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Edson Luís de Lima Souto

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Edson Luís de Lima Souto (Belém, 24 de fevereiro
de 1950 — Rio de Janeiro, 28 de março de 1968)[1]
Edson Luís
foi um estudante secundarista brasileiro assassinado
por policiais militares, durante um confronto no
restaurante Calabouço, centro do Rio de Janeiro. Seu
assassinato marcou o início de um ano turbulento de
intensas mobilizações contra a Ditadura militar que
endureceu até que fosse decretado o chamado Ato
Institucional n.º 5 (AI-5) de 13 de dezembro de 1968.

Nascido em uma família pobre, iniciou os estudos na


Escola Estadual Augusto Meira em Belém, no Pará.
Mudou-se para o Rio de Janeiro para fazer o segundo
grau no Instituto Cooperativo de Ensino, no qual
funcionava o restaurante Calabouço.
Nome Edson Luís de Lima Souto
completo
A morte Nascimento 24 de fevereiro de 1950
Em 28 de março de 1968, os estudantes do Rio de Belém, PA
Janeiro estavam organizando uma passeata- Morte 28 de março de 1968 (18 anos)
Rio de Janeiro, RJ
relâmpago para protestar contra a alta do preço da
comida no restaurante Calabouço, que deveria Nacionalidade brasileiro

acontecer no final da tarde do mesmo dia.[2][3] Ocupação Estudante


Religião Catolicismo Romano
Por volta das 18 horas, a Polícia Militar chegou ao
local e dispersou os estudantes que estavam na frente do complexo.
Os estudantes se abrigaram dentro do restaurante e responderam à
violência policial utilizando paus e pedras. Isso fez com que os
policiais recuassem e a rua ficasse deserta. Quando os policiais
voltaram, tiros começaram a ser disparados do edifício da Legião
Brasileira de Assistência, o que provocou pânico entre os
estudantes, que fugiram.

Corpo de Edson Luís de Lima Souto


Os policiais supuseram que os estudantes iriam atacar a Embaixada dos Estados Unidos e invadiram o
restaurante. Durante a invasão, o comandante da tropa da PM, aspirante Aloísio Raposo, atirou e matou o
secundarista Edson Luís com um tiro a queima roupa no peito. Outro estudante, Benedito Frazão Dutra,
chegou a ser levado ao hospital, mas também morreu.[4]

Comoção
Temendo que a PM sumisse com o corpo, os estudantes não
permitiram que ele fosse levado para o Instituto Médico Legal
(IML), mas o carregaram em passeata diretamente para a
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde foi velado. A
autópsia foi feita no próprio local pelos médicos Nilo Ramos de
Assis e Ivan Nogueira Bastos na presença do Secretário de Saúde
do Estado. Seu óbito de n° 16.982 teve como declarante o estudante
Mário Peixoto de Souza.[5]
Enterro de Edson Luís de Lima
O registro de ocorrência n° 917 da 3ª Delegacia de Polícia informou
Souto
que, no tiroteio ocorrido no restaurante Calabouço, outras seis
pessoas ficaram feridas: Telmo Matos Henriques, Benedito Frazão
Dutra (que morreu logo depois), Antônio Inácio de Paulo, Walmir Gilberto Bittencourt, Olavo de Souza
Nascimento e Francisco Dias Pinto. Todos atendidos no Hospital Souza Aguiar.[5]

No período que se estendeu do velório até a missa da Igreja da Candelária, realizada em 2 de abril foram
mobilizados protestos em todo o país.

Em São Paulo, quatro mil estudantes fizeram uma manifestação na Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (USP). Também foram realizadas manifestações no Centro Acadêmico XI de Agosto, da
Faculdade de Direito da USP (Largo São Francisco), na Escola Politécnica da USP (POLI-USP) e na
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).[6]

“ Mataram um estudante. Podia ser seu filho!



O Rio de Janeiro parou no dia do enterro. Para expressar seu protesto, os cinemas da Cinelândia
amanheceram anunciando três filmes: A noite dos Generais, À Queima-Roupa e Coração de Luto.
Centenas de cartazes foram colados na Cinelândia com frases como "Bala mata fome?", "Os velhos no
poder, os jovens no caixão" e "Mataram um estudante. E se fosse seu filho?".

Foi enterrado ao som do Hino Nacional Brasileiro, cantado pela multidão.

A missa
Na manhã de 4 de abril foi realizada um missa na Igreja da Candelária em sua memória. Após o término da
missa, as pessoas que deixavam a igreja foram cercadas e atacadas pela cavalaria da Polícia militar com
golpes de sabre. Dezenas de pessoas ficaram feridas.[3]

Outra missa seria realizada na noite do mesmo dia. O governo militar proibiu a realização dessa missa, mas
o vigário-geral do Rio de Janeiro, D. Castro Pinto, insistiu em realizá-la. A missa foi celebrada com cerca de
600 pessoas.[3]
Temendo que o mesmo massacre da manhã se repetisse, os padres pediram que ninguém saísse da igreja.
Do lado de fora havia três fileiras de soldados a cavalo com os sabres desembainhados, mais atrás estava o
Corpo de Fuzileiros Navais e vários agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).[3]

Num ato de coragem, os clérigos saíram na frente de mãos dadas, fazendo um "corredor" da porta da igreja
até a avenida Rio Branco para que todos os que estavam na igreja pudessem sair com segurança. Apesar
desse ato, a cavalaria aguardou que todos saíssem e os encurralaram nas ruas da Candelária. Novamente o
saldo foi de dezenas de pessoas feridas.[3]

Homenagens
A canção "Menino", composta por Milton Nascimento e Ronaldo
Bastos, gravada no álbum Geraes (1976), e cantada também por
Elis Regina nas apresentações e no disco Saudade do Brasil (1980),
refere-se a Edson Luis.[7][8]

A canção "Coração de Estudante", composta por Wagner Tiso


inicialmente sob o nome de "Tema de Jango" para um
documentário sobre João Goulart, ganhou letra de Milton
Nascimento lembrando a tragédia de Edson Luís e a canção foi
Camisa de Edson Luís de Lima
rebatizada como "Coração de Estudante".[9] A canção foi gravada
Souto.
no álbum Ao Vivo em 1983.

Em 28 de março de 2008, para lembrar os quarenta anos de sua morte, foi inaugurada uma estátua em
homenagem ao estudante Edson Luís na praça Ana Amélia (entre a avenida Churchill e a rua Santa
Luzia).[10][11][12]

O trevo viário que liga o Aterro do Flamengo às avenidas General Justo e Presidente Antônio Carlos,
próximo ao Aeroporto Santos Dumont, passou a ser conhecido como Trevo Estudante Edson Luís de Lima
Souto.

A trágica cena do seu assassinato foi representada na novela do SBT, Amor e Revolução, no dia 28 de
setembro de 2011.[13]

Ver também
Anos de chumbo
Passeata dos Cem Mil

Referências
1. «Edson Luis de Lima Souto» (http://www.desaparecidospoliticos.org.br/pessoa.php?id=74&
m=3). Centro de Documentação Eremias Delizoicov. Consultado em 26 de março de 2011
2. Gonçalves, Vanessa. «O cadáver que faltava» (http://www.jornalorebate.com/colunistas2/va
n2.htm). O Rebate. Consultado em 26 de março de 2011
3. «Há 40 anos Edson Luís era assassinado pela ditadura» (https://web.archive.org/web/20101
019072147/http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=4633). Causa Operária
Online. 4 de abril de 2008. Consultado em 26 de março de 2011. Arquivado do original (htt
p://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=4633) em 19 de outubro de 2010
4. «ESTUDANTE MORTO EM CHOQUE NO RIO» (http://almanaque.folha.uol.com.br/brasil_2
9mar1968.htm). Folha de S.Paulo. 29 de março de 1968. Consultado em 28 de outubro de
2019
5. «Mortos e Desaparecidos > Edson Luiz de Lima Souto» (https://web.archive.org/web/201012
26103347/http://www.torturanuncamais-rj.org.br/MDDetalhes.asp?CodMortosDesaparecidos
=20). Grupo Tortura Nunca Mais (RJ). Consultado em 26 de março de 2011. Arquivado do
original (http://www.torturanuncamais-rj.org.br/MDDetalhes.asp?CodMortosDesaparecidos=
20) em 26 de dezembro de 2010
6. "As atividades dos alunos de Direito, da Poli e PUC" - Folha de S.Paulo, São Paulo, 29 de
março de 1978, p. 17
7. "A morte de Edson Luís no Calabouço em 1968 (http://www.anpocs.org/portal/index.php?opti
on=com_docman&task=doc_view&gid=4546&Itemid=356) Arquivado em (https://web.archiv
e.org/web/20150928162238/http://www.anpocs.org/portal/index.php?option=com_docman&t
ask=doc_view&gid=4546&Itemid=356) 28 de setembro de 2015, no Wayback Machine.".
Acesso: 28 de setembro, 2015.
8. Menino, de Milton Nascimento (http://www.jornalggn.com.br/blog/luisnassif/menino-de-milton
-nascimento-0). Luis Nassif. 28/03/2013. Acesso: 28 de setembro, 2015.
9. Pequenas Histórias das Canções – Coração de Estudante (http://blogs.portalnoar.com/djacir
dantas/pequenas-historias-das-cancoes-coracao-de-estudante). Djacir Dantas. 20/11/2012.
Acesso: 4 de dezembro, 2016.
10. «Homenagem aos 40 anos de morte do estudante Edson Luiz» (https://web.archive.org/web/
20081023194126/http://www.governo.rj.gov.br/noticias.asp?N=44087). Governo do Estado
do Rio de Janeiro. Arquivado do original (http://www.governo.rj.gov.br/noticias.asp?N=4408
7) em 23 de outubro de 2008
11. Agência Estado/OJ (26 de março de 2008). «Ditadura Militar: Edson Luiz é homenageado
com escultura» (http://www.midiamax.com/view.php?mat_id=320578). MediaMaxNews.
Consultado em 26 de março de 2011
12. Vermelho (28 de março de 2008). «Ato homenageia Edson Luiz, morto pela ditadura há 40
anos» (http://www.contee.org.br/noticias/msoc/nmsoc252.asp). Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (CONTEE). Consultado em 26 de março de
2011
13. Amor e Revolução capítulo 127 28/09/2011 3/3. São Paulo e Rio de Janeiro: SBT. 28 de
setembro de 2011

Ligações externas
«Fotos sobre Edson Luís Lima Souto» (http://www.mme.org.br/main.asp?Team={6CB6B3C4
-B6BF-4D56-8B2E-286CD15F2893}). em Memória do Movimento Estudantil
«Texto completo do AI5» (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ait/ait-05-68.htm)

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