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CARLOS EDUARDO ANDRADE SERRANO

FABIO CALEFFI DE ASSIS MELRO

GREGÓRIO AMORIM CUNHA

PROJETO E CONSTRUÇÃO DE TÚNEIS ATRAVÉS DE ESCAVAÇÃO


CONVENCIONAL – NATM

SÃO CAETANO DO SUL

2013
CARLOS EDUARDO ANDRADE SERRANO

FABIO CALEFFI DE ASSIS MELRO

GREGÓRIO AMORIM CUNHA

PROJETO E CONSTRUÇÃO DE TÚNEIS ATRAVÉS DE ESCAVAÇÃO


CONVENCIONAL – NATM

Trabalho de Graduação apresentado à Escola


de Engenharia Mauá do Centro Universitário
do Instituto Mauá de Tecnologia como
requisito parcial para a obtenção do título de
Engenheiro Civil
Área de concentração: Engenharia Civil
/Geotecnia

Orientador: Prof. Jairo Pascoal Júnior

SÃO CAETANO DO SUL

2013
Serrano, Carlos Eduardo Andrade
Projeto e Construção de Túneis através da escavação convencional (NATM) / Carlos
Eduardo Andrade Serrano, Fabio Caleffi de Assis Melro, Gregório Amorim Cunha. – São
Caetano do Sul, SP CEUN-EEM, 2013.
Xf, 29cm.

Trabalho de Graduação – Escola de Engenharia Mauá do Centro Universitário do Instituto


Mauá de Tecnologia, São Caetano do Sul, SP, 2013.
Orientador: Jairo Pascoal Júnior

1 . Obras subterrâneas 2. Túneis 3. Escavação Convencional I. Serrano, Carlos Eduardo


Andrade. II. Melro, Fabio Caleffi de Assis. III. Cunha, Gregório Amorim. IV. Institudo Mauá
de Tecnologia. Centro Universitário. Escola de Engenharia Mauá. V. Projeto e Construção de
Túneis através de escavação convencional – NATM.
CDD____
PHA____
CARLOS EDUARDO ANDRADE SERRANO

FABIO CALEFFI DE ASSIS MELRO

GREGÓRIO AMORIM CUNHA

PROJETO E CONSTRUÇÃO DE TÚNEIS ATRAVÉS DE ESCAVAÇÃO


CONVENCIONAL – NATM

Trabalho de Graduação apresentado à Escola


de Engenharia Mauá do Centro Universitário
do Instituto Mauá de Tecnologia como
requisito parcial para a obtenção do título de
Engenheiro Civil
Área de concentração: Engenharia Civil
/Geotecnia

Orientador: Prof. Jairo Pascoal Júnior

Banca examinadora:

Prof. Eng. Jairo Pascoal Júnior


Orientador
Escola de Engenharia Mauá

Prof. Dr.ª Cassia Silveira de Assis


Coordenadora do Curso de Engenharia Civil
Escola de Engenharia Mauá

Geólogo MSc. Hugo Cássio Rocha


Cia. Metropolitana de São Paulo

São Caetano do Sul, 16 de dezembro de 2013.


DEDICATÓRIA

Gregório Amorim Cunha

Dedico este trabalho:

À minha mãe, ao meu pai e aos meus irmãos Gustavo e Giovanni pelas orientações e
conselhos, pelo amor e carinho, pelos ensinamentos e exemplos, pela humildade e
apoio total e incondicional, pela formação de minha personalidade e caráter;

À Anna Carolina Vellardi Migani, minha querida namorada, pelo amor e carinho, pela
dedicação, pela compreensão, pelo respeito e fidelidade, pelo apoio total;

Ao Engenheiro Luciano Arcuri Migani pelo apoio e ensinamentos;

Aos colegas Erika Pina Schmidt e Rafael Sposito Caravelas, pelo apoio e companhia no
curso e pela formação do grupo de estudos mais eficiente.

Fabio Caleffi de Assis Melro

Ao meu pai, minha mãe, minha avó e minha irmã.

Carlos Eduardo Andrade Serrano

Aos meus familiares.


AGRADECIMENTOS

Ao Professor Engenheiro Jairo Pascoal Júnior pela orientação, paciência, disponibilidade,


ensinamentos, auxílio, oportunidade e contribuição fundamental à formação;

Ao Mestre Geólogo Hugo Cássio Rocha pelos ensinamentos, diretrizes iniciais e


participação na banca examinadora, e à companhia do METRO;

Ao Engenheiro Cássio Luís Abeid Moura pelos ensinamentos, explicações, material


disponibilizado para a Eureka e ao Concreto Projetado do Brasil (CPB);

Ao Engenheiro Edson Peev pelos ensinamentos e à Herrenknecht;

Ao Mestre Engenheiro Akira Koshima pelo material disponibilizado;

Ao Professor Doutor Engenheiro Tarcísio Barreto Celestino, Engenheiro Carlos Takashi,


Engenheira Carolina Silvatti pelo apoio e explicações e à Themag Engenharia e toda sua
equipe;

Ao Professor Doutor Geólogo Eleno de Paula Rodrigues pelas explicações;

Ao Professor Doutor Engenheiro José Maria de Camargo Barros pelas explicações;

À Maria Eliza Vellardi Migani pelo apoio total e revisão ortográfica-conceitual.

Ao José Paulo Amorim Silveira pela tradução.


“Projeto não tem fim, o que lhe encerra é o
prazo”

“Você é o que você faz!”

“Pessoas são como vetores.

Os vetores negativos são reconhecidos por


destruir e desqualificar tudo, mas pelo menos
saem da inércia.

Os vetores nulos não levam nada a lugar nenhum,


passando desapercebidos.

Os vetores positivos impulsionam a evolução à


humanidade”
RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo abordar os principais aspectos do projeto e


construção de túneis escavados pelo método convencional. Explica-se a importância das
investigações geotécnicas, etapas e planejamento, para a realização da execução de túneis
e sua relação com a caracterização e avaliação das propriedades dos maciços terrosos e/ou
rochosos. Relata-se os fatores a serem considerados na concepção da seção transversal,
bem como a influência de seu formato nos esforços solicitantes. Na sequência, trata-se
sobre as principais considerações para o pré-dimensionamento do túnel, descrevendo-se
os efeitos da escavação e mecanismos de colapso, que podem ocorrer, e também a função
e aplicação dos tipos de suporte, métodos de escavação e impermeabilizações. Apresenta-
se então, a análise de interação solo-estrutura e as medidas construtivas auxiliares. Para
encerrar, trata-se o projeto de instrumentação, discutindo os movimentos ocorridos no
maciço e os relacionando com os equipamentos de monitoramento, e ainda o projeto de
compartimentação do maciço.

Palavras-chave: Escavação subterrânea convencional. Túneis em solo. “NATM”. Método


convergência e confinamento.
ABSTRACT

This work has the objective to approach the project main aspects and the excavated
tunnels construction by the conventional method. It explains the importance of the
geotechnical investigations, steps and planning, for performing the execution of
tunnels and its relationship with the characterization and assessment of the properties
from the soil and/or rock masses. It reports the factors to be considered in the design of
the cross section, as well as the influence of internal forces in their format. Then, it is
about the principal considerations for the pre sizing of the tunnel, describing the effects
of the excavation and collapsing mechanisms which may happens, and also the function
and application of the support types, excavation methods and waterproofing. Therefore
presents the analysis of soil structure interaction and the auxiliary building measures. To
finish, it approaches the instrumentation project, mentioning the changes occurred in the
mass and relating it to the monitoring equipment, and also the design of the
massif partitioning.

Key words: Conventional tunneling. Soft ground tunnel. NATM. Convergence-


confinement method.
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Método ATM......................................................................................................... 23


FIGURA 2 – Esquematização do avanço no túnel ...................................................................... 25
FIGURA 3 – Perfil Geotécnico ................................................................................................... 33
FIGURA 4 – Solo firme .............................................................................................................. 34
FIGURA 5 – Solo desplacante .................................................................................................... 35
FIGURA 6 – Solo escorregadiço ................................................................................................ 35
FIGURA 7 – Solo extrusivo ........................................................................................................ 36
FIGURA 8 – Solo fluente............................................................................................................ 36
FIGURA 9 – Solo expansivo ...................................................................................................... 37
FIGURA 10 – Fluxograma RMR ................................................................................................ 38
FIGURA 11 – Fluxograma Q ...................................................................................................... 40
FIGURA 12 – Túnel Rodoviário................................................................................................. 47
FIGURA 13 – Seções típicas usadas no NATM ......................................................................... 48
FIGURA 14 – Mecanismos de colapso global e local ................................................................ 49
FIGURA 15 – Mecanismos de colapso local .............................................................................. 50
FIGURA 16 – Execução de concreto projetado .......................................................................... 53
FIGURA 17 – Cambotas metálicas ............................................................................................. 54
FIGURA 18 – Cambotas metálicas ............................................................................................. 55
FIGURA 19 – Tela metálica ....................................................................................................... 56
FIGURA 20 – Fibras de aço ........................................................................................................ 57
FIGURA 21 – Esquema Tirante .................................................................................................. 58
FIGURA 22 – Tirante ................................................................................................................. 58
FIGURA 23 – Aplicação do Tirante ........................................................................................... 59
FIGURA 24 – Tirantes em rochas............................................................................................... 59
FIGURA 25 – Esquema de chumbador....................................................................................... 60
FIGURA 26 – Chumbadores ....................................................................................................... 60
FIGURA 27 – Recomendações Sistema Q ................................................................................. 66
FIGURA 28 - Escavadeira no emboque do túnel ........................................................................ 68
FIGURA 29 - Escavadeira dentro do túnel ................................................................................. 68
FIGURA 30 – Rompedor hidráulico ........................................................................................... 69
FIGURA 31 – Escavadeira com rompedor hidráulico ................................................................ 70
FIGURA 32 – Fresadora ............................................................................................................. 70
FIGURA 33 – Fresadora ............................................................................................................. 71
FIGURA 34 – Jumbo .................................................................................................................. 72
FIGURA 35 – Carregamento de explosivos................................................................................ 72
FIGURA 36 – Detonação ............................................................................................................ 73
FIGURA 37 – Efeitos da detonação ............................................................................................ 73
FIGURA 38 - Correlação da classificação do maciço ................................................................ 75
FIGURA 39 – Categoria do maciço – Métodos de Escavação ................................................... 76
FIGURA 40 - Ligações por termofusão ...................................................................................... 79
FIGURA 41 - Túnel com geomembrana polimérica ................................................................... 79
FIGURA 42 – Geodreno para controle ....................................................................................... 81
FIGURA 43 - Corte das faixas de geodreno ............................................................................... 82
FIGURA 44-Instalação geodrenos .............................................................................................. 82
FIGURA 45 – Geomembrana PVC x membrana projetada ........................................................ 83
FIGURA 46 - Conjugação geomembrana polimérica e membrana projetada ............................ 84
FIGURA 47 - Sistemas de impermeabilização ........................................................................... 85
FIGURA 48 - Sistema “guarda-chuva” com detalhes de drenagem ........................................... 86
FIGURA 49 - Sistema “guarda-chuva” ....................................................................................... 87
FIGURA 50 – Sistema Submarino incluindo detalhes de drenagem provisória ......................... 88
FIGURA 51 - Sistema de drenagem Drainpack .......................................................................... 89
FIGURA 52 - Tensões de cisalhamento no contorno do túnel.................................................... 91
FIGURA 53 – Deslocamento no maciço plano longitudinal ...................................................... 92
FIGURA 54 - Formação de tensões de cisalhamento no contorno do túnel ............................... 93
FIGURA 55 – Esquema representativo do sistema de suporte e do maciço ............................... 94
FIGURA 56 – Perfil longitudinal ................................................................................................ 95
FIGURA 57 – Perfil longitudinal ................................................................................................ 96
FIGURA 58 – Comportamento da pressão fictícia ..................................................................... 97
FIGURA 59 – Ar comprimido .................................................................................................. 100
FIGURA 60 – Ponteira filtrante ................................................................................................ 101
FIGURA 61 – Poços de bombeamento ..................................................................................... 102
FIGURA 62 – Esquema do DHP .............................................................................................. 103
FIGURA 63- Procedimento – Congelamento de solos ............................................................. 104
FIGURA 64- Maciço congelado – Túnel .................................................................................. 104
FIGURA 65 – Enfilagem de barra cravada ............................................................................... 105
FIGURA 66 – Execução do CCP .............................................................................................. 106
FIGURA 67 - CCP .................................................................................................................... 107
FIGURA 68 – Enfilagens Tubulares ......................................................................................... 108
FIGURA 69 – Enfilagens Tubulares ......................................................................................... 108
FIGURA 70 – Enfilagens bulbo contínuo ................................................................................. 109
FIGURA 71 – Enfilagens bulbo contínuo ................................................................................. 109
FIGURA 72 – Pregagem de frente de escavação ...................................................................... 110
FIGURA 73 – Escavação em seção plena ................................................................................. 111
FIGURA 74 – Seção parcializada ............................................................................................. 112
FIGURA 75 – Seção parcializada ............................................................................................. 113
FIGURA 76 – Esquema de tratamento de uma frente de escavação......................................... 114
FIGURA 77 – Frente de escavação de um túnel ....................................................................... 114
FIGURA 78 – Área de influência de túneis .............................................................................. 116
FIGURA 79 - Arranjos para pinos ............................................................................................ 118
FIGURA 80- Recalque do túnel pelo avanço das escavações................................................... 121
FIGURA 81 – Tabela da compartimentação ............................................................................. 122
FIGURA 82 – Compartimentação dos Projetos ........................................................................ 124
FIGURA 83 – Seção instrumentada .......................................................................................... 141
FIGURA 84 - Referência de Nível Profundo ............................................................................ 142
FIGURA 85 - Extensômetros .................................................................................................... 143
FIGURA 86 - Inclinômetro ....................................................................................................... 144
FIGURA 87 - Deflectômetro..................................................................................................... 145
FIGURA 88 - Equilíbrio de pressões no diafragma .................................................................. 146
FIGURA 89 - Esquema piezômetro .......................................................................................... 146
FIGURA 90 - Esquema de instalação de medidor de nível d'água ........................................... 147
FIGURA 91 - Esquema de instalação de tassômetros ............................................................... 148
FIGURA 92 - Esquema de instalação de placas de recalque superficiais ................................. 149
FIGURA 93 - Instalação de pinos de recalque em estruturas ................................................... 150
FIGURA 94 - Medidor tri-ortogonal para trincas ou fissuras ................................................... 151
FIGURA 95 - Funcionamento do eletro-nível .......................................................................... 152
FIGURA 96 - Marcos para medições com estação total ........................................................... 153
FIGURA 97 - Medidor de Convergência .................................................................................. 154
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Sistema de classificação geomecânica RMR (1989) ............................................ 39


TABELA 2 – P1 – Índice de qualidade RQD ............................................................................. 40
TABELA 3 – P2 – Jn – valor relativo ao número de famílias de descontinuidades .................... 41
TABELA 4 – P3 – Jr – valor relativo à rugosidade das descontinuidades .................................. 42
TABELA 5 – P4 – Ja – valor relativo ao grau de alteração das descontinuidades ...................... 43
TABELA 6 – P5 – Jw – valor redutivo relacionado com a água nas descontinuidades .............. 44
TABELA 7 – P6 – SRF – Fator redutivo de tensões................................................................... 45
TABELA 8 – Índice de segurança ESR para diferentes obras subterrâneas ............................... 46
TABELA 9 – Recomendações Sistema RMR ............................................................................. 64
TABELA 10 - Comparação PVC e TPO .................................................................................... 80
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AID Arco invertido definitivo

AIP Arco invertido provisório

ATM Austrian Tunneling Method

CCP Cement Churning Pile

CCPH Cement Churning Pile Horizontal

CPT Cone Penetration Test

DER Departamento de Estradas de Rodagem

DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

EVA Etileno Vinil Acetato

ITA-AITES International Tunneling and Underground Space Association

NATM New Austrian Tunneling Method

PVC Policloreto de Vinila

RN Referência de Nível

RQD Rock Quality Designation

TBM Tunnel Boring Machines

TPO Termoplástico de Poliolefina

VCA Vala a Céu Aberto


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 18
2. OBJETIVOS ...................................................................................................................... 20
3. PESQUISA DE REFERÊNCIA ....................................................................................... 21
4. INVESTIGAÇÃO DOS ASPECTOS GEOTÉCNICO-GEOLÓGICOS ..................... 25
4.1 ETAPAS DE INVESTIGAÇÃO ................................................................................. 26
4.1.1 Investigações para os estudos preliminares ou fase de viabilidade ............... 27
4.1.2 Investigações para projeto básico .................................................................... 28
4.1.3 Investigações para projeto executivo ............................................................... 29
4.1.4 Investigações durante a construção ................................................................. 30
4.2 PLANEJAMENTO DA INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA ..................................... 30
5. DESCRIÇÃO E AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES
DAS CAMADAS ....................................................................................................................... 32
5.1 IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL GEOTÉCNICO ...................................................... 32
5.2 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DO MACIÇO....................................... 34
5.2.1 Maciços Terrosos ............................................................................................... 34
5.2.2 Maciços Rochosos .............................................................................................. 37
6. DEFINIÇÃO DA FORMA DA SEÇÃO TRANSVERSAL RESPEITANDO O
GABARITO INTERNO ........................................................................................................... 46
6.1 DIMENSÕES DA SEÇÃO ......................................................................................... 46
6.2 FORMA....................................................................................................................... 47
7. PRÉ-DIMENSIONAMENTO – CÁLCULOS PRELIMINARES E EXPERIÊNCIA
PROJETISTA  DEFINIÇÃO DO MÉTODO DE ESCAVAÇÃO E SISTEMA DE
SUPORTE .................................................................................................................................. 48
7.1 EFEITO DA ESCAVAÇÃO ....................................................................................... 48
7.2 MECANISMOS DE COLAPSO ................................................................................. 48
7.3 MACIÇOS................................................................................................................... 50
7.3.1 Maciços terrosos ................................................................................................ 50
7.3.2 Maciços rochosos ............................................................................................... 50
7.4 TIPOS DE SUPORTE ................................................................................................. 51
7.4.1 Concreto Projetado ........................................................................................... 51
7.4.2 Cambotas Metálicas .......................................................................................... 53
7.4.3 Telas metálicas ................................................................................................... 55
7.4.4 Fibras .................................................................................................................. 56
7.4.5 Tirantes .............................................................................................................. 57
7.4.6 Chumbadores..................................................................................................... 59
7.5 APLICAÇÃO DOS SUPORTES EM MACIÇOS TERROSOS E ROCHOSOS ....... 61
7.5.1 Suportes em maciços terrosos .......................................................................... 61
7.5.2 Maciços rochosos ............................................................................................... 62
7.6 MÉTODOS DE ESCAVAÇÕES DO MACIÇO ........................................................ 67
7.6.1 Tipos de escavação ............................................................................................ 67
7.6.2 Aplicação das escavações em diferentes maciços ............................................ 74
8. SISTEMA DE IMPERMEABILIZAÇÃO ...................................................................... 76
8.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 76
8.2 ESCOLHA DO SISTEMA DE IMPERMEABILIZAÇÃO ........................................ 77
8.3 SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO DE TÚNEIS .......................................... 77
8.3.1 Geomembrana polimérica ................................................................................ 77
8.3.2 Geotêxtil e Geocomposto................................................................................... 80
8.3.3 Membrana projetada ........................................................................................ 82
8.4 CONJUGAÇÃO DA GEOMEMBRANA POLIMÉRICA COM A MANTA
PROJETADA .......................................................................................................................... 84
8.5 APLICAÇÃO DOS SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO ............................... 84
8.5.1 Sistema Parcial ou Guarda-Chuva .................................................................. 85
8.5.2 Sistema Fechado ou Submarino ....................................................................... 87
8.5.3 Tratamentos localizados ................................................................................... 88
9. ANÁLISE ESTRUTURAL – INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA ............................ 89
9.1 ARQUEAMENTO ...................................................................................................... 89
9.2 ANÁLISE INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA ....................................................... 91
9.3 MÉTODO DE CONVERGÊNCIA-CONFINAMENTO ............................................ 94
10. DEFINIÇÃO DE MEDIDAS CONSTRUTIVAS AUXILIARES ............................. 97
10.1 TRATAMENTO DO MACIÇO.................................................................................. 98
10.1.1 Drenagem ........................................................................................................... 99
10.1.2 Injeções ............................................................................................................. 103
10.1.3 Congelamento do maciço ................................................................................ 103
10.1.4 Enfilagens ......................................................................................................... 105
10.1.5 Pregagem e agulhamento de frente de escavação ......................................... 109
10.2 PARCIALIZAÇÃO DA SEÇÃO DE ESCAVAÇÃO .............................................. 110
10.2.1 Função .............................................................................................................. 110
10.2.2 Aplicação .......................................................................................................... 111
10.3 EXEMPLO DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS CONSTRUTIVAS AUXILIARES
NUM TÚNEL ....................................................................................................................... 113
11. PROJETO DE INSTRUMENTAÇÃO DE TÚNEIS ............................................... 115
11.1 OBJETIVOS DA INSTRUMENTAÇÃO ................................................................. 115
11.2 MOVIMENTOS SUPERFICIAIS ............................................................................ 115
11.2.1 Deslocamentos Horizontais............................................................................. 116
11.2.2 Deslocamentos Verticais ................................................................................. 116
11.3 MOVIMENTO NO INTERIOR DO MACIÇO ........................................................ 116
11.3.1 Deslocamentos Horizontais............................................................................. 117
11.3.2 Deslocamentos Verticais ................................................................................. 117
11.3.3 Deslocamentos Laterais .................................................................................. 117
11.4 MEDIDAS DE CONVERGÊNCIAS ........................................................................ 117
11.5 PLANEJAMENTO DOS PROGRAMAS DE MONITORAÇÃO GEOTÉCNICA . 118
11.6 EXEMPLO DE ANÁLISE DE DADOS FORNECIDOS PELA
INSTRUMENTAÇÃO .......................................................................................................... 119
12. COMPARTIMENTAÇÃO DE PROJETOS ............................................................ 122
12.1 IMPORTÂNCIA ....................................................................................................... 122
12.2 METODOLOGIA ..................................................................................................... 122
12.3 APLICAÇÃO ............................................................................................................ 122
13. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 125
18

1. INTRODUÇÃO

Os túneis têm se apresentado como uma alternativa muito utilizada nos últimos
tempos, tal fato se condiciona à apresentarem vantagens (custo benefício, menor
intervenção ambiental, tempo de execução) em relação às demais alternativas, quando
bem projetados. A aglomeração de pessoas nas cidades causou uma disputa por espaço
superficial, gerando escassez deste, o que motivou o uso de espaço subterrâneos. Isso
também acarretou numa maior demanda das necessidades da sociedade, no que diz
respeito à mobilidade urbana, redes de saneamento e energia.

Os túneis podem ser utilizados em usinas hidrelétricas e barragens (para desvio de


canais, quando não há espaço no próprio leito para realizá-lo, e conduto forçado,
anteposto às turbinas); redes de saneamento (tubulações de esgotos e adutoras);
mobilidade urbana (redes de transporte como malhas rodoviárias, ferroviárias,
metroviárias ou de transeuntes), mineração e em outras aplicações.

No capítulo 4, aborda-se como são programadas as investigações geotécnico-


geológicos nas diferentes etapas de projetos (preliminar, básico e executivo), quais
parâmetros estão envolvidos em cada uma delas e os métodos utilizados, além de
mostrar o planejamento de uma investigação.

No capítulo 5, discorre-se sobre a caracterização e classificação dos maciços, sendo


apresentados os pontos necessários para se adquirir o perfil geotécnico do maciço ao
longo de todo o seu traçado.

No capítulo 6, demonstra-se a importância de se analisar previamente os requisitos


mínimos necessários de uma obra subterrânea e outros pontos importantes como
aspectos construtivos e a geologia, com o objetivo de se determinar a forma e o
gabarito da seção do túnel.

No capítulo 7, apresenta-se os fenômenos envolvidos durante a escavação de um túnel


em um maciço, como os efeitos de arqueamento, instabilidades, tempo de auto-
sustentação, e outros. Apresentando os tipos de suporte e de escavações existentes no
método do NATM bem como exemplos de sua aplicação.

No capítulo 8, discuti-se a importância do sistema de impermeabilização para


assegurar fluxo compatível com a funcionalidade do empreendimento e durabilidade
19

de uma estrutura subterrânea, mostrando que o tipo e a condição do maciço interferem


diretamente na escolha do sistema de impermeabilização.

No capítulo 9, discute-se a análise da interação solo-estrutura através do método de


convergência-confinamento.

No capítulo 10, aborda-se sobre as razões de uso das medidas construtivas auxiliares
na escavação de tuneis em NATM, apresentando quais são as medidas construtivas
auxiliares adotadas pelo método, razões para a aplicação e casos exemplificando a
aplicação.

No capítulo 11, discuti-se sobre o projeto de instrumentação de túneis, onde se


relaciona a existência de deslocamentos ocasionados pelas variações de tensões no
maciço com o monitoramento destes através do projeto de instrumentação,
demonstrando a importância da instrumentação em túneis. Sendo exemplificado e
discutido um exemplo de uma análise de dados fornecida por uma instrumentação.

Por fim, no capítulo 12 apresenta-se a compartimentação de projeto indicando sua


função e mostrando a sua importância dentro da execução do túnel.
20

2. OBJETIVOS

O objetivo geral do presente trabalho é fornecer uma visão total sobre o projeto de
escavação de túneis pelo método convencional.

Sendo:

 Planejar a investigação dos aspectos geotécnico-geológicos;


 Avaliar e descrever as características e propriedades das camadas;
 Apresentar os elementos que compõem a forma da seção transversal
 Apresentar formas de pré-dimensionamento do método de escavação e sistema de
suporte;
 Avaliar os sistemas de impermeabilização;
 Estudar a análise de interação solo-estrutura;
 Discutir os métodos construtivos auxiliares;
 Discutir a instrumentação sobre o aspecto de projeto e acompanhamento.
21

3. PESQUISA DE REFERÊNCIA

História dos túneis enfatizando marcos históricos para o método de escavação


convencional
Túnel é um espaço subterrâneo que possui a dimensão do eixo longitudinal maior que
as outras dimensões (altura e largura).
Segundo Moreira (2006), há milhares de anos, os túneis são utilizados, entre outras
finalidades, para passagens e esconderijos. O conhecimento técnico sobre o
comportamento no entorno das escavações e os métodos de escavações de túneis foram
desenvolvidos através de experiências observacionais. Um exemplo disso foram os
aquadutos romanos, viabilizados por técnica desenvolvida para escavações em rocha,
que partia do princípio que uma rocha aquecida ao ser resfriada bruscamente trincava
e permitia ser escavada, e ainda, quando a escavação se dava em calcáreos usava-se
vinagre, que reagia quimicamente, possibilitando velocidades maiores neste meio.
Uma das grandes contribuições para as escavações subterrâneas e em particular para a
evolução do método desenvolvido por Ladislau Von Rabcewicz se deu por conta da
mineração, que exigia a construção de túneis longos e profundos, em maciços terrosos
e rochosos, para a extração de minérios. Esses túneis utilizavam troncos para escorar
a escavação e garantir a estabilidade do maciço, possibilitando a percepção dos
problemas dessa técnica e a implementação de técnicas que são utilizadas até hoje,
como a de substituir o escoramento rígido por um mais flexível, usando as
características geomecânicas do maciço a favor da economia.
Ainda segundo Moreira, outra contribuição importante, que proporcionou grande
progresso para escavações em maciços rochosos, é a invenção da dinamite por Nobel
em 1864, que aumentou a velocidade de escavação.
Segundo Teichert (2002), uma nova contribuição se deu quando o concreto projetado
foi desenvolvido por Carl Ethan Akeley para possibilitar a manufatura das esculturas
em concreto. Em 1907, Akeley desenvolveu a primeira máquina de projeção, a qual
batizou de plastergun. Ela empurrava gesso seco por meio de uma tubulação e próximo
ao bico outra tubulação adicionava água ao gesso seco, sendo que essa mistura era
jateada nas fachadas e moldes.
Desde então esse sistema evoluiu e foi utilizado para a projeção de concreto pela via
seca. Segundo Silva (1997), foi desenvolvido nos Estados Unidos, em 1950, o cilindro
22

rotatório, e mais tarde aperfeiçoado na Suíça pela Meynadier e Aliva. Em 1960, foi
difundido os equipamentos de concreto projetado via úmida.
Segundo Peixinho (2009), após o desenvolvimentos de aditivos plastificantes, que
atrasam a pega do concreto, difundiu-se o sistema via úmida no Brasil, por volta de
1970.
Até hoje, com a crescente demanda de obras subterrâneas a mentalidade dos tuneleiros
não mudou e os métodos construtivos continuam em evolução, para assim se
adequarem a melhor solução de acordo com as características do local e da obra que
se deseja executar. A escolha do método de escavação é realizada, dentre outros
parâmetros, a partir das características geológicas da região em que se localiza a obra,
identificando, desse modo, o método mais adequado. Contudo, a recomendação deve
ser a escolha do método que conduz à solução com menor custo total de implantação,
onde o mesmo é o custo da execução somado aos custos de operação, de manutenção,
de intervenções na região afetada e do risco associado à técnica ou solução em estudo.
Dentre os métodos de escavação existentes, destacam-se atualmente nas obras
subterrâneas:
 Método de escavação convencional (NATM);
 Método de escavação mecanizada (TBM);
 Método de escavação por valas a céu aberto (C&C);
 Método de escavação por túnel revestido (Tunnel Linner);
 Método de cravação de tubos (Pipe Jacking).
O presente trabalho abordará o método de escavação convencional.

História do New Austrian Tunneling Method (NATM)


O NATM foi desenvolvido por volta de 1957 e 1965 e teve como principais
contribuintes Ladislau Von Rabcewicz, Leopold Müller e Franz Pacher.
Este método nasceu de observações feitas durante as execuções do método austríaco
clássico Austrian Tunneling Method (ATM), que consistia na escavação do túnel em
seção plena, aplicando imediatamente escoras de madeira provisórias, conforme a
figura 1. Então executava-se o suporte definitivo partindo-se dos pés das paredes até a
calota e, em seguida, até arco invertido. Os pontos negativos deste método são os
recalques excessivos decorrentes da abertura plena de grandes seções e o uso de
escoras de madeira.
23

FIGURA 1 – Método ATM

FONTE: CONSTRAN, 2011.

O ATM que tinha como princípio o combate a recalques, substituía rapidamente as


escoras rompidas. A partir disso, Ladislau Von Rabcewicz observou que o maciço
conseguia se deformar e aliviar as tensões até que uma escora de resistência similar
suportasse sua carga. Além disso, quando por algum motivo permitia ao maciço
maiores deformações, era necessário uma escora com menor capacidade de carga. O
mesmo ocorria com os revestimentos em concreto ou alvenaria.
Também se conhecia uma regra secular em mineração que diz que, o alívio de pressão
aumenta cada vez mais à medida que o escoramento vai sendo substituído.
Nascia então o conceito do NATM, que ao invés de combater os deslocamentos, ele
aliviava intencionalmente as tensões do maciço, permitia a deformação e a controlava,
conforme as necessidades.
A utilização desse conceito em favor de possível economia revestimento, se deve ao
fato dos materiais que o compõe terem se desenvolvido, possibilitando sua aplicação
durante a obra, em especial, do concreto projetado.
24

Definição do método de escavações convencional


Segundo o Working Group 19 (2009), o método de escavações convencional é também
conhecido como NATM ou método de escavações sequencial. Sua definição pode ser
expressa como um processo cíclico de construção de escavações subterrâneas, onde
seus principais passos consistem em:
1. Escavação do maciço
Sendo em maciços terrosos através de escavações mecânicas (por escavadeiras) ou
manuais e em rochosos, além da escavadeira, se faz necessário o rompimento da
compacidade por meio de escavações a fogo (drill and blast – perfurar, carregar e
detonar) ou a frio (rompedores hidráulicos).
2. Limpeza de frente de escavação
Retirar e transportar o material escavado para fora do túnel.
3. Instalação do sistema de suporte
Instalação de elementos de suporte para maciços rochosos: como tirantes, telas
metálicas, chumbadores, concreto projetado;
Para maciços terrosos: cambotas metálicas, treliças, telas metálicas e concreto
projetado reforçado ou não com fibras de aço ou sintéticas.
4. Adoção de medidas construtivas auxiliares
Utilizada em maciços que não apresentam condições para escavação como as técnicas
de tratamento do maciço, parcialização da seção da escavação ou as duas em conjunto.

A sequência da escavação após o emboque no maciço é denominada de avanço, que é


esquematicamente apresentado na figura 2.
25

FIGURA 2 – Esquematização do avanço no túnel

FONTE: Sauer e Gold, 1989.

4. INVESTIGAÇÃO DOS ASPECTOS GEOTÉCNICO-GEOLÓGICOS

“Projetar conhecendo os aspectos geológico-geotécnicos é a melhor forma de fazer


engenharia” – Fernando Antônio Medeiros Marinho
As investigações dos aspectos geotécnico-geológicos se iniciam pelo planejamento da
investigação do subsolo e pela investigação propriamente dita. Nos túneis, as
investigações do maciço a ser escavado merece maior importância se comparado às
investigações geotécnicas realizadas para projetos de engenharia civil relacionados às
fundações de um edifício, por exemplo. Isto se justifica por conta de o maciço
circundante às estruturas do túnel ser idealizado em projeto e mobilizado durante as
escavações, com o propósito de auxiliar e participar da estrutura de suporte do túnel
(interação solo-estrutura).
Por este motivo e pela razão da região de cada obra de túnel possuir características
geotécnicas distintas, é importante planejar as investigações dessas características, de
forma a se obter as informações para estimar os parâmetros geotécnicos que serão
suficientes à elaboração de um projeto.
Um dos objetivos da geotecnia é estimar, na fase de projeto básico (fase em que
geralmente as obras são licitadas) o custo real da obra. Isso ocorre na fase em que a
geotecnia possui poucas informações detalhadas.
A investigação dos aspectos geológico-geotécnicos para o projeto de túneis, assim
como os demais tópicos deste trabalho, não são receitas e muito menos regras
26

inflexíveis. Com este pensamento, pretende-se fornecer visões amplas e gerais


pertinentes ao projeto e construção de túneis escavados pelo método convencional.
No tópico 4.1 ETAPAS DE INVESTIGAÇÃO será abordado como são programadas
as etapas de investigação de acordo com o estágio em que o projeto do túnel se
encontra, bem como quais parâmetros geotécnicos cada etapa deverá fornecer e os
métodos utilizados para obter esses mesmos parâmetros.
No tópico 4.2 PLANEJANDO A INVESTIGAÇÃO será abordado a forma como se
planeja uma investigação geotécnica.

4.1 ETAPAS DE INVESTIGAÇÃO

Segundo Peck (1969), a investigação é primordial juntamente com o estabelecimento


das condições mais prováveis e desfavoráveis. Isso explica um dos objetivos dos
estudos preliminares que é determinar se existem condições que possam justificar
investigações mais detalhadas, nisso se baseia o conceito de dividir em fases o
reconhecimento do subsolo.
Segundo Marinho (2005), antes de iniciar as investigações deve-se ter em mente o
escopo e o propósito das investigações, concentrando-as nas primeiras etapas (estudos
preliminares e projeto básico) e planejar quais informações serão detalhadas.
O escopo é determinado pela fase do projeto, ou seja, estudos preliminares (fase de
viabilidade), projeto básico e projeto executivo.
O propósito das investigações é determinado pela característica do projeto, por
exemplo, reconhecer o subsolo para obter informações sobre o tempo de auto-
sustentação do maciço (projeto de túneis), estabilidade de taludes (projeto de
estabilização de taludes no emboque e praças de emboque do túnel – anfiteatro), entre
outras, necessárias para projetos de contenções nos emboques como valas a céu aberto
e poços.
Cada projeto possui um plano de investigação particular, que pode ser dividido em
quatro etapas. Essas etapas são detalhadas nos tópicos 4.1.1 a 4.1.4. Deve-se saber que
os principais fatores que influenciam na escolha dos métodos investigativos durante o
projeto são:
 Condição geológica do subsolo;
 Condição do lençol freático;
27

 Acesso a área devido à ocupação;


 Topografia local;
 Prazo;
 Aspectos geoambientais;
 Limitações de orçamento;
 Aspectos políticos.
Usualmente os dois últimos tópicos são os principais responsáveis pela redução da
quantidade de investigações.

4.1.1 Investigações para os estudos preliminares ou fase de viabilidade

Esta etapa é onde ocorre o estudo de viabilidade do projeto, mediante uma necessidade
apontada por algum órgão público ou empresa responsável pelo empreendimento do
túnel.
No início, faz-se uma investigação geotécnica de reconhecimento superficial que visa
obter informações sobre a região como o levantamento topográfico, edificações
(comerciais, residenciais e industriais), indícios de contaminação do subsolo (postos
de combustíveis e fábricas antigas no perímetro das escavações), entre outros. Essas
informações serviram para a delimitação de uma área para o túnel.
Em seguida, inicia-se a investigação do subsolo por meio dos métodos diretos e
indiretos para a caracterização da natureza das formações geológicas, hidrogeológicas,
pedológicas, determinação do perfil geotécnico (definição dos horizontes principais),
nível do lençol freático.
Recomenda-se, inicialmente, o uso dos métodos indiretos de investigação como os
métodos geofísicos sísmicos, geoelétricos e geopotenciais, já que os métodos diretos
requerem um tempo maior de mobilização.
A seguir descrevem-se os métodos indiretos de investigação do subsolo que se aplicam
nos estudos preliminares.
 Os métodos geoelétricos medem a velocidade das ondas e as relacionam com as
resistividades das camadas do maciço para determinar a profundidade do topo
rochoso, espessura de camadas litológicas, nível d’água e mapeamento
piezométrico da superfície;
28

 A Análise Multicanal de Ondas de Superfície (MASW) mede a velocidade de onda


S em função da profundidade através de uma análise espectral, indicada para a
determinação das propriedades elásticas do maciço, da espessura das camadas e
identificação de cavidades e zonas fraturadas.
A seguir descrevem-se os métodos diretos de investigação do subsolo que se aplicam
nos estudos preliminares: sondagens mecânicas a percussão, rotativa e/ou mista
buscam obter o perfil do subsolo, o nível d’água, o índice Nspt e a amostragem de
testemunhos do maciço rochoso. A partir dessa amostragem estima-se, principalmente,
a carga hidráulica, o estado de tensões natural e o módulo de deformação elástico
estático. Além destes parâmetros, para túneis escavados em:
 Maciço rochoso o índice RQD e a resistência a compressão simples, que pode ser
determinada pelo Ensaio de Resistência a Compressão Simples;
 Maciço terroso a resistência ao cisalhamento a partir de ensaios expeditos, que
pode ser obtida pelo Ensaio de Palheta (Vane Shear Test) em solos moles, Ensaio
de penetração estática do cone (CPT) ou ensaio pressiométrico.

4.1.2 Investigações para projeto básico

Etapa secundária de projeto que, baseada nas investigações já realizadas durante o


estudo preliminar, precisa detalhar as informações sobre o subsolo, pois geralmente o
projeto básico é usado para licitar a obra. Portanto, deve-se usar o conhecimento já
obtido para investigar os locais em que há dúvidas quanto às características
geotécnicas, bem como confirmar as informações já identificadas dos aspectos
geotécnicos desfavoráveis que afetarão o projeto.
Nessa etapa ocorre a escolha de soluções para redução ou precaução dos riscos
potenciais conhecidos, dimensionamento do túnel, elaboração de planilhas
quantitativas, entre outros.
A fase de projeto básico deve prosseguir com as investigações da fase anterior e
aprofundar o reconhecimento investigando as seguintes características:
 Pesos específicos naturais, aparente seco e dos grãos; teor de umidade, índice de
vazios por meio de ensaios de caracterização dos solos;
 Limites de Atteberg obtidos pelos ensaios de determinação dos limites de liquidez
e plasticidade;
29

 Curva Granulométrica obtida pelo Ensaio de Granulometria;


 Grau de intemperismo das rochas obtidos pela análise tátil visual, pelo ensaio de
durabilidade ou métodos geofísicos sísmicos;
 Planos de descontinuidade obtidos pela análise tátil visual in situ;
 Resistência ao cisalhamento pelos ensaios de cisalhamento direto e triaxial;
 Expansibilidade do maciço através dos ensaios de expansibilidade;
 Permeabilidade obtida pelos testes de bombeamento e ensaios de permeabilidade
Lefranc e Lugeon;
 As velocidades das ondas compressionais P e cisalhantes S que se relacionam com
os parâmetros elásticos como módulo de Young, módulo de compressibilidade,
módulo de rigidez ou de cisalhamento, coeficiente de Poisson e com a densidade
dos materiais (consequentemente vazios). Essas velocidades podem ser obtidas
pelo método de cross-hole.

4.1.3 Investigações para projeto executivo

Etapa final de projeto, que baseada nas investigações já realizadas até o projeto básico,
deve continuar realizando tais investigações e completar os últimos levantamentos
para obter informações sobre o comportamento geotécnico do maciço para
detalhamento do projeto. Nesta fase, ocorre a solução de problemas pontuais ou
específicos do projeto, devendo ser investigados os seguintes aspectos das camadas do
maciço, quando da necessidade de confirmação das avaliações e estimativas efetuadas
na fase anterior de projeto:
 Coeficiente de empuxo em repouso obtido pelo pressiômetro;
 Estado de consolidação ou adensamento dos solos obtido pelo ensaio de
consolidação do solo;
 Número de famílias de descontinuidades, espaçamento e rugosidade das juntas
obtidos pela análise tátil visual em campo;
 Sensibilidade com a água obtida pela análise em campo, análise mineralógica e
testes de expansibilidade;
 Se houver indícios de contaminação do subsolo, por exemplo, no caso de
identificação de postos de combustíveis na região da implantação do túnel, deve
ser analisado se há necessidade de rebaixamento do lençol freático para execução
30

do túnel e se esse rebaixamento afetará o lençol freático onde a pluma de


contaminação está situada. Neste caso, a região contaminada por hidrocarbonetos
pode ser identificada através da gravimetria. Em seguida, devem ser retiradas
amostras para análise química em laboratório, quando se verificará a necessidade
de tratamentos do solo contaminado, previamente a execução do rebaixamento;
 Resistência a tração das rochas obtida pelo Ensaio Brasileiro, método de Franklin
ou método de Reichmuth;
 Características dinâmicas do maciço rochoso pelos ensaios geofísicos sísmicos;
 Dureza e tenacidade obtidos pelo martelo de Schmidt, ensaio de Los Angeles e
análise mineralógica.

4.1.4 Investigações durante a construção

Etapa de execução, que visa adequar o projeto a realidade encontrada em campo,


através de furos exploratórios, realizando as adaptações e ou confirmações dos trechos
de aplicação das medidas construtivas e sistemas de suporte, que foram estimados na
planta de compartimentação do projeto, e planejar a disponibilidade dos materiais,
equipamentos e maquinários para a execução do túnel. Também se realiza o
mapeamento geológico de frente de escavação que pode ser utilizado para
retroanálises, em caso de comportamento anômalo, otimização do revestimento
secundário e registro do que foi escavado, para guardar conhecimento da região.
Também, pode ser necessário a investigação para avaliação da eficácia dos tratamentos
realizados, como injeções de consolidação do solo.

4.2 PLANEJAMENTO DA INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

“Devemos trabalhar para resolver os problemas previstos e evitar trabalhar para


resolver os problemas ocorridos” – Fernando Antônio Medeiros Marinho
As principais decisões do planejamento, projeto e construção de um túnel estão ligadas
à geologia, hidrogeologia e geotecnia do maciço a ser escavado, e influem diretamente
na segurança, viabilidade e custo do projeto.
Ressalta-se que a ausência de investigação geotécnica, investigação insuficiente ou má
interpretação dos dados, pode conduzir a informações incorretas, aumentar o risco de
ocorrências das condições mais adversas que as assumidas e resultar em projetos
31

inadequados, atrasos no cronograma da obra, oneração dos custos por adaptações e


remediações durante a execução, problemas ambientais e até mesmo o colapso do
túnel.
As investigações devem servir de base para se justificar o comportamento observado
durante o monitoramento do túnel. Assim, as investigações realizadas num projeto não
devem ser minimizadas por economia e sim por resultados obtidos.
Enfim, a geologia fornece dados que por meios empíricos pode-se correlacionar as
particularidades dos túneis e tipos de maciços com experiências anteriores e assim
compreender e estimar o comportamento do maciço por modelos geotécnicos
consagrados. Isso pode ser benéfico no caso de empreendimentos planejados e
executados em etapas, como os de Metrôs.
As informações do maciço e da superfície afetada pelo efeito das escavações do túnel
podem influenciar em decisões sobre o traçado geral do projeto e colocar o túnel dentro
ou fora de características geotécnicas adversas. Isto não determina apenas o custo da
construção, mas pode afetar os custos da manutenção a longo prazo de problemas
como infiltrações e vazamentos de água subterrânea. Na maioria das vezes, o
alinhamento final do túnel não é igual ao traçado estabelecido nos croquis da fase de
viabilidade.
Quanto mais próximo do início do projeto as informações geotécnicas forem obtidas e
avaliadas, maior será o potencial de otimização do traçado e perfil sem grandes
intervenções nos custos. Porém, faz-se necessário uma interação por meio de furos
exploratórios entre a construção e o projeto, confirmando ou adequando-o, ou seja,
sem a confirmação das informações geotécnicas, as estimativas definidas podem estar
erradas.
O significativo trabalho geotécnico é realizado durante os estudos preliminares e
projeto executivo, mas deve-se lembrar de concentrar os esforços na realização de
relatórios geotécnicos básicos para o cenário referente as últimas fases de projeto,
catalogando os principais aspectos geotécnicos da obra. A geotecnia se faz necessária
nas fases de licitação, construção e operação e assim pode-se até mesmo exigir
investigações geotécnicas adicionais por contrato.
O planejamento de cada fase exploratória deve ser baseado nos resultados da fase
anterior. As informações geotécnicas das explorações, incluindo os relatórios e
32

avaliações, devem estar disponíveis para a equipe de projetistas em tempo hábil das
tomadas de decisões sobre o projeto.
A maior parte das investigações geotécnicas devem ser realizadas no início do projeto,
com tempo hábil de análise e consideração no projeto básico, para que as licitações
sejam fatos e não palpites sobre a estimativa de custo, podendo ser confiáveis a este
ponto.

5. DESCRIÇÃO E AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS E


PROPRIEDADES DAS CAMADAS

As campanhas de investigações detalhadas no Capítulo 4 – Investigação dos Aspectos


Geotécnico-Geológicos servem para se obter informações das características e
propriedades das camadas do maciço na região do túnel.
O tópico 5.1 Identificação do Perfil Geotécnico apresenta como são tratadas essas
informações para que seja identificado o perfil geotécnico.
O tópico 5.2 características e propriedades do maciço apresenta os diferentes tipos de
maciços rochosos e terrosos.

5.1 IDENTIFICAÇÃO DO PERFIL GEOTÉCNICO

A identificação do perfil geotécnico se inicia pelo levantamento topográfico da região,


que fornecerá a geometria da superfície, e prossegue-se com a investigação do perfil e
das características e propriedades das camadas do maciço.
Os métodos investigativos devem fornecer à equipe de geologia a identificação das
formações geológicas para conceber uma teoria de deposição dos solos adequada e
definir para a engenharia geotécnica a estrutura, litologia, características
hidrogeológicas, caracterização física, química, mineralógica. Para a geotecnia, essas
informações são expressas em forma de parâmetros de estado e características
geométricas dos horizontes que apresentam comportamento geomecânico semelhante,
classificar trechos de comportamentos equivalentes, estimar o efeito das escavações e
definir medidas apropriadas à escavação do túnel. A figura 3 apresenta um exemplo
de perfil geotécnico.
33

FIGURA 3 – Perfil Geotécnico

FONTE: USIMINAS.
34

O perfil geotécnico possibilita uma visão completa de todo o maciço e a análise de sua
estrutura que influencia na estabilidade do túnel.

5.2 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DO MACIÇO


As características e propriedades dos maciços rochosos e terrosos possibilitam as
estimativas de comportamentos.

5.2.1 Maciços Terrosos

A importância de identificar as características e propriedades do maciço terroso para


o projeto de túneis é compreender e estimar o comportamento geomecânico dos solos.
À vista disso, Terzaghi utilizou critérios como o tempo de auto-sustentação e o
comportamento após a escavação para desenvolver um sistema denominado
“classificação do tuneleiro”.
A partir dos critérios citados, a classificação divide os maciços terrosos em seis
diferentes grupos.

A. Solo firme

Denomina-se como firme o solo que possui tempo de auto sustentação para a
instalação do sistema de suporte, não apresentando instabilização e deslocamentos
excessivos. A figura 4 representa esquematicamente o comportamento do solo firme
ao ser escavado. Exemplo desse tipo de solo são argilas duras que não apresentam
fissuras, areias e pedregulhos consolidados com argilas.

FIGURA 4 – Solo firme

FONTE: Murakami, 2002.


35

B. Solo desplacante

Denomina-se um solo desplacante, aquele que ao ser escavado apresenta instabilidade


de teto, que promove a queda de placas ou blocos no interior do túnel. Exemplos de
solos com este comportamento são os residuais ou areias siltosas/argilosas.
A figura 5 representa esquematicamente o comportamento do solo desplacante ao ser
escavado.

FIGURA 5 – Solo desplacante

FONTE: Murakami, 2002.

C. Solo Corrediço

Denomina-se como corrediço aquele solo que ao ser escavado corre para dentro do
túnel, e só se estabiliza novamente após atingir o seu ângulo de atrito inicial. Isso
acontece por se tratar de materiais granulares que não tem coesão.
Esse mesmo princípio pode acontecer em solos que possuem coesão mas por estarem
úmidos se sustentam por pouco tempo, até acarretar uma instabilização de frente.

FIGURA 6 – Solo escorregadiço

FONTE: Murakami, 2002.


36

D. Solo extrusivo

Denomina-se solo extrusivo, os solos que deformam e ocupam parte do volume


escavado do túnel. Esse comportamento é característica de argilas moles e medias que
avançam para as superfícies abertas do túnel como teto, frente e parede.

FIGURA 7 – Solo extrusivo

FONTE: Murakami, 2002.

E. Solo fluente

Denomina-se solo fluente, o solo que quando escavado invade o interior do túnel como
um fluido, é característico de solos sob água. O material entra no túnel pelas face e
pelas paredes podendo fluir por grandes distancias. Exemplos desses tipos de solos são
siltes, areias ou pedregulhos que estão abaixo do nível d’água.
FIGURA 8 – Solo fluente

FONTE: Murakami, 2002.

F. Solo expansivo

Denomina-se solo expansivo, o solo que quando escavado possui comportamento


similar ao de solo firme, com pequenas deformações, porém que causam maiores
tensões no revestimento. Esse aumento nas tensões ocorre devido à absorção de água
37

pelo solo, geralmente argilas rijas, que aumentam de volume e expande lentamente no
sentido do interior do túnel.

FIGURA 9 – Solo expansivo

FONTE: Murakami, 2002.

5.2.2 Maciços Rochosos

Para a classificação das rochas, estudam-se alguns parâmetros que possibilitem a


individualização das características rochosas como a litologia, alteração, coerência,
descontinuidades (persistência, espaçamento, rugosidade e dureza), bem como a
descrição de testemunhos com o índice de qualidade das rochas RQD e a descrição de
afloramentos. Esses parâmetros são apresentados em maiores detalhes no Apêndice C.
Dentre os diversos métodos para classificação dos maciços rochosos destacam-se os
Sistemas RMR (Bieniawski) e Q (Barton) que, baseado em casos reais, avaliam o
comportamento geomecânico e compartimentam o maciço em classes distintas.

A. Sistema RMR

O Sistema RMR considera os seguintes parâmetros geotécnicos para classificação do


maciço rochoso: resistência à compressão uniaxial do material rochoso (P1), índice de
qualidade RQD (P2), espaçamento das descontinuidades (P3), condições das
descontinuidades (P4), condições das água subterrâneas (P5), orientação das
descontinuidades (P6). A partir desses parâmetros, obtêm-se os pesos relativos de suas
influências nos comportamentos geomecânicos, a figura 10 apresenta o fluxograma do
processo para obtenção do valor RMR.
38

FIGURA 10 – Fluxograma RMR

FONTE: Aguiar, 2010.

A Tabela 1 apresenta os pesos relativos, estimados pelo autor através de análises de


casos de obras reais, atribuídos aos parâmetros que compõe o índice RMR, índice que
correlaciona empiricamente tais parâmetros com o comportamento rochoso.
39

TABELA 1 – Sistema de classificação geomecânica RMR (1989)


Resistência Índice puntiforme >10 MPa 4 - 10 2 - 4 MPa 1 - 2 MPa Utilizar compressão
P1 da rocha MPa simples
intacta Compressão simples >250 MPa 100 - 250 50 - 100 25 - 50 MPa 5- 1-5 <1
MPa MPa 25 MPa MPa
MPa
Peso relativo 15 12 7 4 2 1 0

RQD (Rock Quality 90 - 100 75 - 90 50 - 75 25 - 50 < 25


P2 Designation)
Peso relativo 20 17 13 8 3

Espaçamento de fraturas > 2m 0,6 - 2 m 200 - 600 60 - 200 mm < 60 mm


P3 mm
Peso relativo 20 15 10 8 5

9:00 AM Condições das fraturas Superfícies Superfícies Superfícies Superfícies Preenchimento mole
P4 muito rugosas; pouco pouco estriadas ou > 5mm ou abertura >
não contínuas; rugosas; rugosas; preenchimento 5mm; contínuas
fechadas; abertura < abertura < < 5mm ou
paredes duras 1mm; 1mm; abertura 1-5
paredes paredes mm; contínuas
duras moles

Peso relativo 30 25 20 10 0

Infiltrações em 10m de Nenhuma (ou) < 10 l/min 10 - 25 25 - 125 l/min > 125 l/min
P5 túnel l/min (ou) (ou)
Relação: [Pressão de 0 (ou) < 0,1 0,1 - 0,2 0,2 - 0,5 (ou) 0,5 (ou)
água na fratura / tensão (ou)
principal máxima]
Condições gerais Completamente Baixa Umidade Água sob Problemas graves de
seco Umidade pressão água
moderada
Peso relativo 15 10 7 4 0

9b Ajuste para orientação das descontinuidades


P6
Direção e Muito Favorável Aceitável Desfavorável Muito desfavorável
mergulho favorável
Peso Túneis 0 -2 -5 -10 -12
relativo
Fundações 0 -2 -7 -15 -25

Taludes 0 -5 -25 -50

9c Classe I II III IV V
RMR
Descrição Muito Bom Bom Regular Pobre Muito Pobre

Soma dos pesos 100 - 81 80 - 61 60 - 41 40 - 21 <21

Significado das classes

Classe I II III IV V

Tempo médio de auto- 20 anos 1 ano 1 semana 10 horas 30 minutos


sustentação
Vão da seção 15 m 10 m 5m 2,5 m 1,0 m

Coesão > 400 kPa 400 - 300 300 - 200 200 - 100 kPa < 100 kPa
kPa kPa
Ângulo de atrito > 45º 35 - 45º 25 - 35º 15 - 25º < 15º

FONTE: Aguiar, 2010.

B. Sistema Q

O Sistema Q considera os seguintes parâmetros geotécnicos para classificação do


maciço rochoso: índice de qualidade RQD (P1), Jn - valor relativo ao número de
famílias de descontinuidades (P2), Jr - valor relativo à rugosidade das descontinuidades
40

(P3), Ja - valor relativo ao grau de alteração das descontinuidades (P4), Jw - valor


redutivo relacionado com a água nas descontinuidades (P5), SRF - fator redutivo de
tensões (P6).
A partir desses parâmetros, obtêm-se os pesos relativos de suas influências nos
comportamentos geomecânicos, a figura 11 apresenta o fluxograma do processo para
obtenção do valor Q.
O fator P1/P2 caracteriza a estrutura do maciço rochoso, P3/P4 caracteriza as
descontinuidades e/ou o seu enchimento sob o aspecto da rugosidade e o grau de
alteração e P5/P6 representa o estado de tensão no maciço rochoso.

FIGURA 11 – Fluxograma Q

FONTE: Aguiar, 2010.

As tabelas 2 a 8 apresentam os pesos relativos para os parâmetros que compõe o fator


Q.

TABELA 2 – P1 – Índice de qualidade RQD


Descrição do Parâmetro Valor Notas
"Rock Quality Designation" RQD 1 - Quando o RQD for < 10 (incluindo 0) considera-se
A Muito ruim 0-25 um valor nominal de 10 no cálculo de Q
2- Intervalos de 5 no RQD têm precisão suficiente (100,
B Ruim 25-50 95, 90, ...)
C Médio 50-75
D Bom 75-90
E Muito bom 90-100
FONTE: Aguiar, 2010.
41

TABELA 3 – P2 – Jn – valor relativo ao número de famílias de descontinuidades


Descrição do Parâmetro Valor Notas
"Joint set number" Jn 1 - Nas intersecção utilizar 3 x Jn
A Nenhuma ou poucas descontinuidades 0,5 - 2- Nas embocaduras utilizar 2 x Jn
presentes 1,0
B Uma família de descontinuidades 2

C Uma família com descontinuidades 3


distribuídas
D Duas famílias de descontinuidade 4

E Duas famílias com descontinuidades 6


distribuídas
F Três famílias de descontinuidades 9

G Três famílias com descontinuidades 12


distribuídas
H Quatro ou mais famílias com 15
descontinuidades distribuídas, maciços
muito fraturados

I Rocha esmagada, tipo terroso 20

FONTE: Aguiar, 2010.


42

TABELA 4 – P3 – Jr – valor relativo à rugosidade das descontinuidades


Descrição do parâmetro Valor Notas
"Joint roughness number" Jr 1 - As descrições das alíneas a) e b) referem-se a
a) Contato entre as paredes de rocha das escalas de amostragem de pequena e média
descontinuidades dimensão, respectivamente
b) Contato entre as paredes de rocha antes 2- Adicionar 1,0 se o espaçamento médio da
de 10 cm de escorregamento família de descontinuidades mais relevante for
A Juntas descontínuas 4 maior que 3
3- Jr igual a 0,5 pode ser usado para
descontinuidades polidas e planas contendo
B Descontinuidades rugosas, 3 lineações, se essas lineações estiverem orientadas
irregulares, onduladas na direção de menor resistência

C Descontinuidades suaves e 2
onduladas
D Descontinuidades polidas e 1,5
onduladas
E Descontinuidades rugosas ou 1,5
irregulares, planas
F Descontinuidades lisas, planas 1

G Descontinuidades polidas, 0,5


planas
c) Não há contato entre as paredes de rocha
no escorregamento
H Zona contendo minerais 1
argilosos e suficientemente
espaçados de modo a impedir o
contato entre as paredes
I Zonas esmagadas contendo 1
areias de modo a impedir o
contato entre as paredes
FONTE: Aguiar, 2010.
43

TABELA 5 – P4 – Ja – valor relativo ao grau de alteração das descontinuidades


Descrição do parâmetro Valor
"Joint alteration number" Ja Φr
Aprox.
a) Contato entre as paredes de rocha das descontinuidades

A Paredes duras, compactas, preenchimentos impermeáveis (quartzo 0,75 -


ou epibolito)
B Paredes não alteradas, somente com leve descoloração 1 25-35

C Paredes ligeiramente alteradas, com partículas arenosas e rochas 2 25-30


desintegradas não brandas
D Paredes com partículas siltosas ou areno-siltosas 3 20-25

E Paredes com partículas de matérias moles ou de baixo ângulo de 4 8-16


atrito, tais como caulinita, mica, gesso, talco, clorito, grafite e
pequenas quantidades de argilas expansivas
b) Contato entre as paredes de rocha das descontinuidades antes de 10 cm de escorregamento

F Paredes com partículas de areia e rochas desintegradas, etc 4 25-30

G Descontinuidades com preenchimento argiloso sobreconsolidado 6 16-24


(contínuo, mas com espessura > 5mm)
H Descontinuidades com preenchimento argiloso subconsolidado 8 12-16
(contínuo, mas com espessura < 5mm)
I Descontinuidades com enchimento argiloso expansivo, como por 8 - 12 6-12
exemplo montmorilonita (contínuo, mas com espessura < 5mm); o
valor de Ja depende da porcentagem de partículas de argila
expansiva e do acesso da água e etc.
c) Não há contato entre as paredes de rocha das descontinuidades

J Zonas ou camadas com rochas desintegradas ou esmagadas com 6,8 ou 8 -12 6-24
argila (ver G, H e I para condições do material argiloso)
K Zonas ou camadas siltosas ou areno-argilosas, com pequena fração 5 -
de argila
L Zonas contínuas de argila (ver G, H e I para condições do material 10, 13, 13-20 6-24
argiloso)
FONTE: Aguiar, 2010.
Nota: Os valores do ângulo de atrito residual () devem considerar-se como um guia aproximado das
propriedades mineralógicas dos produtos de alteração.
44

TABELA 6 – P5 – Jw – valor redutivo relacionado com a água nas descontinuidades


Descrição do parâmetro Valor Notas
"Joint water reduction" Jw Pressão 1) Os fatores nos casos C e F são estimados
da água para condições naturais; o parâmetro Jw
aprox. deverá ser aumentado caso seja efetuado
(Mpa) drenagem
A Escavações secas ou 1 <0,1 2) Os problemas especiais relacionados com
fluídos pequenos, isto é, 5 a formação de gelo não são considerados
l/min localmente
B Pressão que 0,66 0,1-0,25
ocasionalmente arraste o
preenchimento das
descontinuidades
C Pressão elevada em 0,5 0,25-1
rochas competentes sem
preenchimento
D Pressão elevada, com 0,3 0,25-1
considerável
arrastamento do
preenchimento das
descontinuidades
E Pressão explosiva, 0,2- >1
reduzindo com o tempo 0,1
F Pressão contínua, sem 0,1- >1
redução 0,05
FONTE: Aguiar, 2010.
45

TABELA 7 – P6 – SRF – Fator redutivo de tensões.


Descrição do Parâmetro Valor Notas
"Stress Reduction Factor" SRF 1) Reduzir o
a) Zonas de fraqueza intersectando as escavações, o que pode causar índice SRF de 25
descompressão do maciço rochoso durante a abertura destas a 50% se as
zonas de corte
A Zonas de fraqueza frequentes, contendo argila ou rocha 10 influenciarem a
decomposta quimicamente; maciço rochoso envolvente muito escavação sem a
descomprimido (todas as profundidades) atravessarem
B Zonas de fraqueza individuais, contendo argila ou rocha 5 2) No caso de
decomposta quimicamente; maciço rochoso envolvente muito maciços rochosos
descomprimido (profundidade <= 50 m) contendo argila, é
C Zonas de fraqueza individuais, contendo argila ou rocha 2,5 conveniente obter
decomposta quimicamente; maciço rochoso envolvente muito o índice SRF
descomprimido (profundidade >50 m) para as cargas de
D Numerosas zonas de corte em rocha competente, sem argila, 7,5 descompressão.
rocha envolvente descomprimida (todas as profundidades) A resistência da
matriz rochosa é
E Zonas individuais de corte em rocha competente, sem argila 5 então pouco
(profundidade de escavação <= 50 m) significativa. Em
maciços muito
F Zonas individuais de corte em rocha competente, sem argila 2,5
pouco fraturados
(profundidade de escavação > 50 m)
e sem argila
G Juntas abertas, rocha muito fraturada e descomprimida (todas 5
as profundidades)
b) Rocha competente, problema de tensões na rocha σ c/ σ t/ σ2
σ1
H Tensões baixas, próximo da superfície 2,5 >200 >13

I Tensões médias 1,0 200- 13-


10 0,66
J Tensões altas, estruturas rochosa muito fechada (usualmente 0,5-2,0 10-5 0,66-
favorável para a estabilidade; pode ser desfavorável para a 0,33
estabilidade das paredes)
K Explosões moderadas de rocha (rocha maciça) 5-10 5-2,5 0,33-
0,16
L Explosões intensas de rocha (rocha maciça) 10-20 <2,5 <0,16

c) Rocha esmagada; plastificação de rochas incompetentes sob a influência


de altas pressões de rocha
M Pressão moderada em rochas esmagadas 5-10

N Pressão elevada em rochas esmagadas 10-20

d) Rochas expansivas; atividades químicas expansivas devida à presença de


água
O Pressão de expansão moderada 5-10

P Pressão de expansão elevada 10-15

FONTE: Aguiar, 2010.


46

TABELA 8 – Índice de segurança ESR para diferentes obras subterrâneas


Classe Tipo de escavação ESR

A Cavidades minerais temporárias 3-5

B Poços verticais de seção circular 2,5


Poços verticais de seção quadrada ou retangular 2
C Cavidades minerais definitivas, túneis de aproveitamentos hidráulicos (exceto 1,6
túneis sob pressão), túneis piloto, túneis de desvio, escavações superiores de
grande cavidade

D Cavernas de armazenagem, estações de tratamento de água, pequenos túneis 1,3


rodoferroviários, túneis de acesso
E Centrais subterrâneas, túneis rodoferroviários de grande dimensão 1

F Centrais nucleares subterrâneas, estações de caminhos de ferro, fábrica 0,8

FONTE: Aguiar, 2010.

6. DEFINIÇÃO DA FORMA DA SEÇÃO TRANSVERSAL RESPEITANDO O


GABARITO INTERNO

A forma geométrica e a dimensão da seção transversal do túnel devem ser


determinadas levando-se em conta requisitos mínimos associados ao uso, às condições
geotécnica-geológicas e aos aspectos construtivos.

6.1 DIMENSÕES DA SEÇÃO

Os fatores chaves considerados na definição da dimensão da seção do túnel devem ser:


 Requisitos mínimos para o tipo de obra como gabarito dinâmico (rodoviário,
metroviário ou ferroviário) ou gabarito para o fluxo d’água;
 Estrutura do túnel (sistemas de suporte);
 Folga entre o limite interno do túnel e os pontos críticos do gabarito que possa
absorver as deformações e imprecisões de execução do revestimento;
 Sistemas de ventilação, iluminação, sinalização e comunicação visual (placas e
painéis eletrônicos), segurança (incêndio, detectores de fumaça), telefonia,
drenagem e impermeabilização (coleta e condução de águas infiltradas);
 E outros como cabos de concessionária, baias de emergência e túneis de
estacionamento.
47

Na figura 12 pode-se visualizar uma seção típica dos elementos considerados no túnel
rodoviário desenvolvido pelo DER.

FIGURA 12 – Túnel Rodoviário

FONTE: DER, 2005.

6.2 FORMA

A forma geométrica deve se aproximar daquela que apresente uma condição favorável
à redistribuição de tensões do maciço e do maciço-estrutura em toda extensão do túnel.
A geometria da seção escavada é concebida geralmente com os cantos arredondados
de forma que as principais solicitações sejam normais à estrutura de suporte. A Figura
13 apresenta formas de seções que podem ser concebidas pelo método de escavação
convencional.
No método de escavação convencional, a versatilidade de moldar a forma da seção
geométrica oferece a vantagem de escavar o túnel conforme as necessidades expressas
pelo cliente, economizando tanto em volume escavado quanto em estrutura instalada.
48

FIGURA 13 – Seções típicas usadas no NATM

FONTE: Working Group 19, 2009.

7. PRÉ-DIMENSIONAMENTO – CÁLCULOS PRELIMINARES E


EXPERIÊNCIA PROJETISTA  DEFINIÇÃO DO MÉTODO DE
ESCAVAÇÃO E SISTEMA DE SUPORTE

7.1 EFEITO DA ESCAVAÇÃO

A escavação de um túnel num maciço previamente em equilíbrio produz alteração no


estado de tensões. Após a alteração, o maciço tende a reequilibrar-se pelas
deformações e redistribuições de esforços. Se o maciço retornar ao equilíbrio sem
auxílio de sistemas de suporte é denominado autoportante. Caso contrário, para não
haver o colapso, faz-se necessário a adoção de um sistema de suporte.
Esses efeitos são funções das tensões originais, características do suporte instalado,
como tempo de aplicação e rigidez, da geometria da seção escavada, das propriedades
do maciço, do sistema de escavação e da velocidade do avanço.

7.2 MECANISMOS DE COLAPSO

A escavação de um túnel permite a deformação do maciço confinado, o que pode


ocasionar mecanismos de colapso locais e globais.
Quando a estabilidade do maciço afetar somente as tensões e deformações nas
proximidades da escavação, manifestam-se os mecanismos de colapso local.
Estes podem ser contidos através de tratamentos de maciço localizados, generalizados
ou por parcialização da seção escavada, que reduz a exposição da superfície escavada.
De modo geral, os mecanismos de ruptura local são de núcleo (caso L1), de teto (caso
L2), de frente (caso L3) ou uma combinação desses (caso L4) em solos desplacante ou
corrediços.
49

Quando a estabilidade do maciço afetar as tensões e deformações até a camada


superficial, manifestam-se os mecanismos de colapso global.
Estes podem ser resultado de instabilidade local progressiva, não capacidade de
arqueamento das tensões, baixa resistência ao cisalhamento decorrente de escavações
em solos moles, extrusivos ou escavação de grandes seções. Podem ser contidos
através de tratamentos generalizados no maciço, parcialização da seção escavada ou
limitação / diminuição do avanço.
As figuras 14 e 15 apresentam a diferença entre os mecanismos de colapso local e
global e os mecanismos de colapso local, respectivamente.

FIGURA 14 – Mecanismos de colapso global e local

FONTE: Murakami, 2002.


50

FIGURA 15 – Mecanismos de colapso local

FONTE: Murakami, 2002.

7.3 MACIÇOS

Com base nos Capítulos 4 – Investigação Geotécnica-Geológica e 5 – Descrição das


características e propriedades dos parâmetros geotécnicos das camadas, pode-se
classificar o maciço de acordo com comportamentos geomecânicos para
compartimentá-lo, como é descrito no tópico 7.3.1 Maciço Terroso e 7.3.2 Maciço
Rochoso, e assim pré-dimensionar os tipos de suporte para uma análise de estabilidade,
que pode ser feita através de interação pelo método dos elementos finitos. Esta análise
pode conduzir ao dimensionamento do revestimento final do túnel.

7.3.1 Maciços terrosos

Como visto no tópico 5.2.1 – Maciços terrosos, os solos podem ser classificados de
acordo com a “Classificação dos Tuneleiros” desenvolvida por Terzaghi, que os
divide em: firmes, desplacantes, corrediços, extrusivos, fluentes e expansivos.

7.3.2 Maciços rochosos

Dentre os diversos métodos para a classificação dos maciços rochosos, destacam-se o


Sistema RMR e o Sistema Q. Essa classificação é realizada a partir de atribuição de
pesos relativos aos parâmetros e características dos maciços rochosos que influem no
51

comportamento geomecânico, sendo assim, possível compartimentar os maciços


rochosos.

A. Sistema RMR

O sistema de classificação RMR citado no tópico B do item 5.2.2, também


compartimenta maciços rochosos em classes, sendo: I (Muito boa), II (Boa), III
(Razoável), IV (Ruim), V (Muito ruim).

B. Sistema Q

O sistema de classificação Q citado no tópico A do item 5.2.2 Sistema Q,


compartimenta os maciços rochosos em diferentes classes, sendo: A (Excelentemente
boa, extremamente boa e muito boa); B (Boa); C (Média); D (Ruim); E (Muito ruim);
F (Extremante ruim); G (Excepcionalmente ruim).
7.4 TIPOS DE SUPORTE

Os elementos de suporte ou revestimento primário possuem a função de manter a


seção do túnel estável até a execução do revestimento final, exercendo uma tensão
suficiente para manter o maciço em equilíbrio e com deslocamentos compatíveis ao
tipo de obra. Os tipos de suporte mais utilizados nos revestimentos primários dos
túneis são:
 Concreto Projetado;
 Cambotas;
 Tela metálica ou fibra;
 Tirantes;
 Chumbadores.

7.4.1 Concreto Projetado

O concreto projetado consiste na mistura de cimento, água, brita, areia e aditivos que
são transportados através do mangote da bomba de projeção até a o bico projetor sob
pressão de ar comprimido, podendo ser aplicado por meio de dois sistemas: via seca e
via úmida.
52

Via seca: insere-se no equipamento de projeção os agregados e o cimento, que são


bombeados pelo mangote e adiciona-se água e aditivos no bico projetor. O mangoteiro
realiza o controle da adição de água (funcionário que faz a aplicação do concreto
projetado).
Via úmida: insere-se no equipamento de projeção a mistura de cimento, agregado e
água, preparados previamente em uma usina dosadora de concreto. Bombeia-se essa
mistura pelo magote e no bico projetor aplica-se aditivo.
Devem ser adotados os requisitos de:
 Alta resistência inicial;
 Deformabilidade inicial;
 Aplicação em camadas (se a instrumentação detectou uma deformação excessiva
é possível que se aplique outra camada sobre a já existente).
O concreto projetado é um método de aplicação rápido e por vezes mais barato que o
concreto moldado in loco, sendo mais eficiente que o tradicional.
O concreto projetado possui como inconvenientes a reflexão, o desplacamentos e a
sombra.
Reflexão: é a parte do concreto projetado que não fica incorporado à superfície de
projeção devido ao impacto com superfícies duras (solo, camada anterior de concreto
projetado ou armação). Considera-se um desperdício de concreto, pois o material
refletido se retém próximo à frente de projeção, podendo causar oclusão na execução
de novos trechos de concreto projetado, e não pode ser reaproveitado por já estar
envolvido em pasta de cimento.
Deve-se atentar à algumas interferências no índice de reflexão:
 Ângulo e distancia de projeção;
 Aumento do consumo de finos;
 Aumento do teor de aditivos;
 Aumento da relação água/cimento;
 Redução da pressão do ar;
 Processo via úmida;
 Redução da dimensão máxima dos agregados.

Desplacamento: é a massa de concreto que após a projeção de camadas espessas


desprende-se da superfície por conta de falta de aderência entre o concreto projetado
53

e o maciço, podendo ocorrer pela rugosidade do maciço ser muito lisa, pela presença
de carbonato de cálcio ou pela projeção de concreto sobre material solto. Pode-se
adotar como medida construtiva, a projeção da camada por etapas de concreto e/ou a
preparação da superfície de projeção umedecendo-a ou aumentando a sua rugosidade.

Sombra: é o vazio formado atrás das armaduras (tela metálica ou cambota), causado
principalmente pela má aplicação do concreto projetado. Recomenda-se que projete-
se o concreto com movimentos circulares, preenchendo-se os vazios atrás das
armaduras a partir dos espaços inferiores e laterais.
A figura 16 mostra a execução do concreto projetado para revestimento do túnel.

FIGURA 16 – Execução de concreto projetado

FONTE: GEOCONCRET, 2011.

7.4.2 Cambotas Metálicas

Cambotas metálicas são elementos constituídos de perfis metálicos calandrados ou


soldados e de barras, vergalhões ou treliças de aço. Sua aplicação é realizada por
funções construtivas ou estruturais e sua forma é similar a do arco superior do túnel.
Função estrutural:
54

 Funciona como elemento de confinamento do maciço que junto ao concreto


projetado garante a estabilidade do túnel;
 Pode ter a função de armação para o revestimento primário, desde que isso seja
previamente definido.
Função construtiva:
 Pode ser usada como gabarito para a casca de concreto do revestimento primário;
 Auxilia no posicionamento da tela metálica;
 Auxilia no instante em que o concreto projetado do revestimento primário ainda
não adquiriu resistência suficiente para suportar o peso próprio e assim o concreto
se apoia nas cambotas até adquirir resistência suficiente.
As figuras 17 e 18 apresentam uma cambota metálica utilizada como parte do suporte
num trecho do túnel da Linha 5 do Metrô de São Paulo e o uso de cambotas metálicas
para executar o “túnel falso” também situado na Linha 5, respectivamente.

FIGURA 17 – Cambotas metálicas

FONTE: Os Autores.
55

FIGURA 18 – Cambotas metálicas

FONTE: Os Autores.

7.4.3 Telas metálicas

As telas metálicas são armaduras pré-fabricadas constituídas por fios de aço


nervurados longitudinal e transversalmente de alta resistência mecânica, sobrepostos
e soldados entre si em todos os pontos de cruzamento (nós), por corrente elétrica
(caldeamento), formando malhas retangulares.
Função:
 Aumento da resistência à tração do revestimento primário;
 Proporcionar segurança contra a queda de pequenos blocos de rocha antes da
aplicação do concreto projetado.
A figura 19 apresenta o uso de tela metálica no suporte do túnel da Linha 5 do Metrô
de São Paulo.
56

FIGURA 19 – Tela metálica

FONTE: Os Autores.

7.4.4 Fibras

As fibras possuem a mesma função da tela metálica exercida no revestimento


primário, que é de aumentar a resistência à tração. A inclusão de fibras no concreto
projetado reduz o tempo de aplicação do revestimento primário se comparado ao
sistema equivalente com a instalação da tela metálica, que requer tempo para o
posicionamento das telas.
A aplicação de fibras no concreto projetado iniciou por volta de 1970. Destacam-se
atualmente o uso de fibras de aço, vidro, carbono e polipropileno.
A figura 20 apresenta as fibras de aço incorporadas ao concreto.
57

FIGURA 20 – Fibras de aço

FONTE: Magalhães, 2011.

7.4.5 Tirantes

Tirantes são utilizados em maciços rochosos com a função de estabilizar as fraturas e


planos de descontinuidade, a fim de evitar a queda de blocos potencialmente instáveis
e escorregamentos de superfícies, que possuem as descontinuidades mergulhando na
direção contrária à frente de escavação do túnel.
O processo do sistema de atirantamento se traduz na perfuração dos blocos rochosos;
introdução de cartuchos de resina e posteriormente das barras, que podem ser de aço
ou fibra de vidro; injeção de nata de cimento; posicionamento da placa metálica;
aplicação da protensão e, por fim, da presilha ou rosca.
As barras que são introduzidas no maciço possuem uma extremidade ancorada nos
blocos do maciço rochoso que estão estabilizados, e a outra extremidade na face da
cavidade. A protensão do tirante estabelece zonas previamente comprimidas, que se
desenvolvem no formato de bulbos de compressão e sustentam o peso dos blocos
potencialmente instáveis.
58

As figuras 21 a 24 apresentam o esquema de instalação, o princípio do funcionamento


mostrando as zonas comprimidas, a aplicação do tirante no túnel para gasoduto e a
representação gráfica da seção transversal de um túnel atirantado, respectivamente.

FIGURA 21 – Esquema Tirante

FONTE: Geotécnica, 2009.

FIGURA 22 – Tirante

FONTE: Themag, (informação pessoal).


59

FIGURA 23 – Aplicação do Tirante

FONTE: EXPLOSIVOS, 1988.

FIGURA 24 – Tirantes em rochas

FONTE: O Globo, 2013.

7.4.6 Chumbadores

Os chumbadores são sistemas de suporte que possuem função similar a dos tirantes,
sendo aplicados em túneis escavados em maciços rochosos que apresentem
instabilizações dos blocos próximos à seção escavada. Tal restrição limita seu uso em
maciços que apresentem condições de ancoragem para chumbamento próximo a estes
blocos potencialmente instáveis.
60

O processo do sistema de aplicação de chumbadores se traduz na perfuração da rocha;


introdução de cartuchos de resinas e posteriormente das barras de aço; injeção de nata
de cimento; posicionamento da placa metálica e aplicação da presilha.
As barras que são introduzidas no maciço possuem uma extremidade ancorada nos
blocos do maciço rochoso que estão estabilizados, e a outra extremidade na face da
cavidade. Se o bloco potencialmente instável desplacar, ele solicita o chumbador que
por sua vez mobiliza esforços no maciço rochoso estável.
As figuras 25 e 26 apresentam o corte mostrando o esquema típico da instalação de
chumbadores e a seção transversal de um túnel com chumbadores.

FIGURA 25 – Esquema de chumbador

FONTE: Wittke, Pieral e Erichsen, 2006.

FIGURA 26 – Chumbadores

FONTE: DER, 2005.


61

7.5 APLICAÇÃO DOS SUPORTES EM MACIÇOS TERROSOS E ROCHOSOS

Com base nos capítulos 4. Investigação dos Aspectos Geotécnico-Geológicos e 5.


Descrição e Avaliação das Características e Propriedades das Camadas, pode-se
notar as particularidades do comportamento geomecânico provocado pela escavação
do maciço para a implantação do túnel.
Por consequência, as propriedades dos sistemas de suporte adotados e as técnicas de
execução são peculiares a cada projeto. As suas aplicações estão vinculadas às
características geométricas da abertura da seção a ser escavada e geotécnicas do
maciço, ao sistema de escavação, à velocidade de avanço, aos tipos e características
do suporte e ao tempo necessário a sua aplicação.

7.5.1 Suportes em maciços terrosos

Dentre as diversas combinações possíveis para compor o sistema de suporte que


conduzirá o maciço terroso escavado ao reequilíbrio, descreve-se nos tópicos A, B e C
as principais combinações empregadas.

A. Concreto projetado

Na maioria dos túneis utiliza-se concreto projetado pela facilidade de aplicação e alta
resistência inicial.
O concreto projetado pode ser empregado isoladamente em túneis que não mobilizem
tração nas estruturas, em maciços terrosos que possuam tempo de auto-sustentação
suficiente para garantir a estabilidade até que o concreto atinja sua cura, ou seja, em
solos firmes e expansivos, atentando-se as tensões mobilizadas no suporte.

B. Concreto projetado com tela metálica ou fibras

O formato da seção escavada do túnel pode mobilizar esforços de tração no


revestimento dos túneis por conta das solicitações de flexão, seja na fase final por
assimetrias das solicitações ou seções que contenham formatos pontiagudos e/ou
assimétricos, seja na parcialização da seção de escavação.
62

Neste caso, deve-se aumentar a resistência a tração do suporte e, para isto, faz-se
necessário a incorporação de fibras ao concreto projetado ou de telas metálicas ao
sistema de suporte.
Além dessas aplicações, a tela metálica pode ser empregada em solos desplacantes.

C. Concreto projetado e cambota metálica com ou sem tela metálica

As escavações de túneis em solos com pequenos tempos de auto-sustentação, como


solos desplacantes, solos fluentes e solos extrusivos, podem produzir deformações
excessivas do maciço.
Tais efeitos podem justificar o emprego de cambotas metálicas no sistema de suporte,
que por possuir alta rigidez inicial e pequeno tempo de instalação em relação aos
demais sistemas de suporte, conduz o maciço ao ponto de equilíbrio reduzindo as
deformações, enquanto o concreto projetado ainda não atingiu o módulo de
elasticidade e resistência necessários para a sustentação do maciço com pequenas
deformações. Além disso, pode ser necessário para o emprego do concreto projetado
e a resistência aos esforços de tração.

7.5.2 Maciços rochosos

Através da classificação Q ou RMR realizada para as condições geomecânicas


adversas do túnel, pode-se tomar como diretriz as tabelas e gráficos obtidos
empiricamente (com base em casos reais) e propostos pelos devidos autores para o pré-
dimensionamento do sistema de suporte necessário ao maciço rochoso em questão.
Ressalta-se que essas recomendações devem ser verificadas numa análise interativa
solo-estrutura, que pode ser realizada pelo método dos elementos finitos para decisão
final das características que devem ser empregadas.
Os principais sistemas de suporte em maciços rochosos são:
 Tirantes;
 Chumbadores;
 Telas metálicas;
 Concreto projetado;
 Cambotas metálicas.
63

A. Pré-dimensionamento pelo sistema de classificação RMR

A tabela 9 apresenta recomendações para o pré-dimensionamento do sistema de


suporte em maciços rochosos pelo sistema RMR, com base nos pesos relativos
admitidos para as propriedades geomecânicas.
Exemplo: para um maciço rochoso classificado no grupo II, tem-se a recomendação
de empregar tirantes esporádicos de 3 metros de comprimento espaçados em 2,5m e
camada de concreto projetado de 5cm, se necessário; escavação em seção plena;
avanço variando de 1 a 1,5 m e instalação do suporte definitivo no máximo a 20m da
frente de escavação.
64

TABELA 9 – Recomendações Sistema RMR


CLASSE ESCAVAÇÃO ANCORAGENS SUPORTE CAMBOTAS
GEOMECÂNICA (CONCRETO
RMR PROJETADO)

81 a 100 Seção total; 3m de Geralmente não requer suporte com a exceção de


(I) avanço. ancoragens esporádicas.

61 a 80 Seção total; 1 a 1,5m Ancoragens com 50mm no teto Nenhum.


(II) de avanço; Suporte 3m de quando
completo a 20m da comprimento, necessário.
frente. espaçadas em
2,5m,
esporadicamente
com malha em
certas zonas do
teto.
41 a 60 Seção parcial (frente Ancoragens 50 a 100mm no Nenhum.
(III) e rebaixo); 1,5 a 3m sistemáticas com teto e 30mm nas
de avanço; Início do 4m de laterais do túnel.
suporte após cada comprimento
fogo; Suporte espaçadas em 2m
completo a 10m. nas paredes e nos
tetos, com malha
no teto.
21 a 40 Seção parcial (frente Ancoragens 100 a 200mm Cambotas
(IV) e rebaixo); 1 a 1,5m sistemáticas com 4 no teto e leves
de avanço; a 5m de 100mm nas espaçadas de
Instalação do suporte comprimento, laterais do túnel. 1,5m.
concomitantemente espaçadas em 1 a
com a escavação. 1,5m com malha
no teto e nas
paredes.
< 20 Seções múltiplas; Ancoragens 150 a 250mm Cambotas
(V) 0,5 a 1,5m de sistemáticas com 5 no teto e 150 médias a
avanço; Instalação a 6m de mm nas laterais pesadas
do suporte comprimento, do túnel. espaçadas de
concomitantemente espaçadas em 1 a 0,75m.
com a escavação; 1,5m com malha Fechamento na
Concreto projetado no teto e nas soleira.
logo após o fogo. paredes.
Ancoragem na
soleira.
FONTE: Aguiar, 2010.
65

B. Pré-dimensionamento pelo sistema de classificação Q

A figura 27 apresenta o pré-dimensionamento do sistema de suporte em função do vão


e da classe da rocha na classificação Q. O gráfico possui linhas mais espessas que
interseccionam os limites entre os tipos de suporte:
1. Maciço autoportante;
2. Tirantes esporádicos (localizados);
3. Tirantes sistemáticos;
4. Tirantes com concreto projetado;
5. Concreto projetado com fibras com espessura variando de 5 a 9 centímetros;
6. Concreto projetado com fibras com espessura variando de 9 a 12 centímetros;
7. Concreto projetado com fibras com espessura variando de 12 a 15 centímetros;
8. Concreto projetado com cambota metálica;
9. Concreto moldado;
10. Trecho inapropriado para escavação sem o uso de tratamentos.
66

FIGURA 27 – Recomendações Sistema Q

FONTE: Aguiar, 2010.


67

7.6 MÉTODOS DE ESCAVAÇÕES DO MACIÇO


Escavações são técnicas utilizadas para fragmentar o maciço com o uso de ferramentas
específicas, tendo por objetivo abrir espaços subterrâneos para a construção de túneis,
por exemplo. A partir do conhecimento das características dos maciços, escolhe-se a
técnica que melhor se emprega na escavação.

7.6.1 Tipos de escavação

As técnicas de escavação mais utilizadas pelo método de escavações convencional


dividem-se em três grupos: escavação comum, escavação mista e escavação a fogo.

A. Escavação comum
É a técnica de escavação que utiliza equipamentos e máquinas de diversos tamanhos,
que conseguem remover o material escavado diretamente do local, sem o uso de
explosivos ou equipamentos que realizem exclusivamente o rompimento da
compacidade do maciço. Sugere-se que seja aplicada para solos, materiais
decompostos, aluviões e blocos isolados de até 1m³.
Os principais equipamentos são:
 Escavadeiras com caçamba retro: equipamento utilizado para escavação de solos,
onde este crava a pá no solo, desagregando-o e carregando o material para a
caçamba do caminhão ou vagoneta do trem;
 Pás carregadeiras convencionais ou rebaixadas: equipamento utilizado para o
carregamento de solo ou rocha desmontada, que podem ser rebaixadas para serem
utilizadas em túneis e galerias de pequenos diâmetros.
As figuras 28 e 29 apresentam a escavadeira no emboque do túnel e a escavadeira
dentro do túnel, respectivamente.
68

FIGURA 28 - Escavadeira no emboque do túnel

FONTE: Geotécnica, 2013.

FIGURA 29 - Escavadeira dentro do túnel

FONTE: Geotécnica, 2013.

B. Escavação de rocha por desagregação ou mista


É a técnica de escavação que utiliza equipamentos exclusivos para o rompimento da
compacidade, possibilitando a desagregação do maciço a ser escavado, além das
escavadeiras comuns. Sugere-se que esta técnica seja aplicada em rochas alteradas
moles, estratificadas, com diferentes graus de alteração.
Para a desfragmentação do maciço rochoso, os principais equipamentos são:
69

 Rompedor hidráulico: equipamento que rompe e desagrega as rochas por impactos


mecânicos da ponta;
 Escavadeira com rompedor hidráulico: escavadeira dotada de rompedor hidráulico
ou martelete hidráulico, ocupando menos espaço na frente de escavação por
possuir duas funções;
 Fresadoras: equipamento que possui cabeçotes giratórios dotados de dentes e com
rotações elevadas fresam o maciço, podendo ser instalados em escavadeiras ou em
chassis definidos para esse fim.
As figuras 30 e 31 apresentam rompedor hidráulico na frente de escavação e
escavadeira com rompedor hidráulico, respectivamente. As figuras 32 e 33 apresentam
a ação dos cabeçotes giratórios das fresadores e a fresadora com chassi,
respectivamente.

FIGURA 30 – Rompedor hidráulico

FONTE: Geotécnica, 2013.


70

FIGURA 31 – Escavadeira com rompedor hidráulico

FONTE: Atlas Copco, 2010.

FIGURA 32 – Fresadora

FONTE: SIMEX.
71

FIGURA 33 – Fresadora

FONTE: OTTAWA.

C. Escavação de rocha por explosivos


É a técnica de escavação que utiliza explosivos para o rompimento da compacidade de
rochas sãs e pouco alteradas. Pode ser utilizada por conta da rocha a ser escavada
possuir dureza elevada, não sendo cortada pelos instrumentos, ou pela necessidade de
reduzir o tempo de execução da escavação, aumentando a velocidade do avanço.
Sugere-se que seja aplicada para rochas duras, médias ou brandas, estratificadas, com
diferentes graus de alteração.
O procedimento dessa técnica é a perfuração do maciço rochoso por meio de martelos
pneumáticos ou jumbos; colocação dos explosivos; evacuação; detonação; ventilação;
limpeza e bate choco.
A carga e tipo de explosivo devem ser estudados em um projeto complementar e
variam de acordo com as seguintes características da rocha: origem (ígnea,
metamórfica ou sedimentar), dureza (dura, média ou branda), presença de água nas
descontinuidades e grau de fraturamento.
As figuras 34 a 37 apresentam respectivamente o jumbo perfurando o maciço, o
carregamento dos explosivos, a detonação e os seus efeitos no túnel para gasoduto.
72

FIGURA 34 – Jumbo

FONTE: EXPLOSIVOS, 1988.

FIGURA 35 – Carregamento de explosivos

FONTE: EXPLOSIVOS, 1988.


73

FIGURA 36 – Detonação

FONTE: EXPLOSIVOS, 1988.

FIGURA 37 – Efeitos da detonação

FONTE: EXPLOSIVOS, 1988.


74

As principais técnicas de escavação a fogo são:


 Pré-fissuramento (pre-splitting)
Consiste na formação de uma trinca plana, que é gerada pela detonação antecipada dos
furos que limitam a superfície de escavação final, sem ocasionar fendas secundárias
fora de seu plano. Após o pré-fissuramento, se dá o fogo principal que desagrega o
maciço possibilitando sua retirada do túnel.
 Fogo cuidadoso (smooth blasting)
O fogo cuidadoso diferencia-se do princípio de pré-fissuramento pelo disparo do fogo
de contorno ocorrer simultaneamente ao do fogo principal.
 Perfuração em linha (line drilling)
Consiste na perfuração do maciço no limite da superfície final com pequena distância
entre os furos, enfraquecendo o plano de corte onde objetiva-se que o fogo principal
rompa.

7.6.2 Aplicação das escavações em diferentes maciços


A figura 38 apresenta a correlação da classificação do maciço no perfil de
intemperismo com os métodos de escavação e perfuração para investigação do mesmo.
A figura 39 resume o fluxograma do procedimento para de determinação dos
equipamentos de escavação em função da categoria do maciço.
75

FIGURA 38 - Correlação da classificação do maciço

FONTE: Vaz, 1996.


76

FIGURA 39 – Categoria do maciço – Métodos de Escavação

Escavação

Características
geológicas do maciço.

Categoria do maciço a ser


escavado?

Escavação comum Escavação mista Escavação por explosivo


(1ª Categoria) (2ª Categoria) (3ª Categoria)

Perfuratrizes que
Rompedores Fresadoras Rompedores preparam o furo do local
manuais acoplados a dos explosivos de acordo
escavadeiras com um plano de fogo.
Escavadeiras, (Ex. Jumbo)
Manual
retroescavadeiras
carregadeiras.

Explosivos.

FONTE: Os Autores.

8. SISTEMA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

8.1 INTRODUÇÃO

A importância do sistema de impermeabilização, que tem como objetivo a manutenção


da estanqueidade ou do controle de infiltração de água nos túneis, é de garantir a
funcionalidade dos equipamentos e instalações sensíveis à umidade. Dessa forma,
evita-se patologias nas estruturas, propiciando o aumento de sua durabilidade
As decisões inadequadas na escolha do sistema de impermeabilização a ser aplicado
podem ocasionar desde manutenções frequentes nos pontos de infiltração do
77

revestimento como também a impossibilidade parcial ou total de operação, afetando o


custo dos sistemas de drenagem internos ao túnel. Por isso, deve-se analisar
cuidadosamente o sistema a ser instalado.
Os sistemas de impermeabilização integram as estruturas dos túneis e geralmente são
instalados entre os revestimentos primários e secundários (ou finais).

8.2 ESCOLHA DO SISTEMA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

Realiza-se a escolha do sistema de impermeabilização de túneis baseado na condição


geotécnica do maciço a ser escavado. Deve-se levar em conta a composição química
da água e do maciço em contato com as estruturas e impermeabilizantes, pois podem
acelerar a deterioração destes.
Pode ser dispensável o uso de membranas de impermeabilização em maciços de baixa
permeabilidade como argilas, pois há pequenas vazões de infiltração e pressões
hidrostáticas.
Em função da quantidade de ocorrência d’água nos maciços rochosos muito fraturados,
deve-se analisar cuidadosamente a membrana de impermeabilização que deve ser
aplicada, uma vez que o fluxo d’água pode submeter tal membrana a maiores pressões
e causar infiltrações no interior do túnel.

8.3 SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO DE TÚNEIS


O sistema de impermeabilização de túneis pode ser empregado através de
geomembrana polimérica, geotêxtil e geocomposto e membrana projetada. Os tópicos
8.3.1 a 8.3.3 discutem as características específicas de cada sistema.

8.3.1 Geomembrana polimérica


As geomembranas poliméricas exercem a função de barreira de fluxo, caracterizando
o sistema de impermeabilização contínuo e retendo a entrada de água no interior do
túnel.
Aplicam-se as geomembranas poliméricas entre os revestimentos primários e
secundários e pode-se realizar a união entre as mantas por colagem ou soldagem de
termofusão das sobreposições.
78

Dentre os materiais que podem ser aplicados como geomembranas em sistemas de


impermeabilização de túneis destacam-se o PVC (Policloreto de Vinila), o TPO
(Termoplástico de Poliolefina) e a membrana projetada.

A. Geomembrana de PVC
Segundo Rebelo (2003), as geomembranas de PVC (formadas pelos compostos
químicos: carbono, hidrogeno e cloro) compõe-se de materiais poliméricos e
termoplásticos de baixa condutividade hidráulica e pequenas espessuras empregadas
no revestimento, podendo-se submetê-las à variações de temperatura frequentes sem
alterar suas características básicas.
A geomembrana de PVC que impede ou controla as infiltrações d’água no interior do
túnel, possuem altas características de resistência e deformações, facilidade de emenda
e boa trabalhabilidade. Usualmente, sua espessura varia entre 1,5 e 3,0mm de acordo
com as condições locais e os requisitos de funcionalidade do túnel.
Deve-se atentar cuidadosamente à execução de juntas principalmente quando
realizadas por soldas de termofusão, pois falhas neste procedimento podem causar
infiltrações e danos nas geomembranas e estruturas da região, se houver água retida
sob pressão.
As figuras 40 e 41 apresentam as ligações por termofusão das sobreposições nas juntas
entre geomembranas e uma visão geral da instalação da geomembrana polimérica no
túnel, respectivamente.
79

FIGURA 40 - Ligações por termofusão

FONTE: Justo, 2004.

FIGURA 41 - Túnel com geomembrana polimérica

FONTE: Justo, 2004.

B. Geomembrana de TPO
A fabricação da geomembrana de TPO que possui a composição similar a de PVC
exige processos com elevada contenção energética para que o polipropileno modifique
suas estruturas químicas e torne-se flexível após a reação com o etileno introduzido,
80

aumentando suas propriedades de flexibilidade, trabalhabilidade e resistência


mecânica.
Destacam-se como principais características a excelente soldabilidade, elevada
resistência mecânica e ao envelhecimento e puncionamento estático e dinâmico.
A tabela 10 apresenta a comparação entre os principais parâmetros das geomembranas
de PVC e TPO.

TABELA 10 - Comparação PVC e TPO


Parâmetros PVC TPO
Elasticidade ++ +
Resistência à tração - -
Resistência ao rasgo - +
Puncionamento + ++
Solda ++ ++
Instalação ++ ++
Reparação ++ ++

FONTE: Luschi, 2013.

8.3.2 Geotêxtil e Geocomposto


Os geotêxteis (tecidos e não tecidos) e geocompostos drenantes exercem a função de
proteção mecânica das geomembranas e de drenagem d’água pelo seu corpo.

A. Geotêxteis
Os geotêxteis tecidos são produtos obtidos do entrelaçamento de fios, monofilamentos
ou laminetes (fitas) segundo duas direções preferenciais denominadas “trama” e
“urdume”, sentido transversal e longitudinal da manta respectivamente. E os geotêxteis
não tecidos caracterizam-se por apresentarem filamentos contínuos ou fibras cortadas
dispostos em diversas direções interligados por processos mecânicos, térmicos ou
químicos, tendo a função de proteger contra danos mecânicos, evitando a perfuração
da geomembrana nos pontos salientes. (Vertematti, 2004)

B. Geodreno
Os geocompostos drenantes ou geodrenos constituem-se pelo núcleo plástico drenante
com elevada capacidade de vazão envolto por filtro geotêxtil não tecido, que permita
81

a passagem de líquidos e retenha o solo ou outras partículas carreadas pelo fluxo


hidrodinâmico. Por vezes o geodreno exerce a função de proteção das geomembranas
e o filtro geotêxtil pode impedir o carreamento de partículas finas para o núcleo
drenante, colmatando.
A aplicação de geodrenos alivia as pressões neutras d’água e podem conceder
superfícies secas para a aplicação da membrana projetada e execução do revestimento
final. Também se utilizam geodrenos para captação e condução das águas infiltradas
para o sistema de drenagem do túnel. Durante a aplicação deve-se atentar para a
espessura máxima e o espaçamento mínimo entre geodrenos, de forma que se garanta
a aderência entre os revestimentos e a integridade estrutural do revestimento final.
As figuras 42 a 44 apresentam o esquema do funcionamento de geodrenos com o
objetivo de controle de infiltração de águas subterrâneas, trabalhadores recortando os
geodrenos para a instalação e a aplicação das faixas de geodrenos nos pontos de
surgência d’água do revestimento primário com o auxílio de grampeadores
pneumáticos, respectivamente.

FIGURA 42 – Geodreno para controle

FONTE: BIDIM, 2003.


82

FIGURA 43 - Corte das faixas de geodreno

FONTE: BIDIM, 2003.

FIGURA 44-Instalação geodrenos

FONTE: BIDIM, 2003.

8.3.3 Membrana projetada


Composta de materiais copoliméricos de EVA misturados com pequenas quantidades
de cimento especial em pó, a membrana elástica projetada pode ser aplicada sobre o
revestimento primário de concreto pelos equipamentos de projeção de concreto de via
seca com injeção de água no bico.
83

Empregam-se geralmente membranas projetadas com espessuras de 3 a 16mm, após a


execução de medidas construtivas (injeção para consolidação do maciço ou aplicação
de tirantes/chumbadores nas rochas), pois estes podem danificar a membrana.
As membranas projetadas possuem a vantagem de garantir a aderência entre as
camadas de concreto dos revestimentos primários e secundários. Isto causa o efeito da
monoliticidade, implicando na economia do revestimento final por conta de
dimensionar a estrutura levando-se em consideração o revestimento primário.
Também podem ser aplicadas em túneis com geometrias pequenas ou pontiagudas que
não permitam a instalação de geomembranas.
A figura 45 apresenta a comparação esquemática entre a instalação das geomembranas
de PVC com os geotêxteis e a membrana projetada, salientando a significativa
economia do revestimento final. Esta economia progride por possibilitar a escavação
de menores seções e redução dos custos de manutenção.

FIGURA 45 – Geomembrana PVC x membrana projetada

FONTE: BASF, 2008.

O procedimento para aplicação da membrana projetada se simplifica na aplicação da


pasta pegajosa, espera do tempo de cura e aplicação de camada de concreto projetado
para proteção mecânica. Após isto, prossegue-se com a execução do revestimento final
do túnel, seja por concreto moldado in loco, seja por aplicação de concreto projetado
imediatamente sobre a membrana, podendo dispensar o posicionamento da armação
pelo uso de fibras no concreto.
84

Recomenda-se a aplicação robotizada e o controle da espessura da membrana e


concreto projetados, cuidando-se quanto a escala de controle.

8.4 CONJUGAÇÃO DA GEOMEMBRANA POLIMÉRICA COM A MANTA


PROJETADA
A figura 46 apresenta a conjugação da geomembrana polimérica com a membrana
projetada na impermeabilização do túnel.

FIGURA 46 - Conjugação geomembrana polimérica e membrana projetada

FONTE: Silva, 2012.

8.5 APLICAÇÃO DOS SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO


O sistema de impermeabilização se compõe da membrana impermeabilizante, o
suporte primário de concreto projetado e o anel do suporte final, compreendendo toda
a tecnologia de soldadura e fixação, geotêxtil, discos, cintas PVC, tamanho do grão do
concreto projetado, tecnologia de injeção (sistema contra pressão de água) etc.
(Lemke, 2005).
Segundo González (2012), com relação ao tipo de drenagem, o sistema de
impermeabilização pode ser concebido de forma parcial (guarda-chuva), que consiste
85

na instalação da membrana na abóbada e nas laterais do túnel, e total (submarino), que


consiste na instalação da membrana em todo contorno do túnel (abóbada, laterais e
arco invertido definitivo).
A figura 47 apresenta os sistemas de impermeabilização de túneis, a esquerda o sistema
do tipo guarda-chuva e a direita o sistema do tipo submarino.

FIGURA 47 - Sistemas de impermeabilização

FONTE: Rocha, 2005.

8.5.1 Sistema Parcial ou Guarda-Chuva


Indica-se a adoção do sistema de impermeabilização do tipo guarda-chuva para túneis
que se situem acima do nível d’água ou que o maciço circundante às escavações
possuam baixa permeabilidade.
Deve ser considerado para o sistema tipo guarda-chuva, o dimensionamento do sistema
de drenagem do túnel, que por vezes possui o sistema de bombeamento permanente
d’água, atentando-se aos efeitos que o volume d’água drenado causa na hidrogeologia
da região.
A variação do nível do lençol freático produz deformações no maciço, podendo
provocar danos estruturais nas edificações da superfície. Além disso, tal variação pode
86

submeter a estrutura do túnel a maiores pressões ou acumular água em seu interior, se


o sistema de drenagem falhar, causando danos nas estruturas do túnel.
A execução do sistema tipo guarda-chuva procede com a aplicação da manta
impermeabilizante na abóbada e laterais do túnel; instalação do sistema de drenagem
na parte inferior das laterais do túnel, abaixo do acabamento das mantas,
proporcionando assim a drenagem longitudinal do lençol.
As figuras 48 e 49 apresentam o esquema do sistema de impermeabilização tipo
guarda-chuva com a drenagem de água subterrânea e o detalhe da drenagem d’água
desse sistema aplicado em túneis metroviários, respectivamente.

FIGURA 48 - Sistema “guarda-chuva” com detalhes de drenagem

FONTE: Rodriguez, 2008.


87

FIGURA 49 - Sistema “guarda-chuva”

FONTE: Rocha, 2013.

8.5.2 Sistema Fechado ou Submarino


Indica-se a adoção do sistema de impermeabilização do tipo submarino para túneis que
se situem muito abaixo do nível d’água, que o maciço circundante às escavações
possuam alta permeabilidade, em situações que dificultem a manutenção ou que se
queiram economizar neste aspecto.
Considera-se o sistema do tipo submarino como sistema selado ou estanque, onde só
ocorre drenagem na fase construtiva. Instala-se a manta impermeabilizante no
contorno do túnel (abóbada, laterais e arco invertido definitivo ou de fundo).
A figura 50 apresenta o esquema do sistema de impermeabilização do tipo submarino,
onde deve ser considerada a pressão d’água.
88

FIGURA 50 – Sistema Submarino incluindo detalhes de drenagem provisória

FONTE: Rodriguez, 2008.

8.5.3 Tratamentos localizados

A. Sistema de geodrenos
O sistema de geodrenos consiste na aplicação de geocompostos drenantes para formar
redes de drenagem que se iniciam nos pontos de surgência d’água, conduzindo as
infiltrações para o sistema de drenagem. Dessa forma, obtêm-se o alívio de pressões
d’água no revestimento final do túnel. Indica-se o uso desse sistema em túneis com
grandes irregularidades no revestimento primário e em maciços que possuam pequenos
fluxos d’água.
Após a instalação, aplica-se argamassa polimérica de alto desempenho, reforçada com
fibras sobre o geodreno para sua proteção.
A figura 51 apresenta a instalação do sistema de geodrenos (Drainpack) em túneis e
seu detalhe de acabamento.
89

FIGURA 51 - Sistema de drenagem Drainpack

FONTE: Brasil, 2008.

B. Tratamentos químicos
Os tratamentos químicos podem ser técnicas de efeito pontual, geralmente utilizadas
para reparos, para reduzir a permeabilidade e as infiltrações d’água através de injeção
de silicatos, espuma de poliuretano hidroativado ou gel acrílico durante a construção
ou manutenção do sistema de impermeabilização.
Tratamento das estruturas de concreto: pode-se reduzir a permeabilidade do concreto
através do sistema de aspersão de solução de silicatos bioquimicamente modificada,
pois esta solução reage com a água e com as moléculas de cálcio disponíveis para
formar o gel de silicato de cálcio hidratado que ocupa as fissuras e vazios do concreto,
configurando uma barreira sobre a superfície que impede a passagem d’água e de
contaminantes, como íons de cloreto.
Tratamento de infiltrações nas rachaduras da estrutura de concreto ou fendas de rochas
de alta qualidade (rugosidade e fraturamento): pode-se estancar as infiltrações
detectadas nos túneis através de injeção de espuma de poliuretano ou gel acrílico,
selando-as.

9. ANÁLISE ESTRUTURAL – INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA

9.1 ARQUEAMENTO
Segundo Souza (1998), a interação maciço-estrutura constitui um sistema altamente
hiperestático, cujo estado tensão-deformação não possui fácil determinação. Ao
90

permitir que o maciço se deforme, ocorre a redistribuição de tensões para as zonas


vizinhas não escavadas (arqueamento de tensões), o carregamento atuante no suporte,
os esforços nele mobilizados e os deslocamentos que nele ocorrem são
interdependentes e correlacionados, tanto as tensões iniciais e características
geométricas quanto propriedades mecânicas do maciço e processo construtivo adotado
(sistema de escavação, velocidade de avanço, as características do suporte e o tempo
de sua instalação).
Segundo Langer & Stockmann (1985), o fenômeno do arqueamento ocorre quando há
mobilização da resistência ao cisalhamento circundante às escavações.
Ao escavar o maciço, permite-se que os elementos que tangenciam externamente a
geratriz superior A, B e C se deformem, porém o elemento A deforma-se mais do que
o elemento B que deforma-se mais que o elemento C. Essa diferença de deformação,
causada pela diferença de rigidez, induz tensões de cisalhamento entre os elementos,
denominando-se de fenômeno de arqueamento. A figura 52 apresenta a formação de
tensões de cisalhamento no contorno do túnel, princípio do arqueamento de tensões.
Quando não há deslocamentos desiguais, por conta das propriedades geomecânicas do
maciço, o túnel entra em colapso.
O arqueamento não se restringe, apenas, à mobilização das tensões cisalhantes na
seção transversal ao eixo do túnel, analogamente, ocorre o mesmo para o eixo
longitudinal nos planos vertical e horizontal, segundo Eisenstein et al. (1984).
91

FIGURA 52 - Tensões de cisalhamento no contorno do túnel

FONTE: França, 2006.

9.2 ANÁLISE INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA


As deformações produzidas no maciço por conta da escavação do túnel, atingem
regiões além da frente de escavação, processando-se principalmente na direção
longitudinal e atingindo um valor máximo, aproximadamente acima da frente de
escavação. Observa-se a formação de três zonas: a não perturbada, a de influência da
frente e a já estabilizada (figura 53). A distância da zona estabilizada é influenciada
pelas características do maciço e do sistema de suporte instalado.
A figura 53 apresenta a influência das escavações nos deslocamentos do maciço no
plano longitudinal.
92

FIGURA 53 – Deslocamento no maciço plano longitudinal

FONTE: França, 2006.

Segundo Galli et al. (2004) e Shanrour & Ghorbabeigi (1996), a medida que o solo
arqueia, alivia as tensões que serão mobilizadas no suporte e como consequência se
deforma. O alívio de tensões do suporte, que significa a diferença da pressão exercida
pelo maciço e da pressão mobilizada no suporte, produz uma zona plástica no entorno
das escavações, que será maior quanto menor for a resistência do maciço, assim como
maior será a distância requerida para se atingir a condição de equilíbrio (zona elástica)
em um estado plano de deformação. Já o suporte equilibra mais rapidamente conforme
maior for sua rigidez e menor for o tempo de sua aplicação.
A figura 54 apresenta a explicação teórica da mecânica do processamento do alívio de
tensões em torno de uma cavidade após sofrer uma deformação radial ∆𝑟 , proposta por
Kastner apud Rabcewicz. Dado um revestimento com capacidade de carga 𝜎𝑟0
instalado no instante da escavação, a relação entre o raio “R” que intercepta os limites
entre as zonas plásticas e elásticas e o raio “r” da escavação é igual a 1, ou seja, não
se desenvolve zona plástica e a tensão tangencial 𝜎𝑡0 correspondente é maior no maciço
que tange as escavações. Permitindo-se a deformação ∆𝑟 , o revestimento requer menor
capacidade de carga 𝜎𝑟1 , pois aliviam-se as tensões do maciço (arqueamento das
cargas) e assim a tensão tangencial passa a valer 𝜎𝑡1 . Esse alívio de tensões se dão às
custas do desenvolvimento de uma zona plástica, além de “R”.
93

FIGURA 54 - Formação de tensões de cisalhamento no contorno do túnel

FONTE: Rabcewicz.

Assim, pode-se utilizar desses conceitos aliados a engenharia e aplicar o devido


sistema de suporte e medidas construtivas auxiliares conforme as condições desejadas.
Em túneis urbanos, nas regiões onde deseja-se limitar as deformações podem ser
aplicados sistemas de suporte de rápida instalação e maior rigidez conjuntamente ou
não com as medidas construtivas auxiliares. Já em túneis não urbanos, nas regiões onde
não há preocupação com as deformações, a não ser por colapsos, podem ser utilizados
sistemas de menor rigidez e economizar nas medidas construtivas adotadas.
Denomina-se curva característica do maciço e curva característica do suporte, a relação
entre deformações e tensões que neles ocorrem. Toma-se como o exemplo, que no
instante M0 o maciço possui pressão P0 e é escavado, isso altera as tensões naturais do
maciço que no instante M1 possui tensão P1 e deformação ∆1. Neste instante, instala-
se o sistema de suporte que permite a deformação de ∆2 até o instante M2, quando o
sistema de suporte adquire rigidez e limita as deformações, suportando uma pressão
de P2 e conduzindo o maciço a situação de reequilíbrio. A figura 55 apresenta
graficamente a curva característica do maciço e suporte desde a escavação até o
equilíbrio final.
94

FIGURA 55 – Esquema representativo do sistema de suporte e do maciço

FONTE: França, 2006.

9.3 MÉTODO DE CONVERGÊNCIA-CONFINAMENTO


Assim como os princípios explicados por Galli et al (2004) e Shanrour & Ghorbabeigi
(1996), ao escavar um túnel circular de raio R, as tensões que originalmente estavam
equilibradas sob pressão P0, produzem deslocamentos no maciço. Ao instalar um
revestimento que resiste a pressão P1, sendo esta menor que P0, os deslocamentos
mobilizam tensões de cisalhamento, formando uma região plástica no maciço.
No método de convergência-confinamento adota-se como hipóteses simplificadoras:
 A seção transversal circular de raio “R”;
 O maciço homogêneo e isotrópico;
 A face plana e vertical;
 O anel de revestimento possui espessura constante “e”, feito de material
homogêneo e isotrópico, instalado a uma distância d0 da face;
 O túnel é tão profundo que despreza-se as variações de pressões geostáticas.

A figura 56 apresenta o perfil longitudinal do túnel que respeita as hipóteses.


95

FIGURA 56 – Perfil longitudinal

FONTE: Couto, 2011.

Essas hipóteses simplificam o problema tridimensional em um problema plano


axissimétrico, com o estado plano de deformações no plano normal ao eixo do túnel.
Simula-se o avanço da frente de escavação, considerando-se a pressão interna
decrescente aplicada às estruturas do túnel sem suporte e de comprimento infinito
𝑓
valendo pressão fictícia 𝑃𝑖 e expressa por:
𝑓
𝑃𝑖 (𝑧) = (1 − 𝜆 (𝑧))𝑃∞ (1)
Onde lambda representa o parâmetro de perda do confinamento, variando-se de 0 a 1
para simular a escavação.
𝑓
A figura 57 apresenta a variação de 𝑃𝑖 que vale 1 quando a pressão fictícia é igual a
pressão de confinamento do solo, a medida que a frente de escavação avança
𝑓 𝑓
𝑃𝑖 diminui e o confinamento idem até que 𝑃𝑖 e o confinamento sejam nulos.
96

FIGURA 57 – Perfil longitudinal

FONTE: Couto, 2011.

A partir dessa formulação, diversos autores desenvolveram expressões para a


simulação dos efeitos da escavação. Panet (1995) apud Couto (2011) sugere a equação
da curva convergência pelo tempo:
𝑈𝑖 (𝑧) = 𝛼(𝑧)𝑈𝑖 (∞) (2)

Onde 𝑈𝑖 (∞) é a convergência correspondente a uma seção e 𝛼(𝑧) é a função da forma


da seção escavada.
𝛼(𝑧) = 𝛼0 + (1 − 𝛼0 )𝛼(𝑧) (3)

E pode ser obtido através do raio da zona plástica Rp, valendo-se R para
comportamento elástico:
2
𝑚𝑅𝑝
𝛼(𝑧) = 1 − [1 − 𝑚𝑅 ] (4)
𝑝 +𝑧

Para valores próximos de 𝛼, sugere-se adotar 𝛼0 valendo 0,25 e “m” valendo 0,75; 𝛼0
igual a 0,27 e “m” valendo 0,84.
A figura 58 representa graficamente o comportamento da pressão fictícia.
97

FIGURA 58 – Comportamento da pressão fictícia

FONTE: Couto, 2011.

Apesar da simplicidade do método de Schwartz & Einstein (1980), este foi muito
difundido e é frequentemente utilizado para verificações complementares do
revestimento primário.
O controle e monitoramento dos efeitos causados pela escavação de túneis é abordado
no Capítulo 11 – Projeto de Instrumentação.

10. DEFINIÇÃO DE MEDIDAS CONSTRUTIVAS AUXILIARES


Com base nos capítulos 6. Geometria da seção transversal, 7. Pré-dimensionamento –
definição do método de escavação e dos sistemas de suporte e
Após as análises numéricas (capítulo 9. Análise de interação solo-estrutura) sobre os
efeitos da escavação, obtém-se os resultados do comportamento geomecânico do
maciço. Esses resultados devem ser avaliados para que tome-se o conhecimento sobre
os potenciais danos que as escavações podem provocar.
Se os resultados do comportamento do maciço não demonstrarem estabilidades e
deformações admissíveis para a execução do túnel concebido por meio das medidas
construtivas adotadas, deve-se aderir medidas construtivas auxiliares para que isto
ocorra. Também pode-se adotar as medidas auxiliares para melhorar as propriedades
geomecânicas do maciço e aumentar a velocidade do avanço, cumprindo os prazos.
Os custos também podem influir na adoção de medidas construtivas.
98

Pode-se aplicar medidas construtivas auxiliares como parcialização e/ou tratamentos


do maciço.
10.1 TRATAMENTO DO MACIÇO
A finalidade do tratamento do maciço é obter a melhoria nas condições geomecânicas,
com o intuito de adquirir estabilidade durante as escavações. Essa melhoria se traduz
no incremento da rigidez e resistência para aumentar o tempo de auto-sustentação do
maciço e reduzir as deformações da superfície, e na consolidação, confinamento e
redução da permeabilidade para aumentar a segurança durante a execução do túnel.
Segundo Dobereiner e Vaz (1998), os maciços terrosos possuem vazios geralmente
representados pelos poros dos materiais, pela água subterrânea que preenche parte ou
todos os vazios existentes, e pelo ar que ocupa os vazios restantes. Os maciços
rochosos constituem-se por fraturas e falhas, pelas descontinuidades abertas e
raramente por cavidades de tamanhos e formatos variados (grutas), preenchidos por ar
e/ou água subterrânea também. Os maciços naturais são compostos pelas combinações
dos horizontes de solo e rocha.
Em túneis escavados pelo método convencional, normalmente aplicam-se as técnicas
de tratamentos do maciço para garantir a segurança dos trabalhadores e melhorar as
condições de escavação.

A. Permeabilidade
Para os túneis escavados abaixo do nível d’água, deve-se estudar a permeabilidade dos
horizontes presentes. Os solos de baixa permeabilidade, como argilas, podem permitir
a escavação sem a necessidade de adoção de medidas auxiliares, pois admitem menos
vazões/infiltrações d’água e consequentemente menos pressão d’água no
revestimento. As rochas podem necessitar de tratamentos nas descontinuidades para
reduzir a permeabilidade e conservar o ambiente de trabalho próximo ao seco durante
a escavação. Os solos de alta permeabilidade (K>10-8m/s) como siltes, areias e
pedregulhos podem precisar de tratamentos para confinar, consolidar e reduzir a
permeabilidade do maciço, pois geralmente possuem pouca coesão.
Em maciços naturais formam-se arranjos onde geralmente as rochas situam-se na parte
inferior, e pode-se ter uma série de composições de tipos de solos diferentes misturados
nos horizontes. Os horizontes de maior permeabilidade podem conformar-se de modo
que surjam lençóis freáticos neles. A intercalação dos horizontes mais e menos
99

permeáveis pode provocar ocorrência de lençóis freáticos suspensos ou empoleirados,


sendo que estes possuem altas pressões.
Pode-se aderir a técnica de drenagem de horizontes permeáveis em função do
comportamento geomecânico do maciço, ou seja, se os recalques provocados pela
drenagem não causarem danos as estruturas nele instaladas.
Essa técnica causa aumento da tensão efetiva no horizonte, como geralmente esses
solos possuem baixas coesões, o aumento da tensão efetiva melhora as condições de
escavação por elevação do ângulo de atrito efetivo. Assim, pode-se drenar apenas os
horizontes com alta permeabilidade que possuírem respostas rápidas (durante a
execução do túnel) e satisfatórias quanto aos recalques, atentando-se ao adensamento.
Quando os horizontes permeáveis situarem-se a poucos centímetros acima ou no
próprio teto do túnel, pode-se necessitar da combinação de tratamentos entre drenagem
e tratamentos que consolidem e confinem esse solo como jet grouting (ex.:CCPH),
pois por não possuírem coesão podem causar sobre-escavações por desplacamento e
acidentar os trabalhadores que estiverem abaixo dele. Se não houver a possibilidade
de drenagem, deve-se constituir tratamentos que aumentem sua permeabilidade, para
que não ocorra infiltrações no interior do túnel.
Quando os horizontes permeáveis situarem-se nas laterais ou na frente de escavação
do túnel, deve-se drenar e/ou tratar com jet grouting (ex.: pregagens ou agulhamento
com CCPH e septos verticais de fechamento da seção), por exemplo, pois esses
horizontes podem adentrar descontroladamente às escavações (fugas de areias ou
areias saturadas) e acidentar os trabalhadores na frente de escavação.
Quando os horizontes permeáveis situarem-se no piso do túnel, deve-se drenar e ou
tratar com jet grouting (ex.: CCP inclinada e CCPH) o apoio do revestimento primário
das calotas, causando melhoria das propriedades de rigidez e resistência do solo para
evitar que se formem mecanismos de ruptura nos apoios (sapatas das cambotas).

10.1.1 Drenagem
A água subterrânea pode representar um problema tanto para os aspectos construtivos
de execução do túnel por transposição d’água para o interior das escavações, podendo
provocar inundações e instabilidades principalmente nas frentes e laterais da escavação
por erosão interna dos finos (carreamento do solo); quanto para a região afetada pelos
recalques do rebaixamento do lençol freático, se isto for necessário. Além disso, pode
100

causar patologias nas estruturas e impermeabilização do túnel, deteriorando-a através


agentes químicos, exercendo pressão em suas estruturas (abertura de fissuras) e
onerando os custos de manutenção.
Pode-se evitar ou mitigar tais efeitos pelo uso de dispositivos de controle d’água
(medidores de nível d’água e INA’s) e pelo rebaixamento do nível d’água (ponteiras
filtrantes, poços de rebaixamento e DHP’s), reduzindo as pressões e orientando os
fluxos d’água.
A figura 59 apresenta o controle d’água realizado pela técnica do ar comprimido, que
está em desuso pelas condições desagradáveis de alterações de pressões que
submetem-se os trabalhadores da frente de escavação.

FIGURA 59 – Ar comprimido

FONTE: Sauer e Mergelsberg, 2004.

A. Ponteira filtrante
Segundo Dobereiner e Vaz (1998), a ponteira filtrante (well point) é uma metodologia
aplicada para o rebaixamento do lençol freático em solos moles e incoerentes.
Deve-se estudar a permeabilidade do solo, por testes de bombeamento por exemplo,
para indicar a localização, quantidade e capacidade de ponteiras a serem instaladas.
O procedimento de instalação das ponteiras realiza-se com: o alojamento de tubos de
aço (Øtípico=50mm) no maciço através de rotação com lavagem (aplicação de jato
101

d´água); o posicionamento da ponteira; o preenchimento dos espaços com areia; a


instalação da bomba à vácuo e das tubulações para condução d’água para o
reservatório. Evita-se assim a erosão interna regressiva por eliminar as infiltrações
pelas laterais do túnel.
A figura 60 representa o esquema de uso de ponteira filtrante.

FIGURA 60 – Ponteira filtrante

FONTE: Geotécnica, 2009.

B. Poços de bombeamento
Segundo Dobereiner e Vaz (1998), poços de bombeamento é uma metodologia
aplicada para o rebaixamento do lençol freático em todos os tipos maciços.
Deve-se estudar a permeabilidade do solo, por testes de bombeamento, para indicar a
localização, quantidade e capacidade das bombas a serem instaladas.
O procedimento de instalação dos poços realiza-se com: perfurações (Øfuro=200 a
400mm), alojamento de tubos de aço ou PVC (Øtípico=100 a 200mm) no maciço; o
preenchimento do pré-filtro com areia; instalação do selo impermeável; instalação do
conjunto moto-bomba com acionamento elétrico e submersível, que se localiza no
interior do tubo filtro, e das tubulações para condução d’água.
Após a estimativa do projeto dos poços, faz-se o ensaio de bombeamento para calibrar
o projeto. A figura 61 apresenta o esquema do uso de poços de bombeamento.
102

FIGURA 61 – Poços de bombeamento

FONTE: Geotécnica, 2009.

C. Dreno horizontal profundo (DHP)


Dreno horizontal profundo (DHP) é uma metodologia de drenagem localizada,
aplicada para drenar horizontes ou feições do maciço circundantes ao túnel.
O procedimento de instalação dos DHP’s realiza-se com: perfurações sub-horizontais
(5 a 10° com a horizontal) com revestimento, posicionamento do tubo PVC rígido
constituído de trecho filtrante, (tubo de PVC com ranhuras e manta geotêxtil ou tela
de nylon) no furo; o preenchimento do pré-filtro com areia; instalação do selo
impermeável; instalação do conjunto moto-bomba com acionamento elétrico e
submersível, que se localiza no interior do tubo filtro, e das tubulações para condução
d’água.
O projeto de DHP’s prevê a instalação de drenos que permite o alívio das pressões
confinadas, constituindo uma ferramenta essencial às melhorias das condições de
tempo de auto-sustentação e execução do revestimento primário. Assim, os DHP’s
devem ser instalados próximo a região de contato de camadas permeáveis, onde ocorre
as principais concentrações de fluxo, portanto sendo aplicáveis em solos saturados
permeáveis.
A figura 62 apresenta o esquema de execução de DHP’s.
103

FIGURA 62 – Esquema do DHP

FONTE: Koshima, 2012.

10.1.2 Injeções
As injeções são técnicas que consistem na aplicação de caldas de injeção sob pressão
que preencham os vazios e após a cura, causem melhoria das condições do maciço por
consolidação, confinamento e ou impermeabilização. As injeções são aplicáveis em
rochas e solos, principalmente em rochas fraturadas de baixa resistência e solos
instáveis com alto índice de vazios.

A. Injeção de calda de cimento


A injeção de calda de cimento consiste na injeção sistemática de uma mistura de
cimento com água, podendo conter areias, bentonita e pozolana para preencher vazios,
aumentar a estabilidade e reduzir o custo.

B. Injeção química
A injeção química consiste na injeção sistemática de compostos em silicatos e resinas,
a fim de acelerar a reação e causar a aglutinação no solo.

10.1.3 Congelamento do maciço


Trata-se de uma técnica de tratamento utilizada para a escavação de túneis, indicando-
se seu uso em areias siltosas ou argilosas, sempre saturadas. Tem-se como objetivo
garantir a estanqueidade do solo para as condições de escavação. Podem ser utilizadas
duas técnicas para realizar o congelamento, uma pela solução de salmoura (cloreto de
cálcio) e a outra pelo uso de nitrogênio. Ambas realizam o transporte das soluções
através de tubos que transmitem baixas temperaturas, congelando o a água dos vazios.
104

A figura 63 apresenta os procedimentos adotados para aplicação do congelamento do


maciço. A figura 64 apresenta as fotos dos tubos de congelamento verticais acima do
emboque do túnel ferroviário em Hannover e horizontais no metro de Stuttgart,
construídos nos anos de 1985 e 1974 respectivamente.

FIGURA 63- Procedimento – Congelamento de solos

FONTE: Sauer e Mergelsberg, 2004.

FIGURA 64- Maciço congelado – Túnel

FONTE: Sauer e Mergelsberg, 2004.


105

10.1.4 Enfilagens
Indica-se o uso de enfilagens para o tratamento em maciços de solo de alteração, acima
da abóboda de túneis, minimizando os desplacamentos e possibilitando a escavação.
Dessa forma, obtêm-se a garantia da estabilidade de teto, aumentando o tempo de auto-
sustentação.
São instaladas a partir da frente dos túneis para a escavação do trecho seguinte, sendo
aplicadas em solo de baixa resistência (Dobereiner e Vaz, 1998).

A. Enfilagens cravadas (Marchavante)


Executam-se enfilagens de barras (vergalhões de aço CA-50) cravadas por marteletes
pneumáticos no interior do túnel aumentando a rigidez e resistência do maciço.
Indica-se essa técnica para estabilidade de teto de solos desplacantes, pois apresenta-
se eficiente para minimizar sobre-escavações e proporcionar segurança para a equipe
de trabalho.
A figura 65 apresenta a aplicação da enfilagem de barra cravada.

FIGURA 65 – Enfilagem de barra cravada

FONTE: Wittke, Pierau e Erichsen, 2006.


106

B. Jet grouting (CCP e JG)


É a tecnologia que permite criar corpos cilíndricos ou lamelares de solo-cimento in
cimento situ, de grandes dimensões em relação à perfuração, dotados de alta resistência
e impermeáveis nos níveis estritamente necessários (Koshima, 2012.).
A execução consiste na perfuração do maciço a ser tratado e injeção de nata de cimento
a uma velocidade tal que o jato produza uma ação dinâmica de mistura e formação da
coluna de solo-cimento. O CCP obtém diâmetros de aproximadamente 0,50 a 0,80m,
produzidos por uma haste única. Já o JG obtém diâmetros de aproximadamente 1,00 a
2,50m, produzidos por uma haste coaxial dupla.
Tem a função de consolidar, confinar ou reduzir a permeabilidade do maciço
utilizando colunas de solo-cimento. Pode-se utilizar o jet grouting com o objetivo de
melhoria das condições de auto-sustentação, pré-suporte dos solos para redução das
deformações e reforço do solo devido a deformações excessivas e após colapsos.
Também utiliza-se para execução de septos que confinem o maciço a ser escavado,
para que se reduzam os efeitos da escavação na região influenciada pela frente de
escavação, assim os próximos avanços são realizados em etapas.
As figuras 66 e 67 apresentam um croqui do procedimento de execução do CCP e a
foto do CCP executado, respectivamente.

FIGURA 66 – Execução do CCP

FONTE: Koshima, 2012.


107

FIGURA 67 - CCP

FONTE: FUNDESP, 2009.

C. Enfilagens tubulares
Essa técnica consiste na perfuração, posicionamento de tubos de aço no interior do
furo e injeção de calda de cimento por meio de válvulas manchetes. Indica-se para
solos desplacantes que possuam coesão, porque a aderência entre a enfilagem e o
maciço circundante é limitada, causando melhoraria das condições de escavação do
túnel pela proteção do teto.
As figuras 68 e 69 apresentam as enfilagens tubulares dotadas de válvulas manchetes
e o esquema da aplicação das enfilagens tubulares.
108

FIGURA 68 – Enfilagens Tubulares

FONTE: Tecnogeo.

FIGURA 69 – Enfilagens Tubulares

FONTE: Koshima, 2012.

C. Enfilagem de bulbo contínuo


Essa técnica consiste na formação de um bulbo contínuo de solo-cimento e colocação
de um tubo de aço concêntrico ao bulbo e pode ser utilizada para assegurar
minimização de fluxo, pois se solidariza ao solo circunvizinho e ao tubo. Também
pode ser utilizada como pré-revestimento armado em arco.
109

As figuras 70 e 71 apresentam a seção transversal e longitudinal do tratamento típico


das enfilagens de bulbo contínuo no projeto.

FIGURA 70 – Enfilagens bulbo contínuo

FONTE: Guatteri et. al, 1994.

FIGURA 71 – Enfilagens bulbo contínuo

FONTE: Guatteri et. al, 1994.

10.1.5 Pregagem e agulhamento de frente de escavação


Pregagem e agulhamento de frente é o tratamento utilizado para garantir condição na
frente de escavação. São introduzidas barras de aço, fibras de vidro ou CCPH, para
aumentar o tempo de auto-sustentação e reduzir as deformações. Procura-se evitar a
110

instalação de barras de aço, pois o emprego destas requer a retirada por trabalho
manual na hora da escavação. São usualmente aplicadas em solos de comportamento
corrediço e podem ser utilizadas para redução das deformações, decorrentes dos efeitos
da escavação.
A figura 72 apresenta a foto da pregagem de frente de escavação com barras de fibra
de vidro e válvulas manchetes.

FIGURA 72 – Pregagem de frente de escavação

FONTE: Koshima, 2012.

10.2 PARCIALIZAÇÃO DA SEÇÃO DE ESCAVAÇÃO


A escavação de túneis pelo método convencional permite a abertura da frente de
escavação em seção plena, porém se houverem deformações excessivas pode-se
parcializar a seção, reduzindo a área escavada exposta e suas deformações
consequentemente.

10.2.1 Função
A partir da geometria da seção transversal define-se a necessidade de parcialização
tendo-se por base: características e propriedades do maciço e abertura do vão da seção
transversal, que influem no tempo de auto-sustentação (estabilidade local);
111

características do sistema de suporte; deformações induzidas pelas escavações


internamente ao túnel e na superfície (estabilidade global); características geométricas
dos equipamentos de escavação (nos casos de túneis com alturas superiores a 6m pode-
se parcializar ou executar/conservar o talude provisório para uso como plataforma de
trabalho); custos e prazos; e ainda pela influência de fatores externos (como fundações
de edificações próximas ao túnel).
Portanto, a execução do túnel com seção parcializada pode ocorrer por funções
construtivas devido aos equipamentos; estruturais para adquirir estabilidade e
aumentar o tempo de auto-sustentação; econômicas utilizando-a com menores
divisões, lembrando-se que quanto mais parcializada for a execução do túnel, mais
segura é; políticas reduzindo-a por prazos; gerais por influência de outras obras, por
exemplo.

10.2.2 Aplicação

A. Seção plena
Geralmente utilizada em túneis não urbanos, indica-se a escavação em seção plena
para túneis considerados de pequenos diâmetros, conforme o maciço em que serão
executados, maciços autoportantes ou com elevado tempo de auto-sustentação,
compatibilizando as deformações induzidas no maciço com as das estruturas. Em
condições adversas, pode-se adotar para aumentar a velocidade de avanço às custas de
aplicação dos tratamentos no maciço.
A figura 73 apresenta a escavação em seção plena do túnel.

FIGURA 73 – Escavação em seção plena

FONTE: Working Group 19, 2009.


112

B. Seção parcializada
Frequentemente utilizada em túneis urbanos, indica-se a escavação parcializada da
seção para túneis considerados de grandes diâmetros, conforme o maciço em que serão
executados, maciços com condições inapropriadas para escavação em seção plena ou
com reduzido tempo de auto-sustentação, que compatibilize as deformações do maciço
nas estruturas. Pode-se utilizar em conjunto com os tratamentos do maciço.
Não há regras para a concepção dos formatos parcializados, cada região dita as
particularidades. Pode-se parcializar em calotas, bancadas, side drifts, invert
provisório e definitivo, e túnel piloto, entre outros.
As figuras 74 e 75 apresentam seções típicas da parcialização e sequências de
escavação que podem ser utilizadas na execução de túneis.

FIGURA 74 – Seção parcializada

FONTE: Working Group 19, 2009.

Sequência de escavação:
1. Escavação da calota;
2. Escavação da bancada;
3. Escavação do invert.
113

FIGURA 75 – Seção parcializada

FONTE: Working Group 19, 2009.

Sequência de escavação:
1. Escavação do side drift;
2. Escavação da calota;
3. Escavação da bancada;
4. Escavação do invert.

10.3 EXEMPLO DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS CONSTRUTIVAS


AUXILIARES NUM TÚNEL

A figura 76 apresenta a vista frontal do projeto contendo as medidas construtivas


auxiliares admitidas para um dado túnel. Pode-se observar o uso de CCPH’s na
abóbada e nas laterais do túnel até o AID e DHP’s a vácuo no horizonte arenoso
superior, evitando a fuga das areias saturadas. Também nota-se o talude e o
agulhamento com CCPH’s dispostos em quincôncio, sendo a escavação parcializada
em calota-bancada.
114

FIGURA 76 – Esquema de tratamento de uma frente de escavação

FONTE: Themag (informação pessoal).

A figura 66 apresenta a foto da frente de escavação num túnel da Linha 5 – Lilás do


Metrô de São Paulo, utilizando enfilagens na abóbada, DHP’s a vácuo e pregagens
de frente com CCPH’s, com a parcialização em side drifts, calota e bancada.

FIGURA 77 – Frente de escavação de um túnel

FONTE: Os autores.
115

11. PROJETO DE INSTRUMENTAÇÃO DE TÚNEIS


O método de escavação convencional possui por princípio o uso da instrumentação
para controlar o comportamento do maciço, adaptando as medidas construtivas a serem
empregadas. Para isso, deve-se elaborar o plano de instrumentação do túnel, de forma
que este possibilite a avaliação e comparação entre o comportamento geomecânico
estimado e ocorrido.

11.1 OBJETIVOS DA INSTRUMENTAÇÃO

Concebe-se o projeto de instrumentação para obtenção de dados (como deslocamento,


inclinação, tensão e vazão) por meio de leituras de instrumentos em determinadas
seções que possam ser comparadas com deslocamentos e inclinações estimadas no
modelo de cálculo, modelo constitutivo e análise numérica, para avaliação do
comportamento geomecânico do maciço.
Dessa forma, pode-se analisar e validar os parâmetros geotécnicos e modelos de
cálculos adotados em projetos para avaliação dos níveis de segurança da obra.
Também tem a importância de garantir a segurança das escavações avaliando se há
algum mecanismo de colapso em formação, e conservar a integridade física da
construção do túnel, das edificações e das redes de utilidades, verificando se o
comportamento do maciço tende a uma estabilidade durante e após a obra.

11.2 MOVIMENTOS SUPERFICIAIS

Conforme os tópicos 7.1 Efeito da escavação e 7.2 Mecanismos de colapso e no


capítulo 9. Análise de interação solo-estrutura, a escavação altera o estado das tensões
originais, produzindo deformações no maciço.
Os deslocamentos se iniciam na geratriz superior do túnel escavado e se propagam até
a superfície. A região da superfície afetada se denomina bacia de recalques. Os
recalques diferenciais geram distorções angulares nas estruturas, incrementando o
nível de tensões atuantes nelas.
Portanto, deve-se fazer um plano de cadastramento das edificações e de redes de
utilidades para acompanhamento da estabilidade das estruturas.
A figura 78 apresenta um critério que pode ser adotado para estabelecimento das áreas
de influência da escavação.
116

FIGURA 78 – Área de influência de túneis

FONTE: Themag (informação pessoal).

11.2.1 Deslocamentos Horizontais

O propósito das medições dos deslocamentos horizontais é a observação dos


movimentos que ocorrem nas edificações.
Para essas medições destacam-se as trenas de aço Invar, os distanciômetros eletrônicos
e as triangulações realizadas com teodolito, que requerem marcos de referência
confiáveis (que não sejam afetados pelos efeitos da escavação) e com o campo de visão
desobstruído, caracterizando assim uma dificuldade em meios urbanos.
A desvantagem das medições com trenas ou distanciômetros é a medição de apenas
uma componente de deslocamento.
Para se obter o vetor resultante do deslocamento horizontal, recomenda-se o uso de
triangulações com teodolitos.

11.2.2 Deslocamentos Verticais

O propósito das medições dos deslocamentos verticais é a frequente avaliação das


estruturas para evitar danos à elas, por conta das distorções do maciço.
Para determinação dos recalques superficiais, pode-se utilizar os marcos superficiais e
tassômetros (referências abaixo da superfície) como níveis de referência, obtendo-se
seus deslocamentos por levantamentos topográficos da superfície do terreno através
de nivelamento ótico. A precisão do levantamento é influenciada pela técnica utilizada
e pela natureza do marco de referência (pode ser alterado por influências do meio
externo).
11.3 MOVIMENTO NO INTERIOR DO MACIÇO
117

Ocorrem movimentos no interior do maciço pela conformação das cargas, desviadas


pela escavação do túnel, que produz compressão ou consolidação do maciço.
A configuração do modelo tridimensional dos deslocamentos ocorridos no maciço
circundante às escavações pode ser obtida pela combinação de tassômetros ou
extensômetros com inclinômetros, que determinam os deslocamentos verticais e a
rotação ocorrida no maciço.

11.3.1 Deslocamentos Horizontais

Pode-se utilizar os inclinômetros que, instalados em furos verticais, permitem a


determinação da variação de inclinação entre a vertical e os furos. Obtêm-se as leituras
por integração dos deslocamentos perpendiculares ao eixo do furo.

11.3.2 Deslocamentos Verticais

Pode-se utilizar tassômetros ou extensômetros para a medição dos recalques abaixo da


superfície. O extensômetro mede deslocamentos entre dois pontos de referência. Se
houver um ponto de referência que pode ser considerado fixo, mede-se o recalque total
ou absoluto.

11.3.3 Deslocamentos Laterais

Os deslocamentos laterais ocorrem na direção das escavações pela existência de solos


brandos ou falhas, como a convergência.

11.4 MEDIDAS DE CONVERGÊNCIAS

Para a medição de convergência, determina-se os deslocamentos relativos entre dois


pontos de referência fixados no revestimento do túnel (cambotas metálicas e concreto
projetado). Pode-se instalar pinos como pontos de referência distribuídos no contorno
da seção do túnel.
A figura 79 apresenta os diversos arranjos que podem ser utilizados para instalação de
pinos e controle das medidas de convergência.
118

FIGURA 79 - Arranjos para pinos

FONTE: Bagnoli, 1980.

A quantidade e disposição dos pinos de convergência são funções das formas e


dimensões da seção transversal do túnel, devendo ser estabelecidas em projeto para
possibilitar a comparação entre as estimativas de projeto e os valores lidos em campo.
Os resultados das leituras de instrumentos podem ser dispostos em gráficos de
deformação pelo tempo, ou deformação pela distância entre a frente de escavação e a
seção instrumentada.
Assim, pode-se realizar uma rápida análise do maciço e verificar se seu
comportamento geomecânico tende a reequilibrar-se, se está estabilizado ou se há
comportamentos anômalos através das taxas de deslocamentos, bem como avaliar a
eficácia dos métodos construtivos executados.

11.5 PLANEJAMENTO DOS PROGRAMAS DE MONITORAÇÃO


GEOTÉCNICA

Para planejar o programa de monitoramento geotécnico pode-se seguir o roteiro:


 Definição das condições do empreendimento;
 Definição das questões geotécnicas e dos objetivos da instrumentação;
 Seleção dos parâmetros a serem monitorados;
 Previsão do campo de variação das medidas;
 Planejamento de ações corretivas;
 Atribuição de tarefas nas fases de projeto, construção e operação;
 Seleção dos instrumentos de medição;
 Localização dos instrumentos;
119

 Registro dos fatores que podem influenciar os dados medidos;


 Estabelecimento dos procedimentos básicos para assegurar a precisão das leituras;
 Preparo do orçamento;
 Preparo das especificações e lista de materiais para aquisição;
 Planejamento da instalação;
 Manutenção periódica e eventual calibração;
 Planejamento das etapas desde a aquisição até os relatórios;
 Orçamento atualizado.

11.6 EXEMPLO DE ANÁLISE DE DADOS FORNECIDOS PELA


INSTRUMENTAÇÃO

A análise de dados fornecidos pela instrumentação serve para monitoramento das


deformações causadas pela escavação do túnel. Após as leituras periódicas dos
instrumentos e sua análise, podem ser necessárias intervenções físicas para corrigir o
comportamento do maciço, conduzindo-o à estabilidade.
O apêndice A apresenta os principais instrumentos de medição utilizado em túneis.
Atualmente, pode-se realizar o acompanhamento por sistemas interativos de
instrumentação, possibilitando o rápido acesso aos dados das leituras dos
instrumentos, de sequências construtivas executadas e de eventos relevantes pelo
projetista; e as interpretações e tomadas de decisões.
A figura 80 apresenta o gráfico de recalques pelo avanço gerenciado pelo Sistema para
Acompanhamento e Controle de Instrumentação (SACI), demonstrando o
acompanhamento das leituras de marcos superficiais e tassômetros instalados numa
seção instrumentada.
Nota-se que o gráfico inicia-se apresentando os recalques medidos quando a frente de
escavação se situava a ~75m da seção instrumentada. À medida que a frente de
escavação se aproxima da seção, distando mais de ~13m, as deformações permanecem
constantes, pois a frente de escavação ainda configura um comportamento próximo ao
de zona não perturbada para a seção instrumentada. Ao atingir ~13m, observa-se que
a seção instrumentada passa a ser mais influenciada pela frente, com recalques de
15mm, configurando um comportamento de zona influenciada pela frente. Após ~2m
da seção instrumentada, verifica-se que o comportamento geomecânico tende a uma
120

estabilização, configurando um comportamento próximo ao de zona já estabilizada,


analogamente a figura 53. A maior parte dos recalques ocorreram quando a frente de
escavação estava entre ~13m antes da seção instrumentada e ~2m após passar por ela.
Ressalta-se que, o maior recalque ocorrido durante as escavações esteve dentro dos
níveis esperados, representados pelas linhas contínuas magentas, não necessitando de
adoção de planos de contingência.
121

FIGURA 80- Recalque do túnel pelo avanço das escavações

FONTE: SACI-METRO-SP, 2012.


122

12. COMPARTIMENTAÇÃO DE PROJETOS


12.1 IMPORTÂNCIA

Ao final do projeto, após o estudo e a adoção das soluções adequadas para as situações
críticas que a escavação do túnel irá atravessar, elabora-se a compartimentação dos
projetos do túnel como apresentado na figura 82.

Tal documento visa apresentar de forma clara e concisa os aspectos mais relevantes
dos condicionantes geológico-geotécnicos da escavação do túnel, facilitando a
execução.

12.2 METODOLOGIA

A metodologia aplicada na compartimentação baseia-se na apresentação do


desenvolvimento longitudinal do túnel, provido de estaqueamento e o respectivo
seccionamento em regiões que, aparentemente, apresentam comportamentos
geomecânicos similares.

12.3 APLICAÇÃO

A partir da tabela de compartimentação dos projetos do túnel, consegue-se apontar e


delimitar trechos de aplicação das medidas construtivas do túnel, entre outros.
As figuras 81 e 82 apresentam a tabela de compartimentação de projetos dos
tratamentos do maciço, a serem aplicados nos trechos delimitados, apontando quais
tratamentos do maciço recomenda-se aplicar de acordo com o estaqueamento do túnel,
e o perfil geotécnico com estaqueamento a que se aplica esta tabela, respectivamente.

FIGURA 81 – Tabela da compartimentação


123

FONTE: Targas e Mitsuse, 1997.

Podem-se incorporar à tabela a seção transversal a ser escavada e os métodos


construtivos (incluindo classes de maciço e tipos de suporte).
Um exemplo dessa aplicação, em túneis rodoviários, é a determinação dos trechos que
devem ser escavados em seções mais largas para comportar as baias.
Dessa forma, o projeto de compartimentação permite o máximo aproveitamento da
racionalização, versatilidade e planejamento executivo, sempre recordando que o
projeto será adaptado conforme as condições de campo.
124

FIGURA 82 – Compartimentação dos Projetos

FONTE: Targas e Mitsuse, 1997.


125

13. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O maciço pode ser classificado quanto a seu comportamento geomecânico aplicando-


se sistemas de classificação amplamente divulgados na literatura. Abordaram-se os
sistemas RMR, Q e Classificação do Tuneleiro. O tempo de auto-sustentação do
maciço se relaciona com a classe do maciço. A classe do maciço influencia no limite
máximo do vão de abertura da escavação a ser executada. Através dos parâmetros;
como espaçamento, condição e orientação das fraturas, RQD, condição das águas
subterrâneas, coesão, ângulo de atrito, módulo de elasticidade e de cisalhamento,
resistência a compressão das rochas e ao cisalhamento dos solos; e do vão de abertura
pode-se estimar o tempo de auto-sustentação. Assim, faz-se uma primeira estimativa
do sistema de suporte a ser aplicado (concreto projetado, telas metálicas e/ou outros).
O dimensionamento da estrutura do túnel que depende de fatores como tempo de auto-
sustentação do maciço e de instalação do sistema de suporte (tela metálica, aplicação
e cura do concreto projetado) e deslocamentos induzidos pela escavação do túnel, não
possui determinação direta. Por isso, se realiza o pré-dimensionamento do sistema,
aplicando-se um dos sistemas de classificação, como os abordados no trabalho,
Classificação do Tuneleiro, sistema RMR ou sistema Q, onde é possível estimar-se a
espessura do concreto projetado, espaçamento de tirantes, chumbadores e cambotas, e
outros. Para otimizar o sistema de suporte a ser empregado e avaliar os deslocamentos
induzidos pela escavação realiza-se a análise da interação maciço-estrutura, por meio
do método de convergência e confinamento associado a um modelo numérico.
A escolha do sistema de impermeabilização é fundamentada na funcionalidade da obra
pronta, na permeabilidade dos horizontes no entorno do túnel, a posição do nível do
lençol freático, os recalques pelo rebaixamento ou fluxo d’água e a manutenção do
sistema. O sistema escolhido afetará o carregamento imposto ao sistema de suporte.
A instrumentação da execução da escavação do túnel está relacionada aos
deslocamentos estimados no modelo de cálculo. À vista disso, os deslocamentos
horizontais e os recalques obtidos nas leituras dos instrumentos, durante o
acompanhamento do comportamento geomecânico das escavações, devem ser
analisados para possibilitar a validação da modelagem numérica adotada. O projeto
dos pinos de convergência, pinos de recalques de edificações, tassômetros, marcos
superficiais e inclinômetros, entre outros, devem permitir a comparação entre os
valores lidos em campo e estimados na modelagem. A estabilidade local e global da
126

intervenção subterrânea é acompanhada pela monitoração dos dados da


instrumentação, bem como dos arredores da intervenção. Assim é possível
acompanhar a confiabilidade da solução em execução, garantindo sua segurança.
127

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ZANELATO, E. A., Escavações de Túneis–Métodos Construtivos. Orientador:


Ridente, José Luis. São Paulo, SP: Universidade Anhembi Morumbi, 2003.
140

GLOSSÁRIO

Piping – carreamento de partículas do solo através do orifício de perfuração em


consequência do fluxo de água.
Side drifts – túneis laterais ou olhos do túnel usualmente tangenciam as laterais da
seção definitiva.
Invert – arco invertido ou reverso situa-se na parte inferior do túnel.
141

APÊNDICE A - TIPOS DE INSTRUMENTOS

Pode-se medir através dos instrumentos utilizados na auscultação de túneis:


Os deslocamentos horizontais e verticais dentro e fora do maciço, pressões da água,
deformações laterais, vibrações, medidas de convergência e divergência, tensões nos
elementos estruturais, recalques, nivelamentos topográficos e inclinações.
A figura 83 apresenta a seção de instrumentação esquemática para túneis escavados
pelo método convencional.

FIGURA 83 – Seção instrumentada

FONTE: DER, 2005.

Referência de nível profundo (Benchmark - BM)

Referência vertical instalada em maciço rochoso, ou substrato não deslocável. São


instrumentos auxiliares de controle de recalque por nivelamento topográfico, sendo
similares ao tassômetro, se diferenciando deste por serem instalados fora da área de
influência da obra.
São constituídos por hastes de aço galvanizado chumbadas no interior de perfuração,
com calda de cimento. Ao longo do furo, o instrumento é revestido com tubos de PVC,
sendo o espaço entre o revestimento e o terreno preenchido com areia. O topo da haste
é dotado de uma cabeça metálica semiesférica para apoio da mira, servindo para as
leituras de recalques topográficos através do nivelamento destas.
142

A figura 84 apresenta a referência de nível profundo.

FIGURA 84 - Referência de Nível Profundo

FONTE: Bureau e Consultoria LTDA apud Gianotti (2003).

Extensômetro

Instrumento destinado a observações de deformações axiais em furos de sondagem.


Instala-se para medir deslocamento diferencial entre a superfície do terreno e vários
níveis (camadas) do maciço. Constitui-se por uma haste metálica ou fio tensionado,
que transmite a deformação do maciço rochoso entre um ponto de ancoragem no
interior da sondagem e a boca da mesma.
Seu princípio de funcionamento pode ser mecânico, elétrico ou de corda vibrante. No
extensômetro mecânico, medem-se as deformações com um relógio comparador
localizado na cabeça do extensômetro, enquanto que no extensômetro elétrico de
resistência, o princípio de funcionamento deve-se ao fato de que a resistência elétrica
do filamento metálico varia com a tensão aplicada. O extensômetro múltiplo de hastes
são mais precisos em relação ao mecânico e ao elétrico, apresentando a vantagem de
possibilitar a determinação de várias deformações axiais ao longo de um mesmo furo
de sondagem. Utilizam-se os extensômetros múltiplos na determinação das zona de
relaxação de tensões ou do arco de tração na abóbada do túnel, mas não recomenda-se
para instalação em furos de sondagem vertical ou subvertical no sentido ascendente.
143

A figura 85 apresenta os extensômetros.

FIGURA 85 - Extensômetros

FONTE: Bureau e Consultoria LTDA apud Gianotti (2003).

Inclinômetros

São aparelhos que permitem a medição contínua de deslocamentos horizontais em


relação aos verticais em profundidade, por integração dos deslocamentos
perpendiculares ao eixo do furo no subsolo. Realizam-se essas leituras entre
determinados pontos na direção em que se espera ter movimento, obtendo-se a
inclinação dos intervalos selecionados.
Pela comparação das leituras realizadas com a leitura inicial, obtém-se a variação de
inclinação em cada intervalo de medida.
A figura 86 apresenta o esquema de instalação do inclinômetro.
144

FIGURA 86 - Inclinômetro

FONTE: Bureau e Consultoria LTDA apud Gianotti (2003).

Deflectômetro

Instrumento utilizado em furos para observação de deslocamentos transversais ou


oblíquos ao eixo do furo.
Utiliza-se o deflectômetro para a observação de deslocamentos do maciço rochoso ao
longo de uma diácrase, de um plano de falha ou da zona de relaxação de tensões em
escavações de túneis.
Consiste essencialmente num fio de aço ou haste metálica mantendo-os tensionados
entre dois pontos ancorados em diferentes profundidades. Detecta-se o deslocamento
angular deste fio ou haste por um transdutor eletrônico, que converte deslocamento de
um núcleo magnético solidário ao fio em sinais elétricos e esses sinais são transmitidos
através de um cabo até a superfície do terreno.
A figura 87 apresenta o esquema do deflectômetro.
145

FIGURA 87 - Deflectômetro

FONTE: Bureau e Consultoria LTDA apud Gianotti (2003).

Piezômetro

Instrumento que mede a pressão hidrostática específica de determinado ponto do


maciço. Subdivide-se em piezômetro pneumático, utilizado para auscultar níveis
d'água, poro-pressões e subpressões em maciços de terra, taludes e fundações;
piezômetro de máxima (corda vibrante), utilizado para medição de pressões d'água de
curta duração e imediatamente após a ocorrência de chuvas; e piezômetros “stand-
pipe”, utilizados em maciços rochosos.
Constitui-se de pedra porosa que transmite a pressão d’água intersticial para uma
membrana flexível, onde se mede a deformação pelo transdutor elétrico de deformação
(de resistência elétrica ou de corda vibrante), ou pelo sistema hidráulico pneumático,
obtendo a pressão d’agua existente no maciço. Registram-se continuamente os dados
de frequência pelo datalogger, que transmite periodicamente para o computador.
As figuras 88 e 89 apresentam o procedimento para leitura do piezômetro, por medição
da deformação nas membranas do diafragma, e o corte esquemático da instalação de
um piezômetro, respectivamente.
146

FIGURA 88 - Equilíbrio de pressões no diafragma

FONTE: Bureau e Consultoria LTDA apud Gianotti (2003).

FIGURA 89 - Esquema piezômetro

FONTE: Bureau e Consultoria LTDA apud Gianotti (2003).


147

Medidor de nível d'água

Utiliza-se esse instrumento para medir as variações do nível d’água. Constitui-se de


tubo de PVC (Øvariável) com furo encapado por material filtrante e após ser inserido no
maciço, preenche-se o restante do espaço com areia, reservando a parte superior para
instalação do selo. A areia tem a finalidade de impedir a obstrução do furo e o selo de
vedação.
A principal diferença entre os medidores de nível d’água e os piezômetros é a
quantidade de areia no furo, sendo que nos medidores há mais ocupação por areia.
A figura 90 apresenta o esquema de instalação do medidor de nível d’água.

FIGURA 90 - Esquema de instalação de medidor de nível d'água

FONTE: Bureau e Consultoria LTDA apud Gianotti (2003).

Tassômetro

Utiliza-se esse instrumento para medir os recalques do maciço em profundidade.


Constitui-se normalmente de uma haste chumbada no interior de sondagens, instalada
em pontos determinados pelo projeto.
148

Realizam-se as leituras de recalque através de nivelamento e contranivelamento no


topo da haste, usando para isto referências instaladas fora da zona de influência de
escavação (benchmark).
Utiliza-se para leituras o nível com placas plano-paralelas que possuem precisão de
0,01mm.
A figura 91 apresenta o esquema de instalação do tassômetro.

FIGURA 91 - Esquema de instalação de tassômetros

FONTE: Bureau e Consultoria LTDA apud Gianotti (2003).

Placa de recalque

Utiliza-se a placa de recalque para medição de recalques que ocorrem próximo a


superfície em solos. Constitui-se de placa metálica e de haste. A haste possui a
extremidade inferior soldada no centro do topo da placa (Ø=1” e altura=60cm) e a
extremidade superior com acabamento em calota esférica de latão para apoio da mira.
149

Instala-se a placa de recalque no interior do maciço terroso, em posições determinadas


pelo projeto, geralmente com mesmos níveis verticais.
Realizam-se as leituras de recalque através de nivelamento e contranivelamento no
topo da haste, usando para isto referências instaladas fora da zona de influência de
escavação (benchmark).
Utiliza-se para leituras o nível com placas plano-paralelas que possuem precisão de
0,01mm.
A figura 92 apresenta o esquema de instalação da placa de recalque.

FIGURA 92 - Esquema de instalação de placas de recalque superficiais

FONTE: Bureau e Consultoria LTDA et. METRÔ apud Gianotti (2003).

Pino de recalque

Utiliza-se o pino de recalque para medição pontual e ortogonal na superfície instalada.


Constitui-se de pinos metálicos chumbados em estrutura rígida (estrutura do túnel).
Instala-se o pino de recalque no interior do túnel em posições determinadas pelo
projeto que, geralmente permitam medições por triangulações. Sua fixação pode ser
realizada por aplicação de epóxi no furo de instalação.
150

Realizam-se as leituras de recalque através de nivelamento e contranivelamento no


topo da haste, usando para isto referências instaladas fora da zona de influência de
escavação (benchmark).
Utiliza-se para leituras o nível com placas plano-paralelas que possuem precisão de
0,01mm.
A figura 93 apresenta o esquema de instalação do pino de recalque.

FIGURA 93 - Instalação de pinos de recalque em estruturas

FONTE: Bureau e Consultoria LTDA et. METRÔ apud Gianotti (2003).

Medidor tri-ortogonal

O medidor tri-ortogonal mede os deslocamentos de abertura (ou fechamento) e os


deslocamentos verticais e horizontais no plano da fissura (ou junta), em estruturas de
concreto, túneis e maciços rochosos.
Compõe-se por duas peças de aço inox dotadas de braços orientados em três direções
ortogonais: direção x (abertura ou fechamento), direção y (cisalhamento horizontal-
ortogonal à fissura), direção z (cisalhamento vertical).
151

Realizam-se as leituras de deslocamento através de relógio comparador


(extensômetro) nas três direções, com precisão de 0,01mm.
A figura 94 apresenta o medidor tri-ortogonal instalado para instrumentação de
edificações.

FIGURA 94 - Medidor tri-ortogonal para trincas ou fissuras

FONTE: Bureau e Consultoria LTDA apud Gianotti (2003).

Eletro-nível

Utiliza-se eletro-nível para medir a variação da inclinação de superfície com grande


campo de aplicação, geralmente em maciços terrosos ou estruturas.
Considera-se o eletro-nível como sensor elétrico equivalente ao tradicional nível
utilizado na construção civil, só que ao invés de usar álcool com bolha de ar, usa-se
solução condutora de eletricidade na ampola.
O nível líquido consiste num eletrólito selado na cápsula de vidro, podendo utilizar
cápsula de plástico ou cerâmica. São imersos no líquido três eletrodos coplanares que
penetram à cápsula. Ao rotacionar provoca-se a variação da resistência elétrica entre o
eletrodo central e o eletrodo das extremidades, e registra-se no indicador digital.
A figura 95 apresenta o exemplo de funcionamento do eletro-nível.
152

FIGURA 95 - Funcionamento do eletro-nível

FONTE: Wha, 1999.

Marco Superficial (MS)

Utiliza-se o marco superficial para monitoramento das leituras e registros de variação


do deslocamento vertical (recalques) da superfície, em relação a um ponto fixo de
referência denominado Referência de Nível (RN).
Tem-se por finalidade utilizá-lo em monitoramentos de recalque superficial de
maciços potencialmente afetados pela construção do túnel, instalando o MS nos
pontos da superfície do maciço determinados pelo projeto.
Após sua instalação, estabelece-se uma RN não afetada pelas escavações.
Utilizam-se aparelhos de medição apropriados e dispositivos (miras de aço Invar ou
balizas com prismas de reflexão) acoplados ao MS, com precisão adequada e
devidamente calibrados.
Tais aparelhos e dispositivos permitem a leitura óptica do desnível entre a referência
de nível e os marcos superficiais. A metodologia determina que após a instalação dos
marcos superficiais, seja efetuada e registrada uma série de leituras para cada marco
superficial instalado.

Marcos para Estação Total

Utilizam-se marcos para o controle do deslocamento horizontal das estruturas.


Constitui-se por um segmento de tubo, dispondo de base de nylon para acoplamento
do prisma refletor. Este equipamento fornece instantaneamente as coordenadas x e y a
partir de uma base de apoio, composta, no mínimo, de dois pontos referenciais
conhecidos. Realiza-se a leitura por meio do equipamento topográfico Estação Total.
A figura 96 apresenta o esquema de marcos para medições com o equipamento Estação
Total.
153

FIGURA 96 - Marcos para medições com estação total

FONTE: Bureau e Consultoria LTDA apud Gianotti (2003).

Medidor de convergência e divergência

Utiliza-se o medidor de convergência e divergência para determinar a variação da


distância entre dois pinos instalados internamente ao túnel.
Pode-se constatar se foi atingido o estado de equilíbrio e controlar as taxas de
deslocamento com o tempo, por meio de suas medições.
Os dados das leituras desse instrumento possibilitam a avaliação da eficiência dos
métodos construtivos aplicados, da segurança da obra e de seu entorno.
Constitui-se por um fio ou por uma trena de aço Invar. Durante a realização das leituras
fixa-se entre duas ancoragens solidárias ao maciço ou revestimento, e submete-se a
uma tensão constante pelo dinamômetro.
A figura 97 apresenta o medidor de convergência e divergência.
154

FIGURA 97 - Medidor de Convergência

FONTE: Bureau e Consultoria LTDA apud Gianotti (2003).

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