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Sinopse Planeta: Em uma série de postagens na internet, o jovem – e

extremamente autoconfiante – psiquiatra Parker H. conta suas experiências


como médico residente em um sombrio manicômio de New England. Nesse
hospital, Parker assume a tarefa de tratar um misterioso paciente. Trata-se do
mais antigo caso do lugar: Joe, um homem considerado de grande risco,
internado na instituição desde que tinha apenas seis anos de idade. Não há
diagnóstico preciso para sua enfermidade, mas o quadro parece piorar dia a
dia. Aqueles que já tentaram curar o paciente – ou mesmo se aproximar dele
– acabaram se entregando à loucura… ou ao suicídio. O jovem médico
calcula mal os riscos dessa relação, que se mostrará muito mais perigosa do
que ele antecipava. Parker pensa ter a solução para o caso, e de fato
consegue ir mais longe que qualquer outro profissional antes dele. Mas a que
preço? (Resenha: O Paciente – Jasper DeWitt)

Opinião: O Paciente promete em frases de marketing e citações de


avaliações de jornais muito, mas muito mais do que entrega. E a quem se
deixa seduzir pela promessa de um terror em que “ele vai usar seus piores
medos contra você”, a sensação ao virar a última página é de que caiu num
engodo. O thriller psicológico, escrito na forma de posts em uma espécie de
blog ou grupo de médicos, cria logo nas primeiras páginas um clima de
tensão pra lá de envolvente. E fica nisso, derrapando do meio para o fim
numa sequência improvável de cenas sem sentido, muita forçação de barra e
a nítida certeza de que o autor não fazia ideia do que, de fato, tinha
imaginado para esse tal paciente.

A premissa a qual somos apresentados logo no começo de O Paciente


sugere que o Dr. Parker, um jovem psiquiatra com alto poder intelectual, vai
encarar seu maior desafio profissional ao tentar tratar um misterioso paciente
internado desde que era criança. Joe, como é chamado, é mantido
trancafiado em um quarto e pouquíssimas pessoas têm acesso a ele. No
histórico dos anos, os que o trataram ou medicaram simplesmente ficaram
loucos, perturbados a ponto de caírem em estado vegetativo ou cometeram
suicídio. O caso mais recente acontece pouquíssimo tempo depois do Dr.
Parker iniciar seus trabalhos no hospital.

Pois bem, qual o mistério em torno de Joe? O que ele provoca nas pessoas
que têm contato contínuo com ele? Isso é o que, teoricamente, o livro se
propõe a explicar ou, pelo menos, nos dar aquela amostrinha capaz de
causar incômodo. E sendo bem sincero, Jasper DeWitt consegue construir
uma narrativa que prende a atenção na medida certa e provoca curiosidade.
Dessas em que vamos avançando sem parar nos capítulos, narrados em
primeira pessoa pelo Dr. Parker, para aprofundar mais e descobrir quem é
Joe. Só que isso nunca acontece pra valer. Ou melhor acontece de formas
que, pra minha experiência como leitor de thrillers e terror, meio que ofendeu
minha inteligência.

Qual o problema de O Paciente? Simples! Há um suspense muito bem


construído em torno do paciente Joe cuja explicação não acontece em
momento algum. As justificativas e sequências finais, que trazem até um tour
absurdo pela antiga casa de Joe com direito a paredes quebradas e
esqueletos escondidos, pode até ser convincente se tivermos aquela boa
vontade com o autor. Só que é raso. É um mistério que o autor preferiu deixar
nas entrelinhas para a interpretação de cada um, mas que não tem nada,
nem um milímetro, de incômodo, assustador ou mesmo cientificamente
perturbador. Não dá nem pra passar o pano dizendo que “a mente humana é
um mistério”.

O curioso é que a concepção e a construção do mistério são bem-feitas


demais. E a todo momento eu acreditava piamente que o autor ia sacar da
manga um desdobramento profundo e perturbador que justificasse todo o auê
em torno do personagem. E olha que eu estava disposto até a encarar uma
sessão de exorcismo com diabos saltando das paredes e gargalhando na
minha cara, mas…

Entrando para aquela malfadada lista de piores leituras e promessas


não-cumpridas, O Paciente foi de longe a frustração do ano. Mas, como
sempre reforço quando minha avaliação aqui é negativa (ok, nesse caso foi
abaixo de zero), essa é uma impressão que veio a partir das minhas
experiências de leitura. Principalmente pela quantidade de thrillers que
consumo ao longo do ano. Estou super disposto a receber comentários de
vocês que leram o livro e possam me trazer outros pontos de vista e quem
sabe percepções que eu não tive. Já no quesito “indicação de leitura”, O
Paciente é uma obra que eu não recomendo.

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