Comodato. Não desocupação ao final do contra- Execução de alimentos – Exceção de pré-executividade – Ca-
to. Dever em devolver. Prazo de 30 dias. Recurso parcial- bimento
mente provido..................................................................... 33910, 174
• Processual civil. Execução de alimentos. Exceção de pré-
-executividade. Recurso especial. Preliminar de ofensa ao art.
Contrato de consórcio – Taxa de administração – Livre fixa- 535 do CPC. Inexistência. Afirmada ausência de fundamen-
ção entre as partes
tação da decisão que julgou a exceção de pré-executividade.
• Civil e processual. Agravo regimental no recurso especial. Inocorrência. Nulidade da execução. Ausência de título execu-
Consórcio. Taxa de administração. Limitação. Ausência. Prece- tivo. Configuração. Recurso especial a que se dá provimento
dentes. Verba honorária. Redimensionamento...................33911, 174 ............................................................................................ 33918, 178
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Execução provisória – Garantia do juízo – Oferecimento por localização do executado. Necessidade. Retorno dos autos à
terceiro – Legalidade origem................................................................................. 33927, 183
Plano de saúde – Reembolso de despesas hospitalares – • Recurso especial. Responsabilidade civil. 1. Reparação por
Prescrição ânua danos morais. Matérias jornalísticas com relatos de fatos con-
tidos em ação de separação judicial. Violação do segredo de
• Agravo regimental no agravo em recurso especial. Plano de
justiça. Notícias fundamentadas apenas na versão de uma das
saúde. Despesas hospitalares. Reembolso. Prescrição ânua.
partes envolvidas. Juízo de valor negativo sobre o comporta-
Art. 206, § 1º, II, do Código Civil. Entendimento pacificado. Deci-
mento da recorrida. Perda do contato entre mãe e filha após a
são monocrática do relator. Possibilidade.......................... 33924, 181
divulgação das reportagens. Abuso no exercício do direito de in-
formação. Dever de indenizar. Configuração..................... 33932, 185
Prática dos atos processuais – Horário de funcionamento do
foro – Exegese do art. 172, CPC
Responsabilidade civil do empregador – Roubo em ônibus –
• Agravo regimental no recurso especial. Regulamentação pela Morte de cobrador – Dever de indenizar caracterizado
lei de organização judiciária local do horário de funciona-
• Recurso especial. Acidente do trabalho. Responsabilidade civil
mento do judiciário do Piauí. Art. 172, § 3º, do CPC.......... 33925, 181
do empregador. Roubo em ônibus. Morte de cobrador. Obri-
gação de indenizar (CLT, art. 2º). Jurisprudência do Tribunal
Processual civil – Ação coletiva – Suspensão de ações indi-
Superior do Trabalho. Recurso desprovido........................ 33933, 186
viduais – Admissibilidade
• Agravo regimental no agravo em recurso especial. Dano am- Responsabilidade civil do hospital – Contratação de falso
biental. Pedido de indenização pelos danos morais suposta- médico – Dever de indenizar
mente sofridos. Possibilidade de suspensão de ações indivi-
duais até o julgamento da ação coletiva. Entendimento firmado • Processual civil. Alegação de negativa de prestação jurisdicio-
pela Segunda Seção em recurso especial representativo de nal. Improcedência. Conexão. Faculdade do julgador. Súmula
controvérsia. Agravo regimental não provido..................... 33926, 183 nº 235/STJ. Sentença proferida em uma das demandas. Ins-
tâncias criminal e cível. Independência. Condenação criminal.
Materialidade e autoria. Coisa julgada no cível. Inviabilidade
Processual civil – Citação por edital – Requisitos
de afastamento do nexo causal. Ausência de cerceamento
• Agravo regimental. Agravo em recurso especial. Tempestivi- de defesa pelo indeferimento de prova. Art. 935 do Código
dade do recurso especial comprovada. Embargos à execução Civil. Responsabilidade civil do hospital por contratação de
hipotecária. Citação por edital. Esgotamentos dos meios para falso médico. Culpa in eligendo. Pensionamento. Divergência
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Índice Cível e Penal
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jurisprudencial. Bases fáticas distintas. Valor do dano moral. Estelionato contra a Previdência Social
Redução. Súmula nº 7/STJ................................................ 33934, 187
• Penal e processo penal. Estelionato contra a Previdência So-
cial. Concessão de aposentadoria anteriormente ao término
Ementário Penal do tempo mínimo de contribuição. Crime instantâneo. Dosi-
metria da pena. Quantum. Critérios de fixação. Prescrição
retroativa. Ocorrência......................................................... 31212, 208
Assunto
Estupro
Atividade clandestina de comunicação
• Penal. Processo penal. Apelação criminal. Estupro de vulnerá-
• Penal. Recurso ordinário em habeas corpus. Trancamento vel. Violência real. Materialidade e autoria comprovadas. Espe-
da ação. Atividade clandestina de telecomunicação. Rádio cial valor probante das palavras da vítima, corroboradas pelas
transceptor de potência de 5 watts. Insignificância. Aplicabili- demais provas produzidas na instrução do processo. Pleito de
dade.................................................................................... 31205, 205 absolvição improcedente. Suficiência das provas para sustentar
o édito condenatório. Menoridade relativa. Redimensionamento
Contrabando da pena. Regime fechado mantido. Reparação de danos afas-
tada de ofício. Ausência de instrução com esse fim. Recurso
• Processual penal. Recurso ordinário em habeas corpus. Con- conhecido e parcialmente provido...................................... 31213, 209
trabando e falsificação, corrupção, adulteração ou alteração
• Penal e processo penal. Recurso especial. Estupro. Deficiên-
de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais. Tran-
cia de fundamentação. Súmula nº 284/STF. Férias não im-
camento da ação penal. Denúncia. Fatos adequadamente nar-
pedem o exercício da jurisdição pelo relator. Usurpação da
rados. Ocorrência. Exercício da ampla defesa. Possibilidade.
atribuição do Ministério Público. Não ocorrência. Existência
Falta de justa causa. Fragilidade probatória, pequena quantida- de justa causa para o oferecimento da denúncia. Inadmis-
de do produto, ausência do intento de circulação e destinação sível reexame de provas. Súmula nº 7/STJ. Cerceamento de
diversa. Exame aprofundado do contexto fático-probatório. Ne- defesa. Não ocorrência. Agravo em recurso especial. Não
cessidade. Matéria incabível na via eleita. Princípio da insignifi- cabimento em caso de recebimento parcial do apelo nobre.
cância. Matéria não examinada pela Corte de origem. Supres- Súmulas nºs 292 e 528/STF............................................... 31214, 209
são de instância. Recurso desprovido................................ 31206, 205
Execução penal
Crime contra as relações de consumo • Execução penal. Habeas corpus (1) falta grave. Homologação
• Recurso ordinário em habeas corpus. Crime contra as re- fundamentada após regular procedimento administrativo dis-
lações de consumo (art. 7º, inciso IX, da Lei nº 8.137/1990). ciplinar. Incabível reexame. Análise aprofundada do conjunto
Denúncia. Crime que deixa vestígios. Materialidade delitiva. fático-probatório. Via inadequada (2) falta grave. Caracteri-
Necessidade de exame de corpo de delito. Presunção legal zação. Possibilidade de regressão de regime, perda dos dias
de impropriedade ao consumo. Conceito previsto em norma remidos e interrupção do lapso temporal para obtenção de
estadual. Ofensa à regra constitucional de competências le- benefícios, exceto livramento condicional, comutação e indulto.
gislativas. Impossibilidade. Ausência de justa causa. Tranca- Existência de manifesta ilegalidade no ponto (3) writ não conhe-
mento. Insurgência provida................................................ 31207, 206 cido. Ordem concedida de ofício........................................ 31215, 210
• Habeas corpus crime. Execução penal. Falta grave. Apuração
Crime de ameaça no âmbito doméstico mediante processo administrativo disciplinar. Contraditório e
ampla defesa. Participação do defensor. Audiência de justifi-
• Apelação criminal. Crime de ameaça no âmbito doméstico. cação prévia. Desnecessidade de audiência na esfera judicial.
Inocorrência da prescrição. Absolvição por insuficiência de Homologação da falta grave. Ausência de prejuízo ao pa-
provas. Impossibilidade. Conjunto probatório robusto e coeso. ciente. Ordem denegada.....................................................31216, 211
Redução da pena-base. Reanálise das circunstâncias judiciais.
Possibilidade. Substituição da pena corpórea. Não cabimento. Furto
Suspensão condicional da pena, de ofício......................... 31208, 207
• Apelação criminal. Crime contra o patrimônio. Furto qualifi-
cado pelo rompimento de obstáculo e concurso de agentes
Crime eleitoral (art. 155, § 4º, I e IV, do Código Penal). Recurso da defesa. Plei-
• Habeas corpus. Ação penal. Arts. 299 do Código Eleitoral e 146 to pelo afastamento das qualificadoras. Impossibilidade. Con-
do Código Penal. Trancamento. Falta de justa causa. Não ocor- curso de agentes demonstrado pelas declarações da vítima,
rência. Nulidades. Não configuração.................................. 31209, 207 testemunhas e da própria ré................................................31217, 211
• Habeas corpus. Furto duplamente qualificado. Writ substitutivo.
Estelionato Dosimetria. Pena-base. Valoração negativa da culpabilidade.
Elemento inerente ao crime consumado. Ilegalidade. Maus
• Penal. Processual penal. Apelação criminal. Estelionato con- antecedentes. Consideração de processo em curso e atos in-
tra ente público. Art. 171, § 3º, do Código Penal. Materialida- fracionais. Impossibilidade. Circunstâncias do crime. Expressivo
de e autoria. Não comprovadas. Ausência de dolo. In dubio prejuízo à vítima. Fundamento válido. Regime prisional. Cir-
pro reo. Absolvição mantida............................................... 31210, 208 cunstância judicial desfavorável. Semiaberto. Constrangimento
• Recurso ordinário em habeas corpus. Estelionato. Suspensão ilegal evidenciado em parte. Concessão de ofício............. 31218, 212
condicional do processo. Lei nº 9.099/1995. Prestação pecu- • Penal. Habeas corpus substitutivo de recurso especial. Inade-
niária imposta como condição especial. Impossibilidade. Pena quação da via eleita. Furto simples. Princípio da insignificância.
antecipada. Recurso provido...............................................31211, 208 Maus antecedentes. Inaplicabilidade.................................. 31219, 212
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Revista Jurídica 451
Índice Cível e Penal
Maio/2015
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