RESUMO EXPANDIDO - EIXO TEMÁTICO 1 - POLÍTICAS EM EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL
A LEGISLAÇÃO SOBRE A FORMAÇÃO DE PROFESSORES/AS PARA A
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: AS TENSÕES NOS MARCOS REGULATÓRIOS
Fabiane Da Silva Montoli (fabimontoli@gmail.com)
O presente resumo, baseado em revisão bibliográfica e análise documental,
aborda tensões presentes nos marcos regulatórios que orientaram a formação de professores/as para a Educação Profissional, em particular com relação à Resolução CNE/CP nº 2/2015, Resolução CNE/CP nº 2/2019 e Resolução CNE/CP nº 01/2021.
Em 2015, a Resolução CNE/CP nº 2/2015, definiu Diretrizes Curriculares
Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. Essa Resolução previu cursos de formação pedagógica para graduados não licenciados, de caráter emergencial e provisório, ofertados a diplomados de cursos relacionados à habilitação pretendida com base de conhecimentos na área estudada, com carga horária mínima variável de 1.000 (mil) a 1.400 (mil e quatrocentas) horas.
Em dezembro de 2019, foi homologada a Resolução CNE/CP nº 2/2019, que
definiu novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e instituiu a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação). Essas diretrizes se propuseram a rever e atualizar a Resolução CNE/CP nº 02/2015, em especial após a instituição da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) .
Posicionamento da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em
Educação (ANPEd), em outubro de 2019, indicava uma descaracterização da política de formação de professores e um reducionismo dessa formação ao atendimento da Base Nacional Comum Curricular, um aligeiramento da formação pedagógica.
No que se refere aos cursos de formação pedagógica para graduados, houve
uma significativa redução na carga horária total do curso, que anteriormente era de 1.000 a 1.400 horas e previa a realização de estágio curricular, para 760 horas, distribuída em 360 horas para o desenvolvimento de competências da BNC-Formação e 400 horas para a prática pedagógica na área ou componente curricular, sem especificação quanto a sua realização, o que tendia a descaracterizar os estágios curriculares.
Para Silva (2016), a Resolução CNE/CEB nº 02/2015, apesar de não
ultrapassar uma perspectiva histórica de políticas provisórias e emergenciais para a formação docente para a educação profissional, avançava em relação aos seus princípios e à carga horária que se ampliava, quando em comparação ao que era estabelecido na Resolução CNE/CEB n.º 02/97, por exemplo, e, assim, oferecia condições mais favoráveis para o desenvolvimento de uma formação docente inicial na Educação Profissional.
Em 2021, a Resolução CNE/CP nº 01/2021, definiu novas Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Profissional e Tecnológica, em meio ao contexto da Reforma do Ensino Médio (2018), da instituição da Base Nacional Comum Curricular – Etapa Ensino Médio (2018), das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores (2019), da nova versão do Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (2020). A Resolução CNE/CP nº 01/2021 ao tratar da Formação Docente na Educação Profissional e Tecnológica retomou elementos presentes nas legislações anteriores e fez referência aos “profissionais com notório saber reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino” para atuação na docência, questão já presente na Reforma do Ensino Médio para atuação no itinerário de formação técnica profissional. A referência ao notório saber para atuação na docência na educação profissional tem sido apontada como um esvaziamento da profissionalização e formação docente e uma consequente fragilização dos saberes necessários ao fazer docente. Nesse aspecto, Souza e Rodrigues (2017) consideram que esse tipo de abordagem tende a reproduzir uma lógica de subordinação da educação profissional às demandas do mercado e não contribui para uma compreensão de suas contradições.
Para Machado (2008), os professores da educação profissional enfrentam hoje
novos desafios, que se distanciam da ideia de que “para ensinar basta saber fazer”, que implicam mais que a transmissão de conhecimentos, que requerem avaliar opções tecnológicas, “aprender com lições deixadas por experiências pessoais ou coletivas passadas e imaginar futuros possíveis ou alternativos das tecnologias” (MACHADO, 2008, p.16).
Nesse contexto, abordar recentes marcos regulatórios da formação de
professores/as para a educação profissional traduz os modos como em diferentes momentos históricos se compreendem ou expressam as contradições e tensões decorrentes da própria materialidade das relações sociais em que se inserem. Essas distintas abordagens se configuram em diferentes ofertas de cursos de formação docente para educação profissional e mesmo à relevância conferida ou não a essa formação. Nesse sentido, acredita-se que se torna ainda mais relevante abordar experiências pedagógicas e práticas formativas desenvolvidas pelas instituições que busquem o compromisso com a formação docente na educação profissional.