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1.

Introdução
A Unidade Curricular de Álgebra Linear faz parte do plano de estudos dos mais
diversos ciclos de estudos inseridos na área das Ciências e Tecnologias.

1. Capítulo - Matrizes
De um modo simples comecemos por considerar que uma matriz é um “ser”
matemático que é crucial na Unidade Curricular de “Álgebra Linear”. Trata-se de uma
ferramenta matemática com muita aplicabilidade nas áreas das Ciências e Tecnologia,
daí o termos sempre presente esta ferramenta durante a lecionação dos conteúdos
programáticos desta Unidade Curricular. Os elementos constituintes de uma matriz
terão significados distintos quando as respetivas matrizes forem contextualizadas e
ajudarão à resolução dos problemas para os quais estão a ser usadas.

1.1. Generalidades sobre matrizes. A sua dimensão e a sua representação.


Dados dois números naturais 𝑚 e 𝑛, chama-se matriz de ordem (ou dimensão) 𝑚 × 𝑛 a
toda tabela 𝐴, da forma

𝑎11 𝑎12 ⋯ 𝑎1𝑛 𝑎11 𝑎12 ⋯ 𝑎1𝑛


𝐴=( ⋮ ⋱ ⋮ ) ou 𝐴 = [ ⋮ ⋱ ⋮ ],
𝑎𝑚1 𝑎𝑚2 ⋯ 𝑎𝑚𝑛 𝑎𝑚1 𝑎𝑚2 ⋯ 𝑎𝑚𝑛

cujos elementos são representados por 𝑎𝑖𝑗 sendo 𝑖 = 1, 2, … , 𝑚 e 𝑗 = 1, 2, … , 𝑛.


Reparemos que o elemento 𝑎𝑖𝑗 é aquele que se encontra na linha 𝑖 e na coluna 𝑗.

Uma matriz costuma ser representada por letras maiúsculas, da forma 𝐴 = (𝑎𝑖𝑗 )𝑖,𝑗 e os

elementos estão distribuídos por linhas e por colunas. Uma matriz com ordem 𝑚 × 𝑛 é
uma matriz que tem 𝑚 linhas e 𝑛 colunas e também é usual dizer-se que é uma matriz
de ordem 𝑚 por 𝑛.

As linhas e as colunas de uma matriz podem ser formadas por números (de todo o tipo),
ou por letras, ou por expressões matemáticas, ou ainda uma mistura de todos os casos
mencionados antes.
Por exemplo, a primeira matriz é constituída por números reais, a segunda matriz por
números complexos, a terceira matriz por letras, a quarta matriz por expressões
matemáticas e a quinta matriz por uma mistura de alguns deste tipo de elementos:

EXEMPLO 1

−1 5 1+𝑖 5 − 2𝑖 2 − 3𝑖 𝑎 𝑏
𝐴=( 2 ), 𝐴 = [1 − 𝑖 −1 + 4𝑖 𝑖 ], 𝐴 = ( 𝑥 𝑐 ), 𝐴 =
√7
3 −3𝑖 −2 + 3𝑖 4 − 7𝑖 𝑦 𝑧
𝑎+𝑏 𝑥 + 2𝑦 −2𝑥 + 3𝑦 + 𝑧
[− 5𝑥 2𝑥 + 2𝑦 1+𝑧 ],
2−𝑥 𝑥 𝑥+𝑦+𝑧+𝑡

2 7
1 + 2𝑖 − 19
19 1 0 0
𝐴 = (𝑎 + 𝑏 2 0 ), 𝐴 = (1 0 2).
𝑥 2𝑦 9

Relativamente à ordem das matrizes aqui apresentadas, temos que a primeira é uma
matriz de ordem 2 × 2 (ou de ordem 2), a segunda matriz é de ordem 3 × 3 (ou de
ordem 3), a terceira matriz tem ordem 3 × 2, a quarta e quinta matrizes são, ambas, de
ordem 3 tal como acontece com a segunda matriz apresentada. A última matriz tem
ordem 2 × 3.

Os elementos que constituem uma matriz chamam-se as entradas dessa matriz.


Recapitulando, devemos ter em atenção a representação de uma matriz, o número de
linhas e de colunas que ela possui, sendo a sua representação, em geral, dada por

Imagem retirada de
https://pt.wikipedia.org/wiki/Matriz_(matem%C3%A1tica)#/media/Ficheiro:Matriz_or
ganizacao.png
1.2. Diferentes tipos de matrizes e sua classificação.
De acordo com a ordem (ou dimensão) que cada matriz possui, dividimo-las em dois
grandes tipos de matrizes: matrizes quadradas e matrizes retangulares. Assim, temos:

1. Matriz quadrada

Uma matriz é dita quadrada se tem o mesmo número de linhas e colunas.

Reparemos nas matrizes apresentadas no EXEMPLO 1. Temos que todas elas são
matrizes quadradas à exceção da terceira matriz e da última matriz.

Notemos que a primeira matriz tem o mesmo número de linhas e de colunas que é 2, a
segunda, quarta e quinta matrizes têm exatamente 3 linhas e 3 colunas. No entanto,
para a terceira matriz isto já não é verdade, pois tem 3 linhas e 2 colunas e para a última
matriz temos 2 linhas e 3 colunas.

Muitas outras matrizes quadradas podem ser apresentadas. Deixamos mais alguns
exemplos desse tipo de matrizes, uma de ordem 2, outra de ordem 3 e uma de ordem
4:

EXEMPLO 2
2 −1 0 0
0 5 −2
2 5 0 2 1 1), etc.
𝐴=( ), 𝐴 = [−5 0 1 ], 𝐴 = (
−1 8 1 3 1 5
2 −1 0 2
3 1 −2

Numa matriz quadrada 𝐴 de ordem 𝑛 a diagonal principal é aquela formada pelos


elementos 𝑎𝑖𝑗 , tais que 𝑖 = 𝑗, para 𝑖 = 1, 2, … , 𝑛.

Também se pode falar na diagonal secundária que é formada pelos elementos 𝑎𝑖𝑗 , tais
que 𝑖 + 𝑗 = 𝑛 + 1, para 𝑖 = 1, 2, … , 𝑛.

Chamamos traço de uma matriz quadrada 𝐴 de ordem 𝑛 e representamos por 𝑡𝑟(𝐴), ao


resultado da adição dos elementos da matriz que se localizam na diagonal principal, ou
seja, o traço de 𝐴 é dado por:

𝑡𝑟(𝐴) = ∑ 𝑎𝑖𝑖
𝑖=1
A seguinte imagem1 mostra-nos as entradas da matriz que estão na diagonal principal e
na diagonal secundária de uma qualquer matriz quadrada.

No exemplo abaixo, a diagonal principal é formada pelos seguintes elementos: 1, -1 e 4.


Há também a diagonal secundária, que é formada pelos elementos cuja soma dos
índices da linha e da coluna é igual a 𝑛 + 1 = 3 + 1 = 4, sendo 𝑛 a ordem da matriz.
Na matriz seguinte, os elementos 2, -1 e 2 constituem a diagonal secundária:

EXEMPLO 3

1 5 2
𝐴 = [5 −1 0]
2 0 4

Chamamos traço de uma matriz quadrada 𝐴 de ordem 𝑛 e representamos por 𝑡𝑟(𝐴), ao


resultado da adição dos elementos da matriz que se localizam na diagonal principal, ou
seja, o traço de 𝐴 é dado por:
𝑛

𝑡𝑟(𝐴) = ∑ 𝑎𝑖𝑖
𝑖=1

Assim, o traço da última matriz apresentada é igual a 4, uma vez que


𝑡𝑟(𝐴) = ∑𝑛𝑖=1 𝑎𝑖𝑖 = 𝑎11 + 𝑎22 + 𝑎33 = 1 + (−1) + 4 = 4.

1
Imagem retirada de
https://www.google.com/search?q=diagonal+principal+matriz&rlz=1C1GCEA_enPT876PT876&sxsrf=ALe
Kk01cNbhvoHSbvThCsxqM2uhOs1foGw:1602342681964&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=J48pDuv1n_
R7gM%252CLyJI6W1ZNNE_QM%252C%252Fm%252F01bpqr&vet=1&usg=AI4_-
kSDU0UqYlwwWiD_aHrabw_g5fv6eA&sa=X&ved=2ahUKEwjH4fLSp6rsAhWvzIUKHYm-
A8EQ_B16BAgMEAM#imgrc=gD24ASBmXk1HFM no dia 10 de outubro de 2020.
Exercício 1: Em relação às matrizes quadradas apresentadas nos Exemplos 1 e 2, indique
os elementos das diagonais principal e secundária de cada uma delas e calcule os
respetivos traços.

2. Matriz retangular

Uma matriz é dita retangular se o número de linhas é diferente do número de colunas.

Podemos ter matrizes retangulares cujo número de linhas é maior do que o número de
colunas, como também podemos ter matrizes onde a situação é contrária. Por exemplo,
duas matrizes do EXEMPLO 1 são retangulares (a terceira matriz e a última matriz). Na
terceira matriz temos mais linhas do que colunas, enquanto na última matriz temos mais
colunas do que linhas.

Apresentamos de seguida mais alguns exemplos de matrizes retangulares:

EXEMPLO 4

Neste exemplo, chamamos a atenção para duas das suas matrizes retangulares que têm
a particularidade de uma ter uma única linha e a outra ter uma única coluna. Vamos a
seguir falar sobre esse tipo de matrizes.

1. Matriz linha

Uma matriz linha é uma matriz que tem apenas uma linha. Assim uma matriz quadrada
de ordem 1, pode também ser considerada uma matriz linha uma vez que tem uma
linha. No EXEMPLO 4, existe uma matriz linha que possui 4 colunas.
Quanto à representação usual para uma matriz linha, podemos optar por separar as
entradas da matriz que estão distribuídas na sua linha como é o que se apresenta no
EXEMPLO 4, ou podemos usar vírgulas a separar essas entradas, como, por exemplo,
𝐴 = (1, −2, 3, −4).

2. Matriz coluna

Uma matriz coluna é uma matriz que tem apenas uma coluna. Assim uma matriz
quadrada de ordem 1, pode também ser considerada uma matriz coluna (e linha), uma
vez que tem uma coluna. No EXEMPLO 4, existe uma matriz coluna que possui 2 linhas.

3. Matriz triangular

Uma matriz é triangular quando é uma matriz quadrada cujos elementos acima ou
abaixo da diagonal principal são zero. A figura seguinte2 mostra dois tipos de matrizes
triangulares:

Reparemos que a matriz que figura do lado esquerdo tem todas as entradas abaixo da
diagonal principal iguais a zero, enquanto a matriz que está à direita, tem todas as
entradas acima da diagonal principal iguais a zero. Na primeira situação vamos dizer que
a matriz é triangular superior, enquanto no segundo caso, estamos perante uma matriz
triangular inferior.

Podemos formalmente dizer que, se 𝑎𝑖𝑗 = 0, para 𝑖 < 𝑗, então temos uma matriz
triangular inferior e se 𝑎𝑖𝑗 = 0, para 𝑖 > 𝑗, então a matriz é triangular superior.

2
Imagens retiradas de
https://www.google.com/search?q=matriz+triangular&rlz=1C1GCEA_enPT876PT876&sxsrf=ALeKk03Teu
6UY1busJvSUjOsDWfAHApl2g:1602362482334&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiI8b208ar
sAhWDDmMBHaVoCNoQ_AUoAXoECBQQAw&biw=1600&bih=789#imgrc=kDVKSEVLHDyCCM
https://www.google.com/search?q=matriz+triangular&rlz=1C1GCEA_enPT876PT876&sxsrf=ALeKk03Teu
6UY1busJvSUjOsDWfAHApl2g:1602362482334&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwiI8b208ar
sAhWDDmMBHaVoCNoQ_AUoAXoECBQQAw&biw=1600&bih=789#imgrc=AbDVP3WZgJ8giM no dia 10
de outubro de 2020.
EXEMPLO 5

1 0 0 1 5 7
𝐴 = [−1 0 0] é uma matriz triangular inferior; 𝐴 = (0 2 2) é uma matriz
2 1 1 0 0 4
triangular superior.

4. Matriz diagonal

Uma matriz diagonal é uma matriz quadrada que é simultaneamente triangular superior
e inferior, ou seja, as entradas acima e abaixo da diagonal principal são zero.

EXEMPLO 6

1 0 0 2 0 0
𝐴 = (0 2 0), 𝐴 = (0 2 0) são matrizes diagonais de ordem 3.
0 0 0 0 0 2

Notemos que, neste exemplo, há uma diferença entre estas duas matrizes: na primeira
matriz as entradas da diagonal principal não são todas iguais entre si, enquanto na
segunda matriz, as entradas da diagonal principal são todas iguais entre si e iguais ao
número 2. Esta diferença vai distinguir um tipo particular de matrizes diagonais, o qual
apresentamos a seguir.

5. Matriz escalar

Quando estivermos perante uma matriz diagonal com a particularidade de as entradas


da sua diagonal principal serem todas iguais entre si e iguais a um número (ou letra, ou
expressão matemática), dizemos que a matriz é escalar. Consequentemente, a segunda
matriz do EXEMPLO 6 é um exemplo de uma matriz escalar.

6. Matriz Identidade

Uma matriz quadrada de ordem 𝑛 cujas entradas fazem parte do sistema binário (0 e 1)
e que estão distribuídas do seguinte modo
chama-se matriz Identidade de ordem 𝑛 e será denotada por 𝐼𝑛 conforme é
apresentado na figura anterior.

EXEMPLO 7

1 0 0 0
1 0 0
1 0 0 1 0 0 ) são exemplos de
𝐼1 = (1); 𝐼2 = ( ); 𝐼3 = (0 1 0); 𝐼4 = (
0 1 0 0 1 0
0 0 1 1
0 0 0
matrizes identidade de ordem 1, 2, 3 e 4, respetivamente.

7. Matriz nula

Uma qualquer matriz A quadrada ou retangular tal que todas as suas entradas são iguais
a zero, vai denominar-se de matriz nula.

EXEMPLO 8

0 0 0 0 0
𝑂3 = (0 0 0) é a matriz nula de ordem 3; 𝑂3×2 = (0 0) é a matriz nula de ordem
0 0 0 0 0
3 × 2.

Se a matriz nula for quadrada de ordem 𝑛, será representada por 𝑂𝑛 ; se a matriz nula
tiver 𝑚 linha e 𝑛 colunas será denotada por 𝑂𝑚×𝑛 .

2.3. Matriz transposta, matriz simétrica e matriz antissimétrica.

1. Matriz transposta de uma matriz

Dada uma qualquer matriz 𝐴 (quadrada ou retangular) é possível construir a chamada


matriz transposta de 𝐴 que será denotada por 𝐴𝑇 . A matriz transposta da matriz 𝐴
resulta da troca de linhas por colunas (ou colunas por linhas) na matriz dada 𝐴. Vejamos
os seguintes exemplos que ajudarão a perceber como determinar a matriz transposta
de cada uma das matrizes consideradas.

EXEMPLO 9

Matrizes Quadradas:

2 5 2 −1
𝐴=( ), a matriz transposta de 𝐴 é a matriz 𝐴𝑇 = ( );
−1 8 5 8
1 5 2 1 1 0
𝐵 = [1 −1 0], a matriz transposta de 𝐵 é a matriz 𝐵 𝑇 = [5 −1 −2].
0 −2 4 2 0 4

Reparem que as únicas entradas que permanecem inalteráveis são as entradas da


diagonal principal e isso acontece sempre no cálculo da transposta de matrizes
quadradas. Além disso a transposta de uma matriz quadrada é da mesma ordem da
matriz original.

Matrizes Retangulares:

2 −1
2 3 8
𝐴 = (3 0 ), a matriz transposta de 𝐴 é a matriz 𝐴𝑇 = ( );
−1 0 10
8 10

1
𝐵 = (1 2 3), a matriz transposta de 𝐵 é a matriz 𝐵 𝑇 = (2).
3

Reparem que no caso das matrizes retangulares, a ordem da matriz inicial e a da sua
matriz transposta não é igual como acontece nas matrizes quadradas.

No caso da matriz 𝐴 que é de ordem 3x2, a sua transposta já é de ordem 2x3.

No caso da matriz 𝐵 que é de ordem 1x3, enquanto a sua matriz transposta a ordem é
3x1.

2. Matriz simétrica e matriz antissimétrica

Relacionada com a matriz transposta de uma matriz quadrada, vamos agora introduzir
os conceitos de matrizes simétricas e de matrizes antissimétricas.

a) Matriz simétrica

Assim, uma matriz 𝐴 quadrada diz-se uma matriz simétrica se 𝐴 = 𝐴𝑇 . Reparem que
nem sempre isto acontece, como é o caso da matriz 𝐵 considerada acima e que
recordamos aqui:

1 5 2 1 1 0
𝑇
𝐵 = [1 −1 0], a matriz transposta de 𝐵 é a matriz 𝐵 = [5 −1 −2], sendo que
0 −2 4 2 0 4
𝐵 ≠ 𝐵𝑇 .

A seguir apresentamos um exemplo de uma matriz 𝐴 simétrica:


1 5 2 1 5 2
𝐴 = [5 −1 0], a matriz transposta de 𝐴 é a matriz 𝐴𝑇 = [5 −1 0], sendo que
2 0 4 2 0 4
𝐴 = 𝐴𝑇 .

Então repara que para uma matriz quadrada ser uma matriz simétrica é preciso que as
entradas acima e abaixo da diagonal principal sejam o “reflexo” umas das outras. No
caso da matriz 𝐴 referida anteriormente

1 5 2
𝐴 = [5 −1 0]
2 0 4

temos a tal “reflexão” como se a diagonal principal fosse o espelho. Outro modo visual
de verificar se a matriz quadrada é ou não uma matriz simétrica, basta dobrar a matriz
pela diagonal principal e verificar se as entradas coincidem ou não. Se coincidirem, a
matriz é uma matriz simétrica, caso contrário não será uma matriz simétrica, como é o
caso da matriz 𝐵.

b) Matriz antissimétrica

Uma matriz 𝐴 quadrada diz-se uma matriz antissimétrica se acontecer que 𝐴 = −𝐴𝑇 .
Repara que nem sempre isto acontece, como é o caso da matriz 𝐵 considerada acima.

A seguir apresentamos um exemplo de uma matriz 𝐴 que essa sim é uma matriz
antissimétrica:

0 5 −2 0 −5 2
𝐴 = [−5 0 1 ], a matriz transposta de 𝐴 é a matriz 𝐴𝑇 = [ 5 0 −1], sendo
2 −1 0 −2 1 0
que 𝐴 = −𝐴𝑇 .

Então repara que para uma matriz quadrada ser uma matriz antissimétrica é preciso que
as entradas da diagonal principal sejam todas iguais a zero e as entradas acima (abaixo)
da diagonal principal sejam simétricas das entradas abaixo (acima) da diagonal principal.
No caso da matriz A referida anteriormente,

0 5 −2
𝐴 = [−5 0 1]
2 −1 0
temos que a diagonal principal tem entradas todas nulas e as outras entradas ligadas
pelas “setas” são simétricas umas das outras. Outro modo visual de verificar se a matriz
quadrada é ou não uma matriz antissimétrica, basta dobrar a matriz pela diagonal
principal que é toda nula e verificar se as entradas que coincidem são simétricas umas
das outras.

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Como sugestão podem visualizar https://www.youtube.com/watch?v=3hTlEWrGtf8

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2.4. Matriz conjugada, matriz transconjugada, matriz hermítica e matriz anti-


hermítica.

1. Matriz conjugada de uma matriz

Dada uma qualquer matriz 𝐴 (quadrada ou retangular) é possível construir a chamada


matriz conjugada de 𝐴 que será denotada por𝐴̅. A matriz conjugada da matriz 𝐴 resulta
da conjugação de todas as entradas de 𝐴. Notemos que se alguma entrada da matriz 𝐴
é um número real, o seu conjugado é o próprio número real, não havendo qualquer
alteração nessa entrada, enquanto se alguma entrada de 𝐴 for um número complexo,
então efetuamos o conjugado desse número complexo e a respetiva entrada da matriz
conjugada de 𝐴 passa a ser o conjugado desse número complexo. Vejamos os seguintes
exemplos que ajudarão a perceber como determinar a matriz conjugada de cada uma
das matrizes consideradas.

EXEMPLO 10

2 5 2 5
𝐴=( ), a matriz conjugada de 𝐴 é a matriz 𝐴̅ = ( ), pois as entradas são
−1 8 −1 8
todas números reais;

1+𝑖 5 2 1−𝑖 5 2
𝐵=[ 1 ̅
−1 𝑖 ], a matriz conjugada de 𝐵 é a matriz 𝐵 = [ 1 −1 −𝑖 ],
0 −2 4 0 −2 4
resultado da conjugação de todas as entradas da matriz 𝐵.

2 𝑎+𝑏 2 ̅̅̅̅̅̅̅
𝑎+𝑏
𝐶 = (3 ̅
0 ), a matriz conjugada de 𝐶 é a matriz 𝐶 = (3 0 );
8 1 + 2𝑖 8 1 − 2𝑖
Reparem que em todos os casos (matrizes quadradas ou matrizes retangulares) a ordem
da matriz inicial e a da sua matriz conjugada é sempre igual.

2. Matriz transconjugada de uma matriz

Relacionada com a matriz transposta e a matriz conjugada de uma mesma matriz


quadrada, vamos agora introduzir o conceito de matriz transconjugada.

Dada uma qualquer matriz 𝐴 (quadrada ou retangular) é possível construir a chamada


matriz transconjugada de 𝐴 que será denotada por

̅̅̅̅̅̅
𝐴∗ = (𝐴̅)𝑇 = (𝐴 𝑇 ).

A matriz transconjugada da matriz 𝐴 resulta da conjugação de todas as entradas de 𝐴,


seguida da transposta desta última matriz, ou vice-versa, transpondo a matriz 𝐴,
seguindo-se a conjugação de todas as entradas desta última matriz.

Vejamos os seguintes exemplos que ajudarão a perceber como determinar a matriz


transconjugada de cada uma das matrizes consideradas.

EXEMPLO 11

2 5 2 5
𝐴=( ), a matriz conjugada de 𝐴 é a matriz 𝐴̅ = ( ), pois as entradas são
−1 8 −1 8
todas números reais; calculando agora a matriz transposta da matriz 𝐴̅, obtemos a
2 −1
matriz transconjugada de 𝐴, ou seja, 𝐴∗ = ( );
5 8

1+𝑖 5 2 1−𝑖 5 2
𝐵=[ 1 ̅
−1 𝑖 ], a matriz conjugada de 𝐵 é a matriz 𝐵 = [ 1 −1 −𝑖 ],
0 −2 4 0 −2 4
resultado da conjugação de todas as entradas da matriz 𝐵; calculando agora a matriz
transposta da matriz 𝐵̅, obtemos a matriz transconjugada de 𝐵, ou seja, 𝐵 ∗ =
1−𝑖 1 0
[ 5 −1 −2];
2 −𝑖 4
2 𝑎+𝑏 2 𝑎̅̅̅̅̅̅̅
+𝑏
𝐶 = (3 0 ), a matriz conjugada de 𝐶 é a matriz 𝐶̅ = (3 0 ); calculando
8 1 + 2𝑖 8 1 − 2𝑖
agora a matriz transposta da matriz 𝐶̅ , obtemos a matriz transconjugada de 𝐶, ou seja,
2 3 8
𝐶 ∗ = (̅̅̅̅̅̅̅ ).
𝑎+𝑏 0 1 − 2𝑖

Notemos que podíamos em todos estes exemplos ter começado por calcular primeiro a
transposta das matrizes 𝐴, 𝐵 e 𝐶, e de seguida calcular as respetivas matrizes
conjugadas. O resultado dar-nos-ia as matrizes transconjugadas 𝐴∗ , 𝐵 ∗ e 𝐶 ∗ que seria
igual às matrizes encontradas no EXEMPLO 11.

3. Matriz hermítica e matriz anti-hermítica

Relacionada com a matriz conjugada de uma mesma matriz quadrada, vamos agora
introduzir os conceitos de matrizes hermíticas e de matrizes anti-hermíticas.

a) Matriz hermítica

Assim, uma matriz 𝐴 quadrada diz-se uma matriz hermítica se 𝐴 = 𝐴∗ .

Reparem que nem sempre isto acontece, como é o caso das matrizes 𝐵 e 𝐶 consideradas
a seguir:

1 5 2 1 1 0
𝐵 = [1 −1 0], a matriz transposta de 𝐵 é a matriz 𝐵 𝑇 = [5 −1 −2], sendo que
0 −2 4 2 0 4
𝐵 ≠ 𝐵 𝑇 ; logo 𝐵 ≠ 𝐵 ∗, visto as entradas de 𝐵 𝑇 serem números reais e que, portanto,
perante a conjugação não são alteradas. Nota que a matriz 𝐵 não é uma matriz simétrica
e também não é uma matriz hermítica.

1+𝑖 5 2 1+𝑖 5 2
𝐶=[ 5 −1 0], a matriz transposta de 𝐶 é a matriz 𝐶 𝑇 = [ 5 −1 0], sendo
2 0 4 2 0 4
que 𝐶 = 𝐶 𝑇 ; no entanto, 𝐶 ≠ 𝐶 ∗ , visto que ao conjugarmos as entradas da matriz 𝐶 𝑇
1−𝑖 5 2
obtemos a matriz 𝐶 ∗ = [ 5 −1 0] ≠ 𝐶. Nota agora que esta matriz 𝐶, embora
2 0 4
sendo uma matriz simétrica, não é uma matriz hermítica.

A seguir apresentamos dois exemplos de matrizes 𝐴 e 𝐷 que são hermíticas:


1 5 2 1 5 2
𝐴 = [5 −1 0], a matriz transposta de 𝐴 é a matriz 𝐴𝑇 = [5 −1 0], sendo que
2 0 4 2 0 4
𝐴 = 𝐴𝑇 ; logo 𝐴 = 𝐴∗ , visto que as entradas de 𝐴𝑇 serem números reais e que, portanto,
perante a conjugação, tais entradas não sofrem qualquer alteração. Repara que a matriz
𝐴 é uma matriz simétrica e também é uma matriz hermítica.

1 5 + 𝑖 2𝑖
𝐷 = [5 − 𝑖 −1 0 ], a matriz transposta de 𝐷 é a matriz 𝐷𝑇 =
−2𝑖 0 4
1 5 − 𝑖 −2𝑖
[5 + 𝑖 −1 0 ], sendo que 𝐷 ≠ 𝐷𝑇 ; no entanto, 𝐷 = 𝐷∗ , visto que, ao
2𝑖 0 4
conjugarmos as entradas da matriz 𝐷𝑇 , obtemos a matriz transconjugada de 𝐷 dada por
1 5+𝑖 2𝑖
𝐷 ∗ = [5 − 𝑖 −1 0 ] = 𝐷. Nota agora que esta matriz 𝐷, embora não sendo uma
−2𝑖 0 4
matriz simétrica, é uma matriz hermítica.

Então repara que para uma matriz quadrada ser uma matriz hermítica terá de ser uma
matriz simétrica caso as suas entradas sejam números reais. Então, nestes casos, é
preciso que as entradas acima e abaixo da diagonal principal sejam o “reflexo” umas das
outras e as entradas da diagonal principal quaisquer. É o caso da matriz 𝐴 referida
anteriormente.

No caso de existir alguma entrada fora da diagonal principal que seja um número
complexo é necessário que o reflexo dessa entrada seja o seu conjugado para que a
matriz seja uma matriz hermítica; caso existam na diagonal principal de uma matriz
quadrada pelo menos uma entrada que seja um número complexo, então essa matriz
nunca é uma matriz hermítica. Será necessário, portanto que os elementos da diagonal
principal sejam números reais para a matriz ser hermítica

b) Matriz anti-hermítica

Uma matriz 𝐴 quadrada diz-se uma matriz anti-hermítica se acontecer que 𝐴 = −𝐴∗ .
Repara que nem sempre isto acontece, como é o caso de todas as matrizes consideradas
acima.
A seguir apresentamos um exemplo de matrizes 𝐴 e 𝐵 que, essas sim, são matrizes anti-
hermíticas:

0 5 −2 0 −5 2
𝐴 = [−5 0 1 ], a matriz transposta de 𝐴 é a matriz 𝐴𝑇 = [ 5 0 −1], sendo
2 −1 0 −2 1 0
que 𝐴 = −𝐴𝑇 ; logo conjugando todas as entradas de 𝐴𝑇 , nada é modificado uma vez
que essas entradas são números reais. Assim podemos concluir que 𝐴 = −𝐴∗ .

2𝑖 5+𝑖 2𝑖
𝐵 = [−5 + 𝑖 0 −1 − 𝑖 ], a matriz transposta de 𝐵 é a matriz 𝐵 𝑇 =
2𝑖 1−𝑖 0
2𝑖 −5 + 𝑖 2𝑖
[5 + 𝑖 0 1 − 𝑖 ], sendo que se verifica 𝐵 ≠ −𝐵 𝑇 ; conjugando as entradas de
2𝑖 −1 − 𝑖 0
−2𝑖 −5 − 𝑖 −2𝑖
𝐵 𝑇 , obtemos a seguinte matriz 𝐵 ∗ = [5 − 𝑖 0 1 + 𝑖 ], a qual permite concluir
−2𝑖 −1 + 𝑖 0
que 𝐵 = −𝐵 ∗, ou seja, que a matriz 𝐵 é uma matriz anti-hermítica. Nota agora que esta
matriz 𝐵, embora não sendo uma matriz antissimétrica, é uma matriz anti-hermítica.

Então repara que para uma matriz quadrada ser uma matriz anti-hermítica terá de ser
uma matriz antissimétrica caso as suas entradas sejam números reais. Então, nestes
casos de entradas reais, é preciso que as entradas da diagonal principal sejam todas
iguais a zero e as entradas acima (abaixo) da diagonal principal sejam simétricas das
entradas abaixo (acima) da diagonal principal.

No caso de existir alguma entrada fora da diagonal principal que seja um número
complexo da forma 𝑝 + 𝑞𝑖 é necessário que o reflexo dessa entrada seja o −𝑝 + 𝑞𝑖 para
que a matriz seja uma matriz anti-hermítica; uma das condições necessárias para termos
uma matriz anti-hermítica é que as entradas da diagonal principal sejam todas iguais a
zero ou um número imaginário puro, mas não é uma condição suficiente.

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Sugestão de trabalho: Podem resolver da Ficha 1 colocada em anexo e ainda, os


exercícios 1, 2, 3 alíneas a), b) e c) (página 15), 4 (página 16), 27, 28, 29, 30, 34 (página
21), 38 alíneas a), b) e c) (página 22), 40, 42 alíneas a), e) e 43 (página 23) da Sebenta
para consolidação deste conteúdo programático.
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De seguida vamos abordar as operações algébricas que envolvem matrizes e


realçaremos também algumas das suas propriedades básicas.

2.5. Operações algébricas com matrizes


Vamos abordar três operações algébricas que envolvem matrizes: a adição de matrizes,
a multiplicação de um escalar por uma matriz e a multiplicação de matrizes.
1. A adição de matrizes
A operação algébrica de adição de matrizes só é definida para matrizes com a mesma
ordem (ou dimensão). Assim, temos que dadas duas matrizes 𝐴 e 𝐵, ambas de ordem
(ou dimensão) 𝑚 × 𝑛 , então é possível efetuar a sua adição, dando origem a uma nova
matriz representada por 𝐴 + 𝐵 e definida da seguinte forma

𝑎11 𝑎12 ⋯ 𝑎1𝑛 𝑏11 𝑏12 ⋯ 𝑏1𝑛


𝐴+𝐵 =( ⋮ ⋱ ⋮ )+( ⋮ ⋱ ⋮ )
𝑎𝑚1 𝑎𝑚2 ⋯ 𝑎𝑚𝑛 𝑏𝑚1 𝑏𝑚2 ⋯ 𝑏𝑚𝑛

𝑎11 + 𝑏11 𝑎12 + 𝑏12 ⋯ 𝑎1𝑛 + 𝑏1𝑛


=( ⋮ ⋱ ⋮ ),
𝑎𝑚1 + 𝑏𝑚1 𝑎𝑚2 + 𝑏𝑚2 ⋯ 𝑎𝑚𝑛 + 𝑏𝑚𝑛

cujos elementos são representados por 𝑎𝑖𝑗 + 𝑏𝑖𝑗 , sendo 𝑖 = 1, 2, … , 𝑚 e 𝑗 = 1, 2, … , 𝑛.

Então para obtermos a matriz que resulta da adição de duas outras matrizes com a
mesma ordem, somamos as entradas das duas matrizes consideradas que se encontram
na mesma linha e coluna e o resultado dessa soma será colocado também na mesma
posição das outras entradas na matriz-soma.

EXEMPLO 12

−1 5 1 0 −1 + 1 5 + 0 0 5
𝐴+𝐵 =( 2 )+( )=( 2+1 ) = ( 5 ),
3
√7 1 2 3
√7 + 2 3
√7 + 2

1+𝑖 5 − 2𝑖 2 − 3𝑖 𝑖 2 1
𝐴 + 𝐵 = [1 − 𝑖 −1 + 4𝑖 𝑖 ] + [ 1 + 𝑖 0 𝑎] =
−3𝑖 −2 + 3𝑖 4 − 7𝑖 𝑎+𝑏 3𝑖 0
1 + 2𝑖 7 − 2𝑖 3 − 3𝑖
[ 2 −1 + 4𝑖 𝑎 + 𝑖 ],
𝑎 + 𝑏 − 3𝑖 −2 + 6𝑖 4 − 7𝑖
𝑎 𝑏 𝑎 𝑏 2𝑎 2𝑏
𝐴 + 𝐵 = (𝑥 𝑐 ) + (𝑥 𝑐 ) = (2𝑥 2𝑐 ).
𝑦 𝑧 𝑦 𝑧 2𝑦 2𝑧

Relativamente à operação algébrica de adição de matrizes aqui apresentada, temos que


esta satisfaz às seguintes propriedades:

Proposição 1: Para quaisquer matrizes 𝐴, 𝐵 e 𝐶 de ordem 𝑚 × 𝑛, são verdadeiras as


seguintes propriedades:

1) Propriedade Comutativa: 𝐴 + 𝐵 = 𝐵 + 𝐴;

2) Propriedade Associativa: (𝐴 + 𝐵) + 𝐶 = 𝐴 + (𝐵 + 𝐶);

3) Existência de elemento neutro para a adição de matrizes de ordem 𝑚 × 𝑛, ou


seja, existe e é única a matriz nula 𝑂𝑚×𝑛 tal que para qualquer matriz 𝐴 da
mesma ordem, 𝐴 + 𝑂𝑚×𝑛 = 𝑂𝑚×𝑛 + 𝐴 = 𝐴;

4) Existência de elemento simétrico de uma qualquer matriz 𝐴, ou seja, para


qualquer matriz 𝐴 de ordem 𝑚 × 𝑛, existe e é única a matriz −𝐴 da mesma
ordem da matriz 𝐴 tal que 𝐴 + (−𝐴) = (−𝐴) + 𝐴 = 𝑂𝑚×𝑛 ; as entradas da
matriz −𝐴 são os simétricos das entradas da matriz 𝐴.

2. Multiplicação de um escalar por uma matriz


A operação algébrica de multiplicação de um escalar por uma matriz é sempre possível
ser efetuada, não havendo qualquer restrição a ser considerada.

Assim, temos que dado um escalar 𝛼 e uma qualquer matriz 𝐴 de ordem (ou dimensão)
𝑚 × 𝑛, então é possível efetuar a multiplicação do escalar pela matriz, dando origem a
uma nova matriz representada por 𝛼𝐴 e definida da seguinte forma

𝛼𝑎11 𝛼𝑎12 ⋯ 𝛼𝑎1𝑛


𝛼𝐴 = ( ⋮ ⋱ ⋮ ),
𝛼𝑎𝑚1 𝛼𝑎𝑚2 ⋯ 𝛼𝑎𝑚𝑛

cujos elementos são representados por 𝛼𝑎𝑖𝑗 , sendo 𝑖 = 1, 2, … , 𝑚 e 𝑗 = 1, 2, … , 𝑛.

Então para obtermos a matriz que resulta da multiplicação do escalar 𝛼 pela matriz 𝐴,
multiplicamos as entradas da matriz considerada pelo escalar 𝛼 e o resultado desse
produto será colocado também na mesma posição da entrada na matriz resultante.
EXEMPLO 13

−1 5 2 × (−1) 2 × 5 −2 10
2𝐴 = 2 ( 2 )=( 2 ) = ( 4 2√7),
3
√7 2×3 2 × √7 3

𝑖 2 1 𝑖2 2𝑖 𝑖 −1 2𝑖 𝑖
𝑖𝐵 = 𝑖 [ 1 + 𝑖 0 𝑎] = [ 𝑖 + 𝑖 2 0 𝑎𝑖 ] = [ −1 +𝑖 0 𝑎𝑖 ],
𝑎+𝑏 3𝑖 0 𝑎𝑖 + 𝑏𝑖 3𝑖 2 0 (𝑎 + 𝑏)𝑖 −3 0

𝑏
1
4 𝑏 4
1 1 𝑐
𝐶 = ( 2 𝑐) = 2 4
.
4
−1 𝑧 −1 𝑧
(4 4)

Observação: Também definimos −𝐴 = (−1)𝐴 e 𝐴 − 𝐵 = 𝐴 + (−𝐵) = 𝐴 + (−1)𝐵.

Vamos registar seguidamente algumas propriedades básicas que envolvem as


operações de adição de matrizes e de multiplicação de um escalar por uma matriz.

Proposição 2: Para quaisquer matrizes 𝐴 e 𝐵 de ordem 𝑚 × 𝑛 e quaiquer escalares 𝛼 e


𝛽, são verdadeiras as seguintes propriedades:

1) 𝛼(𝐴 + 𝐵) = 𝛼𝐴 + 𝛼𝐵;

2) (𝛼 + 𝛽)𝐴 = 𝛼𝐴 + 𝛽𝐴;

3) (𝛼𝛽)𝐴 = 𝛼(𝛽𝐴);

4) 1𝐴 = 𝐴;

5) 0𝐴 = 𝑂𝑚×𝑛 , sendo 𝑂𝑚×𝑛 a matriz nula de ordem 𝑚 × 𝑛.

Observação: Também definimos 𝐴 + 𝐴 = 2𝐴, 𝐴 + 𝐴 + 𝐴 = 3𝐴, … etc.

3. Multiplicação de Matrizes
A multiplicação de duas matrizes 𝐴 e 𝐵, representada por 𝐴𝐵, é algo mais complicado.
Para multiplicar uma matriz 𝐴 por uma matriz 𝐵 é necessário que o número de colunas
de 𝐴 seja igual ao número de linhas de 𝐵.

Comecemos por abordar alguns exemplos de multiplicação de duas matrizes para depois
podermos generalizar. Consideremos as seguintes matrizes 𝐴 = [𝑎11 𝑎12 … 𝑎1𝑛 ] de
𝑏11
𝑏21
.
ordem 1 × 𝑛 e 𝐵 = de ordem 𝑛 × 1. A primeira matriz é uma matriz linha e a
.
.
[𝑏𝑛1 ]
segunda matriz é uma matriz coluna. Se olharmos para as matrizes e pensarmos nelas
como dois “vetores”, o produto 𝐴𝐵 é dado pelo produto escalar entre esses dois
“vetores”, ou seja,

𝑏11
𝑏21
.
𝐴𝐵 = [𝑎11 𝑎12 … 𝑎1𝑛 ] = [𝑎11 𝑏11 + 𝑎12 𝑏21 + ⋯ + 𝑎1𝑛 𝑏𝑛1 ]
.
.
[𝑏𝑛1 ]

e definimos a matriz produto deste modo, resultando, neste caso uma matriz quadrada
de ordem 1 × 1.

Acrescentemos agora à matriz 𝐴 uma linha; neste caso, para obtermos a matriz produto
𝐴𝐵 teremos de, além do que já foi feito anteriormente, efetuar o produto escalar da
nova linha de 𝐴 pela única coluna de 𝐵. Temos então:

𝑏11
𝑏21
𝑎11 𝑎12 … 𝑎1𝑛 .
𝐴𝐵 = [𝑎 … 𝑎2𝑛 ] . =
21 𝑎22
.
[𝑏𝑛1 ]
𝑎11 𝑏11 + 𝑎12 𝑏21 + ⋯ + 𝑎1𝑛 𝑏𝑛1 𝐿𝑖𝑛ℎ𝑎 1 𝑑𝑒 𝐴 . 𝐶𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 ú𝑛𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝐵
[ ]=[ ],
𝑎21 𝑏11 + 𝑎22 𝑏21 + ⋯ + 𝑎2𝑛 𝑏𝑛1 𝐿𝑖𝑛ℎ𝑎 2 𝑑𝑒 𝐴 . 𝐶𝑜𝑙𝑢𝑛𝑎 ú𝑛𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑒 𝐵

sendo que na primeira linha está o resultado do produto escalar (.) da Linha 1 de 𝐴 com
a única coluna que tem 𝐵 e na segunda linha está o resultado do produto escalar (.) da
Linha 2 de 𝐴 também com a única coluna de 𝐵.

De modo análogo se procede se à matriz 𝐵 acrescentarmos mais colunas. Teremos,


portanto, de efetuar o produto escalar de cada linha de 𝐴 por todas as colunas de 𝐵.
A seguinte figura3 representa genericamente o produto de duas matrizes 𝐴 e 𝐵:

Observando a figura, temos que 𝐴 e 𝐵 são matrizes tais que o número de colunas de 𝐴
é igual ao número de linhas de 𝐵, digamos que 𝐴 tem ordem 𝑚 × 𝑛 e 𝐵 tem ordem
𝑛 × 𝑞. Então o produto 𝐴𝐵 é possível ser efetuado e dá origem a uma matriz de ordem
𝑚 × 𝑞 cujo elemento que está na linha 𝑖 e na coluna 𝑗 representado na figura por 𝑝𝑖𝑗 é
obtido pelo produto escalar da 𝑖-ésima linha de 𝐴 pela 𝑗-ésima coluna de 𝐵, ou seja,

𝑝𝑖𝑗 = 𝑎𝑖1 𝑏1𝑗 + 𝑎𝑖2 𝑏2𝑗 + ⋯ + 𝑎𝑖𝑛 𝑏𝑛𝑗 = ∑ 𝑎𝑖𝑘 𝑏𝑘𝑗


𝑘=1

Observação: Notemos que nem sempre o produto 𝐴𝐵 está definido. Por exemplo, se 𝐴
for uma matriz de ordem 𝑚 × 𝑛 e 𝐵 uma matriz de ordem 𝑝 × 𝑞, com 𝑛 ≠ 𝑝, então não
existe o produto 𝐴𝐵.

EXEMPLO 14

1 5 2 −1 0 −9 12
𝐴𝐵 = [5 −1 0] [−2 2] = [−3 −2]; não existe 𝐵𝐴;
2 0 4 1 1 2 4

3
Imagem retirada de
https://www.google.com/search?q=produto+de+matrizes&rlz=1C1GCEA_enPT876PT876&sxsrf=ALeKk0
1S40972DWOAHnT41StoUMQHbTBzw:1602871705825&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwi
AgZW12rnsAhUSahQKHdKCDQ4Q_AUoAXoECBUQAw&biw=1600&bih=732#imgrc=gAsnEwjs0-J9FM em
16 de outubro de 2020.
1 1 1 2 3
𝐴𝐵 = (1 2 3) (2) = (14); 𝐵𝐴 = (2) (1 2 3) = (2 4 6) , sendo 𝐴𝐵 ≠ 𝐵𝐴;
3 3 3 6 9

2 0 1 0 2 0 1 0 2 0 2 0
𝐴𝐵 = [ ][ ]=[ ]; 𝐵𝐴 = [ ][ ]=[ ], sendo 𝐴𝐵 = 𝐵𝐴.
−1 1 3 4 2 4 3 4 −1 1 2 4

Observação: Quando acontece 𝐴𝐵 = 𝐵𝐴,dizemos que as matrizes 𝐴 e 𝐵 são matrizes


comutáveis ou matrizes permutáveis. É o caso das últimas matrizes apresentadas no
EXEMPLO 14. Também convém observar a não comutatividade do produto matricial,
pois pode existir 𝐴𝐵 e não existir 𝐵𝐴 (ver as primeiras matrizes apresentadas no
EXEMPLO 14), e mesmo que existam ambos os produtos 𝐴𝐵 e 𝐵𝐴, tem-se que 𝐴𝐵 ≠ 𝐵𝐴
(ver as segundas matrizes apresentadas no EXEMPLO 14).

A potência de ordem 𝒏 de uma matriz 𝐴 só faz sentido para matrizes quadradas e é


definida por:

𝐴𝑛 = ⏟
𝐴𝐴𝐴𝐴 … 𝐴
𝑛 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠

Assim 𝐴2 = 𝐴𝐴; 𝐴3 = 𝐴𝐴𝐴, etc.

EXEMPLO 15

1 0 1 1 0 1 1 0 1 2 0 4
Se 𝐴 = (−1 2 0) então 𝐴2 = (−1 2 0) (−1 2 0) = (−3 4 −1) e
1 0 3 1 0 3 1 0 3 4 0 10
também podemos dizer que a potência de ordem 3 da matriz 𝐴 é dada por 𝐴3 = 𝐴𝐴𝐴 =
1 0 1 1 0 1 1 0 1
(−1 2 0) (−1 2 0) (−1 2 0) = 𝐴𝐴2 = 𝐴2 𝐴 =
1 0 3 1 0 3 1 0 3
1 0 1 2 0 4 2 0 4 1 0 1 6 0 14
(−1 2 0) (−3 4 −1) = (−3 4 −1) (−1 2 0) = (−8 8 −6).
1 0 3 4 0 10 4 0 10 1 0 3 14 0 34

Relativamente à operação algébrica de multiplicação de matrizes aqui apresentada,


temos que esta satisfaz às seguintes propriedades:

Proposição 3: Para quaisquer matrizes 𝐴, 𝐵 e 𝐶 de tal forma que as somas e os produtos


estejam definidos, são verdadeiras as seguintes propriedades:

1) Propriedade Associativa: (𝐴𝐵)𝐶 = 𝐴(𝐵𝐶);


2) Propriedade distributiva da multiplicação em relação à adição: 𝐴(𝐵 + 𝐶) =
𝐴𝐵 + 𝐴𝐶, (𝐴 + 𝐵)𝐶 = 𝐴𝐶 + 𝐵𝐶;

3) 𝛼(𝐴𝐵) = (𝛼𝐴)𝐵 = 𝐴(𝛼𝐵), para qualquer escalar 𝛼;

4) 𝐼𝐴 = 𝐴𝐼 = 𝐴, sempre que 𝐼 representa a matriz identidade da mesma ordem de


𝐴, sendo 𝐴 aqui uma matriz quadrada.

Nota: Não é válida a lei do anulamento do produto, ou seja, se acontecer 𝐴𝐵 = 𝑂𝑚×𝑛


não implica, em geral, que 𝐴 seja uma matriz nula nem que 𝐵 seja também uma matriz
0 1 1 1
nula. Vejamos, por exemplo, que para as matrizes seguintes 𝐴 = ( )e𝐵 = ( ),
0 1 0 0
0 0
temos que 𝐴𝐵 = ( ) = 𝑂2 e, no entanto, nem 𝐴 é uma matriz nula, nem 𝐵 é
0 0
também uma matriz nula.

Também não é válida a conhecida lei do corte quando aplicada a matrizes, isto é,
podemos ter a situação de 𝐴𝐵 = 𝐴𝐶, com 𝐴, 𝐵 e 𝐶 matrizes tais que os produtos
matriciais estão definidos, e no entanto, esta situação não implica, em geral, que 𝐵 =
1 0 1 1 1 1
𝐶. Vejamos, por exemplo, o caso em que 𝐴 = [ ], 𝐵 = [ ], 𝐶 = [ ] e 𝐴𝐵 =
0 0 1 0 1 2
1 1
[ ] = 𝐴𝐶. Nesta situação, embora 𝐴𝐵 = 𝐴𝐶 temos que 𝐵 ≠ 𝐶.
0 0

Também não são válidos os casos notáveis quando aplicados a matrizes, ou seja, em
geral, e desde que as operações algébricas apresentadas estejam definidas,

(𝐴 + 𝐵)2 ≠ 𝐴2 + 2𝐴𝐵 + 𝐵 2; (𝐴 − 𝐵)2 ≠ 𝐴2 − 2𝐴𝐵 + 𝐵 2; (𝐴 + 𝐵)(𝐴 − 𝐵) ≠ 𝐴2 −


𝐵2.

Exercício 2: Procure exemplos de matrizes que comprovem estas afirmações.

Algumas propriedades vão ser registadas a seguir que têm a ver com as operações
algébricas com matrizes que acabamos de tratar e com a transposição de matrizes.
Assim, para quaisquer matrizes 𝐴 e 𝐵, temos:

Propriedade 1: (𝐴 + 𝐵)𝑇 = 𝐴𝑇 + 𝐵 𝑇 , desde que a adição esteja definida;

Propriedade 2: (𝐴𝐵)𝑇 = 𝐵 𝑇 𝐴𝑇 , desde que o produto matricial esteja definido;


Propriedade 3: (𝛼𝐴)𝑇 = 𝛼𝐴𝑇 , sendo 𝛼 um qualquer escalar (número real ou número
complexo);

Propriedade 4: (𝐴𝑇 )𝑇 = 𝐴.

Agora, algumas propriedades que têm a ver com as operações algébricas com matrizes
e com a conjugação de matrizes. Assim, para quaisquer matrizes 𝐴 e 𝐵, temos:

̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
Propriedade 5: (𝐴 + 𝐵) = 𝐴̅ + 𝐵̅, desde que a adição esteja definida;

̅̅̅̅̅̅̅ = 𝐴̅𝐵̅, desde que o produto matricial esteja definido;


Propriedade 6: (𝐴𝐵)

̅̅̅̅̅̅ = 𝛼𝐴̅, para 𝛼 um número real; ̅̅̅̅̅̅


Propriedade 7: (𝛼𝐴) (𝛼𝐴) = 𝛼̅𝐴̅, para 𝛼 um número
complexo;

̅̅̅̅̅
Propriedade 8: (𝐴 ̅ ) = 𝐴.

Finalmente, algumas propriedades que têm a ver com as operações algébricas com
matrizes e com a transconjugação de matrizes. Assim, para quaisquer matrizes 𝐴 e 𝐵,
temos:

Propriedade 9: (𝐴 + 𝐵)∗ = 𝐴∗ + 𝐵 ∗, desde que a adição esteja definida;

Propriedade 10: (𝐴𝐵)∗ = 𝐵 ∗ 𝐴∗ , desde que o produto matricial esteja definido;

Propriedade 11: (𝛼𝐴)∗ = 𝛼𝐴∗ , para 𝛼 um número real; (𝛼𝐴)∗ = 𝛼̅𝐴∗ , para 𝛼 um
número complexo;

Propriedade 12: (𝐴∗ )∗ = 𝐴.

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