Você está na página 1de 28

PSICOLOGIA E CRIMINOLOGIA/A

INSERÇÃO DO PSICÓLOGO NOS


TRIBUNAIS DE JUSTIÇA
ProfªKarina Guimarães
ATUAÇÃO PSICÓLOGO NO CAMPO JURÍDICO
Avaliação Psicológica: Realização de avaliações psicológicas de réus, vítimas,
testemunhas e outros envolvidos em processos judiciais para ajudar os
tribunais a entenderem melhor aspectos psicológicos relevantes para o caso.

onde pode ocorrer?


Em clínicas de psicologia forense ou em unidades especializadas de avaliação
psicológica dentro de tribunais, como nos Tribunais de Justiça.

Assistência Técnica: Prestação de assistência técnica aos juízes e advogados,


fornecendo informações e pareceres técnicos baseados em evidências
científicas da psicologia.

onde pode ocorrer? Pode ocorrer em escritórios de advocacia que trabalham


em casos que envolvem questões psicológicas, bem como em organizações não
governamentais que oferecem suporte legal e técnico, como a Defensoria
Pública.
ATUAÇÃO PSICÓLOGO NO CAMPO JURÍDICO
Mediação e Conciliação: Facilitação de processos de mediação e conciliação,
ajudando as partes envolvidas a resolverem conflitos de forma pacífica e
colaborativa.

onde ocorre?
Em centros de mediação e conciliação judiciais, onde psicólogos podem atuar
como mediadores ou facilitadores de diálogo entre as partes envolvidas em
disputas.
ATUAÇÃO PSICÓLOGO NO CAMPO JURÍDICO
companhamento Psicológico: Oferecimento de acompanhamento psicológico a
indivíduos envolvidos em processos judiciais, como vítimas de crimes ou réus
em programas de reabilitação.

Onde ocorre?
Em unidades de assistência às vítimas dentro dos tribunais, em organizações
não governamentais que oferecem suporte a vítimas de crime, ou em clínicas de
psicologia que trabalham em colaboração com sistemas judiciais.
ATUAÇÃO PSICÓLOGO NO CAMPO JURÍDICO
Treinamento e Capacitação: Desenvolvimento e implementação de programas
de treinamento e capacitação para profissionais do sistema de justiça sobre
questões relacionadas à psicologia e ao comportamento humano.

Onde ocorre?
Pode ocorrer em instituições de ensino superior, centros de treinamento para
profissionais do sistema de justiça, ou em organizações governamentais ou não
governamentais que oferecem programas de capacitação para profissionais da
área.
ATUAÇÃO PSICÓLOGO NO CAMPO JURÍDICO
Pesquisa e Desenvolvimento: Realização de pesquisas e desenvolvimento de
programas específicos para lidar com questões psicológicas dentro do sistema
de justiça, visando aprimorar as práticas e políticas existentes.

Onde ocorre?
Em instituições de pesquisa acadêmica, centros de estudos em psicologia
forense ou em departamentos de psicologia de universidades que colaboram
com tribunais e outras instituições judiciais.
ATUAÇÃO PSICÓLOGO NO CAMPO JURÍDICO
Perícia Psicológica: Realização de avaliações periciais em casos específicos,
como em questões de guarda de crianças, capacidade mental, avaliação de
danos psicológicos, entre outros.

Onde ocorre?
Pode ocorrer em consultórios particulares de psicólogos forenses ou em
unidades de perícia psicológica dentro dos tribunais, onde psicólogos realizam
avaliações a pedido dos juízes.
ATUAÇÃO PSICÓLOGO NO CAMPO JURÍDICO
Intervenção em Crises: Prestação de suporte psicológico em situações de crise,
como desastres naturais, acidentes ou incidentes traumáticos que envolvem
múltiplas vítimas.

onde ocorre?
Pode ocorrer em centros de crise ou emergência, organizações de ajuda
humanitária, ou em parceria com equipes de resgate e assistência em situações
de emergência.
ATUAÇÃO PSICÓLOGO NO CAMPO JURÍDICO
Prevenção do Crime: Desenvolvimento e implementação de programas de
prevenção do crime, especialmente voltados para grupos de risco, como
crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.

onde ocorre?
Pode ocorrer em escolas, organizações comunitárias, ONGs dedicadas à
prevenção do crime, ou em parceria com agências governamentais que
trabalham com políticas de prevenção criminal.
ATUAÇÃO PSICÓLOGO NO CAMPO JURÍDICO
Reabilitação: Desenvolvimento e implementação de programas de reabilitação
para infratores, visando reduzir a reincidência e promover a reintegração social.

onde ocorre?
Pode ocorrer em centros de reabilitação ou ressocialização de infratores,
organizações governamentais ou não governamentais que oferecem programas
de reintegração social, ou em unidades de acompanhamento pós-liberdade
condicional dentro dos tribunais.
ATENÇÃO!
O artigo 2 do Código de Ética Profissional do Psicólogo estabelece o seguinte
impedimento:

"Art. 2º - Ao psicólogo é vedado:

a) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de


orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de
suas funções profissionais."

Este artigo proíbe que os psicólogos usem sua posição profissional para
influenciar as convicções pessoais de seus clientes ou pacientes em questões
políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou
qualquer tipo de preconceito. Ele destaca a importância da neutralidade e
imparcialidade do psicólogo durante o exercício de suas funções profissionais.
PSICOLOGIA JURÍDICA X PSICOLOGIA
FORENSE
A psicologia jurídica e a psicologia forense são duas áreas da psicologia que se
concentram no contexto legal. sua diferença consiste na aplicação da psicologia:

A psicologia jurídica se concentra no estudo e na compreensão dos


processos psicológicos relacionados ao sistema legal em geral.

Isso inclui questões como a psicologia da testemunha, a psicologia do júri, a


psicologia da vítima e a psicologia das decisões judiciais.

A psicologia jurídica investiga como fatores psicológicos influenciam o


comportamento e as decisões dentro do sistema legal, com o objetivo de
melhorar o funcionamento do sistema e promover a justiça.
PSICOLOGIA JURÍDICA X PSICOLOGIA
FORENSE
A psicologia forense é uma especialidade da psicologia que se concentra na
aplicação dos princípios, teorias e métodos da psicologia ao contexto legal
específico de processos judiciais.

Isso inclui atividades como a avaliação psicológica de indivíduos envolvidos


em processos judiciais (por exemplo, criminosos, vítimas, testemunhas), o
fornecimento de aconselhamento e terapia para indivíduos afetados por
questões legais, a mediação de conflitos familiares, entre outros.

A psicologia forense visa fornecer informações psicológicas relevantes para


auxiliar na tomada de decisões judiciais e promover o bem-estar das
pessoas envolvidas em processos legais.
ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS NA ÀREA
CRIMINAL
Na área forense/ jurídica criminal, o psicólogo geralmente trabalha como
perito.
ele atua em situações que requeiram a avaliação quanto à periculosidade, à
capacidade de discernimento ou à insanidade mental das pessoas envolvidas.

Sua tarefa é realizar a avaliação psicológica para diagnosticar insanidade


mental ou dependência toxicológica. A partir da Lei de Execução Penal, de
1984, que estabelece a necessidade de haver um psicólogo na Comissão
Técnica de Classificação, os psicólogos passaram a atuar oficialmente na
esfera prisional. Com a revisão de 2003, por meio da Lei no 10.792 (BRASIL,
2003), a avaliação técnica passou a ser exigida na concessão de benefício
legal, porém o psicólogo já atua nessa área há mais de 40 anos
ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS NA ÀREA
CRIMINAL
Devido à superlotação dos presídios brasileiros, a atuação dos psicólogos nos
sistemas carcerários, com avaliações e tratamentos, é mais rara. No entanto,
junto aos institutos psiquiátricos forenses, os psicólogos trabalham no
tratamento psiquiátrico e nas avaliações psicológicas de presos que cometeram
crimes por transtornos de personalidade.

Os IPFs realizam perícias oficiais na área criminal e oferecem atendimento


psiquiátrico na rede penitenciária.

Com as mudanças na legislação penal internacional e o desenvolvimento dos


direitos humanos, a atuação do psicólogo expandiu-se para incluir intervenções
visando transformações significativas no sistema prisional, além de trabalhar
com funcionários e familiares dos detentos.
ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS NA ÀREA
CRIMINAL
A psicologia criminal atualmente estuda os transtornos que causam grave
perturbação no comportamento, incluindo a psicopatia, oligofrenias, psicoses,
demências e neuroses. Os psicopatas, por exemplo, apresentam falta de
sentimentos, culpa, impulsividade, agressividade e tendência à reincidente,
demonstrando prazer em assistir ao sofrimento alheio e muitas vezes não
confessam seus crimes.

Essas pessoas têm como característica a necessidade de demonstrar poder


(narcisistas, onipotentes e dominadores) e são sempre reincidentes, sádicas
(sentem prazer em assistir o sofrimento alheio).
ATUAÇÃO DOS PSICÓLOGOS NA ÀREA
CRIMINAL
são capazes de descobrir o “desejo das pessoas” para então as manipular.

Pesquisas indicam que 40% da população é formada por psicopatas.

Geralmente eles atacam em lugar público, à noite ou durante finais de semana,


escolhem vítimas que estejam sozinhas, abordando-as para pedir alguma
informação ou oferecendo algo como atrativo (HUSS, 2010).
PEDRINHO MATADOR

UM EXEMPLO DE UM CASO NO BRASIL EM QUE


UM INDIVÍDUO PASSOU POR AVALIAÇÃO EM
UM INSTITUTO PSIQUIÁTRICO FORENSE E
RECEBEU UM DIAGNÓSTICO FOI O DO
CRIMINOSO SERIAL PEDRO RODRIGUES
FILHO, CONHECIDO COMO "PEDRINHO
MATADOR". ELE FOI UM DOS CRIMINOSOS
MAIS FAMOSOS DO PAÍS, CONFESSOU TER
MATADO MAIS DE 70 PESSOAS, INCLUINDO O
PRÓPRIO PAI, E PASSOU PARTE DE SUA
VIDA NA PRISÃO.
PEDRINHO MATADOR/JUSTIÇAS COM AS
PRÓPRIAS MÃOS
DURANTE SEU TEMPO NA PRISÃO, PEDRO
RODRIGUES FILHO FOI SUBMETIDO A AVALIAÇÕES
PSIQUIÁTRICAS EM UM INSTITUTO PSIQUIÁTRICO
FORENSE. ELE RECEBEU O DIAGNÓSTICO DE
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL,
TAMBÉM CONHECIDO COMO SOCIOPATIA. ESSE
DIAGNÓSTICO É CARACTERIZADO POR UM PADRÃO
DE DESCONSIDERAÇÃO PELOS SENTIMENTOS,
DIREITOS E BEM-ESTAR DOS OUTROS,
COMPORTAMENTOS IMPULSIVOS E
IRRESPONSÁVEIS, ENTRE OUTROS SINTOMAS.
PSICOLOGIA E A CRIMINOLOGIA

A criminologia é uma ciência empírica (baseada em observação e expe-


riência) que analisa o crime e o comportamento do autor do delito e da
vítima e que busca o controle das condutas criminosas (BERTOLDI et al.,
2014, documento on-line).

Para estudar condutas criminosas, se faz necessário o estudo da vida


psíquica, procurando entender o motivo que levou a pessoa a praticar os
delitos. Nesse sentido, não se pode desconsiderar que o homem sofre
influência do meio social a que pertence e dos elementos socioeconômicos,
bem como passa por discriminações, situações de abandono e uma gama de
outros traumas, frustrações e distúrbios.
PSICOLOGIA E A CRIMINOLOGIA
Na época do positivismo, o criminoso era analisado sob o prisma da biologia,
que via a tendência ao crime como uma anomalia, uma doença que o indivíduo
já possuía ao nascer. Portanto, ele nascia criminoso.

No desenrolar da história da criminologia científica, surge a psicologia, que


passou a analisar a personalidade e a sua estrutura de funcionamento para
diagnosticar um transtorno ou patologia.

Assim, a psicologia avalia se o comportamento é agressivo ou não e


identifica os reflexos do meio no desenvolvimento do criminoso e da sua
condição socioeconômica. Afinal, na formação da personalidade atuam
múltiplas variáveis de origem biopsíquica (constituição biopsíquica)
somadas às experiências vividas. Com base nisso tudo, o profissional pode
entender o que levou um indivíduo a cometer delitos criminosos ou não
PSICOLOGIA E A CRIMINOLOGIA

O delito é praticado porque o indivíduo é incapaz de controlar suas pulsões,


ou devido à sua incapacidade de adotar os padrões de comportamento
socialmente aceitáveis.

Nos crimes, misturam-se fantasias pessoais com a morte e uma série de


rituais. Além disso, podem existir delitos idênticos com significados pessoais
e julgamentos diferentes. Dessa forma, é imprescindível analisar e entender
o comportamento de cada infrator, confrontando-o com seu meio social.
PSICOLOGIA E A CRIMINOLOGIA

Para o jurista, um delito é “[...] todo ato (negativo ou positivo) de caráter


voluntário que descumpre normas estabelecidas pela legislação do Estado,
transgredindo-as, ficando à mercê do julgamento das leis de caráter penal”
(BERTOLDI et al., 2014, documento on-line).

Para o psicólogo, o objeto é o estudo dos transtornos de personalidade e o


comportamento dos infratores. Conforme o Código Internacional de
Doenças, o CID–10 (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1993), e o Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM–IV (AMERICAN
PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2002), não há uma classificação para o
conceito de transtorno mental.
PSICOLOGIA E A CRIMINOLOGIA

Ele é um campo de investigação interdisciplinar que envolve as áreas de


psicologia, psiquiatria e a neurologia. Os termos transtorno, distúrbio e
doença, quando aliados aos termos psíquico, mental e psiquiátrico, são
utilizados para indicar uma anormalidade, um sofrimento ou um
comprometimento de ordem psicológica ou mental.

O crime é o resultado de determinado contexto, que irá sinalizar a fronteira


limítrofe da inclusão do indivíduo (homem ou mulher) no mundo do crime.
Esse sujeito que irá para o sistema prisional, que representa um castigo, um
meio de punição com a privação da liberdade, também terá um grande
sofrimento, pois necessitará sobreviver à superlotação e viver em um lugar
conturbado.
REFLITA
É importante que você reflita sobre o sistema prisional. De um lado, há o
criminoso que se vê desassistido pelo Estado tomando parte no “bando” que
se constituiu internamente, com suas próprias leis de sobrevivência.

Como você sabe, o presídio também é o lugar da glória do crime. De outro


lado, há a equipe prisional e o psicólogo, buscando entender esse conflito
individual e coletivo.

Nos cárceres, a atuação do psicólogo deve ser focada na saúde mental. Mas
como atingir um nível de saúde mental se nas prisões acaba o livre-arbítrio e
os presos são punidos com castigos corporais, morais e psicológicos?
REFLITA
Além disso, é impossível desenvolver um trabalho com as superlotações, que
são extremamente degradantes em todos os sentidos. Como você deve
saber, elas geram violência sexual, proliferação de doenças graves,
drogadição, prática de atos violentos, homicídios, espancamentos e
extorsões. Infelizmente, é essa realidade de impossibilidades que existe
desde a implantação das primeiras prisões (BERTOLDI et al., 2014).
PSICOLOGIA E CRIMINOLOGIA
Na realização das avaliações psicológicas, o psicólogo confecciona laudos,
pareceres e perícias conforme determinado no art. 6o da Lei no 4.119, de 27 de
agosto de 1962. Essa lei regulamentou a profissão de psicólogo, que utiliza
métodos e técnicas diferenciadas, dependendo dos objetivos de cada caso.
Como principal instrumento de investigação, há a entrevista psicológica, que
possibilita o estudo mais profundo do comportamento, pois é por meio de uma
escuta especializada que o psicólogo analisa a personalidade dos avaliados.
PSICOLOGIA E CRIMINOLOGIA
Na atuação do psicólogo no campo jurídico, alguns estudiosos diferenciama
psicologia forense e a psicologia criminalística. Assim, a psicologia forense é
aquela que estuda o comportamento para responder a qualquer dúvida
procedente de juízes, desembargadores e promotores e para subsidiar
decisões tomadas em situações de tribunais a fim de que elas sejam menos
injustas. Nesse sentido, o psicólogo atua mais como perito.

Já a psicologia criminalística responde a dúvidas sobre como e por que


ocorrem determinados atos criminosos graves. Porém, ela não é focada
somente no crime; o seu campo se alonga no estudo das variáveis preditivas.

Você também pode gostar