ANÁLISE DE DESEMPENHO DE UM SISTEMA FOTOVOLTAICO
CONECTADO A REDE
Sharlene Pereira Peniche
UTFPR, Curitiba, Brasil
e-mail: sha.peniche@gmail.com
Resumo: Este artigo visa apresentar o desempenho de
um Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede Elétrica
(SFVCR) no condomínio Mai Terraces, o edifício está em
processo de obtenção da certificação Green Bulding
Council GBC Condomínio Platina e prevê que 30% da
energia da área comum seja suprida pelo sistema
fotovoltaico, este valor corresponder a 58MWh anual. O
sistema analisado será o instalado na torre A e possui
potência instalada de 25,92kWp, 12 microinversores de
2kW foi comissionado em 25 de Abril e monitorado via
internet a partir do dia 2 de Maio de 2023, durante o mês
de Maio a planta gerou em torno de 2,4MWh de energia
elétrica, segundo o aplicativo de monitoramento EMA
Manager. Para estimativa de geração utilizou-se dados do
Instituto Nacional de Meteorologia – INMET da estação
807, enquanto os dados de geração do sistema foram
obtidos através da plataforma de monitoramento EMA
Manager. Através do software de simulação pode-se
verificar valores elevados e geração, estando fora do
esperado para o sistema, visto que há alguns pontos de
sombreamento devido aspectos construtivos do edifício.
O projeto inicial previa instalação de módulos de
Telureto de Cádmio (CdTe) na fachada do barrilete além
de módulos de 415W na laje, utilizando inversores
central da marca Fronius. Devido a baixa potência dos
módulos de Telureto (80W) e retirada da tecnologia do
mercado, optou-se por retirar os módulos da fachada e
utilizar módulos bifaciais com potência de 540W, e
também substituir os inversores por microinversores.
Palavras-chave: Sistema fotovoltaico, desempenho,
módulos bifaciais, microinversores.
Abstract: This article aims to present the performance of
a Photovoltaic System Connected to the Electric Grid
(SFVCR) in the Mai Terraces condominium, the building
is in the process of obtaining the Green Building Council
GBC Platina Condominium certification and foresees
that 30% of the energy in the common area will be
supplied by the photovoltaic system, this value
corresponds to 58MWh annually. The analyzed system
will be installed in tower A and has an installed power of
25.92kWp, 12 microinverters of 2kW r was commissioned
on April 25th and monitored via internet from May 2nd,
2023, during the month of May the plant generated
around 2.4MWh of electricity, according to the EMA
Manager monitoring application. The performance
analysis will be carried out by calculating the merit index,
known as: Capacity Factor, Performance Ratio and Yield.
For generation estimation, data from the National
Institute of Meteorology – INMET from station 807 were
used, while the system generation data were obtained
through the EMA Manager monitoring platform.
Through the software simulate, high values and
generation can be verified, which are out of expectations
for the system, since there are some shading points due
to constructive aspects of the building. The initial project
called for the installation of Cadmium Telluride (CdTe)
modules on the keg façade, in addition to 415W modules
on the slab, using Fronius central inverters. Due to the
low power of the Telluride modules (80W) and the
withdrawal of the technology from the market, it was
decided to remove the modules from the facade and use
bifacial modules with a power of 540W, also replace the
inverters with microinverters.
Keywords: Photovoltaic Systems, performance, bifacial
module, microinverter.
Introdução
O sistema fotovoltaico em análise faz parte de um
projeto realizado em Curitiba, o sistema está instalado em
um condomínio em busca da certificação GBC
Condomínio Platina. O projeto prevê que 30% do
consumo de energia da área comum será obtida da
geração solar fotovoltaica. A geração estimada para este
projeto é 58MWh anual.
O projeto total conta com 86 módulos bifaciais de
540W e 22 microinversores de 2kWp. Devido ao sistema
ter orientações e ângulos diversos, optou-se por
microinversores, evitando a dificuldade de fazer strings,
o projeto inicial previa módulos de Telureto de Cádmio
nas paredes do barrilete, porém o aumento da potência
dos módulos e a implementação da bifacilidade no
mercado fez-se possível apenas a utilização das lajes.
Este artigo avaliará o desempenho do sistema
fotovoltaico instalado nas torres do condomínio,
comparando o desempenho real do mês de Maio ao
desempenho esperado para o mês, com base na radiação
do INMET simulada no Radiasol.
O objetivo é verificar a Perfomance Ratio do sistema
considerando a radiação real e o relatório mensal obtido
no sistema de monitoramento.
Características do Sistema
 A planta fotovoltaica está localizada no condomínio
Mai Terraces, em Curitiba, o empreendimento possui
duas torres e um sistema em cada torre, para este estudo
avaliaremos a torre A, composta por 48 módulos, sendo
42 com desvio azimutal de -26° em relação ao norte e
ângulo de 5°, e 6 módulos com 60º para leste, e ângulo
de inclinação de 10º. A conexão será através de 12
microinversores com 2 MPPT cada. A torre B é composta
por 38 módulos, sendo 14 com desvio azimutal com 60º
para leste com ângulo de 10°, 20 módulos com desvio
azimutal de -26° em relação ao norte e 4 módulos com
80° de inclinação e -26° de desvio azimutal em relação
ao norte. Na figura 1 está apresentado o layout da torre A.
Tensão de Circuito Aberto (Voc) 49,60 V
Tensão de máxima potência
41,64 V
(Vmpp)
Corrente de curto circuito (Icc) 13,86 A
Corrente de máxima potência (Icc) 12,97 A
Eficiência do módulo 20,8%
Os dados apresentados na tabela 1 não consideram os
ganhos relacionados a bifacialidade dos módulos, devido
ao ângulo de inclinação ser relativamente baixo, entre 5°
e 10°, para latitude local, que é de 25°, consideraremos
apenas os valores de potência sem considerar o possível
ganho do Albedo. Na figura 2 é possível observar a
inclinação dos módulos em relação a platibanda.

Figura 1 - Layout torre A Figura 2 - Vista lateral torre A

A seguir podemos observar o layout da B

Os microinversores tem potência máxima de 2000W,
e são da marca Apsystems, cada equipamento possui 2
MPPT - Maximum Power Point Tracking ,desta forma,
pode-se conectar 2 módulos em série em cada seguidor
de potência. Os dados dos microinversores podem ser
observados na tabela 2.

Tabela 2: Característica dos inversores

Microinversor 3D3D

Dados CC
Potência recomendada de módulo 315Wp-
fotovoltaico 670Wp
Os módulos utilizados no projeto são monocristalino,
halfcell e bifacial, com potência de 540W, da marca JA Faixa de tensão do MPPT 64V -110V
Solar. Os dados dos módulos são apresentados na tabela
Faixa de tensão de operação 52V-120V
1.

Tabela 1: Característica dos módulos Tensão máxima de entrada 120V

Máxima corrente de entrada 20A x 2

JAM72D3
Módulo
0 -540MB Dados CA
 Máxima potência contínua de saída 2000W
Tensão nominal da saída/Faixa de 220V/176V
tensão de saída -242V
Corrente nominal de saída 9A
Freqüência nominal de saída/faixa 60Hz/57,5
de freqüência de saída Hz-62Hz
Eficiência

Eficiência Máxima 97%

Eficiência nominal do MPPT 99,5%

Consumo de energia noturno 20mW

Cada microinversor será conectado a 4 módulos,
sendo distribuídos 2 módulos em série, em cada MPPT.
A divisão dos MPPT’s considerou a diferença de
orientação existente no layout, de forma a não permite
módulos com orientações diferentes em série.
A figura 3 apresenta da torre A, cada conjunto de cor
representa a conexão de um microinversor.
Figura 4 - Layout da divisão dos microinversores - Torre B
Após a conexão, mapeamento dos microinversores na
planta e aprovação da concessionária local (COPEL), o
sistema entrou em operação, o monitoramento via
internet também fora realizado. Cada torre possui sua
ECU – Energy Comunication Unit, que permite conexão
do sinal de internet com os microinversores, evitando
assim a perda ou atraso do sinal de internet durante o dia.
Desde o primeiro dia de geração, 02 de Maio de 2023,
não se tem registro de perca de informação ou sinal no
sistema, desta forma sendo possível utilizar os dados do
aplicativo de monitoramento EMA Manager para o
estudo.
A figura 5 apresenta um layout com os dados de
geração em tempo real do aplicativo. Neste layout é
possível observar 4 módulos que estão com indicativo de
geração muito abaixo dos demais, desta forma indicando
algum defeito de conexão ou nos microinversores,
considerando este defeito sabemos que a performance do
sistema está prejudicada, para efeitos de análise
manteremos estes 4 módulos dos cálculos de geração,
para observar a o real desempenho da planta.

Figura 3 - Layout divisão dos microinversores – Torre A

A figura 4 apresenta o layout da torre B.

Figura 5 - Geração por módulo na Torre A - EMA Manager

Já na torre B não houve problema de conexão elétrica.

O período de geração a ser avaliado é de 02 de Maio

de 2023 até o dia 31 de Maio de 2023, compreendendo
30 dias, a figura 6 apresenta o gráfico de geração do
período.

Energia (kWh)
5000 4412,84
4000
2587,99
3000
2000
1000 0 0 0 0 0 0
0

Figura 6 - Geração de Maio - EMA Manager Figura 7 - Radiação plano inclinado em 5°

A figura 7 apresenta os dados de irradiação para 10°,

Para cálculo da performance apresentada no software orientação leste.
de monitoramento utilizaremos dados de: potência e
geração mensal.
Na tabela 3 apresentaremos as inclinações e
orientações de cada região da torre A, as fileiras duplas
possuem 5° de inclinação, todas orientadas para norte, já
a fileira única possui 10º de inclinação.

Tabela 3: Arranjos Torre A

Resumo Arranjo 1 – Torre A - Norte

Módulos/540W 42
A tabela 4 apresenta os valores de radiação para o mês
Potência fotovoltaica 22.680 de Maio em cada arranjo.

Orientação
Norte Dados de radiação por arranjo
5°
Inclinação Potência Radiação
Arranjo Inclinação Orientação
FV (W) kWh/m²
Resumo Arranjo 2 Torre A - Leste
1 5° Norte 22.680 4,87
Módulos/540W 6
2 10º Leste 3.240 4,86
Potência fotovoltaica 3.300
Para o cálculo da produção do período utilizaremos a
equação (1).
Orientação
Leste
10° ∗ ∗
Inclinação
= (1)

Onde
Para o cálculo da geração utilizaremos o software
Radiasol para cada inclinação e orientação. E = Energia Gerada (kWh)
A figura 6 apresenta a radiação estimada para o mês Pfv = Potência Fotovoltaica (W)
de Maio em 5° de inclinação com desvio de -26 graus em H tot = Irradiação diária (kWh/m²)
relação ao norte.
 G= Iradiancia (W/m²)
PR = Performance Ratio Resumo Arranjo 1 – Torre B - Norte

Devido ao baixo ângulo de inclinação dos módulos

utilizaremos um PR de 0,70. Para o arranjo 1: Módulos/540W 20

22680 ∗ 4870 ∗ 0,7 Potência fotovoltaica (W) 10.800

=
1000 Orientação
Norte

22680 ∗ 2649 ∗ 0,7 10°

Inclinação
=
1000

= 77,316 ℎ/ Resumo Arranjo 2 Torre B - Leste

2,319 ℎ Módulos/540W 14
=
ê
Potência fotovoltaica (W) 7.560
Para o arranjo 2 tem-se:
Orientação
Leste
3240 ∗ 4860 ∗ 0,7 10°
= Inclinação
1000

Resumo Arranjo 3 Torre B - Leste

3240 ∗ 5134 ∗ 0,7
=
1000
Módulos/540W 4
= 11,02 ℎ/
Potência fotovoltaica (W) 2.160
330 ℎ
=
ê
Orientação
Leste
Dados de geração por arranjo – Torre A 80°
Inclinação
Geração Total Para os cálculos radiação obtidos no Radiasol tem-se:
Arranjo Inclinação Orientação
kWh kWh

1 5° Norte 2319 Dados de radiação por arranjo – Torre B

2649

2 10º Leste 330 Potência Radiação

Arranjo Inclinação Orientação
FV (W) kWh/m²

A geração estimada para a torre A é de, 1 10° Norte 10.800 5,12

aproximadamente, 2649 kWh.
2 10º Leste 7.560 4,86
Na tabela 4 apresentaremos os dados de inclinação e
orientação da torre B 3 80° Leste 2.160 3,63

Utilizando a equação 1 para cálculo da geração estimada

tem-se:

Tabela 3: Arranjos Torre B

Dados de geração por arranjo – Torre B
 Geração Total
Arranjo Inclinação Orientação
kWh kWh

1 10° Norte 1.612

2.548
771
2 10º Leste

165
3 10º Leste

Somando os dados de geração para torre A e torrre B tem-

se um valor de energia médio para os 30 dias analisados
em Maio.
Figura 9 - Gráfico de perdas

Potencia Geração Total

Torre
FV kWh kWh Na figura 10 podemos observar o sombreamento do
final da tarde.
A 25.920 2.649
5.196
2.548
B 20.520

A geração do sistema instalado para o mês de Maio

atingiu 4412kWh, o PR simulado para esta planta ficaria
em torno de 69,5% via Helioscope.

Figura 10 - Sombreamento parcial

Também se observou sombreamento da escada de

acesso ao barrilete, esta escada não foi considerada. na
simulação do Helioscope.

Figura 11 - Sombreamento da escada de acesso

Figura 8 - Simulação Helioscope Os módulos da torre B que possuem 80° de inclinação,

também são atingidos por sombreamento da platibanda
Dentro dos fatores preocupantes em relação ao durante o final da tarde, na figura 12 é possível observar
desempenho do sistema encontra-se o sombreamento este sombreamento.
parcial e a sujidade dos módulos, o fato sujidade
raramente é considerado em simulações, de forma que o
PR de simulação sempre tende a ser maior que o real.
 até mesmo ninhos de passarinhos, visto que o local fica
na cobertura de um prédio de 25 andares, sendo de fácil
acesso para passarinhos. Para obter-se uma análise mais
ampla, é interessante avaliar um período maior de
geração, compreendido entre 1 ano, assim obtendo-se o
PR anual do sistema. É interessante ressaltar a
importância do uso de microinversores em casos de
sistemas com diversas orientações e sombreamentos
parciais, se o projeto inicial fosse mantido, a performance
do sistema seria totalmente prejudicada, não ficando
próximo a target de geração.

Referências

[1] INMET. Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/.

Acessado em 2023.
[2] UFRGS. Programa RADIASOL”, Laboratório de
Energia Solar, 2012.
[3] URBANETZ JR, J., 2010. Sistemas Fotovoltaicos
Conectados a Redes de Distribuição
[4] URBANETZ JR, J., 2014. Acompanhamento do
Desempenho do Sistema Fotovoltaico Conectado a Rede
Elétrica do Escritório Verde UTFPR.
[5] Greeen Bulding Council Brasil – Empreendimentos
Registrados e Certificados .
https://www.gbcbrasil.org.br/certificacao/certificacao-
condominio/empreendimentos/
[6] Construtora Laguna -
https://www.construtoralaguna.com.br/imoveis-
residenciais/mai-terraces

Figura 12 - Sombreamento da platibanda

Conclusão

O sistema fotovoltaico instalado apresentou geração

15% abaixo do esperado Um dos fatores contribuintes
para uma geração inferior é a existência de
sombreamento parcial durante períodos do dia, outro
fator a ser considerado é baixo ângulo de inclinação na
maioria do sistema, facilitando o acúmulo de sujeira e o
não aproveitamento da latitude no direcionamento para
norte.
Observando os dados simulados no Helioscope tem-
se um PR de 0,69, com 14% de perda por sombreamento,
ficando mais próximo a realidade, visto que o sistema
possui diversos limitadores, como: baixo ângulo de
inclinação, sombreamento parcial em períodos do dia e
poeira devido ao baixo ângulo.
O fato de se considerar um PR de 0,7 para um sistema
com essas características pode ser avaliado como uma
previsão muito otimista. Para um desempenho
satisfatório do sistema faz-se necessário manutenção
periódica para evitar acúmulo de poeira sobre os módulos,