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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

PÓS GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL E


SANEAMENTO BÁSICO

PABLO ESCÁFURA MATOS LOBO

DIAGNÓSTICO DA REDE DE EFLUENTES SANITÁRIO COMO


MELHORIA PARA A QUESTÃO AMBIENTAL NA CIDADE DE
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

MARÇO 2017
RESUMO

O diagnóstico e a identificação das estruturas que compõem um sistema de esgoto


sanitário municipal são de vital importância para o conhecimento do cenário atual e provê
informações para a melhoria do mesmo.

Através de um mapeamento da rede, é possível identificar e direcionar a atenção da


gestão pública para as áreas de maior carência de investimentos e impactos positivos para a
saúde da população e ao meio-ambiente. A preocupação crescente é justificada com os riscos
eminentes de uma incorreta gestão das diretrizes de saneamento básico, fazendo cumprir as
normas presentes na Lei de Saneamento Básico nº 11.455/2007.

O presente trabalho tem como principal objetivo prover informações sobre o sistema
de gerenciamento das redes de esgoto sanitário na cidade de Campos dos Goytacazes,
demonstrando a situação atual após a concessão privada de administração, como base para
trabalhos futuros envolvendo o tema.

PALAVRAS-CHAVE: Saneamento básico, esgoto sanitário, Campos dos Goytacazes.


ABSTRACT

The diagnosis and identification of the structures that make up a municipal sewage
system are of vital importance to the knowledge of the current scenario and provide
information to improve it.
Through a mapping of the network, it is possible to identify and direct public
management attention to the areas of greatest lack of investments and positive impacts on the
health of the population and the environment. The growing concern is justified by the
imminent risks of incorrect management of basic sanitation guidelines, making compliance
with the rules of Basic Sanitation Law 11.455 / 2007.

The present work has as main objective to provide information about the
management system of sanitary sewage networks in the city of Campos dos Goytacazes,
demonstrating the current situation after the private administration concession, as a basis for
future work involving the theme.

KEY WORDS: Basic sanitation, sanitary sewage, Campos dos Goytacazes.


1. INTRODUÇÃO

Com a crescente preocupação global de uma correta gestão das reservas de água doce
do planeta, é pertinente o questionamento sobre a forma correta da não contaminação dos
solos com os rejeitos provenientes dos processos de consumo e, consequente poluição dos
aquíferos, mananciais e fontes de obtenção hídrica.

O modelo atual de sistemas de esgotamento sanitário é proveniente da demanda por


métodos de infraestrutura básica para a correta prevenção e o controle de patologias
associadas as condições de higiene da população atual. A crescente preocupação global com
as condições de vida da população é evidenciada na promoção de políticas que visam o
tratamento dos efluentes como melhoria da qualidade setorial geral.

A falta de tratamento de esgotos e de efluentes residenciais, industriais e


agroindustriais e o desperdício de água em todas as esferas de consumo, contribuem para este
cenário de escassez hídrica. A demanda por água potável e conflitos pelos usos múltiplos da
água, ocasionam a pressão por uma tomada de decisões que envolvam o tratamento de água,
esgoto e resíduos, assim como o aproveitamento dos efluentes tratados.

O tema de escassez de água potável tornou-se amplamente difundido com o


agravamento e consequências da crise hídrica. Como medida corretiva, uma corrente
conceitual sobre o correto manejo e tratamento dos efluentes sanitários levam a uma
pertinente consideração, por apresentar uma solução viável para este efeito.

A necessidade de uma correta identificação das estruturas existentes para coleta,


distribuição e tratamento dos efluentes sanitários, possuem uma importância vital e se
justificam ao prover conhecimento e a possibilidade de melhorias contínua ao sistema.

O presente trabalho visa a identificação das estruturas atuais das redes de tratamento e
coleta de esgoto da cidade de Campos dos Goytacazes, servindo como base futura para
pesquisas de melhorias ligadas ao tema. Através do mapeamento e da análise dos sistemas
municipais, o estudo provê o conhecimento da logística de transporte dos efluentes para a
futura otimização do mesmo, aumentando as taxas de saneamento básico da região.
2. REVISÃO DA LITERATURA

O crescimento gradativo populacional presenciado no decorrer do tempo gerou a


preocupação com a disponibilidade de recursos hídricos. A demanda pelos mesmos aumenta
com a desordem urbana e a desigual disponibilidade de água doce no planeta terra.

Segundo von Sperling (2005, p.17), apenas 0,8% de toda água existente no planeta
terra é doce e está apta ao consumo. Estes valores ressaltam a importância de preservação e
equilíbrio no consumo. A essencialidade de acesso da população a tratamento de esgotos
previne a contaminação dos solos e corpos hídricos com os rejeitos do consumo, tornando a
relação entre obtenção e gasto mais amena.

Dados sobre o saneamento básico brasileiro em 2008 demonstraram que apenas 58,9%
da população brasileira têm acesso a redes coletoras e destinam corretamente os rejeitos do
consumo (IBGE, 2016). Tais informações alarmam e revelam a vulnerabilidade dos processos
de tratamentos, levando em consideração o risco eminente a saúde da população e a
contaminação dos corpos hídricos.

O processo natural de deterioração do ambiente sem a remediação eficaz faz proliferar


organismos patogênicos e desencadear doenças. Fato este que também contribui para a
contaminação dos recursos hídricos e impacta de maneira direta e negativa na utilização dos
mesmos para consumo e lazer (PHILIPPI JR., 2005).

Mesmo com as diversas utilizações atribuídas a água, 80% da mesma acaba resultando
em esgoto (DIAS et al., 1999), seja o mesmo de origem doméstica, hospitalar ou industrial.

A poluição dos recursos hídricos é fator primordial para impactos relacionados à saúde
pública (PHILIPPI JR., 2005); a água obtida e tratada para consumo é considerada grande
benefício para as comunidades, porém, se o mesmo serviço não for acompanhado de um
sistema de tratamento de esgoto eficiente, não é possível a diminuição dos impactos
ambientais e patogênicos da utilização da mesma.

A correta disposição dos efluentes deve atender plenamente aos objetivos sanitários,
estéticos e socioeconômicos, sendo primordial para a melhoria da saúde da população e
redução dos recursos aplicados a tratamento de doenças vinculadas. A mesma ainda impacta
na diminuição dos gastos com o tratamento para o fornecimento hídrico e melhoria da
condição sustentável do meio-ambiente.
2.1 CONCEITO DE SANEMENTO BÁSICO

Para a completa compreensão do tema, primeiramente é necessário que se situe o


conceito de saneamento e a sua relação com a saúde. A definição de saneamento é baseada na
formulação da Organização Mundial da Saúde:

[...] saneamento constitui o controle de todos os


fatores do meio físico do homem, que exercem ou
podem exercer efeitos deletérios sobre seu estado
de bem estar físico, mental ou social. Neste
conceito, fica clara a articulação do saneamento
com o enfoque ambiental, ao situá-lo no campo
do controle dos fatores do meio físico, e com a
abordagem preventiva de saúde, assumindo que a
própria OMS considera o bem estar físico, mental
e social como definição de saúde
(HELLER,1998).

Direito humano essencial, o acesso à água potável e ao saneamento básico foi


aprovado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em sua Assembleia Geral de julho de
2010. Essa definição não reflete a atual situação mundial, no qual 2,6 bilhões de pessoas não
dispõem de coleta e tratamento de efluentes sanitários e 900 milhões de pessoas ainda vivem
sem acesso a fontes de água potável (MAIA et.al; 2014).

De acordo com Borja et al. (2005 apud MOTA et al., 2012), o saneamento é um
desígnio comum diante de sua essencialidade à vida humana e à preservação do meio
ambiente, evidenciando seu caráter coletivo e o dever do governo em promovê-lo, sendo um
bem social que integra políticas públicas e sociais.

No Brasil, o saneamento básico é assegurado pela constituição federal como direito


comum a todos os cidadãos e como premissa básica é previsto que todos tenham acesso ao
abastecimento de água de qualidade e em quantidade suficientes às suas necessidades, à coleta
e tratamento adequado do esgoto e do lixo, e ao manejo correto das águas das chuvas.

Sancionada em 2007, a Lei Federal º 11.455 de 5 de janeiro, estabelece as diretrizes


nacionais para o saneamento básico e para a política federal de saneamento básico, dando
enfoque e normatizando a questão do tratamento de efluentes sanitários, constituído pelas
atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e
disposição final adequados dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu
lançamento final no meio ambiente.
Esta lei fornece diretrizes para o estabelecimento e a elaboração de um plano
municipal de saneamento básico individualizado, de caráter obrigatório e comum a todas as
cidades do território nacional. O mesmo é utilizado como instrumento de planejamento para a
prestação dos serviços públicos de saneamento básico, e determina os princípios dessa
prestação de serviços, as obrigações do titular, as condições para delegação dos serviços, as
regras para as relações entre o titular e os prestadores de serviços, e as condições para a
retomada dos serviços.

O processo de elaboração e revisão dos planos de saneamento básico deverá prever sua
divulgação em conjunto com os estudos que os fundamentarem, garantindo uma
personalização em atendimento as solicitações indianizadas aos municípios que os
elaborarem.

2.2 SISTEMAS DE ESGOTO SANITÁRIO E ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE


ESGOTOS

Segundo a definição de Ribeiro e Rooke (2010), podemos compreender os sistemas de


esgotos sanitários como o conjunto de obras e instalações que proveem a obtenção,
transferência e condução, tratamento, e disposição final das águas residuárias, de uma forma
adequada do ponto de vista sanitário e ambiental. O correto dimensionamento dos sistemas de
esgotos possibilita o afastamento da possibilidade de contato de dejetos humanos com a
população, com as águas de abastecimento, com vetores de doenças e alimentos.

Para Leal (2008, apud RIBEIRO e ROOKE, 2010), ao realizar a instalação de um


sistema de esgotos sanitários em um município, procura-se atingir os seguintes objetivos:
condução rápida e segura dos efluentes sanitários; coleta dos esgotos individual ou coletiva
(fossas ou rede coletora); tratamento e disposição eficaz dos efluentes tratados, objetivando
atingir benefícios como conservação dos recursos hídricos e do meio-ambiente; melhoria das
condições sanitárias locais; eliminação de focos de contaminação e poluição; eliminação de
problemas visuais desagradáveis; redução dos recursos aplicados no tratamento de patologias;
diminuição dos custos no tratamento de água para abastecimento.

Segundo von Sperling (2005), o tipo de esgotamento sanitário mais empregado em


cidades, por oferecer um afastamento dos efluentes da área servida bem definido e eficiente, é
o sistema de esgotamento dinâmico. Este modelo é empregado em áreas com grande
densidade populacional e consiste na canalização dos dejetos através de malhas de tubulações
direcionadas até o destino final.
Figura 1. Representação isquêmica de um sistema de esgotamento dinâmico.

Extraído de: VON SPERLING, 2005.

Para este sistema, podemos obter duas variantes: Sistema unitário ou combinado ou
sistema separador. O sistema unitário ou combinado prevê que os esgotos sanitários e a água
da chuva deverão ser conduzidos por tubulações únicas, dentro da mesma canalização. Neste
caso, as tubulações devem possuir diâmetros bem elevados, de forma a veicular, as vazões de
esgoto e de águas pluviais.

O sistema com separador, apresenta uma maior eficiência no tratamento e na redução


de custos, pois canaliza de maneira independente os efluentes e as águas pluviais, evitando
assim uma contaminação e subsequente quantidades reduzidas de material a ser tratado.
Outros fatores de destaque são: redução de prazos de construção, melhoria e otimização para
as condições de tratamento, não ocorrência de extravasamento em períodos chuvosos,
possibilidade de emprego de diversos materiais para as tubulações condutoras.
Figura 2. Sistemas combinados e sistemas separadores

Extraído de: VON SPERLING, 2005.

Outro fator de risco da adoção de um sistema combinado, fica evidente se a vazão da


combinação de esgoto e águas pluviais estiver maior do que a capacidade de tratamento da
estação, haverá um extravasamento de material contaminado para os corpos d´água, causando
prejuízo ao meio-ambiente. Além deste fato, o sistema apresenta um custo inicial elevado,
pois trata de tubulações com diâmetros grandes para atender a demanda, risco de refluxo para
as residências em estações com alto índice pluviométrico e possível ocorrência de mau cheiro.
(VON SPERLING, 2005).

Como destino final, o efluente é transportado através dos condutos para as estações de
tratamento de esgotos (ETE´s), que possuem capacidade de atendimento a demanda para o
processamento e neutralização de contaminantes presentes no material proposto. Nestas
unidades, o esgoto passa por etapas de separação da parte líquida e da parte sólida,
objetivando o tratamento de cada uma delas separadamente.

Para von Sperling (2015), a Estação de Tratamento de Esgoto é a unidade operacional


do sistema de esgotamento sanitário que aplica as etapas de processos físicos, químicos ou
biológicos com a intenção de remover as cargas de poluentes dos efluentes, em concordância
com os padrões exigidos pela legislação ambiental, fazendo regressar ao ambiente o produto
final, líquido tratado.
3. CAMPOS DOS GOYTACAZES E O SANEAMENTO BÁSICO

Pano de fundo para o estudo, a cidade de Campos dos Goytacazes é a maior cidade do
interior do estado do Rio de Janeiro e está localizada ao norte da unidade federativa
fluminense. Segundo dados do IBGE (2016), a população estimada é de 487.186 habitantes,
sendo 442.180 pessoas residentes na área urbana e 45.006 pessoas residentes na área rura l. A
extensão da unidade territorial é de 4.026.696 km². A densidade demográfica é de 117,29
hab/km².

Tabela 1 – Principais informações geopolíticas do município de Campos dos Goytacazes – RJ

Fonte: IBGE (2016)

A taxa de crescimento populacional em 2013 foi de 13,9% ao ano, superando a taxa


estadual de 1,08% e a taxa regional, sendo que a Região Sudeste apresentou a taxa de
crescimento igual a 1,06% ao ano (IBGE, 2016).

Atendendo ao desígnio da Lei 11.455/2007, o município conta com um Plano


Regional de Saneamento Municipalizado, datado em sua última revisão de 2013, e previsto
como requisito legal para dotar a cidade de mecanismos para ações articuladas com a intenção
de garantir o acesso da população residente das áreas urbanas e rurais ao saneamento básico e
suas premissas.

Tal ferramenta fornece parâmetros para diagnosticar a situação atual de um município


ou região. Identificando as necessidades de investimentos para a solução de problemas
recorrentes. É através dele que se define o conjunto de fatores a serem adotados, visando a
eficácia das medidas em atender as necessidades da população.
Devido ao seu caráter legal obrigatório, a elaboração do Plano de Saneamento Básico
é premissa para a execução da lei 11.455/2007 e o seu não cumprimento poderá acarretar
inúmeros prejuízos, tanto do ponto de vista dos gestores públicos como para a população e o
meio ambiente.

3.1 HISTÓRICO DA QUESTÃO DO ESGOTO EM CAMPOS DOS GOYTACAZES

Segundo Silva (2004) até a década de 90, 100% do esgoto coletado no município de
Campos dos Goytacazes era despejado diretamente nos rios e canais da cidade. Não havia
nenhuma estrutura apta a realizar o manejo e tratamento dos dejetos.

Esta situação permaneceu inalterada até o início da concessão do grupo empresarial


particular Águas do Paraíba S/A, através de Contrato de Concessão que teve seu início em
16/09/1999, com vencimento previsto para 30/09/2038. Em 2000, a situação apresentava
melhoria irrisória, e cerca de 34,65% dos domicílios eram atendidos por rede coletora,
enquanto em 1991, apenas 30,25% eram atendidos por rede coletora (SILVA, 2004).

Tabela 2 – Dados sobre a rede coletora de esgoto no período dos anos de 1991 a 2000.

Extraído de: SILVA (2004).

Tal situação era agravada no ano de 2000, devido ao fato de cerca de 60% dos
efluentes sanitários não recolhidos através da rede estavam ligados diretamente as redes
pluviais ou lançados em canais e rios ou acondicionados em sumidouros ou fossas sem
especificações técnicas, causando impacto direto ao meio-ambiente (SILVA,2004).
O sistema existente anteriormente a concessão, atendia a cerca de 30% da população
urbana através, 189.900 m de rede coletora em manilha de barro vidrado, com diâmetros que
variam de 150 a 300 mm e estações elevatórias com suas respectivas linhas de recalque.

A cidade contava com apenas uma Estação de Tratamento de Esgoto localizada no


distrito industrial, datada de 1977, e com capacidade de atendimento para 25.000 habitantes.

3.2. DIAGNÓSTICO ATUAL DO ESGOTO SANITÁRIO EM CAMPOS DOS


GOYTACAZES

A produção de esgotos atualmente corresponde aproximadamente 80% ao consumo de


água, mas este percentual pode variar devido alguns fatores: parte da água consumida pode
ser incorporada à rede pluvial, ocorrência de ligações clandestinas e indevidas dos esgotos à
rede pluvial e infiltração.

Segundo dados do relatório de Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto, emitido


em 2015 pelo Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento (SNIS), o índice de
atendimento com rede de esgoto no município de Campos dos Goytacazes, mostra que 60,2%
das residências tem acesso a rede de esgoto (SNIS, 2015).

Em termos de distribuição, a coleta de esgoto em Campos dos Goytacazes, registra


índices concentrados, evidenciando o maior atendimento a área central urbana, enquanto que
o restante do município, incluindo os demais distritos de Campos dos Goytacazes possuem
índices relativamente baixos à coleta de esgoto.

Em 2013, o município contava com uma extensão de rede coletora e interceptores de


240.000 metros, com diâmetros variando entre 150mm até 600mm.
Figura 3. Distribuição territorial da coleta de esgoto em Campos dos Goytacazes

Extraído de: Plano Municipal de Saneamento Básico – PMCG (2013).

A distribuição da rede municipal de esgoto segue os padrões implantados pela


concessionária Águas do Paraíba e atendem aos bairros da área central do município. A rede
anterior foi ampliada e novas estações elevatórias implantadas para atender a demanda, pois a
geografia do município não contribui para um escoamento gravitacional.
Figura 4. Distribuição da rede de coleta de esgoto sanitário

Extraído de: Plano Municipal de Saneamento Básico – PMCG (2013).

Segundo o SNIS (2015), Campos dos Goytacazes, por meio dos serviços prestados
pela companhia Águas do Paraíba, atende aproximadamente 190.453 habitantes da área
Urbana, com 32.954 ligações de esgoto, considerando dessa forma, que as demais residências
utilizam sistemas individuais ou não dispõem de nenhum tipo de tratamento.
Figura 5. Abrangência da coleta de esgoto sanitário

Extraído de: Plano Municipal de Saneamento Básico – PMCG (2013).

Segundo informações contidas no site da concessionária Águas do Paraíba S/A, quinze


novas áreas de implantação de redes de coleta de esgoto estão nos planos para construção nos
próximos anos. Este fato aumenta a área de abrangência da rede.
Figura 5. Ampliação de redes para aumento da abrangência da coleta de esgoto
sanitário

Extraído de: Plano Municipal de Saneamento Básico – PMCG (2013).

3.3 ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO EM CAMPOS DOS


GOYTACAZES

Com concessão sobre o sistema de água e esgoto do município, o grupo Águas do


Paraíba S/A reestruturou a Estação de Tratamento de Esgoto de propriedade do município e
implantou mais 5 estações para atendimento da demanda de efluentes sanitários.
Hoje, o município é dotado de seis estações de tratamento de esgoto. A primeira
estação utilizada em Campos dos Goytacazes foi a ETE Chatuba, localizada na estrada do
Carvão s/n – Bairro Chatuba, inaugurada em 05 de agosto de 2004, com capacidade de
processamento para 80 litros por segundo e eficiência de 97%, utiliza processo terciário de
tratamento, composto por reator anaeróbico de fluxo ascendente (RAFA), anóxico, biodrum,
decantador secundário, decantador terciário, obtendo água limpa como processo final.

Esta ETE atende aos bairros de Ururaí, Tapera, Parque João Seixas, Parque Rosário,
Parque Aurora, Parque São Lino, Parque Rui Barbosa, Parque Dr. Beda, IPS, Parque João
Maria, Parque São Benedito, Parque Alphaville II e III, Parque Santo Amaro, Parque
Juscelino, Parque São Caetano, Condomínio Sonho Dourado, Condomínio Golden Garden,
Condomínio Palmeiras I e II, Residencial, Oswaldo Gregório, Condomínio da Torre,
Condomínio Usina Queimado.

A ETE Guarus localiza-se no Parque Vicente Gonçalves Dias, tem capacidade de


processamento de 40 litros por segundo, inaugurada em 11 de setembro de 2007, é a segunda
estação de tratamento de esgotos no Município. Utiliza processamento secundário e é
composta de reator anaeróbico de fluxo ascendente (UASB), bifiltro aerado submerso,
decantador secundário.

Esta ETE atende aos bairros de Parque Vicente Gonçalves Dias, Parque Santo
Antônio, Parque Vera Cruz, Parque Jardim Carioca, Parque Alvorada, Parque Zuza Mota
(parcialmente), Parque Presidente Vargas (parcialmente), Parque Novo Eldorado, Morar Feliz
Parque Eldorado I, II e III, Conjunto Residencial Novo Eldorado, Morar Feliz do Parque
Santa Rosa, Morar Feliz do Parque Prazeres I e II , Condomínio Terra Nova, Casa de
Custódia, Residenciais da Lapa I e II e Residencial Vila Alice.

A terceira ETE do sistema de esgoto sanitário campista é a ETE Codin. Inaugurada em


24 de junho de 2008, se localiza no bairro Codin e atende aos bairros Terra Prometida, Parque
Eldorado, Jardim Eldorado, Vila Industrial, Jardim Ceasa. Tem capacidade de processamento
de 20 litros por segundo e utiliza Sistema de Valo de Oxidação.

A quarta estação do sistema é a ETE Imperial, localizada no bairro Pq. Imperial,


fundada em 14 de setembro de 2009, possui uma capacidade de 40 litros por segundo. Possui
processamento terciário, composto por reator anaeróbico de fluxo ascendente (UASB), bifiltro
aerado submerso, decantador secundário, nitrificação, desnitrificação, decantador terciário.
Este sistema atinge uma eficiência de 97%.
Esta ETE atende aos bairros do Parque Imperial I e II, Residencial Santo Antônio,
Chácara da Penha, Penha, Estância da Penha, Morar Feliz da Penha, Morar Feliz do Novo
Jockey, Vivendas dos Coqueiros I e II, Condomínio Residencial Santa Maria.

A ETE Paraíba é localizada no Parque Matadouro, possui uma capacidade de


processamento de 200 litros por segundo e tratamento secundário composto por filme fixo e
lodo ativado combinado (IFAS), decantador secundário. Atende aos bairros do Parque
Alphaville I, Parque Tarcísio Miranda, Parque José do Patrocínio, Parque Pelinca, Centro,
Chácara João Ferreira, Parque Turf, Jardim Flamboyant, Parque Salo Brand, Parque Horto,
Parque Califórnia, Parque Cacique, Parque Oliveira Botelho, Lapa, Parque Riachuelo, Parque
Damas Ortiz, Parque Matadouro, Parque Conselheiro Thomaz Coelho, Parque Maria Queiroz,
Parque Nossa Senhora do Rosário, Parque Alberto Torres, Parque Caju, Parque São
Clemente, Parque São Salvador, Parque Corrientes e Parque Julião Nogueira.

A sexta e mais recente ETE do sistema é a ETE Donana, localizada no bairro de


mesmo nome, inaugurada em dezembro de 2010. Possui uma capacidade de 20 litros por
segundo e tratamento secundário composto por reator anaeróbico de fluxo ascendente
(UASB), bifiltro aerado submerso, decantador secundário.
Figura 6. Posicionamento das Estações de Tratamento do município Campos dos
Goytacazes

Extraído de: Plano Municipal de Saneamento Básico – PMCG (2013).


Figura 7. Área de abrangência das Estações de Tratamento do município Campos dos
Goytacazes

Extraído de: Plano Municipal de Saneamento Básico – PMCG (2013).

Os pontos de lançamento dos materiais provenientes do processamento das Estações


estão descritos na tabela 1.
Tabela 1. Pontos de lançamento de efluentes tratados em Campos dos Goytacazes

Extraído de: Plano Municipal de Saneamento Básico – PMCG (2013).

4. CONCLUSÃO

Os impactos ambientais provenientes de um ineficaz gerenciamento dos itens do


saneamento básico nos municípios é fator de preocupação para a gestão pública. A
degradação gerada pelo incorreto manejo dos efluentes sanitários decorrente dos lançamentos
de esgoto in natura nos corpos hídricos prove impactos irrecuperáveis ao meio-ambiente e a
saúde da população.

O conhecimento de todo o processo de condução e tratamento dos dejetos


provenientes dos municípios é um assunto carente estudos e de vital importância para prover
soluções eficazes de controle e minimização de impactos no ciclo d’água. As substâncias que
integram os efluentes sanitários contaminam e expõe a saúde da população e a natureza a
riscos eminentes.

Embora haja embasamento legal para o cumprimento das normativas previstas na Lei
11.455/2007, a situação não é plenamente atendida, conferido pelo presente estudo,
mostrando-se pertinente em evidenciar que nem toda a rede de coleta de esgoto sanitário
atende plenamente ao município, expondo a população aos impactos observados.

Apesar do investimento da iniciativa privada, concedida no ano de 1999 para a


empresa Águas do Paraíba S/A, com contrato vigente até 2038, podemos presenciar alguns
pontos que destoam da missão prevista pela companhia.

Entre estes, podemos citar o existente despejo de águas pluviais na rede de esgoto,
aumentando o volume de material contaminado, sobrecarregando e diminuindo a capacidade
de tratamento das estações de tratamento. A ocupação do solo desordenada, não respeitando o
plano diretor municipal, não permitindo assim um planejamento eficaz para coleta de esgoto
nos novos bairros.

A inexistência de rede de tratamento de esgoto que atenda a zona rural da cidade,


permitindo assim a contaminação dos solos e dos corpos hídricos com técnicas rudimentares
de sumidouros ou fossas ou despejo de efluentes in natura nos corpos hídricos.

O estudo ainda evidencia o valor de apenas 60,2% da população atendida pela rede de
tratamento, índice preocupante dentro de um município com área territorial e índice
demográfico figurando entre as maiores do estado.

A necessidade de ações que impactem positivamente no cenário é de indiscutível


relevância. Há a carência de investimentos, implantação de políticas de desenvolvimento do
setor, efetiva fiscalização do mesmo e cessão de condições para o cumprimento legal tanto
das obrigações da concessionária quanto da população em geral.

O diagnóstico do cenário atual é uma ferramenta de vital importância para a análise do


processo como um todo, tornando claro o mapeamento das redes e a finalização dos processos
de tratamento de efluentes. O presente estudo mostra-se eficaz ao analisar a abrangência das
redes municipais de tratamento existentes, para a identificação das áreas carentes de
investimento e de maiores riscos ambientais e para a população.

É relevante a sua análise como fornecimento de dados para estudos futuros, facilitando
a compreensão do tema e provendo soluções que otimizem e melhorem o cenário atual.
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