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França Júnior foi um dramaturgo brasileiro do século XIX, nascido em 1838 e falecido em
1890. Além de dramaturgo, foi também advogado, jornalista e político. Sua obra teatral é
marcada por uma abordagem crítica e satírica dos costumes e da política brasileira da época.
Entre suas outras obras, destacam-se peças como "Meia Hora de Cinismo", "Maldita
Parentela" e "As Doutoras". França Júnior é reconhecido por sua habilidade em retratar a
sociedade e os costumes do Brasil imperial com humor e perspicácia.
A peça se passa na fazenda do Major Limoeiro, onde ocorre uma eleição para deputado. O
jovem formado em direito, Henrique, chega à fazenda de seu tio e se envolve nas tramas
políticas locais. A trama aborda temas como o voto de cabresto, manipulação política e a
presença de escravos na sociedade.
3. Questões Abordadas
Manipulação Política: A peça revela como os políticos eram criados e como a população era
muitas vezes manipulada. A falta de liberdade de escolha dos votantes é um tema central.
Hoje, ainda enfrentamos desafios semelhantes, como a disseminação de notícias falsas, a
polarização política e a influência de grupos de interesse.
A manipulação política e a busca pelo poder são temas atemporais. A presença de escravos na
peça, embora naturalizada na época, nos faz refletir sobre como nossa sociedade evoluiu e
como ainda enfrentamos desafios relacionados à igualdade e aos direitos humanos. O paralelo
com o filme “Assassinos da Lua das Flores” nos mostra que, mesmo em contextos diferentes,
a busca pelo poder e as consequências de nossas ações continuam a moldar nossa história.
5. Análise Crítica
"Como se fazia um deputado" revela-se uma obra que transcende sua época e ecoa até os dias
atuais, demonstrando uma profunda compreensão das dinâmicas políticas e sociais que
continuam a moldar a sociedade brasileira. Uma comparação interessante pode ser feita com
o recente filme de Martin Scorsese, "Assassinos da Lua das Flores", que narra a história de
um sobrinho de um poderoso homem que é convencido por seu tio a cometer diversas
atrocidades em busca de mais poder para sua família.
Sua observação sobre a visão naturalizada da presença de escravos na peça como meros
trabalhadores braçais, sem qualquer crítica social, é pertinente e revela como a comédia da
época muitas vezes reproduzia e reforçava as hierarquias sociais e as injustiças existentes. No
entanto, é importante avaliar a peça em seu contexto histórico e reconhecer seu valor como
um reflexo das realidades e das mentalidades da época.
Em suma, "Como se fazia um deputado" é uma peça que oferece uma visão fascinante e
reveladora da política brasileira do século XIX, ao mesmo tempo em que nos desafia a refletir
sobre os problemas e desafios enfrentados pela democracia e pela cidadania nos dias de hoje.
Sua análise crítica incisiva e sua habilidade em explorar questões políticas e sociais
complexas garantem sua relevância duradoura como obra de teatro satírica e provocativa.