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SUMÁRIO GLOSSÁRIO DE SIGLAS

ESTADO E GOVERNO Pág. 03 CF – Constituição Federal


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Pág. 04 CC – Código Civil

DIREITO ADMINISTRATIVO Pág. 05 CPC – Código de Processo civil

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Pág. 07 CP – Código Penal

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Pág. 11 CPP – Código de Processo Penal

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA Pág. 14 CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas

ENTIDADES PARAESTATAIS E TERCEIRO SETOR Pág. 20 EC – Emenda Constitucional

AGÊNCIAS EXECUTIVAS E REGULADORAS Pág. 24 MP – Medida Provisória

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Pág. 26 LC – Lei Complementar


U/E/DF/M – União, Estado, Distrito Federal e Municípios
AGENTES PÚBLICOS Pág. 31
RFB – República Federativa do Brasil
ATOS ADMINISTRATIVOS Pág. 43
STF – Supremo Tribunal Federal
LICITAÇÕES PÚBLICAS – LEI Nº 8.666/93 Pág. 53
STJ – Superior Tribunal de Justiça
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS – LEI Nº 8.666/93 Pág. 60
TJ – Tribunal de Justiça
LICITAÇÕES PÚBLICAS – LEI Nº 14.133/21 Pág. 67
TRF – Tribunal Regional Federal
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS – LEI Nº 14.133/21 Pág. 87
TRT – Tribunal Regional do Trabalho
SERVIÇOS PÚBLICOS Pág. 100
TRE – Tribunal Regional Eleitoral
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO Pág. 110
PF – pessoa física
PROCESSO ADMINISTRATIVO Pág. 115
PJ – pessoa jurídica
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA Pág. 121
FP – Fazenda Pública
LEI 8.112/90 Pág. 131
MP – Ministério Público
BENS PÚBLICOS Pág. 143
CNJ – Conselho Nacional de Justiça
CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Pág. 147
CNMP – Conselho Nacional do Ministério Público
INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE Pág. 150
PR – Presidente da República
PRIVADA
SF – Senado Federal
CN – Congresso Nacional

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ESTADO E GOVERNO O fundamento dessa tripartição é evitar que todo poder fique
nas mãos de somente uma pessoa, bem como para especializar
1. ESTADO as funções básicas do Estado.

A existência do Estado se justifica como meio para harmonizar, Poderes e suas funções típicas:
definir limites ou para efetivamente permitir o exercício dos
direitos dos cidadãos. • Legislativo: legislar e fiscalizar
• Executivo: administrar
Hely Lopes Meireles: do ponto de vista sociológico, o Estado é
• Judiciário: julgar
corporação territorial dotada de um poder de mando
originário; sob o aspecto político, é comunidade de homens, Poderes e suas funções atípicas:
fixada sobre um território, com poder superior de ação, mando
• Legislativo: administrar e julgar
e coerção; sob o prisma constitucional, é pessoa jurídica
• Executivo: legislar, fiscalizar e julgar
territorial soberana. E Estado de direito é aquele juridicamente
• Judiciário: legislar, fiscalizar e administrar
organizado e obediente às suas próprias leis, ou seja, ao mesmo
tempo em que cria a lei, o Estado a ela se sujeita. Sempre que autorizados pela CF, os poderes também
desempenham suas funções atípicas (com características
Código civil: Estado é ente com personalidade (direito público
pertencentes aos outros poderes). Assim, conforme o sistema
interno), capaz de adquirir direitos e obrigações na ordem
de freios e contrapesos, um poder limita o outro, de forma a se
jurídica, podendo se relacionar internamente com seus
evitar a supremacia de qualquer um sobre os demais.
servidores e empregados, com os cidadãos, com as empresas
etc, ou externamente com outros Estados soberanos. Carvalho Filho: a função típica judicial com cunho de
definitividade é monopolizada pelo judiciário, e só em casos
excepcionais expressamente mencionados na Constituição
1.1. ELEMENTOS DO ESTADO Federal é que ela é desempenhada no legislativo; mas o
executivo não tem função judicial.
O Estado é formado por três elementos indissociáveis e
indispensáveis: Celso Antônio Bandeira de Melo: o executivo exerce jurisdição,
mas sem a definitividade, formando a coisa julgada apenas
• Povo: componente humano
administrativa.
• Território: base física
• Governo soberano: elemento condutor. A soberania é Di Pietro: a função administrativa caracteriza-se por prover de
característica própria dos Estados independentes, maneira imediata e concreta as exigências individuais ou
indicando que possui poderes para se organizar e coletivas para a satisfação dos interesses públicos
conduzir de acordo com a livre vontade do povo preestabelecidos em lei.

1.2. PODERES DO ESTADO 1.3. FORMAS DE ESTADO

O poder geral e abstrato do Estado decorre da sua soberania, e, O Estado pode se organizar na forma de:
de acordo com a tripartição dos poderes (Montesquieu), são
Estado unitário: centralização política. Apenas um poder
três.
político central para conduzir toda população e em todo o
território.

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Estado federado: descentralização política. Existem poderes ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


distintos e autônomos em vários lugares do território
(U/E/DF/M – todos autônomos, sem subordinação). É todo aparelhamento estatal voltado à execução das políticas
públicas.
Carvalho Filho: autonomia significa ter capacidade de auto-
organização, autogoverno e autoadministração. Hely Lopes Meireles: a administração não pratica atos de
governo; pratica tão somente atos de execução, os chamados
atos administrativos, com poderes de decisão limitados a
atribuições de natureza executiva, conforme definidos em lei.
2. GOVERNO

Hely Lopes Meireles: governo é a expressão política de


comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do Estado e de 1. CONCEITOS
manutenção da ordem jurídica vigente. 1.1. EM SENTIDO FORMAL, SUBJETIVO OU ORGÂNICO

É um conjunto de poderes e órgãos responsáveis pela função É o conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas que tenham
política do Estado, cujas atribuições decorrem da CF. a incumbência de executar as atividades administrativas.

Esse conceito leva em conta o sujeito, quem está exercendo a


função administrativa em qualquer dos poderes.
2.1. SISTEMAS DE GOVERNO

Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo: o sentido formal só leva


É definido pelo modo como se dá a relação entre o legislativo e
em conta os sujeitos da administração direta e indireta,
o executivo. Pode ser:
excluindo os particulares que exercem atividades próprias da
Presidencialismo: independência entre os poderes. O PR é função administrativa.
chefe de governo e chefe de Estado, cumprindo mandato fixo.
Doutrina majoritária: não faz essa distinção entre
O legislativo não está sujeito a ser dissolvido pelo executivo,
administração pública direta e indireta e particulares em
uma vez que seus membros são eleitos para certo período.
colaboração. Somente classificam a administração em sentido
Parlamentarismo: colaboração entre os poderes. O chefe de subjetivo como o conjunto de órgãos, agentes e pessoas
Estado é o PR ou monarca e o chefe de governo é o primeiro jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da função
ministro (indicado pelo PR sem mandato fixo). O governo pode administrativa do Estado.
optar, a qualquer tempo, pela dissolução do legislativo.

1.2. EM SENTIDO MATERIAL, OBJETIVO OU FUNCIONAL


2.2. FORMA DE GOVERNO
A administração abrange as atividades exercidas pelas pessoas
Depende da maneira como ocorre a instituição e transmissão jurídicas, órgãos e agentes. O conceito adota como referência o
do poder na sociedade. É a relação entre governantes e objeto, o que é realizado, não obrigatoriamente quem exerce.
governados. Pode ser:
São apontadas como atividades administrativas:
República: eletividade e temporalidade do chefe do executivo,
• Polícia administrativa
que deve prestar contas.
• Serviço público
Monarquia: hereditariedade e vitaliciedade do chefe do • Fomento
executivo, que não precisa prestar contas. • Intervenção

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DIREITO ADMINISTRATIVO Marçal Justen Filho: é o conjunto de normas jurídicas de direito


público que disciplinam a atividade administrativa pública
1. DIREITO PRIVADO E DIREITO PÚBLICO necessária à realização dos direitos fundamentais e a
organização e o funcionamento das estruturas estatais e não
O direito privado se preocupa com interesses individuais,
estatais.
estabelecendo regras de organização social e convivência a
serem obedecidas pelas pessoas em suas atividades
particulares. No direito privado há igualdade nas relações
jurídicas, uma vez que os interesses da coletividade não estão 3. OBJETO DO DIREITO ADMINISTRATIVO

em jogo.
Busca identificar os atos ou situações regulamentadas pelas

Já o direito público disciplina relações que envolvem interesses normas que compõem o direito administrativo.

da sociedade como um todo. É marcado pela desigualdade nas


O objeto abrange:
relações jurídicas, decorrente do princípio amplamente aceito
de que o interesse público da coletividade deve prevalecer • Todas as relações internas à administração pública
sobre os interesses individuais. (entre os órgãos e entidades administrativas, uns com
os outros, e entre a administração e seus agentes)
Embora a maioria das relações administrativas sejam pautadas
• Todas as relações entre a administração e os
pelo direito público, pode haver também relações regidas pelo
administrados, regidas pelo direito público ou pelo
direito privado (como quando o Estado intervém no domínio
direito privado
econômico atuando como empresário).
• As atividades de administração pública em sentido
material exercidas por particulares sob regime de
direito público, a exemplo da prestação de serviços
2. CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO
públicos mediante contratos de concessão ou

Celso Antônio Bandeira de Melo: é o ramo do direito público permissão

que disciplina a função administrativa e os órgãos que a


exercem.
4. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO
Hely Lopes Meireles: é o conjunto harmônico de princípios
jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades As fontes indicam origem e procedência das normas e
públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente princípios. Constituem todos os elementos de onde surgem
os fins desejados pelo Estado. normas do direito administrativo.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro: é o ramo do direito público que A doutrina aponta as seguintes fontes:
tem por objeto os órgãos, agentes e pessoas jurídicas
Primária:
administrativistas que integram a administração pública, a
atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que • Lei: em sentido amplo, qualquer texto de natureza
se utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública. normativa. É fonte primária

José dos Santos Carvalho Filho: é o conjunto de normas e Secundária/indireta/subsidiária:


princípios que, visando sempre ao interesse público, regem as
• Doutrina: teses e teorias elaboradas pelos estudiosos
relações jurídicas entre as pessoas e órgãos do Estado e entre
do direito administrativo
este e as coletividades a que devem servir.

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• Jurisprudência: reiteradas decisões do judiciário sobre • Ato administrativo que contrarie súmula vinculante
a mesma matéria. Não vinculam o julgador, salvo no • Habeas data e mandado de segurança
controle abstrato das normas e súmulas vinculantes • Concessão de benefícios previdenciários no INSS
(ambos do STF)
Nessas hipóteses é necessário satisfazer determinados
• Costumes: só podem ser considerados vigentes e
requisitos na via administrativa antes de buscar a tutela do
exigíveis se não forem contra legem (contra lei)
judiciário.
• Praxe administrativa: prática reiteradamente feita
pelos agentes administrativos Atos políticos não se sujeitam ao controle judiciário
(exemplo: sanção ou veto).

5. SISTEMAS ADMINISTRATIVOS

7. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO


É o regime adotado pelo Estado para correção dos atos
administrativos ilegais ou ilegítimos praticados pelo poder Se refere às situações em que a administração pública se coloca
público em qualquer departamento de governo. É a forma numa situação privilegiada, vertical na relação jurídica. Baseia-
adotada para solucionar os litígios decorrentes da sua atuação. se na existência de prerrogativas passíveis de serem exercidas
pela administração, contrabalanceadas pela imposição de
Existem dois sistemas:
restrições especiais à atuação dessa mesma administração.
Francês/contencioso administrativo/dualidade de jurisdição: o
Ainda que a administração atue como particular (regime de
judiciário não pode intervir nas funções administrativas. A
direito privado), ela ainda se sujeita a determinados princípios
jurisdição é exercida pela própria administração.
de direito público, que lhe garantem certos privilégios ou
Inglês/judiciário/jurisdição única: todos os litígios podem ser prerrogativas, bem como restrições.
levados ao judiciário, que é o único que dispõe de competência
Prerrogativas: decorrem da necessidade de satisfação dos
para dizer o direito e dar a palavra definitiva na solução dos
interesses coletivos
conflitos.

Restrições: servem para proteger os direitos individuais frente


ao Estado
6. SISTEMA ADMINISTRATIVO BRASILEIRO
Os “super princípios” (não estão expressos na CF) do direito
É o sistema inglês ou de jurisdição uma. A CF diz que a lei não administrativo são:
excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a
Supremacia do interesse público sobre o privado: fundamenta
direito.
a existência de prerrogativas e privilégios. É a causa da
No Brasil, os atos administrativos estão sujeitos ao controle do verticalidade nas relações da administração com os
judiciário, o que não afasta a capacidade da administração de particulares.
resolver litígios de natureza administrativa ou de controlar a
Indisponibilidade do interesse público: fundamenta as
legalidade e legitimidade dos seus próprios atos.
restrições impostas à administração. A administração só pode
O princípio da inafastabilidade da jurisdição assegura ao atuar quando houver lei que autorize ou determine a sua
administrado a possibilidade de se socorrer ao judiciário ainda atuação, e nos limites estipulados pela lei, e não de acordo com
que não buscada a tutela administrativa, salvo nos casos de: a vontade dos agentes.

• Justiça desportiva
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PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1.2. IMPESSOALIDADE

Os princípios são derivados do binômio supremacia/ Comporta os seguintes aspectos:

indisponibilidade do interesse público e são aplicáveis a todo


Dever de isonomia por parte da administração pública: os atos
sistema regido pelo direito administrativo.
administrativos devem ser praticados tendo em vista o
interesse público e não os interesses pessoais do agente ou de
terceiros. A administração não pode prejudicar nem beneficiar
1. PRINCÍPIOS EXPRESSOS NA CF ninguém em especial.

Devem ser observados por toda administração pública, direta e Dever de conformidade aos interesses públicos: se confunde
indireta, de qualquer dos poderes, da U/E/DF/M, bem como os com o princípio da finalidade, que impõe que o fim a ser
particulares que estejam no exercício de função pública.
buscado pelo administrador público em suas atividades deve
ser tão somente aquele prescrito pela lei. Qualquer ato com
Só será considerada válida a conduta que estiver compatível
outra finalidade deverá sem considerado nulo por desvio de
com os princípios.
finalidade. É possível, entretanto, que ocorra a coincidência
entre o interesse do particular e da administração.

1.1. LEGALIDADE Vedação à promoção pessoal dos agentes públicos: as


realizações governamentais não devem ser atribuídas ao
Toda e qualquer atividade administrativa deve estar autorizada
agente ou à autoridade que as pratica. Estes apenas lhes dão
por lei. A administração só pode agir segundo a lei, e não
forma. Esse enfoque permite que a perda da competência do
contra ou além da lei. E por lei devemos entender o
agente público não invalide os atos por ele praticados, salvo se
ordenamento jurídico como um todo, e não só a lei em sentido
praticados por terceiro de má-fé.
formal ou estrito.

A afronta à legalidade enseja a nulidade, que pode ser


decretada pelo judiciário ou pela própria administração 1.3. MORALIDADE
(autotutela).
Impõe a necessidade de atuação ética dos agentes públicos.
Para que a administração possa agir, é necessária a existência Liga-se à ideia de probidade e boa-fé objetiva.
de uma lei que imponha (atuação vinculada) ou autorize
Princípio relacionado com a noção de bom administrador, que
(atuação discricionária) determinada atuação administrativa.
não só deve conhecer a lei, mas também os princípios éticos,
Casos em que a administração pode extrapolar um pouco os uma vez que nem tudo que é legal é honesto.
limites da lei:
Hely Lopes Meireles: a moralidade administrativa não se
• Estado de defesa e estado de sítio (nesses casos, o confunde com a moralidade comum. A administrativa
executivo pode impor restrições aos direitos independe da concepção subjetiva, da ideia pessoal do agente
individuais, a fim de enfrentar questões relevantes, sobre o que é certo ou errado em termos éticos. O que importa
excepcionais e urgentes) é a noção objetiva.
• Medidas provisórias
Um ato contrário à moralidade deve ser considerado nulo (pelo
judiciário ou pela própria administração).

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1.4. PUBLICIDADE Carvalho Filho: uma ação eficiente pressupõe o atendimento a


vários requisitos, como produtividade, economicidade,
É o dever de dar transparência aos seus atos, tornando-os
qualidade, celeridade, presteza, desburocratização e
públicos, de conhecimento de todos.
flexibilização. Lucas Furtado adiciona a necessidade de

A publicidade é necessária para que os cidadãos e os órgãos planejamento dos gastos públicos.

possam avaliar e controlar a legalidade, a moralidade, a


impessoalidade e todos os demais requisitos que devem
informar as atividades administrativas. Não se pode avaliar 2. PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS OU RECONHECIDOS
aquilo que não se conhece. 2.1. SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO

Para que a sociedade possa exigir transparência do Estado, a CF Também chamado de princípio da finalidade pública, é um dos
criou diversos instrumentos, como: habeas data, mandado de pilares do regime jurídico administrativo.
segurança, direito de petição, obtenção de certidões e ação
Havendo conflito entre interesses particulares e públicos,
popular.
prevalecerá o público, uma vez que as atividades
Entretanto, há situações em que a publicidade pode ser administrativas são desenvolvidas pelo Estado para benefício
restringida por lei: da coletividade.

• Preservar a segurança da sociedade e do Estado Fundamenta as prerrogativas da administração, como:


• Quando a intimidade ou o interesse social o exigirem desapropriação, poder de polícia, cláusulas exorbitantes em
contratos administrativos etc.
A publicidade não se confunde com a publicação dos atos. A
publicação é uma forma de publicidade, mas não única. Entretanto, a supremacia não é absoluta e deve respeitar os
direitos individuais.
A doutrina moderna diz que a publicidade não é
elemento de formação do ato, ou seja, não está Di Pietro: o princípio da supremacia, além de vincular as
relacionado à validade e sua falta não precisará atividades da administração, também inspira o legislador no
necessariamente acarretar em nulidade. Porém, é momento da elaboração das normas de direito público, as
requisito de eficácia. Enquanto não publicado, o ato quais, embora protejam o interesse individual, têm o objetivo
não produz efeitos perante as partes e terceiros. primordial de atender ao interesse público, ao bem-estar
coletivo.
Hely Lopes Meireles: os atos irregulares não se convalidam com
a publicação, nem os regulares a dispensam para sua
exequibilidade, quando a lei ou o regulamento a exige.
2.2. INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO

É o segundo pilar do regime jurídico administrativo, e impõe


1.5. EFICIÊNCIA restrições especiais à atividade administrativa.

Exige que a atividade administrativa seja exercida com Como a administração não é dona da coisa pública, ela não
presteza, perfeição e rendimento funcional, buscando maior pode dispor do interesse público, não pode fazer o que quiser.
produtividade e redução dos desperdícios de dinheiro público. Os agentes não podem renunciar ou deixar de exercitar os
poderes e prerrogativas a eles atribuídos pela lei para a
É o princípio da qualidade dos serviços públicos.
promoção do bem comum.

Só foi inserido em 1998 com a EC 19.

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• Interesse público primário: interesses diretos do povo, fundamentos em anteriores pareceres, informações, decisões
imediatos ou propostas que, nesse caso, serão partes integrantes do ato.
• Interesse público secundário: interesses próprios do
Entretanto, existem atos que a lei dispensa a motivação, como
Estado, na qualidade de PJ, de caráter meramente
a exoneração de ocupante de cargo em comissão e
patrimonial (aumentar receitas ou diminuir gastos) e
homologação de processo licitatório.
os atos internos de gestão administrativa

2.5. RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE


2.3. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE OU VERACIDADE

Razoabilidade: se destina a aferir a compatibilidade entre os


Abrange dois aspectos:
meios empregados e os fins visados na prática de um ato
Presunção de verdade/veracidade/legitimidade: diz respeito à administrativo, de modo a evitar restrições aos administrados
certeza dos fatos, presume-se que os atos são verdadeiros. que sejam inadequadas, desnecessárias, arbitrárias ou
Ainda que viciados, os atos produzem efeitos imediatos e abusivas.
devem ser cumpridos até que sejam oficialmente invalidados.
Proporcionalidade: se destina a conter o excesso de poder, isto
Presunção de legalidade: presume-se, até prova em contrário, é, os atos de agentes públicos que ultrapassem os limites
que todos os atos da administração são praticados com adequados ao fim a ser atingido. Exemplo: as sanções devem
observância das normas legais pertinentes. ser proporcionais às faltas cometidas. Três fundamentos:

• Adequação: o meio empregado na atuação deve ser


compatível com o fim pretendido
2.4. MOTIVAÇÃO
• Exigibilidade/necessidade: a conduta deve ser

Impõe o dever de a administração justificar seus atos, sejam necessária, não havendo outro meio que cause menos

vinculados ou discricionários, explicitando as razões que prejuízo aos indivíduos para alcançar o fim público

levaram à decisão, os fins buscados por meio daquela solução e • Proporcionalidade em sentido estrito: as vantagens a

a fundamentação legal usada (pressupostos de fato e de serem conquistadas devem superar as desvantagens,

direito). ou seja, deve haver mais prós do que contras

Tanto atos vinculados quanto discricionários devem A razoabilidade e a proporcionalidade têm aplicação,

ser motivados. principalmente, no controle dos atos discricionários, ou seja,


aqueles que admitem certa margem de escolha, permitindo
A motivação assegura o exercício da ampla defesa e do
que o administrador avalie a conveniência e oportunidade.
contraditório, uma vez que o administrado terá melhores
condições de se justificar caso conheça os fundamentos da
decisão que tenha afetado seu direito.
2.6. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA

Di Pietro: a motivação, em regra, não exige formas específicas,


Hely Lopes Meireles: a CF não limita aos acusados, mas estende
podendo ser ou não concomitante com o ato, além de ser feita,
tais garantias a todos em processos administrativos, punitivos e
muitas vezes, por órgão diverso daquele que proferiu a decisão.
não punitivos, ainda que neles não haja acusados, mas

O STF reconhece a motivação aliunde, pelo qual a motivação simplesmente litigantes.

pode constar em declaração de concordância com

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Não há ampla defesa nos seguintes casos: Pelo judiciário:

• Exoneração de cargo em comissão • Legalidade: o judiciário só pode anular atos ilegais


• Sindicância investigativa mediante provocação
• Inquérito civil ou policial • Mérito: o judiciário não pode apreciar conveniência e
oportunidade do ato

2.7. AUTOTUTELA
2.8. SEGURANÇA JURÍDICA
Súmula 473 STF: a Administração pode anular seus próprios
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque Decorre da necessidade de se estabilizar as situações jurídicas,
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de a fim de que o administrado não seja surpreendido ou agravado
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos pela mudança inesperada de comportamento da
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação administração, sem respeito às situações formadas e
judicial. consolidadas no passado.

STJ: a Administração, à luz do princípio da autotutela, tem o STF: a essencialidade da segurança jurídica é a necessidade de
poder de rever e anular seus próprios atos, quando detectada a se respeitar situações consolidadas no tempo, amparadas pela
sua ilegalidade, consoante a súmula 473 do STF. Todavia, boa-fé do cidadão.
quando os referidos atos implicam invasão da esfera jurídica
Di Pietro: não se pode aceitar que uma nova interpretação mais
dos interesses individuais de seus administrados, é obrigatória
prejudicial ao administrado que a anterior, a qual lhe havia
a instauração de prévio processo administrativo, no qual seja
reconhecido determinado direito, seja agora aplicada
observado o devido processo legal e os corolários da ampla
retroativamente, de forma a lhe privar de algum benefício
defesa e do contraditório.
anteriormente concedido.
STF: a anulação ou a revogação de atos administrativos que
Institutos que preservam a segurança jurídica: decadência,
afetem negativamente algum interesse do administrado deve
prescrição, súmula vinculante e proteção ao ato jurídico
ser precedida de regular procedimento com contraditório e
perfeito, direito adquirido e coisa julgada.
ampla defesa.

Art. 54 lei 9.784/99: o direito da Administração de anular os


atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para 2.9. CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO
os destinatários decai em 5 anos, contados da data em que
A prestação de serviço público é a forma pela qual o Estado
foram praticados, salvo comprovada má-fé.
desempenha funções essenciais ou necessárias à coletividade.
Duas possibilidades de controle: E essa prestação não pode parar, deve ser contínua.

Pela administração (autotutela): Institutos que asseguram a continuidade: interinidade,


suplência, delegação e substituição de funções públicas
• Legalidade: a administração pode, de ofício ou por
temporariamente vagas.
provocação, anular os seus atos ilegais
• Mérito: a administração revê um ato legal, mas Esse princípio tem ligação com o princípio da eficiência.
inconveniente e inoportuno, podendo manter ou
revogar

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ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA uma PJ de direito público ou privado, e a ela


atribui a titularidade e a execução de
Toda atuação da administração se desenvolve por órgãos, determinado serviço. Ocorre com as
entidades públicas e seus agentes.
autarquias, fundações, sociedades de
economia mista, empresas públicas e
Entidade: PJ pública ou privada, política ou administrativa.
consórcios públicos. Aqui o prazo é
Órgão: elemento despersonalizado, incumbido da realização indeterminado e o controle da
das atividades da entidade a que pertence, através de seus administração é finalístico
agentes. São centros de competência constituídos na estrutura o Por colaboração/delegação: é a
interna de determinada entidade política ou administrativa. transferência da execução por meio de
contrato ou ato unilateral a uma PJ de
direito privado, previamente existente. O
1. CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO E Estado permanece com a titularidade do
DESCONCENTRAÇÃO serviço. Ocorre com as concessionárias,
1.1. CENTRALIZAÇÃO permissionárias e autorizadas. Aqui o prazo
é determinado. Apesar do controle
Ocorre quando o Estado executa suas tarefas diretamente, por
finalístico ser mais amplo e rígido, ainda não
intermédio dos seus órgãos e agentes.
há relação de hierarquia e subordinação

A execução das atividades é feita pela U/E/DF/M, ou seja, pela o Territorial/geográfica: uma entidade local,

administração direta. geograficamente delimitada, dotada de


personalidade jurídica própria, de direito
público, possui capacidade administrativa
genérica para exercer a totalidade ou a
1.2. DESCENTRALIZAÇÃO
maior parte dos encargos públicos de
O Estado distribui algumas das suas atribuições para outras interesse da coletividade. Os territórios não
pessoas, PF ou PJ. Assim, o que caracteriza a descentralização é têm autonomia
o desempenho indireto de atividades públicas.

Pressupõe a existência de pelo menos duas pessoas: o Estado e


1.3. DESCONCENTRAÇÃO
a PF ou PJ que irá executar o serviço.

A entidade se desmembra em órgãos para melhorar sua


Di Pietro: a descentralização pode ser:
organização.
• Política: criação de entidades políticas para o exercício
É uma distribuição interna de competências, ou seja, uma
de competência próprias/constitucionais, não
distribuição ou organização de competências dentro da mesma
provenientes do ente central. É o caso da criação dos
PJ.
estados e municípios
• Administrativa: criação de entidades dentro da O resultado é a criação de diferentes órgãos, que são unidades
mesma esfera do governo para transferência de administrativas sem personalidade jurídica.
atribuições legais. Essas entidades irão compor a
administração indireta Di Pietro: desconcentrar é tirar do centro um volume grande de

o Por serviços/funcional/técnica/por outorga: atribuições para permitir seu mais adequado e racional

uma entidade política, mediante lei, cria desempenho.

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Pode ocorrer tanto na pessoa política quanto na pessoa • Teoria do órgão/da imputação: é a teoria aceita. Nela,
administrativa. Ou seja, tanto na administração direta, quanto se presume que a PJ manifesta sua vontade por meio
na administração indireta. dos órgãos que a compõe, sendo eles mesmos, os
órgãos compostos por seus agentes. Assim, quando os
Na desconcentração há hierarquia, assim, o controle realizado
agentes agem, agem em nome do Estado
pela parte superior da estrutura é o controle hierárquico, que
compreende os poderes de comando, fiscalização, revisão, Temos, ainda, as teorias:
punição, solução de conflitos de competência, delegação e
• Teoria subjetiva: os órgãos são os agentes
avocação.
• Teoria objetiva: órgão público é a unidade funcional
da organização administrativa
• Teoria eclética: é a teoria mais aceita. o órgão não se
2. ADMINISTRAÇÃO DIRETA
confunde com o agente, mas, sem eles, o órgão não
É um conjunto de órgãos que integram as pessoas políticas do manifestaria a vontade estatal
Estado (U/E/DF/M), aos quais foi atribuída a competência para
o exercício de atividades administrativas, de forma
centralizada. 2.1.1. Criação e extinção

Na centralização, a administração direta é titular e executora A criação e extinção dependem de lei em sentido formal, de
do serviço público, e executam, por si próprias, diversas tarefas iniciativa do chefe do executivo, aprovada pelo legislativo.
internas e externas, valendo-se dos órgãos internos
Já a organização e o funcionamento dos órgãos do executivo
constituídos por servidores públicos.
criados por lei podem ser feitos por meio de simples decretos
Composição da administração direta nas esferas: autônomos, desde que não impliquem aumento de despesa,
nem criação ou extinção de órgãos públicos.
• Federal: presidência da república e ministérios
• Estadual: governadores e secretarias estaduais
• Municipal: prefeitos e secretarias municipais
2.1.2. Capacidade processual

Como regra, os órgãos não têm capacidade processual, uma


2.1. ÓRGÃOS PÚBLICOS vez que não possui personalidade jurídica. Assim, não pode
figurar como sujeito ativo ou passivo em ação judicial. A
São centros de competência instituídos para o desempenho das
capacidade, em regra, é da pessoa política.
funções estatais. São unidades de ação com atribuições
específicas na organização do Estado. Porém, existem exceções:

Diversas teorias surgiram para explicar as relações do Estado • Órgãos autônomos e independentes têm capacidade
com seus agentes: para impetrar mandado de segurança na defesa de
suas prerrogativas e competências, quando violadas
• Teoria do mandato: os agentes são mandatários do
por ato de outro órgão
Estado. Mas quem outorgou o primeiro mandato para
• Órgãos podem promover a liquidação e execução de
o agente?
indenização para defesa dos interesses e direitos do
• Teoria da representação: os agentes são
consumidor
representantes do Estado. Mas o Estado é incapaz
para ter representante?
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2.1.3. Classificação nenhum outro órgão. As atribuições desses órgãos são


2.1.3.1. Quanto à estrutura exercidas por agentes políticos.

Órgãos simples/unitários: não possuem subdivisões em sua Exemplos: presidência da república, câmara dos deputados,
estrutura interna, desempenham suas atribuições de forma senado feral, tribunal de contas da união, STF, STJ e demais
concentrada. Podem ser compostos por mais de um agente, tribunais, bem como os equivalentes nos níveis estadual e
mas não pode ter outros órgãos abaixo deles. municipal.

Exemplo: presidência da república. Órgãos autônomos: aqueles que se situam na cúpula da


administração, logo abaixo dos órgãos independentes,
Órgãos compostos: reúnem diversos órgãos inferiores na sua
auxiliando-os diretamente. Possuem ampla autonomia FAT
estrutura, subordinados hierarquicamente, como resultado da
(financeira, administrativa e técnica), mas não independência.
desconcentração.
São órgãos diretivos.

Exemplos: ministério da fazenda que é integrado por vários


Exemplos: ministérios, secretarias, advocacia-geral.
órgãos, dentre os quais a secretaria da receita federal, que da
mesma forma se divide em vários órgãos, como as Órgãos superiores: possuem atribuições de direção, controle e
superintendências regionais, que também se dividem, e assim decisão, mas sempre estão sujeitos ao controle hierárquico de
sucessivamente; até chegar ao último órgão que não é mais uma instância mais alta. Não tem nenhuma autonomia.
subdividido (e este será unitário).
Exemplos: procuradorias, coordenadorias, gabinetes.

Órgãos subalternos: aqueles que exercem atribuições de mera


2.1.3.2. Quanto à atuação funcional execução, com reduzido poder decisório, estando sempre
subordinados a vários níveis hierárquicos superiores.
Órgãos singulares/unipessoais: aqueles cujas decisões
dependem da atuação isolada de um único agente, seu chefe e Exemplo: seções de expediente, de pessoal, de material.
representante. Podem ser compostos por diversos agentes,
Órgãos burocráticos: aqueles que estão a cargo de uma só PF
mas a decisão é tomada apenas por uma pessoa, o chefe.
ou de várias pessoas ordenadas numa estrutura hierárquica
Exemplo: presidência da república. vertical. Fazem contraponto aos órgãos colegiados, que são
formados por várias PF ordenadas horizontalmente.
Órgãos colegiados/pluripessoais: são aqueles cuja atuação e
decisões são tomadas pela manifestação conjunta dos Exemplo: diretoria.
membros.
Órgãos ativos/consultivos/de controle: possuem como função
Exemplos: congresso nacional, STF, conselho administrativo de primordial o desenvolvimento de uma administração ativa, de
recursos fiscais. uma atividade consultiva ou de controle sobre outros órgãos.

2.1.3.3. Quanto à posição estatal

Órgãos independentes: aqueles previstos diretamente na CF,


representando os três poderes, nas esferas federal, estadual e
municipal, não sendo subordinados hierarquicamente a

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ADMINISTRAÇÃO INDIRETA • Controle financeiro: os setores financeiro e contábil


da entidade são fiscalizados
É o conjunto de PJ sem autonomia política que, vinculadas à
administração direta, têm a competência para o exercício de Enquanto na administração indireta o controle é finalístico, na

atividades administrativas de forma descentralizada. direta o controle é hierárquico.

A administração indireta compreende:

• Autarquias 1. CARACTERÍSTICAS GERAIS

• Empresas públicas
As autarquias, fundações públicas, SEM e EP apresentam três
• Sociedades de economia mista
características em comum:
• Fundações públicas
• Necessidade de lei específica para serem criadas
Além, a administração indireta ainda contempla os consórcios
• Personalidade jurídica própria
públicos, constituídos sob a forma de associações públicas.
• Patrimônio próprio

Hely Lopes Meireles: a administração indireta é constituída dos


serviços atribuídos a PJ diversas da União, de direito público ou
de direito privado, vinculadas a um órgão da administração 2. AUTARQUIAS
direta, mas administrativa e financeiramente autônomas.
É o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade
A descentralização administrativa está diretamente relacionada jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades
à busca pela eficiência no desempenho das atividades estatais. típicas da administração pública, que requeiram, para seu
A ideia básica é que a criação de uma PJ dotada de autonomia melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira
administrativa, gerencial e financeira, bem como de pessoal descentralizada.
especializado, permite a realização de atribuições de modo
Di Pietro: autarquia é PJ de direito público, criada por lei, com
mais eficiente.
capacidade de autoadministração, para o desempenho de
A vinculação entre a administração indireta e direta se dá pela serviço público descentralizado, mediante controle
supervisão ministerial/tutela administrativa, que tem por administrativo exercido nos termos da lei.
objetivo verificar se as entidades estão cumprindo os
Exemplos de autarquias: agências reguladoras (ANEEL, ANS,
resultados almejados.
ANATEL), conselhos profissionais (CRM, CFO), DNIT, INSS,
De acordo com Carvalho Filho, a supervisão ministerial se universidades federais, banco central e IBAMA.
distribui sobre quatro aspectos:

• Controle político: os dirigentes da administração


2.1. CRIAÇÃO E EXTINÇÃO
indireta são escolhidos e nomeados pela autoridade
competente da administração direta, razão por que A criação depende apenas da edição de uma lei específica (que
exercem função de confiança não precisa versar apenas sobre a criação de determinada
• Controle institucional: obriga a entidade a caminhar autarquia, pode ser uma lei que trata sobre vários assuntos e,
sempre no sentido dos fins para os quais foi criada em determinado artigo, cria a autarquia).
• Controle administrativo: permite a fiscalização dos
A personalidade jurídica das autarquias tem início julgo com a
agentes e das rotinas administrativas da entidade
vigência da lei criadora. A partir daí, as autarquias já são
capazes de contrair direitos e obrigações.
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Pelo princípio da simetria das formas, as autarquias também 2.5. PATRIMÔNIO


devem ser extintas por meio de lei específica.
Bens públicos são aqueles integrantes do patrimônio das
pessoas administrativas de direito público. Logo, os bens das
autarquias são públicos, e gozam de impenhorabilidade,
2.2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
imprescritibilidade e restrições à alienação.

As autarquias desenvolvem atividades próprias e típicas de


Estado, despidas de caráter econômico.
2.6. PESSOAL
A diferença é que a autarquia é criada para prestar
determinado serviço de forma especializada, técnica, com Por força do regime jurídico único, os servidores das autarquias
organização própria. federais devem ser estatutários, contratados através de
concurso público e vedada a acumulação remunerada de
cargos, empregos e funções públicas.

2.3. REGIME JURÍDICO

Por desempenharem atividades típicas de Estado, o regime


2.7. NOMEAÇÃO E EXONERAÇÃO DE DIRIGENTES
jurídico é de direito público, com prerrogativas e sujeições, por
exemplo: A competência para nomear e exonerar é do chefe do poder
executivo. Para a nomeação poderá ser exigida prévia
• Prazos processuais em dobro
aprovação pelo senado (e, pelo princípio da simetria das
• Prescrição quinquenal
formas, pela assembleia legislativa nos estados).
• Pagamento através de precatórios
• Inscrição dos créditos em dívida ativa e cobrança por Porém, para a exoneração, o STF entende que a lei não pode

execução fiscal exigir aprovação legislativa prévia.

• Impenhorabilidade, imprescritibilidade de seus bens e


inalienabilidade
• Imunidade tributária de bens, renda ou serviços 2.8. FORO JUDICIAL COMPETENTE
vinculados a finalidades essenciais das autarquias ou
As causas que envolvem autarquias federais serão processadas
dela decorrentes
e julgadas pela justiça federal. Autarquias estaduais e
• Não sujeição à falência
municipais serão processadas e julgadas pela justiça estadual.

2.4. AUTARQUIAS EM REGIME ESPECIAL


3. FUNDAÇÕES PÚBLICAS
São autarquias dotadas de independência ainda maior que as
A fundação não seria uma pessoa de fato, pois não trabalha no
demais. A lei conferiu prerrogativas específicas e não aplicáveis
interesse próprio; seria sim uma coisa personificada, um
às autarquias gerais, como, por exemplo, a estabilidade relativa
patrimônio administrado, cujas atividades beneficiam um
dos seus dirigentes (mandato por tempo fixo).
conjunto de pessoas indeterminadas.
Exemplos: banco central, CVM e agências reguladoras.
Assim, fundação pública é a entidade dotada de personalidade
jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, com fins sociais,
criada em virtude de autorização legislativa, para o

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desenvolvimento de atividades que não exijam execução por Cumpridos os requisitos, os resultados da sua atividade que
órgãos ou entidades de direito público, com autonomia ultrapassarem os custos de execução não são tratados como
administrativa, patrimônio gerido pelos respectivos órgãos de lucro, mas como superávit, que deverá ser reintegrado na
direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de fundação para pagamento de novos custos operacionais,
outras fontes. sempre de maneira a melhor atender os fins sociais.

Elementos essenciais para a fundação:

• Instituidor, que faz a dotação patrimonial 3.4. REGIME JURÍDICO


• Objeto consistente em atividades de interesse social
As fundações de direito público seguem as mesmas regras das
• Ausência de fins lucrativos
autarquias; já as de direito privado têm caráter híbrido, se
Exemplos: FUNAI, IBGE, FUNASA. sujeitando tanto ao direito privado quanto ao público.

Prazos em dobro e regime de precatórios só se


aplicam às fundações de direito público; já a
3.1. NATUREZA JURÍDICA
imunidade tributária se aplica tanto às de direito

Atualização em 23/09/19: a fundação instituída pelo Estado público quanto de direito privado.

pode estar sujeita ao regime público ou privado, a depender do


estatuto da fundação e das atividades por ela prestadas.
3.5. PATRIMÔNIO

Os bens das fundações públicas são bens públicos; e os bens


3.2. CRIAÇÃO E EXTINÇÃO
das fundações privadas são bens privados, mas é possível que

As fundações de direito público são criadas por lei específica; as alguns dos seus bens se sujeitem a regras de direito público,

de direito privado são apenas autorizadas por lei, necessitando como os bens empregados diretamente na prestação dos

do registro dos atos constitutivos para que adquiram serviços públicos (em razão do princípio da continuidade dos

personalidade jurídica. Pelo princípio da simetria das formas, a serviços públicos).

recíproca é verdadeira para sua extinção.

3.6. PESSOAL

3.3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS


Os servidores das fundações públicas se sujeitam ao regime

As fundações são constituídas para execução de objetivos jurídico único. Assim, as fundações públicas federais seguem o

sociais, atividades de utilidade pública que, de alguma forma, regime estatutário.

produzam benefícios à coletividade, e sem fins lucrativos.


Já os servidores das fundações privadas podem adotar o regime

É comum que as fundações públicas se destinem às seguintes celetista ou o regime jurídico único.

atividades:

• Assistência social
3.7. CONTROLE DO MINISTÉRIO PÚBLICO
• Assistência médica ou hospitalar
• Educação e ensino As fundações públicas se submetem à supervisão

• Pesquisa ministerial/controle finalístico pela administração pública,

• Atividades culturais
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sendo desnecessário o controle feito pelo MP (que é o controle jurídica só ocorre com o registro. Da mesma forma, a extinção
feito nas fundações privadas). se dá por lei autorizadora.

No entanto, isso não significa que o MP não possa fiscalizar.


Pelo contrário, o MP deve fiscalizar, mas em casos de indícios
4.2. SUBSIDIÁRIAS
de irregularidade. Já nas fundações privadas, o MP fiscaliza com
muita rigidez em todos os casos. São empresas controladas pelas estatais, com personalidade
jurídica própria (portanto, não é um órgão da estatal).

A criação de subsidiárias também depende de autorização


3.8. FORO JUDICIAL COMPETENTE
legislativa, que não precisa ser específica. A lei que autorizou a
Se for fundação pública, segue a regra das autarquias. instituição da estatal pode, desde logo, autorizar posterior
instituição de subsidiárias, antecipando o objeto a que se
Em relação às fundações privadas, a doutrina diverge: uma
destinarão.
parte entende que a justiça estadual é competente, e outra
parte entende que a justiça federal será competente quando
envolver fundação federal.
4.3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

São instituídas pelo poder público para o desempenho de


4. EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA atividades de natureza econômica, com finalidade lucrativa, e
MISTA pode ser feito com dois objetivos:

Empresas públicas são PJ de direito privado, integrantes da • Intervenção no domínio econômico: a exploração
administração indireta, criadas por autorização legal, sob direta de atividade econômica pelo Estado só será
qualquer forma jurídica adequada a sua natureza, para que o permitida quando necessária aos imperativos da
governo exerça suas atividades gerais de caráter econômico ou, segurança nacional ou a relevante interesse coletivo,
em certas situações, execute a prestação de serviços públicos. bem como para explorar atividade sujeita a regime
constitucional de monopólio
Exemplos: ECT, casa da moeda, CEF, BNDES, SERPRO, Infraero.
• Prestação de serviços públicos: somente aqueles

Sociedades de economia mista são PJ de direito privado, serviços que poderiam ser prestados também por

integrantes da administração indireta, criadas por autorização particulares. Ou seja, excluem-se os serviços ditos

legal, sob a forma de sociedades anônimas, cujo controle próprios de Estado

acionário pertença ao poder público, tendo por objetivo, como


regra, a exploração de atividades gerais de caráter econômico
e, em algumas ocasiões, a prestação de serviços públicos. 4.4. REGIME JURÍDICO

Exemplos: Banco do Brasil e Petrobrás. As estatais sempre têm personalidade jurídica de direito
privado, independente do seu objeto.

Todavia, estão sujeitas às normas de direito público


4.1. CRIAÇÃO E EXTINÇÃO
decorrentes dos princípios constitucionais (no final, o regime

As estatais têm sua criação autorizada por lei, dependendo acaba sendo híbrido).

ainda de registro de comércio. A aquisição da personalidade


A doutrina majoritária entende que:

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• Estatais que exploram atividade econômica: mais de 4.7. FALÊNCIA E EXECUÇÃO


direito privado
As estatais não se submetem ao processo falimentar,
• Estatais que prestam serviços públicos: mais de direito
independentemente das atividades que desempenham (seja
público
serviço público, seja atividade econômica).
• Estatais que prestam serviços públicos em caráter de
monopólio: direito público, com imunidade tributária

Informativo 910 STF: não se submetem ao regime de precatório 4.8. FORMA JURÍDICA
as empresas públicas dotadas de personalidade jurídica de
As SEM serão necessariamente sociedades anônimas, com
direito privado com patrimônio próprio e autonomia
capital dividido em ações. Já as EP podem assumir qualquer
administrativa que exerçam atividade econômica sem
configuração admitida no direito, inclusive a de sociedade
monopólio e com finalidade de lucro.
anônima.

4.5. PATRIMÔNIO
4.9. COMPOSIÇÃO DO CAPITAL
Os bens das estatais são considerados privados. Em
A SEM é constituída por capital público (maioria do capital
consequência, não possuem prerrogativas próprias de bens
votante) e privado. Já a EP, por capital 100% público.
públicos.

Entretanto, a doutrina diferencia as estatais prestadoras de


serviços públicos, uma vez que os bens afetados diretamente à 4.10. FORO JUDICIAL COMPETENTE
prestação dos serviços públicos recebem tratamento
diferenciado de direito público. Causas que envolvem:

• EP federal: justiça federal


• SEM federal: justiça estadual, salvo se a União for
4.6. PESSOAL
assistente ou oponente
• SEM e EP estadual ou municipal: justiça estadual
Os empregados das estatais são empregados públicos regidos
pela CLT, com vínculo contratual (contrato de trabalho típico),
devendo haver o ingresso por meio de concurso público.
5. CONSÓRCIOS PÚBLICOS
Por serem celetistas, os empregados não gozam de
estabilidade, o que não dispensa a motivação de eventual É PJ formada exclusivamente por entes da federação, para

demissão. estabelecer relações de cooperação federativa (realização de


objetivos de interesse comum), inclusive a realização de
Os dirigentes não serão celetistas, serão regidos pelo direito
objetivos de interesse comum, constituída como associação
comercial. O STF entende que não cabe ao legislativo aprovar a
pública, com personalidade jurídica de direito público e
nomeação dos dirigentes das estatais, ainda que prestadoras
natureza autárquica, ou como PJ de direito privado sem fins
de serviços públicos.
econômicos.

Se diferenciam dos convênios porque os convênios são


despersonificados e podem ser celebrados entre entidades
públicas e privadas. O objeto dos consórcios consiste na

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realização de atividades e metas de interesse comum das Os representantes legais dos consórcios serão
pessoas federativas consorciadas. obrigatoriamente os chefes do poder executivo dos entes da
federação consorciados.
Pode haver, por exemplo, um consórcio entre dois estados,
ente um estado e o DF, municípios e DF, entre a União e vários
estados etc. O que não pode, entretanto, é a União com um
município sem que o estado desse município não esteja no
consórcio.

O consórcio é constituído por contrato, que deverá ter


subscrição prévia de protocolo de intenções e ratificação do
protocolo por lei. O protocolo é uma espécie de contrato
preliminar, que apresenta manifestação formal da vontade do
ente para participar do negócio público. Firmado o protocolo,
ele deve ser ratificado por lei. O legislativo de cada ente da
federação consorciado deverá edital uma lei para ratificar o
protocolo de intenções. Após a ratificação, o protocolo é
convertido no contrato do consórcio público.

O consórcio adquirirá personalidade jurídica:

• De direito público, no caso de constituir associação


pública, mediante a vigência das leis de ratificação do
protocolo
• De direito privado, mediante o atendimento dos
requisitos da legislação civil

Para alteração ou extinção do consórcio, a lei determina que


dependerá de instrumento aprovado pela assembleia geral,
ratificado mediante lei por todos os entes consorciados.

O regime jurídico do consórcio de direito privado é híbrido e


seu quadro de pessoal terá regime celetista. Já o consórcio de
direito público deve observar as normas de direito público e
realizará licitação e concurso público.

A lei admite que os consórcios arrecadem tarifas e outros


preços públicos no caso de prestarem algum serviço público ou
quando administrarem bens públicos cujo uso seja
remunerado.

Os entes consorciados se comprometem a fornecer recursos


financeiros ao consórcio mediante o contrato de rateio,
formalizado em cada exercício financeiro e com prazo de
vigência não superior ao das dotações que o suportam.

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ENTIDADES PARAESTATAIS E TERCEIRO SETOR • Regime jurídico de direito privado, porém


parcialmente derrogado por normas de direito
Como os órgãos da administração direta e indireta não são
público
capazes de suprirem toda necessidade da sociedade surgiram
• Não fazem parte da administração indireta
outras PJ que, embora não integrem a administração pública
• Integram o 3º setor
formal, cooperam com o governo, prestando serviços de
utilidade pública. São as paraestatais.

Paraestatais são aquelas que atuam em colaboração com o 1. SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS (SSA)
Estado, mas não se confundem com ele. São pessoas privadas,
Desempenham atividades de utilidade pública, sem fins
instituídas por particulares, sem fins lucrativos, que exercem
lucrativos, que beneficiam determinados grupos sociais ou
função típica não exclusiva do Estado, se sujeitando ao controle
profissionais, usualmente direcionadas ao aprendizado
do poder público.
profissionalizante e à prestação de serviços assistenciais.
Exemplos: serviços sociais autônomos, organizações sociais,
Exemplos: SESC, SESI, SENAI, SENAC, SEBRAE, SENAR, SEST,
organizações da sociedade civil de interesse púbico e
SENAT, SESCOOP.
organizações da sociedade civil. Todas essas entidades incluem-
se nas organizações não governamentais (ONGs). Os SSA possuem administração e patrimônio próprios e são
constituídos sob a forma de instituições particulares
1º setor – Estado
convencionais (fundações, sociedades civis ou associações).
2º setor – mercado
3º setor – paraestatais A criação depende de autorização em lei e a aquisição da
personalidade jurídica só se dá com a inscrição dos atos
O 3º setor tem por característica prestar atividade de interesse
constitutivos no registro competente. Geralmente a criação dos
público, e, justamente por isso, podem receber incentivos do
SSA é tarefa das confederações nacionais (embora algumas leis
Estado (inclusive recursos públicos); é o que recebe o nome de
recentes tenham autorizado o executivo a instituir essas
fomento. Assim, as paraestatais se sujeitas a algumas normas
entidades).
de direito público, como o controle feito pelo tribunal de
contas. Os SSA são mantidos por contribuições parafiscais dos
contribuintes arrecadadas pela receita federal e repassadas
Uma entidade privada que exerce funções típicas e não
diretamente às entidades, não chegam, sequer, a passar pelo
exclusivas do Estado faz parte do 3º setor, mas não
erário. Sua aplicação deve estar vinculada aos objetivos
necessariamente é uma paraestatal. Para ser configurada como
institucionais da entidade definidos na lei instituidor, sob pena
tal, é necessário que ela receba incentivo do poder público. Ou
de desvio de finalidade passível de controle pelos órgãos
seja, se receber incentivo, será paraestatal; se não receber será
públicos.
somente do 3º setor.
Os contribuintes são as PJ incluídas no setor econômico a que
Num resumo, as entidades paraestatais são:
está vinculada a entidade. Por exemplo: as empresas do

• Entidades privadas instituídas por particulares comércio pagam contribuição para o SESC e SENAC.

• Desempenham serviços não exclusivos do Estado, mas


Di Pietro: os SSA não prestam serviço público delegado pelo
em colaboração com ele
Estado, mas sim atividade privada de interesse público (serviços
• Recebem algum tipo de incentivo público (fomento)
não exclusivos do Estado).
• Se sujeitam ao controle finalístico/ministerial da
administração e do tribunal de contas
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O TCU entende que os SSA não se submetem à lei 8.666/93, • Devem desenvolver atividades dirigidas ao ensino, à
mas devem observar os princípios administrativos para pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à
contratação. Por isso, podem editar regulamentos próprios proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e
(sem que isso gere inovação no ordenamento) para definir as à saúde
regras relativas aos contratos que venham a celebrar.
A qualificação como OS é ato discricionário do poder público,
STF já entendeu que os SSA não precisam realizar concurso dependendo de aprovação do ministério competente para
público para contratar pessoal. supervisionar ou regular a área de atividade correspondente ao
objeto social da entidade.
As entidades dos serviços sociais autônomos não possuem
legitimidade passiva nas ações judiciais em que se discute a Uma vez qualificadas como OS, as entidades serão declaradas
relação jurídico-tributária entre o contribuinte e a União e a como entidades de interesse social e utilidade pública.
repetição de indébito das contribuições sociais recolhidas. Os
A habilitação da entidade privada como OS se dá pela
serviços sociais são meros destinatários de subvenção
assinatura do contrato de gestão com o poder público. É nesse
econômica e, como pessoas jurídicas de direito privado, não
contrato (elaborado de comum acordo) que estarão
participam diretamente da relação jurídico-tributária entre
discriminadas as atribuições, responsabilidades e obrigações do
contribuinte e ente federado. O direito que tais entidades
poder público e da OS.
possuem à receita decorrente da subvenção não gera interesse
jurídico a ponto de justificar a ocorrência de litisconsórcio com As OS também não prestam serviços público delegados pelo
a União. O interesse dos serviços sociais autônomos nesta lide é Estado, mas sim atividade privada de interesse público (serviços
reflexo e meramente econômico. não exclusivos do Estado), em seu próprio nome, com incentivo
do Estado, que pode se dar através de:

• Destinação de recursos orçamentários


2. ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (OS)
• Destinação de bens públicos necessários ao
OS é a qualificação jurídica dada a PJ de direito privado, sem cumprimento do contrato de gestão, dispensada a
fins lucrativos, instituída por iniciativa de particulares, e que licitação, mediante permissão de uso, consoante
recebe a delegação do poder público, mediante contrato de cláusula expressa do contrato de gestão
gestão, para desempenhar serviço de natureza social. • Cessão especial de servidor, devendo o órgão de
origem arcar com a sua remuneração
Ninguém nasce com o nome de OS; a entidade é criada como
associação ou fundação privada, habilita-se perante o poder Em relação ao concurso público, as OS não precisam fazer. E
público e recebe a qualificação. É um título dado e cancelado em relação à licitação:
pelo poder público.
• Quando OS for contratante: não precisa de licitação,
Atenção: OS não é uma categoria de PJ, mas sim mas precisa observar os princípios
uma qualificação atribuída pelo poder público a • Quando OS for contratada: a lei 8.666/93 prevê a
determinadas entidades privadas. dispensa de licitação, desde que o serviço a ser
prestado esteja previsto no contrato de gestão
Assim, o poder executivo poderá qualificar como OS as PJ que
observem três fundamentos: Se for constatado o descumprimento das disposições contidas
no contrato de gestão, o executivo poderá desqualificar a
• Devem ter personalidade jurídica de direito privado
entidade como OS, através de processo administrativo com
• Não podem ter fins lucrativos
ampla defesa. A desqualificação importará na reversão dos

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bens e valores entregues à utilização da OS, sem prejuízo de Além, a entidade só pode ser qualificada como OSCIP se
outras sanções. tiverem sido constituídas e em funcionamento regular há pelo
menos 3 anos.

A entidade interessada em ser qualificada como OSCIP deverá


3. ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE
requerer ao ministério da justiça (sempre será o ministério da
PÚBLICO (OSCIP)
justiça, independente da área de atuação da entidade), e a

OSCIP é a qualificação jurídica dada a PJ de direito privado, sem qualificação é ato vinculado. Ou seja, o ministério só poderá

fins lucrativos, instituídas por iniciativa de particulares, para indeferir o pedido caso a entidade não atenda a algum

desempenhar serviços sociais não exclusivos do Estado, com requisito.

incentivo e fiscalização pelo poder público, mediante vínculo


O vínculo de cooperação entre o poder público e a OSCIP é o
jurídico instituído por meio de termo de parceria.
termo de parceria, que deve prever os direitos e obrigações das

Para qualificação como OSCIP, a entidade deve atuar em pelo partes, como metas, prazos de execução, critérios de avaliação

menos uma dessas finalidades: de desempenho, previsão de receitas e despesas etc.

• Promoção da assistência social, cultura, defesa e As OSCIP não precisam realizar concurso público ou licitação. A

conservação do patrimônio histórico e artístico lei não prevê a dispensa de licitação para o poder público

• Promoção gratuita da educação e saúde contratar com as OSCIP, só com as OS; portanto, se o poder

• Promoção da segurança alimentar e nutricional público for contratar uma OSCIP, deverá licitar.

• Defesa, preservação e conservação do meio ambiente


Na hipótese de descumprimento do termo de parceria, a OSCIP
e promoção do desenvolvimento sustentável
poderá ser qualificada por processo administrativo ou judicial,
• Promoção do voluntariado
com ampla defesa em ambos.
• Promoção do desenvolvimento econômico e social e
combate à pobreza OS OSCIP

• Experimentação, não lucrativa, de novos modelos Contrato de gestão Termo de parceria

sócio produtivos e de sistemas alternativos de Qualificação é discricionária Qualificação é vinculada

produção, comércio, emprego e crédito Qualificação depende de

• Promoção de direitos estabelecidos, construção de aprovação pelo ministro de


Qualificação é concedida pelo
novos direitos e assessoria jurídica gratuita de estado ou titular do órgão
ministério da justiça
interesse suplementar supervisor ou regulador da

• Promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos área de atividade

humanos, da democracia e de outros valores Desqualificação pode ser feita

universais a pedido da própria entidade,


Desqualificação é feita pelo
• Estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias por iniciativa de qualquer
executivo em processo
alternativas, produção e divulgação de informações e cidadão ou do MP, em
administrativo
conhecimentos técnicos e científicos que digam processo administrativo ou

respeito às atividades antes mencionadas judicial

• Estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a


disponibilização e a implementação de tecnologias
voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio
de transporte

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4. ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL (OSC) 4.2. CHAMAMENTO PÚBLICO

A administração pública poderá firmar parceria com as OSC, em Como regra, a celebração de termos de colaboração ou de
regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades termos de fomento depende da prévia realização de
de interesse público e recíproco, mediante a execução de chamamento público, exceto aquelas que envolvam recursos
atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos decorrentes de emendas parlamentares às leis orçamentárias
de trabalho inseridos em termos de colaboração, em termos de anuais.
fomento ou em acordos de cooperação.
Entretanto, os acordos de cooperação serão celebrados em
A lei das OSC institui normas gerais aplicáveis às três esferas de chamamento público, exceto quando o objeto envolver a
governo, podendo os entes estabelecer normas próprias e celebração de comodato, doação de bens ou outra forma de
específicas, respeitando as normas gerais. compartilhamento de recurso patrimonial.

Em relação à administração pública, a lei abrange os órgãos da O chamamento público é um procedimento destinado a
administração direta da U/E/DF/M, assim como as autarquias, selecionas a OSC para firmar parceria, de modo a tornar mais
fundações e estatais que prestem serviços públicos. eficaz a execução do objeto, no qual se garanta a observância
dos seguintes princípios:
Em relação às OSC, são todas as do 3º setor que façam parceria
com o poder público. O termo “organizações da sociedade civil” • Isonomia
compreende: • Legalidade
• Impessoalidade
• Entidade privada sem fins lucrativos
• Moralidade
• Sociedades cooperativas
• Igualdade
• Organizações religiosas
• Publicidade
A lei 13.019 não se aplica aos contratos de gestão • Probidade administrativa
celebrados com OS, aos termos de parceria • Vinculação ao instrumento convocatório
celebrados com OSCIP, nem às parcerias com SSA. • Julgamento objetivo

O chamamento público envolve as seguintes fases: instrumento


convocatório → julgamento e classificação → homologação →
4.1. FORMALIZAÇÃO DAS PARCERIAS
habilitação. Aqui existe a inversão de fases, assim como no

As parcerias entre a administração e as OSC devem ser pregão (julgamento vem antes da habilitação).

formalizadas por meio de:

TERMO DE ACORDO DE
TERMO DE COLABORAÇÃO 4.3. CONTRATAÇÕES REALIZADAS PELA OSC
FOMENTO COOPERAÇÃO
Tem por finalidade a consecução de atividades de interesse
A lei não exige que a OSC faça licitação conforme a lei 8.666/93,
público e recíproco
Proposto pela nem que siga os procedimentos de regulamento próprio para
Proposto pela administração Proposto
administração empregar os recursos transferidos pela administração pública.
pública pela OSC
ou pela OSC
A OSC é quem irá escolher onde e como aplicar os recursos da
Há Não há
Há transferência de recursos transferência transferência parceria, respeitando os termos do plano de trabalho e as
financeiros de recursos de recursos demais cláusulas do termo de fomento ou de colaboração.
financeiros financeiros

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Apesar de não precisar seguir a lei 8.666/93, a OSC deve AGÊNCIAS EXECUTIVAS E REGULADORAS
observar a transparência na aplicação dos recursos públicos,
bem como os princípios da legalidade, legitimidade, São grupos especiais de autarquias, denominadas agências, que
podem ser classificadas em:
impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade,
eficiência e eficácia.
• Executivas: função de executar certas atividades
administrativas típicas de Estado
• Reguladoras: função de controle e fiscalização de
4.4. PRESTAÇÃO DE CONTAS pessoas privadas incumbidas da prestação de serviços
públicos delegados sob a forma de concessão ou
A OSC deve prestar contas à administração com a finalidade de
permissão
demonstrar a boa e regular aplicação dos recursos recebidos,
especialmente no que tange ao cumprimento do objeto da
parceria e ao alcance das metas e dos resultados previstos.
1. AGÊNCIAS EXECUTIVAS

É a qualificação que poderá ser conferida pelo poder público às


5. ENTIDADES DE APOIO autarquias e fundações públicas que com ele celebrem
contrato de gestão e atendam a certos requisitos.
Di Pietro: entidades de apoio são PJ de direito privado, sem fins
lucrativos, instituídas por servidores públicos, porém em nome Por meio do contrato de gestão (com periodicidade mínima de
próprio, sob a forma de fundação, associação ou cooperativa, 1 ano), os órgãos e entidades assumem o compromisso de
para a prestação, em caráter privado, de serviços sociais não cumprir determinadas metas e, em contrapartida, ganham
exclusivos do Estado, mantendo vínculo jurídico com entidades maior liberdade de atuação, por meio da ampliação da sua
da administração direta ou indireta, em regra por meio de autonomia gerencial, orçamentária e financeira. Os controles
convênio. são menos rígidos, sobretudo nas atividades-meio, e se voltam
para o controle finalístico, de atingimento de resultados.
Num resumo, são características das entidades de apoio:

Além de celebrar o contrato de gestão, a autarquia ou


• Personalidade jurídica de direito privado
fundação pública deverá ter um plano estratégico de
• São constituídas sob a forma de fundação
reestruturação e de desenvolvimento institucional em
(normalmente é fundação), associação ou cooperativa
andamento. Após a celebração do contrato, o reconhecimento
• São instituídas por servidores públicos
como agência executiva é feito por decreto do chefe do
• Não têm fins lucrativos
executivo. Se a entidade descumprir os requisitos e exigências
• Prestam serviços não exclusivos do Estado, em caráter
previstos no contrato, poderá ocorrer a desqualificação,
privado
também mediante decreto.
• Estabelecem vínculo com a administração pública
mediante convênio Nas compras, obras e serviços contratados por agências
executivas, a licitação é dispensável quando o valor do contrato
é de até 20% do valor máximo admitido para a modalidade
convite.

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2. AGÊNCIAS REGULADORAS 3. PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AGÊNCIAS EXECUTIVAS E


REGULADORAS
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo: agências reguladoras são
entidades administrativas com alto grau de especialização AGÊNCIAS EXECUTIVAS AGÊNCIAS REGULADORAS
técnica, integrantes da estrutura formal da administração Podem ser autarquias ou São autarquias sob regime
fundações públicas especial
pública, instituídas como autarquias sob regime especial, com a
Trata-se de denominação
função de regular um setor específico de atividade econômica Trata-se de qualificação
utilizada pela doutrina e em
formal
ou um determinado serviço público, ou de intervir em certas leis administrativas
Não é uma qualificação
relações jurídicas decorrentes dessas atividades, que devem
A qualificação formal como formal, atribuída por algum
atuar com a maior autonomia possível relativamente ao poder agência executiva tem ato administrativo, com
executivo e com imparcialidade perante as partes interessadas consequências jurídicas consequências jurídicas
(Estado, setores regulados e sociedade). definidas (ampliação de definidas. O grau de
autonomia) e é conferida à autonomia da entidade
Embora todas as agências reguladoras até hoje instituídas na autarquia ou à fundação depende dos instrumentos
pública mediante decreto específicos que a respectiva
esfera federal tenha adotado a forma de autarquia sob regime lei instituidora estabeleça
especial, não há essa obrigatoriedade. É possível, inclusive, que Pode ocorrer a
sejam órgãos despersonalizados integrantes da administração desqualificação da entidade,
mediante decreto, o que nada Não existe a figura da
direta.
afeta a natureza da entidade, desqualificação
que continua sendo a mesma
Existem dois tipos de agências reguladoras:
autarquia ou fundação pública
A celebração do contrato de A lei instituidora pode ou não
• As que exercem o poder de polícia, com a imposição
gestão é condição obrigatória impor a celebração de
de limitações administrativas, fiscalização e repressão para a qualificação contrato de gestão
• As que regulam e controlam as atividades que Uma autarquia qualificada É possível uma agência
como agência executiva pode reguladora ser qualificada
constituem objeto de concessão, permissão ou
ou não ser uma agência como agência executiva, caso
autorização de serviço público ou de concessão para reguladora preencha os requisitos legais
exploração de bem público

No exercício da função regulatória, as agências podem editar


normas, exercer fiscalização sobre as empresas
concessionárias, aplicar sanções, solucionar conflitos entre as
empresas e os clientes e solucionar reclamações dos
consumidores.

Os ex dirigentes (que têm mandato fixo e só perdem em caso


de renúncia, condenação judicial transitada em julgado ou PAD)
devem se submeter à quarentena, ficando impedido para o
exercício de atividades ou de prestar qualquer serviço no setor
regulado pela respectiva agência, por um período de 4 meses,
contados da exoneração ou do término do mandato. A
jurisprudência também não aceita o inverso, ou seja, o diretor
da empresa não pode ser dirigente de agência reguladora pelo
período dos 4 meses seguintes.

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PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA decisões justas e plausíveis, sob pena de anulação (pela própria
administração ou pelo judiciário).
Os poderes são prerrogativas de direito público que decorrem
do princípio da supremacia do interesse público, a fim de Quando a administração viola os princípios da
permitir que o Estado alcance seus fins. proporcionalidade e razoabilidade em um ato
discricionário, esse ato será ilegítimo (e não
Como regra, os poderes são concedidos por lei para viabilizar o
inoportuno e inconveniente) e deverá ser anulado.
atingimento do objetivo finalístico do Estado: satisfazer o
interesse público. Carvalho Filho: a atuação do judiciário deve se concentrar nos
aspectos vinculados do ato (competência, finalidade e forma),
ou seja, naqueles sobre os quais o agente não tem liberdade de

1. PODER VINCULADO escolha. Assim, o judiciário não tem liberdade para aferir os
critérios e oportunidade e conveniência firmados em
Se relaciona com a prática de atos vinculados, cuja forma está
conformidade com os parâmetros legais, sob pena de
inteiramente regulada por lei. Não admitem juízo de
caracterizar afronta à separação dos poderes.
conveniência e oportunidade (mérito). O agente deve agir nos
exatos termos da lei, sem margem de escolha. É um poder-
dever, uma vez que o administrador não escolhe, mas sim
3. PODER HIERÁRQUICO
obedece à lei.
Uma relação de hierarquia se caracteriza pela existência de
níveis de subordinação entre órgãos e agentes, sempre no

2. PODER DISCRICIONÁRIO âmbito da mesma PJ.

Como a lei não consegue definir rigidamente todas as condutas O poder hierárquico é aquele que permite ao superior

do administrador, ela permite que ele faça uma valoração de hierárquico exercer determinadas prerrogativas sobre seus

conduta em várias situações. É o poder da administração de subordinados, especialmente as de dar ordens, fiscalizar,

praticar atos discricionários, cuja execução admite certa controlar, aplicar sanções, delegar e avocar competências.

margem de flexibilidade por parte dos agentes. É um poder de


Por outro lado, os subordinados têm o dever de obediência,
fato, uma vez que deve ser escolhido com base no interesse da
salvo quando as ordens forem manifestamente ilegais.
coletividade.
Como decorrência do poder de fiscalizar, existe o poder de
O juízo de conveniência e oportunidade é o mérito
controle (de ofício ou a requerimento), em que o superior deve
administrativo. O poder discricionário admite a revogação de
adotar medidas concretas quando constatar a prática dos atos.
atos discricionários (só pela administração) com base no
O poder de controle compreende:
mérito.
• Manutenção de atos válidos, convenientes e
Apesar de a lei permitir um juízo de valoração, ela
oportunos
estabelece um limite. Por exemplo: a lei permite
• Convalidação de atos com defeitos sanáveis
uma prorrogação de prazo até 15 dias. Assim, o
• Anulação de atos ilegais
administrador escolhe se prorroga ou não, e se
• Revogação de atos válidos, discricionários,
prorrogar, até quantos dias, limitados a 15.
inoportunos e inconvenientes

Além disso, o administrador deve se pautar também nos


Decorrem também as sanções disciplinares, que são aquelas
princípios da razoabilidade e proporcionalidade, emitindo
aplicadas aos servidores públicos que cometem infrações
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funcionais (sanções aplicadas aos particulares não têm como • Punir internamente as infrações funcionais de seus
fundamento o poder hierárquico). O poder hierárquico só tem servidores
alcance interno. • Punir infrações administrativas cometidas por
particulares a ela ligados mediante algum vínculo
Com base no poder hierárquico, o superior poderá:
específico (contrato, convênio etc)

Delegar competências: o superior transfere o exercício


No poder hierárquico, a administração distribui e
temporário de algumas das suas atribuições a um subordinado
escalona as suas funções executivas; já no uso do
ou a alguém do mesmo nível hierárquico.
poder disciplinar, ela controla o desempenho dessas
É ato discricionário e revogável a qualquer tempo. A delegação funções e a conduta interna dos seus servidores,
só transfere o exercício, mas a titularidade da competência responsabilizando-os pelas faltas cometidas. O
permanece na titularidade do superior. poder de polícia atinge todas as pessoas que
exerçam atividades que possam, de alguma forma,
Atos que não podem ser delegados:
acarretar risco ou transtorno à sociedade.

• Atos políticos
O poder disciplinar comporta certo grau de discricionariedade,
• Funções típicas de cada poder
especialmente na gradação (ou até mesmo escolha) da
• Competência exclusiva
penalidade (e não ao dever de punir).
• Edição de atos normativos
• Decisão de recursos administrativos O que marca o início do poder disciplinar e o fim do hierárquico
é a abertura do processo administrativo para apurar a
Avocar competências: o superior atrai para si o exercício
responsabilidade pela prática de uma irregularidade
temporário de algumas atribuições do subordinado. A avocação
administrativa.
só transfere o exercício, mas a titularidade da competência
continua sendo do subordinado. Atos de competência exclusiva
não podem ser avocados.
5. PODER REGULAMENTAR
Não existe hierarquia entre:
É a faculdade que os chefes do executivo têm para editar atos

• Pessoas jurídicas diferentes (Estados e Municípios, por administrativos normativos, que se materializa na edição de:

exemplo)
• Decretos de execução e regulamentos: decretos de
• Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
execução ou decretos regulamentares que definem
• Administração e os administrados (particulares)
procedimentos para a fiel execução das leis

A hierarquia só existe na Administração e entre os órgãos e não • Decretos autônomos: dispõem sobre determinadas

depende de lei, é inerente à organização administrativa, com matérias de competência dos chefes do executivo,
caráter irrestrito, permanente e automático. que não são disciplinadas em lei

Atenção: outros regulamentos (autorizados)


expedidos por outras pessoas que não sejam chefes
4. PODER DISCIPLINAR
do executivo (PR, governadores e prefeitos) não

É a possibilidade de a Administração aplicar sanções àqueles decorrem do poder regulamentar, que é privativo e

que, submetidos à sua ordem administrativa interna, cometem exclusivo do executivo. Os regulamentos expedidos

infrações. A Administração pode: por outras pessoas decorrem do poder normativo

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da administração pública, que é mais amplo do que 5.3. REGULAMENTOS AUTORIZADOS


o regulamentar.
São aqueles em que o executivo, por expressa autorização da
lei, completa as disposições dela constantes, e não
simplesmente a regulamenta, especialmente em matérias de
5.1. DECRETOS DE EXECUÇÃO OU REGULAMENTARES
natureza técnica. Típico exemplo são as normas editadas pelas

São regras editadas pelo chefe do executivo com vistas a agências reguladoras. Uma vez que podem ser editadas por

permitir a fiel execução das leis (não podem inovar o direito) órgãos e entidades de natureza técnica (e não pelos chefes do

que envolvam a atuação da administração pública. A executivo), esses regulamentos são manifestações do poder

competência para edição dos decretos é indelegável. normativo.

Carvalho Filho: é legítima a fixação de obrigações subsidiárias, Doutrina e jurisprudência majoritárias: os regulamentos

diversas das obrigações primárias contidas na lei, desde que as autorizados, embora não possuam base constitucional,

novas obrigações guardem consonância com as obrigações representam uma necessidade do mundo moderno,

legais. extremamente dinâmico e complexo, que torna impossível ao


legislativo dar conta de todas as demandas de regulamentação
Os decretos de execução ou regulamentares são normas de existentes.
caráter geral e abstrato, não possuindo destinatários
determinados; incidem sobre todos que se enquadrem nas REGULAMENTOS REGULAMENTOS DE
AUTORIZADOS EXECUÇÃO
hipóteses previstas.
Não tem previsão expressa na Previsão no art. 84, IV, CF
CF
Efetivamente completam a lei,
veiculam disposições que não
5.2. DECRETOS AUTÔNOMOS Não podem, na teoria, inovar
constam da regulação legal,
o direito, de forma alguma
nem mesmo implicitamente;
São regulamentos editados pelo chefe do executivo na inovam o direito
qualidade de atos primários, derivados da CF. Ou seja, não São editados por órgãos e
São de competência privativa
regulamentam lei. Os decretos autônomos só podem ser feitos entidades administrativos de
do chefe de executivo, é
perfil técnico, conforme
para dispor sobre: indelegável
autoriza a lei
Dispõem sobre matérias de Não se restringem a assuntos
• Organização e funcionamento da administração
índole técnica pertinentes à de ordem técnica, podendo
federal, quando não implicar aumento de despesa área de atuação do órgão ou tratar de qualquer assunto
nem criação ou extinção de órgãos públicos entidade que os edita administrativo

• Extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos

5.4. CONTROLE DOS ATOS REGULAMENTARES


Essas matérias só podem ser tratadas por ato do executivo;
estão fora do legislativo. Ao contrário dos decretos de execução Caso o executivo extrapole os limites da lei no exercício do
ou regulamentares, os autônomos podem ser delegados a poder regulamentar, o congresso nacional poderá sustar os
outra autoridade administrativa (para os ministros de Estado, atos normativos.
PGR ou AGU).
Art. 49, V, CF: é da competência exclusiva do congresso
nacional sustar os atos normativos do executivo que exorbitem
do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa.

O judiciário e a administração podem também controlar esses


atos, anulando os considerados ilegais ou ilegítimos.
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6. PODER DE POLÍCIA polícia. Ou seja, deve decorrer da realização de atividades ou


diligências públicas no interesse do contribuinte. Não é
É a faculdade que dispõe a administração para condicionar ou
necessária a fiscalização de “porta em porta” (não é
restringir o uso de bens, o exercício de direitos e a prática de
necessariamente presencial), mas pode ser feita em local
atividades privadas, com vistas a proteger os interesses da
remoto, com auxílio de instrumentos e técnicas que permitam
coletividade.
o exame da conduta do agente fiscalizado. Assim, o exercício de

Ao exercer o poder de polícia, a administração está praticando poder de polícia é considerado presumido, desde que exista um

um ato administrativo sujeito ao controle de legalidade pelo órgão com competência e estrutura capaz de fiscalizar a

judiciário. atividade.

Qualquer medida restritiva adotada com base no poder de O prazo prescricional das ações punitivas decorrentes do poder

polícia deve observar o devido processo legal, assegurando ao de polícia é de 5 anos, contados da data da prática do ato ou,

administrado o direito à ampla defesa, bem como devem ser no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que

observados os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. tiver cessado. Se o ato também constituir crime, será aplicada a
prescrição penal.
O poder de polícia pode ser:

Preventivo: o particular precisa de anuência prévia da


administração para utilizar determinados bens ou exercer 6.1. FASES DO PODER DE POLÍCIA (CICLO DE POLÍCIA)

determinadas atividades privadas que possam afetar a


A doutrina e a jurisprudência classificam quatro fases para o
coletividade. Essa anuência é formalizada nos atos de
exercício do poder de polícia:
consentimento:
• Legislação ou ordem: é a legislação que estabelece os
• Licença: vinculado e definitivo. A administração
limites e condições necessárias para o exercício da
reconhece que o particular preenche as condições
atividade ou uso dos bens por parte dos particulares.
para usufruir determinado direito (exemplos: licença
Exemplo: normas de vigilância sanitária
para exercício da profissão, licença para construção
• Consentimento: é a fase em que a administração dá o
em terreno próprio)
consentimento para que o particular pratique certa
• Autorização: discricionário e precário. A administração
atividade ou para que utilize o bem segundo a ordem
autoriza o particular a exercer determinada atividade
de polícia em vigor. Exemplo: licença para dirigir,
que seja de seu interesse, e não do seu direito
autorização para construir
(exemplos: uso especial de bem público, interdição de
• Fiscalização: aqui a administração verifica se o
rua para realização de eventos, trânsito por
particular está cumprindo as regras estabelecidas na
determinados locais e porte de arma)
ordem de polícia. Exemplo: o fiscal vai até o açougue

Repressivo: se refere à aplicação de sanções administrativas a verificar se o estabelecimento cumpre a legislação

particulares pelo descumprimento de normas de ordem sanitária

pública, como: multas administrativas, interdição de • Sanção: consiste na aplicação das penalidades

estabelecimentos comerciais, suspensão do exercício de administrativas para quem descumpriu a ordem de

direitos, demolição de construções irregulares, embargo polícia. Exemplo: o fiscal constata que o açougue não

administrativo de obra, apreensão de mercadorias piratas etc está acondicionando de forma adequada as carnes e
aplica multa
Em relação às taxas, a jurisprudência destaca que a taxa de
polícia deve sempre decorrer do efetivo exercício do poder de

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As fases de ordem e fiscalização estão presentes em todo ato 7. ABUSO DE PODER


de poder de polícia. Já as fases de consentimento e sanção
As prerrogativas da administração não são absolutas, se
estão presente em alguns, mas não em todos.
sujeitam a limites e devem ser usadas na medida em que sejam
O STJ entende que as fases de consentimento e fiscalização necessárias para atingir os fins públicos que as justificam. O
podem ser delegadas a entidades com personalidade jurídica exercício das prerrogativas conferidas à administração fora
de direito privado integrantes da administração pública. Já as desses limites configura o abuso de poder (considerada
fases de ordem de polícia e de sanção não podem ser ilegalidade).
delegadas.
O abuso de poder é gênero e tem como espécies, e pode se dar
Já a delegação do poder de polícia a pessoas privadas não na forma comissiva (por ação) ou omissiva:
integrantes da administração pública formal não é possível de
• Excesso de poder: vício de competência ou atuação
forma alguma, ainda que efetuada por meio de lei.
desproporcional. Ocorre quando o agente atua fora
Já o STF, que antes entendia não ser cabível a delegação do dos limites da sua competência, invadindo a
poder de polícia em qualquer hipótese, agora entende que é competência de outro agente, ou quando, ainda que
constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, competente, o agente atua de forma desproporcional
a PJ de direito privado integrantes da administração indireta de • Desvio de poder: vício de finalidade. Ocorre quando o
capital social majoritariamente público que prestem agente, embora competente, pratica ato contrário à
exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e finalidade explícita ou implícita na lei que determinou
em regime não concorrencial. ou autorizou sua atuação

6.2. ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA

Os atributos são:

• Discricionariedade: a administração possui, em regra,


certa liberdade de atuação
• Autoexecutoriedade: é a possibilidade de que certos
atos administrativos sejam executados de forma
imediata e direta pela própria administração,
independentemente de ordem judicial
• Coercibilidade: é a possibilidade de as medidas
adotadas pela administração serem impostas ao
administrado, inclusive mediante o emprego da força
e independentemente de prévia autorização judicial

Nem todos os atos de polícia têm a


autoexecutoriedade e coercibilidade

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AGENTES PÚBLICOS Os políticos também não são hierarquizados, salvo os ministros


e secretários estaduais e municipais, que são ligados aos chefes
Todas as atividades da administração são exercidas por PF do executivo por relação hierárquica.
lotadas nos órgãos e entidades (conforme a teoria do órgão).
Essas pessoas são chamadas de agentes públicos.

Hely Lopes Meirelles: agentes públicos são todas as PF 1.2. AGENTES ADMINISTRATIVOS

incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exercício de


São os vinculados aos órgãos e entidades por relações
alguma função estatal atribuída a órgão ou a entidade da
profissionais e remuneradas, sujeitos à hierarquia funcional e
administração pública.
ao regime jurídico determinado pela entidade a que servem.

Lei 8.429/92: agente público é todo aquele que exerce, ainda São classificados em:

que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,


Servidores públicos: são agentes que mantêm relação funcional
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma
com o Estado em regime estatutário; são titulares de cargos
de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função
públicos, efetivos ou em comissão, sujeitos a regime jurídico de
nos órgãos e entidades da administração pública.
direito público.

Empregados públicos: são agentes que mantêm relação

1. ESPÉCIES DE AGENTES POLÍTICOS funcional com o Estado em regime contratual trabalhista

1.1. AGENTES POLÍTICOS (celetista), regido pela CLT; são ocupantes de empregos
públicos, sujeitos a regime jurídico de direito privado.
Ocupam os primeiros escalões do poder públicos, aos quais
incumbe a elaboração de normas legais e diretrizes de atuação Temporários: são agentes contratados por tempo determinado

governamental. Têm funções de direção, orientação e para atender a necessidade temporária de excepcional

supervisão geral da administração pública. São eles: interesse público; não têm cargo e nem emprego público, mas
exercem uma função pública temporária e remunerada, com
• Chefes do executivo: PR, governadores e prefeitos vínculo contratual com a administração (não de natureza
• Auxiliares imediatos dos chefes do executivo: trabalhista ou celetista, mas sim de um contrato especial de
ministros, secretários estaduais e municipais direito público).
• Membros do legislativo: senadores, deputados e
vereadores
• Membros da magistratura, do MP e do tribunal de
1.3. AGENTES HONORÍFICOS
contas e representantes diplomáticos (essas
categorias ainda não são pacíficas, parte da doutrina São cidadãos convocados, designados ou nomeados para

minoritária não considera como políticos) prestar, transitoriamente, determinados serviços relevantes ao
Estado, em razão de sua condição cívica, honorabilidade ou
Os agentes políticos atuam com plena liberdade funcional,
notória capacidade profissional, mas sem qualquer vínculo
desempenhando suas atribuições com prerrogativas e
empregatício ou estatutário, e normalmente sem remuneração.
responsabilidades estabelecidas na CF ou em leis especiais.
Assim, não se sujeitam a eventual responsabilização civil por
erros de atuação, a menos que tenham agido com culpa
1.4. AGENTES DELEGADOS
grosseira, má-fé ou abuso de poder.
São particulares que recebem a incumbência da execução de
determinada atividade, obra ou serviço público e o realizam em
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nome próprio, por sua conta e risco, mas segundo as normas 2. NORMAS CONSTITUCIONAIS SOBRE AGENTES PÚBLICOS
do Estado e sob a fiscalização deste. A remuneração é paga 2.1. CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICOS
pelos usuários do serviço, e não pelo Estado.
Os agentes ocupam cargos ou empregos ou exercem funções.
Aqui entram os funcionários das concessionárias e
Cargo público: é o lugar ou a posição jurídica a ser ocupado
permissionárias de obras e serviços públicos, leiloeiros,
pelo agente na estrutura da administração.
tradutores e intérpretes públicos etc.

Art. 3º, lei 8.112/90: cargo público é o conjunto de atribuições


e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que
1.5. AGENTES CREDENCIADOS devem ser cometidas a um servidor.

São os que recebem a incumbência da administração para Art. 3º, p.ú., lei 8.112/90: os cargos públicos, acessíveis a todos
representa-la em determinado ato ou praticar certa atividade os brasileiros, são criados por lei, com denominação própria e
específica, mediante remuneração do poder público. vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em
caráter efetivo ou em comissão.

Os cargos públicos são ocupados por servidores públicos dos


1.6. AGENTES DE FATO
órgãos e entidades de direito público, isto é, administração

A doutrina dá destaque aos agentes de fato, isto é, aqueles que direta, autarquias e fundações públicas, e podem ser:

se investem da função pública de forma emergencial ou


• De provimento efetivo: mediante concurso público
irregular. Podem ser classificados em:
(estatutários e enquadrados no RPPS)

• Necessários: exercem a função em razão de situações • Em comissão: livre nomeação e exoneração

excepcionais (estatutários e enquadrados no RGPS)

• Putativos: são os que têm aparência de agente


Emprego público: também é o lugar que o agente ocupa, mas o
público, sem o ser de direito
ocupante é o empregado, que tem vínculo contratual regido

Em regra, os atos praticados por agente de fato são válidos, pela CLT.

levando-se em consideração a teoria da aparência, pela qual os


Os empregos públicos são ocupados por empregados públicos
atos dos agentes de fato devem ser convalidados, pois,
da administração direta e indireta; são mais comuns nas
aparentemente, na visão de terceiros de boa-fé, seriam agentes
entidades administrativas de direito privado, isto é, empresas
públicos de direito.
públicas, SEM e EP de direito privado.

Embora a investidura seja irregular, os agentes putativos


Função pública: é o conjunto de atribuições às quais não
trabalharam em suas funções, e, por isso, não há o que se falar
necessariamente corresponde a um cargo ou emprego. É um
em devolução da remuneração que receberam como
conceito residual, em que a CF traz duas situações:
retribuição pecuniária.
• Servidores temporários: contratados por tempo
determinado para atender a necessidade temporária
de excepcional interesse público
• Funções de confiança: são funções de natureza
permanente, correspondentes a chefia, direção e
assessoramento ou outro tipo de atividade para qual
o legislador não crie cargo respectivo. São exercidas
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exclusivamente por servidores ocupantes de cargo 2.3. CONCURSO PÚBLICO


efetivo
Art. 37, II, CF: a investidura em cargo ou emprego público
depende de aprovação prévia em concurso público de provas
ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
2.2. ACESSO A CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES PÚBLICOS
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,

Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis a ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado

brasileiros e estrangeiro. em lei de livre nomeação e exoneração.

Art. 37, I, CF: os cargos, empregos e funções públicas são A exigência do concurso se aplica para cargos e empregos

acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos públicos (funções não!) de provimento efetivo, abrangendo a

estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da administração direta e a indireta.

lei.
Exceções à regra do concurso público:

A restrição eventualmente imposta ao acesso a determinado


• Nomeação para cargos em comissão
cargo público deve sempre guardar correspondência com a real
• Contratação de pessoal por tempo determinado para
necessidade para o exercício da função. Assim, a lei, ao
atender a necessidade temporária de excepcional
estabelecer os requisitos para o acesso aos cargos, empregos e
interesse público
funções públicas, deve observar os princípios da isonomia,
• Contratação de agentes comunitários de saúde e
razoabilidade e impessoalidade.
agentes de combate às endemias, os quais devem ser
Súmula 683 STF: o limite de idade para a inscrição em concurso admitidos por meio de processo seletivo simplificado,
público só se legitima quando possa ser justificado pela que não se confunde com concurso
natureza das atribuições do cargo a ser preenchido. • Cargos eletivos (prefeitos, governadores, deputados
etc)
O STF não admite que se obste a participação de mulheres nos
• Ex-combatentes
concursos públicos para acesso aos quadros da PM sem que
haja qualquer justificativa na legislação de regência, tampouco Concursos que serão necessariamente de provas e títulos:
no edital.
• Membros da magistratura
STJ: é possível a definição de limite máximo e mínimo de idade, • Membros do MP
sexo e altura para o ingresso na carreira militar, levando-se em • Integrantes da advocacia pública
conta as peculiaridades da atividade exercida, desde que haja • Integrantes das defensorias
previsão em lei específica e no edital do concurso público. • Profissionais da educação escolar das redes públicas

Súmula vinculante 44: só por lei se pode sujeitar a exame Art. 37, III, CF: o prazo de validade de um concurso público será
psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público. de até 2 anos, prorrogável uma vez, por igual período.

Quando a lei impõe determinada exigência, ela deve ser aferida O prazo de validade é contado a partir da homologação do
no momento da posse, e não no ato de inscrição no concurso concurso pela autoridade competente. O ato de prorrogar é
ou em qualquer de suas etapas. Exceções: juízes e promotores discricionário; mas, se houver prorrogação, o prazo deverá ser
devem comprovar 3 anos de efetiva atividade jurídica no obrigatoriamente idêntico ao prazo inicial estipulado no edital.
momento da inscrição no concurso; e o limite máximo de idade
Art. 37, IV, CF: durante o prazo improrrogável previsto no edital
deve ser comprovado no momento da inscrição no concurso.
de convocação, aquele aprovado em concurso público de

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provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade Assim, os atos de nomeação ou contratação para cargos ou
sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na empregos efetivos que não tenham sido precedidos de
carreira. concurso, ou que tenham ocorrido após o transcurso do prazo
de validade, são eivados de ilegalidade e, assim, poderão ser
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino: durante o prazo de
anulados pela própria administração ou pelo judiciário,
validade de um concurso, aqueles nele aprovados devem ser
implicando o desligamento das pessoas ilegalmente admitidas.
convocados para assumir o respectivo cargo ou emprego antes
Entretanto, a remuneração recebida por essas pessoas em
que se convoque qualquer candidato aprovado em um novo
razão do serviço efetivamente prestado não precisará ser
concurso realizado para o mesmo cargo ou emprego. Frise-se
devolvida, sob pena de enriquecimento ilícito do Estado.
que essa regra só se aplica enquanto o primeiro concurso
estiver dentro do seu prazo de validade. Súmula 684 STF: é inconstitucional o veto não motivado à
participação de candidato a concurso público.
Art. 12, §2º, lei 8.112/90: não se abrirá novo concurso
enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior STF: candidato aprovado em concurso público dentro do
com prazo de validade não expirado. número de vagas indicado no edital tem direito subjetivo de ser
nomeado, observado o prazo de validade do concurso. Da
Súmula 15 STF: dentro do prazo de validade do concurso, o
mesma forma, o candidato aprovado fora das vagas tem direito
candidato aprovado tem o direito à nomeação, quando o cargo
à nomeação em razão da desistência de candidatos
for preenchido sem observância da classificação.
classificados em colocação superior, passando a estar dentro

Art. 37, VIII, CF: a lei reservará percentual dos cargos e do número das vagas.

empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e


STJ: ainda que o edital só preveja cadastro reserva, caso a
definirá os critérios de sua admissão (de 5% a 20% – se o
administração convoque determinado número de candidatos, a
mínimo de 5% resultar em número fracionado, este deverá ser
desistência dos candidatos convocados gera, para o seguinte,
elevado até o primeiro número inteiro subsequente).
na ordem de classificação, direito subjetivo à nomeação para as

Se um candidato inscrito como portador de deficiência obtiver vagas não ocupadas.

pontuação suficiente para ser classificado na lista geral, ele não


STJ: pelo menos o primeiro colocado de concurso para cadastro
mais concorrerá com os candidatos para as vagas reservadas;
reserva deve ser nomeado, uma vez que o simples fato de
no caso, ele ocupará uma vaga da lista de ampla concorrência.
realização do concurso faz presumir que tinha pelo menos uma

Para os negros, a reserva será de 20% das vagas oferecidas nos vaga disponível.

concursos para provimento de cargos efetivos e empregos


STF: o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo
públicos no âmbito da administração pública federal, das
concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do
autarquias, fundações públicas, EP e SEM. A vigência da cota é
concurso anterior não gera automaticamente o direito à
para o poder executivo federal (legislativo e judiciário não) e
nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas
será até junho de 2024 (10 anos a contar da publicação da lei).
no edital, salvo quando:

Ao contrário das pessoas com deficiência, o arredondamento


• A aprovação ocorrer dentro do número de vagas
da cota para os negros, se for abaixo de 0,5, será para baixo,
previsto no edital
para o número imediatamente anterior.
• Houver preterição na nomeação por não observância

Art. 37, §2º, CF: a não observância da exigência de concurso da ordem de classificação

público ou do seu prazo de validade implicará a nulidade do ato • Surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso
e a punição da autoridade responsável, nos termos da lei. durante a validade do concurso anterior, e ocorrer a

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preterição de candidatos de forma arbitrária e STF: o judiciário não pode substituir a banca examinadora para
imotivada por parte da administração aferir critérios de correção, nem na formulação das questões e
avaliação das respostas. O judiciário só pode intervir para ver se
No caso de ajuizamento de MS por candidato não nomeado
as questões cobradas estão relacionadas às matérias previstas
que possui direito subjetivo, o prazo decadencial de 120 dias é
no edital. Exceção: se tiver erro grosseiro no gabarito
contado a partir do término do prazo de validade do concurso.
apresentado, porquanto caracterizada ilegalidade do ato, o

STF: após a publicação do edital, só se admite a alteração das judiciário poderá anular a questão.

regras do concurso se houver modificação na legislação que


Informativo 630 STJ: o candidato aprovado em concurso
disciplina a respectiva carreira, desde que o concurso não
público fora do número de vagas tem direito subjetivo à
esteja concluído e homologado.
nomeação caso surjam novas vagas durante o prazo de

Súmula 685 STF: é inconstitucional toda modalidade de validade do certame, haja manifestação inequívoca da

provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia administração sobre a necessidade de seu provimento e não

aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, tenha restrição orçamentária.

em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente


investido.
2.4. CARGOS EM COMISSÃO E FUNÇÕES DE CONFIANÇA
STF: é possível a cláusula de barreira, que é a limitação do
número de candidatos aptos a participar das fases Art. 37, V, CF: as funções de confiança, exercidas
subsequentes do certame, definidos em razão da nota obtida exclusivamente por servidores de cargo efetivo, e os cargos em
na etapa anterior (é a nota de corte). comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos
casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei,
STF: só pode haver eliminação de candidato com condenação
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e
criminal transitada em julgado.
assessoramento.

STF: inexiste direito à remarcação de provas de aptidão física


• Função de confiança: só por servidor público que foi
em razão de circunstâncias pessoais dos candidatos, salvo
investido por concurso (podem ser de órgãos,
disposição expressa em contrário no edital. Exceção: as
entidades, poderes e esferas de governo diferentes da
grávidas têm direito a fazer a prova física em segunda
que prestou concurso)
chamada, em data diversa da originariamente fixada no edital.
• Cargo em comissão: qualquer pessoa, de livre

Em 2018 o STF decidiu que é constitucional a remarcação do nomeação e livre exoneração (não tem estabilidade e

teste de aptidão física de candidata que esteja grávida à época nem participa do RPPS)

de sua realização, independentemente da previsão expressa


STF: por ser exceção à regra do concurso público, os cargos em
em edital do concurso público.
comissão devem observar os princípios da razoabilidade e
Súmula 377 STF: o portador de visão monocular tem direito de proporcionalidade. Ainda, a nomeação para cargo em comissão

concorrer às vagas reservadas aos deficientes em concurso não pode ser feita por outra forma que não a indicação

público. discricionária da autoridade competente. Dessa forma, é


inconstitucional a nomeação de cargo em comissão por eleição
STF: editais de concurso não podem estabelecer restrição a
interna.
pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais em razão
de conteúdo que viole valores constitucionais. Súmula vinculante 13: a nomeação de cônjuge, companheiro
ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o 3º
grau, inclusive em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
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para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, STF: é inconstitucional lei que institua hipóteses abrangentes e
ainda, de função gratificada na administração pública direta e genéricas de contratações temporárias sem concurso público e
indireta em qualquer dos poderes da U/E/DF/M, compreendido tampouco especifique a contingência fática que evidencie
o ajuste mediante designações recíprocas, viola a CF. situação de emergência.

Informativo 914 STF: a nomeação da esposa do prefeito como No âmbito da União, a contratação temporária (pode ser de 6
secretária municipal não configura, por si só, nepotismo e ato meses a 6 anos, incluídas as prorrogações) se dará por processo
de improbidade administrativa. seletivo simplificado; e, em alguns casos (como de professor e
pesquisador), a lei admite que seja por análise de currículo.
Em regra, a vedação ao nepotismo não alcança a nomeação
Entretanto, nos casos de calamidade pública, emergência
para cargos políticos, exceto se ficar demonstrado que a
ambiental e emergências em saúde pública, é dispensado o
nomeação se deu exclusivamente por causa do parentesco (o
processo seletivo.
nomeado não possui qualquer qualificação que justifique a
escolha). A lei que disciplinou a contratação temporária no
âmbito da União deixou de fora as EP e SEM.
Da mesma forma que a nomeação, a exoneração de ocupante
de cargo em comissão também é discricionária, não STF: não é possível a contratação temporária de servidores para
constituindo punição. Ou seja, não precisa observar o executar serviços meramente burocráticos.
contraditório e a ampla defesa.
STF: é possível a contratação de pessoas para desempenharem
funções de caráter regular e permanente (médico, por
exemplo), mas desde que indispensáveis ao atendimento de
2.5. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA
necessidade temporária de excepcional interesse público.
Art. 37, IX, CF: a lei estabelecerá os casos de contratação por
tempo determinado para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público. 2.6. DIREITO DE ASSOCIAÇÃO SINDICAL DOS SERVIDORES
PÚBLICOS
STF: a contratação de agentes temporários deve observar:

Art. 37, VI, CF: é garantido ao servidor público civil o direito à


• Os casos excepcionais devem estar previstos em lei
livre associação sindical.
(cada ente deve editar sua lei)
• O prazo de contratação deve ser predeterminado O direito à associação só vale para os servidores civis; os
• A necessidade deve ser temporária militares têm a sindicalização e a greve vedadas.
• O interesse público deve ser excepcional
Súmula 679 STF: a fixação de vencimentos dos servidores
• A necessidade de contratação deve ser indispensável,
públicos (estatutários) não pode ser objeto de convenção
sendo vedada a contratação para os serviços
coletiva.
ordinários permanentes do Estado, e que devam estar
sob o espectro das contingências normais da
administração (a administração não pode, por falha
de planejamento, contratar pessoal temporário para o 2.7. DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS

exercício de atividades permanentes, normais, usuais


Art. 37, VII, CF: o direito de greve será exercido nos termos e
e regulares)
nos limites definidos em lei específica.

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Essa norma é de eficácia limitada que precisa de lei alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em
regulamentadora para produzir seus efeitos. No entanto, essa cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma
lei ainda não foi editada. Diante da inércia do legislador, o STF, data e sem distinção de índices.
em um mandado de injunção, determinou que a lei de greve
Art. 37, X, CF: a remuneração dos servidores públicos
dos trabalhadores privados deve ser aplicada, no que couber,
(estatutários) e o subsídio somente poderão ser fixados ou
aos servidores públicos até que o congresso edite a lei
alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em
específica.
cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma
STF: o fato de o servidor estar em estágio probatório e data e sem distinção de índices.
participar de greve por mais de 30 dias não autoriza a
A iniciativa deve ser privativa de cada poder: chefe do
demissão, uma vez que a falta de lei regulamentadora não
executivo, tribunais do judiciário, câmara dos deputados e
transforma os dias de paralisação em faltas injustificadas.
senado federal, MP e tribunal de contas.
STF: pode haver o desconto no salário do servidor se a greve
A competência é exclusiva do CN, que fará por
for arbitrária e desproporcional à garantia do razoável
decreto legislativo (e não por lei), para fixar os
funcionamento da instituição pública.
subsídios dos deputados federais, senadores, PR e
vice e ministros de estados.

2.8. SISTEMA REMUNERATÓRIO DOS AGENTES PÚBLICOS O art. 37, XI, CF, tem a redação confusa e pouco clara sobre o
teto remuneratório. Mas, esquematizando:
Hely Lopes Meireles: o sistema remuneratório (remuneração
em sentido amplo) envolve: Teto remuneratório geral: subsídio dos ministros do STF

• Remuneração em sentido estrito: Subtetos:


o Vencimentos: vencimento + vantagens
remuneratórias (adicionais e gratificações) • Estados e DF: os subtetos podem ser substituídos por

o Salários um limite único, análogo ao subsídio mensal dos


desembargadores do TJ, que não poderá ser maior
• Subsídio: parcela única, vedado o acréscimo de
que 90,25% do subsídio dos ministros do STF
qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba
de representação ou outra espécie remuneratória
Atenção: o STF decidiu que os membros da

O subsídio se aplica obrigatoriamente para: chefes do magistratura estadual não se submetem ao subteto

executivo, deputados, senadores, vereadores, ministros de de 90,25%, mas sim ao subteto geral.

Estado, secretários estaduais e municipais, membros do MP,


o Executivo: subsídio dos governadores
membros da magistratura, ministros do TCU, integrantes da
o Legislativo: subsídio dos deputados
AGU, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, procuradores
estaduais e distritais (que está limitado a
dos estados e DF, defensores públicos e servidores da PF, PRF,
75% do subsídio dos deputados federais)
PC, PM e CBM.
o Judiciário: subsídio dos desembargadores do

O subsídio se aplica facultativamente para: servidores públicos TJ

organizados em carreira (auditor da receita federal, por o Membros do MP, procuradores e defensores

exemplo). públicos: 90,25% do subsídio dos ministros


do STF
Art. 37, X, CF: a remuneração dos servidores públicos
• Municípios: subsídio dos prefeitos
(estatutários) e o subsídio somente poderão ser fixados ou
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Todas as categorias, ocupantes de cargos, empregos ou Súmula 681 STF: é inconstitucional a vinculação do reajuste de
funções públicas, da administração direta, autárquica ou vencimentos de servidores estaduais ou municipais a índices
fundacional, de todos os poderes e esferas do governo, estão federais de correção monetária.
sujeitas ao teto.
Art. 37, XIV, CF: os acréscimos pecuniários percebidos por
EP e SEM e subsidiárias, somente são alcançadas pelo teto se servidor público não serão computados nem acumulados para
receberem recursos do ente federado para pagamento de fins de concessão de acréscimos ulteriores.
despesas de pessoal ou de custeio em geral (não importa se
Art. 37, XV, CF: o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de
explora atividade econômica ou se presta serviço público).
cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvados o teto
Regra: nenhuma vantagem, qualquer que seja sua natureza, constitucional e a vedação à incidência cumulativa de
poderá exceder ou ser excluída da incidência do teto. acréscimos pecuniários.

Exceção: excluem-se do teto somente as parcelas de natureza STF: pode a fórmula de composição da remuneração do
indenizatória previstas em lei (ajuda de custo, diárias, auxílio servidor ser alterada, desde que preservado o seu montante
transporte e auxílio moradia). total, pois não há direito adquirido quanto à forma como são
calculados os vencimentos dos servidores.
O teto aplica-se às acumulações de rendimentos oriundos de
diversas fontes, independentemente da espécie remuneratória,
podendo ser entre vencimentos ou entre subsídios; entre
2.9. ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA E SERVIDORES FISCAIS
vencimentos e subsídio ou entre vencimentos/subsídio e
proventos, pensões etc. Art. 37, XVIII, CF: a administração fazendária e seus servidores
fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição,
ESFERA PODER TETO
Executivo, legislativo e Subsídio dos ministros precedência sobre os demais setores administrativos, na forma
FEDERAL
judiciário do STF da lei.
Executivo Subsídio do governador
Subsídio dos deputados Assim, nenhum setor da administração poderá impedir ou
Legislativo
estaduais e distritais dificultar o desempenho das atividades finalísticas dos
Subsídio dos ministros
Juízes servidores fiscais, pois eventual obstrução poderia frustrar a
ESTADUAL do STF
Servidores do Subsídio do arrecadação de receitas indispensáveis ao custeio das
judiciário, defensores, desembargador do TJ, atividades estatais.
procuradores e limitado a 90,25% do
membros do MP STF Art. 37, XXII, CF: as administrações tributárias da U/E/DF/M,
MUNICIPAL Executivo e legislativo Subsídio do prefeito
atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas

Art. 37, XII, CF: os vencimentos dos cargos do legislativo e do por servidores de carreira específicas, terão recursos

judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo executivo. prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de
forma integrada, inclusive com o compartilhamento de
Art. 37, XIII, CF: é vedada a vinculação ou equiparação de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio.
quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
remuneração de pessoal do serviço público.

Súmula vinculante 4: salvo nos casos previstos na CF, o SM não


pode ser usado como indexador de base de cálculo de
vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser
substituído por decisão judicial.
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2.10. ACUMULAÇÃO DE CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES • Para juízes e membros do MP exercerem o magistério
PÚBLICOS • Para os profissionais de saúde das forças armadas
acumularem outro cargo ou emprego na área de
Art. 37, XVI, CF: é vedada a acumulação remunerada de cargos
saúde
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários,
observado o teto remuneratório: Art. 37, §10, CF: é vedada a percepção simultânea de proventos
de aposentadoria (só do RPPS dos estatutários e militares) com
a. Dois cargos de professor
a remuneração de cargo, emprego ou função pública,
b. Um cargo de professor com outro técnico ou
ressalvados os cargos acumuláveis na forma da CF, os cargos
científico
eletivos e os cargos em comissão.
c. Dois cargos ou empregos privativos de profissionais
da saúde, com profissões regulamentadas Aposentados pelo RGPS podem retornar à ativa e acumularem,
regularmente, proventos com a remuneração do novo cargo,
STF: a acumulação de cargos públicos de profissionais da área
emprego ou função.
de saúde, prevista no art. 37, XVI, da CF/88, não se sujeita ao
limite de 60h semanais. Isso porque não existe esse requisito Art. 40, §6º, CF: ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos
na Constituição Federal. O único requisito estabelecido para a cargos acumuláveis na forma da CF, é vedada a percepção de
acumulação é a compatibilidade de horários no exercício das mais de uma aposentadoria à conta do RPPS, aplicando-se
funções, cujo cumprimento deverá ser aferido pela outras vedações, regras e condições para a acumulação de
Administração Pública. benefícios previdenciários estabelecidos no RGPS. (alterado
pela EC 103)
Art. 37, XVII, CF: a proibição de acumular estende-se a
empregos e funções e abrange autarquias, fundações, EP, SEM, Hely Lopes Meireles: o servidor que foi aposentado
suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou compulsoriamente (75 anos) não poderá ocupar outro cargo,
indiretamente, pelo poder público. emprego ou função pública.

A vedação de acumulação se refere a atribuições públicas, não


impedindo o exercício de atividades privadas por parte do
2.11. MANDATOS ELETIVOS
servidor público, desde que compatíveis com o cargo.

Art. 38, CF: ao servidor público da administração direta,


STJ: cargo científico é o conjunto de atribuições cuja execução
autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo,
tem por finalidade investigação coordenada e sistematizada de
aplicam-se as seguintes disposições:
fatos, predominantemente de especulação, visando a ampliar o
conhecimento humano. Cargo técnico é o conjunto de I. Tratando-se de mandato eletivo federal, estadual
atribuições cuja execução reclama conhecimento específico de ou distrital, ficará afastado do seu cargo,
uma área do saber. emprego ou função
II. Investido no mandato de prefeito, será afastado
Hely Lopes Meireles: a CF veda a acumulação remunerada, de
do seu cargo, emprego ou função, sendo-lhe
modo que inexistem óbices à acumulação de cargos, empregos
facultado optar pela sua remuneração
ou funções desde que o servidor seja remunerado apenas pelo
III. Investido no mandato de vereador, havendo
exercício de uma das atividades acumuladas.
compatibilidade de horários, perceberá as
Outras permissões de acumulação remunerada do texto vantagens do seu cargo, emprego ou função, sem
constitucional: prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não

• Para vereadores
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havendo compatibilidade, será aplicada a norma afastamentos) no cargo e seja aprovado em avaliação especial
do inciso anterior de desempenho.
IV. Em qualquer caso que exija o afastamento para o
Art. 41, §1º, CF: o servidor público estável só perderá o cargo:
exercício de mandato eletivo, seu tempo de
serviço será contado para todos os efeitos legais, I. Em virtude de sentença judicial transitada em
exceto para promoção por merecimento julgado (penal ou por improbidade)
V. Para efeito de benefício previdenciário, no caso II. Mediante processo administrativo m que lhe seja
de afastamento, os valores serão determinados assegurada ampla defesa (demissão por falta
como se no exercício estivesse grave)
III. Mediante procedimento de avaliação periódica
de desempenho, na forma de lei complementar,
2.12. REGIME JURÍDICO assegurada ampla defesa

Art. 39, CF: a U/E/DF/M instituirão, no âmbito de sua A CF ainda permite a exoneração do servidor estável quando o
competência, regime jurídico único e planos de carreira para os excesso de gastos com o pessoal impedir o cumprimento dos
servidores da administração pública direta, das autarquias e das limites prudenciais com a lei de responsabilidade fiscal,
fundações públicas. devendo ser adotadas as seguintes providências:

A CF não impõe que seja celetista ou estatutário; o que ela • Redução e, pelo menos 20% das despesas com cargos
impõe é que, quando o ente federativo escolher um regime, em comissão e funções de confiança
todos os seus servidores terão o mesmo regime jurídico. • Exoneração dos servidores não estáveis
• Exoneração dos servidores estáveis
A União, pela lei 8.112/90, escolheu o regime estatutário, no
qual os servidores já ingressam na administração com uma Art. 41, §3º, CF: extinto o cargo ou declarada a sua
situação jurídica pré definida, estabelecida em lei e que não desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade,
poderá ser alterada por contrato. com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
adequado aproveitamento em outro cargo (se não for estável,
perderá o cargo e será afastado do serviço público).
2.13. ESTABILIDADE
Súmula 21 STF: funcionário em estágio probatório não pode ser
Art. 41, CF: são estáveis após 3 anos de efetivo exercício os exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as
servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em formalidades legais de apuração de sua capacidade.
virtude de concurso público.
Súmula 22 STF: o estágio probatório não protege o funcionário
Art. 41, §4º, CF: como condição para a aquisição de contra a extinção do cargo.
estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho
por comissão instituída para essa finalidade.

3. REGIME DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS


Estabilidade é garantia constitucional de permanência no
ESTATUTÁRIOS
serviço público outorgada a servidor que tenha sido aprovado
em concurso público para provimento efetivo (empregado Carvalho Filho: aposentadoria é o direito garantido pela CF ao
público, servidores temporários e ocupantes de cargos em servidor de perceber determinada remuneração na inatividade,
comissão não têm estabilidade), esteja há 3 anos em efetivo diante da ocorrência de certos fatos jurídicos previamente
exercício (não serão computados períodos de licenças ou estabelecidos.
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Art. 40 CF: o RPPS dos servidores titulares de cargos efetivos apenas os ocupantes de cargo de provimento efetivo,
terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do inexistindo, também, qualquer idade limite para fins de
respectivo ente federativo, de servidores ativos, de nomeação a cargo em comissão.
aposentados e de pensionistas, observados critérios que
Para fins de cálculo, será considerada a média aritmética
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (alterado pela EC
simples das maiores remunerações utilizadas como base para
103)
as contribuições, correspondente a 80% de todo período
O RPPS só alcança os servidores públicos ocupantes de cargos contributivo. Assim, não existe mais a aposentadoria com
efetivos, e tem caráter contributivo e solidário, ou seja, é proventos integrais.
contado o tempo de efetiva contribuição, e não só o tempo de
Em relação à pensão para os dependentes, ela será
serviço.
correspondente ao limite dos benefícios do RGPS + 70% da
As contribuições são pagas pelos: diferença entre esse limite e o valor dos proventos ou da
remuneração do servidor falecido.
• Servidores ativos
• Servidores inativos STJ: o prazo de prescrição para que o servidor peça a revisão do
• Pensionistas ato de aposentadoria é de 5 anos, contados da concessão do

• Ente público benefício pela administração.

Espécies de aposentadoria do RPPS: (alterado pela EC 103) Art. 40, §2º, CF: os proventos de aposentadoria não poderão
ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o §2º do art. 201
• Por incapacidade permanente para o trabalho, no
ou superiores ao limite máximo estabelecido para o RGPS,
cargo em que estiver investido, quando insuscetível
observado o disposto nos §§14 a 16. (alterado pela EC 103)
de readaptação, hipótese em que será obrigatória a
realização de avaliações periódicas para verificação da Art. 40, §3º. CF: as regras para cálculo de proventos de

continuidade das condições que ensejaram a aposentadoria serão disciplinadas em lei do respectivo ente

concessão da aposentadoria, na forma de lei do federativo.

respectivo ente federativo


Art. 40, §4º, CF: é vedada a adoção de requisitos ou critérios
• Compulsória aos 75 anos (proventos proporcionais ao
diferenciados para a concessão de benefícios em RPPS,
tempo de contribuição)
ressalvado o disposto nos §§4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (alterado
• Voluntária:
pela EC 103)
o União:
▪ 62 anos de idade para a mulher Art. 40, §4º-A, CF: poderão ser estabelecidos por lei
▪ 65 anos de idade para o homem complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de
o Estados, DF e municípios: na idade mínima contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores
estabelecida mediante emenda às com deficiência, previamente submetidos a avaliação
constituições e leis orgânicas, observado o biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e
tempo de contribuição e os demais interdisciplinar.
requisitos estabelecidos em lei
complementar do respectivo ente federativo Art. 40, §4º-B, CF: poderão ser estabelecidos por lei
complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de
STF: os servidores ocupantes de cargo exclusivamente em contribuição diferenciados para aposentadoria de ocupantes do
comissão não se submetem à regra da aposentadoria cargo de agente penitenciário, de agente socioeducativo ou de
compulsória prevista no art. 40, §1º, I, da CF, a qual atinge policial dos órgãos de que tratam o inciso IV do caput do art.
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51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput equivalente ao valor da contribuição previdenciária do servidor
do art. 144. (na prática é como se o servidor deixasse de recolher a
contribuição), e será pago até o servidor completar 75 anos,
Art. 40, §4º-C, CF: poderão ser estabelecidos por lei quando deverá se aposentar compulsoriamente.
complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de
contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores Art. 40, §9º, CF: o tempo de contribuição federal, estadual,

cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a distrital ou municipal será contado para fins de aposentadoria,

agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou observado o disposto nos §§9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de

associação desses agentes, vedada a caracterização por serviço correspondente será contado para fins de

categoria profissional ou ocupação. disponibilidade.

Art. 40, §5º, CF: os ocupantes do cargo de professor terão


idade mínima reduzida em 5 anos em relação às idades 3.1. REGIME DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR DOS
decorrentes da aplicação do disposto no inciso III do § 1º, SERVIDORES PÚBLICOS
desde que comprovem tempo de efetivo exercício das funções
Art. 40, §14, CF: a U/E/DF/M instituirão, por lei de iniciativa do
de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e
respectivo poder executivo, regime de previdência
médio fixado em lei complementar do respectivo ente
complementar para servidores públicos ocupantes de cargo
federativo.
efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do RGPS

Ou seja, atualmente, a aposentadorias dos professores se dá: para o valor das aposentadorias e das pensões em RPPS,
ressalvado o disposto no §16.
• Homem: 60 anos
Art. 40, §15, CF: o regime de previdência complementar de que
• Mulher: 57 anos
trata o §14 oferecerá plano de benefícios somente na

Súmula 726 STF: para efeito de aposentadoria especial dos modalidade contribuição definida, observará o disposto no art.

professores, não se computa o tempo de serviço prestado fora 202 e será efetivado por intermédio de entidade fechada de

da sala de aula. previdência complementar ou de entidade aberta de


previdência complementar.
STF: a aposentadoria especial dos professores também é devida
aos que exercem funções de direção, coordenação e Art. 40, §16, CF: somente mediante sua prévia e expressa

assessoramento pedagógico. opção, o disposto nos parágrafos anteriores poderá ser


aplicado ao servidor que tiver ingressado no serviço público até
Art. 40, §19, CF: observados critérios a serem estabelecidos em a data da publicação do ato de instituição do correspondente
lei do respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo regime de previdência complementar.
efetivo que tenha completado as exigências para a
aposentadoria voluntária e que opte por permanecer em Para que o ente fixe o valor máximo para os benefícios do RPPS,

atividade poderá fazer jus a um abono de permanência é preciso que o chefe do executivo (competência privativa)

equivalente, no máximo, ao valor da sua contribuição edite lei criando o regime de previdência complementar, de

previdenciária, até completar a idade para aposentadoria caráter complementar e facultativo. Se for instituído esse

compulsória. regime, o valor da contribuição será calculado com base no teto


do RGPS, e, se o servidor quiser receber mais, deverá contribuir
Abono de permanência: é devido ao servidor que tenha para o regime de previdência complementar.
completado os requisitos para se aposentar voluntariamente e
que opte por permanecer em atividade. O valor do abono será
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ATOS ADMINISTRATIVOS 2. FATOS ADMINISTRATIVOS

É a forma pela qual a administração manifesta sua vontade. Os São fatos concretos produzidos independentemente de

atos administrativos são materializados no exercício da função qualquer manifestação de vontade da administração, ainda que

administrativa (de todos os poderes). provoquem efeitos no mundo jurídico e no âmbito da


administração pública. Exemplo: morte de um servidor, queda
Maria Sylvia Di Pietro: ato administrativo é a declaração de uma ponte, colisão entre um veículo oficial e um particular,
(silêncio ou omissão não podem ser considerados como ato) uma enchente que cause danos a bens públicos etc.
unilateral do Estado ou de quem o represente que produz
efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob o
regime jurídico de direito público (supremacia do interesse
3. ATRIBUTOS
público) e sujeito a controle pelo poder judiciário.
São características que decorrem do regime de direito público.
Os atributos dos atos administrativos são:

1. ATOS DA ADMINISTRAÇÃO
• Presunção de legitimidade

Todo ato praticado no exercício da função administrativa é ato • Autoexecutoriedade

da administração, mas nem todo ato da administração é ato • Tipicidade


administrativo. • Imperatividade

Os atos da administração podem ser atos: Atenção: presunção de legitimidade e tipicidade


estão presente em todos os atos; mas
De direito privado: praticados em igualdade de condições com
autoexecutoriedade e imperatividade não.
o particular (exemplos: contratos regidos pelo direito privado
como doação, compra e venda, locação etc).

Materiais da administração: envolvem apenas execução 3.1. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE


material, de ordem prática (exemplos: demolição de uma casa,
É a conformidade do ato com a lei. Presumem-se, até prova em
desapropriação de um terreno etc).
contrário, que os atos administrativos foram emitidos com
De conhecimento, opinião, juízo ou valor: não produzem observância da lei.
efeitos jurídicos imediatos (exemplos: atestados, certidões,
A presunção de veracidade diz respeito aos fatos, em que se
pareceres, laudos etc).
presumem verdadeiros aos fatos alegados pela administração,
Políticos ou de governo: praticados pela cúpula, em obediência até prova em contrário.
direta à CF (exemplos: iniciativa de leis, sanção ou veto de
Maria Sylvia Di Pietro: a presunção de legitimidade e de
projetos de leis, celebração de tratados internacionais etc).
veracidade acompanha todos os atos estatais, quer imponham
Normativos: dotados de generalidade e abstração, com obrigações, quer reconheçam ou confiram direitos aos
conteúdo de lei, mas forma de ato (exemplos: portarias, administrados, e decorre da própria ideia de poder que permite
resoluções, regimentos etc). ao Estado assumir posição de supremacia perante os
particulares.
Administrativos propriamente ditos: manifestação de vontade
cujo fim imediato seja a produção de efeitos jurídicos, regidos Os atos administrativos produzem efeitos imediatamente,
pelo direito público (exemplos: nomeação de servidor, ainda que eivados de vícios ou defeitos aparentes. Enquanto
concessão de licença, homologação de licitação etc). não decretada a invalidade do ato pela própria administração
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ou pelo judiciário, o ato produzirá efeitos da mesma forma que Um dos limites da autoexecutoriedade é o patrimônio do
o ato válido, devendo ser cumprido. particular.

Exceção: os atos manifestamente ilegais dados por servidor A doutrina desdobra a autoexecutoriedade em:
público superior hierárquico não precisam ser cumpridos por
• Exigibilidade: obrigação que o administrado tem de
seu subordinado, uma vez que o subordinado tem o dever e o
cumprir o comando imperativo do ato. São meios
poder de se negar a cumprir ordens manifestamente ilegais.
indiretos de coação
No caso do administrado pleitear a invalidação do ato • Executoriedade: possibilidade de a administração
administrativo, o ônus de provar o vício caberá a ele. A inversão praticar o ato ou de compelir, direta e materialmente,
do ônus da prova não exime, contudo, a administração, caso o administrado a praticá-lo. São meios diretos de
requisitada pelo judiciário, apresentar informações e coação
documentos que comprovem a correspondência do ato à
realidade e veracidade dos fatos alegados.

3.4. TIPICIDADE

É o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a


3.2. IMPERATIVIDADE
figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir
É o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a determinados resultados. A tipicidade impede a prática de atos
terceiros, independentemente da sua concordância, criando totalmente discricionários, pois a lei, ao prever o ato, já define
obrigações ou impondo restrições. os limites em que a discricionariedade poderá ser exercida.

Maria Sylvia Di Pietro: a imperatividade só existe nos atos


administrativos que impõem obrigações ou restrições. Não
4. ELEMENTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
existe imperatividade nos atos que conferem direitos
solicitados pelo administrado (como na licença ou autorização) São as partes que compõem o ato. São também chamados de
ou nos atos enunciativos (certidão, atestado, parecer). requisitos. São divididos em:

Essenciais:

3.3. AUTOEXECUTORIEDADE • Competência


• Finalidade
É a prerrogativa de que certos atos sejam executados imediata
• Forma
e diretamente pela própria administração, inclusive mediante o
uso da força, independentemente de ordem ou autorização • Motivo

judicial prévia. • Objeto

Maria Sylvia Di Pietro: a autoexecutoriedade só é possível: Acidentais/acessórios: se referem ao objeto do ato e só podem
existir nos atos discricionários:
• Quando expressamente prevista em lei
• Se não for prevista em lei, quando tratar-se de • Encargo ou modo

medida urgente que, acaso não adotada de imediato, • Condição

pode ocasionar prejuízo maior para o interesse • Termo

público

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4.1. COMPETÊNCIA A delegação é a regra, somente obstada se houver


impedimento legal. Não podem ser objeto de delegação:
É o poder atribuído ao agente para a prática do ato. Se refere
ao sujeito responsável por praticar determinado ato. • Atos políticos
• Funções típicas de cada poder
A competência pode ser:
• Competência exclusiva

• Primária: prevista em lei ou na CF • Edição de atos normativos


• Secundária: prevista em normas infralegais • Decisão de recursos administrativos

A competência pode ser definida pelos seguintes critérios: A doutrina também entende que competências de ordem
política também são indelegáveis, salvo autorização expressa
• Matéria
da CF.
• Hierarquia
• Lugar Avocação: a autoridade hierarquicamente superior chama para

• Tempo si o exercício de funções que a norma originalmente atribui a

• Fracionamento um subordinado.

A competência apresenta as seguintes características: Art. 15, lei 9.784/99: será admitida, em caráter excepcional e
por motivos relevantes devidamente justificados, a avocação
• Exercício obrigatório temporária de competência atribuída a órgão hierarquicamente
• Irrenunciável inferior.
• Intransferível/inderrogável
Não é possível avocação de competência exclusiva do
• Imodificável
subordinado.
• Imprescritível
• Improrrogável Vício de competência: podem ser de incompetência ou de
• Pode ser delegada ou avocada incapacidade.

Delegação: é a transferência de funções (deve ser parcial, A incompetência fica caracterizada quando o ato não se inclui
nunca total) de um agente a outro, normalmente de plano nas atribuições legais do agente que o praticou ou quando o
hierárquico inferior (mas também pode ser de mesma sujeito está se exorbitando das suas atribuições. Decorre de:
hierarquia).
• Usurpação de função: ato inexistente
Art. 12, lei 9.784/99: um órgão administrativo e seu titular • Excesso de poder: admite convalidação (a autoridade
poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte da competente pode ratificar o ato praticado pelo agente
sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes incompetente), exceto se tratar de competência em
não lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for razão da matéria ou competência exclusiva, hipóteses
conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica, em que o ato deve ser anulado
social, econômica, jurídica ou territorial. • Função de fato: atos válidos e eficazes

A delegação é ato discricionário, revogável a qualquer tempo A incapacidade se refere a:


pela autoridade delegante; que não retira a competência do
delegante, pois só transfere o exercício da função, mas não a • Impedimento: presunção absoluta

titularidade. • Suspeição: presunção relativa

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4.2. FINALIDADE Vícios de forma: é a omissão ou observância incompleta ou


irregular de formalidades indispensáveis, essenciais à existência
É o resultado pretendido pela administração com a prática do
ou seriedade do ato. O ato será ilegal por vício de forma
ato. a finalidade é sempre prevista em lei, não havendo espaço
quando a lei expressamente estabelecer determinada forma
para o administrador agir diferente (é sempre elemento
como essência e essa forma não é observada. O ato emitido
vinculado).
com forma diversa, se ela for essencial, deverá ser anulado;

A finalidade se difere do motivo, porque o motivo antecede a mas se não for essencial, o vício de forma pode ser convalidado

prática do ato, sendo as circunstâncias que levam a (corrigido).

administração a praticar o ato. Já a finalidade sucede a prática


do ato, porque corresponde a algo que a administração quer
alcançar. 4.4. MOTIVO

A finalidade também não se confunde com o objeto, pois esse é É o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento
o efeito jurídico imediato que o ato produz (presente), já a ao ato administrativo. São as razões que justificam a prática do
finalidade é o efeito mediato (futuro), que é sempre o mesmo ato.
(satisfação do interesse público).
• Pressuposto de fato: é o conjunto de circunstâncias,
Vícios de finalidade: é o desvio de poder ou desvio de de acontecimentos, de situações ocorridas no mundo
finalidade, que ocorre quando o agente pratica um ato visando real que levam a administração a praticar o ato
fim diverso daquele previsto em lei. Em qualquer caso, o vício • Pressuposto de direito: é o dispositivo legal em que se
de finalidade é vício insanável, não pode ser convalidado e deve baseia o ato
sempre ser anulado.
O motivo é um dos elementos que podem ser vinculados ou
discricionários. Será vinculado quando a lei descrever a situação
fática e o ato a ser praticado. E será vinculado quando a lei
4.3. FORMA
previr a situação fática e conceder uma margem para o

É o modo como o ato administrativo se exterioriza, como ele sai administrador praticar o ato, conforme critérios de
da cabeça do agente e se mostra para o mundo. É a base física conveniência e oportunidade.

que permite aos destinatários o conhecimento do conteúdo do


O motivo e a motivação não se confundem, uma vez que a
ato administrativo.
motivação é a exposição dos motivos, é a demonstração, por

Na prática do ato, devem ser observadas as formalidades escrito, do que levou a administração a produzir determinado
estritamente essenciais, desprezando-se os procedimentos ato administrativo.

meramente protelatórios. É o chamado formalismo moderado.


Em regra, a motivação deve ser prévia ou concomitante à

Art. 22, lei 9.784/99: os atos do processo administrativo não expedição do ato. Assim, não é possível a motivação posterior.

dependem de forma determinada senão quando a lei


Em regra, a administração tem o dever de motivar seus atos,
expressamente a exigir.
discricionários ou vinculados, sob pena de nulidade. Entretanto,
Como regra, os atos devem ser escritos. Mas, se a lei não exigir existem motivos que não precisam ser declarados (como a

forma determinada para o ato, a administração pode praticá-lo nomeação/exoneração de ocupantes de cargo em confiança).

com a forma que lhe parecer mais adequada.


Os atos devem ser motivados, com indicação de fatos e
fundamentos jurídicos, quando:

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• Negar, limitar ou afetar direitos ou interesses • Proibido pela lei


• Impor ou agravar deveres, encargos ou sanções • Com conteúdo diverso do previsto na lei para aquela
• Decidir processos administrativos de concurso ou situação
seleção pública • Impossível, porque os efeitos pretendidos são
• Dispensar ou declarar a inexigibilidade de processo irrealizáveis, de fato ou de direito
licitatório • Imoral
• Decidir recursos administrativos • Incerto em relação aos destinatários, às coisas, ao
• Decorrer de reexame de ofício tempo, ao lugar
• Deixar de aplicar jurisprudência firmada sobre a
O vício de objeto é insanável, sempre levará à anulação do ato.
questão ou discrepar de pareceres, laudos, propostas
e relatórios oficiais ELEMENTOS
• Importar anulação, revogação, suspensão ou COMPETÊNCIA
MOTIVO
FINALIDADE
convalidação de ato administrativo OBJETO
FORMA
VINCULADO Vinculado
A teoria dos motivos determinantes estipula que a validade do
DISCRICIONÁRIO Vinculado Discricionário
ato está adstrita aos motivos indicados como seu fundamento,
de maneira que, se os motivos forem inexistentes ou falsos, o
ato será nulo. A teoria se aplica mesmo nos casos em que a 5. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

motivação do ato não é obrigatória, mas tenha sido 5.1. QUANTO AO GRAU DE LIBERDADE EM SUA PRÁTICA

efetivamente realizada pela administração.


Atos vinculados: a lei fixa requisitos e condições de sua

Vícios de motivo: ocorre quando a matéria de fato ou de direito realização, não deixando liberdade de ação para a

em que se fundamenta o ato é materialmente inexistente. O administração.

motivo também pode ser falso, e aí será ilegítimo ou


Atos discricionários: são aqueles em que a administração tem
juridicamente inadequado.
liberdade de ação dentro de determinados parâmetros
previamente definidos em lei. A liberdade de ação, entretanto,
se restringe aos motivos e ao conteúdo (objeto), segundo
4.5. OBJETO critérios de conveniência e oportunidade.

É o efeito jurídico imediato que o ato produz. O objeto


compreende os direitos nascidos, transformados ou extintos
em decorrência do ato administrativo. O objeto se identifica 5.2. QUANTO AOS DESTINATÁRIOS DO ATO

com o conteúdo: para que serve o ato?


Atos gerais: são aqueles expedidos sem destinatários

Maria Sylvia Di Pietro: o objeto deve ser lícito, possível, certo e determinados, com finalidade normativa, alcançando todos os

moral. sujeitos que se encontrem na mesma situação de fato


abrangida por seus preceitos. São dotados de generalidade e
O objeto pode ser vinculado ou discricionário. No objeto abstração e podem ser revogados a qualquer tempo (o objeto é
vinculado, o objeto deve ser exatamente o que a lei discricionário), respeitados os direitos adquiridos. Os atos
estabeleceu. Já no objeto discricionário, admite-se certa gerais prevalecem sobre os individuais.
escolha no objeto, dentre os possíveis autorizados na lei,
mediante avaliação de conveniência e oportunidade. Exemplos: regulamentos, instruções normativas, portarias,
circulares, resoluções etc.
Vícios de objeto: o vício pode ocorre quando o motivo for:
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Atos individuais: são todos aqueles que se dirigem a SF, concessão de determinados regimes de tributação
destinatários certos, criando-lhes situação jurídica particular. (aprovação de diferentes ministérios), atos normativos editados
Os atos individuais podem ser vinculados ou discricionários, e a em conjunto por diferentes órgãos etc.
revogação só será possível se ele não tiver gerado direito
Ato composto: é o que resulta da manifestação de dois ou mais
adquirido para seu destinatário.
órgãos, em que a vontade de um é instrumental em relação à
Exemplos: nomeação, exoneração, tombamento, decretos de do outro (existem dois atos: um principal e um acessório). Há
desapropriação, autorização, licença etc. apenas uma vontade (a de quem edita o ato principal) e não
uma conjugação de vontades. A função do ato acessório é
meramente instrumental: autorizar a prática do ato principal ou

5.3. QUANTO À SITUAÇÃO DE TERCEIROS conferir eficácia a este.

Atos internos: são aqueles que produzem efeitos somente no Exemplos: autorização que depende do visto de uma

âmbito da administração, atingindo apenas órgãos e agentes autoridade, homologação em licitação etc.

públicos.

Exemplos: portaria de remoção de um servidor, ordens de


5.5. QUANTO ÀS PRERROGATIVAS COM QUE ATUA A
serviço, portaria de criação de um grupo de trabalho,
ADMINISTRAÇÃO
designação de um servidor para participar de curso etc.
Atos de império: são aqueles que a administração pratica
Atos externos: são aqueles cujos efeitos atingem pessoas de
usando de sua supremacia sobre os administrados, criando
fora da entidade que o produziu.
para eles obrigações ou restrições de forma unilateral.

Exemplos: atos normativos, nomeação de aprovados em um


Exemplos: interdição de estabelecimento comercial,
concurso, multas aplicadas a empresas contratadas pela
desapropriação de imóvel, apreensão de mercadorias,
administração, editais de licitação etc.
imposição de multas administrativas etc.

Atos de gestão: são os que a administração pratica na

5.4. QUANTO À FORMAÇÃO DE VONTADE qualidade de gestora de seus bens e serviços, sem usar de sua
supremacia sobre os destinatários.
Atos simples: são os que decorrem da manifestação de um
único órgão, unipessoal ou colegiado. Exemplos: alienação ou aquisição de bens pela administração,
aluguel a um particular de um imóvel pertencente a uma
Exemplos: portaria de demissão de servidor editada por
autarquia, atos negociais em geral (como autorização ou
ministro de Estado, despacho de um chefe de seção, decisões permissão de um bem público).
dos TCU, aprovação do regimento interno de um tribunal pela
maioria absoluta dos desembargadores, decisão de recurso Atos de expediente: são aqueles que se destinam a dar

administrativo pelo CARF etc. andamento aos processos e papeis administrativos, sem
qualquer conteúdo decisório.
Atos complexos: são os que decorrem de duas ou mais
manifestações de vontade autônomas, provenientes de órgãos Exemplos: protocolo de documentos, encaminhamento de

diversos (há um ato único). processo à autoridade que possui atribuição de decidir,
cadastramento de documentos em sistema eletrônico etc.
Exemplos: decreto presidencial (assinado pelo ministro de
Estado e pelo PR), nomeações feitas pelo PR com a sabatina do

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5.6. QUANTO AOS EFEITOS 5.8. QUANTO À EXEQUIBILIDADE

Atos constitutivos: são aqueles que criam uma nova situação Atos perfeitos: são aqueles que já concluíram todas as etapas
jurídica individual para seus destinatários, e relação à de formação.
administração.
Atos eficazes: são os atos perfeitos que já estão aptos a
Exemplos: licenças, autorizações, nomeações de servidores, produzir efeitos, não dependendo de nenhum evento
aplicações de sanções etc. posterior, como termo, condição, aprovação, autorização etc.

Atos extintivos ou desconstitutivos: são aqueles que põe fim a Atos pendentes: são os atos perfeitos que ainda dependem de
situações jurídicas individuais existentes. algum evento posterior para produzir efeitos.

Exemplos: cassação de uma autorização, encampação de Atos consumados ou exauridos: são os que já produziram todos
serviço público, demissão de servidor etc. os efeitos que estavam aptos a produzir.

Atos modificativos: são os que têm por fim alterar situações


preexistentes, sem suprimir direitos ou obrigações.
6. ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS
Exemplos: alteração de horário de funcionamento de um órgão, 6.1. ATOS NORMATIVOS
mudança do local de uma reunião etc.
São atos com efeitos gerais e abstratos; atingem todos aqueles
Atos declaratórios: são os que visam a atestar um fato, ou que se situam em idêntica situação jurídica.
reconhecer um direito ou uma obrigação que já existia antes do
Não se confundem com as leis (que são atos legislativos), pois
ato.
não obedecem ao processo legislativo e não podem inovar o
Exemplos: expedição de certidões, emissão de atestados etc. ordenamento jurídico.

A função dos atos normativos é detalhar, explicitar o conteúdo


das leis que regulamentam, a fim de lhes dar fiel execução. Não
5.7. QUANTO AOS REQUISITOS DE VALIDADE
podem ser objeto de impugnação direta por meio de recursos

Atos válidos: são aqueles praticados em conformidade com a administrativos ou ação judicial ordinária. O administrado não

lei, sem nenhum vício. pode ajuizar uma ação para anular o ato administrativo, mas
sim só para anular os efeitos provocados pelo ato sobre a sua
Atos nulos: são aqueles que nascem com vício insanável por situação particular.
ausência ou defeito substancial em um dos seus elementos
constitutivos Exemplos: decretos gerais, regulamentos, portarias, resoluções,
circulares, instruções normativas, deliberações, regimentos etc.
Atos anuláveis: são os que apresentam defeitos sanáveis, ou
seja, passíveis de convalidação pela própria administração.

Atos inexistentes: são aqueles que apenas têm aparência de 6.2. ATOS ORDINATÓRIOS

manifestação regular da vontade da administração, mas, em


São atos com efeitos internos, endereçados aos servidores
verdade, não chega a entrar no mundo jurídico, por falta de um
públicos, que visam disciplinar o funcionamento da
elemento essencial.
administração e a conduta funcional dos seus agentes.
Possuem fundamento no poder hierárquico.

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Exemplos: portarias, circulares internas, ordens de serviço, Principais espécies de atos negociais:
avisos, memorandos, ofícios etc.
LICENÇA AUTORIZAÇÃO PERMISSÃO
Vinculado Discricionário Discricionário
Definitivo Precário Precário
6.3. ATOS NEGOCIAIS/DE CONSENTIMENTO Permite que o
Permite ao particular exerça
Permite ao
São aqueles em que a vontade da administração coincide com particular atividades materiais,
particular utilizar
exercer direitos prestar serviços
o interesse do administrado, sendo-lhes atribuídos direitos e bem público
subjetivos públicos ou utilizar
vantagens. Produzem efeitos concretos e individuais para o bem público
administrado Autorização para
porte de arma, para Só se refere ao uso
São atos em que o administrado deve ter a anuência prévia da Concessão de exploração de de bem público (se
alvará para serviços privados na for delegação de
administração para realizar determinada atividade de interesse
realização de educação e saúde, serviços, a
dele, ou exercer determinado direito. obra, licença autorização de usos permissão será
para exercício de das vias públicas formalizada por
Não cabe falar em imperatividade, coercitividade ou profissão, licença para realização de contrato de adesão
autoexecutoriedade nos atos negociais, uma vez que não é uma para dirigir feiras, autorização precedido de
para prestação de licitação)
imposição ao administrado, mas sim um desejo dele (é ele
serviço de táxi
quem solicita).

Podem ser: 6.4. ATOS ENUNCIATIVOS

• Vinculados: a lei estabelece os requisitos e, uma vez São os que atestam ou certificam uma situação preexistente,
atendidos pelo particular, geram para ele direito sem, contudo, haver manifestação de vontade estatal
subjetivo à obtenção do ato propriamente ditada.
• Discricionários: podem ou não ser editados, conforme
Por não constituírem manifestação de vontade da
juízo de mérito da administração. Não constituem
administração, eles são considerados meros atos da
direito subjetivo ao administrado, e sim mero
administração (e não atos administrativos).
interesse. Assim, ainda que ele tenha cumprido as
exigências necessárias, a administração pode negar
Os atos enunciativos são:
• Precários: não geram direito adquirido, podendo ser
revogados a qualquer tempo pela administração, sem • Certidão: é cópia fiel de informações registradas em

a necessidade de indenização (em regra) algum livro, processo, documento ou banco de dados

• Definitivos: são produzidos com base em direito eletrônico em poder da administração e de interesse

individual do requerente. Não pode, em regra, serem do administrado requerente. Exemplos: certidão

revogados. Só admitem a cassação (ilegalidade na negativa de débitos e contribuições federais, certidão

execução) ou anulação (ilegalidade na origem ou de nascimento

formação), pode haver indenização ao particular, caso • Atestado: é uma declaração da administração

o vício que levou à invalidade não tenha decorrido de referente a uma situação de que ela tem

causa e ele imputável conhecimento em razão da atividade dos seus


agentes. Exemplos: atestado médico
• Parecer: é manifestação técnica, de caráter opinativo,
emitida por órgão especializado na matéria. Podem
ser obrigatórios (a autoridade é obrigada a solicitar a
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opinião do parecerista) ou facultativos (a autoridade 7.1. ANULAÇÃO


escolhe se solicita ou não o parecer). Em regra, não
É o desfazimento do ato por questões de ilegalidade ou
vinculam a administração, salvo a lei expressamente o
ilegitimidade (ofensa à lei e aos princípios).
colocar com efeito vinculante
• Apostila: é um ato aditivo para corrigir, atualizar ou Um vício de legalidade ou legitimidade por ser sanável ou não:
complementar dados constantes de um ato ou
• Insanável: anulação obrigatória
contrato administrativo. Equivale a uma averbação.
Exemplos: anotação de alterações na situação • Sanável:

funcional de um servidor, registro de reajustes de o Se não acarretar lesão ao interesse público:

preços nos contratos administrativos pode convalidar


o Se acarretar lesão ao interesse público: deve
anular

6.5. ATOS PUNITIVOS A anulação (revogação também) que repercuta


desfavoravelmente para a esfera de interesses do administrado
São aqueles que impõem sanções administrativas aos que
deve ser precedida de procedimento administrativo em que e
descumprirem normas legais ou administrativas. Podem ser de
assegure, ao interessado, o efetivo exercício do direito ao
ordem interna (para os servidores) ou externa (para os
contraditório e à ampla defesa (prévio à anulação do ato),
particulares).
mesmo que seja nítida a ilegalidade.

A anulação produz efeitos retroativos à data da prática do ato


7. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS (ex tunc), desconstituindo todos os efeitos já produzidos, além
de impedir que o ato continue produzindo efeitos futuros.
Um ato administrativo pode ser extinto por:
Entretanto, devem ser protegidos os efeitos já produzidos em

• Cumprimento dos seus efeitos/extinção natural relação ao terceiro de boa-fé.

• Desaparecimento do sujeito (extinção subjetiva) ou do


A anulação pode ser feita pela própria administração
objeto (extinção objetiva)
(autotutela), de ofício ou mediante provocação, ou pelo
• Retirada:
judiciário, apenas por provocação.
o Revogação: razões de conveniência e
oportunidade Art. 54, lei 9.784/99: o direito da administração de anular os
o Anulação/invalidação: razões de ilegalidade atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
o Cassação: descumprimento de condição os destinatários decai em 5 anos, contados da data em que
fundamental para que o ato pudesse ser foram praticados, salvo comprovada má-fé.
mantido
STF: essa regra não se aplica aos casos em que se constate
o Caducidade: uma norma jurídica posterior
afronta flagrante a determinação expressa da CF; hipóteses em
torna inviável a permanência da situação
que a anulação pode ocorrer a qualquer tempo, não estando
antes permitida pelo ato
sujeita ao prazo decadencial.
o Contraposição: edição posterior de ato cujos
efeitos se contrapõem ao anteriormente
emitido
o Renúncia: se extinguem os efeitos do ato
porque o próprio beneficiário abriu mão da
vantagem que desfrutava
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7.2. REVOGAÇÃO exigência não foi observada; se o particular se manifestar


posteriormente, estará convalidado o ato.
É a retirada de um ato administrativo válido, por razões de
conveniência e oportunidade. A revogação pressupõe um ato A convalidação produz efeitos retroativos (ex tunc), de modo
legal em vigor, mas que se tornou inconveniente ou inoportuno que os efeitos produzidos pelo ato enquanto ainda apresentava
ao interesse público. o vício passam a ser considerados válidos, não passíveis de
desconstituição. A convalidação não é controle de mérito, mas
A revogação só se aplica aos atos discricionários e só produz
se de legalidade, incidente sobre os vícios da competência e
efeitos prospectivos (ex nunc), devendo respeitar os direitos
forma. Ou seja, tanto atos vinculados como discricionários
adquiridos.
podem ser convalidados.

Só a administração pode revogar um ato; o judiciário (na sua


Art. 55, lei 9.784/99: em decisão na qual se evidencie não
função típica) não tem legitimidade para revogar atos
acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a
administrativos dos outros poderes.
terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão

Atos em que a revogação não é cabível: ser convalidados pela própria administração.

• Enunciativos Alguns termos parecidos com a convalidação:

• Exauridos ou consumados
Ratificação: quando a autoridade que convalida o
• Vinculados
ato é a mesma que o praticou.
• Que geraram direitos adquiridos
• Integrantes de um procedimento administrativo Confirmação: quando a convalidação é feita por
• Meros atos administrativos autoridade superior.

• Complexos
Reforma: incide sobre um ato válido que é
• Quando se exauriu a competência relativamente ao
aperfeiçoado, por razões de conveniência e
objeto do ato
oportunidade, para que melhor atenda aos

Diferentemente da anulação, não há prazo estabelecido para a interesses públicos.

revogação de um ato que proporciona direitos ao destinatário.


Conversão: atinge um ato inválido, mudando-o para
outra categoria, para que se aproveitem os efeitos já
produzidos.
7.3. CONVALIDAÇÃO

Quando o vício for sanável, caracteriza-se a hipótese de


nulidade relativa; caso contrário, a nulidade será absoluta.
Convalidar consiste na faculdade que a administração tem de
corrigir e regularizar os vícios sanáveis dos atos administrativos.

Vícios sanáveis são aqueles presentes na competência


(exceção: competência exclusiva e competência material) e na
forma (exceção: forma essencial à validade do ato).

Em regra, a convalidação é feita pela administração, mas


eventualmente poderá ser feita pelo administrado, quando a
edição do ato dependia da manifestação da sua vontade e a

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LICITAÇÕES PÚBLICAS – À LUZ DA LEI Nº 8.666/93 1. PRINCÍPIOS

Como regra, para a escolha do contratado, a administração São princípios básicos previstos expressamente para as

deve abrir um procedimento licitatório, com vistas a assegurar licitações:

ao maior número de interessados possível a oportunidade de


• Legalidades
apresentar propostas e de ser escolhido para firmar o contrato.
• Impessoalidade

A competência para legislar sobre licitações e contratos é • Moralidade


privativa da União. A competência se restringe a criar normas • Publicidade
gerais nacionais, sendo possível que E/DF/M, sociedades de • Probidade administrativa
economia mista, empresas públicas e fundações públicas, • Igualdade
editem, independentemente da autorização da União, normas • Vinculação ao edital
sobre questões específicas, desde que não contrariem as • Julgamento objetivo
normas gerais. • Desenvolvimento nacional sustentável

Empresas públicas, sociedades de economia mista e suas Não configura violação ao princípio da isonomia o
subsidiárias que exploram atividade econômica de produção ou estabelecimento de requisitos mínimos de habilitação dos
comercialização de bens ou prestações de serviço, ainda que a licitantes cuja finalidade seja exclusivamente garantir a
atividade esteja sujeita ao regime de monopólio (prestação de adequada execução do futuro contrato.
serviços públicos) não obedecem à lei 8.666/93, mas sim a
A indicação de marcas é admissível para fins de padronização,
13.303/16. As estatais só precisam fazer licitação para as
nos casos em que for tecnicamente justificável.
atividades-meio, mas não para as atividades-fim.

Não poderão participar da licitação, direta ou indiretamente:


Devem licitar para compras e alienações:

• Autor do projeto, básico ou executivo, PF ou PJ


• Órgãos da administração direta
• Empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável
• Fundos especiais
pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da
• Autarquias qual autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista
• Fundações públicas ou detentor de mais de 5% do capital com direito a
• Empresas públicas voto ou controlador, responsável técnico ou
• Sociedades de economia mista subcontratado
• Demais entidades controladas direta ou • Servidor ou dirigente de órgão ou entidade
indiretamente pela U/E/DF/M A não realização de contratante ou responsável pela licitação
licitação sem fundamento implica o cometimento de
Exceções ao princípio da isonomia:
crime.

Finalidades da licitação: • Empate em igualdade de condições


• Promoção do desenvolvimento nacional: preferência
• Busca pela proposta mais vantajosa (que não
para bens e serviços nacionais; bens e serviços de
necessariamente é a mais barata)
informática e automação; margem de preferência; e
• Cumprimento do princípio constitucional da isonomia
sistemas de TI e comunicação estratégicos
• Promoção do desenvolvimento nacional sustentável
• Licitações sustentáveis
• Medidas de compensação
• ME e EPP
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Critérios de desempate para bens e serviços (no caso de obrigado a contratar. Mas, se dentro do prazo o vencedor se
empate em igualdade de condições): recusar a cumprir o contrato, o direito à contratação decairá e
ele ficará sujeito as sanções administrativas.
• Produzidos no país
• Produzidos ou prestados por empresas brasileiras Se o vencedor não quiser cumprir o contrato, a administração
• Produzidos ou prestados por empresas que invistam (1) convocará os próximos licitantes, na ordem de classificação
em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no para, querendo, cumprirem o contrato nas mesmas condições

país do primeiro colocado ou (2) revogará a licitação.

• Produzidos ou prestados por empresas que


O conteúdo das propostas deve ser secreto até a abertura dos
comprovem cumprimento de reserva de cargos
envelopes na presença de todos os licitantes. A violação ao
prevista em lei para PCD ou reabilitado da previdência
sigilo das propostas é crime. Pena: detenção de 2 a 3 anos +
social e que atendas às regras de acessibilidade
multa (art. 337-J do Código Penal).
• Sorteio

Margem de preferência para aquisição de produtos


manufaturados e serviços nacionais que atendam a normas 2. MODALIDADES DE LICITAÇÃO
técnicas brasileiras:
A lei 8.666/93 proíbe a criação de novas modalidades, bem
• Decreto do executivo definirá a margem de como sua combinação.
preferência
• Concorrência: obras +3,3 milhões e compras +1,43
• Margem de preferência adicional para produtos
milhões
manufaturados e serviços nacionais resultantes de
• Tomada de preços: obras até 3,3 milhões e compras
desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no
até 1,43 milhões
país
• Convite: obras até 330 mil e compras até 176 mil
• A soma da margem de preferência com a adicional
• Concurso
não será superior a 25%
• Leilão
• Poderá ser estendida, total ou parcialmente, para
• Pregão
bens e serviços originários do MERCOSUL
• Consulta
• A aplicação da margem deve estar prevista em
estudos previstos em prazo não superior a 5 anos Dispensa de licitação: obras até 33 mil e compras até 17,6 mil.
• Pode ser utilizada também no pregão
Consórcios públicos:
Adjudicação é o ato final da licitação. O contrato deve ser
assinado com o adjudicatário (vencedor da licitação). • Até 3 entes: dobro dos valores

Entretanto, o vencedor não tem direito absoluto ao objeto. • Mais de 3 entes: triplo dos valores

Mesmo depois da adjudicação é possível que o contrato não


Intervalo mínimo: prazo da publicação do edital até a entrega
seja celebrado em face de motivos como anulação ou
dos envelopes
revogação do procedimento. Assim, adjudicação é ato
declaratório que gera mera expectativa de direito ao vencedor. • Concorrência:
Se a administração contratar com alguém, será com o o Empreitada integral, melhor técnica ou
vencedor. Mas não necessariamente ela irá contratar. técnica e preço: 45 dias
o Outros casos: 30 dias
O vencedor poderá se liberar da proposta após 60 dias. Se, em
• Tomada de preços:
60 dias a administração não contratar, o vencedor não está
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o Melhor técnica, técnica e preço: 30 dias recebimento das propostas, observada a necessária
o Outros casos: 15 dias qualificação.
• Convite: 5 dias úteis do recebimento da carta
Como só podem participar cadastrados, a habilitação é o
• Concurso: 45 dias
próprio cadastramento, prévia à abertura do procedimento.
• Leilão: 15 dias
Quando da abertura do edital já existe um cadastro de
• Pregão: 8 dias úteis
interessados. Entretanto, não cadastrados poderão participar,
desde que satisfaçam as condições de qualificação exigidas e se
inscrevam até o 3º dia anterior à data do recebimento das
2.1. CONCORRÊNCIA
propostas.

É a modalidade entre quaisquer interessados que, na fase


inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os
requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para 2.3. CONVITE

execução do seu objeto. Podem participar cadastrados ou não,


É modalidade de licitação entre interessados do ramo
e haverá ampla publicidade na divulgação da abertura do
pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e
procedimento.
convidados em número mínimo de 3 pela unidade

Casos em que a concorrência é obrigatória, administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do

independentemente do valor: instrumento convocatório e o estenderá aos demais


cadastrados na correspondente especialidade que
• Compra ou alienação de bens imóveis, exceto na
manifestarem seu interesse com antecedência de até 24h antes
alienação de imóveis cuja aquisição tenha derivado de
da apresentação das propostas.
procedimentos judiciais ou dação em pagamento (que
podem ser feitas por concorrência ou leilão) A carta convite não precisa ser publicada no diário oficial ou

• Concessões de direito real de uso jornal, mas a administração deve afixar em local apropriado

• Concessões de serviços públicos uma cópia da carta, para que os demais cadastrados possam

• Contratos de PPP participar, desde que manifestem interesse até 24h da

• Licitações internacionais (se o órgão internacional apresentação das propostas.

tiver cadastro, pode ser por tomada de preços, ou


Atenção: não cadastrados e não convidados não
quando não houver fornecedor do bem ou serviço no
podem participar do convite. Só os não cadastrados
país, poderá ser por convite)
convidados e não convidados cadastrados ou não
• Registro de preços (também pode ser por pregão)
que podem.

Como podem participar cadastrados ou não, a habilitação será


Se houver limitação do mercado ou manifesto desinteresse dos
realizada depois da abertura da licitação.
convidados e não for atingido o número de 3 convidados, a
administração poderá prosseguir, mediante justificativa, a
licitação com menos de 3. Se a administração não conseguir
2.2. TOMADA DE PREÇOS justificar, o convite deverá ser repetido, com a convocação de
outros possíveis interessados.
É modalidade de licitação entre interessados devidamente
cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas Na hipótese de existirem mais de 3 possíveis interessados, a
para cadastramento até o 3º dia anterior à data do cada novo convite para objeto idêntico ou semelhante, é

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obrigatório o envio do convite a no mínimo mais 1 interessado, independentemente do valor estimado para a contratação. O
enquanto existirem cadastrados não convidados. que importa é a natureza do objeto, não o valor do contrato.

Bens e serviços comuns: aqueles cujos padrões de desempenho


e qualidade possam ser objetivamente definidos por edital, por
2.4. CONCURSO
meio de especificações usuais no mercado.

É modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a


O pregão não pode ser utilizado:
escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a
instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, • Obras e serviços de engenharia
conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa • Locações imobiliárias
oficial com antecedência mínima de 45 dias. • Alienações em geral

O concurso não se prende ao julgamento objetivo.

2.7. CONSULTA

2.5. LEILÃO A modalidade da consulta está restrita às agências reguladoras,


e não pode ser usada para a contratação de obras e serviços de
É modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a
engenharia civil, nem para aquisição de bens e serviços
venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de
comuns.
produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a
alienação de bens imóveis que tenham sido recebidos em Na consulta, a decisão ponderará o custo e o benefício de cada
procedimentos judiciais ou por dação em pagamento, a quem proposta, considerando a qualificação do proponente.
oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.

Os bens arrematados serão pagos à vista ou no percentual


3. TIPOS DE LICITAÇÃO
estabelecido no edital, não inferior a 5%. Após a assinatura da
ata, lavrada no local do leilão, os bens arrematados serão É a forma como se dará o julgamento das propostas e a escolha
imediatamente entregues ao arrematante, o qual estará do vencedor. A única modalidade que não segue nenhum tipo
obrigado ao pagamento do saldo devedor no prazo estipulado objetivo é o concurso.
no edital, sob pena de perder o valor já recolhido em favor da
administração. São os tipos:

Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela à vista • Menor preço: regra do pregão

poderá ser feito em até 24h. • Melhor técnica: exclusivamente para serviços de
natureza predominantemente intelectual
• Técnica e preço: exclusivamente para serviços de

2.6. PREGÃO natureza predominantemente intelectual e


contratação de bens e serviços de informática
Essa modalidade visa celeridade nas licitações, buscando • Maior lance ou oferta: regra do leilão
simplificar o procedimento.

É modalidade de licitação (preferencialmente de forma


eletrônica) usada para aquisição de bens e serviços comuns,

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4. FASES DA LICITAÇÃO Já o prazo para impugnação pelo licitante é até 2 dias úteis
antes da abertura dos envelopes, sob pena de decadência. Essa
Fase interna:
impugnação não impede que o licitante participe da licitação

1) Abertura do processo administrativo até a decisão final.

2) Orçamento
3) Elaboração do edital
4) Designação da comissão de licitação 5. SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS

Fase externa: As compras, sempre que possível, deverão ser processadas


através do sistema de registro de preços.
5) Publicação do edital ou envio do convite
6) Abertura dos envelopes O SRP não é modalidade ou tipo de licitação, mas é um
7) Habilitação conjunto de procedimentos para formar um banco de dados de
8) Julgamento preços e fornecedores, com compromisso para futura
9) Homologação contratação (fornecedor está obrigado a fornecer o bem ou
10) Adjudicação executar o serviço nas condições do registro).

Não há necessidade de os recursos já estarem previamente O SRP geralmente é usado para:


liberados ou empenhados; é suficiente a existência de previsão
• Contratações frequentes de determinado bem ou
do crédito na lei orçamentária.
serviço
A função da comissão da licitação é de receber, examinar e • Atendimento a mais de um órgão ou entidade
julgar todos os documentos e procedimentos. Assim, não cabe • Atendimento a programas de governo
à comissão a homologação e adjudicação; esses papeis são da • Aquisição de bens com previsão de entregas
autoridade competente. parceladas
• Quando, pela natureza do objeto, não for possível
A comissão pode ser permanente (que não excederá 1 ano,
definir previamente a quantidade a ser demandada
vedada a recondução da totalidade dos membros para a
pela administração
mesma comissão no período subsequente) ou especial (feita
para determinada licitação), e serão integradas por no mínimo A administração deve utilizar a concorrência pelo menor preço
3 membros, sendo pelo menos 2 efetivos do quadro ou pregão, precedida de ampla pesquisa de mercado.
permanente. Na modalidade convite, a comissão pode ser,
Os preços terão validade de até 1 ano, podendo ser atualizados
excepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas,
e serão publicados trimestralmente na imprensa oficial.
substituída por um único servidor formalmente designado pela
Durante a vigência, a ata do registro poderá ser usada por
autoridade competente.
qualquer órgão ou entidade da administração federal que não
No pregão, o pregoeiro realiza a licitação auxiliado por uma tenha participado do certame. Se for outro órgão não
equipe de apoio. constante da ata, o fornecedor escolhe se aceita ou não
fornecer.
Qualquer cidadão, ainda que não participante da licitação, é
parte legítima para impugnar o edital de licitação por É facultada aos órgãos ou entidades municipais, distritais ou
irregularidade, devendo protocolar o pedido até 5 dias úteis estadual a adesão a ata de registro de preços da administração
antes da data fixada para a abertura dos envelopes de federal, mas o contrário é vedado.
habilitação, e a administração deve responder à impugnação
em até 3 dias úteis.
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6. ALIENAÇÃO DE BENS preferência de marca, devendo a comprovação de


exclusividade ser feita através de atestado fornecido
Alienação de bens móveis: não precisa de autorização
pelo órgão de registro do comércio do local em que se
legislativa em nenhum caso.
realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo

• Venda: sindicato, federação ou confederação patronal, ou,

o Regra: leilão ainda, pelas entidades equivalentes

o Exceção: concorrência • Contratação de serviços técnicos, de natureza

• Compra: convite, tomada de preços, concorrência ou singular, com profissionais ou empresas de notória

pregão especialização, vedada a inexigibilidade para serviços


de publicidade e divulgação
Alienação de bens imóveis: se forem oriundos de
procedimentos judiciais ou dação em pagamento, basta a Considera-se serviços técnicos profissionais

decisão da autoridade competente (não precisa de autorização especializados: estudos técnicos, planejamentos e

legislativa). projetos básicos ou executivos; pareceres, perícias e


avaliações em geral; assessorias ou consultorias
• Venda: técnicas e auditorias financeira ou tributárias;
o Regra: concorrência fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras
o Exceção: leilão ou concorrência para ou serviços; patrocínio ou defesa de causas judiciais
procedimentos judiciais e dação em ou administrativas; treinamento e aperfeiçoamento
pagamento de pessoal; e restauração de obras de arte e bens de
• Compra: concorrência valor histórico.

• Contratação de profissional de qualquer setor


artístico, diretamente ou através de empresário
7. CONTRATAÇÃO DIRETA
exclusivo, desde que consagrado pela crítica
Existem duas formas de contratação direta (sem o emprego de especializada ou pela opinião pública
licitação):

• Inexigibilidade: competição inviável


7.2. DISPENSA
• Dispensa: competição viável, mas a lei dispensa ou
7.2.1. Licitação dispensada
autoriza a dispensa

Casos em que a lei determina que não haverá licitação, todos


Nesses casos, a administração deve sempre justificar a não
para a alienação de bens:
realização da licitação, bem como a razão da escolha do
fornecedor e o preço contratado. Imóveis:

• Dação em pagamento
• Doação, permitida exclusivamente para outro órgão
7.1. INEXIGIBILIDADE
ou entidade da administração pública, de qualquer
A competição é inviável nos casos de (rol exemplificativo): esfera de governo
• Permuta por outro imóvel
• Aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros
• Investidura
que só possam ser fornecidos por produtor, empresa
• Venda a outro órgão ou entidade da administração de
ou representante comercial exclusivo, vedada a
qualquer esfera do governo
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• Alienação gratuita ou onerosa, aforamento, • Licitação deserta (sem interessados) ou fracassada


concessão de direito real de uso, locação ou (com interessados inabilitados)
permissão de uso de bens imóveis residenciais
Em razão do objeto:
construídos, destinados ou efetivamente utilizados no
âmbito de programas habitacionais ou de • Compra ou locação de imóvel destinado ao
regularização fundiária de interesse social atendimento das finalidades precípuas da
desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração
administração pública • Contratação de remanescente de obra, serviço ou
• Procedimentos de legitimação de posse fornecimento
• Hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis

Em razão da pessoa:
Móveis:

• EP, SEM e suas subsidiárias e controladas


• Doação, permitida exclusivamente para fins e uso de
• Organizações sociais
interesse social, após avaliação de sua oportunidade e
• Suprimento de energia elétrica e gás natural com
conveniência socioeconômica, relativamente à
concessionário, permissionário ou autorizado
escolha de outra forma de alienação
• PJ de direito público interno de bens produzidos ou
• Permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou
serviços prestados por órgão ou entidade que integre
entidades da administração pública
a administração
• Venda de ações, que poderão ser negociadas em
bolsa, observada a legislação específica
• Venda de títulos
• Venda de bens produzidos ou comercializados por 8. PARCELAMENTO DA LICITAÇÃO

órgãos ou entidades da administração pública, em


As obras, serviços e compras efetuadas pela administração
virtude de suas finalidades
deverão obrigatoriamente ser parceladas em várias licitações
• Venda de materiais e equipamentos para outros
sempre que tal parcelamento se mostre mais vantajoso, de
órgãos ou entidades da administração, sem utilização
forma a ampliar a competitividade, atraindo licitantes incapazes
previsível por quem deles dispõe
de fornecer todo o objeto desejado.

A modalidade a ser adotada na licitação em cada uma das

7.2.2. Licitação dispensável parcelas deve ser aquela que seria utilizada caso houvesse uma
contratação única.
Casos em que a lei faculta a contratação direta para a aquisição
de bens e serviços (só licita se quiser).

9. ANULAÇÃO E REVOGAÇÃO
Em razão do valor:

A autoridade competente poderá revogar a licitação por razões


• Obras serviços de engenharia: até 33 mil
de interesse público decorrente de fato superveniente
• Compras e alienações: até 17,6 mil
comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta,
Em razão da situação: e deverá anular por ilegalidade, de ofício ou por provocação de
terceiros, mediante parecer escrito e fundamentado.
• Guerra ou calamidade pública (contratos com duração
de até 180 dias, vedada a prorrogação)
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ANULAÇÃO REVOGAÇÃO CONTRATOS ADMINISTRATIVOS – À LUZ DA LEI Nº


Fato superveniente ou
8.666/93
Ilegalidade adjudicatário não comparece
para assinar o contrato
Pode ocorrer após a Não pode ser feita após a Existem atividades em que o Estado precisa da colaboração dos
assinatura do contrato assinatura do contrato particulares, oportunidade em que surge a necessidade da
Contraditório e ampla defesa celebração de acordos bilaterais de vontade: os contratos.
Contraditório e ampla defesa só são necessários após a
homologação e a adjudicação Apesar de ser um acordo de vontade, as cláusulas nos
É possível anular todo o
contratos administrativos são fixadas unilateralmente pela
procedimento ou apenas
determinado ato, com A revogação é sempre total administração (contrato de adesão). O contrato é regido,
consequente nulidade dos predominantemente, pelo direito público, aplicando-lhe,
atos posteriores
supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as
disposições do direito privado.

1. CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO

Contratos da administração é gênero que abrange tanto os


contratos administrativos (predominantemente) de direito
público, como os contratos (predominantemente) de direito
privado.

1.1. CONTRATOS PRIVADOS DA ADMINISTRAÇÃO

Nos contratos predominantemente privado, o Estado não tem


por completo as garantias de direito público. Maria Sylvia Di
Pietro diz que os contratos de direito privado devem obedecer
às exigências de forma, procedimento, competência e
finalidade previstas nas normas de direito público.

Entretanto, aplicam-se nos contratos de direito privado, no que


couber, as seguintes normas de direito público:

• Cláusulas necessárias
• Cláusulas exorbitantes
• Regras de formalização e eficácia

Exemplos de contratos de direito privado celebrados entre a


administração e o particular: compra e venda, locação, seguro,
financiamento, doação, fornecimento de energia para as
repartições públicas etc.

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1.2. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS licitação, de modo a permitir que o particular já participe da


licitação conhecendo os termos do contrato que irá celebrar se
Os contratos administrativos são regidos predominantemente
for vencedor.
pelas normas de direito público, mas, havendo lacunas, serão
aplicadas as normas (de forma supletiva e subsidiária) de São cláusulas necessárias em todo contrato firmado pela
direito privado. administração:

Art. 54, lei 8.666/93: os contratos administrativos regulam-se • Objeto


pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, • Regime de execução ou forma de fornecimento
aplicando-se-lhes, supletivamente, os princípios da teoria geral • Preço, condições de pagamento e critérios de ajuste
dos contratos e as disposições de direito privado. • Prazos de início e de conclusão, de entrega
• Crédito pelo qual correrá a despesa
O regime de direito público é caracterizado pela existência de
• Garantias oferecidas, quando exigidas
prerrogativas, que se materializam pelas cláusulas exorbitantes
• Direitos e responsabilidades das partes, penalidades
(existem sempre, ainda que implicitamente), que são
cabíveis e valores das multas
indispensáveis para assegurar a supremacia do poder público
• Casos de rescisão
sobre o contratado.
• Reconhecimento de direitos da administração em
caso de rescisão por inexecução do contrato
• Condições de importação, quando for o caso
2. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS DE DIREITO PÚBLICO
• Vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a
É o ajuste firmado entre a administração pública e um dispensou
particular, regulado basicamente pelo direito público, e tendo • Legislação aplicável
por objeto uma atividade que, de alguma forma, traduza • Obrigação do contratado de manter as condições de
interesse público. habilitação e qualificação exigidas na licitação

Apesar de receberem o nome de cláusulas


necessárias, a falta de uma ou umas cláusulas não
2.1. CARACTERÍSTICAS
descaracteriza o contrato administrativo.
• Consensuais
• Formais (e, em regra, escritos. Exceção: pequenas
compras de até 4mil reais podem ser verbais)
2.3. CLÁUSULAS EXORBITANTES/DE PRIVILÉGIO
• Onerosos
• Comutativos São as prerrogativas de direito público conferidas pela lei à
• Intuitu personae (pessoalidade) administração na relação do contrato administrativo, dotando-
a de uma posição de supremacia em relação à parte
Além disso, devem ser precedidos de licitação.
contratada.

As principais cláusulas exorbitantes são:


2.2. CLÁUSULAS NECESSÁRIAS
Alteração unilateral do contrato: em algumas situações, a
Os contratos administrativos são contratos de adesão, em que administração pode alterar as cláusulas do contrato
uma parte (administração) propõe as cláusulas do acordo e a independentemente do consentimento do contratado, mas
outra parte apenas aceita ou não. A minuta do contrato deve sempre respeitando o interesse público. As alterações devem
sempre integrar o edital ou instrumento convocatório da
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sempre ser motivadas e devem respeitar a natureza do Fiscalização da execução do contrato: é um poder dever que
contrato no que diz respeito ao objeto. exige que seja a execução do contrato acompanhada e
fiscalizada por um representante da administração,
A alteração pode ser:
especialmente designado, permitida a contratação de terceiros

• Qualitativa: modificação no projeto ou nas para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa

especificações, para melhor adequação técnica atribuição. O não atendimento das determinações da

• Quantitativa: modificação do valor contratual em autoridade fiscalizadora enseja rescisão unilateral do contrato,

decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa sem prejuízo das sanções cabíveis.

do objeto. Pode ser:


A fiscalização efetuada pela administração não exclui a
o Obras, serviços e compras: até 25% para
responsabilidade do contratado pelos danos causados a
mais ou para menos
terceiros decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do
o Reforma de edifícios ou de equipamentos:
contrato.
até 50% para mais e 25% para menos
Aplicação de sanções: a administração pode aplicar sanções
O contratado é obrigado a aceitar essas alterações, e, caso não
administrativas ao contratado, caso ele deixe de cumprir total
aceite, será considerado como descumpridor do contrato,
ou parcialmente o objeto do contrato.
dando margem para que a administração rescinda o contrato,
atribuindo-lhe culpa pela rescisão. As sanções podem ser:

A lei admite que, de forma bilateral, as supressões sejam • Advertência


maiores que 25%. Mas, nesse caso não será cláusula • Multa, por atraso na execução do contrato ou na
exorbitante, uma vez que será feita de forma acordada com o forma prevista no instrumento convocatório ou no
administrado. contrato
• Suspensão temporária de participação em licitação e
Somente as cláusulas regulamentares/de execução/de serviço
impedimento de contratar com a administração, por
podem ser alteradas; as econômico-financeiras nunca podem
prazo não superior a 2 anos
ser modificadas unilateralmente. Ou seja, o equilíbrio
• Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
econômico-financeiro deve sem mantido durante toda a
com a administração (sem prazo)
execução do contrato. Na hipótese de alteração unilateral, as
cláusulas econômico-financeiras devem ser revistas para que se A multa pode ser aplicada cumulativamente com qualquer das
mantenha o equilíbrio contratual. outras sanções. Mas é vedada a acumulação das demais
sanções entre si.
No caso de supressão unilateral de obras, bens ou serviços, se o
contratado já houver adquirido os materiais e posto no local As multas podem ser descontadas diretamente das garantias
dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela administração oferecidas pelo contratado, desde que prestada mediante
pelos custos de aquisição regularmente comprovados e caução em dinheiro ou título público. Se o valor da garantia não
monetariamente corrigidos, podendo caber indenização por for suficiente, a administração pode deduzir o valor da multa
outros danos eventualmente decorrentes da supressão, desde dos pagamentos eventualmente devidos ao contratado.
comprovados.
A reabilitação para contratar com o poder público só pode ser
Rescisão unilateral: a administração pode rescindir o contrato requerida após 2 anos da aplicação da declaração de
por diversas hipóteses e, se houver irregularidades imputadas inidoneidade (competência exclusiva do ministro de Estado,
ao contratado, deve ser precedida de processo administrativo secretário estadual ou municipal) e será concedida sempre que
em que se assegure o direito ao contraditório e ampla defesa.
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o contratado ressarcir a administração pelos prejuízos Restrições à oposição, pelo contratado, da exceção do contrato
resultantes da inexecução total ou parcial do contrato. não cumprido: nos contratos administrativos, a lei restringe a
possibilidade de o particular opor a exceção do contrato não
cumprido em desfavor da administração. Assim, no caso de não

Ocupação de bens móveis, imóveis, pessoal e serviços pagamento da administração, somente após 90 dias de atraso é

vinculados ao objeto do contrato, quando o ajuste visa à que o particular pode demandar a rescisão do contrato

prestação de serviços essenciais: quando o contrato for para administrativo ou, ainda, paralisar a execução dos serviços,

prestação de serviços essenciais, a administração pode ocupar após notificação prévia.

provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços


Art. 78, lei 8.666/93: constituem motivo para rescisão do
vinculados ao objeto do contrato, nas hipóteses:
contrato o atraso superior a 90 dias dos pagamentos devidos

• Como medida cautelar enquanto ocorre a apuração pela administração decorrentes de obras, serviços ou

administrativa de faltas cometidas pelo contratado fornecimento, ou parcelas destes já recebidos ou executados,

• Após a rescisão do contrato administrativo salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da
ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito
Essa prerrogativa decorre do princípio da continuidade do de optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações
serviço público até que seja normalizada a situação.

Exigências de garantias pela administração: a administração No caso de não cumprimento pelo administrado, a
pode exigir garantias para o contratado para assegurar o fiel administração já pode suspender os pagamentos a ele devidos
cumprimento do contrato e para facilitar o ressarcimento dos de imediato, sem prejuízo das demais sanções previstas em lei
prejuízos causados pela eventual inexecução do ajuste. e no contrato.

A exigência ou não da garantia é decisão discricionária da


administração, mas deve haver previsão expressa no
instrumento convocatório. 2.4. DURAÇÃO DOS CONTRATOS

Art. 56, lei 8.666/93: a critério da autoridade competente, em Como regra, o prazo dos contratos não pode ultrapassar a

casa caso, e desde que prevista no instrumento convocatório, vigência dos respectivos créditos orçamentários. A lei 8.666/93

poderá ser exigida prestação de garantia nas contratações de veda a duração indeterminada dos contratos.

obras, serviços e compras.


Exceções em que os contratos podem ultrapassar a vigência

Assim, quando exigida, a garantia é cláusula necessária no dos créditos orçamentários (um ano civil):

contrato.
• Contratos de projetos cujos produtos estejam

Caberá ao contratado optar por uma das modalidades de contemplados nas metas estabelecidas no plano

garantia: plurianual poderão ser prorrogados até 4 anos


• Contratos de prestação de serviços a serem
• Caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública executados de forma contínua poderão ser
• Seguro-garantia prorrogados por iguais e sucessivos períodos, limitada
• Fiança bancária a 60 meses, e excepcionalmente por mais 12 meses
• Contratos de aluguel de equipamentos e utilização de
A garantia será liberada ou restituída após a execução do
programas de informática poderão ser prorrogados
contrato e, quando em dinheiro, atualizada monetariamente.
por até 48 meses após o início da vigência do contrato

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• Contratos das hipóteses de licitação dispensável (e não o contratado) deve responder de forma objetiva e
poderão ser prorrogados por até 120 meses indenizar os terceiros prejudicados pela obra.

A prorrogação do prazo deve ser justificada por escrito e O contratado é responsável pelos encargos trabalhistas,
previamente autorizada pela autoridade competente para previdenciários, fiscais e comerciais decorrentes da execução
celebrar o contrato. do contrato. Dessas responsabilidades, a única que a
administração responde de forma subsidiária é a
As razões que podem ensejar a prorrogação do prazo são:
previdenciária.

• Alteração do projeto ou especificações, pela


Assim, temos os encargos:
administração
• Superveniência de fato excepcional ou imprevisível, • Fiscais
estranho à vontade das partes, que altere • Comerciais da empresa contratada
fundamentalmente as condições de execução do • Trabalhistas
contrato • Previdenciários → solidária com a administração
• Interrupção do contrato ou diminuição do ritmo de
STF: excepcionalmente, no exame de casos concretos, é
trabalho por ordem e no interesse da administração
possível a responsabilização subsidiária (e não solidária) da
• Aumento das quantidades inicialmente previstas no
administração nos encargos trabalhistas, quando se comprovar
contrato, nos limites permitidos pela lei
sua omissão culposa no exercício do seu dever de fiscalização
• Impedimento de execução do contrato por fato ou
ou de escolha adequada da empresa a contratar.
ato de terceiro reconhecido pela administração em
documento contemporâneo à sua ocorrência
• Omissão ou atraso de providências a cargo da
2.6. FORMAS DE RECEBIMENTO DO OBJETO
administração, inclusive quanto aos pagamentos
previstos de que resulte, diretamente, impedimento O recebimento do objeto é o momento no qual a administração
ou retardamento na execução do contrato, sem se certifica que o contratado cumpriu com todas as suas
prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis obrigações, fornecendo os bens, prestando os serviços ou
executando as obras em conformidade com as especificações
do contrato.
2.5. EXECUÇÃO DOS CONTRATOS
A administração rejeitará, no todo ou em parte, obra, serviço
O contrato deve ser executado fielmente pelas partes, ou fornecimento executado em desacordo com o contrato. Ou
respondendo cada uma pelas consequências de sua inexecução seja, ao receber o objeto, a administração confirma que o
total ou parcial. executado estava de acordo com o contratado.

O contratado responde civilmente pela solidez e segurança da Sendo obras ou serviços, o objeto será recebido:
obra ou do serviço, além de possuir responsabilidade ético-
• Provisoriamente: pelo responsável por seu
profissional pela perfeita execução do contrato. Assim, o
acompanhamento e fiscalização, mediante termo
contratado é responsável pelos danos causados diretamente à
circunstanciado, assinado pelas partes em até 15 dias
administração ou à terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo
da comunicação escrita do contratado
na execução do contrato, não excluindo ou reduzindo essa
• Definitivamente: por servidor ou comissão designada
responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo
pela autoridade competente, mediante termo
órgão interessado. A responsabilidade do contratado é
circunstanciado, assinado pelas partes, após o
subjetiva. Se houver dano só pelo fato da obra, a administração
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decurso do prazo de observação, que não pode ser produz efeitos retroativos, impedindo os efeitos que o contrato
superior a 90 dias, salvo em casos excepcionais, deveria produzir, além de desconstituir os já produzidos. A
devidamente justificados e previstos no edital, ou nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato.
vistoria que comprove a adequação do objeto aos
A nulidade não exonera a administração do dever de indenizar
termos contratuais
o contratado pelo que este houver executado até a data da
Sendo compras ou de locação de equipamentos, o objeto será anulação e por outros prejuízos regularmente comprovados
recebido:
Rescisão: é o desfazimento de um contrato válido, em
• Provisoriamente: para efeito de posterior verificação decorrência de razões outras que não a ilegalidade. A rescisão
da conformidade do material com a especificação tem efeitos prospectivos, e pode ser:
• Definitivamente: após a verificação da qualidade e
• Unilateral: decorre das cláusulas exorbitantes. Os
quantidade do material e consequente aceitação
motivos que podem levar à rescisão são:
Nas compras e locação de equipamentos, o recebimento se dá o Inadimplência do contratado, com ou sem
mediante recibo, salvo nos casos de equipamentos de grande culpa
vulto (cujo valor estimado supera R$216.081.640,00), que o Interesse público
dependerão de termo circunstanciado. o Caso fortuito ou força maior
• Amigável: decorre de acordo entre as partes, desde
que haja conveniência para a administração

2.7. EXTINÇÃO DO CONTRATO • Judicial: decorre quando o judiciário manda rescindir


o contrato. Em geral, é quando a administração
O contrato pode se extinguir pelas seguintes formas:
descumpre com o contrato e o particular pede a

Naturalmente: rescisão na justiça por razões de:


o Falta de pagamento (atraso por mais de 90
• Cumprimento do objeto: por exemplo: quando o dias)
serviço contratado foi realizado ou o bem foi o Não liberação da área, local ou objeto para a
fornecido e o preço foi pago pela administração execução do contrato
• Término do prazo: ocorre nos contratos que preveem o Suspensão do contrato por mais de 120 dias
um lapso de tempo para que as obrigações perdurem, o Supressão de valores contratuais em
fixando um termo final patamares não toleráveis

Impossibilidade material: ocorre quando algum fato constitui


óbice instransponível para a execução das obrigações
3. TEORIA DA IMPREVISÃO
ajustadas, normalmente quando há o desaparecimento do
objeto A teoria da imprevisão se aplica quando, no curso do contrato,
ocorrem eventos excepcionais e imprevisíveis que provocam
Impossibilidade jurídica: ocorre no caso de perda das condições
desequilíbrio econômico-financeiro do ajuste. A teoria também
jurídicas em que o contrato foi firmado, geralmente em
se aplica a fatos previsíveis, mas de consequência incalculáveis,
decorrência do falecimento ou falência do contratado
não provocadas pela vontade das partes.
Anulação: ocorre por questões de ilegalidade ou ilegitimidade.
Quando esses eventos levam à inexecução contratual, a parte
Pode ser realizada pela administração, de ofício ou provocada,
inadimplente fica isenta de responsabilidade, por conta da
ou pelo judiciário, por provocação. A declaração de nulidade
aplicação da teoria da imprevisão.
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Assim, o contrato deve ser cumprido enquanto presentes as 3.3. CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR
mesmas condições existentes quando o ajuste foi firmado.
São eventos imprevisíveis ou inevitáveis que impedem ou
Grandes mudanças geram desequilíbrio contratual, ensejando a
tornam extraordinariamente onerosa a execução do contrato.
alteração do contrato, quando for possível reestabelecer o
Por isso, podem levar à rescisão contratual ou à alteração do
equilíbrio econômico-financeiro inicial, ou, caso contrário,
contrato, por acordo entre as partes, visando recompor o
haverá a rescisão do contrato.
equilíbrio econômico-financeiro original.
A teoria da imprevisão não se aplica na ocorrência
4. ESPÉCIES DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
de simples elevações de preços em proporção
4.1. CONTRATOS DE SERVIÇO
suportável, correspondente ao risco do próprio
contrato (risco empresarial). São os que têm por finalidade a prestação de certa atividade de
interesse da administração. Exemplos: demolição, conserto,
Art. 65, II, d, lei 8.666/93: para estabelecer a relação que as
instalação, montagem, operação, conservação, reparação,
partes pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado
adaptação, manutenção, transporte, locação de bens,
e a retribuição da administração para a justa remuneração da
publicidade, seguro, trabalhos técnico-profissionais etc.
obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do
equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese Não são serviços públicos, mas sim serviços privados prestados
de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de à administração.
consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da
execução do ajuste, ou, ainda, em caso de força maior, caso
fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica
4.2. CONTRATOS DE OBRAS PÚBLICAS
extraordinária e extracontratual.
São os que têm objeto na construção, reforma, fabricação,
recuperação ou ampliação de determinado bem público, como
viadutos, escolas, represas, refinarias etc.
3.1. FATO DO PRÍNCIPE

A principal característica é o emprego de material para alguma


Decorre de ato geral do poder público (edição de lei ou ato
realização física. Se diferencia dos contratos de serviço, uma
normativo, por exemplo) que modifica as condições do
vez que eles predominam a atividade em si, e não e resultado.
contrato, prejudicando o contratado. Nesse caso, o poder
público atua como Estado-império, e não como parte no
A administração por executar suas obras diretamente ou
contrato. Exemplos: aumento e redução de alíquotas de
através de terceiros contratados, que podem ter os regimes de:
impostos.
• Empreitada por preço global
• Empreitada por preço unitário

3.2. FATO DA ADMINISTRAÇÃO • Empreitada integral


• Tarefa
Diz respeito aos atos e omissões do poder público que,
incidindo direta e especificamente sobre o contrato, retardam,
agravam ou impedem a sua execução. Exemplos: supressão de
4.3. CONTRATOS DE FORNECIMENTO
obras, serviços e compras além do limite, suspensão da
execução do contrato por mais de 120 dias e atraso superior a São aqueles em que a administração adquire bens móveis
90 dias do pagamento. necessários à realização e à manutenção de suas atividades, à
prestação de serviços públicos ou à realização de obras.

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Exemplos: material hospitalar, material escolar, equipamentos, LICITAÇÕES PÚBLICAS – À LUZ DA LEI Nº 14.133/21
gêneros alimentícios etc.
Como regra, para a escolha do contratado, a administração
deve abrir um procedimento licitatório, com vistas a assegurar
ao maior número de interessados possível a oportunidade de
4.4. CONTRATOS DE CONCESSÃO
apresentar propostas e de ser escolhido para firmar o contrato.

São aqueles pelos quais a administração confere ao particular a


A competência para legislar sobre licitações e contratos é
execução remunerada de serviço público ou de obra pública,
privativa da União. A competência se restringe a criar normas
ou, ainda, lhe cede o uso de bem público, para que o explore
gerais nacionais, sendo possível que E/DF/M, sociedades de
por sua conta e risco, pelo prazo e nas condições
economia mista, empresas públicas e fundações públicas,
regulamentares e contratuais.
editem, independentemente da autorização da União, normas
sobre questões específicas, desde que não contrariem as
normas gerais.
5. CONTRATOS X CONVÊNIOS
É importante salientar que, em regra, as empresas estatais
Convênio não é contrato, embora seja um instrumento que a continuarão tendo suas licitações regidas pela lei nº 13.303/16,
administração se utilize para, mediante um acordo de e não pela lei nº 14.133/21. Mas, atenção: as disposições
vontades, associar-se com outras entidades públicas ou com penais (previstas no art. 178) trazidas pela nova lei de licitações
entidades privadas para prestar serviços de interesse público. são aplicáveis às estatais.

Convênios são firmados entre órgãos ou entidades públicas de Art. 1º, §1º, lei 14.133/21: não são abrangidas por esta lei as
qualquer espécie, ou entre estas e entidades privadas sem fins empresas públicas, as sociedades de economia mista e as suas
lucrativos, visando à consecução de objetivos de interesse subsidiárias, regidas pela lei nº 13.303/16, ressalvado o
comum a eles. Já nos contratos, os interesses são opostos. disposto no art. 178 desta lei.

Atualmente, e até 1º de abril de 2023, o processo licitatório


será regido pelas leis nº 8.666/93 e 14.133/16, uma vez que a
nova lei de licitações não revogou de imediato a lei nº 8.666/93
(com exceção das disposições penais). Assim, durante o
período de transição, a Administração poderá optar por licitar e
contratar pela lei antiga ou pela nova, devendo essa opção
constar expressamente no edital ou aviso de licitação.

Nesse período de 2 anos (até abril de 2023), as leis


nº 8.666/93, 10.520/02 e 12.462/11 ainda poderão
ser utilizadas. Mas cuidado: é vedada a combinação
da lei antiga com a nova. Ou licita e contrata pela
antiga ou pela nova, mas não por ambas.

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1. ABRANGÊNCIA DA LEI 14.133/21 • Concessão e permissão de uso de bens públicos


(cuidado: concessão e permissão de serviços públicos
Art. 1º lei nº 14.133/21: esta lei estabelece normas gerais de
estão fora dessa lei)
licitação e contratação para as Administrações Públicas diretas,
• Prestação de serviços, inclusive os técnico-
autárquicas e fundacionais da U/E/DF/M e abrange:
profissionais especializados
I. Os órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da • Obras e serviços de arquitetura e engenharia
U/E/DF e os órgãos do Poder Legislativo dos • Contratações de tecnologia da informação e
Municípios, quando no desempenho de função comunicação
administrativa
Não se subordinam à lei de licitações (art. 3º):
II. Os fundos especiais e as demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela • Contratos de operação de crédito, interno ou externo
Administração Pública • Contratos de gestão de dívida pública, incluídas as
contratações de agente financeiro
Ou seja, a lei de licitações se aplica a:
• Concessão e garantia relacionadas a esses contratos
• Administração Pública direta, autárquica e descritos acima)
fundacional (seja fundação pública ou fundação
Se subordinam à lei de licitações apenas de forma subsidiária
privada)
(art. 186):
• Todos os entes da federação (U/E/DF/M)
• Órgãos do Legislativo e Judiciário quando no • Contratações sujeitas a normas previstas em
desempenho da função administrativa legislação própria: casos da concessão e permissão de
• Fundos especiais e entidades controladas pela serviços públicos (regidos pelas leis 8.987/95 e
Administração Pública 11.079/04) e dos serviços de publicidade prestados
por agências de propaganda (regidos pela lei
Ainda de acordo com o art. 1º da nova lei, existem os casos
12.232/10)
especiais de licitação. Veja:

• Repartições sediadas no exterior devem obedecer a


regulamento próprio e suas peculiaridades 3. PRINCÍPIOS
• Recursos de agências e organismos internacionais
O art. 5º da lei 14.133/21 traz os seguintes princípios que a
podem ter regras próprias
Administração deve seguir:
• Reservar internacionais devem obedecer ao ato
normativo do Banco Central Legalidade: a Administração deve seguir regras definidas em lei.

Impessoalidade: o administrador deve atender ao interesse


público, sem priorizar ou prejudicar ninguém.
2. CASOS DE APLICAÇÃO DA LEI DE LICITAÇÕES

Moralidade: assim como a probidade, significa que a


Se subordinam à lei de licitações (art. 2º):
Administração deve seguir a moral, os bons costumes, as regras
• Alienação e concessão de direito real de uso de bens de boa administração, a honestidade e equidade.
• Compra, inclusive por encomenda
Publicidade: visa garantir a possibilidade de participação e
• Locação
fiscalização dos atos licitatórios, tornando pública a licitação,
com exceção das hipóteses de informações cujo sigilo seja

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imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Além devem ser objetivos, claros, sem estabelecer preferências ou
desses casos, a publicidade também será diferida quanto ao escolhas desnecessárias.
conteúdo das propostas, até a abertura dos envelopes.
Segurança jurídica: busca manter a estabilidade das relações
Eficiência: as licitações devem gerar resultados positivos à jurídicas.
população (boa relação custo x benefício).
Razoabilidade: visa a compatibilidade entre os meios
Interesse público: a Administração deve sempre visar o empregados e os fins visados na prática de um ato
interesse público, benefício coletivo, e não o particular. administrativo.

Probidade administrativa: assim como a moralidade, significa Competitividade: como regra, não deve haver restrições
que a Administração deve seguir a moral, os bons costumes, as indevidas. Assim, a Administração deve permitir a participação
regras de boa administração, a honestidade e equidade. do maior número de concorrentes, de modo a garantir a
competitividade (mas pode haver a restrição de participação de
Igualdade: veda as discriminações, favorecimentos ou
algumas pessoas, como do autor do anteprojeto, projeto básico
exigências indevidas. Ou seja, os licitantes devem estar em
ou executivo, entre outros).
igualdade de condições.
Proporcionalidade: visa conter o excesso de poder, ou seja,
Planejamento: a licitação deve ser planejada na fase
atos que ultrapassem os limites adequados ao fim a ser
preparatória, de modo que não haja desperdício ou que a
atingido.
licitação seja feita de modo corrido, urgente.
Celeridade: a licitação deve ser realizada dentro de um prazo
Transparência: além de tornar pública a licitação, a
razoável, sem demora excessiva.
Administração deve divulgá-la de modo claro, de forma que a
população consiga compreender o que está sendo licitado. Economicidade: o custo deve ser o menor possível, mas desde
que não comprometa o padrão de qualidade.
Eficácia: tem relação com o cumprimento dos objetivos da
Administração. Desenvolvimento nacional sustentável: além de buscar uma
boa proposta no aspecto econômico, a licitação deve buscar
Segregação de funções: de acordo com o TCU, deve haver a
também o licitante que promova o desenvolvimento nacional
separação de funções de autorização, aprovação, execução,
sustentável, sob o aspecto ambiental.
controle e contabilização das operações, evitando o acumula de
funções pelo mesmo servidor.

Motivação: indicação dos pressupostos de fato (situação 4. OBJETIVOS/FINALIDADES DA LICITAÇÃO


concreta) e direito (autorização legal) que desencadearam a
Conforme o art. 11 da lei de licitações, são objetivos do
licitação.
processo licitatório:
Vinculação ao edital: o edital é a “lei” da licitação para os
• Assegurar a seleção da proposta apta a gerar o
licitantes e para a Administração, de modo que todo o processo
resultado de contratação mais vantajoso para a
deve ser pautado nas regras previamente definidas no edital da
Administração Pública, inclusive no que se refere ao
licitação.
ciclo de vida do objeto
Julgamento objetivo: a Administração não pode se guiar pela • Assegurar tratamento isonômico entre os licitantes,
subjetividade. Assim, os critérios de julgamento da licitação bem como a justa competição

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• Evitar contratações com sobrepreço ou com preços essenciais à execução desta lei que preencham os seguintes
manifestamente inexequíveis e superfaturamento na requisitos: (...)
execução dos contratos
São requisitos dos agentes públicos designados para o
• Incentivar a inovação e o desenvolvimento nacional
desempenho das funções essenciais sobre licitações e
sustentável
contratos:
Explicando alguns termos, conforme definição do art. 6º:
• Sejam, preferencialmente, servidor efetivo ou
• Sobrepreço: valor expressivamente superior aos empregado público dos quadros permanentes da
preços praticados pelo mercado (fase de orçamento) Administração
• Preços manifestamente inexequíveis: para obras e • Tenham atribuições relacionadas a licitações e
serviços de engenharia (para os demais, a lei não contratos ou possuam formação compatível ou
estabeleceu um critério), consideram-se inexequíveis qualificação atestada por certificação profissional
as propostas cujos valores forem inferiores a 75% do emitida por escola de governo criada e mantida pelo
valor orçado pela Administração poder público
• Não sejam cônjuge ou companheiro de licitantes ou
Cuidado: se for um valor inferior a 85%, não será
contratados habituais da Administração nem tenham
considerado manifestamente inexequível, mas a
com eles vínculo de parentesco, colateral ou por
Administração pode exigir uma garantir adicional
afinidade, até o 3º grau, ou de natureza técnica,
para ter certeza que a empresa vai conseguir
comercial, econômica, financeira, trabalhista e civil
cumprir a licitação, equivalente à diferença entre o
valor orçado e o valor da proposta (art. 59, §5º). Já o agente de contratação, conforme definição trazida pelo
art. 6º, é a pessoa designada pela autoridade competente,
• Superfaturamento: significa que houve um dano ao
entre servidores efetivos ou empregados públicos dos quadros
patrimônio público. Ou seja, a Administração já pagou
permanentes da Administração, para tomar decisões,
pela licitação. Pode ser por (1) medição de quantidade
acompanhar o trâmite da licitação, dar impulso ao
superior à efetivamente executada ou fornecida, (2)
procedimento licitatório e executar quaisquer atividades
deficiência na execução de obras e serviços de
necessárias ao bom andamento do certame até a
engenharia que resulte em diminuição da sua
homologação.
qualidade, vida útil ou segurança, (3) alterações no
orçamento de obras e serviços de engenharia que Atenção: o agente de contratação não será
causem desequilíbrio econômico-financeiro e (4) preferencialmente servidor efetivo ou empregado
outras alterações de cláusulas financeiras público do quadro permanente; ele será
obrigatoriamente.

Após a homologação, ou seja, na fase de encerramento da


5. AGENTES PÚBLICOS DA LICITAÇÃO
licitação, ela será conduzida pela autoridade superior, que

São os agentes públicos envolvidos no processo de licitação. poderá revogar, anular, adjudicar e homologar ou determinar o

Veja o que dispõe a lei: retorno dos autos para a correção de vícios.

Art. 7º, lei 14.133/21: caberá à autoridade máxima do órgão ou Assim, o agente de contratação deve conduzir a licitação (na lei

da entidade, ou a quem as normas de organização 8.666/93 esse papel cabe à comissão de licitação), sendo

administrativa indicarem, promover gestão por competências e auxiliado por uma equipe de apoio, mas respondendo de forma

designar agentes públicos para o desempenho das funções

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individual pelos atos que praticar, salvo se for induzido a erro V. Diálogo competitivo
pela atuação da equipe de apoio.
Atenção: tomada de preço, convite e regime
Se a licitação for na modalidade de pregão, o agente diferenciado de contratações não são previstas na
de contratação receberá o nome de pregoeiro. nova lei de licitações.

O agente poderá ser substituído por uma comissão de Art. 28, §1º, lei 14.133/21: além das modalidades referidas no
contratação/licitação: caput deste art., a Administração pode servir-se dos
procedimentos auxiliares previstos no art. 78 desta lei.
• Nos casos de licitação que envolva bens ou serviços
especiais (que não são comuns e não podem ser Não confunda as modalidades com os procedimentos
definidos objetivamente em razão da auxiliares:
heterogeneidade ou complexidade)
Art. 78 lei 14.133/21: são procedimentos auxiliares das
• Nos casos de licitação na modalidade diálogo
licitações e das contratações regidas por esta lei:
competitivo (os membros da comissão devem ser
servidores efetivos ou empregados públicos dos I. Credenciamento
quadros permanentes), admitida a contratação de II. Pré-qualificação
profissionais para assessoramento técnico da III. Procedimento de manifestação de interesse
comissão IV. Sistema de registro de preços
• Comissão formada por no mínimo 3 membros V. Registro cadastral
• Membros da comissão responderão solidariamente
Art. 28, §2º, lei 14.133/21: é vedada a criação de outras
por todos os atos praticados, salvo se ele expressar
modalidades de licitação, ou, ainda, a combinação daquelas
posição individual divergente fundamentada e
referidas no caput deste artigo.
registrada em ata
• Os requisitos para os membros dessa comissão são os
mesmos para os agentes públicos designados para o
6.1. PREGÃO
desempenho das funções essenciais sobre licitações e
contratos
Art. 6º, XLI, lei 14.133/21: pregão: modalidade de licitação
obrigatória para aquisição de bens e serviços comuns, cujo
critério de julgamento poderá ser o de menor preço ou o de
6. MODALIDADES DE LICITAÇÃO maior desconto.

Na antiga lei de licitações, o principal critério de classificação Esquematizando o rito comum do pregão:
das modalidades de licitação era o valor. Agora, as modalidades
são definidas pela natureza do objeto da licitação, • Objeto: bens e serviços comuns (incluindo os serviços

independentemente do valor. Atualmente, o valor somente comuns de engenharia, que também são objeto da

importa para autorizar a dispensa de licitação. concorrência)


• Critérios de julgamento:
Art. 28 lei 14.133/21: são modalidades de licitação: o Menor preço
o Maior desconto
I. Pregão
• Não pode usar o pregão:
II. Concorrência
o Bens e serviços especiais
III. Concurso
o Obras
IV. Leilão

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o Serviços especiais de engenharia • Destina-se à concessão de prêmio ou remuneração ao


o Serviços técnicos profissionais especializados vencedor
o Locações imobiliárias • Regras e condições que devem ser previstas no edital:
o Alienações o Qualificação exigida dos participantes
o Diretrizes e formas de apresentação do
trabalho
6.2. CONCORRÊNCIA o Condições de realização e o prêmio ou
remuneração a ser concedida ao vencedor
Art. 6º, XXXVIII, lei nº 14.133/21: concorrência: modalidade de
• Prazo mínimo de divulgação do edital: 35 dias úteis
licitação para contratação de bens e serviços especiais e de
obras e serviços comuns e especiais de engenharia, cujo critério
de julgamento poderá ser:
6.4. LEILÃO
a. Menor preço
Art. 6º, XL, lei 14.133/21: leilão: modalidade de licitação para
b. Melhor técnica ou conteúdo artístico
alienação de bens imóveis ou de bens móveis inservíveis ou
c. Técnica e preço
legalmente apreendidos a quem oferecer o maior lance.
d. Maior retorno econômico
e. Maior desconto Esquematizando o rito especial do leilão:

Esquematizando as hipóteses de cabimento da concorrência, • Objeto: alienação de bens:


que possui o rito comum: o Imóveis
o Móveis inservíveis
• Bens e serviços especiais
o Móveis legalmente apreendidos
• Obras
• Critério de julgamento: maior lance
• Serviços comuns e especiais de engenharia
• Condução por:
São especiais aqueles bens e serviços que, por sua o Leiloeiro oficial (particular contratado pela
alta heterogeneidade ou complexidade, não podem Administração por credenciamento ou por
ser descritos como comuns (critério residual). pregão por maior desconto)
o Servidor público
• Divulgação do edital com antecedência mínima de 15

6.3. CONCURSO dias úteis:


o Obrigatória pelo sítio eletrônico e afixação
Art. 6º, XXXIX, lei 14.133/21: concurso: modalidade de licitação no local de ampla circulação
para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, cujo o Facultativa por outros meios
critério de julgamento será o de melhor técnica ou conteúdo • Não há no leilão:
artístico, e para concessão de prêmio ou remuneração ao o Registro cadastral
vencedor. o Fase de habilitação

Esquematizando o rito especial do concurso:

• Objeto: trabalho técnico, científico ou artístico 6.5. DIÁLOGO COMPETITIVO


• Critérios de julgamento:
o Melhor técnica Art. 6º, XLII, lei 14.133/21: diálogo competitivo: modalidade de

o Conteúdo artístico licitação para contratação de obras, serviços e compras em que


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a Administração Pública realiza diálogos com licitantes da Administração e os critérios objetivos a serem
previamente selecionados mediante critérios objetivos, com o utilizados para seleção da proposta mais vantajosa.
intuito de desenvolver uma ou mais alternativas capazes de Esse edital deve ser publicado com antecedência
atender às suas necessidades, devendo os licitantes apresentar mínima de 60 dias úteis para que todos os licitantes
proposta final após o encerramento dos diálogos. pré-selecionados apresentem suas propostas
5. Apresentação das propostas finais, a partir da solução
Por ser modalidade excepcional, a lei 14.133/21, pelo seu art.
elaborada, e julgamento das propostas: os licitantes
32, traz os requisitos que autorizam a utilização do diálogo
apresentam as propostas e a Administração escolhe a
competitivo, que ocorre quando a Administração vise contratar
proposta vencedora
objeto que envolva as condições de:

• Inovação tecnológica ou técnica


• Impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua 6. CRITÉRIOS DE JULGAMENTO
necessidade satisfeita sem a adaptação de soluções
Art. 33 lei 14.133/21: o julgamento das propostas será
disponíveis no mercado
realizado de acordo com os seguintes critérios:
• Impossibilidade de as especificações técnicas serem
definidas com precisão suficiente pela Administração I. Menor preço
II. Maior desconto
Além disso, a Administração precisa verificar a necessidade de
III. Melhor técnica ou conteúdo artístico
definir e identificar os meios e as alternativas que possam
IV. Técnica e preço
satisfazer suas necessidades, com destaque para:
V. Maior lance, no caso de leilão

• A solução técnica mais adequada VI. Maior retorno econômico

• Os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já


O menor preço ou o maior desconto e, quando couber, a
definida
técnica e preço, considerarão o menor dispêndio para a
• A estrutura jurídica ou financeira do contrato
Administração, desde que atendidas as condições mínimas de

São etapas dessa modalidade de licitação: qualidade definidas no edital. Por exemplo: se a Administração
quer comprar um computador com determinado processador,
1. Divulgação do edital de pré-seleção: a Administração a melhor proposta será aquela que apresentar o computador
divulga as suas necessidades e exigências já definidas com aquele processador pelo menor preço. Não adianta outra
no prazo de 25 dias úteis para manifestação de empresa apresentar por um valor muito inferior, mas com um
interesse de participação processador inferior também, pois ela não vai atender a
2. Pré-seleção dos licitantes: a Administração seleciona condição/parâmetro mínimo.
todos os interessados que preencherem os requisitos
estabelecidos no edital Em resumo: o menor preço e o maior desconto geram o

3. Diálogo entre os licitantes e a administração para a mesmo resultado, que é o valor mais baixo para o objeto da

escolha de uma solução: a Administração dialoga com licitação. Entretanto, há a seguinte diferença:

cada licitante com o objetivo de identificar possíveis


• Menor preço: proposta de R$10 reais ganha da
soluções para o seu problema. Essas reuniões são
proposta de R$9 reais
gravadas com áudio e vídeo e registradas em ata
• Maior desconto: proposta de R$10 reais que oferece
4. Divulgação do edital da fase competitiva: encerradas
desconto de 30% ganha da proposta de R$9 reais que
as reuniões, a divulgação do edital conterá a
oferece desconto de 10%
especificação da solução que atenda às necessidades

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São modalidades que admitem os critérios de menor preço e III. Bens e serviços especiais de tecnologia da
maior desconto: informação e de comunicação
IV. Obras e serviços especiais de engenharia
• Pregão
V. Objetos que admitam soluções específicas e
• Concorrência
alternativas e variações de execução, com

O critério de julgamento por melhor técnica ou conteúdo repercussões significativas e concretamente

artístico considera somente as propostas técnicas ou artísticas mensuráveis sobre sua qualidade, produtividade,

apresentadas para a contratação de projetos e trabalhos de rendimento e durabilidade, quando essas

natureza técnica, científica ou artística. Assim, o licitante não soluções e variações puderem ser adotadas à

apresenta proposta de preço (quem apresenta o preço é a livre escolha dos licitantes, conforme critérios

Administração), mas a técnica ou conteúdo artístico. objetivamente definidos no edital de licitação

São modalidades que admitem o critério de melhor técnica ou Somente a modalidade de concorrência admite o critério de

conteúdo artístico: julgamento de técnica e preço.

• Concurso O critério de julgamento de maior lance é exclusivo do leilão (e

• Concorrência o leilão somente admite o maior lance), em que o vencedor


será aquele que pagar o maior valor pelo objeto que está sendo
O critério de julgamento por técnica e preço considera a maior vendido.
pontuação a partir da ponderação de fatores objetivos, ou seja,
considera as notas obtidas no critério técnica e as notas obtidas O critério de julgamento de maior retorno econômico somente

no critério preço, fazendo uma ponderação entre as duas será usado para a celebração de contrato de eficiência. Ou seja,

(como se fosse uma média entre os dois critérios). Como é um será considerada a maior economia efetivamente obtida na

critério excepcional, a Administração deve fundamentar a sua execução do contrato para a Administração.

utilização em detrimento do menor preço e maior desconto.


Art. 39 lei 14.133/21: o julgamento por maior retorno

Art. 36, §1º, lei 14.133/21: o critério de julgamento de que econômico, utilizado exclusivamente para a celebração de

trata o caput deste artigo será escolhido quando estudo técnico contrato de eficiência, considerará a maior economia para a

preliminar demonstrar que a avaliação e a ponderação da Administração, e a remuneração deverá ser fixada em

qualidade técnica das propostas que superarem os requisitos percentual que incidirá de forma proporcional à economia

mínimos estabelecidos no edital forem relevantes aos fins efetivamente obtida na execução do contrato.

pretendidos pela Administração nas licitações para contratação


Conforme definição trazida pelo art. 6º da lei de licitações,
de [casos em que poderá ser usado o critério de técnica e
contrato de eficiência é aquele cujo objeto é a prestação de
preço]:
serviços, que pode incluir a realização de obras e o

I. Serviços técnicos especializados de natureza fornecimento de bens, com o objetivo de proporcionar

predominantemente intelectual, caso em que o economia ao contratante, na forma de redução de despesas

critério de julgamento de técnica e preço deverá correntes, remunerado o contratado com base em percentual

ser preferencialmente empregado da economia gerada.

II. Serviços majoritariamente dependentes de


Art. 39, §1º, lei 14.133/21: nas licitações que adotarem o
tecnologia sofisticada e de domínio restrito,
critério de julgamento de que trata o caput deste artigo, os
conforme atestado por autoridades técnicas de
licitantes apresentarão:
reconhecida qualificação
I. Proposta de trabalho, que deverá contemplar:
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a. As obras, os serviços ou os bens, com os respectivos especialização, vedada a inexigibilidade para serviços
prazos de realização ou fornecimento de publicidade e divulgação:
b. A economia que se estima gerar, expressa em unidade o Estudos técnicos, planejamentos, projetos
de medida associada à obra, ao bem ou ao serviço e básicos ou projetos executivos
em unidade monetária o Pareceres, perícias e avaliações em geral
II. Proposta de preço, que corresponderá a o Assessorias ou consultorias técnicas e
percentual sobre a economia que se estima gerar auditorias financeiras ou tributárias
durante determinado período, expressa em o Fiscalização, supervisão ou gerenciamento
unidade monetária de obras ou serviços
o Patrocínio ou defesa de causas judiciais ou
A única modalidade de licitação que admite o critério de maior
administrativas
retorno econômico é a concorrência.
o Treinamento e aperfeiçoamento de pessoal
o Restauração de obras de arte e de bens de
valor histórico
7. CONTRATAÇÕES DIRETAS
o Controles de qualidade e tecnológico,
análises, testes e ensaios de campo e
Existem duas formas de contratação direta (sem o emprego de
laboratoriais, instrumentação e
licitação):
monitoramento de parâmetros específicos
• Inexigibilidade: competição inviável de obras e do meio ambiente e demais
• Dispensa: competição viável, mas a lei dispensa ou serviços de engenharia que se enquadrem
autoriza a dispensa no disposto neste dispositivo
o Objetos que devam ou possam ser
Nesses casos, a administração deve sempre justificar a não
contratados por meio de credenciamento
realização da licitação, bem como a razão da escolha do
o Aquisição ou locação de imóvel cujas
fornecedor e o preço contratado.
características de instalações e de
localização tornem necessária sua escolha

7.1. INEXGIBILIDADE DE LICITAÇÃO

Os casos estão previstos no art. 74 da lei de licitação. Veja: 7.2. DISPENSA DE LICITAÇÃO
7.2.1. Licitação dispensável
• Aquisição de materiais, de equipamentos ou de
gêneros ou contratação de serviços que só possam ser O legislador autoriza que não seja realizada a licitação, e a

fornecidos por produtor, empresa ou representante natureza é discricionária. Os casos estão previstos no art. 75 da

comercial exclusivos lei de licitações. Veja:

• Contratação de profissional do setor artístico,


• Para contratação que envolva valores inferiores a
diretamente ou por meio de empresário exclusivo,
R$108.040,82 reais, no caso de obras e serviços de
desde que consagrado pela crítica especializada ou
engenharia ou de serviços de manutenção de veículos
pela opinião pública
automotores
• Contratação dos seguintes serviços técnicos
• Para contratação que envolva valores inferiores a
especializados de natureza predominantemente
R$54.020,41 reais, no caso de outros serviços e
intelectual com profissionais ou empresas de notória
compras

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• Para contratação que mantenha todas as condições correspondentes, hipótese em que a


definidas em edital de licitação realizada há menos de contratação será realizada diretamente com
1 ano, quando se verificar que naquela licitação: base no preço do dia
o Não surgiram licitantes interessados o Bens ou serviços produzidos ou prestados no
(licitação deserta) ou não foram País que envolvam, cumulativamente, alta
apresentadas propostas válidas (licitação complexidade tecnológica e defesa nacional
fracassada) o Materiais de uso das Forças Armadas, com
o As propostas apresentadas consignaram exceção de materiais de uso pessoal e
preços manifestamente superiores aos administrativo, quando houver necessidade
praticados no mercado ou incompatíveis de manter a padronização requerida pela
com os fixados pelos órgãos oficiais estrutura de apoio logístico dos meios
competentes (licitação fracassada) navais, aéreos e terrestres, mediante
• Para contratação que tenha por objeto: autorização por ato do comandante da força
o Bens, componentes ou peças de origem militar
nacional ou estrangeira necessários à o Bens e serviços para atendimento dos
manutenção de equipamentos, a serem contingentes militares das forças singulares
adquiridos do fornecedor original desses brasileiras empregadas em operações de paz
equipamentos durante o período de garantia no exterior, hipótese em que a contratação
técnica, quando essa condição de deverá ser justificada quanto ao preço e à
exclusividade for indispensável para a escolha do fornecedor ou executante e
vigência da garantia ratificada pelo comandante da força militar
o Bens, serviços, alienações ou obras, nos o Abastecimento ou suprimento de efetivos
termos de acordo internacional específico militares em estada eventual de curta
aprovado pelo Congresso Nacional, quando duração em portos, aeroportos ou
as condições ofertadas forem localidades diferentes de suas sedes, por
manifestamente vantajosas para a motivo de movimentação operacional ou de
Administração adestramento
o Produtos para pesquisa e desenvolvimento, o Coleta, processamento e comercialização de
limitada a contratação, no caso de obras e resíduos sólidos urbanos recicláveis ou
serviços de engenharia, ao valor de reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta
R$324.122,46 reais seletiva de lixo, realizados por associações
o Transferência de tecnologia ou ou cooperativas formadas exclusivamente
licenciamento de direito de uso ou de de pessoas físicas de baixa renda
exploração de criação protegida, nas reconhecidas pelo poder público como
contratações realizadas por instituição catadores de materiais recicláveis, com o
científica, tecnológica e de inovação (ICT) uso de equipamentos compatíveis com as
pública ou por agência de fomento, desde normas técnicas, ambientais e de saúde
que demonstrada vantagem para a pública
Administração o Aquisição ou restauração de obras de arte e
o Hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros objetos históricos, de autenticidade
perecíveis, no período necessário para a certificada, desde que inerente às
realização dos processos licitatórios finalidades do órgão ou com elas compatível
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o Serviços especializados ou aquisição ou • Para celebração de contrato de programa com ente


locação de equipamentos destinados ao federativo ou com entidade de sua Administração
rastreamento e à obtenção de provas, Pública indireta que envolva prestação de serviços
quando houver necessidade justificada de públicos de forma associada nos termos autorizados
manutenção de sigilo sobre a investigação em contrato de consórcio público ou em convênio de
o Aquisição de medicamentos destinados cooperação
exclusivamente ao tratamento de doenças • Para contratação em que houver transferência de
raras definidas pelo Ministério da Saúde tecnologia de produtos estratégicos para o SUS,
• Para contratação com vistas ao cumprimento do conforme elencados em ato da direção nacional do
disposto na lei 10.973/04, observados os princípios SUS, inclusive por ocasião da aquisição desses
gerais de contratação constantes da referida Lei produtos durante as etapas de absorção tecnológica,
• Para contratação que possa acarretar e em valores compatíveis com aqueles definidos no
comprometimento da segurança nacional, nos casos instrumento firmado para a transferência de
estabelecidos pelo Ministro de Estado da Defesa, tecnologia
mediante demanda dos comandos das Forças • Para contratação de profissionais para compor a
Armadas ou dos demais ministérios comissão de avaliação de critérios de técnica, quando
• Nos casos de guerra, estado de defesa, estado de se tratar de profissional técnico de notória
sítio, intervenção federal ou de grave perturbação da especialização
ordem • Para contratação de associação de pessoas com
• Nos casos de emergência ou de calamidade pública, deficiência, sem fins lucrativos e de comprovada
quando caracterizada urgência de atendimento de idoneidade, por órgão ou entidade da Administração
situação que possa ocasionar prejuízo ou Pública, para a prestação de serviços, desde que o
comprometer a continuidade dos serviços públicos ou preço contratado seja compatível com o praticado no
a segurança de pessoas, obras, serviços, mercado e os serviços contratados sejam prestados
equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, exclusivamente por pessoas com deficiência
e somente para aquisição dos bens necessários ao • Para contratação de instituição brasileira que tenha
atendimento da situação emergencial ou calamitosa e por finalidade estatutária apoiar, captar e executar
para as parcelas de obras e serviços que possam ser atividades de ensino, pesquisa, extensão,
concluídas no prazo máximo de 1 ano, contado da desenvolvimento institucional, científico e tecnológico
data de ocorrência da emergência ou da calamidade, e estímulo à inovação, inclusive para gerir
vedadas a prorrogação dos respectivos contratos e a administrativa e financeiramente essas atividades, ou
recontratação de empresa já contratada com base no para contratação de instituição dedicada à
disposto neste inciso recuperação social da pessoa presa, desde que o
• Para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público contratado tenha inquestionável reputação ética e
interno, de bens produzidos ou serviços prestados por profissional e não tenha fins lucrativos
órgão ou entidade que integrem a Administração • Para aquisição, por pessoa jurídica de direito público
Pública e que tenham sido criados para esse fim interno, de insumos estratégicos para a saúde
específico, desde que o preço contratado seja produzidos por fundação que, regimental ou
compatível com o praticado no mercado estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão
• Quando a União tiver que intervir no domínio da Administração Pública direta, sua autarquia ou
econômico para regular preços ou normalizar o fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão,
abastecimento desenvolvimento institucional, científico e tecnológico
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e de estímulo à inovação, inclusive na gestão • Alienação gratuita ou onerosa, aforamento,


administrativa e financeira necessária à execução concessão de direito real de uso, locação e permissão
desses projetos, ou em parcerias que envolvam de uso de bens imóveis comerciais de âmbito local,
transferência de tecnologia de produtos estratégicos com área de até 250 m² e destinados a programas de
para o SUS, e que tenha sido criada para esse fim regularização fundiária de interesse social
específico em data anterior à entrada em vigor desta desenvolvidos por órgão ou entidade da
Lei, desde que o preço contratado seja compatível Administração Pública (alínea “g”)
com o praticado no mercado • Alienação e concessão de direito real de uso, gratuita
ou onerosa, de terras públicas rurais da União e do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

7.2.2. Licitação dispensada (Incra) onde incidam ocupações até o limite de que
trata a lei 11.952/09, para fins de regularização
O legislador determina que não seja realizada a licitação, e a
fundiária, atendidos os requisitos legais (alínea “h”)
natureza é vinculada. Está relacionada com a alienação de bens
• Legitimação de posse de que trata a lei 6.383/76,
e prevista no art. 76 da lei de licitações.
mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da

A regra é que a venda dos bens seja por licitação na Administração Pública competentes

modalidade leilão. Entretanto, a lei de licitações prevê que a • Legitimação fundiária e legitimação de posse da lei

licitação será dispensada nos seguintes casos: 13.465/17

Bens imóveis: Bens móveis:

• Dação em pagamento • Doação, permitida exclusivamente para fins e uso de

• Doação, permitida exclusivamente para outro órgão interesse social, após avaliação de oportunidade e

ou entidade da Administração, de qualquer esfera de conveniência socioeconômica em relação à escolha de

governo, ressalvado o disposto nas alíneas “f”, “g” e outra forma de alienação

“h” • Permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou

• Permuta por outros imóveis que atendem aos entidades da Administração

requisitos relacionados às finalidades precípuas da • Venda de ações, que poderão ser negociadas em

Administração, desde que a diferença apurada não bolsa, observada a legislação específica

ultrapasse a metade do valor do imóvel que será • Venda de títulos, observada a legislação pertinente

ofertado pela União, segundo avaliação prévia, e • Venda de bens produzidos ou comercializados por

ocorra a torna de valores, sempre que for o caso entidades da Administração, em virtude de suas

• Investidura finalidades

• Venda a outro órgão ou entidade da Administração de • Venda de materiais e equipamentos sem utilização

qualquer esfera de governo previsível por quem deles dispõe para outros órgãos

• Alienação gratuita ou onerosa, aforamento, ou entidades da Administração

concessão de direito real de uso, locação e permissão


de uso de bens imóveis residenciais construídos,
destinados ou efetivamente usados em programas de 8. FASES DA LICITAÇÃO (CONFORME O RITO COMUM)
habitação ou de regularização fundiária de interesse
A grande diferença para a antiga lei de licitações é que, agora,
social desenvolvidos por órgão ou entidade da
há uma inversão natural das fases de habilitação e julgamento
Administração Pública (alínea “f”)
(como já ocorria na lei do pregão). Agora, será primeiro
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realizada a fase de julgamento e somente depois serão • A modalidade de licitação, o critério de julgamento, o
habilitados os licitantes. Agora, se o administrador quiser modo de disputa e a adequação e eficiência da forma
colocar a fase de habilitação antes do julgamento, deverá de combinação desses parâmetros, para os fins de
motivar sua decisão e explicar os benefícios dessa inversão. seleção da proposta apta a gerar o resultado de
contratação mais vantajoso para a Administração,
Outra diferença é que, agora, a preferência é que as fases
considerado todo o ciclo de vida do objeto
sejam realizadas preferencialmente de forma eletrônica.
• A motivação circunstanciada das condições do edital,

Art. 17, §2º, lei 14.133/21: as licitações serão realizadas tais como justificativa de exigências de qualificação

preferencialmente sob a forma eletrônica, admitida a utilização técnica, mediante indicação das parcelas de maior

da forma presencial, desde que motivada, devendo a sessão relevância técnica ou valor significativo do objeto, e

pública ser registrada em ata e gravada em áudio e vídeo. de qualificação econômico-financeira, justificativa dos
critérios de pontuação e julgamento das propostas
Linha do tempo das fases: preparatória → divulgação do edital
técnicas, nas licitações com julgamento por melhor
→ apresentação das propostas e lances, se for o caso →
técnica ou técnica e preço, e justificativa das regras
julgamento → habilitação → homologação (encerramento da
pertinentes à participação de empresas em consórcio
licitação).
• A análise dos riscos que possam comprometer o
sucesso da licitação e a boa execução contratual
• A motivação sobre o momento de divulgação do
8.1. PREPARATÓRIA orçamento da licitação

É o planejamento da licitação e contratação. Conforme o art. 18 É importante ressaltar que a lei de licitações veda
da lei de licitações, a fase preparatória envolve: expressamente a aquisição de artigos de luxo. Exemplo que o
professor Herbert Almeida deu em aula: a Administração não
• A descrição da necessidade da contratação
pode querer licitar a compra de milhares de canetas Montblanc
fundamentada em estudo técnico preliminar que
ao invés de canetas Bic para o uso nas repartições públicas,
caracterize o interesse público envolvido
sendo que as duas atendem à mesma finalidade.
• A definição do objeto para atendimento da
necessidade, por meio de termo de referência, Ainda na fase preparatória, a Administração poderá convocar
anteprojeto, projeto básico ou projeto executivo, audiência e consulta públicas. Veja:
conforme o caso
• A definição das condições de execução e pagamento, Art. 21 lei 14.133/21: a Administração poderá convocar, com

das garantias exigidas e ofertadas e da condição de antecedência mínima de 8 dias úteis, audiência pública,

recebimento presencial ou a distância, na forma eletrônica, sobre licitação


que pretenda realizar, com disponibilização prévia de
• O orçamento estimado, com as composições dos
informações pertinentes, inclusive de estudo técnico preliminar
preços utilizados para sua formação
e elementos do edital de licitação, e com possibilidade de
• A elaboração do edital de licitação
manifestação de todos os interessados.
• A elaboração de minuta de contrato, quando
necessária, que constará obrigatoriamente como Art. 21, p.ú., lei 14.133/21: a Administração também poderá
anexo do edital de licitação submeter a licitação a prévia consulta pública, mediante a
• O regime de fornecimento de bens, de prestação de disponibilização de seus elementos a todos os interessados,
serviços ou de execução de obras e serviços de que poderão formular sugestões no prazo fixado.
engenharia, observados os potenciais de economia de
escala
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Observe a diferença entre as duas formas de participação da podendo ser de até 10% sobre o preço dos
população: demais bens e serviços)
II. Bens reciclados, recicláveis ou biodegradáveis,
Audiência pública:
conforme regulamento (a margem de preferência

• Presencial ou à distância (forma eletrônica) poderá ser de até 10% sobre o preço dos demais

• Divulgação mínima com 8 dias úteis de antecedência bens e serviços)

• Disponibilização prévia das informações


Obs. 1: essa margem de preferência poderá ser estendida a
• Manifestação de todos os interessados
bens manufaturados e serviços originários de outros países do

Consulta pública: Mercosul, desde que haja reciprocidade com o Brasil.

Obs. 2: bens manufaturados nacionais e serviços nacionais


• Disponibilização das informações
resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica no país
• Sugestões no prazo fixado
terão margem de preferência de até 20%.
O art. 25 descreve o que o edital de licitação precisa conter.
Casos em que a margem de preferência não será aplicada aos
Veja: o edital deverá conter o objeto da licitação e as regras
bens manufaturados e serviços nacionais se a capacidade de
relativas à convocação, ao julgamento, à habilitação, aos
produção desses bens ou de prestação desses serviços no País
recursos e às penalidades da licitação, à fiscalização e à gestão
for inferior:
do contrato, à entrega do objeto e às condições de pagamento.

• À quantidade a ser adquirida ou contratada


Esquematizando:
• Aos quantitativos fixados em razão do parcelamento
• Objeto da licitação do objeto, quando for o caso
• Regras de:
o Convocação
o Julgamento 8.2. DIVULGAÇÃO DO EDITAL DE LICITAÇÃO
o Habilitação
o Recursos Art. 53 lei 14.133/21: ao final da fase preparatória, o processo

o Penalidade licitatório seguirá para o órgão de assessoramento jurídico da

o Fiscalização Administração, que realizará controle prévio de legalidade

o Gestão do contrato mediante análise jurídica da contratação.

o Entrega do objeto
Nesse parecer (que poderá ser dispensado em casos definidos

A margem de preferência admite que a Administração contrate em ato da autoridade jurídica máxima), o órgão deverá:

com um licitante que não tenha oferecido o valor mais baixo,


• Apreciar o processo conforme critérios objetivos
desde que dentro de um limite. Veja:
prévios de atribuição de prioridade

Art. 26 lei 14.133/21: no processo de licitação, poderá ser • Redigir sua manifestação em linguagem simples e

estabelecida margem de preferência para: compreensível e de forma clara e objetiva, com


apreciação de todos os elementos indispensáveis à
I. Bens manufaturados e serviços nacionais que
contratação e com exposição dos pressupostos de
atendam a normas técnicas brasileiras (nesse
fato e de direito levados em consideração na análise
caso, a margem de preferência será definida em
jurídica
decisão fundamentada do Executivo Federal,

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A divulgação do edital de licitação se dará de forma obrigatória o 25 dias úteis, quando for menor preço ou
e facultativa: maior desconto, nos casos de serviços
especiais e de obras e serviços especiais de
• Obrigatória:
engenharia
o Inteiro teor e seus anexos: no portal
o 60 dias úteis, quando o regime de execução
nacional de contratações públicas (PNCP)
for de contratação integrada
o Extrato: no diário oficial da U/E/DF/M ou do
o 35 dias úteis, quando o regime de execução
maior nível do ente federativo no caso de
for de contratação semi-integrada ou nos
consórcio público e em jornal de grande
demais casos não listados acima
circulação
• Licitação pelo critério de maior lance: 15 dias úteis
• Facultativa:
• Licitação pelo critério de técnica e preço ou de melhor
o Inteiro teor e seus anexos: em sítio
técnica ou conteúdo artístico: 35 dias úteis
eletrônico oficial do ente federativo ou do
maior nível do ente federativo no caso de Por fim, vamos ver a garantia das propostas, que está prevista
consórcio público no art. 58, e autoriza, na apresentação da proposta, a exigência
o Divulgação direta aos interessados de comprovação do recolhimento de quantia como requisito de
cadastrados pré-habilitação. São modalidades de garantia da proposta:

Art. 54, §3º, lei 14.133/21: após a homologação do processo • Caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública
licitatório, serão disponibilizados no PNCP e, se o órgão ou • Seguro-garantia
entidade responsável pela licitação entender cabível, também • Fiança bancária
no sítio eletrônico oficial do ente, os documentos elaborados
Essa garantia não poderá ser superior a 1% do valor estimado
na fase preparatória que porventura não tenham integrado o
para a contratação, e será devolvida aos licitantes no prazo de
edital e seus anexos.
10 dias úteis, contados da assinatura do contrato ou da data
em que for declarada fracassada a licitação. Entretanto, se o
licitante se recusar a assinar o contrato ou não apresentar os
8.3. APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS
documentos para a contratação, a Administração poderá
A nova lei de licitações, assim como a antiga, prevê o intervalo executar integralmente esse valor.
mínimo, que é o prazo mínimo para apresentação de propostas
Art. 58, §3º, lei 14.133/21: implicará execução do valor integral
e lances, contados a partir da data de divulgação do edital de
da garantia de proposta a recusa em assinar o contrato ou a
licitação. Veja:
não apresentação dos documentos para a contratação.

• Para aquisição de bens:


o 8 dias úteis, quando for menor preço ou
maior desconto 8.4. JULGAMENTO
o 15 dias úteis nos demais
Art. 59 lei 14.133/21: serão desclassificadas as propostas que:
• Para serviços e obras:
o 10 dias úteis, quando for menor preço ou I. Contiverem vícios insanáveis
maior desconto, nos casos de serviços II. Não obedecerem às especificações técnicas
comuns e de obras e serviços comuns de pormenorizadas no edital
engenharia

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III. Apresentarem preços inexequíveis ou Após o desempate e definido o primeiro colocado (ou seja, o
permanecerem acima do orçamento estimado licitante vencedor), a Administração (por meio do agente de
para a contratação contratação ou da comissão de contratação) ainda poderá
IV. Não tiverem sua exequibilidade demonstrada, negociar com o licitante com o objetivo de conseguir condições
quando exigido pela Administração mais vantajosas.
V. Apresentarem desconformidade com quaisquer
É importante esclarecer que, se o primeiro colocado não
outras exigências do edital, desde que insanável
aceitar negociar a sua proposta e ela permanecer acima do
Se duas ou mais propostas ficarem empatadas, o art. 60 da lei preço máximo definido pela Administração, a Administração
de licitações prevê os seguintes critérios de desempate, nessa poderá negociar com os demais licitantes (segundo, terceiro
ordem: colocados...).

• Disputa final, hipótese em que os licitantes Professor Herbert Almeida: tome cuidado com uma pegadinha:
empatados poderão apresentar nova proposta em ato o primeiro colocado pode não aceitar negociar, já que ele
contínuo à classificação venceu a licitação com base na sua proposta. Assim, se não
• Avaliação do desempenho contratual prévio dos houver sucesso na negociação, não significa que o primeiro
licitantes, para a qual deverão preferencialmente ser colocado será desclassificado. Porém, se a proposta dele ficar
utilizados registros cadastrais para efeito de atesto de acima do preço máximo admitido, mesmo após a negociação,
cumprimento de obrigações ele será desclassificado, admitindo-se a negociação com os
• Desenvolvimento pelo licitante de ações de equidade demais licitantes, na ordem de classificação.

entre homens e mulheres no ambiente de trabalho


• Desenvolvimento pelo licitante de programa de
integridade, conforme orientações dos órgãos de 8.5. HABILITAÇÃO
controle
É a fase em que a Administração verifica os documentos que
Se, ainda assim e em igualdade de condições, permanecer o demonstrem a capacidade do licitante de cumprir com o
empate entre duas ou mais empresas, será assegurada contrato. Se divide em:
preferência aos bens e serviços produzidos ou prestados por:
• Jurídica: capacidade de o licitante exercer direitos e
• Empresas estabelecidas no Estado ou DF do órgão ou assumir obrigações
entidade da Administração estadual ou distrital • Técnica: busca avaliar se o licitante tem profissionais
licitante ou, no caso de licitação municipal, no habilitados, instalações, aparelhos e atende aos
território do Estado em que este se localize requisitos legais para desempenhar a atividade objeto
• Empresas brasileiras da licitação
• Empresas que invistam em pesquisa e no • Fiscal, social e trabalhista: esses documentos
desenvolvimento de tecnologia do País comprovam se a empresa está regular com as
• Empresas que comprovem a prática de mitigação, nos obrigações fiscais, se atende aos requisitos da
termos da lei 12.187/09 (medidas que reduzem o uso seguridade social e do FGTS, bem como se está
de recursos e emissões de gases) regular com as obrigações trabalhistas na Justiça do
Trabalho
A nova lei de licitações não prevê o sorteio como
• Econômico-financeira: busca saber se a empresa tem
critério de desempate.
capacidade econômica para cumprir as obrigações
decorrentes do contrato

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8.6. HOMOLOGAÇÃO/ENCERRAMENTO DA LICITAÇÃO No caso de anulação realizada após a execução do contrato, o


art. 149 prevê que o contratado será indenizado pelo que
Art. 71 lei 14.133/21: encerradas as fases de julgamento e
houver executado até a data da anulação e por outros prejuízos
habilitação, e exauridos os recursos administrativos, o processo
regularmente comprovados, desde que o contratado não tenha
licitatório será encaminhado à autoridade superior, que
dado causa à nulidade. Veja:
poderá:
Art. 149 lei 14.133/21: a nulidade não exonerará a
I. Determinar o retorno dos autos para
Administração do dever de indenizar o contratado pelo que
saneamento de irregularidades
houver executado até a data em que for declarada ou tornada
II. Revogar a licitação por motivo de conveniência e
eficaz, bem como por outros prejuízos regularmente
oportunidade
comprovados, desde que não lhe seja imputável, e será
III. Proceder à anulação da licitação, de ofício ou
promovida a responsabilização de quem lhe tenha dado causa.
mediante provocação de terceiros, sempre que
presente ilegalidade insanável Por outro lado, não sendo o caso de anulação ou revogação e
IV. Adjudicar o objeto e homologar a licitação estando o procedimento licitatório correto, a autoridade
deverá adjudicar o objeto da licitação e homologar o
Observe que, nessa fase, o processo passará do agente de
procedimento.
contratação ou da comissão de licitação para a autoridade
superior, que fará uma análise da legalidade e do mérito • Adjudicar: atribuir o objeto da licitação ao vencedor
(conveniência e oportunidade) do procedimento licitatório. • Homologação: ato final da licitação que atesta que o
procedimento foi legal, bem como atesta a sua lisura
Em relação à legalidade, a autoridade deve analisar se o
procedimento correu conforme determina a lei e o edital e, se
houver alguma irregularidade sanável, deverá determinar o
9. PROCEDIMENTOS AUXILIARES DE CONTRATAÇÃO
retorno dos autos ao agente ou à comissão para saneamento.
9.1. CREDENCIAMENTO
Se o vício for insanável (ou seja, não há possibilidade de
correção), a licitação deverá ser anulada total ou parcialmente. Art. 6º, XLIII, lei 14.133/21: credenciamento: processo
administrativo de chamamento público em que a
Já em relação ao mérito, a autoridade poderá, por exemplo,
Administração Pública convoca interessados em prestar
revogar o procedimento licitatório, desde que haja um fato
serviços ou fornecer bens para que, preenchidos os requisitos
superveniente devidamente comprovado. Exemplo: pouco
necessários, se credenciem no órgão ou na entidade para
antes da pandemia houve uma licitação para a construção de
executar o objeto quando convocados.
uma escola. É possível que, durante a pandemia, a
Administração revogue essa licitação porque seria mais Esquematizando o credenciamento:
interessante construir um hospital, e não uma escola, com os
recursos disponíveis. • Processo administrativo de chamamento público
• A Administração convoca os interessados que
Observe as diferenças entre a revogação e anulação, conforme preencham os requisitos necessários
ensinamentos do professor Herbert Almeida:
• Prestação de serviços ou fornecimento de bens

REVOGAÇÃO ANULAÇÃO No credenciamento não ocorre competição entre os


Razões de interesse público e Ilegalidade com vício
interessados, uma vez que, preenchidos os requisitos, todos os
por fato superveniente insanável
Sempre total Pode ser total ou parcial interessados serão credenciados (é uma das hipóteses de
Não pode ser feita depois de Pode ser feita após assinado inexigibilidade).
assinado o contrato o contrato
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Exemplo: imagine que uma escola em um pequeno município 9.2. PRÉ-QUALIFICAÇÃO


precise comprar batatas para fornecer no almoço. Assim, todos
Art. 6º, XLIV, lei 14.133/21: pré-qualificação: procedimento
os interessados (como os pequenos produtores do município)
seletivo prévio à licitação, convocado por meio de edital,
poderão se credenciar para vender as batatas para o município.
destinado à análise das condições de habilitação, total ou
Observe que não há competição: todos que se credenciarem
parcial, dos interessados ou do objeto.
poderão vender as batatas.

Esquematizando a pré-qualificação, que é o procedimento para


Conforme a lei de licitações, o credenciamento pode ser usado
selecionar previamente
nas seguintes hipóteses:

• Licitantes que tenham condições de habilitação para


Art. 79 lei 14.133/21: o credenciamento poderá ser usado nas
participar de futura licitação ou de licitação vinculada
seguintes hipóteses de contratação:
a programas de obras ou serviços objetivamente
I. Paralela e não excludente: caso em que é viável e definidos
vantajosa para a Administração a realização de • Bens que atendam às exigências técnicas ou de
contratações simultâneas em condições qualidade estabelecidas pela Administração
padronizadas (exemplo: credenciamento de • A pré-qualificação ficará permanentemente aberta
produtores rurais para o fornecimento de para a inscrição de interessados
alimentos para a merenda escolar. Poderão ser • Não é vinculada a uma licitação específica
contratos diversos produtores de forma • Prazo de validade da pré-qualificação: 1 ano, no
simultânea (paralela) e não excludente (a máximo, podendo ser atualizado a qualquer tempo e
contratação de um não exclui o outro), pois vários limitado ao prazo de validade dos documentos
contratos são firmados) apresentados pelos interessados
II. Com seleção a critério de terceiros: caso em que • A Administração pode realizar uma licitação restrita
a seleção do contratado está a cargo do aos licitantes ou bens pré-qualificados
beneficiário direto da prestação (exemplo: a
Administração faz a seleção de diversas redes de
laboratórios e o usuário do serviço (do SUS, por
9.3. PROCEDIMENTO DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE (PMI)
exemplo), escolhe em qual laboratório gostaria
de realizar determinado exame, dentre as opções Art. 81 lei 14.133/21: a Administração poderá solicitar à

dadas) iniciativa privada, mediante procedimento aberto de

III. Em mercados fluidos: caso em que a flutuação manifestação de interesse a ser iniciado com a publicação de

constante do valor da prestação e das condições edital de chamamento público, a propositura e a realização de

de contratação inviabiliza a seleção de agente estudos, investigações, levantamentos e projetos de soluções

por meio de processo de licitação (exemplo: inovadoras que contribuam com questões de relevância

compra de passagens aéreas. Dependendo do pública, na forma de regulamento.

dia, uma passagem está R$100 ou R$1000, pois o


Esquematizando:
preço varia muito)
• O PMI é iniciado por chamamento público
• As regras serão definidas em regulamento

Exemplo dado pelo professor Herbert Almeida: imagina que


uma prefeitura está enfrentando problemas com o escoamento

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de água durante o período de chuvas. Ainda não se sabe qual pode apenas realizar um sistema de registro de preços, em que
solução seria adequada para resolver este problema. Logo, haverá apenas uma licitação com uma ata de registro de preços
seria difícil lançar uma licitação. Então, a Administração pode em que os preços dos fornecedores ficarão registrados,
lançar um PMI, publicando um edital de chamamento público podendo a Administração contratar diversas vezes, conforme
para, junto à iniciativa privada, encontrar soluções inovadoras sua necessidade.
para esse problema.
Conforme o art. 6º, a ata de registro de preços é um
Conforme os parágrafos do art. 81, os estudos, investigações, documento vinculativo e obrigacional, com característica de
levantamentos e projetos em decorrência do PMI: compromisso para futura contratação, no qual são registrados
o objeto, os preços, os fornecedores, os órgãos participantes e
• Não atribuirá ao realizador direito de preferência na
as condições a serem praticadas, conforme as disposições
licitação
contidas no edital da licitação e nas propostas apresentadas.
• Não obrigará à Administração a realizar a licitação e a
acatar as soluções dadas pelas empresas Esquematizando:

• Não implicará, por si só, o direito ao ressarcimento de


• É um registro formal de preços
valores envolvidos em sua elaboração
• O SRP pode ser usado nas modalidades pregão ou
• Será remunerada pelo vencedor da licitação, vedada a
concorrência, ou até mesmo por contratação direta
cobrança de valores da Administração
(dispensa ou inexigibilidade)
• O vencedor da licitação é quem deve ressarcir os
• O critério escolhido deve ser o menor preço ou o
dispêndios correspondentes
maior desconto
• A aceitação dos produtos e serviços decorrentes do
• Pode ser para prestação de serviços, obras e aquisição
PMI depende da elaboração de parecer
e locação de bens
fundamentado com a demonstração de que o
• Pode ser usado para obras e serviços de engenharia,
produto ou serviço é adequado e suficiente à
mas desde que exista um projeto padronizado, sem
compreensão do objeto, que as premissas são
complexidade técnica e operacional, e haja uma
compatíveis com as necessidades do órgão e que a
necessidade permanente ou frequente de obra ou
metodologia é a que propicia maior economia e
serviço
vantagem entre as demais
• Visa contratações futuras
• O PMI poderá ser restrito a startups
• Pode haver o registro de mais de um fornecedor ou
prestador de serviço, desde que aceitem cotar o
objeto em preço igual ao do licitante vencedor
9.4. SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS (SRP)
• Prazo do SRP: 1 ano, podendo ser prorrogado por

Art. 6º, XLV, lei 14.133/21: sistema de registro de preços: igual período, desde que comprovado o preço

conjunto de procedimentos para realização, mediante vantajoso (totalizando até 2 anos)

contratação direta ou licitação nas modalidades pregão ou • Prazo do contrato que a Administração firmar:

concorrência, de registro formal de preços relativos a prestação vigência estabelecida em conformidade com a ata do
de serviços, a obras e a aquisição e locação de bens para registro de preços (não é vinculado ao prazo do SRP)
contratações futuras. • O SRP obriga o licitante, mas não a Administração (a
Administração não é obrigada a contratar, mas, se
Ocorre quando a Administração precisa contratar/comprar
contratar, o licitante deve cumprir com as condições
constantemente o mesmo objeto. Nesse caso, ao invés de a
estabelecidas)
Administração realizar diversas licitações constantemente, ela

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Por fim, vamos estudar a intenção de registro de preços e • Justificativa da vantagem da adesão, inclusive em
adesão pelos órgãos não participantes da licitação situações de provável desabastecimento ou
(popularmente conhecido como “carona”). O SRP poderá ser descontinuidade de serviço público
utilizado por diversos órgãos ou entidades. Inicialmente, • Demonstração de que os valores registrados estão
somente participam o órgão ou entidade gerenciadora (que é o compatíveis com os valores praticados pelo mercado
responsável pela condução do conjunto de procedimentos para • Consulta e aceitação prévias do órgão ou entidade
registro de preços e pelo gerenciamento da ata de registro de gerenciadora e do fornecedor
preços) e o órgão ou entidade participante (que participa dos • A ata deve ser de órgão ou entidade federal, estadual
procedimentos iniciais da contratação para registro de preços e ou distrital (não se admite a adesão à ata municipal)
integra a ata). • A Administração federal não pode aderir às atas dos
órgãos ou entidades dos estados, DF e municípios
Entretanto, é possível que um órgão ou entidade não
participante (que não participa dos procedimentos iniciais da
licitação para registro de preços e não integra a ata) pegue uma
Mas, observe que essa adesão tem um limite:
“carona” no SRP feito por outro órgão ou entidade

Quando decide fazer um SRP, o órgão ou entidade • Limite para cada órgão ou entidade que realizar a

gerenciador deve fazer um procedimento público de adesão: até 50%

intenção de registro de preços com o fim de • Limite total, somando as adesões de todos os órgãos

possibilitar que outros órgãos ou entidades que ou entidades: até o dobro

queiram contratar o mesmo bem ou serviço


Exceções em que não será aplicado o limite total:
também participe do mesmo SRP. Exemplo: O INSS
quer fazer um SRP para registrar preços de canetas. • Aquisição emergencial de medicamentos e material
Assim, deve divulgar esse procedimento de intenção de consumo médico-hospitalar
de registro de preços com pelo menos 8 dias úteis • Adesão à ata de registro de preços gerenciada pelo
de antecedência para que outros órgãos ou Ministério da Saúde
entidades manifestem interesse. Se, por exemplo, o • Se a transferência voluntária for destinada à execução
Ministério da Cultura também precisar de canetas, descentralizada de programa ou projeto federal e for
poderá participar do SRP na condição de comprada a compatibilidade dos preços registrados
participante (e o INSS na condição de gerenciador). com os valores praticados no mercado

Vamos a um exemplo: o Ministério da Educação faz um sistema


de registro de preços para a compra de diversos computadores.
9.5. REGISTRO CADASTRAL
À época, o Ministério da Saúde ainda não precisava comprar
computadores, então não participou do SRP como gerenciador Art. 87 lei 14.133/21: para os fins desta lei, os órgãos e
ou como participante. Entretanto, um tempo depois o entidades da Administração Pública deverão utilizar o sistema
Ministério da Saúde passou a precisar dos mesmos de registro cadastral unificado disponível no portal nacional de
computadores que foram objeto do SRP feito pelo Ministério contratações públicas (PNCP), para efeito de cadastro unificado
da Educação. Assim, ainda que não tenha integrado o SRP, o de licitantes, na forma disposta em regulamento.
Ministério da Saúde poderá aderir à ata de registro de preços
para comprar os mesmos computadores pelo mesmo preço. Esse cadastro deve ser público e amplamente divulgado,
estando sempre aberto aos interessados que queiram se
São requisitos para a adesão à ata de registro de preços: cadastrar. Deve, ainda, ser feito um chamamento público pela

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internet, no mínimo uma vez por ano, para atualização dos CONTRATOS ADMINISTRATIVOS – À LUZ DA LEI Nº
registros e cadastramento de novos interessados. 14.133/21

A vantagem desse registro é que os fornecedores já ficarão Existem atividades em que o Estado precisa da colaboração dos

registrados no sistema, facilitando a fase da habilitação na particulares, oportunidade em que surge a necessidade da

licitação. Ressalto, ainda, que a Administração poderá fazer celebração de acordos bilaterais de vontade: os contratos.

uma licitação restrita com os fornecedores cadastrados (esse


Apesar de ser um acordo de vontade, as cláusulas nos
registro não precisa ser prévio).
contratos administrativos são fixadas unilateralmente pela
administração (contrato de adesão). O contrato é regido,
predominantemente, pelo direito público, aplicando-lhe,
supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as
disposições do direito privado.

1. CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO

Contratos da administração é gênero que abrange tanto os


contratos administrativos (predominantemente) de direito
público, como os contratos (predominantemente) de direito
privado.

1.1. CONTRATOS PRIVADOS DA ADMINISTRAÇÃO

Nos contratos predominantemente privado, o Estado não tem


por completo as garantias de direito público. Maria Sylvia Di
Pietro diz que os contratos de direito privado devem obedecer
às exigências de forma, procedimento, competência e
finalidade previstas nas normas de direito público.

Entretanto, aplicam-se nos contratos de direito privado, no que


couber, as seguintes normas de direito público:

• Cláusulas necessárias
• Cláusulas exorbitantes
• Regras de formalização e eficácia

Exemplos de contratos de direito privado celebrados entre a


administração e o particular: compra e venda, locação, seguro,
financiamento, doação, fornecimento de energia para as
repartições públicas etc.

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1.2. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS • São mutáveis (podem ser alterados unilateralmente


ou por acordo entre as partes)
Os contratos administrativos são regidos predominantemente
• Natureza de contrato de adesão
pelas normas de direito público, mas, havendo lacunas, serão
• São personalíssimos (impessoais)
aplicadas as normas (de forma supletiva e subsidiária) de
• Possuem cláusulas exorbitantes
direito privado.

Além dessas características específicas dos contratos


Art. 89 lei 14.133/21: os contratos de que trata esta lei regular-
administrativos, existem as características que são comuns a
se-ão pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, e
todos os contratos: bilateral, consensual, onerosos e
a eles serão aplicados, supletivamente, os princípios da teoria
comutativos.
geral dos contratos e as disposições de direito privado.

Esquematizando:

3. CLÁUSULAS NECESSÁRIAS
• Aplicação primária:
o Cláusulas da lei nº 14.133/21 Os contratos administrativos são contratos de adesão, em que
o Preceitos de direito público uma parte (administração) propõe as cláusulas do acordo e a
• Aplicação supletiva: outra parte apenas aceita ou não. A minuta do contrato deve
o Princípios da teoria geral dos contratos sempre integrar o edital ou instrumento convocatório da
o Preceitos de direito privado licitação, de modo a permitir que o particular já participe da
licitação conhecendo os termos do contrato que irá celebrar se
O regime de direito público é caracterizado pela existência de
for vencedor.
prerrogativas, que se materializam pelas cláusulas exorbitantes
(existem sempre, ainda que implicitamente), que são Art. 89, §1º, lei 14.133/21: todo contrato deverá mencionar os
indispensáveis para assegurar a supremacia do poder público nomes das partes e os seus representantes, a finalidade, o ato
sobre o contratado. que autorizou sua lavratura, o número do processo da licitação
ou da contratação direta e a sujeição dos contratantes às
normas desta lei e às cláusulas contratuais.

2. CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS


Art. 89, §2º, lei 14.133/21: os contratos deverão estabelecer
DE DIREITO PÚBLICO
com clareza e precisão as condições para sua execução,

É o ajuste firmado entre a Administração Pública e um expressas em cláusulas que definam os direitos, as obrigações e

particular, regulado predominantemente pelo direito público, e as responsabilidades das partes, em conformidade com os
tendo por objeto uma atividade que, de alguma forma, traduza termos do edital de licitação e os da proposta vencedora ou
interesse público. com os termos do ato que autorizou a contratação direta e os
da respectiva proposta.
São características dos contratos administrativos de direito
público: São cláusulas necessárias em todo contrato firmado pela
administração (art. 92):
• Administração como parte
• A finalidade é o interesse público • O objeto e seus elementos característicos

• São formais (em regra, mas pode ter contrato verbal • A vinculação ao edital de licitação e à proposta do

nas obrigações de pronto pagamento para compras e licitante vencedor ou ao ato que tiver autorizado a

serviços de até R$10.804,08 reais) contratação direta e à respectiva proposta

• São precedidos de licitação (em regra)


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• A legislação aplicável à execução do contrato, outras normas específicas, para pessoa com
inclusive quanto aos casos omissos deficiência, para reabilitado da Previdência Social e
• O regime de execução ou a forma de fornecimento para aprendiz
• O preço e as condições de pagamento, os critérios, a • O modelo de gestão do contrato, observados os
data-base e a periodicidade do reajustamento de requisitos definidos em regulamento
preços e os critérios de atualização monetária entre a • Os casos de extinção
data do adimplemento das obrigações e a do efetivo • Foro competente da sede da Administração para
pagamento dirimir qualquer questão contratual
• Os critérios e a periodicidade da medição, quando for
o caso, e o prazo para liquidação e para pagamento
• Os prazos de início das etapas de execução, 4. CLÁUSULAS EXORBITANTES/DE PRIVILÉGIO
conclusão, entrega, observação e recebimento
São as prerrogativas de direito público conferidas pela lei à
definitivo, quando for o caso
administração na relação do contrato administrativo, dotando-
• O crédito pelo qual correrá a despesa, com a
a de uma posição de supremacia em relação à parte
indicação da classificação fundacional programática e
contratada.
da categoria econômica
• A matriz de risco, quando for o caso As principais cláusulas exorbitantes são:
• O prazo para resposta ao pedido de repactuação de
preços, quando for o caso Alteração unilateral do contrato: em algumas situações, a
administração pode alterar as cláusulas do contrato
• O prazo para resposta ao pedido de restabelecimento
independentemente do consentimento do contratado, mas
do equilíbrio econômico-financeiro, quando for o caso
sempre respeitando o interesse público. As alterações devem
• As garantias oferecidas para assegurar sua plena
sempre ser motivadas e devem respeitar a natureza do
execução, quando exigidas, inclusiva as que forem
contrato no que diz respeito ao objeto.
oferecidas pelo contratado no caso de antecipação de
valores a título de pagamento A alteração pode ser:
• O prazo de garantia mínima do objeto, observados os
prazos mínimos estabelecidos na lei 14.133/21 e nas • Qualitativa: modificação no projeto ou nas

normas técnicas aplicáveis, e as condições de especificações, para melhor adequação técnica

manutenção e assistência técnica, quando for o caso • Quantitativa: modificação do valor contratual em

• Os direitos e as responsabilidades das partes, as decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa

penalidades cabíveis e os valores das multas e suas do objeto. Pode ser:

bases de cálculo o Obras, serviços e compras: até 25% para

• As condições de importação e a data e a taxa de mais ou para menos

câmbio para conversão, quando for o caso o Reforma de edifícios ou de equipamentos:

• A obrigação do contratado de manter, durante toda a até 50% para mais e 25% para menos

execução do contrato, em compatibilidade com as


O contratado é obrigado a aceitar essas alterações, e, caso não
obrigações por ele assumidas, todas as condições
aceite, será considerado como descumpridor do contrato,
exigidas para a habilitação na licitação, ou para a
dando margem para que a administração rescinda o contrato,
qualificação, na contratação direta
atribuindo-lhe culpa pela rescisão.
• A obrigação de o contratado cumprir as exigências de
reserva de cargos prevista em lei, bem como em

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A lei admite que, de forma bilateral, as supressões sejam representantes da Administração especialmente designados
maiores que 25%. Mas, nesse caso não será cláusula conforme requisitos estabelecidos no art. 7º desta lei, ou pelos
exorbitante, uma vez que será feita de forma acordada com o respectivos substitutos, permitida a contratação de terceiros
administrado. para assisti-los e subsidiá-los com informações pertinentes a
essa atribuição.
Somente as cláusulas regulamentares/de execução/de serviço
podem ser alteradas; as econômico-financeiras nunca podem Aplicação de sanções: a administração pode aplicar sanções
ser modificadas unilateralmente. Ou seja, o equilíbrio administrativas ao contratado, caso ele deixe de cumprir total
econômico-financeiro deve sem mantido durante toda a ou parcialmente o objeto do contrato.
execução do contrato. Na hipótese de alteração unilateral, as
As sanções podem ser:
cláusulas econômico-financeiras devem ser revistas para que se
mantenha o equilíbrio contratual. • Advertência
• Multa, por atraso na execução do contrato ou na
No caso de supressão unilateral de obras, bens ou serviços, se o
forma prevista no instrumento convocatório ou no
contratado já houver adquirido os materiais e posto no local
contrato
dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela administração
• Suspensão temporária de participação em licitação e
pelos custos de aquisição regularmente comprovados e
impedimento de contratar com a administração, por
monetariamente corrigidos, podendo caber indenização por
prazo não superior a 2 anos
outros danos eventualmente decorrentes da supressão, desde
• Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
comprovados.
com a administração (sem prazo)
Rescisão unilateral: a administração pode rescindir o contrato
A multa pode ser aplicada cumulativamente com qualquer das
por diversas hipóteses e, se houver irregularidades imputadas
outras sanções. Mas é vedada a acumulação das demais
ao contratado, deve ser precedida de processo administrativo
sanções entre si.
em que se assegure o direito ao contraditório e ampla defesa.

As multas podem ser descontadas diretamente das garantias


Fiscalização da execução do contrato: é um poder dever que
oferecidas pelo contratado, desde que prestada mediante
exige que seja a execução do contrato acompanhada e
caução em dinheiro ou título público. Se o valor da garantia não
fiscalizada por um representante da administração,
for suficiente, a administração pode deduzir o valor da multa
especialmente designado, permitida a contratação de terceiros
dos pagamentos eventualmente devidos ao contratado.
para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa
atribuição. O não atendimento das determinações da A reabilitação para contratar com o poder público só pode ser
autoridade fiscalizadora enseja rescisão unilateral do contrato, requerida após 2 anos da aplicação da declaração de
sem prejuízo das sanções cabíveis.
inidoneidade (competência exclusiva do ministro de Estado,
secretário estadual ou municipal) e será concedida sempre que
A fiscalização efetuada pela administração não exclui a
o contratado ressarcir a administração pelos prejuízos
responsabilidade do contratado pelos danos causados a
resultantes da inexecução total ou parcial do contrato.
terceiros decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do
contrato, assim como a subcontratação de partes da obra, Ocupação provisória de bens móveis, imóveis, pessoal e
serviço ou fornecimento não exime o contratado de suas serviços vinculados ao objeto do contrato, quando o ajuste visa
responsabilidades (legais e contratuais). à prestação de serviços essenciais: quando o contrato for para
prestação de serviços essenciais, a administração pode ocupar
Art. 117 lei 14.133/21: a execução do contrato deverá ser
provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços
acompanhada e fiscalizada por um ou mais fiscais do contrato,
vinculados ao objeto do contrato, nas hipóteses:
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• Risco à prestação de serviços essenciais de 30% do valor inicial do contrato (não se aplicando
• Necessidade de acautelar apuração administrativa de os limites gerais detalhados abaixo).
faltas contratuais pelo contratado, inclusive após
Veja os limites da garantia:
extinção do contrato

• Contratações de obras, serviços e fornecimentos: até


Essa prerrogativa decorre do princípio da continuidade do
5% do valor inicial do contrato
serviço público e pode incidir sobre bens móveis ou imóveis,
• Contratações de obras, serviços e fornecimentos,
sobre o pessoal/funcionários e sobre os serviços vinculados.
mediante justificação e análise da complexidade
Exigências de garantias pela administração: a administração técnica e dos riscos envolvidos: até 10%
pode exigir garantias para o contratado para assegurar o fiel • Contratos de entrega de bens pela Administração em
cumprimento do contrato e para facilitar o ressarcimento dos que o contratado ficará como depositário: o valor dos
prejuízos causados pela eventual inexecução do ajuste. bens deverá ser acrescido ao valor da garantia
• Contratações de serviços e fornecimentos contínuos
A exigência ou não da garantia é decisão discricionária da
com vigência superior a 1 ano e suas prorrogações:
administração, mas deve haver previsão expressa no edital.
será usado o valor anual do contrato para definir e

Art. 96 lei 14.133/21: a critério da autoridade competente, em aplicar os percentuais da garantia

cada caso, poderá ser exigida, mediante previsão no edital, a


A garantia será liberada ou restituída após a execução do
prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e
contrato ou após a sua extinção por culpa exclusiva da
fornecimentos.
Administração e, quando em dinheiro, atualizada

Caberá ao contratado optar por uma das modalidades de monetariamente.

garantia:
Restrições à oposição, pelo contratado, da exceção do contrato

• Caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública não cumprido/exceptio non adimpleti contractus: nos contratos

emitidos sob a forma escritural, mediante registro em administrativos, a lei restringe a possibilidade de o particular

sistema centralizado de liquidação e de custódia opor a exceção do contrato não cumprido em desfavor da

autorizado pelo Banco Central, e avaliados por seus administração. Assim, no caso de não pagamento da

valores econômicos, conforme definido pelo administração, somente após 2 meses de atraso é que o

Ministério da Economia particular pode demandar a rescisão do contrato administrativo

• Seguro-garantia ou, ainda, paralisar a execução dos serviços, após notificação

• Fiança bancária emitida por banco ou instituição prévia.

financeira devidamente autorizada a operar no país


Art. 137, §2º, IV, lei 14.133/21: o contratado terá direito à
pelo Banco Central
extinção do contrato nas seguintes hipóteses: atraso superior a

Atenção: nas obras e serviços de engenharia em 2 meses, contado da emissão da nota fiscal, dos pagamentos ou

geral a Administração poderá definir que a de parcelas de pagamentos devidos pela Administração por

modalidade de garantia seja o seguro-garantia, sem despesas de obras, serviços ou fornecimentos.

dar a opção ao contratado escolher.


No caso de não cumprimento pelo administrado, a

Atenção 2: nas contratações de obras e serviços de administração já pode suspender os pagamentos a ele devidos

engenharia de grande vulto a garantia (na de imediato, sem prejuízo das demais sanções previstas em lei

modalidade seguro-garantia) tem um limite maior e no contrato.

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Medidas de compensação: os editais de licitação para a o Materiais de uso das Forças Armadas, para
contratação de bens, serviços e obras poderão, mediante fins de padronização
prévia justificativa da autoridade competente, exigir que o o Inovação e pesquisa científica e tecnológica
contratado promova, em favor de órgão ou entidade integrante no ambiente produtivo
da Administração Pública ou daqueles por ela indicados a partir o Comprometimento da segurança nacional
de processo isonômico, medidas de compensação comercial, o Transferência de tecnologia de produtos
industrial ou tecnológica ou acesso a condições vantajosas de estratégicos para o SUS
financiamento, cumulativamente ou não, na forma o Insumos estratégicos para a saúde
estabelecida pelo Poder Executivo federal. • Contratos em que a Administração é usuária do
serviço público prestado em regime de monopólio:
prazo indeterminado

5. DURAÇÃO DOS CONTRATOS • Contratos que gerem receita e contratos de eficiência:


o Sem investimento: até 10 anos
Art. 105 lei 14.133/21: a duração dos contratos regidos por esta
o Com investimento: até 35 anos
lei será a prevista em edital, e deverão ser observadas, no
• Contratos por escopo/por objeto/de execução
momento da contratação e a cada exercício financeiro, a
imediata (contratos em que o que interessa é a
disponibilidade de créditos orçamentários, bem como a
conclusão de uma conduta específica e definida): as
previsão no plano plurianual, quando ultrapassar 1 exercício
partes pactuam um tempo para a conclusão do
financeiro.
objeto, e o prazo será automaticamente prorrogado

Prazos de vigência dos contratos: quando seu objeto não for concluído no período
firmado no contrato
• Serviços e fornecimentos contínuos e aluguel de o Se a não houver a conclusão do objeto por
equipamentos e utilização de programas de culpa do contratado:
informática: até 5 anos, desde que haja (1) ▪ O contratado será constituído em
demonstração da vantagem da contratação mora (e receberá as sanções
plurianual, (2) disponibilidade dos créditos administrativas)
orçamentários na assinatura do contrato e em cada ▪ A Administração poderá optar por
exercício financeiro e (3) possibilidade de extinção, extinguir o contrato, adotando as
sem ônus para a administração) medidas previstas em lei para
• O prazo de 5 anos dos serviços e fornecimentos continuar a execução do contrato
contínuos podem ter sucessivas prorrogações, até o • Regime de fornecimento e prestação de serviço
limite de 10 anos, desde que (1) haja previsão em associado: o prazo do contrato deve ser a soma de:
edital e que (2) a autoridade competente ateste que o Fornecimento do objeto ou a entrega obra
as condições e os preços permanecem vantajosos o Manutenção e/ou operação (serviço):
para a Administração (cuidado: essas prorrogações limitado a 5 anos, podendo prorrogar até o
sucessivas não se aplicam ao aluguel de limite de 10 anos
equipamentos e utilização de programas de • Contratos de operação continuada de sistemas
informática) estruturantes de tecnologia da informação: até 15
• Prazo de até 10 anos para os contratos que envolvam: anos
o Alta complexidade tecnológica e defesa
nacional

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6. RESPONSABILIDADE PELA EXECUÇÃO DOS CONTRATOS o acompanhamento do contrato pela Administração não
eximem ou reduzem essa responsabilidade.
Art. 119 lei 14.133/21: o contratado será obrigado a reparar,
corrigir, remover, reconstruir ou substituir, a suas expensas, no Além da responsabilidade objetiva pela própria execução do
total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem contrato, a lei de licitações prevê a responsabilidade pelos
vícios, defeitos ou incorreções resultantes de sua execução ou encargos. Observe:
de materiais nela empregados.
Art. 121 lei 14.133/21: somente o contratado será responsável
O contrato deve ser executado fielmente pelas partes, pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais
respondendo cada uma pelas consequências de sua inexecução resultantes da execução do contrato.
total ou parcial. Assim, o contratado responde por vícios,
Art. 121, §1º, lei 14.133/21: a inadimplência do contratado em
defeitos ou incorreções decorrentes de:
relação aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não
• A execução do contrato transferirá à Administração a responsabilidade pelo seu
• Os materiais empregados na execução do contrato pagamento e não poderá onerar o objeto do contrato nem
restringir a regularização e o uso das obras e das edificações,
Agora, com a nova lei de licitações, a responsabilidade do
inclusive perante o registro de imóveis, ressalvada a hipótese
contratado é objetiva e independe de dolo ou culpa na
prevista no §2º deste artigo.
execução do contrato.
Art. 121, §2º, lei 14.133/21: exclusivamente nas contratações
Art. 140, §6º, lei 14.133/21: em se tratando de obra, o
de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de
recebimento definitivo pela Administração não eximirá o
mão de obra, a Administração responderá solidariamente pelos
contratado, pelo prazo mínimo de 5 anos, admitida a previsão
encargos previdenciários e subsidiariamente pelos encargos
de prazo de garantia superior no edital e no contrato, da
trabalhistas se comprovada falha na fiscalização do
responsabilidade objetiva pela solidez e pela segurança dos
cumprimento das obrigações do contratado.
materiais e dos serviços executados e pela funcionalidade da
construção, da reforma, da recuperação ou da ampliação do Inicialmente, vamos detalhar os encargos:
bem imóvel, e, em caso de vício, defeito ou incorreção
• Trabalhistas: salário, FGTS e outros benefícios devidos
identificados, o contratado ficará responsável pela reparação,
aos empregados
pela correção, pela reconstrução ou pela substituição
• Previdenciários: obrigações perante a Seguridade
necessárias.
Social
Art. 120 lei 14.133/21: o contratado será responsável pelos • Fiscais: recolhimento de tributos devidos aos entes
danos causados diretamente à Administração ou a terceiros em federativos
razão da execução do contrato, e não excluirá nem reduzirá • Comerciais: obrigações das empresas com os seus
essa responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento parceiros e fornecedores
pelo contratante.
Agora, levando em consideração o art. 121 e seus parágrafos,
Dessa forma, o contratado é responsável objetivamente pela vamos esquematizar a responsabilidade decorrente da
solidez e segurança do contrato sendo que, no caso de obras, execução do contrato:
deverá prestar uma garantia mínima de 5 anos. Ainda, a lei de
• Regra: somente o contratado responde pelos
licitações deixa bem claro que o contratado será responsável
encargos:
pelos danos que causar à Administração ou a terceiros em
o Trabalhistas
razão da execução do contrato, sendo certo que a fiscalização e
o Previdenciários

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o Fiscais II. Condicionar o pagamento à comprovação de


o Comerciais quitação das obrigações trabalhistas vencidas
• Exceção: nos contratos de serviços contínuos com relativas ao contrato
regime de dedicação exclusiva de mão de obra, a III. Efetuar o depósito de valores em conta vinculada
Administração responderá: IV. Em caso de inadimplemento, efetuar
o Solidariamente: pelos encargos diretamente o pagamento das verbas
previdenciários trabalhistas, que serão deduzidas do pagamento
o Subsidiariamente: pelos encargos devido ao contratado
trabalhistas, desde que comprovada falha na V. Estabelecer que os valores destinados a férias,
fiscalização do cumprimento das obrigações 13º salário, ausências legais, e verbas rescisórias
do contratado dos empregados do contratado que participem
da execução dos serviços contratados serão
• Responsabilidade solidária: a Administração
pagos pelo contratante ao contratado somente
responde junto com o contratado
na ocorrência do fato gerador

• Responsabilidade subsidiária: a Administração só


responde “em segundo plano”, se houver falha na
fiscalização do cumprimento das obrigações do 7. FORMAS DE RECEBIMENTO DO OBJETO
contratado e se a empresa não possuir recursos
O recebimento do objeto é o momento no qual a administração
para pagar a dívida
se certifica que o contratado cumpriu com todas as suas
STF: o inadimplemento dos encargos trabalhistas dos obrigações, fornecendo os bens, prestando os serviços ou
empregados do contratado não transfere automaticamente ao executando as obras em conformidade com as especificações
Poder Público a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em do contrato.
caráter solidário ou subsidiário. Assim, cabe ao interessado na
A Administração rejeitará, no todo ou em parte, obra, serviço
indenização demonstrar que a Administração falhou na
ou fornecimento executado em desacordo com o contrato.
fiscalização do contrato, demonstrando o nexo de causalidade
entre a omissão da Administração e o dano sofrido. Sendo obras ou serviços, o objeto será recebido:

Por fim, para assegurar o cumprimento de obrigações • Provisoriamente: pelo responsável pro seu
trabalhistas pelo contratado (já que, nesse caso, a acompanhamento e fiscalização, mediante termo
Administração poderá ser demandada), a Administração poderá detalhado, quando verificado o cumprimento das
adotar algumas medidas. Veja: exigências de caráter técnico
• Definitivamente: por servidor ou comissão designada
Art. 121, §3º, lei 14.133/21: nas contratações de serviços
pela autoridade competente, mediante termo
contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra,
detalhado que comprove o atendimento das
para assegurar o cumprimento de obrigações trabalhistas pelo
exigências contratuais
contratado, a Administração, mediante disposição em edital ou
em contrato, poderá, entre outras medidas: Sendo compras, o objeto será recebido:

I. Exigir caução, fiança bancária ou contratação de • Provisoriamente: de forma sumária, pelo responsável
seguro-garantia com cobertura para verbas por seu acompanhamento e fiscalização, com
rescisórias inadimplidas verificação posterior da conformidade do material
com as exigências contratuais

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• Definitivamente: por servidor ou comissão designada VIII. Razões de interesse público, justificadas pela
pela autoridade competente, mediante termo autoridade máxima do órgão ou da entidade
detalhado que comprove o atendimento das contratante
exigências contratuais IX. Não cumprimento das obrigações relativas à
reserva de cargos prevista em lei, bem como em
Art. 140, §3º, lei 14.133/21: os prazos e os métodos para a
outras normas específicas, para pessoa com
realização dos recebimentos provisório e definitivo serão
deficiência, para reabilitado da Previdência Social
definidos em regulamento ou no contrato.
ou para aprendiz

A lei de licitações traz, ainda, hipóteses em que o contratado

8. EXTINÇÃO DO CONTRATO terá direito de pedir a extinção do contrato em razão de culpa

8.1. HIPÓTESES DE EXTINÇÃO DO CONTRATO da Administração. Veja quais são essas hipóteses:

Art. 137 lei 14.133/21: constituirão motivos para a extinção do Art. 137, §2º, lei 14.133/21: o contratado terá direito à extinção

contrato, a qual deverá ser formalmente motivada nos autos do do contrato nas seguintes hipóteses:

processo, assegurados o contraditório e a ampla defesa, as


I. Supressão, por parte da Administração, de obras,
seguintes situações:
serviços ou compras que acarrete modificação do

I. Não cumprimento ou cumprimento irregular de valor inicial do contrato além do limite permitido

normas editalícias ou de cláusulas contratuais, de no art. 125 (acréscimos ou supressões de até

especificações, de projetos ou de prazos 25% e acréscimos de 50% para reforma de

II. Desatendimento das determinações regulares edifício ou equipamento)

emitidas pela autoridade designada para II. Suspensão de execução do contrato, por ordem

acompanhar e fiscalizar sua execução ou por escrita da Administração, por prazo superior a 3

autoridade superior meses

III. Alteração social ou modificação da finalidade ou III. Repetidas suspensões que totalizem 90 dias

da estrutura da empresa que restrinja sua úteis, independentemente do pagamento

capacidade de concluir o contrato obrigatório de indenização pelas sucessivas e

IV. Decretação de falência ou de insolvência civil, contratualmente imprevistas desmobilizações e

dissolução da sociedade ou falecimento do mobilizações e outras previstas

contratado IV. Atraso superior a 2 meses, contado da emissão

V. Caso fortuito ou força maior, regularmente da nota fiscal, dos pagamentos ou de parcelas de

comprovados, impeditivos da execução do pagamentos devidos pela Administração por

contrato despesas de obras, serviços ou fornecimentos

VI. Atraso na obtenção da licença ambiental, ou V. Não liberação pela Administração, nos prazos

impossibilidade de obtê-la, ou alteração contratuais, de área, local ou objeto, para

substancial do anteprojeto que dela resultar, execução de obra, serviço ou fornecimento, e de

ainda que obtida no prazo previsto fontes de materiais naturais especificados no

VII. Atraso na liberação das áreas sujeitas a projeto, inclusive devido a atraso ou

desapropriação, a desocupação ou a servidão descumprimento das obrigações atribuídas pelo

administrativa, ou impossibilidade de liberação contrato à Administração relacionadas a

dessas áreas desapropriação, a desocupação de áreas públicas


ou a licenciamento ambiental

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8.2. FORMAS DE EXTINÇÃO DO CONTRATO 8.3. CONSEQUÊNCIAS DA EXTINÇÃO DO CONTRATO

O art. 138 lei 14.133/21 traz a forma como se dará a extinção Com culpa exclusiva da Administração: art. 138, §2º, lei
do contrato: 14.133/21: quando a extinção decorrer de culpa exclusiva da
Administração, o contratado será ressarcido pelos prejuízos
Art. 138 lei 14/133/21: a extinção do contrato poderá ser:
regularmente comprovados que houver sofrido e terá direito a:

I. Determinada por ato unilateral e escrito da


I. Devolução da garantia
Administração, exceto no caso de
II. Pagamentos devidos pela execução do contrato
descumprimento decorrente de sua própria
até a data de extinção:
conduta (deve ser precedida de autorização
III. Pagamento do custo da desmobilização
escrita e fundamentada e reduzida a termo)
II. Consensual, por acordo entre as partes, por
conciliação, por mediação ou por comitê de
Determinada por ato unilateral da Administração: art. 139 lei
resolução de disputas, desde que haja interesse
14.133/21: a extinção determinada por ato unilateral da
da Administração (deve ser precedida de
Administração poderá acarretar, sem prejuízo das sanções
autorização escrita e fundamentada e reduzida a
previstas nesta lei, as seguintes consequências:
termo)
III. Determinada por decisão arbitral, em I. Assunção imediata do objeto do contrato, no
decorrência de cláusula compromissória ou estado e local em que se encontrar, por ato
compromisso arbitral, ou por decisão judicial próprio da Administração
II. Ocupação e utilização do local, das instalações,
Esquematizando:
dos equipamentos, do material e do pessoal
• Por ato unilateral e escrito da Administração, salvo empregados na execução do contrato e
nos casos de descumprimento do contrato em razão necessários à sua continuidade
da sua própria conduta (ou seja, nos casos de culpa do III. Execução da garantia contratual para:
contratado, caso fortuito, força maior, razões de a. Ressarcimento da Administração Pública por prejuízos
interesse público...) decorrentes da não execução
• Consensual, desde que haja interesse da b. Pagamento de verbas trabalhistas, fundiárias e
Administração, e pode ser: previdenciárias, quando cabível
o Acordo entre as partes c. Pagamento das multas devidas à Administração
o Conciliação Pública
o Mediação d. Exigência da assunção da execução e da conclusão do
o Comitê de resolução de disputas objeto do contrato pela seguradora, quando cabível
• Determinada por: IV. Retenção dos créditos decorrentes do contrato
o Decisão arbitral: em razão de cláusula até o limite dos prejuízos causados à
compromissória ou compromisso arbitral. As Administração Pública e das multas aplicadas

partes elegem um terceiro imparcial para


resolver o conflito
o Decisão judicial: 9. TEORIA DA IMPREVISÃO

A teoria da imprevisão se aplica quando, no curso do contrato,


ocorrem eventos excepcionais e imprevisíveis que provocam

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desequilíbrio econômico-financeiro do ajuste (exemplo: 9.3. CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR


pandemia). A teoria também se aplica a fatos previsíveis, mas
São eventos (da natureza ou humanos) imprevisíveis ou
de consequência incalculáveis, não provocadas pela vontade
inevitáveis que impedem ou tornam extraordinariamente
das partes.
onerosa a execução do contrato. Por isso, podem levar à
Quando esses eventos levam à inexecução contratual, a parte extinção contratual ou à alteração do contrato, por acordo
inadimplente fica isenta de responsabilidade, por conta da entre as partes, visando recompor o equilíbrio econômico-
aplicação da teoria da imprevisão. financeiro original.

Assim, o contrato deve ser cumprido enquanto presentes as


mesmas condições existentes quando o ajuste foi firmado
9.4. INTERFERÊNCIAS IMPREVISTAS
(teoria do rebus sic stantibus). Grandes mudanças geram
desequilíbrio contratual, ensejando a alteração do contrato, São ocorrências materiais já existentes, mas não conhecidas
quando for possível reestabelecer o equilíbrio econômico- pelas partes quando da elaboração do contrato, dificultando ou
financeiro inicial, ou, caso contrário, haverá a rescisão do onerando excessivamente o prosseguimento e conclusão do
contrato. contrato. Exemplo: a Administração contrata uma empresa
para fazer uma obra em um terreno. Quando a empresa
A teoria da imprevisão não se aplica na ocorrência
começa a obra, descobre que esse terreno é rochoso e a obra
de simples elevações de preços em proporção
ficaria muito mais cara para ser concluída (o terreno já era
suportável, correspondente ao risco do próprio
rochoso à época do contrato, mas as partes não sabiam).
contrato (risco empresarial/álea ordinária).

10. CONTRATOS X CONVÊNIOS


9.1. FATO DO PRÍNCIPE

Convênio não é contrato, embora seja um instrumento que a


Decorre de ato geral do Poder Público (edição de lei ou ato
administração se utilize para, mediante um acordo de
normativo, por exemplo) que modifica as condições do
vontades, associar-se com outras entidades públicas ou com
contrato, prejudicando o contratado. Nesse caso, o poder
entidades privadas para prestar serviços de interesse público.
público atua como Estado-império, e não como parte no
contrato. Exemplos: aumento e redução de alíquotas de Convênios são firmados entre órgãos ou entidades públicas de
impostos. qualquer espécie, ou entre estas e entidades privadas sem fins
lucrativos, visando à consecução de objetivos de interesse
comum a eles. Já nos contratos, os interesses são opostos.
9.2. FATO DA ADMINISTRAÇÃO
Art. 184 lei 14.133/21: aplicam-se as disposições desta lei, no
Diz respeito aos atos e omissões do poder público que, que couber e na ausência de norma específica, aos convênios,
incidindo direta e especificamente sobre o contrato, retardam, acordos, ajustes e outros instrumentos congêneres celebrados
agravam ou impedem a sua execução. Exemplos: supressão de por órgãos e entidades da Administração Pública, na forma
obras, serviços e compras além do limite. estabelecida em regulamento do Poder Executivo federal.

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11. INFRAÇÕES E SANÇÕES ADMINISTRATIVAS XI. Praticar atos ilícitos com vistas a frustrar os
11.1. INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS objetivos da licitação (multa e/ou declaração de
inidoneidade para licitar ou contratar)
Art. 155 lei 14.133/21: o licitante ou o contratado será
XII. Praticar ato lesivo previsto no art. 5º da lei
responsabilizado administrativamente pelas seguintes
anticorrupção (multa e/ou declaração de
infrações:
inidoneidade para licitar ou contratar)

I. Dar causa à inexecução parcial do contrato


(advertência e/ou multa)
II. Dar causa à inexecução parcial do contrato que 11.2. SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
cause grave dano à Administração, ao
São espécies de sanções administrativas:
funcionamento dos serviços públicos ou ao
interesse coletivo (multa e/ou impedimento de • Advertência
licitar e contratar) • Multa (não pode ser inferior a 0,5% nem superior a
III. Dar causa à inexecução total do contrato (multa 30% do valor do contrato e pode ser aplicada em
e/ou impedimento de licitar e contratar) todas as infrações e cumulativamente com outras
IV. Deixar de entregar a documentação exigida para sanções)
o certame (multa e/ou impedimento de licitar e • Impedimento de licitar e contratar (no âmbito da
contratar) Administração direta e indireta do ente federativo
V. Não manter a proposta, salvo em decorrência de que aplicou a sanção pelo prazo de até 3 anos)
fato superveniente devidamente justificado • Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
(multa e/ou impedimento de licitar e contratar) (aplicada pelos (1) Ministros de Estado ou Secretários,
VI. Não celebrar o contrato ou não entregar a (2) autoridade máxima de autarquia ou fundação ou
documentação exigida para a contratação, autoridade equivalente nos demais poderes, no
quando convocado dentro do prazo de validade âmbito da Administração direta e indireta de todos os
de sua proposta (multa e/ou impedimento de entes federativos pelo prazo de 3 a 6 anos)
licitar e contratar)
VII. Ensejar o retardamento da execução ou da Das sanções, cabe:

entrega do objeto da licitação sem motivo


• Recurso no prazo de 15 dias úteis, contados da data
justificado (multa e/ou impedimento de licitar e
da intimação, podendo a autoridade que proferiu a
contratar)
decisão reconsiderar em até 5 dias úteis (se não
VIII. Apresentar declaração ou documentação falsa
reconsiderar, encaminhará à autoridade superior, que
exigida para o certamente ou prestar declaração
deve proferir sua decisão em até 20 dias úteis do
falsa durante a licitação ou a execução do
recebimento): nos casos de advertência, multa e
contrato (multa e/ou declaração de inidoneidade
impedimento de licitar e contratar
para licitar ou contratar)
• Pedido de reconsideração no prazo de 15 dias úteis,
IX. Fraudar a licitação ou praticar ato fraudulento na
contados da data da intimação, e decidido no prazo
execução do contrato (multa e/ou declaração de
máximo de 20 dias úteis do recebimento: no caso da
inidoneidade para licitar ou contratar)
declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
X. Comportar-se de modo inidôneo ou cometer
fraude de qualquer natureza (multa e/ou A Administração, ao aplicar a sanção, deve levar em
declaração de inidoneidade para licitar ou consideração:
contratar)
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• A natureza e a gravidade da infração cometida está exposto, por exemplo. Qualquer pessoa pode impugnar ou
• As peculiaridades do caso concreto solicitar esclarecimentos, não precisa ser licitante.

• As circunstâncias agravantes ou atenuantes


Art. 165 lei 14.133/21: dos atos da Administração decorrentes
• Os danos que dela provierem para a Administração
da aplicação desta lei cabem:
• A implantação ou o aperfeiçoamento de programa de
integridade, conforme normas e orientações dos I. Recursos, no prazo de 3 dias úteis, contado da
órgãos de controle data de intimação ou de lavratura da ata, em face
de:
a. Ato que defira ou indefira pedido de pré-qualificação

11.3. PRESCRIÇÃO de interessado ou de inscrição em registro cadastral,


sua alteração ou cancelamento
Art. 158, §4º, lei 14.133/21: a prescrição ocorrerá em 5 anos,
b. Julgamento das propostas
contados da ciência da infração pela Administração, e será:
c. Ato de habilitação ou inabilitação de licitante
d. Anulação ou revogação da licitação
I. Interrompida pela instauração do processo de
e. Extinção do contrato, quando determinada por ato
responsabilização a que se refere o caput deste
unilateral e escrito da Administração
artigo
II. Pedido de reconsideração, no prazo de 3 dias
II. Suspensa pela celebração de acordo de leniência
úteis, contado da data de intimação,
previsto na lei anticorrupção
relativamente a ato do qual não caiba recurso
III. Suspensa por decisão judicial que inviabilize a
hierárquico
conclusão da apuração administrativa

Atenção: os recursos e pedidos de reconsideração


contra a aplicação de sanções possuem o prazo de
12. IMPUGNAÇÕES, PEDIDOS DE ESCLARECIMENTOS E 15 dias úteis.
RECURSOS
Art. 168 lei 14.133/21: o recurso e o pedido de reconsideração
Art. 164 lei 14.133/21: qualquer pessoa é parte legítima para terão efeito suspensivo do ato ou da decisão recorrida até que
impugnar edital de licitação por irregularidades na aplicação sobrevenha decisão final da autoridade competente.
desta lei ou para solicitar esclarecimentos sobre os seus
Os recursos devem ser dirigidos à autoridade que proferiu a
termos, devendo protocolar o pedido até 3 dias úteis antes da
decisão, que poderá reconsiderar a decisão em até 3 dias úteis.
data de abertura do certame.
Se não reconsiderar, deverá, nesse prazo, encaminhar o
Art. 164, p.ú., lei 14.133/21: a resposta à impugnação ou ao recurso à autoridade superior, e esta deverá proferir sua
pedido de esclarecimento será divulgada em sítio eletrônico decisão em até 10 dias úteis.
oficial no prazo de até 3 dias úteis, limitado ao último dia útil
anterior à data da abertura do certame.

Esclarecendo a diferença entre esses dois dispositivos:

As impugnações ocorrem quando alguém não concorda com o


edital de licitação. É uma espécie de recurso contra o edital. Já
os pedidos de esclarecimentos servem para entender melhor
os termos do edital quando alguém não entende direito o que

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SERVIÇOS PÚBLICOS Os entes da administração indireta prestam os serviços


mediante outorga (descentralização por serviços ou funcional),
Lei 6.017: serviço público é atividade ou comodidade material feita mediante lei. Como a outorga depende de lei, o ente da
fruível diretamente pelo usuário, que possa ser remunerado administração direta transfere a titularidade e a execução do
por meio de taxa ou preço público, inclusive tarifa.
serviço para a entidade. Assim, a prestação do serviço é direta,
mas feita com a participação da administração indireta.
Hely Lopes Meirelles: serviço público é todo aquele prestado
pela administração ou por seus delegados, sob normas e A prestação indireta (feita por concessão, permissão ou
controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou autorização) não descaracteriza o serviço como público, uma
secundárias da coletividade, ou simples conveniência do vez que o Estado continua com a titularidade (o particular só
Estado. recebe a execução). É a descentralização administrativa por
colaboração ou delegação, feita (em regra), mediante contrato.
Maria Sylvia Di Pietro: serviço público é toda atividade material
que a lei atribui ao Estado para que a exerça diretamente ou Os serviços públicos passíveis de exploração por delegação são
por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer aqueles enquadrados como atividade econômica, que podem
concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico ser explorados com o intuito de lucro, sem perder a
total ou parcialmente de direito público. característica de serviço público.

Celso Antônio Bandeira de Mello: serviço público é toda Serviços públicos delegáveis: telecomunicações, rádio e
atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material televisão, energia elétrica, navegação aérea, transporte
fruível diretamente pelos administrados, prestado pelo Estado ferroviário e aquaviário, transporte rodoviário interestadual e
ou por quem lhe faça as vezes, sob um regime de direito internacional de passageiros, de portos, de gás canalizado e de
público – portanto, consagrador de prerrogativas de transporte local.
supremacia e de restrições especiais – instituído pelo Estado
em favor dos interesses que houver definido como próprios no Já os serviços da ordem social (como educação e saúde) podem

sistema normativo. ser prestados de maneira livre pelos particulares (não são
atividades exclusivas), sem que haja necessidade de delegação.
Carvalho Filho: serviço público é toda atividade prestada pelo Quando essas atividades são desempenhadas por particulares,
Estado ou por seus delegados, basicamente sob regime de o são por regime de direito privado (não se trata de serviço
direito público, com vistas à satisfação de necessidades público, mas sim de serviço privado), por conta e risco do
essenciais e secundárias da coletividade.
particular. Assim, estão sujeitos somente ao poder de polícia
administrativa.
Assim: interesse coletivo + sujeito estatal + regime de direito
público = serviço público.
Mas, se os serviços da ordem social forem prestados
diretamente pelo Estado (administração direta ou indireta),
serão configurados como serviços públicos.
1. ELEMENTOS DO SERVIÇO PÚBLICO
Elemento objetivo ou material (atividades de interesse
Elemento subjetivo (sujeito estatal): o titular dos serviços coletivo): o serviço público, em regra, é uma atividade de
públicos é o Estado, que os presta diretamente (pela interesse público, desempenhada para atender às necessidades
administração direta ou indireta) ou indiretamente (mediante coletivas. Entretanto, existem serviços públicos que não são
delegação a particulares, por concessão, permissão ou essenciais, como as loterias, mas que não deixam de ser serviço
autorização). público.

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Elemento formal (regime de direito público): diz respeito à União: rol taxativo. Defesa nacional, emissão de moeda, serviço
forma de prestação do serviço. Como o serviço é instituído pelo postal, telecomunicações, radiofusão sonora e de sons e
Estado e busca o interesse coletivo, é óbvio que ele se submete imagens (emissoras de rádio e TV), energia elétrica, navegação
ao regime de direito público. aérea e aeroespacial, transporte ferroviário, aquaviário e
rodoviário interestadual e internacional e serviços nucleares.
Entretanto, quando os particulares prestam serviços públicos
por delegação, prestam em regime híbrido Estados: rol taxativo. Serviços que não sejam de competência
predominantemente privado. Se não for serviço público, mas da União ou dos municípios, por isso chamados de
sim atividade livremente aberta à iniciativa privada, o regime competência remanescente/residual. Exemplos: gás canalizado
será exclusivamente de direito privado. (exceção ao serviço regional) e transporte intermunicipal.

Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo: não são serviços públicos, Municípios: rol exemplificativo. Serviços que sejam de interesse
por não configurar como utilidade ou comodidade para a local, ou seja, aqueles que dizem respeito diretamente à
sociedade: população daquele município. A CF enumerou alguns desses
serviços: programas de educação infantil e de ensino
• Atividade jurisdicional
fundamental e atendimento à saúde da população, transporte
• Atividade legislativa
coletivo, que tem caráter essencial, conforme o texto
• Atividade de governo (política)
constitucional, coleta e lixo e serviço funerário.
• Fomento em geral (qualquer prestação cujo objeto
seja “dar algo” ao invés de “fazer”) DF: abrange as competências dos estados e dos municípios. No

• Atividades que impliquem imposição de sanções, entanto, nem todos os serviços de competência estadual são

condicionamentos, proibições ou quaisquer restrições mantidos e organizados pelo DF, alguns, como poder judiciário,

do tipo “não fazer” (polícia administrativa e MP, polícia civil, polícia militar e bombeiros, são organizados e

intervenção na propriedade privada, por exemplo) mantidos pela União.

• Obras públicas, porque, nestas, não é o “fazer algo”,


Comum: serviços prestados de forma paralela, a omissão ou
em si mesmo considerado, que representa uma
atuação de um ente não impossibilita a atuação do outro.
utilidade ou comodidade material oferecida à
população; é o resultado desse fazer, qual seja, a obra Art. 241, CF: a U/E/DF/M disciplinarão por meio de lei os
realizada, que constitui uma utilidade ou comodidade consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os
que pode ser fruída pelo grupo social entes federados, autorizando a gestão associada de serviços
públicos, bem como a transferência total ou parcial de
encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade

2. COMPETÊNCIA dos serviços transferidos.

A repartição de competências visa o princípio da


predominância dos interesses (nacional, regional ou local).
3. CLASSIFICAÇÕES

Além, a CF prevê algumas competências comuns a todos os


Originário: por essência, é privativo do Estado e só por ele pode
entes, de forma paralela e sem subordinação. A CF prevê a
ser prestado (indelegável). Geralmente estão relacionados com
edição de leis complementares para fixar normas de
o poder de império. São serviços públicos propriamente
cooperação entre a U/E/DF/M, tendo em vista o equilíbrio do
diretos. Exemplos: serviços à defesa nacional, segurança
desenvolvimento e do bem-estar nacional.
pública e fiscalização de atividades.

Competências previstas na CF:

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Derivado: não é considerado essencial, mas conveniente à serviço. São financiados pelos impostos. Exemplos: segurança
coletividade, podendo ser prestado por particular (delegável). pública, iluminação pública e saneamento básico.
O Estado pode prestar diretamente ou delegar a terceiros. São
Individual/uti singuli: aquele usufruído individual e diretamente
serviços de utilidade pública. Exemplos: telefonia, energia
pelo cidadão, sendo possível mensurar, caso a caso, quanto do
elétrica e transporte.
serviço está sendo consumido por cada usuário,
Exclusivo: são de titularidade do Estados, prestados separadamente. São mantidos por taxas ou tarifas. Exemplos:
diretamente pela administração ou indiretamente por energia elétrica, telefonia e água.
concessão, permissão ou autorização. Exemplos: serviço postal,
• Impostos: obrigatório para serviços gerais (como
correio aéreo nacional, telecomunicações, radiofusão, energia
saneamento, saúde e iluminação pública)
elétrica, transportes.
• Taxa: obrigatório para serviços individuais (como
Não exclusivo: não são de titularidade do Estado e, por isso, coleta de lixo)
podem ser prestados por particulares, independentemente de • Tarifa: facultativo para serviços individuais (como
delegação. Exemplos: saúde, previdência social, assistência energia, água e telefone)
social e educação.

Próprio: são os serviços não exclusivos prestados pelo próprio


4. FORMAS DE PRESTAÇÃO
Estado. Exemplos: escola e hospital públicos.

Prestação centralizada: o serviço é prestado pela administração


Impróprio: são os serviços que atendem às necessidades
direta.
coletivas, mas que não são nem de titularidade e nem são
prestados pelo Estado, mas apenas são por ele autorizados, Prestação descentralizada: o serviço é prestado por pessoa
regulamentados e fiscalizados. São prestados por particulares diferente do ente federado a que a CF atribui a titularidade do
sob regime de direito privado. Exemplos: escola e hospital serviço público. Pode ser:
privados.
• Descentralização por serviços: o serviço é prestado
Administrativo: a administração executa para satisfazer suas por entidade da administração indireta, à qual a lei
próprias necessidades internas ou para preparas outros transfere a sua titularidade
serviços que são prestados ao público. O usuário direto é a
• Descentralização por colaboração: o serviço é
própria administração. Exemplo: imprensa oficial.
prestado por particulares, aos quais, mediante
delegação do poder público, é atribuída a sua mera
Comercial/econômico/industrial: atende às necessidades
execução
coletivas de ordem econômica, produzindo lucro para quem o
presta. Exemplos: telecomunicações, transportes e energia
Prestação desconcentrada: o serviço é executado por um órgão
elétrica.
com competência específica para prestá-lo, integrante da
estrutura da PJ que detém a titularidade do serviço. Pode ser:
Social: atende às necessidades coletivas de ordem social.
Exemplos: saúde, educação e cultura.
• Desconcentrada centralizada: o órgão com

Geral/uti universi: aquele prestado a toda a coletividade, competência específica para prestar o serviço integra

indistintamente. Beneficia grupos indeterminados de a estrutura de uma entidade integrante da

indivíduos, não sendo possível ao poder público identificar, de administração direta do ente federado que detém a

forma individualizada e exata, quanto cada usuário utiliza do titularidade do serviço público

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• Desconcentrada descentralizada: o órgão com 6. CONCESSÃO E PERMISSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO


competência específica para prestar o serviço público
Art. 175, CF: incumbe ao poder público, na forma da lei,
integra a estrutura de uma entidade integrante da
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
administração indireta; essa entidade detém a
sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos:
titularidade do serviço público

Art. 175, p.ú, CF: a lei disporá sobre:


Prestação direta: o serviço é prestado pela administração
pública, direta ou indireta. I. O regime das empresas concessionárias e
permissionárias de serviços públicos, o caráter
Prestação indireta: o serviço é prestado por particulares, aos
especial de seu contrato e de sua prorrogação,
quais, mediante delegação do poder público, é atribuída a sua
bem como as condições de caducidade,
mera execução.
fiscalização e rescisão da concessão ou permissão
II. Os direitos dos usuários
III. A política tarifária
5. REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE
IV. A obrigação de manter o serviço público

Regulamentar/regular o serviço consiste no estabelecimento de adequado

regras básicas para a sua execução, mediante a edição de leis e


A prestação de forma indireta se dá pela delegação do serviço
atos normativos, bem como através da prática de atos
público a um particular (PF ou PJ), que o prestará em seu
administrativos concretos, a fim de remover obstáculos que
próprio nome e por sua conta e risco, remunerando-se
possam impedir ou dificultar a execução do serviço público.
diretamente por meio de tarifas cobradas dos usuários, e

A regulamentação cabe ao ente a que a CF atribui a titularidade sempre sob a fiscalização do poder público.

do serviço público. É atividade típica do poder público,


A delegação pode ser dar por concessão ou permissão, e,
indelegável aos particulares. Entretanto, a regulamentação
excepcionalmente, por autorização. Em qualquer caso, a
pode ser exercia pela administração indireta, com as agências
delegação só será da execução do serviço, permanecendo a
reguladoras (autarquias).
titularidade com o poder público (que poderá retomar o serviço

Como forma de controlar os particulares, o ordenamento público).

jurídico prevê prerrogativas para a administração, como


Definições da lei 8.987/95:
acessar dados relativos à administração dos particulares,
contabilidade de recursos técnicos, econômicos e financeiros, • Concessão: a delegação da prestação do serviço, feita
alteração unilateral das cláusulas contratuais, intervenção no pelo poder concedente, mediante licitação, na
contrato, encampação, decretação de caducidade etc. modalidade de concorrência, à PJ ou consórcio de
empresas que demonstre capacidade para seu
Lei 9.074: o poder concedente deve estabelecer a forma de
desempenho, por sua conta e risco e por prazo
participação dos usuários na fiscalização e tornar disponível ao
determinado
público, periodicamente, relatório sobre os serviços prestados.
• Permissão: a delegação, a título precário, mediante

Art. 37, §3º, I, CF: lei disciplinará as formas de participação do licitação, da prestação de serviço público, feita pelo

usuário na administração pública direta e indireta, regulando poder concedente à PF ou PJ que demonstre

especialmente as reclamações relativas à prestação dos capacidade para seu desempenho, por conta e risco

serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de • Concessão de serviço público precedida da execução
serviço público de atendimento ao usuário e a avaliação de obra pública: a construção, total ou parcial,
periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços públicos. conservação, reforma, ampliação ou melhoramento
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de quaisquer obras de interesse público, delegada • Estações aduaneiras e outros terminais alfandegados
pelo poder concedente, mediante licitação, na de uso público, não instalados em área de porto ou
modalidade de concorrência, à PJ ou consórcio de aeroporto, precedidos ou não de obras públicas
empresas que demonstre capacidade para a sua • Serviços postais
realização, por sua conta e risco, de forma que o
investimento da concessionária seja remunerado e 6.1. REQUISITOS DO SERVIÇO PÚBLICO ADEQUADO
amortizado mediante a exploração do serviço público
Todo serviço público deve ser adequado ao pleno atendimento
ou da obra por prazo determinado
dos usuários, que satisfaz as condições de:
CONCESSÃO PERMISSÃO
Sempre precedida de licitação Regularidade: a prestação não pode ter grande variação nas
Sempre precedida de licitação
(não há modalidade suas características técnicas. Deve haver um padrão, uma
(concorrência)
específica) regularidade na prestação.
Celebração com PJ ou Celebração com PF ou PJ, mas
consórcio de empresas, mas não com consórcio de
Continuidade: os serviços públicos não podem ser
não com PF empresas
interrompidos, salvo:
Não há precariedade Delegação a título precário
Natureza contratual (a lei não Natureza contratual; a lei
fala nada sobre contrato de explicita tratar-se de contrato • Sem aviso prévio: situações de emergência
adesão, apesar de o ser) de adesão • Com aviso prévio:
A lei prevê a revogabilidade o Por razões de ordem técnica ou de
Não é cabível revogação do
unilateral do contrato pelo
contrato segurança das instalações (manutenção) ou
poder concedente
o Inadimplemento do usuário, considerado o
Autorização é ato administrativo (unilateral), interesse da coletividade (se não puder
precário (revogação a qualquer momento), não interromper o fornecimento do serviço,
exige licitação, pode ser feito por PF ou PJ, e só pode como da energia em um hospital particular,
ser de serviço. a prestadora de serviços deve cobrar a
dívida no judiciário)
Para a concessão e permissão dos serviços públicos, é
necessária edição de lei autorizativa, salvo para os serviços de Eficiência: o serviço deve ser prestado buscando sempre o
saneamento básico e limpeza urbana, bem como os serviços aperfeiçoamento e melhoria na sua prestação.
públicos que a CF, constituições estaduais e leis orgânicas,
Segurança: a prestação de serviços públicos não pode
desde logo, indiquem como passíveis de delegação. Assim,
apresentar riscos para o usuário.
esses serviços públicos podem ser delegados sem que haja
outra lei autorizativa específica para tanto. Atualidade: é a modernidade das técnicas, do equipamento e
das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e
A própria lei 9.074 autorizou expressamente a União prestar os
expansão do serviço.
seguintes serviços públicos e obras públicas por concessão ou
permissão: Generalidade/universalidade: os serviços públicos devem ser
prestados sem discriminação, a todos que satisfaçam as
• Vias federais, precedidas ou não da execução de obra
condições para sua obtenção, sendo imprescindível a
pública
observância de um padrão uniforme em relação aos
• Exploração de obras ou serviços federais de
administrados. A concessão de algum benefício deve ser a uma
barragens, contenções, eclusas, diques e irrigações,
classe de usuários (como gratuidade no transporte coletivo
precedidas ou não da execução de obras públicas
para maiores de 65 anos), e não a um indivíduo específico.

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Cortesia na prestação: os usuários devem ser tratados com mínimo de 5 e prazo máximo de 35 anos.
educação, urbanidade e respeito pela administração e seus
Entretanto, a lei fixou prazos para alguns serviços:
agentes.

• Estações aduaneiras e outros terminais alfandegados:


Modicidade das tarifas: o prestador do serviço público deve ser
25 anos, prorrogáveis por mais 10 anos
remunerado de maneira razoável, a fim de assegurar o
• Geração de energia elétrica: até 30 anos, prorrogáveis
equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Entretanto, os
no máximo por igual período
usuários não devem ser onerados de maneira excessiva.

6.4. TRANSFERÊNCIA DE ENCARGOS


6.2. LICITAÇÃO PRÉVIA

Os contratos de concessão e permissão são intuitu personae,


A CF estabelece que as concessões e permissões serão sempre
assim, cabe à própria empresa a execução do serviço público.
precedidas de licitação. Assim, não existe nenhum caso de
Porém, a lei 8.987/95 prevê algumas exceções em que poderá
dispensa de licitação para concessão ou permissão. O que pode
haver a transferência de encargos para terceiros:
acontecer, entretanto, é a inexigibilidade por inviabilidade de
competição.
Contratação com terceiros: é terceirizar atividades acessórias

Modalidades de licitação: ou complementares ao serviço público, bem como


implementar projetos associados. Como a terceirização é
• Concessão: só pode ser por concorrência contrato de direito privado (não há relação entre o poder
• Permissão: pode ser qualquer modalidade concedente e os terceiros), não depende de autorização do
poder concedente.
O edital (e só haverá inversão se o edital prever) poderá prever
a inversão da ordem das fases de habilitação e julgamento Subconcessão: é a transferência parcial da execução do próprio
(como ocorre no pregão). Ou seja, primeiro a administração serviço público concedido, e não de meras atividades
julga e classifica as propostas e depois habilita apenas o acessórias ou complementares. A subconcessão deve ser
concorrente melhor classificado. realizada nos termos previstos no contrato de concessão, desde
que previamente autorizada pelo poder concedentes.
Poderá concorrer, também, um consórcio de empresas, e a
empresa líder será responsável perante o poder concedente Transferência de concessão: o contrato de concessão é
pelo cumprimento do contrato, sem prejuízo da entregue nas mãos de terceiro, havendo a substituição da
responsabilidade solidária das demais consorciadas. empresa originalmente vencedora da licitação. Deve haver a
anuência do poder concedente. A doutrina considera essa
transferência inconstitucional.
6.3. PRAZO
Transferência de controle societário: não há mudança nas
A lei 8.987/95 não estabeleceu prazos (mínimo e máximo) para partes do contrato, há apenas mudança na estrutura da
a duração dos contratos. Assim, não se aplica a regra da lei empresa (os sócios mudam). Deve haver a anuência do poder
8.666/93, em que prevê a duração dos contratos adstrita à concedente, sob pena de caducidade, observados o
vigência dos créditos orçamentários, uma vez que a atendimento às exigências de capacidade técnica, idoneidade
remuneração das prestadoras não vem de orçamento público. financeira, regularidade jurídica e fiscal e deve cumprir todas as
cláusulas do contrato em vigor.
Atenção: não confundir com a PPP, que tem prazo

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Assunção do controle ou da administração temporária pelos do serviço público, com o fim de assegurar adequada
financiadores: a finalidade é reestruturação financeira para prestação.
assegurar a continuidade da prestação dos serviços públicos.
A intervenção é determinada por decreto do chefe do
Somente os financiadores e garantidores com quem a
executivo do poder concedente, que deverá conter a
concessionária não mantenha vínculo societário direto é que
designação do interventor, o prazo, objetivos e limites da
podem assumir o seu controle ou administração temporária.
intervenção.

Instalada a intervenção, o poder concedente terá 30 dias para


6.5. POLÍTICA TARIFÁRIA instaurar procedimento administrativo para comprovar as
causas determinantes da medida e apurar responsabilidades,
O particular prestador do serviço público é remunerado por
assegurado o direito de ampla defesa. O procedimento
receitas vindas da própria exploração do serviço, e não de
administrativo deve ser finalizado em 180 dias, sob pena de se
pagamentos oriundos do poder público. Não é vedado,
considerar inválida a intervenção.
contudo, que parte da remuneração venha de subvenções do
Estado cujo escopo seja assegurar a modicidade das tarifas. Cessada a intervenção, existem duas possibilidades:

Em hipótese alguma a concessão ou permissão será • A concessão é extinta


remunerada por impostos ou taxas, uma vez que • A administração do serviço público é devolvida à
somente PJ de direito público podem ser sujeitos concessionária, precedida de prestação de contas
ativos nas relações tributárias. Assim, só existe a pelo interventor, que responderá pelos atos
tarifa. praticados durante a sua gestão

A lei assegura, para manutenção do equilíbrio econômico-


financeiro das empresas, reajustes periódicos e de mecanismos
6.7. FORMAS DE EXTINÇÃO
de revisão das tarifas. A criação, alteração ou extinção de
qualquer tributo ou encargo legal ensejará a revisão da tarifa São formas de extinção dos contratos:
(para mais ou para menos).
Advento do termo contratual/reversão: como os contratos têm
O papel do poder concedente na administração da política tempo determinado, serão extintos quando chegar no prazo
tarifária é feito pelas agências reguladoras. final, sem necessidade de avisos ou notificações prévias. A
reversão gera para o poder concedente a obrigação de
Art. 9º, §1º, lei 8.987/95: a tarifa não será subordinada à
indenizar a empresa pelos investimentos que houver realizado
legislação específica anterior e somente nos casos
nos bens reversíveis e que tenham tido o objetivo de garantir a
expressamente previstos em lei, sua cobrança poderá ser
continuidade e atualidade do serviço público.
condicionada à existência de serviço público alternativo e
gratuito para o usuário. Encampação: é a retomada do serviço público pelo poder
concedente antes do término do prazo da concessão, por
motivo de interesse público, mediante lei autorizativa

6.6. INTERVENÇÃO específica e após prévio pagamento da indenização. Ocorre por


razões de interesse público (com lei autorizativa específica e
Na hipótese de prestação de serviço inadequado (não é
pagamento prévio da indenização).
punição) por parte da empresa delegatária, o poder
concedente poderá intervir na concessão, assumindo a gestão Caducidade: é a extinção do contrato antes do seu término em
decorrência da inexecução total ou parcial do contrato por
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parte da empresa. Antes de se decretar (ato discricionário) a ENCAMPAÇÃO CADUCIDADE


caducidade, devem ser observados: Inexecução do
MOTIVO Interesse público contrato por parte
• A empresa deve ser comunicada antes da instauração da concessionária
Ato discricionário,
do procedimento administrativo quanto ao
exceto na
descumprimento, devendo o poder concedente dar transferência de
um prazo para empresa sanar a irregularidade concessão ou do
NATUREZA Ato discricionário controle societário
• Não sanada, aí sim deverá ser instaurado o
da concessionária
procedimento com contraditório e ampla defesa sem prévia
• Constatada a inadimplência, a caducidade deve ser anuência do poder
concedente
imposta por decreto. A caducidade gera dever de
No curso do
indenização nos investimentos não amortizados dos INDENIZAÇÃO Sempre prévia
processo
bens reversíveis. AUTORIZAÇÃO
Necessária Desnecessária
LEGISLATIVA
Rescisão: é a extinção por iniciativa da empresa, e decorre do
Extinto o contrato, retornam ao poder concedente todos os
descumprimento de normas contratuais pelo poder
bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos à empresa,
concedente, dependendo de ação judicial com o objetivo de
conforme previsto no edital e no contrato.
rescindir o contrato. O descumprimento do poder público não
pode implicar em suspensão dos serviços públicos, e a Bens reversíveis são aqueles expressamente descritos no
prestação só pode ser interrompida após o trânsito em julgado contrato que passam automaticamente à propriedade do poder
da sentença judicial que reconheça a inadimplência do poder concedente com a extinção da concessão ou permissão. São
concedente. bens que só interessam ao serviço públicos e que não terão
mais utilidade para a empresa quando ela deixar de prestar o
Anulação: é a extinção por motivo de ilegalidade ou
serviço público, como locomotivas, trilhos, estações de
ilegitimidade, tanto na assinatura do contrato quanto na
embarque etc.
licitação. Os efeitos da nulidade são ex tunc (retroagem).

Falência ou extinção da empresa e falecimento ou incapacidade


do titular, no caso de empresa individual: essa extinção ocorre 7. AUTORIZAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO
de pleno direito, automaticamente, independentemente de
qualquer ato decisório da administração ou de qualquer A autorização é uma das formas de prestação indireta dos

procedimento especial que precise ser estabelecido por lei. serviços públicos (por PF ou PJ). Entretanto, não é formalizada
por contrato, mas sim por ato administrativo (unilateral,
discricionário e precário), pelo qual o particular é autorizado a
prestar um serviço público que não exija elevado grau de
especialização técnica, nem vultuoso aporte de capital.

Em geral, é modalidade para situações de emergência e


transitórias/especiais, bem como aos casos em que o serviço
público seja prestado a um grupo restrito de usuários, sendo o
seu beneficiário exclusivo ou principal o próprio particular
autorizado.

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Exemplos: atividades de telecomunicação exercida por Administrativa: é a concessão de serviço público em que a
radioamadores e exploração de instalações portuárias remuneração é feita totalmente pelo poder público, não
localizadas fora da área do porto organizado e serviço de táxi. havendo a cobrança de tarifas dos usuários. Nesse caso, a
administração será usuária direta ou indireta, ainda que
A característica marcante da autorização é que o interessado é
envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de
o particular, e não a administração. Assim, a autorização não
bens. Exemplos: hospitais, escolas públicas e presídios.
exige licitação prévia e é outorgada sem prazo determinado
(ato precário).

8.2. RESTRIÇÕES

8. PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS Algumas restrições trazidas na lei:

É uma modalidade específica de concessão de serviço público, • Quanto ao valor: não pode ser inferior a 10 milhões
instituída pela lei 11.079/04 (lei de caráter nacional). de reais
• Quanto ao tempo: deve ter periodicidade mínima de 5
Carvalho Filho: PPP é contrato administrativo de concessão
anos e máxima de 35 anos, incluindo eventual
firmado entre a administração pública e pessoa do setor
prorrogação
privado com o objetivo de implantação ou gestão de serviço
• Quanto à matéria: não pode PPP como objeto único
público, com eventual execução de obras ou fornecimento de
fornecer mão-de-obra, fornecimento e instalação de
bens, mediante financiamento do contratado, contraprestação
equipamentos ou a execução de obra pública
pecuniária do poder público e compartilhamento dos riscos e
• Quanto à área de atuação: não pode ser para
dos ganhos entre os pactuantes.
delegação de atividades de poder de polícia,
A PPP tem como característica a previsão de uma regulação, jurisdicional e outras atividades exclusivas
contraprestação pecuniária do poder público ao parceiro do Estado
privado, a fim de remunerá-lo pelo investimento feito. Assim,
se o contrato não prevê contraprestação, será a concessão
comum (o concessionário é remunerado só pelas tarifas). 8.3. TIPOS DE CONTRAPRESTAÇÃO

Na PPP, o ente público se torna parceiro da empresa, A contraprestação da administração ao parceiro privado poderá
compartilhando os riscos do empreendimento, na qual a ser feita por:
concessão é firmada por contrato administrativo.
• Ordem bancária
• Cessão de créditos não tributários
• Outorga de direitos em face da administração pública
8.1. MODALIDADES
• Outorga de direitos sobre bens públicos dominicais
Patrocinada: é a concessão de serviço público ou obras públicas • Outros meios admitidos em lei
na qual o concessionário será remunerado, conjuntamente,
A lei admite remuneração variável, vinculada ao seu
pela tarifa paga pelos usuários e pela contraprestação
desempenho, conforme metas e padrões de qualidade e
pecuniária do parceiro público ao privado. Se tiver mais de 70%
disponibilidade definidos no contrato. A contraprestação será
da remuneração paga pela administração, deverá haver
obrigatoriamente precedida da disponibilização do serviço (o
autorização legislativa.
poder concedente só repassará a contraprestação quando os
serviços já estiverem disponíveis para o uso). Entretanto, a

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administração pode pagar pela disponibilização parcial do Quem assina o contrato de PPP não é a vencedora da licitação,
serviço, relativa à parcela já fruível, mesmo que o objeto todo e sim a SPE (por isso ela deve ser constituída antes da
ainda não tenha sido concluído. celebração do contrato).

O contrato também pode prever um aporte de recursos em A finalidade da criação da SPE é permitir que a administração
favor do parceiro privado para a realização de obras e aquisição contrate com uma PJ que tenha objeto social específico para
de bens reversíveis, exigindo apenas autorização do edital da prestação do serviço concedido. Isso é importante para evitar
licitação (e não em lei). confusão entre as demais atividades da empresa vencedora da
licitação e suas obrigações contraídas no contrato de PPP.

8.4. GARANTIAS
8.7. LICITAÇÃO PRÉVIA À PPP
A lei prevê três garantias para as PPP:
A contratação de PPP será sempre precedida de licitação na
• De execução do contrato, prestada pelo parceiro
modalidade concorrência; mas com algumas peculiaridades: a
privado ao público
condição para abertura da licitação deve estar prevista no
• De cumprimento das obrigações pecuniárias
plano plurianual, que se obtenha licença ambiental e que haja
assumidas pelo parceiro público perante o privado
demonstração de que serão atendidas as exigências da lei de
• Contragarantia prestada pelo parceiro público à
responsabilidade fiscal.
entidade financiadora do projeto
Critérios de julgamento:

• Menor tarifa
8.5. FUNDO GARANTIDOR DE PPP (FGP)
• Combinação da menor tarifa e melhor técnica

A lei 11.079/04 prevê a criação de um fundo garantidor de PPP, • Menor valor da contraprestação

com a finalidade de prestar garantia de pagamento de • Combinação do menor valor da contraprestação e

obrigações pecuniárias assumidas pelos parceiros públicos em melhor técnica

virtude dos contratos de PPP. O limite global dessa garantia é


O edital pode prever a inversão da ordem de habilitação e
de 6 bilhões.
julgamento, da mesma forma que o pregão.

O FGP tem natureza privada e patrimônio próprio, separado


dos cotistas. O fundo responde com seus bens e direitos pelas
obrigações que venha a contrair.

8.6. SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO (SPE)

Antes da celebração do contrato, deve ser constituída uma SPE


incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria. A
controladora da SPE deve ser a empresa vencedora da licitação,
que deverá transferir (essa transferência está condicionada à
autorização expressa da administração) para a sociedade todo
o patrimônio necessário para a execução do contrato de
concessão.
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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO • Culpa da vítima (exclusiva ou concorrente)


• Força maior
No campo do direito existem três tipos de responsabilidade:
• Caso fortuito
administrativa, penal e civil, inconfundíveis e independentes
entre si (e cumuláveis). A teoria aplicada no Brasil é a do risco administrativo, salvo nos
casos de acidentes nucleares, danos ambientais, ataques
A responsabilidade do Estado será sempre civil, e terá como
terroristas e atos de guerra a aeronaves brasileiras. Nesses
pressuposto a ocorrência de um dano (moral ou material). A
casos, a teoria aplicada é a do risco integral, ou seja, não há a
sanção aplicada será a indenização, que é o montante
possibilidade de alegação de qualquer excludente por parte do
pecuniário para reparar os prejuízos causados pelo responsável.
Estado. Ele responderá independentemente de qualquer coisa.

A responsabilidade independe de contrato (é extracontratual),


STJ: a responsabilidade por dano ambiental é objetiva e
e se configura pela ação ou omissão de um agente público que
pautada no risco integral, não se admitindo a aplicação de
cause prejuízo a um terceiro. Assim, o Estado deve indenizar o
excludentes de responsabilidade, e pressupõe a existência de
terceiro lesado; o que não impede que o Estado, depois de
uma atividade que implique riscos para a saúde e para o meio
indenizar a vítima, cobre o ressarcimento correspondente de
ambiente.
seus agentes que tenham agido com dolo ou culpa.

Não é necessário que o ato seja ilícito, basta que


cause dano. 2. RESPONSABILIDADE OBJETIVA

Maria Sylvia Di Pietro: responsabilidade civil ou extracontratual Art. 37, §6º, CF: as PJ de direito público e as de direito privado

do Estado é a obrigação de reparar danos causados a terceiros prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que

em decorrência de comportamentos comissivos ou omissivos, seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,

materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes assegurado o direito de regresso contra os responsáveis nos

públicos. casos de dolo ou culpa.

Esse art. disciplina a responsabilidade extracontratual objetiva


da administração, na modalidade do risco administrativo.
1. TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO Assim, a administração responde independentemente do
prejudicado provar a culpa no cometimento da lesão e
O Estado tem o dever de indenizar o dano causado ao
independentemente de contrato.
particular independentemente de falta do serviço ou de culpa
do agente público. Ou seja, apenas pelo fato de existir o dano A responsabilidade objetiva alcança:
decorrente de atuação estatal surge para o Estado a obrigação
de indenizar. • PJ de direito público, independente da atividade que
exerçam
A culpa é substituída pelo nexo de causalidade entre a conduta • PJ de direito privado prestadoras de serviços públicos
do agente e o prejuízo sofrido pelo administrado. Presentes o • Pessoas privadas, não integrantes da administração,
fato do serviço e o nexo de causalidade entre o fato e o dano, que prestem serviços públicos mediante delegação
nasce para o poder público a obrigação de indenizar. (concessionárias, permissionárias e autorizadas)

Assim, o particular não tem o ônus de provar a presença de A vítima poderá ser qualquer pessoa, inclusive PJ de direito
dolo ou culpa; mas o Estado pode, na busca de excluir ou público.
atenuar sua responsabilidade, demonstrar a ocorrência de
excludentes de responsabilidade, quais sejam:
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A PJ deverá ajuizar ação regressiva contra o seu agente Num resumo, como regra, nos casos de omissão, a
causador do dano a fim de obter o ressarcimento da administração responde de forma subjetiva, somente se
indenização que foi obrigada a pagar. Entretanto, o agente só comprovada a culpa.
será responsabilizado se for comprovado que ele atuou com
Exceção: quando o Estado tem o dever legal de garantir a
dolo ou culpa (responsabilidade subjetiva). O ônus da prova da
integridade de pessoas ou coisas que estejam sob sua proteção
culpa do agente é da PJ em nome da qual ele atuou.
direta (exemplos: presidiários e internados em hospitais
Danos causados por agentes de fato também ensejam públicos) ou a eles ligados por alguma condição específica
responsabilidade para o Estado. Por outro lado, um dano (exemplos: estudantes de escolas públicas) o poder público
causado por agente que não tenha nenhum vínculo com a responderá civilmente, por danos ocasionados a essas pessoas
administração (como usurpador de função) não gera ou coisas, com base na responsabilidade objetiva, mesmo que
responsabilidade para o Estado. os danos não tenham sido diretamente causados por atuação
de seus agentes. Nesse caso, de forma excepcional, o Estado
Ação = responsabilidade objetiva
responderá objetivamente pela sua omissão no dever de
Omissão = responsabilidade subjetiva
custódia dessas pessoas ou coisas.

3. RESPONSABILIDADE POR OMISSÃO DA ADMINISTRAÇÃO 4. EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE

O Estado pode causar danos por ação ou omissão: Diante de certas situações, é possível o abrandamento, e até
mesmo a exclusão da responsabilidade civil do Estado, seja de
• Ação: dolo ou culpa – deve haver o fato do serviço, o
natureza objetiva ou de natureza subjetiva,
dano e o nexo causal – teoria do risco administrativo –
responsabilidade objetiva
Lembrando:
• Omissão: só por dolo – a vítima tem o ônus de provar
Natureza objetiva: por ação, risco administrativo.
o dano – teoria da culpa administrativa –
Natureza subjetiva: por omissão, culpa
responsabilidade subjetiva
administrativa.

A culpa administrativa se baseia na falta do serviço, que, se


Hipóteses de exclusão (total ou parcial) da responsabilidade do
tivesse acontecido, o dano não ocorreria. Na culpa
Estado:
administrativa não precisa ser comprovado. Por exemplo:
prejuízos em uma casa decorrentes de uma enchente que foi • Culpa exclusiva ou concorrente da vítima
causada por bueiros entupidos. Nessa situação, está • Caso fortuito e força maior
caracterizada a culpa administrativa, que se dá pela ausência ou • Fato exclusivo de terceiros
deficiência no serviço de manutenção, que contribui para o
Culpa exclusiva da vítima: tem que ficar comprovado que o
dano causado ao patrimônio particular. Assim, não é preciso
prejudicado foi, na verdade, o único responsável pelo resultado
demonstrar qual foi o agente públicos responsável pela
danoso. Ou seja, ele não é vítima, mas sim o próprio causador
omissão. Entretanto, há a possibilidade de o dano ter ocorrido
do dano, devendo arcar com os prejuízos causados a si mesmo.
sem qualquer omissão culposa da administração, ou seja,
exclusivamente por atos de terceiros ou fenômenos da Culpa concorrente da vítima: para a realização do dano
natureza; e aí a administração não terá a obrigação de concorrem a vítima e o agente público. Assim, a indenização
indenizar. deve ser reduzida proporcionalmente.

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Caso fortuito e força maior: são fatos imprevisíveis, não STJ e STF: reconhecem a imprescritibilidade das ações
imputáveis à administração e que podem romper a necessária indenizatórias por danos morais ou materiais decorrentes de
causalidade entre a ação do Estado e o dano causado. Aqui, atos de perseguição, tortura e prisão, por motivos políticos,
devemos analisar se houve a omissão do Estado quando ele praticados durante o regime militar.
deveria atuar. Se houver, ele deve ser responsabilizado na
modalidade subjetiva (culpa administrativa).

6. AÇÃO REGRESSIVA: ADMINISTRAÇÃO X AGENTE PÚBLICO


Fato exclusivo de terceiros: sem que se possa imputar atuação
omissiva direta do Estado, não há como responsabilizá-lo A CF autoriza que a PJ condenada por responsabilidade civil
civilmente por atos de terceiros. Exemplo: assaltos nos ônibus. ajuíze ação de regresso contra o agente cuja atuação acarretou
Se não ficar caracterizada a omissão do prestador do serviço, o dano, desde que seja comprovado o dolo ou culpa na atuação
não há como responsabilizar a concessionária de transporte do agente.
pelo prejuízo provocado pelo assaltante. Outro exemplo é
danos causados a bens particulares por atos de multidões. Para entrar com a ação, a PJ deverá comprovar que já foi
condenada judicialmente a indenizar o particular que sofreu o
dano. O direito de regresso nasce com o trânsito em julgado da
decisão condenatória prolatada na ação de indenização.
5. AÇÃO DE REPARAÇÃO DO DANO: PARTICULAR X
ADMINISTRAÇÃO Lei 4.619/65: o prazo para ajuizamento da ação regressiva é de
60 dias a partir do trânsito em julgado da condenação imposta
Caso a administração e o particular não entrem em um acordo,
à fazenda pública.
o particular deve buscar o judiciário (e acionar a PJ de direito
público ou de direito privado prestadora de serviço público) STJ: o direito de regresso surge com o efetivo desembolso da
para ter o seu prejuízo indenizado. Assim, o agente público está indenização. Assim, conforme entendimento do STJ, não basta
fora dessa ação de reparação de dano (também não poderá o trânsito em julgado da condenação, pois a propositura de
figurar como litisconsórcio). ação regressiva antes do pagamento poderia ensejar
enriquecimento sem causa do Estado.
STF: a ação contra a PJ consagra uma dupla garantia: uma em
favor do particular, pois lhe possibilita mover ação indenizatória CF: o direito de regresso pelo Estado contra o particular é
contra a PJ, o que, em tesa, aumenta a sua chance de ser imprescritível.
indenizado; e outra garantia para o agente público, que
A ação regressiva transmite-se aos sucessores do agente
somente responderá perante a administração, em caso de dolo
ou culpa, em ação regressiva. causador do dano, os quais ficarão responsáveis por promover
a reparação mesmo após a morte do agente. O limite será o
O valor da indenização deve abranger: valor do patrimônio transferido como herança.

• O que a vítima perdeu e o que gastou (danos A ação de regresso poderá ser promovida mesmo após o
emergentes) término do vínculo entre o servidor e a administração pública.
• O que deixou de ganhar (lucros cessantes)
• Danos morais (se houver)

7. DENUNCIAÇÃO À LIDE
A ação de reparação de danos contra a administração (inclusive
PJ prestadoras de serviço público) se sujeita ao prazo de Denunciar à lide significa trazer para um processo judicial
prescrição de 5 anos. alguém que pode (ou deve) ser trazido. A posição majoritária

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da doutrina e da jurisprudência é no sentido da inaplicabilidade no controle concentrado como no difuso). É


da denunciação à lide pela administração a seus agentes. necessário que a lei tenha efetivamente causado dano
ao particular
Assim, a administração não pode, já na primeira ação (de
indenização que o particular moveu) trazer para o processo seu Atos judiciais: a CF assegura que o Estado indenizará o
agente cuja atuação ocasionou o dano. condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso
além do tempo fixado na sentença. Essa indenização independe
Essa impossibilidade resulta da responsabilidade objetiva da
da demonstração de culpa ou dolo do magistrado, e se
administração e subjetiva do agente. Se a responsabilidade da
restringe a erro na esfera penal.
administração é objetiva, não há o que se discutir no processo
sobre culpa ou não do agente. Se o agente participasse do STF: a responsabilidade não se aplica nas hipóteses de prisão
processo principal, haveria demora e produção de provas para preventiva em que o réu, ao final da ação penal, venha a ser
ver se ele tem culpa, o que condicionaria e atrasaria o absolvido ou tenha sua sentença condenatória reformada em
recebimento da indenização. instância superior.

CPC: o magistrado responderá civil e regressivamente por


perdas e danos quando, no exercício de suas atribuições,
8. RESPONSABILIDADE POR ATOS LEGISLATIVOS E JUDICIAIS
proceder dolosamente, inclusive com fraude, assim como

Em regra, não cabe a responsabilização civil do Estado na quando recusar, omitir ou retardar, sem motivo justo,

prática de atos judiciais e legislativos. providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da
parte.
Exceções:

• Atos legislativos: leis de efeitos concretos e leis


inconstitucionais 9. CASOS ESPECIAIS

• Atos judiciais: erro judiciário na esfera penal e 9.1. RESPONSABILIDADE POR DANOS DE OBRAS PÚBLICAS

conduta dolosa com intuito de causar prejuízo à parte


Na aferição da responsabilidade por danos decorrentes de
ou a terceiro
obras públicas, devemos perguntar se o dano foi causado pela:

Atos legislativos: nos atos legislativos típicos, a doutrina e a


• Própria natureza da obra, ou seja, só pelo fato da obra
jurisprudência admitem duas exceções:
• Má execução da obra

• Edição de leis de efeitos concretos: são aquelas que


Quando o dano decorre da natureza da obra, a
não possuem caráter normativo, generalidade,
responsabilidade é do tipo objetiva na modalidade risco
impessoalidade e abstração. Possuem destinatários
administrativo. Nessa situação, o dano resulta da obra em si
certos. No caso, o administrado atingido diretamente
mesma, por sua localização, extensão ou duração prejudicial ao
pela lei tem direito à reparação dos eventuais
particular, em relação com alguma falha na execução. Aqui não
prejuízos advindos da aplicação da norma,
interessa saber quem está executando a obra.
configurando-se a responsabilidade extracontratual
do Estado Já nos danos causados pela má execução da obra (falha na
• Edição de leis inconstitucionais, desde que declaradas adoção das técnicas construtivas), interessa saber quem está
pelo STF: se o legislativo editar leis em executando a obra:
desconformidade com a CF, pode surgir a
• Própria administração que está executando a obra:
responsabilidade de indenização (que dependerá da
responsabilidade objetiva do Estado
declaração de inconstitucionalidade pelo STF, tanto
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• Particular contratado pela administração está operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo público,
executando a obra: responsabilidade subjetiva excluídas as empresas de táxi aéreo.

Art. 70, lei 8.666/93: o contratado é responsável pelos danos Nesse caso, o Estado responderá civilmente pelos danos
causados diretamente à administração ou a terceiros, provocados por terceiros, ainda que seja evento alheio ao
decorrentes de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não organismo estatal, não havendo qualquer previsão de
excluindo essa responsabilidade a fiscalização ou o excludente de responsabilidade.
acompanhamento pelo órgão interessado.

Assim, o Estado responderá de forma subsidiária. Ou seja, sua


9.4. RESPONSABILIDADE POR DANOS AMBIENTAIS
responsabilidade só estará configurada se o executor não for
capaz e promover a reparação dos danos que causou o STF: a responsabilidade administrativa ambiental é de natureza
prejudicado. subjetiva. A aplicação de penalidades administrativas não
obedece à lógica da responsabilidade objetiva da esfera cível
(para reparação dos danos causados), mas deve obedecer à
9.2. RESPONSABILIDADE CIVIL DOS NOTÁRIOS sistemática da teoria da culpabilidade, ou seja, a conduta deve
ser cometida pelo alegado transgressor, com demonstração do
O serviço público notarial e de registro é próprio do Estado, que
seu elemento subjetivo, e com demonstração do nexo causal
é delegado, em caráter privado. Essa delegação é feita pelo
entre a conduta e o dano.
judiciário a uma PF aprovada em concurso público de provas e
títulos. Assim, a responsabilidade civil ambiental é objetiva; porém,
tratando-se de responsabilidade administrativa ambiental, a
Quando um tabelião ou notário causar danos a terceiros (a
responsabilidade é subjetiva.
própria PF é responsável pelo dano), responderá de forma
subjetiva. RESPONSABILIDADE RESPONSABILIDADE RESPONSABILIDADE
CIVIL ADMINISTRATIVA PENAL
Art. 22, lei 13.286: os notários e oficiais de registro são Objetiva Subjetiva Subjetiva
civilmente responsáveis por todos os prejuízos que causarem a Art. 14, §1º, lei Art. 14, caput, lei É vedada a resp.
6.938/81 6.938/81 penal objetiva
terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos
(Quadro retirado do site “dizer o direito”)
que designarem ou escreventes que autorizarem, assegurado o
direito de regresso.

Art. 22, p.ú., lei 13.286/16: prescreve em 3 anos a pretensão de


reparação civil, contado o prazo da data de lavratura do ato
registral ou notarial.

9.3. RESPONSABILIDADE POR ATENTADOS TERRORISTAS

A União deve assumir despesas de responsabilidades civis


perante terceiros na hipótese da ocorrência de danos a bens e
pessoas, passageiros ou não, provocados por atentados
terroristas, atos de guerra ou eventos correlatos, ocorridos no
Brasil ou no exterior, contra aeronaves de matrícula brasileira

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PROCESSO ADMINISTRATIVO adotando todas as medidas necessárias para a instrução, bem


como a revisão das decisões.
Processo é uma série de atos coordenados para a realização
dos fins estatais. Processo administrativo é uma série de atos Informalismo: não significa ausência de forma, significa que ela

ordenados em sequência, com a finalidade de possibilitar à é menos rigorosa que nos processos judiciais. O processo

administração pública a prática de um ato administrativo final administrativo deve ser escrito, numerado e assinado, além de

ou a prolação de uma decisão administrativa final. ter documentadas todas as fases, mas é informal no sentido de
que não está sujeito a formas rígidas. Assim, a forma é simples,
Art. 1º, lei 9.784/99: esta lei estabelece normas básicas sobre o apenas suficientes para proporcionar segurança jurídica e
processo administrativo no âmbito da administração federal garantir o direito de defesa quando necessário.
direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos
dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Art. 22, lei 9.784/99: os atos do processo administrativo não

administração. dependem de forma determinada senão quando a lei


expressamente a exigir.

Instrumentalidade das formas: se, no curso do processo, a


1. ABRANGÊNCIA E APLICAÇÃO
finalidade de determinado ato processual for alcançada,
mesmo que não tenha sido observada a forma prescrita, pode-
A lei 9.784/99 se aplica à administração pública federal, direta e
se considerar sanada a falta formal, desde que essa
indireta, inclusive aos órgãos do legislativo e judiciário da
inobservância não prejudique a administração ou o
União, e também ao MP e TCU, quando estiverem no
administrado.
desempenho de funções administrativas. Ou seja, a lei não é de
observância obrigatória dos estados, municípios e DF.
Exemplo desse princípio: art. 26, §5º, lei 9.784/99: as
intimações serão nulas quando feitas sem observância das
STJ: no caso de omissão de lei própria regulando o processo
prescrições legais, mas o comparecimento do administrado
administrativo no âmbito estadual ou municipal, a lei 9.784/99
supre sua falta ou irregularidade.
pode ser usada de forma subsidiária.

Verdade material: os responsáveis pela condução do processo


Art. 69, lei 9.784/99: os processos administrativos específicos
não precisam ficar restritos às informações constantes dos
continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas
autos para a formação das suas convicções e construção das
subsidiariamente os preceitos dessa lei.
decisões. A administração deve procurar saber como ocorreu o
fato no mundo real, e não ficar presa às informações trazidas
aos autos. A administração pode, inclusive, produzir provas de
2. PRINCÍPIOS
ofício.
Art. 2º, lei 9.784/99: a administração pública obedecerá, dentre
Gratuidade: é proibida a cobrança de despesas processuais. A
outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
regra é a gratuidade dos atos processuais, mas a lei pode
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa,
prever alguma cobrança (como a inscrição em concurso
contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
público).
Fora esses princípios expressos na lei, a doutrina elenca os
seguintes princípios implícitos:

3. DIREITOS E DEVERES DOS ADMINISTRADOS


Oficialidade: o processo administrativo pode ser instaurado por
iniciativa da parte ou de ofício. Permite ainda o impulso oficial, Alguns direitos e deveres dos administrados estão tratados de
forma exemplificativa na lei, como:
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• Ser tratado com respeito pelas autoridades e • Formulação do pedido, com exposição dos fatos e de
servidores, que deverão facilitar o exercício de seus seus fundamentos
direitos e o cumprimento de suas obrigações • Data e assinatura do requerente ou de seu
• Ter ciência da tramitação dos processos representante
administrativos em que tenha a condição de
Se houver falha em alguns desses requisitos, a administração
interessado, ter vista dos autos, obter cópias de
deve notificar ao administrado para que ele corrija, vedada a
documentos neles contidos e conhecer as decisões
recusa imotivada de recebimento de documentos.
proferidas
• Obter uma decisão explícita da administração Quando os pedidos de várias pessoas forem idênticos, eles
• Formular alegações e apresentar documentos até poderão ser formulados em um único requerimento.
antes da decisão, os quais serão objetos de
Inexistindo competência legal específica, o processo
consideração pelo órgão competente
administrativo deve ser iniciado perante a autoridade de menor
• Ser assistido facultativamente por advogado, salvo
grau hierárquico para decidir.
quando a lei impuser de forma obrigatória

Nos casos em que a administração impuser a


assistência por advogado, se o administrado não se 5. LEGITIMADOS
fizer representar por um, haverá a nulidade do
Além da pessoa que deu início ao processo, outras pessoas
processo.
podem intervir e se manifestar nos autos:
• Expor os fatos conforme a verdade
• PF ou PJ que o iniciem como titulares de direitos ou
• Proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé
interesses individuais ou no exercício do direito de
• Não agir de modo temerário
representação
• Prestar as informações que lhe forem solicitadas e
• Aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm
colaborar para o esclarecimento dos fatos
direitos ou interesses que possam ser afetados pela
Súmula vinculante 5: a falta de defesa técnica por advogado no decisão a ser adotada
processo administrativo disciplinar não ofende a CF. • Organizações e associações representativas, no
tocante a direitos e interesses coletivos
• Pessoas ou associações legalmente constituídas

4. INÍCIO DO PROCESSO quanto a direitos ou interesses difusos

O processo se desenvolve nas seguintes fases: instauração (de


ofício ou a pedido) → instrução → decisão.
6. IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO

Se a iniciativa for do administrado, o requerimento deve ser


São situações pessoais dos servidores que podem
formulado por escrito, salvo nos casos em que a lei admite a
comprometer a imparcialidade dos responsáveis pela condução
solicitação verbal, e deve conter:
do processo.

• Órgão ou autoridade administrativa a que se dirige


São impedidas as autoridades que:
• Identificação do interessado ou de quem o represente
• Domicílio do requerente ou local para recebimento • Tenham interesse direto ou indireto na matéria
das comunicações • Tenham participado ou venha a participar como
perito, testemunha ou representante, ou se tais
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situações ocorrerem quanto ao cônjuge, companheiro Tem prioridade na tramitação:


ou parente e afins até o 3º grau
• Pessoa com 60 anos ou mais
• Estejam litigando judicial ou administrativamente com
• Pessoa portadora de deficiência física ou mental
o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro
• Pessoa portadora de doença grave:
O reconhecimento de impedimento deve ser declarado de o Tuberculose ativa
ofício pela autoridade, devendo comunicar o fato à autoridade o Esclerose múltipla
competente, abstendo-se de atuar, sob pena de incorrer em o Neoplasia maligna
falta grave. o Hanseníase
o Parkinson
São suspeitas as autoridades que tenham amizade íntima ou
o Espondiloatrose anquilosante
inimizade notória com algum dos interessados ou com os
o Nefropatia grave
respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o 3º
o Hepatopatia grave
grau.
o Estados avançados da doença da Paget

A suspeição deve ser alegada pela parte, e o indeferimento de o Contaminação por radiação

alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito o Síndrome de imonudeficiência adquirida
suspensivo. (AIDS)

7. FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO 8. INTIMAÇÃO DO INTERESSADO

Art. 22, lei 9.784/99: os atos do processo administrativo não Intimar é dar ciência ao interessado de algum ato praticado no

dependem de forma determinada senão quando a lei processo ou de alguma providência que deva ser adotada,
expressamente a exigir. dependente ou não do comparecimento do interessado à
repartição.
Os atos devem ser produzidos por escrito, em vernáculo, com a
data e o local de sua realização e a assinatura da autoridade A intimação deve conter:

responsável. Ademais, o processo deverá ter suas páginas


• Identificação do intimado e nome do órgão ou
numeradas sequencialmente e rubricadas.
entidade administrativa
O reconhecimento de firma somente será exigido quando • Finalidade da intimação
houver imposição ou em caso de dúvida de autenticidade e a • Data, hora e local em que deve comparecer
autenticação de documentos exigidos em cópia poderá ser feita • Se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou
pelo órgão administrativo (não precisa ser feita em cartório). fazer-se representar
• Informação da continuidade do processo
Em regra, os atos devem ser realizados em dias úteis, no
independentemente do seu comparecimento
horário normal de funcionamento da repartição, permitida a
• Indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes
conclusão depois do horário normal dos atos já iniciados, cujo
adiamento prejudique o curso regular do procedimento ou Quando precisar da presença do interessado, a intimação deve
cause dano ao interessado ou à administração. ser promovida com antecedência mínima de 3 dias úteis.

Se não existir previsão legal, os atos devem ser praticados em 5


dias, salvo motivo de força maior, podendo ser prorrogado até
o dobro, desde que devidamente justificado.

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A intimação pode ser: dias úteis de antecedência. Se a intimação não for atendida e o
órgão entender relevante a matéria, poderá suprir de ofício a
• Pessoal, mediante ciência no processo, por ocasião do
omissão, não se eximindo de proferir a decisão. Entretanto,
comparecimento do interessado
quando a manifestação for necessária à apreciação do pedido
• Por via postal com AR
formulado, o não atendimento da intimação implicará o
• Por telegrama ou outro meio que assegure a certeza
arquivamento do processo.
da ciência do interessado
• Por meio de publicação oficial, no caso de O prazo para produção de eventuais pareceres é de 15 dias,

interessados indeterminados, desconhecidos ou com salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior

domicílio indefinido prazo. Se o parecer deixar de ser feito no prazo:

Art. 27, lei 9.784/99: o desatendimento da intimação não • Parecer obrigatório e vinculante: o processo não terá
importa o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a seguimento até a apresentação do parecer
renúncia a direito pelo administrado. • Parecer obrigatório e não vinculante: o processo
poderá ter prosseguimento e ser decidido com
Ou seja, o simples fato do administrado desatender à intimação
dispensa do parecer
não implica a presunção da sua culpa, ou a confissão ou
renúncia a direitos que porventura lhes sejam assegurados. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de se
manifestar em até 10 dias, salvo outro prazo fixado por lei.

Quando o órgão responsável pela instrução não for


9. INSTRUÇÃO E DECISÃO
competente para decidir, deverá elaborar um relatório com

A instrução serve para averiguar e comprovar os dados resumo do processo, formulando proposta de decisão e

necessários à tomada de decisão. Pelo princípio da oficialidade, encaminhará o processo à autoridade competente.

os atos da instrução são realizados de ofício, por iniciativa da


O prazo para a administração decidir é de 30 dias a partir do
própria administração (o que não exclui a possibilidade do
término da instrução, prorrogável, motivadamente, por igual
interessado se manifestar).
período.

No processo administrativo, o ônus da prova é do interessado,


cabendo a ele provar os fatos que alega. Exceção: quando o
interessado declarar que fatos e dados estão registrados em 10. DECISÃO COORDENADA
documentos existentes na própria administração. Assim, o
Novidade trazida pela lei nº 14.210/21, de 1º de outubro de
órgão proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou
2021, que incluiu os arts. 49-A a 49-G na lei 9.784/99, a decisão
cópias.
coordenada é uma decisão que envolve simultaneamente
Só poderão ser recusadas, em decisão fundamentada, as vários órgãos da Administração, mas que não exclui a
provas ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. responsabilidade originária de cada órgão ou autoridade
envolvida.
Se o processo envolver assunto de interesse geral, o órgão
poderá abrir período de consulta pública, a fim de que terceiros Exemplo dado pelo professor Herbert Almeida: imagine um
possam examinar os autos e apresentar suas considerações por processo que dependa de aprovações da Receita Federal, da
escrito, antes da decisão. Polícia Federal e do Ministério da Fazenda. O processo de
decisão poderia ser realizado de forma coordenada.
Se for necessária a produção de prova ou realização de
diligência, os interessados serão intimados com no mínimo 3
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Art. 49-A lei 9.784/99: no âmbito da Administração Pública 12. RECURSO ADMINISTRATIVO E REVISÃO DO PROCESSO
federal, as decisões administrativas que exijam a participação
Recurso é o meio que o administrado tem para pedir que a
de 3 ou mais setores, órgãos ou entidades poderão ser
autoridade reavalie uma questão decidida que ele discorde. A
tomadas mediante decisão coordenada, sempre que:
lei 9.784/99 prevê a possibilidade de recurso ao final do
I. For justificável pela relevância da matéria processo administrativo por razões de legalidade ou mérito.
II. Houver discordância que prejudique a celeridade
São legitimados para recorrer:
do processo administrativo decisório

• Titulares de direitos e interesses que forem parte no


Conceito de decisão coordenada trazido pela lei: decisão
processo
coordenada é a instância de natureza interinstitucional ou
• Aqueles cujos direitos ou interesses forem
intersetorial que atua de forma compartilhada com a finalidade
indiretamente afetados pela decisão recorrida
de simplificar o processo administrativo mediante participação
• Organizações e associações representativas, no
concomitante de todas as autoridades e agentes decisórios e
tocante a direitos e interesses coletivos
dos responsáveis pela instrução técnico-jurídica, observada a
• Cidadãos ou associações, quanto a direitos ou
natureza do objeto e a compatibilidade do procedimento e de
interesses difusos
sua formalização com a legislação pertinente.

Como regra, o prazo para recursos é de 10 dias, salvo


Observe que a decisão coordenada não poderá ser utilizada nos
disposição em sentido contrário. O prazo é contado a partir da
processos administrativos que envolvam:
ciência ou da divulgação oficial do ato contra o qual será
• Licitação proposto.
• Relacionados ao poder sancionador
Interposto o recurso, o órgão competente deverá intimar os
• Em que estejam envolvidas autoridades de poderes
demais interessados, se houver, para que apresentem
distintos
alegações em 5 dias úteis. Essa abertura de prazo é para que o
recurso apresentado por um interessado não prejudique os
demais.
11. DESISTÊNCIA E EXTINÇÃO DO PROCESSO
Salvo outro prazo fixado, a autoridade deve decidir o recurso
O interessado poderá, mediante manifestação escrita, desistir
em até 30 dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão
total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, renunciar
competente, podendo ser prorrogado por igual prazo, ante
a direitos disponíveis.
justificativa explícita. O descumprimento desse prazo não

A desistência ou renúncia, porém, não prejudica o acarreta nulidade da decisão, mas pode acarretar

prosseguimento do processo, se a administração considerar responsabilidade funcional de quem houver, de maneira

que o interesse público assim o exige. injustificada, dado causa ao atraso.

A desistência ou renúncia de um interessado não atinge outros Esse recurso é hierárquico, uma vez que será decidido pela

eventuais interessados habilitados no processo. autoridade hierarquicamente superior à que proferiu a decisão.

O órgão competente poderá declarar extinto o processo A decisão de recursos administrativos é um ato
quando exaurida sua finalidade ou quando o objeto da decisão indelegável.
se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato
Antes da apreciação do recurso, a lei 9.784/99 prevê a
superveniente.
possibilidade da autoridade que proferiu a decisão reconsiderá-

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la. Assim, o recurso é dirigido para a autoridade que proferiu a Art. 61, lei 9.784/99: salvo disposição em contrário, o recurso
decisão. Quando a autoridade recebe o recurso, tem a não tem efeito suspensivo.
obrigação de analisar e decidir se reconsidera ou não a sua
Entretanto, a autoridade competente ou a imediatamente
decisão, no prazo de 5 dias. Se ela considerar e atender ao
superior, poderá conceder efeito suspensivo se houver justo
pedido do recorrente, o recurso não seguirá para a autoridade
receito de prejuízo de difícil ou incerta reparação.
superior. Mas, caso não entenda pela reconsideração, deve
encaminhar o recurso à autoridade superior. O efeito devolutivo dos recursos é bem amplo, e a autoridade
poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou
Salvo disposição em contrário, o recurso tramitará por no
parcialmente, a decisão, desde que se trate de matéria da sua
máximo 3 instâncias administrativas (só poderá ter 2 recursos
competência. Assim, é possível que a nova decisão prejudique o
hierárquicos). Passada as 3 instâncias, o processo não poderá
recorrente, agravando a sua situação inicial (reformatio in
mais ser discutido na via administrativa (poderá na via judicial).
pejus). Se a decisão puder prejudicar, o recorrente deve ser
Se o recorrente alegar que a decisão contraria súmula cientificado previamente para que formule suas alegações
vinculante, caberá à autoridade prolatora da decisão, se não a antes da decisão.
reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à
Os processos que resultem sanções podem ser objetos de
autoridade superior, as razões porque entende ser a súmula
revisão, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando
aplicável ou não ao caso. A autoridade superior, ao receber o
surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetíveis
recurso, deve proceder da mesma forma.
de justificar a inadequação da sanção aplicada.
Art. 7º, lei 11.417: da decisão judicial ou do ato administrativo
Assim, os fundamentos da revisão são fatos novos ou
que contrariar enunciado de súmula vinculante, negar-lhe
circunstâncias relevantes que justifiquem a inadequação da
vigência ou aplicá-la indevidamente caberá reclamação ao STF,
penalidade aplicada. Ou seja, não cabe revisão por alegação de
sem prejuízo dos recursos ou outros meios admissíveis de
injustiça ou por provas que já foram produzidas e constam do
impugnação.
processo.
Art. 7º, §1º, lei 11.417: contra omissão ou ato da administração
Da revisão não poderá resultar a reformatio in pejus.
pública, o uso da reclamação só será admitido após o
esgotamento das vias administrativas. Súmula 633 STJ: a lei 9.784/99, especialmente no que diz
respeito ao prazo decadencial para revisão de atos
Acolhida a reclamação, o STF anulará a decisão administrativa e
administrativos no âmbito da administração pública federal,
dará ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente
pode ser aplicada de forma subsidiária aos estados e
para o julgamento do recurso, que deverão adequar as futuras
municípios se inexistente norma local e específica regulando a
decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de
matéria.
responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e
penal.

A interposição de recurso administrativo independe de caução, 13. CONTAGEM DE PRAZOS


salvo exigência legal.
Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação
Súmula vinculante 21: é inconstitucional a exigência de oficial, excluindo a contagem do dia do começo e incluindo o
depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bem para dia do vencimento. Os prazos em dias são contados de forma
admissibilidade de recurso administrativo. contínua, a menos que a lei faça a ressalva de só contar dias
úteis.

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Se o fim do prazo cair em dia que não houver expediente, o IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
vencimento será prorrogado até o 1º dia útil seguinte.
Atenção: a lei nº 8.429/92 foi alterada de forma
Prazos fixados em meses ou anos são contados de data a data, significativa pela lei nº 14.230/21, que traz novas
e se não houver dia equivalente, tem-se como fim do prazo o regras sobre a improbidade administrativa. Observe
último dia do mês. que a lei nº 8.429/92 permanece em vigor; não
houve uma substituição ou revogação, mas sim
Salvo motivo de força maior devidamente comprovado, os
alteração nas normas da “lei antiga”.
prazos processuais não se suspendem.

No capítulo que trata sobre a administração pública, a CF


ATO PRAZO
5 dias, salvo força maior, estabelece que os atos de improbidade importarão a suspensão
Para todos os atos, inexistindo
prorrogáveis por até igual dos direitos políticos, a perda da função pública, a
disposição específica
período, se justificado indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário.
Intimação para
Mínimo de 3 dias úteis
comparecimento Art. 37, §4º, CF: os atos de improbidade administrativa
Intimação dos interessados de
Mínimo de 3 dias úteis importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
prova ou diligência ordenada
15 dias, salvo norma especial função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
Emissão de parecer de órgão
ou comprovada necessidade ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo
consultivo
de maior prazo
da ação penal cabível.
Manifestação do interessado 10 dias, salvo determinação
após encerrada a instrução legal
Esquematizando as sanções para os atos de improbidade
Até 30 dias, prorrogáveis, se
Decisão após instrução previstas na CF (mnemônico: PARIS):
justificado
Reconsideração pela 5 dias; se não reconsiderar,
autoridade que proferiu a encaminhará à autoridade • Perda da função pública
decisão superior • Ação penal
10 dias, contados a partir da
• Ressarcimento ao erário
Interposição de recurso ciência ou divulgação oficial
da decisão recorrida • Indisponibilidade dos bens
Até 30 dias, contados do • Suspensão dos direitos políticos
Decisão de recurso recebimento dos autos,
prorrogáveis se justificado Esse dispositivo foi regulamentado pela lei federal nº 8429/92,
Intimação dos demais 5 dias úteis para
que dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos
interessados no recurso apresentação de alegações
nos casos de enriquecimento ilícito no exercício do mandato,
cargo, emprego ou função na administração pública direta,
indireta ou fundacional.

A probidade administrativa envolve interesse transindividual,


de natureza indivisível, titularizada por toda sociedade e
caracterizada como interesse difuso.

1. ELEMENTOS

Maria Sylvia Di Pietro: para que o ato de improbidade


administrativa acarrete a aplicação das medidas sancionatórias,
é exigida a presença dos seguintes elementos:
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• Sujeito passivo induz ou concorre para a prática do ato de improbidade ou dele


• Sujeito ativo se beneficia sob qualquer forma direta ou indireta.

• Ato de improbidade
Art. 2º lei 8.429/92: para os efeitos desta lei, consideram-se
• Elemento subjetivo
agente público o agente político, o servidor público e todo

Art. 1º lei 8429/92: o sistema de responsabilização por atos de aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem

improbidade administrativa tutelará a probidade na remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação

organização do Estado e no exercício de suas funções, como ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato,

forma de assegurar a integridade do patrimônio público e cargo, emprego ou função nas entidades referidas no art. 1º.

social, nos termos desta lei.


Art. 2º, p.ú., lei 8.429/92: no que se refere a recursos de origem
pública, sujeita-se às sanções previstas nesta lei o particular, PF
ou PJ, que celebra com a administração pública convênio,
1.1. SUJEITO PASSIVO
contrato de repasse, contrato de gestão, termo de parceria,

É aquele atingido pelo ato de improbidade, que são as termo de cooperação ou ajuste administrativo equivalente.

entidades previstas na lei 8.429/92. Observe que esse


Art. 3º lei 8.429/92: as disposições desta lei são aplicáveis, no
dispositivo sofreu grande alteração pela lei 14.230/21:
que couber, àquele que, mesmo não sendo agente público,

Art. 1º, §5º, lei 8429/92: os atos de improbidade violam a induza ou concorra dolosamente para a prática do ato de

probidade na organização do Estado e no exercício de suas improbidade.

funções e a integridade do patrimônio público e social dos


Art. 3º, §1º, lei 8.429/92: os sócios, os cotistas, os diretores e os
Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como da
colaboradores de PJ de direito privado não respondem pelo ato
administração direta e indireta, no âmbito da U/E/M/DF.
de improbidade que venha a ser imputado à PJ, salvo se,

Art. 1º, §6º, lei 8.429/92: estão sujeitos às sanções desta lei os comprovadamente, houver participação e benefícios diretos,

atos de improbidade praticados contra o patrimônio de caso em que responderão nos limites da sua participação.

entidade privada que receba subvenção, benefício ou incentivo,


Súmula 634 STJ: ao particular aplica-se o mesmo regime
fiscal ou creditício, de entes públicos ou governamentais,
prescricional previsto na lei de improbidade administrativa para
previstos no §5º deste artigo.
os agentes públicos.

Art. 1º, §7º, lei 8.429/92: independentemente de integrar a


Informativo 568 STJ: o estagiário que atua no serviço público,
administração indireta, estão sujeitos às sanções desta lei os
ainda que transitoriamente, remunerado ou não, está sujeito a
atos de improbidade praticados contra o patrimônio de
responsabilização por ato de improbidade administrativa.
entidade privada para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra no seu patrimônio ou receita atual, STJ: não há foro privilegiado nas ações civis de improbidade

limitado o ressarcimento de prejuízos, nesse caso, à administrativa.

repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

o ATOS DE IMPROBIDADE

o SUJEITOS ATIVOS
Maria Sylvia Di Pietro: o ato de improbidade pode corresponder

É aquele que pratica o ato de improbidade, podendo ser agente a um ato administrativo, a uma omissão ou a uma conduta, e é

público ou terceiro que, mesmo não sendo agente público, praticado no exercício de uma função pública. Mesmo quando

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praticado por terceiro, deve haver reflexo sobre uma função IV. Utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer
pública exercida. bem móvel, de propriedade ou à disposição de
qualquer das entidades referidas no art. 1º desta
O ato de improbidade, por si só, não se iguala a um crime,
lei, bem como o trabalho de servidores, de
caracterizando-se como um ilícito de natureza civil e política.
empregados ou de terceiros contratados por

Conforme a lei 14.230/21, agora os atos de improbidade estão essas entidades

previstos de forma taxativa, apesar de os arts. 9º e 10 V. Receber vantagem econômica de qualquer

apresentarem a palavra “notadamente” ao final do dispositivo. natureza, direta ou indireta, para tolerar a

Veja: exploração ou a prática de jogos de azar, de


lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de
Art. 1º, §1º, lei 8.429/92: consideram-se atos de improbidade
usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou
administrativa as condutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e
aceitar promessa de tal vantagem
11 desta lei, ressalvados tipos previstos em leis especiais.
VI. Receber vantagem econômica de qualquer
natureza, direta ou indireta, para fazer
declaração falsa sobre qualquer dado técnico que
..1. Atos que importam enriquecimento ilícito envolva obras públicas ou qualquer outro serviço
ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou
Art. 9º lei 8.429/92: constitui ato de improbidade
característica de mercadorias ou bens fornecidos
administrativa importando em enriquecimento ilícito auferir,
a qualquer das entidades referidas no art. 1º
mediante a prática de ato doloso, qualquer tipo de vantagem
desta lei
patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, de
VII. Adquirir, para si ou para outrem, no exercício de
mandato, de função, de emprego ou de atividade nas entidades
mandato, de cargo, de empregou ou de função
referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
pública, e em razão deles, bens de qualquer
I. Receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem natureza, decorrentes dos atos descritos no
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem caput deste artigo, cujo valor seja
econômica, direta ou indireta, a título de desproporcional à evolução do patrimônio ou à
comissão, percentagem, gratificação ou presente renda do agente público, assegurada a
de quem tenha interesse, direto ou indireto, que demonstração pelo agente da licitude da origem
possa ser atingido ou amparado por ação ou dessa evolução
omissão decorrente das atribuições do agente VIII. Aceitar emprego, comissão ou exercer atividade
público de consultoria ou assessoramento para PF ou PJ
II. Perceber vantagem econômica, direta ou que tenha interesse suscetível de ser atingido ou
indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou amparado por ação ou omissão decorrente das
locação de bem móvel ou imóvel, ou a atribuições do agente público, durante a
contratação de serviços pelas entidades referidas atividade
no art. 1º por preço superior ao valor de IX. Perceber vantagem econômica para intermediar
mercado a liberação ou aplicação de verba pública de
III. Perceber vantagem econômica, direta ou qualquer natureza
indireta, para facilitar a alienação, permuta ou X. Receber vantagem econômica de qualquer
locação de bem público ou o fornecimento de natureza, direta ou indiretamente, para omitir
serviço por ente estatal por preço inferior ao ato de ofício, providência ou declaração a que
valor de mercado esteja obrigado
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XI. Incorporar, por qualquer forma, ao seu IV. Permitir ou facilitar a alienação, permuta ou
patrimônio bens, rendas, verbas ou valores locação de bem integrante do patrimônio de
integrantes do acervo patrimonial das entidades qualquer das entidades referidas no art. 1º, ou
mencionadas no art. 1º desta lei ainda a prestação de serviço por parte delas, por
XII. Usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas preço inferior ao de mercado
ou valores integrantes do acervo patrimonial das V. Permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou
entidades mencionadas no art. 1º desta lei locação de bem ou serviço por preço superior ao
de mercado
VI. Realizar operação financeira sem observância das

..2. Atos que causam prejuízo ao erário normas legais e regulamentares ou aceitar
garantia insuficiente ou inidônea
Cuidado: a lei 14.230/21 extinguiu a possibilidade de
VII. Conceder benefício administrativo ou fiscal sem a
ato de improbidade que causa prejuízo ao erário de
observância das formalidades legais ou
forma culposa. Agora, exige-se o dolo em todas as
regulamentares aplicáveis à espécie
modalidades, inclusive na lesão ao erário.
VIII. Frustrar a licitude de processo licitatório ou de
processo seletivo para a celebração de parcerias
Art. 10 lei 8.429/92: constitui ato de improbidade
com entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-
administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou
los indevidamente, acarretando perda
omissão dolosa, que enseja, efetiva e comprovadamente, perda
patrimonial efetiva
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
IX. Ordenar ou permitir a realização de despesas não
dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art.
autorizadas em lei ou regulamento
1º desta lei, e notadamente:
X. Agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou de
I. Facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a renda, bem como no que diz respeito à
indevida incorporação ao patrimônio particular, conservação do patrimônio público
de pessoa física ou jurídica, de bens, de rendas, XI. Liberar verba pública sem a estrita observância
de verbas ou de valores integrantes do acervo das normas pertinentes ou influir de qualquer
patrimonial das entidades referidas no art. 1º forma para a sua aplicação irregular
desta lei XII. Permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro
II. Permitir ou concorrer para que PF ou PJ privada se enriqueça ilicitamente
utilize bens, rendas, verbas ou valores XIII. Permitir que se utilize, em obra ou serviço
integrantes do acervo patrimonial das entidades particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
mencionadas no art. 1º, sem a observância das material de qualquer natureza, de propriedade
formalidades legais e regulamentares aplicáveis à ou à disposição de qualquer das entidades
espécie mencionadas no art. 1º, bem como o trabalho de
III. Doar à PF ou PJ bem como ao ente servidor público, empregados ou terceiros
despersonalizado, ainda que de fins educativos contratados por essas entidades
ou assistenciais, bens, rendas, verbas ou valores XIV. Celebrar contrato ou outro instrumento que
do patrimônio de qualquer das entidades tenha por objeto a prestação de serviços públicos
mencionadas no art. 1º, sem observância das por meio da gestão associada sem observar as
formalidades legais e regulamentares aplicáveis à formalidades previstas em lei
espécie

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XV. Celebrar contrato de rateio de consórcio público Art. 10, XXII, lei 8.429/92: conceder, aplicar ou manter
sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou benefício financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o
sem observar as formalidades previstas na lei caput e o §1º do art. 8º-A da LC 116/2003.
XVI. Facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a
incorporação, ao patrimônio particular de PF ou
PJ, de bens, rendas, verbas ou valores públicos ..4. Atos que atentam contra os princípios da
transferidos pela administração pública a administração pública
entidades privadas mediante celebração de
Art. 11 lei 8.429/92: constitui ato de improbidade
parcerias, sem a observância das formalidades
administrativa que atenta contra os princípios da administração
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie
pública a ação ou omissão dolosa que viole os deveres de
XVII. Permitir ou concorrer para que PF ou PJ privada
honestidade, de imparcialidade e de legalidade, caracterizada
utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos
por uma das seguintes condutas:
transferidos pela administração pública a
entidade privada mediante celebração de
III. Revelar fato ou circunstância de que tem ciência
parcerias, sem a observância das formalidades
em razão das atribuições e que deva permanecer
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie
em segredo, propiciando beneficiamento por
XVIII. Celebrar parcerias da administração pública com
informação privilegiada ou colocando em risco a
entidades privadas sem a observância das
segurança da sociedade e do Estado
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
IV. Negar publicidade aos atos oficiais, exceto em
à espécie
razão de sua imprescindibilidade para a
XIX. Agir para a configuração de ilícito na celebração,
segurança da sociedade e do Estado ou de outras
na fiscalização e na análise das prestações de
hipóteses instituídas em lei
contas de parcerias firmadas pela administração
V. Frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter
pública com entidades privadas
concorrencial de concurso público, de
XX. Liberar recursos de parcerias firmadas pela
chamamento ou de procedimento licitatório,
administração pública com entidades privadas
com vistas à obtenção de benefício próprio,
sem a estrita observância das normas pertinentes
direto ou indireto, ou de terceiros
ou influir de qualquer forma para a sua aplicação
irregular Cuidado em relação a frustrar a licitude de licitação:

XXI. Conceder, aplicar ou manter benefício financeiro • Com perda patrimonial efetiva: lesão ao erário

ou tributário contrário ao que dispõem o caput e • Se não houver perda patrimonial efetiva:

o §1º do art. 8º-A da LC 116/2003 violação aos princípios

VI. Deixar de prestar contas quando esteja obrigado


a fazê-lo, desde que disponha das condições para
..3. Atos decorrentes de concessão ou aplicação indevida
isso, com vistas a ocultar irregularidades
de benefício financeiro ou tributário
VII. Revelar ou permitir que chegue ao conhecimento
de terceiro, antes da respectiva divulgação
Atenção: a lei 14.230/21 revogou o dispositivo (art. 10-A) que
oficial, teor de medida política ou econômica
trazia essa modalidade de ato de improbidade de forma
capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou
autônoma. Entretanto, passou a prever, no artigo que trata os
atos que causam prejuízo ao erário, o inciso XXII, veja: serviço

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VIII. Descumprir as normas relativas à celebração, Art. 1º, §3º, lei 8.429/92: o mero exercício da função ou
fiscalização e aprovação de contas de parcerias desempenho de competências públicas, sem comprovação de
firmadas pela administração pública com ato doloso com fim ilícito, afasta a responsabilidade por ato de
entidades privadas improbidade administrativa.
XI. Nomear cônjuge, companheiro ou parente em
Art. 11, §31º, lei 8.429/92: nos termos da Convenção das
linha reta, colateral ou por afinidade, até o 3º
Nações Unidas contra a Corrupção, promulgada pelo Decreto
grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de
5.687/2006, somente haverá improbidade administrativa, na
servidor da mesma PJ investido em cargo de
aplicação deste artigo (e dos demais atos de improbidade
direção, chefia ou assessoramento, para o
também, conforme explica o art. 11, §2º), quando for
exercício de cargo em comissão ou de confiança
comprovado na conduta funcional do agente público o fim de
ou, ainda, de função gratificada na administração
obter proveito ou benefício indevido para si ou para outra
pública direta e indireta em qualquer dos
pessoa ou entidade.
poderes da U/E/DF/M, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas (nepotismo) Art. 1º, §8º, lei 8.429/92: não configura improbidade a ação ou
omissão decorrente de divergência interpretativa da lei,
Cuidado com o art. 11, §5º, lei 8.429/92: não se
baseada em jurisprudência, ainda que não pacificada, mesmo
configurará improbidade a mera nomeação ou
que não venha a ser posteriormente prevalecente nas decisões
indicação política por parte dos detentores de
dos órgãos de controle ou dos tribunais do Poder Judiciário.
mandatos eletivos, sendo necessária a aferição de
dolo com finalidade ilícita por parte do agente. Ou seja, o agente público pode seguir a corrente jurisprudencial
que entender correta, ainda que minoritária, de forma que isso
XII. Praticar, no âmbito da administração pública e
não caracterizará ato de improbidade.
com os recursos do erário, ato de publicidade
que contrarie o disposto no §1º do art. 37 da CF,
de forma a promover inequívoco enaltecimento
do agente público e personalização de atos, de • SANÇÕES

programas, de obras, de serviços ou de


As sanções possuem natureza jurídica extrapenal (civil ou
campanhas dos órgãos públicos
político-administrativa), e possuem as seguintes espécies:

• Ressarcimento integral do dano se houver dano

o ELEMENTO SUBJETIVO (DOLO) efetivo (pode haver o parcelamento em até 48 meses)


• Indisponibilidade dos bens: o juiz pode decretar a
Art. 1º, §1º, lei 8.429/92: consideram-se atos de improbidade indisponibilidade do sujeito ativo para assegurar que
administrativa as condutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e ele irá ressarcir ao erário e devolver os bens ou
11 desta lei, ressalvados tipos previstos em leis especiais. valores acrescidos ilicitamente. Pode ser decretada
antes do recebimento da petição inicial, sendo
De acordo com a lei de improbidade, dolo é a vontade livre e
suficiente a demonstração, em tese, do ato ímprobo e
consciente de alcançar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º,
do início da dilapidação patrimonial, bem como pode
10 e 11, não bastando a voluntariedade do agente.
recair sobre bens adquiridos antes da conduta
Ou seja, não basta o dolo genérico, exigindo-se o dolo • Suspensão dos direitos políticos
específico com o fim de alcançar o resultado ilícito. Além disso: • Perda da função pública (a regra é que o agente só
perderá o vínculo que detinha na época do
cometimento da infração. Mas, de acordo com a
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gravidade da infração, poderá se estender também Os atos que violam os princípios da administração
aos demais vínculos que possuir) não ensejam a perda dos bens acrescidos
ilicitamente, perda da função pública e a suspensão
Pode haver o afastamento do agente público do
dos direitos políticos.
exercício do cargo, emprego ou função por até 90
dias, prorrogáveis uma única vez por igual prazo, em Conforme o art. 12, §5º, nos casos de atos de menor ofensa aos
decisão motivada, sem prejuízo da remuneração, se bens jurídicos tutelados, a sanção será limitada à:

for necessária à instrução processual ou para evitar


• Multa
a iminente prática de novos ilícitos.
• Perda dos bens

• Perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente: no • Ressarcimento ao erário

caso de ter havido enriquecimento ilícito


Observe que a lei 14.230/21 flexibilizou a independência entre
• Multa civil (pode ser duplicada em razão da situação
as instâncias civil, criminal e administrativa. Veja:
econômica do réu)
• Proibição de contratar com o poder público ou • Absolvição criminal sobre os mesmos fatos, qualquer
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, que seja a razão da absolvição, se for confirmada por
direta ou indiretamente, ainda que por PJ da qual seja decisão colegiada, impedirá o trâmite da ação por
sócio majoritário improbidade administrativa
• Sentenças civis e penais se comunicam com a ação de
As sanções podem ser aplicadas contra o sucessor do agente
improbidade administrativa se absolver o agente por:
ímprobo (por lesão ao erário ou enriquecimento ilícito), até o
o Inexistência de conduta ou
limite do valor da herança ou do patrimônio transferido.
o Negativa de autoria

A aplicação das sanções da lei de improbidade independe: • Pode haver uma compensação com sanções de outras
esferas (para que não ocorra o bis in idem)
• Da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público,
salvo quanto ao ressarcimento e às condutas previstas
no art. 10
• DECLARAÇÃO DE BENS
• Da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de
controle interno ou pelo tribunal ou conselho de A posse e o exercício do agente público ficam condicionados à
contas apresentação de declaração de imposto de renda e proventos
de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à Secretaria
SUSPENSÃO PROIBIÇÃO
Especial da Receita Federal do Brasil, a fim de ser arquivada no
DIREITOS DE MULTA
POLÍTICOS CONTRATAR serviço de pessoas competente, devendo ser atualizada
Igual ao anualmente e na data em que o agente público deixar o
ENRIQUECIMENTO
Até 14 anos Até 14 anos acréscimo
ILÍCITO exercício do mandato, cargo, emprego ou função.
patrimonial
PREJUÍZO AO Igual ao dano
Até 12 anos Até 12 anos O agente que se recusar a apresentar a declaração, ou prestar
ERÁRIO ao erário
Até 24x a falsa, poderá ser punido com pena de demissão, sem prejuízo
CONTRA
Não possui Até 4 anos remuneração de outras sanções.
PRINCÍPIOS
do agente

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• PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL observada a legislação vigente, inclusive as


disposições dos arts. 77 e 80 do CPC
Qualquer pessoa poderá representar à autoridade competente
ou ao MP para que seja instaurada investigação para apurar a Art. 17, §7º, lei 8.429/92: se a petição inicial estiver em devida
prática do ato de improbidade. forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a citação dos
requeridos para que a contestem no prazo comum de 30 dias,
A representação deve:
iniciado o prazo na forma do art. 231 do CPC.

• Ser escrita ou reduzida a termo


Ou seja, a lei 14.230/21 extinguiu a defesa preliminar. Agora, o
• Ser assinada
agente já será citado para contestar em até 30 dias, sendo que
• Ter a qualificação do representante
da decisão que rejeitar suas questões preliminares, caberá
• Ter as informações sobre o fato, sua autoria e
agravo de instrumento.
indicação das provas
Art. 17, §10-A, lei 8.429/92: havendo a possibilidade de solução
Caso não tenha esses requisitos, a representação pode ser
consensual, poderão as partes requerer ao juiz a interrupção do
rejeitada. Mas, se os requisitos forem atendidos, deverá ser
prazo para a contestação, por prazo não superior a 90 dias.
determinada a imediata apuração administrativa dos fatos.
Deve, ainda, ser dado conhecimento ao MP e ao tribunal de Como a lei 14.230/21 é muito recente, devemos, por ora, nos

contas. ater à literalidade dos seus artigos. Por isso, seguem alguns
dispositivos que considero importantes para as provas futuras:
A ação judicial, que segue o rito comum do CPC, deve ser
proposta exclusivamente pelo MP perante o foro do local onde Art. 17, §10-F, lei 8.429/92: será nula a decisão de mérito total

ocorrer o dano ou da PJ prejudicada. ou parcial da ação de improbidade administrativa que:

A ação deve ser proposta exclusivamente pelo MP, I. Condenar o requerido por tipo diverso daquele

mas a PJ interessada será intimada para, querendo, definido na petição inicial

intervir no processo. II. Condenar o requerido sem a produção das


provas por ele tempestivamente especificadas
Art. 17, §5º, lei 8.429/92: a propositura da ação a que se refere
o caput deste artigo prevenirá a competência do juízo para Art. 17, §11, lei 8.429/92: em qualquer momento do processo,

todas as ações posteriormente intentadas que possuam a verificada a inexistência do ato de improbidade, o juiz julgará a

mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. demanda improcedente.

Art. 17, §6º, lei 8.429/92: a petição inicial observará o seguinte: Art. 17, §19, lei 8.429/92: não se aplicam na ação de
improbidade administrativa:
I. Deverá individualizar a conduta do réu e apontar
os elementos probatórios mínimos que I. A presunção de veracidade dos fatos alegados

demonstrem a ocorrência das hipóteses dos arts. pelo autor em caso de revelia

9º, 10 e 11 desta lei e de sua autoria, salvo II. A imposição de ônus da prova ao réu, na forma

impossibilidade devidamente fundamentada dos §§1º e 2º do art. 373 do CPC

II. Será instruída com documentos ou justificação III. O ajuizamento de mais de uma ação de

que contenham indícios suficientes da veracidade improbidade administrativa pelo mesmo fato,

dos fatos e do dolo imputado ou com razões competindo ao CNMP dirimir conflitos de

fundamentadas da impossibilidade de atribuições entre membros de MP distintos

apresentação de qualquer dessas provas,

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IV. O reexame obrigatório da sentença de • Mais de um réu na ação: a soma dos valores
improcedência ou de extinção sem resolução de indisponíveis não pode superar o montante indicado
mérito na inicial como dano ao erário ou enriquecimento
ilícito
• A indisponibilidade de bens de terceiro depende da

• INDISPONIBILIDADE DOS BENS demonstração da efetiva concorrência para os atos


ilícitos ou, se for PJ, depende da instauração do
Sobre a indisponibilidade dos bens do indiciado, a lei 14.230/92
incidente de desconsideração da personalidade
trouxe longas explicações. Vejamos:
jurídica

Art. 16 lei 8.429/92: na ação por improbidade administrativa • Aplica-se, no que couber, a tutela provisória do CPC

poderá ser formulado, em caráter antecedente ou incidente, • Da decisão que deferir ou indeferir medida sobre a

pedido de indisponibilidade de bens do réu, a fim de garantir a indisponibilidade, cabe agravo de instrumento

integral recomposição do erário ou do acréscimo patrimonial • A indisponibilidade não recai sobre os valores a serem

resultante de enriquecimento ilícito. aplicados a título de multa civil ou sobre acréscimo


patrimonial decorrente de atividade lícita. Só incide
Esquematizando as novidades sobre a indisponibilidade dos sobre bens que assegurem o integral ressarcimento
bens: do dano ao erário

• O pedido deve ser feito pelo MP, e só será deferido Ordem de prioridade da indisponibilidade dos bens:
mediante:
o Demonstração de perigo de dano irreparável • Veículos de via terrestre

ou de risco ao resultado útil do processo • Vens imóveis

o Convencimento do juiz da probabilidade da • Bens móveis em geral

ocorrência dos atos descritos na inicial, com • Semoventes

fundamento nos respectivos elementos de • Navios e aeronaves


instrução • Ações e quotas de sociedades simples e empresárias
• O pedido, quando for o caso, incluirá a investigação, • Pedras e metais preciosos
exame e bloqueio de bens, contas bancárias e • Bloqueio de contas bancárias, apenas em último caso
aplicações financeiras mantidas no exterior e apenas na inexistência dos bens descritos acima, de
• Como regra, o indiciado deverá ser ouvido no prazo forma a garantir a subsistência do acusado e a
de 5 dias. Entretanto, a indisponibilidade poderá ser manutenção da atividade empresária ao longo do
decretada sem a sua oitiva sempre que o processo
contraditório prévio puder frustrar a efetividade da
É vedada a decretação de indisponibilidade de:
medida ou houver outras circunstâncias que
recomendem a proteção liminar (a urgência não pode • Quantia de até 40 salários mínimos depositados em
ser presumida, deve ser comprovada) caderneta de poupança, em outras aplicações
• Valor da indisponibilidade: considera-se a estimativa financeiras ou conta corrente
do dano indicada na inicial, permitida a substituição • Bem de família do réu, salvo se comprovado que o
por caução idônea, fiança bancária ou seguro-garantia imóvel seja fruto de vantagem patrimonial indevida
judicial, a requerimento do réu, bem como a sua
readequação durante a instrução do processo

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• ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO CÍVEL o Homologação judicial, independentemente


de o acordo ocorrer antes ou depois do
Antigamente, a lei de improbidade administrativa não permitia
ajuizamento da ação de improbidade
qualquer tipo de acordo. Depois, com a entrada em vigor do
• Para fins de apuração do valor do dano, o Tribunal de
Pacote Anticrime, o agente ímprobo passou a ter a opção de
Contas deve se manifestar, indicando os parâmetros
transacionar com o MP.
utilizados em até 90 dias

Agora, com a lei 14.230/21, os artigos referentes ao acordo de • O acordo pode ser celebrado:

não persecução cível foram alterados, mas o instituto continua o No curso das investigações

sendo permitido. o No curso da ação de improbidade


o Na execução da sentença condenatória
Observe que o professor Herbert Almeida assevera que “a ação
• Se o agente descumprir o acordo, ficará impedido de
de improbidade é uma ação cível, uma vez que tem o propósito
celebrar novo acordo por 5 anos, contado do
de, entre outros, obter o ressarcimento do dano causado ao
conhecimento do descumprimento pelo MP
erário. Assim, seria possível, por exemplo, que o MP e o réu
firmassem um acordo, com este se comprometendo a ressarcir
o erário, pagar alguma multa ou cumprir outras penalidades,
• PRESCRIÇÃO
sem a necessidade de mover a ação de improbidade.”

Os prazos previstos na lei 8.429/92 foram unificados pela


Ou seja: o agente se compromete a cumprir determinadas
alteração promovida pela lei 14.230/21. Veja a redação atual:
medidas e, em compensação, o MP não ajuíza a ação.

Art. 23 lei 8.429/92: a ação para a aplicação das sanções


Resolvendo o problema da falta de regulamentação, a lei
previstas nesta lei prescreve em 8 anos, contados a partir da
14.230/21 passou a detalhar como vai funcionar o acordo de
ocorrência do fato ou, no caso de infrações permanentes, do
não persecução cível. Veja:
dia em que cessou a permanência.

• Quem pode propor: MP, conforme as circunstâncias


Esquematizando: agora o prazo prescricional é de 8 anos,
do caso concreto
contados a partir da:
• Resultados mínimos que devem ser obtidos com o
acordo: • Ocorrência do fato
o Integral ressarcimento do dano • Cessação, nas infrações permanentes
o Reversão à PJ lesada da vantagem indevida
Art. 23, §4º, lei 8.429/92: o prazo da prescrição referido no
obtida, ainda que oriunda de agentes
caput deste artigo interrompe-se:
privados
• A celebração do acordo depende dos seguintes I. Pelo ajuizamento da ação de improbidade
requisitos cumulativos: administrativa
o Oitiva do ente federativo lesado, antes ou II. Pela publicação da sentença condenatória
depois da propositura da ação III. Pela publicação de decisão ou acórdão de TJ ou
o Aprovação, em até 60 dias, pelo MP TRF que confirma sentença condenatória ou que
competente para apreciar as promoções de reforma sentença de improcedência
arquivamento de inquéritos civis, se antes IV. Pela publicação de decisão ou acórdão do STF
do ajuizamento da ação que confirma acórdão condenatório ou que
reforma acórdão de improcedência

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Conforme o §5º, interrompida a prescrição, o prazo recomeça a LEI 8.112/90


correr do dia da interrupção, pela metade do prazo previsto no
caput (8 anos), ou seja, pelo prazo de 4 anos. 1. DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 23, §6º, lei 8.429/92: a suspensão e a interrupção da A Lei 8.112/90 será aplicada àquele que venha possuir um

prescrição produzem efeitos relativamente a todos os que cargo federal (União, autarquias federais e as fundações

concorreram para a prática do ato de improbidade. públicas de direito público federais).

Art. 23, §7º, lei 8.429/92: nos atos de improbidade conexos que Art. 1º lei 8.112/90: esta lei institui o regime jurídico dos

sejam objeto do mesmo processo, a suspensão e a interrupção servidores públicos da União, das autarquias, inclusive as em

relativas a qualquer deles estendem-se aos demais. regime especial e das fundações públicas federais.

Art. 2º lei 8.112/90: para os efeitos desta lei, servidores é a


pessoa legalmente investida em cargo público.

Art. 3º lei 8.112/90: cargo público é o conjunto de atribuições e


responsabilidades previstas na estrutura organizacional que
devem ser cometidas a um servidor.

Art. 3º, p.ú., lei 8.112/90: os cargos públicos, acessíveis a todos


os brasileiros, são criados por lei com denominação própria e
vencimento pago pelos cofres públicos, para provimento em
caráter efetivo, ou em comissão.

Art. 5º lei 8.112/90: são requisitos básicos (mínimos) para


investidura em cargo público:

• A nacionalidade brasileira
• O gozo dos direitos políticos
• A quitação com as obrigações militares e eleitorais
• O nível de escolaridade exigido para o exercício do
cargo
• A idade mínima de 18 anos
• Aptidão física e mental

Art. 5º, §1º, lei 8.112/90: as atribuições do cargo podem


justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei.

Súmula 683 STF: o limite de idade para inscrição em concurso


público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da CF, quando
possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a
ser preenchido.

Art. 5º, §2º, lei 8.112/90: às pessoas portadoras de deficiência


é assegurado o direito de se inscrever em concurso público
para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis

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com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas 2.1. PRINCÍPIOS
serão reservadas até 20% das vagas oferecidas no concurso.
Impessoalidade: não aprova quem quer, e sim quem passa no
Art. 1º lei 12.990/12: ficam reservadas aos negros 20% das concurso, independente de quem seja.
vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de
Moralidade: deve ser nomeado quem passou, seguindo a
cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da
honestidade.
administração pública federal das autarquias, das fundações
públicas, das empregas públicas e das sociedades de economia
mista controladas pela União. (essa lei é temporária e só vai
2.2. EXCEÇÕES AO CONCURSO PÚBLICO
durar até junho de 2024).

Os dois servem para funções de direção, chefia e


Art. 5º, §3º, lei 8.112/90: as universidades e instituições de
assessoramento:
pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover seus
cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de
• Cargo em comissão: pode ser servidor ou não
acordo com as normas e os procedimentos desta lei.
• Função de confiança: somente servidor
• Contratados por tempo determinado em virtude de
excepcional interesse público (exemplo da boate Kiss:
2. CONCURSO PÚBLICO a administração teve que contratar diversos médicos
para auxiliarem o tratamento das pessoas atingidas no
Art. 37, II, CF: a investidura em cargo ou emprego público
acidente)
depende de aprovação prévia em concurso público de provas
ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, nas formas previstas em
lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão 2.3. ALTERAÇÃO DO EDITAL

declarado em lei de livre nomeação e livre exoneração.


O STJ entende que o edital pode sofrer modificações para se

Art. 12 lei 8.112/90: o concurso público terá validade de até 2 adequar à lei.

anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual


Por exemplo: uma lei dispõe que o servidor vai trabalhar 6
período.
horas, mas no meio do caminho a lei e alterada e dispõe que o

Art. 12, §2º, lei 8.112/90: não se abrirá novo concurso servidor deverá trabalha r por 8 horas. Então, o edital deverá

enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior ser alterado para se adequar à lei.

com prazo de validade não expirado.

Já de acordo com a CF (princípio da eficiência), pode abrir um


2.4. CONTROLE JUDICIAL
novo concurso, mas a prioridade das nomeações vai ser dos
aprovados do concurso anterior (os procedimentos do novo O controle judicial só poderá ser controle de legalidade.
concurso já podem ser feitos).
Por exemplo: nenhuma lei dispõe que determinado concurso
Súmula vinculante 43: é inconstitucional toda modalidade de pode ter exame psicotécnico, mas o edital prevê tal exame.
provimento que propicie ao servidor investir-se sem prévia Assim, o poder judiciário poderá intervir e fazer o controle de
aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, legalidade. Por outro lado, o poder judiciário não poderá
em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente intervir, por exemplo, nas matérias cobradas em determinado
investido. concurso público (controle de mérito).

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2.5. NULIDADE DO CONCURSO 3. DO PROVIMENTO, DA VACÂNCIA, DA REMOÇÃO E DA


REDISTRIBUIÇÃO
Se uma nomeação for anulada por fraude (seja por má ou boa-
3.1. PROVIMENTO
fé) e o servidor sair da administração pública, ele não deverá
devolver a remuneração recebida no período que trabalhou, É o preenchimento do cargo.
sob pena de configurar enriquecimento ilícito de administração
ORIGINÁRIO DERIVADO
e escravidão (seria como se o servidor tivesse trabalhado de
Readaptação
graça). Reversão
Reintegração
Em relação aos atos administrativos praticados pelo servidor Nomeação
Recondução
(que funcionou como funcionário de fato – aparência de Aproveitamento
legalidade), estes continuam válidos perante terceiros de boa- Promoção

fé.
O provimento originário é quando é a primeira vez que a
pessoa entra na instituição. Já o provimento derivado é quando
aconteceu alguma coisa que a pessoa já entrou e está voltando.
2.6. CLÁUSULA DE BARREIRA

Nome dado pelo STF (já julgou que a cláusula é válida), é a nota
3.1. Provimento originário
de corte do concurso. Foi considerado como critério de mérito
para selecionar os melhores candidatos.
Nomeação: é o preenchimento originário.

Nomeação → posse → exercício

2.7. DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO ↓ ↓


30 dias 15 dias
Os candidatos que passaram dentro do número de vagas têm
direito à nomeação dentro do prazo do concurso. Já os Súmula 16 STF: funcionário nomeado por concurso tem direito

candidatos que passaram fora do número de vagas têm mera à posse.

expectativa de direito (por isso os concursos preveem número


Súmula 17 STF: a nomeação de funcionário sem concurso pode
pequeno de vagas).
ser desfeita antes da posse. (cargo e comissão = livre nomeação

Súmula 15 STF: dentro do prazo de validade do concurso, o e livre exoneração)

candidato aprovado tem o direito à nomeação, quando o cargo


Art. 7º, lei 8.112/90: a investidura em cargo público ocorrerá
for preenchido sem a observância da classificação (ou seja, o
com a posse.
concurso tem que seguir a ordem de classificação dos
aprovados). A posse pode ser assinada pela própria pessoa ou pode ser
assinada por procuração específica. No momento da posse
deve haver a declaração dos bens para a administração fazer a
evolução patrimonial do servidor. Ainda, a pessoa deve
entregar os exames médicos.

Súmula 266 STJ: o diploma ou habilitação legal para o exercício


do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para o
concurso público.

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3.2. Provimento derivado voltou, a pessoa B será reconduzida (se for estável. Se não for
estável, será exonerado) ao cargo anterior. Se o cargo anterior
Readaptação: é fruto de uma limitação física ou mental.
tiver ocupado por uma pessoa C, a pessoa B será aproveitada

Inicialmente, a pessoa trabalhava no cargo 1, mas sofreu uma em outro cargo. Se não houver outro cargo, a pessoa B ficará

tendinite e não consegue mais trabalhar naquele setor, então em disponibilidade (ficará em casa recebendo o salário

ela será readaptada para o cargo 2 (ainda que o cargo 2 esteja proporcional ao tempo de serviço esperando ser chamado para

totalmente preenchido, a pessoa trabalhará como excedente ser aproveitado).

enquanto durar a necessidade).


Recondução: é a volta ao cargo anterior, que pode se dar:

Atenção: para existir a readaptação, deverá existir a


• Quando a pessoa B que ocupou o cargo da pessoa A
equivalência nas atribuições, no vencimento e no nível de
(que teve sua demissão anulada) voltar ao cargo
escolaridade. Se não existir nenhum cargo compatível, a pessoa
• Quando houver reprovação no estágio probatório ou
deverá ser aposentada por invalidez.
quando pedir para voltar

Reversão: é a volta do aposentado.


Quando a pessoa começa a trabalhar, ainda está em teste no
Tipos de aposentadoria: estágio probatório que dura 3 anos. 4 meses antes de acabar o
estágio probatório, é feita uma avaliação de desempenho para
• Compulsória
ver se o servidor vai adquirir a estabilidade ou se vai ser
• Por invalidez exonerado.
• Voluntária
Cada novo concurso que a pessoa fizer, passará pelo estágio
O aposentado compulsório não poderá voltar. probatório para o cargo 2. Caso a pessoa seja reprovada no
estágio probatório do cargo 2, será reconduzida para o cargo 1.
Se o aposentado por invalidez ficar bom (atestado por perícia
do INSS), terá sua volta obrigatória (ato vinculado). Se não A jurisprudência entende que a recondução pode ser feita
houver vaga no cargo em que ocupava, o ex aposentado por tanto para a reprovação em estágio probatório quanto quando
invalidez poderá ocupar cargo excedente. existe um pedido do servidor para voltar ao cargo anterior.

Se o aposentado voluntário se arrepender, pode solicitar a Aproveitamento: volta daquele que se encontrava em
reversão, desde que a pessoa seja servidor estável, com no disponibilidade (“sobreaviso”).
máximo 5 anos de aposentadoria e que haja um cargo vago.
Ainda, a decisão é discricionária, dependerá do interesse da Promoção: não é mudança de cargo, é mudança de nível. Por

administração. exemplo, a pessoa passa de analista nível 1 para nível 2, 3, 4,


etc.
Reintegração: é a volta da pessoa que sofreu a punição de
demissão.

A pessoa A ocupava um cargo, mas foi demitida. E, para anular 3.3. Vacância

a demissão ilegal, ingressou com um processo administrativo


Demissão: é a única forma de vacância que representa punição
ou judicial para voltar a trabalhar. Assim, será integrada ao
ao servidor.
cargo que ocupava, e receberá todos os vencimentos que
deixou de receber pelo período, acrescido da indenização. Exoneração: pode ocorrer a pedido do servidor (o servidor
pede para sair) ou de ofício feito pela administração para os
Quando a pessoa A sofreu a demissão, ocorreu a vacância do
cargos em comissão (livre exoneração = exoneração ad nutum)
cargo, que foi ocupado pela pessoa B. Quando o reintegrado
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e para os cargos efetivos quando a pessoa não entra em ou municipal (não precisa ser da mesma
exercício ou quando o servidor não estável for reprovado no instituição e nem do mesmo ente,
estágio probatório. respeitando o princípio da cooperação entre
os entes, desde que o servidor removido
Aposentadoria: o servidor se aposenta e sai do cargo.
seja federal)

Falecimento: o servidor falece e deixa o cargo. o Por motivo de saúde do servidor, do cônjuge
ou de qualquer dependente (enquanto durar
Promoção: é forma híbrida, pois ao mesmo tempo que gera a
a necessidade, depois pode voltar para o
vacância, gera o provimento.
local de origem)
o Aprovação do servidor em processo seletivo
Por exemplo: o técnico nível 1 subiu para técnico nível 2, e
de remoção
gerou vacância no nível 1 e provimento no nível 2.

A redistribuição é o deslocamento do próprio cargo.


Readaptação: é forma híbrida.

Exemplo: o cargo de todos os servidores do Ministério 1 foram


Por exemplo: o servidor estava no cargo 1 mas teve tendinite e
para o Ministério 2 porque o segundo Ministério estava
foi para o cargo 2, e gerou vacância no cargo 1 e provimento no
precisando de mais servidores e o primeiro estava cheio e sem
cargo 2.
trabalho para fazer.
Posse em cargo inacumulável: também é forma híbrida.

4. DIREITOS E VANTAGENS DO SERVIDOR


3.4. REMOÇÃO E REDISTRIBUIÇÃO 4.1. DA REMUNERAÇÃO

Diferença entre remoção e redistribuição: Art. 40 lei 8.112/90: vencimento é a retribuição pecuniária pelo
exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
REMOÇÃO REDISTRIBUIÇÃO
Art. 36. Remoção é o Art. 37. Redistribuição é o
Vencimento é o “salário-base”, é o mínimo.
deslocamento do servidor a deslocamento de cargo de
pedido ou de ofício, no provimento efetivo, ocupado
Art. 41 lei 8.112/90: remuneração é o vencimento do cargo
âmbito do mesmo quadro, ou vago no âmbito do quadro
com ou sem mudança de geral de pessoal para outro efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes
sede. órgão ou entidade do mesmo estabelecidas em lei.
poder.
Remuneração = vencimento + vantagens permanentes
A remoção pode ocorrer:
Súmula vinculante 04: salvo nos casos previstos na constituição,
• De ofício: o servidor é obrigado a ir para qualquer
o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base
lugar (se for servidor federal pode ir para qualquer
de cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado,
lugar do Brasil)
nem ser substituído por decisão judicial.
• A pedido do servidor (ato discricionário): a
administração escolhe se vai remover ou não Súmula vinculante 37: não cabe ao Poder Judiciário, que não

• A pedido do servidor (ato vinculado): a administração tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores

vai ser obrigada a remover nas seguintes hipóteses: públicos sob o fundamento de isonomia.

o Quando o servidor for acompanhar cônjuge


ou companheiro que foi removido no
interesse da administração federal, estadual
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Súmula vinculante 42: é inconstitucional a vinculação do exceto nos casos de prestação de alimentos resultante de
reajuste de vencimentos de servidores estaduais ou municipais decisão judicial.
a índices federais de correção monetária.

Art. 41, §3º, lei 8.112/90: o vencimento do cargo efetivo,


4.2. DAS VANTAGENS
acrescido das vantagens de caráter permanente, é irredutível.

Art. 49 lei 8.112/90: além do vencimento, poderão ser pagas ao


Art. 41, §5º, lei 8.112/90: nenhum servidor receberá
servidor as seguintes vantagens:
remuneração inferior ao salário mínimo.

• Indenização (é mero reembolso e não se incorpora no


O que não pode ser inferior ao salário mínimo é a remuneração
salário)
(vencimento + benefícios), o vencimento pode ser inferior.
• Gratificações (pode se incorporar)
Existem dois tipos de irredutibilidade: • Adicionais (pode se incorporar)

• Real: por exemplo: ganhar 10 mil reais há 10 anos e


ganhar 10 mil reais hoje são coisas diferentes, uma
4.3. DAS INDENIZAÇÕES
vez que a inflação aumenta sempre. Logo, 10 mil reais
hoje equivalem a menos do que há 10 anos. A lei não Constituem indenizações ao servidor:
garante essa irredutibilidade
• Nominal: é reduzir o valor de fato. Por exemplo: Ajuda de custo: quando o servidor for deslocado de maneira

reduzir de 10 mil para 9 mil. A lei só garante essa permanente para outra localidade por interesse da

irredutibilidade. administração. Recebe uma parcela única de até 3x a sua


remuneração.
Art. 45 lei 8.112/90: salvo por imposição legal, ou mandado
judicial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração O prazo para se apresentar na nova sede é até 30 dias; caso

(servidor ativo) ou provento (servidor aposentado). §1º: não se apresente no prazo, deverá devolver a ajuda de custo.

mediante autorização do servidor, poderá haver consignação Se houver o falecimento do servidor, a família tem direito a

em folha de pagamento em favor de terceiros, a critério da receber a ajuda de custo (pra retornar à cidade anterior) no

administração e com reposição de custos, na forma definida em prazo de 1 ano do falecimento.

regulamento.
Diárias: quando o servidor é deslocado de maneira temporária

Art. 46 lei 8.112/90: as reposições e indenizações ao erário, para, por exemplo, fazer cursos. A lei não diz o valor da diária,

serão previamente comunicadas ao servidor ativo, aposentado uma vez que os valores variam de cidade para cidade, do

ou ao pensionista, para pagamento, no prazo máximo de 30 tempo que o servidor fica fora, etc. não existindo pernoite, o

dias, podendo ser parceladas, a pedido do interessado. §1º: o valor reduz pela metade.

valor de cada parcela não poderá ser inferior ao


Caso o deslocamento seja cancelado, o servidor deve devolver
correspondente a 10% da remuneração, provento ou pensão.
a diária no prazo de 5 dias.

Art. 47 lei 8.112/90: o servidor em débito com o erário, que for


Transporte: quando o servidor usa meio próprio de locomoção
demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria ou
em prol da administração.
disponibilidade cassada, terá o prazo de 60 dias para quitar o
débito. Auxílio-moradia: a lei diz que serve para os altíssimos cargos em
comissão. Por exemplo: cargo de Ministro de Estado – apesar
Art. 48 lei 8.112/90: o vencimento, a remuneração e o
de Ministro de Estado não ser cargo em comissão. O valor
provento não serão objeto de arresto, sequestro ou penhora,
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máximo é de 25% da remuneração do Ministro de Estado. A 4.5. DAS LICENÇAS


pessoa pode receber o auxílio-moradia para sempre, não se
LICENÇA PRAZO REMUNERAÇÃO
incorpora ao salário.
Primeiros 60 dias:
DOENÇA EM Até 150 dias
sim
PESSOA DA (período de 12
Próximos 90 dias:
FAMÍLIA meses)
não
4.4. DAS GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS
AFASTAMENTO DO
Indeterminado Não
CÔNJUGE
Art. 61 lei 8.112/90: além do vencimento e das vantagens
Indeterminado,
previstas nesta lei, serão deferidos aos servidores as seguintes devendo retornar
retribuições, gratificações e adicionais: SERVIÇO MILITAR em até 30 dias Não
após a conclusão
I. Retribuição função de direção, chefia e do serviço
Da escolha
assessoramento
Do registro até o partidária até as
II. Gratificação natalina (é o 13º, que pode ser 10º dia após a vésperas do
ATIVIDADE
integral ou proporcional, que deve ser pago até o eleição (dentro de registro: não
PARTIDÁRIA
um período de 3 Do registro até o
dia 20 de dezembro)
meses) 10º dia após a
III. Adicional por atividades insalubres, perigosas ou eleição: sim
penosas TRATAR DE
IV. Adicional pela prestação de serviço INTERESSE Até 3 anos Não
PARTICULAR
extraordinário (a lei permite a realização de 2h
Até 3 meses (a
CAPACITAÇÃO Sim
extras diárias da jornada normal do servidor) cada 5 anos)
V. Adicional noturno (de 22h as 5h. a noite a hora é MANDATO Pelo prazo do
Não
CLASSISTA mandato
reduzida, equivale a 52h 30min – o servidor
trabalha 7h mas ganha por 8h. O adicional é de Bizu: o servidor em estágio probatório não pode
25%. O STF entende que as horas extras a partir tirar as licenças do MATRACA:
de 5h do servidor noturno também são acrescidas
do adicional noturno) MA: mandado classista

VI. Adicional de férias (as férias são acrescidas de TRA: tratar de interesse particular

1/3 – terço constitucional. Os primeiros 12 meses CA: capacitação

configuram o período aquisitivo e os próximos 12


meses configuram o período concessivo, e o mês
das férias é o que melhor atende os interesses da 4.6. DAS CONCESSÕES
administração pública. As férias de 30 dias
CONCESSÃO PRAZO REMUNERAÇÃO
podem ser fracionadas em até 3 vezes e o terço
DOAÇÃO DE SANGUE 1 dia Sim
constitucional e o adicional serão recebidos em ALISTAMENTO OU 2 dias
até 2 dias antes do início do primeiro período de RECADASTRAMENTO (consecutivos Sim
férias) ELEITORAL ou não)
CASAMENTO 8 dias Sim
VII. Outros, relativos ao local ou a natureza do
FALECIMENTO 8 dias Sim
trabalho
VIII. Gratificação por encargo de curso ou concurso Concessão do servidor estudante: a administração pode fazer
um horário flexível, fazendo o servidor compensar as horas
trabalhadas para se adaptar aos horários da instituição de
ensino. Caso o servidor seja removido, terá direito a entrar
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imediatamente em instituição congênere (se for universidade II. Das decisões sobre os recursos sucessivamente
pública, será criada uma vaga na universidade pública; se for interpostos
particular, será na particular).
Art. 107, §1º, lei 8.112/90: o recurso será dirigido à autoridade
Concessão do servidor deficiente: imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou
proferido a decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente,
• Dependente: horário flexível sem compensação das
às demais autoridades.
horas (antigamente havia a compensação, mas houve
alteração legislativa para não compensar) Art. 107, §2º, lei 8.112/90: o recurso será encaminhado por
• Próprio servidor: horário flexível sem compensação de intermédio da autoridade a que estiver imediatamente
horas subordinado o requerente.

Art. 110 lei 8.112/90: o direito de requerer prescreve:

5. DIREITO DE PETIÇÃO I. Em 5 anos, quanto aos atos de demissão e de


cassação de aposentadoria ou disponibilidade, ou
Reconsideração: pede a mesma coisa para a mesma pessoa na
que afetem interesse patrimonial e créditos
esperança que ela mude de decisão (só pode ser feito um
resultantes das relações de trabalho
pedido de reconsideração).
II. Em 120 dias, nos demais casos, salvo quando

Recurso: pede a uma autoridade superior para analisar a outro prazo for fixado em lei

decisão da autoridade inferior (não há limite de recursos,


enquanto houver autoridade o servidor poderá recorrer).
6. REGIME DISCIPLINAR
Revisão: quando existe a apresentação de fatos novos, que
pode ocorrer em qualquer tempo. O servidor pode ser processado nas esferas cível, criminal e
administrativa.
Art. 104 lei 8.112/90: é assegurado ao servidor o direito de
requerer aos poderes públicos, em defesa de direito ou Se for absolvido na esfera criminal por falta de prova, a lógica é
interesse legítimo. que ainda sim ele pode ser condenado na esfera administrativa.

Art. 105 lei 8.112/90: o requerimento será dirigido à autoridade Se for absolvido na esfera criminal por negativa de fato ou
competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio negativa de autoria, a lógica é que ele será absolvido na esfera
daquela que estiver imediatamente subordinado o requerente. administrativa.

Art. 106 lei 8.112/90: cabe pedido de reconsideração à A condenação na esfera administrativa gera as seguintes
autoridade que houver expedido o ato ou proferido a primeira punições:
decisão, não podendo ser renovado.
• Advertência
Art, 106, p.ú, lei 8.112/90: o requerimento e o pedido de • Suspensão
reconsideração de que tratam os arts. anteriores deverão ser • Demissão
despachados no prazo de 5 dias decididos dentro de 30 dias. • Cassação de aposentadoria: cortar a aposentadoria
(as causas que geram a demissão na ativa geram a
Art. 107 lei 8.112/90: caberá recurso:
cassação da aposentadoria)
I. Do indeferimento do pedido e reconsideração • Cassação de disponibilidade: a pessoa continua em
casa, mas sem possibilidade de retorno (as causas que

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geram a demissão na ativa causam a cassação de • Promover manifestação de apreço ou desapreço no


disponibilidade) recinto da repartição
• Destituição de cargo em comissão ou função de • Cometer a pessoa estranha (pessoa de fora) à
confiança: ocorre quando o comissionado comete ato repartição, fora dos casos previstos em lei, o
passível de demissão ou suspensão (a destituição suja desempenho de atribuição que seja de sua
o nome da pessoa). Se a pessoa for servidor e receber responsabilidade ou seu subordinado
função de confiança e somente for suspensa, será • Coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-
destituída da função de confiança e voltará ao cargo se a associação profissional ou sindical, ou a um
de origem. partido político
• Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função
Art. 121 lei 8.112/90: o servidor responde civil, penal e
de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o
administrativamente pelo exercício irregular de suas
segundo grau civil (nepotismo)
atribuições.
• Recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando
Art. 125 lei 8.112/90: as sanções civis, penais e administrativas solicitados
poderão cumular-se, sendo independentes entre si.

Art. 126 lei 8.112/90: a responsabilidade administrativa do


6.2. SITUAÇÕES QUE GERAM SUSPENSÃO
servidor será afastada no caso de absolvição criminal que
negue a existência do fato ou da sua autoria. Na suspensão a pessoa fica em casa sem receber (de 1 até 90
dias) ou em algumas situações em que a administração não
Art. 127 lei 8.112/90: são penalidades disciplinares:
pode abrir mão do servidor, o servidor fica trabalhando com
I. Advertência 50% de redução da remuneração.
II. Suspensão
• Reincidência das faltas punidas com advertência
III. Demissão
• Recusar-se a ser submetido a inspeção médica
IV. Cassação de aposentadoria e disponibilidade
determinada pela autoridade competente (o prazo
V. Destituição de cargo em comissão
máximo de suspensão será de 15 dias)
VI. Destituição de função comissionada
• Cometer a outro servidor (pessoa de dentro)
atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em
situações de emergência e transitórias
6.1. SITUAÇÕES QUE GERAM ADVERTÊNCIA
• Exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis
São punidos com advertência: com o exercício do cargo ou função

• Ausentar-se do serviço durante o expediente sem A reincidência na mesma punição gera suspensão.

prévia autorização do chefe imediato


• Retirar, sem prévia anuência da autoridade
competente, qualquer documento ou objeto da 6.3. SITUAÇÕES QUE GERAM A DEMISSÃO
repartição
São punidos com demissão:
• Recusar fé a documentos públicos
• Opor resistência injustificada ao andamento de • Participar de gerência ou administração de sociedade
documento e processo ou execução de serviço privada, exceto na qualidade de acionistas cotista ou
comandatário

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• Receber propina, comissão, presente (o STJ definiu o • Atuar, como procurador ou intermediário, junto a
limite de 100 reais para o servidor aceitar “mimos” repartições públicas, salvo quando e tratar de
como agradecimento por algum serviço prestado) ou benefícios de parentes até o segundo grau, e de
vantagem de qualquer espécie, em razão de suas cônjuge ou companheiro
atribuições
• Aceitar comissão, emprego ou pensão de estado
estrangeiro 6.5. SITUAÇÕES QUE GERAM A DEMISSÃO A BEM DO
• Praticar usura (juros excessivos – prática de SERVIÇO PÚBLICO
agiotagem) sob qualquer de suas formas
São punidos com demissão sem possibilidade de a pessoa
• Proceder de forma desidiosa
retornar ao serviço público:
• Utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição
em serviços ou atividades particulares • Crime contra a administração pública
• Abandono de cargo (quando a pessoa não aparece • Improbidade administrativa
por mais de 30 dias seguidos sem • Aplicação irregular de dinheiros públicos
justificativa/intencional) • Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio
• Inassiduidade habitual (quando a pessoa tiver pelo nacional
menos 60 dias de faltas interpoladas/intercalados nos • Corrupção
últimos 12 meses)
• Incontinência pública (desregramento sexual –
tarado) e conduta escandalosa (é ato discricionário do
7. DAS PENALIDADES
administrador para entender o que é conduta
escandalosa), na repartição Art. 141 lei 8.112/90: as penalidades disciplinares serão
• Insubordinação grave em serviço aplicadas:

• Ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular,


I. Pelo presidente da república, pelos presidentes
salvo em legitima defesa própria ou de outrem
das casas do poder legislativo e dos tribunais
• Revelação de segredo do qual se apropriou em razão
federais e pelo PGR, quando se tratar de
do cargo
demissão, cassação de aposentadoria ou
• Acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções
disponibilidade de servidor vinculado ao
públicas
respectivo poder, órgão ou entidade
II. Pelas autoridades administrativas de hierarquia
imediatamente inferior àquelas mencionadas no
6.4. SITUAÇÕES QUE GERAM A DEMISSÃO MAIS 5 ANOS
inciso anterior, quando se tratar de suspensão
DE AFASTAMENTO DE CARGO PÚBLICO
superior a 30 dias
III. Pelo chefe de repartição e outras autoridades na
São punidos com demissão + 5 anos de afastamento de cargo
forma dos respectivos regimentos ou
público:
regulamentos, nos casos de advertência ou de
• Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de suspensão de até 30 dias
outrem, em detrimento da dignidade da função IV. Pela autoridade que houver feito a nomeação,
pública (o servidor está se beneficiando e sujando o quando se tratar de destituição de cargo em
nome da instituição) comissão

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Ou seja: Se a infração que o servidor cometer também for crime, será


utilizado o prazo prescricional do código penal, e não o prazo
• Demissão: será aplicada pela autoridade máxima
administrativo.
daquele poder/órgão
• Suspensão por mais de 30 dias: será aplicada pela Súmula 635 STJ: os prazos prescricionais previstos no art. 142
autoridade de hierarquia imediatamente inferior à da lei 8.112/90 iniciam-se na data em que a autoridade
quem aplicaria a demissão competente para a abertura do procedimento administrativo

• Suspensão por até 30 dias: será aplicada pelo chefe tomar conhecimento do fato, interrompendo-se com o

da repartição primeiro ato de instauração válido, sindicância de caráter

• Advertência (que será escrita): será aplicada pelo punitivo ou processo disciplinar, e volta a fluir por inteiro após

chefe da repartição decorridos 140 dias desde a interrupção.

Art. 131 lei 8.112/90: as penalidades de advertência e de


suspensão terão seus registros cancelados, após o decurso de 3
8. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
e 5 anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor
não houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar. Art. 143 lei 8.112/90: a autoridade que tiver ciência de
irregularidade no serviço público é obrigada a promover a sua
Art. 142 lei 8.112/90: a ação disciplinar prescreverá:
apuração imediata, mediante sindicância ou processo

I. Em 5 anos, quanto às infrações puníveis com administrativo disciplinar, assegurada ao acusado ampla defesa.

demissão, cassação de aposentadoria ou


Art. 143, §3º, lei 8.112/90: a apuração de que trata o caput, por
disponibilidade e destituição de cargo em
solicitação da autoridade a que se refere, poderá ser
comissão
promovida por autoridade de órgão ou entidade diverso
II. Em 2 anos, quanto à suspensão
daquele em que tenha ocorrido a irregularidade, mediante
III. Em 180 dias, quanto à advertência
competência específica para tal finalidade, delegada em caráter

Art. 142, §1º, lei 8.112/90: o prazo de prescrição começa a permanente ou temporário pelo PR, pelos presidentes das

correr da data em que o fato se tornou conhecido. casas do poder legislativo e dos tribunais federais e pelo PGR,
no âmbito do respectivo poder, órgão ou entidade, preservadas
Art. 142, §2º, lei 8.112/90: os prazos de prescrição previstos na
as competências para o julgamento que se seguir à apuração.
lei penal aplicam-se às infrações disciplinares capituladas
também como crime. A sindicância é investigação preliminar facultativa, que tem
como resultado:
Art. 142, §3º, lei 8.112/90: a abertura de sindicância ou a
instauração do processo disciplinar interrompe a prescrição, • Arquivamento do caso
até a decisão final proferida por autoridade competente. • Punições, que podem ser advertência ou suspensão
até 30 dias
Art. 142, §4º, lei 8.112/90: interrompido o curso da prescrição,
• Instaurar um PAD
o prazo começará a correr a partir do dia em que cessar a
interrupção. A sindicância facilita eventual instauração do PAD, uma vez que
há a colheita de provas. A sindicância deve ser concluída no
Ou seja:
prazo de 30 dias, prorrogáveis por mais 30.

• Demissão: prazo de 5 anos


• Suspensão: 2 anos
• Advertência: 180 dias
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8.1. DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR Até o relatório, o prazo é de 60 dias, prorrogáveis por mais 60
dias, e o julgamento será feito em 20 dias.
O PAD é composto por 3 fases:
Art. 169 lei 8.112/90: verificada a ocorrência de vício insanável,
Instauração: é formada uma omissão composta de 3 servidores
a autoridade que determinou a instauração do processo ou
estáveis designados pela autoridade competente (e terá um
outra hierarquia superior declarará a sua nulidade, total ou
presidente – de igual ou superior nível de cargo ou
parcial, e ordenará, no mesmo ato, a constituição de outra
escolaridade), um secretário (indicado pelo presidente).
comissão para instauração de novo processo.

Os servidores da comissão não podem ser os parentes da SV nº


Art. 169, §1º, lei 8.112/90: o julgamento fora do prazo na
13, em virtude do princípio da impessoalidade.
invalida o processo.

Inquérito administrativo: é a fase onde a comissão faz a


Art. 170 lei 8.112/90: extinta a punibilidade pela prescrição, a
colheita de provas para inocentar ou condenar o servidor. É
autoridade julgadora determinará o registro do fato nos
subdividido em 3 fases:
assentamentos individuais do servidor.

• Instrução: tem o depoimento de testemunhas e do


STF: o art. 170 da Lei 8.112/90 é inconstitucional. Esse
acusado (nessa ordem), se houver o conflito de
dispositivo viola os princípios da presunção de inocência e da
depoimentos das testemunhas, haverá a acareação
razoabilidade, além de atentar contra a imagem funcional do
(testemunhas frente a frente para ver quem tá
servidor.
falando a verdade). Após há a perícia
• Defesa: o servidor passa de acusado para indiciado, Art. 171 lei 8.112/90: quando a infração estiver capitulada
onde apresenta a defesa escrita no prazo de 10 dias a como crime, o processo disciplinar será remetido ao MP para
contar da citação (havendo dois ou mais indiciados, o instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.
prazo será de 20 dias. Se o indiciado estiver em local
Art. 172 lei 8.112/90: o servidor que responder a PAD só
incerto ou não sabido, será citado por edital e terá o
poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado
prazo de 15 dias a contar da última publicação do
voluntariamente, após a conclusão do processo e o
edital. Se houver revelia, será designado um servidor
cumprimento da penalidade, acaso aplicada.
como defensor dativo e ele terá que apresentar a
defesa do servidor que está sumido no prazo de 15 Art. 172, p.ú, lei 8.112/90: ocorrida a exoneração de que trata o
dias) p.ú, inciso I do art. 34, o ato será convertido em demissão, se
• Relatório: apreciada a defesa, a comissão deverá for o caso.
fazer um relatório (resumo das provas) minucioso e
PAD PAD SUMÁRIO (30 + 15 dias)
conclusivo (dizer se acha que o servidor é
Instauração (comissão
considerado culpado ou inocente, bem como o artigo Instauração formada por 2 servidores
capitulado), que será levado a julgamento, que não estáveis)
será feito pela comissão Instauração sumária
Inquérito (instrução, defesa e
(indiciação, defesa {em 5 dias)
relatório)
Julgamento: a autoridade competente que pediu a instauração e relatório)
Julgamento Julgamento (em 5 dias)
do PAD é que vai realizar o julgamento com base no relatório
realizado pela comissão no prazo de 20 dias.

O relatório vai acompanhar o relatório, salvo se o relatório for


contrário à prova dos autos.

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BENS PÚBLICOS • São bens privados os bens das PJ de direito privado.


Esses bens podem estar sujeitos às regras do regime
Hely Lopes Meirelles: bens públicos são todas as coisas,
jurídico dos bens públicos quando estiverem
corpóreas ou incorpóreas, imóveis, móveis ou semoventes,
afetados à prestação de um serviço público
créditos, direitos e ações, que pertençam, a qualquer título, às
entidades estatais, autárquicas, fundacionais e empresas
governamentais.
1. CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS

Para outra corrente, o bem será público a depender da 1.1. QUANTO À TITULARIDADE

finalidade. Se estiver afetado ou destinado à prestação de


Bens federais: rol exemplificativo da CF: são bens da União:
serviço público, será considerado bem público, seja patrimônio
de pessoa de direito público ou privado. • Os que atualmente lhe pertencem e os que lhe
vierem a ser atribuídos
Art. 98 CC: são públicos os bens do domínio nacional
• As terras devolutas indispensáveis à defesa das
pertencentes às PJ de direito público interno; todos os outros
fronteiras, das fortificações e construções militares,
são particulares, seja qual for a pessoa que a pertencerem.
das vias federais de comunicação e à preservação
Assim, conforme o CC, só são públicos os bens pertencentes às ambiental, definidas em lei
PJ de direito público: U/E/DF/M, autarquias e fundações • Os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
públicas de direito público; não fazendo nenhuma exigência terrenos do seu domínio, ou que banhem mais de
quanto à destinação dos bens. Ele apenas adota o critério da um Estado, sirvam de limites com outros países, ou
titularidade, ou seja, o fator determinante para um bem ser se estendam a território estrangeiro ou dele
considerado público é que sua propriedade seja de uma PJ de provenham, bem como os terrenos marginais e as
direito público. praias fluviais
• As ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
Logo, as PJ de direito privado (incluindo EP e SEM) possuem
outros países, as praias marítimas, as ilhas oceânicas
bens privados. Entretanto, a doutrina e a jurisprudência
e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a
reconhecem que os bens das EP e SEM que estejam afetados
sede de municípios, exceto aquelas áreas afetadas
na prestação de serviço público ficam submetidos a regras do
ao serviço público e a unidade ambiental federal, e
regime jurídico dos bens públicos, no tocante à
as de domínio dos estados
impenhorabilidade e não onerabilidade.
• Os recursos naturais da plataforma continental e da

Características dos bens públicos: zona econômica exclusiva


• O mar territorial
• Imprescritibilidade
• Os terrenos de marina e seus acrescidos
• Impenhorabilidade
• Os potenciais de energia hidráulica
• Não onerabilidade
• Os recursos minerais, inclusive os do subsolo
• Existência de restrições e condicionamentos a sua
• As cavidades naturais subterrâneas e os sítios
alienação
arqueológicos e pré-históricos

Num resumo: • As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios

• São bens públicos os bens pertencentes a PJ de Observe que os bens da União são ligados à segurança

direito público, qualquer que seja sua utilização nacional, proteção à economia do país, interesse público
nacional e à extensão do bem.

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Apesar dos recursos minerais e os potenciais de energia que o ente público não pode comprar ou vender um bem de
hidráulica serem da União, a CF assegura aos E/DF/M, bem uso comum do povo. Aqui prevalece a destinação pública.
como os órgãos da administração direta da União, participação
Como regra geral, os bens de uso comum do povo são de uso
no resultado da exploração no respectivo território, ou
gratuito, mas pode ser oneroso, como a cobrança de pedágio
compensação financeira por essa exploração (royalties).
em estradas ou estacionamento rotativo nas ruas e praças.
Bens estaduais e distritais: rol exemplificativo da CF: são bens
Exemplos: praças, ruas, logradouros públicos, estradas, mares,
dos estados e DF:
praias, rios navegáveis etc.
• As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
Bens de uso especial: são aqueles que visam à execução dos
emergentes e em depósito, ressalvadas, nesse caso,
serviços administrativos e públicos em geral. Constituem o
na forma da lei, as decorrentes de obras da União
aparelhamento matérias das PJ de direito público para atingir
• As áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que
seus fins.
estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob
domínio da União, municípios ou terceiros Exemplos: edifícios onde se situam as repartições públicas,
• As ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União escolas públicas, hospitais públicos, universidades públicas,
• As terras devolutas não compreendidas entre as da quartéis, cemitérios públicos, terras reservadas aos indígenas,
União veículos oficiais, material de consumo da administração etc.

Bens municipais: os municípios não foram contemplados na Bens dominicais: são aqueles que não têm uma destinação
partilha constitucional de bens públicos, o que não significa pública específica e que, por isso, constituem o patrimônio
dizer que eles não possuem bens públicos. disponível do Estado (podem ser alienados para fazer renda).
Assim, o beneficiário dos bens dominicais é o próprio Estado,
Como regra, as ruas, praças, prédios onde funciona a
pois inexiste utilização imediata pelo cidadão.
administração municipal e os jardins públicos pertencem aos
municípios. Exemplos: terras devolutas, terras que não possuem destinação
pública específica, terrenos de marinha, prédios públicos
Art. 20, IV, CF: são bens da União as ilhas fluviais e lacustres nas
desativados, móveis inservíveis, dívida ativa etc.
zonas limítrofes com outros países, as praias marítimas, as ilhas
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a
sede dos municípios, exceto aquelas áreas afetadas no serviço
1.3. QUANTO À DISPONIBILIDADE
público e a unidade ambiental federal.

Bens indisponíveis por natureza: são aqueles que não ostentam


Assim, as ilhas marítimas (costeiras e oceânicas) podem
natureza tipicamente patrimoniais (não podem ser avaliados
pertencer aos municípios, se a sua sede estiver localizada na
monetariamente) e que, por isso, as pessoas que os detêm não
ilha.
podem deles dispor.

Exemplos: mares, rios, estradas, espaço aéreo etc.


1.2. QUANTO À DESTINAÇÃO
Bens patrimoniais indisponíveis: são aqueles que, embora
Bens de uso comum do povo: se destinam à utilização geral tenham natureza patrimonial, o poder público não pode deles
pelos indivíduos, podendo ser usufruídos por todos em dispor, em razão de estarem afetados a uma destinação
igualdade de condições, sendo desnecessário consentimento específica.
individualizado por parte da administração. Nessa categoria
não está presente o sentido técnico de propriedade, uma vez
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Exemplos: prédios das repartições públicas, veículos oficiais, Contratos: como qualquer pessoa, o Estado celebra contratos
universidades públicas etc. de compra e venda, doação, permuta e dação em pagamento.
Esses contratos podem ser tanto de direito privado como de
Enquanto esses bens forem utilizados pela administração para
direito público.
uma finalidade especifica, serão bens indisponíveis.
A aquisição de um bem imóvel objeto de contrato se sujeita ao
Bens patrimoniais disponíveis: são aqueles que possuem
registro no cartório do registro de imóveis, sem o que a
natureza patrimonial e, por não estarem afetados a certa
transferência da propriedade não se consuma.
finalidade pública, podem ser alienados nas condições que a lei
estabelecer. Os bens disponíveis são os dominicais. Usucapião: embora os bens do poder público não estejam
sujeitos à usucapião, as pessoas de direito público podem
adquirir bens por usucapião (o que não pode é perder). Uma

2. CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS vez consumado o processo aquisitivo, os bens tornar-se-ão
públicos.
O regime jurídico de direito público prevê algumas regras de
proteção: Desapropriação: é o procedimento no qual o poder público,
fundada na necessidade pública, utilidade pública ou interesse
Inalienabilidade relativa: bens afetados não podem ser
social, compulsoriamente, transfere para si a propriedade de
alienados. Bens desafetados podem ser alienados, observando terceiro, mediante justa e prévia indenização.
as normas legais.
A desapropriação é forma originária de aquisição, e o bem já
Impenhorabilidade: bens públicos (inclusive os dominicais) não
passa para a propriedade do poder público tão logo ocorra a
podem ser objeto de penhora. As dívidas da fazenda pública desapropriação.
são quitadas mediante o regime de precatório.
Acessão: é forma pela qual passa a pertencer ao proprietário
Imprescritibilidade: bens públicos não podem ser objeto de
tudo o que aderir à propriedade, revelando um acréscimo a
usucapião, inclusive os dominicais.
esse direito. A acessão pode se efetivar, por exemplo, pela
formação de ilhas por aluvião (as águas vão vagarosamente
Não onerabilidade: bens públicos não podem constituir
aumentando as margens dos rios, ampliando a extensão da
garantia real, como penhor, hipoteca e anticrese.
propriedade ribeirinha) ou pela construção de obras ou
plantações.

3. AQUISIÇÃO DE BENS PÚBLICOS Aquisição causa mortis: se o falecido deixar bens e os herdeiros
não forem identificados, os bens que compõem a herança
O poder público pode adquirir um bem de duas formas:
poderão ser incorporados ao patrimônio público.
• Aquisição originária: não há transmissão de
Arrematação: é o meio de aquisição de bens através da
propriedade por qualquer manifestação de vontade.
alienação de bem penhorado, em processo de execução, praça
A aquisição é direta, não existe proprietário
ou leilão judicial. Nada impede que as PJ de direito público
anterior. Exemplos: acessão por aluvião, pesca e
participem dos processos públicos de alienação de bens
caça
penhorados e sejam vitoriosas no oferecimento do lance,
• Aquisição derivada: alguém transmite um bem ao
adquirente mediante certas condições. Exemplo: Adjudicação: se assemelha à arrematação, pois é aquisição de
contrato de compra e venda bens penhorados e praceados. A diferença é que, na
adjudicação, o adquirente é credor da pessoa proprietária dos

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bens. Assim, se o poder público estiver na posição de credor, 5. USO DOS BENS PÚBLICOS POR PARTICULARES
poderá requerer que lhe seja adjudicado o bem praceado,
Os bens públicos podem ser usados tanto pelo poder público,
adquirindo, assim, a propriedade.
como pelos particulares.

Quanto à exclusividade o uso, pode ser:


4. AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO
Uso comum: é o que se exerce, em igualdade de condições, por
Se um bem está sendo utilizado para determinado fim público, todos os membros da coletividade:
seja diretamente pelo Estado ou por particulares em geral, diz-
• Uso comum ordinário: aberto a todos
se que o bem está afetado. Exemplos: uma praça usada pela
indistintamente, independentemente de qualquer
população, um prédio que funciona um hospital público.
manifestação ou autorização da administração. Não
Os bens afetados são os bens de uso especial. sujeita o particular ao pagamento de taxa ou tarifa.
Exemplo: praças sendo usadas pelas pessoas
Ao contrário, se o bem não estiver sendo utilizado para
• Uso comum extraordinário: está sujeito a maiores
qualquer destinação pública, diz-se que está desafetado.
restrições pelo poder de polícia, seja porque é
Exemplos: um imóvel municipal que não está sendo utilizado
limitado a um grupo de pessoas ou porque depende
para nada, uma viatura policial recolhida no depósito como
de remuneração ou outorga. Exemplos: cobrança de
inservível.
pedágios, limitação de peso ou altura do tráfego

Os bens desafetados são os bens dominicais.


Uso privativo: é o que a administração confere, mediante título
Entretanto, os bens não ficam para sempre na mesma jurídico individual, a pessoa ou grupo de pessoas determinadas,
classificação, pode ocorrer a afetação ou a desafetação. Esses para que o exerçam com exclusividade. Essa outorga está
institutos possuem repercussão na alienabilidade dos bens sujeita ao juízo de conveniência e oportunidade da
públicos, uma vez que só os bens desafetados podem ser administração, podendo ou não ser remunerada. Exemplos: uso
alienados. da calçada para colocação de mesas de um restaurante, uso do
boxe do mercado público para a venda de produtos.
A afetação e a desafetação podem ocorrer das seguintes
formas: A outorga para uso privativo exige um instrumento formal, um
título jurídico individual, pelo qual a administração outorga o
• Edição de lei: como uma lei que converta terra
uso e estabelece as condições em que será exercido. Exemplos
devoluta em terreno de preservação ambiental
de títulos: autorização, permissão e concessão.
• Prática de ato administrativo: como um decreto do
prefeito que determina a instalação, em prédio
desativado, de creche municipal
• Ocorrência de um fato administrativo: como um
incêndio que destrua uma escola pública,
inutilizando completamente o imóvel, ou a
realização de obras públicas, como a construção de
um prédio público em um terreno público
desocupado

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AUTORIZAÇÃO PERMISSÃO CONCESSÃO CONTROLE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Unilateral (ato) Unilateral (ato) Bilateral (contrato)
Não precário (só Controle é a fiscalização exercida sobre as atividades de
Precário Precário cabe rescisão,
pessoas, órgãos, departamentos, sistemas, etc, para que tais
revogação não)
Discricionário Discricionário Discricionário atividades não se desviem dos padrões e das normas
Sem prazo (mas Sem prazo (mas preestabelecidas, e para que alcancem os resultados desejados.
Prazo determinado
pode ter prazo) pode ter prazo)
Sem prévia Com prévia O dinheiro que os governantes usam é público, ou seja,
Com licitação prévia
licitação licitação pertence ao povo. Dessa forma, o povo precisa fiscalizar e
Gratuito ou Gratuito ou
Gratuito ou oneroso acompanhar o que está sendo feito com o dinheiro.
oneroso oneroso
Predomínio do
Predomínio do Interesses Art. 70, p.ú., CF: prestará contas qualquer PF ou PJ, pública ou
interesse
interesse público equivalentes
particular privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre
Atividades de maior dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
vulto, em que o
Atividades Utilização por responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de
particular assume
transitórias, de períodos mais natureza pecuniária.
obrigações e
curta duração longos
encargos
financeiros Contudo, o controle não alcança as funções típicas dos demais
Exploração de mina poderes, mas apenas as suas funções administrativas. Por
Fechamento de de água, lavra de
exemplo: o TCU não pode controlar o processo legislativo; mas
uma rua para uma jazida mineral,
Bancas de jornal, pode, por exemplo, controlar as licitações, admissões de
festa popular, estacionamento em
quiosques,
autorização de um aeroportos, pessoal e outros atos que resultem receita ou despesa.
lanchonetes
terreno para instalação de
instalação de circo restaurantes para
servidores públicos
1. CLASSIFICAÇÕES
Existe, ainda, a concessão de direito real de uso: é contrato por
1.1. QUANTO AO ALCANCE
meio do qual a administração transfere (por licitação na
modalidade concorrência) ao particular o uso remunerado ou Diz respeito ao posicionamento do órgão controlador em
gratuito de terrenos públicos, ou do respectivo espaço aéreo, relação ao controlado.
como direito real resolúvel, por prazo certo ou indeterminado,
Externo: o controle é exercido por um ente que não integra a
pra que dele se utilize em fins específicos de urbanização,
mesma estrutura organizacional do órgão fiscalizado.
industrialização, edificação, cultivo da terra, aproveitamento
sustentável az várzeas, preservação das comunidades Exemplo: congresso julga as contas do PR e juiz anula um ato
tradicionais ou qualquer outra exploração de interesse social. do executivo.

A cessão de uso é aquela em que o poder público consente o Interno: o controle é exercido por órgão pertencente à mesma
uso gratuito do bem público por outros órgãos ou entidades estrutura organizacional (mesmo poder) da unidade
públicas ou mesmo por particulares. O fundamento é a controlada.
colaboração entre entidades públicas, ou ente estas e
Exemplo: controle de um ministério sobre seus departamentos
entidades privadas, com o objetivo de atender a interesses
administrativos e controle que as chefias exercem sobre os atos
coletivos. A cessão deve ser autorizada pelo PR, podendo ser
dos seus subordinados no exercício do poder hierárquico.
delegada ao ministro da fazenda. A formalização se dá sempre
por termo ou contrato.

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1.2. QUANTO AO ÓRGÃO de legalidade pode ser a confirmação da validade do ato, a


anulação ou a convalidação.
Administrativo ou interno: é o controle que a administração
exerce sobre seus próprios atos (tutela ou autotutela). Mérito: se consuma pela verificação da conveniência e
oportunidade do ato administrativo. É um controle que recai
Legislativo ou parlamentar: é o controle exercido diretamente
sobre atos discricionários e é privativo da administração. Não
pelo órgão legislativo (câmaras municipais, assembleias
se questiona a legalidade do ato. O resultado do controle de
legislativas ou congresso) ou pelos tribunais de contas que lhes
mérito pode ser a confirmação ou revogação dos atos.
auxiliam.

Judicial: realizado pelos juízes e tribunais, por intermédio de


ações próprias da função jurisdicional, como o MS e ação 2. CONTROLE ADMINISTRATIVO
popular.
Di Pietro: é o poder de fiscalização que a administração
(sentido amplo) exerce sobre sua própria atuação, sob os
aspectos de legalidade e mérito, por iniciativa própria ou
1.3. QUANTO AO MOMENTO
mediante provocação.

Prévio/a priori: o controle é exercido antes da conduta se


Ou seja, é o controle interno exercido pelos poderes nas suas
efetivar. Possui caráter preventivo, orientador e visa evitar a
próprias atividades administrativas. Esse controle vem do poder
ocorrência de irregularidades.
de autotutela da administração.

Exemplos: autorizações e aprovações (como a sabatina do


Súmula 473 STF: a administração pode anular seus próprios
senado).
atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque

Concomitante/pari passu: o controle é efetuado no momento deles não se originam direitos; ou revoga-los, por motivo de

em que a conduta está sendo praticada. Também possui conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos

caráter preventivo, pois permite coibir irregularidades adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação

tempestivamente. judicial.

Exemplos: auditorias sobre atos ou contratos administrativos O poder de autotutela decorre da hierarquia, inerente às

que ainda estão sendo consumados. relações de subordinação entre os órgãos integrantes de uma
mesma estrutura de poder que estejam escalonados
Posterior/a posteriori: o controle é feito após o ato ter sido
verticalmente. Por outro lado, também existe o controle
praticado. Possui caráter corretivo e, eventualmente,
administrativo não hierárquico, praticado entre órgãos que não
sancionador. É a forma mais utilizada de controle.
estão ligados numa relação de hierarquia.

Exemplos: homologação de licitação, julgamento das contas


Os administrados podem provocar o controle administrativo
dos administradores públicos pelo TCU.
por meio do direito de petição, a todos os poderes, em defesa
de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.

1.4. QUANTO À NATUREZA

3. CONTROLE LEGISLATIVO
Legalidade: verifica se a conduta do gestor guarda consonância
com as normas aplicáveis, de qualquer espécie (leis,
É o controle externo exercido pelas casas legislativas,
regimentos, resoluções, portarias etc). O resultado do controle diretamente ou por meio dos tribunais de contas.

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Art. 70, CF: a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, Hely Lopes Meirelles: no nosso sistema de jurisdição judicial
operacional e patrimonial da União e das entidades da única, consagrado pelo preceito constitucional de que não se
administração direta e indireta, quanto à legalidade, pode excluir da apreciação do judiciário qualquer lesão ou
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e ameaça a direito, individual ou coletivo, a justiça ordinária tem
renúncia de receitas, será exercida pelo congresso nacional, a faculdade de julgar todo ato de administração praticado por
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno agente de qualquer dos órgãos ou poderes do Estado.
de cada poder.
O controle judicial deve ser necessariamente provocado. Ou
Pelo princípio da simetria das formas: seja, o judiciário não age de ofício, por iniciativa própria. É
preciso que o interessado ingresse com a ação judicial cabível,
• Estados: assembleia legislativa
que pode ser, por exemplo, MS, mandado de injunção, ação
• Municípios: câmaras municipais
popular, ACP etc.
• DF: câmara legislativa
O controle judicial se restringe ao controle de legalidade. O
Atenção: conforme a CF, somente o poder judiciário não se pronuncia sobre o mérito administrativo
legislativo exerce o controle externo. (motivo e objeto do ato). Logo, o controle judicial só enseja a
anulação em caso de ilegalidade, mas nunca a sua revogação.
A CF diz que o TCU é incumbido de auxiliar o congresso na
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial, mas isso não quer dizer que o TCU é subordinado
hierarquicamente ao congresso. 5. CONTROLE SOCIAL

Objetos do controle externo exercido pelo legislativo: licitações, É exercido pelo cidadão diretamente ou pela sociedade civil

contratos, pessoal, obras, patrimônio, sistemas, concessões de organizada. O ordenamento jurídico estabelece diversas formas

aposentadorias, pensões, reforma, admissões de pessoal, de controle social, que pode ser exercido tanto no momento da

arrecadação e renúncia de receita, dívida, convênios, formulação da política pública, como na fase de execução.

privatizações, concessões de serviço, programas, políticas de


Exemplos de controle que pode ser feito pela sociedade:
governo, etc.
denunciar irregularidades aos órgãos de controle externo,
propor ação popular, examinar e questionar a legitimidade das
Cabe ao TCU apreciar as contas prestadas
contas de todas as esferas de governo, conhecer e acompanhar
anualmente pelo PR, mediante parecer prévio que
a execução orçamentária e financeira, sugerir, criticar, reclamar
deverá ser elaborado em 60 dias a contar do seu
ou informar a respeito de ato de gestão ou administrativo
recebimento.
praticado por agente público, etc.
Assim, quem julga as contas do PR é o congresso. O
TCU apenas emite parecer prévio.

4. CONTROLE JUDICIAL

É exercido pelos órgãos do judiciário sobre os atos


administrativos do poder executivo, do legislativo e do próprio
judiciário (quando realiza atividades administrativas).

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INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE Art. 185, p.ú., CF: compete à União desapropriar por interesse

PRIVADA social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não
esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa
Na CF, o direito de propriedade é garantido, e não poderá ser indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de
suprimido, mas isso não impede que possa ser condicionado e preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até 20 anos,
limitado. Logo, a propriedade não é um direito absoluto (assim a partir do 2º ano de sua emissão, e cuja utilização será
como todos). definida em lei.

A propriedade deverá atender a sua função social, e não


somente do indivíduo que detém a posse. Se a propriedade não
1. MODALIDADES DE INTERVENÇÃO
atender sua função social, caberá ao Estado intervir para
amolá-la para cumprir essa qualificação, estabelecendo Existem duas formas básicas de intervenção na propriedade:
obrigações, limitações ou se apropriando do bem com o intuito
de impedir o uso egoístico e antissocial da propriedade. • Restritiva: o Estado impõe restrições e
condicionamentos ao uso da propriedade, em retirá-
Assim, dois princípios sustentam a possibilidade do Estado
la do seu dono. É a servidão, requisição, ocupação
intervir na propriedade privada: supremacia do interesse
temporária, limitações e tombamentos
público sobre o dos particulares e função social da propriedade.
• Supressiva: o Estado, valendo-se da supremacia,

Quando a propriedade atinge sua função social: transfere coercitivamente para si a propriedade de
terceiro, em virtude de algum interesse público
• Urbana: quando atende às exigências fundamentais previsto em lei. O dono perde sua propriedade para
de ordenação da cidade expressas no plano diretor o Estado. É a desapropriação
• Rural: quando a propriedade atende,
simultaneamente:
o Aproveitamento racional e adequado 1.1. INTERVENÇÕES RESTRITIVAS
o Utilização adequada dos recursos naturais
disponíveis e preservação do meio ambiente Servidão administrativa ou pública: é ônus real de uso imposto

o Observância das disposições que regulam as pela administração à propriedade para assegurar a realização e

relações de trabalho conservação de obras e serviços de interesse coletivo. Na

o Exploração que favoreça o bem-estar dos servidão não há transferência de propriedade, o Estado apenas

proprietários e trabalhadores passa a ter o direito de uso sobre a propriedade.

Caso a propriedade rural não cumpra sua função social, a CF A servidão só incide sobre bem imóvel. Apesar de ser

autoriza a União a promover a desapropriação por interesse normalmente usada em bens privados, nada impede que possa

social, para fins de reforma agrária. incidir sobre bens públicos.

Art. 185, CF: são insuscetíveis de desapropriação para fins de Na servidão não há autoexecutoriedade: ela será instituída por

reforma agrária: acordo administrativo ou sentença judicial. Se houver


indenização, ela só será devida para ressarcir os danos ou
I. A pequena e média propriedade rural, assim prejuízos causados pelo poder público durante o uso. Assim, se
definida em lei, desde que seu proprietário não não houver dano (o ônus de prova é do proprietário), não
possua outra haverá indenização.
II. A propriedade produtiva

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O prazo prescricional para o particular pedir a indenização é de A indenização só será devida no caso de dano. Se não houver
5 anos contados da efetiva restrição imposta pelo poder dano não há o que se falar em indenização pelo uso do bem ou
público. serviço durante a situação de perigo público.

Para que a servidão produza efeitos erga omnes, é preciso O prazo prescricional para o proprietário pedir a indenização
haver a inscrição no registro de imóveis, assegurando o prescreve em 5 anos, contados a partir do momento em que se
conhecimento do fato por terceiros interessados. inicia o efetivo uso do bem pelo poder público.

Exemplos: instalação de redes elétricas ou implantação de Enquanto a servidão tem caráter permanente, a requisição tem
gasodutos em áreas privadas, colocação, em imóveis privados, caráter transitório: sua extinção ocorre tão logo desapareça a
de placas com o nome das ruas etc. situação de perigo público iminente.

Requisição administrativa: é a utilização coativa de bens e Ocupação temporária: é a intervenção que o poder público usa
serviços particulares pelo Estado em situação de perigo público transitoriamente imóveis privados, como meio de apoio à
iminente, com indenização posterior, se houver dano. Perigo execução de obras e serviços públicos. A ocupação só incide
público iminente é aquele perigo que não apenas coloca em sobre bens imóveis e é um ato autoexecutório, independente
risco a coletividade, mas que também está prestes a acontecer. de prévia autorização do judiciário.

Art. 5º, XXV, CF: no caso de iminente perigo público, a A indenização também está condicionada à ocorrência de
autoridade competente poderá usar de propriedade particular, prejuízo ao proprietário e o prazo prescricional para o
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver proprietário pedir a indenização é de 5 anos.
dano.
Exemplos: quando a administração usa terrenos particulares
A requisição pode ser: para guardar o maquinário de uma obra, uso de escolas, clubes
e outros lugares privados como local de votação nas eleições
• Militar: objetiva o resguardo da segurança interna e
ou postos de vacinação em campanhas públicas.
a manutenção da soberania nacional, diante de
conflito armado, comoção interna etc Limitações administrativas: são determinações de caráter geral,
• Civil: objetiva evitar danos à vida, à saúde e aos bens previstas em lei ou ato normativo, por meio das quais o poder
da coletividade, diante de inundação, incêndio, público impõe a proprietários indeterminados obrigações de
sonegação de gêneros de primeira necessidade, fazer ou não fazer/permitir, com a finalidade de assegurar que
epidemias, catástrofes etc a propriedade atenda sua função social. Na limitação, o poder
público pretende condicionar as propriedades à função social
A requisição pode incidir sobre bens móveis, imóveis ou
que delas é exigida, ainda que contrarie o interesse individual
serviços particulares. A requisição pode ser decretada de
dos respectivos proprietários.
imediato, sem a necessidade de prévia autorização judicial.
Assim, é um ato autoexecutório. As limitações encontram fundamento no poder de polícia, e
podem incidir sobre bens imóveis ou quaisquer outros bens e
Art. 22, III, CF: compete privativamente à União legislar sobre
atividades particulares.
requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em
tempo de guerra. Como são regras de caráter geral, não dão ensejos à
indenização em favor dos proprietários. Assim, os prejuízos
Essa competência privativa é somente para legislar; para
eventualmente ocorridos não são individualizados, mas sim
praticar atos de requisição todos os entes federados são
gerais, devendo ser suportados pelos prejudicados em favor da
competentes.
coletividade.

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Exemplos: obrigação de conservar o recuo de alguns metros em igualdade de oferta. Assim, os entes devem ser
das construções em terrenos urbanos, proibição de cientificados do leilão com pelo menos 5 dias de antecedência.
desmatamento de parte da área de floresta, proibição de
Como regra, o tombamento não gera direito à indenização,
construir além de determinado número de pavimentos,
salvo comprovado prejuízo do proprietário.
obrigatoriedade de permitir vistorias e o ingresso de agente da
vigilância sanitária etc. Esquematizando:

Tombamento: é forma de intervenção por meio do qual o Servidão:


poder público busca proteger bens que possuem valor cultural
histórico, artístico, científico, turístico e paisagístico. • Direito real de uso sobre propriedade particular
• Precedida de declaração de necessidade pública
Pelo tombamento, o poder público protege os bens que são feita por decreto do executivo
considerados de valor histórico ou artístico, determinando a • Só sobre bens imóveis
sua inscrição nos chamados livros de tombo. Como • Não é autoexecutório
consequência, o bem, ainda que pertencente a particular, passa
• Indenização prévia e condicionada ao dano
a ser considerado bem de interesse público, sujeitando o seu
titular a uma série de restrições. Requisição:

Geralmente os bens tombados são imóveis, mas também pode • Uso de bem particular no caso de perigo iminente

ocorrer sobre bens moveis, como documentos e acervos de • Bens móveis, imóveis e serviços
museus. O tombamento também pode incidir sobre bens • É autoexecutório
públicos. • Indenização posterior e condicionada ao dano

A competência para legislar sobre a proteção ao patrimônio Ocupação:


histórico, artístico, turístico e paisagístico é concorrente entre a
• Uso transitório de imóvel como apoio para execução
U/E/DF, excluindo os municípios.
de obras e serviços
O tombamento pode ser: • Só sobre bens imóveis
• É autoexecutório
• Voluntário: quando o processo se inicia por
• Indenização prévia e condicionada ao dano
provocação do proprietário ou quando ele consentir
com a proposta feita pelo poder público Limitação:
• Compulsório: quando o processo se inicia pelo
• Atos legislativos ou administrativos de caráter geral
poder público, mesmo contra a vontade do
• Fundamento no poder de polícia
proprietário
• Qualquer bem ou atividade particular
• Provisório: quando o processo ainda está em curso
• Não gera nenhuma indenização
• Definitivo: quando o processo já se encerrou e o
poder público procede à inscrição do bem como Tombamento:
tombado nos registros oficiais
• Individual: atinge um bem determinado • Ato de executivo, precedido de processo

• Geral: atinge todos os bens de um bairro ou uma administrativo com ampla defesa

cidade • Em caso de leilão judicial, o poder público tem


preferência na arrematação
Não é vedada a alienação do bem tombado, mas, se for feito o
• Bens móveis, imóveis, públicos ou privados
leilão judicial, o poder público tem preferência na arrematação,
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• Em regra, não há indenização aéreo e subsolo. Mas, em relação aos bens públicos existem
duas exigências: os bens dos E/M/DF/T poderão ser
desapropriados pela União, e os dos municípios pelos estados.

1.2. INTERVENÇÃO SUPRESSIVA E, em qualquer caso, a desapropriação do bem público deve ser
precedida de autorização legislativa, emanada do ente que a
Desapropriação/expropriação: é o procedimento pelo qual o está promovendo, e não de quem está sofrendo a
poder público transfere para si a propriedade de terceiro, por desapropriação.
razões de utilidade pública, necessidade pública ou interesse
social. Um município ou um estado podem desapropriar
bens de uma entidade da administração indireta
Art. 5º, XXIV, CF: a lei estabelecerá o procedimento para
vinculada à União, desde que haja prévia
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por
autorização do PR, concedida por decreto.
interesse social, mediante justa e prévia indenização em
dinheiro, ressalvados os casos previstos na CF. A desapropriação é forma originária de aquisição de
propriedade, porque não provém de nenhum título anterior,
Necessidade pública: quando há uma situação de emergência
nasce de uma relação direta entre o expropriante e o bem
cuja solução requeira a transferência da propriedade do bem
expropriado, sem a intervenção de um terceiro.
para o poder público.
Assim, o bem expropriado torna-se insuscetível de
Exemplo: calamidade pública, em que pode ser necessário
reinvindicação, ninguém pode reclamar a propriedade do bem
desapropriar imóveis que estejam em situação de risco.
depois.

Utilidade pública: a transferência é conveniente e vantajosa,


mas não imprescindível.
1.2.1. Procedimento
Exemplo: desapropriação de um imóvel para construção de
uma escola ou abertura de vias públicas. O procedimento de desapropriação tem duas fases:

Interesse social: quando as circunstâncias impõem a Declaratória: o poder público manifesta sua vontade na futura
distribuição ou o condicionamento da propriedade em desapropriação, declarando a existência de utilidade pública,
benefício da coletividade ou de categorias sociais merecedoras necessidade pública ou interesse social. A declaração pode ser
de amparo específico do poder público. Na desapropriação por feita pelo executivo (decreto do PR, governador ou prefeito),
interesse social, busca-se realçar a função social da ou pelo legislativo (lei).
propriedade.
Quando feita pelo executivo, a declaração de
Exemplo: desapropriação de terras rurais para reforma agrária desapropriação independe de autorização
(os bens desapropriados não vão para a administração, mas legislativa. Só há a necessidade de autorização
para a coletividade). legislativa quando a desapropriação recair sobre
bens públicos.
A competência privativa para legislar sobre desapropriação é da
União, mas poderá ser delegada aos estados e DF para o trato A declaração fixa o estado em que se encontra o bem, confere
de questões específicas, desde que a delegação seja por meio ao poder público o direito de penetrar no bem e dá início à
de lei complementar. contagem do prazo de caducidade da declaração (5 anos para
utilidade ou necessidade e 2 anos por interesse social, contados
Em regra, todos os bens podem ser desapropriados: móveis,
da data da expedição do decreto). Se houver a caducidade,
imóveis, corpóreos, incorpóreos, públicos, privados, espaço
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somente após um ano o mesmo bem poderá sofrer nova 1.2.2. Indenização
declaração.
A desapropriação será feita mediante justa e prévia indenização
O cálculo da indenização levará em conta o estado do bem no em dinheiro, ressalvados os casos previstos na CF. O valor da
momento fixado; o que não impede a realização de obras e indenização deve ser suficiente para recompor integralmente o
benfeitorias após a declaração. Entretanto, a indenização só patrimônio da pessoa que teve o bem expropriado. Assim, a
cobrirá benfeitorias necessárias, ou as úteis autorizadas pelo indenização deve abranger os danos emergentes e lucros
poder público. cessantes, juros moratórios e compensatórios, atualização
monetária, despesas judiciais e honorários advocatícios.
Executória: após a declaração, o poder público manifesta sua
intenção de desapropriar o bem. A fase executória compreende A regra é a indenização ser paga em dinheiro, mas há casos
os atos pelos quais o poder público efetivamente promove a previstos na CF em que o pagamento poderá ser efetuado de
desapropriação, adotando as medidas necessárias para outras formas:
transferir a propriedade do bem para o expropriante e para
• Desapropriação de propriedades urbanas que
assegurar ao antigo proprietário a devida indenização.
descumprem o plano diretor do município
A competência para promover a desapropriação é tanto dos (desapropriação urbanística): a indenização será
entes competentes para editar o ato declaratório (U/E/DF/M) paga em títulos da dívida pública de emissão
como também das entidades da administração indireta e das previamente aprovada pelo senado, com prazo de
concessionárias e permissionárias de serviços públicos. resgate de até 10 anos, em parcelas anuais, iguais e
sucessivas, assegurados o valor real da indenização
Para as concessionárias e permissionárias a
e os juros legais
competência é condicionada, ou seja, só podem
• Desapropriação de propriedades rurais para fins de
promover a desapropriação se estiverem
reforma agrária (desapropriação rural): a
expressamente autorizadas em lei ou contrato.
indenização será paga em títulos da dívida agrária

A fase executória pode ser: com cláusula de preservação do valor real,


resgatáveis no prazo de até 20 anos, a partir do
• Administrativa: se houver acordo entre as partes segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será
• Judicial: o expropriado não aceita e o poder público definida em lei. As benfeitorias úteis e necessárias
tem que ingressar com ação judicial para discutir o serão indenizadas em dinheiro
valor da indenização ou vício processual (não é • Desapropriação de terras em que sejam cultivadas
possível discutir outras coisas, como os motivos que plantas psicotrópicas ilegais ou haja exploração de
levaram o poder público a declarar o bem como de trabalho escravo (desapropriação confiscatória): a
utilidade e necessidade pública ou interesse social). desapropriação se consuma sem o pagamento de
A sentença será homologatória, valendo como título qualquer indenização (única hipótese de
para transcrição no registro de imóveis desapropriação sem indenização)

No processo, o poder público pode desistir da desapropriação, A lei 13.867/19 passou a prever que o valor da indenização nas
e deverá indenizar o expropriado por eventual prejuízo desapropriações por utilidade pública poderá ser definido por
causado. meio de mediação ou arbitragem.

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1.2.3. Imissão provisória na posse Existe a tredestinação lícita, que é o desvio de


finalidade que continua observando o interesse
A desapropriação só se completa após o pagamento da
público. Exemplo: desapropria um imóvel para
indenização; mas é possível, desde que haja declaração de
construir uma escola, mas acaba construindo um
urgência pelo poder público e depósito prévio, ocorrer a
hospital.
imissão provisória na posse, em que o expropriante passa a ter
a posse provisória do bem antes de finalizada a desapropriação.

A declaração de urgência pode ser feita pelo poder público na 1.2.6. Retrocessão
própria declaração expropriatória ou depois, a qualquer
momento, no curso do processo judicial. O valor depositado Retrocessão é o direito que o expropriado tem de exigir de

para a imissão na posse será arbitrado pelo juiz, e não o valor volta o seu imóvel caso o poder público não dê a ele o destino

definitivo da desapropriação. que motivou a sua desapropriação, nem outro destino que
atenda ao interesse público.

Art. 519 CC: se a coisa expropriada para fins de necessidade ou


1.2.4. Direito de extensão utilidade pública, ou por interesse social, não tiver o destino
para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou
Surge no caso de desapropriação parcial, quando a parte não
serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência,
expropriada do bem se torna inútil, inservível, sem valor
pelo preço atual da coisa.
econômico ou de difícil utilização. Nessa hipótese, o
proprietário da parte inservível pode exercer seu direito de No caso de não ser possível o retorno do bem para o ex
extensão, exigindo que a desapropriação, e a consequente proprietário, este passa a ter direito à indenização por perdas e
indenização, seja estendida a todo o bem. danos.

O direito de extensão deve ser manifestado pelo proprietário


durante as fases administrativa ou judicial do procedimento de
desapropriação, não se admitindo o pedido após o término da
desapropriação.

1.2.5. Tredestinação

Ocorre quando o poder público confere ao bem desapropriado


uma destinação diferente da inicialmente prevista no ato
expropriatório, com desvio de finalidade, ou seja, com prejuízo
ao interesse público. Exemplo: desapropria um imóvel para
construir uma escola, mas vende o imóvel para um particular.

A tredestinação ilícita gera o direito de reintegração do bem ao


ex proprietário (retrocessão).

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