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aula 2?
Conforme o capítulo três, “Fazer com: usos e táticas”, De Certeau (2012) apresenta o
conceito de estratégia como um conjunto de “ações que, graças ao postulado de um lugar de
poder (a propriedade de um próprio), elaboram lugares teóricos (sistemas e discursos
totalizantes), capazes de articular um conjunto de lugares físicos onde as forças se distribuem”
(p. 96). E, posteriormente, difere o conceito de estratégia com o de táticas, que estabelece como
“procedimentos que valem pela pertinência que dão ao tempo – às circunstâncias que o instante
de uma intervenção transforma em situação favorável, à rapidez de movimentos que mudam a
organização do espaço, às relações entre momentos sucessivos de um “golpe”, aos cruzamentos
possíveis de durações e ritmos heterogêneos etc” (p. 96). Em suma, o autor apresenta que “as
estratégias apontam para a resistência que o estabelecimento de um lugar oferece ao gasto do
tempo; as táticas apontam para uma hábil utilização do tempo, das ocasiões que apresenta e
também jogos que introduz nas fundamentações de um poder.
Ainda durante o mesmo capítulo, De Certeau (2012) dedica – mais que o dobro de
páginas em relação a Foucault – a dissertar, de forma aparentemente mais incisiva, questionadora
e crítica, acerca de Bourdieu. No subtítulo “A “douta ignorância”: Bourdieu”, De Certeau (2012)
apresenta as “estratégias” (assim mesmo, entre aspas) de Bourdieu como um conceito limitado e
“regidas pelo lugar, sábias, mas que se ignoram” (p. 117).
Durante a entrevista publicada pela Terraíns, em 1985, Pierre Bourdieu (2004) fala sobre
a noção de estratégia, e a define como um “instrumento de ruptura” (p. 81) e a relaciona com o
habitus de se jogar um jogo. Para tanto, exemplifica: “as estratégias matrimoniais são produto
não da obediência à regra, mas do sentido do jogo que leva a "escolher" o melhor partido
possível considerando o jogo que se tem, isto é, os trunfos e as cartas ruins (as moças
particularmente), e a arte de jogar que se possui; é a regra explícita do jogo” (p. 82).
Tendo em vista que tanto De Certeau (2012), quanto Bourdieu (2004), falam sobre jogo,
discutimos, então, durante a aula, o texto da “Natureza e significado do jogo como elemento
cultural” (Huizinga, 2007). O historiador e escritor holandês, Johan Huizinga, apresenta o jogo
como uma “atividade voluntária” (p. 10) e o caracteriza com dois atributos principais: 1) o fato
de o jogo ser livre; e 2) tratar-se de uma fuga da realidade, temporariamente.