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Para se tornar finalmente um rei do submundo, William deve resistir

a uma beleza irresistível - ou uma maldição garantirá o seu fim ...

Um príncipe impiedoso, temido por todos...

Amaldiçoado por uma bruxa vingativa, William da Escuridão morrerá se


ele se apaixonar - assassinado pela mulher que roubar seu coração. Sua
única chance de redenção é um livro cheio de código indecifrável. Quebre o
código, quebre a maldição. Agora, séculos depois, ele está condenado a
uma série de casos de uma noite... até encontrar a única mulher no
mundo capaz de libertá-lo.

Uma rara criatura mítica e de poder...

Uma dos últimos shifters unicórnios vivos, Sunday "Sunny" Lane trabalha
nas sombras como criptoanalista, fugindo de assassinos e caçadores
furtivos. Então o sombrio e sedutor William a sequestra, mantendo-a em
cativeiro no Inferno. Quanto mais eles se aproximam, mais ela anseia por
seu toque... e mais forte se torna o desejo místico de matá-lo ...

Ambos condenados para sempre?

Em guerra com o seu irmão, Lúcifer, e determinado a finalmente se tornar


um rei do submundo, William deve resistir à beleza irreverente que
ameaça o seu futuro. Mas todos os dias Sunny o tenta mais, sua fome por
ela é incomparável. Ele arriscará o seu coração - e a sua vida - ou a
maldição garantirá o seu fim?
Mas qual desejo será mais forte - luxúria ou morte? E quem cederá
primeiro?

Caro leitor,

Na primeira vez em que William, o Sempre Excitado, apareceu nas páginas


do meu romance, ele tomou conta de tudo. Ele se tornou a escolha
número um dos meus leitores. Ainda bem, porque eu também me
apaixonei por esse poderoso e irreverente príncipe playboy. Ele não tem
medo de nada, um senso de humor distorcido e a força para pegar o que
bem entender. Ao longo da série, este homem misterioso manteve um
monte de segredos de nós. Ele nos enfureceu e nos deixou loucas de
luxúria. (Ou apenas eu?) Mal podia esperar para contar a história dele. O
que diz o seu livro codificado? De onde é que ele vem? Como é que ele se
uniu ao Hades? Chegou a hora de finalmente descobrir ...

Com Amor,
Gena Showalter

Prólogo
Parte um
Reino de Lleh
Muitos milênios atrás

Um soco brutal quebrou a mandíbula do garoto. Ele virou


para o chão rochoso e coberto de fuligem, cuspindo sangue e
dentes. Uma dor lancinante arrancou o ar dos seus pulmões
enquanto estrelas brilhavam diante dos seus olhos e ácido
enchia o seu estômago. Ele se curava mais rápido do que a
maioria, seus ossos rapidamente se fundiram, mas a dor
continuava a irradiar.
Claw, o homem responsável por seu tormento atual, o
chutou nas costelas. — Quando lhe damos comida, você a
come. — Chute, chute. O gigante brutamontes tinha chifres,
presas e músculos empilhados sobre os músculos. Como todo
mundo no reino, ele usava uma tanga tingida para “acesso
fácil”, caneleiras e botas de pedra. — Você entendeu?
Entre respirações ofegantes, o garoto zombou: — Oh, eu
entendi. — Mesmo quando o sangue escorria dos seus ouvidos
e boca, ele permaneceu ciente do seu entorno. Um terreno
acidentado completamente desprovido de vegetação,
superlotado por canibais imortais, estupradores e assassinos
que foram exilados dos seus mundos de origem. A noite havia
caído, o acampamento iluminado por fogueiras... onde os
prisioneiros eram assados no espeto, suas carnes derretendo e
pingando nas chamas sibilantes.
O vento acre soprava, picando as feridas de Scum e
levando a sua mente de volta para Claw. — Por comida, você
quer dizer a coxa de outro cativo. Você pode pegar a sua comida
e...
Pontapé. — Meses atrás, você caiu do céu e nós o
recebemos de braços abertos. Você não tinha nome, então nós
lhe demos um. Você não tinha casa, então nós o abrigamos.
Sua mente era uma lousa em branco, então nós lhe demos
lembranças. É assim que você retribui as nossas gentilezas?
Gentilezas? Ele deu uma risada amarga, apenas para se
engasgar com sangue quando - ele supôs que - um pedaço
quebrado de costela perfurou e esvaziou o seu pulmão. — Você
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me chama de Scum . E o seu precioso abrigo? Uma cabana de
barro muito pequena, cheia de cativos, todos acorrentados.
Quanto às suas memórias, ele estremeceu. Os terríveis
atos que esses homens horríveis haviam cometido contra ele e
os outros... Parte dele faria qualquer coisa para limpar a sua
mente. A outra parte preferia os horrores à falta de clareza.
Quão triste era isso? Ele apenas... Ele queria conhecer suas
verdades.
Quem sou eu? Como eu cheguei aqui? Por que estou aqui?
Tenho uma família desesperada para me salvar?
Uma pontada de desejo quase partiu Scum ao meio. Há
tantas pessoas aqui, mas eu sinto como se estivesse sozinho,
sempre sozinho.
— Você se atreve a reclamar? — Claw chutou a nuca de
Scum.
Lágrimas ardiam em seus olhos e o pânico se instalou.
No momento em que você revelava uma fraqueza, ensinava ao
seu inimigo como derrotá-lo. O mais rápido possível, ele piscou
aquelas lágrimas. Se alguém visse uma gota brilhante...
— Lágrimas? — Claw riu com alegria. A crescente
multidão de espectadores riu também, e Scum abaixou a
cabeça, envergonhado.
Na esperança de distrair Claw, Scum disse: — Você
estava errado. Eu não estava sem memória. — Sempre que
fechava os olhos, via um único momento repetindo. Um eco de
uma vida antes desta.
— Diga-me que você se lembra da sua mãe e eu vou
buscá-la para você. — Outro soco brutal, este na têmpora.
Uma onda de tontura, agonia e riso reacenderam.
Com a visão embaçada, Scum estendeu a mão, rezando
para que alguém, qualquer um, o ajudasse. Alguém bateu no
pulso dele, quebrando os ossos. A dor! Mais do que qualquer
pessoa poderia suportar, certamente. No entanto, o
espancamento ainda não se compara ao seu senso de
isolamento.
Soco, soco. Seu cérebro chocalhava contra o crânio, seu
corpo ficando abençoadamente entorpecido. Soco, soco. Os
olhos dele incharam e se fecharam. A surra desvaneceu-se da
sua consciência, a memória se apoderou dele.
Eu estou ao lado de um garoto que não conheço. Não sei
por que estamos juntos ou como acabamos nas nuvens. Só sei
que a proximidade dele me conforta.
Uma mulher bonita com cabelos pretos encaracolados e
pele negra impecável desce de uma névoa. Ela usa um vestido
marfim esvoaçante, suas asas brancas e douradas deslizando
para cima e para baixo. Para cima e para baixo. Estou
impressionado com ela. Ela é um anjo ou um Enviado? Talvez
uma harpia ou um shifter de pássaro? As possibilidades são
infinitas, pois todo mito e lenda está impregnado de verdade.
Eu sinto uma conexão com ela. E se ela for... a minha
mãe?
Meu coração dá um pulo com a ideia, mas não tenho
certeza se estou alegre ou com medo. Ela pousa, lágrimas
brilhando em seus olhos azuis bebê. Ela definitivamente não é
uma harpia, então. Também não é um shifter. De alguma forma,
eu sei que essas espécies pensam como eu: as lágrimas são
uma fraqueza e as fraquezas devem ser eliminadas.
Com uma fungada, ela se agacha diante de nós. O outro
garoto tem pele bronzeada, cabelos pretos e os mesmos olhos
azuis bebê. Ele também tem asas brancas e douradas. Os dois
são parentes? Somos todos parentes? Como é que me pareço?
— Eu amo muito vocês dois, — diz ela. — Isso não deveria
acontecer. Vocês deveriam nos salvar, não... Um soluço escapa.
— Se houvesse outra maneira... nós apenas... Nós nunca
deveríamos ter tido vocês. Ele descobriu e agora ele quer vocês
mortos.
Meu estômago virou. Como ela pode nos amar, mas
também gostaria que nunca tivéssemos nascido? Quem é “ele” e
por que ele nos quer mortos?
Tremendo, ela coloca uma mão úmida em mim e outra no
garoto alado. — Farei tudo o que puder para mantê-los seguros,
mas...
Um homem encoberto pelas sombras aparece atrás dela.
Ele é alto - um gigante - e tem os maiores músculos que eu já vi.
Um suspiro agonizado a deixa quando a ponta da lança de ônix
afunda nas costas dela e sai pelo peito. A cor escorre das suas
bochechas quando o sangue escorre da ferida, encharcando a
sua túnica. Fluxos carmesins gorgolejam pelos cantos da sua
boca.
Sei que deveria ficar assustado, furioso ou ambos, mas
não sinto nada. Olho mais uma vez além da fêmea, curioso
sobre o homem que a esfaqueou. Sombras distorcem o seu rosto,
escondendo a sua identidade.
O outro garoto pega a minha mão e me arrasta para trás,
me puxando em direção a uma parede de portais - portas para
outros mundos, reinos e dimensões. O medo contorce as suas
feições. Ele abre a boca para falar e...
A memória terminou como sempre: abruptamente e
inacabada.
Um nó cresceu na garganta de Scum, silenciando o seu
grito de negação. Por que ele não se lembrava de mais nada
sobre o garoto, a mulher ou quem a assassinou? Devo
descobrir!
O peito dele se apertou. Por que razão eu nunca deveria
ter nascido?
Com o próximo soco de Claw, a realidade ofuscou a
fantasia, e aquele abençoado entorpecimento desapareceu.
Soco. Seus pulmões esvaziaram, esvaziando novamente. Soco.
Suas terminações nervosas lamentaram em protesto. Pontapé.
Ele vomitou sangue e bile enquanto a multidão aplaudiu.
Não grite. Ignore a dor.
Claw chutou a parte de trás das suas coxas, berrando: —
A carne é melhor quando está tenra, não é?
Scum lutou para respirar enquanto risadinhas e gritos de
concordância ressoavam. Respire. Só preciso respirar. Não, não.
Preciso ficar de pé. Preciso matar!
O desejo surgiu através dele. Ele sentiu como se tivesse
nascido para matar esses machos. Como se ele não tivesse
outro propósito. Vou cortar as mãos e os pés de Claw, para que
ele não possa revidar ou correr. Depois arranco os seus dentes
um por um, arranco o seu pênis e enfio o pequeno apêndice na
garganta. Finalmente...
Eu mato o resto deles. Lentamente.
Um lento sorriso floresceu. O ódio chamuscou as suas
veias. A amargura congelou os seus pensamentos. A vingança
vivia e respirava em Scum.
Claw fez uma careta. — Você acha isso engraçado?
— Eu acho. — As palavras emergiram arrastadas, tão
insubstanciais quanto a névoa, mas ele não se importou. —
Homem morto dando pontapés.
Rosnando, Claw o chutou entre as pernas.
Quando a multidão ficou selvagem, Scum vomitou mais
sangue. Pontos pretos percorreram a sua visão, mas ele se
forçou a rir. — Isso é o melhor... que você pode fazer?
Os olhos de Claw se arregalaram, a provocação
inesperada destruindo o seu orgulho. Ele se abaixou, prendeu
os ombros de Scum com os joelhos e bateu, socando, socando,
socando.
Dor intensa. Por uma batida, duas, o coração de Scum
parou. Ele não... ele não podia...
— Me implore por misericórdia, Scum, e isso vai parar.
Nunca! Prefiro morrer a quebrar. E eu me recuso a morrer!
Ele iria...
Ele deve ter desmaiado. A próxima coisa que ele soube foi
que Claw estava de pé, os braços ensanguentados levantados
enquanto andava em torno de Scum. A multidão gritava
louvores.
O deseja de matar de Scum - se foi. A desesperança o
envolveu, uma força insidiosa mais devastadora do que
qualquer dor física. Ele tentou se arrastar para longe, para se
perder na multidão, mas alguém bateu em suas panturrilhas,
parando-o. Ele jogou a cabeça para trás e gritou; não havia
como parar isso.
A multidão zombou e apertou o círculo ao seu redor.
Outra pessoa pressionou um bastão para gado contra o
seu crânio, volts de eletricidade cobrindo cada centímetro dele.
Sua pele ficou tensa e seus músculos se entrelaçaram, seu
sangue fervendo em um instante. Scum só conseguia ofegar,
suar e piscar, disposto a sobreviver, a qualquer custo.
Você não pode matar seus inimigos se estiver morto.
Espere, apenas espere. A surra terminaria em breve - Scum era
valioso demais para matar. Apesar da sua juventude, ele podia
fazer crescer novamente os membros e órgãos. Ou seja, ele era
o único buffet interminável.
Claw empurrou a multidão para trás e depois colocou
correntes nos pulsos de Scum. — Hoje à noite, você será a
nossa sobremesa em todos os sentidos da palavra.
Muitos aplausos surgiram e ele mordeu a língua para
silenciar um segundo grito. Talvez... talvez ele deveria implorar
por misericórdia. Ser o sustento deles, depois o seu
brinquedo...
Lágrimas brotaram mais uma vez, um gemido escapou.
Eles conseguiram? Eles me quebraram?
De repente, Claw se endireitou, franzindo a testa. —
Fiquem em silencio! Algo estranho se aproxima.
Os outros obedeceram, ficando quietos. A agressão
carregava a atmosfera.
Os ouvidos de Scum se contraíram, sons diferentes foram
registrados. Um whoosh. Um silvo. Uma risada rouca. Embora
ele teve dificuldades, quase vomitando duas vezes, ele
conseguiu se sentar. Um turbilhão de fumaça negra se
aproximou do acampamento.
Cada instinto gritava Perigo! Corra. Corra agora!
O medo levou Scum às mãos e joelhos. Mas o seu corpo
enfraquecido tremia, ossos não curados e músculos latejavam,
e ele permaneceu imóvel.
Os guerreiros preparavam as suas armas: espadas,
bestas e facões. Tarde demais. O tornado ganhou velocidade,
logo engolindo um... dois... três dos brutamontes.
À medida que o tornado avançava, cuspia corpos sem
cabeça.
Outros brutamontes amaldiçoaram e correram, mas
também foram logo engolidos e expelidos, sem cabeça.
Excitação floresceu, eclipsando o medo enquanto os
brutamontes continuavam a cair. Se isso continuasse, eles
seriam abatidos em questão de minutos. Scum também. O
sorriso dele voltou. Com os brutamontes mortos, ele poderia
morrer feliz, seu sofrimento acabado.
Mais gritos eclodiram, cada um mais estridente do que o
anterior. Mais e mais bárbaros massacrados. Baque, baque,
baque. Como música para os meus ouvidos. Uma cabeça
decapitada passou pelos pés de Scum, seguida por outra e
outra. Ele inalou tão profundamente quanto os seus pulmões
mutilados permitiram, satisfação fervendo em suas veias.
Finalmente, Scum foi o último homem em pé. E, no
entanto, a fumaça não o atingiu. Não, ele o circulou. Tomando
a medida dele? Ele se agachou e levantou o queixo. Ele queria
isso. O que ele tinha para viver?
A fumaça diminuiu e um homem alto e musculoso
apareceu. Ele segurava uma foice e parecia a Morte, com a pele
bronzeada, cabelos pretos e olhos mais negros. Um abismo sem
fim. Ele usava calça de couro, mas sem camisa, exibindo uma
variedade de piercings e tatuagens no peito nu. O sangue
espirrado em seu rosto e tronco e pingando da sua arma.
Ao lado dele, estava um adolescente, igualmente
salpicado de sangue, com pele dourada, uma cabeleira de
cachos pálidos e olhos azuis. O filho dele?
Morte levantou a foice, preparando-se para dar o golpe
final. Sim. Sim! Mas os seus olhares se encontraram e se
mantiveram, e Morte fez uma pausa, sua expressão uma
tapeçaria de emoção: determinação, fúria, consternação,
arrependimento e até culpa.
— Você tem os olhos dele, — Morte afirmou
categoricamente, sua voz rouca e áspera.
— Dele? — A mínima centelha de esperança despertou no
peito de Scum. Será que ele iria descobrir algo sobre a sua
família apenas alguns segundos antes de morrer? — Você
conhece o meu pai?
— Eu conheço... e eu não conheço.
— O que isso significa? — ele estalou sem paciência.
— Exatamente o que eu disse. Ninguém realmente
conhece o seu pai. Morte continuou a levantar a foice... apenas
para abaixá-la, sem golpear.
O quê? Não, não, não. — Continue. Faça isso!
Com um tom tão severo quanto o espancamento de Claw,
a Morte disse: — Você se atreve a me dar ordens?
— Sim! Então, me mate já.
Aqueles olhos escuros do abismo se estreitaram. — Você
sabe quem eu sou, criança?
— Você é a Morte. — Por que negar isso? — Você é tão
mau quanto os que matou.
— Não sou como eles. Sou pior. — Ele se inclinou para a
frente, como se tivesse um segredo para contar. — No entanto,
Morte é uma das minhas designações.
Designações?
— Você pode me chamar de Hades, — continuou o
homem. — Eu sou o rei dos reis do submundo, e eu vasculhei
os mundos atrás de você.
Scum bateu no peito machucado, as correntes
chacoalhando. — Eu? Por quê? — Eles já tinham se encontrado
antes? O que ele sabia sobre Hades?
Para a sua surpresa, detalhes surgiram dos mais
profundos recessos da sua mente. Um dos doze reis do
submundo. Conhecido por sua frieza e crueldade. Ele matava
sem hesitação ou misericórdia e lidava sem piedade com quem
violasse a sua única regra – obedecê-lo em todos os momentos,
de todas as maneiras. Ele não possuía uma bússola moral e
não se preocupava com o certo e o errado.
— Minhas razões são minhas e estão sempre sujeitas a
alterações, — respondeu Hades. — Este é meu filho adotivo,
príncipe Lúcifer .— Ele deu um tapinha no topo da cabeça do
adolescente, seus muitos anéis brilhando à luz do fogo. — Você
sabe quem você é?
O garoto não gostou do tapinha. Os cantos dos olhos dele
se contraíram, o começo de uma careta. Mas, em um piscar de
olhos, sua expressão ficou em branco.
— Eu... não sei, — admitiu Scum, olhando de relance
entre pai e filho. Ciúme explodiu. Oh, ter uma família. Alguém
que o amaria incondicionalmente, o adoraria e protegeria.
— Seu nome é William. Significa protetor determinado —
disse Hades, uma nota de prazer em seu tom. — Decidi fazer de
você meu filho, assim como fiz com Lúcifer. Você será o meu
protetor. Minha mão de vingança.
William... Um nome verdadeiro e um propósito. Ambos
ressoaram com ele, provocando... O que foi isso? Seu primeiro
gosto de felicidade?
O rei acrescentou: — Você aprenderá os meandros da
magia e como lutar para vencer, independentemente das
probabilidades acumuladas contra você. Vou garantir que você
se torne seu próprio salvador.
Sim, sim. Ele queria essas coisas. Mas... — Por que você
deseja me tornar seu filho? Filhos são valorizados. — Segundo
Claw, Scum - William - não tinha valor, além da sua
regeneração.
Hades se agachou a alguns centímetros de distância, a
doce fragrância de rosas emanando dele. — Você sabe o que é,
William?
Ele balançou a cabeça, seu cabelo muito comprido e
cheio de sujeira batendo nas bochechas. — Só sei que não sou
humano .— Às vezes, quando a raiva o dominava, a fumaça
com cheiro de ambrosia flutuava das suas costas e relâmpagos
surgiam sob a superfície de sua pele.
Fumaça... Seu coração disparou. Poderia Hades ser o seu
verdadeiro pai?
— Você está certo, — disse Hades. — Você não é
humano. Você é muito melhor, muito mais forte. E um dia,
todos os mundos tremerão diante de você.

Prólogo
Parte dois
Reino de Maradelle
Dezesseis anos depois

Feixes de luz dourada saíam de uma fogueira ardente,


afugentando as sombras da noite. Gavinhas de fumaça com
cheiro de sândalo se enrolavam para cima, criando uma névoa
onírica, enquanto bruxas usando lenços transparentes
dançavam ao redor das chamas, tentando e atraindo a plateia.
Feiticeiros tocavam tambores, criando uma batida sensual.
A vila inteira considerava os filhos de Hades como deuses
do submundo. E eles não estavam errados. Embora um título
mais preciso para William pudesse ser “assassino de deuses” e
“sedutor de deusas”. Ao longo dos anos, ele se tornou o
assassino e espião de Hades.
A maior parte dos alvos de William eram Wrathlings, uma
horda de diferentes espécies que trabalhavam juntas para
livrar o mundo dos demônios, shifters dragões, vampiros e
bruxas. As raças supostamente más.
— Qual delas você quer? Ela, ela ou ela? — Lúcifer
cutucou o ombro de William com o seu. Eles estavam sentados
com os maridos das dançarinas, formando um círculo ao redor
da fogueira. — Ou você quer transar com elas, uma após a
outra, fazendo uma fila?
Da mesma maneira que eles gostavam de matar os seus
inimigos.
William apertou os lábios. Sempre que os visitavam, eles
tinham a escolha de mulheres. Qualquer uma que eles
quisessem. Casada ou solteira, isso não importava.
— Você pega a metade e eu vou levar a outra metade, —
acrescentou Lúcifer.
— Tsk-tsk. Você não deveria se abster? — Amanhã
Lúcifer se casaria com a princesa deles, Evelina Maradelle. A
única filha de uma imperatriz shifter dragão e do lorde feiticeiro
que governava este reino.
Desde o nascimento, Evelina tinha sido mantida a sete
chaves. Nem mesmo Lúcifer a tinha visto. Somente os seus
pais tiveram a honra. E Hades, é claro, que havia organizado a
união, alegando que a garota era bonita além da imaginação,
gentil apesar de um temperamento violento e
incomparavelmente poderoso.
Lúcifer tentou fazer uma careta, mas uma risadinha o
venceu. William riu também. O casamento não mudaria nada.
Por que deveria? A maioria das pessoas tratavam os seus votos
como uma sugestão.
A maioria? Tente todas. Ele nunca conheceu alguém
disposto a permanecer fiel ao seu cônjuge.
Se uma mulher casada não deseja honrar a sua união, por
que eu deveria?
— A princesa não vai afetar a minha vida, — disse
Lúcifer. — Nada irá afetar. Nada deveria.
— Concordo. Por que mexer com a perfeição? — E a vida
como um príncipe imortal de vinte e poucos anos era perfeita.
William tinha um pai que amava mais do que a vida e um
irmão que apreciava. Todas as manhãs, ele treinava com os
dois, além da sobrevivência, aprimorando suas habilidades de
combate e aprendendo a superar as piores situações. À noite,
ele satisfazia todos os seus desejos carnais, prazer à sua
disposição.
Então, sua família biológica não o queria. Então, eles
pensaram que o mundo ficaria melhor sem ele. E daí? Ele
ignorou o aperto no peito. Sua nova família gostava da sua
companhia e suas amantes não se cansavam dele. Eles o
envolveram com carinho e aceitação. Os verdadeiros presentes
da vida.
Com quem estou brincando? Eu sou um verdadeiro
presente da vida. O quê? Não era uma vanglória se era verdade.
Ele tinha riqueza, beleza e uma série de memórias que
ninguém jamais poderia tirar dele. Ele usava magia mais
poderosa do que qualquer bruxo aqui e possuía poderes
sobrenaturais que outros invejavam. Ele podia se
teletransportar ou abrir um portal em qualquer lugar e em
qualquer mundo, controlar demônios e provocar medo e ódio
em inimigos e aliados. Quando enfurecido, ele produzia asas de
fumaça. Em breve, ele governaria o seu próprio principado -
um reino dentro do território de Hades - exatamente como
Lúcifer. Do que mais ele precisava? O que poderia ser melhor?
Então, por que é que ainda estou infeliz? Por que ele não
abandonou um passado que não conseguia se lembrar ou
esquecer o passado que desprezava?
Apenas duas vezes ele questionou Hades sobre o garoto
da sua primeira memória. Nas duas vezes, ele recebeu a
mesma resposta. Confie em mim. É melhor você não saber.
Embora ele desejasse respostas da mesma maneira que
um homem que se afogava desejava ar, ele não conseguia
pressionar por mais. Não depois de tudo o que Hades tinha
feito por ele.
Lúcifer passou para ele uma garrafa de uísque com
ambrosia, dizendo: — A loira não consegue tirar os olhos de
você, irmão.
— Não há necessidade de perguntar qual loira. — William
tomou um gole. — Acho que é aquela que balança os quadris
enquanto se aproxima. — Ela levantou os braços acima da
cabeça e arqueou as costas para exibir melhor os seus seios.
Seus mamilos enrugaram.
Hum. Os mamilos eram o alvo preferido dele.
— Você vai aceitar a oferta dela? — Lúcifer perguntou.
— Eu vou... — Ele forçou o seu olhar se levantar para o
rosto dela. — Não. — Lilith de Lleh, meia-irmã de Evelina e
esposa do comandante do exército. Uma bruxa e um oráculo.
Ela era baixa e curvilínea, com a pele branca como a neve,
olhos verdes como esmeraldas e lábios vermelhos como rubis.
William nunca se importou com tamanho ou cor. A beleza
vinha em pacotes diferentes, e ele apreciava todos eles. Seus
únicos requisitos? Macia, quente e temporária. Se por acaso a
mulher tivesse o coração de um santo e fodesse como um
demônio, melhor ainda. Mansa e obediente eram bônus.
Enquanto a bruxa tinha dois de três - suave e quente -
ela não tinha o mais importante. Temporário. Eles dormiram
juntos semanas atrás. Depois, ela se apegou.
Ele estremeceu. Mesmo se ela fosse a única mulher
destinada a completá-lo, ele a rejeitaria esta noite. As
grudentas como Lilith esperavam monogamia sem
reciprocidade e frequentemente irrompiam em ataques de
ciúmes. Não, obrigado. Ele preferia a variedade, o tempero da
vida.
Somente quando ele ganhava uma nova fêmea, ele sentia
a verdadeira satisfação. Por um momento. O sabor mais tênue.
Claro, o momento sempre passava, deixando-o ansioso -
desesperado - por outra. Ainda assim, ele não trocaria esses
momentos por nada; eles eram a prova de que ele - o garoto
que ninguém queria - era desejado, até mesmo admirado.
— Vou me livrar dela para você. — Lúcifer estudou a
bruxa sobre a garrafa de uísque. — Vou fazê-la pensar que está
com você na cama.
— Não! — William rugiu, ganhando vários olhares. Sua
respiração acelerou, e o suor escorreu pela parte de trás do seu
pescoço. Lúcifer era conhecido como o Grande Enganador por
um motivo; ele poderia se transformar em qualquer pessoa, a
qualquer momento, e o fazia. Frequentemente. Era a sua maior
fonte de descontentamento. — Não, — ele repetiu em um tom
mais calmo. — Isso é estupro. — Havia poucas linhas que ele
se recusava a cruzar, mas a violação sexual estava no topo da
lista.
— Você está errado. Isso é o oposto de estupro. Eu daria
a ela exatamente o que ela quer. Mas, — Lúcifer continuou com
um sorriso quebradiço, erguendo as mãos em um gesto de
inocência, — você é meu querido irmão. Honrarei os seus
desejos.
Outra razão pela qual Lúcifer ganhou a sua designação?
Ele mentia constantemente.
Será que eu recebi a verdade ou outra mentira? William
mordeu a língua, provando sangue. Ele queria amar Lúcifer.
Inferno, ele queria gostar de Lúcifer. Mas...
Ele secretamente lutou com os dois. Mas eles eram uma
família, o presente mais precioso para a humanidade. Ele não
abandonaria o homem.
Com uma lambida sedutora dos lábios, Lilith torceu o
dedo para ele. — Venha a mim, William. Serei tudo o que você
quiser, faça o que desejar.
Tão gentilmente quanto possível, ele disse a ela: — Sinto
muito, mas quero uma pessoa - alguém - diferente.
— Eu posso fazer você mudar de ideia. — Ela caiu de
joelhos e se aproximou, uma luz estranha e hipnótica
brilhando em seus olhos. — Eu previ isso.
Dificilmente. Usando um tom mais duro e mais severo,
ele disse a ela: — A resposta continua a ser não.
Expressão escura de raiva, ela achatou as mãos nas
coxas dele, perfurando as calças de couro com unhas afiadas
como punhais. — Por favor, William. Quero você mais do que
jamais desejei alguém.
— Ahhh. Desespero — Lúcifer cantou, oferecendo o seu
habitual sorriso afetado. — O maior afrodisíaco.
A bruxa sibilou para o homem.
Tudo certo. Ser direto não funcionou, nem ser gentil.
Agora, ele iria com a crueldade. — Passe a noite com o seu
marido. Ele quer você. Eu não.
Ela se encolheu. — Eu amo você e sei que podemos ser
felizes juntos. Para sempre.
Pelos fogos do Inferno, o que seria necessário para
desencorajar essa mulher? — O amor é um mito e a
monogamia não é sustentável. Eu nunca vou desejar um
relacionamento de longo prazo.
Mais uma vez, ela se encolheu. — Serei boa para você,
William. Só me dê uma chance. Fuja comigo.
— Você nem me conhece, princesa. — Poucos conheciam.
Ela só via o homem que ele fingia ser. O príncipe playboy e
assassino impiedoso. Ninguém conhecia o homem por dentro,
nem mesmo William.
— Você está errado. Eu aprendi muito sobre você. — Ela
montou na cintura dele e passou os dedos pelo peito dele. —
Semanas atrás, você me escolheu. Depois, sonhei com você.
Conosco e com o nosso futuro. Percebi que, por mais distorcido
que você seja, você precisa de alguém como eu para
experimentar a verdadeira satisfação.
Maravilhoso. Uma delirante de primeira. — Se um
coração negro e um senso distorcido de certo e errado fazem
isso por você, você terá um tempo melhor com o meu irmão. —
Ele apontou o polegar na direção de Lúcifer. — Ele até se
ofereceu para usar o meu rosto, se você quiser.
— Aviso justo, meu amor. — Lúcifer arrastou suas
palavras e balançou para frente e para trás, e, no entanto, não
mostrou outros sinais de embriaguez. — Uma noite comigo, e
nenhum outro homem vai se comparar.
A bruxa o ignorou, seu olhar frenético permanecendo em
William. — Eu vi em seu coração, e você quer
desesperadamente uma família própria, assim como eu.
Ele ficou quieto, nem mesmo ousando respirar. E se ela
tivesse - ou pudesse - ver em seu coração... o passado que ele
não conseguia se lembrar? — O que mais você sabe, bruxa?
Conte-me!
Triunfante, pensando que o havia conquistado, ela sorriu.
— Leve-me para minha cabana, e eu irei.
— Diga-me aqui, e eu juro que vou levá-la para a minha
cabana depois. — Ou não. Sim, definitivamente não.
Ela olhou nos olhos dele por um longo tempo, em
silêncio. Por fim, ela falou. — Eu sei que você não se lembra da
sua infância. Eu sei que alguém lançou um feitiço para
enterrar as suas memórias. Eu sei que você e Lúcifer vão
entrar em guerra, e apenas um de vocês sobreviverá. Sei que
você passará a desprezar o seu pai por um tempo e amará o
seu irmão.
Ele ouviu cada “eu sei” como um soco no estômago.
Desprezar Hades? Nunca! Matar o filho de Hades? Não, outra
vez. Mas um feitiço que para enterrar a sua memória... fazia
muito sentido. — Você se contradiz, bruxa. Como posso entrar
em guerra com Lúcifer, sobreviver e depois amar Lúcifer, que
morreu? — A menos que...
Ela se referiu ao garoto alado?
William parecia mais com ele do que a possível, ou não,
mãe deles parecia. Eles possuíam a mesma pele bronzeada,
cabelos pretos e olhos azuis.
O que aconteceu com o garoto? Onde é que ele estava
agora?
Os músculos do peito dele se apertaram e se soltaram,
espremendo com tanta força que ele perdeu o fôlego.
— Por que sou eu quem morre? — Lúcifer exigiu da
bruxa. De repente sério, ele colocou o uísque de lado e pegou
uma adaga. — Não, isso não importa. Você mente sobre uma
guerra vindoura, na esperança de semear discórdia entre nós.
Infelizmente para você, eu amo matar mentirosos. Depois de
me divertir um pouco.
Com os lábios franzidos, William deu um tapinha na mão
do seu irmão, em um gesto de “deixe a adaga”. — Ela é indigna
do nosso tempo. Deixe-a encontrar alguém para amar. Isso é
um verdadeiro castigo.
Lilith olhou entre eles, estreitando os olhos. — Você acha
que o amor é um castigo? Muito bem. Eu vou te ensinar o valor
dele. — Ela arrancou as unhas das coxas dele e abriu os
braços, um vento violento soprava em torno deles.
Mechas pálidas dançavam em torno do seu rosto
enquanto ela entoava: — Eu te amaldiçoo, William da
Escuridão. Eu te amaldiçoo a uma vida de miséria e de guerra
com aqueles de quem você gosta. Uma vida desprovida de
companheirismo genuíno. Mas. Se alguma vez você realmente
se apaixonar... se alguma vez o objeto da sua afeição se
apaixonar por você... eu a amaldiçoo a perder a cabeça junto
com o coração. Ela irá atacá-lo repetidamente, e não vai parar
até que você esteja morto.
William bufou. — Você quer dizer que nunca vou
sossegar e dormir com a mesma mulher vezes sem conta,
enquanto criamos a nossa ninhada de pirralhos vorazes? Ah,
não. Isso não. Qualquer coisa menos isso. — Ele revirou os
olhos.
Lilith continuou, seu tom mais nítido. — Permita-me
provar a mim mesma. Eu te amaldiçoo, William da Escuridão,
a perder as duas mãos antes do nascer do sol.
Mais uma vez, ele revirou os olhos. — Vou fazer crescer
as mãos em questão de dias.
— Sim, mas à medida que esses dias sombrios passarem,
seus pensamentos serão consumidos comigo e você não poderá
tocar em uma amante.
Um grunhido retumbou no peito dele, e ela riu.
— Mas eu não sou um monstro, — disse ela. — Vou
oferecer uma benção também. Uma chance de se salvar da sua
amada. — Ela acenou com a mão e um livro se materializou no
colo dele. Um tomo grosso, encadernado em couro com uma
grande safira afixada na capa. — Dentro dessas páginas, você
encontrará um código mágico. Encontre alguém para quebrar o
código e você quebrará a maldição.
Inquietação picou a sua nuca. Cansado dela e das suas
ameaças, ele se levantou. O livro bateu no chão. Ele deu meia-
volta, pretendendo retornar ao submundo.
— Deixe a sua única chance de redenção aqui, se desejar,
— ela falou, presunçosa. — Deixe seus inimigos usá-lo contra
você.
William parou para olhar por cima do ombro. Com um
tom seco, ele disse: — E eu duvidava do seu amor? Que tolo eu
sou. — Ainda sim. Ela fez uma boa observação. Ele estendeu a
mão e o livro voou para o seu aperto.
Ele mandou um beijo para a bruxa e se afastou.
Lúcifer correu atrás dele e passou um braço sobre os
ombros de William. — Eu nunca vou entrar em guerra com
você, irmão.
— Eu sei disso. — Eles podiam ter as suas diferenças,
mas nunca desrespeitariam Hades dessa maneira.
— Permita-me provar isso. Guardarei o livro para você.
Meu exército tem o dobro do tamanho do seu, a minha mágica
é mais forte. Garantirei que o código não possa ser usado
contra você.
Mais uma vez, o desconforto picou a sua nuca. —
Agradeço a oferta, mas acho que vou mantê-lo. Eu preciso de
uma gargalhada. — A magia poderia fazer muitas coisas
incríveis e impossíveis, mas criar o amor verdadeiro não era
uma delas. E não havia como ele perder as mãos ao nascer do
sol. Alguém teria que ter a habilidade de esgueirar-se sobre ele
e nocauteá-lo. Boa sorte.
Lúcifer se teletransportou para o seu próprio território no
Inferno, enquanto Wiliam foi para o seu principado. Ele se
escondeu em seu quarto e preparou armadilhas para quem
fosse tolo o suficiente para entrar.
Quando uma hora se transformou em outra, ele lutou
para permanecer acordado. Eventualmente, ele adormeceu ...
Ele acordou com uma dor indescritível e sangue, tanto
sangue. Molhou os seus lençóis, o seu corpo - e ainda jorrava
dos seus pulsos.
Suas mãos estavam faltando, suas armadilhas intactas.
O medo abjeto se juntou ao dilúvio da agonia. A segunda
parte da maldição de Lilith tinha se tornado realidade. Por que
a primeira não iria?
Merda. Merda! O que ele ia fazer?
Capítulo Um

“Esqueça uma capa de invisibilidade. Prefiro usar uma capa


quente como o inferno.”
— William, o Sempre Excitado

Terceiro nível dos céus


The Downfall, uma boate para imortais
Nos Dias de Hoje

William andou pela boate superlotada, empurrando uma


variedade de vampiros, shifters e Fae para fora de seu
caminho. Corpos bateram juntos, protestos se levantando e
morrendo quando os clientes vislumbravam a sua expressão -
raiva homicida.
— Façam um movimento contra mim, — ele gritou. —
Atrevam-se.
A multidão diminuiu em segundos, noventa por cento dos
imortais fugindo, seus passos sacudindo o edifício.
Ao longo dos séculos, inimigos e amigos compararam
William a uma granada sem um pino. Ele poderia explodir a
qualquer momento e incendiar o mundo inteiro.
Duas mulheres permaneceram no bar, olhando-o com
interesse. — Ouvi dizer que ele voltou ao Inferno para guerrear
com Lúcifer, — uma sussurrou para a outra, seus ouvidos
sensíveis captando cada palavra.
— Pobre Lúcifer, — a outra disse, parecendo mais alegre
do que com pena. — Eu ouvi dizer que o Sempre Excitado é
ainda mais poderoso no Inferno.
Bem. As belezas não estavam erradas. William estava em
guerra com Lúcifer, como Lilith previra, e ele se tornou mais
poderoso no Inferno, suas habilidades sobrenaturais se
tornando sinistras.
A primeira mulher sorriu e mandou um beijo para ele
antes de dizer à outra: — Gostaria de saber o que ele está
fazendo aqui.
— Pergunte a ele, — a outra sugeriu. — Vá lá, Helen.
Faça isso!
— De jeito nenhum, Wendy. Você ouviu a voz dele, certo?
Ele é como uma sereia, capaz de seduzir com uma única
palavra. Infelizmente para ele, decidi me guardar para o Senhor
Strider. Ele vai se cansar da Kaia um dia desses. Talvez.
Provavelmente.
William deu um suspiro. Sua presença aqui servia a um
propósito: obter a libertação da maldição de Lilith. Finalmente!
Ontem, um vidente poderoso entregou notícias
surpreendentes. Em breve, ele encontraria a resposta para
todos os seus problemas: a única pessoa na existência com as
habilidades necessárias para decifrar o seu livro de código
mágico, quebrando a maldição de Lilith finalmente. Ele ou ela
se inscreveram para participar de uma conferência para
criptoanalistas. Localização: Manhattan.
Seria o decifrador humano ou imortal? Jovem ou velho?
Frágil ou forte?
Não importa. Vou encontrar quem estou procurando ou
morrer tentando.
Uma vampira entrou em seu caminho. Uma linda morena
com uma blusa e uma microssaia, o uniforme do clube. Ela
sorriu docemente. Muito docemente. — Você está afugentando
os nossos clientes e, portanto, as nossas gorjetas. — Com toda
graça sensual e charme tímido, ela traçou uma ponta do dedo
entre os peitorais dele. — Estou muito perto de mandar os
seguranças expulsá-lo.
Eles poderiam tentar. Qualquer pessoa tola o suficiente
para colocar as mãos nele morria horrivelmente, sempre. Uma
necessidade. Se você não punisse aqueles que o prejudicaram,
outros pensariam que também poderiam prejudicá-lo.
Ele olhou para todo o clube, vendo facilmente os
seguranças: uma mistura de guerreiros Berserkers e Phoenix.
Ele deu outro suspiro. Por mais que ele teria gostado de fazê-
los implorar por misericórdia que ele não tinha, ele tinha muito
pouco tempo.
— Pagarei o dobro do que você ganha em uma semana, —
ele disse, sua riqueza era incalculável. — Apenas se livre dos
retardatários.
— E eu vou me livrar dos retardatários, — ela cantou,
jogando o punho na direção do teto. — Todo mundo fora.
Agora! Vão, vão, vão, antes que eu comece a cortar os
apêndices. — Ela revelou um sorriso malicioso. — Ou talvez eu
diga ao Bjorn que vocês me fizeram chorar.
Na corrida louca para saírem, as cadeiras foram
derrubadas. Ah, retirada. Boa decisão. Bjorn, o Último e
Verdadeiro Terror, era um dos três donos da Downfall, meio
Enviado Um - ou assassino alado de demônios com mais poder
de fogo do que os anjos - e meio Terror. Uma das espécies mais
violentas já vistas na Terra. Ele possuía um temperamento tão
sombrio e lendário quanto o de William, mas só entrava em
erupção quando “o sexo mais fraco” chorava.
Oi. Os anos 50 ligaram e eles gostariam de ter a sua
misoginia de volta. Mulheres, o sexo mais fraco? William bufou.
Três mulheres haviam impactado o seu passado e presente e
uma afetaria seu futuro de uma maneira que nenhum homem
jamais tinha. Uma tinha lhe dito que ele nunca deveria ter
nascido, e ele carregava o estigma desde então. Outra o
amaldiçoou, afetando todos os relacionamentos que ele já teve.
Uma terceira havia oferecido esperança em uma situação
desesperadora, algo que nem Hades, seu ídolo, havia feito. A
última tentaria matá-lo se ele se apaixonasse por ela.
William respirou fundo, sacudiu a cabeça para afastar os
pensamentos odiados e seguiu em frente. Diferentes aromas
cobriam o ar: cera de vela, hormônios, perfumes conflitantes e
suor. No momento em que avistou o último patrono - o motivo
da sua visita - a raiva fervente tornou-se uma fervura de
aborrecimento.
Keeleycael, também conhecida como a Rainha Vermelha,
era poderosa além da imaginação e irritante como o inferno.
Tão antiga quanto o tempo, e tão distante no futuro quanto ela
podia ver, as memórias tendiam a se enredar em sua mente. Às
vezes, ela lutava para distinguir o presente, o passado e o
futuro. Mais frequentemente, ela não tinha foco, incapaz de
concluir uma tarefa tão simples quanto se vestir. Como hoje.
Suas roupas estavam do avesso, uma meia agarrada ao seu
jeans. Em volta do pescoço, um colar feito de doces.
— William! Willy! Will! — ela chamou, acenando. Uma
visão de beleza com cabelos rosa pálido, pele dourada e olhos
verdes, ela ocupava uma mesa nos fundos. — Eu sei que te vi
ontem, mas senti muito a sua falta. Ou talvez eu tenha te visto
dez... vinte anos atrás? Ou talvez eu esteja pensando daqui a
quinze anos?
Maravilhoso. As loucuras já tinham começado. Ele
acelerou o passo. Outrora, essa chapeleira louca tinha sido a
noiva de Hades e quase madrasta de William. Embora o casal
tivesse se separado, ele nunca deixou de se importar com ela.
Recentemente, ela acabou se casando com um homem
possuído por um demônio chamado Torin, um dos amigos mais
próximos de William.
Assim que ele a alcançou, ele chutou uma cadeira e se
sentou. — Olá, Keeley.
Ela deu um sorriso doce de boas-vindas, despertando
uma onda de carinho dentro dele. — Que bom que você se
juntou a mim para esta reunião que nunca planejamos.
Cuidado. Nenhuma conversa foi tão importante para ele.
Ele precisava dela lúcida; a pergunta errada poderia empurrá-
la para além do limite. — Você sabe o nome do meu
decodificador?
— Por quê? Porque tudo o que Lilith prometeu para você
se tornou realidade? Uma guerra em andamento com Lúcifer -
ok. Um passado e um presente miseráveis, desprovidos de
companhia romântica genuína - ok. Um futuro sombrio – duplo
ok.
— Sim, — ele disse, com os dentes cerrados. Com a
maldição pairando sobre a sua cabeça, ele se recusou a passar
mais de uma ou duas noites com uma mulher, algo que ele
gostaria de mudar.
Não porque ele esperava se acalmar. Ele não esperava.
Depois de tudo o que sofreu, ele merecia um feliz para sempre
com tantas mulheres que desejasse.
Seus pontos de vista sobre a monogamia mudaram? Sim.
Para os outros. Seus amigos tinham companheiras e eram
exemplos perfeitos de amor e lealdade. Mas, William ainda
preferia a variedade. Uma única parceira nunca atenderia
totalmente às suas necessidades.
Para ele, as mulheres eram como as especiarias. Alguns
dias você queria doce, outros dias você queria picante. Ou
salgado. Não há razão para ficar com o mesmo sabor.
— Bem, — ele solicitou. — Você sabe o nome ou não?
— Eu sei, — ela exclamou. — Dã. Por que mais eu
convidaria você para esta festa de revelação de nome e gênero?
Ele beliscou a ponte do nariz.
— Surpresa, — disse ela, abrindo bem os braços. — O
decodificador é uma garota... e a sua companheira de vida.
O quê? Choque e horror o inundaram, milhares de
problemas se formaram de uma só vez, com uma única
solução.
— Eu sei que você presumiu ter encontrado a sua
companheira há pouco tempo, — continuou ela, — mas você
estava errado.
Seu peito se apertou, espremendo os seus pulmões. Ele
conheceu uma (uma vez) fêmea humana chamada Gillian
Shaw, que sofreu uma infância mais trágica do que a dele. Não
querendo ativar a maldição, ele impiedosamente lutou contra
qualquer emoção mais suave por ela, constantemente jogando
o jogo do “e se”" consigo mesmo.
E se ele se comprometesse com ela, e Gillian, de fato,
tentasse matá-lo?
E se ele a machucasse irreversivelmente enquanto se
protegia contra o ataque dela?
E se ele inadvertidamente a matasse? Ele poderia se
perdoar?
2
No final, ela se apaixonou por um PDM bestial que -
William estremeceu - precisava dela. Em outras palavras, um
tolo! Precisar de outra pessoa só terminava em desgosto.
— Não darei a minha futura assassina acesso ao objeto
da minha salvação, — ele exclamou. — Prefiro matá-la
imediatamente e anular a maldição antes que ela seja ativada.
— Mas... ele poderia realmente matar a sua primeira e única
companheira de vida, terminando com a vida dela
simplesmente porque ela um dia tentaria matá-lo?
Keeley ficou boquiaberta. — Você renunciaria a sua única
chance de contentamento eterno?
— Sim, — ele sibilou, os músculos em seus ombros
atando. Como é que ele podia sentir falta do que nunca teve?
Ela passou a língua sobre um incisivo. — E se você não
puder derrotar Lúcifer sem ela?
Ele ficou quieto. — Eu não posso?
Ela ignorou a pergunta, dizendo: — Você se lembra
quando eu lhe disse que o bebê de Scarlet e Gideon o ajudaria
a quebrar a sua maldição?
— Sim, — ele respondeu, cauteloso. Scarlet e Gideon
faziam parte de um grupo seleto de amigos. Homens e
mulheres possuídos por demônios e seu grupo de
companheiros conhecidos como Senhores do Submundo. O
mesmo grupo de Torin e Keeley. — Por mais que eu os ame,
duvido que o bebê deles tenha o poder de ajudar um príncipe
do submundo.
— Bem, você está certo. Eu errei. O bebê deles não vai te
ajudar. O bebê deles ajudará as suas filhas. Filhas que você
não terá sem a sua companheira.
O quê! Filhas, plural? Garotas que se tornariam mulheres
bonitas e se apaixonariam por homens de merda que ele teria
que matar? Não! — Outro motivo para matar a decodificadora.
Não vou ter mais filhos.
— Oh, você vai ter filhos, sim senhor. O suficiente para
criar uma equipe de... fute... equipe esportiva. — Como se ela
não tivesse acabado de lançar uma bomba, ela se inclinou para
mais perto e disse: — Não há como você se apaixonar por sua
companheira em duas semanas, certo? Então, vai deixá-la viver
e trabalhar no código por catorze dias. Jure, ou vou manter a
lista de nomes para mim.
— Tudo bem. — Não havia necessidade de refletir sobre
isso. Quando se viveu para sempre, duas semanas não eram
nada. Mas o que ela quis dizer com lista de nomes? Deveria
haver apenas um. — Se ela se comportar, juro que não a
machucarei durante catorze dias. — Ele nunca faria um voto
sem uma ressalva.
— Excelente! Agora, antes de revelar os dezenove nomes
da minha lista...
— Dezenove? — ele rugiu.
— ...você vai me dizer por que você se torna mais
poderoso no Inferno. E não diga não. No nosso mundo, você
tem que dar para receber.
Então, ela também ouviu as meninas no bar. Ele
suspirou. — Não sei o motivo. — Ele também não sabia por que
isso importava. — Só sei que produzo asas de fumaça aqui em
cima. Lá embaixo, essa fumaça é misturada com sopor, uma
toxina para a dor. Aqui, crescem garras. Lá, essas garras
vazam poena, um veneno da morte. Aqui, eu não tenho presas.
Lá, posso fazer crescer sabres, se assim o desejar.
Inclinando a cabeça para o lado, ela perguntou: — É por
isso que você se mudou para o reino mortal tão logo depois que
seu pai e eu acabamos tudo?
Ele acenou com a cabeça. Se ele tivesse ficado, temia que
se tornaria tão vil quanto Lúcifer.
— Que interessante. — Keeley acariciou o seu queixo
como um vilão, as rodas em seu cérebro obviamente girando. —
Definitivamente leve a sua companheira decodificadora para o
Inferno. — Finalmente, ela estendeu um braço, revelando uma
série de manchas de tinta que começaram na parte interna do
cotovelo e terminaram na palma da mão. — Ta-da! Os nomes,
como prometido.
Com apenas um olhar, ele memorizou cada palavra.
Depois, ele arqueou uma sobrancelha. — Existe um
decodificador chamado espaguete e bolas sem carne?
— Oh, erro meu. — Ela lambeu o polegar e esfregou o
desastre culinário do braço. — Esse foi o meu jantar.
— Seu nome também está na lista.
Os olhos dela ficaram encobertos. Um sorriso sonhador
curvou a sua boca enquanto ela enrolava uma mecha de cabelo
no dedo. — Eu fui o jantar de Torin.
Que eu nunca seja tão chicoteado quanto os meus
amigos. — Qual nome pertence a minha decodificadora?
A garçonete apareceu, entregou uma garrafa de
champanhe a Keeley e murmurou: — Por conta da casa. Não
me mate! — então saiu correndo.
Enquanto a Rainha Vermelha provava a bebida –
diretamente da garrafa - ele acariciou a adaga embainhada na
cintura, esperando.
— Keeley, — ele solicitou. — Eu lhe fiz uma pergunta.
— Oh, sim. Eu me lembro. Você queria saber onde
poderia encontrar uma coroa do Inferno.
Mais uma vez, ele ficou parado. Há muito tempo, onze
coroas foram feitas pelo Altíssimo, o líder dos Enviados. Possua
uma única coroa, e você se transformaria em um rei poderoso,
seja quem for, ou qualquer coisa – que você fosse. Perca a
coroa e você perderia tudo.
Depois de não usurpar o Altíssimo, o jovem Lúcifer
conseguiu roubar dez daquelas coroas, ou assim era a história,
e as entregou a Hades, que selecionou outros para governar ao
seu lado, guardando a décima coroa para Lúcifer. Só que
Hades e os outros reis a roubaram após a coroação de Lúcifer.
Agora, Hades afirmava que a décima coroa estava
perdida. William planejava encontrá-la, tornando-se o décimo
rei do Inferno, minando e humilhando seu ex-irmão.
Lutando para manter a compostura enquanto suas
terminações nervosas zumbiam, ele gritou: — Você sabe onde
está a décima coroa do Inferno?
— Não. Por que eu deveria?
Eu não vou matá-la. Eu não vou. — Você se lembra do
nome da minha companheira, então?
— Não, mas eu me lembro como ela parece. — Seu doce,
doce sorriso fez outra aparição. — Você vai ter o seu sonho
mais febril... e o seu pior pesadelo. Aproveite! E boa sorte.
Capítulo Dois

“Você quer um pedaço de mim? A sua namorada certamente


quer.”

Bebendo água com açúcar de um copo de vinho todo


elegante, Sunday “Sunny” Lane serpenteava por um sombrio
bar de hotel repleto de decodificadores jovens e velhos, hackers
e amadores. A maioria eram humanos que tinham voado para a
cidade de Nova York naquela manhã para criarem uma rede de
contatos e festejarem antes do início da conferência mundial de
criptoanalistas amanhã. Sua amiga de longa data,... hum,
conhecida, Sable permanecia ao seu lado. A beleza negra de
um metro e oitenta veio do mesmo reino e da mesma vila
ancestral que Sunny.
Elas vieram para colocar armadilhas para os imortais que
caçavam a sua espécie.
Um garçom se aproximou com uma garrafa de vinho
branco. — Posso encher sua bebida, madame?
Madame? O pior insulto conhecido para as mulheres.
Capaz de ler auras, ela distinguia facilmente imortais de
humanos. O garçom era humano. — Não, obrigada, — disse
ela. — Como super heroína autonomeada e orgulhosa vigilante,
prefiro ficar sóbria e alerta contra canalhas. — Animal.
Sunny nasceu com uma magia inata que a impedia de
xingar, transformando obscenidades em flores. Margarida
substituía droga. Argh! M.A.L.D.I.T.O. Camélia substituía
I.N.F.E.R.N.O. Cravo substituía M.E.R.D.A. Jacinto substituía
P.U.T.A. ou B.A.S.T.A.R.D.O. Tulipa substituía T.R.A.S.E.I.R.O
e Dália substituía F.O.D.A.
O garçom ofereceu um sorriso inseguro antes de sair
correndo.
— Esperamos que a dualidade nos sirva bem esta noite.
— Sable bateu o seu copo de água com açúcar no de Sunny.
Ah, sim. A dualidade. Metade da natureza delas ansiava
caçar e matar os malvados, imortais ou humanos. Essa parte
dela – O Show de Horror da Sunny - funcionava como
assassina. Uma garota precisava de um propósito, certo? A
outra metade exigia espalhar amor, alegria e paz. Ela apelidou
essa parte de Rosas e Arco-íris da Sunny e trabalhava como
decodificadora.
Os dois lados estavam sempre presos em um cabo de
guerra brutal.
— Publiquei on-line para que o mundo soubesse que eu
estaria aqui, — disse Sunny, tocando o medalhão pendurado
em seu pescoço. Seu bem mais precioso, capaz de feitos que
poucos poderiam imaginar.
Como criaturas “míticas” extremamente raras, elas
precisavam permanecer armadas o tempo todo. Caçadores
furtivos as caçavam por esporte e colecionadores as caçavam
por prazer. Não era de se admirar que Sunny não confiasse em
ninguém, nem mesmo em Sable, e nunca ficasse em um local
por mais de duas semanas. Ela constantemente olhava por
cima do ombro e raramente dormia.
— Se alguém atacar, — começou Sable.
— Morrerão gritando.
Crepitando de excitação, Sable engoliu o resto da água e
colocou o copo de lado. — Depois de eliminar os caçadores, não
precisaremos nos preocupar em ser emboscadas a cada
segundo de cada dia. Podemos mudar a nossa atenção para a
realeza do submundo.
— Todos os nove reis e até o último príncipe das trevas.
— Dois príncipes das trevas, em particular, lideravam a sua
lista. Lúcifer, o Destruidor, e William, o Sempre Excitado. Até
os seus nomes a enchiam de fúria. As terríveis coisas que
Lúcifer havia feito ao seu povo... coisas que ele havia feito
enquanto gritava: — Por William!
Os dois podem estar em guerra agora, mas na época
eram inseparáveis.
Concentre-se. Você está aqui com um propósito, lembra?
Bem. Sunny examinou o mar de rostos. Alguns participantes
vagavam de grupo em grupo. Alguns permaneceram no lugar,
conversando, rindo e geralmente obstruindo os caminhos.
Outros ficaram em suas mesas, bebendo. Muitos estavam
relaxados e à vontade. Ah, estar tão pouco envolvido,
despreocupado e intocado pelo mal do mundo, tão alheio ao
perigo que o rodeia como todos os outros. Sunny não conseguia
se lembrar de um momento em que se sentiu segura.
Em algum lugar no bar, o vidro quebrou. Sunny e Sable
se sacudiram.
Respire fundo, expire. Bom, isso é bom.
— Estou tão pronta para parar de fugir e viver sem medo,
— ela murmurou. Ela compraria uma casa e plantaria um
jardim. Adotaria um cachorro e um gato. O vira-lata mais
velho, mais irritadiço e mais feio do abrigo. Ela teria um
encontro pela primeira vez em anos... décadas... provavelmente
séculos; ela só tinha que encontrar o cara certo. Alguém
disposto a trabalhar para ganhar a sua confiança. Então, ela
nunca mais sofreria durante a época de acasalamento. Uma
época de excitação sexual incontrolável, desgastante e
implacável.
A próxima começava em apenas duas semanas.
— Eu também, — disse Sable. — Estou pronta para parar
de me acorrentar em uma sala trancada para não pular em
homens inocentes ou relutantes.
— Sim!
— Um dia, eu vou derreter essas correntes e transformá-
las em um plug anal. Vou presenteá-lo a Lúcifer antes de matá-
lo.
Sunny riu. — Gosto da maneira como a sua mente
funciona.
Quanto mais elas se aventuravam para dentro do bar,
mais perfumes se chocavam. Luzes cintilantes iluminavam um
mar de rostos desconhecidos. Humano. Humano. Humano.
Vampiro. Bruxa. Humano. Humano. Humano. Lobisomem.
Embora ninguém parecesse prestar-lhes atenção indevida,
Sunny manteve um olhar atento ao trio imortal.
Até que a rouca gargalhada masculina chamou a sua
atenção.
Tremores quentes percorreram a sua espinha e ela
franziu o cenho. Que reação estranha a algo tão comum. Sim,
sua voz era sexy e quente, mas ela já ouviu outras mais
quentes. Certamente!
Sunny examinou o bar - lá! Ele. Embora ela não pudesse
ver o rosto dele, ela sabia que ele era o tal. Ele tinha cabelos
pretos grossos, ombros largos e uma aura única. Uma que ela
não conseguia ler.
Ele jogou a cabeça para trás, rindo de novo, e uma nova
onda de arrepios percorreu a sua espinha.
— Margarida, — ela murmurou.
A mulher à esquerda dele inclinou-se para sussurrar em
seu ouvido. A mulher à sua direita passou a mão em suas
costas.
Ele era a carne em um sanduíche de carne.
Finalmente ele se deslocou, mostrando a Sunny o seu
perfil. Ela respirou fundo.
Uma mulher nunca esqueceria um rosto como o dele.
Olá, William, o Sempre Excitado, irmão de Lúcifer. Jacinto.
Ele parecia feito sob medida, como se todos as
características tivessem sido escolhidas em um catálogo. Eu
vou pegar esse rosto, esse cabelo e esses olhos. Ah, e não se
esqueça daqueles músculos. Ele tinha uma pele bronzeada
impecável, cabelos negros e olhos como um híbrido de
diamante e safira emoldurado por cílios longos e espessos. As
maçãs do rosto largas afunilavam para uma mandíbula forte,
sombreada por um restolho escuro. Nariz perfeito, lábios
perfeitos, tudo perfeito - para todos nos mundos, menos para
ela.
— O quê? O que está errado? — Sable perguntou, já
pegando a adaga escondida embaixo da sua jaqueta sem
mangas.
A raiva disparou, pegando fogo rapidamente. — Veja. —
Ela fez um gesto para William.
Ele tinha ouvido falar da vingança delas contra a sua
família e veio para detê-las? Por que mais ele estaria aqui? E
por que não se esgueirar para cima delas?
— Falando do diabo, — Sable falou, — e ele aparece.
Sunny havia feito a sua pesquisa. Ela sabia que William
era um mercenário infame e mulherengo lendário que
desprezava a santidade do casamento. Alguns anos atrás, ele
ajudou a matar um rei deus. Mais recentemente, ele ficou
bêbado em uma boate e gritou: — Eu me considero um
prazeroso vegano. Eu só como vagina orgânica. — Vagina. Só
que ele não usou a palavra vagina, como ela tinha que fazer
para contornar o estúpido e mágico filtro.
— Se os rumores são verdadeiros, — disse ela, — ele
dorme com uma nova mulher todas as noites, possui um
temperamento ardente, às vezes machuca os amigos por
diversão e gosta de matar os seus inimigos da forma mais
dolorosa possível. — Tanta coisa para admirar. Tanta coisa
para desprezar.
— Nesse caso, acho que devemos reorganizar a nossa
lista de prioridades e eliminar a realeza primeiro, enquanto
temos a chance.
— Certo. De uma maneira ou de outra, William, o Sempre
Excitado, morrerá hoje. — A Vingança será minha! — Problema.
Não consigo ler a aura dele. Você consegue?
— Eu... não consigo, — disse Sable, e franziu a testa.
Margarida! — Apesar de toneladas de pesquisas, não
consegui descobrir as suas verdadeiras origens ou espécie, por
isso não sei quais pontos fortes devemos nos proteger ou quais
pontos fracos explorar.
— Bem, não importa. Nós vamos descobrir. — Sable
mordeu o lábio inferior. — Ele é bonito, não é?
— Ele é. — Bonito além da imaginação. E, oh, a admissão
a irritou. Sunny fez o possível para ignorar a vibração em sua
barriga. — Ele parece um incubus, pronto para atrair mulheres
inocentes para a sua cama. — Ele é um incubus?
Arrogância e sensualidade se apegavam a ele como se
fosse uma segunda pele.
Com o coração batendo forte, ela arrastou o olhar sobre o
resto dele. Mmm, mmm, mmm. Será que ela já viu um exemplo
tão perfeito de apelo sexual forte e puro? Uma massa muscular
tão deliciosamente grande? Uma camisa preta moldada em
seus bíceps protuberantes e couro preto se agarrava nas coxas
poderosas. Nos pés, botas de combate.
Quando ele se mexeu um pouco mais, ela viu a escrita
em sua camisa. “Confira a cifra nas minhas calças”. Quando
ele passou um braço em volta de cada mulher, ela viu os
punhos de metal nos pulsos e os anéis pontiagudos nos dedos.
Ou melhor, as armas nos dedos dele. Mas e daí? Ela também
tinha um anel de arma: uma pequena arma com balas de
bronze.
Ele jogou a cabeça para trás e riu pela terceira vez. Os
fogos da raiva cresceram e se tornaram um inferno. — Depois
das coisas terríveis que ele e seu irmão fizeram ao nosso povo,
pessoas inocentes, ele merece miséria.
— Concordo.
Com movimentos tão sensuais quanto a camélia, ele
levou um copo de uísque aos lábios.
Engolindo um gemido, Sunny mudou a sua atenção para
as fêmeas na mesa dele. Havia três, e elas se agarravam a cada
palavra dele. Ela reconheceu duas delas. Seus apelidos eram
Jaybird e Cash, e elas eram criptoanalistas, como ela.
Jaybird tocou os seus lábios para atrair o olhar dele para
lá. Cash se inclinou para frente, exibindo a riqueza do seu
decote.
— Cara. Elas têm a arte do flerte, e eu meio que quero os
autógrafos delas. — Tanto o Show de Horror da Sunny e Rosas
e Arco-íris da Sunny são péssimas na paquera.
Ela colocou o seu copo em uma mesa e levou Sable para
um local sombrio ao lado de um vaso de plantas, para que elas
pudessem planejar o seu ataque.
— Sim, cara, é verdade, — dizia o homem perto da mesa
para um grupo de amigos. — Eu chutei o cravo... — Pausa. —
Cravo. — Ele franziu a testa. — Por que não posso dizer cravo?
Seus companheiros riram, como se ele estivesse
brincando. Um deles deu uma cotovelada em seu esterno.
Opa. Os filtros mágicos da Sunny e da Sable impediam
que alguém xingasse em sua presença. Por outro lado, a magia
delas também impedia as pessoas de falarem mentiras.
Temos que aceitar o lado bom e o mau.
— Como devemos fazer isso? — Sunny jogou uma pétala
de flor em sua boca e - oh, camélia! Ela estava comendo folhas
e pétalas o tempo todo, o vaso de plantas quase vazio. Sunny
má! Não era hora do lanche. Ela deixou cair a folhagem
restante e limpou a sujeira dos dedos. Enfim.
— Acho que devemos entrar quente. Uma verdadeira
emboscada. Ele não verá isso chegando, porque ele não sabe
quem ou o que somos. Pelo menos, duvido que ele saiba. Se ele
soubesse, Hades também estaria aqui. A última vez que ouvi
falar, o rei esperava recrutar criaturas como nós para usar a
nossa magia contra Lúcifer.
— Você está certa. Além disso, como ele saberia da nossa
determinação em matá-lo? Todos que interrogamos sobre as
famílias reais do submundo, nós matamos, garantindo que as
notícias sobre nós e nossa missão não se espalhassem.
Sable mordeu o lábio inferior novamente. — Acho que a
única pergunta agora é - como vamos emboscar ele?
Elas deveriam esperar e torcer para que William se
aproximasse delas? E se ele não se aproximasse? Elas
deveriam atraí-lo com um sorriso de “vem aqui”? Ele podia não
aceitar. Suas parceiras atuais usavam vestidos extravagantes;
como sempre, Sunny e Sable usavam camisetas e jeans sem
adornos, a roupa perfeita para se misturar e “se esqueça que
estávamos aqui”.
Uma delas deveria diminuir a distância e fazer um
movimento? Tipo dar em cima dele, deixando-o acreditar que
ele iria se dar bem, e, em seguida, levá-lo ao seu quarto de
hotel?
Sim. Seria contato garantido.
Enquanto ela explicava a ideia para Sable, o seu coração
disparou.
— Perfeito. Vamos tirar a sorte, — disse Sable. — A
garota com o mais curto tem que se aproximar dele. A garota
de sorte espera no quarto e atira nele assim que ele entrar.
Sunny bufou. — Não há necessidade de tirar a sorte. Eu
vou fazer o trabalho pesado. Não sei paquerar, mas posso
transformar a mente de um homem em uma sopa apenas com
a minha personalidade. — A expectativa borbulhava em suas
veias. — Só... não o mate quando ele chegar ao quarto. Vamos
interrogá-lo primeiro. Podemos finalmente descobrir as
coordenadas para o território de Lúcifer.
— Feito! Antes de você ir lá e fazer o seu truque, a sua
aparência precisa de um pequeno ajuste. A propósito, vou
precisar que você me ensine como você faz isso. Estou
espumando pela boca com ciúmes. — Sable desenrolou a
trança de Sunny e passou os dedos pelas ondas longas.
Oh, o que Sunny não daria para aparar isso. Mas mesmo
que ela raspasse a cabeça, a espessa massa azulada voltaria a
crescer em questão de horas.
Sable assentiu, satisfeita. — Tudo bem, você está pronta.
Irresistível, e toda essa porcaria. Apenas lembra-se. Sua maior
fraqueza é seu rosto expressivo. Você tem problemas para
esconder as suas verdadeiras emoções.
— Entendido. — Sunny levantou o queixo e ergueu os
ombros. — Aqui vou eu.
— Você consegue. — Sable deu um tapinha na bunda
dela antes de ir para o saguão. Como toda a sua espécie, ela
caminhou silenciosamente, seus passos inaudíveis.
Eu consigo. Eu tenho isso. Sunny saiu das sombras... e foi
atingida por uma onda de nervosismo enquanto as pessoas
olhavam para ela. E se ela não tivesse isso? A transpiração
molhava as suas palmas das mãos.
Não, não. Eu posso fazer qualquer coisa.
— ...como um computador, — dizia um sujeito sentado
em uma das mesas. Ele tinha uma voz familiar. — Estou
falando sério. Ela pode quebrar um código apenas com um
olhar. Qualquer código. É chocante testemunhar. Ela... de jeito
nenhum! Ela está logo ali! — O orador apontou para ela e
acenou. — Sunny! Sunny Lane. Oi. Eu sou Harry. Harry
Shorts. Posso te pagar uma bebida?
Mais pessoas olhavam para ela. Incluindo William. Seus
olhares se encontraram. De repente, ela sentiu como se tivesse
sido atingida por um pé de cabra. Ela perdeu o fôlego e
tropeçou.
Ele estudou o rosto dela, sua atenção permanecendo em
cada característica individual. As feições dele escureceram com
o calor.
O calor da atração? Ela lambeu os lábios, o nervosismo
ganhando novo terreno, gotas de suor em sua nuca.
Ela fez uma careta. Encontrar um alvo sexy? Bem. Tanto
faz. Estar alvoroçada e talvez até um pouco excitada por um?
Não! Inaceitável. Ou ele exalava algum tipo de poeira de luxúria
- sim, sim, tudo culpa dele - ou a época de acasalamento havia
estragado os seus hormônios mais cedo. Ou ambos!
Então, ele se virou, dispensando-a, e Sunny derrapou a
meio caminho da sua mesa. Cravo! Ele não a queria? Ela
passou a língua pelos dentes. A irritação obscureceu o
nervosismo. Seu coração se acalmou e o seu sangue esfriou, as
sinapses em seu cérebro disparando novamente.
O idiota vai cair. Determinada, ela deslizou para frente
mais uma vez. Quando chegou à mesa dele, ela parou,
esperando que ele notasse sua chegada. Ele não fez.
Ela apertou a mandíbula e arregalou os olhos. Uau. Ele
também usava magia. Muita magia. Antiga, sombria e
poderosa. O ar ao seu redor vibrava com isso, fazendo a sua
pele formigar.
As mulheres também a ignoraram, envolvidas demais em
William para se importarem com mais alguém.
Eventualmente, William ficou rígido, e ela teve que lutar
contra um sorriso. Notícias de Última Hora! A atenção dele
sobre ela não tinha diminuído nem um pouco; ele
simplesmente não queria que ela soubesse disso.
Que pena, tão triste. Respire fundo, expire. Erro! O cheiro
dele... Ela fechou os olhos e saboreou, com água na boca. Ele
cheirava a bolo de anjo cheio de crack.
Calma. Firme. Não há necessidade de agir como um shifter
lobo grosseiro.
— ...penso melhor quando estou nu, — ele estava dizendo
para Jaybird e Cash, fingindo que Sunny não estava lá. —
Vocês?
O suficiente! — Oi. Olá. Ei, — disse Sunny, batendo os
nós dos dedos contra a mesa. Já estragando tudo.
A princípio, apenas as mulheres reconheceram a sua
presença. Mas William continuou falando e bebendo seu
uísque, e elas se esqueceram dela.
Ela bateu na mesa novamente.
Finalmente, ele inclinou a cabeça na direção dela, todo
graciosidade lânguida e autoconfiança. Ele também fez disso
um verdadeiro evento, como se estivesse estreando um filme de
grande sucesso. Por que se dar tanto ao traba...? Oh. É por
isso. De perto e pessoalmente, seus olhos eram ainda mais
espetaculares, brilhando de excitação, brilhando com um
brilho de raiva gelada e brilhando com determinação de aço.
Correntes elétricas atingiram as suas terminações
nervosas e ela quase gritou. Ignore a sugestão de prazer. Siga
em frente.
Ela colou seu melhor sorriso de “vem cá” e acenou. Um
aceno? Sério? Se recomponha, Sun. Lembre-se do que a família
dele fez com a sua.
Enquanto ela cerrava os punhos, ele a olhou lentamente,
começando de baixo e subindo - chamuscando-a. Quando ele
alcançou o ápice das suas coxas, arrepios e calor a
consumiram.
Não, não. Eu não vou reagir. Ele - e a época de
acasalamento - não me afetará.
Seu olhar continuou subindo, chamuscando mais
quente...
Ele alcançou o sorriso colado no rosto dela e lançou um
sorriso afetado. Mas... mas... por quê?
— Como posso atendê-la, mascote? — ele perguntou,
lento e deliberado.
Ela sentiu as palavras como uma carícia. Espera.
Mascote? Mascote! Um insulto à sua espécie! — De maneiras
que você nunca imaginou, bonito, — ela respondeu, cuidadosa
para moderar o seu tom. Ela olhou para Jaybird, depois para
Cash. Elas tinham que ir. Deixando o seu lado selvagem e
violento brilhar em seus olhos, ela retrucou: — Desapareçam.
O grande sorriso afetado de William fez outra aparição.
Jaybird olhou para ele, exasperada. — Você vai mandá-la
embora?
— Não, — ele disse simplesmente.
— Bem. Ela é toda sua. Nós iremos. — Com um bufo, ela
se levantou. Deu uma pausa. Esperando que ele a parasse?
Quando ele ficou quieto, ela foi embora. Cash e a outra mulher
a seguiram.
Esperamos que Willy-boy seja igualmente fácil de
manipular. — Olá. — Ugh. Não isso de novo. — Sou Sunny. O
que me deixa excitada inclui bondade e responsabilidade.
Pareço ter vinte e um anos, mas sou mais velha. Prometo! —
Quase dez mil anos.
Um flash de curiosidade, lá e se foi. — Eu sou William. As
amantes me chamam de Derretedor de Calcinhas. Todo os
outros me chamam de Sempre Excitado. O que me deixa
excitado é estar viva e respirando. Eu tenho mais de vinte e um
anos também.
Mmm. A voz dele era como... como sexo audível. Se as
mulheres eram “gatinhas sexuais”, esse homem era uma
“pantera sexual”. Miau.
O que é que você está fazendo, admirando-o? Ela lembrou
a si mesma dos seus muitos crimes. Há muito tempo, Lúcifer e
sua horda de demônios tinham invadido a sua aldeia. Eles
estupraram, saquearam e massacraram completamente o seu
povo. Homens, mulheres e crianças. A família dela. Os amigos
dela.
Às vezes, quando ela fechava os olhos, ainda ouvia os
gritos deles.
O único lar que ela conheceu fora arrasado e todo o
escopo da sua vida mudou.
Houve seis sobreviventes, incluindo Sunny. Ninguém se
lembrava de ter visto William, apenas Lúcifer, mas Willy devia
estar envolvido. Por que mais Lúcifer teria gritado “Por
William”?
Talvez o Sempre Excitado tivesse planejado o ataque.
Talvez ele tivesse se escondido atrás de uma máscara. De
qualquer maneira, Sunny havia perdido tudo. Até os outros
sobreviventes. Para melhorar as chances de esconderem as
suas origens, eles decidiram se dividir e se encontrar somente
quando necessário.
Ela e Sable estavam juntas agora apenas porque Sunny
havia pedido ajuda.
Dedos estalaram na frente do seu rosto, puxando-a de
volta ao presente.
Realização: ela se perdeu dentro de sua cabeça. Ela
queria morrer? Sunny recolocou o sorriso em seu rosto. —
Sempre Excitado, hum? Alguém te chama de SE para abreviar?
— Só se eles desejam morrer, — respondeu ele, com o
tom seco. Apesar da secura, ele vibrou com tensão. A
proximidade dela o abalava?
— Então ele é fofo e feroz. Bom trabalho, Sunny. — Ela
deu um tapinha no ombro, desempenhando o seu papel. — Eu
escolhi o melhor pedaço de carne na delicatessen.
Ele levantou uma sobrancelha. — Então, eu sou um
pedaço de carne para você?
— Sim, costeleta de porco. Sim. Mas em minha defesa, só
penso nisso porque estou certa. — Ela se inclinou e deu uma
palmadinha na bochecha dele, o desejo de dar um tapa nele
quase impossível de ignorar. — Você deveria vir com uma
etiqueta de aviso. Ou preservativos para globos oculares.
— Por quê? Você planeja enfiar os olhos dentro das
minhas órbitas?
— Talvez?
— Desculpe, mas acho que vou passar.— Ele cruzou os
braços, a camisa esticada sobre os músculos deliciosamente
flexionados. — Não, sabe o que mais? Estou me sentindo
ousado hoje. Vamos em frente. Temos que tentar de tudo uma
vez, certo?
Uma risada escapou dela. Mais que camélia! Um príncipe
das trevas não deveria diverti-la. — Lamento, mas não lamento,
eu mandei as suas companheiras embora. Quando quero
alguma coisa, vou em frente. — Verdade!
Ele moveu o seu olhar sobre ela mais uma vez. — E você
decidiu que me quer?
O tom dele... ela pensou ter detectado uma pitada de
certeza e incerteza. Que estranho. — Passei cinco minutos
inteiros planejando a sua sedução. São seis minutos a mais do
que o habitual.
— Isso significa que você está apenas vinte e quatro
horas atrás de mim, — ele respondeu, ignorando a matemática
bagunçada dela.
Ele fez uma piada... ou uma declaração de fato? Ele
acabou de admitir que estava na conferência para encontrá-la?
Assim. Há uma chance que eu esteja errada. Uma chance
de ele saber ou suspeitar de quem ela era, e ele veio para detê-
la - para sempre.
A raiva explodiu de novo. Em breve, seria apaziguada...
Por enquanto, ela forçou outro sorriso. O idiota ainda
tinha que convidá-la para se juntar a ele, ou expressar o desejo
de sair com ela. Estava se fazendo de difícil? Hora de levar as
brincadeiras para o próximo nível, para lhe dar uma desculpa
para agir. — Se você fosse uma cobertura de pizza, seria
hambúrguer e jalapeno, porque é quente e de qualidade. Eu
seria presunto e abacaxi porque sou salgada e doce. — Não. De
jeito nenhum, eu acabei de comparar-nos abertamente com
coberturas de pizza, como se estivéssemos fazendo um teste no
Facebook.
Ok, então ela não era apenas péssima em paquerar. Ela
era terrível, ponto final. Mas espere! Ele deu um sorriso
genuíno, não um daqueles sorrisos afetados, como se ela o
tivesse divertido de verdade. A visão fez a sua barriga tremer.
Apenas um segundo depois, ele estremeceu como se ela
tivesse lhe dado um soco, seu sorriso desaparecendo. Ele jogou
de volta os restos da sua bebida, seus movimentos poderosos,
agressivos e sedutores. O tremor piorou. O que ele está fazendo
comigo?
Quando ele bateu o copo, uma máscara em branco cobriu
as suas feições. — Você pode ir. — Ele também apagou o seu
tom. — Conversaremos mais tarde, quando for a sua vez.
Sua vez de quê? Interrogatório? Talvez ele suspeitasse
que todo decodificador do sexo feminino caçasse a sua família.
E deixá-lo? Dificilmente. Agora que ela respirou o seu perfume
magnífico, experimentou a carícia da sua voz e a sedução letal
do seu olhar, ela o queria morto o quanto antes. Mais perigoso
do que eu pensava.
Tinha que haver uma maneira de anular o desejo dele de
esperar. Oh! Oh! — É você quem perde. Estou super excitada.
— Tesão para acabar com a vida dele! — Provavelmente estou
morrendo e apenas um orgasmo me salvará. Planejei convidá-lo
para o meu quarto por algumas horas de... você sabe...
pensamento e reflexão. — Ela passou um dedo entre os seios e
ronronou: — Eu ouvi você dizer que você pensa melhor quando
está nu.
As pupilas dele aumentaram, derramando sobre todo
aquele azul pálido. Um sinal de desejo sexual. Mas ele não
anulou a sua demanda.
Margarida! Ela tinha um último ás para jogar. Se ele
ainda a recusasse, ela se esconderia e o seguiria até o seu
quarto de hotel. — Tudo bem, eu vou. Felizmente, você não é a
único pedaço de carne no menu. Aproveite o resto da sua noite.
Eu sei que vou. — Ela soprou um beijo para ele e girou,
revelando a sua melhor característica: uma tulipa
arredondada. Argh! Um assalto arredondado. Dália! Filtro
mágico estúpido. Ela tinha uma bunda arredondada, ok?
Ele respirou fundo. — Ou fique por alguns minutos, —
ele resmungou.
O alívio tomou conta dela, frio e calmante. Como
esperado, sua bunda tinha tido sucesso onde a sua inteligência
falhou. Um passo mais perto.
Tremores atormentavam Sunny quando ela se sentou na
cadeira em frente a ele. Ele a observou, atenta e intensamente,
distraidamente traçando um dedo sobre a borda do seu copo.
Ignore o formigamento da consciência. Ignore o crepitar da
necessidade. Ignore o chiar do desejo.
Sem desviar o olhar dela, ele levantou um braço e estalou
os dedos. Uma garçonete veio correndo, oferecendo-lhe um
novo copo de uísque. Um que ele terminou em segundos.
Sunny plantou os cotovelos na mesa. — Então. O que
devemos...
Ele bateu o copo sobre a mesa, silenciando-a. Então, ele
se levantou e estendeu a mão. — Eu já selecionei o
entretenimento noturno e nunca reorganizo os meus planos.
Por outro lado, sou um doador, incrivelmente generoso, e a sua
vida está em risco. Portanto, eu farei isso por você. Vou te dar
um orgasmo. — Ele acenou com os dedos para ela. — Venha.
Vamos para o meu quarto.
— Não. Vamos para o meu quarto — ela insistiu, sorrindo
um sorriso de verdade desta vez. Ela fez isso! Ela o conquistou!
Ele estremeceu novamente, mas também deu um aceno
duro. — Muito bem. Vamos para o seu quarto e irei garantir
que você sobreviva à noite.
Capítulo Três

“Continue. Me chame de sexy. Todo mundo faz.”

William conduziu a sua sedutora “super excitada” pelo


saguão do hotel, seu doce perfume de terra o mantendo à beira
do desejo. Como um buquê de flores recém cortadas, embebidas
em baunilha e polvilhadas de luxúria.
Externamente, ele exalava confiança casual, sem
nenhum cuidado. Por dentro, ele borbulhava tanto de irritação
quanto de excitação. Até cinco minutos atrás, Sunday “Sunny”
Lane ocupava o penúltimo lugar em sua lista de possíveis
decodificadoras/companheiras de vida. No momento em que a
viu, seu corpo inteiro reagiu, os músculos tencionaram e o
sangue esquentou. Ele a mudou para o número dois. No papel,
havia outra mulher com mais experiência com códigos
complicados. Então, Sunny sorriu para ele, genuinamente
sorriu, e ele a levou para o número um. Ninguém mais tinha
despertado qualquer tipo de reação física.
Se a sua decodificadora funcionasse, de fato, como sua
companheira, seu corpo continuaria reagindo a ela. Para
Sunny.
Ela é minha companheira? Ela tinha beleza, inteligência,
um senso de humor irônico e um ar cansado que o desafiava de
mil maneiras diferentes. William adorava um bom desafio.
Mas ele não achava que ela o desejava. As mulheres se
atiravam nele o tempo todo, com certeza, mas a pequena
sedutora havia apenas projetado um pouco de desejo. Na sua
maioria, ela tinha irradiado pura raiva e não diluída. Por quê?
Ele tinha transado com ela e esqueceu?
Seja qual for o motivo, não havia como ela ter planejado
fazer sexo com ele hoje à noite. O que significava... o quê? Ela
pretendia atacá-lo?
Instintos de sobrevivência gritavam: Destrua uma
ameaça, qualquer ameaça. Mesmo com uma embalagem tão
requintada. O bom senso gritou: Não faça nada... ainda. Se ela
fosse a sua decodificadora e companheira de vida, ele
descobriria, de um jeito ou de outro.
Ele tinha quatorze dias antes de poder agir. Quatorze
dias. Duas semanas. Um bocadinho de tempo, lá e se foi.
Então, se ela era a única, ela morreria.
O pensamento o deteve. Ele poderia fazer isso?
— Algo está errado? — ela perguntou, provavelmente
tentando esconder o seu aborrecimento e falhando.
Na esperança de acalmar as chamas mais quentes da sua
fúria, ele trouxe à tona as grandes armas: charme. Ao
avançarem mais uma vez, ele perguntou: — Você já pensou em
mudar a grafia do seu nome de S-U-N-D-A-Y para S-U-N-D-A-
E?
A cabeça dela virou para o lado, seu olhar se focando no
dele e estreitando, sua raiva ardendo com força total. No
momento, ele não conseguia se importar. O jeito que ela se
movia, toda graça e erotismo. Sexo com pernas. Adorável além
de comparações. Quando ela se lembrou do seu papel de femme
fatale, no entanto, ela colou um sorriso alegre e ele teve que
engolir uma risada.
— Como você sabe a grafia do meu nome? — ela
perguntou, batendo os seus cílios no que ela deveria presumir
que era uma forma de paquerar. — Como você sabe o meu
nome? Eu só te contei o meu apelido.
— Talvez eu tenha vindo aqui para conhecê-la. — Ele
passou a ponta do dedo sobre o crachá colado na blusa dela. —
Ou talvez eu tenha lido isso.
— Oh. Certo. — O bater dos cílios parou quando ela
soltou um suspiro. — Você quer me chamar de “sundae” por
que está interessado em me lamber como uma casquinha de
sorvete?
A voz dela fluiu sobre ele, tão quente e rica como mel
fresco. Embora o mel fresco nunca o lembrasse de sexo puro.
Sexo com Sunny. Seus músculos se ataram com mais
força, e seu eixo endureceu em segundos. — Vou lhe contar
tudo o que quero fazer com você, assim que chegarmos ao seu
quarto.
Tremores - estremecimentos? - roçaram seu corpo contra
o dele, provocando uma onda de calor em suas veias. Suor
escorria no seu lábio superior. Uma primeira vez. Irritado, ele
passou a mão pela boca e puxou a atenção para frente. Para
sua consternação, sua mente se recusou a pensar em outra
coisa e imediatamente conjurou a imagem dela.
Ela era baixa - para ele - não mais que 1,70m. Um total
foguetinho com uma lambível pele marrom, olhos âmbar
vibrantes e uma cascata de ondas azuis. Seus traços possuíam
uma delicadeza semelhante à de uma boneca que ele achava
encantadora. Um punhado de sardas pontilhava o seu nariz.
Sardas. Um novo obrigatório para ele. E o corpo dela... merda!
O corpo desta mulher. Ossos finos, mas gloriosamente
curvilíneos, com seios carnudos e quadris largos.
Eu a quero. Quero ela agora.
Resista!
Quando entraram no saguão, uma luz mais forte
afugentou as sombras do bar, ela empurrou a franja para o
lado e ele notou um tecido cicatrizado desbotado que formava
um anel do tamanho de um moeda no centro da testa.
Ele franziu a testa. Primeiro, quando ele a olhou
novamente? E segundo, o que causou uma ferida tão
perfeitamente arredondada? Terceiro, por que hematomas leves
em formato de meia-lua marcavam a carne sob os olhos
injetados de sangue? Sinais de fadiga, talvez?
— Você está encarando, — ela retrucou, depois colou
outro falso sorriso feliz. — Por favor continue.
Ele mordeu a língua para silenciar uma risada. — Eu
planejava isso, mascote, mas obrigado pela permissão. — Para
ser sincero, ele não notou a beleza dela à primeira vista. Ou
segunda. Ou até terceira. Mas algo nela havia atraído
repetidamente o seu olhar, cada novo olhar cativando-o ainda
mais. Em menos de um minuto, ela passou de simples para
bonita, de requintada para absolutamente hipnotizante. Um
feito verdadeiramente notável. Uma proeza mágica? Talvez ela
usasse um tipo de glamour?
Não, ela não era uma bruxa. Elas tinham uma energia
diferente. Ele pensou que ela poderia ser um shifter de algum
tipo. Mas de que tipo? Lobo, o mais conhecido? Ou uma das
raças mais raras, como dragões, selkies ou sirenes? Não, ela
não tinha cheiro de uma criatura do mar ou de um respirador
de fogo.
Chega! Apenas um detalhe importava: ela é minha
decodificadora?
Caso contrário, ele pode seduzi-la para tirar essas
roupas. Ele poderia seduzi-la, apesar da raiva dela?
A expectativa subiu diretamente para a sua cabeça,
intoxicando-o. Desafio aceito.
Quando chegaram ao elevadores, ele conduziu Sunny e a
parou atrás de uma família de quatro pessoas. Os pais e duas
filhas pequenas. Para que Sunny não mudasse de ideia e
decidisse fugir, ele passou um braço em volta da cintura dela,
apoiando a mão no em seu quadril.
Para seu deleite, ela se derreteu contra ele. Um ajuste tão
perfeito. Interrogá-la seria tão fácil quanto...
Não. Celebrando cedo demais. Ela endureceu e se
endireitou, a tensão pulsando nela.
As meninas notaram Sunny e ficaram boquiabertas.
— Seu cabelo é tão bonito, — disse a irmã mais velha, os
olhos arregalados como pires.
— O mais lindo que eu já vi! — a mais nova disse
encantada.
— Obrigada.— Radiante, Sunny deu uma afofada em seu
cabelo. — Quer sentir como é macio?
Em uníssono, elas gritaram: — Sim, sim, sim!
Enquanto Sunny se abaixava para deixar as meninas
peneirarem seus dedos através das suas madeixas azuis, os
pais exibiam sorrisos indulgentes.
O peito de William se apertou. Ele não achava que isso
fazia parte do ato dela.
Ele criou um arquivo mental para todas as mulheres que
agraciaram a sua lista; ele adicionou um novo detalhe ao de
Sunny. Simples. Bonita. Linda. Maravilhosa. Requintada.
Ligada, mas lutando contra isso. Espirituosa. Confiante. Um
pouco imatura. Gentil com as crianças.
O que ela achava dele? Que ele também era requintado,
sem dúvida. E espirituoso e confiante, também. Provavelmente
incrivelmente maduro. Definitivamente indiferente aos filhos
das outras pessoas. Bem, da maioria das pessoas. Seus amigos
Maddox e Ashlyn tinham gêmeos - Urban e Ever - e William
amava os pequenos merdas mais do que a vida.
Oh, você vai ter filhos, sim senhor. O suficiente para criar
uma equipe de... fute... equipe esportiva.
Ele fez uma careta e balançou a cabeça, fazendo o
possível para desalojar a previsão de Keeley. Ele estaria
escolhendo um caminho de vida diferente, muito obrigado.
Ding. As portas do elevador se abriram, a família de
quatro pessoas caminhando para dentro. William cutucou
Sunny gentilmente, instando-a para a parte de trás do
elevador.
As meninas estavam paradas próximas ao painel,
ansiosas para apertarem um botão.
— Décimo sétimo andar, por favor, — ela disse a elas.
Oh, oh, oh. O que é que foi isso? Ele havia detectado uma
pitada de nervosismo na voz dela?
O carro estremeceu quando começou a subir. William
manteve total consciência de todos os ocupantes, para que
ninguém lançasse um ataque furtivo. Alguns imortais tinham o
poder de mudar de forma para qualquer pessoa ou qualquer
coisa, inclusive crianças.
No terceiro andar, as meninas saíram, dando adeus. As
portas se fecharam, selando William e Sunny dentro. Sozinhos.
Seu perfume incrível saturou o ar, fazendo a cabeça dele nadar.
Toda aquela doçura se fundia com a terra. Sua pele se apertou,
o seu sangue um rio de lava derretida.
Ele se virou e a encarou, incapaz de se conter. Ele
precisava... queria... Droga, ele não sabia!
Por que diabos ele não sabia?
Ele rangeu os molares. Ela quebrou o cérebro dele, então
deve ser a sua companheira. Sim? Nesse caso, ela era sua
decodificadora e a próxima vítima a cair pela sua espada.
Eu não deveria dormir com uma mulher que pretendo
matar... certo?
Nah. Está tudo bem. Uma bússola moral não era algo que
William gostava de carregar; elas atrapalhavam. E ele pode
estar errado sobre Sunny. Ela pode não ser a pessoa que ele
procurava.
Então, por que um desejo primordial de proteger o seu
bem?
Ele teve que se lembrar de um fato importante. Eu posso
protegê-la e me colocar em perigo, ou colocá-la em perigo e me
proteger.
Eu me escolho Sempre.
Com rosnados irregulares roncando profundamente
dentro dele, ele disse a ela: — Se você está usando perfume,
nunca pare. — Droga! Ele pretendia dizer a ela para jogar fora
a garrafa.
Ela virou-se para ele, as bochechas com um lindo tom de
rosa. Febre de paixão? Os rosnados ficaram mais altos.
— Eu não estou usando perfume, — ela resmungou.
Ah, sim. Febre de paixão. O ar ao redor deles engrossou
enquanto respiravam com mais força, mais rápido. Nenhum
deles desviou o olhar.
Ele deu um passo mais perto.
Ela deu um passo mais perto também.
Com a sua próxima inspiração, seus mamilos se
esfregaram contra a camisa dele. Fricção deliciosa. Ele lutou
para conter um gemido, seu eixo latejando.
Não perca o foco com uma ameaça em potencial.
Bem. Ele a beijaria, distraindo-a o suficiente para limpar
sua mente da fúria e remover as balas do seu anel-arma,
enquanto permanecia desapegado. Então, ele a questionaria.
Se ele gostasse das respostas dela, eles poderiam passar
algumas horas na cama. Se não...
Eles ainda poderiam passar algumas horas na cama.
Excelente plano. Sem falhas.
Agora ele a encostou contra a parede. A respiração dela
engatou, mas ela não protestou. Ele colocou os braços dela
para cima da cabeça. Ainda sem protestos. Encorajado, ele
enfiou uma perna entre as dela, mantendo-as abertas.
Não havia como parar o seu próximo gemido.
Manchas de verde, azul e rosa apareceram em seus olhos
quando ela perguntou: — Estou prestes a experimentar as
preliminares do elevador?
— Está. É a minha especialidade. — O que ela era,
caramba? Segurando o olhar dela, ele triturou a sua ereção
contra o núcleo dela...
— Você é muito bom em ser humilde.
— Não, eu não sou. Eu sou ótimo com isso.
Para seu deleite, ela jogou os quadris para frente,
encontrando-o. Ah Merda! O prazer tomou conta dele. Ele
começou a ofegar.
Agitação interna. Concentre-se! O que é que ele tinha
planejado fazer? Ah, sim. O mais furtivamente possível, ele
removeu as balas do anel-arma dela.
— As outras garotas devem ter realmente preparado a
sua bomba, — disse ela, sem fôlego.
— Que outras garotas? — ele perguntou com uma
piscadela.
Os cantos da sua boca se contorceram com diversão
genuína. — Oh, você é muito, muito bom nisso.
— Nisso?
— Paquera.
William baixou o olhar para os seios dela, vendo os
mamilos dela perolizarem por ele. Um erro. Ele não conseguiu
se impedir de moer contra ela novamente. Novamente. — Em
breve, vou encher os seus pequenos mamilos de beijos. Como
eles devem estar doloridos.
Com um gemido, ela enrolou os dedos em volta da mão
dele, a que prendia os pulsos dela. Ela cravou as unhas em sua
carne, e ele se sacudiu com uma realização. Estou a afetando e
ainda nem a beijei.
O orgulho masculino atirou lenha na fogueira da sua
luxúria.
Que diabos estou fazendo? Esquecendo o seu propósito?
Ele balançou a cabeça - uma negação para ela e para si
mesmo. — Você está errada, sundae.
Olhos vidrados, aparentemente extasiados, ela respirou,
— Errada?
— Sobre mim e flertar. Eu não sou bom nisso. Eu sou
incrível.
Ela olhou para os lábios dele. Encarou, realmente. — Eu
deveria avisar você. Eu sou muito ruim na cama. Tipo, congelar
as suas bolas até ficarem azuis durante uma semana.
Um sorriso indulgente floresceu, aquele que geralmente
enviava o pulso de uma mulher em uma viagem ao redor do
mundo. — Não existe algo ruim na cama, doçura. Não comigo.
As rosas desapareceram das suas bochechas e os brilhos
morreram em seus olhos, sua fúria retornando rapidamente. —
Você já dormiu com mulheres o suficiente para saber sem
sombra de dúvida? — ela perguntou com um tom
enganosamente doce. — Quantas houve então? Continue. Dê
uma estimativa.
Tremendamente honesto, quando ele queria ser, William
disse: — O número é incalculável. — Ele teve mais amantes do
que qualquer imortal que ele conhecia. Um fato que não
causava culpa ou o envergonhava. Nem o deixava orgulhoso.
Era o que era, e ele fez o que fez.
No fundo da sua mente, ele acompanhava os andares por
onde passavam. Em questão de segundos, eles chegariam ao
décimo sexto. Alguns segundos depois, décimo sétimo. Preciso
de mais tempo.
Sem se afastar de Sunny, ele estendeu a mão para
pressionar o botão do décimo sexto, garantindo que eles
parassem uma vez antes de chegarem ao seu destino,
comprando-lhe um minuto ou mais.
O elevador parou e as portas se abriram. Ninguém
esperava lá.
Ele baixou a cabeça, deixando os lábios pairarem sobre
os de Sunny. — Devo adicionar mais uma para a contagem?
Aguardando a resposta dela... respirando-a... já viciado
no perfume dela?
Um arrepio mais forte a sacudiu. — Sim, — ela
finalmente sussurrou.
Ele não perdeu tempo, pressionando os lábios contra os
dela uma vez, duas vezes, depois para sempre, deslizando a
sua língua na boca dela. Porra! Mais doce que a ambrosia. Ela
tinha gosto de poder e tranquilidade, as suas duas coisas
favoritas.
Viciado? Sim. Sem dúvida agora, e zero arrependimentos.
Quero mais. Preciso disso.
Você vai ter. Com um gemido desesperado, ele
aprofundou o beijo.
Não, não, não. Não haveria aprofundamento. Não com
ela, ainda não. Devo permanecer desapegado até que eu saiba
com quem e com o que estou lidando.
Aqui e agora darei um pouco para ganhar muito.
Mas... ela não mentiu ou exagerou. Ela beijava mal. A
pior. Ela chupou a língua dele com muita força, bateu os
dentes contra os dele e mordeu pontos sensíveis, tirando
sangue.
Um pouco chocado, ele levantou a cabeça para olhá-la.
Ele esperava ver um retorno do rubor sensual. Ou um sorriso
para indicar que ela estava brincando com ele. Ele não viu
nada. Nenhuma dica de emoção. Nem mesmo a sua raiva
anterior.
Estou perdendo meu toque?
— Por que você parou? — ela perguntou, respirando
normalmente. — Você é tão ruim nisso quanto eu, então somos
perfeitos um para o outro.
Ele... o quê? — Não sou ruim nisso e vou provar, — ele
berrou. Ele voltou a descer.
William a beijou com toda a habilidade que adquiriu em
sua vida multimilenária de putaria, alimentando sua paixão
diretamente da torneira. Mais uma vez, ela o beijou de volta,
mas ela permaneceu rígida e, como se estivesse distraída.
Mesmo assim, ele sentiu... Não, impossível. Mas, talvez?
Um raio passou pelas suas veias, algo que ele só tinha
experimentado quando estava enfurecido. Aqui, agora, o seu
temperamento permaneceu à distância. Então, o que havia
causado isso? Sunny? Por que ela era a sua companheira?
Dedos gelados de pavor percorreram a sua espinha.
Então, um milagre ocorreu. Ela amoleceu contra ele,
aliviando a sucção em sua língua. Ela parou de morder e
começou a lamber. Em segundos, um desejo afiado o atingiu.
Ele sentiu como se a desejasse para sempre, e isso apenas
aumentava o seu medo.
Ding. As portas do elevador se abriram no décimo sétimo
andar.
Droga! As coisas tinham acabado de começar a melhorar.
O fato de ele ter que parar... Agora o seu temperamento
queimou, um novo rosnado retumbou em seu peito. Ele
levantou a cabeça e disse: — Qual quarto? — Eles terminariam
o que tinham iniciado e depois retornariam à conversa.
— O último à direita, — ela disse, mais ofegante do que
antes.
William torceu os dedos, conduziu-a para o corredor e
manteve um ritmo acelerado até o seu destino. Ela entrou no
quarto, entrando primeiro com um salto animado em seus
passos.
Ou ela o queria, ou queria que ele enfrentasse o que quer
que esperava além da porta. Preparado para qualquer coisa, ele
entrou nos calcanhares dela, fazendo uma rápida varredura
visual. Quarto pequeno. Paredes bege. Obras de arte genéricas.
Cama king-size, edredom branco de pelúcia. Sem armas.
Exceto pela temperatura. Ela configurou o termostato para
Mais quente do que o Inferno.
O suor escorria em sua testa, seu interior fervendo
rapidamente. Maravilhoso. Um bom guisado de William.
Atrás dele, a saída se fechou com um suave estalido.
Sunny girou, a boca abrindo e fechando. — Mas eu...
ela... eu não entendo.
— O que é que você não entende?
— Ela não está aqui. Por que é que ela não está aqui?
— Ela? — Sunny revelaria seu verdadeiro propósito agora
ou esperaria até...
Ela girou, com o braço levantado, a mão fechada, o anel-
arma apontado para o rosto dele. OK. Agora, é isso. — Muito
bem, — disse ela. — Eu vou fazer isso sozinha.
Nunca, em todos os séculos da sua vida, uma mulher
apontou uma arma para ele após beijar. Depois de transar com
ele, sim. Isso já aconteceu uma ou talvez uma dúzia de vezes.
Ele perdeu a conta, certo? Aparentemente, ele tinha uma
péssima maneira de cabeceira. Muitas mulheres sugeriram que
ele buscasse ajuda. E ele o faria, assim que começasse a se
preocupar com o que as outras pessoas pensavam dele.
— Eu sei quem você é, — estalou Sunny. — William da
Escuridão, também conhecido como Sempre Excitado e
Derretedor de Calcinhas. Filho de Hades e irmão de Lúcifer.
Você é escória! Quantas aldeias você e o seu irmão saquearam
ao longo dos séculos, hum? Diga-me! E não minta. Eu saberei.

Ele se encolheu com “escória”. A putinha. Mas não


importa. Com a sua explosão, ela aplacou o orgulho dele,
explicando a sua resistência aos encantos dele, sua raiva e
seus insultos. Ela travou uma guerra mental, tentando minar a
sua confiança e fazê-lo duvidar de si mesmo, tudo para puni-lo
por algo que ela acreditava que ele havia feito no passado.
Infelizmente para ela, William se destacava na guerra
mental. Ele vencia sempre. — Quantas aldeias eu saquei? Mais
uma vez, o número é incalculável. — Ele se inclinou para o
lado, apoiando o ombro na parede. Uma pose relaxada. — Por
quê? Eu pilhei a sua?
— Sim! Não! Argh! Talvez. Eu morava no Reino de
Mythstica.
Finalmente. Informação. — Eu nunca visitei o Reino de
Mythstica. — Onde muitas criaturas de mitos e lendas
aclamavam, como dragões, minotauros e o poderoso Pegasus.
— Você já ajudou o seu irmão a planejar um ataque a
uma vila em Mythstica? — ela exigiu.
— Não. — Ele ajudou Lúcifer a planejar outros ataques?
Sim. Muitas vezes. Depois, ele se arrependeu de todos.
— Mas... mas... você está mentindo para mim. Você deve
estar mentindo. Não sei como, mas não há outra explicação.
Então me diga por que você fez isso - a verdade desta vez! - ou
eu dar um tiro na sua cara bonita.
Ele deu um tapinha nas suas bochechas com a sombra
da barba por fazer. — Você me acha bonito? — Quando ela
gritou, ele decidiu seguir em frente. — Com o que é que você
vai me dar um tiro, hum? — Tentando não sorrir, e falhando,
ele pegou as balas do bolso.
Ela o chocou. Um sorriso iluminou as suas feições,
fazendo o seu peito apertar mais uma vez. — Você acha que eu
sou dália, — disse ela, seu sorriso rivalizando com o dele. —
Mas eu cronometrei cada movimento seu durante a nossa
desculpa patética de beijo, e soube no segundo em que você
removeu as balas. Pena que já recarreguei.
— Dal-lia? — William ficou relutantemente
impressionado com a sua bravata, mas também furioso. Ela
ousou ameaçá-lo, um príncipe das trevas? Ela aprenderia
melhor. — Atire em mim, então. — As balas serviram apenas
como um aborrecimento. Como moscas. — Ou você me acha
atraente demais para causar danos? — Até onde ela levaria
isso?
Se ela era, de fato, a pessoa que ele procurava, ele
precisava saber.
— Tenho certeza de que algumas mulheres acham você
aceitável, — ela zombou, deixando claro que considerava essas
mulheres idiotas.
O insulto atingiu a sua marca, pequenos grunhidos
saíram dele. Acho que ele se importava mais com a opinião dos
outros do que imaginava.
— Ohhhh. Isso doeu, hein? — Agitando o punho na
direção dele, ela ordenou: — Pare de bancar o valente e comece
a falar. O que é que meu povo fez para você e para a sua
família?
Ela realmente puxaria o gatilho? Num segundo ele
pensou: De jeito nenhum; no outro ele pensou: Inferno, sim. —
Quem é seu povo? O que é o seu povo?
Ignorando as perguntas dele, ela retrucou: — Por que
você pilhou as aldeias?
Isso teve uma resposta fácil. — No passado, se alguém
me ameaçava, eu os matava, assim como toda a sua família e
conjunto de amigos, tudo para impedir que outros vingassem
as suas mortes. — Ele ofereceu a admissão sem vergonha.
Tudo bem! Com uma pitada de vergonha.
— Nós nunca te ameaçamos. Passamos nossos dias
ajudando quem precisava.
— Pela última vez, não planejei ou participei da
destruição de nenhuma aldeia em Mythstica. — Mas Lúcifer
pode ter, enquanto usava o rosto de William. Filho da puta!
Seu ex-irmão gostava de culpar os outros por seus piores
feitos. — Você me viu lá?
— Bem. Eu... — Ela se curvou. — Não, ela falou. — Eu
não vi. Eles não viram.
A confusão turvou os seus pensamentos, suas
sobrancelhas se unindo. — Então, por que assumir que estou
mentindo? Por que assumir que sou responsável? "
— O grito de guerra do seu irmão. Por William!
Raios eletrificados de raiva se desenrolaram dentro dele.
Eu vou matá-lo. — Ele me incriminou em muitas coisas. Eu
nunca pedi para ele matar por mim. Eu sempre cuidei de meus
próprios assassinatos.
— Então por que você não o matou?
Estou tentando! Em vez de expressar o seu fracasso, ele
cobriu as pálpebras. Olhe para mim ... abaixe a sua guarda ...
— Se você vai atirar na minha, como você chamou? Ah, sim.
Minha cara bonita. Se você vai atirar independentemente do
que eu digo, não tenho incentivo para compartilhar
informações com você.
Ela sorriu o sorriso mais perverso e maligno que ele já
viu, de alguma forma parecendo chocar seu coração morto de
volta à vida. — Você quer incentivo? — ela ronronou. — Aqui
está. Diga-me o que eu quero saber e eu mato você
rapidamente e sem dor. Não diga, e farei doer de maneiras que
você nunca experimentou.
Outra ameaça. Ao contrário de outros, ele não temia a
dor. O que realmente o aterrorizava? O que quer que ela tenha
feito com seu coração agora palpitante. — O que você quer
saber exatamente? A localização de Lúcifer?
Ela assentiu. — Sim. Mas primeiro, começaremos com o
motivo pelo qual você veio à conferência. Matar alguém, sim,
como exige sua natureza sombria?
De fato... — Estou aqui para encontrar uma
decodificadora que possa trabalhar com códigos mágicos. Se for
você, eu matarei para protegê-la. Por duas semanas. Então.
Mostrarei uma foto e você me dirá se pode traduzir os símbolos
em palavras.
Um vinco se formou acima da ponte do nariz dela. — Por
que uma linha do tempo tão específica? — Então ela balançou
a cabeça e bateu o pé. — Não! Você está mentindo de novo. De
alguma forma. A foto provavelmente está cheia de veneno.
Outro item para adicionar ao arquivo dela. Não, dois
itens. Beija mal e é desconfiada como o inferno. Duas razões
para passar com dificuldade. Então, por que ele estava mais
atraído por ela a cada segundo?
Companheira...
Não, não. Não tenho certeza.
— Tudo certo. Novo plano — ele disse. — Vou te dar um
orgasmo ou doze. Saciada, você vai relaxar. Relaxada, você
pensará claramente. Depois, você vai admitir que sou o melhor
amante que você já teve, e discutiremos esse negócio de
pilhagem da vila como quase adultos. — Ele nunca tinha
falhado em fazer uma mulher atingir o clímax e não começaria
hoje.
— Deixe-me pensar em sua oferta... pensando... nah. Não
estou interessada em fingir.
— Fingir? Fingir! — Ele apertou as mãos. — Eu já molhei
sua tanga, garanto.
A sorriso dela voltou e, oh, parecia tão bom nela quanto o
sorriso maligno. — Tanga? Por favor. Tenho orgulho de dizer
que uso exclusivamente calcinha de vovó. Eu não vou colocar
um pedaço de pano na minha bunda por ninguém, e renda
coça. Eu gosto de algodão e gosto de cobertura.
Como diabos ela está me metendo nessa bobagem de
calcinha de vovó? — Hoje é seu dia de sorte. Vou fazer um
curso intensivo em William 101. Você vai me conhecer e
perceber que sempre digo a verdade, porque não me importo
com o que alguém pensa de mim. — De alguma forma, ele
afetaria essa mulher... e a deixaria desesperada por seu toque
no processo. Porque prioridades. — Eu amo jogos de todos os
tipos. Vídeo. De inteligência e aventura no quarto. Eu esfaqueei
tantos amigos quanto inimigos, apenas por diversão, e nunca
deixo um inimigo vivo.
— Chega! — Mais uma vez, ela balançou o anel-arma.
Dessa vez, a cicatriz circular em sua testa brilhava com suave
luz branca. Hipnotizante. Ele pensou que tinha visto aquela luz
uma vez antes, muito, muito tempo atrás. Mas onde? E o que
isso significava? Pense! — Você supõe que esses detalhes me
deixam menos inclinada a atirar em você, porque eu o verei
como um ser vivo versus um alvo. Mas, eu nunca vou te ver
como algo além de escória.
Ele se encolheu novamente. — Atire em mim, então, —
ele repetiu. — Faça! — Se ela é minha companheira, eu sou o
companheiro dela. Ela não seria capaz de prejudicar o seu
homem. Poucos imortais poderiam. Eu sou a exceção, é claro.
— Eu farei. Não pense que não vou. — O sorriso maligno
retornou, e ela apontou a arma para o eixo dele. — Ainda está
ansioso para levar um tiro?
Ele revirou os olhos enquanto aplaudia secretamente o
espírito dela. — Como se eu nunca tivesse levado um tiro no
meu lixo antes. — Na esperança de perturbá-la, ele disse: —
Ah. Eu entendo a mudança. Você é uma atiradora ruim e
precisa de um alvo maior. Não é à toa que você selecionou o
meu pau.
— Bom ponto, — disse ela, voltando o cano para o rosto
dele. — Não há nada maior do que o seu ego.
Ele deu um passo mais perto, sem medo. — Meu tempo é
valioso e você está o desperdiçando. Porra, atire logo, ou
guarde a arma.
A bomba com P a fez ofegar com... admiração? — Você
pode usar obscenidades na minha presença. Obscenidades e
mentiras.
— Baby, eu sei todas as palavras sujas.— Ele deveria
desarmá-la agora ou continuar esperando? Ignorando sons
normais - a ventilação, uma faceta pingando, passos pisando
acima - ele ouviu o batimento cardíaco dela. Batendo tão forte,
tão rápido. Não era o batimento cardíaco de um assassino de
sangue frio.
Espera.
A decisão solidificou quando o cheiro intoxicante dela o
deixou tonto. Em vez disso, ele a beijaria, ensinando-lhe como
devolvê-lo adequadamente, e ela abaixaria a arma por si
mesma. Então, ele a faria implorar por um clímax. Um clímax
que ele poderia - talvez! - estar disposto a conceder, depois que
ela se desculpasse por sua hostilidade.
Excitação despertou. Eu vou ter essa mulher.
— Você não tem mais nada a me dizer? — ela perguntou,
as palavras cortadas.
— Tire a roupa e eu lhe direi tudo o que você quiser
saber.
Uma estranha calma desceu sobre ela, a sua pontaria
manteve-se firme. Com a voz baixa, ela disse a ele: — Eu avisei
e te dei a oportunidade de falar. Agora, você morre.
Chocado, ele tropeçou um passo para trás. Essa mulher
atiraria em qualquer um... e ele gostou disso. Ele gostava dela.
Eu a quero? Não. Ele precisava. O desejo arranhava-o, e
não havia como ignorá-lo, nem como colocá-lo de lado para
lidar mais tarde. Ele estava com fome. Voraz.
Coloque-a na cama. Decida o resto mais tarde. Sim! Outro
plano impecável.
Ele revelou o seu sorriso mais indulgente, pronto para
seduzir. Então. Nesse mesmo segundo. A assinatura da magia
dela também mudou, de doce e inocente para sombria e
ameaçadora.
Ele interpretou mal essa mulher desde o início, não foi?
— Sunny, — ele começou.
— Adeus, William. — Estrondo!
A dor explodiu em seu lindo rosto e rapidamente se
espalhou pelo resto dele. O mundo dele ficou preto. Seus
joelhos se dobraram e ele caiu, aterrissando com um baque
forte.
Enquanto ele estava lá, o choque reverberou dentro dos
seus ossos. Ela fez isso; a putinha sexy tinha realmente
puxado o gatilho.
Ela não podia ser sua companheira, o que significava que
ela não era sua decodificadora. O que significava que ele
poderia fazer o que quisesse com ela. Mas...
Ele queria saber o que ela faria em seguida.
William deixou de lado sua fúria com ela - por enquanto -
e se fingiu de morto. Pelo menos tudo fazia sentido agora. Sua
estranha magia shifter. Sua personalidade às vezes doce, às
vezes malvada. Sua voz drogada. Seu doce aroma de terra. Sua
propensão para comer folhas. Sim, ele a pegou mastigando a
folhagem no bar. Sua tentativa de transformar a palavra dália
em obscenidade. A capacidade de filtrar a verdade da mentira.
A pequena luz redonda na testa dela.
William acabara de encontrar um shifter de unicórnio.
Não foi uma boa jogada. Os unicórnios do mito: Vejam
como eu espalho a felicidade por todo a terra. Os unicórnios da
realidade: Eu vou te matar e dançar no seu sangue.
Ela tinha o poder de matar deuses.
Ela pode ser a minha companheira, afinal. Ela
simplesmente não o queria tanto quanto ele a queria.
Merda. Merda! O que eu vou fazer agora?
Capítulo Quatro

“Seja minha querida esta noite. Amanhã, esteja ausente.”

Sunny lutou para manter a sua fria e calma bravata, mas


o pânico e a histeria reagiram. Tantas coisas deram errado.
Primeiro, o desejo despertou quando ela beijou William. Desejo
genuíno. Incontrolável e selvagem. Seus corpos se encaixavam
perfeitamente, como se duas peças de quebra-cabeça perdidas
tivessem finalmente se encontrado. O gosto dele a entorpeceu,
enquanto seu aroma de ambrosia a esquentava e seu toque
perverso a emocionava. Mas, embora um fogo tivesse ardido em
suas veias pela primeira vez, seus pensamentos agiram como
um balde de água gelada. Príncipe das Trevas. Destruidor de
famílias.
Seus pensamentos sempre apagavam as chamas de seus
desejos, não importa a situação ou o homem. Sua natureza
dual era simplesmente forte demais, seus problemas de
confiança estavam profundamente arraigados, causando um
constante cabo de guerra dentro dela. Ao longo dos anos, ela
aprendeu a esperar uma emboscada a cada momento, o que
havia quebrado a sua capacidade de relaxar. No entanto, por
um breve momento, ela se perdeu em William.
Então, ela entrou em um quarto de hotel vazio e não
encontrou sinal de Sable. A outra unicórnio enganou Sunny?
Ou um caçador ou colecionador a capturou? O medo tomou
conta dela.
Depois Sunny tinha dúvidas sobre o envolvimento de
William no massacre da sua vila. Ele parecia tão surpreso com
a acusação dela e legitimamente zangado com o irmão.
No final, ela errou por precaução e colocou uma bala
mágica na cara dele. Uma bala projetada para matar deuses.
Agora sangue e matéria cerebral salpicavam as paredes e o
chão, e um aroma metálico da morte maculava o ar.
A percepção começou. Ela acabara de matar William, o
Sempre Excitado. O Show de Horror da Sunny se alegrou com
um trabalho bem feito. Rosas e Arco-íris da Sunny estava
triste. Ela tirou uma vida. E se William tivesse dito a verdade?
E se ela tivesse matado um homem inocente?
Meio risada, meio soluço borbulhou dela. Uma reação
comum ao assassinato e uma prova da sua natureza dupla.
Alegre-se, botão de ouro. Lúcifer matou a sua família e
você matou um membro da dele. Você fez a coisa certa. Ainda
assim, lágrimas ardiam em seus olhos e embaçavam a sua
visão.
Tudo bem, talvez ela não se sentisse bem ainda.
— Por que você teve que atiçar meu temperamento? — ela
sussurrou para William. Com uma fungada, caminhou até o
banheiro, onde recolheu os suprimentos que ela e Sable
haviam trazido: lonas de plástico, toalhas e cobertores. Para
iniciar. Ela também tinha um balde cheio de purificadores de
ar, água sanitária e outros produtos de limpeza. Agachada ao
lado do corpo e tentando não soluçar novamente, ela colocou
as toalhas em volta dele para absorver o sangue. Então, ela
jogou o plástico sobre ele. Finalmente, os cobertores.
Embora ela precisasse se desfazer do corpo, limpar o
quarto e encontrar Sable, ela ficou ao lado de William. — Você
me deixou com mais perguntas do que respostas. O que você
era, em termos de espécie? Como você conseguiu falar uma
obscenidade, sem demonstrar nenhuma reação à minha
magia? Apenas uma espécie pode ignorar o filtro sobrenatural.
Os Fae. Mas não há como você ser Fae. — Todos os Fae
possuíam uma aura ligada aos quatro elementos. — E por que
você tem um livro com código mágico?
Como ele estava morto e tudo, ela decidiu compartilhar
um segredo. — Também tenho um livro codificado. Um diário
de listas. Acompanhei todos os que me prejudicaram, todos os
que já matei, fantasias sexuais, todas as coisas que espero
fazer antes de morrer e truques do dia-a-dia para viver a minha
vida melhor.
Espera. Seu peito tinha levantado um pouco?
Coração acelerado com... esperança? Medo? Ambos?...
ela apertou dois dedos contra a garganta dele, tentando sentir
uma pulsação. Não. Nada. Os ombros dela caíram.
Foco. Ela trouxe várias sacolas impermeáveis e
protegidas, planejando colocar suas vítimas dentro e levá-las
para o carro no momento apropriado. Mas o desmembramento
corporal era um trabalho para duas pessoas. O motivo pelo
qual ela entrou em contato com Sable sobre a conferência em
primeiro lugar.
Não havia como contornar isso; ela tinha que encontrar
Sable antes de trabalhar em William.
Meio que esperando os policiais estarem reunidos no
corredor, interrogando os hóspedes sobre a origem do tiro,
Sunny tremeu ao abrir a porta. Choque! Nenhuma pessoa
estava por perto. É claro que o barulho da arma não era tão
alto quanto, digamos, uma .44, por isso qualquer pessoa ao
alcance da voz poderia ter assumido que o barulho veio de um
programa de TV.
Cabeça erguida, expressão (esperançosamente) serena,
apesar de seu estômago revirado, ela ancorou o sinal “Não
perturbe” na maçaneta e saiu. Depois de verificar duas vezes a
fechadura, ela serpenteou pelo corredor. Sou apenas uma
garota normal, não uma shifter que matou o homem mais
carnalmente sensual do mundo.
Quando ela entrou em um elevador vazio, uma sensação
de isolamento a envolveu. Claro, ela se sentia isolada a cada
segundo de cada dia, mesmo quando cercada por centenas de
pessoas. Exceto...
Parada aqui, ela pensou ter detectado uma sugestão
persistente do perfume de William, fazendo com que a memória
do seu beijo emergisse, eclipsando a sensação de isolamento.
Seus tremores começaram novamente. O homem havia focado
toda sua intensa masculinidade nela. Quando ele enfiou a coxa
entre as pernas dela, levando-a em um passeio de camélia,
seus olhos azuis se iluminaram com uma abrasadora
excitação.
O sangue dela esquentou e a barriga tremeu, como antes.
O que você está fazendo? Pare! Por que se torturar com
sentimentos que ela nunca poderia explorar? Nem com William,
nem com ninguém. Seus problemas de confiança não a
deixavam. Muitos seres esperavam roubar seu chifre, um canal
e sifão para o poder místico. Mais conhecida como varinha
mágica.
As portas do elevador se fecharam e ela percebeu que não
havia pressionado um botão. Pensando em começar sua busca
por baixo e subir, ela selecionou o primeiro andar.

Um empurrão. Um passeio. Depois um ding. As portas do


elevador se abriram e Sunny correu o mais rápido que seus pés
podiam carregá-la, ansiosa para escapar do local da sua ruína.
Ela correu pelo saguão, pelo bar, seu olhar constantemente
disparando. Antes de vir para a convenção, ela estudou um
mapa do hotel e memorizou todas as saídas e possíveis rotas de
fuga. Ela verificaria cada uma delas. Se Sable tivesse sido
perseguida, ela teria deixado um aviso para Sunny.
Certamente!
Ao longe, um homem gritou o nome dela. Ele correu e ela
gemeu. Harry, aquele que solicitou uma demonstração das
suas habilidades anteriormente.
Para que ele não chamasse mais atenção para ela, ela
parou, esperando por ele. Ele parou a alguns metros de
distância, seus lábios puxados para trás em um sorriso pateta
e cheio de dentes. Perto da idade dela - em termos de aparência
- ele era bonito, com cabelos castanhos escuros, olhos mais
escuros e pele bronzeada.
— Oi, — disse ele, apenas para acrescentar: — Não sou
assustador nem nada, prometo.
As palavras ecoaram em seu detector de mentiras
interior, uma vibração acelerando ao longo da sua espinha. Ok,
sim, ele absolutamente se considerava um monstro. Desde que
ela não recarregou o anel, ela deslizou a mão no bolso para
segurar o punho da adaga escondida ali.
Ele continuou, dizendo: — Eu sou Anomalia. Não,
desculpa. Esse é o meu apelido. Não sei se você se lembra, mas
eu sou Harry Shorts. Eu sei que você é Sunny Lane e estou
totalmente deslumbrado agora. Você é minha heroína e
adoraria comprar uma bebida para você.
— Não, obrigada.— Ela tentou contorná-lo, mas ele se
moveu com ela, bloqueando seu caminho. — Estou ocupada.
— Apenas uma bebida. — Ele apertou as palmas das
mãos, criando uma torre. — Por favor. Vou garantir que você se
divirta.
Ele estava muito ansioso. Ele poderia ser um caçador
furtivo? Ele era humano, sim, e ele não estava na lista de
suspeitos dela, mas quanto mais eles ficavam juntos, mais
cinza-avermelhada sua aura se tornava, mechas do mal
derramadas do seu coração.
Ele era um homem mau, que gostava de fazer coisas
ruins.
Instintos de autopreservação exigiam que ela o eliminasse
agora, agora, agora. Sunny resistiu por enquanto. Amanhã, ela
o acompanharia e talvez ele se incriminasse. Mas aqui, agora?
Tempo precioso estava passando.
— Você viu minha amiga? — ela perguntou, observando o
rosto dele por qualquer indício das suas emoções. — Mulher.
Quase 1,80m de altura. Negra. Linda.
— Não, desculpe. Então, sobre essa bebida...
Nenhuma mudança em suas emoções ou aura. Ele não
tinha visto Sable. — Não, obrigada, — ela repetiu, depois fingiu
que ia para a esquerda e girou para a direita, disparando para
longe.
Harry entendeu a dica e não se deu ao trabalho de
persegui-la, salvando a vida dele.
Mantendo a sua guarda, ela examinou a área. Nenhum
sinal de Sable.
Nenhum sinal de Sable nos primeiros oito... dez...
dezessete andares também.
O medo enrolou em torno da sua garganta e apertou.
Quando ela chegou ao quarto, a transpiração umedeceu a sua
pele. Ainda assim, nenhum policial, graças a Deus.
Tremendo agora, ela entrou e fechou a porta com um
pontapé. O cheiro de rosas a cumprimentou. Rosas? Sable
tinha regressado com flores, talvez? Ela inalou profundamente,
só para ter certeza de que tinha cheirado o que cheirou. Sim.
Rosas. Curiosa, ela tropeçou para frente e...
Sem flores. E sem corpo. O seu coração e o seu estômago
trocaram de lugar, a sua cabeça girando. William e a poça de
sangue se foram. Ele - ou quem o levou embora e limpou o
quarto - deixou uma nota no espelho. Em sangue ainda
pingando.
O que. Na. Camélia? Os tremores dela aumentaram
enquanto ela lia: Você estava errada. Se eu fosse uma cobertura
de pizza, seria uma dupla ordem de linguiça defumada. Vejo
você em breve, Duna. Muito em breve...
Duna, que significa “pequena escura”? Com os olhos
arregalados, ela vasculhou o quarto, mas não encontrou
vestígios de William. Se ele estivesse vivo...
Não, não. Ele estava morto. Tinha que estar. Ninguém
poderia sobreviver à bala mágica. Mas...
Se ele não estivesse morto, ele retornaria por vingança.
Ela engoliu em seco. Ela precisava estar pronta.

Capítulo Cinco

“O destino é uma cadela, mas ela favorece os ousados. Se


alguma vez ele fechar uma porta, derrube-a.”

Na manhã seguinte, William estava do lado de fora de um


salão de festas do hotel. Um dos seus filhos estava à sua
esquerda e o mais novo adotado de Hades estava à sua direita.
Os dois permaneceram impassíveis, enquanto William vibrava
com uma mistura tentadora de fúria, satisfação e antecipação.
Sunny tinha entrado no salão de festas há dez minutos e
vinte e nove... trinta... trinta e um segundos para participar de
um workshop chamado “O manuscrito Voynich: difícil demais
para quebrar, ou um embuste?” Agora, apenas um conjunto de
portas duplas o separava de sua presa.
Engraçado como o destino funcionava. De todos os
códigos em todos os mundos, William considerava o
manuscrito de Voynich mais parecido com o seu livro.
Duzentas e quarenta e seis páginas de couro de bezerro,
escritas em uma escrita desconhecida. O autor tinha usado um
alfabeto de vinte e oito caracteres, sem pontuação. Como o
nome do workshop sugeria, o código ainda não havia sido
resolvido.
Estalando os ossos no pescoço, ele perguntou aos
companheiros: — Vocês se lembram dos seus trabalhos?
— Sim. Graças ao Hades, já fiz dezenas deles. Memorizei
o processo. — Pandora esfregou as mãos, um pouco alegre. —
Este é um básico “pegar e partir”. Então, chega de conversa
fiada, está bem? Vamos fazer isso.
Tão impaciente, a sua nova irmã. Uma beleza de cabelos
escuros e pele pálida e, sim, a mulher por trás da lenda infame.
Aquela que Zeus, antigo rei dos gregos, tinha ordenado que
guardasse uma caixa misteriosa. Segundo a lenda, a
curiosidade a levou a abri-la, desencadeando todo o mal do
mundo, ou demônios.
A verdade era que quatorze outros tinham tido inveja do
seu sucesso militar. Treze homens e uma mulher. Na
esperança de provar Pandora não era digna da sua tarefa
especial, eles roubaram e abriram a caixa. Como punição, cada
um deles foi forçado a abrigar um dos demônios - dentro dos
seus corpos.
Minutos depois da sua possessão, um guerreiro recém-
possuído havia assassinado Pandora. Então, no ano passado,
Hades a trouxe de volta dos mortos - a ressurreição era uma
especialidade dele.
Aqueles quatorze soldados haviam se tornado os amigos
mais próximos de William. Eles eram idiotas irreverentes, com
certeza, mas eram os idiotas irreverentes dele. Ele confiava
neles com a sua vida.
Green, filho de William, era por acaso um cavaleiro do
apocalipse. Um de um conjunto de quatro, de qualquer forma.
Green era um embaixador da Morte. Ele possuía cabelos
escuros, pele e olhos escuros como um abismo; ele amava
pôquer, charutos e mulheres, nessa ordem. Leal apenas aos
seus irmãos e William, Green tinha pouca tolerância com mais
alguém.
Red e Black, os únicos outros filhos de William, eram
iguais. No momento, eles estavam espionando para ele. White,
a sua única filha, havia sido assassinada há alguns anos, a
perda dela era um espinho em seu coração e um ferro
incandescente em sua alma.
Ele enrolou as mãos em punhos. Um dia, eu a terei de
volta. Não através dos meios tradicionais. Não, oh não. Seus
filhos não tinham mãe. William fez todos eles por conta
própria. Bem, não por conta própria, exatamente. A magia
havia ajudado.
A primeira magia que ele absorveu se acasalou com a
vingança, ganância, inveja e maldade em sua alma. Ele não
sabia até meses depois, quando uma névoa negra saiu dos
seus poros, com quatro adultos em pé no meio dela.
— E você? — ele exigiu de Green. — O que é que você não
deve fazer?
Seu filho revirou os olhos. — Não devo matar os
participantes, mesmo que eles tentem nos matar.
— E? — William solicitou.
Pandora deu um suspiro forte. — Nós não tocamos na de
cabelos azuis. Ela é sua, apenas sua, e se ousarmos fazer um
movimento sobre ela, você enfiará um gancho de metal pelas
nossas gargantas abaixo e pescará os nossos órgãos.
— Exatamente. — Depois que Sunny fugiu, ele limpou o
quarto do hotel com magia, escreveu uma mensagem de
sangue e abriu um portal para sua casa no Inferno. Ele
também precisou usar magia para ver, seus olhos foram
dizimados pela bala, juntamente com o nariz, a boca e partes
do seu cérebro. Bons tempos. A vingança seria divertida - para
ele.
Ansioso e impaciente para começar, ele acenou,
colocando uma barreira mágica ao redor do salão, garantindo
que ninguém fora dele ouvisse o que acontecia lá dentro.
— Vamos lá, — disse ele. — Vamos fazer isso.
Instinto sussurrou: Se ela sair desta sala sem você, você
nunca mais a verá. A impaciência brotou.
— Agora, — ele insistiu quando seus companheiros não
agiram.
Pandora mostrou o dedo médio para ele. — Eu preciso de
um minuto. Estou ponderando por que é que um homem
conhecido como o Sempre Excitado está ficando louco por
causa de uma mulher que fez purê da cara dele.
Green abriu um sorriso; sem dúvida, ele gostava de ver
seu pai imperturbável tão... perturbado. Sobre uma mulher
não menos.
— Pondere no seu tempo livre — retrucou William. Pronto
para ver Sunny, ele chutou as portas duplas e perambulou pelo
salão de festas. Seus companheiros flanqueavam seus lados.
Os oradores estavam em cima de um tablado
improvisado; no meio de um discurso, eles ficaram quietos.
Roupas farfalharam e cadeiras derraparam, cada conjunto de
olhos deslizando em seu caminho. Suspiros ressoaram. Que
visão assustadora eles devem ter, o senhor da guerra
incrivelmente feroz e seus assistentes medíocres.
Em uma mão, William segurava uma faca comum. Na
outra, uma adaga especial com uma lâmina curva e o cano de
uma arma fundida contra ela.
— P-podemos ajudá-lo? — um dos oradores perguntou.
William a conheceu ontem à noite. O nome dela era Cash e,
antes do encontro com Sunny, ela era a número um na lista
dele.
— Alguém pode ajudar, sim, — disse ele. — O resto de
vocês são danos colaterais. Por enquanto, de qualquer maneira.
Façam o que eu digo, quando eu digo, e vão poder ir embora...
em algum momento. Ou joguem os dados e me desobedeçam.
Vejam o que acontece. — Sunny, Sunny, onde estava Sunny?
Ele arrastou o olhar para o mar de rostos... Lá estava ela, o
prêmio no fundo da sua caixa de cereal.
Seu coração bateu mais forte quando seus olhos se
encontraram. Surpresa, surpresa. A luxúria o socou, sua
respiração ofegante. Todos os músculos do seu corpo ficam
tensos, seu sangue esquentando até ferver. A mulher parecia
boa o suficiente para comer.
Continue. Dê uma mordida. Ganha um bocejo em resposta.
Não! Inaceitável. Ele era um deus entre os homens. Ele
podia fazer qualquer um gozar, a qualquer momento, até
mesmo Sunny Lane, aparentemente sem excitação. E ele iria...
Não. Ele absolutamente não a tocaria novamente. Esse
desejo primordial de protegê-la havia acabado de ressurgir, só
que mais forte. Um grande inconveniente que requer
erradicação, não incentivo.
Mas ele não conseguiu forçar o olhar para longe dela.
Hoje, um brilho fraco, mas perceptível, iluminava a sua pele.
Qualquer outra pessoa diria que tinha vindo de um frasco.
William não. Ele sabia melhor agora. Os shifters de unicórnio
brilhavam com forte emoção. Um tipo de camuflagem. Quem
suspeitaria que uma bomba de glitter ambulante fosse uma
das espécies mais poderosas e desonestas de qualquer mundo?
Uma trança azul grossa pendia sobre um ombro delicado.
Uma trança que pairava sobre o peito e o suéter rosa de
cashmere feito à mão. O trabalho desleixado da costura
proporcionava um vislumbre da blusa lisa abaixo.
Ela mesma tinha tricotado a roupa, não é?
Droga! Ele se recusava – se recusava totalmente! - a
desejar uma calcinha de vovó que tricotava e se envolvia em
assassinato. E, no entanto, daria qualquer coisa para arrancar o
suéter, arrastar a calcinha com os dentes e me deleitar nas
curvas por baixo.
A única maquiagem dela? Uma mancha de brilho nos
lábios de arco de cupido. Lábios que ele queria envolvidos em
seu pênis. O quê? A verdade era a verdade. Ele ansiava por
sexo cru e imundo. O tipo que ele não conseguiu na noite
passada, graças a uma bala na cara.
Ele esperou por uma nova dose de fúria...
Ainda esperando...
Principalmente, ele sentia uma consciência excruciante
da única mulher que ele não deveria querer e não podia deixar
de ter.
— Você realmente sobreviveu, — ela ofegou.
— Decepcionada, duna?
— Sim! — A cor sumiu das suas bochechas quando ela se
levantou. — Você sobreviveu. Você sobreviveu e está respirando
— ela balbuciou. — Você está vivo.
A ação fez saltar seus seios, o que acelerou a respiração
dele. Ele passou a mão pela boca e depois olhou o resto dela.
Um erro. Ela conseguiu mais curvas da noite para o dia? Jeans
skinny abraçavam suas pernas tonificadas e chinelos em forma
de cachorro adornavam seus pés. Sexy e adorável.
Voz cheia de indulgência zombeteira, ele perguntou: —
Vestindo-se para o trabalho que você quer? Boas notícias. Você
está contratada! Tenho certeza de que você fará um
maravilhoso mascote da casa.
— Mascote da casa? Por favor! — Ela apontou um dedo
na direção dele. — Você está aqui para retomar de onde
paramos, e nós dois sabemos disso.
— E se for? Nós dois sabemos que a sua calcinha de vovó
já está encharcada. — Sabe... sonho. Semântica.
Os olhos dela se estreitaram para pequenas fendas. —
Aceite o fato de que seu fósforo não acende o meu pavio e siga
em frente antes que eu coloque outra bala na sua cara.
— Oh, meu fósforo acenderá seu pavio, sem dúvida. —
Será? — Eu não sou um desistente. Quando eu terminar com
você, você estará me implorando por mais. — Ele jogou as
palavras como punhais, sua decisão de permanecer com suas
mãos fora dela caíram em pedaços.
Duas semanas. Eles tinham duas semanas juntos. Como
Keeley havia dito, ele não se apaixonaria por sua companheira
em um tempo tão limitado. Portanto, ele podia se dar ao luxo
de satisfazê-la sexualmente, desde que se livrasse do desejo de
protegê-la. E ele deveria ceder a ela, ele percebeu agora. Ele
deveria tratá-la como qualquer outra mulher que ele já desejou:
seduzindo e esquecendo.
Sexo não significava nada. Uma coceira a ser coçada.
Quanto a dormir com uma mulher que ele planejava
matar... ele não se sentiria culpado, já que ela tinha tentado
matá-lo. Mas. Ele admitiria a verdade antes mesmo de tocá-la.
Dessa forma, a decisão final – de recebê-lo em sua cama,
apesar dos planos dele - seria dela.
Ela vai dizer sim. Ninguém resiste por muito tempo.
— Só uma coisa que irei implorar e será a sua ausência!
— ela berrou.
Ou não.
Que bom que o seu lado astuto tinha saído para jogar de
novo. — Devo provar a você, a todos, que já acendi seu pavio,
duna? — Ele tinha? Ele poderia fazer isso de novo?
Mais cor drenou das bochechas dela, deixando-a pálida e
encerada, uma visão que aqueles instintos primitivos acharam
perturbadora. Ela abriu a boca, fechou-a. Abriu, fechou.
Apenas sons de asfixia surgiram.
Sim, foi o que eu pensei.
— Vá em frente, — disse Sunny, chamando seu blefe. —
Tente. Eu poderia dar uma boa risada.
Quando Pandora subiu no tablado para ficar atrás dos
oradores, ela esmagou as mãos sobre a boca, sufocando um
sorriso. Green recuou para vigiar a porta, um pilar de músculo;
ele soltou o seu sorriso.
Como William havia esquecido da sua audiência? Os
decodificadores começaram a surtar, murmurando entre si,
olhando para as portas.
Ele chamou: — Atenção, senhoras e bucenhores. Estou
sequestrando todos nesta sala. Se vocês resistirem... não
resistam.
Os protestos soaram, um após o outro. Um homem se
levantou e correu para a porta.
Olhando para o seu unicórnio mais uma vez, William
levantou a arma-punhal e apontou para o homem. Um toque
no gatilho. Um pouco de recuo. Um leve estalo. Os
observadores choramingaram. A vítima resmungou; com um
buraco novinho em folha entre os olhos - o principal acessório
de moda desta temporada - ele caiu.
Uma ação selvagem da parte de William, sim. Impiedosa.
Hedionda. Sim, isso também. Tudo necessário.
Alguém gritou. Vários, na verdade, todos, exceto Sunny, o
observavam horrorizados. Ela considerou o cadáver com
satisfação. Outro choque.
Embora ele tivesse visto tudo o que o mundo tinha para
oferecer, bom e ruim, ela continuou a surpreendê-lo.
— Quietos, — ele gritou, e os gritos cessaram. Excelente.
— Eu tenho um livro escrito em código. Um de vocês quebrará
o código ou todos morrerão. — A única maneira de realmente
identificar a sua companheira? O livro.
E os gritos foram substituídos por lamúrias.
Por que ele tinha planejado matar sua decodificadora? E
se ela conseguisse quebrar a maldição dentro do prazo de duas
semanas? O grande problema dele seria resolvido e ele não
teria motivos para matá-la. Ele poderia ter a unicórnio o
quanto quisesse, livrando-se dessa atração.
Sim! Quero tanto ela que minhas bolas doem. Preciso dela.
Não! Eu não preciso de ninguém. Mas o desejo ...
Oh, as coisas más que farei com ela.
A emoção açoitava seu controle, até que a raiva usurpou
a emoção. Gerencie suas expectativas. Ela pode falhar.
Ele imaginou que eles tinham cinquenta por cento de
chances. Espere o melhor, planeje o pior.
— Enquanto isso, — continuou ele, — vocês serão meus
prisioneiros. As regras são simples. Tentem escapar e serão
punidos. Resistam às minhas exigências e farei aos seus entes
queridos o que fiz ao seu amigo. Causem danos a outro
prisioneiro e eu lhe causarei ainda pior. Vou cruzar qualquer
linha para conseguir o que quero. Compreendem?
Um coro de protestos, soluços e gritos assaltaram os seus
ouvidos, cada rosto demonstrando extremo terror - Sunny
permaneceu a exceção. Sua unicórnio gostosa exibia mais
daquela fúria.
Estou prestes a receber outra visita da Barbie Unicórnio
Assassina?
Pelo canto do olho, ele notou um dos oradores deslizando
para o chão e tentando rastejar até a porta dos fundos.
Pandora também notou e fez uma abordagem violenta,
nocauteando a mulher com um único soco.
O medo transformava os humanos em idiotas. William
abriu os braços, o último homem são do universo. — Alguém
mais quer ignorar o meu aviso? Não? Excelente. — Agora, para
abrir um portal. Um processo tão fácil quanto respirar, graças
às runas que Hades havia marcado em sua carne - desenhos
dourados em redemoinhos em uma sequência de Fibonacci, tão
sutilmente levantados quanto cicatrizes. Aquelas runas
transformaram o seu corpo em um canal místico.
A maioria dos magos não naturais queimava o que quer
que absorvesse. Eles tinham que matar alguém com magia
para adquirir mais. O que William levou, ele manteve... até que
ele pegou demais e o expulsou, fazendo os cavaleiros.
Com um aceno, ele utilizou magia suficiente para abrir
um buraco no centro da sala. Faíscas estalaram no ar,
crescendo e se espalhando, criando uma porta de quatro
metros quadrados que levava ao palácio de William. Mais
especificamente, um compartimento sem portas e à prova de
som embaixo do palácio.
Com a criação do portal, a multidão quase se revoltou.
Pandora ergueu a mulher inconsciente por cima do
ombro e disse: — Primeiro as damas. — Com uma saudação a
William, ela levou o ser humano através do portal, para o
compartimento, onde ela ficou.
— Fiquem quietos, façam fila e atravessem, — William
ordenou aos outros. A maioria chorou e tremeu, mas todos
obedeceram.
Mais uma vez, Sunny foi uma exceção. Ela se manteve
firme, irradiando desafio.
Sua falta de vontade de recuar, mesmo por um momento,
ameaçou colocá-lo em uma névoa de raiva. Ela merecia elogios.
E uma surra.
Quando o filho se aproximou dela, pretendendo... o quê?
William balançou a cabeça, dizendo: — Qual é a regra de ouro,
Greenie? — Seu filho desprezava o apelido, então é claro que
ele o usava com a maior frequência possível.
Green pegou uma página do livro de Panda e mostrou o
dedo médio para ele. — Tem certeza de que não precisa de
ajuda com ela? — Ele apontou o polegar na direção de Sunny.
— Ela parece selvagem.
— Ela é selvagem. — William se aproximou e empurrou o
filho pelo portal, se fixando em sua unicórnio, a única
ocupante restante no salão de festas. Tão adorável. Tão
poderosa.
Eu prefiro mulheres dóceis e obedientes, lembra? Então,
por que o vapor subia do seu sangue fervente, embaçando a
sua mente?
Agitação interna. — Desejosa por outro beijo, duna? Por
que mais você desobedeceria a uma ordem direta?
Ela sorriu. — Que conveniente. Você considera seus
beijos um castigo também.
A voz dela varre-o, e ele decidiu que seus itens
indispensáveis deveriam mudar. Esqueça o dócil e o obediente.
Sarcástica e voz de uma estrela pornô agora estavam no topo da
lista. Então, suas palavras foram registradas, e ele fez uma
careta, seu ego sofrendo outro golpe. Bruxinha.
— Vou como sua hóspede, — disse ela, — não sua
prisioneira.
— Como se você tivesse uma escolha.
— Você tem certeza de que é desse modo que você quer
morrer? Como hóspede, eu recompenso. Como cativa, eu
castigo.
Com tom irônico, ele disse: — Vou arriscar.
— Muito bem. — Como é que excitação e raiva cobriram
as suas palavras? — O que duna significa para você, afinal?
— Abismo das trevas. — O apelido serviu como lembrete
para William. Seus amigos podem considerar as mulheres
como faróis de luz, mas ele não podia fazer o mesmo. Se Sunny
provasse ser a tal, ela o destruiria se ele deixasse. — Você
prefere “Meu Pequeno Pônei com Chifres?”
— Com chifres... — Passando a mão sobre o coração, ela
tropeçou para trás. — Você sabe o que eu sou.
— Eu sei. Assim como você sabe o que eu sou. Um
assassino cruel com uma agenda.
Agora o terror escureceu as feições dela. A visão o lançou,
uma pontada inesperada rasgando seu intestino. Pelo menos
ele não precisava se perguntar por que ela reagiu tão
fortemente. Ontem à noite ele fez o dever de casa. Desde o
início dos tempos, unicórnios eram caçados. Caçadores furtivos
tiravam seus chifres para moer e cheirar, para usar como
varinha mágica ou para vender. Os colecionadores matavam e
empalhavam os unicórnios para exibição, ou os mantinham
vivos e enjaulados.
A maioria das espécies imortais temia as bestas mágicas,
já que você nunca sabia de que lado da sua natureza se iria
tratar. O santo amoroso, ou o odiado pecador. Às vezes, os
unicórnios espalham alegria, outras, o medo. Às vezes eles
ajudavam, às vezes matavam sem remorso. Droga, se William
não ficou intrigado com os dois.
— Você não tem motivos para me temer, Sunny. —
Ainda. — Por quatorze dias, eu serei seu protetor. Caçadores e
colecionadores serão assassinados à vista. Vou colocar uma
placa na minha porta e tudo mais.
Adotando uma postura defensiva, ela disse: — Por que
um período tão curto? O que acontece no décimo quinto dia?
Mulher perceptiva. — Vamos discutir isso mais tarde . —
Depois de decidir qual caminho seguir com você, mas antes de
fazermos sexo.
Sexo agora é uma conclusão precipitada, então? Ele
mudou de ideia muitas vezes.
— Eu não sei como você sobreviveu à minha bala mágica,
— disse ela, ameaça pulsando dela. — A menos que você seja
um shifter de barata?
Ele passou a língua pelos dentes. Ela esperava estimular
um ataque, para ter uma desculpa para atacá-lo ou acreditava
que insultá-lo o faria fugir?
— Se você quer dizer shifter de pênis, então sim. É isso
que sou. — O mais casualmente possível, ele perguntou: —
Então você não vai pedir desculpas por suas ações de ontem à
noite? — Nem mesmo o fingimento de um?
— Eu provavelmente deveria me desculpar, — ela
resmungou. — Quero dizer, os imortais geralmente regeneram
réplicas exatas de partes do corpo perdidas, mas você... seu
rosto... Minha culpa. — Ela exagerou um estremecimento.
Estou quente como fogo, caramba.
— As pessoas se desculpam por acidentes ou
arrependimentos, — disse ela. — Eu queria atirar em você,
então não sinto remorso. — Ela apontou para o decodificador
morto. — Você planeja se desculpar com Harry?"
Ele ofereceu um encolher de ombros negligente. — O
professor Willy precisava dar uma lição inesquecível para a
turma. Harry se ofereceu como voluntário.
— E quando você falou com Harry?
— Depois que eu me recuperei do meu rosto espalhado
pelo chão. — Ele voltou ao hotel, pretendendo entrar
furtivamente no quarto de Sunny e lhe ensinar uma lição.
Nunca mexa com o Rei William. Mas, ele viu esse garoto Harry
no bar, drogando a bebida de uma mulher. O estupro era um
crime que ele vingava rapidamente e sem exceção; portanto, ele
se apressou a intervir, roubando a mulher e trancando-a em
seu quarto, sozinha. Não matar Harry naquele momento foi o
verdadeiro desafio. Mas, finalmente, William decidiu punir
Harry na frente dos outros decodificadores, provando que ele
não era um cavaleiro branco enrustido que eles podiam
administrar. — A camiseta dele me ofendeu.
— Você quer dizer a camiseta coberta de carinhas
sorridentes?
— Você odeia isso também? — Tudo bem, chega de
brincadeiras. Tique-taque. William rondou mais perto, dizendo:
— Não se preocupe, duna. Seu castigo é uma noite inteira de
luta de língua.
A intriga iluminou aqueles olhos cor de âmbar, e ele
olhou duas vezes. Ela gostou da ideia?
Seu pau ficou mais duro do que pedra. Merda! Ele
também gostou.
Antes que ela tivesse chance de responder, piorando o
seu desejo, ele disse: — Eu tenho uma mensagem para você.
Você está ouvindo?
Sunny colou um sorriso quebradiço e deu um aceno real.
— Hoje é seu dia de sorte. Lembrei-me de usar meus ouvidos
atentos. Continue.
Espertinha. Quanto mais perto ele chegava, mais rápido
ela respirava, seus seios subindo e descendo. Ela me quer; ela
simplesmente não quer me querer. A satisfação se agitou na
medula de seus ossos.
Finalmente, ele ficou a um sussurro de distância. Ele
inalou o seu perfume irritantemente doce e bebeu naqueles
olhos brilhantes, como ouro líquido. O deslumbramento quase
fez cair de joelhos.
— Bem, — ela solicitou, um pouco irritada e muito
ansiosa. — Vamos ouvir a mensagem.
Sim. Vamos. Com a voz baixa e esfumaçada, ele disse: —
Você tentou me matar. Portanto, você me deve uma dívida
vitalícia, e eu vou cobrar. De agora em diante, você é minha
propriedade. Cada respiração que você dá é o meu presente
para você. Significando, sim. Eu possuo você, corpo e alma.
Enquanto ela respirava, os instintos mais sombrios de
William entraram em guerra com os mais leves. Punir. Possuir.
Proteger.
Ele faria. Nada o impediria. Oh, as coisas que ele faria
com essa mulher...

Capítulo Seis

“Minha humildade é um dos meus maiores atributos.”


Mil pensamentos se misturaram, criando um pântano de
confusão na mente de Sunny. Apenas um permaneceu
desembaraçado e cristalino. O Rei William, de fato, acendeu o
seu pavio. Seu corpo ansiava pelo dele, a fome a consumia.
Ele havia ajudado Lúcifer todos aqueles séculos atrás?
Ela não sabia mais.
Ele realmente possuía um livro codificado e precisava de
um decodificador? Sim. Nisso, ela acreditava. No início do
workshop, Jaybird e Cash falaram sem parar sobre William,
um “pedaço quente de carne com fotos de um código peculiar”.
Mas por que proteger os decodificadores por apenas duas
semanas?
Exatamente o mesmo período da época de acasalamento.
Seus instintos vibraram. Há algo de suspeito aqui. Se ele
precisava desesperadamente que o livro fosse decodificado, por
que não dar a ela o tempo que ela precisava para ter sucesso?
Por essa pergunta e por milhares de outras razões, ela
não confiaria em William com sua vida, nem por duas curtas
semanas. Por que ela deveria? O homem a considerava um
abismo sombrio. Ele desafiou a magia dela e empunhou a sua.
E não vamos esquecer sua propensão a assassinar pessoas
com camisetas diferentes.
— Eu não vou com você, William, — disse ela. – Minha
amiga ainda está desaparecida. Eu esperava que ela estivesse
aqui. Puxa vida. — Ela apertou os lábios em uma linha fina,
ficando quieta. O queixo dela tremia. Estou perto das lágrimas?
Não, nunca. E não havia razão para compartilhar os seus
segredos com um homem, qualquer homem, especialmente
alguém que amarrava as suas entranhas em nós... e a
transformava em luxúria sobre pernas.
Sunny já ardia e tremia, seu corpo morria de fome por
prazer. E abraços! Ah, o que ela não daria pelos abraços após o
sexo que tantas pessoas subestimavam. Quando você não
tinha ninguém e nada, o mínimo de carinho fazia a maior
diferença para o seu estado de espírito. Mas ela não podia
desfrutar de um homem a menos que se sentisse segura. Por
isso. Sim. Ela nunca tinha desfrutado de um homem. Mas ela
queria. Seriamente.
— Vou enviar meu melhor rastreador para encontrá-la, —
prometeu William.
Para que ele pudesse guardar e etiquetar outro
unicórnio? — Não, obrigada. — Sable pode cuidar de si mesma.
Sem dúvida, ela ficou assustada, correu e planeja se esconder
até que a costa esteja limpa.
Além disso, Sable havia vivido milhares de anos sem
Sunny. Ela poderia sobreviver mais algumas semanas, sim?
Margarida! Sunny não sabia. Ela poderia usar a ajuda de
William. William... que hoje se vestia como um pirulito vivo.
Sua camiseta rosa dizia “Salvem os Seios” e estava esticada
sobre o tórax e os bíceps. Calças de couro preto moldadas nas
pernas poderosas. Com os cabelos escuros desarrumados e
uma barba de uma noite na mandíbula, ele fez com que o seu
coração se agitasse em excesso.
— Veja. Parte de mim está arrependida por ter lhe
causado dor — ela disse, e ela quis dizer isso. — A outra parte
de mim nunca vai se arrepender. — Sim. Ela quis dizer isso
também. Dupla natureza e todo esse jazz. — Você me provocou
e eu também tenho uma rixa legítima com a sua família.
Ele fez aquela coisa irritante de levantar a sobrancelha e
a circulou lentamente, seu passo gracioso, mas predatório. —
Você está dizendo que eu pedi por isso?
— Não. Estou dizendo que você implorou por isso. Atire
em mim, então — ela zombou, seguindo seus movimentos. Ela
olhou para os olhos azuis elétricos dele quando seu perfume
perverso encheu o seu nariz, e seu calor delicioso a envolveu.
Suas defesas começaram a cair.
Durante toda a noite ela se revirou, preocupada com
Sable e hiperfocada em William, feliz por ele ter sobrevivido ao
tiro e chocantemente ansiosa por seu retorno. Mesmo que ele
tivesse basicamente jurado vingança.
Ela se perguntou como reagiria à visão dele. Agora ela
sabia. Sem fôlego. Coração acelerado. Mamilos enrugados.
Núcleo dolorido.
Como é que ele reagiu à visão dela?
Sunny arrastou o olhar para baixo do seu peito largo e
ofegou. Uma ereção maciça forçava os limites da sua calça.
Uma onda de poder feminino a inundou, deixando-a atordoada
e tonta. Ele poderia considerá-la um abismo sombrio, mas
também a desejava.
— Sunny. — Ele estalou os dedos na frente do rosto dela.
— Meu pau é uma obra de arte, eu sei, mas você deve combater
seu fascínio e se concentrar no assunto em questão.
Um rubor aqueceu as suas bochechas. — Se você não
3
quer que as pessoas meçam mentalmente a sua crista-de-galo ,
o uso de uma flor nessa situação específica, com esse macho
em particular, tornou o rubor mil graus mais quente — não a
exponha.
— Crista-de-galo? — Ele soltou uma risada sensual,
diversão transformando seus traços de sombriamente
sardônico em pecaminosamente angelical. — Eu não exibi
nada... ainda.
O coração de Sunny bateu mais rápido. Ela não disse
nada sobre esse “ainda”. Somente o aqui e agora é que
importava.
— Com o seu comprimento imenso e circunferência
gigantesca, — disse ele, — a minha crista-de-galo não pode ser
escondida em plena saudação.
Sua calcinha quase desintegrou-se. — Homens! Vocês
estão todos obcecados com seus órgãos genitais.
— Mulheres! Vocês estão todas obcecadas com os meus
órgãos genitais.
Argh! Ele tinha sempre uma resposta, não tinha? Ela fez
uma careta. — Notícia de última hora. Um pênis não o torna
especial.
— Contraponto. Esse pênis me faz muito especial.
Se ela mudasse para um unicórnio e o esfaqueasse com o
chifre, ninguém a culparia.
— Só por curiosidade, — disse ele, inclinando a cabeça
para o lado, — se você fosse um carro, que tipo seria?
Margarida! Por que ele tinha que lembrá-la do seu
primeiro encontro, quando ela perguntou sobre pizza? Isso o
fez parecer legal e normal, e ela não tinha forças para resistir.
— Eu seria um caminhão de comida, porque eu sirvo o que
você pede. E você? Espera. Eu acho que sei. Você seria um
Viper, porque é uma cobra.
— Errado. Eu seria um tanque, porque derrubo todos os
obstáculos no meu caminho.
Por que, por que, por que ela achou a resposta dele tão
sexy?
Inale, exale. Ela olhou de relance para o portal. Um véu
brilhante de ar manchado. O homem musculoso e careca
estava parado na frente e no centro, a observando. Pronto para
agir se Sunny atacasse William? A morena durona encurralava
os decodificadores assustados.
Ainda não pronta para decidir se quer ir ou lutar para
ficar, ela parou, perguntando: — Quem são seus amigos?
— Minha irmã Pandora, e meu filho Green. — A facilidade
da sua admissão a surpreendeu.
O mesmo aconteceu com a conexão. William tinha um
filho? Os dois não se pareciam em nada. Embora eles
possuíssem uma aura embaçada semelhante. A diferença era
que a aura de Green tinha manchas de esmeralda e preto, uma
estranha mistura de vida e morte.
— Eu sempre quis um irmão, — ela admitiu. Um amigo
pré-fabricado que tinha que amá-la. Alguém que a ouvisse
reclamar dos seus problemas e oferecer conselhos. Neste
momento, Sunny tinha Sable. Mas. Antes da conferência, ela
não via a unicórnio há mais de cento e setenta e cinco anos.
Antes disso, ela não a tinha visto por três séculos.
A falta de companhia a incomodava. Unicórnios eram
criaturas de mente de matilha, muito mais fortes juntos do que
separados. Quanto maior a matilha, mais fácil era controlar os
seus lados escuros.
— Sunny, — disse William, depois suspirou com
impaciência. Gah! Ela se perdeu dentro da sua cabeça
novamente. Um hábito perigoso de se entregar. — Esta é sua
última chance de entrar no portal por sua própria vontade.
Ou o quê? Ele a jogaria por cima do ombro no estilo
bombeiro? Arrepio.
Ela olhou para o portal... depois para William. O portal.
William. Escapar ou não? Talvez, ajudando William com seu
livro, ela tivesse oportunidades de aprender mais sobre a
família dele, descobrir suas maiores fraquezas, esconderijos e
medos e finalmente executar Lúcifer. Por outro lado, ela seria
uma prisioneira.
E o que dizer de Sable? A outra unicórnio estava
realmente bem? — Você sabe o que eu sou, — disse Sunny,
erguendo o queixo. — E se você decidir roubar meu chifre? —
Eu vou detê-lo. Sim, mas e se ele a trancasse para sempre? Eu
vou fugir. Se ela tivesse que lutar para se libertar, ela o faria.
Ele nunca seria capaz de detê-la.
— Mantenha o seu chifre para si mesma e não teremos
problemas, — disse ele, seu tom irônico como um verdadeiro
ranger de dentes. — Venha ao meu palácio, decodifique o meu
livro e eu vou acompanhá-la até a casa de Lúcifer. Você deseja
matá-lo, sim?
Ela respirou fundo. O seu maior desejo! Mas William
havia falado uma verdade ou uma mentira? Com ele, ela não
sabia dizer. — Se você realmente está em guerra com seu
irmão, te farei dois favores. Decodificando o seu livro e
matando seu irmão. Como isso é justo para mim?
— Ex-irmão. Se você quebrar a maldição no prazo de
duas semanas, eu darei o que você quiser. Absolutamente
qualquer coisa.
O coração dela deu um pulo. — E os outros
decodificadores? Você vai deixá-los ilesos se eu puder
decodificar o seu livro?
— Sim, eu vou. — Ele deu a garantia sem nenhuma
hesitação e cem por cento de confiança, como se tivesse
acabado de fazer um juramento de sangue, e ela pensou,
esperava, que ele estivesse falando sério.
— Tudo certo. Mostre-me uma foto do livro.
Ele ficou quieto, sua expressão atenta beirando a psicose.
Então, ele estendeu uma mão. Ela detectou um leve tremor?
Um segundo depois, uma fotografia apareceu em sua palma.
Ela levantou e estudou a imagem. Um livro aberto, com
duas páginas amareladas visíveis. Elas estavam desgastadas
nas bordas e cheias de símbolos estranhos que ela nunca tinha
visto antes. Mas... o código permanecia intacto.
Verdadeiramente uma novidade para Sunny, e ela franziu
a testa. Independentemente da complexidade de um código,
cifra ou criptografia, sua mágica sempre revelava a verdade.
Por que não agora?
Talvez ela não fosse quem William precisava. E isso era
bom. Tanto faz. Então, por que eu quero bater em quem for? —
Eu não tenho nada. Ou não sou eu quem você procura ou
preciso ver as páginas originais.
Seu humor mudou em um instante, uma mistura tóxica
de decepção, frustração e fúria estalando em suas íris. — Você
vai trabalhar com fotografias ou nada.
— Oh. Ok. Nesse caso, eu vou com “nada”.
— Você vai com o que eu disser, — ele berrou. Quando
sua voz ecoou nas paredes, ele empalideceu. Ele respirou
fundo, exalou lentamente. Mais calmamente, ele perguntou: —
Você tem a habilidade de decifrá-lo ou não?
Realização: o código, seja ele qual for, não significava
muito para ele - significava tudo para ele. — Talvez.
Provavelmente — ela admitiu, colocando a foto no bolso. —
Sem as páginas originais, levará mais tempo. — Muito mais.
— Minha oferta não mudou. Duas semanas, em troca de
uma viagem à casa de Lúcifer. Tenha sucesso e você pode
nomear seu prêmio. — Ele acenou para o portal, de alguma
forma tornando a ação mais ameaçadora do que sua arma.
— Minha oferta também não mudou. Apesar do nosso
acordo, ainda serei uma prisioneira, por isso vou puni-lo.
Ele encolheu os ombros. Encolheu os ombros! Ele não
teme a minha ira... ainda.
Mas ele iria.
Decisão tomada. Cabeça erguida e palmas das mãos
suando, ela andou através do ar brilhante por sua própria
vontade. A magia fazia cócegas em sua pele, a magia mais forte
que ela já havia encontrado.
Num segundo ela estava em um salão de festas do hotel,
no outro ela estava em um compartimento, também conhecido
como quartel militar. Uma fileira de beliches alinhava-se em
cada parede branca. Um sofá e uma mesa ocupavam o centro
do recinto, criando um espaço comum para reuniões. Nos
fundos, havia uma pequena cozinha completa com pia, fogão e
geladeira trancada. Não havia decorações, nem cores. Sem
portas também. Não que ela pudesse ver.
Os outros decodificadores estavam amontoados em um
canto distante, a maioria chorando, o resto sussurrando
palavras de conforto.
William entrou atrás de Sunny. Exalando total satisfação,
ele se moveu para o lado de Sunny. — Todo mundo foi
desarmado? — ele perguntou a irmã.
— Sim, — respondeu a irmã dele. A testa dela se enrugou
de aversão. — Confisquei um punhado de lixas de unhas e
pinças.
— Eu poderia matar todo mundo aqui com uma lixa de
unha ou uma pinça. — Enquanto ele falava, ele girou para
Sunny, como havia feito no elevador. Seu hálito quente abanou
o rosto dela, seu peito duro e musculoso pressionando contra
seus seios. Olhos magnéticos e hipnóticos, ele se inclinou,
colocando a boca no ouvido dela. — Hora de verificar as suas
armas, duna.
O batimento cardíaco dela se acelerou, suas terminações
nervosas formigando. Cravo! Como é que ele a afetava tão
fortemente?
De que outra forma seria? Ele era o epítome da sedução e
tentação, e ela não tinha defesas.
— Vá em frente, — disse ela, odiando o estremecimento
em sua voz. — Dê as suas apalpadas e enfiando as patas em
tudo.
— Apalpadas e enfiando as patas? — Um músculo saltou
sob seu olho. Ele colocou uma mão em volta da cintura dela e a
puxou para mais perto. Cada ponto de contato provocava uma
corrente de eletricidade e ela tremeu.
O olhar dele nunca deixou o dela quando ele desenrolou
a trança e puxou as mechas. O couro cabeludo dela formigou.
Em seguida, ele passou as mãos grandes e calejadas pelos
ombros, pelos braços e pelos lados, depois ao longo das pernas.
Todas as armas que ele encontrou, ele tirou. Três punhais, o
anel-arma e um medalhão cheio de veneno. O medalhão - a
arma mais poderosa - ele estudou, mas deixou pra lá. Idiota!
Durante todo o tempo, ela se debateu entre a vulnerabilidade
total, o desamparo abjeto e a excitação selvagem.
No final, a excitação venceu. Dália doce! Suas mãos em
mim... era tão bom. Problemas de confiança, de se sentir suja.
Sunny não conseguia se lembrar da última vez que desfrutou
de um toque ou esperou por mais.
Talvez, apenas talvez, ela pudesse manter a sua mente no
jogo se ele a beijasse novamente...
Não. Assim que ela pensou em se divertir, a paranoia se
instalou e ela ficou rígida. Um único momento de distração pode
custar tudo. — Depressa, — ela exigiu.
— Por quê? Você gosta muito do meu toque? — Ele
apertou a cintura dela. — Você gosta, não é? Não tente negar.
Suas pupilas estão dilatadas.
Algo que ela aprendeu quando criança. Quando você
precisava se expressar sem admitir a verdade, grite. — Não!
Infelizmente, ele não estava comprando. E por que ele
iria? Ela começou a ofegar. — Tsk-tsk. Se você realmente
deseja que eu pare, você tem que dizer, William, querido, quero
que tire as suas mãos magníficas do meu corpo dolorido.
Ela não podia dizer essas palavras, por isso apertou os
lábios, agindo com teimosia — Muito bem. — Ele acenou com
uma mão, liberando um fluxo de magia. Um véu embaçado
apareceu ao redor deles, protegendo-os dos outros.
A respiração dela ficou presa. O que ele planejava?
— Tenho que verificar o resto de você. — Com um brilho
pecaminosamente delicioso em seus olhos azuis, ele se moveu
atrás dela, pressionando o peito contra as costas dela.
Tremores a atravessaram quando ele estendeu a mão
para agarrar os seus seios doloridos. Diga a ele para parar.
Diga! Mas... mais uma vez, a sua boca se recusou a obedecer.
Eu quero mais.
— Seja honesta, — ele sussurrou. — Minha duna anseia
por paixão. Precisa disso. Ela quer ser montada.
A duna dele? Não trema de novo. Não ouse. — Errado, —
ela sussurrou de volta. — Ela quer ser bem montada.
— E eu não lhe dou prazer. Diga! Acabe com os insultos e
eu seguirei em frente.
— Você falou... verdade? Você é tão pouco qualificado? —
As palavras surgiram mais como perguntas do que declarações,
e suas bochechas brilharam. Oh, como ela queria mentir.
— Então, por que você não me disse para parar? — ele
murmurou, depois mordeu o lóbulo da orelha dela. Quando
seus mamilos endureceram contra as suas mãos, ele soltou
uma risada rouca. — Nós dois sabemos o porquê. Partes de
você amam essas mãos tão pouco qualificadas.
Mmm. Sim. Era um milagre e uma inconveniência. Uma
surpresa e um quebra-cabeça. De todos os homens em todos os
mundos, por que ele? Sunny nem sequer tinha desejado o seu
marido dessa maneira. Na verdade, ela não tinha desejado
Blaze, ponto final. Ele foi escolhido para ela.
Sua mente deslocou-se para o passado... para o dia do
seu décimo sexto aniversário, quando ela se casou com o
príncipe Blaze Lane, o filho mais velho do rei. Blaze e Sunny
cresceram juntos, mas nunca se deram muito bem. Ele era
egoísta e não possuía espinha dorsal e autocontrole. Nenhum
lado dela o respeitava. Ainda assim, seus pais haviam
concordado com a união, então ela cumpriu seu dever. Se ela
recusasse, teria sido banida, juntamente com todos na sua
linha. Principalmente, porém, ela disse que sim porque se
sentia destinada a governar, acreditava fortemente que a
Princesa Sunny um dia se tornaria Rainha Sunny.
Infelizmente, Lúcifer atacou apenas alguns anos depois.
Suas esperanças de se tornar rainha foram frustradas. Seu
status de princesa, acabou. O marido dela, morto.
No momento do ataque, Sunny estava presa em uma
cova, capaz apenas de ouvir uma cacofonia de ruídos. Gritos
agonizados. Riso alegre. Apelos não atendidos por misericórdia.
O whoosh de armas diferentes. Metal batendo contra metal. O
estalo dos ossos quebrados. O gorgolejo de sangue. O chiado da
morte. E, é claro, o grito de guerra de Lúcifer: “Por William!”
No início daquela semana, o rei a sentenciara a duas
semanas de confinamento na solitária. O crime dela?
Envergonhar o seu marido em público.
— ...prestando atenção em mim? — William estalou, sua
irritação batendo como um sino.
— Não, não estou, — ela admitiu, piscando para
conseguir foco. Bruto. Ela se perdeu dentro da sua cabeça
novamente. Isso não era bom. Não era nada bom. Atenção
frequentemente era a diferença entre vida e morte. — Se você
quer saber, eu estava pensando em outro homem.
Um rosnado baixo retumbou profundamente do peito
dele. O mesmo rosnado que ela ouviu no elevador, pouco antes
de ele a beijar. Desta vez, ele deixou cair os braços, cortando o
contato e deu um passo para trás.
Ela ganhou a vantagem? Isso tinha que incomodá-lo. Por
que não piorar as coisas? — Você não deveria fazer uma busca
nas cavidades corporais? Eu poderia estar com punhais na
minha calcinha.
Ameaça palpável, ele soltou um suspiro raivoso e acenou
com a mão, apagando o véu que os separava dos outros. —
Voltarei em uma hora para me encontrar com cada um de
vocês em particular. Vocês vão me mostrar a extensão dos seus
talentos de decodificação. Estejam prontos. — Sem lançar um
olhar para ela, ele abriu um novo portal.
Depois que a irmã e o filho passaram, ele os seguiu. Por
que esse ataque de raiva? A menos que... O pensamento dela
com outra pessoa despertou ciúmes?
De jeito nenhum. Ela se moveu de um chinelo para o
outro. Mas com sorte? Ela prometeu punição, afinal. Qual a
melhor maneira de começar?
— Você tem certeza de que quer ir? — Sunny chamou,
lutando contra um sorriso. — Não há como dizer o que vou
fazer ou com quem vou fazer enquanto você estiver fora.
Os músculos das suas costas estavam atados, inchados,
e ele a encarou mais uma vez. A raiva fervia em seus olhos. —
Faça o que quiser, com quem quiser.
Jacinto! A dispensa dele não importava. Na verdade, ele
não importava.
— Onde você vai? — ela resmungou. — Por que você
precisa de uma hora? — Antes, ele espumava pela boca,
ansioso para decodificar o seu livro. Agora ele mal podia
esperar para abandonar o navio? Por quê?
— Talvez haja uma mulher bonita esperando na minha
cama, pronta para o meu retorno. Alguém que não pensa nos
outros enquanto está comigo.
Seu temperamento assumiu o controle e ela retrucou: —
Que bom! Você poderia usar a prática. — Sem dúvida, essa
mulher sem nome e sem rosto estaria gritando o nome dele em
questão de minutos. Sunny apertou as mãos. Espera. Agora, eu
estou com ciúmes?
Talvez. Provavelmente. Mas ele também estava com
ciúmes. Não há dúvida sobre isso agora. Nisso, eles estavam
em igualdade.
E agora eu quero sorrir? Bem, sim. Ninguém nunca teve
ciúmes dela antes.
Outro grunhido retumbou de William. Atrás dele, Green e
Pandora lhe deram um olhar de pena.
— O quê? — ela estalou para eles.
O portal mais recente se fechou antes que eles tivessem a
chance de responder. O silêncio reinava na sala dos beliches,
grosso e opressivo.
Então, todos falaram ao mesmo tempo.
— O que nós vamos fazer?
— Aquele homem matou Harry. Atirou e ele morreu.
— Você conhece bem nossos captores, Sunny?
— Eu não, — ela admitiu. Ela precisava escolher uma
cama e colocar armadilhas, garantindo que ninguém se
aproximasse dela enquanto ela dormia. Se ela dormisse.
Se houvesse um narrador para sua vida, ele teria dito:
“Ela não vai”.
Muita confusão se seguiu. Algumas pessoas bateram nas
paredes, procurando por uma porta escondida. Outros
tentaram criar uma.
Ela selecionou um beliche e caiu no colchão, seus
pensamentos girando. E se ela usasse William para mais do
que um Uber místico para Lúcifer? Ele disse que concederia
qualquer benção se ela decodificasse o livro, então, por que não
fazê-lo caçar e matar os imortais em sua lista, todos aqueles
caçadores e colecionadores? Isso significaria não fugir mais.
Sem mais esconderijos. Nem para ela e nem para os outros
unicórnios.
A curto prazo, William poderia ser um aliado incrível.
Excitação disparou, apenas para desabar. Ela teria de lhe
confiar os nomes - homens e mulheres que ele poderia dar
acesso diretamente a porta dela, incentivando uma emboscada.
Apesar de tudo, ela meio que queria confiar nele. Nisto, e
somente nisto. No entanto, querer fazer algo nem sempre
significava que você deveria.
Então. Ela deveria?
E o quanto à aproximação da época de acasalamento?
Sentimentos de pavor e ansiedade percorreram a sua espinha.
Quando a luxúria extrema se instalasse, e isso aconteceria,
seus problemas de confiança deixariam de importar. Ela
desejaria sexo, sexo e mais sexo. Com quem estivesse por
perto. E se ela usasse o seu trunfo para solicitar os serviços de
William?
Ela nunca experimentou a época de acasalamento com
um amante, nem mesmo com o Blaze. Eles não queriam
arriscar uma gravidez, então ela se acorrentou... enquanto
Blaze dormia com outra.
William poderia, talvez, usar magia para evitar uma
gravidez.
Ele estava na cama com outra mulher neste segundo?
Um som estridente arrancou-a de suas reflexões e Sunny
piscou em foco. Suas garras estavam à mostra e enterradas no
lençol, o linho rasgado em pontos. Bem, não há nada para fazer
com isso agora. O estrago estava feito.
Ela deixou seus pensamentos voltarem para William. Ela
quis dizer o que disse. Ela o ajudaria com seu livro e o
atormentaria. A tortura do unicórnio envolvia pequenas coisas
para deixá-lo o mais desconfortável possível. Como assar a sua
comida menos favorita e fazê-lo comer. Ou encolher seu suéter
favorito durante a lavagem. Para iniciar. As punições ficavam
cada vez mais difíceis.
Mas. Ela tinha duas semanas. Ela precisaria chegar aos
castigos o quanto antes. De que outra forma William
aprenderia a não mexer com um unicórnio?
Enquanto ele a mantivesse trancada, ele não obteria
alívio.
Os lábios dela se curvaram em um sorriso. Isso vai ser
divertido - para mim! Se ele a libertasse, então, e só então, ela
iria parar os castigos. Se ele se recusasse a deixá-la ir ao final
das suas duas semanas, como prometido, os castigos
parariam. Porque ela o mataria.
Sunny estremeceu, o sorriso desaparecendo. Pelo menos
ela sabia exatamente o que fazer para deixá-lo infeliz...
Capítulo Sete

“Uma vez eu dei à Morte uma quase William experiência.”

Ele fez isso. William tinha aprisionado com sucesso todos


os decodificadores da lista, além de alguns extras para usar
como trunfo. Ele interrogou todos, menos Sunny, e todos os
decodificadores lhe disseram: — Você deveria conversar com
Sunny Lane. Ela consegue fazer coisas que ninguém mais
consegue. O que significava...
Ela é a tal.
Será que ela decodificou a página do livro dele e mentiu
sobre isso? Isso importava? Se ela era sua decodificadora,
também era sua companheira e tinha que morrer em duas
semanas. Se ela não conseguisse quebrar a maldição.
Exatamente como planejado.
É ela ou eu. Escolha.
Eu.
No entanto, o desejo por ela continuou a arder em suas
veias. Apenas luxúria. Ele continuou repetindo os momentos
em que a segurou em seus braços. A suavidade exuberante dos
seus seios, com seus picos endurecidos. Como ele quase caiu
de joelhos como um tolo apaixonado.
Porra, ele nunca reagiu a uma mulher tão rapidamente
ou tão intensamente, obcecado por ela e possessivo. Nem
mesmo Gillian. Ele a queria, mas não precisava dela. Ele não a
desejava enquanto estavam separados.
Também não preciso de Sunny, caramba. Ele bateu com o
punho na mesa, uma rachadura se espalhando de um lado
para o outro. Mas, tão rapidamente quanto o crack apareceu,
desapareceu, reparado pela magia.
Quando Sunny admitiu que tinha pensado em outro
homem enquanto William a afagava, ele queria enfiar uma
adaga no intestino do bastardo. Ele até alertou os outros
homens para ficarem longe da mulher como um humano com
baixa autoestima e confiança zero. Uma primeira vez. Ele lhes
disse: Toque nela, e eu comerei a medula dos seus ossos.
Ela os tocaria?
Pham, Pham. Ele bateu na mesa mais duas vezes. A
mulher provocou e atormentou William da maneira como ele
provocou e atormentou muitas das suas amantes, deixando-o
meio louco.
Encare isso, Derretedor de Calcinhas. Sunny é a
escolhida.
Com um gemido, ele se jogou de volta no assento. Ele
pode ter encontrado a sua companheira de vida, mas não
conseguia pensar em um relacionamento de longo prazo. Ele
seria capaz de abandonar seus sonhos de realeza e variedade
para se estabelecer com uma mulher, brincando de casinha e
criando pirralhos? E se ele perdesse algo melhor?
Seu coração disparou. Ele lutou para respirar, como
havia feito quando criança, as paredes parecendo se fechar à
sua volta.
— Você parece constipado. Está pensando em seu Raio
4
de Sol ?
Green estava parado na porta do seu escritório, sua voz
arrancando William do recente ataque de pânico. Ele respirou
profundamente. Então de novo. E de novo. Finalmente, sua
frequência cardíaca diminuiu.
— Estou pensando em companheiros de vida, —
respondeu ele, escolhendo ser um pouco vago. — E o nome
dela é Sunny. Sunday.
O filho estremeceu. — Companheiros de vida? Quão
sensível da sua parte. Você está menstruado ou algo assim?
William brincou: — Sim, mas estou sem tampões. Tem
um extra na sua bolsa?
Green riu para ele. — Desculpe, mas a única coisa que
estou carregando são essas armas. — Ele flexionou os bíceps.
William revirou os olhos. Sua atenção prendeu-se em
uma fotografia emoldurada de uma linda morena. Ele passou
um dedo sobre o rosto doce dela. Aos quinze anos, Gillian fugiu
de casa para escapar de anos de abuso sexual. Mas ela não se
saiu melhor nas ruas. Maltratada física, mental e
emocionalmente, ela estava desesperada por um protetor.
Aos dezesseis anos, ela foi viver com os Senhores.
Naquela época, ela tinha sido um ratinho quieto com olhos
quebrados. Um olhar para ela e William revivera seu próprio
abuso; ele queria dar uma vida melhor a Gillian. E, nos dois
anos seguintes, ele o fez, provocando sorrisos e gargalhadas.
Algumas noites, eles jogavam videogame até o amanhecer.
Principalmente, ele protegia o presente e o futuro dela, criando
um portfólio de investimentos para garantir que ela nunca
precisasse de ninguém para nada.
Quando seu décimo oitavo aniversário se aproximava,
William realmente acreditava que a amava romanticamente,
que ficariam juntos por um tempo e abandonariam o passado.
Ao mesmo tempo, ele continuou a dormir com outras
mulheres, qualquer pessoa que lhe apetecesse, nunca se
comprometendo realmente com Gillian. Logo, ela decidiu se
comprometer com outro homem, um rei bestial possuído pelo
demônio da Indiferença. Puck de Amaranthia a adorava e não
desejava outras. Uma circunstância que William havia
lamentado, mas agora comemorado.
A verdade era que ele se viu nela. Ele queria amá-la,
assim como outrora ele queria que alguém o amasse.
— Maravilha. Você está perdido em sua cabeça
novamente. — Mais uma vez, Green riu dele. — Você pode
querer se animar. O vovô está aqui para vê-lo.
Vovô? William riu. — Estou confiante que Hades prefere
Vô. Ele ficará furioso se você o chamar de qualquer outra coisa.
— Ele olhou para o escritório espaçoso. Nada fora do lugar.
Excelente. Acima da lareira, pendia um retrato de William
usando um biquíni de chantilly, segurando um diamante em
uma mão e uma banana na outra. Uma verdadeira peça
elegante e um presente de Anya, a deusa menor da Anarquia,
bem como sua amiga mais antiga. De fato, ela estava noiva de
Lucien, o guardião da Morte e um líderes dos Senhores.
As estantes de livros enfeitavam todas as paredes,
exibindo parte da sua coleção de crânios - homens, mulheres e
criaturas que ele havia matado. Ou, no caso de Claw, o crânio
de um homem que foi morto em seu nome. Ele manteve toda a
família de Gillian em seu quarto: o padrasto, os meios-irmãos e
até a mãe, que a acusara de mentir sobre o abuso. Sua glória
máxima, no entanto? Lilith. A satisfação se agitava
profundamente em seu peito toda vez que ele vislumbrava.
Ele disse ao filho: — Mande-o entrar.
— Por que não entro por mim mesmo? — Hades passou
por Green, seus lábios curvados em um sorriso sardônico. —
Além disso, o primeiro a me chamar de Vô ganha uma bota nas
bolas.
William deu uma risada. Porra, ele amava esse homem
complicado e misterioso. Hades o tinha criado com um punho
de ferro, tolerando zero desrespeito. Ele ajudou William a
abandonar sua identidade "Scum", extinguir e destruir suas
maiores fraquezas, e garantiu que ele tinha a habilidade de
sobreviver em qualquer lugar, a qualquer hora,
independentemente das dificuldades. Sob os cuidados do rei,
William floresceu; ele esteve seguro, contente e adorado, um
tri-milagre que poucos experimentaram em sua vida.
— Cuidado, — disse Green a Hades. — Papai querido está
em um certo humor. Ele está contemplando companheiros de
vida.
Hades ficou rígido, sem dúvida assumindo que a
companheira em questão era Gillian. Ele nunca gostou da
garota, não por William. E agora eu entendo o porquê.
— Eu vou arriscar, — respondeu o rei, com um tom seco.
Alisando as linhas de seu terno listrado, ele se sentou no
assento em frente à mesa.
Eu reconheço esse terno. Para registro, Hades mudou sua
aparência. Para ele, as roupas eram uma arma. William o tinha
visto usar tudo, de smoking, couro preto, roupas íntimas de
malha e contas decorativas de barba. Só dependia da audiência
dele. Ele só usava o terno quando queria parecer um sócio de
um escritório de advocacia e enganar alguém.
Quando Hades dispensou Green com uma inclinação do
queixo, Green olhou para William, uma sobrancelha arqueada.
Ele assentiu e o filho saiu, fechando a porta atrás de si.
Eu estou sendo enganado? Se Hades tivesse ouvido falar
do unicórnio e quer usá-la como arma ...
William enrolou os dedos nos braços da cadeira, as
garras cortando o couro. — O que está acontecendo? — Ele
amava e admirava Hades, sim, mas também reconhecia as
falhas do homem. Hades estava com fome de poder, zeloso em
sua determinação e cego para qualquer coisa fora do seu fim de
jogo - qualquer que fosse o seu fim de jogo. Ele raramente
compartilhava seus objetivos com alguém.
— Estou aqui para discutir negócios de guerra. — Hades
se recostou, ficando mais confortável. — Contando conosco,
temos nove reis do submundo, dois príncipes, uma princesa,
três cavaleiros, treze senhores, uma deusa menor, a guardiã
dos pesadelos, uma treinadora de cães do inferno, o filho de
uma górgona e shifter dragão, para não mencionar as Harpias,
a rainha dos Titãs, a rainha dos Fae, uma vidente que observa
atentamente o céu e o inferno, e os Enviados. Temos até a
Rainha Vermelha. Deveríamos ser imparáveis, e ainda assim
falhamos, não conseguimos neutralizar Lúcifer, um pedaço de
merda com apenas legiões de demônios à sua disposição. — Ele
passou a mão pelo rosto cansado. — Se perdermos esta guerra,
não merecemos viver.
Verdade. As harpias eram tão sedentas de sangue e fortes
quanto os shifters de unicórnios. Os Enviados comandavam
exércitos de anjos e assassinos de demônios. Todo mundo
tinha poderes e habilidades além da imaginação. Eles deveriam
ter isso no bolso.
— Os demônios dele nos superam em dez para um, —
apontou William.
— Não importa. Nós já deveríamos ter derrotado ele.
Hades não estava errado. — Se queremos resultados
diferentes, teremos que fazer algo diferente.
— Exatamente. Eu tenho um plano para reduzir os
números dele, nos dando uma vantagem maior.
— Estou dentro. — O bastardo havia se tornado o
estuprador mais prolífico do mundo. Gênero, idade e espécie
nunca foram levados em consideração. Ele torturou e
assassinou com abandono, não deixando ninguém em
segurança. Rumores sugeriam que ele gostava de tirar seus
lacaios da doença do Inferno apenas para infectar humanos. —
O que você precisa que eu faça?
— Nós vamos chegar a isso. Mas primeiro. — Hades fez
uma careta. — Hoje cedo, consultei o meu espelho sobre sua
lista de decodificadores.
O espelho. Um espelho mágico com Siobhan, a Deusa de
Muitos Futuros presa dentro dele.
— Você tem certeza de que podemos confiar nela para
nos ajudar? — William perguntou. Ela culpava Hades por seu
cativeiro.
Assim como Sunny me culpa pelo dela.
O que a unicórnio disse? Como hóspede, eu recompenso.
Como cativa, eu castigo.
Como ela esperava puni-lo?
— Sim e não, — disse Hades. — Seja como for, você
precisa saber o que Siobhan me mostrou.
— O que foi?
— Uma mulher de cabelos azuis segurando um frasco de
veneno. Segundo Pandora, você tem uma mulher de cabelos
azuis entre seus cativos.
Sua testa franziu. — Veneno significa o que exatamente?
— Que Sunny o envenenaria? Boa sorte. Ele já confiscou o
medalhão dela. Que o caminho atual deles era tóxico? Que
pena. Não haveria como voltar atrás. Que ele estava destinado
a morrer pela mão dela? Ok, sim, isso levantava as suas
preocupações, considerando a maldição.
Com a voz tão dura quanto o aço, Hades disse: — Quero
que a mulher de cabelos azuis seja morta, William. Hoje. Antes
que ela tenha uma chance de envenenar você.
Uma negação correu por sua língua... uma negação que
ele brutalmente matou antes que escapasse. Primeiro, uma
negação apenas aumentaria a determinação de Hades e,
segundo, Hades poderia decidir tomar o assunto em suas
próprias mãos. Quando se tratava dos seus poucos entes
queridos, “matar a ameaça” era a sua resposta.
Havia apenas uma proclamação que faria o rei recuar. —
Keeley diz que Sunny não deve ser ferida por duas semanas,
porque a garota é... a minha companheira de vida.
Hades valorizava os insights de Keeley. O interesse
brilhou em seus olhos quando ele se sentou reto. — Keeley me
disse que sua companheira tem o poder de destruir todos nós.
Não foi à toa que o rei também queria que Gillian fosse
assassinada.
E isto não era mais uma prova da conexão de Sunny com
ele e outro motivo para matá-la rapidamente? Um músculo
bateu na mandíbula de William. — Se ela tem o poder de nos
destruir, ela também tem o poder de destruir Lúcifer,
ajudando-nos.
— Mas por que arriscar? — Hades apertou com os braços
da sua cadeira. Ele estava assim tão preocupado com a
segurança de William? — Mantenha seu voto. Deixe-me matar
a garota... e queimar seu livro. Companheiros são
superestimados, de qualquer maneira.
— Não! — William berrou. Bochechas esquentando, ele
repetiu com mais calma: — Nas próximas duas semanas,
ninguém, e eu quero dizer ninguém, deve tocar, machucar ou
até gritar com ela.
Hades desviou o olhar. — Então você espera que esta
Sunny quebre a sua maldição e o quê? Vocês dois viverão
felizes para sempre?
Não. Sim. Talvez? Menos “para sempre”, é claro. Mas que
tipo de futuro (temporário) ele poderia construir com a mulher
que tirava pouco prazer do seu beijo, não confiava em ninguém
e o insultava regularmente?
Selvagem e louco? Problemático? Satisfatório?
Você não saberá até tentar.
— Ajude-me a ajudá-lo, filho, — disse Hades. — Não seja
o tolo que persegue romanticamente a mulher prevista para
acabar com a sua vida. Queime o seu livro. Conheço maldições
e nunca senti uma em você.
— Nós conversamos sobre isso. Você não pode sentir a
maldição, porque ela não foi ativada. Primeiro, devo me
apaixonar. — Ele levantou uma caneta e bateu repetidamente
na borda da mesa. — Esqueça a garota e o livro. — Por
enquanto. — Diga-me por que você me resgatou quando
menino. — O único tópico garantido para encerrar qualquer
conversa, em qualquer lugar, a qualquer hora.
Ele já havia feito a pergunta antes, mas apenas recebeu
uma resposta que não respondia: eu queria, então fiz. O fato
era que Hades não fazia nada sem um motivo oculto. Um fato
que William admirava muito. Por que dar se você não iria
receber?
Com raiva agora, Hades esfregou os dedos sobre a barba
por fazer. — Nós já conversamos sobre isso, — disse ele,
imitando William. — Não vou discutir esse tópico. Explicar as
minhas razões pode resultar em uma verdadeira maldição e
levar à sua morte.
Mas como? Por quê? William largou a caneta, recostou-se
na cadeira e trancou os dedos atrás da cabeça. — Tudo certo.
Diga-me por que você me fez jurar evitar o Enviado chamado
Axel. — Aquele que eu suspeito que seja o meu irmão.
— Você sabe o porquê, — o rei retrucou. — No dia em que
você conhecer Axel, uma parte de você morrerá.
Tão confuso! — Que parte de mim? Por quê?
O silêncio reinou. Os lábios de Hades pressionados em
uma linha fina.
Frustração invadiu William. Às vezes, o desejo de
conhecer seu irmão quase o sufocava, a separação deles o fazia
sentir como se uma parte dele já estivesse morta.
Ele queria conversar com o Enviado. Eles eram
semelhantes? Ou opostos? O guerreiro também queria
conversar com William; ele estava procurando William há mais
de um ano, até questionou os Senhores sobre o seu paradeiro.
Mas, ele devia a sua vida a Hades. Ele devia tudo a Hades e
amava o homem incondicionalmente. Se ele tivesse que evitar
seu passado para manter seu pai feliz, ele evitaria o seu
passado. Claro e simples.
Com tom cauteloso, Hades disse: — Axel ainda procura
por você.
— E eu ainda o evito, — ele ralhou.
— Bom garoto. — O rei levantou-se e ajustou as linhas do
seu paletó. — Antes de partir, temos um último assunto.
Ótimo. Maravilhoso. Ele realizou uma saudação real. —
Vamos ouvir isso.
— Solicitei uma reunião com Lúcifer para discutir uma
trégua. Amanhã de manhã, oito em ponto. Você vai estar
presente.
— Uma trégua? — ele rugiu, levantando-se. A cadeira
derrapou atrás dele, batendo na parede.
— Não se preocupe, meu filho. Ele vai aparecer, mas não
aceitar. Exatamente como eu espero.
Embora já tivesse muito em seu prato, William revelou
seu sorriso mais frio. — Eu irei. Por um preço. Assim como
você me ensinou. Não faça nada sem exigir algo em troca.
Para sua surpresa, Hades sorriu. — Eu sei exatamente o
que oferecer. — Um cristal grande e irregular apareceu na
mesa, um arco-íris de cores preso dentro. — Essa é uma Esfera
do Conhecimento."
— Eu sei o que é isso. — Ele viu fotos. Havia quatro, cada
uma especializada em um tipo diferente de conhecimento. —
Eu simplesmente não sabia que você tinha adquirido uma.
O orgulho ardia nos olhos escuros de Hades. — Uma
compra recente. Esta revela fatos frios e difíceis sobre qualquer
pessoa ou coisa. Como, digamos, uma companheira. Mas
aconselho você a escolher suas perguntas com sabedoria. Você
tem apenas dez.
William sorriu. Ele poderia aprender muito com dez
perguntas. — Como eu opero isso?
— Facilmente. Basta fazer uma pergunta e ela
responderá. — Com uma piscadela, Hades se afastou,
movendo-se de um local para outro com apenas um
pensamento.
William olhou para o cristal, tremeu como um maricas e
decidiu se servir de dois... três... quatro dedos de uísque
primeiro. Quando ele terminou o copo, ele já tinha se
estabilizado. Ele fez uma lista das suas perguntas, depois
voltou a se concentrar na esfera.
Segurando os braços da cadeira, ele fez a primeira
pergunta. — Por que Lúcifer matou os shifters de unicórnios?
Com um tiro de luz da ponta do cristal, uma imagem
tomou forma dentro dele. Uma pequena duende de cabelos
brancos, pele dourada e asas translúcidas e brilhantes. Ela
pairava lá, sem emoção. — Um poderoso oráculo disse a Lúcifer
que um unicórnio ajudaria na derrota dele. Desesperado para
evitar a previsão, ele liderou legiões de demônios para o Reino
de Mythstica, com a intenção de matar todos os unicórnios
existentes. Só que ele falhou em seus esforços. Houve seis
sobreviventes.
William lambeu os lábios repentinamente secos. Tanta
coisa para descompactar. Uma previsão sobre a derrota de
Lúcifer. Mas apenas com a ajuda de Sunny?
Uma maré fria de alívio tomou conta dele. Eu não posso
matá-la.
Uma pergunta a menos, faltam nove. — Onde estava
Sunday Lane durante o ataque?
— Ela estava presa no fundo de uma cova. — Uma nova
imagem substituiu o duende, um de guerra e dor. Enquanto
ecoavam os gritos de medo e dor, uma mulher emaciada, com
cabelos ruivos emaranhados, jazia em uma poça de lama e
sujeira, tentando abrir caminho com as mãos e unhas
ensanguentadas e quebradas.
Quando ela se mexeu, ele viu seu rosto e...
— Porra! — William explodiu da sua cadeira. Mais uma
vez, seu coração bateu forte e ele respirou fundo. A ruiva era
Sunny.
Quando ele se acalmou, levemente, ele recostou-se na
cadeira. Mais Informações. Agora.
Duas perguntas já foram, restam oito.
Com os dentes cerrados, ele perguntou: — Os unicórnios
são capazes de lealdade? — Sunny é? Com sua natureza dupla,
a mulher não era uma única especiaria - ela era a prateleira
inteira.
A duende voltou, dizendo a ele: — Ah, sim. Mas eles são
leais apenas aos que estão no bando.
Três a menos. Ele jogou sua lista, outras perguntas já se
formando. — As pessoas de fora são aceitas no bando?
— Às vezes sim.
Ele esperou que a duende dissesse mais. Ela não disse, e
ele moeu seus molares. Quatro a menos e faltam apenas seis.
— Quais são os traços de personalidade mais dominantes de
um unicórnio?
— Quando os unicórnios se sentem seguros, eles são
brincalhões. Quando temerosos, são violentos. Sempre são
altamente territoriais e privados. Para proteger seus chifres,
eles se recusam a mudar fora das cerimônias e da guerra. Para
defender seus entes queridos e seus lares, eles lutarão até a
morte. Durante a época de acasalamento, eles são altamente
sexuais e desesperados por um parceiro.
Época de acasalamento? Duas palavras, e ainda assim
ele endureceu em segundos. — Quando é a época de
acasalamento?
— Começa dentro de duas semanas e termina duas
semanas depois.
Duas semanas. O prazo exato que Keeley havia lhe dado.
Ele berrou outra maldição. Sunny estava perto de estar
“altamente sexual e desesperada por um parceiro” e ele a
deixou em um quarto de beliche com dezesseis homens que
sem dúvida matariam para beijar aqueles lábios macios,
amassar aqueles seios exuberantes e mergulhar seus dedos,
línguas e paus naquele doce corpinho.
Pela milésima vez naquele dia, a fúria ardeu nas veias de
William. A cada respiração, o ar cortava seus pulmões. Se
Sunny falhasse em decifrar seu livro no espaço de tempo muito
curto – curto demais - ela precisaria de um amante.
Quem ela escolheria?
Ele pegou o cristal e quase o jogou na parede, só para ver
as peças se espalharem. Em vez disso, ele fez a sua sétima
pergunta.
Voltando à declaração do duende sobre unicórnios e
brincadeiras, e ansioso para ver Sunny em tal estado, ele
perguntou: — Como posso fazer um unicórnio se sentir seguro?
— Nunca minta. Nunca aprisione. Nunca faça mal.
Nunca aprisione? Muito tarde. Como ele poderia fazê-la
se sentir segura enquanto está presa?
Ele não perguntou. Restavam apenas três perguntas. —
Como Sunday Lane é capaz de decodificar num relance?
— Magia, — a duende disse a ele. — A magia faz dos
unicórnios detectores de mentiras naturais - eles veem a
verdade.
Fascinante.
Restam apenas duas perguntas. Faça-as valer. — Por que
a magia de Sunny não me afeta?
A luz diminuiu, a duende desapareceu. Ele franziu a
testa. O cristal não sabia? Ou eram proibidas perguntas sobre
William?
Ele franziu a testa. — Estou realmente amaldiçoado? —
Nada. — Você sabe alguma coisa sobre a maldição de Lilith? —
Nada. — O que você sabe sobre um Enviado chamado Axel? —
Mais uma vez, nada. Agora ele fez uma careta. — O que mais
você sabe sobre shifters de unicórnios e Sunday Lane em
particular?
Um novo clarão de luz, o duende reaparecendo. — Supere
as defesas da Princesa Sunday e você terá um amigo por toda a
eternidade.
As sobrancelhas dele dispararam para a linha do cabelo.
Princesa Sunny? Uma realeza?
Quando a duende não ofereceu mais, ele apertou os
lábios. — É só isso? É tudo o que você vai me dizer sobre ela ou
tudo o que sabe?
Ela sorriu lentamente, um pouco perversamente, tão
adorável quanto a noiva de Chucky. — Não. Eu sei mais. E sim,
é tudo o que vou lhe dizer. E agora suas dez perguntas foram
respondidas. Eu te digo adeus, William da Escuridão.
O quê?! — Eu não quis dizer... — Ele beliscou a ponte do
nariz. Por que argumentar com um feixe de luz que continha
todo o conhecimento do universo? Manipulação, por outro
lado... — Vá, então. Deixe-me insatisfeito com a sua resposta à
minha nona pergunta.
Ela inclinou a cabeça para o lado. — Hades solicitou um
relatório de tudo o que você perguntou e como eu respondi.
Deseja realmente aprender mais, sabendo disso?
Deveria saber. Aborrecimento raspou seu interior. Ainda
assim, ele assentiu. — Conte-me. — O estrago já estava feito.
— A princesa Sunday é vegetariana, as pétalas de flores
são sua refeição favorita... lanche... e sobremesa. Ela pode ver
auras. Para ela, para todos os unicórnios, a cor - arco-íris - é
igual à vida. Com a sua natureza dupla, ela é capaz de rir em
um minuto e matar selvagemente no próximo. Ela é teimosa e
curiosa, e não será facilmente seduzida.
William absorveu cada petisco, com uma sensação de
desafio crescente. Não é facilmente seduzida? Estou pronto
para jogar, treinador.
— Isso, — disse a duende, — é tudo que sei. — Quando a
luz se apagou mais uma vez, ela desapareceu para sempre, e
ele se perguntou o que sua unicórnio desconfiada, geniosa e
curiosa estava fazendo exatamente neste segundo. Devo saber.
Ele digitou no teclado do seu computador, puxando o
vídeo da sala de beliches. Todos, exceto Sunny, se amontoavam
em torno de uma única cama, sussurrando estratégias de fuga.
Onde... onde... lá! Mas o que diabos ela estava fazendo?
Dando um zoo. Ela estava sentada na beira de um
beliche, com a cabeça inclinada enquanto rasgava tiras de
tecido do edredom para trançar.
Não há janelas, mas ela vai fazer uma corda?
A realização deu um soco na garganta dele. Não, ela está
fazendo um laço.
Ela estava se sentindo assustada e violenta, então? Por
minha causa? Com as vias aéreas comprimidas, William pegou
o celular e discou para Pandora, dizendo: — Traga-me Sunny.
E peça ao Green que entregue um buquê de rosas. E um
sanduíche. E batatas fritas. E outros acompanhamentos. —
Nem ele nem a unicórnio haviam comido, então eles poderiam
fazê-lo juntos enquanto conversavam.
De um jeito ou de outro, ele e Sunny chegariam a um
entendimento. Hoje.

Capítulo Oito

“Pegue o que quiser, quando quiser. Eu faço isso.”

— Ei. Sunny Lane. Sua vez.


Quando os companheiros de Sunny na sala de beliche
ficaram em silêncio, ela estudou a oradora. Pandora entrou por
um novo portal. Atrás dela, havia uma espaçosa sala de estar
com sofás antigos e mesas de canto, um lustre de cristal e um
mural finamente detalhado com mulheres nuas descansando
em conchas.
Quão perfeitamente William. Adicione alguns homens ao
mural e você também terá o estilo decorativo de Sunny.
Os outros decodificadores se viraram para olhar para ela,
fazendo de tudo menos apontar.
Ela revirou os olhos. Ao longo do dia, Pandora tinha ido e
vindo, escoltando pessoas para William, uma de cada vez.
Todos menos Sunny. O que quer que ele tenha feito e dito
havia enchido seus companheiros de prisão de pavor. Até
Jaybird e Cash se referiam a ele como um monstro agora.
Sunny usara o tempo para iniciar um arsenal. Usando
pedaços de madeira que ela havia puxado dos estrados da
cama, ela já havia feito algumas facas. No momento, ela criou
uma armadilha com um laço no final. Se alguém se
aproximasse da cama dela a qualquer momento durante a
noite, eles seriam enforcados por ela.
— É a minha vez de falar com William? — Perguntas e
respostas com o homem mais sexy do mundo pareciam
terríveis e maravilhosas, e ela nunca havia antecipado e temido
tanto uma atividade.
— É.
Nervos zunindo, Sunny enfiou a corda improvisada
debaixo de um travesseiro, pulou da cama e caminhou.
Pandora permaneceu do outro lado do portal. — Você
parece uma camélia. — Ela piscou. — Ca... mélia. Camélia.
Cravo! Dália! Argh! Por que não posso xingar?
Então, o filtro mágico funcionava com a irmã de William,
mas não o próprio William. Por quê?
Incapaz de mentir, Sunny fez a sua melhor imitação de
“quem? o quê? eu?” e encolheu os ombros, então atravessou o
portal. Hã. Sem formigamentos desta vez. Mais uma vez, ela
teve que se perguntar por quê.
Quando o portal se fechou atrás dela, ela respirou fundo.
Notas de ambrosia, uísque, cera de vela e... legumes? Seu
estômago roncou. Ontem ela comeu um punhado de pétalas e
folhas. Hoje? Nada.
— Você pode admirar o palácio mais tarde. No momento,
Willy está muito irritadinho e tenho ordens para entregá-la
rapidamente. — Pandora não perdeu tempo, caminhando por
um amplo corredor.
Sunny a seguiu, tropeçando quando notou os muitos
retratos que decoravam as paredes. Em um deles, William
usava um avental e um sorriso, nada mais. Em outro, ele tinha
um boá de plumas enrolado no pênis.
Oh, doce calor. A imagem era fiel ao tamanho ou
redimensionada? Porque cravo! Em uma terceira pintura, ele se
reclinou em uma cadeira de pelúcia, nu, lendo uma cópia do O
5
Beijo Mais Sombrio . Outros livros estavam empilhados ao
redor dele, todos com “sombrio” nos títulos.
As pessoas devem olhar para essas imagens, subestimar
severamente a escuridão da natureza de William e relaxar a
guarda. Seu objetivo, sem dúvida. Guerreiro astuto.
Impressionante também. Mas o pobre bastardo não tinha ideia
do que ela planejava fazer para o seu primeiro castigo.
Sunny lutou com um sorriso. O plano dela? Forçá-lo a se
comprometer com um relacionamento falso, a fim de obter a
cooperação dela. Não que ele soubesse que era falso. Ah, as
pequenas coisas.
Pandora notou sua preocupação com a obra de arte e
perguntou: — Você é uma especialista em obras de arte, ou de
William?
Sim, de jeito nenhum ela responderia a isso. Ela mudou
de assunto. — William prefere namorar um certo tipo de
mulher? — Quanto mais ela soubesse, melhor ela poderia
adaptar a tortura às necessidades e desejos dele, esperanças e
sonhos.
— Especialista de William, então, — disse Pandora, um
brilho provocador em seus olhos escuros. — E sim, ele tem um
tipo. E se chama respirando. Ele é um galinha total. Ele se
cansa de uma mulher assim que marca o gol.
Gol? Ohhhh. Um termo para disparar sua carga. Entendi.
Elas viraram uma esquina. — Ele já se comprometeu com
alguém?
— Ele considerou uma vez, — disse Pandora. — Havia
uma menina. Gillian. Ele pensou que a amava, mas eles se
separaram, então...
Sunny fechou os punhos, uma reação comum sempre
que William dominava uma conversa. Um príncipe das trevas
não merecia felicidade. — Pensou que ele amava?
— Veja. Não vou lhe dar os detalhes sangrentos. Não é
minha história para contar. Mas está claro que você está
interessada nele, e eu entendo. Você tem olhos. Então eu vou
ser direta com você. Ele costumava dormir exclusivamente com
mulheres casadas, porque elas nunca buscavam compromisso.
E mesmo que ele pensasse que amava Gillian, ele ainda dormia
com outras. Sinceramente, duvido que ele se deixe apaixonar e
faça a coisa toda de família por causa da... argh! Eu
compartilhei demais. Eu nunca compartilho demais. Por que é
que eu faria isso? Você não vai tirar mais coisas de mim.
Talvez Pandora desejasse uma amiga tão
desesperadamente quanto Sunny? — Não se preocupe. Já ouvi
o suficiente. — Ela apertou os punhos com mais força,
incomodada com a antiga propensão de William de dormir com
mulheres casadas. Como Blaze, ele não tinha respeito pela
santidade do casamento. Nenhuma lealdade ou consideração
pelas pessoas que ele machucava.
Outra razão para puni-lo, administrando a justiça
unicórnio ...
Mudando a direção da conversa, ela disse: — Então você
e William são irmãos, hein?
— Sim e não. Nós dois fomos adotados por Hades.
Sunny ficou rígida. Hades, um dos nove reis do
submundo. Um comandante de demônios. Morte encarnada.
Pai adotivo de Lúcifer também. Respire fundo, expire. — Se os
demônios são buracos negros do mal, sem indícios de bondade,
e eles são, também são os que os lideram.
— Você está tão certa, — disse Pandora com um aceno de
cabeça. — Mas você não deve elogiar a realeza do Inferno dessa
maneira. Isso só vai subir à cabeça deles.
Engraçado. — Fiz uma pequena pesquisa sobre William e
sei que ele deixou o submundo em algum momento,
abandonando seu território e seus exércitos.
— Suas informações estão velhas. William voltou
recentemente para o Inferno. Quero dizer, onde pensa que você
está agora?
Sunny tropeçou no seu próprio pé. William a levou para o
inferno? Aquele... aquele... jacinto!
Pandora a levou para um pequeno escritório com uma
mesa enorme, um arquivo de metal e um refrigerador de água
cheio do que parecia ser uísque. Nenhum sinal de William.
— Espere. Preciso que ele saiba que você está aqui. —
Pandora se sentou na cadeira atrás da mesa e pegou o telefone
fixo. Segurando o telefone no ouvido, ela disse: — Coloque a
sua carne de homem de volta nas calças, senhor. Estamos
prestes a entrar. — Enquanto ela ouvia a resposta dele, suas
feições se transformaram em um escárnio. — Não direi a ela
que estou brincando. Pelo que sei, você está batendo uma aí.
Você nunca foi tão rápido como... sim, sim, sim. Dane-se você
também. — Ela bateu o telefone, sorriu e apontou para a porta.
— Ele está lá. Aproveite. Ou não. Sim, provavelmente não. Eu
mencionei o humor dele, certo?
Ele não acabou uma punheta? Por que eu quero cantar e
dançar como uma princesa da Disney? Calma. Um William com
tesão era um William mais administrável. Ela precisava de um
William administrável.
Em questão de segundos, a terceira rodada da guerra
particular deles começaria. E o castigo dele também.
Com o coração acelerado, Sunny avançou. A cada passo
mais perto, sua expectativa aumentava. Quando ela abriu a
porta e atravessou a soleira, entrando em um segundo
escritório mais espaçoso, ela tremia loucamente.
William estava sentado atrás da mesa, a tensão
zumbindo dele. Quando seu perfume incrível a atingiu - a
essência do sexo, masculinidade e indulgência carnal - suas
células ardiam com desejo repentino. Ela engoliu um gemido,
seus seios doendo novamente, o ápice das suas coxas
latejando.
Viu! A poeira da luxúria e uma névoa pré-acasalamento
eram um saco.
Precisando de um momento para se recompor, ela olhou
ao redor da sala. Piso de madeira, coberto por um tapete de
pelúcia com um padrão de árvore da vida. Móveis esculpidos à
mão. Um bar e uma mesa, com uma cadeira na frente, duas
cadeiras atrás e uma mesa lateral entre elas. Duas portas,
ambas fechadas. Possíveis rotas de fuga ou armadilhas? Uma
janela com vidro sombreado, escondendo a vista do lado de
fora. Uma sereia de peito nu apoiada em cada lado da lareira
de mármore. Estantes de livros alinhavam-se em todas as
paredes, as prateleiras cheias de artigos: um esquilo
empalhado usando um vestido de boneca, uma variedade de
crânios e fotos emolduradas de uma linda garota de cabelos
escuros e uma linda loira. Mais membros da família dele?
Amantes antigas?
Não desempacote esse pensamento; você só receberá mais
uma onda de ciúmes ridículos. Siga em frente. — Depois que eu
matar Lúcifer, exibirei o crânio dele na minha lareira. —
Finalmente, ela voltou a atenção para o retrato pendurado nas
paredes, intercalados entre machados, espadas e punhais.
Neste, William estava completamente nu.
Oh meu. O cara tinha largura, comprimento e peso. O trio
perfeito. Um verdadeiro aríete, e seu corpo negligenciado doía
por isso. Não especificamente dele. Qualquer um assim.
Certamente!
Com a voz alegremente de cascalho, ele disse: — Por que
olhar para uma pintura quando você está na companhia da
coisa real?
Seu coração bateu mais rápido. O calor do embaraço
corou suas bochechas... seus seios. Sim. Envergonhada. Não
excitada. Não. Hora de envergonhá-lo, por sua vez. — Eu vou
olhar para você, — disse ela, odiando o quão ofegante ela
soava, — se você colocar para fora a sua... Como Pandora
chamou? Ah, sim. A sua carne de homem e provar a sua
circunferência. Entendeu? Circunferência rima com vale a
pena. — Ou ela olharia para ele quando tivesse montado uma
defesa contra o apelo dele.
— Você é malvada, querida. — Sua risada rouca era mais
sexual que um strip-tease. — Você precisa ganhar uma
visualização.
Arrepio. Não, tremida. Definitivamente um
estremecimento. — Essa não é a palavra na rua, — disse ela,
ainda encarando o retrato.
— Panda correu a boca sobre os meus assuntos
particulares, eu presumo. Não importa. Eu mudei de ideia.
Chegue mais perto, pequeno Sundae, e eu te darei uma
exibição privada de graça.
Raios o partam! Ele cedeu com muita facilidade. Não era
um castigo se ele gostasse. — Não, obrigada. Você
provavelmente vai me amassar e apalpar. Nós dois sabemos
que você gosta de aproveitar qualquer desculpa.
Ela pensou ter ouvido ele ranger os dentes e teve que
conter outro sorriso.
— Eu não tocaria em você com minha vara de trinta
centímetros, — ele ralhou.
Mentiroso, mentiroso. — Eu acho que você quer dizer
vara de três metros.
— Eu disse o que disse. Mas podemos medir para ter
certeza.
E suas bochechas esquentaram outros milhares de
graus. Até agora, o homem corria círculos verbais ao seu redor.
Vou ter que subir um degrau. — Quer saber o que eu acabei de
ouvir você dizer? — Imitando-o, ela disse: — Se eu não puder
tocar em você, querida Sunny, traçarei maneiras de fazer você
me tocar.
Nenhuma reação. — Talvez. Embora você beije tão mal
como disse, talvez eu esteja melhor sem você.
Não havia motivo para se ofender. A verdade era verdade,
afinal. Mas... ofensa! — Eu fui mal, sim, mas você foi pior.
Pense nisso. Uma corrente é tão forte quanto seu elo mais
fraco.
Ele escondeu um olhar de incerteza - uma pitada de
vulnerabilidade - mas não antes que ela desse uma espiada
nele. Que espantoso. Talvez ele tivesse inseguranças como o
resto do mundo? Talvez...
Não! Ela não podia amolecer. Príncipe das Trevas.
Realeza do Inferno. Líder de demônios. Ela precisava cavar essa
faca em particular um pouco mais fundo. — Um dia, eu vou
escolher um grupo de homens para o meu harém reverso. Bons
homens. Vou praticar meu... beijo.
Ela deu outra espiada nele. Os olhos dele estavam
brilhando. Oh, oh, oh. O que foi isso? Outro ataque de ciúmes?
Então a primeira parte do seu tormento começou. Lentamente,
garantindo que ele observasse todos os seus movimentos, ela
alcançou o retrato.
Sua respiração havia acabado de engatar?
Ela deixou os dedos pairarem sobre a panturrilha... o
joelho dele... Ele se perguntava qual parte do corpo ela
pretendia acariciar? Quando ela alcançou a área acima do
pênis dele, ela fez uma pausa. Ele ficou quieto, como se
estivesse extasiado.
Fingindo esquecer seu propósito, Sunny deixou o braço
cair ao lado do corpo, nunca fazendo contato. — Você
provavelmente está se perguntando por que eu decidi aparecer,
— disse ela alegremente.
Ele fez beicinho por um momento. Não ria. — Você quer
dizer que não apareceu porque seu mestre a convocou?
— É porque eu tenho duas listas para você, — ela
continuou como se ele não tivesse falado. — Uma lista de
demandas e uma lista de caçadores e colecionadores que você
encontrará e decapitará em meu nome.
Ele a olhou furioso, levantando-se com um pulo. Quando
ele percebeu o que havia feito, alisou as mangas da camisa e
recuou. Com uma voz grave novamente, ele disse a ela: — Você
não está em uma posição boa o suficiente para fazer
exigências, duna.
De duna a Sundae, depois de volta a duna. Um
testemunho de seu humor sombrio? — Você está certo. Estou
na melhor posição para fazer demandas. Você precisa de mim...
— Eu? Preciso de você? — Ele zombou. — Você ainda tem
que provar suas habilidades de decodificação.
— ...e preciso de produtos de higiene pessoal, roupas e
laptops carregados de jogos. Para todos. Que não sejam
baratos também. Também leitores eletrônicos com uma
variedade de livros. Eu prefiro romance. Os mais sensuais.
Agulhas de tricô e fios seriam apreciados. O mesmo com os
lanches. Se eu ficar com fome ou entediada, coisas ruins vão
acontecer. Finalmente, eu preciso de aposentos particulares.
Eu não vou ficar no barracão.
Silêncio crepitante.
Graças à excelente visão periférica, ela sabia que William
a olhava com uma expressão impassível. Fale sobre publicidade
falsa. Ele apoiou os cotovelos na borda da mesa, os dedos
entrelaçados e os nós dos dedos brancos. Impassível?
Dificilmente.
Quando ele finalmente abriu os dedos, ele passou a mão
trêmula sobre a boca. — Vou lhe fornecer um quarto próprio.
Comprarei as coisas de que você precisa e cuidarei dos
caçadores e colecionadores. Algo mais?
Que doce. Muito doce? Sim! Por que ceder meros
segundos depois que alegou que ela não tinha poder de
barganha? A menos que ... — Que preço você espera que eu
pague? — ela perguntou, seu tom mais seco que as areias do
deserto. — Meu novo quarto será próximo ao seu, certo? Para
chamadas de sexo mais convenientes?
Mais silêncio. Ela esperou, no limite, e... esperançosa?
Ele comentou: — Você só precisa decodificar o meu livro
no prazo de duas semanas.
Por fim, ela juntou uma defesa e girou na direção dele.
Ela olhou diretamente para ele? Ainda não. O desejo era muito
forte. Ela se concentrou na mesa, a superfície cheia de uma
porção de comida. Oh! Uma tigela transbordava de diferentes
pétalas de rosa de cores diferentes. Sua boca ficou cheia de
água e o estômago roncou com um volume muito alto.
Nenhum dos outros decodificadores mencionou um
lanche, muito menos uma refeição inteira. O que significava
que ele tinha se dado ao trabalho por Sunny e somente por
Sunny.
— Este é o nosso primeiro encontro? — ela perguntou,
curiosa sobre como ele reagiria à ideia.
Os dedos dele estremeceram. — Eu não tenho encontros.
Não é exatamente uma negação ... — Nunca?
— Nunca, — ele confirmou.
Mas você meio que quer namorar comigo, Sempre
Excitado? A ideia não era desagradável. De fato, causou um
nevoeiro quente em sua mente. Finalmente, ela ergueu o olhar,
porque não conseguia resistir ao desejo por mais um momento.
Margarida! Luxúria não diluída flamejava dentro daqueles
azuis elétricos. Ela começou a ofegar.
De alguma forma, ele estava mais bonito do que ela
lembrava. Não, não de alguma forma. Ciência. Quanto mais
tempo você gasta com alguém, mais você o conhece. Quanto
mais você o conhece, mais ou menos atraente ele se torna para
você, sua personalidade é tanto uma característica quanto seus
olhos e nariz. William, fornecendo sua comida favorita...
verdadeiramente sexy.
Seus tremores retornaram e redobraram enquanto ela
catalogava as suas diferenças. Seus cabelos escuros agora
estavam espetados, como se ele ou um amante tivessem
agarrado os fios. Ele tinha...
Filho de um shifter porco! — Pandora mentiu, — rosnou
Sunny. —Você realmente fez isso. Você dormiu com alguém.
— Muitas vezes, — disse ele, com um sorriso perverso
florescendo.
Ela destruiria o escritório, pedaço por pedaço! Ele não
tinha o direito de se divertir enquanto um poderoso unicórnio
estava em cativeiro.
— Mas não hoje, — ele acrescentou, acalmando o
temperamento dela.
Espera. Eu acho que ele me atormenta. Ainda assim.
Sentindo-se magnânima de repente, ela se sentou na cadeira
em frente a ele e olhou para a tigela de pétalas de rosa. Doce,
pétalas doces.
— Coma. — Ele empurrou a tigela na direção dela.
Suspeitas levantadas, ela recuou. — Por quê? Estão
envenenadas?
— Por que eu não tenho coragem de te apunhalar?
Ele parecia ofendido. E... ela percebeu um brilho de
tristeza nas íris dele?
Oh, sim. Definitivamente tristeza. Ele chamou a dela,
tentando destruir a sua sensação de calma. Mas, por que um
senhor da guerra tão confiante e bem-sucedido como William
se sentiria triste?
— Se você não quer as pétalas, — disse ele, estendendo a
mão para pegar a tigela.
Ela pegou antes que ele fizesse contato. No começo, ela
comeu devagar. Devidamente. Do jeito que ela foi treinada.
Desde que seus pais a prometeram a Blaze ao nascer, ela foi
criada como uma realeza, lições de etiqueta penetraram em sua
mente assim que ela podia andar. Mas cedo demais, a fome
voraz puxou suas cordas e ela enfiou as pétalas restantes na
velocidade da luz.
Longe de estar saciada, ela trocou a tigela vazia por uma
cheia de frutas. — A propósito, — disse ela entre mordidas de
laranjas, morangos e abacaxi. — Estou recentemente furiosa
com você. Você me trouxe para o Inferno. Eu odeio demônios, e
este é o centro deles.
Sombriamente magnético, ele arqueou uma sobrancelha.
— Se você acha que eu permitiria que demônios machucassem
alguém sob meus cuidados, você é uma tola.
— Se você acha que pode controlar o mal puro, é um tolo
ainda maior. — Ela deu-lhe um olhar de pena. — Com quantos
unicórnios você interagiu ao longo dos anos?
— Você é a primeira.
Ela assentiu. — Da para perceber. — Mas ... — Como
você sabia o que eu era?
— Hades coleta armas raras, artefatos e, sim, até seres.
Fico atualizado sobre seus itens essenciais. Durante séculos,
um unicórnio liderou a lista.
Seu estômago torceu. — Ele espera estudar ou nos
matar? — Em outras palavras, quão terrível ela precisava fazer
a morte dele?
As feições de William suavizaram, um verdadeiro choque.
— Ele espera adotar ou recrutar.
Nojo. — Passo! — Ela brincou com uma mecha de cabelo,
perguntando: — Você é um dos itens colecionáveis dele?
Ele jogou a língua contra um inciso, um desafio cru
brilhando em seus olhos, chamuscando-a. A cor tingiu a
bochecha dele, fazendo-a imaginar o quão quente sua pele
queimava, e um músculo saltou na linha da sua mandíbula
cinzelada. — Eu sou filho dele.
Um pouco defensivo, não? — E você não pode ser os
dois? — ela perguntou, aquele desafio cru fazendo diferentes
partes suas formigarem. Por um momento, ela ansiava pular
no colo dele, abraçá-lo e... fazer coisas. Devassas, coisas
selvagens. — Que tipo de...
— Não faça isso, — ele interveio, seu tom severo. — Não
pergunte que tipo de ser eu sou.
— Por quê? Que tipo de ser você é?
Ele fez uma careta, a imagem de um homem irritado.
Por que tão reservado? — A menos que... — Ela se
engasgou. — Você não sabe, não é?
A caneta que ele segurava? Ele partiu-a em dois. — Você
está aqui para decodificar o meu livro. Vamos ao trabalho.
Uma pontada rasgou através dela. Ele não conhecia as
suas próprias origens. Que horrível. Ele já sentiu como se não
pertencesse a lugar algum? Eu conheço o sentimento. — Eu
ainda estou no meu horário de almoço, — disse ela, a voz
suave. Conhecimento era poder, e ela não terminou de
aprender sobre ele. — Prefiro falar sobre você.
Os cantos da boca dele se curvaram. Por quê? Será que
ela talvez, por acaso... o agradou? — Como sou um captor
benevolente e você tem sido uma cativa agradável, concedo a
você uma benção. Cinco minutos para terminar a sua comida e
me perguntar o que você quiser, e eu responderei. "
Peça para ele se despir. Peça para ele se despir!
Cravo! A época de acasalamento a tornava estúpida. —
Por que o livro de códigos é tão importante para você? — ela
perguntou.
Uma pausa concisa antes que ele admitisse: — Séculos
atrás, eu rejeitei uma bruxa vadia e ela me amaldiçoou da pior
maneira possível." Outra pausa, as rodas girando claramente
em sua mente enquanto ele decidia o que confessar e o que
omitir. — O dia em que me apaixonar será o dia em que o
objeto do meu afeto me mata... tenta me matar.
Interessante. Batendo um dedo no lábio inferior, ela
repetiu a revelação anterior de Pandora. Eu acho que ele nunca
vai se apaixonar, porque quando ele fizer isso... A maldição se
concentrará em seus afetos. — Tem certeza de que você é
amaldiçoado? Obviamente, você se apaixonou por você mesmo,
mas não cometeu suicídio.
— Tenho certeza? — Sem dúvida, ele quis dizer as
palavras como uma declaração. Agora ele fez uma careta. —
Segundo a bruxa, eu posso quebrar a maldição decifrando o
código.
— E você tem certeza de que ela disse a verdade? Seres
vingativos, não importa a sua espécie, não criam uma brecha
mágica sem uma razão nefasta. E se quebrar a maldição... —
ela fez o sinal de aspas no ar — te causar mais mal do que
bem?
Ele se mexeu na cadeira. — E se ela esperasse que eu
tivesse tanto medo de quebrar a maldição, que eu me afundaria
na miséria, sem fazer nada, enquanto mantinha a chave da
minha felicidade?
Sim. Ponto justo. — A bruxa ainda está viva? — Talvez,
se Sunny pressionasse seu chifre afiado contra a sua carótida,
ela anularia a sua maldição. Simples, fácil.
— Se Lilith vivesse, ela estaria acorrentada ao meu lado
para que eu pudesse torturá-la a cada minuto de cada dia. —
Ódio fervia em cada palavra, dando-lhe um vislumbre do
diabólico príncipe do submundo que se escondia sob o rosto
bonito... e lado sombrio dela adorava isso. — Eu cortei a
cabeça dela. Com a ajuda de Lúcifer.
Lúcifer. Odeio ele!
Sunny mordeu outro morango e William quebrou uma
segunda caneta ao meio. O pulso dela saltou. Porque ele tinha
olhado para sua boca, ela percebeu. Claramente, ele havia
perdido o controle da conversa.
Ela poderia distraí-lo ainda mais?
Infundida com poder feminino, ela traçou o morango em
volta dos lábios. Ele observou, suas pupilas se expandindo,
fazendo com que o calor dançasse sobre a pele dela. Ela disse a
si mesma que lambeu o suco para atormentá-lo, mas também
se atormentou. Tão doce! Ela imaginou pingando o suco sobre
o corpo dele e limpando cada gota. Ele nunca teria motivos
para se sentir triste novamente.
Outro gemido o deixou, quebrando suas reflexões. Bom!
Ela não precisava se preocupar com as emoções dele.
— Seus cinco minutos acabaram, — ele anunciou.
Com o pulso acelerado, ela murmurou: — Faça um favor
para nós dois e reinicie o relógio da contagem regressiva. Eu
tenho mais perguntas... e mais morangos.
— Eu não vou reiniciar...
— Faça isso, e eu vou te beijar, — ela deixou escapar, as
palavras deixando-a espontaneamente. Um rubor aqueceu as
suas bochechas. Se ele a rejeitasse...
Ele deu um pulo na cadeira, dizendo: — Reiniciando o
relógio da contagem regressiva agora.
Capítulo Nove

“O truque da vida de Willy #69. Sempre use um machado. Eles


cortam uma vida melhor do que qualquer coisa.”

Ela anseia pelo meu beijo. Pode até estar dolorida por ele.
William quase bateu no peito em uma exibição bestial de
satisfação masculina.
Desde que ela entrou no escritório, a luxúria fervia dentro
dele, exigindo o que lhe era devido. Uma Sunny nua espalhada
sobre a mesa, com as pernas longas abertas. Ele se deleitando,
e ela gozando com um grito. Duas vezes.
O orgulho exigia que ele transformasse a fantasia em
realidade. Orgulho, apenas orgulho.
Ele deveria ter feito o que disse e usado outra pessoa
para satisfazer os seus desejos. As transas de uma noite eram
a sua principal forma de alívio do estresse, afinal. Ele apenas...
O pensamento de estar com mais alguém o deixava frio agora.
O poder de uma companheira. Ele pressionou a língua no
céu da boca.
Ele sempre acreditou que ansiava por variedade para
criar o maior número possível de memórias. Mas ele tinha
esquecido as mulheres assim que ele gozava. Portanto, sua
lógica não fazia sentido.
E se ele não precisasse de variedade para ficar satisfeito?
E se ele só precisasse... dela?
Por que não a beijar e descobrir? Com a morte dela fora
da mesa, graças à previsão sobre a derrota de Lúcifer, William
não tinha nada para explicar para ela antes.
E se o segundo beijo fosse tão ruim quanto o primeiro? O
quê, então? E se ela melhorasse, e ele se apaixonasse por ela?
Melhor dizer a ela que não. E ele diria. Não. Não. Ainda
não. A qualquer momento, ele diria a palavra...
Ela empoleirou-se na cadeira em frente à mesa dele, os
olhos cor de âmbar brilhantes piscinas de excitação, o peito
subindo e descendo em rápida sucessão, os seios esticando a
camiseta.
Ela arfava de excitação – por mim? Ela deveria. Seus
sentidos aguçados pegaram a velocidade acelerada dos
batimentos cardíacos dela. E seus mamilos... ainda pequenos
picos doces. Como as belezas devem doer.
Diga a ela que não? Não nesta vida. Por que combater o
inevitável?
O desejo o pôs de pé, a cadeira rolando atrás dele.
Cabeça erguida, ele rodeou a mesa. Em vez de abordá-la
diretamente, ele parou na frente dela e encostou-se na borda
da mesa. Deixe-a explicar seu desejo inesperado por um beijo
antes que ele fizesse um movimento. Pelo que ele sabia, ela
esperava apenas dar um nó nele. Ela não prometeu puni-lo por
mantê-la em cativeiro?
Bem, missão cumprida, beleza.
Ele cruzou os braços e ela observou o movimento com um
olhar pesado. Seu perfume mudou de deliciosamente doce
para... Que diabos é isso? Ela cheirava como a encarnação do
sexo e prazer, transformando cada inspiração dele em uma
carícia interna.
Ele endureceu em um instante, seu sangue esquentando.
Suas mãos tremiam, seu intestino apertado e ele doía... em
todos os lugares.
O que Sunny sentia?
— Você afirma não encontrar prazer em meus beijos, —
ele lembrou, seu ego sofrendo outro golpe. — Por que pedir
uma repetição? — Ela queria algo dele, talvez?
Um brilho calculado iluminou seus olhos, e ele teve que
silenciar um gemido. Prestes a lidar com seu lado sombrio
novamente.
— Você é quente e forte, com todo o equipamento certo,
— ela olhou para a ereção dele e meneou as sobrancelhas. — e
há uma boa chance de eu ser uma rainha superficial e
excitada.
— Você é então? — Ele massageou a parte de trás do
pescoço. Para mantê-la tentando adivinhar, ele disse: — Eu já
estive com rainhas superficiais e excitadas antes. Eu acho que
vou passar.
Suas unhas se transformaram em garras, um bom sinal.
— Bem. A época de acasalamento se aproxima e estou
perdendo o controle. Em outras palavras... estou com tesão.
Qualquer um serve.
Uma risada começou e morreu no fundo da garganta
dele. Sunny, consumida por desejos sexuais... Ele tremia com
uma necessidade desenfreada. Então, o resto das suas
palavras se registrou. Qualquer um serve.
Entre os dentes cerrados, ele murmurou: — Você já teve
um orgasmo, duna?
— Oh, sim. Quando estou voando sozinha, sou uma
amante incrível. A melhor que já tive.
Ele apertou com os dedos na borda da mesa para se
impedir de alcançá-la. — Você já teve um orgasmo com outra
pessoa?
— Eu... sim... não... talvez?
Ele ficou imóvel, nem mesmo ousando respirar. — Deixe-
me esclarecer a sua confusão, Sundae. Não, você não teve. —
Mas vou apresentá-la ao prazer compartilhado. Vou ensiná-la a
amar isso. A mim e a mais ninguém. — Diga-me como você se
sentiu quando nos beijamos?
Após um momento de hesitação, ela admitiu: — Eu me
senti distraída, estressada e insegura. É verdade que me sinto
insegura a cada minuto do dia.
— Foi só isso? — Nenhum indício de excitação?
Ela não respondeu, o que foi suficiente.
Ele sorriu, e ela expirou, sua fragrância inata se
intensificando, drogando-o. Mas o sorriso não durou muito.
Para agradar essa garota, ele teria que primeiro ganhar a sua
confiança. A única maneira de fazer isso? Tempo. Tempo que
ele não tinha.
Sunny passou o lábio inferior entre os dentes, deixando
um brilho de umidade para trás. Um brilho que ele queria
absorver. A pele dela corou, e ele se perguntou o quão quente
ardia.
Talvez ele pudesse dar-lhe prazer sem ganhar a confiança
dela. Ele só tinha que voltar o foco dela para algo diferente do
medo. Se ele a deixasse em um estado de agitação violenta, ele
poderia contrabandear a paixão para além das defesas dela.
Em teoria.
Vale a pena tentar. — Vamos tentar novamente, — ele
disse a ela. — Eu sou seu mestre, afinal, e você deve aprender
a responder-me adequadamente.
Os olhos dela se estreitaram. Um começo promissor.
— Minha querida Sundae, — continuou ele. — Esta é a
parte em que você diz obrigado.
Estreitando ainda mais... — Eu não tenho mestre, seu
idiota pomposo.
Ding, ding, ding. Fúria. Hora de um pouco de
contrabando de paixão.
Seu discurso se intensificou. — Não há como na camélia
eu dizer obrigado.
William esticou o braço, segurou sua nuca e a puxou
contra a linha dura do seu corpo. Os lábios dela se separaram
em um suspiro surpreso, e ele desceu, reivindicando a boca
dela com a dele, empurrando a língua entre os dentes dela.
A princípio, ela aceitou o beijo dele tão passivamente
quanto antes. Então, ela agarrou a barra da camisa dele,
segurando como se sua vida dependesse disso e participou
ativamente, perseguindo a língua dele com a dela.
O pulso dele acelerou. Ele a recompensou com uma
chupada e um beliscão. Gemidos lamentosos saíram dela. Tão
doce. Aqueles lábios carnudos e irresistíveis... tão perfeitos.
Cada centímetro dela... tão minha.
— Coloque seus braços em volta dos meus ombros, — ele
ordenou. Ela obedeceu, sem hesitar, e ele enfiou uma mão em
seus cabelos, depois usou a outra para agarrar a sua bunda e
moer sua ereção contra seu núcleo.
O êxtase! Alguma vez ele experimentou algo, algo tão
bom? Quero mais. Ele a girou e a levantou sobre a mesa,
depois abriu-lhe as pernas com os quadris. Quando ele
pressionou a sua ereção contra núcleo dela mais uma vez, um
gemido irregular a deixou. A música de uma sirene que ele não
resistiu.
Ela me deixa louco.
Não, não. Foco. Devo garantir o prazer dela. Ele lambeu,
chupou e mordiscou, inclinou a cabeça de uma maneira,
inclinou a cabeça de outra maneira, exatamente como a
maioria das mulheres amava, mas... Sunny voltou à aceitação
passiva.
Droga! O que diabos aconteceu? O que ele fez de errado
desta vez?
Ele levantou a cabeça, terminando o beijo, e pressionou a
testa contra a dela. Seu pulso não diminuiu.
— Por que você parou? — ela perguntou, e ele ficou
satisfeito ao notar que ela ofegava levemente. — Você estava
um pouco melhor do que antes.
Um pouco melhor? Um pouco melhor! Ele trabalhou a
mandíbula dele. Ela me atrai, nada mais. — Você gostou do
beijo. Por um instante. O que mudou?
— Honestamente? Você mudou.
Ele beliscou o queixo dela, a forçando a erguer o olhar
dela para o dele. Incerteza e tristeza brilhavam em seus olhos,
o brilho do cálculo desapareceu. Suas defesas tombaram,
dando a ele um vislumbre da verdadeira Sunny. Isso o afetou
em um nível tão profundo que ele não conseguiu analisar.
Finalmente, ele disse a ela: — Eu não entendo.
— No começo, você era como um fio elétrico. Mas quanto
mais nos beijávamos, mais desapegado você se tornava, como
se fosse um robô programado para beijar todos da mesma
maneira. Eu poderia ser qualquer pessoa e você não se
importaria, o que significa que não estava envolvido. O que
significava que você não se importa com o meu prazer, ou
mesmo com o seu, apenas com o resultado. O que significava
que seus motivos para me beijar não tinham nada a ver com
desejo genuíno. O que significava que você poderia ir da minha
cama para outra em um piscar de olhos. O que significava...
— Chega, — ele retrucou. — Eu entendo o seu ponto. —
E que ponto agudo, seu ego já estava em frangalhos.
De alguma forma, William encontrou forças para
arrancar as mãos dos seus cabelos sedosos e da sua bunda
perfeita, e dar um passo para trás. Tantas mulheres quanto ele
dormiu, Sunny foi a primeira a reclamar e a única que ele
esperava impressionar.
Não foi bom o suficiente. Nunca bom o suficiente.
Ele esfregou o local logo acima do coração. Que príncipe
das trevas não poderia satisfazer a sua mulher?
— Por que você dorme com tantas mulheres? — ela
perguntou, suave, tão suave.
— Por que mais? — ele brincou, dando um tom leve,
como se não tivesse se importado. Precisando de contato,
qualquer contato, com a mulher que o enlouquecia como
nenhuma outra, ele beliscou uma mecha do cabelo dela entre
os dedos. — Prazer.
— Acho que não. — Ela balançou a cabeça, tirando a
mecha dos dedos dele. — Acho que há mais do que isso.
— Não existe, — disse ele, com tom calmo. — Como
jovem príncipe do submundo, tive uma epifania surpreendente.
Se ser procurado por uma mulher me entusiasmava, quanto
mais incrível seria ser desejado por muitas mulheres?
— Ou você estava procurando... sua companheira.
— Eu não estava. — Talvez eu estivesse? Companheiros
deveriam completar você, algo que ele sempre desejou sentir. E
se ele tivesse procurado a dele, mas estivesse com muito medo
de admitir, mesmo para si mesmo?
A mera possibilidade... Cambaleando...
Ele precisava conversar sobre isso com alguém. Chocante
o suficiente, ele queria que esse alguém fosse Sunny. Ela
provou ser rápida e brilhante, suas percepções incrivelmente
precisas. Mas quando ele olhou para ela, seu olhar extasiado
pegou o brilho calculista voltou aos olhos dela, e ele soube. A
única coisa que vou conseguir dela agora - problemas.
Ele a expulsou? Não.
Ela levantou o queixo e deslizou para mais perto, mais
perto ainda. Quando ela permaneceu à distância de um
sussurro, ela estendeu a mão para tocar o rosto dele.
Ele pegou o pulso dela, parando-a. Então ele teve que
mascarar um tremor de excitação com uma tosse. O que é que
ela planejou para ele?
Um doce sorriso floresceu. Muito doce. Ela golpeou seus
cílios para ele. — Não se martirize, boneco. Então você não é
tão sexualmente suave como imaginava. E daí?. Vamos
continuar praticando. Juntos. Só você e eu.
Ele sabia que ela estava jogando algum tipo de jogo, mas
mesmo assim ele pensou: Praticar, sim. Você e eu.
Carrancudo, ele a soltou e caminhou para trás da mesa,
onde se sentou na cadeira de couro macio. Ele lhe entregaria
uma pilha de fotografias e a mandaria embora.
A qualquer momento.
Ele tinha coisas a fazer. Como criar um plano de jogo
próprio. Algo para ajudá-lo a resistir ao fascínio dela. Ele
poderia a querer, sim. Apaixonar-se por ela, não.
Qualquer. Segundo.
— Ontem, você mencionou que mantém o controle das
suas fantasias sexuais. Diga-me sobre elas. — Droga! Nem
mesmo perto do que ele planejava dizer. Ele retirou a
pergunta? De jeito nenhum.
Ainda lutando contra aqueles cílios, ela disse: — Vou lhe
dizer, felizmente, se você me contar com que frequência bate
uma e o que pensa quando faz isso. Usa a loção, pegue a
poção, sim?
Na esperança de envergonhá-lo? Logo ela aprenderia.
Nada o envergonhava. — Prefiro a expressão bater na carne,
vazar. E se você calcula a média dos últimos oito mil anos,
incluindo uma década de abstinência, acho que duas vezes por
dia.
Os olhos dela brilharam. — A sério? Uma década inteira
sem um pouco de sexo selvagem? Mas você é tão... você.
Encolhendo os ombros. — Eu estava no início das
minhas primeiras centenas, ainda apenas um garoto, quando
Lúcifer e eu éramos inimigos recentes. Hades me disse que a
abstinência aumentaria minha força, ajudando-me a vencer a
disputa. Uma década depois, quando eu estava louco de desejo,
ele admitiu que queria me atingir. — Tempos divertidos.
William acenou com a mão, dizendo: — Sua vez. Vamos ouvir
uma fantasia sexual.
Ela pensou por um momento. Com os olhos sonhadores,
disparando todos os tipos de sinos de alerta dentro da cabeça
dele, ela disse: — Imagino um homem forte e lindo. Ele está
vestido, mas não por muito tempo. Ele tira a roupa. Eu assisto.
A boca de William ficou seca. Os sinos de aviso?
Esquecidos. — E depois?
Ela ronronou com pura carnalidade sexual, quase o
desmanchando. — Ele tira as minhas também, e... lava muita
roupa, lavando nossas roupas sujas. Oh sim. Oh, bebê.
William riu, genuinamente divertido com sua inteligência.
O que o irritou! Ela evitou a pergunta dele com sucesso, ao
receber uma resposta dele, e isso era sexy como o inferno.
Definitivamente preciso de um plano de jogo. Ele entregou
a ela uma pilha de fotografias. — Veja essas. Se você descobrir
algum tipo de mensagem, entre em contato imediatamente.
— Certo. Mas, como entrar em contato com você?
Como seus celulares tendiam a ser destruídos por balas,
punhais e fogo, ele comprava ou roubava pré-pagos o tempo
todo. Querendo algum tipo de ligação 24 horas por dia, 7 dias
por semana, com Sunny, ele vasculhou sua gaveta superior e
encontrou o telefone que já havia equipado para trabalhar em
qualquer reino. Jogando para ela, ele disse: — Você encontrará
o meu número no agenda de telefones. A senha é...
— Deixe-me adivinhar. Sessenta e nove e sessenta e
nove?
— Por favor. Eu não sou tão infantil assim. A senha é e-
6
m-a-d-o-f , sem espaços. Caso você se esqueça, isso é foda-me
ao contrário.

Diversão enrugou os cantos dos seus olhos incríveis


quando ela se deslocou de um pé para o outro. — Como você é
capaz de falar palavrões na minha frente? Ninguém mais pode.
— Minha idade e experiência, talvez. — Ele levantou um
ombro. — Eu matei deuses. Ganhei e perdi poderes que a
maioria das pessoas nem sequer consegue entender.
— Ou... sua espécie?
Ele deu um forte aceno de cabeça. Ele não tinha ideia
sobre sua linhagem. Ele era um Enviado caído, como Axel?
Talvez um híbrido de algum tipo?
Axel se lembrava dos pais dele?
Saudade apertou o peito de William. Ignore isto. Ele teve
que fazer uma escolha. Falar com Axel ou acreditar na previsão
de Hades - uma parte dele morreria, se ele conhecesse seu
irmão. Ele escolheu acreditar em Hades e viveria com as
consequências. Não importa o quanto doía.
— Você tem cílios muito compridos, — Sunny deixou
escapar.
Mudança interessante. Mas ele poderia jogar. Ele se
recostou, cruzando os tornozelos, dizendo: — Meus olhos
brilham como safiras. Eu sou construído como um tanque e
pendurado como um garanhão.
Agora ela franziu a testa, claramente confusa. — Eu não
entendo o que você está fazendo.
Isso faz dois de nós. — Você começou uma lista de todas
as coisas que você gosta em mim, sim? Eu contribuí.
Uma risada estridente a deixou, o som era melodioso. Ele
fechou os olhos brevemente e saboreou a carícia audível. — Eu
mantenho listas no meu diário.
Seu eixo estremeceu sob sua braguilha. — Eu lembro.
Você mantém uma lista de fantasias sexuais. — E caramba, ele
precisava de defesas mais fortes contra a sedução dela, antes
de se transformar em um filhote de cachorro apaixonado que a
seguia por aí, latindo nos seus calcanhares. Ele precisava de...
magia.
Ele respirou fundo, um plano de jogo tomando forma.
Obviamente, quanto mais magia ele possuía, mais isso
interagia com suas emoções, aumentando a probabilidade de
“dar à luz” o outro “filho”. A experiência mais torturante de sua
vida. No entanto, não podia ser evitada. Ele faria qualquer
coisa para combater o seu crescente fascínio pela unicórnio.
Para adquirir mais magia, ele tinha apenas que matar
demônios. Suas runas fariam o resto, absorvendo a
imortalidade e convertendo-a em magia. Assim como as árvores
convertiam o dióxido de carbono em oxigênio.
Snap, snap, snap. Ele piscou.
Sunny apoiou o peso em uma única palma e ela se
inclinou na direção dele, estalando os dedos na frente do rosto
dele.
Ele rosnou uma maldição. Ele se perdeu na cabeça - de
novo. Eu quero morrer?
— Que pensamentos continuam arrastando você da
minha presença espetacular? — ela perguntou, o brilho
calculista cintilando.
Com cuidado, ele disse a ela: — Não importa. Você é
minha decodificadora. — E companheira. — Não minha
terapeuta.
— Ohhh. Agora há uma fantasia para adicionar à minha
lista. — Mais uma vez, ela bateu os cílios. — Terapeuta sexual
e paciente. Eu só tenho que escolher o parceiro certo.
O brilho calculista... aquele bater de cílios... Ele entendeu
agora. Ela queria irritá-lo. Isso era, de fato, parte do seu
castigo.
O erro dela.
Na terra do tormento sexual, ele era rei. Meu território,
minhas regras. — Nesse cenário, o que eu faço? — ele
perguntou, usando seu tom mais rouco. — Eu assisto ou faço
anotações?
Ela engoliu em seco, arrepios se espalhando por seus
braços. — Faz anotações? Até parece! Você não faz nada...
— Você está certa, — ele interveio. — Como posso fazer
anotações quando meu rosto está enterrado entre as suas
pernas?
No começo, ela piscou para ele. Então ela deixou cair o
queixo. Então ela riu, despertando algo quente, escuro e
possessivo dentro dele. Ele mal se absteve de agarrá-la e
transportar sua bela bunda para a sua cadeira.
Sem saber do animal insaciável que ela provocou, ela
apertou as fotos no peito e disse: — Eu sei que você está pronto
para eu ir embora. E eu vou. Assim que você me contar três
fatos sobre você. E não recuse. Pelo que você sabe, estou
decidindo se vou ou não fugir de você e montar uma fuga.
Ele admirava o espírito dela. — Você acha que tem uma
escolha?
— Você acha que pode me forçar?
Ele lamentou o espírito dela. — Muito bem. Três fatos em
troca de zero tentativas de fuga. 1...

— Você beija mal. Eu sei. Eu quis dizer, me diga coisas


que eu ainda não sei.
Ainda me castigando. Anotado. — Eu não sou um mau
beijador, caramba. — Ele beliscou a ponte do nariz e rezou por
paciência. Seu telefone tocou, sinalizando que uma mensagem
havia chegado. Com uma necessidade desesperada de uma
pausa, ele rapidamente alcançou o dispositivo.
— Esse é seu pai? Aposto que é seu pai. Você acha que
eu sou o tipo de garota que ele sempre sonhou para seu
precioso garotinho? Você vai dizer a ele que está caindo de
luxúria por mim, um unicórnio paranoico que tem a versão
paranormal de um distúrbio de personalidade múltipla? Se eu
fosse você, talvez não fizesse isso. Queremos que ele fique
super animado quando você me levar para casa para me exibir.
William rangeu os dentes. — Fato um. Não recebi uma
mensagem do meu pai, meu amigo. Ele leu a tela.

Lucien, o brinquedo menino da Anya: Código vermelho.


Os Enviados querem Fox morta. É verdade, eles têm razão. Ela
matou 10 guerreiros inocentes. (Galen está furioso com isso,
fazendo de SI MESMO um alvo para eliminação.) Algo que você
possa fazer para ajudar?

Galen era um Senhor, assim como Lucien, só que Galen


carregava dois demônios. Ciúme e falsa esperança. Fox, a mão
direita de Galen, oriunda de uma espécie conhecida como
Guardiões de Portais, capaz de se projetar em qualquer lugar, a
qualquer hora. Além disso, ela carregava o demônio da
Desconfiança. Ambos eram aliados. Hades esperava explorar os
dois, principalmente Fox. Mas primeiro, ao que parecia,
William teria que salvar a sua vida.
Além disso, um aliado era um aliado, e os Enviados
precisavam de um lembrete disso. Mexa com o povo de William
e sofra.
Ele mandou uma mensagem em resposta: Eu vou cuidar
disso.
Então ele mandou uma mensagem para Zacharel, o único
Enviado que ele lidava. Um dos mais poderosos.
— Quem é Lucien? — Sunny perguntou. — Quem são
Anya, Fox, Galen e Zacharel?
— Não importa. — Ele sufocou uma faísca de raiva -
consigo mesmo. Porque ele queria contar a ela, queria o
conselho dela. — Como você leu a tela? Magia de unicórnio?
— Talvez. Ou talvez o espelho atrás de você.
Bem. Ele deixou o telefone de lado. Onde eu estava? Ah,
sim. Fatos sobre si mesmo. — Dois, eu sobrevivi à tortura e
prisão mais vezes do que você pode contar. E três, eu mato
todo mundo que me trai, sempre, sem exceção. Eu valorizo a
lealdade muito mais do que o prazer.
Ela meio que sorriu para ele. — Príncipe astuto. Você
usou seus fatos para me avisar.
Mulher perceptiva. E agora ele absolutamente precisava
fazer esse plano de jogo. Ele estendeu a mão para apertar o
botão de chamada no telefone fixo, apenas para descobrir que
Pandora estava ouvindo o tempo todo. Ele beliscou a ponte do
nariz. Irmãs são um saco. — Calcinha - sim, esse é o seu novo
apelido. Lide com isso. Faça-me um favor e escolte Sunny para
seus novos aposentos. Quando você chegar lá, ela escreverá
uma lista de suprimentos. — Ele jogou um caderno e uma
caneta para a unicórnio. — Compre o que ela quiser.
— Sem reclamar, — Sunny falou.
— Sem reclamar, — ele acrescentou, querendo sorrir.
Não, carranca. Definitivamente carranca.
— E onde ela vai ficar, hmm? — Pandora perguntou, sua
voz saindo do alto-falante.
Onde mais? — No estábulo.
Capítulo Dez

“Para mim, há um tempo e um lugar para a luxúria. Sempre e em


todo lugar.”

Sunny rondava por sua nova casa, respirando o cheiro de


mofo e poeira de um espaço esquecido. Maior que a sala de
beliches, com um piso de plano aberto, tinha um teto em
camadas, três janelas e uma fileira de baias, todas vazias. Nos
fundos estavam os aposentos, com um quarto, banheiro,
lavanderia e cozinha compacta. A menos que ela contasse
coelhos em pó, nenhum animal vivia aqui.
Ela tinha alguma limpeza para fazer, no entanto. E
armadilhas. Ela os colocou ao redor do perímetro, garantindo
que ninguém entrasse sem permissão. Mas... acho que vou
gostar daqui. Por tanto tempo, muito tempo, ela estava fugindo,
passando de um motel em ruínas para outro. Agora ela podia
se esconder.
Pandora estava em um portal, uma visão de força e
beleza com suas feições angulares, olhos sedutores e corpo
tonificado. Seu arsenal de armas apenas aumentava o seu
apelo. Duas espadas curtas estavam presas às costas e duas
semiautomáticas no coldre na cintura. Ela tinha uma adaga
ancorada em cada coxa e enfiada nas laterais das suas botas
de combate também.
Roubar um ou não roubar uma?
Nah. Não havia necessidade. Sunny usava a melhor arma
do mundo em volta do pescoço. O medalhão.
— Só para você saber, — disse Pandora, — William é
minha família agora. Algo que me faltava há muito tempo. Se
você o machucar, eu a machucarei, só que pior.
Oh, ter alguém tão leal em seu canto. Inveja floresceu. —
William sobreviveu a um tiro mortal mágico no rosto. Garanto-
lhe que ele pode aguentar o que eu fizer. — Mas o que seria
necessário para matá-lo? Melhor ela descobrir o mais rápido
possível. Não porque ela queria matá-lo. Ela não queria. Não
neste momento. Mas porque ele era um príncipe das trevas que
poderia se voltar contra ela. Ela precisava estar pronta.
Sunny colocou o caderno, a caneta e a pilha de fotos na
beira da cama, depois enfiou o celular no bolso. Ela não ficaria
surpresa se William tivesse pré-carregado algumas fotos de
pênis no rolo da câmera.
Ele usaria uma do seu quando - se - ele mandasse uma
mensagem? Ou talvez a deles, ao invés disso. Cara. Ele faz
isso, e ela tiraria o sexo da mesa porque... prioridades!
Sexo... com William... De uma rejeição inflexível a uma
avidez por isso? Bem, antes ela pensou em provocá-lo com um
beijo - e acabou provocando a si mesma. O prazer tinha ardido
em chamas, incendiando os seus problemas de confiança. Por
um momento.
Um momento que ela iria repetir para sempre.
Então ele fez sua coisa de robô, arruinando isso. Ainda
assim, ela queria beijá-lo novamente, queria se deliciar com a
suavidade dos seus lábios, a decadência do seu gosto e a força
inegável em cada toque. Depois, ela queria conversar com ele.
O homem podia ser grosseiro e vulgar, mas seu senso de
humor era inigualável. E... e... ela queria tudo e nada, solidão e
companhia.
— Você acha que a sobrevivência física é tudo o que
importa? — Pandora estalou a língua. — Isso é triste.
Sim. Meio que era. Seus ombros rolaram para dentro.
Mas, em sua defesa, a saúde mental e emocional de William
não deveria importar para ela. Captor/prisioneira, lembra?
Então, por que não consigo esquecer a tristeza que
vislumbrei em seus olhos?
— Eu ouvi sua conversa com ele, — admitiu Pandora. —
Eu sei o que você é e estou impressionada. Só não pense que
você é especial para William. Ele nunca vai se acalmar.
— Uau. Quem disse que eu quero me acalmar? — Eu! Eu!
Eu quero! Enquanto um príncipe do submundo nunca seria
material de namorado para Sunny, ele pode ser ótimo...
material de menino brinquedo?
Ela não acreditava mais que William havia ajudado
Lúcifer na destruição da sua aldeia. E a maneira como ele
olhou para ela...
Como se já estivessem na cama, nus, com os membros
entrelaçados. Seu pulso disparou, seus pensamentos ficando
confusos.
Pandora suspirou. — Eu conheço esse olhar. Você
acabou de se tornar a senhora tesão.
Eu me tornei, não é?
— Vamos lá, — disse a outra mulher, acenando para ela.
— Esqueça William, e me dê sua lista.
Esqueça William? Eu acho que não posso.
Sunny voltou para a cama e redigiu a lista de compras,
acrescentando tudo o que havia mencionado a William, além de
roupas com tamanhos, lingerie confortável - sem tangas! -
produtos de higiene pessoal, jogos e algumas outras
necessidades. Por fim, ela acrescentou um item obrigatório:
tudo o que ela havia deixado no quarto de hotel, incluindo o
seu livro. Aquele com as suas listas.
Seu novo celular apitou quando ela terminou. Um pouco
ansiosa e com muita expectativa, ela correu para ler a tela.

Mestre W: Meu tuna sente a minha falta?

Uma segunda mensagem chegou uma fração de segundo


depois.

Mestre W: Duna. Autocorreção estúpida.

Mestre W? Um sorriso brincou em seus lábios. Este


homem... oh, este homem. Parte dela sentia a falta dele.

Chega de beijos e sexo. Comece a decodificar. Apenas


treze dias até o término da proteção de William e a época de
acasalamento começar. Seu estômago revirou.
Por que o prazo, no entanto? Ela ainda não sabia.
Antes que ela tivesse a chance de digitar uma resposta,
Pandora bateu palmas e latiu: — Ei, ei.
Ela jogou o telefone na cama, planejando responder mais
tarde, em privado, depois atravessou a distância para entregar
a lista. — Antes de comentar sobre o número de itens ou as
despesas incorridas, não o faça. William adquiriu um puro-
sangue e, como você pode imaginar, minha manutenção é cara.
— Ela riu da própria piada. O humor do unicórnio nunca
envelhecia.
— A lingerie é para seduzir William, não é? — Pandora
perguntou, olhando da lista para Sunny.
Ela encolheu os ombros. Na verdade, a lingerie era para
atormentar William. Ela não tinha deixado e não deixaria de
deixá-lo desconfortável, até que se tornasse uma convidada e
não uma prisioneira.
— Bem, eu aprovo. — A fêmea de cabelos escuros piscou
e deu um passo para trás. Quando o portal foi fechado, ela
disse: — Voltarei em breve.
Espera. Alguém pensou em trancar a porta do estábulo?
Maravilhada com a possibilidade, Sunny verificou a
maçaneta. Sem resistência. Ela não... Ela não podia... Com um
único empurrão, a porta se abriu. Chocada, mas sorridente, ela
foi além da soleira. O ar quente a envolveu, mas ela não se
importou. Se ela quisesse, ela poderia escapar.
O sorriso dela se alargou. Outro passo e outro. Ela
deveria ou não.
Sunny bateu em algum tipo de barreira invisível e
ricocheteou. Ela tropeçou em nada e caiu de bunda, o ar
saindo dos seus pulmões e as estrelas piscando diante dos
seus olhos.
Ela bateu com o punho na terra. Vou dobrar o tormento
dele!
Bufando, ela ficou de pé e marchou para frente, os braços
estendidos. Quando ela alcançou a barreira, ela a atingiu com
magia... mas ela permaneceu no lugar.
Desapontada, ela olhou para a paisagem. Uma série de
colinas e vales saudaram-na, com fogueiras aleatórias em toda
parte. O vento uivava, cinzas caíam como mechas de neve.
Havia um punhado de árvores, mas todas estavam finas com
enormes espinhos pretos pingando... óleo de motor?
Demônios vagavam. Alguns tinham chifres. Outros
tinham escamas, asas ou rabos. Todos tinham armas.
Inimigo! Seu lado violento se curvou, pronto para lutar e
matar ao estilo de super-herói. Os demônios poderiam entrar
no estábulo? Eles entrariam? Se eles fizessem parte do exército
de William, ela não faria mal - não. Não é verdade. Leais ou não
a William, os demônios tinham que morrer. O mal era o mal, e
os demônios não eram confiáveis. Ela iria preparar armadilhas,
para não dissuadir visitantes indesejados, como tinha
planejado antes – para matar.
Neste momento, toda a horda se concentrou... Sunny
respirou fundo. Balançando duas espadas curtas com
habilidade magistral, William trabalhou seu caminho através
das suas fileiras. Runas douradas se ramificavam sobre seus
braços musculosos, relâmpagos brilhando logo abaixo da
superfície da sua pele.
Ao derrubando um demônio após o outro, ele foi
absolutamente, totalmente cruel. Brutal. Magnífico. Tão bonita
tentação. Tão mortal, e ainda assim ele me tratou com tanto
cuidado.
O corpo dela reagiu como sempre fazia na presença dele.
Aquecimento e amortecimento, preparando-se para o sexo
violento e vigoroso. Então ela se lembrou da barreira que
cercava o estábulo.
Carrancuda, ela chamou: — Não se importe comigo,
Willy. Finja que não estou aqui pensando em bater uma
enquanto eu te assisto.
Ele girou tão rápido que teria chicotado, seus olhos azuis
elétricos brilhando de excitação. A distração custou a ele, como
ela esperava. Ele não conseguiu rastrear o demônio se
escondendo atrás dele, o que significava que ele não se
preparou para um golpe na parte de trás da cabeça.
Ai! — É isso que você ganha!
Ele se endireitou rapidamente e - Oh. Meu. Uau. Asas de
fumaça enormes, pretas como azeviche, explodiram em suas
costas. A mandíbula dela ficou frouxa. Os raios sob a pele dele
se espalharam pelas suas asas, uma tempestade feroz dentro
de cada apêndice. Surpreendente.
Ao seu redor, demônios caíram. Eles estavam mortos ou
inconscientes? De qualquer maneira, eles perderam a cabeça
quando William se moveu a pouca distância.
— Aproveite sua concussão, guardião. Nos próximos dias,
será a sua melhor lembrança — sussurrou Sunny, voltando ao
estábulo e fechando as portas duplas.
Ela andou, sua mente girando. No salão de festas, ela não
o considerava páreo para a força do unicórnio. Agora? Eu posso
ter encontrado minha cara metade.
Se alguma vez ele decidisse fazer uma jogada para o
chifre dela... Com quem estou brincando? Ele faria. Todos os
não-unicórnios que descobriam as suas origens cobiçaram
isso.
O frio se espalhou pelos membros de Sunny. Se ele
conseguisse roubar o seu chifre, ela perderia tudo. Sem o chifre
ela não tinha magia. Nenhuma força. Não há como mudar de
forma. Ela não seria capaz de ler auras e não reconheceria
cidadãos comuns do lixo humano, mortais de imortais ou
verdade da mentira.
Ela trabalharia no livro dele, como prometeu, enquanto
continuava as punições dele, desfrutando do seu abrigo e
provisões, gastando o seu dinheiro e usando a sua habilidade
no campo de batalha para reduzir o número de colecionadores
e caçadores furtivos em sua trilha. Ainda assim, ela precisava
pegar aquela escolta até a porta de Lúcifer. Mas. Com esse
novo desenvolvimento, ela também precisava ganhar a
confiança dele e ganhar a posse do livro dele. Ela teria que
tomar cuidado e adotar medidas para garantir que ele não
ganhasse de alguma forma a confiança dela, estragando tudo.
Ela nunca seria capaz de atormentar, trair e fugir de alguém
em quem ela confiava.
Em duas semanas, ela usaria o livro como garantia, se
necessário. Liberte-me ou assista à preciosa coisa queimar.

Capítulo Onze
“Tente me parar. Eu te desafio.”

Perguntando-se se Sunny ainda o observava, William


exagerou seus movimentos enquanto esfaqueava e decapitava
demônio após demônio. Ele queria que ela notasse a sua
habilidade, saber que ele podia e poderia proteger o que lhe
pertencia. Para que ela se sentisse segura. Claro.
Uma fumaça negra subiu dos corpos, sendo absorvidas
pelas suas runas brilhantes. A força o inundou, bombeando
seus músculos, dobrando o seu tamanho.
Ele lutou metodicamente, sem piedade. Durante meses,
os demônios haviam andado pela casa – outrora a propriedade
rural de Hades, agora o quartel-general de William. Eles
espionavam para Lúcifer, continuamente pintavam pênis nas
paredes, vandalizavam o estábulo e mijavam em qualquer
folhagem que conseguisse crescer.
Eu mato todos eles.
Um demônio agarrou o lado de William; a pele se partiu,
o sangue derramou e a dor aumentou. Com um grunhido, ele
alcançou a garganta do culpado. Dentes e presas o morderam
enquanto agarrava a laringe do macho e a arrancava, junto
com pedaços de pulmão.
Um apito fraco chamou a sua atenção. Um som que ele
reconheceu. Alguém jogou uma espada na direção dele. Com
um juramento sombrio, William se abaixou. A arma voou por
cima e ele se jogou de volta para a luta.
Quando derrotou seu oponente final, seu quintal era um
mar de cadáveres e partes de corpos. As portas do estábulo?
Seu olhar virou para a direita. Fechadas. Elas estavam
fechadas, Sunny trancada dentro. Outro juramento o deixou.
Ele esperava falar com ela... e talvez ele esperasse que ela o
bajulasse e cuidasse das suas feridas. O quê? Ele merecia um
pouco de bajulação.
Pelo menos ele não precisava se preocupar que ela
escapasse e ele a perdesse. Assim que ela e os outros
decodificadores entraram no portal, ele marcou todos eles com
um rastreador místico. A partir de agora, ele poderia encontrar
seu unicórnio apenas com um pensamento.
Ele voltou para casa, pisoteando em cadáveres pelo
caminho. Sob suas botas, ossos trituravam e sangue espirrava.
As portas da frente se abriram automaticamente, a casa
obrigada a fazer o que ele queria, quando ele queria. O cheiro
de enxofre e morte desapareceu, o vento escaldante
diminuindo.
Pandora estava fazendo compras para Sunny e para os
outros prisioneiros, e Green se juntara aos seus irmãos para
completar uma missão para encontrar Evelina, a noiva ausente
de Lúcifer. Ela fugiu logo após o casamento, para nunca mais
ser vista.
Então, William deveria estar sozinho, mas alguém estava
em seu vestíbulo.
Ele parou, com as mãos ensanguentadas em punho. Um
Enviado de cabelos escuros encarava a parede oposta, de
costas para William. Tinha que ser Zacharel, aqui para discutir
sobre Fox. Ele usava uma túnica branca com detalhes roxos,
com asas douradas dobradas nas laterais do corpo. Asas de
ouro maciço = um dos sete soldados da Elite.
— Olá, Zacharel. A que devo esse... prazer? — Mentiras
tinha um sabor desagradável para os Enviados. Então, de vez
em quando - ou sempre - William dizia ao homem uma
falsidade apenas por diversão.
Z não reagiu à voz de William de forma alguma. Ou seja,
ele soube o momento em que William entrou. Lentamente ele se
virou...
O pavor deu um soco em William. Um cruzado no queixo
seguido por um tapa com as costas da mão de choque. Um
golpe de surpresa. Um chute de euforia. Uma cotovelada de
mau pressentimento. Um toque de alegria. Um soco de tristeza.
Outro soco. Horror. Soco. Esperança. O convidado dele não era
Zacharel, afinal... mas Axel.
— Finalmente nos encontramos, William da Escuridão.
Seus olhares travaram, toda emoção se acentuou. Logo
William sentiu como se estivesse com uma hemorragia interna.
Ele não sabia o que dizer, não sabia o que fazer.
O aviso de Hades soou dentro da sua cabeça a todo
vapor. No dia em que você conhecer Axel, uma parte de você
morrerá.
O ar chiou entre os dentes cerrados. Que parte dele
deveria morrer neste dia?
Ele deveria mandar Axel embora. Ou ir embora. Sim.
Sair. Apenas saia sem olhar para trás. Agora, agora, agora,
droga. Por Hades.
Sim. Hades esperaria isso, e com razão. William
prometeu evitar Axel a cada passo possível. Mas...
O estrago já estava feito, os seus pés enraizados no lugar.
Nenhuma parte dele queria abandonar seu... irmão. A umidade
em sua boca secou, e ele engoliu o nó que crescia em sua
garganta. Quantas noites ele sonhara com esse momento?
Quantas vezes ele se perguntou sobre o que poderia ter sido?
— Estranho, certo? — Axel deu um tapinha na
mandíbula escura de restolho. — Alguém já lhe disse que você
é o homem mais bonito que já viveu, ou é só comigo?
A semelhança entre eles era realmente extraordinária.
Eles tinham o mesmo cabelo escuro, os mesmos olhos azuis
elétricos e o nariz perfeito. O mesmo... tudo. Com o coração
acelerado, ele perguntou: — Por que você está aqui, Axel?
— Por que você acha que estou aqui? Ou será que eu
consegui a beleza e o cérebro?
OK. Um fora meio decente. Mas droga! Ele não queria
admirar esse homem. Ele só queria passar mais tempo com ele,
algo que absolutamente não podia fazer, não se quisesse
apaziguar o único pai que já conheceu.
— Obviamente, ouvimos os mesmos rumores. Nós
parecemos e podemos ser irmãos. Você queria me conhecer.
Assim. O que você acha? — William estendeu os braços e fez
um giro, bolhas vermelhas estalando sob as botas. Um pedaço
de fígado de demônio caiu dos seus cabelos e caiu no chão. —
Sou tudo o que você esperava ou mais?
Axel escondeu as suas emoções por trás de uma
expressão branda. — Você supõe que eu me importei o
suficiente para me perguntar sobre o irmão que nunca me
procurou?
Uma queimadura muito melhor. Uma com mordida. —
Deixe-me tentar isto novamente. Você está aqui por causa da
Fox?
— Eu estou sim. — Fingindo limpar a poeira de uma
mesa de canto, Axel acrescentou: — Como você pode ou não
saber, recentemente recebi uma promoção para a Elite.
Em breve, também receberei uma promoção. Rei William.
Não existe melhor nome. — Por que me lembrar? Tentando me
impressionar?
As bochechas de Axel ficaram vermelhas. Vou tomar isso
como um sim. — Atuei como um dos juízes no caso da Fox. Ela
deve ser executada imediatamente.
William passou a língua pelos dentes. — Ah. Eu vejo.
Você foi com retaliação, a maneira demoníaca, versus o perdão,
a maneira de um Enviado.
Agora Axel fez uma careta.
Se os Enviados capturassem Fox, ela morreria gritando.
Ninguém distribuía ira como a equipe de Axel. William pode ter
evitado Axel todos esses anos, nem mesmo se permitindo
pensar no homem na maioria dos dias, mas também
colecionou histórias sobre as suas façanhas. — Quem você
apontou como seu carrasco?
— Bjorn, o Último e Verdadeiro Terror.
Nada bom. Nada bom. Bjorn não estava exatamente certo
da cabeça, sua mente era cheia minas terrestres prontas para
explodir a qualquer momento. Há muito tempo, demônios o
tinham capturado, aprisionado e torturado, junto com seus
dois amigos mais próximos. Séculos depois, algum tipo de
rainha das sombras tinha forçado um vínculo místico com ele,
drenando a sua força vital pouco a pouco. Ele seria difícil de
gerenciar.
— Você deve saber que a execução da Fox será uma
declaração de guerra. — Embora William não pudesse se dar
ao luxo de lutar uma segunda guerra agora, ele realmente não
podia ignorar uma ofensa contra um aliado. Fazer isso
convidaria à incursão de inúmeros inimigos.
Axel deu um sorriso frio. — Tenho certeza de que Bjorn
tremerá de tanto rir. — Ele acenou com a mão, descartando o
assunto. — Quanto à minha segunda ordem de negócios.
Exércitos de Enviados se mudarão para o Inferno. Decidimos
juntar-nos à sua guerra contra Lúcifer. Agora você pode
realmente ganhar.
Lutando ao lado de Axel... tê-lo por perto... planejando e
esquematizando juntos ...
William deveria protestar. Seu mundo tinha acabado de
virar de cabeça para baixo e de dentro para fora. Pior, Hades
ficaria chateado. Mas, e se ele pudesse ter Hades e Axel em sua
vida?
Esperança e preocupação colidiram. No dia em que você
conhecer Axel, uma parte de você morrerá.
Que parte, droga? E por quê?
— Axel, — ele começou.
— Não, — Axel retrucou. "O que você vai dizer, não diga.
Eu entreguei minhas notícias. Nós terminamos. — Um segundo
depois, ele desapareceu, piscando para longe. Uma surpresa. A
maioria dos enviados não possuía a capacidade de se
teletransportar.
William soltou um suspiro e esfregou o centro do peito.
Ele já se sentiu tão cru? Tão confuso e inseguro? Tão carente,
mas também defensivo? Lá dentro, William ainda carregava
pedaços do garotinho quebrado que ele tinha sido.
Ele se perguntou se era assim que sua unicórnio de
dupla natureza se sentia o tempo todo. Puxada em duas
direções diferentes.
Ela merece algo melhor.
Sua mão - uma mão que permaneceu firme durante
incontáveis batalhas e guerras - tremia quando ele apalpou o
celular e digitou uma mensagem para Hades. Melhor confessar
o mais rápido possível para mitigar qualquer dano.

Eu conheci Axel. Foi um acidente, mas aconteceu.


Você ficará feliz em saber que todas as partes de mim
sobreviveram.

O tempo todo o seu menino interior chorava, não fique


bravo. Não pare de me amar.
A resposta de Hades chegou um segundo depois, o
celular vibrou. Papai Querido: Então isso já começou.
Seus tremores pioraram. E o que é “isso” exatamente?
Papai Querido: A morte do nosso relacionamento.
Capítulo Doze

“Eu não faço tentação. Eu sou uma tentação.”

William abriu as portas do estábulo. Quando ele entrou,


a luz do sol da manhã emoldurou seu grande corpo, criando
um efeito de halo. O coração de Sunny chutou em um ritmo
selvagem. Com a cabeça erguida e os ombros para trás, ele era
o mestre de tudo o que observava. Poderoso. Bonito. E pura
tentação...
Sangue molhava o seu traje de três peças. Por que tão
vestido? E se ele tinha encontrado uma das armadilhas dela?
Usando magia, ela criou estacas invisíveis ao longo das paredes
externas do estábulo.
7
— Onde está meu doce atum ? — ele berrou. — Você não
me mandou uma mensagem de volta.
Ela estava deitada na cama, debruçada sobre as fotos do
seu livro pela bilionésima vez, o código ainda um mistério total
e completo. Uma novidade para ela. Ela jogou e virou a noite
toda, repassando os redemoinhos e pontos repetidamente,
fazendo o possível para ignorar uma dor sexual cada vez mais
intensa. Um dia mais perto da época de acasalamento.
— Então, estamos começando o novo dia com uma
reclamação? Que maravilhoso — ela resmungou, ficando de pé.
Sabendo que ele apareceria mais cedo ou mais tarde, ela tomou
banho e vestiu uma meia camisa que revelou sutiãs sérios e
uma calcinha sexy e nada como as da vovó. Dos ombros aos
tornozelos, ela tinha tatuagens incrivelmente detalhadas de
videiras espinhosas, folhas pontilhadas de orvalho e rosas
florescendo.
Deixe a sua próxima rodada de tormento começar. Você
pode olhar, mas não pode tocar...
William a viu e parou em seu caminho. Ele passou o
olhar sobre ela, suas íris pegando fogo. Seu eixo endureceu em
segundos, esticando em suas calças, e ela tentou não sorrir.
Ela enrolou uma mecha de cabelo em volta do dedo,
perguntando: — Algo errado, doce príncipe?
Ele sacudiu como se ela tivesse lhe dado um soco, depois
esfregou a mão sobre a boca. — Sim, algo está errado. Você
mentiu para mim.
O quê?! — Eu nunca menti para você ou para ninguém.
Eu não posso.
— Sério? Foi-me prometido um chique geriátrico e recebi
um aconchegando-na-casa-da-mamãe.
Uma risada rouca derramou dela. Ela seria capaz de
prever as reações desse homem? Ele era um mistério que ela
não conseguia resolver e um afrodisíaco que ela não deveria
querer. Mas ela o queria. Ele a fazia doer, transformou seu
termostato interno em um branco quente e causou vibrações
para atormentar seu núcleo.
Lembre-se do seu propósito. Certo. Ficando séria
rapidamente, ela disse a ele: — Eu tenho uma lista para você.
Os nomes de caçadores e colecionadores na minha trilha. Você
disse que os mataria se eles viessem atrás de mim, mas por
que esperar? Eu quero a cabeça deles agora.
— Vamos ver a lista.
Ela soltou as fotos e levantou a página apropriada, mas
ainda não diminuiu a distância. Respire fundo, expire. Bom,
isso é bom. As dores, o aquecimento e as pulsações
diminuíram.
Ela se levantou e foi até lá. Enquanto seu olhar a
acompanhava a cada movimento, ela movia os quadris com
indulgência carnal. Ela pode não ter as habilidades
apropriadas para paquerar, mas se destaca na energia cinética.
Ela entregou o papel.
Um músculo saltou sob seus olhos. — Considere todos
na lista mortos.
— Vou considerá-los mortos quando você me trouxer as
cabeças deles.
Características amolecendo, ele disse: — Você está
preocupada por causa da época de acasalamento?
Ela ficou quieta. — Como você sabe sobre a época de
acasalamento?
E o músculo começou a pular novamente. — Não
importa. Eu vou... — Ele apertou os lábios. — Você vai... —
Novamente, ele pressionou os lábios em uma linha fina. —
Discutiremos isso mais tarde, — ele repetiu.
Vermelho pontilhou a sua visão. O que ele esconde de
mim? — Mais tarde foi o que você me disse da última vez
também. Agora é mais tarde.
Escaneando o estábulo, ele disse: — Vejo que você
redecorou.
Uma mudança de assunto. Uma que ela permitiu, a visão
das suas aquisições a acalmando. — Eu fiz sim. — Pandora
havia conseguido tudo em sua lista e mais. As luzes de Natal
brilhavam no teto, criando uma ilusão de estrelas. Vasos de
plantas e árvores frutíferas abundavam, o espaço outrora
mofado agora perfumado com flores e frutas, tudo, desde
limões a pêssegos.
O diário dela estava sobre a mesa, aberto a uma
passagem de posições sexuais que ela esperava tentar. Outro
tormento. Tudo o que ele precisou fazer foi dar uma olhada... —
Para sua informação, você pode entrar no estábulo a qualquer
momento, mas não posso prometer que vou estar vestida. Ou
que eu não vou estar me masturbar. — Em breve, os impulsos
seriam inegáveis ...
Ele piscou surpreso. Então ele fez uma careta. — Tenho
uma reunião com Lúcifer ainda esta manhã. Mas, primeiro,
quero verificar seu progresso com o livro.
Ouvir o nome do seu maior inimigo levantou sua atitude.
— Me leve com você.
— Não. E não ouse perguntar novamente — ele
acrescentou quando ela abriu a boca para fazer exatamente
isso.
Bem! Ela veria e mataria o jacinto em duas semanas. —
Se você não voltar coberto com o sangue dele, ficarei muito
decepcionada.
William piscou mais rápido. — O que faz você pensar que
eu pretendo lutar com ele?
Fácil. — Eu conheci você.
Um momento passou sem uma reação dele. Então, um
sorriso completo se espalhou, iluminando todo o seu rosto, e
toda a dor, aquecimento e pulsação começaram novamente. Só
que pior. Seus mamilos se apertaram e suas coxas tremeram,
desejo molhando a sua calcinha.
— Seu livro, ela ralhou, pronta para arruinar o bom
humor dele agora. — Não consegui traduzir uma única palavra.
Como esperado, seu sorriso desapareceu rapidamente. —
Por que estou lhe dando tratamento preferencial?
— Porque sou a única que pode traduzi-lo. Mas preciso
ver o livro real para fazê-lo — explicou ela. — Eu quero tocá-lo
e sentir sua magia.
— Não. — Raiva e frustração pulsavam dele em grandes
ondas. — Isso nunca acontecerá. Trabalhe com as fotografias
ou não trabalhe.
Ele se tornou alfa total. Ele tinha decidido e esperava que
Sunny entrasse na linha. O que ele não conseguiu perceber?
Ela também era alfa. — Sem problemas. Vamos nos despedir e
nos separar, já que não posso ser útil para você.
— Nós não nos separamos, — ele rosnou.
Quatro palavras. Individualmente, não significavam
nada. Juntas, proferidas por William, o Sempre Excitado, elas
abalaram o mundo dela.
— Você é uma decodificadora, — ele rosnou em seguida.
— Faça o seu trabalho.
Oh, que descaramento! — Sinto muito por você ter se
deparado com uma decodificadora muito atraente e que está te
fazendo dois grandes favores, mas o fracasso não é minha
culpa. É sua. Faça o que eu peço e você conseguirá o que
deseja.
Ele bufou, a tensão irradiava dele. Finalmente, ele
resmungou: — Vou pensar sobre isso. Se eu puder. Quando
estamos juntos, é difícil pensar em outra coisa que não seja
sexo.
Embora suas últimas palavras tenham acalmado seu
temperamento, ela sabia que tinha que continuar com os
castigos dele. Com uma voz doce, ela disse: — Por que eu não
penso por nós dois, então?
Essa pequena observação o empurrou para o limite. —
Você presume demais, mulher! — Um raio brilhou sob a
superfície da sua pele e a fumaça se enrolou sobre seus
ombros.
Algum homem alguma vez exalou uma agressão tão
feroz?
Longe de se intimidar, ela brincou: — Ou talvez eu não
presumo o suficiente? Por que você não me leva para uma sala
fechada e não fica ao meu lado enquanto eu estudo seu livro?
— Olha como posso ser acolhedora, guerreiro. — Se eu tentar
danificá-lo, você pode me esfaquear.
Os olhos dele se arregalaram. — Você é a pessoa mais
paranoica em todos os mundos, mas confia em mim o
suficiente para me deixar segurar uma lâmina contra sua
garganta vulnerável?
Não. Ela nunca confiaria nele. Mas tempos desesperados
e tudo isso. Exceções tinham que ser feitas. Incapaz de mentir,
ela simplesmente disse: — Eu vou deixar você fazer isso, sim.
A julgar pela lenta liberação de ar, a admissão dela o
agradou. — Vou confiar em você com meu livro... se você
confiar em mim com sua forma de unicórnio.
O quê?! Que tipo de manipulação brilhante foi essa? Ele
usa os meus próprios truques contra mim, jacinto sujo. — Não
apenas não, mas camélia, não. — Ela balançou a cabeça para
enfatizar. Para revelar sua forma de unicórnio, algo mais
privado e pessoal do que seu corpo nu... — Não, — ela repetiu.
— Então eu não vou lhe mostrar o livro, — disse ele, com
um tom firme e inabalável. — Quando minha reunião terminar,
voltarei. Até lá, você deve permanecer no estábulo.
Compreende? Uma fronteira mística garante que demônios e
outros seres não possam entrar. Seus espigões invisíveis
também ajudam — ele acrescentou secamente, enquanto
pressionava a mão contra o lado dele. Ah, sim. Ele emaranhou-
se com as armadilhas dela. — Um caçador furtivo te seguiu até
aqui. Fui pego por um espigão quando lutei com ele. A cabeça
dele agora repousa sobre um poste no meu quintal. Se você
escapar dos meus quarteirões e sair, demônios e outros
caçadores a perseguirão. — Ele girou sobre os calcanhares e foi
até as portas. — Envie-me uma mensagem se houver uma
emergência.
Odeio vê-lo partir, adoro ver o seu áster - argh! Bunda.
Adoro ver a bunda dele. — Oh, William, querido, — ela chamou,
decidindo levar a tortura para o próximo nível. — Antes de você
ir, temos mais dois assuntos para discutir.
Ele parou e ficou rígido, mas não olhou para ela. Um bom
sinal. Bem, o fato de ele ter parado foi um bom sinal. Ela
deixou o momento se arrastar em silêncio, até que os músculos
do ombro dele se retesaram de tensão.
— Estou ouvindo, — ele solicitou.
O primeiro assunto era fácil. — Se outros caçadores
furtivos vierem...
— Eles não vão. Vou enviar meus melhores soldados para
rastrear cada um deles. Se eles não estiverem mortos até o
final do dia, ficarei chocado.
Excelente. Agora, para o segundo assunto, que seria mais
um soco. Seu tormento estava prestes a atingir novas alturas.
— Decidi que estamos juntos agora. Você e eu. Nós somos
namorado e namorada. Totalmente comprometidos. Nós vamos
ser “o” casal do submundo, e ponto final. Se você quer que seu
livro seja decodificado, quero dizer.
Agora ele se virou, seus olhos estavam arregalados, suas
pupilas estouradas. Um rubor iluminava as suas bochechas. —
Você decidiu?
— Sim. É um negócio fechado.
— Deixe-me ver se eu entendi você corretamente, — disse
ele, empurrando as palavras pelos dentes cerrados. Não ria. —
Você planeja suportar o meu amor não qualificado por toda a
eternidade, como minha única namorada?
— Sim, e você não pratica com outras pessoas. Trair é
inaceitável.
— Eu... você... eu não concordei com um relacionamento,
muito menos em um relacionamento exclusivo! — ele berrou.
— Nós não somos um casal, Sunny.
Não. Ria. — Mas querido. Eu sou a inteligente nesse
relacionamento, lembra? — Ela fingiu uma careta, como se
estivesse envergonhada por ele. — É claro que eu percebi
primeiro que faríamos um ótimo casal. Isso não significa que
seu pobre e doce cérebro não chegará lá eventualmente. Só não
seja tão duro consigo mesmo, ok? De agora em diante, esse é o
meu trabalho.
Seus lábios se afastaram dos dentes, sua expressão pura
ameaça. — Você não é a primeira mulher a querer mais do que
estou disposto a dar. Eu prefiro permanecer solteiro.
Ela mandou um beijo para ele. — Seja honesto. Você
prefere rosas ou orquídeas no nosso casamento?
Ele se curvou, todo macho, e as risadas que se formavam
no fundo da garganta dela quase escaparam. — Você não pode
dizer a um homem que ele é seu e esperar que ele cumpra. Ele
deve concordar.
— Você tem certeza? Porque isso parece idiota.
— Tenho certeza, — ele bufou, olhando para ela.
— Mas... você é meu, — ela insistiu.
Quanto mais ele olhava, mais o seu olhar chiava com
possessividade, tornando mais difícil para Sunny respirar.
Pressão cresceu dentro dela, sua pele puxando muito forte
sobre seus ossos. A necessidade e a vontade colidindo,
destruindo a sua calma.
— W-William, — ela murmurou.
Sua aura ficou mais escura a cada segundo, lembrando-a
de lava derretida. Então ele olhou para ela e franziu o cenho.
Porque o...
Ela sentiu outra presença e se virou. Um homem
gigantesco com pele vermelha, cabelos escuros e músculos
extragrandes apareceu. Ele era bonito de uma maneira
monstruosa.
— Sunny, cubra-se, — exigiu William. — Rathbone, vire-
se.
O cara - Rathbone - não se virou. Sunny também
permaneceu no lugar. Como William reagiria se ela deixasse o
outro homem parecer satisfeito?
Brinque com fogo e você será queimada.
Boa! Ela queria queimar. Ela ficaria com uma cicatriz e se
lembraria: nunca almeje um príncipe das trevas.
Murmurando baixinho sobre mulheres teimosas e reis
irreverentes, William caminhou até o armário, pegou um
roupão e depois voltou para Sunny. Ele colocou o pano sobre
os ombros dela, efetivamente escondendo as suas curvas, e ela
não tinha certeza de como se sentia sobre isso. Bem! Ela sabia
como se sentia - encantada - e se odiava.
William retrucou: — O que você está fazendo aqui,
Rathbone?
— Eu vim com uma mensagem do seu pai. — Rathbone
examinou Sunny da cabeça aos pés. Lentamente. Com a época
de acasalamento tão perto, ela esperava calafrios e calor, mas
margarida! Ela não sentiu nada. Apenas William a afetava.
Por quê? Por quê? Por quê?
— A mensagem, — disse William, e suspirou.
— Você está dois minutos atrasado. Vá para o clube. Ah,
e ele pede a sua presença para jantar hoje à noite. — O olhar
sombrio de Rathbone voltou para Sunny. — Sinta-se livre para
levar um convidado.
A julgar pelo tom do homem, o pedido significava
comando.
— Olá. — Sunny acenou. — Sou Sunny. Namorada de
William. Estamos comprometidos, não estamos, querido?
O recém-chegado balançou a cabeça como se tivesse
ouvido mal e voltou sua atenção para William. — Namorada?
Ela esperava outra negação. Em vez disso, ele ralhou: —
Comprometido, — depois terminou de fazer as apresentações,
deixando-a confusa. — Sunny, este é Rathbone. Ele é um dos
nove reis do Inferno.
— Eu ouvi falar de você, — disse ela, de repente
impressionada. — Você é o metamorfo original, capaz de se
transformar em qualquer coisa. Eu era a sua maior fã até você
se tornar um rei do submundo. — Ela ouviu que ele governava
com punho de ferro, executava todo e qualquer um que o
traísse, nunca oferecendo uma segunda chance, e uma vez
esfolou vivo seu próprio irmão. Rumores que a sua aura negra
como a noite apoiava, mesmo assim ele não fez ping em seus
instintos de “deve destruir o mal”. — Então você foi e se
redimiu totalmente, ajudando a rebaixar Lúcifer de rei para
príncipe.
Todo rei do submundo possuía uma coroa com poderes
especiais. Sem ela, eles perderiam o seu lugar na mesa real.
Pelas suas pesquisas, ela sabia que Rathbone havia usado sua
capacidade de mudar de forma para ajudar Hades a recuperar
a coroa.
— Seria terrivelmente muito inconveniente eu pedir para
você se transform... — Entre um piscar de olhos e o outro,
Rathbone se transformou em William. Ela riu e bateu palmas.
— Faça de novo, faça de novo!
William soprou um beijo másculo com o dedo médio. — É
melhor você mudar de volta, Bones. Eu nunca me senti tão
atraído por alguém na minha vida e estou prestes a pular em
você.
Com uma piscadela, Rathbone voltou ao seu rosto
original. — Vou dizer ao Hades que você está a caminho da
reunião e está feliz em se juntar a ele para jantar. Devo
mencionar que você está planejando seu casamento ou não? —
Ele sorriu e desapareceu.
William soltou um rosnado profano e Sunny passou a
mão sobre a boca para parar a sua risadinha.
Ele apontou um dedo para ela, abriu e fechou a boca sem
dizer uma palavra, depois girou nos calcanhares e marchou
para fora do estábulo, sem olhar para trás.
Por fim, ela soltou uma gargalhada, embora rapidamente
tenha terminado em um gemido, a época do acasalamento
nunca a deixando esquecer da sua atração por William por
muito tempo.
O que fazer em seguida, o que fazer em seguida?

Capítulo Treze
“Eu já matei milhares - um número que não se compara com a
carnificina que está por vir.”

Você é meu.
As palavras de Sunny continuaram a reverberar dentro
da cabeça de William, sua imagem gravada em sua memória.
Aquela cascata de ondas azuis... a meia camisa, deixando
visível o inchaço inferior dos seus seios... aqueles mamilos
duros como pedra... aquela pele marrom esquia e impecável
com uma riqueza de tatuagens de rosas que ele desejava traçar
com a língua... aquele pedacinho de tecido fingindo ser
calcinha... aquelas pernas perfeitas.
O corpo da mulher era incrível, uma obra-prima da
feminilidade e de brilho da beleza do unicórnio. Um olhar para
ela, e o sangue correu direto para a sua virilha. Onde tinha
ficado desde então.
Na presença dela, tudo aumentava. Ele precisava manter
distância, mas ela o atraía como um ímã atraía o metal.
A magia que ele tirou dos demônios? Não ajudou. Ele
ansiava por Sunny com cada grama do seu ser. E ela o
desejava. A criatura mais requintada de qualquer mundo o via
como material de namorado. Ele. Um homem sem lembrança
da sua infância e com muitas lembranças de estupro e tortura.
Um príncipe do inferno sem um verdadeiro reino próprio. Um
senhor da guerra amaldiçoado que nunca conheceu o amor
verdadeiro e genuíno.
Espera. Estou questionando o meu valor? Ele fez uma
careta. Porque sim. Sim ele estava. Seu passado enojaria
Sunny? Certamente repugnava William.
Não vou contar para ela. Nunca. Se ela não decodificar o
livro dele em duas semanas, não haveria necessidade. A época
de acasalamento assumiria o controle e ela o desejaria,
independentemente disso.
— Droga! — Ele socou uma parede. Pele rachada e osso
rachado. A dor percorreu seus dedos, acumulando-se no pulso.
Ele não queria que ela o quisesse por causa de hormônios ou
feromônios, ou qualquer coisa que a época do acasalamento
fizesse com seu corpo. Ele queria que ela o quisesse por causa
do homem que ele se tinha se tornado.
Sonho mais febril e pior pesadelo, Keeley? Você acertou em
cheio.
Sunny o fez se sentir vivo. Às vezes ela até o lembrava...
de si mesmo. Ah, Merda. Ela fez. Ela era sua contraparte
feminina. Um William feminino. O melhor dos melhores. Ela
era confiante, mas vulnerável, solitária, mas social. Às vezes
mimada e sempre irreverente. Determinada e espirituosa.
Inteligente e deslumbrante. Uma criatura selvagem que precisa
de um passeio selvagem. Um desafio. Exuberante. Ela exigia o
que queria e não levava nada menos.
William a admirava muito e a desejava
desesperadamente, loucamente. Fazê-la gozar estava se
tornando uma obsessão. Como ela reagiria quando ele
conseguisse? Como ele iria?
O desejo de voltar ao estábulo bateu, e bateu forte. Não
vou voltar para Sunny. Eu não vou. Nem agora, nem mais tarde.
Após a reunião, ele garantiria que os caçadores estivessem
mortos, como esperado.
Com um bufo, William apareceu em uma boate conhecida
como Downfall. Os proprietários do clube - Bjorn, Thane e
Xerxes - tinham fechado para os clientes durante o dia,
permitindo que Hades alugasse o prédio inteiro para a reunião
com Lúcifer.
Ameaça estalou no ar, zumbindo na parte de trás do
pescoço. Veludo preto cobria as paredes, a moldura perfeita
para uma galeria de retratos com diferentes criaturas
mitológicas realizando diferentes atos sexuais depravados.
Havia centenas de pequenas mesas redondas com quatro
cadeiras. Lustres elaborados lançavam feixes suaves de luz
dourada.
Bjorn estava do outro lado da sala. Ele encontrou o olhar
de William e assentiu, reconhecendo sua chegada sem dizer
uma palavra. Ele tinha cabelos castanhos, olhos da cor de um
arco-íris e pele de madrepérola que às vezes parecia escura,
outras vezes clara. Suas asas eram de ouro maciço.
Como Axel, Bjorn e seus parceiros tinham recebido
recentemente uma promoção. Eles foram de Guerreiros para
fazer parte da Elite dos Sete, quando a maioria da antiga Elite
morreu em uma explosão celestial.
Thane parecia um anjo com cabelos loiros encaracolados,
pele bronzeada perfeita e olhos azuis perversos, enquanto
Xerxes parecia um demônio com cabelos brancos, pele branca
com cicatrizes e olhos vermelhos neon.
Hades estava lá, junto com Pandora, Lucien - colíder dos
Senhores do Submundo - e Anya. No canto oposto havia outro
Enviado. Axel.
Em um instante, o desejo ameaçou sufocar William.
Feche a distância. Ouça a voz dele. Respire seu perfume. Por
que Hades havia permitido que Axel ficasse? Ou ele tentou
forçar o macho a sair, mas Axel se recusou?
Conhecendo os dois machos... sim. Isso.
Enquanto olhava para o irmão, o desejo escureceu
também as feições de Axel - até que ele reformulou sua
expressão em seu sorriso habitual. Conheço bem esse sorriso.
Eu o usava toda vez que queria algo que não podia ter.
William olhou para Hades. Merda! Seu pai o observava
através das pálpebras cortadas, sem dúvida esperando que ele
desertasse para os Enviados, abandonando o homem que o
criou para ficar com um parente de sangue.
Eu quero... ambos na minha vida. Por enquanto, ele se
moveu na direção de Hades.
Axel ficou rígido, obviamente ofendido.
Droga! William fez uma pausa. Ele se sentia como uma
corda desgastada em um violento jogo de cabo de guerra.
Antes que Axel o emboscasse em casa, William acreditava
que ele poderia manter seu irmão fora da sua vida, sem
problemas. Como ele disse a Keeley, você não pode perder o
que nunca teve. Mas ele já experimentou o que poderia ser e
simplesmente queria mais. Muito mais.
No entanto, ele não descartaria as preocupações do
homem que o havia ensinado a se proteger e a quem ele amava.
Não até que eles tivessem a chance de falar em particular.
Então, William deu outro aceno a Axel, depois caminhou o
resto do caminho até as mesas e sentou-se entre Hades e Anya.
Hades permaneceu quieto e imóvel enquanto seu irmão
fez um punho com as mãos. O peito de William se apertou. Não
posso ajudar um sem machucar o outro. Ele cometeu um erro?
Ele deveria ter mostrado o apoio a Axel, ajudando a reparar um
relacionamento já danificado?
— Então. Onde estão os seus pirralhos, hein? — Uma
sorridente Anya bateu em seu ombro. Uma das mais belas
mulheres da existência, ela tinha uma riqueza de cabelos
claros, pele dourada perfeita e brilhantes olhos azuis. — Eu
esperava ver a Brigada Arco-Íris.
— Eles estão em uma missão para mim. — Eles ouviram
rumores sobre um possível esconderijo para Evelina.
William mal podia esperar para usá-la para arruinar a
vida de Lúcifer.
— Cerveja? — uma vampira perguntou. — Vinho? Eu?
Ah Uma das três garçonetes se oferecendo com as
bebidas. A vampira se aproximou para anotar o pedido de
William, olhando-o como a última porção de costelas em um
buffet “como o que puder”.
Nem tentado.
Maldita Sunny Lane! O que ela fez comigo? William enviou
a mulher embora.
— Então, o que foi isso que eu ouvi sobre uma mulher
que decifra códigos vivendo em seu estábulo? — Anya
perguntou, oferecendo a distração perfeita.
— Eu tenho muitos decodificadores em um bunker,
algumas mulheres, outros homens . — Não revele nada sobre
Sunny. Anya insistiria em conhecê-la. Juntas, elas destruiriam
a pouca sanidade que ele mantinha.
— Então, você conseguiu um harém Derretedor de
Calcinhas. Que fofo!
Ele revirou os olhos, dizendo: — Cale a boca e se
concentre na reunião que está por vir.
— Ohhh. É isso que você diz às suas concubinas antes de
introduzir o seu pênis nas vaginas delas?
Recostando-se, ele desviou o olhar para o homem do
outro lado dela, Lucien, que tinha cabelos pretos, pele escura e
um rosto desfigurado com cicatrizes auto infligidas. Ele
também tinha olhos bicolores - um azul, um castanho. O azul
via o mundo espiritual, enquanto o castanho via o mundo
natural.
— Faça-me um favor e lide com a sua mulher, — disse
William. Chega de falar sobre pênis e vaginas. — Ou talvez eu
precise voltar correndo para Sunny.
Também não pense mais nela!
Anya mexeu as sobrancelhas. — Ele lidou comigo antes
de chegarmos aqui.
Lucien parecia estar lutando contra um sorriso enquanto
olhava com adoração para a companheira que tinha lutado
muito para conquistar o seu coração destroçado. O fato de que
um homem que seguia as regras ter acabado noivo da deusa
menor da Anarquia explodiu a mente de William. Anya não
seguia nenhuma regra além das suas, e mesmo essas e ela
quebrava sempre que quisesse.
O que havia inicialmente unido os dois? A mesma elusiva
conexão que atraiu William a Sunny?
Que tipo de homem Sunny havia namorado no passado?
Os músculos de seus ombros se flexionaram, o desejo
forte de atacar alguém, qualquer um. Não pense no unicórnio,
lembra?
Lucien disse: — Vou lidar com ela novamente assim que
chegarmos em casa. Você tem a minha palavra.
— Então, quanto tempo planejamos esperar pela chegada
de Lúcifer? — Pandora exigiu do outro lado da mesa. Ela
estalou os nós dos dedos. — Há apenas uma razão pela qual
concordei em vir. Foi-me prometido assassinato e caos, não me
sentar e esperar por eles.
— Você terá assassinato e caos depois, — disse Hades,
com tom indulgente. — Todos nós demos nossa palavra. Hoje
vamos conversar, nada mais. Embora Lúcifer não possua
honra, vamos fingir que temos.
Honra. William acreditava que você tinha que atacar
quando surgisse uma oportunidade. Qualquer coisa pela
vitória. Alguns ataques podem ser vencidos usando palavras, a
arma mais perigosa do mundo. A língua poderia criar... e
destruir. Em uma batalha de inteligência, William empunhava
a sua com perícia. Mas Lúcifer também.
Odeio ele com todas as fibras do meu ser. Não havia
ninguém mais egoísta ou ganancioso. Ninguém mais repulsivo.
Certa vez, Lúcifer havia sido o anjo mais amado e
poderoso dos céus. Quando jovem, ele adorava o Altíssimo, seu
criador... até que um desejo de governar os céus o consumiu.
Quando ele fez uma jogada contra o seu rei, ele perdeu e caiu.
Hades o acolheu. Agora, Lúcifer ansiava por mais poder. Ele
estava repetindo seus erros, esperando tomar o lugar do seu
pai adotivo no submundo, para que ele pudesse levar todos os
demônios aos céus e lutar para destronar o Altíssimo mais uma
vez.
Que eu nunca seja tão tolo.
A aproximadamente quinze metros de distância, uma
faísca crepitante surgiu do nada. Aquela faísca cresceu,
queimando através da atmosfera, formando um portal.
Lúcifer havia chegado.
O ódio de William aumentou, envolvendo-o. Um tipo de
armadura. Pontos vermelhos se infiltraram em sua linha de
visão.
Cadeiras derraparam para trás, todos menos o Sempre
Excitado, estavam de pé. Ódio e antecipação tingiram o ar,
uma combinação maligna.
O portal se abriu totalmente, e Lúcifer atravessou,
entrando na boate.
Nada no bastardo havia mudado. Ele tinha o mesmo
cabelo loiro encaracolado, pele dourada e olhos azuis, e usava o
mesmo manto de anjo feito de penas brancas e macias.
Lúcifer ofereceu um sorriso fácil que despertou o
temperamento de William. — Olá, senhoras. Peço desculpas
pelo atraso, mas estou muito feliz por vocês estarem dispostas
a esperarem por mim.
William tomou um gole do uísque com ambrosia de
alguém antes de se levantar. Ele estalou os ossos no pescoço e
colou um sorriso irreverente antes de encarar o homem.
Lúcifer não percebeu. Ele estava muito ocupado
assistindo Hades, avaliando a sua reação.
Quando Hades deu um passo à frente, William agarrou
seu ombro, parando-o. Eu tenho isso.
O rei mais forte do submundo não era alguém que
obedecesse aos comandos dos outros, nem mesmo do seu filho.
Mesmo assim, ele deu a William um aceno quase imperceptível.
William cruzou a distância e Lúcifer fez o mesmo. Eles se
encontraram no meio, cercados por um mar de mesas e
cadeiras. O que William notou primeiro? Um inconfundível
lampejo de inveja nos olhos do seu irmão. Ele lutou com um
sorriso. A interação entre pai e filho deve ter incomodado a
ovelha negra.
Usando o seu tom mais calmo, ele disse: — Seu pedido de
desculpas foi aceito. Qualquer momento que passo com meu
pai adorado, eu saboreio. — Viu? Palavras eram armas, e ele
tinha acabado de enfiar uma faca no coração de Lúcifer.
Seu ex-irmão fez uma careta antes de se apressar para
apagar toda emoção dos seus traços. Uma habilidade que ele e
William aprenderam com Hades. — Estou tão feliz, —
respondeu Lúcifer, sua voz uma adaga coberta de seda. — Eu
teria cuidado, no entanto. Com o enorme segredo que ele está
escondendo de você, ele lhe deve mais do que o tempo dele.
E ele acabou de levar uma adaga no estômago. Nenhuma
reação. Ele mente para chateá-lo.
William estudou Lúcifer com mais atenção, uma mistura
volátil de afeto e remorso arrasando suas terminações
nervosas. Talvez até arrependimento?
O trio de emoções havia sido enterrado sob séculos de
ódio. Desde que o ódio havia surgido, o mesmo aconteceu com
todo o resto.
Como se estivesse lendo seus pensamentos - uma
habilidade que Lúcifer não possuía -, seu irmão disse: — Por
que você me odeia tanto, hum?
— Oh, deixe-me contar as razões. — Conhecido como o
Grande Enganador e o Destruidor, Lúcifer era o mal
personificado. Ele danificou tudo o que tocou e ele não pode ser
redimido. Os horrores que suas vítimas sofreram...
A raiva fervia em todas as suas células. Não revele nada.
Seja calmo... por enquanto.
— Apenas alguns anos depois que Lilith lançou a sua
maldição, uma dor me acordou de um sono profundo, — disse
William com um tom fácil. — Abri os olhos para encontrar você
ao lado da sua cama, uma adaga ensanguentada na mão,
prestes a dar um segundo golpe.
Quando Hades soube da batalha, ele ficou do lado de
William. Lúcifer se sentiu menosprezado e se mudou. O começo
do fim para o rei e o seu primeiro filho adotivo.
Lúcifer rejeitou seu argumento com um aceno. —
Algumas pessoas andam e falam enquanto dormem. Eu cometo
atos de assassinato. Não é minha culpa.
Ah, história revisionista. Uma maneira muito humana de
consolar a si mesmo pelas ações realizadas. — Você sabe, —
disse William, ainda usando aquele tom fácil. — Se você queria
me ver, não precisava marcar uma reunião elaborada. Seu
desespero está aparecendo.
Um tom de vermelho inundou as bochechas de Lúcifer,
seu precioso orgulho cortado. William - 2. Lúcifer - 1. — Eu te
dei uma desculpa para me ver. — Ele fez uma careta e
acrescentou: — Eu não vim aqui para discutir com você.
— Eu sei disso. Você veio nos ameaçar, a única peça do
seu guia “Como ser um supervilão”. A propósito, postarei meu
comentário on-line. — William pegou uma página do guia de
Sunny e fingiu um estremecimento. — Uma estrela.
— A mesma pontuação que dei ao seu livro. Falando
nisso, ouvi dizer que você encontrou uma decodificadora para
quebrar sua maldição. — Lúcifer quase transbordou de alegria.
Nenhuma reação. Calma. Firme. — O que tenho é
esperança, algo que você seria tolo de sentir. — Durante anos,
ele manteve suas metas de longo prazo em segredo, esperando
o momento perfeito para confessar. Esse momento perfeito é
agora. — Eu vou encontrar sua coroa e reivindicar seu reino,
Lucy. Governarei seus exércitos, libertarei todos que você
manteve como cativo sexual e despojarei sua posse mais
valiosa - seu orgulho. Nos próximos anos, seu nome será uma
piada, um conto de advertência e maldição, tudo em um.
Lúcifer mostrou um conjunto de presas afiadas. —
Deveríamos estar do mesmo lado, lutando contra a tirania de
Hades.
— Como se eu fosse trabalhar com você. Você rouba,
mata e destrói qualquer coisa que mais alguém ame.
— Talvez eu seja um homem mudado. De qualquer
forma, esta é a sua primeira e última chance de ingressar no
time vencedor. Meu — disse Lúcifer, seu sorriso presunçoso
retornando. Ele realmente acreditava que venceria. Engana a si
mesmo tanto quanto os outros. — Juntos, podemos despojar
Hades do seu reino e orgulho.
— Com medo de não poder fazer isso sozinho?
O sorriso caiu. Outro golpe no seu orgulho inflado.
Lento e comedido, Lúcifer percorreu um círculo em torno
de William, a barra do manto roçando no chão cinza. William
deixou que ele fizesse isso, sem se preocupar em se virar com
ele. Ao permanecer imóvel, ele transmitiu uma mensagem
clara: Lúcifer não era uma ameaça suficiente para incomodar.
Mais uma facada. Talvez o bastardo sangrasse até o final
da conversa.
— Você está contente por estar sob o controle de Hades?
— Lúcifer perguntou. — Ser a mão dele de vingança e não o
seu próprio homem? Pobre William. Faço o que quero, quando
quero. E em breve, vou querer roubar a coroa de todos reis do
Inferno, então eu vou. Ninguém pode me parar. Ninguém pode
me derrotar.
Como Lúcifer já havia provado, reagir às farpas apenas
revelava uma fraqueza. Ignorando os golpes, ele disse: — Vá em
frente. Continue me subestimando. — Eu tenho um ás na
manga. Um unicórnio previsto para ajudar minha causa.
Apesar...
Ele queria que Sunny estivesse cara a cara com Lúcifer?
A névoa vermelha voltou aos seus olhos. — Até agora, —
ele ralhou, — tratei nossas batalhas como uma forma de
preliminares. Mas chegou a hora de te foder seriamente.
Aproveite. Ou não. A escolha é sua.
Agora, para fazer o que seu ex-irmão mais odiava – se
afastar. Em essência: você não significa nada para mim.
William soprou um beijo para Lúcifer, virou-se e juntou-
se aos outros.
Lúcifer manteve uma expressão neutra, mas não
conseguiu soltar os punhos. Tão revelador. — Você continua
me provocando quando eu tenho algo que você quer muito,
muito mesmo. Veja bem, voltei ao Reino de Lleh logo depois
que a bruxa te amaldiçoou. Eu a peguei e a tranquei. Se eu não
podia ter seu livro, teria a próxima melhor coisa.
Com uma risada, William passou um braço em volta dos
ombros de Hades. — É assim mesmo? E quais são as suas
lembranças de mim tirando a cabeça dela?
— Eu estava ao seu lado e você viu apenas o que eu
queria que você visse. — Em um piscar de olhos, a imagem de
Lúcifer mudou. De alto e empilhado com músculos a esbelta
Lilith. — Uma ilusão, nada mais. Você matou um inocente e
mantém o crânio de um inocente em sua coleção.
William engoliu em seco, dúvidas surgiram. Não, não. O
Enganador estava fazendo o que ele fazia de melhor. Mentindo.
Lúcifer voltou à sua forma original e William se
perguntou: e se ele... não está?
Seu coração acelerou e sua mente se agitou. A bruxa
viveu? Ela poderia anular a sua maldição ou piorá-la?
Sorrindo, Lúcifer andou para trás. Ele deslizou pelo
portal ainda aberto. Quando ele movia o olhar para o resto do
grupo, o sorriso ficou frágil. Por que eles tinham o que ele não
tinha? Amigos.
— Uma última coisa antes de você ir, — disse Hades com
um sorriso lento. — Eu conheço você e todas as peças do seu
livro de guerra. Peguei emprestado o que você acabou de
demonstrar.
Confusão abundou.
— Oh? — Lúcifer fingiu um bocejo. — Diga.
O sorriso de Hades ficou mais amplo. No momento em
que você deixou seu principado, o rei Rathbone assumiu o seu
rosto. Por esta altura, tenho certeza de que ele dizimou metade
do seu exército. Ele é bom assim.
William deu um tapinha nas costas do macho. Este é meu
pai.
Lúcifer empalideceu. — Ele pode matar quantos
demônios quiser. Ele nunca vai me parar. — Ele voltou sua
atenção para William. — Você também não. Lilith está me
ajudando com um presente para você e Axel. Espere isso em
breve - e lágrimas. — O portal se fechou, o bastardo
desapareceu de vista.
Hades andou até a frente do grupo. — As guerras do
submundo tendem a durar séculos, mas geralmente tem
intervalos. Uma ataque aqui, uma ataque ali, intercalada com
períodos de aparente paz. A julgar pelo olhar de raiva assassina
que caiu sobre o rosto de Lúcifer, os ataques estão prestes a
começar de novo. Estejam prontos.
Oh, eu estou pronto, sem dúvida.
Ding, ding, ding. Que comece a próxima batalha.
Capítulo Quatorze

“Eu tenho dois amores: a minha adaga e o meu pau. Um mata


com força e rapidez, e o outro é a minha adaga.”

Um gemido separou os lábios de Sunny enquanto ela se


contorcia na cama. Inspire. Expire. Bom, isso foi bom. Dentro...
Fora. Dentro-fora. A época de acasalamento não havia
começado, não oficialmente, mas as rodadas de treinos pré-
temporada certamente começaram. Súbitas crises de excitação
sexual, saciadas apenas com a liberação de um homem. A
tentativa de se aliviar só piorou as coisas. O fato de ela não ter
dormido para sempre tornava isso insuportável.
Fatigada, ela ficou irritada. Irritada, ela lamentou o
desaparecimento de Sable. Pensamentos sobre o
desaparecimento de Sable a fizeram desejar uma distração.
Desejar uma distração a fez querer William. Querer William a
fez querer se aliviar, mas ela não conseguiu. Viu! Pior.
Ela precisava dos beijos e do toque dele. O corpo nu dele
pressionado contra o dela. As pernas dela envolvendo a cintura
dele, ou caídas sobre as costas dele. Seu eixo gigantesco
batendo dentro e fora dela.
Outro gemido escapou, este irregular.
Eventualmente, abençoadamente, ela se acalmou.
Sentindo que tinha acabado de sobreviver a uma pilha de sete
carros, ela caminhou até a mesa. Irritada com William, ela
abriu seu diário de listas. Especificamente, a lista de posições
sexuais. Ela adicionou um nome a cada posição - Rathbone,
Green, Galen, Rathbone novamente, Lucien e Fox. Alguma
coisa certa para atingir William onde doía. Deixe-o pensar que
ela desejava os seus amigos.
Ela deixou o diário aberto sobre a mesa. Logo, ele voltaria
do jantar com Hades...
Formigando com antecipação, ela tomou banho, hidratou
a pele e pintou as unhas de preto. Deixando o cabelo solto, ela
vestiu uma lingerie sexy e um vestido azul com babados, depois
aplicou um brilho labial cintilante. A tortura de hoje? Provocar
William com o que ele não poderia ter. Sua roupa não tinha
nada a ver com impressioná-lo. Não. Nada.
Bônus: a beleza dela pode distraí-lo do fato de que ela só
conseguiu decodificar um único símbolo em seu livro, apesar
de ficar olhando as fotos a manhã e a tarde toda. Ela viu um
frasco de veneno e ainda não sabia o que isso significava.
Oh, ela poderia adivinhar. O método que a amada de
William usaria para matá-lo, talvez? Mas como alguém deveria
envenenar um imortal como William? Uma vagina com
armadilha de Vênus?
Sunny preferia matar com um chifre. Ou dela, ou aqueles
que ela tirou dos unicórnios caídos. Poucos imortais tinham
forças para se recuperar de uma ferida do chifre. Será que
William tinha?
Como se seus pensamentos o tivessem convocado no
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estilo Beetlejuice , ele abriu as portas do estábulo e entrou.
Assim como antes, ele estava todo arrogante e feroz, o mestre
de tudo o que observava. Seus olhos brilhavam com... o que era
aquilo? Frustração sexual?
Deve ser. Um olhar para ele, e ela queimou de novo com
febre de paixão. O suor escorria pela testa, o coração tentando
saltar nas costelas.
Ela nunca reagiu a um homem assim. O fato de isso
continuar acontecendo com seu captor...
Ela tinha duas opções. Continuar lutando contra isso, ou
finalmente ceder, confiando nele apenas o suficiente para
dormir com ele.
Os diferentes lados dela entraram em guerra.
Lute!
Durma com ele!
Lute!
Durma!
Argh! Desprezo a minha natureza dupla.
Ela não podia culpar Rosas e Arco-íris da Sunny por ser
uma vadia, no entanto. William largou o terno e vestiu uma
camiseta preta e couros combinando. Ele parecia bom.
Realmente bom. De dar água na boca bom. Havia uma
selvageria nele agora, uma ponta afiada e uma intensidade que
ela considerava irresistíveis, mas também meio perturbadoras.
Alguma coisa ruim aconteceu durante a reunião?
— Você tentou me matar quando pensou que tinha
ajudado Lúcifer na destruição de sua aldeia, — ele começou,
procurando no estábulo por ela. — E você trocou a sua
liberdade por uma escolta até a porta dele. O que me leva a
acreditar que você é um dos assassinos que matou os aliados
dele ao longo dos anos.
Ela não tentou negar. — Sim. E daí?
— E daí que eu quero saber quem você eliminou e quero
saber tudo o que você aprendeu. Não poupe detalhes. E não
diga não. Você me deve. Noventa e cinco por cento dos
caçadores da sua lista agora estão mortos. O resto estará em
breve.
Noventa e cinco por cento? Tão rapidamente?
Surpreendente! Ele foi incrível. Admirando seu captor de novo?
Pare. Você tem um castigo para supervisionar. — Você não
deveria me cumprimentar primeiro? — Olhe para mim,
William... me deseje...
Ao vê-la, ele derrapou até parar e passou a mão pelos
cabelos. A camisa dele subiu um pouco, revelando um pedaço
de pele nua, e ela quase babou. — Faça um favor para ambos e
pare de ficar mais bonita cada vez que te vejo.
Ele tinha acabado de elogiá-la, ofereceu um elogio sem
esperar nada em troca, e ela se sacudiu de surpresa. Talvez ela
cessasse o tormento do dia. — Então você gosta?
— Eu gosto. — Sua voz rouca causou arrepios em sua
espinha. — Eu anseio.
As bochechas dela esquentaram. — Vou lhe contar tudo
sobre a minha experiência com os aliados de Lúcifer, eu
prometo, mas primeiro quero mostrar o que fiz.
— Mostre-me. — Ele sugou o ar entre os dentes. — Você
quebrou o código? — Seu longo passo comeu a distância. Ele
parou diretamente na frente dela, o almíscar masculino dele
enchendo o seu nariz e embaçando a sua cabeça.
As terminações nervosas se sensibilizaram e os pontos de
pulsação vibraram. Sunny mordeu a língua para silenciar um
gemido. — Decodifiquei um único símbolo, mas não tenho
certeza do que isso significa. — Exagerando o movimento dos
quadris, por que não, ela caminhou até a cama, onde havia
deixado as fotos, e levantou uma certa página.
Ele a seguiu, olhou para o desenho dela e depois para a
própria Sunny. O desenho. Sunny. Parecendo chocado, ele
disse: — É você. Não há dúvida agora.
— Eu? — As sobrancelhas dela se uniram quando ela
olhou para a esquerda, depois para a direita e apontou para o
peito. — Sou eu, o quê? Sua decodificadora?
— Sim, — ele sussurrou, então balançou a cabeça, como
se estivesse afastando um pensamento doloroso. — Você viu
um frasco de veneno.
Sua admiração se aprofundou junto com seu choque,
mas ela ainda não entendia. — Você sabe o que significa
veneno? Além do óbvio, quero dizer.
— Ainda não, mas eu vou. — Determinação endureceu os
seus músculos. — Mas, vamos esquecer o veneno por um
momento. Eu preciso dessa informação sobre Lúcifer. Tudo o
que você aprendeu.
— Qual é a pressa?
— Ele afirma que prendeu a bruxa que me amaldiçoou.—
Ele descansou as mãos nos punhos das suas adagas, a raiva
pulsando nele. — Quero saber se é verdade, se algum dos
aliados dele mencionou a rainha Lilith de Lleh. Quero saber se
eles mencionaram qualquer prisioneiro.
Espera. — Se Lilith vive, de quem é o crânio que decora a
sua prateleira?
— Eu não sei, — ele retrucou. — Talvez dela, talvez não.
Lúcifer é um mentiroso conhecido, então não posso ter certeza
até ter certeza. — Ele estalou os nós dos dedos, sem dúvida
imaginando todas as maneiras pelas quais ele poderia quebrar
o rosto de seu irmão. — Antes de vir aqui, conversei com meus
filhos. Dois estão procurando a verdade agora mesmo.
Dois? Ela sabia que ele tinha um filho, no singular. Ela
não sabia que havia outros. — Quantos filhos você tem?
— Três meninos. Eu também tinha uma filha, mas uma
cadela Fae tirou a cabeça dela. — Agora, seus dedos se
curvavam em torno daqueles punhos. — Os meninos espionam
e matam por mim, como eu espionei e matei por Hades.
Surpresa a derrubou alguns passos. — Eles têm mães
diferentes?
Um leve tom rosado se espalhou por suas bochechas,
confundindo-a. William estava envergonhado pela(s)
mulher(es)? Mas, por quê? Este era um homem que tinha
retratos nus de si mesmo pendurados em sua casa.
— Não há mãe na foto, — ele murmurou. — É tudo o que
você precisa saber.
A mulher abandonou os meninos ou morreu? Tão
desesperadamente Sunny queria pressionar por respostas, e
ela o faria. Mais tarde. Neste momento, ela pegou o laptop e o
diário e levou William à pequena mesa da cozinha. — Eu
mantive notas detalhadas sobre todos os inimigos que já
interroguei.
Ele puxou uma cadeira para ela, mas ela balançou a
cabeça e fez sinal para ele se sentar. Ele franziu a testa, mas
fez. Na esperança de evitar o cheiro dele, ela se empoleirou
diretamente em frente a ele. Não. Nada melhor. Toda vez que
ela inalava, seus hormônios ficavam selvagens e ela só queria
pular nele. Não ajudou que ele estava sendo tão cavalheiresco
com ela.
— Eu prendi três generais, mais de trezentos soldados,
oito dos seus melhores assassinos e quatro das suas amantes,
— ela começou enquanto digitava, os dedos voando sobre o
teclado do laptop. Depois de encontrar os arquivos corretos, ela
deslizou em direção a William. — Aqui está tudo o que eles
admitiram.
Enquanto ele percorria as páginas em um ritmo cortante,
suas unhas se alongaram em garras de ébano e uma veia
inchada em sua testa.
Com a voz rouca de irritação, ele retrucou: — Nenhuma
menção a Lilith. — Ele bateu com o punho na mesa, a madeira
rachando.
Ela inclinou a cabeça para o lado. — Por que você e
Lúcifer se separaram?
Ele passou a língua sobre os brancos perolados. — Para
responder a essa pergunta, você precisa de uma história de
fundo.
— Perfeito. Eu amo uma boa história de fundo.
Ele respirou fundo. — Nós nos conhecemos no dia em
que ele ajudou Hades a me resgatar de... um reino infernal. Eu
estava sozinho, traumatizado e desesperado. Lúcifer era mais
velho, mais forte e, por um tempo, gentil. Mas todos os dias eu
ouvia novos rumores sobre rituais secretos de magia negra,
estupros e sacrifícios de animais. — Amargura pingava de cada
palavra. — Ainda assim, escolhi acreditar nas alegações de
inocência dele.
Por que a pausa depois de “me resgatar de”? O que ele
planejava dizer originalmente? E como ele ficou traumatizado?
Que horrores o pequeno William tinha sido forçado a suportar?
A simpatia cresceu. — Continue.
— Mais tarde, ele tentou me sacrificar enquanto eu
dormia. Foi uma traição que não pude perdoar.
"Sinto muito, William. Você deve ter ficado arrasado.
Ele puxou a gola, claramente desconfortável, e retornou a
conversa para os interrogatórios. — Nas suas anotações, você
menciona um artefato que Lúcifer queria. Um medalhão. Você
sabe o que faz?
Oh, sim. De jeito nenhum ela divulgaria o melhor e o pior
dos detalhes. Em vez disso, ela seguiria com o básico. Coisas
que Lúcifer e sua equipe sabiam. — É redondo e plano, do
tamanho de meio dólar e tem cerca de cinco centímetros de
espessura. É uma arma. — Exigiu esforço, mas ela impediu-se
de esticar a mão para acariciar o medalhão escondido sob a
blusa. Não era o que Lúcifer havia caçado, mas era semelhante.
Claro, ela possuía o outro também. Tudo o que o jacinto queria,
ela havia adquirido. — Uma lança cresce do centro.

— Deve haver mais do que isso. — William pegou o livro,


com a intenção de ler suas anotações manuscritas, mas ela o
tirou do alcance, fingindo que não queria que ele visse suas
listas.
— Você está certo. Não é uma lança normal. A incisão
mais superficial pode paralisar seu oponente por vários
segundos, oferecendo-lhe tempo suficiente para remover a sua
cabeça. — Entre outras coisas. — Detalhes sobre a lança não
estão no meu diário.
— Apenas suas listas.
— Exatamente. Então, eu tenho certeza de você entende
por que o livro está fora dos limites para você.
O interesse dele era palpável e ela estremeceu.
As pálpebras dele estavam pesadas e semicerradas, ele
perguntou: — O que você escreveu sobre mim?
A resposta perfeita rolou de sua língua. — Absolutamente
nada. — Verdade! Na lista de posições sexuais que ela esperava
tentar, ela mencionou os amigos dele, mas nunca o próprio
William.
— Nada? — ele rugiu, encarando o diário como se ele
imaginasse queimá-lo.
— Exatamente. — Quando ela fechou o livro com um
movimento do pulso, ele rosnou. Rosnou! Não ria. Dispensando
o diário, ela disse: — Se você quiser retribuir o favor e me
contar tudo o que sabe sobre Lúcifer, eu não me oponho.
Embora ele continuasse a encarar o livro, ele disse a ela:
— Ele é um metamorfo capaz de se transformar em alguém que
viu pessoalmente ou em fotos. De fato, devemos usar uma
palavra-código a partir de agora, para provar nossa identidade.
— Não há necessidade. Vejo auras, então eu posso
identificar um metamorfo entre uma multidão de milhares.
— O que acontece se Lúcifer adquirir a aura de uma
pessoa quando ela muda?
Bom ponto. Não seria impossível. — Você está certo.
Precisamos de uma palavra código. Que tal “seu pênis é fofo!”.
Por um longo tempo, William olhou para ela, em silêncio.
Em seguida, ele colocou o pé embaixo da cadeira dela e a
arrastou para mais perto. — Como você não pode mentir, é
seguro supor que você realmente acha que meu pênis é fofo.
Mais uma vez, ela sentiu o cheiro do seu delicioso
perfume. O calor que seu corpo irradiava... a intensidade
surpreendente de seu olhar... Novos calafrios a sacudiram.
Tremores mais fortes.
Ele parecia estar esperando ela dizer outra coisa. Quando
ela ficou quieta, muito ocupada rezando para que ele se
inclinasse e a beijasse, ele acrescentou: — Você sabe onde está
o medalhão?
— Eu sei. — Diga para ele. Sem dúvida, ele queria a arma
para si. Quem não iria querer? Ele exigiria que ela desse para
ele? Provavelmente. Então, ela poderia resistir a ele, sem
problemas. — Eu meio que... sou a dona.
Ele parou de respirar. — Quero isso. — Excitação corou a
sua pele. — Diga o seu preço.

O quê?! Sem exigências? Ele prefere barganhar?


Oh, ela estava tentada. Ao longo dos séculos, ela
encontrou seis medalhões. Ela usava um e havia escondido os
outros. Dessa forma, ela tinha backups, apenas por precaução.
Pelo incentivo certo, ela poderia, talvez, possivelmente se
separar de um.
— Vou te dar qualquer coisa, — ele se apressou a
acrescentar. — Dentro da razão.
Não acredito que estou prestes a fazer isso. Seu coração
batia forte contra as costelas. Expire. Inspire. — Vou lhe dar o
medalhão se você soltar os outros decodificadores.
Ele pensou por um momento, depois assentiu
rigidamente. — Feito.
— E eu. Me liberte, William. — Ela ficaria por perto para
quebrar a maldição e levar aquela escolta até a porta de
Lúcifer, de bom grado, mas não forçada.
— Não! — ele rugiu.
Com essa única palavra, gritada tão alto, o temperamento
dela ameaçou o limite.
— Vou liberar os outros, — ele ofereceu em um volume
mais razoável, — mas você não.
Esqueça o elogio de mais cedo. Ele ganhou outro
tormento. — Então você os libertará e se mudará para o
estábulo comigo. Você coloca suas roupas no armário, seus
produtos de higiene pessoal no banheiro e seu corpo na cama.
Cada. Noite. Pense em Real Househusbands of the Underworld.
Uma pontada de pânico se infiltrou em sua expressão,
mas ele rapidamente limpou suas feições com emoção. Ele até
educou a sua linguagem corporal. — Por que você quer isso?
— Talvez eu espere roubar o seu esperma enquanto você
dorme, inseminar-me artificialmente e usar um bebê para
prendê-lo em um relacionamento de longo prazo. Quem vai
saber? A menos que... Você é rico, certo? Eu gostaria que o pai
do meu bebê fosse rico.
Ele olhou para ela como se ela tivesse brotado chifres. —
Eu sou rico, sim, — ele finalmente disse, ainda mascarando as
suas emoções. — Essa é a única razão pela qual você quer que
eu seja pai do seu filho?
— Bem, você também é gostoso. O candidato mais bonito.
— Quem são os outros candidatos? — Uma veia pulsou
em sua testa. — Eles. Vão. Morrer.
O ciúme dele ajudou a acalmar o seu temperamento. —
Como você é fofinho. Olhe para mim, — ela disse, fazendo sua
melhor imitação dele. — Eu vou matar qualquer um que olhar
para a minha mulher.
Vapor ondulava em suas narinas. — Eu não... deixa para
lá. — Com o tom mais gentil, ele disse a ela: — Se eu for morar
com você, Sundae, você se apaixonará por mim. E eu ... — Ele
balançou a cabeça. — Você vai se apegar.
— Eu, me apegar a você? — E seu temperamento voltou a
ficar alterado. Ele vai pagar por esse comentário. Vou plantar
uma adaga verbal no coração dele. Mas... e se ele estiver certo e
eu me apegar a ele? Não. Não! Ele nunca esteve tão errado. —
Se você secretamente espera que eu comece a me apegar,
sugiro que assista primeiro alguns vídeos de como se beija no
YouTube.
— Eu sei como beijar! — Ele xingou e bufou como um
lobo grande e mau. — Mas você me deu instruções e eu...
— Espera. Eu não acabei. — Tenho que torcer a faca. —
Como estamos comprometidos e tudo mais, você deve
permanecer monogâmico ou eu vou embora daqui.
As inalações ficaram irregulares, ele bateu as mãos nos
braços da cadeira dela e se inclinou para perto... mais perto...
quase encostando em seu rosto. — Muito bem, — disse ele,
chocando-a. — Você tem um acordo, Sundae, mas eu não acho
que você ficará feliz com isso quando tudo acabar.
Capítulo Quinze

“Se eu tenho uma espada, e você tem uma espada, então eu


tenho duas espadas.”

William recostou-se contra a mesa, lutando para manter


uma expressão severa e até zangada. Sunny pensou que tinha
ganho a vantagem. Em vez disso, ela fez exatamente o que ele
esperava. Depois de matar o caçador esta manhã, ele queria se
mudar para cá. Quanto mais perto estivesse de Sunny, melhor
ele poderia protegê-la se alguém conseguisse passar pelas
armadilhas do lado de fora. Como, digamos, uma certa bruxa.
Lúcifer é um mentiroso. Lilith está morta. Certamente.
Então, por que esse pressentimento picando sua nuca?
Um mistério para mais tarde. Quando ele não estivesse
em guerra verbal com seu unicórnio. Durante a “negociação”,
Sunny havia revelado mais do que ela havia ocultado, e ele
percebeu que ela havia colocado a mudança dele como outra
punição, não porque ela queria um colega de quarto. Isso o
irritou.
Eu quero que ela queira que eu me mude? Quem sou eu?
Por que ele estava ansioso pelo próximo castigo? E que
diabos ela havia escrito naquele diário? Ele estaria lendo
aquelas fantasias dela assim que ele se mudasse. Sua casa,
suas regras.
— Agora que concordei com seus termos, sacrificando
meus desejos para cumprir os seus, — ele entoou, — você me
dirá onde o medalhão está localizado.
Ela mordeu o lábio inferior, como se estivesse nervosa
com as condições da barganha. Muito tarde. Não pode voltar
atrás.
No final, ela sussurrou as coordenadas para um reino
escondido dentro do mundo mortal. O reino dela. Mythstica.
Intrigado, ele se levantou, pegou a mão dela e a levantou.
Ele não a soltou imediatamente. Ela estava tão perto, tão
suave, e poderia dar-lhe mais prazer do que qualquer outra
pessoa.
Sunny Lane era a sua companheira de vida. Já não podia
duvidar disso.
Ela havia traduzido uma pequena seção do livro dele,
provando ser a primeira e única decodificadora e a sua
verdadeira companheira. William ainda cambaleou.
Ele se lembrou do quão alegremente disse a Keeley que
mataria a sua companheira. Como ele mais tarde se recusou a
aceitar ideia. Como ele agora fervia com o pensamento.
Ninguém machucaria Sunday Lane. Ninguém. Nem agora, nem
nunca. Nem mesmo William.
Merda. Merda! Tremendo, mas tentando esconder, ele
acenou, liberando um fluxo de magia. As brasas faiscaram e se
espalharam, queimando um buraco de quinze metros
quadrados na atmosfera. Através dele, ele vislumbrou um
penhasco coberto de musgo, repleto de flores de cores
diferentes, árvores brancas e incontáveis arco-íris.
Apenas no caso de Sunny decidir fugir, ele apertou mais
o seu braço. — Você vai ficar no estábulo, — ele disse a ela.
Ela cuspiu: — Como você vai encontrar o medalhão sem
mim? Por falar nisso, você pode querer ficar aqui. Os arco-íris
queimam demônios da mesma forma que a luz do sol queima
vampiros, então provavelmente queimará ainda mais um
príncipe das trevas.
— Ou, — ele continuou, como se ela não tivesse falado, —
você pode prometer permanecer do meu lado. — Quanto aos
arco-íris, partes de William queimariam, sim. Outras partes
não. Muito provavelmente ele tinha um demônio em sua
linhagem. Talvez a razão pela qual Hades foi procurá-lo quando
menino? Quando voltasse para casa, perguntaria a Axel como
ele reagia aos arco-íris.
William ficou parado. É verdade. Axel havia se mudado
para o submundo. Eles se encontraram; eles interagiram. A
previsão de Hades foi nula e sem efeito. Nenhuma parte de
William havia morrido; nenhuma parte dele morreria. Seu amor
pelo homem era mais forte do que nunca.
Agora que ele pensou nisso... quem fez a previsão da
morte em primeiro lugar?
— Juro ficar ao seu lado, — rosnou Sunny. — OK? Feliz
agora?
Sim. Muito. — Você sente falta deste reino? — ele
perguntou. O cheiro de orquídeas, terra e chuva flutuava no
estábulo - o cheiro de Sunny, apenas mil graus acima.
Excitação instantânea. Novamente.
Ele alguma vez não ficou duro perto dela?
— Eu sinto. — Ela olhou para os arco-íris, os olhos
suaves de saudade. — Meu bando corria mais rápido que o
vento e adorava brincar nos prados. Ajudávamos pessoas
necessitadas e até atendíamos desejos.
A saudade cobria cada uma de suas palavras também,
causando inquietação e culpa em William. Uma vez, ela o
avisou que os unicórnios e o cativeiro não funcionavam. Como
se funcionasse para qualquer um. Agora, porém, ele achava
que entendia melhor. Para unicórnios, liberdade era vida.
Mas...
Não posso deixá-la ir. Apenas... não posso. Ainda não.
Ele não podia correr o risco de perder a sua decodificadora ou
companheira – aquela destinada a matá-lo.
Ele precisava de Sunny para quebrar a maldição. Então
ele poderia tomá-la de todas as maneiras possíveis, quantas
vezes quisesse. Ele podia falar com ela sem reservas, temendo
que ele revelasse demais e ajudasse a sua cruzada, se alguma
vez ela se voltasse contra ele. E caramba, ele gostava de
conversar com ela. Ele amava a sua sagacidade, e se
emocionava toda vez que ela o surpreendia.
A mulher o surpreendia constantemente.
Ela se emociona toda vez que fala comigo, seu captor?
Ela continuou: — Eu era casada aqui e planejava
governar...
— Casada? — William berrou. A agressão queimou seus
membros. Uma vez, ele preferiu mulheres casadas. Era pá pum,
volte para o seu marido, senhora. Mas não mais. O pensamento
de Sunny ligada a um pedaço de macho de merda... Foda-se!
Com um grunhido, ele soltou Sunny, pegou uma cadeira
e a jogou através do estábulo. Ela atingiu a parede e quebrou
com o impacto.
Hoje à noite, Sunny se torna uma viúva. Sua
decodificadora, companheira de vida e namorada temporária
não teriam lealdades divididas. Pelos reis do Inferno, eu serei o
único dela.
— Devo buscar outra cadeira, ou você terminou sua
birra? — ela perguntou.
— Busque. Outra. Cadeira.
Ela revirou os olhos. — Eu era casada, sim, mas não sou
agora. Blaze era o filho do rei unicórnio, morto na batalha com
Lúcifer.
Um suspiro pesado escapou de William. OK. Tudo certo.
O desejo de cometer assassinato desapareceu. Agora ele só
queria desenterrar a cova do bastardo e cuspir em seu cadáver.
— Você sente falta dele?
— Nem um pouco. Nós nunca gostamos um do outro e
nos casamos apenas por dever.
Apaziguado, William pegou a mão dela mais uma vez e a
puxou através do portal. Ele queria aquele medalhão.
Eles emergiram em um penhasco situado entre dois arco-
íris. Rajadas de vento com perfume floral quase o lançaram
sobre a borda, como se o reino em si quisesse que ele fosse
embora o mais rápido possível. Os galhos das árvores batiam
palmas e as folhas brilhavam sob os raios de sol. Ele sentiu
vida, mas não sabia se era animal, inseto ou unicórnio.
— Mmm. — O cabelo azulado chicoteava o rosto de
Sunny quando ela fechou os olhos e respirou fundo. — Casa.
Não há nada melhor.
Ele a observou, extasiado.
Quando ela abriu os olhos, disse: — Eu lhe dei
coordenadas para o medalhão, não apenas para o reino. — Ela
se inclinou para alcançar dentro de um arco-íris e retirou um
pequeno disco de ouro, exatamente como ela havia descrito.
Exatamente como o que ela usava no pescoço, ele
percebeu agora. O que fazia esse...
Sua mente entrou em curto-circuito. O cabelo dela. O
cabelo dela havia mudado. Ela havia tocado o arco-íris e as
madeixas azuis haviam se tornado rosa neon. Os olhos dela
também mudaram. Outrora âmbar, agora um verde pálido,
mas vívido. Sua pele adquiriu mais brilho.
Gloriosa mulher. — Como? Por quê?"
— Os unicórnios absorvem a essência do arco-íris.
A Esfera do Conhecimento não mencionou isso, uma
característica que ele achou fascinante. Sunny parecia mais
graciosa, até mesmo delicada. Frágil. Ninguém suspeitaria que
ela fosse uma matadora de demônios.
Quando ela estendeu a mão, oferecendo o medalhão, ele
aceitou, tremendo de desejo. Eu quero assistir essa megera de
cabelos rosa e olhos verdes se despedaçar.
Foco! Enquanto ele estudava sua nova arma, uma
mistura de magia clara e escura formigou sua pele. Poderosa.
Antiga. Não é de admirar que Lúcifer o tivesse caçado. E agora
eu o tenho. William sorriu. Ele o guardaria com a sua vida.
Instinto queimando. Estou destinado a empunhar esse
medalhão.
Um instinto que ele não entendeu, mas entenderia. —
Agora temos os medalhões “dele e dela” correspondentes, —
disse ele com um tom irônico.
Suas bochechas coraram. — Então você notou o meu.
— Eu notei. — Ele notou todos os detalhes sobre ela. Meu
novo vício. — Eu simplesmente não sabia o que poderia fazer.
— Bem, o seu é diferente do meu, — ela disse, mudando
de um pé para o outro, — mas, ainda assim, o mesmo. Se isso
faz sentido.
Sim, e não. Mas por que o ataque repentino de nervos?
Na esperança de fazê-la sorrir, ele perguntou: — Você deseja
explorar o reino antes de voltarmos para casa?
Primeiro, ela se animou. Então, ela murchou. — Não.
Quanto mais tempo ficar, mais difícil será sair.
Isso ele entendeu. No fundo da sua mente, ele agendou
uma viagem de regresso. Assim que a sua maldição fosse
quebrada e Lúcifer estivesse morto, eles poderiam ficar por
semanas. Meses até. Ou enquanto eles estivessem juntos.
Ainda acha que vai querer outra?
Sem saber o que queria de uma mulher pela primeira vez
em sua existência, William conduziu Sunny pelo portal. Ele o
fechou e caminhou até a mesa, onde se sentou na cadeira.
Quando ela seguiu na direção dele, ele disse: — Eu
preciso estudar, e você é uma grande distração. Me dê espaço.
Ela parou e mandou um beijo para ele com o dedo médio,
mas não fez nenhum protesto. Em vez disso, ela se ocupou com
as fotos do livro dele. Outra surpresa. Ela não queria passar
tempo com ele, seu namorado novinho em folha?
Agitação interna. O que isso importa? Ele acendeu a luz
da mesa e inclinou a cabeça sobre o medalhão, mas... ele não
conseguiu bloquear Sunny de seus pensamentos. Sua
consciência dela aumentou, e ele passou a meia hora seguinte
fingindo estudar seu prêmio enquanto a observava
secretamente, desejando que ela ignorasse seu pedido.
Quanto mais ela se concentrava nas fotos, mais o vinco
entre as sobrancelhas se aprofundava. Um vinco que ele
desejava traçar com a ponta do dedo.
Paciência corroída, ele bateu com o punho contra a mesa.
— Não aprendi nada de novo e fiquei sem tempo. Eu preciso ir.
— Se o grande e forte machão tivesse perguntado à doce
mulher pequena, — ela disse, caminhando para reivindicar o
medalhão dele, — ela teria mostrado a ele como usá-lo. Veja. —
Ela pressionou o medalhão contra a palma da mão e enrolou os
dedos em ranhuras específicas.
Uma protrusão dura e negra cresceu do centro. Uma
lança, como ela alegou. Quando ela abriu os dedos, a protrusão
se retraiu. Fascinante.
— Onde você vai? — ela perguntou.
— Preciso fazer uma mala para poder me mudar. Volto
um pouco antes da meia-noite. — Atendendo assim aos
parâmetros da sua solicitação.
— E o nosso jantar com o Hades? — Ela deu um rodopio,
a saia dela esvoaçando logo acima dos joelhos. Aquelas ondas
cor-de-rosa sedosas pendiam livres, e ele daria qualquer coisa
para agarrar os fios, inclinar o rosto e pegar a sua boca.
Estendendo os braços, ela perguntou: — A minha roupa é
adequada ou devo trocar?
O tecido azul-gelo moldava as suas curvas,
transformando-a em uma fantasia encarnada com fendas de
esconde-esconde com sua carne. O desejo fervia dentro dele.
— Eu vou sozinho, — ele disse a ela. Primeiro, ele não
tinha ideia do que Hades queria discutir. E segundo, ela era
uma distração que ele não podia ter.
— Oh. — Seus ombros rolaram para dentro. — Entendo.
Tão desolada. Uma pontada rasgou através dele. — O que
você entende exatamente, duna?
Ela se encolheu como se ele a tivesse dado um soco.
Porquê, diabos? Então, ela sorriu sem graça, e ele se encolheu.
— Não importa. — Ela o expulsou. — Vai. Divirta-se sem mim.
Que pensamentos passaram pela mente astuta dela? A
tentação de ficar e questioná-la se mostrou forte. Quase forte
demais para resistir.
No final, William abriu um portal para o seu quarto. Ele
iria trocar de roupa e depois iria para a casa de Hades. Ele não
iria passar a noite agonizando por causa da reação de Sunny.
Ele atravessou o portal. Sem olhar para trás – não olhe,
porra - ele acenou, selando a saída. A culpa tentou devorá-lo
por inteiro.
Eu não vou pensar em Sunny. Eu...
O que ela pensaria do meu quarto? Ele usou uma parede
inteira como uma tela de televisão. Jogos de vídeo e controles
espalhados pelo chão. O bar oferecia uma variedade de uísques
com ambrosia. Em vez de uma mesa de cabeceira, ele tinha um
frigobar abastecido com todos os seus favoritos - qualquer
coisa carregada com xarope de milho com alto teor de frutose.
Sim, ele tinha o paladar sofisticado de um garoto de
fraternidade. E daí? A cama era uma obra de arte, maior do
que uma king size, mas surpresa, surpresa, Pandora estava no
centro dela, folheando uma revista.
Uma onda de carinho tomou conta dele, um efeito
colateral da adoção de Hades. Ele caminhou até o armário,
perguntando: — O que você está fazendo aqui?
Ela não se deu ao trabalho de olhar para cima. — Você
me enviou uma mensagem e me disse para encontrá-lo aqui.
Que gentil da sua parte se lembrar.
Ele nunca enviou uma mensagem. — Em outras
palavras, Hades espera que você atue como minha
acompanhante e garanta que eu seja um bom garoto que
participe do jantar em família.
Virando outra página. — Se você sabia a resposta, por
que perguntou?
Dois filhotes de cães do inferno tiraram a cabeça de
debaixo da cama.

William recuou, já pegando uma adaga. Os cães do


inferno podiam rasgar um imortal em pedaços em questão de
segundos. E uma vez que um cão do inferno travava em um
alvo, nada além da morte do alvo o dissuadia de uma caçada.
— Panda?
— Oh, sim, — disse ela, virando outra página. — Baden
deixou um par de cães do inferno. Eles são um presente de
Hades.
Baden, outro dos filhos adotivos de Hades, bem como um
Senhor do Submundo anteriormente possuído pelo demônio da
Desconfiança. Um homem de honra que dizia o que queria
dizer e cumpria a sua palavra. Sua esposa, Katarina, treinava
matilhas de cães do inferno para Hades.
Meus próprios cães do inferno. William sorriu quando os
dois voltaram para debaixo da cama. O primeiro filhote era
uma gracinha com pelo branco e preto, duas cabeças, dois
pares de olhos vermelhos e uma única cauda bifurcada. A
segunda era uma fêmea maior, com pelo cor de terra, uma
cabeça, três olhos negros e uma grande quantidade de
cicatrizes.
Como Sunny se sentia em relação aos animais de
estimação?
Seu celular vibrou no bolso. Ele correu para verificar a
tela, caso ela precisasse dele.
9
Gilly Gumdrop : Liam, estou tão entusiasmada por você!
Ouvi dizer que você encontrou o seu decodificador. Agora você
está a um passo de se livrar da maldição
Ele sorriu enquanto digitava: Este sou eu. Que tal uma
maratona de videogame de celebração? Torin criou um jogo de
matar demônios dos Senhores do Submundo. Como você
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provavelmente adivinhou, o personagem Slick Willy é
invencível.

Gilly Gumdrop: Puck e eu adoraríamos destruir Slick


Willy! No momento, estamos envolvidos nas negociações com os
Enviados. Eles ainda têm o irmão dele preso e nós o queremos
de volta. Assim que terminarmos, vamos fazer uma visita.
William mal podia esperar para vê-la. Ela sempre
iluminava a sua vida.
O que ela pensaria de Sunny?
Quanto ao irmão de Puck, Sin, eles nunca o
recuperariam. Possuído pelos demônios da Paranoia e da
Indiferença - a pior das piores combinações -, foi ele quem
bombardeou os céus, matando centenas de Enviados. Ele não
estava apenas preso; ele estava sendo torturado.
William poderia ter que se envolver.
Ele suspirou, guardou o telefone no bolso e começou a
fazer uma mala para ficar no estábulo. — Você já passou uma
noite inteira com um amante? — ele perguntou a Pandora.
— Não. Que nojo. Eu consigo o que quero e saio.
Exatamente! Para dormir com uma mulher, realmente
dormir, ele teria que confiar nela com a sua vida. Ele nunca
confiou em ninguém a sua vida, nem mesmo Gillian, a quem ele
estimava. Ele viu muitos amigos serem vítimas de “isca”.
Machos e fêmeas que seduziam para matar.
Sunny não era isca, mas estava destinada a matá-lo.
Não a deixarei sozinha, desprotegida. Não consigo resistir
aos encantos dela.
Talvez ele usasse o horário noturno para planejar
maneiras de matar Lúcifer e adquirir Lilith. Se ela realmente
estivesse viva.
Ou ele faria sexo 24 horas por dia, 7 dias por semana,
para se preparar para a época de acasalamento. Porque sim,
ele estaria cuidando de Sunny.
Ao pensar nisso, o desejo o chamuscou, por dentro e por
fora, e ele soltou um suspiro doloroso. Eu a quero. Eu a quero
agora. Ele estava celibatário desde que se conheceram... o quê?
Há dois dias? Isso foi dois dias a mais que o habitual. E,
caramba, se não parecia que ele a conhecia há dois anos.
Era assim que a relação de companheiros funcionava?
Um dia parecia um ano, e um ano parecia um dia?
— Por que você perguntou sobre a coisa do amante? —
Pandora perguntou. — Não, você sabe que mais? Deixa pra lá.
Vamos mudar de assunto antes que eu comece a vomitar.
Então. Você conhece Lúcifer melhor do que qualquer um de
nós. — Enquanto balançava as pernas para frente e para trás,
os tornozelos cruzados, ela virou outra página. — Ele poderia
realmente manter a bruxa trancada por séculos e resistir ao
desejo de matá-la?
— Eu não o conheço mais. Eu nunca o conheci. —
William enfiou algumas camisas e uma caixa inteira de
preservativos na bolsa, dizendo: — Ele sempre foi um
enganador, mudando de personalidade da maneira como as
outras pessoas trocam de roupa. Mas vou descobrir a verdade
de uma maneira ou de outra.
Uma invasão direta do palácio de Lúcifer seria tola.
Lúcifer era um mestre em armadilhas, de modo que quem
invadisse inadvertidamente matava aquele que esperava salvar.
Panda assentiu. — Onde estão os seus meninos?
— Dois estão perseguindo rumores sobre Lilith, e um está
caçando Evelina Maradelle, a esposa ausente de Lúcifer. — As
poucas coisas que William se lembrava dela eram que: era uma
bruxa shifter de dragão com um coração bondoso que
gaguejava. Ela fugiu logo após o casamento, deixando Lúcifer
furioso.
William mal podia esperar para provocar o ex-irmão. Eu
tenho a sua esposa. Quer ela de volta? Que pena, tão triste.
Ele riu enquanto enfiava no bolsa um sistema favorito de
videogame, jogos e um tratamento condicionador profundo -
totalmente masculino - para o cabelo.
Os pequenos cães do inferno decidiram emergir,
rondando e cheirando a sua perna.
Provocando-os, ele disse: — Coloque o seu nariz na
minha bunda, e teremos problemas.
— Até parece! Eu nunca colocaria... — Pandora ergueu os
olhos da revista, notou os cães e murmurou: — Esquece.
William se abaixou para acariciar os filhotes. A que tinha
a pelagem cor de terra se encolheu, como se estivesse
esperando um golpe, e uma pontada aguda de simpatia o
atravessou. Será que Baden e Katarina a tinham encontrado na
selva do inferno? O outro cão mordeu seus dedos. Quando o
sangue jorrou na ponta do polegar, o par recuou. Medo dele?
— Você me lembra uma conhecida, — disse ele ao bebê
de duas cabeças. — Só que ela usa balas em vez de dentes. O
nome dela é Sunny, então vamos manter o tema do céu e
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chamá-la de Dawn . E você... — Ele deu a de cor de terra o
seu sorriso mais gentil. — Vamos chamá-la de Aurora. Você é
tão bonita quanto as luzes do norte, querida.
Aurora o entendeu; ela devia. Ela amoleceu, até se
esfregou contra ele.
Pandora jogou a revista. — Eu tinha esperanças de que
você levasse Sunny para o jantar. Você pode imaginar
Rathbone usando a dália como um palavrão? Isso é hilário!
Um leve tamborilar de garras na madeira chamou a
atenção de William, e ele franziu o cenho. Parecia um bando
inteiro de cães do inferno. Então o cheiro de enxofre e malícia
manchou o ar, picando as suas narinas, e ele apalpou duas
adagas.
Demônios. Uma horda. Eles não vieram conversar; eles
vieram buscar sangue.
Pandora também sentiu a ameaça e enfiou a mão debaixo
de um travesseiro, puxando uma besta miniatura e uma adaga
mítica com o poder de incinerar as suas vítimas.
Seus punhais não fariam merda nenhuma. Use o
medalhão? Não. Ele não empunharia uma arma não testada
contra um inimigo.
Dentro das fronteiras do Inferno, demônios intangíveis
tinham a capacidade de se materializar e desmaterializar sob
comando. Já que um espírito só podia ser combatido por outro
– semelhante contra semelhante-, William também precisaria
se desmaterializar, às vezes. Tanto uma bênção como uma
maldição. Ele acertaria golpes, mas também queimaria a
energia mais rapidamente. Muito rápido.
Os olhos vermelhos neon de Dawn brilhavam de medo.
Aurora manteve a cabeça baixa enquanto o seu corpo tremia.
Geralmente, cães do inferno exibiam grandes quantidades de
agressão. Mas essas duas temiam... Algo terrível deve ter
acontecido com elas. Katarina deve ter pensado que elas fariam
como qualquer outra mulher e se derreteriam por ele.
Qualquer outra mulher, exceto Sunny.
— De volta para debaixo da cama, meninas. — Ele andou
a passos largos para segurar a saia da cama. Os filhotes
correram para obedecer. — Farei tudo ao meu alcance para
mantê-las seguro, eu juro.
Ele largou as adagas, correu de volta para o armário e
pegou duas foices.
Um inimigo invadiu a casa do meu pai. A raiva
transformou o seu sangue em combustível, a menor sugestão
de fumaça já vazando de seus poros. Cuidado. Eles estavam no
Inferno; a fumaça poderia machucar Pandora tão facilmente
quanto os demônios.
— Isso deve ser uma vingança pelo ataque de Hades
contra Lúcifer, — disse Pandora, disparando para o lado de
William. Eles lutariam de costas um para o outro, garantindo
que ninguém se esgueirasse por trás deles.
— Então eles querem sangue. Nosso. — O tamborilar
ficou mais alto... mais alto... logo se tornando uma debandada.
— Deve chegar em três... dois...
A horda passou através das paredes em massa,
inundando o quarto com uma nuvem de fumaça escura.
William tossiu, o sangue escorria de seus olhos e nariz.
Não há tempo para limpar. Os demônios o cercaram, prontos
para matar.
Capítulo Dezesseis

“Se você permitir que um inimigo viva hoje, espere morrer pela
mão dele amanhã.”

Pandora permaneceu nas costas de William enquanto ele


se desmaterializava para cortar um demônio e rematerializava
para cortar outro. O suor escorria dele, uma onda louca e
intensa de adrenalina transformando seu torso em uma
fornalha. Ele cortou e picou membros, órgãos genitais, asas e
caudas. Ele removeu olhos e cortou colunas. Cabeças bateram
no chão e rolaram para longe, pulverizando sangue preto em
todas as direções. Corpos desabaram, empilhando-se ao redor
dele, enchendo a sala com o odor pungente de coisas
estragadas e intestinos esvaziados.
Uma cacofonia de barulho assaltou os seus ouvidos.
Grunhidos e gemidos. O gorgolejo e o jorrar de líquidos -
sangue, bile e mijo. O estalo de quebrar ossos. A irregularidade
das respirações ofegantes.
Um dos demônios conseguiu agarrar o pescoço de
William. A dor! O demônio deve ter injetado nele algum tipo de
veneno; os cortes se aqueceram, logo fervendo.
Veneno... semelhante a um frasco de veneno?
Merda! O calor chamuscou um caminho para seu
cérebro. Em segundos, ele sentiu como se sua cabeça tivesse
caído em um barril de óleo fervente, a agonia o ultrapassando.
Não diminua. Ele recuou o cotovelo, prestes a remover a
cabeça do oponente. Então ele parou, horrorizado. O demônio
não era mais um demônio, mas Gillian, vestindo uma camiseta
e short ensanguentados.
William quase havia assassinado a garota que mais
estimava acima de todas - da maioria - as outras pessoas.
O pânico fragmentou os seus pensamentos. Como é que
ela ... Ela não podia... Isso...? — Você não deveria ter vindo. Vá!
— Por que os demônios não a estavam atacando? — Você tem
que ir agora. — Ela se tornou uma feroz guerreira, sim, mas
não estava pronta para uma batalha como essa.
— Eu não vou te deixar, — Pandora rosnou, seu corpo
empurrando contra o dele.
Risos alegres. Ele divertiu os demônios?
— Você não. — A irmã dele não viu a sua amiga?
Gillian sorriu e se aproximou, alheia ao perigo. No
momento em que ela ficou a uma curta distância, ele a agarrou
pelo antebraço, com a intenção de puxá-la entre ele e Pandora.
Vou protegê-la com a minha vida! Só que sua pele não era
macia e flexível, mas seca e irregular como escamas. Uma
cauda verde desenrolou-se entre as pernas, deslizando por trás
dela. A ponta espetada lembrava a cabeça de uma cobra
demoníaca.
Que diabos?
Ah, Merda. Os demônios, eles pertenciam à horda de
Hallucina, os animais de estimação favoritos de Lúcifer. Eles
vazavam veneno que ferrava as mentes das suas vítimas,
causando-lhes vívidas alucinações.
Antes que William pudesse atacar, a falsa Gillian bateu o
rabo na bochecha dele. A pele se partiu e sua cabeça virou
para o lado. Uma nova onda de calor e dor.
Sunny apareceu a alguns metros de distância e o seu
coração quase parou. Sunny, com seu cabelo rosa, olhos
esmeralda e sensualidade inexplorada. Logicamente, ele sabia
que ela era uma alucinação criada por sua mente. Ainda assim,
ele entrou em pânico novamente. E se ela tivesse se
teletransportado, seguindo-o aqui? Será que ela podia se
teletransportar? Pense!
A resposta realmente importava? Ele não podia arriscar a
vida dela.
— Fique onde está, — ele berrou para ela. — Não se
mexa. — Ele permaneceria a uma curta distância, apenas por
precaução, mas não permitiria que outros se aproximassem
dela.
Reajustando o aperto nas foices, William libertou uma
mão. Com um rugido, ele se abaixou, pegou uma das adagas
que havia largado mais cedo e a jogou, pregando o demônio ao
lado de Sunny.
Braços permanecendo em um fluxo constante de
movimento, ele cortou outro demônio, depois outro. Girando.
Cortando. Apunhalando.
Toda vez que ele introduzia a ponta curva de uma foice
no corpo de um demônio, ele torcia a lâmina para obter o
máximo de dano. Gotas de sangue preta espirraram sobre a
sua pele, bolhas brotando.
— Ajude-me, — implorou Sunny. Ela colocou os braços
ao redor do seu corpo, como se estivesse aterrorizada, e tentou
se aproximar dele.
Embora pontadas afiadas o rasgassem, ele pulou para
trás - e, inadvertidamente, colidiu com um demônio. Mais dor e
calor. A ponta afiada de uma asa rasgou algodão e carne, um
fluxo de vermelho escorrendo pelo abdômen.
Whoosh. Uma flecha foi embutida no espaço entre os
olhos de Sunny. Os joelhos dela se dobraram e ela caiu.
— Não! — Ele mergulhou para pegá-la antes que ela
caísse no chão. Mais dor e calor, mas ele não se importava.
Morta. Ela estava morta.
Com a visão embaçada, ele embalou o seu lindo rosto
contra seu peito. Um grito de guerra se alojou em sua
garganta.
Esta não é ela. Não pode ser ela.
Por favor, não deixe que seja a minha Sunny.
Outro demônio se lançou nele. Contorcendo, William
chutou a perna dele. Impacto. O demônio colidiu com a sua
bota com biqueira de aço e tropeçou para trás.
— Hades? — Pandora se engasgou. Ela parou, sua besta
erguida, mas tremendo.
Hades tinha chegado? Lutando para controlar a sua
respiração, William arriscou um olhar por cima do ombro.
Nenhum sinal do seu pai, mas... Não! Todos os demônios
estavam com o rosto de Sunny.
O terror sacudiu-o até o âmago, seus sinais vitais
congelando. Naquele momento, ele sentiu como se tivesse
perdido a batalha, cem por cento. E se os demônios tivessem
escondido a verdadeira Sunny no meio deles?
William poderia arriscar o assassinato da sua
decodificadora?
Minha mulher. Minha! Vou protegê-la com a minha vida.
Mas ele tinha que fazer algo rápido, ou ele morreria neste
quarto.
Morrer? Não! Nem hoje, nem nunca. Determinação
endureceu seu coração em pedra. Hoje, ele mataria. Eles.
Todos. Sem piedade. — O veneno, — ele berrou em benefício de
Pandora. Ela tinha vivido no submundo por um período muito
curto e ainda tinha que aprender sobre as diferentes raças
demoníacas. — Isso causa alucinações. Sinta a pele. Se for
áspera, dê um golpe mortal, não importa quem seja.

Surgiu um imprevisto, mas voltarei ao estábulo em


uma hora. Esteja pronta.

Esteja pronta para o quê? Sunny recebeu a mensagem de


texto de William três horas atrás. Aquela “uma hora” tinha
chegado e se foi sem outra palavra dele.
Não sou boa o suficiente para conhecer o amado pai do
meu namorado falso ou obter uma explicação para o seu atraso.
A mágoa a picou, mas a preocupação também. Onde ele
estava? E se algo ruim tivesse acontecido?
Ela enviou uma mensagem, pedindo uma atualização,
mas... outro minuto se passou. Depois cinco. Dez. Trinta. Sem
resposta.
Camélia! Margarida! Cravo! Dália! Algo ruim deve ter
acontecido. Mas não havia nada que ela pudesse fazer presa
em um estábulo.
Ela andou, suas emoções no auge. Tudo, desde o medo
paralisante à raiva justificada. Ela o queria aqui com ela agora.
Ela queria abraçá-lo e remendá-lo se ele estivesse ferido. E
então ela quis socá-lo por fazê-la se preocupar.
Desesperada por uma distração, ela abriu o diário e
arrancou a lista de posições sexuais. Com magia ela forneceu
uma página completamente nova, apenas em branco.
Ela escreveu uma nova lista intitulada “Todas as
maneiras de punir William por seu péssimo tratamento
comigo”.
- Preso em uma parede nu.
- Negação de orgasmo.
- Acorrentado à cama e chicoteado.
— Estou sentindo um tema, — ela murmurou. Ela criou
uma segunda lista de posições sexuais inventadas. Coisas que
ele não poderia ter ouvido falar, já que ela tinha acabado de
inventar. Dedos cruzados, ele se sentiria totalmente
inadequado. Leia e chore, garotão.
Mais meia hora se passou, mas ainda nenhuma palavra
de William.
Por que ela ainda estava sentada aqui sem fazer nada?
Ela era uma maldita unicórnio assassina, não uma princesa
chorona em perigo. Se seu príncipe encantado precisasse de
ajuda, Sunny forneceria ajuda. Se ele precisasse de um
lembrete de que havia adquirido uma super-heroína vigilante e
vingativa como namorada, ela forneceria um lembrete.
Ela amarrou um par de punhais que havia tirado de
William durante a última visita dele e depois enfiou as fotos em
uma mochila. Com a mochila presa aos ombros e as adagas na
mão, ela chutou as portas do celeiro. Tinha que haver uma
maneira de contornar o bloco invisível. E, se não houvesse
como contornar, por cima. Se não desse por cima, por abaixo.
Ninguém me tranca em um celeiro pomposo!
Apesar das legiões de demônios que William havia
matado, mais demônios já se reuniam na área. Eles pararam o
que estavam fazendo, se viraram e a encararam. Enquanto
incontáveis olhos vermelhos a olhavam, a raiva corria por suas
veias, quente e faminta. Odeio demônios! O mal deve ser
erradicado.
Uma das primeiras lições ensinadas por seus instrutores
de batalha: Nunca deixe um ser maligno para trás. Eles apenas
se afastam e retornam com os amigos posteriormente.
Seu coração bateu forte quando ela deu um passo à
frente. Vamos fazer isso. Ela mataria todos os demônios e...
Uma mão calejada agarrou o seu bíceps, apertando forte,
puxando-a para trás e girando-a. William! Em silêncio, ele
removeu e deixou cair a mochila dela, depois chutou as portas
com um chute.
Com os olhos estreitados, ainda em silêncio, ele seguiu
em frente, apoiando-a contra a madeira e colocando as palmas
das mãos em suas têmporas para prendê-la. O coração dela
bateu mais forte e mais rápido, arrancando o ar de seus
pulmões. Ele parecia um homem possuído, sombrio e sinistro,
com manchas pretas por todo o corpo. Sangue demoníaco seco.
Ela também já tinha ficado desse jeito. As mechas de seu
cabelo cor de corvo se destacavam em espigões, emoldurando
um rosto bonito cheio de cortes e contusões. Suas roupas
estavam rasgadas, o cheiro de enxofre e morte emanando dele.
Mas escondidos sob o fedor havia indícios da sua fragrância
inata. De dar água na boca.
Finalmente ele disse: — Palavra segura. Diga-me. Agora.
O que é o quê? — Seu pênis é fofo?
O alívio suavizou as suas rugas mais severas. Em
segundos, no entanto, a fúria eclipsou o alívio, e ele rosnou: —
Onde diabos você estava indo?
Oookay. Respingos de vermelho, verde e amarelo
ferrugem brilhavam em sua aura embaçada. Suas emoções
eram tão intercambiáveis e turbulentas quanto as dela. Mas os
olhos dele... seus olhos se tornaram duas feridas abertas, dor
sangrando.
— Diga-me, — ele resmungou.
O ideia da ausência dela o chateou tanto assim? — Eu
planejei encontrar uma forma de ultrapassar a sua barreira,
matar os demônios, então encontrar e salvar você, — ela
admitiu suavemente.
Ele fez aquela coisa de piscada surpresa.
— Você enviou uma mensagem dizendo que estaria aqui
em uma hora, — ela o lembrou. — Essa hora passou quase
cinco horas atrás sem outra palavra sua. Então é melhor você
estar mortalmente ferido ou algo assim. — Ela procurou por
um sinal externo de lesão, mas não o encontrou. Tudo bem,
então. Sua raiva retornou e redobrou. — O que aconteceu na
camélia com você? Por que você não respondeu a minha
mensagem?
Outro piscar de surpresa. — Eu fui emboscado. — Ele
estalou a mandíbula. — Lúcifer enviou uma horda de demônios
Hallucina. Suas presas e garras produzem um veneno
alucinógeno, e eu só me recuperei agora.
Agora a sua raiva mudou de alvo. Eu os matarei. Matarei
todos eles! — Leve-me até eles. Agora.
— Não posso. Eles estão mortos. Mortos por minhas
mãos.
OK. Bem. Mas agora ele está ainda mais sexy!
William passou a língua por seus dentes brancos
perfeitos. — Não tem perguntas sobre o meu bem estar?
Nenhuma bajulação sobre as minhas feridas?
— Por quê? Você precisa de cuidados?
— Sim, — ele assobiou.
Finalmente, ela tinha uma desculpa legítima para passar
as mãos gananciosas sobre cada centímetro do seu corpo
esculpido. Talvez, apenas talvez, ela pudesse desligar a sua
paranoia, mesmo que só por um tempo, e se divertir. Será que
alguma vez ela já se divertiu? Além de matar demônios, é claro.
Não. Agora não era hora de diversão. Quando criança, o
rei adorava dizer a ela que seu dever vinha antes de tudo. E
agora, Sunny tinha um dever a cumprir. Uma lição para
ensinar. William podia ter um bom motivo para não atualizá-la,
mas ainda tinha lhe causado uma preocupação desnecessária.
Por isso, ele pagaria.
Vamos começar.
Capítulo Dezessete

“Amor sem poder é miséria.”

Sunny deu um soco rápido na garganta de William. —


Isso é por me deixar preocupada. — Enquanto ele ofegava em
busca do ar que não conseguia respirar, ela bateu com o punho
no nariz dele. Cartilagem estalou, e sangue escorreu das suas
narinas. — Isso é por ter vergonha de me apresentar ao seu
pai.
Os seus nós dos dedos pulsavam. Ele tinha uma cabeça
estranhamente dura.
Com um grunhido, ele entrou no rosto dela. A ponta do
nariz roçou no dela e ele piscou. Entre respirações ofegantes,
ele ralhou: — Eu não tenho vergonha de você, Sundae. Só não
quero que meu pai tente recrutá-la. Eu teria que recusar em
seu nome e nosso relacionamento já está tenso.
Mesmo? Ele a estava protegendo? Suavizando, ela
achatou as mãos no peito dele. Para sua surpresa e deleite, o
coração dele disparou contra a sua palma.
Ele soltou um suspiro pesado. — Me desculpe por ter te
magoado.
Viu! Um pequeno castigo, e ele aprendeu. Ela também.
Nunca assuma que eu entendo os motivos dele. Sempre
pergunte.
— Por que você não pula no chuveiro? — ela disse,
sentindo-se magnânima agora. — Depois, eu vou... — Um
cachorro latiu e ela gritou, pulando. Uma espiada além de
William. O cão de duas cabeças e olhos vermelhos mais bonito
de toda a criação correu pelo portal ainda aberto.
Sunny ficou macia e líquida contra ele, olhando-o com os
olhos mais sonhadores de todos os tempos. — Você me trouxe
um filhote? — Essa foi, sem dúvida, a coisa mais doce e gentil
que alguém já fez...
— O nome dela é Dawn. Eu a salvei dos demônios, e
agora ela segue todos os meus movimentos. Mulher típica —
ele resmungou. — Havia uma segunda, mas não sei onde ela...
Dawn latiu mais alto e atravessou o portal, reentrando no
que parecia ser um quarto. A pequena queridinha virou-se para
encará-los e latiu novamente.
— Acho que ela está tentando nos dizer uma coisa. —
Sunny correu pelo portal antes que William tivesse a chance de
detê-la. — Mostre-me, garota. O que está errado?
Dawn foi para o armário e latiu de novo. Sunny agachou-
se ao lado dela. Houve um movimento debaixo de um casaco
amarrotado. Ela empurrou o material para fora do caminho... e
ofegou. O segundo cachorro. Este entrou e saiu de vista,
sangue jorrando da sua cabeça. A pobre e doce querida havia
sido mutilada. Sua garganta estava cortada e seus pulmões
chiavam toda vez que ela tentava respirar. O chiado da morte.
Longe demais para curar com magia. — Oh bebê. Sinto
muito por sua dor. — Enquanto ela recolhia a pequena
coisinha querida, lágrimas brotaram nos olhos de Sunny.
William chegou ao lado dela, a cor em suas bochechas
embotando. Ele tentou pegar o cachorro.
Sunny balançou a cabeça. — Eu a peguei.
— O nome dela é Aurora, — disse ele, com a voz
embargada.
— Aurora. — Lágrimas transbordando, Sunny levou o
pacote precioso para o estábulo e a deitou na cama, depois se
esticou ao lado dela. Os lençóis ficando ensanguentados. E
daí? — Você pode curá-la, William? Por favor! Pagarei qualquer
preço. Cure-a e você nem precisa se mudar para cá!
— Sinto muito, Sundae, — ele resmungou, — mas não há
magia suficientemente forte.
Um soluço borbulhou, mas ela o engoliu. Para o cão, ela
sussurrou: — Você não está sozinha, menina. Estou aqui e vou
ficar ao seu lado. Que você tenha os sonhos mais doces, minha
querida. — Então, ela acenou com a mão sobre o rosto de
Aurora, usando magia para colocar o cão em um sono
profundo. Dessa forma, quando seus órgãos falhassem, ela
simplesmente se afastaria para sempre, sem dor.
Para seu crédito, William também ficou ao seu lado. E a
outra cadela, Dawn, assistia de um canto, seus olhos
vermelhos projetando miséria e medo. Juntos, o trio deles
arrulharam para a adormecida Aurora até o seu pequeno
coração parar.
As lágrimas de Sunny caíram a sério então. Ainda assim,
ela e William permaneceram no lugar. Ela não conhecia o cão,
mas um olhar e ela se apaixonou. Essa era a maneira dela com
todos os animais, e a razão pela qual ela seria vegetariana pelo
resto da eternidade.
— Quem é o responsável por isso? — ela exigiu
suavemente.
— Quem mais?
— Lúcifer .— Ela cuspiu o nome dele como a maldição vil
que era.
William estendeu a mão e entrelaçou os dedos aos de
Sunny. — Ele pagará. Eu juro.
Tremendo agora, ela deslizou a mão livre pela maior
ferida do cão, coletando sangue na ponta dos dedos - sangue
que ela manchou sob os olhos. — Os demônios lá fora
pertencem ao seu ex-irmão?
William sentou-se, e assentiu.
— Então eles morrem. Hoje. Pela minha mão. — William
nunca a tinha visto lutar. Ele não sabia o nível de habilidade
dela. Se ele tentasse detê-la ...
— Muito bem, — disse ele, liberando-a. Ele ficou de pé. —
Vamos fazer isso juntos.
Embora surpresa, ela marchou para a porta. Séculos se
passaram desde que ela lutou com um parceiro. Como eles
trabalhariam juntos?
William foi para o lado dela. — Você tem ...
— Não me pergunte se tenho certeza de que quero fazer
isso. Tenho certeza. Estou pronta.
Ele assentiu, como se estivesse impressionado, depois
chutou a porta. A luz do sol inundou o estábulo e...
— Margarida!
Os demônios tinham desaparecido. Nenhuma criatura
pontilhava a paisagem.

Incapaz de conter a sua raiva, ela gritou, virou-se e socou


a parede. Suas juntas quebraram e sua pele se partiu, mas a
dor mal se registrou.
William conduziu-a para o banheiro, onde ele cuidou dos
seus ferimentos gentilmente e com ternura. Para seu choque,
ele beijou o curativo quando terminou.
Sem dizer uma palavra, ele pegou Aurora e levou o cão do
inferno morto para fora. Durante a sua ausência, Sunny trocou
os lençóis, limpou o sangue e acariciou Dawn, lutando para
não derramar o peso de sua tristeza.
William voltou. Sozinho. Sujeira riscava o seu rosto e
estava seca em suas mãos. Ele a enterrou, não foi?
Que coisa mais doce de se fazer. Sunny fungou e se
sentou na cadeira perto da mesa.
Ele foi para a frente dela, agachou-se e apertou o queixo
dela, inclinando a sua cabeça para cima. Seus olhos se
encontraram, e um frisson de calor passou por ela. Ele parecia
tão sério.
— Decidi levá-la ao livro, Sundae.
As palavras dele foram registradas e os olhos dela se
arregalaram. — Realmente? Você não tem medo de que eu
destrua o seu precioso para puni-lo?
— Parte de mim tem, mas estou desesperado o suficiente
para confiar em você. Não faça eu me arrepender, Sundae.
— Eu não vou, — ela sussurrou, e margarida, ela quis
dizer isso. Se ele continuasse assim doce, ela nunca seria
capaz de usar o livro dele contra ele, não é?
— Não saia do estábulo, — ele chamou Dawn. Abriu um
portal e, após uma ligeira hesitação, escoltou Sunny até uma
pequena sala sem janelas, com paredes brancas, uma velha
mesa de madeira e uma poltrona reclinável.
No centro da mesa, havia uma vitrine com um tomo
encadernado em couro em seu interior.
O cão do inferno não ficou parado. Ela os seguiu até o
quarto. William fez uma careta para ela e Sunny sorriu.
— Você tem certeza de que é irresistível para as
mulheres? — ela brincou. — Continuamos a desafiar você.
O olhar que ele deu a ela... escaldante, escuro e
sardônico. — Ria bastante. Um dia, em breve, você vai gritar o
meu nome para as alturas.
Ela engoliu em seco. Brasas de luxúria acenderam e
pegaram fogo, uma febre se espalhando por seu corpo.
Na esperança de esfriar, ela respirou fundo. Espera.
Outra respiração profunda. Hã. O ar continha nenhum odor;
ela nem conseguia sentir o cheiro de ambrosia de William. Uma
verdadeira farsa.
— O que é este lugar? — ela perguntou. Dawn explorou,
farejando aqui e ali, claramente irritada com a falta de odores
também.
— Uma dimensão de bolso no Inferno que criei com a
minha magia. Os aromas são filtrados, impedindo que outras
pessoas rastreiem o livro. Minha amiga Anya gosta de brincar
sobre...
Sunny tentou ouvir, ela realmente tentou - magia,
aromas, Anya, brincadeira -, mas o quarto a lembrava do poço
de punição dos unicórnios. Pequeno e isolado, sem saída.
Memórias horríveis surgiram do lodo da sua mente. A solidão.
Os gritos. O sabor e a sensação da lama encharcada de sangue.
Calma. Firme.
— O que é isso? Pânico? — William perguntou, confuso.
Mais uma vez, ele apertou o seu queixo e inclinou a sua
cabeça, forçando-a a encontrar o seu olhar. — Por quê?
Não faça isso. Não conte a ele. Nunca revele uma
vulnerabilidade.
Só que era assim que Sunny solteira pensava. Se ela
queria William, e ela queria, tinha que se deixar vulnerável com
ele.
O relacionamento não é falso?
Sim. Não. Argh! Ela não sabia mais. Se ela nunca tivesse
detectado a sua profunda e persistente tristeza, se ele nunca
tivesse sido tão gentil com o cão... mas ele tinha, e agora, aqui
estavam eles. — Não é pânico, — ela disse a ele. — É
desconforto.
— A mulher que planejava combater uma legião de
demônios teme... um quarto?
— Você já foi enterrado vivo, William? — A voz dela
falhou. — Eu já. Era o castigo favorito do rei unicórnio.
Quando Lúcifer e seus demônios invadiram o nosso
acampamento, não pude lutar contra eles porque estava presa
em um buraco escuro e úmido. — O queixo dela tremia. — Eles
massacraram todos enquanto eu ouvia, indefesa. Os gritos...
tantos gritos. Sangue derramou na cova em rios carmesim
enquanto demônios riam. Então houve silêncio, e foi muito
pior.
Ele segurou a sua nuca e puxou-a para perto, depois
colocou a palma da mão na parte inferior das costas. — Sinto
muito, Sundae.
Esmagada contra ele assim, ela só queria se esconder.
Com o rosto apoiado no pescoço dele, ela afundou os dedos nos
cabelos sedosos dele, absorvendo o calor dele.
Isto. Tantas pessoas desejavam um companheiro, e agora
ela sabia o porquê. A pessoa certa o confortava, aceitava e
construía, nunca o destruindo.
Mas. William odiava as apegadas e Sunny odiava ser uma
delas. Ela soltou os dedos, endireitou-se e recuou, cortando o
contato. O arrependimento a atingiu em um instante. Sem
calor. Sem conforto. Apenas frio e solidão, exatamente o que ela
tinha antes de William.
Talvez o apego não fosse tão ruim.
Com desejo em seus olhos, ele avançou sobre ela,
forçando-a a voltar para seu abraço. Um abraço gentil, apesar
da sua ferocidade.
Maravilhada, ela olhou para ele. Ele se apega a mim?
Quem era esse homem?
Ele passou os dedos pelos cabelos dela antes de roçar os
nós dos dedos ao longo da sua mandíbula, cada toque uma
revelação de ternura, como se ele... a amasse. — Por que você
foi punida, Sundae?
Pela primeira vez, ela não tinha voz em sua cabeça
dizendo-lhe para manter o seu passado para si mesma. Talvez
porque William não fosse seu captor no momento; ele era
amigo dela. — Eu queria me divorciar de Blaze, mas ele
recusou, mesmo que ele quisesse estar com outra pessoa e que
ficássemos infelizes juntos. — Ela tentou um tom casual, mas
a dor penetrou em suas palavras. — Eu fiz uma cena pública,
esperando que ele mudasse de ideia, mas só consegui ferir o
seu orgulho e enfurecer o seu pai, o rei.
William ficou tenso, mas ele também a beijou na
têmpora. — Eu sinto muito.
O beijo inesperado a chocou profundamente. Um gesto
simples, mas profundo, que ela pensou que iria relembrar pelo
resto dos seus dias. Ok, ela realmente, realmente precisava sair
dos braços dele, antes de perguntar sobre o dia dele, buscar
seu uísque favorito e se sentar aos seus pés enquanto ele lia
um jornal.
Mais uma vez, ela deu um passo atrás. Ele olhou, até que
notou uma mancha de sangue na blusa dela. Preocupado, ele
passou o dedo sobre a mancha, coletando uma gota.
— É você, — ela sussurrou. — Você está sangrando.
Ele puxou a camisa para cima, revelando marcas de
garras no esterno. — Curei essa ferida mais cedo, o que
significa que os demônios também usavam infirmədˉe . Um
veneno que faz com que a ferida volte repetidamente, até você
tomar o antídoto. — Com um aceno da sua mão, as feridas
voltaram a se fechar. — Ou neutralizá-lo com magia.
Ela queria se envolver com ele em uma conversa, mas...
aqueles peitorais... aquele pacote de oito, cada linha de força
mais quente que a última... tatuagens em abundância... seu
umbigo adorável... a trilha negra de guloseimas que levava até
a cintura dos seus couros.
Sem fôlego, ela girou um dedo. — Dê uma volta. — Ela
queria, precisava, vê-lo. Todo ele.
Ele parecia pronto para sorrir, seus olhos brilhando. —
Devo remover o resto da minha roupa primeiro?
— Sim!
Ele riu, mas se virou, sem tirar as calças. Suas costas...
Uau! Ele tinha um mapa do tesouro tatuado lá, e ela sentiu
uma repentina vontade de lamber cada centímetro dele.
Lamber. Sim. Tremores percorreram sua espinha e
champanhe derramou em suas veias. Não. Foco! — Vamos
trabalhar. — Ela se virou, uma das coisas mais difíceis que já
havia feito, e removeu a tampa da vitrine, surpresa ao
descobrir que seu mal-estar havia sido erradicado.
A magia formigava sobre sua pele, escura e insidiosa, e
ela estremeceu. Mesmo assim... Deve tocar ...
Ela se sentou na cadeira. Quando ela pegou o livro,
William se moveu para o lado dela e agarrou seu pulso mais
uma vez, parando-a logo antes do contato.
— Não vou rasgar as páginas, — ela prometeu, incapaz
de desviar o olhar do objeto do seu fascínio. Tão poderoso.
— Estou confiando em você de uma maneira que nunca
confiei em outro. Não me traia, Sunny.
— Enquanto você ainda for o meu captor, a traição é uma
forte possibilidade, — ela confessou. Quando ele soltaria? Ela
precisava da sua mão no papel.
Ele apertou os lábios e murmurou: — Você não me vê
como um senhor da guerra sedento de sangue, vê?
— Claro que eu vejo. — Com a sua mão livre, ela
estendeu a mão para afagar levemente sua bochecha áspera. —
O mais sedento de sangue. Agora, sobre o livro. Uma garota
precisa trabalhar.
Uma pausa. Ela sentiu o calor do olhar dele procurando
em seu rosto. Então ele suspirou. — Eu mereço isso, eu
realmente mereço.
— Não se preocupe, querido, — ela entoou. — Você não
me merece – ainda-, mas continue aprimorando as suas falhas
de personalidade, e você o fará. — Livro! Livro! Livro! Ela puxou
a mão.
Por fim, ele a soltou. Contente, ela fez isso; ela deslizou
as pontas dos dedos sobre a borda externa de uma página e
gemeu de satisfação. Os formigamentos mágicos se
intensificaram.
— Bem? — ele resmungou.
Ela estudou os símbolos, mas... nada foi traduzido.
Hmm. Ela traçou um desenho em redemoinho, depois outro,
mas, novamente, nenhuma parte do código se revelou. — Eu
sinto muito. Eu posso sentir a magia, eu posso. É
estranhamente envolvente, mas também desinteressado em se
abrir para mim.
Um momento passou em um silêncio conciso. — Eu disse
que daria tudo o que você desejasse se você decodificasse isso,
e eu quis dizer isso. Riqueza. Outra lista de pessoas mortas.
Orgasmos suficientes para colocá-la em coma de felicidade.
Vou mover o céu e a terra para ter o trabalho feito Sundae.
Ainda nesta altura, ela queria tudo isso e muito mais. —
Posso ser brutalmente honesta com você? — ela perguntou
quando Dawn se sentou debaixo da mesa, deitando-se aos pés
dela.
Ele olhou para Sunny, incrédulo. — Você quer dizer que
tem sido gentil comigo até agora?
Sim! — Primeiro, você vai me dar orgasmos, de qualquer
maneira. Nós vamos fazer sexo, e nós dois sabemos disso.
Segundo, deixando você me dar orgasmos, estou lhe fazendo
outro favor. Que significa que você me deve muito. Mas não se
preocupe. Eu vou decodificar isso. A magia pode estar se
fazendo de difícil, mas quer que eu ganhe. — Ela mordeu o
lábio inferior, sabendo que sua próxima sugestão seria recebida
com ira. — Talvez devêssemos levar o livro para o estábulo,
para eu poder ter mais tempo com ele. — Esses símbolos
eram... tão hipnóticos. Fascinantes. Nada a impediria de
descobrir esse mistério. Nada! — Por favorzinho.
Tensão esculpiu linhas finas ao redor de seus olhos
enquanto ele ralhava: — Ele fica aqui.
— Você não está preocupado em manter seu premiado
unicórnio no estábulo, — ela apontou, — então por que se
preocupar com o livro? Deixe-me estudá-lo no conforto da
minha própria prisão.
— Minha casa.
— Nossa casa, — ela corrigiu, nenhum dos lados da sua
natureza tentando puni-lo. — Eu posso libertar você da sua
maldição, William, se você confiar em mim e me deixar estudar.
É verdade, vou ter que fazer uma série de pausas para me dar
prazer. E você terá que me assistir. De que outra forma você vai
aprender? — Tão frequentemente quanto os impulsos sexuais a
ultrapassavam agora, ela precisava armazenar o máximo de
satisfação possível antes do início oficial da época de
acasalamento.
Ele ficou quieto, mil emoções brilhando em seus olhos, lá
e se foi. Ela se perguntou quantos pensamentos ele teria
recebido nessa fração de segundo. — Muito bem, — disse ele,
talvez mais duro do que pretendia. — Vamos levar o livro para
o estábulo. Mas a mesma estipulação se aplica. Você não fará
mal ao livro. E Sundae? Se você tiver necessidades enquanto
estivermos juntos, você me dirá, e eu cuidarei de você, já que
nós dois sabemos que vamos fazer sexo e tudo. Estou
confiando em você com o meu futuro. Você vai confiar em mim
com o seu presente.
— Mas...
— Esse é o meu acordo. É pegar ou largar. — Ele
prendeu uma mecha de cabelo atrás da orelha dela, os nós dos
dedos roçando seu rosto, lembrando-a da sua antiga carícia.
Sua bondade. — E não reclame, — ele acrescentou. — Um
homem tem que fazer o que tem que fazer quando sua mulher
é um unicórnio teimoso e paranoico que não conheceria um
orgasmo se a mordesse na bunda. O que isso pode acontecer.
Eu sou a mulher dele? Sério?
O pensamento... a agradou. Ele a agradou. Ela confiou a
ele certas informações e ele a recompensou, confiando nela
com o seu precioso livro. Agora eles estavam planejando confiar
um no outro com seus corpos.
De alguma forma, o curso da sua vida mudou nos
últimos dois minutos. Foi emocionante. E estressante. E
maravilhoso, terrível, incrível, irritante, perfeito e imperfeito.
Margarida! A verdade a atingiu e bateu com força. Ele a
avisou. Se ele se mudasse, ela cairia. Bem, ele tinha se
mudado, e... estou me apaixonando por ele.
O que ela ia fazer agora?

Capítulo Dezoito

“Sem camisa, sem sapatos, basta tirar tudo.”

Essa fêmea será a minha morte.


Assim que o pensamento foi registrado, a negação soou
na cabeça de William. Ele não estaria morrendo. Nem agora.
Nem mais tarde. Nem nunca.
O instinto exigia que ele vivesse sempre. No entanto,
William tinha um segundo motivo para sobreviver, tão
convincente quanto o primeiro.
Quando ele se mudou com Hades, ele aprendeu que os
espíritos dos mortos subiam ou desciam, sem exceção. Os que
caíram tornaram-se escravos de uma realeza do submundo,
independentemente da sua posição na vida.
Geralmente, os recém-chegados chegavam através de um
ceifador como Lucien. Como guardião da Morte, Lucien sentia
quando alguém morria dentro das fronteiras do seu território.
Ele se transportava para o corpo, libertava o espírito preso
dentro dele e o escoltava para o seu lar eterno.
Todos os dias, reis, rainhas, príncipes e princesas do
Inferno enviavam comboios de demônios para coletar todos os
recém-chegados. Todos eram um jogo justo. Primeiro a chegar,
primeiro a ser servido. A realeza guardava algumas das almas
para si e vendiam o resto. Mas, mantidos ou vendidos, os
mortos sempre acabavam experimentando o seu próprio
remédio. Assassinos eram assassinados repetidamente.
Estupradores eram estuprados repetidamente. Espancadores
eram espancados. Mentirosos perdiam a língua e ladrões
perdiam membros. Por mil razões diferentes, a fuga não era
possível.
Se William morresse e acabasse no território de Lúcifer...
Movimentos sucintos, ele devolveu Sunny e Dawn ao
estábulo, junto com o livro e sua caixa. Dawn correu para
debaixo da cama, seu lugar seguro.
O que ele ia fazer com o unicórnio, ele não sabia. Ele
sabia o que deveria fazer. Deixá-la no estábulo e esquecê-la até
que ela tivesse quebrado a maldição. A cada dia ele a queria
mais. A cada dia ele precisava mais dela. Se ele caísse mais,
ativando a maldição... se ela tentasse matá-lo...
Mas como ele podia abandonar a mulher que consolou
um animal moribundo quando ele morreu? Um coberto de
terra, sangue e sujeira. Uma criatura mítica que Sunny não
conhecia e, no entanto, chorou como se tivesse perdido a sua
melhor amiga.
Tudo nela o atraía. Sua compaixão e lealdade. Sua
honestidade e integridade. Até seu temperamento e seus
castigos. Ela o divertia e o desafiava, despertando a sua mente
tanto quanto o seu corpo.
Ele olhou para o estábulo, encontrando Sunny perto da
saída. Ela pegou a bolsa que ele deixou cair quando ele
apareceu aqui antes e a descobriu perto da porta, pronta para
fugir.
Engraçado, mas ele costumava fazer um portal para ela,
gastando sua magia. Ultimamente, no entanto, ele optou por se
teletransportar. Ele não usava magia dessa maneira, mas ele a
alcançava mais rápido... por que ele estava sempre com pressa
de voltar para ela?
Algo para refletir - mais tarde. Como Sunny desfez as
malas para ele, uma tarefa muito amigável, surgiram novos
desejos. Coisas que ele nunca esperou querer. Uma parceira
amorosa. Companhia. Comunhão de almas. Laços
inquebráveis. Adoração e carinho ao longo da vida. Tudo o que
ele já pensou estar acima. Tudo o que lhe faltava, mas que
temia obter, com a certeza de que seriam tirados dele.
Ele sentiu como se estivesse despertando de um sonho.
Como se ele finalmente, realmente vivesse.
Se eu não tiver essa mulher em meus braços em breve...
E a maldição?
Outro assunto a ser ponderado mais tarde. Aqui, agora,
sua mente continuava em Sunny e em todas as coisas que eles
podiam fazer um com o outro.
Se - quando - eles fizessem sexo, sua conexão emocional
se aprofundaria?
Ele se apaixonaria por ela mais rápido? Mais forte?
No passado, ele usava o sexo para se sentir melhor
consigo mesmo. Ele viu a verdade tão claramente agora. Ele
apenas queria ser desejado. Compreensível, considerando o
trauma que sofreu quando criança. Mas quão diferente seria o
sexo com uma companheira?
Devo saber!
Sunny colocou o seu sistema de videogame na frente da
televisão, depois caminhou até o armário, requebrando os
quadris, fazendo seu pau inchar e doer com ferocidade
crescente.
Controle! — Você joga?
— Ainda não, mas vou aprender e chutar o seu tulipa. —
Ela pendurou uma das camisas dele ao lado de um vestido. —
Estou antecipando muitos beicinhos seus.
Embora ele a tenha ouvido, ele não computou as palavras
dela. Ele ficou encantado com a visão das suas roupas juntas.
Seus aromas se misturariam?
A possessividade o estrangulou, mas a urgência o
dominou. Seus aromas poderiam se misturar de outra
maneira...
Devo tê-la. — Seus problemas de confiança, — disse ele,
com a voz tensa. — Com o que você se preocupou na última vez
que eu te beijei? Além dos meus modos de robô.
Ela pendurou um par de couros dele. — Que você
tentaria me prejudicar ou roubar meu chifre, minha fonte de
vida. Sem ele, perderei minha magia, minha capacidade de
mudar e minha melhor fonte de proteção.
Quantos seres tinham feito uma jogada para pegar aquele
chifre ao longo dos séculos? — Desde que você se recusa a
mudar, não consigo chegar ao seu chifre. Problema resolvido.
Encolher de ombros. Tradução: Você está errado, mas
não confio em você o suficiente para oferecer a verdade. Ainda.
— Trabalhe comigo aqui, Sunny. Fale comigo. Você vai
confiar em mim totalmente eventualmente. Por que não agora?
Pense nisso como seu presente de aniversário de dois dias para
mim.
Anseio suavizou o olhar dela. — Tudo bem. Vou lhe
contar uma pequena história.
Por alguma razão, suas tripas se torceram. Ele tinha a
sensação de que ficaria furioso quando ela terminasse.
— Nossos chifres são condutores de poder. O poder é
uma droga — ela explicou. — Para os demônios especialmente.
— Continue.
— Era uma vez, os unicórnios, todos com doçura e luz,
sem nenhum indício de um lado sombrio. Vivíamos para tornar
o mundo um lugar melhor, ajudando estranhos, concedendo
desejos como um gênio e compartilhando nossas riquezas com
os pobres. O que recebemos em troca? Quase extinção.
Caçadores furtivos montaram armadilhas. Uma bela donzela
em perigo. Uma criança perdida. Depois de nos aprisionarem,
eles removeram nossos chifres para vender aos demônios,
deixando-nos desamparados. Sem mágica. Então Lúcifer e seus
demônios decidiram cortar os intermediários.
Sua angústia rasgou através dele com a velocidade de
uma bala.
E ela não terminou.
— Avançando algumas centenas de anos após o massacre
da minha aldeia. — Ela pendurou outro par de couros, mas
não antes que ele visse um brilho de lágrimas nos olhos e
quase se afastasse para assassinar Lúcifer e apresentar a
cabeça aos pés de Sunny. — Um demônio tinha possuído o
cara que eu estava vendo. Eu não soube até que ele enfiou as
lâminas nos meus ombros e tornozelos, me prendendo. Ele me
pedia para mudar, de novo e de novo, e quando eu recusava,
ele cortava um dos meus dedos das mãos ou os dos pés.
Vermelho pontilhou a sua visão, raiva destruindo o que
restava do seu controle. — Eu vou matá-lo. Tudo o que preciso
é de um nome. — Na verdade, William não precisaria de um se
negociasse com Hades para outra sessão de dez perguntas com
a Esfera do Conhecimento.
Sunny ofereceu um pequeno sorriso suave. — Ele já está
morto. Eu disse a ele que mudaria e de bom grado daria a ele
meu chifre. Unicórnios não podem mentir, então ele acreditou
em mim.
— Mas você o castigou com o chifre. — Uma declaração,
não uma pergunta.
— Oh, sim. Eu mudei e dei a ele o meu chifre, direto em
seu pescoço.
— Boa menina, — ele elogiou, tão orgulhoso dela. Mas,
sua raiva estava longe de ser aplacada. Ele colocou seu livro
precioso na mesa e depois verificou a vitrine. Fechada. — E se
usarmos magia para garantir que eu não possa roubar o seu
chifre?
Choque pulsou dela. — Você faria isso?
Para ela, ele faria muitas coisas que nunca faria por
outra. — Considere o meu presente para você.
Excitação brilhou em sua pele. — Como o feitiço
funcionaria?
— Não é um feitiço, por si só, mas uma promessa mística
inquebrável em palavras ou ações.
— Eu... espera. Minha paranoia está queimando. — A
emoção diminuiu, sua pele foi embotando. — Isso pode ser um
golpe a longo prazo. Voto agora, ataque depois.
— Minha promessa negará qualquer tipo de golpe. Você
vai ver. — Ele torceu o dedo para ela. — Venha aqui.
Sunny hesitou apenas um momento antes de se
aproximar.
— Eu vou fazer uma incisão em cada uma das nossas
palmas das mãos para misturar nosso sangue. — Melhor
explicar todas as etapas do processo, para que ela não queira
atacar. Ninguém tinha um gancho de direita mais cruel. —
Tudo certo?
Uma pausa. Então, com seu olhar esmeralda firme nele,
ela assentiu e disse: — Tudo bem. Vamos fazer isso.

Capítulo Dezenove

“Eu esperarei na esquina do Clímax com a Satisfação.”


Com a mão livre, William pegou uma adaga. Os tremores
de Sunny se intensificaram, mas ela não disparou. Ela está
confiando em mim cada vez mais, e eu estou prestes a cortá-la?
Ele nunca hesitou em machucar alguém, especialmente
se a dor deles o ajudasse. No entanto, o pensamento de Sunny
experimentando a menor pontada o fez rosnar como um animal
selvagem. Ela já sofreu muito. Um casamento de merda, a
perda do seu povo e séculos de confinamento solitário.
Deseja dormir com ela? Mais do que tudo. Então. Comece.
A. Cortar.
Ele fez isso. Ele fez o corte, a incisão o mais superficial
possível, mas ela mal pareceu notar. Quando gotas de
carmesim brotaram, ele puxou a lâmina sobre a própria palma
e ligou os dedos deles, deixando o sangue se misturar.
Ela deslocou-se de um pé para o outro. — Como vou
saber que o feitiço funcionou?
— Você saberá. Você sentirá. Apenas espere. — Olhando
nos olhos dela, ele disse: — Enquanto você não estiver
tentando me matar, juro que não vou roubar seu chifre. Não
contratarei alguém para roubá-lo para mim ou ordenarei que
alguém o faça. Não pretendo obter o chifre posteriormente.
Você aceita minha promessa?
Um aceno atordoado.
— Diga, — ele ordenou.
Ela engoliu em seco. — Eu aceito sua promessa.
Então. Naquele momento. Um raio de energia disparou
dele para ela, e ela ofegou, tropeçando para trás. Sua
mandíbula ficou frouxa. — Você está certo. Eu sinto, sinto —
ela disse, impressionada. — Você realmente não pode - não
pode tocar no meu chifre.
Sabendo que ele havia aliviado seus medos... Ele queria
bater no peito como um gorila. Quão receptiva ela seria aos
avanços dele agora? Ela gostaria dos beijos dele?
Cada fibra do seu ser gritava: Descubra!
Sim. Ele a marcaria com o seu toque, sua essência.
Exploraria a conexão entre nós. A levaria com força e rapidez,
depois lenta e docemente.
Não, não. Não com força e rapidez. Ele poderia despertar
a sua paranoia. Ele iria devagar com ela. Tão malditamente
lento que ele iria agonizar os dois até que eles estivessem à
beira de morrer sem um orgasmo.
A excitação o chamuscou. Como ele existiu sem esse
desejo feroz?
Melhor pergunta: Como ele poderia existir sem ele?
O desejo de agarrá-la, arrancar as suas roupas e jogá-la
na cama, no chão - em qualquer lugar! - o bombardeou.
Não, ainda não. Quebre a maldição, então ganhe a garota.
Ele não sabia se tinha forças para resistir ao desejo e à
necessidade, mas tentaria. — Eu preciso tomar um banho, —
ele conseguiu dizer em um tom um tanto normal, como se não
fosse um animal voraz por dentro. — Eu ainda estou com
sujeira do enterro.
— William, — ela sussurrou, tremendo contra ele. — Você
disse para avisar quando eu precisasse.
Aquele tom melancólico incendiou o seu controle já em
pedaços.
— Você quer ser fodida, Sunny?
A respiração dela ficou presa. — Eu quero.
— Por mim. — Outra afirmação. — Só por mim.
Ela assentiu, de qualquer maneira. — Só você.
— Hoje.
— Hoje, — disse ela, seu perfume incrível envolvendo-o.
— Agora.
Esperar até que ela quebrasse a maldição deixou de ser
uma opção. — Eu vou cuidar de você, como prometido, mas
primeiro eu preciso tomar banho. — Sozinho. Ele tinha que se
acalmar antes de tocá-la. — Enquanto você me espera, por que
não se entrega ao seu passatempo favorito? — Péssima ideia.
Ruim! Ele imaginou isso e quase gozou espontaneamente.
A testa dela franziu. — Você quer dizer matar demônios?
— Quero dizer, dedilhando-se. Faça isso, mas não goze
ou vamos ter que marcar aquelas palmadas da sua lista de
fantasias. — Nada faria ele tomar banho mais rápido. — Seu
próximo clímax pertence a mim.
As pálpebras dela ficaram pesadas e suas pupilas
aumentaram, dois círculos de ônix rodeados por esmeralda. —
As palmadas não estão na minha lista, mas agora vou
adicioná-la. Conte-me. Você prefere ficar de cueca quando eu te
castigar?
Ha! Garota engraçada. — Escolha da senhora. — Sempre.
Sunny tinha uma expressão atordoada e enlouquecida
que ele considerava irresistível. Era justo. Ela o deixava
atordoado e enlouquecido. Ofegando um pouco, ela disse a ele:
— Acho que vou estudar seu livro e esperar a demonstração
prática de habilidade que você me prometeu.
Sirigaita. — Boa decisão.
— Quando eu quebrar sua maldição, você pode me levar
para o palácio de Lúcifer. Eu vou cuidar dele e encontrar Lilith
para você.
O pensamento de Sunny indo para a batalha contra
Lúcifer... Não. Apenas não. Não vai acontecer. Ele encontraria
outra maneira de derrotar seu ex-irmão. E se ele não fosse
embora agora, ele não iria.
Sem fazer nenhuma promessa, ele beijou sua testa e
caminhou até o banheiro, respirando fundo, desesperado por
um golpe de ar sem o seu cheiro enlouquecedor. Sem sorte. A
cabeça dele girou. Sua essência saturava cada centímetro do
estábulo.
Enquanto escovava os dentes, notou os produtos de
higiene dela misturados com os dele, e seu peito inchou de
satisfação. Ela está segura e sob meus cuidados. O resto do
espaço ostentava luminárias em ouro maciço e um chuveiro de
mármore para seis pessoas.
Como jovem príncipe, ele passou por uma fase de orgia.
Ah, as desventuras da juventude.
Ele ligou a água e se despiu. Gotas choveram sobre a
bancada de mármore, formando uma nuvem de vapor. Nu, ele
pisou embaixo da cachoeira. A água quente o encharcou,
lavando sangue e sujeira.
Ele se perguntou se deveria chegar ao clímax aqui
primeiro. Depois que ele gozasse, o sangue voltaria para a sua
cabeça e seu QI de 69 receberia um impulso muito necessário.
Ele se acalmaria, como esperado, e não se precipitaria sobre
ela, perdendo de vista os seus problemas de confiança.
Ele pode ter tropeçado com seu unicórnio no começo,
mas eles chegaram a um entendimento. Ela concordou em
confiar nele. Um teste. Ele tinha que acertar. Mas, gozar agora
aumentaria as chances de ele voltar aos seus modos de “robô”,
um desenvolvimento ainda pior.
Sem gozar primeiro, ele decidiu. Não, é preciso tirar
vantagem. Quando você disputava um campeonato, não
esgotava seu melhor jogador durante o treino.
Ansioso para se juntar a Sunny, William terminou de se
lavar. Ele ancorou uma toalha na cintura. Estou tremendo como
um jovem sem experiência?
Acompanhado por uma névoa úmida, ele saiu do
banheiro. Gotas de água escorriam das pontas dos seus
cabelos, passando pelos sulcos do peito.
Ele viu Sunny imediatamente e parou, com o coração
batendo nas costelas. Ela não estava estudando, isso estava
claro. Ela aceitou a sugestão original dele. Ela estava deitada
na cama, vestida com seda escarlate, suas madeixas rosadas
espalhadas sobre um monte de travesseiros, o medalhão de
ouro em volta do pescoço.

Enquanto deslizava as pontas dos dedos pelo estômago,


dirigindo-se para a calcinha (sem ser a da vovó), ela revirou os
quadris. Antes de chegar ao seu destino, no entanto, ela tirou a
mão. — Dália!
Pedacinho sexy. Ele limpou a boca e desviou o olhar
ganancioso sobre ela. Nunca vi um corpo tão bom. Aqueles seios
luxuriantes estavam cobertos por material puro que brincava
de esconde-esconde com seus mamilos duros como pérolas. A
pele marrom cintilante coberta por um quadro glorioso de
tatuagens de rosas que brilhavam intensamente. Três
diamantes rodeavam o seu umbigo.
Não há nenhuma parte dela que não reivindicarei.
Lentamente.
Ele avançou, parando ao pé da cama. Com uma voz
grossa, ele perguntou: — Por que não termino isso para você?
— Mmm. Sim. — ela disse ofegante. — Termine pra mim.
Estou pronta para tentar coisas com você. Devassas, coisas
selvagens...
Devassas. Selvagens. Sim. Na batalha, seu sangue o
lembrava de combustível. Agora? Seu sangue era como um
vinho escuro e potente. Seu coração disparou, um trem de
carga sem freios.
Quando ela rolou as mãos pela segunda vez e as abaixou,
ele estalou: — Mantenha a mão fora da calcinha, Sundae. Eu
não tento fazer o seu trabalho, então você não deve tentar fazer
o meu.
— Fechado. Mas depressa! Eu estive esperando por você
desde sempre. — Ela segurou seus seios, a tentação
encarnada. — Eu me sinto tão bem, mas eu quero me sentir
melhor.
Depressa? Não dessa vez.
Ele desencadeou um fluxo de magia, e pétalas de rosa
apareceram na cama, cercando Sunny e perfumando o ar.
Ela gritou de alegria, fazendo seu eixo duro como unhas
latejar.
Enquanto ela observava, ele deixou cair a toalha e se
aproximou. Com um gemido, ela ondulou seus quadris com
mais força. Gloriosa mulher.
Se ele não tivesse cuidado, ela seria sua ruína.
Segurando a base da sua ereção e acariciando, ele disse a
ela: — Se eu fizer qualquer coisa que a assuste, diga-me e eu
vou parar. — Não me faça parar...
— William. — Um pedido sussurrado. — Ainda não sei se
estou pronta para o sexo, mas podemos fazer outras coisas,
sim?
— Oh, sim. — Agonizado pelo desejo tumultuado, ele
colocou um joelho na beira do colchão e depois o outro. Ele
agarrou os tornozelos dela e a puxou para baixo, para baixo do
edredom. Pétalas de rosa grudavam na sua pele umedecida.
Direto de um conto de fadas classificado como proibido
para menores, e ela é minha. Minha para sempre. Ele rangeu os
dentes. Correção: minha por enquanto.
Ele plantou os pés dela do lado de fora das coxas dele,
mantendo as pernas abertas. Sua calcinha estava encharcada.
Respirando irregularmente, ele disse: — Eu sei que você
não tem sido a maior fã dos meus beijos. Seja uma querida e
aguente um pouco, está bem?
— S-sim, — ela prometeu. — Eu serei uma querida.
Silenciando um gemido irregular, ele se inclinou sobre ela
e gentilmente pressionou seus lábios. Ele suspeitava que teria
que ajudá-la, mas ela abriu ansiosamente. Ele rolou a língua
na boca dela, registrando o gosto dela. Mais doce do que
nunca. Um rugido de satisfação soou em sua cabeça.
Tão perto de enlouquecer. Devo ser cuidadoso. Mas por
dentro, ele queimava. A qualquer momento, ele esperava pegar
fogo.
Afundando as unhas nas costas dele para segurá-lo no
lugar, ela o beijou de volta. Houve hesitação. Nenhuma
aceitação passiva. Um fervor selvagem tomou conta dela, como
se o seu comportamento de predador tivesse desabilitado
qualquer resistência remanescente.
Antes, ela não o conhecia, por isso não tinha sido capaz
de relaxar na presença dele. Agora? Relaxada? Sua habilidade
inata explodiu em sua mente.
Indiferente a qualquer coisa que não fosse o prazer dela,
ele alcançou entre seus corpos para varrer um dedo ao longo
da borda externa de sua calcinha. Outro suspiro dela.
Tremores mais fortes. Ela o mordeu, chupou, arranhou e se
contorceu.
— O que você está fazendo comigo? — ela murmurou. —
O que está acontecendo?
Eu poderia perguntar a mesma coisa. Ele levantou a
cabeça, deliciando-se quando os arrepios se espalharam por
seus membros. Com um sorriso caloroso, ele disse: — Bem-
vinda ao Prazer 101, querida. A aula já começou e o Professor
Clímax tem uma tarefa prático preparada. As gritadoras
ganham crédito extra.
— Conversando demais. Mais beijos. — Uma demanda
arrastada, sua voz mais rouca que o normal. O tempo todo, ela
continuou revirando os quadris, buscando contato.
Se este foi o resultado de ganhar um pouco de sua
confiança...
Eu quero a sua total confiança. Tudo isso.
Descendo de volta, ele inclinou a sua boca sobre a dela.
Ele não se permitiu pensar, apenas sentir. Ele não reteve nada,
deixando sua língua dominar a dela com golpes fortes. Foi um
beijo quente. Sujo. Imundo, e ele amava cada segundo. Seus
pequenos suspiros e gemidos diziam que ela também.
Então o beijo se tornou nuclear.
Eles se devoraram, respiraram um pelo outro, mas não
foi suficiente. Beijar e tocar nunca seria suficiente. Não com
Sunny. Ele não ficaria feliz até que a possuísse, corpo e alma.
Gentileza além dele, William enfiou a mão sob a calcinha
e mergulhou um dedo em seu calor úmido e liso, arrastando
um gemido dela. De si mesmo. Mais quente que uma forja.
Quando ele provocou seu clitóris com o polegar, suas
paredes internas se fecharam ao redor do dedo que ele inseriu,
e ela gritou, curvando as costas para enviá-lo mais fundo.
— Sexo! Eu quero sexo — ela gritou. — Por favor.
Não. Desta vez, não. Ele não a levaria até que ela
implorasse por sexo antes que ele a tocasse. — Você se importa
comigo, não é, Sundae? Pelo menos um pouco. — O que você
está fazendo? Ele não queria que ela se importasse com ele,
ainda não. Aumentaria a probabilidade de apego e ataques de
ciúmes - seu apego, seus ataques de ciúmes. No entanto, ele
não conseguiu deixar de dizer: — Admita.
— Não vou admitir nada. Pare de falar. — Ela se debateu
embaixo dele, mechas de cabelo dançando sobre o travesseiro.
— Você está arruinando meu zumbido feliz.
— Eu estou, então? — Ele parou de se mover, e as
paredes internas apertadas dela apertaram seu dedo
novamente, como se quisessem prendê-lo lá dentro. O suor
escorria pela testa e pelas têmporas. — Se você quiser que eu
te foda com um dedo, você vai me dizer a verdade. Diga! Diga:
“Eu me importo com você, William”. — Por que você está
insistindo nisso? Por quê? Por quê?
— Eu me importo com... — Com as unhas embutidas nos
ombros dele, ela ondulou contra ele. — Clímax. Me dê um
orgasmo ou assista eu me dando um.
Rangendo os dentes com irritação, mas incapaz de
permanecer imóvel, ele aumentou o ritmo das suas investidas,
movendo o dedo dentro e fora dela mais uma vez, imitando o
sexo. Sua bainha quente se contraiu, e ele sibilou em uma
respiração irregular. Em seu próximo deslizamento para
dentro, ele colocou um segundo dedo dentro dela. Ela estava
apertada. Muito apertada. Estrangulando.
Perfeito.
Ele não duvidaria se já tivessem passado centenas de
anos desde a última vez que ela fez sexo.
— William! — Ela perdeu suas inibições. Ela agarrou as
costas dele, arqueou os quadris e perseguiu os dedos dele a
cada deslizamento. — O que você estiver fazendo, não pare. Por
favor, não pare. É tão bom, baby.
Mmm, sim. Tão bom. Ele precisava de mais, queria tudo.
Não consigo ter o suficiente. Ele lambeu um caminho ardente
até os seios dela e chupou um mamilo duro como contas. Sua
aréola umedecida pelo beijo escureceu como seu doce favorito.
Ele inseriu outro dedo, depois outro, o núcleo escaldante
dela se esticando para acomodar os dedos maiores. Ele os
empurrou para dentro, puxou-os para fora. Dentro, fora.
Dentro, fora.
— Diga ao Dr. Willy suas fantasias mais secretas. —
Cada respiração ofegante dele raspava seu peito, sua voz grave.
— Deveria... ler meu... diário. — Perdida em prazer, ela
balbuciou: — Minha calcinha. Tire-a. Por favor!
— Ainda não, Sundae. — No momento em que a tirasse,
ele estaria dentro dela.
Quando ela girou e puxou os cabelos dele, uma febre de
paixão corava a sua pele brilhante. Encantado, ele desceu.
Depois de prender uma das pernas dela sobre o ombro dele
para mantê-la aberta e vulnerável, ele mexeu no umbigo
enquanto provocava seu clitóris, circulando-o com o polegar, se
aproximando lentamente ...
Mais uma vez, ela se debateu contra ele. A visão dela. A
doçura. O calor e a umidade. Os sons que ela fazia na agonia.
Quero mais. O desejo o arranhava, mas somente quando ela
gritou incoerentemente, quase louca de prazer, ele beijou a sua
barriga, acariciou sua coxa e lambeu a borda externa da
calcinha, aproximando-a cada vez mais de um orgasmo. Tão
perto, quase lá...
Finalmente, ele puxou a sua calcinha para o lado e
colocou a língua em seu clitóris, provando seu mel feminino.
Os olhos dele reviraram. Como uma droga.
Com a próxima lambida, ela endureceu e gozou com um
grito. — Sim! Sim!
Seu corpo foi feito para o sexo. Para ele. Seus gritos
bruscos o emocionaram; o gosto dela o intoxicou. Ainda quero
mais.
Ele voltou com os dedos para a sua abertura e sacudiu a
língua contra o clitóris. Merda! O orgasmo a deixou mais doce.
Quero isso todos os dias. Toda noite.
— Você me fez gozar. Você me fez gozar e foi muito
melhor do que eu esperava — ela murmurou, os olhos
brilhando de admiração. — Faça isso novamente!
Sim. William chupou o seu clitóris, frenético, dedilhando-
a com mais força, mais rápido, empurrando-a rapidamente
pela borda uma segunda vez. Suas paredes internas se
contraíram com mais força, ele se maravilhou. Eu fiz isso. Eu.
Quando saiu do seu clímax, seus calafrios diminuíram e
ela caiu contra o colchão, mas o pulso na base do pescoço
continuava acelerado. Ele queria rugir com o triunfo.
Finalmente, ela se espreguiçou com satisfação lânguida e
soltou um suspiro pesado.
Ele assistiu tudo, encantado, seu eixo latejando.
Grânulos de pré-sêmen umedeceram a fenda quando ele se
ajoelhava.
— Isso foi incrível, — ela respirou. — Quero passar as
próximas mil horas dissecando todas as sensações.
Todas as suas inalações arranhavam o seu peito cru,
suas respirações pareciam adagas. — Oh, vamos discutir isso.
— Ele ouviria todas as maneiras que a agradara. Ela admitiria
que ele a reivindicou - a possuía. — Mas primeiro...
Sunny encontrou o seu olhar, um sorriso lento erguendo
os cantos da boca dela. — Mas primeiro, é a sua vez.

Capítulo Vinte

“O desejo pode ser poderoso, mas inconstante, especialmente


depois de um homem enlouquecer.”
Incrível o que uma sensação de segurança pode fazer.
Removendo uma possível amputação do chifre da
equação, e, bum, Sunny não tinha resistência a William. Ele
lhe deu o prazer mais sublime da sua vida, e ela se deliciou,
seu corpo desossado, sua mente em total paz.
Essa era realmente a vida dela agora? Camas com pétalas
de rosa espalhadas. Um namorado outrora falso, com potencial
para se tornar a coisa real, que tinha uma língua perversa e
um toque arrebatador. Felicidade. Conexão, companheirismo,
comunhão. Excitação.
Desistir disso? Nunca!
O fato de ela ter tido um orgasmo com outra pessoa,
experimentando o êxtase como nunca havia conhecido, tudo
sem o implacável impulso da época de acasalamento... era
enorme! Agora? Eu estou viciada.
O homem a refez. De shifter de unicórnio a deusa do
sexo. Não sabia o que estava perdendo.
Mas com prazer vieram as complicações. Nunca tinha se
sentido mais vulnerável. Nunca tinha sentido tanta ternura por
um homem. Ou por qualquer um! O instinto exigia que ela se
afastasse - fugisse - de William antes de se machucar.
Compreensível. Desde o nascimento até o momento, ela
só conseguiu confiar em si mesma. À medida que a conexão se
fortalecia, e se eles continuassem fazendo isso, William
ganharia poder sobre ela. O poder de construí-la ou derrubá-la.
Se alguma vez ele se virasse para outra...
Ele não vai! Enquanto ele tinha seus dedos enterrados
dentro dela, ele a empurrou para admitir que ela se importava
com ele. Algo completamente fora do personagem que a fez
pensar que ele tinha começado a se importar com ela. Seu
coração disparou com a possibilidade.
Será que ele tinha? Ela olhou para o rosto bonito dele,
não ousando ter esperança. Sua pele corada brilhava com suor,
seus lábios vermelhos e inchados dos seus beijos. Mas seus
olhos... estavam pesados, suas íris chocantemente ferozes. Em
suas profundezas, ela viu uma necessidade impressionante,
calor, fome e agressão. Obsessão.
Temor. Como se ela tivesse lhe dado algo que ninguém
mais tinha. Mas o quê?
Nunca um homem olhou para ela dessa maneira - sua
vida nunca tinha sido tão cheia de promessas. Talvez ele se
importe comigo.
Com uma voz tão indutora de arrepio quanto sua
expressão, ele perguntou: — Coloquei a minha Sundae em
coma de felicidade? Ou estamos interpretando a Bela
Adormecida?
Dália! Como alguém poderia ser tão deliciosamente
brincalhão e ameaçador ao mesmo tempo?
E ele nem terminou. — Você precisa de outro beijo aqui?
— Ele pressionou a ponta do polegar contra seu clitóris
sensível, fazendo seus quadris estremecerem.
Embora ela tenha atingido o clímax apenas alguns
segundos atrás - duas vezes! - a excitação aumentou
novamente, seu corpo se preparando para outro ataque sexual.
— Quem disse que eu sou a Bela Adormecida nesta
fantasia? — Usando um golpe de combate que ela aprendeu ao
treinar para derrubar caçadores, Sunny envolveu as pernas em
volta da cintura de William, enganchou os tornozelos e segurou
a parte de trás do pescoço dele, depois colocou o seu corpo sob
o dela.
Enquanto ele quicava no colchão, as pétalas de rosa
grudaram em sua pele e ele riu. Mas a sua diversão não durou
muito, a sua fome era muito grande.
Com um gemido trêmulo, ela montou nele. O ar frio
beijou seus mamilos doloridos, um delicioso calor se
acumulando entre as suas pernas.
Quando ele dobrou os joelhos, seu corpo embalando o
dela, ela esfregou a calcinha molhada sobre o seu eixo e traçou
os dedos ao redor dos seus mamilos. Pequenos, marrons e
duros como uma rocha. Relâmpagos bifurcados sobre a pele
dele, estalando logo abaixo da superfície.
Uma verdadeira recompensa de prazeres masculinos jazia
sob ela, seu eixo massivo pulsando entre eles. Por onde
começar? O que fazer?
Por que não viver uma fantasia e fazer algo que ela
sempre quis experimentar?
— Acalme-se, fique à vontade, — ela disse, mordiscando
o queixo dele. — Eu tenho planos para você.
Ele estendeu a mão para segurar o seu queixo. — Você
faz um bom plano, não é?
— O melhor... provavelmente. Nós descobriremos juntos.
Músculos flexionados em seu abdômen. — Você nunca
fez isso antes?
— Nunca confiei em ninguém o suficiente. — Como a
inexperiência dela com esse ato se compara as especialistas
que ele costumava dormir? O medo tentou um golpe, mas ela o
cortou de joelhos.
A intriga consumiu a sua expressão. Voz como cascalho,
mais uma vez, ele disse: — Aviso justo, beleza. Isso será o
equivalente a fazer o teste de motorista em um caminhão Mack.
Mas quero que você goste disso, então vou fingir ser um
cavalheiro pela primeira vez na vida e fazer uma retirada de
cortesia. — Em um volume mais baixo, ele acrescentou: —
Espero que eu sobreviva.
Que camélia! Primeiro, o novo carinho recebeu uma
crítica de cinco estrelas. Segundo... — Você vai tirar a minha
recompensa por um trabalho bem feito? — Ela fez beicinho.
Ele deu uma daqueles piscadas patenteadas do tipo “você
acabou de virar o meu mundo de cabeça para baixo”, e ela
sabia que o havia encantado. — Você me convenceu. — Ele
entrelaçou as mãos atrás da cabeça, tudo o que você pode me
servir, moça. — Juro que darei a você cada gota da sua
recompensa. Porque sou um doador.
Ele era a personificação viva da carnalidade. Ansiando
por ele, ela beijou, lambeu e beliscou o caminho pelo torso dele,
enquanto as mãos dela exploravam os muitos planos e cumes
do corpo dele. Quanto mais ao sul ela viajava, mais ele
rosnava. Uma das mãos dele se aventurou nos cabelos dela,
apertando os fios; a outra agarrou a cabeceira atrás dele.
Quando Sunny alcançou o objeto do seu desejo, ela
lambeu os lábios. O homem era pendurado. Caminhão Mack?
Tente o avião Mack.
Embora o ego dele não precisava de um impulso, ela não
podia elogiar a besta diante dela. — Se você quiser me mandar
uma foto do seu paupixel não solicitada, eu não me importo, —
ela admitiu, dando uma risada. — E sim, posso dizer paupixel.
Meu filtro mágico considera isso um absurdo.
Sua risada se transformou em um gemido quando ela
colocou os dedos ao redor da base da sua ereção. Quente como
fogo, duro como aço, macio como seda.
— Você não vai mais me provocar, — ele disse em voz
baixa, ferozmente. — Preciso disso. Preciso de você.
Ele deve gozar para cuidar de mim.
Sunny inclinou a cabeça, a respiração soprando sobre a
coroa. Quando ele emitiu um grito rouco, ela chupou seu
comprimento profundamente. Tão profundo que seu reflexo de
vômito entrou em ação. Ela parou? De jeito nenhum! Ela fez
isso de novo e de novo. Como ela não conseguia fazer tudo
caber na boca, ela também tinha que usar a mão, acariciando e
chupando, chupando e acariciando, provando a evidência
intoxicante do seu desejo.
Uma série de maldições sombrias o deixou. Então ele
rosnou: — Você quer que meu prazer exploda de mim, não é,
beleza?
— Ainda não! — Não estou pronta para isso terminar. Ela
diminuiu o ritmo e aliviou a sucção. Para cima, para baixo.
Para cima, para baixo.
— Sundae. — Seu tom severo transformou o seu apelido
em uma bomba-F. — Mais rápido! Mais forte! Eu vou te dar
meu gozo.
Para cima. Para baixo. Nunca quero que isso acabe. Mais
uma vez, ela diminuiu a velocidade, aliviando o aperto. Mais
uma vez ele amaldiçoou.
Eu fiz isso. Eu. O acelerou e o enlouqueceu. O poder
feminino foi direto para a sua cabeça, deixando-a louca, até
que ela se sentiu como se não tivesse tido um orgasmo apenas
alguns minutos atrás. Ela estava dolorida. Ela ansiava. Com a
mão livre, ela segurou seus testículos; outra maldição mais
sombria o deixou. Dessa vez, ele soltou o cabelo dela, sacudiu-
se na vertical e agarrou um dos tornozelos.
— Minha beleza gosta de provocar? Muito bem. — Alguns
puxões, e ele manobrou sua metade inferior ao lado de sua
metade superior, depois empurrou a calcinha para o lado e,
lentamente, se banqueteou languidamente em seu núcleo
necessitado.
Cravo! Dália! O prazer a atravessou, um tormento
requintado. Ele vagarosamente jogou a língua contra o clitóris,
e ela gemeu. Seu coração disparou e seu sangue ardeu.
Esperando que ele aumentasse seu ritmo se ela fizesse o
mesmo, ela chupou sua ereção cada vez mais rápido,
exatamente como ele havia solicitado. Qualquer coisa por outro
clímax!
Mais rápido.
Mais forte.
Ele fez! Ele combinou com o ritmo dela. A pressão
aumentou, suas terminações nervosas vibrando, sua pele
esticada. Quando ele deslizou um, dois dedos dentro dela e os
virou...
Oh. Oh! A qualquer momento, ela iria...
Um terceiro orgasmo rasgou através dela, e Sunny gritou
em torno do eixo de William. Quando as paredes internas dela
se fecharam, ele também se lançou sobre a borda, levantando a
pélvis. Seus músculos ficaram tensos, seu orgasmo jorrando
pela garganta dela, um chicote quente após o outro.
Ela engoliu alegremente cada gota.
Com o coração ainda acelerado, ela caiu no colchão, mais
trêmula do que antes. Mais satisfeita e vulnerável também.
Talvez... talvez isso tenha sido um erro?
Felizmente, William teve força suficiente para pegá-la e
aconchegá-la ao seu lado. Eles ficaram assim por vários
minutos, com a respiração acalmando.
— Você adorou isso, — disse ele com um sorriso cheio de
dentes.
Erro ou não, ela não resistiu a esse lado brincalhão dele.
— Eu fiz. Aprender a dirigir um caminhão Mack é divertido. —
Surpreendentemente, essa parte - estar saciada, segurando um
ao outro, compartilhando respirações, comungando - era ainda
mais. O que tornou mais assustadoras as vulnerabilidades.
Pela primeira vez, ela realmente confiou em um homem
com seu corpo e se soltou, experimentando todas as nuances
da sensação. E se ela confiasse nele com o seu futuro também?
Talvez sim, talvez não. Isso era novo para os dois. O
primeiro relacionamento dele e o primeiro orgasmo dela com
outra pessoa. Eles poderiam sustentar isso a longo prazo?
Querendo se agarrar, mas sabendo que ela não deveria -
por ele, por ela - Sunny saiu da cama quando recuperou um
pouco de força. Ela tinha um trabalho a fazer, afinal. Agora,
mais do que nunca, ela queria, precisava, quebrar sua
maldição. E ela faria. Nada e ninguém a impediria.

Capítulo Vinte e Um

“Eu não fico passeando no banco depois de fazer um depósito.


Por que ficar perto de uma mulher depois?”

Willian enrijeceu e latiu: — Onde diabos você pensa que


está indo?
— Para a mesa. — Para que sua beleza masculina não a
atraísse de volta para a cama, Sunny se manteve de costas
para ele enquanto se inclinava para pegar as roupas que havia
deixado cair durante o banho dele. — É hora de trabalhar em
seu livro.
— De jeito nenhum. Ainda não terminamos de aproveitar
12
o êxtase . — Ele piscou atrás dela e a agarrou pela cintura,
depois a jogou de volta na cama.
Ele a manipulou com suavidade e sem o menor cuidado,
ajustando seu corpo contra o dele enquanto o medalhão
balançava entre eles.
Ela tentou fazer uma expressão severa, mas falhou, um
sorriso florescendo. Então, ela tentou um tom severo. — O que
faz você pensar que eu estou interessada em continuar
aproveitando o êxtase? — Não. Outra falha.
Eu iria cometer mil crimes para ficar aproveitando o êxtase
com esse macho. Ela nunca conseguiu fazer isso antes.
— Para começar, sou meio que um gênio.
— Meio que? — Ela levantou uma sobrancelha. — É
como se eu estivesse quase grávida.
Ele entrelaçou os dedos deles. Dar as mãos - outra
primeira vez! Com a mão livre, ele traçou o medalhão. — Meu
superpoder é olhar para uma mulher, qualquer mulher e saber
o que ela quer e precisa.
— Deixe-me adivinhar. A resposta é sempre uma grande
ajuda do Derretedor de Calcinhas. — Sunny apertou levemente
o mamilo dele, garantindo que ela tivesse toda a atenção dele.
— É disso que eu preciso agora? Mais de você? — Ou todo você.
Uau. Todo? Como em tudo... para sempre? Ela engoliu
em seco. William daria tudo de si para uma mulher?
Antes, ela teria dito de jeito nenhum, nem pensar. Agora?
Talvez. Algo significativo havia mudado entre eles. Havia uma
facilidade em suas interações agora, uma intimidade mais
profunda e um chiado mais quente.
— Minha Sundae já teve o que queria. Umas chicotadas
de língua.’ — Ele passou o lóbulo da orelha dela entre os
dentes. — É a minha vez de...
— De jeito nenhum! Você teve a sua vez, assim como eu.
— E eu quero informações, — continuou ele. — Por que
você usa esse medalhão, mas não o outro?
Um tópico garantido para arruinar o clima. Qualquer
detalhe que ela fornecesse poderia, inadvertidamente, revelar
detalhes que ela não estava pronta para que ele soubesse. —
Este foi dado... — Não, escolha errada de palavras. — Veio da
minha mãe. — Melhor. — O outro não.
Ele estudou o medalhão um pouco mais antes de seguir
em frente e segurar seu seio. — O que você faz para se divertir?
Além de caçar e matar seres malignos, quero dizer.
Um gemido ofegante escapou. — Planejo novas maneiras
de caçar e matar seres malignos. Às vezes, tenho Sable ao meu
lado. Ela... — Cravo! Bem, o unicórnio estava fora do saco
agora. Poderia muito bem contar a William o resto. — Quando
Lúcifer destruiu a minha vila, havia seis sobreviventes. Nós nos
separamos, pensando que teríamos mais facilidade em nos
misturarmos com outras espécies. Se precisarmos de outro
unicórnio, por qualquer motivo, enviaremos um SOS mágico.
Algo que fiz antes da conferência. Sable respondeu e me
acompanhou. Ela deveria estar no quarto de hotel à nossa
espera. Ou ela viu um caçador furtivo e correu, ou foi pega.
Estou dizendo a mim mesma que ela está fugindo.
Ele pensou por um momento. — Eu acho que você está
certa. Quando meus homens mataram os caçadores, libertaram
quaisquer prisioneiros, mas não antes de tirarem fotos.
Examinei todas as imagens e não havia um unicórnio.
— Bem, ainda temos os cinco por cento restantes.
— Não. Eles não conseguiram encontrar metade de cinco
por cento porque os caçadores já estavam mortos. Os dois por
cento e meio restantes foram decapitados desde então. Recebi
atualizações por mensagem de texto.
Espere um segundo. Todos os imortais que a caçavam já
estavam mortos e desapareceram? Assim sem mais nem
menos? Ela estava fugindo há séculos e William cuidou do
problema em questão de dias?
Sunny ficou maravilhada. Este homem... Ainda mais
poderoso do que eu imaginava. — Você liberou os outros
criptoanalistas?
— Eu fiz. No início desta manhã, como prometido.
O coração dela disparou. — O que mais você gostaria de
saber, bebê? — Se eles iriam ficar juntos - quanto tempo,
quanto tempo? - ela precisava confiar nele com mais do que seu
corpo. — Ah, e no caso de você não saber, esta é uma situação
de olho por olho. O que quer que você me pergunte, eu posso
perguntar.
— Justo. — O hálito quente dele abanou seus cabelos,
fazendo cócegas em seu couro cabeludo. — Conte-me tudo.
Nenhum detalhe é pequeno demais.
O fato de ele querer saber tudo sobre ela era a cereja em
cima do seu sundae. Eles começaram algo verdadeiro e
significativo, não?
— O que você sabe sobre a sociedade unicórnio? — ela
perguntou.
— Não muito. — Ele passou os dedos pelas cristas da sua
coluna, enviando ondas de prazer branco-quente ao longo das
suas terminações nervosas. — Eu sei que você se sai melhor
com um bando.
— Isso é verdade. — Oh, como ela sentia falta do bando.
Embora, deitada no conforto do braço de William, ela se
sentisse como se pertencesse pela primeira vez em... sempre.
Um sentimento inebriante. Um que ela nunca queria perder. —
Os rebanhos são como cidades - existem muitos. Bandos são
como bairros nessas cidades. Quanto mais membros, mais
forte é a sua magia. Reis são como presidentes, e príncipes
como governadores. Todos os anos, rebanhos se reúnem para o
Festival de Intercâmbio. As fêmeas que atingiram a idade de
consentimento eram trocadas para impedir a reprodução entre
herdeiros. Eu era a filha do melhor senhor da guerra do rei,
então no dia do meu nascimento, eu estava noiva do príncipe
Blaze, de três anos de idade. Eu tinha dezesseis anos quando
nos casamos. Não sei por que, mas esperava que Blaze parasse
de usar nosso bando como seu harém pessoal. Ele não fez.
Quanto mais ela falava, mais tenso William se tornava, e
ela não precisava se perguntar por quê. Ele já usou o mundo
como seu harém pessoal e ajudou a destruir inúmeros
casamentos. Mas ele e Blaze também tinham diferenças. O
temperamento de William era muito mais violento, mas sua
natureza era muito mais gentil. Ele não mentia. Ele a fazia rir,
algo que Blaze nunca tinha feito.
Ela beijou o lugar logo acima do coração dele, depois
descansou a bochecha ali. A temperatura do corpo dele
aumentou, um calor delicioso a envolveu.
Com as pálpebras ficando pesadas, ela traçou a tatuagem
em seu peito. Duas espadas pequenas que flanqueavam uma
maior. — O que essa imagem significa?
— É o selo de Hades, — ele explicou, depois deu um tapa
na bunda dela. — Vá dormir, Sundae. Você já está a meio do
caminho.
— Não, eu estou... — Um grande bocejo terminou a sua
negação. Bem! Mas ela se recusava a dormir com alguém por
perto, mesmo que esse alguém fosse William. Além disso, ela
não tinha posto nenhuma armadilha. E principalmente, ela não
estava pronta para interromper a conversa deles. — Conte-me
sobre Gillian. Sim, eu sei o nome dela. Não, não vou contar
quem me contou.
Mais uma vez, ele endureceu. — Não preciso perguntar
quem te contou. Eu sei. Pandora. Mas ainda não terminamos
de falar de você.
A sério? — Isso é tão atitude de pênis, — ela resmungou,
e ele riu.
— Atitude de pênis? Você quer dizer paupixel? Não,
13
desculpe, eu falei errado. Você quer dizer pau — ele disse,
seus olhos brilhando de diversão.
— Sim, — ela assobiou. Suas bochechas queimavam, sua
humilhação estragada por outro bocejo de quebrar o queixo. De
um jeito ou de outro, ela aprenderia algo sobre ele hoje. — Não
consigo dizer a palavra com P sem usar outra. — O macho alfa
reverso havia funcionado tão bem antes. Por que não agora? —
Se você quiser adiar a conversa sobre seu antigo amor, tudo
bem. Vou reter sexo até que você mude de ideia. —
Atormentando-o sexualmente... negação do orgasmo...
Inscreva-me!
De onde veio esse lado desonesto?
Ele deve ter gostado, porque sorriu, seus olhos azuis
brilhando. — Você já está retendo sexo, torrãozinho de açúcar.
— Vou suspender sessões de amasso, então.
— Por favor. Agora que você já provou as coisas boas, vai
pular em mim três vezes por dia. No mínimo! Então, vá em
frente. Tente reter sessões de amasso. Atreva-se.
— Você está tão, tão errado sobre eu pular em você. — O
número provavelmente estava mais perto de cinco. Ainda
assim. — Você pediu, conseguiu. Considere a minha loja de
doces fechada.
Numa voz cantarolada, ele disse: — Alguém está
esquecendo a época do acasalamento.
Bem, margarida. — Responda minha pergunta sobre a
garota, e eu poderia - talvez! - abrir a loja de doces de vez em
quando. Como nos feriados. E todas as noites antes de dormir.
Ele exalou um suspiro e, a princípio, ela imaginou que
havia pressionado muito e rápido demais, e ele simplesmente
elaboraria estratégias para correr. Em vez disso, ele a
surpreendeu dizendo: — Eu apenas pensei que amava Gillian
romanticamente. Se tivesse, teria esperado por ela. Mas eu
temia a maldição e continuei dormindo por aí. Isso deveria ter
me levado a entender que cometi um erro e estávamos
destinados a ser amigos, não companheiros de vida.
Infelizmente. Mais tarde, quando ela se casou com outro
homem, meu orgulho foi apunhalado e não o meu coração.
Outra pista que me escapou. Então eu a beijei e percebi que
não tínhamos faísca.
Quando Sunny deslizou as pontas dos dedos pelo esterno
dele, ela sentiu o coração dele saltar e emocionou-se. —
Definitivamente temos uma faísca.
— Não, Sundae, nós temos um inferno.
Nós devemos ter. Estou derretendo... Então, um
pensamento ocorreu, e ela pulou várias respirações. E se ela
fosse a sua companheira? E se ele se apaixonasse por ela?
O coração dela pulou em seguida. Ela queria o amor dele,
apesar da maldição? Oh, cravo. A maldição. Ele não tinha se
permitido amar Gillian por causa disso. Ele poderia não se
permitir amar Sunny, também. Não poderia? Ha! Se alguém
tinha a capacidade de matá-lo, era Sunny e seu chifre. Ele
pode temer mais a maldição.
Palavras começaram a sair dela. — Você pode ficar
tranquilo. Tenho cinquenta por cento, provavelmente
sessenta... setenta e cinco... noventa por cento de certeza de
que sua maldição nunca me afetará.
O coração dele bateu mais rápido contra a mão dela. —
Explique.
— Alguns imortais são à prova de balas. Eu sou à prova
de maldição, porque chifres são sifões tanto quanto
condutores. Feitiços e maldições não ficam.
Emoções diferentes passaram pelas feições dele.
Esperança. Dúvida. Excitação. Medo. — Você consegue sugar a
maldição de mim?
— Eu gostaria, mas não. Faz parte de você há tanto
tempo que está ligada a você. Removê-la mataria você, da
mesma forma que remover um demônio mata aquele que está
possuído. Você precisará de algum tipo de colcha de retalhos
espiritual depois, e essa não é minha especialidade.
Ele exalou esperança e decepção, um após o outro. O
primeiro a aqueceu, mas o segundo afugentou o calor,
deixando-a gelada.
— Conte-me sobre sua infância, — disse ela, tão
determinada a distraí-lo quanto estava curiosa.
Ele ficou tenso. — Não me lembro da minha infância.
Verdadeiramente? — Nem uma única memória?
— Há uma.— Com uma mão debaixo do joelho dela, ele
colocou a perna dela sobre a dele, agarrando-a, como se
precisasse de uma âncora para continuar. Mas isso não
poderia estar certo. Poderia? — Eu vejo a memória nos meus
sonhos, — continuou ele, sua voz tão quebrada que era quase
irreconhecível. — Um Enviado diz a mim e a outro garoto que
ela nos ama, mas nunca deveríamos ter nascido. Um homem
sem rosto aparece atrás dela e afunda uma lâmina em seu
coração. Então a memória fica em branco.
— Oh, William. Eu sinto muito. — Que coisa terrível para
dizer a uma criança. Ou para qualquer um! — Para o registro,
estou muito feliz que você nasceu. — Para provar isso, ela
beijou um canto da boca dele. Uma vez, duas vezes.
O homem querido ergueu o queixo para lhe dar um
melhor acesso, e ela plantou beijos na testa, nas têmporas, na
ponta do nariz.
— Compartilhei a memória com Hades, e ele me disse
para esquecer a mulher e o menino. — Quanto mais ele falava,
mais facilmente as palavras pareciam fluir dele. — Eu nunca
mais deveria voltar a falar disso, pois todas as paredes têm
ouvidos e, se alguém descobrisse a minha conexão com o
garoto, ou se alguma vez eu me encontrasse com ele, uma
parte de mim morreria.
Ainda assim, ele havia dito a ela. Ele não apenas gosta de
mim. Ele se importa comigo. — Obrigada por confiar em mim, —
disse ela, derretendo mais rápido. — O que aconteceu com o
resto das suas memórias, bebê?
O ressentimento congelou os seus olhos. — Eu acredito
que alguém apagou. Só não sei por quê.
— Uh, existem muito poucas maneiras de apagar a mente
de um imortal. Como membros e apêndices, as memórias
podem se regenerar. Existem exceções? Sim. Mas acho que
suas memórias foram escondidas com magia em vez de
apagadas. Se for esse o caso, eu posso ajudá-lo. Talvez.
Provavelmente. O problema é que não sinto uma maldição em
você. — Ela lembrou a barreira que havia encontrado quando
tocou o livro pela primeira vez. Revigorada por causa de alguns
orgasmos, sua mente estava clara pela primeira vez em
séculos, a resposta se cristalizou. Animada, ela disse a ele: —
Acho que a bruxa usou o qualificador mágico.
Ele franziu a testa. — Explique.
— A mulher que você ama o matará, mas somente depois
que você se apaixonar por ela, certo? Bem, Lilith garantiu que a
maldição não poderia ser eliminada de você, apenas da mulher.
— Ela bocejou novamente, sua excitação não era páreo para o
cansaço crescente.
Suas pálpebras ficaram mais e mais pesadas. Muito
pesada para aguentar. — William, — disse ela, parecendo
drogada. — Acho que estou prestes a adormecer... não consigo
parar. Você sabe quanto tempo faz desde que eu... — O mundo
ficou escuro e Sunny não sabia mais nada.

Capítulo Vinte e Dois

“Odeie teus vizinhos.”

William segurou uma Sunny adormecida por horas, seu


corpo completamente saciado pela primeira vez em... alguma
vez? Um milagre, considerando que eles nem sequer fizeram
sexo. O unicórnio realmente era, bem, um unicórnio. Único. E
meu.
A luz da lua penetrava pela janela para pintar suas
feições suavizadas pelo sono com ouro. Ele já tinha tido uma
visão mais requintada? Ela não tinha tensão, nem medos.
Ele endureceu, pronto para outra rodada - quando não
estava pronto com ela? -, mas preferia morrer a acordá-la.
Ele lembrou-se do dia em que se conheceram, de como
ela parecia cansada. Até agora, ele não havia percebido que os
seus problemas de confiança a mantinham acordada durante a
noite.
Quando foi a última vez que ela dormiu profundamente,
morta para o mundo? A admiração em seu tom quando ela se
afastou... Tinha que ser anos, talvez até séculos.
Uma pontada ameaçou rasgá-lo em dois. O que ele ia
fazer com seu unicórnio?
Pela primeira vez, ele não pensou em sua próxima
conquista. Por que ele deveria? Com Sunny, ele esteve
presente, totalmente envolvido enquanto a observava descobrir
o prazer de ter um parceiro. Fale sobre uma revelação!
A única desvantagem? Ela nunca admitiu que se
importava com ele. A falta de suas palavras não deveria
importar. Eles estavam melhor não se importando um com o
outro agora. Mas a falta o incomodava, porra! Ela o conheceu
melhor, então deveria se importar. Era justo, já que ela o fez se
importar com ela.
William passou a mão pelo rosto. Ele se importava. Ele se
importava com a companheira que meio que tinha concordado
em namorar. Mesmo agora, ele se agarrava a ela e não
conseguia se forçar a parar. De alguma forma, ela abriu
caminho sob a pele dele. Portanto, ele precisava abrir caminho
sob a dela. Porque karma.
Ela soltou um suspiro e ele se pegou sorrindo com
satisfação. Contentamento. Enquanto a abraçava.
Percorrendo uma estrada perigosa. Se a maldição fosse
ativada, afetando Sunny, o que ele faria? O que ele poderia
fazer? Seu estômago se revirou com o pensamento. Ele não a
eliminaria e não conseguia silenciar os sentimentos que já
tinha.
Talvez se ele a trancasse até ela decodificar
completamente o livro?
Não, ela o odiaria por isso. Como punição, ela se
recusaria a ajudá-lo. No começo, de qualquer maneira. Se
decodificar o livro fosse a única chave para sua liberdade, ela
mudaria de ideia em breve. Mas caramba, ele não queria seguir
esse caminho. A culpa o arruinaria. Eles não teriam futuro.

Olhe para mim. Planejando com antecedência para salvar


um relacionamento.
Ele queria mais noites como esta. Sunny se desfazendo
enquanto ele a lambia. Conversando depois. Abraçando.
Compartilhando respirações e memórias.
Ela poderia libertar as suas memórias, além de decifrar o
livro? Ah, para lembrar Axel e seus pais... conhecer sua
linhagem ... descobrir o que perderam e porquê ... William teria
tudo o que sempre quis. Quase. Ele ainda tinha que encontrar
a décima coroa do inferno.

Seus ouvidos tremeram quando barulhos diferentes


penetraram no estábulo. Se alguém acordasse Sunny, alguém
morreria.
William piscou para o lado da cama, onde vestiu seus
couros. Depois de fechar o zíper, ele foi para fora. Dois
Enviados estavam encostados na parede do estábulo,
posicionados entre dois dos espigões de Sunny, dando um ao
outro um pouco de RCP sexual.
— Embora eu certamente estou gostando do show, —
disse William, suave, mas ameaçador, — suas vozes têm o
potencial de acordar minha... namorada.
Os dois se separaram, olhando para ele com os olhos
arregalados.
William nunca conheceu o par, nunca havia trabalhado
com eles e não tinha ideia do conhecimento de batalha deles,
mas isso não o impediu de estalar: — Se a acordarem, vocês
morrem. Espalhem a palavra.
Ele não esperou por uma resposta, apenas piscou dentro
estábulo. Depois que ele tirou a roupa, tirou o celular do bolso
e mudou para o modo silencioso, ele deslizou para debaixo das
cobertas, o calor do corpo de Sunny e o doce aroma o
envolvendo. Como regressar para casa.
Ele imaginou mantê-la... para sempre. Acordando com
seu sorriso radiante todas as manhãs. Ser chamado em sua
merda sempre. Provocando-a por causa do seu mau humor.
Debatendo quando ela dizia coisas ilógicas. Argumentando,
barganhando. Brincadeiras. Fazendo-a corar com insinuações.
Preocupando-se o suficiente para ficar por aqui e resolver
qualquer problema. Fazendo amor todas as noites, levando seu
corpo a novas alturas sexuais. Parecia... o paraíso. Um futuro
que ele nunca ousou querer. E ainda não podia. Ainda.
Depois de derrotar Lúcifer e encontrar a décima coroa,
William se tornaria um rei do submundo. Um rei precisava de
uma rainha.
Sunny... minha rainha.
A ideia é bastante atraente.
Um shifter de unicórnio era um companheiro improvável
para um rei do submundo, sim. Um era sombrio, um era de
luz. Um era (um pouco) bom, o outro (um pouco) ruim. Mas,
oh, a diversão que eles teriam.
Seu celular vibrou, invadindo as suas reflexões. Com
cuidado para não perturbar Sunny, ele verificou a tela.
Papai Querido: Minhas desculpas por perder a
batalha do pré jantar. Volte amanhã à noite.
Conversaremos sobre Axel. Desta vez, traga a garota. Eu
gostaria de conhecer a mulher que Rathbone chama de a
nova estrela do repertório mental dele.

Primeiro, Rathbone era um idiota. Segundo, William


ainda temia apresentar Sunny ao seu pai. Hades odiava
Gillian. Muito fraca, ele disse. Não é para você, ele acrescentou.
O que ele diria sobre Sunny?

Ele mandou uma mensagem de volta. Estaremos lá.


Agora, faça-nos um favor e se recomponha. Tenho um
anúncio a ser fazer.

Vários minutos se passaram antes que uma resposta


chegasse.
William checou as suas bolas. Sim, ele ainda as tinha.
Hora de enlouquecer e fazer o seu pai ver a verdade. Ele digitou
outro texto. Pronto? Eu te amo. Eu vou sempre amar você.
Conhecer Axel não vai mudar isso.
Pronto. Feito. Agora a espera...

Papai Querido: Vai mudar. VOCÊ irá. Eu sei disso sem


qualquer dúvida. Não o procure até que tenhamos
conversado. Até lá, pense no que é mais importante. O pai
que criou você, ou o irmão que esqueceu você.

William estalou a mandíbula. Então, nenhuma


declaração de amor do pai querido. Tudo bem então. É claro
que, pelo que ele sabia, Hades nunca tinha dito essas três
pequenas palavras para ninguém.
Embora desapontado, ele voltou a sua atenção para sua
próxima ordem de trabalhos, abrindo uma mensagem de grupo
com seus filhos. Ele digitou, Eu tenho outra tarefa secreta
para vocês. Existem cinco shifters de unicórnio soltos por
aí. Uma se chama Sable. Encontrem-na. Não perguntem o
porquê, apenas façam.
Black Attack: Por quê?
Red Abed: Por quêêêê?
Green Machine: POR QUÊ, PAPA, POR QUÊ??????

Ok, seus filhos também eram idiotas.


Green Machine: Os shifters de unicórnio não estão
extintos?
William: Eles não estão. Procurem o mais rápido
possível. Alguma pista sobre Evelina ou Lilith?
Black Attack: Lucy tem homens procurando por
Evelina, e eu ouvi um mencionar um possível avistamento
em Listeria. Estarei lá dentro de uma hora. Nada sobre
Lilith.
Lucy - um nome ódio-carinhoso para Lúcifer. Listeria -
um reino do Inferno nomeado antes da bactéria, conhecido por
sua atmosfera tóxica e habitantes criminosos.
Red Abed: Estou no meio de um interrogatório com o
soldado Black. Se ele souber mais alguma coisa, eu
saberei algo mais. Em breve.

Red incluiu um vídeo com seu texto. Nele, um demônio


de um metro e oitenta de altura estava amarrado a uma
prateleira, soluçando. O demônio tinha chifres de marfim e
uma cauda bifurcada. Cada um de seus membros estava mole,
as suas articulações arrancadas. Sangue e suor escorriam das
escamas cinzentas. Seus olhos foram removidos, deixando
duas cavidades ensanguentadas.

William: Continuem com o bom trabalho. A propósito.


Hades quer um jantar em família amanhã à noite e eu
gostaria que vocês estivessem lá.
Não querendo cometer o erro de seu pai, ele acrescentou:
Você são uns merdas, mas eu amo vocês. Feito isso, ele
deixou o telefone de lado e ...
Seu olhar iluminou-se no diário de Sunny. Estava do
outro lado do quarto em cima da mesa. O pulso dele acelerou.
Ela gostava de escrever suas fantasias. Um erro - para ela. Ele
já decidiu ler todas as palavras. Por que esperar?
Quando a luz do sol substituiu a luz da lua, iluminando o
estábulo, William escorregou da cama e vestiu os couros mais
uma vez. Deixar o corpo macio, quente e de mudar o mundo de
Sunny se mostrou mais difícil desta vez. Mas ele fez isso, a
chance de recompensa era grande. Ele foi até a mesa para
folhear as páginas. Cada passagem, exceto uma, foi escrita em
código - a passagem escrita sobre ele. Os cantos da boca dele
se curvaram. Ela quer que eu leia isso. Que novo tormento ela
tinha reservado?
Ele examinou as palavras e descobriu uma lista de
quinze posições sexuais. Coisas que ele nunca ouviu falar. O
vaqueiro brasileiro. O despreocupado e cheio de curvas. O
domador de cobra assada. Ao lado de cada posição havia um
nome. Lucien. Green. Rathbone. Os homens com quem ela
queria praticar?
Que diabos?
Ela vai longe demais! Com o livro na mão, William voltou
para a cama. Ao longo do caminho, ele viu Dawn espreitando
debaixo da cama. Merda. Ele precisava fazer provisões para ela.
Ele fez uma pausa o suficiente longa para criar uma
porta de cachorrinho, depois isolou uma seção do lado de fora,
acrescentando grama. Lá dentro, ele conjurou uma tigela de
comida e água e um punhado de brinquedos para mastigar.
Dawn correu, uma cabeça bebendo e a outra comendo.
Feito isso, ele terminou sua jornada para a cama e
acordou Sunny. — Sunday Lane, você me diz o que é isso ou
haverá sangue!
Ela piscou os olhos e presenteou-o com um sorriso lento
e sonolento. — Bom dia para você também, querido. — O
sorriso desapareceu quando seus olhos clarearam e seu queixo
caiu. — É manhã. Eu dormi. Eu dormi uma noite inteira.
Mechas de cabelo rosa emaranhadas enquanto ela
esticava seu corpo glorioso vestido com lingerie. O lençol
deslocou-se, revelando a maior parte de seu torso. O ar frio
enrugou os seus mamilos rosados.
Ele tentou desviar o olhar. Ele tentou. Ele olhou em vez
disso, seu eixo endurecendo. Chocante.
Quando ela o olhou e lambeu os lábios, ele só ficou mais
duro.
— Responda-me, — ele retrucou.
Ainda se alongando, ela disse: — Claro. Se você
perguntar gentilmente.
Viu! Já chamando a minha merda. Respire fundo, expire.
— Quais são essas posições sexuais e por que você escreveu o
nome de outros homens? Vamos começar com Rathbone. Se
estou moralmente comprometido, ele é moralmente corrupto.
Você sabia que ele tem um harém cheio de belezas? E eu
estava lá no dia em que ele prendeu a sua concubina favorita
em uma parede e a fez assistir enquanto ele segurava o outro
amante dela na mesa de jantar, o abriu enquanto ele ainda
estava vivo e serviu seus órgãos aos demônios.
— O que você est... — O olhar dela mergulhou no diário.
Ela riu. — Você foi um idiota para mim, se recusando a me
levar para o jantar de Hades, então eu decidi te punir.
Sedutora diabólica. Aliviado, ele deixou o diário de lado.
— Nesse caso, vou permitir que você me seduza da minha ira.
Depois de me mostrar sua forma de unicórnio.
— Não e não. Mas eu lhe dou permissão para me seduzir.
Ele sentou-se ao lado dela, quadril contra quadril, e
deslizou a mão sob a nuca para levantá-la para uma posição
vertical. Aquelas mechas rosas caíram até a cintura dela.
Apertando as mechas, ele colocou o rosto dela a centímetros do
dele.
— Podemos continuar discutindo, — ele disse, — ou
podemos fazer o que os casais fazem de manhã e seduzir um ao
outro. Escolha da senhora.
— Como você saberia o que os casais fazem de manhã?
Eu sou sua primeira e única namorada.
Bom ponto. — Sunny, — disse ele, mantendo o tom
suave. Não posso me deixar cair mais rápido. Devo colocar
alguma distância entre nós. — Eu sei que brincamos um com o
outro sobre sermos um casal, mas não somos. Ainda não. — É
ela ou eu. Eu escolho... eu?
Primeiro, seus olhos nadavam de dor. Então eles
escureceram e se estreitaram. — Você não se divertiu ontem à
noite?
Seu coração apertou. — Meus rugidos até os céus não
indicaram isso?
Ela não respondeu, apenas se livrou dele. Ele reprimiu
um protesto enquanto ela passeava diante dele, ainda vestida
apenas com suas roupas íntimas. — Quão conveniente é que
você me diga que não somos um casal depois de me dar alguns
orgasmos. Esse era o plano? Me viciar ao seu toque e depois
jogar sua bomba?
Ele quase sorriu. — Você está viciada em meu toque?"
Ela se virou para encará-lo. Então, inexplicavelmente, ela
amoleceu e rastejou até o colo dele para descansar a cabeça no
ombro dele. Com uma voz baixinha, ela disse: — Eu sei que
não somos um casal, ok? Assim como eu sei que você se
importa comigo, quer você admita ou não. Eu me pergunto se
talvez devêssemos ser um casal. A menos que eu não seja o
suficiente para satisfazê-lo? Você ainda deseja outras?
Um músculo saltou sob seus olhos quando ele a abraçou,
prendendo-a no lugar. — Eu não desejo mais ninguém. —
Talvez eu não possa desejar outra... nunca. E ele não ficou em
pânico com o pensamento. — Mas não posso arriscar ativar a
maldição.
— Eu me deixei confiar em você o suficiente para ficar
com você antes de me libertar do cativeiro, e você não pode
confiar em mim o suficiente para arriscar a maldição? — ela
perguntou, irradiando mágoa. — Eu serei honesta. Parte de
mim entende. Mas parte de mim não, porque tenho certeza de
que a maldição não irá... não pode me afetar.
— Não, você acha que não será afetada. Há uma
diferença. — Ele passou a mão para cima e para baixo no braço
dela, exaltando sua pele aveludada. — Decodifique o livro o
mais rápido possível e teremos essa conversa novamente. Sim?
Quando ela achatou as palmas das mãos no peito dele,
suas unhas se afiaram em garras e cortaram sua carne. Ele
deu boas-vindas à picada, mereceu isso. Talvez até desejasse.
Magoá-la desta maneira o magoou .
— Talvez eu não queira ter essa conversa de novo, —
disse ela, irritada agora. — Eu mereço um homem que moverá
o céu e a terra para estar comigo, independentemente das
complicações, que não procurará uma saída antes mesmo de
começarmos. Quem acha que sou o suficiente. Aparentemente,
esse não é você. Então, no final das nossas duas semanas,
seguirei em frente.
Ele a apertou mais. — Sunny...
— Estou prestes a passar a época de acasalamento,
William. Uma época em que meu corpo exige sexo. Vou precisar
de correntes ou de um parceiro disposto, mas me recuso –
recuso-me! - a me acorrentar no submundo, tornando-me
impotente enquanto demônios esperam nas proximidades. —
Um brilho familiar calculista iluminou os seus olhos,
enchendo-o de pavor e emoção. — Gostaria de saber se
Rathbone está disponível.
A raiva ardeu através dele, o desejo de assassinato
retornando rapidamente. Maldita seja ela! E maldito seja o seu
bom argumento. — Eu vou cuidar de você nesta época de
acasalamento.
— Mas apenas se eu decodificar o livro a tempo, certo?
Ele estreitou os olhos.
— Não, obrigada, — disse ela, caminhando com um
encolher de ombros negligente. — Ainda pretendo fazer tudo o
que estiver ao meu alcance para decodificar seu livro antes da
época de acasalamento. Mas depois da época de acasalamento?
Meu itinerário mudou. Vou dar cabo dessa espelunca.
Cada fibra do seu ser se rebelou com o pensamento. Ele
retrucou: — Tente sair ou ficar com outra pessoa. Veja o que
acontece.
Ela não demonstrou qualquer reação à ameaça dele. —
Enquanto eu estiver ocupada decodificando seu livro, seus
filhos estarão por aí espionando. O que você vai fazer?
O jeito que ela ficou rígida, esperando a resposta dele...
Isso importava. Ela queria que ele nomeasse algo específico,
mas o quê? — Eu vou estar planejando, movendo peças vivas
no tabuleiro de xadrez da guerra. Vou antagonizar o inimigo,
para que ele cometa mais erros. Principalmente, vou manter
um shifter de unicórnio focado. — A tarefa mais difícil de todas.

Os ombros dela rolaram para dentro. Portanto, ele não


tinha dado a resposta que ela esperava. Frustração crescente.
— Em outras palavras, — ela disse, — você vai se divertir
enquanto o resto de nós trabalha. — Ela se soltou de seu
abraço e caminhou em direção ao banheiro. — Sim,
definitivamente estou dando um fora daqui o quanto antes.
Considere-nos oficialmente terminados.
Uma negação gritou dentro da sua cabeça. Ele quase a
chamou de volta. Quase caiu de joelhos em agradecimento - a
distância emocional pode salvar suas vidas. No final, ele
apertou os lábios, observando enquanto ela escovava os dentes
e vestia uma blusa e calça jeans.
Sem olhar na direção dele - ela o dispensou, como se ele
não fosse importante - ela se sentou na mesa, abriu a vitrine
do livro e o libertou, ignorando-o.
William rangeu os dentes de trás, uma dor disparando
em sua mandíbula. — Só por curiosidade, o que você gostaria
que eu estivesse fazendo enquanto o restante de vocês
trabalha?
— Algo, qualquer coisa que tenha a ver conosco, não
guerra ou maldições. A propósito, eu fico com o cachorro em
nosso acordo de divórcio.
Eles caíram em silêncio. Horas se passaram, cada uma
mais torturante que a anterior. Eventualmente, ele se levantou
e andou enquanto ela continuava a estudar. Ele lançou olhares
constantes para ela, a mulher ao mesmo tempo um prazer e
um tormento para observar. Quando ela se concentrou
completamente, uma ruga se desenvolveu entre suas
sobrancelhas. Adorável. Quando uma passagem a irritou, ela
mordeu o lábio inferior. Sexy. Quando ela esqueceu a presença
dele, cantarolou a música mais linda que ele já ouviu.
Calmante.
Ele lidou mal com ela - de novo. Mas como ele consertava
o que não deveria querer?
Um barulho estranho chamou sua atenção, e ele franziu
a testa.
Sunny também percebeu, com a cabeça erguida, as
orelhas tremendo. — O que é isso?
Dawn levantou a cabeça do bufê de cachorros e uivou.
— Coloque o livro na vitrine. — Assim que ela obedeceu,
William soltou um fluxo de magia para encantar e trancar o
vidro. Qualquer um que olhasse veria uma boneca de porcelana
assustadora.
Ele caminhou até o armário, vestiu uma camiseta que
dizia “Willy's Delicatessen”, depois pegou algumas adagas e foi
até a porta, Dawn atrás dele.
Os barulhos ficaram mais altos. Lúcifer havia enviado
outra horda?
Adagas na mão, o medalhão ainda queimando um buraco
no bolso, William se preparou e abriu a porta.

Capítulo Vinte e Três

“Cometi apenas um erro na minha longa vida - o tempo em que


pensei ter cometido um erro.”

Sunny e sua ameaça - promessa - de partir devem ter


destruído o cérebro de William. No começo, ele não conseguia
calcular o que estava vendo. Então as sinapses em seu cérebro
começaram a disparar novamente, e ele percebeu que o
exército dos Enviados tinha finalmente chegado. Eles estavam
construindo moradas improvisadas em torno do estábulo, Axel
liderando a tarefa.
Uma vez que ele viu seu irmão, uma pontada familiar de
saudade o lancetou. Pior, um punho parecia envolver o seu
coração e apertar.
Apesar do pedido de Hades de adiar qualquer conversa
com seu irmão, ele não teve forças para recuar e fechar a porta.
Por que ele deveria? Esta era sua chance de provar que ele
poderia manter um relacionamento com Hades e Axel. Então,
no jantar desta noite, ele poderia dar ao rei um relatório de
progresso.
Ele não precisava olhar por cima do ombro para saber
que Sunny estava diminuindo a distância. Embora nem o mais
leve tamborilar acompanhasse seus passos, ele reteve uma
profunda consciência de todos os seus movimentos.
Todos os unicórnios se moviam tão silenciosamente,
nunca transmitindo sua localização?
Chegando ao lado dele, ela se agachou para acariciar
Dawn, o pequeno cão em êxtase. Enquanto Sunny se
endireitava, ele inalou seu perfume incrível, a besta atrás da
sua braguilha tentando se libertar.
Maldita seja ela! Poucas horas atrás, ela o tinha chupado
até secar. Se ele se mantivesse fiel ao caráter, perderia o
interesse assim que gozasse e concentraria seus desejos em
outra pessoa. O próximo desafio. A mais nova diversão. No
entanto...
Nem mesmo perto de terminar com ela. Não consigo nem
imaginar.
Ele poderia fazer o para sempre?
— Ah. Que doce. Você me deu um BCB.
Ele não deveria perguntar. — O que é um BCB?
— Buffet de café da manhã com bolo de carne. — Sunny
balançou as sobrancelhas e abanou as bochechas. — Estou
com fome, então vou precisar de mais de um bolo de carne. Eu
vou levá-lo. E ele. Oh! E ela.
Até aquele momento, ele nunca teve vontade de beijar e
amaldiçoar alguém. — Se você gosta de salsicha, eu tenho uma
suculenta no meu...
— Você não diga isso! — ela chorou, dando-lhe uma
palmada na boca. Diversão escandalizada brilhava em seus
lindos olhos verdes. — Você está arruinando a minha chance
de fazer uma boa refeição! Nossos convidados podem ter uma
ideia errada e pensar que estamos flertando.
— Eu estava errado. Nós somos um casal. Você insistiu
em um relacionamento, afinal, e eu concordei. Nada de recuar.
Ou seja, sim, você fez a minha cama e agora pode se deitar
nela. — Ela poderia estar sendo calculista, mas ele era astuto.
Ele poderia atormentá-la com os seus próprios jogos.
Segurando o pulso dela, ele levou a mão dela à boca e beliscou
a ponta do dedo indicador.
Seus lábios carnudos se separaram em um suspiro, o
som erótico para ele.
Ele olhou fixamente, Sunny um ímã para seu olhar. A luz
a banhava, iluminando sua pele brilhante e a variedade de
sardas que pontilhavam seu nariz. Uma brisa fresca soprou
uma mecha rosa sobre sua bochecha - uma bochecha
atualmente corada pelo calor. Quando ele passou as pontas
dos dedos ao longo da sua mandíbula, sua respiração parou e
seu pulso acelerou.
Toda reação dela provocava uma reação igual nele. Ela
corou; ele também. Sua respiração engatou; a dele também. O
pulso dela acelerou; o dele também.
Sua consciência dela se aguçou, sua mente e corpo se
tornaram uma zona de guerra. Balas de desejo voaram em
todas as direções. Lâminas de necessidade cortaram sua calma
em fitas. Bombas de urgência explodiram, estilhaços embutidos
em todos os seus órgãos.
Quero ela de novo. Quero ela agora. Não puxá-la contra
ele foi a coisa mais difícil que ele já fez. Mas agora não era a
hora certa. Devo resistir. Eu vou resistir.
Mas ele se aproximou, dizendo: — Você me quer mais do
que alguma vez quis alguma coisa. Admita.
Ela se aproximou também, como se estivesse presa na
mesma zona de guerra. — Talvez sim, talvez não.
Definitivamente, não tanto quanto você me quer.
Mais um centímetro, seu coração começando a bater
forte. — Você sente que vai morrer sem o meu beijo. — O que
você está fazendo? Pare! Ele precisava de uma distância
emocional agora. Não isto, seja lá o que isto for.
Com sua próxima inspiração, seus peitos roçaram. A
fricção provocou calor. O calor produziu fogo, as chamas
queimando através do seu controle a uma velocidade
alarmante.
Dane-se a distância emocional.
Com a voz tão devassa quanto o último beijo, ela
sussurrou: — Você faria qualquer coisa para estar comigo.
— Eu não faria. — Eu faria. Uma névoa de excitação
consagrou William. Se ele não deixasse essa mulher nua e na
cama imediatamente, ele iria...
— Estou interrompendo alguma coisa? — Axel
perguntou.
Sunny recuou, assustada, enquanto William lentamente
inclinava a cabeça para se dirigir ao intruso. Se o Enviado fosse
outra pessoa, ele teria pago caro por essa interrupção. O fato
de William ter perdido a noção dos arredores apenas
aprofundou a sua irritação.
Ele arqueou uma sobrancelha. — A intrusão não podia
esperar?
— E perder esse olhar assassino? — Axel fez um barulho
de tsk tsk. Ele usava uma túnica branca, suas asas douradas
brilhando à luz. — É como se você não me conhecesse. Oh,
espere...
William pressionou a língua contra o céu da boca, a
culpa escorrendo de um velho ferimento no coração.
Claramente, Axel ainda nutria ressentimento. Forjar um
relacionamento com ele não seria fácil.
Seu irmão se concentrou em Sunny, inclinando a cabeça
em saudação. — Não fomos apresentados corretamente. Eu sou
Axel, sua mais nova fantasia.
— Prazer em conhecê-lo. Sou Sunny, sua nova obsessão.
Eu sou a ex-namorada desse cara. — Ela apontou o polegar na
direção de William.
— Estamos juntos e somos exclusivos, — gritou William
antes que o Enviado, sorridente, tivesse a chance de responder.
Meu unicórnio. Meu! Onde estava sua paranoia com Axel? Com
Rathbone? — Vou lhe dar o relacionamento que você deseja, —
ele disse, — e você me dará espaço até que o livro seja
decodificado.
— William. Bebê — ela começou, como se tivesse a
paciência de um santo. Ela não tinha. — Você não pode
simplesmente decidir...
— Eu posso, e eu fiz. E, por que não? — ele interveio,
abrindo os braços. — Você fez isso primeiro.
— Sim, e depois eu decidi que estávamos separados. —
Ela virou-se para Axel, dizendo: — Sou solteira e estou à
espreita por um homem honrado interessado em
aproximadamente duas semanas de sexo constante.
Um caldeirão de fúria borbulhou, espumando dentro de
William. Meu unicórnio. Minha decodificadora. Minha mulher.
Ela nunca iria desfrutar da companhia de outro homem. Sou
um príncipe do inferno e não compartilho!
Quando as palavras ecoaram em sua cabeça, ele se
encolheu. Eu acho que estou fazendo beicinho?
— Nós terminamos, sim, — ele conseguiu dizer com mais
calma, mas ferozmente, — mas acabamos de voltar a ficar
juntos.
As feições dela suavizaram, a atitude dele parecia romper
a sua resistência.
— Eu quero voltar a ficar juntos, — ele disse a ela. Ele
encontraria outra maneira de resistir ao apelo dela.
Ela olhou para baixo. Batimento cardíaco. Batimento
cardíaco. Batimento cardíaco. Então ela olhou para ele com
tanta admiração, tanta adoração, que ele só podia cambalear.
Devo ver essa expressão todos os dias pelo resto da eternidade.
Outras mulheres tinham olhado para ele assim? Sim.
Uma vez ou vinte. Mas ele sempre permaneceu inalterado,
porque não o conheciam. Ele não deixou. Com Sunny, ele
queria estufar o peito no estilo de homem das cavernas. Ela o
conhecia melhor e gostava dele, de qualquer maneira.
Axel encostou-se à moldura da porta e cruzou os braços,
acomodando-se. Ele piscou para Sunny e disse: — Se você
decidir abandonar o pequeno Willy, fique à vontade para tentar
me salvar dos meus modos lascivos.
Ela piscou de volta.
A raiva aumentou novamente, William rugiu: — Chega! —
Por que ele não podia prever as reações dessa mulher? Por que
ele gostava da imprevisibilidade dela? Isso o colocava em uma
posição vulnerável. — Axel, esta é Sunny. Sunny, Axel. Meu
irmão... eu acho. — Ele passou um braço em volta da sua
mulher, segurando-a com firmeza, sustentando-a contra ele.
Então, ele arqueou uma sobrancelha para Axel novamente. —
O que nós somos?
Sunny estendeu a mão para afundar as unhas em seu
antebraço, sem dúvida pretendendo afastá-lo. Ela o
surpreendeu derretendo contra ele, embalando sua ereção na
fenda da sua bunda.
A necessidade bateu nele, como se ele nunca tivesse
conhecido um momento de satisfação. Pressão insuportável...
uma necessidade incontrolável de libertação, que somente ela
poderia provocar.
Respira. Dentro, fora. Bom, Bom. Ele começou a se
acalmar.
Exalando simpatia que nunca havia mostrado a William,
Sunny perguntou suavemente a Axel: — Suas memórias de
infância foram enterradas como as de William?
Ele fez uma pausa, ansioso para saber a resposta.
O guerreiro alado fez um aceno com a cabeça, seu bom
humor apagado.
— Pobre bebê. Quando consertamos a cabeça de William,
também consertaremos a sua. — Ela se liberou do aperto de
Willian e deu palmadinhas no braço de Axel. — Que tal levar
essa conversa para dentro, vizinho? Você pode se juntar a mim
para um bom jogo de detetive. Estou tentando descobrir quem
matou a diversão no estábulo com um mau humor. Dica, acho
que o nome dele começa com W e termina com I-L-L-I-A-M.
Sorrindo mais uma vez, Axel permitiu que ela o
manobrasse ao redor de William e Dawn, entrando no estábulo.
Indo para a cozinha, eles inclinaram a cabeça juntos,
sussurrando e rindo.
William mordeu a bochecha, provando sangue. Minha
mulher e meu irmão deveriam estar sussurrando e rindo comigo.
Ele se afastou quando Sunny e Axel se sentaram um em
frente ao outro na mesa. Sunny, por todos os seus defeitos -
teimosa demais também emocional demais, desconfiada e
bonita demais para o seu próprio bem - tinha um núcleo de
honra. Ela não começaria algo com William, e depois seduzir o
irmão dele. Seu flerte deve ter um propósito diferente.
Outra maneira de me atormentar?
Droga, por que eu gosto disso mesmo?
— Vamos garota, — disse ele a Dawn, chutando a porta.
— Vamos falar com meu irmão antes que eu o mate por flertar
com minha namorada. — Ele usou a palavra mais facilmente
agora.
A meio caminho da mesa, ouviu Sunny dizer a Axel: —
Eu estaria interessada em ouvir o que você lembra da sua
infância.
Mais uma vez, William fez uma pausa, seus ouvidos
tremendo enquanto esperava a resposta.
— Talvez eu lhe diga, — respondeu o Enviado, — quando
nos conhecermos melhor. Por que você não me conta tudo
sobre a sua infância?
— Oh. Falar sobre mim? Uh... — Ela se mexeu na
cadeira, subitamente agitada.
Bem, bem. Seus problemas de confiança tinham acabado
de explodir e William queria sorrir. Ela confia em mim e
somente em mim.
Em movimento novamente, ele disse a Axel: — Eu
mantive uma única memória de infância, — assumindo a
conversa, impedindo Sunny de pensar em uma resposta
melhor. — O dia em que uma bela loira alada foi esfaqueada na
nossa frente.
Axel agarrou a borda da mesa, os nós dos dedos
embranquecendo. — Essa é minha única memória também.
Nós éramos bebês. Quero dizer, eu sei que éramos meninos,
mas parecíamos tão... inocentes. Eu sempre pensei em nós
como recém-nascidos.
A comparação fez sentido para ele. Eles pareciam
inocentes. Tão novos. Tão inseguros e confusos. — Você não
sabe quem ela é? — William perguntou.
— Eu questionei meus irmãos repetidamente, mas
apenas Clerici se lembrava dela.
— Clerici? — Sunny perguntou, as sobrancelhas
franzidas.
— Meu líder, o segundo do Altíssimo. — O tom de Axel
demonstrou grande respeito. — Ele me disse que ela não é
minha mãe biológica, que fazia parte de uma facção violenta
conhecida como Wrathlings.
Wrathlings. William ficou tenso. Há muito tempo, um
grupo de dez imortais poderosos se uniu com um único
objetivo: recrutar um exército de seres sobrenaturais. Eles
então usaram esses seres para cruzar espécies predadoras,
criando um exército sobrenatural de criaturas capazes de
executar deuses.
Durante anos, William havia caçado aqueles dez, bem
como seu exército de soldados, todos em nome de Hades. Ele
era um dos deuses que eles tinham como alvo. William tinha
feito seu trabalho, e tinha feito bem. Ele os massacrou, um por
um, varrendo os Wrathlings da existência.
Ele nunca conheceu sua espécie de origem. Finalmente,
ele entendeu o porquê. Ele deve ser um dos mestiços. Um fato
que ele achou perturbador. Não uma criança nascida do amor,
mas um produto feito para a guerra.
Ele matou sua família quando matou os Wrathlings?
Ele cortou um rugido de negação. Não, não! Hades não o
deixou matar seus parentes.
— Isto. É. Dália. Inaceitável! — O rugido de Hades ecoou
nas paredes, como se William o tivesse convocado. — Dália.
Dália!
Ele tinha chegado?
Com um gemido, Dawn mergulhou debaixo da cama.
Sunny ficou de pé e Axel lentamente se levantou. William
manobrou na frente da sua mulher, protegendo-a. Claro, isso
colocou ela e Axel nas costas dele, algo que ele não gostava. Ele
odiava ter alguém nas costas. Mas a segurança deles importava
mais do que o desconforto dele.
— Cuidado com o seu tom, — ele retrucou, olhando
Hades. O homem parecia horrível, seu cabelo preto torcido,
seus olhos escuros avermelhados e brilhando com - de jeito
nenhum. De jeito nenhum seu pai projetava medo. Suas
roupas estavam enrugadas - outra primeira vez - seus
músculos tensos. O que diabos aconteceu com ele?
Uma das primeiras lições que Hades havia ensinado a
William? Sua aparência era uma arma. Com as roupas
adequadas e um comportamento calmo, você pode incutir
terror no coração de qualquer pessoa.
Para o rei vir aqui nesta condição... Algo terrível deve ter
acontecido. Ou ele acabou de saber da chegada de Axel e veio
correndo. De qualquer maneira, a fúria borbulhava novamente.
Muito cru para parar suas próximas palavras, ele
retrucou: — Diga-me o que você sabe sobre os Wrathlings.
A cor sumiu do rosto de Hades - mais uma vez. Mas o
que isso significava? Seu olhar sombrio disparou entre William
e Axel antes que ele apagasse sua expressão de emoção, assim
como ele havia ensinado seus filhos. — Eles estão extintos. O
que mais há para saber?
William lembrou-se do dia em que Hades encontrou
“Scum”. Ele disse: Você tem os olhos dele.
Realização: Hades sabia dos laços de William com o
grupo.
A fúria transbordou, escaldando William. Hades sabia a
verdade, mesmo assim ele ordenou as execuções. Não
importava que ele tenha salvado William de uma vida de
preconceito e obscuridade. Ele deveria ter me dito a verdade e
me dado uma escolha.
— Vamos voltar um pouco. Um rei do inferno usou a
Dália como uma maldição? — Axel riu às gargalhadas. —
Rosas! Lírios! Orquídeas!’
Hades andou em sua direção, toda ameaça e ódio. Mais
uma vez, William agiu como um escudo, pisando na frente de
Axel. Isso enfureceu seu pai, cujos músculos incharam de
agressão.
Sunny mudou-se para o lado de William, pegou a mão
dele e disse a Hades: — Oi, eu sou Sunny. Esta é a minha
casa. Você entrou sem permissão e assustou o meu cachorro.
Peça desculpas antes que eu...
William colocou a mão sobre a boca, silenciando-a.
Aqueles que insultaram ou deram ordens a Hades não
costumavam viver para ver outro nascer do sol. — Sunny,
conheça Hades. Meu pai. Hades, conheça Sunny. Minha
mulher.
O homem a encarou com força, observando todos os
detalhes até que William estalou: — O que você está fazendo
aqui?
Expressão em branco novamente, Hades afastou um
pedaço de cotão invisível do seu ombro. — Eu disse ou não
para você ficar longe do Enviado?
— Você disse. E eu te disse que podia amar vocês dois.
— Amar? — Axel disse, tropeçando para trás.
— Olha, — disse Sunny, sem medo do monstro que ela
provocou. — Esta discussão pode esperar? Axel e eu estamos
prestes a descobrir que tipo de cereal matinal somos.
O Enviado coçou o queixo. — Estou inclinado para o Trix.
Ela deu um sorriso açucarado para Hades. — Estou
pensando que você é uma marca imitação, como Kookies ou
Circus Balls. Ou talvez você seja uma pilha fumegante de purê
de aveia sem sabor.
— Qualquer pessoa sensata sabe que sou Franken Berry.
— Hades apontou para William. — Loops Froot. — para Sunny.
— Lucky Charms. — para Axel. — Fiber One. Agora saia.
— Não. Não penso assim — respondeu Axel com um
sorriso. — Eu gosto daqui.
Hades estalou sua mandíbula, não acostumado a recusas
diretas. — Você partirá por sua própria vontade, ou eu farei
você sair.
Outra lição ensinada pelo rei? Nunca faça uma ameaça, a
menos que você planeje seguir adiante.
Hades sempre seguia adiante.
William massageou a nuca. — Não há razão...
— Vá em frente, — disse Axel, abrindo os braços. — Me
faça.
— Muito bem. — Um tornado de fumaça negra o envolveu
em um instante e atravessou o estábulo, pegou Axel e o jogou
para fora, as portas se fechando atrás dele.
— Fique aqui, — gritou William para Sunny. Como uma
reflexão tardia, ele continuou: — Por favor. — Então ele piscou
para o lado de fora, no meio de centenas de Enviados
carregando madeira e ferramentas. Várias casas já estavam
concluídas. Grandes cabanas com telhados planos para pousos
e decolagens.
Onde estava... ali. Hades estava em forma humanoide
mais uma vez. Ele estava diante de Axel, Zacharel, Bjorn e dois
outros. William pegou o final do que seu pai estava dizendo e
parou.
— ...erguerá suas casas no meu território, não no dele.
Compreenderam? Caso contrário, vocês se encontrarão em
uma guerra contra mim.
Para manter William e Axel separados, Hades havia
acabado de ameaçar entrar em guerra com um aliado...
enquanto já estava em guerra com um inimigo. O que fazer?
Desde o início, William confiara em seu pai tanto quanto
alguém como ele podia confiar em alguém que não fosse ele.
Depois de tudo o que o homem havia feito por ele, agradecido
não chegava nem perto de descrever o que sentia. A mesma
razão pela qual ele permitiu que Hades mantivesse segredos
por tanto tempo, nunca realmente buscando respostas, apesar
de uma necessidade desesperada de saber de onde ele veio.
Agora? Frustração puxava suas cordas. — Hades, — ele
gritou.
Todas as conversas cessaram, o silêncio rastejando sobre
a multidão crescente. Cada olhar o encontrou, incluindo o de
Hades. Ele e o pai se enfrentaram, Axel momentaneamente
esquecido.
Escolhendo se comunicar telepaticamente e manter a
discussão em sigilo, William resmungou: — Eles ficarão aqui,
cercando o estábulo para proteger melhor minha decodificadora.
De repente, o imperturbável Hades parecia totalmente
abalado. Mais uma vez, a cor fugiu das suas bochechas. —
Você escolheu o Enviado em vez de mim?
Pela primeira vez, William achou que seu pai exibia algo
semelhante ao pânico. — Eu escolho não apoiar o homem que se
recusa a me dizer por que ele é contra o meu relacionamento em
potencial com meu irmão.
— Porque... — Hades apertou os lábios, ficando quieto.
Por que, o quê? — William insistiu, recusando-se a deixar
isso passar.
— Porque... eu sei o que você não sabe. Porque eu mantive
você, mas não o Enviado. — Os olhos escuros de Hades
estavam severos. — Há muito tempo, meus oráculos me
apresentaram um dilema. Se você e Axel se reunissem de
verdade, trabalhariam juntos para me matar e tomar o meu
trono. Como posso confiar em você agora?
Capítulo Vinte e Quatro

“Entre no meu caminho e seja abatido. É ciência.”

Sunny flutuou até a cama para persuadir Dawn a sair do


esconderijo. Ela precisava de um confidente, e quem melhor do
que seu bebê querido? Elas poderiam criar laços com
confissões e aconchegos.
— O homem grande e assustador se foi, doçura. Mas
mesmo que ele retorne, você não precisa se preocupar. Nem
agora, nem nunca. Sou sua protetora e nunca deixarei que algo
ruim aconteça com você. Essa é uma promessa de Sunny Lane
com estrela dourada. Uma que eu posso cumprir. Eu sou uma
espécie de super-heroína.
Depois que ela conseguiu que Dawn descansasse
confortavelmente em um travesseiro, ela passou dez minutos
elogiando o cão por sua bravura. Quando ela acariciou sua
barriga, uma das cabeças de Dawn a aninhou enquanto a
outra rosnou e mordeu o pulso com força suficiente para tirar
sangue.
Sunny estremeceu, a mordida dando um soco poderoso.
De jeito nenhum, ela repreenderia a pequena beleza por se
proteger. — Nós seremos melhores amigas. Como eu, você tem
uma natureza dupla, o que pode dificultar a vida. Mas, desde
que você faça o que acredita ser o melhor, nunca terá
arrependimentos.
A mordida cessou, mas o rosnado persistiu. Não importa.
Progresso!
— Adivinha? — ela sussurrou. Ela lançou um olhar ao
redor do celeiro, procurando por qualquer sinal de que alguém
se escondia nas proximidades, ouvindo. — William está se
apaixonando por mim, e não apenas por causa do seu livro.
Quero dizer, por que ele não se apaixonaria por mim? Eu sou
tão boa em sexo agora, ele insiste em um relacionamento
exclusivo, algo que ele nunca fez com outra. Mas, entre nós,
garotas, estou pensando se devo fazer o que ameacei e meter o
pé depois que decodificar o livro e matar o seu irmão. Quero
dizer, William é um projeto. Ele nunca teve uma namorada em
período integral. Estou preocupada que ele fique cansado de
mim. Ele já está enrolando. Ele me queria, depois me afastou,
depois me quis de novo. E ele ainda está me mantendo como
prisioneira. Eu preciso me proteger.
Embora confiar totalmente nele, não escondendo nada,
começara a parecer inevitável, o que a assustou.
— Devo meter o pé ou não devo? — ela perguntou ao cão.
— Se eu ficar, precisarei ser gentil com a família dele. Não
Lúcifer, é claro. Nunca Lúcifer. Mas Axel e Hades.
Hades seria um osso duro de roer. Ele tinha uma aura
escura como a noite com pontadas de luz. Isso a lembrou de
um céu da meia-noite, bonito de se ver, mas letal quando você
se aproximava demais sem a proteção adequada. Ele irradiava
ameaça e agressão implacável.
Axel tinha uma aura tão embaçada quanto a de William,
com respingos de vermelho, indicativos de raiva e dor. No
entanto, ele olhou para William com um desejo inconfundível.
Do mesmo modo que William olhou para Axel.
Ok, então, se ela fosse embora, ela não faria isso
imediatamente. Ela ficaria o tempo suficiente para ajudar os
dois a recuperar suas memórias e a construir uma irmandade
adequada.

Enquanto Sunny continuava acariciando Dawn, o cão


fechou os dois pares de olhos e adormeceu com um pequeno
suspiro.
Tudo certo. Hora de voltar ao trabalho e decodificar
aquele livro. Sunny levantou-se e caminhou em direção à mesa,
mas no meio do caminho, uma repentina e inesperada
tempestade de excitação a atingiu. Seus mamilos endureceram
e sua calcinha inundou de desejo. Um arrepio de corpo inteiro
quase a sacudiu, arrancando um gemido dela.
Quando passou, ela queria se enrolar em uma bola e
chorar. Mais tempestades estariam chegando agora, apenas
piores.
Concentre-se agora, enquanto você pode. Certo. Após a
chegada de Axel, William havia protegido a vitrine do livro com
uma trava (mágica). Será que o homem tolo não tinha
percebido que ela poderia desviar essa mágica? O que ela fez.
Voilà! Acesso ao livro.
Durante uma... duas... três horas, Sunny examinou
todas as páginas e símbolos sem sucesso. Por que ela não
conseguiu romper a barreira, uma camada extra de proteção
mística, o equivalente a envolver um enigma em torno de um
mistério? Ou talvez uma descrição melhor seja uma
“criptografia mágica”.
Toda criptografia tinha uma chave, mesmo as mágicas.
Ela só tinha que descobrir essa.
Ela mandou uma mensagem para William: Más notícias.
Estou presa em um obstáculo. Quando você terminar de
perseguir sua família, me diga por que a bruxa te
amaldiçoou. A informação pode desbloquear o código!
Sua resposta veio em segundos: Ela me disse que me
amava e eu ri na cara dela.
Ai!. Deveria ter adivinhado. A chave deve estar centrada
na raiva da bruxa. Seria uma palavra, uma frase, um
pensamento ou uma emoção. Algo simples, ou a maldição
nunca chegaria a bom termo. Então... não uma palavra ou uma
frase. Provavelmente também não era um pensamento. Havia
muitas possibilidades. Quanto à emoção...
Sim. Isso tinha um potencial real. Pense! A bruxa não
gostaria que ninguém que admirasse William decodificasse o
livro, apenas alguém que gostasse de vê-lo sofrer.
A resposta cristalizou e ela se engasgou. Tinha que ser
raiva ou ódio. Como a raiva era muito mais suscetível a
mudanças e o ódio mais profundamente enraizado, ela seguia
com o último. O que foi fácil para Sunny, considerando sua
natureza dupla. Ela podia gostar e não gostar de alguém ao
mesmo tempo; ela só tinha que se concentrar em um lado da
sua natureza. Então, foi o que ela fez. Ela apertou um botão em
seu coração, colocando seu lado vingativo no centro das
atenções.
Como ela odiava demônios e os príncipes das trevas que
os lideravam. Como William era irmão de Lúcifer. Como
William a encarcerou. Como William terminou com ela, exigiu
espaço...
Lá estava. Ódio. A emoção a encheu.
Ela se concentrou no livro, e um fluxo de calor a atingiu
repentinamente, o resto do mundo desaparecendo. Tão tonta.
Quando ela soltou um suspiro pesado, a tontura diminuiu e ela
ofegou. Vários símbolos se transformaram em palavras.
Era uma vez...
Ela saltou para cima e para baixo com emoção. Ela
finalmente tinha conseguido?
Problema: as palavras desapareceram da página apenas
um momento depois, os símbolos retornando.
Sua excitação diminuiu. Ela se concentrou no ódio,
mas...
Nenhuma nova passagem se abriu, mas um pensamento
sussurrou em sua mente, tão tentador quanto uma maçã
vermelha brilhante. Eu deveria matar William. Sim. Eu deveria...
então eu vou. Vou me transformar em um unicórnio e afundar
meu chifre em seu coração preto e apodrecido.
Fogos de fúria queimaram em sua barriga, seus
músculos tensos, preparando-se para a ação. Ele merece isso. E
eu mereço ser quem acaba com ele.
Sunny largou o livro e pegou seu medalhão. Ela caçaria
William e - uau! Os sussurros cessaram e os desejos fugiram.
Um terror gelado penetrou em seus ossos. Oh, Camélia!
Segundo William, a maldição seria ativada assim que ele se
apaixonasse, estimulando o objeto da sua afeição a matá-lo.
Ele acabara de perceber que tinha sentimentos por
Sunny?
Talvez sim, talvez não. Mas ela não deveria contar para
ele sobre esse desenvolvimento. Ela já podia imaginar o
resultado. Era uma vez, um príncipe sombrio que conheceu uma
linda mulher chamada Sunny, que o deixou louco de desejo.
Quando ele se apaixonou por ela, a maldição foi ativada. Ela
tentou matá-lo, então ele fez o possível para acabar com ela. O
fim.
Ela aguentaria isso sozinha. Não, ela dominaria isso. Ela
ergueu os ombros e endureceu a coluna, determinada.
Ela disse a William que a maldição não teria influência
sobre ela, e ela quis dizer isso. Agora ela sabia exatamente com
o que se proteger: pensamentos e desejos insidiosos que
surgiriam em sua mente, amplificados pela necessidade de
pensar coisas horríveis sobre William para decifrar os
símbolos... o que significava que ela tinha que parar de ser tão
encantadora antes que ele realmente se apaixonasse por ela. E
ele iria. Se ela decidisse conquistar o coração dele, ele o faria.
Ela tinha muito amor para dar. Amor que ele precisava.
Mas primeiro, ela tinha que decodificar o livro. E ela
tinha que fazer isso enquanto resistia a William... que estava
certo em querer esperar, ela percebeu agora.
Talvez ela não o abandonasse, afinal.
Ativando o ódio, Sunny passou mais uma hora
trabalhando no livro e conseguiu decodificar um parágrafo
inteiro. Enquanto ela anotava a tradução em seu diário, a
exaustão começou, segmentos se borrando. Ela precisava
descansar antes de abordar outra seção. O que ela faria, depois
de ler a página manuscrita para verificar erros de escrita, para
poder enviar uma foto a William. Ele ficaria tão feliz.
Apenas duas palavras em sua leitura, o sangue escorreu
da sua cabeça. Camélia! Ela não havia escrito o que havia
decifrado - uma recapitulação de tudo o que William havia lhe
14
dito sobre Lilith e Lleh. O inferno soletrado ao contrário. Ela
escreveu “Mate William” repetidamente.
Não, não, não. Sua mente estava brincando com ela; isso
era tudo. Enjoada, e talvez um pouco bêbada de magia, ela
esfregou os olhos e balançou a cabeça, depois voltou a se
concentrar.
A tradução permaneceu a mesma.
Suor pingava nas palmas das mãos. A maldição já havia
sido ativada?
Não. De jeito nenhum, ela pensou em seguida. Apesar do
que ela havia escrito, ela não tinha vontade de acabar com a
vida dele.
Seu telefone tocou, um texto entrando. Seu batimento
cardíaco passou de zero a sessenta em uma fração de segundo.
Apenas William tinha o número.
Ela fechou o livro rapidamente, trancou-o dentro da
vitrine e tentou não tremer enquanto verificava a tela do
celular.

Derretedor de Calcinhas: Alguma sorte com o


código?
Engoliu em seco. Ela respondeu Sim. Sua bruxa
modelou a maldição através de um conto de fadas. À
medida que os símbolos são decifrados, eles contam uma
história.
Ela digitou o que se lembrava, deixando de fora o que
havia escrito: Era uma vez, no distante reino de Lleh, vivia
uma bruxa bonita e poderosa que se apaixonou por um
belo, mas vaidoso príncipe do inferno. Embora ela só
quisesse agradá-lo, ele rejeitou seus avanços. Em troca,
ela decidiu ensinar-lhe uma lição que ele nunca
esqueceria.
— Eu sou a única pessoa que ensina uma lição ao Rei
William, — ela murmurou, apertando o dedo no botão Enviar.
Derretedor de Calcinhas: Quanto tempo até você
terminar?
Cinco palavras, zero emojis, mas a sua impaciência e
emoção pulsavam pelo telefone.
Sunny: Traduzir esse parágrafo me esgotou. Estou
vou descansar. Começarei novamente dentro de algumas
horas.
Quanto mais cedo ela terminasse, mais cedo ela e William
poderiam resolver as coisas.
Derretedor de Calcinhas: Não me espere. Lembra
quando eu mencionei precisar de espaço? Ficarei fora a
noite toda.
Fora a noite toda? Fugindo dela pela segunda vez sem
oferecer uma explicação? Ela pulou de pé, a cadeira
derrapando. A raiva transformou sua temperatura central em
ebulição, assando seu interior. Ele conheceu alguém? Ele
planejava dormir com alguém que chamou a sua atenção?
Se não fosse, Sunny ficaria ainda mais furiosa com ele!
Isso significaria que ele a fez se preocupar - duas vezes - sem
motivo.
Ela não lhe perguntaria o que ele estaria fazendo. Não. Se
ele se importasse com ela, mesmo que um pouco, ele ofereceria
a informação.
Se você se importasse com ele um pouquinho, confiaria
nele, mesmo que um pouquinho.
Que pensamento estúpido!
Esqueça o descanso. Essa garota solteira ia passar uma
noite na cidade, de um jeito ou de outro. Porque sim, ela
acabou de terminar com William novamente.
O seu dedo indicador, o martelo, e o telefone, o prego, ela
bateu no teclado, formando as palavras. Não se preocupe. Eu
tenho planos.
Derretedor de Calcinhas: Que planos? Com quem?
Você não pode deixar o estábulo e outros não podem
entrar.
Ignorando-o, ela verificou a agenda telefônica. Que bom!
Ele tinha incluído outros números, com anotações.

Pandora - somente se houver uma emergência.


Baden - somente se houver uma emergência muito ruim.
Hades - apenas se um de nós estiver morrendo.
Havia alguns outros nomes, pessoas que ela nunca
conheceu.
Gillian - só se você quiser ouvir histórias sobre a minha
maravilhosa maravilhosidade.
Anya - somente se você precisar de ajuda para esconder
um corpo ou quiser ser incriminada por homicídio.
Zacharel - somente se você estiver se divertindo muito e
quiser que isso pare.
Quem era Anya? Uma ex-amante? Ótimo! A fúria
aumentou o calor novamente. Sunny mandou uma mensagem
para Pandora: Vamos fazer uma noite de garotas. Também
conhecida como caçar e matar demônios como
verdadeiras vigilantes.
Ela poderia entrar no estábulo, sem problemas, e fazer
um portal para Sunny.
A resposta de Pandora veio alguns segundos depois.
Acho que Willy não sabe o que você está planejando,
porque não ouvi ninguém fazer beicinho. Mas de qualquer
maneira, eu estou dentro! Eu sei exatamente o lugar.
Exaltada, Sunny digitou, Vejo você o mais rápido
possível?
Pandora: Sim. Estarei aí em cinco minutos. Se
acalme, no entanto. Eu não estarei sozinha.
Ohhhh. Ela tinha namorado? Uma namorada?
Sunny escondeu o estojo de vidro no armário, depois
tomou o banho mais rápido do mundo e vestiu uma camiseta
preta e um par de calça de camuflagem com mil bolsos que ela
encheu com uma variedade de punhais que encontrou na bolsa
de William. Meus agora!
Timing perfeito. Um portal se abriu perto da cama.
Vestindo roupas pretas já salpicadas de sangue vermelho
brilhante, Pandora entrou no estábulo.
Ela tinha uma aura rosa hoje. Significando que ela estava
de bom humor. Nos seus calcanhares estava uma loira linda,
de pele bronzeada e olhos azuis, vestida com uma blusinha e
uma microssaia. Sua aura possuía um arco-íris de cores, e
Sunny adorava isso. Quando essa mulher sentia, ela realmente
sentia.
Dawn observou do travesseiro, as duas cabeças
inclinadas em direções opostas. Tão bonitinha!
— Sunny, essa é Anya, uma deusa da Anarquia, — disse
Pandora. — Ela está noiva de um demônio da morte chamado
Lucien, membro dos Senhores do Submundo. Ela também é a
amiga mais antiga e querida de William.
— Eu sou a deusa da Anarquia, obrigada, — Anya
corrigiu, afofando os cabelos. — E a maior inspiração de
William. Antes que você pergunte, assino autógrafos... mas
apenas com o sangue de outras pessoas.
Realmente gosto dessa garota. Especialmente porque ela
não era uma ex-amante de William. — Como você e William se
conheceram?
A deusa sorriu com lembrança carinhosa. — Tivemos
celas lado a lado no Tártaro.
Verdadeiramente? — William passou um tempo em uma
prisão imortal?
— Vários anos na verdade. Ele dormiu com a rainha dos
Gregos. O marido descobriu e procurou vingança. — Enquanto
Anya andava pelo estábulo, inspecionando as coisas, ela disse:
— O que ninguém sabia era que William queria estar dentro da
prisão. Ele tinha uma lista de prisioneiros para matar. A lista
de alvos de Hades.
Um homem disposto a ficar trancado por anos, apenas
para alcançar as pessoas que seu pai preferia mortas... que
dedicação. Que paixão por um trabalho bem feito. Sunny o
admirava mil vezes mais.
— Você para de falar para que eu possa terminar as
apresentações? Caramba — disse Pandora. — Anya, essa é
Sunny, a pessoa de quem eu estava falando. William... —
Franzindo a testa, ela olhou para Sunny. — O que você é para
William?
— Empregada cativa do mês, — grunhiu Sunny,
enrijecendo quando Anya se aproximou do armário. Exigir que
a mulher ficasse longe apenas a encorajaria a espiar lá dentro.
— Ele insistiu para que tivéssemos um relacionamento
exclusivo. Mais tarde ele mandou uma mensagem para me
dizer que ficará fora a noite toda.
— Whoa, whoa, whoa. — Anya correu de volta para o lado
de Sunny. — Você disse que William concordou em ser
exclusivo?
— Sim. Claramente, ele já se arrepende. Quero dizer,
enquanto eu gostaria de acreditar que ele está lá fora, matando
o seu ex-irmão, suspeito que ele tenha tido um tesão emocional
por mim ontem à noite — depois que chegamos ao clímax —
agora ele está assustado, determinado a romper nossa
conexão. — Conversar com outras mulheres era bom. Certo.
Como William já havia aprovado essas duas, Sunny se sentiu à
vontade considerando-as como amigas.
A deusa assentiu enquanto falava. — Sim, isso soa como
o nosso William. Seus tesões emocionais geralmente terminam
com uma alta contagem de corpos.
Nosso William? Não, meu! Só meu.
Não é meu, não é verdade. Certamente ainda não. — Se
ele não precisasse que eu decodificasse o livro dele, ele teria me
expulsado. Estou certa disso.
Anya fez uma careta. — Cara, eu odeio esse livro
estúpido. Você sabe quantas vezes eu tentei convencer o Willy-
boy, que a bruxa não era estúpida o suficiente para lhe dar um
jeito de escapar da maldição? Ela só queria piorar as coisas
para ele. Ainda assim, ele se apega à esperança.
Anya pode estar certa. O livro pode ser apenas um diário
do ódio de Lilith por William, nada mais. Mas Sunny teve que
admirar sua perspectiva. Ele tinha uma linha de vida possível e
a segurava com todas as suas forças. Seja tolo ou sábio, só o
tempo diria. Sunny deixaria de decodificar? De jeito nenhum.
Se havia uma chance de a bruxa ter dito a verdade e dado uma
saída a William, Sunny queria saber.
— Vocês estão prontas para ir? — ela perguntou.
— Sempre! — Anya inclinou a cabeça para Sunny e
franziu a testa. — Para o que planejamos, você precisará de
uma arma.
— Não se preocupe. Estou coberta. — Ela tinha as
adagas de William, sim, mas elas eram de apoio. Depois de
soltar o medalhão do pescoço, ela colocou os dedos sobre
certas ranhuras, um chifre negro brotando do centro, criando
uma lança.
Um massacre de demônios chegando!
Capítulo Vinte e Cinco

“Um homem sempre sabe o que quer – qualquer outra coisa.”

No reino mortal, William correu por um beco sombrio,


Axel ao seu lado. Ele carregava punhais cobertos com uma
droga paralisante, como costumava fazer quando matava para
Hades. Axel carregava um par de punhais sem drogas. Se
necessário, o macho poderia produzir uma espada de fogo.
Lixeiras cobriam as paredes de cada prédio. Uma brisa
fresca trazia sinais de restos, urina e comida podre.
Dificilmente importava. Ele estava trabalhando com seu
irmão para aprender tudo o que podiam sobre os Wrathlings.
Ele desejou que seu pai se juntasse a eles, mas depois de
soltar sua bomba, Hades se teletransportou. William também
se teletransportou, determinado a aprender tudo o que Hades
sabia sobre o passado dele e de Axel, mas ele ricocheteou. Foi
aí que a percepção chegou: seu pai o proibiu de entrar.
Ele estalou a mandíbula. Ele odiava estar em desacordo
com o homem. Como ele deveria matá-lo? Por que ele deveria
matá-lo?
De quem eu tenho os olhos, hum?
Sem saber... William sentiu como se seu peito tivesse sido
rasgado, mergulhado em ácido e cheio de pedras. Sendo
abandonado pelo homem que ele amava acima de todos os
outros, um guerreiro que ele respeitava e adorava, o rei que ele
massacrava exércitos inteiros para proteger, o salvador que ele
reverenciava, doía de maneiras que nunca havia pensado ser
possível. E por que ele foi abandonado? Por uma profecia que
ele nunca ouviu falar, e uma ação que ele nunca planejou
fazer.
Ele apertou mais as adagas. Pelo menos ele tinha uma
nova pista sobre os Wrathlings. Depois de cobrar vários favores
e entrar em contato com seus espiões fora do Inferno, ele soube
de um vampiro que supostamente havia deixado os Wrathlings
antes de William começar a matança.
Agora ele e Axel perseguiram o vampiro através dos becos
de Nova Orleans.
— Suba, — William disse a Axel. — Voe por cima e corte o
caminho dele.
Com o seu próximo passo, Axel bateu aquelas asas
douradas e saltou no ar. Assim que ele pousou, o vampiro se
preparou para mudar de direção. William lançou uma adaga,
pregando o bastardo na parte de trás do joelho.
Um grunhido de dor soou, e o homem tropeçou e
diminuiu a velocidade, depois mancou, deixando um rastro de
sangue. Então ele congelou, o paralisante entrando em ação.
William caminhou ao redor dele e parou ao lado de Axel.
O vampiro o olhou com um olhar selvagem.
— Você pensa em escapar de nós? — Axel disse e fez o
som de tsk-tsk. — Eu sei que a minha espécie deve matar
demônios e aqueles que conspiram com eles, mas eu nunca fui
bom em seguir as regras. Você será o próximo na minha lista
de assassinatos se não nos dizer o que queremos saber.
Para um enviado - para qualquer um - Axel se mostrou
chocantemente vingativo. Qualquer um que se metesse no seu
caminho seria abatido.
Uma característica da família, então.
— Eu sou William da Escuridão. Este é Axel, o Grande e
Terrível. Ah! Vejo que você reconhece os nossos nomes. Como
Axel disse, ele o matará se você tentar guardar segredos, mas
eu vou virar a minha mira para sua família.
O vampiro choramingou.
— Vou libertá-lo da paralisia. — Fora do Inferno, William
não podia usar magia para nada além de portais, então ele
teria que dar ao vampiro um antídoto de verdade. Ele levantou
a mão, o anel no dedo brilhando na luz. — Antes que eu faça,
um aviso. Ataque-nos, e ele mata você. Eu mato a sua família.
Corra, e ele mata você. Eu mato sua família. Minta e... Você
está começando a entender como isso funciona? Pisque uma
vez para sim. Pisque duas vezes se você é um idiota.
Piscada. Uma única lágrima vermelha escorreu por sua
face pálida.
— Bom garoto. Mas vamos ter certeza de que você não se
sente tentado a atacar ou a correr, independentemente das
consequências. Segurança em primeiro lugar, e tudo isso. —
Ele acenou com a cabeça para Axel, que produziu a espada de
fogo.
Os olhos do vampiro se arregalaram, projetando uma
mensagem - Por favor, não.
Surpreendentemente impiedoso, o Enviado desceu,
cortando ambos os tornozelos, amputando os pés. William
pegou o homem que chorava antes de cair e o jogou no chão.
Uma nova inundação de lágrimas vermelhas riscou sua pele.
— Pronto, pronto. — William abriu a tampa do anel,
revelando uma agulha - uma que ele pressionou no pescoço do
vampiro. — Agora, conte-nos tudo o que você sabe sobre os
Wrathlings.
O macho mostrou suas presas, de repente capaz de se
mover, dor e fúria escorrendo dele. — Eu sei que você matou
cada um deles!
Talvez ele soubesse, talvez não. — Se você deseja obter o
direito de se arrastar para longe deste interrogatório, — disse
William com um sorriso maligno, — você nos dirá o resto, sem
demora.
Murchando, o vampiro disse: — Vocês querem saber
sobre os bebês.
Ele endureceu. Bebês? — Que bebês? — William e Axel?
— Milhares de anos atrás, houve rumores, — continuou o
vampiro, com a voz embargada. — Coisas que ouvi falar, mas
nunca testemunhei. Somente os superiores tinham acesso à
informação.
— Diga-nos, — Axel retrucou, chutando um toco
sangrento.
O vampiro gritou e gorgolejou sangue. Entre respirações
ofegantes, ele disse: — Experimentos foram feitos, certas
espécies emparelhadas para criar soldados imortais. Bruxas
com vampiros. Shifters de lobos com harpias. Shifters de
dragões com sereias. Enviados com demônios. Fae com o que
mais eles conseguiram. Quando as crianças atingiram a idade
adulta, elas foram acasaladas umas com as outras. Um bruxo-
vampiro emparelhado com um lobo-harpia. Essas crianças
cresceram e foram forçadas a se acasalar também. Uma bruxa-
vampira-lobo-harpia com um dragão-sereia-Enviado-demônio.
William compartilhou um olhar com Axel. Eles devem ter
feito parte dos experimentos, devem ser uma mistura de
espécies sobrenaturais. Mais do que eles tinham percebido. —
O que mais?
O vampiro olhou entre eles, finalmente admitindo: — Meu
trabalho era... roubar DNA de... seres específicos. Deuses e
deusas. Eles planejavam criar uma nova espécie divina com
todos os pontos fortes de outros sobrenaturais e nenhuma das
fraquezas.
Uma realização chocante. Se os Wrathlings tivessem
trabalhado com DNA, eles poderiam ter inseminado
artificialmente as fêmeas, em vez de engravidá-las à moda
antiga. Qualquer um poderia estar na linhagem da família de
William e Axel.
Você tem os olhos dele.
Olhos de quem, caramba? De quem?
Axel apertou o ombro dele, um pedido silencioso para
uma reunião privada, e William assentiu antes de levar o irmão
a alguns metros de distância.
Axel sussurrou: — Se o que ele disse a verdade, talvez
nunca aprendamos quem são nossos pais. Eles podem ser
qualquer um.
— Meus pensamentos exatamente. — Ele beliscou a
ponte do nariz. — Precisamos saber se algum Wrathling
sobreviveu aos meus assassinatos. Talvez eles mantivessem
registros de seus doadores dispostos e relutantes. Vou ao
Hades e descobrir o que ele sabe. — Se ele quiser me ver. Seu
peito doía com o pensamento.
Hades sabia sobre o DNA roubado? Você tem os olhos
dele. Se ele sabia, ele traiu William da pior maneira possível,
usando-o para matar o seu próprio povo.
Perigo! Prestes a explodir!
Não. Absolutamente não. William não acredita nisso sem
provas concretas. De jeito nenhum Hades foi tão cruel. O rei
tinha uma veia cruel? Sim. Mas não com William. Tinha que
haver outra explicação para a sua mudez seletiva.
— Vou levar o vampiro a um curandeiro e questioná-lo
um pouco mais, — disse Axel, — e depois nos encontramos no
estábulo.
— Não, não no estábulo. — William não estava pronto
para enfrentar Sunny. Eles ficaram separados por apenas
algumas horas, e ele já sentia falta do sorriso dela, do seu
gosto, do seu atrevimento. De toda ela. Ele precisava controlar
os seus desejos primeiro, e ela o fazia se sentir como se ele
estivesse perdendo o controle. O fazia querer o que ele não
podia ter. — Vamos nos encontrar na sua cabana. Vamos nos
teletransportar para o palácio de Lúcifer e vigiamos o jardim da
frente. — O que eles veriam?
Axel assentiu. — Podemos enviar demônios para o seu
calabouço para uma conversa.
William sorriu. — Gosto de como sua mente funciona,
Enviado. Eu realmente gosto.

*
A escuridão rastejou sobre a terra, apenas para ser
afastada por explosões espontâneas de fogo. No topo de uma
pilha de terra e cinzas com vista para o território de Lúcifer,
William estava deitado de bruços, ombro a ombro com Axel.
Depois que Hades se recusou a ver William - novamente -
ele estava uma bagunça. Ele queria Sunny, a mesma razão
pela qual tinha se mantido afastado dela. Em vez disso, ele
visitou os Senhores para pedir emprestado a Capa da
Invisibilidade. Agora ele e Axel eram invisíveis para todos
enquanto observavam demônios entrarem e saírem.
Esta deveria ter sido uma noite excitante e
emocionalmente satisfatória. Ele se reuniu com seu irmão e
sua mulher começou a decodificar o livro. Pela primeira vez,
seu futuro tinha promessas. No entanto, a julgar pela sua
última troca de mensagens, a mulher estava chateada com ele
porque ele cancelou os planos deles.
Talvez ele devesse ter explicado o porquê, mas... eu não
deveria explicar nada a ninguém!
Como o Hades não precisa explicar nada para você?
Merda. Sua irritação com Sunny se dissipou. Ele tinha
errado com ela, não tinha? Ele insistiu que eles eram um casal.
Claro que ele lhe devia uma explicação.
— A previsão de Hades, — disse Axel, invadindo suas
reflexões.
— O que tem isso?
— Você quer matá-lo e tomar o trono dele?
Matar um homem que forneceu abrigo, prestígio e
treinamento, que lhe deu um propósito? — Nem agora, nem
nunca. Não consigo imaginar uma razão suficientemente boa
para fazer uma coisa tão terrível.
A menos que Hades, de fato, tenha ordenado que ele
matasse a sua própria família.
Ele agarrou sua adaga com tanta força que o punho
estalou.
— Você já ouviu a profecia antes? — Axel perguntou.
— Não. Tenho certeza de que Hades, sendo Hades,
assassinou todo mundo a par dos detalhes, garantindo que a
notícia nunca se espalhasse.
Um grito atravessou o ar, e ele olhou em volta,
procurando a fonte. Lá. Um demônio torturava um espírito
humano.
Do lado de fora, o palácio de Lúcifer parecia um refúgio.
Alto e amplo, com paredes de mármore, torres e um telhado
pontiagudo feito de pedras preciosas. Tudo uma armadilha.
Demônios de todos os tamanhos e formas ocupavam a área
circundante, a maioria se unindo para torturar o humano.
Fogos queimavam aqui e ali, enchendo o ar com fumaça
escura.
— Quem criou você? — ele perguntou a Axel.
— Um bom casal que teve problemas para conceber um
filho próprio, — respondeu o irmão. — Ambos eram
Mensageiros.
Os Mensageiros eram frequentemente incumbidos de
guiar um humano específico pelo caminho certo, sussurrando
instruções em seus ouvidos. Os humanos não podiam ouvir os
espíritos, mas seus corações podiam receber uma mensagem
de um; cabia ao humano seguir ou não alguma orientação.
— Eles foram bons para você? — Até pessoas legais
podiam fazer coisas ruins.
— Eles foram sim, mas eu era demais para eles. Muito
selvagem. Incontrolável demais. Tudo demais. — Axel respirou
fundo. — E quanto a você? Hades te tratou bem?
Seus dedos se curvaram na terra embaixo dele. — Ele fez.
Em todos os sentidos, menos um. Ele me mandou manter
distância de você. Eu não sabia o porquê até hoje, quando ele
explicou a profecia.
William olhou para os dedos enrolados, observando as
garras crescerem das suas unhas. Ignore a dor no seu peito. —
Quanto à vida no submundo, — ele disse, — não é um lugar
agradável para uma criança. Você pode ficar em meio a uma
multidão de milhares e se sentir sozinho. Em todo lugar que
você olha, alguém está sendo mutilado e gritos de agonia são
ruídos de fundo.
Bem na hora, um vento passou soprando um novo grito.
— Eu me perguntava constantemente sobre você, — Axel
admitiu suavemente.
— Assim como eu me perguntava sobre você. — Porcaria
emocionalmente sensível não era normalmente a geleia de
William, mas ele já tinha perdido muita coisa com esse homem.
Por que não dizer a verdade? Mesmo sendo parentes de
sangue, apesar de serem aliados contra Lúcifer, eles também
eram inimigos. O respeitado versus o sombrio. Bem contra o
mal. O assassino de demônios versus o príncipe demônio.
Batimento cardíaco... batimento cardíaco.
— Sua maldição, — começou Axel. — Quem você ama
romanticamente tentará matá-lo, sim?
— Sim. A bruxa responsável por isso me deu um livro
codificado, prometendo que posso quebrar a maldição se eu a
decodificar.
— Você tem certeza de que ela disse a verdade?
— A alternativa me deixa sem esperança. Então sim. —
Logicamente, ele sabia que as probabilidades não estavam a
seu favor. Mas a magia não era onipotente. Se algo tinha um
caminho para sua vida, também havia uma saída. Uma porta
era uma porta. Uma entrada e uma saída.
— A guerra dos Enviados contra bruxas é quase tão
violenta quanto a dos demônios, — disse Axel. — Vou
perguntar por aí, descobrir o que os outros Enviados sabem
sobre esse tipo de magia codificada.
A oferta o surpreendeu. Ele duvidava que Axel
descobrisse algo novo, mas apreciava o esforço.
— A fêmea. Sunny — Axel disse agora.
Palavras vieram dele. — Ela está fora dos limites para
você. — Para todos!
O Enviado riu. — Nós estamos na defensiva? Não espero
roubar sua mulher. Embora eu pudesse, se assim o desejasse.
Eu só... Disseram-me que eu e você temos uma estratégia de
encontros semelhantes. Entrar, sair. E, no entanto, você foi
morar com ela. Por quê?
Sim, Willy. Por quê? Cada músculo apertou, ele
resmungou: — Ela trabalha para mim. Ela é minha decifradora
de códigos. Eu a protejo dos meus inimigos. — Eu a desejo. E
está piorando.
Ele decidiu manter distância até que ela terminasse de
decodificar o livro. Mas... ele ainda estava se apaixonando por
ela, não estava? Ainda sentia falta dela do jeito que ele sentiria
falta de um membro.
— Conte-me sobre o tempo antes de conhecer Hades, —
disse Axel.
Nenhuma parte de William queria compartilhar detalhes
sobre os canibais. Reviver os piores dias... semanas... anos da
vida dele? Não, obrigado. Mas ele ansiava por um
relacionamento com esse homem, e compartilhar eventos
significativos do passado poderia ser a única maneira criar
laços.
Antes que ele pudesse responder, uma comoção na frente
do palácio começou; eles ficaram quietos. William espiou
através de um par de binóculos, a magia permitindo que ele
visse além de uma espessa nuvem de fumaça emitida pela
variedade de fogueiras.
Detectando o motivo da comoção, ele soltou uma
obscenidade sombria. — Não posso estar vendo o que acho que
estou vendo.
Axel também tinha um binóculo misticamente
aprimorado. Ele os colocou nos olhos e riu.
Sunny, Pandora e Anya entraram no jardim em alta
velocidade, cortando e retalhando os demônios. Membros
decepados caíram no chão. Sangue derramado.
— Sua Sunny decidiu se exibir para você? — Axel
perguntou com uma risada.
— Ela não sabe que eu estou aqui, — ele ralhou,
mantendo os binóculos apontados para ela. Seu coração
disparou. Ele sabia que ela gostava de lutar contra demônios,
mas nunca a viu fazer isso.
Apesar do medo por sua segurança, seu peito estava
cheio de orgulho. A mulher tinha habilidade, graça sem limites
e precisão letal. Ela era um anjo da morte, empunhando uma
lança, derrubando demônios três a três. Magnífica. Claro, ele
endureceu ao vê-la.
Não apenas endureceu. Queimando. Pela primeira vez em
séculos, William se sentiu verdadeiramente demoníaco.
Observando sua fêmea devastar o inimigo, todos os seus
instintos selvagens clamavam por atenção.
As companheiras de Sunny fizeram uma pausa para
aplaudir, e um sorriso glorioso iluminou o seu rosto. Matando
demônios, se divertindo.
— O que é ela? — Axel perguntou, parecendo
impressionado.
O que mais? — Meu maior tormento.

Capítulo Vinte e Seis

“Quero o que quero quando quero. Me dê isto.”

Ela sentiu tanta falta disso. Sunny usou sua lança para
esfaquear, espetar e atravessar todos os soldados em seu
caminho, deixando um rastro de destruição. Ela riu. Limpando
do Inferno, um estuprador, assassino e agressor de cada vez.
Desde que conheceu William, ela colocou seu hobby em
espera. E o que ela ganhou pelo sacrifício? Um homem
dominador que pensou que poderia ordená-la a ficar parada e
quieta. Um homem tolo que a mantinha em cativeiro.
Um homem confuso que ela queria matar apenas
algumas horas atrás.
Um homem idiota que a deixou se preocupando com o
paradeiro dele.
A partir de agora, não haveria mais tormentos para ele.
Acabaram-se as brincadeiras. Acabaram-se as sessões de
amasso.
O sangue demoníaco escaldante escorreu por seus braços
e espirrou em seu rosto, levando-a de volta ao presente. Um
odor terrível saturou o ar, uma mistura de enxofre, sangue e
carvão. Não havia sol aqui, apenas fogueiras ardentes e tochas
crepitantes.
Demônios convergiram de todas as direções,
acompanhados por uma cacofonia de dor e angústia. Música
adorável. Sua trilha sonora de batalha favorita. Eles têm o que
merecem.
— Eu sou a juíza. Eu sou júri. Eu sou carrasco! —
Pandora gritou, brandindo duas espadas curtas.
— Eu sou bonita, oh-tão-bonita, — Anya cantou ao
derrubar dois demônios, esfaqueando um no olho e o outro na
barriga.
Ambas as mulheres lutaram com habilidade magistral.
Quanto mais oponentes elas matavam, mais brilhantes eram
seus sorrisos.
A adrenalina impregnou Sunny com força extra e
velocidade incrível, sua resistência incomparável. Se alguma
vez William a visse assim, ele ficaria muito impressionado e
lamentaria tê-la afastado.
Como ele poderia ativar temporariamente a maldição e
depois tratar Sunny como lixo? A menos que ele não tenha
ativado a maldição. Talvez William não tivesse sido capaz de se
apaixonar até que uma decodificadora apareceu e rompeu a
barreira mágica?
Ela respirou fundo. Ela inadvertidamente ajudou Lilith?
William estava por aí se apaixonando por uma mulher
sem nome e sem rosto agora?
Ridículo! Você não fez. Ele não está. Agora, não mais
pensar nele.
Garras arranharam seu lado, e ela assobiou. Ela se
deixou distrair, e isso custou a ela, uma dor ardente descendo
pelas suas pernas. Ela quase tombou, apenas um ferro a
manterá na posição vertical.

Girando a lança, ela bateu com a ponta no esterno do


agressor, quebrando o osso, depois enfrentou o próximo
desafiante. Ou tentou. Seu corpo se recusou a obedecer.
Margarida! O demônio deve ter injetado nela algum tipo
de toxina. O termostato interno dela foi ligado. O suor escorria
pela testa e pelo lábio superior e derramava entre os ombros.
Os membros dela tremeram. Ela balançou. Enfraquecendo?
Ela ficou mole por causa do seu cativeiro e perdeu o
toque? Talvez ela precisasse se retirar e se reagrupar.
Um turbilhão de movimento, Anya decapitou o demônio
responsável pelo ferimento de Sunny. Pandora desceu... mais
baixo... passando as espadas pelo tendão de Aquiles dele.
Chiando, tonta, Sunny recorreu a um reservatório de
força e magia para forçar seu corpo a voltar ao movimento. Ela
levantou a lança bem a tempo, bloqueando um demônio que
esperava usar seu pescoço como um lanche.
A ação trouxe uma nova onda de dor. Ignore! Ela tinha
uma missão - manter esses bastardos longe do seu quintal! - e
ela a completaria. Hoje.
Isso pode ser um hobby, mas era um querido. Ela cerrou
os dentes e espetou um demônio no olho. Fatiou seu pescoço.
Rasgou, do umbigo ao nariz. Próximo!
Um demônio envolveu a ponta da cauda com espinhos
em torno da sua panturrilha e puxou, arrastando a perna por
baixo, quebrando o osso no processo. Dor excruciante. Estrelas
brilhando diante dos seus olhos.
Outros demônios correram, cercando-a em segundos e
rapidamente se aproximando... Mais garras a atacaram. Presas
e punhais, também. Sofrendo, Sunny rolou para o lado dela.
Embora ela tenha derramado sangue no chão cheio de lama a
uma velocidade alarmante, ela resistiu e chutou, causando
tanto dano aos demônios quanto eles a ela. O lema do
unicórnio? Batalha em público, ferida em privado.
Visão escurecendo...
Pandora e Anya abriram caminho entre a multidão
crescente e avançaram. Uma reivindicou o lugar à esquerda de
Sunny enquanto a outra reivindicou o local à sua direita, as
duas trabalhando juntas para protegê-la de mais ataques.
Esqueça serem possíveis amigas. As meninas subiram as
fileiras. Amigas genuínas, bebê!
Por alguma razão, os demônios começaram a cair e se
contorcer antes das meninas fazerem a próxima jogada. O que
foi - ahhh. Ao longe, William desceu do céu da meia-noite, asas
gigantescas de fumaça deslizando para cima e para baixo,
soprando gavinhas escuras pelo campo de batalha. Um raio
brilhou sob a superfície da sua pele, bifurcando-se nas órbitas
dos olhos, nas maçãs do rosto, no pescoço e nos braços. Sem
camisa, sua força muscular e as suas tatuagens estavam em
exibição de dar água na boca. Rasgos em seus couros pretos
revelavam cortes profundos. Lama e outras coisas endureciam
em suas botas de combate.
Olhos brilhando de ameaça, expressão dura e brutal, ele
era a encarnação da guerra, o epítome do sexo e o rei da
violência, selvageria e carnalidade. Um único olhar ameaçou
arruiná-la por toda a vida. Nenhum outro homem poderia se
comparar.
Sunny moveu-se para ficar de pé, ou tentou. Vamos!
Vamos!. Ela alcançou a sua magia... Sim! Sucesso. Mas,
imediatamente, a tontura tentou derrubá-la novamente. Ela
respirou através dela, dentro e fora, dentro e fora, e
permaneceu de pé.
Os demônios continuaram entrando em colapso.
— Temos isso, Willy. Vá antes ... — A fumaça saindo das
suas asas alcançou Pandora, e ela caiu também. Só que ela
não se contorceu de dor.
— William, não se atreva... — Anya caiu.
A fumaça das asas deve ser atada com uma droga. Isso
afetaria Sunny da mesma maneira? Certamente não.
Movimento à sua esquerda. Ela virou a cabeça. Axel
deslizou pelo campo de batalha, segurando uma espada de
fogo. Toda vez que ele se deparava com um demônio
inconsciente, ele balançava, removendo a cabeça.
Então... obviamente, William não estava galinhando por
aí, como ela originalmente suspeitava. Ele pretendia passar a
noite conhecendo o seu irmão. Mas por que não dizer-lhe
simplesmente? Por que deixá-la em suspense? A menos que ele
quisesse que ela se preocupasse, o que explodiu um nível
totalmente novo.
Ou talvez ele temesse que estivesse se apaixonando por
ela, e ela tentasse matá-lo, então ele esperava colocar uma
pequena distância emocional entre eles? Isso, ela entenderia
totalmente. Ela não começou a fazer o mesmo?
Coração acelerado, ela encontrou o olhar estreitado de
William e margarida! A consciência zumbiu ao longo das suas
terminações nervosas, fazendo-a querer tocar... beijar... Dália.
Quando ele se aproximou - incapaz de ficar longe? - ele a
examinou da cabeça aos pés. Seu coração acelerou com mais
força. — Embale e marque os demônios ainda respirando, —
ele chamou Axel, nunca tirando o olhar de Sunny. — Faremos
nossas perguntas. — Ele deu outro passo na direção dela. —
Espero que seu passeio tenha sido divertido, já que você nunca
mais sairá do estábulo.
Nunca? Ele pensa em me aprisionar pelo resto da
eternidade?
Ela inalou profundamente. — Você pode pegar o seu
cativeiro e enfiar... — O mundo dela ficou escuro, seus joelhos
dobrando. Ela tombou para o chão. Não, ela caiu diretamente
nos braços de William. Ele se teletransportou para ela,
pegando-a antes que ela caísse.
Pouco antes de ela apagar, um pensamento final passou
por sua mente. Não há necessidade de refletir sobre o status do
nosso relacionamento; estamos acabados.

Por um período aparentemente interminável, Sunny


entrou e saiu da consciência. Nas duas primeiras vezes, ela
sentiu como se estivesse flutuando em uma nuvem de aço
coberta de veludo que cheirava a William. Então ela deitada em
uma cama de nuvens, um caleidoscópio de sons enchendo seus
ouvidos. Gemidos de dor. Barulho de correntes. Gritos.
Gorgolejos. Batida, batida. Um pop, pop, pop. Grunhidos. Pop,
pop. Mais gemidos.
Ela pensou ter ouvido William rir. — Onde você quer que
minha lâmina vá a seguir? Seus genitais ou seu olho? Não,
sabe o quê? Não me diga. Vou te surpreender.
— Você não fará isso, — Axel advertiu. É a minha vez.
Sunny abriu os olhos. Através de uma névoa escura, ela
viu William, caminhando diante de uma parede, onde quatro
demônios sangrentos e mutilados estavam acorrentados. E que
visão gloriosa ele era. Seu coração quase pulou do peito. Com o
rosto e os braços salpicados de sangue negro, ele parecia um
guerreiro à beira da sua próxima batalha. Publicidade
verdadeira. Juntas de latão pontiagudas adornavam seus
dedos com garras.
Ele estava sem camisa, com os couros rasgados, os
músculos à mostra.
Pena que eu terminei com ele. Um gemido estúpido se
formou no fundo da sua garganta estúpida.
Axel se agachou na frente de um dos prisioneiros, suas
asas douradas bloqueando a vista. — Vou te dar mais uma
chance de nos contar o que ouviu e viu dentro do palácio de
Lúcifer, e então começo a cortar. Alerta de spoiler. Eu pretendo
começar com seus testículos. Prometi a mim mesmo que este
será o ano em que finalmente pendurarei bolas de demônios
como enfeites de Natal.
— Primeiro à esquerda, disse William.
Irmãos que torturam juntos ficam juntos.
Por que William a trouxe aqui? Não suportava se separar
de mim? Ou talvez ele tenha percebido que poderia usar a
magia dela para garantir que os prisioneiros dissessem a
verdade. Nem mesmo os demônios podiam mentir em sua
presença.
Que jacinto! Ela concordou em ajudá-lo a decodificar o
livro e, em troca, ele concordou em matar os caçadores. Nem
mais nem menos. O acordo deles não tinha nada a ver com a
sua capacidade de detectar mentiras. Agora ele lhe devia outro
benefício. E eu sei exatamente o que eu quero. Liberdade!
Ele recusaria, no entanto, garantido. Tão, tão farta. Eu
continuo o ajudando, e ele não pode confiar em mim o suficiente
para me libertar?
Ela pode ter que trazer de volta os castigos.
Sunny franziu a testa enquanto apagava mais uma vez ...
No entanto, muito tempo depois, ela piscou para abrir os
olhos, as memórias a assaltando. Pandora e Anya. A batalha.
William. A ameaça dele. Desmaiando. Tortura demoníaca.
Margarida!
Ela examinou os arredores. William a levou de volta para
o estábulo e redecorou enquanto dormia, adicionando mais
árvores frutíferas em vasos e roseiras para adoçar o ar. Ele
pendurou três retratos em tamanho real. Espera. Eles não
eram retratos. Eles eram hologramas.
Em um, William nu sorria e segurava uma garrafa de
champanhe na frente do pênis. Como um GIF em um loop, ele
abria a rolha e bebia direto da garrafa antes que a imagem
fosse redefinida. No quadro seguinte, Sunny, de biquíni,
dançava em um poste de stripper. Na última, ela parecia uma
professora, seu cabelo rosa em um coque, óculos no final do
nariz. Ela apontava um dedo para o espectador, como se
estivesse no meio de um comportamento impróprio.
Com uma risada, Sunny tentou se sentar. Algo a puxou
de volta. Confusa, ela olhou para a esquerda e depois para a
direita, com um grito no fundo da garganta. Corda amarrava
seus pulsos e tornozelos aos postes da cama.
15
Cordas para uma bondage leve? Inscreva-me - com
alguém que não seja William. Cordas para punição? Alguém vai
morrer!
Seu corpo doía, mas ela não tinha feridas visíveis, os
cortes que recebera no campo de batalha já estavam curados.
Considerando que ela estava com cabelos úmidos e usava
roupas íntimas limpas - um sutiã azul e uma calcinha
combinando -, ela teve que assumir que William a havia
banhado.
Espera. A calcinha era uma tanga? — William, — ela
rosnou. Deveria tê-lo matado quando tive a chance.
Não! Ela não podia se deixar pensar assim. O que você
focava, você ampliava. O que você pensava, dava poder.
Adicionar combustível ao fogo da maldição era estúpido.
Assim. Reformule. Deveria ter dado um soco nele quando
tive a chance.
Ela não podia pedir que ele a libertasse ou até
pechinchasse por isso. Ela não tinha nenhuma vantagem, e só
se enfraqueceria nos olhos dele e nos dela. Então, ela teria que
lutar ou se libertar.
— Sim, Sundae? — Ele se materializou no final da cama,
como se estivesse lá o tempo todo, esperando a convocação
dela. Ele também tomara banho, seu cabelo tão úmido quanto
o dela. Uma toalha branca estava enrolada na cintura. — Peço
desculpas pelas imagens na parede. Anya chegou com dois
retratos brilhantes no início desta manhã. Eu os queimei,
então ela voltou com esses.
— Por que pedir desculpas? Eles são incríveis. Ela é
incrível. Ao contrário de algumas pessoas que conheço. — A
visão da sua pele tatuada e imensa massa muscular fez
picadinho de seu juízo, seu corpo queimando automaticamente
pelo dele.
Talvez ela ainda não tivesse terminado com ele.
Talvez ela o usasse para fazer sexo e o abandonasse na
primeira oportunidade.
— Gostaria de agradecer a ela com uma cesta de corações
demoníacos, — acrescentou Sunny. — Ou você acha que ela
prefere a cabeça decepada?
Ele piscou surpreso, uma reação que ela passou a amar.
Considerando a idade dele, ela apostou que poucas coisas o
surpreendiam.
— Como estão os outros? — ela perguntou, trabalhando
para manter seu tom agradável. Margarida! Uma pitada de falta
de ar pode ter escapado.
— Eles estão vivos, graças a mim. Depois que você
desmaiou, uma horda de demônios de reserva chegou e Axel
perdeu a mão na batalha que se seguiu. Pandora e Anya
estavam feridas quando eu as joguei através de um portal.
Um tsunami de culpa a invadiu. Se ela tivesse resistido à
vontade de entrar em contato com Pandora, as mulheres e Axel
estariam sãos e salvos agora. — Onde está Dawn?
— Em uma caminhada com Pandora. — Apoiando-se no
pilar da cama, ele cruzou os braços sobre o peito. — Nada a
dizer sobre sua situação atual?
Oh, ela tinha muito a dizer. E ela faria. Com a ausência
de Dawn, Sunny poderia cometer toda a violência que
desejasse, sem assustar seu doce e pequeno cão. — Vou te dar
uma chance de me desamarrar.
— Não se preocupe, meu amor. Eu pretendo desamarrar
você... a tempo. — Ele passou o olhar sobre ela, um ereção já
montando uma tenda na toalha. — Primeiro, você tem crimes
pelos quais responder.
Quando ele esfregou a palma da mão ao longo do seu
comprimento, ela gemeu, sentindo como se toda a associação
deles fosse algum tipo de preliminares estendidas. Mesmo
quando discutiam, eles se cobiçavam. — Eu não tenho ideia do
que você quer dizer. Meus crimes? Meus? Não! — Quanto mais
ela falava, mais irritada ficava. — Estamos falando sobre seus
crimes.
— Para começar, você ignorou a minha última
mensagem, continuou ele. — Então você desobedeceu a uma
ordem direta, colocando a minha irmã, a minha amiga e minha
decodificadora em perigo e alertando Lúcifer para sua presença
no Inferno. Sem dúvida, ele saberá o que você é. Ele virá
buscá-la, desejando você para ele.
— E daí? Deixe-o vir. Eu quero lutar com ele. Agora, pelos
seus crimes. Para começar, — ela disse, zombando dele, — você
queria espaço, eu lhe dei espaço. Mas, por alguma razão, você
não pode me dar a mesma cortesia e me deixar a camélia em
paz.
Um músculo saltou sob os olhos dele e continuou
pulando. Ele permaneceu calado.
— Qual é o seu objetivo aqui, William? Conseguir um
pedido de desculpas de mim? Me ouvir implorar pela
misericórdia que você não tem? Me ouvir implorar
sexualmente?’ — O olhar colado nele, ela fingiu se contorcer de
prazer. — Por favor, por favor, coloque os dedos... — Então ela
ficou imóvel. —Em um triturador de madeira.
Ele não pareceu notar as palavras dela. Suas pupilas
queimaram, engolindo suas íris. Ele passou a mão pelo rosto,
dando um golpe extra na boca.
Uma ação tão sexy e gostosa. Num piscar de olhos, o
desejo encharcou sua calcinha.
Suas narinas dilataram. — Você me deseja, apesar de
seus laços.
Cravo! Querendo puni-lo, ela disse: — A época de
acasalamento se aproxima, lembra? Eu quero todo mundo. —
Isso tinha sido verdade... no passado. Agora ela suspeitava que
ninguém mais faria isso, que o desejo por William, e somente
por ele, havia transformado seu cérebro em mingau.
— Todo mundo? — Ele passou os dedos sobre a borda
superior da toalha. — Esqueça o que Lúcifer fez com o seu
bando. Você sabe o que ele faz com suas prisioneiras?
Espancamentos e estupros constantes. Não há nada de bom
nele. Você o receberia?
— Só assim eu poderia cortar a cabeça dele! Então, deixe-
me falar com ele, treinador. Me solte e me coloque no jogo! Se
você me mantiver trancada, eu irei te odiar. Eu já posso estar
no meio do caminho.
A fúria pulsou dele, um ponto contra sua pele. — Você
vai derrotar Lúcifer? Você, a mulher que acabou de ser
arranhada e envenenada por demônios. Você estava na porta
da morte quando cheguei a você, Sunny, e embaraçosamente
fácil de nocautear.

Suas bochechas ardiam mais a cada palavra. Ela


cometera erros lá fora? Sim. Ela esperava que os demônios no
Inferno fossem iguais que os do mundo mortal. Errado! Eles
eram mais fortes aqui, mais rápidos e mais numerosos. Algo
que ela deveria ter considerado. Em vez disso, ela correu de
cabeça para uma situação, sem pensar em nada. Da próxima
vez, porém, ela teria um plano A, B, C e D.
Esperando que a sua próxima pergunta recebesse uma
resposta legítima, ela usou um tom mais gentil. — Se eu sou
tão fraca em seus olhos, por que você me amarrou?
Ele bateu a mão com a garra no poste, sacudindo a cama
inteira. — Porque eu preciso de apaziguamento. Porque eu
queria que você soubesse a seriedade da sua situação. Porque
eu posso. Porque você merece isso. Você me fez mostrar uma
mão de cartas que não estava preparado para jogar. Fui
correndo para te salvar. Lúcifer sabe que você é importante
para mim.
Eu sou importante! Ossos ficando macios, ela gemeu e
derreteu no colchão. — Como você vai me punir?
— Como você quer ser punida? — Mais uma vez, ele
acariciou seu comprimento acima da toalha.
Outro gemido escapou. O que ele faria a seguir? O que
ela queria que ele fizesse? Ela tentou alcançá-lo, desesperada
para tocá-lo, mas tudo o que ela fez foi puxar seus laços e
esfolar os pulsos. Amarrada, lembra?
— Sunny. Eu lhe fiz uma pergunta.
Ah, sim. Ela queria ser punida? Mais ou menos? Apesar
de tudo, ela estava interessada nisso, nele. Mas. Ela se deixou
desviar, quando ele tinha crimes para responder também. —
Eu quero te punir. Estou amarrada, mantida em cativeiro e
usada por minhas habilidades de decodificação. Quando você
me mandou uma mensagem dizendo que não voltaria para
casa, queria que eu pensasse que estava passando a noite com
outra mulher. Admita.
Seus olhos brilharam com incredulidade. — Você se
colocou em perigo porque estava com ciúmes? Eu nunca te
informaria sobre uma noite com outra mulher através de uma
mensagem, duna.
— Você escreveria no céu? — ela retrucou. Ele não
prometeu nunca trair; ele apenas alegou que a informaria
antes de fazer isso. — Você me enviaria uma carta certificada?
Usaria um megafone?
A raiva dele aumentou novamente. — Você está me
culpando por um crime que não cometi. Eu nunca traí, e nunca
trairei.
Talvez sim, talvez não, mas seus instintos gritaram: Ele
está dizendo a verdade.
— Ontem à noite, eu não estava no meu perfeito juízo, —
ele admitiu. — Depois que Hades empurrou Axel para fora, ele
jogou uma bomba sobre mim. Ele disse que, se eu forjar um
relacionamento com Axel, supostamente estou destinado a
matá-lo e tirar a sua coroa.
— Oh, William. Eu sinto muito. — Uma virada tão
devastadora de eventos. — Isso faz parte da profecia?
— De certa forma. Ele mencionou um oráculo. — Ele
esfregou o centro do peito, como se afastasse uma dor
constante. — Meu primeiro instinto foi chegar até você, confiar
em você e ouvir seus pensamentos.
Mas a necessidade o assustou? Pulso acelerado, ela
disse: — Por que você não o fez?
Ele levantou uma sobrancelha. — Você quer ouvir que eu
entrei em pânico? Que eu agi como uma vagina?
— Sim! Considere isso como preliminares, — ela deixou
escapar, sua linguagem grosseira a fazendo tremer. Saber que
ele estava, de fato, se apaixonando por ela ao mesmo tempo a
aterrorizava e a emocionava, não deixando espaço para a sua
raiva. E ok, tudo bem. Talvez ela tenha exagerado com a
mensagem de texto dele. Mas não com o cativeiro e a corda. —
Veja. Se é uma profecia, ainda há esperança. A morte nem
sempre é igual à morte física. Às vezes, a morte significa um
novo começo. Além disso, sempre há brechas.
— Explique, — ele disse, um hábito dele.
— Profecia - você nunca pode falar a verdade. Brecha -
você tatua a mensagem em seu corpo. Profecia - nenhum
guerreiro tem força para derrotar um vilão. Brecha - um
estudioso aparece e derrota o vilão com sua inteligência. Temos
apenas que encontrar a brecha em sua profecia.
A esperança brilhava naqueles olhos azuis elétricos. Ele
deu um passo mais perto, sua ereção crescendo além da borda
da toalha. Uma gota de pré-sêmen na ponta, deixando-a com
água na boca para provar. Seus mamilos ficaram tensos e sua
barriga tremeu.
Ainda segurando o olhar dela, brincando com a toalha,
ele murmurou: — Tivemos nossa primeira discussão verdadeira
como casal. Agora vamos fazer as pazes.
Seu desejo alimentou o dela, fazendo-a dolorida. Seu
sangue esquentou, a necessidade dele era uma chama
consumidora. Ela não podia ceder muito facilmente, ou ele
perceberia que tinha poder sobre ela.
Mas também tenho poder sobre ele.
— Você está molhada, Sundae? Separe os joelhos — ele
instruiu. — Mostre-me quanto você me quer.
Ela obedeceu - lentamente - e ele respirou fundo.
— Sua calcinha está encharcada. — Luxúria deixou sua
voz áspera. — Você precisa de mim. Você precisa disso. — Ele
passou a mão para cima e para baixo em seu comprimento com
mais força. — Diga-me o quanto você precisa.
Ele esperava que ela dissesse as palavras em voz alta,
para admitir que ansiava por ele. — Não até você admitir
primeiro.’
Com um gemido descarado, ela arqueou as costas,
garantindo que seus seios tremessem.
— Sunny, — ele quase rosnou. — Eu te dei um comando.
— E eu digo, me faça, — ela respirou. — Ou me diga o
quanto você precisa de mim.
Ele estreitou os olhos, um homem possuído. — Por que
não mostro a você em vez disso?
Capítulo Vinte e Sete

“Não tenho certeza do que eu gosto mais. Os gritos de prazer de


uma mulher... ou os gritos de agonia de um inimigo.”

A falta de ar e uma necessidade de mudar o mundo


colidiram, desencadeando uma reação em cadeia de sensações.
William experimentou todos os habituais em um grau
chocante: aquecimento de sangue, coração acelerado e ereção
latejante. Mais alguns extras: nervosismo, uma sensação crua
e oca no centro do peito e um inegável senso de urgência.
Ele poderia ter perdido Sunny hoje, incapaz de salvá-la.
Ele poderia ter perdido sua decodificadora e companheira de
uma só vez. Agora ele a tinha amarrada à cama dele. Segura, e
“super excitada”. Ele alguma vez encontrou uma visão mais
atraente? Ele já quis uma mulher tão desesperadamente?
Reivindique-a. Não, apenas a amarre na cama; amarre-a
ao seu lado.
Ela é sua. Fique com ela.
O que William sentia por Sunny não era apenas
explosivo. Era nuclear. Desde que a conheceu, ele não dormiu
com mais ninguém - não queria mais ninguém. Talvez ele
soubesse que no fundo não haveria substituta para ela.
Ninguém mais cheirava tão gostoso, tinha um gosto tão doce
ou se encaixava nele tão perfeitamente.
Aquele encaixe nunca foi tão claro como quando ele a
levou de volta ao estábulo, fresca da batalha; ela se moldou ao
peito dele, e ele pensou em colá-la lá para sempre.
Resistir a ela sexualmente? Não mais.
O fato de ela ter feito progressos no livro... isso contava
também. Muito. Em questão de dias, a maldição seria
completamente erradicada. Enquanto isso, por que ele não
deveria estar com quem desejava acima de todas as outras? Ele
podia guardar o seu coração, garantindo que não se
apaixonasse, a não ser ou até o momento certo.
Com a voz como seda, ele disse: — Como devo lhe
mostrar, Sundae? Diga! Me diga o que você precisa.
— Complicado, complicado. Você me fez pensar que daria
o primeiro passo, mas virou a mesa para mim. Como você acha
que eu quero que você me mostre, baby?
— Eu acho que você quer algo dentro de você, — ele
murmurou.
— Sim, por favor, — disse ela, ofegando um pouco. O
anel em sua testa brilhava suavemente, projetando faíscas de
arco-íris. Hipnotizante.
A próxima coisa que ele soube foi se mover para o lado da
cama, suas garras à mostra. Seus pensamentos ficaram
confusos. Aquelas roupas íntimas azuis pálidas moldadas em
suas curvas deliciosas, suas tatuagens de rosas um jardim de
prazer que ele planejava visitar todos os dias.
Com poucos golpes, ele cortou as cordas que amarravam
seus pulsos. Espera. Por que ele fez isso?

— Mas primeiro, — ela acrescentou, com a voz mais firme


do que antes, — mostrarei por que você não precisa se
preocupar comigo no campo de batalha. — Sem nenhum outro
aviso, ela lançou um punho na cara dele.
O soco o surpreendeu, tocando um sino. Enquanto ele se
recuperava, ela libertou os tornozelos. Ela chutou as pernas,
passando-as pela cintura dele e prendendo os tornozelos. Com
um único puxão, ela o jogou na cama - em cima dela.
Encantado com sua astúcia, ele riu. Então ela arqueou os
quadris. Seu núcleo esfregou contra a sua ereção, e sua mente
ficou em branco.
Pensamentos fragmentados piscaram em foco. Seios
macios, mamilos duros. Calor. Pressão intensa. Atrito
escaldante.
Com o próximo movimento dos quadris dela, sua toalha
se soltou. Sua ereção pressionou contra sua calcinha, um pano
a única coisa que o bloqueou do seu destino.
Vou passar as minhas férias lá. Duração indefinida.
Ela era esperta; ela usou os restos de corda para se
colocar em uma posição vertical e montá-lo. — Viu! Eu me viro
sozinha. — Triunfo brilhava em seus olhos.
Orgulho carimbou cada célula dele. Por causa da sua
habilidade, sim, e também seu desejo. — Você pode me
controlar? Eu quero... — Ele apertou a cintura dela e caiu para
trás, rolando para prendê-la no colchão. — Dar o que você
deseja mais do que o ar.
Sem fôlego, ela respondeu: — Não, você quer se dar o que
deseja mais que o ar".
Ele balançou contra ela. — Você me quer só para você.
Você mataria outras mulheres para ficar comigo. Você se
importa comigo. Admita. — Ele ansiava pelas palavras tanto
quanto pelo corpo dela.
Ela tremeu contra ele, fitas de seda rosa cobrindo os
travesseiros. — Você choraria se me perdesse.
Ele pensou ele... poderia. — Você acha que sou especial.
Raios de sol a acariciaram, e de repente ela pareceu
polvilhada em pó de diamante. Seus olhos esmeralda brilhavam
com felicidade agonizada. Quando ele balançou os quadris
mais rápido, os lábios dela se separaram em um suspiro
quebrado. O som mais sexy que ele já ouviu.
— Eu me importo. Sobre você — ela respondeu, com um
tom áspero. A expressão dela era extremamente vulnerável. —
Eu realmente me importo. Pronto. Você está feliz agora?
Sim! E não. Ele precisava permanecer emocionalmente
distante, mas sua gentil admissão cortou as suas defesas,
acalmando uma ferida que havia apodrecido por milhares de
anos. Nunca deveria ter nascido? Errado, Wrathling. Esse
unicórnio precisava que eu nascesse. Só eu tenho o poder de
saciar seus desejos.
— Eu também me importo com você, Sundae. — A
admissão escapou dele espontaneamente enquanto ele
empurrava contra ela.
Ela gemeu, e ele só queria mais. Mais dos seus gemidos.
Toda a sua lealdade. Sua completa confiança nele. Até o amor
dela.
Como posso esperar a confiança dela quando não ofereço
a minha? Quando eu continuo mantendo-a em cativeiro?
Momentos se passaram enquanto se entreolharam, sua
consciência dela se aprofundava. Ele nunca tinha sido
conhecedor da diferença em seus tamanhos. O senhor da
guerra alto e musculoso e seu unicórnio aparentemente frágil.
E merda. Merda! Ela abriu mais as pernas, criando um berço
para o eixo dele, garantindo que a ponta pressionasse contra
seu núcleo encharcado.
Ele balançou os quadris novamente, a ação necessária
para sua sobrevivência. A satisfação acenou, a necessidade
dela subindo, subindo, espumando dentro dele. Mais. Agora.
Tudo.
Enquanto ela soltava respirações irregulares, seu coração
disparou no ritmo do dele. A febre de paixão corou suas
bochechas. — William, — disse ela, gemendo novamente.
— Sundae? Pronta para gozar já?’ — Tão sensível a todos
os seus toques! — O que aconteceu com a garota que odeia
sexo, hum?
— Você a matou com prazer. Eu - não quero mais jogar.
Eu só quero. — Tormento em seu tom, em seus olhos. — Por
favor.
Rosnados retumbaram dele. Pegue. O. Que. É. Seu.
Reivindique o que é seu. Sim! William inclinou a cabeça e
enroscou os lábios dela com os dele, um fervor o envolvendo.
Ele estava em chamas. Ele latejava com mais força do que
nunca - beijou com mais força, suas línguas empurrando e
rolando juntas.
Com ela, seu prazer aumentou. Todos os sentidos
envolvidos. Porque ele a conhecia, gostava dela e, sim, ele se
importava com ela. Esse carinho fez dele um canal para uma
vertiginosa onda de loucura. E ele gostou isso.
Com uma mão, ela passou os dedos pelos cabelos dele,
unhas pontudas raspando seu couro cabeludo. Com a outra,
ela marcou as costas dele com mais força. A leve picada aguçou
seu prazer, até que ele pensou que poderia espontaneamente
entrar em combustão. Valeria a pena.
Ele amassou seus seios e beliscou seus mamilos,
suspiros escapando dela, desgastando seu controle pouco a
pouco. Quando ela o empurrou de costas e subiu em cima dele
mais uma vez, ele não ofereceu protestos. Ela tirou e jogou o
sutiã, aqueles lindos seios pulando livres. Menina má. Ele já
quis algo assim?
— A calcinha tem que ir. — Ele passou uma garra ao
longo da costura central, o material caindo aos pedaços.
Contato. O calor feminino o queimava.
Seu controle se desgastando mais rápido.
Debaixo do seu eixo, um pequeno tufo de cachos rosados
descansava entre suas longas pernas.
Quando ele girou seu comprimento contra ela, carne
encontrou carne e calor encontrou calor. Quente, líquido e
arrasador. Ele ofegou.
De costas arqueadas, ela propositalmente esfregou seu
núcleo contra a sua ereção. Em um momento, o prazer se
tornou dor, e a dor se tornou prazer.
Ela beijou seu pescoço, sugou seu pulso. Controle? Ele
não tinha nenhum. Não apenas mais desgastado, mas
completamente destruído.
— Eu quero te foder, — ele rosnou.
— Mmm, sim. Espera. Não! — O pânico brilhou em seus
olhos. Ela plantou as mãos nos peitorais dele. — Orgasmo, sim.
Sexo não. Não até decodificar o livro.
O que trouxe aquilo? Ele poderia pedir uma resposta,
terminando com isso, ou poderia seguir em frente e descobrir
depois. — Muito bem. — Ele ficou desapontado? Além disso.
Ele a pressionaria para oferecer mais? Nunca. Não significava
não, ponto final. — Me beija.
As mãos dela voaram para segurar o queixo dele. Ao
mesmo tempo, ele se ajeitou na posição vertical. Eles uniram
os lábios. Mais uma vez, suas línguas emaranhadas, seus seios
pressionando contra seu peito, seus mamilos o atormentando
toda vez que se moviam. Mais uma vez, ele esfregou, esfregou,
esfregou sua ereção contra ela, a ponta provocando seu clitóris,
deixando-o louco.
— As coisas que você me faz sentir. — Uma vez, duas
vezes, ela grudou os quadris deles, não se contentando mais
em esfregar. Não, ela bateu contra ele com força crescente.
Insuficiente. Não é o suficiente. Ele agarrou os globos
perfeitos de sua bunda perfeita. Macio, mas firme. Minha, toda
minha. Quando ele a apertou, ele a empurrou para frente e
torceu os quadris.
— Mais, — ela ordenou, e ele obedeceu alegremente.
O fogo correu por suas veias, o suor escorrendo por sua
pele; fumaça envolveu sua mente, uma droga. Ele segurou um
punhado dos cabelos dela e levantou o seu rosto. Novamente
seus olhos se encontraram, o resto do mundo deixou de existir.
— William! — Ela bateu os punhos no peito dele. — Pare.
— Parar o quê? — O beijo? O toque? De qualquer
maneira, ele preferiria morrer a parar, mas nisso a palavra dela
sempre seria lei.
— Pare de brincar e chegue as coisas boas.
As coisas boas? Ele piscou rapidamente, pego de
surpresa. — Você está reclamando da minha técnica?
Novamente? — Enquanto ele falava, ele brincou com seus
mamilos, beliscando e sacudindo-os. — Ou meu unicórnio está
impaciente pelo prazer dela?
— Sim! — ela disse, se debatendo embaixo dele. — Você
está indo tão devagar. E você ainda nem me tocou. Dália
termine o que você começou! Estou pronta.
Ela queria mais e rápido? Com prazer. William torceu,
jogando-a de costas. Quando ela pulou no colchão, ele se
moveu para ficar ao lado da cama, agarrou seus tornozelos e a
virou. Ele a colocou nas mãos e nos joelhos, propositadamente
áspero, sempre a observando, garantindo que suas reações
nunca se transformassem em medo ou consternação. Não, não.
Sua Sunny, sedenta de prazer, adorava, ronronando por mais.
— Olhe para você, — disse ele, maravilhado. Seus seios.
Sua bunda... seu núcleo feminino. Nesse ângulo, ele podia ver
todas as suas partes favoritas. — Perfeição absoluta.
Com uma cascata de cabelo rosa caindo sobre as costas,
ela olhou por cima do ombro e presenteou-o com o sorriso mais
suave e doce. As coisas dentro dele começam a rachar.
Resistência, relutância. Civilidade, talvez. Seu coração quase
parou, a necessidade de agradar, proteger e estar com Sunny
dominando-o completamente, talvez até reescrevendo seu DNA.
O homem que buscou saciedade e alegria nos braços de
inúmeras outras, desesperado para se sentir desejado,
queimado em cinzas. Dessas cinzas surgiu um homem com um
novo propósito. Vou ter Sunny e mais ninguém!
Ela era paixão, tentação, carnalidade e luxúria. Ela era a
sedução encarnada. E ela era dele. — Você confia em mim,
Sundae?
— Eu... confio. — Ela pareceu surpresa. — Você não vai
me machucar.
— Está certa. Você nunca terá motivos para me temer. Eu
nunca pegarei aquilo que você não oferecer ou pressionarei por
mais do que você deseja dar. Se eu fizer algo que você não
gosta, me diga e pararei imediatamente. Seu consentimento e
seu prazer significam tudo. Você entende?
— Sim, — ela disse, um tremor em sua voz. — Por favor,
William. Mais.
Seu olhar de paixão se aqueceu enquanto ela o observava
subir na cama. Ele permaneceu de joelhos, as pernas entre as
dela, e achatou a mão no centro das costas dela. Com um
pequeno empurrão, ele a fez se inclinar, posicionando sua
bunda magnífica no ar. Seu rosto adorável descansava contra
um travesseiro.
Ao vê-la assim... Seu corpo parecia estar mais apertado
do que um arco. Dentro, fora. Ele estendeu um braço entre as
pernas dela, dizendo: — Me dê sua mão.
Sem hesitar, ela deu. Segurando o pulso dela, ele guiou
um de seus dedos dentro de sua vagina ensopada. Quando
sentiu que estava suficientemente molhada, substituiu o dedo
por outro. Ele repetiu o processo até que todos os cinco dedos
estivessem cobertos pelo mel dela. Seus gemidos vinham
continuamente, acariciando seus ouvidos.
Seus tremores pioraram quando ele posicionou sua
ereção contra seus lábios rosados e carnudos. O calor! Embora
ele quisesse apenas afundar dentro dela, ele resistiu,
invocando todo poder, magia e determinação. No momento em
que sentiu que tinha um pouco de controle, ele começou a se
mover, imitando os movimentos do sexo, esfregando seu eixo
contra seu pequeno clitóris inchado.
Quando ela arfou o nome dele, ele disse a ela: — Dedos
no meu pau, Sundae.
Mais uma vez ela obedeceu sem hesitar. Ele continuou a
se mover, balançando para frente e para trás. Vai e volta. Bem
na palma da mão. Ela o apertou, ampliando seu prazer mil
vezes.
— Tão grande, — ela elogiou. — Tão duro.
Ele girou, mudando o ângulo de suas investidas. A ponta
do seu eixo atingiu-a onde ela mais precisava dele, e ela gritou.
Novamente. E de novo. Com uma mão apoiada na parte inferior
das costas, ele deslizou o polegar para o meio da bunda dela.
Ela gemeu mais alto. Mais rápido. Em seu próximo deslize para
dentro, ele pressionou o polegar na bunda dela.
Ela sacudiu, chocada. Então ela derreteu em seu toque,
resistindo ao seu aperto. — William! Homem mau... mais!
Um dia, cada parte dela ansiaria por todas as partes dele.
Ele garantiria isso.
Ele acelerou o ritmo, atingindo seu clitóris em um ritmo
cortante enquanto a tocava mais profundamente. O pequeno
buraco dela apertou o polegar dele, provocando um aperto de
resposta baixo em seu intestino. A necessidade de chegar ao
clímax piorou. Não goze. Ainda não. Tem que durar por ela.
Bom demais, bom demais.
Ele mordeu a língua, provou sangue. Logo atrás da cama
havia um espelho de corpo inteiro que ele trouxera antes de
Sunny acordar, planejando observá-la enquanto ele adorava no
altar do corpo dela. Seus seios gostosos balançavam enquanto
sua mão trabalhava em seu comprimento.
Mais rápido, mais forte. Logo, ambos estavam proferindo
palavras ininteligíveis. Ele bombeava seu eixo mais rápido; ela
agarrou sua ereção com mais força. Uma e outra vez, a cabeça
gorda bateu contra o seu clitóris. Quando ela começou a
balançar, perseguindo o seu comprimento, ele mudou de
direção. Bateu, bateu.
— Tão perto... preciso... agora... dê - sim! — ela gritou,
gozando e gozando com força. Uma inundação daquele mel
encharcou seu eixo. As paredes internas dela se espalharam ao
redor do polegar dele.
Aumentando o seu aperto nele, ela estendeu a outra mão
para trás e puxou as suas bolas. William ainda não estava
pronto para gozar - ele queria durar para sempre, queria mais
disso, mais dela - mas não conseguiu parar o clímax, assim
que jorrou dele.
Ele jogou a cabeça para trás e rugiu para as vigas.
Capítulo Vinte e Oito

“Seja minha. Só brincando. Vá embora.”

Sunny aconchegou-se contra William, seu coração


galopando no ritmo do dele, sua respiração irregular. Seu calor
e cheiro a envolviam, garantindo um baixo nível de prazer
ainda zumbindo dentro dela. Mas esse prazer estava ficando
mais afetado a cada segundo. A qualquer momento, ela
esperava que ele cortasse o contato, dizendo algo horrível e
fosse embora, lamentando o quão vulnerável ele esteve com ela,
mesmo que eles não tivessem tecnicamente feito sexo.
Não que isso importasse. Sua conexão havia se
fortalecido e a intensidade da sua atração havia se
aprofundado. Ela sentiu isso acontecendo e sabia que ele
também. Se ele já estava em pânico com o pensamento de
compromisso antes, talvez estivesse pronto para correr para as
colinas agora. Na verdade, ele não falou uma palavra desde que
desabou no colchão, totalmente desgastado.
Quando um minuto se transformou em outro, ele
simplesmente brincava com os cabelos dela e traçava as cristas
da sua coluna, como se estivesse contente por estar perto dela.
Mas Sunny começou a se ressentir do silêncio. Se William iria
agir como um homem-bebê mal-humorado sobre seus
sentimentos crescentes por ela, ela precisava saber, para poder
correr para as colinas. Porque, pouco a pouco, apesar de
tudo... estou me apaixonando por ele.
O que eles fizeram a deixou enlouquecida. Ela não queria
apenas mais sexo. Ela queria fidelidade. Confiança. Uma
família. Eternidade.
Ela queria tudo o que ele tinha para dar. Sério. O que ele
queria?
Como ele não havia escapado, ela decidiu testar as
águas. Se ela começasse com perguntas divertidas, talvez
pudesse fazê-lo se abrir. — Se você pudesse descrever sua vida
com um título de filme, qual seria?
Ele respondeu rapidamente, como se soubesse a vida
16
toda. — Eu seria uma sessão dupla. Desventuras em Série ,
17
seguido por Eu sou a Lenda .
18
— Mentiroso! Você seria O Durão seguido pela Festa da
19
Salsicha . Quero dizer, você sabe quantas vezes tive que ouvir
sobre o seu pau?
Ele sorriu. — Você seria a Fantástica Fábrica de
20
Chocolate . O Grande Willy vai... te... comer...
Ela riu. Decidindo forçar um pouco mais, agora que ela
estava falando com ele, ela perguntou: — Então, como vão as
coisas com seu pai?
Entre uma piscada e a seguinte, a miséria pulsava nele.
— Hades acredita que pretendo matá-lo, então ele barrou a
minha entrada na sua casa. Ele sequer fala comigo.
Diferentes partes dela se contraíram. — Sinto muito,
baby. — Ela não ofereceria um consolo do tipo que o tempo
para curar todas as feridas. Algumas feridas inflamavam.
Alguns cicatrizavam. Embora ela não tenha causado o coração
partido dele, ela queria desesperadamente ajudar a consertá-lo.
— Uma rejeição nunca é divertida, mas um dia pode ser uma
bênção. Com suas ações, as pessoas nos mostram quem são.
Se seu pai pode tirar você da vida dele, ele não merece você.
Ele a puxou ainda mais para perto e beijou sua
sobrancelha, mas não disse mais nada.
— Como você passou a fazer parte da família de Hades?
— ela perguntou. — Quero dizer, eu sei que você mencionou
que ele e Lúcifer resgataram você de um reino infernal, mas
ouvi dizer que adoções sobrenaturais são complicadas.
Uma pausa, cheia de tensão. Ele iria desviar agora,
arrependido por sua admissão anterior? Ele iria embora?
Ele a surpreendeu mais uma vez; explicando: — Depois
que a mulher que eu acreditava ser minha mãe foi morta,
acordei em um reino do Inferno. Não é apenas infernal. Fui
escravizado por... — com o olhar selvagem, ele disse. —
Canibais e estupradores. Eles me chamavam de Scum. Não sei
quanto tempo se passou antes de Hades aparecer com Lúcifer.
Eles mataram o clã inteiro e me pediram para ir com eles,
morar com eles e agir como mão de vingança de Hades. Eu fui.
Algum tempo depois, eu usei um par de faixas que se fundiram
na minha carne, me ligando ao rei.
— Oh, William. As coisas que você deve ter sofrido no
reino do Inferno. Eu sinto muito. — O fato de ela já o ter
chamado de escória... Culpa e vergonha a queimaram. Não foi à
toa que ele se encolheu quando ela fez isso.
— Todo mundo sofre em algum momento, — disse ele,
com a voz rouca.
— A miséria das outras pessoas torna o seu passado
menos terrível? Não.— Sofrendo por ele, ela traçou um coração
sobre o seu, bem, coração. — Você e Lúcifer eram tão
próximos. O que o fez querer sacrificar você? Aliás, o que
causou a brecha entre Hades e Lúcifer?
— Lúcifer havia encenado um golpe. Ele planejou me
sacrificar para adquirir minhas forças e usá-las para derrotar
Hades. — Mais uma vez o músculo sob seus olhos saltou. —
Ele falhou comigo, mas ainda emboscou Hades.
Pobre William. Lúcifer havia destruído sua família, assim
como o jacinto havia destruído a dela. Só que William teve que
sofrer a traição de um ente querido em cima de todo o resto, e
ele teve que fazer isso depois que a bruxa o amaldiçoou. Agora
ele vivia com o conhecimento de que seu próprio pai, o homem
que mais amava, havia mentido para ele, mantendo-o afastado
de Axel por razões egoístas. Sim, Sunny ouvira a conversa
deles. William havia sofrido um golpe após o outro. Não é de
admirar que ele nunca quis fazer parte de um relacionamento
sério.
— Sinto muito por sua dor, — ela repetiu. — Sinto muito
por cada século que você não passou com o Axel. Ei! Falando
nisso, acho que você deve ter DNA dos Enviados, desde que foi
projetado por Wrathling. Embora, agora que eu penso nisso, o
DNA dos Enviados tende a assumir o controle. Se você fosse
parte Enviado, você teria asas como Axel. Asas de penas, quero
dizer, não de fumaça. Ou talvez não? O que eu sei? De
qualquer forma. Mesmo sempre lutando pelo Time Bom, nunca
pensei em namorar um possível Enviado.
Ela esperava provocá-lo para ele ficar de bom humor,
mas ele ficou rígido. — Que tipo de homem você namorou antes
de mim?
— Você quer a verdade, toda a verdade e nada além da
verdade? Escolhi homens mais fracos com auras honestas e
não-violentas que não teriam sucesso se fizessem uma jogada
para o meu chifre.
Ele deu a sua erguida de sobrancelha patenteada. — Eu
quero saber sobre a minha aura?
— Está embaçada, — ela disse a ele. — Não consigo ler e
não sei por quê.
— Talvez porque eu seja mais do que um híbrido, meu
DNA possivelmente esteja dividido em várias espécies. — Ele
deu de ombros e mudou de assunto. — Por que você se recusa
a revelar sua forma de unicórnio, mesmo que eu tenha jurado
nunca roubar seu chifre?
Desde que ele se abriu para ela, ela decidiu conceder a
mesma honra a ele. — Mudar é incrivelmente pessoal. Como se
despir para revelar meu corpo nu. Nessa forma, sou mais
poderosa, sim, mas também sou mais vulnerável. É por isso
que geralmente apenas mudamos durante uma batalha, se
sabemos que podemos matar todos que nos veem. Ver o chifre
mesmo que uma vez é entender como funciona, algo que
mantivemos em segredo por um motivo. Eu me colocaria em
grande desvantagem.
— A explicação não se aplica. Estamos juntos.
— Por enquanto, — ela brincou. Eles não fizeram
nenhum acordo permanente.
— Juntos há alguns dias e já estamos nos preparando
para a nossa separação? — Ele apertou os lábios. — Você
confia em mim para dar prazer ao seu corpo. Por que não isso?
Faça. Diga a ele. — Porque você é um risco de voo.
Porque, com a minha dupla personalidade, sou estranha e não
há como negar isso. E se você se cansar de lidar comigo? E se
alguém chamar a sua atenção? E se eu não conseguir
decodificar seu livro? E se você me deixar trancada e eu tiver
que lutar com você para sair?
Colocando-a de costas, seu despenteado príncipe das
trevas pairava sobre ela, perverso, devasso e, por algum motivo,
lívido. — Vamos largar a coisa do unicórnio - por enquanto. Por
que você insistiu em deixar o sexo de fora até que o livro seja
decodificado? Você não estava preocupada com isso antes.
Porque ela estava se apaixonando por ele tão
rapidamente. Muito rápido. Porque ele podia estar se
apaixonando por ela. Porque a maldição se mostrou mais forte
do que ela esperava. Mas dizer a verdade seria um grande erro.
No entanto, uma mentira seria imperdoável.
O telefone dele tocou, salvando-a de ter que pensar em
uma resposta adequada. Com voz firme e inflexível, ele disse: —
Não terminamos esta conversa".
— Claro, querido. Vou escrever uma resenha no trigésimo
segundo dia do mês.
Ele parecia estar lutando contra um sorriso. — Continue
assim, e eu vou colocar algo nessa sua boca inteligente. —
Ajustando suas posições, ele se inclinou para pegar o celular
da mesa de cabeceira.
Sunny teve um vislumbre da tela.
Black Attack: Você ficará satisfeito em saber que eu
fiz isso. Saquei e etiquetei Evelina. Atualmente, ela está
descansando desconfortavelmente na minha masmorra.
Além disso, não fizemos nenhum progresso com Lilith ou
com aquela garota Sable. Não há rumores sobre elas, e
nenhum perfume a seguir.
Irradiando extrema emoção e decepção, William sentou-
se e mandou uma mensagem de volta, Continuem
procurando por Sable. Não desistam até encontrar um
rastro. Por enquanto, esqueça Lilith. Eu vou mais tarde
esta noite para falar com Evelina e vou levar uma mulher
comigo.
Ele vai? E ele optou por mandar os filhos dele atrás da
sua conheci.. , - oh, quem ela estava enganando? – amiga, ao
invés da bruxa dele. Sunny engoliu um suspiro sonhador,
bombas de brilho detonando em seu coração.
O fato de não haver vestígios de Sable era na verdade um
bom sinal. Se alguém a tivesse, eles teriam deixado uma trilha,
mas por conta própria, Sable sabia como se esconder para
evitar ser detectada.

Black Attack: Uma mulher estará com você, huh?


Awww. Vou ter uma nova mamãe?

William: Você está recebendo uma surra.

— E o seu jantar com Hades? — Sunny perguntou


suavemente.
— Não acho que ele deseje passar algum tempo comigo .
— Rígido de novo - não, mais rígido - William endireitou os
ombros, como se estivesse se preparando para um golpe. — Eu
acho que ele terminou comigo. — Sua voz tremia, apenas um
pouco, mas o suficiente para notar.
Ela o abraçou com força. — William. Baby. Ele pode
pensar que ele terminou com você, mas você é o Derretedor de
Calcinhas. Alguém realmente já terminou com você? Ele vai
aparecer. Além disso, se você quiser interromper a talvez
sim/talvez não profecia dele, há uma solução simples. Não o
mate.
Ele abriu a boca. Fechou. Abriu, fechou. Ela sorriu.
Finalmente, ele caiu em cima do colchão e soltou um suspiro,
repetindo: —Espertinha.
— Mas uma espertinha inteligente, disse ela. — Quem é
Evelina?
— A meia-irmã da bruxa que me amaldiçoou e a esposa
de Lúcifer. Ela fugiu na semana seguinte ao casamento e
permanece escondida desde então. Eu pretendo usá-la contra
Lúcifer. E nem pense em tentar me convencer a não usar um
inocente. Não tenho planos de machucá-la.
— Primeiro, eu nunca tentaria uma coisa dessas. Eu teria
sucesso. Segundo, usar um inocente é algo que Lúcifer faria.
Tem certeza de que deseja seguir esse caminho? Por fim, só
porque você não tem planos de prejudicá-la, não significa que
ela vá embora ilesa. Acidentes acontecem.
Suas narinas se alargaram, um juramento sombrio
saindo dele.
Sunny riu. — Eu brincando, eu brincando. Só queria
provar que, de fato, teria sucesso. Sou sessenta por cento
sólida a bordo de usá-la, mas somente se tivermos
salvaguardas em vigor. — Ele seguiria o conselho dela ou o
rejeitaria?
Vários outros textos apareceram, e ele não fez nenhum
movimento para esconder a tela para impedir que ela lesse.
Então, ela leu.

Green Machine: DEIXE-ME COLOCAR A EVELINA NO


SEU CALABOUÇO!
Red Abed: Ele está bravo porque a pequena gata
selvagem cuspiu em seu rosto.

— Black Attack, Green Machine e Red Abed — Sunny


murmurou. Por que não sou Sunny Bunny? — Conte-me sobre
a mãe deles. — A última vez que ela perguntou, ele corou e
mudou de assunto.
Agora ele corou. — Ao contrário de outros praticantes de
magia, ele disse, chocando-a, — eu não queimo o que absorvo.
Eu guardo, até eu ter uma gota a mais. Então a mágica se liga
a quaisquer emoções que vivem em meu coração e se derrama
de mim em correntes de fumaça, criando de alguma forma
imortais adultos.
— Então você é pai e mãe. Isso é incrível, e geralmente
algo que apenas um Deus pode fazer. Não entendo por que você
está envergonhado por isso.
Ele deu a sua piscada de surpresa, e ela não pôde deixar
de acrescentar: — Para sua informação, não tenho planos de
fazer piadas sobre o útero, ou perguntar se você está
menstruado e precisa de um novo tampão... por enquanto.
— Que gentileza sua. — Um canto da sua boca
estremeceu, como se ele lutasse com um novo sorriso. — Eu
criei quatro cavaleiros do apocalipse.
— Então você certamente tem um deus na sua linha.
Talvez Ares.
Piscada, piscada.
Ela beijou sua bochecha áspera, se desembaraçando dele
e ficou com as pernas trêmulas. — É melhor eu descobrir o que
vou vestir para conhecer seus filhos. — Ela caminhou até o
armário, onde vestiu roupas íntimas limpas, uma das
camisetas de William e um short. Então ela deslizou para a
mesa e se instalou. — Eu decodificarei até que você esteja
pronto para ir. — Apenas tendo cuidado. Se os sussurros
surgissem ou um único desejo, ela pararia imediatamente.
Ele ficou tenso, mas não disse mais nada. A testa dela
franziu. Por que tenso? Ele queria que a maldição se fosse,
certo?
Quando ele caminhou até o armário e selecionou uma
camiseta e jeans simples, ela abriu o livro e se forçou a se
concentrar nos símbolos. Como ela já havia rompido a barreira
mágica da bruxa e (meio que) descansado, ela não teve
problemas para decifrar outra frase.
A lição começa com uma maldição e termina com um
funeral.
Ela anotou. Desesperada para aprender mais sobre o
caminho para o funeral, ela passou a ponta do dedo sobre os
símbolos. Vamos! Vamos. Mas... nada.
Uma dor ardente passou por sua cabeça, anunciando os
sussurros. Mate ele. Mate-o agora. Agora!
De jeito nenhum. Mas talvez? Sunny tocou o medalhão
pendurado em seu pescoço. Como seria fácil ficar de pé,
diminuir a distância, fingir que ela queria beijá-lo e esfaqueá-
lo.
— Você aprendeu algo novo, — disse William, movendo-
se para o lado dela. — Conte-me.
Enquanto ela inalava o almíscar masculino, os sussurros
pararam e os impulsos desapareceram. Horrorizada, ela soltou
um suspiro trêmulo. Ela teria feito isso? Ela o teria
esfaqueado? Ela pensou que... poderia.
Culpa e medo retornaram com vingança. Ela talvez
precisasse repensar a sua estratégia. Tremendo, ela apontou
para uma linha de símbolos, nunca realmente tocando a
página. — Eles dizem: A lição começa com uma maldição e
termina com um funeral.
Ele passou a língua pelos dentes. — Basicamente, Lilith
codificou um diário de ódio?
— Talvez, talvez não. Depois de menosprezar seu bom
nome, ela pode dar instruções passo a passo para quebrar a
maldição. — Mas qual a probabilidade disso?
Um som sufocante se elevou, o estábulo tremendo. Mais
enviados chegando? Ela se inclinou para olhar pela janela.
Desde que os Enviados se mudaram, a paisagem passou por
uma grande mudança, de esparsa e fuligem, para um país das
maravilhas repleto de cabanas, árvores e flores. Guerreiros
marchavam aqui e ali, em patrulha.
O fato de seu amante perverso poder fazer parte dos
Enviados ainda a chocava. Claro, ele também poderia - ou em
vez disso - ser um shifter de dragões. Eles produziam asas de
fumaça. Talvez ele tivesse Fae nele também. Por que mais ele
seria impenetrável à sua magia? E a maneira como ele
seduzia... assim como as ninfas. A maneira como ele falava,
como as sirenes. A maneira como ele se movia, tão gracioso
quanto os vampiros.
Uma mistura de espécies era uma especialidade dos
Wrathlings, que vinham de mundos e reinos diferentes. William
também tinha alguma outra criatura em seu DNA? Quanto
mais ela sabia, melhor ela poderia ajudá-lo.
Pandora voltou com Dawn, e o cão saltou para Sunny,
animado para vê-la. Estamos nos unindo! Ela acariciou a
queridinha atrás de ambos os pares de orelhas sem ser
mordida mais do que duas vezes. Que progresso!
— Venha aqui, menina, — William chamou, e Dawn se
lançou, pulou na cama para se aconchegar ao seu lado.
Traidora! — Obrigada, — disse Sunny a Pandora, que
permaneceu na porta.
Jogando a trela do cachorro em cima da mesa, Pandora
disse: — Ela quase arrancou meus braços dos meus soquetes,
então você vai pagar uma massagista.
— Poderíamos colocar outra noite das meninas nos livros,
— disse ela, decidindo testar os limites da sua liberdade. Ela
fez progresso com William ou não?
— Estou dentro! Primeiro, preciso concluir algumas
tarefas para Hades, mas em breve enviarei mensagens de texto.
— Pandora saiu.
William não fez comentários, protestos ou sons de
desaprovação. Talvez ele tenha optado por deixar Sunny entrar
e sair à vontade?
Sorrindo, determinação de estar com ele renovada, ela
pegou o livro para estudar enquanto passeava. De um jeito ou
de outro, ela decodificaria este livro para William e resistiria à
maldição.
Quanto tempo passou, ela não tinha certeza; ela perdeu a
noção, uma onda familiar de tontura e calor varrendo-a de
novo e de novo, mais forte do que antes. Forte o suficiente para
derrubá-la. Em vez de tentar se segurar, evitando ferimentos,
ela abraçou o livro, protegendo-o. Então, quando ela bateu no
chão, ela realmente bateu, o ar soprou de seus pulmões.
William piscou para ela. Ele deixou o livro de lado e a
colocou na posição sentada. Ela o empurrou para o lado,
desesperada para ver as páginas. Mais símbolos se
transformaram em palavras!
— O resto da frase! — Uma boa também. — A lição
começa com uma maldição e termina com um funeral... a menos
que ele realize uma pequena tarefa.
Ansiedade palpável, William disse: — Continue. Por favor.
Por favor. Ele já a havia pedido assim antes? Que ele fez
agora, sobre isso, algo que ele mais queria no mundo... Não
posso decepcioná-lo. Mas não tenho certeza se posso resistir a
esses impulsos sombrios.
— Você está machucada, Sundae? — A preocupação atou
sua voz.
— Eu preciso... preciso... ficar sozinha. — Sim. A solução.
— OK?
Ele se encolheu, apesar de quase imperceptível. Se ela
não estivesse observando atentamente, ela teria perdido. A
culpa aumentou. Em seus esforços para salvá-lo do mal, ela o
magoou.
— Muito bem, — disse ele, seu tom agora desprovido de
emoção. "Vou visitar alguém que gosta da minha companhia.
Ela agarrou seu pulso para segurá-lo no lugar, e ele
deixou. Olhos atentos, ele se aproximou dela. Esperando que
ela o agradasse, ela se aproximou dele também. Eles se
entreolharam, suas respirações ficando irregulares.
Então, ela estava ficando excitada apenas alguns minutos
depois de planejar assassiná-lo? E daí? Olhe para ele. Seu
corpo, esculpido com todos aqueles músculos. Suas tatuagens,
lambíveis. E a maneira como ele a observava, seus olhos
aquecendo novamente, como se tivesse acabado de encontrar
sua próxima refeição.
— Você me quer perto, — disse ele, seus olhos brilhando.
— ‘Você quer que eu me vá. Diga-me, Sunny. Por que eu iria
querer mais disso?
Ai. — Eu sabia que minha dupla personalidade chegaria
até você. — Não há necessidade de mencionar a maldição.
Ele não a contradiz, o que doía muito. — Saber mais
sobre o meu passado me arruinou aos seus olhos? As coisas
que me fizeram. As coisas que eu fiz. Sim, eu dormi com
mulheres casadas no passado, anulando seus compromissos.
Uma ação de que me arrependo. Na época, considerei os
maridos tolos por vincularem seu futuro a alguém, a qualquer
pessoa, e eles mereciam o que tinham. Nos últimos anos,
encontrei exemplos genuínos de relacionamentos amorosos.
Pela primeira vez, eu vejo possibilidades.
Possibilidades... comigo? — Sinto muito, — ela sussurrou.
— Me desculpe, se eu fiz você pensar que seu passado me
enojava. Não é verdade. — Sua vida o moldara. Ela gostava de
quem ele se tornou. Um homem, um guerreiro, que lutou pelo
que acreditava, com um coração mais frágil do que ela jamais
imaginou.
O olhar dele caiu, permanecendo nos lábios dela. O olhar
dela permaneceu no dele também, aqueles belos lábios macios
capazes de fazê-la irracional de felicidade. Ela estremeceu, sua
excitação se aprofundando.
Apertando levemente o queixo dela entre os dedos, ele
forçou o olhar dela a levantar. Algo que ele deve amar fazer. —
Você não está arrependida por ter me pedido para sair?
Não posso contar a ele toda a verdade. Ele só entraria em
pânico. Mas, novamente, ela não podia mentir. Então, ela
balançou a cabeça e disse: — Eu estava de mau humor e temia
machucá-lo. — Verdade. Mais ou menos.

— Não se preocupe em me machucar. Preocupe-se em me


dar prazer. — Ele lambeu os lábios, como se já pudesse prová-
la. — Eu estou com fome. Pronto para o banquete.
Resista. Tome um momento para se acalmar. — Tudo
bem, mas vou precisar de uma refeição própria. — O convite
deixou seus lábios espontaneamente.
— Eu terei prazer em... — Ele a soltou de repente, como
se ela o tivesse queimado, e se levantou.
Ok, o que ela fez de errado?
Tom nítido o suficiente para cortar vidro, ele disse: —
Alguém está vindo
Mesmo? Como ele sabia? Ela ouviu, mas não detectou
ruídos estranhos. — Quem?
Uma batida soou na porta e ela se sacudiu. — William?
— Axel chamou.
Dawn permaneceu na cama; ao som da voz do Enviado,
suas cabeças se ergueram. Ela mostrou os dois conjuntos de
dentes. Um rosnado cruel ecoou pelo estábulo.
Sunny correu com as pernas instáveis, correu para a
mesa e devolveu o livro ao estojo. Confusa com a reação do cão,
ela se aproximou, esperando confortar a queridinha.
— Entre, — William chamou. — Desativei os bloqueios
mágicos.
Dobradiças rangeram, a porta se abrindo. Axel andou pra
dentro...
Sunny olhou duas vezes. Uau. Antes, sua aura era tão
embaçada quanto a de William. Agora? Era preta sólida, sem
nenhum sinal de luz.
O tipo de aura que os demônios possuíam.
A menos que a personalidade de Axel tenha sofrido uma
mudança drástica no dia anterior, o convidado deles era
alguém que fingia ser Axel.
Um metamorfo.
Como Rathbone.
Ou... Sunny enrijeceu. O Grande Enganador. Lúcifer.

Capítulo Vinte e Nove

“O mundo inteiro é um palco. Imortais atuam como predadores,


os humanos atuam como presas. Vá em frente, quebre uma
perna.”

Em alguns segundos, William percorreu toda a gama


emocional. Preocupou-se com o bem-estar de Sunny. Fúria por
ela ter dispensado ele. Determinação em fazê-la querer mostrar
a ele sua forma de unicórnio. Confusão sobre sua moratória no
sexo. Ódio por Lilith. Feliz em ver seu irmão. Irritado por não
poder terminar sua discussão com Sunny e ter horas de fellatio
de reconciliação.
Como não fazer sexo com ela se sentiu muito melhor do
que fazer sexo com outra pessoa? Como ele poderia desejar
mais dela, mais dela, nunca menos?
Ele estava desesperado para mantê-la e cortar os laços,
um sentimento que aumentava toda vez que ele olhava na
direção dela. Ela foi a primeira mulher, a primeira pessoa a
fazer um picadinho do seu controle de ferro, e nunca houve um
momento menos inoportuno. Tanta coisa em jogo.
— Olá, William, — disse Axel.
— Bem-vindo, — respondeu William.
— Obrigado. — Quando Axel entrou no estábulo, Dawn
latiu cada vez mais alto. — Vim lhe dizer que Lúcifer atacou
um grupo de Enviados. Receio que tenha sido a primeira de
muitas investidas. Nós devemos nos preparar.
Sunny ficou de pé, os seios balançando sob a blusa. A cor
sumiu das suas bochechas, sua preocupação retornando
rapidamente. Ela estava doente?
Ela encontrou o olhar de William e sussurrou: — Seu
pênis é fofo.
O pênis dele - William ficou rígido. Ela acabou de
pronunciar sua palavra segura, o que deve significar que a
aura de Axel não pertencia a Axel, mas sim a Lúcifer. Mas ela
tinha que estar errada. William havia tomado precauções
mágicas para impedir algo assim.
Por outro lado, Dawn não latiu da última vez que Axel o
visitou.
Se William fizesse um movimento agressivo e seu
pequeno Sundae tivesse entendido errado, ele poderia quebrar
o vínculo já frágil que conseguiu estabelecer com Axel. Mas se
ela estivesse certa, e ele não fizesse nada, Lúcifer poderia matar
os dois.
Erguendo o queixo, ele olhou para o outro homem. Axel
parecia o mesmo de antes, sem diferenças. Ele teria que
encontrar a verdade de outra maneira.
Proteja a Sunny a todo custo. Proteja o livro e o medalhão.
A ordem o surpreendeu. A todo o custo? Até mesmo com
a própria vida?
Não há tempo para analisar ou racionalizar. Se o
convidado deles fosse Lúcifer, ele tinha vindo roubar o livro,
cumprir uma missão de averiguação de fatos - entrar, descobrir
os planos de William, sair - ou fazer uma emboscada e matar.
Ou talvez até tentar criar um conflito entre William e o
verdadeiro Axel? Lúcifer se alimentava da miséria, como um
incubus emocional.
— Estou feliz que você veio, Axel. — Excelente. Seu tom
casual não deve disparar nenhum sinal de alarme.
O talvez sim ou talvez não Enviado observou enquanto
Sunny amarrava Dawn ainda latindo e a levou para o banheiro,
onde ela selou a monstruosidade de duas cabeças lá dentro,
apenas no caso de uma briga.
— Axel, — ele estalou, testando a reação do outro
homem. — Você conhece as regras. Não olhe para a garota.
Um divertido olhar azul desliza para William. — Você está
certo. Me desculpe. Ela é uma mulher bonita e você é um
homem de sorte. — A voz dele combinava exatamente com a de
Axel. Só que William nunca dera uma ordem de “não olhar”. —
Gostaria de discutir os próximos passos e como nos
protegeremos do segundo ataque de Lúcifer, mas fico feliz em
voltar mais tarde, se você precisar de um momento para
terminar a discussão sobre o seu pênis.
Ele mordeu a língua, provando sangue. Quantas vezes ele
olhou para um inimigo com diversão, certo de ter vitória no
bolso? Incontáveis. Ele deveria atacar? E o que aconteceu com
o verdadeiro Axel?
Merda! Conhecendo Lúcifer, Axel ainda vivia, mas apenas
como garantia. Ele pode estar preso, com uma lâmina na
garganta. Sua vida em troca da passagem segura de Lúcifer,
como Hades lhes ensinara. Sempre tenha um plano de
contingência. Ou, Axel pode estar lá fora, alheio aos esquemas
de Lúcifer.
— Sim. Por favor, fique. — Oferecendo um sorriso doce e
açucarado, Sunny aproximou-se de William, apoiou a cabeça
no ombro dele e colocou a mão na dele, passando-lhe
secretamente uma adaga. Boa menina — Eu posso ter uma
maneira de matar Lúcifer. Talvez eu deva ter a sua opinião
primeiro?
Seu peito estava cheio de orgulho. Garota esperta,
tentando o homem com informações falsas, sem contar uma
única mentira.
— Diga. — Um flash de alegria cruzou o rosto falso de
Axel. — Tenho certeza de que posso ajudar.
Ela olhou para William, como se estivesse buscando
permissão para prosseguir. Mas ele conhecia seu unicórnio,
sabia que ela queria um sinal de que ele cooperaria com
qualquer plano que ela tivesse elaborado.
Enquanto ele olhava naqueles olhos lindos, algo inchou
dentro de seu peito. Uma e outra vez, esta feroz mulher provou
ser capaz de qualquer coisa, mas a sua segurança vinha em
primeiro lugar. — Você tem planos com Pandora, lembra? Você
vai, e eu o informo sobre tudo. — Com seu olhar, ele disse a
ela: Não me conteste sobre isso, mulher.
Com seu olhar, ela respondeu, Bobo Willy. Você já foi
contestado. — Eu esqueci de lhe contar que Pandora adiou
nossos planos? — Ela deu um tapinha na bochecha dele, deu
outro sorriso doce e açucarado e apontou para a cozinha. —
Vamos conversar à mesa, né?
Maldita seja ela. Pelo menos ela escolheu o local perfeito.
William tinha uma semiautomática escondida misticamente
embaixo da mesa.
Ele escoltou seu unicórnio até lá, nunca dando as costas
a Lúcifer ou revelando a lâmina escondida contra seu
antebraço. Quando ele ofereceu a Sunny a cadeira de canto, ela
balançou a cabeça e fez sinal para ele se sentar.
Em vez de discutir, ele mordeu a língua e se acalmou. —
Tão galante, — ele murmurou.
Ela permaneceu atrás dele, as mãos apoiadas nos ombros
dele.
Lúcifer riu e sentou-se na cadeira em frente a William. —
Como você se tornou domesticado.
Uma espetada destinada a enfurecê-lo? Que pena. Ele
gostou do acordo com Sunny. Mas ele não queria que o
bastardo soubesse o que ela significava para ele.
Ele sacudiu as sobrancelhas e deu um sorriso lascivo. —
Você não sabe o que está perdendo. Minha amante do estábulo
pode ser uma bruxa humilde com pouca mágica - para explicar
qualquer coisa mística que ela possa fazer -, mas compensa
suas muitas falhas com toneladas de cabeça. Não é mesmo,
belezoca?
Ela chocou a merda dele; ela se inclinou para beijar sua
bochecha. — Tão certo, ursinho boo boo. Está tudo nos dedos.
Massageie o couro cabeludo de um homem com pressão
suficiente, e ele estará em suas mãos.
Espertinha. Não sorria.
— Agora, esta amante ninfomaníaca de massagem na
cabeça vai fazer chocolate quente. Quem quer um pouco? —
Ela pulou para a cozinha para preparar as bebidas. Com
veneno? William não tinha ideia do que ela planejava, e o
mistério o intrigou.
A luz da manhã atravessou a janela, iluminando “Axel”,
revelando olhos duros que não pertenciam ao seu irmão.
Sunny estava certa; ele sabia disso sem qualquer dúvida agora.
De alguma forma, William encontrou forças para avaliar
suas opções e não atacar. Se Lúcifer tivesse Axel...
Ele deveria negociar? De jeito nenhum. Ele não podia
confiar em Lúcifer para manter sua palavra. Lutar? Não. E se
Sunny fosse pega na mira? Magia? Lúcifer tinha a sua, e era
mais forte do que a de William. A única opção que resta?
Trapaça.
— Vá em frente e conte-nos o seu plano, açúcar, — disse
ele a Sunny. — O suspense está nos matando.
— OK. Confira. — Ela andou, reunindo os ingredientes
adequados. — Todos nós sabemos que Lúcifer é um pedaço de
lixo, certo? Tipo, uma pilha fumegante de cocô de verdade.
O macho se enrijeceu um pouco, uma pitada de
malevolência brilhando em suas íris? Se Jubilando, William
disse: — Sim. Lixo. — Com uma mão, ele apertou a
semiautomática debaixo da mesa. Com a outra, ele preparou a
faca. — Todos nós sabemos. Todo mundo sabe.
O próximo sorriso de Lúcifer brilhava um pouco menos.
— Todo mundo sabe, — ele repetiu. — Oh. Antes que eu
esqueça. Lúcifer disse que a bruxa, Lilith, ainda vive. Ouvi
rumores de que ele planeja usá-la contra você de alguma
forma.’
Ah. Aqui estava, a tentativa de levar William a um frenesi
de pânico. — Não estou preocupado, — disse ele, e Lúcifer
estreitou os olhos. — Minha decifradora resolveu o mistério do
livro. A maldição já está quebrada.
Sorriso quebradiço. — Que legal.
O choque de Lúcifer foi mais inebriante do que a
ambrosia.
Nenhum som soou quando Sunny voltou para a mesa,
com duas xícaras de chocolate na mão. Ela colocou uma na
frente de William, depois deu a volta na mesa e se dirigiu a
Lúcifer.
William abafou a negação, a cabeça, seus músculos se
contorcendo com uma tensão repentina e intensa. Ele não
queria sua mulher perto da porra do diabo.
O outro homem notou a sua perturbação e ele percebeu a
verdade - William conhecia sua verdadeira identidade. Não há
mais espera, então. Hora de atacar.
William bateu no gatilho da arma. Boom, Boom, Boom!
Lúcifer estava em processo de ficar de pé, as balas
pregando sua coxa. Ele resmungou, mas não entrou em
colapso.
Uma Sunny sorridente jogou o chocolate fumegante no
rosto de Lúcifer. Enquanto ele rugia com dor e raiva, ela
revelou a lâmina escondida contra o braço e o esfaqueou na
garganta. Uma vez, duas vezes, três vezes, seus movimentos
são rápidos como um raio. Sem hesitação, apenas pura
agressão.
Quando um spray arqueou sobre a mesa da jugular de
Lúcifer, ela girou atrás dele e esfaqueou seu tronco cerebral.
Lúcifer ofegou e finalmente entrou em colapso. Ela derrapou no
chão e cortou o pescoço dele para remover a cabeça dele.
Quando terminou, riu alegremente e levantou a lâmina
ensanguentada como uma medalha de ouro. — Eu fiz isso! Eu
venci!
William assistiu, imóvel por choque e admiração. Ela
realmente tinha... risos familiares masculinos soaram. Embora
o corpo sem cabeça de Lúcifer permanecesse no chão, um
segundo Lúcifer, muito vivo, saiu do nada, subindo atrás de
Sunny para colocar uma faca na garganta dela.
Não, não, isso não pode estar acontecendo. O pânico caiu
sobre William em ondas geladas, o sangue escorrendo da sua
cabeça. Um toque alto ecoou em seus ouvidos. Ele pensou que
Lúcifer havia mudado de forma para Axel, mas ele na verdade
criou uma ilusão de Axel e uma ilusão de invisibilidade sobre si
mesmo. Sem dúvida, ele entrou na casa por trás da sua ilusão.
William deveria saber melhor; ele deveria ter esperado por
isso.
Basta chegar a Sunny! Perto de um estado frenético, ele
pulou. Suas respirações estavam duras e rápidas. Ele usou a
mesa como um banquinho, caindo na frente de Sunny. Seus
olhos estavam arregalados, sua pele mais uma vez desprovida
de cor. O estábulo ficou mortalmente quieto, Dawn já não latia.
Por quê?
— Está perto o suficiente. — Lúcifer soltou uma risada
alegre. — Devo dizer que você fez um bom esforço, irmão.
Apenas não bom o suficiente.
Vermelho pontilhou sua visão, a fúria se fundindo com
uma onda de proteção. Vá para Sunny, caramba. Ele pensa em
tirá-la de mim. Ninguém a tira de mim!
Cuidado. Devo ficar calmo. Devo parar. William ralhou: —
O mesmo poderia ser dito do seu disfarce, imbecil.
— Ah sim. Você descobriu meu ardil mais rápido do que
eu imaginava. O que me denunciou?
— Axel não é um pedaço de merda.
O riso parou. Lúcifer ralhou: — Seja um cordeiro e me
traga seu livro, irmão, agradável e lento, ou eu mato sua
mulher, agradável e rápido. E não se preocupe em me
convencer de que sua maldição está quebrada. Reconheço uma
mentira quando ouço uma.
Desistir do livro dele? Sua única esperança de uma vida
digna de ser vivida? Um futuro com Sunny. Não! Mas ele teria
um futuro com Sunny se ela morresse? De novo não. Merda!
Que outras opções ele tinha?
— Tique taque, — disse Lúcifer. — Tome uma decisão
antes que eu faça isso por você.
— William, — Sunny sussurrou. Sua voz tremia, lágrimas
brotando em seus olhos, molhando seus cílios. — Eu sinto
muito.
Ela está chorando? Não era o medo que ele via nas íris
dela, ele percebeu, mas decepção. Ela chora porque pensa que
me decepcionou. Um rugido selvagem deixou William,
sacudindo o estábulo.
A minha pequena linda. Ele nunca esteve mais orgulhoso
dela.
— Ora, ora, irmão, — disse Lúcifer, presunçoso. — Ela é
apenas uma amante, sim? Quando ela estiver morta, você pode
conseguir uma nova.
— Você não vai machucá-la! — ele berrou.
— Ah, mas eu vou. De bom grado. Você matou um bom
contingente dos meus demônios. Por isso, você perderá seus
bens mais preciosos. O livro, e talvez a mulher. — Lúcifer
empurrou a ponta da lâmina mais fundo, uma gota de sangue
cintilante escorrendo pela coluna vulnerável da garganta dela.
— Vou aplicar mais pressão a cada minuto. Dentro de dois
minutos, chegarei à carótida dela. — Ele abaixou a cabeça para
passar o lóbulo da orelha entre os dentes, sorrindo quando ela
jogou a cabeça para o lado. — Eu sei por que você a mantém
aqui.
Seu estômago revirou. Não revele nada. — Diga.
— Ela é sua decodificadora e um unicórnio. Então, eu
posso matá-la, depois pegar seu chifre ou arrancar o chifre e
deixá-la viva. A escolha é sua e o tempo está se esgotando.
O pânico redobrou, sufocando-o. No entanto, quase foi
ofuscado por sua necessidade de atacar, matar, banhar-se no
sangue desse homem. Sunny, sem a magia dela...
Quando ela contou a ele sobre outros unicórnios que
haviam perdido o chifre, seu tom triste sugeria que eles
estavam melhor mortos. Agora o verdadeiro medo gravava suas
feições, a mera possibilidade quase a quebrando.
O suor escorria na testa de William. Seu coração batia
forte, acelerando. Rosnados reverberaram baixo em seu peito –
tanto por não revelar nada - ele grunhiu: — Se você fizer isso,
se você a machucar...
— Você vai me fazer pagar? — Lúcifer terminou, fingindo
um beicinho. — Isso não. Qualquer coisa menos isso. — Ele
empurrou a faca mais fundo. — Engraçado como você passou
de me dizer que não a machucaria para praticamente me
implorar que me abstivesse. Tsk-tsk. Tão fraco. E quase tarde
demais. O tempo em breve se esgotará. — Ele sorriu,
convencido. — Só falta mais um minuto.
— William, — ela repetiu, os tremores em sua voz muito
piores. — Está tudo bem. Vou mudar para ele e dar-lhe o
chifre.
Para que ela pudesse esfaquear Lúcifer, colocando-se em
risco ainda maior? De novo não. — Você não vai. — Pensa. Ele
iria ...
De repente, o vidro estilhaçou, uma Dawn rosnando
rebentando pela janela, seu corpo voando, colidindo com
Sunny e Lúcifer. Uma das cabeças do cão infernal bateu no
pulso de Lúcifer, arrancando-lhe a mão do unicórnio. A outra
cabeça bateu no rosto do bastardo.
Sunny caiu e a faca de Lúcifer também. Sem fazer uma
pausa para recuperar o fôlego ou fazer um balanço, ela agarrou
o punho da arma e espetou a lâmina na parte de trás do joelho
dele. Finalmente, ele tombou.
— Tenha cuidado! — William gritou, agarrando Sunny
para jogá-la para longe da zona de perigo. Enquanto ela
deslizava pelo chão, ele alcançou Dawn.
Muito tarde.
O corpo de Lúcifer explodiu em chamas do Inferno - um
mecanismo de defesa natural. Essas chamas não machucariam
William. Por causa da sua conexão com Hades, ele permaneceu
imune. Mas essas chamas consumiriam todos e tudo em seu
caminho, incluindo Dawn, que choramingou quando seu pelo
queimava e carne empolava.
Lúcifer rolou para trás, escapando da lâmina cortante de
William. O fogo espalhou-se rapidamente pelas tábuas do
assoalho, a fumaça espessando o ar. Então ele desapareceu.
Ele tinha uma escolha. Perseguir Lúcifer, ou salvar suas
garotas?
Sem dúvidas. Movendo-se o mais rápido possível, ele
pegou Sunny, que agarrou Dawn enquanto choramingava: —
Minhas pobres plantas bebês. — Em seguida, piscaram do lado
de fora, colocou-as na grama e depois voltou ao estábulo,
pegando o livro e um vaso de plantas. Ele voltou para as suas
meninas.
"Meu diário!" Sunny gritou.
Droga! Ele voltou para o estábulo. Assim que ele tinha o
diário em mãos, ele se piscou de volta, reuniu suas garotas e
seus pertences, depois piscou para seu quarto.

Capítulo Trinta

“O que é seu é meu, e o que é meu é meu.”

Sunny se mexeu e se virou a noite toda, incapaz de


dormir. Como sempre. Só que não pelos motivos usuais. Ela
perdeu a casa e todas as roupas. William havia comprometido
sua própria segurança para garantir seu bem-estar e salvar
Dawn, porque Sunny fora superada por uma ilusão estúpida.
Por que é que ela não viu a verdade?
William havia depositado ela e Dawn em seu quarto,
limpado e remendado os seus ferimentos, e decolado, dizendo
apenas: — Nossa viagem para ver os meninos e sua prisioneira
foi adiada. Eu vou caçar Lúcifer. Você vai medicar Dawn e
verificar meu livro para ver se há danos.
Ele ainda não havia retornado, mas ela não ficou
chateada com o seu abandono da noite para o dia. Não desta
vez. Como ela poderia? O homem a salvou, Dawn, uma planta e
o seu diário. E quando Lúcifer segurou uma faca na garganta
dela, William irradiava tanta raiva e determinação.
Ele está apaixonado por mim, e só por mim!
Ela perdeu a casa e todas as roupas. William havia
comprometido sua própria segurança para garantir seu bem-
estar e salvar Dawn. Ela foi superada por uma ilusão estúpida.
Por que ela não viu a verdade?
Ela sorriu enquanto caminhava para a mesa,
pretendendo estudar o livro dele. No meio do caminho, o
telefone tocou. Esperançosa, ela verificou a tela e encontrou
uma mensagem de William.
Derretedor de Calcinhas: Esteja pronta em uma
hora. Recebemos permissão para entrar no palácio de
Hades. Temos uma reunião com os reis do Inferno. Há um
vestido e roupas de baixo no armário. Vista o primeiro.
Considere abandonar o resto.
Ela estremeceu e respondeu: Dois encontros em dois
dias??? (Vá em frente e remova “dar e aceitar espaço” da
sua lista de habilidades, bebê.) O estudo teria que esperar.
Sunny tomou banho e vestiu a lingerie que William havia
deixado para ela. O sutiã e a calcinha de vovó com todas as
cores de um arco-íris eram bonitos demais para serem
abandonados. Além disso, nada de tanga! O vestido parecia
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algo que um sexy Little Bo Peep usaria. Um vestido rosa
transpassado na cintura para combinar com os seus cabelos,
com renda branca nos ombros, um laço entre os seios e
babados que terminavam acima dos joelhos. Os sapatos
pareciam sapatilhas de balé, com fitas rosa entrelaçadas em
suas panturrilhas.
Ela enrolou os cabelos, prendeu as laterais e aplicou uma
leve camada de maquiagem para completar o visual. O
resultado? Adorável. Mas ela parecia ter vinte anos - se é que
chegava a isso - e tão fraca que seria quebrada ao meio por um
vento decente. Sem dúvida, a intenção de William. Ela começou
a entender como a mente dele funcionava. O homem
considerava tudo uma arma. Quanto mais fraca ela parecia,
mais os reis a subestimavam.
O erro deles! Sunny encontrou um pedaço de papel liso e
um copo transparente no frigobar. Um copo que ela encheu de
água até a metade. Ela fez um palete no chão, logo abaixo da
janela, onde a luz do sol fluía dentro da sala, dourada e alegre.
Ela colocou o papel no chão, no meio da viga mais brilhante,
depois colocou o copo de água na borda inferior. Assim, um
arco-íris apareceu no papel.
Um truque que ela aprendeu quando criança, a refração
da luz, fornecendo um impulso de energia muito necessário.
Em seguida, ela fez um palete no chão, perto do arco-íris,
e levou o livro de William para lá. Resistirei a qualquer desejo
de prejudicar meu homem.
Eu vou.
Mas será que ela conseguiria resistir? Ela teria que
resistir. Ela não podia estudar o livro e condenar William. As
coisas estavam ficando boas entre eles.
Melhor ficar livre do que presa, como ela sabia em
primeira mão. Então, ela deve, deve, deve seguir em frente.
Muito bem. Quando ela se estabeleceu, ela teve uma
visão perfeita do quarto de William. Ou santuário interno. Uma
suíte master espaçosa com mais retratos de Anya pendurados
nas paredes, espelhos no teto, uma sala de jogos no canto, um
colchão de água esquisito e uma máquina de venda automática
de bebidas. Estrela dourada! Ela adorava tudo, até as estantes
alinhadas com mais crânios da sua coleção, com pequenas
placas para descrever os antigos proprietários.
O padrasto. Estuprou repetidamente sua jovem enteada.
Mijou-se durante sua vivissecção.
Em breve, eles adicionariam o crânio de Lúcifer à
mistura.
Foco. Mas, quanto mais ela estudava o livro, mais
tontura a atormentava, ferrando com sua visão. No lado
positivo, os símbolos mudaram para palavras mais
rapidamente do que o habitual. Desta vez, ela não tentou
entender o que estava lendo; ela simplesmente escreveu todas
as palavras, esperando que isso mantivesse os sussurros
afastados.
Mate ele.
Não, não, não! O suor escorria em sua testa enquanto ela
lutava, lutava tanto. Mas o desejo de obedecer se mostrou
traiçoeiro.
A porta se abriu e fechou com um ruído alto, assustando-
a. William entrou no quarto, vestindo uma camiseta preta e
calça de couro. Tão lindo como sempre.
A energia vazou dele, parecendo estalar no ar, e ela
começou a se acalmar. Ele olhou para ela e olhou duas vezes.
— Seu cabelo.
Mate ele. MATE ELE. Agora!
Não. Não, calma. Sunny ficou tensa. Devo lutar contra
isso! Sim, Sim. Ela enfiou as garras na tábua do chão,
ancorando-se e respirou fundo. Em algum momento, a tontura
diminuiu, junto com o desejo de matá-lo. Os sussurros se
acalmaram.
Então suas palavras se registraram, e ela franziu a testa.
— O que há de errado com meu cabelo?
— Mudou de novo. — Satisfação escorria dele quando ele
fechou a distância e se ajoelhou ao lado dela. Ele olhou para o
arranjo dela e assentiu, impressionado. — Um arco-íris
improvisado.
— Eu queria estar forte para o nosso encontro com
Hades.
— Você parece... — Ele beliscou uma mecha do cabelo
dela entre os dedos, e ela viu que os fios eram de um bonito
branco prateado. No próximo arco-íris, ela apostou que as
madeixas ficariam pretas. Sua favorita. — Sexy. Eu gosto disso.
Seus lábios de um milhão de dólares por hora se
ergueram em um sorriso lento e devastador. Um soco selvagem
de luxúria a acertou, seus membros tremendo, seu coração
acelerado. Em segundos, sua calcinha ficou encharcada.
— De que cor são meus olhos? — ela perguntou.
— Roxo. — Afundando os nós dos dedos ao longo de sua
mandíbula, ele disse: — Você está bem, Sundae?
— Eu estou. — Ela se inclinou para o toque dele antes de
apontar para o diário. — Você está prestes a ficar super feliz.
Decodifiquei muito mais do seu livro e escrevi as passagens no
meu.
Ele pegou o diário, examinou as páginas e empalideceu.
Horror irradiava dele.
Mas, mas... por que horror? — Eu sei que os novos
parágrafos são divagações sobre como você foi tolo em
dispensar Lilith, mas progresso é progresso, certo? — ela disse
correndo.
— Você não sabe o que escreveu, não é? — ele perguntou
gentilmente. Ele pegou o livro em seguida, endireitou-se e
caminhou até a cômoda, onde trancou os dois volumes em uma
gaveta. O que ele não queria que ela visse? — Pronta para ir,
doçura? Ou você prefere ter um ou dois orgasmos antes de
partirmos?
Ela olhou para a gaveta trancada e decidiu arrombar
assim que eles voltassem, depois fixou o olhar na cama. Seu
estômago palpitou. Infelizmente, ela suspeitava que um par de
orgasmos só pioraria sua excitação. Como um aperitivo. Ela
precisava da refeição completa, mas não conseguia se livrar do
medo de que o desejo de o matar se fortalecesse
exponencialmente após o sexo, porque seus sentimentos um
pelo outro se fortaleceriam.
— Não importa, — ele disse antes que ela pudesse decidir
sobre uma resposta. — Nós iremos.
Espera. O que? Ela abriu a boca para perguntar, mas ele
estava franzindo a testa, não, olhando com desconfiança, sua
atenção fixada na cama também. Uma sombra passou por seus
olhos azuis elétricos. Ele disse: — Partimos agora.
OK. O que tinha acabado de acontecer? O que ela estava
perdendo? — Estou indo como colírio para os olhos ou serviço
de guarda?
— Colírio para os olhos, suporte moral e detector de
mentiras. Se alguém disser uma falsidade, você deve usar sua
palavra segura favorita: pênis. E, doçura? Eu preciso que você
confie em mim um pouco mais, confie que eu não vou colocá-la
em perigo e me liberte da minha promessa de não mencionar o
medalhão.
Ugh. Chocante o suficiente, ela confiava nele, então
assentiu. Em troca, ele a presenteou com um sorriso ofuscante,
a recompensa perfeita por seu sacrifício.

Depois de enviar uma mensagem para a sua


autodenominada decoradora, Anya, para solicitar uma cama de
reposição, William ligou os dedos aos de Sunny e piscou para a
sala do trono de Hades. Ele teve muitas mulheres na cama
velha e o pensamento de fazer amor com sua companheira ali...
Fazer amor? Quem é Você?
Ele estalou a mandíbula. Eu quero fazer gostar com ela,
não amor. Ainda não. Havia potencial para o amor? Sim. OK?
Sim. Os sentimentos dele por ela eram maiores do que o medo
da maldição? Absolutamente. Como comprovado por suas
ações nos últimos dias.
O que ele sentia por ela... Ele não tinha certeza de como
ele acreditava que alguém pertencia a ele. Quanto mais ele
aprendia sobre Sunny, melhor ela se encaixava nele. Eles
tinham interesses em comum. Ambos gostavam de vencer,
odiavam Lúcifer e aplicavam punições.
Com Sunny, William descobrira uma nova apreciação:
receber essas punições. Se ela não se importasse, não tentaria
melhorar o comportamento dele. A mulher o mantinha
adivinhando também. Ele nunca sabia o que ela faria ou diria.
O fato de que ela ganhou vida só para ele despertou todos os
seus instintos possessivos. Sua aparência mutável o intrigava.
Ele tinha sua variedade, mas mantinha a mulher que esculpia
acima de todas as outras.
Ele não podia desistir dela.
Uma pontada o atingiu. Como se ele precisasse de mais
provas de que Sunny era sua companheira, ele acabou de
descobrir que a maldição começou a afetá-la. Em seu diário,
ela escreveu Mate William e William deve morrer repetidamente.
No entanto, ela não fazia ideia de que tinha feito isso.
Mesmo agora, o horror vibrou em seus ossos. Ele já
pensou que a trancaria se ela chegasse a esse ponto, mas ele
não conseguiria fazê-lo. Ela odiava cativeiro, e com razão. Ele
não a sujeitaria a dias... semanas... meses de medo e dor. O
que significava que a maldição era muito mais insidiosa do que
ele jamais imaginara. Quanto mais ele gostava de Sunny, mais
seu bem-estar importava. Nesse ritmo, ele pode acabar
ajudando-a a terminar com sua vida, só para que ela
prosperasse.
Seus instintos de autopreservação protestaram. Ele não
ajudaria ninguém a acabar com sua vida e não deixaria que
seus sentimentos por Sunny afetassem suas decisões. Ele deve
avançar a todo vapor, independentemente de seus sentimentos.
Só então eles poderiam ter um futuro juntos.
Um futuro... Sim. Ele queria um futuro com ela.
Ele queria o para sempre.
Portanto, ele tomaria medidas para garantir que
conseguisse.
Eles pararam do lado de fora da sala do trono de Hades,
sozinhos. Não havia guardas diante das portas fechadas.
Interessante.
Não há melhor hora.
Ele se virou para Sunny. Percebendo que ele pegou a mão
dela automaticamente, ele levou os nós dos dedos aos lábios e
os beijou. — A partir deste momento, você está livre. Se você
deseja me deixar, eu entenderei. No entanto, gostaria que você
ficasse comigo. No meu quarto. — Uma jogada inteligente?
Provavelmente não, considerando que a maldição a afetou. Mas
ele preferia estar com uma Sunny disposta e tentar a sorte.
Seus novos olhos roxos brilhavam de espanto. — Você
está me pedindo para morar com você?
— Eu estou. — Ele assentiu com ênfase.
— Eu... você... você está me libertando?
Verdadeiramente? Eu posso sair agora e você não vai me
parar?
Pontada. — Verdadeiramente. Então diga que sim, que
você vai morar comigo, — ele implorou, mais tenso a cada
segundo. Se ela dissesse não... Ela não poderia dizer não.
Ela apenas ficou boquiaberta. — Estamos realmente
fazendo isso aqui? Agora?
— Nós estamos. — Ele queria que o assunto fosse
resolvido o mais rápido possível. — Diga que sim, ele repetiu.
— Mas... você tem certeza de que quer isso? É um grande
passo. Um passo oficial.
Ainda não foi um sim. Com o coração acelerado, ele a
apoiou nas portas duplas. — Não é um grande passo. Nós já
estamos morando juntos. Se você teme que eu vá te trair, fique
tranquila. Não vou me desviar, juro. Estarei ao seu lado,
protegendo você a todo custo.
Ela examinou seu rosto por vários segundos prolongados,
o suspense o matando. Ele quase a puxou contra ele, só para
que ele pudesse enterrar o nariz nos cabelos dela e sentir seu
perfume incrível. Qualquer coisa para se sentir mais perto dela.
Então ela disse: — Sim. Não, eu não sei! A maldição...
Então, a preocupação dele a afetou. Mas isso, ele poderia
combater. — Grande risco, grande recompensa, Sundae. Me dê
uma chance. A nós.
Ela mordeu o lábio inferior, pensativa. Finalmente,
finalmente, finalmente ela assentiu. — Tudo bem. Sim. Eu
ficarei contigo. E também vou protegê-lo a todo custo.
Algo parecido com a alegria apareceu nele. Ele queria
tudo o que ela tinha para dar. Aqui e agora. Se não fosse a
reunião...
Ele deu um beijo rápido nos lábios dela - não consigo
resistir a ela - e recuou. — Falaremos mais quando voltarmos
para casa. Você está pronta para falar com meu pai?
Aceno confiante com a cabeça. — Vamos fazer isso.
Com a mão livre, ele agarrou o punho de uma adaga de
osso. Então, ele chutou as portas. Lado a lado, ele e Sunny
entraram na sala do trono.
— Oh, meu... Uau. — Ela ficou boquiaberta,
sussurrando: — Este é o paraíso? Porque isso parece a edição
do bolo de carne do céu.
William estalou a mandíbula. Mesmo quando ele estava
em um encontro, ele nunca hesitou em admirar outra mulher.
Enquanto Sunny olhava boquiaberta para os nove reis, cada
homem empoleirado no estrado de Hades, ela imitou enxugar a
baba.
Eu mereço isso, eu realmente mereço. Oh, vá e chute a
própria bunda.
— Não se preocupe, Sempre Excitado, — disse ela,
apertando a mão dele. — Eu vou para casa com você. Claro,
posso imaginar o rosto de Rathbone, mas...
Ele rosnou e ela riu. Provocação!
Hades estava sentado em um trono de caveiras, um
adorável gato preto empoleirado em seu colo. Ele acariciava seu
pelo, estilo Dr. Evil, mantendo uma expressão sem emoção -
algo que ele fazia com todo mundo, menos William. Até agora.
Sua alegria sumiu, como se um plugue tivesse sido
puxado. Hades não queria nada com ele. Tinha descartado ele,
assim como ele fez com Lúcifer. Um destino que William nunca
pensou que ele teria que suportar.
Uma parte dele morreria por causa de Axel? Você acertou
em cheio, Hades, mas é o culpado, não uma profecia.
Sunny ergueu as mãos unidas e esfregou as costas dele
contra sua bochecha. Um gesto de conforto, apoio e amor.
A mulher mais requintada do mundo o amava? O
pensamento o excitou mais do que o sexo já fez. Um verdadeiro
choque.
De repente, ele teve a força necessária para se concentrar
nos outros reis, ignorando Hades.
Estava lá Rathbone, é claro, o maior metamorfo que já
nasceu. Aquiles, o Primeiro, que inspirou terror em todos que
conheceu. Todos menos William e aparentemente Sunny. Nero,
que se recusou a usar um título. O Barão, o Criador de Viúvas,
que colecionava mulheres como outros homens colecionavam
cartões de beisebol e já foi o herói de William. Gabriel, o Louco,
cuja sanidade veio e se foi. Há muito tempo, ele treinou William
na arte de fazer espadas. Falon, o Esquecido, que tinha a
capacidade de possuir alguém, a qualquer momento. E fazia,
frequentemente. Ele tinha possuido William várias vezes, como
uma piada. Por fim, Hunter, o Flagelo, e Bastian, o Não
Convidado, irmãos cuja mera presença fazia com que certos
seres vivos morressem lentamente.
Ele sempre admirou esses homens. Como Hades, eles
exerciam poder extremo.
Ele lançou seu olhar pelo resto da sala. Apresentava
paredes douradas, piso de diamante e vitrais. Outro engano da
parte de Hades. A falta de decorações “malignas” tendia a
deixar as pessoas à vontade. Um erro grave, geralmente o
último.
— Quem é a garota? — Baron perguntou, sua voz
profunda ecoando.
— Olá para você. Oi, Rathbone. — Sunny acenou tão
docemente que fez William pensar em uma inocente Little Bo
Peep cercada por lobos grandes e maus.
Quando ele viu sua guerreira pela primeira vez com um
traje tão delicado, com o cabelo branco prateado sex
despenteado, os olhos roxos brilhantes, ele endureceu
dolorosamente, como se tivesse tomado uma overdose de uma
tonelada de Viagra.
Ele ainda estava duro como aço.
— Eu sou Sunny Lane. Eu...
— Pertence a mim. Ela é minha — interrompeu William.
Reivindicá-la encheu o seu peito com orgulho. — Uma desfeita
para ela é uma desfeita para mim.
— E ele é meu, caso alguém esteja se perguntando. Oh!
Olhe para o lindo gatinho! — Afastando-se do seu abraço, ela
saltou em direção a Hades sem qualquer cuidado.
Cada um dos reis se retesou, apoiando a mão em uma
arma. William piscou na frente dela, agindo como seu escudo.
Ela bateu nas costas dele e teria ricocheteado para trás se ele
não tivesse passado um braço em volta da cintura dela,
segurando-a com firmeza.
Seus seios se esmagaram em um ponto embaixo dos
ombros dele, tão maravilhosamente macios.
— Ela apenas deseja acariciar o gato. — Sua voz, embora
rouca de desejo, aprofundou-se com autoridade quando
acrescentou: — Deixe-a.
Sunny não esperou pela permissão. Ela contornou
William e se agachou para acariciar o gato. — Olá, lindo bebê.
Qual o seu nome? Como as pessoas são burras e desconfiam
de gatos pretos, aposto que é algo feroz como Venom ou Killer.
— Com um sorriso largo e cheio de dentes, ela reivindicou o
animal. Mais uma vez, sem permissão. — Por que eu não te
chamo de Love Bug?
Hades não emitia protestos.
Enquanto acariciava o pelo escuro como noite, William a
puxou para trás. Onde estava sua paranoia habitual? O mal a
cercava. A menos que... a resposta o atingiu, o ar engatando
em seus pulmões, a alegria enchendo-o novamente.
Ela se sente segura comigo. Ela esperava que ele cuidasse
de quaisquer ameaças ou problemas, como prometido. Eu vou,
beleza. De bom grado.
No momento em que a gata cheirou William, ela pulou
nos braços dele.
— Não isso de novo - Sunny murmurou.
Os reis a observavam com diferentes níveis de diversão,
irritando William muito. Ela me diverte. Eu e nenhum outro.
Pronto para iniciar a reunião, ele anunciou: — Tenho um
medalhão de ouro com esculturas estranhas. Lúcifer tentou
obtê-lo e falhou. Seja o que for, está repleto de magia negra.
Agora sua audiência ficou quieta. Ele teve toda a atenção
deles.
— Como? — Hades exigiu, dignando-se a falar
finalmente.
Uma palavra. Uma questão. Uma voz pingando de
desdém. Mais uma vez, a alegria de William acabou. Ele amava
Hades. Ele sempre amaria Hades. No entanto, o abismo entre
eles parecia aumentar toda vez que interagiam. Se não fosse
por Sunny, ele poderia ter quebrado.
— Não importa como eu consegui, — ele disse, não
querendo revelar a participação de Sunny em sua aquisição. —
Você sabe o que faz?
— Não importa, — ecoou Hades. — Você vai me dar.
Em qualquer outro momento, William teria obedecido.
Com a tensão entre eles, com o apego de Sunny ao item, ele
ralou: — Não. Eu vou manter.
Os outros reis rosnaram de fúria. Então. Eles se voltaram
contra ele também. Maravilhoso. Ignore a dor. Concentre-se em
sua própria fúria.
Hades vestiu sua habitual máscara em branco.
— Você desobedece a uma ordem direta? — Aquiles
perguntou.
Falon acariciou dois dedos sobre o queixo escuro e com
barba. — Foi isso que ouvi.
— Então seus ouvidos estão funcionando. — William
exibiu um sorriso maníaco. Tente pegá-lo, eu te desafio. — É
meu e eu mantenho o que é meu.
Sunny murmurou para o gato, despreocupada com o
zumbido da violência no ar.
Batendo os dedos nos braços do trono, Hades declarou:
— Convoquei esta reunião para informá-lo sobre as ações de
Lúcifer. Nos últimos dois dias, ele usou seus enganos para
roubar alguém de cada um de nós e prometeu matar um cativo
toda vez que lhe atacássemos.
William ficou tenso novamente. O bastardo nunca
cumpriu sua palavra, o que significava que ele estaria matando
os cativos de qualquer maneira.
Ele foi ao estábulo para sequestrar Sunny?
— Quem ele tirou de você? — William perguntou ao pai.
Uma pausa. Finalmente, Hades retrucou: — Quem, e o
quê. O espelho.
Sua preciosa. O espelho mágico que continha a Deusa de
Muitos Futuros. Se ela contasse a Lúcifer seus planos de
batalha antes de eles atacarem... Merda. Merda!
Sunny encarou os reis, incrédula. — Vocês são reis ou
amores-perfeitos? Peguem seu pessoal de volta. Problema.
Solução.
William sentiu uma repentina vontade de rir, mas tentou
uma expressão severa. Sunny... interagindo com os outros,
homens especialmente poderosos... não havia entretenimento
melhor. E nem mulher melhor. — Você não está fazendo
nenhum amigo, Sundae.
— E daí?
Ele adorava a atitude dela. Gostava mais dela toda vez
que ela abria a boca. Ou mudava. Ou respirava. E droga! Ele
ainda estava duro, com vontade de afundar dentro dela,
finalmente. Devo tê-la. Em breve.
Em breve não é o suficiente.
Hoje.
Ele não tinha certeza de quanto tempo poderia ficar sem
entrar nela, marcando-a com sua essência.
Nero se curvou, como se estivesse se preparando para a
batalha. — Você vai cuidar da sua língua, garota, ou vai perdê-
la.
Sangue como lava, William deu um passo à frente. Sob
comando, asas esfumaçadas explodiram em suas costas. —
Fale com ela assim novamente, e nossa aliança termina.
— Chega! — Hades gritou quando ele se levantou. —
Temos outros negócios para tratar?
— Sim. — William respirou fundo. — Eu tenho a Evelina.
Lúcifer ainda não sabe. Vou informá-lo de que qualquer dano
aos seus entes queridos, garante a morte dela.
A deserção de Evelina foi um grande golpe para o orgulho
de Lúcifer. Se ela morresse, ele seria incapaz de se vingar.
Conhecendo Lúcifer, ele faria qualquer coisa por vingança.
Os reis assentiram, sua satisfação óbvia. Todos menos
Hades; sua expressão havia apagado mais uma vez.
— Eu quero esse medalhão, William, — entoou Hades. —
Me dê.
Outro comando. — Se eu não der? — ele perguntou
suavemente.
O silêncio reinou, a agressão carregando o ar.
— Se você não der... nós vamos para a guerra, — disse
Hades simplesmente.
Ele não podia estar falando sério. Seu pai, o homem que
o amou e o criou, realmente ameaçou a sua vida?
Incrédulo, William olhou para Sunny.
— Seu pênis é fofo, — disse ela, ganhando risadinhas dos
reis. Mais uma vez, de todos, menos Hades.
Tradução: Hades havia dito a verdade. Ele iria entrar em
guerra com William. Por causa do medalhão.
Sua incredulidade se transformou em dor. Dor virou
raiva. Depois de tudo o que eles passaram, era assim que o
relacionamento deles terminava?
Ele encontrou o olhar de seu pai, esperando que Hades
recuasse. Em vez disso, seu pai - ex-pai? - levantou o queixo, a
imagem da teimosia.
Sim. Foi assim que o relacionamento deles terminou.
A raiva se aprofundou, penetrando nos ossos de William.
Na alma dele. Ele não se ajoelharia e pediria perdão, como
parte dele queria fazer. Ele não choraria ou lamentaria. Nem
aqui nem agora. Mais tarde...
— Você pode se levar pra fora. — Hades se levantou, deu
meia-volta e saiu da sala, chamando: — Naomi. Venha.
O bebê peludo pulou dos braços de William para
perseguir seu pai. No meio do caminho, ela se transformou na
maior pantera que ele já viu.
— Você está fazendo a profecia se autorrealizar, — ele
chamou. — Você percebe isso?
Silêncio.
Por um momento, William ficou enraizado no lugar, mais
irritado a cada segundo. Até Sunny enfiar seus dedos nos dele,
lembrando-o de sua aceitação e desejo por ele.
Companheiros de vida tornavam a sua vida melhor. Não
permitirei que ninguém a tire de mim. Nunca.
— Vamos acabar com isso e ir para casa, bebê, — ela
implorou nos ouvidos dele.
Casa. Sim. Os negócios haviam terminado. Ele acenou
para os reis. — Senhoras. — Então ele desapareceu com
Sunny.
Capítulo Trinta e Um

“O grande lobo mau bufou e soprou e soprou sua calcinha.”

Algo dentro de William havia mudado. Sunny havia


notado quando chegaram ao palácio de Hades, mas ela
realmente notou quando apareceram no quarto dele. Ele estava
mais tenso, seus olhos frenéticos. Até sua aura havia mudado,
brasas ardendo dentro do borrão. Brasas de raiva e mágoa.
Hades tinha sido tão cruel com ele. Levou cada grama de
seu autocontrole para não mudar para sua forma de unicórnio
e apunhalar o rei em seu coração negro.
No momento, William andava de um lado para o outro
pelo quarto - o quarto deles - cada passo quebrava outro
pedaço do seu coração.
— Suspeito que isso se pareça com uma morte na família,
e é uma porcaria. Mas você não tem culpa aqui, querido — ela
disse, apoiando-se na beira da cama. — As ações de Hades
falam do caráter dele, não do seu.
Ele passou a mão pelo rosto. — Fique aqui. Vou levar
Dawn para passear. — Ele foi para o cão do inferno, depois se
teletransportou para longe, os dois desaparecendo de vista.
Ele nunca reconheceu as palavras dela, mas Sunny não
considerou seu abandono como uma rejeição. Ela entendeu a
perda e a necessidade de ficar sozinho com seus pensamentos.
Ela também conhecia William e sabia que ele precisava de
toque da maneira que os outros precisavam de ar; isso o fazia
se sentir vivo, aceito, importante e desejado. Tudo o que ele
perdeu quando menino. Foi por isso que ele dormiu com tantas
mulheres.
Então, quando ele retornasse, Sunny sabia exatamente o
que fazer. Sexo! Acabou-se a espera. Ao redor de William, seu
nível de excitação continuava em constante fervura, cada
sensação aumentada.
Apenas o pensamento de estar com ele esticou seus
mamilos e encharcou sua calcinha. O fato de William ter
pedido que ela se mudasse... Ela se perguntou: Sou eu quem ele
está procurando? Eu sou sua companheira?
A possibilidade fez seu coração pular. Eu quero ser sua
companheira?
Ela pensou que... sim. Mas antes de contemplar os
meandros do relacionamento deles, ela devia verificar a página
que ele trancou na gaveta. Ele poderia voltar a qualquer
momento.
Com o coração batendo forte, ela correu para a cômoda e
abriu a gaveta superior, liberando o livro e rasgando uma
página - a página do diário. Ele provavelmente esperava que ela
esquecesse. Sem chance.
Enquanto ela examinava as palavras, o sangue escorreu
da sua cabeça. Tudo saiu da sua cabeça, menos uma nuvem de
horror. Ele deve morrer. Morrer. Mooorrer. Moorreeeeer. Morrer
morrer, morrer. William deve morrer. William deve ser morto.
Mate ele. Mate-o, morto.
O trecho continuou divagando, mas ela não aguentou
mais e o devolveu para a gaveta. Não é de admirar que ele
empalideceu quando o examinou.
Por que ele não chutou Sunny até o meio-fio naquele
mesmo instante?
Por que ele pediu que ela fosse morar com ele?
A menos que ele apenas desejasse protegê-la?
Não. Ela descartou a ideia. O homem a queria. Isso, ela
sabia sem sombra de dúvida. A maneira como ele olhava para
ela, como se nunca tivesse visto algo tão bom... Ah, sim. Ele me
quer.
Ok. Esqueça a nota - por enquanto. Ela decodificaria o
livro o mais rápido possível. Na verdade, ela estudaria até
decodificar todos os símbolos. Amanhã, ela estudaria o livro até
decodificar todos os símbolos. Sem parar até que o trabalho
fosse feito, a maldição quebrada. Hoje à noite, ela era apenas
uma garota, e William era apenas um garoto. Eles
comemorariam a sua mudança.
Sunny devolveu o livro também à gaveta, depois correu
para a cama, onde tirou o vestido. Em suas roupas de baixo,
ela rastejou sobre as cobertas e deitou-se. Ei! A cama era
diferente. Esta tinha um colchão macio, quatro pôsteres
esculpidos com dragões e um fino dossel branco cobrindo os
lados. Mas... mas por que ele trocaria a cama durante a
ausência deles?
Ela lembrou-se do seu comportamento estranho antes da
reunião, como ele queria dar uns amassos apenas para mudar
de ideia abruptamente. Por que ele queria uma cama nova?
E quem havia começado o fogo na lareira? As chamas
tinham aquecido o ar à sua temperatura favorita: quentinha.
William voltou alguns minutos depois, sem Dawn. Deve
ter deixado ela com Pandora. Suas mãos estavam fechadas,
suas respirações superficiais estavam rápidas. Um aumento da
sua fúria ou excitação?
— Olá, William, — ela murmurou. — Eu tenho um
presente para você.
Seu olhar se focou nela e estreitou, como se o predador
tivesse acabado de selecionar sua presa. — Fui caminhar para
limpar a minha cabeça, mas cada passo longe de você piorava o
caos.
— E agora?
— Está. Pior. — Movimentos cortados, ele agarrou a gola
traseira da camisa e puxou o material para cima. Com uma voz
áspera como cascalho, ele disse: — Ao longo da minha vida, fui
torturado de todas as formas imagináveis, mas não acho nada
tão torturante quanto isso. Ver você e não estar dentro de você.
Está acontecendo. Nós realmente vamos fazer isso.
Tremores a sacudiram. Tudo o que ela poderia fazer? Acenar
com a cabeça.
Ele assistiu, seu olhar aquecendo. — Eu quero te foder,
Sundae. Forte.
Sua voz era ainda mais áspera. Uma carícia para os
sentidos, como sempre, mas uma carícia de uma mão calejada.
Delicioso. — S-Sim. Fique comigo.— Por favor.
Ele caminhou até o pé da cama, gracioso, mas
ameaçador. O calor irradiava do seu corpo maciço, envolvendo-
a em chamas invisíveis. Seu aroma luxuriante agia como
combustível.
Seu tamanho imenso a fazia se sentir frágil, mas
poderosa também. Ele era grande e forte, mas tremia como ela,
como se a visão dela o deixasse sem controle.
O que é ele faria a seguir? Uma pergunta que ela pensou
que iria fazer todos os dias que estivessem juntos.
Ele brincou com a braguilha da sua calça de couro, e ela
observou, hipnotizada, suas respirações ficando mais rápidas,
mais nítidas. Os tremores se acenderam em sua barriga. —
William, — ela murmurou, manobrando para uma posição
vertical. — Me beija. Toque-me.
— Logo, — ele prometeu. — Primeiro, me mostre o quanto
você me deseja. — Um comando de um conquistador.
Ela rasgou o sutiã. A calcinha dela. Nua, ela reclinou-se
no colchão, os joelhos para cima, mas fechados.
Seu olhar aqueceu. Queimando. Ele olhou para ela como
se ela fosse a única outra pessoa viva. Como se o mundo
tivesse sido incendiado e ela fosse a sua única salvação.
Como se ele morresse por ela - ou mataria para estar
dentro dela.
— Mostre-me, — ele exigiu.
Lentamente, ela separou as coxas...
O som que ele fez? Ele gemeu gutural de pura
necessidade. Ele passou a mão sobre a boca, uma ação que ela
adorava, os músculos do bíceps e do abdômen contraídos. —
Tão rosa e bonita, criada apenas para mim.
Atordoada, ela repetiu: — Só para você. — Como eu
considerei esse homem não qualificado? Ela baixou o olhar
para a ereção dele e lambeu os lábios. — Isso é só para mim?
— Isso tem um nome, — ele brincou inesperadamente,
acariciando para cima e para baixo, para cima e para baixo.
— Princesa Brilhante? — ela provocou de volta. —
Grande Willy?
— Mestre. Diga, eu só quero agradá-lo, Mestre.
Ele não achou que ela faria isso. Então ela fez isso. Com
um pequeno ajuste. Olhando fixamente para o seu eixo, ela
murmurou: — Eu só quero agradá-lo, bebê. Se aproxime.
A provocação terminou abruptamente, a fome voraz
escurecendo as suas feições.
— Sua vez, — ela ronronou. — Diga, eu vivo apenas para
o seu prazer, senhora.
Os cantos da boca dele se contraíram novamente. — Eu
vivo apenas para o nosso prazer, Sundae.
Mmm. Ela gostou do som disso.
— Toque-se, — ele ordenou agora. — Mostre-me como
você, a melhor amante que você já teve, gosta de ser saciada.
Ansiosa para obedecer, ela arrastou a mão pelo estômago
e deslizou um dedo profundamente em sua umidade. Prazer.
Felicidade. Com um gemido, ela ondulou, balançando os
quadris.
Seu desejo era palpável. Uma chamada de acasalamento,
uma chamada irresistível. Ele tirou as botas e se desarmou,
deixando cair as armas no chão. O metal tilintou quando a
pilha cresceu. E cresceu. Feito isso, ele deslizou o zíper para
baixo, sua ereção saltando livre. A umidade já umedecendo a
fenda.
Ela se dedilhou mais rápido. Ele ofegou; ela ofegou
também, suas respirações irregulares fornecendo uma trilha
sonora erótica.
Ele empurrou as calças para baixo e para fora, e ela
devorou o corpo dele com os olhos. O peito tatuado e o
abdômen de dar água na boca agiam como aperitivo, mas a
trilha de guloseimas que levava ao novo centro do seu mundo
fornecia uma refeição inteira.
O homem mais bonito do mundo é meu.
Sim, inúmeras outras o provaram. E daí? Elas eram
apenas prática para mim. E, para ser honesta, ela meio que
sentiu pena delas. O primeiro gosto de felicidade não diluída
delas tinha sido o seu último.
— É isso que você quer? O que você precisa? — Ele
acariciou seu comprimento, para cima, para baixo, sua
ferocidade e excitação alimentando a dela.
— Sim! Me dê. — Vazia, dolorida, ela arqueou as costas,
enviando os dedos cada vez mais fundo. Seu gemido de êxtase
se misturou ao grunhido de louvor dele.
O pé da cama afundou quando William subiu no colchão.
Ele rondou o corpo dela, seus olhos selvagens e pesados. Toda
vez que suas mãos roçavam uma parte diferente dela, os
músculos do seu abdômen se flexionavam.
Ele é a perfeição.
Quando ele apertou o punho ao lado de cada de suas
têmporas, ele enfiou os quadris entre as coxas dela, afastando
as pernas dela. Ele descansou sua ereção no topo de seu
pequeno triângulo de cachos branco prateado, estremecendo de
prazer.
Nada entre nós, exceto o calor abrasador.
Ele apertou o pulso dela e levou seus dedos - os
molhados com a excitação dela - à boca dele. Ele lavou um
após o outro, deixando-a selvagem. Ela nunca esteve tão
dolorida com tanto fervor.
Com a voz rouca, ele rosnou: — Como você tem gosto de
arco-íris?
Não sei. Não sei de mais nada, além da necessidade. —
Beije-me, — ela implorou, gemendo.
Abaixando-se, ele inclinou a boca sobre a dela. Sua
língua empurrou para dentro. Dominadora. Ela pode ter gosto
de arco-íris, mas ele tem gosto de um vinho escuro e rico.
Intoxicante.
Eles trocaram respirações e se esfregaram um contra o
outro, cada movimento pressionando sua ereção contra o
clitóris dela. Pressão montada, inibições desmoronando.
Gemendo, ele levantou a cabeça. — Olhe para minha
Sundae. — A excitação despojou sua humanidade, revelando
um verdadeiro príncipe das trevas. — Você ama o que faço com
seu corpo.
A satisfação em seu tom a lançou em um frenesi. Ela se
debateu e se esforçou. Ela tentou dizer: — Quero mais. — Mas
ela gemeu palavras incoerentes. Sem vergonha e devassa, ela
revirou os quadris, perseguindo a ponta do comprimento dele.
Sempre ele avançava na outra direção no último segundo,
impedindo a penetração.
Com uma mão, ele colocou os braços dela sobre a cabeça.
Com a outra, ele amassou seus seios e beliscou seus mamilos.
Um raio brilhou sobre sua pele, emitindo um calor abafado e
intenso.
— Não é o suficiente. — Ele abaixou a cabeça... Seus
lábios se fecharam ao redor do mamilo e chuparam com força.
Mais forte. Enquanto ele alternava entre chupar e beliscar,
chupar e beliscar, uma loucura gloriosa tomou conta dela.
Quero ele.
Vou ter ele.
Nunca esteve tão excitada, tão febril. Quando ele passou
os dedos pelo estômago dela e lentamente inseriu um dedo em
seu núcleo, ela apertou a mão dele. Tão bom!
— Mais, — ela exigiu. — Outro dedo. Coloque dentro. Por
favor!’
— Como a minha Sundae ama seus prazeres. — Com seu
próximo mergulho em seu interior, ele trabalhou um segundo
dedo dentro, torcendo um grito sem fôlego dela. O som do...
êxtase.
Um pensamento perdido sussurrou: Você deve dar o
mesmo que você toma.
Ela diminuiu a velocidade. Em todo o tempo que
passaram juntos, ela nunca perguntou a ele sobre as suas
fantasias secretas. Uma paródia. Sunny queria que ele
conhecesse essa felicidade. O que é que ele sempre quis fazer
com uma mulher, mas nunca o fez?
Pense, pense. Ela poderia pensar? Quanto mais fundo ele
trabalhava aqueles dedos, mais rápido ele a abria, os nós dos
dedos acariciando suas paredes internas, atingindo todos os
pontos certos. O prazer tornou-se agonia, a agonia tornou-se
prazer.
Lamber suas tatuagens. Lamber seus mamilos. Chupar
seus testículos.
Sim. Sim. Mas mais uma vez, ele empurrou os dois dedos
profundamente, mais profundamente, e ela perdeu a cabeça,
gritando. Gozar primeiro, depois pensar e lamber, e mexer e
chupar.
— Um terceiro dedo, — ela implorou. — Me dê.
— Você não está pronta. — Ele empurrou as palavras
entre os dentes. — Você é muito apertada, Sundae.
— Reclamando?
— Atormentado. Quero lhe dar algo maior.’
Como o astuto unicórnio que ela era, ela passou as
pernas pela cintura dele e trancou os tornozelos - prendendo os
dedos dele dentro dela e sua ereção contra a parte interna da
coxa. Ele estava tão quente que ela se sentiu para sempre
marcada.
Ele soltou um suspiro. O suor escorria da sua testa e a
tensão se ramificava dos seus olhos. Ele era a sedução
encarnada, um guerreiro sem igual. E meu. Mas ela não era tão
astuta quanto pensava. Ao prender os dedos dele, ela garantiu
que eles não pudessem se mover. Preciso de atrito!
Ela deixou cair as pernas.
Ele soltou seus pulsos e segurou sua nuca.
Enlouquecida, ela passou os dedos pelos cabelos dele, colocou
as unhas no couro cabeludo e puxou a sua boca de volta para
a dela.
Suas bocas colidiram, suas línguas rolando e
empurrando. Finalmente! Ele enfiou um terceiro dedo e, oh, o
alongamento. A queimadura. Ele os empurrou e os retirou.
Empurrou, os retirou, mudando o ritmo a cada golpe,
garantindo que ela nunca pudesse antecipar o próximo passo.
Ela só podia se contorcer, implorar e marcar as costas
dele. Ainda pressão construída. Tão perto, tão perto. Ela
precisava...
Disso.
Ele esfregou o polegar contra o clitóris latejante e a jogou
sobre a borda, gritando o seu nome.
Capítulo Trinta e Dois

“Eu sou bom em três coisas. Sexo, matança e sexo. Sim, sou tão
bom em sexo que tive que mencionar duas vezes.”

William estava perdido em agonia. Observando Sunny


gozar, seu rosto radiante de prazer... sentindo as suas paredes
internas apertarem os seus dedos... Ela ganhava vida, todas as
cores do arco-íris brilhavam em seus olhos, seus cabelos
mudando de branco para azul para rosa para preto de novo e
de novo.
Havia uma visão mais gloriosa? Estou desfeito.
Ele esteve com amantes inibidas e desinibidas,
gananciosas, egoístas, generosas, com e sem fetiches, frias ou
quentes, sádicas e masoquistas, que procuravam conquistá-lo
ou machucá-lo. Mas ele nunca esteve com uma mulher que o
deixou desesperado por possuir seu corpo e alma.
Antes que suas paredes internas parassem de apertar os
dedos dele e ela caísse no colchão completamente saciada, ele
removeu os dedos molhados.
Quando ela soltou uma série de maldições de unicórnios,
ele espalhou sua umidade sobre os lábios, ao redor dos
mamilos. Os seios dela se encaixavam nas mãos dele, como se
tivessem sido feitos para ele. Tudo dela se encaixava nele.
Duas peças do quebra-cabeça, encaixadas.
Quando ele colocou a ponta da sua ereção na entrada
dela, suas maldições se transformaram em apelos.
Por um momento, ele sentiu como se estivesse
esquecendo algo. Assim que o pensamento se formou, porém,
ele desapareceu, agradar era sua única preocupação.
— Faça! — ela chorou. — Por favor.
— Estou... te machucando? — ele resmungou.
— Não, não, não pare. — ela ordenou.
Puxando cada respiração agora, ele deslizou uma
polegada... duas, mas ela estava apertada, muito apertada.
Mais suor escorria em sua testa. Seus músculos incharam com
tensão. Não bater dentro dela exigia cada grama de sua força.
Depois de lamber os lábios dela, ele empurrou mais uma
polegada. O calor úmido o queimava. Seus músculos inchados
começaram a tremer, um esforço extremo necessário para
manter um ritmo lento e constante. Não vou machucá-la, porra.
Ela gemeu o nome dele. Em um movimento rápido, ela
afundou as unhas na bunda dele e ergueu os quadris,
forçando-o a empurrar até o punho. Finalmente, ele estava
totalmente dentro dela.
Ele pensou, esperava, que a pressão diminuísse.
A pressão piorou.
— Isso trouxe um pouco mais de dor do que eu esperava,
— ela ofereceu, sem fôlego.
A culpa aumentou. Atingiu um ponto sem retorno. Ele
estava perdendo a capacidade de pensar ou ver além do prazer.
Ele queria mais, e ele o teria. — Diga-me quando... você estiver
pronta... para eu me mover, — disse ele, entre respirações.
Ela lambeu os lábios e assentiu, depois deu uma mexida
experimental com seus quadris. Ele mordeu a língua para
parar um rugido, uma névoa sexual caindo sobre a sua linha
de visão.
Outra empurrada, esta mais forte. Depois outra e outra.
Suas pálpebras ficaram pesadas, seus lábios se separaram em
um suspiro. Ao mesmo tempo, ele alcançou entre seus corpos
para zumbir seu pequeno feixe de nervos até que ela se
balançou continuamente, imitando o mais raso dos golpes.
Eu não vou durar.
Eu vou, caramba. O prazer dela vinha primeiro, agora e
sempre, mas a excitação impressionante inflamara a agressão
mais arraigada, e isso estava cobrando um preço. A
necessidade de martelar nela, marcar e reivindicar o sitiava.
Controle! Ele seria o melhor amante que ela já teve - melhor até
mesmo que a própria Sunny - mesmo que isso o matasse.
William se retirou até a ponta, ainda provocando seu
clitóris inchado.
Quando um rubor escureceu suas bochechas, ela gritou:
— Estou pronta, estou pronta!
Sim! Com um rugido, ele voltou, sacudindo a cama.
Pequenos gemidos escaparam dela quando ela enrolou seu
corpo ao redor dele, então ele fez isso de novo. E de novo.
Novamente. Ele bateu nela.
— Mais forte! — ela ordenou. — Mais rápido!
Não, não? Mais devagar. Ele queria saborear isso. Mas
quando ele colocou um braço embaixo do joelho dela, forçando
as pernas a se abrirem mais, seu controle se desgastou. Com a
outra mão, ele agarrou a cabeceira da cama, flexionando os
bíceps.
Mais uma vez, ele bateu até o punho, o prazer quase o
cegando.
Ele inclinou a cabeça, pegando seus lábios em um beijo
selvagem e perverso. Meu anjo... minha sedutora... meu tudo?
Eles chuparam a língua um do outro, beliscaram os lábios um
do outro. Seus dentes tilintaram, geralmente não era algo que
ele gostava. Com ela, com a ferocidade deles em fazer amor, ele
via isso como um sinal de sua paixão, e só queria mais. Ela
provou do céu, seu corpo exuberante o portal dele lá.
Ele queria ser o portal dela para o céu. Queria que ela
desejasse isso, e William, todos os dias pelo resto de sua vida.
— Não pare, não pare, nunca pare, — ela ofegou.
Dure, droga! — Tão bom amor. Tão bom. Você me
agrada... em todos os sentidos. — Ele mergulhou, puxou, o
atrito embaralhando seus pensamentos. Sem pensar, ele se
soltou. Batendo. Batendo.
Ela arqueou embaixo dele, enviando-o cada vez mais
fundo. Um grito a deixou, suas paredes internas apertando seu
comprimento, banhando-o em mel quente e feminino.

Não suporto a pressão. É demais. Com um impulso final,


William jogou a cabeça para trás e rugiu, gozando
apressadamente, esvaziando-se dentro de sua mulher.
O pequeno unicórnio arrancou dele um clímax selvagem.
O mais selvagem de sua vida.
Quando os espasmos cessaram, ele caiu em cima dela,
mas rolou para o lado, mantendo-a entre seus braços. Quando
ela se aconchegou nele, ele beijou sua testa, a ponta do nariz e
a pulsação que corria na base do pescoço.
A satisfação o dominou, uma sensação estranha e
maravilhosa. Um sorriso brincou nos cantos da boca dele e ele
disse: — Agora você é apenas a segunda melhor amante que
você já teve.

— Jacinto arrogante, — Sunny murmurou, sorrindo por


dentro.
William deu uma risada, uma risada genuína, e ela
percebeu que as que ouvira no bar do hotel eram falsas. Tudo o
que ela poderia fazer? Aconchegar-se ao seu lado e olhar para
ele com reverência. Tão bonito. A diversão suavizou suas feições
e transformou seus olhos azuis em estrelas.
Ele acariciou seus cabelos, dizendo: — Você pode negar,
Sundae?
Enquanto estava dentro dela, ele a chamou de “amor”,
um carinho que ela sentia falta e ansiava por ouvir novamente.
Ele a amava?
Surgiu uma necessidade impressionante. Eu quero que
ele me ame. Eu quero fazer dele um membro do meu bando.
Passando a ponta do dedo ao redor do mamilo dele, ela
finalmente respondeu à pergunta. — Não. Eu não posso.
Ele sorriu para ela, os olhos brilhando, uma recompensa
por sua honestidade. — Eu nunca fiquei com um amante e
discuti minha vida, nunca quis... até agora. Estou desesperado
para aprender mais sobre você.
Desesperado. Sim. — Eu quero aprender sobre você
também.
— Olho por olho?
— Feito.
— Damas primeiro. Comece com o quanto eu lhe agradei.
Oh, oh, oh, o que foi isso? Alguém precisava ser
tranquilizado? Que adorável! — Prazer... no nível de colocar em
coma de felicidade...
Seu peito estava cheio de orgulho merecido. — O mesmo
se aplica para mim. Nunca soube que tal prazer existia.
Tudo certo. Ela também precisava ser tranquilizada. As
palavras dele foram direto para a cabeça dela.
Um pensamento ocorreu-lhe. — Onde está Dawn?
— Baden e Katarina estão apresentando-a e os resto dos
cães do inferno às selvas do Inferno, seu habitat natural. — O
celular dele tocou. Ele verificou a tela e franziu a testa. —
Tenho várias mensagens de cada um dos reis. Eles estão
fazendo ofertas pelo medalhão.
— Como o quê?
— Um palácio. Outros artefatos. Escravos. Almas.
A culpa a queimava. Ela ainda tinha que dizer a William o
que era exatamente o medalhão e o que mais ele poderia fazer.
Contar agora ou não contar?
Contar. Definitivamente. Não havia necessidade de
ponderar. Eles eram um casal oficial agora, e ele merecia saber.
Tinha o potencial de explodir em seu rosto? Sim. Ele poderia
usá-lo para aumentar sua força, sua magia. Para subjugá-la.
Mas. Ela confiava nele. Mais do que ela confiava em alguém em
eras. Mas...
Ela estaria confirmando um de seus maiores medos. Ele
aprenderia com que facilidade ela poderia matá-lo. Arruinaria
esse momento precioso. E se ela o perdesse por causa disso?
Seu estômago revirou.
Amanhã, ela decidiu. Ela contaria a ele amanhã e
discutiria as coisas terríveis que havia escrito sob a influência
da maldição. Hoje, nada interromperia sua fuga da realidade.
— Acho que você deveria dizer não, — disse ela.
— Planejo isso. — Ele beijou sua testa, apenas para ficar
tenso. — Merda! Nós nunca conversamos sobre contraceptivos.
Estamos tão perto da época de acasalamento e acabei de gozar
dentro de você.
Nós, não você. Prova de que eram um casal. Para sua
surpresa, ele não parecia tão chateado quanto surpreso. — Eu
nunca esqueci antes.
Uau. A contracepção não tinha sido um pontinho em sua
mente. Mas então, essa era uma das ramificações místicas da
época de acasalamento. — A mágica faz os unicórnios e seus
amantes esquecerem a contracepção, e é por isso que sempre
preferi me acorrentar em algum lugar secreto. Mas você não
precisa se preocupar em não ter usado um hoje. Não posso
engravidar fora da época de acasalamento e, mesmo assim, não
é garantido. — Não estou pronta para um bebê, ainda, ela
acrescentou. — Vamos pendurar lembretes por toda a casa e
por toda a nossa cama. — Usar uma borracha. Apenas no caso.
Arrastando uma mão pela sua espinha, ele disse: —
Colocarei os sinais assim que puder andar. Garantido, faremos
isso novamente em breve. Quando se trata de Sunny Lane, sou
insaciável.’
Os arrepios se espalharam da nuca até os dedos dos pés.
"Vou lhe dar uma hora, não, meia hora, não, quinze minutos,
não, cinco minutos para reconstruir sua força, e depois terei
você de novo, com ou sem sinais.
Ele a presenteou com um sorriso terno, gentilmente
prendendo uma mecha de cabelo atrás da orelha dela. — O que
você deseja fazer da sua vida, Sundae? Quebrar códigos?
Boa pergunta. — Por tanto tempo, meus únicos objetivos
foram sobreviver e matar Lúcifer. Além disso, as pessoas que
têm planos de vida são super irritantes porque conseguiram
fazer algo que eu não fiz. Eu gostaria de ter tudo planejado
também, sabe? Embora, agora que penso sobre isso, talvez eu
entre no jogo dos mercenários e abata demônios por dinheiro.
Oh! Talvez eu monte uma equipe desorganizada de super-
heróis mauzões e limpemos as ruas do Inferno.
— Uh-oh. Minha Sunny disse uma palavra travessa.
Ela se enrolou. — Eu posso dizer os nomes de mundos e
reinos, mas apenas quando estiver fazendo referência a esses
mundos e reinos.
— Bom saber. — Ele piscou para ela. — Se você optar
pela opção B, precisará de um nome de super-heroína. Não há
necessidade de rachar o seu cérebro para isso. Você será “Meu
Pequeno Tesão”.
Ha! — Então você terá que ir de Cavaleiro Solitário. —
Enquanto ele ria, ela moveu as mãos sobre ele, aprendendo-o.
— Enquanto estávamos ocupados, percebi que não conhecia
suas fantasias secretas. Ou o seu plano de vida.
— Fantasias - dormir com uma shifter de unicórnio
enrolada em mim e acordar para descobrir que ela ainda está
lá. Plano de vida - tornar-me um rei do submundo. Eu serei um
rei. Eu só tenho que encontrar a antiga coroa de Lúcifer.
Primeiro, seu coração inchou com mais am... adoração.
Então sua mente se afundou em confusão. — Por que você
deve encontrar a coroa dele? Por que você já não é rei?
Uma longa corrente de ar vazou dele. — Há muito tempo,
saí do Inferno. Eu não gostava do homem que estava me
tornando aqui - muito escuro, sem sinal de luz - e pensei que
poderia ser um homem melhor em cima. Eu estava errado. Eu
ainda guerreei, ainda matei, ainda abandonei as mulheres com
quem dormi.
— O que fez você voltar?
— A guerra com Lúcifer. Quero-o morto e farei qualquer
coisa para conseguir. Além disso, quanto mais tempo estou
aqui, mais percebo que eu escolho se estou claro ou escuro,
não a minha localização. Eu não sou mais um homem jovem
nas suas primeiras centenas de anos. Sou mais velho, mais
forte e mais sábio. Quanto à coroa —- ele disse. — Há muito
tempo, onze coroas foram forjadas nos céus, cada uma
representando um poder diferente. Lúcifer roubou dez delas.
— Claro que ele fez.
— Há rumores de que a décima primeira coroa escraviza
os outros reis, mas ninguém a encontrou ainda.
— Talvez eu possa ajudar .— Não, nada de talvez sobre
isso. Ela poderia, e ela faria. Sunny desejava demonstrar
gratidão a William por tê-lo em sua vida e conhecer o prazer e a
satisfação pela primeira vez.
Talvez ela pudesse apresentar a coroa para ele - enquanto
estava em sua forma de unicórnio.
Ela vasculhou sua mente por qualquer motivo para
continuar negando-o. Ele teria acesso eterno ao chifre dela,
capaz de acioná-lo e removê-lo enquanto ela dormia. Ele ainda
não havia admitido que tinha se apaixonado por ela e talvez
ainda não estivesse lá.
Mas... nada disso importava para ela. Ela queria mostrar
a ele. E ela faria. Depois que ela jogasse a bomba sobre o
medalhão.
Com um suspiro, ela estendeu a mão para cima e para
trás para achatar a mão na cabeceira da cama e empurrar,
mudando de posição, mas uma lasca picou a ponta do dedo. —
Ow! — Ela colocou a mão no peito.
William investiu rapidamente, agarrando o pulso dela
para olhar por cima da mão. Depois de gentilmente,
ternamente arrancar a lasca, ele deu um soco na cabeceira da
cama e rosnou: — Isso vai te ensinar a não prejudicar minha
mulher.
Ela riu. Homem bobo, adorável.
— Melhor? — ele perguntou.
Uma riqueza de passos se aproximando fez seus ouvidos
tremerem. William também deve ter ouvido. Ele endureceu.
— Esperando visitantes? — ela perguntou.
— Não.
De repente, a porta se abriu, um contingente de Enviados
invadindo o quarto. Onze no total. Três eram Elite e o resto
eram Guerreiros. Eles carregavam espadas de fogo.
Como os Enviados eram seus vizinhos, ela se esforçou
para aprender seus nomes. Um Bjorn furioso liderava o ataque,
gritando: — William! Hoje você paga pelos seus crimes.
Segurando o lençol no peito, Sunny saltou para uma
posição vertical. Como se atrevem a interrompê-la quando
estava aproveitando o êxtase? William também se levantou,
seus olhos cheios de fúria.
— Há uma arma na minha mesa de cabeceira, — ele a
informou. — Se alguém olhar para você, dê a eles um especial
Sunny Lane.
Uma bala na cara?
Ele ficou de pé. Gloriosamente nu, ele se inclinou para
pegar dois dos seus punhais descartados. Seu lindo
relâmpagos piscou, suas asas de fumaça se formando. Só que a
fumaça deve ter perdido sua potência. Ou talvez ele produza
mais de um tipo, dependendo da situação? Talvez ela tenha se
tornado imune a isso? Seja qual for o motivo, ela permaneceu
inalterada. Mas os Enviados também.
— Vocês têm três segundos para saírem do meu quarto,
— rosnou William. — Ou irão sofrer.
Capítulo Trinta e Três

“Bem-vindo à pequena casa de horrores do Grande Willy.”

Se William não conseguisse o que queria, ele cometeria


um assassinato. Então, ele estava nu. E daí?. Ele daria uma
emoção aos Enviados antes de remover a cabeça deles. E ele
tiraria a cabeça deles se ficassem. Eles não tinham invadido
apenas a sua casa, o seu santuário. Eles ousaram trazer
violência à porta de Sunny, talvez desfazendo o seu senso de
segurança. Mas o pior dos seus crimes? Eles arruinaram o
fodido tempo do aconchego.
Por isso, eles morreriam gritando. — Três. Dois.
Os Enviados permaneceram no lugar.
— Muito bem. Vocês sofrem.
— Não manche seu vínculo crescente com Axel matando
seus amigos, — chamou Sunny. — Apenas espanque-os um
pouco.’
Ela não parecia assustada; ela parecia animada.
Muito bem. Por ela, e por Axel, ele apenas machucaria os
bastardos e depois jogaria os seus corpos inconscientes no
acampamento.
— Quais crimes você está se referindo? — ele perguntou
a Bjorn.
— Como se você não soubesse.
Os Guerreiros Enviados cercaram William, suas asas o
bloqueando do Elite.
— Afastem-se. William é meu. — Bjorn soltou um grito de
guerra.
Em vez de recuarem, os Guerreiros atacaram.
Eles ousaram desobedecer às ordens do seu líder. Por
isso, William os espancaria ainda mais. Ele manteve os braços
em constante movimento, cortando, cortando. Cada lâmina
deslizou nos olhos de um dos desafiantes. Mas o homem se
curava rapidamente e continuava se levantando. O homem
gritou, agoniado, mas ainda lutava, balançando cegamente sua
espada de fogo com uma precisão chocante, como se tivessem
treinado para isso. Talvez ele tivesse.
— Diga-me o que você acha que eu fiz, — exigiu William
de Bjorn.
— Não finja ignorância, — berrou o Elite.
William teve um vislumbre dele. O homem havia decidido
recuar enquanto os Guerreiros recebiam seu castigo. Que
prestativo.
Os olhos de arco-íris de Bjorn brilhavam. Por um
momento, William se perguntou se o Enviado tinha laços com
unicórnios. Então ele lembrou o título de Bjorn: O Último e
Verdadeiro Terror. Não, Bjorn veio de uma das espécies mais
violentas da história, os Terror. Eles também tinham olhos
coloridos.
Colocando a cabeça no jogo, William derrubou outro
guerreiro - que começou a se recuperar - e fez um resumo
mental dos fatos. Oito guerreiros. Seis homens, duas mulheres.
O Elite ficou para trás. Um cego, capaz de curar qualquer
momento. Nenhum sinal de Axel. Se alguém se mover em direção
a Sunny, ele morrerá, e que se danem as consequências.
Espadas flamejantes vieram para ele de todas as
direções. Ele atacou e abaixou, sua pele empolando. William
podia suportar o fogo natural e normal, sem ferimentos e dores,
mas não podia suportar a purificação ou o fogo purificador dos
céus. O calor invadiu seu sangue, seus ossos, sua medula. Ele
sentiu como se tivesse queimado em cinzas de dentro para fora.
Cuidadoso para evitar o contato direto, William afastou
seus oponentes da cama, em direção a um retrato específico do
outro lado da sala. Aquele dele - nu, é claro - segurando um
teclado na frente de seu lixo.
O que seus convidados não convidados não sabiam? O
teclado estava imbuído de magia. Planejei todo tipo de invasão,
montando armadilhas de acordo. Esses ratos não tinham ideia
de que haviam entrado no covil de uma víbora - a víbora - e
não tinham ideia do mal que ele poderia desencadear. Mas eles
descobririam.
Quando ele alcançou outra adaga descartada, ele abaixou
para pegá-la. Ao se endireitar, ele jogou a lâmina na pintura, a
ponta embutida na tecla S. Instantaneamente, espinhos
surgiram do chão.
Grunhidos e gemidos. Choque e dor. Os Enviados
vacilaram com os pés sangrando, tentando evitar mais
espinhos. Quando isso falhou, eles usaram suas asas para
pairar.
O tamanho maciço das suas asas, juntamente com o
espaço limitado, atrapalhou seus oponentes. Ou então ele
esperava. Na realidade, a batalha se intensificou, os Enviados o
enxamearam do ar.
Um dos guerreiros olhou para Sunny. Enfurecido,
William manobrou atrás dele e passou uma adaga na garganta.
Cure isso. Com sangue borbulhante, Garganta Cortada soltou
sua espada de fogo. Ela desapareceu quando ele caiu. Com um
baque pesado, ele caiu no chão.
Não é um golpe fatal, mas um doloroso. Um a menos,
faltam sete.
Defendendo contra golpe após golpe, ele voltou para a
cama, onde pegou outra adaga descartada. Com um arremesso,
ele apertou a tecla W. Um painel secreto se abriu sobre o pilar
da cama, duas espadas curtas prontas.
Na ofensiva, William agarrou os punhos das espadas e
saltou de volta para a briga. Tão rapidamente como ele se
moveu, os outros lutaram para rastrear seus movimentos,
permitindo que ele apunhalasse um após o outro enquanto o
procuravam. Fluxos de vermelho riscavam o chão, as paredes.
O que Sunny deve pensar dele? Ela estava enojada com a
ferocidade dele? Ela deve estar. Ele continuou machucando
seres conhecidos por sua compaixão e bondade ... para
qualquer pessoa que não fosse demônios, vampiros e bruxas.
Bjorn girou no ar e abriu as asas o máximo que pôde,
claramente pronto para assumir. Ganchos de ossos se
projetavam das penas douradas. — Você. Vai. Pagar.
Um gancho cortou a bochecha de William. Outro cortou
seu ombro, fazendo-o voar de volta. Uma parede o deteve,
arrancando o ar de seus pulmões. Um momento de tontura. Ele
piscou rapidamente, tentando limpar a sua linha de visão.
Sentindo a aproximação de uma mulher, ele se virou para
o lado - bem a tempo de assistir Sunny levantar e apontar uma
arma. Ela piscou para William enquanto apertava o gatilho.
Estrondo! O cheiro de pólvora saturou o ar, a bala acertou a
fêmea no coração.
É seguro dizer que ela não tem nojo de mim. William mal
teve forças para desviar o olhar enquanto lutava contra outro
Enviado.
Ele queria voltar para dentro daquele corpo.
Foco. Dois outros atacaram-no simultaneamente. Ele se
abaixou, passando as garras pelos torsos, injetando o veneno
do Inferno. Desta vez, eles ficariam no chão.
Seus suaves gritos de agonia enfureceram outros dois
Enviados, que se recuperaram e agora brandiam suas espadas
flamejantes mais rapidamente.
Eles também receberam uma dose de veneno. Eles
também ficaram no chão.
William desmaterializou-se, piscando atrás do seu
próximo desafiante, empurrando o macho para um Enviado
que já balançava sua espada. Um braço caiu no chão, menos
um corpo.
Golpe. Soco, soco. Pontapé.
— Vai, William! — Sunny chamou, ainda animada. —
Você consegue isso, baby!
Autorizado por seus aplausos, ele jogou um cotovelo e se
concentrou no Elite. — Diga-me o que você acha que eu fiz, —
ele berrou, — ou eu deixo de ser simpático.
— Você me diz onde ela está! — As palavras de Bjorn
chicotearam como um gato-e-nove-caudas. Ele se lançou
contra William.
Soco, desvio. — Ela quem?
Porrada, porrada. — Como se você não soubesse!
— Eu não sei. — William bateu as asas com força, pulou
e chutou, acertando um guerreiro que se aproximava no nariz.
Cartilagem estalou, e uma corrente sangue jorrou. William não
abaixou, não imediatamente, mas permaneceu no ar para
torceu e lançar uma adaga entre os olhos do homem.
Quando a vítima colapsou, William abriu um portal
diretamente atrás dele. O macho caiu e reapareceu diretamente
na frente de William. Ele agarrou o bastardo pelos cabelos,
segurando-o no lugar.
A última Guerreira, uma mulher, estava no processo de
balançar a espada na direção de William e não conseguiu parar
seu impulso. O metal afiado deslizou através do abdômen dos
seus irmãos, seus intestinos se derramando.
Foi a segunda vez que ele a levou a machucar seus
irmãos. O horror contorceu suas feições, e ela empalideceu.
Ele lançou o corpo para ela, jogando-a pelo quarto. Ela
bateu na parede e deslizou para o tapete. Para mantê-la
abaixada, ele jogou a adaga restante, prendendo-a no lugar.
Oito fora, só faltava o Elite.
— É o que você ganha! — Sunny gritou com o corpo.
Ele encontrou o olhar de Bjorn e lentamente se levantou.
Enquanto eles circulavam um ao outro, ele disse: — Acho que a
“ela” em questão é Fox, a Carrasco.
Bjorn balançou a espada, uma vez, duas vezes, depois
desviou quando William fez um contra-ataque. — Vimos você
apunhar e levá-la.
— Eu não. Eu não esfaqueei uma mulher... Hoje não,
pelo menos.
Eles se lançaram nos móveis, derrubando mesas e
cadeiras laterais. Vasos quebrados, cacos de vidro voando. O
Enviado tinha habilidade. Ele lutava como um demônio,
procurando pelos olhos, garganta e virilha. O tipo de luta que
William respeitava.
O outro homem disse: — Você acha que vai me convencer
que Axel é o culpado?
— Sem dúvida foi Lúcifer. Ele deve ter mudado de forma
para se parecer comigo — William ralhou de volta. — Da
mesma forma que ele transformou em Axel para me atacar.
— Você mente!
— Frequentemente. Mas pense, seu tolo. Todos os
Enviados têm a capacidade de provar mentiras. O que você
prova neste momento?
Os olhos de Bjorn se arregalaram e seus movimentos
diminuíram. Finalmente, ele abaixou a espada, as chamas
morrendo. Ele olhou para o massacre e murchou por dentro.
Quando ele pousou o olhar em Sunny, ele secou ainda mais.
Ela permanecia na beira da cama, vestida com a camiseta de
William, olhando com assassinato nos olhos para o Enviado.
William puxou a calça de couro com movimentos tão
fortes que quase rasgou o material. — Conte-me tudo, — ele
retrucou.
O Enviado abaixou a cabeça. — Eu fiz isso. Eu a
capturei. Fox era minha prisioneira. — A dor revestiu suas
palavras. Aquilo era... luxúria brilhando em seus olhos? O
Enviado queria aquela que matou dez de seus irmãos? Boa
sorte com isso. — Ela fugiu de mim e você - Lúcifer a pegou,
apunhalou-a nas tripas e desapareceu com ela.
Nada de bom acontecia na companhia de Lúcifer. Fox não
escaparia ilesa.
— Peça desculpas a Sunny e jure não matar Fox,— disse
William, — e considerarei ajudá-lo a recuperá-la.
Ele esperava protestos do Enviado. Os imortais tinham
seu orgulho, afinal, mas Bjorn imediatamente se virou para
Sunny.
— Peço desculpas por ter te assustado, por danificar seu
quarto e ameaçar seu homem.
Ela estreitou os olhos. — Como você ousa! Eu nunca tive
medo.
William lutou para manter uma expressão severa.
Bjorn voltou-se para ele e disse: — Não posso prometer
que não matarei Fox. A ordem da sua morte veio do próprio
Clerici. Mas jurarei não matá-la sem antes falar com você.
Combinado?
Um compromisso meio decente, considerando a gravidade
dos crimes de Fox. Além disso, William suspeitava que o
homem convenceria seu rei a deixar a fêmea viver. Essa
luxúria...
Sim. Bjorn estava caído pela sua prisioneira.
— Muito bem. Combinado.— Axel deve estar satisfeito. As
coisas que faço para a família.
— Diga-me onde Lúcifer fica... — Bjorn inclinou a cabeça
para o lado e correu para a janela para espiar para o lado de
fora. William o seguiu e viu uma Fox sangrenta e ferida
rastejando até o acampamento, amaldiçoando quem tentasse
ajudá-la. — Deixa pra lá. — Sem outra palavra, o Enviado saiu
apressado do quarto.
— Você vai simplesmente deixar os corpos aqui? —
Sunny gritou para dele.
Outro conjunto de passos soou. William piscou para
Sunny, supondo que Bjorn tivesse decidido voltar e terminar o
que haviam começado. Mas foi Axel que entrou no quarto para
vasculhar o mar de Enviados inconscientes e sangrando.
Chamas de raiva dançavam em seus olhos azul bebê.
— Eles pediram por isso, — retrucou William, já na
defensiva.
— Eu sei, — foi a resposta, chocando-o. — Se eu
soubesse o que eles planejavam, eu os teria parado. Acabei de
voltar de uma reunião nos céus. Quando ouvi o que estava
acontecendo, — disse Axel, seu tom endurecendo a cada
palavra — eu vim correndo. Obrigado pelo voto de confiança,
no entanto.’
Maravilhoso. Ele acabou de manchar seu relacionamento
com o irmão com suspeita e raiva. William estalou a
mandíbula. O que daria errado a seguir?
Capítulo Trinta e Quatro

“Levar um encontro para casa para conhecer a família? Claro.


Deixe-me deixar crescer uma barriga de papai enquanto estou
nisso.”

— Meninos, — anunciou Sunny, aproximando-se do lado


de William. — Seu relacionamento é novo. Haverá problemas
enquanto vocês aprendem a confiar um no outro. Perdoem-se
por esse mal-entendido e sigam em frente. E, por seguir em
frente, eu quero dizer limpem o meu quarto.
William deu a sua piscada de olho.
Coisa engraçada. Axel também fez isso. Como eles eram
adoráveis juntos.
Os dois assentiram, um pouco da tensão drenando.
William até se inclinou para beijar a sua testa.
— Quando terminarmos, — ele disse, — levarei vocês dois
para ver os meus meninos e conhecer Evelina.
Sunny observou William o tempo todo em que ele e Axel
trabalhavam, ofegantes. Ela adorava como os bíceps dele
cresciam toda vez que ele jogava um Enviado inconsciente
através de um portal de volta ao acampamento.
Principalmente, ela adorava a maneira como ele a olhava, como
se quisesse se assegurar de que ela não tinha desviado o olhar.
Como ele havia feito no quarto de hotel dela, ele usou
magia para dissipar o sangue. Então Axel saiu para vestir uma
túnica limpa, e William o acompanhou, lançando para ela uma
última olhada por cima do ombro largo, tão quente e vulnerável
quanto sensual.
Com um calafrio, ela se preparou para conhecer os filhos
dele. Cabelo em um coque solto, ela correu para um banho,
escovou os dentes e aplicou loção, depois vestiu uma calcinha
que ela pensou que William adoraria, e um vestido rosa super
sexy que moldava as suas curvas. Saltos brancos com tiras
completavam o visual. Saltos não eram coisa dela. Ela só
queria ter joias.
Os unicórnios adoravam coisas brilhantes. Algo em que
ela perdeu o interesse enquanto estava fugindo. Agora? Me dê.
Ela sorriu. Como sua vida mudou drasticamente. De
esgueirar-se em um motel decadente após o outro, sozinha,
sempre sozinha, a orgasmos, batalhas míticas, decodificações
mágicas e reuniões secretas.
Quando William e Axel voltaram, ambos estavam de
banho tomado e vestindo roupas limpas.
Ao vê-la, William parou abruptamente. Luxúria,
admiração e orgulho brilhavam em seus olhos elétricos.
— Você gosta? — ela perguntou, sem fôlego. Ela girou
devagar.
— Axel, você precisa sair. — William deu um passo em
sua direção. — Estamos passando por um inesperado... atraso
por causa do mal tempo. Sim, isso parece crível. Partimos em
uma hora, depois que essa tempestade em particular tiver
passado. Encontre-nos em ...
— Ah não. Partimos agora. — Mesmo que ela quisesse
fazer coisas ruins para ir para a cama com William, ela
balançou a cabeça. De jeito nenhum ela adiaria essa reunião.
— Houve uma mudança na previsão. Essa grande tempestade
foi rebaixada para uma garoa leve.
Rindo, Axel deu um soco no irmão. — Você tem uma leve
garoa nas calças, Sempre Excitado?
Vê-los juntos e à vontade fez seu coração inchar de
felicidade.
Expressão irônica, William ajustou seu eixo duro e
fechou a distância. Ele passou um braço em volta da cintura
dela, perguntando: — Pronta?
Ela arqueou uma sobrancelha. — Nenhum portal?
— Não há necessidade. Dentro do Inferno, posso
transportar qualquer pessoa em que eu possa tocar.
— Aqui embaixo, eu também tenho a capacidade de
piscar. — Axel se aproximou do outro lado de William. — Mas
nunca vi o território que pertence aos seus filhos. Vou precisar
pegar uma carona.
Teletransporte não era uma habilidade que os Enviados
geralmente possuíam. Quantas características esses irmãos
compartilhavam e quais eram as suas diferenças?
Sunny tinha que ajudá-los a recuperar suas memórias,
mais cedo ou mais tarde. Se ela fizesse o par parte do seu
bando, sua magia aumentaria, triplicando as chances de
sucesso. William gostaria de fazer parte de um bando? Uma
espécie de fusão de mentes? Ela teria 24 horas de acesso aos
pensamentos dele.
Ele a beijou na têmpora. — Lá vamos nós.
De repente, a base sob seus pés desapareceu. O quarto
também desapareceu. Um segundo depois, um novo local se
materializou ao seu redor. Uma elaborada sala de estar com
lustres de cristal, paredes e sofás de veludo. Três homens
lindos que pareciam ter quase 20 anos ocupavam lugares
diferentes, cada um reclinado e fumando um charuto.
A fumaça pungente fez cócegas em sua garganta e ela
tossiu. Assim que seus olhos se ajustaram à neblina, ela
estudou os meninos de William com mais atenção e, uau, eles
foram seriamente endurecidos pela batalha, irradiando
brutalidade selvagem. A fumaça obscureceu suas auras,
impedindo-a de ganhar vantagem, aprendendo mais sobre eles
do que seriam capazes de aprender sobre ela.
A falta foi tanto uma gentileza quanto uma crueldade.
Informação era poder, e ela precisava desesperadamente de
poder agora. Mas uma confusão de pensamentos já soprava em
sua mente como um desfile de ervas daninhas.
Uma reunião nunca foi tão importante. Ela queria,
precisava, causar uma boa impressão, mas não tinha ideia de
como proceder. Seu tipo de personalidade tendia a irritar ou
encantar, raramente algo entre os dois. E se ela não pudesse
conquistar esses meninos? Eles já estavam olhando fixamente
para ela.
Ou talvez alguém atrás dela?
Ela virou. Não. Ela. Ela era o alvo daqueles olhares de
morte. O que teria sido dito a eles sobre ela? Embora ela não
tenha dado dois cravos sobre as opiniões dos reis, ela dava
todos os cravos sobre as desses meninos. Família importava.
E se eles dissessem ao pai para abandoná-la?
Ela engoliu em seco, pânico se desenrolando.
Os meninos apagaram os seus charutos e se levantaram.
Eles eram tão altos, tão musculosos e agora ainda mais
furiosos. Por quê? Por quê? Por quê?
Inconsciente da sua agitação - um namorado não deveria
sentir esse tipo de coisa? - William a soltou e caminhou para
abraçar cada um dos seus filhos. Que visão linda e comovente.
Sentindo-se tão sozinha como sempre, não, mais ainda
desde que ela já tinha provado companheirismo, ela passou os
braços ao redor da sua cintura. Os homens tinham o que ela
tentou não se deixar desejar desde a destruição da sua aldeia -
amor e apoio. Eles eram uma família verdadeira, seu afeto
óbvio.
Será que eu vou fazer parte disso? Aqui, agora, nada
havia sido tão importante para ela. E sério, como ela deveria
agir? Sorrir e acenar? Não mostrar emoção?
Seu estômago revirou, um pensamento lhe ocorreu. Por
causa do seu relacionamento, William trouxe uma família
inteira para a mesa. Não apenas seus filhos, mas seus irmãos e
sua infinidade de amigos. Talvez, um dia, seu pai. Sunny
trouxe bagagem e um shifter de unicórnio desaparecido.
Desequilíbrio.
— Sunny, Axel, estes são meus filhos, Red, Black e
Green, — disse William, sempre o papai orgulhoso. — Eles são
cavaleiros do apocalipse, mas também guerreiros das sombras.
Meninos, estes são Axel, meu irmão, e Sunny, minha mulher.
— Ele ofereceu as descrições sem hesitação ou rancor.
— Eu - eu posso adivinhar quem é quem, — disse ela,
com a voz hesitante. A fumaça havia diminuído, revelando suas
auras. O lindo homem careca com uma aura de jade... — Você
é Green. Prazer em vê-lo novamente.
Green deu um aceno cortante. — Eu sou conhecido como
o portador da morte.
— Isso é, uh, ótimo? — Ela se deslocou para apontar
para o loiro igualmente lindo com uma aura escura como
azeviche. — Você é Black.
Black assentiu também. — O portador da fome.
Ela se deslocou na outra direção, apontando para o - sim
- lindo de cabelos pretos com uma aura escarlate. — Você é
Red.
Ele fez o aceno com a cabeça também, mas de forma mais
agressiva. — Eu sou o portador da guerra.
Dito isto, os três a dispensaram, encarando Axel.
— Eu preciso do seu autógrafo. — Black apontou o dedo
para William, dizendo: — Este aqui mantém um livro de
recortes das suas vitórias."
Axel piscou surpreso e olhou para William em busca de
confirmação.
Ele inclinou a cabeça, as bochechas coradas e a surpresa
de Axel redobrou.
Sunny mal se absteve de dizer: — Eu também tenho
vitórias!
Sorrindo, Green deu um tapinha nas costas do seu
irmão, dizendo a Axel: — Podemos ser seus maiores fãs.
Red acendeu um charuto novo, dando uma tragada antes
de dizer ao Enviado: — Admirei seu trabalho na Terceira
Batalha de Lleh.
— Muito admirado , — disse Black, enfatizando, depois
reivindicou o charuto para si. — Você derrubou mais bruxas e
magos do que qualquer outra pessoa na história.
— Eu ouvi o que eles fizeram com William, — Axel
respondeu, — todos esses séculos atrás.
William piscou surpreso.
Desesperada por fazer parte da conversa, Sunny
perguntou: — O que são os guerreiros das sombras? — Mostrar
interesse em suas vidas era um excelente começo. Certamente.
William disse: — Quando eu os gerei...
— Com a sua vagina mágica, — Green falou, ganhando
risadinhas dos outros.
William virou para os meninos antes de continuar. —
Acreditava que minha magia de alguma forma continha a
essência dos cavaleiros do apocalipse. As profecias afirmam
que todo grupo de cavaleiros um dia lutará contra isso, o
quarteto vencedor forçado a cavalgar pela terra, estimulando o
fim do mundo. Depois do que aprendemos sobre os Wrathlings,
acho que alguém da minha linhagem familiar foi - é - um
cavaleiro.
Isso fazia sentido. — Estou meio chocada por haver mais
de um conjunto. — Mas, então, ela apostava que os negócios
do Inferno permaneciam nos negócios do Inferno, segredos
mantidos ao longo dos tempos.
— Os muitos conjuntos diferentes vêm de espécies
diferentes, em momentos diferentes, de várias maneiras, mas
eles sempre nascem em grupos de quatro. — Sua voz
endureceu, como uma espada mergulhada no fogo, martelada e
depois acabada no gelo. Pensando na perda da sua filha? —
Uma multidão de oráculos alegou que eu posso reencarnar
White, a única razão pela qual eu não limpei os Fae da
existência.
Ah, sim. A filha. — Qual é o problema? — Sunny
perguntou.
— Só posso fazer isso depois que meus filhos morrerem
ou criarei um conjunto novo de quatro.
Os meninos inclinaram a cabeça, parando um momento
para lamentar a perda da sua irmã. Quando ergueram os
olhos, encararam Sunny novamente.
Talvez eles estivessem tentando intimidá-la? Talvez
assustá-la para que ela nunca machucasse William?
Normalmente, ela encarava de volta, lançando um ou
dois insultos por uma boa medida. Com um mantra de “seja
gentil” gritando dentro de sua cabeça, ela colou outro sorriso.
— Por que White não pode reencarnar da maneira antiga, sem
que os meninos morram? — Sunny... grávida do filho de
William...
Ela estremeceu com uma parte de choque, uma parte de
anseio. Ela pensou que não estava pronta, mas... talvez?
Como William se sentiria com a ideia?
E o que dizer de Lúcifer? Enquanto ele vivesse, os filhos
dela estariam em perigo.
Ok, hora de mudar de assunto. — Onde está Evelina?
— A masmorra, — Green reclamou.
— Mostre a Axel o caminho — instruiu William. — Sunny
e eu estaremos lá em breve.
O que é o quê? Por que o atraso?
No momento em que os companheiros saíram da sala,
William a girou, pressionando o peito contra as costas dela e
abraçou-a com força. Ele mordiscou sua orelha, seu eixo
endurecendo contra a sua bunda. — Diga-me o que há de
errado para que eu possa consertar.
Como ele sabia que algo estava errado? Ela deu alguma
deixa? — Se os reis do submundo me odiarem, e daí? Eles não
são importantes para você. Mas seus meninos são, e eles já não
gostam de mim, e eu não sei por quê. Eles nem sequer me
conhecem.
— Você é extremamente importante para mim. E eles não
desgostam de você. Eles apenas temem que você sucumba à
maldição e me prejudique.’
Oh... margarida. Eles deveriam se preocupar. — Talvez eu
não devesse ser importante para você, — disse ela, fungando.
Uma droga de uma fungada, como uma maricas. — Não
discutimos a passagem que decodifiquei.
Ele suspirou, sua respiração soprando em sua nuca. —
Vamos discutir isso, então. Diga-me o que acontece quando
você trabalha no livro.
Estar aconchegada de costas para ele fez suas próximas
palavras mais fáceis e mais difíceis. — Uma força sombria e
perigosa vem sobre mim, sussurrando pensamentos no meu
ouvido. Mate ele. William deve morrer. Talvez porque você se
apaixona por mim mais rápido quando estou trabalhando, para
que a mágica fique mais forte? E lamento não ter contado a
você. Eu só... eu temia como você reagiria. A boa notícia é que
o desejo desaparece assim que eu me afasto do livro.
Ela torceu os dedos, aguardando a resposta dele. Ele não
ficou rígido ou esperando. Ela tinha uma coisa a acrescentar.
— Eu nunca vou ceder aos desejos, eu juro! E estou quase
terminando, eu sei disso.
Apertando o seu abraço, ele disse: — Se eu tivesse uma
única dúvida sobre as suas intenções, você estaria no estábulo
remendado magicamente. Mas eu confio em você, assim como
você confia em mim, lembra? Além disso, você é a pessoa mais
forte que eu conheço. Se alguém pode superar uma compulsão,
é você.
Ela choramingou de alívio. — Obrigada pelo voto de
confiança, mas, hum, talvez você deva parar de se apaixonar
por mim. Por enquanto, de qualquer maneira. Pelo menos até
que o livro seja decodificado.
Sua risada rouca brincou com seus ouvidos. — Eu
concordo em não me apaixonar mais por você... se você
concordar em deixar de ser tão dália magnífica.
— Eu não posso prometer isso, — disse ela tão
seriamente, tão desoladamente, que ele riu novamente.
Ele ficou sério, resmungando: — A paixão é mútua?
— Sim, seu tolo, — disse ela, afundando-se ainda mais
em seu abraço.
Em resposta, ele esfregou sua bochecha contra a dela.
Mmm. — Como seus meninos agiram quando
conheceram suas outras mulheres? — ela perguntou curiosa.
— Você é a primeira.
Mesmo? O coração dela deu um pulo. — E os seus
amigos? Eles conheceram seus filhos?
— Alguns Senhores o fizeram, mas nunca fiz
apresentações. Eles tropeçaram um no outro.
Espere aí. — Nem Anya e Pandora encontraram seus
cavaleiros?’’
— Correto. — Ele achatou as mãos na barriga dela e as
puxou lentamente. — Eu posso dizer que meu unicórnio gosta
dessa notícia. — Até um pouco demais.
— Claro que eu gosto ! — Sou especial para ele.
Acima...
Ele... sim! Ele segurou seus seios, enviando uma
deliciosa cascata de calor através dela.
Ofegando, ela se virou para encará-lo. Enquanto ela daria
qualquer coisa para ficar nessa posição, ela beijou seus lábios
rapidamente e disse: — Vamos conhecer Evelina. Quanto mais
cedo começarmos, mais cedo terminaremos e mais cedo você
pode me levar para casa e me tirar deste vestido.
Capítulo Trinta e Cinco

“Não se machuque. Esse é o meu trabalho.”

William encostou-se a uma parede e cruzou os braços


sobre o peito. Green permaneceu ao seu lado. Uma catacumba
subterrânea se estendia diante deles, o ar úmido, mofado e
surpreendentemente frio, considerando o local: o centro do
Inferno. O sangue seco manchava as paredes de enxofre e a
água pingava de um conjunto de “cristais berrantes” - prismas
que prendiam sons de agonia e miséria por dentro; esses sons
saíam em intervalos diferentes, o volume aumentava a todo
vapor.
Ele assistiu, cativado, enquanto Sunny fazia a sua coisa -
assumir o controle.
— Vocês dois. Fora do meu caminho. — Ela passou por
Red e Black para ficar ao lado de Axel na porta da cela de
Evelina, onde a prisioneira dormia. — Por que ela não acordou?
Por que as mãos dela estão atadas?
— A pequena gata selvagem se machucou tentando fugir,
então a drogamos, — explicou Red, um pouco irritado demais
para o gosto de William. — E ela está amarrada para não poder
usar magia ou mudar de forma.
Sunny ficou completamente ereta. Oh, oh. Aí vem
problema.
— Ela não é má, — estalou Sunny. — Estou olhando para
a aura dela agora, e ela está furiosa, ferida, aterrorizada e
triste, mas ela não é má. Então, você não a drogará novamente.
Compreendeu? Diga as palavras para mim.
Sua defesa da bruxa o lembrou da sua bondade para as
crianças que admiraram os seus cabelos, sua doçura com o cão
do inferno moribundo e seu amor instantâneo por Dawn.
A rainha perfeita. Minha rainha.
— Você não pode dar ordens a senhores da guerra como
nós, — retrucou Black, — quando lhe falta força para aplicá-
las.
Um lento e confiante sorriso floresceu, um brilho
selvagem naqueles olhos roxos, apenas alimentando o tesão de
William. — Me teste.
Até agora, ele não havia percebido que tinha um tipo ou
que seu tipo seria um pêndulo de emoção, mas ele gostava do
que era. Ele gostava de acalmar o temperamento dela.
Emocionado quando ela vestia o seu chapéu invisível de
capitão, assumindo o controle de uma situação. O medo dela
de que os meninos dele não gostassem dela? Adorável.
Ele nunca a viu tão vulnerável, nunca havia percebido o
quanto ela desejava desesperadamente uma família própria.
Ele sabia que ela sentia falta de outros unicórnios, sabia que
estava sozinha, mas ele não calculou as profundezas dessa
solidão. Tão profunda quanto a dele tinha sido antes de Sunny.
Red e Brack espiaram por cima dos ombros, dando a
William um olhar de “ela é de verdade?”.
Ele jogou de desamparado, balançando os ombros. —
Considere Sunny a sua madrasta. Faça o que ela diz.
Ah, ela gostou tanto disso quanto da sua confissão
anterior, com o queixo erguido.
Os meninos olharam para ele antes de murmurarem em
uníssono: — Nós não vamos drogá-la novamente.
Um sorriso brincou na boca de William.
— Você está caindo por ela, — Green observou
calmamente.
— Caindo duro, sim. — Por que negar isso? — Ela é...
valorizada. — Ele se atreveria a dizer querida?
— E, no entanto, ela tem o poder de matar você.
Mais do que seus meninos perceberam. — Ela tem, mas
não vai. — Tão rapidamente quanto ele estava se apaixonando
por Sunny, ela estava se apaixonando por ele, a verdade
brilhando em seus olhos toda vez que ela olhava para ele. Ou
derretia em seus braços.
— A ideia da sua mulher sobre White, — disse Green. —
Você acha que existe uma chance de Sunny poder...?
— Eu acho, — respondeu William mais suavemente. No
segundo em que o tópico surgiu, ele a imaginou grávida do seu
bebê - e ele gostou. Possessividade selvagem surgiu através
dele, exigindo que ele tornasse a imaginação em uma realidade.
Ele pensou que tinha sentido o desejo dela também.
Com o início da época de acasalamento em poucos dias,
eles poderiam fazê-lo. Talvez. No entanto...
Ele sabia que seria melhor esperar. Ele ansiava mais
tempo com Sunny, apenas os dois. Olhe para mim, planejando
o futuro, em vez de viver dia a dia. Mas a guerra ainda
continuava, a maldição ainda pairava, Lúcifer ainda vivia e
William ainda não encontrara a décima coroa do Inferno. Até
agora, ele não tinha pistas.
Tantos obstáculos contra eles.
Uma comoção chamou sua atenção de volta para a cela
de Evelina. A bruxa da realeza acordou. Berrando em um
idioma que William não conhecia, ela lutou para se levantar da
cama com os braços amarrados atrás das costas. Quando
conseguiu, correu para a parte de trás da cela, pressionando as
costas contra a parede. Pedaços de terra grudavam em seus
cabelos, obscurecendo a cor dos fios. A lama havia secado em
sua pele, tão espessa que ela deve ter caído em um mar de
coisas antes de ser levada embora. Suas íris eram adoráveis,
verdes com bordas prateadas, suas pupilas grandes como
pires. Ela usava um vestido esfarrapado, tão enlameado quanto
o resto dela.
— Aonde você a encontrou? — William perguntou a
Green.
— Um bordel de imortais.
Por que ela ficaria ou trabalharia em um bordel, se
esperava se esconder? No casamento dela, uma bruxa lançou
um feitiço sobre Evelina - por insistência de Lúcifer. Se alguma
vez ela dormisse com outro homem ou tivesse um orgasmo,
Lúcifer saberia. Ele também saberia onde ela estava e com
quem estava.
— Deixe-me entrar na cela, — ordenou Sunny.
Mais uma vez, seus filhos o procuraram por permissão.
Curioso sobre o que seu unicórnio planejava fazer, William
assentiu, endireitou-se e fechou a distância. Ele entraria ao
lado dela. Se Evelina fizesse um movimento contra ela, Evelina
pagaria caro.
Embora ninguém tenha tocado a fechadura, Red abriu a
porta com um aceno de mão. Sunny deu um passo à frente,
mas William piscou na frente, entrando primeiro.
Evelina encontrou seu olhar e se encolheu, dobrando-se
para um canto.
Olhando para ela, precisando que ela visse a seriedade da
sua expressão, ele disse: — Prejudique a garota, dê a ela um
mínimo arranhão, e eu a darei a Lúcifer em uma hora. Acene
para mostrar que você entende.
Tremores atingiram o pequeno corpo da shifter, mas ela
concordou. Ela olhou para Sunny, os cavaleiros, Axel, depois
de volta para William, apenas para voltar a focar em Axel e
traçar visualmente as suas asas. Seus olhos se arregalaram
antes que ela berrasse uma série de palavras ininteligíveis,
parecendo levar o Enviado a se encarregar.
— Alguém conhece o idioma? — William perguntou.
Um coro de “não” cantado em diferentes volumes.
Sunny deu outro passo à frente, lento e firme. Ainda
assim, Evelina uivou e subiu ao longo da parede, afastando-se.
Quando Sunny deu um segundo passo, a garota arreganhou as
garras e assobiou.
Com os ombros caídos, Sunny olhou para William.
Lágrimas se acumularam em seus olhos, a visão delas quase o
enviando em uma raiva imparável. — Por que ela tem medo de
mim? Eu só quero ajudá-la.
— Às vezes, a única maneira de ajudar alguém é ir
embora. — Ele a puxou contra ele, segurando-a perto. Ele disse
aos meninos, — Garanta que as notícias da captura de Evelina
se espalhem para Lúcifer sem prejudicá-la.
— Ou tocá-la, — acrescentou Sunny com uma fungada.
Ele lutou com um sorriso. Um centro tão macio e
pegajoso embaixo da sua casca dura e cor de chocolate.
— Vou garantir que Lúcifer saiba. — O tom inflexível de
Axel ecoou pela câmara. — Ele pode não acreditar nos outros,
mas acreditará num Enviado.
O irmão dele não estava errado. Mentiras queimavam até
a morte antes de escapar da boca de um Enviado.
— E — Axel acrescentou, — levarei a garota comigo. Eu
posso mantê-la em um lugar que Lúcifer e seus demônios não
podem alcançar.
Sem dúvida, esse lugar pertencia aos céus. — Ela é parte
bruxa, — William informou. Os Enviados consideravam as
bruxas tão más quanto os demônios. — Um portador de magia,
como eu.
Axel arqueou uma sobrancelha. — Eu nunca soube quem
ou o que eu era. Na verdade, não. Como se eu julgasse outro
por ser o que eles são.
Gosto deste homem cada vez mais.
Seus garotos recusaram imediatamente, mas William os
silenciou com um olhar. O que fazer? Embora Evelina estivesse
mais segura nos céus, os Enviados talvez não a devolvessem
quando chegasse a hora.
— O que você acha? — William perguntou a Sunny.
Red franziu a testa, Green fez uma careta e Black cuspiu
uma maldição. Esta foi a primeira vez. Ele nunca procurou
conselhos de ninguém além de Hades. Ignore a pontada.
— Eu acho... — Ela enrolou os dedos em volta da gola da
camisa dele. — Sim. Deixe Axel levá-la para onde ela estará
mais segura. Mas primeiro, exija concessões.
Ele deu um sorriso. — Eu amo o jeito como a sua mente
funciona.
Por causa da palavra amor, ela prendeu a respiração.
Ah, Merda. Ele acabou de usar a temida palavra A, e ele
...
Ele...
Quis dizer isso. E ele não podia retirar as palavras.
Ou a emoção.
Ele amava o modo como a mente ilógica dela trabalhava.
Como ela ajudava os necessitados. Sua coragem, sua força.
Seu senso de humor e sua lealdade. O lado sombrio dela. O
lado suave dela. Amava o seu lado pateta, amava o seu lado
sério. Ele amava o jeito que ela exigia o seu melhor. A maneira
como ela respondia a cada toque dele. Ela nunca se encolheu
nele. Ela nunca faria isso. Todos os dias, ela lhe dava uma
nova memória para apreciar.
Ele simplesmente a amava, ponto final. A emoção o
inundou em torrentes, quase o afogando. Não há como negar
isso por mais um momento. Ela foi feita para ele, e ele foi feito
para ela. Eles eram um bando. Uma família.
O futuro rei do inferno e sua preciosa rainha.
Seu coração bateu contra as costelas, o medo surgindo.
Droga! Isso era ruim. Tão ruim. Certamente a maldição havia
acabado de ser ativada.
Por que ela não se enfureceu e tentou remover a cabeça
dele, a única maneira segura de acabar com ele?
Ela acariciou o seu peito, como se sentisse o seu tumulto.
Ele precisava parar de amá-la. É ela ou eu.
É... ela. Sempre será ela. Parar de amá-la? Muito tarde.
O código tinha que ser quebrado. Em breve! E se ela
tentasse matá-lo nesse meio tempo? O que ele faria? Se ele
revidasse, arriscaria machucá-la. Um total não vai acontecer. O
que é que isso deixou?
Axel deu um sorriso frio. — Que tipo de concessões? Eu
não massacro ninguém que tente me impedir?
Falando como um verdadeiro... seja qual for o nosso
sobrenome. Escondendo suas emoções turbulentas por trás de
uma expressão despreocupada, ele disse: — Quero que Evelina
seja trazida de volta quando eu exigir, e quero que Fox seja
poupada por seus crimes contra o seu povo. Ela pode
permanecer prisioneira de Bjorn, mas não deve ser morta. —
Ela havia assassinado dez Enviados, sim, mas apenas porque
seu demônio a havia ultrapassado. Ela merece punição? Sim. E
ela vai tê-la. Mas a morte? Não.
Várias batidas de silêncio. Então, — Concordo, — Axel
ralhou.
— Então será assim. — Deixando o Enviado com Evelina,
William pegou a mão de Sunny e a levou para casa... de volta
ao livro, para o bem ou para o mal.
Capítulo Trinta e Seis

“Me conhecer é me desejar.”

Um minuto se transformou em outro enquanto William


rondava pelo quarto, colando notas de “Usar a Camisinha” em
todos os lugares. Sunny observou, preocupada com os
movimentos rígidos dele e a sua relutância de olhar para ela.
Algo estava errado.
Eles voltaram há mais de uma hora. Ele entregou o livro
a ela e começou a fazer os lembretes. Desde então, ele
trabalhava em alta velocidade, resmungando sobre a ferrada
maldição. Claro, ele tinha usado a outra palavra com F.
— Precisamos conversar, ela finalmente disse.
— Não estou com disposição para conversa fiada.
O instinto gritou: Resolva isso. — Então? Eu disse
“precisamos”, e não “queremos”, e “precisamos” vence. Agora
que somos oficiais, é seu dever garantir que tenho tudo o que
preciso.
Ele fez uma careta para ela, ainda não encontrando os
olhos dela. — Então, fala.
Sério, qual era o problema dele? Antes de entrarem na
masmorra, ele foi gentil e doce. Mas talvez a antipatia dos seus
meninos o tenha irritado, apesar das suas afirmações em
contrário?
Uma maré crescente de náusea a pegou de surpresa. —
Se você está super preocupado, basta me prender na masmorra
ao lado de Evelina até o final da época de acasalamento.
— Não. — Ele colou uma nota na penteadeira com mais
força do que o necessário. — Eu vou cuidar de você.
— Eu ainda estou decodificando seu livro, William, e
ainda há momentos em que quero te matar. Além disso, e se as
notas não fizerem diferença e você se esquecer de usar
camisinha? Agora não é a hora de um bebê, nem a chance de
ter um.
— Por que você não me quer contrabandeando um aliado
para o seu ventre?
— Não até Lúcifer estar morto. — Mas... o desejo de
matar William cessaria se ele tivesse um aliado por dentro?
Ele não disse mais nada e Sunny tomou o silêncio como
uma afirmação. Acorrentada, será. Decepcionante, mas
necessário.
Quando ele se inclinou, colocando uma nota no chão, sua
barriga tremeu, um gemido rouco escapando dela. Ele estava
esperando levá-la para lá?
Ele congelou, e seu coração acelerou. Lentamente, ele se
endireitou e a encarou. No momento em que ele viu a
expressão dela, ele endureceu, esticando as calças. O corpo
dela respondeu, esquentando, doendo... preparando-se para a
invasão.
Excitação, mais forte do que nunca. Sensações familiares
a bombardeavam. Seus mamilos frisados. O sangue dela
esquentou outros mil graus. As dores mais deliciosas a
atormentaram... até que se tornaram as mais dolorosas. Sua
calcinha umedeceu e seu núcleo se apertou, desesperado por
ele. Sua pele formigava, buscando o toque dele.
O desejo de acasalar a consumiu.
Parecia que a conversa deles havia acionado um botão
chamado Excitação Eterna. Como se cada gota de excitação
que ela já experimentou tivesse retornado e duplicado...
triplicado em força.
Ela não precisava se perguntar o que era aquilo.
A época de acasalamento tinha começado mais cedo.
— William, — disse ela, ofegante. Esse tom lamentável
era realmente dela? — Está acontecendo... época de
acasalamento. — Cedo demais. Agora, todos os seus esforços
foram inúteis. Os lembretes de preservativos só funcionariam
fora do acasalamento real. Se ele se lembrasse, ela não
conseguiria gozar, fazendo do sexo uma forma de tortura para
ela. — Você precisa sair. Por favor. Não. Fique. Não! Saia. Mas
primeiro, as correntes! Depressa!
Piscando. Ele desapareceu. Noutra piscada. Ele se
materializou ao pé da cama. Calor pulsou dele, acariciando-a.
— Eu não vou a lugar nenhum, Sundae.
— Mas você está preocupado e eu entendo. Mas não
poderei gozar sem o seu esperma. Sem isso, você apenas
tornará tudo pior. — Ela baixou o olhar para a ereção dele e
lambeu os lábios, contraindo as suas paredes internas. Prendê-
lo. Afundar as minhas unhas em seu peito. Empalar-me em seu
eixo maciço. Ela o montaria e gozaria tão duro que veria
estrelas.
— Você é minha fêmea. Minha mulher. — ele disse.
Rosnou, realmente. — O que você precisa, eu forneço. Se é a
minha semente, que assim seja.
— Não! — Ela bateu a cabeça em negação.
— Eu vou me preocupar de qualquer maneira. O medo
me deixa sufocado. E se formos forçados a nos separar por
causa da maldição? E se você me atacar? Não há nenhuma
maneira de eu te machucar, mas grávida... — Ele estremeceu.
— Você terá sucesso, o que significa que ficará sozinha com um
filho para criar. Vocês dois serão alvos de Lúcifer, e é isso que
eu não quero.
Ele só queria protegê-la. Ele pode até amá-la, apesar de
tudo contra eles. Mas...
Ela o amava, sem dúvida. Porque ali, naquele momento,
Sunny entregou seu coração a William da Escuridão, o Sempre
Excitado, filho de Hades, príncipe do Inferno. Ele a colocou em
primeiro lugar, colocou as suas necessidades acima das suas e
qualquer resistência restante havia se quebrado.
Eu amo este homem. Ele é meu e eu sou dele. Eles
ficariam juntos para sempre. Uma família. Um bando. O bando
dela. Seu tudo.
— Baby, — disse ela, usando sua melhor voz de
professora. — Eu quero isso com você. Eu quero. Prometo me
trancar na masmorra após a época de acasalamento e ficar
longe até que a maldição seja quebrada, e podemos ficar juntos
dessa maneira. Aqui e agora.
Sua expressão se suavizou, oh, tão terna, antes que o
desejo sombrio assumisse. Nada impediria esse homem de tê-
la. Se Bjorn ou qualquer outra pessoa ousasse invadir o
quarto, ela não tinha dúvida de que William os destruiria.
Nenhum homem jamais pareceu mais ameaçador. Ou excitado.
— Destruirei mundos para mantê-la segura, — ele
rosnou.
Ah, sim. Ele me ama. Ele me ama.
Então, por que não quero matá-lo?
— Leve-me então. Forte. — Esta foi a última vez que o viu
antes de quebrar a maldição. Por que não criar tantas
memórias quanto possível?
Sem hesitar, ele agarrou a gola da camisa e puxou-a para
cima. Mmm, como ela amava quando ele tirava a camisa assim.
Seu torso de corte musculoso a tornava estúpida, como
sempre. E ela não havia superado os peitorais dele, aquele
pacote de oito ou a trilha de guloseimas. Mas o vencedor de
hoje? A cabeça da sua ereção, esticando-se para além da sua
calça de couro, lutando para quebrar o zíper.
Ele acariciou seu comprimento, observando-a observá-lo.
— Isso é o que você deseja?
Mais arrepios. Se o sexo tinha uma voz, era a de William.
Áspera, baixa e profunda, uma carícia auditiva que atingia
todos os átomos do seu ser.
— Mais do que tudo, — ela murmurou. O controle dela se
queimou... — Dê para mim.
Com um sorriso malicioso, ele agarrou seu tornozelo e a
puxou para a extremidade do colchão. Ela riu quando ele
rasgou o vestido no meio, a roupa basicamente se
desintegrando, deixando-a vestida de calcinha. A que ela usava
apenas para ele. Sua calcinha da vovó.
Ele notou e imediatamente olhou para ela. O olhar que
ele deu para ela... quente, divertido e terno... — Você é um
tesouro, Sundae. — Ele enfiou os dedos dentro da calcinha e
deslizou o tecido pelas pernas dela.
O ar frio beijou sua pele superaquecida. Gemendo, ela
ondulou os quadris, buscando contato. Pequenos rosnados o
deixaram. Ele colocou os pés dela na cama, exatamente onde
os queria, mantendo os joelhos separados e a bunda a meio
caminho da borda.
— Fique assim. — Ele a soltou e chutou as botas, depois
puxou o zíper e deixou cair a calça. Sua ereção saltou livre. Ele
estava nu e era magnífico. — Diga-me que isso é meu, Sundae,
— ele ordenou, a mão envolvendo o sexo dela.
— É seu. — Ela estendeu a mão para envolver os dedos
em torno da base do eixo dele.
— Uh, uh, uh. — Ele tirou a mão dela e disse: — Vou
durar mais que meu unicórnio. — Depois de beijar a palma da
mão, ele sugou dois dedos dela para dentro da sua boca. Ao
mesmo tempo, deslizou um de seus dedos profundamente
dentro dela. Quando circulou seu pequeno feixe de nervos com
o polegar, ela gritou e ergueu os quadris. — Você, perdida em
agonia... Este portal para o paraíso encharcando minha mão...
É a visão mais bonita de todos os mundos.
Ele era a visão mais bonita de todos os mundos.
Inclinando-se, puxou o dedo de dentro dela. Ela gemeu em
protesto, até que ele colocou os punhos ao lado dos seus
quadris e descansou seu eixo em cima de sua bunda. O
contato...
Ela respirou fundo, uma névoa quente e necessitada
descendo sobre ela. Tão bom! Calor contra calor. Aço duro
contra seda umedecida. Ainda inclinando... Esfregando a
ereção no clitóris dela... Ele inclinou a cabeça para chupar um
mamilo. O êxtase a atravessou, glorioso em sua intensidade.
Depois de tantos séculos se acorrentando em lugares de
difícil acesso durante a época de acasalamento, miserável e
agonizante, ela agora experimentaria isso com William... O
homem que ela amava com todas as fibras do seu ser.
Frenética, um pouco louca, ela passou os braços em volta
dele e passou as unhas nas suas costas. Não era exatamente o
que ela imaginou, mas melhor. Ele chupou o outro mamilo
dela, um após o outro, enviando novas ondas de êxtase ao seu
núcleo, depois lambeu e mordiscou o caminho até o esterno, as
sobrancelhas dele franzidas. Um sinal de dor? Ele continuou a
subir. Quando ele deu o beijo mais terno em cada canto da
boca, uma fome voraz encheu seus olhos azuis.
Ele precisa de mim tanto quanto eu preciso dele.
Ele lambeu a costura dos lábios dela. Quando ela abriu,
ele passou a língua para além dos dentes dela, enrolando-a
com a dela. Um beijo reverente. Mas, como de costume com
eles, rapidamente ficou fora de controle.
Ao redor deles, o ar carregado de eletricidade. A pressão
se acumulou e o desespero aumentou. Preciso tanto de atrito.
Ela se contorceu, curvou as costas e esfregou o clitóris contra
seu membro. Ela estava ofegante. Ele também. A névoa sensual
engrossou, bloqueando todos os outros pensamentos. A dor... o
calor... a pura necessidade... eram demais. Mas eu preciso de
mais.
— William, por favor. Sem mais espera. Vou morrer se
não gozar. Por favor!
— Você precisa do seu homem? — Ele permaneceu sem
pressa, mesmo quando o suor escorria por suas têmporas...
enquanto a tensão puxava a pele ao redor dos olhos.
— Sim!
— Quem é seu homem, Sunny? Diga.
— Você. William.
Expressão feroz, mandíbula cerrada, ele rosnou: — Você
gosta de mim.
Por que negar isso? — Sim. Eu gosto.
Sublime satisfação brilhou em seus olhos. Ele a
manobrou até o estômago, depois ergueu os quadris até que ele
a tivesse de quatro. Mas ele não entrou nela imediatamente.
Não, não. O macho dela passou os dedos pela crista da sua
espinha antes de colocar uma venda em seus olhos...

Capítulo Trinta e Sete

“As pessoas sempre mostram quem são, isso leva tempo. E, às


vezes, uma adaga.”
William nunca conheceu uma necessidade tão frenética.
Excitação infundiu suas células, transformando seu sangue em
lava. Ele queimava. Ele doía. Ele ansiava mais por essa mulher
do que por respirar. Ela era a única pessoa que ele conhecia
disposta a suportar seu pior medo - confinamento solitário -
por um período prolongado e indeterminado, apenas para
mantê-lo seguro.
Não admira que ele a amasse.
Vou levar isso devagar. Saborear. Eles já fizeram sexo
antes, sim, mas estariam fazendo amor agora. Ele faria dessa a
melhor noite que ela já teve, algo para se lembrar pelo resto das
suas vidas. Uma memória compartilhada; o melhor tipo.
Para manter Sunny ancorada no momento e desencorajar
seus medos, ele a vendou. Você vai antecipar todos os meus
movimentos, beleza...
Quando ele a tocou, deslizando os dedos pela espinha,
ela gritou de felicidade. Ele beijou a trilha acima da bunda dela
antes de amassar e morder uma nádega. Ela respirou fundo,
arrepios se espalhando por seus membros.
— Poderia mantê-la assim para sempre, — disse ele,
completamente fascinado por ela.
Ela balançou os quadris, incapaz ou não querendo ficar
parada. Alguma vez houve uma visão mais sensual?
— Você confia em mim, Sundae? ‘
Ela murmurou: — Você sabe que sim.’
Passando as mãos por seus joelhos, pelas coxas, ele
arrancou gemidos e ofegos dela. Quando mergulhou um único
dedo em seu núcleo, esses gemidos e ofegos aumentaram em
volume.
Agora ele respirou fundo. — Tão quente, tão molhada.
Tão apertada.
— Tãããão pronta, — disse ela, perseguindo o dedo dele
enquanto ele o retirava.
— Pronta, sim, mas não pronta o suficiente. — Ele
colocou um joelho na beira do colchão, depois o outro,
pairando atrás dela. No próximo impulso para dentro, inseriu
um segundo dedo, esticando-a.
Gritando, ela arqueou as costas e segurou os lençóis.
Tremendo, ela disse: — Mais.
Sua palavra favorita absoluta, proferida por aqueles
lábios rosados. Apertando os dentes contra a poderosa
avalanche de luxúria ganhando terreno, conquistando cada vez
mais seu controle, ele empurrou os dedos e os trabalhou
dentro e fora, imitando o sexo.
A febre da paixão se espalhou por sua pele, dando um
tom rosado. A transformação o fascinou e o envolveu em um
cobertor de calor.
— William, — disse ela, sem fôlego. Ela alcançou entre
eles para apertar gentilmente seus testículos.
Controle, caramba! — Alguém gosta de jogar sujo. — Ele
mal conseguiu empurrar as palavras da boca.
Quando ele retirou os dedos pela última vez, ela
balbuciou negações.
Eventualmente, ele a interrompeu. — Não se preocupe
amor. Eu tenho algo maior para você. — Ele só precisava fazer
algo primeiro... O que, o quê? Lançando seu olhar através do
quarto, em um esforço para se lembrar, ele notou pequenas
notas afixadas em todos os lugares. Ah, sim. O preservativo. A
camisinha que ele não poderia usar se quisesse que Sunny
gozasse.
Ele absolutamente queria que Sunny gozasse.
Com a ponta do seu eixo apoiada na entrada dela, ele
apertou os seus quadris e a puxou lentamente, empalando-a
em seu pênis. Suas respirações vieram mais rápidas e muito
mais rasas. As dela também.
Sendo enluvado por todo aquele calor úmido... Ele lutou
contra o desejo de gozar. Devo durar.
Ele mordeu a língua, provando sangue, quando o corpo
dela aceitou a polegada final. Tremores a embalaram contra
ele. Ele a apertou dos dois lados e a puxou para cima,
colocando-a de costas no peito dele. O desejo dela ainda
molhava seus dedos - dedos que ele roçou sobre seus lábios,
para que pudesse lamber seu mel feminino quando eles se
beijassem. Um novo vício.
Com uma mão, ele segurou e amassou seus seios
enquanto beliscava seus pequenos mamilos apertados. Com a
outra, ele dedilhou seu feixe inchado de nervos. O tempo todo,
as paredes internas dela se fecharam ao redor do seu
comprimento, arrancando maldições dele.
William manteve a parte inferior do corpo imóvel,
aumentando o prazer dela enquanto passava o lóbulo da orelha
entre os dentes. A qualquer momento ela...
Sunny arqueou as costas. Sim! Movimento! Os seios dela
pressionaram contra as palmas das mãos dele, roubando seus
pensamentos. Selvagem e devassa, ela virou a cabeça na
direção dele, buscando os lábios dele.
Desesperado por ela, ele capturou seu clitóris entre dois
dedos e apertou seu quadril, incitando-a. Seu eixo avançou
para fora dela, quase se libertando... até que ele empurrou para
frente mais uma vez, enchendo-a.
Seu grito esfarrapado ecoou nas paredes. Uma espécie de
sino de partida.
William soltou-se completamente.
Ele bateu dentro dela, de novo e de novo, a cama
tremendo.
Seu próximo grito diminuiu em um gemido ofegante. —
Sim, sim!
Dentro, fora. Dentro, fora. Na próxima retirada, ele não
voltou a enfiar. Em vez disso, ele a virou, de modo que eles se
encararam. Somente quando ela colocou as pernas ao redor
dele, e ele reivindicou seus lábios em outro beijo arrepiante,
William empurrou para casa mais uma vez. Impulso, impulso.
Quando ele exigiu maior atrito do que a posição atual
permitia, ele a jogou de costas. Impulso, impulso. Então ela o
virou, montando em sua cintura quando ela se levantou. Ele
empurrou com mais força... Mais forte. Mais rápido.
— Tão perto, amor. Eu vou te dar cada gota. Está pronta?
— Pronta! Por favor, William. Por favor.
Nunca ele tinha queimado ou doído assim. Nunca se
sentira tão saciado antes de um clímax. Com o apelo por mais
da sua mulher zumbindo em seus ouvidos, seus seios saltando
acima dele, seu sexo enluvando seu eixo com fogo líquido...
Não há como parar. Finalmente ele soltou, jato quente
após jato quente chicoteando dele.
Sunny jogou a cabeça para trás e gritou, seu corpo
inteiro convulsionando. Quando ela caiu em cima dele, ele a
rolou para o lado, tirou a venda e a abraçou. Nunca a deixarei
ir.
Eles não tinham apenas feito sexo ou feito amor. Eles
tinham comungado, duas almas formaram uma. Exatamente
sobre o que os Senhores costumavam falar quando explicaram
a diferença entre sexo com uma estranha e sexo com uma
companheira. Até agora, William não havia realmente
entendido a diferença. A satisfação dele não veio do clímax,
mas da sua companheira.
Se alguém tentar tirá-la de mim, eu cometerei um
assassinato. Terei isso todos os dias pelo resto da minha vida.
— Vamos poder descansar por alguns minutos, até os
impulsos recomeçarem, — disse Sunny entre respirações
ofegantes. — Se você não conseguir acompanhar...
— Não conseguir acompanhar? —ele berrou.
Uma risada escapou dela, logo se tornando uma
gargalhada. O som o encantou. A visão dela também. Diversão
iluminou seu rosto inteiro, fazendo seu coração disparar. Por
mais que ele quisesse mais sexo e mais tesão, ele queria mais
da alegria dela, acima de tudo.
Um sorriso por dia mantém as minhas tendências
homicidas afastadas.
— Deixe-me reformular, — disse ela.
Ele arqueou uma sobrancelha, vamos todos ouvir isso.
— Se, a qualquer momento, você precisar sair, não
porque sua resistência seja péssima e você precise de uma
pausa, mas porque... razões, eu entendo. Vou ridicularizá-lo
por toda a eternidade, mas vou entender. Esteja pronto para
ser atacado no segundo em que chegar em casa.
— Eu posso ter que sair para falar com Hades, — ele
respondeu, dor em seu tom. — Mas não há nada que eu prefira
fazer do que cuidar da minha mulher durante um... momento
difícil. E, sim, dar-lhe orgasmo após orgasmo será difícil para
mim. Uma verdadeira provação. Quando a época de
acasalamento terminar, você vai me dever muito.
Outra risadinha. — Tão magnânimo, — ela ecoou. —
Como recompensa, eu posso fazer um desfile de moda para
você com minha calcinha favorita da avó.
— Talvez? Não. Você vai — ele disse com fingida
ferocidade. — A oferta foi feita e aceita. Não volte atrás.
— Oh, eu posso... — Ela arfou, suas unhas pontudas se
curvando em seu peito, segurando sua presa no lugar. —
William, está começando de novo.
— Em primeiro lugar, meu nome está na sua lista de
plantões permanentes na época de acasalamento. Em segundo,
você apenas se recoste e deixe seu homem fazer todo o
trabalho. — Ele segurou o lábio inferior dela entre os dentes. —
Você está prestes a descobrir que a minha resistência é
incomparável.

*
Na verdade, ele nunca prometeu me trancar, apenas me
dar o que achava que eu precisava.
Depois de duas semanas de sexo, sexo e mais sexo,
Sunny acordou com a cabeça limpa pela primeira vez em eras.
Seu prazo de quatorze dias para decodificar o livro havia
passado duas vezes, mas William não parecia se importar. Ele
parecia feliz...
A realização sobre ele a atingiu na cabeça, e ela se
levantou, sua mente girando.
Durante a época de acasalamento, o homem dela dividira
perfeitamente seu tempo entre satisfazê-la e a guerra. O que
ela precisava, seu querido havia fornecido. Ela se deleitava em
uma maré de felicidade, perdendo a conta do número de vezes
que lambeu suas tatuagens, chupou até deixá-lo seco ou o
levou ao clímax.
Mas agora a época de acasalamento tinha chegado ao seu
fim. Viva! Buu! Não, não. Definitivamente viva!. William dormia
como os mortos ao lado dela, e um sorriso suave espalhado por
seu rosto. Pobre querido. Ela e a guerra o esgotaram.
Enquanto ela esticava seu corpo dolorido e saciado, a luz
do sol da manhã inundava o quarto. Mais pensamentos
encheram sua cabeça, coisas que a época de acasalamento a
fizeram esquecer. Não esquecendo agora. A maldição de
William. Tinha que ser tratada e rápido. Só então eles poderiam
realmente começar suas vidas juntos.
Sunny extraiu seus membros dos de William com o maior
cuidado possível e se arrastou com as pernas instáveis. Cara.
Ela meio que sentiu como se tivesse sobrevivido a uma batida
de nove carros. Depois de ter o livro em sua posse, ela juntou
seu diário e uma caneta e depois voltou para a cama para se
apoiar nos travesseiros. A satisfação zumbia dentro dela
enquanto William dormia.
Tudo certo. Vamos fazer isso. Ela abriu o livro na página
que havia decodificado pela última vez e passou a ponta dos
dedos sobre os símbolos. Num piscar de olhos, seu sangue
esquentou. Ela fez uma careta. A época de acasalamento ainda
não havia terminado?
Ainda aquecendo...
O suor brilhava em sua pele, mas o ar parecia esfriar cem
graus, seus membros congelando rapidamente. Os dentes dela
bateram.
Quente e congelada ao mesmo tempo? Loucura!
Mate William.
Ela ofegou. Isso não. Não tão cedo. Ela apenas começou.
Tão perto do fim. Não posso desistir agora. Fique de olho
no prêmio e siga em frente. Quebre a maldição, e a loucura
termina.
Ela se concentrou nos símbolos. Mate ele! Aquecimento.
Congelando. Seu coração bateu forte, lembrando-a de um
martelo depois que um juiz proferiu uma sentença de prisão
perpétua. Mate, mate, mate.
Não. Nunca. A menos que... ela precisasse matá-lo?
Nascida para matar os príncipes do Inferno - não era esse o
destino dela? Seu único propósito na vida? Simmmm.
Não! Lute contra isso! Devo decodificar.
Devo matar.
Espera! Ela deveria se acorrentar na cama. Então ela
poderia estudar e não precisaria se preocupar em prejudicar
William. O homem mantinha algemas em seu armário, pelo
amor de Deus. Destino.
Sunny ficou de pé uma segunda vez, foi na ponta dos pés
até o armário e cavou as correntes. No caminho de volta para a
cama, a tontura quase a derrubou. Respire. Apenas respire. De
alguma forma, ela conseguiu ficar em pé - silenciosamente - e
chegar ao lado da cama.
Ela tentou prender uma ponta da corrente na cabeceira
da cama, mas seu braço se recusou a obedecer aos seus
comandos mentais. Ela tinha acabado de espetar a corrente na
cabeceira, como se estivesse a apunhalando.
O que camélia? Ela tentou de novo. Algo quente e úmido
pulverizou sobre suas mãos, a corrente escorregando das suas
mãos e batendo no chão. Mas... ela não viu nada fora do lugar.
As mãos dela pareciam limpas e secas.
Uma mão dura estendeu-se da cabeceira para envolver o
seu pulso, mantendo-a presa. Uma mão. Da cabeceira?
Confusa, quase em pânico, ela lutou para se libertar. O aperto
provou ser muito forte.
— Sunny!
A voz de William, afiada de medo. Ela piscou
rapidamente, uma nova realidade aterrorizante tomando forma.
William a segurava. Ele estava coberto de sangue, e ela
também. Uma adaga sangrenta jazia no chão, não um par de
correntes.
Sunny ofegou. Ela confundiu uma adaga com um elo de
correntes? Ela alucinou e pegou uma adaga? Mas por quê? E...
e... ela tinha apunhalado William? Oh, dália, ela tinha. Era sua
preciosa força vital que molhava as suas mãos.
O horror a socou, arrancando o ar de seus pulmões.
Chiando, ela tropeçou para trás. Ou ela teria, se ele não tivesse
apertado mais. — Eu pensei... pensei que estava de pé ao meu
lado da cama, não do seu. Eu pensei que tinha correntes, não
uma adaga. Eu pensei... — Ele tinha dois ferimentos no peito.
Por causa dela. Porque ela o esfaqueou. Duas vezes!
Lágrimas quentes escorreram por suas bochechas.
Qualquer bravata que ela conseguiu cultivar sobre sua
resistência à maldição se desintegrou totalmente.
— William, sinto muito. Não sabia... não sabia... queria te
proteger. Eu... eu... — Ela se dobrou, os joelhos dobrando.
Apesar de seus ferimentos, ele foi atrás dela, pegando-a
antes que ela caísse no chão. Ele a jogou sobre a cama, as
costas apoiadas na cabeceira da cama, a bochecha apoiada no
ombro dele. Mais sangue dele molhou sua pele quando ele
passou um braço forte em volta dela, mas ela não se importou.
Qualquer coisa para se deleitar em seu abraço. Com a outra
mão, ele acariciou seus cabelos.
— Sinto muito, — ela repetiu.
— Shh, shh. Está bem. Eu tenho você, amor. Um pouco
de punhalada leve são como preliminares. Nada demais.
Ele a estava confortando, depois que ela o esfaqueou. E
se ela o tivesse matado...
Outro soluço a sacudiu. Ela tinha que corrigir isso. — Eu
quero te mostrar a minha forma de unicórnio.
Ele beijou a têmpora dela e a surpreendeu dizendo: —
Não desse jeito. Você vai me mostrar porque quer que eu te
veja, não porque se sente culpada por me dar algum enfeite
interno.
Mais compreensão da parte dele, quando ela merecia
castigo. Ele não ia se proteger contra ela, ia? Ele pensou, como
ela, que ele poderia conter e controlar a situação. Um erro. Um
que ela retificaria.
Se ele não tomasse medidas para se proteger dela, ela
teria que tomar medidas para protegê-lo. Ela iria... embora.
Outro soluço borbulhou, mas ela reprimiu este. Ela iria
por pouco tempo, apenas um pouco, sustentando o que
costumava fazer durante a época do acasalamento. Finalmente,
ela terminaria de decodificar o livro. Então, e só então, Sunny
poderia voltar e estar com William sempre e para sempre.
Meu amor, Minha Vida.
Capítulo Trinta e Oito

“A guerra é como xadrez - eu sempre ganho.”

Os piores temores de William se tornaram realidade. Ele


se apaixonou, e o objeto da sua afeição fez uma sólida tentativa
de acabar com a sua vida, sem sequer perceber o que ela
estava fazendo.
Por duas semanas, ele fez amor com Sunny em todas as
horas do dia e da noite. Enquanto ela dormia, ele lutou e
interrogou demônios, e procurou pistas pela décima coroa,
enquanto evitava Axel. Ele esperava clarear a cabeça antes da
próxima reunião com seu irmão, mas seus pensamentos só
ficaram mais caóticos.
Como sua vida mudou nas semanas desde que conheceu
Sunny. Ele tinha uma companheira. A maldição foi ativada. Ele
tinha um futuro sem Hades. Um futuro rei do Inferno que
estava relacionado a um dos da Elite dos Sete - Axel seria
punido por sua conexão? E se outro Enviado acusasse William
de um crime, como Bjorn havia feito? Axel seria pego no fogo
cruzado, forçado a escolher.
William deveria cortar todos os laços?
E quanto a Sunny, sua potencial rainha e assassina? Ele
mantinha o status quo com ela, deixando-a continuar
estudando o código enquanto se protegia contra ataques
futuros?
No fundo, ele suspeitava que os ataques só piorariam.
Que, um dia, o transe ou o que quer que a vencesse seria
permanente. Ou ele fazia o que considerou impossível e
queimava o livro para impedir que Sunny o estudasse? Toda
vez que ela abria as páginas, ela piorava.
Ele franziu a testa, um pensamento lhe ocorreu. Por que
ela só piorava quando estudava? Os sentimentos dele por ela se
fortaleceram durante esse tempo, acrescentando combustível
ao fogo da maldição, como ela suspeitava? Ou o próprio livro
ditava a maldição, em vez dos sentimentos de William? E se
sim, o que isso significava para eles?
Enquanto ela dormia contra seu peito cicatrizado, seu
hálito quente ventilou sua pele. Ele passou os dedos pelos
cabelos dela. A luz prateada da lua a banhava em intervalos,
brilhando intensamente para iluminar sua beleza etérea, antes
de desaparecer, depois piscando novamente.
Perdendo o foco. Certo. A maldição. Durante a época de
acasalamento, a maldição não havia influenciado Sunny nem
um pouco. Então ela acordou, estudou uma passagem e, bum,
o esfaqueou.
Como ela reagiria quando acordasse? Ela tentaria
novamente ou seria ela mesma?
Embora ele odiasse deixá-la, William a colocou debaixo
das cobertas, tomou banho, vestiu seu traje habitual, então
pegou seu celular, com a intenção de entrar em contato com
Axel. Chegara a hora de conversar novamente.
Ele franziu a testa quando descobriu novas mensagens.
Green Machine: Lúcifer sabe que temos Evelina.
Red Abed: Dizer que ele está chateado seria um
eufemismo. Mas. Ele está CHATEADO.
Black Attack: Esteja em guarda hoje. Duas vezes
nesta manhã, Lucy tentou entrar furtivamente em nossa
casa, disfarçado como um de nós.
Droga! Era exatamente disso que William não precisava
no momento. Inspirando por calma, lançou um olhar final para
Sunny - dormindo sem a proximidade dele, injetando
apreensão diretamente em suas veias - colocou uma barreira
mágica ao redor do quarto, garantindo que ninguém pudesse
entrar sem a permissão dela, depois piscou para a porta da
casa de campo de Axel nos céus. Uma mansão feita de
belíssima madeira, ouro e pedras preciosas. Folhas lisas de
diamante proporcionavam um teto plano.
Ele bateu com um pouco de força demais. Uma
rachadura se espalhou pelo centro da porta. Ele nunca esteve
aqui antes, mas pesquisou secretamente Axel depois de
perceber que poderia ser o garotinho da sua memória. As
imagens não fizeram justiça a essa área dos céus. Um céu
claro, azul bebê, sem sol. A luz vinha do seu líder, o Altíssimo.
Aves de todas as cores voavam pelo ar com cheiro de lavanda.
No quintal, as árvores repletas de maçãs douradas, figos e
peras.
A porta se abriu, Axel aparecendo, os cabelos escuros
desgrenhados, os olhos sonolentos e encapuzados, sem camisa,
os couros desabotoados, apenas parcialmente fechados. Ele
exibia marcas de garras na garganta e hematomas nos peitos.
Suas asas tinham algumas áreas peladas do tamanho de
punhos, como se alguém tivesse arrancado punhados de
penas.
— Noite difícil? — William perguntou. — Ou muito, muito
boa?
Axel girou para permitir que ele entrasse. — O pequeno
gato do inferno não queria tomar banho. Eu a fiz. Assim que
ela percebeu que eu não tinha planos de machucá-la, ela se
acalmou... um pouco.
Entrando no vestíbulo, ele disse: — Podemos devolvê-la...
— Não! — Axel latiu. Então ele passou a mão pelo rosto.
Mais gentilmente, ele repetiu: — Ela está mais segura aqui,
então ela fica aqui.
O pobre filho da puta estava atraído pela garota, apesar
de seus companheiros desprezarem bruxas. Se Evelina
retribuísse a atração, os dois teriam um caminho difícil pela
frente. Se eles foram destinados...
Vale todas as dificuldades.
— Lúcifer sabe sobre ela, — disse Axel, com o queixo
cerrado. — Ele usou seu rosto e tentou se infiltrar na minha
nuvem. Eu cheirei seu engano, e coloquei Evelina aqui. Agora
ele está em busca de sangue.
— Ele está sempre em busca de sangue. Mas como você
sabe que eu não sou Lúcifer, tentando de novo?
— Os olhos expressam emoção que ele não pode
esconder. — Axel caminhou até um bar além do vestíbulo, a
única peça de mobiliário em um espaço grande o suficiente
para acomodar suas asas. — Algo para beber?
Determinado a manter a cabeça limpa, ele recusou. —
Você aprendeu algo novo sobre maldições codificadas?
— Eu não consegui, desculpe. Ocorreu algo mais?
Palavras derramaram dele. — Fiz a coisa mais estúpida e
brilhante e me apaixonei por Sunny. Eu esperava que ela
atacasse quando eu percebi isso. Ela não fez. Ela só atacou
quando começou a trabalhar no livro. É possível que o livro
esteja amaldiçoado?
— Possível sim. Provável não. — Axel se serviu de uma
dose de uísque. — Uma maldição é um organismo vivo, um
parasita que requer um hospedeiro. Alimenta-se de
pensamentos, emoções, palavras, finalmente se tornando uma
profecia autorrealizada.
Andando de um lado para o outro, ele disse: — Digamos
que eu não seja amaldiçoado. Digamos que o livro também não
seja amaldiçoado. — Ninguém jamais sentiu uma maldição,
apenas mágica. — O que entraria em Sunny e a levaria a me
matar?
Axel deu um passo ao lado dele, mantendo o ritmo. — Eu
não sei, mas se isso acontece apenas com o livro...
— Então o livro é o culpado, apesar de estar livre de
maldições.
— Algo sobre isso deve envenenar sua mente contra você.
Veneno... Lembrou-se do frasco de veneno que a Deusa
de Muitos Futuros havia revelado a Hades, assim como o frasco
de veneno que Sunny havia sacado. O livro poderia ser
venenoso? Mas como? As páginas cobertas com algum tipo de
produto químico? Não. Ele teria notado isso?
E a tinta?
Ele respirou fundo. A porra da tinta. Sunny gostava de
sentir os símbolos. Ela foi envenenada toda vez que fez
contato?
Ele se amaldiçoou toda vez que pediu a ajuda dela?
As mãos dele se fecharam. Oh, como Lilith deve ter
adorado a ideia disso. Ele parou abruptamente, seu estômago
revirando. Ela não o amaldiçoou. Ela amaldiçoou a tinta,
dando a ele os meios para se destruir. E ele tinha.
Pior que um tolo. Um simplório, facilmente enganado.
A fúria queimou através dele, apenas para desaparecer
quando as águas da esperança choveram sobre ele. Nenhum
livro, nenhuma tentativa de assassinato. Ele poderia incendiar
as páginas e ter Sunny. Mas... Se ele estivesse errado, ele
destruiria seu único meio de obter a liberdade.
Ele imaginou Lilith rindo enquanto ele conhecia e
descartava mulher após mulher, com medo de se apaixonar.
Imaginou-a alegremente se gabando da sua genialidade e
idiotice dele, presunçosa enquanto contava aos amigos tudo
sobre os esforços dele para se salvar, apenas para piorar as
coisas para o presente e o futuro dele.
— Eu devo ir, — disse ele. — Vou tentar falar com Hades
uma última vez e descobrir o que ele... — William apertou os
lábios, esperando.
Axel tinha parado de se mover, a cabeça inclinada para o
lado, a expressão sombria, mas congelada. Sem dúvida, outros
Enviados estavam falando com ele telepaticamente.
William daria a ele mais um minuto, mas não mais.
Então ele iria embora. Vá para Hades, depois Sunny. De uma
forma ou de outra, o problema com seu livro seria resolvido
hoje.
Em trinta segundos, o Enviado disse. — Hordas de
demônios invadiram o acampamento dos Enviados, e meus
homens precisam da minha ajuda. Não posso me
teletransportar enquanto estou no céu. Preciso que você me
leve de volta ao Inferno.
Demônios invadindo o seu território... William não perdeu
tempo, segurando o ombro de seu irmão e levou-o para o
acampamento. Mas... não havia Enviados presentes. Também
não havia demônios. O lugar estava deserto.
Um pressentimento formigou sua carne. — Vá, — disse
William. — Encontre seus irmãos. Eu devo levar Sunny para
um lugar seguro. — Se a horda invadiu a sua casa... William
amaldiçoou.
Eles se abraçaram.
— Fique bem, William.
— E você, irmão. — Embora desejasse permanecer -
Sunny havia lhe ensinado a beleza de um bom apego - William
deu um passo para trás e piscou para o seu quarto. — Sunny?
Ele correu para a cama - não estava lá. Seu coração
disparou. Ele entrou no banheiro. Nenhum sinal dela lá
também.
Ele não entraria em pânico. Ainda não. Ele correu em
busca de pistas. Lá! Uma folha de papel descansava em seu
travesseiro. Tremendo, ele a levantou. Suas tripas se
apertaram. Lágrimas marcavam o papel e ainda estavam
úmidas.
Ele leu: Eu saí e peguei seu livro. Por favor, não tente
me encontrar. Prometo que voltarei assim que sua
maldição for quebrada. Diga a Dawn que eu a amo e sinto
falta dela, ok? Mas talvez não diga a ela que sentirei
mais a sua falta.
Não, não, não. Agora ele entrou em pânico. Ela se foi e
pegou o livro.
Mas ela não foi há muito tempo.
Devo encontrá-la! Ele ligou para o celular dela, apenas
para ouvi-lo tocar. O dispositivo estava na mesa de cabeceira.
Pense! Para escapar dele tão rapidamente, ela deve ter tido
ajuda. Quem ela pediria? E como ela se comunicaria...
O celular. Ela deixou para que ele não pudesse rastreá-la,
mas provavelmente não pensou em apagar suas mensagens.
Não se ela estivesse com pressa.
Ele olhou as mensagens dela e encontrou uma troca com
Hades.
Sunny: Preciso falar com você. É importante. Quanto
tempo você pode me buscar?
Hades: Verifique sua porta.
Garras brotaram das unhas de William. A troca ocorreu
dezesseis minutos atrás. Se ela foi com o pai dele... Ainda há
esperança.
Frenético, mas determinado, William mandou uma
mensagem para Axel, organizando um encontro e depois
amarrando apressadamente armas por todo o corpo. No
caminho, ele se lembrou do medalhão que guardara, com a
intenção de estudá-lo. Ele ainda tinha praticado com ele, e
geralmente se recusava a empunhar uma arma não
experimentada. Mas Sunny disse que o medalhão poderia
paralisar um oponente por segundos a fio. Esses segundos
podem salvar vidas. E ele não se sentiu destinado a usar o
medalhão?
Muito bem. Ele abriria uma exceção. Ele seguiu o
exemplo de Sunny, pendurando o medalhão em uma corrente e
prendendo-o no pescoço.
Assim que deslizou por baixo da sua camisa, tocando sua
pele, sua magia varreu através dele, bombeando seus músculos
com agressão e força, como se ele fosse algum tipo de
Berserker. Deveria ter feito isso antes.
Agora, para recuperar sua mulher, matar o seu ex-irmão
e encontrar a sua coroa.

O coração de Sunny disparou mais rápido do que uma


bala em alta velocidade. Ela estava acordada quando William
saiu do quarto. Segundos depois, ela se levantou e correu para
reunir tudo o que precisava.
Desde que ele programou o número de Hades em seu
telefone celular, ela entrou em contato com o rei para pedir
uma conferência individual. Ela queria entrar em contato com
Pandora ou Anya, mas temia que elas contassem a William
seus planos. Além disso, dessa forma, ela poderia ajudar a
reparar o relacionamento dele com o pai antes de se esconder.
Minutos depois, houve uma batida forte na porta. Ela
abriu para encontrar Hades. Ele deu uma palmadinhas nela,
descartou suas armas e a levou para sua casa. Bem, tudo
menos uma arma. O medalhão ainda estava pendurado em seu
pescoço. Isso, ele não tinha notado, graças à sua magia.
Assim que ele descobriu o motivo do pedido dela, no
entanto, ele a depositou no antigo quarto de William e disse a
ela: — Não tenho tempo para essas questões. Lúcifer atacou os
Enviados. Se você permanecer neste quarto sem causar
problemas, conversaremos depois que eu apagar alguns
incêndios.
Essa conversa ocorreu cerca de dez minutos atrás. Ela
passou metade do tempo investigando as coisas de William.
Um armário cheio de camisetas novas sobre Big Willy. Frascos
cheios de líquidos transparentes e órgãos. Romances, livros
sobre guerra, quebra de códigos e teoria dos jogos enchiam a
única estante.
Seus ouvidos tremeram, ruídos reveladores flutuando de
algum lugar abaixo. Barulhos de batalha. A testa dela franziu.
O que estava acontecendo lá embaixo?
Ela abriu a porta do quarto, encolhendo-se ao menor
rangido. Felizmente, ninguém gritou protestos ou comandos
enquanto ela entrava na ponta dos pés no corredor. Ela
ignorou as riquezas e tesouros ao seu redor, mantendo sua
atenção nos soldados armados que estavam postados ao longo
das muralhas, agora entrando em ação, descendo as escadas
correndo.
Ela seguiu, o cheiro de enxofre permeando o ar. Ainda
sem protestos. Quanto mais perto ela chegava da sala do trono,
mais altos eram os barulhos da batalha e mais rápido seu
coração galopava. Espadas uivavam e soavam. Ossos
estalaram. Sangue borbulhou.
Gritos e lamentos misturados com risos alegres. Não
importava para onde ela olhasse, os demônios lutavam contra
soldados.
Cravo! Isto era uma invasão total.
Alguns dos demônios tinham vários chifres e caudas
bifurcadas. Outros tinham presas manchadas de sangue e
garras ultra-afiadas. Todos tinham escamas duras e sede de
sangue.
Demônios. Devem. Morrer.
Músculos tensos para a batalha - ainda não, ainda não -
ela apertou as costas contra a parede e deslizou nas sombras,
esgueirando-se.
Mais demônios se reuniram às portas da sala do trono.
Corpos e partes do corpo espalhavam-se pelo chão, poças de
sangue em todas as direções.
Finalmente, um demônio a notou e se lançou em seu
caminho, apenas para ser bloqueado por outros demônios e
soldados já envolvidos em combate. Com o coração batendo
forte, ela soltou o medalhão e caiu no chão. Depois que ela
manchou de sangue o rosto e o peito, ela se fingiu de morta.
Um minuto se passou, depois dois, o demônio alcançando-a
finalmente.
Ele girou, procurando por ela. Quando ele a viu,
aparentemente morta, ele uivou e atacou, chutando-a no
estômago. Ela não se permitiu respirar ou reagir de forma
alguma. Não esfaqueá-lo em retaliação exigia força de vontade
que ela não sabia que possuía. Mas no momento em que ela se
envolvesse, perderia a vantagem. Uma vantagem que ela
precisava garantir para o resgate de Hades. William gostaria
que ela salvasse seu pai a todo custo.
Finalmente, o demônio seguiu em frente. A adrenalina
aliviou uma pontada de dor quando Sunny se aproximou da
entrada da sala do trono. Ela fez uma pausa para deixar um
grupo de combatentes passar por ela e depois se aproximou
novamente.
— Você cessará essa loucura, Lúcifer! — Hades rugiu,
sua voz passando pelas portas.
Lúcifer estava aqui? Excitação fundida com malícia. Ele
morre pelo meu chifre hoje!
O riso alegre do bastardo ecoou nas paredes. — Não vou
parar até que você saiba como é perder tudo. Mesmo agora,
meus exércitos estão reunindo seus aliados. Eles serão trazidos
para cá, onde assistirão você e seu precioso William morrerem.
Matar William? Como uma camélia! Ela chegou à entrada
e espiou pela fresta da porta. Oh... margarida. Mais cadáveres.
No canto oposto, um contingente de Enviados socava as suas
próprias têmporas e arrancava as mechas dos cabelos.
Uma mulher loira com uma túnica marrom esfarrapada
estava diante dos Guerreiros alados. Ela estava pálida, magra e
suja, mas mantinha os braços estendidos, as mãos apontadas
para os guerreiros alados. Deve ser uma bruxa, atormentando
os machos com sua magia.
Inúmeros demônios. Uma bruxa poderosa. Um odiado
príncipe das trevas. Como Sunny deveria subjugar todos eles?
Ela precisava de William, seu cavaleiro de armadura brilhante.
O companheiro de bando. A única pessoa que ela não deveria
estar por perto.
Quando Hades soltou uma maldição, o erro dos seus
últimos pensamentos a atingiu com a força de um taco de
beisebol. O que ela ia fazer, se esconder até ele chegar aqui?
Ela era uma covarde ou um unicórnio? Uma flor frágil ou uma
matadora de demônios? Uma perdedora ou uma super-
heroína? Ela não precisava de um homem para salvar o dia.
Ela não precisava de ninguém. Ela poderia fazer - e faria-isso
sozinha!
Mais uma vez, Sunny espiou pela fresta entre a porta e a
sua moldura. Hordas de demônios formavam um círculo ao
redor de Hades e Lúcifer, que ainda lutavam. O exército do rei
havia sido neutralizado, os soldados caídos no chão, imóveis ou
se contorcendo de dor.
Fumaça negra flutuou de Hades quando ele girou e jogou
duas espadas curtas em Lúcifer, que bloqueou e bateu uma
enorme asa de ébano contra Hades. Quando o rei recuou, o
príncipe fez de novo, girando para atingir Hades com uma asa.
Dessa vez, o apêndice membranoso varreu o rei.
Sunny colocou os dedos nos sulcos do medalhão, o chifre
crescendo do centro. Hora de o unicórnio intervir.
Capítulo Trinta e Nove

“Todos saúdam o rei!”

William se encontrou com Axel na beira do


acampamento, como planejado.
— Consegui localizar um Enviado ferido, — Axel disse,
uma veia pulsando no centro da testa. — Os demônios
atacaram com força, depois levaram todos para longe. A
testemunha escapou, mas não antes de ouvir menção ao
palácio de Hades.
Ele endureceu. Eles apareceram na localização atual de
Sunny. Demônios... atacando sua companheira... — Agora
vamos para a sala do trono de Hades. — As palavras que ele
enviou em uma mensagem de grupo para todos os seus
aliados.
Como se ele e Axel fossem parceiros há séculos, eles se
viraram em uníssono, de costas um para o outro, com as
espadas prontas.
O Inferno desapareceu, o caos total aparecendo. Lúcifer e
Hades lutavam na sala do trono superlotada, dois tornados
batendo continuamente juntos, movendo-se tão rápido que até
William teve problemas para rastreá-los. Soldados mortos e
moribundos atapetavam o chão. O odor de coisa estragada,
urina e resíduos, intestinos esvaziados após a morte
contaminavam cada respiração.
Ele entrou em uma tempestade de merda literal.
Onde estava Sunny? Ele olhou em volta... e encontrou os
Enviados desaparecidos, que pareciam agonizados por uma
força invisível.
Gillian e Puck apareceram ao lado deles, fizeram um
balanço e se lançaram na briga.
Os meninos de William apareceram em seguida. Então
Pandora. Depois, um punhado de Senhores e Damas, incluindo
Anya e Keeley. Ainda mais Reis do Inferno.
Por um momento, William ficou paralisado por um
derramamento de gratidão por terem largado tudo para virem
aqui. Impressionado com a visão assustadora que eles
apresentaram. Humilhado que eles o amavam o suficiente para
colocarem as suas vidas em risco para salvar alguém que ele
amava.
Enquanto seus amigos se ocupavam em matar demônios,
William viu um rosto familiar e respirou fundo. Lilith. Ela havia
sobrevivido.
Ele não a via há tanto tempo. Agora ela estava perto dos
Enviados, com os braços levantados. Ela parecia tão
assombrada e derrotada quanto sua meia-irmã. Claramente,
Lúcifer a tinha feito passar por um inferno.
William esperou que a satisfação viesse... mas
permaneceu distante.
O medalhão aqueceu contra seu peito, ainda mais magia
penetrando em sua pele, em seu sangue, seu cérebro... não
magia negra, como ele suspeitava inicialmente, mas uma magia
pura. Seus músculos cresceram mais alguns centímetros e
seus ossos se fortificaram, mais fortes que o aço. As células
dele borbulharam.
Diferentes luzes coloridas começaram a brilhar de todos.
Auras, ele percebeu. É isso que Sunny vê?
Mas como o medalhão poderia afetá-lo dessa maneira?
Pondere depois, lute agora. Ele começou a se mover,
removendo a cabeça de um demônio que se aproximava.
Outros demônios notaram ele e Axel e atacaram em
massa; garras roçaram nele, presas cortaram e rabos
chicotearam. Determinado a encontrar Sunny, ele desviou do
próximo demônio, se aproximou e gritou para Axel: — Eu
preciso encontrar Sunny.
— Eu vou proteger suas costas. Você lidera. Eu vou
seguir.
Agora a satisfação o encheu. Brandindo suas espadas,
removendo membro após membro, ele avançou. Axel
permaneceu perto, protegendo as costas como prometido. Eles
deixaram um rastro de demônios mortos em seu caminho.
Problema: seus esforços não fizeram diferença. No momento em
que um demônio caiu, outros dois tomaram seu lugar. Os
demônios continuaram chegando, logo os cercando.
Nós podemos... perder?
Não! A chave para vencer uma batalha – ser adaptável. —
Novo plano, — ele ralhou, pisando em um rabo para
interromper a retirada de um demônio, depois cortando sua
cabeça. — Vamos libertar os Enviados da magia da bruxa. Eles
podem voar acima e procurar por Sunny.
Quando eles recuaram, o medalhão aqueceu contra o
peito de William. Ele ficou surpreso que sua camisa não estava
queimando. Por quê...
Mesmo que seus dedos não estivessem encaixados nas
ranhuras do medalhão, uma protrusão óssea afiada cresceu,
cortando sua camisa.
Ele largou uma espada para arrancar o medalhão da
corrente.
Um relincho de guerra alto e estrondoso soou, ecoando
nas paredes. Demônios ficaram quietos. Na verdade, todo
mundo ficou parado, todos os olhos focando na porta. Um
cavalo de guerra maciço - não, um unicórnio de guerra - entrou
em chamas na sala.
Sunny.
O queixo de William caiu. Ela. É. Magnífica. Olhos
selvagens, vermelhos neon. Dentes grandes e afiados. Sua
carne cicatrizada exibia todas as cores do arco-íris. Um chifre
preto estriado com as dimensões exatas das suas lanças,
sobressaiu do centro da testa, um anel dourado e brilhante em
torno dele. O tamanho exato do medalhão.
Ele compreendeu três fatos surpreendentes de uma só
vez. Os medalhões eram chifres de unicórnio amputados. O
chifre dela ativou o medalhão dele, puxando a lança - chifre -
adiante. E ver um chifre em um unicórnio vivo era querer -
precisar - dele para si próprio, é mágico como um vinho
potente, inspirando uma obsessão instantânea e inabalável.
Não admira que Sunny tenha insistido em esconder a sua
forma de unicórnio.
Ela galopou pela sala do trono, mergulhando em
demônios. Com o chifre, ela rasgou escamas, armaduras e
ossos, sangue preto escorrendo pelo rosto. Depois de empalar
dois demônios, ela balançou a cabeça, fazendo o par voar e
chutou com um coice os demônios atrás dela.
Esta não era uma mulher que precisava ser salva. Outros
precisavam ser salvos dela, e ele não podia estar mais
orgulhoso.
Nenhum de seus inimigos conseguiu derrubá-lo, mas o
amor por Sunny poderia fazer o truque.
Todo mundo se sentia como ele - obcecado. Ninguém
conseguia desviar o olhar do chifre, todos congelados pela
visão. Até Hades e Lúcifer ficaram quietos, olhando-a como se
estivessem hipnotizados.
Sunny focou na bruxa. Gritando de dor, Lilith bateu os
punhos contra as têmporas. Ao mesmo tempo, a lança de
William aqueceu, vibrando com uma estranha e nova mágica.
Não. Não era novo e não era estranho. A de Lilith. O chifre
dele trabalhava com o de Sunny, sugando a magia da bruxa. E
as ilusões de Lúcifer, aparentemente. Os Enviados pararam de
puxar os cabelos e o número de demônios diminuiu setenta por
cento, pelo menos, toda ilusão desaparecendo.
Um canto da boca dele se curvou. A fumaça ao redor de
Hades e Lúcifer se dissipou, revelando dois guerreiros
sangrentos com uma série de cortes. Hades estava ofegante e
pálido, obviamente enfraquecido. Lúcifer não era mais
maravilhosamente perfeito. Ele mudou da maneira que William
nunca imaginara, com os olhos afundados e injetados de
sangue. Suas bochechas estavam ocas, sua pele pálida. Seus
cabelos estavam afinados e seus ombros curvados. O sorriso de
William aumentou. Merecido.
Os dois predadores circulavam um ao outro. Os
demônios restantes tentaram cercá-los, criando um muro, mas
os aliados de William massacraram todos e cada um deles. Eles
criaram um muro.
Espumando de raiva, pronto para acabar com isso,
William abriu caminho entre a multidão e zombou: — Minha
vez de brincar. Ou você é um covarde, pronto para fugir?
Poderia o bastardo se teletransportar, ou a habilidade tinha
sido sugada dele?
Lúcifer girou uma adaga entre os dedos. — Por que não
arejamos antes as nossas roupas sujas?
— Você cale a boca, — Hades retrucou, apontando um
dedo para ele.
Lúcifer sorriu, convencido e olhou para William. — Você
sabia que Hades é quem você e seu precioso Axel foram criados
pelos Wrathlings para matar? Eles usaram as características
mais poderosas dos deuses e criaturas mais poderosas para
criar vocês dois, fazendo apenas pequenas diferenças em seu
DNA. Você são quase a mesma pessoa. Como se o mundo
precisasse de vocês dois. — Ele riu amargo. — Quando Hades
soube de você, ele perseguiu e matou o Enviado determinado a
esconder você. Mas você e Axel escaparam. Então ele te
perseguiu e te encontrou com os canibais, com a intenção de
matá-lo. Só que ele decidiu criar você como seu, usando suas
habilidades para ajudar a causa dele. Suponho que em algum
momento ele passou a amar você. Ele temia que você
descobrisse a verdade se alguma vez se reunisse com seu
irmão, então ele planejou, mentiu e jogou para manter vocês
dois separados.
Mentiras! Tinha que ser. Mas, quando Lúcifer havia
falado, Hades empalideceu. E... William sibilou. Um calor
abrasador subiu por seu braço, invadindo sua cabeça. O chifre
que ele segurava... Ainda estava conectado a Sunny... um
detector de mentiras e um sifão. Sua magia foi drenada.
Paredes mágicas caíram em sua mente, memórias de
infância o inundando. De repente, ele era um garotinho,
trancado em uma sala com o jovem Axel, sendo observado por
vários Wrathlings.
O jovem Axel pegou a mão dele e sussurrou: — Vamos
encontrar uma saída, irmão. Nós vamos.
A imagem desapareceu, uma nova já tomando forma. Ele
e Axel estavam um pouco mais velhos e sangrando no chão,
cercados por uma multidão de Wrathlings dando-lhes murros e
pontapés.
— Lute de volta, — um gritou. — Você acha que os
deuses serão brandos com você?
Mais uma vez, sua mente ficou em branco. Novamente,
uma nova cena se formou. O jovem William lutou contra as
cordas que o prendiam a uma mesa, quando um homem de
túnica branca disse: — Vamos ver com que rapidez você se
regenera, não é? — e passou uma adaga pelo seu abdômen. Ele
uivou de agonia, o sangue escorrendo dele.
— Axel, — ele gritou. À distância, Axel gritou de volta.
Em branco. Mais imagens. William, sentado no chão da
cela, com os joelhos contra o peito enquanto balançava para
frente e para trás, atormentado pela solidão inabalável.
Por que é que ninguém além de Axel o amava? Por que é
que ninguém além de Axel o queria?
A porta da sua cela se abriu e a mulher que ele assumiu
ser sua mãe entrou correndo. Ela caiu de joelhos diante dele,
colocando as mãos frias e úmidas contra as suas têmporas,
forçando o olhar dele a encontrar o dela. — Hades soube sobre
a sua criação. Ele está aqui e vai matar você. Vou esconder
suas memórias, sim? Se você não souber quem você é, ele não
saberá também. Então, levo você e seu irmão para um lugar
seguro. Sim? — ela repetiu.
Atualmente, William estava enraizado no lugar, tudo o
que ele sempre acreditou sobre sua vida desmoronando como
aquelas paredes mágicas. Partes dele queimavam; o resto dele
congelou. Quando ele piscou em foco, raiva e angústia
lançaram uma névoa vermelha sobre sua linha de visão. Ele
inalou bruscamente, exalou pesadamente, com as mãos em
punhos. Toda aquela dor. Toda aquela solidão. Todo o amor
que ele derramou em Hades. E para quê? Traição a todo
momento.
Ele não conseguiu olhar para Hades.
— Ah, a verdade quebrou seu cérebro fraco? — Lúcifer
provocou.
Com precisão implacável, William enfiou as lembranças
profundamente em sua mente. Mais tarde, ele as retiraria para
um estudo mais aprofundado.
Ele olhou para Lúcifer e sorriu novamente. — Há muito
tempo, Lilith previu que um irmão mataria o outro. Eu deveria
vencer a nossa guerra. Por que mais o destino me daria um
unicórnio? Um chifre meu? A porra da genética para fazer o
trabalho?
Lúcifer ficou pálido.
A multidão se separou brevemente, Sunny entrando no
círculo. Ela galopou entre Hades e Lúcifer, que pareciam
prontos para vomitar. Ela parou abruptamente - e meio que
chutou Hades, mandando-o tropeçando para trás, afastando-o,
deixando um caminho aberto para William.
Essa é minha garota.
William e Lúcifer circularam um ao outro. Apesar da
condição abismal do homem, ele não estava na fora de
combate, ainda chocantemente forte e rápido.
— Se você quer um pedaço de mim, irmão, — Lucifer
cuspiu em William, — venha buscá-lo.
— Ele é meu, — gritou William para todos. — Eu sou o
único que toca nele. O resto de vocês pode assistir.
— Sim, querido! — Anya gritou.
— Faça doer! — Keeley gritou.
— Prenda suas bolas! — Gillian berrou.
William atacou, balançando a lança; Lúcifer bloqueou
com uma espada. Whoosh. Bam. Bam. Bam. De novo e de novo,
suas armas se chocaram, o impacto enviando vibrações
poderosas pelos braços.
Grunhindo, Lúcifer fingiu ir para a esquerda e depois foi
para a direita, esfaqueou William pelo lado. O sangue jorrou da
ferida, a dor o dominou. Ele diminuiu a velocidade? Não! Ele
girou, abaixando, varrendo os pés de Lúcifer debaixo dele.
Quando o homem cambaleou, tombando, William se
reposicionou e bateu o chifre no peito do bastardo. Alvo. Bem
no coração.
Após o impacto, Lúcifer congelou, paralisado, mas ele se
recuperou rapidamente, rolando e se levantando. Enfurecido,
ele atacou novamente. Bam, bam, bam. Whoosh. Bambam.
Quando um golpeava, o outro bloqueava, mas em um ritmo
muito mais lento do que antes.
Lúcifer apontou uma adaga no rosto de William. Ele
recuou, mas não a tempo. A lâmina fez um corte raso na testa,
o sangue escorria em seus olhos, momentaneamente
obscurecendo sua visão.
Termine isso! Quando Lúcifer tentou outro golpe, William
desviou e pegou a lâmina. Mesmo quando o metal cortou sua
palma e uma dor terrível irradiava por seu braço, ele arrancou
a arma das garras de seu irmão, deixando o homem com uma
única adaga.
Lúcifer tropeçou para trás, claramente surpreso com o
desenvolvimento. Um dos olhos estava inchado, o nariz
quebrado e o lábio rachado. Um dente da frente havia sido
arrancado.
Sabendo que o pedaço de merda tentaria uma retirada,
William gritou: — Axel!
— Tratando disso! — O Enviado juntou seus camaradas,
que apertaram o círculo ao redor deles.
Sunny trotou pela borda interna, bufando. Hades...
Ainda não estou olhando para ele.
William e Lúcifer rodearam um ao outro mais uma vez. —
Eu vou gostar de te matar, — ele cuspiu.
Lúcifer sibilou, além de qualquer tipo de bravata, e se
jogou em William. Eles caíram juntos, outra dança brutal se
seguiu. Eles esfaquearam, rasgaram e socaram. Embora tonto,
William conseguiu colocar as mãos em volta do pescoço do
homem, suas garras cortando pele e músculo, sangue quente
pingando. Ele jogou Lúcifer no chão, divertindo-se quando ele
derrapou até a beira do círculo.
Anya o chutou na têmpora, e Keeley pisou em sua
traqueia. Gillian deu um murro em seus testículos. Ofegando,
Lúcifer se levantou.
Muito fácil? Talvez. Mas William bateu com uma ponta da
lança no chão e a usou para saltar e avançar. Suas botas
bateram no peito de Lúcifer, derrubando-o pela segunda vez.
William seguiu, uma névoa vermelha caindo sobre seus olhos.
Ele prendeu os ombros de Lúcifer com os joelhos. Machuque-o!
Faça-o implorar pela morte.
Com uma mão, ele segurou. Com a outra, ele girou a
lança, preparando-se para dar um golpe mortal. Rosnou
profundamente no peito.
Seu irmão balançou enquanto fazia algo estranho com as
mãos. Não, não algo estranho. Ele desembainhou as lâminas
presas aos joelhos, escondidas sob os couros. Agora ele enfiava
na lateral de William e nas costas uma, duas vezes, três vezes.
William sibilou de dor. Não é de admirar que o bastardo
tenha se deixado levar. Muito fácil mesmo.
De repente, o ácido atacou todas as suas células,
fraqueza invadindo músculos e ossos. Envenenado? Lúcifer
afastou-o facilmente e levantou-se, de pé sobre ele. O merda
arreganhou os dentes muito afiados em um sorriso enquanto
William tentava e não conseguia ficar de pé. Então o bastardo
pisou em seu rosto.
Mais dor percorrendo sua mandíbula. Ossos quebraram.
Estrelas piscaram através de sua visão, e náuseas devastaram
seu estômago. Talvez, apenas talvez, o chute tenha afrouxado
alguns parafusos em seu cérebro. Naquele momento, ele sabia
o que fazer. Sempre Lúcifer usava truques para vencer suas
batalhas. Hoje, William também.
Alegre, mas escondendo... Talvez... Ele esperou até
Lúcifer dar um segundo chute. William pegou o tornozelo e
jogou-o de costas, mesmo sabendo que seu ex-irmão se
levantaria. Baratas sempre voltavam.
Olhe para mim, Lucy. Tonto demais para ficar de pé. Cego
pelo sangue. Tudo fingimento. De seu lugar no chão, ele
balançou a lança - e errou. Ok, talvez ele não estivesse
fingindo. Ele estava tonto e parcialmente cego, mas não fora de
combate.
Sorrindo, Lúcifer se aproximou, habilmente evitando a
lança. Ele recuou o cotovelo, preparando-se para lançar uma
adaga; testando a verdade da condição de William antes de
lançar um golpe mortal?
Whoosh.
William teve que lutar para não se apoiar quando a
lâmina arqueou através dele, afundando em seu coração. Um
golpe direto. A dor... mais veneno. Cada batida do coração
enviava uma nova cascata de ácido por suas veias.
Enquanto seu mundo escurecia, seus amigos gritavam
encorajamentos. Eles pareciam estar a quilômetros de
distância, mas sua energia ajudou a eliminar a fraqueza. Outro
plano formado. William rolou em uma bola, como se quisesse
proteger seus órgãos vitais. Uma ação destinada a mascarar
outra.
Ele preparou a lança. Só preciso que Lucy se aproxime...
Arrogante como ele era, Lúcifer mordeu a isca. Girando
sua espada, ele fez: ele fechou a distância. Quando ele levantou
a arma, preparando-se para lançar, William girou de costas,
encontrou o olhar de seu ex-irmão e sorriu.
O bastardo empalideceu, porque ele sabia. Era tarde
demais.
Lúcifer gritou quando William empurrou a lança para
cima, pela virilha e pelo tronco, a ponta saindo pela garganta.
Ofegando, suando do esforço, William manteve um aperto
firme na base da lança. Ele não sentia alegria ainda. Lúcifer
não podia escapar e não gostaria de tentar, qualquer
movimento aumentando sua dor em mil vezes, mas ainda
assim ele vivia. Sem morte, sem celebração. Apenas tristeza?
Ele franziu a testa. Tristeza? Por que ele lamentou o que
poderia ter sido? Um vínculo inquebrável. Amizade. Confiança.
Exatamente o que ele teria com Axel; ele estava determinado.
— Não dê um golpe mortal, — berrou Hades para
William. — De alguma forma, ele se tornou imortal, como uma
Fênix. Se você matá-lo, ele só vai reanimar mais forte. Sei disso
sem qualquer dúvida, porque já o matei uma dúzia de vezes.
Mais segredos que Hades mantinha. William fervia.
— Vamos deixar o pedaço de merda na lança, trancado
na masmorra, e depois cercá-lo com blocos místicos. Só até
descobrirmos uma solução mais permanente.
E Lilith? O que ele faria com ela?
Seu olhar percorreu a sala do trono, mas ele não
encontrou sinal dela. Ela fugiu durante a luta? Provavelmente,
mas e daí? William não tinha vontade de ir atrás dela. A
mulher o atormentou por séculos, sim, mas também garantiu
que ele conhecesse Sunny. Só por isso, ele a perdoaria por
todos os crimes.
— Curve-se! — Anya gritou.
— Eu fiz isso! — Keeley gritou. — Eu ganhei para nós!
Segurando a ponta da lança, ele levantou Lúcifer acima
da cabeça e executou um arco perfeito. A multidão aplaudiu
loucamente quando o sangue escorreu dos cantos da boca de
Lúcifer.
— Os Enviados te agradecem, William, — disse Axel, seus
irmãos inclinando a cabeça em uma demonstração de respeito.
— Estou tão orgulhoso de você! — Uma Gillian sorridente
deu um pulo e bateu palmas.
Como os Enviados, os reis do Inferno inclinaram a
cabeça.
Sunny, a pessoa com quem ele mais se importava, o
observava, seus olhos vermelhos incertos.
Incerteza? Por quê? Ele entregou a lança a Axel e piscou
para acariciar seu focinho e seus pelos. Quanto mais ele a
acariciava, mais ela brilhava. Os pelos e cascos desapareceram.
Ela começou a encolher, e logo seu raio de sol perfeito apareceu
diante dele, um anel de ouro permanecendo em sua testa, mais
brilhante do que antes. Esse brilho não iria embora, não é? A
partir de agora, ele seria capaz de tocar o chifre com ou sem a
aprovação dela.
Espera. Ela estava nua. — Virem-se ou morram! — ele
gritou para os outros.
Claro, ninguém obedeceu. Rathbone jogou uma camisa
extralarga para ele. Uma camisa saturada com o perfume do
rei. William rangeu os dentes.
Depois de manobrar os braços de Sunny através dos
buracos apropriados, ele a puxou para perto. Ela derreteu
contra ele, seus corpos parecendo se fundir.
Ele beijou o anel brilhante e disse a ela: — Eu te amo,
Sunny. Eu te amo tanto. Se você me deixar de novo... nunca
me deixe de novo.
— Eu também te amo. E eu nunca quis ir embora. Eu só
queria proteger você. — Ela esfregou dois dedos ao redor da
luz. — Você vê isso agora. Você sempre o verá, sempre saberá
onde cortar, se quiser remover meu chifre.
Ele beijou o anel brilhante novamente, o resto do mundo
desaparecendo da sua consciência. — Querida, eu vi o
contorno fraco desde o começo. Essa é uma das razões pelas
quais adivinhei o que você era.
— Você viu? Verdadeiramente?
— Verdadeiramente.
Os olhos dela se arregalaram. — Então os Wrathlings
devem ter usado Fae ou unicórnio como um dos seus
componentes de DNA. Ou ambos!
— Se eu sou parte unicórnio, acho que isso me torna seu
novo rei. — Ele talvez nunca soubesse do que era feito, mas
não se importava mais. Ele era o que era - o homem de Sunny,
irmão de Axel. Filho de Hades?
— Na verdade, isso faz de mim sua rainha, uma posição
muito mais exaltada, — disse ela com um sorriso cheio de
dentes. — Mas eu me pergunto se você também é o rei de
outras espécies, fazendo de mim a rainha delas, é claro. Temos
que descobrir! Mais reinos, mais lugares para nossos animais
viverem. Parabéns! Vamos ter um zoológico! E cravo! Eu
gostaria que você tivesse me dito que viu um contorno do
chifre. Eu poderia ter te mostrado o meu eu unicórnio mais
cedo.
Por favor. Ele conhecia o seu unicórnio. — Você teria
corrido para as colinas, amor.
Ela encolheu os ombros. — Sim. Provavelmente.
Eles compartilharam um sorriso feliz, até que sua
diversão fugiu. Pupilas dilataram, ela se afastou dele, cortando
o contato. Rosas floresceram em suas bochechas.
— O que há de errado, Sundae? — ele perguntou,
confuso e preocupado. Todos os outros olhavam para ele da
mesma maneira. E por que diabos a parte superior do couro
cabeludo estava queimando... queimando, cada vez mais
quente?
— Pegue um espelho, — Sunny ordenou a todos.
Alguém obedeceu. Passos. Silêncio. Todos continuaram
olhando para ele, e ele fez uma careta. Mais passos. Sunny
empurrou um espelho de mão em sua direção e ele o apertou.
No vidro, seu reflexo revelou...
Que diabos? Ele viu uma coroa. Uma coroa apareceu no
alto de sua cabeça, feita de enxofre e osso. Ao redor, espigões
de tamanhos diferentes se destacavam, criando um efeito
22
semelhante aos chifres de um cervo .
Para seu choque, Hades foi o primeiro a se curvar. Os
outros rapidamente seguiram o exemplo. Na verdade, todos,
exceto Sunny, seguiram o exemplo. Ela permaneceu ao lado
dele, com a cabeça erguida.
— Como? — ele exigiu de Hades.
A voz de Hades encheu sua cabeça. — As lendas que você
ouviu sobre a necessidade de encontrar uma coroa são falsas.
Na realidade, os reis do inferno escolhem quem governa ao seu
lado. No momento em que estamos de acordo, ocorre uma
coroação. Se você deseja rejeitar essa honra, você só tem que
destruir a coroa...
Portanto, a coroa de Lúcifer não havia sido escondida,
mas destruída. Mente cambaleando. Raiva e dor subindo. A
coroa escondida foi outra mentira de infância da parte de
Hades, e o golpe mortal no relacionamento deles. — Você e eu
terminamos. Acabados. — Amargura cobriu suas palavras.
Ignore a tristeza no tom. — Eu não quero mais nada com você.
Mas você me quer, seu assassino predestinado, governando ao
seu lado? — Agora a amargura escapou com uma risada, e sim,
ainda havia um tom de tristeza. Droga!
Hades levantou o queixo, estreitando os olhos, os cílios
superiores e inferiores se fundindo. Ele não demonstrou culpa,
nem remorso de qualquer tipo. — Fiz o que achava necessário
para sobreviver. Eu não sabia que iria amar você.
A fúria empurrou suas próximas palavras para fora da
boca em alta velocidade. — Se você me amasse, nunca teria me
afastado de Axel. Você também salvaria Axel.
— Eu salvei Axel. Eu o entreguei aos Enviados. E eu
mantive vocês dois separados, não apenas para sobreviver, mas
para mantê-lo na minha vida. — O queixo dele abaixou
levemente, como se... como se... Não. Como se ele se sentisse
culpado. Mas Hades nunca sentia culpa. Não por qualquer
motivo. — Eu não queria desistir de você.
— E ainda assim você desistiu, — retrucou William. —
Desde a chegada de Axel no Inferno, você me evitou.
— Sim. Dei-lhe tempo com ele, sem interferência.
— E sua reação sobre o medalhão?
Hades fechou os olhos e inalou profundamente. — Eu
sabia que você poderia usá-lo contra mim. Eu teria devolvido
assim que chegássemos a um entendimento. Admito que lidei
com as coisas... mal.
O maior pedido de desculpas que ele já deu.
William olhou ao redor da sala, vendo as pessoas que
amava e protegia. O bando dele. Ele poderia odiar o pai por
uma vida bem vivida? Não. No final, ele anunciou: — Não vou
escolher entre você e Axel. Se você insiste que o faça, essa é
sua escolha e sua perda. Ejete-se da minha vida ou não. Vou
continuar independentemente disso, como provei.
Hades olhou para ele em silêncio por um longo tempo.
Por fim, ele ofereceu um aceno de cabeça brusco.
Algo dentro de William afrouxou, quase como uma rede
aberta para liberar um grande peso. — Estou indo para casa
com meu unicórnio para comemorar nossa vitória.
— E minha coroação.
— E nosso casamento iminente.
— Casamento? — Com um grito de felicidade, ela pulou e
envolveu as pernas em volta da cintura dele. — Você quer se
casar comigo? — O sorriso dela desapareceu rapidamente. — E
a maldição? O livro...
— O livro estava envenenando você, amor. Toda vez que
você estudava os símbolos, você era atingida por outra dose de
veneno místico, entortando sua mente contra mim. Sem o livro,
você só quer me matar quando estou retendo orgasmos, apenas
para ouvi-la gritar. Além disso, a palavra querer é um
eufemismo. Eu exijo casamento. Sou rei, então posso fazer isso
agora. Mas primeiro, você recebe uma surra por me deixar.
Ela riu, o som o aquecendo. — Claro, mas você recebe
uma surra por se machucar.
— Combinado. — Ele encarou a multidão, pegando
sorriso após sorriso. — Todo mundo está convidado para
minha casa para a primeira Celebração Anual de Bola e
23
Corrente em uma hora... não, três dias... não, uma semana...
não, duas semanas. A surra leva tempo. — Sem outra palavra,
ele piscou Sunny para o quarto deles e a jogou na cama.
Quando ela saltou, seu sorriso voltou, aqueles olhos
roxos brilhando mais do que nunca. — Desde que eu vou
honrá-lo com minha mão em casamento e me tornar sua
rainha, você tem que atender a minha lista de demandas.
Espero um trono do mesmo tamanho que o seu, e nada
daquele negócio ridículo de que a rainha tem um menor. E
acredito que deveria haver um dia nacional do pijama. E...
— Amor, o que você quer, você recebe. Sempre. Mas o Dia
Nacional do Pijama só acontece se eu escolher seus pijamas.
— Você está dizendo que meus pijamas serão pele?
— Oh, bom. — Ele posicionou seu corpo acima do dela e
esfregou as pontas dos narizes. — Você entendeu.
Ela passou os braços em volta do pescoço dele, dizendo:
— Eu percebo que você está preso comigo para sempre.
— Para sempre não é o suficiente. — Ele a beijou então,
deixando-se perder em tudo o que era Sunny Lane, o amor da
sua vida. E que vida seria essa, com ela ao seu lado.

Epílogo

Primeira Celebração Anual de Bola e Corrente

Sunny empoleirou-se no colo de William enquanto ele


descansava em seu novo trono. Sim, o trono dela havia sido
construído ao lado do dele... um pouco maior do que o do rei.
Enquanto seu trono era feito do que parecia ser chifres de
unicórnio entrelaçados, o dela era feito de folhas de diamante
que refletiam manchas de luz colorida. Aos seus pés havia uma
cama/trono de cachorro para Dawn, que descansava
confortavelmente.
Eles assistiram seus amigos festejando em seu novo
palácio. Junto com a coroa, William fora presenteado com o
território anteriormente pertencente a Lúcifer. Sunny e seu
homem estavam trabalhando incansavelmente para limpar o
local. Ela até apelidou o terreno de zona segura para quem
procurasse asilo dos demônios.
A vida era boa. William havia queimado o seu livro e eles
aplaudiram quando as páginas se transformaram em cinzas.
— Você tornou isso possível, amor, — disse William. —
Existe algo que você não pode fazer?
— Sim. Perder. — Enquanto ele ria, ela acrescentou: —
Ou encontrar Sable.
— Ela está lá fora. Meus meninos finalmente tiveram um
avistamento. Vamos encontrá-la, eu juro.
Quando William fazia uma promessa a Sunny, ele a
cumpria. Então, ela não se preocuparia com a amiga. — Você
sabe, nós fizemos isso juntos, bebê. Estou muito agradecida
pelo nosso novo bando.
— Como eu. — William ficou de pé, levantando Sunny.
Ele a pôs de pé e a levou à pista de dança que ele havia
instalado.
Ele também mandou instalar janelas, para que ela
sempre visse o espaço ao ar livre. E ele usou a magia para
garantir que roseiras crescessem ao longo das paredes o ano
todo.
Enquanto Sunny se aconchegava ao seu homem, ela
olhou para os convidados. Anya dançava de forma suja com
Lucien e Puck dançava extremamente sujo com Gillian.
Sunny amava Gillian. A garota tinha atrevimento.
Gideon e Scarlet ficaram de lado, conversando com Amun
e Haidee. As duas mulheres estavam muito grávidas. Mais cedo
Sunny tinha ouvido falar sobre um “tampão de muco” e ela
quis cortar as orelhas.
Maddox e Ashlyn conduziram seus gêmeos, Urban e Ever,
ao longo da mesa do buffet, que exibia uma boa seleção de
carnes, queijos e pétalas de flores.
Reyes e Danika, Aeron e Olivia, Galen e Legion jogavam
dardos com um pôster de Lúcifer agindo como alvo.
Paris e Sienna conversavam e riam com Koldo e Nicola -
bem, com Nicola. Koldo manteve a mesma expressão de
sempre: homicida.
Hades e Pandora andavam em círculo em volta da sala,
suas cabeças juntas.
Pai e filho estavam trabalhando para reconstruir seu
relacionamento. Quanto ao tipo de profecia de Hades, Sunny
imaginou que ela estava certa, que a morte não significava a
morte real, mas um novo começo.
Com Lúcifer empalado no chifre e trancado na masmorra,
todos estavam tendo um novo começo. E logo, eles
aprenderiam como matá-lo de uma vez por todas.
Sunny já tinha ideias. Em algum lugar lá fora, havia algo
conhecido como Estrela da Manhã. Oh, as coisas que isso
poderia fazer.
Ela mencionou isso a William e ele disse que os Senhores
do Submundo estavam procurando a Estrela da Manhã há um
tempo. Com as informações que tinha, ela suspeitou que
encontrariam a Estrela da Manhã em pouco tempo.
Risos atraíram seu olhar para Strider e Kaia. Eles
jogavam na manopla que William havia manipulado. Um
videogame da vida real, ele disse. Sabin, Gwen, Bianca e
Lysander também jogavam. Strider estava ganhando, porque
Kaia continuava eliminando a concorrência dele.
Sunny sorriu. William tinha os melhores amigos. E agora
ela também!
Torin e Keeley estavam acariciando três novos cães do
inferno trazidos por Baden e Katarina.
Enquanto a música suave continuava flutuando pelo
salão, Reyes e Danika, Kane e uma grávida Josephina,
Zacharel e Annabelle, e Cameo e Lazarus se mudaram para a
pista de dança. Então Bjorn e Fox fizeram o mesmo, então, é
claro, Thane e Elin também. Seu amigo Xerxes assistia do lado
de fora.
Os filhos de William - não, os filhos deles, já que ela era a
madrasta deles e tudo mais - jogavam pôquer e fumavam
charutos.
O trio estava procurando Lilith, para que William pudesse
se desculpar e agradecer. Sem brincadeiras.
A única que faltava na celebração era Viola, a guardiã do
Narcisismo. Ela está desaparecida há um tempo. William havia
expressado preocupação sobre onde ela estava e que problemas
estava causando, então Sunny enviou seus outros amigos
unicórnios à procura. Seu povo estava livre de novo!
Que vida incrível Sunny agora vivia. Ela passou a ponta
do dedo sobre a tatuagem do sol que ele tatuou em seu peito
em sua homenagem - um sol para a sua Sunny.
Para mostrar seu apreço, ela implementou o Sem Camisa
às Segunda pra ele. E às terças-feiras. E às quartas, quintas,
sextas e sábados.
— Eu vi você e Gillian conversando mais cedo, —
comentou William. — Estou feliz que vocês duas estão se
dando bem.
— Ela é maravilhosa. — Gillian pode ser a visitante
favorita de Sunny. Não havia ninguém mais passional do que
Gillian, que lutava para ajudar mulheres e crianças presas em
situações abusivas. — Estamos planejando maneiras de
torturá-lo, se alguma vez você precisar de algo mais do que
uma surra. Oh! Você sabia que ela está grávida?
— Eu não sabia, mas estou feliz por ela. E tenho certeza
de que criaremos nosso primeiro pirralho na próxima
temporada de acasalamento.
Ela sorriu. — Você acha que Axel está apaixonado por
Evelina? — Ela observou quando o Enviado foi para o lado para
verificar o telefone dele. Ele tinha uma câmera na garota o
tempo todo.
— Com certeza. Ele não a matou como ordenado, e não
porque teme a minha ira. Felizmente, agora que Bjorn está
namorando Fox, ninguém deve se importar com quem Axel
acaba.
— Bem, se alguém tiver algum problema, deve ter medo
da sua ira. Todo mundo deveria. Bem, exceto eu. — Todo o
mundo subterrâneo sabia que se mexesse com Sunny, teria
que lidar com a ira de William... depois de lidar com a ira de
Sunny. — Você vai ser um rei incrível.
— Eu sei, — disse ele, e ela sorriu. Cada vez mais as suas
memórias regressavam.
Quando a música terminou, eles retornaram ao trono.
Hades se aproximou e se encostou no trono de diamante.
— Encontrei meu espelho mágico no quarto de Lúcifer. A deusa
ficou quieta e não me mostra imagens. Eu acho que Lúcifer fez
algo com ela, magicamente falando, e eu gostaria que você
sugasse, como fez com Axel.
Com a ajuda de William, ela ajudou na recuperação da
memória de Axel. — Fico feliz em ajudar, — respondeu ela. —
Depois de se desculpar adequadamente com o meu noivo.
William sorriu.
Hades comprimiu os lábios em uma linha fina, mas
também assentiu. Olhando para William, ele disse: — Eu não
sou o mesmo homem que você era quando criança. Você
ajudou a me mudar. Você estava tão danificado naquela época.
Você precisava de coisas sobre as quais eu não sabia nada -
bondade e compreensão. Nós aprendemos juntos. À medida
que você crescia, eu temia perdê-lo se Axel se tornasse parte de
sua vida. Eu temia que você se lembrasse do objetivo da sua
criação e tentaria fazer o que foi programado para fazer, e eu
teria que fazer o que faço melhor. Derrubar um assassino em
potencial.
— Como se você pudesse, — disse William com um bufo.
Agora, os lábios de Hades se contraíram nos cantos. —
Você não está errado. Você se tornou um homem forte. Um rei
poderoso. Tenho orgulho de você e sinto muito pela minha
parte em sua dor. — Ele deu um tapinha na mão de William,
levantou-se e voltou à festa.
— Melhor? — ela perguntou a William.
— Muito, — disse ele, apertando o seu quadril. — Eu
ainda o amo.
— Bem, ele faz parte do seu bando. Nosso bando. — Ela
descansou a cabeça no ombro largo dele, totalmente satisfeita.
Nunca em todos os seus sonhos mais loucos ela imaginara
uma vida como essa. Tão completa, tão emocionante. Tão
promissora. — Suas ações, por mais desprezíveis que tenham
sido, contribuíram para nos unir, e sempre serei grata por isso.
— Eu tive o mesmo pensamento sobre Lilith. Como posso
ficar chateado quando você ilumina minha vida, afugentando a
escuridão?
Ela sorriu para ele. — Nós vamos ter um futuro incrível,
querido.
— O melhor.
Eles compartilharam um olhar, e isso foi o suficiente para
acelerar o motor dela. — Como você se sentiria em sair...
Ele a levou para a cama deles.
— ...da festa? — ela terminou com uma risada. Então ele
a beijou e ela esqueceu o resto do mundo. Havia apenas
William e este momento, uma vida inteira de felicidade pela
frente.
*

Notas

[←1]
Escória
[←2]
Pedaço de merda. No original “POS” (Piece of Shit)
[←3]
A crista-de-galo é uma planta com ciclo de vida anual e pode alcançar até 9m em
sua fase máxima.
[←4]
Fazendo uma alusão ao apelido Sunny (“Ensolarada” em português)
[←5]
The Darkest Kiss. É o segundo livro da série, que conta a história de Anya, a deusa
menor da Anarquia, e Lucian, o guardião do demônio da Morte.
[←6]
No original “e-m-k-c-u-f” (Fuck me)
[←7]
No original “tuna”. Ele está se referindo a palavra que foi autocorrigida pelo celular.
[←8]
Fazendo referência ao filme de comédia Beetlejuice, chamado no Brasil de “Os
Fantasmas se Divertem”,. No filme para se convocar o personagem interpretado por
Michael Keaton (Beetlejuice) era preciso pronunciar o seu nome três vezes.
[←9]
Jujuba
[←10]
Esperto, astuto
[←11]
Amanhecer
[←12]
No original “afterglowing”. Seria uma sensação agradável produzida após uma
experiência, evento, sentimento etc.
[←13]
Ela queria dizer antes: “That’s such a dick move”, que seria “uma atitude de
imbecil”, “atitude de babaca”. Mas, como ela não consegue xingar por causa do
filtro, e a palavra “dick” também pode significar pau, pica, caralho, ela usou a
palavra que se aproximaria, ou seja “pênis”.
[←14]
Hell
[←15]
É uma prática BDSM que consiste em prender, amarrar ou restringir
consensualmente um parceiro para fins estéticos, eróticos ou sensoriais. É
geralmente, mas nem sempre, uma prática sexual. Também pode ou não ter ligação
com outras práticas BDSM, como sadomasoquismo ou a dominação e submissão.
[←16]
Desventuras em Série (A Series of Unfortunate Event) é um filme de longa-
metragem estrelado por Jim Carrey.
[←17]
Eu sou a Lenda (I Am Legend) é um filme pós-apocalíptico de ficção científica, terror
e suspense e estrelado por Will Smith.
[←18]
O Durão (Get Hard) é uma comédia da Warner Bros. estrelado por Will Ferrel e
Kevin Hart.
[←19]
Festa da Salsicha (Sausage Party) é um filme de comédia de fantasia de aventura
animado para adultos de 2016.
[←20]
A Fantástica Fábrica de Chocolate (Willy Wonka and the Chocolate Factory) é um
filme musical e lançado em 1971, dos gêneros fantasia e comédia dramática,
estrelado por Gene Wilder no papel de Willy Wonka. A título de curiosidade, apesar
do filme lançado em 2005, estrelado por Johnny Depp no papel de Willy Wonka, ter
o título no Brasil de A Fantástica Fábrica de Chocolate, na realidade o seu título
original é Charlie and the Chocolate Factory.
[←21]
Pastorinha.
[←22]
[←23]
No original “Ball and Chain”. É uma gíria que pode significar esposa ou casamento.
Faz alusão à presunção de que a mulher de um homem o impede de fazer as coisas
que ele realmente quer fazer.

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