Você está na página 1de 18

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/305337693

Comprar gato por lebre? O assalto teológico à abordagem histórico-filológica


da raiz br´ entre os séculos XVIII e XX

Article in Revista Pistis Praxis · September 2016


DOI: 10.7213/revistapistispraxis.08.001.DS03

CITATION READS

1 345

1 author:

Osvaldo Luiz Ribeiro

85 PUBLICATIONS 58 CITATIONS

SEE PROFILE

All content following this page was uploaded by Osvaldo Luiz Ribeiro on 13 December 2018.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


doi: 10.7213/revistapistispraxis.08.001.DS03

ISSN 1984-3755
Licenciado sob uma Licença Creative Commons

[T]
Comprar gato por lebre? O “assalto”
teológico à abordagem histórico-filológica
da raiz br entre os séculos XVIII e XX

It seems like a pig in a poke! Theological “assault” on


the historical and philological approach to br root
between the eighteenth and twentieth centuries

Osvaldo Luiz Ribeiro*

Faculdade Unida de Vitória, Vitória, ES, Brasil

Resumo

Revisão crítica da abordagem à raiz br em léxicos e dicionários de Hebraico dos sécu-


los XVIII e XX. Pesquisa bibliográfica. Identificam-se três fases na abordagem aplicada
à raiz br desde 1756, respectivamente: a fase propriamente histórico-filológica e mar-
cada pelos léxicos de Simonis e Gesenius, na qual a raiz br é apresentada em única
entrada, sem distinção de raízes e sem privilégios de sentido para qualquer tronco
verbal, com sentido geral gravitando em torno do sentido de “cortar”; a segunda fase,

*
OLR: Doutor, e-mail: osvaldo@faculdadeunida.com.br

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 8, n. 1, 55-71, jan./abr. 2016


56 RIBEIRO, O. L.

em que mesmo as traduções de Gesenius sofrem alteração, restringindo-se ao tron-


co Qal o sentido de “criar”; e, finalmente, a fase do século XX, na qual se identifica a
fragmentação da raiz br em três raízes, com a consequente separação “ontológica”
dos sentidos de criar, de um lado, reservado a raiz br I, exclusivamente no tronco Qal,
e cujo agente/ator seria “Deus”, e, de outro lado, cortar, sentido reservado para a raiz
br III. A partir da segunda fase, as traduções de seus léxicos e dicionários afastam-se
progressivamente do tratamento original de br que Gesenius aplicava na primeira me-
tade do século XIX. No século XX, com a introdução do conceito das três raízes de br ,
o conteúdo dos léxicos e dicionários atribuídos a Gesenius não guardam mais relação
com o conteúdo expresso nos Gesenius do século XIX.

Palavras-chave: Gesenius. Raiz br . Criar. Cortar. Filologia.

Abstract

Critical review of the approach to br root in Hebrew lexicons and dictionaries of the
eighteenth and twentieth centuries. Bibliographic search. Three phases can be identi-
fied in the approach applied to the br root since 1756, respectively: a proper historical-
-philological phase, marked for the lexicons of Simonis and Gesenius, in which br root
is presented as a single entry, regardless of roots and without sense of privilege for
any verbal stem, with a general sense gravitating around the meaning of “to cut”; the
second phase, in which even the translations of Gesenius suffer changes, restricting to
the Qal stem the meaning of “to create”; and finally the stage of the twentieth century,
which identified the fragmentation of br root in three roots, with the consequent “onto-
logical” separation of the sense of creating, on one side, reserved for br I root exclusi-
vely in the Qal stem, and whose agent / actor would be “God”, and, on the other hand,
to cut, meaning reserved for br III root. Since the second phase, the translations of his
lexicons and dictionaries are progressively distanced from the original treatment that
Gesenius applied in the first half of the nineteenth century to br root . In the twentieth
century, with the introduction of the concept of the three roots of br , the content of
lexicons and dictionaries assigned to Gesenius not keep more to do with the contents
fo the Gesenius from the nineteenth century.

Keywords: Gesenius. br root. To create. To cut. Philology.

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 8, n. 1, 55-71, jan./abr. 2016


Comprar gato por lebre? 57

Cortar/criar no Lexicon de J. Simonis, de 1756

Constante do Lexicon de Johann Simonis, publicado em Leipzig,


em latim, podem-se enumerar os seguintes comentários quanto à rubri-
ca br (SIMONIS, 1756, p. 141-142).
Primeiro: o Lexicon de Simonis abre os sentidos da raiz br com as
acepções que gravitam em torno do verbo “cortar”, conformando-a aos
regimes semânticos dos verbos latinos seco (“secuit”), excido (“excidit”)
e succido (“succidit”). No corpo do verbete, seguem-se, como derivações
de “cortar”, o sentido de “criar”, que, nesse caso, assume as dimensões
de “criar, cortando”, ou, dito de outro modo, “separar”, mas, também,
“esculpir”.
Segundo: os diversos sentidos aplicados à raiz br não recebiam
classificação hierárquica nem desmembramento semântico. A cadeia de
sentidos era apresentada um termo após o outro, como se todos pos-
suíssem o mesmo grau de pertinência, distinguidos, apenas, pela força
do tronco verbal.
Terceiro: grafados na entrada e no tratamento inicial do verbete,
os sentidos de Qal da raiz br (“cortar” e afins) desdobram-se, acentuan-
do-se, diretamente em Piel. Na rubrica, portanto, não se conhece a ideia
de que, quanto a br , Piel e Qal respondam por semânticas distintas uma
da outra. Antes, assume-se que Piel apenas atenda a uma intensificação
do sentido da raiz em Qal – “cortar”, “separar”, “derrubar”, “arrotear”,
“esculpir”, todos, intercambiáveis. O sentido “criar”, que a raiz br então
suportaria, faz-se derivar desse sentido primário, “cortar”, e deve ser
compreendido como referindo-se a uma ação de “dar forma, cortando”
ou “cortar para construir”.
Quarto: não se toma da raiz br nenhum sentido “teológico” pri-
vilegiado. Não se lhe distingue nenhum operador em especial, sob qual-
quer circunstância. Pelo contrário, a raiz se apresenta muito prosaica,
com um sentido muito prático (manual/profissional) – “cortar”, “derru-
bar, cortando”, “desbastar”, “esculpir” → “criar”.

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 8, n. 1, 55-71, jan./abr. 2016


58 RIBEIRO, O. L.

Os trabalhos filológicos de Gesenius, no século XIX, aplicados a br

Friedrich Heinrich Wilhelm Gesenius, simplesmente, Gesenius,


nasceu em 1786. Tornou-se estudante de Filosofia e Teologia na
Universidade de Helmstadt, em 1803, cursos que concluiu em Göttingen,
em 1806. Em 1810, torna-se professor de Teologia em Halle, onde lecio-
nará até sua morte, em 1842. A partir de 1810, inicia uma série de publi-
cações de obras ligadas à filologia aplicada à Bíblia Hebraica — gramática,
léxico/manual, ensaios, críticas, comentários. Sua abordagem acadêmica,
técnica, histórica, erudita, valeu-lhe a crítica de “racionalista”1. A decidir-
-se (a) se não obstante isso ou (b) se por causa disso, sua gramática e seu
léxico sofreram, a partir de então, ininterruptas traduções e edições/pu-
blicações durante todo o século XIX e XX.
Seu léxico da Bíblia Hebraica, em alemão, começou a ser publicado
em 1810/1812. Na quinta edição, de 1857, identifica-se tratamento mui-
to similar àquela que a raiz br recebia no léxico de Simonis, publicado en-
tão havia cem anos. Segundo o Handwörterbuch (GESENIUS, 1857, p. 140),
br significa: 1) “cortar” (hauen) e “esculpir” (aushauen), 2) “construir” (bil-
den), “fazer/criar” (schaffen), “produzir” (hervorbringen) etc. Muito rele-
vante que o sentido de “esculpir” se faça seguir pelo de “construir”/”criar”.
Sabia-se, desde 1756, pelo menos, que br significa “cortar” e, desde aí,
“criar, cortando”. Gesenius dá notável precisão ao termo: “(aus)hauen”
= “cortar/esculpir” → bilden/schaffen = “construir/criar”. Note-se ainda
que, a semelhança do Lexicon de Simonis, Gesenius dá para Qal e Piel o
mesmo sentido — hauen (“cortar” = seco, succido). Em Piel, com precisão
— “einen Wald”.
Em termos semântico-filológicos, não há nenhuma relevante al-
teração entre 1756, de um lado, e 1810/1812 e 1857, de outro. Tanto
Simonis quanto Gesenius, este, com mais precisão, sabem que br signifi-
ca “cortar, esculpir, construir, criar”. A diferença, contudo, é que Gesenius
dividiu esquematicamente os sentidos aplicáveis à raiz em três regiões
semânticas (cortar/esculpir, construir/criar e comer/engordar), todas
gravitando a partir do centro semântico “cortar”, ao passo que, se viu, em

1
Para as informações, cf. o “Prefácio”, assinado por S. P. Tregelles, de GESENIUS, 1857.

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 8, n. 1, 55-71, jan./abr. 2016


Comprar gato por lebre? 59

Simonis, esses mesmos sentidos são apresentados, nessa mesma ordem,


mas, todos, num mesmo parágrafo de entrada. Mesmo lá, contudo, “cor-
tar” regia todos os demais sentidos.
Aos sucessivos volumes do Handwörterbuch, seguiram-se, no campo
filológico, dois projetos: o Thesaurus Philologicus Criticus Linguæ Hebrææ
et Chaldææ Veteris Testamenti (os volumes aparecendo em 1828, 1835,
1839, 1840 e 1842) e, entre o primeiro e o segundo volumes do Thesaurus,
em 1833, o Lexicon Manuale Hebraicum et Chaldaicum in Veteris Testamenti
Libros.
No Lexicon Manuale de Gesenius, de 1833, mantinha-se o quadro
geral do trato filológico aplicado a br no Handwörterbuch de 1810/1812.
Segundo, agora, o Lexicon Manuale, br significa 1) “derrubar”, “cortar”,
“dar forma, cortando” = (esculpir), 2) “criar”, “produzir”, 3) “gerar” e 4)
“engordar”. Mais uma vez, preserva-se a condição intercambiante dos
sentidos: cortar; criar, cortando; gerar, fazendo filhos; engordar, cortan-
do a fome.

Traduções/adaptações de Gesenius, no século XVIII

Gesenius não tardou a ser traduzido. O Lexicon Manuale conhece


uma tradução de 1844, assinada por Edward Robinson. De modo geral,
Edward Robinson permaneceu bastante fiel ao tratamento filológico que
Gesenius aplicara a br . A raiz é apresentada, como em Gesenius, por meio
da entrada de seus troncos. Para Qal, Robinson/Gesenius dão: 1) “cortar”,
“esculpir”, 2) “formar”, “criar”, “fazer”, 3) “gerar” e 4) “engordar”. Para
Nifal, “criar”. Para Piel, 1) “cortar” e 2) “formar”, “fazer”. Para Hifil, “en-
gordar”. Não se vê aí, ainda, o que se tornará comum – normativo! – no
século XX: uma raiz I, uma raiz II e uma raiz III de br (GESENIUS, 1844,
p. 159-160).
Em 1857, é agora Samuel Prideaux Tregelles quem traduz e edita
sua versão em inglês do Lexicon de Gesenius. Para o que diz respeito à rela-
ção entre os sentidos “cortar/esculpir” e “construir/criar” de br , Tregelles
segue rigorosamente o mesmo tratamento que Robinson concedera ao
Lexicon de Gesenius (GESENIUS, 1857, p. 138-139).

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 8, n. 1, 55-71, jan./abr. 2016


60 RIBEIRO, O. L.

Outros léxicos da Bíblia Hebraica no século XIX

Em 1843, um ano antes da publicação da tradução de Gesenius,


levada a termo por E. Robinson, publica-se na França mais um Lexicon
Manuale, dessa vez elaborado por Jean Baptiste Glaire. O tratamento que
br recebe, aí, assemelha-se muito ao dado por Gesenius (e Robinson e
Tregelles). Para Qal, a raiz recebe atualizações sob o sema regente de “cor-
tar” — 1) propriamente “derrubar”, “cortar”, “esculpir”, 2) “criar”, “produ-
zir” e, 3) comer, engordar. Mais adiante, o sema “cortar” volta a aparecer,
agora, no Piel, assim como, em Hifil, volta a aparecer o de “engordar”.
Ou seja, Glaire mantém o modo como Gesenius trata a raiz. O modo e o
regime semântico sobredeterminante de “cortar”, e, desde aí, “esculpir,
construir, criar”.
Dois anos depois da primeira edição do Lexicon de Glaire, em
Leipzig, 1832, publica-se um ilustrativo léxico — de Ernst Friedrich
Leopold. O verbete br é bastante simplificado e resumido (algo entre
Simonis 1756, e Gesenius/Glaire). Mas é significativo que E. F. Leopold
reúna numa mesma entrada, os sentidos da raiz relativos a “cortar” e
“criar”: “propr. cecídit, excídit; formavit, finxit, creavit” — “propriamente
cortar/derrubar, cortar/destruir; formar, esculpir, criar”. Leopold não faz
distinção entre “cortar” e “criar”. Pelo contrário, abre a série com cecídit e
a fecha com creavit. “Criar”, quando por meio do que se expressa através
de br , refere-se a uma ação diretamente relacionada a “cortar” — como
“esculpir” e também, a “derrubar”, como as ações de arroteamento de flo-
restas, para a agricultura ou a construção de instalações comunitárias, o
que, imediatamente, faz o sentido de br migrar, justificadamente, para
construir (Gesenius = bilden), logo, fazer, logo, “criar”.
Constatação essa a que também se chegara nos ambientes próprios
da tradição judaica. De 1834, consulte-se o Sefer Sharshim – A Hebrew
and English Lexicon, (NEWMAN, 1834, p. 73). Logo, br constitui apenas
uma raiz. Para o Qal, Newman afirma: “to form, to produce; its primary
meaning is perhaps to hew out”. “To hew out” significa “cortar, esculpir,
arrotear, abrir caminho (com machado ou facão)”. De 1855, tem-se o
Hebrew and English Dictionary, Biblical and Rabbinical (BRESSLAU, 1855,
p. 113). É relevante verificar que a tradição judaica do século XIX conhece

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 8, n. 1, 55-71, jan./abr. 2016


Comprar gato por lebre? 61

e acata a tradição histórico-filológica da época. Tanto quanto Newman,


Bresslau “sabe” que br significa, originalmente, “cortar”, e, só desde aí,
então “criar”.
Resumindo, a série de léxicos Simonis (1756), Gesenius (1810/1812,
1833 e 1857 — e Robinson, 1844, e Tregelles, 1857), Glaire (1830 e 1843)
e Leopold (1832), bem como Newman (1834) e Bresslau (1855), é unâni-
me — “criar”, em br , faz-se “cortando”, como quem “esculpe”, ou quem
“derruba” obstáculos, para, ali, onde esses obstáculos estavam, construí-
rem-se instalações comunitárias. O trato histórico-filológico conhecido
nos séculos XVIII e XIX em ambientes tanto “cristãos” quanto “judeus”
coincide.

Censura teológica à abordagem histórico-filológica à raiz br

Já na primeira metade do século XIX, publicaram-se verbetes nos


quais o verbo br se fazia apresentar como significando “criar” (e não, cor-
tar) já como primeira acepção — ainda que br não fosse decomposto em
três raízes homônimas. Assim, Gibbs, 1828, p. 30, LEE, 1840, p. 90-91 e
DAVIDSON, 1848, p. 113.
O Manual Hebrew, de Gibbs, é curioso. O tradutor foi um dos pri-
meiros de Gesenius na Inglaterra. Já em 1824, adaptara para o inglês seus
Hebräisch-deutsches Handwörterbuch über die Schriften des Alten Testaments
(1810-1812) e Neues Hebräisch-deutsches Handwörterbuch über das Alte
Testament (1815) (GIBBS, 1824, p. 3). Gibbs conhece o que Gesenius sabe
e afirma sobre br , e em 1828, escreve seu próprio Manual Hebrew, con-
quanto não “inaugure” a teoria das três raízes homônimas, em um verbe-
te de seis linhas desmonta o trabalho filológico de Gesenius, reservando
para a raiz br o sentido de “cortar” (como hoje em dia se faz amiúde) ape-
nas para a forma Piel, e abrindo seu verbete com o sentido “teológico” do
verbo — “criar”. Gesenius, certamente, não concordaria com isso (GIBBS,
1824, p. 30). Estamos diante da censura teológica ao trato histórico-filo-
lógico da raiz br ?
Por sua vez, o verbete de Lee abre-se com “creavit” e “recreavit”, e
faz-se seguir de uma longa peroração em defesa a) da criação a partir do

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 8, n. 1, 55-71, jan./abr. 2016


62 RIBEIRO, O. L.

nada e b) do caráter cronologicamente indeterminado da duração de cada


um dos “dias” de Gn 1,1-2,4a. “Cortar” aparece, apenas, para o Piel. Sim,
trata-se de uma censura teológica à abordagem historico-filológica apli-
cada à raiz br , cujo resultado é a supressão proposital das referências a
br como “cortar”, disponíveis nas línguas do entorno do Crescente Fértil:
“and particularly when we find the usage of the Arabs taking part against
us” (LEE, 1840, p. 91, grifo meu). Lee conhece a filologia “racionalista”:
“usage of the Arabs”, mas (a) (sua) “teologia” interdita seu acatamento.
Malgrado conheceram-na, Gibbs e Lee, bem como Davidson rompem com
a tradição filológica de Simonis e Gesenius.
O fato de que, mais do que adaptações, “tradutores” de Gesenius fa-
çam verdadeiras “intervenções” no seu trabalho filológico já era alertado
por Thomas Price em 1847, referindo-se, especificamente, à tradução de
S. P. Tregelles (PRICE, 1847, p. 733-748). Contudo como se viu, Tregelles
não promoveu nenhuma alteração significativa no verbete br , ao passo
que “traduções/adaptações”, no estilo de Gibbs, Lee e Davidson, põem a
perder o tratamento que, desde 1756 (pelo menos), a raiz vinha receben-
do na corrente histórico-filológica.
Pois bem, em 1828, republica-se o Lexicon Manuale Hebraicum et
Chaldaicum de Johann Simonis, de 1756, agora assinado por Johann
Gottfried Eichhorn e Georg Benedikt Winer (EICHHORN e WINNER,
1828, p. 150). Em relação à edição original de Simonis de 1756, a re-edi-
ção de Eichhorrn e Winer pode ser resumida da seguinte forma.
Eichhorn e Winner classificam os semas, ao passo que a edição
de 1756, como se viu, apenas arrola os diversos sentidos, em sequência,
numa mesma entrada. A classificação de Simonis/Eichhorn-Winer esque-
matiza a apresentação da raiz, introduzindo-a a partir do sentido básico
que ela, potencialmente, suporta: br é propriamente “secuit, cecídit, ascia-
vit”. Assinalada a regência semântica, a raiz passa a ser “atualizada”, com
base nessa “potência semântica”, a partir dos troncos verbais, cada qual,
sendo o caso, com suas subdivisões. Assim, para Qal, 1) “formavit, creavit,
finxit” — “formar, criar, modelar/esculpir” (fazendo constar, parentetica-
mente, “Deus”), e 2) “edit”, “comedit” — “comer”, “devorar”. Na sequên-
cia, são apresentados os sentidos/ocorrências dos demais troncos, entre
os quais, Piel, quando, então, os sentidos derivados de “cortar” retornam.

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 8, n. 1, 55-71, jan./abr. 2016


Comprar gato por lebre? 63

Ora, se Simonis (1756), Gesenius (1810/18121 e 18575) e Simonis/


Eichhorn-Winer são comparados, percebe-se que há uma modificação sig-
nificativa neste último. Simonis (1756) não considerava qualquer classi-
ficação/distinção entre os sentidos de br , exceto os troncos. Contudo, o
verbete é aberto com a afirmação de que seu sentido é “propriamente”
“secuit, excidit, succidit” (“cortar” e derivados), o que aponta para uma
sobredeterminação desse regime semântico potencial sobre as atualiza-
ções da raiz. Gesenius não apenas mantém o regime semântico sobre-
determinante de “cortar”, mas ainda inclui/organiza tal sentido já den-
tro das subentradas de Qal, ou seja: 1) cortar, 2) formar/criar/esculpir,
3) comer, isso seja em seu Handwörterbuch, de 1810/18121 e 18575, seja
em seu Lexicon Manuale, de 1833, o que é igualmente mantido nas tradu-
ções/adaptações de Robinson (1844) e Tregelles (1857). Mais do que isso,
Gesenius inclui, como sentido de br , na sub-entrada 2 de Qal, o sentido
de “construir” (bilden) ao lado do de “fazer/criar” (schaffen), o que está ple-
namente justificado pela regência de “cortar” sobre “criar”, isto é, “criar/
fazer, cortando, separando”, de cuja imagem deriva o sentido de “escul-
pir”. Entre Simonis (1756) e Gesenius (1810/18121, 1833, 1844, 18575
e 1857) há uma justificada rotina de ajuste e precisão. Que, sofre uma
transformação em Simonis/Eichhorn-Winer (1828).
Aí, mantém-se a informação (já então) secular que dá conta da re-
gência semântica de br : “prop. (...) secuit, cecídit, asciavit” (“cortar”, “der-
rubar”, “aplanar”). Caso o consultor esteja informado acerca das posições
de Simonis (1756) e Gesenius, será fácil fazer sobredeterminar o sentido
de “cortar” sobre as atualizações da raiz. O verbete, contudo, diferente-
mente de Gesenius e de suas traduções de Robinson e Tregelles, abre as
atualizações de Qal com “formar”, “criar”, “moldar/esculpir”, observando,
entre parêntesis, “(Deus) (...) Gen. 1,1 5,2 etc”. Mais ao final do verbe-
te, quando passam a ser descritas as atualizações do Piel, aí, sim, consta-
tam-se os sentidos “cortar” e “derivados” “secuit, cecídit, succidit (silvam)”
(“cortar, derrubar, arrotear — uma floresta). Ora, se, segundo Simonis/
Eichhorn-Winer, o sentido “cortar” só aparece em Piel, porque manter-se,
então, a informação de entrada: br significa, propriamente, “cortar”? Se
é assim, então “cortar” está presente em todas as atualizações da raiz. Se
não é assim, a abertura do verbete leva o consultor a equívoco. Talvez o

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 8, n. 1, 55-71, jan./abr. 2016


64 RIBEIRO, O. L.

verbete esteja apenas querendo indicar que, a seu ver, na Bíblia Hebraica,
apesar de o sentido de br ser regido sobre determinantemente pelo sema
“cortar”, as atualizações de Qal reúnem-se, apenas, em dois grupos: “criar”
e “comer”. Contudo, olhando o verbete desde o século XX, essa distinção
entre a potência (“cortar”) e a atualização em Qal (“criar”, mas não “cor-
tar”), somada à presença parentética do termo “Deus” imediatamente ao
lado de “fazer, criar, moldar/esculpir”, funciona, “hermeneuticamente”,
como um atrator teológico, que, talvez, não tenha sido a intenção dos or-
ganizadores da re-edição de Simonis, mas que, à luz da informação dos
léxicos e dicionários contemporâneos acerca da existência de três raízes
homônimas br I, br II e br III, uma das quais atualizada como privi-
légio teológico da “divindade”, resulta em dissolver, desintegrar, des-
considerar a informação que se tinha desde (pelo menos) 1756 — br
significa, propriamente, “cortar”, de modo que, quando atualizado em
sentido que comporta, por meio de sua aplicação/ação, o conceito de
“criar/fazer”, esse sentido faz-se reger, ainda, pelo sema-raiz, “cortar”,
de modo que se deve entender essa ação de “criar” como ação de “criar,
cortando”, “criar por meio de sucessivos gestos/processos de corte e des-
baste”, isto é, “esculpir”, e, daí, Gesenius já afirmara com todas as letras
(“bilden”), “construir. Não se pode dizer que a absoluta perda dessa infor-
mação seja “culpa” de Simonis/Eichhorn-Winer, mas, de qualquer modo,
a configuração de seu verbete, aos olhos de um teólogo moderno, desin-
formado, contudo, acerca da edição original de Simonis e dos tratamentos
filológicos originais de Gesenius, parecerá confirmar a posição teológica
contemporânea de subentender um sentido “teológico/ontológico” para
a raiz br . Estar-se informado sobre Simonis (1756) e Gesenius, contudo,
corrige a “impressão”.

Os verbetes br no século XX

Desde 1987, o Handwörterbuch de Gesenius passou a ser republi-


cado, na forma de sua 18ª edição, sob a organização, agora, de Herbert
Donner (GESENIUS, MEYER e DONNER, 1987, p. 113-114). O volume
um, Alef – Gimel, saiu nesse mesmo ano. No que diz respeito a br , é-se

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 8, n. 1, 55-71, jan./abr. 2016


Comprar gato por lebre? 65

forçado a julgar ser correto afirmar tratar-se de outro Gesenius — não o


do século XIX. Se a base para tal juízo consistir no conjunto dos léxicos
colimados nas seções anteriores deste projeto, não se trata rigorosamente
de uma tradução de Gesenius — mas de uma nova forma de tratar a raiz
br , que, conquanto leve o nome de Gesenius, em nada lembra o trato que
a raiz recebia nas edições do XIX.
O que mais chama a atenção é o desmembramento de br sob a for-
ma de três raízes homônimas I, II e III, cada qual explicada por diferentes
ascendências filológicas. Com isso, resulta reunir, em Qal, apenas o sema
“criar”, que se indica por meio dos termos alemães “schaffen” (“fazer”,
“criar”) e “hervorbringen” (“produzir”), reservando-se o sentido de “cor-
tar/abater” (“abholzen”), “abrir clareira/arrotear” (“lichten”) e “desarrai-
gar/roçar” (“roden”) apenas para a raiz III.
Além disso, em se tratando de uma pretensa re-edição de Gesenius,
é revelador o “desaparecimento” do sentido “construir” (“bilden”) que
Gesenius indicara, já em 1810/1812, e ainda em 1857, para br . Iniludível.
Gesenius (XIX) propusera para br , Qal, 2: “bilden, schaffen, hervorbrin-
gen” (“construir, fazer/criar, produzir”). Gesenius/Meyer-Donner (XX),
desconsidera “bilden” (mas não é justamente “bilden” o sema que denun-
cia a dependência semântica de br como “criar/construir” de br como
“cortar/esculpir”?), e mantém, apenas, os outros dois precisos termos de
Gesenius.
De um lado, a adoção de um critério de classificação homonímico
para diferentes semas de br como sendo explicado pela manifestação/
atualização de três raízes filologicamente distintas e de outro, a desconsi-
deração, a supressão, o descarte do sema “construir” (“bilden”) constante
do verbete de Gesenius, quer-me parecer que esses dois indicativos apon-
tam para um “novo” registro hermenêutico — teológico! — aplicado à
raiz. No século XIX, ao menos em sua primeira metade, o registro filológi-
co domina a apresentação léxica da raiz br . No século XX, o fundamento
filológico dá lugar à sobredeterminação teológico/ontológica.
A mesma proposição — br I, br II e br III — encontra-se ainda
em Fohrer, Hoffmann, HUBER, VOLLMER e WANKE, 1997, p. 40, e em
Holladay, Köhler, e Baumgartner, 2000, p. 47. Relevante, todavia, cons-
titui a análise de elementos do comentário de W. H. Schmidt, conforme

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 8, n. 1, 55-71, jan./abr. 2016


66 RIBEIRO, O. L.

apresentados no verbete “ br Crear” do Diccionario Teológico Manual


del Antiguo Testamento, de E. Jenni e C. Westermann, de 1978 S. A ar-
gumentação de Schmidt transporta o leitor informado quanto ao regime
filológico aplicado a br nos séculos XVIII e XIX para a relação, lá assenta-
da, entre os sentidos de “cortar/esculpir/construir/criar” da raiz hebraica.
Contudo, Schmidt lida como que com “pedaços” de raízes nunca antes
reunidas (br I, br II e br III), e discute a possível relação entre as raí-
zes I (“criar”) e III (“cortar”), como se essa relação já não fosse notória
desde 1756 (pelo menos). É como se o século XIX não tivesse existido, e
o pesquisador, hoje, deparando-se com três raízes homônimas I, II e III
(tratamento e diferenciação inexistentes no XIX e no XVIII), fosse forçado
a perceber que, apesar de constituírem “raízes diferentes” — e de fato
constituirão? — ambas raízes, I e III, gravitem em torno da mesma ori-
gem semântica. É como Schmidt abre seu verbete:

De los múltiples intentos para determinar la etimología del verbo, el más


probable es el que relaciona br I, “crear” (qal, nifal y además el abstracto
verbal beri’a) con br III (piel), “cortar”, “talar” (Js. 17,15.18), “despeda-
zar” (Ez 23,47)” (Schmidt , 1978, p. 485).

Ou seja: a distinção I e III de br resulta artificial, como demonstra


a pesquisa aplicada ao trato filológico de br nos séculos XVIII e XIX. O
próprio Schmidt apresenta argumentos para denunciar a relação entre as
raízes I e III de br . Schmidt faz referência a uma inscrição púnica, na qual
“br aparece como designação de uma profissão, quiçá a de ‘escultor’”2. De
um lado, essa inscrição reporta br para o trato filológico que a raiz já re-
cebia há 250 anos (Simonis, 1756) e que, há 200 anos, Gesenius já tornara
explícito em seu Handwörterbuch: “cortar” (hauen) e “esculpir” (aushauen)

2
Schmidt informa encontrar-se a referência em CIS I – Corpus Inscriptionum Semiticarum, 1881, p. 347, línea
4 (cf. SCHMIDT, 1978, p. 486). O leitor deve atentar para o Lexicon de Simonis/Eichhorn-Winer. Ali, afirma-se
haver uma relação entre br e Hrš. Ora, ora, ora – na Bíblia Hebraica, Hrš aponta para os Häräšîm, profissionais
indiferenciados da metalurgia e da extração e do trabalho com pedra e madeira, responsáveis, nada mais
nada menos, pela construção do Templo de Jerusalém (no que diz respeito à tradição veterotestamentária
(cf. RIBEIRO, 2002). A serem aprofundadas as interações entre as duas raízes, é, de pronto, muito sugestivo
que ambas encontrem-se reunidas justamente no círculo em torno do Templo – “criação/construção” →
“criadores/construtores” → br /Hrš.

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 8, n. 1, 55-71, jan./abr. 2016


Comprar gato por lebre? 67

ao lado de “construir” (bilden), “fazer/criar” (schaffen) e “produzir” (her-


vorbringen). Na eventualidade de a tradução de br , na inscrição púnica,
ser assentada como “escultor”, apenas com isso se ratificaria a informação
de Gesenius de que, de fato, a raiz constitui semas relacionados a “cortar”,
daí, “esculpir”, daí, “construir” e, daí, “criar”. Com efeito, Schmidt ensaia o
que, para ele, constituiria “hipótese”, e, para Gesenius (não mencionado,
contudo!), “dado”: “br III poderia haver-se originado de uma raiz bicon-
sonantal br, no sentido de ‘cortar, dividir’” (SCHMIDT, 1978, p. 486). No
entanto, o próprio Schmidt descarta, como problemática, também essa
“hipótese”.
Por quê? Primeiro, porque entre br I e br III haveria, juízo seu,
uma “intransponível” diferença. “Deus” seria o exclusivo operador de br
I, um verbo “teológico” (SCHMIDT, 1978, p. 486). Segundo, porque, ainda
segundo Schmidt, em br I (e ele frisa — “qal/nifal”) “nunca se deixa notar
o sentido base ‘cortar’” (SCHMIDT, 1978, p. 486). Tal sentido, continua,
faltaria justamente em Gn 1, onde, então, entrever-se-iam referências ao
conceito de criação a partir de matéria pré-existente. Eis sua conclusão
categórica:

No se puede, pues, seguir dentro del AT, al menos claramente, una evo-
lución del significado o una limitación del mismo a la creación divina; a lo
más se puede detectar una especialización en cuanto a los objetos de br (…).
Ambas raíces verbales, aun cuando en un tiempo quizá estuvieran unidas,
están ya separadas en el AT. br I tiene un cuño propio y no sobrevive en él
ninguna concepción supuestamente mítica o de connotaciones de trabajo
manual (SCHMIDT, 1978, p. 486).

Para W. H. Schmidt, não importa se em uma inscrição púnica (que


ele conhece e menciona) empregou-se a raiz br num sentido que suge-
re uma profissão (manual!) – escultor. Para W. H. Schmidt, a herança
filológica de Simonis, Gesenius, Robinson, Tregelles, Davidson, Glaire,
Leopold, Newman e Bresslau não pesa ainda que todos os argumentos
dos trabalhos que realizaram durante um século inteiro apontem para a
relação indissociável entre “cortar”, “esculpir”, “construir” e “criar”. Não.
Para Schmidt, são três raízes distintas. E, se todo o mais falhar, “sabe-
-se” que o agente operador, único, exclusivo, de br I é Deus. Ponto. Esse

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 8, n. 1, 55-71, jan./abr. 2016


68 RIBEIRO, O. L.

“dado” resolve a questão. A “teologia” define a “filologia”. A raiz br não é


a raiz: são três raízes: br I, br II e br III, e quanto à primeira, trata-se
apenas de criar — e Deus é seu agente e ator.
Na contramão da abordagem teológica, e mantendo-se fiel ao trato
histórico-filológico dos séculos XVIII e XIX, em 1999, re-editou-se a pri-
meira edição (1958 [nova edição em 2007]) do Etymological Dictionary of
Biblical Hebrew, trabalho do rabbi Matityahu Clark, com base nos comen-
tários do rabbi Samson Raphael Hirsch (Clark, 1999, p. 31). Aí, desco-
nhece-se o tratamento homonímico de raízes I, II e III de br . Como fizera
Johann Simonis em 1756, o verbete apresenta os sentidos aplicados à
raiz uns após os outros, nessa ordem: “criar”, “cortar”, “tornar saudável”,
“clarear uma abertura”, “comer”. O trabalho “liga” o trato filológico de br
como “cortar/criar” do século XIX ao XX, em ambiente rabínico (Newman
[1834] e Bresslau [1855]).

Conclusão: Amostras de br nos séculos XVIII, XIX e XX

Com base nas evidências reunidas, é possível traçar o seguinte his-


tórico do trato de br desde 1756. A raiz passou por três fases. Na primeira
fase, representada por Simonis, Gesenius (e Robinson e Tregelles), Glaire,
Leopold, Newman e Bresslau, br era apresentada como raiz única, cujos
sentidos desdobravam-se a partir do sema básico “cortar”, no sentido de
“desbastar”, logo, ou “esculpir” ou “arrotear”, daí, “construir”, “fazer” e/
ou “criar”. Na segunda, segundo a amostragem, menor, mas, nem por isso
menos ilustrativa da tendência que levará à terceira, representada por
Gibbs, Lee e Davidson, uma pressão, um “peso”, uma cunha teológica é
fincada entre os sentidos de “criar” e “cortar”, isolando, teologicamente,
um sentido “teológico” para br , defendendo-a da “contaminação” filoló-
gica — “we find the usage of the Arabs taking part against us” (Lee). Na úl-
tima fase, século XX, a tendência teológica aprofunda-se. Ao isolamento
material de “criar”, acrescenta-se, agora, uma estratégia de legitimação
formal do status teológico de uma raiz br I, à qual se reserva o sentido de
“criar”, e, ainda, o privilégio da operação divina. O que os séculos XVIII e
XIX assentaram para uma raiz br íntegra, desloca-se, aí, para raízes br II

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 8, n. 1, 55-71, jan./abr. 2016


Comprar gato por lebre? 69

e III, fragmentadas. Uma vez que, ao consultar um Gesenius editado no


século XX, o pesquisador cuide informar-se sobre a opinião do próprio
Gesenius, e dado que os Gesenius do século XX não guardam mais relação
de conteúdo com os Gesenius do século XIX, resta o sentimento e a per-
gunta: comprar gato por lebre?

Referências

BRESSLAU, M. H. Hebrew and English Dictionary, Biblical and Rabbinical. London:


John Weale, 1855.

CLARK, M. Etymological Dictionary of Biblical Hebrew: Based on the Commentaries


of Rabbi Samson Raphael Hirsch. erusalem: Feldheim Publishers, 1999 (19581).

DAVIDSON, B. The Analytical Hebrew and Chaldee Lexicon: Consisting of an


Alphabetical Arrangement of Every Word and Inflection Contained in the
Old Testament Scriptures, Precisely as They Occur in the Sacred Text, with
a Grammatical Analysis of Each Word, and Lexicographical Illustration of the
Meanings. London: Samuel Bagster and Sons, 1848.

EICHHORN, J. G.; WINER, G. B. Johann Simonis Lexicon Manuale Hebraicum et


Chaldaicum in Veteris Testamenti Libros: post J. G. Eichhornii curas, denuo cas-
tigavit, emendavit, multisque modis auxit G. B. Winer. Editio quarta. Leipzig: F.
Fleischer, 1828.

FOHRER, G.; HOFFMANN, H. W.; HUBER, F.; VOLLMER, J.; WANKE, G.


Hebräisches und aramäisches Wörterbuch zum alten Testament. Dritte Auflage.
Berlin/New York: Walter de Gruyter, 19973 (19711).

GESENIUS, F. H. W. Hebräisches und Chaldäisches Handwörterbuch über das Alte


Testament. Erster Theil: a – m. Fünfte Auflage. Leipzig: F. C. W. Vogel, 18575
(1810-18121).

GESENIUS, F. H. W. Lexicon Manuale Hebraicum et Chaldaicum in Veteris Testamenti


Libros; post editionem Germanicam tertiam Latine elaboravit multisque modis
retractavit et auxit Guil. Gesenius. Lipsiae, 1833.

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 8, n. 1, 55-71, jan./abr. 2016


70 RIBEIRO, O. L.

GESENIUS, F. H. W. A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament: Including


the Biblical Chaldee. Translated by Edward Robinson. New Edition. Boston:
Crocker and Brewser, 1844.

GESENIUS, F. H. W. Gesenius’s Hebrew and Chaldee Lexicon to the Old Testament


Scriptures. Translated by Samuel Prideaux Tregelles. London: Samuel Ragster
and Sons, 1857.

GESENIUS, F. H. W.; MEYER, R.; DONNER, H. Hebräisches und aramäisches


Handwörterbuch über das Alte Testament. 18 ed. Berlin: Springer-Verlag, 1987
(1810-18121 191516 196217).

GIBBS, J. W. A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament: Including the
Biblical Chaldee from the German Works of Gesenius. London: Flagg and Gould,
1824.

GLAIRE, J. B. Lexicon Manuale Hebraicum et Chaldaicum: in quo omnia librorum


Veteris Testamenti vocabula ad ordinem alphabeticum digesta, cum indice Latino
vocabulorum. Editio altera multisque modis emendata. Paris: Mequignon Junior
e J. Leroux, 1843 (18301).

HOLLADAY, W. L.; KÖHLER, L.; BAUMGARTNER, W. A Concise Hebrew and


Aramaic Lexicon of the Old Testament: Based Upon the Lexical Work of Ludwig
Koehler and Walter Baumgartner. Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing,
2000.

LEE, S. A Lexicon, Hebrew, Chaldee, and English: Compiled from the Most Approved
Sources, Oriental and European, Jewish and Christian: Containing All the Words
with Their Usual Inflexion, Idiomatic Usages, & c. as Found in the Hebrew and
Chaldee Texts of the Old Testament. London: Duncan and Malcolm, 1840.

LEOPOLD, E. F. Lexicon Hebraicum et Chaldaicum in libros Veteris Testamenti: or-


dine etymologico compositum in usum scholarum. Leipzig: C. Tauchnitii, 1832.

NEWMAN, S. Sefer Sharshim – A Hebrew and English Lexicon.Contanding all the


words of the Old Testament. London: S. Newman, 1834.

PRICE, T. The Eclectic Review. New Series. V. XXI – January – June. London: Ward
& Co., 1847.

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 8, n. 1, 55-71, jan./abr. 2016


Comprar gato por lebre? 71

RIBEIRO, O. L. Nehushtan. Pesquisa Exegética, Fenomenológica e Histórico-


social sobre a Origem, a Supressão e o Suporte Social do Culto à Serpente de
Bronze em Israel, com base em Nm 21,4-9; Is 6,1-7 e 2 Re 18,4. (Dissertação de
Mestrado). Rio de Janeiro, Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, 2002.

SCHMIDT, W. H. “ br Crear”, in: JENNI, Ernst e WESTERMANN, Claus


(org), Diccionario Teológico Manual del Antiguo Testamento. Tomo I. Trad. de J.
Antonio Mugica (“Theologisches Handwörterbuch zum Alten Testament”).
Madrid: Ediciones Cristiandad, 1978.

SIMONIS, J. Lexicon Manuale Hebraicum et Chaldaicum: in quo omnium textus


S.V.T. Vocabulorum hebr. et chald. Significatus, secundum primitovorum et de-
rivativorum ordinem, explicantur: optima quaevis ex aliis lexicis scriptisque phil-
ologicis collecta exhibentur. Leipzig: Curtii, 1756.

TREGELLES, S. P. Gesenius’s Hebrew and Chaldee Lexicon to the Old Testament


Scriptures. Translated and edited by Samuel Prideaux Tregelles. London: Samuel
Ragster and Sons, 1857.

Recebido: 27/11/2015
Received: 11/27/2015

Aprovado: 15/01/2016
Approved: 01/15/2016

Rev. Pistis Prax., Teol. Pastor., Curitiba, v. 8, n. 1, 55-71, jan./abr. 2016

View publication stats

Você também pode gostar