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Qual o conceito de estratégia trabalhado por cada um dos quatro autores trabalhados na

aula 2?

Na aula do dia 20 de março, discutimos sobre o conceito de Estratégia a partir de quatro


textos Fazer com: usos e táticas. In.: A invenção do cotidiano: artes de fazer (De Certeau, 2012,
p. 86-122); Da regra às estratégias. In.: Coisas ditas. (Bourdieu, 2004, p.77-95); Acerca do
conceito de estratégia. In: Nação e. Defesa (Martins, 1984, p. 96-125); e Natureza e significado
do jogo como elemento cultural. In: Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. (Huizinga,
2007. p. 3-31).

No primeiro texto, o conceito de Estratégia é apresentado por De Certeau (2012), em dois


momentos: no capítulo três, menciona seus usos e táticas e, no capítulo seguinte, relaciona às
teorias apresentadas por Foucault e Bourdieu.

Conforme o capítulo três, “Fazer com: usos e táticas”, De Certeau (2012) apresenta o
conceito de estratégia como um conjunto de “ações que, graças ao postulado de um lugar de
poder (a propriedade de um próprio), elaboram lugares teóricos (sistemas e discursos
totalizantes), capazes de articular um conjunto de lugares físicos onde as forças se distribuem”
(p. 96). E, posteriormente, difere o conceito de estratégia com o de táticas, que estabelece como
“procedimentos que valem pela pertinência que dão ao tempo – às circunstâncias que o instante
de uma intervenção transforma em situação favorável, à rapidez de movimentos que mudam a
organização do espaço, às relações entre momentos sucessivos de um “golpe”, aos cruzamentos
possíveis de durações e ritmos heterogêneos etc” (p. 96). Em suma, o autor apresenta que “as
estratégias apontam para a resistência que o estabelecimento de um lugar oferece ao gasto do
tempo; as táticas apontam para uma hábil utilização do tempo, das ocasiões que apresenta e
também jogos que introduz nas fundamentações de um poder.

Já no capítulo seguinte, De Certeau (2012) apresenta como subtítulo “Tecnologias


disseminadas: Foucault” que, de modo aqui simplificado – e até mesmo reducionista com o
intuito da síntese –, o autor não apresenta um conceito de estratégia denominada, pelo menos,
pela palavra em si, mas sim disserta sobre “uma camada social de práticas sem discursos e
instaurar um discurso sobre essas práticas” (p. 107). Após análise, apresentada em poucas
páginas, De Certeau (2012) afirma que Foucault mostra, “num caso, a heterogeneidade e as
relações equívocas dos dispositivos e das ideologias, ele constituiu em objeto histórico abordável
esta região onde procedimentos tecnológicos têm efeitos de poder específicos, obedecem
funcionamentos lógicos próprios e podem produzir uma alteração fundamental nas instituições
da ordem e do saber” (p. 110).

Ainda durante o mesmo capítulo, De Certeau (2012) dedica – mais que o dobro de
páginas em relação a Foucault – a dissertar, de forma aparentemente mais incisiva, questionadora
e crítica, acerca de Bourdieu. No subtítulo “A “douta ignorância”: Bourdieu”, De Certeau (2012)
apresenta as “estratégias” (assim mesmo, entre aspas) de Bourdieu como um conceito limitado e
“regidas pelo lugar, sábias, mas que se ignoram” (p. 117).

Durante a entrevista publicada pela Terraíns, em 1985, Pierre Bourdieu (2004) fala sobre
a noção de estratégia, e a define como um “instrumento de ruptura” (p. 81) e a relaciona com o
habitus de se jogar um jogo. Para tanto, exemplifica: “as estratégias matrimoniais são produto
não da obediência à regra, mas do sentido do jogo que leva a "escolher" o melhor partido
possível considerando o jogo que se tem, isto é, os trunfos e as cartas ruins (as moças
particularmente), e a arte de jogar que se possui; é a regra explícita do jogo” (p. 82).

Tendo em vista que tanto De Certeau (2012), quanto Bourdieu (2004), falam sobre jogo,
discutimos, então, durante a aula, o texto da “Natureza e significado do jogo como elemento
cultural” (Huizinga, 2007). O historiador e escritor holandês, Johan Huizinga, apresenta o jogo
como uma “atividade voluntária” (p. 10) e o caracteriza com dois atributos principais: 1) o fato
de o jogo ser livre; e 2) tratar-se de uma fuga da realidade, temporariamente.

Por fim, diferenciado-se dos autores anteriormente aqui apresentamos, discutimos o


artigo do Coronel de Artilharia Paraquedista, Raúl François Martins, “Acerca do conceito de
estratégia” (1984). Para o autor, a “estratégia compreende toda a campanha e todo o teatro, é por
isso persistente, embora maleável, controla e orienta a obtenção e utilização de todos os meios e
recursos destinados ao conflito e tem como seu objectivo o objectivo político final” (p. 123) e,
afirma que “as decisões estratégicas, por terem consequências políticas e visarem longos prazos,
não podem ser facilmente modificadas e podem condicionar o futuro do Estado”.

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