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Licenciado para - Carolina Pinho - Protegido por Eduzz.

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Mari Camardelli

Este ebook foi patrocinado pela Mustela Brasil, e eu me sinto muito


feliz de receber o apoio de marcas que eu admiro e transformar esse
apoio em conteúdo para vocês.

É um compilado de ideias, dicas e tudo que eu achei que seria


bacana trazer em relação ao tema da madrasta que vai se tornar mãe. São
reflexões minhas e de outras mulheres incríveis que compartilham experiências
de maternidade e madrastidade. Aqui, a gente vai falar sobre assuntos como
gravidez, puerpério, ciúmes, rotina da casa com filhos e enteados, sono,
convivência familiar, medos e luto.

Se você aprendeu a maternar


sendo madrasta, bem vinda!
Ser mãe é tão complexo quanto!
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Não tenha filhos por vingança

Querida madrasta, não tenha um filho por vingança. Não tenha um filho porque aí
sim ele vai ser seu e tudo vai ser do seu jeito. Não tenha um filho porque as coisas
relativas aos seus enteados fogem do seu controle. Ao invés disso, trabalhe a sua
necessidade de controle, trabalhe sua família e procure resolver as coisas que
precisam melhorar. Ter um filho não é a solução para os problemas que existem
no casamento: filho não é moeda de troca.

Aparentemente, ser madrasta é ainda mais complexo que ser mãe. Eu procuro
não comparar as coisas porque acho que as comparações já criam alguns tipos
de rótulos. Se ser mãe é (um pouquinho menos) complexo do que ser madrasta,
logo você vai achar que eu disse: ser mãe é melhor. Não é isso. E tem algo muito
importante que a gente precisa relembrar: quando a madrasta se torna mãe, ela
não deixa de ser madrasta.

A sociedade diz que ser madrasta é um “test drive” para ser mãe. Parece que ela
precisa passar por um “treinamento” com os filhos dos outros antes de exercer as
funções com seus próprios filhos. Quando uma madrasta cuida de um enteado,
temos apenas uma madrasta cuidando de um enteado. Não temos uma pessoa
querendo roubar o filho da outra, não temos alguém se intrometendo na vida
alheia, não temos alguém que deveria ficar quieta e aceitar tudo. Tampouco
temos uma madrasta querendo ser a mãe daquela criança. Esse é um
estereótipo que vem de uma outra configuração da sociedade - antiga e
ultrapassada.

A maternidade não pode ser compulsória - não vivemos mais nesse período
histórico. Mas como esse é um livro voltado às madrastas que também são mães,
quero refletir junto com vocês sobre esses temas que nos aprisionam. Passar por
um “treinamento” antes de se tornar mãe pressupõe uma total falta de habilidade,
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como se a validação do “estágio probatório” só se completasse quando a mulher


tem o seu próprio filho. Aí, sim, ela está autorizada a maternar com toda a sua
plenitude! Por favor, não tenha filhos para provar que o treinamento deu certo.

Se você já teve filhos antes de se tornar madrasta e, agora, será mãe novamente,
as funções se sobrepõem e garantir a sobrevivência de um ser humano
recém-nascido será mais uma das milhares de tarefas que você vai acumular.
Então, saiba que ter um filho não melhora a relação do casal, as tretas da casa
ou as dificuldades do dia a dia. Ter um filho significa, automaticamente, ter um
bebê em casa, e você tem noção da confusão que é, né?

Conte comigo e com a Mustela para apoiar você


nesse momento. Da gravidez aos cuidados com
todas as crianças da casa, a Mustela sabe que,
quando os filhos chegam, as dúvidas chegam junto,
e é por isso que a Mustela está apoiando esse
conteúdo especial para vocês!

“Meu marido teve filhos com a ex-esposa, então eu também quero ter”.

Tenha filhos se você se sente preparada para isso, não para competir com a mãe
dos seus enteados ou demarcar território.

Tenha filhos se essa missão é sedutora o suficiente pra você encarar todas as
dificuldades que estão envolvidas.

Não tenha filhos para aliviar o que está difícil de lidar como madrasta ou para
provar para a sociedade patriarcal que você é fértil ou porque todas as suas
amigas já são mães.
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Não tenha filhos para se sentir completa como mulher. É possível buscar a
completude em ser mulher sem, necessariamente, ser mãe. Tornar-se mãe é
uma decisão muito mais profunda, e a maternidade exigirá que você faça
escolhas e renúncias todos os dias, diversas vezes por dia.

Você vai querer vestir aquela capa da personagem de mãe perfeita porque quer
se sentir amada. Vai lançar mão da carta “o filho é meu, então faço do meu jeito”,
que até antes criticava. Você desejou muito esse filho, desejou percorrer um
caminho longo e sem volta, mas, logo ali na esquina, você pode perceber que a
capa era frágil e que a mãe perfeita não existe. Então, melhor deixar de lado essa
ilusão de perfeição e viver a vida de verdade.

Pense bem se você quer ter filhos porque deseja ser mãe ou porque deseja
que seu marido tenha filhos com você. Há uma sutil diferença nestas duas
coisas.

“Quero ter um filho com meu marido para criar um vínculo eterno com ele”.

Os vínculos podem ser criados independentemente dos filhos. Não são somente
os laços biológicos que criam vínculos entre as pessoas. É possível criar uma
relação extraordinária com alguém que não é seu parente consanguíneo.
Obviamente que um filho cria uma ligação forte entre os pais, mas este não
deveria ser o único motivo para a sua escolha.

“Eu quero que meu marido deseje ter filhos comigo porque tenho medo que meu
enteado não goste mais de mim quando ele crescer”.

Que sentimento é esse? Ciúmes? Medo de não ser aceita? Insegurança?


Então você quer ter filhos pra preencher uma insegurança sua? As crianças
crescem e é normal que se afastem um pouco da convivência com os adultos
porque precisam procurar a sua própria turma. Não é nada pessoal contra você, é
só um adolescente sendo adolescente! Continue dando amor, sempre.
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"Não dei o primeiro filho"

Quando eu escuto esta frase, parece que entro numa cápsula do tempo e me
desloco para o século XVIII, onde as mulheres precisavam “dar filhos” aos seus
maridos e, principalmente, filhos homens, para que eles perpetuassem o
conceito de família da época - aquela patriarcal, machista, hierárquica e
indissolúvel.

Será que mudamos nossos pensamentos em relação à família? Você realmente


pensa que é menos importante na sua família porque você é a segunda esposa e
o seu filho nasceu depois? Será que seu marido ama mais o primeiro filho do que
o segundo? Tenho certeza que estes pensamentos já passaram pela sua cabeça
em algum momento desta jornada. Eu já disse isso na internet e repito aqui: não
deixe de sonhar porque você não foi a primeira em alguns aspectos. A vida é
preciosa demais para ser medida desta forma. Não dá pra ficar comparando
amor e criando competições internas que só nos fazem sofrer.

Eu queria saber como você se sente por “não ter dado o primeiro filho”. E
confesso que essa expressão me incomoda. Aliás, o que mais me chama a
atenção é a suposição de que a mulher “dá um filho para o homem''. Reduzir a
potência da mulher à tarefa de dar filhos ao homem me entristece.

Mulher, tenha filhos porque você quer ser mãe! Tenha filhos porque você quer
ter filhos! Mas jamais tenha filhos porque você quer dar um filho a um homem.
Não tem nada mais patriarcal e ultrapassado que isso. Você é a dona do seu
corpo, das suas ideias e do seu destino.

Querida madrasta que se sente menos importante como mulher, diminuída,


chateada e até traída porque você não foi a mãe do primeiro filho de alguém: te
abraço.
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Liberte-se. Essa construção social que está morando no seu coração é uma
prisão. A primeira esposa não é mais importante que a segunda. O primeiro
marido não é mais importante que o segundo. Filhos de um casamento não
importam mais que do outro.

Eu não dei o primeiro filho pro meu marido, e está tudo bem. Ele teve dois filhos
lindos antes dos que nasceram da minha barriga, e isso não me coloca em uma
posição de desvantagem em relação à mãe dos meus enteados, até porque nós
não estamos competindo em nada. Somos parceiras na educação das crianças
porque aqui todos são filhos, e todas as crianças importam.

Vamos usar nossa energia para amar com respeito, para cuidar com gentileza e
afeto. E não para sofrer com pressões de um sistema machista e falido que segue
fazendo a mulher se sentir sempre, de alguma forma, menor.
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Estou tentando engravidar!


A maternidade é um desejo de muitas mulheres e o caminho para que de fato
aconteça nem sempre é fácil. A minha experiência pessoal não permite que eu
fale sobre ansiedade para engravidar porque eu engravidei super rápido, mas eu
acompanho as madrastas no meu perfil e sei que, para muitas delas, este
momento pode ser bem angustiante. São vários sentimentos que se misturam
como medo, raiva, ciúmes e frustração e que podem gerar ansiedade e até
depressão.

A primeira coisa a fazer é consultar a sua ginecologista e realizar todos os


exames para verificar se não há nenhum problema de fertilidade com o casal. A
saúde emocional dos dois também precisa ser avaliada porque a ansiedade e o
estresse afetam diretamente o processo, causando desequilíbrio hormonal,
alteração nos ciclos menstruais e na ovulação, diminuição da libido e problemas
de ejaculação.

Se, neste momento, você está na categoria das “tentantes”, eu diria pra você ter
paciência. Converse com seu parceiro e tente, de alguma forma, deixar esse
período mais leve, sem tanta pressão. Procure terapia, faça exercícios físicos,
tenha uma boa alimentação e faça sexo sempre que tiver vontade. Sinta-se
amada e respeitada nas suas decisões e não se culpe por nada.

Estava aqui revisando o texto e senti vontade de falar algo mais: pare de falar de
você mesma como "tentante". Eu sempre acredito que a linguagem importa e que
a narrativa é a coisa mais importante que a gente tem para tomarmos nossas vida
em nossas próprias mãos. Eu quero ter um bebê. Eu quero ser mãe. ESSAS são as
frases que você precisa repetir para si mesma. Fechar os olhos, falar com seu
Deus e dizer que você está pronta para essa missão. "Sou tentante" soa tão
estranho que eu nem consigo repetir muitas vezes, mas, de novo, essa é a minha
visão das coisas.
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Aproveite para pesquisar sobre alimentação e como ela impacta nos seus
hormônios: você costuma comer muitos doces e farinhas refinadas? Sabia que
esses alimentos estão relacionados com algumas questões de saúde que podem
estar prejudicando seu ciclo?

Quando conversamos sobre liberar para engravidar da Flora, alguns dias depois
eu engravidei! Foi durante uma viagem e a gente estava ZERO no stress e na
confusão, foi natural. Com Martim foi a mesma coisa, super rápido. Eu imagino
que deve ser muito complicado se você deseja muito esse filho e ele não vem,
sabe? Mas ficar obsessiva e viver ruminando isso vai ajudar em absolutamente
nada o processo, tá?
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Meu enteado não quer um irmão, e


agora?
Quem decide sobre ter ou não ter outro filho são os adultos. Pode até parecer
bonitinho e curioso perguntar a uma criança se ela quer um irmãozinho. Eu recebi
o depoimento de uma mãe que contou que a filha de 5 anos queria encomendar
um irmão pela internet! Não basta dar um click para ter mais um filho em casa.

Os filhos fazem parte de um sistema chamado família e todos os envolvidos


importam, mas há decisões que precisam ser tomadas pelos adultos porque eles
são os responsáveis pela casa.

E se você perguntar a uma criança e ela disser que não quer ter irmãos? O que
você faz? Desiste de ser mãe? Claro que não. Você passou um tempo
perguntando se ele queria, ele respondendo "não" e você apareceu grávida. Qual
sentimento isso gera? TRAIÇÃO!!! Ela perguntou e eu disse não, agora ela
aparece com um bebê! O que está acontecendo?

Se a criança falar que não quer ter irmãos, você simplesmente responde:
"Entendo que ter irmão mexe com a gente, com a casa, dá ciúmes e tudo mais,
mas essa decisão é nossa. Quando você for adulto poderá optar por não ter
filhos, ok?". FIM DA CENA!!!!

A gente precisa aprender a palestrar menos com as nossas crianças, sabe? A


gente fica dando mil explicações sobre tudo, tentando conversar ou até amenizar
coisas que sequer aconteceram ainda.

Evite aquelas frases clássicas que tentam amenizar o sofrimento da criança que
está em crise com a possibilidade de ter um irmão, tipo:

● "Mas nada vai mudar! A gente vai continuar amando você!" - Ok, vão
continuar amando, mas a verdade é que TUDO vai mudar. Horários, choros
de criança, rotina, atenção, absolutamente tudo. A gente não pode falar
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esse tipo de coisa para as crianças, é irresponsável da nossa parte. As


coisas mudam com a chegada de um bebê, sim!
● "É tão legal ter um irmãozinho!" - Pode ser que sim, pode ser que não. A
gente tem uma expectativa de que nossos filhos cresçam e sejam
melhores amigos da vida, mas isso nem sempre acontece.
● "Você tem que cuidar do seu irmãozinho, porque ele vai ser um
bebezinho!" - Eu não sei você, mas eu sou a irmã mais velha e lembro da
sofrência que é ter que passar a dividir o tempo de todo mundo com mais
um ser humano tão amado e querido por todos. Não é fácil! Colocar essa
pressão de que o mais velho agora terá que cuidar do mais novo não é
bacana, porque quem tem a responsabilidade de cuidar dos bebês são os
pais e mães, concorda? Eu fico pensando na cabecinha dessas crianças,
super confusa: "peraí, vou ter que dividir meu tempo e atenções e ainda
CUIDAR de um bebê?" - estou exagerando, mas você entendeu o ponto.
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Contar sobre a gravidez:


Quem conta? Como conta? Para quem?

Existe hora certa pra contar sobre a gravidez? E quem tem que saber primeiro?
São os enteados, os avós, as amigas mais próximas?

Há uma tradição popular que sugere que não se deve revelar a gravidez antes de
acabar o primeiro trimestre porque existe o medo constante de perder o bebê e
depois ter que lidar com as expectativas das outras pessoas e com as próprias
frustrações. Há também o entendimento de que guardar segredo sobre um
aborto é um direito do casal e uma forma de se proteger. Portanto, tornar pública
uma gravidez é uma decisão que diz respeito aos dois adultos envolvidos.

A “ordem” e a forma de espalhar a novidade dependem da relação que o casal


estabeleceu com seus familiares e amigos.

Como enteada, eu tinha pânico de que meus pais tivessem filhos nos seus
casamentos pós divórcio. Eu costumava "proibi-los" (que prepotente!) disso. Fico
pensando que eu teria um ataque se soubesse que minha mãe ou minha
madrasta estivessem grávidas há um tempão sem me falar. Acho que acabei
projetando isso na minha relação com meus enteados e contei no dia seguinte
que descobri as duas gravidezes.

Lembro que a primeira pergunta que o Augusto, meu enteado mais velho, fez
quando contamos sobre a Flora foi: "Mas desde quando vocês sabem??" - e eu
me senti muito aliviada em dizer: "Desde ontem!".

Eu não me arrependo da escolha de ter contado logo cedo para os meninos e


para as pessoas mais próximas da família. Entendo que seria mais uma rede de
apoio e conforto caso a gravidez não fosse adiante, sabe?
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Recentemente respondi uma caixinha de perguntas no Instagram que dizia assim:


Estou grávida, devo contar para a mãe do meu enteado? Eu respondi que sim e
uma grande polêmica veio à tona!

Pela minha minha observação de relatos no Instagram, a maioria das mães das
crianças não se dá bem com as madrastas - o que é bem triste! E por causa disso,
as madrastas acabam querendo (ou até precisando) se defender quando alguma
coisa dessa magnitude acontece. Existe o medo da mãe falar algo, medo de
ataques e até de baixarias. Entendo tudo isso, mas ainda assim, a mãe gostando
ou não, ela deve saber, porque trata-se do irmão do filho dela! Ela precisa de
alguma forma ser avisada do tema, que seja um email com: Fulana está grávida,
acabamos de contar ao fulaninho. Algo simples e direto, sabe? Assim essa mãe
nunca vai poder dizer que ouviu de terceiros algo tão relevante na vida do seu
filho.
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Por falar em mudanças que acontecem conosco


quando engravidamos, quero mostrar para vocês a
linha Maternité, da Mustela.
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A madrasta está grávida, a barriga está coçando... Sim, é bem comum sentir a
barriga coçar durante a gravidez. Isso acontece porque muitos hormônios estão
sendo liberados na corrente sanguínea, o bebê está crescendo e a pele está
esticando. Por isso não dá pra esquecer de fazer uma boa hidratação, bebendo
bastante água e usando produtos adequados no corpo. O Óleo Antiestrias da
Mustela foi desenvolvido com ingredientes naturais que ajudam a manter a
elasticidade da pele, de forma a prevenir o aparecimento de estrias. A grande
vantagem é que o toque é seco e você pode se vestir normalmente depois de
usar o produto, sem ficar com aquela sensação de pele gordurosa ou grudenta. O
Creme Estrias Maternitè é indicado para as grávidas usarem desde o início da
gestação e também no pós-parto, proporciona hidratação profunda e acalma a
sensação de coceira.

ps: Eu fiquei com duas estrias monstras na barriga após o nascimento do Martim.
Comecei a usar óleo da Mustela e elas estão quase desaparecendo. Recomendo
muitão.
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A maioria dos ginecologistas e obstetras recomendam segurar um pouco a


ansiedade e esperar ao menos 12 semanas para revelar a gravidez porque é
neste período que acontecem muitos abortos espontâneos. No final do primeiro
trimestre o feto já está formado e existem menos riscos de perda.

Mas eu repito, a decisão de quando contar e para quem contar é uma atitude
muito particular, veja o depoimento dessa madrasta:

"Quando engravidei pela primeira vez, eu e meu marido decidimos manter


segredo até que aquele período dos três primeiros meses passasse. Eu estava
tão feliz que quase não conseguia disfarçar das colegas de trabalho tamanha
excitação por estar grávida. Fomos só nós dois ao médico pra fazer os primeiros
exames, ouvir as batidas do coração do nosso bebê que estava com 10 semanas.
Minha enteada, então com 4 anos, não sabia de nada, mas olhava pra mim e
dizia que tinha certeza que havia um bebê na minha barriga! Ela dizia isso com
tanta convicção que resolvemos contar pra ela e a partir desse momento não
dava mais pra esconder, porque ela contava pra todo mundo!"

Você pode decidir contar para a família organizando um chá de revelação que
está super na moda, tem quem goste, tem quem não goste. Mas não esqueça
que o chá de revelação da gravidez ou do sexo do bebê é um evento da família,
da nova família que está se formando. Então, seria recomendado que todos os
filhos da casa fossem envolvidos no evento, afinal eles são irmãos do seu bebê.

Ao contar para os seus enteados, acolha todas as emoções que vierem. Não
tente suavizar ou amenizar. Lembre disso. Se houver choro, dê colo. Se vier raiva,
aceite e não se desespere. As crianças não sabem trabalhar suas emoções e
talvez muita insegurança venha à tona neste momento. Seja adulta e conforte-os.

E agora com muuuuuuuuuito amor no meu coração eu convido você para ler
um texto delicioso de uma grande amiga, a Educadora Parental Lua Barros.
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Lua Barros
Educadora parental, especialista em
inteligência emocional, mãe do João,
Irene, Teresa e Joaquim. E minha amiga
querida!

A chegada do segundo filho

A alegria do nascimento de uma criança convive com a morte da família de um


filho só e se a gente encarar esse luto de peito aberto, podemos lidar melhor
com as transformações que acontecem a partir dessa chegada.

Nascer mãe e pai de dois, significa deixar ir um ideal de parentalidade que existiu
até ali. A mãe atenta e dedicada do primeiro filho agora precisa se repartir, abrir
seu colo para atender mais de um. Esse processo é visceral e tem muitas
repercussões emocionais.

Vários sentimentos podem surgir nesse caminho. Você pode sentir raiva do bebê
que chega pondo fim a sua ilusão de mãe perfeita e provoca ciúmes no mais
velho. Pode sentir arrependimento por "causar" tantas mudanças, pode sentir que
é mais fácil amar o bebê do que o filho mais velho, que agora não se parece em
nada com a criança que você conhecia.
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Você pode também se sentir insuficiente e que está faltando para todo mundo.
Isso é parte do processo de desconstrução da mãe que consegue ocupar todos
os lugares e cuidar das necessidades de todos.
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"Todo sentir é legítimo.


Não se culpe ou se envergonhe"

Quanto mais espaço você dá para as emoções nessa chegada, melhor. É


nomeando, acolhendo e não julgando, que podemos atravessar o furacão que
um segundo filho provoca.

Busque lugares seguros para esses diálogos, abra espaço interno para nascer
uma nova mãe e um novo pai e não desperdice a chance de aprender outras
narrativas sobre o maternar/cuidar.

Apesar de assustado e caótico, o segundo filho traz uma leveza importante e a


certeza sobre nossa falta de controle. É bonito, pode acreditar.

Por fim, peça ajuda! Mande uma mensagem no grupo da escola se precisar de
carona para seu mais velho, combine visitas e brincadeiras, se mostre vulnerável.
Você não está sozinha nesse turbilhão de emoções e uma outra mãe, que
também se sentiu assim, vai conseguir te ajudar.

O vínculo do bebê com a casa, com os cuidadores


e com os irmãos pode ser estabelecido de várias
formas. Uma delas é estimular o contato com a
pele do bebê através dos produtos da Mustela.

Que tal pedir para a sua enteada ajudar a fazer uma massagem no irmãozinho?
Esse pode ser um momento muito gostoso, de conexão e amor. Prepare o
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ambiente com temperatura e iluminação agradável, coloque uma música suave e


escolha o melhor lugar para que a massagem seja feita. Pode ser na cama, no
chão ou no trocador, desde que exista segurança. O tempo de duração da
massagem depende das reações do bebê aos toques e movimentos. Você pode
começar com 5 minutinhos nos primeiros dias e aumentar gradativamente
conforme ele for aceitando. Os benefícios são muitos, a massagem ajuda a
relaxar, melhora o sistema digestivo e proporciona bem estar. Existem vários
produtos da Mustela que são adequados para o momento baby relax, por
exemplo: Óleo de massagem, Bálsamo Reconfortante, Hydra Bebê Hidratante
Corporal.
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Não quero expor a minha gravidez, não


quero mostrar a minha barriga

Isso pode acontecer por diversos motivos e é você quem vai decidir se vai
mostrar e como irá mostrar. Pode ser que você esteja com vergonha do seu
corpo ou esteja comparando a sua gravidez com a de outra mulher. Pode ser
que você não tenha uma boa relação com a mãe dos enteados e não deseja que
sua gravidez seja exposta. Pode ser que você esteja se comparando com a
gravidez dela e isso lhe cause algum desconforto. Quantos quilos ela engordou?
Ela estava bonita com a barriga de grávida? Fez chá de fraldas? Foi parto natural?
Por quanto tempo ela amamentou? Será que eu vou conseguir ser tão boa
quanto ela? Será ? Será?

Não compare o que não tem comparação. Não se julgue, não se cobre tanto.
Não alimente a rivalidade feminina. Seja gentil consigo mesma e entenda que
você é uma mulher que tem determinadas características físicas que certamente
são diferentes das da mãe dos seus enteados. Cada gravidez é única e especial.
Se a sua está evoluindo com saúde, você e o bebê estão bem, nada mais
importa.

E se o enteado sente vontade de tirar fotos da sua barriga e mandar para a mãe?
O que fazer? Ou depois do nascimento do irmãozinho, ele quer registrar os
primeiros momentos do bebê e a madrasta está lá toda descabelada e não se
sente confortável com a exposição? Vaidade? Privacidade? Quais são os limites e
como isso pode ser resolvido de forma harmônica na família? Conversando e
estabelecendo claramente quais são as atitudes que não vão ferir a privacidade e
a intimidade de ninguém. O puerpério é um momento cheio de nuances e vai
existir aquele momento em que você vai precisar ser a prioridade.
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Posso fazer o ensaio fotográfico de


gestante sem os meus enteados?

O nome já diz, é ensaio de gestante. Então a gestante tem todo o direito de


escolher como será o seu ensaio fotográfico. Se quiser a participação dos
enteados e do marido, tudo bem. Se quiser fazer sozinha, também está tudo bem.
Na gravidez da Flora eu não fiz ensaio nenhum, porque não senti vontade. Na
gravidez do Martim eu fiz um ensaio sozinha, estava me achando linda e naquele
momento me senti confortável para fazer as fotos. Aqui uma fotinho para vocês:
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Aqui tem uma questão bem doida que acontece: as pessoas opinando sobre as
escolhas da madrasta, julgando e causando. Tipo uma sogra dizendo que é
absurdo fazer ensaio de gestante sem o enteado! Ou então aquela amiga que
a-d-o-r-a opinar na sua vida, mas na hora de trocar uma fralda nunca tá por aí,
sabe?

Desapegue da opinião das pessoas. A gente não pode viver à mercê dos
comentários dos outros, a vida fica muito difícil assim. Outro dia encontrei esse
texto - espero que ele faça tanto sentido para você, querida madrasta, como fez
para mim:

"Não importa o que você faça, alguém não ficará satisfeito. Alguém
vai pensar que suas escolhas estão erradas. E alguém lhe dirá o
que você deve fazer em vez disso. Não importa qual caminho você
tome, alguém parecerá estar se saindo melhor. Alguém terá mais
do que você. E a vida de outra pessoa pode parecer mais
impressionante no papel. Se você estiver sendo fiel a si mesmo,
nada disso importará, porque você terá algo mais satisfatório do
que aprovação e a ilusão de “sucesso”: uma vida que parece certa
para você, baseada em seus próprios desejos, necessidades,
valores, e prioridades."
Lori Deschene
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Madrastas grávidas que já são mães:


o bebê não é o seu primeiro filho

Em 2021 o número de divórcios no Brasil aumentou em 40% em relação ao ano


anterior, de acordo com o Colégio Notarial do Brasil (CNB). Os divórcios
cresceram sobretudo entre os casais que têm filhos, e durante a pandemia foram
vários os fatores que contribuíram para que 1 em cada 3 casais optassem pela
separação. Estes dados elevam exponencialmente a probabilidade de novas
configurações familiares acontecerem no futuro.

Você é madrasta hoje porque seu companheiro já passou por um casamento


anterior. Você tem filhos que são frutos de outro relacionamento. Agora vocês
decidiram que terão mais um bebê na família e há muita complexidade envolvida
nessa decisão. A chegada de um bebê impacta na rotina da casa e
principalmente do casal, cria novas demandas e expectativas que precisam ser
ajustadas. É importante que a família seja amparada por uma rede de apoio que
possa suprir algumas das suas necessidades básicas e dar suporte à
maternagem.

Se alguém um dia te falou que nada vai mudar com a chegada do bebê,
esqueça! Vai mudar tudo! Converse com seus filhos e enteados e explique que
uma nova criança está chegando na família e isso vai impactar a rotina deles
também.
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Quem dorme com quem?


Outra pergunta que recebo bastante tem a ver com filhos e quartos em casa.
Quem tem um quarto sozinho? Quem divide quarto? Como montar o quarto do
bebê? O que um bebê precisa? E a famosa e polêmica cama compartilhada?

Eu vou dar para vocês a minha visão, ok?

Em algumas pesquisas recentes, vi que a Unicef recomenda que os bebês


durmam no mesmo quarto que os pais até os seis meses. A Sociedade Brasileira
de Pediatria fala a mesma coisa, mas já vi sites citando a SBP e falando em um
ano. Eu tenho dois filhos, vocês sabem, e não conseguiria imaginar dormir
separada deles tão bebezinhos. Para mim é algo incompreensível. Acho que eu
não conseguiria nem dormir se meus bebês não estivessem pertinho de mim.

Lembro quando perguntei ao pediatra da Flora: "quando o senhor acha que eu


devo tirar ela do quarto?" e ele respondeu: "você vai saber! Vai sentir. Vai chegar
um dia que você simplesmente vai sentir e vai tirar, não precisa se preocupar em
contar meses e dias. Simplesmente sinta". E foi BEM assim. Ela tinha 11 meses,
acordei um dia e disse: chega! Hora de autonomia! Conversei com ela, expliquei
tudo, fizemos essa transição juntas e foi maravilhoso.

Enquanto escrevo esse livro, o Martim recém fez um aninho e ainda dorme no
quarto conosco no bercinho dele. Eu ainda não sei quando vou tirá-lo, mas sei
que vai ser logo logo. Quando nasceram, meus dois bebês dormiram em um
bercinho colado na minha cama. Eu não queria que eles chorassem em outro
cômodo para pedir para mamar e sempre achei babá eletrônica uma coisa
estranha. Quero sentir meu bebê, ouvir e entender o que ele precisa. De novo,
essa é a minha visão. Se você quer usar babá eletrônica, óbvio que não tem nada
de errado com isso!
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Aos poucos a gente começa a entender o bebê, seus choros e resmungos. E


assim consegue decifrar para atender da melhor maneira possível. Uma coisa
que eu aprendi com o Martim que não sabia com a Flora: nem todo resmungo do
bebê precisa de correria para atender. Com a Flora, qualquer barulho que eu
ouvia saía correndo para olhar no bercinho, mas com o tempo (e com o segundo
filho!) descobri que os bebês são super barulhentos mesmo e que podemos
deixar que voltem ao soninho sem intervir - nem tudo precisa de atendimento
rápido e correria, a gente pode aprender a observar antes de intervir.

E depois disso, Mari, quem dorme com quem?

Eu acho que a melhor forma de pensar nisso é por idade. Quanto mais velhos
nossos enteados, mais privacidade e espaço precisam. Eu costumo orientar que
os quartos não sejam divididos conforme o tempo de permanência de cada
criança em casa, e sim de acordo com as necessidades das idades. Aqui em casa,
meus enteados tem seus quartos e a Flora tem o dela. Assim que o Martim sair
do meu quarto, vai ficar com a Flora. Acho que os pequenos podem ser boas
companhias e ela está empolgadíssima para dormir com o mano!

Eu sei que muita gente não tem a possibilidade de ter um quarto para cada filho -
e aí a gente precisa se adaptar. Eu brinco com as pessoas que devem guardar
todo dinheiro que gastariam para fazer o quartinho do bebê para pagar babá e
descansar de vez em quando (risos!). Meus bebês não tiveram quartinho, comprei
uma boa cômoda para trocar (para não morrer de dor nas costas trocando em
cima da cama!) e dois bercinhos: para bebezuco pequeno e o bercinho maior
para ficar um pouco mais. Junto a isso, um bom carrinho (olhe as rodinhas dele,
elas têm que ser grandes e boas para andar com conforto na rua!) e é isso: o resto
que o bebê precisa você já tem: peito, colo e amor que transborda.

O mercado de coisas para bebês é imenso e você vai se deparar com uma
quantidade de ofertas enorme de coisas que não precisa. De verdade,
precisamos olhar com consciência para o consumo. Nosso planeta já está
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sobrecarregado, a gente compra mais do que precisa, consome mais do que


precisa. São coisas com vida útil curta, sabe? Eu acho que temos a
responsabilidade de criar consciência sobre consumo, concorda?

Se esse fosse um livro de conselhos de consumo da Mari para novas mamães,


resumindo, eu diria:

● Compre uma boa cômoda para trocar seu bebê com conforto para sua
coluna,
● Compre poucas roupinhas e itens básicos para os primeiros meses - e vá
observando o que o bebê precisa e comprando aos poucos, conforme a
necessidade,
● Escolha um bom carrinho - confortável e com as rodas grandes! Rodas
pequenas travam na rua e a sua vontade de sair para andar vai diminuir
bastante se o carrinho for ruim. A gente precisa usar o design das coisas
para nos ajudar, concorda?
● Compre roupinhas que fecham com zíper - abotoar uma dezena de botões
a cada troca pode ser um grande desafio - você vai estar exausta e cada
botãozinho conta neste momento!
● Leia sobre a teoria da exterogestação: os bebês até 3 meses não precisam
de nada além de: comida à vontade, carinho e colo, chamego, conforto e
barulho! O útero é um local hiper barulhento, sabia? Por isso quando
fazemos "shhhhh" eles se acalmam. Não dê brinquedos, móbiles, luzes
piscando, nada disso. Comida e conforto. Colo e carinho. Aos poucos, com
o tempo, ele vai se desenvolver e você vai entender as necessidades dele
de brincar, de ir para a rua, de se conectar com outras pessoas. Por
enquanto é isso: você e ele naquele chamego sem fim. Manda ver no
mimo, tá?
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Os meus, os teus e os nossos -


problematizando essa expressão

Qual a diferença substancial que existe quando você pensa em filhos do


marido e em filhos da casa? Muda alguma coisa pra você? Pra mim muda tudo.
Aqui os filhos fazem parte do sistema complexo que é a nossa família e não
importa se os genitores são X e X ou X e Y.

Acho que é por isso que eu não gosto muito da expressão “os meus os teus e os
nossos” e que é muito comum nas rodas de conversa. Me parece um pouco
excludente e limitadora. Então esses da direita são os teus filhos e os da
esquerda são os meus, os do meio são os nossos. Os que comem pizza são os
teus filhos e os meus comem brócolis. Os nossos comem o quê mesmo? Nas
férias eu viajo com os meus e você com os seus, aí os nossos ficam na casa da vó.
Mas qual vó, a sua mãe ou a minha? E os teus podem chamar a minha mãe de
vó? Ou alguém criou uma lei que determina que os enteados não podem chamar
a mãe da madrasta de avó? Parece que em muitas casas essa lei existe, eu já
recebi muitos relatos de madrastas que sofrem com essa divisão familiar e não
conseguem integrar todas as crianças e todos os adultos.

Se existe diferença de idade entre as crianças, é óbvio que vai existir diferença na
rotina, nos interesses, nas atividades de final de semana, na alimentação. Os
adolescentes vão querer acordar ao meio dia, então se eu sair mais cedo com os
dois pequenos eu vou estar excluindo da família os dois maiores?

Ao invés de excluir, vamos tentar incluir: os filhos são da casa, daquela família que
habita ali, com todas as ramificações e combinações que couberem.
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O bebê vai chegar!


Relato de parto natural domiciliar
planejado do Martim

Aqui vou contar pra vocês como foi incrível a experiência de dar à luz meu filho
Martim, numa segunda-feira, 25 de outubro de 2021:

Acordei com bastante náusea. Os cheiros das coisas me incomodavam. Não


consegui almoçar nada e só sentia vontade de comer batatas cozidas e tomar
suco de açaí.

A Lu, que trabalha aqui em casa, só olhava para mim e dizia: vai nascer hoje.
Teoricamente, meus enteados voltariam da casa da mãe para a nossa, mas a mãe
deles me chamou por mensagem e disse: Mari, não vou mandar os meninos. O
Martim vai nascer hoje. E ela já tinha dito desde o começo, acreditam? Ela acertou
que ele nasceria dia 26 de outubro (achei essa data linda para nascer, por sinal).

A noite chegou e eu me sentia cada vez mais mole. Como se meu corpo
estivesse me deixando num estado completo de inatividade — já sabendo do
tamanho da atividade que viria depois. Jantei como se eu tivesse com a maior
ressaca da vida, mal conseguia pegar o talher. E aí comecei a sentir algo diferente
nas contrações de treinamento. Rodrigo colocou a Flora para dormir. Meu
cunhado (irmão dele) que mora em Floripa, chegou aqui em casa pra nos ajudar
com a reta final da gravidez e com a Flora naquela semana.

Eram 21h e eu telefonei para a Nati, minha parteira. Ela atendeu rápido, mas pela
voz senti que já estava dormindo. Que bom que foi dormir cedo, porque a
madrugada que viria depois deixaria ela bem acordada. Ela sugeriu que eu
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deitasse para descansar e quando sentisse, começasse a contar os intervalos das


contrações.

Me arrumei, escovei os dentes, ajeitei as coisas, deitei. E simplesmente não tinha


posição para que eu conseguisse dormir. Não dava para ficar deitada. Além disso,
ficar deitada me irritava profundamente.

Eram 23h, mais ou menos, Rodrigo estava terminando uma reunião online e eu
falei pro meu cunhado: "Acho que precisamos contar o intervalo das contrações"
— e assim descobrimos que elas já estavam acontecendo de 5 em 5min.
Essas primeiras contrações não são fortes, elas são apenas o comecinho. No meu
primeiro parto, que aconteceu em uma sala de parto humanizado no hospital, eu
fiquei bastante tempo em casa antes de decidir que seria a hora de sair, sentindo
essas contrações e a evolução do trabalho de parto.

Aqui tem uma coisa que eu acho muito importante de falar: a gente deveria se
dedicar mais a estudar o que é um parto, como ele acontece. A gente engravida
e pensa no quartinho, no enxoval. Mas e no ato de parir? Entender as fases do
trabalho de parto, o que está acontecendo com você e com o bebê em cada uma
delas, sabe?

Acho que o primeiro sinal de que eu realmente estava em trabalho de parto foi
esse: eu não conseguia ficar deitada. Meu corpo precisava de outra posição — e
aqui gostaria de lembrar que parto humanizado não significa parir em casa,
tampouco significa parir numa banheira, também não significa ter uma doula
ou acender velas.

Parto humanizado significa que a mulher é a principal protagonista dessa


experiência e que as coisas acontecerão da forma mais orgânica possível
respeitando as vontades e desejos dela — e desde que isso não apresente riscos
nem para ela, nem para o bebê.
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É possível acontecer um parto humanizado em casa ou num hospital. É possível


que uma cesárea seja humanizada.

O Brasil ainda tem uma esmagadora maioria de partos de cesárea eletiva, e essa
"onda" da volta da humanização do parto e do protagonismo da mulher não pode
servir como pressão para as mulheres passarem dos seus limites em busca dessa
experiência ou até colocarem seus bebês em risco. Fora a culpa e a tristeza que
aparecem depois, quando a idealização daquele parto não acontece.

Parto humanizado, para mim, tem a ver com escuta. É a escuta do corpo, dos
movimentos, das necessidades. E voltando ao meu parto, eu só sentia que
precisava começar a me concentrar para entrar nesse belíssimo ritual. Sentei na
bola de pilates. Rodrigo ligou para a parteira, que logo em seguida chegou.
Comecei a exercitar a respiração conforme as ondas das contrações iam e
vinham.

Eu só queria ficar em silêncio, de olhos fechados, respirando e me preparando.


Senti muito frio nesse momento.

As contrações são como ondas que saem da lombar e tomam conta da barriga
inteira. Enquanto elas estão acontecendo, não dá para falar, nem se concentrar
em mais nada. É um mergulho profundo que começa a acontecer e exige que
você esteja totalmente presente.

Junto com a Nati estava a Márcia, outra parteira da mesma equipe, que eu
conheci nessa gravidez. Elas foram tão maravilhosas que eu nem consigo
explicar direito, sabe?

Um parto domiciliar precisa de muita conversa, planejamento e profissionalismo.


Ter um bebê em casa é uma decisão séria.
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Aos poucos, meu corpo foi me dizendo que essa posição não ia dar mais. Tirei a
bola, fiquei de joelhos em uma almofada. E depois essa posição também ficou
ruim porque eu comecei a sentir que o meu bebê estava desencaixado. Ele ainda
tinha espaço demais porque eu estava inclinada para frente, então eu precisava
de algo que fizesse ele encaixar para trás. E aí toda a sabedoria dessas duas
parteiras maravilhosas me surpreendeu. Mudei de posição e a cada contração a
Marcia empurrava a minha barriga pra dentro, com bastante força. Na terceira ou
na quarta, eu sinto direitinho que o Martim encaixa na minha pelve.

A Nati me convida para fazer agachamentos. Em meio a tudo isso eu fiz VÁRIOS
COCÔS. E coloco em caixa alta porque a gente precisa se acostumar com a ideia
de C A G A R enquanto está parindo, gente. Não há nada para ter nojo. Nenhuma
mulher precisa ser "esvaziada" antes de parir. Nem depilada. Nem deitada. Nem
cortada. Nada.

Até aqui, acho que temos 1 hora e 30 minutos de parto. De um total de 3 horas da
primeira contração até ele nascer. Foi rápido demais!

E à medida que o nascimento dele estava mais perto, mais cocô. Não é preciso
ter medo nem vergonha desse momento. Depois que ele nasceu eu tinha
vontade de tomar um banho, sim. Mas enquanto o parto estava rolando, tudo
bem.

Depois dos agachamentos no banheiro a coisa ficou séria. Pedi para sentar na
banqueta de parto — eu tive a Flora sentada numa, achei que poderia ser um
lugar melhor para estar.

Até aqui a minha bolsa não tinha rompido. Exatamente a mesma coisa que
aconteceu no meu primeiro parto. O rompimento da bolsa foi mais ou menos 30
minutos antes do bebê nascer. Já estava no banquinho, dilatação bem avançada,
eu confesso que não lembro quanto de dilatação em cada momento. Estava
realmente entregue ao que eu estava sentindo.
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Aproveito para falar do Rodrigo agora, não sei se vocês perceberam mas não falei
nada dele até aqui. Essa primeira metade do parto aconteceu somente dentro de
mim. Eu não vi onde ele estava. Eu não vi movimentações ao meu redor. Uma
amiga nossa pediu para estar presente e assistir o parto (e foi ela que trouxe
picolés de limão) e eu simplesmente não vi ela chegar!

E acho que essa entrega é fundamental, sabe? Existem livros e conteúdos que
falam bastante sobre o papel do parceiro/a neste momento do parto, mas eu
queria muito lembrar que pode ser que você queira simplesmente parir —
comigo foi assim. Não quis massagem do Rodrigo, nem ele por perto, nem nada.
Eu queria estar entre as parteiras. E estar comigo mesma.

Dos agachamentos para a banqueta e aí aquela vontade absurda de fazer força


chegou. Eu queria rasgar o mundo com a minha força. E se você chegou até aqui
se perguntando o tanto de dor que eu estava sentindo… Sim, dói. Só que eu não
estava focada na dor que eu estava sentindo. Eu estava focada em parir meu
bebê.

Quando se fala em parto sem analgesia, a primeira coisa que as pessoas


perguntam é sobre a dor. Como se ela fosse a coisa mais importante de toda a
história. Dói. Sim, claro que dói. Mas quando você está fazendo força e focada em
parir, a ideia não é ficar o tempo todo pensando "nossa, que dor".

E assim nasceu Martim, às 3h04 da madrugada do dia 26 de outubro. A parte final


do parto é a mais intensa, obviamente. Mas ela é potente na mesma medida. Um
ser humano se formou completamente dentro de você. E a sua força — junto com
a sua presença — tem o poder de trazê-lo ao mundo.

Foi o Rodrigo que pegou ele quando nasceu e logo em seguida me entregou.
Depois disso deitei na minha cama com ele. As parteiras fizeram uma injeção em
mim, que evita hemorragia. Nasceu a placenta. Cortamos o cordão. E aí ficamos
ali aninhados com essa criatura amada e abençoada, só curtindo o cheirinho dele.
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Os protocolos de cuidado com um RN que nasce em casa não mudam: pediatra


vem visitar, as vacinas são feitas, peso, medidas, etc. Tudo é rigorosamente
cumprido e assegurado pela equipe. Eu me senti amparada, orientada e segura o
tempo todo. Mais que isso: eu me senti poderosa como nunca.

Espero que essa minha experiência tenha sido inspiradora para você. O parto do
meu segundo filho foi um portal que atravessei dentro da minha própria casa,
mas também dentro de mim. Entendimentos profundos de que eu sou capaz, de
que eu sou potente, de que eu sou energia em abundância para o mundo.
Escutar meu ritmo, meu corpo, meu filho. Fazer nascer. Nascer um filho de dentro
de mim, nascer uma mãe de novo por ele.

Por que trazer este relato?

Foi muito emocionante ter um bebê em casa, sim. Mas o objetivo de contar esse
relato é de inspirar você a pensar no seu parto como um momento seu. O parto
como um portal que as mulheres atravessam e que é importante demais para
que a gente não pense e estude a respeito.

O que acontece durante o parto com seu corpo? Quais etapas você vai passar?
Como cada uma delas acontece? Estude. Pesquise. A gente não consegue
planejar um parto, porque não temos como saber como a natureza vai se
comportar nesse momento, mas podemos estudar, compreender e saber como
acontece. Essa é a minha dica para você se preparar! Ler e ouvir relatos de
mulheres também pode ser super interessante para você criar repertório sobre
os partos.
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Onde ficam os enteados?

Uma madrasta grávida me perguntou se nos primeiros dias com o bebê a


enteada pode dormir em casa? A menina ainda demanda cuidados com o sono e
a madrasta sente que pode não dar conta de atender as duas crianças.

Claro que essa madrasta precisa de apoio e também precisa ser cuidada. Se ela
sente que não vai ser possível administrar as necessidades do bebê e da
enteada, ela precisa comunicar isso à mãe da criança, ao pai, aos parentes
próximos e solicitar uma solução. Não é necessariamente ela quem tem que
resolver o problema.

Vocês leram o meu relato de parto e perceberam que no dia em que o Martim
nasceu os meus enteados não estavam em casa. A mãe deles sugeriu que eles
não voltassem para a nossa casa naquele dia para que eu tivesse mais
privacidade na hora do parto. Foi uma escolha nossa, uma decisão que não
causou nenhum dano aos meninos. A Flora estava dormindo e eles estavam na
casa da mãe. Tudo certo para que eu e o Rodrigo estivéssemos concentrados e
disponíveis para o Martim. Eu me senti muito privilegiada por ter esse momento
íntimo preservado, mas eu sei que nem sempre acontece assim com outras
mulheres.

Não dá pra excluir os enteados da sua vida porque você está no puerpério. Eu sei
que esse momento é difícil, cheio de dores físicas e emocionais, e que muitas
vezes a nossa vontade é ficar só cheirando a cria e esquecer do resto do mundo.
A prioridade é o bebê e ele vai precisar de você para se alimentar, para se
aquecer, para dormir. Ele vai precisar que você esteja bem. E neste universo
vulnerável há de haver uma forma de integrar os filhos da casa com a criança que
acabou de nascer sem atropelar as suas necessidades de mãe recém nascida.
Estar conectada ao seu filho e aos seus enteados não pode ser mais importante
do que estar conectada com você mesma.
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Depressão e baby blues

A argentina Laura Gutman é psicoterapeuta junguiana, especializada em relações


parentais e uma autoridade nos assuntos sobre maternidade.

No livro A maternidade e o encontro com a própria sombra ela explica que o


puerpério é um período no qual a mulher pode entrar em contato com aspectos
não conhecidos do seu inconsciente, o que ela chama de sombra. O termo foi
criado por Carl G. Jung e se refere às partes desconhecidas do nosso
inconsciente.

A sombra pessoal, que todos temos, é desenvolvida a partir da infância e assim a


nossa luz e a nossa sombra vão se formando simultaneamente. A sombra (ou
zona escura) é aquele aspecto oculto, dolorido, que quase sempre queremos
deixar de lado. Mas se assim fizermos, ela vai aparecer nos momentos menos
esperados.

De acordo com os estudos de Gutman, por estar em fusão emocional com a mãe,
o bebê acaba revelando os aspectos sombrios dela e manifesta a sombra, aquilo
que não é reconhecido conscientemente por ela: “o bebê vive como se fosse dele
tudo aquilo que a mãe sente e recorda, aquilo que a preocupa ou que ela rejeita.
Porque, nesse sentido, são dois seres em um” ou ainda, “o bebê se transforma em
um espelho cristalino de nossos aspectos mais ocultos.”

Isso quer dizer que o puerpério é cheio de significados importantes e pode


provocar na mãe a perda de identidade e a desestruturação emocional e física.
Muitas mulheres puérperas relatam que perderam as referências dos espaços
que ocupavam e não são mais aquelas que dominavam o trabalho ou as outras
funções sociais que desempenhavam antes de se tornarem mães. Não é raro que
ela seja diagnosticada com depressão pós-parto ou baby blues, por estar
envolvida numa rotina cansativa, sentido-se sozinha, desamparada,
despreparada.
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Baby blues é um distúrbio transitório de breve duração que pode estar ligado a
uma sensação de melancolia, tristeza e irritabilidade e que geralmente aparece
nos primeiros dias após o parto, associado às mudanças hormonais que são
muito intensas nesta fase. É comum que esta sensação desapareça com o passar
do tempo, pois a mãe não perde a capacidade de cuidar do recém-nascido e de
si mesma.

Quando a sensação de tristeza e melancolia perdura por mais de 4 ou 6 semanas


após o parto é um sinal de alerta. Se a mulher apresenta dificuldades para
manter contato físico com o bebê, não consegue dormir ou alimentar-se de
forma adequada, sente-se culpada ou incapaz, perde a auto estima ou apresenta
falta de interesse, é possível que esteja desenvolvendo um quadro de depressão
pós-parto. Porém, a terapeuta Laura Gutman alerta que “ Para que uma depressão
pós-parto real se instale é necessário haver um importante desequilíbrio emocional
ou psíquico anterior ao parto, somado à experiência de um parto malcuidado (uma
cesariana abusiva, ter passado pelo parto sozinha ou sem a companhia de afetos,
ter sido vítima de ameaças durante o trabalho de parto ou ter sofrido desprezo ou
humilhação por parte dos assistentes), agregando também uma cota importante de
desproteção emocional depois dele”. Mas “em muitos casos, são diagnosticadas
‘depressões pós-parto’, quando a única coisa que acontece é um brutal encontro da
mãe com a própria sombra”.

O parto é um processo fisiológico que envolve uma descarga de hormônios


como ocitocina, prolactina e endorfina, que naturalmente possuem funções
antidepressivas. Existem estudos que revelam que as mulheres que viveram um
parto harmonioso e satisfatório apresentam menor probabilidade de manifestar
distúrbios e depressão no período do puerpério. Afinal de contas, não é proibido
se sentir triste depois que o bebê nasce. Você pode se permitir vivenciar todos
estes processos, conversar com alguém de sua confiança e pedir ajuda
profissional na intenção de se reconectar consigo mesma.

Além disso, é extremamente importante conseguir comunicar de forma clara que


a melancolia ou tristeza que você está sentindo não tem a ver com a existência
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dos seus enteados ou de outras pessoas no seu entorno. É um processo natural,


vai passar.

Referências:

Laura Gutman – A maternidade e o encontro com a própria sombra/ O poder do discurso


materno/ Mulheres visíveis, mães invisíveis

https://nascerebene.ch/documenti/baby-blues-depressione-pp/
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A Mustela vai te ajudar nos primeiros cuidados


com o bebê, com uma linha de produtos naturais,
com ingredientes ativos orgânicos, hipoalergênicos e
testados dermatologicamente.

O Shampoo Recém-nascido tem uma textura leve, ideal para os primeiros


banhos do bebê e ajuda a prevenir o surgimento da crosta láctea, que são
aquelas casquinhas que aparecem no couro cabeludo.
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E para que a pele do seu bebê fique mais hidratada depois do banho, sugerimos
o uso do Hidratante Calmante com Schisandra Orgânica que é sem perfume e
foi desenvolvido especialmente para a pele muito sensível dos bebês, pois ajuda
a acalmar a vermelhidão. A schisandra é uma frutinha de origem asiática e possui
propriedades que ajudam a reduzir o desconforto da pele sensibilizada.
A linha completa de produtos para os primeiros cuidados você encontra neste
link.

Eu tive a Flora em um parto humanizado no hospital - e escolhi que meus


enteados estivessem na sala de espera para entrarem na sala de parto assim que
ela nascesse. Existem pesquisas que comprovam que a criação do vínculo entre
os irmãos aumenta muito quando eles têm a oportunidade de conhecer os bebês
na primeira hora de nascimento. Como o Martim nasceu em casa e eles estavam
na casa da mãe, ao acordar a Flora já viu o pituco e naquele dia seguinte os
meninos vieram. Dois momentos mágicos que eu jamais vou esquecer!

Aqui é bem importante lembrar que você vai estar exausta. Vai precisar ser
cuidada, nutrida e alimentada. Especialmente nos primeiros quarenta dias do seu
bebê, não existe nada mais importante a ser feito do que conhecê-lo, nutri-lo e
estar presente. Aos poucos, conforme ele se aproxima dos três meses, a
intensidade tende a diminuir, você consegue entender seus ritmos e vontades,
seus chorinhos e desejos. As coisas vão ficar caóticas por um tempo, ok? Mas um
dia, juro, elas começam a voltar ao normal.
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Convivência familiar - Meu filho vai ser


aceito? Vai ter foto dele no porta-retrato
na casa da minha sogra?

“Na primeira vez em que estive na casa da minha sogra, já notei aquela estante
cheia de porta-retratos com fotos da família toda, inclusive do casamento do
meu marido com a mãe dos meus enteados. Eles já não eram mais casados há
dois anos, mas a foto permanecia lá, implacável. Fiquei pensando se algum dia
eu também estaria ali, no rol das imortais. Talvez não. Agora fico pensando se
vai ter espaço para a foto do meu filho e se ele vai ser considerado neto tanto
quanto os outros. Não tenho o direito de pedir pra ela retirar ou substituir as
fotos, mas eu sinto ciúmes e gostaria de ser incluída naquela família que
também é minha”.

Aqui percebo que essa madrasta está procurando encontrar o seu espaço dentro
da própria família. Ela não está se sentindo incluída na casa da sogra e teme que
o filho também não seja. Não há nada de errado em sentir ciúmes, não significa
que você está desejando o mal à outra pessoa ou partindo para uma disputa de
quem é mais importante na família. Converse com esse sentimento e pergunte o
que ele quer te dizer. Você sente ciúmes dos filhos do seu marido? Você sente
ciúmes da relação que a sua sogra tem com a mãe dos seus enteados? Se a sua
foto estivesse na estante da casa da sua sogra, você se sentiria incluída?
Oi ciúmes, obrigada pelo recado!

Mas Mari, existe alguma coisa que posso fazer?


Sim, você pode (e deve) acolher esse sentimento sem culpa e entender que ele
está revelando informações sobre você. Que vazio ele está sinalizando?
Se pertencer ao espaço das fotografias é muito importante para você, sugiro
então que escolha uma foto bem linda, compre um porta retrato e dê de
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presente para a sua sogra. Mas não esqueça que a casa é dela e é ela quem vai
definir quais as fotos que vão permanecer na estante.

Junto a este tema, convido vocês para tirarem dos pensamentos e vocabulário de
vocês qualquer coisa que tenha a ver com comparação do amor. Já falamos em
não ter filhos para "fazer do meu jeito", né? Já falamos também que a escolha de
ter um filho tem que ser mais pensada do que apenas porque o seu marido já
teve um filho com outra pessoa. Eu preciso que vocês entendam que o amor não
deve ser comparado. Não devemos viver analisando o comportamento das
pessoas e fazendo um ranking imaginário de como estamos enxergando o
quanto um dá para o outro.

Essa forma de viver comparando é muito prejudicial, porque faz você ficar
ruminando as coisas o tempo inteiro. Se a gente conseguir olhar para as crianças
como "as crianças da casa" ao invés de "filho dele" x "nosso filho", já temos um
bom caminho percorrido para parar com essas comparações.

Devemos cuidar das crianças com base em suas necessidades, que estão
relacionadas às suas idades - e não à barriga que nasceram!

Uma coisa que eu nunca tinha parado para pensar antes de começar a pesquisar
temas com as minhas seguidoras é que se os seus enteados não moram todo o
tempo com você, agora acabou o esquema da casa alternar entre ter filhos e não
ter filhos. Não tem mais aquele final de semana que você está só com marido, por
exemplo. Então é preciso um pouco de paciência e de ginástica na logística para
retomar alguns momentos a dois. Os irmãos mais velhos (sejam enteados ou
filhos) certamente vão sentir ciúmes e demandar mais atenção - ou seja; o projeto
namorico vai ter que encontrar suas brechas alternativas.
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Mas eu me mordo de ciúmes!!!


Chegou a parte da ciumeira. Todo mundo com ciúmes de todo mundo. Filho mais
velho com ciúmes dos bebês, madrasta com ciúmes do filho, do marido, dos
brinquedos, das roupas, meudeus! Socorro!

Vamos relembrar tudo que eu sempre falo sobre ciúmes?

● É uma emoção natural.


● Todo mundo sente.
● Tá tudo bem sentir.
● Não tá tudo bem brigar porque sente, nem bater nem quebrar coisas
● A gente precisa ajudar as crianças a desempacotar os sentimentos, sabe?
Falar a respeito, explorar para que consigam metabolizar e passar por
aquilo.
● Não use frases como "não precisa ter ciúmes". Seria tão absurdo quanto
dizer "não precisa fazer xixi" quando uma pessoa fala que vai ao banheiro.
● Entenda que a criança que está sentindo ciúmes do bebê que chegou não
sabe lidar com aquele sentimento. Não é que ela sabe e não quer, ela
simplesmente não sabe! Cabe ao adulto essa alfabetização emocional
deles, entende?

Quando engravidei da Flora, achei que o Vicente (na época com 9 anos) ia morrer
de ciúmes, porque ele passou os primeiros 6 meses depois que nós nos
conhecemos surtando toda vez que eu brincava com alguma criança. Achei que
ele ia se sentir mal, traído ou incomodado. Mas nunca aconteceu. Ele sempre foi
apaixonado pela Flora e vice versa.

Porééééééém, quando engravidei do Martim… até chute na barriga a Flora me


deu!!!! Foram meses tentando fazer ela entender que não iria me perder e que
estava tudo bem. Ela dizia que não queria que eu fosse mãe do Martim, que eu
iria abandoná-la. E eu com toda paciência do mundo explicando mil vezes: "quem
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decide ter bebês são os adultos, mas eu garanto para você que consigo ser
mamãe de dois".

Demorou muito para que as coisas se acomodassem, muito mesmo. Até que um
dia ela estava em Porto Alegre na casa da minha tia, com a filha do meu primo
que tem mais ou menos a mesma idade. A mãe da menina tinha saído para o
hospital para uma cesárea do segundo filho. A priminha tem uma crise de ciúmes
e quer a mãe de volta. Eis que dona Flora comenta:

"Maria Antonia, eu também fiquei com muito ciúmes da mamãe. Mas depois
passa, você vai ver que elas não abandonam a gente. Vai passar, eu garanto!"

Tente não comparar a atenção que o seu marido está dando aos enteados com a
atenção que dá ao novo bebê. Pode ser que ele esteja com medo de deixar as
crianças mais velhas desatendidas e esteja perdendo a mão. Lembre do mais
importante: vocês são uma família! Todos vocês! Não formem pequenos grupos
dentro da casa, como "a madrasta/mãe e o bebê" e o "pai com os enteados". E
caso as coisas estejam desconfortáveis para você, tente conversar de forma
aberta e compassiva - sem acusar ou agredir!

E agora mais um texto de uma convidada querida que me inspira muito como
mulher, como pediatra e também como… madrasta!
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Ana Carolina
Bueno e Silva
Médica pediatra, educadora parental
e madrasta do Pedro e da Clara

Madrasta e mãe – A visão da pediatra


Quando a Mari me chamou para escrever este texto, confesso que além da
alegria surgiu junto uma ansiedade e medo de como falar sobre algo com o qual
trabalho, afinal sou pediatra, mas ao mesmo tempo um tema cercado de dúvidas
e incertezas para mim, que estou em um momento que preciso definir se quero
apenas o maternar da madrasta ou se vou encarar também o maternar biológico.

Mas antes de falar sobre o que eu acho como pediatra vou me apresentar, sou
Ana Carolina, tenho 37 anos, belo horizontina e desde muito cedo sempre gostei
de crianças e da área médica, a pediatria me escolheu muito antes da medicina.
Como minha mãe fala, eu dizia que ia ser pediatra, ser médica era apenas o
caminho para isso. Minha criação apesar de tradicional, foi cercada de vários
encorajamentos e hoje vejo que meus pais mesmo sem conhecimento e
ferramentas disponíveis atualmente, buscavam uma educação respeitosa, ao
orientar eu e meu irmão para alcançarmos nosso melhor independentemente do
sexo que tínhamos. Na minha casa as tarefas domésticas sempre foram divididas
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por complexidade, eu e meu irmão fomos ensinados a cuidar da casa e dividir as


tarefas, sempre estimulados a ter autonomia, e mesmo sendo mulher, meu pais
sempre me ensinaram a ser independente, a buscar o sustento e que se fosse
para ter alguém ao meu lado seria para ser um parceiro e não um financiador.

Meu pai sempre falava que um casamento deve ser para somar, para ter um
objetivo de vida em comum, e não apenas para cumprir o papel social de ter
alguém do lado.

Apesar de ter recebido uma educação mais feminista, confesso que a


maternidade romântica e patriarcal sempre foi um sonho para mim, imaginava
que poder gerar um filho e ajudá-lo a se tornar adulto era uma grande realização
e um privilégio feminino sagrado. O meu sonho e desejo de ser mãe era tão
grande, que dizia que se não encontrasse alguém legal até meus 35 anos faria
inseminação artificial e seria mãe solo. Nessa época inicial, entender o papel de
madrasta para mim era muito difícil, tive poucas experiências quando
adolescente e jovem com madrastas bacanas, as que eu conhecia ou eram as da
Disney, ou mulheres que faziam questão de anular os filhos anteriores, como se a
nova família, não pudesse se misturar com a antiga. Os filhos eram da mãe, cabia
ao pai organizar suas duas famílias para que elas não causassem problema,
pagar pensão e pegar nos finais de semana já era o suficiente. Como nunca
concordei com a ideia de ex-filho, e por saber e entender a importância do pai na
vida de uma criança, achava que quem se submetia ao papel da madrasta só
poderia ser uma pessoa cruel, pois impedia que uma criança tivesse acesso ao
seu pai e a uma família apoiadora. Calma gente! Hoje sei da culpa do pai e muito
antes de ser madrasta já sabia cobrar de homens seu papel como pais,
independentemente do status de relacionamento com a mãe dos filhos, e muito
além de “troquei fraldas sou um cara foda”.

Na medicina e principalmente quando comecei a trabalhar com pediatria há 10


anos, confesso que estudar, encarar e conviver com o sofrimento humano, com o
limite do nosso corpo e o poder da nossa mente modificou vários paradigmas e
preconceitos que tinha, mas confesso que o principal foi sobre a maternidade.
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Falo que meu relacionamento com meus pais melhorou muito após vivenciar e
ver no dia a dia os sacrifícios que os pais (principalmente as mães devido à
pressão social) fazem por seus filhos. A romantização é uma forma cruel do
patriarcado gerar culpa, sofrimento e de não assumir a responsabilidade de
auxílio na criação das crianças.

O provérbio africano que diz que é necessário uma aldeia para criar crianças, tem
fundamentos científicos e evolutivos. Viver em sociedade foi uma necessidade
evolutiva de sobrevivência, já que o homem é uma espécie com o volume
cerebral muito grande em relação ao corpo, além disso andamos em pé, o que
nos exigiu quadris mais estreitos, para reduzir a mortalidade materno-infantil na
hora do parto era necessário nascermos de forma prematura. Se olharmos os
outros filhotes de animais, nossas crianças nascem mais vulneráveis e
dependentes, porém nascem mais maleáveis e abertas a ensinamento de novas
habilidades. Imagina uma mulher buscar alimento, defender-se de animais e
cuidar de um bebê que não consegue se segurar sozinho em seu corpo sem a
ajuda de uma sociedade? Estaríamos fadados à extinção.

Mas Carol, por que você está falando isso num livro sobre ser madrasta e mãe?
Porque precisamos entender nosso papel social e saber que escolhas sempre
terão consequências.Ter um filho é muito mais do que engravidar, as renúncias
envolvidas no processo, são mais intensas e profundas que nos contam. Não é
porque eu preciso de uma noite de sono completa que o cérebro do meu filho vai
amadurecer mais rápido e dormir a noite toda. Não é porque a raça humana
precisa aumentar e prosperar, que meu filho mais velho ou enteado não vai ter
ciúmes de dividir a atenção dos pais, madrasta e padrasto com irmão que está
para chegar. Entender o desenvolvimento humano e observar as escolhas como
adulta me fizeram perceber que meus pais fizeram escolhas muito mais difíceis
do que eles esperavam, e inclusive queriam assumir para mim, até numa forma
de me proteger e de encararem que fiz eles sofrerem muito mais do que
gostariam.
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Não gosto da ideia de que um pediatra precisa ter um filho para saber como é
difícil cuidar de uma criança. Mas confesso que até ser madrasta e saber o que é
morar com meus enteados, achava que a decisão seria mais fácil do que é. O
cotidiano com seres em formação, fazendo perguntas, indagações e
demandando escolhas imediatas que às vezes não dou conta ou não quero
resolver naquele momento é bem mais desafiador do que imaginei.

Apesar da empatia que tinha como pediatra, confesso que ao me tornar


madrasta, a única vantagem que tive foi saber que alguns problemas que eu
enfrentava eram normais do desenvolvimento humano. E me perguntava: como
agir sem surtar, ainda mais num papel socialmente discriminado? Até onde
poderia ir, até onde deveria relevar? Qual o limite individual que precisava impor
para não perder meu equilíbrio e colocar nas costas de duas crianças mais
responsabilidades do que eles já tinham?

Nesse contexto conheci a Mari e o Somos Madrastas, e através de um encontro


sobre inteligência emocional, ela me fez pensar além da minha dor e me
apresentou a Disciplina Positiva. E como sempre, me chamou a ter auto
responsabilidade, agir como adulta e focar nas soluções em vez de ficar
pensando e lamentando o problema. Acho que o que mais devo à Mari é o fato
de ela ter me tirado do papel de vítima por me fazer entender que sou
responsável pelas minhas atitudes (sim antes disso, apesar de toda terapia, eu
achava que era vítima indefesa).

Como pediatra, o que posso dizer a você é: não romantize a maternidade, estude
sobre desenvolvimento humano, faça terapia, descubra seus limites, e aprenda
que as emoções são nossas amigas, elas nos dizem o que devemos olhar. Nossas
crianças precisam de adultos equilibrados e acolhedores, para que se
desenvolvam de forma saudável e sejam adultos conscientes de suas escolhas.
Tenho muita esperança de que se curarmos nossas feridas em prol de nossas
crianças muito mais que fazendo nosso papel evolutivo, estamos evoluindo para
uma sociedade mais digna e igualitária. Como pediatra digo às madrastas o que
meu pai falou quando me apaixonei por um homem com dois filhos: “se ele não
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cuida do que é sangue do sangue dele, não vai cuidar de você”. Não no sentido que
apenas o laço de sangue é importante, mas no sentido que se esse homem foge
da sua responsabilidade como pai, irá te descartar quando você não for mais
interessante, não se iluda com relação a isso.

Ser madrasta é maternar, é escolher ter um filho que não nasceu de você, é ser
“mãe adotiva”, sem ter o poder de escolha de mãe, pois a mãe está lá, e ao
contrário do que te falaram e contaram para ela, vocês não são inimigas, apenas
duas mulheres que escolheram amar e cuidar da mesma criança. Você pode
ignorar seu enteado, mas isso não vai anular o fato que ele existe e é filho da
pessoa que você escolheu para compartilhar a vida. Devemos ser adultas,
entender que a criança está em processo de desenvolvimento, que não tem
ferramentas para lidar com o medo de abandono, ciúmes e o medo de estar
traindo a mãe ao estar com você. Respeitar a mãe do seu enteado não significa
que você concorde com ela, apenas que você entende seu papel social e, por
amor à criança, respeita a importância que os pais cuidadores terão naquela
família. Ignorar nossos medos e nosso papel, não vai fazê-los sumir, e sim você é
a adulta da relação, seu enteado terá o cérebro maduro apenas com 25 anos,
antes disso você pode orientar, acolher e determinar os limites.

Se você é madrasta e pretende engravidar, ou já é mãe, saiba que como pediatra,


madrasta e indecisa sobre o papel de mãe, entendo seus desafios, seus medos,
suas angústias. Esses problemas vão passar, seu enteado sentir ciúmes, é normal,
é só uma criança com medo de perder seu espaço. Se ele fosse seu filho
biológico isso iria ocorrer também, não é maldade sua querer a maternidade
biológica, você não está traindo seu enteado ao fazer isso, da mesma forma que
ele não está traindo a mãe ao amar você. O amor é mágico nesse sentido, ele não
se divide, apenas multiplica, cabe a nós sermos adultos e avaliarmos os
problemas gerados pela vinda da nova criança e acolher os sentimentos de todos
os envolvidos com maturidade e focando na solução.
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Meu irmão tem outra mãe? Por que eu


fico nessa casa o tempo todo e meu irmão
vai e volta?
Uma seguidora me contou que toda vez que o enteado saía da casa dela pra
voltar pra casa da mãe dele, a filha chorava e dizia: por que meu irmão tem outra
mãe? Se o papai é o mesmo, por que a mamãe não pode ser? Por que ele vai e
volta e eu fico sempre aqui?

Eu já tive essa conversa com a Flora, expliquei pra ela que os irmãos tinham a
mãe deles lá na outra casa. E que a rotina deles era diferente porque eles ficavam
XX dias na casa da mãe e XX dias na nossa casa. Sei que ela morre de saudade
dos “ermões” e isso já foi um motivo para que a gente mudasse os horários de
chegada dos meninos. Senti que a Flora precisava ficar mais tempo com eles,
então ajustamos a agenda para eles chegarem num horário em que ela ainda
estava acordada, pra poder aproveitar mais a presença deles. Quando a gente
conversa com as crianças e explica de forma simples, verdadeira e sem dramas,
elas entendem e elaboram os conceitos, sem preconceitos.
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Durante a minha formação como Especialista em Inteligência Emocional, conheci


uma mulher muito maravilhosa, também Educadora Parental e Consultora de
Sono Infantil.

Todo mundo já disse para você que a privação de sono pode ser
enlouquecedora, né? Na minha segunda gravidez, eu conversei com a Mona
ANTES do bebê nascer. Fizemos uma consulta online para que eu conseguisse
entender melhor a dinâmica que se criaria na minha casa (agora com 4 filhos!).

O tema do sono dos bebês é um universo cheio de informações muitas vezes


contraditórias - eu sugiro que você pesquise muito, leia bastante e depois disso
crie a sua visão de como quer fazer isso com seu bebê.
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Monalizza
Erlacher
Educadora integrativa do sono infantil,
Educadora parental em disciplina positiva.
E amiga da "Mari Maravilha"

O que te fez perder o sono?

Talvez o que te fez perder o sono até hoje foi pensar como seria a relação com a
mãe da sua enteada, já que decidiu se juntar com o cara que tem uma filha.

Talvez seu sono ficou leve de tanto avaliar se estava tudo bem dormir juntinho
com seu enteado fofo de 7 ou 8 anos de idade preocupada com as críticas
sociais de dormir com "o filho dos outros".

Talvez despertou de madrugada e foi chorar escondida porque se sentiu


sobrando durante a brincadeira de pai e filho.
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Talvez contar carneirinhos não te ajudou a voltar a dormir ao lembrar que aquela
criança disse: "você não é minha mãe", enquanto tentava segurar a mão do seu
enteado numa avenida movimentada.

E para a madrasta que agora também será mãe já aviso: vem aí novos motivos
para perder o sono, afinal você vai querer assistir a respiração do seu recém
nascido que parece não mover a barriguinha enquanto dorme.

Talvez desista de colocar ele no berço e permaneça com aquele ser minúsculo
colado em você porque é o único jeito que faz as cólicas desaparecem.

Amamenta, mas fica se perguntando se sai leite o suficiente


Volta ao trabalho e sente que o cheiro do bebê te viciou

Talvez fique comparando o amor que sente pelas crianças numa balança e se a
medida tá justa.

Então estou condenada a privação de sono? Claro que não!


Existem muitas formas para acalmar seu bebê e ajudá-lo a dormir. E eu poderia
aqui listar algumas, mas prefiro destacar o segredo verdadeiro (o pó mágico) que
faz crianças dormirem como anjos: segurança.

Não existe nada mais potente que a sensação de segurança para que o corpo
relaxe e se entregue ao mundo obscuro do sono.

E onde vende isso Mona?


Ah! É de graça, mas custa.

Custa seu esforço pra não pensar nas missões que tem que executar assim que o
seu bebê dormir.
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Custa também a sua habilidade de respirar e se manter presente de corpo e alma


enquanto nina vagarosamente o seu recém nascido no escuro.

Custa desapegar do controle e permitir ser conduzida por uma voz bem baixinha
que sussurra dentro de você dizendo: "logo ele não caberá no seu colo" ou
"aproveite esse cheirinho."

Filhotes que adormecem ao lado da mãe não temem o predador.


Essa segurança não significa necessariamente cama compartilhada, significa que
o filhote sabe que assim que precisar a mãe virá de algum lugar, então ele pode
simplesmente dormir em paz!
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Luto gestacional, neonatal e infantil


Você chegou agora numa parte do livro que não foi muito agradável de escrever.
Abri este espaço aqui para falar do luto de perder um filho, uma dor indescritível
que não caberia nem em mil páginas.

Quando a mulher descobre que está grávida, quase sempre é inundada com
sentimentos de alegria, euforia, misturadas com medo, desespero e insegurança.
Será que está tudo bem com o bebê? Será que vou ser uma boa mãe? Ela quase
nunca pensa que aquele ser tão pequeno que está se desenvolvendo dentro da
sua barriga vai se desintegrar em poucas semanas. É assim que acontece quando
a gravidez é interrompida nas primeiras semanas de gestação.

Eu hoje poderia ter um filho de 10 anos se não tivesse sofrido uma perda com 13
semanas.

E mesmo sendo mãe de dois e tendo tido dois partos maravilhosos, eu nunca vou
esquecer daquele dia em que perdi aquele bebê. A gente precisa aprender a
falar sobre esse tema, a expor essa dor e a abrir espaço para que as mulheres
sintam isso sem julgamentos.

Luto não reconhecido pela sociedade


O luto da perda gestacional é um daqueles classificados como não reconhecidos
pela sociedade, de acordo com a psicóloga Gabriela Casellato, que tem um
estudo profundo sobre o tema em três livros publicados. Ela diz que nestes
casos, o que fracassou foi a empatia, a capacidade do ser humano de acolher a
dor alheia, invalidando os sentimentos de quem está vivendo o luto. Parece que a
mulher não tem o direito de chorar a perda de um filho que nem nasceu, que
viveu dentro dela por poucas semanas.
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“Duas semanas depois de eu ter ouvido o coração do meu bebê no exame de


ultrassom, tive uma das piores experiências da minha vida. Era madrugada de
sábado, senti uma dor muito, muito forte. Levantei da cama e fui ao banheiro, eu
estava sangrando. Fiquei apavorada, chamei meu marido e falei para irmos ao
hospital. Enrolamos minha enteada num cobertor e fomos os três pra emergência
da maternidade. Ela estava sonolenta, não sabia exatamente o que estava
acontecendo. Ela não sabia da gravidez, tínhamos decidido não contar. Na verdade
só a minha mãe e a minha sogra sabiam. Aquela ida ao hospital no meio da noite
resultou numa perda gestacional que afundou todos os meus sonhos de
maternidade. Fui atendida por uma médica muito atenciosa que foi delicada ao me
dizer que eu estava tendo um aborto espontâneo. Mas eu não posso dizer o mesmo
do restante da equipe que me assistiu, desde a sala de cirurgia até a recuperação.
Eu era apenas mais uma ‘cureta’ a ser feita naquela jornada de trabalho. Eu era
uma mãe perdendo o seu filho, sentada numa sala de espera enquanto as grávidas
chegavam para parir, felizes, cheias de expectativas. Eu era uma mulher sem
barriga na ante-sala da cirurgia, sentada ao lado de uma com uma barriga enorme.
Eu chorava e não podia compartilhar a minha dor com ninguém, porque as
enfermeiras estavam atarefadas com as que tinham acabado de parir e que
ficavam ali, na mesma sala de recuperação. Mães com filhos ouvindo o choro dos
seus bebês. Mães sem filhos ouvindo o seu próprio choro. Fecho os olhos e ouço a
voz da enfermeira dizendo pra eu não ficar triste, que isso é muito comum e que eu
poderia fazer outro filho daqui a pouco.”

São perdas intangíveis e que geram muito sofrimento. O relato dessa madrasta
reflete o despreparo das equipes médicas e a falta de empatia no cumprimento
dos protocolos de atendimento.

Será que é assim que a gente quer se sentir? MAIS UMA curetagem, além das
tantas que são feitas todos os dias em hospitais do Brasil? MAIS UM número, uma
estatística?

Em 2019 o SUS registrou que a cada 100 abortos, 99 são espontâneos. Em média,
acontecem 535 abortos todos os dias. São 535 mulheres que estão vulneráveis,
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pedindo ajuda, precisando de apoio, sofrendo um luto gestacional.


(Fonte:https://piaui.folha.uol.com.br/os-abortos-diarios-do-brasil/)

Estima-se que no mundo, cerca de 15% das gestações terminam em abortos


espontâneos, de acordo com um estudo da Revista Lancet. Há ainda aqueles que
não são notificados e todos eles podem ser entendidos como a perda de uma
gravidez antes da viabilidade.
(Fonte:https://www.cnnbrasil.com.br/saude/uma-em-cada-10-mulheres-sofr
era-um-aborto-diz-pesquisa/)

Essa minha amiga que escreveu o depoimento não é só mais uma. Era a primeira
vez que ela perdia um filho e o sofrimento dela não pode ser minimizado por
ninguém. Dizer simplesmente que a mulher pode tentar fazer outro filho
novamente fere a alma e todos os protocolos de atendimento.

Luto neonatal ou perinatal - para criar


memórias e histórias de amor
É dificílima a tarefa da mãe que precisa acolher seu bebê nos braços, sabendo
que pode ser a última vez. A Dra. Monica Nardy, ginecologista e obstetra, fala da
importância do parto normal mesmo quando for para parir um filho não vivo.
Segundo ela, o tempo de trabalho de parto faz parte da despedida, gera conexão
e encerra um ciclo de vida e morte. A elaboração de um luto saudável significa
também entender que essa mulher sempre será mãe e que o vínculo não é
rompido com a ausência da criança.

Os pais do bebê precisam ser autorizados a pegá-lo no colo, acariciá-lo, vesti-lo e


vivenciar a despedida da forma como acharem mais adequada. A psicóloga
Daniela Bittar diz que “nenhuma mãe e nenhum pai deveriam ser privados de ver o
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filho morto, de sentir seu cheiro e de conhecer seus traços, de ter o seu registro, se
assim desejarem”.

É por isso que existem profissionais especializadas em criar memórias e histórias


de amor, como o Grupo Colcha, um coletivo que foi criado para acolher famílias
enlutadas pela perda de seus bebês. As voluntárias produzem textos, fotos,
lembranças que retratam carinho, amor e acolhimento no momento de extrema
dor.

Luto paterno
Sim, é preciso falar sobre o luto paterno também. O fato de o seu marido já ser
pai não significa que ele não sofra pela perda do filho de vocês. Talvez ele não
consiga chorar, externalizar ou elaborar imediatamente o que aconteceu. Não
vamos cair na armadilha de invisibilizar a dor paterna nessa hora tão triste para a
família. É lógico que existe uma dor física que o homem não sente, não foi no
corpo dele que aconteceram as contrações ou a cirurgia. Mas é a família que
precisa realocar as pecinhas daquele quadro desfeito e lidar com o luto da forma
como for suportável para cada um. O luto é individual.

Equipe médica – assistência e


acolhimento às famílias que perderam
seus filhos
É fundamental que existam protocolos humanizados para o acolhimento de
famílias enlutadas pela perda de bebês ou crianças. Os profissionais de saúde
que assistem às pessoas precisam estar preparados para escutar, acolher e não
julgar a dor e o sofrimento de quem está passando pelo luto. As equipes de
médicos e psicólogos têm o dever de ajudar a família a elaborar os sentimentos,
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adaptar as rotinas, vivenciar a falta e respeitar o tempo que cada um vai levar
para assimilar as perdas.

O mês de outubro é considerado o mês internacional de conscientização e


sensibilização da perda gestacional, neonatal e infantil. Se você sente que precisa
de ajuda, procure assistência profissional. Existem vários grupos de apoio que
podem ser importantes para quem está passando por uma situação assim.

A experiência da perda só se tornará menos dolorosa se ao longo dela nos


entregarmos e nos transformarmos, e, se possível, se tivermos a oportunidade de
transformar o outro. (Ana Claudia Quintana Arantes, médica)

- Damiana Angrimani – psicóloga e coordenadora do Instituto Luto Parental - @damiangri

- Instituto Luto Parental @institutolutoparental

- Mãe de Anjos para Sempre @maedeanjosparasempre

- Grupo Colcha @grupo_colcha

- Sentir Mulher @sentirmulher

- Daniela Bittar - psicóloga puerperal, perinatal e familiar, especialista em perda neonatal e


gestacional - @daniela_bittar

Para aprofundar no assunto:

- Gabriela Casellato - Dor silenciosa ou dor silenciada: perdas e lutos não reconhecidos/O resgate
da empatia: suporte psicológico ao luto não reconhecido (Org)/Luto por perdas não legitimadas
na atualidade.

- Ana Claudia Quintana Arantes. - A morte é um dia que vale a pena viver.

- Podcast Finitude – Episódio de 06/10/20 – Luto gestacional e neonatal/Episódio de 13/10/20 –


Como lidar com o luto gestacional e neonatal?/ Episódio de 24/11/20 – O que é o luto não
reconhecido?
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O pai do seu enteado será o pai do seu


filho

Se o seu companheiro se sente inseguro pelas experiências anteriores com a


paternidade e tem medo de reviver certas situações agora, este é um ótimo
momento para vocês conversarem e fazerem alguns combinados que vão
orientar a vida da família daqui pra frente.

Separar a dor, a culpa e a frustração que envolve o casamento que existiu da


educação que vocês precisam dar para os filhos é o primeiro passo para assumir
as responsabilidades parentais.

Paternidade após a separação - Ajudando novas famílias a criarem crianças


com amor, respeito e limites, mesmo sem conviver todos os dias, é o outro livro
que escrevi e que aborda a construção de uma parentalidade responsável em
educar os filhos para a autonomia e independência.
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E os PITACOS, Mari?

Eu lembro exatamente da primeira conversa que tive sobre meu futuro filho com
uma pessoa da família e ela disse: "bebê tem que usar chupeta!!!". Naquele
momento eu fiquei furiosa, como se a pessoa estivesse me agredindo
diretamente ao falar de uma escolha que eu não queria para a minha criança.

Meu bebê JAMAIS vai usar chupeta. Que horror. Pedaço de plástico na boca da
criança. Corta, Flora tem 45 dias e eu estou ajoelhada implorando pra ela pegar a
chupeta que estou pra colocar na boca dela. EU AMO CHUPETA.

Mas a questão aqui são os pitacos: eles irritam, deixam a gente perdidas. A sua
maternidade vai acontecer da melhor forma para você, seu filho e seu entorno.
Mas como eu gosto de solução prática, o que eu fiz foi: uma lista de mulheres
que eu admiro no maternar (mães e madrastas amigas) e decidi que eu só
aceitaria conselhos delas. A todas as pessoas que me disseram o que fazer e o
que não fazer, eu apenas respondia: "Obrigada pela sua preocupação e seu
carinho". PONTO FINAL. Pensa comigo: vale a pena levar para o lado pessoal?
Vale a pena "brigar" por um ponto? Interprete os pitacos como preocupação,
aceite e vida que segue. A não ser que a pessoa pitaqueira seja uma fiscal,
dificilmente ela vai andar atrás de você para ver se cumpriu a ideia dela. Let it go,
Frozen.

E quando você realmente você tiver algo para compartilhar ou alguma ajuda para
pedir: olhe aquela listinha das mulheres cujo maternar você adm
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Querida madrasta!

Chegamos ao final deste livro e espero que o conteúdo tenha sido importante pra
você, que tenha ajudado a olhar com mais carinho para algumas situações da sua
vida e que tenha despertado reflexões sobre o seu papel de madrasta e de mãe.
Eu criei o @somos.madrastas pra falar sobre algumas dores que doem em mim.
Encontrei uma turma de mulheres que compartilham das mesmas angústias e
estão dispostas a caminhar comigo nessa jornada intensa e complexa de
maternar as crianças da casa. Ganhei força, criei confiança e sou grata pela família
que tenho e pela história que estou escrevendo na linha da vida.

Encontrei uma marca sensível que acreditou ser relevante patrocinar este
conteúdo. A Mustela é nossa parceira e através dos produtos maravilhosos
oferece imenso carinho para os cuidados com o corpo da mãe e do bebê.
E eu fico feliz por este trabalho e te ofereço com todo o meu amor!
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Especial Mustela (eu te adoro!!!!)


As crianças aprendem imitando as atitudes dos pais. Manter bons hábitos de
higiene e de cuidados com a pele são um bom exemplo para os pequenos. Lavar
as áreas íntimas do bebê com o Gel higiene áreas delicadas ajuda a prevenir
irritações e coceiras e pode ser usado diariamente no banho, no chuveiro ou na
banheira.
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Qual é a madrasta que nunca cortou as unhas do enteado? Ou que nunca


reclamou da sujeira embaixo delas? Muitos vírus e bactérias podem se
desenvolver embaixo das unhas e por isso é fundamental fazer a higiene das
mãos várias vezes ao dia e manter as unhas curtas e limpas. Em tempos de
coronavírus, onde a etiqueta respiratória é algo que se exercita todos os dias,
vamos ensinar as nossas crianças a tossir e espirrar de forma adequada,
protegendo a boca com o cotovelo ou com um lenço de papel e logo depois
higienizar as mãos. O Gel Lavante Suave Mustela, além de lavar o corpo e o
cabelo do seu bebê desde o nascimento, também é ótimo para lavar as mãos
das crianças e dos adultos.
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Você é aquela mãe/madrasta que sai de casa levando criança, carrinho,


cachorro, bolsa, chave de casa, celular, guarda-chuva, mochila? E mesmo assim
às vezes esquece de levar um lencinho umedecido para te salvar nas
emergências? A criança se sujou dentro do carro, na pracinha, no corredor do
supermercado... Ai que situação! Então a sugestão é sempre ter na sua bolsa um
pacotinho de Toalhas de Algodão Mustela à base de água. Elas são feitas de
fibras naturais, não agridem o meio ambiente, são biodegradáveis e vão te ajudar
muito na hora do aperto.
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Obrigada do fundão do meu coração:

A todas vocês que me seguem e enchem meu direct de


amor e desabafos. É um orgulho enorme criar conteúdo
para vocês.

Marilla, Gui e Carina, da Mustela Brasil


Por acreditarem nesse tema, nessa ideia, nesse conteúdo. É um privilégio
enorme ser embaixadora de uma marca que está a serviço de conteúdo
relevante para a comunidade do Somos Madrastas!

Glaucia Grigolo
Revisora, escritora, co autora, amiga, confidente, madrasta, inspiração!!! Se eu
puder escolher uma irmã para a vida, é você que eu quero, tá?

A Glaucia é autora de um livro sobre o tema da Madrasta também! Quer


conferir? Clica aqui nesse link: https://amzn.to/3mSaqT5
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