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A Bruxaria não deve desculpas por envolver magia sexual. São as outras religiões que
devem desculpas pela miséria da repressão puritana que impingiram à humanidade.
Imagine por um momento um casal sentando à mesa para um íntimo jantar a dois.
Sobre a mesa, velas acesas e um pequeno vaso como adorno para a cena. Ouve-se
música ao fundo e o vinho é derramado em taças. Esses são elementos familiares que
associamos ao amor e à sexualidade. É interessante observar que eles também são
elementos associados aos rituais Wiccanos. Vemos aqui que ambas as cenas são, na
verdade, atos de reverência ao Feminino. O vinho e as flores são oferenda tradicionais
à Deusa. A luz de velas revela que a cena é especial e mágica, não é dia nem noite,
claro ou escuro. O momento é sagrado, isolado das preocupações da vida cotidiana.
O altar sagrado é formado por uma mulher escolhida que se deita de costas,
nua, com as pernas dobradas e afastadas (os calcanhares tocando, ou quase, as
nádegas). Um vaso ou cálice é colocado diretamente sobre seu umbigo, ligando o vaso
ao cordão umbilical etéreo da Deusa, a qual é invocada em seu corpo. Derrama-se o
vinho sobre o vaso ou cálice, enquanto a mulher-altar segura esse vaso. O Sumo
Sacerdote então mergulha com três gotas de vinho em cada. A isso segue-se um beijo
em cada ponto, enquanto a invocação é recitada. Quando praticado com reverência,
esse rito é muito belo.
Massagem Psíquica
A Criança Mágica
A criança mágica é um termo utilizado na magia sexual para designar uma forma
ou imagem mágica. Esse aspecto da magia sexual envolve a inibição do orgasmo por
períodos prolongados, permitindo que imagens mentais/astrais intensificadas tomem
forma. A energia sexual não é terrada como no ato sexual corriqueiro, mas sim
direcionada pela mente para que se manifeste numa forma de pensamento mágico. A
energia canalizada forma uma imagem astral sutil do conceito dominante na mente no
momento do orgasmo.
As secreções vaginais são fluidos igualmente valiosos para fins de magia sexual.
Contêm secreções das glândulas endócrinas que estão carregadas pelas correntes
lunar e solar ativadas sexualmente. Essas secreções possuem elementos do fluido
cérebro-espinhal e das glândulas endócrinas. As trilhas nervosas associadas ao
funcionamento da bexiga através do terceiro ventrículo podem iniciar várias
secreções. Uma vez ativadas, essas correntes fluindo para a área genital estimulam
nevos, os quais causam reações em todo o corpo. As glândulas pituitárias e a glândula
pineal são estimuladas, assim como os nervos que afetam a urina. A energia das
secreções vaginais carrega (em diversos graus) um pouco de cada um desses aspectos.
Os fluidos vaginais podem ser utilizados de modo semelhante ao sêmen, ou podem ser
a ele misturados com finalidade mágicas.
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Muitos Wiccanos que ainda desejam empregar a energia sexual, mas que por
qualquer motivo desejam evitar o ato sexual real, incorporaram aspectos não físicos
da sexualidade em seus ritos. Isso pode incluir de tudo, desde danças provocantes e
sedutores a versos eróticos e linguagem e comportamentos sugestivos. Esses
elementos, num cenário ritual pode certamente evocar fortes correntes sexuais.
Nudez e Wicca
Um dos aspectos da religião que mais vêm sofrendo ataques é o uso, de certo
modo comum, da nudez ritual. Ou seja, rituais religiosos praticados sem vestes. Essa é
a antítese do costume de usar a melhor roupa aos domingos, uma liberação das vestes
rituais elaboradas normalmente e usadas em outras religiões.
Muitos Wiccanos – talvez a maior deles, usam robes durante rituais. Alguns
ainda ingressam no círculo trajando roupas comuns. Outros mais não usam nada.
Mas qualquer pessoa racional, bem ajustada, que tenha visitado uma praia de
nudismo, um retiro onde as roupas sejam opcionais ou um campo de nudismo sabe que a
nudez logo deixa de ser novidade. Quando as pessoas ficam nuas por outros motivos
que não o sexo, o quociente estimulativo desse estado logo desaparece.
Alguns Wiccanos praticam a nudez ritual por verem nisso um estado natural, que
os leva o mais próximo possível à Deusa e ao Deus. Outros não tiram a roupa por uma
questão de preferência. Longe de ser um requisito da Wicca, a nudez é condenada por
muitos Wiccanos. Quando utilizada, a nudez ritual possui propósitos específicos, que
não os estímulos que povoam as mentes dos não-praticantes.
Algumas – não muitas, mas algumas – tradições Wiccanas utilizam o sexo por
suas propriedades místicas e mágicas e para alterar a consciência.
Mais tais ritos – por mais raros que sejam – são apenas praticados em
privacidade, por dois adultos que consentem. O sexo ritual jamais é praticado diante
de outros Wiccanos ou de que quer que seja. Não existem orgias em covens. A Wicca
não é um clube de swing; os Sabbats e os Esbats não são desculpas para a prática de
sexo.
Os Wiccanos (e eles são minoria) que usam sexo não precisam de desculpas para
isso. Eles vêem a Wicca como um religião da fertilidade, e portanto consideram o sexo
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um componente natural de seus rituais. Séculos de repressão cristã, dizem, são
responsáveis pelo horror público ao sexo ritual, bem como ao sexo em si, em qualquer
de suas várias formas.
Os Wiccanos podem argumentar que nada têm a ver com isso, mas isso não
levaria a nada.
Assim, alguns Wiccanos podem utilizar o sexo como uma experiência prazerosa
e geradora de energia durante rituais. Mas eles apenas o fazem com seu parceiro –
geralmente num relacionamento emocional estabelecido, como o que existe entre
marido e esposa. A Wicca não é uma religião sexual, e a maioria dos Wiccanos não
integram sexo em seus rituais.
A História do Tantra
O ar tece o Universo. Brihadáranyaka Upanishad, III: 7.2 / A respiração tece o
homem. Atharva Veda, X:2.13
M. Éliade nega que a assimilação do Tantra pelo hinduísmo seja tão antiga,
embora reconheça que suas raízes sejam difíceis de se determinar: "No Tantra,
observam-se elementos muito antigos, alguns dos quais pertencem à proto-história
religiosa da Índia, mas sua introdução no budismo e no hinduísmo começou muito
tarde, em todo caso, não antes dos primeiros séculos da nossa era." El Yoga.
Inmortalidad y Libertad, 289.
O Tantra não pertence à tradição ortodoxa hindu, no sentido de que não existe
um dárshana com esse nome. Sua visão do mundo é herança e síntese da Índia
aborígene e da Índia vêdica, muito mais antigas do que imaginaram os estudiosos
ocidentais do século XIX. É uma forma de ver a vida e cada um de seus aspectos. Há
diferentes linhas do tantrismo, algumas inclusive incompatíveis entre si.
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O Dakshinachara, linha da ‘mão direita‘ ou do tantrismo branco, mais antiga,
opõe-se ao Vámachara, corrente da ‘mão esquerda‘, do tantrismo negro, corrente na
qual se destaca a escola Kaula, fundada por Matsyedranatha por volta de 900 d.C. O
tantrismo negro caracteriza-se pelos rituais de transgressão, como o pañchamakára
(os cinco m), no qual o praticante utiliza a ingestão de bebidas embriagantes, carnes e
o coito ritual como meios de atingir a sacralidade.
Shiva aparece deitado ou sentado, imóvel, enquanto Shaktí está sempre sobre
ele, ativa no ato da manifestação. Este modo de pensar não é religioso, dogmático ou
doutrinário, mas estritamente especulativo. Desta maneira o Tantra, assim como o
Sámkhya, aparta-se de outras visões que incluem os conceitos de criação, divindade,
origem do mundo, et coetera. Contudo, o Tantra possui uma certa semelhança com
algumas formas de panteísmo: "o que está aqui, está em toda parte; o que não está
aqui, não está em parte alguma." Daí provém o culto à Natureza e à feminilidade. À
diferença do Vêdánta, que considera o mundo tangível uma mera ilusão, para o Tantra
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ele é bem real: ilusório é pensar que o Ser (Shiva-Purusha) intervenha ativamente
no universo manifestado.
Cabe aqui dizer uma palavra sobre um filho do Tantra, sobre o qual voltaremos
mais adiante: o Hatha Yôga. A partir da "descoberta" do corpo, elabora-se uma série
de tecnologias que se apoiam nele para alcançar o estado de transcendência: "O corpo
construído pouco a pouco pelos hathayôgis, os tântricos e os alquimistas correspondia,
de certo modo, ao corpo de um "homem-deus" (...) A teandria tântrica não era mais que
uma variante nova da macrantropia vêdica. O ponto de partida de todas estas fórmulas
era naturalmente a transformação do corpo humano em um microcosmos, teoria e
prática arcaicas, que se observam aqui e acolá no mundo e que na Índia ariana
achavam-se estruturadas desde os tempos vêdicos." Mircéa Éliade, El Yoga.
Inmortalidad y Libertad, p. 175.
"Aqui mesmo (neste corpo) estão o Ganges, Prayága e Varanasi, o sol e a lua (isto
é, o masculino e o feminino) e os lugares sagrados... Não existe outro lugar de
peregrinação nem morada de felicidade semelhante ao meu corpo. Em verdade, o
yantra que é o próprio corpo é o melhor de todos os yantras." Gandharva Tantra.
Os poetas vêdicos usaram com muita naturalidade o sexo para compor suas
metáforas (IX:112.4; X:40.6): O cavalo busca uma carruagem leve, o sedutor um
sorriso, o falo, fendas aveludadas e as rãs, água. A abelha, Ashwines, recolhe vosso
mel em sua boca, tão disposta como vai a donzela ao seu encontro de amor. Maithuna
significa cópula, matrimônio, e define a união sexual tântrica, o coito ritual em que os
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parceiros emulam a união cósmica entre Shiva e Shaktí. É a técnica de libertação
através da união sexual ritual. A postura sexófoba característica da civilização
judaico-cristã sempre viu nestas práticas a orgia e a depravação, ou seja, exatamente
o oposto do que elas são. A incompreensão do Tantra e o simbolismo que o transmite
colaborou para considerá-lo repulsivo, vergonhoso e digno de escárnio. A preocupação
daquele que condena o Tantra é fruto da sua própria obsessão com a questão sexual,
que o leva a querer coartar a liberdade dos demais. Nesse sentido, o tantrismo é
totalmente natural; a sua abordagem do sexo não é patológica mas absolutamente
sadia, de uma espontaneidade difícil de aceitar para os padrões da ‘decência‘ cristã.
Maithuna não tem nada a ver com pornografia ou licenciosidade, muito pelo contrário,
é um instrumento que, através do prazer, revela a dimensão divinal da natureza
humana. "O maithuna é a técnica tântrica que mais fascina os ocidentais, que com
demasiada freqüência confundem-na com uma indulgência para com os apetites
sexuais, em vez de vê-la como meio para dominá-los." Daniel Goleman, A Mente
Meditativa, p. 98.
"O jogo erótico se realiza num plano transfisiológico, porque nunca tem fim.
Durante o maithuna o yôgin e sua náyiká incorporam uma ‘condição divina‘, no sentido
de que não somente experimentam a beatitude, senão que podem contemplar
diretamente a realidade última. " Mircéa Éliade, El Yoga. Inmortalidad y Libertad, pp.
194, 197.
O ato sexual tântrico inclui mudrá, pújá e meditação, e em alguns casos mantra
ou pránáyáma. Existem diversos gestos que objetivam aprofundar a comunicação entre
os parceiros e deles com a essência do Tantra. Pújá, a oferenda mental de energia, é a
saudação inicial através da qual o casal estabelece essa sintonia.
O SEXO E TANTRA
O sexo é a energia mais vital – a única energia que você tem. Não lute com ela; será
uma perda de vida e de tempo – ao invés disso, transforme-a.
Então quando vocês fizerem amor, o corpo irá se mover, então dêem a ele o outro
extremo de primeiro ficar imóvel, de forma que o corpo adquira o momentum para se
mover profundamente. Então a urgência se torna tão vibrante que todo o corpo, cada
fibra está pronta para o movimento. Somente então o orgasmo tântrico é possível.
Vocês podem colocar uma música...música clássica funcionará; alguma coisa que dê um
ritmo muito sutil ao corpo.
O venerar tem de ser verdadeiro. Ele não pode ser apenas um ritual. Existe ritual no
tantra, mas o tantra não é ritual...
Quando você fizer amor, fique possuído. Movam-se vagarosamente, toque o corpo um
do outro, brinquem com o corpo um do outro. O corpo é como um instrumento musical.
Nãofique com pressa. Deixe as coisas crescerem. Se vocês se movem vagarosamente,
de repente ambas as suas energias irão subir juntas, como se alguma coisa os tivesse
possuído. Isto acontecerá instantâneamente e simultaneamente...
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Somente então o tantra é possível. Agora mova-se no amor...
E quando deus faz amor, é quase selvagem. Não existem regras, regulamentos.
Move-se apenas no impulso do momento. Nada é tabu, nada é inibido. Seja lá o que for
que aconteça naquele momento é bonito e sagrado; seja lá o que for, digo
incondicionalmente...
Ninguém irá saber o que irá acontecer. Vocês simplesmente são jogados no vórtex
divino. Ele os levará, e os levará aonde ele quiser. Vocês simplesmente estão
disponíveis, protos para se moverem com ele. Vocês apenas se tornam veículos.
O homem deve ser deixado do lado de fora disso – apenas pura energia.
Vocês não estarão fazendo amor apenas através dos órgãos genitais; vocês estarão
fazendo amor através de todo o corpo...
Jogar a semente, cuidar da planta, regá-la e estar atento a ela, sendo cuidadoso,
protetor.