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Licenciado para - Caroline Christen Volkmann - 09005385979 - Protegido por Eduzz.com
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Maternar uma criança que não nasceu da sua barriga pode ser assustador, mas
você não está sozinha. Vamos caminhar juntas? Por relações mais leves, pacíficas
e saudáveis emocionalmente para nós e para as nossas famílias.
Que seja uma boa leitura, que seja benéfico para você e para sua família!
Com carinho,
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A jornada da separação
(ou a frustração de não ter ficado junto, ou talvez até a frustração por ter tido um
filho com alguém com quem você não estava se relacionando)
Além disso, também como sociedade, ainda temos algumas crenças muito
enraizadas sobre o que significa o divórcio: ainda é um grande tabu, ainda é um tema
visto como "fracassei".
Não, ninguém casa para depois se separar. Mas será que o peso desse
casamento "ter dado errado" tem que ser tão grande?
Esses termos estão entre aspas porque é assim que as pessoas costumam falar,
mas uma separação não significa nada disso. Separar-se é uma decisão complexa,
dolorosa para os dois lados e que fragiliza todos os envolvidos. Mesmo sendo a
melhor saída para uma relação que não está funcionando, vai haver um longo período
de recuperação.
Existem muitas histórias de pais ausentes sim, mas cair nessa ameaça de
estereótipo e abrir mão das rédeas da sua relação com a mãe das crianças e da
educação dos seus filhos, definitivamente, não é a melhor saída para a sua vida como
pai.
Stereotype threat and the intellectual test performance of African Americans (CM Steele,
J Aronson)
São as crenças que nos levam a estereotipar grupos e, a partir disso, julgamos
pessoas e situações com base nas ideias pré concebidas que temos.
Talvez você tenha escolhido ter filhos com a sua primeira esposa, talvez tenha
sido um relacionamento curto. Fato é que você escolheu ser pai. E essa escolha traz
consigo responsabilidades muito importantes - muito além de viver para satisfazer
nossas crianças, precisamos viver para criá-las de forma íntegra e autônoma para a
vida adulta que levarão lá na frente.
Os meus pais se separaram quando eu tinha 9 anos. Desde então, passei a viver
tendo padrasto e madrasta. Eu alternava finais de semana em cada casa, mas, durante
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a semana, ficava quase todo tempo na casa da minha mãe e do meu padrasto. Então,
automaticamente, eu passava menos tempo da minha vida com meu pai, mas isso
nunca fez com que ele deixasse de educar a mim e à minha irmã de acordo com o
que ele acreditava.
Tendo sido uma filha que também se tornou enteada, eu tenho certeza que a
resposta é não. E aqui falo em especial do meu pai, sabe? Ele sempre teve valores
muito claros, sempre teve uma autoridade importante conosco, sempre mostrou bons
caminhos e correções necessárias de rota enquanto a gente crescia.
Hoje, sou uma mulher empreendedora, criativa, corajosa, aventureira, feliz (na
maioria dos dias) e cheia de planos (apesar de já ter até falido!) porque meus
guardiões (pais, padrasto e madrasta) sempre me trataram como alguém que era
capaz - e não como uma vítima.
Esse é meu convite especial para você, pai da criança: eu entendo que foi difícil
demais se separar ou ter que carregar a tristeza de um relacionamento que sequer
aconteceu, mas não deixe que esse fato tome conta do todo: ser um bom pai é mais
importante que ser um pai legal. Ser um bom pai e educar seus filhos é mais
importante que viver compensando as crianças pelas frustrações da vida.
Ainda, podemos refletir: o casamento pode ter “dado certo” até o momento em
que o casal decide se separar. Nem todos os casamentos terminam em brigas.
Justamente porque existe a lei do divórcio, e ela nos ensina que os casamentos
podem acabar, também podemos entender que a separação não deve ser vista como
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uma sentença de fracasso. No tempo das nossas avós, por exemplo, era muito mais
difícil haver uma separação, hoje não. A separação é sim um acontecimento
importante na vida dos envolvidos e, a partir dela, é possível que os adultos
reorganizem suas vidas afetivas se assim desejarem.
O que é um casamento que dá certo? Por exemplo, um casal que teve uma boa
relação por 10 anos e se separou, não deu certo? Deu sim, durante 10 anos, e depois
acabou. O “dar certo” não é um ato contínuo no infinito, às vezes ele está localizado
num determinado espaço de tempo. E tá tudo bem se for assim, vida que segue.
Diante das frustrações da vida, queremos que nossos filhos sejam capazes de
entender e solucionar os desafios. Eu passei por isso quando criança e adolescente: vi
meus pais se separando e casando de novo. Fui educada de forma respeitosa e
sensata por todos. E é isso que eu sugiro que você também faça: separe a dor, a culpa
e a frustração que envolve o casamento que existiu da educação que você precisa
dar para os seus filhos.
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É completamente compreensível sentir culpa por ter criado esse dano na vida
dos filhos e está tudo bem com até aqui. Sentir culpa jamais será o problema em si
porque tudo que a gente sente deve ser validado SEMPRE.
O que escolhemos fazer como estratégia para lidar com a culpa é que pode
acabar nos levando para decisões equivocadas, especialmente com nossos filhos e
enteados.
1. Como pai, talvez você se sinta responsável por ter causado um dano aos seus
filhos quando decidiu, por qualquer que seja o motivo, não estar casado com
a mãe deles.
2. Esse sentimento pode se transformar em culpa - talvez uma culpa muito
grande.
3. Sentir essa culpa não pode ser um motivo para você deixar de ser o pai que
precisa ser para o melhor deles - e não para você viver aliviando a sua culpa.
4. Educar é uma missão, é um dever que temos quando colocamos pessoas
nesse mundo (ou adotamos pessoas já existentes).
5. Educar a partir dessa culpa é uma armadilha sem volta - além de estar
sofrendo hoje, seus filhos também sofrerão no futuro.
salsicha faz mal para a saúde. Somos nós, adultos, que temos a responsabilidade de
orientá-las, inclusive corrigindo as rotas quando for necessário.
É possível dizer a eles que sabemos o que é melhor naquele momento: “Eu sei
o que é melhor para você, eu posso acolher a sua frustração agora, mas não posso te
dar o que você está me pedindo” - esse é o tipo de frase e de comportamento
fundamental quando precisamos colocar limites claros e precisos na vida das
crianças. E o mais importante: é exatamente isso que elas esperam de nós.
Talvez as crianças não tenham essa consciência hoje, mas, quando forem
adultas, saberão que a formação do caráter de um indivíduo é feita através dos
hábitos, experiências e relações que estabelecemos com outras pessoas e com o
mundo. E cabe aos seus guardiões o papel de guia para a construção de relações
éticas e saudáveis e a manutenção da segurança física e emocional.
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Agora, vamos transpor essa situação para algo que acontece entre um pai que
casou novamente (com a madrasta) e seus filhos. Faz algum tempo que os dois
querem fazer uma viagem sozinhos para descansar, curtir um romance, conversar, e
os planos se materializam. Dois dias antes da viagem, o enteado mais novo telefona
pedindo para passar o sábado com eles. O pai cogita levar a criança na viagem ou até
mesmo cancelar porque se sente culpado: parece que, de alguma forma, está
negando a presença do seu filho ou até abandonando a criança de novo (já que,
teoricamente, o primeiro abandono aconteceu quando ele não ficou com a mãe dela).
Ele tem culpa de marcar uma viagem com a própria esposa? Nunca.
Ele se sente culpado? Muito.
A falta de entendimento do que está por trás dos comportamentos que temos é
o primeiro gatilho para que as brigas sejam um amontoado de cobranças em tom
agressivo e desgastante.
Como pai - mas também como marido! -, tente separar as coisas coisas fazendo
as perguntas abaixo:
Meu marido se sentiu culpado por dizer não ao pedido do filho. E ele merece
ser acolhido nesse sentimento. Mas ele tinha, de fato, culpa, por ter planejado uma
outra coisa enquanto a criança estaria com a mãe? Certamente, não.
Quando a gente consegue medir com mais realidade o que está acontecendo,
deixamos de ser apenas dominados pelas nossas emoções. Raciocinar e ponderar o
que pode ser a melhor solução para todos, nesse caso, foi a coisa mais certa a se
fazer. E sempre será, pode apostar.
"Meu filho pediu para passar o sábado, mas temos uma viagem programada. O que
você acha que podemos fazer?"
"Tem algum motivo especial para esse pedido?"
"Tem uma final de futebol."
Se você agir decidindo sozinho o que você imagina que seja melhor com base
nesse vazio que o sentimento de culpa traz, talvez você acabe agindo para
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compensar seu filho por algo que nem precisaria ser compensado e deixando de lado
essa mulher incrível com quem você mesmo se casou.
A partir daqui, você vai encontrar também textos de pessoas convidadas. São
pessoas cujos caminhos cruzaram os meus de um jeito ou de outro, e a maioria se
deve ao projeto do Somos Madrastas. Sempre que estivermos lendo o conteúdo de
uma pessoa convidada, trarei sua mini bio abaixo do título.
Se formos seguir à risca a lei, ambos os pais, não importando em que condição
conjugal se encontrem (casados, separados, com guarda compartilhada ou unilateral),
têm o dever de estar comprometidos com o cuidado de seus filhos,
independentemente do gênero.
Isto porque pai e mãe têm o encargo legal de exercer o poder familiar, o que
significa que são obrigados a, juntos, dirigir a criação e a educação dos seus filhos.
Em certa medida, aos poucos, os pais têm estado mais presentes, mas muito
aquém ainda do que é esperado da função real de cuidar; em alguns casos, ainda são
meros ajudantes coadjuvantes.
Culturalmente, a mulher cuida. O pai provém. Por isso, ainda que os homens
estejam mais em casa hoje em dia, a participação masculina ativa ainda é vista como
um suporte, ou seja, a corresponsabilidade vem, na prática, disfarçada de “ajuda”. Dar
banho, jantar e pôr pra dormir, à noite, quando chega do trabalho é efetivamente a
coparentalidade? Claramente que não.
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Quando há separações, fica mais evidente a noção de que ainda é muito difícil,
tanto para as mães saírem da posição oficial de cuidadoras, quanto para os pais
criarem coragem de abrir mais tempo no seu dia para ser preenchido com a
participação na vida e rotina de seus filhos.
Na prática, isso quer dizer que filhos estarão mais tempo com seus pais desde
bebês e pais já estão sendo convocados a assumir os cuidados, devendo manejar
ativamente o zelo e a proteção, e trabalhar, diariamente, para que seja enxergada na
rotina com os filhos a sua participação efetiva.
Está bem dito: o dever é dos dois. E o dever não apenas de manutenção
material, o dever da educação, do cuidado, da criação.
Estar casado ou solteiro, com a mãe das crianças ou com a segunda esposa,
nada disso é justificativa para descuidarmos do mais importante que existe na vida de
uma criança, que é a oportunidade de ser educada e crescer com recursos
emocionais para se desenvolver.
Mecanismos de recompensa
Nosso cérebro tem um sistema próprio que processa as informações
relacionadas ao prazer e satisfação. O principal neurotransmissor relacionado com
esse sistema se chama dopamina, popularmente conhecido como um dos hormônios
da felicidade - sim, também é esse hormônio que liberamos quando comemos
chocolate, por exemplo.
Nós sempre lembramos daquilo que foi bom, agradável ou prazeroso porque os
eventos com essas características ficaram gravados na nossa memória. Uma das
funções do SRC é mapear as oportunidades de encontrar mais satisfação e
bem-estar, aquelas que provocaram muitos movimentos elétricos e químicos nos
neurônios. Assim, a dopamina ensina o cérebro a querer buscar mais oportunidades
semelhantes.
Mas existe uma grande diferença na ativação do SRC nas crianças e nos
adolescentes. Enquanto que as crianças facilmente sentem-se motivadas e
conseguem sentir prazer nas atividades porque estão cheias de receptores de
dopamina, os adolescentes parecem habitar no mundo do tédio e da preguiça, que é
justificado pela perda destes receptores. É uma condição biológica natural da idade e,
para que o prazer e a satisfação sejam novamente encontrados, é preciso estimular
ainda mais o sistema de recompensa através de práticas saudáveis como o esporte,
as artes e as atividades em grupo.
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Nossos mecanismos para sentirmos prazer ao invés de dor são muito eficientes.
A gente sempre vai procurar o que faz a gente se sentir melhor, especialmente se os
benefícios de uma segunda escolha forem a longo prazo.
Quem nunca abriu a geladeira procurando por prazer? Por algum alívio
momentâneo? Você pode até ter tentado se convencer de que era fome, mas estaria
disposto a comer um repolho para matar sua fome? Acredito que não. A vida moderna
transformou bastante nossa relação com a busca por um prazer sem fim. Precisamos
tomar cuidado com isso porque ensinar nossos filhos, desde cedo, de que tudo é
possível nesse sentido pode ser uma grande armadilha para os adultos que eles vão
ser.
E o que isso tem a ver com um pai separado educando seu filho? O que isso
tem a ver com a culpa que a gente sente desempenhando esse papel de
parentalidade?
Quanto mais eu me sinto culpada por algo na minha relação com a minha filha,
por exemplo, mais eu tendo a compensá-la. Falando sobre pais separados, fica ainda
mais fácil recorrer a algum mecanismo de compensação - que ativa esse sistema feliz
por algum tempo e faz a gente se sentir mais amados pelas crianças.
Eu passo o dia inteiro fora de casa trabalhando, e, na volta, meu filho está
morrendo de saudades. E também morrendo de vontade de comer um sorvete. Tudo
bem, vamos comer o sorvete. Vai ser uma bola para cada um, ok? Se eu deixo, ele
come o pote inteiro. Quando termina a primeira bola, ele pede mais uma.
é uma bola”. Ele pode ficar frustrado, chorar, brigar comigo. E eu sigo lembrando
do meu compromisso com uma educação para hábitos saudáveis.
Eu me sinto péssima. Além de ter passado o dia inteiro longe, agora eu fui a
responsável por frustrar meu filho. Agora ele está chorando muito triste porque
não teve o que queria.
E eu também não tive uma descarga de dopamina para fazer eu me sentir bem,
muito pelo contrário. Me sinto mais culpada ainda: será que eu deveria estar
mesmo trabalhando fora o dia inteiro? Os sentimentos se misturam. Eu também
fico incomodada.
Já no segundo cenário:
2. Eu me conecto com a culpa de ter passado o dia inteiro fora de casa. Eu preciso
me sentir melhor quando essa culpa me atravessa, então eu cedo ao
compromisso da alimentação equilibrada e deixo ele comer a segunda bola.
Sou eu que preciso aliviar a minha culpa e me sentir melhor, e me sentir amada
pelo meu filho é uma forma de conseguir isso. Então eu deixo. Ele fica muito
feliz e animado, não tem choro nem confusão. Está tudo em paz.
O exemplo do sorvete pode parecer simplista, mas a gente age assim em várias
outras áreas com as crianças. Permitimos que elas não cumpram os
combinados “só por hoje”. “Meu filho gosta tanto de videogame, então hoje ele
vai jogar até de madrugada”. Combinamos de não comprar nada no shopping,
só de ir ao cinema, mas, na saída, ele insiste que quer muito um tênis novo e a
corda vai arrebentar para o lado mais fraco (ou mais culpado).
A nossa missão como adultos não é fazer as crianças felizes o tempo todo. Não
é viver ao redor delas evitando que fiquem infelizes. A nossa verdadeira missão
é fazer com que eles sejam capazes de lidar com todos os tipos de
acontecimentos da vida, sejam eles bons ou ruins.
Fazer tudo que as crianças querem para que nos sintamos amados como pais e
cuidadores é a pior forma de lidar com as culpas que carregamos dentro de
nós.
Recebi relatos sobre pais que não cobram que as tarefas da escola sejam feitas,
que os dentes sejam escovados, que se tome banho ou que haja apoio nas atividades
domésticas como arrumar as camas e lavar a louça.
Parece mais fácil deixar para fazer tudo de mais legal que existe justamente
quando as crianças estão ali, para, de alguma forma, convencê-las de que, mesmo
separado de sua mãe, é bom estar com o pai.
A situação pode ficar ainda mais complexa quando o casal tem seus próprios
filhos, o enteado tem uma criação completamente diferente e, mais uma vez, há
permissividade.
E talvez você já tenha ouvido falar na carta "o filho é meu". É quando a madrasta
aponta alguma questão sobre rotina ou educação e o pai simplesmente responde: eu
que decido sobre isso, o filho é meu. Deixa ele fazer.
Ah, mas falar é fácil… acertei? A culpa causa bloqueios, muitas vezes, não vistos
desta forma. Isso porque, quando acontece algo que machuca nossos sentimentos,
na maioria das vezes, nos culpamos, mesmo sabendo que não há motivo. E, mesmo
que haja, a culpa só deve existir para trazer a consciência necessária e seguir em
frente. O perdão está dentro de nós, portanto, é uma decisão seguir o caminho dele
ou ficar na escuridão da culpa.
Bem, para entender que essa culpa não fazia sentido e que, principalmente, eu
não precisava ter medo desse novo núcleo familiar, eu precisei falar - na maioria das
vezes sem ser ouvida - e acreditar que a afetividade ganharia essa luta - que ainda
não terminou.
Por uma culpa sem sentido, as decisões não planejadas em família começaram
a acontecer, as caixinhas começaram a ser separadas; era como se não pudéssemos
ser uma família. Eu comecei a me sentir excluída e imagino que as meninas possam
ter sentido certa confusão, afinal, eu e o pai delas já vivíamos uma vida juntos, mas era
como se estivéssemos em caixinhas separadas. Era assim que eu me sentia - e ainda
sinto, às vezes.
Eu aceitei fazer parte desse núcleo familiar: eu, meu companheiro e minhas
enteadas. Eu fiquei feliz em fazer parte, eu visualizei a casa cheia, as festas de final de
ano, as viagens, poder trocar assuntos de meninas, ajudá-las, compartilhar, dar e
receber carinho, enfim, fazer parte como família. Por que todos esses sentimentos tão
genuínos deveriam despertar a culpa, o medo, o bloqueio, por quê?
A culpa nos faz deixar o tempo apenas passar, a culpa causa tanto medo, que
chega a bloquear momentos de alegria, transformando-os em momentos
inconsequentes e cheios de traumas. A culpa… para mim, representa o medo de viver
e achar que tudo deve ser perfeito.
E tudo bem, pai, se essa culpa já fez ou faz parte da sua vida, pois nem sempre
teremos exatidão em nossos pensamentos e sentimentos. Entretanto, é importante
que você tire a culpa da cena e deixe a afetividade entrar.
Quando a culpa aparecer, escute o que ela tem a dizer, entenda e ressignifique
esse sentimento. Corrija o que precisa ser corrigido. Ainda que seja apenas um
pensamento equivocado, agradeça, perdoe e siga em frente. Mas, não se esqueça de
deixar na mochila apenas a afetividade. É ela que vai te ajudar a ser uma pessoa
melhor e mais leve. É ela que vai te ajudar a ser feliz no seu núcleo familiar - que,
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ainda que você o veja como “torto” no início, o amor e o respeito são os sentimentos
mais importantes para nutrir uma família.
Escrita e perdão
Por Priscila Silva, jornalista, escritora, editora, madrasta.
Perdoar é fácil? Talvez seja fácil falar, mas, antes disso, precisamos decidir. O
perdão vem de dentro da gente, dos nossos sentimentos e da relação com a nossa
criança interior - que alimenta muitas memórias. Quando uma separação acontece
(ou mesmo qualquer outro problema), a culpa pode estar associada a uma memória
do passado nunca acessada. Por isso é tão importante decidir perdoar.
Pensando nisso, quando está difícil falar sobre perdão ou mesmo perdoar
alguém, eu escrevo. Por meio da fala, muitas decisões podem ser difíceis - e tudo
bem -, pois quando escrevemos acessamos lugares nunca visitados em nossa mente.
Lembre-se de lidar com as questões da forma como elas são possíveis na sua
realidade.
Se você está passando por uma separação ou já passou. Se você vive um novo
relacionamento e sente-se culpado em relação aos seus(as) filhos(as), pare, respire e,
antes de colocar seus filhos(as) dentro de uma bolha e impedi-los(as) de conhecer
uma pessoas que pode fazer parte da vida deles(as) de uma forma tão genuína,
pegue um papel e uma caneta e escreva por que você acha que precisa se perdoar.
Depois disso, escreva o que pode tê-lo levado a se sentir culpado. Em seguida,
perdoe-se e siga em frente.
Perdoar é uma decisão. Perdoar é se libertar das mágoas que nos causam culpa
e nos bloqueiam de viver uma vida autêntica. Esta é uma tarefa que você pode fazer
quando se sentir pronto. Você vai saber. Você vai sentir.
Fiz uma pequena entrevista com meu próprio marido, o pai de todos os filhos
(até dos que eu não pari rsss)
Estou casada com Rodrigo há 8 anos. Temos 4 filhos ao todo: Augusto, com 18
anos, Vicente com 14, Flora com 5 e Martim com 9 meses.
Por mais paradoxal que possa ser, a separação me aproximou da minha família
e reforçou minha paternidade. Lembro muito também do sentimento de gratidão por
ter a oportunidade de estreitar meus laços de pai com os meus filhos e de valorizar
ainda mais cada momento que tínhamos juntos. Foi-se embora um sentimento de que
eles estavam sempre ali, disponíveis — não importa se ficasse mais tarde no trabalho
ou voltasse de uma viagem de dias.
Agora, pelo contrário, era preciso lutar para ficar mais tempo com eles. Então, a
principal mudança foi a saudade que aumentava quando não estava junto e um
sentimento de euforia quando estava próximo de ficar com eles. Gostei do sentimento
de reconstrução com eles, como o momento de sair para escolher uma cama, decidir
com eles como seria o novo quarto, o que gostariam de ter na casa nova. Foi um
momento muito difícil e também de bastante crescimento.
verdade, que foi depois plantado no prédio onde morávamos) e fomos em uma loja
natalina escolher a decoração juntos.
Esta terapeuta querida também sugeriu a leitura dos mitos gregos à noite.
Então, na hora de dormir, lemos por um tempo razoável às quartas-feiras à noite e
finais de semana que estavam comigo “A sabedoria dos mitos gregos - aprender a
viver II”, de Luc Ferry. O livro explora a mitologia e os arquétipos humanos para
entender melhor nosso lugar no cosmos, assim como os desafios da vida humana.
Como foi para você passar da convivência diária para uma convivência menor?
Você sente saudades? Como você lida com a saudade?
Não foi fácil passar para uma convivência espaçada. Eu estava acostumado a
acordar com eles todos os dias, tomar café juntos, assim como colocá-los para dormir
na maior parte das noites. Também levar na escola, no clube, dentista etc.
Eu senti muitas saudades. Eu lidava com a saudade falando com eles e também me
ocupando com trabalho e outras atividades quando não estava com eles. Desde que
me separei, ligava para eles todos os dias praticamente, para falar por vídeo. Pela falta
de palavras deles, penso que achavam um saco. Eu tinha uma sensação de dever
cumprido. Um portal de dois ou três minutos.
Com certeza, não fiz tudo o que deveria, mas fiz tudo o que pude dentro das
minhas limitações. De qualquer maneira, acredito que os vínculos estabelecidos em
momentos importantes foram suficientes para estabelecer laços fortes. Não sei se me
admiram, mas tenho certeza de que sabem que podem contar comigo quando
necessário, em qualquer momento. Acho que a paternidade é, acima de tudo, isso.
Sinto medo de não estar presente quando precisarem. Sinto medo de ser
ignorado. Sinto medo de que não sejam felizes. Sinto medo de não ser suficiente.
Sinto medo de ser duro demais e sinto medo de ser permissivo demais. Sinto medo
de não encontrar o balanço. E sinto muito quando erro a mão. Sinto medo de que
façam escolhas erradas na vida porque não tinham a referência necessária. E tento
transformar este medo em ação e presença - o que se torna um pouco mais difícil em
caso de separação, pois não estou tão presente quanto gostaria. Esta é a principal
mudança.
Gostaria de morar em um lugar mais próximo à natureza, mas sei que a cidade
em que nasceram é uma cidade que gostam. Então, acima de tudo, escolhemos ficar
aqui, próximos a eles, para que tenham o apoio e referência da paternidade na última
fase antes da vida adulta. Até que possam voar sozinhos, talvez?
Você já disse sim para alguma coisa e depois se percebeu tentando compensar ou
agradar ao invés de educar e dar limite? Tem algum exemplo?
Eu gosto de torcer para o Grêmio no futebol. Já fui fanático, mas depois usei a
paixão por um time como linguagem para me conectar com os meus filhos. Com o
Augusto não funcionou, a gente acabou se conectando por meio de críticas ao
capitalismo e pensadores ocidentais. Não deu muito certo, pensando no futebol
(risos). Com o Vicente, foi certeiro. Ele é um torcedor fanático do Grêmio e isso nos
une. Certa vez, ele queria assistir a um jogo contra o principal rival, o Internacional, lá
em casa. Eu fiquei muito feliz com a vontade dele. Mas tão feliz que acabei
esquecendo que havia combinado de viajar com a Mari naquele final de semana.
Movido pela vontade de estar com ele (e com doses de culpa), nem pensei para dizer
sim. Ele ficou feliz, mas a madrasta não. Esse é um momento de divisão em que não
há solução possível. Ele ficou frustrado, Mari também e, no final, eu fiquei triste, me
sentindo incapaz.
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Eu deveria ter lembrado do combinado, mas a culpa falou mais alto. O que fazer
neste caso? Lamentar e tentar lembrar do contexto como um todo na próxima. É um
aprendizado que não passa pelo racional. Gostaria de conseguir manejar melhor para
não deixar as pessoas frustradas ao redor. Este é um peso da separação. Não tem
certo e errado, neste caso só tem perda. Acho que lidar com isso e tentarmos evoluir
juntos é o aprendizado. Gostaria de pensar que existe uma solução positiva, mas aqui
o aprendizado passa pelo não. E a vida é feita de nãos. Então, lidar com o crescimento
pelo não, do limite, é um resultado positivo no final.
Você se sente culpado por não estar todos os dias com seus filhos? De que forma
lida com essa culpa?
Já me senti muito culpado. E já fiz de tudo para estar com eles. Levar e buscar
na escola em dias que não estavam comigo para ficarmos 15 minutos juntos. Levar ao
médico ou qualquer coisa para estar com eles um pouco mais de tempo. Eu queria
estar presente. Uma tentativa de preencher um vazio que estava associado a ter saído
de casa por causa da separação.
Lembro de ter colocado tudo de lado para estar presente para eles. Para jogar
uma partida de videogame, por exemplo, “esquecendo” um convite de ver um filme
que tinha feito para a Mari. Também me lembro de várias vezes ter me colocado
numa situação difícil, diplomática, de querer agradar filhos e madrasta ao mesmo
tempo. Não dá, cada um tem suas vontades. É preciso combinar para que todo
mundo tenha seu momento. Muitas vezes, além da culpa, me sinto no lugar solitário
de querer agradar um pouco todo mundo e acabo desagradando a todos, inclusive a
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Espero que esta pequena entrevista tenha ajudado a trazer uma nova
perspectiva de um outro pai que também vive desafios por ter se separado.
O Rodrigo ama ser pai. Não tem preguiça de nada, vive em função dos filhos e
da família. Eu brinco que ele tem mania de grupo: precisa da casa cheia de filhos para
se sentir em paz. Eu entendo demais esse sentimento e procuro, como madrasta,
fazer o possível para que a gente eduque esses seres humanos maravilhosos em um
ambiente feliz.
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Fiz um resumo, e depois abri cada item para explicar melhor e trazer as
percepções de cada um.
Ao final, abri alguns outros pontos especiais como comida e telas, passando
pelos temas mais sensíveis que a gente precisa enfrentar no dia a dia com as nossas
crianças.
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Meu pai e minha madrasta se olham. Ela faz uma cara de espanto, mas não
comenta. Ela espera que ele fale algo. Eu me antecipo:
"O que foi, gente? Só um pouquinho. Só hoje. Eu ando tão cansada - pelo menos me dá
um barato bom essa cocaína, relaxem, não sou viciada. Sério. Não sou mesmo."
Meu pai olha e consente. Ela nunca vem aqui em casa… Faz um ano que ela não
conseguia vir e agora vou encrencar por causa de um pouquinho de droga? Só um
pouquinho…
Minha madrasta reprime. Não existe pouquinho!! Droga é droga. Não podemos
deixar ela cheirar cocaína, gente!!!
À noite, depois que vou embora, eles brigam. Ela tenta fazer ele entender que
não importa a frequência da minha presença, ele precisa (PARA SEMPRE!) me orientar
no que é certo e errado. Esse é seu papel!
Não importa onde eu moro, que idade eu tenho, se sou mãe, se sou
adolescente, se pago minhas contas: eu espero que meus guardiões sejam
orientadores e corretos para o resto da minha vida. E é isso que devemos aos nossos
filhos.
O que precisamos entender é que deixar uma criança comer doces o dia inteiro
tem o mesmo efeito em seu cérebro - e efeitos devastadores em sua saúde. Com as
telas, é o mesmo.
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Pode ser que esse tema seja completamente novo para você. É chocante saber
disso. Este artigo do Jornal NEXO reuniu diversas pesquisas científicas sobre o
assunto:
https://www.nexojornal.com.br/externo/2022/01/15/O-efeito-do-a%C3%A7%C3
%BAcar-no-c%C3%A9rebro-de-crian%C3%A7as-e-adolescentes
Parece antinatural no começo, mas aos poucos você consegue treinar seu
cérebro para não deixar você cair na recompensa imediata de uma escolha.
Sabe aquela ideia de olhar algo que você quer comprar e esperar um tempo
para ver se você realmente precisa daquilo? É bem assim.
Pense na cena de uma criança que acorda com o celular, faz todas suas
atividades obrigatórias usando o celular, não ajuda em nenhuma tarefa doméstica,
quando o adulto chama para comer, ele se nega a deixar o celular. E quando
solicitado que desligue, a criança começa a gritar.
Três perguntas sobre essa frase "desligue o seu celular agora e vamos comer":
Aqui estão todas as coisas que REALMENTE tem potencial de traumatizar uma
criança: abusos, negligências, humilhações, punições e violências de todos os
gêneros.
Ordenar que uma criança cumpra suas obrigações de criança tem potencial
traumático? Não. Nunca.
voltar para a nossa casa) e culpa (já "abandonei" uma vez, por que complicar as coisas
agora?).
Use essa pergunta para comandar o seu cérebro de forma diferente. Educar
não é gostoso para a criança, gostoso mesmo é viver de sorvete e videogame, sim.
Tem dias mais difíceis, sim. Mas tente manter uma linha constante na sua
conduta de educação. Isso sempre vai valer o esforço.
Quando estiver prestes a permitir algo que a longo prazo fará mais mal do que
bem ao seu filho, pergunte-se: o NÃO que eu preciso falar agora causa algum dano
real? De que natureza?
Exigir que uma criança saia da tela e socialize com respeito ao momento da
refeição não causa nenhum dano real a ela.
Dar uma surra nela, chamar de imbecil e idiota - isso sim causa danos reais.
Traumatiza de verdade. Desligue seu celular ou você vai apanhar - isso sim causa
danos fortíssimos.
O mais provável é que o seu NÃO cause algum sentimento desagradável. O que
a criança tinha como expectativa foi frustrado.
Lembre: seu papel dentro da parentalidade é criar pessoas que futuramente vão
para o mundo passar por frustrações, terão desafios e obstáculos.
A vida tem todos os seus desafios. Reconheça: eu sei que é chato ter que
desligar o seu celular agora, mas nessa casa todos almoçamos juntos sem telas.
Ponto final.
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Não deixe de fazer com que as regras da casa sejam cumpridas porque você
tem medo que a criança não volte mais para a sua casa. Quanto mais cedo as
obrigações de todos estiverem claras e os combinados feitos entre a família, menos
risco você vai correr.
Imagine que você começa um trabalho novo em uma empresa super legal. No
primeiro dia de trabalho, você chega e espera que alguém lhe diga onde sentar e o
que fazer naquele dia. Espera que lhe expliquem como a empresa funciona. O tempo
passa, e nada. Você fica sentado no seu celular. Zero orientações.
Dois dias se passam. De repente, uma pessoa aparece gritando: ONDE ESTÁ
AQUELA MALDITA PLANILHA????????
Pânico.
Deixar uma criança completamente solta, comendo tudo que quer, nos horários
que quer, sem ajudar nas tarefas de casa e sem colaborar com a pequena
comunidade em que vive fará dela uma adulta desregulada e extremamente mimada
- e quem estará lá para fazer tudo por ela depois?
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A segunda coisa que você precisa ter em mente é que o limite não é
confortável. Você prefere ter um cartão de crédito sem limites com a conta sempre
paga? Ou ter que calcular os custos da casa e se manter dentro daquele padrão de
vida?
CLARO que a gente quer uma vida sem limites em que tudo pode e sempre
que somos confrontados com alguma barreira, nos frustramos. A frustração da
criança faz parte do processo dela - acolha, respeite e entenda que vai passar.
A sua paternidade não é pior porque a criança está incomodada com algum
limite que você deu a ela, pode confiar nisso.
Reflita (e converse com a sua esposa!) sobre os temas mais importantes para
vocês dentro de casa. Quais são as três coisas que vocês não abrem mão? Que são
muito importantes sobre os valores que desejam passar aos filhos?
vezes, também fui atrás do meu enteado mais novo que correu pro banheiro para
fugir de arrumar a louça, rsssss. E assim fazemos nosso papel: criar combinados e
regras que reflitam nossos valores e que criem harmonia na casa.
O que está pegando aí na sua casa? Telas, sono, alimentação? Converse com a
sua companheira, escute com empatia e amorosidade o que ela pensa sobre o que
está enxergando dentro da casa de vocês. Fale o que você enxerga e sente também.
Conversem juntos sobre alternativas e disponham-se a implementar juntos, cuidando
desse núcleo familiar tão bonito que estão construindo. Criem a comunicação
necessária para que os combinados funcionem.
Existem limitações de idade, por exemplo, quando a criança ainda não domina
as tecnologias e não consegue se comunicar de forma autônoma usando o celular.
Para isso, é necessário que ela tenha o suporte de um adulto que cumpra a tarefa de
conectar o filho ao seu pai. E se o combinado é que uma ou duas vezes na semana o
contato será através de chamada de vídeo, isso tem que ser feito. Os horários
precisam ser estabelecidos para que tanto o pai, quanto o filho estejam disponíveis
para conversarem, levando em conta as atividades de cada um, fuso horário, rotinas,
etc. Os dois precisam manter o vínculo, saber quais são as novidades, como estão se
sentindo, olhar no olho (mesmo que através de uma câmera).
com você fazer um passeio virtual por um lugar interessante na cidade em que você
mora? E depois, quando seu filho estiver aí, vocês podem fazer o passeio juntos.
Uma das formas de trazer para a conversa esses acordos é fazer uma reunião
familiar. Todos precisam estar presentes. O tópico em questão é colocado para
conversa, por exemplo:
Mimar é um desserviço
Mimar tem a ver com fazer todas as vontades e caprichos. Hoje em dia, já
sabemos que coisas como acolher sentimentos das crianças e até mesmo dar
bastante colo não fazem mal algum (muito pelo contrário). Mas a gente precisa
separar o que são as necessidades emocionais das crianças de fazer absolutamente
tudo que elas querem - ou pior: deixar que façam apenas o que querem.
Se a minha filha cai no chão, eu devo socorrê-la sem minimizar sua dor. Ao invés
de falar que não foi nada, posso perguntar onde está doendo e se ela quer um beijo
para amenizar a dor. Estou acolhendo, validando, cuidando.
Mas se eu decido passar o dia inteiro dando a ela absolutamente tudo que me
pede porque mais cedo ela caiu e se machucou, estarei mimando, compensando,
sendo permissiva.
Mimar dá muito menos trabalho que educar, porque você raramente vai criar
atritos e conflitos. A criança exige, você faz. Fim de papo. Sem culpa, só descarga de
dopamina e sentimento de prazer. Ela quer, você aceita, ela te ama mais ainda e corre
menos risco de deixar de vir para a sua casa - especialmente se, do outro lado, existe
algum tipo de alienação parental ou de abuso psicológico com a criança.
Eu lembro uma vez, quando adolescente, que fiz alguma coisa errada e meu pai
me repreendeu. Fui para a casa da minha mãe para "fugir" da treta. Um tempo depois,
ao falar no telefone com meu pai, ele disse: "Pode ficar quanto tempo você quiser na
casa da sua mãe, mas isso não vai mudar o fato de que você errou e que a gente vai
precisar conversar sobre isso". Cataploft, todo meu plano perfeito de manipulação
desmontado em cinco segundos. Meu pai sempre esteve comprometido com a
minha educação.
Além disso, a nossa voz como adultos ficará instalada nas nossas crianças para
sempre. É o que elas enxergam e ouvem na infância que vai ficar ecoando
internamente para sempre na vida adulta.
Quando sua filha estiver chateada porque algo não deu certo e ela está
frustrada, você prefere que ela procure um colo para conversar ou chorar, ou que ela
vá ao shopping comprar várias coisas que não precisa para se consolar?
Vivendo diariamente com o meu marido, pai dos meus enteados e dos meus
filhos, consegui observar uma coisa interessante: é possível substituir o fazer pela
criança por fazer com a criança.
Especialmente para os pais que têm convivência menor com seus filhos e que
sofrem de saudades, os momentos em que estão juntos podem ser especiais.
Ao invés de lavar toda a louça que o seu filho suja, porque é mais fácil que pedir,
porque você o ama, porque você não quer se indispor com ele ou talvez até porque
você acha que é tarefa sua, que tal ficar ao lado dele enquanto ele lava?
Ao invés de acordar e fazer o café da manhã para ele, que tal fazer o café e
deixar que ele prepare sua fruta ou seu pão? Esteja por perto, sem celular, esteja
presente.
Anuncie: filho, eu vou fazer o café, você pega as xícaras? Filho, estou colocando
a mesa, você pega manteiga e talheres, por favor?
Estou pegando meus sapatos para sairmos, você pega os seus? Sente-se e
coloque seus sapatos. E assim espere que seu filho também coloque os dele. Esteja
atento, presente, sem pressa e sem correria.
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Não convide para escovar os dentes como quem convida para um sorvete:
obrigações devem ser feitas. Está na hora de escovar os dentes, você quer ir sozinho
ou vamos juntos?
Além disso, as memórias mais importantes de uma infância não serão: nossa, eu
lembro aquele sábado que passei o dia todo no celular! Isso não estrutura um ser
humano, não cria experiências e repertório de vida. Que tal: eu lembro daquela vez
que fomos à peixaria e meu pai me ensinou a limpar um peixe, fizemos juntos no
forno e quase queimou, mas ficou gostoso.
Comida
E já que eu comecei a falar em comida, vamos a esse tópico importante. E um
tanto polêmico.
A obesidade infantil é um problema de saúde grave que pode ser causado por
fatores comportamentais ou genéticos. Porém, a pesquisa aponta que os alimentos
ultraprocessados são os principais responsáveis pelos números assustadores. A
criança obesa tem mais chance de se tornar um adulto obeso - é o que dizem os
especialistas. Além de ser um fator de risco para o aparecimento de outras doenças
como diabetes, pressão alta, problemas respiratórios, cardíacos e nas articulações.
Explico: eu sou a adulta, eu sou uma das pessoas responsáveis por um ser
humano que ainda não tem discernimento para fazer as melhores escolhas. Eu sou
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responsável pela nutrição dessa pessoa. Eu não sou responsável apenas por não
deixar morrer de fome, eu sou responsável por nutrir.
"Nada de comida saudável na nossa casa porque o pai acha tarde para mudar os
hábitos da casa da mãe, já que passam mais tempo lá".
Claro, filho! Imagine que eu vou tentar mudar hábitos que você já tem na escola,
vamos manter assim. Dá muito trabalho, né?
Resumindo:
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● Estar na sua casa por apenas um final de semana não significa que todos os
controles sobre qualidade da nutrição do seu filho devam ser deixados de lado.
● Crianças não podem comer doces de maneira descontrolada - isso é prejudicial
para a saúde e trará muitos problemas no futuro.
● Horários e combinados (como o uso da tela) devem ser feitos e cumpridos -
independentemente da frustração que a criança demonstre com o tema.
● Se você não quer que seu filho coma alimentos ultraprocessados, não compre.
● Lembre: você é pai para criar o ser humano mais incrível que puder - e não o
mais mimado, sem controle e talvez com diabetes tipo 2 no futuro.
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A culpa e a comida
Por Carolina Bourroul, nutricionista da família com enfoque materno infantil, mãe de 2 crianças e
madrasta de +2.
Sou uma grande defensora da infância, do olhar gentil e respeitoso para essa
fase tão importante, onde criamos nossos alicerces para a vida, tanto na alimentação,
quanto no nosso comportamento.
Por que se alimentar bem, de forma variada, é algo tão difícil com as crianças?
Por que a culpa e o merecimento estão sempre juntos na refeição? E por que os
doces, industrializados e frituras são a salvação?
Vim aqui desmistificar tudo isso e ajudar a construir uma nova forma de olhar
para a alimentação e a relação com as crianças. E tentar diminuir de uma vez por
todas a culpa.
Como por exemplo, se você foi uma criança que não podia sair da mesa até
raspar o prato e até hoje você come além do seu limite porque precisa comer tudo o
que tem na sua frente, a partir do momento que você entende de onde vem isso,
você pode se despedir desse comportamento, sabendo que agora você que decide o
quanto você vai comer, se baseando na sua percepção de fome e saciedade, e não
no tamanho do prato.
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A infância é a formação da nossa base, do nosso alicerce que vai nos sustentar
durante toda nossa vida. O comportamento alimentar impacta não só na nutrição e na
saúde, mas afeta de uma forma muito mais ampla, desde como nos relacionamos
com as pessoas, como nos vemos, como nos expressamos e, claro, como nos
alimentamos.
Difícil demais carregar um peso desses nas costas, né? Esse peso não precisa
existir… pra ninguém. Não estamos aqui para evitar que situações desafiadoras
aconteçam na vida das nossas crianças, estamos aqui para dar suporte para elas,
quando isso acontecer.
Ser um bom pai ou mãe não é sobre ser permissivo e tentar suprir as dores da
criança, ser um bom cuidador é sobre ensinar com afeto, impor limites ao mesmo
tempo que acolhe a frustração da criança.
Uma criança precisa ser ensinada a se alimentar bem. Ela aprende através da
alimentação que tem dentro de casa, aprende observando como nós, adultos, nos
alimentamos. Doces e industrializados não suprem a falta, não minimizam a culpa ou
melhoram relacionamentos entre mães/pais e crianças.
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Uma criança não precisa de doces e industrializados para ser feliz e ter uma
infância boa, ao contrário, ela precisa aprender a se relacionar de forma saudável com
esses alimentos para aí sim, ter uma infância boa.
Comida é afeto! E essa frase pode ir tanto para um lado bom quanto para um
lado ruim. Eu sempre uso pensando no lado bom dessa frase. Comida é
pertencimento, é união entre pessoas que amamos sentados na mesa juntos, falando
sobre coisas gostosas e comendo coisas ainda mais gostosas, é sobre tradição
familiar, aquele prato que tem toda semana na casa da avó ou que um pai ensina ao
seu filho a fazer e vira uma nova tradição. E não! Não estamos falando de um bolo,
somente, estamos falando de uma refeição completa.
Se está difícil por aí, comece aos poucos, dê um primeiro passo. Combine com
a criança que vocês farão um almoço juntos no final de semana, escolham a receita,
vão no mercado fazer as compras e faça dessa refeição um momento que vai além
dos nutrientes. Você vai ver que não precisa de doces para alegrar uma criança.
Pare de sentir culpa ao oferecer uma vagem para a criança e coloque limites na
quantidade de bolacha recheada.
E falando em culpa, a ideia não é culpar sua mãe, pai ou avós. Não queremos
apontar dedos, queremos entender seu comportamento e com isso fazer as
mudanças necessárias. As mudanças só são efetivas e realmente eficazes quando
entendemos nossa história, nos apropriamos de nós mesmos e do nosso passado.
Sabemos que sua mãe, pai e outros cuidadores fizeram o melhor que eles podiam,
baseado nas informações que eles tinham na época.
O que queremos com esse ebook é que mais pessoas tenham acesso a
informação de qualidade, entendam seu papel importante e fundamental na criação e
alimentação de uma criança, e, assim, teremos menos adultos desconectados com a
sua essência, com seus próprios limites do corpo, como fome e saciedade e claro,
transmitiremos para as novas gerações melhores ensinamentos sobre o comer.
Parece óbvio, mas às vezes precisa ser lembrado, pois a alimentação impacta
diretamente na saúde. Cuidar da alimentação da sua criança é cuidar da saúde dela.
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Um dos meus mantras em casa é que a tela vem depois das responsabilidades
serem cumpridas.
Eu, como adulta, tenho obrigação de fazer o jantar para as crianças, correto?
Não posso simplesmente me sentar no sofá e não fazer nada, né? Eu faço o jantar,
arrumo as coisas, e assim que eu tiver meu tempo livre, eu posso assistir uma novela
ou a minha série favorita.
Com a criança também precisa ser assim. Ela precisa entender que tem
obrigações (arrumar seu quarto, escovar os dentes, trocar de roupas, etc.). Depois que
cumprir suas obrigações e que estiver “em dia”, pode ter seu tempo de lazer – que
também pode ser tempo de tela.
Desde os dois anos, permito que a minha filha assista televisão. Nunca dei meu
telefone para ela, nem tenho jogos ou entretenimento instalados nele. Hoje, ela tem
cinco anos e até tenta pegar meu celular, mas eu realmente estou determinada a não
permitir.
Acredito que a televisão com moderação ainda tenha menos problemas que as
telas pequenas (celulares e tablets). Televisão dá para assistir juntos, temos todo
controle do que a criança vai ver e ela ainda fica de alguma forma livre – se move,
brinca e interage um pouco mais do que com as telas pequenas.
De um tempo para cá, minha filha começou a usar o tablet. Não tem sido fácil
conversar, controlar, combinar. E tem momentos que a gente só quer que eles fiquem
quietos e parem de incomodar para que possamos terminar outra tarefa, né? É
tentador, mesmo. Eu passo por isso e erro diversas vezes.
Quando meus enteados eram mais novos (hoje eles têm 18 e 14 anos), tivemos
algumas questões relacionadas ao tempo de vídeo game e jogos de computador.
Tivemos que limitar o uso a duas horas por dia, especialmente porque os jogos criam
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descargas muito fortes de adrenalina no corpo das crianças, e elas não tem estrutura
para lidar com tanto.
A produção de melatonina (hormônio que regula o sono) é afetada pela luz azul
das telas e a falta desse hormônio pode provocar alterações de sono,
desenvolvimento físico e cognitivo, comportamento e rendimento escolar.
Também tem algumas regras que precisam ser colocadas pelos adultos dentro
desse sistema, e eu tenho algumas ideias sobre isso – baseadas em estudos, em
observação, em bom senso e em educação parental.
● Como eu falei acima, a tela é um tipo de lazer e, para mim, o lazer vem depois
do cumprimento dos meus compromissos e obrigações.
● Crianças não deveriam usar telas a partir de determinado horário da noite (nem
os adultos, mas quem consegue?). Na minha casa, depois das 19h, a minha filha
de 5 anos não usa telas.
● Não deveríamos deixar a criança pequena levar a tela para o seu quarto. O
tablet fica na sala, ela vai dormir no quarto.
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● Existe um grande debate sobre quando uma criança deveria ou não ter seu
próprio celular, eu não tenho ideia dessa resposta. Meus enteados ganharam
seus telefones por volta de 11 anos, e eu acho que foi uma decisão sensata por
parte dos pais.
● Crianças pequenas não deveriam ter celulares e muito menos serem deixadas a
critérios próprios com seus aparelhos. Deixar uma criança pequena com seu
celular, no seu quarto, “brincando” até de madrugada é um tipo de negligência.
Não pode acontecer de maneira nenhuma.
● Procure combinar os horários mais adequados para a criança usar a tela como
lazer: depois que voltar da escola, vai jantar e tomar banho. Quando estiver
pronta, pode brincar, por 30 minutos, no tablet. De novo: primeiro o que precisa
ser feito e depois o que eu estou fazendo como lazer.
● Tente não recorrer às telas na hora das refeições. Mesmo que você precise que
a criança esteja entretida porque está cozinhando, por exemplo, quando for o
momento de comer, peça que ela desligue o aparelho. Comer assistindo ou
jogando é muito prejudicial para a formação da relação entre crianças e
alimentação. Olhar para o alimento, colocar na boca, entender quando está
satisfeito: tudo isso é muito importante na infância - é nela que se formam os
hábitos que carregaremos para sempre (ou que vamos precisar de muita terapia
para mudar lá na frente!)
A palavra que vem para mim quando se fala em telas é resistência. Existe uma
indústria gigantesca por trás do entretenimento das telas – e é uma turma que sabe
muito bem como captar nossa atenção e nosso tempo.
Não sou a mãe que constrói foguetes de papelão para colorir com as crianças,
não sou a pessoa mais brincante do planeta não. E ainda assim procuro incentivar e
participar de atividades que desenvolvam o cérebro e a cognição das crianças.
Deixar nas telas dá muito menos trabalho. Mas eu me pergunto: nossas crianças
valem esse esforço, concordam?
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Obrigações que eu acredito que as crianças têm que cumprir a partir dos 4 anos
– com os cuidadores acompanhando, não precisam saber ou fazer completamente
sozinhas, mas elas precisam ser capacitadas e orientadas diariamente a fazerem, todo
santo dia:
● Arrumar sua cama e dobrar seu pijama. Não aponte a qualidade da atividade,
apenas reconheça que a tarefa foi cumprida – também não precisamos viver
dando parabéns para as crianças por tudo que fazem. A vida lá na frente não vai
jogar confete porque uma pessoa adulta chegou ao trabalho no horário que
precisa chegar, certo?
● Comer e beber - pode ser que ela peça “ajuda” mesmo sabendo fazer. Eu gosto
de fazer companhia ao invés de dar comida na boca. Proponho brincadeiras
divertidas enquanto ela come. Quando ela pede ajuda, eu respondo: você sabe
fazer isso sozinha, eu acho que você não está precisando de ajuda, você está
querendo a minha companhia, certo? Normalmente, a resposta é sim. Podendo
estar perto, eu fico.
● Pegar seu copo quando pede água ou seu prato quando pede alguma comida
(deixe na altura da criança e sem riscos de quebrar algo).
● Aprender a escovar os dentes – acredito que por volta dos 4 anos, a gente pode
começar a ensinar a escovar os dentes. Primeiro, deixe a criança apenas criar
intimidade com a escova. Eu lembro do meu pai escovando meus dentes e
depois me deixando “brincar” com a escova. Já vi ele fazendo isso com a Flora.
Primeiro ele escova, depois dá a escova para ela. Com o tempo, a criança vai
criando intimidade com o objeto e você pode ensinar um ou outro movimento.
Conforme ela cresce, você vai trocando: ela se torna a atriz principal e você
entra para “finalizar” o serviço.
● Regar as plantas.
● Separar o lixo.
Celebre ensinando essa criança a se tornar uma pessoa da qual você e todos ao
seu redor terão orgulho e vontade de estar perto. Celebre reforçando seu
compromisso com uma paternidade saudável e íntegra, da qual você vai lembrar e
agradecer para sempre.
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Consumismo
Uma das respostas que mais me chamou a atenção na caixinha de perguntas
do Instagram sobre permissividade foi essa:
"Toda vez que vai no mercado, meu marido traz um brinquedo e sempre dá
alguma coisa para comer na hora errada"
A demonstração de amor pode ser feita com coisas, sim, mas a serviço de que
estão essas coisas? São mais objetos que causam alguma euforia na chegada e
depois se juntam a pilhas de brinquedos desinteressantes?
Na casa da minha mãe, eu ia correndo abrir a geladeira para ver se ela tinha
comprado os frios do mercado municipal. Aqueles fatiados na hora, sabe? A primeira
coisa que eu fazia era correr na cozinha. E eles estavam lá: os frios. Ela lembrou, ela
cuidou, ela comprou. Que faceira eu ficava. A gente costumava fazer sanduíches
deliciosos com esses frios. Primeiro, todos juntos colocar tudo na mesa - e aí sim
sentar para comer. Cada uma podia montar seu sanduíche da maneira que quisesse.
Quando eu era criança e adolescente, a gente não tinha celular nem tablet, mas a
televisão não era permitida na hora das refeições. A gente conversava.
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Podemos demonstrar nosso amor e nossa alegria por ter nossas crianças em
casa de outras formas:
Minha filha adora livros de adesivos e atualmente está encantada com livros de
bonecas que têm várias roupas para tirar e colocar nas páginas. Esse livro é um
convite ao vínculo: a gente faz juntas, ela cria histórias, pede para escolhermos juntas.
É um objeto material que cria vínculo. Eu dei um desses para ela há meses, e ela usou
ele todinho. Fiquei muito tentada a comprar um novo na semana seguinte, mas
consegui me segurar.
Eu queria agradar, sim. Ela ficaria muito feliz. Mas será que teria o mesmo valor
se ela terminasse um e já ganhasse o próximo? Eu acredito que não. Ficamos algum
tempo desejando o livro novo. E quando ela ganhou, significou muito para ela.
Além disso, gosto de marcar os momentos de chegada e saída das crianças com
palavras de afeto.
relação mais importante de todas. É isso que constrói o seu amor dentro dele - e não
os "deixa fazer, ele nunca vem". Pode confiar.
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Ser bonzinho ou ser um bom pai? Ser legal ou ensinar seu filho sobre a vida,
suas frustrações e desafios? Ser o pai que nunca usa a autoridade de forma
generosa para orientar seu filho porque tem medo de brigar e desagradar?
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Nesses três anos de projeto, já ouvi tantas coisas boas - e tantas absurdas! -
sobre a relação do pai com a mãe dos filhos.
O que eu aprendi com todo este trabalho é que existem advogadas mediadoras
que estão interessadas em estabelecer alguns limites sem judicializar os casos. Se o
seu caso for assim, procure ajuda. Nem sempre que você procurar uma médica, terá
que fazer uma cirurgia. Nem sempre que você for à dentista, precisará arrancar um
dente. Então, nem sempre que você procurar uma advogada significa que o caso será
um processo judicial.
Ter apoio profissional para questões importantes pode ser o suficiente para que
os conflitos do dia a dia sejam resolvidos.
E agora vamos ver algumas coisas que podem acontecer na sua relação com a
mãe das crianças:
Sabe aquele ditado que as pessoas fazem conosco apenas o que permitimos
que façam? Ouvi um relato de um casal de pai e madrasta em um atendimento sobre
esse tema.
"Não temos horários e dias fixos para as crianças virem. Sempre que a mãe
precisa fazer algo, ela avisa e deixa os meninos aqui. Quando ela quer, pega de volta.
Durante a pandemia isso até funcionou, porque não tínhamos compromissos de
viagens ou coisas na rua. Agora está muito difícil conciliar. A gente se sente dizendo
não para a presença dos meninos, mas a verdade é que estamos cansados da
imprevisibilidade da agenda dela!".
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Perguntei a eles quem foi que, desde o começo, por qualquer que seja o motivo
(culpa, saudade, vontade de ficar junto) aceitou esse "formato" de troca de casas.
Foram eles mesmos!
Um exemplo prático:
Um pai e uma mãe com duas filhas pequenas sempre discutiam na hora de
decidir quem buscaria as meninas. A madrasta não aguentava mais ver o marido
estressado reclamando que a mãe sempre fazia com que ele fosse buscar, sendo que
ambos tinham carro e condições de fazer o percurso.
Foi então que, conversando com uma advogada mediadora, ela sugeriu: que tal
o genitor que vai ficar com as criança ser o genitor que busca? Assim, o pai escreveu
um email educado para a mãe dizendo que as combinações em cima da hora eram
difíceis para ele e que gostaria de propor esta regra "universal" de quem busca. Na
hora, a mãe aceitou. Nunca mais houve brigas por isso.
Agir com medo de que a mãe se vingue ou que faça algo para prejudicar a sua
relação com ela pode ter todo fundamento se você vive uma situação de litígio - mas
será que é sempre assim? Será que essa é a melhor forma de guiar uma relação?
Todas as vezes que você pensar que não quer se indispor, você deveria pensar
em seguida: qual custo disso pro meu filho?
gente não deveria viajar. O nosso pai achava que sim. Porque a separação era recente
demais quando foi a minha vez de viajar, ele não se indispôs com ela. Preferiu aceitar
o que ela decidiu. Quando chegou a vez da minha irmã, ele "brigou" pelo assunto.
Depois de adultas, conversamos sobre isso com meu pai, que relatou o que
acabei de contar para vocês. Era medo, sabe? Insegurança, receio. E está tudo bem,
não morri por causa disso e já viajei bastante. Mas a pergunta que fica para você é:
qual o custo do que você simplesmente aceita para não criar conflitos? Quem paga
essa conta?
O ideal seria que a gente conseguisse alinhar as coisas de forma a não ter
problemas com nenhuma das partes, certo?
O que eu acredito que funciona melhor é uma espécie de "aliança" entre pai e
madrasta, para depois ser conversado com a mãe.
Eu juro que isso muda toda a dinâmica entre o casal e vai fazer a madrasta se
sentir muito melhor.
Vamos viajar sozinhos sem as crianças por uma semana e isso envolve trocas
de calendários e logística de todos. Meu marido normalmente organiza a nova
proposta, me manda ou me mostra, a gente alinha e depois ele envia para a mãe das
crianças. Então sou incluída e me sinto parte das coisas que envolvem a nossa casa -
e também me sinto priorizada. Nada mais justo do que ser tratada assim no meu
próprio casamento, concorda?
Casei para compartilhar uma vida, projetos, sonhos, filhos, tudo. Não quero
participar de todos os assuntos, MENOS dos que envolvem as crianças ou a mãe
deles. Somos um casal o tempo todo, inclusive para os temas dos filhos "dele" (que
também são meus…. meus enteados!)
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Desde que essa não seja uma orientação de advogada devido a processos e
litígios, viver evitando contato com a mãe simplesmente porque é uma relação difícil
para você pode acabar prejudicando as tratativas e as questões dos filhos,
especialmente sendo crianças pequenas.
Fazer da criança o principal mensageiro dos assuntos dos adultos pode criar um
peso enorme para ela. Por mais conturbado que seja manter um relacionamento
estável após separação, procure formas de que as coisas se estabilizem. Talvez seja
melhor mandar emails estruturados com combinações do que ter sempre
mensagens indo e vindo por Whatsapp, por exemplo.
Aqui algumas outras dicas essenciais para a relação entre você, seus filhos e a
mãe deles:
● Não falar mal da mãe das crianças, mesmo que internamente você tenha
vontade. Não importa se foi você ou a sua ex-companheira quem decidiu sair
de casa, ou se a decisão da separação foi em comum acordo. Não fale mal da
mãe dos seus filhos, principalmente se eles estiverem por perto.
O divórcio pode ter sido complicado, mas os filhos não precisam saber os
pormenores e nem tomar partido de um ou de outro genitor.
Claro que esse pai foi em busca de seus direitos e, embora a guarda fosse
unilateral, ele sabia que podia (e queria) passar mais tempo com a filha. E todos
(filha, mãe, pai e madrasta) procuraram ajuda na terapia para resolver os
conflitos e ruídos da relação.
● Não impeça que a mãe faça contato com as crianças quando elas estão na sua
casa, afinal de contas você também quer conversar com seus filhos quando
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eles estão na casa da mãe, certo? Então, para o bem de todos, combine
horários para as ligações, avise se naquele dia vocês vão fazer alguma atividade
fora de casa e passar o dia todo sem dar muita atenção ao celular. E quando
voltarem pra casa, estimule que o contato seja feito e deixe a criança livre para
conversar, sem que se sinta vigiada.
● Permita que seu filho fale da mãe na sua casa. Leio muitos comentários nos
grupos das madrastas que percebem que os enteados se sentem aliviados
quando podem falar da mãe ou contar alguma coisa que aconteceu na outra
casa sem que sejam reprimidos. A criança vive em dois mundos, duas casas, e
ela precisa de alguma forma juntar os dois universos dentro dela. Trazer a mãe
para a casa do pai e da madrasta, mesmo que seja só em pensamento ou em
palavras, traz conforto e aceitação.
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Trago aqui alguns tópicos que estou acostumada a ler nos relatos e ouvir nos
atendimentos com as madrastas com algumas opiniões e ideias para solucionar:
É bastante recorrente ouvir das madrastas que, quando decidem morar junto
com pai e enteados, os atritos começam a acontecer porque é a madrasta quem
percebe falta de limites e de disciplina com as crianças.
É como se a casa do pai de alguma forma fosse uma festinha - e quando chega
a madrasta que cuida, educa e se preocupa com a criança, ela se torna a responsável
por apagar a luz da balada e desligar a música. Fim.
A mãe que não deixa uma criança comer todos os doces do mundo é uma mãe
zelosa. A madrasta que não permite isso é tida como controladora, intrometida, está
querendo regular as regras que o pai tem com a criança. Isso não pode acontecer.
Quando uma nova família se forma (pai, madrasta e enteados), a primeira coisa
a ser feita é um acordo entre os adultos.
De que forma vamos educar essas crianças? Qual será o papel de cada um na
nossa casa? Não importa quem estava no momento da concepção, se existem dois
adultos cuidando de crianças em uma casa, eles precisam fazer isso juntos e de
maneira coordenada.
Em alguns pontos a madrasta vai ter que ceder, em outros, o pai. E é assim que
funcionam as relações: precisam ser conversadas e negociadas. Pelo bem de todos.
entrou nessa juntos. O pior que pode acontecer é sermos invalidadas perante tudo
que fazemos.
Quando estiver diante de algo que você e sua esposa discordam, olhem para o
fato e conversem a respeito. Temos um problema aqui e pensamos de forma
diferente sobre ele, vamos conversar?
Usar a carta do "é meu filho", ou "eu que mando" acaba por afastar a madrasta. E
não é para viver com lacunas que nos casamos, certo?
Esse é um dos pontos mais polêmicos de todos os relatos que eu leio e escuto.
A imprevisibilidade e as mudanças na agenda das crianças acabam refletindo
diretamente na agenda da madrasta. E quando a gente fala algo a respeito disso,
podemos ser acusadas de não querer as crianças por perto.
Agora vamos falar da minha filha: ela sai de férias com a avó e está programada
para voltar dia 21 do mês. No dia 19, meu marido sai mais cedo do trabalho e decide
me fazer uma surpresa: compra um buquê de flores, desce no hall e tira a roupa. Fica
totalmente pelado com as flores nas mãos e abre a porta.
Surpresa!!!! A Flora chegou antes e estamos sentadas no sofá: eu, a vovó e ela.
Nossa, como assim? A Flora chegou antes!!! Você não me avisou nada!
Claro que não, ela é minha filha. Ela entra e sai a hora que quiser da nossa casa.
Faz sentido? Claro que não. O argumento de que a casa também é da criança
não faz sentido porque não estamos falando sobre o direito de frequentar, estamos
falando sobre a logística.
Em momento algum o direito de estar na sua própria casa vai ser questionado,
mas que horas chega, vai jantar, que horas sai, quem busca, quem leva na escola.
Tudo isso tem que ser falado sim - e sempre!
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Todas as pessoas que moram numa casa precisam se comunicar sobre suas
atividades e horários - por que com os enteados seria diferente? Eu não posso sair de
casa e voltar às 2h da manhã sem sequer dizer onde estou, certo? Por que um
adolescente poderia?
Eu não posso sair de casa às 9h e dizer que volto às 13h e simplesmente não
aparecer até o dia seguinte, certo? Precisamos entender que os pedidos das
madrastas sobre alinhamento de idas e vindas são importantes para a organização da
casa e das agendas - não é um pedido de autorização, uma frescura.
Assim como ela também não deve fazer isso com você. A coisa mais importante
entre um casal é a sua conexão, é um honrar e proteger um ao outro (mesmo que
discorde!).
Quando se abre um espaço porque você desautoriza algo que a sua esposa
tenha falado, pode começar um tipo de triangulação no meio - e isso só enfraquece o
casamento.
Exemplo: vocês estão na praia com toda a sua família, avós e tios, etc. Aí a
madrasta pede que as crianças coloquem a mesa para almoçar. Logo em seguida a
avó, por exemplo, fala que eles podem ficar jogando e ela mesma vai colocar a mesa.
Você fica em silêncio porque é melhor não se indispor com a sua mãe. As crianças
ficam sem fazer a tarefa. A madrasta é totalmente invalidada.
O "time" é composto por você, pai, e pela sua esposa. A dupla são vocês. O mais
importante são vocês dois juntos, conectados e alinhados. Não perca oportunidades
de reforçar sempre o laço com a pessoa que você escolheu se casar, não tenha medo
de se posicionar e fazer essa escolha valer cada dia mais.
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Dizem que a saudade é uma palavra que só existe na língua portuguesa. Os que
falam português sentem saudade. Os que pensam e escrevem em outras línguas
também.
O pai que não convive diariamente com o filho sente saudade da rotina, como já
bem disse nossa amiga Tanise G. Mateus no texto ali em cima. O pai que não vive na
mesma cidade sente saudade da convivência próxima e sabe que não vai estar
presente em todos os momentos ao longo do desenvolvimento do filho. O pai que
vive em outro país vai perder datas comemorativas, vai ver que a criança já cresceu e
que o chinelo não cabe mais no pé. A chamada de vídeo tenta encurtar as distâncias,
mas ela não substitui - nem nunca vai substituir - o contato físico, aquele abraço de
urso ou o cafungote, que é a famosa cafungada no cangote.
O pai sente saudade daquele filho que sempre será seu filho. Ele vai pedir pra
fazer mais chamadas de vídeo, mas nem sempre vai conseguir conversar porque o
videogame e o rolê com os amigos podem ser mais interessantes do que responder
as mensagens no grupo da família. O pai vai mandar cartas com fotos e bilhetinhos
dizendo que logo eles estarão juntos. Mas aí pode acontecer uma pandemia mundial
que impossibilita as pessoas de viajarem e deixa todo mundo trancado em casa
durante dois anos. E o pai vai perder. E vai sentir saudade e culpa. Aquela mesma que
já foi citada aqui várias vezes. Ela retorna como um algoz, pronta para criar mais
sofrimento.
O pai sente saudade e a saudade pode levá-lo a ser um pai mais presente se
ele tiver responsabilidade para sê-lo.
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Antes de mais nada, quero fazer uma pergunta para você. Quando o assunto é
“criança na cozinha”, o que você pensa?
Sujeira, bagunça, perigo, “não pode”, “vai se queimar”, “larga isso”, mais trabalho,
mais louça.
Se passou pela sua cabeça alguma das respostas ou expressões acima, pode
ter certeza de que vocês, papais (ou avós, tios, tias, madrastas, padrastos, adultos
responsáveis), não estão sozinhos.
Criança na cozinha pode significar um mundo de oportunidades, novas
descobertas, desenvolvimento motor e cognitivo. A psicomotricidade fina, ou seja, as
competências necessárias para desempenhar tarefas como manipular objetos,
movimentar mãos, dedos, braços de acordo com a exigência de cada tarefa, é
extremamente trabalhada em momentos compartilhados na cozinha, por exemplo.
Mas como diminuir os riscos e evitar os acidentes aproveitando o momento de
forma agradável e segura?
Para isso não podemos deixar de lado alguns pontos importantes. Pense nisso
como um check list para quando você for fazer uma receita junto com a criança:
● Não subestime a capacidade da criança. Lembre-se que você dará uma
oportunidade para que ela se desenvolva e criará vínculo com ela.
● O ambiente está preparado para a atividade? Já deixe separado tudo o que vai
precisar antes de chamar a criança para participar, assim você poderá se atentar
ao desempenho dela e não precisará se ausentar para buscar ingredientes.
● Converse com a criança ou adolescente e informe sobre o passo a passo da
receita ou atividade. Assim, ela também aprende a importância da ordem de
cada etapa e diminui a ansiedade por não saber os próximos passos.
● Deixe a criança fazer “escolhas guiadas/ limitadas” por você. Ao invés de dizer:
“você só pode lavar as uvas e os morangos agora” tente dizer: “você prefere
lavar as uvas ou os morangos primeiro? Com qual dos dois prefere começar?”
Assim, você delimitará o que ela pode e precisa fazer, mas sem deixar que ela
tenha opções de escolha para expressar naquele momento.
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Bruna Paschoal tem 30 anos, uma filha de 6 anos e uma enteada de 15 anos, é
nutricionista (CRN3: 41271), formada em 2014 pela Universidade Anhembi Morumbi.
Mesmo que você não tenha tido um bom pai ou não tenha sido um bom pai até
agora, tente exercer a paternidade da melhor forma que for possível pra você nesse
momento. Se, depois de ler esse ebook, você ainda se sentir inseguro, incapaz,
culpado e estressado, leia novamente. Reflita, mude suas atitudes, converse, peça
ajuda.
Seja um bom pai ao invés de viver querendo ser o pai mais legal que você
conhece. As suas crianças precisam de um bom modelo de guardião, e não de
permissividade e falta de limites.
Um abraço,
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