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O feneco (Vulpes zerda) ou raposa-do-deserto, é uma pequena raposa crepuscular

nativa do deserto do Saara e da Península do Sinai.[1] É o menor de todos os canídeos e


apresenta inúmeras adaptações ao clima desértico, como seu corpo pequeno, patas
peludas e orelhas excepcionalmente grandes, que são utilizadas para regular o calor. Sua
pelagem e suas funções renais também são adaptadas às altas temperaturas e à
escassez de água. Possui uma audição sensível para ouvir presas se movendo no
subsolo. É um animal onívoro, se alimentando de invertebrados e pequenos vertebrados,
bem como de frutas e tubérculos.[2]

Descrição

Feneco no Jardim para Pesquisa


Zoológica, Universidade de Tel Aviv, Israel.
O feneco é o menor de todos os canídeos, com orelhas excepcionalmente grandes,
representando 20% da superfície corporal.[3] Em geral, o comprimento cabeça-corpo mede
24–41 cm e a cauda varia de 18–31 cm,[4] pesando de 0,68 a 1,6 kg. Não apresentam
dimorfismo sexual, mas as fêmeas são ligeiramente menores que os machos.[5] As
proporções do crânio correspondem às de outras espécies de Vulpes, mas apresenta
cavidades timpânicas muito grandes, uma característica típica de habitantes do
deserto.[5] Suas orelhas são usadas tanto para dissipar o calor quanto para localizar as
presas que se movem sob a areia.[6]
A pelagem é amarelada na superfície dorsal, com um tom fulvo claro, e as partes inferiores
e os membros são brancos. Suas orelhas têm listras longitudinais avermelhadas no dorso,
com o interior e as bordas brancas. Os olhos são grandes e escuros, emoldurados por
uma linha escura que vai do canto interno até o focinho, que é preto.[2][7]
A pelagem é muito espessa, longa e macia; o pelo denso dos pés se estende para cobrir
as almofadas da pata, uma adaptação para o clima desértico. A cauda também é bem
peluda, com uma mancha ligeiramente mais escura cobrindo a glândula caudal conspícua
e uma ponta marrom-escura.[7][8] As fêmeas têm três pares de tetas. O feneco muda sua
pelagem do verão para o inverno, com a pelagem do verão sendo ligeiramente mais curta
e mais clara que a do inverno. Os animais jovens apresentam um padrão de pelo
semelhante ao dos adultos, mas são mais claros e têm pouco ou nenhum vermelho no
pelo e suas marcas faciais escuras são apenas fracamente pronunciadas.[5]
Os rins do feneco são projetados para filtrar urina altamente concentrada usando o mínimo
de água possível. A taxa de metabolismo do feneco é muito baixa, 33% abaixo do que os
animais de seu tamanho costumam ter. Seu coração é 40% menor do que o esperado
para sua altura. Se a temperatura externa for inferior a 35 °C, o feneco respira a 23
baforadas por minuto. No entanto, se esse valor for excedido, a taxa de respiração pode
aumentar para até 690 respirações por minuto. Os vasos sanguíneos nas orelhas e nas
plantas dos pés dilatam com o aumento da temperatura para liberar o máximo de calor
possível.[3]
O feneco tem 2n = 32 cromossomos.[9]
Feneco
Habitat
Os seus habitats são principalmente, as regiões desérticas, semidesérticas e montanhosas
do Norte da África ao norte do Sinai e da Península Arábica.[8] Normalmente, eles são os
únicos canídeos em grandes habitats de dunas de areia. Em pequenas dunas de areia ou
dunas fixas com vegetação, podem compartilhar esses habitats com a raposa-de-
rueppell e o chacal-dourado. Embora simpátricos com outros canídeos, parecem tolerantes
a uma ampla gama de habitats, incluindo, mas não se limitando a, zonas mais secas e de
temperatura mais alta do que outras espécies; a capacidade de escavar em substratos
mais arenosos do que outros canídeos também pode fornecer aos fenecos uma vantagem
competitiva em sistemas de dunas.[1]

Comportamento e ecologia

Dois fenecos
Um feneco cava sua toca na areia, seja em áreas abertas ou em locais protegidos por
plantas com dunas de areia estáveis. Em solos compactados, as tocas têm até 120 m2 de
largura, com até 15 entradas diferentes. Em alguns casos, famílias diferentes
interconectam suas tocas ou as localizam próximas umas das outras. Em areia macia e
mais solta, as tocas tendem a ser mais simples, com apenas uma entrada levando a uma
única câmara.[8]
Os fenecos são considerados moderadamente sociais, mas esta evidência é baseada
principalmente em animais em cativeiro.[8] Essas raposas vivem em pequenas
comunidades, cada uma habitada por talvez dez indivíduos. Como outros canídeos, os
machos marcam seu território com urina e se tornam competidores agressivos quando a
temporada de acasalamento chega a cada ano.[4]
Caça e dieta
O feneco é um onívoro, alimentando-se de pequenos roedores, lagartos, lagartixas, aves
pequenas e seus ovos, frutas e também alguns tubérculos. Geralmente depende da
quantidade de umidade da presa, sendo capaz de passar longos períodos sem água, mas
bebe água quando disponível.[4][8]
Ele caça sozinho e cava na areia por pequenos vertebrados e insetos. Alguns indivíduos
foram observados enterrando presas para consumo posterior e em busca de alimento nas
proximidades de assentamentos humanos.[10]
Reprodução
Três fenecos
Fenecos em cativeiro atingem a maturidade sexual por volta dos nove meses e acasalam
entre janeiro e abril.[11][12] Eles geralmente se reproduzem apenas uma vez por ano. O
vínculo de cópula dura até duas horas e 45 minutos.[2] A gestação dura entre 50 e 52 dias,
às vezes também até 63 dias.[13] Após o acasalamento, o macho torna-se muito agressivo
e protege a fêmea, fornece-lhe comida durante a gravidez e lactação.[14] Tanto a fêmea
quanto o macho cuidam dos filhotes. Eles se comunicam latindo, ronronando, latindo e
guinchando. Os filhotes permanecem na família mesmo após o nascimento de uma nova
ninhada.[11] Os filhotes de fenecos amamentam por mais tempo do que os de outras
raposas, e o desmame pode não ocorrer até quase 3 meses de idade. A maturidade
sexual vem com a obtenção do tamanho de adulto aos 6 a 9 meses de idade.[6] Em
cativeiro, a longevidade máxima registrada é de 14 anos para machos e 13 anos para
fêmeas.[8]
Predadores
Existem relatos sobre caracais, chacais, hienas-listradas e cães domésticos atacando
fenecos,[2] mas, por serem anedóticos, são questionáveis.[8] Os nômades consideram-nos
muito difíceis de capturar, mesmo para o saluki, um cão parecido com o galgo local. No
entanto, o bufo-de-verraux e espécies de aves do gênero Bubo em geral atacam filhotes
de fenecos.[8]

Ameaças e conservação
O feneco é listado como de menor preocupação pela IUCN, pois é relativamente difundido
em seus habitats, e atualmente não há grandes ameaças conhecidas que possam resultar
em um declínio populacional que justificaria a listagem em uma categoria ameaçada. Está
listado no Apêndice II do CITES e é legalmente protegido em Marrocos (incluindo Saara
Ocidental), Argélia, Tunísia e Egito. No Norte da África, a principal ameaça parece ser as
armadilhas para exibição ou venda aos turistas.[1] O feneco é criado comercialmente como
um animal doméstico exótico.[10]

Referências
1. ↑ Ir para:a b c d Wacher, T.; Bauman, K.; Cuzin, F. (2015). «Vulpes zerda». Lista
Vermelha da IUCN de espécies ameaçadas da UICN 2024 (em
inglês). ISSN 2307-8235
2. ↑ Ir para:a b c d Valdespino, C.; Asa, C. S.; Bauman, J. E. (18 de fevereiro de
2002). «Estrous Cycles, Copulation, and Pregnancy in the Fennec Fox (Vulpes
zerda)» (PDF). Journal of Mammalogy (1): 99–109. ISSN 1545-
1542. doi:10.1093/jmammal/83.1.99
3. ↑ Ir para:a b Wilson, Don E.; Mittermeier, Russell A., eds. (2009). Handbook of the
Mammals of the World. 1. Carnivora. [S.l.: s.n.]
4. ↑ Ir para:a b c «Fennec Fox». National Geographic. Consultado em 2 de novembro de
2020
5. ↑ Ir para:a b c Osborn, Dale J.; Helmy, Ibrahim (1980). The contemporary land mammals
of Egypt (including Sinai). Chicago: Field Museum of Natural History
6. ↑ Ir para:a b Adams, R. (2004). «Vulpes zerda». Animal Diversity Web
7. ↑ Ir para:a b Sheldon, Jennifer W. (1992). Wild Dogs: The Natural History of the Non-
domestic Canidae. San Diego: Academic Press. pp. 91–95. ISBN 0-12-639375-3
8. ↑ Ir para:a b c d e f g h Sillero-Zubiri, C.; Hoffmann, M.; Macdonald, D. W., eds.
(2004). Canids: Foxes, Wolves, Jackals and Dogs (PDF). [S.l.]: IUCN/SSC Canid
Specialist Group. pp. 205–209
9. ↑ Macdonald, David W.; Sillero-Zubiri, Claudio, eds. (24 de junho de 2004). «The
Biology and Conservation of Wild
Canids». doi:10.1093/acprof:oso/9780198515562.001.0001. Consultado em 30 de
agosto de 2020
10. ↑ Ir para:a b Asa, C.S.; Cuzin, F.A. (2013). Mammals of Africa. Vol. V: Carnivores,
Pangolins, Equids and Rhinoceroses. London, New Delhi, New York, Sydney:
Bloomsbury. pp. 74–77. ISBN 978-1-4081-8994-8
11. ↑ Ir para:a b Gauthier-Pilters, H. (1967). «The Fennec». African Wildlife. 21: 117–125
12. ↑ Saint Girons, M.C. (1962). «Notes sur les dates de reproduction en captivite du
fennec, Fennecus zerda (Zimmerman, 1780)» (PDF). Zeitschrift für
Säugertierkunde. 27: 181–184
13. ↑ Petter, F. (1957). «La reproduction du fennec». Mammalia. 21: 307–309
14. ↑ Sowards, R.K. (1981). «Observation on breeding and rearing the fennec fox
(Fennecus zerda) in captivity». Animal Keepers' Forum. 8: 175–177

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