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Trabalho Comparativo das Classificações de Barton e

Bieniawski
Classificação de Maciços para Projeto de Suporte de Túneis (Barton)

A classificação de Barton visa definir a qualidade de um maciço rochoso a partir


de seis parâmetros. Além disso, permite também estimar a pressão no suporte, e com
isso recomendar o tipo de suporte a ser utilizado.
Os seis parâmetros considerados para a classificação são:
 RQD – Índice de Qualidade da Rocha, que considera para um determinado trecho de
rocha perfurada, os pedaços perfurados que não se fragmentaram em pedaços
menores que 10 cm. Seu valor pode variar de 0 a 100 (rocha de excelente qualidade);
 Jn – Índice do número de família de fraturas, que considera a presença de fraturas e a
sua diversidade na rocha. Seu valor pode variar de 0,5 (nenhuma ou poucas fraturas
presentes) a 20 (rocha esmagada);
 Jr – Índice de rugosidade das fraturas, que é um fator diretamente proporcional à
qualidade da rocha, pois quanto mais rugosas as fraturas, maior é a resistência ao
corte da rocha. Seu valor pode variar de 0,5 (fraturas polidas) a 4 (fraturas
descontínuas);
 Ja – Índice de alteração das paredes das fraturas, que considera o estado das paredes
bem como a presença de material preenchendo as paredes, como argilas ou areias.
Seu valor pode variar de 0,75 a 20;
 Jw – Índice do caudal afluente, que considera aspectos hidrogeológicos na
classificação, representando as medidas da pressão de água. Quanto maior a pressão
de água na rocha, menor é a resistência ao escorregamento das descontinuidades. Seu
valor pode variar de 0,05 a 1,0 (caudal afluente pequeno ou nulo);
 SRF – Índice do estado de tensão do maciço (Stress Reduction Factor), que caracteriza
estado de tensão no maciço rochoso, em profundidade, ou as tensões de
expansibilidade em formações incompetentes de comportamento plástico, sendo a
sua avaliação feita a partir de evidências de libertação de tensões (explosões de rocha,
etc.) ou a partir da ocorrência de zonas de escorregamento ou de alteração localizada;

Com esses 6 parâmetros, determinam-se 3 quocientes:


 RQD/Jn – relacionado ao tamanho dos blocos do maciço rochoso
 Jr/Ja – relacionado à resistência ao corte das superfícies das fraturas
 Jw/SRF – relacionado à tensão existente no maciço rochoso

A qualidade do maciço rochoso (Q) é dada pelo produto dos quocientes acima:

𝑅𝑄𝐷 𝐽𝑟 𝐽𝑤
𝑄≡ × ×
𝐽𝑛 𝐽𝑎 𝑆𝑅𝐹

De acordo com o valor de Q, que varia de 0,001 a 1000, o maciço é classificado


em uma das nove categorias. Baseado na classificação, foi feito um gráfico
(reproduzido abaixo) para recomendar o tipo de suporte a ser feito no maciço
envolvido na construção do túnel. Além do Q, é considerado também a Dimensão
Equivalente da obra, que é obtida dividindo o vão, diâmetro ou altura da escavação
pelo índice ESR (Excavation Support Ratio), um fator de segurança definido em função
da finalidade da obra.
Figura 1 Classes de Suporte

Classificação Geomecânica de Maciços Rochosos para Túneis


(Bieniawski)

Essa classificação foi desenvolvida a partir de escavações subterrâneas minerais e


baseia-se em cinco parâmetros:
 Resistência à compressão simples da rocha intacta;
 RQD;
 Espaçamento das fraturas;
 Condições físicas e geométricas das fraturas, o que considera rugosidade da
superfície, preenchimentos etc;
 Presença de água, considerando umidade, pressão de água e infiltração;

A cada um desses fatores são atribuídos pesos, cuja soma ajustada de acordo com
a orientação das descontinuidades, o strike, (pode ou não minorar o resultado final) irá
definir a classificação do maciço em uma das cinco classes (ver tabelas a seguir). Essa
classificação permite estimar a coesão e o ângulo de atrito do maciço, bem como
indicar o tipo de suporte primário a ser utilizado.
Outra informação fornecida é o período de estabilidade sem suporte do maciço
escavado, através de um ábaco com as classes de maciço e com a extensão
desguarnecida do túnel.
Figura 2 Classificação Bieniawski
Figura 3 Classes de Bieniawski

Comparação entre as Classificações

As duas classificações possuem objetivos diferentes, a de Barton procura definir


o tipo de suporte a ser utilizado ao passo que a de Bieniawski procura definir o tempo
de estabilidade sem suporte de acordo com o vão livre do túnel. E, tendo objetivos
diferentes, os critérios adotados por cada um deles para a classificação também são
diferente pois o que deve definir o critério de classificação, é a finalidade da mesma.
Para exemplificar essas diferenças de critérios, a de Bieniawski considera a
resistência à compressão da rocha, critério ignorado por Barton, enquanto este
considera o estado de tensão do maciço (SRF). Além disso, Barton não leva em conta a
orientação das descontinuidades em relação ao túnel, fator lembrado por Bieniawski.
De qualquer forma, as duas classificações apresentam alguns critérios comuns
como a influência da água, o RQD da rocha e as condições físicas e geométricas das
fraturas. Na metodologia também há uma semelhança: as duas baseiam-se em
critérios quantitativos, e não qualitativos, o que diminui a subjetividade do
julgamento. Porém, o fato de se adotar pesos para cada critério ainda assim carrega
um certo grau de subjetividade na classificação final.
Vale lembrar que retirar a subjetividade de um processo de classificação de
maciços rochosos é algo muito difícil, por isso mesmo, ainda assim, as duas
classificações analisadas no trabalho confirmam-se como as duas mais utilizadas para a
classificação de maciços rochosos para túneis.

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