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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 1

SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 1

O PROFETA HOJE
Por John Maclauchlan

Na sociedade em geral, o termo "profeta" é altamente suspeito, e é


freqüentemente
associado na imaginação popular com ofícios ocultistas tais como adivinhos,
quiromantes e
necromantes. No outro extremo, o termo torna-se totalmente neutralizado quando é
usado
em referência a uma pessoa com boa capacidade de previsão: um comentarista político
ou
um prognosticador econômico.

No movimento carismático o profeta tornou-se um perpétuo anunciador de


palavras
inspiradas, alguém que exercita regularmente o carisma da profecia, ao mesmo tempo
em
que para a maior parte da igreja evangélica ele já se tornou extinto.

De fato, haver profetas de Deus é postulado pela existência de um Deus que


se
expressa. Um Deus que não só fala à sua criação e às suas criaturas através de
eventos
materiais, mas que fala aos homens através de homens. Tal é a natureza inevitável
de um
Deus pessoal que fez a criação e os homens a fim de se expressar neles através
deles. Na
verdade, Deus chegou mesmo a declarar que suas ações nunca excederão à revelação
profética dada por ele! (Am3:7). Se alguém argumentar que Deus tem falado
plenamente e
de modo conclusivo a nós pela encarnação do seu Filho, responderemos que o seu
Filho
ainda está falando (At.1:1), e que ele faz isto dando profetas à sua igreja
(Ef.4:11).

O termo mais antigo para profeta é roeh, vidente, uma palavra também usada
para
visão profética. O termo posterior é nabi', aquele que fala, porta-voz, profeta.
Nabi' vem de
uma raiz que significa levantar-se, vir à luz ou inchar. É relacionada com a
palavra para um
ribeiro borbulhante e com verbo jorrar, esguichar abundantes sons e palavras
(Pv18:4).
Pode ter um sentido passivo, como de "alguém que se faz borbulhar com o Espírito de
Deus,
que é inspirado", mas é mais corretamente interpretado como tendo um sentido ativo
e
contínuo: "alguém que jorra as palavras de Deus", um divulgador divinamente
inspirado, um
anunciador, um porta-voz (Êx7:1; 4:16). Portanto, há um aspecto anterior, passivo e
receptivo no profeta: ele vê. E há um aspecto ativo, comunicativo: ele fala. Ele
não é uma
boca meramente; ele tem revelação e percepção da parte de Deus, e é comissionado a
comunicar e agir como porta-voz de Deus, compartilhando de um coração cheio de
visão e
revelação.

ELE VÊ
Conclui-se que o profeta terá um papel a desempenhar sempre que Deus estiver
falando ou agindo. Através dele Deus expressa sua vontade, seus anseios e
propósito. O
profeta vê o que Deus está fazendo e dizendo antes de expressar e anunciá-lo
(Am1:1).
Deus desvenda o seu propósito ao profeta, pois sem tal revelação ele permaneceria
encoberto (Am3:7). Este desvendamento não vem necessariamente por meio de uma
palavra repentina que lhe "cai do céu", mas mais freqüentemente consiste de uma
crescente
percepção, um arraiar de revelação, pois o profeta está constantemente ouvindo a
Deus
com o coração e o ouvido de um discípulo (Is 50:4,5). Depois de ter visto e ouvido,
é natural,
ou melhor, inevitável, que ele fale, assim como é natural que o temor siga ao
rugido do leão!
(Am 3:8).

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Como vidente, o profeta vê claramente e tem percepção até de eventos


presentes (2
Rs 6:12). A sua preocupação o tempo todo é com a realização do propósito e desejos
de
Deus, e ele procura cumprimento e consumação. Ele compreende as coisas como estão,
mas não as aceita sem mudança. Ele declara a palavra criativa e energética de Deus
dentro
da situação presente, e esta palavra torna-se evento ou acontecimento, mudando o
que está
ao seu redor. Portanto, uma prova da autenticidade do profeta é se sua palavra
acontece,
tornando-se realidade (Dt 18:22).

A personalidade do profeta se envolve muito na sua profecia. Seu


temperamento, a
vivacidade da sua imaginação,o tipo de imaginação que possui, seu treinamento
mental e
sua formação, todos têm um papel. Ele é um homem preparado por Deus desde o ventre
da
sua mãe, e tem sido guiado por um caminho formativo ordenado por Deus. Desta forma
Ezequiel expressa sua mais alta revelação em termos do templo tão bem conhecido por
ele,
e Amós usa figuras da sua vida de pastor de ovelhas. Isto não significa que a
profecia seja
sempre idêntica à opinião própria do profeta, conforme percebemos claramente na
história
do conselho que Natã deu a Davi (2 Sm 7:1-16). Primeiro ele deu conselho, mas este
foi
anulado pela palavra do Senhor. Mas, tendo em vista que o profeta é um homem que
vive
pela vontade de Deus, e que se permite encher e ser motivado pelos anseios e
desejos de
Deus é de esperar que ele experimente um nível cada vez mais alto de unanimidade
com o
seu mestre!

ELE DECLARA

O assunto do profeta corresponde com a sua percepção e carga: a vontade e o


reino
de Deus. De fato, esta é a substância de toda a revelação de Deus ao seu povo. O
profeta
Moisés (Os 12:13) declarou a vontade de Deus para formar uma teocracia, e toda a
profecia
posterior está em harmonia com isso. De fato, um critério para julgar profecia é
que qualquer
profeta que afasta o povo da obediência a Deus é um profeta falso (Dt 13:1-3).

O profeta anuncia a vontade e o alvo de Deus. Constantemente fala além das


limitações do presente e declara o reino perfeito que será realizado através do
Messias. A
fim de que isto aconteça, ele declara o juízo vindouro, um juízo que começa agora
na casa
de Deus. Ele declara o "dia do Senhor", a perfeita revelação de Deus, envolvendo
particularmente (e necessariamente) o juízo e a erradicação de todo o mal. Ele
declara a
"era vindoura" (Hb 6:5), mas também o seu efeito presente entre um povo atual que
será um
instrumento em liberar esta era vindoura. Ele mesmo freqüentemente libera os
poderes
desta era vindoura em sinais miraculosos que apontam para o reino de Deus (por
exemplo,
Moisés e Elias), mas seu verdadeiro anseio é para que o próprio povo de Deus torne-
se, ele
mesmo, o maior sinal (Is 8:18 ; Zc 3:8).

ELE PREDIZ

O profeta faz predições concretas, mas não é nenhum clarividente com a


pretensão
de ver adiante um futuro já predeterminado. Ele aceita que a vontade e o tempo de
Deus
são ambos reais, não ilusórios. Por estar cheio da vontade e dos desejos de Deus,
ele
declara esses desejos criativamente dentro da situação presente, mudando e
moldando-a,e
liberando a vontade de Deus para realmente acontecer. Desta forma, Daniel tomou a
predição de restauração feita por Jeremias, respondeu a ela e pela oração trouxe-a
ao seu
cumprimento. Há ampla evidência que circunstâncias mudadas alteram uma direção de
eventos anteriormente declarado (Jn 4:2).

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Por serem a história e o tempo fatos reais o profeta reconhece que os


obstáculos
precisam ser removidos. Por isso ele arranca e derruba (Jr 1:10) para dar lugar à
construção
firmada daquilo que Deus quer. Essa função destrutiva é essencial para limpar todo
o
entulho e lixo dos séculos de falsos conceitos e idéias humanas, e para abrir o
caminho para
Deus fazer novas todas as coisas. Mais do que todos, o profeta sabe que o machado
precisa
ser posto à raiz das árvores, e que a igreja doentia e esfacelada por divisões
precisa dar
lugar à nova e pura criação de Deus.

O profeta fala usando conceitos comuns e ele mesmo e aos seus ouvintes.
Assim
“Sião” era o local geográfico para os judeus; agora, para a igreja, transcende
localidade
nacional. Se Sião significa a igreja manifestando o reino, os inimigos hereditários
(Egito,
Moabe, Edom, Assíria, etc.) significam os oponentes do povo de Deus, tanto
espirituais
como terrenos, e a guerra contra esses inimigos pode ser interpretada como uma
expressão
da confrontação da igreja com o mal ( Is 1:14). O princípio corporificado pela
profecia é o
central; somente os acontecimentos poderão revelar até que ponto seus detalhes são
literais. A predição do Messias montado num jumento ( Zc 9:9) expressava a sua
humildade,
e não era necessariamente uma predição concreta até que Jesus a viveu na prática
para
expressar o princípio envolvido. O resto da profecia não foi cumprido literalmente,
mas o
princípio de toda ela é válido.

Portanto, os princípios da profecia são válidos para toda geração. O dia do


Senhor
significava, numa época, juízo pelas mãos da Assíria, e significará juízo final.
Nos dias da
Reforma, identificava-se o anticristo com o Papa, depois mais recentemente com
Hitler, mas
será o homem do pecado dos tempos do fim. As manifestações destes princípios voltam
a
ocorrer repetidas vezes na história, mas o círculo da profecia se fechará com a
consumação,
a expressão completa desses princípios. O ingrediente ausente de permanência e
consumação é integralmente ligado à ressurreição ( Is 26:14-19), que por este
motivo é
também um tema central para o profeta. Ele vê que esta geração, a sua geração, pode
completar a vontade de Deus ( 2 Pe 3:12) e prosseguindo, entrar na imortalidade.

ELE COMUNICA
O profeta tem um senso de história e um senso de destino. Ele tem sempre a
consciência de estar levando para frente algo que foi iniciado a muito tempo, de
estar
desenvolvendo algo já existente. Ao declarar o reino de Deus agora, ele é cônscio
de ser um
descendente direto daqueles que primeiro proclamaram este grandioso tema.

Por causa do seu senso de história e de destino, que se combina com uma
profunda
história pessoal dos tratamentos de Deus, ele se torna singularmente capaz de
comunicar
um senso de história e de destino para o povo de Deus.

Num sentido, o próprio profeta personifica o propósito de Deus e deve se


livrar de
interesses pré-estabelecidos sejam em termos do cumprimento das suas palavras ou em
termos de patriotismo e nacionalismo. Sua única preocupação é a causa e o reino de
Deus.
Deus fala conforme o seu querer, não para responder a curiosidade ou impaciência do
homem. O profeta serve a Deus e não ao homem. Contudo, como já vimos, o cumprimento
é
influenciado pela resposta do homem. O juízo profetizado pode ser evitado pelo
arrependimento; bênçãos prometidas podem ser realizadas pelo comprometimento fiel.

Devido ao seu senso da iminência de Deus, o profeta freqüentemente declarará


não
só que “o tempo está próximo”, mas que “agora é” ( Jo 4:23). Enquanto ele declara
que algo
é , acontece; enquanto ele fala da era porvir ela irrompe dentro do presente século
mau.

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Quando um povo inteiro surgir, correspondendo à palavra profética de Deus desta


forma, a
consumação virá.

O profeta é fundamental para trazer tudo isso à existência ( Ef 2:20), e a


igreja não
pode ser edificada sem ele. Ele traz revelação ( Ef 3:4,5) e imprime
direção.Transmite visão,
e incita movimento. Estende o horizonte do povo, e proporciona propósito para sua
vida
cotidiana.Ele tem uma função especial em relação a outros líderes, liberando a sua
liderança
e dirigindo a sua função (veja Ageu Zacarias). Traz orientação, direção e revelação
a vidas
individuais (At 21:10,11), e pode muitas vezes não ser popular, pois se opõe a tudo
que
impede o propósito de Deus. Ele não receia ferir antes de curar. Mas, sem ele, o
senso de
propósito e alvo da igreja, e a sua correspondência presente ao Deus vivo, estariam
ausentes. Sem o profeta, seitas e denominações nascem, dependendo de credo fixo e
doutrinas formuladas para sua segurança, e perdendo inteiramente e seu impulso e
propósito em Deus.

DEUS ESTÁ RESTAURANDO


Deus agora está restaurando profetas para a igreja. As outrora escassas
fileiras de
homens que, através dos séculos, têm falado destemidamente do coração de Deus ao
seu
povo, estão aumentando. Como podemos reconhecer tais homens? Ou como alguém pode
conhecer o chamado de Deus para si? Esta última pergunta se responde mais
facilmente,
pois envolverá uma comissão direta de Deus, ou uma comissão através de alguém que

esteja operando nesse ministério. Mas um artigo como este pode trazer o início de
um
comissionamento, por despertar uma percepção crescente do tratamento de Deus em
certas
maneiras e do desenvolvimento de certas características. E aqui as duas perguntas
se
fundem em uma só...

O papel profético envolve pensamento profundo (quer seja um homem de formação


“acadêmica” como Paulo ou Ezequiel, quer seja “prático” como Amós), meditação e
comunhão constante com Deus. Nisso não existe nenhuma implicação de espírito pesado
(Jesus, o profeta por excelência, comungava incessantemente com seu Pai e ao mesmo
tempo apreciou a vida ao máximo), mas somente de realidade com Deus. Freqüentemente
haverá estudo e tempos específicos de esperar em Deus. O profeta não é um
dispensador
de “mensagens inspiradas” provenientes de mente vazia. Ao contrário, sua vida
inteira foi
moldada por Deus a fim de poder expressá-lo.

Ele terá que passar por experiências profundas e pessoais à medida que sua
vida é
moldada e transformada. Estas experiências muitas vezes serão entre si e Deus
somente e
podem ser incompreendidas por aqueles ao seu redor. Através disso, ele desenvolverá
uma
nova perspectiva de tudo na vida, pois estará comungando com Deus através de todas
as
coisas. Eventos mundiais e corriqueiros e sua leitura tornam-se atividades em que
Deus se
comunica com ele, dando-lhe entendimento e perspectiva divinos. Ele desenvolve o
que
podemos chamar de “consciência profética”. Por ter ele elemento de vulnerabilidade
(particularmente nos mais jovens), à medida que estas características se
desenvolvem, ele
fará bem em se relacionar de perto com alguém em quem veja uma expressão mais
madura
dessas qualidades, e se abrir e submeter sua vida a ele.

Mais e mais ele “verá” e verá mais e mais. À medida que vê, ele falará e
começará a
comunicar o peso do coração de Deus aos que estão ao seu redor. Por ver mais e mais
claramente, ele introduzirá conceitos que serão novos parar os seus ouvintes, e
começará a
dar direção em situações diversas, pois, ele vê as coisas de modo diferente daquele
que
olha somente para o exterior. Mais e mais experimentará a direção do Espírito, e
uma

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consciência que sua vida é orientada em todas as coisas por Deus. A paixão que o
consome
será a mesma do Espírito Santo (Jo 16:14): a liberação e expressão da glória de
Jesus
Cristo na igreja e através da terra.

HOMENS DO ESPÍRITO
O Espírito Santo e o profeta são inseparavelmente ligados. Profecia divina é
sempre o
resultado da inspiração do Espírito de Deus, não simplesmente a criatividade
independente
do espírito humano. O Espírito “vem sobre” um homem para que profetize (Nm 24:2),
ou, de
um modo mais forte, “cai sobre” ele (Ez 11:5). Alternativamente, a “mão do Senhor”
pode vir
sobre um homem ( 2 Rs 3:15) e resultar em profecia (Ez 1:3).

O Espírito pode revestir um homem como um véu ou veste (Jz 6:34),


expressando-se
através dele. Ele pode “repousar” sobre alguém, resultando em profecia (Nm
11:26,29). Esta
experiência contínua é citada em outra passagem (Is 61:1), é notada particularmente
em
relação a Jesus (Jo 1:32,33), e é declarada ser nosso privilégio nele (1 Jo 2:27).
Deus pode
também “dar” (Nm 11:29) ou “derramar” (Jl 2:28) o seu Espírito em conexão com a
liberação
de profecia. O profeta, então, não é nada se não for um homem do Espírito, que
experimenta e expressa a Deus. Sejam quais forem seus dons intelectuais (e Moisés,
Ezequiel e Paulo demonstram grande força intelectual), seu dinamismo é o Espírito
de Deus
e as raízes da sua vida são lançadas profundamente nele.
Que Deus nos conceda profetas. Que a igreja os reconheça e os ouça. Que a
igreja
absorva o espírito profético e se encha com o testemunho de Jesus (Ap 19:10).

O MINISTÉRIO DO PROFETA
Por Graham Perrins

O profeta é ministério fundamental para a igreja. Isto é verdade


historicamente. Os
primeiros apóstolos e profetas lançaram a base de tudo que se seguiu. Paulo mostra
em
Efésios que eles se encaixam ao lado de Jesus, a pedra angular (Ef 2:20). Como
mordomos
da graça de Deus ministraram a revelação do mistério de Cristo (Ef 3: 1-7). Sua
importância
na igreja primitiva é clara e subentendida. Mas os profetas também são fundamentais
para a
vida sucessiva da igreja. Em Efésios 4:1 e 1Coríntios 12:28, Paulo mostra que são
essenciais junto com outros ministérios para levar a igreja à maturidade. Consignar
o profeta
somente para a igreja primitiva é roubar a nossa geração dos dons que Deus ainda
anseia
nos dar.

Cada geração precisa da contribuição do profeta para perceber a mente do


Senhor,
clarificar os alvos, impulsionar, dar visão, provocar, desafiar. SE abrirmos os
braços para o
profeta, teremos que dar adeus para o corriqueiro, o estereótipo, o inócuo. Teremos
que
estar preparados, em lugar disso, para sermos sacudidos e peneirados, para
recebermos
novas ênfases e novas direções.

Apesar da sua importância, tem-se escrito pouco para encorajar e treinar tal
ministério. Há pouco para ajudar-nos a compreender qual seria a sua relevância no
contexto
do século XX.

Sem dúvida, há alguns prontos a imitar o chamado profético. O idealista


político com
seus sonhos de um paraíso humanístico, o estudante radical revirando irrelevâncias

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teológicas, o pregador moderno fornecendo modas religiosas. Todos esses assumem o


manto, mas assenta-lhe mal.

Será que Deus nos deixou sem a palavra encarnada de forma viva e relevante
para
nós hoje? Não há quem possa trazer o dinamismo da vida do reino para agir sobre as
rochas de incredulidade e superstição? Tem-se afirmado que os profetas desmamaram
Israel da idolatria. Infelizmente, creio que não se pode dizer o mesmo da igreja.
Falta-nos
um longo caminho a percorrer.

Apesar de tudo, não temos motivo para desânimo. Há uma crescente preocupação
para ver este ministério estabelecido entre nós. Vozes estão se levantando. Vozes
que
conclamam a igreja ao comprometimento total à vontade de Deus, não às tradições dos
homens. Vozes que não pregam verdades de segunda mão, mas a palavra que nos levará
à
maturidade como filhos de Deus. Vozes que apresentam a esperança da igreja e o
juízo do
mundo com um som definido, proclamando Jesus Cristo ressurreto e prestes a voltar.

A SUA PALAVRA CORRE VELOZMENTE


Por Graham Perrins

A palavra de Deus é potente e dinâmica. Ele o disse e assim foi. Ele falou e
os
mundos foram formados. O que não era veio à existência.

Quando o Senhor proferiu as palavras da sua aliança a Israel, o Monte Sinai


estremeceu violentamente e os corações dos homens se derreteram dentro deles. Seu
sussurro ecoou qual trovão através do universo. Quando repreendeu nações a terra
estremeceu. Quando uniu a sua voz à dos que bradavam os muros de Jericó ruíram. Não
era só o que se dizia, mas quem o dizia.

Há uma inevitabilidade inerente na palavra de Deus. Não podia ser de outra


forma, e
precisamos enfrentar sua realidade.

Quando Israel viajava rumo à sua herança, foi-lhes dito que bênçãos ou
maldições
viriam sobre eles e os alcançariam ( Dt 28:2,15,45). A idéia é que a palavra
proferida para o
povo de Deus os perseguirá até alcançá-los e dominá-los com o seu conteúdo. A
oração de
Paulo era que a palavra de Deus se propagasse e fosse glorificada (2 Ts 3:1).
Isaías registra
a avaliação que o próprio Deus faz da sua palavra: “Assim será a palavra que sair
da minha
boca; não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz, e prosperará naquilo
para que a
designei “ (Is 55:11). Deus tem falado, está falando, e há de falar outra vez. Sua
palavra é
inexorável e corre velozmente para alcançar os seus objetivos (Sl 147:15 ; 19:4).
Quão
grandiosa é, e ao mesmo tempo, quão temível !

Habacuque relata uma visão que recebeu e a ordem que lhe foi dada a respeito
dela:
“Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a possa ler até quem passa
correndo.
Porque a visão ainda está para cumprir-se no tempo determinado, mas se apressa para
o
fim, e não falhará; se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará” (Hc
2:2,3).

Estes versículos parecem sugerir que Deus retém algumas palavras, semelhante
a
um corredor que se restringe na última volta, esperando para liberar toda sua
energia e
recursos no trecho final. “Estas palavras estão encerradas e seladas até ao tempo
do fim”
(Dn 12:9). Seu potencial total ainda não foi liberado. Os significados mais
profundos não
foram revelados. A vontade final de Deus não foi cumprida.
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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 1

Estamos nos aproximando da época quando todas as palavras de Deus proferidas


à
humanidade através da história convergirão num rio poderoso. A sua voz tem o som de
muitas águas. Abala o que é abalável. Remove tudo na sua frente. É a palavra de
Deus
encontrando a sua expressão final. Toda promessa encontrando seu Sim e Amém final
em
Cristo. Glória!

O capítulo 10 de Apocalipse nos leva ao estágio em que o tempo de espera se


acabou. Não haverá mais demora. A sétima trombeta soará. O mistério de Deus é
consumado. Tudo que ele anunciou aos seus servos os profetas é cumprido.

À luz disso, apropriemo-nos do seguinte desafio lançado para João: “Importa


que
profetizes outra vez”. “Tome essa palavra outra vez – libere-a – deixe-a correr
velozmente.
Tudo que você ingeriu da minha palavra e da minha visão você terá que profetizar.
Você tem
que levar essa palavra irresistível à sua geração. Você terá que falar essa palavra
de Deus
dentro da sua era, deixando-a correr velozmente para apressar os meus propósitos.”
A
conclusão é inevitável.

ABRAÇANDO A PALAVRA PROFÉTICA


Por W. Grogan

Através da história de Israel e da igreja tem-se notado um fenômeno


repetido,
evidente em cada geração. Enquanto os que têm visão e percepção proféticas
proclamavam
os presentes e futuros propósitos de Deus para o seu povo, tem havido uma tendência
de
ignorar, ressentir-se, ou rejeitar o profeta e a sua mensagem. Até certo ponto essa
tendência
tem sido atenuada pelo fato das gerações subseqüentes geralmente se apressarem em
reconhecer os preconceitos e miopias dos seus antecedentes, e terem eles mesmos
abraçado as verdades e direção dos profetas anteriores. Entretanto, a conseqüência
é que
em uma determinada geração qualquer, apenas um remanescente do povo de Deus tem
cumprido e provido os seus propósitos.

O desejo do coração de Deus é que não só um remanescente responda à palavra


profética, mas, que uma geração inteira abrace o espírito profético e torne-se um
povo
profético no meio da terra. Sem dúvida este é o cumprimento da profecia de Joel
citada em
Atos 2:17,18. “E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei o meu
Espírito
sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão ... derramarei do
meu Espírito
naqueles dias e profetizarão.” Antes da volta do Senhor, tem que haver uma geração
final
cujos olhos estão abertos para ver os propósitos eternos de Deus e abraçar a
palavra
profética para a sua época, alcançando assim o que gerações anteriores têm perdido.

No meio do clamor carismático do nosso dia, a igreja precisa reconhecer de


maneira
nova que ela é edificada sobre o fundamento do ministério apostólico e profético
(Ef 2:20).
Não é suficiente ser “ativo” nas coisas de Deus; precisamos de visão e revelação
proféticas
se não quisermos jogar nossa energia fora e descobrir mais tarde que estamos num
beco
afastado, longe da corrente principal dos propósitos de Deus. O escritor de
provérbios diz:
“Quando falta a revelação, o povo fica desenfreado” (Pv 29:18, Trad. Das Ed.
Paulinas). Se
quisermos evitar a confusão que resulta quando cada um segue o seu caminho
separado,
sem freio da palavra profética, teremos de reconhecer o ministério e autoridade do
profeta,
tirando tempo parar ouvir o que Deus tem para dizer. Nosso alvo não deve ser a mera
sobrevivência espiritual no meio de um mundo expirante mas sermos a geração que
introduz
o reino de Deus.
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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 1

ABRAÇANDO A PALAVRA PROFÉTICA


Por Catherine de Hueck Doherty

Profecia é um dos dons do Espírito Santo. Devemos nos aproximar dele como
Moisés
se aproximou da sarça ardente – sem sapatos, pois o lugar é santo. Como ocorre com
todos
os dons de Deus ao homem, é Deus quem escolhe tanto o dom como o homem.

Há, evidentemente, algumas pessoas que têm mais de um dom, mas estas são
muito
raras. Os dons de Deus, os dons do Espírito, são pesados, carregados de profundas
responsabilidades. Isso é porque nunca foram designados meramente para si mesmo,
mas
devem sempre ser usados em favor de outros.

Qualquer pessoa pode receber o dom de profecia, se Deus assim quiser, mas
devemos lembrar que é um dom que vem dele e que nós mesmos nunca o podemos
produzir. De todos os dons do Espírito, a profecia é o mais sério. O profeta é como
um
pedaço de barro nas mãos de Deus. Ele recebeu palavras de Deus para transmitir aos
homens!

Aqueles que recebem tal dom devem se preparar para serem reduzidos à
escória do
mundo. Verdadeira profecia não é facilmente aceita pelos homens dos nossos tempos.
O
homem moderno faz o que quer, quando quer, como quer. Quando encontra uma verdade
que não deseja aceitar, ele pode reagir com violência. Sua primeira reação é bater
na
pessoa que está anunciando a verdade.Ninguém deve considerar o dom de profecia como
algo leviano. Devido às milhares de contradições em que os cristãos de hoje são
obrigados
a viver, é bom que aquele que tem ou pensa ter o dom de profecia ache um orientador
espiritual. Não há nenhum caminho mais ilusório do que atribuir a sim mesmo o dom
de
profecia.

O dom de profecia é um dom perigoso. A pessoa é tentada a atribuir a Deus


tudo que
pronuncia. Nesse caso, evidentemente, ela não será um profeta de Deus, mas um
profeta
das forças das trevas.

Considere um ser humano que tem as palavras de Deus para passar adiante aos
seus semelhantes. Sua língua torna-se uma ponte entre Deus e nós. Ele mesmo se
torna
quase inexistente por estar tão impregnado de Deus.

Considere os profetas antigos. Todos eles tinham medo. Todos clamavam: “Ah,
Senhor Deus! Eis que não sei falar, pois sou apenas uma criança. Só sei falar: ‘Ah,
ah, ah’.”

Não temos penetrado hoje nas imensas profundidades da seriedade desse dom.
Não
temos compreendido plenamente que Ana realidade é Deus nos compelindo a falar as
suas
verdades nas nossas línguas modernas. Às vezes tratamos a profecia de maneira muito
leviana. Parece que não reconhecemos agonia de um profeta. Na verdade, não há
profeta
que não tenha experimentado agonia.

Profecia é a palavra de Deus dada ao homem a fim de ser comunicada a outros


homens. Mas o que é que é a palavra de Deus? A palavra de Deus é Jesus Cristo. O
profeta, num modo de falar, torna-se a Palavra de Deus. Que peso, que implicações,
que
responsabilidades, trazem a Palavra de Deus? Somente os que foram chamados para o
verdadeiro dom de profecia podem responder.

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 1

Mas a sarça ardente ainda está no nosso meio. Sempre estará. A voz de Deus há
de
ecoar nos ouvidos daqueles que ele escolheu. Quando ouvimos tal palavra
interiormente
tiramos os nossos sapatos
porque o lugar e o momento são sagrados.

Este livreto foi traduzido de uma série de artigos publicados originalmente nos
números 1, 2
e 3 da revista “Proclaim”.

Os direitos autorais pertencem a:


Andrew McFarlane,
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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 2

SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 1

O PROFETA ELIAS
Por John Maclauchlan

O significado de Elias para nós transcende em muito a extensão aparente do


pequeno
trecho do Velho Testamento (1 Rs 17 a 2 Rs2) que contém a sua história. Há várias
características totalmente singulares neste homem. Ele nos é apresentado com
estatura
completa, sem introdução alguma a respeito do seu passado e preparação. A expressão
familiar: “A palavra do Senhor veio a...” está ausente, e no lugar disso vemos
Elias
decretando uma seca pela sua própria palavra ( 1 Rs 17:1). Claramente temos nele um
profeta entre os profetas, alguém que está consciente que sua palavra e a palavra
de Deus
são inseparáveis.

Malaquias se refere a Elias como precursor do Senhor (Ml 4:5), e Jesus disse
que
João Batista, a quem ele chamou de maior entre os homens, era “Elias que estava
para vir”
(Mt 11:14). Elias representa todo o corpo profético quando aparece com Moisés junto
a
Cristo na sua transfiguração (Mt 17:3). Outra vê junto com Moisés, as
características de
Elias são claramente percebidas na companhia trará um testemunho profético para a
terra e,
ao entrar na ressurreição do corpo, liberará o reino de Deus entre os homens (Ap
11:11-17).

O elo entre Elias e Moisés é visto de muitas maneiras, e não se deve esquecer
que
ambos eram profetas. Talvez maior elo, entretanto, seja que coube a Elias restaurar
a
teocracia que Moisés fundou em Israel (1 Rs 18:30-39).

Podemos concluir que Elias permanece como figura dos profetas de Deus de
todas as
gerações, e especialmente dos tempos de restauração designados a inaugurar o
governo de
Deus na terra. Ele é também claramente uma figura da companhia remanescente do
tempo
do fim que há de realizar essa liberação e vitória. Assim, ao examinarmos suas
características, estamos procurando homens e igrejas com essas mesmas
características
nos nossos dias.

As características básicas de Elias nos são comunicadas mui enfaticamente na


própria frase pela qual ele nos é apresentado (1Rs 17:1). Ele tinha uma convicção
inabalável
que Deus vive. Esta convicção era baseada, não em teoria teológicas, mas em
experiência
pessoal. Desta forma, ele encarna a realidade do Deus vivo no seu próprio ser, e
comunica
esta realidade ao povo de Deus. Mesmo na hora do seu desespero pessoal, Deus chegou
a
ele de forma palpável, e não lhe permitiu escapar dessa realidade fundamental (1 Rs
19:10-
12). A realidade de Deus é a marca registrada do profeta. Trazer o Deus vivo ao seu
povo é
a essência da vocação profética.

Em virtude desta consciência da existência de Deus, Elias estava “perante a


sua
face”, isto é, deliberadamente o servia e vivia constantemente na sua presença. Ele
estava à
disposição de Deus em todo o tempo; o propósito da sua vida era fazer a vontade de
Deus.
Conseqüentemente, havia uma intimidade com Deus, e Deus orientava sua vida detalhe
por
detalhe (1 Rs 17:3,4). Deus supria suas necessidades e providenciava recursos
sobrenaturais para a sua vida (1 Rs 17:5,6). Como Elias, o profeta experimentará a
direção e
a provisão de Deus enquanto o serve. Desenvolverá uma dependência consciente de
Deus
em todos aspectos da vida. Conhecerá épocas de solidão com Deus, e ao mesmo tempo
estas épocas liberarão nele grande poder para ação. É talvez o clímax da vocação
profética

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1
SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 2

chegar ao lugar onde não há distinção entre a palavra de Deus e a do profeta. Como

afirmamos, Elias nos é apresentado nesta estatura. Isto exemplifica tão claramente
a
autoridade do profeta, agindo em nome do Senhor. Encontramos o mesmo em Ageu, onde
“a voz de Iavé” e as “palavras do profeta Ageu” são equiparadas, porque “Iavé... o
tinha
mandado” (Ag 1:12).

Mas a base desta grande autoridade era uma experiência total com a palavra de
Deus
e uma subordinação a ela. A palavra de Deus vem ao profeta (1 Rs 17:2). Ele
realmente
ouve de Deus e não confia nos substitutos da sabedoria, experiência, treinamento ou
conhecimento. Ele não “prepara uma palavra”, mas ele tem a palavra de Deus. Isso é
absolutamente fundamental, pois se baseia na própria natureza de Deus e é essencial
ao
cumprimento do seu propósito.

Deus cria pela sua palavra. Tudo que vemos é Deus se expressando (Gn 1). Ele
criou
o homem como o aspecto mais alto desta expressão de si mesmo, na sua própria forma
de
aparência (Gn 1:26). O homem foi designado a viver pela contínua auto-expressão de
Deus
(Mt 4:4), da mesma forma que a criação é sustentada por ela (Hb 1:3). Viver ouvindo
e
obedecendo à palavra de Deus é o contrário de independência e pecado. É o contrário
de
planejar seu próprio curso confiando num discernimento pessoal do bem e do mal. O
elemento profético é essa progressiva auto-expressão de Deus, dirigindo e ativando
o seu
povo para o seu alvo.

Portanto, se o profeta não ouvir a voz de Deus (seja ela tranqüila e suave
como for) (1
Rs 19:12), ele não será profeta de Deus, não importa que outras manifestações ele
venha
experimentar. Mas não devemos exteriorizar a palavra de Deus; não devemos ser
literalistas. É uma questão de espírito e vida (Jo 6:63). Elias recebeu direções
pela palavra
de Deus (1 Rs 19:15-17), mas não cumpriu literalmente esta palavra. Ele designou
(não
“ungiu”) Eliseu e Eliseu cumpriu as comissões a respeito de Jeú e Hazael (2 Rs
8,9). Só Jeú
foi literalmente ungido e Eliseu não “matou” ninguém literalmente.

Semelhantemente, no caso de Acabe (1 Rs 21:17-29), a palavra de Deus é vista


como a declaração do seu intento (cf. Jonas), e é modificada de acordo com a
correspondência que ela recebe. O profeta não é um clarividente, pois o futuro
ainda não
aconteceu. Ao contrario, ele declara a palavra criativa de Deus e desta forma molda
e forma
o futuro. O tempo não é uma ilusão – é um fator real.

Ao anunciar a seca (e a fome conseqüente), Elias falava do seu espírito, sem


referir-
se a expectativas ou possibilidades naturais. Suas possibilidades eram as
possibilidades de
Deus, a sua visão era a visão de Deus. A base deste anúncio era a comunhão com Deus
que já mencionei (cf. Tg 5:17). Desta forma, o profeta vai além do evidente. Ele
não aceita
as circunstâncias como inevitáveis ou inalteráveis, mas vê acima delas à vontade de
Deus.
Como Elias com o filho morto da viúva, ele sabe que elas podem ser transformadas,
por
mais impossível que pareçam (1 Rs 17:17).

Às vezes, pode ser necessário o profeta buscar a Deus repetidas vezes para
ver
mudança de eventos (1 Rs 17:21). Estes não irão necessariamente mudar de maneira
automática na sua presença, mas ele terá que ativamente produzir a mudança.Sabendo
o
que Deus deseja, ele traz o poder dele para agir na situação. Pelos resultados
obtidos, seu
ministério é reconhecido como sendo válido (1 Rs 17:24). A verdadeira prova de um
profeta
é se sua palavra se cumpre (cf. Dt 18:18-22), isto é , se ela criativamente molda o
futuro. A
prova não é a capacidade de prever, mas o poder para produzir resultados. A palavra
de
Deus é acontecimento; “Haja...e houve”.

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 2

Por ver o invisível, e discernir a atividade e a intenção de Deus, o profeta


anuncia em
fé antes do acontecimento (1 Rs 18:41). Ele faz acontecer na terra aquilo que viu
no invisível
(1 Rs 18:42-46). Assim como a palavra de Deus trouxe à existência a criação
material,
tirando-a do nível invisível (Hb 1:3), assim o profeta traz mais do céu para a
terra. Seu
objetivo é ver a vontade de Deus feita na terra assim como é feita no céu.

Essas são as características básicas de Elias e conseqüentemente dos profetas


e
povo profético envolvidos no seu ministério de restauração . Mas há muitas outras
lições a
serem aprendidas com Elias. Ele é um exemplo muito claro de liderança profética.
Ele exigia
correspondência a si daqueles que estavam ao seu redor, a liberação do efeito da
sua
palavra e a libertação resultante (1 Rs 17:13,14). O profeta freqüentemente precisa
afirmar a
necessidade de ser atendido antes de cuidar dos planos, idéias, desejos e
necessidades
pessoais dos outros. Mas ele sabe que Deus, então, irá prover para aqueles que
ouvem,
honram e servem ao seu porta-voz.

Embora conclame o povo à total fidelidade a Iavé (1Rs 18:21), ele não tem
receio de
chamar o povo para aproximar-se de si mesmo para ouvir o que Deus tem para dizer (1
Rs
18:30). Isso faz nos lembrar das palavras de Paulo: “Sede meus imitadores, como
também
eu o sou de Cristo” (1 Co 11:1). Em tudo isso, sua motivação é que Deus seja
conhecido, e
que ele seja reconhecido simplesmente como o servo de Deus, como alguém que agiu
conforme o mandamento de Deus (1 Rs 18:36).

Por personificar e exemplificar a liderança que Deus deseja, ele entra em


conflito e
confrontação com a liderança falha ou falsa do povo de Deus (1 Rs 18:17 ; 2 Rs
1:3).
Trabalha com líderes (como Ageu e Zacarias que dirigiram a Josué e Zorobabel),
nutrindo e
instruindo-os. Sabe que a função executiva na igreja pertence a Deus, e que Deus a
expressa através dos seus profetas (Am 3:7).

A profunda preocupação do seu coração é pelo povo de Deus, pois para ele a
sua
função é restaurá-lo e libertá-lo ( 1 Rs 18:31). Ele traz a palpável presença de
Deus para
eles ( 1 Rs 18:22-24), e dirige-os na erradicação da religião falsa ( 1 Rs 18:40 ).
Derruba a
idolatria do sectarismo e da adoração por credos, e expõe a mentira da ortodoxia.

Ele não está acima da experiência de ver a pressão das circunstâncias abrir
o
caminho para a direção de Deus ( 1 Rs 17:7,8 ). Mas ao perder sua perspectiva ( 1
Rs 19:10
), ele experimenta a persistência de Deus em acompanhá-lo através da sua fraqueza e
desespero ( 1 Rs 19:5-8 ). Até mesmo a maneira como Deus o liberta é profética
( pois cada
detalhe da sua vida serve para exemplificar a vontade de Deus ). Os quarenta dias
que
foram preparatórios para a sua chegada na “caverna”, e a sua chegada na mesma
caverna
de Êxodo 33:22, são acontecimentos paralelos com a vida de Moisés. No fim, Deus
restaurou a sua perspectiva e percepção. Capacitou o sue vidente a ver as cosias
como
realmente são ( 1 Rs 19:18 ).

Elias (como figura do remanescente profético de Apocalipse 11) foi


capacitado tratar
eficazmente com todas as tentativas de findar o seu ministério ( 2 Rs 1:9-12 ).
Como Jesus,
não foi possível impedi-lo de completar a obra de Deus ( 2 Rs 1:13-18 ; cf. Ap 11:5
). O
profeta carrega uma certeza da energia e proteção de Deus, do seu destino
divinamente
concedido, e de todo o equipamento necessário para cumpri-lo.

Mas o tempo se cumpriu no momento exato, e Elias foi orientado sobre o seu
sucessor ( 1 Rs 19:16; 19:19-21 ). Muita ênfase precisa ser dada ao
comissionamento,

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 2

liberação e treinamento de outros, como ocorreu na retirada de Elias e na liberação


de
Eliseu ( 2 Rs 2 ). À vontade de Deus é um dinamismo contínuo, a liberação
progressiva de
algo maior ainda, até que surja a geração que consumará os seus propósitos.

Olhando adiante para esta consumação, vemos que a hora está chegando quando
o
santuário de Deus alcançará uma estatura mensurável ( Ap 11:1 ). O átrio exterior
será
lançado “fora” e “calcado aos pés”, o mesmo destino que Jesus descreveu para o sal
que
perdeu seu sabor. Neste contexto, um ministério com as mesmas características de
Moisés
e Elias será liberado na terra.

Esta companhia profetizará, declarando a palavra e a vontade de Deus, e seu


juízo
iminente ( Ap 11:3 ). Servirão a Deus como “os filhos da oliveira” ( Ap 11:4; cf.
Zc 4:14). São
invencíveis ( Ap 11:5 ) e trazem os juízos de Deus para a terra ( Ap 11:6 ). Quando
houverem terminado o seu testemunho, como aconteceu com o seu mestre antes deles,
passarão através da morte para a ressurreição ( Ap 11:7-12 ). Dessa forma liberarão
o reino
de Deus na terra ( Ap 11:15 ).

Se quisermos crer nisso, Deus está agora (mais uma vez) enviando o profeta
Elias
antes do seu grande e terrível dia. A obra de restauração do povo de Deus está
começando
agora. A promessa da consumação está para se cumprir. Que esta geração seja a que
vai
realizar a vontade de Deus. Que o propósito de Deus, conforme revelado em Elias,
seja
cumprido!

JESUS O PROFETA
Por John Maclauchlan

A natureza do ministério profético de Jesus é de profunda importância para


qualquer
pessoa com chamamento profético. Se quisermos continuar de alguma forma o que Jesus
começou a fazer e ensinar ( At 1:1,2 ), precisaremos compreender como era realmente
o
seu ministério. Só então poderemos entrar no dignificado dele para só hoje. Será de
primeira
importância a visão que Jesus tinha de si mesmo e da sua função, pois esta não é
necessariamente idêntica às opiniões que os outros tinham dele.

Por muito tempo enfatizado a continuidade que existe entre o Velho e o Novo
Testamentos, e entre o ministério profético dos dois. Não houve uma cessação
repentina de
profecia vetero-testamentária, seguida por um silêncio e finalmente o começo de uma
forma
totalmente distinta de profecia neotestamentária. Isso fica muito evidente se
partirmos da
natureza de Deus como um Deus que fala. Ele nunca deixou de agir assim. O registro
histórico não sustenta a opinião que a profecia em época alguma tenha morrido.
Mesmo
sem tal evidência, poderíamos basear nossa confiança na continuidade da profecia
por ser
isto um aspecto essencial da natureza revelada de Deus.

Não podemos, então, fazer uma divisão entre profecia do Velho e do Novo
Testamentos, mas devemos rejeitar a obsessão dispensacionalista em destruir a
continuidade que é a característica singular de um Deus que é constante. Contudo,
há uma
certa distinção entre profecia do Velho Testamento e profecia do Novo. Há algo a
mais, algo
novo, no Novo Testamento. Isso não nos deve surpreender, pois Jesus veio e trouxe
aos
homens algo superior àquilo que já tinham experimentado. Sustentamos a ênfase na
continuidade entre o Velho e o Novo Testamentos, mas neste artigo pretendemos dar
atenção maior para a diferença entre a profecia antes de Jesus e o ministério
profético que
foi desvendado nele e que nos foi transmitido.
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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 2

É evidente através dos evangelhos sinópticos que Jesus era popularmente


considerado um profeta. Alguns achavam que era um João Batista ressuscitado, e
freqüentemente era descrito como profeta, ou um dos profetas ( Mc 6:15; 8:28; Mt
16:14; Lc
7:16,39; 9:8,19 ). Jesus reconheceu este conceito de si mesmo quando se referiu à
rejeição
de um profeta no seu próprio território ( Mc 6:4; Mt 13:57; Lc 13:33 ); mas não há
nenhum
indício que ele endossava plenamente os conceitos que o povo tinha a seu respeito
em
nenhuma dessas passagens. Ele foi saudado como profeta quando entrou em Jerusalém (
Mt 21:11 ). Os fariseus foram impedidos de prendê-lo por causa da aclamação de
profeta
que recebeu das multidões ( Mt 21:46 ).

A despeito de toda essa aclamação, Jesus não enfatizava seu papel profético,
nem o
faziam os seus discípulos; não houve um caso onde eles endossassem o que foi dito.
As
atribuições do povo nunca foram usadas por eles. A razão disto pode ser encontrada
na
natureza da expectativa escatológica dos judeus. Esperavam um profeta no tempo do
fim
que fosse um sinal do reino de Deus que estava para vir, que fosse uma voz
expressando a
palavra do reino e que levasse o propósito de Deus a cumprir-se. Entretanto,
aclamar Jesus
como tal seria perder sua transcendência e majestade; seria diminuir o seu papel.
Por essa
razão, embora o povo saudasse Jesus como “o profeta”, ele próprio aplicou este
título
categoricamente a João Batista. João era o mensageiro enviado por Deus para
preparar o
caminho do Senhor ( Mt 11:10 citado de Ml 3:1 ); João era Elias que havia de vir
( Mt 11:14 ).

MAIOR QUE JOÃO

Além disso, Jesus enfatizou que João era o maior de todos os homens antes
dele,
mas o menor no reino dos céus é maior do que ele! ( Mt 11:11 ). João era mais que
um
profeta, porém o ministério profético que existe em Jesus transcende o de João,
assim como
João transcendeu a todos que foram antes dele. Jesus trouxe o reino de Deus aos
homens;
o ministério profético que faz parte da expressão deste reino é maior do que todos
os seus
antecessores. Mas essa grandeza transcendente está enraizada na pessoa e
transcendência de Jesus, e não na superioridade pessoal do profeta individual. O
indivíduo
pode não ser maior que Elias, mas o papel, função e expressão o serão, pois que
emanam
do torno do Cristo de Deus ( Ef 4:10,11 ).

Em Atos 3 e 7, as palavras de Moisés registradas em Deuteronômio 18:18,19


são
aplicadas a Jesus. Mas a referência original sem dúvida era a Josué como sucessor
de
Moisés. A significância desta passagem é o estabelecimento do princípio de sucessão
profética, pois foi através da imposição das mãos de Moisés que Josué foi
comissionado ( Dt
34:9 ). É claro que essa sucessão não é mecânica, mas torna-se inválida se o
próprio
sucessor não ouve e corresponde ao Deus vivo ( Dt 18:19-22 ).

O próprio Josué ouvia de Deus e recebia sua direção ( e a direção para o


povo )
diretamente dele ( Js 1:1 ). Então por que a aplicação a Jesus? Sem dúvida porque
ele é o
foco de tudo – a encarnação de tudo que Deus designou para o ministério profético e
para
ser transmitido por sucessão profética. É aplicada a Jesus, pois se pode ver a
realização
deste princípio nele. Ele transcende a Josué, levando um novo Israel a uma nova
terra,
numa nova glória, com um novo destino.

MAIOR QUE MOISÉS


O fato de Jesus não depender de Moisés ou de qualquer outro profeta
anterior, e de
ser incomparavelmente superior a todos eles, é demonstrado no relato da
transfiguração.
Aqui os dois maiores profetas do Velho Testamento são totalmente ofuscados por ele,
e a
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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 2

palavra de Deus é: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo: a ele ouvi” ( Mt
17:5
). Mais do que qualquer pessoa antes dele, aqui está alguém que precisa ser ouvido.
Rejeitá-lo é estar fora do povo de Deus ( At 3:23 ).

Não podemos, portanto, limitar Jesus à expectativa profética dos judeus.


Ressoava
nos ouvidos deles a profecia de Malaquias de alguém que viria preparar o caminho do
Senhor. Ao declarar que este era o papel de João, Jesus declarava implicitamente
que ele
era o Senhor, Iavé, cujo caminho fora preparado. Ao dizer que João era mais que um
profeta, Jesus se declarava como muito mais que um profeta. Ele transcendia o
ministério
profético conforme até então fora conhecido.

ELE É O VERBO
Jesus é “o Verbo” ( Jo 1:1 ), não “o profeta”! Ele não somente profere a
palavra, ele é
a palavra! Ele inaugura a era de encarnação profética. Muitos profetas e homens
justos
ansiaram por esses dias, pela substância e manifestação daquilo que sentiam tão
fortemente nos seus espíritos. Mas Jesus não anseia pó isso; ele o encarna. Estando
entre
os homens, ele disse: “O reino de Deus está entre vós”. Ele é o rei. Ele não é um
proclamador de esperança ou de predições, mas é ele próprio a concretização
expressa por
toda verdadeira profecia, e para qual toda profecia aponta. Daí as Escrituras:
“Todos os
profetas... profetizaram até João” ( Mt 11:13 ); “ Começando por...todos os
profetas ( Jesus )
expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc 24:27,44).

CRIANDO UM NOVO ISRAEL...


Jesus inaugurou um novo Israel e um novo ministério profético. O povo e os
profetas
não mais simplesmente predizem alguma coisa, mas são a encarnação e expressão do
reino de Deus. Desta forma, profecia neotestamentária é muito mais positiva na sua
ênfase
geral do que o seu paralelo no Velho Testamento, que raramente falava de paz
( exceto num
contexto de predição futura ), mas mais freqüentemente falava de juízo ( Jr 28:8 ).
Um povo
e um ministério que receberam a glória de Deus ( Jo 17:22 ), que receberam sua
comissão
do trono de Cristo ressuscitado ( Ef 4:10,11 ), falam com uma nova nota de
autoridade,
alicerçada em realização e realidade. Antes de Jesus, todos os profetas diziam:
“Isto é o que
o Senhor diz...”, mas Jesus afirma: “Mas eu vos digo... Ouvistes que Moisés
disse... mas eu
digo...” E agora falamos no nome e pela realidade espiritual daquele que assim
disse. É
interessante que Elias, que se estendeu na sua confiança para declarar que eventos
ocorreriam “segundo a minha palavra”, é um dos dois homens registrados no Velho
Testamento como arrebatados por Deus em provar a morte, e é claramente reconhecido
ao
lado de Moisés como o maior dos profetas do Velho Testamento.
Uma passagem crucial a toda esta questão do papel de Jesus e do conceito de
si
mesmo que ele desejava nutrir entre os seus discípulos, é Mateus 16. A própria
familiaridade
desta passagem torna facial perdermos algo de importante; percepções anteriores
podem
cegar os olhos para revelação presente, ou até para ver o que é óbvio! Jesus
interroga seus
discípulos sobre as opiniões populares a sue respeito ( v.13 ). A resposta deles
abrange a
extensão da expectativa dos judeus: Jesus é tido como sendo Elias ou Jeremias ou um
dos
profetas ( v.14 ). Em seguida perguntou o que eles, que estavam mais perto dele,
diziam a
seu respeito. Falando do seu coração, Pedro explodiu: “Tu é o Cristo, Filho do Deus
vivo!” (
vs.15,16 ). Jesus reconheceu isto como revelação de Deus, e um alicerce sobre o
qual podia
edificar ( vs.17-19 ). O povo esperava um profeta escatológico, mas a confissão de
Pedro é
de algo muito maior que qualquer profeta. A igreja é edificada neste conhecimento
de Jesus

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 2

como o Cristo, o Filho de Deus. Seu ministério profético parte de um novo lugar de
revelação, realidade e glória.

Assim, enfatizar Jesus como profeta pode obscurecer sua verdadeira


identidade. Foi
precisamente porque o elemento judaico na igreja primitiva nunca ultrapassou a
tradicional
expectativa dos judeus, e continuava a aplicar essa expectativa a Jesus, que isto
se tornou
um obstáculo ao progresso na igreja. De fato, de acordo com algumas pesquisas
modernas,
os judaizantes legalistas combatidos por Paulo desenvolveram-se num corpo que
negava de
tal forma a superioridade transcendental de Jesus, que sua ênfase no “profeta” deu
origem
ao islamismo! Imagine – o maometismo pode ter suas raízes numa cristologia
desviada!

...E UM NOVO MINISTÉRIO PROFÉTICO


O fato de Jesus encarnar algo novo está claro: que ele inaugurou um novo
ministério
também deve estar claro. Ele é o Israel de Deus retirado do Egito ( Mt 2:15 ), que
então
amplia de si mesmo um novo Israel. Ele escolheu um novo grupo de doze para
encabeçar
uma nova nação, estabeleceu esta nação após sua ressurreição, e derramou a grande
promessa a Israel, o dom do Espírito, sobre ela. Do sue trono, ele continua a agir
e a falar
em e através deste novo povo. Ele é quem concede profetas, homens de visão e
revelação,
homens de encarnação e realização, homens enviados para uma nova situação, no meio
de
um novo povo, com uma nova autoridade. Estes homens são enviados para mudar e
transformar vidas e igrejas, regiões e nações, para tornar visível e reconhecido o
trono de
Cristo através da terra.

Profetizarão a respeito das intenções de Deus para o futuro, mas nomeio de


um
contexto de declaração constante daquilo que é real nele agora. Em fé declararão:
“A hora
vem...”, e em fé maior ainda acrescentarão: “...e agora é”! Trarão o invisível para
a
visibilidade, os céus para a terra. Declararão que o Senhor já veio, e que todo o
seu reino e
glória devem se tornar manifestos entre os homens.

O alcance da nossa expectativa deve ser mais alto que de qualquer geração
anterior.
Recebamos de toda maneira possível encorajamento e estímulo do exemplo dos grandes
profetas bíblicos; somos seus descendentes e herdeiros legítimos. Mas devemos nos
aventurar para entrar em novas áreas, reconhecendo que, embora nos sintamos fracos,
Deus deseja realizar mais em e através de nós do que jamais foi visto
anteriormente.

Este livreto foi traduzido de uma série de artigos publicados originalmente nos
números 5 e 2
da revista “Proclaim”.

Os direitos autorais pertencem a:


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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 3

SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 3

A PALAVRA PROFÉTICA
John Maclauchlan

Por definição, o profeta fala. Mas, também por definição, o profeta de Deus
é alguém
através de quem Deus fala. Ele não é profeta a fim de expressar-se a sim mesmo,
antes é o
porta-voz e representante de Deus. Ele está disponível a Deus como alguém por quem
Deus
pode se expressar. A palavra profética e a palavra de Deus. Não consiste de idéias,
pensamentos, sermões, lógica acadêmica ou conclusões. Se não consistir da palavra
de
Deus, não poderá ser classificada como “profética”.

O que é, então, a palavra de Deus? Para cada um de nós, palavras são meios
de
auto-expressão. Isto também se aplica ao Deus que nos criou. Ao falar ele se
expressa. Sua
palavra então encarna sua vontade e desejos, e de fato sua própria natureza.
Transborda
também do seu poder e contém em si mesma sua energia criativa. Assim, na criação,
Deus
disse: “Haja...” e houve! O Deus vivo determinou expressar-se numa nova dimensão, e
trouxe à existência todo o universo material. Ele o fez pela sua palavra. Já que
constituem
um aspecto da sua auto-expressão, não é de se admirar que “os céus proclamam a
glória de
Deus”. Se considerarmos a criação, veremos que palavras para Deus são dispendiosas.
Evolvem consumo de energia, de criatividade, e até mesmo do seu próprio ser. A
extensão
total deste dispêndio foi revelada quando Deus nos falou no seu Filho. Neste ato de
redenção Deus expressou seu amor através da própria morte. Verdadeiramente Jesus á
a
Palavra de Deus.

Em contraste, para o homem atual em nosso mundo ocidental as palavras são


baratas. Elas o bombardeiam de todos os lados, em livros, jornais, televisão,
rádio, no ruído
da vida cotidiana. Chegam a ele com uma atitude de: “aceite ou rejeite”. Ele tem a
opção de
retê-las ou ignorá-las, conforme desejar. Ele recebe as palavras como informação,
como se
elas fossem suas servas. Não contêm vida alguma. Não produzem resultados. Ao perder
o
impacto criativo das palavras, o homem moderno se empobreceu.

De fato, se tudo o que o homem ouve são suas próprias palavras, e se


constantemente deixa de ouvir o que Deus está dizendo, não fica ele apenas mais
pobre, na
verdade ele já está morto! O homem vive pelo ouvir o que Deus está continuamente
dizendo. O verbo “procede” em Mateus 4:4 é originalmente o mesmo que “sai” em
Apocalipse 22:1. As palavras de Deus são vistas como um fluir contínuo, semelhante
ao rio
que flui do seu trono. São tão essenciais para a vida humana quanto o seu alimento.
Por causa do alto preço das suas próprias palavras, Deus quer que o homem as
trate
com a importância que merecem. Ele não deve falar levianamente ( Mt 12:36 ). Pela
sua
palavra Deus tanto criou ( Hb 11:3 ) como sustenta ( Hb 1:3 ) o universo até hoje.
O homem,
como ápice da auto-expressão de Deus, feito na sua forma e semelhança ( Gn 1:26 ),
precisa constantemente ouvir e obedecer a essa palavra. Fazer assim é parte de sua
própria
vida. É morte para ele deixar de o fazer. Deus está constantemente falando “hoje”;
o destino
do homem sempre dependa da sua resposta ( Hb 3,4 esp. 3:15 ).

Há um conceito errado muito generalizado hoje a respeito da natureza da


palavra de
Deus. Alguns dizem que para ouvi-la só é necessário ler a Bíblia. Outros dão a
entender que
a palavra de Deus são meras informações e diretrizes para a vida. Mas como já
vimos, a

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 3

palavra de Deus flui constantemente e é poder. Simplesmente ler a Bíblia é


insuficiente, seja
qual for sua utilidade para nos ajudar a compreender os caminhos de Deus.
Precisamos
conhecer o Deus que realmente fala; precisamos ter uma experiência com a palavra
profética.

A fim de que isso aconteça, Deus sempre levantou porta-vozes ou profetas.


Não
somente nos dias do Velho Testamento, mas depois da morte e ressurreição de Jesus (
At
1:1,2 ; Ef 4:11 ) Deus ainda está falando desta maneira. Os profetas trazem a
palavra e a
direção de Deus para as igrejas, e também estimulam a resposta de cada cristão para
ouvir
o que Deus está dizendo atualmente. Provocam um ambiente de fé e escuta que permite
Deus falar individualmente a cada um.

Reduzir as palavras de Deus ao nível do entendimento humano e sempre


interpretá-
las à luz de uma experiência humana anterior, é na verdade rebaixá-las. Elas
encarnam os
pensamentos de Deus e expressam os seus caminhos, não os do homem. São mais
elevadas que as palavras do homem. Devem ser recebidas como realmente são: a
criativa
auto-expressão de Deus. Quando os discípulos tropeçaram nas palavras de Jesus sobre
o
que comer e o beber dele próprio, Jesus disse que suas palavras eram “espírito e
vida” ( Jo
6:63 ). A experiência e a sabedoria natural dos homens não conseguiam compreender
como
se poderia comer e beber alguém que estava ali, intacto, diante deles. Mas aquele
que
falava viera de cima ( Jo 6:62 ), e suas palavras precisavam ser compreendidas como
palavras que transcendiam a qualquer experiência humana anterior.

As palavras de Jesus foram designadas, não para informar, mas par comunicar.
Transmitiam vida quando recebidas espiritualmente num nível mais alto que o
entendimento
mental. Ele se dispunha a explicar suas palavras, mas somente àqueles que já as
tinham
recebido pela fé ( Mt 13:16-18 ). Para aqueles que não correspondiam
espiritualmente às
suas palavras, ele não dava nenhuma esperança de receberem compreensão ou benefício
delas ( Mt 13:10-15 ).

É a fé ( e não o entendimento ou a sabedoria ) que consegue apreender a


palavra de
Deus. A fé é que encarna essa palavra no ouvinte de modo a tornar-se parte dele
( Hb 4:2 ).
E a fé é algo espiritual. Não tem sentido nenhum se não envolve uma resposta
pessoal ao
Deus vivo. Tal resposta pessoal permite ao Senhor que fala criativamente criar sua
vontade
em nós pela sua palavra. Ele pode continuar falando e dessa forma continuar nos
transformando. Ele não precisa delinear diretrizes eternas para nós, pois estaremos
sempre
ouvindo e obedecendo, momento após momento, em cada circunstância da vida. Seremos
dependentes e não independentes.

O pecado do homem é a independência, aquela atitude de saber e avaliar as


coisas
por si mesmo ( Gn 2:17 ). A libertação do homem, possível graças ao sacrifício de
Jesus,
está em render-se diante de Deus, e obedecê-lo. A fim de obedecer constantemente,
ele
precisa ouvir constantemente, ele precisa ouvir constantemente. O papel do profeta
é prover
e estimular este constante ouvir de Deus. Ele mesmo depende de Deus e conclama todo
o
povo de Deus a semelhante dependência.

A palavra de Deus é criativa. Quando recebida corretamente, produz


resultados assim
como ocorreu na criação. O recipiente da palavra de Deus precisa agir em fé, indo
além do
clamor: “Como será isto?” ( Lc 1:34 ). Ele precisa reconhecer que a palavra de Deus
é em si
mesma o próprio acontecimento do qual fala, “porque para Deus nada será impossível”
(Lc
1:37). Como Maria, sua resposta precisa ser: “Cumpra-se em mim segundo a tua
palavra”

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 3

(Lc 1:38). Essa resposta permitiu que a palavra sobre Jesus se realizasse, e
daquele
momento em diante ele começou a crescer no seu ventre.
Quando os pastores ouviram o anúncio do nascimento de Jesus, disseram: “Vamos

até Belém, e vejamos isso que aconteceu...” ( Lc 2:15 ). A palavra “isso” ou
“acontecimento”
nada mais era do que a palavra dita a Maria nove meses antes, e que agora havia
“acontecido”. A palavra de Deus é acontecimento.

Esta identificação de “palavra” e “acontecimento” é evidente através das


Escrituras.
Tanto é que “palavra” é usada muitas vezes em referência a um acontecimento ou
evento,
como no exemplo acima. Assim em 1 Reis 11:41, os “atos de Salomão” significam
literalmente: “as palavras de Salomão”, onde o contexto se refere claramente a
eventos.
“Depois destes acontecimentos” em Gênesis 15:1, que se refere a eventos históricos,
no
original é: “depois destas palavras”.

“A palavra que se divulgou” em Atos 10:37 é realmente: “a palavra que


aconteceu” e
se refere aos eventos da vida de Jesus. Antes em Atos 5:32, onde Pedro e os outros
apóstolos foram acusados diante do Sinédrio, eles disseram: “Somos testemunhas
destes
fatos”. Estavam se referido à morte, ressurreição e exaltação de Jesus. A frase
literalmente
é: “Somos testemunhas destas palavras...” Deus se expressara; estes eventos eram
sua
palavra.

Neste assunto precisamos transcender o nosso condicionamento cultural do mudo


ocidental. Precisamos reconhecer que quando Deus nos fala, sua palavra é
acontecimento.
Como nós a ouvimos, assim ela é. Se a recebermos em fé, teremos o conteúdo da
palavra.
Os resultados podem não ser visto por algum tempo (como ocorreu no nascimento de
Jesus), mas temos o que foi dito, pela fé, desde o momento em que o ouvimos.

Assim quando Deus nos fala sobre o amor, não é para tentarmos alcançar algum
parâmetro exterior e impossível. Ao contrário, é para dar-nos seu amor; é para
derramar seu
próprio amor nos nossos corações. Na própria palavra de exortação divina ao amor
está a
essência espiritual deste amor. Quando a recebemos espiritualmente, pela fé, e não
de
modo legalista, experimentamos o amor.

Aqui está a diferença entre o acúmulo de exigências legalistas e pressões


religiosas,
e a vida em Deus. Em contraste com os legalistas designados por si mesmos, que
sempre
oprimem o povo de Deus com padrões e exigências, o profeta conhece a Deus. Sabe que
a
palavra de Deus é vida e acontecimento, e fala de Deus nessa confiança. Ele ouve o
que
Deus está falando e o proclama criativamente, em fé, ao povo de Deus. Ele crê que o
que
Deus disse há de acontecer.

Ele não se limita a aconselhar e instruir. Onde vê deficiências, ele olha


para Deus. À
medida que percebe as ações de Deus e recebe a sua palavra sobre o assunto, ele
comunica vida, cura, ou algum dom espiritual para a situação. Ele literalmente
transmite a
palavra de Deus, e conseqüentemente aquilo que Deus é, para os que estão em
necessidade. Transmite a resposta e a provisão de Deus. Transmite cura, liberação,
paz,
alegria. Mesmo ao trazer correção e repreensão, ele procura comunicar auxílio
específico
onde há correspondência a Deus.

Um povo profético sabe disso e está aberto e essa palavra, sempre na


expectativa de
ouvir, obedecer e receber. Eles estão livres da condenação, pois conhecem a
aceitação e o
perdão de Deus, e assim podem responder em fé. À medida que Deus lhes fala dia após
dia,
recebem atitudes e maneiras de pensar. Abraçam o que Deus fala, liberando o poder
da sua

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 3

palavra nas suas vidas. À medida que ouvem, sabem que já possuem, e agem
correspondentemente.
Isto não é uma técnica. Não é crença mental. Baseia-se numa certeza
espiritual
interior, um senso seguro de realidades recebidas. Tudo isso ocorre no contexto de
um
profundo amor por Deus e uma experiência pessoal com ele. Ninguém se esforça por
produzir resultados, nem pratica “exercícios espirituais” para implantar mudanças.
Todos
vivem pela fé.

A oração deles é real, brotando de corações cheios de amor e da realidade de


Deus.
Sua comunhão em torno da mesa é rica com a presença de Jesus. Seus relacionamentos
são vitais, pois têm tanta coisa para compartilhara uns como os outros. A divisão
entre
atividades sagradas e seculares não tem sentido para eles. O prático e o espiritual
são uma
só coisa. Servem a Deus na confiança que toda a terra lhe pertence, e toda a sua
plenitude.
Assim o profeta e o povo se unem. Juntos tornam-se a encarnação da auto-
expressão de Deus. Porque ouvem sua palavra, são transformados. Porque obedecem e
correspondem, tornam-se semelhantes a ele. Porque recebem o poder inerente na sua
palavra, vencem todo obstáculo ao seu progresso. Tornam-se a forma e a aparência de
Deus na terra. Através deles Deus fala criativamente e libera a criação.

A PALAVRA PROFÉTICA E A LEI


John Maclauchlan

A ”lei” é um dos grandes temas mal compreendidos dos nossos dias. Tanto é
verdade
que nossa tese básica neste artigo provavelmente entrará em choque com a maioria
das
pessoas, pois afirmamos que a lei e a palavra profética são uma só coisa! A lei,
sim, como
Deus a designou, e não como o homem a modificou e desenvolveu.

O fato de a profecia ser diretiva, ou seja, que não se confunde com chavões
vagos,
está claro para todo leitor das Escrituras. Ela é contundente, causa impacto, corta
e expõe
erros de nossos conceitos e vida. Implanta fibra nos que a recebem, ao determinar o
curso
das suas vidas de acordo com a vontade de Deus. A palavra de Deus é a sua ordem, a
sua
direção para o homem. Deve ser ouvida e obedecida, não apenas ouvida.

As primeiras ocorrências da palavra torah (lei) no Velho Testamento são


muito
esclarecedoras. As instruções de Deus a Abraão, suas palavras de direção a ele, são
denominadas “leis” (Gn 26:5). As direções para sair do Egito são semelhantemente
chamadas “lei” (Ex. 12:49; 13:9). Entre essas primeiras ocorrências, porém, a que
mais nos
esclarece esta na passagem que relata a provisão do maná. Ali ( Ex. 16:4-7 ), as
direções
para o recolhimento do maná são denominadas a lei de Deus.
Assim, nestas passagens temos o esclarecimento do sentido original da
palavra torah.
Ela significa as instruções específicas de Deus numa situação real. É o ensinamento
ou
direção de Deus. Na verdade, a palavra em si quer dizer: “instrução, orientação,
ensinamento, direção”.

A DIREÇÃO DE DEUS...
Até mesmo a famosa promulgação da lei no monte Sinai pode ser entendida desta
forma. O povo trouxera do Egito uma bagagem de idolatria, profanações e práticas
sociais
erradas. A fim de ser o povo do Deus vivo, para tornar-se uma nação governada por
ele,

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 3

teriam de abandonar essas coisas. Deus, portanto, deu-lhes as suas instrução, e


ordenou-
lhes o que deveriam fazer. Outra vez á a palavra de Deus com uma direção definida
para
eles num momento específico da sua história. Deus nunca pretendeu que tais leis
fossem
aplicadas literal e externamente como um sistema para todas as épocas, embora os
desejos
permanentes de Deus possam ser discernidos e aprendidos nas entrelinhas daquelas
ordens imediatas.

Rotular Êxodo 20 de “Os Dez Mandamentos” não nos ajuda a compreendê-lo. Não
é
uma expressão da realidade, assim como, não é verdade que há somente “Nove Dons do
Espírito” ou uma oração do “Pai Nosso”. Mas se pudermos, pelo menos por um pouco,
captar o conceito de um Deus vivo comunicando sua palavra e vontade para o seu povo
com
um objetivo definido em vista, a identidade entre a lei e a palavra profética se
tornará
clara.Deus falou e deu ordens a fim de formar de um povo díspar e confuso uma nação
unida.

Evidentemente, mais tarde a atitude do homem em relação à lei mudou. Em


consonância com as suas ações em tantas outras áreas, ele usou-a para construir um
sistema para sua própria segurança. Ao invés de receber uma direção viva de Deus,
ele
passou a depender da sua observação de todo o conjunto dos mandamentos passados. A
fim de garantir que guardasse todos, ele desenvolveu um sistema complexo de
interpretação
e subdivisão. Neste sistema, ele procurou abranger toda possível eventualidade da
vida. Os
escribas e fariseus do tempo de Jesus eram os grandes representantes de tal
conceito
legalista, e Jesus deixou extremamente clara a sua atitude em relação à perversão
deles em
torcer os propósitos de Deus.

... OU SISTEMA DO HOMEM


Assim a lei começou a operar contra o propósito de Deus, ou melhor, os
homens a
usaram de maneira errada, produzindo este resultado. A lei se tornou um meio para o
homem tentar alcançar a Deus, e deixou de ser a expressão do próprio Deus e de sua
direção ao homem. Deus é quem toma a iniciativa, falando e agindo para com o seu
povo. O
povo de Deus compõe-se daqueles que ouvem e obedecem. Dessa forma, quem depende
de um sistema externo de regras e regulamentos não pode fazer parte do povo de
Deus. A
confiança de tais legalistas é depositada em outro lugar fora de Deus: a sua
segurança é
fundamentada na sua própria realização, e não na dádiva de Deus.

É a ação de Deus em Cristo que derruba toda esta falsa segurança. Em Jesus,
Deus
se chegou ao homem, mostrando que o método oposto (do homem tentar alcançar a Deus)
é fútil. Em Jesus, Deus tomou o homem e o elevou à sua própria esfera, os lugares
celestiais, fazendo dele tudo o que queria que fosse. É a obra e a atividade de
Deus que são
válidas. A ação independente do homem é condenável.

Mateus 5 registra a ordenação e o ensinamento específicos de Jesus em


relação à
lei. Ordenação, porque subiu numa montanha, uma nova montanha, para uma nova
promulgação, a fim de formar uma nova nação. Formando conscientemente um paralelo
com Moisés no monte Sinai, ele declarou a constituição desta nova nação para
aqueles que
escolhera para encabeçá-la. Um novo Israel veio a existir.

OS DESEJOS DE DEUS...
Dentro das instruções que ele deu, enfatizou que a lei de Deus não seria
anulada. Isto
é precisamente porque ela encarna os princípios, vontade e desejos de Deus. As
pessoas
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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 3

não devem viver conforme escolhem ou pensam, independentemente de Deus, mas devem
viver de acordo com a sua direção. Tudo que Deus deseja tem de ser realizado. Ele
enfatizou que os homens deviam ouvir os mandamentos que estava dando naquele
momento (“estes mandamentos”, v.19). Prosseguiu depois citando diversos mandamentos
do Antigo Testamento, em cada caso desviando a atenção do exteriorismo literalista.
Ao
contrário, salientou aquilo que Deus está procurando. Desta forma, restabeleceu a
lei como
expressão da vontade de Deus, como mandamento direto de Deus para o seu povo numa
situação real. Portanto, quem lê um mandamento registrado precisa ver além da forma
imediata de palavras literais, a fim de ouvir o que Deus está dizendo agora.

A justiça dos escribas e fariseus é insuficiente, pois ninguém pode agradar


a Deus por
aderir legalisticamente a um sistema exterior de regras. Aqueles que entram no
reino dos
céus precisam sobrepujar esta justiça, o que lhes será possível se ouvirem e
obedecerem as
ordens que procedem de Deus vivo. Assim podemos perceber que a lei como Deus a
pretende e a profecia diretiva é a mesma coisa, ou seja, a expressão da vontade de
Deus
para agora. Não é nenhuma coincidência o fato de Moisés, o legislador, ter sido um
profeta!

Isto tudo tem grandes implicações para o profeta de hoje. Ele não pode se
esquivar
da sua função diretiva e administrativa. Não pode recuar de receber e expressar as
ordens
de Deus para o seu povo, individual e coletivamente. Precisa falar com autoridade,
sabendo
que o poder e a presença de Deus dão realidade e capacidade para aqueles que ouvem
e
obedecem. Tem de estar saturado dos princípios das Escrituras (não em literalismo),
permitindo que estes condicionem suas atitudes de tal forma que fale da perspectiva
de
Deus.

Além do profeta, o povo também deve ser profético. Devem encarnar e


expressar a
Deus, pois ouvem e obedecem-no. Tornam-se a manifestação viva da sua vontade, pois
recebem e fazem essa vontade. Longe de viver por um código exterior de conduta, são
inteiramente dependentes da direção atual e viva de Deus para eles. A coerência das
suas
vidas se baseia na coerência de Deus, e não numa estrutura exterior e legalista que
funciona como meio de controle.

Deus não pretende que seu povo viva por qualquer sistema de padrões éticos.
Tal
sistema é humano e não divino, e sua operação é contrária a Deus, não sue favor.
Falar de
uma “Ética Cristã” é usar termos contraditórios, pois a experiência cristã tem como
centro
um relacionamento vivo com Cristo, não a observância de um sistema ético. Conhecer
a
Deus é que é o importante, não o relacionar-se com ele através de um sistema de
“faça” isto
e “não faça” aquilo. Jesus é, ele mesmo, o caminho; e é blasfêmia substituí-lo por
um
sistema legalista como sendo o caminho para Deus.

... E A RESOSTA DO HOMEM


Agir, como cristão, é agir por uma ordem de Deus. O filho vê o pai agir e age
semelhantemente. Ele está à disposição de Deus. Ele não vive sua vida longe de
Deus,
dentro de uma estrutura designada a mantê-lo sob controle. Ele conhece a Deus, ama-
o e
age em correspondência. A idéia errônea (para usar uma palavra caridosa, pois a
palavra
“engano” seria provavelmente mais adequada) que o homem se relaciona com Deus
através
da obediência a uma ética cristã baseada principalmente no Sermão do Monte, tem
escravizado multidões.

É tão essencial que sejamos livres de todo e qualquer substituto da palavra


de Deus
que ainda continuaremos a tratar deste assunto. A expressão bíblica que se usa no
lugar de

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 3

“ética" é o ”conhecimento do bem e do mal”. Em Gênesis está claro que o homem foi
designado a viver no conhecimento do próprio Deus, e a conhecer outras coisas
somente
dentro deste conhecimento. Ao entrar no conhecimento independente do bem e do mal,
o
homem ficou preso, fechado dentro das limitações das suas próprias possibilidades,
separado de Deus.

DEUS COMO FONTE...


Deus é tem de ser a origem e a fonte contínua de tudo para o homem.Ma,
através da
rebeldia, o homem se tornou sua própria fonte e origem. É precisamente por causa
desta
independência, baseada na insistência do homem em manter seu direito de julgar e
avaliar o
que é certo e errado, é que o homem foi impedido de viver para sempre. Como
resultado da
rebeldia, há um senso de nudez, de autoconsciência e de alienação. O homem está só;

tem a sim mesmo. Por esta razão a Bíblia enfatiza a necessidade de cobertura, de
vestir-se.
As “vestes” finais do homem serão o seu corpo ressurreto.
Nem tampouco é vontade de Deus que o homem viva pela sua consciência. A
consciência envolve um senso negativista, e seu objetivo é capacitar o homem a
viver em
paz consigo mesmo. Trata com o que é “proibido” ou, na melhor das hipóteses, como
que é
“permitido”. Tem a ver com ações que sejam suficientemente claras e limpas para
permitir a
auto-aceitação. Assim ela enfatiza o relacionamento do homem consigo mesmo e não
com
Deus.

O fariseu é o grande exemplo bíblico da independência religiosa do homem.


Ele é
uma antítese viva do profético. Sua vida era subordinada em tudo ao conhecimento do
bem
e do mal. Julgava-se a si mesmo severamente. Agradecia constantemente a Deus pelo
próprio conhecimento independente do bem e do mal, que Deus condena. Cada momento
para ele era um momento de escolha entre o bem e o mal. Conseqüentemente, traçava o
seu percurso usando o sistema legal mais intricado jamais conhecido procurou prever
toda
situação possível. E rejeitou o Deus encarnado.

Sempre os fariseus procuravam forçar Jesus a responder dentro da mesma


estrutura
de constante conflito ético nba qual eles viviam. Sempre ele se recusava a dar a
decisão e
os pareceres que exigiam. Ele não podia ser induzido a entrar neste conflito;
rejeitava
conflitos para poder conhecer somente a vontade de Deus. Invariavelmente falava
numa
base de unidade total com Deus. Suas palavras fluíam da origem, e estavam
completamente
livres da independência humana.

... E A INDEPENDÊNCIA DO HOMEM


Assim Jesus recusou ser árbitro para decidir entre alternativas humanas.
Negou a
própria existência de uma pluralidade de possibilidades numa determinada situação,
pois
conhecia somente a vontade de Deus. Vivia dela como se fosse seu próprio alimento,
o
sustento constante da sua vida. Condenava severamente o julgamento que é fruto do
conhecimento do bem e do mal. Com a mesma totalidade, repudiou a validade de uma
ação
independente de Deus. Toda ação independente é um julgamento de outro homem. Julgar
é
a característica essencial do homem independente. Ele julga suas próprias ações e
as dos
outros, em cada pensamento, palavra e ação.

Que contraste absoluto entre a encarnação viva de Deus e toda essa atividade
independente do homem! Quão vasto é o contraste entre o profético e o religioso! É
o
profeta o homem capaz de expor as sutilezas da independência. É o profeta que pode

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 3

implantar a realidade do Deus vivo. Ele nos levará para longe da árvore do
conhecimento do
bem e do mal e nos fará comer da árvore da vida.

Agora, ele já está concebendo dentro de si um povo que morreu para toda
independência. Um povo que ressuscitou com Cristo para viver na sua ressurreição.
Um
povo para quem a voz de Deus é constante e real, e para quem a lei e a profecia se
uniram
outra vê como uma só coisa. Ouvem a voz de Deus dia após dia. Conhecem a todo o
tempo
o que o Espírito está dizendo às igrejas. Ouvem e obedecem com uma obediência
criativa
de fé. Não são introspectivos nem julgadores. Conhecem somente a Deus.

Este livreto foi traduzido de uma série de artigos publicados originalmente


nos
números 6 e 4 da revista “Proclaim”.

Os direitos autorais pertencem a:


Andrew McFarlane,
113 Springwood
Llandeyrn, Cardiff CF2 6UE

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 4

SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 4

A PALAVRA PROFÉTICA
John Maclauchlan

Se temos assimilado alguma coisa da natureza da palavra de Deus, não nos


surpreenderemos em saber que há um vínculo indissolúvel entre essa palavra e a
igreja. Ela
é a vontade de Deus expressa ao homem, procurando se encarnar no homem. A palavra
de
Deus traz à existência um povo, do qual se pode dizer que se torna a sua palavra
encarnada, pois foi criado na mesma imagem daquele que é singularmente a Palavra de
Deus. A palavra de Deus torna-se a igreja, e a igreja não é igreja sem essa
palavra.

Quando Paulo chama os tessalonicenses a orar “para que a palavra do Senhor


se
propague e seja glorificada”, ele não está pensando na proliferação de idéias.
Antes, está
ciente que aqueles a quem está escrevendo são o resultado visível dessa palavra. É
a
palavra encarnada; é sua expressão concreta. Ele lhes falou a palavra diretiva e
construtiva
de Deus e foram moldados num povo para Deus. Isto aconteceu inacreditavelmente
rápido
em Tessalônica. Paulo agora exorta aqueles que experimentaram esse resultado rápido
da
palavra de Deus a orar por triunfo semelhante e resultados imediatos em outros
lugares.

Claramente, par Paulo, a igreja se origina da palavra de Deus. Se a palavra


é a auto-
expressão de Deus, a igreja também o é. Através dela ele fala aos homens. A mesma
ligação é evidente em outros lugares. Lemos em Atos 9:31 “A igreja, na verdade,
tinha paz
por toda a Judéia, Galiléia,e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do
Senhor e, no
conforto do Espírito Santo, crescia em número”. Compare isto com Atos 6:7 “Crescia
a
palavra de Deus e... multiplicava-se o número dos discípulos...”.

A PALAVRA E A IGREJA SÃO UMA


Em outro lugar, é simplesmente: “... a palavra de Deus crescia e se
multiplicava” (At
12:24), e ainda em outro: “... a palavra de Deus crescia e prevalecia...” (At
19:20). O
crescimento da igreja é atribuído à palavra. Além disto, é identificado com o
crescimento da
palavra. A palavra e a igreja são uma. Lemos nestas passagens sobre o
desenvolvimento e
crescimento da auto-expressão de Deus na terra. Mais e mais, ele tem um povo em
quem
pode viver e através de quem pode revelar como ele é.

A implicação é clara. A igreja é totalmente dependente da palavra


profética. Sem esta
palavra, ela cessa de ser a igreja do Deus vivo. Separar a palavra da igreja é o
mesmo que
retirar o espírito do homem: resta apenas um cadáver.

O ápice da auto-expressão de Deus é Jesus. Ele encarnou e revelou


perfeitamente
tudo que Deus é. Nele o Deus invisível é visto pelos homens. Mas Paulo chama a
igreja
“corpo” de Jesus, que equivale a chamá-la sua auto-expressão. Vai mais além e a
descreve
como a “plenitude” de Jesus, um termo usado no grego para o carregamento de um
navio,
ou conteúdo total de uma embarcação. A igreja contém, encarna, é plena de Cristo.

Nisto tudo, Paulo não está se referindo aos dias passados quando Jesus andou
na
terra em um corpo mortal. Antes, descreve-os exaltado e supremo sobre todos os seus
inimigos, enchendo o universo como sua grandeza. A igreja é a encarnação e
expressão na

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 4

terra do Reis dos reis. É a “plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas”
(Ef
1:23).

Jesus é a Palavra de Deus. A igreja o encarna e expressa. A Palavra


triunfante de
Deus, exaltada e glorificada, vive em seu povo. Este povo não é chamado à
existência par
exemplificar uma cópia religiosa de Cristo. São criados como aqueles em quem ele
vive. São
seus filhos e filhas. São as expressões de Deus na terra.

NÃO EXISTE UMA “PLANTA” PARA A IGREJA


Deus se recusa a ser limitado pelo homem. Não será restringido pelas
limitações de
conhecimento ou teologia humanos. Reserva a si mesmo a liberdade pessoal que é
legítima
somente para quem é supremo. Questionado sobre sua própria definição, responde: “Eu
sou
o que sou”.

Conclui-se que um povo designado a expressá-lo não pode ser limitado a uma
forma
preestabelecida ou desenvolver-se segundo as linhas de uma planta predeterminada.
Não
pode haver um “padrão” para a igreja. Um corpo estruturado de acordo com algum
padrão
ou restrito àquilo que surgiu da assim chamada ortodoxia histórica, será meramente
uma
instituição religiosa humana. Não importa como os homens queiram chamá-la, não pode
ser
a igreja do Deus vivo.

O conceito de igreja como instituição que se autoperpetua é horripilante.


Capaz em si
mesma de se manter e existir como organização, mas destituída da presença de Deus.
Torna-se inimiga de todos os propósitos de Deus. Torna-se cadáver mencionado acima,
um
corpo do qual o fôlego se foi. Mas o absurdo deste é instituído pelo horror, pois
este cadáver
ainda anda, locomove-se, e fala. Ilude os homens a pensar que ainda representa
Deus. Na
verdade, grotescamente deturpa a sua imagem.

A BLASFÊMIA DO INSTITUCIONALISMO
O institucionalismo desta forma se torna uma blasfêmia, e homens como
corações
dedicados a Deus se afastam dele com horror. O que, então, podemos dizer da igreja?
Somente isto, que como auto-expressão de Deus “ela é o que é”. Ou, talvez melhor,
“é o que
Deus é“. A igreja é totalmente vinculada a Deus. Sem o seu fôlego, morre. É quando
Deus
fala que a igreja toma sua forma e semelhança. É pela palavra de Deus que ela se
torna o
que ele é. E isto é um processo contínuo: Deus falando e a igreja ouvindo e
correspondendo. É somente dessa maneira que a igreja pode ser o que Deus quer que
ela
seja, e cumprir sua vontade na terra.

Jesus concede temível autoridade à igreja. A partir da sua ênfase no direito


e dever
da igreja de tratar com o pecado no seu meio, ele mostra que a igreja tem todo
poder no céu
e na terra. Para exercer tal poder, ela precisa somente “concordar” e “pedir”. E
pode ser até
com dois crentes que se unam desta maneira. Mas a base crucial de tudo isto é ter
dois ou
três que reúnem em Jesus. A ênfase está em Deus reunir seu povo, e o propósito de
tal
reunião é entrar na pessoa de Jesus.

Somente este chamamento e mover divinos trarão a promessa de Jesus estar no


nosso meio. E como vimos, tal ação divina inevitavelmente relaciona-se com a sua
palavra.
É quando ele fala que vemos Jesus. É através de sua voz que somos chamados. É
através
de sua palavra que somos comissionados e atraídos à experiência de seu Filho. É em

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 4

relacionamento vivo com Jesus que temos sua autoridade e podemos ligar e desligar.
A
igreja existe para entrar em Jesus, e isso acontece pela palavra viva procedente de
Deus.

Muitas vezes se tem dito que a igreja não é um prédio, mas são as pessoas.
Sugiro
que esta declaração seja verdadeira, porém inadequada. Verdadeira, porque tira
nossa
atenção dos tijolos e argamassa, e a dirige para a verdadeira casa de Deus,
constituída de
homens e mulheres. Mas inadequada, porque podemos ver a igreja como pessoa e mesmo
assim ter uma instituição. Talvez devam se reunir de uma maneira específica. Talvez
devam
ter um tipo específico de estrutura ou liderança.

Se esta é a nossa visão da igreja, podemos dizer o quanto quisermos que ela
consiste de pessoas e não de prédios, mas ainda temos um conceito institucional.
Nossa
visão é sectarista; divide-se na base de aderência a um conjunto específico de
credos e
ações. Alguns tentam responder à questão acima com uma definição geral como esta:
“a
igreja consiste de todos os regenerados”, mas geralmente acabam em divisões
sectaristas
da mesma forma.

Não pode ser assim, devemos ver a igreja como um povo em correspondência
ativa e
atual ao Deus vivo. Ela está sempre ligada a um propósito, não a credos fixos ou
formas
predeterminadas ou ações prescritas. É a prática que é importante, não a teoria.
Somente
através de ouvir e praticar o que Deus está dizendo é que um povo pode representar
seu
nome. Tal povo é totalmente vinculado a Deus, sem segurança humana nem religiosa.
Vivem pelo que ele diz: morreriam sem isto. Não têm uma estrutura inflexível ou que
se
autoperpetua. Podem ser descritos como um povo profético, pois são completamente
dependentes da palavra profética de Deus.

A NATUREZA DA PALAVRA

Em Efésios 6:17 “espada” e “espírito” se identificam, e “espírito” é


definido como
“palavra de Deus”. Semelhante a esta passagem é Isaías 11:4 na Septuaginta, que
liga “a
palavra da boca” com “o sopro de seus lábios”, enquanto que no hebraico a frase
anterior é
“a vara da sua boca”. Desta forma vários termos se identificam. A palavra pode ser
descrita
como espada, referindo-se ao seu poder cortante e penetrante, e à sua (Jo 6:63),
referindo-
se à sua verdadeira natureza e também ao seu efeito, mostrando côo deve ser
recebida pela
fé.
Do mesmo modo, a palavra pode ser descrita como sopro, mostrando que ela é
vivificante e é a expressão de Deus. Pode se chamar vara, referindo-se à sua
autoridade e
poder para disciplinar e governar. A tudo isto podemos acrescentar a frase que o
Senhor
Jesus destruirá o iníquo com o espírito, ou sopro, da sua boca.

É instrutivo comparar estas várias descrições da “palavra” com aquela do


povo de
Deus em Isaías 49:1-3. É Israel, povo de Deus, que é descrito como “chamado” e
“nomeado”. O povo de Deus tem uma boca como uma espada aguda; são uma flecha
polida. Assim como Jesus é visto com uma espada aguda de dois gumes procedente de
sua
boca e é chamado a Palavra de Deus, da mesma forma o povo de Deus segura e maneja
esta espada. Esta espada, intimamente ligada à palavra de Deus, é usada por eles
para
governar e julgar as nações (Sl 149:5-9). Isto é uma honra para todos os seus
santos.

Devemos ser um povo de palavra de Deus, experimentando sua natureza, incisão,


poder, autoridade, efeito, e vida. Desta maneira, podemos manifestar e expressar a
palavra
de Deus ao mundo, e finalmente estar preparados para governá-lo. Não há outra forma
de

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 4

governá-lo. Sabedoria e experiência humana cristã. O mundo pertence a Deus e ele


anseia
por expressar-se a si mesmo e a sua vontade para com ele. Isto ele fará de Sião,
seu lugar
de habitação. Toda a terra se calará diante de Deus através de seu povo. Deste
contexto
falará à sua criação (Zc 2:10-13).

A PALAVRA PROFÉTICA
John Maclauchlan

Falando, Deus se declara. Revela sua vontade, e exerce seu poder para
realizar esta
vontade. Sua palavra é acontecimento e toma forma e semelhança concretas na terra.
Sua
palavra é sua auto-expressão, e podemos seguramente assumir que Deus se expressará
plenamente me tudo o que criou.

Deus não abandonou sua criação. Não deixou o homem entregue a seus próprios
alvos egoístas. Não o entregou à autodestruição. Entregando seu filho, a preço de
morte,
Deus redimiu o Homem e preservou seu propósito par ele. Colocou o homem na terra
para
se tornar uma encarnação e expressão de Deus. Deus agora fala ao homem redimido
parar
realizar seu propósito. Fez o homem para reinar e agora está comunicando sua
própria
autoridade aos verdadeiramente submissos para que os mansos herdem a terra.

A palavra profética é relevante e atual. Traz discernimento dos


acontecimentos atuais
e revela o propósito de Deus em relação a eles. Dirige o povo de Deus para que
saiba como
viver. Mostra à igreja que tipo e forma deve tomar a fim de ser a encarnação do
Deus que “é
o que é”. Mas também dá uma perspectiva histórica. Mostra-nos uma visão ampla da
atividade de Deus e comunica um senso de participação no propósito divino. Dá-nos
um
senso de destino.

Não cabe à palavra profética predizer o futuro. Clarividência e profecia não


têm nada
em comum. A verdadeira palavra profética sempre conservará a integridade do tempo,
pois
sempre move-se dentro da integridade de Deus. Deus realmente dá alternativas ao
homem.
Realmente lhe expressa seus desejos. Realmente adapta seu plano de acordo com o
rumo
das circunstâncias. Ele não apenas prediz; declara suas intenções.

De fato, por ele ter a capacidade de compreender tantas coisas ao mesmo


tempo e
entender toda a miríade de fatores envolvidos num assunto, ele pode, como precisão,
projetar o curso futuro dos acontecimentos – mesmo diante de muitas coisas
variáveis.
Neste sentido muitas vezes revela ao seu povôo que há de vir. Mas acima e além
disto,
comunica sua vontade ao homem. Declara sua intenção e fala criativamente para
trazê-lo à
luz.

VISÃO, NÃO CLARIVIDÊNCIA


Deus concebe dentro de si mesmo o objetivo pelo qual está trabalhando. É
esta
concepção, esta visão divina, que ele revela aos seus profetas. Alguns hermeneutas
têm
confundido esta visão com um vislumbre de um futuro predeterminado. Mas o futuro
ainda
não aconteceu. O tempo é real, não é uma ilusão. Os profetas durante os milênios
viram a
intenção de Deus, comunicada a eles por meio de palavras, símbolos e visões.

Em correspondência a Deus, seu povo é chamado a entrar na sua visão. Somos


chamados a nos apresentar em espírito diante de seu trono. Não somos mantidos à

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 4

distância pelo medo, como Israel no Sinai, mas somos transportados ao cume de Sião.
Desta forma vemos a consumação, pois somos inundados pela fé e visão do próprio
Deus.
Desta forma há perfeição; desta forma há governo total; desta forma há ordem; desta
forma
há plena formosura. Desta forma, perto do próprio Deus, somos elevados acima do
pecado,
confusão e fracasso. A imperfeição é ofuscada pela sua glória. Desta forma vemos a
perfeição que a obra de Jesus produz em nós.

Porque ele nos tem trazido à sua presença para perceber o sue propósito, é
mais que
imperativo ouvirmos o que ele está dizendo agora. Está falando para destruir todo
pecado e
imperfeição e para estabelecer seu reino inabalável em toda sua glória na terra. A
perfeição
que é Deus encherá sua criação. Nós, que vemos o homem consumado nele que podemos
nos submeter à obra de Deus que destrói toda nossa limitação. É porque o Cristo
glorificado
e ressurreto se identifica tão de perto conosco para nos ajudar que podemos subir
com ele
para a verdadeira glória do homem.

Pela sua palavra Deus se declara. Portanto, expressa o que está nele,
inclusive seus
alvos e objetivos. E são declarados como realidade, pois realmente existem em Deus.
Ele
confia totalmente no seu poder para trazê-lo à luz. Um povo profético precisa
compartilhar
esta confiança. Porque vemos a glória de Deus e nos maravilhamos com seu poder,
cremos
nos seus objetivos. Compartilhamos sua visão e a declaramos, sabendo que ele é o
Deus
todo poderoso e a cumprirá.

João viu a glória de Jesus. Certamente sentiu júbilo e alegria incríveis.


Mas
imediatamente depois disto, viu as falhas das igrejas (Ap 2, 3). Viu em alguns
detalhes as
muitas maneiras pelas quais não alcançaram a glória de Cristo. Seu júbilo se
transformou
em tristeza, pois não estava a igreja designada a ser a expressão plena de Cristo
na terra?
A resposta de Deus foi levá-lo aos céus (Ap 4).

Lá ele vê o trono de Deus e Deus neste trono. Lá na presença de Deus, uma fé


renovada inunda sua alma. Porque vê o reino de Deus, pode ver também a igreja
glorificada
governando. De fato, pode ver toda a criação prostrada diante do trono de Deus. Vê
a igreja
se regozijar no cumprimento de sua missão, confessando que toda glória pertence a
Deus.

Então, Deus nos mostra sus propósito e mostra-nos seu poder. Desta maneira,
habilita-nos a prosseguir em fé, conhecendo que em espírito temos a substância e
evidência
do que deve acontecer (Hb 11:1). Podemos entrar de todo coração na obra, pois a
obra é de
Deus. Conhecemos o próprio Deus, e temos toda “substância” e “evidência” nele.
Confiamos
que pela sua graça e poder veremos os céus descendo para a terra.

NÃO UM FUTURO PREDETERMINADO


Há muitos imprevistos possíveis nos eventos que envolvem a realização da
vontade
de Deus. Não é um caso de descobrir o curso preestabelecido dos acontecimentos,
pois o
futuro não é predeterminado. Um futuro predeterminado minaria a integridade moral
de
Deus, pois o homem não seria legitimamente responsável por suas ações. Conhecer a
Deus
é que torna a vida uma aventura empolgante. Dia após dia ele nos dá o discernimento
da
sua vontade. Dia após dia dirige-nos. Por isso, diariamente ele forma o futuro à
medida que
seu povo lhe corresponde. Ele fala e acontece. Algo sucede e se encarna naqueles
que
ouvem sua voz. O ser humano se aproxima mais de Deus. A igreja é preparada para
governar e reinar.

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 4

Com tudo mais, o século vindouro está em Deus. É o seu propósito; é a sua
criação.
Então, à medida que nos aproximamos de Deus, experimentamos agora o poder do século
vindouro (Hb 6:5). Vivemos agora como aqueles que usufruem o governo de Jesus, um
governo que temos certeza será estabelecido sobre todos os homens.

O próprio Jesus demonstrou esta atitude de viver no cumprimento do século


vindouro.
Onde quer que ia, declarava que o reino de Deus estava próximo. Muitas vezes falou
e
assim foi. O reino chegou, a consumação foi liberada. “Seja curado... seja limpo...
seja
abençoado...” Jesus identificou palavras e obras (Jo 14:10), pois suas palavras
eram
acontecimento. Introduziram Deus na vida das pessoas; introduziram o século
vindouro no
presente.

Ver Deus é ver tudo que é possível nele. É crer numa solução plena e final
para todo
o problema. É ver o homem redimido e restaurado como representante de Deus. É ver o
universo liberto. Ver tudo isto é acelerar seu cumprimento tangível. Os discípulos
que viram
Jesus na transfiguração conseqüentemente declararam seu “poder e vinda”. O que
viram
confirmou a palavra profética que declarou a consumação. O que viram capacitou-os a
falar
aquela palavra a outros. A palavra capacitou os discípulos e aqueles que os ouviram
a viver
e prosseguir dia após dia. Atraíram-nos para o alvo (2 Pe 1:16-18).

Está claro nos relatos da transfiguração que seu significado seria mal
compreendido
pelos que a assistiram se Deus não tivesse falado. Semelhantemente, Pedro exorta
contra a
interpretação humana da profecia. Não é um casão de interpretação particular. O
mesmo
Espírito Santo que inspirou os profetas a falar dever interpretar o que eles
disseram. Porque
a consumação é o desejo do coração de Deus, ele precisa comunicar este desejo a nós
hoje. Não poder ser aprendida sistematicamente nem entendida logicamente (2 Pe
1:19-20).

O coração de Deus se revela pela palavra profética. Uma revelação e


percepção de
Deus em sua glória e poder dever ser acompanhada pela sua palavra que expõe seu
significado a nós. Deus se revela para nos incentivar a prosseguir. Manifesta-nos
sua glória
para repartir sua presença conosco. Revela seus anseios a nós para que possam se
tornar
nossos anseios. Convida-nos a compartilhar com ele a realização de seus objetivos.

ACONTECIMENTO NÃO INFORMAÇÃO


Sua palavra, como sempre, é espírito, vida, e acontecimento. Não é
informação. A
palavra de Deus não provê diretrizes à ação; ela nos muda, transforma e impulsiona
para
entrar em ação. A palavra de consumação introduz a perfeição dentro de nós.
Transcende a
toda desordem terrena, toda decadência humana. Leva-nos até Deus para que vejamos
seu
governo. Dirige nossas ações na confiança tranqüila que Deus é o Senhor de tudo.
Capacita-nos a reconhecer agora o que todos os homens verão depois. Torna-nos
pioneiros
que vêem o governo efetivo de Deus nem nossas vidas.

É pelo ouvir a palavra profética que nos tornamos vencedores. Se estamos


ouvindo e
obedecendo ao que o Espírito está dizendo às igrejas, venceremos (Ap 2:7,11,17;
3:21,22).
A palavra profética pode nos capacitar a ver o que está errado. Pode nos conceder
desejo e
força para ser livres de limitação e decadência. Pode nos aprumar como servos de
Deus.
Pela sua palavra Deus pode nos libertar de todas as falhas das sete igrejas e
levar-nos aos
lugares celestiais para vê-lo no seu torno. Ao falar-nos, Deus pode nos levar por
cada fase
do desenvolvimento do seu propósito.

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 4

É tempo de a igreja parar de brincar com profecias. Que Deus nos livre dos
fornecedores profissionais de interpretações e também dos especuladores amadores.
Não
há um curso fixo de acontecimentos futuros a ser descoberto por um assalto
intelectual às
escrituras. Tal pensamento é uma desilusão incentivada por aqueles que buscam
segurança
em seu próprio entendimento e temem a aventura da vida.

Mas há um futuro. Graças a Deus por isso! E há um alvo. Ao permitir o Deus


vivo nos
revelar seus objetivos vivos, iremos vê-los com esperança e fé, e não com mera
curiosidade.
Nosso instinto por autopreservação, nossa exigência por segurança pessoal, cederão
ao
desejo de que os desígnios de Deus sejam realizados. Assim nos tornaremos mais
dependentes de Deus, e buscaremos somente fazer sua vontade.

Nesta dependência Deus nos falará. Nosso clamor por sua direção, nossa
insistência
de que sem ela pereceríamos, produzirão os profetas da igreja. A igreja novamente
ouvirá a
palavra profética com clareza. A magnificência de Deus, sua majestade, será
manifesta.
Pela sua presença e pela sua palavra ele nos transformará.

Falando a nós ele nos constituirá como sua comunidade na terra. Dirigindo
nossas
ações nos mostrará o que fazer para preparar seu caminho. Através da palavra
profética,
estabelecerá em nós toda sua vontade para o homem. E a palavra profética produzira
a
consumação de todas as coisas em nós.

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 5

SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 5

O RADICALISMO DO PROFETA
Por John Maclauchlan

Um profeta é inevitavelmente uma figura radical que ameaça a situação


atual. O
institucionalismo pode produzir seus profetas, mas estes serão homens de sua
própria
espécie, falando o que o sistema quer ouvir e dando uma aparência divina ao que é
essencialmente estéril ou perverso. Em contraste, homens enviados por Deus
permanecerão fora deste contexto, e suas palavras não apoiarão, mas desafiarão os
conceitos formados e os rituais estabelecidos.

Jeremias entrou em controvérsia com os profetas institucionalizados que


falavam ao
povo o que este queria ouvir: que não seriam conquistados por Babilônia. Estes
homens
sustentavam a ordem existente e apoiavam o que Deus havia rejeitado. Viam somente o
reino material, e profetizavam em correspondência a homens, não a Deus. Preocupados
com o reconhecimento e a posição, prostituíam o seu potencial de autoridade em
favor do
benefício próprio. Em contraste, Jeremias declarava a palavra de julgamento de
Deus, à
custa de sacrifício pessoal.

O propósito da profecia não é agradar os ouvidos dos homens. É a auto-


expressão de
Deus: declara sua vontade e desejos; dá sua avaliação da situação. Ao fazer isto,
ela é
diametralmente contrária à expressão da vontade e desejos do homem, pois estes
entram
em choque com a vontade e desejos de Deus. Portanto, muitas vezes o profeta de Deus
terá
de denunciar os profetas dos homens. Miquéias fez isso ao declarar que os falsos
profetas
faziam errar o povo de Deus, não tinham nada de Deus e estavam na verdade em guerra
contra Deus! (Mq. 3:5-12).

DEPENDÊNCIA DE DEUS
O próprio profeta encarna o princípio de que o homem está designado para
viver e
funcionar na dependência de Deus. Desta forma sua vida e suas palavras irão contra
qualquer tipo ou forma de independência. Independência por desejo e ambição,
independência de pensamentos e conceitos, independência de propósito e alvo, devem
dar
lugar ao reconhecimento da supremacia e glória de Deus, submentendo-se a ele de
todo
coração e vontade. Somente desta maneira o homem pode achar segurança e realização.

Portanto, há muita coisa que o profeta é enviado para destruir. Arrancar e


derrubar,
destruir e demolir precedem o construir e o plantar (Jr 1:10). O coração do profeta
é criativo,
não destrutivo, pois reflete o coração do seu Deus. Mas o mal deve ser destruído
para que o
bem possa florescer, e o chão deve ser limpo dos entulhos para que um novo edifício
possa
crescer com firmeza.

Séculos de conceitos e idéias falsos têm paralisado a Cristandade a ponto


de total
inatividade, ou a tem desviado para a atividade errada. Séculos de estruturas
religiosas
humanas têm levado o espírito do homem a tal servidão que ele está dentro de uma
masmorra de formas e rituais sem nenhum conhecimento verdadeiro do Deus vivo. O
profeta permanece em oposição frontal a toda essa escravidão, e declara liberdade
aos
homens.

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 5

Quão facilmente aqueles que querem servir a Deus aceitam conceitos e idéias
tradicionais! Quão facilmente o inimigo tem conseguido semear conceitos falsos no
solo fértil
desta receptividade! Seja onde for que o homem confie em alguma outra coisa além de
Deis
para sua segurança, há perigo. Quando ele confia num credo ou sistema tradicionais
ao
invés de confiar naquilo que Desta falando às igrejas, ele está exposto ao engano.

Também não é seguro abraçar o evangelicalismo como a ala da igreja que


recusou
ser escravizada pela tradição: embora tenha rejeitado as formas exteriores e os
rituais
religiosos do catolicismo, substituiu-os por um sistema de ortodoxia e prática
religiosa
igualmente escravizador. E aquelas mesmas idéias gnósticas que começaram a
envenenar
a corrente sangüínea da igreja nos seus primeiros dias estão encontrando uma pronta
aceitação no meio evangélico hoje.

DESTRUINDO FALSOS CONCEITOS


O profeta se oporá a todas essas idéias falsas, pois seu desejo é uma igreja
sã e
unida, livre de interesses sectaristas. Ele atacará a consciência pecaminosa e
impotente
daquilo que hoje leva o nome de Cristandade tão vigorosamente quanto seus colegas
no
passado atacavam as religiões falsas que contaminavam a vida espiritual de Israel.
A
mentira escraviza ao passo que a verdade liberta. Ouvindo a verdade o povo de Deus
é
despertado para ver a prisão em que se encontra, e ao mesmo tempo ver a porta de
escape
que permanece aberta. Os profetas de hoje, como nos dias de Moisés, conduzem o povo
para fora desta escravidão, destruindo todo obstáculo no nome do Senhor, e trazendo
julgamento àquilo que tem escravizado o povo de Deus.

A tendência do homem é organizar e solidificar tudo que ele toca. Sua


insegurança
exige que tente estabelecer firmes pontos de referência para si mesmo. Por isso,
ele
constrói instituições do que outrora era uma expressão flexível de vida. O Deus que
declara
que “é o que é” recusa-se a ser preso ou limitado. E uma igreja que está designada
a
encarnar e expressar Deus não pode ficar presa a uma forma ou padrão fixos.

De fato, se Deus “é o que é” devemos dizer da igreja que ela também “é o que
ela é”,
ou melhor, que “ela é o que ele é”. Por perceber que o propósito e atividade de
Deus são de
suprema importância, o profeta se oporá ao institucionalismo estático que o homem
erigiu
para substituir a dependência viva em Deus.

A experiência do profeta é de um caminhar contínuo com Deus, uma


experiência viva
com ele. Sua vida e palavras convidam e inspiram o povo de Deus a uma experiência
semelhante. Não lhes é permitido continuar na estrutura confortável e segura do
formalismo,
previsível em todo o seu curso. Antes, devem ser chamados para sair desta segurança
aparente a fim de seguir o Deus que está falando, muitas vezes sem saber para onde
vão.
Foi tal obediência de fé que justificou Abraão; é tal fé que ainda agradará a Deus
hoje. O
propósito da igreja é ser auto-expressão de Deus, e ela deve Volver-se para onde
quer que
ele dirija, e seguí-lo para onde quer que ele vá. O profeta vive desta maneira e
comunica isto
à igreja.

Assim como ele ataca e destrói idéias erradas acerca do relacionamento com
Deus,
da justiça, da natureza e do propósito da igreja, da mesma forma também o profeta
buscará
minar e substituir concepções errôneas de profecia e escatologia. Por não ter uma
experiência viva com a voz de Deus, a igreja se tornou à base reprodutora de uma
superabundância de idéias humanas e demoníacas. Muitas dessas idéias efetivamente

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 5

minam o propósito de Deus e relegam seu procedimento com o homem à categoria de uma
seqüência rígida de acontecimentos futuros.

Porém, Deus é vivo e real! Está ativo e responsivo aos acontecimentos! Ele
não é
uma máquina e nem um computador programado de um curso pré-estabelecido e fixo.
Portanto, ao destruir falsas idéias escatológicas o profeta libertará o povo de
Deus de vários
becos sem saída, e ao mesmo tempo o levará ao indispensável conhecimento do Deus
vivo
e à experiência viva com ele.

Temos falado muito do efeito destrutivo do ministério do profeta sobre tudo o


que
assume o lugar de Deus ou se lhe opõe. Temos também procurado expressar por que ele
tem este papel, e alguns dos resultados positivos que ele espera ao assentar um bom
fundamento e construir num local bem preparado. Mas devemos também ter cautela
contra
a aspereza humana no papel destrutivo do profeta. Alguns têm usado o disfarce de
profeta
para justificar as expressões de amargura e ressentimento humanos, de vingança e
provocação.

EXPRESSANDO A VONTADE DE DEUS


Não importa nesse caso se o que eles atacam é realmente contrário ao coração
e
vontade de Deus. Pois nunca é demais enfatizar o fato essencial de que o profeta é
um meio
para expressar a palavra de Deus, e ela somente. Jesus exemplificou a voz
destrutiva de
Deus em muitas ocasiões, mas nunca com algum motivo de interesse humano. Sempre
falava a palavra de Deus, e somente ela, e muitas vezes era com tristeza por
aqueles de
quem ele falava.
Neste assunto todo, um princípio que o autor deste artigo aprendeu de Deus
há uns
treze anos atrás, e que desde então tem procurado praticar, e corresponder ao
Espírito de
Deus ao atacar e minar idéias e conceitos falsos que mantêm a igreja em escravidão,
mas
normalmente abster-se de atacar a pessoa dos indivíduos que propõem tais idéias.
Estes
permanecem, ou caem diante de seus próprios mestres.

Tem-se falado que Moisés entendeu os caminhos de Deus, enquanto que Israel
como
um todo somente viu os atos de Deus. É parte principal da consciência profética
apreciar
não somente o que Deus está fazendo, mas entender por que ele está fazendo aquilo,
e ter
um senso de estratégia.

Ele sempre dirigirá a atenção para a raiz do problema, removendo os


entulhos e
esforçando-se para estabelecer uma raiz sadia através da qual aquilo que Deus
tenciona
realizar possa desenvolver-se. Nisto ele é realmente radical, pois um radical é uma
raiz, e
ser radical implica em atingir a raiz do problema. Inevitavelmente neste ponte ele
entra em
conflito com as instituições religiosas que por séculos têm acumulado tradições, e
perdido de
vista as raízes das quais a Cristandade surgiu.

Mas não é somente renovando os conceitos da igreja que o profeta estará


ativo. Ele
também expressará a vontade de Deus para seu povo em qualquer ponto determinado de
sua história. Ele trará direção, dando a perspectiva de Deus e exortando a igreja
para
corresponder às circunstâncias e acontecimentos como o seu Senhor deseja. Ele
explicará o
significado da situação atual. E delineará os passos imediatos e necessários, para
a partir
daí adentrar ainda mais na vontade de Deus.

Esta expressão da vontade e palavra atuais de Deus será colocada no contexto


de
uma declaração contínua do seu propósito geral. O profeta esclarecerá e profecia e
a

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 5

escatologia ao povo de Deus. Ele não está interessado em sistemas e interpretações


literalistas baseados em lógica e dedução humanas. Ele vê na profecia a revelação
do
coração de Deus (sua vontade e desejo) e de seus princípios (a base pela qual ele
ordena e
age). Estas coisas ele vê por revelação e as expõe ao povo de Deus.

É necessário um profeta para interpretar um profeta, pois nenhuma profecia


bíblica
pode ter interpretação particular. Assim como as profecias registradas não se
originaram da
vontade humana, mas resultaram da inspiração do Espírito através de homens
específicos,
assim também hoje a interpretação destas profecias depende de um dom e ministério
profético semelhantes (2 Pe 1:20,21). Assim como as declarações dos profetas devem
ser
julgadas por outros profetas (1 Co 14:29), da mesma forma as palavras dos profetas
devem
ser interpretadas pelos profetas.

DANDO UMA VISÃO DE DEUS


Neste contexto uma nova escatologia emerge. Não um sistema, nem uma
estrutura
minuciosa de acontecimentos futuros, mas um conceito espiritual do alvo e desígnio
de Deus
que atrai seu povo a consumação destes propósitos. Como escatologia bíblica, muitas
vezes
ela será em visão e parábola, muitas vezes “codificada”, mas sempre inspirando
visão e
coragem. É uma escatologia viva, não uma escatologia acadêmica. É espiritual e não
literal.
É substancial por ter a realidade de Deus, não rígida como a assim chamada
ortodoxia nem
restrita pelas limitações da lógica humana.É uma visão de Deus.

Tal escatologia é imediatamente incompatível com qualquer sistema formal e


estático.
Inevitavelmente torna-se uma ameaça aos fornecedores de pacotes proféticos bem
elaborados cuja segurança depende da predição de um curso estabelecido de
acontecimentos futuros. No entanto, esta escatologia participa da essência do que é
verdadeiramente profético. Comunica Deus, não planos e acontecimentos. Enfatiza a
realização de seu propósito, a manifestação do seu reino, e dá espaço para aquele
que “é o
que é” desenvolvê-lo como ele achar melhor.

Portanto, o profeta liberta os homens da dependência de auxílios e apoios


exteriores
e os amarra em Deus. Ao fazer isto sua natureza essencialmente radical é mais
plenamente
expressada, pois nisto se acha a raiz da sua existência. O homem se tornou
independente;
Deus o chama de volta à rendição e à dependência.Ele chama através de seus
profetas,
equipando-os para desfazer os emaranhados de indiferença e engano. Ele toca seus
corações e os inspira com a visão de si mesmo e de sua glória. Ele lhes mostra sua
vontade
e propósito. Ele os dirige dia após dia para o alvo.
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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 5

O PROFETA COMO VIDENTE

Por John Maclauchlan

O nome original para um profeta era “vidente”. Isto não é só de interesse


histórico ou
acadêmico, mas envolve a natureza do ministério profético. Antes de fala, um
profeta deve
ver. De fato, ele só pode falar o que vê. Ele não é um teórico teológico que
negocia idéias
etéreas. Antes, vê o que é real e comunica sua visão a outros.

É óbvio que não estamos necessariamente nos referindo à visão literal. O que
temos
em vista é mais uma faculdade espiritual de percepção, de consciência divina. O
profeta
está consciente de coisas das quais outros homens não têm percepção alguma.Ele é
sensível a Deus e à dimensão espiritual de uma maneira que outros não são. Ele vê
as
coisas da perspectiva de Deus e não do homem.

Antes e acima de tudo mais, ele vê a realidade invisível. Vê Deus e é movido


por uma
profunda reverência e adoração. Vê o trono de Deus e experimenta um sentimento
confiante
de vitória mesmo quando as coisas parecem muito erradas. Vê os céus e está
consciente do
ministério dos anjos em favor dos santos de Deus.

Porque o profeta experimenta todas essas coisas, ele também as comunica. Não
simplesmente em palavras, mas pela sua presença, pois uma experiência rela sempre
se
comunica num nível intuitivo. Em sua presença os homens percebem Deus. Porque seu
coração cheio de amor e reverência, os corações dos homens são atraídos a Deus em
adoração.

Quando aconselha, profetiza, exorta, ou ora, suas palavras atingem os


corações dos
homens. Eles ouvem suas palavras porque percebem a realidade da fonte de onde
fluem. O
que ele fala flui do que ele é.

O profeta vê situações como realmente são. Ele não depende de uma avaliação
natural das igrejas. Não vê somente a superestrutura, mas também o estado dos
alicerces
por baixo. Percebe o nível da realidade de Deus que está presente. Está consciente
de
falhas escondidas e problemas potenciais.

Quão embaraçoso é tudo isto para aqueles que agem somente dentro dos limites
de
uma perspectiva humana! Tudo parece certo, próspero, eficiente, e sereno. Ms o que
é
construído sobre um fundamento falso nunca alcançará os objetivos de Deus. Somente
um
corpo que ouve e obedece à palavra de Deus vencerá. E um profeta de Deus conhecerá
o
estado do fundamento. É melhor se desiludir agora, quando é possível reconstruir,
do que
descobrir as falhas quando o prejuízo é irrecuperável.

ELE DISCERNE ATITUDES

O profeta vê os corações e atitudes interiores dos homens. Ele não é


influenciado
pelo que aparentam ser, ou o que afirmam ser. Nem o que eles dizem ou que outros
dizem
sobre eles o confunde. A forma como Deus os vê é que o impressiona. Ele se torna
consciente do que realmente se passa dentro deles.

Semelhantemente, ele sente o espírito que está por trás das palavras e ações.
Seja
um dom espiritual, ou uma área criativa como música, literatura ou arte, o profeta
é sensível

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 5

ao espírito originador. Nisto, ele não age meramente com raciocínio, mas ataca a
raiz do
problema, sua fonte e origem.

Um dos maiores problemas enfrentados pelo conselheiro é que muitas vezes os


sintomas não são o verdadeiro problema. A dificuldade que existe na superfície,
raramente é
a raiz do problema. No aconselhamento o maior objetivo é penetrar além da
superfície e
descobrir o coração do problema. Porque experimenta a percepção de Deus, o profeta
descobrirá a verdadeira questão ao aconselhar.

ELE DESCOBRE FUNDAMENTOS


O mesmo princípio se aplica na direção das igrejas. Os sintomas superficiais
são
inadequados para revelar os problemas reais. Desta forma é perigoso agir baseado
neles. O
vidente vê mais profundo do que a superfície e além d o óbvio. É capaz de revelar e
falar
sobre o cerne do problema.

Deus se deleita em comunicar sua vontade em figuras e símbolos. Assim sua


palavra
é protegida contra o homem natural e o charlatão, mas se comunica ao sincero de
coração.
Por isso o profeta é um vidente de visões e sonhos. Esses podem ser longos ou
curtos e
podem variar muito em intensidade e vivacidade. Eles podem ser vistos por uma ou
mais
pessoas simultaneamente. Recentemente, minha esposa e eu tivemos uma visão juntos
que
ficou suspensa no espaço entre nós quando nos sentamos de frente um ao outro. Desta
forma o que ela viu à sua esquerda, eu vi à minha direita e vice-versa. Isto tornou
evidente
parra nós que estávamos visualizando a mesma coisa, em todos os seus detalhes, de
lados
opostos!

É importante notar aqui como as visões constituem um aspecto tão importante


da
revelação de Deus ao profeta. No nosso caso são elementos proeminentes na
orientação,
direção, e percepção recebidas em favor de indivíduos e também na abertura do
próximo
passo para a igreja. Não posso enfatizar suficientemente o perigo de um tratamento
mecânico, sistemático, ou humano das visões. Não pode haver nenhum sistema fixo de
interpretação, nenhum código de símbolos correspondentes. Somente Deus pode
interpretar
uma visão que ele dá. Somente Deus pode mostrar qual a sua aplicação e o que é
importante nela.

Deus não é restrito a uma “chave” derivada de símbolos bíblicos. De fato,


uma visão
muitas vezes incorpora elementos contemporâneos que não estão presentes em nenhum
lugar na Bíblia. Deus muitas vezes comunica através de símbolos que têm um
significado
específico para o vidente.
Visões podem demorar muito tempo, desenvolvendo-se juntamente com um
comentário continuado de sua interpretação. Ou talvez tenham que ser “guardadas”
até
Deus revelar seu significado. Podem vir em várias partes que podem ser vistas por
diferentes pessoas. As partes podem ser vistas por diferentes pessoas. As partes
podem ser
espaçadas por um período de minutos, horas, dias ou mesmo semanas. Muitas vezes uma
parte mais antiga pode ser entendida só à luz de uma parte mais recente.

O conteúdo das visões pode variar muito. Pode ser a sublime glória aliada à
simplicidade de um vislumbre do trono de Deus, que não exige nenhuma interpretação,
mas
produz reverência extraordinária. Ou pode ser uma sucessão de símbolos que não
teriam
sentido nenhum sem a revelação de Deus. Pode ser baseada em elementos de uma

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 5

experiência recente do vidente, ou pode envolver coisas das quais ele não está
consciente
de ter pensado ou sonhado anteriormente.

O profeta vê o caminho a seguir para a igreja. Ele estará consciente do


próximo
passo. E não dos próximos dez passos! A igreja não é uma entidade estática, antes
está em
constante movimento e correspondência ao Deus vivo, e por isso precisa ouvir a voz
de
Deus constantemente. Por perceber a resposta que Deus agora requer, o profeta
transmite
esta direção à igreja.

ELE DISCERNE O FUTURO


A direção profética para igreja sempre virá um passo de cada vez. Deus
reserva a si
mesmo a liberdade de ação, e realmente orienta de acordo com a situação atual.
Podemos
esperar coerência na direção profética, sem muitas viravoltas repentinas. Mas a
direção
global muitas vezes somente se tornará clara depois que se fizer um retrospecto.

Deus realmente requer de nós uma resposta em fé sem entendermos todas as


razões
de suas ordens. Ele realmente muda seus plano de acordo com as circunstâncias. Que
ele
nos liberte de avaliações e realizações humanas. No final das contas, tudo isto
será
insuficiente para alcançar o objetivo.

Embora ele esteja contente por ver um passo de cada vez e prosseguir em
simples
obediência, o profeta vê o alvo que Deus tem em vista. Vê a soberania de Jesus
manifestada sobre toda a terra. Esta percepção é que leva o profeta e a igreja a
prosseguirem durante todas provações e sofrimentos do tempo presente.

Ele anela pelo resultado final e a igreja sente seu anseio e anela junto com
ele. Sua
consciência se torna a consciência deles, seu desejo o desejo deles. Ele pode
muitas vezes
pintar um quadro vívido de como será o governo de Deus. Pode desenvolvê-lo bem
detalhadamente, pois seus olhos estão fixos na tela das intenções de Deus. Mas
nunca se
torna etéreo e sem conexão com o presente.

A obra deve prosseguir. A casa de Deus deve ser construída. Não haverá
consumação sem um povo responsivo movendo-se em obediência firme e resoluta em
Deus. Para este fim o profeta labuta diariamente. Mas em todo o seu labor e o
daqueles que
foram atraídos a acompanhá-lo, seu papel de vidente é central.

Ele vê, e portanto, adora. Vê, e portanto, fala. Vê e portanto, trabalha.


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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 5

O QUE É VISÃO?
Por Graham Perrins

Visão é muitas vezes descrita como aquilo que edifica, inspira e libera. Ela
amplia
nosso horizonte capacitando-nos a ver o que é nossa herança. Mas há outros aspectos
da
visa. O autor de Provérbios dá um ponto de vista quase contrário em sua famosa
citação:
“Não havendo visão o povo se corrompe” (Pv 29:18, versão inglesa). Este versículo
importante é traduzido numa outra versão como: “Não tendo visão o povo rejeita
disciplina”.
E na Bíblia de Jerusalém é traduzido como: “Quando não há visão, o povo não tem
freio”.
Visão neste caso é necessária para trazer restrição, disciplina e controle. Como um
cavalo
selvagem precisa de freio povo de Deus precisa de visão. Como uma criança
desobediente
precisa de disciplina assim o filho de Deus precisa de visão para mantê-lo em
controle e
provê-lo como diretrizes necessárias. Portanto, a visão pode ser restringente. Pode
nos
impedir de ultrapassar os limites dados por Deus. Pode nos libertar de nós mesmos.

Quando Samuel começou sua carreira as visões não eram freqüentes. Este fato é
realçado pelo resumo da vida daqueles dias como: Não havia rei em Israel: cada qual
fazia o
que achava mais reto”(Jz 17:6). Sem visão não havia restrição. O homem era como um
rio
numa enchente inundando suas ribanceiras. A nação era como uma represa com
barragens
quebradas. Então a voz profética foi ouvida. Samuel trouxe a visão de volta. O
governo de
Deus foi estabelecido em Israel. Precisamos de visão hoje não somente para nos
libertar,
mas para estabelecer as prioridades de Deus em nossas vidas, para fixar nossas
limitações,
para mostrar nossas fronteiras, para estabelecer o reino de Deus.

A essência da visão é a palavra de Deus. A citação de Provérbios é


raramente citada
na íntegra. Deve se ler: “Não havendo visão o povo se corrompe, mas o que guarda a
lei é
feliz”. Aquela palavra viva dada no Monte Sinai foi designada para guiar, instruir
e discipular
o povo de Deus a Cristo, a palavra viva.

Foi assim com Samuel. A palavra viva era o centro da visão. “Naqueles dias a
palavra
do Senhor era mui rara, as visões não eram freqüentes” (I Sm 3:1). Mais tarde
quando
Samuel aprendeu a ouvir e identificar a voz de Deus, as circunstâncias mudaram.
“Crescia
Samuel, e o Senhor era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em
terra.
Todo o Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado como
profeta do Senhor. Continuou o Senhor a aparecer em Silo,enquanto por sua palavra
se
manifestava ali a Samuel” (I Sm 3:19-21). Samuel trouxe esta palavra viva para Davi
e este
soube que estava para ser rei. Essa palavra dirigiu a vida de Davi para que ele se
tornasse
um homem segundo o coração de Deus, um homem de visão. Não somente o inspirou, mas
também o restringiu, disciplinando-º Saul geralmente fazia o que era reto aos seus
próprios
olhos. Davi vivia coagido. Ele se recusou a matar Saul para obter seu reino antes
do tempo.
Quando seus valentes lhe trouxeram um cantil de água do poço de Belém, Davi
valorizou
mais o amor e devoção deles do que seu próprio desejo e derramou a água como uma
oferenda a Deus.

Como rei ele foi misericordioso e não se vingou de seus inimigos. Tirando o
incidente
com Urias, houve uma evidente falta de interesse próprio e auto-justificação na
vida de Davi.
Esses incidentes têm me desafiado e encorajado em algumas dificuldades recentes. A
visão
de que Deus está falando e fazendo pode nos libertar de autofavorecimento e
proteger-nos
de cuidar de nossa própria vida.

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SÉRIE PROFETAS E PROFECIAS Nº 5

A palavra viva, então, vem para produzir visão que por sua vez nos introduz
na
vontade de Deus. Substitui o que é certo aos nossos próprios olhos pelo que é certo
aos
olhos de Deus. O Espírito de Deus está se movendo poderosamente hoje não para
satisfazer desejos e ambições pessoais, mas para nos levar ao domínio do governo de
Deus, para nos introduzir no seu reino. A restrição disciplinadora da visão pode
nos
introduzir na plenitude de nossa herança.

Este livreto foi traduzido de uma série de artigos publicados originalmente nos
números 3 e 9
da revista “Proclaim”.

Os direitos autorais pertencem a:


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