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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO


CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA MECÂNICA

ERIC CABRAL DE SOUZA

VERIFICAÇÃO E ADAPTAÇÃO DE PROJETO DE PONTE ROLANTE


COM VALIDAÇÃO POR NORMAS E ANÁLISE DE ELEMENTOS FINITOS

São Leopoldo
2014
ERIC CABRAL DE SOUZA

VERIFICAÇÃO E ADAPTAÇÃO DE PROJETO DE PONTE ROLANTE


COM VALIDAÇÃO POR NORMAS E ANÁLISE DE ELEMENTOS FINITOS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Mecânica, pelo curso de
Engenharia Mecânica da Universidade do
Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS

Orientador: Prof. M.Sc. Eng. Mecânico Giovani Geremia

São Leopoldo
2014
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a toda minha família, por sempre me apoiar e


acreditar na conquista deste objetivo desde o início da graduação.
Especialmente aos meus pais, Joselito Antônio de Souza e Eliane Bonfíglio
Cabral de Souza, que me proporcionaram este momento através da excelente
criação e da diuturna cobrança pela dedicação nos estudos.
Aos professores Fabiano Bertoni e Giovani Geremia, pelos conselhos e
ensinamentos transmitidos durante o período de elaboração deste trabalho de
conclusão.
RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso tem por objetivo garantir que a viga principal da
ponte rolante em questão atenda as especificações feitas pelo cliente, suportando a
capacidade solicitada com segurança e respeitando as normas citadas em sua
especificação. Através de cálculos analíticos verificou-se que a viga existente
ultrapassa a flecha máxima e as proporções geométricas admitidas pela norma.
Então foi efetuado um novo projeto de viga através de cálculos analíticos para
atender aos requisitos de todas as normas especificadas, este projeto
posteriormente foi verificado através de análise de elementos finitos. A nova viga foi
projetada para substituir a existente sem qualquer alteração no restante do projeto.
Além de ser intercambiável com à existente e de atender a todos os requisitos de
projeto, a viga projetada possui o peso e o custo de fabricação menor.
Posteriormente a validação, através de simulações com a análise de elementos
finitos foi possível verificar que a nova viga suportará os ensaios dinâmico e estático
sem ultrapassar os limites impostos pelas normas, tendo assim a sua eficiência
garantida.

Palavras-chave: Ponte Rolante. Projeto. Elementos finitos.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ponte Rolante .......................................................................................... 17


Figura 2 – Condução de um Problema de Resistência dos Materiais ....................... 18
Figura 3 – Gráfico do comportamento de um metal a tração pura ............................ 21
Figura 4 – Desenho do prédio do cliente ................................................................... 26
Figura 5 – Pré montagem da ponte rolante comprada .............................................. 27
Figura 6 – Desenho da ponte rolante comprada enviado pelo fornecedor ................ 28
Figura 7 – Desenho da seção da viga perfil caixão da ponte rolante comprada ....... 29
Figura 8 – Diagrama de estado de carga para classe de utilização A....................... 32
Figura 9 – Carregamento distribuído ......................................................................... 37
Figura 10 – Centro de gravidade de um perfil caixão ................................................ 39
Figura 11 – Carregamento de duas forças concentradas idênticas .......................... 43
Figura 12 – Diagrama do coeficiente ℎ ................................................................... 52
Figura 13 – Força horizontal sobre cada viga ........................................................... 54
Figura 14 – Coeficiente .......................................................................................... 55
Figura 15 – Ponto da máxima tensão de cisalhamento............................................. 58
Figura 16 – Dimensões da seção para cálculo da cortante ....................................... 59
Figura 17 – Gráfico da cortante para uma carga concentrada conforme figura ........ 60
Figura 18 – Gráfico da cortante para uma carga distribuída conforme figura ........... 62
Figura 19 – por Círculo de Mohr .......................................................................... 63
Figura 20 – Sistema de coordenadas para referência............................................... 65
Figura 21 – Dimensões da seção para cálculo da cortante ....................................... 81
Figura 22 – Modelo paramétrico da viga projetada ................................................... 84
Figura 23 – Pré processamento da análise ............................................................... 86
Figura 24 – Primeira restrição ................................................................................... 87
Figura 25 – Segunda restrição .................................................................................. 87
Figura 26 – Tensão máxima na viga projetada ......................................................... 88
Figura 27 – Deslocamento máximo da viga projetada .............................................. 88
Figura 28 – Tensão máxima com a carga içada de 40.000 kg .................................. 89
Figura 29 – Deslocamento máximo com a carga içada de 40.000 kg ....................... 90
Figura 30 – Gráfico dos limites da CMAA70.............................................................. 92
Figura 31 – Gráfico dos ensaios dentro do limite da CMAA70 .................................. 93
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classe de utilização da estrutura............................................................. 32


Tabela 2 – Estados de carga..................................................................................... 33
Tabela 3 – Classificação da estrutura dos equipamentos em grupos ....................... 34
Tabela 4 – Coeficiente dinâmico ........................................................................... 47
Tabela 5 – Aceleração e tempo de aceleração ......................................................... 50
Tabela 6 – Coeficiente de majoração para equipamentos industriais ....................... 57
Tabela 7 – Coeficiente de segurança da tensão admissível pela norma .................. 67
Tabela 8 – Dimensionamento da nova viga caixão ................................................... 71
Tabela 9 – Análises de sobrecarga na viga............................................................... 90
LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ASTM American Society for Testing and Materials
ASCE American Society of Civil Engineers
CAE Computer Aided Engineering
CMAA Crane Manufacturers Association of America
CMV Construções Mecânicas Vieira
NBR Normas Brasileiras de Regulação
MEF Método de Elementos Finitos
LISTA DE SÍMBOLOS

l – Comprimento inicial do corpo de prova [ ]


A – Área da seção transversal inicial do corpo de prova [ ]
P – Carga aplicada ao corpo de prova [ ]
∆l – Alongamento do corpo de prova [ ]
σ – Tensão no corpo de prova [ ]
e – Deformação do corpo de prova [ ]
– Capacidade nominal [ ]
– Vão [ ]
– Altura de elevação [ ]
– Distância entre rodas do carro guincho [ ]
– Velocidade de elevação [ / ]
! – Velocidade transversal [ / ]
" – Velocidade de translação [ / ]
– Peso do carro guincho [ ]

# – Peso do moitão [ ]
$ – Peso do passadiço de manutenção [ ]
ℎ – Altura total da viga da ponte comprada [ ]
ℎ% – Altura da alma da viga da ponte comprada [ ]
&% – Espessura da alma da viga da ponte comprada [ ]
' – Distância entre almas da viga da ponte comprada [ ]
'% – Largura da base da viga da ponte comprada [ ]
&( – Espessura da base da viga da ponte comprada [ ]
) á+ – Flecha máxima nas vigas principais [ ]
– Vão (distância entre centros dos trilhos) [ ]
ℎ – Altura total da viga [ ]
' – Distância entre almas da viga [ ]
, – Coeficiente de Majoração [-]
-! – Área da seção da viga comprada [ ]
-(%. / – Área da seção da base da viga comprada [ ]
-%"#%/ – Área da seção da alma da viga comprada [ ]
0! – Peso linear da viga comprada [ / ]
1 – Densidade do material de fabricação [kg/ 2
]
3! ! – Momento fletor máximo devido ao peso próprio da viga comprada [ . ]
! ! – Descolamento máximo da viga comprada devido ao peso próprio [ ]
5 – Módulo de elasticidade longitudinal do material [ / ]
67! – Momento de Inércia da viga comprada [ 8
]
69 – Momento de inércia do retângulo [ 8
]
'9 – Base do retângulo [ ]
ℎ9 – Altura do retângulo [ ]
1(%. / – Distância vertical entre os eixos centroidais [ ]
! ! – Tensão máxima devido ao peso próprio da viga comprada [ ]
:! – Altura do baricentro da viga comprada [ ]
$ – peso total do passadiço [kg]
3 $ – Momento fletor máximo devido ao peso do trilho e do passadiço [ . ]
0 – Peso linear do trilho [ / ]
0$ – Peso linear do passadiço [ / ]

! $ – Tensão máx. viga comprada devido aos pesos do trilho e do passadiço [ ]

! $ – Descolamento máximo da viga comprada devido aos pesos do trilho e do


passadiço [ ]
)9 – Força por roda devido ao peso do carro guincho [N]
3 – Momento fletor máximo devido ao peso do carro guincho [ . ]

! – Descolamento máx. viga comprada devido ao peso do carro guincho [ ]

! – Tensão máxima na viga comprada devido ao peso do carro [ ]

! $$ – Descolamento máximo da viga comprada devido às solicitações estáticas


causadas pelos pesos próprios dos equipamentos [ ]
! $$ – Tensão máxima na viga comprada devido às solicitações estáticas causadas
pelos pesos próprios dos equipamentos [ ]
)9 . – Força por roda devido à carga de serviço [N]
– Coeficiente dinâmico [-]
3 . – Momento fletor máximo devido à carga de serviço [ . ]
! . – Deslocamento máximo da viga comprada devido à carga de serviço [ ]
! . – Tensão máxima na viga comprada devido à carga de serviço [ ]
;# – aceleração média [ /< ]
=# – tempo de aceleração médio [s]
)>% – força horizontal devida a aceleração dos movimentos horizontais [ ]
)?# – força de inércia média [ ]
= – Período de oscilação [s]
– Altura de elevação [ ]
– aceleração da gravidade [ /<²]
9# – carga sobre as rodas motoras [ ]
)> – força horizontal devida à translação [ ]
>! – tensão devido às forças horizontais aplicadas a viga comprada [ ]
! – Tensão total sofrida pela viga comprada [ ]
! – Deslocamento total da viga comprada [ ]
A – Tensão de cisalhamento em um ponto específico [ ]
– Força cortante resultante
B – Valor determinado pela Equação 43 [ ²]
6 – Momento de inércia da seção transversal [ ]
& – Largura da área da seção transversal no ponto especificado [ ]
B – Valor de B do perfil da viga da ponte comprada [ ²]
C D – Distância entre o centróide da base e o eixo neutro [ ]
C D – Distância entre o centróide de meia alma e o eixo neutro [ ]
ℎ%D – Altura de meia alma [ ]
E – Forças cortantes provenientes de solicitações concentradas [ ]
) E – Soma das forças concentradas aplicadas a viga [ ]
F? – Forças cortantes provenientes de solicitações distribuídas [ ]
0 E – Soma dos pesos lineares distribuídos sobre a viga [ / ]
+ – Distância entre o apoio e o ponto onde se quer calcular F? [ ]
$ – Tensão de comparação [ ]

G – Tensão no eixo X [ ]
H – Tensão no eixo Y [ ]
AGH – Tensão de cisalhamento [ ]
IJ/ – O coeficiente de segurança da tensão exercida sobre a viga da ponte rolante
comprada [-]
67! – Momento de Inércia da viga projetada [ 8
]
-(%. – Área da seção da base da viga projetada [ ²]
1(%. – Distância vertical entre os eixos centroidais [ ]
'% – Largura da base da viga projetada [ ]
&( – Espessura da base da viga projetada [ ]
ℎ% – Altura da alma da viga projetada [ ]
&% – Espessura da alma da viga projetada [ ]
!$! – Descolamento máximo da viga projetada devido ao peso próprio [ ]

!$ $ – Descolamento máximo da viga projetada devido aos pesos do trilho e do


passadiço [ ]
!$ – Descolamento máx. da viga projetada devido ao peso do carro guincho [ ]

!$ . – Deslocamento máximo da viga projetada devido à carga de serviço [ ]


0! – peso linear da viga projetada [ / ]
-! – área da viga projetada [ ²]
3!! – Momento fletor máximo devido ao peso próprio da viga projetada [ . ]
!! – Descolamento máximo da viga projetada devido ao peso próprio [ ]
!! – Tensão máxima devido ao peso próprio da viga projetada [ ]
:! – Altura do baricentro da viga projetada [ ]
3 $ – Momento fletor máximo devido aos pesos do trilho e do passadiço [ . ]

! $ – Tensão máx. viga projetada devido aos pesos do trilho e do passadiço [ ]

! $ – Descolamento máximo da viga projetada devido aos pesos do trilho e do


passadiço [ ]
! – Descolamento máx. da viga projetada devido ao peso do carro guincho [ ]

! – Tensão máxima na viga projetada devido ao peso do carro [ ]

!$$ – Descolamento máximo da viga projetada devido às solicitações estáticas


causadas pelos pesos próprios dos equipamentos [ ]
!$$ – Tensão máxima na viga projetada devido às solicitações estáticas causadas
pelos pesos próprios dos equipamentos [ ]
! . – Deslocamento máximo da viga projetada devido à carga de serviço [ ]
! . – Tensão máx. na viga projetada devido à carga de serviço [ ]
>! – Tensão devido às solicitações horizontais aplicadas a viga [ ]
! – Tensão total sofrida pela viga projetada [ ]
! – Deslocamento total da viga projetada [ ]
B$ – Valor de B do perfil da viga projetada [ ²]
C D – Distância entre o centróide da base e o eixo neutro em [ ]
C D – Distância entre o centróide de meia alma e o eixo neutro [ ]
ℎ%D – Altura de meia alma [ ]
K – Contra flecha [ ]

L – Carga concentrada a ser aplicada na análise [ ]


I/ – Carga içada com sobrecarga [ ]
JM – Carga concentrada a ser aplicada na análise do teste estático [ ]
IJM – Carga içada com sobrecarga para teste estático [ ]
12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
1.1 Problema ............................................................................................................ 14
1.2 Delimitações do Trabalho ................................................................................. 14
1.3 Objetivos ............................................................................................................ 15
1.3.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 15
1.3.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 15
1.4 Justificativa........................................................................................................ 15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 16
2.1 Projeto ................................................................................................................ 16
2.2 Pontes Rolantes ................................................................................................ 17
2.3 Resistência dos Materiais................................................................................. 18
2.3.1 Princípio da Superposição de Efeitos ............................................................... 19
2.4 Materiais Mecânicos ......................................................................................... 20
2.4.1 Comportamento do metal ................................................................................. 21
2.4 Método de Elementos Finitos ........................................................................... 22
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 23
4 ESCOPO DE FORNECIMENTO ............................................................................ 25
5 VERIFICAÇÃO DA PONTE ROLANTE COMPRADA ........................................... 27
5.1 Análises dos documentos ................................................................................ 27
5.2 Recomendações impostas pela CMAA 70 ...................................................... 30
5.3 Classificação do equipamento conforme NBR 8400 ...................................... 31
5.3.1 Classe de utilização da estrutura ..................................................................... 31
5.3.2 Estado de carga ............................................................................................... 32
5.3.3 Classificação da estrutura em grupos .............................................................. 33
5.4 Solicitações consideradas no cálculo da estrutura conforme NBR 8400 .... 34
5.4.1 Casos de solicitação......................................................................................... 34
5.4.2 Solicitações estáticas devidas aos pesos próprios dos elementos .................. 35
5.4.2.1 Solicitações devido ao peso próprio da viga ................................................. 35
5.4.2.2 Solicitações devido ao peso do trilho e do passadiço ................................... 40
5.4.2.3 Solicitações devido ao peso do carro guincho .............................................. 43
5.4.2.4 Somatório dos efeitos devido às solicitações estáticas verticais ................... 45
5.4.3 Solicitações devidas à carga içada considerando os movimentos verticais ..... 46
13

5.4.4 Solicitações devidas aos movimentos horizontais ............................................ 49


5.4.4.1 Solicitações horizontais devidas às acelerações e desacelerações .............. 50
5.4.4.2 Solicitações devido à translação sobre os trilhos .......................................... 54
5.4.4.3 Tensão causada pelas solicitações horizontais ............................................. 55
5.4.5 Majoração das tensões calculadas .................................................................. 56
5.4.6 Tensão de cisalhamento .................................................................................. 57
5.4.7 Cálculo da tensão no eixo Y ............................................................................. 63
5.4.8 Cálculo da tensão de comparação ................................................................... 64
5.5 Verificações da viga da ponte rolante comprada ........................................... 65
6 PROJETO DE NOVA VIGA PARA ALTERAÇÃO DA PONTE ROLANTE ........... 69
6.1 Dimensionamento da nova viga ....................................................................... 69
6.2 Cálculos das tensões e deslocamentos .......................................................... 72
6.2.1 Solicitações estáticas decorrentes dos pesos próprios .................................... 72
6.2.2 Solicitações decorrentes da carga considerando os movimentos verticais ...... 77
6.2.3 Solicitações decorrentes dos movimentos horizontais ..................................... 78
6.2.4 Tensão total e deslocamento total com majoração .......................................... 79
6.2.5 Tensão de cisalhamento da viga projetada ...................................................... 80
6.2.6 Cálculo da tensão de comparação da viga projetada ....................................... 82
6.3 Verificações da viga projetada ......................................................................... 82
6.4 Detalhamento para fabricação ......................................................................... 84
6.4.1 Contraflecha ..................................................................................................... 85
8 VALIDAÇÃO DO PROJETO.................................................................................. 86
8.1 Análise da viga projetada ................................................................................. 86
8.2 Simulações de sobrecarga ............................................................................... 88
8.3 Simulações dos ensaios ................................................................................... 90
9 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 92
10 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 94
11 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................. 95
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 96
ANEXO A – ESCOPO DE FORNECIMENTO ........................................................... 98
ANEXO B – RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DIMENSIONAL E SOLDA .................... 99
ANEXO C – RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DE PINTURA ...................................... 101
ANEXO D – COTAÇÃO DO FORNECEDOR ......................................................... 103
ANEXO E – TABELA DE TRILHOS FERROVIÁRIOS ........................................... 105
14

1 INTRODUÇÃO

A CMV (Construções Mecânicas Vieira) é uma empresa que vende sistemas


completos para jateamento e pintura. Em algumas obras, onde os equipamentos
deste sistema possuem dimensões e pesos elevados, há a necessidade de o cliente
possuir equipamentos para içamento e movimentação de cargas, para o fim de
auxiliar a instalação e a manutenção dos equipamentos de jateamento e pintura.
Num caso específico, o equipamento para içamento e movimentação de
cargas está dentro do escopo de fornecimento da CMV. Este equipamento se trata
de uma ponte rolante, a qual o cliente passou todas as especificações necessárias
para que o projeto atenda as suas necessidades. A CMV optou por focar na
fabricação dos equipamentos de jateamento e pintura e comprar a ponte rolante de
um subfornecedor.

1.1 Problema

A ponte rolante foi comprada de uma empresa estrangeira, a qual possuía o


menor preço, com o intuito de diminuir o custo do projeto. Porém, como o fornecedor
não é conhecido, não se tem confiança de que o projeto do mesmo irá atender as
especificações necessárias.

1.2 Delimitações do Trabalho

As pontes rolantes podem ser divididas em subconjuntos, dentre eles estão


às cabeceiras, as vigas principais e o carro guincho. Pelo fato deste equipamento
possuir um vão muito grande (27900 ), considerou-se as vigas principais como o
ponto crítico a ser analisado, pois esta dimensão não interfere no carro guincho, que
se trata de um equipamento padrão do fornecedor sendo alterado apenas pela
capacidade do equipamento.
Logo, será feita uma análise criteriosa do projeto, e uma verificação completa
das vigas principais. Se for preciso, será efetuado um novo projeto das vigas
principais, a fim de garantir que o equipamento sustente a capacidade solicitada pelo
cliente respeitando a segurança imposta pelas normas.
15

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Garantir que a ponte rolante a ser fornecida atenda as especificações feitas


pelo cliente, suportando a capacidade solicitada com segurança e respeitando as
normas citadas em sua especificação (NBR 8400 e CMAA70), as quais são exigidas
dos fabricantes de ponte rolante no Brasil.

1.3.2 Objetivos Específicos

Este estudo tem como objetivos específicos os seguintes tópicos:


a) Analisar o escopo de fornecimento do cliente;
b) Verificar se a ponte rolante fabricada pelo fornecedor
atende as especificações do cliente;
c) Verificar se a viga principal suporta a capacidade
solicitada conforme critérios de segurança impostos
pelas normas NBR8400 e CMAA70;
d) Projetar uma nova viga, caso a existente não suporte a
capacidade solicitada;
e) Verificar o projeto através da análise de elementos
finitos;
f) Verificar a sobrecarga máxima admitida através da
análise de elementos finitos.

1.4 Justificativa

As pontes rolantes são equipamentos perigosos, são motivos de muitos


acidentes dentro das indústrias. A garantia que o projeto de uma ponte rolante
suporte a carga a ser içada é de fundamental importância. Logo, a utilização de
tecnologias, como os softwares para as análises de elementos finitos, validando os
cálculos analíticos, aumenta a garantia de que o equipamento vai suportar a carga a
ser içada com segurança.
16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Esta revisão tem como objetivo analisar os temas diretamente relacionados


ao trabalho proposto, portanto os principais temas estudados foram: projeto, pontes
rolantes, resistência dos materiais, materiais mecânicos e método de elementos
finitos.

2.1 Projeto

Shigley et al (2005) afirma que projetar pode consistir em um plano para


satisfazer uma necessidade específica ou em solucionar um problema. Se este
plano ou esta solução resultarem em uma realidade física, então deverá ser um
produto funcional, seguro, confiável, competitivo, utilizável, manufaturável e
mercável.
Um projeto deve ser baseado em informações, as quais serão utilizadas para
as tomadas de decisão. De acordo com Shigley et al (2005, p. 27),

Projetar é um processo inovador e altamente iterativo. É também um


processo de tomada de decisão. Decisões, algumas vezes, têm de ser
tomadas com base em muito pouca informação, ocasionalmente com a
quantidade certa de informação, ou mesmo com uma fartura de informações
parcialmente contraditórias. Um homem com um relógio sabe que horas
são; com dois relógios, entretanto, nunca estará seguro.

Estas definições conceituam o projeto de forma mais ampla, como este se


trata de um projeto de máquina é plausível citar a definição de Norton (2004, p. 34),

O objetivo final do projeto de máquinas é dimensionar e dar forma às peças


e escolher os matérias e os processos de manufatura apropriados, de modo
que a máquina resultante possa desempenhar a função desejada sem
falhar. Isso requer que o engenheiro seja capaz de calcular e de prever o
modo e as condições de falha de cada elemento e, então, projetá-lo para
prevenir tal falha, o que, por sua vez, requer que uma análise de tensão e
deflexão seja feita para cada peça.

Norton (2004) salienta que os projetos devem ter uma metodologia, e


demonstra uma que possui dez etapas. São elas: identificação da necessidade,
pesquisa de suporte, definição dos objetivos, especificações de tarefas, síntese,
análise, seleção, projeto detalhado, protótipo e produção.
17

Nem sempre estas etapas são aplicáveis para os projetos, mas esta
metodologia serve de base para se prever as tarefas a serem executadas em um
projeto específico.

2.2 Pontes Rolantes

Langui (2001 p. 16), conceitua as pontes rolantes com a seguinte expressão:


“pontes rolantes são aparelhos de elevação de carga, constituídos de uma ou duas
vigas principais, apoiados rigidamente sobre vigas testeiras móveis. Sobre as vigas
principais se deslocam um ou mais carros, dotados de sistema de elevação.”
As vigas testeiras são chamadas também de cabeceiras, e o carro que se
desloca sobre as vigas principais é chamado de carro-guincho, conforme mostrado
na Figura 1.

Figura 1 – Ponte Rolante

Fonte: Langui, 2001, pág. 16


18

Existem duas normas fundamentais para o projeto de Pontes Rolantes, a


NBR8400 (Cálculo de equipamento para levantamento e movimentação de cargas) e
a CMAA70 (Crane Manufacturers Association of America #70). Estas normas fixam
diretrizes básicas para o cálculo das partes estruturais e impõe valores mínimos e
máximos para o projeto de equipamentos de levantamento e movimentação de
cargas.

2.3 Resistência dos Materiais

Conforme Shigley (2005, p. 41), a resistência é uma propriedade de um


material ou de um elemento mecânico. A resistência de um elemento depende da
escolha, do tratamento e do processamento do material.
Os fundamentos de resistência dos materiais estão ligados diretamente aos
problemas de isostática, que segundo Gomes (1998, p. 1),

Ao se estudar a mecânica sob um enfoque tecnológico é de grande


importância a correta compreensão dos problemas de Estática (Isostática).
Tais problemas precedem naturalmente o estudo da resistência dos
materiais e didaticamente se constituem em dois grandes grupos: a
determinação das reações vinculares externas e a caracterização das
solicitações fundamentais. Ambos os problemas são resolvidos mediante a
aplicação das condições de equilíbrio da mecânica, unicamente, quando os
sistemas estruturais propostos são isostáticos.

Figura 2 – Condução de um Problema de Resistência dos Materiais

Fonte: GOMES, 1998, pág. 3


19

No fluxograma da Figura 2, Gomes (1998) resume em um esquema genérico


as etapas de resolução de um problema envolvendo a resistência dos materiais, que
de acordo com Hibbeler (2004, p. 1),

A resistência dos materiais é um ramo da mecânica que estuda as relações


entre cargas externas aplicadas a um corpo deformável e a intensidade das
forças internas que atuam dentro do corpo. Esse assunto abrange também
o cálculo da deformação do corpo e o estudo da sua estabilidade, quando
ele está submetido a forças externas. No projeto de qualquer estrutura ou
máquina é necessário primeiro usar princípios da estática para determinar
as forças que atuam tanto sobre como no interior de seus vários membros.
As dimensões dos elementos, sua deflexão e sua estabilidade dependem
não só das cargas internas como também do tipo de material do qual esses
elementos são feitos.

Seguindo a mesma linha, Beer e Johnston (1995) citam que dentro do


processo de engenharia, determinar as tensões não é o objetivo final, é um passo
necessário no desenvolvimento de dois estudos importantes. São eles, a análise de
estruturas e máquinas existentes, com o objetivo de prever seu comportamento sob
condições de carga específicas e o projeto de novas máquinas e estruturas, que
deverão cumprir determinadas funções com segurança de maneira econômica.
De acordo com Beer e Johnston (1995, p. 39),

Uma peça estrutural ou componente de máquina deve ser projetada de tal


forma que a carga última seja consideravelmente maior que o carregamento
que essa peça ou elemento irão suportar em condições normais de
utilização. Esse carregamento menor é chamado carregamento admissível.

Beer e Johnston (1995) complementam afirmando que quando se aplica a


carga admissível é utilizada apenas uma parte da capacidade de resistência do
material, a outra parte é reservada para garantir a utilização segura. A relação entre
o carregamento último e o carregamento admissível é o coeficiente de segurança.
Vale lembrar que um coeficiente de segurança muito baixo aumenta a
possibilidade de ruptura da estrutura e um coeficiente muito alto leva a projetos de
custos elevados.

2.3.1 Princípio da Superposição de Efeitos

O princípio da superposição de efeitos foi introduzido por Boltzmann em 1874,


conforme Groehs (2006, p. 1-31),
20

De acordo com este princípio os deslocamentos e as solicitações ou


tensões produzidas em um corpo elástico linear são independentes da
ordem de aplicação das forças externas. Em outras palavras, se diversas
forças são aplicadas ao sistema, é possível determinar os deslocamentos,
as deformações específicas, as tensões e as solicitações produzidos por
cada uma das forças atuando separadamente e, então, obter o efeito
resultante da ação do conjunto de todas as forças somando os efeitos
produzidos por cada uma das forças isoladas.

Este princípio simplifica os cálculos das tensões e deslocamentos, sendo que


podemos calcular o resultado proveniente de cada solicitação separadamente e
apenas somá-los depois para obter o resultado final.

2.4 Materiais Mecânicos

Um dos materiais mecânicos mais empregados no projeto de pontes rolantes


se trata do aço, portanto é importante conceituar sua correta definição. De acordo
com Chiaverini (1988, p. 21),

O aço é uma liga de natureza relativamente complexa e sua definição não é


simples, visto que, a rigor os aços comerciais não são ligas binárias: de fato,
apesar dos seus principais elementos de liga serem o ferro e o carbono,
eles contêm sempre outros elementos secundários, presentes devido aos
processos de fabricação.

Por este motivo a definição de aço é a seguinte: “Aço é a liga ferro-carbono


contendo geralmente 0,008% até aproximadamente 2,11% de carbono, além de
certos elementos residuais, resultantes dos processos de fabricação”. (Chiaverini,
1988, p. 21).
O aço utilizado no projeto é o ASTM A-36, ASTM é a abreviação de American
Society for Testing and Materials (Sociedade Americana de Testes e Materiais). De
acordo com a matéria do site “www.profisionaldoaco.com.br” da empresa GERDAU
publicada em 24/05/2013, a norma ASTM-A36 tem como finalidade um aço carbono
para utilização estrutural em aplicações comuns. Onde suas outras aplicações são:
estruturas metálicas em geral, serralheria, passarelas, máquinas agrícolas e
implementos rodoferroviários. Entre os principais produtos destacam-se as
cantoneiras, as barras redondas, chatas e quadradas e os perfis “I”, “U” e “T”.
Segundo a matéria, a norma ASTM-A36 prescreve basicamente a
composição química do material e as propriedades mecânicas (limite de
escoamento, limite de resistência e alongamento) do mesmo.
21

2.4.1 Comportamento do metal

O comportamento de um metal submetido à tração pura de acordo com a


Figura 3. Conforme Helman e Cetlin (1993, p. 26), considera-se um corpo de prova
de tração, de comprimento inicial l e cuja área da seção transversal inicial é A .
Este corpo é submetido a cargas crescentes P, anotando o seu alongamento ∆l para
cada valor de P. A tensão σ e a deformação e são dadas pelas equações 1 e 2
respectivamente.

S T1V
A

∆X
W S T2V
X

Figura 3 – Gráfico do comportamento de um metal a tração pura

Fonte: HELMAN e CETLIN, 1993, pág. 26

De acordo com Helman e Cetlin (1993), em um gráfico de tensão e


deformação, os valores obtidos normalmente formam curvas com o aspecto
22

mostrado na Figura 3. Pode-se verificar de forma experimental que até o ponto A,


onde σ é menor que Y, a deformação é elástica. Após o ponto A, ocorre
deformação plástica simultaneamente com a elástica. A tensão no ponto A é
conhecida como tensão de escoamento do material.

2.4 Método de Elementos Finitos

De acordo com Azevedo (2003, p. 1),

No âmbito da Engenharia de Estruturas, o Método dos Elementos Finitos


(MEF) tem como objetivo a determinação do estado de tensão e de
deformação de um sólido de geometria arbitrária sujeito a ações exteriores.
Este tipo de cálculo tem a designação genérica de análise de estruturas e
surge, por exemplo, no estudo de edifícios, pontes, barragens, etc. Quando
existe a necessidade de projetar uma estrutura, é habitual proceder-se a
uma sucessão de análises e modificações das suas características, com o
objetivo de se alcançar uma solução satisfatória, quer em termos
econômicos, quer na verificação dos pré-requisitos funcionais e
regulamentares.

Logo, o método de elementos finitos é outra forma de calcular a tensão e a


deformação de uma peça ou de um equipamento, sem utilizar os cálculos analíticos
através das fórmulas de resistência dos materiais. Segundo Malkus e Plesha (1989),
o Método dos Elementos Finitos é um procedimento numérico para a análise de
estruturas, e é baseado no conceito de discretização. A idéia consiste em
transformar um problema complexo na soma de diversos problemas simples. É
necessário buscar soluções locais cujas propriedades garantam uma convergência
para os problemas globais.
Atualmente o método de elementos finitos é muito utilizado através de
softwares de CAE (Computer Aided Engineering), tanto para validar projetos
concluídos quanto para auxiliar no dimensionamento e na diminuição de custos de
um projeto.
23

3 METODOLOGIA

Primeiramente foi analisado o escopo de fornecimento enviado pelo cliente,


detalhando as informações técnicas referentes à ponte rolante solicitada. Deste
escopo foram retiradas informações das características dimensionais, do local de
trabalho, do regime de trabalho futuro, das normas exigidas, entre outras
informações pertinentes para o fornecimento do equipamento.
Através da cotação e dos desenhos enviados pelo fornecedor, juntamente
com a análise visual e a análise dimensional efetuada pela CMV, foram obtidos
todos os dados necessários da ponte rolante comprada, para efetuar a verificação
do seu projeto, analisando se o mesmo se encaixa nas condições exigidas pelo
cliente.
A verificação da ponte rolante comprada consiste em garantir que as
solicitações do cliente estão sendo atendidas corretamente. Para isto foram
analisadas suas características de funcionamento, suas dimensões, e se o
equipamento está de acordo com as normas citadas pelo cliente. Foram efetuados
os cálculos das dimensões mínimas e da flecha máxima, impostas pela norma
CMAA 70 para as vigas principais, e as tensões máximas impostas pela norma NBR
8400. Estes valores foram comparados com as dimensões da ponte rolante
comprada e com os cálculos de tensão e deformação máximas sofridas pela viga
principal de acordo com a aplicação e as características informadas pelo cliente.
Após as verificações da ponte rolante existente, foi projetada uma nova viga
caixão para atender a todas as especificações do cliente, utilizando as dimensões
mínimas para respeitar os limites geométricos e o momento de inércia mínimo para
atender a flecha máxima imposta pela CMAA 70, depois foram calculadas a tensão e
a deformação máxima das vigas projetadas, e verificado se as mesmas estão dentro
das exigências da NBR 8400.
Após os cálculos de dimensionamento e as verificações através das normas
concluídas, foi desenvolvido um modelo paramétrico do novo projeto em três
dimensões através do software SolidWorks. Este modelo em três dimensões foi
utilizado para criar os desenhos de fabricação, para que sejam efetuadas as
alterações necessárias para a adaptação da ponte rolante comprada.
A validação do projeto através da análise de elementos finitos foi efetuada
utilizando o software FEMAP para o pré-processamento e pós-processamento, e o
24

software NX Nastran para os cálculos (processamento). Foram rodadas as análises


das vigas principais com o elemento de viga (beam). Depois foram comparados os
resultados com os cálculos analíticos.
Após a validação do projeto, foram efetuados estudos com sobrecarga
através da análise de elementos finitos, verificando as cargas máximas suportadas
pela viga principal do novo projeto. Foram efetuadas também, análises através de
elementos finitos simulando a execução dos ensaios dinâmicos e estático solicitados
pela norma NBR 8400.
25

4 ESCOPO DE FORNECIMENTO

A primeira etapa do trabalho é a análise dos dados fornecidos pelo cliente,


através do escopo de fornecimento detalhado no Anexo A, onde constam
informações técnicas pertinentes para que o equipamento seja projetado de acordo
com a sua aplicação, além de importantes determinações feitas pelo cliente, e que
obrigatoriamente devem ser atendidas pelo fornecedor do equipamento.
Segue abaixo um descritivo de todas as informações julgadas importantes
para o projeto:

• Equipamento: Ponte Rolante;


• Modelo de ponte: Dupla viga;
• Quantidade de talhas: Uma;
• Modelo de talha: Cabo de aço, Gancho Simples;
• Capacidade: 5 t;
• Vão: 27,9 m;
• Velocidade de elevação: 10 m/min.;
• Velocidade Transversal: 10 m/min.;
• Velocidade de Translação: 20 m/min.;
• Altura de elevação: ~9 m;
• Operação: Controle remoto e botoeira pendente;
• Alimentação: 440 V / 60 Hz (Tensão / Frequência);
• Condições Operacionais: Ponte rolante para manutenção de
equipamentos, a cada utilização a mesma passará por longos períodos
de repouso. Levantará a carga nominal com certa frequência, mas
normalmente irá trabalhar com metade da carga nominal solicitada;

Além destas informações sobre o equipamento, o cliente solicita neste


documento que a ponte rolante atenda as normas NBR 8400 e CMAA 70.
Juntamente com este escopo de fornecimento foi enviado um desenho do prédio
(Figura 4), com as suas dimensões, para que o equipamento seja projetado
prevendo as possíveis colisões com a estrutura do prédio onde a ponte rolante irá
trabalhar.
26

Figura 4 – Desenho do prédio do cliente

Fonte: Autor
27

5 VERIFICAÇÃO DA PONTE ROLANTE COMPRADA

A CMV comprou a ponte rolante a ser fornecida para o cliente de uma


fabricante de pontes rolantes estrangeira. Para esta empresa foram repassadas
todas as solicitações do cliente, incluindo o escopo de fornecimento e o desenho do
prédio onde o equipamento será instalado, assim o fornecedor possuía todas as
informações necessárias para que o projeto fosse efetuado de acordo com a
aplicação e para que fossem atendidas todas as solicitações do cliente.
A ponte rolante comprada foi entregue à CMV em subconjuntos, e foi
efetuada uma pré-montagem do equipamento dentro da fábrica, a Figura 5
demonstra uma foto da pré-montagem da ponte rolante comprada.

Figura 5 – Pré montagem da ponte rolante comprada

Fonte: Autor

5.1 Análises dos documentos

Para iniciar a verificação da ponte rolante recém-adquirida, e verificar se todas


as solicitações do cliente e das normas exigidas foram atendidas, primeiramente foi
28

feita uma análise dos documentos enviados pelo fornecedor e dos documentos
emitidos pelo controle de qualidade da CMV. Esta análise tem como objetivo,
verificar se as dimensões principais do equipamento, e as informações de projeto do
mesmo, estão de acordo com as solicitações do cliente. Ela contempla verificar a
cotação do fornecedor e o desenho enviado pelo mesmo, além dos relatórios de
inspeção dimensional, de solda, e de pintura, emitidos pelo controle de qualidade da
CMV.
Os relatórios de inspeção dimensional, de solda, e de pintura (Anexos B e C),
indicam que a solda e a pintura do equipamento estão de acordo com as solicitações
do cliente, e que as dimensões do equipamento real estão de acordo com o desenho
enviado pelo fornecedor (Figura 6), assim pode-se confiar nas dimensões do
desenho, e nas dimensões descritas na cotação demonstrada no Anexo D, para
efetuar as verificações do projeto.

Figura 6 – Desenho da ponte rolante comprada enviado pelo fornecedor

Fonte: Autor

Abaixo segue lista das dimensões da ponte rolante, informadas no desenho e


na cotação, que serão utilizadas para as verificações do projeto:
29

• Capacidade nominal ( ) = 5000 kg;


• Vão ( ) = 27,9 m;
• Altura de elevação ( ) = 10100 mm;
• Distância entre rodas do carro guincho ( ) = 1020 mm;
• Velocidade de elevação ( ) = 10 m/min;
• Velocidade transversal ( !) = 10 m/min;
• Velocidade de translação ( ") = 20 m/min;
• Peso do carro guincho ( ) = 720 kg;
• Peso do moitão ( #) = 30 kg;
• Peso do passadiço de manutenção ( $ ) = 1500 kg;
• Ambiente de trabalho: Fechado;

Como as vigas principais são os elementos críticos de uma ponte rolante, e


as verificações através das normas exigidas serão focadas nestes elementos, segue
abaixo as dimensões da viga da ponte rolante comprada. A Figura 7 é um desenho
da seção da viga em perfil caixão demonstrando o significado de cada dimensão.

Figura 7 – Desenho da seção da viga perfil caixão da ponte rolante comprada

Fonte: Autor

• Altura total da viga da ponte comprada (ℎ ) = 996 mm


• Altura da alma da viga da ponte comprada (ℎ% ) = 980,2 mm
• Espessura da alma da viga da ponte comprada (&% ) = 6,35 mm
30

• Distância entre almas da viga da ponte comprada (' ) = 340 mm;


• Largura da base da viga da ponte comprada ('% ) = 510 mm;
• Espessura da base da viga da ponte comprada (&( ) = 7,9 mm;

5.2 Recomendações impostas pela CMAA 70

A norma NBR 8400 não declara valores de flecha máximos para as vigas
principais da ponte rolante, recomenda apenas valores de coeficiente de segurança
em relação à tensão de escoamento do material, para declarar uma tensão máxima
permitida. TAMASAUSKAS sugere que se utilize como flecha máxima o valor
recomendado pela CMMA 70 – Revisão 1983 – página 33 – item 3.5.6.1, porém
como existe uma nova revisão, onde este valor foi alterado, utilizaremos o valor
citado pela CMAA 70 - Revisão 2000 – página 29 – item 3.5.5.1, que traduzido para
a língua portuguesa, diz que a deflexão vertical máxima da viga produzida pelo peso
da talha, do trole e da carga nominal, não deve exceder 1/888 do vão.
A partir desta informação, utilizou-se a Equação 3 para calcular a flecha
máxima para este caso.

) á+ S T3V
888

Sendo:

) á+ = Flecha máxima nas vigas principais, em


= Vão, distância entre centros dos trilhos, em

Logo:

27900
) á+ S S 31,42 mm
888

A CMAA 70 impõe também algumas limitações geométricas para manter a


proporcionalidade da viga, em CMAA 70 – Revisão 2000 – página 26 – item 3.5.1, a
norma recomenda as proporções geométricas explicitadas nas equações 4 e 5.
31

⁄ℎ _ 25 T4V

⁄' _ 65 T5V

Sendo:

ℎ = Altura total da viga, em


' = Distância entre almas da viga, em

5.3 Classificação do equipamento conforme NBR 8400

A NBR 8400 estipula classificações aos equipamentos de levantamento de


carga quanto a sua aplicação, considerando o serviço que será executado. Esta
classificação influencia na determinação das solicitações a serem levadas em
consideração no projeto. De acordo com a norma, para determinar a qual grupo
pertence a estrutura de um equipamento, deve se levar em conta dois fatores, a
classe de utilização e o estado de carga.

5.3.1 Classe de utilização da estrutura

Conforme a NBR 8400, a classe de utilização caracteriza a frequência de


utilização dos equipamentos em função da utilização do movimento de
levantamento, definindo-se quatro classes de utilização, que servem de base para o
cálculo das estruturas. Para cada uma destas classes é estipulado um número total
teórico de ciclos de levantamento que o equipamento deverá efetuar durante sua
vida. Utiliza-se a Tabela 1 para encontrar a classe de utilização da estrutura do
equipamento.
Para este caso, como o cliente cita em seu escopo de fornecimento explicitado
no capítulo 4, que a ponte rolante servirá para manutenção de outros equipamentos,
e que a cada utilização a mesma passará por longos períodos de repouso,
enquadra-se na classe de utilização A, para qual o número convencional de ciclos
de levantamento conforme Tabela 1 é de 6,3+108 .
32

Tabela 1 – Classe de utilização da estrutura

Fonte: ABNT, NBR8400, 1984, pág. 6

5.3.2 Estado de carga

O estado de carga é caracterizado pela NBR 8400 como a proporção da carga


máxima que o equipamento levanta ao longo de sua vida útil. A Figura 8 se trata de
um diagrama de estados de carga, que representa o número de ciclos, considerando
a classe de utilização A, para os quais uma certa fração b da carga máxima
() ⁄) á+) será içada ao longo da vida útil do equipamento.

Figura 8 – Diagrama de estado de carga para classe de utilização A

Fonte: ABNT, NBR8400, 1984, pág. 7

A norma considera quatro estados convencionais de carga, caracterizados pelo


valor b, e classifica-se o estado de carga do equipamento através da Tabela 2.
Como o cliente descreveu as condições de serviço do equipamento no escopo de
33

fornecimento, e conforme este documento a ponte rolante levantará a carga nominal


com certa frequência, mas normalmente irá trabalhar com metade da carga nominal
solicitada, o equipamento pode ser definido conforme a Tabela 2, como
equipamentos que frequentemente levantam a carga nominal e comumente cargas
compreendidas entre 1⁄3 e 2⁄3 da carga nominal. Logo, o estado de carga do
equipamento é classificado como 2 (médio), tendo como fração da carga máxima
b S 2⁄3 .

Tabela 2 – Estados de carga

Fonte: ABNT, NBR8400, 1984, pág. 6

5.3.3 Classificação da estrutura em grupos

A classificação da estrutura do equipamento em grupos determina para cada


grupo um valor de coeficiente de majoração , que caracteriza o dimensionamento
da estrutura. Esta classificação depende da classe de utilização e do estado de
cargas do equipamento, e é definida pela Tabela 3. Como a classe de utilização
desta ponte rolante foi definida como “A”, e o estado de cargas foi definido como “2”,
a estrutura deste equipamento é classificada como grupo “3”.
34

Tabela 3 – Classificação da estrutura dos equipamentos em grupos

Fonte: ABNT, NBR8400, 1984, pág. 8

5.4 Solicitações consideradas no cálculo da estrutura conforme NBR 8400

Para o cálculo de verificação da estrutura do equipamento, neste caso, para a


verificação das vigas principais, a NBR 8400 determina as solicitações que devem
ser consideradas para se obter as tensões atuantes na estrutura. Estas são divididas
em solicitações principais exercidas sobre a estrutura, solicitações devidas aos
movimentos verticais, solicitações devidas aos movimentos horizontais, solicitações
devidas aos efeitos climáticos e solicitações diversas.

5.4.1 Casos de solicitação

A norma prevê três casos de solicitações:

• Caso I – serviço normal sem vento


• Caso II – serviço normal com vento limite de serviço
• Caso III – solicitações excepcionais

Como o equipamento trabalha em "ambiente fechado", dentro de um pavilhão


coberto e fechado por todos os lados, considera-se esta situação como caso I de
solicitação, equipamento em serviço normal sem vento. Para este caso, a norma
35

exige que sejam levadas em conta as solicitações estáticas devidas ao peso próprio,
às solicitações devidas a carga de serviço considerando os movimentos verticais, e
os dois efeitos horizontais mais desfavoráveis, com exclusão dos efeitos de choque.
A soma destas solicitações deve ser multiplicada pelo coeficiente de majoração
T , V, que depende do grupo no qual o equipamento está classificado, e serve para
cobrir imprevistos caso as solicitações calculadas sejam ultrapassadas.

5.4.2 Solicitações estáticas devidas aos pesos próprios dos elementos

Para o cálculo das tensões e deslocamentos provenientes das solicitações


estáticas devidas aos pesos próprios dos elementos supõe-se que os elementos
móveis estão na posição mais desfavorável. Para esta ponte rolante consideramos
as solicitações devidas ao peso das vigas principais, ao peso dos trilhos, ao peso do
carro guincho, e ao peso do passadiço de manutenção.

5.4.2.1 Solicitações devido ao peso próprio da viga

O primeiro passo é calcular o peso linear da viga, multiplicando a área da sua


seção (-! ) pelo peso específico (c) do material com o qual a mesma foi fabricada.
As vigas desta ponte rolante foram fabricadas com o aço ASTM A-36, o qual de
acordo com Beer e Johnston – Apêndice B -Pág.1189 tem como peso específico
7860 kg⁄m2 . O peso linear da viga comprada (0! ) é calculado de acordo com a
Equação 9, que já converte seu resultado para ⁄ . Porém, antes deve ser
encontrada a área de seção da viga comprada (-! ) através das Equações 6, 7 e 8.

-(%. / S '% . &( T6V

-%"#%/ S ℎ% . &% T7V

-! S 2 . T-(%. + -%"#% V T8V

Sendo:

-! = Área da seção da viga comprada, em


36

-(%. / = Área da seção da base da viga comprada, em


-%"#%/ = Área da seção da alma da viga comprada, em
'% = Largura da base da viga da ponte comprada, em
&( = Espessura da base da viga da ponte comprada, em
ℎ% = Altura da alma da viga da ponte comprada, em
&% = Espessura da alma da viga da ponte comprada, em

1 . 9,81
0! S . -! T9V
1. 10g

Sendo:

0! = Peso linear da viga comprada, em ⁄


1 = Densidade do material de fabricação, em ⁄ 2

Logo:

De acordo com a Equação 6:

-(%. / S 510 . 7,9 S 4029

De acordo com a Equação 7:

-%"#%/ S 980,2 . 6,35 S 6224,27

De acordo com a Equação 8:

-! S 2 . T4029 + 6224,27V S 20506,54 ²

De acordo com a Equação 9:

7860 . 9,81
0! S . 20506,54 S 1,581 ⁄
1. 10g
37

O carregamento devido ao peso próprio da viga pode ser considerado como


carregamento distribuído, o mesmo se comporta conforme a Figura 9, e os valores
de momento fletor máximo e deslocamento máximo para este carregamento estão
em + S /2 e podem ser obtidos através das Equações 10 e 11, conforme A. Groehs
– Apêndice II – pág.3 – Tabela II.1-1 – Item 9.

0! .
3! S T10V
!
8

Sendo:

3! ! = Momento fletor máx. devido ao peso próprio da viga comp. em .

5. 0! . 8
S T11V
! !
384. 5. 67!

Sendo:

! ! = Descolamento máx. da viga comprada devido ao peso próprio, em


5 = Módulo de elasticidade longitudinal do material, em ⁄ ( )
67! = Momento de Inércia da viga comprada, em 8

Figura 9 – Carregamento distribuído

Fonte: Adaptado de SHIGLEY, 2005, pág, 910


38

Para calcular o momento de inércia da viga comprada (67! ), parti-se do


princípio que a seção da viga em perfil caixão é constituída de quatro retângulos,
duas bases e duas almas, conforme Figura 10. Sabendo que a altura do baricentro
da viga comprada ( :! ), pelo fato de a seção da viga ser simétrica, pode ser
considerada como metade da altura total da viga da ponte comprada (ℎ ), pode-se
calcular o momento de inércia de cada retângulo conforme a Equação 12,
encontrada em A. Grohes – Apêndice III – pág.1 – Tabela III.1-1 – Item 1.

'9 . ℎ9 2
69 S T12V
12

Sendo:

69 = Momento de inércia do retângulo, em 8

'9 = Base do retângulo, em


ℎ9 = Altura do retângulo, em

Adaptando a fórmula do momento de inércia de cada retângulo para uma viga


de perfil caixão simétrico, onde as espessuras das bases são iguais, e utilizando o
teorema dos eixos paralelos, conforme Beer e Johnston – Apêndice A – pág.1188
para transferir o momento de inércia do eixo centroidal de cada retângulo para o eixo
do baricentro do perfil caixão, obteve-se a Equação 13.

'% . &( 2
&% . ℎ% 2
67! S 2 . hi + -(%. . 1(%. j+i jk T13V
12 / /
12

Onde:

ℎl m &'l
1(%. S T14V
/
2
Sendo:

ℎ = Altura total da viga comprada, em


1(%. / = Distância vertical entre os eixos centroidais, em
39

Figura 10 – Centro de gravidade de um perfil caixão

Fonte: Autor

Tendo o valor do momento de inércia, é possível calcular o deslocamento


máximo devido ao peso próprio da viga comprada ( ! ! ). E através do cálculo do
momento fletor máximo devido ao mesmo carregamento ( 3! ! ), calcula-se a tensão
máxima sofrida pela viga comprada devido ao seu peso próprio ( ! ) de acordo com
a fórmula da tensão por flexão (Equação 15) encontrada em A. Grohes – Capítulo 1
– Pág. 5 – expressão 1.2-10.

3! . :!
S
!
! !
67!

Sendo:

! ! = Tensão máxima devido ao peso próprio da viga comprada em


:! = Altura do baricentro da viga comprada, em

Segue então a série de cálculos necessários para obtermos os valores de


tensão máxima e de deslocamento máximo devido ao carregamento pelo peso
próprio da viga de acordo com as fórmulas já mencionadas neste capítulo.
Sendo o módulo de elasticidade longitudinal do material (5), encontrado em
A.Grohes – Apêndice VII – pág.1 – Tabela VII.1-1, para aços (valor médio) igual a
2,0685. 10n /l . O qual transformado para a unidade de medida na qual o valor
do módulo de elasticidade será inserido na equação, tem-se 5 S 206850 .
40

Pela simetria vertical do perfil:

996
:! S S 498
2

De acordo com a Equação 14:

996 m 7,9
1(%. S S 494,05
/
2

De acordo com a Equação 13:

510 . 7,92 6,35. 980,22


67! S 2 . hi + 4029 . 494,05 j + i jk S 2963586926,8 8
12 12

De acordo com a Equação 10:

1,581 . 27900
3! S S 153833276 .
!
8

De acordo com a Equação 15:

153833276 . 498
S S 25,85
! !
2963586926,8

De acordo com a Equação 11:

5 . 1,581 . 279008
S S 20,35
! !
384 . 206850 . 2963586926,8

5.4.2.2 Solicitações devido ao peso do trilho e do passadiço

As solicitações devidas ao peso do trilho e do passadiço de manutenção, que


são fixados sobre a viga, podem ser consideradas como carregamento distribuído
41

aplicado sobre a viga, conforme Figura 9 (pág. 37), logo, as equações utilizadas
para calcular a tensão máxima e o deslocamento máximo da viga devido ao seu
peso próprio são as mesmas a serem utilizadas para calcular a tensão e o
deslocamento da viga devidos aos pesos do trilho e do passadiço.
Conforme declarado na cotação do fornecedor e já explicitado no capítulo 4, o
peso total do passadiço ( $ ) é de 1500 , que equivale a 14715 . Considerando-se
que o passadiço tem o comprimento equivalente ao vão da ponte, que é 27900 ,
considera-se que o peso linear do passadiço (0$ ) é de 0,527 ⁄ .
De acordo com o desenho do fornecedor demonstrado em parte na Figura 4, o
trilho do carro guincho, o qual é fixado sobre a viga, é do modelo TR25 (ASCE
5040), que conforme catálogo de trilhos (Anexo E) tem como peso linear (0 )
24,65 / que equivale a 0,242 / .
Sabendo a altura do baricentro do perfil caixão ( :! ), o momento de inércia da
viga (67! ) e o módulo de elasticidade do aço ASTM A-36 (5), já calculados e
mencionados neste capítulo, utiliza-se as equações 10, 11 e 15 para calcula-se o
momento fletor máximo, a tensão máxima e o deslocamento máximo da viga
principal causados pelos pesos do trilho e do passadiço de manutenção. Alterando
as variáveis destas equações para este caso, as mesmas se apresentam da
seguinte forma:

T0 + 0$ V .
3$ S T16V
8

Sendo:

3 $ = Momento fletor máx. devido ao peso do trilho e do passadiço em .


0 = Peso linear do trilho, em ⁄
0$ = Peso linear do passadiço, em ⁄

3 $ . :!
S T17V
! $
67!

Sendo:
42

! $ = Tensão máxima na viga comprada devido aos pesos do trilho e do


passadiço em .

5. T0 + 0$ V . 8
S T18V
! $
384. 5. 67!

Sendo:

! $ = Descolamento máximo da viga comprada devido aos pesos do trilho e


do passadiço, em

Substituindo as variáveis pelos seus respectivos valores e calculando as


equações descritas acima, tem-se os seguintes valores máximos para momento
fletor, tensão e deslocamento sofridos pela viga caixão da ponte rolante comprada
através dos pesos do trilho e do passadiço.

De acordo com a Equação 16:

T0,242 + 0,527V . 27900


3$ S S 74824661,25 .
8

De acordo com a Equação 17:

74824661,25 . 498
S S 12,573
! $
2963586926,8

De acordo com a Equação 18:

5 . T0,242 + 0,527V . 279008


S S 9,9
! $
384 . 206850 . 2963586926,8
43

5.4.2.3 Solicitações devido ao peso do carro guincho

Deve-se considerar que o carro guincho esteja posicionado no centro da viga,


posição que ocorre a maior solicitação. Logo, o carregamento devido ao peso do
carro guincho se comporta de acordo com a Figura 11, onde duas forças
concentradas idênticas aplicadas a uma mesma distância dos apoios. São duas
forças, pois temos duas rodas do carro apoiadas sobre cada viga. Os valores das
forças sobre cada roda devido ao peso do carro guincho ()9 ), e da distância entre a
roda do carro e o apoio ( 9% V são obtidos através das Equações 19 e 20.

. 9,81
)9 S T19V
4
Sendo:

)9 = Força por roda devido ao peso do carro guincho em


= Peso do carro guincho, em o

m
S T20V
9%
2
Sendo:

9% = Distância entre a roda do carro e o apoio da viga, em


= Distância entre centro de rodas do carro guincho, em

Figura 11 – Carregamento de duas forças concentradas idênticas

Fonte: Adaptado de SHIGLEY, 2005, pág, 911


44

Os valores de momento fletor máximo e deslocamento máximo para este


carregamento estão em + S /2 e podem ser obtidos através das equações 21 e 22,
conforme Shigley et al – Apêndice A – pág.997 – Tabela A.9 – Item 9.

3 S )9 . 9% T21V

Sendo:

3 = Momento fletor máximo devido ao peso do carro guincho em .

)9 . 9%
S . T3. m 4. V T22V
!
24 . 5 . 67! 9%

Sendo:

! = Descolamento máximo da viga comprada devido ao peso do carro


guincho, em

A tensão máxima sofrida pela viga principal devido ao peso do carro guincho
( ! ) é calculada de acordo com a equação 15, a qual alterando as variáveis para
este caso pode ser descrita da seguinte forma.

3 . :!
S T23V
!
67!

Sendo:

! = Tensão máxima na viga comprada devido ao peso do carro em

Segue abaixo a sequência dos cálculos efetuados para obter os valores de


tensão máxima e de deslocamento máximo devido ao carregamento pelo peso do
carro guincho de acordo com as equações descritas neste capítulo.

De acordo com a Equação 19:


45

720 . 9,81
)9 S S 1765,8
4

De acordo com a Equação 20:

27900 m 1020
S S 13440
9%
2

De acordo com a Equação 21:

3 S 1765,8 . 13440 S 23732352 .

De acordo com a Equação 23:

23732352 . 498
S S 3,988
!
2963586926,8

De acordo com a Equação 22:

1765,8 . 13440
S . T3. 27900 m 4. 13440 V S 2,6
!
24 . 206850 . 2963586926,8

5.4.2.4 Somatório dos efeitos devido às solicitações estáticas verticais

De acordo com o princípio da superposição de efeitos citado no capítulo 2.3.1,


a tensão máxima e o deslocamento máximo da viga devido às solicitações estáticas
causadas pelos pesos próprios dos equipamentos são obtidos através do somatório
das tensões e deslocamentos causados pelo peso próprio de cada equipamento
atuando separadamente. Logo, através das Equações 24 e 25 obtem-se o valor da
soma destes efeitos.

! $$ S ! ! + ! $ + ! T24V

Sendo:
46

! $$ = Descolamento máximo da viga comprada devido às solicitações


estáticas causadas pelos pesos próprios dos equipamentos, em

! $$ S ! ! + ! $ + ! T25V

Sendo:

! $$ = Tensão máxima na viga comprada devido às solicitações estáticas


causadas pelos pesos próprios dos equipamentos, em

Substituindo os valores das variáveis pelos valores já calculados tem-se os


seguintes valores para o somatório dos efeitos estáticos causados pelos pesos
próprios.

De acordo com a Equação 24:

! $$ S 20,35 + 9,9 + 2,6 S 32,85

De acordo com a Equação 25:

! $$ S 25,85 + 12,573 + 3,988 S 42,411

5.4.3 Solicitações devidas à carga içada considerando os movimentos verticais

Para o cálculo das tensões e deslocamentos provenientes das solicitações


devidas a carga içada considerando os movimentos verticais, se supõe que o carro
guincho está na posição mais desfavorável, que neste caso é no centro da viga
principal, posição que acarreta a maior solicitação.
É considerado como carga de serviço o somatório do peso do moitão com a
capacidade da ponte rolante, que é a maior carga que pode ser içada em período de
trabalho. Como a carga de serviço é dividida sobre as quatro rodas do carro
47

guincho, e sobre cada viga estão apoiadas duas rodas, este carregamento se
comporta conforme Figura 11.
Conforme a norma NBR 8400 deve se considerar as cargas provenientes de
um içamento relativamente brusco ou de um possível choque vertical da carga de
serviço. Para isto multiplicam-se as solicitações devidas à carga de serviço por um
fator chamado de coeficiente dinâmico. O valor do coeficiente dinâmico ( ) a ser
aplicado à solicitação é dado pela Tabela 4. Como a velocidade de elevação ( ) da
ponte rolante já informada pelo fabricante em sua cotação é de 10 ⁄ , que
equivale a 0,167 ⁄<, para este caso o coeficiente dinâmico é de 1,15.

Tabela 4 – Coeficiente dinâmico

Fonte: ABNT, NBR8400, 1984, pág. 10

Os valores das forças sobre cada roda devido à carga de serviço considerando
os movimentos verticais ()9 . ) é dado pela equação 26.

T + #V . 9,81
)9 S .p q T26V
.
4

Sendo:

)9 . = Força por roda devido à carga de serviço em .


= Coeficiente dinâmico (adimensional).
48

= Capacidade nominal em o
# = Peso do moitão em o

Os valores de momento fletor máximo ( 3 . ) e deslocamento máximo ( ! .)

para este carregamento encontram-se em + S /2 e podem ser obtidos através das


equações 27 e 28. São idênticas as equações 21 e 22 já utilizadas para o peso
próprio do carro, porém com as variáveis adequadas para este carregamento.

3 . S )9 . . 9% T27V

Sendo:

3 . = Momento fletor máximo devido à carga de serviço em .

)9 . . 9%
S . T3. m 4. V T28V
! .
24 . 5 . 67! 9%

Sendo:

! . = Deslocamento máx. da viga comp. devido à carga de serviço, em

O valor da tensão máxima sofrida pela viga principal devido à carga de serviço
considerando os movimentos verticais ( ! .) é calculado através da Equação 15. A
Equação 29 representa a mesma equação substituindo as incógnitas da tensão e do
momento fletor pelas incógnitas devidas à carga de serviço.

3 . . :!
S T29V
! .
67!

Sendo:

! . = Tensão máx. na viga comprada devido à carga de serviço em


49

Segue abaixo a sequência dos cálculos efetuados utilizando as fórmulas


citadas para obtenção dos valores de tensão máxima e de deslocamento máximo
devido ao carregamento efetuado pela carga de serviço.

De acordo com a Equação 26:

T5000 + 30V . 9,81


)9 S 1,15 . p q S 14186,5
.
4

De acordo com a Equação 27:

3 . S 14186,5 . 13440 S 190666560 .

De acordo com a Equação 29:

190666560 . 498
S S 32,039
! .
2963586926,8

De acordo com a Equação 28:

14186,5 . 13440
S . T3. 27900 m 4. 13440 V S 20,9
! .
24 . 206850 . 2963586926,8

5.4.4 Solicitações devidas aos movimentos horizontais

Como esta ponte rolante foi classificada como caso I de solicitação, de acordo
com a NBR 8400, para os cálculos das tensões e deslocamentos provenientes das
solicitações devidas aos movimentos horizontais considera-se apenas os dois
efeitos horizontais mais desfavoráveis, com exclusão dos efeitos de choque.
Ou seja, serão consideradas apenas as solicitações horizontais devidas às
acelerações e desacelerações, e as solicitações devidas às reações transversais
provocadas pela translação sobre os trilhos.
50

5.4.4.1 Solicitações horizontais devidas às acelerações e desacelerações

Estas solicitações são provenientes dos efeitos de inércia devidos às


acelerações ou desacelerações dos movimentos de translação. Conforme a NBR
8400, este cálculo efetua-se considerando um esforço horizontal aplicado à banda
de rodagem das rodas motoras, paralelamente ao caminho de rolamento. A norma
cita que o esforço horizontal a considerar deve ser no mínimo de 1/30 da carga
sobre as rodas motoras e no máximo 1/4 desta carga. Sendo assim, o valor da força
horizontal devido às acelerações ()>% ) deve satisfazer a seguinte relação.

1 1
. r )>% r . T30V
30 9#
4 9#

A aceleração e o tempo de aceleração podem ser estabelecidos em função das


velocidades a atingir, a norma recomenda valores para três condições diferentes,
conforme Tabela 5. Como nossa velocidade a atingir, a velocidade transversal ( ! ),

já condicionada pelo cliente e confirmada pelo fornecedor é de 10 / , esta ponte


rolante se enquadra como equipamento de velocidade lenta e média. Logo, o valor
da aceleração média (;# ) é de 0, 064 /< e o valor do tempo de aceleração médio
(=# ) é de 2,5 <.

Tabela 5 – Aceleração e tempo de aceleração

Fonte: ABNT, NBR8400, 1984, pág. 11


51

Para encontrar o valor da força horizontal devida a aceleração dos movimentos


horizontais ()>% ), segue-se o método de cálculo sugerido pelo anexo B da norma
NBR 8400. O qual informa que multiplicando o valor da aceleração média (;# ) pela
massa da carga içada, que no nosso caso corresponde ao valor da capacidade
nominal ( s ), encontra-se o valor da força de inércia média ()?# ). Através da
Equação 31 encontra-se o valor desta força em Newton.

)?# S s . ;# . 9,81 T31V

Logo, de acordo com a Equação 31:

)?# S 5000 . 0,064 . 9,81 S 3139,2

Para calcular o coeficiente t (Equação 33) deve-se calcular antes o período de


oscilação (= ), de acordo com a Equação 32. O período de oscilação é o tempo em
que o sistema pendular formado pela carga suspensa se mantém em oscilação
depois de a ponte rolante parar.

= S 2u . v T32V

Sendo:

= = Período de oscilação em <


= Altura de elevação em
= aceleração da gravidade em /<²

=#
tS T33V
=
Sendo:

=# = Tempo de aceleração médio em <


52

Logo, de acordo com a Equação 32:

10,1
= S 2u . v S 6,37 <
9,81

De acordo com a Equação 33:

2,5
tS S 0,39
6,37

Pelo fato de possuir inversor de frequência no acionamento da translação do


carro guincho, pode-se considerar o valor da aceleração praticamente constante.
Conforme o item B.1.6 da NBR 8400, para este caso o valor de w S 0, independente
do valor da massa da carga. Através do diagrama da Figura 12, com os valores de t
e de w, determina-se o valor correspondente de >. Para esta situação, onde w S 0
e t _ 0,5, o valor do coeficiente > também pode ser obtido através da Equação 34,
das duas formas o valor obtido é > S 1,9.

> S 2 . senT t. uV T34V

Figura 12 – Diagrama do coeficiente >

Fonte: ABNT, NBR 8400, 1984, pág. 52


53

O valor da força horizontal devida à aceleração dos movimentos horizontais


()>% ) é dado pela Equação 35, desde que seu resultado atenda a relação imposta
pela Equação 30.

)>% S > . )?# T35V

Logo, de acordo com a Equação 35:

)>% S 1,9 . 3139,2 S 5964,5

Para verificar se )>% calculado atende a relação imposta pela Equação 30,
primeiramente calculamos o valor da carga sobre as rodas motoras ( 9# ), que
considera o peso do carro guincho ( #) somado com a capacidade nominal ( )
dividido pela fração do total de rodas do carro pelo número de rodas motoras, que
neste caso são duas das quatro. Então para obter o valor desta carga com a
unidade de medida em Newton, utiliza-se a equação 36.

T + V.
S
#
T36V
9#
2

Logo, de acordo com a Equação 36:

T30 + 5000V . 9,81


S S 24672,15
9#
2

Para atender a relação da Equação 30, a força horizontal ()>% ) deve estar entre
1/30 e 1/4 da carga sobre as rodas motoras ( 9# ), logo deve estar entre os
seguintes valores:

822,4 r )>% r 6168

Como o valor calculado de )>% foi de 5964,5 N, o mesmo satisfaz a relação


imposta pela norma. Porém, esta força está agindo sobre as duas vigas, o valor da
força horizontal devida à aceleração e a desaceleração em uma das vigas principais
54

()>! ) de acordo com a Figura 13 é igual à metade da força horizontal ()>% ), assim
sendo, seu valor é o que segue.

)>% 5964,5
)>! S S S 2982,25
2 2

Figura 13 – Força horizontal sobre cada viga

Fonte: Adaptado de ABNT, NBR 8400, 1984, pág. 49

5.4.4.2 Solicitações devido à translação sobre os trilhos

Segundo a NBR 8400 estas solicitações são provenientes das reações


horizontais transversais que ocorrem quando duas rodas giram sobre um trilho,
originando um movimento formado pelas forças horizontais perpendiculares ao
mesmo. De acordo com a norma, a força horizontal devida à translação ()> ) é
obtida multiplicando-se a carga vertical exercida nas rodas ( 9! ) por um coeficiente
( ) que depende da relação entre o vão ( ) e a distância entre centro de rodas do
carro guincho ( ), conforme Equação 37.

)> S 9! . T37V
55

Primeiramente deve-se obter o valor da relação ⁄ e através do gráfico da


Figura 14 encontrar o valor do coeficiente .

27900
S S 27,35
1020

Figura 14 – Coeficiente

Fonte: Adaptado de ABNT, NBR 8400, 1984, pág. 11

De acordo com a relação calculada e o gráfico da Figura 14, o valor de é


igual a 0,2. Como por sobre a viga ficam apoiadas duas rodas do carro guincho, o
valor da carga vertical exercida nas rodas ( 9! ) é idêntico ao valor da carga sobre as
rodas motoras ( 9# ), portanto é igual a 24672,15 . Logo, o valor da força horizontal
devida à translação do carro guincho sobre o trilho ()> ) conforme a Equação 37 é o
que segue.

)> S 24672,15 . 0,2 S 4934,43

5.4.4.3 Tensão causada pelas solicitações horizontais

A tensão aplicada à viga através das solicitações horizontais segue a Equação


36, encontrada em Gomes – Capítulo 2 – Pág. 83, equação para cálculo de tensões
provenientes de forças trativas ou compressivas. A força a ser utilizada nesta
equação é a força horizontal total ()> E %" ), para encontrar-la devemos somar a força
56

horizontal devida à translação do carro guincho sobre o trilho ()> ) com a força
horizontal devida à aceleração e a desaceleração em uma das vigas principais ()>! ).
A área a ser utilizada na equação é a área da seção da viga comprada (-! ),
obtendo-se então como resultado a tensão devido às forças horizontais aplicadas a
viga da ponte rolante comprada ( >! ).

S T38V
-

Sendo:

= Tensão em
= Força normal em
- = Área da seção, em

Logo, o valor da tensão devido às forças horizontais aplicadas a viga da ponte


comprada ( >! ) é o calculado a seguir, de acordo com a Equação 38.

)> E %" S )> + )>! S 4934,43 + 2982,25 S 7916,68

)> E 7916,68
S S S 0,386
%"
>!
-! 20506,54

5.4.5 Majoração das tensões calculadas

Conforme a NBR 8400, as diversas solicitações determinadas, em certos


casos, podem ser ultrapassadas devido às imperfeições de cálculos ou a
imprevistos. Por esse motivo leva-se em conta um coeficiente de majoração ( G ),

que depende do grupo no qual o equipamento foi classificado no Capítulo 5.3.2


deste trabalho.
A tensão total sofrida pela viga caixão da ponte rolante comprada ( ! ) é o
somatório das tensões calculadas devido às solicitações, multiplicado pelo
coeficiente de majoração G (Equação 40), que para equipamentos industriais não
siderúrgicos pode ser obtido na Tabela 6. Para este caso, onde o equipamento é
57

classificado como grupo 3, o coeficiente de majoração G é 1. A mesma majoração


deve ser feita para o deslocamento máximo, conforme Equação 41.

! S G .T ! $$ + ! . + >! V T40V

Sendo:

! = Tensão total sofrida pela viga comprada em

! S G .T ! $$ + ! .V T41V

Sendo:

! = Deslocamento total da viga comprada em

Logo, de acordo com a Equação 40:

! S 1 . T42,411 + 32,039 + 0,386V S 74,84

De acordo com a Equação 41:

! S 1 . T32,85 + 20,9V S 53,75

Tabela 6 – Coeficiente de majoração para equipamentos industriais

Fonte: ABNT, NBR8400, 1984, pág. 15

5.4.6 Tensão de cisalhamento

Para calcular a tensão de cisalhamento transversal na área da seção da viga


da ponte rolante comprada (τ{| ), utiliza-se a Equação 42, retirada de Hibbeler –
Capítulo 7 – Pág. 286 e denominada de fórmula do cisalhamento.
58

.B
AS T42V
6. &

Sendo:

A = Tensão de cisalhamento em um ponto específico em


= Força cortante resultante em
B = Valor determinado pela Equação 43 em ³
6 = Momento de inércia da seção transversal em 8

& = Largura da área da seção transversal no ponto especificado em

O ponto especificado para o cálculo da tensão de cisalhamento é onde a


tensão terá o seu maior valor, que no caso da viga em perfil caixão é exatamente no
centro, de acordo com a distribuição demonstrada na Figura 15.

Figura 15 – Ponto da máxima tensão de cisalhamento

Fonte: HIBBELER, 2010, pág. 288

O valor de B é determinado pela Equação 40, onde -’ é a parte superior da


seção transversal definida pela área acima do ponto especificado para o cálculo da
tensão e C’ é a distância entre o centróide de -’ e o eixo neutro da seção.

B S -’. C’ T43V
59

Logo, a Equação 43 adequada para a viga da ponte rolante comprada, onde o


ponto especificado para o cálculo da tensão fica no centro do perfil caixão e A’ é
toda a área da seção acima deste ponto (área da seção pintada na Figura 16), torna-
se a Equação 44:

B S T'% . &( . C D V + 2 . T&% . ℎ%D . C D V T44V

Sendo:

B = Valor de B do perfil da viga da ponte comprada 2

C D = Distância entre o centróide da base e o eixo neutro em


C D = Distância entre o centróide de meia alma e o eixo neutro em
ℎ%D = Altura de meia alma em

Figura 16 – Dimensões da seção para cálculo da cortante

Fonte: Autor
Logo, de acordo com a Equação 44:

B S T510 . 7,9 . 494,05V + 2 . T6,35 . 490,1 . 245,05V S 3515784,8 ³

A força cortante resultante que atua na viga da ponte comprada (V€• ) é o


resultado da soma das máximas forças cortantes provenientes de solicitações
60

concentradas consideradas pela norma com as forças cortantes provenientes de


solicitações distribuídas.
As forças cortantes provenientes de solicitações concentradas (V•‚ ) são
calculadas de acordo com a Equação 45, retirada de Hibbeler – Capítulo 6 – Pág.
201, desde que se considere que as forças aplicadas estão de acordo com a Figura
17, que demonstra uma carga aplicada no centro da viga.

)
S T45V
E
2

Sendo:

E = Forças cortantes provenientes de solicitações concentradas em


) E = Soma das forças concentradas aplicadas a viga em

Figura 17 – Gráfico da cortante para uma carga concentrada conforme figura

Fonte: Adaptado de HIBBELER, 2010, pág. 202

Ao invés de considerar duas forças sobre as rodas aplicadas a viga, considera-


se apenas uma força centralizada, cujo valor é a soma das duas existentes. Logo, o
valor da soma das forças concentradas pode ser obtido através da Equação 46, que
leva em consideração as solicitações devidas ao peso do carro guincho, e as
solicitações devidas à carga de serviço considerando os movimentos verticais.
61

) S 2 . T)9 + )9 . V T46V

Logo, de acordo com a Equação 46:

) S 2 . T1765,8 + 14186,5V S 31904,6

De acordo com a equação 45:

31904,6
S S 15952,3
E
2

Já as forças cortantes provenientes de solicitações distribuídas (Vƒ„ ) são


calculadas de acordo com a Equação 47, retirada de Hibbeler – Capítulo 6 – Pág.
203.

S 0 E . p m +q T47V
F?
2

Sendo:

F? = Forças cortantes provenientes de solicitações distribuídas em


0 E = Soma dos pesos lineares distribuídos sobre a viga em /
+ = Distância entre o apoio e o ponto onde se quer calcular F? em

Considerou-se que + é igual à zero, tendo assim o maior valor de força cortante
para carga distribuída, conforme pode ser visualizado na Figura 18. Mesmo que esta
força cortante máxima não ocorra no mesmo ponto do valor máximo da força
cortante proveniente de cargas concentradas, a norma permite considerar o valor
máximo por ser favorável a segurança.
62

Figura 18 – Gráfico da cortante para uma carga distribuída conforme figura

Fonte: Adaptado de HIBBELER, 2010, pág. 203

Para este caso são consideradas como solicitações de cargas distribuídas


apenas as devidas aos pesos do trilho e do passadiço, sendo assim, o valor da
soma dos pesos lineares distribuídos sobre a viga (0 E ) é dado pela Equação 48.

0 E S 0 + 0$ T48V

Logo, de acordo com a Equação 48:

0 E S 0,242 + 0,527 S 0,769 /

De acordo com a equação 47:

27900
S 0,769 . p m 0q S 10727,5
F?
2

Alterando as incógnitas da Equação 39 para calcular a tensão de


cisalhamento transversal da viga da ponte rolante comprada (A! ), obtém-se a
Equação 49.

T + F? V .B
A! S T49V
E
67! . &%
63

Logo, de acordo com a Equação 49:

T15952,3 + 10727,5V . 3515784,8


A! S S 4,98
2963586926,8 . 6,35

5.4.7 Cálculo da tensão no eixo Y

A tensão no eixo Y ( H ) poderia ser calculada através do Circulo de Mohr,


conforme Figura 19 sendo que já foram calculados os valores das tensões no eixo X
e das tensões de cisalhamento transversal.

Figura 19 – H por Círculo de Mohr

Fonte: Autor

Segundo TAMASAUSKAS (2000), no cálculo da tensão de comparação da


viga da ponte rolante a tensão no eixo Y ( H ) tem um valor irrisório que não irá
alterar no resultado da tensão de comparação ( $ ). Logo, pode ser utilizado 1 como
valor da tensão no eixo Y. Através da comparação dos resultados calculados com o
resultado da validação por análise de elementos finitos, concluindo se o valor
realmente é indiferente.
64

5.4.8 Cálculo da tensão de comparação

A norma NBR 8400 exige que seja calculada a tensão de comparação ( $)

para que a mesma seja verificada em relação à tensão admissível. A tensão de


comparação é calculada através da Equação 50 retirada da norma NBR 8400.

$ S… G + H m G. H + 3AGH T50V

Sendo:

$ = Tensão de comparação em

G = Tensão no eixo X em
H = Tensão no eixo Y em
AGH = Tensão de cisalhamento em

A NBR 8400 diz que para a aplicação da fórmula da tensão de comparação por
simplicidade devem ser tomados os valores máximos de G, H e AGH . Tal cálculo
conduz a uma tensão de comparação muito elevada para os casos em que é
impossível que cada uma das três tensões ocorra simultaneamente com o seu valor
máximo. No entanto, é aceitável por este método de cálculo ser favorável à
segurança.
A tensão G corresponde ao somatório das tensões no eixo “X” de acordo com
o sistema de coordenadas demonstrado na Figura 20, que neste caso significa a já
calculada tensão total sofrida pela viga ( ! ). A tensão H corresponde ao somatório
das tensões no eixo “Y” do mesmo sistema de coordenadas, para a qual será
atribuída um valor estimado, já que para este caso o valor desta tensão é irrisório. Já
a tensão de cisalhamento (AGH ) corresponde à máxima tensão de cisalhamento no
plano perpendicular ao eixo “X” com direção no eixo “Y”, ou seja, é a tensão de
cisalhamento transversal na área da seção da viga (A! ), também já calculada.
65

Figura 20 – Sistema de coordenadas para referência

Fonte: Autor

Sendo assim, a Equação 50 transformada para obter a tensão de comparação


da viga da ponte rolante comprada com as incógnitas corretas se torna a Equação
51.

$! S… ! + H m ! . H + 3A! T51V

Logo, de acordo com a Equação 51:

$! S …74,84 + 1 m 74,84 .1 + 3 . 4,98 S 74,84

5.5 Verificações da viga da ponte rolante comprada

As verificações da viga consistem em efetuar uma análise comparativa entre os


valores de dimensões mínimas, deslocamento máximo e tensão máxima com os
limites impostos pelas normas CMAA 70 e NBR 8400.
A norma CMAA 70, como já evidenciado no Capítulo 5.2, recomenda uma
flecha máxima () á+) para a viga principal, através de uma relação com o seu vão
( ). O valor calculado para este caso foi de 31,42 mm e não pode ser ultrapassado
pelo deslocamento total máximo sofrido pela viga caixão ( ! ), que neste caso é
66

53,75 mm. Logo, o deslocamento máximo da viga está superior ao permitido pela
norma, não atendendo a flecha máxima imposta pela CMAA 70.
A norma impõe também algumas limitações geométricas com o propósito de
manter a proporcionalidade da viga, nas quais as dimensões da viga devem seguir
as relações demonstradas nas Equações 4 e 5. As quais recomendam que o vão ( )
dividido pela altura total da viga (ℎ) deve ser menor que 25 e que o vão ( ) dividido
pela distância entre almas da viga (') deve ser menor que 65. Segue abaixo então
os valores destas relações para efetuarmos a verificação.

De acordo com a Equação 4:

27900
S S 28
ℎ 996

Sendo:

ℎ = Altura total da viga da ponte rolante comprada em

De acordo com a Equação 5:

27900
S S 82
' 340

Sendo:

' = Distância entre almas da viga da ponte comprada em

Logo, verifica-se através da comparação dos valores, onde 28 † 25 e 82 † 65,


que as duas dimensões da viga não estão de acordo com a proporcionalidade
exigida pela norma CMAA 70.
A verificação quanto às tensões é feita através da norma NBR 8400,
analisando se a tensão máxima calculada está de acordo com o valor máximo
exigido pela norma, ou seja, se é menor que a tensão admissível. A norma exige
67

também que seja verificado se a tensão de comparação ( $ ) também é menor que


a tensão admissível pela mesma.
A tensão admissível pela norma ( %s ) considera uma segurança a ser adotada
em relação ao limite de escoamento, que depende do caso de solicitação ao qual
pertence o equipamento calculado e é calculada dividindo a tensão de escoamento
do material ( ) pelo coeficiente obtido através da Tabela 7.

Tabela 7 – Coeficiente de segurança da tensão admissível pela norma

Fonte: ABNT, NBR8400, 1984, pág. 19

Como o caso de solicitação do equipamento em questão é o caso I e as vigas


desta ponte rolante foram fabricadas com o aço ASTM A-36, o qual de acordo com
Beer e Johnston – Apêndice B -Pág.1189 tem como tensão de escoamento
253 MPa, a tensão admissível pela norma ( %s ) é a seguinte:

253
S S 168,66
%s
1,5

Como a tensão admitida pela norma é maior que a tensão total sofrida pela
viga da ponte rolante comprada ( ! ), que é de 74,84 , e maior que a tensão de
comparação da ponte rolante comprada ( $ ), que também é de 74,84 , os
valores de tensão desta ponte rolante estão dentro dos parâmetros da norma. O
coeficiente de segurança da tensão exercida sobre a viga da ponte rolante
comprada (IJ/ ) é dado pela Equação 52.

IJ/ S
%s
T52V
!

Logo, de acordo com a Equação 52:


68

168,66
IJ/ S S 2,25
74,84

Mesmo com os valores de tensão estando adequados e respeitando a norma


com um coeficiente de segurança considerável, pelo fato de o deslocamento vertical
estar acima do admissível e de as dimensões do perfil caixão não respeitarem as
recomendações impostas pela norma CMAA 70, será feito um novo projeto de viga
caixão, de forma que este novo projeto atenda aos requisitos não atendidos pela
viga existente.
69

6 PROJETO DE NOVA VIGA PARA ALTERAÇÃO DA PONTE ROLANTE

O projeto de uma nova viga para ponte rolante existente tem o objetivo de
atender a todas as especificações do cliente, respeitando os requisitos impostos
pelas normas citadas e de preferência sem aumentar o custo de fabricação do
equipamento.

6.1 Dimensionamento da nova viga

Como a viga comprada não atende os limites de proporcionalidade impostos


pela norma CMAA 70 e seu deslocamento máximo calculado é superior a flecha
máxima admitida pela mesma, os limites geométricos e o momento de inércia
mínimo que a viga deve possuir para atender a flecha máxima admitida serão os
pontos de partida para o dimensionamento da nova viga.

De acordo com a Equação 4:

ℎ≥
25

Logo:

ℎ ≥ 1116

De acordo com a Equação 5:

'≥
65

Logo:

' ≥ 429,23

Tendo as dimensões mínimas para garantir a proporcionalidade imposta pela


norma, ainda é necessário encontrar o momento de inércia mínimo (67 ).
70
Considerando que conforme a Tabela 6, para um equipamento classificado como
grupo 3 o coeficiente de majoração é 1, afirmou-se que a flecha máxima sofrida pela
viga é a soma dos deslocamentos máximos verticais conforme Equação 53.

)#á, S !$! + !$ $ + !$ + !$ . T53V

Sendo:

!$! = Descolamento máx. da viga projetada devido ao peso próprio, em

!$ $ = Descolamento máximo da viga projetada devido aos pesos do trilho e


do passadiço, em
!$ = Descolamento máximo da viga projetada devido ao peso do carro
guincho, em
!$ . = Deslocamento máximo da viga proj. devido à carga de serviço, em

Desmembrando esta equação tem-se o valor do momento de inércia mínimo


(67 ) que a viga necessita para que a flecha máxima seja atendida. Para tal,
consideramos o peso próprio da viga comprada, e após projetar todas as dimensões
da viga nova se realizará uma verificação com o peso próprio corrigido.

De acordo com as equações 11, 18, 22, 28 e 53:

5 . T1,581 + 0,242 + 0,527V. 279008 T1765,8 + 14186,5V . 13440


31,42 S h k+h . T3. 27900 m 4. 13440 Vk
384 . 206850 . 67 24 . 206850 . 67

Então isolando o momento de inércia mínimo (I‰ ), temos:

67 S 5069589616 8

Tendo os valores mínimos para altura total (h), distância entre almas (b) e para
o momento de inércia da viga (IŒ{ ), foi criada uma planilha no software Excel, onde
inseri-se as dimensões do perfil da viga caixão e a planilha calcula o momento de
inércia da viga, de acordo com a Equação 54 que é proveniente da Equação 13.
71

'% . &( 2 &% . ℎ% 2


67! S 2 . hi + -(%. . 1(%. j + i jk T54V
12 12

Sendo:

67! = Momento de Inércia da viga projetada, em 8

-(%. = Área da seção da base da viga projetada, em


1(%. = Distância vertical entre os eixos centroidais, em
'% = Largura da base da viga projetada, em
&( = Espessura da base da viga projetada, em
ℎ% = Altura da alma da viga projetada, em
&% = Espessura da alma da viga projetada, em

Através da planilha (Tabela 8) dimensiona-se a nova viga, utilizando dimensões


que atendam a proporcionalidade geométrica imposta pela norma e com um
momento de inércia maior que o mínimo necessário para que o deslocamento
máximo da viga não ultrapasse a flecha máxima admitida.

Tabela 8 – Dimensionamento da nova viga caixão

Fonte: Autor
72
A planilha demonstra também uma comparação entre as áreas das seções da
viga comprada e da nova viga projetada. Como pode ser visto além de atender as
especificações da norma a nova viga tem uma área de seção menor que a da viga
comprada, consequentemente um peso total mais baixo, o que diminuirá
consideravelmente os custos de fabricação da mesma.

6.2 Cálculos das tensões e deslocamentos

A classificação do equipamento conforme a NBR 8400 se mantém a mesma,


ou seja, a classe de utilização da estrutura é A e o estado de carga é 2. Logo a
estrutura do equipamento é classificada como grupo 3, conforme Tabela 3.
Como o equipamento é considerado como caso I de solicitação, conforme
explicitado no capítulo 5.4.1, são levadas em consideração as solicitações estáticas
decorrentes dos pesos próprios, as solicitações decorrentes da carga de serviço
considerando os movimentos verticais e os dois efeitos horizontais mais
desfavoráveis, com exclusão dos efeitos de choque.
Para calcular as tensões e os deslocamentos provenientes destas solicitações
serão utilizadas as fórmulas apresentadas para a verificação da viga comprada,
porém alterando as incógnitas quando necessário, para que os valores estejam de
acordo com o novo projeto.

6.2.1 Solicitações estáticas decorrentes dos pesos próprios

Visando obter a tensão e do deslocamento resultantes do peso próprio da nova


viga, primeiramente foi calculado o peso linear da viga projetada (0! ) de acordo com
a Equação 55, proveniente da Equação 9. Sendo que a área da viga projetada (-! ) é
de 15318,65 , conforme Tabela 8.

1 . 9,81
0! S . -! T55V
1. 10g

Logo, de acordo com a Equação 55:

7860 . 9,81
0! S . 15318,65 S 1,181 ⁄
1. 10g
73
Como já visto anteriormente o carregamento devido ao peso próprio da viga
pode ser considerado como carregamento distribuído, o mesmo se comporta
conforme a Figura 6. Os valores de momento fletor máximo e deslocamento máximo
para este carregamento podem ser obtidos através das Equações 56 e 57,
provenientes das Equações 10 e 11, já a tensão máxima devido ao peso próprio da
viga é obtida através da Equação 58, proveniente da Equação 15.

0! .
3!! S T56V
8

Sendo:

3!! = Momento fletor máx. devido ao peso próprio da viga projet. em .

5. 0! . 8
S T57V
!!
384. 5. 67!

Sendo:

!! = Descolamento máx. da viga projetada devido ao peso próprio, em

3!! . :!
S T58V
!!
67!

Sendo:

!! = Tensão máxima devido ao peso próprio da viga projetada em


:! = Altura do baricentro da viga projetada, em

Segue então os valores de deslocamento e tensão máximos resultantes do


peso próprio da viga calculados utilizando as fórmulas citadas.
74
Pela simetria vertical do perfil:

ℎ 1520
:! S S S 760
2 2

De acordo com a Equação 56:

1,181 . 27900
3!! S S 114912776 .
8

De acordo com a Equação 58:

114912776 . 760
S S 17,1
!!
5105135364

De acordo com a Equação 57:

5 . 1,181 . 279008
S S 8,82
!!
384 . 206850 . 5105135364

Já a tensão máxima e o deslocamento máximo da viga projetada causados


pelos pesos do trilho e do passadiço de manutenção são calculados
respectivamente através das Equações 59 e 60, provenientes das Equações 17 e
18. Como o peso linear do trilho (0 ) e o peso linear do passadiço (0$ ) são os
mesmos já calculados na verificação da viga comprada, o valor do momento fletor
máximo devido aos pesos do trilho e do passadiço ( 3 $ ) também será o mesmo.

3 $ . :!
S T59V
! $
67!

Sendo:

! $ = Tensão máxima na viga projetada devido aos pesos do trilho e do


passadiço em .
75
5. T0 + 0$ V . 8
S T60V
! $
384. 5. 67!

Sendo:

! $ = Descolamento máximo da viga projetada devido aos pesos do trilho e


do passadiço, em
.
Logo, de acordo com a Equação 59:

74824661,25 . 760
S S 11,14
! $
5105135364

De acordo com a Equação 60:

5 . T0,242 + 0,527V . 279008


S S 5,75
! $
384 . 206850 . 5105135364

O carregamento devido ao peso do carro guincho se comporta de forma


idêntica a mencionada na verificação da viga comprada, conforme Figura 8. Como o
peso do carro guincho ( ) é o mesmo, a força por roda devido ao peso do carro
()9 ) também se mantém a mesma. Logo, o momento fletor máximo ( 3 ) é
idêntico, apenas alteram os valores do deslocamento máximo e da tensão máxima
devido ao peso do carro guincho, pois o momento de inércia e o baricentro da viga
projetada são diferentes da viga comprada. O deslocamento e a tensão são
calculados através das Equações 61 e 62, provenientes das Equações 22 e 23
respectivamente.

)9 . 9%
S . T3. m 4. V T61V
!
24 . 5 . 67! 9%

Sendo:
76

! = Descolamento máximo da viga projetada devido ao peso do carro


guincho, em

3 . :!
S T62V
!
67!

Sendo:

! = Tensão máxima na viga projetada devido ao peso do carro em

Logo, de acordo com a Equação 62:

23732352 . 760
S S 3,533
!
5105135364

De acordo com a Equação 61:

1765,8 . 13440
S . T3. 27900 m 4. 13440 V S 1,51
!
24 . 206850 . 5105135364

Seguindo o princípio da superposição de efeitos calcula-se a tensão máxima e


o deslocamento máximo da viga projetada devido às solicitações estáticas
decorrentes dos pesos próprios dos equipamentos através das Equações 63 e 64,
provenientes das Equações 24 e 25.

!$$ S !! + ! $ + ! T63V

Sendo:

!$$ = Descolamento máximo da viga projetada devido às solicitações estáticas


causadas pelos pesos próprios dos equipamentos, em

!$$ S !! + ! $ + ! T64V
77
Sendo:

!$$ = Tensão máxima na viga projetada devido às solicitações estáticas


causadas pelos pesos próprios dos equipamentos, em

Logo, de acordo com a Equação 63:

!$$ S 8,82 + 5,75 + 1,51 S 16,08

De acordo com a Equação 64:

!$$ S 17,1 + 11,14 + 3,533 S 31,77

6.2.2 Solicitações decorrentes da carga considerando os movimentos verticais

Como já visto na verificação da viga comprada, se supõe que o carro guincho


está na posição mais desfavorável, no centro da viga, onde acarretará a maior
solicitação. Logo, este carregamento se comporta conforme a Figura 11 (pág. 43).
Sendo a velocidade de elevação, a carga içada e o peso do moitão os mesmos
utilizados na verificação da viga comprada, o coeficiente dinâmico ( ) dado pela
Tabela 4 (pág. 22), a força sobre cada roda devido a carga de serviço ()9 . ) e o
momento fletor decorrente da carga de serviço ( 3 . ) serão idênticos aos calculados
anteriormente.
Para calcular o deslocamento máximo e a tensão máxima da viga projetada
decorrente da carga de serviço considerando os movimentos verticais, utilizam-se as
Equações 65 e 66, provenientes das Equações 28 e 29.

)9 . . 9%
S . T3. m 4. V T65V
! .
24 . 5 . 67! 9%

Sendo:

! . = Deslocamento máx. da viga projet. devido à carga de serviço, em


78
3 . . :!
S T66V
! .
67!

Sendo:

! . = Tensão máx. na viga projetada devido à carga de serviço em

Logo, de acordo com a Equação 65:

14186,5 . 13440
S . T3. 27900 m 4. 13440 V S 12,13
! .
24 . 206850 . 5105135364

De acordo com a Equação 66:

190666560 . 760
S S 28,38
! .
5105135364

6.2.3 Solicitações decorrentes dos movimentos horizontais

Como se trata de uma ponte rolante classificada como caso I de solicitação,


serão consideradas apenas as solicitações horizontais devidas às acelerações e
desacelerações, e as solicitações devidas às reações transversais provocadas pela
translação sobre os trilhos, da mesma forma que foram calculadas com a viga
comprada. Como a velocidade transversal ( !) é a mesma, os valores de
aceleração média (;# ) e do tempo de aceleração médio (=# ), retirados da Tabela 5,
também serão idênticos. Sendo a carga nominal ( s) a mesma do projeto anterior,
todos os valores calculados para se chegar na força horizontal ()>% ) serão iguais.
Logo, o valor da força horizontal devido à aceleração e a desaceleração em uma das
vigas principais ()>! ), que conforme Figura 13 é metade da força horizontal ()>% ), é
igual à 2982,25 .
A força horizontal transversal ()> ) provém das reações horizontais transversais
que ocorrem quando duas rodas giram sobre um trilho. Ela é obtida multiplicando-se
a carga vertical exercida nas rodas ( 9! ) pelo coeficiente ( ), retirado do gráfico da
Figura 14, que é dependente da relação entre o vão ( ) e a distância entre centro de
79
rodas do carro guincho ( ). Como todos estes valores continuam idênticos, a força
horizontal devido a translação ()> ) é 4934,43 .
A tensão causada através das solicitações horizontais ( >) é calculada de
acordo com a Equação 67, proveniente da Equação 38. Mesmo que o valor da força
horizontal total ()> E %" ) seja idêntico, o valor da tensão se difere do calculado para a
viga da ponte rolante comprada pelo fato de que a área da seção da viga foi
alterada.

)> E %"
S T67V
>
-!

Sendo:

>! = Tensão devido as solicitações horizontais aplicadas a viga em

Logo, de acordo com a Equação 67:

)> E %" 7916,68


S S S 0,517
>!
-! 15318,65

6.2.4 Tensão total e deslocamento total com majoração

A tensão total sofrida pela viga projetada ( !) é o somatório das tensões


calculadas devido às solicitações, multiplicado pelo coeficiente de majoração G,

conforme Equação 68, proveniente da Equação 40. Como o equipamento é


classificado como grupo 3 e não é siderúrgico, o coeficiente de majoração G é 1,
conforme Tabela 6.

! S G .T !$$ + ! . + >! V T68V

Sendo:

! = Tensão total sofrida pela viga projetada em


80
Logo, de acordo com a Equação 68:

! S 1 . T31,77 + 28,38 + 0,52V S 60,67

A mesma majoração é aplicada para o cálculo do deslocamento total da viga


projetada ( ! ), conforme Equação 69, proveniente da Equação 41.

! S G .T !$$ + ! .V T69V

Sendo:

! = Deslocamento total da viga projetada em

Logo, de acordo com a Equação 69:

! S 1 . T16,08 + 12,13V S 28,21

6.2.5 Tensão de cisalhamento da viga projetada

Para calcular a tensão de cisalhamento transversal na área da seção da viga


projetada (τ{ ), utiliza-se a Equação 42. Como se trata de uma equação
generalizada, foram substituídas suas incógnitas pelas específicas obtendo a
Equação 70.

T + F? V . B
A! S T70V
E
67! . &%

Primeiramente deve-se especificar o ponto onde a tensão terá o seu maior


valor. Para uma viga de perfil caixão este ponto fica exatamente no centro, de
acordo com a distribuição demonstrada na Figura 15.
O valor de B é determinado pela Equação 43. Sendo adequada para a viga
projetada, onde o ponto especificado para o cálculo da tensão fica no centro do perfil
caixão e -’ é toda a área da seção acima deste ponto (área da seção pintada na
Figura 21), torna-se a Equação 71.
81
B S T'% . &( . C D V + 2 . T&% . ℎ%D . C D V T71V

Sendo:

B = Valor de B do perfil da viga projetada 2

C D = Distância entre o centróide da base e o eixo neutro em


C D = Distância entre o centróide de meia alma e o eixo neutro em
ℎ%D = Altura de meia alma em

Figura 21 – Dimensões da seção para cálculo da cortante

Fonte: Autor

Logo, de acordo com a Equação 71:

B S T600 . 4,76 . 757,62V + 2 . T3,18 . 755,24 . 377,62V S 3977594,8 ³

A força cortante resultante que atua na viga da ponte projetada, como


demonstrado na Equação 70, é o resultado da soma das máximas forças cortantes
provenientes de solicitações concentradas (V•‚ ) com as máximas forças cortantes
provenientes de solicitações distribuídas (Vƒ„ ). Como o peso e as dimensões da viga
não influenciam nos cálculos das forças, os valores se mantêm os mesmos dos
calculados anteriormente.
82
Logo, de acordo com a Equação 70:

T15952,3 + 10727,5V . 3977594,8


A• S S 6,54
5105135364 . 3,18

6.2.6 Cálculo da tensão de comparação da viga projetada

Da mesma forma que foi calculada a tensão de comparação para a viga da


ponte rolante comprada, se calcula para a viga projetada, pois a norma NBR 8400
exige o calculo da tensão de comparação ( $) de acordo com a Equação 50, para
que a mesma seja verificada em relação à tensão admissível.
Conforme já citado anteriormente, a NBR 8400 aceita a utilização dos valores
máximos de G, H e AGH , por este método de cálculo ser favorável à segurança.
Portanto, de acordo com o sistema de coordenadas demonstrado na Figura 20, a
Equação 50 transformada para obter a tensão de comparação da viga projetada
( $! ) se torna a Equação 72.

$! S… ! + H m !. H + 3A! T72V

Logo, de acordo com a Equação 72:

$! S …60,67 + 1 m 60,67 .1 + 3 . 6,54 S 61,23

6.3 Verificações da viga projetada

Através de uma análise comparativa entre os valores calculados e os limites


impostos pelas normas CMAA70 e NBR8400, são efetuadas as verificações da viga
projetada.
A norma CMAA 70, como já citado no Capítulo 5.2, recomenda uma flecha
máxima () á+) para a viga principal, cujo valor neste caso é de 31,42 e não
pode ser ultrapassado pelo deslocamento total da viga projetada ( ! ), cujo valor
calculado é de 28,21 . Logo, o deslocamento total da viga está atendendo a
flecha máxima imposta pela CMAA 70.
83
A norma impõe também algumas limitações geométricas com o propósito de
manter a proporcionalidade da viga, nas quais as dimensões da viga devem seguir
as relações demonstradas nas Equações 4 e 5. Conforme calculado no capítulo 6.1
a altura total da viga (ℎ) e a distância entre almas da viga (') devem estar de acordo
com as seguintes relações:

ℎ ≥ 1116
' ≥ 429,23

Como na viga projetada, a altura total da viga (ℎ) é 1520 e a distância entre
almas da viga (') é de 430 , pode-se afirmar que as duas dimensões da viga
estão de acordo com a proporcionalidade exigida pela norma CMAA 70.
Através da norma NBR 8400 é feita a verificação das tensões, analisando se a
tensão total sofrida pela viga projetada ( !) e a tensão de comparação ( $! ) são
menores que a tensão admissível pela norma ( %s ). A tensão admissível pela norma
depende do caso de solicitação do equipamento e do material da viga, como são os
mesmos da viga comprada, a tensão admissível ( %s ) é de 168,66 .
Logo, como a tensão total sofrida pela viga projetada ( !) é de 60,67 ea
tensão de comparação da viga projetada ( $! ) é de 61,23 , as duas são
menores que a tensão admissível, estando dentro dos parâmetros estabelecidos
pela norma. O coeficiente de segurança da tensão exercida sobre a viga projetada
(IJ ) é dado pela Equação 73.

IJ S
%s
T73V
$!

Logo, de acordo com a Equação 73:

168,66
IJ S S 2,75
61,23
84
6.4 Detalhamento para fabricação

Após a conclusão dos cálculos de dimensionamento e as verificações através


das normas, foi desenvolvido um modelo paramétrico do novo projeto em três
dimensões através do software SolidWorks considerando o comprimento máximo da
matéria prima e intercalando de forma com que as soldas não coincidam na mesma
seção da viga. O modelo foi construído com flanges idênticos aos existentes nas
cabeceiras da ponte rolante, de modo que as vigas novas sejam intercambiáveis
com as vigas existentes, não necessitando de qualquer alteração no restante do
equipamento. Através deste modelo foi criado o desenho de fabricação das vigas
(Figura 22), contendo todo detalhamento necessário para que as novas vigas sejam
manufaturadas de acordo com o projetado. Neste detalhamento de fabricação foi
inserida uma nota com o valor da contraflecha a ser adotada na fabricação da viga.

Figura 22 – Detalhamento da viga projetada

Fonte: Autor
85
6.4.1 Contraflecha

De acordo com a norma NBR8400 a contraflecha é obrigatória para as vigas


principais onde o valor do deslocamento máximo for superior a 5 , ou superior a
1/2000 do vão. Deve ser considerado o maior valor entre os dois. Como o vão da
ponte rolante é 27900 , deve-se adotar a contraflecha neste caso se o
deslocamento máximo for superior a 13,95 .
O deslocamento total da viga projetada ( !) é de 28,21 , logo deve ser
adotada a contraflecha na fabricação das vigas. A NBR8400 diz que o valor da
contraflecha deve ser igual ao deslocamento máximo ocasionado pelo peso próprio
da viga somado com 50% do deslocamento máximo ocasionado pelo peso próprio
do carro guincho e pela carga de serviço. Sendo assim, o valor da contra flecha ( K )
a ser adotada na fabricação da viga é dado pela Equação 74.

! .+ !
S !! + Ž • T74V
K
2

Logo, de acordo com a Equação 74:

12,13 + 1,51
S 8,82 + p q S 15,64
K
2
86
8 VALIDAÇÃO DO PROJETO

Para efetuar as análises de elementos finitos foi utilizado o software FEMAP


para o pré-processamento e pós-processamento. O pré-processamento consiste na
escolha da geometria, do material, do tipo de elemento, na aplicação das cargas e
restrições e na geração da malha. Enquanto que o pós-processamento consiste na
análise e interpretação dos resultados. Já o software NX Nastran foi utilizado para o
processamento, que inclui a escolha do tipo de análise e a solução do sistema.

8.1 Análise da viga projetada

Para efetuar a análise da viga projetada, com o intuito de comparar os


resultados com os cálculos analíticos, primeiramente foi desenhado através do
FEMAP à seção da viga projetada com suas dimensões reais, pois a viga em perfil
caixão não faz parte da biblioteca padrão de propriedades do software. A linha ao
longo do eixo “Z”, que pode ser vista na Figura 23, simboliza o comprimento da viga
que foi dividida em elementos de 100 , totalizando 279 elementos e 280 nós.

Figura 23 – Pré processamento da análise

Fonte: Autor

Foi utilizado elemento de viga (beam), por ser o mais adequado para a
situação. A aplicação das cargas foi dividida em duas etapas, a primeira de cargas
distribuídas e a outra de cargas concentradas. A carga distribuída ao longo de toda
extensão da viga é o somatório das cargas estáticas devido aos pesos próprios da
87
viga, do passadiço e do trilho, totalizando 47653,2 N. As cargas concentradas se
referem ao somatório da força devido a carga de elevação nominal considerando os
movimentos verticais com a força devido ao peso próprio do carro guincho,
aplicados em cada roda do carro. Logo, foram aplicadas duas forças de 15952,3
cada, sobre os nós 135 e 146, que indicam a posição das rodas do carro guincho no
local de maior solicitação, conforme pode ser visualizado na Figura 23.
Foram colocadas duas restrições exatamente nos dois pontos de apoio da viga
caixão, que ficam distantes 27900 . A primeira restrição libera apenas a rotação
em torno do eixo “X”, conforme Figura 24, simbolizando uma rótula engastada. A
segunda restrição libera a rotação em torno do eixo “X” e o deslocamento ao longo
do eixo “Z”, conforme Figura 25.

Figura 24 – Primeira restrição

Fonte: Autor

Figura 25 – Segunda restrição

Fonte: Autor

As Figuras 26 e 27 demonstram os resultados da análise gerada na viga


projetada, onde o tempo de processamento foi de apenas 2,8 < e os valores de
tensão e deslocamento máximos encontrados, são respectivamente 56,56 e
88
27,83 . Posteriormente foi efetuada uma análise com a malha refinada e a
diferença dos valores foi menor que 5 %, logo os resultados foram considerados
como satisfatórios.

Figura 26 – Tensão máxima na viga projetada

Fonte: Autor

Figura 27 – Deslocamento máximo da viga projetada

Fonte: Autor

8.2 Simulações de sobrecarga

Para se verificar quais as cargas máximas que poderiam ser içadas pela nova
ponte rolante, foram efetuadas análises com sobrecarga. O procedimento utilizado
foi gerar inúmeras análises, variando as cargas concentradas de acordo com o valor
aumentado na carga de serviço.
89
A carga concentrada aplicada na análise é a soma da força por roda devido ao
peso do carro guincho ()9 ) com a força por roda devido à carga de serviço
considerando os movimentos verticais ()9 . ), logo, de acordo com as equações 19 e
26 a carga concentrada a ser aplicada nas análises é calculada através da equação
75, com a qual entrando com o valor da carga içada se obtém a carga concentrada a
ser aplicada na análise.

TI/ + 30V . 9,81


S ‘1,15 . p q’ + 1765,8 T75V
L
4
Sendo:

L = Carga concentrada a ser aplicada na análise em .


I/ = Carga içada com sobrecarga em o

Então foram efetuadas análises aumentando a carga içada em 2500 kg por vez
até a tensão atingir a tensão de escoamento do material, que é de 253 . A
Tabela 9 demonstra a evolução do deslocamento máximo e da tensão máxima de
acordo com a sobrecarga içada na ponte rolante. A figura 28 demonstra a tensão
máxima da viga quando a mesma atinge a tensão de escoamento e a Figura 29
demonstra o deslocamento máximo da viga para a mesma carga içada, que no caso
é de 40 toneladas.

Figura 28 – Tensão máxima com a carga içada de 40.000 kg

Fonte: Autor
90
Figura 29 – Deslocamento máximo com a carga içada de 40.000 kg

Fonte: Autor

Tabela 9 – Análises de sobrecarga na viga

Fonte: Autor

8.3 Simulações dos ensaios

A norma NBR8400 solicita a execução de dois ensaios práticos, o ensaio


dinâmico e o estático. O ensaio dinâmico deve ser efetuado com um coeficiente de
sobrecarga de 1,2, ou seja, com uma carga igual a 120% da carga nominal. Neste
91
caso onde a carga nominal é de 5000 , a carga a ser utilizada no ensaio dinâmico
é de 6000 .
Foi realizada a análise com o valor das cargas concentradas sendo de
18772,7 , de acordo com a Equação 75, e foi obtido como resultado o
deslocamento máximo de 30,37 e a tensão máxima de 62,19 .
Já o ensaio estático deve ser efetuado com um coeficiente de sobrecarga de
1,4, ou seja, com uma carga igual a 140% da carga nominal, para este caso a carga
a ser utilizada no ensaio estático é de 7000 .
Este ensaio consiste em levantar a carga nominal a uma pequena distância do
chão e acrescentar sem choque o adicional necessário, logo não deve se considerar
o coeficiente dinâmico da carga de serviço na análise de simulação do teste estático.
Para não considerar o coeficiente dinâmico na análise o valor das cargas
concentradas deve ser calculado conforme a Equação 76.

TIJM + 30V . 9,81


S‘ ’ + 1765,8 T76V
JM
4
Sendo:

JM = Carga concentrada a ser aplicada na análise do teste estático em .


IJM = Carga içada com sobrecarga para teste estático em o

Logo, de acordo com a Equação 76:

T7000 + 30V . 9,81


S‘ ’ + 1765,8 S 17241
JM
4

Então foi rodada a análise de verificação do teste estático com o valor das
cargas concentradas sendo de 17241 e foi obtido como resultado o deslocamento
máximo de 28,99 e a tensão máxima de 59,13 .
92
9 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Obtem-se como resultado da análise de elementos finitos da viga projetada


um deslocamento máximo de 27,83 e uma tensão máxima de 56,56 b , como
os valores resultantes dos cálculos analíticos foram respectivamente de 28,21 e
de 60,67 b , tendo então uma variação em torno de 1% nos resultados, os cálculos
analíticos foram considerados como corretos. A deformação de um aço de acordo
com a tensão sobre ele exercida se comporta conforme o gráfico da Figura 3. Como
as simulações foram executadas somente até o aço atingir sua tensão de
escoamento, neste período sua deformação se comporta de forma retilínea de
acordo com a tensão aplicada.
O gráfico da Figura 30 foi construído através dos resultados obtidos com as
simulações de sobrecarga expostos na Tabela 9, salientando as tensões nos pontos
onde o deslocamento atinge o limite imposto pela CMAA70, onde a tensão atinge o
valor admissível pela NBR8400 e onde à tensão atinge o limite de escoamento do
material. Outro ponto salientado é a tensão máxima atingida içando uma carga de
22.500 , que é a máxima carga que foi simulada e que permanece abaixo da
tensão admissível pela NBR8400, porém ela ultrapassa o deslocamento máximo
imposto pela CMAA70.

Figura 30 – Gráfico dos limites da CMAA70

Fonte: Autor
93
O gráfico da Figura 31 demonstra a linha de tensão e deformação da viga
com carga de 5000 até uma carga de 7500 , salientando os pontos máximos
dos ensaios e o limite imposto pela CMAA70.

Figura 31 – Gráfico dos ensaios dentro do limite da CMAA70

Fonte: Autor

Pode se analisar através deste gráfico que tanto o ensaio dinâmico quanto o
ensaio estático estão abaixo do limite de deslocamento imposto pela norma
CMAA70, logo também estão abaixo da tensão admissível pela norma NBR8400,
comprovando que os testes físicos poderão ser executados com êxito.
94
10 CONCLUSÃO

Através dos cálculos analíticos foi verificado que a viga da ponte rolante
existente não estava de acordo com a norma CMAA70, ultrapassando a flecha
máxima admitida pela norma e as proporções geométricas. Então foi projetada uma
nova viga para não ultrapassar os limites impostos pelas normas NBR8400 e
CMAA70 através de cálculos analíticos que depois foram validados através da
análise de elementos finitos. Esta nova viga foi projetada de forma que pode
substituir a existente sem qualquer alteração no restante do projeto, sendo
intercambiável com a mesma. Através de simulações pôde se verificar que a viga
suportará os ensaios dinâmico e estático sem ultrapassar os limites impostos pelas
normas, garantindo assim a sua total eficiência.
Tendo o projeto da nova viga um peso menor que a comprada, logo um custo
também menor, e garantindo que a mesma suportará a carga de serviço respeitando
todas as especificações do cliente, tendo a nova viga suas proporções geométricas
de acordo com as normas e não ultrapassando o deslocamento nem a tensão
admissível pelas mesmas, pode-se concluir que o projeto foi realizado com êxito no
que havia sido proposto.
95
11 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Este trabalho teve como foco específico a verificação das vigas principais de
uma ponte rolante, a verificação de outros subconjuntos do equipamento, como o
carro guincho e as cabeceiras seria importante, pois foi verificado que as vigas não
estavam de acordo com o estabelecido.
A verificação de outro tipo de equipamento importado analisando se o mesmo
está de acordo para a execução do trabalho para o qual o mesmo foi adquirido
também seria interessante.
Outra sugestão seria a criação de um tutorial ou uma ferramenta que facilitasse
a verificação ou o projeto de uma ponte rolante de acordo com as normas CMAA70
e NBR8400, onde este trabalho seria uma ótima referência para o proposto.
96
REFERÊNCIAS

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com.br/destaques_in.asp?id_destaque=137>. Acesso em: 9 de outubro de 2013.
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da Universidade do Porto. 1. ed. – Portugal, 2003.

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Engenharia Mecânica. 7. ed. – Porto Alegre, Bookman, 2005.

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térmicos, principais tipos. 6. ed. – São Paulo, Associação Brasileira de Metais, 1988.

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Applications of Finite Element analysis. 3. ed. – Canadá, John Wiley & Sons,
1989.

GOMES, Sérgio Concli. Resistência dos materiais. 5. ed. – São Leopoldo,


Unisinos, 1983.

GROEHS, Ademar Gilberto. Resistência dos Materiais e Vasos de Pressão. 8. ed.


– São Leopoldo, Editora Unisinos, 2006.

HELMAN, Horacio; CETLIN, Paulo Roberto. Fundamentos da conformação


mecânica dos metais. 2. ed. – Belo Horizonte, Fundação Christiano Ottoni, 1993.
97
HIBELLER, R. C. Resistência dos Materiais. 5. ed. – São Paulo, Pearson Prentice
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NBR 8400, Cálculo de equipamentos para levantamento e movimentação de cargas,


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NORTON, Robert L. Projeto de Máquinas: Uma Abordagem Integrada. 2. ed. –


Porto Alegre, Bookman, 2004.

Tabela de trilhos Ferroviários. Disponível em: <http://www.fertrilhos.com.br/v3/


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empresa Fertrilhos Materiais Ferroviários.

TAMASAUSKAS, Arthur. Metodologia do Projeto Básico de Equipamento de


Manuseio e Transporte de Cargas – Ponte Rolante – Aplicação Não Siderúrgica
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.
98
ANEXO A – ESCOPO DE FORNECIMENTO
99
ANEXO B – RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DIMENSIONAL E SOLDA
100
101
ANEXO C – RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DE PINTURA
102
103
ANEXO D – COTAÇÃO DO FORNECEDOR
104
105
ANEXO E – TABELA DE TRILHOS FERROVIÁRIOS

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