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Magia Sexual

A Bruxaria não deve desculpas por envolver magia sexual. São as outras religiões que
devem desculpas pela miséria da repressão puritana que impingiram à humanidade.

Doreen Valiente, Witchcraft for Tomorrow

Imagine por um momento um casal sentando à mesa para um íntimo jantar a dois.
Sobre a mesa, velas acesas e um pequeno vaso como adorno para a cena. Ouve-se
música ao fundo e o vinho é derramado em taças. Esses são elementos familiares que
associamos ao amor e à sexualidade. É interessante observar que eles também são
elementos associados aos rituais Wiccanos. Vemos aqui que ambas as cenas são, na
verdade, atos de reverência ao Feminino. O vinho e as flores são oferenda tradicionais
à Deusa. A luz de velas revela que a cena é especial e mágica, não é dia nem noite,
claro ou escuro. O momento é sagrado, isolado das preocupações da vida cotidiana.

Para compreendermos a função da sexualidade na Antiga Religião, devemos nos


afastar de nossa visão moderna e de nossos preceitos pessoais por alguns momentos.
Devemos retornar a um período no qual a comunidade via o sexo como saudável, natural
e desejável. Era uma época na qual os homens não eram menosprezados por seus
impulsos sexuais ou por sua sensualidade; o conceito moral judaico-cristão da
prostituta ainda não havia se desenvolvido. Prostitutas sagradas serviam aos deuses
em templos sagrados, o homossexualismo e o heterossexualismo nada mais eram do
que definições de preferência sexual (como evidenciado na Grécia Antiga).

A Antiga Religião da Europa pré-cristã baseava-se em ritos de fertilidade para


assegurar a proliferação de animais, plantas e humanos. Um dos aspectos mais
controversos da Wicca atualmente gira em torno do tema da utilização de atividades
sexuais em rituais ou magia. Algumas Tradições Wiccanas não incorporam elementos
sexuais em suas práticas (ou crenças) em parte por causa de abordagens pessoais,
inibições e diversas preocupações com a saúde. A pressão social de viver numa cultura
judaico-cristã também fez com que algumas tradições omitissem elementos sexuais
para negar as alegações de muitas igrejas cristãs de que as bruxas participavam de
orgias e práticas sexuais pervertidas. Para não ofender a sensibilidade judaico-cristã,
muitos Wiccanos se comprometem com o Antigo Caminho ao criar representações
simbólicas dos antigos aspectos da fertilidade na Bruxaria.

Em tempos remotos, a energia sexual era a mais poderosa energia que os


humanos podiam experimentar através de seus próprios sentidos físicos. A habilidade
aparentemente mágica dessa energia de criar outros humanos deve ter tido um efeito
profundo sobre a psique dos antigos. Na Tradição Misteriosa, esse aspecto da magia
envolve o uso de energia sexual como fonte de poder. O conceito pagão da atividade
sexual é totalmente diferente do conceito judaico-cristão. O sexo é visto como uma
experiência natural e prazerosa. Pode ser parte da expressão amorosa de um
indivíduo ou simplesmente o compartilhar de prazer e desejo com outra pessoa. Com
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fins rituais e de magia, ele pode simplesmente ser a fonte de energia que fortalece
os ritos.

A Mulher Como Altar Sagrado

Ajuda-me a erguer o antigo altar,

No qual em tempos antigos todos cultuavam;

O grande altar de todas as coisas.

Pois em tempos remotos, a mulher era esse altar.

É plenamente natural e lógico que uma


sociedade matrifocal visse as formas femininas como
sagradas, e as empregassem como foco para ritos
religiosos e de magia. O próprio altar vivo possuía a
habilidade de dar à luz e a alimentar uma nova vida. O
sangue menstrual, chamado de sangue da Lua, era
utilizado como marcas rituais em cerimônias de iniciação
e ritos que visavam atrair as almas de um clã dos mortos
de volta a seu clã.
O conceito da mescla do sangue, como no ritual dos
índios americanos do irmão de sangue, remonta aos
tempos antigos. Unir seu sangue ao de outro para sempre
criava um vínculo entre os dois. Assim sendo, a Suma
Sacerdotisa do clã podia unir as almas de todos os
membros através de seu sangue menstrual. Graças às
influências indo-européias, o vinho ritual é geralmente
visto hoje em dia como o Sangue de Deus. Em suas mais
remotas associações, ele era o Sangue da Deusa, onde o
vinho continha três gotas de sangue menstrual que unia
magicamente os celebrantes nesta vida e na vida
vindoura. Os caçadores e guerreiros eram geralmente
ungidos com pinturas rituais que continham sangue
menstrual caso fossem mortos fora da aldeia. Ungir os
mortos com o sangue da Lua era assegurar seu retorno à
vida. Na encarnação seguinte, eles se encontrariam novamente e renovariam seu amor.

O triângulo ou pirâmide é um símbolo sagrado associado à anatomia feminina.


Reflete não apenas a área púbica, mas representa também os mamilos e o clitóris, que
estão ligados por trilhas neurais. Há ainda um traço neuropsicológico ligando os
mamilos à glândula pituitária. O estímulo dos mamilos pode fazer com que a glândula
pituitária secrete um hormônio que ativa as contrações uterinas. Isso, por sua vez,
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ativa o fluxo de certos fluidos contendo vários elementos de secreções glandulares.
Na Tradição Misteriosa Wiccana, o Triângulo Mágico da Manifestação é invocado pelo
Sumo Sacerdote, que beija os mamilos e o clitóris da Suma Sacerdotisa durante o rito
da Atração da Lua. Esse rito do triângulo também é praticado durante o Grande Rito.
Algumas tradições se envergonham dessa antiga prática e empregam uma visão
moderna da invocação onde os beijos são dados nos pés, joelhos, umbigo, seios e boca.

O altar sagrado é formado por uma mulher escolhida que se deita de costas,
nua, com as pernas dobradas e afastadas (os calcanhares tocando, ou quase, as
nádegas). Um vaso ou cálice é colocado diretamente sobre seu umbigo, ligando o vaso
ao cordão umbilical etéreo da Deusa, a qual é invocada em seu corpo. Derrama-se o
vinho sobre o vaso ou cálice, enquanto a mulher-altar segura esse vaso. O Sumo
Sacerdote então mergulha com três gotas de vinho em cada. A isso segue-se um beijo
em cada ponto, enquanto a invocação é recitada. Quando praticado com reverência,
esse rito é muito belo.

Massagem Psíquica

Na Magia Sexual, e arte de criar cargas bioletromagnéticas para estimular e


ativar vários centros psíquicos do corpo é chamada de massagem psíquica. Recebeu
esse nome por fortalecer os Chakras onde as habilidades psíquicas são geradas e
mantidas. Durante a massagem psíquica, correntes ódicas são transmitidas através de
cada Chakra, do mesmo modo que isso ocorre na arte da informação. Ao combinar a
respiração ódica com passes magnéticos, a massagem psíquica também se torna
etérea. Portanto, tanto o corpo astral como o físico são renovados e revigorados.

Na terminologia do oculto, a mão esquerda é magnética e a direita é elétrica;


quando próximas uma da outra, criam um fluxo de energia entre si. Essa energia pode
ser usada para remendar ou fortalecer áreas enfraquecidas na aura do corpo. Pode
também ser usada para equilibrar os Chakras e restaurar o suave fluxo de energia
entre cada um deles. Isso é obtido através de massagens ao longo das áreas que ligam
os Chakras e várias trilhas nervosas.

A massagem se inicia na testa, movendo-se para baixo em direção aos pés


retornando para cima a saguir. Em cada Chakra, a zona é massageada num padrão
espiral. Os mamilos e genitais são suavemente massageados quando as mãos passam
pela zona dos Chakras dessas áreas. As terminações nervosas que ligam o triângulo
(mamilos e genitais) levam impulsos à terceira visão, ao coração e ao Chakra Básico,
ativando uma poderosíssima corrente oculta que fortalece os Chakras e a aura. Em
algumas tradições Wiccanas, isso pode ser feito como prelúdio à iniciação do segundo
grau (quando geralmente o poder é pela primeira vez transmitido ao iniciado).

Magia Sexual e Fluidos Corporais

Com fins mágicos, a estimulação sexual produz tanto energia e condensadores


líquidos carregados, ambos os quais podem ser empregados parra um dado objetivo. O
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sêmen masculino é energia canalizada e sempre se move rumo á manifestação física
(seja ao penetrar no útero ou sem qualquer outro recipiente). No caso de felação,
masturbação ou sodomia, a energia é absorvida por um dos planos e vitaliza as
entidades que nele habitam. Essas entidades podem ser formas de pensamento ou
seres preexistentes.

Quando a conclusão normal de um ato sexual é evitada, a descarga de energia é


absorvida e forma na mente uma imagem astral da imagem mental no momento do
orgasmo. Essa imagem ganha vida e é um elo funcional entra a mente subconsciente e o
plano astral. A encarnação dessas imagens é um dos objetivos da magia sexual. Outro
objetivo é gerar uma forma de poder na base da espinha. Nessa área resida a
Kundalini ou Poder da Serpente, oprimido por séculos pela Igreja cristã. O objetivo é
levar essa energia à terceira visão, onde consentirá ao indivíduo poder quase ilimitado.
Esse sistema de magia sexual é conhecido como Tantra.

Existem duas correntes (ou canais) de energia na entidade humana. Essas


correntes estão associadas ao sistema nervoso central e à medula espinhal. Podemos
nos referir a essas correntes como Lunar e Solar, ou Feminina e Masculina
(receptiva/negativa e ativa/positiva). Essas polaridades indicam energias
bioeletromagnéticas e não se referem aos sexos. As correntes Lunar e Solar se
manifestam do corpo como os ramos esquerdo e direito das estruturas nervosas dos
gânglios. O lado esquerdo é feminino/lunar e o direito é masculino/solar. Infelizmente,
por séculos a sexualidade tem evocado sentimentos de culpa e vergonha, graças em
grande parte à moralidade judaico-cristã. Essa mentalidade serviu para negar (na
maioria das pessoas) a função natural das correntes lunar e solar. Uma das metas da
magia sexual é liberar a expressão da sexualidade dos sentimentos inibitórios e
negativos. Uma vez atingida essa meta, pode-se restaurar a harmonia dessas
correntes.

Na pessoa comum, atualmente, apenas uma das correntes de energia está


aberta e fluindo. A contra-corrente está normalmente inibida e suprimida, gerando
desarmonia (desconforto) no corpo físico. Isso também causa uma influência negativa
no equilíbrio endócrino. Na mulher não treinada, apenas a corrente lunar flui
desimpedida, e no homem não treinado apenas a corrente solar está realmente livre.
No caso dos homossexuais, essa situação está invertida. O fluxo harmonioso das
correntes no corpo é simbolizado pelo antigo símbolo do Caduceu. Esse estado natural
elimina a desarmonia (desconforto) no corpo, e é por isso que o Caduceu simboliza a
saúde em nossa sociedade atual.

Nos Ensinamentos Misteriosos, o estado sexual natural é o da bissexualidade,


em que ambas as correntes fluem juntas e em harmonia. A alma que habita o corpo
físico não é masculina nem feminina, portanto nosso sexo é meramente uma
circunstância da dimensão física. A atitude acerca da polaridade dos sexos na qual
nossas almas residem é moldada em grande parte pelo nosso meio social. Devemos ter
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em mente, no entanto, que o sexo pode também ser uma manifestação do Karma da
alma individual.

A Criança Mágica

A criança mágica é um termo utilizado na magia sexual para designar uma forma
ou imagem mágica. Esse aspecto da magia sexual envolve a inibição do orgasmo por
períodos prolongados, permitindo que imagens mentais/astrais intensificadas tomem
forma. A energia sexual não é terrada como no ato sexual corriqueiro, mas sim
direcionada pela mente para que se manifeste numa forma de pensamento mágico. A
energia canalizada forma uma imagem astral sutil do conceito dominante na mente no
momento do orgasmo.

O sêmen ejaculado do homem é energia não absorvida, concentrada (uma carga


fixa). Ela se move sempre rumo à criação de uma forma manifesta, pois é a essência da
energia criativa. Isso se aplica ao sêmen depositado numa vagina ou em qualquer outro
recipiente. Quando o sêmen penetra no útero, ele está centrado numa manifestação
física. Sua influência mágica no plano astral é anulada. Quando o sêmen não é recebido
por um útero (masturbação, sexo oral ou sodomia), sua energia é drenada por
entidades que existem nos planos astrais.

As secreções vaginais são fluidos igualmente valiosos para fins de magia sexual.
Contêm secreções das glândulas endócrinas que estão carregadas pelas correntes
lunar e solar ativadas sexualmente. Essas secreções possuem elementos do fluido
cérebro-espinhal e das glândulas endócrinas. As trilhas nervosas associadas ao
funcionamento da bexiga através do terceiro ventrículo podem iniciar várias
secreções. Uma vez ativadas, essas correntes fluindo para a área genital estimulam
nevos, os quais causam reações em todo o corpo. As glândulas pituitárias e a glândula
pineal são estimuladas, assim como os nervos que afetam a urina. A energia das
secreções vaginais carrega (em diversos graus) um pouco de cada um desses aspectos.
Os fluidos vaginais podem ser utilizados de modo semelhante ao sêmen, ou podem ser
a ele misturados com finalidade mágicas.
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O estado mental de consciência estabelecido durante a magia sexual forma um portal


para o subconsciente e, portanto, ao plano astral. Imagens ou conceitos visualizados
(e/ou sigilados) são vitalizados e se tornam vivos (fortalecidos). É fundamental que o
praticante tenha desenvolvido a arte da concentração/visualização e que tenha um
controle firme sobre sua força de vontade pessoal. Não pode haver nada mais na
mente no momento do orgasmo além da imagem (ou sigilo) da criança que se deseja ver
criada. Se a imagem mental não estiver completa ou for distorcida por interrupções da
imaginação mental, é possível que formas de pensamento muito negativas se
manifestem. O perigo interente nessa situação é de que essas formas passem a
possuir seu criador e aumentem seu apetite sexual. Em tais eventos, o indivíduo pode
ficar obcecado por sexo, pois a entidade exige mais e mais energia sexual para que se
alimente. Essa é a base das lendas dos íncubos e súcubos.

Sexualidade e a Wicca Moderna

Muitos Wiccanos que ainda desejam empregar a energia sexual, mas que por
qualquer motivo desejam evitar o ato sexual real, incorporaram aspectos não físicos
da sexualidade em seus ritos. Isso pode incluir de tudo, desde danças provocantes e
sedutores a versos eróticos e linguagem e comportamentos sugestivos. Esses
elementos, num cenário ritual pode certamente evocar fortes correntes sexuais.

Alguns Wiccanos empregam instrumentos rituais para substituir os


participantes humanos em atos sexuais. O uso e o manuseio dos instrumentos que
representam o falo ou a vagina/útero visam gerar as energias sexuais através da
magia mimética e efetuar as conexões simbólicas aos aspectos da fertilidade que
outrora fortaleciam os antigos rituais. Alguns Wiccanos acham que isso serve muito
bem a seus propósitos, enquanto outros sentem uma evidente falta de força associada
a esses atos simbólicos.
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Em tempos longínquos, a união sexual era parte do processo de iniciação, e o
poder era transmitido do mestra ao aprendiz através das correntes
bioletromagnéticas geradas pelo estímulo sexual entre os sexos/polaridades opostos.
Iniciações sexuais funcionais e benéficas remontam à Antigüidade, e ainda podem ser
encontradas em práticas tribais na África e na América do Sul. Ainda são utilizadas na
maioria das Tradições Hereditárias e Familiares. Especialmente quando o homem é o
mestre de uma mulher, muitas mulheres Wiccanas vêem a iniciação sexual como
abusiva e manipulativa. No entanto, a presença de homens em quaisquer iniciações
sexuais que envolvam mulheres pode negar a validade do rito. Essa visão se origina
claramente do comportamento sexualmente abusivo contra mulheres perpetrado por
alguns homens. Esse pode não ser o caso, pois os homens Wiccanos tradicionalmente
demonstram grande respeito pelas mulheres.

A sexualidade, como muitas outras coisas na Wicca, é um aspecto que os


Wiccanos devem examinar individualmente para chegar a suas próprias conclusões. O
que é bom para uma pessoa pode não necessariamente ser bom para outra...

Nudez e Wicca

Um dos aspectos da religião que mais vêm sofrendo ataques é o uso, de certo
modo comum, da nudez ritual. Ou seja, rituais religiosos praticados sem vestes. Essa é
a antítese do costume de usar a melhor roupa aos domingos, uma liberação das vestes
rituais elaboradas normalmente e usadas em outras religiões.

Muitos Wiccanos – talvez a maior deles, usam robes durante rituais. Alguns
ainda ingressam no círculo trajando roupas comuns. Outros mais não usam nada.

Pessoas de fora, ao ouvir falar da nudez ritual na Wicca, desdenham e dizem:


“Viu? Eles ficam nus durantes o rituais. É a prova de que praticam orgias!”

Essa idéia é o resultado de um estado mental preconceituoso, não-natural. O


que poderia ser mais natural do que um corpo humano nu? Como notado diversas vezes
anteriormente, nenhum de nós nasce trajando algo.

Estudo sociológicos de povos ao redor do globo afirmam que o uso ou não de


trajes é determinado por costumes regionais. O que nós (ou outras sociedades)
julgamos um traje decente pode ser considerado ultrajantemente indecente por outra
sociedade.

A idéia de praticar nudez ritual certamente não é exclusiva à Wicca. Índios


americanos, polinésios, índios do Amazonas, europeus, alguns grupos étnicos
estabelecidos nos Estados Unidos e muitos outros povos de varies culturas não
utilizam vestes para fins religiosos. Atualmente na Índia, os Saddhus podem caminhar
pelas ruas nus, como prova de sua santidade. Aparentemente, nossas mentes
ocidentais são um tanto obtusas quanto à visão de nossos próprios corpos.
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Por que isso ocorre? Culturas pré-cristãs como as do Antigo Egito, da Grécia e
de Roma, aceitavam a nudez social. Quando o cristianismo surgiu, seus primeiros
líderes associaram a nudez a antigas religiões (pagãs). Desse modo, a nudez – até
mesmo durante o banho – foi fortemente ligada ao inimigo da nova religião e
completamente banida. Por vezes, mesmo indivíduos que estivessem na privacidade de
suas casas não podiam remover suas roupas.

Quando a nudez social desapareceu no Ocidente, idéias distorcidas sobre ela


começaram a pipocar no imaginário popular. A nudez é suja, podre. A nudez é maligna.
A nudez leva ao sexo. Sexo é ruim.

A falsa e não-natural crença de que a nudez é maligna e leva inevitavelmente ao


sexo é o resultado de 1500 anos de puritanismo, e é abraçada por uma nova religião
determinada a apagar qualquer traço de paganismo.

Mas qualquer pessoa racional, bem ajustada, que tenha visitado uma praia de
nudismo, um retiro onde as roupas sejam opcionais ou um campo de nudismo sabe que a
nudez logo deixa de ser novidade. Quando as pessoas ficam nuas por outros motivos
que não o sexo, o quociente estimulativo desse estado logo desaparece.

Alguns Wiccanos praticam a nudez ritual por verem nisso um estado natural, que
os leva o mais próximo possível à Deusa e ao Deus. Outros não tiram a roupa por uma
questão de preferência. Longe de ser um requisito da Wicca, a nudez é condenada por
muitos Wiccanos. Quando utilizada, a nudez ritual possui propósitos específicos, que
não os estímulos que povoam as mentes dos não-praticantes.

A Wicca é uma religião de indivíduos!

Qualquer menção da palavra Bruxaria geralmente traz à mente imagens de


orgias. Sexo e Bruxaria, crêem os de fora, estão intimamente ligados. Como em muitos
mitos, esse simplesmente não é verdade.

Algumas – não muitas, mas algumas – tradições Wiccanas utilizam o sexo por
suas propriedades místicas e mágicas e para alterar a consciência.

Mais tais ritos – por mais raros que sejam – são apenas praticados em
privacidade, por dois adultos que consentem. O sexo ritual jamais é praticado diante
de outros Wiccanos ou de que quer que seja. Não existem orgias em covens. A Wicca
não é um clube de swing; os Sabbats e os Esbats não são desculpas para a prática de
sexo.

Afinal, a maioria de nós tem boas desculpas nesses moldes. Os Wiccanos


certamente não precisam se esconder por trás de sua religião para se divertir.

Os Wiccanos (e eles são minoria) que usam sexo não precisam de desculpas para
isso. Eles vêem a Wicca como um religião da fertilidade, e portanto consideram o sexo
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um componente natural de seus rituais. Séculos de repressão cristã, dizem, são
responsáveis pelo horror público ao sexo ritual, bem como ao sexo em si, em qualquer
de suas várias formas.

Nossas morais são embasadas na sociedade em que vivemos. Nossa sociedade é


dominada pela idéia de que o sexo só deveria ser praticado por casais casados visando
apenas a procriação. Assim, o sexo por qualquer outro motivo é considerado pecado,
até mesmo por casais. Na mente das pessoas, combinar sexo e religião é abominável.

Os Wiccanos podem argumentar que nada têm a ver com isso, mas isso não
levaria a nada.

O que a maioria das pessoas parece não compreender é que há elementos


sexuais em todas as religiões, até mesmo no cristianismo. A Bíblia é repleta de
estupros e sexo ritual. A própria palavra “testamento” é derivada de uma prática
bastante comum em tempos bíblicos. Quando um homem prestava juramento a outro,
ele apertava seus testículos. A maior parte dos aspectos sexuais do cristianismo foi,
obviamente, encoberta por traduções confusas ou convenientemente omitida das
versões autorizadas da Bíblia. Mas eles estão lá.

Assim, alguns Wiccanos podem utilizar o sexo como uma experiência prazerosa
e geradora de energia durante rituais. Mas eles apenas o fazem com seu parceiro –
geralmente num relacionamento emocional estabelecido, como o que existe entre
marido e esposa. A Wicca não é uma religião sexual, e a maioria dos Wiccanos não
integram sexo em seus rituais.

Mas o que é em verdade o sexo? Livre-se de antigos preconceitos e fantasmas e


encare-os: o sexo é uma união consigo, com outro indivíduo, com a raça humana como
um todo e com a Deidade ou Deidades que nos criaram. Uma variedade de sexo é o
primeiro passo para a criação da vida humana. Quando vistos de mente aberta, livres
da influência da moralidade artificial, os ritos sexuais são, sem dúvida, religiosos e
sagrados, no antigo sentido pré-cristão das palavras.

Os Wiccanos não crêem que os prazeres e maravilhas do sexo sejam artificiais


ou malignos. Eles não crêem que o Deus e a Deusa criaram a sexualidade como um
teste da bondade dos humanos, e eles simplesmente não podem conceber tal idéia.
Eles vêem sexo como uma parte prazerosa da vida, e eis o porque de alguns Wiccanos
o celebrarem em seus rituais.

A Wicca é uma religião única, de grande diversidade. O fato de o sexo (e a


nudez ritual) ocorrer em alguns covens e tradições Wiccanas não significam que todos
os Wiccanos lhe dêem a mesma importância ritual.

Aqueles que o fazem encaram-no como um ato de amor, de poder e de


espiritualidade.
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A História do Tantra
O ar tece o Universo. Brihadáranyaka Upanishad, III: 7.2 / A respiração tece o
homem. Atharva Veda, X:2.13

Tantra significa tecido, urdidura; pode ser traduzido como ‘espargir o


conhecimento‘ ou ‘a maneira certa de se fazer qualquer coisa‘, tratado, autoridade,
estender, multiplicar, continuar. Também designa o encordoamento do sitar ou outro
instrumento musical. É o nome de um movimento filosófico, matriarcal e sensorial que
empresta suas principais premissas do Yôga e do Sámkhya, herança e patrimônio da
cultura dos rios Indus e Saraswatí.

O Tantra assimilou o culto da Grande Mãe, presente na Índia desde o neolítico


(8000 a.C.). Entretanto, os mesmos símbolos de que o tantrismo serve-se hoje
remontam ao paleolítico (20000 a.C.) e estiveram sempre presentes ao longo do
continente eurasiático. O Tantra organizou os rituais da Magna Mater,
transformando-os num método de emancipação que busca na psique humana a
manifestação da própria força da Shaktí, a Energia Primordial que move o Cosmos.
Este movimento teve uma forte influência sobre a religião, a ética, a arte e a
literatura indianas, havendo ressurgido com inusitada força entre 400 e 600 d.C.,
quando chegou a transformar-se numa moda que acabou por influenciar os modos de
pensar e agir da sociedade indiana medieval. Aqui ela se afirma, populariza e estende
ainda mais, dando origem a um grande número de correntes e manifestações
filosóficas, religiosas, mágicas e artísticas, algumas antagônicas. "Não se trata de uma
religião nova, senão de uma nova caracterização de fatos que pertencem ao hinduísmo
comum, mas que às vezes só se apresentam precisamente em suas formas tântricas.
Encontra-se a marca do tantrismo na mitologia e na cosmogonia, mas, principalmente,
no ritual. O gérmen remonta-se com freqüência ao Veda, especialmente ao Atharva
Veda, que pode considerar-se um hinário pré-tântrico." Jean Renou, El Hinduismo, p.
89.

M. Éliade nega que a assimilação do Tantra pelo hinduísmo seja tão antiga,
embora reconheça que suas raízes sejam difíceis de se determinar: "No Tantra,
observam-se elementos muito antigos, alguns dos quais pertencem à proto-história
religiosa da Índia, mas sua introdução no budismo e no hinduísmo começou muito
tarde, em todo caso, não antes dos primeiros séculos da nossa era." El Yoga.
Inmortalidad y Libertad, 289.

O Tantra não pertence à tradição ortodoxa hindu, no sentido de que não existe
um dárshana com esse nome. Sua visão do mundo é herança e síntese da Índia
aborígene e da Índia vêdica, muito mais antigas do que imaginaram os estudiosos
ocidentais do século XIX. É uma forma de ver a vida e cada um de seus aspectos. Há
diferentes linhas do tantrismo, algumas inclusive incompatíveis entre si.
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O Dakshinachara, linha da ‘mão direita‘ ou do tantrismo branco, mais antiga,
opõe-se ao Vámachara, corrente da ‘mão esquerda‘, do tantrismo negro, corrente na
qual se destaca a escola Kaula, fundada por Matsyedranatha por volta de 900 d.C. O
tantrismo negro caracteriza-se pelos rituais de transgressão, como o pañchamakára
(os cinco m), no qual o praticante utiliza a ingestão de bebidas embriagantes, carnes e
o coito ritual como meios de atingir a sacralidade.

Podemos identificar algumas dessas características no Rig Veda, nas libações


ceremoniais do soma e nos rituais sexuais. "Um dos artigos de fé do povo vêdico era
que a união sexual conduzia à bem-aventurança do além e devia cumprir-se com
verdadeiro espírito religioso para assegurar o bem-estar espiritual, censurando-se
severamente a lascívia. Idá (uma mulher) disse: ‘se fizeres uso de mim no sacrifício,
então qualquer bênção que invocares através de mim ser-te-á concedida.‘ " S. B. Lal
Mukherjí, ensaio em Shaktí y Shakta, J. Woodroffe, p. 83.

A visão cosmogônica do Tantra, com suas perguntas essenciais, evidencia uma


atitude especulativa sobre a antropogênese que a vincula ao Sámkhya. A cosmogonia
tântrica caracteriza-se pela união dos opostos: isto é, trata-se de uma coincidentia
oppositorum, conjunção dos opostos que se complementam. Essa idéia não é original do
Tantra: existiu em outras cosmovisões ao longo da história da Humanidade; mas o
tantrismo recupera para si este princípio especulativo, muito mais antigo que ele
próprio.

Esses dois princípios em coincidentia oppositorum são Shiva e Shaktí. Os rishis,


sábios ascetas do alvorecer do pensamento hindu, chamaram Brahman ou Shiva o
princípio primordial. Tudo existe em função dele, tudo é reflexo e evidência da sua
realidade. Não há noção de criação do mundo nem há Deus: no plano macrocósmico
Shiva é, parafraseando Aristóteles, o motor imóvel do mundo. É o princípio imutável e
eterno, nem ativo nem criador. Ele não faz nada, apenas é. Sua manifestação é Shaktí,
palavra que significa esposa e, por extensão, energia. Shaktí é a Prakriti, a Natureza
do sistema Sámkhya, a energia criadora, que provoca a manifestação do Universo.

Shiva é inabalável: a ele pertencem o Ser e a Consciência; à Shaktí correspondem


o movimento, a mutabilidade e a geração. Estes dois princípios representam-se na
iconografia do tantrismo unidos no viparíta maithuna:

Shiva aparece deitado ou sentado, imóvel, enquanto Shaktí está sempre sobre
ele, ativa no ato da manifestação. Este modo de pensar não é religioso, dogmático ou
doutrinário, mas estritamente especulativo. Desta maneira o Tantra, assim como o
Sámkhya, aparta-se de outras visões que incluem os conceitos de criação, divindade,
origem do mundo, et coetera. Contudo, o Tantra possui uma certa semelhança com
algumas formas de panteísmo: "o que está aqui, está em toda parte; o que não está
aqui, não está em parte alguma." Daí provém o culto à Natureza e à feminilidade. À
diferença do Vêdánta, que considera o mundo tangível uma mera ilusão, para o Tantra
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ele é bem real: ilusório é pensar que o Ser (Shiva-Purusha) intervenha ativamente
no universo manifestado.

Cabe aqui dizer uma palavra sobre um filho do Tantra, sobre o qual voltaremos
mais adiante: o Hatha Yôga. A partir da "descoberta" do corpo, elabora-se uma série
de tecnologias que se apoiam nele para alcançar o estado de transcendência: "O corpo
construído pouco a pouco pelos hathayôgis, os tântricos e os alquimistas correspondia,
de certo modo, ao corpo de um "homem-deus" (...) A teandria tântrica não era mais que
uma variante nova da macrantropia vêdica. O ponto de partida de todas estas fórmulas
era naturalmente a transformação do corpo humano em um microcosmos, teoria e
prática arcaicas, que se observam aqui e acolá no mundo e que na Índia ariana
achavam-se estruturadas desde os tempos vêdicos." Mircéa Éliade, El Yoga.
Inmortalidad y Libertad, p. 175.

"Aqui mesmo (neste corpo) estão o Ganges, Prayága e Varanasi, o sol e a lua (isto
é, o masculino e o feminino) e os lugares sagrados... Não existe outro lugar de
peregrinação nem morada de felicidade semelhante ao meu corpo. Em verdade, o
yantra que é o próprio corpo é o melhor de todos os yantras." Gandharva Tantra.

O prestígio adquirido e mantido pelo Tantra constitui um "fóssil vivente" que


remonta aos tempos vêdicos, em que não existia obsessão nem repressão sexual. A sua
posição é renovadora frente ao brahmanismo ortodoxo medieval: aos rituais
mecânicos, que haviam perdido significação, opõem-se o culto matriarcal da Shaktí e
as técnicas de libertação através da união sexual ritual (maithuna).

A afirmação acima merece uma explicação: geralmente estamos habituados à


idéia de que os homens vêdicos passariam o dia inteiro fazendo a guerra, criando gado,
entoando mantras e fazendo oferendas para tentar convencer os deuses a satisfazer
seus desejos. Numa palavra, que seriam repressores, sisudos e machistas. Não é isso o
que surge de uma leitura atenta dos hinos do Rig Veda. O erotismo e a sensorialidade,
que poderíamos considerar sem medo de exagerar, como sendo pré-tântricos, tem um
papel importantíssimo na sociedade vêdica. Metáforas que fazem alusão à sexualidade
são muito comuns e mostram que a sociedade vêdica considerava a sexualidade em sua
medida certa: não tinha preconceitos em relação a ela nem teve aquela obsessão
típica, entre outras, da cultura judaico-cristã. Vejamos alguns exemplos. No hino
I:79.4-5, Lôpámudrá, esposa (os ascetas também casavam!) do rishi Agastya, pede-lhe
que a satisfaça sexualmente: Lopámudrá faz fluir o Touro e, enlouquecida, esvazia o
sábio que descansava. Agastya queria um filho e empuxou com seu instrumento, para
ter descendência e vigorizar-se.

Os poetas vêdicos usaram com muita naturalidade o sexo para compor suas
metáforas (IX:112.4; X:40.6): O cavalo busca uma carruagem leve, o sedutor um
sorriso, o falo, fendas aveludadas e as rãs, água. A abelha, Ashwines, recolhe vosso
mel em sua boca, tão disposta como vai a donzela ao seu encontro de amor. Maithuna
significa cópula, matrimônio, e define a união sexual tântrica, o coito ritual em que os
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parceiros emulam a união cósmica entre Shiva e Shaktí. É a técnica de libertação
através da união sexual ritual. A postura sexófoba característica da civilização
judaico-cristã sempre viu nestas práticas a orgia e a depravação, ou seja, exatamente
o oposto do que elas são. A incompreensão do Tantra e o simbolismo que o transmite
colaborou para considerá-lo repulsivo, vergonhoso e digno de escárnio. A preocupação
daquele que condena o Tantra é fruto da sua própria obsessão com a questão sexual,
que o leva a querer coartar a liberdade dos demais. Nesse sentido, o tantrismo é
totalmente natural; a sua abordagem do sexo não é patológica mas absolutamente
sadia, de uma espontaneidade difícil de aceitar para os padrões da ‘decência‘ cristã.
Maithuna não tem nada a ver com pornografia ou licenciosidade, muito pelo contrário,
é um instrumento que, através do prazer, revela a dimensão divinal da natureza
humana. "O maithuna é a técnica tântrica que mais fascina os ocidentais, que com
demasiada freqüência confundem-na com uma indulgência para com os apetites
sexuais, em vez de vê-la como meio para dominá-los." Daniel Goleman, A Mente
Meditativa, p. 98.

Enquanto alguns buscam a elevação através da repressão ou da eliminação do


desejo sexual e suas raízes (samskára), para o tantrismo a sua utilização é condição
básica. O homem deve evoluir executando as mesmas ações que causam a sua perdição:
"quando caímos no chão, é com o auxílio do chão que nos levantamos."

Através da sacralização da sexualidade podemos chegar ao samádhi (estado de


ênstase). A prática, que deve concluir sem que os parceiros alcancem o orgasmo, nada
tem de profano: emula-se a união hierogâmica dos princípios masculino e feminino,
Shiva e Shaktí.

"Pelo próprio fato de já não se tratar de um ato profano, senão de um rito, de


que os participantes não são mais seres humanos senão que estão ‘desprendidos‘, como
deuses, a união sexual não participa mais do nível kârmico. Os textos tântricos
repetem com freqüência o adágio: ‘pelos mesmos atos que fazem com que muitos
homens se queimem no inferno durante milhões de anos, o yôgin obtém a salvação
eterna.‘

"O jogo erótico se realiza num plano transfisiológico, porque nunca tem fim.
Durante o maithuna o yôgin e sua náyiká incorporam uma ‘condição divina‘, no sentido
de que não somente experimentam a beatitude, senão que podem contemplar
diretamente a realidade última. " Mircéa Éliade, El Yoga. Inmortalidad y Libertad, pp.
194, 197.

A libido humana é essencialmente igual à energia que anima o mundo. Nesse


sentido considera-se desperdício permitir que ela se disperse no orgasmo. Todos os
esforços do par tântrico dirigem-se para esse objetivo. O sêmen, assim como o
orgasmo, é precioso e deve entesourar-se: "o yogin conquista a morte preservando seu
bindu. O bindu derramado traz a morte; o bindu retido traz a vida." O sêmen viril, é
chamado amrita, ‘o que outorga a imortalidade‘. Manipula-se a energia sexual a fim de
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concentrá-la, estimula-se o prazer e mantém-se o nível de excitação da voragem
pré-orgástica, assim como alguns pássaros tentam manter-se voando imóveis pelo
máximo de tempo possível. No fim, faz-se uma meditação com o objetivo de dirigir o
prána para o despertamento da kundaliní.

O ato sexual tântrico inclui mudrá, pújá e meditação, e em alguns casos mantra
ou pránáyáma. Existem diversos gestos que objetivam aprofundar a comunicação entre
os parceiros e deles com a essência do Tantra. Pújá, a oferenda mental de energia, é a
saudação inicial através da qual o casal estabelece essa sintonia.

Extraído do livro "Historia do Yoga", por Pedro Kupfer

O SEXO E TANTRA

O sexo é a energia mais vital – a única energia que você tem. Não lute com ela; será
uma perda de vida e de tempo – ao invés disso, transforme-a.

O sexo desaparece quando você o aceita totalmente – não suprimindo, mas


transformando. Sentem-se silenciosamente e não movam o corpo; permaneçam como
estátuas.

Então quando vocês fizerem amor, o corpo irá se mover, então dêem a ele o outro
extremo de primeiro ficar imóvel, de forma que o corpo adquira o momentum para se
mover profundamente. Então a urgência se torna tão vibrante que todo o corpo, cada
fibra está pronta para o movimento. Somente então o orgasmo tântrico é possível.

Vocês podem colocar uma música...música clássica funcionará; alguma coisa que dê um
ritmo muito sutil ao corpo.

O homem se transforma em Shiva e a mulher é transformada em Shakti.

Agora a humanidade é irrelevante, a sua forma é irrelevante, o seu nome é irrelevante;


você é apenas pura energia. O venerar traz esta energia para o foco. E não finja.

O venerar tem de ser verdadeiro. Ele não pode ser apenas um ritual. Existe ritual no
tantra, mas o tantra não é ritual...

Quando você fizer amor, fique possuído. Movam-se vagarosamente, toque o corpo um
do outro, brinquem com o corpo um do outro. O corpo é como um instrumento musical.
Nãofique com pressa. Deixe as coisas crescerem. Se vocês se movem vagarosamente,
de repente ambas as suas energias irão subir juntas, como se alguma coisa os tivesse
possuído. Isto acontecerá instantâneamente e simultaneamente...
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Somente então o tantra é possível. Agora mova-se no amor...

E quando deus faz amor, é quase selvagem. Não existem regras, regulamentos.

Move-se apenas no impulso do momento. Nada é tabu, nada é inibido. Seja lá o que for
que aconteça naquele momento é bonito e sagrado; seja lá o que for, digo
incondicionalmente...

Ninguém irá saber o que irá acontecer. Vocês simplesmente são jogados no vórtex
divino. Ele os levará, e os levará aonde ele quiser. Vocês simplesmente estão
disponíveis, protos para se moverem com ele. Vocês apenas se tornam veículos.

Deixem as energias se encontrarem nos seus próprios caminhos.

O homem deve ser deixado do lado de fora disso – apenas pura energia.

Vocês não estarão fazendo amor apenas através dos órgãos genitais; vocês estarão
fazendo amor através de todo o corpo...

Jogar a semente, cuidar da planta, regá-la e estar atento a ela, sendo cuidadoso,
protetor.

Então um dia, de repente – a flor do tantra. Irá acontecer.

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